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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CENTRO DE CIENCIAS BIOLÓGIACAS E DA SAÚDE
PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE
HUMANA
RELAÇÃO ENTRE FUNCIONALIDADE CORTICAL E TIPO DE HABILIDADE
MOTORA PROGNOSTICADA NA BATERIA PSICOMOTORA DE VITOR DA
FONSECA: VERIFICAÇÃO ATRAVÉS DE EEGq
João Rafael Valentim Silva
Rio de Janeiro, setembro de 2008
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JOÃO RAFAEL VALENTIM SILVA
Aluno do curso de mestrado em Ciência da Motricidade Humana
RELAÇÃO ENTRE FUNCIONALIDADE CORTICAL E TIPO DE HABILIDADE
MOTORA PROGNOSTICADA NA BATERIA PSICOMOTORA DE VITOR DA
FONSECA: VERIFICAÇÃO ATRAVÉS DE EEGq
Dissertação apresentada como
requisito final para conclusão do curso
de mestrado em Ciência da
Motricidade Humana na Universidade
Castelo Branco.
Rio de janeiro, setembro de 2008
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Termo de conformidade de pesquisas em humanos: O presente estudo
respeita e obedece às normas da Declaração de Helsinque de 1975 em todos os
seus aspectos, normas e orientações.
Processo do Conselho de Ética da Universidade Castelo Branco: O
presente trabalho foi analisado, aceito e aprovado pelo conselho de Ética da
Universidade Castelo Branco de acordo com a resolução 196 de 10 de outubro
de 1996 do Conselho Nacional de Saúde sob o número de protocolo 063 2007.
Termo de livre participação consentida: Todos os sujeitos que participaram
do presente estudo receberam um termo de participação consentida onde constava a
explicação de todos os procedimentos experimentais e de coleta de dados. Os
mesmos o assinaram afirmando autorizando a sua participação e isentado a
Universidade Castelo Branco de qualquer responsabilidade legal referente à presente
investigação.
Endereço do autor: João Rafael Valentim Silva
Rua: Senador Salgado Filho, 663, Olinda, Nilópolis, Rio de Janeiro, Brasil.
professor_joao_rafael@hotmail.com
(5521) 7826-4256
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado à minha mãe,
Sonia Maria Valentim, que me apoiou de
todas as formas, emocional, financeira,
familiar e incentivou a continuidade nos
momentos mais difíceis, ao meu
orientador Vernon Furtado que em
diversos momentos me apoiou e ajudou
além da orientação típica, à amiga
Lidiane Galimberte, que acompanhou-me
ao longo de dois anos desse projeto e ao
meu pai que faleceu antes do fim dessa
fase de minha vida.
EPÍGRAFE
A sucesso é essencialmente 80% de
trabalho e 20% talento.
Albert Einstain
SUMÁRIO
Resumo ........................................................................................................ix
Abstract ........................................................................................................ix
CAPÍTULO I ................................................................................................10
1.0 – O Problema ........................................................................................10
1.1 – Introdução...........................................................................................10
1.2 – Objetivos do Estudo ...........................................................................16
1.2.1 – Objetivo Geral do Estudo.................................................................16
1.2.2 – Objetivos específicos do Estudo......................................................16
1.3 – Questões de Estudo...........................................................................17
1.4 – Identificação das Variáveis ................................................................17
1.4.1 – Variável Dependente.......................................................................17
1.4.2 – Variável Independente.....................................................................17
1.4.3 – Variável Internveniente....................................................................17
1.5 – Justificativa do Estudo........................................................................18
1.6 – Significância do Estudo.......................................................................18
1.7 – Delimitações do Estudo .....................................................................18
1.8 – Limitações do Estudo..........................................................................19
1.9 – Pressupostos Teóricos.......................................................................19
1.10 – Hipóteses..........................................................................................20
1.11 – Definição de Termos.........................................................................20
1.11.1 - Psicomotricidade............................................................................20
1.11.2 – Bateria Psicomotora.......................................................................21
1. 11.3 – Eletroencefalografia Quantitativa..................................................21
1.11.4 – Biofunestruturalidade.....................................................................21
1.11.5 – Bioperacionalidade........................................................................21
CAPÍTULO II ...............................................................................................22
2.0 – Revisão da Literatura..........................................................................22
2.1 – Organização do Sistema Nervoso .....................................................22
2.1.1 – Neurônio..........................................................................................23
2.3 – Divisão do Córtex Cerebral.................................................................25
2.3.1 – Anatomia do Córtex Cerebral..........................................................26
2.3.1 – Divisão de Brodmann.......................................................................27
2.4 – Estrutura, Fisiologia e Função do Córtex Cerebral................................28
2.5 – O lóbulo frontal, o pré-frontal e suas particulridades.............................34
2.6 – O lóbulo parietal e suas particularidades ................................................35
2.7 – Circuito frontoparietal .................................................................................36
2.8 – Biestruturalidade e bioperacionalidade: uma discussão acerca da
maturação e função de estruturas nervosas ....................................................37
2.8.1 – Bioestruturalidade ...................................................................................37
2.8.2 – Bioperacionalidade .................................................................................40
2.8.2.1 – Ontogênese ..........................................................................................40
2.8.2.2 – Período pré-embrionário ..............................................................41
2.8.2.3 – Período Embrionário ....................................................................42
2.8.2.4 – Período Neonatal .........................................................................45
2.8.2.5 – Desenvolvimento da criança ........................................................47
2.8.2.6 – Retrogênese ................................................................................48
2.8.2.7 – Divisão de blocos cerebrais de luria: ordem da retrogênese.......54
2.9 – Bateria Psicomotora de Vitor de Fonseca .........................................54
2.9.1 – Praxia global .............................................................................................57
2.9.1.1 – Significação psiconeurológica da práxia global ...........................58
2.9.2 – Práxia fina .................................................................................................60
2.9.2.1 – Significância Psiconeurológica da Praxia Fina ............................62
2.10 - Variáveis Eletrofisiológicas e Suas Aplicações em Pesquisas..........64
2.11 – Eletroencefalografia Quantitativa (qEEG) ........................................65
CAPÍTULO – III ...........................................................................................70
3.0 – METODOLOGIA E INSTRUMENTAÇÃO ..........................................70
3.1 – Universo e Amostra ...........................................................................70
3.2 – Delineamento do Estudo ....................................................................71
3.3 – Instrumentação ..................................................................................71
3.3.1 – Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca ......................................71
3.3.2 – Eletrencefalografia quantitativa ......................................................72
3.3 – Procedimentos ...................................................................................72
3.3.1 – Procedimentos de coleta de dados ................................................72
3.4 – Tratamento estatístico .......................................................................75
CAPÍTULO IV ..............................................................................................76
4.0 – RESULTADOS ...................................................................................76
4.1 – Praxia Global .....................................................................................75
4.1.1 – Coordenação óculo-manual ............................................................76
4.1.2 – Coordenação óculo-pedal ...............................................................76
4.2 – Praxia Fina .........................................................................................77
4.2.1 – Tamborilar .......................................................................................77
4.2.2 – Coordenação dinâmica manual ......................................................78
TABELA 1 - .................................................................................................79
CAPÍTULO V ...............................................................................................80
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO.....................................................................80
REFERÊNCIAS...........................................................................................89
ANEXO I .....................................................................................................93
ANEXO II.....................................................................................................95
RELAÇÃO ENTRE FUNCIONALIDADE CORTICAL E TIPO DE HABILIDADE
MOTORA PROGNOSTICADA NA BATERIA PSICOMOTORA DE VITOR DA
FONSECA:VERIFICAÇÃO ATRAVÉS DE EEGq
A Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca é um conhecido instrumento de verificação de
habilidades motoras. Sua teoria está relacionada a ativações corticais específicas.
Objetivo: Verificar a ativação dos lóbulos frontais frente à área sensóriomotoras durante
a realização das provas de práxia global terceiro bloco da Bateria Psicomotora de Vitor da
Fonseca. Resultados: Na prova de coordenação óculo-manual realizando a comparação
dos eletrodos F3 1,799mV (DP 0,225) com C3 1,789 mV (DP 0,218) e F4 1,825 mV (DP
0,223) com C4 1,828 (DP 0,227); assim como para a coordenação óculo-pedal na
comparação dos eletrodos F3 2,735mV (DP 0,278) com C3 2,702 mV (DP 0,280) e F4
2,821 mV (DP 0,267) com C4 2,793mV (DP 0,258), na mesma via a prova tamborilar
realizando a comparação dos eletrodos F3 2,682mV (DP 0,293) com C3 2,640 mV (DP
0,308) e F4 2,712 mV (DP 0,298) com C4 2,695 (DP 0,317); assim como para a
coordenação dinâmica-manuall na comparação dos eletrodos F3 2,757mV (DP 0,400)
com C3 2,699 mV (DP 0,410) e F4 2,808 mV (DP 0,418) e C4 2,819 (DP 0,423) não
houve diferença estatística na analise de variância ONE-WAY (ANOVA) para ALFA com
sensibilidade de (< 0.05). Conclusão: Os resultados não dão suporte à teoria de Vitor da
Fonseca considerando-se o fato que a realização das tarefas ativou o lóbulo frontal na
mesma proporção que a área sensoriomotora durante as provas de práxia fina. Esses
dados contrariam ao racional teórico de Vitor da Fonseca sendo recomendado revisar
certos aspectos teóricos da sua Bateria Psicomotora.
Palavras chave: psicomotricidade, eletroencefalografia, praxia global, práxia fina
RELATIONSHIP BETWEEN CORTICAL FUNCTION AND TYPE OF MOTOR
ABILIT PROGNOSTICATED ON VITOR DA FONSECA’S PSYCHOMOTOR
BATTERY: A VERIF ACROSS EEGq
ABSTRACT
The Vitor da Fonseca Psychomotor Battery is a know instrument for verifying motor
abilities. The base for his rational Psychomotor Battery is a cortical specific activation.
Objective: To verify the activation of the frontal lobes in relation to the sensorimotor areas
during the performance of the tasks of global praxis of Vitor da Fonseca’s Psychomotor
Battery. Results: The data for eye-hand coordination were comparing electrodes F3
values 1,799mV (DP 0,225) with C3 values 1,789 mV (DP 0,218), and the F4 values 1,825
mV (DP 0,223) to the C4 values 1,828mV (DP 0,227). In a similar way, the eye-foot
coordination tasks, for the F3 values 2,735mV (DP 0,278), comparing with C3 values
2,702 mV (DP 0,280) and F4 2,821 mV (DP 0,267), with C4 2,793mV (DP 0,258). The
data for fine praxie on the tamborilar task were comparing eletrodes F3 values 2,682mV
(DP 0,293), C3 (2,640 mV and DP 0,308), F4 (2,712 mV and DP 0,298) and C4 (2,695
and DP 0,317); dinamics hand coordination were F3 (2,757mV and DP 0,400), C3
(2,699 mV and DP 0,410), F4 (2,808 mV and DP 0,418) e C4 (2,819 and DP 0,423). The
data do not shown significance is ANOVA ONE-WAY and post-hoc of Scheffer with
significance of p =or< that 0,05. Conclusions: Due of results founded and the data
verified in the literature, can concludes that the frontal cortex do not is more active than
somatosensori cortex in the tambortilar and dinamics hand coordination task of fine
coordination of Vitor da Fonseca Psychomotor Battery.
Key Worlds: psichomotrycit, Eletrencefalography, fine coordination, global coordination
CAPITULO I
1 – O PROBLEMA
A Bateria Psicomotora de Victor da Fonseca é um conhecido instrumento
de avaliação das habilidades motoras de um indivíduo ou grupo destes e é hoje
amplamente usada no Brasil. Porém, apesar disto, ainda necessita de testes que
confirmem a relação com as ativações neurais específicas que o seu autor faz
referência.
O terceiro bloco da Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca, alvo dessa
pesquisa, é composto pela coordenação motora global e fina e, de acordo com o
Vitor da Fonseca (1998, 1995), ao córtex frontal atribui-se o controle dessas
valências, principalmente à área 6 e 8 de Brodman.
Sendo assim, o presente estudo pretende identificar através da
eletrencefalografia quantitativa se a lóbulo frontal do córtex está mais ativo
durante a realização de provas do terceiro bloco da Bateria Psicomotora.
1.1 – Introdução
De acordo com Ministério da Educação e do Desporto (MEC) e Secretaria
de Educação Especial (MEC/SEE), a psicomotricidade é a integração das funções
motrizes e mentais, sob o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso,
destacando as relações existentes entre a motricidade, mente e a afetividade do
indivíduo.
Na concepção atual, é impossível separar as funções motoras, as neuro-
motoras e perceptivo-motoras, das funções puramente intelectuais e da
afetividade. Daí pode-se afirmar que o desenvolvimento psicomotor se opõe à
dualidade entre a psique e o corpo.
A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento
afetivo estão intimamente ligados no indivíduo, e a psicomotricidade quer
justamente destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a
afetividade, facilitando a abordagem global da criança por meio de uma técnica.
(MEUR e STALES,1989).
Sara Pain citada por Conceição (1984), distingue corpo e organismo,
dizendo que um organismo é comparável a um aparelho de recepção programada,
que possui transmissores capazes de registrar certos tipos de informação e
reproduzi-las, quando necessário. o corpo não se reduz a esse aparato
somático, quando atravessado pelo desejo e pela inteligência, compõe uma
corporeidade, um corpo que aprende, que pensa e atua.
O organismo bem estruturado é a base para a aprendizagem,
conseqüentemente, as deficiências orgânicas podem condicionar ou dificultar esse
processo.
A aprendizagem inclui sempre o corpo, porque inclui o prazer, e este está
no corpo, sem o qual o prazer desaparece. A participação do corpo no processo
de aprendizagem se pela ação (principalmente nos primeiros anos) e pela
representação.
O organismo constitui a infra-estrutura neurofisiológica de todas as
coordenações, e que torna possível a memorização. Um organismo enfermo ou
deficiente pode prejudicar a aprendizagem na medida que afeta o corpo, o desejo,
a inteligência.
Sabe-se que o ser humano nasce, se desenvolve, matura e morre. Durante
esse processo que no inicio chama-se ontogênese e em um certo momento passa
a ser retrogênese, o cérebro também se desenvolve a fim de especializar-se,
refinar-se e sintonizar suas funções em virtude de novas demandas de estímulos
externos mais complexos.
Durante a ontogênese o cérebro sofre transformações evolutivas,
organizações verticais ascendentes no sentido das especializações para novas
demandas de sensações e praxias.
Essa ontogênese cerebral se reflete nas valências físicas que se tornam
mais complexas em função de atender as novas exigências externas do ser em
desenvolvimento, essa situação sugere que estruturas cerebrais sofrem uma
mudança morfológica, fisiológica e funcional para gerenciar melhor o corpo que
agora precisa de especializações mais refinadas e gradativamente muito mais
voluntárias, frente às reações do neonato que são muito reflexas.
Com o passar dos anos, essa ontogênese diminui sua formação e dado um
certo momento entra em ação outro processo, a retrogênese. Esse na verdade, é
a evolução natural do processo ontogênico ao retrogênico, que por sua vez, é
uma degeneração morfológica, fisiológica e funcional natural do cérebro e que
segundo Luria inicia-se por volta dos 25 anos de idade com a perda de 10.000
neurônios por dia e se acentua muito aos 40 anos de idade para 100.000 por dia.
Compreende-se desenvolvimento psicomotor como a interação existente
entre o pensamento, consciente ou não, e o movimento efetuado pelos músculos,
com ajuda do sistema nervoso (Conceição, 1984). Desse modo, cérebro e
músculos influenciam-se e educam-se, fazendo com que o indivíduo evolua,
progredindo no plano do pensamento e da motricidade.
O desenvolvimento humano implica transformações contínuas que ocorrem
através da interação dos indivíduos entre si e entre os indivíduos e o meio em que
vivem.
Harlow e Bromer citado por Fonseca (1995), demonstraram que o córtex
motor exerce uma função determinante em todas as funções de aprendizagem,
cedo as relações entre psicomotricidade e aprendizagem efetivamente inter-
relacionadas em termos de desenvolvimento psiconeurológico.
As fases do desenvolvimento, de acordo com Luria citado por Fonseca
(1998), vão desde as estruturas que se especializam em coordenar a mais
simples das funções, que também é a primeira a se organizar, a tonicidade
passando pelas próximas, que são respectivamente em ordem hierárquica,
equilibração, lateralização, consciência corporal, estruturação espaço temporal,
práxia global e práxia fina. na fase retrogênica as mesmas estruturas que se
desenvolveram sofrem uma degradação de função, sendo que, do mais complexo
e especializado para o menos complexo, ou seja, a retrogênese acontece com o
geronte perdendo de cima para baixo sendo assim de práxia fina para práxia
global, estruturação espaço temporal, consciência corporal, lateralização,
equilibração e tonicidade, sugerindo uma desorganização vertical descendente.
As diferentes fases do desenvolvimento motor têm grande importância, pois
colaboram para a organização progressiva das demais áreas, tal como a
inteligência.
Quanto mais dinâmicas forem as experiências da criança, a partir de sua
liberdade de sentir e agir, através de brincadeiras e jogos, maiores serão as
possibilidades de enriquecimento psicomotor.
Analisando o processo evolutivo do ser humano, vê-se que dois
momentos interessantes: inicialmente, as aprendizagens, ou seja, o método de
estabelecer conexão entre certos estímulos e determinadas respostas para
aumentar a adaptação do individuo ao ambiente, ficam numa dependência maior
dos aspectos internos, isto é, da maturação do sistema nervoso central (SNC); em
seguida, as aprendizagens dependem mais das informações provindas do meio
externo que o captadas pelos órgãos sensoriais. Portanto, uma intima
relação entre as influências internas e externas, criando a necessidade da
integridade do SNC e subsídios para o estabelecimento de conexões com os
estímulos ambientais ambiente para um desenvolvimento percepto-motor normal.
A importância de um adequado desenvolvimento motor está na intima
relação desta condição com o desenvolvimento cognitivo. A cognição é
compreendida como uma interação com o meio ambiente, referindo-se a pessoas
e objetos.
Além dos vários testes e escalas psicométricas e do comportamento
adaptativo para diagnosticar as necessidades especiais, a avaliação psicomotora
pode ser usada como parâmetro para observar as condições psicomotoras dos
indivíduos avaliados, haja vista que quando há um desenvolvimento cognitivo ou
neural inadequado, provavelmente há um atraso no desenvolvimento motor. Estes
instrumentos o utilizados tanto para detectar possíveis déficits psicomotores,
quanto auxiliam na elaboração de um planejamento para a estimulação
psicomotora quando tais déficits são apontados.
Para a avaliação psicomotora, a revisão de literatura apresenta diversos
instrumentos e testes, além de trabalhos científicos, principalmente teses e
dissertações, que por sua vez colaboram para o aprofundamento dos
conhecimentos e na padronização de avaliações específicas. Sendo assim a
Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca apresenta-se como uma forma muito
eficiente, confiável e fácil para avaliar-se o indivíduo.
Esta bateria, anteriormente referida, tem como mérito, ter sido desenvolvida
de acordo com pesquisas de um neurocientista chamado A. R. Luria, que por sua
vez em seus estudos, averiguou como o sistema nervoso evoluía e involuia
durante seu desenvolvimento maturativo comum à vida de todo ser humano.
Fonseca (1995) afirma, com base em Luria que o S.N. desenvolve-se em
três fases distintas, que por sua vez corresponde a três conjuntos de áreas
cerebrais e estas foram chamadas de 1°, e bloco. O corresponde às
estruturas do tronco cerebral e principalmente na formação reticulada,
corresponde ao controle da tonicidade e equilibração; o 2° as estruturas das
zonas posteriores do córtex, ou seja, lóbulos occipital, temporal e parietal, trata da
lateralização, noção corporal e estruturação espaço temporal e a parte anterior
do córtex, sendo assim aos lóbulos frontais, práxia global e práxia fina.
Vitor da Fonseca, embasado nessa teorização, criou uma bateria de testes
onde é possível verificar o nível de desenvolvimento psicomotor, identificar
possíveis deficiências e, partindo daí, antecipadamente a um exame mais
detalhado através de imagens ou atividade elétrica, pressupor quais áreas manter-
se-iam mais ativadas durante a realização das provas desta referida bateria.
1.2 – Objetivos do Estudo
1.2.1 – Objetivo Geral do Estudo
Averiguar a funcionalidade cortical durante provas da práxia global e práxia
fina do terceiro bloco da bateria psicomotora de Vitor da Fonseca
1.2.2 – Objetivos Específicos
Comparar a atividade dos lóbulos frontais com a área sensoriomotora
durante a realização das provas de práxia global do terceiro bloco da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca;
Comparar a atividade dos lóbulos frontais com a área sensoriomotora
durante a realização das provas de práxia fina do terceiro bloco da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca.
1.3 – Questões de Estudo
Os lóbulos frontais estão mais ativos que a área
sensoriomotora
durante a realização das provas de práxia global do terceiro bloco da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca?
Os lóbulos frontais estão mais ativos que a área
sensoriomotora
durante a realização das provas de práxia fina do terceiro bloco da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca?
1.4 – Identificação das Variáveis
1.4.1 – Variável Dependente
Possível constatação da maior funcionalidade dos lóbulos frontais quando
comparados com a área somatossensorial durante a realização de provas do
terceiro bloco da Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca.
1.4.2 – Independente
A aplicação do exame de eletrencefalografia quantitativa na amostra
selecionada.
1.4.3 – Interveniente
A apresentação de alguma deficiência mental previamente não identificada
em parte da amostra.
1.5 – Justificativa do Estudo
A Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca é um conhecido instrumento de
verificação de habilidades motoras. Sendo assim, o presente estudo justifica-se na
necessidade de se verificar a funcionalidade cortical durante a realização de
provas da referida bateria, já que a mesma, de acordo com o autor, apresenta
relação com ativações corticais específicas.
1.6 – Significância do Estudo
A bateria psicomotora de Vitor da Fonseca é um instrumento de verificação
de complexas valências psicomotoras.
No entanto, lacunas sobre a funcionalidade cortical durante as provas se
mostram presentes tendo em vista uma relação teórica estabelecida pelo autor,
Vitor da Fonseca, com ativações corticais específicas. Portanto, o presente estudo
pode significar à comunidade científica, acadêmica, a leigos e a todos os outros
interessados afins, como uma possível fonte de consulta sobre a mesma bateria,
assim como, à funcionalidade cortical durante as provas da práxia fina e global da
referida bateria.
1.7 – Delimitações
Esse estudo delimita-se a utilização de eletrencefalografia quantitativa com
sistema internacional 10/20 (JASPER, 1958) do laboratório de Mapeamento
Cerebral e Integração Sensório Motora da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. A amostra foi obtida de forma conveniente entre moradores do Município
de Nilópolis e Rio de Janeiro do estado do Rio de Janeiro.
1.8 – Limitações do Estudo
O estudo limita-se a condições financeiras em virtude do alto custo do
exame de eletrencefalografia quantitativa.
1.9 – Pressupostos Teóricos
Luria citado por FONSECA (1998, pg. 351) afirma que o cérebro organiza-
se do mais reflexo, autônomo e simples para o mais voluntário, subordinado e
complexo, ou seja, da sensoriomotricidade à psicomotricidade, sugerindo uma
organização vertical ascendente, resultando na interação conjunta e hierarquizada
de três blocos funcionais, implicando assim, em todas as formas complexas de
comportamento na organização psicomotora.
Ainda de acordo com os estudo de Luria em FONSECA (1998, pg. 352), os
blocos hierarquizam-se do primeiro que corresponde ao tronco cerebral e
principalmente a formação reticulada e tem atribuição de controlar a tonicidade e
equilibração, o segundo que corresponde aos lóbulos, temporais, occiptais e
parietais, atribui-se ao controle da lateralização, noção corporal e estruturação
espaço temporal e por fim ao terceiro bloco que compreende os lóbulos frontais
atribuindo-se a este a coordenação global e fina. Ainda a área 6 de Brodmann tem
um íntima relação com a praxia global por ser nela que se organizam os planos
motores e a área 8 com a práxia fina por ter relação com processos de atenção e
visumotores.
1.10 Hipóteses
H
0
1
O córtex frontal não mostrará mais atividade que a área sensoriomotora de
referência durante a realização das provas de praxia global da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca;
H
1
1
O rtex frontal mostrará mais atividade que a área sensoriomotora de
referência durante a realização das provas de praxia global da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca;
H
o
2
O córtex frontal não mostrará mais atividade que a área sensoriomotora de
referência durante a realização das provas de praxia fina da Bateria Psicomotora
de Vitor da Fonseca;
H
1
2
O rtex frontal mostrará mais atividade que a área sensoriomotora de
referência durante a realização das provas de praxia fina da Bateria Psicomotora
de Vitor da Fonseca;
1.11 – Definição de termos
1.11.1 – Psicomotricidade
Psicomotricidade é a integração das funções motrizes e mentais, sob o
efeito do desenvolvimento do sistema nervoso, destacando as relações existentes
entre a motricidade, a mente e a afetividade do indivíduo. (Ministério da Educação
e do Desporto (MEC) e Secretaria de Educação Especial (MEC/SEE)
1.11.2 – Bateria Psicomotora
Para efeito desse estudo bateria psicomotora é um conjunto de provas e
testes motores que buscam identificar níveis de habilidade motora em distintas
valências.
1.11.3 – Eletroencefalografia Quantitativa
Aparelho que mede a atividade elétrica cortical através de eletrodos
metálicos colocados no escalpe em localizações distintas.
1.11.4 – Bioperacionalidade
A bioperacionalidade pode ser definida como o processo de funcionamento
biológico, ou seja, como um biosistema se comporta em suas funções e processos
dinâmicos.
1.11.5 – Bioestruturalidade
A bioestruturalidade pode ser definida como o processo ontogênico de uma
estrutura biológica, ou seja, como um biosistema se desenvolve em termos
estruturais e morfológicos.
CAPÍTULO II
2.0 - REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo está estruturado em seções e subseções referentes aos
assuntos pertinentes ao objeto de estudo citado no capítulo I.
Nesta Revisão de Literatura, o objetivo será abordar os fatores que
envolvem as funções do cérebro e detalhamento das suas estruturas, assim como
a sua anatomia de forma abreviada, seus sistemas de armazenamento, utilização
de informações aprendizagem motora. Esses assuntos estão distribuídos em
tópicos subseqüentes seguindo uma lógica didática.
No presente momento, portanto, será revisada a literatura passada e
contemporânea pertinente à natureza da problemática enfocada, ou seja,
relativamente às funções do cérebro e também à bateria psicomotora de Vitor da
Fonseca.
2.1 – Organização do Sistema Nervoso
O sistema nervoso realiza a maioria das funções que controlam o corpo,
em geral este controla as atividades rápidas do corpo, tais como contrações
musculares, arcos reflexos, atividades endócrinas e viscerais entre outras.
A maioria das atividades do sistema nervoso é iniciada pelo input de sinais
advindos dos sensores espalhados pelo corpo, ou seja, experiências sensoriais,
que por sua vez proporciona em muitos casos uma resposta imediata, ou
provocando um armazenamento na memória da experiência por segundos até
anos que determinam uma resposta motora futura. (GUYTON e HALL, 2002)
Os estímulos somáticos transmitem informações de todas as partes do
corpo como pele e estruturas viscerais mais profundas pelo sistema nervoso
central através dos nervos periféricos conduzidos para áreas como a medula,
bulbo, ponte, mesencéfalo, cerebelo, tálamo e córtex cerebral, onde o
processados e logo selecionada uma resposta adequada ao estímulo e logo
transmitida de volta através de várias vias até o ponto selecionado para produzir
extrinsecamente a resposta desejada.
A principal função do sistema nervoso é integrar e processar informações e
logo depois gerar uma resposta apropriada ao mesmo.
Mais de 99% das informações que entram no S.N. são ignoradas pelo
cérebro como tendo pouca importância. Por exemplo, não são percebidas as
partes do corpo em contato com a roupa ou a pressão exercida pelo corpo no
assento, quando se está sentado. Depois que a informação importante for
identificada, selecionada e levada as partes adequadas cérebro, as mesmas
produzirão respostas desejadas e essa canalização é chamada de função
integradora. (GUYTON e HALL, 2002, CONNORS e BEARS, 2002)
2.1.1 - Neurônio
Os neurônios são células que se comunicam entre si ou com células
efetoras usando basicamente a linguagem elétrica, ou seja, modificações do
potencial de membrana e logo a química para comunicar-se. A membrana celular
separa o ambiente intracelular, que predominam cargas negativas com potássio
(K+), e o extracelular onde predomina sodio (Na+) e cloro (CL+), essas cargas
elétricas é que estabelecem o potencial de membrana que gira em torno de –60 a
–70 mV dentro da célula.
A maioria dos neurônios tem três regiões e cada uma delas é responsável
por funções especializadas, corpo celular, dendritos e axônio.
O corpo celular é o local que está contido o citoplasma e suas organelas. O
núcleo é geralmente vesiculoso com um ou mais núcleos aparentes. Este ainda é
o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de proteínas,
degradação e regeneração de constituintes celulares, inclusive membranas.
(MACHADO, 2002)
A forma e tamanho do corpo celular são variáveis ao tipo de neurônio, por
exemplo, nas células de Purkinje do córtex cerebelar os corpos celulares são
piriformes e grandes, nos grânulos do cerebelo, são esferoidais. Dos corpos
celulares partem os prolongamentos (dendritos e axônio), que são de difícil
visualização.(MACHADO, 2002)
Os dendritos são geralmente curtos e ramificam-se profusamente como se
fossem galhos de arvore. (MACHADO, 2002)
Os dendritos têm a função de receber estímulos, traduzindo-os em
alterações do potencial de membrana, podendo assim, gerar pequena
despolarização ou hiperpolarização, de muito curta propagação pela superfície
membranal até se extinguirem.
O axônio está presente em na maioria dos neurônios, que é um
prolongamento longo e fino originado no corpo de um dendrito principal, numa
região denominada cone de implantação. Este apresenta comprimento variável
dependendo do tipo de neurônio, podendo ter, no ser humano, de alguns
milímetros até mais de um metro. (MACHADO, 2002)
O axônio é capaz alterar seu potencial de membrana denominado potencial
de ação, ou seja, despolarização de grande amplitude do tipo “tudo ou nada” que
por sua vez é quando uma célula chega a uma voltagem limite e dispara seu
potencial de ação. Portanto o axônio é especializado em produzir e conduzir um
potencial de ação. (MACHADO, 2002)
Existe um local que é chamado de zona gatilho, onde inicia-se o primeiro
potencial da membrana plasmática. Essa especialização é devida a grande
presença de canais de sódio e potássio sensíveis à voltagem.
Os axônios, após emitirem número variável de colaterais, geralmente
sofrem arborização terminal que estabelece conexões com outros neurônios ou
com células efetoras. Outros neurônios especializam-se em secretar substancias,
geralmente um polipeptídeo e são denominados neurossecretores, bastante
populosos no hipotálamo. (MACHADO, 2002)
2.3 – Divisões do Córtex Cerebral
O córtex pode ser dividido de várias formas, anatomicamente,
funcionalmente, morfologicamente. No entanto, a forma mais utilizada para se
determinar áreas de atividade, de exploração é a que Brodmann criou para nos
facilitar a identificação de estruturas funcionais do córtex que tem algum tipo de
correlação com funções específicas ou difusas, com a sensibilidade, com a
atividade motora, com a memória, a aprendizagem, a fala, visão, audição olfação
e muitas outras funções especializadas.
2.3.1 – Anatomia do Córtex Cerebral
O córtex pode ser anatomicamente dividido de várias formas, mas a mais
importante e predominante é uma classificação anatômica por lóbulos e funcional
das áreas de Brodman.
O córtex é dividido em dois hemisférios pela fissura longitudinal e em cada
metade há cinco lóbulos o frontal, o temporal, parietal, occipital e a insula.
Todos esses têm suas áreas bem delimitadas por acidentes anatômicos
específicos e lhes são atribuídas uma funções específicas.
O lóbulo frontal encontra-se na parte mais antero-posterior do crânio à
frente de todas as outras estruturas cerebrais. Lá se encontram a área motora que
dispara o comando para o movimento e pré-motoras, onde se elaboram os planos
motores. (PETRIDES, 2005; BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002; MACHADO,
2000; FONSECA, 1995)
O lobo frontal esquerdo controla o lado direito do corpo, e a sua porção
anterior regula emoções, comportamento, iniciativa, funções que divide com o lobo
frontal direito. (BEARS, 2002); ouvir sons pode ser função dos lobos temporais de
ambos os lados, entender palavras é uma função específica do córtex temporal
posterior esquerdo. E falar é uma função do córtex frontal esquerdo. Para contra-
balancear, as habilidades musicais, de ritmo, dança, esportes que envolvem
noção espacial como futebol, dança, desenho, tudo fica do lado direito. (BEARS,
2002; GUYTON E HALL, 2002; FONSECA, 1995)
Logo após o giro pré-central encontra-se a fissura central que é o ponto
onde o lóbulo frontal acaba e se inicia o parietal. Nesse encontra-se as áreas
sensitivas 3,1,2 e as áreas associativas 5 e 7. Esse lóbulo tem sua função
sensitiva prioritariamente. (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002; MACHADO,
2000; FONSECA, 1995)
Bem atrás do lóbulo parietal e na frente do lóbulo occipital está a fissura
parieto-occiptal que é o acidente anatômico que marca a divisão desses lóbulos.
O lóbulo occipital é um lóbulo com funções complexas como o da visão, por
exemplo, o córtex occipital visual direito enxerga o lado esquerdo do campo visual
e vice-versa.
Os lóbulos temporais ficam na região lateral do crânio bem na altura das
orelhas. Sua função entre outras é auditiva e de armazenamento das informações,
ou seja, memória.
Por último, mas não menos importante, o lóbulo chamado de insula que
não é aparente, pois localiza-se por baixo de outros lóbulos, necessitando de uma
afastamento de algumas estruturas para poder ser visualizado.
2.3.2 – A divisão de Brodmann
Brodmann trabalhou de 1901 até 1910 em um laboratório de neurobiologia
em Berlin dirigido por O. Vogt empenhando-se em estudar a citoarquitetura do
cérebro de vários mamíferos. Em 1905 publicou Architetonic map of the monkey”
(cercopitecus) e em 1908 publicou “architetonic map of the human cerebral cortex
e esse trabalho influenciou todos os trabalhos posteriores, até nos dias de hoje,
sobre a arquitetura do cérebro humano (PETRIDES, 2005).
Petrides, (2005), ainda sita que Brodmann catalogou cinqüenta e duas
áreas, cada uma de acordo com sua função, por exemplo, as áreas 3, 1 e 2 são
áreas do lóbulo parietal e tem função sinestésica, a área 6 e 4 estão no córtex
frontal e são a área pré motora e motora, respectivamente. Toma, (2002) evoca
que essas duas últimas ainda têm ligações diretas com o trato piramidal, e que
várias áreas motoras relacionadas do lóbulo frontal têm a capacidade de
influenciar o circuito motor espinhal.
De acordo com Fonseca (1995, 1998), a área 6 de Brodmann é
responsável pela operacionalização da práxia global, controlando, coordenando e
comandando esses tipo de atividade motora e a área 8 tem relação direta com a
práxia fina que da mesma forma que a área 6 se relaciona com a práxia global.
2.4 – Estrutura, Fisiologia e Função do Córtex Cerebral
O córtex cerebral é como um local de armazenamento de um computador,
o disco rígido. É onde estão armazenadas, geneticamente, as informações que
aquele ser humano obteve, através não de sua vida, como também da vida de
seus ancestrais e as coisas aprendidas ainda nessa existência. O córtex se
chama assim porque se trata de uma camada que envolve por fora o rebro.
Porém não é simples ou lisa, mais se parece com uma casca de maracujá
enrugada; tem circunvoluções, como a vegetação que cobre montanhas, que sobe
e desce com os picos e vales, assim aumentando a sua área. As circunvoluções
entram e saem, formando sulcos e fendas, como os rios que cortam os vales de
uma floresta. Esta analogia permite introduzir o conceito de tronco cerebral, a
estrutura que comunica o córtex cerebral com a medula espinhal. No caso das
árvores o tronco serve de sustentação e para condução dos nutrientes que vem
das raízes e vão até a última folha de cada galho. Porém, no tronco cerebral o que
circula não são nutrientes, e sim informação, pois cada folha da árvore cerebral,
cada neurônio, é uma pequena e extremamente complexa usina de informações,
um computador em si mesmo (CONNORS E BEARS, 2002).
As raízes da medula espinhal, saindo pela coluna vertebral, trazem e levam
informações de todo o corpo para o sistema nervoso central (CONNORS E
BEARS, 2002). O ser humano é mais complexo que a árvore, a comparação
precisa ser explicada. As folhas são os corpos dos neurônios que fazem a
substância cinzenta cerebral; os galhos o os grandes axônios que fazem a
substância branca. Porém o ser humano anda por aí, portanto precisa de proteção
contra choques, daí a cobertura óssea em torno do cérebro, o crânio (BEARS,
2002; GUYTON E HALL, 2002; MACHADO, 2000). E a cobertura em volta da
medula, a coluna vertebral. A medula é como se as árvores tivessem uma primeira
raiz matriz, fora da proteção do solo, de onde se originassem todas as raízes
menores, que após sair da coluna, tem a proteção dos tecidos das pernas, dos
braços, do tórax e do abdômen.
Se fossemos pensar que uma árvore tivesse que andar por aí, ela sairia
com um bom pedaço de terra em volta, como os tecidos que formam o corpo
humano, de um leão ou de um rato. Para andar, ela teria que criar duas pernas,
teria que especializar terra em músculos. As folhas, no caso os neurônios, teriam
que se especializar em funções cada vez mais específicas, como ver, ouvir,
controlar força muscular, sentir onde estão os braços e pernas para daí resolver
onde colocá-los no próximo minuto. (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002;
MACHADO, 2000, FONSECA, 1995, 1998)
Esta especialização realmente ocorreu na evolução das espécies, e o
córtex humano tem várias áreas muito bem divididas. A visão está no córtex
occipital, que fica exatamente na extremidade posterior da cabeça. A sensação
fica no lobo parietal, localizado atrás e acima das orelhas; a função motora na
parte mais posterior do córtex frontal, na frente e acima das orelhas. A audição no
córtex temporal, por dentro dos pavilhões auditivos (BEARS, 2002; GUYTON E
HALL, 2002; MACHADO, 2000). Mas é tudo muito complexo. O córtex occipital
visual direito enxerga o lado esquerdo do campo visual. E vice-versa. O córtex
motor, frontal direito, faz movimentar o lado esquerdo do corpo, e vice-versa. O
córtex parietal direito sente o que se passa no lado esquerdo do corpo, e vice
versa (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002). Existem meios de comunicação
extremamente rápidos entre as várias regiões do córtex, e elas interagem para
muitas funções. Por exemplo, ouvir é uma função bilateral, podemos cortar fora
todo um lado do cérebro que o outro ouve bem sons vindos da direita e da
esquerda. Paradoxalmente, enquanto ouvir se distribui em ambos os hemisférios
cerebrais, falar ficou no lado esquerdo. Na maioria absoluta dos seres humanos,
tanto o entendimento da fala quanto sua produção ficam do lado esquerdo
(BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002). Ouvir sons pode ser função dos lobos
temporais de ambos os lados, entender palavras é uma função específica do
córtex temporal posterior esquerdo. E falar é uma função do córtex frontal
esquerdo. Para contra-balancear, as habilidades musicais, de ritmo, dança,
esportes que envolvem noção espacial como futebol, dança, desenho, tudo fica do
lado direito.
Até o advento da tomografia computadorizada nos anos 70, a principal
função do neurologista clínico era a "localização" neurológica, ou o diagnóstico
"topográfico". Após uma longa história clínica ele (a) fazia um minucioso exame
físico, que muitas vezes levava pacientes ao riso. Utilizavam-se pedaços de
algodão, abaixadores de língua, alfinetes de chapéu do século XIX, diapasão,
martelo de reflexos e chaves, para cutucar a barriga, a sola dos pés, joelhos e
cotovelos, olhos e garganta, e muitas vezes as regiões peri-anal e inguinal.
Dependia destes exames onde o neurologista recomendava que um
neurocirurgião abrisse o crânio ou a coluna para achar um tumor, por exemplo.
Com a tomografia e a ressonância magnética, estas habilidades neurológicas
perderam parte de sua importância clínica. Com o advento do SPECT e do PET,
exames que produzem imagens metabólicas e funcionais do cérebro, a
importância científica dos testes clínicos aumentou, pois agora se pode comprovar
onde fica cada uma das funções testadas.
Em demonstrações clínicas em auditórios na França e Inglaterra o
neurologista demonstrava sua erudição examinando as funções do córtex dos
lobos frontais, temporais, parietais e occipitais, de um lado e depois do outro. O
lobo frontal direito controla comportamento e os movimentos do lado esquerdo do
corpo (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002). O parietal direito, logo acima da
orelha, sente o que se passa do lado esquerdo do corpo. O temporal direito, por
dentro da orelha, se ocupa com memória não verbal, para espaço, figuras, ritmo e
a musicalidade. O lobo occipital direito, no extremo posterior do crânio, enxerga
o lado esquerdo do campo visual. Não a visão do olho esquerdo, como pensam a
maioria das pessoas, e sim o lado esquerdo do campo visual de ambos os olhos.
Os lobos parietal e occipital esquerdos fazem o mesmo que os direitos, porém
com o outro lado. O lobo temporal trata de memória, como o direito, porém
memória verbal, lógica e matemática. O lobo frontal esquerdo mexe o lado direito
do corpo, e a sua porção anterior regula emoções, comportamento, iniciativa,
funções que divide com o lobo frontal direito (BEARS, 2002; GUYTON E HALL,
2002; FONSECA 1995 E 1998)
A maior característica do hemisfério cerebral esquerdo é o controle das
funções verbais. O entendimento da fala se faz numa região posterior do lobo
temporal esquerdo, perto da região cortical de audição, próxima ao lobo parietal.
Desta região atrás da orelha o que se entendeu de uma frase vai por um feixe de
axônios chamado fascículo arcuado, que faz a forma de um arco por dentro da
substância branca do hemisfério cerebral esquerdo. Viaja até a região de
expressão da fala, no lobo frontal esquerdo, por dentro da articulação da
mandíbula, ao lado da região que movimenta a musculatura da boca, da língua, e
da deglutição. (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002)
O que mais diferencia o córtex do ser humano daquele dos macacos e
cachorros são as áreas de associação. Vale a pena imaginar que quando
conversamos, dançamos, fazemos sexo, estamos utilizando várias funções ao
mesmo tempo. Audição, sensação, visão, fala, entendimento de palavras, tudo
ocorre em conjunto. A função mais nobre do cérebro humano é associar
informações e dar a elas um sentido, uma interpretação. Estas áreas de
associação ficam nas fronteiras entre os lobos, e principalmente numa região que
fica por trás e por cima das orelhas, onde existe uma tripla fronteira, entre os lobos
parietal, temporal e occipital. (PETRIDES, 2005; BEARS, 2002; FONSECA, 1995,
1998)
Todas as regiões corticais que ficam por fora são modernas na evolução,
tem 6 camadas de neurônios, existem no ser humano e em alguns primatas mais
evoluídos (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002). Outras regiões corticais mais
antigas, existentes em animais inferiores, tem 3 ou 4 camadas de neurônios, e
ficam escondidas nas reentrâncias corticais. Estas regiões, utilizadas para o olfato
em animais como os cães, desenvolveram-se para controlar as reações
emocionais no ser humano e nos primatas superiores. É o chamado sistema
límbico.
Devido à complexidade da sub-especialização dos neurônios corticais,
foram se formando centros controladores por baixo do córtex. Os centros
controladores são núcleos de neurônios imersos na substância branca na base do
cérebro. Informações que vem das mais variadas áreas do corpo, para chegar ao
consciente, precisam chegar ao córtex. O caminho começa no nervo periférico, vai
pela raiz medular, entra na coluna, sobe pela medula, passa pelo tronco cerebral,
pelos núcleos da base e finalmente vai ao córtex (BEARS, 2002; GUYTON E
HALL, 2002). Nos núcleos da base existe informação antiga para resolver se
aquele estímulo pode voltar dali direto como um reflexo, ou se precisa ser enviado
ao córtex. E também para dirigir o estímulo ao local, ou aos locais certo, do córtex.
Se o que está ocorrendo no dedão esquerdo é uma queimadura, antes
mesmo da informação chegar ao córtex sensitivo no lobo parietal direito, a pessoa
retirou o pé, em um reflexo que pode ser ativado na própria medula espinal, no
tronco cerebral ou nos gânglios da base.
2.5 – O lóbulo frontal, o pré-frontal e suas particulridades
O lóbulo frontal é a área cortical mais anterior do cérebro. Compreende-se
da região mais anterior até a fissura longitudinal onde se inicia o lóbulo parietal.
(BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002)
Em grande parte sua função é motora como afirma inúmeros autores
conteporâneos como Khushu (2006), Poldrack (2005), Mier (2004), Gerloff (2004),
Lee (2006); Kokch, (2006); Karni, (2006); Pedemonte, (2005), Petrides, (2005);
Toma, (2002) e outros autores modernos como Fonseca (1998,1995); Gotman
(1990). Tem também um papel importante na preparação do movimento como
afirma Khushu (2006), Poldrack (2005), Pedemonte, (2005), Petrides, (2005); Mier
(2004), Gerlof (2004), Toma, (2002) e ultimamente tem sido discutido a sua função
na aprendizagem e em tarefas cognitivas como inferiu Hon, (2007)
Seu papel principal continua sendo seu envolvimento desde os estágios
mais senis do movimento como a preparação, elaboração e planejamento até a
sua execução propriamente dita. (BEAR, 2002). Por exemplo, ao tentarmos
passar entre algumas cadeiras colocadas na sala de aula de uma escola é
necessário que nós planejemos nosso caminho, qual a melhor estratégia para
passarmos entre essas cadeiras sem derrubá-las, talvez julgar qual o caminho
mais perto ou fácil, tudo isso é formulado e processado no lóbulo frontal,
principalmente em uma região ainda mais anterior, o córtex pré-frontal.
Fonseca (1998), afirma que esse é a área cortical mais hierarquizada do
córtex com as funções mais complexas e diferenciadas desse órgão. Ele ainda
infere que essa é a área mais diferenciada do córtex humano para o de outros
mamíferos que não o possui muito desenvolvido em virtude de particularidades
evolutivas.
Em outra via, Hon (2007) demonstrou que o córtex frontal tem um papel
importante nas decisões cognitivas, na escolha da resposta adequada a um
estímulo dessa natureza. Sakai (2003) corrobora com essa afirmação e
acrescenta que uma forte ligação entre do córtex lateral pré-frontal e o córtex
cingulado anterior com o controle de funções tais como a tomada de decisões
conflitantes e momentos preparatórios.
2.6 – O lóbulo parietal e suas particularidades
O bulo parietal fica compreendido entre o lóbulo frontal e occiptal, numa
região central no córtex. (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002)
Ele tem uma grande importância nas sensações, no sistema sinestésico e
também no sistema motor. (HON, 2007; PEDEMONTE, 2005; POLDRACK, 2005;
BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002)
Esse lóbulo, segundo inúmeros autores, vem por complementar as funções
motoras do bulo frontal mesmo sendo em princípio uma região voltada ao sentir
das coisas.
As áreas sensoriais 3, 1, 2 estão ali localizadas, essas áreas são os
principais focos de processamento dos sentimentos como o de pressão, dor, calor,
frio, das organelas articulares e musculares que informa o corpo sobre a posição
das articulações. (BEARS, 2002; GUYTON E HALL, 2002)
Em outra via o mesmo tem funções motoras também, de acordo com
Pedemonte, 2005; Poldrack, 2005; Bears, 2002; Guyton e Hall, 2002 esse lóbulo
forma um circuito com áreas motoras e pré-motoras que interagem para processar
informações sensoriais e motoras, formando uma área de integração
sensoriomotora.
2.7 – Circuito frontoparietal
O circuito frontoparietal é uma formação biofuncional onde uma
integração entre a área sensorial do lóbulo parietal e áreas motoras, motora
suplementar e pré-motora do lóbulo frontal. (HON, 2007, PEDEMONTE, 2005;
POLDRACK, 2005)
Em vários estudos tanto com exames por imagem ou por potenciais
elétricos se demonstrou que o lóbulo frontal assim como o parietal apresentava
um aumento significativo na sua atividade durante provas motoras assim como
afirma Hon, 2007; Pedemonte, 2005; Poldrack, 2005, em seus estudos. Inúmeras
metodologias foram testadas e os resultados foram muito parecidos.
Com isso percebeu-se que os lóbulos trabalhavam em sinergia, em
acoplamento, onde o lóbulo frontal em sua áreas motoras e prémotoras planejava
e organizava o movimento enquanto o lóbulo parietal regulava e processava
também as ações motoras. (HON, 2007, KHUSHU, 2006, POLDRACK, 2005)
A integração sensoriomotora ocorre em virtude de uma integração
biofuncional interrelacionando áreas frontais e parietais ao movimento, no entanto,
essa área também apresenta função de armazenamento de informações e papel
no processo cognitivo. (BEAR, 2002)
Em suma, o córtex não esquematiza, planeja e executa o movimento em
uma região. Em sua evolução integrou-se áreas diferentes para que pudessem
exercer funções distintas no movimento, na cognição e sensação sem que
nenhuma delas deixe de atuar mas com especializações diferentes para o
processamento da mesma informação.
2.8 Bioestruturalidade e bioperacionalidade: uma discussão acerca da
maturação e função do sistema nervoso
2.8.1 – Bioestruturalidade
Pode-se definir bioestruturalidade como uma estrutura biológica que evolui
e, sendo assim, depende de vários fatores e um deles é o desenvolvimento
ontogenético, ou seja, sua maturação. Ontogênese é o processo no qual a
estrutura biológica ganha maturidade, complexidade com a diferenciação
progressiva em sua estrutura e função. (FONSECA, 1998, 1995).
O ser humano ao nascer é um ser dependente dos cuidados dos seus pais
que seu sistema não está desenvolvido o suficiente para ser independente. Ao
contrário de animais, que ao nascer têm condições de andar, levantar-se e realizar
outras funções motoras complexas, o homem necessita de maturar-se por mais
tempo, ganhar inúmeras habilidades intrínsecas para sua sobrevivência. Assim,
inúmeros autores, ao observarem as fases pelas quais passamos desenvolveram
inúmeras teorizações para explicar e entender sobre esse processo de maturação
neurológica. Fonseca (1998).
Fonseca (1995,1998) afirma que o córtex se desenvolve das estruturas
mais simples para as mais complexas, das menos hierarquizadas às mais
hierarquizadas, das mais primitivas até as mais modernas do sistema nervoso.
Seguindo esse raciocínio, o mesmo autor, infere que a medula organiza-se
primeiro, passando pelo cerebelo, seguindo dos lóbulos occipitais aos parietais,
frontais e finalmente até os frontais que são as mais complexas e refinadas
estruturas do sistema nervoso humano e, certamente, do reino animal.
Fazendo uma analogia entre varias teorias é possível inferir que todas têm
uma grande aparência nos momentos em que mudanças marcantes são
percebidas, em outras palavras, as fases do desenvolvimento são muito
parecidas, portanto, tendo relações diretas com a maturação do sistema nervoso
central.
A medula é uma das estruturas do S.N.C. menos complexas e simples,
como afirma Fonseca (1995,1998). O sistema matura-se do menos ao mais
complexo, então a medula é a primeira maturar-se, mielinizar-se e estruturar-se
funcionalmente com o concomitante avanço da tonicidade.
Em seqüência o cerebelo é a estrutura que se matura estruturalmente,
desenvolve-se estrutura e funcionalmente com a função de orientar o equilíbrio.
Logo os lóbulos occipitais desenvolvem-se, então os parietais em tempo parecido
com os temporais e finalmente os frontais. (FONSECA, 1995, 1998, 2002). Essa
seqüência sugere uma maturação ascendente, da medula ao córtex frontal, da
estrutura menos complexa e simples a mais, demonstrando uma hierarquia
estrutural tal que segue os caminhos idênticos de valências.
Já em outro momento o processo é inverso, na verdade, essa involução é a
evolução da programação genética, ou seja, é o processo natural que foi escrito
em nossos gens. (FONSECA, 1995, 1998)
Dantas (2003) ao citar pesquisadores como Dekaban (1978) e Sandowsky,
afirma que uma grande variação da massa cerebral de pessoas entre 70 e 89
anos, consideradas normais. Observa-se diminuição do volume do cérebro de
cerca de 2% a cada dez anos depois dos cinqüenta anos, tendo diminuído cerca
de 15% do volume máximo, por volta do 80 anos. Nos primeiros 50 anos a perda
de substância cinzenta é maior, e após esta idade a situação se inverte
evidenciando uma perda mais significativa de substância branca.
Conforme evidenciado por Dorozynski (1985) citado por Fonseca, (1998), a
partir dos 25 anos o cérebro humano perde, diariamente, dez mil neurônios por
dia, isso pode causar problemas que emergem com o tempo; ainda, aos quarenta
anos a morte neuronal chega a por volta de quarenta mil e aos cinquenta de cem
mil para cima.
Shephard (2002) cita que a morte progressiva de células encefálicas leva a
um declínio de 10 a 20 % da massa total do tecido entre as idades de 20 a 90
anos.
2.8 2 – Bioperacionalidade
A bioperacionalidade é em suma o desenvolvimento das funções das
estruturas. Por exemplo, o córtex frontal tem por atribuição, segundo Fonseca
(1995, 1998) a função de organizar e coordenar as habilidades da praxia global e
fina, assim, como o cerebelo deve organizar o equilíbrio e a medula o tônus
muscular.
Tomando como base as teorias desenvolvimentistas do ser humano e se
respeitando os tempos de desenvolvimento do sistema nervoso central, citados na
sessão acima, o desenvolvimento das funções do sistema nervoso central
acontece em fases distintas e seqüenciais de forma que somente ao fim de um
ciclo se inicia outro, ou seja, o próximo sempre depende do bom desenvolvimento
do momento anterior para que esse seja pleno.
2.8.2.1 – Ontogênese
Esse processo dependente da fase embrionária e se abordada uma
breve revisão, de forma abrangente por não ser o foco do estudo, o
desenvolvimento desde a formação intra-uterina em diante. Portanto, baseado no
início da estruturação da motricidade, o estudo da retrogênese e suas
intervenções serão mais sedimentados.
A fase embrionária permite estudar os estados ontogenéticos do
crescimento minuciosa e sistematicamente. A ciência enfoca a organização,
estruturação e função da morfologia somática e da energia dos agentes genéticos
de crescimento assegurando assim a compreensão neurobiológica dos
comportamentos, da motricidade, da maturidade e das escalas de
desenvolvimento como definem diferentes estudiosos como Preyer (1989) citado
por Fonseca (2002).
O desenvolvimento dependerá da bagagem genética e do meio, sendo esta
morfologia ontogenética divida em três períodos fundamentais: pré-embrionário,
embrionário e fetal, prosseguindo no período neonatal.
2.8.2.2 – Período pré-embrionário
Dentro do organismo da mãe é formando o zigoto, que é composto pela
união das células sexuais de ambos os pais. Esta célula sofre mitose e origina
outras células denominadas blastômeros que aglomeradas formam a mórula, que
se assemelha a uma amora, parecendo um aglomerado de pequenas bolinhas, se
transforma numa cavidade ou blástula. Os trofoblastos, que são células nutritivas,
empurram o zigoto ao útero para o desenvolvimento do embrião, completando o
primeiro mês de gestação finalizando o período pré-embrionário.
Então, três classes de células se formam, sendo a mais externa,
ectoderme; a intermediária ou mesoderme, e a mais interna, endoderme.
A primeira formará o tecido epitelial externo e pêlos; glândulas exógenas e
a hipófise; retina, córnea e nervo óptico; sistema nervoso central e periférico, entre
outras estruturas. A ectoderme engrossa e enruga formando o tubo neural, aonde
vai se formar o cérebro, a medula, os nervos e os ventrículos, processo este
denominado por Vieira (2000) de neurulação. O tubo neural embrionário tem
grande importância, pois originará bioblastos e neuroblastos, provando, assim, a
constante dependência de aspectos musculares e neurológicos em termos
evolutivos.
A mesoderme constituirá os tecidos musculares, ósseos, sanguíneos e
conjuntivos, órgãos como rins, baço, genitais, assim como vias sanguíneas e
linfáticas.
a endoderme formará os epitélios do tubo digestório e respiratório e
estruturas como a bexiga, tireóide, timo, trompa de eustáquio.
A formação do sistema nervoso está previamente estabelecida em três
setores primordiais que darão origem a outras divisões: Prosencéfalo,
Mesencéfalo e Rombencéfalo (MACHADO, 2002).
2.8.2.3 – Período Embrionário
Nesse momento a cabeça ocupa em torno de 50% de todo corpo em
conjunto mostrando a sua importância no plano evolucionário do homem. Neste
período os hemisférios cerebrais se formaram, e suas três grandes divisões
são aparentes.
No final do segundo mês o os primeiros movimentos são controlados
pelo cérebro e os músculos iniciam sua atividade.
O desenvolvimento ontogenético do terceiro ao nono mês se caracteriza
por aquisições estaturas, ponderais e motoras, caracterizando o desenvolvimento
ascendente que identificamos no seres humanos.
A neurogênese sofre a evolução da atividade espontânea, estimulada e
evocada inputs sensoriais padrões de comportamento pré-natais e, por último,
generalização e especificação do desenvolvimento intra-uterino (FONSECA,
2002).
Preyer, citado por Fonseca (2002), afirma que a motricidade inicia de forma
global e espontânea e tende a ser localizada e selecionada, desenvolvendo-se do
mais simples ao mais complexo, do menos organizado ao mais organizado, do
mais automático ao mais voluntário corroborando um desenvolvimento
ascendente vertical.
Na maturação nervosa também uma hierarquização de ativação
neuronal, sendo primeiramente ativados os neurônios motores (motoneurônios),
em seguida os sensitivos e por último os neurônios de associativos, ou seja, do
menos complexo ao mais.
Fonseca (1995, 1998) ainda afirma em um dos seus axiomas que as
relações evolutivas entre motilidade e a sensibilidade dependem da função tônica,
que é base da modulação antigravítica e da postura bípede, ou seja, da função e
controle do tônus muscular. Esta função sofre uma maturação ascendente e por
esta característica cada atividade motora.
Outro axioma desenvolvimentista compreende uma ordenação de
maturação progressiva muscular funcional, que vai dos músculos flexores (mais
ativos na posição fetal) aos extensores, que serão mais ativos após o nascimento.
Esta progressão se aplica à hierarquia das ações reflexas, para as automáticas e
atingindo as voluntárias e especializadas, isso com a concomitante especialização
do córtex e das suas funções.
Skeffngton, sitado por Fonseca (1998), afirma que a visão resulta da
integração de processos sensórios-motores que são:
1- Processo Antigravítico - Relaciona-se com os sistemas tônicos-motores
básicos iniciado com o mielinização das vias que originam o desenvolvimento
postural, e logo permitindo as ações de preensão e motricidade ideacional.
2- Processo de localização corporal Indica os processos iniciais da
formação da imagem corporal que vão produzir diferenciação do eu e do mundo,
vai cooperar na locação, lateralidade, direcionalidade do corpo, permitindo a
orientação e exploração espacial. Reflete a relação do corpo com o meio e sua
espacialidade, ou seja, opera no sentido de uma diferenciação do ser e do meio,
tornando-o consciente do seu eu no espaço.
3- Processo de identificação - Processo de se reconhecer, manipulaar o real,
origina o conhecimento de atributos, propriedades e características dos elementos
podendo atribuir qualidade à identificação destes. O desenvolvimento da ão
exigirá à visão associações perceptivo-motoras tipo coordenação óculo-manual,
óculo-pedal, entre outras, o processo visual agirá como órgão coordenador,
regulador e controlador de várias ações inclusive as motoras das mais básicas às
mais complexas.
4- Processo auditivo-verbal De acordo com Fonseca (1998), é a base da
fala e da estruturação da linguagem, assim como da construção da significância
simbólica desta em todos os seus aspectos. Deste processo edifica-se as relações
auditivo-verbais da comunicação e, juntamente com as relações visumotoras da
ação, vão facilitar e construir o desenvolvimento da linguagem, sendo este
processo dependente da integração da criança com os adultos. A visão funciona
na simbolização e conceituação de uma perspectiva neurológica integradora da
ação e sua representação, e do pensamento.
5- Visão - A visão, por outro lado, é a inter-relação dos quatro processos
anteriores, sendo o processo sensorial mais hierarquizado e, por isso,
apresentando maturação mais tardia, que exige enorme desenvolvimento
encefálico e especialização nervosa. A ontogenia sensitiva segue
hierarquicamente a maturação do tato, vestibular, auditiva e, por fim, visual. Neste
período de desenvolvimento a visão e audição, a visão e o sentido tátil-
sinestésico, se inter-relacionam sendo bases fundamentais de toda a
representação simbólica básica e inicial Piaget citado por Fonceca (1998), sendo
isto de importância fundamental para formação de conexões neurais.
A ontogênese do sistema nervoso central se inicia, como foi descrito
anteriormente, na formação do tubo neural, formando, em fase final intra-uterina, o
encéfalo subdivide-se em: mielencéfalo, metencéfalo, mesencéfalo, diencéfalo e
telencéfalo. Os dois últimos formam o cérebro anterior, o Mesencéfalo compõe o
cérebro mediano, e os primeiros formarão o cérebro posterior, divisão esta
originará a divisão cerebral em três blocos funcionais de Luria.
2.8.2.4 – Período neonatal
Após o nascimento, o bebê não possui a motricidade completa nem mesmo
adequada ao meio que lhe exige. Ele não dispõe de movimentos inatos e terá que
adquiri-los e aprendê-los durante a vida. De acordo com Meinel (1984) as poucas
ações inatas são: a respiração, o choro, o engolir, o sugar. Além disso,
execução de movimentos ainda desestruturados, desordenados, agitados e sem
sincronia, que vão reduzindo gradativamente.
Logo no primeiro quadro da vida os movimentos de apreensão das mãos
são percebidos, sendo que no terceiro mês esta reação motora interage de
forma afetiva com os objetos. Ao final da fase recém-nascida, são reconhecidos
os primeiros movimentos direcionados e intencionais, o bebê começa a tatear
objetos, a brincar com o próprio corpo (desenvolvendo a noção corporal), embora
ainda haja descoordenação e a falta de domínios. Nesta fase também são
evidentes as primeiras ações posturais, como o simples levantar da cabeça.
Toda esta gênese motora está ligada ao desenvolvimento do sistema
nervoso com a formação de prolongamentos nervosos, a mielinização e a
progressiva especialização das estruturas, sistemas e das vias de transmissão
nervosa.
Um estudo realizado com roedores investigou a capacidade funcional do
Sistema Nervoso Central através de uma bateria de testes psicomotores e de
funções sensoriais. O progresso ontogenético de 10 diferentes funções foi
descrito, os resultados mostraram que novas funções são maturadas
progressivamente até a idade adulta. (FONSECA, 1995, 1998)
Até esta fase neonatal humana, os centro nervosos subcorticais
comandavam os atos motores. A partir do terceiro mês, inicia o desenvolvimento
piramidal permitindo movimentos objetivados com o aumento da participação do
córtex.
Os resultados da ontogênese da motricidade mais essências dos quatro
meses até o primeiro ano de vida são: a apreensão objetivada e direcionada,
aquisição da posição ereta com ganhos de tonicidade, força dos músculos
extensores, e os movimentos de locomoção sem auxílio com a aquisição da
equilibração. Também se observa o início da existência de movimentos
contralaterais devido a imaturação da lateralização e a hipertonia muscular.
Nota-se que todas as fases de desenvolvimento têm sua importância para
formação neural, corporal e cognitiva. Essas iniciam, ou podem são otimizadas,
devido aos estímulos externos do meio. Portanto, quanto mais estímulos positivos,
e melhor direcionados forem estes, mais aproveitada será cada fase, aumentando
as possibilidades de formação de um indivíduo saudável.
2.8.2.5 – Desenvolvimento da criança
A partir do primeiro ano de vida, a criança vai adquirir múltiplas formas de
movimento, como por exemplo, o caminhar que possibilitará maior contato social,
que ajudará no desenvolvimento da motricidade.
Até o terceiro ano de vida a criança adquiri movimentos importantes e
aprimorará outros anteriormente adquiridos. Estas ações proporcionam um ganho
de diferenciados esquemas motores incididos pelo aumento de conexões
sinápticas, mielinização axonal, aperfeiçoamento de receptores, vias aferentes e
eferentes, construindo uma memória motora inicial.
Após adquirida as primeiras combinações de movimentos, uma rápida
continuidade de desenvolvimento das formas básicas de movimentos é
evidenciada na idade pré-escolar. Há aperfeiçoamento do que foi adquirido,
além disso, nota-se que a capacidade intelectual da criança desenvolve-se. A
capitação e fixação de informações se concretizam aos poucos, devido ao
desenvolvimento da memória.
Na idade escolar, desenvolve-se o sistema emocional, melhorando, mas
ainda não tão boa, capacidade de concentração e atenção.
Progressos maiores e mais rápidos são verificados nos anos seguintes, em
conseqüência da avançada maturação nervosa e consequente aperfeiçoamento
do equilíbrio, noção do corpo, lateralidade, estruturação espaço-temporal, melhor
relação e integração do meio interno e externo. Contudo as praxias objetivadas
começam a apresentar progressos consideráveis, acompanhando possivelmente
aumento de massa cortical nos lobos frontais cerebrais. (FONSECA, 1998)
Cooperando para o aperfeiçoamento das estruturas neuroanatômicas e
neurofuncionais. crianças de 6 a 12 anos o supersolicitadas com correções
metodológicas de movimento. (FONSECA, 1995,1998, 2002)
Na fase da puberdade e adolescência ocorre uma reestruturação da
motricidade, pois este período se caracteriza por acentuada produção hormonal e
crescimento de extremidades corporais. O indivíduo necessita readaptar a noção
corporal, a noção espacial e temporal, reestruturando os esquemas motores
adquiridos. Esta reformulação favorece a formação de mais conexões nervosas
até a concretização ou a estabilização. (FONSECA, 1995,1998, 2002)
2.8.2.6 – Retrogênese
As evoluções cerebrais, filogenéticas e ontogenéticas seguem uma
ordenação do menos organizado (medula) ao mais organizado (córtex, que se
organiza durante a vida), dos centros inferiores aos superiores, do mais simples
ao mais complexo, do mais reflexo ao automático, do automático ao mais
voluntário, pressupondo uma organização vertical ascendente. (FONSECA, 1998).
Portanto, o desenvolvimento humano é um processo contínuo iniciado na
fecundação, seguindo metamorfoses sucessivas, apresentando diferentes fases
até a morte.
De uma imaturidade, o ser caminha para maturidade, obtendo aquisições
necessárias às realidades de cada estágio da vida, culminando, posteriormente,
numa desmaturidade declinativa.
A evolução humana contém uma reorganização desde o nascimento até
morte, desde a criança ao adulto e desde o adulto ao idoso.
Meinel (1984) divide a idade adulta em quatro fases:
Primeira Idade Adulta (18-20 a 30 anos) Nesta idade há uma gradativa
fixação das habilidades individuais da motricidade. Ocorre um processo de
moderação no comportamento e condução de movimento, no entanto, o fato do
indivíduo ser treinado ou não-treinado influenciará nas características motoras.
Segunda Idade Adulta (30 a 45-50 anos) Não significativas mudanças
em relação à primeira idade. Ocorrem pequenas alterações involutivas gradativas,
especialmente nas habilidades de coordenação, mais evidentes em não-treinados,
processo ligado à retrogênese dos lóbulos frontais.
Terceira Idade Adulta (45-50 a 60-70 anos) Manifestam-se regressões
gradativas sensíveis, também influenciando nas atividades de vida diárias que
dependentes dessa motricidade.
Quarta Idade Adulta (a partir de 60-70 anos) Esta como a fase de forte
regressão motora, ocorrendo evidente diminuição do rendimento motor,
repercutindo sobre a motricidade global. Como causa destes efeitos,
envelhecimento de todos os órgãos e tecidos e, sobretudo, uma modificação
nervosa superior é apontado como o principal agente. Em especial, cita a
limitação da mobilidade dos processos nervosos e redução da capacidade de
recepção e elaboração de informações, afetando a condução motora. Também se
evidencia uma diminuição qualitativa dos atos motores, sendo que estas
condições podem ser graduadas e retardadas, apesar de inevitáveis.
“A evolução caminha, portanto, para a involução.
O produto final da evolução é a involução que
contém um processo inverso da evolução. Essa,
como mudança de comportamento intrínseca no
período final da vida, implica uma deteriorização
dos novos sistemas, propriedades e funções;
seguindo agora para uma seqüência inversa do
mais organizado ao menos, do mais complexo ao
menos complexo”.
(FONSECA, 1998, p.
345).
As grandes alterações da infância a velhice são inevitáveis, atingindo todas
as áreas do comportamento, incluindo a psicomotricidade.
Além da psicomotricidade, o sistema cardiovascular e músculo-esquelético
sofrem alterações em declínio progressivo dos processos fisiológicos, dando-se a
importância de intervenções para retardar tais alterações (NOBREGA E COL,
1999), pois o envelhecimento traz esta diminuição do desempenho motor, que
dificulta a realização das atividades diárias, como testado por Andreotti e Okuma
(1999) que validaram bateria para tal fim de avaliação.
Outros órgãos, como coração, o fígado, o cérebro, os pulmões, tecido
osteo-muscular, os rins e a pele, apresentam declínio de funções e variações
anatômicas estruturais. Na função renal, perda de 30 a 50 % de sua
capacidade. (WEINECK, 2000, apud DANTAS, 2003). No entanto, a retrogênese
não ocorre ao mesmo tempo em todos órgãos e sistemas.
Assim como Fonseca (1998), Meirelles em Dantas (2003) menciona que o
processo de envelhecimento se inicia na concepção do indivíduo, sendo a velhice,
um processo dinâmico e progressivo onde ocorrem mudanças morfológicas,
funcionais, bioquímicas e psicológicas, culminando em perda progressiva da
capacidade de adaptação, levando a maior vulnerabilidade e processos
patológicos que ocasionam a morte.
Alguns estudos citam a queda do desempenho do sistema nervoso central,
influenciando nas funções físicas, cognitivas e sensoriais na maioridade ACSM,
(1998). Contudo redução na ntese de serotonina também conhecida como 5-
Hidroxitriptamina (5-HT), substância esta envolvida no controle do apetite, sono,
humor e percepção de dor. Mesmo sem atuação de patologias, alteração nos
mecanismos fisiológicos da serotonina com diminuição da ntese e aumento do
catabolismo. A 5-HT tem íntima relação com a saúde mental e está relacionada
com a depressão, muito prevalente em idosos.
No envelhecimento do sistema nervoso humano também ocorrem
alterações na função cerebral global, na visão, audição e outros sentidos. Uma
desaceleração de reações, de acordo com Shephard (2003), é observada devido
a possíveis causas como morte celular.
Ainda Shephard (2003), afirma que a perda de equilíbrio pode estar
associada à desativação de células nas ramificações cerebrais e no cerebelo,
além da diminuição da função proprioceptora nas articulações e músculos visuais,
a fraqueza muscular coopera para o descontrole de movimentos corporais da
pessoa idosa, dificultando a recuperação do centro de gravidade quando este é
deslocado, levando muitas vezes a queda.
A inteligência também é afetada tornando-se cada vez mais cristalizada
esvanecendo em desordens cognitivas, repercutindo na indução, dedução,
generalização e abstração, perdas de noções de tempo, espaço, objeto e corpo. A
memória de curta duração e o armazenamento sensorial em curto prazo
desenvolvem maiores deficiências com o aumento da idade, (SHEPHARD, 2003).
No sistema nervoso verificam-se modificações no padrão de ondas do ritmo
cerebral. O ritmo alfa do eletrencefalograma diminui de velocidade de 10 Hz em
média em adulto jovens para 8 a 9 Hz em idosos, aumentando paralelamente a
atividade lenta de ondas-deltas e ondas tetas. A perda da predominância das
ondas alfa e do “focus” de ondas rápidas provavelmente estão associadas à perda
de memória e dificuldade de aprendizado e concentração, Shephard (2003),
que as mesmas têm relação com memória, atenção e aprendizagem. O sono de
ondas lentas é crescentemente substituído por um sono leve presente na
senescência, outros distúrbios do sono estão relacionados a nictúria, ansiedade e
depressão, dores, doenças respiratórias e cardiovasculares, espasmos
musculares e apnéia. (SHEPHARD, 2003).
As disfunções variam de individuo para individuo, mas seguindo sempre um
processo de involução universal. A concentração e planificação mental,
inflexibilidade mental, lentidão de comportamento, perturbações de memória,
redução da capacidade de aprendizagem, evocam a desintegração de sistemas e
de centro funcionais, segundo Fonseca (1998).
Modificações no sistema nervoso por muitas vezes são severas a ponto de
ocasionar graves patologias. Uma porção importante da população acima de 50
anos padece de alguma forma de demência. A mais comum é a doença de
Alzheimer, na que predomina déficti de memória e cognitivo (URBANC, 2002).
Nesta doença ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais responsáveis pela
memória declarativa, e, posteriormente os resto do cérebro. Cerca de 2% de
idosos de 65 anos e 25% das pessoas com mais de 85 anos apresentam este
quadro.
Outra patologia degenerativa do sistema nervoso, comum na idade
avançada, é a Doença de Parkinson que se caracteriza por manifestações como o
tremor, rigidez muscular, acinesia e perda dos reflexos posturais. Este tipo de
demência afeta aptidões como a memória declarativa e motora, a postura de
movimento, a cognição e raciocínio, a elocução; levando a apatia e depressão.
(REYS et al, 2006).
Estudos e investigações têm sugerido que organização psicomotora
humana depende da operação conjunta de várias faculdades localizadas em
diferentes zonas cerebrais. Por isso, Luria propôs a divisão de blocos cerebrais
funcionais para didaticamente ser mais bem entendida a psicomotricidade e os
diferentes fatores psicomotores em relação as áreas cerebrais de maior ativação,
além da sua interdependência.
Com o estudo dos diferentes blocos funcionais, a ordenação da evolução
ontogenética e a involução retrogenética serão melhores compreendidas.
2.8.2.7 – Divisão de blocos cerebrais de luria: ordem da retrogênese
O envelhecimento esboça um prelúdio de desorganização neurológica, que
convém detectar precocemente e combater o quanto antes. A desorganização e
dessincronização motora, perda de memória, falta de iniciativa, degradação dos
sistemas funcionais, bradipsiquismo, flutuações de tristeza, isolamento, etc. vem a
favorecer um quadro de degradação mental que convém combater e até prevenir
num momento que a população idosa tende a aumentar.
Portanto, a velhice envolve processos fisiológicos e metabólicos, descritos
no “pool” genético, que podem ser amenizados, evidenciando a necessidade de
mais estudos acerca de intervenções e sobre fatores psicomotores em indivíduos
nesta faixa etária.
2.9 – Bateria Psicomotora de Vitor de Fonseca
A Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca (BPM) é um conjunto de provas
e tarefas que buscam quantificar o nível de habilidade motora de um indivíduo ao
ser submetido a ela.
Vitor da Fonseca idealizou um conjunto de provas motoras com
pressupostos teóricos do estudo de muitos neurocientistas, mas sua maior
influência, sem dúvida foi A. R. Luria, tendo em vista que Vitor da Fonseca utilizou,
para criação de sua bateria psicomotora e formular as significâncias
psiconeurológicas, publicações de Luria desde 1958 até 1980.
Essa BPM vislumbra sete valências motoras, que em uma ordem
hierárquica fica assim: tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo,
estruturação espaço temporal, práxia global e práxia fina.
Luria citado por Fonseca (1995), subdividiu essas valências motoras em
três blocos funcionais, o primeiro era constituído pela tonicidade e equilibração;
segundo, pela lateralização, noção do corpo e estruturação espaço temporal e
terceiro constitui-se pela coordenação motora global e fina.
Ele foi mais além atribuindo a cada bloco ou valência um grupo de
estruturas nervosas responsáveis por elas, além de uma significância
psiconeurológica.
O primeiro bloco seria controlado pela formação reticulada e cerebelo
respectivamente para tonicidade e equilibração; o segundo teria sua arquitetura
feita pelos lóbulos temporal, parietal e occipital para lateralização, noção do corpo
e estruturação espaço temporal e o lóbulo frontal seria o responsável pelo controle
da coordenação motora global e fina. (FONSECA, 1995, 1998)
Para se avaliar cada valência em cada prova, Vitor da Fonseca criou uma
escala numérica que varia de 1 a 4 de acordo com o nível de desenvolvimento
motor. Quanto maior o valor obtido nessas provas, melhor será o nível de
habilidade psicomotora e conseqüentemente quanto menor, pior desenvolvimento
motor. Para se atribuir ou subtrair os pontos devem ser observados vários
detalhes como harmonia dos movimentos, velocidade, expressões faciais,
movimentos contralaterais dos membros, escores de erros e acertos, precisão de
movimentos, nível de atenção, capacidade de imitação de gestos e consistência
dos movimentos.
A BPM tem muitas aplicações práticas em muitos grupos específicos de
pessoas, podendo ser utilizada para avaliar crianças, adultos, idosos normais ou
com algum tipo de deficiência física ou mental.
Valentim (2005), utilizou com sucesso a bateria para avaliar e reavaliar a
habilidade motora de idosos, mostrando-se ser adequada. Em vários estudos usa
a BPM para avaliar crianças de várias idades, desde pré escolares até
adolescentes jovens.
Resende (2003) verificou em crianças com síndrome de down a
aplicabilidade da BPM e constatou que essa é adequada à aplicação nessas
crianças concluindo que é de fácil instrumentalização e teve seus resultados bem
parecidos com outros métodos de avaliação psicomotora, portanto, podendo ser
empregada.
Coletta, (2005), analisou os aspectos psicomotores em uma amostra de
nove sujeitos portadores de Paralisia Cerebral entre 8 e 18 anos de ambos os
gêneros com a mesma BPM, conclu que, no decorrer do estudo e da aplicação do
teste, os sujeitos obtiveram um resultado compatível aos esperados; mais um vez
mostrando que essa pode ser um instrumento viável para um outro distinto grupo
de pessoas.
Então, por uma variedade de aplicações e possibilidades de investigações,
era de se esperar que essa bateria psicomotora recebesse uma atenção especial
quanto sua real significação psiconeurológica, já que em muitos estudos ela é
utilizada e inúmeros profissionais a utilizam como um instrumento para nortear
suas intervenções profissionais. Nesse sentido, a presente pesquisa tem por
objetivo investigar a significância psiconeurológica do terceiro bloco da BPM
relacionado ao lóbulo frontal do córtex humano.
2.9.1 – Praxia global
Vitor da Fonseca em sua BPM faz correlação dos resultados da BPM com
possíveis problemas neurológicos, por exemplo, problemas de equilíbrio podem
ter algum comprometimento do cerebelo, quanto a uma dispraxia a relação estará
ligada a regiões do lóbulo frontal.
Nesse caso, o foco da presente pesquisa é o córtex frontal e sua
participação na praxia motora global e praxia fina, já que o mesmo autor sita que
esse bulo do córtex é o maestro dessas duas valências motoras,
especificamente por uma inter-relação das áreas 4, 6 e 8 de Brodmann
encontradas, sendo dessa forma, a significância psiconeurológica relacionada a
essas estruturas nervosas
A área 6 é realmente a que tem maior relação com a práxia global, por ela
ter como principal missão a realização e automação dos movimentos globais e
complexos no momento do planejamento da ação motora. (FONSECA, 1995;
CONNORS E BEARS, 2002)
De acordo com Connors e Bears (2002) e Fonseca (1995), essas áreas têm
muitas ligações com estruturas subcorticais constituindo os sistemas
extrapiramidais. Luria citado por Fonseca (1995) evoca que os movimentos de
práxia global envolve a preparação de componentes posturo-motores e nico-
posturais, devendo esses, ser incorporados aos programas de ação.
Para Fonseca (1995), o programa motor, ou seja, a preparação para o
movimento está a cargo da área 6 por isso essa área tem a relação mais estreita
com a práxia global que outras. Logo essa programação é passada para o córtex
motor, área 4, que atua como efetora do movimento, disparando a informação
para a ação motora depois de se operacionalizar, ou seja, após retroalimentar as
áreas 6, 8, 5 e 7, como diz também Toma (2002) ao citar que áreas visuais e
sensóriomotoras são usadas para condicionar a ação motora. Porém a área 8 está
relacionada a atividades visumotoras, Luria, apud, Fonseca (1995), corroborado
por Toma (2002) que afirma que o áreas posteriores do córtex parietal, lóbulo
temporal, córtex pré frontal tem um importante papel na integração visumotora e a
área 5 de Brodmann parece estar diretamente ligada a áreas visuais e motoras ao
mesmo tempo e ainda estar envolvida na codificação na cinemática do movimento
e sua tragetória.
2.9.1.1 – Significação psiconeurológica da práxia global
A praxia global é algo que se pode ver, observar. Quando essa na
realidade é pobre, dismétrica, dissincrônica, exagerada e mal-inibida, é porque
algo aconteceu em relação a uma desorganização cerebral aconteceu.
(FONSECA, 1995). A função sensorial implica numa coordenação de vários
centros que participam na planificação motora. Quando um déficit nesse plano
motor a dispraxia emerge. (WALLON, apud FONSECA, 1995)
A praxia, de acordo com Ayres (1982), é a capacidade de planificar ou levar
a efeito um plano motor de uma atividade pouco habitual, implicando na realização
de seqüências motoras para atingir um fim, para Pellegrini, (2000), a práxia de
movimentos pouco habituais leva a uma adaptação de sistemas que implica em
adaptação e aprendizagem, portanto, a dispraxia compreende uma lentidão ou
ineficiência da planificação de ações, independentemente da inteligência normal,
ou inteligência cognitiva.
Dessa forma a dispraxia torna-se uma das manifestações mais comuns na
disfunção integrativa sensorial e motora. (FONSECA, 1995)
No fim os movimentos irregulares, imprecisos, sacádicos, exagerados e
dismétricos sugerem uma regulação e inter-relação deficiente de vários centros
hierarquizados que presidem a organização dos movimentos complexos. Por outro
lado, qualquer aprendizagem humana põe em desenvolvimento outros planos
motores, planos que requerem integrações sensoriais simples, para mais tarde
tornarem-se mais complexos. (FONSECA, 1995)
Então, para Fonseca (1995) a práxia global em face dessas perspectivas
psiconeurológicas, subentende uma regulação fluida de ocorrências vindas de
vários fatores psicomotores que com a prática deve tornar-se mais harmonioso e
fluído; mostrando assim eficiência, precisão, proficiência e harmonia de execução.
Portanto, antes de mais nada, a execução de qualquer movimento é uma síntese
psico-neuromotora, visto evidenciar uma série de acontecimentos neurológicos
que a orientam, regulam e coordenam.
2.9.2 – Práxia fina
A praxia fina esta integrada no terceiro bloco funcional do modelo de Luria
e igualmente à praxia global encontra-se relacionada a regiões anteriores do
córtex, ou seja, lóbulo frontal. (FONSECA, 1995)
Fonseca, (1995), evoca que a práxia fina por ser uma valência motora que
envolve movimentos finos, delicados, precisos está mais relacionada à área 8, que
de acordo com o modelo de Luria, nela está a função de coordenação do
movimento dos olhos durante a fixação da atenção durante as manipulações de
objetos que exigem controle visual, além das funções preensivas e de
manipulação mais finas, delicadas e complexas.
Preensibilidade, oponibilidade, convergência, divergência e etc., muitas
outras potencialidades motoras, ligadas a uma complexa coordenação
oculomanual, apoiadas por processos de integração e referência ligando as áreas
frontais com occiptais para facilitar a planificação das ações. (FONSECA,1995)
Para Fonseca, (1995), a libertação cortical da mão corresponde ao campo
ocular frontal, sistemas determinantes na captura de informações do meio exterior,
por isso são grandes pólos de aprendizagem sensório-motora e psicomotora,
que a mão dispõe de funções aferentes e eferentes únicas no corpo humano; a
sua projeção cortical atesta-o sem sombra de dúvidas.
A virtuosidade da morfologia das mãos do homem juntam-se a programas
motores superiormente elaborados ligando-se a cognição formando uma simbiose
que nem a mão nem a inteligência isoladamente teria a capacidade de fabricar
instrumentos e ferramentas. (FONSECA, 1995)
A área do córtex motor que representa a mão, principalmente o polegar e o
dedo indicador expandiu-se na mesma proporção que o rebro de acordo com
Penfield e Roberts, (1959) citado por Fonsaca (1995), essa área é particularmente
grande e toma boa parte do córtex motor, (BEARS, 2002; GUYTON E HALL,
2002; FONSECA, 1995), representando grande parte do processamento e dos
planos motores.
Depois da descoberta visual da mão, essa tenta contato com objetos, até
que um dia consegue apanhá-lo e transportá-lo para o campo visual para ser
inspecionado, esse processo desenvolvido nos meses iniciais da vida definirá o
desenvolvimento subseqüente da motricidade fina. (FONSECA, 1995)
Fonseca (1995), evoca que a íntima relação que a práxia fina tem com a
percepção visual é de grande importância para o desenvolvimento psicomotor, da
literatura, escrita, calculo e etc., isso tudo se divide em fases onde a primeira é a
captura visual do objeto que fornece as informações necessárias para a ação das
mãos; segunda, é a exploração visual que projeta um plano motor para se chegar
a; terceira, captura manual do objeto, onde através de um movimento balístico,
assistido por um ajustamento visual, em direção ao alvo para assegurar o sucesso
da operação final de preensão e finalmente a; quarta, que é a manipulação do
objeto, que depende de programas de ação desencadeados entra a mão e a visão
num constante ajuste por meio de informações de retroalimentação sensorial.
Então a praxia fina é um desencadear melódico, harmonioso dessas fases
que são traduzidas em uma precisão de movimentos da mão e dos dedos
atrelados a noções espaços temporais e seleção de rotinas e sub-rotinas motoras
que demonstram qualidade do movimento. (FONSECA, 1995)
Para Fonseca, (1995), as informações visuais participam como
mobilizadores iniciais dos programas da ação, as informações tátil-quinestésicas
estão relacionadas ao projeto da motricidade, então a praxia fina, quando
encaradas de forma indissociável da organização perceptivo visual, torna-se um
sistema funcional aberto.
Adicionalmente, as informações proprioceptivas sobre o movimento sendo
executado são também muito importantes á praxia fina, na medida que
acompanha as mudanças no deslocamento exigindo um permanente fluxo de
referencias e informações sobre o gesto motor para completá-lo de forma correta
e adequada. A despeito da integração sensório-motora, de haver uma
integração cerebral
2.9.2.1 – Significação psiconeurológica da práxia fina
De acordo com Fonseca (1995), a significação psiconeurológica da práxia
fina está intimamente ligada com as funções da terceira unidade funcional do
modelo de Luria; onde essa é responsável pela regulação, programação e
verificação da atividade motora e distinguem-se duas zonas pré-motoras reas 6
e 8), chamadas por Luria áreas secundárias frontais.
A praxia fina traduz um produto final onde participam todos os subfatores
psicomotores restantes. A praxia fina contida nos atos de u cirurgião, pianista,
escultor são atos de vontade resultantes de uma imaginação e de um
conhecimento anteriormente aprendido. Intenções, planos e programas, dos mais
elementeres aos mais complexos fazem do movimento um ato consciente.
(FONSECA, 1995)
Nas tarefas da práxia fina da BPM, recrutam-se funções visumotores
complexas. As adaptações motoras balísticas terminais serão corretamente
executadas quando houver um calculo visual adequado de direção, distância,
velocidade, posição do objeto e etc., portanto, a codificação visuespacial
transforma-se com codificações tátil-cinestésicas tornam-se finalmente as
programações micromotoras do movimento. Nesse sentido, a intra-coordenação
dos sistemas visuais e manuais dependem de fatores psicomotores simples como,
por exemplo, o controle postural e dinâmico. (FONSECA, 1995, QUITANA, 1999)
Fonseca, (1995), evoca que a percepção emerge da ação e depois guia-a e
prienta-a exatamente no momento em que se atingem as praxias finas mais
complexas que constituem o grau mais elaborado de organização psicomotora.
Obviamente todos os elementos são de uma importância vital para os problemas
de aprendizagem quer na leitura e na escrita como na matemática e na educação
visual. Por outro lado, o mesmo diz que sem adequado controle frontal dificilmente
qualquer atividade de aprendizagem pode ser levada a efeito efetivamente quando
uma auto-regulação e autocontrole, como também ele traduz a utilização da
linguagem interior como processo psicológico superior, passando então a assumir
a função superior de regulação do comportamento humano.
A constelação dos dados que se obtêm da observação do fator da praxia
fina é efetivamente útil para indagarmos sobre o potencial de aprendizagem da
criança e orientarmos o seu plano individual de reabilitação. Portanto, pode-se
identificar distorções perceptivas, impulsividade, problemas de orientações
espaço-temporal, sinais de imprecisão e imperfeição, atenção, problemas no
comportamento comparativo.
Em resumo, a praxia fina em conjunto com os outros fatores da BPM,
permite perceber como o cérebro da pessoa integra, processa, elabora
informações, uma vez que, como órgão de aprendizagem e o como um
sistema de codificação sensorial e sendo para Luria, sitado por Fonseca (1995)
um órgão de liberdade onde a BPM possa servir como uma efetiva ferramenta de
observação psiconeurológica visando como finalidade fundamental otimizar uma
reabilitação total, visando à organização e otimização do potencial psicomotor.
(FONSECA, 1995)
2.10 – Variáveis Eletrofisiológicas e Suas Aplicações em Pesquisas
O sistema nervoso tem uma gama de ondas elétricas que variam de
amplitude e de freqüência, ou seja, a amplitude seria a quantidade de eletricidade
gerada em uma área distinta e a freqüência é a oscilação dessa onda.
O sistema nervoso tem uma séria de valores padrões de atividade em
várias situações distintas, por exemplo, em repouso a voltagem que se espera
encontrar é entre -70 e -90 mV e em atividade essa voltagem poderá chegar a
valores de +1V, indicando assim, que o sistema nervoso está em atividade.
(GUYTON & HALL, 2002)
Senso assim, o homem criou maneiras de medir essa atividade elétrica por
meio de alguns métodos sendo chamados então de eletrencefalografia. Essa, a
grosso modo, consiste em ter eletrodos colocados no escalpe que captam a
emissão de potenciais elétricos produzidos pelo cérebro.
As ondas corticais subdividem-se em quatro faixas de freqüência que tem,
cada uma, relação com algum fenômeno como a atividade motora, atenção,
consolidação de memória e aprendizagem, sono profundo, podem indicar dor em
comatosos, por exemplo, entre muitas outras correlações. Delta, de 0,5 a 3,5; teta,
de 4,0 a 7,5; alfa, de 8,0 a 12,5; beta 1, de 13,0 a 19,5 ; beta 2, de 20,0 a 25,5; e
beta 3, para frequências iguais ou maiores que 26,0 Hz, que o diferentes dos
padrões mais comumente encontrados (ANGHINAH, 1998)
.
No presente trabalho
a referência será o potencial absoluto que é o total da amplitude de ondas
emitidas por uma área que demonstrará a atividade local em relação a um ponto
de referência.
2.11 – Eletroencefalografia Quantitativa (qEEG)
Os sistema nervoso pode ter sua atividade mensurada e/ou monitorada de
algumas formas, uma delas é através as sua atividade elétrica e para isso é usado
um método chamado de eletrencefalografia. Porém, a essa maneira de se medir a
produção e/ou os padrões da atividade elétrica cortical apresenta algumas
modalidades e a de interesse da presente pesquisa chama-se eletrencefalografia
quantitativa, nesse caso sistema 10-20 (JASPER, 1958).
Os
desenvolvimentos técnicos no campo das medidas e do registro de
fenômenos elétricos realizados nos últimos 25 anos do século XIX tornaram
possível um dos maiores triunfos da neurociência moderna: a descoberta, feita
pelo psiquiatra alemão Hans Berger, em 1929, de que o cérebro humano também
gerava atividade elétrica contínua, e que ele podia ser registrada.
O qEEG é um exame funcional e não de imagem morfológica ou estrutural,
como a tomografia computadorizada ou a ressonância nuclear magnética, sendo
sua aplicabilidade distinta destes (ORRISON, 1995). A análise quantitativa e
topográfica é feita tomando-se como base o traçado do EEG; portanto se não
soubermos interpretar adequadamente um exame de EEG, nunca faremos um
bom mapeamento. Por outro lado, a quantificação do EEG é apenas uma
evolução tecnológica que aprimora essa análise, não a substitui. Para entender o
que é análise quantitativa, topográfica e estatística, devemos ter a noção de
"domínio do tempo" e "domínio de frequência". Quando analisamos um evento
bem caracterizado, que ocorre em determinado instante do tempo, como, por
exemplo, um paroxismo por ponta-onda aos 2 minutos de registro de um exame
de EEG, estará sendo analisao um evento no "domínio do tempo", em que o sinal
é representado por um grafoelemento ou uma frequência versus a amplitude ou a
potência do sinal (EPSTEIN, 1995; GOTMAN, 1990). O teorema de Fourier mostra
que qualquer evento oscilatório poderá ser graficamente representado por um
conjunto de ondas, formadas por várias outras ondas de frequências diferentes,
que somadas dão uma onda resultante que as contém (GOTMAN, 1990). Este é o
princípio básico dos ritmos encontrados em um traçado de EEG. Por exemplo, em
uma atividade alfa de um traçado que, a olho nú, é apenas uma atividade alfa,
podem estar embutidas outras atividades como beta, teta ou delta e ainda
harmônicas e sub-harmônicas das mesmas
(SILVA, 1993). Porém, ao serem
sobrepostas, deram como atividade resultante a alfa. Desta maneira, a
transformação rápida de Fourier "Fourier fast transformation" (FFT) é um
procedimento matemático que decompõe as atividades do EEG, quantificando os
sub-ritmos que as contêm, levando então ao "domínio da frequência"
(GOTMAN,
1990).
No "domínio da frequência" o estudo de um evento no tempo, como uma
espícula ou uma variante da normalidade, não será possível, pois o domínio de
freqüência destrói a relação temporal que determina os eventos paroxísticos e
transitórios do EEG
(GOTMAN, 1990). Podemos apresentar os dados obtidos com
a quantificação do sinal do EEG de várias maneiras, tais como histogramas,
canonogramas, gráfico de linhas ou de barras, tabelas e de forma cartográfica. O
mapa de topografia é maneira visualmente mais fácil de mostrar os potenciais
captados no escalpo. Outra ferramenta que podemos utilizar na quantificação dos
sinais do EEG é a análise estatística, utilizada para sabermos se o traçado de
EEG está ou não dentro dos limites do padrão de "normalidade". A técnica mais
comumente usada é a da estatística z (z-score). O exame é comparado a um
banco de dados, que deve ser representativo da população normal, e de onde é
montada uma curva de Gauss e aplicado o escore z. Geralmente é expresso em
desvios padrão, sendo que um paciente com desvio de 2,0 tem 95% de
probabilidade de estar no grupo normal. A validade da aplicação do escore z e de
todos os recursos enumerados dependerá da disponibilidade de um banco de
dados representativo e criterioso, bem como da correlação do achado clínico com
o achado estatístico, de maneira coerente (EPSTEIN, 1995).
Martinez (2007), reafirma a importância do EEG ao afirmar que o registro
eletrencefalográfico é uma das técnicas não invasivas mais utilizadas para
determinar mudanças funcionais do cérebro e para tentar estabelecer
mecanismos fisiopatológicos. Afirma ainda que a análise quantitativa (qEEG),
permite estudar as características funcionais do córtex cerebral do paciente.
O registro eletrencefalográfico é usualmente realizado através de eletrodo
afixados com um gel condutor de eletricidade à pele do crânio. Um amplificador
eletrônico aumenta milhares de vezes a amplitude do fraco sinal elétrico que é
gerado pelo cérebro. Um dispositivo chamado galvanômetro, que tem uma pena
inscritora presa ao seu ponteiro, escreve sobre a superfície de uma tira de papel,
que se desloca a uma velocidade constante. O resultado é a inscrição de uma
onda tortuosa. Um par de eletrodos constitui o que chamamos de um canal de
EEG. Dependendo da aplicação clínica que se ao EEG, os aparelhos
modernos permitem o registro simultâneo de 8 a 128 canais, em paralelo. Este é
chamado de registro multicanal do EEG. (MAURER, 1991)
Há inúmeras aplicações eletrencefalografia quantitativa, por exemplo, ao se
tentar achar a localização de um foco epiléptico, ou a de um tumor intracerebral,
no monitoramento de distúrbios do sono, atividade motora, atividade sensorial,
ditúrbios outros como padrões de estresse, ansiedade, efeitos de drogas
neuromoduladoras.
Vem sendo relatado mudanças no funcionamento cortical em resposta a
atividade sica. Modificações na atividade elétrica cerebral seguida do exercício
pode ser causada por inúmeros fatores como mudanças na temperatura corporal,
alterações no fluxo sanguíneo cerebral, estados emocionais alterados em virtude
do exercício entre outros como afirma Moaraes, (2007), ao verificar mudanças na
potência absoluta da banda alfa e beta após esforço físico de intensidade máxima.
Salles, et. all (2006) Investigou com EEGq, no sistema 10-20 (JASPER,
1958) os efeitos neuromoduladores do bromazepam quando indivíduos o
expostos a uma tarefa de aprendizagem motora, contando que pessoas que
fizeram ingestão de 6mg dessa droga obtiveram melhores resultados na variável
comportamental (erro X acerto) e um efeito neuromodulado na banda Delta de 0,5
a 3,5 Hz, sugerindo que a diminuição nos níveis de ansiedade é benéfico a
aprendizagem motora.
Silva, et. all., (2006), usou o EEGq, para verificar a coerência espectral
do eletrencefalograma em pacientes submetidos a transposição tendinosa para
correção do caído como conseqüência da hanseníase. Ele concluiu que esse
tipo de interação cirúrgica parece gerar alterações corticais.
Portanto, esse tipo de método pode ser empregado de muitas maneiras
para medir uma grande quantidade de variáveis eletrofisiológicas do sistema
nervoso, sejam essas patológicas ou mesmo fisiológicas, correlacionadas com
inúmeros problemas científicos a se investigar.
CAPÍTULO – III
3.0 – METODOLOGIA E INSTRUMENTAÇÃO
Este capítulo está estruturado em seções e subseções, descrevendo a
sistematização dos procedimentos técnicos, metodológicos e instrumentais
utilizados nesta investigação para responder a hipótese formulada no Capítulo I.
No desenvolvimento do capítulo estão descritos os conteúdos referentes à
pesquisa; em seguida, o que trata o item relativo à amostra; bem como os
instrumentos e procedimentos utilizados; e, culminando com a apresentação do
tratamento estatístico adequado à natureza da pesquisa.
3.1 – Universo e Amostra
O universo da presente pesquisa é a população de adultos jovens
compreendida entre 20 e 30 anos de idade do município do Rio de janeiro e
Nilópolis.
Foi selecionada uma amostra de 10 pessoas, de ambos gêneros, com
idades variando entre 20 e 30 anos, com saúde mental e sica aparente. Foram
considerados critérios de inclusão: ausência de comprometimento da saúde sica
e mental verificadas por uma prévia anamnese; não usuários de substâncias
psicotrópicas ou psicoativas e sono de 6 a 8 horas na noite anterior ao
experimento.
3.2 – Delineamento do Estudo
O presente estudo é uma pesquisa laboratorial no modelo ex-post-facto,
com uma abordagem quanti-qualitativa, uma vez que se destina a procurar,
descobrir e classificar a relação entre as variáveis de interesse da pesquisa.
3.3 – Instrumentação
3.3.1 – Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca
Foi utilizada a bateria psicomotora de Vitor da Fonseca que consiste em
avaliar sete fatores psicomotores. Cada valência tem um número distinto de
provas motoras, sendo que a essas pode ser atribuído um número indicativo de
valor que varia de um a quatro sendo o mais baixo indicativo da pior performance
e o mais alto indicador da melhor performance, em outras palavras, ao fim da
realização das provas, soma-se o resultado de todas elas e faz-se o calculo da
média simples chegando ao resultado de cada fator, que cada valência
apresenta mais de uma prova para avaliação final do seu desenvolvimento.
O terceiro bloco, constituído pela coordenação motora global e fina, é o
bloco de interesse dessa pesquisa.
Optou-se por utilizar duas provas de coordenação motora global e duas de
coordenação motora fina, por se julgar serem as mais adequadas.
As provas da coordenação motora global tiveram que sofrer algumas
adaptações com a finalidade de eliminar os possíveis artefatos motores. Para
tanto as provas de coordenação óculo manual e óculo pedal tiveram de ser
realizadas sentadas em uma cadeira, sendo que a de coordenação óculo manual
ainda teve de sofrer mais um ajuste onde o braço foi apoiado e mantido durante
toda a realização da prova em uma posição de 90° da articulação o ombro nos
eixos latero-lateral e crânio-podálico em relação ao tronco.
3.3.2 – Eletrencefalografia quantitativa
Para captação do sinal eletrencefalográfico foi utilizado o aparelho
Braintech 3000 (EMSA Instrumentos dicos, Brazil), esse sistema utiliza uma
placa conversora analógica-digital (A/D) de 32 canais com resolução de 12 bits,
acoplada em um slote ISA de um Pentium III composta por um processador de
750 Hz. Foi utilizada uma touca que continha os eletrodos dispostos de acordo
com o sistema internacional 10-20 de acordo com Jasper (1958), inclusive com os
eletrodos de referência colocados nos lóbulos das orelhas (bi-auricular).
3.3 – Procedimentos
3.3.1 – Procedimentos de coleta de dados
Os dados foram colhidos no Laboratório de Mapeamento Cortical e
Integração Sensório Motora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus
da Praia Vermelha sob a orientação do Professor, Dr. Alair Pedro Ribeiro, docente
adjunto do referido laboratório.
Todos os sujeitos da amostra foram instruídos rigorosamente da mesma
forma e os dados foram obtidos de maneira idêntica nas mesmas condições
laboratoriais, inclusive com controle de temperatura e hora do dia aproximada.
Os sujeitos foram instruídos a irem com roupa suave e leve que os
permitisse movimentos articulares livres e que de maneira alguma fosse um fator
limitante do movimento. Ao entrarem no laboratório, eles foram orientados a se
sentarem confortavelmente na cadeira na qual todos os teste seriam realizados,
foi explicado todo o protocolo experimental e os procedimentos a serem adotados
durante toda a coleta. Após o fim de toda a explanação, foi colocado a touca com
os eletrodos para uma coleta prévia e uma execução dos movimentos das provas
a título de treinamento. Toda essa fase de reconhecimento dos movimentos durou
em média 5 minutos, tempo esse, suficiente para se experimentar todos os
movimento, no entanto, entre uma prova e outra, tomou-se o cuidado de explicar
novamente a execução do movimento, mas não foi permitido mais nenhum treino
prévio além do realizado.
Para a coleta de dados foram selecionadas quatro provas, duas da práxia
global e duas da práxia fina. As da práxia global foram a de coordenação óculo-
manual que consiste ao estar de em arremessar bolinhas de tênis a uma
distância estabelecida dentro de uma caixa de papelão. Ao se verificar os acertos
ter-se-ia a cotação que varia de 1, para o resultado mais baixo, a 4 para o
resultado mais alto. No entanto, para efeito da presente coleta, foi necessária uma
adaptação para diminuir os artefatos eletrofisiológicos provenientes de um
movimento corporal, principalmente do pescoço, que modificassem os dados da
coleta. Portanto, foi necessário que o sujeito fosse colocado sentado em uma
cadeira com o braço apoiado a 90° em relação aos planos crânio-podálico e
latero-lateral, com o objetivo de se diminuir as ações musculares, onde assim,
a articulação do cúbito estivesse em movimento durante a coleta de dados. Ainda
desprezou-se qualquer medida de desempenho em virtude de um maior tempo de
execução, conseqüente coleta com o mesmo procedimento foi adotado para todas
as provas. A outra prova, da coordenação óculo-pedal, que consiste em a pessoa
estar de e chutar bolinhas de tênis baixo das pernas de uma cadeira. Da
mesma forma, os acertos contabilizam para a obtenção dos escores. A adaptação
necessária foi colocar o sujeito sentado em cima de uma mesa de forma que os
pés ficassem livres para movimentarem-se sem impedimentos. Essa medida foi
adotada para que nenhuma outra articulação, além da do joelho, movimentasse
durante a coleta de dados e não foi oferecido nenhuma bolinha de tênis, somente
simulou-se o movimento de chute de forma pontual.
As provas de coordenação motora fina escolhidas foram a de tamborilar e
coordenação dinâmica manual. Essas provas foram reproduzidas de forma
fidedigna sem sofrer adaptações.
A prova de tamborilar consiste em movimentar de forma individual cada
dedo de cada mão, flexionando-o, esticando-o e logo passando para o próximo
dedo, isso de forma dinâmica e contínua, podendo ser de uma mão de cada vez
ou com ambas as mãos simultaneamente. Para a verificação dessa prova,
analisa-se a harmonia do movimento e se outros dedos se mexem
simultaneamente com outros sem controle. No entanto, para efeito desse estudo
não se verificou desempenho.
A prova de coordenação dinâmica manual consiste em encaixar e
desencaixar clipes de papel com calma e tranqüilidade.
Todas as coletas de dados foram compostas por quatro momentos de
setenta segundos de coleta ativa, ou seja, durante a atividade e um minuto de
recuperação entre os momentos de atividade. Todos os cinco segundos iniciais e
finais foram descartados e somente os 60 segundos correspondentes do sexto até
o sexagésimo quinto segundo contaram como dados válidos. Adotou-se essa
estratégia para diminuir os artefatos espúrios provenientes de comandos verbais
e/ou processamentos mentais advindos de influências externas.
A coleta de dados total durou em média 90 minutos.
3.4 – Tratamento estatístico
Abrangendo-se o ponto referencial de interesse específico em relação a
outros pontos que devem estar ativos em menor proporção usou-se uma análise
do tipo fatorial. Para tanto utilizou-se ANOVA ONE-WAY, com um índice de ALFA
< ou = a 0,05. A direção das possíveis interações identificadas será realizada
através de testes posteriores, para as quais será usado o teste post-hoc de
Scheffe.
CAPÍTULO IV
4.0 - RESULTADOS
O presente capítulo está estruturado em sessões subseqüentes que visam
demonstrar os dados obtidos na presente investigação em formas de figuras e
tabelas.
4.1 – Praxia Global
Dados referentes às provas da praxia global da BPM de Fonseca.
4.1.1 – Coordenação óculo-manual
O gráfico abaixo demonstra os dados da prova de coordenação óculo-
manual do terceiro bloco da bateria psicomotora de Vitor da Fonseca. Os dados
demonstram que os eletrodos F3 com emissão potencial absoluto de 1,799 mV
(DP = 0,225) comparado com C3 1,789 mV (DP = 0,218) não apresentou
diferenças (p= 0.993) e F4 emitindo 1,815 mV (DP = 0,223) quando confrontado
com C4 emitindo 1,828 (DP = 0,227) o apresenta diferenças (p= 0.996) de
acordo com ANOVA ONE WAY com significância de p = ou < que 0,05.
1,6
1,7
1,8
1,9
2
2,1
F3 C3 F4 C4
Posição no escalpo
Potência absoluta Log
V²)
Figura 1: Resultado da prova de coordenação óculo-manual onde F3 (1,799mV e DP 0,225), C3
(1,789 mV e DP 0,218), F4 (1,825 mV e DP 0,223) e C4 (1,828 e DP 0,227) A colocação dos
eletrodos seguiu o modelo internacional 10-20. (JASPER, 1958).
4.1.2 – Coordenação óculo-pedal
O gráfico abaixo demonstra os dados da prova de coordenação óculo-pedal
do terceiro bloco da bateria psicomotora de Vitor da Fonseca. Os dados
demonstram que os eletrodos F3 com emissão potencial absoluto de 2,735 mV
(DP = 0,278) comparado com C3 2,702 mV (DP = 0,280) não apresentou
diferenças (p= 0.964) e F4 emitindo 2,821 mV (DP = 0,267) quando confrontado
com C4 emitindo 2,793 (DP = 0,258) o apresenta diferenças (p= 0.978) de
acordo com ANOVA ONE WAY com significância de p = ou < que 0,05.
2,4
2,6
2,8
3
3,2
F3 C3 F4 C4
Posição no escalpo
Potência absoluta Log
V²)
Figura 2: Resultado da prova de coordenação óculo-pedal onde F3 (2,735mV e DP 0,278), C3
(2,702 mV e DP 0,280), F4 (2,821 mV e DP 0,267) e C4 (2,793 e DP 0,258). A colocação dos
eletrodos seguiu o modelo internacional 10-20. (JASPER, 1958).
4.2 – Praxia Fina
Dados referentes às provas da praxia global da BPM de Fonseca.
4.2.1 – Tamborilar
Em seguida demonstram-se o resultado da prova de tamborilar do terceiro
bloco da bateria psicomotora de Vitor da Fonseca. Os dados demonstram que os
eletrodos F3 com emissão potencial absoluto de 2,682 mV (DP = 0,293)
comparado com C3 2,640 mV (DP = 0,308) não apresentou diferenças (p= 0.950)
e F4 emitindo 2,712 mV (DP = 0,298) quando confrontado com C4 emitindo 2,695
(DP = 0,298) não apresenta diferenças (p= 0.997) de acordo com ANOVA ONE
WAY com significância de p = ou < que 0,05.
2,4
2,5
2,6
2,7
2,8
2,9
3
3,1
0 0 0 0
Posição no escalpo
Potência absoluta Log
V²)
Figura 3: Resultado da prova de tamborilar onde F3 (2,682mV e DP 0,293), C3 (2,640 mV e DP
0,308), F4 (2,712 mV e DP 0,298) e C4 (2,695 e DP 0,317). A colocação dos eletrodos seguiu o
modelo internacional 10-20. (JASPER, 1958).
4.2.2 – Coordenação dinâmica manual
O gráfico abaixo demonstra os dados da prova de coordenação dinâmica
manual do terceiro bloco da bateria psicomotora de Vitor da Fonseca. Os dados
demonstram que os eletrodos F3 com emissão potencial absoluto de 2,757 mV
(DP = 0,400) comparado com C3 2,699 mV (DP = 0,410) não apresentou
diferenças (p= 0.943) e F4 emitindo 2,808 mV (DP = 0,418) quando confrontado
com C4 emitindo 2,819 (DP = 0,423) não apresenta diferenças (p= 0.999) de
acordo com ANOVA ONE WAY com significância de p = ou < que 0,05.
0
1
2
3
4
F3 C3 F4 C4
Posição no escalpo
Potência absoluta Log
V²)
Figura 4: Resultado da prova de coordenação dinâmica manual onde F3 (2,757mV e DP 0,400),
C3 (2,699 mV e DP 0,410), F4 (2,808 mV e DP 0,418) e C4 (2,819 e DP 0,423). A colocação dos
eletrodos seguiu o modelo internacional 10-20. (JASPER, 1958).
A tabela 1 demonstra os dados referentes a todas as provas e os valores de p.
Prova Eetrodo Média DP Valor de p
Coordenação
Óculo-
manual
F3 1,799271
0,225543
0.993
C3 1,789368
0,218163
F4 1,8153
0,223559
0.996
C4 1,828227
0,227864
Coordenação
Óculo-pedal
F3 2,735284
0,278849
0.964
C3 2,702174
0,280433
F4 2,82154
0,267879
0.978
C4 2,793608
0,258086
Tamborilar
F3 2,682936
0,293332
0.950
C3 2,640918
0,308648
F4 2,712159
0,298147
0.997
C3 2,695812
0,317334
Coordenação
Dinâmica
Manual
F3 2,757677
0,400214
0.943
C3 2,699364
0,4108
F4 2,808902
0,418645
0,999
C4 2,819895
0,423696
Tabela 1: A presente tabela apresenta os valores de cada eletrodo separadamente para cada
prova o desvio padrão e valor de p das comparações entre os eletrodos F e C. Nenhuma
comparação apresentou diferenças significativas na ANOVA ONE WAY para p = ou < que 0,05.
CAPÍTULO V
5.0 – DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O objetivo da presente pesquisa foi verificar a ativação cortical relacionada
à execução das provas de praxia fina e práxia global do terceiro bloco da Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca através de eletroencefalografia quatitativa.
Sistemas neuronais, continuamente selecionam, repetem e processam
informações em suas estruturas. O fluxo dessas informações e a atividade de um
local, ou mais, formam um comportamento nervoso específico para
processamento sensorial, motor, visceral e de outras naturezas. No entanto, esse
fenômeno não é somente uma função interna do sistema nervoso, é também e,
principalmente, um fenômeno de integração entre os sistemas internos e o meio
ambiente.
Atividade sensoriomotora envolve um recíproco e dinâmico acoplamento de
estruturas e um contínuo fluxo de informações entre sensores, unidades neuronais
e unidades efetoras. Atividades sensóriomotoras coordenadas e dinâmicas
induzem a mudanças quantificáveis no fluxo de informações incluindo diminuição
da entropia, aumento da informação mútua, integração e complexidade dentro de
regiões específicas, inclusive na região frontal e somatossensorial (LUNGARELA,
2006). O potencial elétrico se modifica de forma importante demonstrando uma
atividade possível de ser medida através de um simples exame
eletroencefalográfico.
Foi reportado por muitos estudiosos o papel do lóbulo frontal na preparação
do movimento como demonstra estudos realizados. (LEE, 2006; KOKCH, 2006;
KARNI, 2006; PEDEMONTE, 2005, PETRIDES, 2005; TOMA, 2002). Assim como,
também foi demonstrado que o córtex pré-motor, ou área motora suplementar,
tem um importante papel no planejamento e execução de seqüências unimanuais
e bimanuais, (SADATO 1997).
Quitana (1999) em seu trabalho demonstra que o lóbulo frontal está ativo
em funções visuo-motoras e, embora essa área estivesse ativa, o córtex sensório-
motor mostrou-se igualmente ativo durante todas as provas.
A priori, a hipótese formulada para esse estudo foi postulada a partir da
teoria de Fonseca, (1995). No entanto, os achados desse estudo não suportaram
a hipótese alternativa tendo-se que aceitar a hipótese nula como verdadeira.
Fonseca (1995), afirmou que o lóbulo frontal deveria estar mais ativo que
outras áreas do cérebro e, no entanto, os resultados do presente estudo
demonstraram que não diferença entre o lóbulo frontal e as áreas centrais
somato-sensoriais assim como demonstramos com a comparação feita entre o
potencial absoluto dos eletrodos F3,e F4 contra C3 e C4 respectivamente.
A banda alfa alta, entre 10 e 12 Hz, não demonstrou diferença na relação
dos lóbulos frontais e a área sensório-motora, como demonstra os dados da
tabela 1.
Quitana (1999), demonstrou que o córtex dorsolateral pré-frontal e o córtex
parietal posterior estão anatomicamente interconectado e vem sendo implicado na
memória operacional e na preparação do movimento. A interação entre essas
áreas corticais demonstrou diminuir o tempo de atraso entre o estímulo e a
resposta. Essa relação corrobora com os nossos dados, que os mesmos
sugerem uma atividade igual da área pré-motora (lóbulo frontal) e somatosensorial
(lóbulo occipital) ao demonstrar que não há diferença entre a atividade cortical dos
eletrodos posicionados nas áreas frontais e os colocados nas áreas occipitais do
córtex cerebral durante provas da práxia global e fina da bateria psicomotora de
Vitor da Fonseca. As afirmações de Quitana (1999) foram corroboradas por Miller
e Cohen (2001) ao constatarem que o córtex pré-frontal lateral tem um papel
importante e está particularmente implicado no suporte cognitivo do controle das
operações das tarefas motoras, sendo particularmente ativado.
Boecker (1994) através de MRI verificou a cooperação funcional entre
áreas corticais durante uma tarefa motora manual demonstrando que o córtex
motor primário, córtex motor suplementar e as áreas pré-motoras laterais estão
ativas de forma conjunta do movimento. Esses dados também corroboram com os
dados aqui apresentados ao demonstrarem que áreas motoras, pré-motoras e
somatossensorial estão ativadas durante tarefas tanto de praxia global como
práxia fina o demonstrando diferenças em potência de banda alfa entre as
áreas frontais e centrais.
Demonstrou-se aqui que uma interação entre áreas corticais durante os
movimentos de práxia global e práxia fina sem que o lóbulo frontal, especialmente
a área pré-motora quando comparada com a área somatossensorial do lóbulo
occipital, assim como inferiu Gerloff (2004) ao pesquisar se diferentes movimentos
interferiam no acoplamento de regiões corticais. O referido autor constatou que as
principais interações funcionais ocorriam entre áreas motoras centrais homologas
dos dois hemisférios cerebrais, entre o rtex sensorial primário contralateral e
regiões mediais pré-motoras incluindo a área motora suplementar, dados esses
corroborados por Boecker (1994). Esses achados sugerem que o processamento
de informação no córtex motor humano aciona regiões distintas em conjunto e que
podem também funcionar independentemente de cada outra, ou seja, o córtex
motor não responde somente com aumento na ativação regional, mas podendo
trocar informações entre o córtex motor lateral, medial e região sensoriomotora em
ambos os hemisfério mesmo em movimentos simples e unimanuais.
Mier (2004), evoca que várias áreas corticais como as áreas motoras,
motoras suplementares, sensoriais, área frontal inferior, lóbulo parietal como um
todo e algumas áreas do cerebelo durante tarefas motoras manuais. Esse estudo
também corrobora com nossos dados ao demonstrar que a área somatossensorial
está ativa junto com a área frontal, indo de encontro com a teoria de Vitor as
Fonseca (1995) quando afirma que o lóbulo frontal deveria estar mais ativo que
outras áreas durante as provas relacionadas á práxia global e fina, inclusive à
área somatossensorial já que essas áreas seriam as principais responsáveis pela
coordenação, elaboração e controle dessa valência.
Os nossos achados são mais uma evidência da sinergia em que o córtex
trabalha em estruturar as ações motoras e cognitivas. Similarmente, Sakai (1994)
demonstrou ativação semelhante para provas visu-motoras em seqüência distinta,
com a área dorsolateral do rtex frontal e área motora suplementar , fortemente
ativadas durante o estágio inicial, anterior à estágios mais avançados de
aprendizagem, momento esse bastante parecido com o do presente estudo já que
não era o objetivo verificar a aprendizagem.
Anders (1999), ao investigar sobre a comunicação inter-hemisférica
verificou que atividades manuais geram um nível de ativação bilateral, ou seja, de
trabalho em conjunto, entre lóbulos frontais e parietais, especificamente entre as
áreas motoras e sensório motoras, afirmando ainda que o processo de
aprendizagem motora gera uma integração cortical mais complexa. Os eletrodos
C3, C4 quando comparados com F3 e F4, respectivamente, mostram um trabalho
simétrico, com aumento de emissão de potência em ambos os grupos,
demonstrando assim, que áreas sensoriais e áreas motoras trabalham em
conjunto durante uma tarefa manual. Os dados desse autor corroboram com os
dados da presente pesquisa ao demonstrar um aumento de potência dos
eletrodos frontais e centrais em igual escala, portanto, sugerindo um trabalho em
conjunto inter-hemisférico.
Ainda Anders, (1999) também demonstrou que uma modulação da
potência do córtex sensório motor primário, apesar do mesmo afirmar que não
diferenças na ativação entre as áreas sensório motora primária, o córtex pré-motor
e as áreas de associação sensóriomotoras. Isso vai de encontro com nossos
dados que mostraram um aumento na potência da banda alfa. Por outro lado, o
referido autor verificou a emissão de banda alfa alta entre 10 e 12,9 e beta baixa
de 13 a 20,9, sendo esse um dos possíveis fatores de discrepância nos dados.
Vitor da Fonseca, afirma que a área 8 de Brodman é a área cortical
responsável pela coordenação das atividades que têm uma natureza global e a
área 6 seria a região que comandaria tarefas com características finas. Ambas as
áreas estão no córtex frontal, portanto podemos supor que essa localidade cortical
e vizinhanças, estariam emitindo um potencial elétrico maior que outras áreas
como a área sensoriomotora, no entanto, os dados aqui encontrados afirmam o
contrário, não podemos afirmar que essas áreas não estavam ativas, mas sim que
elas trabalham sinergicamente com outras que sugere integração entre áreas ao
movimento.
Poldrack (2005), em um estudo com RMI demonstrou que o córtex pré-
motor, córtex motor suplementar estão igualmente ativos durante tarefas manuais
tendo um papel de suporte fundamental ao planejamento motor. No entanto como
o alvo de sua investigação foi estabelecer as correlações neurais da
automaticidade de tarefas motoras, ele notou que regiões como regiões do gânglio
basal incluindo o putâmem, globus pálidus e caudado, exibiram uma interação.
Isso sugere que essas regiões estão envolvidas na aquisição da aprendizagem de
tarefas motoras. Ainda na mesma linha de pensamento, Wu (2005) demonstrou
que um grande número de regiões envolvidas em tarefas motoras incluindo o
córtex pré-frontal e regiões parietais, assim como o cerebelo e os núcleos
caudados e que as mesmas sofrem um decréscimo de ativação após o
aprendizado das tarefas, demonstrando que elas estão inicialmente envolvidas na
cognição das tarefas, fato esse que corrobora com os nossos dados que para a
aplicação da Bateria Psicomotora de Fonseca não se faz um treinamento prévio,
assim não possibilitando aprendizagem da mesma para efeito de treinamento.
Portanto, os dados demonstrados assim como os que Wu (2001), Poldrack (2005),
Quitana (1999), Anders (1999), Sakai (1994), Mier (2004), Gerloff (2004) entre
ouros mostram uma interação funcional do córtex, principalmente entre as áreas
frontais e parietais para tarefas motoras específicas contrariando assim a
teorização de Fonseca (1995, 1998).
De acordo com Kushu et. al. (2006) durante simples movimentos de dedos
a área sensoriomotora primária, área motora suplementar, área somatossensorial,
auditiva, a região de integração sensorial e lóbulo temporal inferior estariam
ativas. Esses dados reafirmam os nossos dados para as provas de praxia fina que
demonstrou uma potência igual para o bulo frontal, área pré-motora e parietal,
área motora e somatossensorial.
Está bem documentado na literatura o circuito frontoparietal, onde vários
autores como Hon (2007), Khushu (2006), Poldrack (2005), Mier (2004), Gerlof
(2004), entre outros demonstraram em seus experimentos uma integração dessas
áreas corticais durante vários momentos desde a preparação, da seleção e até
mesmo na execução do movimento. Nesse circuito encontram-se áreas como o
córtex motor primário e suplementar, a área somatossensorial, córtex parietal
superior e inferior. Hon (2007) vai mais além afirmando que essas áreas ainda
estão envolvidas com processos cognitivos além dos motores onde a seleção da
resposta cognitiva passa por processamentos específicos nessas regiões com
uma forte ativação da área frontoparietal nesses processos.
Por outro lado, inúmeras evidências prévias demonstraram que o córtex
motor primário, o córtex pré-motor dorsal também têm função cognitiva, assim
como afirma Ramnani (2006). Essa afirmação coloca essas áreas em um patamar
diferente, muito além do status de área motora, mas sim, também, como uma
região envolvida em processos cognitivos e de processamentos mentais
especificamente cognitivos. No entanto, o funcionamento e a integração entre
essas áreas ainda não está claro. (ABE, 2007)
Nas provas de tamborilar e de coordenação bimanual, ambas do subfator
coordenação motora fina não houve diferença de potencia absoluta das áreas
frontais para as áreas somatossensoriais, assim como nas outras duas provas da
coordenação motora global. Johanson (2006), realizou um estudo onde buscou
identificar a diferença na ativação cortical em tarefas bimanuais. Ele identificou
que o córtex escolhe uma das mãos como protagonista do movimento quando a
força empregada para a realização da prova é igual às duas mãos. Ele verificou
ainda que um aumento de atividade cortical e corticoespinal, além de atividade
no cerebelo. Além disso, ainda notou que áreas sensóriomotoras e frontais estão
igualmente ativas. Os dados de Johanson (2006) reafirmam os dados desse
trabalho, onde não se demonstrou diferença alguma entre a o córtex frontal e o
córtex motor.
Lungarella (2006), demonstrou que a estrutura de informações e o seu fluxo
em tarefas sensóriomotoras tem uma característica espacial e temporal específica
sugerindo que a principal ligação no enraizamento das informação esclarece os
efeitos incorporados nas interações dos processamentos neuronais esclarecendo
sobre o papel de vários sistemas componentes na geração de algum
comportamento, inclusive o motor. O mesmo autor discutiu nesse seu trabalho
especialmente na transferência de informações entre neurônios sensoriais e
motores em ambas as direções durante provas motoras. Constatando que um
fluxo bilateral de informações com intensa atividade em ambas as regiões de
forma sinérgica e constante produzindo um processamento de informações em
conjunto para o comportamento da motricidade. A conclusão do estudo do mesmo
autor pode representar uma explicação aos dados aqui encontrados que também
sugerem uma grande interação entre essas mesmas áreas corticais, onde a
banda alfa de 10 a 12Hz não teve diferença no seu potencial absoluto em provas
motoras de natureza global e também fina, reafirmando assim que não há uma
responsabilidade de uma região única e sim de uma integração interestrutural e
interfuncional na coordenação e geração de movimentos.
Regiões do córtex frontal dorsal medial vêm sendo repetidamente
implicadas como tendo um papel chave no controle voluntário, em particular a
área motora suplementar e área pré motora. Mas, por outro lado, outras áreas
como a somatossensorial é também ativada durante tarefas motoras de
diferentes. Outras áreas vem sendo também associadas ao controle motor como o
cerebelo e regiões subcorticais distintas
Em virtude dos resultados encontrados e dos dados verificados na
literatura, pode-se concluir que o córtex frontal não está mais ativo que o
somatossensorial nas provas de coordenação óculo-manual e óculo-pedal da
praxia global e de tambortilar e coordenação bimanual da praxia fina da bateria
psicomotora de Vitor da Fonseca. Portanto, em resposta à questão de estudo
formulada no capítulo um do presente estudo, foi necessário se aceitar a hipótese
nula do presente estudo descartando a alternativa e concluir que os lóbulos
frontais não estão mais ativos que a área somatossensorial, contrapondo assim a
afirmação de Vitor da Fonseca. No entanto, a mesma não perde sua validade em
testar valências motoras complexas.
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ANEXO I
CARTA DE LIVRE PARTICIPAÇÃO CONSENTIDA
LABORATÓRIO DE NEUROMOTRICIDADE II
LABNEU
Título RELAÇÃO ENTRE FUNCIONALIDADE CORTICAL E TIPO DE
HABILIDADE MOTORA PROGNOSTICADA NA BATERIA
PSICOMOTORA DE VITOR DA FONSECA: VERIFICAÇÃO
ATRAVÉS DE EEGq
Coordenador
Prof. Dr. Vernon Furtado da Silva
Pesquisador
Responsável
João Rafael Valentim Silva
(21) 7826-4256
Prezado Senhor (a):
O mestrando João Rafael Valentim Silva CREF: 14.981-G, do Programa de
Pós-Graduação em Ciência da Motricidade Humana PROCIMH da
Universidade Castelo Branco UCB/RJ pretende realizar um estudo com as
características seguintes.
Título: RELAÇÃO ENTRE FUNCIONALIDADE CORTICAL E TIPO DE
HABILIDADE MOTORA PROGNOSTICADA NA BATERIA PSICOMOTORA DE
VITOR DA FONSECA: VERIFICAÇÃO ATRAVÉS DE EEGq
Objetivo: Averiguar a funcionalidade cortical durante provas da práxia global e
práxia fina do terceiro bloco da bateria psicomotora de Vitor da Fonseca através
da eletroencefalografia quantitativa.
A pesquisa pretende utilizar como amostra dez adultos jovens com idade
entre 20 e 30 anos, do município de Nilópolis e do Bairro de Anchieta do município
do Rio de Janeiro e tendo como fatores de inclusão ausência de
comprometimento da saúde física e mental verificadas por uma prévia anamnese;
não usuários de substâncias psicotrópicas ou psicoativas e sono de 6 a 8 horas na
noite anterior ao experimento.
Procedimentos metodológicos: A amostra será escolhida de forma
conveniente e passarão por uma anamnese inicial para se identificar fatores que
excluam o mesmo da amostra. Logo serão convidados a comparecerem ao
laboratório de Mapeamento Cortical da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Todos ao serão orientados a irem com roupas confortáveis e se sintam tranqüilos,
será dada uma explicação rápida e permitir-se-á um prévio treinamento para
reconhecimento das provas motoras.
Descrição dos Riscos e Desconfortos: Toda aplicação dos teste e coletas
são completamente seguras, sem riscos á saúde, todas as coletas serão feitas de
forma não invasiva, ou seja, sem perfurações ou incisões no corpo dos sujeitos.
Garantia de Acesso: Todos os sujeitos da amostra terão total acesso aos
pesquisadores envolvidos nem todas as fases do testes e coletas.
Uso de medicamentos: Não será utilizado drogas de espécie alguma.
Garantia de Liberdade: A participação no presente estudo é totalmente
voluntária, podendo em qualquer momento da coleta o sujeito se retirar da coleta
sem nenhum ônus ou nus a nenhuma das partes envolvidas no estudo. No
entanto, mediante a aceitação, espera-se que o esmo compareça ao local de
coleta nos dias e horários marcados.
Direitos de confidencialidade: Todos os dados e informações colhidas na
presente pesquisa, todos os procedimentos realizados e todos os resultados serão
utilizados exclusivamente para produzir ciência, artigos e informações científicas,
sendo vedado o seu uso para outros fins, garantindo a privacidade, proteção e
identidade do sujeito participante.
Despesas e Compensações: As despesas provenientes acarretadas por
deslocamentos, alimentações e outras associadas à pesquisa serão de
responsabilidade do pesquisador.
Após a leitura do presente termo e estando em posso das minhas
faculdades mentais e direitos legais, declaro expressamente que entendi o
propósito do referido estudo e, estando em perfeitas condições de participação,
dou meu consentimento para aprticipar livremente do mesmo.
Rio de Janeiro, Outubro de 2007.
Assinatura do Sujeito:
Nome Completo Legível:
CPF:
RG:
Em atendimento à Resolução 196 de 10 de Outubro de 1996, do Concelho
Nacional de Saúde, o presente termo é confeccionado e assinado em duas vias,
uma de posso do avaliado e outra que será encaminhada ao Comi de Ética da
Pesquisa (CEP) da Universidade Castelo Branco (UCB-RJ)
ANEXO II
Termo de Informação à Instituição
Título
RELAÇÃO ENTRE FUNCIONALIDADE CORTICAL E TIPO DE
HABILIDADE MOTORA PROGNOSTICADA NA BATERIA
PSICOMOTORA DE VITOR DA FONSECA: VERIFICAÇÃO
ATRAVÉS DE EEGq
Coordenador
Vernon Furtado da Silva, Ph.D.
Pesquisador
Responsável
João Rafael Valentim Silva
(professor_joao_rafael@hotmail.com / (5521) 78264256)
Prezado Senhor(a):,
O Mestrando (João Rafael Valentim Silva, CREF: 14.981-G), do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Motricidade Humana PROCIMH, da
Universidade Castelo Branco (UCB-RJ), pretende realizar um estudo sobre
(funcionalidade cortical durante provas de praxia global e fina através de
eletroencefalografia quantitativa.
A pesquisa pretende verificar se o córtex frontal e pré-frontal está mais ativo
que outras áreas corticais durante a realização de duas provas de praxia global e
duas de praxia fina, que o criador dessas provas, afirma que isso é verdade em
sua obra mais conhecida que é a Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca. A
escolha da amostra obedeceu a uma ordem intencional e conveniente. Será
selecionado dez sujeitos com idades variando entre 20 e 30 anos em virtude dos
mapas corticais, que a literatura afirma estarem homogêneos nessa faixa etária.
No presente estudo, serão realizadas duas provas motoras de praxia global
e fina com o sujeito devidamente acoplado a um aparelho de eletroencefalografia
quantitativa através de uma touca obedecendo ao modelo internacional 10/20 de
Jasper (1958).
A participação dos sujeitos neste estudo é absolutamente voluntária. Dentro
desta premissa, todos os participantes o absolutamente livres para, a qualquer
momento, negar o seu consentimento ou abandonar o programa se assim o
desejar, sem que isto provoque qualquer tipo de penalização.
Os dados colhidos na presente investigação serão utilizados para subsidiar
a confecção de artigos científicos, mas os responsáveis garantem a total
privacidade e estrito anonimato dos participantes, quer no tocante aos dados, quer
no caso de utilização de imagens, ou outras formas de aquisição de informações.
Garantindo, desde já a confidencialidade, a privacidade e a proteção da imagem e
a não estigmatização, escusando-se de utilizar as informações geradas pelo
estudo em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de
auto-estima, de prestigio ou de quaisquer outras formas de discriminação.
Os responsáveis por meio deste isentam a Instituição de qualquer
responsabilidade civil ou criminal por fatos estritamente decorrentes realização da
pesquisa referenciada no caput do presente termo.
As despesas porventura acarretadas pela pesquisa serão de
responsabilidade da equipe de pesquisas.
Após a leitura do presente Termo, dou meu consentimento legal para
realização do estudo na entidade sob minha responsabilidade jurídica.
Rio de Janeiro, ______ de _____________de 2005.
Assinatura do Participante ou
Representante Legal
Nome Completo (legível)
Identidade
CPF nº
Razão Social
CNPJ nº Inscrição nº
Testemunhas Testemunhas
___________________________ __________________________
Em atendimento à Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho
Nacional de Saúde, o presente Termo é confeccionado e assinado em duas
vias, uma de posse da Instituição aonde ocorrerá a pesquisa e outra que será
encaminhada ao Comitê de Ética da Pesquisa (CEP) da Universidade Castelo
Branco (UCB-RJ)
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