Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA
JOSÉ EDVALDO FERREIRA ALVES NETO
COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO
MÉDIO DA REDE ESTADUAL
FORTALEZA
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
JOSÉ EDVALDO FERREIRA ALVES NETO
COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS DOANO DO ENSINO
MÉDIO DA REDE ESTADUAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Linguística da
Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do título de
mestre em Linguística.
José Edvaldo Ferreira Alves Neto
Orientadora; Profª Dra Marlene Gonçalves Mattes
FORTALEZA
2009
ads:
Esta dissertação foi submetida ao Programa de Pós-graduação em
Linguística, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de mestre,
outorgado pela Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos
interessados na Biblioteca de Humanidades da referida universidade.
A citação de qualquer trecho da dissertação é permitida, desde que seja
feita de conformidade com as normas da ética científica.
_____________________________________
José Edvaldo Ferreira Alves Neto
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa. Dra Marlene Gonçalves Mattes – UFC
(Orientadora)
___________________________________
Prof. Dr Francisco Luciano PontesUECE
(1º examinador)
_____________________________________
Profa. Dra. Ana Célia Clementino Moura - UFC
(2ª examinadora)
Dissertação defendida e aprovada em __/__/__
À minha esposa e ao meu filho Felipe por estarem sempre ao meu lado
nos momentos mais difíceis e por suportarem as constantes ausências para a
realização desta pesquisa.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por ter me dado força para persistir e
escrever este trabalho.
À minha família, em segundo lugar, por ter-me ajudado a superar todos os
momentos de crise para vencer mais esta etapa da vida.
Agradeço, também, à professora Drª. Marlene Mattes pela atenção,
paciência, disposição e colaboração na elaboração desta dissertação e a todos os
amigos que ajudaram na execão desta pesquisa.
RESUMO
A presente dissertação investiga a compreensão leitora de estudantes do
ano, ensino médio da rede estadual do Ceará, focalizando especificamente a
classificação da compreensão com base nos cinco veis de compreensão leitora de
Barret (1968): compreensão literal, reorganização, inferencial, crítico e apreciação.
Nossa investigação, no entanto, avaliou somente os veis inferencial e crítico. Para
cumprir os objetivos da proposta do trabalho, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica na qual todo o referencial teórico faz parte da Linguística textual, além
de buscar apoio em aspectos cognitivos, sobretudo no que diz respeito aos modelos
de leitura, apoiados pela teoria dos esquemas. O corpus analisado foi composto das
respostas a dois questionários de compreensão, com oito questões cada, fornecidas
por vinte e cinco informantes de uma mesma turma do ano do ensino médio.
Partimos do pressuposto de que existem veis de compreensão diferenciados, a
exemplo da taxonomia de Barret. Após a análise do corpus, foi constatado que os
informantes compreenderam bem os textos, uma vez que responderam
adequadamente a maior parte das respostas. Outra conclusão foi a de que todos os
informantes alcançaram os níveis de compreensão inferencial e crítico, mesmo que
algumas respostas pudessem ter sido mais completas. O que se vislumbrou nas
análises dos dados foi a presença, mesmo que incipiente, de algum indício de
construção de inferência, através da presença de informão não presente no texto,
bem como indícios de reflexão crítica revelados através de um juízo de verdade ou
de valor. Embora não tenhamos localizado tais indícios em todas as respostas,
houve incidência em todos os informantes.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Compreensão Leitora. Níveis de Compreensão
Leitora.
ABSTRACT
This thesis investigates the reading comprehension of 3º year in the
middle school students in the network state of Ceará, specifically focusing on the
classification of the understanding on the levels of understanding of reader Barret
(1968), which lists five levels, the literal comprehension, reorganization, inferential,
and critical appraisal. Our research, however, assessed only the inferential and
critical levels. To meet the objectives of the proposed work, a literature search was
performed on a theoretical framework that is part of Textual Linguistic, and seek
support in cognitive aspects, particularly with regard to models of reading, supported
by theory of schemes. The corpus analysis was composed of two questionnaires of
comprehension, each with eight questions, answered by twenty-five informants from
the same class of the 3rd year of high school. Assuming that there are different levels
of understanding, such as the taxonomy of Barret. After analyzing the corpus, it was
found that the informants understood the texts well, since it responded appropriately
to most of the answers. Another conclusion was that all informants have achieved the
levels of understanding inferential and critical, even if some answers could have
been more complete. What is envisioned in the analysis of data was the presence,
even incipient, some indication of the construction of inference, through the presence
of information not present in the text, as well as evidence of critical thinking shown by
a judge of truth or value. Although we have not found such evidence in all the
answers, find them in some, but in all informants.
KEY-WORDS: Reading. Reading Comprehension. Levels of Reading
Comprehension.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1Total de Questões X Níveis de Compreensão .................................134
Gráfico 2 - Informantes X Problemas de Compreensão ....................................135
Gráfico 3 - Informantes X Nível de Compreensão Leitora .................................136
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
CAPÍTULO 2: CONCEPÇÕES INICIAIS SOBRE TEXTO E LEITURA .................. 14
2.1 Introdução ................................................................................ ........................ 14
2.2 Concepção de Texto ........................................................................................ 16
2.3 Concepções de Leitura .................................................................................... 21
2.3.1 Modelo de Leitura de Kintsch e Van Dijk (1983) ......................................... 22
CAPÍTULO 3: COMPREENSÃO LEITORA ............................................................ 26
3.1 Introdução ......................................................................................................... 26
3.2 Compreensão Leitora Global .......................................................................... 26
3.3 Os Níveis de Compreensão Leitora ................................................................ 30
3.3.1 Os níveis de compreensão leitora por Alliende e Condemarín (2005) ..... 32
3.4 Processo Inferencial ........................................................................................ 36
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS ......................................... 41
4.1 Introdução ......................................................................................................... 41
4.2 Questões da Pesquisa ..................................................................................... 42
4.3 Hipóteses .......................................................................................................... 43
4.4 Descrição dos Procedimentos da Pesquisa .................................................. 44
4.5 Sujeitos da Pesquisa ........................................................................................ 45
4.5.1 A escola .......................................................................................................... 46
4.5.2 Perfil da professora ....................................................................................... 47
4.5.3 Perfil dos alunos ............................................................................................ 48
4.6 Constituição do Instrumento de Pesquisa ..................................................... 49
4.7 Aplicação do Instrumento ............................................................................... 61
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ..................................... 63
5.1 Introdução ......................................................................................................... 63
5.2 Análise do Corpus ............................................................................................ 63
5.3 Gráficos Demonstrativos dos Resultados ................................................... 134
5.4 Discussão das Respostas.............................................................................. 136
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 140
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 145
ANEXOS ................................................................................................................ 149
1 INTRODUÇÃO
Existem muitos estudos sobre o tema deste trabalho, compreensão
leitora, e sobre a leitura em si. A compreensão leitora de que tratamos neste estudo
acontece na leitura escolar, ou seja, ocorre com o aluno em uma situação de
comunicação restrita e específica do ambiente escolar, direcionada pelo professor e
com objetivos de leitura claros para os envolvidos. Entendemos a compreensão
como um processo pertinente a todas as atividades humanas, sendo, inclusive e por
sua componente social, a atividade que permite a vida em grupo, pois fica muito
difícil imaginarmos uma sociedade na qual seus componentes não se entendem e,
por conseguinte, não se comunicam, a exemplo de uma “torre de babel”.
A realização deste estudo exigiu uma pesquisa bibliográfica na busca de
entender o vasto material sobre leitura e as diversas conceituações sobre esse
tema. A partir de uma visão de que ler é uma ão simples de passar a vista sobre o
texto, seguimos um percurso até chegar a uma concepção de leitura que dê conta
da complexidade dos processos envolvidos no ato de ler. Identificamos uma posição
mais recente, a qual estabelece a leitura como um processo orientado pelos estudos
do letramento, das ciências sociais, da sociolinguística interacional, da análise crítica
do discurso e de uma visão de linguagem como prática social. Dessa forma,
procuramos sustentação teórica nos modelos de leitura de Van Dijk e Kintsch (1983)
por esse modelo configurar-se como estratégico, convergindo pressupostos
cognitivos e contextuais, uma vez que o ponto de vista cognitivo, por si só, não é
suficiente para sustentar uma descrição de leitura. Além disso, o modelo
mencionado se vale da não de esquemas mentais apresentados por Rumelhart
(1985), os quais funcionam como unidades que encerram em si o conhecimento
armazenado.
O ponto de vista comum é reconhecer que esses esquemas são utilizados
pelo leitor para preencher “espaços” no texto, através das inferências e da
formulação de hipóteses prévias no decorrer da leitura. Para as teorias de base
cognitivistas, esse modelo é suficiente para explicar leitura, embora desconsidere a
existência de sujeitos contextualizados socialmente, possuindo linguagem e cultura
próprias. O modelo de Van Dijk e Kintsch (1983) vai além ao trabalhar com alguns
pressupostos contextuais de funcionalidade, pragmática, interacionista e situacional,
sem desconsiderar os pressupostos cognitivos tão presentes nos modelos de leitura
a partir dos anos 70.
Além da apresentação do modelo de leitura que serviu como base para a
elaboração do trabalho, apresentamos algumas concepções iniciais sobre as
categorias texto e leitura, que têm a finalidade de situar o leitor no aparato trico
que fundamenta a pesquisa, configurando-se fundamental distinguir as variadas
conceões de texto ao longo da história para que não se torne impreciso seu
conceito para este trabalho. Adotamos aqui a noção de texto como evento
comunicativo, como uma prática social, dentro de uma perspectiva interacionista.
Nossa hipótese de trabalho defende que há níveis de compreensão leitora
diferenciados, uns mais superficiais e outros mais profundos e que essa
heterogeneidade pode ser verificada em sala de aula. Acreditamos que a taxonomia
de Barret (1968), a qual divide a compreensão leitora em diferentes níveis, pode ser
aplicada a alunos do ensino médio pertencente a uma escola pública do Ceará,
restando, portanto, uma identificação dos níveis em que se encontram os alunos.
Partimos do pressuposto de a leitura ser um processo ativo que envolve o
uso de inferências, adivinhações e de esquemas mentais compartilhados
socialmente. Acreditamos que o aluno aumenta o nível de compreensão leitora ao
realizar a leitura de maneira completa, realizando com sucesso todas as tarefas
cognitivas pertinentes à leitura. Além disso, a compreensão deve ser favorecida pelo
aumento do conhecimento prévio do leitor, pois a realização de infencias es
ligada à possibilidade de o aluno fazer relações aos seus próprios conhecimentos.
Quanto maior for esse conhecimento, maior será a quantidade de relações que fará.
O nosso trabalho consiste, portanto, em aplicar um instrumento que avalia
a compreensão leitora composto de dois textos, um narrativo e outro argumentativo,
seguidos cada um de 08 (oito) questões de compreensão textual, a um grupo
específico de sujeitos, composto por alunos do 3º ano do ensino médio pertencente
a uma escola pública do Ceará. Após a aplicação, fizemos a análise dos dados à luz
da teoria de compreensão de Alliende e Condemarín (2005), a qual se baseia na
taxonomia de Barret (1968), procurando identificar nas respostas dos alunos os
veis de compreensão leitora que os autores identificam.
Apresentamos, na introdução, uma abordagem geral do tema e da
metodologia, introduzimos o objeto de estudo e apontamos as direções teóricas e
metodológicas que serão tomadas no trabalho, consistindo em uma apresentação
geral sobre o tema da pesquisa.
No Capítulo 1, apresentamos o quadro teórico sobre texto e leitura. Nessa
parte do trabalho são apresentadas noções gerais sobre a área de estudos em que
se insere o presente trabalho, assim como, o referencial teórico que seguimos, no
intuito de tornar o objeto deste estudo mais preciso e mais evidente, permitindo
desta forma sua identificação com clareza.
No Capítulo 2, apresentamos o referencial sobre compreensão leitora.
Neste capítulo, teorias que consideramos pertinentes ao estudo da compreensão
leitora são detalhadas. O modelo de compreensão de Kintsch e Van Dijk (1983) é
apresentado, assim como, o modelo de compreensão global do texto, que ambos
se assemelham ao mostrar a compreensão leitora decorrente de diversos fatores,
conforme fazem Alliende e Condemarín (2005) ao apresentar fatores decorrentes do
autor, do texto e do leitor em uma visão que se destaca em relação à visão
estritamente cognitivista de compreensão, a qual despreza fatores sociais que
influenciam a compreensão. Além disso, neste capítulo são apresentadas algumas
considerações sobre o processo inferencial na compreensão, tema que
consideramos central na teoria.
No Capítulo 3, apresentamos a metodologia e os procedimentos. Todos
os passos da pesquisa foram relatados, desde a escolha da escola até a própria
aplicão do instrumento, evidenciando alguns pressupostos metodológicos que
comem a pesquisa, tais como as questões que a nortearam e as hipóteses de
trabalho. Além disso, serão apresentados os pressupostos que assumimos ao iniciar
o trabalho.
O Capítulo 4 foi composto de uma análise qualitativa dos questionários
respondidos pelos vinte e cinco informantes que participaram da pesquisa. Essa
análise será completada por tabelas individuais onde constará um resumo das
questões em que os informantes apresentaram inferenciação ou reflexão crítica,
indicativos dos níveis de compreensão investigados. Por fim, este capítulo foi
completado por gráficos que resumem os resultados da investigação.
No Capítulo 5 apresentamos as considerações finais do trabalho após
minuciosa análise do corpus no capítulo anterior. Vale ressaltar que foram
analisados dois questionários respondidos por 25 alunos, permitindo um panorama
sobre os níveis de compreensão alcançados pelos informantes na perspectiva
teórica de Barret (1968).
CATULO 2: CONCEPÇÕES INICIAIS SOBRE TEXTO E LEITURA
2.1 Introdão
O ensino de língua materna no Brasil necessita ser revisto e, mais do que
isso, precisa que sejam apresentadas propostas para que, de fato, possamos
avançar verticalmente nessa discussão. Os documentos oficiais da educação
nacional, os Parâmetros Curriculares Nacionais, de 2001, apresentam como
referência um ensino produtivo e práticas docentes baseadas em leitura, produção
de textos e análises lingsticas. Para esse estudo, fazemos um recorte para
focalizar práticas de leitura em sala de aula da educação básica cearense, com
particular interesse na compreensão por parte dos alunos. Nosso interesse é
investigar o modo como os informantes recebem os textos, buscar uma classificação
com base na taxonomia de Barret (1968), para servir de referência aos professores
interessados. Portanto, para entendermos o funcionamento de uma aula de leitura,
com foco na questão da compreensão, pensamos que se deve percorrer caminhos
sinuosos por diversos teóricos e pesquisadores na busca por uma definição do ato
de ler. Tratando das concepções de leitura, percebemos que, na prática, o professor
pautará sua didática pelo entendimento que possui desse ato. Pode-se afirmar que
sua concepção de leitura está intimamente ligada à sua concepção de linguagem e
de ensino, uma vez que, ao assumir tais concepções, toda sua atividade escolar
estará ligada a elas.
Uma pergunta fundamental se coloca diante do professor ao dirigir-se à
sala de aula: Qual o objetivo de ensinar língua portuguesa? Travaglia (1997) nos
apresenta quatro possíveis respostas para essa questão, das quais apenas a
primeira nos interessa. Ele afirma que o ensino de língua materna se orienta pelo
objetivo de desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua, ou
seja, desenvolver a capacidade do usuário de empregar adequadamente a língua
nas diversas situações de comunicação”. Acreditamos que se debruçar sobre as
outras respostas é inútil, posto que é ponto passivo que a primeira resposta é
mais coerente com a atividade de ensino de língua materna a falantes nativos.
Aqui, entendemos a competência comunicativa em um sentido mais
amplo, ou seja, como uma possibilidade que o indivíduo tem de se comunicar
adequadamente, de acordo com a sua vontade e a necessidade do uso. Definir o
que é competência comunicativa não é nosso objetivo neste trabalho, porquanto é
um conceito que vem suscitando discussões no âmbito acadêmico. Pretendemos,
apenas tê-lo como norteador para o recorte teórico que ora realizamos, no qual o
conceito de Travaglia (1997) nos basta.
O objetivo do trabalho com textos em língua portuguesa, em função do
desenvolvimento da competência comunicativa, envolve a possibilidade de alunos
de nível médio interagirem com vistas à potencialização da sua competência textual,
conceito que, de acordo com o citado autor, é a capacidade de, em situações de
interação comunicativa, produzir e compreender textos considerados bem formados.
Charolles (1979) aponta três capacidades textuais básicas:
A capacidade formativa possibilita aos usuários da ngua produzir e
compreender um mero de textos que seria potencialmente ilimitado e, além disso,
avaliar a boa ou má formação de um texto dado, o que equivaleria mais ou menos a
ser capaz de dizer se uma sequência linguística dada é ou não um texto, dentro da
língua em uso.
A capacidade transformativa possibilita aos usuários da língua modificar,
de diferentes maneiras (reformular, parafrasear, resumir, etc.) e com diferentes fins,
um texto e também julgar se o produto dessas modificações é adequado ao texto
sobre o qual a modificação foi feita.
A capacidade qualificativa possibilita aos usuários da língua dizer a que
tipo pertence um dado texto, naturalmente segundo uma determinada terminologia.
Observa-se que o trabalho, com esse objetivo, exigirá que o professor
proporcione ao aluno uma aproximação maior com o texto e com situações de
interação comunicativa, pertinentes ao mundo do instrumento linguístico, o que
implica na necessidade de o professor de língua portuguesa proporcionar uma
atenção maior ao trabalho com leitura, escolhendo estratégias adequadas com a
finalidade de obter uma maior produtividade dos alunos. É importante destacar que a
interação comunicativa se através da produção dos enunciados e que eles nada
mais são do que textos. Portanto, o trabalho em sala de aula com textos torna-se
pedra angular do trabalho de educação em língua materna. Situados nesse
contexto, passaremos então a apresentar concepções de texto e leitura que,
consciente ou não, contribuem, positivamente ou não, para o ensino de leitura.
2.2 Concepções de Texto
O trabalho que se desenvolve através desta pesquisa busca avaliar,
dentro da perspectiva da Linguística de texto, o nível de compreensão leitora dos
alunos de ano do ensino médio. Para tal finalidade, torna-se fundamental
entender o que é texto, uma vez que trabalharemos com esse material. Em seguida,
conheceremos as concepções de leitura na perspectiva de algumas correntes de
estudo que têm sido fundamentais no desenvolvimento de um arcabouço teórico
acerca da questão da compreensão.
O texto é, desde os tempos da antiguidade clássica, objeto de estudos
dos que se interessam pelo uso da linguagem, o visto ainda como uma unidade,
mas como um encadeamento do falar bem, sob as regras da gramática. Desde os
tempos clássicos, a gramática se interessava pela arte do falar bem e do escrever
bem. Os estudos de Retórica e de Oratória se interessavam pelo texto, visto nesse
momento como um encadeamento de fala. (INDURSKI, 2006). A gramática era tida
como aquela que ensinava compor frases bem formadas. Cabia, portanto, àquele
que produzia o texto, simplesmente seguir as regras de gramática, o que de certa
forma, retardou a constituição do texto como unidade de estudos.
Pode-se afirmar que, durante o período que se seguiu da antiguidade
clássica até Saussure, com o Estruturalismo, a noção de texto permaneceu sem
destaque. A partir daí, surge a clássica dicotomia entre langue e parole, a qual
situava de maneira distinta aquilo que era sistema e o que era realização. Posto que
o texto pudesse se situar no nível da realização, acabava marginalizado, uma vez
que, como afirmava Saussure (1916), a parole não poderia ser objeto de estudos da
Linguística por ser ato individual e, por isso, muito variável entre os indivíduos, o que
não permite que se faça generalizações. A língua é vista como um todo homogêneo
e esse é o objeto de estudos da Linguística.
Seguindo-se aos estudos saussureanos, ainda em 1943, Hjelmslev
posiciona-se face ao texto, ao dizer que “A teoria da linguagem se interessa por
textos e seu objetivo é o de estabelecer um procedimento que permita a descrição
não-contraditória e exaustiva de um texto dado” (INDURSKI, 2006, p. 41). Para
Hjelmslev, texto significa toda e qualquer manifestação da língua, curta ou longa,
escrita ou falada, correspondendo, de certo modo, à parole de Saussure. Sendo
todo e qualquer ato de linguagem um texto, qualquer língua é ela própria um texto,
um texto ilimitado. Toda língua natural é, ao mesmo tempo, texto e sistema. O texto
é uma estrutura sintagmática, ao passo que a língua é uma estrutura paradigmática.
(FÁVERO; KOCH, 1998).
Após esse período, pesquisadores procuraram conhecer as regularidades
que transcendem a frase, inaugurando uma fase dos estudos em Linguística Textual
chamada de transfrástica ou análise transfrástica (INDURSKI, 2006). Não se
pretendia, naquela época, criar um novo objeto de estudos ou abandonar os estudos
da frase. O texto era entendido como uma sequência coerente de frases, ou seja,
era uma extensão da frase. Observemos a presente citação de Weinrich (1973, apud
INDURSKI, 2006, p. 45):
Texto é uma rede de determinações. É manifestamente uma totalidade
onde cada elemento mantém com os outros, relações de interdependência.
Estes elementos e grupos de elementos seguem-se em ordem coerente e
consistente, cada segmento textual contribuindo para a inteligibilidade
daquele que segue. Este último, por sua vez, depois de codificado, vem
esclarecer retrospectivamente o precedente.
O segundo momento da Linguística de Texto, intitulado de gramática de
texto, posicionou os pesquisadores na busca pelo entendimento do texto,
pretendendo descrevê-lo por si mesmo em sua totalidade. Essa fase caracterizou-se
por apresentar-se como um prolongamento da linguística descritiva, indo para além
dos limites descritivos de uma única frase. O desejo de compreender os fenômenos
linguísticos que não podiam ser respondidos por uma gramática interna à frase levou
ao questionamento dos princípios de construção do texto, dos fatores de sua
coerência, de sua coesão e de sua textualidade, formas de delimitação dos textos,
de maneira a apresentar-se com completude (começo, meio e fim). (INDURSKI,
2006).
De acordo com Halliday e Hasan (1976), o texto seria uma unidade da
língua em uso, delimitado não por tamanho, mas por ser uma unidade semântica, ou
seja, dotada de significado; é uma unidade não de forma, mas de realização, a
codificação de um sistema simbólico em outro. Para Halliday e Hasan (1976), um
texto não seria composto de sentenças, mas ele seria realizado por, ou codificado
em, sentenças.
Ao constatarem que o seria possível dar comportar uma estrutura
profunda do texto que estivesse na base da realizão de todo e qualquer texto, os
estudiosos da linguística textual foram conduzidos a uma nova etapa, a qual perdura
até os nossos dias. Essa etapa, chamada de teoria do texto (BENTES, 2005),
caracteriza-se pela proposta de junção do processamento do texto e seu conteúdo
pragmático, buscando fazer associações que iluminem a compreensão e a
significão do texto. (INDURSKI, 2006).
O texto passa a ser considerado o pprio lugar de interação e os
interlocutores, como sujeitos ativos que dialogicamente nele se constroem e são
constituídos. Dessa forma, há lugar, no texto, para toda uma gama de implícitos, dos
mais variados tipos, somente detectáveis quando se tem como pano de fundo o
contexto sociocognitivo dos participantes da interação (KOCH, 2005).
A perspectiva da enunciação rompe com a noção de frase em busca do
conceito de enunciado. Segundo Indurski (2006), para Benveniste, o fundador dessa
teoria, passa-se da frase para a enunciação e ela envolve elementos externos:
aquele que fala, o locutor, o EU, e aquele a quem o locutor se dirige, o interlocutor, o
tu. E esse locutor esnecessariamente situado em um contexto de situação que
determina o tempo da enunciação (agora) e o espo da enunciação (aqui), ou seja,
a enunciação supõe sempre os interlocutores e está datada e situada no espaço.
Ducrot (1989, p 13-15) distingue frase e enunciado. O último é um
segmento do discurso e, da mesma forma que ele, tem um lugar, uma data, um
produtor e um ou vários ouvintes; é um fenômeno empírico, observável e descritível.
A frase, por sua vez,
é uma unidade lingüística abstrata, puramente teórica, um conjunto de
palavras combinadas segundo as regras da sintaxe, conjunto este tomado
fora de qualquer situação de discurso; o que produz um locutor, o que ouve
seu interlocutor, não é, pois uma frase, mas é o enunciado particular de
uma frase. (DUCROT, 1989, p. ).
Outras teorias tratam do texto sob pontos de vista diversos, como é o
caso da Análise do Discurso. De acordo com Maingueneau (1997, p. 9), a chamada
“escola francesa de análise do discurso” surge filiada a uma certa tradição europeia
acostumada a unir reflexão sobre texto e história a uma certa prática escolar, a
“explicação do texto”, muito em voga na França, nos colégios e universidades, nos
anos anteriores à década de 1960. Possenti (2005, p. 364-365) afirma que essa
análise é, ou melhor, formula uma teoria da leitura que se institui rompendo
fundamentalmente com a análise de conteúdo, por um lado, e com a filologia (e
tamm com a hermenêutica) por outro.
O texto, através da Análise do Discurso, é considerado como parte de
uma cadeia, sendo sua importância considerada a partir de sua inserção em uma
determinada formação discursiva. As relações internas entre elementos dos textos
(anáforas, por exemplo); os elementos responsáveis pela coesão textual são relidos
como intradiscurso, ou seja, como forma de linearizões de um discurso e como
efeito de um interdiscurso. As teorias do texto levam em conta conhecimentos
prévios dos locutores e compartilhados entre interlocutores. Concebem o leitor e
ouvinte como suporte de conhecimento. O sentido do texto se em decorrência de
conhecimentos que o leitor tenha estocado ou que rememora e coloca em
funcionamento ao ler e ouvir. Para a Análise do Discurso, um texto faz sentido por
sua inserção em uma formação discursiva, em função de uma memória discursiva,
do interdiscurso que o texto retoma e do qual é parte, ou seja, não propriamente
texto, concebido como unidade O que são linearizações concretas (materiais) de
discursos.
O que se deve levar em consideração na relação do texto com o discurso
é a posição dos sujeitos enunciadores, os quais devem estar situados sócio-
historicamente, atravessados por uma construção ideológica. (INDURSKI, 2006).
As conceituações expressas acima nos indicam o quão problemática é a
noção de texto, uma vez que podemos perceber que tal noção diferencia-se de
escola para escola linguística. Assim como se torna confusa a noção de sujeito ao
longo do tempo, torna-se mais confusa ainda a noção de texto. Nossa pesquisa
afilia-se aos estudos oriundos da Linguística Textual e, mesmo dentro dessa área de
estudos, é possível localizar conceituações diferenciadas. Fávero e Koch (2007),
baseando-se em Stammer Joham (1975), afirmam que o termo texto é o conceito
central da Linguística Textual e da teoria de texto, "abrangendo tantos textos orais
quanto escritos que tenham como extensão mínima dois signos lingüísticos”. O
contexto enunciativo, marcado pela entonação, no entanto, pode substituir um dos
signos, a exemplo da expressão “pare” que, mesmo com apenas um signo, pode ser
definido como texto, evidenciando a característica de funcionar suficientemente
como comunicação.
Em estudos anteriores, Koch (2005) afirma que o texto é a unidade básica
da manifestação da linguagem e apresenta sete fatores de textualidade, a seguir
enumerados:
A coerência, relacionada à boa formão do texto, refere-se à globalidade
de texto, que envolve conhecimentos de ordem sintática, semântica e pragmática.
A coesão, a qual estabelece ligações e assinala relações de sentido entre
os enunciados. É referente à microestrutura do texto. A observância dos aspectos
coesivos garante a coerência local do texto e, por isso, esses dois aspectos estão
relacionados.
A situacionalidade estabelece a relação entre o texto e a situação
discursiva de produção.
A aceitabildade es relacionada ao princípio de cooperação
comunicativa, que aceita o texto como coerente, bem como as estratégias que
emprega para calcular o sentido do texto.
A intertextualidade refere-se à relação que o texto estabelece com outros
textos, dado a característica de polifonia. Pode ocorrer no nível do conteúdo, da
forma e da tipologia textual.
A informatividade refere-se ao grau de informões apresentadas pelo
texto e aponta para a equivalência entre informações novas e velhas ou a maior
incidência de uma sobre a outra, podendo gerar desinteresse por parte do leitor ou
maior esforço para apreender o sentido.
O entendimento do que é texto está diretamente relacionado às noções
de língua e linguagem. Aqui, nessa pesquisa, adotamos uma concepção de texto de
natureza textual-discursivo em uma perspectiva sociointeracionista, a qual privilegia
aspectos tanto organizacional interno como seu funcionamento sob o ponto de vista
enunciativo.”
Em sentido amplo, Koch (2006) aponta três concepções de língua que
tem norteado os estudos do século XX e as respectivas concepções de texto
implicadas.
A língua pode ser vista como representão do pensamento. Nessa
conceão, o sujeito aparece isolado do contexto. A função da língua é manifestar o
pensamento e expressar-se bem está diretamente relacionado ao bom uso da
gramática, do ponto de vista da normatividade. Segundo Koch (2005), o texto é
visto como um produto lógico do pensamento (representação mental) do autor”. Ao
leitor cabe apenas a tarefa de captar a mensagem emitida.
Outra concepção de língua é aquela que a vê como código, ou como
instrumento de comunicação. A atividade de compreensão é vista como simples
codificação da mensagem. O leitor recebe passivamente a mensagem, sem
participar ativamente da construção do sentido do texto. Segundo Koch (2005), o
texto pode ser visto como um simples produto da codificação de um emissor a ser
decodificado pelo leitor/ouvinte.
Por fim, uma ultima concepção apresenta a ngua como lugar da
interação, o que pressupõe uma visão dos sujeitos, que passam a ser vistos como
seres situados socialmente, ou seja, contextualizados. O texto, por sua vez, passa a
ser considerado “o pprio lugar da interação e os interlocutores, como sujeitos
ativos que dialogicamente nele se constroem e são construídos.” Essa ultima visão
sobre a língua é a que tem subsidiado os estudos mais atuais, os quais assumem a
leitura como um processo de construção de sentidos realizado por sujeitos ativos e
inseridos em um determinado contexto social. Neste trabalho de pesquisa, as
conceões de linguagem e de texto que o nosso referencial teórico assume como
pressupostos é a língua enquanto femeno interativo e o texto como o verdadeiro
lugar da interação entre os sujeitos situados socialmente. A compreensão, nesse
contexto, é vista como um processo complexo, no qual interagem diversos fatores
provenientes do autor, do texto e do leitor. Dessa forma, a compreensão leitora se
apresenta como resultado das estratégias do tipo bottom-up e top-down, as quais
o utilizadas pelo leitor de acordo com sua necessidade, conforme seestudado
adiante.
2.3 Concepções de Leitura
O trabalho com leitura e com compreensão leitora exige do professor de
língua materna conhecimento de modelos de leitura, estudados nos últimos anos.
Diante disso, torna-se necessário que o professor adote uma abordagem de leitura
para proporcionar ao aluno um melhor aprendizado. Esse conhecimento é
fundamental na pesquisa que propomos, uma vez que o modelo de compreensão
que adotaremos es intrinsecamente relacionado a um modelo de leitura específico.
Para o docente, é fundamental o conhecimento dos diversos processos
envolvidos no ato de ler, a fim de, com isso, escolher estratégias de ensino em
função da realidade sócio-histórica em sala de aula, com vistas a desenvolver o
melhor método de ensino a seus alunos. Para isso, deverá identificar e adotar algum
modelo de leitura como pressuposto à sua atividade docente. Diversos autores têm
trabalhado com descrição da leitura. uma tendência muito forte em se afiliar a
conceões de ordem cognitiva. No Brasil, autores como Fávero (1995); Kleiman
(2000); Kato (1990); Koch (2006); Marcuschi (1996); Fulgêncio e Liberato (2000) e
Leffa (1996), além de autores estrangeiros como Alliende e Condemarín (2005), os
quais propõem um modelo de avaliação de compreensão leitora com base na
taxonomia de Barret (1968), têm se dedicado à matéria. Braggio (2005), com base
nos estudos de Goodman e outros, aponta cinco modelos de leitura ao longo do
desenvolvimento dos estudos na área. São eles: o psicolinguístico, o interacionista I
e II e o sociopsicolinguístico, além de um modelo mais mecanicista e tradicional,
ligado a concepções fundamentadas no behaviorismo.
O modelo de leitura adotado nesta pesquisa é o de Van Dijk e Kintsch
(1983), o qual se configura como um modelo não linear e estratégico, no qual se
inter-relacionam conhecimentos de níveis diversos, como o fonológico, morfológico,
sintático, semântico e pragmático. Não serão tratados detalhadamente neste
trabalho os fundamentos epistemológicos das teorias que subjazem aos referidos
modelos, visto pretendermos traçar aqui um panorama geral do conhecimento sobre
leitura.
2.3.1 Modelo de Leitura de Kintsch e Van Dijk (1983)
O modelo de leitura apresentado por Van Dijk e Kintsch (1983) se
configura como um modelo estratégico, no qual convergem informações dos níveis
fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos, os quais não devem
ser tomados separadamente. Eles propõem que uma interação entre os diversos
veis, de maneira intricada e não linear. Diferencia-se do modelo apresentado por
Goodman (1985), o qual apresenta características de processamento chamadas top-
down, ou seja, o leitor complementa, através das adivinhações e previsões, a
informação inferencial que foi omitida pelo texto, da mesma maneira quando sua
visão “pula” para outro ponto de ancoragem, seguindo aquele pressuposto de Smith
(1989) que “ver é algo episódico”. No modelo interativo de Van Dijk e Kintsch (1983),
tamm tratado por Rumelhart (1985); Cavalcanti (1989) e Marcuschi (2008), o
processamento interativo admite que o leitor possa se relacionar de diversas formas
com o texto, tais como: relacionar o texto aos seus esquemas de vida, ser
dependente, ajustando-se ao esquema do autor ou combinar atitudes ativas e
passivas no processamento em diferentes partes de um texto ou textos
diversificados. (GODINHO, 2004, p. 30).
O modelo a que nos referimos aqui, proposto por Van Dijk e Kintsch
(1983) tem origem a partir de alguns pressupostos de natureza cognitiva e
processual. Entendê-los, portanto, é fundamental para entender o modelo. De
acordo com Machado (2005), os pressupostos são os seguintes:
Pressupostos cognitivos:
a) Pressuposto cognitivista: as pessoas constroem representações na
memória com base em informações visuais e linguísticas.
b) Pressuposto interpretativo: os dados visuais e verbais não são só
representados, e sim interpretados de modo a se construir seu significado (aspecto
semântico).
c) Pressuposição on-line: a compreensão ocorre simultaneamente ao
processamento de informões, de forma gradual e não subsequente.
d) Pressuposição de conjectura pressupocional: além do conhecimento
prévio e de estruturas semelhantes, o leitor, ouvinte, utiliza outras informões
cognitivas, tais como crenças, opiniões ou atitudes em relação a acontecimentos em
geral ou ainda motivações, objetivos ou tarefas específicas no processamento de
acontecimentos e textos.
e) Pressuposto estratégico: refere-se à habilidade que as pessoas têm de
usar informações de diversos tipos, de maneira flexível, de forma que as
informações podem ser processadas em diversas e possíveis ordens, com o objetivo
de se construir a interpretação dos acontecimentos e textos.
Pressupostos contextuais:
a) Pressuposto da funcionalidade (social): as dimensões sociais do
discurso interagem com as dimensões cognitivas. “Em outras palavras, o modelo
cognitivo deverá dar conta do fato de que o discurso, e conseqüentemente o
processo de compreensão do discurso, são processos funcionais dentro do contexto
social”.
b) Pressuposto pragmático: esse pressuposto refere-se ao fato de que no
discurso estamos lidando não só com objetos linguísticos, mas tamm com ões
sociais pretendidas e levadas a cabo pelo ato de enunciação.
c) Pressuposto interacionista: de acordo com esse pressuposto, a
interpretação de um discurso, enquanto ato de fala (ou uma série de atos de fala),
está inserida em uma interpretação de todo o processo de interação entre os
participantes da conversa (interlocução).
d) Pressuposto situacional: é uma relação que se estabelece entre a
função pragmática do discurso e a situação social cognitivamente representada no
modelo interpretativo.
O modelo estratégico de Van Dijk e Kintsch (1983) considera a leitura sob
um prisma global, “não como um processo não-orientado progressivamente por
veis (morfológico, sintático, semântico e pragmático), mas no qual esses níveis
interagem de maneira intricada. (GODINHO, 2004, p. 27). O processamento textual
é estratégico, ou seja, realiza-se através do uso de estratégias de ordem
sociocognitivas.
Como ponto central da proposta Van Dijk e Kintsch (1983), são
apresentadas as noções de microestrutura, macroestrutura e superestrutura. A
microestrutura diz respeito às idéias ou proposições que contêm um texto e às
relações lineares de cada proposição com a proposição antecedente e a
subsequente. A macroestrutura é elaborada simultaneamente à leitura por meio de
inferências e de previsões que vão sendo feitas e sustentadas ou descartadas com
base em vários tipos de informões presentes ou não no texto, como por exemplo o
título, palavras temáticas, sentenças temáticas, etc. O conceito de superestruturas
diz que a manifestação é, em forma de estrutura esquemática convencional, uma
forma global que organiza as macroproposições do texto. A respeito da
superestrutura, os autores afirmam:
Os usuários de uma língua manipulam a superestrutura de maneira
estratégica. Tentarão ativar uma superestrutura relevante da memória
semântica tão logo o contexto ou tipo de texto sugerir uma primeira pista.
Daí em diante, o esquema poderá ser usado como um poderoso recurso
top-down de processamento para a atribuição de categorias
superestruturais relevantes (funções globais) a cada macroproposição ou
seqüências de macroproposições, além de fornecer, ao mesmo tempo,
alguns delimitadores gerais sobre os possíveis significados locais e globais
da base textual.
De acordo com Koch (2005), modelos são unidades organizacionais
complexas, conjuntos de conhecimentos socioculturalmente determinados e
vivencialmente adquiridos, os quais contêm tanto conhecimentos declarativos sobre
cenas, situações e eventos, como conhecimentos procedurais sobre como agir, em
situações particulares e realizar atividades específicas.
O processamento textual é estratégico, ou seja, realizado através do uso
de estratégias de ordem sociocognitiva. Para Van Dijk e Kintsch (1983), o
processamento utiliza-se dos conhecimentos de natureza procedural, contendo
estratégias de uso dos rios tipos de conhecimento que temos armazenados na
memória. Quando se ou ouve um texto, constrói-se, na memória episódica, uma
representação textual, definida em termos de conceitos e proposições. Constrói-se
tamm, paralelamente, um modelo episódico ou de situação sobre o que o texto
versa. Ativa-se portanto, na memória, modelos similares, os quais são os nossos
registros cognitivos de situações semelhantes. A compreensão acontece quando o
modelo criado é satisfatório e coerente com o modelo de situação, havendo um
entendimento do texto. (KOCH, 2005).
De acordo com Godinho (2004, p. 28), a representação mental do texto é
acompanhada da representação mental do contexto social, uma vez que “os
discursos não ocorrem do “nada”, mas dentro de um contexto sócio-cultural mais
amplo: de funcionalidade, pragmático, interacionista e situacional”. O modelo de
leitura proposto por Van Dijk e Kintsch (1983) apresenta a leitura não como um
processo passivo, mas como um processo interativo, no qual o leitor interpreta,
ativamente, as ações de um autor. A essa concepção nos afiliamos por
considerarmos a leitura como uma atividade complexa composta por três faces:
leitor, texto e autor, dos quais decorre a compreensão.
CATULO 3: COMPREENO LEITORA
3.1 Introdução
A compreensão de um texto deve ser vista como um processo construtivo
e não como um produto acabado. Essa constatação nos leva a crer que existem
inúmeros fatores envolvidos nesse processo além do texto. O fato de acreditar que
compreender é apenas extrair a ideia do autor significa assumir uma concepção de
linguagem como expressão do pensamento. Concepção essa que não conta da
multiplicidade de fenômenos envolvidos em um ato de linguagem.
A interão linguística é o lugar correto onde podemos situar uma
definição de linguagem. Portanto linguagem é interação. Ela só se realiza por esse
motivo e a compreensão é um femeno geral da vida humana, sendo esse aspecto
social sua maior característica. Leitura e compreensão devem ser vistas como um
fenômeno social e não como um constructo individual. É claro que coexistem fatores
individuais que influenciam nesse processo, mas eles interagem com fatores sociais,
a exemplo dos esquemas cognitivos compartilhados socialmente.
Segundo Marcuschi (2008), o trabalho de interpretação dos enunciados é
conjunto e não unilateral e a compreensão seria uma atividade colaborativa que se
na interação entre autor-texto-leitor, passível de sofrer desencontros. Quem
nunca ouviu alguém dizer: “olha, não entendi o que você disseou “não compreendo
o que você quer dizer”? Isso nos demonstra que a compreensão não é simples e
matematicamente equacionada.
3.2 Compreensão Leitora Global
O estudo de leitura está intrinsecamente interligado à maneira como
ocorre a compreensão leitora dentro de uma perspectiva mentalista, ou seja, dentro
da mente do leitor. Aqui, entenderemos a compreensão não do ponto de vista de
uma leitura de decifração, aquela em que o vel grafofônico antecede o do
significado. O que estamos estudando é uma leitura chamada de “adulta”, ou seja,
aquela em que a busca pelo significado ultrapassa a leitura de níveis inferiores, uma
leitura direta do sentido, na qual o texto é percebido de maneira global.
A propósito dessa dicotomia entre uma leitura adulta e uma leitura de
vel escolar, Neis (1982) distingue entre o que chama de leitura indireta e leitura
direta, caracterizando aquela como uma leitura de decifração com mediação do oral
e, segundo ele, uma leitura de nível escolar. A leitura direta, por sua vez, é
característica do sujeito com prática de leitura, na qual ele o intervém no oral,
“nem sob a forma de leitura em voz alta ou sussurada. (NEIS, 1982, p. 44). Vale
ressaltar que o Neis (1982) afirma ser a leitura com mediação oral uma fase
obrigatória na aprendizagem.
E vai mais adiante ao afirmar que a compreensão não acontece através
do reconhecimento de letras e palavras, mas em unidades maiores, como palavras
de um certo número de letras e enunciados de um certo mero de palavras. Isso
nos permite afirmar que “existe uma compreeno global que abrange palavras
inteiras.” (Neis, 1982, p. 45). No entendimento de Sophie Moirand (1979, p. 23), com
base em (COSTE, 1974), tem-se como hipótese de partida que:
Numa leitura “adulta” em língua materna as palavras são percebidas
globalmente no discurso e que a reconstrução semântica que implica o
processo de compreensão também depende de uma percepção global de
unidades linguísticas maiores. O “sentido” de um texto é percebido através
da sua organização lingüística e, os articuladores, as palavras-chaves e as
relações anafóricas constituem marcos para o leitor, marcos que surgem do
contexto lingüístico, mas que serão compreendidos à luz do saber anterior
do leitor e dos seus conhecimentos extralingüísticos.(tradução nossa)
Percebe-se que o pensamento de Rumelhart (1985) vem sustentar essa
ideia de percepção global do texto: processos lingüísticos de vel mais alto
(semântica ou significação), facilitam o processamento dos de nível mais baixo
(letras e palavras) e o domínio dos primeiros facilitam o domínio dos últimos”. Essa
compreensão global do texto acontece em uma leitura chamada por Neis (1982) de
leitura direta de sentido, a qual pode ser integral ou rápida e seletiva.
Na leitura rápida e seletiva, dá-se um levantamento global e o linear
buscando, em pontos diversos, elementos que lhe permitam formular hipóteses
sobre o sentido do texto, as quais serão, em seguida, confirmadas ou não. Nesse
tipo de leitura, o olho faz um movimento de ziguezague no texto.
Na leitura integral, ocorre um movimento aproximadamente linear, no qual
o olho do leitor percorre o texto a intervalos mais ou menos regulares e de tamanhos
maiores ou menores, permitindo ao leitor a captação mais global possível do sentido
do texto. Segundo Neis (1982, p. 46), “a leitura é constituída de visões não
propriamente encadeadas ou justapostas, mas alinhadas e, por vezes, superpostas”.
Em conformidade com essa visão está a de Fulgêncio e Liberato (2000, p.
25 ), as quais, baseando-se em Smith (1989), afirmam que: quando lemos, nossos
olhos sem movimentam. Esse movimento ocular executado na leitura o é linear e
contínuo, como se o olho estivesse escorregando” pelo papel”. É um movimento
que pode ser descrito como “um salto rápido e irregular, um pulo de uma posão
para outra”. Nos intervalos dos “saltos”, o leitor maduro realiza predições e
inferências, buscando confirmá-las ou não.
Nessa perspectiva, surge o conceito de competência textual, o qual se
relaciona com a chamada competência comunicativa. Distanciando-se da
competência Chomsky, pois essa nos remete ao domínio de um conjunto de regras
estruturadas, a competência textual engloba outros conhecimentos de natureza
linguística, referencial, pragmáticos, além do domínio propriamente textual. (NEIS,
1982).
O conhecimento linguístico pressupõe o conhecimento dos constituintes e
do funcionamento de determinada língua, ou seja, do sistema fonológico,
morfossintático, textual, conhecimento esse que foi, ao longo da história,
considerado o único conhecimento necessário para o entendimento de enunciados
em uma visão tradicionalista.
O domínio do conhecimento referencial é o domínio do assunto em
questão. Quanto maior for o conhecimento geral do leitor, maior será sua
competência textual. A exemplo disso: quando se realiza leitura de algum assunto
que não se domina, temos dificuldade bem maior em compreender. Esse domínio
esdiretamente relacionado aos conhecimentos do leitor, embora este contenha
outros domínios que o complementam, a exemplo do domínio do código linguístico
utilizado.
também que se considerar o domínio de um componente pragmático,
das relações entre os interlocutores, da situação de comunicação etc. A inserção de
uma dimensão pragmática na interpretação de enumerados torna-se fundamental
para a boa compreensão sobretudo no que diz respeito a aspectos como
intencionalidade, pressupostos e subentendidos etc. A propósito, o conhecimento de
aspectos discursivos torna-se importante para uma compreensão efetiva de
enunciado. Além desses conhecimentos aqui ressaltados, podemos afirmar que as
regras comunicativas de preservação das faces, o contrato de comunicação
estabelecido entre os interlocutores e as máximas conversacionais de Grice
contribuem para uma boa compreensão.
Por fim, um domínio propriamente textual também compõe a competência
textual. Nele insere-se a habilidade de recepção de textos como mensagens
organizadas que concretizam determinadas intenções do autor.
Podemos perceber, portanto, que existe uma série de competências e
habilidades que o leitor deve possuir para realizar uma leitura significativa. Neis
(1982, p. 55) afirma que, em sentido amplo, “a competência de leitura supõe
conhecimento e experiência no uso do sistema linguístico, conhecimento e pratica
do sistema pragmático de usos e convenções ligados à comunicação linguística, e
conhecimentos referentes ao tema do texto.
Essa construção de sentido é realizada pelo leitor através da percepção
de determinados tipos de índice, através dos quais ele constrói um sentido global
para o texto. Esses índices são divididos em formais, temáticos e enunciativos e são
observados à luz do terreno da pragmática.
Entre os formais, distinguimos aqueles aspectos puramente icônicos e
aqueles modelos semântico-sintáticos que revelam a estruturação do discurso. Neis
(1982) sugere que os índices icônicos são tipografia, distribuição de parágrafos,
chaves, ilustrações, grifos e pontuação. Os modelos semânticos e discursivos, os
quais revelam a estruturação do discurso, são os articuladores retóricos, gicos,
anafóricos, repetições etc. Esses índices formais são o que as teorias de natureza
cognitivista chamam de “informação visual” (SMITH, 1989), ou seja, informão
percebida, captada pelos olhos, sendo uma condição necessária, porém não
suficiente de leitura. (FULGÊNCIO; LIBERATO, 2000).
Os índices temáticos a que se refere Neis (1982) são palavras-chave ou
palavras-tema, localizadas no texto e relacionadas diretamente aos temas e
subtemas que constituem as variadas seções e parágrafos de um texto. Esses
índices são chave importante no que diz respeito à compreensão do texto, visto que
têm a função de ir progressivamente ativando conhecimentos do leitor, gerando um
processamento cruzado de informões novas e as já existentes.
O último tipo de índice o os enunciativos pelos quais o autor marca de
forma mais ou menos evidente sua orientação argumentativa, como também marca
a destinação ao receptor. Esses índices possuem uma natureza mais pragmática e
sua identificação está relacionada ao contexto de enunciação.
3.3 Os Níveis de Compreensão Leitora
A compreensão leitora tem que ser entendida como derivada de um
somatório de fatores constitutivos, configurando-se como um processo complexo.
Existem diversos estudos que colocam em termos tais fatores, desde visões mais
simples, como as que veem na leitura como uma reconstrução do sentido dado pelo
autor ao texto por parte do leitor, passando por estudos que estabelecem que ler é o
somatório de informações visuais a informações não visuais, conforme Smith (1989).
Opondo-se a essas visões, podemos citar a visão de Alliende e Condemarín (2005),
que atribuem à compreensão fatores derivados do autor, do texto e do leitor, sendo
essa uma posição mais abrangente, pois apresenta um novo fator que é o autor.
A proposta do nosso trabalho de pesquisa é verificar em qual nível de
compreensão leitora se encontram alunos do 3º ano do ensino médio de uma escola
pública da rede estadual do Ceará. Para o professor, saber identificar esse nível de
compreensão dos alunos é fundamental, visto que, com base nessa informão, ele
vai conseguir traçar seu plano, conteúdo, objetivo, método de ensino etc., de modo
que desenvolva esse aluno, observando seu autoprogresso. Vamos, portanto,
entender o que são níveis de compreensão leitora.
A divisão da compreensão leitora em níveis não é uma constante entre os
autores. Identificamos duas taxonomias mais estudadas: a de Barret (1982) e a de
Marchusci (1996a). Optamos pela primeira, a qual será detalhada mais adiante, por
ser mais didática. A de Marchusci (1996a) propõe a existência de cinco horizontes
de compreensão: 1) falta de horizonte, 2) horizonte nimo, 3) horizonte
máximo, 4) horizonte problemático e 5) horizonte indevido. O primeiro horizonte
(de repetição ou cópia) é o que esmais próximo do texto porque o leitor não se
sente autônomo para construir o seu significado, ficando preso à soberania do autor
que incutiu o sentido pretendido para o leitor apenas recuperá-lo. No segundo
horizonte (de paráfrase), o leitor ainda está próximo do texto porque es
preocupado em identificar informações objetivas que podem ser ditas de outra
forma, mas é capaz de fazer inferências mínimas. É no horizonte 3 que o aluno é
capaz de fazer inferências mais precisas, de perceber o sentido global do texto e ler
nas “entrelinhas”. No horizonte 4, o problemático ou da extrapolação, o leitor começa
a se afastar demais do texto e o sentido que ele cria privilegia os conhecimentos
pessoais mais do que as informações do texto. No horizonte 5 – o indevido – o aluno
es muito distante do texto fonte; por isso dizemos que há uma leitura errada
quando o leitor afirma a existência de informações que o texto não revelou, sendo
incoerente.
Um outro exemplo de avaliação de compreensão leitora é o teste do tipo
CLOZE, surgido das pesquisas de Taylor (1953, apud Alliende e Condemarín, 2005),
o que consiste na seleção de um texto de aproximadamente 200 vocábulos, do qual,
na proposta original do autor, omite-se um a cada cinco vocábulos, como forma mais
adequada para o diagnóstico da compreensão. Os examinados devem preencher as
lacunas com o vocábulo que julgarem ser mais apropriado para a constituição de
uma mensagem coerente e compreensiva. Os escores são obtidos somando-se o
número de lacunas preenchidas corretamente.
De acordo com o resultado do teste, pode-se classificar o desempenho
em três níveis de leitura. O nível de frustração, o qual corresponde ao percentual de
acerto de a44% do total do texto, indica que o leitor conseguiu retirar poucas
informações da leitura e, consequentemente, obteve pouco êxito na compreensão. O
vel instrucional, que corresponde a um percentual de acertos entre 44% e 57%
do texto, mostra que a compreensão da leitura é suficiente, porém indica a
necessidade de auxílio adicional externo (do professor, por exemplo). Por fim, o
vel independente corresponde a um rendimento superior a 57% de acertos no
texto, e equivale ao nível de autonomia na compreensão de um texto.
A nossa pesquisa optou por classificar a compreensão leitora dos alunos
de acordo com a taxonomia de Barret (1968), estudada por Alliende e Condemarín
(2005).
3.3.1 Os níveis de compreensão leitora por Alliende e Condemarín
(2005)
O estudo que desenvolvemos, após identificar outras taxonomias, optou
pela abordagem de níveis de compreensão fundamentadas na taxonomia de Barret
(1968), considerando que são os níveis de maturidade e destreza que o leitor
apresenta na leitura de um texto. O desempenho do leitor depende do seu grau de
maturidade. A divisão da compreensão leitora em cinco níveis diferenciados, tem por
vel mais básico o da compreensão literal subdividido em reconhecimento e
lembrança e refere-se à recuperação da informação explicitamente colocada no
texto. O nível seguinte é o da reorganizão, o qual consiste em dar uma nova
organização às ideias, informações ou outros elementos do texto, através de
processos de classificação e síntese. A compreensão inferencial consiste na
formulação de hipóteses e conjecturas utilizando as informões e ideias do texto,
sua intuição e experiência pessoal. Acima da compreensão inferencial está a
chamada leitura crítica, pela qual o leitor deve formular um juízo de valor,
comparando as idéias apresentadas no texto com critérios externos, dados pelo
professor, por outras autoridades ou por outros meios escritos, ou então com um
critério interno, dado pela experiência do leitor, seus conhecimentos e valores. O
último nível é o da apreciação, o qual
implica todas as considerações prévias, por que tenta avaliar o impacto
psicológico ou estético que o texto produziu no leitor. Abrange o
conhecimento e a resposta emocional às técnicas literárias, ao estilo e às
estruturas. (ALLIENDE; CONDEMARÍN, 2005, p. 146-148).
É preciso ressaltar que essa classificão foi criada para textos narrativos,
mas pode ser aplicada a outros tipos de textos, de acordo com os autores.
Para o estudo que estamos desenvolvendo, serão avaliados
objetivamente os níveis de compreensão inferencial e crítico, por pensarmos que, ao
alcançar esses níveis, os alunos já estariam, naturalmente, alcançando os dois
veis mais básicos. O nível de apreciação não fará parte das categorias de análise
por possuir uma abrangência maior, sendo composto de impacto psicológico e
apreciação estética, contando com a avaliação da resposta emocional sobre o leitor,
o que, acreditamos, dispersaria uma avaliação mais objetiva sobre a compreensão
leitora.
O nível de compreensão inferencial requer que o leitor utilize as
informações explícitas e todos os seus conhecimentos para interpretar, inferir,
concluir o que estiver implícito. Entendemos inferência como um pressuposto da
comunicação humana, visto que seria impossível pensarmos em uma comunicão
na qual todas as informações fossem fornecidas pelo autor do texto. Podemos
exemplificar como inferenciais os seguintes questionamentos: Quais detalhes
adicionais que o autor não manifestou em texto, mas que estão subtendidos? Qual o
tema (ideia principal) deste parágrafo, texto, capítulo, etc.? Como se um
personagem “x”, mesmo não estando explícitas suas características? O que dizemos
tamm com relação a esse nível é que o autor, ao escrever um texto, não escreve
tudo que poderia estar ali, visto que, assim, não haveria espaço para tanta
informação. Por isso, ele conta com que sejamos cooperativos, “adivinhando” as
informações implícitas ou utilizando as que fazem parte de nosso conhecimento
prévio, deduzindo o que não foi expresso a partir dos dados que o texto fornece.
Segundo Alliende e Condemarín (2005), no nível de compreensão crítico,
o leitor pode emitir dois tipos de juízo, uma de realidade ou fantasia e outro de valor.
Pelo juízo de realidade ou fantasia, pede-se ao aluno para distinguir o real e o que
pertence à fantasia do autor; pelo juízo de valor, pede-se ao aluno que julgue as
atitudes dos personagens. Para realizar um julgamento crítico, supomos que o aluno
tenha tido uma compreensão leitora razoável o suficiente para entender, não só a
hisria, como seus pressupostos e subentendidos.
De uma maneira geral, podemos resumir o modelo de compreensão
leitora baseado na taxonomia de Barret (1968) da seguinte forma:
Compreensão Literal:
Refere-se à recuperação da informão explicitamente colocada no texto.
Pode ser dividida em reconhecimento e lembrança.
Reconhecimento:
Consiste na localização e identificação de elementos do texto.
Reconhecimento de detalhes: localizar e identificar fatos, tais como
nomes de personagens, incidentes, tempo e lugar da história.
Reconhecimento de ideias principais: localizar e identificar uma oração
explícita no texto que seja a ideia principal de um parágrafo ou de um trecho mais
extenso do texto.
Reconhecimento de sequências: localizar e identificar a ordem de
incidentes ou ações explicitamente colocadas no trecho escolhido.
Reconhecimento das relações de causa e efeito: localizar ou identificar
as razões que, estabelecidas com clareza, determinam um efeito.
Reconhecimento de traços de personagens: localizar ou identificar
colocações explícitas sobre um personagem que ajudem a destacar o tipo da
pessoa em questão.
Lembrança
O estudante deve reproduzir de cor: fatos, épocas, lugar da hisria, fatos
minuciosos, ideias ou informações colocadas claramente no texto.
Lembrança de detalhes: reproduzir de cor fatos, tais como nomes de
personagens, fatos minuciosos, tempo e lugar da história.
Lembrança de ideias principais: saber a ideia principal de um texto,
sobretudo quando ela se achar expressamente estabelecida. Pode referir-se
tamm ás ideias principais de alguns parágrafos.
Lembrança de sequências: consiste em saber de cor a ordem dos
incidentes ou ações colocados com clareza no texto.
Lembrança de relações de causa e efeito: citar as razões
explicitamente estabelecidas que determinam um feito.
Lembrança de traços de personagens: reproduzir a caracterização
explícita dos personagens que aparecem no texto.
Reorganização
Consiste em dar uma nova organizão às ideias, informões ou outros
elementos do texto, mediante processos de classificação e síntese.
Classificação: consiste em localizar em categorias as pessoas, lugares e
ões mencionados no texto, ou em exercer a atividade classificatória sobre
qualquer elemento do texto.
Esboço: consiste em reproduzir o texto de maneira esquemática. Pode-
se falar através de frases ou mediante representação ou disposições gráficas.
Resumo: consiste na condensação do texto, mediante frases que
reproduzem os fatos ou elementos principais.
Síntese: consiste em refundir diversas idéias, fatos ou certos elementos
do texto através de formulações mais abrangentes.
Compreensão inferencial
Requer que o estudante use as ideias e informações explicitamente
colocadas no texto, sua intuição e experiência pessoal como base para conjeturas e
hipóteses. As inferências podem ser de natureza convergente ou divergente e o
estudante pode ou não ser chamado para verbalizar a base racional de suas
inferências. Geralmente a compreensão inferencial se estimula mediante a leitura, e
as perguntas do professor demandam pensamentos e imaginação que vão além da
página impressa.
Inferência de detalhes: conjeturar sobre os detalhes adicionais que o
autor poderia ter incluído no texto, para torná-lo mais informativo, interessante ou
atrativo.
Inferência de ideias principais: induzir a ideia principal, significado
geral, tema ou conclusão moral que não estão expressamente colocados no texto.
Inferências de sequências: determinar a ordem das ações se a
sequência não estiver claramente estabelecida no texto. Consiste tamm em
determinar as ações que precederam ou seguiram às mostradas no texto.
Inferência de causa e efeito: levantar hipóteses sobre as motivações
dos personagens e suas interações como o tempo e lugar. Implica também
conjeturar sobre as causas que atuaram na base das chaves explícitas
apresentadas no texto.
Inferência de traços dos personagens: determinar características dos
personagens que não aparecem explicitamente no texto.
Leitura Crítica
Pede que o leitor formule um juízo de valor, comparando as ideias
apresentadas no texto com critérios externos, dados pelo professor, por outras
autoridades ou por outros meios escritos, ou então com um critério interno, dado
pela experiência do leitor, seus conhecimentos e valores.
Juízos de realidade ou fantasia: pede ao aluno distinguir o real e o que
pertence à fantasia do autor.
Juízo de valores: pede que o aluno julgue a atitude do personagem ou
dos personagens.
Apreciação
Implica todas as considerações prévias, por que tenta avaliar o impacto
psicogico ou estético que o texto produziu no leitor. Abrange o conhecimento e a
resposta emocional às técnicas literárias, ao estilo e às estruturas.
Portanto, diante dos veis expostos, percebemos que o nível de
compreensão inferencial é o que mais cobra a atenção do processo de ensino e
desenvolvimento da competência leitora, pois a proficiência leitora, nesse nível,
representa uma habilidade que o leitor apresenta em reter e evocar informações.
Kleiman (2000, p. 25) mostra que uma pesquisa feita com leitores, objetivando-se
constatar se o leitor lembrava das informações expcitas ou implícitas, revelou que o
problema com relação àquele que não retém nem evoca as informações pode estar
na falta de habilidade em fazer inferências. Assim, ela se expressa: “Há evidências
experimentais que apresentam com clareza que o que lembramos mais tarde, após
a leitura, são as inferências que fizemos durante a leitura; o lembramos o que o
texto dizia literalmente.”
Acreditamos que, por ser a compreensão leitora um processo
complexo e decorrente de fatores diversos, a sua avaliação deve ser criteriosa e,
principalmente, se aproximar o máximo da realidade do aluno. Existem,
naturalmente, diversas outras técnicas de avaliação, como por exemplo os testes
conhecidos como tipo cloze, os testes estandardizados, que visam uma
comparação do nível de um curso em relação às normas nacionais. (ALLIENDE;
CONDEMARÍN, 2005, p. 152).
3.4 Processo Inferencial
Uma noção importante, para não dizer central, no contexto da
compreensão leitora é a de inferência. Muito embora ela seja de extrema
importância para os estudos relacionados com a compreensão de textos.
(MARCUSCHI, 2008; KLEIMAN, 2000), esse conceito geralmente não é bem
definido, pois cada pesquisador (ou grupo de pesquisadores) o define de maneira
distinta, de acordo com o tipo de pesquisa e de dados que estão sendo analisados.
Dessa forma, o termo inferência tem sido usado para descrever as mais variadas
operações cognitivas, que o desde a identificação do referente de elementos
anafóricos até a construção de esquemas ou modelos mentais dos textos.
De uma maneira geral, podemos afirmar que a inferência é uma operação
cognitiva que permite ao leitor construir novas proposições a partir de outras
dadas. Essa nos parece semelhante a uma visão da inferência dada (DELL'ISOLA,
2001, p. 44), o qual afirma que: Inferência é um processo cognitivo que gera uma
informação semântica nova a partir de uma informação semântica anterior, em um
determinado contexto.
Sobre a questão do papel das inferências na compreensão textual, é de
grande valia citar o trabalho de Machado (2005), o qual apresenta a inferência como
um processo particular de adivinhação, noção próxima à de Goodman (1985, p.
833): “inferência é uma estratégia geral de adivinhação, com base no que é
conhecido, informão que é necessária, mas não conhecida”.
Outra questão que se ressalta neste trabalho é apresentar algumas
importantes definições de inferências, do ponto de vista de diferentes pesquisadores
que têm se interessado pelo tema. Aqui, apresentaremos algumas definições
encontradas no referido trabalho:
1. Em Coscarelli (2003), encontramos a definição de McLeod (1977),
segundo o qual inferências são informões cognitivamente geradas com base em
informações explícitas, linguísticas ou não linguísticas, desde que em um contexto
de discurso escrito contínuo e que não tenham sido previamente estabelecidas.
2. No mesmo trabalho de Coscarelli (2003), localizamos a definição de
Frederiksen (1977), segundo o qual inferências ocorrem sempre que uma pessoa
opera uma informão semântica, isto é, conceitos, estruturas proposicionais ou
componentes de proposições, para gerar uma nova informação semântica, isto é,
novos conceitos de estruturas proposicionais.
3. Beaugrande e Dressler (1981 apud KOCH; TRAVAGLIA, 1989) veem
as inferências como operações que consistem em suprir conceitos e relações
razoáveis para preencher lacunas (vazios) e descontinuidades em um mundo
textual. Para esses autores, o processo inferencial busca sempre resolver um
problema de continuidade de sentido.
4. Para Goodman (1985, p. 833), “inferência é uma estratégia geral de
adivinhação, com base no que é conhecido, informação que é necessária, mas não
conhecida”.
5. Dell'Isola (2001), fundamentando-se em Rickheit; Schnotz e Strohner
(1985), afirma que: Inferência é um processo cognitivo que gera uma informação
semântica nova a partir de uma informação semântica anterior, em um determinado
contexto. Inferência é, pois, uma operação cognitiva em que o leitor constrói novas
proposições a partir de outras dadas. Não ocorre apenas quando o leitor
estabelece elos lexicais, organiza redes conceituais no interior do texto, mas
tamm quando o leitor busca, extratexto, informões e conhecimentos adquiridos
pela experiência de vida, com os quais preenche os ‘vazios’ textuais.
Como se pode perceber, uma diversidade de definições de inferência,
das quais foram citadas apenas algumas que consideramos mais frequentes. Todas,
contudo, parecem apontar uma característica fundamental desse processo, trazer
uma informação que não esno texto, seja através de adivinhação, como afirma
Goodman, seja através da geração de informão semântica nova, como afirmam
Rickheit; Schnotz e Strohner (1985).
Rickheit; Schnotz e Strohner (1985) destacam ainda que o processo de
compreensão do discurso deve ser dividido nos seguintes subprocessos de geração
de informação:
Decodificação: é a geração de informação semântica a partir de
informação não semântica.
Codificação: é a geração de informação não semântica a partir de
informação semântica.
Inferência: é a geração de informação semântica a partir de informação
semântica.
O conceito de inferência torna-se central no nosso trabalho, uma vez que,
dentre os veis de compreensão leitora a que se referem Alliende e Condemarín
(2005), está em um vel de leitura chamado de inferencial, no qual o leitor é levado
a usar as idéias e informações explicitamente colocadas no texto, sua intuição e
experiência pessoal como base para conjeturas e hipóteses. Na verdade, os níveis
de compreensão mencionados acima são em mero de cinco, sendo a
compreensão inferencial um deles. A pesquisa que estamos fazendo avalia os
veis inferencial e crítico de leitura dos informantes selecionados, daí a importância
de se entender o que é infencia e qual o seu papel no processo de compreensão.
É preciso destacar também, neste estudo, que uma diversidade de
classificações de tipologias de inferências, das quais citaremos a proposta de
Marcuschi (1989, apud Ferreira e Dias, 2004), o qual classifica os tipos de
inferências em:
Inferências lógicas: relações lógicas submetidas aos valores de
verdade na relação entre as proposições (abordagem crítica).
Inferências analógicas: conhecimentos de itens lexicais e relações
semânticas (os significados das palavras).
Inferências pragmático-culturais: experiências, crenças, ideologias
e axiologias individuais (valores individuais).
No entanto, essa classificação deve ser complementada com a proposta
de Machado (2005), o qual propõe que se combinem diversas classificações, a partir
dos seguintes critérios:
a) Quanto ao conteúdo semântico:
1. inferências lógicas: são as que respondem principalmente à pergunta
“por quê?” e buscam explicitar as causas e as consequências dos fatos, eventos e
emoções presentes no texto;
2. inferências informativas: são as que buscam estabelecer as referências
do texto (dêiticas, analógicas, metafóricas, metonímicas etc.) e o contexto espaço-
temporal dos eventos. São aquelas inferências que buscam responder às perguntas:
quem? o quê? onde? quando?
3. inferências avaliativas: são aquelas que, baseadas nas crenças e
valores dos sujeitos, respondem às questões do tipo: a personagem agiu certo ou
errado? fez bem ou mal? qual seu estado emocional (estava alegre, triste, com
medo...)?
b) Quanto à origem das inferências:
1. inferências de base textual: o aquelas inferências feitas a partir da
relação de duas ou mais proposições (macro ou microposições) presentes no texto
fonte;
2. inferências de base contextual: são aquelas realizadas ao se
estabelecerem relações entre proposições presentes no texto fonte e o contexto;
3. inferências sem base textual: são inferências realizadas sem
fundamentos textuais, constituindo-se em extrapolações ao conteúdo do texto.
c) Quanto à necessidade das inferências:
1. inferências conectivas: são aquelas necessárias à compreensão
porque ligam partes do texto, e sem as quais o texto torna-se ininteligível ou sem
sentido;
2. inferências elaborativas: são as que, embora possam ser feitas, não
o necessárias. Ocorrem quando o leitor usa seu conhecimento sobre o tópico em
discussão para preencher detalhes adicionais não mencionados no texto, ou para
estabelecer conexões entre o que está sendo lido e itens relacionados ao seu
conhecimento pessoal.
Como podemos perceber, a tarefa de estabelecer critérios de
classificação das inferências é complexa e exaustiva. Nosso objetivo, nesta
pesquisa, não é tratar diretamente dessa classificação, embora julguemos pertinente
apresentar algumas noções para que possamos avaliar o quão importante é o
conhecimento deste processo mental e cognitivo chamado de inferência para os
estudos de compreensão leitora.
CATULO 4: METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
4.1 Introdução
Este capítulo trata da apresentação dos pontos metodológicos que
nortearam a pesquisa, assim como as hipóteses e procedimentos adotados.
Na pesquisa realizada, identificamos alguns problemas que necessitavam
de esclarecimento, na apreensão do objeto. A primeira questão que norteou a
pesquisa era saber em que níveis de compreensão leitora se encontram os alunos
do 3º ano do ensino médio de uma escola pública no município de Quixeramobim?.
Outra questão que se configurou importante foi os alunos realizam todas as etapas
do processo de leitura em busca da compreensão leitora?.
Com relação à primeira questão, podemos afirmar que se trata de uma
questão fundamental, pois é a que pretendemos investigar com maior rigor, visto ser
o próprio tema da pesquisa. A segunda questão, acreditamos ter estreita relação
com a primeira, pelo fato de, acreditarmos em Marchusci (2008) ao afirmar que: “Ler
é um ato de produção e apropriação de sentido que nunca é definitivo e completo”.
Essa visão nos remete à questão da leitura enquanto processo. Tendo em vista que,
nosso objetivo principal foi verificar a relação do processo com a compreensão
dentro de uma perspectiva avaliativa.
Em uma perspectiva aplicada, pensar em avaliação de compreensão é
pensar em um trabalho de leitura com objetivos, constantemente planejado pelo
professor de acordo com os objetivos do ensino de língua materna. Para avaliar a
compreensão leitora, Alliende e Condemarín (2005) relacionam alguns métodos, tais
como Técnicas de Completação, Teste com Referência a Critérios, Avaliações
Taxonômicas e Testes Estandardizados.
Para essa avaliação, adota-se a avaliação taxonômica com base em
Barret (1968), o qual apresenta cinco dimensões cognoscitivas e afetivas da
compreensão leitora: a compreensão literal, a reorganização, a compreensão
inferencial, a leitura crítica e a apreciação. Contudo, a avaliação foi feita com base
apenas em três dimensões, a literal, inferencial e crítica. Procuramos, dentro dessas
três dimenes, classificar os resultados dos testes aplicados aos alunos.
4.2 Questões da Pesquisa
A pesquisa que fizemos tem o objetivo maior de analisar os níveis de
compreensão leitora de alunos do 3º ano do ensino médio da rede estadual do
Ceará e de identificar em qual nível ou níveis eles estão de acordo com a taxonomia
de Barret (1968) apresentada no item que trata dos níveis de compreensão leitora
no capítulo anterior.
Acreditamos que é necessário, em primeiro lugar, diante da complexidade
de se definir o que é leitura, identificar o processo de leitura na perspectiva teórica,
afiliando-o a um modelo, dentre tantos que existem. Essa necessidade nos
apresenta, portanto, uma outra necessidade: buscar nos textos teóricos o suporte ou
teoria de base para nossa pesquisa. Atualmente entendemos a leitura de acordo
com a perspectiva de Kleiman (2004), segundo a qual:
A leitura como prática social é a concepção predominante hoje nos
estudos de leitura. Na Linguística Aplicada, ela é subsidiada teoricamente pelos
estudos do letramento. Nessa perspectiva, os usos da leitura estão ligados à
situação. São determinados pelas histórias dos participantes, pelas características
da instituição em que se encontram, pelo grau de formalidade ou informalidade da
situação, pelo objetivo da atividade de leitura, diferindo segundo o grupo social.
Tudo isso realça a diferença e a multiplicidade dos discursos que envolvem e
constituem os sujeitos e que determinam esses diferentes modos de ler.
Essa concepção compreende a complexidade do ato de ler. Portanto, não
se pode mais ver a leitura numa perspectiva cognitiva, mas também social, uma vez
que a prática social envolve sujeitos socialmente determinados. Dentro dessa nova
conceão, a pesquisa propôs responder a algumas questões em busca do objeto,
descritas a seguir:
Descrever as estratégias de leitura, procurando identificar um modelo de
leitura que envolva todas as ações praticadas dentro do processo de leitura.
Descrever os níveis de compreensão leitora de acordo com uma
taxonomia adotada, que permita aplicação em um exame procedido em sala de aula
de língua materna.
Descrever e analisar os veis de compreensão leitora de alunos do
ano do ensino médio da rede estadual do Ceará, através de dados coletados em
exames a serem realizados em sala de aula de língua materna, o que constituio
corpus da pesquisa.
4.3 Hipóteses
Este trabalho tem por hipótese principal a existência de diferentes níveis
de compreensão leitora, sendo uns mais superficiais e outros mais profundos, como
explicitado abaixo. É importante ressaltar que os níveis partem da decodificação,
chegando aos mais complexos que envolvem posicionamentos afetivos, como é
colocado na taxonomia de Barret (1968) usada na análise do corpus.
Entendemos como níveis diferenciados em superficialidade os mais
básicos como o de decodificação, no qual não é preciso realizar nenhum tipo de
inferência ou processo mais complexo, requerendo apenas o conhecimento do
digo linguístico para sua realizão. Em outro nível de complexidade está, por
exemplo, o nível inferencial, o qual tem como requisito a realização de uma
inferência por parte do aluno. Isso significa ser necessário que o aluno insira uma
informação semântica nova, a partir de informação semântica prévia no texto, de
acordo com Rickheit; Schnotz e Strohner (1985). Um aprofundamento do nível
inferencial seria o nível crítico de compreensão, nele é necessário que o informante
realize um juízo de valor, o que se configura como um julgamento, no qual o caráter
de subjetividade é colocado mais em evidência do que em níveis mais básicos.
Supomos que, ao conhecer o vel de compreensão leitora do seu aluno,
o professor poderá utilizar estratégias didáticas mais adequadas, mudando, dessa
forma, o nível em que o aluno se encontra. Essa hipótese é importante para esta
pesquisa, pois a constituição do corpus é feita através de dois textos e respectivos
exercícios, que tentaremos o identificar os veis de compreensão em cada
tarefa de leitura, mas também comparar os níveis nos dois momentos do exercício,
no primeiro e no segundo questionário.
Ao assumirmos o pressuposto de que a leitura é um processo ativo que
envolve o uso de inferências, de adivinhações e de esquemas mentais
compartilhados socialmente, acreditamos que o aluno aumenta o vel de
compreensão leitora ao ler de maneira completa, realizando todas as tarefas
cognitivas pertinentes à atividade de leitura com sucesso.
O nosso trabalho, no entanto, busca analisar as hipóteses tendo como
sujeitos um grupo específico, alunos do 3º ano do ensino médio de uma escola
pública da rede estadual do Ceará. Espera-se que os informantes possam responder
adequadamente o exercício, realizando inferências sobre o texto com base em seus
conhecimentos, os quais não trazem como tema assuntos que estejam fora do
universo cultural dos alunos. Temos alguns parâmetros para a correção do
exercício, no que diz respeito a essas inferências. O pesquisador não leva em
consideração se a resposta está correta, mas se a questão foi respondida a partir de
inferências, mesmo que seja uma resposta diferente a que o pesquisador formulou.
Espera-se, ainda, que o informante possa analisar o texto e, nas questões
que buscam evidências de um nível crítico de compreensão, possam emitir juízos a
respeito do assunto em questão, a exemplo do que Alliende e Condemarín (2005)
estabelecem para esse nível, que são os juízos de dois tipos, um de realidade ou
fantasia e também um juízo de valor, ou seja, informar se o acontecido é verdadeiro,
se é real etc.
4.4 Descrição dos Procedimentos da Pesquisa
A pesquisa objeto deste trabalho constituiu-se seguindo várias etapas.
Desde a formulação das hipóteses prévias e constituição das categorias de análises
até a avaliação e análise do corpus, bem como verificação dos resultados obtidos,
muitas etapas são cumpridas.
Conforme dito anteriormente, o primeiro ponto é a formulação de um
problema ou problemas que serão estudados. Nessa etapa da pesquisa, assim
como na formulação das hipóteses, o que se está fazendo é a constituição do objeto
e, nesse nível, muito do trabalho ainda se encontra na mente do pesquisador. Há,
contudo, etapas práticas que se seguem a essas de natureza mentalista e empírica,
as quais veremos a seguir:
A constituição do instrumento de pesquisa, com base no objeto
estabelecido e em consonância com o referencial teórico adotado tornou-se uma
importante etapa neste trabalho, pois é preciso estar em total acordo com os
pressupostos adotados.
Após essa etapa, segue-se a aplicação da pesquisa. A escola é o
ambiente de leitura por excelência e, por isso, é o cenário mais adequado para
avaliar a compreensão leitora. Optamos por uma escola da rede pública estadual,
especificamente no interior do estado, em virtude de termos identificado carências
de pesquisas, visto que, grande parte dos pesquisadores trabalha na capital.
Escolhida a escola, a etapa seguinte seria escolher a turma e dialogar
com a professora, a fim de verificar se ela aceitaria fazer parte da nossa pesquisa.
Essa abordagem é, por vezes, delicada que os professores se sentem também
avaliados. Ao contrário do que pensávamos, a professora se predispôs totalmente a
colaborar com o trabalho, ressaltando que já havia feito pesquisa em salas de aula e
sabia o quanto isso era necessário. Juntamente com ela, passamos a escolher a
turma. No primeiro momento, o pesquisador afirmou à professora que não desejava
uma turma de desempenho excepcional nem tampouco uma turma de desempenho
irregular. O critério de escolha da turma era o de apresentar aos olhos da professora
uma maior homogeneidade no que diz respeito às notas de desempenho escolar.
Após a escolha da turma passamos à aplicação do instrumento.
Utilizamos um dia para cada aplicação conforme nos foi cedido. Tudo transcorreu
normalmente.
Constituído o corpus, a última etapa da pesquisa é a análise dos dados, a
fim de se chegar a um resultado.
4.5 Sujeitos da Pesquisa
Os sujeitos participantes da pesquisa foram 30 alunos da Escola de
Ensino Fundamental e Médio Assis Bezerra, localizada no município de
Quixeramobim. Acreditamos que a escola e o professor devem ser caracterizados no
intuito de apreendermos o objeto da forma mais adequada. Para uma melhor
compreensão dos sujeitos envolvidos na pesquisa, resolvemos agru-los em três, a
escola, a professora e os alunos, dos quais serão apontados cada perfil
individualmente.
4.5.1 A escola
A escola pública do interior do Estado possui um perfil um pouco diferente
da escola da capital, visto que, em muitos municípios, o escola particular,
restando como opção apenas a pública.
Acreditamos que a escolablica tem a necessidade de receber em suas
dependências pesquisadores acadêmicos, contribuindo dessa forma para o avanço
nas pesquisas. Contudo a relação com a escola deve prever também que o
pesquisador possa contribuir verdadeiramente com estabelecimento de ensino,
propondo soluções para os reais problemas da educação. O foco desta pesquisa
não é a aula de leitura em si, mas também a compreensão do aluno, ou seja, não
está focada no professor, mas nos alunos.
A pesquisa que realizamos o pode ser totalmente compreendida sem
que exponhamos algumas informações relevantes sobre a citada escola. O objetivo
dessa contextualizão é trazer algumas considerações. As informões que
apresentaremos a seguir estão disponíveis para toda a comunidade e expostas em
um mural da gestão situado na entrada da escola conforme encontramos
normalmente em todas as escolas da rede pública estadual. É preciso deixar claro
que o motivo pelo qual foi escolhida uma escola pública da rede estadual foi devido
acreditarmos, por experiência própria, que tais escolas são mais carentes de
professores, de pesquisadores e de projetos que possam contribuir para a melhoria
da qualidade de ensino. O diagnóstico adequado da compreensão leitora em alunos
de escolas públicas pode nos proporcionar subsídios para a elaboração de planos
de trabalho com vistas a mudar o vel de compreensão dos alunos.
A Escola de Ensino Fundamental e Médio Assis Bezerra, essituada à
rua Cel. Francisco Ivo nº. 60, no bairro Centro, na cidade de Quixeramobim, a qual
faz parte do Centro Regional de Desenvolvimento da Educação nº 12 (CREDE 12).
Possui dois anexos: a Escola de Ensino Fundamental Benigno Bezerra e a Escola
de Ensino Fundamental Dr. Adolfo Siqueira Cavalcante. Tem como missão, de
acordo com o quadro que serviu com fonte de informações:
Contribuir para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, numa gestão
democrática, onde o aluno possa conceber e construir o conhecimento a
partir de uma visão de mundo reflexiva e crítica, possibilitando, assim, seu
sucesso na vida pessoal e profissional. (Mural da escola).
No ano de 2008, conta com um total de 775 alunos matriculados, dentre
eles, 236 estão no ensino fundamental e 539 no ensino médio. Esse total de alunos
esdistribuído em 21 turmas, dentre as quais, 10 pela manhã, 08 à tarde e 03 à
noite. Contudo, a Escola de Ensino Fundamental e Médio Assis Bezerra dise de
turmas da e 9ª séries do fundamental e 1º, e anos do ensino médio. Para
atender todas essas turmas, possui um quadro de 16 professores em sala de aula,
sendo 07 mulheres e 09 homens.
A estrutura da unidade de ensino é satisfatória, contando com 12 salas de
aula, laboratório de ciências, laboratório de informática, biblioteca e centro de
multimeios, am de quadra de esportes e ampla área de convivência. A estrutura
física da escola segue um padrão arquitetônico amplamente utilizado nos prédios da
Secretaria de Educação do Estado do Ceará. Na biblioteca, está situada uma
espaçosa sala de leitura, local que pode ser frequentado livremente pelos alunos e,
de acordo com a funcionária encarregada, é realmente utilizada por diversos alunos
da escola. Como podemos observar, é uma escola que dispõe de toda a estrutura
para atender à comunidade.
4.5.2 Perfil da professora
A professora, em cujas aulas obtivemos a constituição do corpus, foi
bastante acessível ao nosso trabalho, mostrando-se interessada em prestar o
ximo de informações para contribuir na pesquisa. Ela é natural e residente na
cidade de Quixadá, onde fez toda sua formação acadêmica em Letras, na
Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC),
instituição de ensino pertencente à Universidade Estadual do Ceará (UECE),
tendo concluído sua graduação no ano de 2001.
Prestou concurso para professora substituta da Secretaria de
Educação do Estado do Ceará no ano de 2003 e foi efetivada como professora da
rede estadual de ensino a partir de 2007. Trabalha exclusivamente na Escola de
Ensino Fundamental e Médio Assis Bezerra desde 2006, nos três turnos do
ensino médio.
É interessante observar que a docente possui pós-graduação em Ensino
de ngua Portuguesa. Queríamos saber se possuía concepções mais tradicionais
ou concepções mais próximas da Linguística. A professora nos informou que tem um
bom conhecimento a respeito das noções veiculadas pela Linguística, a exemplo
das noções de variação, de texto, de linguagem, de língua, de análise linguística etc.
Essas informações nos foram repassadas através de uma conversa prévia com ela.
O pesquisador perguntou, em determinado momento, que contribuições dessas
teorias se refletiam em sua aula de leitura. A docente afirmou que procura trazer os
alunos à participação e que os sentidos veiculados nos textos são explorados por
todos e construídos coletivamente.
Outro aspecto ressaltado é a procura constante de contribuições de textos
externos, ou seja, quando um assunto tem potencial para ser trabalhado através de
textos complementares, ela o faz e isso, segundo a docente, contribui bastante para
a formação do conhecimento geral dos alunos, pois enriquece os conteúdos. A aula
de leitura em si, além de dinâmica, traz aos alunos a possibilidade de exercitar a
leitura tanto silenciosa quanto em voz alta. Os textos e conteúdos não são
trabalhados em apenas uma aula, normalmente se ultrapassa o limite e o trabalho
segue na semana seguinte.
4.5.3 Perfil dos alunos
A turma de alunos pesquisada possui um total de 30 sujeitos, sendo
composta por 18 do sexo feminino e 12 do sexo masculino. São alunos do 3º ano do
ensino médio, ou seja, concludentes do vel médio. Apenas 25 deles participaram
da pesquisa, uma vez que o restante havia faltado à aula no dia da aplicação.
Os informantes envolvidos na pesquisa vêm de classe social
desfavorecida e muitos são filhos de agricultores e pecuaristas do município ou de
funcionários de bricas da região. Uma parte dos informantes, a qual não sabemos
precisar a quantidade, vêm em carros “de horário”, conhecidos por pau-de-arara”,
veículos adaptados que servem para condução de pessoas dos distritos para a sede
do município. Normalmente chegam com algum atraso em função da dificuldade das
estradas quebradas. Podem sair mais cedo tamm, visto que os carros têm horário
para sair.
Os alunos que participaram da atividade, todos de uma mesma turma,
foram escolhidos pela professora em função de a turma, como um todo, possuir um
bom desempenho na disciplina de Língua Portuguesa. Esse foi um motivo particular
da professora, a qual os disponibilizou para a atividade seguindo este critério
particular. No entanto, o pesquisador deixou claro para a professora da turma que
não se desejava para esta investigação uma turma de desempenho excepcional,
muito menos uma turma de desempenho abaixo da média, mas sim uma turma com
desempenho médio, o mais próximo possível do padrão de normalidade.
Não se desejava uma turma com muitos reprovados, mas dentro da idade
escolar correta, correspondente à idade prevista pela regulamentação, ou seja, com
idade média de 17 anos. Em relação ao sexo, o identificamos quantitativo de
informantes do sexo masculino e do sexo feminino, visto que não fazia parte dos
objetivos do trabalho. Em relação à turma, não desejamos aprofundar os perfis dos
sujeitos, tampouco relacionar características individuais e coletivas, pois o é
objetivo desta pesquisa relacionar os fatores de compreensão a aspectos sociais da
turma, uma vez que o controle dessas variáveis direcionaria o trabalho para outros
objetivos.
4.6 Constituição do Instrumento de Pesquisa
O instrumento de pesquisa elaborado pelo pesquisador consta de dois
textos e oito questões de compreensão para cada texto. O primeiro texto do
instrumento é um texto narrativo, de autoria de Rachel de Queiroz. A escolha deve-
se à taxonomia de Barret (1968), embora seja aplicada a outros tipos textuais, foi
elaborada para uma classificação de compreensão especialmente em textos
narrativos. Outro motivo foi a autora, nascida em Fortaleza no Ceará, mas com
raízes familiares profundas em Quixadá, na mesma região onde se situa a escola,
precisamente no município vizinho de Quixeramobim. O texto trata de uma situação
comum para a cultura regional, retratando a história de um cador que inicia seu
filho na sua atividade. Ao se depararem com uma oa, o pai força o filho a ficar
preso com o animal em um toca, de onde apenas um sairia vivo. O poder do pai
sobre ele é, então, questionado no texto. E essa é uma realidade para os jovens, os
quais normalmente se vêem ainda submetidos a um regime patriarcal intenso. O
texto “História para o Flávio” representa a possibilidade dos alunos opinarem sobre
temas caros às suas vidas tais como cultura, família, distribuição de renda,
desenvolvimento, entre outros.
Para a construção das questões, recorremos às dimenes cognoscitivas
e afetivas da compreensão leitora, através de uma síntese e adaptação formulada
por Alliende e Condemarín (2005). Segundo Alliende e Condemarín (2005, p. 148), a
compreensão inferencial “requer que o estudante use as idéias e informações
explicitamente colocadas no texto, sua intuição e experiência pessoal como base
para conjeturas e hipóteses”. Nessa sentença, os autores apresentam os
pressupostos para a formulação de um pensamento fundamentado em inferências,
detalhando a seguir que elas podem ser convergentes ou divergentes, não nos
interessando essa diferenciação. Ressaltam ainda os autores que os estudantes
podem ou não ser chamados para verbalizar a base racional de suas inferências.
Uma boa predição pode estimular a realização de inferências, assim
como qualquer procedimento por parte do professor que tenha por objetivo aumentar
o conhecimento de mundo do aluno, facilitando a formulação de hipóteses e de
associações que constituirão a teia de significações que construirá o sentido do
texto.
No que diz respeito à formulação de pensamento inferencial, poderão ser
questionados detalhes que o autor poderia ter incluído no texto para torná-lo mais
informativo, mais interessante ou atrativo. Pode se questionar também qual a ideia
principal, significado geral, tema ou conclusão moral o expressos no texto. Pode-
se questionar ainda, a ordem das ações no texto caso não esteja clara. O aluno
poderá ser estimulado a levantar hipóteses sobre as motivações dos personagens e
suas interações com o tempo e lugar. Ou, ainda, apontar características dos
personagens.
Ao formular as questões do instrumento, essas informações foram
levadas em consideração. A primeira questão “De acordo com o texto, aponte traços
da personalidade de mestre Luiz” é um exemplo de uma abordagem de tros e
características dos personagens. Pretendíamos, com a formulação dessa questão,
identificar se o aluno conseguiu captar informões sobre o personagem não
reveladas diretamente pelo autor.
Na questão seguinte:
Considere as seguintes inferências sobre o texto em estudo:
As informações dadas sobre o personagem Luiz Gonçalves, aproximam-
no de uma tipificação da figura do caçador impiedoso e desapegado.
O pai estava preocupado como o futuro do filho, por isso decidira ensinar-
lhe um ofício.
O texto reforça a característica de certas relações familiares permeadas
por autoritarismos.
Está correto somente o que se afirma em:
I
III
II e II
II
I, II, III
A formulação dessa questão apresenta inferências que deverão ser ou
não confirmadas pelos alunos. Buscamos com isso verificar se o aluno apresenta
consonância com algumas inferências formuladas pelo pesquisador. Assim como
essas, as questões que seguem também exploram a formulação de pensamentos
conclusivos não expressos diretamente pelo autor do texto, exceto as questões
cinco e oito da atividade abaixo, após o texto História para o Fvio”, as quais
procuram extrair do aluno um juízo de realidade ou fantasia ou um juízo de valor,
formulações que evidenciam uma leitura crítica do texto estudado.
Texto do instrumento
História para o Flávio
Morava na serra do Estevão um velho por nome Luiz Gonçalves, caçador
e famoso matador de onças. Fazendo as contas, dizia que de onça tigre
matara onze, das pixunas vinte e seis das pintadas quarenta; maçaroca, suçuarana,
onça-vermelha nem contava – para ele já nem era onça, era gato. (...)
Mestre Luiz queria bem a duas coisas no mundo: à sua espingarda
lazarina, que nunca lhe fizera uma vergonha, e o seu filho Luizinho, agora com
quinze anos, e que o pai andava ensinando nas artes de caçador. (...)
Ora, um dia mestre Luiz recebeu recado do coronel Zé Marinho do Barro
Vermelho para que fosse matar uma pintada que lhe andava comendo os carneiros
e até mesmo se atrevera a sangrar um bezerro no pátio da fazenda. (...) assim que a
noite fechou ele amarrou um cabrito mesmo no do serrote onde maldava mais
que a pintada morasse, e ficou na espera junto com o Luizinho e o cachorro onceiro.
(...) até que, com uma hora de escalar serrote, deu de repente com a
entrada da furna.
O cachorro pôs-se a gemer, ansioso, e de dentro o esturro da bicha
acuada foi respondendo. Mestre Luiz pegou à forquilha, o chuço, a faca. Mas
quando se voltou para chamar o Luizinho, viu que o menino apavorado se encolhia
num desvão de pedra, amarelo de medo.
Ai deu no velho uma raiva danada e ele resolveu ensinar o filho de uma
vez por todas. Chamou de manso:
- Vem cá Luiz, não tem medo, quem vai matar a onça sou eu.
Depois de muito rogo o menino se chegou, tremendo. O velho de sopetão
jogou as armas na boca da furna, e com um pescoção empurrou para dentro o
Luizinho. Pegou um pedaço de laje, tapou a entrada da lapa, e gritou para o rapaz:
Filho meu não tem medo de onça, seu mal-ensinado! Vou voltar para
minha rede na espera, e não me apareça de volta sem levar o couro da pintada!
Realmente, ao raiar do dia Luizinho apareceu. No ombro trazia as armas,
no chão arrastava o couro da onça. Tinha a cara tão lanhada das unhas da fera que
quase o se lhe via a feição. A roupa virada molambo, o chapéu se perdera.
Quando ele viu o pai, foi levantando a mão para tomar a benção. Mas no se
arrependeu.
- A benção não senhor, que eu nunca mais lhe tomo a benção. Benção se
toma a pai, e quem tranca o filho numa furna com uma onça não é pai, é carrasco!
Taí o couro da pintada. E o senhor arranje outro, porque nunca mais me verá.
Dito isso rebolou o couro nos pés do velho, deu meia volta e saiu
correndo, sem nem ao menos olhar para trás. (...)
ATIVIDADES DE COMPREENSÃO
Faça o que se pede:
De acordo com o texto, aponte traços da personalidade de mestre Luiz.
Considere as seguintes inferências sobre o texto em estudo:
As informações dadas sobre o personagem Luiz Gonçalves, aproximam-
no de uma tipificação da figura do caçador impiedoso e desapegado.
O pai estava preocupado como o futuro do filho, por isso decidira ensinar-
lhe um ofício.
O texto reforça a característica de certas relações familiares permeadas
por autoritarismos.
Está correto somente o que se afirma em:
I
III
II e II
II
I, II, III
Com relação ao comportamento do personagem Luizinho, é correto inferir
que:
Luizinho era bravo e destemido.
Admirava a profissão de seu pai.
Ansiava por corresponder às expectativas do pai.
Agira, diante do perigo, com instinto de sobrevivência.
Alegrava-se em acompanhar o pai nas caçadas.
Podemos afirmar que Luizinho correspondeu às expectativas do pai? Por
quê?
O velho Luiz Gonçalvez e seu filho Luizinho compartilham da mesma
visão sobre ser pai? Justifique.
Que conclusões você pode tirar sobre a atitude de mestre Luiz para com
o seu filho Luizinho.
Você acredita que, por ter tido medo de onça, Luizinho poderia ser
chamado de covarde? Explique.
Qual o comportamento que deveria ter tido o pai diante de uma situação
de perigo em que estava seu filho? Justifique.
Em relação à primeira questão, espera-se que o aluno responda sobre
traços da personalidade do mestre Luiz, traços esses que estão implícitos no texto,
mas que podem facilmente ser inferidos a partir da história contada. Nesse contexto,
acreditamos que os alunos possam apontar variados traços, uma vez que ele abre
essa caracterização à compreensão do aluno. O mestre Luiz parece ser um pai
autoritário, tradicional, prepotente e inconsciente com relação aos perigos que
envolviam a situação a que expôs seu filho. Por outro lado, mesmo com
autoritarismo, ele se preocupa, do seu jeito, com o futuro do seu filho, que tenta
forçá-lo a ser um caçador valente. Em comunidades do interior, sobretudo no
passado, a valentia era uma qualidade muito bem-vinda e condição necessária para
exercer o ofício de caçador. O personagem mestre Luiz reflete os conceitos de uma
sociedade em que o poder patriarcal possui mais valor que a individualidade.
Acreditamos que o aluno deve responder a questão sem fugir a essa perspectiva,
mesmo que não aponte todos os traços pertinentes.
A segunda questão é para marcar a alternativa correta de acordo com a
compreensão que o informante teve do texto apresentado. Por ser uma questão
objetiva, o pesquisador tende a avaliar somente a resposta na letra correta. No
entanto, mesmo que o aluno não acerte a questão corretamente, as outras letras
tamm apresentam inferências. Por exemplo, a resposta correta afirma serem
verdadeiros todos os itens. Contudo, se o aluno marca como correta “C”, a qual
afirma serem verdadeiros apenas os itens II e III, o pesquisador poderá constatar o
grau de inferências, ou seja, se o aluno fez apenas uma, duas ou todas as três,
ainda que errando a questão.
Foram apontadas três inferências, das quais a primeira trata sobre traços
da personalidade do caçador, caracterizando-o como um caçador impiedoso e
desapegado. A segunda opção investiga a preocupação do pai com relação ao
futuro do filho, que ele foi colocado na condição de aprendiz. No terceiro item, o
exercício afirma que o texto reforça a característica de certas relações familiares
permeadas por autoritarismo. Todos os três itens apresentados são verdadeiros e a
letra correta é a letra “e”.
A terceira questão também é objetiva. Diferencia-se da anterior por
apresentar cinco inferências das quais apenas uma escorreta. A resposta que se
espera do aluno é a letra d”, ou seja, a que afirma que Luizinho agira, diante do
perigo, com instinto de sobrevivência. Os demais itens representam inferências que
não possuem vínculo com o texto. Com relação ao item “a”, o podemos afirmar se
Luizinho era bravo e destemido, por exemplo. Também não era covarde, que a
situação a que fora exposta era de perigo. Em momento algum do texto podemos
afirmar se ele admirava a profissão do pai, ou se ansiava por corresponder às suas
expectativas ou mesmo se se alegrava em acompanhar o pai em suas caçadas.
Na quarta questão, espera-se que o informante responda que o Luizinho
não tenha correspondido às expectativas do pai, mesmo tendo matado a onça, uma
vez que o pai esperava que o filho tivesse sido mais valente e fosse enfrentar a onça
sem ficar com medo. Naturalmente, nessa questão, o aluno poderá ter outra opinião,
a de que o pai teria ficado satisfeito pelo resultado do embate entre seu filho e a
onça, visto que, ao final, levantou a mão para abençoar Luizinho. Essa resposta, no
entanto, deverá ser justificada de acordo com o texto.
Na questão seguinte, foi perguntado se pai e filho compartilham da
mesma opinião sobre ser pai e se solicita uma justificativa. Embora pareça óbvio que
a opinião de um e de outro sejam diferentes, até porque esse é o conflito da
narrativa, isso não vem expresso tão claramente no texto, devendo o informante
deduzir das palavras finais do Luizinho. O que se espera como resposta a essa
questão é que responda “não”, diante do conflito que se coloca na narrativa. Essa
questão explora o nível crítico e tamm inferencial de compreensão.
Na sexta questão, por sua vez, a resposta que se deseja obter é
individual. Pode-se encontrar opiniões a favor do mestre Luiz ou a favor do Luizinho.
Essa questão explora o nível crítico de compreensão leitora, que envolve um
julgamento individual. Apesar de flexível, a resposta deverá ter fundamentação, pois
a simples resposta de “concordo” ou “não concordo não é suficiente para se
analisar o juízo que o informante fez da atitude em questão.
Na próxima questão do instrumento, pede-se que o aluno emita uma
opinião concordando ou não com a atitude do pai, o qual condenava o medo de
Luizinho, acreditando que ele seria um covarde. Espera-se que o aluno formule um
juízo individual da atitude do filho agora, e não do pai. Novamente se espera que
haja uma justificativa, explicação da resposta, com o objetivo de se analisar o nível
de compreensão crítica do aluno.
Por fim, na oitava questão, o informante é levado a julgar o
comportamento do pai diante da situação de perigo a que seu filho estava exposto,
justificando posteriormente a resposta. Espera-se que o informante sugira outro
comportamento do pai em relação à situação exposta. No entanto, uma resposta em
que o comportamento do filho seja condenado e o comportamento do mestre Luiz
seja aprovado tamm é possível, visto que ainda existe um certo tradicionalismo na
cultura local. Seja uma ou outra, a justificativa da resposta tamm deve ser
analisada.
Com relação ao segundo texto, ele foi escolhido por ser argumentativo, o
que pode incentivar o nível crítico de compreensão. O tema é a prostituição infantil e
abuso a menores. Acreditamos ser um tema geral, mas que está dentro da realidade
dos alunos tamm, uma vez que se trata de um problema de dimensão nacional e
que tem sido alvo de inúmeras reportagens na imprensa em geral e objeto de uma
recente e bastante divulgada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). É preciso
deixar claro que tipos e gêneros não foram fatores decisivos para a escolha dos
textos que compõem o instrumento de pesquisa, exceto com relação ao texto
narrativo, uma vez que esdiretamente relacionado com o método de avaliação de
compreensão leitora adotado, embora ele possa ser aplicado a outros tipos de texto.
Com relação às questões de compreensão formuladas para o segundo
texto, da mesma forma, foram utilizadas como referencial para a formulação das
questões a síntese e adaptação das dimenes cognoscitivas e afetivas da
compreensão leitora proposta por Barret (1968). O segundo texto, por ser
argumentativo facilita uma leitura crítica, inclusive por tratar-se de um assunto em
evidência. No entanto, queses sobre inferências também foram formuladas a
exemplo da 1º, 2º, 6º e questões. Vale ressaltar que algumas questões, tais como
as que foram mencionadas anteriormente, permitem também uma leitura crítica,
além da construção de inferências.
Texto do instrumento
EDITORIAL
"Enxugamento de Gelo"
É a impunidade nessa área, a omissão e a corrupção que alimentam a
prostituição infantil, a pedofilia e o pornoturismo. Sem uma ação decidida para
proteger esses seres indefesos e vulneráveis, a partir da preservação do próprio
ambiente familiar, a política aplicada a esse segmento continua a ser um eterno
"enxugamento de gelo".
18/05/2007 01:00
Hoje é o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes e em todo o País estão sendo realizadas programações com o
objetivo de sensibilizar a sociedade e as autoridades para uma das chagas mais
vergonhosas da realidade social brasileira. É verdade que o fenômeno é mundial,
mas o Brasil aparece como um dos países de maior incidência do problema.
A data nacional foi instituída em 2000, através de lei federal, tendo como
referencial o 18 de maio de 1973, quando ocorreu um dos mais brutais crimes
sexuais já perpetrados em território brasileiro, quando foi vitimada uma menina de
apenas oito anos de idade, Araceli, raptada, drogada, estuprada, morta e
carbonizada por jovens de classe média, em Vitória, Espírito Santo. Apesar de sua
hediondez, o crime terminou prescrito, resultando numa impunidade clamorosa.
De para cá, o agravamento das condições sociais do País ampliaram a
base para que a exploração sexual de crianças e adolescentes se intensificasse, no
rastro da desagregação dos núcleos familiares, o aumento da pobreza e a
articulação do crime organizado, em vel nacional e internacional.
A revolução tecnológica dos meios de comunicação, sobretudo a Internet,
trouxe um adendo mais agravante: a extensão em termos planetários das redes de
pedofilia, com o fito de alimentar a indústria pornográfica. A pedofilia tornou-se uma
verdadeira epidemia mundial, envolvendo vítimas extremamente vulneráveis, pois os
seus algozes são difíceis de serem contidos, visto que os ataques ocorrem em
grande parte no próprio recesso do lar, ou através de pessoas insuspeitas que
formam o rculo mais próximo das vítimas: familiares, educadores, médicos,
religiosos.
No Brasil, porém, o principal agente desagregador é a prostituição infanto-
juvenil, uma realidade onipresente em todo o território nacional. Uma de suas
principais fontes alimentadoras é o turismo sexual, fenômeno de grande incidência
nas áreas menos desenvolvidas do País, sobretudo o Nordeste. Suas
conseqüências têm sido rastreadas por CPIs (comissões parlamentares de inquérito)
em diversos níveis - municipal, estadual e federal. Infelizmente, apesar de o material
recolhido ser bastante substancial e ser suficiente para permitir uma ão eficaz
contra os agentes criminosos, a impunidade continua sendo a marca maior nessa
área.
Evidentemente, políticas públicas destinadas a combater esse mal têm de
se fundamentar, antes de tudo, na prevenção. Isso implica em criar uma rede de
proteção em torno das crianças e adolescentes, pondo-os a salvo dos tentáculos
criminosos. A ação deve comar pela proteção do próprio núcleo familiar. A família
é a condição mais importante para que a criança e o adolescente recebam os
elementos básicos para sua formação moral, afetiva e disciplinar. É ali que se
aprende a solidariedade, o respeito mútuo, a consideração pelo próximo, assim
como a responsabilidade pelo destino comum. Para isso é preciso que a família seja
provida das condições de dignidade mínima: emprego, moradia, saúde e educação.
Cabe ao poder público, dar suporte às carências dos núcleos familiares mais frágeis
para que não se desintegrem por força de pressões externas superiores às suas
forças. Esse é o papel do Estado, aliás, bastante explicitado pela própria
Constituição Federal.
Ao lado disso, as ações voltadas para a repressão das redes criminosas
que aliciam crianças e adolescentes para seus fins malfazejos. É a impunidade
nessa área, a omissão e a corrupção que alimentam a prostituição infantil, a
pedofilia e o pornoturismo. Sem uma ação decidida para proteger esses seres
indefesos e vulneráveis, a partir da preservação do próprio ambiente familiar, a
política aplicada a esse segmento continuará a ser um eterno "enxugamento de
gelo."
ATIVIDADES DE COMPREENSÃO
Faça o que se pede:
Na linha 02, a quem caberia “uma ão decidida” no que diz respeito ao
tema em questão? Por quê?
Você acha que as autoridades estão trabalhando para resolver o
problema da exploração sexual de crianças e adolescentes? Justifique.
Segundo o texto “Enxugamento de gelo”, o que deve ser feito para
combater a exploração sexual infantil?
Na linha 14, o texto fala de impunidade. Qual o papel dela para o
agravamento da situação de crimes contra crianças e adolescentes?
Na sua opinião, faltam políticas públicas no combate a esse tipo de
crime? Justifique.
O que você entende por “agravamento das condições sociais do País”?
Segundo o texto, no Brasil, qual o principal agente desagregador da
família e de que forma essa fonte se alimenta?
Na sua opinião, cidades pequenas sofrem com esse problema? Vo
conhece casos desse tipo de crime na sua cidade? Apresente-os.
O questionário que compõe o 2º instrumento da pesquisa é composto
apenas por questões de natureza subjetiva, ou seja, questões abertas. O texto
argumentativo, um editorial do jornal O Povo, facilita a exploração de um nível crítico
de compreensão. Procuramos, entretanto, não deixar de lado questões que
avaliassem o nível inferencial. E é justamente esse nível que é explorado na
questão, a qual procura obter uma resposta não expcita no texto. Espera-se que o
aluno responda que a ação decidida deve ser promovida por órgãos governamentais
ou poder público de uma maneira geral. Órgãos mais específicos, tipo delegacia de
polícia, justiça etc., também são aceitos como resposta e, qualquer que seja, deve
vir acompanhada da devida justificativa.
A questão seguinte explora novamente o nível inferencial, mas tamm
explora o nível ctico, posto que solicita uma opinião (um juízo de valor) sobre o
trabalho das autoridades que não está diretamente expressa no texto, visto que a
opinião é individual. O informante poderá tamm responder de acordo com o seu
próprio juízo, que o tema em questão, exploração sexual de crianças e
adolescentes, é bastante frequente na mídia televisiva.
A questão de número 3 (três) aborda a opinião do aluno, com base no
texto, sobre o que deve ser feito para combater a exploração sexual infantil. Espera-
se como resposta, por exemplo, aumento das políticas públicas, criação de uma
rede de proteção em torno das crianças e adolescentes, aumento da prevenção,
proteção do núcleo familiar, aumento do emprego, moradia, saúde e educação, além
de ões voltadas para a repressão das redes criminosas que aliciam crianças e
adolescentes etc. O texto nos conduz a pensar em inúmeras possibilidades de
combate a esse mal que assola nossas crianças e cabe ao informante fornecer uma
resposta mais direta.
O vel inferencial é novamente explorado na questão de mero 4
(quatro), pois exige uma resposta que não esexpressa diretamente. O informante
deve responder ressaltando a relação entre impunidade e cometimento de crimes, o
que não é novo na realidade em que vivemos. A resposta a essa questão é bastante
subjetiva. não serão levadas em consideração respostas que afirmem que
impunidade nada tem a ver com criminalidade, porque é ponto passivo no senso
comum que há uma relação direta de causalidade entre esses fatores.
O nível crítico de compreensão leitora está sendo exigido na questão 5
(cinco) do instrumento, uma vez que requer a opinião do informante a respeito das
políticas públicas no combate à exploração sexual infantil. Espera-se que o aluno
emita um jzo e justifique sua resposta. A correção do exercício levará em
consideração que as respostas são subjetivas, mas, deve-se ressaltar que o Estado,
governo etc., possui grande responsabilidade em promover políticas públicas com o
objetivo de combater esse tipo de crime.
A questão seguinte busca verificar se o aluno fez inferências sobre o
agravamento das condições sociais do País. Consideraremos como corretas
respostas que tragam a problemática da desigualdade social, da distribuição de
renda ou algo do gênero.
Na questão 7 (sete), a resposta será a que considerar a prostituição
infanto-juvenil o principal agente desagregador da família. Isso é expresso
diretamente no texto, ficando bastante claro, mesmo porque a expressão principal
agente desagregador” aparece no texto ligado à palavra “família”.
Por fim, a última questão solicita uma opinião individual do informante em
relação a casos de crimes dessa natureza que tenham acontecido em cidades
pequenas, tais como a cidade em que vivem. Um juízo de valor poderá ser emitido
pelo aluno nesse momento do exercício. Esperamos uma resposta afirmativa,
mesmo porque o texto afirma que essa é uma realidade onipresente no território
nacional.
4.7 Aplicação do Instrumento
A aplicação do instrumento de pesquisa foi realizada na sala de aula de
Língua Portuguesa de uma escola pública de rede estadual do Ceará, localizada no
município de Quixeramobim, tendo sido realizada no dia 19 de novembro de 2008,
quarta-feira, no horário de 07h30 a 09h30, momento em que os alunos entram em
intervalo na escola.
É preciso ressaltar que estivemos na escola previamente, momento em
que propusemos realizar a pesquisa naquele centro de ensino. Na ocasião,
conversamos com a Diretora e com a professora de Língua Portuguesa, a qual nos
perguntou a turma que desejávamos, em termos de rendimento na disciplina, ou
seja, se preferiríamos uma turma com rendimento maior ou com rendimento médio a
fraco, ao que foi respondido que desejávamos uma turma com rendimento normal,
ou seja, considerado por elas como normal.
Após o contato inicial com a escola, dirigimos-nos à sala de aula para
aplicão do instrumento. Chegamos à escola às 07h00 e fomos para a sala de
aula. A professora nos aguardava. Os alunos foram chegando gradualmente. Ao
iniciarmos os trabalhos, apenas 25 estavam em sala. O pesquisador, inicialmente,
fez breves considerações sobre o trabalho, orientando os informantes sobre o que
deveria ser feito, assim como, sobre o texto e os exercícios. Em seguida, dois alunos
questionaram sobre o tempo para fazer os exercícios e se poderiam fazer em grupo.
A resposta foi negativa. Ao término dessas breves considerações, foi dado início à
leitura silenciosa do primeiro texto e, em seguida, os informantes responderam os
questionários.
O segundo texto foi lido silenciosamente. Os informantes responderam as
questões na sequência da leitura. Vale ressaltar que, durante todo o trabalho,
surgiram dúvidas em relação às questões, o que era de imediato respondido pelo
pesquisador. Uma questão que foi levantada pelos informantes com relação ao ítem
c da segunda questão do primeiro questionário, a qual apresenta a opção II e II,
quando deveria ser II e III. Foi corrigido em sala e, ainda assim, alguns informantes
corrigiram no próprio instrumento.
O tempo total de atividade foi de aproximadamente 02 horas, ou seja,
terminou por volta de 09h30. Houve bastante concentração na atividade realizada.
CATULO 5: ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS
5.1 Introdão
O corpus desta pesquisa é composto pelos questionários respondidos por
25 alunos do terceiro ano do ensino médio. Cada aluno, a quem chamamos também
de informantes, respondeu dois questionários referentes a cada um dos textos,
compostos com 08 (oito) questões cada. Os informantes 05 e 13 não
responderam o segundo questiorio do instrumento.
A nossa análise verificará quais as questões foram respondidas
adequadamente e em quais questões o aluno inferenciou e em quais alcançou o
vel de compreensão crítico. Uma análise inicial do corpus nos demonstra que,
entre as questões formuladas pelo pesquisador e respondidas pelo informante, não
houve um numero significativo de respostas em branco por parte dos alunos. Isso
nos evidencia que, aparentemente, os alunos conseguiram responder com certa
facilidade. Outro indício de que possa o ter havido dificuldade nas respostas é o
fato de que, durante a aplicação dos testes, os alunos estiveram concentrados na
atividade, tendo levado cerca de 02h00 para realizar todo o exercício.
A análise de cada instrumento será, em um primeiro momento, qualitativa.
Em seguida, daremos um tratamento estatístico aos dados coletados através da
exposição dos resultados em gráficos, para clarearmos as informações resultantes
da pesquisa.
5.2. Alise do Corpus
Passamos agora à análise qualitativa de cada um dos questionários
respondidos pelo informantes que participaram da pesquisa realizada em sala de
aula. Neste momento, analisaremos cada resposta apresentada pelos informantes,
da forma como es nos instrumentos e, em seguida, apresentaremos para cada
informante o resumo dos veis de compreensão leitora alcançados pelos
informantes em tabelas individuais, através das quais se busca uma melhor
visualização dos resultados da pesquisa.
Informante nº 01
Questionário 01
Nas atividades de compreensão do texto 01 - História para o Flávio, a
primeira questão tem por objetivo identificar traços da personalidade do mestre Luiz.
O aluno respondeu: Nada o assustava e era muito carrasco”. Embora o
personagem apresente mais traços, essas são características que se alinham com a
narrativa, levando em consideração que nada o assustava pode ser interpretado
como valente. Com relação à segunda questão (ver item 4.6), o aluno respondeu
que apenas a terceira estava correta, ou seja, desprezou os outros itens que
tamm estavam corretos. De qualquer modo, o aluno errou a questão, mas pelo
menos uma das infencias se coadunou com o texto. Na questão seguinte, o aluno
respondeu letra d”, informando que o personagem Luizinho agira, diante do perigo,
com instinto de sobrevivência. A resposta dada pelo aluno também esta correta.
As cinco questões seguintes são todas subjetivas. Na questão 04, o aluno
afirma: “Não.” e justifica afirmando que Luizinho não reagiu como seu pai pensava
que ele reagiria. A resposta dada pelo aluno também escorreta, tendo em vista
que foi preciso o pai empurrar o filho para dentro da furna da onça, em uma situação
que fugia ao que pretendia o pai. A pergunta seguinte questionava sobre a visão da
paternidade do ponto de vista do personagem pai e do personagem filho, pedia ao
aluno para identificar se ambos compartilham a mesma visão e para justificar. A
resposta foi negativa, por que Luiz Gonçalvez tinha uma visão mais autoritária e seu
filho uma outra visão: a de pai. A resposta a essa questão também nos demonstra
que o aluno compreendeu o texto, tendo em vista que realmente pai e filho pensam
diferente, daí o conflito da história.
A sexta questão pede que o aluno tire suas próprias conclusões sobre a
atitude do personagem pai. O aluno respondeu que aquele havia sido arrogante e
carrasco, não se importando com o que poderia acontecer com seu filho, resposta
essa que esde acordo com a narrativa em questão. Na questão seguinte (7º), o
aluno respondeu que não e explicou dizendo que ele não era experiente e sim um
aprendiz. Essa resposta parece-nos correta, tendo em vista a situação retratada no
texto. A última queso exige uma reconstrução da atitude do pai, fazendo com que
o aluno tenha uma leitura crítica da situação. Ele respondeu que o pai deveria
compreender que seu filho era apenas um aprendiz e deveria agir como tal
protegendo seu filho do perigo. A opinião do aluno nos evidencia que ele
desaprovou o comportamento do personagem pai, estabelecendo um
comportamento que possui como referência para o pai.
Ao lermos as respostas do informante, verificamos que o aluno possui um
vel de compreensão elevado. No que diz respeito aos níveis inferencial e leitura
crítica, acreditamos que esse aluno realmente os alcançou.
Questionário 02
As respostas do informante ao segundo questionário do instrumento estão
adequadas aos parâmetros estabelecidos pelo pesquisador no que diz respeito às
respostas corretas. À primeira questão respondeu: “Caberia aos governantes que
criassem leis de proteção e punição para tal ato, porque diminuiria os altos índices
de pedofilia, prostituição infantil etc”. Como podemos perceber, a resposta do aluno
traz uma inferência construída a partir do texto e dos conhecimentos dos alunos.
A questão número 02 foi respondida da seguinte forma: Sim, mas não
como deveriam, pois em vez de diminuir está aumentando exageradamente.” Nessa
resposta, percebemos a construção de uma reflexão crítica a respeito das ões do
Poder blico com relação ao problema do abuso a menores. Entretanto,
percebemos que a resposta o foi desenvolvida, ou seja, o informante poderia ter-
se expressado bem mais, mesmo porque o tema é bastante polêmico.
A resposta da terceira questão está adequada e é resultado de inferência.
Ei-la: “Precisa-se de mais atenção do próprio ambiente familiar, e que as
autoridades tomem as devidas providências.”
A resposta da questão seguinte nos evidencia que o informante se
posicionou criticamente sobre o problema da impunidade, embora pudesse compor
uma resposta mais completa do que a apresentada: “Se não são punidos, irão
continuar a cometerem crimes.”
A quinta questão aborda o papel das políticas públicas no combate a
crimes contra a infância e adolescência. O informante respondeu: “Desenvolver
projetos que ajudem de alguma forma a resolver esses problemas que até agora não
tiveram efeito, pois as coisas só pioram”. Nessa resposta, percebemos que o
informante realizou um julgamento a respeito da ação das políticas públicas.
A resposta da questão número 06 parece-nos uma tautologia. Aqui,
consideraremos que não houve inferência, tampouco reflexão ctica: “O aumento
exageradamente grande dos problemas sociais do nosso país”.
A resposta da sétima questão está correta, sendo considerada como
resultado de inferências: “A prostituição infanto-juvenil, crescendo através do turismo
sexual.”
Por fim, a última resposta do segundo questionário nos apresenta um
juízo de verdade sobre a realidade local dos fatos em questão. O informante
respondeu: “Sim, sim. O pai violentou a filha de apenas 13 anos”, o que nos leva a
crer que alcançou o vel crítico de compreensão leitora.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível ctico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X X
5ª Questão X X
6ª Questão X
7ª Questão
X X
8ª Questão X X
Quadro 1 - Níveis de Compreensão Apresentados por Questão do 1º Informante
Fonte:Dados da Pesquisa.
Informante nº 02
Questionário 01
O segundo informante respondeu todas as questões. Na primeira
resposta à questão que busca traços da personalidade do mestre Luiz, enumerou
quatro características: carrasco, corajoso, destemido e determinado. Acreditamos
estar correta, visto que, entre outros traços, esses são pertinentes e corretos, o que
nos indica que foi produzida inferência.
Na questão mero dois, ele escolheu letra “e”, resposta correta e indica
que houve inferência, assim como a de número três, a qual a resposta foi a letra “d”,
tamm correta e nos indica que foi realizada inferência.
Na questão quatro, respondeu que não e justificou afirmando: “na hora da
opção contra o animal ele se evadiu”. Contudo, apesar de Luizinho realmente não
ter correspondido às expectativas do pai, ele não se evadiu, pelo contrário, ele ficou
paralisado em um canto, “amarelo de medo”. Essa resposta apresenta uma
inferência incompleta, ou seja, está correta a resposta, mas não a justificativa.
A questão de numero cinco, a qual investiga se o velho Luiz Gonçalves e
seu filho Luizinho compartilham o mesmo vel de ser pai, o informante responde
que o e está correto. A justificativa, no entanto, não nos parece adequada.
Justificou afirmando: o tipo de pai que Luizinho esperava”, o que, de fato, não se
constituiu como justificativa. Essa resposta não apresenta uma inferência completa,
assim como a anterior.
A sexta questão pede que o informante apresente suas conclusões sobre
a atitude do pai em relação ao filho, que é, na verdade, o conflito da breve narrativa.
Essa questão explora o nível de compreensão crítico, pois a resposta é um juízo de
valor, um julgamento em relação aos personagens. Segundo o informante, “o pai do
menino, foi muito além do normal do que o menino pretendia...”. Essa resposta,
embora pudesse ser mais completa, evidencia um aluno que reflete sobre o texto e
se posiciona perante os fatos, nesse caso, com a reprodução da atitude do mestre
Luiz.
A questão sete explora novamente o nível crítico da compreensão leitora,
o informante respondeu simplesmente: “sim”, ou seja, considera que Luizinho
poderia ser chamado de covarde. A resposta pedia uma explicação e essa foi dada
pelo informante afirmando que o mestre Luiz não esperava que o filho amedrontasse
diante da onça. A resposta parece-nos inadequada, uma vez que os fatos
mencionados no texto não nos permitem afirmar que Luizinho é covarde. Parece que
o aluno respondeu de acordo com o ponto de vista do pai e não do próprio
informante, o que evidencia que o informante não compreendeu a questão.
O nosso ponto de vista com relação à questão anterior pode ser
confirmado pela resposta da questão de número 08, na qual é solicitada um outro
julgamento por parte do informante. O aluno respondeu que o pai deveria ter
respeitado a primeira atitude do filho. Comparemos essa resposta à anterior, na qual
o informante afirma que o filho poderia ser chamado de covarde. É uma contradição
pensar (na questão 07) que o filho pode ser chamado de covarde e (na questão 08)
afirmar que o pai deveria ter respeitado a primeira atitude do filho.
De uma maneira geral, podemos afirmar que o aluno em questão
alcançou os níveis de compreensão leitora, classificados como inferencial e crítico.
Com relação à sétima questão, não é possível aprofundar a investigação sobre a
aparente contradição na resposta.
Questionário 02
No que diz respeito ao segundo texto, Enxugamento de gelo”, o
informante respondeu todas as questões apresentadas no instrumento de pesquisa.
A questão um explora o nível inferencial de compreensão. Foi respondida
corretamente pelo aluno, uma vez que respondeu que ao Estado, em primeiro lugar
é a família, em segundo lugar, caberia uma ão decidida no que diz respeito ao
tema da exploração sexual de crianças e adolescentes.
A resposta da questão dois evidencia um informante consciente que
possui opinião própria e sabe expressá-la. Um exemplo é a afirmação de que as
autoridades estão trabalhando para resolver o problema em questão, mas de forma
implícita e vagarosa. Ressalta, ainda, que deveriam ser destinados mais recursos
para a desarticulação para esse tipo de crime. A resposta esem acordo com o
texto e é uma crítica à atuação do governo no controle a esse tipo de crime.
A questão seguinte explora uma inferência geral sobre as ações de
combate ao crime. A resposta deve ser dada após uma leitura completa e não é
localizada textualmente em pontos específicos. Além do nível inferencial, a terceira
questão explora o vel crítico tamm, que se pode emitir também um juízo a
respeito dessas ações de combate a exploração sexual infantil. A resposta, com
onze linhas, demonstra que houve compreensão e que o aluno fez as inferências
adequadamente, uma vez que fala sobre distribuição adequada de recursos,
melhorias educacionais e projetos sociais.
A quarta questão explora o vel inferencial e, mais uma vez, o informante
obteve sucesso na resposta, já que afirma que a impunidade de cada caso agrava o
problema, pois não há uma represália aos criminosos.
Na quinta questão, é exigida uma opinião a respeito do papel das políticas
públicas no controle aos crimes em questão. O aluno respondeu que é auxiliar a
sociedade com projetos sociais e que as políticas públicas o estão surtindo efeitos
e que a assistência social é pouca e os crimes ficam impunes. Podemos observar
que a inferência foi realizada e, além disso, há um juízo de valor, no que diz respeito
a sua opinião sobre o efeito das políticas públicas, juízo esse negativo.
Na próxima questão, o pesquisador, com base no nível de compreensão
inferencial, busca saber o que o informante entende sobre a expreso em questão.
A resposta do aluno, apesar de afirmar algo corretamente, não responde à questão
objetivamente, o que nos apresenta uma inferência não realizada.
A resposta da questão seguinte está parcialmente correta. O quesito
apresenta dois questionamentos: primeiro, qual o principal agente desagregado da
família e de que forma essa fonte se alimenta. A resposta correta: “prostituição”. O
informante acertou. No entanto, a forma de que se alimenta é o turismo sexual, e
não o acesso à internet como foi respondido.
O último quesito explora o nível crítico de compreensão, através do
questionamento sobre o acontecimento dos crimes de exploração sexual infantil em
cidades pequenas. A resposta foi sim. Além disso, foi perguntado se o informante
conhece algum caso e pede que os apresente. A resposta obtida foi sim: o aluno
presencia muitos casos em lugares que têm acesso à internet.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X X
3ª Questão X
X
4ª Questão X X
5ª Questão X
X
6ª Questão X
7ª Questão X X
8ª Questão
X
X
Quadro 2: Questões em que o Informante Nº 02 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 03
Questionário 01
O terceiro informante respondeu as questões de maneira mais objetiva,
com respostas curtas. À primeira questão, que explora a inferência de
personalidade, obteve a resposta que mestre Luiz era caçador e matador de onças.
Ela evidencia que o ouve inferência, uma vez que não foram apontados traços da
personalidade do personagem. Podemos firmar que, nessa questão, ele utilizou o
que Alliende e Condemarín (2005) chamaram, com base na taxonomia de Barret, de
vel de codificação, já que essa informação fornecida pelo informante esexplícita
no texto.
Com relação à questão dois, o aluno escolheu a letra “c”, a qual es
errada enquanto opção. Contudo, aponta ainda a realização de duas inferências
corretas, já que todas são verdadeiras.
Na questão seguinte, escolheu a opção d”, ou seja, a opção correta a
qual afirma: “agir diante do perigo, com instinto de sobrevivência.
A quarta questão pergunta se Luizinho correspondeu às expectativas do
pai. O informante respondeu que não e justificou afirmando que o pai do
personagem “gostaria que ele fosse um bom caçador que nem ele”. Como podemos
observar, a resposta está correta assim como a inferência.
A questão seguinte foi respondida corretamente. A justificativa,no entanto,
não escorreta. A resposta certa é “não”, mas a justificativa afirmando que o motivo
pelo qual Luizinho e seu pai não compartilham a mesma visão sobre ser pai é
porque Luizinho não gostava de caçar onças é equivocada. Essa questão que
explora um nível crítico além do inferencial poderia ter sido bem mais explorada pelo
informante, já que es diretamente relacionada com o conflito da narrativa.
Na sexta questão, novamente o nível crítico de compreensão é explorado.
O aluno respondeu: “não podemos forçar as pessoas a gostar de certas coisas que
elas não gostam. Aqui observamos que o aluno possui um juízo a respeito da
situação em questão e soube expressá-lo corretamente. Isso evidencia que
alcançou o nível crítico de compreensão leitora.
A questão sete tamm foi respondida corretamente, o que demonstra
que o informante possui um juízo sobre o fato em questão. Ele acredita que Luizinho
não pode ser chamado de covarde por ter tido medo da onça. O mesmo caso
acontece na resposta à questão seguinte, a qual pede que o aluno diga qual o
comportamento deveria ter tido o pai diante do perigo e o informante respondeu que
o pai deveria pedir calma ao filho. Essas respostas evidenciam um aluno com
opinião própria, mesmo que a opinião emitida não seja complexa e muito elaborada.
De um modo geral, esse informante alcançou tanto o nível inferencial
quanto o vel crítico de compreensão, exceto pela resposta à primeira questão do
primeiro questionário.
Questionário 02
As respostas fornecidas pelo aluno para as questões do questionário do
segundo texto do instrumento de pesquisa apresentam descompasso em relação às
respostas apresentadas no primeiro. Neste, à exceção da primeira questão, todos os
demais apresentaram respostas corretas, ainda que sem uma justificativa adequada.
Naquele, ao contrário, de um modo geral, elas estavam erradas ou muito vagas e
descontextualizadas.
Na primeira questão, por exemplo, investiga-se a quem caberia uma ação
decidida no que diz respeito ao tema em questão. A resposta obtida foi: “pedofilia e
o pornoturismo, por que, fala de exploração sexual”, o que nos demonstrou falta de
compreensão da questão.
A resposta da questão seguinte apresenta um juízo a respeito do trabalho
das autoridades. O informante apresenta sua opinião corretamente, demonstrando
ter alcançado um nível de compreensão crítico.
Na resposta da terceira questão, o informante afirma o que deve ser feito
para combater a exploração sexual infantil: “programas com o objetivo de
sensibilizar a sociedade e as autoridades para uma das chagas mais vergonhosas
da realidade social brasileira”. Observemos que o texto, ao trazer a expressão uma
das chagas mais vergonhosas... direciona para uma certa linha argumentativa que
parece ter sido assumida pelo informante. Isso significa que houve a realização de
uma inferência, além de juízo crítico sobre o problema em queso.
A questão seguinte traz, novamente, uma resposta vaga, a qual podemos
afirmar que está incorreta.
Na quinta questão, aparece um juízo de valor na justificativa. A resposta
dada pelo informante se adequa ao que era esperado pelo pesquisador. No entanto,
é preciso reconhecer que ainda é um pouco vaga.
Na questão seis, o informante responde, ao ser inquirido sobre o que
entende por agrupamento das condições sociais do pais: “não entende muita coisa,
que as condições do país ‘está’ se agravando cada vez mais e a exploração da
criança é um dos problemas maiores do nosso país”. A resposta não apresenta
inferência nem nível crítico, já que se configura como mera reprodução do texto.
Na sétima questão, a resposta está errada, visto que o texto não trata de
“extensão em termos planetários das redes de pedofilia...” como principal agente
desagregador da família.
Por fim, a última questão pede que o aluno emita um juízo de verdade,
informando se o tipo de crime em questão acontece em pequenas cidades.
A resposta obtida foi “sim”, mas o informante não conhece nenhum caso
na sua cidade.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão
2ª Questão X x
3ª Questão X
x X
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão
X
7ª Questão X
8ª Questão X X
Quadro 3 - Questões em que o Informante Nº 03 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº04
Questionário 01
O texto narrativo História para o Flávio, por narrar uma história que
pertence ao universo cultural do aluno, parece ter sido compreendido
adequadamente pelos informantes relatados até o presente momento. Com a
análise das respostas deste aluno, podemos observar que o texto foi compreendido
adequadamente também.
Observemos a resposta à primeira questão: “caçador famoso, matador de
onças e carrasco com o filho”. Ela se adequa ao que era esperado do informante,
sendo considerado como traço de personalidade apenas ‘carrasco’. Naturalmente,
poderiam ter sido apontados diversos outros traços de personalidade do pai, mas o
traço apresentado indica que houve uma compreensão do texto e a realização de
uma inferência, ainda que apontando duas características que não são propriamente
traços de personalidade, como é o caso de caçador famoso e matador de onças.
A questão de número 02 foi respondida de maneira errada. O aluno
marcou a letra “c”, enquanto a resposta correta é a letra “e”. Contudo, a letra “c”
apresenta duas inferências possíveis para a compreensão, ou seja, mesmo tendo
errado o opção, podemos afirmar que realizou inferências sobre o texto.
A questão de número 03 foi respondida corretamente, ou seja, o aluno
marcou a letra “d”. Essa questão explora a inferência de detalhes, ao conjeturar mais
detalhadamente a conduta do personagem Luizinho.
A questão seguinte investiga se o Luizinho teria correspondido às
expectativas do seu pai. O informante respondeu “nãoe justificou afirmando que o
pai queria que ele matasse a onça por bravura e coragem, mas ele matou por
instinto de sobrevivência. Essa resposta, entre outras que poderíamos classificar
como adequadas, parece ser a mais correta, pois é justamente o descompasso
entre a atitude do filho e as expectativas do pai que enseja o conflito de narrativa.
Observemos a resposta à quinta questão: “não, para Luizinho ser pai era
dar amor e proteção ao filho.” Para o filho do mestre Luiz, o pai o havia colocado em
perigo ao empurrá-lo para a furna com a onça. Em momento algum no texto, o filho
fala em amor do pai, o que nos traz à tona uma inferência correta realizada pelo
leitor.
Na questão de mero 06, podemos observar novamente uma resposta
sucinta e objetiva. O informante simplesmente afirma que o pai “só queria que o filho
fosse igual a ele”. Entre algumas conclusões possíveis de se inferenciar, podemos
afirmar que estamos diante de uma, ou seja, o aluno realizou inferência. Contudo,
essa questão trabalhou tamm o nível crítico, pois o aluno é conduzido a emitir um
julgamento a respeito da atitude do mestre Luiz. O informante responde a questão
sem emitir um juízo de valor sobre a atitude do pai, ou se o faz, faz de maneira
discreta, sem deixar claro que condena ou aprova tal atitude.
Na tima questão, é trabalhado o nível de compreeno crítico. A
resposta fornecida pelo informante está de acordo com as respostas anteriores, nas
quais demonstra ter compreendido o texto. O aluno afirma: “não, ele apenas temia
por sua vida, medo é uma fraqueza que todos temos”. Essa resposta indica que o
aluno concorda com o pensamento do filho de mestre Luiz, ou seja, faz um juízo de
valor positivo.
Na mesma linha de pensamento da questão anterior, a oitava questão, ao
pedir ao aluno que indique qual comportamento deveria ter tido o pai, teve como
resposta que este deveria ter protegido e aceitado o medo de onça do filho. Isso nos
indica que houve um juízo de valor negativo em relação à atitude do pai.
Questionário 02
As respostas apresentadas no segundo questionário demonstram que o
informante conseguiu compreender bem o texto argumentativo “Enxugamento de
gelo”. De todas as respostas, apenas uma não está correta.
Na primeira questão, por exemplo, o aluno respondeu: “primeiramente as
pessoas mais próximas, a política, ao estado, ao governo federal e municipal”. Como
podemos observar, a resposta está correta, o que nos conduz a crer que houve a
realização de uma inferência de ideias principais, que o texto traz diluído no seu
conteúdo o papel das instituições no combate ao tipo de crime em questão.
A questão seguinte trabalha o nível crítico de compreensão ao solicitar
que o aluno emita um jzo de valor em relação ao trabalho das autoridades no
combate ao crime de exploração sexual infantil. Aqui, nesta resposta, observamos
que o informante possui uma opinião consistente, não só em relação ao trabalho das
autoridades, como também em relação às exceções, que são as autoridades que
deveriam combater esse ato de pedofilia que acabam envolvendo-se com crianças,
tornando a situação precária”, de acordo com sua afirmação.
Na terceira questão, é perguntado o que deve ser feito para combater a
exploração sexual infantil e o informante responde enumerando duas atitudes: uma,
a dos pais, os quais deveriam estar mais atentos aos filhos e outra, a das
autoridades, as quais devem punir rigorosamente os principais responsáveis que
participam direta ou indiretamente desse crime contra as crianças. Essa resposta
nos indica que o informante tanto inferenciou quanto se posicionou criticamente
sobre o assunto.
A questão número 4 explora uma inferência e uma reflexão crítica que
devem ser realizadas pelo aluno a partir de um problema de ampla divulgação
nacional, a queso da impunidade. O aluno respondeu: “na maioria das vezes quem
pratica esse crime o é punido, fazendo com que continue acontecendo e
incentivando outras pessoas a fazerem.” Observemos que a opinião dada está de
acordo com o que se discute amplamente na mídia, televisão nacional, ou seja, que
a impunidade incentiva a praticar crimes.
A quinta questão solicita que o aluno sua opinião a respeito do papel
das políticas públicas no combate a esse tipo de crime, julgando se essas políticas
estão tendo efeito e justificando a resposta. Essa questão trabalha tanto o nível
inferencial quanto crítico. Na verdade, são 3 questões em uma. A resposta dada
es adequada àquilo que foi solicitado, o que nos demonstra que o informante
alcançou tanto o nível inferencial quanto crítico.
A questão seguinte trabalha o nível inferencial e a resposta fornecida pelo
informante foi: “A cada dia que passa aumenta cada vez mais esses casos de
pedofilia, violência, miséria, assassinatos”. Podemos observar que ele associou a
pedofilia, violência, miséria e assassinatos à baixa condição social dos pais. Embora
possamos problematizar bem mais, esadequado pensar conforme o informante,
visto que pelo menos três dos quatro problemas apresentados pelo informante estão
diretamente relacionados à questão social, à exceção da pedofilia, que é uma
problemática encontrada em todas as classes sociais.
Na próxima questão, encontramos uma resposta que o aluno errou ao
afirmar que o principal agente desagregador da família seria a falta de informação
entre pais e filhos, o que está em desacordo com o texto, uma vez que esse afirma
que o agente desagregador em questão é a prostituição infantil.
Por fim, a resposta da ultima questão traz um juízo de verdade, no qual o
informante afirma que cidades pequenas sofrem com o problema, citando o caso de
uma menina de 15 anos estuprada pelo próprio namorado.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X X
5ª Questão X
X
6ª Questão x X
7ª Questão X
8ª Questão X X
Quadro 4 - Questões em que o Informante N° 04 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante n° 05
Questionário 01
A análise prévia das respostas aos questionários feitas pelo quinto
informante apresenta uma compreensão parcial de texto. Por exemplo: a resposta
da primeira questão o teve origem em uma inferência realizada pelo aluno, foi
uma cópia de características de personalidade de mestre Luiz propostas como item
na questão elaborada por este pesquisador, a qual traz a pergunta se o pai de
Luizinho poderia ser tipificado como um caçador impiedoso e desapegado.
Na segunda questão, foi escolhida a letra “a”, ou seja, aquela que afirma
que apenas o primeiro item era correto. Justamente o item que afirma que as
informações, dados sobre o personagem Luiz Goalves aproximam-no de uma
tipificação da figura de caçador impiedoso e desapegado. A questão foi respondida
errada, contudo nossa análise considera que, pelo menos, uma inferência foi
realizada.
A questão seguinte foi respondida corretamente, ou seja, foi marcada a
letra “d”. Nesse caso, considera-se que a inferência foi realizada.
Na próxima questão, de numero 04, a resposta foi “sim’’ pelo fato de ter
notado a onça, o que ele tanto queria. A análise dessa resposta nos indica que
houve a realização de inferência, embora, acreditamos que Luizinho não
correspondeu às expectativas do pai, daí o conflito que se desencadeia na narrativa.
A quinta questão, a qual investiga se pai e filho compartilham da mesma
visão de ser pai, foi respondida pelo informante simplesmente com um não”, sem
apresentar justificativa. Essa resposta mesmo incompleta nos indica que houve
alguma inferência por parte do informante.
A questão seguinte pede que o aluno suas conclusões sobre a atitude
do pai de Luizinho. Espera-se que as conclusões tragam um juízo de valor sobre a
atitude em questão. A resposta dada foi: “um pai que pensava em passar para o filho
os dotes de matar onças sem se preocupar com a vida dele. o importante’’. Es
claro aqui o juízo de valor, o que nos remete ao nível de compreensão crítico. A
resposta está adequada ao que era esperado.
A questão seguinte trabalha também o nível crítico de compreensão
leitora. A resposta dada pelo informante foi que Luizinho não poderia ser chamado
de covarde, “pois são poucas que tem tanta coragem de ficar cara a cara com um
animal tão bruto...’, afirmou o aluno’.
Essa resposta traz implícito um juízo de valor positivo sobre a atitude do
filho do mestre Luiz.
A última questão do primeiro questionário traz um juízo de valor em
relação à atitude do pai, a qual deveria ter sido: “tirar o filho do local porque aquele
momento poderia ter sido a morte de seu filho pela onça”. Podemos perceber que o
informante acredita que o pai deveria ter dito uma outra atitude para com o filho.
Com relação ao segundo questionário do instrumento, o informante o o
respondeu, o que não nos possibilita realizar a análise das respostas.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial vel crítico
1ª Questão
2ª Questão X
3ª Questão X
4ª Questão X
5ª Questão X
6ª Questão X
7ª Questão
X
8ª Questão X
Quadro 5 - Questões em que o Informante Nº 05 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante n° 06
Questionário 01
As respostas fornecidas pelo informante nos apresentam um nível de
compreensão leitora elevado, haja vista que as respostas se aproximavam daquilo
que era esperado pelo pesquisador como corretas. A primeira questão aborda a
inferência de personalidade e apontou como traços da personalidade de mestre Luiz
matador de onças, corajoso carrasco e ignorante. Realizando uma análise da
resposta, temos uma indicação de que os três últimos trechos apontados foram
resultado da análise individual do aluno, o qual inferiu tais traços através da leitura.
A primeira característica apontada, contudo, não é um trabalho da personalidade do
caçador, visto que o próprio texto (linha 2) afirma o que aluno expressou.
A questão de numero 02 foi respondida errada, no caso a “c’’. No entanto
nossa linha de pesquisa identificou que, mesmo tendo marcado a letra errada, foram
feitas inferências no que diz respeito aos itens II e III, marcados como corretos.
A terceira questão foi respondida corretamente, através da marcação da
letra “d’’. O que nos indica que o aluno não só realizou a inferência, como a fez
corretamente.
A questão seguinte pergunta se Luizinho correspondeu às expectativas
do pai e pede uma justificação. O aluno afirma que “não” e justifica sua resposta:
pelo fato de Luizinho ter sido obrigado a caçar a onça. A resposta se adequa ao que
era esperado e nos indica que houve uma inferência na compreensão.
A questão de número 05 procura saber se, na opinião do informante, pai e
filho compartilham da mesma visão sobre ser pai. Esse problema o qual se
manifesta também no conflito narrativo tem que ser analisado. É luz do texto como
um lado, visto que, no final, Luizinho afirma que quem tranca um filho numa furna
com uma onça não é pai. O aluno respondeu: “Não, porque pai não coloca a vida de
um filho em perigo”, o que nos aponta para realização de inferência.
As questões seguintes trabalham o nível crítico de compreensão, exigindo
do informante uma reflexão sobre as atitudes dos personagens. Na sexta queso, o
aluno respondeu: Queria que seu filho tivesse sua mesma profissão matador de
onça e corajoso. Mas Luizinho não admirava sua profissão”. A resposta nos parece
adequada ao que era esperado do aluno, embora não haja propriamente juízo de
valor em relação à atitude do mestre Luiz de onde concluímos que não alcançou
vel crítico de compreensão leitora.
A sétima questão foi respondida pelo informante da seguinte forma: Sim,
porque o pai não admitia que tivesse medo de onça, que ele fosse corajoso igual a
ele’’. Essa resposta o se adequa ao que era esperado, que ter medo de onça
não implica em ser condenado, pois, no nosso entendimento, ter medo de animal
feroz e selvagem é absolutamente normal.
A resposta a essa questão se apresenta contraditória em relação à
anterior. Aqui, pede-se que o aluno julgue a atitude do pai e na anterior que julgue o
comportamento do filho. A resposta a essa questão deixa subentendido que o
informante condena a atitude do pai, pois respondeu que teria atitude de qualquer
outro pai que é “ajudar o filho e tirá-lo da situação de perigo”. A resposta da questão
anterior deixa subentendido que a conduta do filho tamm foi reprovada, o que nos
aponta para um problema de compreensão do texto ou das questões, ficando
indefinido qual o juízo de valor composto pelo informante.
Questionário 02
No questionário do texto Enxugamento de gelo”, o aluno acertou 05 das
08 questões apresentadas. Na primeira questão, por exemplo, foi perguntado a
quem caberá uma ação decidida no combate aos crimes de exploração sexual
infantil, e o informante respondeu: “cabe à família e também ao poder público”. O
que nos demonstra que houve compreensão e, principalmente, que foi realizada
uma inferência.
A questão seguinte trabalha o nível crítico de compreensão, pedindo que
o informante emita em julgamento do trabalho das autoridades no combate ao tipo
de crime em questão. A resposta obtida foi: “Não, por que ainda muita
prostituição principalmente nas famílias que são desestruturadas e o governo nada
esfazendo para combater esta descriminalidade”. Apesar de um pouco confusa,
sobretudo no que diz respeito à palavra final descriminalidade, a resposta deixa
clara a opinião ou julgamento do aluno em relação ao trabalho das autoridades.
A terceira questão trabalha uma inferência, na qual os informantes
deverão observar rias ões destacadas ao longo do texto para responder a
questão. A resposta fornecida pelo aluno parece está em descompasso com o texto,
mas o deixa de ser uma resposta coerente, resultado de uma inferência.
Observemos: ”Deveria fazer palestra incentivando os adolescentes que não se
prostituam, arranjasse mais oportunidades de empregos para poder ocupar o seu
tempo sem prejudicar sua vida”.
A questão de numero 04 trouxe uma resposta um pouco confusa. O aluno
respondeu: “Que a lei seja mais bem sucedida para essas pessoas e que elas sejam
mais respeitadas como devem.” A questão fala da impunidade dos criminosos e dos
crimes. O informante, se refere à lei mais bem sucedida para pessoas, referindo-se à
crianças e adolescentes, embora isso não esteja claro. De qualquer forma, não
identificamos um julgamento ou juízo de valor por parte do aluno.
A resposta da quinta questão nos parece confusa também. Para
responder qual o papel dos políticos públicos no combate à exploração sexual
infantil, se estendo efeito e justificativar, o informante afirmou: “Não (está tendo
efeito), pois em alguns lugares ta aumentando a prostituição mas isso é falta de
argumentações para combater isso”. Com relação ao papel das políticas públicas,
não foi respondido. De qualquer forma, um juízo de valor em relação ao efeito
das políticas de combate ao crime em questão, o que nesse caso é um juízo
negativo.
A resposta da próxima questão es um tanto vaga, pois simplesmente o
informante respondeu em relação ao agravamento das condições sociais do país ele
entende: “O país cada vez mais ta piorando suas condições e está nos
prejudicando”. Parece-nos que o informante apenas responde a queso sem
fornecer um julgamento ou juízo crítico.
A próxima resposta está errada, pois o texto não fala em separação de
casais, mas em desagregação de família e, mesmo assim, a resposta seria a
prostituição infanto-juvenil.
A última questão foi corretamente respondida. O aluno afirma que cidades
pequenas sofrem com o problema e conhece um caso de estupro. Essa resposta
nos demonstra que houve poder público. O que nos demonstra que houve um juízo
de verdade na resposta e, portanto, o informante alcançou o nível crítico de
compreensão leitora.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X
X
2ª Questão X X
3ª Questão X X
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão X
7ª Questão X
8ª Questão X X
Quadro 6 - Questões em que o Informante Nº 06 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante n° 07
Questionário 01
As respostas que o informante forneceu para o questionário do texto
História para o Flávio nos demonstra que fez poucas inferências. Na primeira
questão, por exemplo, respondeu que ele era um cador impiedoso, carrasco e
sem coração. No entanto, a expressão “caçador impiedoso” faz parte do item I da
questão seguinte, o que nos leva a crer que o aluno copiou o traço de personalidade
em questão. Mesmo assim, carrasco e sem coração foram inferências do próprio
informante.
A questão número 02 foi respondida ao marcar a letra “c”, resposta
errada, mas que indica a realizão de duas inferências. Na nossa perspectiva de
análise, essas inferências serão consideradas.
A próxima questão foi respondida corretamente ao ser marcada a letra
“d”, ou seja, Luizinho agora, diante do perigo, com instinto de sobrevivência. Nessa
resposta podemos considerar que houve a realização de inferência.
A quarta questão foi respondida da seguinte forma: “Não, porque ele
estava sendo obrigado a matar a onça”. Essa resposta nos indica que o aluno
realizou a inferência investigada e a resposta adequa-se ao que estava sendo
esperado.
A quinta questão foi respondida da seguinte forma: “Não, porque quem é
pai não coloca a vida de um filho em qualquer perigo”. Observamos que o
informante não só realizou a inferência como também se posicionou criticamente
com relação à atitude do pai de Luizinho.
A sexta questão foi respondida corretamente. O aluno afirmou: que ele
queria que seu filho fosse que nem ele, um matador de onça, mas Luizinho não
admirava a profissão do pai”. Aqui, podemos observar que o aluno o se
posicionou criticamente nessa questão, limitando-se a reproduzir o que pensa ser o
pensamento do pai, restrigindo-se ao nível inferencial.
A resposta da sétima questão tamm parece reproduzir o pensamento
do pai. A resposta: “sim, porque seu pai não admitia que ele tivesse medo da onça,
ele queria que ele fosse corajoso que nem ele” nos indica que há uma reprodução
do pensamento do pai e o a opinião do próprio aluno, o que nos fez crer que não
houve um juízo de valor em ralação à atitude do pai.
À questão seguinte o aluno respondeu: “de ajudá-lo, como qualquer outro
pai ajudaria nessa situação”. Essa resposta apresenta um posicionamento do
informante com relação à atividade de mestre Luiz, o que nos indica que alcançou o
vel crítico de compreensão leitora, ainda que tenha entrado em contradição com a
resposta anterior.
Questionário 02
O segundo questionário, por sua vez, respondeu mais adequadamente
em relação aos parâmetros estabelecidos. Por exemplo, a resposta da primeira
questão foi: “a responsabilidade principal é a da família, mas a política também tem
que se preocupar com essas pessoas”. Nessa resposta podemos perceber que o
informante conseguiu inferenciar sobre a resposta da questão.
A questão de número 02 trabalha o nível crítico de compreensão e a
resposta do informante foi: não, porque ainda muita prostituição, principalmente
nas famílias que o desestruturadas e o governo não está fazendo nada para
combater esta descriminalidade”. Podemos observar que um juízo de valor
negativo com relação ao trabalho das autoridades, o que nos demonstra que
alcançou um nível crítico de compreensão.
A terceira questão foi respondida adequadamente. A resposta do aluno
foi:
deveria fazer programa / palestra incentivando a essas pessoas que não se
prostituam. Para as adolescentes ter mais oportunidades de emprego,
assim não haveria tanta comercialização para outros países elas
trabalhando como garotas de programa.
A resposta traz inferências realizadas pelo aluno, visto que o texto não
traz solução, ele palestra, o que nos leva a crer que é ideia própria do estudante.
A quarta questão foi respondida da seguinte forma: que a lei seja mais
bem sucedida para essas pessoas e que elas sejam respeitadas como devem”.
Essa resposta foi localizada em outro questionário, no caso do informante 06.
Portanto, um copiou do outro e como não poderemos saber quem a elaborou e
quem a copiou, desconsideraremos ambas respostas, até por que não respondem
ao que foi questionado.
Na questão seguinte o informante respondeu: “no momento não eso
agindo como deve não, pois ainda muita prostituição”. A resposta está adequada
e traz um juízo de valor por parte do informante.
Na sexta questão, o aluno respondeu: é o aumento da pobreza e da
exploração sexual e da articulação do crime”. A resposta es adequada e nos
aponta a realização de uma inferência.
A sétima questão es respondida de forma inadequada. O informante
respondeu: o pai; às vezes as mulheres que se agüentam com os homens doentes
e chega até a maltratar seus filhos”. Essa resposta sem sentido o está no texto,
embora possa se considerar que a desagregação da família possa ser causada
tamm por pais desajustados.
A última questão foi respondida adequadamente. O informante
respondeu: “sim, s ouvimos falar estupros, violência domiciliar”, o que nos indica
que fez um juízo de verdade, tendo alcançado o nível crítico de compreensão.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão X X
7ª Questão X
8ª Questão X X
Quadro 07 - Questões em que o Informante Nº 07 Alcançou Nível de Compreensão Inferencial
e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 08
Questionário 01
As respostas dadas por esse informante, de uma maneira geral, apontam-
nos um problema de compreensão do texto. A resposta da primeira questão, por
exemplo, não aponta diretamente traços da personalidade do mestre Luiz, mas
características das quais é possível deduzir os traços solicitados. O informante
afirma: “Luiz Gonçalves não tinha medo de enfrentar onças, fantasmas ou qualquer
outro tipo de criaturas”. Isso parece óbvio e observamos que as inferências não
foram feitas.
As duas questões seguintes foram respondidas de maneira errada. Na
segunda questão, respondeu letra “d”, o que nos faz perceber que, das três
inferências solicitadas, apenas realizou uma. Na terceira, respondeu letra “b”, ou
seja, Luizinho admirava a profissão do pai, ao passo que a resposta correta é a letra
“d”, ou seja, Luizinho agora, diante do perigo, com instinto de sobrevincia.
A quarta questão foi respondida de maneira inadequada. O aluno afirma:
“Luizinho era corajoso e por isso seguiu a profissão de seu pai”. Embora não
possamos associar o personagem à característica “covarde”, também não podemos
associá-lo a corajoso, nem muito menos que tenha seguido a profissão de seu pai.
Essa resposta indica que o aluno não inferenciou sobre a pergunta realizada.
A resposta seguinte tamm se mostra inadequada, pois ao ser
perguntado se pai e filho compartilham a mesma visão sobre ser pai, o informante
simplesmente respondeu: “ele não se mostrou ser um bom pai”, ou seja, não houve
inferência.
Acreditamos que a sexta questão foi respondida com uma reprodução do
ponto de vista do mestre Luiz e não pelo próprio informante. A resposta do aluno foi:
“Luiz não pensou no filho, pensou nele mesmo”. Isso nos indica que não uma
reflexão crítica por parte do aluno, quando muito uma inferência sobre o pai.
A resposta à sétima questão está adequada ao que era esperado. A
justificativa dada pelo informante foi: “não, porque mesmo ele tendo medo da onça,
ele faz o que o pai dele queria”.
A resposta da última questão es adequada ao que era esperado. O
aluno respondeu que o pai deveria ter tido “mais compreensão, pois o filho tinha 15
anos e ele nunca tinha tido experiência de perigo”. Essa resposta nos leva a crer
que o informante alcançou uma reflexão crítica a respeito da atitude do pai de
Luizinho.
Questionário 02
As respostas do segundo exercício de compreensão revelam um aluno
mais crítico em relação ao responder o primeiro exercício. Na resposta da primeira
questão, por exemplo, respondeu que caberia ao governo e a sociedade ajudaria
muito para que melhorasse a vida dessas pessoas. Consideramos tal
posicionamento como correto, o que nos indica a realização de uma inferência.
O informante respondeu a questão seguinte de maneira aparentemente
errada, pois a pergunta era se ele acha que as autoridades estão trabalhando para
resolver o problema da exploração sexual de crianças e adolescentes, além de pedir
que o aluno justifique a resposta. Ele respondeu: “exploração sexual es
aumentando porque tem muitas crianças que não tem moradia, outras que não tem
o que comer, por isso elas se prostituem”. Nossa análise percebeu que a resposta
adequa-se ao esperado, embora não seja manifestada através de “sim ou “não”,
uma vez que o informante parece estabelecer uma relação causal entre falta de
moradia e alimentação (falhas nas ações das autoridades) e o aumento dos casos
de exploração sexual infantil. Consideramos nessa questão, portanto, que o aluno
tanto inferenciou quanto se posicionou criticamente.
A terceira questão foi respondida de maneira simples: “mais
acompanhamento da família, a formão moral e familiar”. A resposta está
incompleta, que o texto enumera bem mais ações tanto das autoridades, quanto
da família. De qualquer forma, mesmo simples, houve uma inferência.
À questão seguinte, o informante respondeu que “os infratores fossem
punidos pelos seus atos imorais”. Essa resposta nos indica que não houve um
posicionamento por parte do informante, no que diz respeito ao juízo de valor ou de
verdade, requisitos de um nível de compreensão crítico, nem houve inferência na
resposta, a qual foi respondida de maneira óbvia e simples.
A resposta da questão número 05 está bastante completa e adequada ao
texto, indicando que o informante realizou inferências e reflexão crítica na sua
formulação. Ele afirmou: “na prevenção, isso implica em criar uma rede de proteção
em torno das crianças e adolescentes, pondo-os a salvo dos tentáculos criminosos.
A ação deve começar pela proteção do próprio núcleo familiar”.
A resposta da sexta questão, por sua vez, parece-nos inadequada por se
configurar uma simples repetição do texto. O informante respondeu: “ampliaram a
base para que a exploração sexual de crianças e adolescentes se intensificasse no
rosto da desagregação dos núcleos familiares o aumento da pobreza e articulação
do crime”. Acreditamos que o informante não compreendeu a questão, a qual pedia
o entendimento pessoal dele.
A sétima queso foi respondida de maneira adequada, o que nos indica
que o aluno fez inferências e refletiu criticamente sobre o texto. O informante
apontou a prostituição infanto-juvenil como principal agente desagregador da família.
Na última questão, respondeu que os tipos de crime em questão
acontecem em algumas cidades pequenas por falta de trabalho ou moradia etc.
1º Questionário 2º Questionário
Nível
inferencial
Nível crítico vel inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
3ª Questão
X
4ª Questão X
5ª Questão X
6ª Questão X
7ª Questão X X
8ª Questão
X
X
Quadro 08 - Questões em que o Informante Nº 08 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante n°09
Questionário 01
Ao ler as respostas dos questionários respondidos por esse aluno, elas
nos apresentam bem mais adequadas e coerentes. Esse informante errou apenas
uma questão de cada questiorio. Por exemplo, na primeira questão respondeu
que mestre Luiz era: “caçador e famoso matador de onças e carrasco com o filho”.
Das ts características apontadas, apenas uma pode ser caracterizada como tro
da personalidade do personagem, que é ser “carrasco”. Então, consideraremos
realizada uma inferência.
A segunda questão foi respondida a letra “c”, alternativa errada, pois a
correta é a letra “c”. Contudo, consideraremos que o informante acertou dois dos
itens apresentados, o II e o III.
A terceira questão foi respondida corretamente, ou seja, a opção marcada
foi a letra “d”. Nessa questão, consideramos que o informante realizou uma
inferência.
A quarta questão procura saber se Luizinho correspondeu às expectativas
do pai. O aluno respondeu: não, porque ele só matou a onça para sobreviver,
quando o seu pai deixou justo com ela”. Como podemos observar, a resposta está
adequada e consideramos que o aluno inferenciou sobre a resposta e o texto.
Na próxima questão, o informante respondeu: não, pois a visão que
Luizinho tinha de seu pai era de uma pessoa carrasca, diferente dos outros”.
Acreditamos que a resposta está adequada e o aluno inferenciou corretamente.
A questão de número 06 foi respondida corretamente, embora o
informante não tenha emitido um juízo de valor sobre a atitude de mestre Luiz. Ele
afirmou que ele queria que seu filho fosse uma pessoa carrasca e matadora de
onça como ele, mas não pensou nas consequêcias e que seu filho era diferente”.
Percebemos que o aluno respondeu de acordo com o ponto de vista do próprio
personagem e não dele próprio.
As questões de número 07 e 08 trabalham um juízo de valor em relação à
atitude de Luizinho (questão 07) e de mestre Luiz (questão 08). As duas respostas
apresentam coerência entre si, uma vez que afirmam que Luizinho não poderia ser
chamado de covarde, porque o medo de onça não torna uma pessoa covarde. Por
outro lado, mestre Luiz: deveria ter compreendido o filho, e ter apoiado no que ele
queria, e ter dado força para ele vencer o medo aos poucos”. Podemos observar
que, em ambos as respostas, o informante fez uma reflexão crítica sobre o
comportamento dos personagens.
Questionário 02
O questionário do segundo texto foi respondido corretamente, com
exceção da sétima questão, a qual merece uma análise mais detalhada. A primeira
resposta foi:
as pessoas que estão mais próximas disso, depois os governos municipais,
estaduais e federais, e as Organizações Não Governamentais (ONGS),
Organização das Nações Unidas (ONU) e policiais que podem ajudar a
combater e a dar assistência às vitimas.
Podemos perceber que a resposta do informante foi completa, além do
que é postulado no texto, o que nos indica a realização de inferência.
A resposta da segunda questão tamm merece uma análise mais
aprofundada. O informante afirma: sim, porque nem todos trabalham a favor da lei
para combater esse problema, por ocorrer com frequência, isso se torna difícil de
combater. Pessoas responsáveis são pessoas mais próximas. Devemos notar que,
além de se posicionar criticamente em relação ao trabalho das autoridades, afirma
que as pessoas mais próximas das crianças, no caso a família, são as mais
responsáveis por garantir sua segurança.
A questão seguinte, número 03, foi respondida da forma a seguir: “criar
uma forma de proteção a crianças e adolescentes, mas a ação deve começar
primeiramente pela família para ter uma formão moral e afetiva com os jovens e
pessoas próximas”. A resposta acima está adequada ao que era esperado e nos
indica que houve a realização de inferência, pois mesmo retirada do texto, foi
formulada com sua opinião pessoal.
A quarta questão fala sobre o papel da impunidade e o agravamento da
situação de crimes contra a criança e o adolescente. A resposta do aluno foi:
“quanto mais esses crimes são praticados e são julgados, as pessoas que o
praticam se sentem à vontade para praticar esses absurdos, pois acham que nunca
serão pegos”. A resposta parece um pouco confusa, mas se torna mais esclarecida
a partir da sentença, pois acham que nunca serão pegos, daí se deduz que a
impunidade aumenta a criminalidade. Isso nos demonstra que o informante realizou
um juízo crítico a respeito da questão da impunidade.
À quinta questão o informante respondeu que as políticas têm o papel de
fiscalizar e proteger, dando assistência às famílias etimas desse crime, que está a
cada dia mais aumentando sem limites. A resposta es adequada e nos faz
perceber que o informante alcançou um nível crítico de compreensão.
Observemos a resposta da sexta questão:
As pessoas que não tem condições sociais, ou seja, pessoas pobres
acabam entrando no mundo das drogas, prostituição pensando que irão ter
melhor condição de vida, e acabam se dando mal, pois não conseguem
nada, apenas se excluir da sociedade.
Podemos perceber que a resposta se adequa ao que era esperado e
indica que houve uma reflexão crítica a respeito do tema condições sociais.
A questão número 07, teve uma resposta aparentemente inadequada.
Contudo, ao analisarmos a resposta, acreditamos que ela está de acordo com o
texto, assim como, consideramos que é uma reflexão crítica, resultado de uma
inferência.
“A falta de diálogo entre famílias, fome, violência entre as famílias”. O
próprio texto afirma que a prostituição infanto-juvenil é o principal agente
desagregador, mas será que também não podemos considerar a resposta como
adequada? Pensamos assim.
Por fim, a última resposta está adequada também. O informante afirmou:
“sim, casos de maridos que abusam sexualmente de suas parceiras, amigas e
filhos”.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X X
3ª Questão X
X
4ª Questão X X
5ª Questão X
X
6ª Questão X X
7ª Questão X X
8ª Questão
X
X
Quadro 09 - Questões em que o Informante Nº 09 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 10
Questionário 01
A primeira resposta do informante não se adequa ao que era esperado,
embora a resposta não esteja errada, não aponta traços da personalidade do mestre
Luiz. Ele apontou que o personagem era caçador e famoso matador de onças, o que
nos indica que não foi inferenciada a personalidade do caçador.
A resposta da questão seguinte está errada. Contudo, assim como a de
outros informantes, seconsiderada a realização de inferência, referente aos itens
II e III, os quais o aluno considerou corretos.
Na questão número 03, foi respondida com a letra d”, opção correta, o
que nos demonstra que o aluno inferenciou a respeito do comportamento do
personagem Luizinho.
A resposta da questão seguinte es adequada ao que era esperado,
portanto, consideramos que houve inferência. Observemos a resposta: não, por ter
medo e a onça só foi morta quando ele foi posto junto com a onça, ou seja, ou ele
matava ou ele morria”.
A resposta à próxima questão também se adequa ao que era esperado e
considerado como resultado de uma inferência realizada. O informante afirmou “não,
pois para Luizinho seu pai é um homem carrasco e não um verdadeiro herói (pai)”.
A questão de número 06 foi respondida, assim como a de outros
informantes, de acordo com o ponto de vista do pai. Ele afirmou: “ele queria que seu
filho fosse como ele, um matador de onças; nem ao menos ouviu a opinião de
Luizinho”. Consideramos aqui a realização de inferência, mas o uma reflexão
crítica sobre a atitude do pai.
Na questão seguinte, o aluno respondeu: “não, porque o medo não torna
uma pessoa covarde, apenas não consegue ir além de seu potencial”. Acreditamos
que a resposta está correta e apresenta um juízo de valor em relação à atitude do
filho do caçador.
Por fim, o informante condena a atitude do personagem mestre Luiz
afirmando que ele: “deveria ter ajudado seu filho, ensinando a não ter medo, pois,
diante de obsculos, devemos enfrentar com atitudes e coragem. Isso é que seu pai
deveria ter passado para Luizinho”.
Ao estabelecer o que deveria ser feito, acreditamos que o informante
condena a atitude em questão, emitindo um juízo de valor negativo, alcançando o
que intitulamos nível crítico de compreensão leitora.
Questionário 02
Ao ler as respostas do segundo questionário, elas nos indicam que o
informante compreendeu o texto “Enxugamento de gelo adequadamente. A
resposta da primeira questão foi: “primeiramente a família e em seguida o governo e
todo mundo”. A abrangente resposta, além de correta, indica que o aluno inferenciou
adequadamente, dentro do que era esperado pelo pesquisador.
A resposta da segunda questão indica que o informante o só
compreendeu o texto, como também se posicionou criticamente em relação ao
conteúdo do editorial. A resposta dada foi: “sim, só que a grande ocorrência de
casos faz não aparecer o trabalho das autoridades”. Percebemos a ponderação do
aluno, que a grande maioria das pessoas, por haver falhas, não valoriza o
trabalho das autoridadeso está sendo feito.
A questão de mero 03 trabalha o nível inferencial de compreensão. A
resposta foi:
criar uma rede de proteção a crianças e adolescentes, ter políticas públicas
destinadas a combater esse mal tem de se fundamentar, antes de tudo, na
preveão. E que redobre a atenção sobre seus filhos e que haja mais
respeito entre o próximo.
Acreditamos que a resposta está adequada ao que era esperado.
A questão 04, a qual trata da impunidade, foi respondida adequadamente
da seguinte forma: “quanto mais os crimes praticados não são julgados, mais ainda
acontecem, pois os criminosos sentem-se libertos para praticar o mal cada dia que
passa, porque não julgamento justo”. Como se pode depreender da resposta um
juízo de valor sobre a impunidade, o informante alcançou o nível crítico de
compreensão.
A quinta questão também trabalha o nível crítico de compreensão,
tratando do papel das políticas públicas no combate ao tipo de crime em questão. O
informante afirmou: “fazer com que as famílias sintam-se mais protegidas dos crimes
hediondos que acontecem sem parar. Cabe a cada um conscientizar-se e ensinar os
valores morais aos seus filhos”. A resposta está adequada aos parâmetros
estabelecidos.
A questão 06 foi respondida da seguinte forma: “existem pessoas pobres
que entram no mundo da prostituição num mundo sem volta, pois pensam em não
conseguir uma vida melhor e isso agrava a sociedade”. A resposta atende ao que
era esperado, uma vez que, quando se fala de agravamento das condições sociais
do país, fala-se em desigualdade social, aumento da pobreza, má distribuição de
renda etc, assuntos que não foram abordados pelo informante.
A resposta da sétima questão está correta, sendo respondida da seguinte
forma: “a prostituição infanto-juvenil, suas principais fontes alimentares é o turismo
sexual, fenômeno de grande incidência nas áreas menos desenvolvidas do país,
inclusive o nordeste”. Essa resposta nos indica que o informante alcançou o nível
inferencial de compreensão.
A última questão teve como resposta: “sim, casos de namorados que
abusam sexualmente de mulheres, até de menores. Embora vaga, essa resposta
apresenta um juízo de verdade, caracterizando o nível crítico de compreensão.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X X
5ª Questão X X
6ª Questão X X
7ª Questão
X X
8ª Questão X X
Tabela 10 - Questões em que o Informante 10 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Informante nº 11
Questionário 01
O informante em questão respondeu o questionário de maneira objetiva e
clara. Ao ler suas respostas, elas nos apresentam um leitor com compreensão sobre
o texto. A resposta da primeira questão foi: famoso caçador e matador de onças;
carrasco com o filho”. Os três traços apontados apenas é resultado de inferência e
traço de personalidade: o “carrasco”. As outras duas características, além de não
serem traços de personalidade, já estão expressas no texto, ou seja, não foram
inferenciados.
Na segunda questão, foi respondida a letra “c”, ou seja, uma opção
errada. Entretanto, nossa pesquisa trata desta questão pela quantidade de
inferências realizadas, nesse caso duas, correspondentes aos itens II e III.
A resposta da questão número 03 está correta, a letra “d”, a qual indica
que o informante inferenciou adequadamente.
A resposta da quarta questão se adequa ao que era esperado, visto que
abordou o problema do conflito gerado entre pai e filho da maneira correta. O
informante respondeu: “não, por que ele só matou a onça porque seu pai lhe colocou
junto com ela, então ele teve que matá-lo, mas por vontade dele, ele não a mataria”.
Podemos perceber que o aluno realizou a inferência corretamente, tendo
exposto exatamente o motivo pelo qual Luizinho o correspondeu às expectativas
do seu pai.
A quinta questão tamm foi respondida adequadamente, o que indica
que o informante inferenciou ao afirmar: não, pois a visão que Luizinho tinha sobre
seu pai era diferente de como ele via o seu, que consideramos carrasco”. Fica claro,
através da leitura do texto, que Luizinho acreditava que seu pai havia errado ao
forçar seu ato de bravura, a porque quem confronta um animal selvagem, pode ser
ferido ou até morto.
A sexta questão trabalha o vel crítico de compreensão ao perguntar
quais as conclusões do informante a respeito da atitude do caçador. Os informantes
cujos questionários foram analisados até o presente momento não compreenderam
bem a questão, pois agora percebemos que poderia ter sido formulada de outra
forma, não deixando margem para vidas. Todos os que já foram analisados
entenderam que a resposta deveria conter uma conclusão própria, mas, sobre o
ponto de vista do caçador, todos repetiram aquilo que o mestre Luiz teria pensado.
Por outro lado, o informante, ora em análise, embora tenha inicialmente analisado
sob o mesmo ponto de vista, em seguida, faz uma pequena crítica sobre a conduta
do pai de Luizinho. Eis a resposta: “pois ele queria que seu filho fosse que nem ele,
um matador de onças, mas não pensou que seu filho fosse diferente”. Percebe-
se que a resposta segue inicialmente uma linha de tentativa de justificativa, a
truculência do caçador. Contudo, a partir da adversativa “mas”, segue-se uma outra
linha argumentativa, um tanto quanto mais crítica.
A sétima questão também trabalha o vel crítico da linguagem
investigando a ação de Luizinho. O informante respondeu: não, porque ter medo
não é ser covarde, e sim não acreditar que é capaz de enfrentar seus obsculos”.
Podemos observar que um juízo de valor positivo em relação à atitude do rapaz,
o que significa que o informante alcançou o nível crítico de compreensão.
A última questão do primeiro questionário tamm proporciona a emissão
de um juízo de valor, mas agora em relação à atitude do caçador. O aluno
respondeu: “ele deveria ter ajudado seu filho, acolhido e lhe mostrado que ele não
precisava ter medo”. Em coerência com a questão anterior, na qual se posiciona a
favor do rapaz, nessa resposta, se posiciona criticamente contra o comportamento
do mestre Luiz.
Questionário 02
As respostas deste informante para o segundo questionário nos
apresentam uma compreensão adequada sobre o tema em questão e sobre o texto
estudado. A primeira questão, por exemplo, foi respondido corretamente: “A nós e às
autoridades, porque cabe a todos nós mudar essa realidade que a cada dia vem
aumentando. Diante disso, essa é uma ão que ainda não foi decidida de acordo
que ela deve ser”. Essa resposta nos indica que o aluno realizou inferência e
alcançou o nível crítico de compreensão.
A questão seguinte foi respondida adequadamente. O aluno afirmou
sobre o trabalho das autoridades: Não, pois se estivessem trabalhando em cima
disso, o estariam acontecendo tantos crimes de exploração de crianças. isso tem
que acabar, pois crianças fazem parte do futuro da humanidade”. Essa resposta nos
indica que o aluno inferenciou e refletiu criticamente sobre o tema da questão.
O próximo quesito foi respondido como se segue: Deve ser feita uma lei
que proteja nossas crianças de tudo isso que está acontecendo. A política deve se
conscientizar, isso também faz parte de seus deveres”. O que o informante
expressou essubentendido no conteúdo do texto, o que nos indica que houve
inferência.
A questão número 04 foi respondida de maneira inadequada: “O papel
dela é que não está sendo usada devidamente como deve ser, usando ela
corretamente tudo isso vai mudar, de qualquer forma vamos u-la corretamente”.
Essa resposta nos indica que não houve reflexão crítica sobre o conteúdo da
questão.
A seguinte foi respondida adequadamente, como podemos observar:
“Não está tendo muito efeito. Isso se porque a os políticos têm suas
irregularidades e com isso não se deve confiar nesses políticos que não exercem
sua verdadeira função”. Essa resposta nos apresenta um informante crítico em
relação à situação do Poder Público no Brasil e a inoperância que propicia os crimes
acontecerem e não serem punidos devidamente.
A sexta questão foi respondida como a seguir: São os gastos que estão
sendo feitos sem que seja efetuado corretamente, e com isso as condições estão se
agravando cada vez mais de acordo com suas estruturas”. Essa resposta es
inadequada e confusa, o que nos indica que não houve reflexão crítica.
A sétima questão foi respondida adequadamente: Prostituição infantil-
juvenil é o principal agente desagregador e o turismo sexual, fenômeno de grande
incidência nas áreas menos desenvolvidas como o nordeste”. Essa resposta está
adequada e nos indica que houve inferência.
A última questão trabalha o nível crítico de compreensão. Ei-la: “Sim,
casos de meninas de menor ficarem grávidas, vivem em prostituição e etc”. Essa
resposta nos indica que houve reflexão crítica sobre a realidade.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X X
3ª Questão X
X
4ª Questão X X
5ª Questão X
X
6ª Questão X
7ª Questão X X
8ª Questão
X
X
Quadro 11 - Questões em que o Informante Nº 11 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Informante nº 12
Questionário 01
Ao ler as respostas dos questionários, percebemos as respostas corretas
em sua maioria, ou seja, adequadas ao que era esperado pelo pesquisador. A
primeira resposta contudo parece, assim como outros informantes, ter sido copiada
do item I da questão seguinte, pois o aluno respondeu: “famoso matador de onça e
impiedoso”, o que não podemos afirmar que seja inferência, pois famoso cador de
onça não é traço da personalidade e impiedoso, que o seria, foi copiado do referido
item da segunda questão.
A questão seguinte, assim como quase todos os questionários analisados
até o presente, tem como resposta a letra “c”, ou seja, foi realizada uma inferência,
pois a resposta marcada, embora contenha um item errado, possui dois itens
corretos.
A resposta da questão mero 03 está correta, ou seja, o informante
marcou a letra “d”, indica que foi realizada a inferência inquirida.
A queso seguinte também foi respondida adequadamente. A resposta
do aluno foi: “não, porque seu pai queria que ele matasse a onça por bravura e
coragem, por seu próprio instinto de caçador e ele não teve coragem.” Como
podemos observar, a resposta está correta e nos indica que houve a realização de
inferência.
A resposta da questão de número 05 também está correta e nos indica a
realização de uma inferência. A resposta foi: não, pois, para Luizinho, pai não é
aquele que joga o filho na toca da onça”.
A questão de número 06 trabalha o vel crítico de compreensão leitora. A
maioria dos alunos, no entanto, parece o ter compreendido o enunciado,
respondendo à questão pelo ponto de vista do caçador e o do próprio informante.
A resposta deste informante, contudo, nos indica que um juízo de valor.
Observemo-la: “porque ele só queria que o filho fosse um caçador como ele e não
pensou nos medos do seu filho, ele não pensou no filho e sim nele”. Essa resposta
traz um indício de crítica à atitude do pai e pode ser considerada como correta.
As duas questões seguintes trazem perguntas que sugerem uma reflexão
crítica, sobre a atitude do filho na de número 07 e, sobre o comportamento do pai,
na de mero 08. Observando as duas respostas, podemos perceber que estão em
coerência e o informante se posiciona criticamente, conforme o que estava
enunciado. A resposta da sétima foi: “não, porque o medo o torna um covarde e
sim um inseguro de não ser capaz de enfrentar uma situação”. A resposta da oitava
foi: “deveria ter protegido seu filho diante do perigo que se encontrava e ensinado a
se proteger”. Nas duas questões o informante alcançou o nível crítico de
compreensão.
Questionário 02
Em relação ao segundo questionário, podemos afirmar que o informante
teve uma compreensão parcial do texto “Enxugamento de gelo”, uma vez que
apresenta algumas respostas em descompasso com relação às informações
presentes no editorial.
A resposta da primeira questão foi: “Primeiramente cabe à família da
vítima, polícia, ONGs que podem dar uma assistência psicológica. O governo
municipal, estadual e federal e outros órgãos que possam ajudar e dar assistência à
vítima.”
Como se pode observar, a resposta es adequada e a inferência foi
realizada complementando e resumindo aquilo que está expresso no editorial.
A questão seguinte trata do trabalho das autoridades e sugere que o
informante se posicione criticamente. Ele respondeu: “sim, de uma certa forma pela
lei, mas muitos que poderiam por esta lei em prática fazem ao contrário, participando
da pedofilia”. A resposta obtida traz um posicionamento crítico por parte do
informante e está adequada ao que era esperado.
A terceira questão trabalha no nível inferencial, devendo o aluno, resumir
as ações de combate ao crime em questão. A resposta foi:
Deve primeiro haver um cuidado redobrado da falia e aconselhar a
criança a não se aproximar de estranhos e ver principalmente o
comportamento dos familiares porque a maioria dos casos são de pessoas
da família ou próximas.
Pode-se observar que a resposta escorreta, indicando inclusive que o
informante possuía informões sobre o problema, uma vez que afirma que a
maioria dos casos são pessoas da família ou próximas.
A resposta da quarta questão sugere que o informante possui uma visão
crítica do problema da impunidade, mesmo não se expressando claramente. Ele
relaciona a impunidade à questão das classes sociais no Brasil. Eis a resposta:
“Geralmente os casos são pessoas classe média e alta com crianças classe baixa
por que se tornou casos de impunidade e sendo com pessoas de alto nível na
sociedade, as vítimaso têm como fazer justiça.”
A questão de número 05 trabalha o nível crítico de compreensão. A
resposta obtida foi: “não, muitos exemplos de casos impunes e a polícia es
participando muitas vezes dessa injustiça”. Podemos perceber que o informante se
posiciona criticamente, embora a resposta pudesse ser mais clara e mais completa.
A sexta questão trabalha o nível crítico de compreensão ao inquirir o que
o informante entende por agravamento das condições sociais do País. O aluno
respondeu: “essas barbaridades agrava(m) também a sociedade. As condições das
pessoas pobres levam a se prostituírem para ganhar dinheiro”. A resposta está
parcialmente correta, pois não esde acordo com o texto, embora o aluno esteja
correto. Esperava-se que ele respondesse algo sobre o aumento da pobreza e da
má distribuição de renda, fome e miséria.
A resposta da tima questão está errada, pois o texto afirma que o
principal agente desagregador da família é a prostituição infanto-juvenil, enquanto o
aluno respondeu que:
“O agente desagregador da família é a falta de diálogo e informação, que
acaba com a família levando a família a sofrer com essas conseqüências. Ela se
alimenta muitas vezes da ingenuidade da criaa e da família”.
A última questão trabalha o nível crítico de compreensão não com um
juízo de valor, mas de verdade. A resposta foi: Sim, aqui mesmo aconteceu. Um
rapaz abusou de uma menina de 15 anos e ele dopou e a levou para um motel
denegrindo sua imagem, tanto física quanto moral”. Podemos perceber que houve o
juízo de verdade, o que nos faz crer que alcançou o nível crítico de compreensão.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X
2ª Questão X X
3ª Questão X X
4ª Questão X
X
5ª Questão x X
6ª Questão X X
7ª Questão
X
8ª Questão X X
Quadro 12 - Questões em que o Informante Nº 12 Alcançou Nível de
Compreensão Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 13
Questionário 01
As respostas deste informante nos indicam que houve uma compreensão
parcial do texto História para o Flávio. A primeira questão, por exemplo, ficou em
branco, nos indicando que não houve a realização de inferência.
A segunda questão foi respondida pela letra b”, o que está inadequado,
embora consideramos que foi realizada uma inferência.
A terceira questão foi respondida corretamente, tendo sido marcada a
letra “d”, o que está correto e nos indica que foi realizada uma inferência.
A quarta questão foi respondida corretamente: “Não, porque achava que
não valia apenas se arriscar para provar que era igual ao seu pai” Essa resposta nos
indica que houve a realização de inferência.
A quinta questão foi respondida inadequadamente, como se pode
observar: “Sim, porque o pai não achou certo deixar preso numa forma para criar
coragem. Essa resposta nos indica que não houve inferência, visto que está em
descompasso com o que foi afirmado no texto.
A resposta da sexta questão está adequada. No entanto, assim como
outros informantes, respondida de acordo com o ponto de vista do caçador: que “ele
queria que seu filho fosse tão valente quanto ele e que o tivesse medo de nada”.
De qualquer forma, nossa análise identificou a realização de inferência.
A sétima questão trabalha o nível crítico de compreensão, solicitando do
informante um julgamento indireto da atitude do filho de mestre Luiz: “Não, porque
ter medo é normal e faz parte de um ser humano ele pode ter medo da onça, mas de
outras coisas ele não tinha”. Essa resposta está adequada e nos aponta para a
realização de uma reflexão crítica.
A última questão, por sua vez, traz um julgamento da atitude do pai de
Luizinho. Eis a resposta: “O pai tinha que ensinar seu filho a perder o medo que ele
tinha diante daquela situação e não fazer com que ele ficasse preso junto à onça
para matá-lo, ou seja, ele tinha que matar a onça para o filho perder o medo e mais
na frente ele saberia como fazer para matar uma onça”. Podemos perceber uma
reflexão crítica sobre o comportamento do pai, isso nos indica que este informante
alcançou o nível crítico de compreensão.
Questionário 02
O segundo questionário foi deixado em branco pelo informante.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão
2ª Questão X
3ª Questão X
4ª Questão X
5ª Questão
6ª Questão X
7ª Questão X
8ª Questão
X
Quadro 13 - Questões em que o Informante Nº 13 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 14
Questionário 01
Uma rápida leitura nas respostas do primeiro questionário desse
informante nos traz indícios de que houve compreensão tanto em nível inferencial
quanto em nível crítico. Observemos a resposta da primeira questão: “Matador de
onça, corajoso, carrasco e ignorante”. Como se pode notar, foram apresentados
quatro traços da personalidade do pai de Luizinho, sendo que um dos traços
apontados não pode ser assim considerado, como é o caso de matador de onças.
Os demais estão corretos e o características de personalidade, indicando que
houve a realizão de inferência.
A questão de mero 02 foi respondida ao marcar a letra “c”. Resposta
errada, mas que indica a realização de inferência no que diz respeito a dois itens
dos três propostos.
A questão seguinte foi respondida ao marcar a letra d”. Está correto e
implica a realizão de uma inferência.
A resposta seguinte foi: “Não, porque ele foi obrigado caçar a onça”. A
nossa análise considerou a resposta adequada, uma vez que reflete o problema em
questão. Essa resposta nos indica que houve a realização de inferência.
A quinta questão foi respondida da seguinte forma: “Não, porque pai não
educa a vida de um filho em perigo”. Essa também foi uma resposta considerada
adequada, embora pudesse ter sido mais explicada. De qualquer forma, podemos
observar que houve a realização de inferência.
A sexta questão foi respondida, assim como outros informantes, do ponto
de vista do pai de Luizinho e não do próprio informante, como se pode observar: “ele
queria que seu filho seguisse sua mesma profissão matador de onça e corajoso
mais o vizinho não admirava sua profissão”. De qualquer forma, ainda que não tenha
havido um posicionamento crítico próprio do aluno, consideramos que realizou
inferência.
Por fim, as duas últimas questões trabalham o nível crítico de
compreensão. Parece-nos que as respostas dos alunos estão em contradição, uma
vez que, na sétima questão, responderam “Sim, porque o pai não admitia que
tivesse medo de onça, que ele fosse corajoso igual a ele”, ao mesmo tempo em que
desaprova a conduta do pai: Teria atitude de qualquer outro pai que é ajudá-lo o
filho e tirado da situação perigo”. Ainda assim, consideramos que houve um
posicionamento crítico por parte do informante.
Questionário 02
O questionário do segundo texto do instrumento foi respondido de
maneira adequada, embora uma questão tenha ficado em branco, a de número 06,
as demais foram todas respondidas. Percebe-se que o informante realizou reflexão
crítica em relação ao conteúdo do texto.
Observemos a primeira resposta: “As autoridades, porque não fazem
quase nada a respeito dessa questão”. Essa resposta está adequada, na medida em
que atribuiu o papel correto às autoridades. No entanto, a justificativa não nos
parece coerente com o que foi questionado, embora nada impeça o informante de
pensar dessa forma, pois o papel que cabe às autoridades é em função do serviço
que prestam enquanto detentores do poder público. Consideraremos a inferência
realizada em função de ter respondido que o papel cabe às autoridades.
A resposta da questão número 02 está adequada, uma vez que ele
respondeu: “Sim, mas deveria fazer mais do que es fazendo. As autoridades só
falam em fazer, mas não fazem, eles têm que falar menos e fazer mais”. Pode-se
observar que ele alcançou o nível crítico de compreensão leitora.
A questão mero 03 trabalha o nível inferencial ao pedir que o aluno
resuma, de acordo com o texto, o que deve ser feito para combater o crime em
questão. O informante respondeu: “Fazer mais escolas e aumentar o tempo nas
escolas para que as criaas passem menos tempo nas ruas, criar projetos, etc”,
Embora a resposta não esteja expressa no texto, podemos considerar correto o
resultado de inferência, embora pudesse ser mais completa.
A questão seguinte trata do problema da impunidade. O informante
respondeu: “O papel é que cada vez mais as pessoas estão sendo menos punidas.
Eles exploram sexualmente as crianças e não são punidos”. Podemos perceber que
o aluno alcançou o nível crítico de compreensão leitora, muito embora a resposta
parece um pouco truncada.
A resposta da quinta questão, a qual trabalha o nível inferencial, foi a
seguinte: “Fazer com que as crianças passem menos tempo nas ruas, mas eles não
estão fazendo isso, por que ainda tem muitas crianças morando nas ruas”. Além da
inferência realizada, percebe-se que o informante se posicionou criticamente sobre o
tema.
A sexta questão não foi respondida.
A sétima questão foi respondida adequadamente, tal como a seguir: É a
prostituição infanto-juvenil, e suas fontes alimentadoras é o turismo sexual,
fenômeno de grande incidência nas áreas menos desenvolvidas do país”.
Consideramos que o aluno realizou a inferência corretamente.
A última questão foi respondida de maneira simples: Sim, mas não
conheço nenhum caso desse crime”. Consideramos a realização de um juízo de
verdade, embora a resposta deixe lacunas.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível ctico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X
X
5ª Questão X X
6ª Questão X
7ª Questão
X X
8ª Questão X X
Quadro 14 - Questões em que o Informante Nº 14 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 15
Questionário 01
O informante em questão respondeu ao primeiro questionário de maneira
adequada, indicando-nos que alcançou os níveis de compreensão leitora
investigados pelo presente trabalho.
A primeira resposta foi: “Corajoso, carrasco e impiedoso”. Podemos
observar que está adequada ao que era esperado, sendo considerados três traços
de personalidade, aliás, comuns à imagem do homem do sertão tradicional.
A resposta da questão seguinte foi a letra “c”, o que es errada. No
entanto, nossa análise considera que houve a realização de inferência, no caso duas
de três que haviam sido propostas.
A terceira questão foi respondida ao marcar a letra “d”, resposta correta e
que nos aponta a realização de inferência.
O informante respondeu à quarta questão de um ponto de vista que não
coincide com o do pesquisador. Ele afirmou: “Sim, porque ele matou e lhe trouxe o
couro da onça”. Na nossa opinião, o filho não correspondeu às expectativas do pai,
visto que foi jogado à força dentro da furna. De qualquer modo, o aluno realizou
inferência, emitindo uma opinião própria.
A questão número 05 foi respondida adequadamente, ao relatar:“Não,
porque o pai era autoritário e não aceitou seu filho como era”. Nessa resposta,
observamos que o informante inferenciou corretamente.
A questão de número 06 trabalha o nível crítico de compreensão leitora.
Foi respondida da seguinte forma: “Atitude desumana, por ele ter jogado o filho na
furna da onça”. Como se pode observar, o aluno emitiu um juízo crítico em relação
ao ato do pai, o que nos aponta que alcançou o nível crítico de compreensão leitora.
As duas últimas questões trabalham também o vel crítico de
compreensão leitora. As respostas estão adequadas e não estão em contradição. A
tima resposta foi: “Não, pois ele não tinha experiência e era só um garoto”.
Podemos observar que a atitude do rapaz não foi criticada pelo aluno. A oitava
resposta foi: Atitude de proteção e cuidado”. Essa última resposta indica que houve
um juízo de valor em relação à atitude do caçador. Com relação a ambas, podemos
depreender que o aluno compreendeu criticamente o texto.
Questionário 02
As respostas deste informante às questões do segundo questionário do
instrumento foram simples e diretas, mas nos indicam, contudo, que compreendeu o
texto, muito embora pudesse ter sido mais completo em suas explicações.
Para exemplificar, vejamos a resposta da primeira questão, na qual
afirma: A família, pois só eles podem dar a proteção adequada às suas crianças”. O
texto “Enxugamento de gelo apresenta diversas instituições a quem caberiam a
ão em questão, inclusive referindo-se ao poder público, o qual, aliás, é o principal
responsável pelas ações, aí incluindo as ações de proteção à família.
A resposta seguinte apresenta apenas a sentença: “mas não como
deveria”, o que nos indica que o informante se posicionou criticamente, uma vez que
deduzimos que a resposta seria Sim, mas o como deveria”. A essa questão falta
aquilo que afirmamos anteriormente, ou seja, as respostas poderiam ser mais
explicadas e mais completas.
A questão número 03 trabalha o nível inferencial de compreensão leitora
ao solicitar que o aluno deduza quais as ações que devem ser realizadas para o
combate à exploração sexual infantil. A resposta obtida foi: Amplo programa voltado
para o aconselhamento familiar”. O texto traz a questão da proteção à família, mas
não de aconselhamento. De qualquer forma, consideramos que houve inferência
nessa resposta.
A questão seguinte trata do importante tema da relação entre impunidade
e crime, problemática essa que se pode ver diariamente na mídia televisiva. O
informante respondeu: “Eles sabem que existe muita impunidade e por esse motivo
acontecem essas atrocidades”. Consideramos que a resposta está adequada,
embora, conforme afirmamos anteriormente, ela poderia ser mais completa.
A questão número 05 trata do papel das políticas públicas frente ao
combate ao crime em questão, o que proporciona um posicionamento do aluno do
ponto de vista crítico. Ele afirmou: “Não, pois quanto mais eles tentam conter esses
crimes, mais acontecem. Ele não respondeu a primeira pergunta, apenas a
segunda e justificou. De qualquer forma, podemos perceber que ele acredita que
não está tendo efeito, mas não explicou o porquê, parece-nos que justificou apenas
a sua opinião individual. Há, entretanto, um julgamento, mesmo que incipiente.
A sexta questão foi respondida adequadamente da seguinte forma: “Falta
de emprego, de oportunidades e de saneamento sico”. Esta resposta nos indica
que houve a realizão de inferência quanto ao tema abordado.
A resposta à sétima questão está respondida de maneira aparentemente
inadequada. No entanto, uma análise mais profunda nos indica pelo menos que o
informante realizou uma inferência, nos que diz respeito ao que foi questionado. Eis
a resposta: “formão moral para os adolescentes, falta de emprego”. Sendo o
principal agente desagregador da família a prostituição infanto-juvenil, caso
houvesse emprego e formação moral, talvez esse mal o acontecesse. Essa foi
nossa interpretação à resposta, o que nos aponta para a realizão de inferência e
tamm de um juízo de valor em relação à situação social do ps.
Por fim, a última questão foi respondida adequadamente, embora
pudesse ser mais completa. O informante afirmou: “Sim, existe problemas nas
cidades pequenas”, o que nos indica que realizou um juízo de verdade, apontando
para o nível crítico de compreeno.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X
2ª Questão X
3ª Questão X
4ª Questão X
5ª Questão X
6ª Questão X X
7ª Questão
X
X
8ª Questão X X
Quadro 15 - Questões em que o Informante Nº 15 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 16
Questionário 01
Observando as respostas deste informante ao questionário do texto
História para o Flávio, podemos perceber que ele apresentou respostas simples e
diretas e, de uma maneira mais completa ou incompleta, praticamente todas
estavam adequadas.
Na primeira resposta, apontou os seguintes traços da personalidade do
caçador: “Rude, às vezes ignorante”. Entre outros traços, com certeza os que foram
apontados estão adequados e nos indicam que realizou inferência, muito embora,
muitos outros traços de personalidade pudessem ser apontados.
A questão número 02 foi respondida ao marcar a letra “c”, o que está
errado, embora consideramos que houve a realizão de inferência em dois itens
propostos no quesito.
A questão seguinte foi respondida ao marcar a letra “d”, o que es
correto, nos indicando que houve inferência na compreensão.
A resposta da quarta questão está adequada, embora particularmente o
pesquisador discorde da resposta, pois o que esem questão é a realização de
inferência ou reflexão ctica, qualquer que seja. O informante respondeu: “Sim, mas
ele não se sentiu bem ao fazê-lo e do modo como aconteceu”. Consideramos que o
aluno inferenciou, uma vez que construiu seu próprio pensamento com base nas
informações dadas pelo texto.
A resposta da questão seguinte está adequada: “Não, Luizinho achava
que pai era o que protegia, o que Luiz não o fez”. Aqui nessa resposta considerou-se
que o informante inferenciou corretamente.
A resposta da sexta questão traz um julgamento de valor em relação à
atitude do caçador: “Foi irresponsável na sua decisão”. Percebemos que o aluno
alcançou o nível crítico de compreensão leitora.
As duas últimas questões trabalham o nível crítico, sendo a sétima
questão um julgamento a respeito da atitude do filho do caçador e a oitava, um
julgamento da atitude do próprio sertanejo. Ei-las, respectivamente: “Não, pois ele
nunca tinha matado uma onça, era inexperiente” e “Tomar a frente da situação e
proteger seu filho”. As duas respostas nos indicam que houve uma compreensão
crítica do conteúdo.
Questionário 02
As respostas do segundo questionário nos apontam uma compreensão
parcial do conteúdo veiculado pelo texto. Na primeira questão, por exemplo, o
informante respondeu: À família, porque tudo coma dentro do lar”. A resposta
esinadequada, visto que o texto não direciona para a família a responsabilidade,
mas sim para o Poder Público. Entretanto, nessa questão não consideramos como
adequada a resposta, mas como realizada a inferência.
A resposta da questão número 02 traz um juízo de valor realizado pelo
informante no que diz respeito ao trabalho das autoridades, o qual é julgado
negativamente: não, porque não aprovam leis mais severas contra esse crime”.
Nessa resposta está patente que o informante alcançou o nível crítico de
compreensão, inclusive relacionando o problema da criminalidade ao da
impunidade.
A questão seguinte trabalha o nível inferencial de compreensão. Ao pedir
ao aluno que enumere o que deve ser feito para combater o crime de exploração
sexual infantil, incentiva-o a buscar um resumo do texto por inteiro. A resposta obtida
foi: “as autoridades tomem atitudes mais rígidas com esses criminosos, abolindo a
impunidade”. Entre várias ações propostas no conteúdo do editorial, apenas uma
delas trata da questão da impunidade. Ainda assim podemos considerar uma
inferência realizada, ainda que a resposta esteja incompleta.
A questão número 04 trata diretamente do problema da impunidade. O
informante respondeu: “Acreditando na impunidade, é maior a incidência desses
crimes. Como se pode observar, a resposta está adequada e nos revela que o
aluno se posicionou criticamente, além de ter realizado inferências sobre o
problema.
Na resposta da quinta questão, o informante respondeu: “Identificar e
punir infratores, mas não ocorre isso porque as leis abrem brechas para a
impunidade”. A resposta está incompleta, embora um dos papéis do Estado seja
mesmo o de combater a impunidade. Consideramos o posicionamento crítico do
informante.
A sexta questão busca saber o que o aluno entende por agravamento das
condições sociais do País, tendo sido respondida da seguinte forma: “A falta de
oportunidade e condições de vida digna para a população”. Nessa resposta
percebemos que o informante realizou inferências, assim como se posicionou
criticamente.
A sétima questão teve por resposta: A prostituição infanto-juvenil
alimentada pelo turismo sexual”. Consideramos adequada a resposta, assim como
percebemos que é resultado de inferência.
A última questão trabalha o nível crítico de compreensão leitora, na
medida em que o informante se obriga a emitir um juízo de verdade em relação ao
problema. A resposta foi: Acho que esse problema em qualquer lugar, mas na
minha cidade não tomei conhecimento de nenhum”. Pela resposta, percebemos que
o aluno fez o juízo de verdade sobre o fato, tendo alcançado o nível crítico de
compreensão.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
Questão x X
Questão X
X
Questão X X
Questão X
X
Questão X X
Questão X X
Questão
X X
Questão X X
Tabela 16: Questões em que o Informante Nº 16 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 17
Questionário 01
As respostas deste informante às questões do primeiro questionário do
instrumento foram adequadas ao que era esperado, exceto pela resposta da
segunda questão.
Observemos a resposta à questão que busca traços da personalidade do
caçador. O informante afirmou que Luiz Gonçalves era: “Carrasco, calmo e não tinha
medo de onça”. Ele se referiu a calmo no sentido de tranquilo diante das situações.
A resposta foi considerada correta e nos apresenta a realização de inferência.
A segunda questão foi respondida através da letra “c”, o que está errada.
Contudo, nossa análise considerou a realização de inferência em relação a duas
opções das que foram apresentadas.
A resposta da terceira questão foi a letra “d”. A opção está correta e nos
aponta para a realização de inferência corretamente.
A questão seguinte teve uma resposta adequada, visto que o informante
respondeu: “Não, pois ele foi obrigado a matar a onça”. Essa resposta nos faz crer
que é resultado da realização de inferência, visto que o informante agiu de acordo
com o do conflito da narrativa.
A questão de número 05 também trabalha o nível inferencial de
compreensão, e pede ao aluno que opine sobre a relação pai e filho. Ele respondeu:
“Não, porque, para Luizinho, pai o é aquele que tranca o filho junto com a onça”.
Como se pode observar, a resposta está adequada e, dela, pode-se depreender que
foi resultado de inferência.
A questão seguinte trabalha o nível de compreensão crítica, tendo sido
respondida da seguinte forma: “Era um pai carrasco”. Pode-se observar que está
explícito um juízo de valor sobre o pai de Luizinho, o que nos indica que houve uma
reflexão sobre o seu comportamento.
A questão de número 07 também trabalha ovel de compreensão crítico,
ao abordar a opinião do informante sobre a atitude do rapaz. O informante
respondeu: “Não, porque a onça é um animal altamente perigoso”. Segundo o aluno,
Luizinho não poderia ser chamado de covarde, visto que estava diante de um animal
perigoso. Acreditamos que esta resposta traz implícito o julgamento de valor
positivo, o que nos faz crer que alcançou o nível de compreensão crítico.
A última questão do primeiro questionário do instrumento investiga qual o
juízo que o informante teve a respeito do comportamento do caçador. Ele afirma que
deveria “ter ajudado o filho a matar a onça, como ele era pai, ele era que tinha de
assassinar a onça”. Podemos observar que o aluno refletiu criticamente sobre a
atitude em questão, tendo alcançado o nível crítico de compreensão leitora.
Questionário 02
Ao lermos rapidamente as respostas deste informante às questões do
segundo questionário do instrumento de pesquisa, percebemos que houve
compreensão nas questões, tanto em nível inferencial quanto crítico. A resposta da
primeira queso é um exemplo de resposta correta: “Governo, porque cabe ao
governo tomar decisões para resolver problemas sociais que atingem a população
em geral”. Essa resposta, como se pode perceber, é resultado de inferência.
A resposta da questão número 02 é composta de um jzo de valor em
relação ao trabalho das autoridades. O informante respondeu: “Não como deveria,
pois eles dizem que fazem, mas ao final de tudo não fazem nada, não dão
importância numa solução concreta, onde possa chegar a uma solução resolvida”.
Como se pode perceber, explícita uma crítica sobre as autoridades, de onde se
depreende que alcançou o nível crítico de compreensão leitora.
A terceira questão trabalha o vel inferencial de compreensão leitora. A
resposta do aluno foi: “Cuidar da criança, elemento sico para a formação dos
adolescentes, condição importante a criança”. Essa resposta es inadequada,
embora possa ser considerada como resultado de inferência. No entanto, o cuidado
com a criança e com os adolescentes fica implícito no texto.
A quarta questão, a qual trata do problema da impunidade foi respondida
de maneira um tanto confusa. Observemos o que afirmou o informante: Eles
acabam com a impunidade, não haverá impunidade para ninguém e como isso se
alimenta cada vez mais esses problemas”. Nossa análise considerou esta resposta,
além de confusa, inadequada, uma vez que não se pode estabelecer uma coerência.
A questão mero 05 foi respondida da seguinte forma: “Dá mais chance
à população. Não. Pois, em muitos casos, não se faz justiça e acaba como estava,
faz-se um crime sobre outro”. Essa resposta traz implícito um jzo de valor a
respeito do papel das políticas blicas, neste caso, um juízo negativo. Podemos
observar que alcançou o nível crítico de compreensão leitora.
A resposta da questão número 06 foi considerada adequada. Eis a
resposta: “Que o pobre está cada vez mais pobre, e a chance de emprego é mínima
no mundo atual, assim trazendo preocupação para a sociedade brasileira”. Essa
afirmão é fruto de inferência e está correta, embora pudesse ser mais completa.
A sétima questão foi respondida como se segue: “Falta de emprego,
melhores condições para crianças e uma formação moral para o adolescente. O
governo que não impune criminosos que andam soltos por ai”. A resposta é
resultado de inferência, pois o texto fala de prostituição infantil como principal agente
desagregador da família. O informante não relacionou a desagregação da família à
prostituição, mas à questão do desemprego.
Na última resposta, o informante afirmou: Sim, um homem estuprou uma
menina em um motel, e depois foi preso e hoje esta casado com ela”. Essa questão
trabalha o vel crítico de compreensão leitora e foi respondida adequadamente, o
que nos leva a crer que alcançou tal nível crítico.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão X X
7ª Questão
X X
8ª Questão X X
Quadro 17 - Questões em que o Informante Nº 17 Alcançou
Nível de Compreensão Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 18
Questionário 01
Ao ler as respostas deste informante às questões do primeiro questionário
do instrumento de pesquisa, elas nos revelam que houve uma compreensão parcial
do texto. A resposta da primeira questão, por exemplo, está inadequada, uma vez
que não apresenta traços de personalidade, já que caçador e formoso matador de
onças não podem ser assim considerados.
A resposta da segunda questão foi a letra “c”. Apesar de essa resposta
estar inadequada, considerou-se a realização de inferência, no que diz respeito aos
itens II e III.
A terceira questão foi respondida ao marcar a letra “d”, opção correta que
é resultado da realização de inferência.
A resposta da quarta questão foi: “Sim, porque ele agiu por um instinto de
sobrevivência”. Consideramos a resposta como adequada e é o resultado de
inferência, embora, particularmente, acreditamos que o filho não correspondeu às
expectativas do pai.
A quinta questão foi respondida adequadamente, uma vez que o
informante disse: “Não, porque seu filho o viu como um carrasco, pois para ele, ser
pai não é deixar um filho sozinho com uma onça”. A resposta é resultado de
inferência.
A questão seguinte foi respondida de acordo com o que o informante
acredita ser o ponto de vista do caçador. Ele afirmou: “Mestre Luiz queria que
Luizinho fosse um caçador igual a ele”. Embora não tenha alcançado o nível crítico
de compreensão, chegou ao vel inferencial, uma vez que isso não está expresso
no texto.
A sétima questão trata de um julgamento sobre a atitude do filho do
caçador e foi respondida como se segue: “Não, pois nenhum homem tem coragem,
se não tiver medo primeiro”. Consideramos a resposta adequada. Ela nos
indícios de que o informante alcançou o nível crítico de compreensão, assim como
na resposta seguinte, na qual desaprova o comportamento de mestre Luiz ao
afirmar: “Ele deveria ter compreendido o filho, e ter ajudado naquele momento de
aflição”.
Questionário 02
As respostas deste informante demonstram uma compreensão parcial do
conteúdo do editorial. Por exemplo, a primeira resposta foi: A família, porque cabe
aos pais ter o maior cuidado com os filhos”. Como se pode perceber, a resposta es
inadequada ao que era esperado, uma vez que cabe ao governo (ou Poder Público)
essa ação. De qualquer forma, podemos considerar realizada a inferência.
A resposta da queso seguinte traz um juízo de valor sobre a ão das
autoridades. Ele afirmou: “Sim, mas cada vez fica mais difícil de resolver, pois as
autoridades sozinhas não estão sendo capazes”. A resposta está adequada e
implica em um juízo crítico sobre a questão.
A resposta à questão número 03 é resultado de inferência. Está, contudo,
em descompasso com o texto, mesmo apresentando ões que podem ajudar a
minimizar o problema. Eis a resposta: “Deveriam fazer palestras escolares a respeito
do assunto, os pais deveriam conversar e conscientizar seus filhos sobre os
assuntos, como se proteger”. Observamos que, mesmo inadequada, é resultado de
uma inferência.
A questão número 04 trata do problema da impunidade e proporciona ao
informante que reflita criticamente em relação a um tema muito recorrente. Ele
afirmou: “É o papel do incentivo, pois quando crimes dessa natureza ocorrem e
ficam impunes,lugar a mais criminosos que pensam em atuar”. Pode-se observar
que a resposta está adequada e que o aluno se posiciona de maneira crítica.
A quinta questão trabalha tanto o nível crítico quanto inferencial. O
informante respondeu que as políticas públicas têm o papel de: “Receber denúncias
e tentar resolvê-las. O efeito é muito pouco, pois os crimes são muitos. Quanto mais
aumentam as denuncias, aumentam mais as violências, para serem combatidas”.
Consideramos a resposta adequada ao contexto, indicando que houve inferência e
reflexão crítica sobre o tema.
A resposta da questão seguinte foi: “A falta de emprego, e de educação.
Nesse caso, a educação é o que mais esnecessitando”. A resposta está correta e
nos indica tanto a realização de inferência quanto de uma reflexão sobre a situação
social no país.
A resposta da sétima questão es adequada: “É a prostituição infanto-
juvenil e sua fonte alimentadora e o turismo sexual”. Uma lida no texto mostra que a
resposta esem compasso com seu conteúdo, o que nos indica a realização de
inferência.
A última questão trabalha o nível de compreensão crítica. A resposta
obtida foi: “Sim. Sim. Casos de estupros envolvendo menores são constantes em
cidades de pequeno porte”. Consideramos a resposta adequada, ou seja, o
informante alcançou o nível crítico de compreensão
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico
Nível
inferencial
Nível crítico
1ª Questão
X
2ª Questão X x
3ª Questão X x
4ª Questão X
x
5ª Questão X x
6ª Questão X x
7ª Questão X x
8ª Questão X x
Quadro 18 - Questões em que o Informante Nº 18 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 19
Questionário 01
O informante respondeu o questionário de maneira adequada, embora
tenha errado a segunda questão. Do ponto de vista da realização de inferências e da
reflexão crítica, que são indícios dos níveis de compreensão investigados, podemos
afirmar que obteve sucesso, ou seja, alcaou os referidos níveis em suas
respostas.
Na primeira questão, respondeu que Mestre Luiz era: Autoritário,
impiedoso e apegado”. Os dois primeiros adjetivos podem ser considerados traços
de personalidade; o terceiro o especifica a que o personagem seria apegado. De
qualquer modo, consideramos como resultado de inferência.
Na questão número 02 foi respondida a letra “b”, a que está errada.
Contudo, a opção que o aluno escolheu considera apenas o terceiro item correto, ao
invés dos três e nos aponta para a realização de uma inferência.
Na questão seguinte foi escolhida a letra “d”, opção correta e que nos
aponta a realização de inferência.
A quarta questão obteve a seguinte resposta: “Sim, porque ele matou a
onça e trouxe o couro como ele ordenou”. Do ponto de vista do aluno está correta a
resposta e aponta para a realização de inferência.
A questão mero 05 foi respondida adequadamente, daí concluímos que
houve inferência na composição da resposta. Segue a resposta: Não, porque, para
Luizinho, quem coloca o filho em perigo, não é pai e sim carrasco”.
A próxima resposta traz explícito o julgamento que o informante fez sobre
o comportamento do caçador. Ao afirmar: “Ao ver que seu filho tinha medo, ele
resolveu ensiná-lo trancando na furna da onça, mas essa não seria a melhor
solução, pois colocou a vida do seu filho em perigo”. Fica claro que o aluno se
posicionou criticamente, o que nos faz crer ter alcançado o nível crítico de
compreensão leitora.
As duas questões seguintes, a sétima e oitava, foram respondidas
adequadamente. Ambas trabalham o nível ctico de compreensão. A sétima
investiga, indiretamente, o que o informante pensa sobre o comportamento do filho e
a oitava investiga sobre o comportamento do pai. Eis as respostas, respectivamente:
“Não, porque ele ainda era novo e tamm não tinha obrigação de seguir a mesma
profissão do pai” e Ter tentado acalmar o filho e ter entrado na furna da onça junto
com ele para proteger”. Podemos observar que as respostas não se contradizem e
trazem implícita a opinião ctica do informante.
Questionário 02
Uma leitura nas respostas deste informante às questões do segundo
questionário nos apresenta um leitor com uma compreeno adequada da
problemática da exploração sexual infantil. Nem todas as respostas estão
adequadas, como é o caso da primeira: “O próprio ambiente familiar”, visto que a
ão decidida a que se refere o editorial cabe ao Poder Público. Ainda que algumas
respostas pudessem ser mais completas, de um modo geral, as respostas foram
maduras e adequadas.
A segunda questão, por exemplo, foi respondida da seguinte forma: Sim,
mas ainda falta um longo caminho a ser percorrido, pois muitas leis ainda estão
no papel”. Pode-se perceber que a resposta, am de ser resultado de infencia,
traz consigo uma reflexão crítica sobre as leis no país.
A terceira questão foi respondida da seguinte forma:
As políticas públicas devem criar uma rede de proteção em torno das
crianças e adolescentes e a ão também deve começar pelo o próprio
núcleo familiar e cabe ao poder público, dar suporte às carências dos
núcleos familiares.
Essa resposta, copiada do texto, pode ser considerada como correta,
ainda que existam mais ações a serem enumeradas como, por exemplo, ações
voltadas para a repressão de redes criminosas. Aqui se pode considerar que foi
resultado de inferências.
A questão seguinte foi respondida adequadamente e indica que o
informante se posicionou criticamente sobre o conteúdo. O aluno afirmou: Como é
um crime hediondo, se for prescrito e os culpados não forem punidos, assim, a
exploração sexual contra crianças e adolescentes aumentará”.
A resposta da questão número 05 foi: “Antes de tudo ela tem que se
fundamentar na proteção da criaa e do adolescente, pondo-os salvo de qualquer
ão criminosa. o, porque a exploração sexual vem aumentando a cada dia que
passa, não no Brasil como também no mundo inteiro”. Essa resposta nos indica
que o informante se posicionou criticamente sobre o que foi investigado.
A sexta questão foi respondida adequadamente, embora pudesse ser
mais explorada pelo informante. Ele afirmou: “Aumento da pobreza, miséria e etc”.
Nessa resposta fica claro que houve a realização de inferência, sem o
aprofundamento da reflexão crítica.
A questão de mero 07 foi respondida adequadamente, afirmando:
“Prostituição infanto-juvenil e se alimenta do turismo sexual”. Podemos perceber que
o informante inferenciou ao responder a questão.
A última questão foi respondida de maneira simplificada, pois o informante
apenas disse: “Sim. Não”. Como se pode observar não uma reflexão crítica sobre
o que foi questionado.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X X
3ª Questão X
X
4ª Questão X X
5ª Questão X X
6ª Questão
X X
7ª Questão X X
8ª Questão X
Quadro 19 - Questões em que o Informante Nº 19 Alcançou Nível de Compreensão Inferencial
e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 20
Questionário 01
Parte superior do formulário:
As respostas deste informante ao primeiro questionário nos indicam que o
aluno compreendeu o texto parcialmente, uma vez que não respondeu todas as
questões adequadamente, tendo restado uma delas em branco.
A primeira questão foi respondida da seguinte forma: “Corajoso,
autoritário, destemido”. Podemos observar que a resposta está adequada ao que era
esperado, uma vez que apresenta traços de personalidade.
A resposta da pergunta seguinte foi a letra b”, ou seja, está errada, ainda
que contenha uma inferência realizada, dentre as três que foram propostas no
quesito.
A resposta de número 03 foi a letra “d”, ou seja, podemos considerar que
o informante realizou uma inferência adequadamente.
A quarta questão obteve a seguinte resposta: “Sim, porque mesmo contra
sua vontade, Luizinho correspondeu às expectativas do pai”. Essa resposta, embora
não nos pareça adequada, indica que houve uma inferência.
A questão de número 05 foi respondida adequadamente pelo informante:
“Não, porque Luizinho não considerava pai uma pessoa que expõe o filho ao perigo”.
Essa resposta nos indica que o informante inferenciou em relação ao problema em
questão.
A sexta questão, a qual trabalha o nível crítico de compreensão, ficou em
branco. Significa que esse aluno não se posicionou criticamente ou não
compreendeu o enunciado.
As duas últimas questões trabalham o nível crítico de compreensão, e
foram respondidas adequadamente pelo informante e estão em coerência com o
texto. A sétima foi respondida da seguinte forma: “Não, pois o medo de se expor ao
perigo o pode ser considerado covardia”. A oitava: “Deveria ter ficado junto ao
filho protegendo-o, pois ele ainda não se encontrava preparado para a missão”.
Podemos observar que as respostas eso adequadas ao que era esperado.
Questionário 02
As respostas deste informante ao segundo questionário indicam que
compreendeu o editorial adequadamente, tendo refletido criticamente sobre o
problema da exploração sexual infantil.
A primeira questão foi respondida afirmando que cabe: “Ao poder político,
porque pode criar leis de proteção a criança e fazer com que essas leis sejam
cumpridas”. Essa resposta está adequada e nos indica que o aluno inferenciou
adequadamente ao elaborar sua resposta.
À segunda questão, o informante respondeu: “Não, porque a primeira
ão para resolver o problema é criar condições de dignidade à família dessas
crianças e adolescentes e também a impunidade, omissão e corrupção”. Como se
pode observar, o aluno refletiu criticamente sobre a ação das autoridades, a qual
julgou deficiente, em face dos problemas da impunidade etc.
A terceira resposta também está adequada, embora repita o que disse na
afirmão anterior, não deixou de citar a proteção à família. Ei-la: “Combater a
corrupção, a impunidade, a omissão nessa área e proteger a família para que seus
filhos recebam os elementos básicos para sua formão moral, afetividade
disciplinar”. Essa resposta é resultado de inferência.
A quarta questão foi respondida como se segue: “Como não há ninguém
para punir esses criminosos, cada vez mais aumenta omero de crianças e
adolescentes que sofrem com esses crimes”. A resposta obtida indica que o
informante refletiu criticamente sobre o problema.
A questão número 05 trabalha ovel inferencial ao solicitar do informante
sua opinião sobre o papel das políticas públicas frente ao que é tratado no texto; e
trabalha também o nível crítico, ao questionar se as políticas públicas eso tendo
efeito. A resposta foi: “Criar leis e uma rede de proteção em torno dessas criaas e
adolescentes. Não, pois essas leis o precisam ser criadas, é preciso que
aconteçam. O informante alcançou tanto nível inferencial quanto crítico nessa
resposta.
À questão seguinte, o informante respondeu: “As condições sociais do
país em vez de melhorar pioram muito mais”. A resposta traz implícita uma crítica
sobre a questão social no nosso país.
A sétima questão foi respondida adequadamente ao afirmar: “É a
prostituição infanto-juvenil e uma de suas principais fontes alimentadoras é o turismo
sexual”. Nossa análise considerou a resposta como resultado de uma inferência.
A última questão foi respondida simplesmente com um “Sim”, o que nos
indica que não houve reflexão crítica sobre o conteúdo abordado.
1º Questionário 2º Questionário
Nível
inferencial
Nível crítico Nível inferencial vel crítico
1ª Questão X X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X X
5ª Questão X
X
6ª Questão X
7ª Questão X X
8ª Questão X
Quadro 20 - Questões em que o Informante Nº 20 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 21
Questionário 01
As respostas deste informante ao questionário de compreensão aplicado
ao texto História para o Flávio demonstram que o aluno respondeu
inadequadamente três questões das oito propostas e, das cinco que foram
respondidas adequadamente, pelo menos duas poderiam ser mais completas.
As questões respondidas inadequadamente foram a primeira, a segunda
e a quinta. Observemos as respostas dessas perguntas:
A primeira: “Caçador e famoso matador de onça”. Esta resposta nos
indica que o aluno não inferenciou, visto que o que afirmou está expresso no texto
claramente.
Na segunda, foi respondida letra “a”, resposta errada, mas indica a
realização de apenas uma inferência, entre três que foram propostas.
A quinta resposta foi considerada inadequada: “Não, porque Luizinho
pensava diferente de seu pai”. Essa resposta, na verdade, esta mal justificada, ou
melhor, não está justificada e nos indica que o informante não realizou a inferência.
As demais questões estão adequadas, embora as respostas pudessem
ser mais completas. À exceção da terceira questão, a qual só pode ser marcada
uma opção sem justificativa, tendo sido marcada a letra “d”, o que está correto.
A quarta questão foi respondida pelo aluno como se segue: Sim, pelo o
fato de Luizinho ter matado a onça que o pai tanto queria”. Fazemos aqui a mesma
análise que fizemos em respostas semelhantes de outros informantes, nas quais
afirmamos considerar adequada a resposta e sua inferência apesar de discordarmos
que Luizinho tenha correspondido às expectativas do pai.
A questão seguinte foi respondida afirmando: “De um pai que pensava
em dar a mesma educação que tivera para seu filho Luizinho”. Apesar de isso não
estar expresso no texto e de o aluno estar reproduzindo o ponto de vista do caçador,
consideramos como realizada a inferência e como adequada a resposta.
As duas últimas questões trabalham o nível crítico de compreensão
leitora, nas quais o informante é levado a emitir juízos de valor em relação à atitude
de pai e filho. À sétima questão, na qual o comportamento do filho é avaliado,
respondeu: “Não, pois são poucos que tem coragem de ficar com um animal feroz
cara a cara”. Na oitava: “Poderia defendê-lo e matado a onça”. As respostas estão
adequadas e nos apontam para a realização de reflexão crítica.
Questionário 02
As respostas do segundo questionário deste informante nos apontam uma
compreensão limitada do tema veiculado no editorial. Observemos a primeira
resposta: Família, porque a ação deve comar pela proteção do próprio cleo
familiar”. O aluno compreendeu equivocadamente, pois a ação decidida a que se
refere cabe às políticas públicas e não à família e essas ações englobam a proteção
do núcleo familiar.
A questão seguinte foi respondida como se segue: “Sim, políticas públicas
tendem a combater a esse mal, principalmente começando pela prevenção”. Nesta
resposta, pode-se observar que o aluno se posicionou criticamente, positivando o
trabalho das autoridades.
A terceira resposta está bastante resumida, mas correta: “Preservação do
próprio ambiente familiar”. Consideramos aqui a inferência realizada, apesar de
existirem outras ações apontadas no caso.
A quarta questão foi respondida de maneira um pouco truncada, mas de
forma a ser possível depreender o seu conteúdo. Ele afirmou: “Porque com a
impunidade, não fizeram nada para combater isso aí, e vai aumentar o mero de
casos, pois os agressores vão se sentir mais confiantes”. Nessa resposta, podemos
verificar que o informante refletiu criticamente sobre a problemática da impunidade.
A próxima questão foi respondida pelo informante afirmando que o Poder
Público deve: “Criar leis que possam acabar com isso e punir severamente os
agressores. o, porque a cada dia o número de casos aumenta”. Nessa resposta
fica patente o posicionamento crítico do informante, de onde se depreende que foi
alcançado o nível de compreensão crítico.
A sexta questão foi respondida da seguinte forma: “Ampliam a base para
que a exploração sexual de crianças e adolescentes, etc”. A resposta está adequada
e é resultado da realização de inferência.
A sétima queso foi respondida corretamente, afirmando: “A prostituição
infanto-juvenil e se alimenta do turismo sexual”. Como se pode observar, houve a
inferenciação para o informante compor a resposta.
A última questão, a qual trabalha o nível crítico de compreensão, foi
respondida de maneira simples, nos apontando, contudo, a realização de um juízo
de verdade. Eis a resposta: “Sim sofrem, porém não conheço nenhum caso”.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão
2ª Questão X X
3ª Questão X
X
4ª Questão X X
5ª Questão
X
6ª Questão X X
7ª Questão X X
8ª Questão
X
X
Quadro 21 - Questões em que o Informante Nº 21 Alcançou Nível de Compreensão Inferencial
e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 22
Questionário 01
Ao perguntar quais os traços da personalidade do caçador, a intenção era
que o informante buscasse, nas informações dadas, indícios comportamentais que
fizessem os informantes concluírem a informação solicitada. No entanto, grande
parte dos alunos, assim como este informante, apontou os traços a seguir: “Caçador
e formoso matador de onças”, o que o o traços de personalidade, mas
características dadas pelo texto.
A segunda questão foi respondida ao marcar letra “c”, o que está errado.
No entanto, consideramos as duas inferências realizadas, em face das três
propostas.
A terceira questão foi respondida letra “b”, o que está inadequado. Nessa
questão não consideramos que foi realizada inferência.
A quarta questão também foi respondida de maneira inadequada, visto
que o aluno afirmou: “Sim, porque ele matou a onça e levou o couro para o pai.
Contudo, nossa análise considerou a inferência realizada mesmo sendo diferente do
que o pesquisador pensou.
A questão seguinte explora o nível inferencial, mas também pode ser
respondida de maneira crítica. O informante afirmou: “Não, na visão de Luizinho pai
que é pai não tranca o filho numa furna com uma onça”. Consideramos aqui a
realização de uma inferência.
A sexta questão foi respondida do ponto de vista do pai de Luizinho:
“Queria mostrar que o filho era capaz de matar a onça”. Aqui, consideraremos que a
inferência foi realizada.
As duas últimas questões trabalham o nível crítico de compreensão,
sendo a sétima questão um julgamento sobre a atitude do filho do caçador, tendo
sido respondido o seguinte: “Não, porque o pai dele tem coragem de matar a
onça, ele o vai ter”. A oitava questão foi respondida como se segue: Ter ficado
com ele na furna”. Em ambas as questões o informante alcançou o nível crítico de
compreensão.
Questionário 02
Uma leitura nas respostas deste informante nos apresenta um aluno com
uma compreensão parcial do editorial “Enxugamento de gelo”. Por exemplo, a
resposta da primeira questão foi: “As crianças, porque sem uma ão decisiva para
proteger esses seres indefesos e vulneráveis”. Essa resposta está inadequada e não
pode ser atribuída a inferência.
A segunda questão foi respondida de maneira simples, apenas com um
“Não”, o que nos indica que o houve um posicionamento crítico por parte do
informante.
A questão seguinte foi resultado de inferências, embora esteja
incompleta. Consideramos a resposta correta porque as ações a que o
questionamento se refere, resultam naquilo que o informante afirmou: “Que a família
seja provida das condições de dignidade mínima: emprego, moradia, saúde e
educação”.
A quarta questão foi respondida da seguinte forma: “Punir aqueles que
cometeram crime, fazendo com eles paguem e que possam sentir um pouco da dor
que as vitimas passaram. Essa resposta es em descompasso com o que foi
questionado, sendo que o é resultado de inferências.
A questão seguinte foi respondida como se segue: Prevenção do próprio
ambiente familiar. Não, esse segmento continuará a ser um eterno ‘enxugamento de
gelo’”. Consideramos a resposta adequada e, resultado de inferências, bem como,
identifica-se que há um posicionamento crítico por parte do informante.
A questão mero 06 foi respondida inadequadamente, como se pode
observar: “Que a sociedade desse país, vem se agravando, prejudicando as
condições”. A resposta parece uma tautologia. Não se identifica inferência nem
tampouco reflexão crítica.
A questão mero 07 também foi respondida de maneira inadequada, ou
melhor, a resposta, ainda que coerente, não responde ao que foi questionado. O
informante afirmou: Falta de emprego, moradia, saúde e educação. O governo que
não ajuda”.
Na última questão, o informante simplesmente respondeu: “Sim. Não
conheço”. Como se pode observar, o informante o se aprofundou na resposta,
mesmo que a consideremos como respondida. Para fins de nossa análise, essa
resposta não é suficiente para identificar se houve reflexão crítica ou juízo de
verdade.
Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível ctico
1ª Questão
2ª Questão X
x
3ª Questão
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão X
7ª Questão
X
8ª Questão X
Quadro 22 - Questões em que o Informante Nº 22 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 23
Questionário 01
As respostas deste informante às perguntas do primeiro questionário do
instrumento de pesquisa demonstram que a compreensão do texto foi parcial.
Encontramos algumas respostas adequadas e outras inadequadas.
Observemos a resposta da primeira questão: ele era uma pessoa
autoritária, impiedosa e moralista”. Essa resposta nos indica que o aluno realizou
inferências, por ter respondido adequadamente.
Na segunda questão, por sua vez, foi respondida a letra “b”, ou seja, o
aluno acredita que apenas o item III escorreto. Seguindo nossa metodologia de
análise, podemos considerar apenas uma inferência realizada, diante de três
pesquisadas, ainda que a resposta em si esteja incorreta.
A terceira questão foi respondida ao marcar a letra “d”, resposta correta e
que aponta para a realização da inferência.
A resposta seguinte se apresenta inadequada em relação ao texto. O
aluno informou: “sim, porque o pai ficou a espera do filho que tivera de levar o couro
da onça”. Pode-se observar que o informante o realizou inferência, visto que as
expectativas do caçador eram as de que seu filho matasse a onça logo no primeiro
momento, o que não aconteceu.
A resposta da quinta questão esparcialmente correta, faltando-lhe uma
justificativa mais adequada, ou mais clara. O informante respondeu: não, porque
seu pai estava colocando sua vida em perigo”. Acreditamos que a inferência foi
realizada, pois a justificativa, embora um pouco confusa diante da questão, implica
que o informante entendeu o problema.
A questão de mero 06 foi respondida adequadamente, embora não
tenha ficado claro se o aluno critica ou não a conduta do caçador. Eis a resposta:
“ele era muito duro, ou seja, era rígido e queria que seu filho fosse como ele era”.
Parece-nos que, ao afirmar que ele era muito duro, es se posicionando em relação
ao fato. Por isso, acreditamos que houve um juízo de valor.
As respostas das duas últimas questões estão em acordo entre si. Na
tima questão, não condena a postura de Luizinho ao responder: “Não, porque
mesmo quem tem costumes de caçar onça essa grandes animais tem medo. Por
isso não poderia ser chamado de covarde”. Na oitava questão, desaprova a atitude
do caçador, respondendo: “Deveria ter ajudado seu filho, ou seja, lhe protegido e lhe
tirava do lugar aonde estava e colocado em um lugar seguro”. As duas respostas
nos indicam que alcançou ovel crítico de compreensão leitora.
Questionário 02
As respostas deste informante ao segundo questionário estão mais claras
do que as do questionário anterior. A primeira resposta, contudo, está inadequada,
pois não cabe somente aos “aos deputados fazerem leis para que acabar com isso,
porque se eles fazem leis rígidas diminuiria mais isso tudo”. O próprio texto aponta
diversas respostas, entre as quais, ações do Poder Público.
A resposta da questão seguinte, por sua vez, nos indica que o informante
se posicionou criticamente. Ele afirmou: “Sim. Porque em certos lugares vem a
diminuindo isso um sinal de que estão trabalhando contra a exploração sexual”. A
resposta está adequada ao que era esperado.
A resposta da terceira questão também esadequada, embora pudesse
ser mais completa. Ele respondeu: “realizações de programações com o objetivo de
sensibilizar a sociedade e as autoridades para uma das chagas mais vergonhosas
da realidade social brasileira”. Essa afirmão nos indica que o aluno possui uma
compreensão crítica da questão.
A questão de número 04 parece não ter sido bem compreendida. O
informante afirmou:
Isso vem a falar das crianças que acontecem no dia-a-dia, que muitas
fazem o que querem por exemplo matam, estupram, roubam isso por tudo
não tem justa, eles não pagam pelo o que fazem, o presos mais pagam
fiança e são libertos na mesma hora, com isso fazem a mesma coisa outra
vez.
A questão tratava da impunidade em relação aos criminosos que
cometem a pedofilia e não aos infratores mirins, a quem o informante parece se
referir. Isso nos indica que não se posicionou criticamente em relação ao
questionado.
A questão seguinte trabalha o nível inferencial e foi respondida
adequadamente da seguinte forma: retira as crianças das ruas, das drogas pouco
mais ta fazendo efeito. porque retiram uns das ruas, esses se conscientizam e
querem se recuperar e outros não”.
A resposta seguinte também indica uma compreensão do enunciado.
O aluno afirmou: “É quem aplica a base para que a exploração sexual de criança e
adolescente se intensificasse”. O que ele afirmou está correto, embora não responda
à questão, o que nos indica que não houve um posicionamento crítico.
A resposta desta questão está adequada. Ele respondeu:
No Brasil porém, o principal agente desagregador é a prostituição infanto-
juvenil, uma realidade onipresente em todo o território nacional. Uma de
suas principais fontes alimentares é o turismo sexual fenômeno de grande
incidência nos povos menos desenvolvidos do país, sobretudo no nordeste.
Essa resposta nos indica que houve a realizão de inferência.
Por fim, a última questão foi respondida pelo aluno da seguinte forma:
“Não conheço nenhum caso desses, mas com certeza aqui em nossa cidade
acontece esse tipo de problema”. Podemos perceber que o informante possui um
juízo de verdade em relação ao problema pesquisado, o que nos indica que
alcançou o nível crítico de compreensão.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial vel crítico
1ª Questão X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão X
7ª Questão
X X
8ª Questão X X
Quadro 23 - Questões em que o Informante N° 23 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 24
Questionário 01
As respostas deste informante às perguntas do primeiro questionário do
instrumento de pesquisa nos apresentam uma compreensão parcial do texto.
Observamos que algumas questões foram respondidas inadequadamente. É o caso
da primeira resposta, na qual afirmou que Mestre Luiz é: “caçador e matador de
onças”, resposta que não apresenta traços de personalidade, de onde se percebe
que não houve inferência.
A questão seguinte também esinadequada, tendo sido respondida a
letra b”. No entanto, consideramos aqui a realização de uma inferência, entre três
propostas na questão.
A terceira questão foi respondida ao marcar a letra “d”, resposta correta e
nos aponta a realizão de inferência.
A quarta questão foi respondida adequadamente como se segue: “Não,
porque seu pai pensava que seu filho era capaz, mas isso não era serviço para ele”.
Pode-se perceber que a justificativa parece um pouco truncada, mas podemos
considerar a realização de inferência.
A questão seguinte foi respondida afirmando: “Não, porque seu filho não
queria ser caçador”. A resposta está correta, embora sua justificativa pareça não
estar relacionada ao que foi perguntado. De qualquer forma, consideramos que
houve inferência.
A questão número 06 foi deixada em branco, de onde percebemos que
não houve inferência.
A queso seguinte foi respondida adequadamente, afirmando: “Não,
sentir medo não é covardia”. Nessa resposta consideramos que foi realizada uma
reflexão crítica sobre o comportamento do filho do caçador.
À última questão foi respondida como se segue: “Não ter colocado seu
filho em perigo, pois era a primeira vez que ia matar uma onça, sem experiência de
fazer o que seu pai determinou”. Aqui consideramos que o informante alcançou o
vel crítico de compreensão.
Questionário 02
As respostas deste questionário, assim como o anterior, indicam uma
compreensão parcial sobre o conteúdo do editorial “Enxugamento de gelo”. A
primeira questão foi respondida da seguinte forma: “Os seres indefesos, porque não
tinha preservação do próprio ambiente familiar”. A resposta não atende ao que foi
questionado, de onde se percebe que não foi realizada uma inferência.
A resposta seguinte traz um posicionamento crítico em relação ao
trabalho das autoridades. O aluno afirmou: “Não, porque o país ainda esfazendo
um programa de sensibilizar a sociedade e as autoridades para esse problema”.
Essa resposta nos indica que o informante possui uma opinião crítica sobre o
conteúdo da questão.
A terceira questão foi respondida adequadamente. O aluno afirmou:
“Prevenir e implica em criar uma rede de proteção, entorno das crianças e
adolescentes, pondo-os a salvos dos tentáculos criminosos, a ação deve começar
pela proteção da própria família”. Essa resposta nos indica que houve a realização
de inferência.
A questão seguinte foi respondida de maneira inadequada, embora o que
tenha sido afirmado esteja correto, não responde ao que foi questionado. Eis a
resposta: “As condições sociais do país aplicam a base para que a exploração
sexual na desagregação dos núcleos familiares, o aumento da pobreza a articulação
do crime organização em vel nacional e internacional”. Nessa resposta não se
vislumbra nem inferência nem reflexão crítica.
A questão seguinte foi respondida parcialmente:
Não, porque quando se combate um criminoso, eles passam pouco tempo
no presídio, e quando sai fazem a mesma coisa. A política tem feito, mas a
justiça não. Na política, eles fazem o máximo para a segurança da
população.
Nessa resposta observamos que houve uma reflexão crítica, o que nos
indica que alcançou o nível crítico de compreensão.
A sexta questão foi respondida inadequadamente, pois o que foi afirmado
nada tem a ver com o que foi perguntado: “É a revolução da tecnologia dos meios de
comunicação e da internet trouxe um adendo mais agravante”. Nessa resposta,
consideramos que não foi realizada inferência.
A próxima questão foi respondida adequadamente, como se pode
observar: “No Brasil, porém, o principal desagregador é a prostituição infanto-juvenil,
uma realidade onipresente em todo o território nacional”. Essa resposta nos indica
que o informante realizou inferência.
A oitava questão foi respondida de maneira confusa: “Em cidades
pequenas ainda não existe só por esse motivo, mas como está o mundo de hoje, até
em cidades pequenas existe menor, do que em cidade grande, porque a droga, a
prostituição e exploração sexual esta em quase toda parte”. Não se pode
depreender, nessa resposta, se o informante pensa que existe ou não o tipo de
crime em questão nas cidades pequenas.
1º Questionário Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível ctico
1ª Questão
2ª Questão X
x
3ª Questão X X
4ª Questão X
5ª Questão X X
6ª Questão
7ª Questão
X X
8ª Questão X
Quadro 24 - Questões em que o Informante Nº 24 Alcançou Nível de Compreensão Inferencial e
Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
Informante nº 25
Questionário 01
O informante em análise respondeu às questões do primeiro questionário
de maneira parcialmente adequada. A primeira e a segunda questões estão com
respostas inadequadas. As demais estão corretas.
Observemos a primeira resposta: “Caçador e famoso matador de onças,
queria bem duas coisas no mundo”. Essa afirmação não responde ao que foi
solicitado, ou seja, que o aluno apontasse traços da personalidade do caçador, de
onde se percebe que não foi realizada inferência.
A questão mero 02 foi respondida ao marcar a letra “b”, o que está
errado. Contudo, consideramos nesse quesito a realização de uma inferência.
Na questão seguinte, foi respondida a letra “d”, o que está correto e nos
aponta a realização de inferência.
A quarta questão foi respondida ao afirmar: “Sim, porque matou a onça,
para depois voltar em casa como seu pai ordenou”. Conforma análise anterior,
consideramos aqui a inferência realizada.
A quinta questão foi respondida inferencialmente. O informante afirmou:
“Não, Luiz queria ensinar o filho na marra, colocando-o em perigo. Luizinho queria
um pai que o protegesse dos perigos”.
A questão seguinte, a qual trabalha o nível crítico de compreensão, foi
respondida como a seguir: “Que não tem amor ao filho, pois ele poderia ter morrido
com a atitude do pai”. Aqui percebemos que houve um julgamento da atitude do pai,
a qual poderia ter matado o filho.
A sétima queso foi respondida de maneira confusa, pois o que o aluno
afirmou o responde ao que foi perguntado: “Não, ele tem que amar a vida em não
querer matar a onça, pois ele e seu pai são pessoas completamente diferentes”.
A última questão trabalha o nível crítico de compreensão trazendo um
julgamento da atitude do pai: Ter ajudado o filho, essa é uma atitude que todo pai
que ama seu filho de verdade faria”. Percebe-se que a atitude do caçador é
reprovada, o que nos aponta a realização de uma reflexão crítica sobre a questão.
Questionário 02
As respostas deste questionário, referente ao editorial, nos indica que o
informante compreendeu mais adequadamente do que o anterior. Percebe-se que
as respostas estão mais completas e são resultado de reflexão crítica.
Observemos a primeira resposta: As autoridades, elas têm o poder para
fazer com que esses crimes o aconteçam, depende delas a segurança desses
seres indefesos que não tem a quem recorrer para ajudá-lo”. A resposta está
adequada e nos indica que o informante realizou inferência.
A questão de número 02 foi respondida adequadamente. O aluno afirmou:
“Não, o mundo tem tanta corrupção e injustiça que quem deveria estar pagando por
seu crime essolto porque tem dinheiro, a lei desse pais precisa ser mudada
pois o dinheiro sempre prevalece”. A reflexão deste informante, bem como sua
resposta, foram construídas a partir da crítica à corrupção e à justiça.
A questão seguinte foi respondida adequadamente, assim como a
anterior. Eis a resposta: “Acabar com a corrupção e a impunidade, dar mais apoio às
famílias e mudar a lei para a preservação da criança e do adolescente, pois a lei não
causa mais medo a ninguém”. Percebe-se aqui, novamente, uma reflexão crítica e a
realização de inferência.
A próxima queso foi respondida de maneira adequada, tratando do tema
da impunidade com coerência. Observemos a resposta: “Os criminosos acham que
podemos fazer tudo e nada vai acontecer, por isso é tão difícil combater esses
crimes. E eles realmente estão certos, a impunidade é a melhor arma que eles têm
para fazer o que fazem”. Nessa resposta, percebemos que o informante realizou
uma reflexão crítica sobre o problema.
A quinta questão foi respondida corretamente, embora pudesse ser mais
completa. Ele afirmou: “Dar apoio às famílias mais pobres, pois elas o têm
condições de proteger seus filhos e educar, eles então vão procurar isso em outro
lugar e acabam sofrendo esses abusos. Mas infelizmente eles o estão fazendo
nada”. Essa resposta deixa patente que o aluno se posicionou criticamente e
percebemos a realização de infencia.
À sexta questão o informante respondeu: “Onde está crescendo cada vez
mais a violência, devido a varias coisas, principalmente a falta de diálogo com os
pais, a pobreza e os meios de comunicão como a internet”. Percebemos que o
que foi afirmado pelo informante não responde adequadamente ao que foi
perguntado, motivo pelo qual concluímos que não alcançou o nível crítico nem
inferencial de compreensão.
A sétima questão foi respondida de maneira inadequada: A ação do
crime organizado e a impunidade é sua fonte de alimentação”. Essa afirmação é
resultado de inferência. Responde diretamente ao que foi perguntado, mas esem
desacordo com o texto, uma vez que esse afirma que é a prostituição infantil a fonte
desagregadora da família.
A última questão trabalha o vel crítico de compreensão, solicitando do
aluno um juízo de verdade. O informante afirmou: “Não, pois fica mais fácil de ser
descoberto na minha cidade não tenho notícias de um crime desses”. A resposta,
que é individual, nos aponta um informante possuidor da noção da realidade, se
posicionando perante o julgamento que realiza, o que nos indica que alcançou o
vel crítico de compreensão.
1º Questionário 2º Questionário
Nível inferencial Nível crítico Nível inferencial Nível crítico
1ª Questão X
2ª Questão X
X
3ª Questão X X
4ª Questão X
X
5ª Questão X X
6ª Questão X
7ª Questão X
8ª Questão
X
X
Quadro 25 - Questões em que o Informante Nº 25 Alcançou Nível de Compreensão
Inferencial e Crítico
Fonte: Dados da Pesquisa.
5.3 Gráficos Demonstrativos dos Resultados
Gráfico 1 - Total de Questões em que os Informantes Atingiram os Níveis Inferencial
e Crítico de Compreensão
Fonte: Dados da Pesquisa.
O Gráfico 1 apresenta o somatório do total de queses de todos os
informantes, independente de estar adequada ou não ao que era esperado pelo
pesquisador. Em 328 respostas, os informantes alcançaram o nível inferencial ou o
vel crítico e, em 72 questões, os informantes deixaram em branco ou não
alcançaram nenhum dos níveis avaliados. Vale ressaltar que um total de 25
informantes responderam ao todo a 400 questões, o correspondente a 16 questões
por aluno.
328
72
0
0
Questões respondidas em que os
informantes atingiram nível inferencial e
crítico: 328
Questões não respondidas ou em que os
informantes não atingiram vel
inferencial e crítico: 72
Gráfico 2 - Alunos x Problemas de compreensão x Questionários
Fonte: Dados da Pesquisa.
O Gráfico 2 apresenta a quantidade de informantes relacionados com a
quantidade de problemas de compreensão nas questões. Em relação ao primeiro
questionário, um total de 19 alunos apresentaram problemas de compreensão em
nenhuma ou apenas uma questão, enquanto que 05 apresentaram problemas de
compreensão em duas ou três questões e 01 aluno apresentou problemas em
quatro ou mais questões. Com relação ao segundo questionário, 16 informantes
apresentaram problemas de compreensão em uma questão ou nenhuma, enquanto
que 03 informantes apresentaram problemas de compreensão em duas ou três
questões e 06 alunos apresentaram problemas de compreensão em quatro ou mais
questões.
0
5
10
15
20
25
Problemas de
compreensão em 0 ou
01 questão
Problemas de
compreensão em 02 ou
03 questões
Problemas de
compreeno em 04 ou
mais questões
1º Questionário
2º Questionário
Gráfico 3 - Alunos x Nível de Compreensão Leitora
Fonte: Dados da Pesquisa.
O Gráfico 3 apresenta o resultado da principal questão pesquisada neste
trabalho, que trata dos níveis de compreensão inferencial e crítico, alcançados pelos
informantes, alunos de uma escola pública da rede estadual do Ceará. Como se
pode perceber pelo gráfico, todos os informantes que participaram do trabalho
alcançaram os níveis de compreensão inferencial e crítico.
5.4 Discussão das Respostas
Como se pode perceber a partir da apresentação das respostas dos
informantes, foi identificada uma compreensão elevada por parte da turma que
participou da pesquisa, no que diz respeito aos dois textos que compunham o
instrumento de pesquisa.
Segundo Alliende e Condemarín (2005, p. 146), o nível de compreensão
inferencial é aquele no qual o leitor usa as ideias e informações explicitamente
colocadas no texto, sua intuição e experiência pessoal como base para conjeturas e
hipóteses. Podemos perceber que esse nível foi atingido pelos informantes em
diversas respostas, como por exemplo a resposta da questão 04 do 1º questionário:
“Não, Luizinho não reagiu como seu pai pensava que ele ia reagir”. A resposta dada
pelo aluno es correta, tendo em vista que foi preciso o pai empurrar o filho para
0
5
10
15
20
25
Nível inferencial Nível crítico
dentro da furna da onça, em uma situação que fugia ao que pretendia o pai e, além
disso, não está expressa diretamente no texto e se configura como uma inferência
por se tratar de um raciocínio composto pelo informante.
Outro exemplo de resposta adequada composta por um raciocínio
inferencial foi a resposta do informante 02 à primeira questão do primeiro
questionário do instrumento, o qual afirma que são traços da personalidade do
mestre Luiz: “carrasco, corajoso, destemido e determinado”. Os traços de
personalidade são apontados por Alliende e Condemarín (2005) como um
questionamento possível de se verificar a realização de inferências ou não. Nossa
análise apontou como adequada essa resposta apresentada, sendo resultado,
portanto, de uma inferenciação. Percebe-se, ainda, que a operação cognitiva
realizada pelo informante e classificada pelo pesquisador como inferência, se
coaduna com o que afirma Dell’isola (2001) sobre tal fenômeno, definido como: “uma
operação cognitiva que permite ao leitor construir novas proposições a partir de
outras dadas”.
O mesmo acontece com a primeira resposta do informante nº 12 ao
primeiro questionário do instrumento, ao ser questionado a quem caberia uma ão
decidida no que diz respeito ao tema em questão. Ele respondeu: Primeiramente
cabe à família da vítima, polícia, ONGs que podem dar uma assistência psicológica.
O governo municipal, estadual e federal e outros órgãos que possam ajudar e dar
assisncia à tima”. Nossa análise dessa questão recorreu à teoria de base para
identificar a inferência realizada. Alliende e Condemarín (2005) afirmam que um dos
tipos de inferência que podem ser investigados é a inferência de ideias principais, na
qual o leitor é levado a induzir a ideia principal, significado geral, tema ou conclusão
moral que não estão expressamente colocados no texto. Após a leitura, o informante
é chamado a resumi-lo em uma resposta, buscando a ideia principal do texto que é
expor as ações necessárias para o combate ao crime de exploração sexual infantil.
O editorial enumera diversos fatores que levam ao estado de disseminação em que
se encontra o crime abordado pelo texto e, para cada um destes, pode-se atribuir
um causador. A resposta está adequada e a inferência foi realizada
complementando e resumindo aquilo que está expresso no editorial. Aqui,
percebemos a aproximação do raciocínio do informante ao que Goodman (1985, p.
833) define por inferência: inferência é uma estratégia geral de adivinhação, com
base no que é conhecido, informação que é necessária, mas não conhecida.”
No que diz respeito ao nível crítico de compreensão, encontramos
aproximão semelhante das respostas dos informantes em relação à teoria de
base. Alliende e Condemarín (2005), baseando-se em Barret (1968), afirmam que o
vel de compreensão crítico compreende dois tipos de juízo, de valor ou de
verdade. Pelo primeiro, espera-se que o aluno julgue a atitude do personagem ou
dos personagens. Pelo segundo, espera-se que o aluno distinga o real do texto e o
que pertence à fantasia do autor.
Percebemos que os informantes realizaram julgamentos sobre os
personagens no texto História para o Flávio e sobre a ação do governo e das
instituições do texto “Enxugamento de gelo”. Observemos, a propósito, a seguinte
resposta do informante nº 14, na oitava questão do segundo questionário, na qual se
solicita do aluno que informe se conhece casos de exploração sexual infantil em sua
cidade, exercitando o juízo de verdade (ALLIENDE; CONDEMARÍN, 2005, p. 148):
“Sim, mas o conheço nenhum caso desse crime”. Consideramos a realização de
um juízo de verdade, embora a resposta deixa lacunas, uma vez que o informante
poderia citar algum caso, ainda que sem dizer os nomes dos envolvidos.
Observemos as seguintes respostas fornecidas pelo informante 16 às
questões 07 e 08 do primeiro questionário: “Não, pois ele nunca tinha matado uma
onça, era inexperiente” e “Tomar a frente da situação e proteger seu filho”. A duas
respostas nos indicam que houve uma compreensão crítica do conteúdo, uma vez
que está evidente um julgamento por parte do informante, no que diz respeito à
atitude do pai e do filho.
Outra resposta que gostaamos de tornar saliente nesta breve análise foi
a resposta do informante nº 18 à quarta questão do segundo questionário. Ela versa
sobre a impunidade: “É o papel do incentivo, pois quando crimes dessa natureza
ocorrem e ficam impunes, lugar a mais criminosos que pensam em atuar”. Nossa
avaliação foi que a resposta está adequada e que o aluno se posicionou de maneira
crítica, associando os dois fatos, em conformidade com o que é veiculado pela
opinião pública.
A análise de todas as respostas foi realizada na análise do corpus. O que
propomos aqui é apenas uma discussão breve dos resultados, através da análise de
algumas respostas que fossem significativas. Um resumo de erros e acertos pode
ser apresentado no quadro que segue:
Quadro 26 – Total de erros e acertos por questão/quantidade de informantes
Fonte: Dados da Pesquisa.
O quadro acima apresenta os resultados da pesquisa divididos em totais
de acertos e erros por aluno e por questões.
Questionário 1 Questionário 2
Acertos Erros Acertos Erros
Questão 1
16
09
16
09
Questão 2 24 01 22 03
Questão 3 23 02 21 04
Questão 4 24 01 15 10
Questão 5 22 03 22 03
Questão 6
24
01
12
15
Questão 7 24 01 17 08
Questão 8 25 00 19 06
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho de pesquisa foi composto de uma pesquisa
bibliográfica e uma aplicação de exercícios de compreensão em sala de aula com
alunos do 3º ano do ensino médio de escola da rede estadual. No que diz respeito
ao referencial teórico revisitado, fez-se uma abordagem geral sobre a questão da
leitura, tendo nos afiliado ao modelo de leitura de Van Dijk e Kinstsch (1983), por se
configurar como um modelo estratégico de compreensão, o qual é tratado nos níveis
fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos de maneira
simultânea, ou seja, o linear, diferentemente dos modelos exclusivamente
cognitivistas. Vale ressaltar que o modelo adotado possui pressupostos cognitivos e
contextuais, ou seja, equilibra diferentes componentes do processo de leitura,
tratados separadamente em teorias anteriores. De qualquer forma, essa teoria filia-
se ao grupo de estudos sobre leitura que pressupõe uma natureza inferencial, em
oposição a um outro grupo de teorias de natureza objetivista. (MARCUSCHI, 2008).
Após o estudo dos modelos de leitura, passou-se aos modelos de
compreensão leitora, dentre os quais foram estudados a compreensão leitora global,
representada por autores como Sophie Moirand (1979) e Neis (1982), o modelo de
Alliende e Condemarín (2005), bem como o papel do processo inferencial para a
compreensão, o qual se configura como importante componente desse complexo
processo. Foram estudados tamm os níveis de compreensão leitora por Alliende e
Condemarín (2005), com base na taxonomia de Barret (1968), a qual classifica os
veis de compreensão leitora em cinco: nível de compreensão literal, nível da
reorganização, nível inferencial, nível crítico e vel da apreciação. Dentre esses,
optamos por avaliar no nosso trabalho apenas os níveis inferencial e crítico.
Todo o percurso percorrido até a presente etapa deste trabalho de
pesquisa foi norteado por concepções de leitura e de compreensão de natureza
processual, ou seja, concepções que superam a visão tradicional de leitura como
produto de um leitor passivo e assujeitado. Foi visto que a leitura é uma atividade
complexa de construção do sentido, na qual interagem diversos fatores oriundos do
autor, do texto e do leitor.
No entanto, o trabalho também contou com uma pesquisa de campo
realizada em uma sala de aula de língua materna, pois o objetivo principal deste
trabalho de pesquisa foi investigar qual o nível de compreensão leitora dos alunos
do 3º ano do ensino dio de uma escola pública da rede estadual. Para
alcançarmos o principal objetivo deste trabalho, foram avaliados 25 alunos de uma
determinada turma do ano do ensino médio. Eles responderam a dois
questionários de compreensão leitora, elaborados pelo pesquisador com 08
questões cada, corrigidos e analisados com base na taxonomia de Barret (1968), a
qual classifica a compreensão leitora nos veis taxonômicos a seguir: a) nível de
compreensão literal; b) nível de reorganizão; c) nível inferencial; d) nível crítico e
e) nível da apreciação.
Essa é justamente a hipótese principal desta pesquisa, a de que há
diferentes níveis de compreensão leitora, sendo uns mais superficiais e outros mais
profundos, partindo do nível de decodificação e chegando a níveis mais complexos
que envolvem posicionamentos mais afetivos. É preciso levar em consideração que
os sujeitos envolvidos em um ato de comunicação são socialmente situados, ou
seja, uma subjetividade envolvida na construção do sentido que ultrapassa os
limites de uma visão meramente cognitiva de leitura e de compreensão. Esse algo
mais que envolve o ato de leitura foi, talvez, a grande descoberta deste trabalho.
Uma leitura individual de cada resposta dos alunos nos revelou um pouco da
personalidade individual e a impossibilidade de tratarmos a questão em termos
gerais. Diante disso, enumeraremos algumas conclusões desta pesquisa:
A turma, de uma maneira geral, teve uma boa compreensão dos dois
textos que compunham o instrumento de pesquisa. No entanto, alguns alunos
tiveram problemas de compreensão: questões em branco em branco ou respondidas
inadequadamente. Mesmo nessas questões, foi identificado que o informante utilizou
processo de inferenciação para compor respostas. Dois informantes não
responderam o segundo questiorio do instrumento.
Diante da constatação anterior, concluímos que os alunos alcançaram o
vel de compreensão inferencial, independente de ter compreendido melhor ou não
o texto e as questões. É preciso ressaltar, contudo, que os informantes, como era de
se esperar, responderam às questões de maneira diferenciada. Alguns foram mais
independentes em relação ao texto, outros copiaram as palavras do texto.
Constatação identificada pelo pesquisador.
Todos os alunos avaliados alcançaram o nível de compreensão crítico.
Uns formularam as respostas de maneira mais completa e outros de maneira bem
mais simples. É o exemplo da questão número 05 do questionário respondido
pelo informante 01: Se não o punidos irão continuar a cometerem crimes”.
Podemos observar que o estudante pouco falou sobre a polêmica questão da
impunidade, embora o tenha deixado de se posicionar criticamente. Como esse,
encontramos outros exemplos na análise do corpus.
A atividade de construção de inferências acontece no processamento de
informações independente da compreensão ser adequada ou não, ou seja, algumas
respostas dos informantes estavam erradas em relação ao conteúdo do texto, mas
era resultado de uma construção de inferências. É o exemplo de algumas respostas
observadas, que, mesmo inadequadas, foram consideradas como resultado de
construção de inferências.
Identificamos diferenças de compreensão entre os dois textos do
instrumento. O texto “Enxugamento de gelo" foi menos compreendido do que o texto
História para o Flávio, visto que 06 alunos apresentaram algum tipo de problema de
compreensão em quatro ou mais questões, enquanto na narrativa, apenas um aluno
teve problemas em quatro ou mais questões. No primeiro texto, 19 alunos
apresentaram problemas de compreensão em nenhuma ou apenas uma questão.
No segundo questionário, apenas 16 apresentaram problemas de compreensão em
nenhuma ou uma questão. Identificamos que, no primeiro questionário do
instrumento, 05 informantes tiveram problemas de compreensão em 02 ou 03
questões, enquanto que, no segundo questionário do instrumento, apenas 03 alunos
tiveram problemas de compreensão em 02 ou 03 questões. Esses dados,
representados nos gráficos 01, 02 e 03, demonstram que os informantes
compreenderam mais adequadamente o texto narrativo. Acreditamos que a
diferença de compreensão entre um texto e outro se deve principalmente ao fato de
o texto História para o Flávio tratar de um tema mais próximo à realidade dos
informantes, visto tratar de uma história de cadores, a qual se passa no município
de Quixadá, precisamente na Serra do Estevão, local onde muitos estudantes deste
município frequentam. O tema do outro texto, por sua vez, embora muito em voga na
imprensa em geral, não faz parte do cotidiano dos informantes, sendo necessário
para seu conhecimento, que assistam televio, leiam jornais ou outros meios de
comunicação para se informarem a respeito. De qualquer forma, essa causa não foi
investigada.
Através da análise dos dados, pode-se perceber que a turma avaliada
apresenta heterogeneidade em relação aos fatos de compreensão. Isso se torna
importante ao pensarmos que o caráter de subjetividade da construção dos sentidos
dos textos era até tempos recentes, em que uma visão tradicional de leitura se
sobrepunha a uma visão dialógica e processual. Essa visão tradicional de leitura
pressue uma sala de aula de língua materna homogênea, na qual todos os alunos
teriam a missão de captar a ideia do autor codificada no texto. O professor, ao
constatar que os alunos o compreendiam de maneira homogênea os conteúdos,
buscava justificar as falhas de compreensão culpando os próprios educandos,
repetindo um ciclo de leitura não participativa e unilateral.
Acreditamos, contudo, que o fato de os informantes terem tido um
desempenho positivo no que diz respeito à questão da compreensão deve-se
tamm ao fato de estarem cientes da participação em uma pesquisa, o que os deve
ter feito aguçar a compreensão, pois os objetivos de leitura também a norteiam.
Embora o seja objetivo desta pesquisa avaliar essa questão, deve-se levar em
consideração que estavam lendo em situação de teste, em um ambiente escolar,
com a presença de um pesquisador e da professora da disciplina Língua
Portuguesa. Em contato com a discente, ela nos informou que, normalmente, os
alunos não ficam tão concentrados quanto estavam na aplicação do instrumento.
Isso nos comprova o que afirma Leffa (2009): “Uma descrição completa do processo
da compreensão deve levar em conta, no mínimo, três aspectos essenciais: o texto,
o leitor e as circunstâncias em que se dá o encontro”.
Esperamos que essa pesquisa possa contribuir de alguma forma para o
mapeamento da compreensão leitora dos alunos de escolas públicas do estado do
Ceará e que essas informações possam subsidiar o público-alvo deste trabalho a
crião de novas metodologias de ensino que façam avançar verticalmente na
melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Nessa perspectiva, destaca-se
o papel do próprio docente na elaboração de estratégias didáticas que tenham por
objetivo suprir as deficiências dos alunos no que diz respeito à compreensão. Por
exemplo, se o professor constatar que o conhecimento de mundo dos alunos o é
suficiente para construir ligações entre os espaços vazios do texto, pode priorizar a
leitura de material complementar, ou assistir filmes, reportagens, ou uma palestra,
por exemplo.
Consideramos que o material exposto nesta pesquisa, embora não
conclusivo, possa facilitar a reflexão acerca da aplicação desses novos
conhecimentos e pesquisas na própria sala de aula, lugar por excelência onde
devem ser buscadas verdadeiras melhorias em relação ao ensino. Vale ressaltar
que os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem em suas páginas esses
conhecimentos, voltados à aplicação prática da leitura e com vistas a uma visão
holística e multidisciplinar do currículo do ensino básico no Brasil.
REFERÊNCIAS
ALLIENDE, F.; CONDEMARÍN, M. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento.
Porto Alegre: Martins Fontes, 2005.
BENTES, A. C. Lingüística textual. In: ______. Introdução à lingüística: domínios e
fronteiras. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 245-287.
BRAGGIO, S. L. B.. Leitura e Alfabetização: da conceão mecanicista à
sociopsicolingüística- reimpreso revista. Artmed, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: língua portuguesa. 3. ed. Brasília, DF, 2001.
CAVALCANTI, I. F. A. Leitura e produção de textos na escola: diferentes gêneros de
circulação social. Boletim da ABRALIN, v. 26, 2001. Número Especial 2.
CHAROLLES, Michel. Introdução aos problemas da coerência dos textos. In:
GALVES, C. et al (org.). O texto: leitura e escrita. Campinas: Pontes,1997.
COSCARELLI, C. V. Inferência: Afinal o que é isso? Belo Horizonte: FALE/UFMG.
Maio, 2003. Texto disponível em
<http://bbs.metalink.com.br/~lcoscarelli/publica.htm>, acesso em 15/03/2009.
COSTE, Daniel. Lire Le sens. Le francais dans le monde, Paris, Hachetts, Larousse,
14 (109): 40 – 44, déc. 1974.
DELL’ISOLA, Regina cia Péret. Leitura: inferências e contexto sociocultural.
2. ed. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2001.
DUCROT, O. Argumentação e topoi argumentativos. In: GUIMARÃES, E. (Org.).
História e sentido na linguagem. Campinas: Pontes, 1989. p. 13-38.
EDITORIAL: enxugamento de gelo. O Povo, Fortaleza, 18 maio 2007. Dispovel
em: <http://www.opovo.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2008.
FÁVERO, Leonor L. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1995.
FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. São Paulo: Cortez,
2007.
FERREIRA, Sandra Patrícia Ataíde; DIAS, Maria da Graça Bompastor Borges. A
leitura, a produção de sentidos e o processo inferencial. Psicologia em Estudo,
v. 9, n. 3: 439-448, set./dez.2004.
FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. Como facilitar a leitura. 4. ed. São Paulo:
Contexto, 2000.
GODINHO, E. S. A compreensão leitora nos livros didáticos destinados ao
ensino médio. 2004. 173 f. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-graduação
em Linguística) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2004.
GOODMAN, K. S. Transactional Psycholinguistic Model. In: SINGER, H.; RUDDELL,
R. B. Theoretical models and processes. 3th ed. Newark: IRA, 1985.
GRICE, H. P. Logic and conversation. In: COLE, P.; MORGAN, J. L. (Ed.). Syntax
and Semantics. New York: Academic Press, 1975. V. 8. p. 41-58.
HALLIDAY, M. A. K. & HASAN, R. Cohesion in English. Londres: Longman, 1976.
INDURSKY, F. O texto nos estudos da linguagem: especificidades e limites. In:
ORLANDI, E. P.; LAGAZZI-RODRIGUES, S. Discurso e textualidade. Campinas:
Pontes, 2006. p. 33-80.
KATO, M. A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. 3. ed. São
Paulo: Ática, 1990.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura. Campinas: Pontes, 1989.
______. Texto e leitor: os aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2000.
______. Abordagens da leitura. Scripta, Belo Horizonte, vol. 7, nº 14, PP 13-22.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2005.
______. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência.
São Paulo: Cortez, 1989.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho de pesquisa. São
Paulo: Atlas, 2001.
LEFFA, V. J. Fatores da compreensão na leitura. Cadernos no IL, Porto Alegre, v.
15, p. 143-159, 1996. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/fatores.htm>. Acesso
em: 20 abr. 2009.
MACHADO, M. A. R. O papel do processo inferencial na compreensão de textos
escritos. Campinas: [s.n.], 2005.
MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. Campinas:
Pontes, 1997.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A.
P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2002. p. 19-36.
______. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola, 2008.
______. Exercícios de Compreensão Ou Copiação Nos Manuais de Ensino de
Língua?. Em Aberto, Brasília, v. 69, n. JAN/MAR, p. 64-82, 1996a.
MOIRAND, Sophie. Situacions d’écriit. Compréhension/production em français
langue étrangère. Paris, CLE International, 1979.
NEIS, Ignacio Antonio. A competência de leitura. Letras de Hoje, n. 48, junho de
1982, p. 43-57.
NOGUEIRA, A. S. V. Redigir para convencer: um estudo da argumentação em textos
escolares. 2003. 257 f. Dissertação (Mestrado em Letras do Programa de Pós-
graduação em Letras) - Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo, 2003.
POSSENTI, S. Teorias do discurso: um caso de múltiplas rupturas. In: MUSSALIN,
F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à linguística 3: fundamentos
epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2005.
QUEIROZ, R. de. História para o Flávio. In: TUFANO, D.; SARMENTO, L. L.
Português: literatura, gramática, produção de textos. São Paulo: Moderna, 2004. p.
147.
RICKHEIT, Gert; SCHNOTZ, Wolfgang; STROHNER, Hans. The concept of
inference in discourse comprehension. In: RICKEIT, Gert & STROHNER, Hans
(eds). Inferences in text processing. Amsterdam: North Holland, 1985.
RUMELHART, D. E. Toward and interactive model of reading. In: RUDDELL, R.;
SINGER, H. (Ed.). Theoretical models and process of reading. New York:
International Reading Association, 1985.
SALLES, J. F.; PARENTE, M. A. M P. Compreensão textual em alunos de segunda e
terceira séries: uma abordagem cognitiva. Estudos de Psicologia, p. 71-80, 2004.
SAUSSURE, F. de. Cours de linguistique générale. Pris: Payot, 1916.
SMITH, F. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do
aprender a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação - Uma proposta para o ensino
de gramática no 1o. e 2o. graus. 1a.. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
VAN DIJK, T. A.; KINTSCH, W. Strategies of comprehension discourse. London:
Academic Press, 1983.
ANEXOS
História para o Flávio
Morava na serra do Estevão um velho por nome Luiz Gonçalves, caçador
e famoso matador de onças. Fazendo as contas, dizia que de onça tigre
matara onze, das pixunas vinte e seis das pintadas quarenta; maçaroca, suçuarana,
onça-vermelha nem contava – para ele já nem era onça, era gato. (...)
Mestre Luiz queria bem a duas coisas no mundo: à sua espingarda
lazarina, que nunca lhe fizera uma vergonha, e o seu filho Luizinho, agora com
quinze anos, e que o pai andava ensinando nas artes de caçador. (...)
Ora, um dia mestre Luiz recebeu recado do coronel Zé Marinho do Barro
Vermelho para que fosse matar uma pintada que lhe andava comendo os carneiros
e até mesmo se atrevera a sangrar um bezerro no pátio da fazenda. (...) assim que a
noite fechou ele amarrou um cabrito mesmo no do serrote onde maldava mais
que a pintada morasse, e ficou na espera junto com o Luizinho e o cachorro onceiro.
(...) até que, com uma hora de escalar serrote, deu de repente com a
entrada da furna.
O cachorro pôs-se a gemer, ansioso, e de dentro o esturro da bicha
acuada foi respondendo. Mestre Luiz pegou à forquilha, o chuço, a faca. Mas
quando se voltou para chamar o Luizinho, viu que o menino apavorado se encolhia
num desvão de pedra, amarelo de medo.
Ai deu no velho uma raiva danada e ele resolveu ensinar o filho de uma
vez por todas. Chamou de manso:
- Vem cá Luiz, não tem medo, quem vai matar a onça sou eu.
Depois de muito rogo o menino se chegou, tremendo. O velho de sopetão
jogou as armas na boca da furna, e com um pescoção empurrou para dentro o
Luizinho. Pegou um pedaço de laje, tapou a entrada da lapa, e gritou para o rapaz:
Filho meu não tem medo de onça, seu mal-ensinado! Vou voltar para
minha rede na espera, e não me apareça de volta sem levar o couro da pintada!
Realmente, ao raiar do dia Luizinho apareceu. No ombro trazia as armas,
no chão arrastava o couro da onça. Tinha a cara tão lanhada das unhas da fera que
quase o se lhe via a feição. A roupa virada molambo, o chapéu se perdera.
Quando ele viu o pai, foi levantando a mão para tomar a benção. Mas no se
arrependeu.
- A benção não senhor, que eu nunca mais lhe tomo a benção. Benção se
toma a pai, e quem tranca o filho numa furna com uma onça o é pai, é carrasco!
Taí o couro da pintada. E o senhor arranje outro, porque nunca mais me verá.
Dito isso rebolou o couro nos pés do velho, deu meia volta e saiu
correndo, sem nem ao menos olhar para trás. (...)
ATIVIDADES DE COMPREENSÃO
1) De acordo com o texto, aponte traços da personalidade de mestre Luiz.
Considere as seguintes inferências sobre o texto em estudo:
As informações dadas sobre o personagem Luiz Gonçalves, aproximam-
no de uma tipificação da figura do caçador impiedoso e desapegado.
O pai estava preocupado como o futuro do filho, por isso decidira ensinar-
lhe um ofício.
O texto reforça a característica de certas relações familiares permeadas
por autoritarismos.
Está correto somente o que se afirma em:
I
III
II e II
II
I, II, III
Com relação ao comportamento do personagem Luizinho, é correto inferir
que:
Luizinho era bravo e destemido.
Admirava a profissão de seu pai.
Ansiava por corresponder às expectativas do pai.
Agira, diante do perigo, com instinto de sobrevivência.
Alegrava-se em acompanhar o pai nas caçadas.
Podemos afirmar que Luizinho correspondeu às expectativas do pai? Por
quê?
O velho Luiz Gonçalvez e seu filho Luizinho compartilham da mesma
visão sobre ser pai? Justifique.
Que conclusões você pode tirar sobre a atitude de mestre Luiz para como
o seu filho Luizinho.
Você acredita que, por ter tido medo de onça, Luizinho poderia ser
chamado de covarde? Explique.
Qual o comportamento que deveria ter tido o pai diante de uma situação
de perigo em que estava seu filho? Justifique.
EDITORIAL
"Enxugamento de gelo"
É a impunidade nessa área, a omissão e a corrupção que alimentam a
prostituição infantil, a pedofilia e o pornoturismo. Sem uma ação decidida para
proteger esses seres indefesos e vulneráveis, a partir da preservação do próprio
ambiente familiar, a política aplicada a esse segmento continua a ser um eterno
"enxugamento de gelo." próprio ambiente familiar, a política aplicada a esse
segmento continuará a ser um eterno "enxugamento de gelo."
18/05/2007 01:00
Hoje é o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes e em todo o País estão sendo realizadas programações com o
objetivo de sensibilizar a sociedade e as autoridades para uma das chagas mais
vergonhosas da realidade social brasileira. É verdade que o fenômeno é mundial,
mas o Brasil aparece como um dos países de maior incidência do problema.
A data nacional foi instituída em 2000, através de lei federal, tendo como
referencial o 18 de maio de 1973, quando ocorreu um dos mais brutais crimes
sexuais já perpetrados em território brasileiro, quando foi vitimada uma menina de
apenas oito anos de idade, Araceli, raptada, drogada, estuprada, morta e
carbonizada por jovens de classe média, em Vitória, Espírito Santo. Apesar de sua
hediondez, o crime terminou prescrito, resultando numa impunidade clamorosa.
De para cá, o agravamento das condições sociais do País ampliaram a
base para que a exploração sexual de crianças e adolescentes se intensificasse, no
rastro da desagregação dos núcleos familiares, o aumento da pobreza e a
articulação do crime organizado, em vel nacional e internacional.
A revolução tecnológica dos meios de comunicação, sobretudo a Internet,
trouxe um adendo mais agravante: a extensão em termos planetários das redes de
pedofilia, com o fito de alimentar a indústria pornográfica. A pedofilia tornou-se uma
verdadeira epidemia mundial, envolvendo vítimas extremamente vulneráveis, pois os
seus algozes são difíceis de serem contidos, visto que os ataques ocorrem em
grande parte no próprio recesso do lar, ou através de pessoas insuspeitas que
formam o rculo mais próximo das vítimas: familiares, educadores, médicos,
religiosos.
No Brasil, porém, o principal agente desagregador é a prostituição infanto-
juvenil, uma realidade onipresente em todo o território nacional. Uma de suas
principais fontes alimentadoras é o turismo sexual, fenômeno de grande incidência
nas áreas menos desenvolvidas do País, sobretudo o Nordeste. Suas
conseqüências têm sido rastreadas por CPIs (comissões parlamentares de inquérito)
em diversos níveis - municipal, estadual e federal. Infelizmente, apesar de o material
recolhido ser bastante substancial e ser suficiente para permitir uma ão eficaz
contra os agentes criminosos, a impunidade continua sendo a marca maior nessa
área.
Evidentemente, políticas públicas destinadas a combater esse mal têm de
se fundamentar, antes de tudo, na prevenção. Isso implica em criar uma rede de
proteção em torno das crianças e adolescentes, pondo-os a salvo dos tentáculos
criminosos. A ação deve comar pela proteção do próprio núcleo familiar. A família
é a condição mais importante para que a criança e o adolescente recebam os
elementos básicos para sua formação moral, afetiva e disciplinar. É ali que se
aprende a solidariedade, o respeito mútuo, a consideração pelo próximo, assim
como a responsabilidade pelo destino comum. Para isso é preciso que a família seja
provida das condições de dignidade mínima: emprego, moradia, saúde e educação.
Cabe ao poder público, dar suporte às carências dos núcleos familiares mais frágeis
para que não se desintegrem por força de pressões externas superiores às suas
forças. Esse é o papel do Estado, aliás, bastante explicitado pela própria
Constituição Federal.
Ao lado disso, as ações voltadas para a repressão das redes criminosas
que aliciam crianças e adolescentes para seus fins malfazejos. É a impunidade
nessa área, a omissão e a corrupção que alimentam a prostituição infantil, a
pedofilia e o pornoturismo. Sem uma ação decidida para proteger esses seres
indefesos e vulneráveis, a partir da preservação do próprio ambiente familiar, a
política aplicada a esse segmento continuará a ser um eterno "enxugamento de
gelo."
ATIVIDADES DE COMPREENSÃO
Faça o que se pede:
Na linha 02, a quem caberia “uma ão decidida” no que diz respeito ao
tema em questão? Por quê?
Você acha que as autoridades estão trabalhando para resolver o
problema da exploração sexual de crianças e adolescentes? Justifique.
Segundo o texto “Enxugamento de gelo”, o que deve ser feito para
combater a exploração sexual infantil?
Na linha 14, o texto fala de impunidade. Qual o papel dela para o
agravamento da situação de crimes contra crianças e adolescentes?
Na sua opinião, faltam políticas públicas no combate a esse tipo de
crime? Justifique.
O que você entende por “agravamento das condições sociais do País”?
Segundo o texto, no Brasil, qual o principal agente desagregador da
família e de que forma essa fonte se alimenta?
Na sua opinião, cidades pequenas sofrem com esse problema? Vo
conhece casos desse tipo de crime na sua cidade? Apresente-os.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo