Ao constatarem que não seria possível dar comportar uma estrutura
profunda do texto que estivesse na base da realização de todo e qualquer texto, os
estudiosos da linguística textual foram conduzidos a uma nova etapa, a qual perdura
até os nossos dias. Essa etapa, chamada de teoria do texto (BENTES, 2005),
caracteriza-se pela proposta de junção do processamento do texto e seu conteúdo
pragmático, buscando fazer associações que iluminem a compreensão e a
significação do texto. (INDURSKI, 2006).
O texto passa a ser considerado o próprio lugar de interação e os
interlocutores, como sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se constroem e são
constituídos. Dessa forma, há lugar, no texto, para toda uma gama de implícitos, dos
mais variados tipos, somente detectáveis quando se tem como pano de fundo o
contexto sociocognitivo dos participantes da interação (KOCH, 2005).
A perspectiva da enunciação rompe com a noção de frase em busca do
conceito de enunciado. Segundo Indurski (2006), para Benveniste, o fundador dessa
teoria, passa-se da frase para a enunciação e ela envolve elementos externos:
aquele que fala, o locutor, o EU, e aquele a quem o locutor se dirige, o interlocutor, o
tu. E esse locutor está necessariamente situado em um contexto de situação que
determina o tempo da enunciação (agora) e o espaço da enunciação (aqui), ou seja,
a enunciação supõe sempre os interlocutores e está datada e situada no espaço.
Ducrot (1989, p 13-15) distingue frase e enunciado. O último é um
segmento do discurso e, da mesma forma que ele, tem um lugar, uma data, um
produtor e um ou vários ouvintes; é um fenômeno empírico, observável e descritível.
A frase, por sua vez,
é uma unidade lingüística abstrata, puramente teórica, um conjunto de
palavras combinadas segundo as regras da sintaxe, conjunto este tomado
fora de qualquer situação de discurso; o que produz um locutor, o que ouve
seu interlocutor, não é, pois uma frase, mas é o enunciado particular de
uma frase. (DUCROT, 1989, p. ).
Outras teorias tratam do texto sob pontos de vista diversos, como é o
caso da Análise do Discurso. De acordo com Maingueneau (1997, p. 9), a chamada
“escola francesa de análise do discurso” surge filiada a uma certa tradição europeia
acostumada a unir reflexão sobre texto e história a uma certa prática escolar, a
“explicação do texto”, muito em voga na França, nos colégios e universidades, nos
anos anteriores à década de 1960. Possenti (2005, p. 364-365) afirma que essa