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ESENVOLVIMENTO DE UM MEDIDOR DE
ÂNGULO DE ATAQUE PARA AERONAVES DE
PEQUENO PORTE
João Francsico Alves Borges
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João Francisco Alves Borges
DESENVOLVIMENTO DE UM MEDIDOR DE ÂNGULO DE
ATAQUE PARA AERONAVES DE PEQUENO PORTE
Dissertação apresentada ao Curso de Pós
Graduação em Engenharia Mecânica da
Escola de Engenharia da UFMG, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luiz Utsch
de Freitas Pinto
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
Departamento de Engenharia Mecânica
Setembro de 2008
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo Luiz Utsch de Freitas Pinto pela flexibilidade e
liberdade conferida ao meu trabalho e às minhas opiniões.
Ao Prof. Dr. Paulo Henriques Iscold Andrade de Oliveira por me permitir utilizar livremente
a estrutura do CEA e por me fornecer os programas de CFD aos quais empreguei
generosamente neste trabalho.
Ao Prof. Dr. Rogério Pinto Ribeiro por permitir que o auxiliasse como parte do requisito do
programa de mestrado da UFMG, me rendendo uma publicação.
Ao meu amigo Luciano Augusto Kruku por me auxiliar na parte eletrônica de minha tese, seja
fornecendo livros, fornecendo ensinamentos ou discutindo sobre a viabiliadade ou não do
funcionamento dos protótipos.
Aos meus pais e meus irmãos, que mesmo longe me auxiliaram com apoio.
Aos meus amigos Guilherme Santana, Quintino Romagna e ao pessoal do Aerodesign e tantos
outros que me receberam de braços abertos na UFMG e aonde passei dois anos e meio
trabalhosos porém felizes.
RESUMO
Este trabalho é uma primeira tentativa de se obter um medidor de ângulo de ataque
operacional com vistas à instalação em aeronaves de pequeno porte não tripuladas. Estuda-se
um sensor de ângulo de ataque por diferencial de pressão em túnel de vento como elemento
sensível para o dispositivo proposto. Desenvolve-se um sensor de pressão capacitivo e sua
eletrônica de leitura como meio de tornar o sistema um dispositivo eletro-mecânico para
maior flexibilidade de uso. Os resultados incluem curvas de desempenho de ambos os
sensores assim como uma abordagem para a compressão das múltiplas curvas de desempenho
do sensor de ângulo de ataque em apenas uma única curva. Ao término do trabalho obteve-se
um sensor de ângulo de ataque linear no intervalo de -10 graus a +10 graus.
ABSTRACT
This work is the first try to attain an operational angle of attack measurement equipment to be
installed in small sized unmanned aircraft. It is studied a pressure differential angle of attack
sensor in a wind tunnel as sensible element for the proposed device. It is developed a
capacitive pressure sensor and its reading electronics as means of turning the proposed device
into an electro-mechanical device allowing greater flexibility for use. Among the results there
are many performance curves of both sensors and one approach to compress the multiple
performance curves of the angle of attack sensor into a single curve. At the end of the work, it
is reached an angle of attack sensor which is linear at the -10 to +10 degrees interval.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................vi
LISTA DE GRÁFICOS...........................................................................................................x
NOMENCLATURA.............................................................................................................xiv
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................1
2. TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE .............................................3
2.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................3
2.2 MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE POR ALINHADORES
PIVOTADOS....................................................................................................................3
2.3 MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE POR DIFERENCIAL
DE PRESSÃO ..................................................................................................................8
2.4 MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE ATRAVÉS DE DISPOSITIVOS
PERSEGUIDORES DE DIFERENCIAL DE PRESSÃO NULA .................................13
2.5 NOTAS EM DETECÇÃO DE ESTOL COM MEDIDORES
DE ÂNGULO DE ATAQUE .........................................................................................15
2.6 O ESTADO DA ARTE EM SENSORES DE ÂNGULO DE ATAQUE ......................15
3. TÉCNICAS DE MEDIÇÃO USANDO SENSORES ELETRÔNICOS.......................18
3.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................18
3.2 SENSOR ELETRÔNICO DE PRESSÃO......................................................................19
3.2.1 MEDIÇÃO POR EXTENSÔMETROS ..................................................................21
3.2.2 MEDIÇÃO POR INTERFEROMETRIA LASER...................................................25
3.2.3 MEDIÇÃO POR CAPACITÂNCIA OU RELUTÂNCIA VARIÁVEL.................27
ii
3.3 SENSOR ELETRÔNICO DE DESLOCAMENTO.......................................................30
3.3.1 MEDIÇÃO POR POTENCIÔMETRO....................................................................31
3.3.2 MEDIÇÃO POR LVDT...........................................................................................32
3.3.3 MEDIÇÃO POR CODIFICADOR ..........................................................................33
3.4 SENSORES DISIPONÍVEIS NO MERCADO .............................................................35
4. SISTEMA MEDIDOR DE ÂNGULO DE ATAQUE.....................................................38
4.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................38
4.2 SISTEMAS MEDIDORES DE ÂNGULO DE ATAQUE.............................................38
4.2.1 SISTEMAS MECÂNICOS ......................................................................................39
4.2.2 SISTEMAS ELETRO-MECÂNICOS......................................................................40
4.3 SISTEMA PROPOSTO..................................................................................................42
4.3.1 PROPÓSITO ............................................................................................................42
4.3.2 TOPOLOGIA ESCOLHIDA....................................................................................43
4.4 RESTRIÇÕES DE PROJETO........................................................................................47
4.4.1 CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS............................................................................47
4.4.2 CONDIÇÕES DE VÔO DA AERONAVE..............................................................48
4.4.3 CONDIÇÕES DE OPERÃO DO SENSOR
ELETRO-MECÂNICO DE PRESSÃO ...................................................................49
5. SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO..................................................................50
5.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................50
5.2 PROJETO.......................................................................................................................50
5.3 ELETRÔNICA PARA MEDIÇÃO DE CAPACITÂNCIA...........................................51
5.4 MANÔMETROS EM U CAPACITIVOS .....................................................................55
5.4.1 BANCADA DE TESTES.........................................................................................55
5.4.2 SENSOR C0.............................................................................................................58
iii
5.4.3 SENSOR C1.............................................................................................................60
5.5 CONVERSÃO DE VARIAÇÃO EM FREQÜÊNCIA
PARA VARIAÇÃO DE TENSÃO ................................................................................62
5.5.1 MALHA DE CAPTURA DE FASE ........................................................................63
5.5.2 PROJETO DO CONVERSOR DE FREQÜÊNCIA PARA TENSÃO....................64
5.6 PROJETO C2 .................................................................................................................66
5.7 SENSOR A.....................................................................................................................74
6. DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO
DE ATAQUE ......................................................................................................................77
6.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................77
6.2 MÉTODO PARA A CRIAÇÃO DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATAQUE .............78
6.3 ANÁLISE DOS DADOS CONTIDOS NA REFERÊNCIA..........................................80
6.4 ANÁLISE DE SONDAS UTILIZANDO CÓDIGO COMPUTACIONAL..................81
6.4.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................81
6.4.2 ALGORITMO DE CÁLCULO SELECIONADO...................................................82
6.4.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS NUMÉRICOS E OS
DADOS EXTRAÍDOS DA REFERÊNCIA............................................................84
6.4.4 DEFINIÇÃO DE SONDAS PARA ENSAIO NO CFD ..........................................93
6.4.5 SELEÇÃO DE SONDAS PARA A CONSTRUÇÃO.............................................96
6.5 CONSTRUÇÃO DA SONDA DE ÂNGULO DE ATAQUE........................................99
6.6 ENSAIOS EM TÚNEL DE VENTO DO SENSOR DE ÂNGULO
DE ATAQUE ...............................................................................................................103
6.6.1 O TÚNEL DE VENTO DO CEA...........................................................................103
6.6.2 ESPECIFICAÇÃO DOS ENSAIOS REALIZADOS
NO TÚNEL DE VENTO .......................................................................................112
iv
6.6.3 DADOS COLETADOS DOS ENSAIOS...............................................................117
7. PÓS-PROCESSAMENTO DOS DADOS .....................................................................119
7.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................119
7.2 PÓS-PROCESSAMENTO DOS DADOS BRUTOS ..................................................120
7.3 COMPARAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO DO CÁLCULO
NUMÉRICO E OS DADOS OBTIDOS EM TÚNEL.................................................126
7.4 INVESTIGAÇÃO DA INTERFERÊNCIA ENTRE PLANOS
DAS TOMADAS DE PRESSÃO NA SONDA...........................................................127
7.5 REDUÇÃO DOS DADOS OBTIDOS NO TÚNEL....................................................128
8. CONCLUSÃO..................................................................................................................134
8.1 COMENTÁRIOS FINAIS ...........................................................................................134
8.2 CONCLUSÕES............................................................................................................137
8.3 SUGESTÕES................................................................................................................137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................139
APÊNDICE A – GRÁFICOS.............................................................................................141
A.1 GRÁFICOS CONSTRUÍDOS COM DADOS DAS REFERÊNCIAS.......................141
A.2 CURVAS DE DESEMPENHO DO TÚNEL..............................................................146
A.3 RESULTADOS NÃO PROCESSADOS DA CALIBRAÇÃO
EM TÚNEL DE VENTO.............................................................................................147
A.4 DADOS AMBIENTAIS DOS ENSAIOS EM TÚNEL DE VENTO.........................149
A.5 RESULTADOS DA CALIBRAÇÃO EM TÚNEL DE VENTO
COM HISTERESE COMPENSADA ..........................................................................153
A.6 RESULTADOS DA CALIBRAÇÃO EM TÚNEL DE VENTO
LINEARIZADOS.........................................................................................................155
A.7 RESULTADOS EM TÚNEL DE VENTO COM HISTERESE
v
COMPENSADA REORGANIZADO..........................................................................157
A.8 RESULTADO DA CALIBRAÇÃO EM TÚNEL DE VENTO DO
ELEMENTO SENSOR ................................................................................................160
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1 – Resumo das inclinações dos GRA A.1 até GRA A.8................................11
TABELA 6.1 – Desempenho do programa de simulação computacional ..........................90
TABELA 6.2 – Comparação entre ensaio em túnel de GRACEY (1958)
e o cálculo numérico..................................................................................92
TABELA 6.3 – Erro médio do cálculo numérico frente ao ensaio
em túnel por categoria ...............................................................................92
TABELA 6.4 – Dados atmosféricos durante o ensaio de desempenho do túnel...............112
TABELA 6.5 – Resumo dos ensaios realizados no túnel de vento...................................113
TABELA 7.1 – Resumo das linarizações dos ensaios realizados em túnel de vento........122
TABELA 7.2 – Resumo das linearizações das curvas condensadas
para velocidades similares.......................................................................125
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 Medidor de ângulo de ataque por alinhador pivotado.................................4
FIGURA 2.2 – Dimensões para o alinhador aerodinâmico.................................................4
FIGURA 2.3 – Montagem de corpos alinhadores como medidores de
ângulo de ataque..........................................................................................5
FIGURA 2.4 Locais para instalação de corpos alinhadores..............................................6
FIGURA 2.5 – Determinação assintótica do ângulo de ataque com alinhadores ................7
FIGURA 2.6 – Princípio de funcionamento do sensor de ângulo de ataque
a base de pressão..........................................................................................8
vii
FIGURA 2.7 – Formas geométricas para sondas medidoras de ângulo de
ataque baseadas em diferença de pressão ...................................................9
FIGURA 2.8 – Sondas testadas por GRACEY (1958).......................................................10
FIGURA 2.9 – Sondas medidoras de ângulo de ataque baseadas em perseguição
da anulação do diferencial de pressão .......................................................13
FIGURA 2.10 – Medidor de ângulo de ataque do A-4 Skyhawk ........................................16
FIGURA 2.11 – Medidor do ângulo de ataque e derrapagem do UCAV X45 ....................16
FIGURA 2.12 – Diagrama do funcionamento do shaker do 737-NG..................................17
FIGURA 31 – Tipos de medição de pressão.....................................................................20
FIGURA 3.2 – Esquema de montagem de um extensômetro ...........................................21
FIGURA 3.3 Circuito eletrônico para a leitura de um extensômetro..............................23
FIGURA 3.4 – Instalação de extensômetro como sensor de pressão.................................24
FIGURA 3.5 Medição de pressão por interferometria laser............................................25
FIGURA 3.6 Resposta da interferometria laser ..............................................................26
FIGURA 3.7 – Eletrônica para detecção por interferometria laser....................................26
FIGURA 3.8 – Direita: medidor de capacitância variável;
Esquerda: medidor de relutância variável. ................................................28
FIGURA 3.9 – Circuito eletrônico para a leitura de um sensor capacitivo ou
indutivo (oscilador do tipo Collpits)..........................................................29
FIGURA 3.10 – Circuito elétrico de medição de distância por potenciômetro ...................31
FIGURA 3.11 – LVDT: funcionamento e eletrônica...........................................................32
FIGURA 3.12 – Medição de posicionamento por codificador.............................................34
FIGURA 3.13 – Sensor piezo resistivo de mercado ............................................................36
FIGURA 3.14 – Codificador para medição de velocidade de baixo custo ..........................37
viii
FIGURA 4.1 – Diagrama de blocos de um sistema medidor de
ângulo de ataque mecânico........................................................................39
FIGURA 4.2 – Diagrama de blocos de um sistema medidor de ângulo
de ataque eletro-mecânico.........................................................................40
FIGURA 4.3 – Diagrama de blocos de um sistema sensor de ângulo
de ataque eletro-mecânico para uso de computador de bordo...................41
FIGURA 4.4 – Aeronaves de pequeno porte não tripuladas..............................................42
FIGURA 4.5 – Topologia escolhida para o medidor de ângulo de ataque.........................43
FIGURA 5.1 – Circuito oscilador de freqüência controlada por capacitor .......................52
FIGURA 5.2 Excitador de pressão simples.....................................................................55
FIGURA 5.3 – Montagem experimental de testes dos sensores capacitivos.....................57
FIGURA 5.4 – Sensor de pressão capacitivo C0 ...............................................................58
FIGURA 5.5 – Sensor de pressão capacitivo C1 ...............................................................60
FIGURA 5.6 – Funcionamento do sensor de pressão C1...................................................61
FIGURA 5.7 – Componentes de uma malha de captura de fase........................................63
FIGURA 5.8 – Circuito empregando uma malha de captura de fase para
conversão de sinal de freqüência em sinal de tensão.................................64
FIGURA 5.9 – Plantas do sistema C2................................................................................67
FIGURA 5.10 – Sensor de pressão capacitivo individual do sistema C2............................68
FIGURA 5.11 – Diagrama de ligação elétrica do sistema C2..............................................68
FIGURA 5.12 – Sensor de pressão capacitivo C2 ...............................................................69
FIGURA 5.13 – Protótipo de sensor de pressão A...............................................................75
FIGURA 5.14 – Diagrama de funcionamento do sensor de pressão A................................76
FIGURA 6.1 – Passos para o projeto de um sensor de ângulo de ataque
por diferencial de pressão..........................................................................78
ix
FIGURA 6.2 – Escoamento ao redor de um cilindro.........................................................82
FIGURA 6.3 – Passos para a criação de malhas de corpos de revolução..........................85
FIGURA 6.4 – Resultado da função automática de geração
de malha de corpos de revolução...............................................................86
FIGURA 6.5 – Passos para a criação de malhas de corpos prismáticos ............................87
FIGURA 6.6 – Resultado da função de geração de malhas de corpos prismáticos ..........88
FIGURA 6.7 – Corpo usado no teste de convergência da simulação numérica.................89
FIGURA 6.8 – Candidatos a sonda usando corpos de revolução.......................................94
FIGURA 6.9 – Candidatos a sonda usando corpos prismáticos.........................................95
FIGURA 6.10 – Vista lateral da sonda projetada para ensaio em túnel de vento..............100
FIGURA 6.11 – Vista frontal da sonda projetada para ensaio em túnel de vento .............100
FIGURA 6.12 – Montagem da sonda à estrutura de suporte .............................................101
FIGURA 6.13 – Equipamento de testes para o túnel de vento (duas configurações) .......102
FIGURA 6.14 – Instalação do equipamento de testes no túnel de vento...........................102
FIGURA 6.15 – Túnel de vento do CEA...........................................................................104
FIGURA 6.16 – Tubo de Pitot do sistema anemométrico do túnel de vento do CEA.......105
FIGURA 6.17 – Pontos de instalação dos fios de lã na seção de testes.............................108
FIGURA 6.18 – Fio de lã acusando turbulência devido a uma fresta na mesa
de ensaios do túnel de vento do CEA......................................................109
FIGURA 7.1 – cnica de compensação de histerese .....................................................120
FIGURA 7.2 – Exemplo de filtragem de histerese:
esquerda – curvas do plano AC com configuração 15D não filtrada;
direita – mesmas curvas filtradas.............................................................121
x
FIGURA 7.3 – Exemplo de linearização:
esquerda – curvas do plano AC com configuração 15D filtradas;
direita – mesmas curvas e suas respectivas linearizações .......................122
FIGURA 7.4 - Ângulo para o equipamento de testes colidir com a camada
limite nas duas configurações testadas....................................................123
FIGURA 7.5 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o túnel a 1200rpm........123
FIGURA 7.6 – Resultados dos ensaios com túnel a 1200rpm condensados....................124
FIGURA 7.7 – Resultado da calibração do elemento sensor em túnel de vento..............125
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 5.1 – Calibração do oscilador de freqüência controlada por capacitor...............54
GRÁFICO 5.2 – Calibração do sensor C0............................................................................59
GRÁFICO 5.3 – Calibração do sensor C1............................................................................62
GRÁFICO 5.4 – Resposta em freqüência do filtro RC construído no circuito
de malha de captura de fase.......................................................................65
GRÁFICO 5.5 – Histerese no sistema C2 durante um teste no túnel de vento.....................72
GRÁFICO 5.6 – Ajuste da calibração do sistema C2 durante
um teste no túnel de vento.........................................................................73
GRÁFICO 6.1 Resultado do teste de malha......................................................................90
GRÁFICO 6.2 – Desempenho numérico das sondas 1P até 7P............................................96
GRÁFICO 6.3 – Sensibilidade numérica das sondas 1P até 7P ...........................................97
GRÁFICO 6.4 – Desempenho numérico das sondas 1S até 3S............................................98
GRÁFICO 6.5 – Comparação de sensibilidade numérica entre as diferentes sondas ..........98
xi
GRÁFICO 6.6 – Camada limite de velocidade em dois locais da seção de testes
do túnel de vento do CEA........................................................................110
GRÁFICO 6.7 – Vista lateral da camada limite da seção de testes
do túnel de vento do CEA........................................................................111
GRÁFICO 7.1 – Interferência nas tomadas de pressão B, D e total quando o
ângulo de ataque é variado no plano AC.................................................127
GRÁFICO 7.2 – Análise de correlação de variação de a1 com diversas grandezas...........129
GRÁFICO 7.3 – Análise de correlação de variação de a0 com diversas grandezas...........130
GRÁFICO 7.4 – Aproximação logarítmica (topo), reta (esq) e parábola (dir) da
distribuição de pressão dinâmica versus a1 ............................................131
GRÁFICO 7.5 – Resultados experimentais transformados. ...............................................132
GRÁFICO 7.6 – Curva de calibração do elemento sensor construído ...............................133
GRÁFICO A.1 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda A ...................141
GRÁFICO A.2 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda B....................142
GRÁFICO A.3 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda C....................142
xii
GRÁFICO A.4 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda D ...................143
GRÁFICO A.5 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda E....................143
GRÁFICO A.6 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda F....................144
GRÁFICO A.7 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda G ...................144
GRÁFICO A.8 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido em túnel por
GRACEY (1958) do diferencial de pressão para a sonda H ...................145
GRÁFICO A.9 – Curvas de desempenho do túnel de vento do CEA .................................146
GRÁFICO A.10 – Resultado não processado dos ensaios com configuração 15D
e alinhamento no plano AC ....................................................................147
GRÁFICO A.11 – Resultado não processado dos ensaios com configuração 15D
e alinhamento no plano BD ...................................................................147
GRÁFICO A.12 – Resultado não processado dos ensaios com configuração 8D
e alinhamento no plano AC ....................................................................148
GRÁFICO A.13 – Densidade do ar em todos os ensaios......................................................149
GRÁFICO A.14 – Pressão atmosférica local na sala em todos os ensaios...........................149
GRÁFICO A.15 – Pressão atmosférica na seção de testes em todos os ensaios ..................150
GRÁFICO A.16 – Variação das características dinâmicas do escoamento na seção
de testes com túnel operando a 900rpm...................................................150
GRÁFICO A.17 – Variação das características dinâmicas do escoamento na seção de
testes com túnel operando a 1200rpm .....................................................151
xiii
GRÁFICO A.18 – Variação das características dinâmicas do escoamento na seção de
testes com túnel operando a 1500rpm .....................................................151
GRÁFICO A.19 – Número de Reynolds nos experimentos realizados ................................152
GRÁFICO A.20 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e alinhamento
no plano AC com histerese compensada.................................................153
GRÁFICO A.21 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e alinhamento
no plano BD com histerese compensada.................................................154
GRÁFICO A.22 - Resultado dos ensaios com configuração 8D e alinhamento
no plano AC com histerese compensada.................................................154
GRÁFICO A.23 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e alinhamento
no plano AC linearizados ........................................................................155
GRÁFICO A.24 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e alinhamento
no plano BD linearizados ........................................................................155
GRÁFICO A.25 - Resultado dos ensaios com configuração 8D e alinhamento
no plano AC linearizados ........................................................................156
GRÁFICO A.26 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o túnel a 900rpm .........157
GRÁFICO A.27 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o túnel a 1200rpm .......157
GRÁFICO A.28 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o túnel a 1500rpm .......158
GRÁFICO A.29 – Resultados dos ensaios com túnel a 900rpm condensados .....................158
GRÁFICO A.30 – Resultados dos ensaios com túnel a 1200rpm condensados ...................159
GRÁFICO A.31 – Resultados dos ensaios com túnel a 1500rpm condensados ...................159
GRÁFICO A.32 - Resultado da calibração do elemento sensor em túnel de vento..............160
xiv
NOMENCLATURA
Nomenclatura Latina
a0 coeficiente de ordem 0 de uma reta
a1 coeficiente de ordem 1 de uma reta
A área dos terminais de um capacitor plano
A
v
ganho de tensão do amplificador diferencial
c corda local do aerofólio
C capacitância
C
Lh
coeficiente de sustentação do alinhador aerodinâmico
Cn coeficiente normal de força em uma aeronave
d distância entre os terminais em um capacitor plano
DFus diâmetro máximo da fuselagem
E módulo de elasticidade do material utilizado
f freqüência do sinal de saída de um oscilador eletônico
H
h
distância entre o centro aerodinâmico do alinhador aerodinâmico e o eixo pivô
H
p
altitude de pressão local
I
Ph
inércia rotativa do alinhador aerodinâmico em relação ao eixo pivô
l
0
comprimento original do material utilizado
L indutância de um indutor
M número de Mach
M
L
momento resistivo devido ao atrito entre o pivô e o soquete em um alinhador
aerodinâmico
p
inf
pressão total do escoamento livre
xv
p
loc
pressão estática local
p pressão atmosférica local descontada a pressão parcial de vapor
P pressão sobre o material utilizado
P1 pressão na entrada 1 de um sensor de pressão
P2 pressão na entrada 2 de um sensor de pressão
q pressão dinâmica do escoamento
QNH pressão atmosférica lida em barômetro compensado para altitude local
R resistência elétrica de um material
Re número de Reynolds
R
esp
resistência
específica linear de um material
S sensibilidade resistiva de um extensômetro
Sc área de referência aerodinâmica do alinhador aerodinâmico
T temperatura local
T
STD
temperatura local da atmosfera no modelo ISO
V velocidade local do ar
V
a
tensão de saída do sensor de ângulo de ataque
V
q
tensão de saída do sensor de pressão dinâmica
V
s
tensão de saída em um amplificador diferencial de tensão
VCC tensão de alimentação de corrente contínua
V
1
tensão na entrada não inversora do amplificador diferencial
V
2
tensão na entrada inversora do amplificador diferencial
xvi
Nomenclatura Grega
α ângulo de incidência do escoamento
α
M
ângulo de incidência do escoamento medido
Δl deformação do material utilizado devido à aplicação de carga
Δ
P
Hu
pressão parcial de vapor
ΔP
12
diferença
de pressão entre a entrada 1 e a 2 em um sensor de pressão
Δ
T
ISO
variação da temperatura local em relação à atmosfera ISO
ε módulo de deformação do material utilizado
η
0
constante dielétrica entre os terminais de um capacitor
θ
h
aceleração angular do alinhador aerodinâmico ao redor do eixo pivô
μ
viscosidade absoluta do ar
ρ densidade local do ar
ρ
NC
densidade do ar não corrigida
φ
campo potencial de velocidades
1. INTRODUÇÃO
O objetivo geral deste trabalho é o de lançar bases para o desenvolvimento de um medidor
que realize a leitura do ângulo de ataque de um dado escoamento com aplicações voltadas ao
uso em aeronaves.
O ângulo de ataque é o ângulo entre o vetor velocidade do escoamento e uma dada referência
no corpo que atravessa o fluído. Esta variável é importante para o vôo, pois as forças
aerodinâmicas sofridas por uma aeronave são todas função desta grandeza.
Embora o medidor de ângulo de ataque não seja requisito obrigatório em aeronaves tripuladas
que obedecem ao regulamento RBHA 22, 23 ou 25 (parágrafo 1303) a presença deste
instrumento permite ao piloto, por exemplo, realizar um cruzeiro mais eficiente pela exata
posição na polar de arrasto, sendo especialmente útil em planadores (RBHA 22, 1990).
Este instrumento possibilita também avaliar mais precisamente o risco de estol. Este
fenômeno pode ocorrer em curvas em velocidades muito superiores às velocidades de estol
declaradas durante a certificação de acordo com o procedimento especificado na
regulamentação citada.
Em sistemas automáticos de vôo, a presença de um medidor de ângulo de ataque é desejada
pois o mecanismo de controle precisa calcular as forças aerodinâmicas para definir a
pilotagem do aparelho.
O sistema de medição de ângulo de ataque também é empregado em aquisição científica de
dados de uma aeronave. Coletar dados de ângulo de ataque é vital durante as campanhas de
ensaios em vôo na fase de desenvolvimento de uma aeronave.
O sensor de ângulo de ataque que foi desenvolvido neste trabalho utiliza o princípio de que
um corpo simétrico sujeito a um escoamento com ângulo de ataque não nulo apresenta uma
distribuição de pressão assimétrica sobre sua superfície. Assim sendo, através da medição das
pressões superficiais no corpo é possível determinar o ângulo de ataque do escoamento.
2
INTRODU
Ç
ÃO
Para o desenvolvimento do presente estudo no Capítulo 2 descreve-se as diferentes
abordagens possíveis para medição de ângulo de ataque através de uma revisão bibliográfica.
Neste capítulo maiores detalhes são fornecidos a respeito de sensores de ângulo de ataque por
medição de pressão.
No Capítulo 3 são descritos alguns dos diferentes princípios de funcionamento de sensores
eletrônicos através de uma revisão bibliográfica. Estes são necessários para a conversão da
saída dos sensores de ângulo de ataque descritos no Capítulo 2 para sinal eletrônico.
No Capítulo 4 são descritos sistemas completos de medidores de ângulo de ataque através de
diagrama de blocos. Neste capítulo é definido o diagrama de blocos do sistema medidor de
ângulo de ataque proposto neste trabalho que inclui um sensor de ângulo de ataque e um
sensor eletro-mecânico. Também, uma série de requisitos desejáveis são listados para que o
sistema proposto seja utilizado em aeronavaes não tripuladas de pequeno porte.
No Capítulo 5 é mostrado o desenvolvimento do sensor eletro-mecânico escolhido para o
sistema. Trata-se de um sensor capacitivo de pressão. Neste capítulo é desenvolvida a
eletrônica de leitura do capacitor e também é realizada a construção de uma série de
protótipos de sensores capacitivos que tentam atingir os requisitos listados no Capítulo 4.
Dados experimentais estão incluídos neste capítulo.
No Capítulo 6 é feito o desenvolvimento do sensor de ângulo de ataque por diferencial de
pressão. Foi empregado técnica de cálculo computacional de dinâmica de fluidos (CFD) para
a escolha da geometria do sensor. O túnel de vento do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA)
é estudado. Em seguida um equipamento apropriado para os testes de calibração do sensor de
ângulo de ataque é construído e os ensaios são especificados.
No Capítulo 7 estão mostrados os dados realizados em túnel de vento com o equipamento
desenvolvido no Capítulo 6 utilizando em conjunto com os sensores de pressão descritos no
Capítulo 5. Uma curva de calibração única é extraída a partir dos dados uma vez que uma
nova normalização é feita.
Por fim, no Capítulo 8 são emitidas conclusões sobre o presente estudo e sugeridos caminhos
para desenvolvimentos além deste trabalho.
2. TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE
2.1 Introdução
As principais fontes de dados referentes à medição de ângulo de ataque consultadas para este
trabalho são GRACEY (1958), ZALOVCIK (1952), MCFADDEN et al (1952) e BABINSKY
et al (2000). Nestas fontes foram encontradas três formas para medir o ângulo de ataque e,
opcionalmente, o ângulo de derrapagem. Cada uma destas metodologias tem suas vantagens e
desvantagens conforme será discutido.
2.2 Medição de ângulo de ataque por alinhadores pivotados
Nesta abordagem o ângulo de ataque é medido por meio de corpos aerodinâmicos que são
livres para se alinhar com o escoamento girando em torno de um eixo pivô. O corpo
aerodinâmico tem tipicamente a forma apresentada na FIG 2.1. O corpo é balanceado de
modo que o centro de massa esteja contido na linha do eixo pivô.
4
TÉCNICAS DE MEDI
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Quanto ao tamanho do corpo aerodinâmico, MCFADDEN et al (1952) sugerem os valores
apresentados na FIG 2.2 sem especificações adicionais. A EQ 2.1, deduzida com auxílio de
ASHLEY (1992), descreve o movimento angular do alinhador pivotado como função da força
aerodinâmica de sustentação na aleta e da soma dos momentos resistivos no mancal do pivô.
Nota-se que a aceleração angular
θ
h
é inversamente proporcional à inércia rotativa I
Ph
do
alinhador pivotado. A EQ 2.1 sugere que uma grande inércia rotativa no alinhador faz com
que o sensor de ângulo de ataque seja lento em sua resposta ao passo que uma pequena inércia
FIGURA 2.1 – Medidor de ângulo de ataque por alinhador pivotado
FIGURA 2.2 – Dimensões para o alinhador
aerodinâmico
5
TÉCNICAS DE MEDI
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rotativa faz com que a resposta seja mais rápida. Verifica-se também pela EQ 2.1 que apenas
os momentos resistivos provenientes do mancal são responsáveis pelo amortecimento do
movimento de aceleração angular. Para mancais de baixo atrito tais como rolamentos,
verifica-se que o amortecimento é baixo e podem surgir transientes oscilatórios longos e
indesejados. Por tanto, um projeto de alinhador pivotado deve incluir um estudo dinâmico do
alinhador para que sejam atendidos requisitos de tempo de resposta e ao mesmo tempo
minimizada a oscilação do mesmo (erro de flutuação).
[]
LhLhc
Ph
MHCSq
I
t
=
α
θ
1
2
2
(2.1)
Quanto ao tipo do corpo alinhador, este pode ser montado transversalmente, ou pode ser
montado axialmente (FIG 2.3).
Quanto à instalação do corpo alinhador, GRACEY (1958), ZALOVCIK (1952),
MCFADDEN et al (1952) sugerem a instalação em estruturas tubulares de diâmetro pequeno
projetando-se da aeronave, ou pelo nariz, ou pela ponta da asa, conforme mostrado na FIG
2.4. Também, para os sensores transversais é possível instalação na fuselagem (GRACEY,
1958), porém requerendo correção aerodinâmica.
FIGURA 2.3 – Montagem de corpos alinhadores como
medidores de ângulo de ataque
6
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A distância entre os alinhadores aerodinâmicos e a aeronave, quando instalados nas posições
1 ou 2 da FIG 2.4, é motivo de uma investigação mais detalhada. A FIG 2.5 resume um
resultado obtido por MCFADDEN et al (1952) com o instrumento com quatro sensores de
ângulo de ataque transversais do tipo que emprega alinhadores pivotados. Por esta figura é
possível perceber que a medida que o elemento sensível se afasta da fuselagem o ângulo de
ataque detectado se aproxima de um valor assintótico. Nota-se que o sensor a um diâmetro de
distância da fuselagem já registra a leitura assintótica, sugerindo que esta seja a menor
distância para uma medição precisa do ângulo de ataque na aeronave. Por outro lado, quanto
mais afastado o elemento sensível maior é a estrutura de suporte deste e por conseqüência
surgem problemas referentes à rigidez da estrutura. GRACEY (1958) resume o observado
nos dados de MCFADDEN et al (1952) e sugere as distâncias marcadas na FIG 2.4 como
distâncias recomendadas para os sensores de ângulo de ataque.
FIGURA 2.4 – Locais para instalação de corpos alinhadores
7
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Quanto ao diâmetro da estrutura tubular existe a necessidade de dimensionamento tendo em
vista o já citado problema de rigidez devido ao carregamento aerodinâmico. A título de
comparação, para a estrutura em MCFADDEN et al (1952) a flexão permitiu um erro máximo
de 1,25º na leitura do ângulo de ataque. O erro foi conhecido por meio de fotos da estrutura
com o carregamento aplicado em vôo.
Outras fontes de erro desta abordagem são erros devido ao atrito do eixo pivô com o mancal e
a oscilação contínua do alinhador (flutuação) conforme deduzido anteriormente. No caso do
equipamento usado em MCFADDEN et al (1952) não foi significativo o erro devido ao atrito
do mancal e os erros de oscilação do alinhador aerodinâmico que se restringiram a 0,45º no
pior caso.
FIGURA 2.5 – Determinação assintótica do ângulo de ataque com
alinhadores
8
TÉCNICAS DE MEDI
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2.3 Medição de ângulo de ataque por diferencial de pressão
Quando um escoamento incide com ângulo de ataque em um corpo existe a formação de um
ponto de estagnação que se caracteriza por uma velocidade de escoamento nula e uma pressão
relativamente alta. O ponto de estagnação move-se de acordo com o ângulo de ataque
experimentado pelo corpo. Portanto determinando-se a posição do ponto de estagnação é
possível inferir o ângulo de ataque.
Em GRACEY (1958) é descrito o sensor de ângulo de ataque que funciona com pressão
diferencial. Um esquema do funcionamento deste tipo de sensor está apresentado na FIG 2.6.
Pela FIG 2.6 nota-se que quando existe um ângulo de ataque positivo, o ponto de estagnação
move-se na direção da tomada de pressão inferior, aumentando a pressão naquela tomada e
diminuindo a pressão na tomada superior. A diferença entre a pressão inferior e a superior fica
cada vez mais positiva à medida que o ângulo de ataque aumenta. Se o ângulo de ataque for
negativo, o comportamento se inverte. Caso o corpo seja simétrico, em ângulo de ataque nulo,
a diferença de pressão se anula.
FIGURA 2.6 – Princípio de funcionamento do sensor de ângulo de ataque
a base de pressão
9
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O sensor de ângulo de ataque por diferencial de pressão pode ter instalação axial ou
transversal de forma análoga ao sensor por alinhador pivotado e exemplos de possíveis formas
estão resumidos na FIG 2.7.
Neste trabalho será utilizado o sensor de medição de ângulo de ataque por diferencial de
pressão axial. Portanto este tipo será estudado em maior detalhe nesta revisão. O uso deste
sensor será formalizado adiante, no Capítulo 4.
A forma geométrica do sensor de ângulo de ataque por diferencial de pressão é determinante
na sensibilidade e linearidade da resposta. GRACEY (1958) apresenta dados de sondas axiais
com pontas cônicas e hemisféricas testados em túnel de vento. As geometrias dos sensores
(sondas) testadas por esta referência estão reproduzidas na FIG 2.8.
FIGURA 2.7 – Formas geométricas para sondas medidoras de ângulo de
ataque baseadas em diferença de pressão
10
TÉCNICAS DE MEDI
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As sondas receberam os nomes indicados na FIG 2.8 para maior facilidade de referência. Os
resultados dos ensaios individuais em túnel realizados por GRACEY (1958) estão
reproduzidos nos GRA A.1 a A.8 no apêndice. Nos gráficos nota-se que a resposta de cada
uma das sondas se assemelhou a uma reta independentemente da geometria. Foi possível
então construir a TAB 2.1 com os coeficientes de inclinação das retas.
FIGURA 2.8 – Sondas testadas por GRACEY (1958)
11
TÉCNICAS DE MEDI
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TABELA 2.1 – Resumo das inclinações dos GRA A.1 até GRA A.8
Nome da Sonda Inclinação da resposta [deg
-1
] Mach
Sonda A 0,0633 0,11
0,0759 0,35
Sonda B
0,0729 0,60
0,0632 0,35
Sonda C
0,0603 0,60
0,0385 0,35
Sonda D
0,0367 0,60
0,0318 0,35
Sonda E
0,0318 0,60
0,0257 0,35
Sonda F
0,0257 0,60
Sonda G 0,0385 0,70
0,0199 1,50
0,0210 1,60
Sonda H
0,0215 1,70
Pelos dados da TAB 2.1 nota-se que a maior inclinação (sensibilidade) foi obtida pela a sonda
B. Também se nota que sondas hemisféricas são em geral mais sensíveis no regime subsônico
do que as sondas cônicas se forem considerados os resultados das sondas B até F.
O posicionamento da furação nas sondas influi na sensibilidade conforme pode ser visto na
TAB 2.1 no caso das sondas B e C. BABINSKY et al (2000) apresentam as geometrias
prismáticas vistas na FIG 2.8. Para estas sondas, quanto maior o ângulo entre o plano da
tomada de pressão e o escoamento, maior será a sensibilidade da geometria às variações de
ângulo de ataque e, ao mesmo tempo, maior será a variação resposta da sonda com a alteração
da pressão dinâmica (BABINSKY et al, 2000). Este fenômeno pode ser observado também no
caso das sondas cônicas quando se observa os dados das sondas D contra os dados das sondas
E e F.
A pressão dinâmica de operação do sensor de ângulo de ataque altera o diferencial de pressão
medido por este tipo de sensor conforme pode ser verificado nos GRA A.1 até A.8 no
12
TÉCNICAS DE MEDI
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apêndice. Logo, um sensor de ângulo de ataque que utilize o diferencial de pressão deve
receber entrada também de pressão dinâmica.
Os sensores axiais de ângulo de ataque por diferencial de pressão podem ser instalados tanto
na posição 1 quanto na posição 2 da FIG 2.4 de forma similar aos sensores de alinhadores
pivotados. Portanto, o sensor axial de diferencial de pressão sofrerá erro de interferência
aerodinâmica e erros devido à rigidez da estrutura de suporte de modo similar ao
experimentado pelo sensor de alinhadores aerodinâmicos. No entanto, o sensor de ângulo de
ataque por diferencial de pressão não apresenta erros de flutuação do alinhador uma vez que
esta peça é inexistente neste tipo de sensor.
BABINSKY et al (2000) citam ainda o uso de uma forma prismática projetada a partir da
parede para a medição de ângulo de ataque. De acordo com a referência, esta forma é usada
em escoamentos internos tais como medidores em turbofans e túneis de vento. Se acoplada
externamente à fuselagem de uma aeronave na região 3 da FIG 2.4 este sensor seria capaz de
medir ângulo de ataque de forma similar ao alinhador pivotado instalado na fuselagem.
ZALOVCIK (1952) cita o uso de pontos de tomada de pressão estática ao longo de fuselagens
e asas que são usados como alarme de estol. Esta é potencialmente uma fonte para a medição
do ângulo de ataque embora este uso não tenha sido explicitado pelo mesmo.
13
TÉCNICAS DE MEDI
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2.4 Medição de ângulo de ataque através de dispositivos perseguidores de diferencial de
pressão nula
O último tipo de sensor de ângulo de ataque apresentado neste capítulo é o sensor perseguidor
de diferencial de pressão nula apresentados em GRACEY (1958) e BABINSKY et al (2000).
O modelo pode ser tanto axial quanto transversal conforme pode ser visto na FIG 2.9.
O sensor consiste de uma ponta pivoteada instalada na extremidade de uma estrutura de
suporte. Dentro da parte móvel existe um aparato comparador de pressão. Este comparador
comanda o posicionador que determina a inclinação que a parte móvel da sonda irá
apresentar. Um sistema em malha fechada faz com que o posicionador alinhe a sonda de
pressão de tal forma que o comparador de pressão meça diferença de pressão nula entre as
duas tomadas de pressão. A inclinação em regime permanente do sensor é considerada como
o ângulo de ataque medido.
FIGURA 2.9 – Sondas medidoras de ângulo de ataque baseadas em perseguição da anulação do diferencial
de pressão
14
TÉCNICAS DE MEDI
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O sensor axial da FIG 2.9 pode ser instalado na extremidade de uma estrutura ou na região 1
ou na região 2 da aeronave conforme definido na FIG 2.4. Desta forma apresenta erros tanto
de interferência aerodinâmica quanto de rigidez estrutural de seu suporte de modo similar aos
sensores axiais anteriormente descritos. Adicionalmente este sensor pode apresentar erros de
oscilação em respostas transientes característico de sistemas em malha fechada.
O sensor transversal da FIG 2.9 funciona de maneira similar ao sensor axial. As duas tomadas
de pressão pressurizam duas câmaras de ar distintas. A diferença de pressão entre as câmaras
pressurizadas e uma terceira câmara faz mover a pá que atua um mecanismo. Este mecanismo
gira todas as tomadas de pressão de modo que a pressão nas duas câmaras sejam equalizadas.
Por fim quando o mecanismo atinge uma condição estável o ângulo de ataque pode ser
medido através do resistor. Dois batentes limitam o ângulo máximo de medição.
O sensor transversal da FIG 2.9 pode ser instalado na região 3 da FIG 2.4. Por tanto espera-se
que sensor sofra interferência devido à proximidade com a fuselagem de forma similar ao que
ocorre com os demais sensores de parede.
Comum a ambos os sensores apresentados nesta seção e a outros do mesmo tipo é o problema
de ressonância da resposta dinâmica. Este sensor não pode ser excitado na freqüência de
ressonância do mecanismo sob risco de falha catastrófica em vôo. Portanto é necessário o
conhecimento desta freqüência para evitar que alguma condição de vôo possa causar este tipo
de excitação.
15
TÉCNICAS DE MEDI
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2.5 Notas em detecção de estol com medidores de ângulo de ataque
Os sensores descritos anteriormente visam apenas medir o ângulo de ataque de um corpo em
relação a um escoamento. Executando uma calibração criteriosa dos sensores em uma dada
aeronave, estes passam a ser capazes de medir o ângulo de ataque da aeronave com precisão
suficiente para o uso em cálculo de máxima razão de planeio ou mesmo alimentar um sistema
de pilotagem automática.
Porém sabe-se que as superfícies sustentadoras de uma aeronave apresentam ângulos de
ataque diferentes do que aquele que a aeronave experimenta. Assim sendo o resultado dessas
medidas pode potencialmente ocultar o fato de uma superfície sustentadora da aeronave estar
efetivamente estolada.
ZALOVCIK (1952) apresenta pelo menos três formas de se medir estol diretamente a partir
de efeitos aerodinâmicos tais como descolamento ou formação de zonas de recirculação que
são caracterizadores seguros de ocorrência de estol e portanto são métodos mais apropriados
para criação de alarmes de aviso.
Para fins de detecção de estol de aeronave, os dados obtidos através dos sensores de ângulo de
ataque apenas complementariam os dados obtidos conforme a metodologia do RBHA 23
(1990) ou similares.
2.6 O estado da arte em sensores de ângulo de ataque
Diversos projetos de aeronaves utilizam sensores de ângulo de ataque com diversos fins. Na
FIG 2.10 está apresentado o sistema medidor de ângulo de ataque do A-4 Skyhawk que como
pode ser visto mede o ângulo de ataque por meio de um alinhador pivotado instalado na
região 3 da FIG 2.4 e apresenta o seu resultado para o piloto por meio do indicador mostrado
na mesma figura. O sistema é elétrico.
16
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Na FIG 2.11 está mostrado um projeto mais recente: o demonstrador de tecnologia X45
UCAV da Boeing em vôo. Pela foto é possível identificar a estrutura projetando-se da
fuselagem compondo um medidor de ângulo de ataque e de derrapagem que utiliza
alinhadores pivotados.
FIGURA 2.11 – Medidor do ângulo de ataque e derrapagem do UCAV X45
FIGURA 2.10 – Medidor de ângulo de ataque do A-4 Skyhawk
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TÉCNICAS DE MEDI
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Por fim a FIG 2.12 apresenta o sistema de shaker da nova versão do 737 da Boeing, o 737-
NG (800 e 900). No diagrama existe uma entrada no sistema de ângulo de ataque por meio de
alinhadores pivotados que combinada com posição de flape e velocidade do vento comandam
ou não a ativação do shaker da coluna do manche dos pilotos, alertando para estol ou alta
velocidade.
FIGURA 2.12 – Diagrama do funcionamento do shaker do 737-NG
3. TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO
SENSORES ELETRÔNICOS
3.1. Introdução
Os sensores de ângulo de ataque apresentados no Capítulo 2 apresentam saídas
essencialmente mecânicas na forma de deslocamento ou na forma de pressão pneumática. Em
sistemas modernos é prática comum utilizar sinais elétricos devido a sua extrema flexibilidade
de manuseio e transmissão. Portanto um sensor eletrônico capaz de converter as citadas
grandezas mecânicas deve ser estudado.
O sensor que converte grandezas mecânicas em elétricas é também conhecido por sensor
eletro-mecânico. Existem diversos tipos de sensores eletro-mecânicos, uma vez que existe
grande número de grandezas mecânicas que podem ser convertidas em sinais eletrônicos
utilizando-se os mais diferentes tipos de técnicas e princípios físicos. Portanto, é interessante
discorrer um pouco sobre a classificação dos sensores eletrônicos.
Os diversos textos que abordam sensores os dividem ou por energia convertida ou por
princípio de conversão. SINCLAIR (2001) os divide por energia convertida e este modelo
será seguido neste capítulo.
Não existe diferenciação clara entre sensor e transdutor. SINCLAIR (2001) diferencia sensor
de transdutor afirmando que para este a razão de conversão de energia do processo observado
e a energia do sinal eletrônico gerado na saída (razão de conversão) é baixa não atingindo 5%
ao passo que para aquele a razão de conversão é mais alta. Dentro deste contexto, no presente
estudo será considerado somente sensores.
Cerca de trezentos e cinqüenta tipos de energia são possíveis de serem medidos por meio de
sensores eletrônicos, sendo que as energias radiante, mecânica, gravitacional, elétrica, térmica
e magnética são as mais comuns (SINCLAIR, 2001).
19
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
A tecnologia de sensores eletrônicos pode ser adicionalmente dividida entre sensores passivos
e ativos. O sensor eletrônico passivo é definido como aquele que precisa de energia para
funcionar, ao passo que o sensor ativo usa a energia do processo observado que está sendo
convertida para o seu próprio funcionamento. O sensor do tipo passivo é o mais comum.
Os sensores eletrônicos fornecem em sua saída um sinal elétrico. A saída do sensor eletrônico
pode ser feita por corrente ou por tensão. O sinal de saída pode ser contínuo, alternado de
forma senoidal ou ainda alternado de onda quadrada de dois estados. A informação detectada
pelo sensor pode estar contida nas características do sinal tais como a amplitude, a fase, a
freqüência ou ainda na relação entre os tempos dos dois estados no caso de uma onda
quadrada. A informação do sinal pode estar codificada de modo analógico ou de modo digital.
No caso da informação digital existe um número finito de estados para as características do
sinal ao passo que no caso da informação analógica, este número é infinito.
Sensores eletro-mecânicos adequados para a conversão das grandezas de saída dos sensores
contidos no Capítulo 2 estão apresentados a seguir.
3.2. Sensor eletrônico de pressão
Define-se medição de pressão absoluta quando a pressão de teste é medida em relação ao
vácuo, pressão manométrica quando a pressão de teste é medida em relação à pressão
atmosférica local e pressão diferencial quando é medida a pressão de teste em relação à outra
pressão que pode ou não ser conhecida. A FIG 4.1 apresenta em diagrama estes três tipos de
medição.
20
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
A medição de pressão de forma geral está intimamente ligada com a medição da deformação
dos materiais. As EQUAÇÕES (3.1) até (3.3), extraídas das teorias de deformação linear dos
materiais explicitam este relacionamento.
E
P
=
ε
(3.1)
0
l
lΔ
=
ε
(3.2)
E
lP
l
0
=Δ
(3.3)
Onde P denota a pressão aplicada ao material, E o modulo de elasticidade do material,
Δ
l a
variação de comprimento do material e l
0
o comprimento original do material testado.
Métodos mais comuns de medida de deformação incluem medição por extensômetros,
medição por capacitância ou por relutância variável e medição por interferometria laser
(SINCLAIR, 2001). Estes tipos de medição estão descritos a seguir.
FIGURA 31 – Tipos de medição de preso
21
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
3.2.1 Medição por extensômetros
O extensômetro é um dispositivo simples que consiste de um fio fino enrolado de material
condutor ou semicondutor que é colado à peça na qual será medida a deformação. A FIG 3.2
apresenta um esquema de montagem de um extensômetro.
Na FIG 3.2, o extensômetro tem uma maior quantidade de fio alinhada em uma única direção
que é a direção predominante do dispositivo. O dispositivo é firmemente colado ao corpo de
provas de forma que qualquer deformação no corpo acarrete uma deformação no
extenmetro. Se a deformão estiver alinhada à direção predominante do extensômetro,
cada um dos segmentos de fio experimentará a mesma deformação. Uma vez que o
comprimento do fio esligado a sua resistência pela EQ (3.4), então existe uma variação da
resistência do mesmo.
FIGURA 3.2 – Esquema de montagem de um extensômetro
22
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
lRR
esp
=
(3.4)
A sensibilidade do extensômetro é definida pela EQ (3.5). Quando o dispositivo é construído
com emprego de fiação metálica de pequeno diâmetro, os valores esperados para a
sensibilidade se encontram próximos de 2. A sensibilidade aumenta para valores em torno de
100 quando o fio do extensômetro é feito de material semicondutor (SINCLAIR, 2001).
Portanto, sensores a base de extensômetro de semicondutor são mais sensíveis do que os
feitos com metal. Em contra partida, materiais semicondutores tendem a ser cerâmicos. Logo
a deformação máxima do extensômetro metálico é maior do que a do extensômetro
semicondutor.
ε
Δ
Δ
=
R
S
(3.5)
Um diagrama do circuito eletrônico necessário para a leitura de um extensômetro está
representado na FIG 3.3. Neste cicuito uma tensão é aplicada ao extensômetro que é ligado
em série a um resistor. Um segundo extensômetro idêntico é ligado em série com um resistor
da mesma forma que o primeiro, porém sem que este dispositivo seja colado ao corpo de
prova. Ambos os arranjos são conectados a um amplificador diferencial de sinais. O
amplificador diferencial de sinais responde conforme a EQ (3.6). Quando existe deformação
da peça de medição na direção predominante do extensômetro, a resistência do mesmo varia e
surge um diferencial de tensão no amplificador diferencial. O amplificador aumenta a tensão
do sistema para que seja possível se efetuar a medida.
O amplificador operacional encapsulado dentro de um circuito integrado pode ser usado para
a construção de um amplificador diferencial de sinais (JUNG,1997).
()
21
VVAV
vs
=
(3.6)
23
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
O segundo extensômetro existe para compensar os efeitos de dilatação térmica no material do
extensômetro de medição. A dilatação térmica aumenta o comprimento dos fios de ambos os
extensômetros, aumentando a resistência. Devido ao uso do amplificador diferencial no
circuito da FIG 3.3 garante-se que qualquer tensão observada seja exclusivamente devida à
deformação do corpo de prova.
O sensor por extensômetros que use o circuito esquematizado na FIG 3.3 será um sensor
passivo pois precisa receber energia externa para funcionar. Sua saída é um sinal de tensão
contínua que varia em amplitude de 0V até VCC. Por esta tensão apresentar infinitos estados
este será um sensor analógico.
Os sensores resistivos são extremamente interessantes eletronicamente, pois sua impedância é
constante em uma ampla faixa de freqüências. Isso extende o envelope operacional do sensor
para a medição de fenômenos de diversas freqüências minimizando perdas referentes à
transmissão.
As maiores fontes de erro deste tipo de dispositivo são a histerese e a distensão por fadiga. A
histerese típica deste sensor se encontra na faixa de 0,025% do fundo de escala, uma vez que
FIGURA 3.3 – Circuito eletrônico para a leitura de um extensômetro
24
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
sempre existe deformação residual nos fios do extensômetro. A distensão por fadiga ocorre
pois, a medida em que o dispositivo vai sendo utilizado, os fios esticam-se e podem não
retornar ao estado original. Normalmente o erro de distensão por fadiga também está na faixa
de 0,025% do fundo de escala.
Outra fonte de erro possível é a movimentação do extensômetro por falha na colagem. O uso
de técnicas apropriadas de instalação e de adesivos de boa qualidade tornam este erro baixo
em relação aos erros já descritos.
Na FIG 3.4 está exibido um diagrama de utilização do extensômetro como forma de medição
de pressão. Nota-se que, quando P1 é diferente de P2, o diafragma se deforma, deformando o
extensômetro. A taxa de deformação pode ser lida usando-se um circuito como o apresentado
na FIG 3.3. Por sua vez, a tensão de saída pode ser associada à diferença de pressão entre P1 e
P2.
FIGURA 3.4 – Instalação de extensômetro como sensor de pressão
25
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
3.2.2 Medição por interferometria laser
Interferometria laser é uma técnica que emprega comparação de freqüência entre dois raios
luminosos para a dedução do deslocamento de uma superfície. Um esquema de montagem
deste tipo de sistema está exibido na FIG 3.5.
Neste sistema, o raio laser sai da fonte e é dividido em uma porção refletida e outra porção
refratada no prisma. A porção do laser que atravessa o prisma incide no diafragma e retorna a
um foto-sensor (sinal medido). A porção que reflete no prisma é direcionada a um segundo
foto-sensor (sinal de referência). Um exemplo de foto-sensor é um foto-transistor que traduz
sinal luminoso em corrente. Um amplificador diferencial faz a subtração do sinal medido com
o sinal de referência. O sistema é calibrado de tal forma que quando não exista deslocamento
do diafragma a subtração dos dois sinais gere um sinal contínuo de tensão nula. No caso de
um deslocamento do diafragma, o caminho percorrido pelo laser do sinal medido aumenta ou
diminui conforme o movimento. Isto faz com que os sinais cheguem com fase distinta aos
foto-sensores, provocando uma tensão alternada na saída do amplificador diferencial com
FIGURA 3.5 – Medição de pressão por interferometria laser
26
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
amplitude proporcional à diferença. A FIG 3.6 ilustra a resposta deste sistema em algumas
situações. Um diagrama do circuito eletrônico capaz de fazer esta medição está mostrado na
FIG 3.7.
FIGURA 3.7 – Eletrônica para detecção por interferometria laser
FIGURA 3.6 – Resposta da interferometria laser
27
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
Este sistema tem como saída um sinal de tensão alternada senoidal cuja amplitude varia com o
deslocamento do diafragma. Uma vez que a amplitude pode apresentar infinitos estados este
será um sensor analógico. Ainda, devido ao fato de o sensor precisar de energia para operar,
este será um sensor passivo.
A maior qualidade deste sistema é sua sensibilidade. O fundo de escala de leitura é da mesma
ordem de grandeza do comprimento de onda do laser utilizado, ou seja, no caso de um laser
vermelho de 700nm de comprimento de onda será possível medir até 700nm com precisão de
2nm facilmente alcançável. Outra característica interessante é que não existe contato com o
diafragma e, portanto, não há distorções na medida da pressão.
Este sistema, por outro lado, requer um equipamento capaz de gerar um raio de luz coerente e
de freqüência estável. Desta forma somente um laser de alta qualidade será capaz de alimentar
este sistema. Além disso, certa potência é requerida para que o raio laser possa percorrer o
trajeto. Uma última observação é que foto-transistores são susceptíveis a variações térmicas,
exigindo que este sistema seja compensado para variações de temperatura.
3.2.3 Medição por capacitância ou relutância variável
Exemplos de medidor de pressão de capacitância variável e de relutância variável estão
apresentados na FIG 3.8.
A EQ (3.7) descreve a capacitância entre duas placas metálicas isoladas por meio não
condutor. No sensor de pressão capacitivo é construído um capacitor de tal forma que a
alteração do diferencial de pressão entre suas entradas provoque uma alteração de distância
entre as placas do capacitor. Na FIG 3.8 (esquerda) o diafragma metálico é o terminal A do
capacitor e a carcaça metálica o terminal B. Neste dispositivo, quando a pressão P1 é maior
que a pressão P2, o diafragma se curva, aproximando-se da carcaça, assim reduzindo a
capacitância do sensor. O inverso ocorre se o diferencial de pressão for revertido.
28
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
O sensor de capacitância variável também pode ser projetado para mudar a área A do
capacitor ou a constante dielétrica (
η
0
) entre os terminais.
d
A
C =
0
η
(3.7)
O medidor de relutância variável funciona de modo similar ao capacitivo. O ar é um meio de
alta relutância magnética. O campo eletromagnético gerado pela passagem de uma corrente
contínua na bobina do dispositivo possui uma intensidade constante, desde que o sensor
mantenha a mesma geometria. Quando a pressão em P1 aumenta (FIG. 3.8, Direita), a placa
do diafragma se aproxima da bobina, reduzindo a espessura da camada de ar existente entre
estes dois componentes. O campo eletromagnético é deformado e, por conseqüência, a
relutância do conjunto é modificada. Um circuito eletrônico pode detectar esta alteração de
modo que é possível medir a diferença de pressão. O sistema funciona também caso o
diferencial de pressão seja revertido. A medição por relutância pode também ser feita
utilizando-se corrente alternada.
FIGURA 3.8 – Direita: medidor de capacitância variável; Esquerda: medidor de relutância variável.
29
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
Um circuito capaz de detectar a mudança de pressão nos sensores capacitivos e indutivos está
representado na FIG 3.9. Trata-se de um oscilador baseado em transistor BJT na configuração
do tipo Collpits, retirado de POZAR (2001). Este circuito é um amplificador com um ganho
determinado e uma realimentação sem sinal de entrada. Uma pequena oscilação parasita, no
momento em que se liga o circuito, causa uma amplificação na saída que é realimentada para
a entrada. Na realimentação existe um filtro LC que seletivamente filtra as freqüências,
deixando passar somente a sua freqüência de ressonância. Este oscilador estabiliza-se com
uma freqüência de oscilação conforme a EQ (3.8).
+
=
21
21
1
2
1
CC
CC
L
f
π
(3.8)
FIGURA 3.9 – Circuito eletnico para a leitura de um sensor capacitivo ou indutivo (oscilador do tipo Collpits)
30
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
A freqüência do oscilador pode ser modificada com a alteração da indutância L ou das
capacitâncias C
1
ou C
2
. Portanto o mesmo circuito pode ser usado, tanto para o sensor
capacitivo, quanto para o sensor indutivo.
Um sensor eletrônico que funcione usando o circuito da FIG 3.9 será passivo uma vez que
requer alimentação externa. Sua saída é um sinal de tensão alternada senoidal cuja freqüência
varia com o indutor ou capacitor. Por esta freqüência apresentar infinitos estados este será um
sensor analógico.
Os valores de capacitância e indutância tendem a ser extremamente pequenos e apresentam
uma grande variação por menor que seja a modificação da geometria do dispositivo. Por
exemplo, usando-se a EQ (3.7) para sensor de 1cm
2
e um afastamento de 1mm em estado
estacionário obtém-se a capacitância de 8,85x10
-13
F. Tomando-se a primeira derivada em
relação ao deslocamento da EQ (3.7) determina-se o valor sensibilidade. Este valor no caso
deste sensor vale -8,85x10
-10
F/m. Supondo um deslocamento de 0,1mm a capacitância do
sensor cai 10%, o que seria facilmente detectado.
A medição por capacitância ou indutância está sujeita às variações do campo eletromagnético
local. O sensor pode alterar as medidas pela simples proximidade de uma massa metálica ou
de um ímã. Capacitores e indutores de referência podem ser necessários para obter-se uma
leitura corrigida. Uma alternativa seria proteger o dispositivo através de uma blindagem
eletromagnética.
3.3. Sensor eletrônico de deslocamento
Conforme anteriormente discutido, sensores de pressão são construídos com base na medição
de deformação. Deformação pode ser definida como um deslocamento de pequenas
proporções. Portanto, de acordo com a grandeza do deslocamentoa ser medido, um sensor de
pressão pode ser utilizado.
31
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
Quando o tamanho do deslocamento aumenta outras técnicas se tornam mais interessantes. A
grandeza máxima do deslocamento abordada nesta seção é de cerca de um metro e a grandeza
mínima se encontra na faixa dos milímetros. O resistor variável (potenciômetro), o LVDT e o
encoder são sensores adequados para esta faixa de deslocamento.
Técnicas de medição de deslocamento normalmente são úteis para a medição tanto de
deslocamento linear quanto deslocamento angular. As técnicas abordadas nessa seção serão
analisadas para o movimento linear e a adaptação para uso angular é facilmente deduzida.
3.3.1 Medição por potenciômetro
Um diagrama elétrico de um sistema de medição por potenciômetro está mostrado na FIG
3.10. O potenciômetro está mecanicamente acoplado à peça cujo deslocamento deseja-se
observar de forma que quando há um deslocamento muda-se a resistência do potenciômetro.
A modificação da resistência altera a tensão de saída do circuito.
Este circuito é, portanto, um circuito passivo uma vez que requer energia para seu
funcionamento. O sinal de saída deste sensor é uma tensão contínua com amplitude variável.
Uma vez que esta tensão pode assumir infinitos estados, este é um sensor analógico contínuo.
FIGURA 3.10 – Circuito elétrico de medição de distância por potenciômetro
32
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
O sistema de medição de posição por potenciômetros é simples, robusto e confiável. Porém, o
potenciômetro pode apresentar um grande atrito e conseqüente histerese. A histerese neste
tipo de equipamento atinge cerca de 0,1% a 1% do fundo de escala. Adicionalmente,
imperfeições no material resistivo podem causar deformações na curva de resposta. Estes
problemas podem ser corrigidos com um maior controle na fabricação do potenciômetro,
entretanto o sistema perde robustez e os custos sobem rapidamente. Outro problema com o
uso de potenciômetros é o tamanho do curso. Para tamanhos superiores a 30cm existe a
necessidade de construção sob encomenda, o que também faz seu preço aumentar
(SINCLAIR, 2001).
3.3.1 Medição por LVDT
LVDT é a sigla em inglês para transformador diferencial variável linear (“linear variable
differential transformer”). Um esquema do sensor com sua ligação eletrônica se encontra na
FIG 3.11.
FIGURA 3.11 – LVDT: funcionamento e eletrônica
33
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
A fonte de alimentação de corrente alternada alimenta a bobina primária do LVDT. Isto induz
um campo eletromagnético que percorre o corpo móvel ferromagnético e induz nas bobinas
secundárias uma corrente alternada. A corrente alternada no secundário é amplificada em um
amplificador diferencial. Tanto o sinal enviado para o primário quanto o sinal enviado para o
secundário são alimentados em um detector de fase, um dispositivo capaz de retornar uma
tensão proporcional à diferença de fase entre dois sinais na entrada. Com o deslocamento do
corpo móvel ferromagnético, a relutância entre as bobinas do primário e do secundário se
altera. A fase do sinal no secundário se modifica levando, por conseqüência, a uma alteração
na voltagem de saída no detector de fase.
O LVDT, quando associado a um detector tal como foi descrito é um sensor passivo uma vez
que requer energia para seu funcionamento. O sinal de saída deste sensor é uma tensão
contínua com amplitude variável. Uma vez que esta tensão pode assumir infinitos estados,
este é um sensor analógico.
Os LVDT são os melhores sensores disponíveis para as faixas de medida em que eles podem
ser utilizados, por apresentarem atrito extremamente baixo por não possuírem contato direto
com o elemento a ser medido (SINCLAIR, 2001). Apresentam ainda resposta linear, uma boa
resolução de detecção dependente apenas do detector de fase, além de não se danificarem
quando o deslocamento mecânico é excessivo.
Os LVDT são divididos em duas faixas: os atuadores de curso curto e de curso longo. Os
sensores de curso longo chegam a até 7cm e os sensores de curso curto podem ter cursos tão
pequenos quanto 1mm.
3.3.3 Medição por codificador
Codificador (encoder) é um medidor baseado em um sistema binário de detecção de
deslocamento. A medição de posicionamento por meio de codificadores é feita da forma
esquematizada na FIG 3.12.
34
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
Fabrica-se uma régua similar à apresentada na FIG 3.12. Luz visível, ou qualquer outro tipo
de radiação eletromagnética, pode atravessar as partes claras da régua e não podem atravessar
as partes escuras. Em um suporte estático posicionam-se quatro diodos (fontes) e quatro foto-
transistores (detectores). O suporte é feito de tal forma que a régua possa passar livremente
entre os diodos e transistores, conforme diagramado na FIG 3.12. A régua é presa à peça cuja
posição se deseja conhecer. No arranjo diagramado na FIG 3.12, a régua possui 16 estados
que podem ser associados aos números binários de 0 a 15. Quando a régua se move, a
combinação dos foto-transistores que detectam sinal se altera e pode ser deduzido o tamanho
do movimento. A régua pode repetir o padrão para estender o tamanho máximo do sensor,
desde que exista uma posição inicial. Uma variante desta técnica pode ser usada com uma
placa com chavetas e uma série de contatos mecânicos tais como os empregados em caixas de
sica mecânicas.
FIGURA 3.12 – Medição de posicionamento por codificador
35
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
Este sensor é um sensor passivo uma vez que os diodos e os transistores requerem energia
para o funcionamento. A saída deste sensor é um conjunto de sinais de corrente contínua com
amplitude variável em apenas dois estados. Sendo o número de estados finitos, o sensor é
digital.
O número de bits empregados pode variar desde um até o número máximo factível. Porém,
quanto maior o número de bits maior o número de leitores e assim o sistema, como um todo,
cresce em complexidade e perde em confiabilidade.
Um maior número de bits empregados confere a este sistema digital um maior número de
estados e assim uma maior resolução pois para réguas de mesmo tamanho, a precisão da
posição de um dado estado será maior quanto maior forem os números de bits empregados.
Um sistema digital como o exibido irá errar a posição em alguma quantidade fixa equivalente
à metade do tamanho do bit.
Este sistema dispensa a calibração uma vez que, em condições ótimas de operação, o
comportamento é previsível e linear. Em contrapartida apresenta baixa robustez ao ruído.
Caso a leitura um único bit esteja comprometida, o erro de posicionamento é imprevisível.
Para a deeterminação da integridade da leitura neste tipo de sistem existem alguns algoritmos
de verificação conhecidos geralmente por funções de verificação de redundância. Neste caso,
bits adicionais são inseridos na informação lida. Estes bits são função da informação
propriamente dita. Assim, ao fim da leitura, a função inversa é feita e a qualidade da leitura é
conhecida. Alguns exemplos deste tipo de funções são a verificação de paridade (NICOLOSI,
2000), o CRC16 e o CRC32.
3.4. Sensores disponíveis no mercado
Um sensor disponível no mercado para aplicação imediata em sistemas de medição de ângulo
de ataque a base de pressão é o sensor de pressão do tipo compacto de estado sólido. Um
exemplo deste tipo de sensor é o MPX5004DP da Freescale descrito em FREESCALE
36
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
(2007), mostrado nas FIG 3.13 e FIG 3.14. Trata-se de um sensor piezoresistivo que se
encaixa na descrição dos sensores de pressão usando extensômetros com fiação a base de
semicondutores. Este sensor usa uma peça de silício especialmente cortada de tal forma que a
peça atua como um resistor cuja resistividade varia com a pressão. No caso deste dispositvo
pode-se medir um diferencial de pressão de 4000 Pa em uma única direção sendo as medições
em sentido reverso proibidas sob risco de danificar o dispositivo. A saída do circuito
integrado está na forma de sinal de voltagem diretamente proporcional à pressão aplicada com
erro de inclinação menor que 1%. O ciruito integrado possui compensação por efeitos de
variação de temperatura, além de ser de tamanho extremamente reduzido, cabendo em uma
área de 4cm
2
.
Um sensor que poderia ser usado para medir posicionamento é o codificador rotativo Grayhill
62A11-01-020S que tem quatro estados e dois bits descrito em GRAYHILL (2007), conforme
mostra a FIG 3.14. Os modelos incluem 12, 16, 20, 24 e 32 posições possíveis ao longo dos
FIGURA 3.13 – Sensor piezo resistivo de mercado
37
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE ÂNGULO DE ATAQUE USANDO SENSORES
TRÔNICOS
360º. No caso do modelo de 32 posições é possível medir posição angular de 11,25º em
11,25º, existindo um total de 8 repetições do mesmo padrão de 2 bits ao longo da
circunferência. Este é um modelo barato. Codificadores mais caros aumentam a precisão por
possuírem um maior número de estados para um mesmo comprimento ou ângulo e são
robustos a interferência por ruído eletromagnético.
FIGURA 3.14 – Codificador para medição de velocidade de baixo custo
4. SISTEMA MEDIDOR DE ÂNGULO DE ATAQUE
4.1. Introdução
Um sistema medidor de ângulo de ataque consiste do sensor de ângulo de ataque e todos os
possíveis acessórios necessários para que se possa realizar uma leitura deste ângulo. O
sistema medidor pode ser extremamente complexo e realizar diversas alterações no sinal de
saída do sensor do ângulo de ataque antes de apresentar uma medida.
A técnica da representação de um sistema por meio de diagrama de blocos é um artifício
comumente empregado para simplificar a apresentação e o projeto do mesmo. Neste capítulo
serão apresentados alguns diagramas de blocos de sistemas medidores de ângulo de ataque e
uma topologia será escolhida. Neste ponto, são escolhidas as partes do sistema de medição
que serão estudados neste trabalho. Para cada parte abordada neste trabalho é definida uma
técninica de construção.
Um sistema para a medição de ângulo de ataque de aeronaves não tripuladas de pequeno porte
é proposto ao final deste capítulo. Desta forma é possível determinar uma série de
características desejáveis para os sensores desenvolvidos as quais foram utilizadas como
metas durante o desenvolvimento dos protótipos neste trabalho.
4.2. Sistemas medidores de ângulo de ataque
Os sistemas medidores de ângulo de ataque encontrados nas referências são de dois tipos: os
sistemas mecânicos e os sistemas eletro-mecânicos. Os sistemas mecânicos são caracterizados
pela ausência de uso de energia elétrica. Já os sistemas eletro-mecânicos utilizam energia
elétrica em pelo menos um bloco. Adicionalmente, neste tipo de sistema existe pelo menos
um bloco mecânico.
39
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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4.2.1. Sistemas mecânicos
Uma topologia possível para o sistema mecânico de medição de ângulo de ataque está
apresentada na FIG 4.1
Neste sistema, a medição do ângulo de ataque se inicia por meio da sensibilização do
elemento sensor mecânico, o bloco mais à esquerda na FIG 4.1. Conforme visto no Capítulo
2, os sensores de ângulo de ataque apresentam saída em forma ou de pressão pneumática ou
de deslocamento (angular ou linear).
O posicionamento do sensor de ângulo de ataque é feito de modo que exista o mínimo de
interferência ao passo que o posicionamento do ponto de leitura é feito de modo que a
localização seja a mais conveniente possível. Portanto, uma forma de transmissão é necessária
para a criação de um sistema prático. A transmissão mecânica pode ser feita por meio de
guinhóis, polias e cabos ou por meio de linhas pneumáticas de pressão.
O sistema medidor de ângulo de ataque pode ou não apresentar um conversor. O conversor é
um dispositivo que modifica o sinal de entrada para que o bloco imediatamente a seguir possa
utilizar o sinal. O conversor pode ser, por exemplo, uma garrafa de normalização de pressão
para filtrar mudanças bruscas na pressão pneumática ou um redutor de engrenagem.
Finalmente o instrumento na cabine transforma a informação mecânica em informação visual
para o piloto da aeronave. Este instrumento pode apresentar em sua face indicações de
ângulos de ataque notáveis tais como o ângulo de estol e o ângulo de máxima razão de
planeio.
FIGURA 4.1 – Diagrama de blocos de um sistema medidor de ângulo de ataque mecânico
40
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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4.2.2. Sistemas eletro-mecânicos
O sistema representado pelo diagrama de blocos na FIG 4.2 é um exemplo de sistema
medidor de ângulo de ataque eletro-mecânico.
No sistema eletro-mecânico, a medição de ângulo de ataque se inicia por meio de um
elemento sensor mecânico. Em seguida, o sinal é alimentado a um sensor eletro-mecânico.
Sensores eletro-mecânicos apropriados para o uso em conhunto com sensores de ângulo de
ataque foram descritos no Capítulo 3 deste trabalho.
A saída do sensor eletro-mecânico pode ser opcionalmente direcionada à entrada de um
interpretador. Este componente teria como função recondicionar o sinal proveniente do sensor
eletro-mecânico por meio de emprego de curvas de calibração, de algorítimos de filtragem ou
amplificadores. O interpretador pode, por exemplo, corrigir o sinal vindo do sensor eletrônico
para compensar por não linearidades ou no sensor de ângulo de ataque ou no sensor eletro-
mecânico. O interpretador pode ser construído usando-se como base micro-controladores tais
como o 8051 apresentado por NICOLOSI (2000), computadores analógicos baseados em
amplificadores operacionais em arranjos apontados por JUNG (1997) ou até mesmo circuitos
lineares baseados em capacitores, resistores e indutores.
O sinal de saída do interpretador é enviado através de uma linha de transmissão eletrônica
para o instrumento de leitura na cabine. A função deste componente é similar à transmissão
FIGURA 4.2 – Diagrama de blocos de um sistema medidor de ângulo de ataque eletro-mecânico
41
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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mecânica no sistema medidor de ângulo de ataque mecânico. A transmissão eletrônica é
muito mais eficiente do que a mecânica em termos de dissipação de energia e histerese.
O sinal proveniente da linha de transmissão é conduzido até o instrumento para leitura
humana. De forma similar ao instrumento de leitura mecânico, poderiam estar marcados
ângulos de ataque relevantes ao vôo em tal instrumento.
O sistema apresentado na FIG 4.2 pode ser modificado para comunicar-se com computadores
de bordo ou sistemas de pilotagem automática. O diagrama apresentado na FIG 4.3 representa
um sistema modificado desta forma.
Na FIG 4.3 a transmissão eletrônica é substituída por uma interface. A interface é um circuito
eletrônico capaz de interpretar o sinal vindo do interpretador em um formato capaz de
comunicação com a rede. Existem dezenas de padrões distintos tanto na eletrônica que
executa a comunicação quanto no programa ou protocolo que organiza a comunicação em
uma rede. Recomenda-se escolha de eletrônica e protocolo capazes de formação de redes com
extensão de alguns metros para o uso em aviões. Um exemplo de padrão eletrônico aplicável
é o EIA-485 e um exemplo padrão de comunicação aplicável seria o TCP/IP.
FIGURA 4.3 – Diagrama de blocos de um sistema sensor de ângulo de ataque eletro-mecânico para uso de
computador de bordo.
42
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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A interface é conectada à rede de sensores. Conforme pode ser visto na FIG 4.3 a rede pode
estar conectada a outros sensores que obedecem ao mesmo padrão. O computador de bordo
está também conectado à rede de modo que este pode executar a leitura do sensor de ângulo
de ataque.
4.3. Sistema proposto
4.3.1. Propósito
O propósito da definição de um sistema medidor de ângulo de ataque neste trabalho é o de
orientar o dimensionamento dos sensores de modo a que seja possível a construção futura de
um sistema experimental de medição. Este sistema será destinado a aeronaves de pequeno
porte não tripuladas tais como as mostradas na FIG 4.4. A topologia escolhida para o sistema
e as restrições de projeto estão descritas a seguir.
FIGURA 4.4 – Aeronaves de pequeno porte não tripuladas.
43
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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4.3.2. Topologia escolhida
Seguindo as atuais tendências para o desenvolvimento de sistemas, a topologia escolhida para
o sensor é eletro-mecânica. Esta topologia apresenta vantagem pois a compensação de não
linearidades é mais simples de ser feita com micro-processadores do que com elementos
mecânicos. A topologia escolhida está mostrada na FIG 4.5.
Na FIG 4.5 observa-se que somente o sensor de ângulo de ataque mecânico e o sensor eletro-
mecânico foram escolhidos como foco deste trabalho. Estes elementos foram escolhidos pois
são os elementos sensíveis exclusivos do sensor de ângulo de ataque. Os demais elementos ou
são elementos sensíveis de outros sensores ou elementos de suporte para a medição do ângulo
de ataque.
FIGURA 4.5 – Topologia escolhida para o medidor de ângulo de ataque
44
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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Sensor mecânico de ângulo de ataque:
Conforme mencionado no Capítulo 2, o sensor de ângulo de ataque mecânico empregado no
sistema proposto deverá usar a sonda axial de medição de ângulo de ataque por diferencial de
pressão. Portanto, a saída deste dispositivo será um par de linhas de pressão pneumáticas.
A escolha por um dispositivo axial de medição de ângulo de ataque minimiza os erros de
interferência que são muito influentes nos dispositivos de parede. Esta escolha também
possibilita a construção de elementos sensores extremamente compactos.
Para o dimensionamento deste sensor será feito um estudo de CFD (lit. Computer Fluid
Dynamics – Dinâmica de Fluidos Computacional) utilizando-se o algoritmo do método dos
painéis desenvolvido por ISCOLD (2001). A sonda com melhor desempenho no cálculo será
construída e testada em túnel de vento.
Sensor eletro-mecânico:
Uma vez que o sensor de medição de ângulo de ataque apresenta saída em forma de pressão
pneumática um sensor de pressão eletrônico deve ocupar este bloco. Dentre os tipos
apresentados no Capítulo 3, a medição por capacitância variável foi escolhida.
A escolha desta abordagem facilita a construção a medida que os sensores capacitivos são
extremamente sensíveis conforme pode ser verificado no cálculo feito no Capítulo 3.
Devido à presença do interpretador no sistema proposto, a resposta deste sensor também não
precisa ser linear embora esta seja uma característica desejável.
O projeto do sensor eletromecânico é dividido em dois: o dimensionamento da eletrônica e o
dimensionamento do capacitor variável com a pressão. O capacitor variável com a pressão foi
desenvolvido a partir de manômetros em U inclinados. A eletrônica de leitura foi projetada
para retornar um sinal de tensão contínua com informação transmitida pela amplitude e
codificada de modo analógico. O uso deste tipo de sinal de saída faciliata a construção do
interpretador.
45
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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Interpretador:
Conforme visto na FIG 4.5, o projeto do interpretador não faz parte do escopo do trabalho.
Entretanto este dispositivo deverá ser capaz de corrigir as não linearidades tanto do sensor
mecânico de ângulo de ataque quanto do sensor eletrônico de pressão.
O interpretador do sistema proposto deverá ser capaz de resolver o problema descrito na EQ
(4.1).
),(
qaM
VVf=
α
(4.1)
que expressa o ângulo de ataque medido (
α
M
) como função da tensão vinda do sensor de
pressão dinâmica (V
q
) e da tensão vinda do sensor de ângulo de ataque por diferencial de
pressão (V
a
). Os valores das tensões são dados pelas EQ (4.2) e EQ (4.3).
()
12
PgV
a
Δ=
(4.2)
()
qhV
q
=
(4.3)
onde g denota um polinômio de calibração do sensor de pressão que detecta o diferencial de
pressão
Δ
P
12
vindo do sensor mecânico de ângulo de ataque e, de maneira similar, h é um
polinômio de calibração do sensor de pressão que detecta a pressão dinâmica (q) durante o
vôo da aeronave. O valor de
Δ
P
12
por sua vez é dado pela EQ (4.4).
()
qk
q
P
,
12
α
=
Δ
(4.4)
Onde k denota a função de calibração do sensor mecânico de detecção do ângulo de ataque.
Nota-se que a função calibradora do sensor de ângulo de ataque dependerá também da pressão
dinâmica do escoamento de acordo com os dados obtidos por GRACEY (1958) reproduzidos
nos gráficos GRA A.1 até GRA A.8 no apêndice A.
46
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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Para resolver o problema representado pela EQ (4.1) o interpretador precisará calcular a
inversa de g e h (EQ (4.2) e EQ (4.3)), determinar a fração entre
Δ
P
12
e a pressão dinâmica e
por fim calcular a inversa de k (EQ (4.4)).
O desenvolvimento de um interpretador é facilitado caso as funções g, h e k sejam
paramétricas pois isto simplifica o processo de inversão das mesmas. Assim sendo, durante o
desenvolvimento dos sensores, curvas paramétricas de calibração linearizadas foram obtidas
usando-se método dos mínimos quadrados tal como descrito em AGUIRRE (2004).
O tipo de equacionamento descrito anteriormente pode ser executado por microcontroladores
de baixo custo tais como o 8051 descrito em NICOLOSI (2000). O equacionamento poderia
até ser resolvido até por computador analógico a base de amplificadores operacionais
configurados para executar funções básicas (JUNG, 1997) dependendo da complexidade das
funções g, h e k.
Demais elementos do sistema proposto:
Os outros elementos não serão abordados durante este trabalho. Contudo, são essenciais para
a construção de um sistema medidor de ângulo de ataque completamente operacional.
A transmissão eletrônica pode ser construída utilizando-se cabos elétricos apropriados para a
distância de transmissão. Um cuidado deve ser tomado na escolha para que a linha de
transmissão não cause grandes perdas.
A interface com o computador de bordo seria inteiramente dependente do tipo de entrada
disponível por parte deste. Recomenda-se o uso de interfaces simples tais como a
comunicação serial UART our RS-232 se disponíveis.
Não estão representados no diagrama o subsistema de alimentação do sensor e o sistema de
medição da pressão dinâmica. O subsistema de alimentação deve fornecer energia para todas
as partes eletrônicas do sistema. O sistema de medição de pressão dinâmica deve fornecer o
valor da pressão dinâmica em um sinal de tensão contínua com informação analógica na
amplitude para o interpretador, conforme visto anteriormente.
47
SISTEMA MEDIDOR DE Â
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4.4. Restrições de projeto
Independentemente da qualidade ou da tecnologia empregada em um sensor, este sempre irá
apresntar restrições de operação ou um envelope no qual o sensor é capaz de realizar medidas
úteis. Desta forma, no caso do sensor proposto, algumas restrições de dimensionamento
devem ser feitas. As restrições levam em consideração o tipo de vôo das aeronaves
apresentadas na FIG 4.4 assim como dificuldades de construção mecânica ou eletrônica do
sensor ou simplesmente condições favoráveis para a construção do primeiro protótipo.
4.4.1. Condições atmosféricas
Altitude:
A altitude de vôo para o sistema fica limitada a 2000m ASL (acima do nível do mar).
Massa específica:
Utilizando o equacionamento de ESDU (2003) para a atmosfera padrão ICAO determina-se
que a massa específica do ar encontrada pelo instrumento estará contida em um intervalo de
1kg/m³ (altitude máxima em dia padrão) e 1,3kg/m³ (altitude mínima em um dia frio).
Temperatura:
O sistema fica restrito a temperaturas entre 5ºC e 60ºC. Este intervalo de temperatura permite
o uso de componentes comuns (NATIONAL, 1997, PHILIPS, 1997, GRAYHILL, 2007 e
FREESCALE, 2007). O intervalo escolhido também evita estudo de formação de gelo no
sistema.
48
SISTEMA MEDIDOR DE Â
N
GULO DE ATA
Q
UE
4.4.2. Condições de vôo da aeronave
Velocidade:
O sistema fica restrito a velocidades de vôo entre 10m/s e 40m/s. Essas são velocidades de
vôo típicas para as aeronaves na FIG 4.4
Número de Mach:
De acordo com o modelo dos gases ideais para o ar atmosférico encontrada em WHITE
(1994) e as restrições anteriormente definidas, o número de Mach de operação do sistema
varia entre 0,029 e 0,12.
Pressão Dinâmica:
Utilizando-se os limites anteriormente definidos determina-se que o envelope de pressões
dinâmicas de operação do sistema será de 50Pa e 1040Pa.
Ângulo de ataque contínuo:
Os limites de ângulo de ataque contínuo do sistema ficam limitados entre -30º a 30º. Em
ângulos mais baixos do que 30º, as aeronaves da FIG 4.4 estolam. De fato, o envelope típico
de vôo destas aeronaves varia entre -5º e 10º.
Freqüência de oscilação do ângulo de ataque:
O sistema não medirá variações de ângulo de ataque superiores a 100Hz de ciclo. Este limite é
definido de tal forma que a eletrônica posteriormente descrita apresente robustez de
operação.O limite pode ser modificado caso o sistema não consiga medir oscilações de curto
período nas aeronaves mostradas na FIG 4.4.
49
SISTEMA MEDIDOR DE Â
N
GULO DE ATA
Q
UE
Fator de carga:
O sistema fica restrito a fatores de carga cujas forças inerciais e aerodinâmicas não causem
deformação apreciável na estrutura de fixação do sensor de ângulo de ataque. Esta restrição é
condizente com os fatores de carga encontrados pelas aeronaves da FIG 4.4.
Tolerância à vibração:
O sistema deverá tolerar um nível baixo de vibrações leves. Desta forma, no sistema final, não
será usado componentes encaixáveis sem cola ou fiação presa por parafusos.
4.4.3. Condições de operação do sensor eletro-mecânico de pressão
Intervalo de pressão:
Associando o intervalo de pressão dinâmica anteriormente definido aos gráficos GRA A.1 até
A.8 no Apêndice A é possível concluir que o sensor de pressão deverá ser capaz de medir
pressões em intervalos de -2000Pa até 2000Pa para servir ao sistema proposto nas condições
especificadas.
Resolução:
O sensor de pressão limitará a resolução com a que o sistema medirá o ângulo de ataque.
Desta forma, é desejável a resolução de 0,25º para o sistema proposto e por conseqüência,
tomando-se as características já definidas, o sensor de pressão idealmente deverá ser capaz de
diferenciar pressões de 4Pa ou 0,1% do intervalo de medição definido. Na prática, durante o
desenvolvimento dos sensores deste trabalho atingiu-se esta resolução apenas em sensores
estáticos desassociados com a parte mecânica.
5 SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
5.1. Introdução
Conforme especificado no Capítulo 4, o sistema medidor de ângulo de ataque deverá incluir
um sensor eletro-mecânico capacitivo de pressão. Para que o sistema seja capaz de medir o
intervalo proposto é preciso que o sensor seja capaz de medir pressões de -2000Pa até 2000Pa
com resolução desejável de 4Pa ou 0,1% do intervalo de medição. Ainda, de acordo com o
selecionado, o sensor eletro-mecânico tem que apresentar em sua saída um sinal de tensão
com informação transmitida pela amplitude e codificada de modo analógico. Neste capítulo
está descrito o processo de desenvolvimento do sensor de pressão que atende os requisitos
acima.
5.2. Projeto
Ao analisar as abordagens possíveis para os sensores do Capítulo 3, repara-se que cada sensor
eletro-mecânico consiste de um elemento sensível e de um circuito eletrônico associado para
fazer a sua medição. Portanto, ao se construir um sensor de pressão capacitivo, existe dois
subsistemas a serem dimensionados: o capacitor que varia a capacitância de acordo com a
pressão e o circuito eletrônico para a sua leitura.
Neste trabalho, inicialmente, esforço foi centrado em medição de capacitância. Esta grandeza
de um capacitor não é prontamente lida a partir de valores estacionários de corrente ou tensão.
Esta medida pode ser determinada indiretamente através de circuitos não estacionários tais
como osciladores como o mostrado no Capítulo 3. Um circuito oscilador foi construído e
estudado para que este servisse como medidor de capacitância.
51
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Em seguida, foram feitas tentativas de se converter um manômetro inclinado em U comum
em um sensor capacitivo. A alta sensibilidade do manômetro em U e a flexibilidade de
dimensionamento do fundo de escala destes dispositivos aumentam as probabilidades de se
obter um sensor capacitivo operacional embora não seja embarcável. No total, dois protótipos
foram construídos e testados usando a eletrônica previamente construída.
Um conversor eletrônico de sinais foi desenvolvido como passo seguinte. Tratou-se de um
circuito capaz de transformar sinal de saída do oscilador previamente construído em um sinal
de tensão com informação transmitida pela amplitude e codificada de modo analógico. O
objetivo da eletrônica adicional foi adequar a saída do sensor de pressão capacitivo ao
especificado no Capítulo 4.
Um protótipo operacional integrando o sensor capacitivo e a eletrônica desenvolvida foi
construído. Este protótipo foi dotado de cinco sensores e foi projetado para uso durante os
testes em túnel de vento. Este equipamento foi construído com maior rigor mecânico para que
aumentasse as changes de atingir a sensibilidade desejável descrita no Capítulo 4.
Por fim foi feita uma primeira tentativa de construção de um sensor capacitivo de pressão
embarcável. Este sensor foi criado com base no modelo obtido durante a revisão bibliográfica
(Capítulo 3).
5.3. Eletrônica para medição de capacitância
Descrição
Conforme descrito anteriormente, uma forma precisa de determinação da capacitância
envolve o uso de circuitos osciladores cujo peodo de oscilação esteja diretamente ligado à
capacitância de um capacitor (POZAR, 2001). Um exemplo deste tipo de circuito foi
apresentado na FIG 3.6. NATIONAL (1997) traz outra espécie de circuito oscilador que
dispensa o emprego de indutores e apresenta uma saída em forma de sinal de onda quadrada
ao invés de onda senoidal. A eliminação dos indutores é benéfica pois estes tendem a captar
52
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
radiação eletromagnética do ambiente e inserir em forma de ruído no circuito oscilador. O
circuito apresentado por NATIONAL (1997) está reproduzido na FIG 5.1.
O circuito integrado em uso é conhecido como temporizador 555. Este circuito integrado é
especialmente projetado para construção multivibradores astáveis, monoestáveis e biestáveis.
Quando o circuito da FIG 5.1 é ligado pela primeira vez, o pino 3 imediatamente sobe para
12V. A diferença de tensão carrega o capacitor C3 (sensor) através de D2 e R2. A diferença de
potencial entre os terminais de C3 vai aumentando. Quando a tensão em C3 passa de 8V o
pino 6 do temporizador 555 ativa e como conseqüência a tensão do pino 3 cai imediatamente
a 0V. O capacitor C3 começa a descarregar por R3 e D1 e pelo próprio pino 3 que leva a
corrente para o terra (pino 1). A diferença de potencial de C3 continua caindo até 4V. Nesta
tensão o pino 2 temporizador 555 ativa-se, desligando o pino 6 e ligando o pino 3 que volta a
apresentar 12V de tensão. O ciclo então se fecha e continua de forma indefinida.
FIGURA 5.1 – Circuito oscilador de freqüência controlada por capacitor
53
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
No caso da FIG 5.1 o dispositivo se encontra em uma configuração astável gerando na saída
do circuito uma onda quadrada com máximo em 12V e mínimo em 0V. A relação entre o
tempo em nível lógico ligado e desligado na saída é próxima de 50% e esta se mantém
constante independente da capacitância do sensor. A freqüência da resposta deste circuito é
dependente somente da capacitância do sensor (capacitância C3). Este circuito pode medir
uma ampla faixa de capacitâncias sendo que a freqüência de saída pode alcançar 600kHz,
suficiente para a medição de capacitâncias tão pequenas quanto 11,6pF de acordo com a curva
de calibração.
O sinal de saída do circuito oscilador pode ser facilmente lido com auxílio de um
osciloscópio. Um procedimento de calibração e os resultados estão mostrados a seguir.
Calibração
Para calibrar o circuito descrito na FIG 5.1, o mesmo foi construído com um adaptador para
capacitores no lugar de C3, a posição de instalação do sensor de pressão capacitivo no
circuito. Desta forma poderiam ser instalados capacitores de valores conhecidos para a
observação do comportamento da saída e construção de uma curva.
Para a calibração, foram instalados capacitores cerâmicos de disco de 10pF, 33pF, 47pF,
66pF, 100pF, 120pF, 150pF, 330pF, 33nF e 100nF. Para cada capacitor instalado foi
observado o período e a freqüência do sinal de saída do oscilador com auxílio de um
osciloscópio. Os dados foram compilados no GRA 5.1 visto abaixo.
54
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Utilizando o método dos mínimos quadrados (AGUIRRE, 2007) adaptado ao uso de equações
exponenciais foi possível levantar a curva de tendência deste oscilador que é tal como
apontada pela EQUAÇÃO (5.1). A inversa desta é facilmente derivável e foi usada como
curva de calibração do oscilador em todos os experimentos.
9935.06
10163,8)(
= CCf
(5.1)
Nota-se pelo GRA 5.1 que a aproximação dada pela EQUAÇÃO (5.1) é bastante satisfatória
para capacitâncias acima de 33pF. Para capacitâncias menores o oscilador aparentemente
muda de regime. Por tanto o uso deste oscilador para capacitâncias menores, seria necessário
uma outra curva de calibração.
GRÁFICO 5.1 – Calibração do oscilador de freqüência controlada por
capacitor
55
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
5.4. Manômetros em U capacitivos
Uma vez que o circuito necessário para medição de capacitância foi construído e calibrado, o
próximo passo foi a criação de capacitores variáveis com a pressão.
Para a criação de tais capacitores, primeiramente foi necessária a criação de uma bancada de
testes e uma metodologia para ensaios com os sensores. Em seguida, manômetros em U foram
adaptados para atuar como capacitores variáveis com a pressão. Devido a algumas
dificuldades, mais de um protótipo foi necessário conforme será visto a seguir.
5.4.1 Bancada de testes
Excitador de pressão
Para a criação de diversas pressões compreendidas no fundo de escala proposto, o
equipamento abaixo foi utilizado:
FIGURA 5.2 – Excitador de preso simples
56
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Na FIG 5.2 a seringa é usada para aumentar ou diminuir a pressão do ar que entra tanto no
manômetro em U quanto a pressão P1 do sensor de pressão capacitivo em teste. O valor da
pressão P1 pode ser calculado usando equacionamento de relação entre altura de coluna de
água e pressão lendo-se a escala milimetrada no manômetro em U.
O tamanho da seringa, do manômetro e de sua inclinação foram escolhidos de forma que o
excitador pudesse gerar todas as pressões requeridas nos ensaios. Assim sendo o manômetro
em U do excitador de pressão foi o padrão adotado para a calibração dos sensores de pressão.
O manômetro em U utilizado apresentava uma inclinação de 15° com um menisco formado de
cerca de 5mm. As medidas foram realizadas utilizando-se o topo do menisco, conferindo uma
precisão máxima de 2,53Pa para todas as medições de pressão neste trabalho.
Medição da capacitância
Um circuito conforme o descrito pela FIG 5.1 foi montado para que se pudesse medir a
capacitância dos sensores construídos.
Arranjo da bancada de testes
Com os componentes acima foi possível montar a bancada de testes esquematizada na FIG 5.3
no laboratório de eletrônica do CEA (Centro de Estudos Aeronáuticos). Todos os sensores
ensaiados nesta seção foram testados com auxílio desta bancada.
57
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Metodologia de teste dos sensores capacitivos
Com a bancada de testes, a seguinte metodologia foi utilizada para determinar a curva de
calibração dos sensores capacitivos desenvolvidos.
i. Instalação do sensor a ser testado na bancada de testes.
ii. Aplicação da pressão máxima e mínima ao sensor em teste para verificação de
funcionamento do sensor. Caso não exista reação no osciloscópio, interromper os
testes e procurar por falhas no circuito eletrônico.
iii. Desconecção do excitador de pressão e permitir que o sensor capacitivo em teste volte
ao estado de repouso.
iv. Levantamento da curva de resposta do sensor através de pressurização progressiva
seguida de despressurização. O levantamento inclui conhecimento da histerese do
sensor. São utilizados pelo menos dez pontos de ensaio durante o processo.
FIGURA 5.3 – Montagem experimental de testes dos sensores capacitivos
58
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
5.4.2 Sensor C0
Um primeiro sensor capacitivo foi construindo usando como base um manômetro em U
inclinado comum com inclinação fixa de 40º, comprimento de leitura de 140mm e tubo de
plástico padrão de 3/16in (4,7625mm) de diâmetro externo. Cerca de 0,4m de fio cobre
encapado de 0,5mm de diâmetro é enrolado ao redor do tubo por fora conforme mostrado na
FIG 5.4. Um furo é feito no tubo e um segundo fio de cobre de mesmo diâmetro inserido. A
ponta deste segundo fio é desprotegida e o arranjo é feito de tal modo que exista sempre
contato entre o líquido do manômetro e o fio de cobre. O manômetro é preenchido com uma
mistura de água pura com sal cuja massa específica é aproximadamente 1g/cm
3
e a
resistividade linear da mistura é 20
Ω
/cm.
O fio enrolado ao redor do manômetro atua como um dos terminais do capacitor. O fio imerso
e o próprio líquido atuam como o segundo terminal do capacitor. O isolante entre os terminais
consiste do material do tubo do manômetro (plástico), do isolante do fio enrolado
externamente e do ar dentro do tubo. O efeito de variação de capacitância ocorre quando o
nível da água dentro do tubo muda em decorrência da alteração de P1 em relação a P2.
FIGURA 5.4 – Sensor de pressão capacitivo C0
59
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Este sensor pode ser configurado para medição de pressão de modo unidirecional ou bi-
direcional simplesmente mudando-se o nível de água no interior do manômetro inclinado em
U.
Este tipo de projeto pode ser modificado para sejam possíveis diversas escalas e resoluções
bastando modificar a inclinação do manômetro em U, seu comprimento e seu diâmetro. A
capacitância estacionária do sensor pode ser ajustada modificando-se o número de voltas do
Terminal 1 do capacitor na FIG 5.4.
O sensor foi instalado na bancada de testes. Utilizando o excitador de pressão primeiramente
aumentou-se a pressão em intervalos regulares até que fosse alcaçado o batente superior do
sensor de pressão em teste. Em seguida, a pressão foi diminuida em intervalos regulares. O
resultado do teste está mostrado no GRA 5.2. Neste, é possível verificar a histerese do sensor
na curva de calibração. Pelo afastamento máximo entre as duas curvas, se deduz que a
resolução do sensor é de 10Pa no fundo de escala de 800Pa ou 1,25% do fundo de escala.
O sensor não se mostrou prático uma vez que, após sete dias, o terminal submerso na água
com sal apresentou corrosão severa e deixou de conduzir. A resolução do sensor também não
GRÁFICO 5.2 – Calibração do sensor C0
60
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
foi considerada satisfatória. Uma nova forma de se criar um sensor capacitivo a partir de um
manômetro em U foi criada e resultou no sensor C1 descrito a seguir.
5.4.3 Sensor C1
O sensor C1 é uma modificação do sensor C0 que resolve o problema de corrosão. O
manômetro em U inclinado que é utilizado como base deste sensor capacitivo é o mesmo do
sensor anterior. O terminal 1 do capacitor no sensor C1 é feito da mesma maneira que este é
feito no sensor C0. O segundo terminal, entretanto, consiste de um fio de cobre de diâmetro
de 0,5mm encapado que percorre o interior manômetro inclinado tal como indicado na
FIG 5.5. O líquido do manômetro foi substituído por água pura de massa específica de
aproximadamente 1g/cm³. Assim sendo, o líquido deixa de ser parte do terminal do capacitor
e passa a atuar como um eletrólito capacitivo.
O funcionamento do sensor está esquematizado na FIG 5.6. Como pode ser visto, quando P1
é maior que P2 o nível do líquido sobe na seção inclinada expulsando o ar do tubo. O
aumento do nível da água causa um aumento da capacitância uma vez que o ar é um elemento
de menor permissividade do que a água. O inverso ocorre caso P1 seja menor que P2.
FIGURA 5.5 – Sensor de pressão capacitivo C1
61
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Do mesmo modo que o sensor C0, o sensor C1 pode ser configurado para medição de pressão
de forma unidirecional ou bi-direcional. As mesmas modificações de projeto aplicáveis ao
projeto do sensor C0 são válidas para o sensor C1.
Este sensor foi submetido à um procedimento de calibração similar ao realizado no sensor C0
e o resultado pode ser verificado no GRA 5.3. Utilizando o mesmo critério do sensor anterior,
verifica-se que a resolução do sensor é de 5Pa em um fundo de escala de 500Pa ou 1% do
fundo de escala.
O sensor tal como apresentado funcionou durante três meses sem que fossem necessários
quaisquer tipos de reparos. A resolução do sensor também apresentou melhoria devido ao fato
da modificação no projeto ter eliminado o líquido como parte do terminal do capacitor. Uma
vez que tanto a eletrônica quanto o sensor capacitivo de pressão se encontravam operacionais
foi decidido que um medidor de pressão integrado deveria ser desenvolvido. O resultado foi o
sensor C2 descrito nas próximas seções.
FIGURA 5.6 – Funcionamento do sensor de pressão C1
62
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
5.5 Conversão de variação em freqüência para variação de tensão
Para o protótipo C2 foi decidido que a eletrônica de saída iria se adequar à forma tal como
especificada no Capítulo 4. Por tanto existe a necessidade de se desenvolver um conversor de
sinais capaz de transformar um sinal de tensão em forma de onda quadrada com informação
codificada na freqüência de modo analógico em um sinal de tensão contínua com informação
contida na amplitude. Este conversor é acoplado à saída do circuito apresentado na FIG 5.1 e
o conjunto forma a eletrônica de leitura do sensor C2.
A técnica para a conversão do sinal de freqüência em sinal de tensão utilizada neste trabalho
utiliza uma malha de captura de fase (Phase Lock Loop) como base. A descrição do
funcionamento da malha de captura é dada a seguir.
GRÁFICO 5.3 – Calibração do sensor C1
63
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
5.5.1 Malha de captura de fase
Uma malha de captura de fase é um circuito eletrônico capaz de sintonizar o sinal de saída ao
sinal de entrada de modo que a diferença de fase entre a entrada e a saída seja conhecida. Este
princípio encontra aplicações em circuitos de sincronização de dados e geração de freqüências
(MISRA, 2001) e consiste de um conjunto de circuitos ligados em malha fechada tal como
mostrado no diagrama da FIG 5.7.
Primeiramente dois sinais em freqüência são unidos por um bloco detector de fase. A saída
deste bloco é idealmente um sinal que consiste na soma de dois sinais distintos: um sinal de
freqüência igual a soma das freqüências dos dois sinais de entrada e um outro com freqüência
igual a subtração.
O sinal de saída do detector de fase é inserido em um filtro de freqüência passa-baixas
eliminando a componente de freqüência mais alta da saída do detector de fase. O sinal filtrado
de tensão é alimentado no oscilador controlado por voltagem. Este bloco é um oscilador de
freqüência ajustável conforme a tensão em sua entrada. A saída do oscilador controlado por
voltagem é ligada a uma das entradas do detector de fase e completa o sistema de malha
fechada.
Após um transiente, a saída do oscilador controlado por voltagem apresentará uma freqüência
similar à freqüência de entrada (o sistema obterá uma trava). Neste caso o sinal após o filtro
terá freqüência infinitamente baixa, ou seja, uma tensão contínua. Portanto, a saída do filtro é
FIGURA 5.7 – Componentes de uma malha de captura de fase
64
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
um sinal de tensão contínua com amplitude proporcional à freqüência de entrada do detector
de fase.
Com auxílio de um circuito isolante é possível fazer a leitura deste valor sem perturbar a
trava. Este é o princípio de funcionamento do conversor de freqüência em tensão utilizado no
projeto do sensor C2.
5.5.2 Projeto do conversor de freqüência para tensão
O sistema de conversão de freqüência para tensão foi construído usando como base principal
o circuito integrado do padrão 4046. Este circuito integrado contém os circuitos referentes aos
blocos expostos na FIG 5.7 em um único componente (PHILIPS, 1997). O diagrama
eletrônico de construção se encontra na FIG 5.8.
FIGURA 5.8 – Circuito empregando uma malha de captura de fase para conversão de sinal de
freqüência em sinal de tensão
65
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
No caso de circuitos integrados do padrão 4046 os pinos 14 e 3 são as entradas do detector de
fase. O pino 13 é a saída do detector de fase e está ligado a um filtro RC representado por R4
e C4 na FIG 5.8. A saída do filtro RC está conectada a entrada do oscilador controlado por
voltagem no pino 9. Os resistores R6 e R5 e o capacitor C5 determinam o comportamento da
resposta do oscilador controlado por voltagem. O pino 10 é a saída do circuito que copia a
tensão de entrada do pino 9.
Na FIG 5.8 a saída do pino 10 varia em infinitos estados entre 0V e 12V conforme o sinal
inserido em SIG1 (saída analógica). A tensão na saída é diretamente proporcional à
freqüência na entrada. Os resistores R6 e R5 controlam a razão de proporcionalidade da
conversão de freqüência em tensão pelo circuito.
Nos circuitos montados, os resistores R6 e R5 foram substituídos por potenciômetros para que
a tensão de saída pudesse ser configurada conforme a capacitância dos sensores instalados no
oscilador (FIG 5.1). Desta forma, independentemente do tamanho da variação de capacitância
dos sensores, o tamanho da variação de tensão na saída seria de 0V a 12V aproximadamente.
Esta solução faz com que o circuito seja flexível o suficiente para ser usado com diversos
tipos de sensores capacitivos.
GRÁFICO 5.4– Resposta em freqüência do filtro RC construído no
circuito de malha de captura de fase
66
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
O filtro RC do circuito da FIG 5.8 foi dimensionado para que apresentasse o comportamento
tal como mostrado no GRA 5.4. Neste gráfico repara-se que o filtro retira sinais com
freqüências superiores a 100Hz. A freqüência de corte do filtro é cerca de mil vezes menor do
que a menor freqüência possível para o oscilador no caso de um sensor C1 instalado
(103kHz). Deste modo o filtro impede que a malha de captura de fase entre em ressonância
com sua entrada permitindo que o sistema atinja uma trava. De forma similar, o filtro impede
que variações na oscilação superiores a 100Hz sejam mensuráveis, sendo esta a freqüência
máxima da pressão medida por esta eletrônica.
5.6 Projeto C2
Descrição do sistema
O objetivo deste sistema foi criar um conjunto de cinco sensores de pressão manométricos
capacitivos independentes. O número de sensores foi escolhido de modo que pudesse ser
possível a medição de todas as tomadas de pressão do protótipo do medidor de ângulo de
ataque descrito no Capítulo 6. Outro objetivo deste sistema foi melhorar a qualidade das
medições de pressão em relação aos protótipos C0 e C1 por meio de uma construção mais
cautelosa.
O projeto mecânico do sistema C2 está exibido na FIG 5.9. Cinco manômetros em U são
transformados em sensores de pressão capacitivos do tipo C2 conforme descrito a seguir. A
inclinação dos manômetros é configurável variando-se a altura dos dois suportes por meio de
porcas. Para que os sensores de pressão sejam independentes, cada sensor é ligado a um
circuito eletrônico de medição individual. O circuito eletrônico de medição emprega o
conversor de freqüência em tensão conforme discutido anteriormente. Um diagrama de blocos
do circuito eletrônico de medição se encontra na FIG 5.10. Cada sensor independente foi
nomeado de A até E. Existe apenas uma saída para a leitura no sistema C2. Um sistema de
chaves seleciona qual sensor será lido na saída. A alimentação da eletrônica dos canais A até
67
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
E é feita em paralelo através da mesma fonte. Um diagrama elétrico do sistema C2 se
encontra na FIG 5.11.
FIGURA 5.9 – Plantas do sistema C2
68
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
FIGURA 5.10 – Sensor de pressão capacitivo individual do sistema C2
FIGURA 5.11 – Diagrama de ligação elétrica do sistema C2
69
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Sensor de pressão C2
O manômetro em U capacitivo utilizado no sistema C2 é uma modificação do sensor
capacitivo C1. No sistema C2, o sensor capacitivo foi construindo usando como base um
manômetro em U inclinado comum com inclinação variável, comprimento de leitura de
350mm e tubo de plástico padrão de 3/16in (4.7625mm) de diâmetro externo. Cerca de 1m de
fio cobre de 0,5mm de diâmetro encapado é enrolado ao redor do tubo por fora, compondo o
terminal 1 do capacitor. Um fio de cobre encapado de mesmo calibre é inserido por dentro do
manômetro em U conforme diagramando na FIG 5.12. Água pura com massa específica de
aproximadamente 1g/cm
3
preenche o manômetro em U.
O funcionamento do sensor capacitivo C2 é análogo ao funcionamento do sensor capacitivo
C1.
FIGURA 5.12 – Sensor de pressão capacitivo C2
70
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
Configuração do sistema C2
No diagrama de blocos dos sensores (FIG 5.10) está indicado que cada sensor de pressão tem
um ajuste mecânico e dois ajustes eletrônicos do fundo de escala. O ajuste mecânico do fundo
de escala sensor de pressão corresponde ao ajuste de inclinação da estrutura. Este ajuste é,
portanto, comum a todos os sensores. O ajuste eletrônico do fundo de escala é composto pelos
potenciômetros do circuito eletrônico. Este ajuste permite variar o comprimento de leitura do
manômetro em U, sendo possível escolher apenas uma região do manômetro para uma leitura
mais precisa da pressão.
Ao todo, o sistema C2 possui onze possíveis ajustes. Para que este sistema possa ser
facilmente utilizado, uma metodologia de configuração foi desenvolvida:
i. Ajuste do ângulo dos manômetros em U de tal forma que a água que os preenche fique
sempre dentro da região coberta pelo terminal 1 de cada um dos manômetros em U
individuais durante a tomada de dados.
ii. Ajuste em cada canal os valores dos resistores para que a região de leitura eletrônica
seja mais ampla do que a variação de altura da coluna de água durante o experimento.
O ajuste dos resistores dos canais individuais é feito conforme a seguinte rotina:
i. Instalação de um multímetro configurado para medir tensão na saída do sistema C2.
ii. Instalação do excitador de pressão em uma das entradas de pressão do canal que está
sendo configurado.
iii. Ajuste de R5 e R6 para a posição de menor resistência.
iv. Levar o sensor capacitivo para a posição de máxima capacitância (nível de água mais
alto durante o experimento) utilizando a seringa do excitador de pressão.
v. Ajuste de R6 para que a leitura no multímetro seja próxima de 0V.
vi. Levar o sensor capacitivo para a posição de mínima capacitância (nível de água mais
baixo durante o experimento) utilizando a seringa do excitador de pressão.
vii. Ajuste de R5 para que a leitura no multímetro seja próxima de 12V.
71
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
viii. Repetir o mesmo procedimento para cada um dos cinco canais de pressão.
Calibração do sistema C2
Uma vez que o sistema C2 possui cinco canais medidores de pressão independentes, são
necessárias cinco curvas de calibração distintas. Nota-se que estas curvas de calibração
somente são válidas para um determinado ajuste do sistema. Caso seja modificado qualquer
um dos onze parâmetros ajustáveis do sistema, um novo conjunto de curvas deve ser
levantado.
O conjunto de curvas no GRA 5.5 representa um conjunto de curvas de calibração do sistema
C2 durante os ensaios do sensor de ângulo de ataque no túnel de vento. No caso deste gráfico,
a inclinação do instrumento estava ajustada para 17º e a região de leitura eletrônica em todos
os sensores de pressão foi configurada para 350mm (máxima).
Pode ser observado que a característica de histerese em cada um dos canais do sistema C2 é
superior à histerese apresentada no sensor C1. A pior característica de histerese está no canal
A que provoca uma resolução de 10Pa em 1000Pa ou resolução de 1% do fundo de escala de
acordo com o método descrito para o sensor C0.
Nota-se também que a resposta do circuito tem a forma de uma equação de segunda ordem.
Uma linearização conforme o método dos mínimos quadrados apresentado por AGUIRRE
(2007) é aplicada ao GRA 5.5 gerando o GRA 5.6.
72
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
GRÁFICO 5.5 – Histerese no sistema C2 durante um teste no túnel de vento
73
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
GRÁFICO 5.6 – Linearização da calibração do sistema C2 durante um teste no túnel de vento
74
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
5.7 Sensor A
Conforme pôde ser visto nas seções anteriores, os sensores capacitivos C0, C1 e C2 foram
baseados em manômetros em U. Estes tipos de sensores só podem ser utilizados em
aplicações estáticas tais como bancadas de medição de pressão. Para aplicações embarcadas,
um projeto de sensor seco é necessário.
No Capítulo 3 foi descrito uma abordagem de sensor capacitivo que pode ser utilizada em
aplicações embarcadas. Uma modificação daquele sensor consistiu no projeto do sensor A.
Este sensor está apresentado na FIG 5.13. A carcaça do sensor consiste da união de dois
adaptadores hidráulicos: um adaptador macho de mangueira de 1/4pol (6,35mm) para macho
1/2pol (12,7mm) (P1) e um adaptador fêmea de 9/16pol (14,2875mm) para macho de
1/4pol (6,35mm) (P2). Para assegurar a vedação cola a base de silicone foi empregada. Uma
folha de alumínio fina foi colada com ciano-acrilato à base do adaptador P1. A folha de
alumínio isola duas câmaras quando o sensor é fechado. Um furo é feito na lateral do
adaptador P2 usando-se broca fina de 0,5mm na posição indicada. Um fio fino encapado é
passado pelo furo e a ponta dele é manualmente dobrada na forma de uma espiral plana que é
colada ao diafragma de alumínio usando-se fita isolante. Os adaptadores são unidos e
vedados. O fio é esticado e o furo no adaptador P2 e é vedado com silicone. Durante a
construção, cuidado é tomado para que o diafragma de alumínio mantenha contato elétrico
efetivo com a carcaça tanto do adaptador P1 quanto do adaptador P2.
75
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
O fio protegido atua como terminal 1 do capacitor. O outro terminal consiste da soma dos
adaptadores (carcaça) e a folha de alumínio. A fita isolante e a capa do fio atuam como meio
não condutor entre os terminais do capacitor.
O efeito de variação da capacitância pode ser entendido observando-se a FIG 5.14. Quando
P1 é maior que P2 o terminal 1 do capacitor se curva na direção do adaptador metálico de P2.
Como o adaptador metálico de P2 é a maior massa do terminal 2 do capacitor, a deformação
do terminal 1 representa uma diminuição de distância entre os terminais. Portanto, de acordo
com a EQ (3.7), a capacitância do sistema deve aumentar. O inverso ocorre caso P2 seja
maior que P1.
Neste sensor, devido à assimetria das peças é possível determinar se a pressão aplicada em P1
é maior ou não do que a pressão aplicada em P2. É possível também aplicar revero de
pressão neste projeto. A resposta deste sensor é possivelmente não linear uma vez que existem
três partes no terminal 2 do capacitor e cada uma delas contribui para a capacitância final do
sistema.
FIGURA 5.13 – Protótipo de sensor de preso A
76
SENSOR DE PRESSÃO DESENVOLVIDO
O sensor representado funcionou em laboratório durante alguns testes de toque no diafragma,
entretanto dados não puderam ser obtidos devido a problemas com a colagem do terminal 1 ao
alumínio. O problema não foi resolvido em tempo hábil para ser incluido dados nesta
monografia, sendo este sensor uma sugestão de capacitor variável com pressão possível de ser
embarcado em aeronaves.
FIGURA 5.14 – Diagrama de funcionamento do sensor de pressão A
6. DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE
ATAQUE
6.1 Introdução
Conforme definido no Capítulo 4 o sensor de ângulo de ataque utilizará o princípio de
medição por diferencial de pressão e será um sensor axial de medição.
Constata-se na revisão bibliográfica (Capítulo 2) que o diferencial de pressão medido deveria
variar com a pressão dinâmica do escoamento. Por este motivo, o sensor de ângulo de ataque
por diferencial de pressão deve ser específico para o uso em um intervalo de pressões
dinâmicas. O intervalo considerado neste trabalho é definido entre 50Pa e 1040Pa (Capítulo
4), equivalentes ao intervalo de velocidades de 10m/s a 40m/s.
Uma vez que equacionamento analítico apropriado não foi encontrado durante a revisão, foi
decidido empregar análise por de dinâmica de fluidos computacional (CFD) para o
dimensionamento do sensor de ângulo de ataque. Por meio desta técnica, determina-se a
distribuição de pressão na superfície do sensor de ângulo de ataque para uma dada geometria.
Com este dado, as formas geométricas do sensor podem ser comparadas em termos de
sensibilidade e a melhor poderia ser escolhida para construção e ensaio.
Tendo em vista as múltiplas considerações anteriores, um método para orientar a criação do
sensor de ângulo de ataque por diferencial de pressão teve que ser definido. Este método está
descrito a seguir.
78
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
Q
UE
6.2 Método para a criação do sensor de ângulo de ataque
O diagrama apresentado na FIG 6.1 resume os passos que foram tomados para a criação e
estudo do sensor de ângulo de ataque.
Conforme pode ser visto, o processo de criação foi linear e apresentou quatro fases: análise
das sondas por meio de CFD, construção, ensaios em túnel e pós processamento.
O primeiro passo para a análise de CFD consistiu da escolha do algorítmo de cálculo. Esta
tarefa requer alguma compreensão da metodologia de solução empregada pelos diferentes
algorítmos disponíveis. Uma vez que o algorítmo foi selecionado, os casos encontrados nas
referências foram simulados para que fossem conhecidos os erros entre ensaio em túnel e
FIGURA 6.1 – Passos para o projeto de um sensor de ângulo de ataque por diferencial de pressão
79
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
Q
UE
simulação. O conhecimento deste erro permite fixar uma ligação entre os dados simulados e
os resultados experimentais. Em seguida uma série de sondas potencialmente promissoras
foram elaboradas e testadas. Os resultados destas sondas foram comparados e estabeleceu-se
uma melhor sonda para a construção, encerrando a fase de análise das sondas.
A construção das sondas veio a seguir. Durante esta fase foram constuídas as sondas e
também o equipamento de testes para o túnel de vento.
O próximo passo foi a realização dos ensaios. Uma fase preparatória para os ensaios consistiu
de uma série de testes para o conhecimento das capacidades do túnel de vento disponibilizado
para este trabalho. Em seguida, uma série de ensaios foi especificada para uma maior
eficiência durante a tomada dos dados de calibrão. Por fim, os ensaios especificados foram
executados e dados foram levantados.
Por último, uma fase de pós-processamento dos dados foi conduzida. Durante esta fase foram
obtidas curvas de desempenho para as sondas testadas. Também foram efetuadas
comparações entre os resultados teóricos e os resultados experimentais obtidos em túnel e
foram feitos levantamentos sobre como a medição do ângulo de ataque interfere na medição
do ângulo de derrapagem (interferência cruzada). Por fim, uma redução dos dados das sondas
foi efetuada, visando a obtensão de uma única curva de desempenho para as mesmas.
As primeiras três fases do processo anteriormente descrito estão contidas neste capítulo. A
última fase está descrita no capítulo a seguir.
80
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
Q
UE
6.3 Análise dos dados contidos na referência
Os dados encontrados para sensores de ângulo de ataque por diferencial de pressão se
encontram no Capítulo 2 deste trabalho. Estes sensores (sondas) são comparados com base em
sua sensibilidade, ou seja, na primeira derivada da curva ângulo de ataque (
α
) versus
diferencial de pressão entre as tomadas sobre a pressão dinâmica do escoamento (
Δ
P
12
/q).
Valores mais altos de sensibilidade permitem sensores de pressão menos sensíveis e tornam a
construção do sistema medidor mais simples.
Na revisão bibliográfica ficou determinado que a sonda B apresenta a maior sensibilidade em
velocidades baixas em comparação com as demais sondas (TAB 2.1). Este resultado é obtido
em Mach 0,35. Observando-se o padrão das demais sondas é possível afirmar que quanto
menor o número de Mach maior será a sensibilidade de uma dada sonda. A sonda B então é
potencialmente mais sensível na faixa de Mach entre 0,029 até 0,12. Porém os resultados
encontrados não confirmam esta hipótese.
A sonda C é a segunda sonda mais sensível. A sonda C é notavelmente similar à sonda B
exceto pelo posicionamento das tomadas de pressão (FIG 2.8). Comparando-se estas duas
sondas é possível estipular que aumentando-se o ângulo entre as tomadas de pressão pode-se
aumentar a sensibilidade da sonda. Novamente, os resultados na revisão bibliográfica não são
suficentes para suportar tal hipótese.
Observa-se também que sondas cônicas apresentam sensibilidade menor do que as sondas em
formato hemisférico se forem considerados os resultados para as sondas B até F que foram
testadas em mesmas velocidades.
Por fim, observando os dados contidos na revisão bibliográfica, nada se pode afirmar sobre o
desempenho das sondas prismáticas uma vez que nenhum dado foi encontrado. Estas sondas
podem ser ou não mais sensíveis que a sonda B e, dada sua forma prismática, estas são mais
fáceis de serem construídas.
81
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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As hipóteses levantadas anteriormente requerem uma investigação e, para tanto, o método de
cálculo por dinâmica de fluidos (CFD) foi empregado. Uma vez que tais pontos estejam
esclarecidos é possivel escolher uma sonda de maior sensibilidade que por sua vez apresente
maior possibilidade de sucesso durante os ensaios no túnel de vento. A análise das sondas
utilizando código computacional está descrita a seguir.
6.4 Análise de sondas utilizando código computacional
6.4.1 Introdução
O uso de cálculo computacional se justifica na medida que dados adicionais aos levantados
durante a revisão podem ser obtidos em um tempo menor do que a alternativa representada
por uma exaustiva campanha de ensaios em túnel de vento.
Entretanto, o uso de cálculo numérico apresenta seus próprios desafios sendo que os
resultados podem variar conforme o problema estudado e o método utilizado (ANDERSON,
1995). Neste aspecto, para um mesmo problema e método, a discretização, o critério de
convergência e a até mesmo a precisão da mantissa computacional da máquina podem alterar
os resultados. Deste modo, é esperado que o cálculo numérico produza resultados diferentes
dos resultados experimentais.
Para que o método numérico seja útil, é necessário que seja estudada grandeza do erro do
método em questão em relação a um problema aerodinâmico bem documentado. As curvas
de sustentação do perfil NACA 0012 e a distribuição de pressão ao redor de um cilindro são
exemplos de problemas aerodinâmicos geralmente utilizados como referência (ANDERSON,
1991 e HOERNER, 1965).
Neste trabalho, para a simulação computacional de escoamentos ao redor de sondas de ângulo
de ataque, o primeiro passo foi escolher um algorítimo. O passo seguinte foi conhecer o erro
82
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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deste algorítimo em relação a problemas bem documentados. Neste âmbito, foram utilizados
os dados de GRACEY (1958) como fonte de comparação. Em seguida, algumas sondas
promissoras puderam ser simuladas e comparadas para um posterior teste em túnel de vento.
Este processo está descrito a seguir.
6.4.2 Algoritmo de cálculo selecionado
Para o cálculo da distribuição de pressão em torno de corpos tais como sondas de ângulo de
ataque por diferencial de pressão é necessário que algoritmo seja capaz de modelar
escoamentos tri-dimensionais já que as sondas têm baixa razão de aspecto.
É desejável também que o algoritmo de cálculo modele a camada limite do escoamento uma
vez que esta modifica a forma aparente da sonda ao escoamento. Nas condições de velocidade
apontadas pelo Capítulo 4 é de se esperar uma grande interferência da camada limite devido
ao baixo número de Reynolds.
O algorítmo também deve ser robusto o suficiente para não apresentar problemas de
convergência. Esta restrição se aplica principalmente à altos ângulos de ataque onde o
escoamento ao redor da sonda se assemelha ao escoamento ao redor de um cilindro (FIG 6.2),
com formação de estruturas vorticais não permanentes e de grande intensidade.
FIGURA 6.2 – Escoamento ao redor de um cilindro
83
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Neste trabalho foi utilizado o método dos painéis tri-dimensional para a obtenção da
distribuição de pressão ao redor da sonda quando submetida a escoamentos subsônicos. Este
método foi utilizado por OLIVEIRA (2001) para a determinação do gradiente de pressão na
fuselagem do CEA308. O algoritmo é baseado na simplificação da equação da conservação da
quantidade de movimento no modelamento de Navier-Stokes e também é conhecido como
método do cálculo potencial (ANDERSON,1991). Neste caso, a equação de Navier-Stokes
sofre simplificações assumindo-se massa específica constante para o ar e viscosidade nula. O
resultado das simplificações está expresso pela EQ (6.1).
0
2
=
φ
(6.1)
O campo potencial de velocidades (
φ
) deve obedecer a EQ (6.1) para que este seja a solução
do problema em estudo no método do cálculo potencial. As velocidades do campo são
extraídas através da derivada do campo (função gradiente) e o campo de pressão é conhecido
utilizando-se o equacionamento de Bernoulli representado pela EQ (6.2).
2
inf
2
1
Vpp
loc
+=
ρ
(6.2)
Para o cálculo numérico, primeiramente a superfície do corpo é discretizada em uma série de
quadriláteros. Nos vértices destes são posicionadas singularidades (fontes ou sumidouros) de
intensidade desconhecida. A velocidade normal em cada quadrilátero deve ser nula na solução
do problema (condição de contorno). Através da condição de contorno pode ser determinada a
intensidade das singularidades antes desconhecidas. Com o valor das singularidades é
possível determinar o campo de potencial de velocidades e em seguida a distribuição de
pressão.
Este método requer apenas malhas superficiais para o cálculo do escoamento ao redor de uma
dada geometria. Isto faz com que o tempo de cálculo seja consideravelmente menor do que as
técnicas que envolvem modelamento do volume de fluido. As malhas superficiais também são
mais fáceis de serem construídas. Porém, o algorítmo potencial não modela camada limite,
escoamento turbulento ou descolamentos pois estes são fenômenos onde a viscosidade é
dominante ou significativa frente à quantidade de movimento. Também, o algorítmo deve ser
simplificado para uma simulação mais precisa de escoamentos compressíveis..
84
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Mesmo com as restrições descritas, o método foi escolhido, sobretudo devido ao fato de que
nas pressões dinâmicas definidas no Capítulo 4 existe pouca compressão do ar e por tanto
pode-se assumir um escoamento incompressível. Ainda assim a ausência da viscosidade se
reflete em um grande erro computacional, principalmente nas situações de ângulo de ataque
elevado. Mesmo com estas restrições, é possível diferenciar as sondas com maior
sensibilidade por meio de comparação entre os resultados.
6.4.3 Comparação entre os resultados numéricos e os dados extraídos da referência
Geração automática de malhas
Conforme discutido anteriormente, soluções de CFD podem variar de acordo com a
discretização das malhas. Assim sendo, antes de realizar comparações entre resultados do
algoritmo selecionado e os dados contidos em GRACEY (1958) foi criado um método padrão
para a definição das malhas de entrada no qual é possível controlar o tamanho da
discretização. Este método consiste na criação de funções geratrizes de malhas automáticas
onde uma malha referente a uma geometria de sonda pode ser definida através de uma série
finita de parâmetros. O detalhamento destas funções está descrito nesta seção.
Para a criação das funções geratrizes de malha primeiramente foi decidido quais classes de
sondas de ângulo de ataque deveriam ser simulados. As sondas apresentadas neste trabalho
podem ser classificadas como sondas de revolução ou sondas prismáticas de tronco de
pirâmide de base quadrada. Deste modo foram criadas duas funções geratrizes de malhas,
cada uma específica a um tipo de classe. Estas funções foram criadas em MATLAB™ e os
algoritmos de criação estão descritos a seguir.
85
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Malhas de corpos de revolução
O algoritmo para a criação de malhas de corpos de revolução está resumida na FIG 6.3.
No passo 1 é definido o perfil que sofrerá revolução. Este perfil é definido pelos pontos P0,
P1, P2 e P3. O segmento entre P0 e P2 é definido por uma curva do tipo Bézier quadrática
cuja fórmula se encontra na EQUAÇÃO (6.3). A seção entre P2 e P3 é um segmento de reta.
[]
1,021)1(20)1()(
22
++= nPnPnnPnnB
(6.3)
No passo 2 define-se o lugar onde a tomada de pressão irá se localizar. Este local é dado em
valor de n, o número adimensional utilizado no polinômio da curva Bézier. No mesmo passo
é definido um círculo de raio Rzero onde não serão criados vértices de malha. Esta região sem
vértices é necessária pois evita o problema de costura de malha no ápice da forma. Também é
definido o círculo de raio Rtomada que determina o tamanho do elemento equivalente à
tomada de pressão na sonda.
FIGURA 6.3 – Passos para a criação de malhas de corpos de revolução
86
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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No passo 3 ocorre a definição de pontos que servirão de base para a construção da malha
finalizada. Estes pontos são organizados em um grupo denominado pontos geratrizes bi-
dimensionais (passo 4).
No passo 5, os pontos geratrizes bi-dimensionais sofrem transformação de rotação conforme
mostrado na FIG 6.3. Esta operação gera todos os vértices tri-dimensionais da malha. No
passo 6, os vértices são agrupados de quatro em quatro, definindo as faces da malha. Durante
este passo, duas faces são marcadas com sendo os pontos de tomada de pressão. Tais faces
apresentam área equivalente à area do furo da tomada de pressão em uma sonda real e o
tamanho desta área também é um parâmetro de entrada da função. A função escrita também
verifica a direção das normais na malha.
Um exemplo de malha gerada por esta função está exibida na FIG 6.4. Este caso representa
uma sonda hemisférica de 0,5pol (12.7mm) de diâmetro, com tomadas de pressão de 1/16pol
(1.5875mm) de diâmetro afastadas em 90º cuja a malha foi gerada com 528 faces. Deve se
notar que apesar da aparência esférica desta malha a mesma não é uma esfera perfeita uma
vez que o polinômio rotacionado é uma curva Bézier que não cria uma circunferência perfeita.
Também se nota que a tomada de presão é quadrada e não circular porém a área do elemento
que representa a tomada de pressão é igual a área de um furo ortogonal de 1/16pol
(1.5875mm) de diâmetro.
FIGURA 6.4 – Resultado da função automática de geração
de malha de co
rpos de revolução
87
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Malhas de corpos prismáticos
O algoritmo para a criação de malhas de corpos de revolução está resumido na FIG 6.5.
No passo 1 definem-se os pontos bi-dimensionais que servirão de bases para a criação da
malha tri-dimensional. Neste mesmo passo o ponto Ptomada define a posição da tomada de
pressão no perfil. O círculo de raio Rtomada serve de base para a definição da face
equivalente a tomada de pressão.
No passo 2 os pontos bi-dimensionais são utilizado para a criação dos pontos auxiliares tri-
dimensionais. Tais pontos serão utilizados na definição das paredes da malha prismática.
No passo 3 os pontos auxiliares tri-dimensionais definem um conjunto de coordenadas locais
para cada parede. Utilizando estas coordenadas locais, os nós das paredes são calculados. Os
nós são agrupados criando-se as faces das paredes. As faces equivalente às tomadas de
pressão são marcadas nesta fase.
Por fim, no passo 4 é feita a união das malhas das paredes e cria-se a malha do corpo. Neste
processo, os nós duplicados são unidos e as faces são re-definidas. A malha resultante pode
ser alimentada no algorítmo de cálculo numérico.
FIGURA 6.5 – Passos para a criação de malhas de corpos prismáticos
88
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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De forma similar à função geratriz da malha de corpos de revolução, nesta função a área da
face equivalente à tomada de pressão é equivalente a área do furo de uma tomada de pressão
circular especificada na entrada. Ainda, no caso da função escrita neste trabalho, o tamanho
da tomada de pressão determina o tamanho das faces na malha. Em todos os casos, foi
considerado um mínimo aceitável de 5 faces em qualquer direção nos problemas que
utilizaram esta função geratriz.
Na FIG 6.6 se encontra uma malha gerada pela função geratriz de malhas prismáticas. No
caso desta malha, a base é quadrada com 0,5pol (12,7mm) de lado, o topo também é quadrado
com 0,25pol (6,35mm) de lado, inclinação das paredes é 30º e a tomada de pressão equivale a
um furo circular de 1/32pol (0,79375mm) de diâmetro o que faz com que a malha apresente
732 elementos sendo que existe pelo menos 9 elementos em cada direção da malha.
A exemplo do que ocrre com a malha circular, o elemento de tomada de pressão não é circular
embora apresente área similar ao furo ortogonal de 1/32pol (0,79375mm) de diâmetro. No
caso desta malha, a forma geométrica está precisamente descrita, ou seja, sem erros de
aproximação tais como o reparado na malha hemisférica.
FIGURA 6.6 – Resultado da função de geração de
malhas de corpos prismáticos
89
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Teste de malha
Antes de comparar resultados entre o cálculo numérico e os resultados de GRACEY (1958)
foi feito um estudo de desempenho do cálculo numérico em relação ao número de faces da
malha de entrada. O objetivo deste estudo foi o de determinar o número mínimo de faces
necessários para que se pudesse determinar um resultado com o algorítimo de calculo
numérico escolhido.
Para este estudo uma sonda com a geometria tal como mostrado na FIG 6.7 foi simulada com
malhas com diferentes números de elementos. Todas as malhas foram testadas na condição de
15º de ângulo de ataque.
Os resultados das simulações se encontram resumidos na TAB 6.1 e impressos no GRA 6.1
onde é possível identificar que o tempo de solução sofre um aumento considerável quando o
número de faces sobe de 528 para 1104. Repara-se ainda que o resultado da simulação sofre
pouca alteração quando o número de faces aumenta além de 528. Desta forma, um número de
faces de 528 ou mais é aceitável para a minimização dos erros causados pela variação do
número de elementos nos problemas simulados e este número será usado em todas as malhas
neste trabalho.
FIGURA 6.7 – Corpo usado no teste de convergência
da simulação numérica
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DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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TABELA 6.1 – Desempenho do programa de simulação computacional
Número de faces na
malha
ΔP
12
/q
Tempo de execão
da simulação
120 1,2237 570ms
240 1,1965 590ms
264 1,2824 880ms
528 1,2529 1950ms
1104 1,2829 8170ms
2208 1,2673 49540ms
2520 1,2827 303700ms
GRÁFICO 6.1 – Resultado do teste de malha
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DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Comparação entre resultados numéricos e resultados experimentais
Uma vez que o método de cálculo numérico foi definido, que funções padronizadas de entrada
de dados foram criadas e que um estudo de variação de número de elementos foi conduzido é
possível calcular os desempenhos das sondas descritas na FIG 2.8 e comparar o desempenho
com os dados apresentados por GRACEY (1958).
As curvas de desempenho do CFD estão sobrepostas aos gráficos GRA A.1 até A.8 no
Apêndice A deste trabalho. A resposta do cálculo computacional também se assemelhou a
uma reta, de tal forma que os resultados puderam ser compilados na TAB 6.2.
A TAB 6.3 apresenta um resumo dos erros categorizados por tipo de sonda e pelo tipo de
escoamento. O erro médio e desvio padrão são calculados conforme fórmulas de média
simples e desvio padrão contidas em AGUIRRE (2007). Os casos são agrupados por tipo de
escoamento. Desta forma é possível verificar que o erro do cálculo numérico cai com o
aumento do número de Mach. Também é possível verificar que os corpos hemisféricos
apresentam um erro maior do que os corpos cônicos na simulação numérica. Pode ser
verificado que o desvio padrão é alto em qualquer caso, indicando que o valor médio tem
baixa confiabilidade e pode ser assumido um erro no pior caso de 35% na sensibilidade da
sonda.
Digno de nota é o fato dos dados contidos em GRACEY (1958) não apresentarem o número
de Reynolds do escoamento em seus testes, apenas o número de Mach embora GRACEY
(1958) cite no corpo de seu texto que para os dispositivos sensores de ângulo de ataque por
diferencial de pressão, a magnitude do diferencial será proporcional principalmente à forma e
em alguma extensão ao número de Mach e ao Reynolds. No caso dos dados calculados pelo
programa de CFD assume-se que a viscosidade é nula, tornando o número de Reynolds igual
a zero ao passo que nos dados de GRACEY (1958) este não é nulo por se tratarem de curvas
experimentais.
92
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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TABELA 6.2 – Comparação entre ensaio em túnel de GRACEY (1958) e o cálculo numérico (malha 528 faces)
Sonda
Inclinação Simulação
Numérica [deg
-1
]
Inclinão Túnel [deg
-1
] /
Mach do Ensaio
Erro de
Inclinação
Sonda A 0,0838 0,0633 / 0,11 32,4%
0,0759 / 0,35 11,3%
Sonda B 0,0845
0,0729 / 0,60 15,9%
0,0632 / 0,35 9,5%
Sonda C 0,0692
0,0603 / 0,60 14,8%
0,0385 / 0,35 0,8%
Sonda D 0,0388
0,0367 / 0,60 5,7%
0,0318 / 0,35 6,9%
Sonda E 0,0340
0,0318 / 0,60 6,9%
0,0257 / 0,35 8,9%
Sonda F 0,0280
0,0257 / 0,60 8,9%
Sonda G 0,0381 0,0385 / 0,70 1,0%
0,0199 / 1,50 11,0%
0,0210 / 1,60 5,2%
Sonda H 0,0221
0,0215 / 1,70 2,8%
TABELA 6.3 – Erro médio do cálculo numérico frente ao ensaio em túnel por categoria
Caso
Número de
Amostras
Erro Médio Desvio Padrão
Média de todos os
casos
15 9,46% 7.73%
Média dos casos de
baixo subsônico
1 32,38% -
Média dos casos
subsônicos
5 8,94% 4,06%
Média dos casos
transônicos
6 7,93% 5,64%
Média dos casos
supersônicos
3 5,23% 4,24%
Média dos casos com
formas hemisféricas
5 14,75% 9,09%
Média dos casos com
formas cônicas
10 6,32% 3,45%
93
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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6.4.4 Definição de sondas para ensaio no CFD
Uma vez que o erro da simulação numérica foi conhecido, é possível estimar o desempenho
de sondas calculadas por meio desta técnica e assim complementar as informações obtidas
durante a revisão bibliográfica. Nesta seção, uma série de sondas adicionais foram criadas
com o objetivo de localizar tendências que resultem em um aumento na sensibilidade das
sondas.
Sondas de revolução
As sondas B e C são as sondas mais sensíveis encontradas na revisão bibliográfica. O objetivo
desta série foi o de identificar uma possível melhor posição para as tomadas de pressão de
modo a aumentar a sensibilidade das sondas.
Nesta série, os candidatos apresentam a mesma forma geométrica da sonda B e da C, sendo
que somente a posição das tomadas de pressão é diferente. O candidato 1P apresenta
afastamento de 60° entre as tomadas de pressão e os demais candidatos apresentam
afastamentos sucessivamente maiores em passos de 10°. Um diagrama ilustrando os
candidatos desta série de sondas está exibido na FIG 6.8.
O tamanho das tomadas de pressão foram escolhidos arbitrariamente como sendo furos de
1/16pol (1,5875mm) de diâmetro. Isto ocorre pois não foram encontrados dados a respeito da
relação do tamanho das tomadas de pressão com relação à sensibilidade da sonda. Espera-se
que tomadas de pressão demasiadamente grandes sejam pouco sensíveis uma vez que apenas
um valor de pressão pode ser lido por tomada de pressão. Em contra partida, espera-se que
tomadas de pressão demasiadamente pequenas apresentem maior coeficiente de perda de
carga e possivelmente maior histerese além de serem de maior dificuldade de construção.
Deste modo o tamanho de 1/16pol (1,5875mm) de diâmetro foi escolhido para as sondas desta
série.
94
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Sondas prismáticas
Na revisão bibliográfica não foram encontrados dados de desempenho das sondas prismáticas
apresentadas por BABINSKY et al (2000). O objetivo desta série foi levantar dados de
desempenho deste tipo de sonda e determinar se este tipo é mais sensível em comparação às
sondas hemisféricas.
Os candidatos são todos troncos de pirâmide de base quadrada com diferentes inclinações. O
tamanho das sondas foi escolhido de modo a ser compatível com as sondas anteriormente
propostas. A inclinação das paredes foram escolhidas utilizando-se os ângulos de mais fácil
FIGURA 6.8 – Candidatos a sonda usando corpos de revolução
95
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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construção utilizando-se uma fresadora de topo. As tomadas de pressão estão colocadas
exatamente no centro das paredes inclinadas. Devido ao tamanho das paredes inclinadas, as
áreas das tomadas de pressão foram escolhidas de tal modo que a malha equivalente
apresentasse ao menos cinco elementos em qualquer direção. Os candidatos estão resumidos
na FIG 6.9.
FIGURA 6.9 – Candidatos a sonda usando corpos prismáticos
96
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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6.4.5 Seleção de sondas para a construção
Ensaio comparativo de posicionamento de tomadas de pressão nas sondas hemisféricas
As sondas 1P até 7P foram testadas com auxílio do algoritmo computacional de cálculo. O
resultado da simulação pode ser visto no gráfico GRA 6.2. Neste gráfico, pode se ver que no
intervalo de a 20º todos os candidatos se comportam de forma linear.
Os dados contidos no GRA 6.2 podem ser linearizados em um polinômio de primeira ordem
usando método dos mínimos quadrados (AGUIRRE, 2007) utilizando o intervalo de -15º até
15º de ângulo de ataque. Esta linearização permite montar o GRA 6.3 onde é possível
diferenciar entre as sondas 1P até 7P.
GRÁFICO 6.2 – Desempenho numérico das sondas 1P até 7P
97
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Ensaio comparativo entre sondas prismáticas e sondas hemisféricas
As sondas 1S até 3S foram ensaiadas com auxílio do algoritmo computacional de cálculo de
propriedades de fluidos. Os resultados estão apresentados no GRA 6.4. Uma vez que estas
sondas apresentaram um resultado linear, a sensibilidade pode ser calculada pela aproximação
das curvas à uma reta usando o método dos mínimos quadrados. O procedimento foi idêntico
ao aplicado nas sondas 1P até 7P. Um gráfico comparativo de sensibilidades pode ser visto no
GRA 6.5.
GRÁFICO 6.3 – Sensibilidade numérica das sondas 1P até 7P
98
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Seleção das formas a serem construídas
De acordo com os dados adquiridos com auxílio de computação numérica e resumidos no
GRA 6.5 é possível determinar que a sonda 4P é a sonda que provavelmente apresenta maior
sensibilidade dentre todas as sondas estudadas.
GRÁFICO 6.5 – Comparação de sensibilidade numérica entre as diferentes sondas
GRÁFICO 6.4 – Desempenho numérico das sondas 1S até 3S
99
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Entretanto o resultado numérico obtido tem uma variação de cerca de 15% em relação aos
resultados experimentais conforme constatado anteriormente. Dada esta incerteza não é
possível determinar quais das sondas 3P, 4P ou 5P está mais próxima do projeto ótimo.
Um projeto baseado na sonda 4P foi feito para a construção, no entanto uma falha de
comunicação levou à construção de uma sonda 7P. Foi decidido estudar a sonda 7P uma vez
que esta já havia sido construída.
6.5 Construção da sonda de ângulo de ataque
Plantas da sonda
Conforme anteriormente discutido, a sonda testada foi baseada no modelo 7P da simulação
computacional. A sonda construída contou com cinco pontos de tomada de pressão conforme
indicado nas plantas abaixo. As tomadas de pressão A e C são destinadas à medição do ângulo
de ataque por meio de diferencial de pressão, as tomadas B e D são destinadas à medição de
ângulo de derrapagem e a tomada 0 é destinada à medição da pressão total do escoamento.
Este projeto foi concebido de modo que se pudesse construir também um tubo de Pitot no
mesmo local do sensor de ângulo de ataque. A sonda é construída de latão pois este se provou
um excelente material para este tipo de usinagem. As plantas da sonda estão nas figuras FIG
6.10 e FIG 6.11.
100
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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FIGURA 6.11 – Vista frontal da sonda projetada para ensaio em túnel de vento
FIGURA 6.10 – Vista lateral da sonda projetada para ensaio em túnel de vento
101
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Montagem da sonda em uma estrutura de suporte
A sonda de ângulo de ataque é instalada na estrutura de suporte da forma com que está
indicado na FIG 6.12. Cinco pequenas secções de tubo inox de diâmetro pequeno são coladas
na face oposta da sonda utilizando uma mistura de epóxi e micro-ballon como cola e selo. As
linhas de pressão são tubos de silicone que são colados aos adaptadores com auxílio de cola a
base de cianoacrilato. Por fim um tubo de alumínio de 0,5pol (12,7mm) de diâmetro e 1mm de
espessura de parede atua como a estrutura de suporte da sonda. A estrutura de suporte pode
ser feita com um tubo de qualquer tamanho de parede.
Equipamento de testes para túnel de vento
A sonda adaptada à estrutura de suporte foi presa à um pedestal para que pudessem ser
realizados os testes de desempenho da mesma em túnel de vento. O pedestal foi feito com
altura suficiente para que a sonda fosse posicionada aproximadamente no centro da seção de
testes do túnel de vento do CEA. Um diagrama do equipamento de testes se encontra na
FIG 6.13.
FIGURA 6.12 – Montagem da sonda à estrutura de suporte
102
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Conforme pode ser visto na FIG 6.13, o equipamento de testes apresenta duas configurações
de afastamento da sonda em relação ao pedestal. Esta característica permite o estudo da
interferência da presença do pedestal na leitura do ângulo do escoamento.
No equipamento de testes, a estrutura de suporte pode ser rotacionada axialmente. Isto
permite que possa ser estudada a variação de pressão nas tomadas tanto no plano AC (ataque)
quanto no plano BD (derrapagem). O equipamento é instalado na seção de testes do túnel de
vento do CEA conforme indica a FIG 6.14.
FIGURA 6.14 – Instalação do equipamento de testes no túnel de vento
FIGURA 6.13 – Equipamento de testes para o túnel de vento (duas configurações)
103
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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6.6 Ensaios em túnel de vento do sensor de ângulo de ataque
6.6.1 O túnel de vento do CEA
Descrição
O equipamento utilizado foi o túnel de vento do CEA instalado no Departamento de
Engenharia Mecânica da UFMG no Campus da Pampulha em Belo Horizonte. O túnel de
vento é do tipo aberto com uma seção de testes de 45cm x 45cm x 120cm. A motorização do
túnel de vento é feita por um motor elétrico de indução de 4 pólos WEG de 11Hp e rotação
nominal de 1738rpm em 60Hz. O controle de rotação é feito por meio de um inversor de
freqüências Siemens Micromaster 6SE6440-2UC27-5DA1 configurado em aceleração de
rampa de 10s e manualmente controlado. A hélice propulsora do túnel de vento é uma hélice
hepta-pá não especificada. Maiores detalhes do equipamento podem ser encontrados em
OLIVEIRA (2004). O diagrama na FIG 6.15 detalha as partes do túnel.
O sistema anemométrico da seção de testes consiste de um tubo de Pitot instalado pelo teto da
mesma e cuja distância da parede pode ser ajustada por meio de um parafuso. Este tubo de
Pitot tem as dimensões tais como constam na FIG 6.16. A medição da pressão é feita por um
manômetro inclinado preenchido por água preso ao túnel (número 13 na FIG 6.15).
A seção de testes possui um ponto para a tomada de pressão estática na seção de testes. A
tomada de pressão estática está conectada a um manômetro em u inclinado e preenchido com
água (números 18 e 12 na FIG 6.15). Neste trabalho, o sistema foi usado para a medição da
pressão estática do escoamento não perturbado.
Completa o equipamento de leitura um higrômetro, um barômetro e um termômetro
analógico. Este equipamento é instalado nas imediações do túnel e é usado para a
determinação da atmosfera local conforme descrito na próxima seção
104
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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FIGURA 6.15 – Túnel de vento do CEA
105
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Relação dos experimentos com a atmosfera local
Conforme pode ser visto na FIG 6.15, o túnel de vento do CEA é um túnel de tipo aberto.
Portanto não é possível controlar a atmosfera na seção de testes. A atmosfera na seção de
testes pode ser derivada a partir dos equipamentos instalados no túnel de vento em conjunto
com a aplicação de cálculo baseado em modelagem da atmosfera conforme o padrão ICAO.
Neste trabalho as diferentes característas da atmosfera foram determinadas conforme descrito
a seguir.
Massa específica do ar na seção de testes
A massa específica do ar na seção de testes foi considerada como sendo idêntica à massa
específica do ar na sala uma vez que os experimentos foram realizados em baixo subsônico
(Mach < 0,3) (ANDERSON, 1991). A massa específica do ar na sala é descrita a seguir.
FIGURA 6.16 – Tubo de Pitot do sistema anemométrico do túnel de vento do CEA
106
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Massa específica do ar na sala
Segundo ESDU (2003) a massa específica do ar local pode ser retirada da seguinte equação.
STD
ISO
NC
T
TΔ
+
=
1
ρ
ρ
(6.4)
Onde
ρ
NC
é a massa específica local não corrigida,
Δ
T
ISO
é a variação da temperatura local em
relação à atmosfera ISO e T
STD
é a temperatura local se a atmosfera seguisse o modelo ISO. O
valor da massa específica local não corrigida é dada pela EQ (6.5), o valor da temperatura
local da atmosfera ISO é dada pela EQ (6.6) e o valor de
Δ
T
ISO
é dado pela EQ (6.7).
()
255879,4
6
10659414,2304884,1
PNC
H=
ρ
(6.5)
PSTD
HT =
3
105,615,288
(6.6)
19026311,0
152551,32 pTT
ISO
=Δ
(6.7)
Onde H
p
é a altitude de pressão local, T é a temperatura local lida no termômetro analógico e
p é pressão da atmosfera seca local (descontada a pressão parcial de vapor). O valor de p é
dado pela EQ (6.8) e o valor de H
p
é dado pela EQ (6.9).
Hu
pAjusteQNHp Δ=
(6.8)
19026331.0
5463.4946769.44330 pH
p
=
(6.9)
Onde QNH é o valor lido no barômetro analógico,
Δ
P
Hu
é a pressão parcial de vapor da
atmosfera local e o Ajuste é um valor finito pelo qual o barômetro analógico foi deslocado do
zero. No caso do equipamento utilizado o Ajuste foi de 65,1hPa. O cálculo de
Δ
P
Hu
é feito
pela EQ (6.10)
()
=Δ
T
T
uHu
Hp
15,2735,7
1078,610
(6.10)
107
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Velocidade do ar na seção de testes
Com dado de massa específica do ar e com a leitura da pressão dinâmica (q) a velocidade do
ar (V) na seção de testes é dada através da definição da pressão dinâmica EQ (6.11).
ρ
q
V
2
=
(6.11)
Viscosidade absoluta do ar na seção de testes
A viscosidade absoluta do ar na seção de testes neste trabalho é calculada com auxílio da EQ
(6.12) retirada de WHITE (1994). A equação representada é a fórmula de Sutherland para a
determinação da viscosidade absoluta do ar (
μ
) com apenas a temperatura local do ar (T).
4,110
10458,1
2/36
+
=
T
T
μ
(6.12)
Número de Reynolds na seção de testes
O número de Reynolds na seção de testes utiliza o comprimento característico de
0,5pol (12,7mm) neste trabalho que equivale ao diâmetro da sonda ensaiada. O número de
Reynolds é definido pela EQ (6.13).
μ
ρ
cV
=Re
(6.13)
108
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Número de Mach na seção de testes
O número de Mach na seção de testes foi calculado com base no modelamento de atmosfera
como um gás ideal. O equacionamento foi retirado de ANDERSON (1991) e se encontra
reproduzido na EQ (6.14).
+= 115
7/2
p
q
M
(6.14)
Pressões na seção de testes
A pressão dinâmica no túnel de vento é retirada diretamente do instrumento anemométrico. A
pressão estática da seção de testes é similarmente obtida. A pressão total do escoamento na
seção de testes é resultado da soma das duas
Desempenho do túnel: verificação de qualidade do escoamento e vedação na seção de testes
Durante os últimos dois anos o túnel de vento do CEA foi deslocado pelo menos três vezes
em função de constantes obras no campus da UFMG. Assim sendo, antes de conduzir os
ensaios no túnel uma rápida verificação da vedação e das características do escoamento na
seção de testes foi executada.
FIGURA 6.17 – Pontos de instala
ç
ão dos fios de lã na se
ç
ão de testes.
109
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Para efetuar a verificação, uma série de fios de lã foi instalada na seção de testes do túnel de
vento. Os fios foram posicionados nas posições indicadas na FIG 6.17. O comprimento dos
fios de lã utilizados foi de 5cm. Em seguida o túnel foi ligado em máxima rotação. O objetivo
do teste foi verificar se todos os fios se alinhavam de forma paralela, indicando uma seção de
testes livre de vazamentos e vorticidades estacionárias. Conforme pode ser visto na FIG 6.18
este não foi o caso durante os primeiros ensaios. Nesta figura, a vibração de um dos fios
sinalizou para um desalinhamento na mesa de ensaio. As falhas na seção de testes foram
sanadas para a condução dos testes.
Desempenho do túnel: espessura da camada limite de velocidade
Em toda interface entre um fluido e um corpo sólido existe a formação de uma camada limite.
A camada limite é uma região em um escoamento caracterizada pela dissipação de energia em
um escoamento devido ao atrito entre camadas de fluido com diferentes velocidades. Uma vez
que o objetivo do uso do túnel de vento é o de simular o desempenho de um experimento em
um escoamento livre, este não pode de forma alguma colidir com a camada limite.
FIGURA 6.18 – Fio de lã acusando turbulência devido a
uma fresta na mesa de ensaios do túnel
de
ve
nt
o
do
C
EA
110
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Um estudo simples da camada limite do túnel de vento foi feito com o objetivo de criar um
modelo aproximado da camada limite na seção de testes. O procedimento consistiu de realizar
repetidas medidas utilizando o tubo de Pitot do sistema anemométrico do túnel.
Primeiramente posicionou-se este equipamento na posição mais a montante da seção de testes.
O tubo foi posicionado a 30cm da parede da seção de testes e então o túnel foi ligada em sua
maior velocidade. A pressão dinâmica foi registrada e, sem desligar o túnel, mudou-se a
posição do tubo de Pitot para 25cm e tomou-se outra medida de pressão dinâmica. Este
procedimento foi repetido até que o tubo de Pitot se encontrasse com a parede. A seguir o
mesmo ensaio foi realizado na posição mais a jusante da seção de testes.
O resultado dos ensaios pode ser conferido nos gráficos apresentados no GRA 6.6. Nestes
gráficos é possível visualizar a diminuição da velocidade a medida que o tubo de Pitot se
aproxima das paredes da seção de testes. Utilizando-se a definição de camada limite de
velocidades é possível estimar a espessura média da mesma nos dois pontos medidos.
Uma vez que a seção de testes do túnel de vento apresenta dois planos de simetria, os dados
de camada limite obtidos podem ser transladados às outras três paredes do túnel. Ainda, se for
assumido que a camada limite da seção de testes do túnel de vento do CEA cresce
linearmente, é possível definir o perfil da mesma. Este perfil está mostrado no GRA 6.7 e os
polinômios descrevendo as retas se encontram nas equações EQ (6.15) e EQ (6.16).
GRÁFICO 6.6 – Camada limite de velocidade em dois locais da seção de testes do túnel de vento do CEA
111
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Neste trabalho, os experimentos foram conduzidos fora da região indentificada como sendo
camada limite de velocidades da seção de testes do nel.
0644,00620,0)( += xxCL
(6.15)
3856,00620,0)( += xxCL
(6.16)
Desempenho do túnel: velocidade máxima e histerese do sistema anemométrico
De acordo com o especificado por OLIVEIRA (2004) o túnel de vento do CEA tem
capacidade em projeto de 35m/s. Entretanto, a hélice instalada no túnel de vento não é a
mesma que foi especificada no projeto. Portanto é esperado que o túnel não seja capaz de
atingir este desempenho.
Um estudo de desempenho do túnel de vento foi conduzido. O tubo de Pitot do sistema
anemométrico foi posicionado a 10cm da parede. Em seguida o túnel de vento foi acelerado
de 900rpm até 1800rpm em passos de 300rpm. Para cada configuração de rotação, a pressão
dinâmica na seção de testes foi aferida no sistema anemométrico do túnel. Na rotação mais
alta, um anemômetro foi inserido na seção de testes para verificação da velocidade. O túnel
GRÁFICO 6.7 – Vista lateral da camada limite da seção de testes do
túnel de vento do CEA
112
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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foi desacelerado em passos de 300rpm para que se pudessem coletar dados referentes à
histerese do sistema anemométrico do túnel.
Os dados atmosféricos coletados durante este ensaio estão resumidos na TAB 6.4. A curva de
velocidades versus rotação comandada faz parte do GRA A.9. Neste gráfico, percebe-se que a
velocidade máxima encontrada no túnel de vento foi de 26m/s. O anemômetro utilizado
durante o ensaio registrou 25,8m/s, indicando que o sistema anemométrico do túnel funciona
com razoável precisão.
TABELA 6.4 – Dados atmosféricos durante o ensaio de desempenho do túnel
Pressão atmosférica ao nível do mar 1019hPa
Temperatura local 22ºC
Umidade local 0,49
Temperatura ao nível do mar 27,5ºC
ΔT
ISA
+5,2ºC
Pressão de vapor saturado 22,12hPa
Pressão local sem umidade 918,74hPa
Massa específica do ar 1,137kg/m
3
6.6.2 Especificação dos ensaios realizados no túnel de vento
Uma vez que o equipamento de testes para a sonda de ângulo de ataque estava construído e
que o túnel de vento foi verificado foi possível determinar os ensaios a serem realizados.
Foram elaborados onze ensaios, que se encontram resumidos na TAB 6.5. Estes ensaios estão
detalhados a seguir.
113
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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TABELA 6.5 – Resumo dos ensaios realizados no túnel de vento
Nome do ensaio
Configuração do
túnel
Configuração do
equipamento de
testes
Plano de teste
Ensaio 1 900rpm Configuração 15D Plano AC
Ensaio 2 900rpm Configuração 15D Plano AC
Ensaio 3 900rpm Configuração 15D Plano BD
Ensaio 4 900rpm Configuração 8D Plano AC
Ensaio 5 1200rpm Configuração 15D Plano AC
Ensaio 6 1200rpm Configuração 15D Plano BD
Ensaio 7 1200rpm Configuração 8D Plano AC
Ensaio 8 1500rpm Configuração 15D Plano AC
Ensaio 9 1500rpm Configuração 15D Plano BD
Ensaio 10 1500rpm Configuração 8D Plano AC
Ensaio 11 1200rpm Configuração 15D Plano AC
Ensaio 1
O objetivo do ensaio 1 foi verificar a resposta diferencial de pressão do plano AC (ângulo de
ataque) com a variação do ângulo de ataque enquanto o sensor se encontra submetido a
velocidade de 10m/s (900rpm no túnel). Também é objetivo deste ensaio verificar as
perturbações nas tomadas de pressão B, D e 0 devido a variação de ângulo de ataque.
O sistema de testes foi instalado no túnel de vento na configuração 15D (FIG 6.13). O plano
AC foi posicionado de modo perpendicular ao plano de rotação da mesa da seção de testes do
túnel de vento. O túnel foi ligado em 900rpm com o equipamento alinhado com o
escoamento. A seguir o ângulo foi aumentado (na direção da tomada de pressão A) de em
graus até que atingisse os 30º positivos. A partir desta posição, o ângulo foi reduzido com
mesmos intervalos até atingir 30º negativos. Em seguida novamente o ângulo foi aumentado
até que se atingisse os 12º positivos, encerrando a aquisição. Em cada uma das posições o
diferencial de pressão entre a tomada A e a tomada C foi registrado com auxílio do sensor C-2
(Capítulo 5). No caso deste ensaio, as pressões manométricas das tomadas B, D e 0 também
foram registradas.
114
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Ensaio 2
O ensaio 2 é uma repetição do ensaio 1. Porém neste caso, as linhas equivalentes às tomadas
B, D e 0 foram vedadas e nenhuma pressão foi registrada.
O objetivo deste ensaio foi verificar a repetitibilidade do ensaio anteriormente realizado na
sonda.
Ensaio 3
O ensaio 3 foi conduzido de forma similar ao ensaio 2, porém o canal estudado foi o canal BD
(ângulo de derrapagem). Desta forma o plano BD foi posicionado de modo perpendicular ao
plano de rotação da mesa da seção de testes do túnel de vento e então o ângulo foi variado da
mesma forma que foi no ensaio 1. Em cada uma das posições estudadas, o diferencial de
pressão entre a tomada B e a tomada D foi tomado e foi convencionado que a tomada B seria
a tomada superior.
O objetivo deste ensaio foi registrar a resposta no plano BD do diferencial de pressão em
velocidades próximas a 10m/s (900rpm no túnel).
Ensaio 4
O ensaio 4 é realizado no plano AC de forma similar ao ensaio 2. Porém neste caso, o sistema
de testes estava configurado na posição 8D.
O objetivo deste ensaio foi o de verificar se existiria alguma mudança perceptível no
diferencial de pressão registrado pela sonda em velocidades próximas de 10m/s caso a
distância até o pedestal fosse reduzida.
115
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Ensaio 5
O ensaio 5 é realizado no plano AC de forma similar ao ensaio 2, porém neste caso o túnel
está configurado para 1200rpm ao ins de 900rpm. Isto confere uma velocidade na seção de
testes de cerca de 15m/s.
O objetivo do ensaio é o de estudar o desempenho da sonda no canal AC para velocidades
próximas de 15m/s.
Ensaio 6
O ensaio 6 é realizado no plano BD de forma similar ao ensaio 3, porém neste caso o túnel
está configurado para 1200rpm. O objetivo do ensaio é o de estudar o desempenho da sonda
no canal BD para velocidades próximas de 15m/s.
Ensaio 7
O ensaio 7 é realizado no plano AC de forma similar ao ensaio 4, porém neste caso o túnel
está configurado para 1200rpm. O objetivo do ensaio é o de estudar a variação do
desempenho da sonda quando exite variação da distância até o pedestal para velocidades de
cerca de 15m/s.
Ensaio 8
Completando a seqüência dos ensaios 2 e 5 se encontra o ensaio 8. Este ensaio também é
realizado no plano AC porém o túnel se encontra configurado para 1500rpm, conferindo
velocidades próximas a 20m/s na seção de testes.
116
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Ensaio 9
O ensaio 9 completa a seqüência iniciada pelos ensaios 3 e 6. Neste ensaio o plano de estudo é
o plano BD e o túnel está configurado para 1500rpm.
Ensaio 10
O ensaio 10 completa a seqüência iniciada pelos ensaios 4 e 7. Neste ensaio o plano de estudo
é o plano AC, o equipamento de testes está configurado para a posição 8D e o túnel está
configurado para 1500rpm.
Ensaio 11
O ensaio 11 é diferente dos demais ensaios propostos. Neste ensaio, o túnel foi configurado
para 1200rpm e o plano de testes escolhido foi o plano AC. Apenas dois ângulos foram
ensaiados: e 15º positivos. As tomadas de pressão A e C foram medidas de modo
independente ao invés de se medir o diferencial, ou seja, as pressões manométricas das
tomadas A e C foram determinadas para os dois ângulos ensaiados.
O objetivo deste ensaio foi o de medir com precisão o coeficiente de pressão nestas duas
tomadas para que os resultados do túnel de vento pudessem ser comparados diretamente com
dados numéricos retirados da simulação computacional. Este ensaio visa estudar os desvios de
resultados entre as duas metodologias.
117
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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6.6.3 Dados coletados dos ensaios
Os ensaios anteriormente descritos foram conduzidos no túnel de vento de forma seqüencial
no período de cerca de três semanas. Os resultados agrupados dos ensaios 1 até 10 podem ser
vistos nos gráficos GRA A.10 até GRA A.12 no apêndice A e repetidos nesta seção para
melhor visibilidade.
GRÁFICO A.12 – Resultado não processado dos
ensaios com configuração 8D e
alinhamento no plano AC
GRÁFICO A.11 – Resultado não processado dos
ensaios com configuração 15D
e alinhamento no plano BD
GRÁFICO A.10 – Resultado não processado dos
ensaios com configuração 15D
e alinhamento no plano AC
118
DESENVOLVIMENTO DA FORMA DO SENSOR DE ÂNGULO DE ATA
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Os dados atmosféricos obtidos durante estes ensaios podem ser vistos na seção A.4 do
apêndice. No GRA A.13 estão registradas as massas específicas do ar para todos os
experimentos realizados. Na GRA A.14 se encontra a pressão estática local na sala para todos
os experimentos. O GRA A.15 mostra a relação da pressão estática na seção de testes com a
pressão estática no ambiente. Nos GRA A.16 a A.18 estão mostradas as características
dinâmicas do escoamento para cada experimento agrupado por rotação configurada no túnel
de vento. Finalmente o GRA A.19 mostra o número de Reynolds para cada experimento.
No período de ensaio nota-se que houve pouca mudança na massa específica do ar uma vez
que a variação máxima se encontrou na ordem de 0,004kg/m
3
. A pressão na sala apresentou
variações tão grandes quanto 160Pa que representa aproximadamente 40% da pressão
dinâmica máxima do túnel.
Nota-se também a existência de flutuações na pressão dinâmica de ensaios configurados para
a mesma rotação de túnel. O caso mais extremo se encontra no GRA A.16. A variação
observada se encontra ligada a mudanças de massa específica entre os ensaios e ao erro
experimental de ajuste de rotação no túnel devido ao modo com que é feita a entrada da
rotação de ensaio no controlador do motor do túnel.
Mesmo existindo flutuações moderadas de pressão dinâmica para os casos em que o túnel foi
configurado para 900rpm, a erro entre as velocidades não superou valores superiores a 15%.
Por tanto todos os ensaios foram aceitos para serem incluídos no pós-processamento. O pós-
processamento dos dados coletados é conduzido no próximo capítulo.
7. PÓS-PROCESSAMENTO DOS DADOS
7.1 Introdução
Neste capítulo é descrito os métodos e os resultados da fase de pós-processamento do
procedimento para o projeto do sensor de ângulo de ataque.
Os dados brutos obtidos em túnel de vento primeiro passam por uma eliminação de histerese
através de um processo de média. Em seguida, os dados são ajustados em polinômios com
auxílio do método de mínimos quadrados. Durante este procedimento, é evidenciada uma
região não linear na curva de desempenho do sensor. Uma vez que não se observa diferenças
em desempenho para os planos AC e BD ou para as configurações 15D e 8D, os resultados
são agrupados por velocidade.
A análise do experimento 11 em relação aos dados retirados no CFD é realizada em
seqüência. Este estudo visa verificar qual das tomadas de pressão apresenta um maior erro
devido à formação da camada limite. Também visa fornecer dados para futuros estudos de
CFD utilizando outros métodos.
Com os dados do experimento 1 foi realizada uma análise da interferência cruzada da sonda
testada, ou seja, a variação de pressão nas tomadas de pressão total e ângulo de derrapagem
quando varia-se o ângulo de ataque. O objetivo desta análise foi o de certificar que em uma
mesma sonda pode-se realmente medir ângulo de ataque e derrapagem.
Por fim a análise de uma adimensionalização alternativa é efetuada. Esta análise busca a
simplificação da formulação do desempenho da sonda para uma implementação mais simples
no interpretador (Capítulo 4).
120
ENSAIOS COM O SENSOR DE Â
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GULO DE ATA
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7.2 Pós-processamento dos dados brutos
Eliminação da histerese
Nos GRA A.10 até A.12 do Apêndice A é possível identificar uma histerese considerável em
todos os ensaios realizados. Nota-se que a histerese é especialmente mais alta nos casos em
que os ensaios foram realizados com 900rpm ou cerca de 10m/s. A histerese nestes casos
chega a 30% do fundo de escala observado.
Para compensar a histerese do instrumento assume-se que a curva verdadeira esteja na média
entre a curva de descida e a curva de subida. Esta técnica está esquematizada na FIG 7.1. Os
GRA A.10 até A.12 foram submetidos a este procedimento e o resultado se encontra nos
GRA A.20 até A.22 na seção A.5 do Apêndice A. Um conjunto de curvas filtradas está
reproduzido na FIG 7.2 ilustrando o processo.
FIGURA 7.1 – Técnica de compensação de histerese
121
ENSAIOS COM O SENSOR DE Â
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Linearização
Com o tratamento da histerese nas curvas é possível perceber que existe uma região linear
entre os ângulos -15º e +15º na curva de resposta do sensor de ângulo de ataque. Nota-se que
fora deste intervalo as curvas tendem a mudar de inclinação em uma forma similar ao que
ocorre no estol de aerofólios. Nota-se que em regiões acima de 20º, em qualquer direção, o
sensor de ângulo de ataque perde sensibilidade.
Utilizando o método dos mínimos quadrados (AGUIRRE, 2006) para a região linear dos
gráficos, pode-se determinar a sensibilidade da sonda nos diversos experimentos realizados.
Um exemplo de aplicação está exibido na FIG 7.3 e a aplicação para todos os dados obtidos
pode ser verificada nos gráficos GRA A.23 até GRA A.25 na seção A.6 do Apêndice A. Os
resultados obtidos estão ordenados na TAB 7.1.
FIGURA 7.2 – Exemplo de filtragem de histerese: esquerda – curvas do plano AC com configuração 15D não
filtrada; direita – mesmas curvas filtradas
122
ENSAIOS COM O SENSOR DE Â
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TABELA 7.1 – Resumo das linarizações dos ensaios realizados em túnel de vento
Nome do
ensaio
Configuração
do túnel
Configuração do
equipamento de
testes
Plano de
teste
Velocidade
[m/s] / Mach
Sensibilidade
[deg
-1
]
Ensaio 1 900rpm Configuração 15D Plano AC 10,36 / 0,031 0,1060
Ensaio 2 900rpm Configuração 15D Plano AC 11,39 / 0,034 0,0796
Ensaio 3 900rpm Configuração 15D Plano BD 9,62 / 0,029 0,0975
Ensaio 4 900rpm Configuração 8D Plano AC 10,36 / 0,031 0,0910
Ensaio 5 1200rpm Configuração 15D Plano AC 15,98 / 0,048 0,0849
Ensaio 6 1200rpm Configuração 15D Plano BD 15,87 / 0,047 0,0780
Ensaio 7 1200rpm Configuração 8D Plano AC 15,98 / 0,047 0,0833
Ensaio 8 1500rpm Configuração 15D Plano AC 21,07 / 0,063 0,0783
Ensaio 9 1500rpm Configuração 15D Plano BD 21,26 / 0,063 0,0687
Ensaio 10 1500rpm Configuração 8D Plano AC 21,08 / 0,063 0,0761
CFD - - - incompressível 0,0596
FIGURA 7.3 – Exemplo de linearização: esquerda – curvas do plano AC com configuração 15D filtradas; direita –
mesmas curvas e suas respectivas linearizações
123
ENSAIOS COM O SENSOR DE Â
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Verificação de colisão com camada limite do túnel
Uma hipótese possível para as não linearidades observadas nos gráficos GRA A.23 até GRA
A.25 seria a colisão do experimento com a camada limite do túnel de vento. Uma vez que
todos os experimentos realizados foram feitos no intervalo de -30º até 30º e que durante o
estudo do túnel foi criado um modelo da camada limite, é possível construir a FIG 7.4. Nesta
figura, exibem-se os limites de ângulo de ataque para o experimento nas duas configurações
utilizadas. Repara-se que o ângulo de ataque máximo para teste para o equipamento é de 34º
na configuração 15D.
Reorganização dos dados
Os dados apresentados até este ponto estiveram agrupados por experimentos utilizando o
mesmo plano de leitura (AC ou BD) e a mesma configuração do equipamento de testes (15D
ou 8D). Analisando a TAB 7.1 é possível verificar que o coeficiente de inclinação angular das
linearizações durante os ensaios que apresentaram velocidades similares são parecidos. Assim
sendo os resultados foram reorganizados por velocidade e o resultado são os gráficos GRA
A.26 até GRA A.28 no Apêndice A. Em particular, gráfico GRA A.27 está reproduzido na
FIG 7.5.
FIGURA 7.4 - Ângulo para o equipamento de testes colidir com a camada limite nas duas
configurões testadas
124
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Conforme pode ser visto na FIG 7.5, existe uma sobreposição das regiões lineares do
desempenho do sensor de forma independente ao plano de orientação ou à configuração
utilizada no equipamento de testes. Nota-se que o espalhamento das curvas é menor na região
linear. Também repara-se que o espalhamento diminui consideravelmente com a diminuição
da velocidade.
União das curvas de velocidades idênticas
Uma vez que a inclinação da curva de resposta é função única da velocidade, os dados
redundantes podem ser unidos através de um processo de média. Ao mesmo tempo, pode ser
determinado o espalhamento da curva por meio de análise do desvio padrão e curvas de
linearização podem ser levantadas. Os gráficos GRA A.29 até GRA A.31 apresentam o
resultado da condensação das curvas. Para o caso da FIG 7.5 o resultado está mostrado na FIG
7.6 (GRA A.30).
FIGURA 7.5 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o túnel
a 1200rpm
125
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TABELA 7.2 – Resumo das linearizações das curvas condensadas para velocidades similares
Nome da curva Mach
Sensibilidade
[deg
-1
]
Velocidade Baixa 0,0309 0,0935
Velocidade Média 0,0473 0,0820
Velocidade Alta 0,0628 0,0628
CFD incompressível 0,0596
As linearizações dos gráficos GRA A.29 até GRA A.31 estão resumidas na TAB 7.2. Nesta
tabela pode ser visto que quanto maior o número de Mach do escoamento, menor é a
sensibilidade desta sonda. Este dado pode ser visto na FIG 7.7 e também no gráfico GRA
A.32 no Apêndice A.
FIGURA 7.6 – Resultados dos ensaios com túnel a 1200rpm
condensados
126
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7.3 Comparação entre o desempenho do cálculo numérico e os dados obtidos em túnel
Observando a FIG 7.7 nota-se que houve um erro de predição entre o desempenho numérico e
o desempenho em túnel da sonda construída. Pelos dados contidos na TAB 7.2 pode-se
afirmar que a previsão da sensibilidade apresentou um erro de 56% para o caso de menor
velocidade e, de acordo com a tendência, este erro é provavelmente maior quanto menor for a
velocidade de teste.
Conforme foi reparado anteriormente, não existe dados do número de Reynolds dos
experimentos descritos por GRACEY (1958). Esta variação de erro pode estar ligada ao baixo
número de Reynolds dos experimentos.
Outro motivo pode ter sido relativo ao tipo do furo ou ao tamanho do furo para a tomada de
pressão, uma vez que este fator influencia na pressão que é medida pela ponta sensora de
ângulo de ataque.
FIGURA 7.7 - Resultado da calibra
ç
ão do elemento sensor em túnel de vento
127
ENSAIOS COM O SENSOR DE Â
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Outra contribuição para o erro pode ser o fato de que a malha não representa uma esfera
perfeita (por ser um polinômio de Bézier). Esta característica da malha definitivamente não
contribui para a diminuição do erro.
7.4 Investigação da interferência entre planos das tomadas de pressão na sonda
Para a medição simultânea de ângulo de ataque, ângulo de derrapagem e pressão dinâmica
com auxílio de uma sonda similar à sonda testada, é desejável que as medidas de pressão
sejam desacopladas. Durante o experimento 1 todas as tomadas de pressão foram medidas ao
longo do experimento visando a verificação da existência ou não deste desacoplamento. Os
dados coletados se encontram no gráfico GRA 7.1.
No gráfico GRA 7.1 repara-se que o diferencial de pressão na tomada de ângulo de
derrapagem (plano BD) permanece aproximadamente constante e não nulo durante todo o
experimento. Um comportamento idêntico ocorre no coeficiente de pressão da tomada de
pressão 0. Portanto, neste caso foi observado um desacoplamento entre os planos de medição
de ângulo de ataque e de ângulo de derrapagem.
GRÁFICO 7.1 – Interferência nas tomadas de pressão B, D e total
quando o ângulo de ataque é variado no plano AC
128
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7.5 Redução dos dados obtidos no túnel
Conforme discutido no Capítulo 4, um interpretador provável para um sistema de medição de
ângulo de ataque deveria resolver a inversa da função k definida pela EQ (7.1).
()
qk
q
P
,
12
α
=
Δ
(7.1)
Na FIG 7.7 estão apresentadas três curvas de nível da função k, que podem ser aproximadas à
retas no intervalo de -15º até +15º. Uma vez que a resposta da sonda é aproximadamente
linear e que o coeficiente angular das linearizações varia de forma coerente com a pressão
dinâmica foi decidido estudar uma possível nova adimensionalização para o diferencial de
pressão
Δ
P
12
diferente do utilizado pela EQ (7.1). O objetivo final seria tornar a função k
independente da pressão dinâmica e com isso facilitar a construção do interpretador.
O procedimento de criação de uma nova normalização consistiu de uma análise de correlação
seguida da determinação de uma nova normalização e posteriormente uma nova redução de
dados. A análise de correlação foi realizada para confirmar que a principal razão da variação
do coeficiente angular das linearizações foi a variação da pressão dinâmica e não outras
grandezas que também variaram ao longo dos experimentos. A nova normalização foi
realizada com estudo da variação do coeficiente angular com a pressão dinâmica. Uma vez
determinada a nova normalização, uma segunda redução de dados foi feita, comprimindo o
resultado de todos os experimentos em uma única curva.
Análise de correlação
O primeiro passo para unificar as curvas experimentais da sonda foi confirmar o motivo da
variação do coeficiente angular (a1) das linearizações dos resultados dos experimentos 1 até
10. A análise da correlação da variação de a1 com as diversas grandezas que variaram nos
experimentos foi a ferramenta utilizada para este fim. O gráfico GRA 7.2 apresenta a
129
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correlação do coeficiente angular das linearizações com relação à pressão dinâmica, pressão
local, temperatura e pressão de vapor.
Analisando o gráfico GRA 7.2 verifica-se que a correlação do valor de a1 com a pressão
dinâmica é visivelmente alta quando comparada com as demais correlações. Portanto pode-se
concluir que a variação da pressão dinâmica é a principal responsável pela variação do
coeficiente angular na resposta da sonda testada.
O mesmo estudo foi realizado com o ponto onde as linearizações dos resultados dos
experimentos 1 a 10 cruzam o zero (coeficiente a0). Este estudo está exibido no gráfico
GRA 7.3. No caso deste gráfico, não existe nenhum número de correlação em destaque
sugerindo que o coeficiente a0 seja não relacionado com a variação das grandezas citadas.
GRÁFICO 7.2 - Análise de correlação de variação de a1 com diversas
grandezas.
130
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Nova transformação para o diferencial de pressão
Devido às linearizações dos resultados experimentais, a EQ (7.1) pode ser reescrita na forma
da EQ (7.2) para o intervalo de ângulo de ataque de -15º até +15º.
()
01
12
aqa
q
P
+=
Δ
α
(7.2)
Onde o valor do coeficiente a1 varia com a pressão dinâmica, conforme verificado pelo
estudo de correlação anteriormente feito. Para a determinação da nova adimensionalização do
diferencial de pressão
Δ
P
12
é necessário criar uma equação da variação do coeficiente a1 com
a pressão dinâmica. O método dos mínimos quadrados descrito por AGUIRRE (2006) foi
utilizado para este fim. Três polinômios interpoladores foram experimentados e o resultado da
adequação se encontra no gráfico GRA 7.4.
GRÁFICO 7.3 – Análise de correlação de variação de a0 com diversas
grandezas.
131
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A melhor adequação foi atingida por meio de uso de um equacionamento logarítmico pois
neste caso existe menor dispersão dos dados em relação à curva de adequação conforme pode
ser visto no gráfico GRA 7.4. A curva de adequação está expressa na EQ (7.3).
()
0166,0
186,01
= qqa
(7.3)
A EQ (7.3) pode ser inserida na EQ (7.2) resultando na EQ (7.4).
0186,0
166,0
12
aq
q
P
+=
Δ
α
(7.4)
E, trabalhando a EQ (7.4) obtém-se a EQ (7.5).
166,0834,0
12
0
186,0
+=
Δ
q
a
q
P
α
(7.5)
O valor do coeficiente a0 na EQ (7.5) é idealmente nulo. Nos resultados experimentais
práticos este coeficiente ficou menor do que 0,15. Portanto, pode ser assumido que o termo
mais a direita da EQ (7.5) é aproximadamente constante. Logo a EQ (7.5) pode ser colocada
GRÁFICO 7.4 – Aproximação logarítmica (topo), reta (esq) e
parábola (dir) da distribuição de pressão dimica
versus a1
132
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na forma da EQ (7.6). Esta equação apresenta a nova normalização para o diferencial de
pressão
Δ
P
12
.
'0'1
834,0
12
aa
q
P
+=
Δ
α
(7.6)
Redução dos dados experimentais
Aplicando-se a transformação obtida aos resultados obtidos em túnel dos experimentos de 1 a
10 com histerese filtrada constrói-se o GRA 7.5.
Nota-se que existe uma superposição da maioria dos resultados experimentais obtidos durante
este trabalho. As curvas equivalentes ao experimento 1 e 2 são as curvas mais discrepantes.
Estes experimentos foram feitos com baixa pressão dinâmica e os dados apresentam uma
considerável histerese. As curvas contidas no GRA 7.5 podem ser condensadas em uma única
curva média que pode ser linearizada na região de -15º até +15º de ângulo de ataque. Tal
procedimento está realizado no GRA 7.6.
GRÁFICO 7.5 – Resultados experimentais transformados
133
ENSAIOS COM O SENSOR DE Â
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A curva representada pelo GRA 7.6 descreve a resposta da sonda testada em dez
experimentos diferentes para um intervalo de velocidades de 10m/s até 22m/s e,
possivelmente, é pouco alterada até os 40m/s, faixa considerada para o sistema medidor de
ângulo de ataque idealizado no Capítulo 4.
GRÁFICO 7.6 – Curva de calibração do elemento sensor construído
8. COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES
8.1 Comentários Finais
Considerando os capítulos anteriores, é interessante postar os seguintes comentários:
i. As sondas de revolução aparentam seguir a regra proposta por MCFADDEN et al
(1952) de que quanto menor o ângulo das tomadas de pressão maior a sensibilidade
das sondas e ao mesmo tempo maior é a variação da sensibilidade com a variação da
velocidade
ii. O sistema proposto neste trabalho necessita que seja feita a medição da pressão
dinâmica do escoamento. Esta medição pode ser feita tanto por um dispositivo
complementar externo (por exemplo, um tubo de Pitot), quanto pelo próprio
instrumento, internamente, se o mesmo possuir uma tomada de pressão estática e uma
tomada de pressão total.
iii. O uso de tensão constante como saída do sensor de pressão no sistema proposto neste
trabalho simplifica o processo de interpretação porém adiciona complexidade
eletrônica ao projeto do sensor. Caso o interpretador seja rápido o suficiente para a
medição de sinais em freqüência, o emprego de outro algorítmo de interpretação pode
criar um sistema mais econômico e robusto
iv. Embora não exista necessidade dos sensores serem lineares no sistema proposto, esta
característica ainda é desejável uma vez que sensores lineares mantêm a mesma
sensibilidade e característica de erro em todo espectro de medição.
v. Os manômetros em U desenvolvidos no Capítulo 5 são medidores de níveis de líquido
utilizados como medidores de pressão estacionários. Um sensor similar ao utilizado
pode servir como medidor de nível de combustível ou outros líquidos em aplicações
não estacionárias.
135
COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES
vi. Os manômetros em U descritos no Capítulo 5 podem ser redimensionados para
poderem medir um fundo de escala mais amplo ou para medir o nível com maior
precisão do que as utilizadas neste trabalho.
vii. O sensor C2 apresentou uma resposta parabólica em constraste com a resposta de
terceira ordem dos sensores C0 e C1. Tal comportamento pode ser atribuído à
diferente forma de instalação dos terminais do capacitor no caso do sensor C2. De
fato, somente neste sensor o terminal 1 não é instalado a partir da parede do
manômetro em U.
viii. Foi constatado durante a simulação do sensor de ângulo de ataque por meio de CFD
que o tamanho da discretização influi de fato tanto no tempo de solução quanto no
valor da solução da simulação numérica, conforme descrito em ANDERSON (1995).
Isso representa uma dificuldade prática para a aplicação desta abordagem.
ix. Na geração automática de malha dos corpos de revolução utilizou-se polinÇomios de
Bézier de segundo grau. O uso de outro tipo de Spline ou curva Bézier permitem que o
mesmo algorítmo seja capaz de criar malhas de formas mais complexas.
x. O modelo de camada limite obtido no túnel de vento do CEA neste trabalho é um
modelo extremamente simplificado. Para se executar uma análise mais completa, é
necessária uma maior quantidade de amostras tanto em pressão dinâmica quanto em
posição e, ao mesmo tempo, é desejável o uso de sensor de pressão dinâmica mais
sensível.
xi. Nota-se que em nenhum experimento realizado houve colisão com a camada limite
modelada. Ou seja, a não linearidade observada nos resultados não se deve à
interferência da camada limite do túnel de vento.
xii. Os ensaios executados em túnel foram limitados pela velocidade máxima do mesmo.
Para que o sensor proposto seja utilizado em aeronaves, mais ensaios devem ser feitos
utilizando velocidades mais altas.
xiii. O erro do modelamento numérico pode estar associado ao número de Reynolds, ao
tamanho e forma das tomadas de pressão, às imperfeições da malha (por não ser
136
COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES
precisamente esférica), às falhas construtivas da sonda efetivamente testada em túnel
ou ao próprio método experimental.
8.2 Conclusões
Com relação ao presente estudo, pode-se tirar as seguintes conclusões:
i. A simulação numérica aponta para a existência de um ponto ótimo para as tomadas de
pressão no sensor de ângulo de ataque proposto. Entretanto, a metodologia de cálculo
numérico empregada não permite afirmar com segurança a posiçao deste ponto.
ii. O conjunto de testes em túnel utilizando o sensor C2, ao contrário da expectativa após
os ensaios em bancada, apresentou histerese alta. A origem desta histerese é
aparentemente mecânica.
iii. Houve discrepância entre os coeficientes de pressão obtidos em túnel de vento e por
meio das simulações numéricas, provavelmente devido a um ou a vários fatores
listados no item xiii dos comentários. Neste trabalho é impossível precisar qual é mais
relevante.
iv. Com os resultados obtidos através dos ensaios em túnel de vento, foi possível obter
um segmento de reta de calibração do sensor, se extendendo de -10 graus até +10
graus.
v. Os resultados obtidos (GRA 7.1) indicam ser possível realizar a medida simultânea de
ângulo de ataque e ângulo de derrapagem sem interferência cruzada relevante.
vi. Possivelmente, o procedimento adotado no presente estudo é aplicável a qualquer
sonda de ângulo de ataque por diferencial de pressão.
137
COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES
8.3 Sugestões
Em continuidade ao presente estudo, pode-se sugerir:
i. Ensaiar o sensor A para que este possa servir em um sistema embarcado.
ii. Investigação da possibilidade de aplicar os sensores capacitivos na medição de
intensidade e freqüência de escoamento turbulento.
iii. Ensaios da sonda com tomadas de pressão separadas por 90 grauus e comparação com
os resultados obtidos no presente trabalho.
iv. Estudo de um novo método de simulação numérica para as sondas deste trabalho com
objetivo de identificar a posição ótima das tomadas de pressão no sensor de ângulo de
ataque em questão.
v. Avaliação de incerteza dos sensores criados neste trabalho.
vi. Modelamento físico e matemático dos componentes envolvidos neste trabalho para a
criação de um equacionamento de dimensionalização de um sensor de ângulo de
ataque por diferencial de pressão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Não-Lineares Aplicadas a Sistemas Reais, 2a ed, Editora UFMG, 2004, 655p.
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Aerodynamic Design and Use of Multi-Sensor Pressure Probes for MEMS
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Transonic and Supersonic Flows in Cascades and Turbomachines, Florence, Sep
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Atmosphere and Associated Off-Standard Atmospheres, ESDU, 2003.
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Signal Conditioned, Temperature Compensated and Calibrated – MPXV5004G
Series, Rev 10, FreeScale, 2007.
139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Angle of Attack on Aircraft, Langley Aeronautical Laboratory, 1958.
(9) Grayhill, Grayhill Datasheet – Optical Encoders Series 62A,V,D , Grayhill, 2007
(10) Hoerner, S. F., Fluid-Dynamic Drag, Publicado pelo Autor, 1965, 522p
(11) Jung, W. G., IC Op-Amp Cookbook, 3rd Edition, Prentice Hall PTR, 1997, 571p.
(12) McFadden, N. M., Holden, G. R., Ratcliff, J. W., NACA Research Memorandum
A52I23 – Instrumentation and Calibration Technique for Flight Calibration of
Angle-of-Attack Systems on Aircraft, Ames Aeronautical Laboratory, 1952.
(13) Misra, D. K., Radio-Frequency and Microwave Communication Circuits –
Analisys and Design, John Wiley and Sons, Inc. 2001, 573p.
(14) National, National Semicondutor Datasheet – LM555/LM555C Timer, National
Semicondutor, 1997.
(15) Nicolosi, D. E. C., Microcontrolador 8051 Detalhado, Editora Érica, 2000, 220p.
(16) Ogata, K., Modern Control Engineering, 3ª ed, Prentice-Hall, Inc., 1997, 809p.
(17) Oliveira, P. H. I. A., Projeto Aerodinâmico de Aeronaves Leves Utilizando o
Método dos Painéis Tridimensional (Dissertação de Mestrado), Escola de
Engenharia – Universidade Federal de Minas Gerais, 2001.
(18) Oliveira, P. H. I. A., Desenvolvimento de um Túnel de Pequeno Porte na UFMG,
Departamento de Engenharia Mecânica, 2004,16p.
140
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(19) Philips, Philips Datasheet – 74HC/HCT4046A Phase-locked-loop with VCO,
Philips Semiconductor, 1997.
(20) Pozar, D. M., Microwave and RF Design of Wireless Systems, John Wiley and
Sons Inc., 2001, 363p.
(21) RBHA 22, RBHA 22 – Requisitos de Aeronavegabilidade. Planadores e
Motoplanadores, Portaria nº283/DGAC, 1990.
(22) RBHA 23, RBHA 23 – Requisitos de Aeronavegabilidade. Aviões de Categoria
Normal, Utilidade, Acrobática e Transporte Regional, Portaria nº284/DGAC,
1990.
(23) RBHA 25, RBHA 25 – Requisitos de Aeronavegabilidade. Aviões de Categoria
Transporte, Portaria nº285/DGAC, 1990.
(24) Sinclair, I. R., Sensors and Transducers, 3 rd ed, Newnes, 2001, 296p
(25) White, F. M., Fluid Mechanic, 3. ed, McGrall-Hill Inc., 1994, 727p
(26) Zalovcik, J. A., NACA Technical Note 2676 – Summary of Stall-Warning
Devices, Langley Aeronautical Laboratory, 1952.
APÊNDICE A – GRÁFICOS
A.1 Gráficos construídos com dados das referências
GRÁFICO A.1 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda A
142
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.3 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda C
GRÁFICO A.2 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda B
143
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.4 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda D
GRÁFICO A.5 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda E
144
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.6 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda F
GRÁFICO A.7 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda G
145
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.8 – Comparação entre cálculo numérico e valor obtido
em túnel por GRACEY (1959) do diferencial de
pressão para a sonda H
146
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.2 Curvas de desempenho do túnel
GRÁFICO A.9 – Curvas de desempenho do túnel de vento do CEA
147
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.3 Resultados não processados da calibração em túnel de vento
GRÁFICO A.11 – Resultado não processado dos ensaios com
configurão 15D e alinhamento no plano BD
GRÁFICO A.10 – Resultado não processado dos ensaios com
configurão 15D e alinhamento no plano AC
148
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.12 – Resultado não processado dos ensaios com
configuração 8D e alinhamento no plano AC
149
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.4 Dados ambientais dos ensaios em túnel de vento
GRÁFICO A.14 – Pressão atmosférica local na sala em todos os
ensaios
GRÁFICO A.13 – Massa específica do ar em todos os ensaios
150
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.16 – Variação das características dinâmicas do
escoamento na seção de testes com túnel
operando a 900rpm
GRÁFICO A.15 – Pressão atmosférica na seção de testes em todos os
ensaios
151
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.18 – Variação das características dinâmicas do
escoamento na seção de testes com túnel
operando a 1500rpm
GRÁFICO A.17 – Variação das características dinâmicas do
escoamento na seção de testes com túnel
operando a 1200rpm
152
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.19 – Número de Reynolds nos experimentos realizados
153
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.5 Resultados da calibração em túnel de vento com histerese compensada
GRÁFICO A.20 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e
alinhamento no plano AC com histerese
compensada
154
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.22 - Resultado dos ensaios com configuração 8D e
alinhamento no plano AC com histerese
compensada
GRÁFICO A.21 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e
alinhamento no plano BD com histerese
compensada
155
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.6 Resultados da calibração em túnel de vento linearizados
GRÁFICO A.24 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e
alinhamento no plano BD linearizados
GRÁFICO A.23 - Resultado dos ensaios com configuração 15D e
alinhamento no plano AC linearizados
156
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.25 - Resultado dos ensaios com configuração 8D e
alinhamento no plano AC linearizados
157
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.7 Resultados em túnel de vento com histerese compensada reorganizado
GRÁFICO A.27 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o
túnel a 1200rpm
GRÁFICO A.26 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o
túnel a 900rpm
158
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.29 – Resultados dos ensaios com túnel a 900rpm
condensados
GRÁFICO A.28 – Resultados dos ensaios com histerese filtrada e o
túnel a 1500rpm
159
APÊNDICE A - GRÁFICOS
GRÁFICO A.31 – Resultados dos ensaios com túnel a 1500rpm
condensados
GRÁFICO A.30 – Resultados dos ensaios com túnel a 1200rpm
condensados
160
APÊNDICE A - GRÁFICOS
A.8 Resultado da calibração em túnel de vento do elemento sensor
GRÁFICO A.32 - Resultado da calibração do elemento sensor em túnel de vento
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