Mais vivo do que nunca, o ideal de liberdade individual e a democracia de
mercado são bandeiras da maioria das nações no século XXI. Todos os regimes que
tentaram navegar por outras águas fracassaram e hoje servem de exemplo para o
fortalecimento do modelo capitalista. Nem mesmo a anunciação de uma grande crise
civilizatória, com aspectos visíveis de deformidades no âmbito ambiental, social e
econômico é capaz de fazer abalar os pilares dessa ordem.
Desde que a consciência humana articulou-se como tal, a liberdade constitui-se
em sua máxima aspiração e em uma tarefa permanente. Todo laborioso que
fazer de nossa espécie ao longo da história foi fundamentalmente estimulado
pelo desejo profundo de romper com aqueles condicionamentos e travas que
limitam seu exercício pleno. Nesse empenho libertador, escravizamos as
plantas, os animais e as forças naturais, até a recente invenção das máquinas
como aplicação prática dos avanços científicos. Também escravizamos muitas
vezes nossa própria espécie, uma prática que hoje em dia é considerada
aberrante e inaceitável, embora seu abandono tenha se devido mais a razões
econômicas de que éticas: um trabalhador pago era mais produtivo que um
escravo (Hisrch, 2008, p.48).
Por outra perspectiva, Amartya Sen (2000) defende que ainda hoje, um número
imenso de pessoas convive com diversas formas de privação de liberdade.
Fomes coletivas continuam a ocorrer em determinadas regiões, negando a
milhões a liberdade básica de sobreviver. Mesmo nos paises que já não são
esporadicamente devastados por fomes coletivas, a subnutrição pode afetar
numerosos seres humanos vulneráveis. Além disso, muitas pessoas têm pouco
acesso a serviços de saúde, saneamento básico ou água tratada, e passam a
vida lutando contra uma morbidez desnecessária, com freqüência sucumbindo
à morte prematura. Nos países mais ricos é demasiado comum haver pessoas
imensamente desfavorecidas, carentes das oportunidades básicas de acesso a
serviços de saúde, educação funcional, emprego remunerado ou segurança
econômica e social. Mesmo em países muito ricos, às vezes a longevidade de
grupos substanciais não é mais elevada que em muitas economias mais pobres
do chamado Terceiro Mundo. Adicionalmente, a desigualdade entre homens e
mulheres afeta – e às vezes encerra prematuramente – a vida de milhões de
mulheres [...] (SEN, 2000, p.29).
Aproximadamente no ano de 30 a.C., o colapso do Império no Ocidente se
consolida, favorecendo a ascensão do feudalismo e o surgimento de uma hierarquia
na qual o servo recebia proteção do senhor que, por sua vez, devia lealdade e era
protegido por outro senhor mais poderoso, culminando na figura máxima do rei. Os
senhores concediam a seus vassalos o feudo em troca de pagamentos em dinheiro,
alimentos, trabalho ou lealdade militar. Havia também na Europa Medieval dessa
época uma grande quantidade de cidades dispersas, sendo que muitas se
destacavam como centros manufatureiros. Para produzir ou vender qualquer bem ou