Download PDF
ads:
1
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM
CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
A MULHER E AS PRÁTICAS ESPORTIVAS
Causas da não-adesão feminina aos esportes coletivos com bola
Por
Zander R. W. Lins
PROJETO DE PESQUISA APRESENTADO
COMO REQUISITO À OBTENÇÃO
DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIA DA
MOTRICIDADE HUMANA
Rio de Janeiro
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
ZANDER R. W. LINS
A MULHER E AS PRÁTICAS ESPORTIVAS
Causas da não-adesão feminina aos esportes coletivos terrestres com bola
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Ciência da Motricidade Humana da
Universidade Castelo Branco, como requisito
parcial para a obtenção do título de mestre em
Ciência da Motricidade Humana.
Orientador Profº Dr. Manoel J. G. Tubino.
Rio de Janeiro
2007
ads:
3
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA
MOTRICIDADE HUMANA
A DISSERTAÇÃO: A MULHER E AS PRÁTICAS ESPORTIVAS: CAUSAS DA NÃO-
ADESÃO FEMININA AOS ESPORTES COLETIVOS TERRESTRES COM BOLA
Elaborado por ZANDER R. W. LINS
Para aprovação de todos os membros da Banca Examinadora, com aceitação
da Universidade Castelo Branco e homologação do Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão, como requisito à obtenção do título de
MESTRE EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
Data __________________________________
Banca Examinadora
_________________________________________
Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino
Presidente
_______________________________________
Prof. Dra. Fernanda Barroso Beltrão
______________________________________
Prof. Dra Yara Lacerda
4
DEDICATORIA
Dedico este trabalho aos meus filhos Fernando e Gabriel, fontes de motivação
e inspiração maior para a execução desta tarefa que, certamente, servirá como
exemplo para que no futuro possam se espelhar na busca do crescimento e
aperfeiçoamento pessoal e profissional.
À minha esposa Flávia e todos os familiares por compreenderem os vários
momentos de ausência devido aos compromissos para com esta pesquisa.
E consagro esta empreitada, especialmente à minha mãe Niriléa, pelos bons
exemplos que sempre me ofereceu como professora dedicada, de perseverança,
honestidade e, entre tantos outros, o belo gesto humanista de doar-se ao próximo.
iv
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Zanoni e Niriléa, pela valorosa
educação familiar e moral que me proporcionaram e pelo constante incentivo à
minha formação e aprimoramento profissional.
A todos os professores que contribuíram para a minha formação, desde as
séries iniciais até o presente momento. Ao professor Dr. Tubino, em especial, por
iluminar o caminho por mim percorrido até aqui, com sua luz própria, e pelo exemplo
de dedicação profissional à educação física e ao esporte no âmbito social.
Aos professores companheiros mestrandos que durante o percurso dividiram
horas de estudo e dedicação no cumprimento das tarefas.
Agradeço a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para o
cumprimento desta jornada.
v
6
Pensando bem, que mais poderia alguém no
mundo desejar do que olhar nos olhos das baleias,
conversar com as gaivotas sobre os azimutes da vida,
procurando durante cem dias e cem noites um único
objetivo e, subitamente, tê-lo diante dos olhos, ao alcance
dos pés, numa tranqüila tarde de terça-feira?”
(Amyr Klink – Velejador)
vi
7
RESUMO
LINS, Zander R. W. - A MULHER E AS PRÁTICAS ESPORTIVAS. Causas da não-
adesão feminina aos esportes coletivos com bola.
O objetivo deste estudo foi identificar possíveis causas da não-adesão da mulher,
entre 20 e 35 anos, acerca da prática de esportes coletivos com bola como forma de
lazer (futebol, basquete, voleibol e handebol). O método utilizado foi o estudo
exploratório do tipo Survey, através de entrevista pessoal junto a 140 mulheres, em
seis shoppings centers da cidade do Rio de Janeiro e no comércio e orla de
Copacabana. O instrumento utilizado na coleta de dados foi o questionário, aplicado
através de entrevista junto ao sujeito ao qual era solicitado que, após a leitura das
vinte e uma questões abordadas, indicasse em ordem decrescente de importância
as seis causas mais relevantes de sua não-adesão, em cada um dos locais visitados
para, posteriormente, identificar as três causas mais incidentes. O tratamento de
dados foi orientado pela estatística descritiva e as variáveis foram tratadas por
análise de freqüência com representação por tabelas ou gráficos conforme
preconizado por Costa Neto (2002). Nestes casos, a significância das freqüências foi
avaliada através do teste Qui-quadrado. Para verificação de possíveis diferenças
das freqüências entre as respostas utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis. O estudo
admitiu o nível de significância de 0,05. Os resultados demonstraram que as três
principais causas da não-adesão à prática de esportes tradicionais com bola foram a
falta de tempo livre, de motivação e de companhia e não foram encontradas
diferenças significativas apontadas pelas voluntárias quando se comparam os locais
envolvidos no estudo. Isso permite concluir que as obrigações profissionais, que a
vida moderna impõe, distanciam a mulher da prática esportiva como forma de lazer.
Palavras-chave: esporte e mulher, práticas esportivas, esportes coletivos, não
adesão feminina, educação física.
vii
8
ABSTRACT
LINS, Zander R. W. WOMEN AND THE PRACTICE OF SPORT. Causes of the non-
adhesion of women to collective sports with a ball.
By
Zander R. W. Lins
The object of this study was to identify possible causes for the non-adhesion of
women, between the age of 20 and 35 years, to the practice of collective sports with
a ball as a form of leisure (soccer, basketball, volleyball and handball). The method
used was the exploratory type of Survey study, through personal interviews with 140
women, in six shopping’s malls in the city of Rio de Janeiro and in the commercial
centers and along the Copacabana beach. The instrument used for the collection of
data was the questionnaire, applied through an interview with questioned the subject
and, after, in each of the locations visited, it was asked to read the twenty-one
questions broached and indicated, in the decreasing order of importance, so the 6
most relevant causes for their non-adhesion to, later, identify the 3 most incident
causes. The treatment of data was orientated by descriptive statistics and the
variables were treated for analysis of frequency with representation by tables or
graphics as commended by Costa Neto (2002). In these cases, the significance of
the frequencies was evaluated through the Qui-squared test. For the verification of
the possible differences in the frequencies between the answers, the Kruskal-Wallis
test was used. The study admitted the significance level of 0.05. The results
demonstrated that the three principal causes of non-adhesion to the practice of
traditional sports with the ball were lack of free time, lack of motivation and lack of
company and, significant differences indicated by the volunteers were not
encountered when comparing the locations involved in the study. This permitted the
conclusion that professional obligations imposed by modern life distance women
from the practice of sport as a form of leisure.
Key words: women and sport, sport practice, collective sport, feminine non-
adhesion, physical education.
viii
9
LISTA DE TABELAS
Teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis..................................................................84
Teste não-paramétrico Qui-Quadrado.......................................................................85
ix
10
LISTA DE GRÁFICOS
Freqüência de Respostas – Barra Shopping..............................................................76
Freqüência de Respostas – Center Shopping............................................................77
Freqüência de Respostas - Norte Shopping..............................................................78
Freqüência de Respostas – Madureira Shopping......................................................79
Freqüência de Respostas – Tijuca Shopping.............................................................80
Freqüência de Respostas - Rio Sul Shopping............................................................81
Freqüência de Respostas – Copacabana..................................................................82
Freqüência Geral – As causas mais pontuadas.........................................................83
Freqüência das 6 causas mais citadas.....................................................................83
Freqüência das 3 causas mais citadas......................................................................83
Freqüência de Profissões – As mais citadas..............................................................84
x
11
SUMÁRIO
CAPITULO I – O PROBLEMA E O ESTUDO...........................................................12
Introdução do Problema.............................................................................................12
Objetivos do Estudo...................................................................................................22
Objetivo Geral............................................................................................................22
Objetivos Específicos.................................................................................................23
Justificativa e Relevância do Estudo..........................................................................23
Delimitação do Estudo...............................................................................................25
Questão do Estudo....................................................................................................25
Conceitos Básicos do Estudo....................................................................................27
CAPÍTULO II – REFERENCIAL DE APOIO AO ESTUDO.......................................29
Mulher, Lazer, Atividade Física e Esporte: Aspectos Históricos
e Interpretações.........................................................................................................29
Gênero, Cultura e Identidade.....................................................................................40
A sexualidade na Ótica do Gênero............................................................................44
O lazer como Objeto de Posicionamentos Intelectuais de Organismos
Internacionais do Esporte e da Educação Física.......................................................49
O Lazer como Forma de Exercício dos Direitos às Práticas Físico-Esportivas.........51
A Educação Física e seu Compromisso contra a Discriminação e a
Exclusão Social..........................................................................................................54
CAPITULO III – METODOLOGIA.............................................................................57
Tipo de Pesquisa.......................................................................................................57
Esquema e organização do Desenvolvimento da Pesquisa......................................59
Seleção de Amostra...................................................................................................60
Perfil sócio-econômico dos bairros............................................................................61
Instrumentos..............................................................................................................72
Tratamento Estatístico...............................................................................................74
CAPITULO IV- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...............75
Apresentação dos Resultados...................................................................................76
CAPITULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................86
REFERÊNCIAS BILBLIOGRÁFICAS.......................................................................91
BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................94
ANEXOS....................................................................................................................96
xi
12
CAPÍTULO I
O PROBLEMA E O ESTUDO
Introdução do Problema
Ao abordar a problemática relação mulher e esporte, no contexto histórico-
cultural, pôde-se perceber a importância do fenômeno esporte como eficiente
instrumento de inclusão sociocultural. A prática voluntária e sistemática de
atividades físicas e esportivas, como forma de lazer, tem a função de promover o
desenvolvimento físico e mental do ser humano além de proporcionar a socialização
e melhoria da qualidade de vida por meio de uma cultura sócio-esportiva.
A luta das mulheres por avanços nos diversos segmentos sociais tem sido
árdua, porém vitoriosa. Ainda que haja espaço para outras conquistas, o avanço
alcançado, especialmente no segmento esportivo, é significativo e crescente,
mesmo diante dos preconceitos vigentes referentes à fragilidade do sexo e das
relações de poder provenientes da construção cultural que ainda incomodam as
mulheres, notadamente aqueles vinculados aos estigmas, imagens e formas
corporais veiculados pela mídia.
Desde a Antigüidade houve um engajamento gradativo da mulher no campo
do esporte, vindo a receber relevância principalmente na segunda metade do século
XX. A condição da mulher seguiu, paralelamente aos outros segmentos da
sociedade, conforme as oscilações políticas, econômicas e socioculturais de cada
etapa histórica.
13
A dificuldade de participação da mulher no esporte verificou-se ainda através
de lendas e mitos sobre a masculinização do corpo. Assim, foram criados estigmas e
concepções que definiram o arquétipo da mulher esportista.
A exclusão feminina advém dos tempos da Grécia Antiga, onde as mulheres
eram impedidas de participar e assistir aos Jogos Olímpicos da Antigüidade. Neste
particular, este fato foi insuficiente para impedir a insurgência por parte de algumas
mulheres como Ártemis que, na visão Mitológica, segundo Alonso:
Culturalmente, a deusa associada ao esporte é Ártemis. Ártemis é descrita
como uma caçadora solitária, com muito senso prático, atlética e
aventureira, que aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os
animais, dedicando-se à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida
alternativos e ás comunidades de mulheres (in: SIMÕES, 2003, p.40).
A autora, ao o aceitar os valores gregos antigos, ressalta que o esporte
possibilita à mulher demonstrar, dentro das variáveis e dos valores aceitos pelo
universo masculino, uma função social igual ou superior à do homem, ao derrubar
falsos estereótipos associados à fraqueza física e psicológica.
Na cidade de Ompia, eram realizados jogos atléticos exclusivos aos homens,
portanto era vetada a participação feminina em qualquer modalidade esportiva.
Posteriormente, as disputas esportivas foram extintas devido a vinculação excessiva
com a religião e a conquista da Grécia pelos romanos.
A reduzida participação esportiva feminina, em relação à masculina, advém
da polêmica gerada pela relação conflituosa mulher e esporte e confunde-se com os
primeiros Jogos Olímpicos, onde os homens competiam nus e as mulheres eram
proibidas de assistir às competições.
Na Idade Média, com o comportamento fortemente influenciado pela Igreja
Católica, ainda era vetado às mulheres o direito à prática esportiva.
14
Segundo Luzuriaga (1981), no final da Idade Média, o aumento populacional e
o progresso agrícola, promoveram o êxodo rural, que acarretou o crescimento das
cidades e do comércio. Este crescimento favoreceu o fortalecimento das relações
interpessoais e a aderência da população em jogos, esportes, competições
eqüestres e aquáticas.
Os esportes praticados atualmente, coletivos ou individuais, são entendidos
como manifestações sociais e culturais do povo. Os países procuram desenvolver
ao máximo a prática do esporte amador, uma vez que o mesmo é considerado um
meio de desenvolver sua cultura.
Nos dias atuais o esporte apresenta-se organizado, com modalidades
conhecidas e praticadas mundialmente por meio de regras e espaços próprios,
assim como jogadores, pontuações, aspectos táticos, sistemas de jogo, formas de
disputa, torcida etc.
Embora os jogos olímpicos envolvam somente provas de alta competição,
eles exercem grande influência no esporte popular e no esporte escolar, por
meio do chamado efeito imitação. Em geral, depois de uma olimpíada,
cresce o número de praticantes das modalidades esportivas que obtiveram
mais sucesso e foram divulgadas pela mídia (TUBINO, 1999, p. 52).
Ao longo do tempo a mulher superou gradativamente barreiras de caráter
sócio-esportivo. tulos, estigmas, preconceitos e discriminações permearam a
exclusão feminina em diversos contextos histórico-culturais.
Os papéis sociais de pouco destaque ou hierarquicamente inferiores
remeteram a mulher aos preceitos de uma construção histórico-cultural não-
contributiva para a sua emancipação sócio-esportiva.
Alonso (in: SIMÕES, 2003) destaca que há menos de 25 anos, mulheres que
manifestavam interesses esportivos eram desprezadas pela sociedade e acrescenta
que:
15
muitas são as mulheres que fazem exercícios apenas para satisfazer um
ideal de beleza oriundo da propaganda e dos desejos masculinos. Mas a
quantidade de mulheres independentes e autoconfiantes que, buscam no
esporte uma oportunidade de realização vem crescendo em progressão
geométrica (p.45).
A partir de observações feitas quanto à adesão à prática esportiva, de ambos
os sexos, em áreas públicas de lazer da cidade do Rio de Janeiro, percebeu-se um
efetivo masculino superior ao feminino. O fato suscitou, como justificativa importante
para o estudo, o levantamento de dados quantitativos de praticantes de esportes de
ambos os sexos, nas dimensões do esporte educacional, social e de desempenho.
As diferenças percentuais encontradas, desfavoráveis às mulheres,
motivaram a investigação das causas da não-adesão feminina aos esportes
tradicionais coletivos terrestres com bola (futebol, basquete, voleibol e handebol)
como lazer.
Ainda na problematização do estudo, considera-se importante abordar a
relação da mulher com os esportes, no âmbito do lazer, e o elo com a Ciência da
Motricidade Humana.
A mulher e as práticas esportivas no âmbito do lazer, e as causas da sua não-
adesão, estão relacionadas à Ciência da Motricidade Humana, que, no conceito de
Beresford (in: BELTRÂO, 1999, p, 39), é a dimensão do saber interdisciplinar e
transdisciplinar que, através dos mecanismos cognoscitivos da pré-compreensão
fenomenológica e axiológica e da explicação fenomênica, estuda as múltiplas
possibilidades intencionais das condutas motoras do ser do homem em sua vida.
Para Beresford (in: BELTRÃO, 2000), o Homem deve ser investigado através
de uma perspectiva de um “ser ou de um dever ser” em movimento ou em suas
condutas, comportamentos motores ou motrizes, utilizando como referência uma
16
cronologia histórica e filosófica da humanidade para a apropriação de um conceito
de corpo, corporeidade e motricidade. Acrescenta ainda que:
[...], um sujeito cognoscente poderá, a partir de sua consciência intencional,
investigar alternativamente uma determinada conduta ou comportamento
motor como objeto de estudo natural, físico ou psíquico, como objeto ideal,
um objeto cultural, um objeto axiológico ou um valor
(p.43).
O homem cria, através de sua ação no mundo, o que Beresford (1999)
classifica como “sobremundo“: o mundo da cultura.
Esta dimensão de mundo, do homem, originada do fazer, da ação ou do agir
do próprio homem resulta do aspecto da moralidade própria, que se resume no
interesse pela cultura e pela filosofia dos valores.
A partir da visão acerca da moralidade masculina, surge o viés, com o estudo
da cultura e filosofia dos valores que correspondem às carências humanas
manifestadas na cultura.
A cultura originada determina os padrões de comportamento, através dos
quais os indivíduos enfrentam os obstáculos impostos pela natureza, que deverão
ser enfrentados e resolvidos, transformando o mundo da natureza em um mundo
humanizado e culturalizado que faz com que o homem inscreva nele uma ordem de
valores humanos, uma reorganização de acordo com suas carências e respectivos
valores.
O cenário esportivo atual requer, em relação à mulher, ações que estimulem a
difusão de uma cultura que favoreça o aumento da adesão feminina ao esporte,
como prática voltada para o lazer e para a qualidade de vida.
A práxis do profissional de educação física, a partir do ambiente escolar, e sua
possibilidade de formar e transformar o ser pensante em cidadão crítico e autônomo,
deve, de forma prevalente, servir como instrumento que favoreça a inclusão sócio-
esportiva da mulher.
17
No contexto da cultura esportiva, Tubino (2001, p. 15), acrescentou que esta
compactuava com o preconceito à adesão feminina, e que:
o esporte, com o seu conceito compromissado com as suas perspectivas na
educação, na participação das pessoas comuns e também no rendimento,
em situações específicas, inclusive quanto às finalidades, e visto como
direito de todos, passou a merecer novas abordagens e estudos para que
sua dimensão social seja realmente entendida.
A busca do conhecimento dentro das mais variadas possibilidades de
interpretação, associada a uma forma particular de abordagem ou em função da
carência institucional de um processo coletivo intrínseco do ser do homem, passa a
transformar um determinado assunto em um objeto de estudo, a partir da
intencionalidade consciente de investigação.
O Homem se diferencia dos demais seres da natureza devido à sua
consciência intencional, que promove, através da busca do conhecimento, a
transformação do objeto de estudo em fato ou fenômeno.
O Homem, centro de todo processo investigativo, princípio, meio e fim; é a
vida, a existência, a corporeidade e a Motricidade do ser do Homem, que vive em
permanente estado de carência, privação ou vacuidade é o objeto teórico e formal
do estudo.
No cerne das questões que envolvem as relações existentes entre a mulher, o
esporte e o lazer, entende-se que o praticante de esportes é o objeto formal de
estudo da Ciência da Motricidade Humana, mais especificamente como objeto sócio-
cultural ao verificar, analisar, interpretar e classificar suas condutas motoras
intencionais. O praticante de esportes na perspectiva do lazer encontra-se em
permanente estado de necessidade oriunda de suas carências, privações ou
vacuidades que precisam ser entendidas e supridas.
A principal necessidade é a de caráter cio-cultural e está relacionada às
18
causas da não-adesão feminina à prática de esportes tradicionais coletivos
terrestres com bola (futebol, basquete, vôlei e handebol) como forma de lazer.
Os objetos teóricos e práticos, representados por diferentes possibilidades de
operacionalização das condutas motoras, tornam-se possíveis em função da
intencionalidade operante da consciência ou da consciência intencional do sujeito
cognoscente. Isso porque, em termos de conhecimento humano, não fatos e/ou
fenômenos em si mesmos, mas apenas os que o homem, em estado de carência,
consegue captar da realidade para suprir tal carência.
Desta maneira, tudo aquilo que o Homem consegue compreender, captar,
absorver ou apreender da realidade só é possível porque, única e exclusivamente, é
o ser, entre os demais seres da natureza, dotado de uma consciência intencional.
Nasce, portanto, um “valor” da conduta motora (o esporte como lazer) que é
atribuído à melhora da qualidade de vida devido ao alívio das tensões e do estresse
causados pela rotina diária e que ainda promove o autoconhecimento, além de
suprimir de forma positiva as carências e necessidades individuais de seus
praticantes.
Este valor, de acordo com J.J. Mendes (apud BERESFORD, 1999, p.125) é
classificado como “valores ideais-individuais”, originados dos próprios limites
biológicos e psicológicos de cada indivíduo.
Emerge ainda um outro “valor”, que se origina através da
interação/socialização com diversas pessoas e com a natureza durante as
atividades em locais como praias, parques e praças públicas, definidos por J. J.
Mendes (apud BERESFORD, 1999, p.114) como “valores de entrosamento social
que objetivam, em última análise, a estrutura coletiva, na qual o homem nasce, vive
e morre”.
19
As múltiplas possibilidades intencionais de interpretação da mulher praticante
de esporte, na perspectiva do lazer (objeto formal de estudo) e de sua conduta
motora (prática esportiva), são operacionalizadas de forma interdisciplinar e
transdisciplinar:
A forma interdisciplinar indica que a produção do saber, desenvolvida por
profissionais de diversas áreas do conhecimento, como educação física, pedagogia,
sociologia deve ser inserida no contexto específico da Motricidade Humana por meio
da indispensável interação entre os objetos de estudo dessas áreas aos objetos de
estudo da Ciência da Motricidade Humana;
A forma transdisciplinar indica que, por mais que algumas das áreas de
estudo comentadas anteriormente consigam uma total interdisciplinaridade com a
Ciência da Motricidade Humana, tal área não conseguirá abranger toda a identidade
desta última, porque sempre haverá uma outra possibilidade interdisciplinar de
inserção de uma outra área.
O próprio autor desta pesquisa obteve algumas referências (informações nos
anexos) quanto ao número de praticantes, de ambos os sexos, dos esportes
abordados neste estudo, as quais estão expostas abaixo:
1 – Esporte Educacional
a) Dados coletados em Clubes Escolares da Prefeitura do Rio de Janeiro
(Anexo IV);
20
b) Levantamento do quantitativo de alunos-atletas em Jogos Estudantis da
Prefeitura do Rio de Janeiro (Anexo V);
2 – Esporte Social
a) Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (Anexo VII);
3 – Esporte Lazer
a) Registros quantitativos originados a partir de observações feitas em áreas
públicas de lazer da Cidade do Rio de Janeiro (Anexo X);
4 – Esporte de Desempenho
a) Dados obtidos junto à Federação de Basquete – RJ, (Anexo VIII);
b) Dados obtidos junto à Federação de Handebol – RJ, (Anexo IX);
c) Quadro da evolução participativa de Homens e Mulheres em Olimpíadas
(Anexo X).
Por este conjunto de informações pôde-se perfeitamente perceber que a
prática esportiva masculina entre jovens e adultos no Rio de Janeiro é maior que a
feminina, o que justifica ainda mais a pesquisa desenvolvida.
A partir da pré-compreensão da concepção sobre esporte e lazer existentes
em nossa sociedade e dos aspectos que envolvem a participação feminina, surgiu o
21
problema central deste estudo: identificar as causas que levam mulheres, com idade
entre 20 e 35 anos, a não aderir às modalidades esportivas coletivas terrestres com
bola, como forma de lazer na cidade do Rio de Janeiro.
A compreensão fenomenológica do objeto formal do estudo (mulheres não-
praticantes de esporte lazer) está relacionada ao aspecto sócio-cultural da vida
existencial do praticante de esporte na perspectiva do lazer que, em sua maioria,
não incorporou o hábito do lazer através do esporte devido a alguma(s) carência(s).
E ainda está associada à corporeidade da mulher que, por meio do corpo, assume a
sua presença e lugar na história.
Para Siebert (in: ROMERO, 1995, p.19), o estilo de vida dos indivíduos é
modificado pelo avanço industrial da sociedade, que produz e reproduz valores,
relações interpessoais e modos de consumo, em concordância com as forças
organizacionais do lazer dominantes em uma determinada cultura, a partir de um
ideal corpóreo.
Portanto, as práticas sociais são impostas aos indivíduos, que se submetem
aos estímulos transmitidos e recebidos do mundo de forma pré-estabelecida.
É importante que se destaque que a compreensão fenomenológica também
está associada à circunstância e a facticidade, pois, para que o objeto formal do
estudo transcenda a seus problemas existenciais, ele necessita tomar um caminho
autêntico.
O homem, nesse sentido, torna-se então o artífice da sua própria história.
O estudo permitiu identificar carências da mulher, de ordem sócio-culturais,
que parecem contribuir para o baixo índice de adesão feminina ao esporte como
prática de lazer, verificado em relação ao homem.
O esporte possui inúmeros aspectos que o justificam como possuidor de
22
relevância social. Dentre estes, encontra-se a relação entre o esporte e o direito à
prática esportiva, como fator de novas dimensões sociais para o esporte (TUBINO,
2001).
O foco do estudo A mulher e o esporte na perspectiva do lazer – contido na
linha de pesquisa: Aspectos Sócio-Culturais da Motricidade Humana e no projeto de
pesquisa: Dimensões Sócio-Culturais do Esporte permitem investigar, entre outros
aspectos e possibilidades “O esporte lazer ou de participação” e “A mulher e o
esporte”, que estão inseridos no projeto de Pós-Graduação Strictu Sensu em
Ciência da Motricidade Humana, da Universidade Castelo Branco (BELTRÃO,
2000).
Este estudo investigou as causas da não-adesão da mulher aos esportes
tradicionais coletivos terrestres com bola (futebol, basquete, vôlei e handebol) como
lazer, e apoiou-se em dados quantitativos da participação feminina, em relação ao
contingente masculino, no âmbito dos esportes educacional, social, e de
desempenho, com a finalidade de confirmar a inferioridade na adesão esportiva
feminina.
Objetivos do Estudo
Objetivo geral
Verificar as possíveis causas da não-adesão da mulher, na faixa etária entre
20 e 35 anos, acerca da prática de esportes tradicionais, coletivos e terrestres
com bola (futebol, basquete, voleibol e handebol) como forma de lazer, na
Cidade do Rio de Janeiro.
23
Objetivos Específicos
Levantar historicamente a participação da mulher em práticas esportivas;
Obter, junto à literatura existente, explicações para as questões das relações
de nero, de aspectos sócio-culturais e da sexualidade que tenham
interseções com o estudo;
Evidenciar a influência das relações de poder como fator de exclusão
feminina das atividades esportivas;
Destacar a participação dos organismos internacionais, nacionais e de
intelectuais que promovem o esporte e a Educação Física;
Verificar, dentre as causas indicadas para a não-adesão feminina ao esporte
lazer, quais as mais freqüentes.
Justificativa e Relevância do Estudo
O presente estudo justificou-se pela necessidade de obtenção de mais
informações sobre os motivos que distanciam a mulher do esporte e pela
importância da identificação das causas que levam a este quadro, além de fornecer
indicativos que favoreçam a inclusão sócio-esportiva feminina.
Em acordo com os princípios da inclusão e da participação no esporte como
forma de lazer; a identificação das carências responsáveis por proporcionar um real
24
chamamento da mulher ao esporte é de suma importância, desta forma, contribuir
para um aumento progressivo do número de praticantes de esportes do sexo
feminino em relação ao sexo masculino na perspectiva do lazer.
A pesquisa desenvolvida deveu-se à importância das relações que o
fenômeno esporte desenvolve junto à sociedade, os benefícios proporcionados para
quem dele se utiliza e, especialmente, em relação às possibilidades que oferece à
mulher de desenvolver-se de forma integral, no sentido de emancipação nos
aspectos motor, social, esportivo, profissional ou no âmbito do lazer para a
promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida.
Esta investigação teve, ainda, como importante fundamentação, a
necessidade de uma melhor compreensão sobre as influências que o poder exerce
nas relações entre homens e mulheres.
A prática esportiva pode, neste sentido, proporcionar ao praticante do sexo
feminino minimizar os efeitos do poder masculino, construído ao longo da história
nas relações sócio-culturais entre os gêneros.
Portanto, as manifestações esportivas no âmbito do esporte lazer, devem
contribuir para a redução da diferença entre o quantitativo de esportistas do sexo
feminino em relação aos do sexo masculino, conforme dados levantados neste
estudo em relação a estes percentuais.
Este estudo denota, sobretudo, importância ao destacar a atividade física e o
esporte como agentes constituintes do fenômeno educativo e sócio-cultural, de valor
inquestionável (CÓDIGO DE ÉTICA, CONFEF/CREF, 2003) e, por conseqüência,
fator determinante para a inclusão sócio-esportiva feminina.
25
Delimitação do Estudo
A pesquisa foi delimitada pela investigação em seis Shoppings Centers da
Cidade do Rio de Janeiro, no centro comercial e na orla do bairro de Copacabana,
com um número limitado de sujeitos.
As respondentes, como condição primordial à pesquisa, não deveriam ser
praticantes de modalidades esportivas coletivas terrestres e com bola - futebol, vôlei,
basquete e handebol – como forma de lazer. O futsal e o vôlei de praia, não
especificados na pesquisa, foram compreendidos na abrangência do próprio futebol
e vôlei, respectivamente.
Apoiados na literatura existente, não foram consideradas diferenças
profissionais, econômicas, ideológicas, políticas, culturais ou religiosas dos sujeitos
envolvidos na pesquisa, como fatores de impedimento dos mesmos à participação
no estudo.
Questão do Estudo
O estudo teve por questão básica responder:
Que fatores contribuem para a não-adesão de mulheres, com idade entre 20 e
35 anos, aos esportes tradicionais, coletivos e terrestres com bola (futebol,
basquete, vôlei e handebol) como prática de lazer?
Em busca de identificar as principais causas da não-adesão feminina aos
esportes tradicionais, coletivos e terrestres com bola supracitados, na dimensão do
lazer, optou-se pela cnica da abordagem direta e aplicação do instrumento
26
questionário, junto a mulheres com idades compreendidas entre 20 e 35 anos,
freqüentadoras de shoppings centers e do centro comercial e orla do bairro de
Copacabana.
Com base nos pressupostos que levam a uma inferioridade numérica de
praticantes de esportes do sexo feminino em relação ao contingente masculino, foi
realizado um levantamento prévio sobre o quantitativo de ambos os sexos, no
âmbito dos esportes educacional, educação, social, lazer e de desempenho, como
suporte importante ao estudo, e que serão apresentados nesta pesquisa.
No entanto, esta investigação relacionou, principalmente, os esportes
educacional e escolar ao objetivo principal do estudo, por se acreditar ser um fator
de fundamental importância para a aquisição do hábito da prática esportiva na
infância a ser consolidado na adolescência e incorporado na idade adulta.
É lugar comum que a escola é um ambiente onde se estabelecem valores
para uma educação voltada a uma melhor qualidade de vida, através da prática
esportiva de maneira autônoma e democrática, como forma de lazer.
Foram abordadas, também, questões relacionadas às relações entre os
gêneros em um contexto histórico-cultural, como fator determinante para o baixo
índice de adesão feminina no universo esportivo.
A escola, a educação física, a cultura, o esporte, o poder, a mídia, a
sexualidade, a discriminação e a insurreição são algumas das vertentes que as
relações entre os gêneros abrangem e que devem ser consideradas em um estudo
desta natureza por estarem diretamente ligadas à trajetória percorrida pela mulher
no contexto sócio-esportivo e histórico-cultural.
27
Conceitos Básicos do Estudo
Esporte – Fenômeno sócio-cultural, cuja prática é considerada direito de todos, e
que tem no jogo seu vínculo cultural. É na competição o seu elemento essencial, o
qual deve contribuir para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar
o desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade
e a cooperação, o que pode torná-lo um dos meios mais eficazes de convivência
humana (TUBINO, 1999).
Esporte educacional Manifestação educacional que exige conteúdos
fundamentalmente educativos. Deve privilegiar no âmbito pedagógico, a integração
social, o desenvolvimento psicomotor e as atividades físicas educativas, contribuindo
para o desenvolvimento da personalidade do educando e da formação do cidadão
político, civil e social, preparando para o lazer e o exercício crítico da cidadania
numa esfera humanista (TUBINO, 2001).
Esporte lazer Também chamado de esporte-participação, caracteriza-se,
principalmente através da ludicidade, pelo bem-estar social do praticante, pelo
predomínio do não-formal em relação ao espaço e o tempo para a sua prática. Por
ser a dimensão social do esporte mais democrática, promove a integração e
favorece o lazer aos que dele participam (TUBINO, 2001).
Lazer - De acordo com a Associação Mundial de Lazer e Recreação, no
Congresso Mundial de Recreação e Lazer, o lazer (inclusive o jogo) é o tempo que,
de forma autônoma e limitada, o ser humano dispõe para a busca de experiências
28
significativas sem ferir as normas e valores da sociedade com a valorização do
desenvolvimento social e individual (WORLD LEISURE RECREATION
ASSOCIATION, 1998).
Esporte de Desempenho Dimensão social do esporte que exige complexa
organização e investimentos estreitamente ligados à iniciativa privada. Regido por
regras preestabelecidas por organismos internacionais, objetiva a vitória, favorece
os atletas de talento não tendo características democráticas. Proporciona
espetáculos esportivos que favorecem possibilidades sociais positivas e negativas,
tais como intercâmbio-cultural internacional, postos de trabalhos especialmente
ligados ao esporte e geração de turismo entre outros aspectos positivos, ou, a
violência e o negócio dentre os negativos (TUBINO, 2001).
29
CAPÍTULO II
REFERENCIAL DE APOIO AO ESTUDO
Mulher, Lazer, Atividade Física e Esporte: Aspectos Históricos e Interpretações
Ao longo do tempo a trajetória sócio-esportiva feminina sempre foi
caracterizada como secundária e de submissão em relação ao homem, fruto de um
processo histórico cultural no âmbito mundial. A imagem corporal da mulher,
estereotipada pela sua estrutura frágil como produto do estilo de vida -,
tradicionalmente fez com que esta assumisse papéis de pouco destaque na
sociedade ou hierarquicamente inferiores sendo a ela delegadas tarefas do lar, nem
sempre se permitindo desfrutar de atividades físicas, de lazer ou esportivas.
Nos dias de hoje, com a emancipação feminina, nota-se uma efetiva
participação de mulheres em vários segmentos da sociedade como no mercado de
trabalho, no lazer, na política e nos esportes, de forma crescente.
No contexto esportivo brasileiro os nomes de Maria Ester Bueno, tenista
consagrada no exterior e Maria Lenk, primeira mulher brasileira a participar de uma
olimpíada, são alguns dos ícones do esporte feminino que influenciaram as
gerações seguintes na conquista por novos espaços.
Na época em que ainda era colônia, o Brasil não dispunha de normas
esportivas.
Segundo Tubino (2002, p. 19).
[...] naquele período somente existiram práticas esportivas com caráter
utilitário pelos índios e colonizadores: o arco e flecha, a natação, a
canoagem, as corridas, as caminhadas, a equitação, a caça e a pesca. Os
objetivos dessas práticas esportivas relacionavam-se com as guerras e com
a própria sobrevivência dos praticantes.
30
Durante o período conhecido como Belle Èpoque” na cidade do Rio de
Janeiro, o lazer, segundo Gomes (1998), era privilégio das mulheres da elite carioca
e restringia-se aos clubes e salões ou saraus em casas de famílias de prestígio,
movidos à arte, literatura e música e seguidos, mais tarde, de outras atividades
como jogos de cartas e danças, de forma regular, inspirados nos moldes culturais
oriundos da França.
Como conseqüência, as mudanças observadas nos hábitos femininos foram
gradativamente alçando a mulher do seio do lar para atividades de rotina na rua. O
Trabalho ou o lazer suscitaram na mulher maiores preocupações com a aparência, o
que, a exemplo do modelo europeu, estimulou os padrões estéticos e da moda, com
reflexos na melhoria da aparência e o ressalto da sexualidade. O embelezamento, a
publicidade dos institutos de beleza, o comércio da estética e as preocupações com
a moda, segundo a autora, sempre em consonância com o modelo francês, fizeram
parte do processo de emancipação da mulher.
No entanto, apesar das evoluções trazidas pela modernidade, o ideário
predominante moldava um estereótipo de mulher frágil e de homem forte, tanto no
aspecto físico quanto no emocional; a “elas” eram recomendados a ginástica e
exercícios respiratórios que estimulassem a elegância, como o canto, a declamação
e a dança. A valorização do esporte e do condicionamento físico provocou, então,
mudanças nos hábitos familiares acerca dos conceitos inerentes à imagem e o culto
ao corpo, culminando com a projeção social feminina.
[...] as mulheres das elites que praticavam o turfe eram consideradas
avançadas para a sua época, pois lançavam a moda de ser jóquei.
Apareciam vestidas com terno e gravata, claro, sobre forte influencia da
moda européia. As mulheres das elites encaravam o esporte como uma
forma de diversão, realizavam corridas para exibir-se como um mero
espetáculo. Para a imprensa, essas mulheres representavam a
possibilidade de emancipação e modernidade, pois elas inovaram nesse
campo (GOMES, 1998. p.26).
31
A transição entre os séculos XVIII e XIX suscitou uma demanda por
atividades físicas que beneficiassem a maioria da população, como alternativa às
práticas corporais destinadas à elite. O fato proporcionou, ao fim do século XIX, a
integração da ginástica no ensino oficial.
Surge então, na esteira dos anseios pela promoção de uma política de saúde
popular, um projeto de exercícios físicos, pedagógicos e fundamentados
higienicamente, que proporcionavam ao corpo liberdade, autonomia e prazer em
harmonia com a natureza à sombra de valores severos de ordem e moral quanto ao
controle dos comportamentos.
De acordo com Gomes (1998), na virada do século XIX, vários autores
discursaram a favor da participação feminina em atividades físico-esportivas,
espelhados no modelo europeu como apropriado às mulheres da elite brasileira da
época, por se identificar com os aspectos da modernidade.
A autora (op.cit. p.14) se referencia em Sobrinho em seu contributo ao
aperfeiçoamento da educação física feminina, propôs a regeneração racial, ao
afirmar que “somente o exercício modificador, higiênico e plástico pode desenvolver
o organismo e ir, aos poucos, gradativamente, regenerando a raça, por esse natural
processo evolutivo”.
Por sua vez, Azevedo também é citado por Gomes (op.cit.) como precursor e
promotor da educação física no país, em sua obra "A evolução do esporte no Brasil",
que reprovava o fato de mulheres não desfrutarem da prática de atividades físicas,
ao afirmar que: "a educação física seria um conjunto de hábitos higiênicos, capaz de
fazer a mulher gerar belos filhos se também nelas se despertasse o gosto pelos
esportes"; e ressalta que um das causas do afastamento feminino da prática
esportiva é fruto da dicotomia existente entre força física e feminilidade.
32
As civilizações ainda não se desembaraçaram dos preconceitos a não ser
na Inglaterra e nos Estados Unidos, em que as jovens fortes, encontravam
na natação, no remo e na dança clássica uma fonte de energia e um
instrumento modelador das formas. E também na convicção errônea da
incompatibilidade entre o desenvolvimento muscular e a "beleza, entre a
força física e a graça” (GOMES, 1998, p.11).
A idéia de educação, como meio de transformação de um país, revelou-se de
forma expressiva nas idéias das elites modernistas. Rui Barbosa foi um dos
referenciais mais expressivos deste pensamento ao acentuar a importância da
saúde e da educação para a melhoria da sociedade.
Rui Barbosa (1947) produziu trabalhos referentes aos conceitos de uma
educação pública e estatal popular. Portanto, a educação escolar funcionaria como
artífice e moldaria, de acordo com os ideais de liberdade humana, a grande massa
popular: “o povo”.
Assim sendo, o autor, ao defender a prática da educação física escolar no
Brasil, indicou uma série de medidas para que a educação física servisse como
instrumento promotor de saúde, higiene física e mental, educação moral e de
regeneração ou reconstituição das raças, tais como:
Instituição de uma secção especial de ginástica em cada escola normal.
Extensão obrigatória de ginástica a ambos os sexos na formação do
professorado e nas escolas primárias de todos os graus, tendo em vista, em
relação à mulher. A harmonia das formas feminis e as exigências da
maternidade futura.
Inserção da ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, em
horas distintas das do recreio, e depois das aulas.
33
Equiparação, em categorias e autoridade, ginástica aos de todas as outras
disciplinas.
Apesar do discurso de caráter eugênico, ficou evidente que a educação física
brasileira, em suas primeiras reflexões, não excluiu a mulher, pelo contrário, esta foi
enaltecida.
Tubino (2002) relata que nos anos precedentes ao período conhecido como
Estado Novo surgiram no Brasil as principais modalidades esportivas, entre elas o
basquetebol e o futebol. A partir de 1920, o Brasil começou a participar regularmente
de competições internacionais e o futebol despontou como o esporte mais popular,
causando grandes conflitos esportivos.
Neste período, o Estado interviu no esporte para conter a desordem, e iniciou-
se a normatização do esporte brasileiro, com o Decreto - Lei nº. 3199 de 14/04/1941
- primeira legislação esportiva do país - que além do futebol, atingiu todas as
modalidades esportivas praticadas no Brasil, surgindo então o Conselho Nacional de
Desportos (CND).
No entanto, de acordo com os relatos de Castellani Filho (1986), a justificativa
para a contra-indicação da prática de alguns esportes por mulheres está inserida
neste mesmo Decreto Lei nº. 3.199, em seu artigo 54.
Às mulheres não se permitirá à prática de esportes incompatíveis com as
condições de sua natureza, devendo para este efeito o Conselho Nacional
de Desportos (CND) baixar as necessárias instruções às entidades
esportivas do país (CASTELLANI FILHO, 1986).
Conforme Mourão (1998), diante do quadro emancipatório feminino que se
apresentava no campo sócio esportivo, Mario Filho idealizou a primeira olimpíada
feminina do Brasil. Realizada no Rio de Janeiro em 1949 e intitulada “Jogos da
Primavera”, contou com a participação de várias instituições de ensino e clubes e
34
contribuiu para a adesão feminina ao esporte com o objetivo de propagar a prática
esportiva entre as jovens.
Entretanto, as olimpíadas femininas, com cobertura do Jornal dos Sports, ao
mesmo tempo em que enalteciam e incentivavam a participação feminina, através
dos benefícios estéticos proporcionados por atividades físico-esportivas como
natação, vôlei, marcha a pé, ciclismo, golfe, tênis e corridas, contra-indicavam outras
modalidades esportivas, por não serem adequadas ou proibidas à mulher como o
futebol e as lutas.
Mourão (1998) analisou discursos jornalísticos da época e identificou
distorções conflitantes quanto à participação feminina nos esportes. O que “a ela
pode e convêm diante de sua sensibilidade, fragilidade, maternidade e feminilidade”,
a respeito da “Nota Feminina” publicada no Jornal dos Sports (03/10/1948 p.04). E
afirma que:
por outro lado, a mesma Nota Feminina destaca praticas físico-esportivas
diferenciadas, com exposição moderada do corpo da mulher, aconselhando
e orientando as mulheres a respeito dos possíveis benefícios dessas
praticas, mostrando preocupações em relacionar tais práticas com a
estética feminina. Os cuidados com a beleza e a leveza estão associados
ao encantamento feminino e são onipresentes no discurso jornalístico e nos
valores da sociedade da época (p.170).
A autora ressalta que o poder exercido pela cultura masculina, dominante à
época, protegia a mulher da violação de sua estética corpórea e da ameaça à sua
graciosidade e beleza, representadas pela prática de exercícios.
Neste sentido, Mourão (in: VOTRE, 1996, p.64) percebe um “aprisionamento”
da expressão corporal feminina, um cerceamento da liberdade do corpo, inscrito
através de ordens simbólicas de sujeição na cultura masculina de dominação e
poder; sob a tutela da igreja católica patriarcalista a diferenciar os papéis femininos e
masculinos de acordo com poder e prestígio e do Estado, ao validar a condição do
35
homem trabalhador, chefe de família. Em contrapartida a mulher, imbuída da
manutenção da família e do lar, era impedida de realizar-se pessoal ou
profissionalmente.
É notória, desta forma, uma construção identitária pautada por diferenças
biopsicológicas relacionadas às aptidões produtivas e aos papéis sociais
desempenhados, que dificultavam a transformação do imaginário feminino em
relação às práticas sócio-esportivas.
Percebe-se, então, que o consenso predominante na sociedade da época,
notadamente masculina, consolidou na trajetória histórica da mulher os mitos da
maternidade, domesticidade, passividade, submissão e sujeição que revestiam as
tentativas de emancipação. O discurso pregava a normatização do corpo e da alma,
o tolhimento ameaçador do poder nas relações de gênero no seio familiar.
À luz das idéias de Foucault (2003), sobre estas relações, o poder
normatizador deve tornar o corpo dócil para torná-lo produtivo, subserviente e
submisso.
Entre as décadas de 30 e 50, Mourão (1998) relata que as principais
mudanças se verificaram no âmbito das representações e das práticas periféricas e
sociais - participar, competir, vencer, superar expectativas, quebrar regras e normas
e confrontar - inicialmente para uma minoria, através dos discursos de Maria Lenk,
Yara Vaz e Aida dos Santos, ícones do esporte nacional.
De acordo com a autora, neste período, o estado incentivou a eugenia e a
estética. A mulher ainda era representada como reprodutora mãe e dona de casa.
Porém, com o surgimento de novos espaços para a prática esportiva, proliferaram-se
os bailes e danças, fatos que contribuíram para o início da libertação do corpo
36
feminino que passou a escolher o seu cônjuge, durante o segmento temporal que
engloba os anos 30, 40 e 50, conhecido como “os anos dourados”.
Nesta perspectiva é possível interpretar que, sob a égide do patriarcado, a
mulher brasileira estava inserida em uma sociedade que lhe infligiu um
constrangimento físico e moral, que teve como suporte de repressão a Igreja e o
Estado. Deste modo, o discurso vigente apontava o exercício físico feminino com o
objetivo de uma gestação saudável com a finalidade de gerar indivíduos fortes e
saudáveis. À mulher era preconizada uma educação de qualidade inferior, com perfil
doméstico, em prol da família.
Portanto, estes procedimentos perpetuaram o poder instituído ao sexo
masculino, determinado a partir das diferenças constituídas nas relações entre os
gêneros que determinam padrões comportamentais e sociais consolidados.
No cerne das idéias de Mourão (1998), as representações sociais da mulher
brasileira nas atividades físico-esportivas, entre 1870 (período caracterizado pela
exclusão feminina) e 1950 (momento em que se verificou um processo generalizado
de democratização do acesso feminino ao esporte) culminaram com a realização da
primeira olimpíada feminina, ocorrida no Rio de Janeiro em 1949.
O século XIX caracterizou-se por importantes avanços científicos. Nesta fase,
homens e mulheres elitistas foram separados aos poucos, e instaurou-se um código
quanto aos seus redutos e suas relações com diferentes afazeres, principalmente
quanto à utilização do tempo livre e dos ambientes freqüentados, o que contribuiu
para a distinção do público e do privado, delineando fronteiras nas relações de poder
entre os gêneros.
Na Europa, segundo Hobsbawn (1995), os movimentos feministas emergidos
durante o século XIX suscitaram mudanças na vida da mulher. A insubordinação ao
37
patriarcado, a organização da mão-de-obra assalariada e a autonomia do indivíduo
civil promoveram um novo modelo de sociedade que buscava a equalização das
oportunidades em relação ao sexo masculino.
Hobsbawn (1995) intitula este período como a “Era de Ouro” que, baseada na
mais avançada pesquisa científica, despontava de modo ascendente para a
economia mundial após a depressão do pós-guerra.
No Brasil, no mesmo período, apesar do modelo europeu ter sido
apresentado com ares de modernidade (a França era o modelo), à mulher da elite
ainda não era permitido assumir a posição de sujeito.
Mourão (1998) relata que, no Brasil, a exemplo dos grandes centros europeus
e dos Estados Unidos, entre os séculos XIX e XX, o discurso vigente era
caracterizado pelo cunho social da prática físico-esportiva feminina, na figura de
agentes especializados nas áreas de saúde, educação, militar e religiosa, que
exerciam forte influência sobre a construção social da atividade física feminina.
as preocupações giravam em torno da preparação de uma mulher para o
seu papel social fundamental, que era de reprodutora. Formar um povo
higiênico era o objetivo do estado, que pensava salvar sua população e
atingir de toda forma a moral da família nacional, tendo a mulher como
sujeito responsável por esta função. A diferença é que nos Estados Unidos
e na Europa houve movimentos de mulheres no sentido de desmistificar a
idéia da fraqueza feminina para a prática de atividades físico-esportivas, e
também a de que estas atividades eram incompatíveis com a reprodução
(p.12).
A pesquisadora postula que não houve na história da emancipação esportiva
feminina um confronto explícito em busca do espaço social e, sim, um processo
lento de inserção; consolidado através da interação com segmentos masculinos da
vanguarda social e submetido a um controle normativo que, ao mesmo tempo em
que inseria, impossibilitava a mulher de emancipar-se acerca das práticas físico-
esportivas. A autora (op.cit.) reporta-se, ainda, às atividades físico-esportivas como
raro privilégio em relação às questões de gênero nas dimensões política, religiosa,
38
artística, trabalhista e literária para a manifestação do poder masculino ao apoio
familiar.
Considerando o que se discorreu até o presente momento é possível inferir-se
que, no discurso de atletas e praticantes de atividades físicas, são raros os
manifestos que associem tais atividades às lutas e movimentos sociais femininos e,
não menos, na literatura histórica sobre a relação mulher e esporte no Brasil, não se
percebem fatos ligados a movimentos de resistência feminina, ou feminista, em
eventos esportivos. No entendimento de Mourão (1998), é possível concluir que as
mulheres não se empenham, efetivamente, em quebrar ou diminuir a hegemonia
masculina no Brasil. Não projetos, no movimento dos direitos da mulher
brasileira, no que se refere ao campo esportivo.
Concluindo, na ótica de Mourão (op.cit.), o individuo é fruto do meio social do
qual se origina, e que vai se sucedendo, organizando e formando, através das
gerações, formas de conhecimentos e ações impostas aos indivíduos e
determinadas por razões históricas, econômicas e ideológicas, mecanismos de
perpetuação e reprodução dos grupos dominantes e que as representações
periféricas associadas à mulher no esporte passaram e passam por profundas
transformações.
[...] são desejos de emancipação, projetos de equalização de gênero, que
manifestam tendências a: a)contestação, revolta, desobediência, quebra de
contrato, quer da parte dos grupos dominados, quer da parte dos grupos de
lideres políticos, educadores, religiosos, jurídicos, artísticos e intelectuais
orgânicos que se incluem nesses movimentos; b) inscrição, infiltração por
uma via não contestadora, suave, menos ríspida, o confrontativa
(MOURÃO, 1998, p, 28).
Com a industrialização e a conseqüente elevação no nível de vida, as
famílias, então, passaram a desfrutar de hábitos modernos e tiveram como
39
conseqüência o aumento do tempo livre para as mulheres, que passaram a se
dedicar às atividades de lazer.
Por fim, é senso comum, que a participação em esportes e atividades físicas
promove, além de estados psicológicos positivos em relação ao próprio corpo, a
melhora da auto-estima, o desenvolvimento do caráter e a socialização, e ainda
proporciona aos jovens um instrumento de realização o disponível aos indivíduos
sem inclinação para a prática esportiva.
Estes fatores podem significar que a participação em esportes e atividades
físicas durante a adolescência pressupõe a autonomia quanto à adesão a essas
práticas durante a fase adulta e a inatividade na juventude tende à não-adesão na
idade adulta. Com base nestas informações, pesquisas enfatizam que os motivos do
abandono da prática de esportes e atividades físicas e a conseqüente diminuição do
índice de participação entre as mulheres durante a adolescência merecem
investigação e entendimento mais aprofundados.
De acordo com Myotin (in: ROMERO, 1995), as razões do declínio no índice
de participação feminina nos esportes e atividades físicas durante a adolescência
têm sido investigadas em estudos sobre a socialização feminina nos esportes.
Entretanto, divergências quanto às razões e a idade mais provável em que o
declínio se inicia. Nessas pesquisas, o tema mais debatido tem sido as constrições
psicológicas e sociais impostas pela imagem da feminilidade, o que é considerado
um comportamento apropriado de gênero.
Notam-se, então, mudanças nas atitudes relacionadas à participação feminina
no meio esportivo nas últimas décadas, porém, a sociedade ainda observa o esporte
como uma atividade orientada e dominada pelo homem.
40
Investigações revelam que interesses e conflitos com outras atividades são as
maiores razões pelas quais os adolescentes interrompem seu envolvimento em
esportes Myotin (in: ROMERO, 1995).
Neste sentido, este fator pode ser explicado pelo motivo de que, à luz das
idéias da autora, com o avanço da idade, os adolescentes têm menos tempo livre e
mais oportunidades e interesses em relação à prática de atividades físicas não-
atléticas. Assim sendo, o abandono da prática esportiva pode surgir devido ao
interesse por tais atividades e pela falta de tempo disponível.
Gênero, Cultura e Identidade
Ao investigar a condição cio-esportiva da mulher em relação ao homem,
convém compreender melhor as abordagens sobre os estudos de gênero e suas
vertentes diante das possibilidades de ruptura quanto aos dogmas que se
constituíram em paradigmas dominantes. Estas manifestações exerceram influência
nos modelos culturais observados em diferentes locais e períodos acerca dos
comportamentos identitários feminino e masculino.
Como exemplo de rompimento paradigmático, Hobsbawn (1995) nos reporta
às artes, em que destaca o surrealismo.
Ao contrário das vanguardas ”modernistas” dominantes, como o dadaísmo,
não se interessava pela inovação formal como tal. “Se o inconsciente se
expressava num fluxo aleatório de palavras (“escrita automática”), ou no
meticuloso estilo acadêmico do século XIX em que Salvador Dali (1904-89),
pintava seus deliqüescentes relógios em paisagens desertas, pouco
importava. O que contava era reconhecer a capacidade da imaginação
espontânea, não medida por sistemas de controle racional, para extrair
coesão do incoerente, e uma lógica aparentemente necessária do
visivelmente ilógico ou mesmo impossível (p. 180).
41
Neste contexto, o corpo social, principalmente a mulher, deve procurar
romper paradigmas de ordem estética numa tentativa de equalizar as diferenças
entre os gêneros, renegar as vanguardas modernistas dominantes, impostas ao
ideário estético feminino pelas diferentes formas de poder, como a mídia, por
exemplo.
Em alusão ao exemplo relatado por Hobsbawn (1995), a mulher deve, então,
buscar a sintonia com o presente e com a modernidade, não se sujeitar às formas
coercivas de poder e procurar, através da imaginação espontânea e da autonomia,
aderir às práticas físico-esportivas como modelo de lazer para a melhoria da
qualidade de vida, sobrepondo-se a estes sistemas.
Segundo o historiador, o acelerado processo de desenvolvimento econômico
dos países avançados, entre as décadas de 40 e 60, fez com que aumentasse o
número de empregos. À exceção dos EUA, os reservatórios de mão-de-obra
preenchidos durante a depressão pré-guerra e a desmobilização do pós-guerra se
esvaziaram e atraíram novos contingentes de mão-de-obra da zona rural e de
imigrantes estrangeiros; assim sendo, “mulheres casadas”, mantidas aentão fora
do mercado de trabalho, nele ingressaram de forma crescente.
A urgência com que se deu a abertura do espaço profissional à mulher
possibilitou, além da socialização, romper preconceitos e discriminações históricas
em busca da emancipação profissional e sócio-esportiva.
O fato possivelmente colaborou para a eclosão dos movimentos feministas
emergidos de países como Inglaterra, França e Estados Unidos nos anos 80, citados
por Scott (1995), sobre os conceitos de gênero vigentes nestes países.
Para a autora, a palavra “gênero” começou a ser utilizada pelas feministas
como forma de referir-se à organização social da relação entre os sexos e
42
acrescenta que, na gramática, gênero é entendido como uma maneira de
classificação de fenômenos; um sistema de distinções socialmente acordados, mais
do que uma descrição objetiva de traços inerentes. Além disso, as classificações
sugerem uma relação entre categorias que permite distinções ou agrupamentos
separados.
As considerações de Scott (1995) sobre gênero ecoam de forma coadunante
com as de Louro (2000), quando esta afirma que:
observar os corpos de meninos e meninas, avaliá-los, medi-los, classificá-
los, dar-lhes, a seguir, uma ordem; corrigi-los sempre que necessário,
moldá-los às convenções sociais fazer tudo isso de forma a que se tornem
aptos, produtivos e ajustados, cada qual ao seu destino. Um trabalho
incessante, onde se reconhecem ou e produzem divisões e distinções.
Um processo que, ao supor “marcas” corporais, as faz existir, inscrevendo e
instaurando diferenças (p.61).
Estas diferenças, portanto, são conjugadas de modo convergente entre as
autoras quanto ao termo “gênero” que, para Scott (op.cit.) soa como indicativo de
rejeição ao determinismo biológico implícito na utilização de termos como “sexo” ou
“diferença sexual”.
Percebemos que o objetivo desta assertiva é descobrir a amplitude dos papéis
sexuais e do simbolismo sexual nas diversas épocas e sociedades, ao identificar o
seu sentido e a forma de funcionamento para a manutenção e modificação da ordem
social a fim de transformá-la.
Para Louro (2000) as “marcas corporais” determinam a identidade como uma
atribuição cultural, pois os corpos são significados, representados e interpretados
culturalmente nas diferentes sociedades ou grupos que podem atribuir diferentes
significados às características físicas, dando importância ou não a elas, que têm seu
significado modificado ao longo da existência das culturas e dos sujeitos.
43
Nesta linha de raciocínio, Louro (2000) questiona os significados atuais de
uma cultura atribuídos a uma aparência corporal pré-determinada e a importância da
indagação sobre os processos históricos e culturais que possibilitaram valores
diferentes acerca de certas características que passaram a ter maior relevância do
que outras.
Tudo indica que o processo de atribuição destas “identidades” ocorre em meio
ao jogo de poder, que atribui também diferenças, é produzido em meio a disputas,
supondo classificações, ordenamento e hierarquias que ocasionarão sempre
processos de diferenciação.
Dessa forma, Louro (2000) acrescenta que o corpo não serve como indicador
definitivo e conclusivo das identidades, pois ele é maleável, fala múltiplas línguas,
tem muitos significados, engana e ilude.
Conclui-se então que, tanto a história que foi escrita, como a que está por
ser escrita, permeiam aspectos importantes em relação à mulher, seja em relação à
experiência pessoal e subjetiva, ou nas atividades públicas e políticas, pois, ao
analisar as categorias de classe, raça e gênero, o pesquisador deve levar em
consideração o sentido e a natureza das desigualdades de poder.
Por fim, parafraseando a autora (op.cit.), devem ser promovidos
questionamentos de forma que provoquem abalos ou, talvez, transformações, para
que se possa analisar, não apenas a relação passada entre a experiência masculina
e a experiência feminina, mas também a vinculação entre a história passada e a
prática histórica presente.
44
A Sexualidade na Ótica do Gênero
O termo gênero não deve servir para explicar diferenças biológicas do tipo:
mulheres servem para reproduzir a espécie e homens são mais fortes, e sim como o
indicador de constructos sociais, dos papéis próprios aos homens e às mulheres;
uma forma de referência às origens sociais das identidades subjetivas de homens e
mulheres (LOURO, 2000).
A partir das alegações da autora, o gênero pode ser definido como uma
categoria social imposta sobre um corpo sexuado, um meio de distinção da prática
sexual dos papéis atribuídos à mulher e ao homem, ao enfatizar todo o sistema de
relações que pode incluir, mas não ser determinado pelo sexo, nem determinar a
sexualidade.
Ao afirmar que gênero e sexualidade constituem-se em dimensões
extremamente articuladas, Louro (op.cit.) sugere uma distinção, pois, a partir da
identidade sexual se chega à identidade social e o gênero se constrói
fundamentalmente a partir das diferenças entre os sexos no seio da sociedade.
Desta forma, as identidades de gênero emergem das várias formas de viver a
masculinidade ou a feminilidade.
Nesta ótica, o conceito de sexualidade é utilizado para se referir às variantes
em que os sujeitos vivem seus prazeres, desejos ou fantasias sexuais,
determinando o relacionamento entre as identidades sexuais e as possibilidades
existentes na parceria quanto à fantasia e prática do jogo do sexo.
Entretanto, as teorias dos estudos feministas apontam gênero e sexualidade
como sendo constructos sociais, culturais e históricos não havendo, no entanto,
senso comum quando se trata da sexualidade.
45
Nos relatos de Louro (2000), a sexualidade é abordada em três dimensões:
primeiro, o determinismo biológico, formulado pela autoridade médica e autenticado
pela ciência a propor uma matriz biológica compartilhada por todos os seres
humanos, independentemente de classe, raça, gênero, nacionalidade e religião
constituindo, desta forma, um pilar biológico para a sexualidade e também sua
origem, seu núcleo ou essência; segundo, numa perspectiva essencialista, atribui a
origem da sexualidade a impulsos ou pulsões inatos, mesmo não reconhecidos
biologicamente.
De forma estrita é tido como um atributo inerente e universal, como a
essência ou a base da experiência e da vida sexual de todos os seres humanos; e,
em terceiro lugar, numa interpretação extra-determinismo e essencialismo, surge a
sexualidade como produto cultural, pois, “afirma-se que os sujeitos aprendem, no
interior da cultura, determinados comportamentos e atitudes que, naquele ambiente,
são considerados adequados para expressar seus impulsos e desejos sexuais”
(LOURO, 2000).
Louro denomina, ainda, esta perspectiva como “modelo de influência cultural”,
afirma ser este o modelo que dominou o campo da antropologia durante o século
XX, e ressalta a perspectiva do construcionismo social como contraponto à vertente
essencialista, ao afirmar o caráter construído, histórico e particular localizado na
sexualidade e acentuado nas práticas sexuais, similares aparentemente, porém com
significação diferente em culturas diferentes.
Em seus estudos sobre a sexualidade Louro (op.cit.) se referencia em
Foucault (1979) que, a respeito da sexualidade, afirma ser necessário melhor
compreendê-la através dos discursos que sobre ela se fizeram e se fazem, e, saber
como o sexo foi objeto de discurso, que instâncias produziram os discursos.
46
Scott (1995) também se apóia em Foucault ao destacar que a sexualidade é
produzida em contextos históricos, convergindo suas idéias com as de Louro (2000),
que afirma que linguagens, crenças, fantasias, códigos sociais, desejos
inconscientes, atributos biológicos, culturais e sociais constituem a sexualidade.
Sob esse olhar, as identidades sexuais passam a ser entendidas como nas
relações sociais de poder, em complexas articulações e em múltiplas instâncias
sociais. Tais fatos indicam que as identidades precisam ser compreendidas sob uma
ótica política.
Nomeadas no contexto da cultura, experimentam as oscilações e os
embates da cultura; algumas gozam de privilégios, legitimidade, autoridade;
outras são representadas como desviantes, ilegítimas, alternativas. Enfim,
algumas identidades são tão “normais” que não precisam dizer de si;
enquanto outras se tornam “marcadas” e, geralmente, não podem falar por
si (LOURO, 2000, p. 67).
Em relação às identidades, a autora nos informa que é possível afirmar que
estas são constituídas em relação umas às outras, inscrevendo-se nas diferenças,
com uma relação de interdependência. No entanto, mesmo considerando a relação
constitucional que representa qualquer identidade, percebe-se que algumas servem
de referência central às demais de forma cultural.
A despeito disso, estas identidades o tidas como normais, básicas e
hegemônicas, diferindo-se das outras por contraponto ou comparação.
No Brasil, é freqüente a afirmação da vivência em uma sociedade
multicultural, em encobrir divisões e conflitos que a constituem ao operar explícita e
implicitamente com uma identidade-referência: “o homem branco, heterossexual, de
classe média, urbano e cristão” (LOURO, 1998, apud LOURO, 2000, p. 68).
Porém, para a investigadora, as identidades que se constituem fora deste
senso comum são classificadas como “outras identidades” por não se constituir na
47
norma, no padrão e critério, e esta norma por si é a própria identidade suposta,
presumida.
Entretanto, a identidade que foge à norma, diferencia-se do padrão, torna-se
“marcada”, pois contraria o óbvio e, como tal, comparada ao modelo e olhar
hegemônico, muitas vezes, não responde por si própria, e assume assim uma falta
de identidade. Portanto, são construídas sob o prisma masculino.
Para Scott (1995), os sistemas ocidentais dominantes configuram uma divisão
evidente entre masculino e feminino.
De acordo com Louro (2000),
A identidade masculina branca heterossexual é o exemplo mais acabado da
invisibilidade de normas. Ela é, por excelência, não-problemática. Para
muitos, ela não é somente a identidade normal, mas é antes de tudo
”natural”. Apenas muito recentemente, em conseqüência da maior
divulgação dos estudos feministas e do crescimento da teorização
homossexual, é que se passou a interrogar também sua produção (p.69).
Isto significa que, esta identidade “padrãoé, contudo, o foco principal desde
os primeiros anos de vida na sociedade, de um modo geral. Especialmente na
família e na escola, servem como um empreendimento que visa assegurar o
pertencimento da categoria heterossexual, que em princípio deveria acontecer
naturalmente.
Dessa maneira, por o haver garantias para tal consolidação da identidade,
busca-se um processo de “heteronormatividade”, no qual a vigilância dos corpos
parte do exterior, da obediência às regras, aos preceitos ou códigos vigentes com
repulsa à homossexualidade ou o feminismo por parte dos corpos dos meninos.
As identidades, todavia, são construídas não na diferença, mas também
“são constantemente desestabilizadas por aquilo que deixam de fora” (STUART
HALL apud LOURO, 2000, p. 70).
48
O fato é que o centro da construção das identidades é o corpo, onde se
inscreve e, por conseguinte, se pretende ler a identidade dos sujeitos. O corpo
feminino, historicamente marcado, moldado e alterado por discursos distintos e
práticas disciplinadoras, permanece ainda hoje como o alvo mais visível e o mais
claro representante da sexualidade.
Neste contexto, o corpo serve de abrigo a uma ambivalência historicamente
atribuída através de representações antagonicamente divergentes que mesmo
assumindo outras designações, ainda aponta para uma divisão e um sistema
classificatório que demonstra a sexualidade como referência.
Louro (2000) nos informa ainda que, na escola, uma identidade é sempre
definida em relação à outra, no contraponto de sua afirmação e inscreve-se uma
diferença em relação à outra. ainda, no “epicentro” deste terremoto, que são as
relações de gênero, as identidades tidas como modelo, referência para as demais;
representadas como “normais”, básicas, hegemônicas - comparadas às “outras”, são
qualificadas como diferentes.
No ambiente escolar, tanto a estrutura funcional quanto a epísteme disciplinar
foram produzidas sob o prisma masculino heterossexual, deixando à margem os
saberes, experiências e os problemas das mulheres e dos grupos homossexuais, ou
seja, como uma “gama ampla e diversificada de artefatos lingüísticos”: um livro
didático, uma lei educacional, um guia curricular, uma fotografia, uma ilustração, um
filme, uma intervenção oral-docente ou discente em sala de aula (SILVA, apud
LOURO, 2000, p. 73).
A professora ressalta que as práticas cotidianas, arranjos físicos, distribuição
espacial e temporal dos indivíduos inscrevem e reafirmam, continuamente, como
marcas das diferenças sexuais e de gênero e nas observações quanto às situações
49
cotidianas vividas no ambiente educacional, especialmente nas aulas de educação
física em que certos gestos ou movimentos e determinadas atividades podem
denotar um caráter, por vezes, feminino para ser realizado por meninos, sendo por
eles negados.
A partir deste prisma, é possível afirmar que estas vertentes funcionam como
fatores determinantes na classificação da identidade sexual do indivíduo, de maneira
a direcioná-lo a um determinado grupo social, em função de sua origem cultural e
preferência por certos hábitos, modismos ou diferentes formas de linguagens.
O Lazer como Objeto de Posicionamentos Intelectuais e de Organismos
Internacionais do Esporte e da Educação Física
Os Documentos relacionados à educação física e o esporte, organismos
internacionais, determinaram uma nova ordem nos conceitos do esporte. Tubino
(2001) informa que o movimento precursor deste processo de revisão foi o Manifesto
Mundial do Esporte (1964), editado pelo Conseil Internationale d’ Èducacion
Physique et Sport (CIEPS), da UNESCO, assinado por um Prêmio Nobel da Paz
(Sir Phillip Noel Baker).
Este foi o primeiro documento a apontar o esporte para além do rendimento,
ao demonstrar a existência do esporte nos âmbitos escolar e de lazer, este último,
aberto para todos.
Em consulta ao Manifesto Mundial da Educação Física/FIEP (Federação
Internacional da Educação Física/2000), sobre cartas de organismos nacionais e
internacionais que regem a educação física e o esporte, observou-se que a “Carta
Internacional da Educação Física e do Esporte” (UNESCO/1978) estabelece, no seu
art. 1º, que “a prática da Educação Física e do Esporte é um direito fundamental de
50
todos”, e que, com esse pressuposto, as formas de exercício desse direito nas
práticas esportivas, em consenso internacional, foram localizadas no âmbito do
esporte educacional, no esporte lazer ou do tempo livre e no esporte de rendimento.
O Manifesto destaca em seus capítulos a importância da educação física e do
esporte.
No capítulo primeiro, o Manifesto destaca que a “Carta Internacional da
Educação Física e do Esporte” (UNESCO/1978) estabelece, em seu artigo 1º, a
prática da educação física e do esporte como direito de todos; este artigo, ao que
tudo indica foi inspirado na “Declaração Universal dos Direitos Humanos” (Nações
Unidas/1948) em seu art. 2º que determina que todos podem invocar os direitos e as
liberdades estabelecidas nesta “Declaração” sem distinção de raça, cor, sexo,
língua, religião, classe sócio-econômica ou nacionalidade.
A educação física é reconhecida histórica e universalmente como um dos
meios mais apropriados para a aquisição de uma melhor qualidade de vida e, de
acordo com a FIEP (art.1º): a “educação física, pelos seus valores, deve ser
compreendida como um dos direitos fundamentais de todas as pessoas”.
Ainda, segundo o Manifesto Mundial da FIEP (2000) sobre o conceito de
educação física, no seu segundo capítulo ressalta que, em uma determinada
“Cultura Física”, cujo culto ao corpo se reflete no desenvolvimento humano e social
manifestado através de práticas físico-esportivas e efetiva utilização do tempo livre,
a educação física surge como “fundamento” a tais práticas, além de desenvolver
habilidades e conhecimentos em atividade física e esporte para uma efetiva
participação profissional, familiar e no lazer.
Desta forma, a FIEP conclui no art. que, a educação física, através de
atividades corporais variadas, promove o lazer ativo, a consolidação de hábitos
51
saudáveis, uma efetiva educação para a saúde, ocupação saudável do tempo livre
para o lazer e formação da cidadania por parte de crianças, jovens, adultos e idosos.
O “Manifesto”, em consonância com o objeto de estudo desta pesquisa - a
mulher e os esportes no âmbito do lazer -, destacou a consideração de que as
práticas físicas percebem um processo educativo quando utilizadas com a finalidade
educacional nas formas de exercícios físicos, jogos, esportes, danças, atividades de
aventura, relaxamento e diversas ocupações de lazer ativo.
O Lazer como Forma de Exercício do Direito às Práticas Físico-Esportivas
A Carta Internacional de Educação Física e Esporte (UNESCO/1978), citada
pelo Manifesto, em seu art. 2º reconhece a educação física e o esporte como
elementos essenciais do sistema global de educação, e, por serem dimensões
fundamentais dos processos educacionais e culturais, desenvolvem aptidões,
anseios e autodomínio do ser humano, promove a sua integração na sociedade,
além de contribuir para melhorar e preservar a saúde, através de uma ocupação
saudável do tempo livre que cresce e favorece o aumento da longevidade dos
indivíduos em todas as sociedades do planeta, no que tange o desenvolvimento
humano e social.
Entre algumas considerações destaca-se aquela de que se julga melhor
sintetizar a proposta.
Que a Educação Física é a única disciplina na escola que atua diretamente
com o físico, movimento, jogos e esporte, oferecendo oportunidade às
crianças e adolescentes para, adquirir competências de movimentos,
identidades, desenvolverem conhecimentos e percepções necessárias para
um engajamento independente e crítico na cultura física [...] (MANIFESTO
MUNDIAL DE EDUCAÇÃO FISICA/ FIEP, 2000, p, 20).
52
Entre as principais orientações deste “Manifesto”, foram ressaltados os
indicativos da Carta Internacional de Educação Física e do Esporte
(UNESCO/1978), que estabelece como direito de todos à prática físico-esportiva,
inclusive no âmbito do esporte-lazer como abrangência social às pessoas adultas e
comuns, que de forma democrática e prazerosa, tenham fácil acesso a essas
práticas. Releva a importância da educação física para o lazer por favorecer aos
seus praticantes a promoção da saúde, além de desenvolver nas pessoas o bito
de práticas voluntárias de atividades físicas no tempo livre e o fato de o lazer
promover estados psicológicos agradáveis, como o prazer.
Considera, ainda, que a prática do esporte-lazer resulta das relações da
educação física com a iniciação esportiva. Estas relações, por sua vez, apresentam,
em acordo com a problemática a que o estudo se propõe a investigar, os fatores
determinantes para minimizar as causas da não-adesão feminina aos esportes como
forma de lazer.
Por fim, o esporte contribui de um modo geral para a formação e aproximação
dos seres humanos no reforço do desenvolvimento de valores morais, éticos,
solidários, fraternos e cooperativos, tornando-se um dos meios mais eficazes para a
convivência humana; é um dos maiores fenômenos socioculturais do século XX,
expresso pelo aumento da demanda de praticantes, interesse crescente da mídia e
dos investimentos econômicos que o cerca; e suas formas de exercício de acordo
com as práticas esportivas, no âmbito do esporte lazer ou do tempo livre e no
esporte de rendimento é um direito de todos, conforme ressalta o “Manifesto”
através da Carta Internacional de Educação Física e do Esporte (UNESCO, 1978).
53
O esporte, na esfera educacional, é entendido como as práticas esportivas
desenvolvidas nos sistemas de ensino com formas assistemáticas de educação, em
que:
a) os princípios da cooperação, co-educação, participação e outros princípios
estão presentes;
b) a seletividade e a hipercompetitividade são evitadas;
c) os objetivos são a formação para o exercício da cidadania e a prática do
lazer.
Na Declaração de Viena, o esporte foi reconhecido não apenas como fator
primordial para a saúde psicofísica da juventude, mas também como um modo de
integração social e ainda se constitui em meio de prevenção contra certas
influências nocivas do cotidiano, como sedentarismo, o uso de drogas, o alcoolismo
e a violência.
O esporte, portanto, é entendido como qualquer forma de atividade física, nos
diferentes níveis e como manutenção e melhoria da condição física e da qualidade
de vida. Então sua prática deve ser acessível às populações ao assegurar a
possibilidade de melhorar o potencial de desenvolvimento das pessoas.
No âmbito do esporte lazer ou do tempo livre é entendido como um esporte
voluntário praticado por prazer, onde as modalidades esportivas escolhidas têm a
finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na vida social e na
promoção da saúde, além de provocar um entretenimento saudável.
No “Movimento Esporte para Todos”, o esporte é reconhecido como um meio
de democratização das práticas esportivas e compreende todas as suas formas,
tornando-se extremamente importante para o desenvolvimento cultural de todas as
54
sociedades, sendo praticado com a finalidade de revalorização das pessoas e
melhoria da qualidade de vida.
As suas práticas deveriam, então, ser reconhecidas como base fundamental
para o desenvolvimento de atividades esportivas ao longo da vida e que, na escola,
deveria ser considerado como o fator mais importante para o fomento do esporte,
pois as crianças estão mais predispostas a participar de atividades esportivas extra-
escolares.
Neste sentido, por tudo que representa na amplitude do seu novo conceito, o
esporte é uma opção privilegiada de utilização de atividades físicas e deve merecer
uma educação específica para que as pessoas incorporem suas práticas às suas
culturas individuais.
O “Manifesto” destaca, inclusive, a importância da relação educação/esporte,
pelo potencial humano e social que o fenômeno sociocultural esportivo representa e
deve ser estimulado e promovido em todas as atividades relacionadas à educação
física. Igualmente, ressalta que o esporte educacional e o esporte lazer ou de tempo
livre são considerados conteúdos da educação física pela analogia entre objetivos,
meios e possibilidades de sua utilização ao longo da vida humana.
A Educação Física e seu Compromisso contra a Discriminação e a Exclusão
Social
Este capítulo nos remete à Conferência Internacional de Ministros e Altos
Funcionários Encarregados da Educação Física e do Esporte (MINESP
II/MOSCOU/1983), que preconiza “a promoção do Esporte para Todos e sua
extensão a todos os grupos da população com o devido respeito à dignidade
humana”; destaca, principalmente, a Convenção das Nações Unidas sobre a
55
“Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher” (1979), que
recomenda o reforço à afirmação de que o direito da mulher à educação física não
pode ser esquecido; e atenta, inclusive, para a importância do incentivo à adesão
feminina aos esportes através da educação física ao lembrar.
Que a Conferência Internacional de Ministros e Altos Funcionários
Encarregados da Educação Física e o Esporte, na Declaração de Punta del
Este (1999), indica uma melhor participação das meninas, jovens e
mulheres na Educação sica em todas as estatísticas, em concordância
com a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas (1979), e da Declaração
de Brigton sobre a mulher no Esporte (1994, p, 42).
O referido evento postula, ainda, sobre a iniciativa da UNESCO que, ao
desenvolver reflexões sobre os prejuízos humanos e sociais sobre a intolerância, o
racismo e a exclusão social, tem promovido ações concretas com a finalidade de
eliminar todas as formas de discriminação e exclusão. E ressalta que a educação
física constitui um excelente meio de integração social das pessoas em categorias
socialmente desfavoráveis e excluídas.
Na história do esporte, o meio mais efetivo contra a discriminação foi o
“Movimento Esporte para Todos”
, nascido na Noruega com o nome de “TRIM”.
Este “Movimento”, originado para contestar o esporte de rendimento,
desencadeou inúmeras campanhas de valorização das práticas físico-esportivas,
formais ou não-formais, abraçando um número cada vez maior de praticantes nos
mais variados espaços físicos. Este processo certamente contribuiu para suscitar
nas mulheres a adesão às atividades físicas e esportivas por uma maior qualidade
de vida.
A visão contemporânea do “Esporte para Todos” é o projeto “Agita São
Paulo”, que, inclusive, incorpora a atividade física como prevenção da saúde.
56
Para Tubino (2001), este modelo é classificado como “Esporte Participação” -
dimensão social do esporte referenciado com o princípio do prazer lúdico, e que tem
como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes. Também chamado de
esporte popular, guarda estreita relação com o lazer e o tempo livre, pois ocorre fora
das obrigações da vida diária e tem como objetivos a descontração, a diversão, o
desenvolvimento pessoal e a socialização entre as pessoas por possuir
características de liberdade e participação voluntária de cada praticante.
De acordo com o autor, o “Esporte Participação” é essencial a qualquer
processo de democratização, e favorece o equilíbrio no quadro de desigualdades de
oportunidades esportivas, comumente observado no âmbito do esporte performance
ou de desempenho, que permite o sucesso aos talentos ou àqueles que tiverem
condições cnicas. o esporte popular, ao contrário, proporciona o prazer à todos
que desta dimensão do esporte se beneficiem.
Finalmente, é essencial evidenciar que a FIEP, em suas conclusões
recomenda.
Art.18 - A Educação Física deve ser utilizada na luta contra a discriminação
e a exclusão social de qualquer tipo, democratizando as oportunidades de
participação das pessoas com infra-estruturas e condições favoráveis e
acessíveis (p, 43).
Concluindo, é senso comum, que a interação social promovida pela educação
física possibilita a construção de uma cultura sócio-esportiva inclusiva, no sentido de
favorecer a inserção feminina no mundo dos esportes, independente, dos padrões
estéticos corporais concebidos pela mídia.
Apesar da importância da mídia no incentivo à adeo sócio-esportiva
feminina, o fato é que ainda são pequenos os espaços destinados à mulher
esportista em jornais, programas de rádio e televisão e noticiários via internet.
57
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
Este capítulo objetiva descrever o modelo de estudo utilizado, os locais
pesquisados e os sujeitos selecionados para participar da pesquisa, bem como os
instrumentos e os procedimentos empregados na coleta e tratamento dos dados.
Esta seção balizou o estudo através de metodologia adequada ao perfil dos sujeitos
entrevistados durante a coleta de dados.
Tipo de Pesquisa
Segundo Thomas e Nelson (2002), o método de pesquisa descritiva mais
comum é o estudo exploratório, estudo de status amplamente utilizado na educação
e nas ciências comportamentais. O seu valor está baseado na premissa de que os
problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação,
análise e descrição objetivas e completas.
O método utilizado foi o estudo exploratório do tipo Survey, através de
entrevista pessoal junto a vinte mulheres, em cada um dos seis shoppings centers
visitados e, ainda, vinte no bairro (comércio e orla) de Copacabana, perfazendo um
quantitativo total de cento e quarenta sujeitos.
Esta técnica de pesquisa descritiva procurou determinar práticas presentes ou
opiniões de uma população específica, com a amostragem selecionada de forma
estratificada aleatória, ou seja, mulheres com idades entre 20 e 35 anos.
O modelo utilizado na seleção da amostra encontra respaldo nos estudos de
Thomas e Nelson (2002), que afirmam que a população deve ser dividida
58
(estratificada) de acordo com alguma característica, - neste caso a idade, os locais
pesquisados e a não-adesão aos esportes tradicionais com bola, como forma de
lazer - antes da seleção aleatória da amostra.
O propósito de selecionar uma amostra aleatoriamente, segundo os autores
supracitados, deve-se ao fato de que a amostra representa a grande população, ou
seja, os achados na amostra podem ser inferidos para a população maior. Portanto,
em termos estatísticos, uma característica, relação, ou diferença encontrada em uma
amostra provavelmente estará também presente na população da qual a amostra foi
selecionada (inferência).
A pesquisa objetivou a identificação de algumas causas que levam à não-
adesão feminina aos esportes tradicionais coletivos e terrestres com bola - Futebol,
Basquete, Vôlei e Handebol como prática esportiva voltada para o lazer. A
pesquisa descritiva foi, então, o referencial para a obtenção dos dados desejados
junto aos sujeitos determinados.
Para melhor visualização da organização do estudo apresenta-se, a seguir,
um organograma intitulado “Esquema e Organização do Desenvolvimento da
Pesquisa” (Quadro 1), que mostra um roteiro de todas as etapas cumpridas durante
a pesquisa, apresentadas e pontuadas em seus respectivos capítulos, de maneira
que todos os objetivos fossem atingidos.
59
Quadro 1: Esquema e Organização do Desenvolvimento da Pesquisa
CAPÍTULO I
O Problema e o Estudo
Introdução do Problema
-Objetivos do Estudo
-Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Justificativa e Relevância do Estudo
Delimitação do Estudo
Questão do Estudo
Conceitos Básicos do Estudo
CAPÍTULO II – REFERENCIAL DE APOIO
AO ESTUDO
Mulher, Lazer, Atividade Física e
Esporte: Aspectos Históricos e
Interpretações
Gênero, Cultura e Identidade
A sexualidade na ótica do gênero
O Lazer como Objeto de
Posicionamentos Intelectuais e de
Organismos Internacionais do Esporte e
da Educação Física
O Lazer como Forma de Exercício do
Direito às Práticas Físico-Esportivas
A Educação Física e seu Compromisso
contra a Discriminação e a Exclusão
Social
CAPÍTULO V – Conclusões e Recomendações
CAPÍTULO IV
Apresentação e Discussão
dos Resultados
CAPÍTULO III – Metodologia
Tipo de Pesquisa
Esquema e Organização do
Desenvolvimento da Pesquisa
Seleção da Amostra
Perfil Sócio-Econômico dos
Bairros
Instrumentos
Tratamento Estatístico
60
Ao considerar, no presente estudo, a importância da identificação das causas
da reduzida adesão feminina às práticas esportivas, como forma de lazer,
vislumbraram-se novas possibilidades para a inserção sócio-esportiva feminina.
O autor deste estudo acredita que a aquisição do hábito da prática esportiva
na infância e adolescência, consolidado na idade adulta, desenvolve entre os
indivíduos a autonomia para a prática de atividades físicas e esportivas para o lazer,
como estilo de vida saudável, além de promover o desenvolvimento das
potencialidades e melhoria na qualidade de vida.
Do ponto de vista metodológico, esta seção teve como objetivo principal
elucidar, através de procedimentos adequados ao tipo pesquisa, o modelo de
investigação utilizado e os caminhos percorridos para encontrar as principais causas
que determinam a não-adesão de mulheres com idade entre 20 e 35 anos aos
esportes tradicionais, coletivos e terrestres com bola (futebol, basquete, vôlei e
handebol) como forma de lazer.
Seleção de Amostra
Os sujeitos selecionados para pesquisa foram mulheres com idades variando
entre 20 e 35 anos, freqüentadoras de shopping centers e do comércio e orla do
bairro de Copacabana, não praticantes esportes tradicionais, coletivos e com bola,
como forma de lazer.
A opção pelos locais escolhidos para a coleta de dados deveu-se à hipótese
de se crer que a mulher que freqüenta shopping center tem tempo livre e condições
sócio-econômicas para a prática de esportes.
61
O objeto de estudo sofreu abordagem direta, pois a amostra da população
levantada foi configurada, inicialmente, através da observação direta para o
delineamento de sujeitos com o perfil ideal desejado para a pesquisa, e que
estivessem sentadas nas praças de alimentação dos shoppings escolhidos.
Dando seqüência ao método, após certificação de que haviam terminado de
lanchar ou fazer uma refeição e por estarem sentados, o procedimento imediato foi à
abordagem direta por meio de apresentação nominal e esclarecimentos quanto à
atividade profissional exercida pelo pesquisador - para eliminação imediata da
semelhança com algum vendedor de produtos ou serviços - e os objetivos da ação
em relação à importância social que a entrevista poderia contribuir em relação ao
estudo.
A partir da concordância do sujeito em participar da pesquisa, procedeu-se a
aplicação do questionário, tarefa descrita na seção “Instrumentos”.
Perfil Sócio-Econômico dos Bairros
Em consulta realizada junto à base de dados do Instituto Pereira Passos
(IPP), para melhor caracterizar o perfil da amostra coletada, foram levantadas e
apresentadas a seguir, informações sócio-econômicas dos bairros que abrigam os
centros de comércio e orla (Copacabana) onde foram realizadas as entrevistas.
No intuito de confirmar as possibilidades econômicas femininas para a prática
esportiva, foram levantados, ainda, junto ao “armazém de dados” do IPP, dados
referentes ao rendimento mensal médio do responsável do domicílio por sexo e por
Região Administrativa (RA) - Tabela 877, Anexo XII - e oriundo do trabalho por RA e
sexo - Tabela 879 - destes bairros.
62
Barra de Tijuca
A Barra da Tijuca
1
é um bairro residencial de classe alta que recebe um
grande número de novos investimentos imobiliários, incluindo grandes
hipermercados, shoppings e sedes de empresas. É um dos bairros que mais cresce
na cidade e onde está sendo construída a Vila Pan-americana, em que serão
alojados os atletas durante os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Com perfil jovem e residencial, este bairro da zona oeste da cidade do Rio de
Janeiro possui 18 km de praia e três grandes lagoas principais, além de lagoas
menores e canais. Possui três avenidas principais: a Avenida das Américas, que
conecta o bairro com a zona sul e os demais bairros da zona oeste, a Avenida
Ayrton Senna (antiga Av. Alvorada), que liga a Barra da Tijuca ao bairro de
Jacarepaguá e a Avenida Lúcio Costa (antiga Av. Sernambetiba), que segue a
margem da extensão da praia. Em todas as direções, a vista inclui lagoas e
montanhas ou o próprio mar, áreas apropriadas à prática de atividades de lazer.
A Barra da Tijuca é um bairro relativamente novo. É classificado como de
médio-alto desenvolvimento humano, tanto pelo Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH-=0,802) como pelo Índice de Condições de Vida (ICV=0,769), ocupando a
sexta posição no critério do IDH e a cima primeira no critério do ICV, quando
consideradas todas as regiões.
Os dados demográficos indicam que a região foi a que mais cresceu no
município, na década de 1990: cerca de 44% ou 124 mil novos habitantes. O maior
aumento populacional ocorreu na segunda metade da década, com uma taxa
relativa de crescimento de 26% ou 45.721 mil novos residentes.
1
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
63
Durante os anos 80, a Barra da Tijuca viu uma explosão demográfica, com
praticamente todos os terrenos ao longo de suas avenidas ocupadas por grandes
condomínios residenciais, parques, praças, supermercados, shoppings centers,
escolas, hospitais, áreas de lazer e academias de ginástica. As avenidas foram
duplicadas e receberam sinalização. Nesta época, houve um movimento de
emancipação da Barra e bairros vizinhos, mas o resultado do plebiscito foi contrário.
Os anos 80 registraram o surgimento de comércio, serviços de lazer fora dos
limites dos condomínios privados e a construção de empreendimentos residenciais
de menor porte (prédios isolados), transformando a Barra da Tijuca no “paraíso
imobiliário”, já que diversos lançamentos ocorreram neste período.
Na década seguinte, a região já apresentava um significativo contingente
populacional, o que estimularia o surgimento de edifícios comerciais de maior porte,
ocorrendo, deste modo, um novo boom imobiliário”, com o lançamento de
complexos de salas comerciais e de escritórios, como, por exemplo, o Downtown e o
Cittá América, e a ampliação da chamada “catedral do consumo”, o Barra Shopping.
Na década de 90 observa-se, do mesmo modo, a consolidação da Barra
como lugar privilegiado de lazer e de turismo, com o surgimento de novas opções de
entretenimento, representadas, principalmente, pelos parques temáticos, o que
aponta para investimentos futuros do setor hoteleiro, bem como a construção de
novos Shoppings Centers de diferentes dimensões, que reafirmam a tendência
desta região de se transformar num centro funcional de escala metropolitana.
Uma potência econômica com comércio, lazer e entretenimento que, por
possuir este perfil, foi considerado importante campo de investigação para que
fossem alcançados os objetivos desta pesquisa.
64
Botafogo
Bairro da cidade do Rio de Janeiro, Botafogo
2
está localizado na zona sul
entre os bairros do Flamengo, Humaitá e Urca. A enseada de Botafogo está
conectada diretamente com a Baía da Guanabara e oferece uma bela paisagem,
incluindo os barcos do Iate Clube do Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar e o Cristo
Redentor.
A praia de Botafogo é interligada ao parque do Aterro do Flamengo e às
praias do Leme e Copacabana por intermédio da ciclovia e se constituem em
importantes áreas de lazer na Cidade do Rio de Janeiro.
Na primeira metade do século XX ocorreu uma transformação no perfil de seu
morador típico: de bairro nobre, até então reduto privilegiado da aristocracia,
Botafogo passa a receber uma população diferenciada de funcionários públicos,
militares, operários, artesãos, comerciantes, bancários. É quando surgem os
primeiros cortiços e as primeiras vilas, produzidas em grande numero, para atender
a essa nova população. Botafogo torna-se, então, um bairro de ligação entre o
Centro da cidade e os novos bairros que vão sendo urbanizados e integrados à
malha urbana da cidade.
Em 1903, numa antiga chácara da Rua São Clemente é fundado o Colégio
Santo Inácio; em 1918, surge o Colégio Andrews entre outros particulares de
expressão, dando ao bairro um ar cosmopolita, junto com os primeiros edifícios de
três a seis andares, na orla da praia e nas ruas Voluntários da Pátria, São Clemente,
da Passagem e General Polidoro.
2
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
65
Hoje Botafogo é um bairro com dupla identidade. De um lado, faz a ligação
entre o centro e a zona sul e, de outro, mantém seus velhos casarões, suas vilas e
mansões que ainda fazem lembrar o sofisticado e aristocrático bairro que foi um dia.
Homenagem ao bairro onde nasceu e à enseada em que seus barcos
competiam, foi fundado no dia de julho do ano de 1894, o Club de Regatas
Botafogo, a estrela solitária, um dos mais tradicionais clubes de futebol do Estado do
Rio de Janeiro, posteriormente, em 5 de julho de 1899, dissidentes do clube Vasco
da Gama, fundaram uma nova associação naquele bairro, o Grupo de Regatas
Guanabara, que mais tarde tomou o nome de Clube de Regatas Guanabara.
No bairro de Botafogo existem três grandes Shoppings Centers como opções
de lazer e entretenimento: o Shopping Rio Sul, o Rio Plaza Shopping e o Botafogo
Praia Shopping, onde as pessoas podem se divertir com os cinemas, games,
restaurantes, Happy Hours, academias e uma infinidade de atrações.
Diante da importância de Botafogo como pólo gastronômico, cultural e de
lazer, este bairro foi um dos eleitos como prioritário para as observações e
entrevistas que permearam o desenvolvimento deste projeto.
Copacabana
Cercada pelos fortes do Leme e de Copacabana, pontos turísticos da cidade,
o bairro de Copacabana
3
é um dos mais belos atraindo boa parte dos turistas para
seus mais de 80 hotéis, que ficam especialmente cheios durante a época do
Reveillon e do carnaval. A tradicional queima de fogos de fim de ano, que pode ser
contemplada por todos na areia, é um festival que atrai uma multidão de pessoas,
3
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
66
turistas ou não. Sua orla é lugar de variados eventos, espetáculos culturais e
esportivos, nacionais e internacionais, durante todo o ano.
Nos finais de semana a faixa de areia fica igualmente cheia de moradores das
mais diversas regiões do Rio, que utilizam a boa infra-estrutura de transporte do
bairro, como ônibus e metrô, para se banharem sob o sol e no mar. O calçadão (com
suas famosas ondas pretas e brancas) é uma ótima opção para corredores e
ciclistas, e a faixa de areia oferece várias possibilidades para a prática de atividades
físicas e esportivas como forma de lazer, motivo pelo qual o bairro foi incluído na
pesquisa.
Atualmente, o bairro tem a maior concentração populacional da cidade, com
3.400 habitantes por quilômetro quadrado. Copacabana também abriga a maior
quantidade de idosos do município, com 16,7% da população acima de 60 anos.
Apesar da evolução do comércio em Ipanema e Leblon e do seu vizinho
Shopping Rio Sul, os serviços prestados em Copacabana continuam dinâmicos,
embora não possua grandes shoppings. O comércio ficou mais popular. Hotéis
continuam sendo construídos em Copacabana e a praia é internacionalmente
conhecida.
Madureira
Bairro criado no início do século XIX, fracamente povoado em seu interior e
chamado “sertão carioca”. Esta região era composta por grandes propriedades
rurais. Uma dessas fazendas era a do Campinho, situada na Freguesia do Irajá. Do
desenvolvimento da fazenda surgiu a semente do que viria a se tornar o bairro de
Madureira.
67
É um centro comercial que possui vários estabelecimentos, dentre os quais
destaca-se um, cuja história se confunde com a do próprio bairro: o Mercadão de
Madureira, no início uma grande quitanda de hortifrutigranjeiros, remonta à
Republica Velha. Inaugurado em 1914, o ponto de venda de produtos agrícolas
mudou de sede em 1916 e passou por uma ampliação em 1929.
No ano de 1959, o presidente Juscelino Kubitschek inaugurou o novo
Mercadão de Madureira, na Avenida Ministro Edgard Romero (local onde se
encontra até hoje). Como reflexo Madureira passou a ser um dos maiores
arrecadadores de ICMS da cidade e contém aproximadamente 650 lojas. O
comércio do bairro conta ainda com várias lojas, academias, cinemas, galerias
comerciais, o Madureira Shopping Center e, ainda, com uma das maiores fábricas
de biscoito, a Piraquê.
O bairro de Madureira
4
ocupa uma extensão de 378,76 ha, tendo uma
altíssima taxa de urbanização (99,93%). Possui uma população de 49.546
habitantes, distribuídos em 15.400 domicílios.
Por iniciativa de vários comerciantes locais surgiu o Madureira Atlético Clube,
substituindo o Fidalgo Atlético Clube, Madureira nis Clube e Imperial Basquete
Clube. Ao longo de sua história, o Madureira sempre foi considerado um celeiro de
craques, formando profissionais que chegaram até a integrar a seleção brasileira.
Além do Madureira Esporte Clube, têm sede em Madureira, três das maiores
escolas de samba do carnaval carioca: a Império Serrano, a Portela e a Tradição. O
bairro foi cantado em verso e prosa por diferentes inrpretes da MPB,
especialmente por Clara Nunes e Paulinho da Viola. Como aconteceu em outros
locais as artes teatrais perderam espaço para os cinemas de rua e, posteriormente,
4
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
68
para os shoppings centers, hoje, constituindo-se uma das maiores opções de lazer
da comunidade local.
Jacarepaguá
Por volta de 1950 havia cerca de 70 mil pessoas vivendo em Jacarepaguá
5
.
Com a descoberta da Barra da Tijuca houve um crescimento da região, que possui
hoje cerca de 800 mil habitantes, sendo o bairro mais populoso do Rio.
Jacarepaguá é um bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, localizado na baixada de
Jacarepaguá, entre o Maciço da Tijuca e a Serra da Pedra Branca e possui uma
área territorial de 7.579,64 ha, sendo o 4º maior bairro em área do município.
Circundado pelos bairros de Guaratiba a oeste, Bangu e Realengo ao norte,
Jacarepaguá a leste, Barra da Tijuca a sudoeste e sul, Recreio dos Bandeirantes e
Grumari ao sul e Campo Grande a noroeste, o Parque Estadual da Pedra Branca,
com seus 12.500 ha e cerca de 80 km de perímetro é considerado a maior floresta
urbana do mundo.
O maciço da Pedra Branca tem importante rede hidrográfica, já que parte dele
contribui para o abastecimento de água da região circunvizinha, destacando-se as
represas do Pau da Fome, do Camorim e do Engenho Novo.
No final do século XIX havia grande circulação de bondes com tração animal
pela região e esse local fazia parte do trajeto entre a “Porta d’água”, na Freguesia e
a Taquara. Por isso, em 1875, foi construído um grande reservatório para cavalos e
burros matarem a sede. Desde então, passou a ser chamado de Largo do Tanque.
5
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
69
O “Largo do Tanque”, sub-bairro da região, é um dos exponenciais da região,
por abrigar o Center Shopping, situado ao lado do SESI, grande centro de lazer e
entretenimento.
Próximo ao Largo da Freguesia situa-se o Bosque da Freguesia, área de lazer
com quadras poliesportivas, trilhas para caminhadas (2,5km), campo de futebol, e
aparelhos de ginástica além de atividades esportivas e recreativas regulares. Possui
ainda um play ground com mesas de jogos, um auditório e um anfiteatro para
exposições e encenações, e área de conveniência. Situa-se ainda ao lado de outro
grande shopping da região, o Rio Shopping.
Méier
O bairro do Méier
6
, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, é um bairro de
várias aparências, possui um lado mais urbano, em volta da Rua Dias da Cruz,
principal rua de comércio além de ser rua de lazer nos domingos e feriados e, um
outro, mais suburbano e calmo.
No século XVII o Méier era uma fazenda de cana-de-açúcar. Em 1760 houve
desentendimentos com a Corte Portuguesa e os donos da fazenda, os Jesuítas,
foram expulsos do Rio de Janeiro. A fazenda então foi dividida em 3 partes:
Engenho Novo, Engenho Velho e São Cristóvão.
Cortado pela estrada de ferro da Central do Brasil, a história do Méier às
vezes se confunde com a dos trens locais. O aniversário da estação ferroviária do
Méier é utilizado como data de aniversário do bairro: 13 de maio de 1889. A partir da
6
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
70
década de 1960 o Méier explodiu demográfica e comercialmente. Nele se encontra o
primeiro shopping center do Brasil. O Shopping do Méier.
Situado na 13ª região administrativa, conhecida como Grande Méier, o Norte
Shopping, localizado no Cachambi, é o maior shopping da zona norte, e o segundo
maior da cidade e, ainda, o de maior faturamento por metro quadrado da Cidade do
Rio de Janeiro. Sua circulação média é 2,4 milhões de consumidores ao mês.
Além do comércio de produtos e serviços, oferece uma intensa programação
cultural e de eventos voltados para o lazer em uma estrutura completa.
Considerado um dos principais ícones do bairro, o Jardim do Méier conta com
área aproximada de 13.000 m
2
e foi urbanizado na administração do prefeito
Azevedo Sodré em 1916.
Construído em função da Estrada de Ferro Central do Brasil, o Jardim do
Méier recebeu esse nome como forma de homenagear Augusto Duque Estrada
Méier, proprietário das terras antes da doação ao governo. Embora a praça só tenha
sido reconhecida como área pública em 1975, a criação do Jardim do Méier é um
marco da urbanização no subúrbio com seu inovador projeto paisagístico para a
época.
Como projeto social do bairro, o Norte Shopping, em parceria com a
Fundação Parques e Jardins, adotou o Jardim do Méier com um projeto de
revitalização da área de lazer, com a recuperação do projeto paisagístico original,
restauração do coreto - tombado pelo patrimônio histórico municipal - e um dos
poucos exemplares em forma que restam na cidade, com o objetivo de resgatar a
inocência das brincadeiras nas pracinhas de antigamente, e devolver a toda a
população esta importante área de lazer e tranqüilidade no coração da zona norte.
71
Tijuca
Considerado tradicionalmente como um bairro de classe média e média alta,
atualmente a Tijuca
7
é um bairro da zona norte cercado por comunidades de baixa
renda. A partir da década de 1980 passou a perder moradores para o bairro da
Barra da Tijuca.
Um dos principais pontos comerciais é a Praça Sães Pena. O bairro conta
com um expressivo setor de comércio e de serviços, hospitais, clínicas, escolas,
academias, universidades e clubes, entre eles o Tijuca Tênis Clube, o Tijuca Country
Clube, o Club Municipal, o América Futebol Clube, a Associação Atlética Tijuca e o
Monte Sinai.
O bairro conta ainda com as escolas de samba GRES Acadêmicos do
Salgueiro e GRES Unidos da Tijuca.
Embora tipicamente urbana, possui a maior floresta urbana do mundo
(Floresta da Tijuca) plantada por determinação de D. Pedro II, na segunda metade
do século XIX, pelo major Archer, em terras de cadesapropriadas, para combater
a falta de água que se instalara na então capital do Império. Trata-se de uma floresta
secundária, uma vez que é fruto de um replantio, compreendendo espécies que não
são nativas da mata atlântica, a cobertura vegetal original.
A Tijuca abriga o Shopping Tijuca, inaugurado em 1996, e maior complexo
comercial do bairro que reúne lazer, cultura, conforto e sofisticação numa moderna
infra-estrutura. Por deter tais características, este estabelecimento comercial foi
escolhido como um dos locais apropriados para a aplicação do instrumento
(questionário) junto aos sujeitos envolvidos neste estudo.
7
Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP)
72
Instrumentos
Inicialmente, foi entregue uma carta (Anexo I) a cinco professores
especialistas (três Doutores e dois Mestres) solicitando a contribuição no sentido de
validar o instrumento, que foi elaborado a partir de vinte e três possíveis causas
(Anexo II) quanto a não-adesão feminina aos esportes tradicionais coletivos com
bola, como forma de lazer.
Esta primeira validação do instrumento, submetida à apreciação dos
profissionais, teve como objetivo a obtenção do instrumento final.
Como segunda validação, após acatar as sugestões e alterações propostas
(Anexo III) pelos professores validadores, obteve-se o questionário final com vinte e
uma questões (Anexo IV) a ser aplicado junto às mulheres na faixa etária
compreendida entre 20 e 35 anos, freqüentadoras de shoppings centers, e não
praticantes dos esportes envolvidos neste estudo.
As entrevistas foram realizadas em dias e horários diferentes, em seis
shoppings centers de diferentes bairros da cidade do Rio de Janeiro e no bairro de
Copacabana.
Adotou-se, então, como estratégia de abordagem dos sujeitos, a exploração
dos espaços destinados às praças de alimentação, no período pós-refeição, devido
ao fato dos mesmos estarem sentados e acomodados, de modo a favorecer a
aplicação do instrumento e de maneira que a abordagem não interferisse na
atividade normal dos entrevistados.
No terceiro momento, a partir da concordância do sujeito em participar da
pesquisa e estando o mesmo dentro das condições pré-estabelecidas, como faixa
73
etária e não-adesão a um dos esportes listados, procedeu-se à orientação quanto ao
preenchimento do instrumento.
Em conformidade com a metodologia de pesquisa descritiva, as observações
e consultas foram realizadas em dias e horários variados, para a obtenção de dados
o mais próximo possível da realidade.
Este questionário foi aplicado junto ao sujeito respondente ao qual era
solicitado que, após ler as vinte e uma questões elaboradas, indicasse em ordem
decrescente de importância as seis causas mais relevantes à sua não-adesão aos
esportes relacionados na pesquisa.
As seis principais causas verificadas em cada local investigado foram, então,
pontuadas através de uma tabela inversa que atribuiu 6 pontos para a primeira
causa mais incidente, 5 pontos para a segunda, 4 pontos para a terceira, 3 pontos
para a quarta, 2 pontos para a quinta e 1 ponto para a sexta. A partir daí, somaram-
se os pontos de cada local, por meio da utilização de uma “tabela de incidência de
causas” (Anexo V), no intuito de se obter as causas mais incidentes em cada local
investigado.
Posteriormente, o mesmo procedimento foi adotado para a identificação das
seis causas mais observadas entre as seis respostas mais pontuadas de todos os
locais investigados para, finalmente, obter as três causas mais relevantes para
responder à questão principal deste estudo: “Verificar as possíveis causas da não-
adesão de mulheres, na faixa etária entre 20 e 35 anos, acerca da prática de
esportes tradicionais, coletivos e terrestres com bola (futebol, basquete, vôlei e
handebol) como prática de lazer”.
74
Tratamento Estatístico
O tratamento de dados foi orientado pela estatística descritiva, onde as
variáveis foram tratadas pela análise de freqüência com representação por tabelas
ou gráficos conforme preconizado por Costa Neto (2002). Nestes casos, a
significância das freqüências foi avaliada através do teste Qui-quadrado, tendo as
hipóteses:
H
0
: As freqüências são similares
H
1
: Pelo menos uma freqüência é distinta.
Para verificar possíveis diferenças entre as seis causas principais,
identificadas nos sete locais visitados, foi usado o teste de Kruskal-Wallis.
E
α
= 0,05, portanto tomou-se como significativa a variável que teve valor-p <
α
, ou seja, pode-se afirmar que a freqüência das respostas não se deu ao acaso,
sendo representativa a priori do grupo investigado.
75
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A partir da interpretação dos dados obtidos após a aplicação do instrumento,
com as respectivas pontuações descritas, verificou-se que a causa mais pontuada
foi a de número um (falta de tempo livre), com 600 pontos somados. Em segundo
lugar, a causa número doze (falta de motivação) somou 346 pontos, antecedendo a
causa número treze (falta de companhia), em terceiro lugar, com 233 pontos.
A causa número cinco (falta de oportunidade) surgiu em quarto lugar com 181
pontos, seguida das causas número três (falta de aquisição do hábito na
infância/adolescência) em quinto lugar, com 133 pontos e número dois (falta de
incentivo na infância/adolescência), em sexto lugar, com 127 pontos.
As causas de número vinte, sete, dezenove, oito, nove e seis foram as
demais causas pontuadas, porém de forma pouco significativa somando 87, 61, 59,
58, 42 e 28 pontos, respectivamente. Curiosamente as causas de número quatro,
dez, onze, quatorze, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito e vinte e um não foram
citadas por nenhuma das voluntárias como impedimento para a prática esportiva.
O Tratamento Estatístico utilizado observou dois momentos distintos, o
primeiro relativo às técnicas da estatística descritiva, considerando que o
instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário, com respostas de
conteúdo discreto nominal, e resultados apresentados por meio de gráficos com
suas respectivas distribuições de freqüências.
O segundo momento consistiu em estabelecer uma abordagem segundo as
técnicas da estatística inferencial, através da qual se fizeram os testes de hipóteses,
76
observando-se um nível de significância p < 0,05. Para tanto foram utilizados os
testes não-paramétrico de Kruskal-Wallis e teste não-paramétrico Qui-quadrado.
Neste sentido buscou-se verificar a existência ou não de relações causais
entre as questões complementares e que compõem o instrumento questionário.
Apresentação dos Resultados
No gráfico 1 estão os resultados da freqüência das respostas obtidas no
questionário aplicado no Barra Shopping. Os dados mostram que o maior percentual
da amostra foi constituído por indivíduos que indicaram a causa número um, “falta
de tempo livre” (36%), como a principal causa da não-adesão à prática de esportes
tradicionais com bola como forma de lazer, somando 94 pontos. As causas “falta de
oportunidade” e “de coordenação motora/habilidade” foram registradas como a
segunda causa mais relevante neste shopping (14%), alcançando 37 e 36 pontos
respectivamente.
A terceira principal causa apontada pelas voluntárias, falta de companhia”
(13%), somou 34 pontos, seguida da causa “falta de motivação” (12%), quarta causa
mais sugerida com 32 pontos. A questão referente ao “compromisso prioritário com
as atividades domésticas” (11%) foi a sexta mais indicada, alcançando 30 pontos.
Figura 1: Freqüência das Respostas - Barra Shopping
36%
14%14%
13%
12%
11%
Tempo Livre
Oportunidade
Coordenação/Habilidade
Companhia
Motivação
Outras Prioridades
Gráfico 1: Freqüência das Respostas – Barra Shopping
77
No gráfico 2 estão os resultados da freqüência das respostas obtidas no
questionário aplicado no Center Shopping. Os dados mostram que o maior
percentual da amostra foi constituído por indivíduos que indicaram a “falta de tempo
livre” (31%) como a principal causa da não-adesão à prática de esportes tradicionais
com bola, como forma de lazer, somando 81 pontos. As causas “falta de incentivo à
prática esportiva na infância e adolescência” e “falta de motivação” (15%) foram
apontadas como a segunda causa mais citada neste shopping, alcançando iguais 38
pontos.
Com relação à terceira principal causa apontada pelas voluntárias, aparece a
questão relativa à “falta de aquisição do hábito na infância/adolescência” (14%) ao
somar 37 pontos, seguida pela causa “falta de oportunidade” (13%) que foi citada
como a quarta causa mais sugerida, com 34 pontos computados. A questão
referente à “falta de coordenação motora/habilidade” (12%) foi escolhida como a
sexta causa para a o-adesão à prática de esportes tradicionais com bola,
alcançando 30 pontos.
Figura 2: Freência das Respostas - Center Shopping
31%
15%
15%
14%
13%
12%
Tempo Livre
Incentivo
Motivação
Hábito
Oportunidade
Coordenação/Habilidade
Gráfico 2: Freqüência das Respostas Center Shopping
78
No gráfico 3 estão os resultados da freqüência das respostas obtidas no
questionário aplicado no Norte Shopping. Os dados mostram que o maior percentual
da amostra foi constituído por indivíduos que indicaram a “falta de tempo livre”
(37%), como a principal causa da não-adesão às práticas esportivas com bola, como
forma de lazer, com 103 pontos somados. A causa “falta de oportunidade” (15%) foi
apontada como a segunda causa mais citada neste shopping, alcançando 42
pontos.
A terceira principal causa apontada pelas voluntárias foi a questão que
indicava a “falta de motivação” (14%), que somou 39 pontos, seguida pela causa
“falta de companhia” (13%) como a quarta mais sugerida, com 35 pontos. A questão
referente aos “espaços físicos para a prática com acesso difícil” (11%) foi assinalada
como a quinta causa mais importante, alcançando 31 pontos e, finalmente, a
questão “fatores econômicos” (10%) apareceu como a sexta causa principal, com 27
pontos.
No gráfico 4 estão os resultados da freqüência das respostas obtidas no
instrumento utilizado no Madureira Shopping. Os dados mostram que o maior
percentual da amostra foi constituído por indivíduos que indicaram a “falta de tempo
Figura 3: Freqüência de Respostas - Norte Shopping
37%
15%
14%
13%
11%
10%
Tempo Livre
Oportunidade
Motivação
Companhia
Espaço Fisico
Fatores Econômicos
Gráfico 3: Freqüência das Respostas – Norte Shopping
79
livre” como principal motivo para não praticar esportes tradicionais coletivos com
bola, como forma de lazer (24%), somando 65 pontos. A causa “falta de motivação”
foi apontada como a segunda causa mais citada (20%) neste shopping, alcançando
55 pontos.
Com relação à terceira e a quarta principais causas apontadas pelas
voluntárias aparecem as questões que indicavam a “falta de incentivo” (16%) e “falta
de companhia” (16%) que, selecionadas, somaram 45 e 44 pontos, respectivamente.
A questão referente à “falta de hábitos na infância/adolescência” foi a quinta
resposta mais citada (14%) alcançando 38 pontos e finalmente a falta de “incentivo
na escola” (10%) somou 28 pontos e foi a sexta causa principal da não-adesão aos
esportes abordados neste estudo, como forma de lazer.
No gráfico 5 estão os resultados das freqüências das respostas obtidas no
questionário aplicado no Tijuca Shopping. Os dados mostram que o maior
percentual da amostra foi constituído por indivíduos que indicaram a “falta de tempo
livre” (25%), como o principal motivo do afastamento feminino da prática esportiva,
somando 76 pontos. A “falta de motivação” (21%) foi a segunda causa mais
assinalada neste shopping, alcançando 63 pontos. Com relação ao terceiro principal
Figura 4: Freqüência das Respostas - Madureira Shopping
24%
20%
16%
16%
14%
10%
Tempo Livre
Motivação
Incentivo
Companhia
bito
Incentivo na escola
Gráfico 4: Freqüência das Respostas - Madureira Shopping
80
motivo apontado pelas voluntárias, a questão que indicava “filhos/maternidade”
(14%) somou 42 pontos.
As questões relativas à “falta de oportunidade”, “compromisso prioritário com
as atividades domésticas”, “falta de aquisição do hábito na infância/adolescência” e
a “falta de companhia” mostraram a mesma freqüência relativa (10%), sendo que as
duas primeiras questões somaram 31 pontos enquanto as outras alcançaram 29
pontos.
No gráfico 6 estão os resultados das freqüências das respostas obtidas no
questionário aplicado no Rio Sul Shopping. Os dados mostram que, ao contrário dos
outros locais investigados, o maior percentual da amostra foi constituído por
indivíduos que indicaram a “falta de motivação” (29%), questão número doze, como
a principal causa da não-adesão à prática de esportes tradicionais com bola como
forma de lazer, com 87 pontos.
A causa número um, “falta de tempo livre” (27%) apareceu como a segunda
resposta mais citada neste shopping, alcançando 82 pontos.
Com relação à terceira principal causa, foi apontada a questão número treze,
“falta de companhia”, com 18% e, como quarto motivo principal, foi respondida pelas
Figura 5: Freqüência de Respostas - Tijuca Shopping
25%
21%
14%
10%
10%
10%
10%
Tempo Livre
Motivação
Filhos/Maternidade
Oportunidade
Outras Prioridades
Hábito
Companhia
Gráfico 5: Freqüência das Respostas – Tijuca Shopping
81
voluntárias a questão número três, que indicava a “falta aquisição do hábito na
infância/adolescência” (10%) e somaram 53 e 29 pontos, respectivamente.
A questão número oito, referente ao “espaço físico para a prática com acesso
difícil”, foi a quinta resposta mais citada (9%), alcançando 27 pontos e, finalmente, o
ítem número vinte, “falta de coordenação/habilidade” (7%) somou 21 pontos e foi a
sexta principal alegação das respondentes para o praticar qualquer dos referidos
esportes como forma de lazer.
No gráfico 7 estão os resultados das freqüências das respostas obtidas no
questionário realizado em Copacabana. Os dados mostram que o maior percentual
da amostra foi constituído por indivíduos que indicaram a “falta de tempo livre” (35%)
como a principal causa da não-adesão à prática dos esportes envolvidos no estudo,
como atividade de lazer, contabilizando 99 pontos.
A causa “falta de motivação” foi apontada como a segunda causa mais citada
(15%) neste local, alcançando 44 pontos. As questões “falta de incentivo à prática
esportiva na infância/adolescência”, “falta de companhia” e “falta de oportunidade”
obtiveram a mesma freqüência relativa (13%), sendo que as duas primeiras
Figura 6: Freência das Respostas - Rio Sul Shopping
29%
27%
18%
10%
9%
7%
Motivação
Tempo Livre
Companhia
Hábito
Espaço sico
Coordenação/Habilidade
Gráfico 6: Freqüência das Respostas – Rio Sul Shopping
82
somaram 38 pontos e a última alcançou 37 pontos. A questão referente aos “fatores
econômicos” foi citada em seguida (11%) e somou 32 pontos.
No gráfico 8 estão representadas as causas mais pontuadas pelas voluntárias
para a não-adesão à prática de esportes tradicionais com bola entre todos os locais
visitados.
Das 21 questões que compuseram o questionário a “falta de tempo livre” foi a
que obteve maior freqüência relativa (32%) somando, no geral, 600 pontos. A “falta
de motivação” foi indicada como a segunda principal causa da não-adesão destas
mulheres (18%), aos esportes relacionados nesta pesquisa, alcançando 346 pontos.
Esta foi seguida da causa “falta de companhia” (12%), que somou 233 pontos e,
posteriormente, da “falta de oportunidade” (9%), com 181 pontos. A questão “falta de
aquisição do hábito na infância/adolescência” (6%) aparece na lista das seis mais
citadas com 133 pontos, assim como a “falta de incentivo” que somou 127 pontos.
As freqüências relativas das questões referentes à “falta de
coordenação/habilidade” (4%), “compromisso prioritário com as atividades
domésticas”, “fatores econômicos” e “espaço físico...” (3%) mostraram baixa
freqüência atingindo 87, 61, 59 e 58 pontos, respectivamente. As questões menos
Figura 7: Freqüência de Respostas - Copacabana
35%
15%
13%
13%
13%
11%
Tempo Livre
Motivação
Incentivo
Companhia
Oportunidade
Fatores Econômicos
Gráfico 7: Freqüência das Respostas - Copacabana
83
citadas foram “filhos/maternidade” (2%) e a “falta de incentivo na escola” (1%) e
somaram, respectivamente, 42 e 28 pontos.
Nos gráficos 9 e 10 estão citadas as seis e três causas mais pontuadas pelas
voluntárias para a não-adesão à prática de esportes tradicionais, coletivos e
terrestres com bola, respectivamente.
Figura 8: Freqüência Geral - As Causas Mais Pontuadas
32%
18%
12%
9%
7%
6%
4%
3%
3%
3%
2%1%
Tempo Livre
Motivação
Companhia
Oportunidade
Hábito
Incentivo
Coordenação/Habilidade
Outras Prioridades
Fatores Econômicos
Espaço sico
Filhos/Maternidade
Incentivo na escola
Gráfico 8: Freqüência Geral – As Causas mais Pontuadas
Figura 9: As seis causas mais pontuadas
38%
21%
14%
11%
8%
8%
Tempo Livre
Motivação
Companhia
Oportunidade
bito
Incentivo
Gráfico 9: As seis causas mais pontuadas
Figura 10: As três causas mais pontuadas
51%
29%
20%
Tempo Livre
Motivação
Companhia
Gráfico 10 – As três causas mais pontuadas
84
O gráfico 11 demonstra, em valores absolutos, as profissões mais citadas
entre as voluntárias deste estudo. Nela pode-se constatar que a maior freqüência foi
a de estudantes, seguida da profissão de professoras.
Os resultados do Teste de Kruskal-Wallis (Tabela 1) mostraram que não
houve diferença significativa entre as três causas principais indicadas como
responsáveis pela não-adesão à prática de esportes tradicionais com bola nos seis
shoppings e no bairro de Copacabana.
Tabela1: Resultados do Teste Kruskal-Wallis
p <0,05
Respostas
gl
p-valor
Tempo Livre 6 0,42
Oportunidade 4 0,40
Coordenação/Habilidade 2 0,36
Companhia 5 0,41
Motivação 6 042
Outras Prioridades 1 0,31
Incentivo 2 0,36
Hábitos 3 0,39
Espaço Físico 1 0,31
Fatores Econômicos 1 0,31
Figura 11: Freqüência das Profissões - As Mais Citadas
0
5
10
15
20
25
30
P
r
of
es
sor
a
Ca
ixa
Vendas
Advogada
Est
udante
A
dm
ini
s
tr
a
d
o
ra
Banca
r
i
a
Valores Absolutos
Gráfico 11: Freqüência das Profissões - As Mais Citadas
85
Os resultados do teste Qui-quadrado (Tabela 2) demonstraram que os
percentuais anteriormente destacados o foram significativos, ou seja, a
possibilidade de respostas ao acaso não foi nula. É imperativo considerar que tais
resultados eram esperados, pois a construção do instrumento permitiu grande
subjetividade, o que fatalmente impossibilitou uma avaliação mais precisa por
permitir a possibilidade de indução das respostas.
Tabela 2: Resultado do Teste Qui-Quadrado
p<0,05
Respostas
gl
p-valor
Tempo Livre 6 1,00
Oportunidade 3 0,89
Coordenação/Habilidade 2 1,00
Companhia 5 1,00
Motivação 6 1,00
Outras Prioridades 1 1,00
Incentivo 1 0,56
Hábitos 2 0,77
Espaço Físico 1 1,00
Fatores Econômicos 1 1,00
86
CAPÍTULO V
Conclusões e Recomendações
Mesmo distante da supremacia masculina no cenário físico-esportivo, a
mulher, ao longo do tempo, vem aderindo progressivamente às práticas esportivas
como forma de lazer, em busca de maior representatividade no cenário sócio-
esportivo.
A partir de investigações preliminares quanto ao quantitativo de esportistas de
ambos os sexos, nas dimensões sociais do esporte lazer, educacional e escolar e de
desempenho, percebeu-se que a maior adesão ocorre por parte do contingente
masculino. Diante deste quadro delineou-se o problema do estudo, que teve como
objetivo geral identificar as principais causas da não-adesão feminina, com idade
entre 20 e 35 anos, aos esportes tradicionais, coletivos e terrestres com bola
(futebol, basquete, vôlei e handebol), como forma de lazer.
Para melhor compreender as respostas procuradas, foram determinados
cinco objetivos específicos que, por meio de aprofundamentos realizados com base
nas abordagens dos autores referenciados, forneceram o suporte necessário à
elucidação das questões que permearam o estudo.
No primeiro objetivo específico ficou delineada a trajetória histórica da
condição sócio-esportiva feminina. A frágil relação feminina com o esporte, sempre
permeada pela exclusão, discriminação e preconceitos que ainda se verificam nas
relações entre os gêneros.
O segundo objetivo evidenciou aspectos sócio-culturais históricos nas
relações entre os gêneros, inclusive a sexualidade, que levaram a mulher à
submissão em relação ao homem em diferentes períodos, com o aval da igreja, do
87
patriarcado e da política e que contribuíram para o distanciamento feminino em
relação ao esporte lazer verificado ainda hoje.
O terceiro objetivo originou-se a partir das influências que estas instituições
exerceram e exercem nas relações entre os gêneros: o poder, mantido ao longo do
tempo como instrumento determinante para a exclusão sócio-esportiva feminina.
Tudo aquilo que era permitido ou conveniente à mulher era consumado sob a égide
do poder, num constructo sócio-cultural não inclusivo.
É importante ressaltar que a mídia também guarda estreita relação com o
poder, pois através do discurso, desempenha função determinante ao influenciar as
pessoas quanto à aquisição de bens, produtos e serviços ou práticas corporais da
moda. Reside então no corpo, veiculado pela mídia, as condições preestabelecidas
acerca do estereótipo corpóreo ideal, que muitas vezes nega à mulher o direito à
inserção sócio-esportiva, por esta não estar em acordo com os padrões corporais
pré-concebidos.
Neste sentido, os meios de comunicação deveriam, ao contrário, conclamar a
mulher às práticas esportivas, independente do seu perfil estético, num endosso à
cultura corporal por meio da prática de atividades físicas e/ou esportivas.
O quarto objetivo específico permitiu destacar a intervenção dos organismos
internacionais, nacionais e de intelectuais na promoção do esporte e da educação
física com suas leis, manifestos e resoluções que, entre outros aspectos, destacam
a importância do esporte, do lazer como instrumentos de extinção da discriminação
feminina.
Finalmente, como quinto e último objetivo específico, o estudo verificou,
dentre as questões indicadas para a não-adesão feminina ao esporte lazer, quais as
causas mais freqüentes apontadas pelas mulheres entrevistadas.
88
A partir da análise dos resultados obtidos neste estudo, foi possível concluiuir
que fatores como a “falta de tempo livre”, a “falta de motivação” e a “falta de
companhia” as três causas mais assinaladas no quadro geral - contribuem para a
não-adesão de mulheres aos esportes tradicionais, coletivos e terrestres com bola
abordados nesta pesquisa.
As considerações de Mourão (1998) revelaram que, no passado, a
industrialização e a conseqüente melhora do nível de vida possibilitaram à mulher
desfrutar de hábitos modernos e maior tempo livre para as atividades de lazer.
No entanto, as informações trazidas por Myotin (in: ROMERO, 1995) dão
conta de que, nos dias de hoje, interesses e conflitos com outras atividades são os
maiores responsáveis pela interrupção da prática esportiva por parte dos
adolescentes; e que, com o avanço da idade, estes têm menos tempo livre e mais
oportunidades e interesses em relação às práticas não-atléticas. Resumindo, a
autora infere que, sob esse ponto de vista, “o abandono da prática esportiva pode
ocorrer em virtude dos interesses por atividades não-atléticas e falta de tempo
disponível”.
A interpretação dos dados obtidos, aliada ao suporte extraído da literatura na
qual o estudo se apoiou, nos permite a interpretação de que a falta de tempo livre,
devido às obrigações profissionais, sociais e familiares, que a vida moderna impõe,
distanciam a mulher da prática esportiva como forma de lazer, pois este ocorre
principalmente durante o tempo livre e após o cumprimento de tais obrigações.
Tubino (2001) corrobora este quadro ao informar que o esporte popular está
estreitamente relacionado com o lazer e o tempo livre por ocorrer fora das
obrigações da vida diária e objetivar a descontração, a diversão, o desenvolvimento
pessoal e a socialização entre as pessoas.
89
A falta de tempo livre pode, deste modo, gerar em um grande número de
mulheres a desmotivação que, por sua vez, pode estar associada à falta de
companhia.
O estudo revelou que estas causas constituem-se, então, num conjunto de
fatores que atuam em cadeia e que, aliados às outras causas que mereceram
destaque nesta jornada científica, como a falta de oportunidade, falta de aquisição
do hábito na infância/adolescência e a falta de incentivo à prática esportiva na
infância/adolescência, contribuem para a exclusão sócio-esportiva feminina.
Desta forma, é necessário que ações amplas e efetivas sejam implementadas
no sentido de promover uma maior adesão de mulheres às práticas físico-esportivas,
a partir de iniciativas do poder público que fomentem o esporte nos âmbitos
educacional, social e do lazer. Por outro lado, a práxis do profissional de educação
física no ambiente escolar deve incentivar a prática esportiva entre as meninas, de
modo que se incorpore cada vez mais na rotina das jovens e adolescentes o hábito
da prática esportiva, a ser consolidado na idade adulta, junto à população, numa
cultura voltada para a saúde através da prática de esportes para uma melhor
qualidade de vida.
Portanto, recomenda-se que novos estudos e investigações sejam realizados
junto à população, independente da diversidade cultural entre as classes sociais dos
diferentes bairros e comunidades da cidade do Rio de janeiro, com o objetivo de
detectar que fatores seriam relevantes para uma efetiva adesão feminina à prática
esportiva e, por outro lado, que motivos contribuem para a não-adesão feminina aos
esportes envolvidos nesta pesquisa.
Embora esta dissertação de mestrado tenha identificado como principais
causas do impedimento feminino ao esporte, como forma de lazer, a falta de tempo
90
livre, a falta de motivação e a falta de companhia, outras vertentes abordadas nesta
empreitada, por atuarem em rede, contribuem de forma determinante para a
exclusão feminina dos esportes e abrem novas possibilidades para futuras
pesquisas.
Anseio observar habitualmente, tanto no ambiente escolar quanto nos
projetos sócio-esportivos, nos espaços públicos ou nos clubes e onde mais houver
manifestações esportivas abrangidas pelas dimensões sociais do esporte, -
classificadas por Tubino (2001) como educacional, escolar, lazer e desempenho -
ações que efetivamente conduzam a mulher a incorporar a prática esportiva em sua
rotina de lazer e assim favorecer o surgimento e a consolidação de uma nova cultura
esportiva, na forma despretensiosa que o lazer proporciona.
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALONSO, Luiza Klein. In: Antonio Carlos Simões (org.) - Mulher e Esporte - mitos e
verdades – Barueri, São Paulo: Manole, 2003, p. 35-47. Cap. 2.
BARBOSA, Rui. Obras Completas de Rui Barbosa. Rio de Janeiro: Ministério da
Educação e Saúde, 1947. V: 10.
BELTRÃO, Fernanda Barroso (org.). Produção em ciência da motricidade
humana (PROCIMH/1999). Rio de Janeiro: Shape, 2000.
BERESFORD, H. Valor: Saiba o que é. Rio de Janeiro: Shape, 1999.
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta.
Rio de Janeiro: Papirus, 1986.
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Código de Ética, CONFEF /
CREF. 6ª ed. Brasil, 2003.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Carta Brasileira de Educação
Física, CONFEF. Brasil, 2000.
COSTA NETO, P.L.O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 2002.
FÉDÉRATION INTERNACIONALE D’EDUCATION PHYSIQUE. Manifesto FIEP:
Paris, 2000.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 18. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
________________. Vigiar e punir: historia da violência nas prisões. 27 ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2003.
GOMES, Euza M. P. F. Atividades Físico-Desportivas de Mulheres da Elite
Carioca, 1900 a 1980. (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro, Universidade
Gama Filho, 1998.
HOBSBAWN, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
92
INSTITUTOPEREIRA PASSOS (IPP). Disponível em:< http://www.armazemdedados
rio.rj.gov.br/renda>.Acesso em 26 jul 2006.
LOURO, Guacira Lopes. Corpo escola e identidade. In: Educação & realidade.
Porto alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação,
V.25, n.2 jul./dez.de 2000, p.59-75.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 8. ed. São Paulo:
Nacional, 1981.
MOURÃO, Ludimila. A Imagem da Mulher Esportista nos Jogos da Primavera
dos anos 50. In: VOTRE, S. (org.). A Representação Social da Mulher na Educação
Física e no Esporte. Rio de Janeiro. Editoria Central da Universidade Gama Filho,
1997, p. 61-77.
. A Representação Social da Mulher Brasileira na Atividade
Físico-Desportiva: Da Segregação à Democratização. 1998. 308 f. Tese
(Doutoramento) Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade
gama Filho, Rio de Janeiro, 1998.
MYOTIN, Emmi. A Participação da Adolescente Brasileira em Esportes e
Atividades Físicas como Forma de Lazer: Fatores Psicológicos e Sócioculturais.
In: ROMERO, E. (org.) Corpo, Mulher e Sociedade. Campinas, São Paulo: Papirus,
1995, p. 177-197.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Carta Internacional da Educação Física
e Desportos: 20ª Reunião da Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura: Paris, 1978.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de analise histórica. In: Educação &
realidade. V.20, n.2 jul/dez 1995. Porto alegre: Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Faculdade de Educação, p. 71-99.
SIEBERT, Raquel Stela de Sá. As relações de saber-poder sobre o corpo. In:
ROMERO (org.) Corpo, Mulher e Sociedade. - Campinas, São Paulo: Papirus, 1995.
p. 15-42.
THOMAS, Jerry R. e NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física.
3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
TUBINO, M. J. G. O Que É Esporte, reimpr. ed. 1993, São Paulo: Brasiliense,
1999.
93
____________
. Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez. ed. Revista,
2001.
____________
. 500 Anos de Legislação Esportiva Brasileira Do Brasil-Colônia
ao Início do Século XXI, Rio de Janeiro: Shape, 2002.
WORLD LEISURE RECREATION ASSOCIATION. Associação Mundial de Lazer e
Recreação – 5º Congresso Mundial de Recreação e Lazer, 1998.
94
BIBLIOGRAFIA
APPLE, Michael W., Power, meaning and identity: essays. In: critical educational
studies. New York: Peter Lang, 1999.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
Cap. 4.
CHARTE EUROPÉENNE DU SPORT & CODE D’ETHIQUE SPORTIVE. Paris:
2001.
COLWIN, Cecil M. Nadando para o século XXI. São Paulo: Manole, 2000.
DAIUTO, M. B. Basquetebol: Metodologia do Ensino. ed. São Paulo: Brasipal,
1983.
DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo (Entrevista a Maria S. Palieri). (trad. Léa
Manzi). Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DE HOMENS E MULHERES EM OLIMPÍADAS.
Disponível em:<http://www.esporte.uol.com.br/olimpiadas/todasolimpiadas.>Acesso
em 03 jun 06.
FARIA JR., A. G. Futebol, questões de gênero e co-educação: algumas
considerações didáticas sob enfoque multicultural. Revista de Campo: Futebol e
Cultura Brasileira, v.2, 1995.
FERREIRA, Aluísio Elias Xavier. Basquetebol: cnicas e táticas. Uma abordagem
didático-pedagógica. São Paulo: EPU, 1987.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário
da língua portuguesa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
GOELLNER, Silvana V. Pode a mulher praticar futebol? In: CARRANO, Paulo C.
(org.). Futebol: paixão e política. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
MASSUCATO, José Geraldo. Preferências de práticas esportivas dos
estudantes do grau nível II e grau. Revista Paulista de Educação Física, n.2.
São Paulo: 1988.
MARIZ DE OLIVEIRA, J. G. Educação Física e Esportes no Ensino Superior. In:
Educação Física e Esportes na Universidade. Brasília: SEED-MEC/UNB, 1988.
95
MEDALHA, J. e BORSARI, S. Basketball. Manual de Educação Física. São Paulo:
EPU, 1975. 2º vol.
NEUMANN, Erich. A Grande Mãe. Um estudo fenomenológico da constituição
feminina do inconsciente. São Paulo: Cultrix, 2003.
PEREIRA, Flávio M. A dialética da cultura física. São Paulo: Ícone, 1988.
PINHEIRO, Cláudia. A Mulher e a Prática Desportiva durante o Estado Novo.
Portugal: Instituto Superior da Maia, 2002.
REIS, Jaime Werner. A natação na sua expressão psicomotriz. 2. ed. Porto
Alegre: D.C. Luzzatto, 1987.
ROCHA FERREIRA, M. B. A mulher e esporte: Uma abordagem histórico-
antropológica [Resumo]. V Encontro de História do Esporte, Lazer e Educação
Física. Coletânea. Maceió: 1997.
SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte: teoria e aplicação prática. Belo Horizonte:
Imprensa Universitária, UFMG, 1995.
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO. Multieducação:
Núcleo curricular básico. Rio de janeiro: 1986.
SOCIEDADE DAS CIÊNCIAS ANTIGAS. Os Sete Planetas e os Deuses Gregos.
Disponível em: <
http://www.sca.org.br/artigos/SetePlanetas.pdf>. Acessado em 11
jan. de 2005.
TAFFAREL, C. N. Z. e FRANÇA, T. L. A mulher no esporte. In: Revista brasileira
de ciências do esporte, 1996.
TUBINO, M. J. G. As teorias da educação física e do esporte: uma abordagem
epistemológica. São Paulo: Manole, 2002.
VOTRE, Sebastião (org.). A representação social da mulher na educação física e
no esporte. Rio de Janeiro: Editoria Central da Universidade Gama Filho, 1996.
96
ANEXOS
97
MODELO DE CARTA
Sr.(a) Validador (a)
Solicito a sua colaboração, no sentido de validar o documento que será
utilizado como instrumento de pesquisa para dissertação de mestrado.
O referido estudo tem como título “A mulher e os esportes tradicionais
coletivos com bola: estudo sobre as causas da não adesão de mulheres, entre 20 e
35 anos, aos esportes futebol, voleibol, basquete e/ou handebol, tendo como
conseqüência um menor percentual numérico de mulheres praticantes de esportes,
no âmbito do lazer, em relação aos homens”. O instrumento tem como objetivo
verificar a relação das possíveis causas da não adesão.
Neste sentido, foram elaboradas 2 questões primordiais para que o sujeito
atenda aos objetivos do estudo.
Foram listadas 23 causas hipotéticas que serão utilizadas como referencial
nesta validação dos motivos possíveis que contribuem para a não adesão feminina
ao esporte como forma de lazer.
Assim, para obter-se a opinião sobre os documentos, em relação às questões
a serem respondidas, pedimos ao Sr.(a) que verifique a coerência, a clareza e a
validade do quadro apresentado (questões e causas ). Em anexo, segue uma folha
dirigida para a emissão do seu parecer em relação a cada uma das perguntas. Caso
concorde com a pergunta, marque um X na opção (M) MANTER, caso descorde,
marque (R) RETIRAR ou (RE) REFORMULAR sugerindo a alteração no espaço
abaixo.
Antecipadamente, agradeço a valiosa colaboração.
_________________________________
Zander Ribeiro Wanderley Lins
98
FICHA DE VALIDAÇÃO DO ESTUDO
DADOS PESSOAIS
Nome:____________________________________________________________________________________
Área de Atuação:_________________________________E-mail____________________________________
Grau de Especialização:____________________________________________________________________
Endereço:____________________________________________ CEP:_____________________________
Bairro:_______________________________ Município:___________________________________________
Local de trabalho:__________________________________________________________________________
VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO CAUSAS DA NÃO ADESÂO FEMININA ÀS PRÁTICAS
ESPORTIVAS.
Marque um X na opção (M) MANTER, se concordar com a definição, marque (R) RETIRAR, caso
descorde ou marque (RE) REFORMULAR, sugerindo a reformulação no espaço abaixo.
CAUSAS
VALIDAÇÃO DO ESTUDO
1- Falta de tempo livre ( M ) ( R ) ( RE )
2- Falta de incentivo à prática esportiva na infância/adolescência ( M ) ( R ) ( RE )
3- Falta de aquisição do hábito na infância/adolescência ( M ) ( R ) ( RE )
4- Falta de informação ( M ) ( R ) ( RE )
5- Falta de oportunidade ( M ) ( R ) ( RE )
6- Falta de incentivo na escola ( M ) ( R ) ( RE )
7- Discriminação contra a mulher no esporte ( M ) ( R ) ( RE )
8- Compromisso prioritário com as atividades domésticas ( M ) ( R ) ( RE )
9- Fatores econômicos ( M ) ( R ) ( RE )
10- Dificuldades de espaços físicos próximos ( M ) ( R ) ( RE )
11- Filhos/maternidade ( M ) ( R ) ( RE )
12- Predominância da preferência pela estética ( M ) ( R ) ( RE )
13- Violência no esporte ( M ) ( R ) ( RE )
14- Falta de motivação ( M ) ( R ) ( RE )
15- Falta de companhia ( M ) ( R ) ( RE )
16- Falta de políticas públicas ( M ) ( R ) ( RE )
17- Posições contrárias da família ( M ) ( R ) ( RE )
18- Traumas esportivos na infância ( M ) ( R ) ( RE )
19- orientação religiosa contrária ( M ) ( R ) ( RE )
20- Doenças graves anteriores ( M ) ( R ) ( RE )
21- Exemplos negativos pelos professores ( M ) ( R ) ( RE )
22- Falta de coordenação/habilidade ( M ) ( R ) ( RE )
23- Falta de segurança pública ( M ) ( R ) ( RE )
Antecipadamente agradeço a colaboração.
Zander Ribeiro W. Lins
99
SUGESTÕES:
1
2
3
4
OBS:
100
INSTRUMENTO PARA APLICAÇÃO JUNTO AO SUJEITO
(QUESTIONÁRIO)
DADOS PESSOAIS
Nome:_________________________________Profissão:____________________
Idade entre 20 e 35 anos: ( ) sim
VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO CAUSAS DA NÃO ADESÂO FEMININA ÀS
PRÁTICAS ESPORTIVAS.
Marque as 6 principais causas da sua não-adesão aos esportes tradicionais
coletivos com bola (futebol, basquete, vôlei e handebol) como lazer, numa escala de
importância da 1ª à 6ª questão.
CAUSAS
VALIDAÇÃO DO ESTUDO
1- Falta de tempo livre
2-Falta de incentivo à prática esportiva na
infância/adolescência
3- Falta de aquisição do hábito na infância/adolescência
4- Falta de informação
5- Falta de oportunidade
6- Falta de incentivo na escola
7- Compromisso prioritário com as atividades domésticas
8- Espaços físicos para a prática com acesso difícil
9- Filhos/maternidade
10- Acredita que tais práticas tornem o corpo anti-estético
11- Violência nas práticas esportivas
12- Falta de motivação
13- Falta de companhia
14- Falta de políticas públicas
15- Falta de incentivo da família
16- Experiências negativas na infância e adolescência
17- Orientação religiosa contrária
18- Doenças graves anteriores
19- Fatores econômicos
20- Falta de coordenação motora/habilidade
21- Falta de segurança pública
Agradeço a colaboração.
Zander Ribeiro W. Lins
101
TABELA DE INCIDÊNCIA DE CAUSAS
CAUSA
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
102
Oficina de clubes escolares da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro
Fonte: Clubes escolares
QUANTITATIVO DE PRATICANTES DE ESPORTES DE AMBOS OS SEXOS EM CLUBES ESCOLARES
FUNDÃO
C.E LEA OLIVA
ZIZINHO
RIO DAS PEDRAS
2005
Meninos Meninas Meninos Meninas Meninos Meninas Meninos Meninas
Futebol 76 4 254 0 237 0 187 3
Voleibol 35 40 52 28 62 67 81 37
Handebol 27 12 127 50 13 9 19 27
Basquete 0 0 41 6 11 21 24 20
TOTAL
138 56 474 84 322 97 321 87
2006
Futebol 60 2 21 23
Voleibol 46 44 15 9
Handebol
22 15 46 23
Basquete 0 0 20 2
TOTAL
128 61 82 57
103
CLUBE ESCOLAR PROFª. LÉA OLIVA
Rua Lopes Trovão, 287 - Benfica - Telefone: 3895 2209
Coordenador: Myrian Oliveira Kauffmann
QUADRO DE OFICINAS – 2008
OFICINA Faixa etária SEM. MASC. FEM. TOTAL
24 01 25
7 a 9 anos
25 - 25
21 - 21
10 a 12 anos
23 - 23
19 01 20
FUTSAL
12 a 14 anos
22 02 24
27 12 39
VOLEI 10 a 15 anos
25 16 41
19 03 22
BASQUETE 10 a 15 anos
22 03 25
18 02 20
9 a 11 anos
18 03 21
46 22 68
HANDEBOL
10 a 15 anos
45 23 68
52 - 52
7 a 9 anos
58 - 58
47 - 47
10 a 12 anos
45 - 45
26 - 26
FUTEBOL
12 a 15 anos
26 - 26
1ª Coordenadoria Regional de Educação
104
QUADRO DE OFICINAS – 1º Trimestre de 2008
OFICINA FAIXA ETÁRIA MASC. FEM. TOTAL
7 a 9 anos 23 - 23
FUTSAL
10 a 12 anos 44 01 45
12 a 14 anos 32 01 33
VOLEI
10 a 15 anos 15 09 24
BASQUETE
10 a 15 anos 20 02 22
HANDEBOL
8 a 11 anos 29 13 42
12 a 15 anos 17 10 27
FUTEBOL
7 a 9 anos 21 - 21
10 a 12 anos 23 - 23
105
XIV Jogos Estudantis 2008
Quantitativo de escolas e equipes inscritas nos esportes de quadra
Fonte: Secretaria Municipal de Educação (SME) – Rio de Janeiro
MODALIDADES
SEXO
TOTAL
TOTAL PARA MODALIDADE
M 718
FUTSAL
F 199
917
M 189
HANDEBOL
F 317
506
M 77
BASQUETE
F 35
112
M 121
VOLEIBOL
F 83
204
M 445
ATLETISMO
F 417
862
M 73
NATAÇÃO
F 73
146
M 102
TÊNIS DE MESA
F 69
171
XADREZ
Misto
171
171
106
XIV Jogos Estudantis 2008
Quantitativo de escolas e equipes inscritas nos esportes de quadra
Fonte: Secretaria Municipal de Educação (SME) – Rio de Janeiro
MODALIDADES
SEXO
TOTAL
TOTAL PARA MODALIDADE
M 799
FUTSAL
F 275
1074
M 236
HANDEBOL
F 322
558
M 93
BASQUETE
F 56
149
M 117
VOLEIBOL
F 91
208
M 542
ATLETISMO
F 495
1037
M 81
NATAÇÃO
F 80
161
M 137
TÊNIS DE MESA
F 77
214
XADREZ
Misto
132
132
107
Federação de Basquetebol - Evolução 1998 / 2002
Fonte: Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro (FBERJ)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1998 1999 2000 2001 2002
Masculino
Atletas
Jogos
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1998 1999 2000 2001 2002
Feminino
Atletas
Jogos
108
Participações da Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro nas
competições do Rio de Janeiro – 2003
PROMOTOR
COMPETIÇÃO
MASCULINO
FEMININO
TOTAIS
Equipe
Atletas
Equipe
Atletas
Equipe
Atletas
JEEP 51 714 50 700 101 1414
Categoria A 22 308 21 294 43 602
Categoria B 29 406 29 406 58 812
JEPAR 40 720 47 846 87 1566
Categoria A 25 450 30 540 55 990
Categoria B 15 270 17 306 32 576
SUDERJ
JAI 24 480 22 440 46 920
Intercolegial 72 1296 72 1296 144 2592
Categoria Jovem
36
648
36
648
72
1296
GLOBO
Categoria Livre
36
648
36
648
72
1296
NESTLÉ
Categoria Única
60
1080
60
1080
120
2160
FEURJ
Universitário
6
120
5
100
220
220
Estaduais 500 1100 22 460 72 1560
Infantil 10 220 5 125 15 345
Cadete 10 220 6 150 16 370
Juvenil 8 176 5 125 13 301
Júnior 6 132 6 132
Adulto 6 132 6 132
FHERJ
Circuito Praia
10
90
6
60
16
150
Fonte: Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro (FHERJ).
109
Projetos esportivos desenvolvidos nas Vilas Olímpicas da cidade do Rio de
Janeiro de 2008
Fonte: Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, RJ.
Modalidade
Mestre
André
Clara
Nunes
Ary
Carvalho
Carlos
Castilho
Maré
Oscar
Schmidt
Miécimo
Cidade
Das
Crianças
Gambôa
Deodoro
Total
FUTEBOL
54
9
18
24
94
65
53
4
0
0
312
VÔLEI
91
90
23
47
10
32
22
0
0
0
315
HANDEBOL
43
17
0
0
11
8
16
0
0
0
95
BASQUETEBOL
50
36
30
47
13
12
12
1
0
0
201
2006
MODALIDADE
Mestre
André
Clara
Nunes
Ary
Carvalho
Carlos
Castilho
Maré
Oscar
Schimidt
Miécimo
Cidade
Das
Crianças
Gambôa
Deodoro
Total
FUTEBOL
44
45
27
0
54
71
156
0
29
23
449
VÔLEI
22
13
12
5
8
38
48
0
7
6
159
HANDEBOL
0
2
0
10
10
11
32
0
0
5
70
BASQUETEBOL
24
8
24
23
9
18
39
0
5
0
150
110
QUADRO DA EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DE HOMENS E MULHERES EM OLIMPIADAS
LOCAL
ANO
PAÍSES
TOTAL
ATLETAS
HOMENS
MULHERES
GRECIA - Atenas
1896 14 311 311
FRANÇA - Paris
1900 24 1225 1206 19
EUA – St Louis
1904 13 689 689 8
INGLATERRA - Londres
1908 22 2035 1999 36
SUECIA - Estocolmo
1912 28 2547 2490 57
BELGICA- Antuérpia
1920 29 2669 2591 78
FRANÇA - Paris
1924 44 3092 2956 136
HOLANDA - Amsterdã
1928 46 3014 2724 290
EUA –Los Angeles
1932 37 1408 1281 127
ALEMANHA - Berlim
1936 49 4066 3738 328
INGLATERRA - Londres
1948 59 4066 3738 328
FINLANDIA - Helsinque
1952 69 4925 4407 518
AUSTRALIA - Melbourne
1956 67 3184 2813 371
ITALIA – Roma
1960 83 5348 4738 610
JAPAO – Tóquio
1964 93 5140 4457 683
MEXICO
1968 112 5530 4750 780
ALEMANHA - Munique
1972 121 7123 6065 1058
CANADA - Montreal
1976 92 6028 4781 1247
RUSSIA - Moscou
1980 80 5217 4093 1124
EUA – Los Angeles
1984 140 6797 5230 1567
COREIA - Seul
1988 159 8465 6279 2186
ESPANHA - Barcelona
1992 169 9367 6659 2708
EUA - Atlanta
1996 197 10318 6806 3512
AUSTRALIA - Sidney
2000 199 10651 6582 4069
Fonte: http://www.esporte.uol.com.br/olimpiadas/todasolimpiadas; acesso em 03/06/06.
111
TABELA 877 - RENDIMENTO MENSAL MÉDIO DO RESPONSÁVEL DO DOMICÍLIO POR SEXO DO
RESPONSÁVEL SEGUNDO AS REGIÕES ADMINISTRATIVAS (EM R$ DE 2000) - 2000.
RENDIMENTO MENSAL MÉDIO REGIÕES ADMINISTRATIVAS
TOTAL MASCULINO FEMININO
Rio de Janeiro 1 246,46 1 395,73 973,35
IV Botafogo 2 580,29 3 066,05 1 982,50
V Copacabana 2 651,47 3 095,34 2 166,82
VIII Tijuca 2 224,45 2 579,03 1 703,38
XIII Méier 1 215,90 1 382,88 940,85
XV Madureira 798,98 907,00 613,29
XVI Jacarepaguá 1 117,61 1 266,29 800,02
XXIV Barra da Tijuca 3 590,18 4 008,63 2 400,84
Fonte: Instituto Pereira Passos (Tabela 877)
TABELA 879 - RENDIMENTO MENSAL MÉDIO ORIUNDO DO TRABALHO POR REGIÃO ADMINISTRATIVA
E SEXO (EM R$ DE 2000) - 2000
REGIÕES ADMINISTRATIVAS MASCULINO FEMININO
Rio de Janeiro R$ 589,36
R$ 252,59
IV Botafogo R$ 1.402,72
R$ 657,84
V Copacabana R$ 1.295,17
R$ 549,10
VIII Tijuca R$ 1.124,10
R$ 465,16
XIII Méier R$ 591,17
R$ 273,79
XV Madureira R$ 371,37
R$ 160,92
XVI Jacarepaguá R$ 556,36
R$ 238,82
XXIV Barra da Tijuca R$ 1.992,02
R$ 661,81
Fonte: Instituto Pereira Passos (Tabela 879)
112
Fonte: Observações diretas realizadas no dia 10/01/06.
MODALIDADES
LOCAL
SEXO
TOTAL PARA MODALIDADE
M 70
Futsal
Aterro do Flamengo
F 15
M 73
Basquete
Aterro do Flamengo
F 8
M 10
Copacabana
F 1
M 9
Voleibol
Aterro do Flamengo
F 7
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo