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Durante o período conhecido como “Belle Èpoque” na cidade do Rio de
Janeiro, o lazer, segundo Gomes (1998), era privilégio das mulheres da elite carioca
e restringia-se aos clubes e salões ou saraus em casas de famílias de prestígio,
movidos à arte, literatura e música e seguidos, mais tarde, de outras atividades
como jogos de cartas e danças, de forma regular, inspirados nos moldes culturais
oriundos da França.
Como conseqüência, as mudanças observadas nos hábitos femininos foram
gradativamente alçando a mulher do seio do lar para atividades de rotina na rua. O
Trabalho ou o lazer suscitaram na mulher maiores preocupações com a aparência, o
que, a exemplo do modelo europeu, estimulou os padrões estéticos e da moda, com
reflexos na melhoria da aparência e o ressalto da sexualidade. O embelezamento, a
publicidade dos institutos de beleza, o comércio da estética e as preocupações com
a moda, segundo a autora, sempre em consonância com o modelo francês, fizeram
parte do processo de emancipação da mulher.
No entanto, apesar das evoluções trazidas pela modernidade, o ideário
predominante moldava um estereótipo de mulher frágil e de homem forte, tanto no
aspecto físico quanto no emocional; a “elas” eram recomendados a ginástica e
exercícios respiratórios que estimulassem a elegância, como o canto, a declamação
e a dança. A valorização do esporte e do condicionamento físico provocou, então,
mudanças nos hábitos familiares acerca dos conceitos inerentes à imagem e o culto
ao corpo, culminando com a projeção social feminina.
[...] as mulheres das elites que praticavam o turfe eram consideradas
avançadas para a sua época, pois lançavam a moda de ser jóquei.
Apareciam vestidas com terno e gravata, claro, sobre forte influencia da
moda européia. As mulheres das elites encaravam o esporte como uma
forma de diversão, realizavam corridas para exibir-se como um mero
espetáculo. Para a imprensa, essas mulheres representavam a
possibilidade de emancipação e modernidade, pois elas inovaram nesse
campo (GOMES, 1998. p.26).