É interessante notar que Agostini desembarcou em São Paulo e por lá produziu o
Diabo Coxo (1864) e, principalmente O Cabrião (1866-1867) e ambos trocavam elogios
enquanto estavam distante e não disputavam a clientela de seus periódicos. Pode-se inferir,
baseando-se nas informações colhidas, que existiu no período do conflito platino um
público leitor considerável dos jornais ilustrados, levando-se em conta a quantidade de
folhas ilustradas que circulavam na capital do Império, e as imagens certamente
impactavam pela novidade com que representavam o evento bélico. Mais ainda, a Guerra
era um produto que vendia de tudo, envolvendo uma rede de produção, circulação e
recepção das informações do palco das batalhas.
Os desenhos da guerra que a Vida Fluminense tem publicado são os únicos
fidedignos por serem feitos segundo dados e informações oficiais, disse eu no
ano passado. Os fatos vieram posteriormente confirmar esta minha asserção,
provando a toda luz que não só no Brasil como também nos Estados Unidos e em
diversos países da Europa têm eles sido como tais aceitos, de preferência a todas
as fantasias litográficas que por aí aparecem, e que muitos pais judiciosos
transformaram em chapéus armados, com grande contentamento de seus
nhonhôs. (...) No Brasil, ainda maior tem sido a manifestação pública em favor
dos quadros da Vida Fluminense. Nas Vidraças de inúmeras casas de comércio
da capital do Impériovêem-se cópias fotográficas, em diversos formatos, de
todos os episódios da guerra e retratos de generais que temos publicado até hoje;
e tal é a procura que as edições se esgotam em poucas semanas. Durante alguns
dias estiveram expostos numa loja da rua do Ouvidor dois grandes quadros a
óleo, em que se copiou fielmente deste semanário a passagem de Humaitá e a
abordagem dos encouraçados. No carnaval, o Teatro Lyrico adornou-se com um
grande painel transparente, representando o combate da Ponte de itororó,
também reprodução fiel do desenho da Vida Fluminense.
Ide a loja de moedas Aux Champs Elysées, da rua do Ouvidor, em frente a Notre
Dame de Paris, e aí vereis igualmente um transparente, reproduzindo a passagem
de Humaitá tal qual publicamos. Até nas folhinhas do Laemmert encontrareis
várias cópias dos nossos desenhos! Querem mais claro? Querem provas mais
convincentes de que os quadros da guerra, que este semanário tem dado à
estampa, são os únicos que o público considera verdadeiros?
Há gente capaz de tudo; por isso talvez haja quem se persuada que toda esta
enfiada de provas só tem por fim encarecer nossos desenhos, para dar-lhes mais
saída. Engano! Meu intento é diverso: é demonstrar que existindo aqui dois
jornais ilustrados, pela predileção tão manifesta do público em favor de um
deles, se evidencia quanto o outro se tem desprestigiado.
Não faço “puff‟s”, não encareço os quadros da Vida Fluminense para conseguir
vende-los mais prontamente. Não! E tanto é verdade que, ainda que quiséssemos,
não os poderíamos vender, por terem-se esgotado as edições de quase todos,
restando-nos apenas de algumas coleções bem poucos exemplares.”
Vida Fluminense, n. 59, fev. 1869 (apud Pedro Paulo Soares, 2003, p. 87).
Neste comentário publicado na Vida Fluminense encontra-se dados relevantes para
se compreender que as imagens circulavam até no exterior e eram reproduzidas nos mais
diversos meios disponíveis. Nota-se que Agostini não deixa de atacar Fleiuss dizendo que
suas imagens são as únicas verdadeiras e chamando de fantasiosas as produzidas pelo
concorrente. Em aviso ao seu leitor, Fleiuss defende os originais que recebera do teatro de
operações e destaca que não é feita nenhuma alteração da composição das imagens.