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Laborat´orio Nacional de Computa¸ao Cient´ıfica
Programa de os Gradua¸ao em Modelagem Computacional
M´etodos de Elementos Finitos e Diferen¸cas
Finitas para o Problema de Helmholtz
Por
Daniel Thomes Fernandes
PETR
´
OPOLIS, RJ - BRASIL
MARC¸ O DE 2009
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M
´
ETODOS DE ELEMENTOS FINITOS E DIFERENC¸ AS FINITAS
PARA O PROBLEMA DE HELMHOLTZ
Daniel Thomes Fernandes
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO LABORAT
´
ORIO NACIONAL
DE COMPUTAC¸
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AO CIENT
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IFICA COMO PARTE DOS REQUISITOS NE-
CESS
´
ARIOS PARA A OBTENC¸
˜
AO DO GRAU DE DOUTOR EM MODELA-
GEM COMPUTACIONAL
Aprovada por:
Abimael Fernando Dourado Loula
Fed´eric Valentin, Ph.D
Alexandre Madureira, Ph.D
Eduardo Gomes Dutra do Carmo, D.Sc
Fernando Alves Rochinha, D.Sc
Saulo Pomponet Oliveira, Ph.D
Gustavo Benitez Alvarez, D.Sc
PETR
´
OPOLIS, RJ - BRASIL
MARC¸ O DE 2009
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FERNANDES, DANIEL THOMES
F363m M´etodos de Elementos Finitos e Diferen¸cas Finitas para o Problema de
Helmholtz / Daniel Thomes Fernandes. Petrop´olis, RJ. : LNCC/MCT, 2009.
xi, 126 p. : il.24 cm
Orientador:Abimael Fernando Dourado Loula
Tese (D.Sc.) Laborat´orio Nacional de Computa¸ao Cient´ıfica
LNCC/MCT, 2009.
1. M´etodo dos elementos finitos, 2. M´etodos de difiren¸cas finitas, 3.
Equa¸ao de Helmholtz, 4. M´etodos estabilizados
I. LNCC/MCT II. T´ıtulo
CDD 518.15
iv
`
A Seraphina Thomes Fernandes, minha ae,
e ao Daniel Fernandes, meu pai,
com muito orgulho.
v
Agradecimentos
Ao Prof Abimael Loula por me orientar, pela paciˆencia, pela confian¸ca, pelo
incentivo e pelos ensinamentos sobre meu trabalho e sobre a vida.
Aos meus pais por terem me permitido ter tantas oportunidades que eles ao
tiveram.
Aos colegas do LNCC pelo ambiente agrad´aval de trabalho.
`
A FAPERJ e `a FACC pelo suporte financeiro.
vi
Resumo da Tese apresentada ao LNCC/MCT como parte dos requisitos ne-
cess´arios para a obten¸ao do grau de Doutor em Ciˆencias (D.Sc.)
M
´
ETODOS DE ELEMENTOS FINITOS E DIFERENC¸ AS FINITAS
PARA O PROBLEMA DE HELMHOLTZ
Daniel Thomes Fernandes
Mar¸co, 2009
Orientador: Abimael Fernando Dourado Loula
´
E bem sabido que etodos cl´assicos de elementos finitos e diferen¸cas finitas
para o problema de Helmholtz apresentam efeito de polui¸ao, que pode deterio-
rar seriamente a qualidade da solu¸ao aproximada. Controlar o efeito de polui¸ao
´e especialmente dif´ıcil quando ao utilizadas malhas ao uniformes. Para malhas
uniformes com elementos quadrados ao conhecidos m´etodos (p. e. o QSFEM, pro-
posto por Babuˇska et al) que minimizam a polui¸ao. Neste trabalho apresentamos
inicialmente dois m´etodos de elementos finitos de Petrov-Galerkin com formula¸ao
relativamente simples, o RPPG e o QSPG, ambos com razo´avel robustez para cer-
tos tipos de distor¸oes dos elementos. O QSPG apresenta ainda polui¸ao m´ınima
para elementos quadrados. Em seguida ´e formulado o QOFD, um m´etodo de di-
feren¸cas finitas aplic´avel a malhas ao estruturadas. O QOFD apresenta grande
robustez em rela¸ao a distor¸oes, mas requer trabalho extra para tratar problemas
ao homogˆeneos ou condi¸oes de contorno ao essenciais. Finalmente ´e apresen-
tado um novo m´etodo de elementos finitos de Petrov-Galerkin, o QOPG, que ´e
formulado aplicando a mesma t´ecnica usada para obter a estabiliza¸ao do QOFD,
obtendo assim a mesma robustez em rela¸ao a distor¸oes da malha, com a van-
tagem de ser um m´etodo variacionalmente consistente. Resultados num´ericos ao
apresentados ilustrando o comportamento de todos os etodos desenvolvidos em
compara¸ao com os etodos de Galerkin, GLS e QSFEM.
vii
Abstract of Thesis presented to LNCC/MCT as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Sciences (D.Sc.)
FINITE ELEMENTS AND FINITE DIFFERENCE METHODS FOR
THE HELMHOLTZ EQUATION
Daniel Thomes Fernandes
March, 2009
Advisor: Abimael Fernando Dourado Loula
It is well known that classical finite elements or finite difference methods
for Helmholtz problem present pollution effects that can severely deteriorate the
quality of the approximate solution. To control pollution effects is especially dif-
ficult on non uniform meshes. For uniform meshes of square elements pollution
effects can be minimized with the Quasi Stabilized Finite Element Method (QS-
FEM) proposed by Babusˇska el al, for example. In the present work we initi-
ally present two relatively simple Petrov-Galerkin finite element methods, referred
here as RPPG (Reduced Pollution Petrov-Galerkin) and QSPG (Quasi Stabili-
zed Petrov-Galerkin), with reasonable robustness to some type of mesh distortion.
The QSPG also shows minimal pollution, identical to QSFEM, for uniform meshes
with square elements. Next we formulate the QOFD (Quasi Stabilized Finite Dif-
ference) method, a finite difference method for unstructured meshes. The QOFD
shows great robustness relative to element distortion, but requires extra work to
consider non-essential boundary conditions and source terms. Finally we present a
Quasi Optimal Petrov-Galerkin (QOPG) finite element method. To formulate the
QOPG we use the same approach introduced for the QOFD, leading to the same
accuracy and robustness on distorted meshes, but constructed based on consistent
variational formulation. Numerical results are presented illustrating the behavior
of all methods developed compared to Galerkin, GLS and QSFEM.
viii
Sum´ario
1 Introdu¸ao 1
2 O Problema de Helmholtz 7
2.1 Ondas ac´usticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Problemas modelos e formula¸oes variacionais . . . . . . . . . . . . 9
2.2.1 Condi¸oes de Robin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.2 Condi¸oes de Dirichlet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2.3 Condi¸oes mistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Solu¸oes particulares do problema homogˆeneo . . . . . . . . . . . . 12
2.3.1 Ondas planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3.2 Ondas evanescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.3 Ondas ao direcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Observao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 Solu¸ao num´erica por elementos finitos e diferen¸cas finitas 17
3.1 etodo de Galerkin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2 Polui¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.3 N´umero de onda discreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3.1 An´alise unidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.2 An´alise bidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.4 Ressonˆancia Num´erica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.5 Aproxima¸ao por diferen¸cas finitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.6 Galerkin m´ınimos quadrados (GLS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
ix
3.7 etodos com polui¸ao m´ınima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.7.1 Elementos finitos generalizados: QSFEM . . . . . . . . . . . 34
3.7.2 Galerkin, volumes finitos e m´ınimos quadrados . . . . . . . . 37
3.7.3 Galerkin e m´ınimos quadrados ponderados . . . . . . . . . . 40
3.8 Observoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4 M´etodos de Petrov-Galerkin 44
4.1 etodo com polui¸ao reduzida (RPPG) . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.2 etodo quase estabilizado (QSPG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2.1 Conformidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2.2 Parˆametros de estabiliza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.3 Implementa¸ao computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.4 Resultados num´ericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.4.1 Elementos quadrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.4.2 Elementos retangulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4.3 Elementos distorcidos aleatoriamente . . . . . . . . . . . . . 62
4.4.4 Ondas ao direcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.4.5 Problema ao homogˆeneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.4.6 Ondas evanescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.4.7 Problema de Dirichlet - ressonˆancia num´erica . . . . . . . . 69
4.5 Observoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5 M´etodos de diferen¸cas finitas para malhas ao estruturadas 72
5.1 Nota¸oes e defini¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2 Truncamento nulo em algumas dire¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.3 Minimiza¸ao do erro de truncamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.4 Caso unidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.5 Caso bidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.5.1 Malhas ao estruturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.5.2 Restri¸ao a malhas uniformes com elementos quadrados . . . 85
x
5.6 Implementa¸ao computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.7 Resultados num´ericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.7.1 Elementos quadrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.7.2 Elementos distorcidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.7.3 Malhas ao estruturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.7.4 Problema de Dirichlet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.8 Observoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6 M´etodos de Petrov-Galerkin com fun¸oes peso quase ´otimas 97
6.1 Macroelementos e fun¸oes bolha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
6.2 etodo quase estabilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6.3 Fun¸oes peso quase ´otimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.4 Condi¸oes de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
6.5 Implementa¸ao computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.6 Resultados num´ericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.6.1 Malhas uniformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.6.2 Malhas ao uniformes. Perturba¸oes aleat´orias . . . . . . . . 108
6.6.3 Malhas ao uniformes. Transforma¸ao biquadr´atica . . . . . 111
6.6.4 Problema de Helmholtz ao homogˆeneo . . . . . . . . . . . . 113
6.6.5 Ondas ao direcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
7 Conclus˜oes e futuros desenvolvimentos 118
Referˆencias Bibliogr´aficas 123
xi
Cap´ıtulo 1
Introdu¸ao
A equa¸ao de Helmholtz tem importantes aplica¸oes em problemas lineares
de propaga¸ao de ondas harmˆonicas, como por exemplo ondas ac´usticas, ondas
el´asticas e em eletromagnetismo (Ihlenburg (1998)). Muitas vezes a interesse
pr´atico em obter solu¸oes aproximadas tanto para problemas diretos ou inversos
envolvendo essa equa¸ao.
Uma caracter´ıstica do problema direto de particular relevˆancia para a apli-
ca¸ao de m´etodos de elementos finitos ou diferen¸cas finitas ´e a natureza oscilat´oria
das solu¸oes da equa¸ao de Helmholtz. Na aplica¸ao desses m´etodos ´e necess´ario
ajustar a distˆancia axima h entre dois pontos nodais ao n´umero de onda k, de
modo que exista um n´umero m´ınimo desses pontos dentro de cada comprimento
de onda, permitindo assim que a solu¸ao aproximada possa capturar as oscila¸oes
da solu¸ao exata. Estudando as propriedades do espa¸co de elementos finitos fica
expl´ıcito que de fato, para diferentes valores de k, uma regra do tipo kh constante”
´e suficiente para controlar o erro de interpola¸ao.
No entanto, no caso dos m´etodos de elementos finitos baseados na formula¸ao
cl´assica de Galerkin, os testes computacionais e a an´alise num´erica revelam que
manter kh constante ao ´e suficiente quando k ´e grande. Apesar de o etodo
de Galerkin ter convergˆencia em rela¸ao a h assintoticamente ´otima na norma
do espa¸co H
1
, quando se trata de valores altos de k o refinamento da malha ne-
cess´ario para iniciar essa convergˆencia ´otima ´e impratic´avel. Esse comportamento
1
ao robusto em rela¸ao a k ´e conhecido como efeito de polui¸ao e est´a relacionado
`a diferen¸ca entre o n´umero de onda k da solu¸ao exata e o n´umero de onda da
solu¸ao aproximada k
h
. Dificuldade da mesma natureza ocorre com etodos de di-
feren¸cas finitas. Valores altos de k ao comuns em aplica¸oes, tornando importante
a quest˜ao de como contornar o efeito de polui¸ao.
Em problemas unidimensionais, o etodo GLS (Galerkin-M´ınimos Quadra-
dos) (Harari e Hughes (1991)) elimina a diferen¸ca k k
h
, o que torna esse etodo
livre de polui¸ao. Em duas ou mais dimens˜oes sabemos (Babuˇska e Sauter (1997))
que ´e imposs´ıvel eliminar totalmente o efeito de polui¸ao. Por exemplo, o etodo
GLS permite fazer com que o n´umero de onda discreto coincida com o n´umero
de onda exato para ondas planas em uma dire¸ao escolhida (Thompson e Pinsky
(1995)), mas em geral o erro de polui¸ao continua sendo da mesma ordem que no
m´etodo de Galerkin. O melhor que se pode ter ao os chamados m´etodos com
polui¸ao m´ınima, nos quais o erro de polui¸ao ´e de ordem bastante reduzida. O
m´etodo quase estabilizado (QSFEM) ´e descrito por Babuˇska et al. (1995) como
um m´etodo de elementos finitos generalizado com polui¸ao m´ınima. Nesse m´etodo
os coeficientes que definem o operador de Helmholtz aproximado ao escolhidos de
modo que a diferen¸ca k k
h
seja minimizada em certo sentido. Conforme proposto
por Babuˇska et al. (1995), o QSFEM ´e restrito a malhas uniformes com elementos
quadrados e, como ao ´e constru´ıdo a partir de uma formula¸ao variacional, o
QSFEM pode ser mais bem descrito como um etodo de diferen¸cas finitas.
M´etodos variacionalmente consistentes e com propriedades de estabiliza¸ao
equivalentes `as do QSFEM foram obtidos posteriormente de arias formas, in-
cluindo o m´etodo baseado em res´ıduos proposto por Oberai e Pinsky (2000),
m´etodos de elementos finitos descont´ınuos (Alvarez et al. (2006)) e (Loula et al.
(2007)). Dois m´etodos tamb´em baseados em formula¸oes variacionais residuais de
Galerkin ser˜ao apresentados neste trabalho, um combinando res´ıduos de Galer-
kin, volumes finitos e m´ınimos quadrados (Se¸ao 3.7.2) e outro usando res´ıduos
de Galerkin e de m´ınimos quadrados ponderados (Se¸ao 3.7.3). Esses etodos
2
tˆem propriedades de estabiliza¸ao equivalentes `as do m´etodo QSFEM para malhas
uniformes com elementos quadrados, permenecendo em aberto a estabiliza¸ao com
malhas ao uniformes.
Todos os etodos citados acima possuem parˆametros livres que ao ajustados
para malhas uniformes com elementos quadrados de lado h. Em tais malhas ´e
poss´ıvel, atraes da an´alise de dispers˜ao, obter a rela¸ao entre o n´umero de onda
discreto e o n´umero de onda exato e com isso minimizar a diferen¸ca entre os dois
escolhendo parˆametros apropriados. Para malhas mais gerais a an´alise de dispers˜ao
ao se aplica diretamente, sendo comum na pr´atica calcular um comprimento m´edio
h para cada elemento e enao adotar parˆametros de estabiliza¸ao calculados como
se os elementos fossem quadrados. Entretanto, os parˆametros de estabiliza¸ao
assim obtidos est˜ao longe dos valores ´otimos quando se trata de malhas distorcidas.
Dada a grande sensibilidade da solu¸ao aproximada a varia¸oes no n´umero de onda
discreto, essas estrat´egias baseadas em parˆametros ´otimos obtidos para malhas
uniformes ao funcionam muito bem.
Podemos afirmar que n˜ao existem m´etodos de elementos finitos lagrangianos
lineares ou bilineares precisos e robustos para an´alise num´erica do problema de
Helmholtz em malhas ao uniformes e ao estruturadas, para n´umeros de onda
elevados. De acordo com Zienkiewicz esse ´e um problema em aberto (Zienkiewicz
(2000)). Alternativamente, foram desenvolvidos etodos h´ıbridos usando fun¸oes
ao polinomiais, especialmente ondas planas (Farhat et al. (2003)). Ainda visando
estabilidade, tamb´em foram propostos m´etodos de elementos finitos com bolhas ao
polinomiais (Harari e Gosteev (2007)) incluindo o RBF ou Residual Free Bubbles
(Franca et al. (1997)).
Outra quest˜ao igualmente relevante para a solu¸ao num´erica do problema de
Helmholtz ´e a ressonˆancia. Dependendo das condi¸oes de contorno e do dom´ınio,
podem existir n´umeros de onda para os quais o problema original admite infinitas
solu¸oes. Como o n´umero de onda discreto ´e diferente do original, ´e poss´ıvel ocorrer
ressonˆancia na solu¸ao num´erica que n˜ao existe na solu¸ao exata. Essa ressonˆancia
3
num´erica pode deteriorar seriamente a qualidade da solu¸ao aproximada e ´e mais
grave quanto maior for o umero de onda. Esse problema tamb´em ´e amenizado
quando o erro no n´umero de onda ´e reduzido.
Objetivo da Tese
De forma simples e direta, o objetivo desta tese ´e formular m´etodos de ele-
mentos finitos e de diferen¸cas finitas para o problema de Helmholtz que sejam
quase est´aveis, no sentido definido por Babuˇska, isto ´e, capazes de minimizar ou
pelo menos reduzir significativamente o erro de polui¸ao t´ıpico destas aproxima¸oes
e razoavelmente robustos quando aplicados a malhas mais gerais do que malhas
uniformes, incluindo malhas ao estruturadas.
Principais resultados
No Cap´ıtulo 4 ao propostos dois m´etodos de elementos finitos, formulados
como m´etodos de Petrov-Galerkin. O espa¸co U
h
onde a solu¸ao aproximada ´e pro-
curada ´e o espa¸co com elementos lagrangianos C
0
bilineares usual. No primeiro
m´etodo, denominado RPPG (Reduced Pollution Petrov-Galerkin), o espa¸co V
h
´e
constru´ıdo de forma bastante simples e direta, sem parˆametros dependentes da geo-
metria dos elementos ou do n´umero de onda. Apesar da simplicidade observam-se
resultados muito melhores em rela¸ao ao etodo de Galerkin, por exemplo, bem
como em rela¸ao ao GLS. No segundo etodo (Quasi Stabilized Petrov-Galerkin,
ou QSPG) ao introduzidos parˆametros que dependem diretamente dos compri-
mentos de todos os lados dos elementos e do n´umero de onda, aumentando um
pouco a complexidade mas resultando em polui¸ao m´ınima no caso de elementos
quadrados e uma maior estabilidade em elementos mais gerais. Nos dois casos as
fun¸oes base nodais do espa¸co V
h
ao constru´ıdas para ter os mesmos suportes das
fun¸oes base correspondentes no espa¸co U
h
, garantindo assim que as matrizes glo-
bais resultantes desses m´etodos tenham sempre o mesmo perfil de esparsidade que
4
a matriz correspondente do etodo de Galerkin. O RPPG e o QSPG mostram-se
especialmente eficientes para elementos alongados. Para distor¸oes mais gerais eles
ao ao ao rubustos, mas mantˆem um desempenho melhor do que o m´etodos de
Galerkin ou GLS.
No Cap´ıtulo 5 ´e proposto um m´etodo de diferen¸cas finitas aplic´avel a malhas
ao uniformes e ao estruturadas, para dom´ınios bidimensionais ou tridimensio-
nais. Este etodo, que denominamos QOFD (Quase Optimal Finite Difference
method), ´e obtido atrav´es de um novo crit´erio usado na formula¸ao do operador
discreto: a minimiza¸ao do res´ıduo do operador aplicado a ondas planas em todas
as dire¸oes poss´ıveis. Nesse crit´erio toda a geometria dos elementos ´e levada em
conta naturalmente. Quando todos os elementos ao quadrados iguais, o erro no
n´umero de onda ´e da mesma ordem que nos m´etodos com polui¸ao m´ınima. Expe-
rimentos num´ericos indicam que para malhas distorcidas os ganhos de estabilidade
ao muito significativos.
No Cap´ıtulo 6 o crit´erio usado no m´etodo QOFD ´e aplicado na contru¸ao do
espa¸co das fun¸oes peso para um etodo de elementos finitos de Petrov-Galerkin.
O objetivo dessa formula¸ao ´e aliar os bons resultados do m´etodo QOFD para
malhas ao estruturadas `a facilidade dos m´etodos variacionalmente consistentes
em tratar termos de fonte e condi¸oes de contorno mais gerais. Trata-se de uma
formulac˜ao variacional conforme de Petrov-Galerkin nos espa¸cos de elementos fini-
tos lagragianos usuais de classe C
0
, lineares ou bilineares, associados a espa¸cos de
fun¸oes peso tamb´em lagrangianas geradas por combina¸oes lineares de bolhas po-
linomiais definidas em macroelementos. Essa nova formula¸ao de Petrov-Galerkin
denominamos QOPG (Quasi Optimal Petrov-Galerkin), em analogia a QOFD.
A an´alise num´erica de m´etodos de elementos finitos para o problema de
Helmholtz ´e, em geral, uma quest˜ao em aberto. Existem an´alises rigorosas para
problemas unidimensionais (Ihlenburg e Babuˇska (1995a), Ihlenburg e Babuˇska
(1997)), e expectativas de que os resultados destas an´alises podem ser aplica-
dos a problemas bi ou tri dimensionais. Por outro lado, apoiados em in´umeros
5
exemplos e contra-exemplos que ilustram as dificuldades inerentes ao problema
(polui¸ao e ressonˆancia num´erica, por exemplo), existe um grande n´umero de es-
tudos num´ericos de convergˆencia visando caracterizar propriedades de estabilidade
e precis˜ao de novas formula¸oes que ao frequentemente propostas para superar
estas dificuldades.
Dentre todas as formula¸oes aqui estudadas, no contexto de m´etodos de ele-
mentos finitos lagrangianos lineares ou bilineares, a formula¸ao de Petrov-Galerkin
do Cap´ıtulo 6 (o QOPG) ´e a que apresenta melhores propriedades de estabilidade,
precis˜ao e robustez a distor¸oes de malhas em um amplo conjunto de testes de
converencia.
6
Cap´ıtulo 2
O Problema de Helmholtz
Neste cap´ıtulo a equa¸ao de Helmholtz com condi¸oes de contorno mais co-
muns ´e apresentada brevemente, inicialmente como um problema de ac´ustica e em
seguida na forma de problemas modelos que ser˜ao tratados neste trabalho.
2.1 Ondas ac´usticas
Uma das aplica¸oes da equa¸ao de Helmholtz mais frequente e relevante ´e
o estudo de propaga¸ao de ondas sonoras. Nesse tipo de problema as vari´aveis
envolvidas (press˜ao, velocidade, densidade) ao pequenas varia¸oes de um estado
est´atico, o que torna poss´ıvel linearizar e simplificar as equa¸oes gerais que gover-
nam o comportamento dessas grandezas e chegar `a equa¸ao da onda
φ
1
c
2
2
φ
t
2
= 0, (2.1)
onde φ pode ser tanto o campo de press˜ao quanto um potencial de velocidade e c
´e a velocidade do som no meio.
Para ondas harmˆonicas no tempo da forma
φ(x, t) = Re
u(x)e
iωt
i =
1
(2.2)
com frequˆencia ω > 0 deduzimos que o campo complexo u, que representa a
7
componete espacial do campo φ, satisfaz a equa¸ao de Helmholtz
u k
2
u = 0, (2.3)
com k
2
= ω
2
/c
2
.
Em problemas de espalhamento ac´ustico uma onda incidente conhecida u
i
´e espalhada por um obst´aculo D R
d
resultando em uma onda espalhada u
s
.
Nesse caso o campo total u = u
i
+ u
s
satisfaz a equa¸ao de Helmholtz em R
d
D.
Quando D ´e um obst´aculo sound-hard, a velocidade normal se anula no contorno,
ou seja, a onda total u satisfaz condi¸oes de contorno de Neumman
u
n
= 0 em D. (2.4)
Quando o obst´aculo ´e do tipo sound-soft o excesso de press˜ao se anula em D,
resultando em condi¸oes de Dirichlet
u = 0 em D. (2.5)
Uma situa¸ao mais geral ´e quando a velocidade normal ´e proporcional ao excesso
de press˜ao no contorno, nesse caso temos condi¸oes de Robin
u
n
+ iλu = 0 em D, (2.6)
para uma constante λ > 0. Finalmente, para garantir a unicidade da solu¸ao, ´e
introduzida a condi¸ao de radia¸ao de Sommerfeld
lim
r→∞
u
s
r
iku
s
= 0 (2.7)
onde r = |x|.
No contexto de elementos finitos, problemas exteriores como o descrito acima
ao tratados introduzindo condi¸oes de contorno absorventes aproximadas em um
8
contorno artificial em torno do obst´aculo. Esse tipo de problema ao ser´a tratado
neste trabalho, visto que o nosso foco ´e na discretiza¸ao do operador de Helmholtz,
que, como ser´a visto ao longo deste trabalho, apresenta por si o dificuldades
consider´aveis.
Assim, nos limitaremos apenas a problemas interiores com condi¸oes de Di-
richlet e/ou Robin.
2.2 Problemas modelos e formula¸oes variacionais
Os m´etodos que ser˜ao apresentados neste trabalho ser˜ao testados para o
problema de Helmholtz com trˆes tipos de condi¸oes de contorno. Em todos os
casos consideramos um dom´ınio aberto limitado R
d
com contorno Lipschitz
cont´ınuo.
Os m´etodos de elementos finitos s˜ao formulados a partir da forma variacional
do problema tratado. Para os casos considerados neste trabalho temos sempre a
forma variacional abstrata:
Encontrar o campo u U tal que
a(u, v) = f(v) para todo v V, (2.8)
onde a forma sesquilinear a(u, v), o funcional antilinear f(v) e os conjuntos U e
V variam de acordo com as condi¸oes de contorno. A seguir ser˜ao apresentados
resumidamente algumas situa¸oes consideradas neste trabalho.
2.2.1 Condi¸oes de Robin
Na forma cl´assica procuramos u satisfazendo
u k
2
u = f em Ω, (2.9)
u
n
+ iku = g em . (2.10)
9
A forma variacional (2.8) associada ao problema (2.9)-(2.10) ´e obtida com
a(u, v) =
uv k
2
uv dx + ik
uv ds, (2.11)
f(v) =
fv dx +
gv ds, (2.12)
U = V = H
1
(Ω), (2.13)
onde v denota o conjugado complexo de v.
Para f H
1
(Ω) e g H
1
2
(Ω), o problema variacional acima admite uma
´unica solu¸ao u (Melenk (1995), Proposi¸ao 8.1.3) que satisfaz a estimativa
∇u
L
2
(Ω)
+ ku
L
2
(Ω)
C(Ω, k)
f
H
1
(Ω)
+ g
H
1
2
(Ω)
. (2.14)
Uma caracter´ıstica importante desta formula¸ao merece destaque. A dis-
sipa¸ao gerada pelas condi¸oes de contorno de Robin previne a ressonˆancia, evi-
tando assim instabilidades devidas a ressonˆancia num´erica. O mesmo ao ocorre
com condi¸oes de contorno de Dirichlet ou Neumann.
2.2.2 Condi¸oes de Dirichlet
O problema de Helmholtz com condi¸oes de contorno de Dirichlet
u k
2
u = f em Ω, (2.15)
u = g em , (2.16)
´e equivalente a forma fraca (2.8) com:
a(u, v) =
uv k
2
uv dx, (2.17)
f(v) =
fv dx, (2.18)
U =
u H
1
(Ω) : u = g em
, (2.19)
V =
v H
1
(Ω) : v = 0 em
. (2.20)
10
Um aspecto importante do problema de Dirichlet ´e que quando k
2
´e um
autovalor do operador com g = 0, ao a unicidade da solu¸ao, ocorrendo o
fenˆomeno conhecido como ressonˆancia. Por exemplo, se for o retˆangulo (0, a) ×
(0, b), ent˜ao os autovalores ao dados por
λ
mn
= π
2
m
a
2
+
n
b
2
, (2.21)
com autofun¸oes associadas
u
mn
(x, y) = sen
x
a
sen
x
b
, (2.22)
onde m, n {1, 2, 3, . . . }. Assim, se u ´e uma solu¸ao do problema (2.15)-(2.16)
com k
2
igual a um dos λ
mn
, enao toda fun¸ao da forma u + αu
mn
com qualquer
constante α tamb´em ´e uma solu¸ao.
No contexto dos etodos num´ericos pode ocorrer de o umero de onda da
solu¸ao aproximada e os autovalores do problema discreto serem bastante dife-
rentes do n´umero de onda exato e dos autovalores originais. Assim, mesmo que
k ao cause ressonˆancia, pode acontecer de observarmos ressonˆancia na solu¸ao
aproximada, problema conhecido como ressonˆancia num´erica. Esse assunto ser´a
retomado e exemplificado no Cap´ıtulo 3.
2.2.3 Condi¸oes mistas
Uma outra situa¸ao que ser´a testada numericamente ´e o problema com
condi¸oes mistas:
u k
2
u = f em Ω, (2.23)
u = g em Γ
D
, (2.24)
u
n
+ iku = r em Γ
R
, (2.25)
11
onde Γ
D
Γ
R
= e Γ
D
Γ
R
= . Nesse caso a formula¸ao variacional (2.8) ´e
obtida com
a(u, v) =
u
v k
2
uv dx + ik
Γ
R
uv ds, (2.26)
f(v) =
fv dx +
Γ
R
rv ds, (2.27)
U =
u H
1
(Ω) : u = g em Γ
D
, (2.28)
V =
v H
1
(Ω) : v = 0 em Γ
D
. (2.29)
2.3 Solu¸oes particulares do problema homogˆeneo
Apresentamos a seguir algumas solu¸oes particulares que ser˜ao consideradas
neste trabalho, no caso em que f = 0.
2.3.1 Ondas planas
Dado um vetor unit´ario σ R
d
, a onda plana na dire¸ao σ ´e dada por
w(x) = e
ikσ·x
. (2.30)
Considerando que
w = div(w)
= div(ikwσ)
= ik(w div σ + w · σ)
= ik(0 + (ikwσ) · σ)
= i
2
k
2
σ · σw
= k
2
w, (2.31)
conclu´ımos que tais ondas planas satisfazem o problema de Helmholtz homogˆeneo.
No caso bidimensional, a dire¸ao pode ser escrita como σ = (cos θ, sen θ).
12
Substituindo na express˜ao (2.30) obtemos a onda plana na dire¸ao θ:
w(x, y) = e
ik(x cos θ+y sen θ)
(2.32)
= cos
k(x cos θ + y sen θ)
+ i sen
k(x cos θ + y sen θ)
. (2.33)
2.3.2 Ondas evanescentes
Dados
α > k, (2.34)
β =
α
2
k
2
, (2.35)
θ R, (2.36)
enao a fun¸ao u : R
2
C definida por
u(x, y) = e
β(x sen θy cos θ)
e
iα(x cos θ+y sen θ)
(2.37)
satisfaz a equa¸ao de Helmholtz homogˆenea, como pode ser verificado diretamente
calculando as derivadas parciais.
Tais ondas em comportamento oscilat´orio na dire¸ao θ e exponencial na
dire¸ao perpendicular a θ.
2.3.3 Ondas ao direcionais
Para verificar o desempenho dos etodos num´ericos quando a solu¸ao ao ´e
uma onda com uma dire¸ao bem definida, consideraremos solu¸oes constru´ıdas da
forma que segue.
Em coordenadas polares (r, θ), a equa¸ao de Hemholtz homogˆenea ´e
1
r
r
r
u
r
+
1
r
2
2
u
θ
2
+ k
2
u = 0. (2.38)
13
Buscando uma solu¸ao por separa¸ao de vari´aveis da forma
u(r, θ) = R(r)T (θ), (2.39)
com T peri´odica para assegurar regularidade, obtemos
d
2
R
dr
2
T +
1
r
dR
dr
T +
1
r
2
d
2
T
2
R + k
2
RT = 0. (2.40)
Multiplicando por r/(RT ), resulta
r
2
R
d
2
R
dr
2
+
r
R
dR
dr
+ k
2
r
2
+
1
T
d
2
T
2
= 0. (2.41)
Considerando que um dos termos acima depende somente de r e o outro somente de
θ, enao a igualdade o pode ser satisfeita se ambos forem constantes. Resolvendo
1
T
d
2
T
2
= n
2
(2.42)
para uma constante n, obtemos
T (θ) = A cos() + B sen(). (2.43)
Para que u seja cont´ınua, T deve ser peri´odica com per´ıodo 2π, logo n deve ser
inteiro. a a solu¸ao geral da equa¸ao
r
2
R
d
2
R
dr
2
+
r
R
dR
dr
+ k
2
r
2
n
2
= 0, (2.44)
para r = 0, ´e dada por
R(r) = CJ
n
(kr) + DY
n
(kr), (2.45)
onde J
n
e Y
n
ao as fun¸oes de Bessel de ordem n, de primeiro e segundo tipo
14
respectivamente. As solu¸oes que ser˜ao testadas ao obtidas com as constantes
A = 1, (2.46)
B = 0, (2.47)
C = 1, (2.48)
D = i (2.49)
e com arios valores de n {0, 1, 2, ···}. Ou seja
u(r, θ) = cos()H
(1)
n
(kr), (2.50)
onde H
(1)
n
= J
n
+ iY
n
´e a fun¸ao de Hankel de primeiro tipo e ordem n. Y
n
(r) ´e
singular em r = 0, portanto consideraremos apenas dom´ınios tais que 0 / Ω.
Fazendo as substitui¸oes
r =
x
2
+ y
2
, (2.51)
cos θ =
x
x
2
+ y
2
(2.52)
e lembrando que cos() = T
n
(cos θ), onde T
n
´e o polinˆomio de Chebyshev de
primeiro tipo e ordem n, ent˜ao obtemos em coordenadas cartesianas:
u(x, y) = T
n
x
x
2
+ y
2
H
(1)
n
k
x
2
+ y
2
. (2.53)
2.4 Observao
An´alise num´erica e estudos de convergˆencia de aproxima¸oes por elemen-
tos finitos ou por diferen¸cas finitas mostram que as propriedades de estabilidade,
converencia e precis˜ao destas aproxima¸oes est˜ao intimamente relacionadas `as cor-
respondentes discretiza¸oes do operador de Helmholtz. Assim, tem sido observado
que os efeitos de polui¸ao e ressonˆancia num´erica ao muito sens´ıveis a ordem des-
15
sas aproxima¸oes. Por outro lado, a estabiliza¸ao das aproxima¸oes de um modo
geral e, em particular, das aproxima¸oes de baixa ordem requer conhecimento de
solu¸oes do problema homogˆeneo na determina¸ao de parˆametros de estabiliza¸ao
(como no GLS, por exemplo) ou na pr´opria constru¸ao do operador de Helmholtz
discreto (como no QSFEM). Neste trabalho frequentemente ser˜ao utilizadas ondas
planas, solu¸oes do problema de Helmholtz, na determina¸ao de parˆametros de es-
tabiliza¸ao em formula¸oes de elementos finitos de Petrov-Galerkin e na constru¸ao
de aproxima¸oes por difere¸cas finitas.
16
Cap´ıtulo 3
Solu¸ao num´erica por elementos finitos e
diferen¸cas finitas
Neste cap´ıtulo ser´a apresentada uma breve revis˜ao da literatura sobre e-
todos de elementos finitos e de diferen¸cas finitas para o problema de Helmholtz.
Inicialmente ser´a apresentado o etodo cl´assico de elementos finitos lagrangianos
lineares ou bilineares baseado na formula¸ao de Galerkin, discutidas suas propri-
edades ressaltando as suas limita¸oes. Alguns etodos de elementos finitos esta-
bilizados baseados em formula¸oes residuais, como o GLS, ser˜ao tamb´em revistos
bem como m´etodos de elementos finitos generalizados, como o QSFEM que mais
se adapta a estrutura dos m´etodos de diferen¸cas finitas.
3.1 M´etodo de Galerkin
Seja M
h
= {
1
, . . . ,
Ne
} uma parti¸ao regular de Ω em Ne elementos finitos
ao degenerados tais que
e
e
= para e = e
e (3.1)
Ω =
Ne
e=1
(Ω
e
e
). (3.2)
Nos m´etodos de elementos finitos tratados neste trabalho ser˜ao considerados ape-
nas elementos lagrangianos C
0
lineares em 1D ou bilineares em 2D (elementos
17
quadrilaterais). O espa¸co de elementos finitos gerado por esses elementos ser´a in-
dicado por S
h
(Ω). As fun¸oes base nodais de S
h
associadas aos pontos nodais x
i
ser˜ao denotadas por φ
i
.
Definindo apropriadamente conjuntos U
h
S
h
e V
h
S
h
, a solu¸ao aproxi-
mada pelo etodo de Galerkin ´e obtida resolvendo o problema variacional:
Encontrar u
h
U
h
tal que
a(u
h
, v
h
) = f(v
h
) v
h
V
h
, (3.3)
onde a(u, v) e f(v) ao as formas definidas no Cap´ıtulo 2 para cada tipo de condi¸ao
de contorno associada `a equa¸ao de Helmholtz.
Para o etodo de Galerkin, em todos os casos considerados no Cap´ıtulo 2
temos que
V
h
= S
h
V. (3.4)
No caso do conjunto U
h
, para condi¸oes de Robin temos
U
h
= S
h
. (3.5)
Para o problema de Dirichlet, em geral ao ´e poss´ıvel que as fun¸oes do espa¸co
U
h
satisfa¸cam as condi¸oes de contorno exatamente. Assim, para o problema de
Dirichlet temos que
U
h
= {u
h
S
h
: u
h
= g
h
em }, (3.6)
onde g
h
´e a interpolante de g em Ω.
3.2 Polui¸ao
Para problemas el´ıpticos sim´etricos a aproxima¸ao de Galerkin ´e a melhor
aproxima¸ao na norma da energia. Mas para o problema de Helmholtz esse ao
18
´e o caso. Para valores altos de k o operador de Helmholtz se torna indefinido e
o m´etodo de Galerkin apresenta erios problemas, como instabilidade e polui¸ao
(Ihlenburg e Babuˇska (1995a), Babuˇska et al. (1995), Babuˇska e Sauter (1997),
Ihlenburg (1998)). Uma an´alise completa do m´etodo de Galerkin para o caso
unidimensional ´e feita em (Ihlenburg e Babuˇska (1995a)) onde a seguinte estimativa
´e provada para o erro relativo na seminorma do H
1
:
|u u
h
|
|u|
C
1
kh + C
2
k
3
h
2
, kh < 1, (3.7)
com C
1
e C
2
independentes de k e h.
O primeiro termo na estimativa acima corresponde ao erro de interpola¸ao,
que ´e da mesma ordem do erro da melhor aproxima¸ao no espa¸co de elementos
finitos usado. O segundo corresponde `a polui¸ao num´erica. Para diferentes va-
lores de k, manter kh constante ´e suficiente para manter o erro de interpola¸ao
constante. Mas para manter o erro de polui¸ao controlado ´e preciso manter k
2
h
suficientemente pequeno (Douglas et al. (1993)). Ou seja, para valores crescentes
de k o m´etodo de Galerkin ´e cada vez menos capaz de bem aproveitar a capacidade
de aproxima¸ao do espa¸co de elementos finitos, o que faz com que a aproxima¸ao
de Galerkin se torne cada vez mais distante da melhor aproxima¸ao.
A Figura 3.1 compara a convergˆencia da interpolante e da aproxima¸ao de
Galerkin para um problema unidimensional com k = 100, com condi¸oes de Di-
richlet em x = 0 e Robin em x = 1. Podemos notar que para h suficientemente
pequeno o erro de u
h
se aproxima do erro da interpolante na norma do H
1
, mas
isso ocorre apenas para h < 1/1000, o que teria um custo exageradamente alto
para problemas bidimensionais, ou ainda maior para problemas tridimensionais.
Em (Ihlenburg e Babuˇska (1995b)) ´e provada a seguinte estimativa na norma
L
2
(0, 1):
u u
h
u
(C
3
+ C
4
k)k
2
h
2
. (3.8)
Como se pode observar por essa estimativa, na norma L
2
o efeito da polui¸ao no
19
m´etodo de Galerkin n˜ao ´e eliminado com o refinamento, como ocorre na norma H
1
(equa¸ao (3.7)). Podemos observar isso na Figura 3.1, o gr´afico da convergˆencia
em L
2
da aproxima¸ao de Galerkin nunca se aproxima do gr´afico da interpolante,
mantendo sempre um gap, que depende do n´umero de onda k.
Essa situa¸ao torna-se ainda mais cr´ıtica com a poss´ıvel ocorrˆencia de res-
sonˆancias num´ericas, dependendo do tipo de condi¸ao de contorno.
2 2.5 3 3.5 4
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
log
|uu
h
|
|u|
Interpolante
Galerkin
1
1
2 2.5 3 3.5 4
log(h)
-5
-4
-3
-2
-1
0
log
uu
h
u
Interpolante
Galerkin
1
2
Figura 3.1: Convergˆencia para o problema unidimensional, k = 100, condi¸oes de
contorno de Dirichlet em x = 0 Robin em x = 1.
Para o caso bidimensional ao existe uma an´alise num´erica completa para o
m´etodo de Galerkin. Mas ´e de se esperar que o efeito de polui¸ao seja pelo menos
ao cr´ıtico quando no caso unidimensional, o que de fato tem sido verificado nos
estudos num´ericos.
3.3 N´umero de onda discreto
Uma caracter´ıstica estreitamente relacionada ao efeito de polui¸ao ´e a dife-
ren¸ca entre o n´umero de onda k da solu¸ao exata e o n´umero de onda k
h
da solu¸ao
aproximada. Para melhor ilustrar essa quest˜ao, consideramos inicialmente o caso
unidimensional. Em seguida o caso bidimensional ser´a tamem analisado.
20
3.3.1 An´alise unidimensional
Consideremos o problema unidimensional
u

+ k
2
u = 0 em (0, 1). (3.9)
Suponhamos que as condi¸oes de contorno e o n´umero de onda k estejam devida-
mente definidos de modo que a solu¸ao seja ´unica. A solu¸ao geral desse problema
´e dada pela express˜ao
u(x) = c
1
e
ikx
+ c
2
e
ikx
, (3.10)
onde c
1
e c
2
ao determinados de acordo com as condi¸oes de contorno.
Se considerarmos uma discretiza¸ao uniforme do dom´ınio em elementos de
comprimento h, com pontos nodais x
i
= ih, enao as equa¸oes associadas aos os
interiores em todas a forma
Ru
i1
+ 2Su
i
+ Ru
i+1
= 0, (3.11)
onde u
i
ao os valores nodais da solu¸ao aproximada. Procurando por uma solu¸ao
da forma
u
i
= e
i
˜
kx
i
, (3.12)
enao obtemos, para os os interiores, as equa¸oes
Re
i
˜
k(x
i
h)
+ 2Se
i
˜
kx
i
+ Re
i
˜
k(x
i
+h)
= 0. (3.13)
Dividindo a equa¸ao anterior por e
i
˜
kx
i
obtemos
Re
i
˜
kh
+ 2S + Re
i
˜
kh
= 0, (3.14)
ou ainda,
2R cos(
˜
kh) + 2S = 0, (3.15)
21
de onde obtemos duas solu¸oes
˜
k = ±k
h
(3.16)
onde k
h
´e o chamado n´umero de onda discreto:
k
h
=
1
h
arccos
S
R
. (3.17)
Assim, temos a forma geral da solu¸ao aproximada
u
h
(x) = ˜c
1
e
ik
h
x
+ ˜c
2
e
ik
h
x
, (3.18)
com um n´umero de onda k
h
possivelmente diferente do n´umero de onda exato k.
No m´etodo de Galerkin temos
R = 1
(kh)
2
6
, (3.19)
S = 1
(kh)
2
3
. (3.20)
Nesse caso a equa¸ao (3.17) tem solu¸ao real desde que kh <
12. Sendo assim,
expandindo (3.17) em s´erie de Taylor em torno de kh = 0 obtemos
k k
h
k
=
(kh)
2
24
+ O
(kh)
4
. (3.21)
A Figura 3.2 ilustra o efeito dessa diferen¸ca para crescentes valores do n´umero de
onda, com o erro de interpola¸ao constante (kh = 1). Foram usadas condi¸oes de
Dirichlet em x = 0 e Robin em x = 1. A diferen¸ca no n´umero de onda ao causa
tanto impacto quando k = 10, mas quando k = 80, a aproxima¸ao de Galerkin
chega a ficar com a fase invertida para x pr´oximo de 1. Assim, nesse estudo fica
claro que o problema causado pela diferen¸ca k
h
k ´e mais grave para n´umeros de
ondas mais altos.
Parece razo´avel tomar como crit´erio na formula¸ao de etodos estabilizados
a redu¸ao ou minimiza¸ao da diferen¸ca k k
h
. De fato, para o problema unidi-
22
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Solucao u para k = 10.0
Re(u)
Galerkin, h = 1/10
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Solucao u para k = 40.0
Re(u)
Galerkin, h = 1/40
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Solucao u para k = 80.0
Re(u)
Galerkin, h = 1/80
Figura 3.2: Aproxima¸ao de Galerkin comparada com a solu¸ao exata para dife-
rentes valores de k, mantendo a resolu¸ao da malha constante e portanto o erro de
interpola¸ao controlado. Condi¸oes de Dirichlet em x = 0 e Robin em x = 1 para
evitar ressonˆancia num´erica.
mensional, se um m´etodo resulta em um n´umero de onda discreto igual ao original,
enao ´e poss´ıvel discretizar as condi¸oes de contorno e termo ao homogˆeneo f de
modo que a polui¸ao seja eliminada (Babuˇska e Sauter (1997)). Por exemplo, o
m´etodo GLS para problemas homogˆeneos tem essa propriedade no caso unidimen-
23
sional.
3.3.2 An´alise bidimensional
Considere uma discretiza¸ao do dom´ınio consistindo em uma malha uniforme
com elementos quadrados. Por quest˜ao de simetria e invariˆancia em rela¸ao a
transla¸ao, as equa¸oes associadas a um o interior qualquer (x
i
, y
i
) tem a forma
geral
A
2
u
h
(x
i
h, y
i
+ h) + A
1
u
h
(x
i
, y
i
+ h) + A
2
u
h
(x
i
+ h, y
i
+ h)
+ A
1
u
h
(x
i
h, y
i
) + A
0
u
h
(x
i
, y
i
) + A
1
u
h
(x
i
+ h, y
i
)
+ A
2
u
h
(x
i
h, y
i
h) + A
1
u
h
(x
i
, y
i
h) + A
2
u
h
(x
i
+ h, y
i
h) = 0.
(3.22)
Se procuramos por solu¸oes que sejam ondas planas discretas da forma
u
h
(x
i
, y
i
) = e
ik
h
(x
i
cos θ+y
i
sen θ)
(3.23)
com um n´umero de onda discreto k
h
, ent˜ao, substituindo (3.23) em (3.22), encon-
tramos a seguinte equa¸ao ao linear que determina k
h
em fun¸ao de k para cada
dire¸ao θ:
A
0
+ 2A
1
cos(k
h
h cos θ) + cos(k
h
h sen θ)
+ 4A
2
cos(k
h
h cos θ) cos(k
h
h sen θ) = 0.
(3.24)
No m´etodo de Galerkin os coeficientes A
0
, A
1
e A
2
ao dados por
A
0
=
8
3
4
9
(kh)
2
, (3.25)
A
1
=
1
3
1
9
(kh)
2
, (3.26)
A
2
=
1
3
1
36
(kh)
2
. (3.27)
24
Substituindo as express˜oes acima em (3.24) e fazendo a expans˜ao
k
h
h =
n=1
r
n
(kh)
n
, (3.28)
enao transformamos a equa¸ao de dispers˜ao (3.24) em uma equa¸ao da forma
F (kh) = 0. (3.29)
Expandindo F (kh) em em torno de kh = 0, ent˜ao a erie resultante tem que
ser identicamente nula em cada ordem de kh. Com isso obtemos equa¸oes en-
volvendo os coeficientes r
n
da expans˜ao (3.28) e determinamos tais r
n
resolvendo
essas equa¸oes. Usamos o software Matematica (Wolfram Research (2005)) para
executar esses alculos e obter a rela¸ao entre k e k
h
:
k k
h
k
=
3 + cos 4θ
96
(kh)
2
+ O
(kh)
4
. (3.30)
A metodologia descrita acima ser´a usada adiante para obter essa rela¸ao entre k e
k
h
para outras aproxima¸oes.
Conforme Babuˇska e Sauter (1997), o valor aximo do odulo da diferen¸ca
acima para θ [0, 2π] pode ser visto como um indicador da qualidade de apro-
xima¸ao de um etodo que gera um estˆencil de 9 pontos como o da equa¸ao (3.22).
Isso ´e usado para formular o QSFEM, que ser´a visto na Se¸ao 3.7.1.
3.4 Ressonˆancia Num´erica
Consideremos novamente o problema unidimensional
u

+ k
2
u = 0 em (0, 1), (3.31)
25
com condi¸oes de contorno de Dirichlet
u(0) = a e u(1) = b. (3.32)
A solu¸ao desse problema ´e dada por
u(x) =
a sen(k kx) + b sen(kx)
sen k
. (3.33)
Quando sen(k) se aproxima de zero, a amplitude da solu¸ao (3.33) cresce indefi-
nidamente. Enquanto que para os valores de k tais que sen(k) = 0, o problema
(3.31)-(3.32) admite infinitas solu¸oes. Isso acontece pois para tais valores de k,
k
2
torna-se um autovalor do operador em 1D com condi¸oes de Dirichlet ho-
mogˆeneas. Esses autovalores e autofun¸oes ao dados por
λ
n
= n
2
π
2
, (3.34)
u
n
(x) = sen
λ
n
x, (3.35)
para n {1, 2, . . . }. Essa coincidˆencia entre k
2
e algum λ
n
tem sido referida como
ressonˆancia.
O m´etodo de Galerkin com elementos lineares de comprimento h, para o
problema considerado, resulta em equa¸oes associadas aos os interiores da forma
A
1
u
h
(x
i1
) + A
2
u
h
(x
i
) + A
1
u
h
(x
i+1
)+
k
2
(B
1
u
h
(x
i1
) + B
2
u
h
(x
i
) + B
1
u
h
(x
i+1
)) = 0, (3.36)
com os valores prescritos
u
h
(0) = a e u
h
(1) = b. (3.37)
26
A solu¸ao desse problema discreto ´e dada explicitamente por
u
h
(x
i
) =
a sen(k
h
k
h
x
i
) + b sen(k
h
x
i
)
sen k
h
, (3.38)
onde k
h
´e o n´umero de onda discreto:
k
h
=
1
h
arccos
A
2
+ k
2
B
2
2A
1
+ 2k
2
B
1
. (3.39)
Podemos notar nas equa¸oes acima que, para o problema discreto, ocorre
um fenˆomeno similar `a ressonˆancia. Mas neste caso a amplitude da solu¸ao tende
para infinito quando sen
k
h
0, o que pode ocorrer mesmo que a solu¸ao exata
esteja longe de uma ressonˆancia. Os n´umeros de onda discretos que fazem com
que ocorra essa ressonˆancia na solu¸ao aproximada ao dados por
k
h
= , para n {1, 2, . . . }. (3.40)
Substituindo em (3.39), encontramos que os n´umeros de onda k que fazem com
que o problema discreto tenha ressonˆancia em a forma
k
2
=
A
2
2A
1
cos(hnπ)
B
2
+ 2B
1
cos(hnπ)
, para n {1, 2, . . . }. (3.41)
ao por acaso os n´umeros acima ao os autovalores do problema de autovalor
generalizado
(u
h
, v
h
) = λ(u
h
, v
h
) v
h
V
h
, (3.42)
associado a formula¸ao variacional do problema de Dirichlet (3.31)-(3.32).
Assim, os n´umeros de onda que causam ressonˆancia no problema discreto
podem ser diferentes dos que causam ressonˆancia no problema original e isso se
deve ao fato de esses dois problemas terem autovalores diferentes. Se tiv´essemos
k
h
= k ent˜ao esse tipo de problema ao ocorreria.
Na pr´atica, as amplitudes da solu¸ao exata (3.33) e aproximada (3.38) podem
27
ter magnitudes bem diferentes quando o n´umero de onda k se aproxima de uma
ressonˆancia do problema original ou de uma ressonˆancia do problema aproximado,
o que causa uma s´eria deteriora¸ao da qualidade da solu¸ao aproximada.
Em problemas bidimensionais temos o mesmo tipo de dificuldade, com o
agravante de que, como podemos ver na equa¸ao (2.21), a distˆancia entre dois
autovalores consecutivos ´e menor do que no problema unidimensional, aumentando
as chances de ocorrer ressonˆancia num´erica.
No problema de Helmholtz com condi¸oes de contorno de Robin ao ocorre
ressonˆancia, a que o problema de autovalor associado ao tem autovalores re-
ais. Podemos fazer a mesma an´alise que fizemos acima para verificar que no pro-
blema discreto com condi¸oes de contorno de Robin tamem ao ocorre ressonˆancia
num´erica. Para ilustrar isso, na Figura 3.3 apresentamos dois estudos de con-
vergˆencia para o problema bidimensional homogˆeneo. A solu¸ao ´e uma onda plana
(equa¸ao 2.32) na dire¸ao θ = 0, o dom´ınio ´e o quadrado unit´ario (0, 1) × (0, 1).
Podemos notar que para condi¸oes de Dirichlet a solu¸ao aproximada, al´em de ser
afetada pela polui¸ao, ´e tamb´em severamente afetada por ressonˆancia num´erica,
que afeta a convergˆencia monotˆonica da aproxima¸ao.
3.5 Aproxima¸ao por diferen¸cas finitas
Apresentaremos resumidamente m´etodos de diferen¸cas finitas para o pro-
blema de Helmholtz homogˆeneo em malhas uniformes, com o objetivo de mostrar
que, assim como as aproxima¸oes por m´etodos elementos finitos cl´assicos deriva-
dos a partir da formula¸ao de Galerkin, estas aproxima¸oes por diferen¸cas finitas
sofrem igualmente os efeitos de polui¸ao num´erica.
Consideramos inicialmente os m´etodos de segunda ordem obtidos classica-
mente usando erie de Taylor. Para introduzir uma aproxima¸ao por diferen¸cas
finitas para o problema unidimensional, definimos as aproxima¸oes para a derivada
primeira
D
x
u
j
=
u
j+1
u
j
h
(3.43)
28
2 2.2 2.4 2.6 2.8 3
log(h)
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
Condi¸oes de Robin
2 2.2 2.4 2.6 2.8 3
log(h)
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
Condi¸oes de Dirichlet
Figura 3.3: Convergˆencia em H
1
, onda plana na dire¸ao θ = 0, k = 100. Malhas
estruturadas de 100 × 100 at´e 1000 × 1000 elementos quadrados.
¯
D
x
u
j
=
u
j
u
j1
h
(3.44)
e para a derivada segunda
D
xx
u
j
=
¯
D
x
D
x
u
j
=
u
j+1
2u
j
+ u
j1
h
2
(3.45)
para as quais, usando a s´erie de Taylor obtemos
D
x
u(x
j
) =
u(x
j
+ h) u(x
j
)
h
=
u(x
j
)
x
+ O(h) (3.46)
¯
D
x
u(x
j
) =
u(x
j
) u(x
j
h)
h
=
u(x
j
)
x
+ O(h) (3.47)
D
xx
u(x
j
) =
u(x
j
+ h) 2u(x
j
) + u(x
j
h)
h
2
=
2
u(x
j
)
x
2
+ O(h
2
) (3.48)
Uma aproxima¸ao por diferen¸cas finitas de segunda ordem, em um ponto
29
inerior j, para o problema de Helmholtz homogˆeneo unidimensional ´e ent˜ao definida
como
D
xx
u
j
k
2
u
j
= 0, (3.49)
que pode ser posta na forma expl´ıcita
Ru
j1
+ 2Su
j
+ Ru
j+1
= 0, (3.50)
com
R = 1 (3.51)
S = 1
(kh)
2
2
. (3.52)
Este ´e um esquema consistente com erro de truncamento da ordem de h
2
, isto ´e, a
solu¸ao exata u(x) satisfaz a equa¸ao
D
xx
u
j
k
2
u
j
= τ
j
= O(h
2
). (3.53)
A an´alise de dispers˜ao desta aproxima¸ao conduz `a seguinte estimativa para
o n´umero de ondas discreto
k
h
= k +
k
3
h
2
24
+ O(k
5
h
4
). (3.54)
Similarmente, para o problema bidimensional temos o esquema
D
xx
u
j,l
D
yy
u
j,l
k
2
u
j,l
= 0, (3.55)
que pode ser apresentado na forma exp´ıcita
A
2
u
j1,l+1
+ A
1
u
j,l+1
+ A
2
u
j+1,l+1
+ A
1
u
j1,l
+ A
0
uj, l + A
1
u
j+1,l
+ A
2
u
j1,l1
+ A
1
u
j,l1
+ A
2
u
j+1,l1
= 0.
(3.56)
30
com
A
0
= 4 h
2
k
2
(3.57)
A
1
= 1 (3.58)
A
2
= 0. (3.59)
Este esquema usual de segunda ordem envolvendo cinco pontos apresenta um erro
de truncamento de segunda ordem:
D
xx
u(x
j
, y
l
) D
yy
u(x
j
, y
l
) k
2
u(x
j
, y
l
) = τ
j,l
= O(h
2
), (3.60)
e erro de fase relativo:
k k
h
k
=
3 + cos 4θ
96
(kh)
2
+ O
(kh)
4
, (3.61)
obtido como descrito na Se¸ao 3.3.2.
Como podemos observar pelas estimativas obtidas para os n´umeros de onda
discretos, estas aproxima¸oes por diferen¸cas finitas apresentam erros de fase de
mesma ordem que os correspondente aos m´etodos de elementos finitos de Galerkin
anteriormente apresentados.
Portanto, para estas aproxima¸oes devemos esperar os mesmos efeitos de
polui¸ao observados nas aproxima¸oes de Galerkin. Aproxima¸oes de diferen¸cas
finitas de ordens mais elevadas tˆem sido propostas para reduzir a polui¸ao. Singer e
Turkel (1998) apresentam duas aproxima¸oes de quarta ordem para o problema de
Helmholtz bidimensional sobre um estˆencil de nove pontos em malhas uniformes,
uma baseada na aproxima¸ao de Pad´e e a outra constu´ıda com a utiliza¸ao da
pr´opria equa¸ao de Helmhotz. A t´ıtulo de compara¸ao, para este segundo esquema
de quarta ordem proposto por Singer e Turkel, obtivemos a seguite estimativa para
31
o erro de fase relativo
k k
h
k
=
5 cos 4θ
2880
(kh)
4
+ O
(kh)
6
. (3.62)
Esquemas de sexta ordem tamem em sido propostos (Sutmann (2007)).
Para estˆenceis de nove pontos, o QSFEM proposto por Babuˇska et al. (1995), e
que tamem ser´a apresentado neste cap´ıtulo, ´e o que apresenta polui¸ao m´ınima.
3.6 Galerkin m´ınimos quadrados (GLS)
No etodo GLS (Harari e Hughes (1991), Thompson e Pinsky (1995)) ao
acrescentados `a formula¸ao de Galerkin termos constru´ıdos a partir do res´ıduo
da equa¸ao (2.3) no interior dos elementos. Formalmente o etodo consiste em
encontrar u
h
U
h
tal que
a(u
h
, v
h
) + τ a
LS
(u
h
, v
h
) = f(v
h
) + τ f
LS
(v
h
), v
h
V
h
, (3.63)
onde
a
LS
(u
h
, v
h
) =
˜
(u
h
k
2
u
h
)(v
h
k
2
v
h
)d (3.64)
f
LS
(v
h
) =
˜
(v
h
k
2
v
h
)f d (3.65)
˜
Ω = Ω
e
. (3.66)
O parˆametro τ pode ser ajustado para que o erro no n´umero de onda discreto
seja eliminado em malhas uniformes de elementos quadrados quando a solu¸ao ´e
uma onda plana em uma dire¸ao θ
0
escolhida. Normalmente a dire¸ao escolhida ´e
θ
0
=
π
8
, o que resulta no parˆametro de estabiliza¸ao
τ =
1
k
2
1 6
4 cos s
1
cos s
2
2 cos s
1
cos s
2
(2 + cos s
1
)(2 + cos s
2
)k
2
h
2
, (3.67)
32
com
s
1
= kh cos
π
8
e s
2
= kh sen
π
8
. (3.68)
Mas, para outras dire¸oes θ = θ
0
, o erro no umero de onda discreto ´e da
mesma ordem que no m´etodo de Galerkin:
k k
h
k
=
cos(4θ)
96
(kh)
2
+ O
(kh)
4
, (3.69)
o que pode afetar severamente a qualidade da aproxima¸ao.
Outra dificuldade ´e que τ depende do produto kh, mas em elementos ao
quadrados ao existe uma escolha ´unica para o parˆametro h. A Figura 3.4 ilustra
quatro escolhas poss´ıveis e seus efeitos em uma malha com elementos retangulares.
0
π
4
π
2
3π
4
π
θ
-1.5
-1
-0.5
log(u u
h
/ u)
Interpolante
h = min{h
1
, h
2
, h
3
, h
4
}
h = max{h
1
, h
2
, h
3
, h
4
}
h =
h
1
+h
2
+h
3
+h
4
4
h =
Area
Figura 3.4: Dependˆencia do erro do m´etodo GLS em rela¸ao a dire¸ao θ da onda
plana, para diferentes defini¸oes do parˆametro edio h. Malha uniforme com
50 × 100 elementos retangulares, k = 50, condi¸oes de Robin.
3.7 M´etodos com polui¸ao m´ınima
Inspirados na an´alise de dispers˜ao apresentada anteriormente, Babuˇska et al.
(1995) desenvolveram uma aproxima¸ao para o problema de Helmholtz homogˆeneo,
por eles denominado QSFEM (Quasi Stabilized Finite Element Method), que visa
minimizar a diferen¸ca k k
h
. A seguir apresentamos resumidamente esse etodo.
33
3.7.1 Elementos finitos generalizados: QSFEM
O QSFEM ´e descrito por Babuˇska et al. (1995) como um m´etodo de ele-
mentos finitos generalizado para o problema de Helmholtz com polui¸ao m´ınima.
No entanto, diferentemente de como ao formulados normalmente os m´etodos de
elementos finitos, o QSFEM ´e definido algebricamente e ao constru´ıdo a partir
de uma formula¸ao variacional. Para definir o QSFEM, sup˜oe-se que o dom´ınio
seja discretizado por uma malha uniforme formada por elementos quadrados e que
toda equa¸ao associada a um ponto nodal no interior do dom´ınio tenha a forma
G
2
u
h
(x
i
h, y
i
+ h) + G
1
u
h
(x
i
, y
i
+ h) + G
2
u
h
(x
i
+ h, y
i
+ h)
+ G
1
u
h
(x
i
h, y
i
) + G
0
u
h
(x
i
, y
i
) + G
1
u
h
(x
i
+ h, y
i
)
+ G
2
u
h
(x
i
h, y
i
h) + G
1
u
h
(x
i
, y
i
h) + G
2
u
h
(x
i
+ h, y
i
h) = 0,
(3.70)
onde G
0
, G
1
e G
2
dependem apenas do produto kh e u
h
S
h
(Ω) ´e a solu¸ao
aproximada, dada como uma combina¸ao linear das fun¸oes base nodais φ
i
:
u
h
(x) =
u
h
(x
i
)φ
i
(x). (3.71)
Outra forma de interpretar a equa¸ao de dispers˜ao (3.24) ´e encontrada em
(Babuˇska e Sauter (1997)). Aplicando a transformada de Fourier na equa¸ao de
Helmholtz homogˆenea u + k
2
u = 0 em R
2
encontramos que a transformada
ˆu(s
1
, s
2
) satisfaz
(s
2
1
+ s
2
2
k
2
)ˆu(s
1
, s
2
) = 0, (3.72)
de onde conclu´ımos que o suporte de ˆu est´a contido no c´ırculo de raio k
{(s
1
, s
2
) R
2
; s
2
1
+ s
2
2
= k
2
}. (3.73)
Mas se considerarmos uma malha uniforme em todo o R
2
e uma fun¸ao u
h
da forma
(3.71) satisfazendo a equa¸ao (3.70) em todos os pontos nodais, enao o suporte
da transformada de Fourier de u
h
ao est´a contido num c´ırculo e sim no conjunto
34
dos zeros da equa¸ao de dispers˜ao, ou seja, na curva
{(s
1
, s
2
) R
2
; G
0
+2G
1
cos(hs
1
)+cos(hs
2
)
+4G
2
cos(hs
1
) cos(hs
2
) = 0}. (3.74)
O QSFEM ´e constru´ıdo (Babuˇska et al. (1995)) escolhendo os coeficientes
G
0
, G
1
e G
2
que minimizam a distˆancia axima entre os c´ırculo (3.73) e a curva
(3.74). O estˆencil assim obtido faz com que essas duas curvas se interceptem em
16 pontos da forma (s
1
, s
2
) = (cos θ, sen θ) para
θ =
π
16
+ n
π
8
; n = 0, 1, . . . , 15. (3.75)
Outra forma de obter exatamente os mesmo coeficientes ´e predefinir G
0
= 4
e resolver o sistema de equa¸oes em G
1
e G
2
G
0
+ 2G
1
cos(hR
1
) + cos(hR
2
)
+ 4G
2
cos(hR
1
) cos(hR
2
) = 0, (3.76)
G
0
+ 2G
1
cos(hS
1
) + cos(hS
2
)
+ 4G
2
cos(hS
1
) cos(hS
2
) = 0, (3.77)
onde
R
1
= k cos
π
16
, (3.78)
R
2
= k sen
π
16
, (3.79)
S
1
= k cos
3π
16
, (3.80)
S
1
= k sen
3π
16
. (3.81)
O resultado ´e
G
1
= 2
c
1
s
1
c
2
s
2
c
2
s
2
(c
1
+ s
1
) c
1
s
1
(c
2
+ s
2
)
, (3.82)
G
2
=
c
2
+ s
2
c
1
s
1
c
2
s
2
(c
1
+ s
1
) c
1
s
1
(c
2
+ s
2
)
, (3.83)
35
com
c
1
= cos
kh cos
π
16
, (3.84)
s
1
= cos
kh sen
π
16
, (3.85)
c
2
= cos
kh cos
3π
16
, (3.86)
s
2
= cos
kh sen
3π
16
. (3.87)
Com esses coeficientes, procedendo como descrito na Se¸ao 3.3.2 obtemos:
k k
h
k
=
cos 8θ
774144
(kh)
6
+ O
(kh)
8
, (3.88)
ou seja, o erro relativo no n´umero de onda para o QSFEM ´e de sexta ordem em
kh, isso ´e o melhor que se pode obter para um estˆencil de 9 pontos da forma (3.70).
Essa ´ultima forma de determinar o estˆencil ´otimo foi posteriormente usada
para obter parˆametros de estabiliza¸ao para outros m´etodos, por exemplo, os pro-
postos por Oberai e Pinsky (2000), Loula et al. (2007), Harari e Gosteev (2007),
do Carmo et al. (2008).
Apesar de ao se observar visualmente polui¸ao nos experimentos feitos com
o QSFEM, sabe-se (Babuˇska e Sauter (1997), Teorema 5.6) que ´e imposs´ıvel elimi-
nar totalmente o efeito de polui¸ao em problemas bidimensionais. ao se conhece
uma estimativa da ordem do erro em L
2
ou H
1
devido `a polui¸ao para o QSFEM
ou para outros etodos com estˆenceis equivalentes em dom´ınio limitados. Na ver-
dade uma an´alise num´erica completa para tais m´etodos ao foi apresentada, isso
inclui os m´etodos que apresentaremos adiante.
Como o QSFEM ao ´e constru´ıdo a partir de uma formula¸ao variacional,
ao ´e poss´ıvel aplic´a-lo diretamente a malhas mais gerais ou a problemas ao
homogˆeneos ou com condi¸oes de contorno mais gerais. M´etodos variacionalmente
consistentes que geram estˆenceis de 9 pontos equivalentes ao do QSFEM quando
restritos a malhas uniformes de elementos quadrados foram propostos de arias
36
formas. Como exemplo apresentamos a seguir dois desses etodos (Fernandes e
Loula (2006)), desenvolvidos durante os primeiros est´agios deste trabalho.
3.7.2 Galerkin, volumes finitos e m´ınimos quadrados
No m´etodo GLSFV (Galerkin + Least Squares + Finite Volume), um se-
gundo parˆametro livre ´e introduzido adicionando-se outro termo de res´ıduo ao
m´etodo GLS.
Considere uma malha sobreposta `a malha de elementos finitos, conforme a
Figura 3.5. Essa malha sobreposta ´e constru´ıda de modo que cada i-´esimo o da
malha esteja em um ´unico subconjunto Q
i
Ω. Por exemplo, na Figura 3.5, ao
o central est´a associado o quadrado cinza. Estando definidos esses conjuntos Q
i
,
podemos definir um operador linear P : S
h
L
2
(Ω) do seguinte modo. Para as
fun¸oes bases nodais φ
i
, P ´e dado por
P φ
i
(x) =
1, se x Q
i
0, se x / Q
i
(3.89)
Figura 3.5: Malha de volume finitos (linha tracejada) sobreposta `a malha de ele-
mentos finitos (linha cont´ınua).
37
Enao, para qualquer fun¸ao v
h
=
N
i=1
a
i
φ
i
de S
h
, temos que
P v
h
=
N
i=1
a
i
P φ
i
. (3.90)
O m´etodo GLSFV consiste em encontrar u
h
U
h
tal que
B
G
(u
h
, v
h
) + αB
LS
(u
h
, v
h
) + βB
F V
(u
h
, v
h
)
= F
G
(v
h
) + αF
LS
(v
h
) + βF
F V
(v
h
) (3.91)
para todo v
h
V
h
, onde
B
F V
(u
h
, v
h
) =
k
2
u
h
P v
h
d
Q
P v
h
u
h
ds, (3.92)
F
F V
(v
h
) =
fP v
h
d, (3.93)
Q =
Q
i
, (3.94)
P v
h
u
h
= (P v
h
u
h
)
+
· n
+
+ (P v
h
u
h
)
· n
(3.95)
3.7.2.1 Consistˆencia
O etodo GLSFV ´e consistente no sentido de que a solu¸ao exata u do
problema variacional (2.8) satisfaz a equa¸ao (3.91). Como o etodo GLS ´e con-
sistente, e considerando que todo elemento v
h
V
h
´e combina¸ao linear de fun¸oes
base nodais φ
i
, para verificar a consistˆencia do etodo GLSFV basta mostrar que
B
F V
(u, φ
i
) F
F V
(φ
i
) = 0 para toda fun¸ao φ
i
. De fato,
B
F V
(u, φ
i
) F
F V
(φ
i
) =
k
2
uP φ
i
d
Q
P φ
i
u · nds
fP φ
i
d
=
Q
i
k
2
u d
Q
i
u · nds
Q
i
f d (3.96)
=
Q
i
k
2
u d
Q
i
u d
Q
i
f d (3.97)
=
Q
i
k
2
u u f dΩ = 0 (3.98)
38
o que prova a consistˆencia da formula¸ao GLSFV.
3.7.2.2 Determina¸c˜ao dos parˆametros de estabiliza¸ao
Os parˆametros de estabiliza¸ao ao determinados a partir da an´alise usada
para construir o QSFEM. No problema homogˆeneo, com uma malha uniforme de
elementos bilineares de lados h, as equa¸oes associadas aos pontos nodais interiores
tˆem a mesma foram geral (3.70) do QSFEM, com
G
0
=
2
3
h
2
k
2
9
+ α
h
2
k
4
9
+ β
3
4
9
64
h
2
k
2
, (3.99)
G
1
=
1
18
h
2
k
2
1
6
+ α
h
2
k
4
18
+ β
1
4
3h
2
k
2
64
, (3.100)
G
2
=
1
36
h
2
k
2
1
3
+ α
h
2
k
4
36
+ β
1
4
h
2
k
2
64
. (3.101)
Neste caso os coeficientes G
0
, G
1
e G
2
dependem linearmente dos parˆametros
livres α e β.
Como no QSFEM, determinamos os parˆametros ´otimos for¸cando a equa¸ao
de dispers˜ao a ser satisfeita com k
h
= k para dire¸oes θ
1
e θ
2
devidamente escolhi-
das. Isso nos leva a um sistema de duas equa¸oes lineares em duas inc´ognitas α e
β. Resolvendo esse sistema para θ
1
=
π
16
e θ
2
=
3π
16
encontramos:
α =
1
a
1
b
2
b
1
a
2
(b
2
g
1
b
1
g
2
), (3.102)
β =
1
a
1
b
2
b
1
a
2
(a
2
g
1
+ a
1
g
2
). (3.103)
Onde:
a
i
= A
LS
0
+ A
LS
1
(C
i
+ S
i
) + A
LS
2
C
i
S
i
, (3.104)
b
i
= A
F V
0
+ A
F V
1
(C
i
+ S
i
) + A
F V
2
C
i
S
i
, (3.105)
g
i
= A
G
0
+ A
G
1
(C
i
+ S
i
) + A
G
2
C
i
S
i
, (3.106)
(3.107)
39
C
i
= cos(kh cos θ
i
), (3.108)
S
i
= cos(kh sen θ
i
), (3.109)
A
G
0
=
2
3
h
2
k
2
9
, A
G
1
=
1
18
h
2
k
2
1
6
, A
G
2
=
1
36
h
2
k
2
1
3
, (3.110)
A
LS
0
=
h
2
k
4
9
, A
LS
1
=
h
2
k
4
18
, A
LS
2
=
h
2
k
4
36
, (3.111)
A
F V
0
=
3
4
9
64
h
2
k
2
, A
F V
1
=
1
4
3h
2
k
2
64
, A
F V
2
=
1
4
h
2
k
2
64
. (3.112)
(3.113)
Expandindo α(kh) e β(kh) em erie de Taylor em torno de kh = 0 obtemos
α =
1
k
2
α
0
+ α
2
(kh)
2
+ α
4
(kh)
4
+ α
6
(kh)
6
+ . . .
(3.114)
β = β
0
+ β
2
(kh)
2
+ β
4
(kh)
4
+ β
6
(kh)
6
+ . . . (3.115)
(3.116)
com
α
0
= 4, α
2
=
1
20
, α
4
=
137
3600
, α
6
=
10657
2304000
, (3.117)
β
0
= 2, β
2
=
7
120
, β
4
=
57
3200
, β
6
=
9713
6912000
. (3.118)
Para o problema homogˆeneo de Dirichlet, discretizando o dom´ınio com uma
malha uniforme de elementos quadrados, o GLSFV produz os mesmos resultados
que o QSFEM.
3.7.3 Galerkin e m´ınimos quadrados ponderados
Outra formula¸ao consistente e com as mesmas propriedades de estabiliza¸ao
do m´etodo GLSFV ´e o m´etodo GLS com um segundo termo de m´ınimos quadrados
ponderado por uma fun¸ao peso que varia no interior dos elementos. Esse etodo
40
consiste em encontrar u
h
U
h
tal que
B
G
(u
h
, v
h
) + αB
LS
(u
h
, v
h
) + βB
P
(u
h
, v
h
) (3.119)
= F
G
(v
h
) + αF
LS
(v
h
) + βF
P
(v
h
), v
h
V
h
, (3.120)
onde
B
P
(u
h
, v
h
) =
˜
P (x, y)(u
h
k
2
u
h
)(v
h
k
2
v
h
)d, (3.121)
F
P
(v
h
) =
˜
P (x, y)(v
h
k
2
v
h
)f d, (3.122)
˜
Ω = Ω
e
. (3.123)
Em cada elemento a fun¸ao de peso P ´e dada em coordenadas locais:
P (ξ, η) =
(1 η
2
) (1 ξ
2
)
4
, (3.124)
ou seja, P (ξ, η) ´e uma bolha biquadr´atica definida em cada elemento.
Como no etodo anterior, utilizamos a equa¸ao de dispers˜ao para encontrar
os parˆametros ´otimos:
α =
1
k
2
(kh)
2
α
0
+ α
2
(kh)
2
+ α
4
(kh)
4
+ α
6
(kh)
6
+ . . .
(3.125)
β =
1
k
2
(kh)
2
β
0
+ β
2
(kh)
2
+ β
4
(kh)
4
+ β
6
(kh)
6
+ . . .
(3.126)
com
α
0
= 25, α
2
=
35
36
, α
4
=
59
5184
, α
6
=
2023
933120
, (3.127)
β
0
=
225
4
, β
2
=
5
16
, β
4
=
155
2304
, β
6
=
749
82944
. (3.128)
41
3.8 Observoes
Conforme a mencionado, o objetivo desta tese ´e formular m´etodos de ele-
mentos finitos e de diferen¸cas finitas para o problema de Helmholtz que sejam
quase est´aveis, no sentido definido por Babuska, isto ´e, capazes de minimizar ou
pelo menos reduzir significativamente o erro de polui¸ao t´ıpico destas aproxima¸oes
e razoavelmente robustos quando aplicados a malhas mais gerais do que ma-
lhas uniformes, incluindo malhas ao estruturadas. A parte destacada ´e o
maior desafio, pois, como vimos, para malhas uniformes de elementos quadrados,
a quest˜ao da polui¸ao est´a razoavelmente bem resolvida.
Os m´etodos de elementos finitos que apresentamos neste cap´ıtulo possuem
parˆametros livres que ao ajustados para malhas uniformes com elementos qua-
drados de lado h. Essa ecnica ´e bastante comum nos m´etodos estabilizados para
o problema de Helmholtz. No entanto, para malhas mais gerais a an´alise de dis-
pers˜ao que ´e usada para determinar os parˆametros de estabiliza¸ao ao se aplica
diretamente. Nesses casos pode ser calculado um comprimento m´edio h para cada
elemento e ent˜ao os parˆametros de estabiliza¸ao ao calculados como se os ele-
mentos fossem quadrados. Entretanto, experimentos num´ericos indicam que os
parˆametros assim obtidos est˜ao longe dos valores ´otimos quando se trata de ma-
lhas distorcidas. Dada a grande sensibilidade da solu¸ao aproximada a varia¸oes no
n´umero de onda discreto, estas estrat´egias baseadas em parˆametros ´otimos obtidos
para malhas uniformes ao funcionam muito bem. Assim, tendo em vista nosso ob-
jetivo, temos que contornar essa dependˆencia em rela¸ao a um ´unico comprimento
h.
No pr´oximo cap´ıtulo apresentamos duas formula¸oes de elementos finitos de
Petrov-Galerkin que ao, pelo menos em parte, livres dessa limita¸ao. Na primeira
ao a parˆametros de estabiliza¸ao dependentes de h. Na segunda, os parˆametros
dependem diretamente de todos os comprimentos dos lados dos elementos.
Para os etodos de diferen¸cas finitas que descrevemos brevemente neste
cap´ıtulo a situa¸ao ´e ainda mais complicada, visto que esses etodos ao formu-
42
lados em termos de estˆenceis que ao pouco flex´ıveis em rela¸ao a distribui¸ao dos
pontos onde a solu¸ao ´e aproximada, como ´e normalmente o caso de m´etodos de
diferen¸cas finitas usuais. No Cap´ıtulo 5 apresentamos uma formula¸ao diferente
nesse sentido, onde ao ´e necess´aria uma distribui¸ao uniforme dos pontos onde a
solu¸ao ´e aproximada. Um crit´erio diferente do usado no QSFEM ser´a usado para
definir os estˆenceis ´otimos. Este novo crit´erio ser´a usado tamb´em no Cap´ıtulo 6
para formular um etodo de elementos finitos de Petrov-Galerkin que apresenta
grande robustez em rela¸ao a distor¸oes da malha.
43
Cap´ıtulo 4
M´etodos de Petrov-Galerkin
Neste cap´ıtulo ao apresentados dois m´etodos de Petrov-Galerkin para a
equa¸ao de Helmholtz. Apenas dom´ınios bidimensionais ao considerados. Nos
dois etodos o espa¸co U
h
S
h
= span{φ
i
, i = 1, . . . , N} ´e o espa¸co de elementos
finitos com elementos bilineares do etodo de Galerkin da Se¸ao 3.1, enquanto
que o espa¸co V
h
´e gerado por fun¸oes base nodais diferentes das do espa¸co U
h
:
V
h
= span{ψ
i
, i = 1, . . . , N
n
}, (4.1)
com ψ
i
= φ
i
, como nos m´etodos de Petrov-Galerkin em geral. Cada fun¸ao base
nodal ψ
i
ser´a constru´ıda para ter o mesmo suporte que a fun¸ao φ
i
correspondente,
supp(ψ
i
) = supp(φ
i
), i = 1 . . . N
n
, (4.2)
resultando em matrizes globais esparsas com o mesmo perfil (os mesmos termos
nulos) da matriz do etodo de Galerkin.
4.1 M´etodo com polui¸ao reduzida (RPPG)
O RPPG (Reduced Pollution Petrov-Galerkin (FEM)) ´e o mais simples dos
m´etodos propostos neste trabalho. Trata-se de uma vers˜ao truncada do etodo
QSPG da pr´oxima se¸ao, mas como foi obtido primeiro, ser´a apresentado separa-
damente.
44
Nos etodos de elementos finitos, as fun¸oes base dos espa¸cos U
h
e V
h
ao
constru´ıdas por partes elemento por elemento. Em coordenadas locais ξ do ele-
mento de referˆencia, denotamos por φ
e
i
(ξ) a fun¸ao base associada ao o local i .
Por exemplo, em 1D, temos duas fun¸oes locais para elementos lineares:
φ
e
1
(ξ) =
1 ξ
2
, (4.3)
φ
e
2
(ξ) =
1 + ξ
2
, (4.4)
onde 1 ξ 1 ´e a coordenada local do dom´ınio de referˆencia.
Em 2D, para elementos bilineares, temos
φ
e
1
(ξ, η) =
1 ξ
2
1 η
2
, (4.5)
φ
e
2
(ξ, η) =
1 + ξ
2
1 η
2
, (4.6)
φ
e
3
(ξ, η) =
1 + ξ
2
1 + η
2
, (4.7)
φ
e
4
(ξ, η) =
1 ξ
2
1 + η
2
, (4.8)
com 1 ξ 1 e 1 η 1.
O RPPG ´e definido apenas para elementos quadrilaterais. O espa¸co V
h
´e
constru´ıdo de forma an´aloga ao U
h
. As fun¸oes base nodais ψ
i
do espa¸co V
h
tamem ao definidas por partes em coordenadas locais dos elementos, de forma
semelhante `as fun¸oes φ
i
. Definimos ψ
e
i
como o produto de fun¸oes de forma
unidimensionais p
1
(t) e p
2
(t):
ψ
e
1
(ξ, η) = p
1
(ξ) p
1
(η), (4.9)
ψ
e
2
(ξ, η) = p
2
(ξ) p
1
(η), (4.10)
ψ
e
3
(ξ, η) = p
2
(ξ) p
2
(η), (4.11)
ψ
e
4
(ξ, η) = p
1
(ξ) p
2
(η). (4.12)
45
Onde p
1
e p
2
ao definidas como
p
1
(t) =
2 7t + 5t
3
4
, (4.13)
p
2
(t) =
2 + 7t 5t
3
4
. (4.14)
Os polinˆomios p
1
e p
2
, cujos gr´aficos est˜ao apresentados na Figura 4.1, foram
obtidos inicialmente de forma emp´ırica. A id´eia de procur´a-los surgiu quando se
tentava modificar o esquema de integra¸ao num´erica com o intuito de obter al-
guma estabiliza¸ao para a formula¸ao de Galerkin levando em conta as distor¸oes
dos elementos naturalmente. Essa possibilidade foi testada empiricamente, modifi-
cando os pesos dos pontos de integra¸ao e observando os resultados, que indicaram
que certas escolhas dos pesos levavam a ganhos significativos de estabilidade. Mas
enao notou-se que o efeito causado por uma modifica¸ao nos pesos dos pontos de
integra¸ao poderia ser obtido tamb´em modificando o integrando e fazendo a inte-
gral exata, o que ´e perfeitamente poss´ıvel, no contexto dos m´etodos dos elementos
finitos, modificando os espa¸cos U
h
e/ou V
h
.
A id´eia inicial de modificar o esquema de integra¸ao ao foi levada adiante,
mas ´e interessante citar aqui o trabalho de Guddati e Yue (2004). Nesse trabalho
as coordenadas dos pontos de integra¸ao (e ao os pesos) ao modificadas com o
intuito de reduzir o erro no umero de onda discreto. Uma conex˜ao interessante
com esse trabalho ´e que, para elementos retangulares, a matriz local resultante do
m´etodo proposto por Guddati e Yue (2004) ´e igual `a do m´etodo RPPG que aqui
propomos.
No Cap´ıtulo 3 foram apresentadas as seguintes estimativas para o erro no
n´umero de onda discreto em malhas uniformes de elementos de lado h para o
m´etodo de Galerkin
k k
h
k
=
3 + cos 4θ
96
(kh)
2
+ O
(kh)
4
, (4.15)
46
1 0 1
t
0
1
2
1
p
1
(t)
p
2
(t)
1t
2
1+t
2
Figura 4.1: Gr´aficos dos polinˆomios p
1
e p
2
do etodo RPPG e os gr´aficos das
fun¸oes correspondentes no etodo de Galerkin.
para o GLS
k k
h
k
=
cos 4θ
96
(kh)
2
+ O
(kh)
4
(4.16)
e para o QSFEM
k k
h
k
=
cos 8θ
774144
(kh)
6
+ O
(kh)
8
. (4.17)
O mesmo alculo usado para obter as estimativas acima foi usado para obter o
seguinte resultado para o RPPG:
k k
h
k
=
5 + 3 cos 4θ
3840
(kh)
4
+ O
(kh)
6
. (4.18)
Comparando os quatro resultados vemos que o erro relativo no n´umero de onda do
RPPG ´e de quarta ordem em rela¸ao a kh, o que ´e bem melhor comparado com
o m´etodo de Galerkin e o GLS, que ao de segunda ordem. Mas esse erro ainda ´e
bem maior do que o m´ınimo obtido com o QSFEM, que ´e de sexta ordem.
Nas Figuras 4.2 e 4.3 o RPPG ´e comparado com o etodo de Galerkin em um
quadrado unit´ario com condi¸oes de contorno de Robin e malhas uniformes com
elementos quadrados. Nota-se uma significativa redu¸ao no efeito de polui¸ao. Na
norma do L
2
a aproxima¸ao do RPPG chega a ser melhor do que a interpolante.
47
Outros resultados num´ericos ser˜ao apresentados adiante.
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1
-0.5
0
log(u u
h
/ u)
Interpolante
Galerkin
RPPG
Figura 4.2: Dependˆencia do erro na norma L
2
em rela¸ao a dire¸ao θ da onda
plana, k = 100, condi¸oes contorno de Robin, malha uniforme com 100 × 100
elementos quadrados.
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
RPPG
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
RPPG
1
1
Figura 4.3: Convergˆencia para uma onda plana com θ =
π
2
e k = 100, condi¸oes
de contorno de Robin, malhas uniformes de elementos quadrados.
Uma caracter´ıstica interessante do RPPG ´e que ao existem parˆametros
dependentes do n´umero de onda ou dos tamanhos dos elementos. Isso ´e interessante
do ponto de vista pr´atico pois a implementa¸ao do RPPG pode ser feita com poucas
48
modifica¸oes a partir de uma implementa¸ao do etodo de Galerkin. O etodo
QSPG apresentado na pr´oxima se¸ao inclui parˆametros dependendes de k e dos
comprimentos dos lados dos elementos. Veremos que com isso ´e poss´ıvel obter
polui¸ao m´ınima para malhas uniformes com elementos quadrados.
4.2 M´etodo quase estabilizado (QSPG)
Considere o elemento de referˆencia ilustrado na Figura 4.4. Os comprimentos
h
1
, h
2
, h
3
e h
4
indicados ao os obtidos a partir das coordenadas globais dos os.
ξ
η
ξ
1
= (1, 1) ξ
2
= (1, 1)
ξ
3
= (1, 1)ξ
4
= (1, 1)
h
1
h
2
h
3
h
4
Figura 4.4: Elemento de referˆencia.
Novamente constru´ımos o espa¸co V
h
usando fun¸oes base nodais ψ
i
diferentes
das φ
i
do espa¸co U
h
. Definimos fun¸oes nodais em coordenadas locais do elemento
de referˆencia da seguinte forma:
ψ
e
1
(ξ, η) = P
1
ξ, α(kh
1
), β(kh
1
)
P
1
η, α(kh
4
), β(kh
4
)
, (4.19)
ψ
e
2
(ξ, η) = P
2
ξ, α(kh
1
), β(kh
1
)
P
1
η, α(kh
2
), β(kh
2
)
, (4.20)
ψ
e
3
(ξ, η) = P
2
ξ, α(kh
3
), β(kh
3
)
P
2
η, α(kh
2
), β(kh
2
)
, (4.21)
ψ
e
4
(ξ, η) = P
1
ξ, α(kh
3
), β(kh
3
)
P
2
η, α(kh
4
), β(kh
4
)
, (4.22)
49
onde P
1
(t, α, β) e P
2
(t, α, β) ao os polinˆomios de grau 3 em t
P
1
(t, α, β) = α + βt +
1
2
α
t
2
1
2
+ β
t
3
, (4.23)
P
2
(t, α, β) = α βt +
1
2
α
t
2
+
1
2
+ β
t
3
, (4.24)
com parˆametros α e β a ser definidos.
Os polinˆomios P
1
(t, α, β) e P
2
(t, α, β) satisfazem, independentemente dos
parˆametros α e β, as seguintes condi¸oes:
P
1
(1, α, β) = 1, (4.25)
P
1
(1, α, β) = 0, (4.26)
P
2
(1, α, β) = 0, (4.27)
P
2
(1, α, β) = 1, (4.28)
P
2
(t, α, β) = P
1
(t, α, β). (4.29)
A dependˆencia em rela¸ao a α e β poderia ser de outras formas, a escolha
particular das equa¸oes 4.23 e 4.24 implica que
P
1
(0, α, β) = P
2
(0, α, β) = α e (4.30)
P
1
(0, α, β) = P
2
(0, α, β) = β. (4.31)
Se escolhermos parˆametros constantes α =
1
2
e β =
1
2
, recuperamos o
m´etodo de Galerkin. O RPPG ´e obtido escolhendo α =
1
2
e β =
7
4
. No caso
do QSPG, os parˆametros α e β dependem de kh, a defini¸ao precisa ser´a dada na
Se¸ao 4.2.2. Independentemente de como eles ao escolhidos, as fun¸oes do espa¸co
V
h
resultante ao cont´ınuas. Isso ´e verificado com mais cuidado a seguir.
50
4.2.1 Conformidade
Por constru¸ao, as fun¸oes globais ψ
i
ao cont´ınuas no interior dos elementos.
A continuidade nas fronteiras dos elementos ´e consequˆencia das condi¸oes impostas
nas equa¸oes (4.25)-(4.29).
As fun¸oes locais ψ
e
i
ao constru´ıdas de modo que as formas que elas assumem
em algum lado do elemento dependem apenas do produto do comprimento desse
lado pelo n´umero de onda, conforme est´a expl´ıcito nas equa¸oes seguintes, que ao
verificadas diretamente a partir das defini¸oes:
Lado 1:
ψ
e
1
(ξ, η) = P
1
(ξ, α(kh
1
), β(kh
1
))
ψ
e
2
(ξ, η) = P
1
(ξ, α(kh
1
), β(kh
1
))
ψ
e
3
(ξ, η) = 0
ψ
e
4
(ξ, η) = 0
(4.32)
Lado 2:
ψ
e
1
(ξ, η) = 0
ψ
e
2
(ξ, η) = P
1
(η, α(kh
2
), β(kh
2
))
ψ
e
3
(ξ, η) = P
1
(η, α(kh
2
), β(kh
2
)),
ψ
e
4
(ξ, η) = 0
(4.33)
Lado 3:
ψ
e
1
(ξ, η) = 0
ψ
e
2
(ξ, η) = 0
ψ
e
3
(ξ, η) = P
1
(ξ, α(kh
3
), β(kh
3
))
ψ
e
4
(ξ, η) = P
1
(ξ, α(kh
3
), β(kh
3
))
(4.34)
Lado 4:
ψ
e
1
(ξ, η) = P
1
(η, α(kh
4
), β(kh
4
))
ψ
e
2
(ξ, η) = 0
ψ
e
3
(ξ, η) = 0
ψ
e
4
(ξ, η) = P
1
(η, α(kh
4
), β(kh
4
))
(4.35)
Al´em disso as fun¸oes globais ψ
i
(x, y) ao dependem da numera¸ao local dos
51
os. De fato, partindo de um elemento com coordenadas locais (ξ, η), ent˜ao uma
renumera¸ao dos os R = (1, 2, 3, 4) → (4, 1, 2, 3) resulta em um novo sistema de
coordenadas locais (ξ
, η
) = (η, ξ); se um ponto global (x, y) tem coordenadas
(ξ, η) no elemento original, ent˜ao esse mesmo ponto tem coordenadas (ξ
, η
) no
elemento com a nova numera¸ao. A mesma renumera¸ao aplica-se para os compri-
mentos dos lados, ou seja, h
1
= h
4
, h
2
= h
1
, h
3
= h
2
e h
4
= h
3
. A fun¸ao global ψ
associada ao o 1 na numera¸ao local original ´e dada por
ψ(x, y) = ψ(x(ξ, η), y(ξ, η)) = ψ
e
1
(ξ, η) (4.36)
= P
1
(ξ, α(kh
1
), β(kh
1
)) · P
1
(η, α(kh
4
), β(kh
4
)). (4.37)
Com os os renumerados, temos que
ψ(x, y) = ψ(x(ξ
, η
), y(ξ
, η
)) = ψ
e
4
(ξ
, η
) (4.38)
= P
1
(ξ
, α(kh
3
), β(kh
3
)) · P
2
(η
, α(kh
4
), β(kh
4
)) (4.39)
= P
1
(η, α(kh
4
), β(kh
4
)) · P
2
(ξ, α(kh
1
), β(kh
1
)) (4.40)
= P
1
(η, α(kh
4
), β(kh
4
)) · P
1
(ξ, α(kh
1
), β(kh
1
)) (4.41)
= P
1
(ξ, α(kh
1
), β(kh
1
)) · P
1
(η, α(kh
4
), β(kh
4
)), (4.42)
que ´e o mesmo resultado encontrado em (4.37).
O mesmo pode ser verificado para as fun¸oes globais associadas aos outros
os. Como qualquer renumera¸ao alida dos os pode ser obtida por aplica¸oes
iterativas de R, ent˜ao conclu´ımos que as fun¸oes globais ao mudam quando uma
renumera¸ao local dos os ´e feita.
Essa independˆencia em rela¸ao a numera¸ao dos os nos permite verificar a
continuidade analisando, sem perda de generalidade, apenas a situa¸ao ilustrada
na Figura 4.5. Nessa figura x
1
, . . . , x
6
ao os globais aos quais est˜ao associadas
as fun¸oes base globais ψ
1
, . . . , ψ
6
respectivamente. O segmento x
1
x
2
pode ser
52
parametrizado com t [1, 1] por
x(t) =
1 t
2
x
1
+
1 + t
2
x
2
. (4.43)
Com a transforma¸ao usual entre coordenadas locais e globais, no elemento e um
ponto x(t) tem coordenadas locais
ξ(t) =
1 t
2
ξ
2
+
1 + t
2
ξ
3
= (1, t), (4.44)
enquanto que no elemento e
o mesmo ponto tem coordenadas locais
ξ
(t) =
1 t
2
ξ
1
+
1 + t
2
ξ
4
= (1, t). (4.45)
e
ξ
η
1 2
34
e
ξ
η
1 2
34
x
1
x
2
x
3
x
4
x
5
x
6
Figura 4.5: Elementos vizinhos.
A continuidade ao longo do segmento x
1
x
2
segue das equa¸oes (4.33) e (4.35).
De fato, temos que as fun¸oes globais ψ
3
, ψ
4
, ψ
5
e ψ
6
se anulam ao longo do
segmento considerado. Isso garante a continuidade dessas fun¸oes, a que, por
constru¸ao, esse segmento ´e parte da fronteira de seus suportes. Quanto `as fun¸oes
53
ψ
1
e ψ
2
, no lado do elemento e temos que
ψ
1
(x(t)) = ψ
e
2
(ξ(t)) = ψ
e
2
(1, t) = P
1
(t, α(x
1
x
2
), β(x
1
x
2
)), (4.46)
ψ
2
(x(t)) = ψ
e
3
(ξ(t)) = ψ
e
3
(1, t) = P
1
(t, α(x
1
x
2
), β(x
1
x
2
)). (4.47)
o mesmo resultado ocorre no lado do elemento e
:
ψ
1
(x(t)) = ψ
e
1
(ξ
(t)) = ψ
e
1
(1, t) = P
1
(t, α(x
1
x
2
), β(x
1
x
2
)), (4.48)
ψ
2
(x(t)) = ψ
e
4
(ξ
(t)) = ψ
e
4
(1, t) = P
1
(t, α(x
1
x
2
), β(x
1
x
2
)), (4.49)
o que nos permite concluir que ψ
1
e ψ
2
ao cont´ınuas ao longo do segmento consi-
derado.
4.2.2 Parˆametros de estabiliza¸c˜ao
Para completar a formula¸ao do QSPG falta apenas definir os parˆametros de
estabiliza¸ao α(kh) e β(kh).
Em um elemento geral, temos na verdade oito parˆametros independentes,
α(kh
1
), α(kh
2
), α(kh
3
), α(kh
4
), β(kh
1
), β(kh
2
), β(kh
3
) e β(kh
4
), sendo dois as-
sociados a cada lado do elemento. Conforme a se¸ao anterior, para assegurar a
continuidade atrav´es da fronteira dos elementos, ´e preciso calcular esses parˆemtros
de forma consistente para todos os elementos, se usarmos uma defini¸ao de α(kh) e
β(kh) para um elemento, ent˜ao ´e preciso usar a mesma defini¸ao em todos outros.
Em particular, a defini¸ao usada para elementos quadrados tem que ser usada
tamb´em nos demais elementos.
O crit´erio adotado para definir α(kh) e β(kh) ´e que, quando restrito a malhas
uniformes com elementos quadrados, o QSPG tenha polui¸ao m´ınima no mesmo
sentido que o QSFEM.
´
E dessa forma de determinar esses parˆametos que vem a
denomina¸ao “QSPG”: Quasi Stabilized Petrov-Galerkin (FEM).
54
No caso de um elemento quadrado temos que
h
1
= h
2
= h
3
= h
4
= h, (4.50)
logo os oito parˆametros acabam reduzindo-se a apenas dois:
α(kh
1
) = α(kh
2
) = α(kh
3
) = α(kh
4
) = α(kh) e (4.51)
β(kh
1
) = β(kh
2
) = β(kh
3
) = β(kh
4
) = β(kh). (4.52)
Assim como no QSFEM, bem como em todos os m´etodos de elementos finitos
bilineares descritos anteriormente, o estˆencil do QSPG com malhas de elementos
quadrados pode ser representado pela matriz
A
2
A
1
A
2
A
1
A
0
A
1
A
2
A
1
A
2
. (4.53)
Os coeficientes A
0
, A
1
e A
2
associados ao QSPG ao
A
0
=
4
225
a
30 ah
2
k
2
, (4.54)
A
1
=
1
225
30a 15b + abh
2
k
2
, (4.55)
A
2
=
1
900
b
60 + bh
2
k
2
(4.56)
com
a = 2 + 5α(kh) β(kh), (4.57)
b = 1 + 10α(kh) + 2β(kh). (4.58)
Na Se¸ao 3.7.1 os coeficientes do estˆencil do QSFEM foram obtidos resol-
vendo a equa¸ao de dispers˜ao (3.24) em rela¸ao a A
1
/A
0
e A
2
/A
0
com k
h
= k para
as duas dire¸oes θ =
π
16
e θ =
3π
16
. No QSPG temos que A
0
, A
1
e A
2
dependem dos
55
dois parˆametros livres α(kh) e β(kh), ent˜ao podemos proceder como no caso do
QSFEM mas resolvendo em rela¸ao a α(kh) e β(kh). Assim, α(kh) e β(kh) ao
determinados resolvendo o sistema de equa¸oes ao lineares
A
0
(α, β) + 2R
1
A
1
(α, β) + 4S
1
A
2
(α, β) = 0, (4.59)
A
0
(α, β) + 2R
2
A
1
(α, β) + 4S
2
A
2
(α, β) = 0, (4.60)
onde
R
1
= cos
kh cos
π
16
+ cos
kh sen
π
16
, (4.61)
S
1
= cos
kh cos
π
16
cos
kh sen
π
16
, (4.62)
R
2
= cos
kh cos
3π
16
+ cos
kh sen
3π
16
, (4.63)
S
2
= cos
kh cos
3π
16
cos
kh sen
3π
16
. (4.64)
As equa¸oes (4.59)-(4.60) podem ser resolvidas substituindo (4.54)-(4.56) em
(4.59)-(4.60), resolvendo em rela¸ao a a e b e finalmente usando (4.57)-(4.58) para
encontrar
α(kh) =
5 + a + 2b
20
, (4.65)
β(kh) =
3 + a 2b
4
. (4.66)
Encontramos assim 4 solu¸oes distintas.
As duas primeiras solu¸oes ao
a = 0 e b = 0, (4.67)
a =
30
k
2
h
2
e b =
60
k
2
h
2
. (4.68)
Estas ao solu¸oes esp´urias, pois implicam em A
0
= A
1
= A
2
= 0, sendo enao
descartadas.
56
Para escrever as outras duas solu¸oes, usamos as seguintes express˜oes auxi-
liares:
δ = R
2
2
S
1
+ (S
1
S
2
)
2
+ R
2
1
S
2
R
1
R
2
(S
1
+ S
2
), (4.69)
= S
1
(1 R
2
) + S
2
(R
1
1), (4.70)
γ = R
1
R
2
S
1
+ S
2
. (4.71)
Assumimos que δ > 0, > 0 e γ > 0, que ´e verdadeiro para 0 < kh 1 (mas ao
o nesse intervalo), o que nos permite fazer algumas simplifica¸oes.
A terceira solu¸ao pode ent˜ao ser escrita como
a = 15
1 +
δ
k
2
h
2
, (4.72)
b = 30
1 +
γ
δ
k
2
h
2
. (4.73)
Com ajuda do software Mathematica (Wolfram Research (2005)) foi poss´ıvel calcu-
lar as seguintes expans˜oes em s´eries para os parˆametros resultantes dessa solu¸ao:
α(kh) = 1
1
640
(kh)
4
7
73728
(kh)
6
3
409600
(kh)
8
+ O
(kh)
8
, (4.74)
β(kh) =
30
(kh)
2
+
13
4
3
32
(kh)
2
+
1
1152
(kh)
4
+ O
(kh)
6
. (4.75)
Podemos notar nessas express˜oes que P
1
(0) = α(kh) 1 quando h 0. Mas
o termo
30
(kh)
2
na expans˜ao de β(kh) implica que |P
1
(0)| cresce indefinidamente
quando h 0.
A quarta solu¸ao ´e dada por
a = 15
1
δ
k
2
h
2
, (4.76)
b = 30
1
γ
δ
k
2
h
2
, (4.77)
57
de onde obtemos
α(kh) =
1
2
+
1
640
(kh)
4
+
7
73728
(kh)
6
+
3
409600
(kh)
8
+ O
(kh)
10
, (4.78)
β(kh) =
7
4
+
3
32
(kh)
2
1
1152
(kh)
4
+
23
552960
(kh)
6
+ O
(kh)
8
. (4.79)
Nesta ´ultima solu¸ao tanto α(kh) quanto β(kh) convergem para valores finitos
quando h 0, por isso os parˆametros escolhidos para o QSPG ao esses.
Para o QSPG, o erro no n´umero de onda para malhas uniformes com ele-
mentos quadrados ´e idˆentico ao do QSFEM.
Se usarmos apenas o termo independente de kh em cada uma das eries
(4.78) e (4.79), ou seja, α =
1
2
e β =
7
4
, ent˜ao reca´ımos no RPPG. Assim, quando
h 0, o RPPG se aproxima do QSPG, isso pode ser observado nos experimentos
num´ericos que apresentamos adiante.
4.3 Implementa¸ao computacional
O RPPG ´e bastante simples de ser implementado a partir de uma imple-
menta¸ao do etodo de Galerkin. Mas dois cuidados devem ser tomados. O
primeiro ´e aumentar o n´umero de pontos de integra¸ao num´erica, visto que ao
usados polinˆomios de grau mais alto. Nos experimentos que apresentamos a seguir,
foram usados 3 × 3 pontos de integra¸ao de Gauss-Legendre. Outro ponto a ser
observado ´e que a matriz global do RPPG, diferentemente do m´etodo de Galer-
kin, ao ´e sim´etrica em geral, logo o m´etodo usado para resolver o sistema linear
associado deve ser apropriado para esse tipo de matriz mais geral.
As observoes acima tamb´em valem para o QSPG, que ainda requer um
trabalho extra. A forma exata das fun¸oes base em coordenadas locais varia de
elemento para elemento. Assim, ´e necess´ario recalcular essas fun¸oes para cada
elemento. Isso gera um custo computacional maior, mas ao afeta seriamente o
custo total do m´etodo que, para malhas com muitos graus de liberdade, ´e dominado
pelo custo de resolver o sistema global final.
58
4.4 Resultados num´ericos
4.4.1 Elementos quadrados
Nestes testes usamos malhas uniformes com elementos quadrados. O dom´ınio
´e o quadrado unit´ario = (0, 1) × (0, 1). O n´umero de onda ´e k = 100. Usamos
condi¸oes de contorno de Robin
u
n
+ iku = g em , (4.80)
onde g ´e definida apropriadamente em cada caso para que a solu¸ao exata seja a
pretendida.
Na Figura 4.6 comparamos o desempenho dos etodos de Galerkin, GLS,
RPPG e QSPG para solu¸oes exatas que ao ondas planas em arias dire¸oes.
´
E
usada uma malha com 100×100 elementos. Vemos que, na norma do L
2
, a solu¸ao
pelo QSPG ´e melhor que a interpolante. O RPPG tem tamb´em bom desempenho
comparado com a interpolante. O GLS exibe muita varia¸ao, funcionando muito
bem para a dire¸ao
π
8
mas ao muito para
π
4
. Os resultados produzidos pelo etodo
de Galerkin ao muito afetados pelo efeito de polui¸ao em todas as dire¸oes.
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1
-0.5
0
log(u u
h
/ u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
Figura 4.6: Dependˆencia do erro em rela¸ao a dire¸ao θ da onda plana. Malha
com 100 × 100 elementos quadrados, k = 100, condi¸oes de Robin.
Podemos observar na Figura 4.6 que a dire¸ao
π
2
´e a que apresenta maiores
59
erros na norma L
2
. Na Figura 4.7 apresentamos resultados de estudos de con-
vergˆencia para uma onda plana nessa dire¸ao. Para o RPPG o efeito de polui¸ao
´e rapidamente reduzido pelo refinamento da malha. Para o GLS isso ocorre mais
lentamente e apenas na norma do H
1
. Em L
2
o gr´afico do GLS fica sempre bem
distante do gr´afico da interpolante, o mesmo ocorre, de forma mais acentuada, com
o m´etodo de Galerkin. Como referido anteriormente, o etodo de Galerkin ao ´e
capaz de eliminar completamente a polui¸ao na norma L
2
, mesmo quando h 0.
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.7: Convergˆencia em H
1
e L
2
, k = 100, condi¸oes de contorno de Robin,
a solu¸ao exata ´e uma onda plana na dire¸ao
π
2
.
4.4.2 Elementos retangulares
Os estudos feitos na se¸ao anterior ao repetidos aqui para elementos re-
tangulares. O dom´ınio ´e um quadrado unit´ario. ao usadas malhas com n × 2n
elementos retangulares, ou seja, em todo elemento o comprimento mede o dobro
da altura.
Este tipo de elemento causa problemas em etodos que em parˆametros de-
pendentes de um comprimento m´edio h em cada elemento. Quando se trata de
um elemento muito alongado, ao existe uma escolha razo´avel para tal compri-
60
mento m´edio. No caso do RPPG, ao a esse problema, pois ao a parˆametros
dependentes da geometria dos elementos. a o QSPG lida naturalmente com essa
situa¸ao, visto que os parˆametros de estabiliza¸ao dependem explicitamente dos
comprimentos de todos os lados do elemento e ao de um ´unico comprimento
m´edio.
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1.5
-1
-0.5
0
log(u u
h
/ u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
Figura 4.8: Dependˆencia do erro em rela¸ao a dire¸ao θ da onda plana. Malha
com 100 × 200 elementos retangulares, k = 100, condi¸oes de Robin.
Para a Figura 4.8 foi usada uma malha com 100 × 200 elementos. Observa-
se agora que a dire¸ao
π
2
ao ´e a de maior erro para todos os m´etodos, uma
consequˆencia do fato de que nessa dire¸ao a malha ´e mais refinada. Novamente
o RPPG e o QSPG exibem um desempenho muito bom, verificado novamente no
estudo de convergˆencia, nas normas L
2
e H
1
, apresentado na Figura 4.9.
61
2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.4
-1.2
-1
-0.8
-0.6
-0.4
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2.2 2.4 2.6
log(h)
-3
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.9: Convergˆencia em H
1
e L
2
, k = 100, malhas com n × 2n elementos
retangulares, condi¸oes de contorno de Robin, a solu¸ao exata ´e uma onda plana
na dire¸ao
π
2
.
4.4.3 Elementos distorcidos aleatoriamente
Nesta se¸ao ao realizados testes com elementos distorcidos. A distor¸ao ´e ob-
tida substituindo as coordenadas (x
i
, y
i
) dos os interiores de uma malha formada
originalmente por elementos quadrados por coordenadas (x
i
, y
i
) aleatoriamente
perturbadas da seguinte forma:
x
i
= x
i
+ r
i
h, (4.81)
y
i
= y
i
+ s
i
h, (4.82)
onde r
i
e s
i
ao sequˆencias de n´umeros aleat´orios distribu´ıdos uniformemente no
intervalo [0.24, 0.24]. A Figura 4.10 ilustra uma malha com 20 × 20 elementos
gerada dessa forma.
Os resultados deste estudo est˜ao apresentados nas Figuras 4.11 e 4.12. Po-
demos notar que o RPPG e o QSPG produzem resultados um pouco piores do que
a interpolante, mas ainda muito melhores do que o GLS e o m´etodo de Galerkin.
62
Figura 4.10: Malha com 20 × 20 elementos distorcidos.
´
E interessante notar que neste estudo o RPPG funcionou melhor do que o QSPG.
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
log(u u
h
/ u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
Figura 4.11: Dependˆencia do erro em rela¸ao a dire¸ao θ da onda plana. Malha
com 100 × 100 elementos distorcidos, k = 100, condi¸oes de Robin.
63
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.12: Convergˆencia em H
1
e L
2
, k = 100, elementos distorcidos, condi¸oes
de contorno de Robin, a solu¸ao exata ´e uma onda plana na dire¸ao
π
2
.
4.4.4 Ondas ao direcionais
Nesta se¸ao apresentamos estudos onde as solu¸oes ao ao ondas com di-
re¸oes bem definidas. Para isso usamos as solu¸oes descritas na Se¸ao 2.3.3, ou
seja,
u
n
(x, y) = T
n
x
x
2
+ y
2
H
(1)
n
k
x
2
+ y
2
, (4.83)
onde H
(1)
n
´e a fun¸ao de Hankel de primeiro tipo e ordem n e T
n
´e o polinˆomio de
Chebyshev de primeiro tipo e ordem n.
O dom´ınio ´e o anel com raios interno r
i
=
1
2
e externo r
e
= 1:
Ω =
(x, y) R
2
;
1
2
<
x
2
+ y
2
< 1
. (4.84)
ao usadas condi¸oes de contorno de Dirichlet no contorno interno e de Robin
no contorno externo. O n´umero de onda ´e k = 100.
As malhas s˜ao geradas com n×10n elementos, onde n ´e o n´umero de divis˜oes
no sentido radial e 10n ´e o n´umero de divis˜oes no sentido angular. Uma malha
t´ıpica gerada dessa forma, com 12 × 120 elementos ´e mostrada na Figura 4.13.
64
Os resultados ao apresentados na Figura 4.14, que corresponde a solu¸ao
(4.83) com n = 0 e na Figura 4.15, onde n = 8. O m´etodo de Galerkin ´e bastante
afetado pela polui¸ao, o GLS tamb´em mas em menor grau. As aproxima¸oes do
QSPG ao melhores do que a interpolante na norma do L
2
, o RPPG ´e um pouco
afetado pela polui¸ao, mas para malhas mais refinadas converge ao bem quanto
o QSPG.
Figura 4.13: Exemplo de malha para um dom´ınio anelar.
65
2.2 2.4 2.6 2.8
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2.2 2.4 2.6 2.8
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.14: Convergˆencia em H
1
e L
2
, solu¸ao sem uma dire¸ao definida (equa¸ao
(4.83) com n = 0), k = 100, condi¸oes de contorno de Dirichlet e Robin.
2.2 2.4 2.6 2.8
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2.2 2.4 2.6 2.8
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.15: Convergˆencia em H
1
e L
2
, solu¸ao sem uma dire¸ao definida (equa¸ao
(4.83) com n = 8), k = 100, condi¸oes de contorno de Dirichlet e Robin.
4.4.5 Problema ao homogˆeneo
Os m´etodos propostos neste cap´ıtulo foram constru´ıdo tendo como crit´erio a
estabiliza¸ao para o problema homogˆeneo. Nesta se¸ao fazemos um teste simples
66
para o caso nao homogˆeneo. Definimos o termo f na equa¸ao
u k
2
u = f (4.85)
de forma que a solu¸ao exata seja dada por
u(x, y) = sen(πx) sen(πy). (4.86)
As condi¸oes de contorno ao de Robin. O dom´ınio ´e o quadrado unit´ario
e as malhas ao as malhas distorcidas geradas exatamente como nos estudos da
Se¸ao 4.4.3.
Na Figura 4.16 apresentamos um estudo de convergˆencia com k = 10. Na se-
minorma do H
1
todos os m´etodos produzem resultados equivalentes `a interpolante.
Na norma L
2
os resultados de todos os m´etodos ao melhores que a interpolante,
O RPPG e O QSPG ao os etodos que produzem melhores resultados.
A Figura 4.17 corresponde ao mesmo estudo com k = 100. Na seminorma do
H
1
novamente todos os etodos produzem resultados equivalentes `a interpolante.
Na norma L
2
notamos que as aproxima¸oes do RPPG, do QSPG e de Galerkin
tˆem os erros inicialemnte pr´oximos ao erro da aproxima¸ao do GLS. Mas com o
refinamento da malhas o RPPG e o QSPG se afastam, produzindo aproxima¸oes
melhores. O etodo de Galerkin tem o comportamento semelhante e ´e o que tem
os melhores resultados.
´
E importante observar que, como a solu¸ao deste problema
depende fundamentalmente do termo de fonte, os efeitos de polui¸ao ao ocorrem
em nenhum desses etodos, inclusive no etodo de Galerkin.
4.4.6 Ondas evanescentes
Neste estudo consideramos a seguinte solu¸ao exata do problema homogˆeneo
u(x, y) = e
β(x sen θy cos θ)
e
iα(x cos θ+y sen θ)
, (4.87)
67
1 1.5 2
log(h)
-2.2
-2
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
-1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
1 1.5 2
log(h)
-4.5
-4
-3.5
-3
-2.5
-2
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.16: Convergˆencia em H
1
e L
2
, problema ao homogˆeneo, k = 10
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2.4
-2.3
-2.2
-2.1
-2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-5.2
-5
-4.8
-4.6
-4.4
-4.2
-4
-3.8
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.17: Convergˆencia em H
1
e L
2
, problema ao homogˆeneo, k = 100
com
k = 60, (4.88)
α = 61, (4.89)
β =
α
2
k
2
= 11, (4.90)
68
para arias dire¸oes θ entre 0 e 2π.
O dom´ınio ´e o quadrado unit´ario, discretizado por uma malha uniforme de
elementos quadrados.
Na Figura 4.18 vemos que, na norma do L
2
, as aproxima¸oes do RPPG e
do QSPG ao quase sempre melhores do que a aproxima¸ao do GLS e em muitas
dire¸oes melhor do que a interpolante.
0
π
4
π
2
3π
4
π 5π
4
3π
2
7π
4
2π
θ
-2
-1.5
-1
-0.5
0
log(u u
h
/ u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
Figura 4.18: Dependˆencia do erro na norma L
2
em rela¸ao a dire¸ao θ da onda
evanescente. Malha com 100 × 100 elementos quadrados, k = 60, condi¸oes de
Robin.
4.4.7 Problema de Dirichlet - ressonˆancia num´erica
Por fim, apresentamos um exemplo com condi¸oes de Dirichlet onde a res-
sonˆancia num´erica deteriora seriamente as solu¸oes aproximadas. O estudo ´e o
mesmo feito na Se¸ao 4.4.3, mas em vez de condi¸oes de Robin, consideramos
agora condi¸oes de Dirichlet.
As Figuras 4.19 e 4.20 mostram os resultados. Como podemos notar, o
RPPG e o QSPG tˆem alguma vantagem sobre os outros m´etodos. No gr´afico
da convergˆencia em L
2
e H
1
, podemos notar que o erro do RPPG e do QSPG
come¸cam a aumentar depois de certo refinamento. Isso ocorre pois os autovalores
do problema discreto dependem de h e com o refinamento da malha, um desses
69
autovalores se aproxima do n´umero de onda k. Se a malha continuasse sendo
refinada, o erro continuaria a aumentar at´e passar essa ressonˆancia, e o ent˜ao
esses m´etodos voltariam a convergir.
´
E importante ressaltar que a ressonˆancia num´erica ´e inevit´avel para este
problema, visto que nenhum etodo pode eliminar totalmente a diferen¸ca entre o
n´umero de onda discreto e o exato.
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1
0
1
2
log(u u
h
/ u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
Figura 4.19: Dependˆencia do erro em rela¸ao a dire¸ao θ da onda plana. Malha
com 100 × 100 elementos distorcidos, k = 100, condi¸oes de Dirichlet.
4.5 Observoes
Uma limita¸ao do QSPG ´e que ele ´e aplic´avel somente a elementos quadri-
laterais, que nem sempre ao os mais convenientes para discretizer dom´ınios mais
complexos. Uma estabiliza¸ao semelhante foi tentada para elementos triangulares,
mas os ganhos ao foram ao expressivos como os obtidos com o QSPG.
Apesar da relativa simplicidade das formula¸oes do RPPG e do QSPG, esses
m´etodos s˜ao razoavelmente robustos em rela¸ao a distor¸oes dos elementos, princi-
palmente para elementos alongados, como verificamos na Se¸ao 4.4.2. No entanto,
para certos tipos de elementos, como os mostrados na Se¸ao 4.4.3, persiste alguma
polui¸ao, que ao causa tanta instabilidade para o problema de Robin, mas que
70
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
1
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2
-1
0
1
2
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
GLS
RPPG
QSPG
1
2
Figura 4.20: Convergˆencia em H
1
e L
2
, k = 100, elementos distorcidos, condi¸oes
de contorno de Dirichlet, a solu¸ao exata ´e uma onda plana na dire¸ao
π
2
.
causa s´erios efeitos causados por ressonˆancia num´ericas para o problema de Diri-
chlet. Assim, buscar etodos mais robustos a distor¸oes continua sendo o objetivo
principal dos pr´oximos cap´ıtulos.
71
Cap´ıtulo 5
M´etodos de diferen¸cas finitas para
malhas ao estruturadas
No QSFEM o crit´erio usado para definir os coeficientes de um estˆencil de
diferen¸cas finitas para o operador de Helmholtz foi a minimiza¸ao da diferen¸ca entre
o n´umero de onda exato e o discreto. A an´alise usada para chegar a esse crit´erio
requer uma malha peri´odica, o que dificulta a extens˜ao dos resultados obtidos para
malhas mais gerais. Al´em disso, na pr´atica, o estˆencil ´e determinado for¸cando o
n´umero de onda discreto a ser igual ao exato para ondas planas em certas dire¸oes
´otimas. Isso tamem traz dificuldades quando se trata de elementos distorcidos
pois nesses casos ao a uma escolha evidente para tais dire¸oes ´otimas. Essas
dificuldades na escolha das dire¸oes ´otimas tornam-se ainda maiores com malhas
ao estruturadas onde o n´umero de coeficientes no estˆencil varia de um o para
outro da malha.
Neste cap´ıtulo ser´a formulado um novo crit´erio para a constru¸ao de um
esquema de diferen¸cas finitas. Mais precisamente, esse crit´erio consiste em mini-
mizar o erro de truncamento para ondas planas levando em conta igualmente todas
as dire¸oes poss´ıveis. A formula¸ao obtida ´e geral o suficiente para ser aplicada
a problemas em qualquer n´umero de dimens˜oes e para qualquer distribui¸ao de
pontos onde a solu¸ao ´e aproximada.
72
5.1 Nota¸oes e defini¸oes
Apenas o problema homogˆeneo com condi¸oes de contorno de Dirichlet ser´a
considerado inicialmente:
u k
2
u = 0 em , (5.1)
u = g em Γ. (5.2)
Dado um conjunto finito X, ser´a usada a seguinte nota¸ao para o n´umero de
elementos de X:
|X| = “N´umero de elementos de X. (5.3)
Seja N = {x
0
, . . . , x
|N|−1
} Γ um conjunto finito de pontos onde a
solu¸ao do problema (5.1)-(5.2) ser´a aproximada. O conjunto dos pontos de N
que est˜ao no interior do dom´ınio ser´a denotado por I :
I := N , (5.4)
e o conjunto dos pontos de N que est˜ao na fronteira por B :
B := N Γ. (5.5)
Para todo i {0, . . . , |N| 1}, ser´a considerado como bem definido um
conjunto A
i
{0, . . . , |N|1}. Tais conjuntos determinam os chamados “pontos
adjacentes ao ponto x
i
”. Se j A
i
, ent˜ao dizemos que x
j
´e um ponto adjacente
a x
i
. Os conjuntos A
i
podem ser definidos de arias formas diferentes, a ´unica
condi¸ao assumida por enquanto ´e que i A
i
para todo i {0, . . . , |N| 1}.
Dado um ponto x N, seu ´ındice ´e denotado por ind (x), ou seja, para todo
i {0, . . . , |N| 1},
ind (x
i
) := i. (5.6)
Por extens˜ao, para um conjunto de pontos X N, ind (X) ´e o conjunto dos
73
´ındices dos pontos de X. Por exemplo, ind (N) = {0, . . . , |N| 1}.
Uma aproxima¸ao por diferen¸cas finitas para o operador de Helmholtz apli-
cado a um campo u(x) ´e definida em cada ponto x
i
em fun¸ao dos valores que u
assume nos pontos adjacentes a x
i
:
L
h
u(x
i
) :=
j∈A
i
S
j
i
u(x
j
). (5.7)
Os coeficientes S
j
i
podem ser definidos de arias formas, resultando em diferentes
m´etodos. Tradicionalmente ao usados desenvolvimentos em s´erie de Taylor para
defini-los. Em geral eles dependem, para cada x
i
N, das distˆancias entre todos
os pares de pontos adjacentes a x
i
.
A partir do operador acima definimos a aproxima¸ao por diferen¸cas finitas
para a solu¸ao do problema (5.1)-(5.2) como sendo a solu¸ao do sistema de equa¸oes
lineares
L
h
U
i
=
j∈A
i
S
j
i
U
j
= 0 para todo i ind (I), (5.8)
onde U
j
´e uma poss´ıvel aproxima¸ao para a solu¸ao u(x
j
), com U
j
prescritos para
x
j
B e inc´ognitos para x
j
I. Claro que esta solu¸ao aproximada o est´a de
fato bem definida se o sistema de equa¸oes acima admitir uma ´unica solu¸ao, o
que depende dos dados do problema original, dos coeficientes S
j
i
e da escolha dos
pontos adjacentes A
i
.
Os S
j
i
formam na verdade a matriz global associada ao sistema de equa¸oes li-
neares que ´e resolvido para obter a solu¸ao aproximada. Para um dado i, definimos
S
i
como sendo a lista ordenada dos coeficientes S
j
i
para j A
i
. Em analogia aos
m´etodos de diferen¸cas finitas usuais, chamamos cada S
i
de um “estˆencil”, mesmo
sabendo que o sentido original da palavra se perde, afinal aqui cada estˆencil pode
ser diferente dos demais.
Ao aplicarmos o operador discreto L
h
`a solu¸ao exata u do problema obtemos
74
o erro de truncamento local τ
i
em cada ponto x
i
:
τ
i
:= L
h
u(x
i
) =
j∈N
i
S
j
i
u(x
j
). (5.9)
Em particular, o erro de truncamento local para uma onda plana na dire¸ao σ ser´a
denotado por:
τ
i
(σ) := L
h
w(σ, x
i
) =
j∈N
i
S
j
i
w(σ, x
j
), (5.10)
onde w(σ, x) ´e a onda plana na dire¸ao σ definida em (2.30):
w(σ, x) = e
ikσ·x
. (5.11)
Exemplo 5.1 O etodo de diferen¸cas finitas cl´assico, baseado em aproxima¸oes
por eries de Taylor, para o problema unidimensional em = (0, 1) pode ser
formulado usando as defini¸oes acima com
N = {0, h, . . . , 1 h, 1}, (5.12)
x
i
= ih, (5.13)
A
i
= {i 1, i, i + 1} ind (N) , (5.14)
B = {0, 1}, (5.15)
I = N B (5.16)
e, para todo i ind (I),
S
i1
i
=
1
h
2
, (5.17)
S
i
i
= k
2
2
h
2
, (5.18)
S
i+1
i
=
1
h
2
. (5.19)
Exemplo 5.2 No caso bidimensional, com = (0, 1) × (0, 1), um conjunto de
75
(m + 1) × (n + 1) pontos uniformemente distribu´ıdos pode ser constru´ıdo como
N = {(jx, ly); j {0, . . . , m}, l {0, . . . , n}}, (5.20)
onde x = 1/m e y = 1/n. Para um etodo de diferen¸cas finitas com estˆenceis
de 9 pontos, os pontos adjacentes seriam
A
i
= ind ({x
i
+ (jx, ly); j, l {−1, 0, 1}}) ind (N) . (5.21)
Adiante, o etodo QSFEM ser´a formulado usando os conjuntos A
i
acima.
O principal resultado deste cap´ıtulo ´e uma forma sistem´atica para definir os
coeficientes S
j
i
correspondentes a um conjunto arbitr´ario de pontos N e conjun-
tos de pontos adjacentes A
i
tamem arbitr´arios. Isso ser´a descrito na Se¸ao 5.3.
Na pr´oxima se¸ao ser´a descrita uma primeira tentativa de atingir esse objetivo,
inspirada nos resultados do QSFEM.
5.2 Truncamento nulo em algumas dire¸oes
Dado um ponto interior x
i
, ´e poss´ıvel obter a lista de coeficientes S
i
, tal que
τ
i
(σ
s
) = 0 para |A
i
| 1 diferentes dire¸oes σ
s
. Para isso basta resolver o sistema
de equa¸oes
j∈A
i
S
j
i
w(σ
s
, x
j
) = 0, s = 1, 2, . . . , n
i
1, (5.22)
com o coeficiente predefinido
S
i
i
= 1. (5.23)
Assim, fixando dire¸oes σ
1
, σ
2
, . . ., σ
M
, com M = min
iind(I)
(|A
i
|) 1, ´e poss´ıvel
obter um esquema de diferen¸cas tal que τ
i
(σ
s
) = 0 para todo x
i
I e para
todas as dire¸oes σ
s
, s = 1, . . . , M, o que, consequentemente, produz uma solu¸ao
aproximada nodalmente exata se a solu¸ao exata for uma onda plana em uma das
dire¸oes escolhidas σ
s
.
76
Para o problema unidimensional, qualquer solu¸ao ´unica do problema ho-
mogˆeneo pode ser escrita como uma combina¸ao linear das ondas planas w
1
(x) =
w(1, x) = exp(ikx) e w
2
(x) = w(1, x) = exp(ikx). Assim, se escolhermos S
j
i
que resultem em aproxima¸oes nodalmente exatas para w
1
and w
2
, ent˜ao obtemos
solu¸oes nodalmente exatas para qualquer solu¸ao do problema homogˆeneo. Por
exemplo, para = (0, 1), N = {x
0
, . . . , x
n
}, com x
i
< x
i+1
e A
i
= {i 1, i, i +
1} {0, . . . , n}, obtemos tais coeficientes ´otimos resolvendo as equa¸oes (5.22) e
(5.23) com σ
1
= 1 e σ
2
= 1:
S
i1
i
w
1
(x
i1
) + S
i
i
w
1
(x
i
) + S
i+1
i
w
1
(x
i1
) = 0 (5.24)
S
i1
i
w
2
(x
i1
) + S
i
i
w
2
(x
i
) + S
i+1
i
w
2
(x
i1
) = 0 (5.25)
S
i
i
= 1 (5.26)
cuja solu¸ao ´e
S
i1
i
=
sen k(x
i+1
x
i
)
sen k(x
i+1
x
i1
)
, (5.27)
S
i
i
= 1, (5.28)
S
i+i
i
=
sen k(x
i
x
i1
)
sen k(x
i+1
x
i1
)
. (5.29)
No caso bidimensional, para = (0, 1) × (0, 1), usando os conjuntos do
Exemplo 5.2 com m = n e ∆x = ∆y = h, o m´etodo QSFEM, discutido no Cap´ıtulo
3, pode ser obtido usando o esquema descrito acima com as dire¸oes fixadas
σ = (cos θ, sen θ), (5.30)
para os oito valores de θ no conjunto
π
16
+ n
π
2
,
3π
16
+ n
π
2
; n = 0, 1, 2, 3
. (5.31)
77
Resolvendo as equa¸oes (5.22) e (5.23) para essas dire¸oes encontramos
S
i
i
= 1, (5.32)
S
ind(x
i
+(h,0))
i
= S
ind(x
i
+(h,0))
i
= S
ind(x
i
+(0,h))
i
= S
ind(x
i
+(0,h))
i
= A, (5.33)
S
ind(x
i
+(h,h))
i
= S
ind(x
i
+(h,h))
i
= S
ind(x
i
+(h,h))
i
= S
ind(x
i
+(h,h))
i
= B, (5.34)
onde
A =
1
2
c
1
s
1
c
2
s
2
c
2
s
2
(c
1
+ s
1
) c
1
s
1
(c
2
+ s
2
)
, (5.35)
B =
1
4
c
2
+ s
2
c
1
s
1
c
2
s
2
(c
1
+ s
1
) c
1
s
1
(c
2
+ s
2
)
, (5.36)
c
1
= cos
kh cos
π
16
, (5.37)
s
1
= cos
kh sen
π
16
, (5.38)
c
2
= cos
kh cos
3π
16
, (5.39)
s
2
= cos
kh sen
3π
16
. (5.40)
O estˆencil assim obtido ´e idˆentico ao do QSFEM, diferindo apenas pelo fator
1
4
,
uma vez que no QSFEM foi fixado S
i
i
= 4.
Observamos que o QSFEM ´e restrito a estˆenceis de 9 pontos e malhas unifor-
mes com elementos quadrados. A alternativa apresentada acima ´e, em princ´ıpio,
aplic´avel a configura¸oes mais gerais, inclu´ındo malhas ao uniformes e ao es-
truturadas. Entretanto, para uma discretiza¸ao mais geral, uma escolha para as
dire¸oes ´otimas ou quase ´otimas ao ´e evidente, sendo uma quest˜ao deixada em
aberto.
Uma poss´ıvel alternativa ao esquema descrito acima seria considerar mais
dire¸oes em cada ponto do que as |A
i
| 1 propostas, permitindo assim uma dis-
tribui¸ao mais densa e uniforme das dire¸oes privilegiadas. Mas isso tornaria o
sistema (5.22) mal posto, visto que ter´ıamos mais equa¸oes do que inc´ognitas.
Insistindo nesta id´eia, poder´ıamos substituir as equa¸oes exatas (5.22) por um
78
problema de m´ınimos quadrados, ou seja, encontrar, para cada i ind (I), os
coeficientes S
j
i
que minimizam
J(S
i
) :=
2π
n
n
s=1
|τ
i
(σ
s
)|
2
(5.41)
=
2π
n
n
s=1
j∈A
i
S
j
i
w(σ
s
, x
j
)
k∈A
i
S
k
i
w(σ
s
, x
k
)
(5.42)
=
j∈A
i
k∈A
i
S
j
i
S
k
i
n
s=1
2π
n
w(σ
s
, x
j
x
k
)
, (5.43)
com S
i
i
prescrito. O fator constante
2π
n
foi inclu´ıdo por conveniˆencia, ele ao
interfere na minimiza¸ao. Definindo os coeficientes dessa forma, o n´umero n de
dire¸oes se torna arbitr´ario, restando na pr´atica a quest˜ao de como distribuir essas
dire¸oes. Uma possibilidade seria distribu´ı-las uniformemente, ou seja, fazer σ
s
=
cos
2π(s1)
n1
, sen
2π(s1)
n1
. Neste caso a express˜ao (5.43) converge para um valor que
depende apenas de x
j
x
k
quando n aumenta, a que
lim
n→∞
2π
n
n
s=1
w(σ
s
, x
j
x
k
) =
2π
0
w
(cos θ, sen θ), x
j
x
k
. (5.44)
Devido ao grande esfor¸co computacional de se incluir muitas dire¸oes no pro-
blema de minimiza¸ao proposto acima, essa id´eia ao foi levada adiante. Mas a
situa¸ao limite, com infinitas dire¸oes distribu´ıdas uniformemente, ser´a desenvol-
vida e estendida para d dimens˜oes na pr´oxima se¸ao.
5.3 Minimiza¸c˜ao do erro de truncamento
Nesta se¸ao propomos um outro crit´erio para determinar S
j
i
: a minimiza¸ao,
com respeito a S
j
i
, do erro de truncamento local τ
i
(σ) na norma L
2
(Σ). O conjunto
Σ ´e dado por
Σ :=
σ R
d
: |σ| = 1
, (5.45)
79
ou seja, ´e o conjunto de todas as dire¸oes σ poss´ıves em d dimens˜oes (o c´ırculo
unit´ario em duas dimens˜oes ou a esfera unit´aria em trˆes dimens˜oes).
Mais explicitamente, para cada o i definimos o funcional de m´ınimos qua-
drados
J(S
i
) = τ
i
(σ)
2
L
2
(Σ)
=
Σ
|τ
i
(σ)|
2
dσ, (5.46)
enao predefinimos S
i
i
= 1 e escolhemos S
j
i
para j A
i
{i} que minimizam
J(S
i
). O diferencial dσ est´a apenas indicando que a vari´avel do integrando ´e σ.
A integral ´e calculada usando a medida de arco no c´ırculo unit´ario para d = 2, a
medida de ´area na esfera unit´aria para d = 3 ou seus an´alogos em mais dimens˜oes,
de modo que cada dire¸ao tenha o mesmo peso na integra¸ao.
Substituindo (5.10) em (5.46),
J(S
i
) =
Σ
m∈A
i
n∈A
i
S
m
i
S
n
i
w(σ, x
m
)w(σ, x
n
)dσ (5.47)
=
m∈A
i
n∈A
i
S
m
i
S
n
i
Σ
w(σ, x
m
)w(σ, x
n
)dσ (5.48)
=
m∈A
i
n∈A
i
S
m
i
S
n
i
Σ
e
ikσ·(x
m
x
n
)
dσ (5.49)
=
m∈A
i
n∈A
i
W
mn
S
m
i
S
n
i
, (5.50)
onde
W
mn
=
Σ
e
ikσ·(x
m
x
n
)
dσ (5.51)
= (2π)
d
2
J
d
2
1
(kh
mn
)
(kh
mn
)
d
2
1
. (5.52)
Minimizando (5.50) com a restri¸ao S
i
i
= 1, concluimos que, para cada x
i
I, S
j
i
ao determinados resolvendo o sistema de |A
i
|1 equa¸oes com |A
i
|1 inc´ognitas
n∈A
i
W
mn
S
n
i
= 0 m A
i
{i}. (5.53)
Adiante vamos nos referir ao sistema de equa¸oes acima pela express˜ao compacta
80
W S
i
= 0.
Chamamos o etodo assim obtido de Quasi Optimal Finite Difference
method”, ou pela sigla QOFD.
Antes de resolver o sistema de equa¸oes (5.53) ´e necess´ario calcular a integral
(5.51). Isso ´e feito atrav´es da ormula expl´ıcita (5.52), deduzida como segue.
Escrevendo x
m
x
n
= h
mn
r
mn
com |r
mn
| = 1 e h
mn
= |x
m
x
n
|, enao
W
mn
=
Σ
e
ikh
mn
r
mn
·σ
dσ
=
Σ
cos(kh
mn
r
mn
· σ)dσ + i
Σ
sen(kh
mn
r
mn
· σ)dσ.
(5.54)
Uma integral da forma
Σ
f(r · σ)dσ (5.55)
pode ser simplificada usando a mudan¸ca de vari´aveis σ = Qu, onde Q ´e uma
rota¸ao tal que r = Q(1, 0, . . . , 0). Assim,
r · σ = r · Qu = Q
T
r · u = Q
1
r · u = (1, 0, . . . , 0) · u, (5.56)
Q(Σ) = Σ, (5.57)
dσ = du, (5.58)
e (5.55) se torna
Σ
f((1, 0, . . . , 0) · u)du, (5.59)
que ao depende de r.
Para d = 2 podemos usar coordenadas polares para obter:
Σ
f((1, 0, . . . , 0) · u)du =
2π
0
f(cos(θ)), (5.60)
Para d 3, aplicando a transforma¸ao de coordenadas esf´ericas para d di-
81
mens˜oes
u
1
= cos(θ
1
)
u
2
= sen(θ
1
) cos(θ
2
)
u
3
= sen(θ
1
) sen(θ
2
) cos(θ
3
)
···
u
n1
= sen(θ
1
) ···sen(θ
n2
) cos(θ
n1
)
u
n
= sen(θ
1
) ···sen(θ
n2
) sen(θ
n1
)
du = sen
n2
(θ
1
) sen
n3
(θ
2
) ···sen(θ
n1
)
1
···
n1
obtemos
Σ
f((1, 0, . . . , 0) · u)du
=
2π
0
···
π
0
π
0
f(cos θ
1
) sen
n2
(θ
1
) sen
n3
(θ
2
) ···sen(θ
n1
)
1
2
···
n1
=
π
0
f(cos θ
1
) sen
n2
(θ
1
)
1
π
0
sen
n3
(θ
2
)
2
···
2π
0
sen(θ
n1
)
n1
Para f(s) = cos(kh
mn
s) ou f(s) = sen(kh
mn
s) as integrais acima podem ser
calculadas usando o software Mathematica. Os resultado ao:
Σ
cos(kh
mn
r
mn
· u)du = (2π)
d
2
J
d
2
1
(kh
mn
)
(kh
mn
)
d
2
1
e (5.61)
Σ
sen(kh
mn
r
mn
· u)du = 0. (5.62)
J
s
´e a fun¸ao de Bessel de primeiro tipo e ordem s. Com esse resultado conclu´ımos
que W ´e uma matriz real, logo os coeficientes S
i
tamb´em o ao.
Para d = 2,
W
mn
= 2πJ
0
(kh
mn
) (5.63)
= 2π
1
(kh
mn
)
2
4
+
(kh
mn
)
4
64
(kh
mn
)
6
2304
+ . . .
, (5.64)
82
e para d = 3,
W
mn
= (2π)
3
2
J
1
2
(kh
mn
)
kh
mn
(5.65)
= 4π
sen kh
mn
kh
mn
(5.66)
= 4π
1
(kh
mn
)
2
6
+
(kh
mn
)
4
120
(kh
mn
)
6
5040
+ . . .
. (5.67)
5.4 Caso unidimensional
A integral d-dimensional (5.46) ao faz sentido para o problema unidimensi-
onal. Mas ´e interessante notar que o resultado geral final (5.61) pode ser aplicado
para d = 1, resultando em
W
mn
= (2π)
1
2
J
1
2
(kh
mn
)
(kh
mn
)
1
2
(5.68)
= 2 cos(k(x
m
x
n
)). (5.69)
Usando as equa¸oes gerais (5.53) e considerando novamente uma discretiza¸ao
unidimensional usual, obtemos os seguintes coeficientes:
S
i1
i
=
sen k(x
i+1
x
i
)
sen k(x
i+1
x
i1
)
, (5.70)
S
i
i
= 1, (5.71)
S
i+1
i
=
sen k(x
i
x
i1
)
sen k(x
i+1
x
i1
)
. (5.72)
Este ´e exatamente o resultado em (5.27)-(5.29), ou seja, os coeficientes acima
produzem solu¸oes nodalmente exatas para o problema homogˆeneo, mesmo para
malhas ao uniformes.
A matriz global resultante n˜ao ´e sim´etrica em geral. A simetria ´e recuperada
para malhas uniformes, com x
i+1
x
i
= h. Neste caso os coeficientes (5.70) e
83
(5.72) simplificam para
S
i1
i
=
1
2 cos(kh)
, (5.73)
S
i+1
i
=
1
2 cos(kh)
. (5.74)
5.5 Caso bidimensional
5.5.1 Malhas ao estruturadas
Dada uma malha de elementos finitos, obtemos facilmente os conjuntos N,
B e I definidos no in´ıcio deste cap´ıtulo. Outra informa¸ao de interesse ao os con-
juntos E
i
dos elementos a que cada ponto nodal x
i
pertence. Para as necessidades
deste cap´ıtulo, podemos considerar que um elemento e ´e o conjunto do pontos
nodais de e. Sendo assim, podemos construir os conjuntos A
i
da seguinte forma:
A
i
= ind
e∈E
i
e
, (5.75)
ou seja, A
i
´e o conjunto dos ´ındices dos n´os pertencentes a pelo menos um elemento
que conem x
i
.
Uma outra possibilidade que ser´a testada adiante ´e aumentar os conjuntos
A
i
. Por exemplo, se chamarmos os pontos com ´ındice em A
i
de vizinhos de x
i
,
enao podemos definir A
i
como o conjunto de ´ındices dos vizinhos de x
i
mais os
vizinhos dos vizinhos de x
i
. a A

i
poderia incluir tamem os vizinhos dos vizinhos
dos vizinhos. Seguindo essa id´eia, definimos recursivamente os seguintes conjuntos:
A
1
i
= ind
e∈E
i
e
, (5.76)
A
n+1
i
=
jA
n
i
A
1
j
. (5.77)
A Figura 5.1 ilustra esse processo de adicionar recursivamente camadas de pontos
nodais at´e chegar ao conjunto A
4
i
.
84
Figura 5.1: 4 camadas de pontos adjacentes a um dado o.
Observao 5.1 O termo “malhas n˜ao estruturadas” que aparece no t´ıtulo deste
cap´ıtulo ´e devido somente a esta forma particular de construir os conjuntos A
i
,
que ´e alida para qualquer tipo de malha. Poder´ıamos tamb´em definir os pontos
adjacentes sem o uso de malhas, mas essa possibilidade ao ser´a explorada aqui.
Observao 5.2 No contexto dos etodos de elementos finitos, temos que
a(φ
i
, φ
j
) = 0 j / A
1
i
, (5.78)
onde φ
i
ao as fun¸oes bases nodais. Ou seja, se adotarmos A
i
= A
1
i
, ent˜ao os
coeficientes S
j
i
para o etodo QOFD definem uma matriz esparsa com o mesmo
perfil da matriz global do m´etodo de Galerkin com elementos lineares ou bilineares.
5.5.2 Restri¸c˜ao a malhas uniformes com elementos quadrados
Quando todos os elementos s˜ao quadrados iguais com lados medindo h, con-
siderando
A
i
= A
1
i
, (5.79)
85
enao obtemos um m´etodo de diferen¸cas finitas com um estˆencil de 9 pontos que
se repete em cada um dos pontos x
i
, ou seja,
S
ind(x
i
+(mh,nh))
i
= S
ind(x
j
+(mh,nh))
j
(5.80)
para todos i, j I e m, n {−1, 0, 1}. Com ajuda do Mathematica ´e poss´ıvel
calcular esses coeficientes explicitamente, mas o resultado ´e longo demais para ser
escrito ou usado em computa¸oes. Mais interessante ´e usar esses coeficientes para
calcular a rela¸ao entre o n´umero de onda discreto e o exato, o que permite uma
compara¸ao entre o QOFD e o QSFEM. Procedendo como na Se¸ao 3.3.2, obtemos
para o QOFD:
k
h
k
k
=
6
5 + cos 2θ
cos 8θ
774144
(kh)
6
+ O((kh)
8
). (5.81)
Relembrando que no QSFEM
k
h
k
k
=
cos 8θ
774144
(kh)
6
+ O((kh)
8
), (5.82)
conclu´ımos que em malhas uniformes o m´etodo QOFD ´e diferente do QSFEM, mas
o erro de fase ´e da mesma ordem, sendo multiplicado por um fator
6
5+cos 2θ
que
varia entre 1 e
3
2
. Na Figura 5.2 o etodo QOFD ´e comparado com o QSFEM,
ao ´e poss´ıvel distinguir os resutados da interpolande, do QSFEM e do QOFD.
5.6 Implementa¸ao computacional
A implementa¸ao do QOFD em malhas de elementos finitos requer um pre-
processamento da malha para identificar os conjuntos dos pontos adjacentes A
i
,
de modo que essa informa¸ao possa ser recuperada de forma eficiente quando ne-
cess´ario.
Para isso ´e constru´ıda, para cada ponto nodal N, uma lista indicando os
elementos a que N pertence. Esse processo ´e bastante simples, basta percorrer
86
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1.07
-1.065
-1.06
-1.055
-1.05
log(u u
h
/ u)
Interpolante
QOFD
QSFEM
Figura 5.2: Dependˆencia do erro em rela¸ao a θ, k = 150, 150 × 150 elementos
quadrados, malha uniforme, elementos quadrados, condi¸oes de Dirichlet.
elemento por elemento, incluindo cada elemento E na lista de elementos que cont´em
N para todos os os N de E.
Tendo assim constru´ıda essa lista de elementos a que cada n´o pertence, torna-
se acil identificar os pontos adjacentes A
1
i
de um dado ponto x
i
sempre que ne-
cess´ario. Basta visitar todos os elementos E a que x
i
pertence e incluir os os de
E em A
1
i
.
Sabendo construir A
1
i
para todo i, ent˜ao A
2
i
pode ser constru´ıdo a partir dos
conjuntos A
1
j
, para j A
i
1
e assim recursivamente para A
3
i
, etc.
Na pr´atica a mem´oria e o tempo de processamento extras necess´arios para o
processo descrito acima ao causa um impacto significativo na aplica¸ao do QOFD.
Muito mais cr´ıtico ´e o alculo das matrizes locais W e a solu¸ao dos sistemas
lineares locais W S
i
= 0 para a determina¸ao dos estˆenceis S
i
para todos os n´os x
i
.
As matrizes locais W ao em geral mal condicionadas e a situa¸ao piora
quando kh 0 ou quando o n´umero de pontos adjacentes aumenta. Por isso,
para resolver os sistemas locais W S
i
= 0 quando o n´umero de pontos adjacentes a
x
i
´e grande foi necess´ario usar aritm´etica de ponto flutuante com precis˜ao maior
do que a normal do hardware utilizado, o que aumenta significativamente o custo
computacional do QOFD. Devemos notar no entanto que esses problemas locais
87
ao independentes uns dos outros, podendo ser resolvidos paralelamente de forma
eficientemente em sistemas com mais de um processador. Al´em disso, o custo
computacional da solu¸ao do sistema global final ´e de ordem mais alta em rela¸ao
ao n´umero de pontos nodais do que o custo total de resolver os sistemas locais.
Assim, pelo menos em teoria, para problemas muito grandes, o custo final acabaria
sendo dominado pela solu¸ao do sistema de equa¸oes global.
5.7 Resultados num´ericos
Apresentamos nesta se¸ao experimentos num´ericos com o etodo QOFD. O
erro da solu¸ao aproximada ser´a medido de quatro formas. Na norma L
2
e na
seminorma H
1
, o erro medido corresponde ao erro de uma solu¸ao aproximada
dada por
u
h
(x) =
i ind(N)
U
i
φ
i
(x), (5.83)
onde U
i
´e a solu¸ao aproximada pontual obtida com o QOFD e φ
i
ao as fun¸oes
bases nodais do espa¸co de elementos finitos lagrangianos lineares ou bilineares S
h
.
As outras duas normas usadas s˜ao as normas discretas l
2
e l
, os erros nessas
normas ao definidos como
u u
h
l
2
=
1
|N|
i ind(N)
|U
i
u(x
i
)|
2
, (5.84)
u u
h
l
= max
i ind(N)
|U
i
u(x
i
)|, (5.85)
onde u ´e a solu¸ao exata.
5.7.1 Elementos quadrados
Neste estudo verificamos a convergˆencia do m´etodo QOFD com elementos
quadrados.
Os seguintes dados foram usados:
Dom´ınio: quadrado unit´ario (0, 1) × (0, 1).
88
Solu¸ao exata: onda plana na dire¸ao θ = 20
, com k = 50.
Malhas estruturadas com n × n elementos quadrados, com n variando de
50 at´e 800.
Na Figura 5.3 n˜ao se nota diferen¸cas entre o m´etodo QOFD e a interpolante,
medindo o erro nas normas L
2
e H
1
.
2 2.5
log(h)
-3.5
-3
-2.5
-2
-1.5
log (u u
h
/u)
Interpolante
QOFD
1
2
2 2.5
log(h)
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
-1
-0.8
-0.6
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
QOFD
1
1
Figura 5.3: Convergˆencia em L
2
e H
1
, onda plana na dire¸ao θ = 20
, com k = 50,
elementos quadrados.
Na Figura 5.4 a convergˆencia ´e verificada nas normas discretas l
2
e l
. Nessas
normas ´e poss´ıvel observar o efeito do mal condicionamento das matrizes W sobre
o comportamento assint´otico das aproxima¸oes. O etodo QOFD 16 ´e implemen-
tado usando precis˜ao de ponto flutuante de aproximadamente 16 casas decimais na
solu¸ao dos sistemas de equa¸oes locais W S = 0. Podemos observar instabilidade
a partir de kh 0.18. Aumentando a precis˜ao para 19 casas decimais, a instabi-
lidade ocorre para malhas mais refinadas. Com 32 casas decimais ao observamos
instabilidade. A convergˆencia observada ´e de sexta ordem.
Aumentando o n´umero de onda para k = 200, convergˆencia em L
2
e H
1
ainda ocorre normalmente conforme vemos na Figura 5.5.
89
2 2.5
log(h)
-11
-10
-9
-8
-7
-6
-5
-4
log (|u u
h
|
l
2
)
QOFD 16
QOFD 19
QOFD 32
1
6
2 2.5
log(h)
-11
-10
-9
-8
-7
-6
-5
-4
log (|u u
h
|
l
)
QOFD 16
QOFD 19
QOFD 32
1
6
Figura 5.4: Convergˆencia em l
2
e l
, onda plana na dire¸ao θ = 20
, k = 50,
elementos quadrados.
2.4 2.6 2.8
log(h)
-2.2
-2
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
log (u u
h
/u)
Interpolante
QOFD
1
2
2.4 2.6 2.8
log(h)
-1.2
-1.1
-1
-0.9
-0.8
-0.7
-0.6
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
QOFD
1
1
Figura 5.5: Convergˆencia em L
2
e H
1
, onda plana na dire¸ao θ = 20
, k = 200,
elementos quadrados.
5.7.2 Elementos distorcidos
Os experimentos da se¸ao anterior ao repetidos aqui com elementos distor-
cidos. A distor¸ao ´e obtida substituindo as coordenadas (x
i
, y
i
) dos os interiores
90
por coordenadas (x
i
, y
i
) aleatoriamente perturbadas da seguinte forma:
x
i
= x
i
+ r
i
h, (5.86)
y
i
= y
i
+ s
i
h, (5.87)
onde r
i
e s
i
ao sequˆencias de n´umeros aleat´orios distribu´ıdos uniformemente no
intervalo [0.2, 0.2].
Na Figura 5.6 n˜ao se nota diferen¸cas entre o m´etodo QOFD e a interpolante.
2 2.5
log(h)
-3
-2.5
-2
-1.5
-1
log (u u
h
/u)
Interpolante
QOFD
1
2
2 2.5
log(h)
-1.6
-1.4
-1.2
-1
-0.8
-0.6
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
QOFD
1
1
Figura 5.6: Convergˆencia em L
2
e H
1
, onda plana na dire¸ao θ = 20
, k = 50,
elementos distorcidos.
Nas normas discretas a ordem de convergˆencia diminui de 6 no caso de ele-
mentos quadrados para 3 no caso dos elementos distorcidos testados nesta se¸ao,
conforme observamos na Figura 5.7. Como o erro ao atinge valores ao pequenos
como no estudo anterior, ao ´e poss´ıvel observar o efeito do mal condicionamento
da matriz W .
Aumentando o n´umero de onda para k = 200, a partir de kh 0.6, ao a
diferen¸cas signficativas entre a convergˆencia em L
2
da interpolante e a convergˆencia
da solu¸ao pelo etodo QOFD (Fig. 5.8).
91
2 2.5
log(h)
-5
-4.5
-4
-3.5
-3
-2.5
-2
log (|u u
h
|
l
2
)
QOFD 16
QOFD 19
QOFD 32
1
3
2 2.5
log(h)
-4.5
-4
-3.5
-3
-2.5
-2
-1.5
log (|u u
h
|
l
)
QOFD 16
QOFD 19
QOFD 32
1
3
Figura 5.7: Convergˆencia em l
2
e l
, onda plana na dire¸ao θ = 20
, k = 50,
elementos distorcidos.
2.4 2.6 2.8
log(h)
-2
-1.5
-1
-0.5
log (u u
h
/u)
Interpolante
QOFD
1
2
2.4 2.6 2.8
log(h)
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
QOFD
1
1
Figura 5.8: Convergˆencia em L
2
e H
1
, onda plana na dire¸ao θ = 20
, k = 50,
elementos distorcidos.
5.7.3 Malhas ao estruturadas
Neste estudo o m´etodo QOFD ´e testado em malhas ao estruturadas. O
dom´ınio considerado ´e um c´ırculo centrado na origem com diˆametro igual a 1.
92
Nos testes de convergˆencia arias malhas diferentes ao geradas usando o software
triangle (Shewchuk (1996)), com a ´area axima dos elementos cada vez menor. O
parˆametro h que aparece nos gr´aficos de convergˆencia ´e definido como
h =
1
N´umero de elementos
. (5.88)
A Figura 5.9 ilustra uma das malhas gerada pelo algoritmo usado.
Figura 5.9: Malha ao estruturada.
O m´etodo QOFD ´e testado usando os conjuntos A
1
i
, A
2
i
e A
3
i
definidos na
Se¸ao 5.5.1, nos gr´aficos as trˆes possibilidades correspondem respectivamente `as
etiquetas QOFD 1L, QOFD 2L e QOFD 3L.
Os gr´aficos na Figura 5.10 correspondem a um teste de convergˆencia com
k = 50 com a solu¸ao sendo uma onda plana na dire¸ao θ = 20
. Em H
1
a
converencia ´e igual `a interpolante nos trˆes casos. Em L
2
, usando apenas uma
camada de elementos o etodo QOFD ao converge ao bem quanto a interpolante,
mas com 2 ou 3 camadas a diferen¸ca desaparece.
Nas normas discretas l
2
e l
(Fig. 5.11) notamos que o etodo QOFD tem
um desempenho muito melhor do que o etodo de Galerkin. Mas pelos gr´aficos
93
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
log (u u
h
/u)
Interpolante
Galerkin
QOFD 1L
QOFD 2L
QOFD 3L
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1
-0.5
0
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
Galerkin
QOFD 1L
QOFD 2L
QOFD 3L
1
1
Figura 5.10: Convergˆencia em L
2
e H
1
, k = 50, malha ao estruturada.
ao ´e poss´ıvel estimar uma ordem de convergˆencia, visto que o erro ao decai
monotonicamente com o refinamento da malha. Acreditamos que isso se deve
principalmente ao mal condicionamento das matrizes W , mas ´e poss´ıvel tamb´em
que haja ressonˆancia num´erica. Esses gr´aficos servem tamb´em para real¸car o efeito
do aumento do n´umero de camadas de elementos. Com apenas uma camada, o erro
do m´etodo QOFD ´e pelo menos uma ordem de grandeza menor do que o do m´etodo
de Galerkin. Aumentando para duas camadas, obtemos erros da ordem de 10
6
para as malhas mais refinadas. Para trˆes camadas o erro chega a ser ao pequeno
quanto 10
11
, mas ao diminui de forma est´avel quando a malha ´e refinada.
5.7.4 Problema de Dirichlet
Por fim, repetimos aqui um exemplo com condi¸oes de Dirichlet feito para
os m´etodos RPPG e QSPG na Se¸ao 4.4.7.
As Figuras 5.12 e 5.13 mostram os resultados. O m´etodo QOFD sofre bem
menos com ressonˆancia num´erica do que o QSPG. Essa maior robustez em rela¸ao
a ressonˆancia num´erica mesmo com o tipo de distor¸ao da malha considerado neste
essemplo foi observada tamb´em em outros experimentos. Isso indica que o n´umero
94
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
log (|u u
h
|
l
2
)
Galerkin
QOFD 1L
QOFD 2L
QOFD 3L
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
log (|u u
h
|
l
)
Galerkin
QOFD 1L
QOFD 2L
QOFD 3L
Figura 5.11: Convergˆencia em l
2
e l
, k = 50, malha ao estruturada.
de onda discreto do m´etodo QOFD ´e mais preciso do que o do QSPG para esses
tipos de malha.
0
π
4
π
2
π
34
π
θ
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
log(u u
h
/ u)
Interpolante
QOFD
QSPG
Figura 5.12: Dependˆencia do erro em rela¸ao a dire¸ao θ da onda plana. Malha
com 100 × 100 elementos distorcidos, k = 100, condi¸oes de Dirichlet.
95
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolante
QOFD
QSPG
1
1
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2
-1
0
1
2
log (u u
h
/u)
Interpolante
QOFD
QSPG
1
2
Figura 5.13: Convergˆencia em H
1
e L
2
, k = 100, elementos distorcidos, condi¸oes
de contorno de Dirichlet, a solu¸ao exata ´e uma onda plana na dire¸ao
π
4
.
5.8 Observoes
A an´alise num´erica da formula¸ao de diferen¸cas finitas proposta (QOFD) em
malhas n˜ao estruturadas, em princ´ıpio, poderia ser desenvolvida usando o teorema
de equivalˆencia de Lax. Nesse sentido, pelo menos para malhas uniformes, pode-
mos estimar o erro de truncamento. Resta ainda provar a estabilidade, que normal-
mente ´e a quest˜ao mais dif´ıcil. Independentemente da an´alise num´erica, os estudos
de convergˆencia apresentados atestam um comportamento bastante robusto desta
formula¸ao a distor¸oes da malha, mesmo com valores bastante elevados do n´umero
de onda k.
O tratamento do problema ao homogˆeneo e de condi¸oes de contorno ao
essenciais com as formula¸oes deste cap´ıtulo ao ´e uma extens˜ao imediata do que
est´a feito. Essas quest˜oes seriam em princ´ıpio muito mais simples se os m´etodos
apresentados fossem baseados em uma formula¸ao variacional. O pr´oximo cap´ıtulo
trata exatamente disso. Ser´a apresentado um m´etodo de elementos finitos de
Petrov-Galerkin que ´e contru´ıdo satisfazendo o mesmo crit´erio usado para de-
terminar os esquemas de diferen¸cas finitas deste cap´ıtulo.
96
Cap´ıtulo 6
M´etodos de Petrov-Galerkin com
fun¸oes peso quase ´otimas
Conforme a adiantado no final do cap´ıtulo anterior, o objetivo deste cap´ıtulo
´e aplicar o crit´erio apresentado na Se¸ao 5.3 na formula¸ao de um etodo de ele-
mentos finitos de Petrov-Galerkin variacionalmente consistente e com propriedades
de estabilidade e precis˜ao equivalentes ao etodo de diferen¸cas finitas QOFD.
Uma primeira id´eia seria adaptar o etodo QSPG do Cap´ıtulo 4. Mas,
conforme discutido na Se¸ao 4.2.1, para assegurar a conformidade do QSPG ´e
necess´ario ajustar seus parˆametros para elementos quadrados, o que ´e justamente
a restri¸ao que estamos tentando evitar. Por esse motivo os m´etodos apresentados
neste cap´ıtulo ao constru´ıdos de forma diferente dos m´etodos do Cap´ıtulo 4.
Para facilitar as referˆencias ao cap´ıtulo anterior, ser´a considerado inicial-
mente o problema de Helmholtz sem termo de fonte e com condi¸oes de contorno
de Dirichlet. Al´em disso ser˜ao usadas as mesmas nota¸oes para os conjuntos dos
pontos nodais, pontos interiores e de contorno: respectivamente N, I e B.
O espa¸co U
h
, onde a solu¸ao aproximada ´e buscada, ´e espa¸co de elementos
finitos lagrangianos C
0
bilineares em 2D. Novamente denotamos por φ
i
as fun¸oes
bases nodais do espa¸co U
h
.
O espa¸co V
h
´e gerado a partir de fun¸oes base nodais modificadas ψ
i
:
V
h
= span{ψ
i
; i I}. (6.1)
97
Cada ψ
i
ser´a constru´ıda para ter o mesmo suporte da fun¸ao φ
i
correspon-
dente, o que garante que a matriz global resultante tenha o mesmo padr˜ao de
esparsidade da matriz do m´etodo de Galerkin.
6.1 Macroelementos e fun¸oes bolha
Chamamos de macroelemento M
i
o suporte de uma fun¸ao base nodal global
φ
i
. Cada M
i
cobre os pontos nodais x
j
para todo j A
i
, onde A
i
= A
1
i
, conforme
definido na Se¸ao 5.5.1.
Definimos o que chamamos de “bolhas” no macroelemento M
i
como sendo
as seguintes |A
i
| fun¸oes:
b
a
i
=
φ
i
se i = a
φ
i
φ
a
se i = a
(6.2)
para todo a |A
i
|. Por constru¸ao, b
a
i
(x) = 0 se x M
i
, uma vez que φ
i
(x) = 0
para x M
i
.
A bolha central b
i
i
, que na verdade ´e a pr´opria φ
i
, tem como suporte todo
o macroelemento M
i
. Dentre as demais bolhas, algumas ao restritas a um ´unico
elemento e as restantes s˜ao restritas a dois elementos, conforme ilustrado na Figura
6.1.
Cada fun¸ao base nodal ψ
i
do espa¸co V
h
´e constru´ıda como uma combina¸ao
linear das bolhas associadas ao macroelemento correspondente, ou seja, definimos,
para todo i N,
ψ
i
=
a∈A
i
λ
a
i
b
a
i
. (6.3)
Assim, para que o espa¸co V
h
fique completamente definido, ´e preciso deter-
minar para cada ponto nodal x
i
os |A
i
| parˆametros λ
a
i
. Nas Se¸oes 6.2 e 6.3 ser˜ao
consideradas duas formas para determinar esses parˆametros.
98
φ
i
φ
a
supp(b
a
i
) cobrindo um ´unico elemento.
φ
i
φ
a
supp(b
a
i
) cobrindo dois elementos.
Figura 6.1: Em azul, supp(φ
i
). Em amarelo, supp(φ
a
). E em azul/amarelo
supp(φ
i
φ
a
) = supp(b
a
i
).
6.2 M´etodo quase estabilizado
Depois de montado o sistema global de equa¸oes do m´etodo de elementos
finitos formulado com o espa¸co V
h
constru´ıdo na se¸ao anterior, as equa¸oes asso-
ciadas aos pontos interiores x
i
N podem ser expressas da mesma forma que na
equa¸ao (5.8):
j∈A
i
S
j
i
U
j
= 0 para todo i ind (I), (6.4)
onde U
j
´e o grau de liberdade associado ao ponto x
j
e
S
j
i
= a(φ
j
, ψ
i
) =
a∈A
i
λ
a
i
a(φ
j
, b
a
i
). (6.5)
Vale notar que S
j
i
nada mais ´e do que a matriz global associada ao m´etodo que
estamos propondo. Definindo, para cada ponto x
i
, a matriz
D
i
ja
= a(φ
j
, b
a
i
), (6.6)
99
enao podemos expressar os coeficientes S
j
i
como
S
j
i
=
a∈A
i
D
i
ja
λ
a
i
. (6.7)
Considerando ainda o vetor Λ
i
formado pelos parˆametros λ
a
i
e o vetor S
i
dos
coeficientes S
j
i
, enao obtemos a representa¸ao mais compacta
S
i
= D
i
Λ
i
. (6.8)
Essa dependˆencia linear entre os coeficientes S
j
i
e os parˆametros λ
a
i
´e impor-
tante por raz˜oes pr´aticas. Se modific´assemos tamb´em o espa¸co U
h
(por exemplo
para for¸car a matriz global ser sim´etrica) essa dependˆencia linear se perderia.
Para obter um m´etodo com polui¸ao m´ınima no mesmo sentido que o QS-
FEM, basta considerar uma malha uniforme de elementos quadrados, identificar
os λ
a
i
que devem ser iguais por quest˜ao de simetria e, como foi feito no QSFEM,
resolver a equa¸ao de dispers˜ao com k
h
= k para as dire¸oes ´otimas
π
16
e
3π
16
em
rela¸ao aos parˆametros λ
a
i
restantes.
Mas, como j´a dito antes, para malhas mais gerais n˜ao h´a uma forma evidente
de escolher dire¸oes ´otimas, sendo interessante enao aplicar o crit´erio usado no
m´etodo QOFD, que ´e flex´ıvel o suficiente para determinar os λ
a
i
em situa¸oes mais
gerais.
´
E o que fazemos na pr´oxima se¸ao.
6.3 Fun¸oes peso quase ´otimas
No etodo QOFD, o processo de minimiza¸ao usado para determinar os
estˆenceis S
i
ode ser interpretado como a minimiza¸ao do erro de truncamento do
operador discreto aplicado a ondas planas. Nos etodos de elementos finitos ao
existe o conceito de erro de truncamento local, assim, ao faz tanto sentido aplicar
aqui diretamente a estrat´egia usada no QOFD. Mas podemos ver aquele processo
de minimiza¸ao de forma ligeiramente diferente.
100
Dada uma onda plana w(σ, x), levando em conta que o m´etodo de Petrov-
Galerkin ´e variacionalmente consistente, que qualquer onda plana ´e uma solu¸ao
do problema homogˆeneo e que as φ
i
consideradas acima em o suporte no interior
do dom´ınio, ent˜ao para toda fun¸ao peso ψ
i
associada as os interiores, w satisfaz
a(w, ψ
j
) = 0, (6.9)
Mas se defininirmos w
I
(σ, x) como a interpolante de w(σ, x), ent˜ao w
I
ao satisfaz
o problema variacional discreto. Em vez disso temos um res´ıduo
R(σ, Λ
i
) = a(w
I
, ψ
i
) (6.10)
para cada o interior i. O que estamos propondo ´e minimizar o res´ıduo R(σ, Λ
i
) em
rela¸ao a Λ
i
levando em conta todas as dire¸oes poss´ıveis σ. Podemos interpretar
que escolhemos as interpolantes w
I
(σ, x) como alvo do etodo. Minimizando o
res´ıduo acima esperamos que as solu¸oes aproximadas para essas ondas planas se
aproximem de suas interpolantes.
Assim, de forma semelhante ao que foi feito no Cap´ıtulo 5, definimos o fun-
cional de m´ınimos quadrados
J
i
) =
Σ
|R(σ, Λ
i
)|
2
σ. (6.11)
Notando que
R(σ, Λ
i
) = a(w
I
, ψ
i
) (6.12)
= a
j ind(N)
w(σ, x
j
)φ
j
, ψ
i
(6.13)
=
j∈A
i
w(σ, x
j
)a(φ
j
, ψ
i
) (6.14)
=
j∈A
i
S
j
i
w(σ, x
j
), (6.15)
101
enao
J
i
) =
Σ
m∈A
i
n∈A
i
S
m
i
S
n
i
w(σ, x
m
)w(σ, x
n
)dσ (6.16)
=
m∈A
i
n∈A
i
S
m
i
S
n
i
Σ
w(σ, x
m
)w(σ, x
n
)dσ (6.17)
=
m∈A
i
n∈A
i
S
m
i
S
n
i
Σ
e
ikσ·(x
m
x
n
)
dσ (6.18)
=
m∈A
i
n∈A
i
W
mn
S
m
i
S
n
i
(6.19)
= S
i
· W S
i
(6.20)
= (D
i
Λ
i
) · W D
i
Λ
i
(6.21)
= Λ
i
·
(D
i
)
T
W D
i
Λ
i
, (6.22)
A matriz W ´e a obtida para o m´etodo QOFD na equa¸ao (5.51), no caso bidimen-
sional ela ´e dada por
W
mn
= 2πJ
0
(kh
mn
) (6.23)
= 2π
1
(kh
mn
)
2
4
+
(kh
mn
)
4
64
(kh
mn
)
6
2304
+ . . .
, (6.24)
com
h
mn
= |x
m
x
n
|. (6.25)
Para que a minimiza¸ao de J
i
) ao tenha como solu¸ao Λ
i
= 0, devemos
impor alguma restri¸ao em Λ
i
. Observando a defini¸ao de ψ
i
na equa¸ao (6.3), ´e
razo´avel impor
λ
i
i
= 1, (6.26)
para que tenhamos
ψ
i
(x
i
) = 1. (6.27)
Sendo assim, os parˆametros Λ
i
ao ent˜ao determinados minimizando J
i
)
102
em rela¸ao aos |A
i
| 1 parˆametros livres λ
a
i
, com os parˆametros centrais prede-
finidos λ
i
i
= 1. Chamamos a formula¸ao obtida com esses parˆametros de QOPG
(Quasi Optimal Petrov-Galerkin) (Loula e Fernandes (submetido)).
Observao 6.1 Um ponto importante ´e o fato de J
i
) ser local, no sentido de
que, para um o fixado x
i
, J
i
) depende dos |A
i
| 1 parˆametros λ
a
i
associados
apenas ao o x
i
. Com isso ´e poss´ıvel minimizar J
i
) em cada o separadamente.
Se em vez de V
h
modific´assemos U
h
(ou se modific´assemos os dois), essa condi¸ao
de localidade ao valeria, J
i
) dependeria tamem de alguns parˆametros associ-
ados aos pontos vizinhos, o que acoplaria todas as equa¸oes que determinam os
parˆametros Λ
i
.
Observao 6.2 Para melhor compreender esta estrat´egia de estabiliza¸ao, vamos
considerar que para qualquer onda plana w(x, y) temos a seguinte estimativa para
a sua aproxima¸ao w
h
, em rela¸ao a w
I
(a interpolande de w):
w
h
w
I
C, (6.28)
como resultado de consistˆencia (no sentido de diferen¸cas finitas) e estabilidade no
sentido variacional (de elementos finitos). Pela desigualdade do triangulo temos
w w
h
C(w w
I
+ w
I
w
h
) C(w w
I
+ ) (6.29)
Logo, reduzir a diferen¸ca entre w
h
w
I
corresponde exatamente a reduzir o
erro de polui¸ao. Essa estrat´egia ´e comum a quase todos os m´etodos estabili-
zados. De modo que ela pode ser aplicada a muitos outros problemas que de-
mandam estabiliza¸oes, tais como problemas de convec¸ao-difus˜ao ou convec¸ao
rea¸ao predominantemente convecctivos ou reativos. Dado que as solu¸oes da
equa¸ao de Helmholtz homogˆenea podem ser aproximadas com muita precis˜ao por
combina¸oes lineares de ondas planas (Monk e Wang (1999)), esta estrat´egia ao
est´a restrita a ondas planas. Resultados num´ericos que ser˜ao apresentados neste
cap´ıtulo confirmam esta observao.
103
6.4 Condi¸oes de contorno
Com condi¸oes de contorno de Dirichlet, o QOPG gera equa¸oes associadas
apenas a pontos interiores. Equa¸oes associadas a n´os de fronteira ocorrem quando
tratamos de condi¸oes de Neumann ou Robin por exemplo. Isso deve ser levado em
conta no m´etodo em quest˜ao pois o n´umero de n´os adjacentes e portanto o n´umero
de parˆametros livres associados aos os de fronteira ´e menor do que os associados
aos os interiores; o que pode afetar a efetividade do processo de minimiza¸ao
descrito acima. Na pr´atica pode-se verificar com experimentos num´ericos que o
m´etodo proposto ´e seriamente afetado quando n˜ao se a algum tratamento especial
aos os de fronteira sujeitos a condi¸oes de contorno de Neumann ou Robin.
Para tratar adequadamente estas condi¸oes de contorno n˜ao essenciais, duas
formas distintas foram consideradas:
(1) Uma camada de elementos ´e adicionada no exterior do dom´ınio com o
intuito de completar os estˆenceis de fronteira. Em seguida os parˆametros
Λ
i
ao determinados levando em contas esses elementos extras. Finalmente
o m´etodo ´e completado apenas com os elementos originais.
(2) Nos n´os de fronteira os parˆametros Λ
i
ao determinados usando o processo
de minimiza¸ao semelhante ao normal mas o res´ıduo (6.10) ´e substitu´ıdo
por outro calculado pela forma sesquilinear modificada
a
r
(u, v) =
uv k
2
uv dx
u · nv ds. (6.30)
Ap´os a determina¸ao dos parˆametros a forma a normal ´e usada para mon-
tar o sistema de equa¸oes global.
No caso de uma malha uniforme os m´etodos (1) e (2) produzem resultados
com a mesma precis˜ao. Nos experimentos num´ericos deste cap´ıtulo foi usado o
esquema (1).
104
6.5 Implementa¸ao computacional
Diferentemente do que ´e feito nos etodos de elementos finitos usuais, no
QOPG a matriz global deve ser montada equa¸ao por equa¸ao. Isso se deve ao
fato de que os parˆametros de estabiliza¸ao λ
a
i
ao calculados separadamente em
cada o, resolvendo, para cada x
i
os sistema local
(D
i
)
T
W D
i
Λ
i
= 0. (6.31)
Sendo mais preciso, ao ´e exatamente o sistema acima que ´e resolvido. O parˆametro
λ
i
i
´e prescrito e portanto uma das equa¸oes do sistema acima ao precisa ser satis-
feita no processo de minimiza¸ao descrito na Se¸ao 6.3.
Uma vez calculados esses parˆametros para um o x
i
, os coeficientes da
equa¸ao global associada a x
i
ao obtidos calculando
S
i
= D
i
Λ
i
. (6.32)
Do mesmo modo que no m´etodo QOFD, deve-se ter cuidado ao resolver os
sistemas locais
(D
i
)
T
W D
i
Λ
i
= 0, dado o mal condicionamento das matrizes W .
6.6 Resultados num´ericos
Nesta se¸ao apresentamos resultados de experimentos num´ericos ilustrando
o desempenho da formula¸ao proposta considerando malhas uniformes e ao uni-
formes.
6.6.1 Malhas uniformes
Consideramos primeiramente o etodo QOPG em malhas uniformes, com
condi¸oes de contorno de Dirichlet e em seguida com condi¸oes de Robin.
Condi¸oes de contorno de Dirichlet.
Na Figura 6.2 apresentamos o erro relativo na norma do L
2
(Ω) para os
105
m´etodos de Galerkin, GLS e QOPG, comparados com a interpolante de uma onda
plana em diferentes dire¸oes θ [0, π/2], em uma malha com 50 × 50 elementos,
com k = 50 (kh = 1).
Efeitos de polui¸ao deterioram completamente a aproxima¸ao de Galerkin: o
erro relativo em L
2
(Ω) chega a ser duas ordens de magnitude maior do que o erro
da interpolante. O erro relativo da aproxima¸ao pelo GLS ´e uma ordem menor
comparado `a aproxima¸ao de Galerkin, mas maior do que o erro da aproxima¸ao
do QOPG..
0
π
8
π
4
3π
8
π
2
θ
-1
-0.5
0
0.5
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
Figura 6.2: Erros relativos na norma L
2
para ondas planas em diferentes dire¸oes,
com k = 50, condi¸oes de contorno de Dirichlet e uma malha com 50×50 elementos
quadrados.
Na Figura 6.3 vemos resultados de convergˆencia para uma onda plana na
dire¸ao θ = π/4 com k = 50, para o erro relativo na norma do L
2
(Ω) e na semi-
norma do H
1
(Ω). Novamente observamos claramente polui¸ao na convergˆencia dos
m´etodos de Galerkin e GLS. A convergˆencia para o QOPG ´e praticamente igual `a
da interpolante.
Resultados similares ao apresentados para uma onda plana com k = 100 na
Figura 6.4, onde os erros relativos em L
2
(Ω) ao mostrados para ondas planas em
diferentes dire¸oes θ [0, π/2], e na Figura 6.5, onde ao mostrados estudos de
converencia para θ = π/4. Como esperado, para valores maiores de k, os efeitos
de polui¸ao ao agravados. Nesse caso, as aproxima¸oes de Galerkin e do GLS ao
exibem convergˆencia. Para evitar esse tipo de problema consideraremos condi¸oes
106
1.6 1.8 2 2.2 2.4
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
1.6 1.8 2 2.2 2.4
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.3: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de contorno e Dirichlet para
uma onda plana com k = 50 and θ = π/4.
de Robin daqui por diante.
0
π
8
π
4
3π
8
π
2
θ
-1
-0.5
0
0.5
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
Figura 6.4: Erros relativos na norma L
2
para ondas planas em diferentes dire¸oes,
com k = 100, condi¸oes de contorno de Dirichlet e uma malha com 100 × 100
elementos quadrados.
Condi¸oes de contorno de Robin.
Apresentamos agora alguns resultados com k = 100 para condi¸oes de con-
torno de Robin tais que a solu¸ao exata seja uma onda plana na dire¸ao θ.
Na Figura 6.6 apresentamos a dependˆencia do erro em L
2
(Ω) para θ
[0, π/2]. Como ao a problemas de ressonˆancia num´erica, um comportamento
107
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2
-1
0
1
2
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.5: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de contorno e Dirichlet para
uma onda plana com k = 100 and θ = π/4.
regular pode ser observado para as aproxima¸oes de Galerkin e do GLS, mas o
efeito de polui¸ao ainda est´a presente.
A Figura 6.7 apresenta resultados de convergˆencia para uma onda plana com
θ = π/4. Ainda podemos observar bastante polui¸ao nas curvas de convergˆencia
dos m´etodos de Galerkin e GLS, mas menos severa do que com condi¸oes de con-
torno de Dirichlet. No entanto, o erro relativo da aproxima¸ao de Galerkin na
malha menos refinada ´e uma ordem de magnitude maior do que o erro da inter-
polante, tanto na norma L
2
(Ω) quanto na seminorma do H
1
(Ω). A aproxima¸ao
do GLS ´e mais precisa, em particular na seminorma do H
1
(Ω). A aproxima¸ao do
QOPG exibe a mesma precis˜ao da interpolante em H
1
(Ω) e at´e mais precis˜ao que
a interpolante na norma do L
2
(Ω).
6.6.2 Malhas ao uniformes. Perturba¸oes aleat´orias
Nesta se¸ao ao realizados testes com elementos distorcidos. A distor¸ao ´e ob-
tida substituindo as coordenadas (x
i
, y
i
) dos os interiores de uma malha formada
originalmente por elementos quadrados por coordenadas (x
i
, y
i
) aleatoriamente
108
0
π
8
π
4
3π
8
π
2
θ
-1
-0.5
0
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
Figura 6.6: Erros relativos na norma L
2
para ondas planas em diferentes dire¸oes,
com k = 100, condi¸oes de contorno de Robin e uma malha com 100×100 elementos
quadrados.
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.7: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de contorno de Robin para uma
onda plana com k = 100 and θ = π/4.
perturbadas da seguinte forma:
x
i
= x
i
+ r
i
h, (6.33)
y
i
= y
i
+ s
i
h, (6.34)
onde r
i
e s
i
ao sequˆencias de n´umeros aleat´orios distribu´ıdos uniformemente no
intervalo [0.24, 0.24].
109
Figura 6.8: Malha distorcida aleatoriamente
Resultados de convergˆencia para as aproxima¸oes de Galerkin, GLS e QOPG,
comparadas com a interpolante, ao apresentados na Figura 6.9.
´
E interessante
notar a robustez das aproxima¸oes por elementos finitos. As aproxima¸oes de Ga-
lerkin e GLS s˜ao melhores do que as mesmas em malhas uniformes. A aproxima¸ao
do QOPG tem praticamente a mesma precis˜ao obtida com malhas uniformes.
Devemos notar que o parˆametro de estabiliza¸ao do GLS ´e obtido por meio
de an´alise espectral numa malha uniforme. Por constru¸ao, a aproxima¸ao de GLS
de uma onda plana ´e indˆentica `a interpolante quando θ = π/8 e 3π/8, como pode-
mos ver nas Figuras 6.2 e 6.4. No entanto, o mesmo ao ocorre necessariamente
110
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.9: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de Robin, malha ao uniforme,
k = 100 e θ = π/4.
com malhas ao uniformes. Para checar isso, apresentamos na Figura 6.10 o erro
relativo em L
2
para as aproxima¸oes de Galerkin, GLS e QOPG para ondas planas
com arias dire¸oes em θ [0, π/2], considerenado malhas com 100×100 elementos
distorcidos. O erro relativo m´ınimo ao ocorre em θ = π/8 e θ = 3π/8, mas em
valores de θ pr´oximos de 3π/16 e 5π/16. Notamos tamb´em que o erro aximo
ao ocorre em θ = π/4, mas em θ = 0 and θ = π/2. Assim, com essas malhas
ao uniformes, o efeito de polui¸ao deve ser mais intenso para ondas planas em
θ = 0 ou θ = π/2. Para ilustrar isso, apresentamos resultados de convergˆencia
para θ = 0 na Figura 6.11, para k = 100. A polui¸ao nas solu¸oes aproximandas
de Galerkin e GLS se torna mais intensa nesse caso.
6.6.3 Malhas ao uniformes. Transforma¸ao biquadr´atica
Conseideramos agora malhas ao uniformes para o dom´ınio (0, 1) × (0, 1)
geradas transformando os os de uma malha uniformes por uma transforma¸ao
biquadr´atica. A Figura 6.12 mostra uma malha com 20 × 20 elementos gerada
dessa forma. Podemos notar a ocorrˆencia de elementos muito distorcidos.
Novamente estudos de convergˆencia ao feitos para a equa¸ao de Helmholtz
111
0
π
8
π
4
3π
8
π
2
θ
-1
-0.5
0
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
Figura 6.10: Erros relativos em L
2
para ondas planas em diferentes dire¸oes θ
[0, π/2] com k = 100, Condi¸oes de contorno de Robin em uma malha n˜ao uniforme
com 100 × 100 nelementos.
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.11: Estudo de convergˆencia com condi¸oes de contorno de Robin. Apro-
xima¸oes de Galerkin, GLS and QOPG comparadas com a interpolante, malhas
ao uniformes, k = 100 e θ = 0
com k = 100, considerando condi¸oes de contorno de Robin apropriadas para que
a solu¸ao seja uma onda plana na dire¸ao θ = π/4.
Resultados de convergˆencia ao apresentados nas figuras Figuras 6.13 e 6.14.
Novamente podemos observar a robusteza do etodo QOPG, que produz solu¸oes
com a mesma precis˜ao da interpolante na seminorma do H
1
e precis˜ao maior que
a interpolante na norma L
2
.
112
Figura 6.12: Malha n˜ao uniforme gerada aplicando uma uma transforma¸ao biqua-
dr´atica a uma malha uniforme. Uma camada extra de elementos foi adicionada no
contorno para tratar condi¸oes de Robin.
0
π
8
π
4
3π
8
π
2
θ
-1
-0.5
0
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
Figura 6.13: Erros relativos na norma L
2
para ondas planas em diferentes dire¸oes
θ [0, π/2] com k = 100, condi¸oes de contorno de Robin e uma malha distorcida
por um mapeamento biquadr´atico com 100 × 100 elementos.
6.6.4 Problema de Helmholtz ao homogˆeneo
O QOPG ´e formulado com foco em solu¸oes que ao ondas planas. Al´em
disso, a matriz global resultante do QOPG ao ´e sim´etrica em geral. Assim,
ao podemos esperar taxas de convergˆencia ´otimas em L
2
para aproxima¸oes com
termos de fonte.
O objetivo desta se¸ao ´e checar o desempenho da formula¸ao QOPG para
113
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.14: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de contorno de Robin. Erros
relativos na norma L
2
(direita) e seminorma H
1
(esquerda). Onda plana com
k = 100 e θ = π/4.
problema com termos de fonte suaves. Resultados ao apresentados para k = 10 e
k = 100 considerando condi¸oes de contorno de Robin e um termo de fonte f(x, y)
tal que a solu¸ao exata em um quadrado unit´ario seja
u(x, y) = sin(πx) sin(πy) . (6.35)
Para estudos de convergˆencia usando sequˆencias de malhas uniformes, sempre
obtivemos taxas de convergˆencia ´otimas para aproxima¸oes com o QOPG na norma
do L
2
e seminorma do H
1
. Para malhas muito distorcidas foram obtidas taxas ao
´otimas na norma do L
2
. Para malhas moderadamente distorcidas foram tamb´em
obtidas taxas ´otimas em L
2
, como podemos observar na Figura 6.15 para k = 10 e
na Figura 6.16 para k = 100. Nesses estudos consideramos refinamentos de malhas
ao uniformes, geradas pelo mesmo mapeamento biquadr´atico como ilustrado na
Figura 6.12.
114
1 1.5 2
log(h)
-5
-4.5
-4
-3.5
-3
-2.5
-2
-1.5
-1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
1 1.5 2
log(h)
-2.2
-2
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
-1
-0.8
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.15: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de contorno de Robin. Erros
relativos na norma L
2
(direita) e seminorma H
1
(esquerda). k = 10 com termo de
fonte.
1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8
log(h)
-5.5
-5
-4.5
-4
-3.5
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8
log(h)
-2.8
-2.6
-2.4
-2.2
-2
-1.8
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.16: Estudo de convergˆencia para condi¸oes de contorno de Robin. Erros
relativos na norma L
2
(direita) e seminorma H
1
(esquerda). k = 100 com termo
de fonte.
6.6.5 Ondas ao direcionais
Nesta se¸ao consideramos a equa¸ao de Helmholtz num dom´ılio anelar com
raio interior R
i
= 0.5 e raio exterior R
e
= 1, k = 100 e f(x, y) = 0, com condi¸oes
de contorno de Dirichlet em r = R
i
e de Robin em R = R
e
, tais que a solu¸ao em
115
coordenadas polares seja dada pela solu¸ao descrita na Se¸ao 2.3.3:
u
n
(r, θ) = cos()H
(1)
n
(kr), (6.36)
As malhas usadas neste estudo ao constru´ıdas da mesma forma descrita na
Se¸ao 4.4.4 (Figura 4.13).
Estudos de convergˆencia para o erro relativo na norma L
2
e na seminorma
H
1
ao apresentados para n = 0 na Figura 6.17, n = 3 na Figura 6.18 e n = 7 na
Figura 6.19. As aproxima¸oes de Galerkin e GLS ao novamente muito afetadas
pela polui¸ao, enquanto a aproxima¸ao pelo QOPG ao ao precisas quanto a
interpolante.
1.8 2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
1.8 2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.17: Convergˆencia para uma onda ao direcional (eq. (6.36) com n=0).
116
1.8 2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
1.8 2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.18: Convergˆencia para uma onda ao direcional (eq. (6.36) com n=3).
1.8 2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (u u
h
/u)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
2
1.8 2 2.2 2.4 2.6
log(h)
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
log (|u u
h
|/|u|)
Interpolant
Galerkin
GLS
QOPG
1
1
Figura 6.19: Convergˆencia para uma onda ao direcional (eq. (6.36) com n=7).
117
Cap´ıtulo 7
Conclus˜oes e futuros desenvolvimentos
Iniciamos este trabalho com o objetivo de desenvolver m´etodos de elementos
finitos e de diferen¸cas finitas para o problema de Helmholtz com n´umeros de onda
elevados, com boas propriedades de estabilidade, precis˜ao e rubustez a distor¸oes
da malha. Apesar de ao termos apresentado uma an´alise matem´atica e num´erica
completa dos etodos propostos, o grande n´umero de estudos de convergˆencia
realizados, comparativamente com outros m´etodos, mostra que o objetivo inicial
foi alcan¸cado em grande parte.
Inicialmente fizemos uma revis˜ao da literatura, particularmente sobre m´eto-
dos de elementos finitos baseados na formula¸ao cl´assica de Galerkin e em ecnicas
de estabiliza¸ao residuais do tipo Galerkin M´ınimos Quadrados. Neste contexto
propomos dois etodos estabilizados: o primeiro combina res´ıduos de Galerkin,
m´ınimos quadrados e de volumes finitos e o segundo utiliza res´ıduos de Galerkin
e m´ınimos quadrados ponderados. Ambos ao capazes de minimizar os efeitos
de polui¸ao do erro, no sentido definido por Babuˇska, quando restritos a malhas
uniformes de elementos quadrados. No entanto, estes etodos ao apresentam a
robustez a distor¸oes da malha que buscamos.
Em continua¸ao desenvolvemos novos m´etodos de diferen¸cas finitas gene-
ralizadas aplic´aveis a malhas ao uniformes e ao estruturadas, bem como no-
vos m´etodos de elementos finitos apoiados em formula¸oes conformes de Petrov-
Galerkin que se mostraram bastante precisos e robustos a distor¸oes da malha.
118
As an´alises das ordens de aproxima¸ao e de dispers˜ao em malhas uniformes e uma
s´erie bastante ampla de experimentos num´ericos realizados suportam as conclus˜oes
apresentadas a seguir.
Sobre diferen¸cas finitas
(1) O m´etodo de diferen¸cas finitas QOFD (Quasi Optimal finite Difference) foi
desenvolvido de forma diferente da usual, no sentido de que foi formulado
de modo a ser aplic´avel a qualquer distribui¸ao dos pontos onde a solu¸ao
do problema ´e aproximada, para qualquer n´umero n 1 de dimens˜oes.
(2) O QOFD foi constru´ıdo de forma que o erro de truncamento do operador
de Helmholtz aproximado fosse minimizado para ondas planas, levando
em conta igualmente todas as dire¸oes poss´ıveis. O resultado ´e equivalente
em termos de ordem de aproxima¸ao ao QSFEM em malhas uniformes de
elementos quadrados, mas, diferentemente do QSFEM, o QOFD ´e aplic´avel
a malhas ao uniformes e ao estruturadas.
(3) Resultados num´ericos sobre uma s´erie de problemas em 2D mostram taxas
de convergˆencia ´otimas na seminorma de H
1
e na norma de L
2
, equivalentes
`a interpolante em malhas ao uniformes mas estruturadas, com estˆenceis
de 9 pontos.
(4) Estudos de convergˆencia com malhas ao estruturadas mostram igual-
mente taxas de convergˆencia ´otimas nestas normas.
(5) Tamem foram apresentadas generaliza¸oes de aproxima¸oes com estˆenceis
envolvendo um n´umero qualquer de pontos. Nesse caso, especial aten¸ao
deve ser dada ao problema num´erico, dado o mal condicionamento das
matrizes dos problemas locais. Quando esses problemas num´ericos ao
contornados, solu¸oes com grande precis˜ao podem ser obtidas aumentando
o n´umero de pontos dos estˆenceis.
119
Sobre elementos finitos
(1) Foram formulados m´etodos de elementos finitos de Petrov-Galerkin para
espa¸cos de aproxima¸ao lagrangianos C
0
lineares ou bilineares em dom´ınios
bidimensionais, que resultam em matrizes globais com a mesma esparsi-
dade da matriz global do etodo de Galerkin. Em cada m´etodo, o espa¸co
das fun¸oes peso foi modificado usando bolhas C
0
polinomiais por partes
em macroelementos, visando obter estabilidade, precis˜ao e robustez.
(2) O RPPG (Reduced Pollution Petrov-Galerkin), o mais simples dos m´etodos
de elementos finitos desenvolvido neste trabalho, mostrou-se bastante efi-
ciente em reduzir o efeito de polui¸ao em malhas com poucas distor¸oes.
(3) O RPPG ao tem parˆametros de estabiliza¸ao dependentes do n´umero de
onda ou dos tamanhos dos elementos como ´e comum nos m´etodos estabi-
lizados para o problema de Helmholtz.
(4) Visando uma maior robustez a distor¸oes da malha, o QSPG Quasi Stabi-
lized Petrov-Galerkin foi desenvolvido de forma semelhante ao RPPG mas
usando parˆametros de estabiliza¸ao dependentes de k e da geometria dos
elementos. Com isso conseguimos um m´etodo equivalente ao QSFEM nas
situa¸oes em que esses etodos podem ser comparados diretamente.
(5) O QSPG ´e aplic´avel naturalmente a elementos distorcidos de forma razo-
avelmente robusta, especialmente para elementos muito alongados, uma
situa¸ao que geralmente causa problemas para muitos m´etodos estabiliza-
dos propostos na literatura.
(6) Para algumas distor¸oes mais extremas, o QOFD ´e bem mais robusto do
que o RPPG e o QSPG. Com isso em mente, o QOPG (Quasi Optimal
Petrov-Galerkin) foi desenvolvido, tendo como objetivo aliar a robustez
resultante do crit´erio usado para formular o QOFD `as vantagens de um
120
m´etodo variacionalmente consistente. Os estudos num´ericos indicam que
esse objetivo foi alcan¸cado em grande parte.
(7) Foram feitos estudos de convergˆencia para ondas planas, ondas direcio-
nais e ondas evanescentes, bem como para solu¸oes ao homogˆeneas do
problema de Helmholtz com condi¸oes de contorno de Diriclet, Robin e
mistas. Em todos estes estudos foram observadas taxas de convergˆencia
´otimas e precis˜oes equivalentes `a interpolante na seminorma de H
1
. Para
condi¸oes de contorno de Robin foram observadas precis˜oes melhores do
que a da interpolante na norma do L
2
.
(8) Dentre todas as formula¸oes aqui estudadas, no contexto dos etodos
de elementos finitos lagrangianos lineares ou bilineares, a formula¸ao de
Petrov-Galerkin QOPG ´e a que apresenta melhores propriedades de esta-
bilidade, precis˜ao, generalidade e robustez a distor¸oes de malhas.
Futuros desenvolvimentos
Conforme resumimos acima, conclu´ımos este trabalho com alguns resultados
que julgamos significativos. Infelizmente, ou felizmente, algumas quest˜oes conti-
nuam em aberto, como a pr´opria an´alise num´erica dos m´etodos propostos. Surgem
outras que podem ser relevantes, como uma maior conex˜ao entre os m´etodos de
elementos finitos e de diferen¸cas finitas generalizados, assim como uma nova es-
trat´egia para determina¸ao dos parˆametros de estabiliza¸ao de m´etodos de elemen-
tos finitos ou de diferen¸cas finitas atrav´es da minimiza¸ao do erro de truncamento
da interpolante de solu¸oes fundamentais do problema de Helmholtz homogˆeneo.
Esta estrat´egia ao est´a limitada ao Problema de Helmholtz, e pode vir a ser bem
explorada em outros problemas que tamb´em demandam estabiliza¸ao, como, por
exemplo, problemas de convec¸ao difus˜ao ou de rea¸ao difus˜ao predominantemente
convectivos ou reativos.
Por fim, listamos algumas destas quest˜oes que ficaram em aberto, bem como
121
algumas poss´ıveis extens˜oes dos resultados obtidos:
A an´alise num´erica de todos os etodos propostos. Quest˜ao ainda em
aberto e dif´ıcil, visto que mesmo o m´etodo de Galerkin carece de uma
an´alise completa para o problema de Helmholtz em mais de uma dimens˜ao.
Extens˜oes do RPPG e do QSPG para problemas tridimensionais.
Extens˜ao do QOPG para problemas ao homogˆeneo com termos de fonte
singulares.
Tratamento de condi¸oes de contorno ao essenciais no QOFD.
Extens˜oes dos m´etodos propostos para o problema de Helmholtz vetorial
(eletromagnetismo).
Adaptatividade.
´
E interessante observar que o funcional de m´ınimos qua-
drados usado na determina¸ao dos parˆametros de estabiliza¸ao do QOPG,
bem como dos coeficientes do estˆencil do QOFD, ´e um indicador a priori
de qualidade da aproxima¸ao da solu¸ao do problema homogˆeneo.
122
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126
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