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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA UNIVERSO
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CURSO DE MESTRADO
Altas Habilidades: mitos e dilemas na indicação para
atendimento.
Sonia Maria Lourenço de Azevedo.
NITERÓI,
JULHO DE 2008
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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA UNIVERSO
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CURSO DE MESTRADO
Altas Habilidades: mitos e dilemas na indicação para
atendimento.
Sonia Maria Lourenço de Azevedo.
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado do Programa de Pós Graduação
em Psicologia da Universidade Salgado de
Oliveira - UNIVERSO, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Psicologia.
Orientadora: Profª Drª Marsyl B. Mettrau.
NITERÓI,
JULHO DE 2008
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo
Campus Niterói
Bibliotecária: Ana Marta Toledo Piza Viana - CRB7/2224
A994a Azevedo, Sonia Maria Lourenço de
Altas habilidades: mitos e dilemas na indicação para
atendimento./Sonia Maria Lourenço de Azevedo .- Niterói, 2008.
149p.
Dissertação apresentada para obtenção do Grau de
Mestre em Psicologia - Universidade Salgado de Oliveira,
2008.
Orientador: Dsc. Marsyl Bulkool Mettrau .
1.Crianças superdotadas - Psicologia. 2. Superdotados. 3.
Competência mental. 4. Inteligência. 4. Aptidão . 5.Psicologia
Educacional. I. Título.
CDD 371.95
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA UNIVERSO
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CURSO DE MESTRADO
Altas Habilidades: mitos e dilemas na indicação para
atendimento.
Sonia Maria Lourenço de Azevedo.
DISSERTAÇÃO defendida e aprovada pela Banca Examinadora composta pelos
seguintes professores (as):
_____________________________________________
Profa. Dra. Marsyl Bulkool Mettrau UNIVERSO.
______________________________________________
Profa. Dra. Mary Rangel UFF/ UERJ.
______________________________________________
Profa. Dra. Márcia Simão L. Barreto UNIVERSO.
Dissertação aprovada no dia 19/ 08/ 2008, no Curso de Mestrado em Psicologia da
UNIVERSO.
À minha família, força que impulsiona a minha caminhada.
Ao Celso pelas experiências vivenciadas.
À Energia Maior, essência da vida.
AGRADECIMENTOS
Agradecer é uma forma de r ender uma homenagem a todos que contribuíram indireta ou
diretamente a realização deste trabalho o que torna este momento muito especial.
Alguns colaboradores anônimos, como professores que gentilmente responderam esta
pesquisa, sinceros agradecimentos.
Aos alunos e alunas do programa de altas habilidades que não me deixam desistir dando
energia para transpor obstáculos.
À Secretaria Municipal de Duque de Caxias pela realização desta pesquisa em suas
Unidades Escolares.
À Coordenadoria Administrativa da Secretaria Municipal de Duque de Caxias pelo
apoio na localização dos professores.
À professora Marsyl Bulkool Mettrau por sua orientação e força nos momentos mais
difíceis.
Ao Marcelo, secretário do curso de Mestrado pela atenção e dedicação.
À amiga Débora que através da sua força e alegria muitas vezes me fez acreditar que eu
conseguiria vencer as adversidades da vida.
À minha irmã Wânia pela compreensão das minhas ausências e pelo incentivo na minha
caminhada acadêmica.
“Se acaso alguém me houvesse alertado o
interesse, se antes de cada matéria lesse um
prefácio estimulante, que me despertasse a
inteligência, me oferecesse fantasias em lugar de
fatos, me divertisse e intrigasse com o
malabarismo dos números, romantiz asse mapas,
me desse um ponto de vista a respeito da história,
e me ensinasse à música da poesia, talvez eu
tivesse sido um erudito”.
Charles Chaplin.
LISTA DE TABELAS
QUADRO 1 Mitos e Realidade da Superdotação segundo Winner......................... ....49
TABELA 1- Perfil sócio-demográfico dos professores.................... ..............................77
TABELA 2- Associação das palavras: pessoas com altas habilidades/superdotação, por
ordem de evocação, de 26 professores do grupo 1................ .....................82
TABELA 3- Associação das palavras: pessoas com altas habilidades/superdotação, por
ordem de evocação, de 26 professores do grupo 2....... ..............................84
TABELA 4- Associação das palavras: conceito altas habilidade s/superdotação, por
ordem de evocação, de 26 professores do grupo 1....... ..............................86
TABELA 5- Associação das palavras: conceito altas habilidades/superdotação, por
ordem de evocação, de 26 professores do grupo 2..................... ................88
TABELA 6- Associação das palavras: atendimento de educação especial, por ordem de
evocação, de 26 professores do grupo 1....................... ..............................90
TABELA 7- Associação das palavras: atendimento de educação especial, por ordem de
evocação, de 26 professores do grupo 2....................... ..............................92
TABELA 8- Levantamento quantitativo (SPSS) dos dilemas respondidos pelos
professores ..................................................... ............................................93
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Modelo triádico de superdotação (Matte,1996)....................... ....................17
FIGURA 2 Diagrama da inteligência h umana (Mettrau, 2004).......... ...........................19
viii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS.... ................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS...................................................... ..............................................viii
RESUMO.........................................................................................................................xi
ABSTRACT....................................................................................................................xii
INTRODUÇÃO................................................................................. ..............................13
Justificativa.................................................................. ....................................................14
Objetivos............................................................................................ ..............................16
CAPÍTULO I: REFERENCIAL TEÓRICO................................... .................................17
1.1.Diferentes conceitos de altas habilidades / superdotação.................................... ......17
1.2.Conceito de inteligência social e crítica ao uso dos testes de inteligência..............21
1.3.O processo de identificação das altas habilidades/ superdotação ..............................27
1.4. Pressupostos legais em relação ao atendimento educacional..... ..............................30
1.5. Dificuldades no processo de indicação: relações com os mitos sobre s uperdotação
segundo Winner......................................................................................................... ......37
1.6. Teoria da Representação Social ................................................ ..............................51
1.7. O dilema moral e os mitos: os estudos de Kohlberg(1963,1984) e
Winner(1998) na análise dos dilemas................................................ ..............................53
CAPÍTULO II: AS ALTAS HABILIDADES NA PERIFERIA:
IMPORTÂNCIA DA IND ICAÇÃO............................................... ..............................56
2.1.O Município de Duque de Caxias: histórico e aspectos sócio-demográficos..........56
ix
.2.2. O Programa para Altas Habilidades em Duque de Caxias....... ..............................58
CAPÍTULO III: METODOLOGIA.................................................. ...............................65
3.1. Amostra...................................................................................... ............................. 65
3.2. Instrumentos........................................................................................................... ..66
3.3. Procedimentos............................................................................ ..............................74
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...............77
CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................. ............................117
REFERÊNCIAS.................................................................... ........................................119
ANEXOS.......................................................................................... .............................128
Apêndice 1 - Carta endereçada aos diretores das unidades escolar es...........................129
Anexo 1 - Ficha de indicação de alunos........................................... .............................131
Anexo 2 - Termo de consentimento de livre esclarecimento ........... ............................133
Apêndice 2 - Questionários aplicados aos professores..................... .............................135
Anexo 3 -Carta endereçada ao Comitê de Ética....................................................... .....140
Anexo 4 - Folha de rosto para pesquisa envolvendo seres humanos....... ......................142
Anexo 5 - Termo de compromisso da Instituição de Ensino.................................... .....144
Anexo 6 - Termo de compromisso do pe squisador.......................................................146
Anexo 7- Parecer sobre protocolo de pesquisa......................................................... .....148
x
RESUMO
O baixo quantitativo de indicação de alunos que apresentam superdotação/altas
habilidades realizado pelos professores do Município de Duque de Caxias é inv estigado
neste trabalho com objetivo de verificar as dificuldades encontradas pelo professor neste
processo. Ainda que tenha sido baixo o quantitativo de escolas que encaminharam
alunos para o programa através das avaliações constata -se que, as orientações
trabalhadas, ao longo das capacitações sobre o tema favoreceram a identificação desses
alunos. Os sujeitos desta pesquisa são constituídos pelos professores respondentes que
participaram da implantação do programa de atendimento no município e são dividi dos
na pesquisa em dois grupos: 26 professores que indicaram alunos para o programa
(grupo 1) e 26 outros professores que não indicaram alunos( grupo 2). Quanto aos
instrumentos aplicados nesta pesquisa, realiza -se: a) o perfil sócio-demográfico dos
respondentes, segmento que atua, tempo de exercício no magistério e faixa etária; b)
faz-se um levantamento de possíveis elementos da representação social deste professor
através dos termos indutores: altas habilidades /superdotação e educação especial; c)
aplicam-se três dilemas baseados na teoria de julgamento moral de L. Kohlberg (1984)
e nos mitos de Winner (1998) refere ntes a superdotação. Conclui-se que há fortes
indícios de que os mitos a cerca da superdotação influenciam a indicação/não indicação
destes alunos e que estes mitos devem ser trabalhados junto aos professores de modo a
facilitar a indicação e ampliar o conheci mento deles acerca desta temática .
Palavra chave: altas habilidades, mitos, dilemas.
xi
ABSTRACT
The low quantitative of indication of high abilities/highly gifted pupils carried through
by the professors of Duque de Caxias(RJ) is investigated in this work with objective of
verify the difficulties found for the professor in this process. Despite the quantitative o f
schools that had directed pupils for the program has been low through the evaluations
evidences that, the orientations worked, throughout the qualifications on the subject had
favoured the identification of these pupils. The subjects of this research ar e constituted
by the respondent professors who had participated of the implantation of the program
attendance in DC and are divided in the research in two groups: 26 professors who had
indicated pupils for the program (group 1) and 26 other professors who had not
indicated pupils (group 2). The instruments applied in this research: a) demographic
profile of respondents, what segment they teach, How long have they teaching and age;
b) becomes a survey of possible elements of the social representation of this professor
through the inductive terms: high abilities/highly gifted and special education; c) three
quandaries based on the theory of moral judgment of L. Kohlberg (1984) and on myths
of Winner (1998) referring to the high abilities/highly gifted are appl ied. Thus, it has
strong indications that the myths about the high abilities/highly gifted influence the
indication/not indication of these pupils and that these myths must be worked next to
the professors in order to facilitate the indication and to exten d the knowledge of them
concerning this thematic.
Keywords: high abilities, highly gifted, myths, quandaries
xii
1
INTRODUÇÃO
O mundo contemporâneo, muito rápido nas trocas de informações,
encontra-se em constantes transformações q ue afetam quase todos os aspectos da vida
do ser humano. A nova era é marcada por mudanças e o sentimento que se experimenta,
em alguns momentos, é que o mundo está em descontrole.
Hoje, diante deste mundo virtual acelerado, tem -se a impressão de que ao
solucionar um problema estamos no cerne de outras questões. De fato, a
complexidade de um mundo rápido e dinâmico exige pessoas envolvidas com as tarefas,
cada vez mais incentivadas, criativas e capazes de solucionar problemas complexos.
A solução de problemas não é tarefa fácil principalmente em situações
sociais adversas. A criança pertencente a ambientes menos favorecidos tem direito de
desenvolver sua criatividade. Desta forma, ela poderá participar do mundo que a cerca
transformando a adversidade em possibilidade e desenvolvendo plenamente sua
cidadania. Segundo Landau (2000), “uma criança pertencente a um meio cultural pobre
e dona de uma inteligência acima da média precisa de desafios especiais para
desenvolver suas capacidades não aparentes”.
Acredita-se que as oportunidades de desenvolvimento das
potencialidades de uma pessoa oriunda da periferia, carente de ambientes estimuladores,
poderão e deverão ocorrer no espaço escolar. A aura da escola se faz através da
dinâmica de seus atores, que são os professores e os alunos. Segundo Kenski (2001), o
espaço escolar é mágico e nele se realiza o milagre permanente do aprender e do abrir -
se para o mundo”.
A escola e a sociedade precisam de cidadãos críticos, capazes de avançar
o conhecimento e contribuir em prol de melhor qualidade de vida e convivência.
2
A escola deve ter um compromisso em desenvolver as potencialidades e
capacidades de todos os alunos respeitando as diferenças individuais. Nesse sentido é
preciso identificar e reconhecer o aluno com neces sidades especiais para garantir o
atendimento específico às suas necessidades, conforme descrito nas diversas legislações
abordadas neste estudo.
Este trabalho parte de uma prática educacional com crianças e jovens
oriundos de uma comunidade periférica em um município da Baixada Fluminense que
necessitam de coragem para testarem diariamente os próprios limites e adversidades.
Enfim, suas capacidades e habilidades.
Assim, a questão das altas habilidades é discutida em seus conceitos e na
nomenclatura que os expressam, entendendo -se que a falta de identificação desta
população pode levar a um desperdício do talento, da criatividade, do próprio ser
humano. Segundo Mettrau (2000), a importância de se reconhecer o talento de um
superdotado/altas habilidades é evi tar que ele se perca, pois o podemos nem devemos
desperdiçar nada, quanto mais talento.
Justificativa
O interesse por este tema vem desde 1999 quando, participando de uma
pós-graduação em um curso de especialização em altas habilidades, na Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, e trabalhando em uma rede pública da periferia. Constatou -se,
naquela ocasião, que na Divisão de Ensino Especial havia 700 alunos sendo atendidos
na educação especial, tais como: portadores de necessidades especiais, matricula dos em
classes especiais e sala de recursos; programa de apoio especial em educação infantil,
educação precoce; programa de itinerância e apoio ao deficiente físico.
3
Nos registros de alunos atendidos por esta Divisão constavam, somente,
dois casos como possíveis de se referir a alunos com indicadores de altas habilidades: as
famílias procuraram as escolas solicitando apoio aos mesmos. Mesmo com este registro
não houve mobilização, por parte desta Divisão, no sentido de atendê -los, naquela
época.
Vale ressaltar que o atendimento à pessoa com altas habilidades é um
direito garantido nas diversas Legislações Brasileiras, abordadas neste estudo. O
sistema educacional que não possui o atendimento a estes alunos deixa de atender às
suas necessidades, garantidas por lei, quando não identifica e, conseqüentemente, não
atende esta população.
Diante da importância de identificar para encaminhar tais alunos, a
Secretaria de Educação do Município de Duque de Caxias demonstrou interesse em
implantar um Programa de Ide ntificação e Atendimento a alunos portadores de altas
habilidades, criativos e talentosos. As escolas foram convidadas para participar de
reuniões com objetivo de realizar uma capacitação continuada sobre o tema altas
habilidades. Desta forma, todas as uni dades escolares mandaram representantes e
fizeram parte desta capacitação.
No referido programa, através de seus professores, após a capacitação e
apesar da mesma, constatou -se um baixo índice de unidades escolares que
encaminharam alunos com indicação de altas habilidades para avaliação.
Objetivos
a) identificar as razões do baixo quantitativo de unidades escolares que
encaminharam alunos com indicadores de altas habilidades para avaliação e
4
participação no programa específico de atendimento a estes alu nos através de seus
professores;
b) verificar as possíveis dificuldades, encontradas pelo professor, no
processo de indicação dos alunos com altas habilidades.
O tema deste estudo aborda a dificuldade de identificação das pessoas
portadoras de altas habi lidades e está estruturado em cinco capítulos. No primeiro
capítulo, considera-se as diferentes conceituações de altas habilidades/ superdotação e
realiza-se um estudo sobre inteligência humana, à luz de autores que tratam deste tema.
Discute-se, ainda, a maneira estática de avaliação, realizada através de teste de
coeficiente de inteligência (QI). No segundo capítulo, descreve -se um breve histórico da
implantação do Programa de Atendimento para pessoas com altas habilidades/
superdotação, criativos e talen tosos do município de Duque de Caxias, localizado na
periferia do Rio de Janeiro, local onde se deu início aos questionamentos levantados
nesta pesquisa. No terceiro capítulo, define-se a metodologia adotada neste estudo. No
quarto capítulo, apresenta-se e discute-se os resultados da investigação e, no quinto
capítulo, faz-se as considerações finais da pesquisa realizada .
5
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Diferentes conceitos de altas habilidades/ superdotação.
Ao analisar diversos conceitos de superdotação , Mettrau (1986)
considera que: caracterizar e conceituar o aluno superdotado é, por si só, uma tarefa
difícil, pois, os talentos por eles apresentados podem ser não só complexos como
também múltiplos em muitos casos.
O referencial teórico utilizado nesta pesquisa define a superdotação/ altas
habilidades enquanto processo dinâmico, tendo como suporte o modelo triádico da
superdotação desenvolvido por Renzulli (1978) e Mönks (1992) em Mate(1996). Neste
modelo, os portadores de altas habilidades destacam -se por apresentarem um conjunto
de três traços marcantes que funcionam dinâmica e conjuntamente, sendo: capacidade
acima da média, criatividade em alto nível e envolvimento com a tarefa.
Figura 1 Modelo Triádico de Superdotação.
MODELO TRIÁDICO DE SUPERDOT AÇÃO
Mönks,1992; Renzulli,1978.
Referência: Mate, Y. B. (1996). Inteligencia y algunos
factores de personalidades en superdotados. Salmanca:
Amarú Ediciones.
6
Os três traços marcantes estão inse ridos em um triângulo que representa
a totalidade. Cada vértice do triângulo simboliza, respectivamente, a família, a escola e
os companheiros, sem que aja hierarquia entre eles: os três o igualmente importantes.
Na intersecção dos círculos encontra -se, quando já está plenamente desenvolvida, a
pessoa com superdotação/altas habilidades. Mettrau (2000) propõe atendimento
diferenciado às pessoas a partir da presença de uma das características dos círculos:
capacidade acima da média, criatividade e envolvime nto com a tarefa, e não somente na
interseção das três características, uma vez que dar -se-iam melhores oportunidades a
um maior número de participantes e se trabalharia com indicadores de superdotação e
não, somente, com os superdotados que, no caso br asileiro, tem justificativas
socioculturais e socioeducacionais.
A criatividade corresponde ao comportamento visível através de
demonstração de traços criativos no fazer e no pensar. Esta criatividade se manifesta de
diferentes formas, que podem ser denomi nados, também, produtos criativos, a saber:
verbal, gestual, plástica, teatral, musical, entre outras (Bulkool & Souza, 2000).
O envolvimento com a tarefa é um comportamento observado através de
demonstração de um expressivo interesse, motivação e empenho pessoal nas tarefas
realizadas. Interesse significa uma relação de reciprocidade entre o indivíduo e o objeto
que corresponde a uma necessidade do próprio indivíduo. Motivação é o conjunto de
fatores psicológicos, conscientes ou inconscientes, de ordem fis iológica, intelectual ou
afetiva que, agindo entre si, determina a conduta do indivíduo (Bulkool & Souza, 2000).
A capacidade acima da média é o comportamento observado, relatado ou
demonstrado que confirmaria a expressão de traços consistentemente superio res em
qualquer campo do saber ou fazer (Bulkool & Souza, 2000). Estes comportamentos
7
devem permanecer com freqüência e duração podendo ser registrados através de
observações, em repetidas situações e período de tempo.
Landau (1990) define três níveis de c apacidade humana: o talento, a
superdotação e a genialidade, indicando a importância de incentivar o talento para que a
superdotação, bem como a genialidade, se for o caso, se manifeste. Neste conceito
apreende-se que a capacidade humana não é estática nec essitando ser estimulada.
Relacionando os níveis acima descritos aos estudos realizados por
Mettrau (2000), que escreve e atua neste campo de estudo, esta autora explica a
inteligência como um processo dinâmico, sem hierarquia, chamando a atenção para a
importância das diferentes expressões da inteligência no ser humano: o criar (criação), o
sentir (emoção) e o conhecer (cognição).
O diagrama abaixo, que exemplifica a dinâmica destas expressões, tem
demonstrado ser de fácil compreensão e entendimento quand o aplicado em grupo de
alunos, pais e profissionais envolvidos em estudos e projetos sobre superdotação,
habilidades e talento.
Figura 2 Diagrama da Inteligência Humana .
DIAGRAMA DA INTELIGÊNCIA HUMANA
O SER
HUMANO
O GRUPO
SOCIAL
8
O Diagrama proposto p or Mettrau (2004), torna -se, portanto, um
facilitador na difícil compreensão do que seja o funcionamento inteligente nas questões
da inteligência humana em uso no cotidiano, conforme depoimentos colhidos nos
projetos de atendimento já desenvolvidos, tais c omo: Follow-up: efeitos de um
programa de enriquecimento (Mettrau, 2002a); Follow -up II - efeitos de um programa
de enriquecimento: a importância da família (Mettrau, 2002b) e Prismah - Projeto
Refletindo a Inteligência segundo a Maximização das Altas Habi lidades
(Mettrau,2003).
Desta forma, pode-se observar o aspecto dinâmico da inteligência
humana, isto é, que ela pode e deve ser desenvolvida sempre. Quando não
oportunizamos o desenvolvimento da capacidade humana, estamos desperdiçando
talento, habilidades e até superdotação. O conceito dinâmico do potencial intelectual
aparece também na definição de Lucito (1971) em Mettrau (1986, p.25), que afirma:
“São superdotados os alunos cujo potencial intelectual está em nível
superior, tanto no raciocínio produtiv o como no crítico, de modo que se
possa imaginar que serão os futuros solucionadores de problemas, os
inovadores e os críticos da cultura, se lhes forem proporcionadas
experiências educacionais adequadas ”.
Observa-se, neste conceito, a tematização sobre o dinamismo da
inteligência. Quando Lucito utiliza a palavra es, significa que o aluno não é de nível
superior, mas sim que seu potencial intelectual está em nível superior. Um outro
aspecto apresentado nesta citação diz respeito às necessidades de propor cionar
experiências educacionais adequadas para desenvolver o potencial intelectual, conforme
é, também, a perspectiva desse trabalho: transformar dinamicamente o está em é.
9
Outro autor de grandes contribuições no campo de estudos da
inteligência humana é Sternberg, (2000) com a Teoria Triárquica: tri - significa três e -
árquica significa governada. Segundo este autor, a inteligência compreende três
aspectos e ressalta que os três aspectos tratam da relação da inteligência (a) com o
mundo interno na pessoa; (b) com a experiência e (c) com o mundo externo.
Sternberg (2000), considera a inteligência em uma relação contextual ,
isto é, num contexto do mundo real. Neste sentido, vincula a inteligência ao significado
da vida cotidiana, na adaptação, modificação e seleção destes contextos, de forma
organizada e planejada pelo sujeito.
Percebe-se através dos autores e teóricos citados a importância do
aspecto dinâmico da inteligência. Desta forma, a questão é: como medir a inteligência
considerando seu funcionament o dinâmico?
Considerar a inteligência em relação ao contexto social, em todo seu
dinamismo, fez com que os teóricos vissem a necessidade de ampliar as abordagens em
relação às medidas da inteligência. Desta forma, a inteligência sai dos laboratórios e
entra no mundo real, seja este a escola ou o mundo de trabalho do adulto (Coll, 1996).
Assim, a inteligência deixa de ser medida somente em testes de QI, para buscar
respostas inteligentes e solucionar problemas nas diferentes situações da vida cotidiana.
1.2. Conceito de inteligência social e crítica ao uso dos testes de inteligência.
A medida da inteligência, por meio dos testes de aptidão mental e do QI
(quociente intelectual), denota uma preocupação em classificar, delimitar, comprovar as
diferenças através de medidas comparativas que findam por discriminar as pessoas
arbitrariamente, na maioria dos casos descritos e reconhecidos na literatura.
10
Nos últimos cem anos, muitos autores se empenham em tentar medir a
inteligência. O primeiro teste foi publicad o pelos psicólogos franceses Binet e Simon
(em Schiff, 1993). A pedido do Ministério de Educação Pública, estes criaram um teste
para detectar de maneira precoce os alunos deficientes, a fim de orientá -los para uma
educação especializada. Assim, os testes de inteligência, segundo Schiff (1993), desde a
sua origem estão ligados ao fracasso escolar, à detecção precoce e à segregação dos
alunos.
Sob outro aspecto e tomando como ponto de partida o aspecto dinâmico
da inteligência, encontra -se o estudo do desenvolvimento de habilidades cognitivas e
sociais, que tem como base os processos de aprendizagem. Tais processos se
evidenciam por mudanças relativamente permanentes nos conhecimentos ou
comportamentos e ações das pessoas, mudanças estas devidas à experiênci a e às
relações sociais e que os indivíduos vivenciam ao longo de suas vidas.
Ao definir habilidades humanas, Guilford (1959, 1967) considera que
são múltiplos, e provavelmente não independentes, os determinantes das habilidades
humanas, cognitivas e/ou s ociais, e as relações entre eles revelam -se complexas, sendo a
única conclusão razoável a de que não uma série única de fatores implícitos que
possam explicar todas as variedades, nuances e diferenças nas habilidades humanas e
nas competências que a ela estão associadas. Porém, consistências nas ações
humanas, tendências, e os esforços se dirigem para uma identificação de processos e
não de fatores, e para uma visão compreensiva e não fatorial do que se pode chamar de
habilidade ou competência.
A partir de suas extensas pesquisas Guilford (1959, 1967) organizou as
várias habilidades primárias não em árvore, que propõem hierarquias, mas em um
modelo em grade tridimensional. Este autor ressalta que a inteligência está ligada à
11
capacidade de realizar operações mentais com eficácia. Trata-se de uma atividade, ou
seja, a mobilização de um conjunto de operações mentais: cognição, memória,
pensamento convergente, pensamento divergente e avaliação. Nesta perspectiva esta
teoria é uma das mais clássicas e ri cas abordagens, pelos seus desdobramentos
posteriores e sua influência nos modelos existentes à época.
A cognição significa descoberta, redescoberta ou reconhecimento, ou
seja, na solução de um problema ou situação difícil é preciso reconhecer os elementos
disponíveis e constitutivos da situação (Guilford, 1967,1968).
Os estudos de Guilford (1967, 1968) redimensionam e ampliam a
possibilidade do pensamento divergente na solução dos problemas, ou seja, a base do
ato inteligente está ligada à criatividade. Este autor define inteligência como “uma
coletânea sistemática de aptidões para o processamento, por vários modos, de diferentes
tipos de informação” (Guilford, em Almeida, 2007). Desta forma, testar a inteligência
através de respostas únicas, padronizadas é não considerar o aspecto social, afetivo e
criativo do ato inteligente, bem como os aspectos divergentes em cada possibilidade e
em cada pessoa.
Além de levantar os dados do problema é preciso retê -lo na memória ou
evocar outros elementos para o process o de solução. No caso do fator memória, é
necessário apontar que dois tipos de operações de pensamento produtivo: 1) as que
geram novas informações de informações conhecidas; e 2) informações recordadas
(Guilford, em Teles, 1993, p.166 -167).
O pensamento convergente refere-se ao reconhecimento da informação,
oferecendo uma resposta correta ou uma resposta convencionalmente tida como a
melhor. um processamento e elaboração dos processos mentais de conformidade
com os padrões convencionais.
12
O pensamento divergente é uma operação de pensamento em diferentes
direções às vezes, buscando, pesquisando, procurando, outras vezes, buscando a
variedade. Há um processamento não -convencional dos elementos mentais.
As descobertas e invenções são produtos dive rgentes, não-convencionais
da mente até aquele momento social. Por exemplo, o ar condicionado surgiu quando o
inventor não satisfeito com o ventilador lembrou -se da geladeira e associou os dois
princípios: resfriamento e ventilação (Teles,1993).
Segundo, ainda, Teles (1983), a característica mais marcante do ato
inteligente se na utilização e combinação dos vários elementos na solução de uma
tarefa desafiadora de maneira original, genuína. Desta forma, em todo ato inteligente
uma pequena descoberta, c om o qual estamos de acordo.
O pensamento criativo tem sido denominado, por alguns autores,
pensamento divergente, em contraste com o pensamento convergente, que se mede
pelos testes usuais de inteligência ou por respostas únicas e já predeterminadas
(Guilford, 1959). Tal pensamento criativo refere -se: a) a originalidade, que trata da
produção de algo novo, da descoberta de novas soluções; b) a fluidez, que é a
capacidade para imaginar e descobrir várias respostas para um problema; e c) a
flexibilidade, que permite um pensamento versátil, flexível e a mudança de estratégia na
resolução de um problema.
Desta forma, a inteligência depende de vários fatores, dentre eles: a
hereditariedade, onde um componente genético na determinação da mesma de um
indivíduo. Ainda que a informação hereditária não defina as capacidades intelectuais de
uma pessoa, estabelece os limites de desenvolvimento e a expressão destas capacidades
em interação com o meio; o meio social, que é um fator que influencia, estimulando,
dificultando ou impedindo o desenvolvimento da inteligência (Schiff, 1994).
13
O meio, proporcionando condições para o desenvolvimento físico,
psicológico e social, tem um papel decisivo no modo como o componente genético se
manifestará. A família, a escola e o co ntexto social podem favorecer ou dificultar, e até
impedir, o desenvolvimento da capacidade de ser e de expressar a inteligência. Assim,
um meio que assegura as necessidades fundamentais e é rico em estímulos facilita o
desenvolvimento das capacidades inte lectuais existentes e as que ainda estão por
existir e desenvolver.
Por outro lado, as relações interpessoais e os fatores sociais são
determinantes na modelação do potencial genético que pode, também, ser ou o
desenvolvido. De fato, os indivíduos tê m tendência a responder de acordo com as
expectativas, positivas ou negativas, que são feitas pelas pessoas mais significativas:
família, professores e amigos. Um exemplo, na área da educação nos remete ao estudo
chamado Efeito Pigmalião sobre a predição p elos professores sobre o desempenho do
aluno que influenciar não só na avaliação que o professor faz do aluno, mais também no
próprio desempenho do aluno (Rosenthal,J.;Jacobson,L.,1968).
No Efeito Pigmalião, se as expectativas do professor são negativas as
capacidades intelectuais do aluno podem ser bloqueadas antecipando o fracasso; se as
expectativas dos professores são positivas, e são percebidas pelos alunos, podem ser
estimuladas. Isto vale afirmar que as expectativas dos outros em relação a um indivíd uo
influencia na sua auto -estima e motivação, o que se refleti na sua capacidade
intelectual.
Sendo a inteligência uma faculdade tão complexa, multifacetada e
abrangente, os testes medem alguns dos seus aspectos (Almeida, 2001). Por outro
lado, a forma como os resultados dos testes são interpretados e utilizados podem
conduzir a deturpações especialmente se partir do pressuposto de que fornecem de
14
forma objetiva o nível de inteligência de uma pessoa, desconsiderando outros aspectos
apresentados pela mesma, como por exemplo os aspectos afetivos e sociais.
É importante destacar que o estado do sujeito no momento em que
realiza os testes pode influenciar o seu desempenho; os testes avaliam determinadas
aptidões e capacidades intelectuais para os quais f oram planejadas e apresentadas pelos
seus autores, usualmente conhecedores profundos de tarefas ou aspectos de mensuração
e não de avaliação. Sendo assim, são várias as limitações que se colocam à aplicação de
testes de mensuração da inteligência e uma del as é que a situação de avaliação muitas
vezes é artificial podendo por isso afetar os resultados.
Landau (1990) reflete que, a resposta inteligente, medidas nos testes, é
composta de uma única resposta e compara a opção única, oferecida pelos testes, com a
multiplicidade de opções oferecidas à solução criativa. A autora afirma que, na
resolução de um problema através de uma forma criativa, a resposta deixa de ser única e
passa a oferecer uma variedade de respostas corretas e possíveis. Sendo assim, o que
significa novidade, não se liga a nenhuma estrutura exata de referência. A atitude
criativa resulta da forma de pensar divergente expressada ou demonstrada através da
fluência, flexibilidade e originalidade na solução de um problema.
Mettrau (1995) afirma que só a partir da visão integrada do ser humano,
pode-se compreender as chamadas manifestações inteligentes sem esquecer, é claro, da
influência do afeto e do meio onde estas se manifestam e expressam. Assim, vista a
inteligência, os aspectos cognitivos, criativos e afetivos estarão sempre presentes na
produção intelectual de uma pessoa.
Pode-se observar a expressão da inteligência através do ato de criar e
transformar a realidade. Desta forma, a falta de identificação dos alunos com altas
habilidades pode acarretar desperdício de inteligência, dos talentos e das habilidades,
15
que este aluno precisa de atendimento específico, pelo seu ritmo e nível de interesse
amplo e diversificado. Neste sentido, a escola deixa de cumprir o seu papel quando não
consegue oferecer um ensino de qualidade para todos, contribuindo para um efetivo
desenvolvimento das potencialidades e necessidades de todos os alunos.
Destaca-se a seguir a importância de identificar as pessoas com altas
habilidades para garantir atendimento e specífico as suas necessidades.
1.3.O processo de identificação das altas habilidades/ superdotação.
No que diz respeito ao processo de identificação o Ministério de
Educação publicou a seguinte diretriz:
“A identificação do portador de altas habilidades /superdotação para
efeito de atendimento educacional deverá ser feita o mais cedo possível,
desde a pré-escola até os níveis mais elevados de ensino, objetivando o
pleno desenvolvimento de suas capacidad es e o seu ajustamento
social”.(MEC, 1995)
Mais recentemente, o Ministério da Educação (2005a) em publicação
voltada para a educação infantil e inclusão sugere, no caso do superdotado, atendimento
suplementar para aprofundar e /ou enriquecer o currículo escolar. O atendimento
suplementar a alunos superdotad os da educação infantil deverá iniciar -se por volta dos
quatro anos de idade em sala de recursos com o seguinte objetivo:
“Oferecer oportunidade para que eles explorem áreas de interesse,
aprofundem conhecimentos adquiridos e desenvolvam habilidades
relacionadas à criatividade, resolução de problemas e raciocínio lógico.
Além disso, esse atendimento contribui para o desenvolvimento de
16
habilidades sociais e emocionais, como cooperação e autoconceito, e
propicia ao aluno oportunidade para eles vivenciare m o processo de
aprendizagem com motivação.”(MEC, 2005 a, p21).
É importante destacar que os documentos citados acima apontam para a
importância do atendimento às altas habilidades/superdotação desde a pré -escola, sendo
fundamental a identificação precoce.
No que diz respeito à identificação dos alunos com altas habilidades
/superdotação e o atendimento educacional a estes alunos, o MEC/SEESP (1995 a)
propõe que a identificação de tais alunos é imprescindível para a previsão de atividades
educacionais e programas especiais que possam atendê -los satisfatoriamente.
Constata-se, a partir da citação a importância de identificar para propor
um atendimento diferenciado. A identificação tem sentido se existir uma proposta
pedagógica que atenda as necessidades dos alunos com características específicas para
atender a uma proposta também específica.
Neste sentido, o Ministério da Educação e a Secretaria de Educação
Especial nas estratégias de identificação de alunos com altas habilidades/superdotação
(MEC/SEESP,2007) publicou:
“A identificação e a avaliação do aluno com altas
habilidades/superdotação m se constituído um desafio para educadores
e psicólogos. A simples rotulação de um indivíduo com altas
habilidades/superdotação não tem valor ou importância se não f or
contextualizada dentro de um planejamento pedagógico ou de uma
orientação educacional.”
Nas definições sobre altas habilidades constata -se um conjunto de traços
e comportamentos observados e observáveis. Para verificá -los em uma pessoa é
17
necessário ter uma visão ampla e humanista. A identificação deve ser realizada através
de observação sistemática de seus traços e, também, através de desempenho ao longo
de tarefas. Esta postura avaliativa requer um observador capaz de identificar em cada
criança as características que, muitas vezes, estão ainda latentes em comunidades
carentes, como a que se refere este trabalho.
Neste processo, avaliar seu rendimento escolar e os resultados dos testes
de inteligência se mostra insuficiente, dada à multiplicidade de ta lentos, habilidades,
interesses dos alunos, tempos de aprendizagem e amplitude de interesse. Neste sentido,
se faz necessário repensar o processo de avaliação que, no imaginário social do
avaliador, usualmente, carrega o estigma de ser avaliado, principalm ente no ambiente
escolar onde, através das provas, o aluno tem uma nota que levará a uma aprovação ou
reprovação. Assim, segundo Barlow (2006) , na fantasia do Juízo Final, colocada na
avaliação escolar, faz com que a escola tenha o poder de discernir o val or supremo de
um aluno e de formular um julgamento definitivo a seu respeito.
“Se é necessário matar o imaginário avaliador, é preciso também
ressuscitá-lo: por em questão e rejeitar os mitos e ritos vetores de falsas
aparências, mas conversar, ou mesmo re criar, aquilo que é portador de
sentido e rico de eficácia potencial. Trata -se de um trabalho de triagem
que recomendamos ao leitor, um trabalho da razão crítica, no sentido
filosófico do termo. E sobre um tema como esse, seria inútil tentar uma
crítica da razão pura em outras palavras restringir -se à exploração de
um campo puramente teórico. A própria natureza do problema estudado
instiga a conjugar os registros da ação da reflexão e do imaginário. O
que se deve tentar é uma Crítica da razão prática aval iadora, associada
18
não a uma Crítica da desrazão avaliadora, mas a uma crítica da
imaginação avaliadora!” (Barlow, 2006. p. 165,166).
A seguir, discutir-sealguns aspectos legais em relação ao atendimento
educacional aos alunos com altas habilidades / sup erdotação.
1.4. Pressupostos legais em relação ao atendimento educacional dos alunos
com altas habilidades /superdotação.
Os pressupostos legais que tratam das necessidades de atendimentos
educacionais diferenciados para os alunos superdotados/ altas ha bilidades o previstos
nas leis brasileiras. A Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 205
declara: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069 de 13 /07/1993 em
seu artigo 53, do capítulo IV, propõe: “A criança e o adolescente têm direito à
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho. No artigo 54, V: “É dever do Estado assegurar
à criança e ao adolescente o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
criação artística, segundo a capacidade de cada um”.
Quanto à liberdade de criação o artigo 58 do Estatuto da Criança e do
Adolescente declara que: “No processo educacional respeitar -se-ão os valores culturais,
artísticos e históricos próprios do context o social da criança e do adolescente,
garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às fontes de cultura”.
19
O Ministério da Educação através dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(MEC/PCNs,2001), no volume referente ao tema transversal ética, defi ne a importância
de um projeto de educação comprometido com o desenvolvimento das capacidades dos
alunos, permitindo que este intervenha na realidade para transformá -la. De fato, a escola
não é apenas um espaço de reprodução do saber, mas constitui -se, tamm, como
espaço dinâmico de aprendizagem real, embasado por um projeto político pedagógico
capaz de formar cidadão que percebe a sua realidade para transformá -la. Para formar um
cidadão crítico, exercendo o seu papel transformador, dentro do espaço escola r, se faz
necessário ensinar o aluno a pensar através de uma relação dialógica e de um trabalho
criativo. As diferenças individuais e as necessidades de cada pessoa em formação
devem ser respeitadas. As pessoas não aprendem de forma igual. Somente respeita ndo a
individualidade é que se atinge uma escola cidadã. A pessoa com necessidades especiais
necessita de um apoio diferenciado, um suporte educacional que garanta o seu
desenvolvimento e a sua permanência na escola nos tempos e métodos específicos de
suas características.
O Ministério da Educação (MEC, 1994) utilizou o termo portador de
necessidades educativas especiais para identificar as pessoas que precisavam receber
educação diferenciada, em virtude de sua condição de portador de deficiência seja
auditiva; visual; mental; múltipla; física; portador de condutas típicas, problemas de
condutas; e portador de altas habilidades, superdotado.
Observa-se que o MEC, em 1994, utiliza o termo portador de
necessidades educativas especiais. Em 1999 propõe uma mudan ça na terminologia para
alunos com necessidades educacionais especiais . Entretanto, para Sassaki (1997), o
correto seria usar necessidades educacionais e não educativas especiais, pois educativo
20
significa que educa, como um método. As respostas às necessid ades educacionais é que
seriam educativas, assim, também concordamos com este autor.
A Secretaria de Ensino Fundamental e a Secretaria de Educação Especial
do Ministério da Educação(MEC/SEF/SEESP,1999) propuseram adaptações
curriculares e estratégias para a educação dos alunos com necessidades educacionais
especiais, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Desta forma, objetivando
uniformizar a terminologia das necessidades especiais conceituaram: superdotação,
condutas típicas, deficiência auditiva, física, mental e múltipla.
Neste documento, a superdotação é conceituada como notável
desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou
combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento
criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes, capacidade
psicomotora.(MEC, SEE/SEESP, 1999).
Quanto ao termo portador de necessidades, que aparece em vários
documentos, Werneck reflete sobre a questão desta terminologia citand o o professor
Gomes da Costa (Costa apud Werneck, 2001) sobre a adição, no artigo 227 da
Constituição Brasileira, da palavra direito, em vez de necessidades. A criança ou
adolescente em situação de risco, dificuldade social, não é mais vista como portador
de necessidades, mas como detentor de direitos exigíveis.
A autora esclarece ainda que a Constituição Brasileira foi progressista ao
abordar a questão da não -violação dos direitos da criança e do adolescente, substituindo
velhos conceitos por novos e a nalisa como seria produtivo se tal modernidade
impregnasse, também, a terminologia adotada na área da deficiência ou , de forma mais
abrangente, na área das necessidades especiais incluindo as altas habilidades. É neste
sentido que Werneck (2001) afirma qu e:
21
“Há grande diferença em ser portador de uma necessidade, o que a
idéia de fardo, de exceção, de exclusão, de problemas, de minoria... E
ser detentor de direitos, situação que engloba, insere, dignifica, divide
responsabilidades. Inclui! Inclui a part e no TODOS!”
Refletindo acerca desta relação entre ser e portar, Geraldino Vieira,
citado por Werneck (2001), conta à história de dois irmãos: um mais novo, quase
adolescente, e outro, bem mais velho, que andavam pelo deserto. O de mais idade,
exaurido de tanto andar, não conseguia prosseguir. O caçula pegou -o no colo e, com
grande dificuldade, foi carregando -o. Até que encontraram outro andarilho. Surpreso
com a cena, ele exclamou: ‘Como você, tão jovem, franzino, consegue caminhar
carregando esse fardo?’ O menino, surpreso, respondeu: ‘Ele é meu irmão. Nunca será
um fardo!’
Nos dias atuais uma crítica em utilizar portador para definir pessoas
com necessidades especiais . Deve-se caracterizar que as pessoas não carregam nas
costas e muito menos descansam de suas deficiências nem de suas eficiências e seus
talentos. Pessoas existem com suas dificuldades e possibilidades, dependendo da
relação que têm com o ambiente. Mazzota (1996) faz uma observação quanto à
expressão portadora ser imprópria, que nece ssidades não se portam, como objetos.
Necessidades são experimentadas e se manifestam.
Quanto as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, desde a Lei
5692/71 está garantido o atendimento aos alunos superdotados, em seu artigo que
diz: os alunos que apresentam deficiência física ou mental, os que se encontram em
atraso considerável quanto à idade regular de matrículas e os superdotados deverão
receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes
Conselhos de Educação.
22
A Lei 9394/96, sancionada em 20 de dezembro de 1996, dedica o
capítulo V à Educação Especial. Destaca -se nesta Lei:
“Artigo 58- Entende-se por educação especial, para o efeito desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais;
Artigo 59 Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que o puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtudes de
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotado s;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração
na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não
revelam capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com órgãos oficiais afins, bem com o para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual ou
psicomotora.”
Ressalta-se nesta mesma Lei, no capítulo IV - Da Educação Superior em
seu artigo 47& “os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudo s,
demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos,
aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus
cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
23
O Município de Duque de Caxias, na intenção de operacionalizar o que
está estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente, propõe o Decreto 4238, de
22 de maio de 2003, que institui o Sistema Municipal de Ensino do Município de
Duque de Caxias, Rio de Janeiro. O referido decreto, no c apítulo III, estabelece o
direito à educação e o dever de educar. Em seu artigo 7º, inciso XIV, declara que:
“Compete ao Poder Público Municipal recensear, periodicamente, as
crianças em idade escolar com a finalidade de orientar a política
educacional do Município, observando: a) o acesso aos níveis mais
elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um e limitações prev istas em lei” (Duque de
Caxias,2003).
Observa-se, assim que o atendimento ao aluno superdotado/ alta s
habilidades é assegurado em Lei Federal e Municipal. O Decreto Municipal de Duque
de Caxias é claro quando estabelece a competência do Poder Público Municipal em
recensear, periodicamente, as crianças em fase escolar com a finalidade de orientar a
política educacional do município. Porém, para fazer parte do censo a fim de orientar as
políticas públicas a respeito das necessidades especiais, se faz necessário que estes
alunos sejam identificados enquanto pessoas com altas habilidades /superdotação.
O Município de Duque de Caxias realizou a implantação do programa de
atendimento a alunos com altas habilidades/superdotação, conforme determinação legal,
porém observou-se, nesta implantação, um quantitativo abaixo do esperado de escolas
que indicaram alunos pa ra avaliação e possível identificação destes alunos através da
equipe de educação especial.
Mediante a dificuldade de identificação dos alunos superdotados/ altas
habilidades, apesar de todo o esforço da Prefeitura na implantação do programa
24
educacional implantado no município, observa -se a necessidade de um trabalho que
contribua para que o professor, em sua sala de aula, possa indicar este aluno e, o
mesmo, receba atendimento específico no programa especial. Desta forma, percebe -se a
necessidade de um estudo sobre as dificuldades que o professor tem para observar em
sua sala de aula alunos com indicadores de altas habilidades.
Ressalta-se a importância de esclarecer sobre os dois termos empregados
neste trabalho: indicação e identificação.
Segundo MEC (MEC/SEE, 2007), o processo de identificação deve
envolver uma avaliação abrangente multidimensional que englobe variados
instrumentos e diversas fontes de informações como indivíduos, professores, colegas de
turma e familiares. Além disso, a identificação destes alunos deve ter como base em
referenciais teóricos consistentes e resultados de pesquisa sobre o tema. Desta forma se
faz necessário que esta identificação seja realizada por profissionais competentes e
especialistas no assunto.
O professor desempe nha um papel significativo neste processo de
identificação, pois ele observa o aluno em sua sala de aula e através desta observação
ele faz indicação de alunos com característica de altas habilidades / superdotação para
compor esta avaliação mais global.
Para que ocorra a identificação dos alunos pelos profissionais que
avaliam as altas habilidades/superdotação se faz necessário, ainda, a indicação destes
através de seus professores, colegas, pais e familiares, entre outros. O aluno o é
indicado para participar da avaliação e participação em programas especiais existentes
quando ele não é observado, em sua sala de aula, em relação as suas habilidades,
talentos e criatividade. A falta de indicação e dificuldade de identificação destes alunos
25
será discutido a seguir, tendo como base o exame dos nove mitos da superdotação
segundo Winner(1998).
1.5. Dificuldades no processo de indicação: relações com os mitos sobre
superdotação segundo Winner.
Este estudo parte da idéia de que os mitos que pessoas e/ou pr ofessores e
outros profissionais da educação têm sobre superdotação/ altas habilidade, dificultam o
processo de indicação e as possibilidades de atendimento aos alunos com altas
habilidades / superdotadas que necessitam de um trabalho específico. Assim sen do,
ressalta-se a importância de separar os mitos da realidade neste processo.
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse cultural (1995), mito significa:
representação de fatos ou personagens reais exagerados pela imaginação popular e
tomados como modelo ou e xemplos.
O mito está presente em todas as culturas e situam -se entre a razão e a fé.
Na tentativa de apreender e captar o mundo em que se vive surge à explicação mítica
que pertence à tradição cultural de um povo.
Os mitos, segundo Russ (1994) podem ser entendidos como uma
representação coletiva muito simplista e muito estereotipada comum a um indivíduo.
É importante destacar que a explicação mítica também está presente na
superdotação / altas habilidades. De fato, os mitos da superdotação são estudados p or
alguns autores e Winner (1998) propõe nove mitos sobre superdotação, sendo eles: 1)
superdotação global; 2): talentosos, porém não superdotados; 3) QI excepcional; 4 e 5) :
biologia versus ambiente; 6) o pai dominado; 7) excessiva saúde psicológica; 8) todas
as crianças são superdotadas; 9) as crianças superdotadas se tornam adultos eminentes.
26
Segundo Telford, C.W. e Sawrey, J.M. (1976, em Fernandes 2007): “... A
maioria dos progressos da ciência, em geral, e na psicologia, em particular, surgiram da
curiosidade despertada pelos acontecimentos invulgares da vida e das necessidades
sociais deles resultantes”.
A seguir descreve-se um estudo dos mitos em contrapartida à realidade
existente e observada em grupos e pessoas com altas habilidades/superdotação,
propostos por Winner.
1.5.1- Primeiro mito: refere -se a superdotação global
As crianças academicamente superdotadas possuiriam um fator
intelectual geral que as tornariam superdotadas em todas as disciplinas. Mas a realidade
é que raramente as crianças sã o superdotadas em todos os domínios acadêmicos;
Este primeiro mito da superdotação relaciona pessoas com altas
habilidades / superdotação àquelas que são talentosas em todas as matérias acadêmicas
aprendidas na escola além de obter classificações altas em testes de QI e no
desempenho escolar. Segundo esta autora acima citada, algumas pessoas apresentam
indicadores fortemente visíveis, sendo imediatamente identificadas por alguns dos
professores, que crêem na idéia de que estas pessoas o competentes em tod as as áreas
do currículo escolares demonstrando sempre acertos e bons resultados.
No entanto, verifica -se que algumas pessoas podem apresentar altas
habilidades / superdotação em certa área do conhecimento acadêmico, como exemplo à
disciplina matemática e dificuldade em outra área, como exemplo linguagem, entre
outras.
27
A realidade, em substituição ao mito, é que raramente as pessoas são
superdotadas ou apresentam altas habilidades em todas as áreas acadêmicas. Por outro
lado, os alunos com altas habilida des/superdotação quando não têm suas necessidades
escolares atendidas poderão apresentar dificuldades sendo, às vezes, diagnosticada
erradamente como tendo algum transtorno. Winner descreve:
“É possível que as crianças superdotadas sejam erroneamente
diagnosticadas com maior freqüência do que as crianças não
superdotadas, porque é muito comum para as crianças superdotadas
ficarem entediadas e inquietas em uma sala de aula não -desafiadora e
terminar classificadas como apresentando transtorno de atenção como
hiperatividade”. (Winner, 1998, p.44).
Dessa maneira, é possível encontrar pessoas superdotadas e não
superdotadas incorretamente rotuladas de hiperativos, desatentos e, por conseguinte,
com distúrbios de aprendizagem, o que na maioria das vezes não corre sponde ao real.
Pode-se supor um diagnóstico errado ou inadequado em grande parte das situações/
instituições.
Por outro lado, a superdotação intelectual poderá favorecer o rendimento
escolar, devido à facilidade destas pessoas em lidar com o conhecimento formal que é
trabalhado nas escolas. No entanto, não é suficiente para garantir o sucesso acadêmico
que depende de outros fatores, tais como: sociais, emocionais, a metodologia e o
currículo adequados, entre outros. De fato, aluno com altas habilidades/sup erdotação
poderá se sentir entediado em um ambiente educacional pouco favorecido em ofertas
interessantes, etc.
28
Um outro fator importante é que pode ocorrer também uma discrepância
entre o que o aluno sabe e o que ele demonstra conforme propõe Alencar (200 1), que
diz:
“Outra idéia também disseminada é a que o superdotado apresentará
necessariamente um bom rendimento na escola. Isso, entretanto, nem
sempre acontece. Muitas vezes, observa -se uma discrepância entre o
potencial (aquilo que a pessoa é capaz de r ealizar e aprender) e o
desempenho real (aquilo que o indivíduo demonstra conhecer)”
1.5.2- Segundo mito: alguns alunos são talentosos, mas não superdotados.
Os superdotados o as crianças com altas habilidades em áreas
acadêmicas. As crianças com alta habilidade em música e arte são talentosas e não
superdotadas. A realidade é que não justificativa de chamar as crianças acadêmicas
de superdotadas e as artísticas de talentosas. Estas crianças são semelhantes em mostrar
precocidade, divergência e empe nho. Desta forma elas enfrentam os mesmos tipos de
necessidades educacionais especiais.Segundo Winner:
“Dois rótulos diferentes sugerem duas classes diferentes de criança.
Mas, não justificativa em tal distinção. As crianças artisticamente ou
atleticamente superdotadas o o tão diferentes das academicamente
superdotadas”.
Este mito leva a valorizar a habilidade escolar e a avaliação em teste de
QI. Um clássico exemplo no Brasil ligado a altas habilidades/superdotação na área do
esporte é o do jogador Garrincha. O Brasil na copa de 1958 possuía seu primeiro
psicólogo esportivo, João Carvalhaes que atendia a Seleção Brasileira de futebol.
29
Modernell(1992) descreve este curioso incidente da seguinte forma: o psicólogo
resolveu aplicar em todos os jogadores um teste de QI. Garrincha, que estava no apogeu
de sua carreira, após responder os testes ficou sabendo que seu quociente intelectual
(QI) era irrisório, sendo classificado como débil mental. Por este motivo quase foi
impedido de participar da Copa.
Segundo o Modelo Triádico da Superdotação (Figura 1) proposto por
Mönks (1992) & Renzulli (1978), que ampara teoricamente este estudo, os portadores
de altas habilidades/superdotação destacam -se por apresentarem um conjunto de três
traços marcantes: envolviment o com a tarefa, criatividade e capacidade acima da
média.
Garrincha destacava-se nos três traços apontados pelo Modelo Triádico:
era extremamente talentoso, muito envolvido na partida, com habilidades e traços de
criatividade em suas jogadas (Modernell, 1 992). Quanto ao contexto social, ninguém
duvida do talento que possuía este atleta, mas o teste psicométrico indicou debilidade
mental para este excepcional jogador.
1.5.3- Terceiro mito: coeficiente intelectual (QI) excepcional.
O terceiro mito está relacionado ao QI alto. Este mito reforça a idéia de
que as altas habilidades/superdotação dependem de ter um QI alto. Segundo Winner, a
realidade é que a criança pode ser extremamente superdotadas e ter o seu quociente
intelectual (QI) baixo.
Desta forma, este mito aborda os testes de QI, que medem de modo
estático apenas parte das habilidades humanas. Neste sentido Winner (1998) afirma que:
30
“Os testes de QI medem uma estreita gama de habilidades humanas,
principalmente a facilidade com linguagem e números. pouca
evidência de que superdotação em áreas o -acadêmicas, como arte e
música, requeiram um QI excepcional”.
Sendo a inteligência uma faculdade tão complexa, multifacetada e
abrangente, os testes medem alguns dos seus aspectos (Almeida, 2001). Por outro
lado, a forma como os resultados dos testes são interpretados e utilizados podem
conduzir a deturpações especialmente se partir do pressuposto de que fornecem de
forma objetiva o nível de inteligência de uma pessoa, desconsiderando outros aspectos
apresentados pela mesma, como por exemplo os aspectos afetivos, sociais e criativos.
Ressalta-se, também, que os testes podem ser aplicados nos
indivíduos que se enquadram nas características da população para a qual foram
construídos. Quando esta norma não é respeitada os resultados obtidos podem, por
exemplo, prejudicar pessoas de origem e condição social mais baixa podendo levar à
discriminação e à exclusão (Almeida, 2001).
Lentin (1996), em seus estudos, também faz crítica aos testes
padronizados, que podem levar a grandes equívocos.
“Os norte-americanos Goddard e Terman fazem triunfar uma escala de
Binet aperfeiçoada e pomposamente ( sic) batizada de ‘Quociente
Intelectual’ ou QI. Goddard inventa também o termo moron, com base
em uma palavra grega qu e significa estúpido, para designar os débeis
mentais, que não devem ser confundidos com os idiotas ( que não podem
aprender a falar) e os imbecis (que falam, mas não escrevem). Os morons
estão logo abaixo da média.(...) Em 1913, Goddard faz, durante
algumas semanas um experimento de aplicação dos testes mentais em
31
imigrantes que desembarcaram na ilha de Ellis, no porto de Nova York.
Em pessoas esgotadas, atemorizadas, iletradas, que mal falavam inglês, o
resultado foi devastador, Goddard, anuncia que con statou uma porção de
79% a 87% de morons entre os judeus, os russos, os húngaros ou os
italianos! (Lentin, 1996, p. 46).
Observa-se ainda no estudo do Efeito Pigmalião, abordado
anteriormente nesta pesquisa, à crítica aos testes de inteligência, no qua l a expectativa
do professor em sala de aula poderá favorecer ou desfavorecer as medidas do
desempenho do aluno (Rosenthal,J.; Jacobson,L.,1968).
Medir significa atribuir valores que é importante quando se
tem um objetivo claro como, por exemplo: avali ar o aluno para, em um processo
dinâmico, redimensionar as atividades educacionais contribuindo para uma efetiva
aprendizagem. Desta forma, deve -se estar atento em não colocar um rótulo ao medir o
quociente intelectual (QI), conforme o exemplo do jogador G arrincha, aqui usado.
Medir por medir é rotular e não contribui em nada para a formação e promoção da
pessoa.
1.5.4- Quarto e quinto mito: biologia versus ambiente
O quarto e o quinto mito, trabalhados em conjunto por Winner (1998),
são embasados na discussão: biologia versus ambiente. Uma pergunta que pode ser
atribuída a estes mitos é: de onde vem a superdotação?
O mito do senso comum é de que a superdotação é inteiramente inata,
isto é, herdada, não demanda esforço e, conseqüentemente, atendimento especial para
32
estes alunos. Este mito é folclórico por ignorar a poderosa influência do meio sobre o
desenvolvimento de aptidões.
Ainda, segundo Winner (1998), o mito mantido por alguns psicólogos,
em uma visão diametralmente oposta a anterior, é de que a superdotação é,
simplesmente, uma questão de treinamento intensivo por parte de pais e professores que
deve ser iniciando o mais cedo possível. Esta visão ignora o poderoso papel da biologia
para determinar se há qualquer aptidão inata para o ambiente dese nvolver.
A realidade é que as pessoas superdotadas, muitas vezes e quando têm
chances, trabalham duramente e adquirem uma experiência muito mais extensa e
intensa em seu domínio em relação à maioria das outras e esta experiência é decisiva
para o desenvolvimento do talento. No entanto, estas pessoas chegam ao máximo de
seu desenvolvimento, através de trabalho perseverante e práticas disciplinares
rigorosas, devido à alta habilidade, com a qual nascem, que as impulsionam a trabalhar
desta maneira. De fato, s egundo Modelo Triádico, de Mönks & Renzulli (figura 1), o
envolvimento com a tarefa é uma das características marcantes da superdotação.
A vida e obra de Mozart, escrita em ‘Sociologia de um nio’ (Elias,
1995), exemplifica a dificuldade de separar o aspe cto biológico (hereditário, genético)
do aspecto social (ambiente cultura).Cabe, assim, sucinta apreciação: Mozart, filho de
músico, tinha o talento musical, assim como a sua irmã. Seu pai, Leopoldo Mozart,
descobriu sua potencialidade e talento. Desta for ma, o pai portador das mensagens
genéticas, foi também portador de mensagens de vida que, conseqüentemente,
influenciaram a maneira de traduzir o mundo, conduzindo e, muitas vezes,
determinando o que o pequeno Wolfgang deveria ou não fazer quer na área de música,
quer em sua vida em geral.
33
Leopoldo Mozart transmitiu para o seu filho suas características
genéticas e transmitiu, isto é, assegurou também a educação. Leopoldo, o pai, foi o
único professor, pois, Mozart nunca freqüentou escola. O pai transmitiu também a
posição social de músico na corte. Desta forma, dificilmente pode -se destacar o fator
genético através da transmissão hereditária do talento, bem como dissociar este talento
da relação familiar, social, afetiva e da estimulação educacional. A fig ura de pai, neste
exemplo, foi importante para o filho também como figura de educador e professor.
Percebe-se a dificuldade em dissociar a hereditariedade do social o que é
hereditariedade e o que é produto do meio? A realidade é que crianças com altas
habilidades /superdotação existem com componentes inatos, porém não se pode negar a
importância do meio para que estas habilidades sejam desenvolvidas plenamente.
1.5.5- Sexto mito: o pai dominador
As crianças superdotadas são criadas por pais exigentes q ue levam o
filho a superdesempenhar, quando são exigidos demais, por pais superambiciosos.
Desta forma, pessoas superdotadas são fabricadas por pais excessivamente zelosos e
concentrados no estrelato dos filhos. A crença de que filhos (as) superdotados (as ) são
produtos de pais organizadores que conduzem suas vidas, levando -as a um desempenho
excepcional é bastante difundida. A realidade é que os pais nem criam as altas
habilidades/ superdotação e, nem sempre, as reconhecem ou mesmo aceitam conviver
bem com a mesma. Winner (1998) ao fazer uma separação de mito e realidade e afirma
que:
“A realidade é que crianças superdotadas não desenvolvem suas
habilidades sem um pai ou substituto por trás delas encorajando,
34
estimulando e empurrando. Porém, os pais o cr iam o dom [sic]. As
crianças estão usualmente exigindo dos pais, emitindo sinais claros de
sua necessidade por um ambiente estimulante. Os pais tentam adaptar -
se” (p.245).
Quanto à expectativa dos pais, o que ocorre é que o investimento e o
envolvimento o o forças destrutivas, porém, famílias que supervalorizam esses
seus filhos, exigindo deles, expondo -os e responsabilizando -os excessivamente, o que
pode trazer graves problemas sócio - emocionais.
Nota-se valioso exemplo acerca da importância da pre sença de uma
pessoa encorajadora para uma pessoa talentosa na biografia de Mozart. Elias (1995)
declara que o que primeiro espantou Leopold Mozart foi à extraordinária velocidade de
compreensão do filho. A raríssima acuidade e memória auditiva do jovem Wol fgang, e
a segurança de sua percepção musical pareceram, para Leopoldo, um verdadeiro
milagre. A partir da constatação das habilidades de Mozart, seu pai fez uma
programação rotineira rigorosa com exercícios regulares, segundo um manual que ele
mesmo compilou e aplicou.
Constata-se que não se pode negar a inteligência acima da média,
evidenciada na extraordinária velocidade de compreensão, raríssima acuidade, memória
auditiva, segurança de sua percepção musical, porém estes talentos ou habilidades
foram trabalhados intensamente através de treinamento, bastante completo, que recebeu
do seu pai, reforçando assim a importância de se estimular à inteligência de forma
global.
35
1.5.6- Sétimo mito: excessiva saúde psicológica.
Este mito remete a afirmação de q ue crianças superdotadas têm muita
saúde psicológica: são melhores ajustados, mais populares e mais felizes que as demais
pertencentes à média. Na realidade, as crianças superdotadas não têm sempre interesses
comuns com os pares de sua faixa etária e, às vezes, são consideradas diferentes pelos
colegas. Estas o, na maioria dos casos, extremamente ativas, introvertidas e preferem
trabalhar mais individualmente. De fato, elas são diferentes das outras crianças e sabem
disso. Esta idéia reforça a necessidad e de terem contato com outros superdotados para
que possam partilhar suas necessidades proporcionando uma identificação entre eles.
Segundo Novaes(1978), os superdotados podem estar sujeitos à
instabilidade reacional e emocional. A distração, a impaciênci a, a irritação, a
hiperatividade são características que podem ser reforçadas por condições ambientais.
Estas podem evoluir tanto para atitudes de independência de ação, de liberdade de
expressão e de originalidade, quanto para atitudes de exibicionismo, d e revolta ou de
oposição.
Novaes declara, ainda, que devido à falta de apoio e compreensão são
comuns estados de indiferença e apatia, bem como reações agressivas nestes alunos.
Desta forma, há casos que os superdotados têm a preocupação de ocultar seus t alentos a
fim de não criarem situações embaraçosas para os demais e não serem rejeitados pelo
grupo de amigos e colegas.
O que se percebe, na prática educacional, é que este tipo de aluno com
instabilidade emocional devido à falta de apoio em suas necessid ades é, por vezes, um
incomodo em sala de aula.
36
1.5.7- Oitavo mito: todas as crianças são superdotadas.
O oitavo mito discute a crença que todas as crianças são superdotadas. A
falta de informações acarreta concepções errôneas como esta, principalmente, a idéia de
que nenhum grupo especial de alunos precise de educação enriquecida ou acelerada nas
nossas escolas.
Este mito leva a posições inflexíveis contra qualquer forma de educação
especial para os superdotados. A realidade, segundo Winner (1998), é q ue embora todas
as crianças tenham pontos fortes e fracos, algumas os têm extremados em uma ou mais
áreas. Estas pessoas são superdotadas / com altas habilidades e necessitam de uma
educação especial.
1.5.8- Nono mito: as crianças superdotadas se tornam a dultos eminentes.
O nono mito refere-se à idéia de que as pessoas com altas habilidades /
superdotadas se tornam sempre adultos eminentes. Desta forma, as crianças
superdotadas são tipicamente vistas não apenas como crianças criativas, mas também,
como futuros adultos eminentes, o que se reflete em enormes cobranças
socioemocionais e intelectuais. Afinal, pessoas eminentes devem ser sempre certas e
corretas.
A realidade é que os que acreditam neste mito, não levam em conta os
fatores que prevêem a trajetór ia de uma vida, como: motivação, personalidade,
ambiente familiar, conjunto de fatores necessários à eminência acima apontada, além
das habilidades.
37
Percebe-se que determinados mitos em relação a superdotação persistem
no senso comum em alguns professores e ou profissionais da educação. Desta forma,
acredita-se que o estudo e a compreensão dos mitos descritos pode ser uma estratégia
facilitadora para melhor entendimento deste tema favorecendo a identificação e a
indicação destes alunos pelos seus professore s, possibilitando atendimento específico
nas necessidades educacionais especiais destes alunos.
Este estudo traz para discussão a reduzida indicação de alunos com
características de superdotação/ altas habilidades em escolas públicas municipais de
Duque de Caxias, apesar das formações continuadas, oferecidas e realizadas pelos
profissionais das escolas (professores, gestores, orientadores educacionais e
pedagógicos), a respeito d este tema. Esta pesquisa mostra que, mesmo com a formação
continuada realizada no município, alguns professores indicaram , e outros não, alunos
com superdotação/ altas habilidades, além de discutir os nove mitos da superdotação ao
analisar as respostas e justificadas para a indicação/ não indicação.
A seguir, um quadro-síntese com os principais tópicos levantados nos
nove mitos da superdotação, segundo Winner (1999).
Quadro 1 Mitos e realidade da superdotação segundo Winner (1998)
Mitos e realidade da superdotação segundo Winner (1998)
Mitos
Refere-se
Realidade
-
Superdotação
global
Superdotados em todas as
matérias.
Bom rendimento escolar
Raramente são superdotadas em
todas as matérias.
Nem sempre tem bom rendimento
escolar.
-
Talentosos,
Os superdotados são pessoas com
altas habilidades em áreas
A realidade é que não
justificativa de chamar as pessoas
acadêmicas de superdotadas e as
38
porém não
superdotados
acadêmicas.
As pessoas com altas habilidades
em música e arte são talentosas e
não superdotadas
artísticas de talentosas.
Estas pessoas são semelhantes em
mostrar precocidade, divergência e
empenho. Desta forma, enfrentam os
mesmos tipos de necessidades.
QI Excepcional
Este mito reforça a idéia de que as
altas habilidades/superdotação
dependem de ter um QI alto.
A realidade é que a pessoa pode ser
extremamente superdotada e ter o seu
quociente intelectual (QI) baixo.
4ºe 5º
Biologia versus
ambiente
O mito do senso comum é de que
a superdotação é inteiramente
inata, isto é, herdada, não demanda
esforço e, conseqüentemente,
atendimento especial para estes
alunos.
Este mito é folclórico por ignorar
a poderosa influência do meio
sobre o desenvolvimento de
aptidões.
O mito em uma visão
diametralmente oposta a anterior, é
de que a superdotação é,
simplesmente, uma questão de
treinamento intensivo po r parte de
pais e professores que deve ser
iniciando o mais cedo possível.
Esta visão ignora o poderoso papel
da biologia para determinar se
qualquer aptidão inata para o
ambiente também desenvolver.
A realidade é que as pessoas
superdotadas, muitas vez es e quando
têm chances, trabalham extremante
duro e adquirem uma experiência
muito mais extensa em seu domínio
do que a maioria das outras e esta
experiência é decisiva para o seu
desenvolvimento.
Estas pessoas chegam ao máximo
de seu desenvolvimento, at ravés de
trabalho perseverante e práticas
disciplinares rigorosas, devido à alta
habilidade, com a qual nascem,que as
impulsionam trabalhar deste modo.
Biologia e meio ambiente estão
juntos em suas cotas de
participação.
Pai dominador
As pessoas superdotadas são
criadas por pais exigentes que
levam o filho a superdesempenhar,
quando são exigidos demais.
Pessoas superdotadas são
fabricadas por pais excessivamente
zelosos
A realidade é que os pais nem
criam as altas habilidades/
superdotação e, nem sempre, as
reconhecem ou mesmo aceitam
conviver bem com a mesma.
Excessiva
saúde psíquica
Este mito remete a afirmação de
que crianças superdotadas têm
excessiva saúde psicológica: são
melhores ajustados, mais populares
e mais felizes que a s demais
pertencentes à média.
Na realidade, as pessoas
superdotadas não têm sempre
interesses comuns com os pares de
sua faixa etária e, às vezes, são
consideradas diferentes pelos
colegas.
São, na maioria dos casos,
extremamente ativas, introvertidas e
preferem trabalhar mais
individualmente. Elas são
diferentes das outras crianças e
sabem disso.
39
Esta idéia reforça a necessidade de
terem contato com outros
superdotados e não-superdotados.
Todas as
crianças são
superdotadas.
A falta de informações a carreta
concepções errôneas como esta,
principalmente, a idéia de que
nenhum grupo especial de alunos
precisa de educação enriquecida
ou acelerada nas nossas escolas.
Profissionais que levam em
conta este mito não acreditam na
importância de atendimento
especial
A realidade é que, embora todas
as crianças tenham pontos fortes e
fracos, algumas os têm extremado
em uma ou mais áreas.
Estas pessoas são superdotadas /
altas habilidades e necessitam de
uma educação especial.
As crianças
superdotadas se
tornam adultos
eminentes.
O nono mito refere-se à idéia de
que as pessoas com altas
habilidades / superdotadas se
tornam sempre adultos eminentes.
A realidade é que os que acreditam
neste mito, não levam em conta os
fatores que prevêem a trajetória de
uma vida, como: motivação,
personalidade, ambiente familiar,
conjunto este necessário à eminência
acima apontada, além das
habilidades.
1.6. Teoria da Representação Social.
O processo de construção das representações sociais se dá em um espaço
social onde indivíduos interagem, pensam em conjunto com outros indivíduos, o que se
denomina de sistema de pensamento. Através deste sistema de pensamento é
constituído um saber de senso comum, socialmente elaborado e partilhado, que traz
uma visão prática de ent endimento do mundo levando a construção de uma realidade de
um conjunto social (Moscovici, 2000). Cada pessoa tem uma participação ativa, pois
produz e comunica sua própria representação. Através da linguagem, verbal ou não,
ocorre um processo de comunicaç ão socializada onde os significados são repassados.
Esses significados compartilhados possibilitam a construção de seu mundo.Referindo -se
às representações sociais, Moscovici (citado por Sá, 2002), descreve:
40
“Por representações sociais, entendemos um conju nto de conceitos,
proposições e explicações originado na vida cotidiana no cursos de
comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade,
dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem
também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum”.
A formação do professor é processual, construída ao longo de sua prática
e da busca por formação continuada. A prática docente é parte de uma realidade
concreta, em sala de aula; dinâmica, construída no dia -a-dia; e subjetiva, carregada de
valores e crenças que o professor traz consigo em suas diversas vivências e que vão
sustentar a sua relação com o seu aluno e a sua prática pedagógica. Esta realidade é
construída no cotidiano histórico -social, dentro e fora do espaço escol ar.
A representação social que o professor tem do seu aluno está
intimamente ligada com a sua prática pedagógica e com a relação estabelecida entre
professor e aluno. Desta forma, acredita -se que se o professor tem enraizado os mitos da
superdotação (Winner1998) e ele tenderá a não observar este aluno na sua sala de aula,
devido as suas crenças e mito s sobre as características deste aluno.
Sendo, portanto, essas representações o resultado de ações e/ou valores
construídos ao longo da vida, o ato de indicar/ não indicar alunos para um Programa de
Atendimento a superdotados/altas habilidades tem influências o apenas teóricas,
referindo-se aos textos discutidos nas formações, mas também sócio -histórica e
valorativa, referindo-se ao reconhecimento e aceitação quanto à possibilidade de haver
alunos com tais características em escolas de periferia e o acesso dos mesmos a
Programas específicos oferecidos na Rede.
O fazer pedagógico tem dificuldades em assimilar e transpor muitos
destes mitos e crenças dos quais o professor, em geral, está impregnado. As
41
representações sociais trazidas por estes interferem, sobremaneira, nos processos de
identificação, seleção e escolha de quem tem direito ou não ao atendimento específico
em programas voltados para pessoas com al tas habilidades / superdotação.
Falar em direito ao atendimento específico para estes sujeitos, ligando tal
temática apenas às determinações legais, bastaria fazer -se cumprir o que está previsto
na legislação. Porém, não é o que se observa no painel educac ional do país onde grande
parte das leis educacionais não é cumprida, embora existam. É neste aspecto que direito
legal e direito moral se distinguem e justificam muitas das questões relacionadas à não
indicação de tais pessoas estudadas nesta pesquisa.
O instrumento utilizado para a análise do vel de julgamento dos
dilemas nesta pesquisa e a verificação da interferência deste nível de raciocínio moral
no processo de avaliação e identificação foi realizado através da aplicação da técnica de
análise de dilemas morais propostos por L. Kohlberg (1984) , melhor descrita no
capítulo a seguir.
1.7. O dilema moral e os mitos: os estudos de Kohlberg (1963, 1984) e
Winner(1998) na análise dos dilemas.
Dentre os teóricos que estudam a análise e compreensão dos di lemas
morais, Lawrence Kohlberg (1984) avança nos estudos cognitivos referentes à moral e à
cognição, ampliando as pesquisas r ealizadas, em 1932, por Piaget (1977), partindo da
cognição, como fator preponderante na análise dos níveis de julgamento moral.
Através do exercício da prática moral e da análise das diversas situações
sociais do cotidiano, a pessoa avança na compreensão do verdadeiro sentido das
relações com o outro o que leva à cidadania. Ressalta -se que, além dos processos
42
cognitivos, a ação de compreender e analisar os dilemas morais amplia e redireciona
uma série de outros fatores que são colocados nesta ação além dos fatores de
julgamento moral e legal. De fato, constata -se a importância dos fatores emocionais e
relacionais que interferem nes ta análise, solução e operacionalização dos dilemas
morais.
A análise de dilemas baseados na teoria de L. Kohlberg (1984), com o
grupo de professores indicados na pesquisa, foi utilizada como uma estratégia para
tentar explicar e entender porque, apenas, u m pequeno grupo de unidades escolares, de
um total de 109, indicou alunos para o Programa Especial de Atendimento as pessoas
com altas habilidades/superdotação ali instalado. Planejou -se relacionar os mitos aos
dilemas e às reflexões morais e legais aprese ntadas pelos professores. Tal decisão
ampliou a visão sobre as possíveis dificuldades na indicação destes alunos.
Acredita-se que a análise dos dilemas morais com base em
Kohlberg(1984) referenciados nos mitos relativos às altas habilidades / superdotaçã o
de Winner (1998) foi mais um caminho novo e interessante, para auxiliar a
compreensão da baixa.indicação de alunos, conforme verifica -se nesta pesquisa. Por
que seriam os mitos envolvendo o tema superdotação/ altas habilidades tão
significativos a ponto de se sobreporem a uma determinação legal, no momento de
indicação dos alunos?
É importante ressaltar que os mitos sobre a superdotação,
provavelmente, fazem parte das representações sociais que os professores têm, uma vez
que a tomada de decisão e justif icativa para realizar a indicação e o encaminhamento
dependerá: a)do conhecimento que o professor recebeu sobre as teorias, e seu campo de
referencial teórico sobre superdotação; b) dos fatores emocionais e relacionais, que
43
geram a representação do que é s uperdotação para ele; e c) os mitos e crenças que ele
tem relacionado ao tema superdotação/ altas habilidades.
44
CAPÍTULO II
AS ALTAS HABILIDADES NA PERIFERIA: IMPORTÃNCIA DA
INDICAÇÃO
2.1. O município de Duque de Caxias: histórico e aspectos sócio -
demográficos.
O Município de Duque de Caxias é uma cidade que compõe a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, situada na Baixada Fluminense. Os Municípios
limítrofes são: Belford Roxo, Cidade do Rio de Janeiro , Ma, Miguel Pereira, Nova
Iguaçu, Petrópolis e São João de Meriti. A distância de Duque de Caxias até a Capital é
de 17 quilômetros. Segundo o censo do IBGE (2006), sua população aproximada é de
855.010 habitantes divididos em 40 bairros e quatro distritos.
Em 2000, Duque de Caxias ocupava a 52ª posição no Estado, com IDH -
M de 0,753 (Duque de Caxias Fonte: Tribunal de Contas do Estado, 2004). O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) varia de zero a um e classifica os países com índices
considerados de baixo, médio ou alto desenvolvimento humano, respectivamente nas
faixas de 0 a 0,5; de 0,5 a 0,8; e de 0,8 a 1, estando, portanto, no grupo considerado
baixo.
O IDH foi criado originalmente para medir o nível do desenvolvimento
humano dos países a partir de indicadores de educação, longevidade e renda. Quanto
mais próximo de 1 for o IDH, portanto, maior o vel de desenvolvimento humano
apurado.
Duque de Caxias, embora seja o segundo mais rico município do Rio de
Janeiro, apresenta elevado nível de pobreza ocupando a incômoda 52ª colocação no
45
ranking de IDH do estado, com cerca de 27% da população vivendo na pobreza e 7%
vivendo em domicílios subnormais.
Neste município, 8% da população na faixa etária acima dos 15 anos é
analfabeta, mas o índi ce vem apresentando uma melhora consistente no decorrer das
últimas três décadas (Fonte: Fundação CIDE, 2003). No que diz respeito ao número de
anos de estudo, indicador responsável por medir o grau de transformação social e
competitividade econômica de da da região em médio prazo, dados do Censo 2000 do
IBGE revelam que mais de 60% da população caxiense acima de 10 anos de idade tem
menos de 7 anos de estudo(IBGE. Censo 2000 Estado, Duque de Caxias).
Referente à exclusão digital, as novas tecnologias da inf ormação (TI) e
das comunicações vêm possibilitando a criação de um novo espaço social, sendo
responsáveis pela alteração da natureza do trabalho e do exercício da cidadania. Nesse
sentido, esses grandes avanços vêm pressionando a educação a oferecer melhor es e
maiores condições de aprendizado para as crianças e adolescentes. Nesse sentido, uma
análise comparativa de alguns municípios que compõem a Região Metropolitana do Rio
de Janeiro revela que a cidade de Duque de Caxias encontrava -se, em 2001, em situação
desfavorável em relação aos mesmos, no quesito inclusão digital escolar (Fonte:
Fundação CIDE, 2001).
A questão do Aterro Sanitário de Gramacho o consiste no único
problema ambiental do município. De fato, uma das plantas químicas instaladas no
município no período de expansão econômica, decorrente da implantação da Refinaria
de Duque de Caxias-REDUC, é responsável pela existência de um dos mais graves
problemas ambientais não de Duque de Caxias, mas também do Estado do Rio de
Janeiro.
46
Além dos casos do Aterro de Gramacho e da Cidade dos Meninos, outro
destaque do ponto de vista ambiental é a relativa degradação do ecossistema que Duque
de Caxias vem sofrendo em decorrência da expansão urbana. Em 1994, Duque de
Caxias apresentava 42% de sua área cobe rta de vegetação, 26% de área urbana, 14% de
pastagens e 11% de área degradada.
Constata-se, pelo exposto, que o Município de Duque de Caxias
necessita de combate à pobreza e à violência e de estratégias prioritárias no campo
social e educacional.
2.2. O programa para altas habilidades em Duque de Caxias
Em 1999, a Equipe de Educação Especial do Município de Duque de
Caxias atendia seus alunos com necessidades educacionais especiais nas diversas
modalidades: classe especial, sala de recursos, programa de itinerância e apoio ao
deficiente físico. Naquela ocasião, constatou -se que não havia alunos portadores de altas
habilidades/ superdotação identificados/ atendidos nas escolas da rede. Em
contrapartida, as pessoas com altas habilidades/superdotação existe m nos locais e
bairros socialmente menos privilegiados, porém elas não têm conhecimento de suas
habilidades e nem mesmo sabem que têm o direito a desenvolvê -las.
Landau (1990) ressalta que superdotados socialmente desprivilegiados
precisam de desafios esp eciais para revelar e desenvolver suas capacidades o
demonstrados. A autora declara que aas crianças mais brilhantes desse grupo, em
geral, não conseguem acompanhar seus pares das classes mais favorecidas em testes
formais de inteligência, em conseqüê ncia das limitações do meio ambiente.
47
Mettrau (2000) declara que, segundo estatísticas internacionais os
portadores de altas habilidades estão contidos em uma faixa de 1% a 10% de qualquer
população, independentemente de etnia, origem ou situação econômica , ou seja, esses
meninos e meninas podem nascer em qualquer meio, em famílias ricas ou menos
favorecidas.
Com objetivo de investigar esta ausência, foi realizado, em 1999, um
levantamento para saber o vel de informação dos professores no que se refere às altas
habilidades/superdotação (Azevedo, 2000). Observou-se neste levantamento que este
tipo de aluno não era suficientemente percebido a ponto de ser indicado e poucos
professores declararam ter passado em suas salas de aula este tipo de aluno. Nota -se,
assim, que o professor não sabe o que são altas habilidades, embora demonstrasse
interesse em obter mais informações sobre o assunto, freqüentando cursos específicos e
demonstrando isto nas palestras oferecidas.
2.2.1- A implantação do Programa
A Prefeitura Municipal de Duque de Caxias, através da Secretaria de
Educação, com intuito de aproveitar plenamente as diferentes potencialidades de seus
alunos através de uma educação de qualidade para todos, propôs implantar um projeto
com a finalidade de capacita r profissionais para identificar os alunos com estas
características especiais, além das demais que recebiam orientação e atendimento.
Estes seriam atendidos em seus interesses e habilidades na escola regular, através de
programas curriculares com ativi dades complementares ou programas de
enriquecimento em salas específicas, sempre em uma perspectiva inclusiva e sempre
que houvesse possibilidade.
48
Houve um longo trabalho para a implantação deste tipo de Programa no
município, realizado no período compreen dido entre 2001/2003, o qual foi dividido em
cinco etapas seqüenciadas e foi cumprido, em todas elas, a seguir descritas:
Etapa 1. Realização de ões, incluindo palestras técnicas com o
objetivo de esclarecimento sobre o tema e envolvendo a comunidade, di reção, equipe
técnica e pedagógica das 109 escolas da rede (Secretaria Municipal de Educação -Duque
de Caxias, 2001).
Nestes encontros, realizados no período de maio a novembro de 2001,
foram trabalhados conceitos e exemplos sobre altas habilidades/ superd otação através
de textos para leitura e discussões. Depois, foram explicadas e distribuídas a ficha de
indicação (adaptação check list, May V. Seagoe, 1976, em Novaes, 1979), sendo
solicitado o seu preenchimento pelos professores das unidades escolares (An exo 1);
Etapa 2. Realização de formação continuada para os professores daquela
rede com a finalidade de identificar e atuar junto aos alunos portadores de altas
habilidades, criativos e talentosos. Nesta etapa foram realizados quatro encontros, com
total de 32 horas aulas, além das participações em palestras técnicas, grupos de estudos
e material bibliográfico especializado para que a discussão favorecesse o
encorajamento para a indicação deles.
Etapa 3. Após o período inicial, houve, conseqüentemente, a a berta uma
Sala de Recursos, agora encaminhadas por alguns poucos professores da Rede
Municipal e/ou pela comunidade;
Etapa 4. Atendimento e orientação a profissionais, pais e familiares
destes alunos já agora agrupados, através de encontros de discussã o e trocas de
experiências. Para estes encontros foi utilizada a metodologia de trabalho Ensinar a
Pensar, proposta por Raths, Rothstein, Jonas & Wassrmann (1977);
49
Etapa 5. Produção, pela equipe de assessoria, de um Manual de
Orientação e Atendimento o qua l foi oferecido para todas as Escolas da Rede
Municipal com fins de socialização deste campo do saber e auxílio nos futuros
encaminhamentos.
Os primeiros encontros de formação, realizados com diretores e equipes
técnicas das unidades escolares, totalizaram 158 profissionais, conforme ficha de
encaminhamento existente. A Equipe de supervisão escolar participou do segundo
encontro, totalizando mais 29 profissionais nesta ocasião.
Quanto aos professores, foram realizados cinco encontros, com a
participação de 215 profissionais, tendo representatividade de todas as unidades
escolares do município. Nestes encontros técnicos houve discussões amplas com
suporte de material didático relacionado ao tema e a nova forma e modalidade de
atendimento a ser implantado.
Em 2002, foram realizadas avaliações, por dois psicólogos, dos alunos
indicados através das fichas de indicação preenchidas pelos professores das unidades
escolares. Deve-se esclarecer ainda que o processo de avaliação foi dinâmico e
processual, e que neste p rocesso não se pode prescindir dos indicadores de altas
habilidades através de observação sistemática de comportamento e de desempenho, em
situações cotidianas, tanto escolares quanto sociais.
A avaliação de alunos portadores de altas habilidades foi real izada
através de alguns dos seguintes critérios:
Critério 1. indicação do professor, através do preenchimento da ficha de
indicação de alunos (anexo1). Esta ficha foi distribuída e explicada durante os
encontros. A indicação do professor é considerada a pa rtir do aparecimento de seis ou
mais característica e habilidade assinaladas na ficha de indicação utilizada. A ficha foi
50
elaborada e adaptada a partir dos critérios estabelecidos por Seagoe, M.V. em
Novaes(1979);
Critério 2. aplicação de dinâmicas para o grupo de alunos indicados
pelos professores, organizados por faixa etária aproximada. Para isto observam -se as
características dos alunos, partir do modelo triádico proposto por Renzulli (1978) /
Mönks (1992) em Mate (1996), valorizando as respostas obtida s nos seguintes itens:
habilidade no uso da palavra oral e escrita; integração grupal; traços criativos;
habilidades e envolvimento com as tarefas propostas pelos dinamizadores;
Critério 3. Teste Matrizes Progressivas, (Escala Geral). J.C. Raven.
(Editora CEPA,1998). Este teste foi aplicado por psicólogos. Considera -se a indicação
de altas habilidades/superdotação as seguintes faixas percentuais : igual ou superior a
95, vel I, relativo à inteligência superior; abaixo de 95, nível II, relativo a
inteligência definitivamente superior à média;
Critério 4. Teste M.M. - Minhas Mãos, de Helena Antipoff, (Editora
CEPA, 1970). Este teste foi aplicado por psicólogos e considerou -se, somente, o
aspecto da fluência verbal neste teste dentre muitos outros existe ntes.
Através das avaliações dos alunos indicados pelos professores, constata -
se que as orientações trabalhadas ao longo da capacitação sobre o tem a favoreceram a
identificação dos portadores de altas habilidades, criativos e talentosos nesta rede de
ensino embora tenha sido considerado baixo. Participaram profissionais de 109 escolas
e somente 37 unidades escolares enviaram a ficha de indicação.
Cabe ressaltar que os alunos indicados para a Sala de Recursos, inserida
em uma escola do município, participar am de Programas de Enriquecimento, que
consistiram na promoção de experiências variadas de estimulação, objetivando um
51
maior desenvolvimento de suas habilidades e interesses, sem preocupação acadêmica
específica.
A participação no programa incluiu também t rabalhos desenvolvidos
com a família dos alunos. De fato, pais e alunos colaboraram muito para o êxito do
programa, oferecendo depoimentos e reflexões sempre animadores. Enquanto os alunos
freqüentavam as atividades da Sala de Recursos, os familiares parti cipavam de reuniões
que abordavam diversos temas, como: o que são Altas Habilidades; a relação dos
portadores de altas habilidades/superdotação com seu meio social; a importância do
trabalho de enriquecimento; as relações pais -filhos, dentre outros temas l evados e
sugeridos pelos participantes.
Este trabalho, nas salas de recursos, foi realizado visando o criar, o
pensar, o saber e o fazer (Mettrau, 2000). Para atingir seus objetivos, o Programa foi
dinâmico, com múltiplas abordagens e utilizou produções te xtuais, experienciais e
vivenciais. Baseou-se também em pensamentos filosóficos adaptados, trabalhos com
metáforas, pensamento lógico e artes, entre outros.
Estes alunos freqüentavam a sala de aula, no sistema regular de ensino, e
participavam do Programa de Enriquecimento em Sala de Recursos, no contra -turno
onde está matriculado também em uma escola regular o que favoreceu a perspectiva da
inclusão.
Com tudo isto, somente professores de 37 unidades escolares, num total
de 109 escolas, indicaram tais alu nos para atendimento. Este dado reflete que muitos
alunos, com características de superdotação/altas habilidades, passaram despercebidos
nas salas de aula, por seus professores, ainda que já capacitados e munidos de ficha de
preenchimento, materiais para l eitura ou caso de dúvidas ou necessidades de mais
esclarecimento, suportes oferecidos pela equipe de implantação.
52
Decidiu-se por utilizar a técnica de discussão de dilemas morais de
Kohlberg (1984) inserindo temas voltados para os mitos da superdotação (Wi nner,1998)
como instrumento nesta pesquisa, tendo como finalidade analisar e discutir as diferentes
justificativas para a indicação ou não indicação pelos professores respondentes
participantes da pesquisa.
53
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
3.1. Amostra
O baixo índice de encaminhamentos se tornou uma indagação relevante,
e se tornou o principal objeto de estudo desta pesquisa. Decidiu -se enviar os
instrumentos da pesquisa para todos os profissionais que participaram da
implementação do Programa, via mala diret a (Anexo 1), que é o meio usual de
comunicação utilizado entre Secretaria de Educação de Duque de Caxias com as
Unidades Escolares.
Participaram desta pesquisa alguns professores da Rede Municipal de
Ensino de Duque de Caxias, Município da periferia do Es tado do Rio de Janeiro, onde
se deu a implantação de um Programa de Atendimento a alunos superdotados/altas
habilidades. Estes professores foram os mesmos que participaram das reuniões de
capacitação, realizadas pela Equipe de Educação Especial, no período de maio a
novembro de 2001, antes da referida implantação.
Nesta capacitação, houve representatividade de todas as unidades,
através de professores representantes das unidades escolares, professores, diretores e
especialistas: orientadores educacionais e orientadores pedagógicos. Das 109 escolas
envolvidas, somente 37 delas, o que corresponde a 33,94% do total, encaminharam
alunos com indicadores de altas habilidades. Imaginávamos que, se o todas, a grande
maioria dos profissionais enviariam alunos para a programação prevista e em fase de
implantação.
54
Foi identificado, através das listas de presença dos encontros de
formação continuada neste tema, um total de 215 professores participantes, com
representatividade de todas as unidades escolares. Estes sã o os sujeitos desta pesquisa.
Os caminhos para localizar estes profissionais foram árduos e
demorados. Foi necessário consultar Coordenadoria Administrativa da Secretaria de
Educação e, manualmente, localizar as fichas de cadastro de cada professor. Após e sta
consulta, constatou-se a ausência de 40 profissionais da Rede, por motivos variados:
aposentadoria, permuta entre Redes, exoneração, licença sem vencimento, licença
médica, licença para estudos, ent re outros. Desta forma, localizou -se 175 profissionais
para participar da amostra desta pesquisa.
3.2. Instrumentos
Para a realização da coleta e análise dos resultados desta pesquisa foram
utilizados os seguintes instrumentos (Apêndice 2): a) ficha do perfil sócio-demográfico
dos professor respondente da pesquisa; b) questionário com a atarefa de evocação livre ;
c) questionário contendo três dilemas, baseados na teoria de julgamento moral de L.
Kohlberg(1984) e nos mitos de Winner (1998), referentes à superdotação.
3.2.1. Perfil sócio-demográfico.
No levantamento do perfil sócio -demográfico, foram coletadas
informações dos participantes por meio de quatro perguntas, a fim de levantar dados a
respeito do nível de formação, segmento que atua, tempo de exercício de magistério e
55
faixa etária. Uma quinta pergu nta neste instrumento de dados destina -se identificar se o
professor havia indicado alunos para o Programa de Altas Habilidades.
3.2.2. Evocação de palavras
Foi solicitado aos respondentes da pesquisa escrever até três palavras, ou
expressões, que venha m à cabeça quanto aos seguintes termos: altas habilidades,
superdotação e educação especial.
Fez-se o levantamento dos elementos da Representação Social dos
professores participantes, considerando as representações de um mesmo objeto,
apresentadas por dois distintos conjuntos populacionais: a) grupo 1 - professores que
encaminharam alunos; e b) grupo 2 - professores que o encaminharam. (Abric, 1994,
citado por Sá 1996).
3.2.3. Dilemas com base nos mitos acerca da superdotação
Após este levantamento inic ial, foram aplicados questões voltadas para a
análise de três dilemas,baseados na teoria de Julgamento Moral de L. Kohlberg (1984),
cujos temas se relacionavam à temática dos mitos acerca das pessoas com altas
habilidades / superdotação com base em Winner (1998). Tais dilemas (Anexo 3) foram
construídos pelo grupo de mestrandos e respondidos por cada um dos participantes para
analisar como cada professor julga a necessidade, ou não, do atendimento dos alunos
em questão.
56
Dilema 1 : Direito ao Atendimento E specializado
Este dilema está relacionado ao nono mito da superdotação de Winner
que diz que superdotados se tornam adultos eminentes. Tal afirmativa, muitas vezes,
não leva em conta fatores essenciais ao longo da vida de qualquer pessoa, sua trajetória
de vida, aspectos sociais, fatores emocionais, e outros (quadro1, p.39). Desta forma, os
profissionais da escola que acreditam neste mito não crêem na importância do ambiente
educacional na vida destes alunos e nem mesmo se acham competentes para
desempenhar o papel de facilitador.
Tal dilema também leva a uma discussão sobre a importância do
atendimento na Educação Especial destes alunos conforme determinação legal.
Desdobra-se neste dilema a percepção do professor quanto ao direito deste aluno a uma
educação voltada para as suas necessidades específicas, que podem ser de tempo, de
currículo ou de metodologia. O dilema 1, analisado pelos professores respondentes da
pesquisa, foi apresentado da seguinte forma:
“Muitos educadores não encaminham alunos com alt as habilidades
/superdotação para atendimento especializado, por acreditarem que esses
alunos são privilegiados com capacidade acima da dia da população
escolar, e este fato por si só, a garante o sucesso desses alunos, sem que
estes precisem empenhar mu ito esforço. Porém, esses mesmos
educadores, apóiam, incentivam e respeitam a legislação vigente, que
garante atendimento especializado aos alunos com qualquer déficit:
físico, mental, de aprendizagem, dentre outros, mesmo sabendo que essa
legislação, também especifica os mesmos direitos aos alunos com altas
habilidades / superdotação.”
57
Questões apresentadas ao grupo de professores que compõem a pesquisa,
através de questionário escrito:
a) Os alunos com altas habilidades / superdotação aprendem tudo
sozinhos, sem problemas?
A pergunta é relacionada ao mito de que o superdotado o necessita de
apoio e estímulo para sua aprendizagem. O professor que acredita nesta possibilidade
não leva em conta as necessidades deste aluno, sua maneira e sua forma de apren der. A
realidade é que estes alunos necessitam de apoio e atendimento específicos, atendendo,
assim, também a uma questão legal, relacionada à legislação vigente que trata deste
assunto.
b) Você acha justo o aluno com altas habilidades ter o mesmo direito do
aluno com deficiência física, mental, visual, múltiplas deficiência e
surdo?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 garante, no artigo 58 e
59, o atendimento de alunos com deficiência e alunos superdotados/altas habilidades.
A pergunta está relacionada ao posicionamento do professor respondente frente ao
dilema proposto. Esta pergunta trata do direito legal, estabelecidos em leis específicas
voltadas para o atendimento dele, já citadas no Capítulo I deste trabalho.
c) Os educadores podem esco lher se devem encaminhar, seguindo a
legislação, os alunos com déficits e não encaminhar os alunos com altas
habilidades / superdotação?
A pergunta proposta leva a análise do encaminhamento e trata da questão
de ser este encaminhamento legal ou moral. Est á relacionada com a questão legal
quando é citada a legislação que garante o atendimento; está relacionada à questão
moral quando é perguntado se os professores podem escolher, ou não, encaminhar estes
58
alunos para atendimento especializado. A questão moral leva em conta os aspectos
relacionados a juízo de valor, interpretação e aplicabilidade das leis no cotidiano das
pessoas.
d) Os alunos com déficits merecem mais atenção, por parte dos
educadores, que os alunos com altas habilidades / superdotação?
A Lei de diretrizes e Bases da Educação 9394/96 estabelece o
atendimento dos alunos com necessidades especiais. Os alunos com deficiência e os
superdotados devem receber atenção especial por parte de seus educadores.Esta
pergunta é relacionada aos termos legais ou morais desta decisão / escolha.
e) Os educadores que não encaminham os alunos com altas habilidades/
superdotação, para atendimento especializado, deveriam sofrer sansões
oficiais?
As Leis existem para garantir os direitos e deveres de cada cidadão.
Cumprir a lei é um dever. A pergunta propõe uma análise do professor quanto à falta de
indicação destes alunos para atendimento, quando este é oferecido, e está relacionada às
questões legais do encaminhamento dos mesmos.
Dilema 2 : A Prova de Matemática
Este dilema está relacionado ao primeiro mito da superdotação (Winner,
1998): os alunos superdotados o talentosos em todas as matérias acadêmicas
relacionadas à escola e sempre obtém classificações altas em teste de QI ou desempenho
escolar. Os profissionais que crêem neste mito não admitem a hipótese de um possível
insucesso, criando uma perspectiva de que tudo é fácil para esta pessoa. O dilema 2,
analisado pelos professores respondentes da pesquisa, foi apresentado da seguinte
forma:
59
“Maria é uma aluna do 8º ano do Colégio Militar e tem altas habilidades,
tendo sido identificada aos 6 anos. Costuma não se fazer perceber pelo
grupo como inteligente, optando por manter suas notas na mesma média
que os demais alunos (indica/ demonstra o mito de isolamento s ocial),
garantido seu espaço enquanto igual ao grupo. Porém, acerca de seis
meses vem apresentando baixo rendimento em matemática e isto tem lhe
causado bastante agitação. Maria, por mais consciente que seja de sua
capacidade de aprendizagem, tem se auto -bloqueado para o ensino da
matemática. Seus professores, ao invés de trabalhar com ela as
dificuldades iniciais da matéria, têm lhe adiantado o conteúdo,
acreditando que isto irá provocar nela o desejo pelo aprendizado da
matéria. Tal fato tem aumentado sua insegurança e ela está vivendo entre
o conteúdo não aprendido e os desafios que ela se submete a enfrentar.”
Questões apresentadas ao grupo de professores que compõem a pesquisa,
através de questionário escrito:
a) Em sua opinião, o aluno com altas habili dades pode vir a ter
dificuldades de matemática?
Refere-se esta pergunta ao mito de que ter altas habilidades significa ter
facilidade para todo o tipo de aprendizagem. O professor que acredita nele não admite a
possibilidade do aluno ter nenhuma dificuld ade. A realidade é que o superdotado, como
qualquer outra pessoa, pode apresentar dificuldade. A pergunta está relacionada à
definição do problema.
b) Você acha que mesmo tendo dificuldades em matemática a mesma
deixa de ter altas habilidades?
60
A pergunta é relacionada aos aspectos da aprendizagem de uma
disciplina. Winner (1998) no mito sobre a superdotação ser global. Este descreve que os
alunos podem até mesmo ser sup erdotadas em uma área acadêmica e apresentar
distúrbio de aprendizagem em outros, devido , provavelmente, a situações emocionais e
outras.
c) Você acha correto um sujeito com altas habilidades se esforçar para
manter notas medianas para ser popular?
A pergunta é feita ao professor respondente proporcionando uma troca
de papéis entre professor -aluno. Desta forma, o professor, ao se colocar na posição do
outro, se identifica com a situação e faz seu julgamento.
d) Você acha que Maria tem mesmo dificuldade em matemática ou é
mais um artifício dela para ser igual aos demais alunos?
A pergunta busca verificar se o professor respondente acredita, ou não,
na possibilidade do aluno superdotado apresentar dificuldade em alguma disciplina.
Dilema 3: O Aluno Superdotado.
Este dilema propõe confrontar a imagem que se tem de uma pessoa
superdotada diante do sétimo mito, que afirma a idéia de que crianças superdotados têm
excessiva saúde psicológica. Este dilema levanta duas proposições inadequadas: a) de
que a pessoa superdotada tem este ou aquele biótipo específico; b) que pessoas
superdotadas são ajustada s psicologicamente a qualquer situação e/ou ambiente. O
dilema 3, analisado pelos professores respondentes da pesquisa, foi apresentado da
seguinte forma:
“João é um adolescente de 13 anos estuda na escola X. É um garoto alto,
magro e usa óculos com lentes bem fortes. Na escola onde estuda, João
gosta de ficar somente em sua sala de aula e de preferência em um canto
61
da sala, com seus livros prediletos, pois assim, não incomoda ninguém!
Seus colegas dizem que João é egoísta, solitário e superdotado. João diz
que os livros são seus melhores amigos.”
Questões apresentadas ao grupo de professores da pesquisa, através de
questionário escrito:
a) Deveria haver alunos indicados como superdotados em todas as
escolas do Brasil?
A pergunta refere-se ao fato de haver alunos superdotados nas escolas da
rede envolvidas na pesquisa ainda que sendo, todas elas, de periferia. Acreditar na
existência de alunos superdotados em todas as escolas, independentes de classe
socioeconômica, etnia, sexo, localidade, faz com que se re pense as idéias colocadas
neste mito. O dilema aborda ainda o quarto e quinto mito da superdotação(Winner,
1998) que trata da questão biologia x ambiente.
b) Pelos dados podemos expostos neste dilema podemos afirmar que
João é um aluno superdotado?
A pergunta está relacionada à definição, conceituação relativa ao tema.
Os portadores de altas habilidades/superdotação, segundo modelo triádico (Mönks,
1992, e Renzulli, 1978). Este dilema propõe confrontar a imagem que se tem da pessoa
superdotada ter algum t ipo físico e/ou comportamental característico.
c) A opção de João em sentar -se no fundo da sala e ficar, somente, com
seus livros é uma característica de aluno superdotados?
A idéia do aluno que fica isolado dos demais companheiros e que fica
acompanhado de livros é um mito e o conflito cognitivo (Turiel, 1977) atuará como um
instrumento de desmistificação deste mito.
62
SegundoTuriel (1977), por meio de um confronto de opiniões,
levantadas nos dilemas, gera -se um conflito cognitivo. É o conflito cogniti vo que leva à
reflexão, à tomada de posição e à busca de solução para o dilema.
Os dilemas utilizados nesta pesquisa propõem uma reflexão sobre cada
um dos mitos utilizados, sugerindo um conflito cognitivo frente a cada um deles de
modo que o professor re spondente confronte o conteúdo desenvolvido nas capacitações
oferecidas e os mitos que estes ainda têm relacionado ao tema relacionado a
superdotação/ altas habilidades, influenciando na indicação ou na não indicação destes
alunos para o Programa.
3.3. Procedimentos
Inicialmente foi feito um contato com a Secretaria Municipal de
Educação solicitando autorização para a realização da pesquisa de campo. A
pesquisadora entregou os questionários da pesquisa à Subsecretária Adjunta de
Planejamento pedagógico p ara a sua apreciação, avaliação e permissão para o uso dos
mesmos. A referida subsecretária autorizou a aplicação do questionário.
Através de consulta da freqüência, à época da implantação do Programa,
identificou-se às escolas e professores que participa ram do mesmo. Após este
procedimento, foi realizado um contato com a Coordenadoria Administrativa do
Município com objetivo de localizar aqueles professores participantes das reuniões de
implantação do programa de altas habilidades na Rede naquele período. Ressalta-se
que, como esta Coordenadoria não é informatizada, a localização dos professores que
participaram da implantação do programa foi realizada manualmente.
63
Após localizar a escola onde cada professor estava lotado, foi enviado,
via mala direta, no mês de abril do corrente ano, através de pasta que fica na recepção
da Secretaria Municipal de Educação, em envelope endereçado a direção de cada
unidade escolar com uma carta explicativa (apêndice1). Optou -se em enviar os
questionários via mala direta dev ido ao quantitativo de participantes da pesquisa, total
de 175 professores, sendo que 40 destes professores não foram localizados na Rede.
Foi dado um prazo e solicitado, através da carta de apresentação enviada
aos diretores, que a devolução dos questioná rios seria aguardado até 15 dias após o seu
recebimento. Devido ao calendário com diversos feriados, na data estabelecida houve
poucos questionários devolvidos com o devido preenchimento. O prazo de entrega dos
questionários de pesquisa foi ampliado por ma is 15 dias. No período entre a data
estabelecida e a data ampliada da entrega da pesquisa, a pesquisadora entrou em contato
com os diretores das unidades escolares solicitando um empenho junto aos seus
professores para solicitar o envio dos questionários r espondidos.
Após a distribuição dos 175 questionários, obteve -se o retorno de 63
questionários, sendo 53 questionários preenchidos e 10 questionários em branco, o que
corresponde um total de 36% dos questionários distribuídos a todos os professores
participantes da implantação. Tal índice se deve ao fato de que a utilização de
questionários via mala direta ter a desvantagem de apresentar uma taxa relativamente
baixa de retorno (geralmente 30%, segundo Shaug hnessy & Zechmeister, 1994, em:
Moura, M.L.S; Ferreira, M.C., 2005)
Dos questionários preenchidos, havia 27 de professores respondentes que
indicaram alunos para o programa e outros 26 que não indicaram. Para que houvesse
um mesmo número de professores respondentes nas duas amostras foi descartado o
64
último questionário recebido no grupo de professores respondentes que indicaram
alunos para o Programa.
Este pesquisa fez uma análise quantitativa e qualitativa das respostas
dadas aos instrumentos utilizados pelos dois grupos de professores respondentes. Fez
também um levantamento sócio -demográfico destes mesmos professores.
65
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1- Perfil sócio-demográfico dos professores respondentes da pesquisa.
Responderam ao questionário desta pesquisa 53 professores, que
participaram das reuniões da implantação do Programa de Altas Habilidades do
Município de Duque de Caxias. Destes questionários, foram considerados 52, visando
manter um quantitativo de 26 questionários respondidos por professores que indicaram
alunos para o programa de altas habilidades e 26 professores que não indicaram. A
tabela 1 mostra o levantamento do perfil sócio -demográfico dos professores
respondentes.
Tabela 1
Perfil sócio-demográfico dos professores
Informação
Categoria
Freqüência
%
Freqüência
%
Grupo 1
Grupo 2
Nível de
2º Grau
2
7,70
2
7,70
Formação
Sup. Incompleto
2
7,70
1
3,84
Superior
7
26,90
12
46,16
Especialização
15
57,70
10
38,46
Mestrado
0
0
1
3,84
Doutorado
0
0
0
0
Segmento
Ed. Infantil
4
15,38
4
15,38
que Atua
Ed. fundamental
16
61,54
14
53,84
Ed. Especial
2
7,70
3
11,54
Outros
4
15,38
5
19,23
Tempo de
1 a 5 anos
0
0
0
0
Exercício no
6 a 15 anos
8
30,76
4
15,38
Magistério
16 a 24 anos
12
46,16
15
57,70
mais de 25 anos
6
23,08
6
23,08
Aposentada
0
0
0
0
em branco
0
0
1
3,84
66
Faixa
18 a 25 anos
0
0
0
0
Etária
26 a 35 anos
4
15,38
4
15,38
36 a 45 anos
11
42,30
2
46,16
46 a 55 anos
6
23,08
7
26,90
mais de 56 anos
3
11,54
3
11,54
em branco
2
7,70
0
0
Verifica-se nos dois grupos de professores respondentes da pesquisa um
certo equilíbrio quanto ao segmento que atua no magistério, tempo de exercício no
magistério e faixa etária.
Verifica-se, também, uma pequena diferença entre os dois grupos de
professores respondentes em relação ao nível de formação. Dos professores que
indicaram alunos 26,90% têm formação superior e 57,70% têm pós -graduação, os
professores que não indicaram alunos 46,16% tem formação superior e 38,46% tem
pós-graduação. Observa-se que somente um professor respondente (3,84%), pertencente
ao grupo dos que não indicou alunos, tem mestrado.(Tabela1)
4.2- Justificativa quanto à indicação/não indicação.
Os dados levantados nesta pergunta foram divididos em dois grupos de
repostas: a) grupo 1 - professores respondentes que indicaram alunos; b) grupo 2 -
professores respondentes que não indicaram alunos.
Com objetivo de levantar dados sobre a justificativa dos professores
respondentes quanto à indicação/não indicação de alunos foi utilizado a seguinte
pergunta: você indicou aluno(s) para a avaliação de altas habilidades/superdotação na
ocasião da implantação do programa? ( ) Sim ( ) Não. Esclareça sua opinião.
De acordo com Bardin (1979), a categorização é uma operação de
classificação de elementos comuns que constitui um grupo. Desta forma, as análise das
respostas obtidas, em ambos os grupos analisados, foram organizadas em categorias
com objetivo de melhor compreender tais respostas .
67
4.2.1.Justificativa dos professores respondent es do grupo 1.
A as respostas obtidas foram analisadas e classificadas nas seguintes
categorias: 1) importância de atendimento especializado; 2) características diferenciadas
observadas nestes alunos; 3) dificuldade/crítica quanto à implantação do program a.
Os professores justificaram a sua indicação para o aluno participar do
programa considerando importante o atendimento especial para eles: por acreditar que
esses alunos necessitam de um acompanhamento especial”; “indiquei a fim de que tais
alunos pudessem ser atendidos em suas especificidade”; “achei a iniciativa muito boa”;
“penso que este tipo de aluno também precisa de um acompanhamento especial
diferenciado”; “acho que sempre teria que haver esse programa para dar mais chances a
estes alunos”; “foi muito proveitoso ele participar dos grupos, pois havia momentos que
ele ficava agressivo na sala de aula por conta da insegurança” (o grupo que o professor
se referiu era a Sala de Recursos para altas habilidades); “muito bom, pois foram
avaliados e tiveram oportunidades de fazer cursos”; procuro sempre observar as
habilidades dos alunos e vejo, digo, percebo que um serviço de atendimento aos
portadores de altas habilidades precisa realmente acontecer, oferecendo suporte às
escolas”.
Observa-se um outro grupo de respostas quanto à indicação do professor
através de observação das características destes alunos: observei a excelente oralidade,
desenvoltura da aluna, expressividade, criatividade e escrita”; “os alunos apresentavam
habilidades artísticas (des enho)”; “foi atestado junto à equipe que o aluno tinha altas
habilidades em artes plásticas”; “chegou um documento na escola em que os
professores tinham que indicar alunos com alguma habilidade, eu acho que indiquei
uma aluna que gostava e era boa em dese nho”; “observei em um aluno surdo um
habilidade incomum em matemática e em seus trabalhos artísticos”.
Verifica-se uma categoria de resposta que evidencia dificuldade/críticas
à implantação do programa, sendo esta expressa nas seguintes respostas dadas pel os
professores: “não houve retorno dos encontros dos educandos para a escola, acredito
que essa falta deixou a escola impossibilitada de uma interpretação do trabalho”;
“acredito na importância da implantação do programa embora o sinta avançar de forma
muito lenta, tímida mesmo... penso que o programa necessita de mais apoio; suporte
por parte do sistema”; “não gostei, pois todos que foram indicados não foram
68
aproveitados”; “aqui na escola não tivemos retorno do que foi feito com estas crianças,
caiu no esquecimento”. Os professores consideram a importância de um
comprometimento político pedagógico para a efetividade do atendimento, como
descrito a seguir: percebi que o atendimento na Rede não teve a merecida divulgação,
onde quem implantou necessitava de u ma maior valorização do sistema de ensino, pois
são muitos os entraves. A escola em que atuava na época não tinha clareza sobre o
propósito do projeto e até nos grupos de estudo ressaltavam a deficiência. O projeto em
si contou com profissionais capacitado s, mas faz-se necessário (fazia -se) um
comprometimento político pedagógico do sistema de ensino”.
É importante ressaltar que no período entre o levantamento das
indicações e a avaliação dos alunos pela equipe técnica do Programa houve certa
demora quanto ao retorno dado aos professores em relação aos resultados destas
avaliações. Tal demora se deu devido ao quantitativo de alunos indicados e avaliados.
Este quantitativo não representou, de fato, a presença de alunos superdotados/ altas
habilidade observados na Rede. O que se verificou, mais tarde, foi uma demanda de
alunos deficientes indicados, como um tentativa, encontrada pelos professores, de
antecipar a avaliação destes para o ensino especial, aproveitando que a equipe técnica
estava em prontidão para a valiar alunos.
Verificou-se também, durante a implantação do Programa, uma
supervalorização do ensino especial voltado para a deficiência, confirmada pela
indicação de deficientes para avaliação e pelo fato de, tendo havido dois anos de
Formação Continuada voltada para o tema superdotação/ altas habilidades, hoje este
Programa está reduzido a apenas uma Sala de Recursos e o processo de indicação/
identificação destes alunos está praticamente paralisado.
4.2.2. Justificativa dos professores respondentes do grupo 2.
Verifica-se um número de justificativas bastante reduzido de respostas
dos professores que não indicaram alunos. Dos 26 professores respondentes, dez deles
não deram qualquer justificativa às suas respostas.
A maioria das respostas obtidas f oram analisadas e classificadas na
seguinte categoria: 1) Não observação das características de altas habilidades nos al uno;
2)dificuldade de observar as características do aluno.
69
A não observação das características deste aluno em sala de aula foi
justificada pelos professores respondentes da seguinte forma: não encontramos alunos
com característica na época”, não detectei nenhum”; não observei nenhum caso”; “no
período não havia o qual se enquadrasse”; “não tive aluno para tal encaminhamento”;
“não temos aluno com tais características”; “A escola era voltada para educação
especial, altas habilidades o fazia parte da procura de nossa escola, trabalhávamos
com síndromes, paralisados cerebrais e conduta típica”; “não percebi nenhuma
indicação para fazê -lo”; não percebemos nenhum aluno com essa necessidade”.
Verifica-se que uma das respostas nesta categoria o professor respondente utiliza o
fator julgamento “por julgar que não tinha alunos com este perfil”.
A dificuldade de observar este aluno pode ser evidenciada nas seguintes
respostas: “por não estar capacitada na avaliação destes”; “quando implantado (o
programa) estava afastada de sala de aula”. Neste item, o professor imaginou que
observar as características do aluno seria avaliar, quando, na verd ade, o que lhe foi
solicitado era que apenas indicasse esses alunos observados para avaliação específica,
realizada pela equipe técnica.
Quanto a este item sobre a falta de indicação, um professor responde
“não estou ciente do programa” e outro descreve “não indiquei, pois o aluno em
questão já havia sido indicado, eu só confirmei”. Desta forma, embora o professor tenha
declarado que não indicou, indiretamente ele fez esta indicação, tentando defender -se
de, por algum motivo, não tê -la feito diretamente.
4.3- Levantamento dos possíveis elementos da Representação Social
A fim de levantar os possíveis elementos da Representação Social dos
professores respondentes nesta pesquisa, utilizou -se o método de evocação de palavras a
partir de 03 (três) termos indutores, a saber: a) pessoas com altas
habilidades/superdotação; b) conceito de altas habilidades/superdotação; e c) educação
especial.(Apêndice 2).
Os objetivos que orientam as análises através da s Representações Sociais
partem de duas perspectivas que, seg undo Rangel (2007) se associam e se
complementam. A primeira perspectiva enfatiza o sentido das representações como
forma de conhecimento prático, ou seja, no modo como são construídos e adquiridos os
70
conceitos no processo de ensino -aprendizagem. A segunda perspectiva sugere aos
professores considerar a possibilidade de aplicação didática das categorias de
representação social e dar particular atenção à estrutura dessas categorias, assim como
aos princípios e noções que fundamentam e explicam o seu núcleo c entral e os
elementos periféricos (Rangel,2007).
Desta forma, se reconhece, na teoria de representação social, a
possibilidade de contribuir com o estudo no campo das altas habilidades/superdotação,
cujas dificuldades encontradas pelos professores para indicar/não indicar alunos para o
Programa também apresentam estas duas perspectivas colocadas por Rangel : o
conhecimento adquirido nas formações e o reconhecimento da existência destes alunos
nas salas de aula, permitindo tornar efetiva a indicação e o atendi mento específico às
necessidades especiais destes alunos.
4.3.1- Evocação de três palavras através do termo indutor: pessoas com
altas habilidades/superdotação.
As evocações de palavras obtidas, por meio do termo indutor, pelos
professores respondentes d o grupo 1 foram analisadas e classificadas em 18 categorias
(tabela 2). O número elevado de categorias consideradas deve -se ao fato de se respeitar
às evocações dos professores respondentes. Palavras evocadas uma única vez e que o
se encaixavam em nenhum a categoria construída, através da análise do conteúdo,
aparecem no quadro como sendo palavras e não categorias.
Tabela 2
Associação das palavras pessoas com altas habilidades/superdotação, por ordem de
evocação, de 26 professores do grupo 1.
Categorias e Palavras
1ª Evoc.
2ª Evoc.
3ª Evoc.
Freq.
%
1-Criatividade
5
7
3
15
19,23
2- Expressivo
0
0
1
1
1,28
3- Sensibilidade
1
0
0
1
1,28
4- Desafio/superação
1
0
2
3
3,85
5- Encaminhamento e orientação
1
3
2
6
7,69
6- Genialidade/gênio
1
1
0
2
2,56
7- Inteligência
8
3
1
12
15,38
8-Adaptação/busca de integração
0
0
3
3
3,85
9-Sucesso
1
0
0
1
1,28
10-Dificuldades
4
4
5
13
16,67
71
11-Atenção/concentração
0
0
2
2
2,56
12-Habilidade
1
2
2
5
6,42
13-Independência/autodidata.
0
1
2
3
3,85
14-Raciocínio
1
3
1
5
6,42
15-Gosta de fazer tudo bem feito.
0
1
1
2
2,56
16-Segurança/convicção
1
1
0
2
2,56
17-Oralidade
1
0
0
1
1,28
18-Alegria
0
0
1
1
1,28
Total
26
26
26
78
100
A categoria criatividade foi a que mais se destacou na evocação de
palavras, compreendendo 4 palavras que foram evocadas 15 vezes (freqüência19,23%).
Nesta categoria foram agrupadas as seguintes evocações: criatividade, idéias ousadas,
curiosidade.
Nota-se que a segunda categoria mais evocada utiliza termo que descreve
dificuldades que alunos com características de superdotação/altas habilidades
apresentam. Esta categoria teve 13 evocações (freqüência 16,67%) detectada nas
seguintes palavras: dificuldade, desajustamento, diferente, fuga, confusão,
incompreendidos, preocupação, inquietação e hiperativos. Neste item, percebe-se uma
associação entre alunos superdotados e alunos com problemas comportamentais, o que
não se pode afirmar na maioria dos casos.
A terceira categoria mais evocada foi inteligência com 12 evocações
(freqüência de 15,38%). Foram agrupadas nesta categoria as evocações: inteligência,
facilidade de aprender, domínio de conhecimento.
A quarta categoria mais evocada está relacionada à necessidade de
encaminhamento e orientação destes alunos com um total de seis evocações (freqüência
de 7,69%). Nesta categoria foram agrupadas as seguintes palavras evocadas:
encaminhamento, apoio, orientação. Neste item, verifica -se que o professor ainda o
considera o atendimento a estes alunos uma necessidade, contrapondo ao que l he é
assegurado na legislação.
A categoria habilidade e a categoria raciocínio foram a quinta mais
evocadas. Cada uma destas categorias obteve cinco evocações (6,42%). A categoria
habilidades foi agrupada através das seguintes evocações: habilidade, poten cial e
capacidade; a categoria raciocínio foi verificada através das expressões: raciocínio
lógico e raciocínio rápido.
72
A categoria desafio teve três evocações com a percentagem de 3,85%.
Nesta categoria foram agrupadas as seguintes evocações: gosto por de safio e superação.
Uma outra categoria obteve três evocações (3,85%) que foi a que se refere à adaptação e
busca de integração. Autodidata e independência aparecem também com 3 evocações
com a percentagem de 3,85%.
Interessante assinalar a baixa percentage m (2,56%) da evocação de duas
palavras que estão relacionadas ao envolvimento com a tarefa que é uma das
características da superdotação/altas habilidades, estas palavras o: gosta de fazer tudo
bem feito e esforçado.
A palavra atenção e concentração foi evocada somente 2 vezes (2,56%).
A palavra convicção foi evocada e categorizada junto com segurança, com percentagem
de 2,56%. A evocação da categoria genialidade aparece duas vezes (2,56%) através das
palavras genialidade e gênio
Verifica-se que algumas palavras foram evocadas somente 1 vez com o
percentual de 1,28% cada palavra, são elas: sensibilidade, sucesso, oralidade, expressivo
e alegria.
As respostas obtidas pelos professores respondentes do grupo 2 foram
analisadas e classificadas em 18 categori as. O número elevado de categorias
consideradas foi devido ao fato de se respeitar às evocações dos professores
respondentes. Na tabela 3 estão indicadas as freqüências obtidas por estas respostas.
Tabela 3
Associação das palavras pessoas com altas ha bilidades/superdotação, por ordem de
evocação de 26 professores do grupo 2.
Categorias e Palavras
1ª Evoc.
2ª Evoc.
3ª Evoc.
Freq.
%
1-Aprendizagem
4
2
2
8
10,37
2- Envolvido com a tarefa
2
2
0
4
5,19
3-Adaptação
0
0
1
1
1,30
4- Socialização
0
0
1
1
1,30
5-Desajuste e dificuldade
5
2
4
11
14,29
6-Capacidade/habilidade
1
3
2
6
7,79
7- Inteligência elevada
5
1
3
9
11,69
8- Genialidade
3
3
4
10
12,99
9- Críticos
0
1
1
2
2,60
10-Independência
0
0
1
1
1,30
73
11-Criatividade
3
4
2
9
11,69
12-Rápido
0
1
0
1
1,30
13-Raciocínio Lógico
0
1
0
1
1,30
14-Destaque
0
1
1
2
2,60
15-Despreparo do professor
1
2
0
3
3,90
16- Sensibilidade
0
0
1
1
1,30
17-Necessidade de Ensino diferenciado
1
2
1
4
5,19
18-Agitação
1
1
1
3
3,90
Total
26
26
25
77
100
obs 1 professor fez somente 2 evocações
Observa-se que a evocação mais destacada, pelos professores do grupo 2
foi a categoria desajuste e dificuldades, com um total de 11 evocações(14,29%) que o
aluno com altas habilidades / superdotação apresenta. Nesta categoria foram agrupadas
as seguintes evocações: insegurança, isolamento, retraimento, desajuste, dificuldade,
excluídos, fora do normal, diferente, frustração.
A segunda categoria mais evocada foi a de genialidade com 10
evocações (12,99%). Nesta categoria foram agrupadas as seguintes evocações: gênio,
mente brilhante, incrível, abençoados.
Duas categorias tiveram 9 re spostas com percentagem de 11,69%.Estas
categorias foram à criatividade que seria uma das características da superdotação e a
inteligência. A criatividade foi agrupada através das seguintes evocações: imaginação,
curiosidade e criativo. A inteligência nest a evocação relacionava -se ao coeficiente de
inteligência alto(QI) e foram agrupadas as seguintes evocações: inteligência elevada e
QI elevado.
A quinta categoria mais evocada está relacionada à aprendizagem com
um total de 8 evocações (10,37) com as segui ntes palavras: facilidade de aprendizagem,
conhecimento e competência.
A capacidade de resolução de problemas e a habilidade obtiveram 6
evocações com percentagem de 7,79%.
A necessidade de ensino diferenciado com suporte educacional foi
evocada pelos respondentes através das seguintes palavras: ensino diferenciado, suporte,
estudo. A categoria necessidade de ensino especializado e com suporte teve 4 evocações
(5,19%), portanto baixíssimo considerando que era uma pergunta e uma resposta chave
74
relacionada ao Programa. O despreparo do professor foi evocado 3 vezes(3,90%)
através das seguintes palavras: despreparo, professor não sabe lidar com a situação.
Verifica-se um conjunto de respostas que considera as características dos
alunos superdotados/altas habili dades. Este conjunto de respostas foi categorizado como
envolvido com a tarefa obtendo 4 evocações (5,19%) e foram detectadas através das
seguintes evocações: motivado, dedicação, compromisso, envolvimento. Outra
característica foi a agitação com 3 evocaçõ es (3,90%) que foi detectada através das
seguintes evocações: agitação, inquietude. Encontra -se também com 2 evocações a
palavra destaque (2,60%) e críticos(2,60%).
Observa-se que algumas palavras foram evocadas somente 1 vez (1,28%)
são elas: raciocínio lógico, independência, sensibilidade, rápido, adaptação e
socialização.
4.3.2- Evocação de três palavras através do termo indutor: conceito de altas
habilidades/superdotação.
As evocações de palavras obtidas através do termo indutor, pelos
professores respondentes do grupo 1 foram analisadas e classificadas em 24 categorias
(tabela 4) Este número elevado de categorias consideradas deve -se ao respeito às
evocações dos professores respondentes.
Tabela 4
Associação das palavras conceit os altas habilidades/superdotação, por ordem de
evocação, de 26 professores do grupo 1.
Categorias e Palavras
1ª Evoc
2ª Evoc
3ª Evoc
Freq
%
1-Inteligência superior acima da média
8
3
0
11
15,28
2-Criatividade
0
2
1
3
4,16
3- Altas habilidades
3
4
2
9
12,50
4-Trabalho diferenciado
2
4
3
9
12,50
5-Futuro de uma geração
1
0
1
2
2,78
6-Educação especial
3
4
3
10
13,89
7-Genialidade
0
1
0
1
1,39
8-Precoce
0
0
1
1
1,39
9-Desinformação do professor
1
2
0
3
4,16
11-Dificuldades adaptação
0
0
2
2
2,78
12-Família e apoio familiar
0
1
1
2
2,78
75
13 Aprendizagem
2
1
1
4
5,55
14Liderança
0
1
0
1
1,39
15-Facilidade em expressão
0
0
1
1
1,39
16-Destaque admirável
0
0
1
1
1,39
17-Admirável
0
0
1
1
1,39
18-Observador do mund o
1
0
1
2
2,78
19-Eficiência
1
1
1
3
4,16
20-Compreensão
0
0
1
1
1,39
21-Essência
1
0
0
1
1,39
22-Dom
0
0
1
1
1,39
23-Raciocínio lógico e rápido
2
0
0
2
2,78
24-Discriminação
0
0
1
1
1,39
Total
25
24
23
72
100
obs. 1professor deixou em branc o, 1 professores realizou apenas 2 evocações, 1
professor realizou apenas 1 evocação
Verifica-se uma freqüência alta das respostas que considera a
inteligência superior como um conceito de altas habilidades/superdotação com um total
de 11 evocações (15,28%).A inteligência superior e a inteligência acima da média
foram as palavras evocadas e agrupada s nesta categoria.
A segunda categoria de respostas com maior freqüência foi à
necessidade de educação especial com 10 evocações (13,89%). As evocações agru padas
nesta categoria foram: educação especial, diferente, incomum, escola para todos.
A terceira categoria mais evocada relaciona -se aos termos altas
habilidades e talentoso foram evocados 9 vezes com a percentagem de 12,50%.
A necessidade de um trab alho diferenciado e com suporte para estes
alunos teve 9 evocações ( 12,50%) categorizadas através das seguintes palavras:
trabalho diferenciado, suporte, oportunidade, possibilidade.
Ao se utilizar o termo indutor conceito de altas habilidades/superdotaç ão
verifica-se um conjunto de categoria relacionada a facilidade de aprendizagem deste
aluno com 4 evocações(5,55%). A categoria aluno eficiente foi evocada 3 vezes ( 4,16)
com as seguintes palavras: eficiência, superação, perfeição. Verifica -se também o
raciocínio rápido e lógico com 2 evocações(2,78%), um percentual baixo comparando -
se à literatura e os materiais utilizados sobre o tema. Observa -se ainda uma outra
evocação também relacionada à potencialidade destes a lunos que foi observada pela
expressão futuro de uma geração e progresso , com 2 evocações (2,78%).
A criatividade, que é uma característica da superdotação, foi evocada
somente 3 vezes (4,16%) pelos professores que indicaram alunos para o programa.
76
Observa-se um conjunto de resposta que expres sa a dificuldade do
professor sobre este tema com 3 evocações (4,16%) verificada através da expressão:
desinformação e desamparo do professor.
Relaciona-se ao conceito de altas habilidades a dificuldade do aluno, que
foi verificada através da expressão dif iculdade de adaptação com 2 evocações ( 2,78%).
Observa-se ainda a categoria relacionada à família do aluno evocada
duas vezes com percentual de 2,78% evidenciando a necessidade de apoio familiar.
Algumas palavras foram evocadas somente 1(1,39%) vez e o foram
agrupadas em categorias, são elas: genialidade,dom, precoce, destaque, admirável,
liderança, essência, compreensão, facilidade em expressão discriminação, observador
do mundo.
As evocações de palavras obtidas através do termo indutor conceito s de
altas habilidades/superdotação dos professores respondentes do grupo 2 foram
analisadas e classificadas em 21 categorias (tabela 5). O número elevado de categorias
consideradas foi devido ao fato de se respeitar às evocações dos professores
respondentes.
Verifica-se uma freqüência alta com um total de 11 evocações (17,19%)
agrupadas nesta categoria de resposta que considera a inteligência como um dos
conceitos de altas habilidades/superdotação através das seguintes palavras evocadas:
inteligência acima da média, facilidade de compreensão, sabe tudo, visão ampliada,
visão de assuntos gerais. Uma outra palavra citada separadamente, com 1 evocação
(1,56%), relaciona inteligência a alto QI.
Tabela 5
Associação das palavras conceitos alt as habilidades/superdotação, por ordem de evocação de
26 professores do grupo 2.
Categorias e Palavras
1ª Evoc.
2ª Evoc.
3ª Evoc.
Freq.
%
1-Habilidade acima da média
0
1
1
2
3,13
2- Formação do professor
2
4
1
7
10,93
3-Inteligência
4
3
4
11
17,19
4-QI acima da média
0
1
0
1
1,56
5-Diferenças individuais
2
2
2
6
9,37
6-Dificuldades
1
2
2
5
7,81
7-Talento
1
0
0
1
1,56
8-Desenvolvimento
1
1
0
2
3,13
77
9-Raciocínio rápido
1
0
0
1
1,56
10-Criatividade evolução revolução
2
0
1
3
4,70
11-Facilidade aprendizagem
4
1
3
8
12,5
12-Desafio
0
2
0
2
3,13
13-acompanhamento especializado
2
1
2
5
7,81
14-envolvimento
0
2
1
3
4,70
15-Perigo
0
1
0
1
1,56
16-Genialidade
1
0
0
1
1,56
17-Destaque
0
1
0
1
1,56
18- Valorização do pensar
0
1
0
1
1,56
19Abandono
1
0
0
1
1,56
20-Interação
0
0
1
1
1,56
21-Alunos dinâmicos
1
0
0
1
1,56
Total
23
23
18
64
100
Obs.3 professores não realizaram as 3 evocações,5 professores realizaram duas evocações
A segunda categoria referiu -se à aprendizagem e teve 8 evocações
(12,50%) envolvendo os seguintes termos: facilidade de aprender, aprendizagem
diferente, vontade de aprender, co mpetência na aprendizagem.
Na terceira categoria mais evocada observa -se um conjunto de respostas
que expressa a necessidade da formação do professor sobre este tema. Esta categoria
teve 7 evocações (10,93%) analisadas através dos seguintes termos: especia lização e
capacitação profissional, conhecimento do professor, estudo, trocas de conhecimento.
Verifica-se, também, a categoria de respostas relacionadas à diferença
deste aluno em relação aos demais com 6 evocações (9,37%). As evocações agrupadas
nesta categoria foram: diferença, individual, singularidade, subjetividade. Esta categoria
nos remete a importância de um ensino especial que foi detectada através 6 evocações
(9,37%) dos professores analisadas nos seguintes termos: acompanhamento especial,
auxílio especializado, atenção especial.
A dificuldade de adaptação do aluno é associada ao conceito de altas
habilidades, por alguns professores, e obteve 5 evocações (7,81%), analisada e
categorizada através das seguintes evocações: dificuldade, ansiedade, inq uietação e
agitação.
Observa-se que a criatividade, a habilidade acima da média, e o
envolvimento com a tarefa, que são características do aluno superdotado/altas
habilidades, segundo autores citados no referencial teórico, aparecem com baixa
freqüência pelos professores do grupo 2. A criatividade foi evocada somente 3 vezes
78
com percentagem de 4,70%, O envolvimento com a tarefa é evocado 3 vezes ( 4,70%) e
a habilidade acima foi evocada 2 vezes (3,13%).
Verifica-se ainda duas categorias de respostas com 2 evocações (3,13%)
cada uma , são elas: desenvolvimento e desafio.
Algumas palavras foram evocadas somente 1(1,39%) vez e o foram
agrupadas em categorias, são elas: genialidade, destaque, talento, raciocínio rápido,
valorização do pensar, perigo, abandono , interação e alunos dinâmicos.
4.3.3- Evocação de três palavras através do termo indutor: atendimento em
educação especial
As evocações de palavras obtidas, através do termo indutor pelos
professores respondentes do grupo 1, foram analisadas e classific adas em 15 categorias
(tabela 6).
Tabela 6
Associação das palavras atendimento de educação especial, por ordem de evocação,
de 26 professores do grupo 1.
Categorias e Palavras
1ª Evoc.
2ª Evoc.
3ª Evoc.
Freq.
%
1-Individualizado e Especializado
3
3
0
6
7,90
2-Limitações/dificuldade/ Preocupação
4
4
4
12
15,79
3-Necessário/ Fundamental/ Essencial
2
1
2
5
6,59
4-Verba
0
1
1
2
2,63
5-Inadequado/ Inexistente/
5
6
3
14
18,42
6-Dedicação/ Amor pela profissã o/
6
4
2
12
15,79
7-Formação do Professor
2
3
5
10
13,16
8-Inteligência Múltipla
0
0
1
1
1,31
9-Desenvolvimento
1
1
0
2
2,63
10-Acompanhamento familiar
0
0
2
2
2,63
11-Adaptação
1
0
0
1
1,31
12- Apoio/ troca/ colaboração
1
2
2
5
6,59
13-Inclusão
1
0
1
2
2,63
14-Leitura de mundo diferenciado
0
0
1
1
1,31
15-Interação saúde /educação
0
0
1
1
1,31
Total
26
25
25
76
100
Obs 1 professor fez somente 1 evocação
79
A freqüência mais alta com um total de 14 evocações (18,42%) realizada
foi em relação a categoria de respostas analisadas e agrupadas que considera os
problemas em relação ao atendimento em educação especial, as palavras evocadas
foram: atendimento inadequado, inexistente, não padronizado, evasivo, burocrático,
pouco divulgado.
A segunda categoria mais evocada com um total de 12 evocações
(15,79%) foi a referente à característica do professor. Verifica -se as seguintes
evocações nesta categoria : dedicação, amor pela profissão, entrega, garra, carinho,
sensibilidade, envolvimento, responsabilidade.
A dificuldade do aluno foi uma categoria que obteve 12 evocações
(15,79%) sendo analisada nas seguintes respostas: limitações, dificuldades,
preocupação.
A importância da formação do professor no atendimento a educação
especial com um total de 10 evocações (13,16%) envolveu as seguintes palavras:
conhecimento professor, formação continuada, planejamento. O professor também
solicita apoio, troca e colaboração com um total de 5 evocações (6,59%) nesta
categoria. Estas duas característ icas mostram a necessidade que o professor tem por
fazer cursos e formações que enriqueçam seu fazer pedagógico.
Observa-se que o professor demonstra pouca ou alguma importância do
atendimento individualizado e especializado com um total de 6 evocações (7, 90%) e a
necessidade deste atendimento sendo considerado fundamental e essencial com um total
de 5 evocações(7,89%).
Verifica-se um grupo de palavras com 2 evocações (2,63%) cada uma ,
são elas: verba, desenvolvimento, acompanhamento familiar, inclusão.
Algumas palavras foram evocadas somente 1 vez (1,31%) e não foram
agrupadas em categorias, são elas: adaptação, inteligência múltipla, leitura de mundo
diferenciado, interação saúde -escola.
As evocações de palavras obtidas através do termo indutor pelos
professores respondentes do grupo 2 foram analisadas e classificadas em 18 categorias
(tabela 7).
80
Tabela 7
Associação das palavras atendimento em educação especial, por ordem de evocação,
de 26 professores do grupo 2.
Categorias e Palavras
1ª Evoc.
2ª Evoc.
3ª Evoc.
Freq.
%
1-Capacitação profissional
5
4
2
11
14,47
2-Integração família-escola
0
1
0
1
1,32
3- não aceitação familiar
0
1
0
1
1,32
4-Dificuldade para atendimento
5
3
4
12
15,79
5-Deficiente
2
4
1
7
9,21
6-sensibilidade do professor
4
6
4
14
18,42
7-Necessidades Individuais Especiais
1
2
1
4
5,25
8-Desafio e superação
0
1
2
3
3,95
9-Corretivo
1
0
0
1
1,32
10-Planejamento específico
0
0
4
4
5,25
11-Direito
5
1
3
9
11,84
12-Responsabilidade
0
1
0
1
1,32
13-Preconceito
1
0
0
1
1,32
14-Inclusão
2
0
0
2
2,63
15- recursos
0
0
1
1
1,32
16-Continuidade
0
0
1
1
1,32
17-Desenvolvimento
0
1
0
1
1,32
18-Estímulo
0
1
1
2
2,63
Total
26
26
24
76
100
Obs.2 professores realizaram 2 evocações,
A categoria de resposta com maior freqüência, com um total de 14
evocações (18,42%), foi em relação às características do professor que deve ter: amor a
profissão, garra, sensibilidade, paciência, dedicação, vocação.
A segunda maior freqüência de palavras evocadas por estes mesmos
professores, totalizando 13 evocações (17,10%), diz respeito às dificuldades
encontradas no atendimento da educação especial, as palavras evocadas foram:
atendimento inadequado, inexistente, não padronizado, evasivo, burocrático, pouco
divulgado. Evidencia -se, nestas evocações, a crítica ao atendimento, organização e
metodologia voltados para a e ducação especial. Tais críticas reforça m a necessidade de
mudanças profundas nesta modalidade de ensino.
A importância da capacitação profissional e o acompanhamento do
professor através de formação foi evocada 11 vezes (14,47%), demonstrando que o
professor não se sente devidamente capacitado para trabalhar com estes alunos .
81
Observa-se a categoria planejamento especifico com 4 evocações
(5,25%) com as seguintes palavras evocadas: planejamento específico e adaptativo.
Quanto ao atendimento, a deficiência foi evocada 9 vezes (9,21%)
através das palavras: deficiente, limitações e incapacidade; A necessidade especial foi
evocada 4 vezes ( 5,26%) ; e a importância do desafio e superação foi evocada 3 vezes
(3,95%)
Duas categorias de respostas obtiveram 2 evo cações (2,63%) cada uma,
são elas: inclusão e estímulo, ambas importantíssimas, embora pouco evocadas, porque
trazem a idéia de mudança de paradigma: deixa de existir a dicotomia ensino especial/
ensino regular e passa a ser uma escola inclusiva, para Todo s (Werneck, 1999).
Algumas palavras foram evocadas somente 1vez (1,32%) e não foram
agrupadas em categorias, são elas: preconceito, responsabilidade, corretivo, integração
família escola, não aceitação familiar, recursos, continuidade, desenvolvimento.
4.4. Dilema: mitos acerca da superdotação
4.4.1. Analise quantitativa dos Dilemas
A analise quantitativa foi realizada através do programa SPSS for
Windows, versão 15.0, utilizando o teste T para grupos relacionados.
Tabela 8 Levantamento quantitativo (SPSS) dos dilemas respondidos pelos
professores.
Paired Samples Statistics
Mean
N
Std.
Deviation
Std. Error
Mean
Pair
Indicou
19,5385
26
1,98456
,38920
1
Naoindic
16,3077
26
4,48793
,88016
Paired Samples Correlations
N
Correlation
Sig.
Pair
1
indicou &
naoindicou
26
,035
,867
82
Paired Samples Test
3,23077
4,84403
,94999
1,27422
5,18731
3,401
25
,002
indicou - naoindicou
Pair 1
Mean
Std. Deviation
Std. Error
Mean
Lower
Upper
95% Confidence
Interval of the
Difference
Paired Differences
t
df
Sig. (2-tailed)
No que se refere aos dilemas sobre mitos à cerca da superdotação
verifica-se que as respostas foram significativamente diferentes (p=0,02) entre os dois
grupos de professores desta pesquisa: média de 19,53 com desvio p adrão de 1,98 para
os professores do grupo 1, e média de 16,30 com desvio padrão de 4,48 para
professores do grupo 2.
4.4.2. Análise qualitativa dos Dilemas
Dilema 1: Direito ao Atendimento Especializado
a) Os alunos com altas habilidades / superdotação aprendem tudo sozinhos, sem
problemas?
A grande maioria dos professores que indicaram alunos para o programa
respondeu que os alunos não aprendem tudo sozinho. Uma das justificativas desta
resposta considera que estes alunos não aprendem tudo sozinho e q ue por falta de
conhecimento, muitas vezes são considerados problemáticos sendo discriminados.
Somente um professor respondeu que o aluno aprende tudo sozinho, porém em sua
justificativa propõe que “este aluno precisa de orientação por menor que seja”.
Observa-se nas justificativas deste conjunto de respostas alguns
exemplos da realidade e dos mitos da superdotação. Respostas como “eles precisam de
assessoramento, apoio incentivo e estímulos”; “precisam de acompanhamento”; eles
aprendem com mais facilid ade e rapidez, mais necessitam de um mediador desta
aprendizagem”; “precisam ser orientados” reforça a necessidade de um atendimento
específico para estes alunos.
83
Alguns professores acreditam na importância da escola, porém
evidenciam alguns mitos quando j ustificam a sua resposta como, por exemplo: “eles não
aprendem tudo sozinho precisam de orientação para lidar com este privilégio”;
“aprendem muita coisa sozinho, mas não tudo”. No entanto aprendem tudo muito
rápido quando lhe é ensinado”; “não aprendem t udo sozinho, mas creio que tenham
mais facilidade para aprender”.
A grande maioria dos professores neste agrupamento respondeu que o
aluno não aprende tudo sozinho justificando: “mesmo apresentando facilidade para
adquirir novos conceitos necessitam de est ímulo”; Evidentemente isso não é possível,
eles não sabem lidar com suas capacidades”; “muitos não sabem lidar com a sua
capacidade”; “há necessidade de estar orientando e explorando habilidade aparente”
O conjunto de respostas que o aluno não aprende t udo sozinho é
justificado com a necessidade de ter um professor mediador porque ele não sabe lidar
com este ‘privilégio’, com suas capacidades e habilidades. Desta forma, verifica -se o
e mito, de “que tudo para o superdotado é fácil e não precisa de muito esforço”, a
realidade é que o superdotado tem alta habilidade, com a qual nasce, que lhe
impulsiona, mas necessita de esforço e estudo para desenvolver estas habilidades.
Segundo Winner(1998) é um mito considerar que o superdotado não necessita de um
acompanhamento em sua trajetória de vida e que será um adulto eminente independente
de escola e de oportunidades que a educação poderá oferecer.
b) Você acha justo o aluno com altas habilidades ter o mesmo direito do aluno
com deficiência física, menta l, visual, múltiplas deficiência e surdo?
As justificativas das respostas sobre o direito do atendimento, segundo os
professores do grupo 1, o divididas em duas categorias. A primeira categoria de
respostas evoca os direitos de atendimento que são: “at endimentos democráticos, ou
seja, para todos. Todos no sentido amplo da palavra”; “ele deve ter o seu direito
respeitado”; “somos todos seres humanos, cidadãos e merecemos respeito”; “por que
são iguais, por serem humanos”; “o direito é de todos que precis am de atendimento
especial”; não sei qual o seu conceito de direito. Mas, acredito que este precisa ser
pensado enquanto cidadão que foge dos padrões ditos normais”. A segunda categoria de
respostas evoca a necessidade especial destes alunos e são agrupa das através das
84
seguintes respostas: “pois eles também precisam de atendimento especializado”;
“porque suas habilidades devem ser desenvolvidas”; pois todos necessitam de
atividade/atendimento educacional especial”; ele precisa ser direcionado e a ele deve
ser dada oportunidade”.
Um dos professores respondentes justifica o direito de atendimento pelo
fato deste alunos serem discriminados : “pois em muitos casos eles costumam também
ser discriminados, são NERDS”.
A grande maioria de justificativa das re spostas sobre o direito do
atendimento deste agrupamento foi apontada como sendo devido à necessidade deste
aluno, sendo estas: para que haja maior desenvolvimento intelectual do aluno”; estes
alunos necessitam de espaço e recursos apropriados e metodol ogias diferenciadas”;
pois durante a aprendizagem todos necessitam de orientação cada um com seu grau de
dificuldade”; o mesmo não sabe lidar com essas habilidades”; ele deve avançar de
acordo com suas necessidades”;“ até é porque é necessário orie ntá-lo”; é possível
desenvolver suas habilidades aprofundando e enriquecendo os aspectos curriculares”;
cada um com suas habilidades ou necessidades atendidas”;
Observa-se que um professor justifica sua resposta como direito: “o
direito deles é o mesmo só que em lados opostos”.
Somente um professor do grupo 2 respondeu que não acha justo os
alunos terem o mesmo direito com as seguintes justificativa: “talvez o aluno com
deficiência precisa mais da escola para se desenvolver”. Um outro professor des te
mesmo grupo respondeu que “é seu direito e não cabe a mim, discutir se é justo ou
não”.
Uma das respostas foi justificada da seguinte forma certamente a
pessoa com altas habilidades não apresenta algumas necessidades, porém, possuem
outras que deviam ter apoio legal. Como por ex. o direito a realizar pesquisa, investir
em livros, com plena gratuidade.
c) Os educadores podem escolher se devem encaminhar, seguindo a legislação,
os alunos com déficits e não encaminhar os alunos com altas habilidades /
superdotação?
85
A maioria dos professores do grupo 1 respondeu que devem encaminhar
seguindo a legislação. Três professores responderam que podem escolher se devem ou
não encaminhar sendo que somente um professor justificou sua resposta da seguinte
forma: “sim, porém estes devem ser sensíveis às capacidades múltiplas e ou
imperceptíveis dos educandos”. Um professor respondeu sim e o justificando a cada
necessidade deve-se oportunizar”. Uma das respostas de um professor evidencia que
“não é questão de es colher quem encaminhar, mas sim locais apropriados para
receberem os encaminhamentos, tendo esses locais não deve haver escolhas”. Um
professor respondente descreve queo é justo “mas muitas vezes a própria família não
tem vontade no encaminhamento”
Verifica-se na análise da justificativa desta resposta cinco categorias:
necessidade do aluno, professor tem o dever de encaminhar, seguir a lei, direito ao
atendimento e justiça.
A necessidade do aluno foi descrita da seguinte forma: “os dois
necessitam de atendimento de atenção de profissionais especializados”; “acredito que,
por ser considerado especial qualquer um deve ser encaminhado apara saber como
entendê-lo”; deve encaminhar se os mesmos perceberem habilidades”; não podem
escolher deveriam mandar ambos porque cada um tem sua especificidade”.
O dever de encaminhar foi descrito assim: “deveriam encaminhar tanto
os alunos com déficit, quanto os alunos com altas habilidades/ superdotação”; “todos
devem ser encaminhados”.
O professor deve seguir o qu e determina a lei foi observado nas
seguintes respostas: “devem cumprir a lei procurando seguir a ética e o respeito com
estes alunos”; “a Lei 9394/96 garante aos alunos portadores de altas habilidades o
mesmo direito dos alunos com déficit”; devem seguir o que manda a lei”; “devem
seguir a legislação vigente e encaminhá -lo”; “se alei existe deve ser para todos”.
O direito ao atendimento foi descrito da seguinte forma: “todos tem o
mesmo direito ao atendimento especializado”; “os dois têm o mesmo direito”. A
indicação como sendo questão de justiça para os alunos foi descrito assim: “o justo é
que ambos os casos, alunos com déficit e altas habilidades sejam atendidos em suas
particularidades”.
A maioria dos professores do grupo 2 também respondeu que devem
encaminhar seguindo a legislação. Sendo que um professor respondeu: o educador tem
86
livre escolha se pode ou não obedecer à legislação” e um outro professor descreve que
“cabe a cada educador julgar se ele acha necessário ou não” encaminhar este aluno.
Uma das respostas é justificada pelo professor como “o encaminhamento deveria ser
opção do aluno/responsável. Diferente do aluno com déficit mental, AH pensa por si
mesmo, tem instrumentos para refletir sobre suas escolhas”.
Verifica-se na análise da justifi cativa desta resposta três categorias:
necessidades do aluno, seguir a lei, direito ao atendimento. A necessidade do aluno foi
descrita da seguinte forma: “todos merecem uma atenção especial com o objetivo de
haver o desenvolvimento integral”; as escolas devem ter materiais específicos que
permitam aos profissionais identificar e encaminhar esses alunos e melhor planejarem
suas atividades”; ambos precisam de orientação específica”; todos os alunos com
necessidades especiais devem ser encaminhados”; a credito que todos devem ser
encaminhados.Assim, cada especialista saberá como melhor trabalhar com eles junto
aos profissionais. Assim, quem sairá ganhando é o próprio aluno”. O professor deve
seguir o que determina a lei foi observado nas seguintes respos tas: “se está na legislação
devem encaminhar”; o correto é encaminhar também os alunos de altas habilidades.
Lei é para ser cumprida”; “não podem escolher e sim se está na legislação devem
encaminhar”. O direito ao atendimento foi descrito da seguinte for ma: “todos tem o
mesmo direito”; “todos devem ser tratados com a mesma oportunidade”; “todos são
portadores de direitos”.
Quanto à questão de justiça no grupo 2, somente um professor justificou
que “seria injusto”. Observa -se ainda que um professor justif icou o atendimento
especial como necessidade do professor da seguinte forma “até porque dificilmente é
possível dar conta sozinho (professor)”. Um professor descreve a falta de
esclarecimento dos demais professores na justificativa do o encaminhamento não
deve escolher, mas muitas vezes não consegue diagnosticar o aluno com altas
habilidades”.
Verifica-se ainda que um professor respondente justifica que “os
educandos devem ser esclarecidos quanto a estes encaminhamentos”. Desta forma, esta
justificativa propõe que o aluno, e não o professor, é quem deveria ser esclarecido.
Assim, é o aluno que decide se é ou não importante participar do Programa, como se
este tivesse autonomia, poder de decisão e ciência de suas necessidades educacionais.
87
d) Os alunos com déficits merecem mais atenção, por parte dos educadores, que
os alunos com altas habilidades / superdotação?
A grande maioria dos professores do grupo 1 respondeu que os alunos
merecem a mesma atenção. Somente dois professores responderam que o alun o com
déficit merece mais atenção. A justificativa do primeiro professor foi que a atenção não
deve ser a mesma porém não devemos “esquecer os com altas habilidades”; o segundo
professor justifica que “ eu considero que os alunos com déficit aparecem mais na nossa
realidade escolar e, em certos momentos, eles terão prioridade dentro da sala de aula”.
Um professor respondeu sim/não justificado que todos merecem
atenção para que possam desenvolver de acordo com suas limitações”.
Verifica-se na análise da justificativa destas respostas duas categorias:
necessidade do aluno e direitos iguais.
A necessidade do aluno foi descrita da seguinte forma: todos
necessitam de atividades diversificadas para que os objetivos sejam alcançados”; nos
dois casos observa-se a necessidade de atenção especial”; “merecem atendimento dentro
de suas necessidades”; “ as vezes os que possuem altas habilidades se vêem tão
perdidos como os com déficit”; todos precisam ser atendidos e orientados”; “cada um
tem sua especificidade”; são atenções diferenciadas e direcionadas para a
especificidades apresentadas”.
Três professores justificaram esta resposta através do direito ao
atendimento com a seguinte expressão “ tem que ter direitos iguais”
A grande maioria dos professores respond entes do grupo 2 respondeu
que os alunos merecem a mesma atenção. Três professores responderam que o aluno
com déficit merece mais atenção. O primeiro não justificou a sua resposta e o segundo
justificou da seguinte forma: sinceramente, talvez precisem, c onsiderando que o outro
grupo possui mais facilidade”; o terceiro considera que “sim, pois precisam mais da
escola”.
Verifica-se também na análise da justificativa das respostas dos
professores respondentes do grupo 2 duas categorias: necessidade do aluno e direitos
iguais
A necessidade do aluno foi descrita da seguinte forma: “todos merecem
atendimentos adequados para suprir suas necessidades, as doses variam”; “os dois casos
88
apresentam alunos com dificuldade em lidar com as suas habilidades”; “os com alt as
habilidades podem encontrar outros tipos de dificuldades”; “todos necessitam de
atendimento em algum ponto específico”; “ambos necessitam de apoio e orientação
específica que atendam suas necessidades”.
Três professores justificaram esta resposta atravé s do direito ao
atendimento da seguinte forma: “todos tem o direito de receber atenção necessária do
educador”; “todos tem o mesmo direito a desenvolverem suas potencialidades”; “porque
um é mais importante que outro? Direitos iguais!”.
Um professor responde que todos merecem a atenção dos educadores,
mas vejo que é preciso um estudo mais aplicado à temática, a fim de oferecer mais
segurança ao professor regente e aos outros profissionais envolvidos”.
e) Os educadores que não encaminham os alunos com alt as habilidades/
superdotação, para atendimento especializado, deveriam sofrer sansões
oficiais?
Dos 26 professores respondentes do grupo 1, 5 responderam que
deveriam receber sanções e 1 professor respondeu que talvez.
A grande maioria dos professores ju stifica que não deveria receber
sanções porque deveria receber mais informações e orientações sobre as necessidades
especiais”. Esta justificativa também é analisada nas respostas: o deveria sofres
sanções e sim, receber mais informações a respeito. Fal ta informação”; os educadores
têm que ser informados e trabalhados a lidarem com esta situação”; muitas vezes não
esse encaminhamento, pois muitos professores não recebem orientações para o
mesmo”;
A descrença nas políticas públicas para o atendim ento das pessoas
superdotadas/altas habilidades foi apontada por um professor que justificou se ele tem
motivo para não acreditar no que o governo é capaz de fazer. Ele não deve sofrer
sanções”.
A falta de esclarecimento sobre a questão da superdotação/a ltas
habilidades pertencer à Educação Especial foi uma das justificativas do professor que
respondeu: “ o conceito de altas habilidades atrelado a Educação Especial é muito novo.
Não se pode ser punido por aquilo que estamos por descobrir”.
89
Um professor levantou a questão da formação deficiente como
justificativa para não receber sanções pelo não encaminhamento, este professor
descreve: nossa formação é deficiente, principalmente com a relação a educação
especial. Muitos não fazem o encaminhamento por de sconhecimento”.
As justificativas dos professores os quais responderam que deveriam
receber sanções pelo não encaminhamento são: “sim, devido ao sofrimento que poderia
evitar”; porque é um direito garantido por lei”; “sim, mas deveriam ser feitos cursos
para orientação dos educadores para essa prática”. “nos dois casos observa -se a
necessidade de atenção especial é uma questão de ética reconhecer o direito dos alunos
com altas habilidades”.
Quanto aos professores do grupo 2 é importante ressaltar que todos os
professores responderam que não deveriam receber sanções.
A grande maioria justificou que o professor necessita de orientação e
esclarecimento e não sanções. Verifica -se esta justificativa através das seguintes
respostas: “muitas vezes não há o encami nhamento, talvez, por falta de esclarecimento”;
“deveria receber mais informações sobre alunos com altas habilidades”; “deveria ser
encaminhado para grupos de estudo e formações continuadas”; “deveria ser melhor
orientado”; eu acho que o educador deveria ser mais esclarecido”; deveriam ser
orientados corretamente”. “sanções?! Orientações pedagógicas”; é necessário que se
ofereça maiores subsídios aos professores através de formação continuada”.
Quanto a orientação, um professor faz uma crítica ao sist ema
educacional da seguinte forma: deveriam ser orientados a faze -lo. As secretarias
deveriam ter núcleo de atendimento pois em geral priorizam as dificuldades e
promovem cursos voltados para a deficiência”.
Um professor justifica que o professor não de veria receber sanções
porque “nem sempre é fácil identificar/ter a certeza de ter alunos assim. Cada caso é um
caso. O professor responsável sabe suas obrigações”. Ressalta -se nesta justificativa que
o professor fica inseguro na indicação deste aluno acre ditando que deve ter certeza desta
indicação e demonstram medo, receio, exatamente pela insegurança. O porque de não
receber sanções é justificada devido à dificuldade de reconhecer este aluno e a
descrença da educação especial, este professor escreve: “nã o é questão de sanção.
Estamos lidando com profissionais responsáveis. É mais importante perguntar porque
90
ele não encaminha. Será que ele reconhece este aluno? Será que acredita na Educação
Especial para os alunos?”
Em uma das respostas o desconhecimento d a legislação é apontado
como justificativa para não receber sanções “seque estes educadores estão cientes da
legislação e sabem reconhecer alunos com altas habilidades?”.
Dilema 2 : A Prova de Matemática
a) Em sua opinião, o aluno com altas habilidade s pode vir a ter dificuldades de
matemática?
Dos 26 professores respondentes do grupo 1, somente um respondeu que
o aluno com altas habilidades não poderia ter dificuldade em matemática.
Alguns professores responderam que a aluna poderia ter dificuldade,
porém na justificativa apresentam uma visão mítica, como por exemplo: “sim, pode
haver conflitos interiores”; “depende da metodologia utilizada no ensino da
matemática”, “devido sua alta habilidade apara criar um bloqueio e o tornar igual aos
demais”; pode ser advinda de um bloqueio em relação à matéria ou essa não é a área
que domina com facilidade”; “sim, tanto em matemática quanto em outra disciplina,
principalmente se o seu foco principal for à aceitação no grupo do qual participa e não
na demonstração dos seus conhecimentos/potencialidade perante o mesmo”. De fato,
estas respostas estão relacionadas ao primeiro mito da superdotação (Winner,1998) e
demonstram a crença que o professor tem a respeito do bom rendimento escolar do
superdotado o fato de ter nota baixa é atribuída a problemas emocionais, a metodologia
e não a realidade que nem sempre estes alunos são superdotados em todas as matérias e
nem sempre tem bom rendimento.
Um grupo de respostas evidencia que a aluna pode ter dificuldade não só
em matemática, mas também em outras matérias. A dificuldade que a aluna apresenta
na matemática é justificada da seguinte forma: o mesmo pode sim vir a ter dificuldade
em matemática”; “sim, não só em matemática”; “pois ele apresenta altas habilidades em
determinadas áreas de conhecimento”; quem foi que disse que um aluno portador de
altas habilidades não tem dificuldade em especial, de matemática? É próprio do ser
humano desenvolver algumas funções mais do que a outra”.
91
Quanto ao aluno com superdotação ter dificuldade em matemática, 23
professores do grupo 2 responderam que o aluno poderia ter dificuldade, 2 professores
responderam não saber e 1 deles respondeu talvez.
Observa-se na justificativa deste grupo que somente 3 professores
responderam sem uma inte rpretação tica relacionada à dificuldade da aluna. Dois
professores têm a mesma justificativa “não na matemática como em qualquer outra
área”; o terceiro professor afirma ter altas habilidades não significa que o aluno
domina todas as áreas do conhec imento”. Tais afirmativas vêm de encontro ao que a
literatura relacionada ao tema apresenta.
Todos os outros professores respondentes do grupo 2 tiveram uma
justificativa de resposta mítica sobre esta questão relacionada a dificuldade desta
matéria. Observa-se em uma justificativa o foco do problema no professor, pois “muitas
vezes o bom rendimento depende da figura do professor, de como ele apresenta o
conteúdo”. Esta resposta demonstra que o aluno superdotado/altas habilidades não tem
dificuldade, o problema é do professor.
Um grupo de respostas está voltado para problemas emocionais e não
para possibilidades deste aluno ter realmente dificuldade. As justificativas relacionadas
a esta categoria de respostas dadas por este grupo de professores são: “a habi lidade pode
ser para tudo, incluindo criatividade, mas fatores emocionais podem excluir algumas”;
“apesar do meu conhecimento a respeito deste assunto ser limitado”. Considero que
emocionalmente abalado qualquer indivíduo pode ter dificuldade”; “sim, pois um dos
aspectos do desenvolvimento humano a ser muito levado em consideração é o afetivo.
Se o aluno bloqueia esta parte, não haverá interesse pelo conteúdo de aprendizagem. E
também, apresentar um alto nível de interesse em outras áreas que não seja a da s
ciências matemáticas”.
Verifica-se nas respostas desta questão, tanto nos professores do grupo 1
como os do grupo 2, a presença da visão mítica acerca da superdotação. O professor que
tem esta visão não admite a possibilidade deste aluno ter dificuldade. A realidade é que
o superdotado, como qualquer outra pessoa, pode apresentar dificuldade, não nesta
matéria como em qualquer outra.
92
b) Você acha que mesmo tendo dificuldades em matemática a mesma deixa de
ter altas habilidades?
Todos os professores respondentes da pesquisa responderam que a aluna
mesmo tendo dificuldade em matemática não deixa de ter altas habilidades. A grande
maioria dos professores o deu justificativa em suas respostas, porém observa -se entre
os dois grupos de professores di ferença na justificativa da resposta.
A maioria das justificativas do grupo 1 foi direcionada para a realidade
que este aluno pode ter habilidades em uma área e dificuldade em outra (s), a saber:
“pois as altas habilidades não costumam ser em todas as área s do conhecimento”; “não,
acredito que suas altas habilidades possam estar centrada em outra área que não seja das
ciências lógicas”; “ela pode apresentar essas habilidades em outras áreas”;
Somente um professor deste grupo respondeu, baseado na questão
emocional: “pois antes de ser uma portadora de altas habilidades ela é um ser humano
sujeito às instabilidades emocionais provocadas pela necessidade da convivência em
grupo”. Um outro professor respondeu que a aluna “precisa de atendimento
individualizado como todos os outros com dificuldade para saná -las”.
A maioria dos professores do grupo 2 justificou a dificuldade devido a
fatores emocionais. Desta forma, a aluna não deixa de ter superdotação, são as seguintes
as justificativas: “o problema apresentado e stá focado no motivo emocional que pode
ser transitório”; “muitos bloqueios podem levar esses alunos a apresentarem
dificuldades”; “isto pode ser apenas um bloqueio por não ser valorizado”.
Um pequeno grupo de respostas voltou -se para a realidade que este aluno
pode ter habilidades em uma área e dificuldade em outra (s), a saber: “ela pode ter
habilidade para outra área”; depende que lado está sua alta habilidade”; porque as
altas habilidades podem se manifestar em diferentes áreas de aprendizagem”.
Somente um professor justificou através do obstáculo do aluno na
matéria e este professor descreve: não, mas precisam conferir onde está o obstáculo na
matemática: metodologia, horário..."
Verifica-se neste conjunto de respostas que somente um professor aponta
para a necessidade de um atendimento diferenciado para este aluno e outro professor
sinaliza para a necessidade de uma metodologia adequada. A grande maioria justificou
sua resposta através das diferentes habilidades ou problemas emocionais.
93
c) Você acha correto um sujeito com altas habilidades se esforçar para manter
notas medianas para ser popular?
A grande maioria dos professores respondentes do grupo 1 da pesquisa
declara não ser certo o aluno manter as notas medianas. Somente 3 professores
responderam que acha certo; 2 professores não sabem responder, sendo que um
justificou sua resposta e o outro não; e ainda outro professor acredita não poder julgar.
As respostas de alguns professores foram analisadas e agrupadas nas
seguintes categorias: nece ssidade de ser aceito; necessidade de orientação e atendimento
Quanto à necessidade do aluno ser aceito, verificam -se nas seguintes
respostas dadas pelos professores deste grupo: “sim, todos querem ser aceitos”; “não,
ele pode ser popular sendo excelente, mas deve ser bem complicado”; “pode não ser
correto, mas é a forma que encontram para não serem discriminados, talvez”; “não acho
certo esse tipo de comportamento mesmo acreditando que as crianças superdotadas
possam reagir desta forma perante o grupo como forma de defesa a rejeição”; “quem
sou eu para achar correto, não posso julgar. É o esforço para se tornar igual e ser
acolhido por uma sociedade que rejeita o diferente”. Esse grupo de respostas traz à tona
a dificuldade de qualquer aluno que foge aos pa drões medianos do grupo em que está
inserido, de se fazer aceito pelo mesmo. Estes padrões medianos podem ser
relacionados aos aspectos físicos, sócio -educacionais, étnicos, sócio -econômicos, dentre
outros.
A necessidade de orientação e atendimento é det ectada nas seguintes
respostas dadas pelos professores: não, por isso é que precisa ser atendido”; “não acho
correto, porém o portador de altas habilidades precisa ser orientado”; “não, cabe ao
profissional favorecer o desenvolvimento e ajudar o aluno na interação”; “não esse
proceder deveria ser trabalhado e orientado por um profissional habilitado”; “acredito
que ela necessita de apoio psicológico para que isso seja trabalhado”.
A dificuldade de conviver com esta situação é descrita da seguinte forma
por um professor respondente: “se é correto não sei, pois o sou, mas que deve ser
muito difícil conviver com isso deve”.
Um professor respondeu que é correto manter as notas medianas “pois
ele não precisa dominar todas as áreas do conhecimento”; outro respo ndeu que é correto
94
“se esta necessidade for prioritária em relação a ser considerado portador de altas
habilidades. Aqui o campo emocional; afetivo se sobrepõe ao cognitivo”. Tal afirmativa
nos remete ao diagrama (figura 2) proposto por Mettrau (2004). Já um terceiro professor
descreve “evidente, ser portador de altas habilidades não o faz especial”.
Observa-se que um professor julga como sendo esta situação “uma causa
social quando o grupo que o mesmo freqüenta não tem conhecimento sobre tal. E
ocorre o preconceito”. Outro professor descreve que “é uma escolha do aluno
influenciada pelo sistema social”, provavelmente se referindo aos aspectos
socioculturais.
Verifica-se duas respostas relacionadas as reações e emoções da pessoa
superdotada: “a falta de i nformação é que leva ao preconceito e deixa o superdotado
melindrado” e não, certamente este sujeito será infeliz”. Mettrau (2000) propõe, como
uma das justificativas para o atendimento, a importância deste aluno se sentir feliz.
Percebe-se, no grupo 2 da pesquisa, que o professor não se colocou no
lugar do outro para fazer o julgamento sobre esta pergunta através das seguintes
expressões: o bom censo é dele. O que o deve ocorrer é frustração”; “depende da
pessoa”; “sim”; não”; “depende. O que lhe trá s maior satisfação: ser o inteligente ou
ser o popular?”; “correto não é, mas o que leva um aluno agir desse jeito?”; “se ele acha
que dessa forma vai ser aceito pelo grupo?”; “somente o sujeito envolvido sofrerá
conseqüência de ser diferente, portanto é e le quem deve decidir sobre suas ações”.
Algumas respostas neste grupo de professores também evidenciam a
necessidade de orientação e atendimento detectada nas seguintes justificativas: “não, ele
deve ser orientado, pois chegou a esse tipo de comportamento por se considerar fora de
um grupo”; “não, esse tipo de problema deveria ter sido trabalhado com Maria”; “não,
se ele tiver oportunidade de freqüentar espaços apropriados isso não ocorrerá”.
A necessidade de ser aceito também aparece no grupo 2 da seguint e
forma: “não, mas existe a questão de ser aceito pelo grupo”; “correto não acho, mas
conheço outra criança que tem esse posicionamento para se manter integrada no grupo”;
“é compreensível, às vezes o meio social não perdoa, mas não é justo”; “acredito ser
uma defesa para se sentir aceito. Não trata de ser certo ou errado”;
Um dos professores justifica sua resposta através da necessidade de
aceitação e atendimento: Conforme as etapas do desenvolvimento humano, é normal
que, por exemplo, no caso de Maria, u ma jovem, querendo ser aceita no grupo submeta -
95
se tal iniciativa, buscando não se destacar. Tal situação precisa da devida intervenção,
afim de que o aluno desenvolva -se plenamente e não anule o seu potencial”.
A justificativa acerca do mito de que superdo tado não precisa se esforçar
(4º e mitos, Winner, 1998) e do mito de excessiva saúde psicológica (Winner, 1998)
que remete a afirmativa que crianças superdotadas têm saúde psicológica e são mais
populares ( mito, Winner,1998) é observada na seguinte resposta: “popular ele é,
pois de alguma forma ele está em evidência. Em relação as notas ele não precisa se
esforçar como os outros, mas não dá para desconsiderar o mínimo de dedicação”.
Observa-se nas justificativas dessa pergunta, principalmente n o grupo 1,
a maior incidência de respostas sobre as necessidades deste aluno em ser aceito e em ter
um atendimento especial. Esta necessidade quase o aparece nas outras perguntas. É
importante ressaltar que esta pergunta foi feita para proporcionar uma t roca de papéis
entre professor aluno. O professor se coloca na posição do outro, se identifica e faz
seu julgamento. Segundo Gilly ( em Rangel 1999): as situações de julgamento sobre o
outro o interessantes igualmente por serem particularmente revela doras dos aspectos
mais funcionais da representação”. Desta forma, o professor julgou que esses alunos
têm necessidades que devem ser atendidas.
d) Você acha que Maria tem mesmo dificuldade em matemática ou é mais um
artifício dela para ser igual aos dema is alunos?
Verifica-se na análise da justif icativa das respostas do grupo 1 da
pesquisa três categorias: artifício, início artifício que virou bloqueio e dificuldade.
A categoria que justifica o artifício que Maria utiliza é evidenciada
somente em duas respostas: “Acho que é um artifício, mas que produz efeito e assim ela
cria um bloqueio mediante a matéria matemática”; “Acredito que seja um artifício”.
A categoria que justifica inicialmente ter sido um artifício o qual se
tornou um bloqueio é evidenciada através das seguintes respostas: “A princípio foi um
artifício que lhe gerou um bloqueio, prejudicando -lhe a aprendizagem”; Acho que de
início ela usava este artifício, mas por fim, a forma como os professores trabalhavam
com ela adiantando o conteúdo se m trabalhar as dificuldades iniciais prejudicou o
processo de aprendizagem da aluna, causando insegurança e bloqueio para o ensino da
matemática”. “Não, a busca pela igualdade com os demais colegas de classe gerou um
96
conflito que Maria não está conseguind o gerenciar”; “Não, ela criou o bloqueio a fim de
adaptar-se. Talvez acredite realmente que tem dificuldade. Ela se condicionou a ter
dificuldade e ocasionou um bloqueio parcial ou momentâneo”; “Acho que a sua
capacidade foi afetada no momento que ela come çou a bloquear o ensino da
matemática”.
A dificuldade foi justificada com as seguintes respostas: “Maria possui
dificuldades nessa disciplina. Os professores não estão sabendo lidar com as suas
habilidades e suas dificuldades”; “Sim, pois ela não domina to das as áreas de
conhecimento”; “Acredito que tenha mesmo dificuldade em matemática que pode ter
sido acarretada pela importância de ser aceita no grupo gerando um bloqueio e pela
falta de sensibilidade/conhecimento dos seus professores, que não foram capaz es de
perceber a situação, acelerando o conteúdo”; “Acho que ela está realmente sentindo
dificuldade, pode ser até um bloqueio, o acredito que quanto a esse aspecto Maria
esteja simulando, mas é preciso acompanhar o aluno”; “Acredito que ela pode ter sim
dificuldades”.
Verifica-se um grupo de resposta em que o professor não define se é
dificuldade ou artifício, estas respostas o: “Nem uma coisa, nem outra. Acredito que
Maria mereça ter as dúvidas trabalhadas. Preconceito é acreditar que ela não tenha
necessidades de atenção”; “Pode ser que sim ou o, o aluno para ter altas habilidades
não precisa ser o melhor em tudo”; “Acho que poderá ser um dificuldade ou artifício”;
“É difícil de avaliar tendo conhecimento somente dos dados acima citados, porém é
provável que tal situação esteja trazendo prejuízo”;
Verifica-se na análise da justificativa das respostas dos professores
respondentes do grupo 2 quatro categorias: artifício, bloqueio, dificuldade, problemas
emocionais.
A categoria que justifica o artifício que Maria utiliza é evidenciada
através das seguintes respostas: “acho que é um artifício”; acredito que seja um
artifício que encontrou para ser igual aos demais”; “pode ser um artifício, pois para
muitos a matemática é matéria de gênios”; “só um artifí cio inconsciente”; “Acredito ser
um artifício”.
A categoria que justifica o autobloqueio de Maria é evidenciada através
da seguinte resposta: “Conforme citado acima, ela tem se autobloqueado”;
97
A categoria que justifica que Maria tem mesmo dificuldade é ve rificada
através das seguintes respostas: acredito que ela pode ter dificuldade”; “não, acredito
que ela tenha dificuldade em matemática, pelo que foi relatado”; “acredito que possa
mesmo ter dificuldade em matemática”; “ela pode ter dificuldade mesmo po ssuindo
facilidade em outras matérias”; “acredito que ela possa ter dificuldade”; “Maria tem
dificuldades em matemática”; “se é um artifício, Maria não está controlando o seu
“desconforto” ...Parece ser dificuldade”; “acredito que tenha mesmo essa dificuld ade e
está sendo pior, pois novos conteúdos junto com novos desafios vão se acumulando as
dificuldades já pré existentes”;
A categoria que justifica problemas emocionais e sociais de Maria é
verificada através das seguintes respostas: “por não saber lida r com suas altas
habilidades ela acaba se sentindo insegura”; “entendo que o aspecto afetivo está
prevalecendo sobre o cognitivo neste caso, porque a aluna quer ser aceita pelo grupo,
mas não significa que tenha dificuldade.Faz -se necessário uma intervençã o pedagógica
para que trabalhe, elabore melhor tais ações em seu pensamento e consiga atingir os
objetivos de aprendizagem com atividades diferenciadas para envolvê -la”;”Maria
precisa de ajuda. Eu sugiro florais de Bach”.
Alguns professores não sabem se é artifício ou dificuldade, observa -se
este conjunto de resposta nas seguintes justificativas: “não. Acho que ela tem
dificuldade porém não considero artifício, seria necessário mais informação para
avaliar”;“não sei, seria preciso um acompanhamento mais esp ecífico do caso”; “ela
pode realmente estar com dificuldades ou querer ser igual aos colegas. Nesse momento
cabe um olhar mais especial do educando”; “eu não saberia, com conhecimento de
causa, responder a esta questão”;“não consigo responder essa questão. Porém o que
chama minha atenção é o fato de Maria o aceitar que tem ah”; “todas as opções são
possíveis. No entanto, o texto cita que ela tem -se bloqueado para a matemática. Os
professores após classificá-los com altas habilidades apresenta a tendência a ignorar
que ela possa não apresentar facilidades neste campo. Passando a psicologizar suas
ações (bloquear). Um olhar mais direcionado ao pedagógico mostraria a possibilidade
deste não estar aprendendo por motivos outros”.
98
Dilema 3 : O aluno superdota do
a) Deveria haver alunos indicados como superdotados em todas as escolas do
Brasil?
Dos 26 professores do grupo 1 da pesquisa, 19 responderam que
alunos superdotados em todas as escolas brasileiras, 4 responderam que não há, 2
responderam que não s ei, 1 respondeu que depende e outro deixou em branco
Observa-se nas respostas analisadas a afirmativa de que alunos em
todas as escolas, porém algumas justificativas para tal são baseadas em mitos e não na
realidade apontada na literatura. A realidade quanto a existência deste aluno é que,
segundo estatísticas nacionais e internacionais, os portadores de altas habilidades estão
contidos em uma faixa de 1% a 10% de qualquer população(Mettrau, 2000, entre outros
autores).
Dezenove professores responderam que alunos, somente cinco
justificaram suas respostas. As justificativas foram: sim o Brasil precisa de gênios, é
legal saber que existem pessoas assim”; sim, porém as professoras e professores não
têm conhecimento suficiente para detectá -los”; “sim, pois a existência de pares
enriquece a construção do conhecimento e melhora (acredito) o relacionamento
interpessoal”; Sim, porém antes os profissionais deveriam ser preparados”; “sim a
porcentagem é de 3% em cada turma o?”. Neste conjunto de respostas observa-se o
conhecimento do professor de que este grupo de alunos nas escolas. Tal informação
foi trabalhada durante a formação continuada, na época da implantação do Programa na
Rede.
Ressalta-se que a resposta o Brasil precisa de gênio, é legal sabe r que
existem pessoas assim” evidencia uma visão mítica e idéias errôneas sobre este aluno,
como tem sido usual acontecer. O superdotado não é gênio, nem é bom em tudo e a
realidade é que ele necessita de um trabalho diferenciado em sua vida escolar para
melhor aproveitamento de seu potencial.
Somente um professor respondeu que não alunos nas escolas e
justificou esta posição da seguinte forma: indicar um aluno como superdotado não é
algo muito simples”. Dois professores questionam os possíveis critério s de avaliação
destes alunos: “se for atendendo a critérios calçados no estudo das possíveis
99
características, sim, por achómetro, não”; “existindo alunos com características de altas
habilidades deveriam ser encaminhados para uma avaliação mais precisa em qualquer
escola da Brasil”.
Um professor responde “não sei, acho que quando todos os
envolvidos com a educação /formação destes forem sensíveis às suas necessidades”;
outro professor responde com outra pergunta “Quem saberia?”; um terceiro professor
responde da seguinte forma: “depende da demanda existente, possivelmente levantada
através de pesquisa de campo”.
É importante ressaltar que os professores respondentes desta pesquisa
passaram por uma formação sobre este tema, porém ainda o se sentem p reparados. A
realidade é que estes alunos não podem esperar a formação de todos os professores,
conforme sugestão de um participante da pesquisa, para serem indicados para uma
programação. Este aluno precisa ser indicado e atendidos em suas necessidades
conforme determinações legais.
Dos 26 professores respondentes da pesquisa do grupo 2, 14
responderam que alunos superdotados em todas as escolas, 4 responderam que não
alunos,3 talvez, 1 professor deixou a resposta em branco,1 professor depende da
escola, 1 respondeu que a pergunta não está clara e 2 professores não responderam nem
sim nem não, porém justificaram suas respostas da seguinte forma: “ o que deveria ter
é boa oportunidade para todos os alunos do Brasil. Acredito que um trabalho de
qualidade supere as limitações”; “o lugar do aluno é dentro de sala de aula com os seus
pares (alunos)...”
É claro que deveria ter bons profissionais em todas as escolas, porém é
importante também que os educandos tenham assegurado as suas necessidades
especiais garantida conforme consta em determinações legais citada neste trabalho
como, por exemplo, a Lei 9394/97 em seu Artigo 59.
Verificam-se as seguintes justificativas de respostas dos professores do
grupo 2 que responderam que alunos superdotad os em todas as escolas: sim.
Acredito que muitos passam despercebidos, quando se deveria estimular e enriquecer
suas potencialidades”; “sim, se for para oferecer oportunidade de desenvolvimento de
suas habilidades e o para se rotular”; “sim e seria prec iso um acompanhamento
diferenciado”; “deveria haver uma avaliação para se encontrar esses alunos e assim
poder orientá-los”; “Sim e escolas apropriadas para populações”; “sim. Para melhor
100
realização de um trabalho com esses educandos”; “sim. Certamente tem os alunos com
estas características em algumas partes do país”; “sim. Talvez ele não tinha altas
habilidades. Se de fato eles forem superdotados devem ser indicados e trabalhados”;
“sim, porque diante de tantos alunos brasileiros, quantos o estão desperd içados,
principalmente os de lares mais carentes”.
Percebe-se nas análises destas respostas que os professores do grupo 2
responderam esta questão muito mais pautados na realidade do que nos mitos e idéias
erradas sobre superdotação/altas habilidades. Res salta-se que somente nesta pergunta o
grupo 2 dos professores desta pesquisa teve respostas mais pautadas na realidade do que
os do grupo 1.
Uma questão significativa que se apreende na comparação dos dois
grupos de pesquisa quanto a esta pergunta é que o grupo 1 respondeu esta pergunta
com uma visão muito mais mítica do que o grupo 2, porém, apesar da visão mítica o
grupo 1 indicou aluno.
b) Pelos dados expostos neste dilema podemos afirmar que João é um aluno
superdotado?
Dos 26 respondente do gru po 1, dezesseis responderam que o aluno não
é superdotado, 4 responderam que o alunos é superdotado, 3 responderam não saber, 1
respondeu talvez e 2 responderam que necessitam de mais informações.
Somente 2 professores responderam que o aluno o é superdo tado
justificaram suas respostas pautadas na necessidade de um especialista para realizar
esta afirmação, como por exemplo: “só um especialista poderia diagnosticar. Digo,
alguém que poderia reconhecer as características”; ou importância fazer uma
sondagem mais específica “.
Observa-se um outro grupo de respostas que justifica serem os dados
pouco precisos para afirmar que seja um superdotado como por ex: “Não
necessariamente. Somente pelo acima exposto, não!”; Não possuo dados suficientes
para afirmar isto”; pode ou não ser somente esta característica não o define como
superdotado”; “acredito que precisamos de mais informações para fazer tal afirmação”;
“o dilema apresentado não é suficiente para apontá -lo como superdotado”; “somente
101
com estes dados não”; “Pode ou não ser somente esta característica não o define como
superdotado”.
Um grupo de professores respondeu que, pelas características
apresentadas no dilema, este aluno não é superdotado, por exemplo: “não acredito,
isolar-se pode ser um meio de defender-se de chacotas e outras situações
desagradáveis”; “Não. acredito que ele possa ser apenas um aluno interessado em
adquirir mais conhecimento”; “pode ser dificuldade de relacionamento pelo seu aspecto
físico e ser um adolescente, como também pode s er superdotado”; “não, pelo tipo físico
o aluno pode ser retraído, tímido. Não para fazer uma análise”; Não o isolamento
pode ter muitas causas”.
Dois professores atribuíram a problemas psicológicos o comportamento
do aluno: pra ser sincera, parece es quisito, por querer estar isolado, precisa na minha
opinião, de acompanhamento psicológico”; “nem sempre, pode ser uma criança com
problemas psicológicos”.
Os professores que responderam sim justificaram da seguinte forma:
“Sim, pois a ausência de pares, d e uma ação pedagógica que considere o potencial do
aluno, estimulando-o, acaba por fazer com que ele se isole, dedicando -se ao que mais
gosta de fazer...”; sim independente do seu comportamento o qual é solitário”; “parece
que sim”.
Dos 26 respondentes da pesquisa do grupo 2, vinte e três responderam
que o aluno não é superdotado, 1 respondeu que o alunos é superdo tado e 2
responderam não saber.
Verifica-se que a grande maioria dos professores respondentes deste
grupo não justificou suas respostas. Nas a lises das respostas os professores que
justificaram declararam que os dados descritos no dilema são insuficientes para
responder tal questão, como por exemplo: é difícil dizer apenas com as informações
acima”; não. Existem critérios que necessitam ser av aliados com mais profundidade”;
“não tenho dados suficientes para afirmar”; “não precisamos de maiores dados para
confirmar essas hipóteses”; “não, sem uma análise mais profunda o se torna possível
responder. Os dados levantados no texto remetem ao estig ma decorrente do biótipo e de
seu comportamento (leitor) provocando seu distanciamento. Não podemos esquecer que
a leitura é um ato solitário”; percebo que outros dados precisam ser levantados para
avaliarmos se João é realmente superdotado, mas acredito que a escola deveria
102
preocupar- se com o aluno, buscando alternativas de socialização e valorização das
idéias do mesmo. Assim, haveria um melhor levantamento das características de João,
levando a avaliação contínua e a qualidade do ensino"; Não é possí vel avaliar a partir
das informações apresentadas. Ele pode ser tímido, introvertido”.
Verifica-se que alguns professores justificaram suas respostas como
sendo as características do aluno com indícios de problemas emocionais e de
relacionamento interpesso al, como por exemplo: não, parece-me tímido e deve gostar
muito de ler”; ele pode ser mais um aluno tímido com dificuldades em se relacionar,
tendo apenas os livros como amigos”; “sim, considerando a leitura conhecimento
adquirido. Mas trás problemas com a relação interpessoal”; “não, ele pode ser apenas
uma pessoa tímida”.
Observa-se, nas justificativas apresentadas, não somente a necessidade
de mais dados para realizar esta indicação do aluno como também a importância de
avaliar no sentido de procurar so luções para a situação que o aluno se encontra. De fato,
a avaliação não é para fazer um Juízo Final, conforme descrito nesta dissertação
Barlow(2006) faz uma crítica a este tipo de avaliação escolar que “dá a escola um
poder de discernir o valor supremo de um aluno e de formular um julgamento
definitivo a seu respeito”. Desta forma fazer um juízo final não é avaliar é rotular e esta
não é a proposta do programa de altas habilidades que propõe uma avaliação dinâmica e
processual e também não é a propost a das avaliações realizadas no âmbito escolar.
c) A opção de João em sentar -se no fundo da sala e ficar, somente, com seus
livros é uma característica de aluno superdotados?
Dos 26 professores do grupo 1, dezesseis responderam que não, 3
responderam que sim, 3 que nem sempre, 3 que talvez e 1 que não sei.
Um grupo dos professores justificou serem as características
apresentadas pouco precisa para afirmar que o aluno seja um superdotado como por ex:
“Sim, porém deverão ser analisadas outras característi cas apresentadas”; penso que
para um aluno para ser considerado superdotado deve apresentar um somatório de
características. As características apontadas podem sinalizar algo, porém não são
determinantes”.
103
Verifica-se que um outro grupo em sua justificati va indica problemas
emocionais do aluno e não superdotação: “creio que pode ser mais timidez ou complexo
de inferioridade, baixa estima”; “sim, pode ser entendida esta opção como autonomia
alcançada por João, sem necessidade de maiores explicações ou por n ão encontrar eco
no grupo em relação a convivências, devido a sua baixa auto estima, não se permitindo
uma aproximação maior com os colegas”; “não pode ser apenas auto defesa ou baixa
estima pelo seu biótipo e problemas de visão”; “pode ser, mais é muito p ouco para fazer
esta afirmação”; “acho que não. Ele só é muito tímido e prefere a companhia dos
livros”; “sinceramente não sei, mas qualquer aluno tímido poderia se comportar desta
forma”; “Existe a possibilidade, mas outros fatores podem causar o isolamen to”.
Um professor responde que não é característica do superdotado
justificando que “não o Superdotado, na maioria das vezes tem espírito de liderança e
gosta de mostrar que sabe”. Outro professor responde que pode ser, porém “não tenho
conhecimento do ass unto o suficiente para afirmar que é uma característica de aluno
superdotado”.
Nota-se ainda que 3 professores responderam sim, porém somente
um completou sua justificativa desta forma: “sim é uma característica de
comportamento”. Um professor respondeu nem sempre justificando com outra
característica que acredita ser de superdotação: “nem sempre. conheci alunos
superdotados muito agitado e brincalhão”.
Dos 26 professores do grupo 2, dezessete responderam que não, 4
responderam que nem sempre, 2 respon deram que sim, 2 responderam o poder
afirmar e 1 professor deixou em branco.
Um grupo destes professores justificou ser as características apresentadas
pouco precisa para afirmar que o aluno seja um superdotado, como por exemplo:
“não,esta característica é pertinente a vários outros problemas e é necessária uma
avaliação mais criteriosa; “somente esse fato acho que não. É necessário observá -lo em
outros aspectos para podermos confirmar ou não o fato de ser superdotado”; “Pode ser
se observarmos outras car acterísticas. o podemos dar esse parecer com dados
superficiais”. Não, pode até ser um indício, mas o podemos classificá -lo apenas por
esse comportamento”; “não acredito, outros fatores deveriam ser observados e
analisados para se chegar a essa conc lusão”.
104
Verifica-se que um outro grupo, em sua justificativa, indica como
problemas emocionais e sociais do aluno e não superdotação: “Nem sempre, alunos com
dificuldades, difíceis de se relacionar ou que querem ficar apresentam esta
característica”; “não necessariamente. Pode ser uma fuga, ele pode ter problemas de
relacionamento”; “não, cada um desenvolve uma habilidade específica que pode lhe
trazer diferentes problemas”; nem sempre. Alunos com dificuldade s difíceis de se
relacionar ou que acred itam que são diferentes dos outros também se isolam”;“não
necessariamente; esta é uma fase de João que parece introspectivo, tímido e pouco
motivado a vida social. Futuramente ele pode estar apresentando um outro perfil,
dependendo de como resgatar sua au to-estima e etc”; “não, é característica de um aluno
com dificuldade de relacionar com o grupo”.
Observa-se um dado interessante em uma das respostas do professor
referente ao fato de que desenvolver habilidade traz problemas para o aluno. Algumas
questões nesta justificativa de respostas poderiam ser levantadas como: desenvolver
habilidades traz problemas? Uma das funções da escola não é desenvolver habilidades?
A idéia do aluno que fica isolado dos demais companheiro e que fica
acompanhado de livros é um mito da superdotação. O objetivo desta questão foi causar,
através da análise dos professores, um conflito cognitivo(Turiel,1977) por meio de um
confronto de opiniões atuando como um instrumento de desmistificação deste mito. De
fato, observa-se nas respostas deste dilema algumas tomadas de posições dos
professores quanto aos possíveis problemas sociais, emocionais entre outros que este
aluno pode estar apresentando.
105
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O baixo quantitativo de indicação de alunos com superdo tação/altas
habilidades realizado pelos professores do Município de Duque de Caxias é investigado
neste trabalho com objetivo de verificar as dificuldades encontradas neste processo.
Ainda que tenha sido baixo o quantitativo de escolas que encaminharam
alunos, através da avaliação dos alunos indicados pelos professores, constata -se que as
orientações, trabalhadas ao longo da capacitação sobre o tema, favoreceram a
identificação dos alunos com altas habilidades, criativos e talentos nesta rede de ensino.
Desta forma, constitui -se o grupo de pesquisa os 52 professores
respondentes que participaram da implantação do programa de atendimento aos alunos
com altas habilidades no município, que são divididos nesta pesquisa em dois grupos:
grupo 1, professores que indicaram alunos para o programa, e grupo 2 professores que
não indicaram alunos.
Nesta pesquisa verifica -se que diferença comparando os dois grupos
de professores respondentes no que se refere às evocações de palavras através dos três
termos indutores: pessoas com altas habilidades, conceito de altas habilidades e
atendimento em educação especial. O grupo 1 evocou palavras encontradas na literatura
sobre este tema com maior freqüência do que o grupo 2.
Na aplicação dos dilemas são evidenciadas também diferenças
significativas tanto qualitativamente quanto quantitativamente. Na análise qualitativa,
realizada através do programa SPSS for Windows, verifica -se que as respostas foram
significativamente diferentes (p=0,02) entre os dois grupos de professores , com média
de 19,53 com desvio padrão de 1,98 no grupo 1 e média 16,30 com desvio padrão de
4,48 no grupo 2.
Ao analisar os três dilemas é evidenciado nos 2 grupos da pesquisa,
através das análises das justificativas dos professores , alguns mitos da sup erdotação
(Winner,1998). Estes mitos e idéias errôneas dificultam a observação deste aluno em
sala de aula e conseqüentemente a sua indicação para atendimento específico.
O mito mais encontrado nesta pesquisa é o que se refere ao fato de que
os superdotados são alunos academicamente superiores com bom rendimento escolar. A
106
realidade é que nem sempre estes alunos têm bom rendimento escolar e raramente são
superdotados em todas as matérias.
Um outro mito encontrado na pesquisa é que este aluno não necessita de
atendimento especial. A realidade é que estes alunos necessitam de um atendimento
diferenciado, sendo este garantido em leis. Os profissionais que têm esta visão mítica
propõem uma educação igual para todos os alunos, não acreditando no atendimento
especial para estes.
Verifica-se neste trabalho que o professor tem a visão de que educação
especial é uma modalidade de ensino voltada para alunos com deficiência. Desta forma,
o superdotado/ altas habilidades não fazem parte desta modalidade de ensino. A que stão
levantada para estudos posteriores é: a educação especial seria realmente a modalidade
de ensino onde estes alunos deveriam ser atendidos?
Através das análises das evocações realizadas pelos professores acerca
do atendimento em educação especial é ev idenciado, também, que o professor tem a
representação social que para atuar com este aluno é necessário ter as seguintes
características: ser sensível, ter amor a profissão, dedicação, entrega, garra, entre outras.
As questões a serem levantadas quanto a esta representação social são: onde fica a
importância do aspecto técnico e profissional? E a metodológia? Seria realmente a
educação especial um trabalho que exige somente amor e entrega?
Um outro aspecto analisado é quanto à questão da inclusão, este t ermo
encontra-se em evidência na educação especial como uma perspectiva de mudança de
paradigma, porém este foi evocado somente duas v ezes nesta pesquisa. Tal fato faz
refletir que a educação especial necessita realizar esta mudança de paradigma em sua
prática educacional.
Conclui-se assim, que fortes indícios de que os mitos acerca da
superdotação são fatores que influenciam quanto à indicação/não indicação destes
alunos. Desta forma, se faz necessário trabalhar junto aos professores estes mitos e as
idéias errôneas sobre este tema.
107
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capturado em 22 de julho de 2007.
116
ANEXOS E APÊNDICES
117
Apêndice 1
Carta endereçada aos dir etores das Unidades Escolares dos
professores participantes da pesquisa
118
Duque de Caxias, 03 de abril de 2008.
Senhor Diretor,
Eu, Sonia Maria Lourenço de Azevedo, psicóloga educacional da
Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias e, a tualmente, diretora da E.M.
Regina Celi da Silva Cerdeira Centro de Referência venho, pelo presente, encaminhar
um questionário direcionado aos professores que participaram da Formação Continuada
relacionada ao Tema “Altas Habilidades/ Superdotação”, no período de 2001/ 2002.
O presente questionário é o principal instrumento de análise de minha
dissertação do Mestrado em Psicologia Social, cujo tema é Altas Habilidades:
dificuldades na identificação.
Portanto, peço a colaboração dos Senhores na viab ilização da devolução
dos mesmos, no tempo estipulado, através da pasta da Escola onde estou lotada (E.M.
Regina Celi da Silva Cerdeira Centro de Referência, 2º distrito).
O prazo dado pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO, onde
a pesquisa está vinculada, é até o dia 18 DE ABRIL DE 2008.
Em cada um dos questionários enviados o nome e a matrícula do
professor indicado para o preenchimento do mesmo. Caso haja algum problema, favor
contacte-me pelos telefones: 2260 -3655(res), 3655-1660(escola), 8808-3655(cel), 9174-
0641(cel) e/ou e-mail: [email protected].
Agradeço antecipadamente o empenho de cada um na realização desta
Pesquisa em nosso Município.
Sonia Maria Lourenço de Azevedo.
E.M. _____________________________________________ ____
119
Anexo 1
Ficha de indicação de alunos
120
121
Anexo 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
122
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: ”Altas Habilidades: dificuldades na identificação”.
Responsável pelo Projeto: Sonia Maria Lourenço de Azevedo
Eu, ________________________________________________________
abaixo assinado, declaro ter pleno conhecimento do que se segue: 1) Fui
informado(a), de forma clara e objetiva, que a pesquisa intitulada Altas
Habilidades: dificuldades na identificação”. irá analisar a dificuldade na
identificação dos sujeitos com altas habilidades/ superdotados na Rede Pública
de Ensino ; 2) Sei que nesta pesquisa serão realizados _ o levantamento do
perfil sócio-demográfico dos participantes, através de entrevista semi -
estruturada; aplicação do método de evocação de palavras para levantamento
de elementos de representação social; e aplicação de 03 (três) dilemas
referentes aos mitos acreca das pessoas com altas habilidades / supe rdotação
3) Estou ciente que não é obrigatória a minha participação nesta pesquisa,
caso me sinta constrangido (a) antes e durante a realização da mesma e que a
não participação não acarretará qualquer prejuízo para com o meu estado na
instituição – cancelamento de matrícula, participação em eventos, etc.); 4)
Poderei saber através desta pesquisa as prováveis dificuldades quanto a
identificação de alunos com altas habilidades/ superdotados no sistema público
de ensino ; 5) Sei que os materiais utilizados pa ra coleta de dados serão
armazenados pelo pesquisador responsável ; 6) Sei que o pesquisador manterá
em caráter confidencial todas as resposta que comprometem a minha
privacidade; 7) Receberei informações atualizadas durante o estudo, ainda que
isto possa afetar minha vontade em continuar dele participando; 8) Estas
informações poderão ser obtidas através de (indicar o nome do pesquisador
responsável e telefone de contato); 9) Foi -me esclarecido que o resultado da
pesquisa somente será divulgado com o objeti vo científico, mantendo-se a
minha identidade em sigilo. 10) Quaisquer outras informações adicionais que
julgar importantes para compreensão do desenvolvimento da pesquisa e de
minha participação poderão ser obtidas no Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Salgado de Oliveira.
Declaro, ainda, que recebi cópia do presente Termo de Consentimento.
Niterói, _____ de ______________ de 200___.
Pesquisador: _________________________________________
(nome e CPF)
Sujeito da Pesquisa/Representante Legal:
________________________________________________
(nome e CPF)
123
Apêndice 2
Questionários aplicados aos professores que participaram da
implantação do programa de altas habilidades no Município de
Duque de Caxias
124
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEI RA-UNIVERSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL.
Entrevista com professores que participaram da implantação do programa de
altas habilidades no Município de Duque de Caxias.
Você está participando de uma pesquisa acadêmica. Sua contribuição é mu ito
importante para o campo da educação. Antecipadamente agradecemos a sua
colaboração.
Escreva três palavras ou expressões que vêm à sua cabeça quando você pensa na
pessoa com altas habilidades/superdotação: ___________________________________
______________________________________________________________________.
Escreva três palavras ou expressões que vêm a sua cabeça quando você pensa
nos conceitos altas habilidades/superdotação: __________________________________
______________________________________ ________________________________.
Escreva três palavras ou expressões que vêm a sua cabeça quando você pensa no
atendimento de educação especial ___________________________________________
__________________________________________________________________ ____.
1- Nível de formação: ( ) 2 º grau ( ensino Médio). ( )Especialização
( ) Superior incompleto. ( )Mestrado.
( ) Superior. ( ) Doutorado
2- Segmento que atua: ( )Educação Infantil.
( ) Ensino fundamental. ______ ano(s) de escolaridade(s).
( ) Educação Especial. ( ) Outros: _____________.
3- Tempo de Exercício no Magistério: ( ) 1 a 5 anos. ( ) mais de 25 anos
( ) 6 a 15 anos. ( ) aposentado(a) re -
( ) 16 a 24 anos. Tornando ao serviço.
4-Faixa etária: ( ) 18 a 25 anos. ( ) 26 a 35 anos. ( ) 36 a 45 anos. ( ) 46 a 55.
( ) mais de 56 anos.
5- Você indicou aluno(s) pa ra avaliação de altas habilidades/superdotação na ocasião da
implantação do programa? ( ) Sim ( ) Não. Esclareça sua opinião?______________
______________________________________________________________________.
A seguir, apresento três modelos de d ilemas baseados no mito da superdotação
(Winner,1998) para auxiliar na sondagem e compreensão de seu posicionamento sobre
alunos com altas habilidades/superdotação.
125
Dilema I
1
As Altas Habilidades e o Direito ao Atendimento Especializado:
Muitos educadores não encaminham alunos com altas habilidades /superdotação para
atendimento especializado, por acreditarem que esses alunos são privilegiados com
capacidade acima da média da população escolar, e este fato por si só, já garante o
sucesso desses alunos, sem que estes precisem empenhar muito esforço.
Porém, esses mesmos educadores, apóiam, incentivam e respeitam a legislação vigente,
que garante atendimento especializado aos alunos com qualquer déficit: físico, mental,
de aprendizagem, dentre outros, mesmo sab endo que essa legislação, também especifica
os mesmos direitos aos alunos com altas habilidades / superdotação.
a) Os alunos com altas habilidades / superdotação aprendem tudo sozinhos, sem
problemas?
______________________________________________________ ________________
______________________________________________________________________.
b) Você acha justo o aluno com altas habilidades ter o mesmo direito do aluno com
deficiência física, mental, visual, múltipla deficiência e surdo?
____________________ __________________________________________________
______________________________________________________________________.
c) Os educadores podem escolher se devem encaminhar, seguindo a legislação, os
alunos com déficits e não encaminhar os alunos com alta s habilidades / superdotação?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
d) Os alunos com déficits merecem mais atenção, por parte dos educadores, que os
alunos com altas habilidades / superdotação?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
e) Os educadores que não encaminham os alunos com altas habilidades/ supe rdotação,
para atendimento especializado, deveriam sofrer sansões oficiais?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
1
Dilema adaptado do proposto pela aluna Célia M. P. F. Barreto na disciplina de pesquisa II- Projeto de Pesquisa
Moral e aAltas Habilidades. Universidade Salgado de Oliveira Universo, abril 2004.
126
Dilema II
2
- A Prova de Matemática:
Maria é uma aluna do ano do Colégio Militar e tem altas habilidades, tendo sido
identificada aos 6 anos. Costuma não se fazer perceber pelo grupo como inteligente,
optando por manter suas notas na mesma média que os demais alunos, garantido seu
espaço enquanto igual ao grupo. Porém, acerca de seis meses vem apresentando baixo
rendimento em matemática e isto tem lhe causado bastante agitação. Maria, por mais
consciente que é de sua capacidade de aprendizagem, tem se auto -bloqueado para o
ensino da matemática. Seus professores, ao invés de trabalhar com ela as dificuldades
iniciais têm lhe adiantado o conteúdo, acreditando que isto iprovocar nela o desejo
pelo aprendizado da matéria. Tal fato tem aumentado sua insegurança e ela está vivendo
entre o conteúdo não aprendido e os desafios que ela se submete a enfrentar.
a) Em sua opinião, o aluno com altas habilidades pode vir a ter dificuldades em
matemática?
______________________________________________________________________
______________________________ ________________________________________.
b) Você acha que mesmo tendo dificuldades em matemática, a mesma deixa de ter altas
habilidades?
______________________________________________________________________
______________________________________________ ________________________.
c) Você acha correto um sujeito com altas habilidades se esforçar para manter notas
medianas e ser popular?
______________________________________________________________________
____________________________________________________ __________________.
d) Você acha que Maria tem mesmo dificuldade em matemática ou é mais um artifício
dela para ser igual aos demais alunos?
______________________________________________________________________
_____________________________________________ _________________________.
2
Dilema proposto pelas alunas Débora Pinto Inácio e Sonia M. Lourenço de Azevedo na disciplina de pesquisa II -
Projeto de Pesquisa Moral e Alta s Habilidades. Universidade Salgado de Oliveira Universo abril 2004.
127
DILEMA III
3
- O superdotado
João é um adolescente de 13 anos estuda na escola X. É um garoto alto, magro e usa
óculos com lentes bem fortes. Na escola onde estuda, João gosta de ficar somente em
sua sala de aula e de preferê ncia em um canto da sala, com seus livros prediletos, pois
assim, não incomoda ninguém!
Seus colegas dizem que João é egoísta, solitário e superdotado.
João diz que os livros são seus melhores amigos.
a) Deveria haver alunos indicados como superdotados e m todas as escolas do Brasil?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
b) Pelos dados expostos neste dilema podemos afirmar que João é um aluno
superdotado?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
c) A opção de João em sentar -se no fundo da sala e ficar, somente, com seus livros é
uma característica de al uno superdotado?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________.
3
Dilema proposto pela aluna Izamara Silva na disciplina de pesquisa II - Projeto de Pesquisa Moral e Altas
Habilidades. Universo, abril 2007. Universidade Salgado de Oliveira Universo abril 2004.
128
Anexo 3
Carta endereçada ao Comitê de Ética
129
Ao coordenador do Comitê de Ética e Pesquisa
Cidade, 28 de agosto de 2007.
Prezado coordenador do CEP/UNIVERSO,
Estamos encaminhando o projeto “Altas Habilidades: dificuldades na
identificação”, para apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Atenciosamente,
___________________________________
Pesquisador: Sonia Maria Lourenço de Azevedo
___________________________________
Orientador da Pesquisa: Profª Drª Marsyll Bulkool Mettrau
___________________________________
Coordenador do curso: Prof ª Drª Maria Cristina Ferreira
130
Anexo 4
Folha de rosto para pesquisa envolvendo seres humanos
Encaminhado ao Conselho de ética.
131
MINISTÉRIO DA SAÚDE - Conselho Nacional de Saúde - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP
FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
( versão outubro/99 ) Para preencher o documento, use as indicações da página 2.
1. Projeto de Pesquisa:
“ Altas Habilidade: dificuldades na identificação.”
2. Área do Conhecimento (Ver relação no verso)
Ciências Humanas
3. Código:
7.07
4. Nível: ( Só áreas do conhecimento 4 )
5. Área(s) Temática(s) Especial (s) (Ver fluxograma no verso)
6. Código(s):
7. Fase: (Só área temática 3) I ( ) II ( )
III ( ) IV ( )
8. Unitermos: ( 3 opções )
SUJEITOS DA PESQUISA
9. Número de sujeitos
No Centro :
Total:
10. Grupos Especiais : <18 anos ( ) Portador de Deficiên cia Mental ( ) Embrião /Feto ( ) Relação de Dependência
(Estudantes , Militares, Presidiários, etc ) ( ) Outros ( X ) Não se aplica ( )
PESQUISADOR RESPONSÁVEL
11. Nome:
Sonia maria Lourenço de Azevedo
12. Identidade:
03058549-1 IFP
13. CPF.:
385350337-34
19.Endereço (Rua, n.º ):
Rua Belisário Pena, 1208/ 304
Bairro:
Penha
14. Nacionalidade:
Brasilleira
15. Profissão:
Psicóloga
20. CEP:
21020-010
21. Cidade:
Rio de Janeiro
22. U.F.
R.J.
16. Maior Titulação:
Pós-Graduação
17. Cargo
23. Fone:
(21) 2260-3655
24. Fax
18. Instituição a que pertence:
UNIVERSO
Termo de Compromisso: Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196 /96 e suas complementares. Comprometo -me a utilizar os
materiais e dados coletados exclusivamente para os fins previstos no protocolo e a publicar os resultados sejam eles favoráveis ou não. Aceito as
responsabilidades pela condução científica do projeto acima.
Data: _______/_______/_______ ______________________________________
Assinatura
INSTITUIÇÃO ONDE SERÁ REALIZADO
26. Nome:
Prefeitura Municipal de Duque de Caxias
29. Endereço (Rua, nº):
Av. Brigadeiro Lima e Silva, 151. Parque Duque.
27. Unidade/Órgão:
Secretaria Municipal de Educação
30. CEP:
25.500-000
31. Cidade:
Duque de Caxias
32. U.F.
Rio de Janeiro
28. Participação Estrangeira: Sim ( ) Não ( )
33. Fone:
34. Fax.:
35. Projeto Multicêntrico: Sim ( ) Não ( x ) Nacional ( ) I nternacional ( ) ( Anexar a lista de todos os Centros Participantes no Brasil )
Termo de Compromisso ( do responsável pela instituição ) : Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas Complementares
e como esta instituição tem condições para o desenvolvimento deste projeto, autorizo sua execução
Nome:_______________________________________________________ Cargo________________________
Data: _______/_______/_______ ___________________________________
Assinatura
PATROCINADOR Não se aplica ( x )
36. Nome:
39. Endereço
37. Responsável:
40. CEP:
41. Cidade:
42. UF
38. Cargo/Função:
43. Fone:
44. Fax:
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA CEP
45. Data de Entrada:
_____/_____/_____
46. Registro no CEP:
47. Conclusão: Aprovado ( )
Data: ____/_____/_____
48. Não Aprovado ( )
Data: _____/_____/_____
49. Relatório(s) do Pesquisador responsável previsto(s) para:
Data: _____/_____/____ Data: _____/_____/_____
Encaminho a CONEP:
50. Os dados acima para registro ( ) 51. O projeto para
apreciação ( )
52. Data: _____/_____/_____
53. Coordenador/Nome
________________________________
Assinatura
Anexar o parecer consubstanciado
COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA CONEP
54. Nº Expediente :
55. Processo :
56.Data Recebimento :
57. Registro na CONEP:
58. Observações:
132
Anexo 5
Termo de Compromisso da Instituição de Ensino
Encaminhado ao Conselho de Ética da Universidade
133
Termo de Compromisso da Instituição de Ensino
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA UNIVERSO,
instituição de ensino superior, inscrita no CNPJ sob o n.º
28.638.393/0001-82, com sede na Rua Lambari 10, Trindade, São
Gonçalo/RJ, neste ato representada por sua reitora, Marlene
Salgado de Oliveira, responsá vel pelo desenvolvimento do projeto,
intitulado Altas Habilidades: dificuldades na identificação ”,
declara conhecer o inteiro teor da resolução CNS 196/96,
comprometendo-se, desde já, a fazê -la cumprir integralmente nas
atividades que desenvolverá, inclu sive quanto a legislação
complementar relativa à matéria.
Niterói, _________ de ______________ de 200_____
Instituição de Ensino: __________________________________
(nome)
Testemunhas: 1. ______________________________
CPF
134
Anexo 6
Termo de Compromisso do(s) Pesquisador(es)
Encaminhado ao Conselho de Ética da Universidade
135
Termo de Compromisso do(s) Pesquisador(es)
Sonia Maria Lourenço de Azevedo, Brasileira, viúva, aluno do curso de
Mestrado em Psicologia Social, RG n.º03058549 -1/IFP e CPF n385350337 -34,
com endereço na Rua Belisário Pena, 1208/ 304, Penha, Rio de Janeiro/ RJ,
responsável pelo desenvolvimento do projeto intitulado Altas Habilidades:
dificuldades na identificação”, na Universidade Salgado de Oliveira
UNIVERSO, e a professora Marsyl Bulkool Mettrau, brasileira, (estado civil),
orientadora da pesquisa, RG n.º 01454328 -4/IFP e CPF n.º 065522187 -53, com
endereço na __________________, (bairro), (cidade), (estado), declaram
conhecer o inteiro teor da resolução CNS 196/96, comprometendo -se, desde já,
a cumpri-la integralmente nas atividades que desenvolveram, bem como estar
continuamente atualizados, inclusive quanto à legislação complementar relativa
à matéria, sendo de s ua inteira responsabilidade qualquer penalidade imposta
pelo descumprimento da mesma.
O pesquisador responsável será Sonia Maria Lourenço de Azevedo e será o
responsável pela apresentação e recebimento dos documentos solicitados pelo
CEP/UNIVERSO.
Niterói, ________ de _____________ de 200____
Pesquisador: _________________________________
(nome)
Orientador da Pesquisa: ________________________________
(nome)
Pesquisador Responsável: ________________________________
(nome)
Testemunhas: 1. ____________________________________
CPF
2. _____________________________________
CPF
136
Anexo 7
Parece sobre o Protocolo de Pesquisa
137
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
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Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo