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ULISSES ROCHA DE OLIVEIRA
RELAÇÕES ENTRE A MORFODINÂMICA E A UTILIZAÇÃO EM
TRECHOS DA COSTA OCEÂNICA DA ILHA DE SANTA CATARINA, SC,
BRASIL
Florianópolis
2009
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Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Ulisses Rocha de Oliveira
RELAÇÕES ENTRE A MORFODINÂMICA E A UTILIZAÇÃO EM TRECHOS DA
COSTA OCEÂNICA DA ILHA DE SANTA CATARINA, SC, BRASIL
Orientador: Prof. Dr. Norberto Olmiro Horn Filho
TESE DE DOUTORADO
Área de concentração: Utilização e Conservação de Recursos Naturais
Florianópolis, SC, maio de 2009.
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RELAÇÕES ENTRE A MORFODINÂMICA E A UTILIZAÇÃO EM TRECHOS DA
COSTA OCEÂNICA DA ILHA DE SANTA CATARINA, SC, BRASIL
Ulisses Rocha de Oliveira
Coordenador: _________________________________________
Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, área de
concentração em Utilização e Conservação dos Recursos Naturais, Centro de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, em cumprimento aos requisitos necessários
à obtenção do grau acadêmico de Doutor em Geografia.
Presidente: ________________________
Prof. Dr. Norberto Olmiro Horn Filho (Orientador – UFSC)
Membro: __________________________
Prof. Dr. Jarbas Bonetti (UFSC)
Membro: _________________________
Prof. Dr. Lauro Julio Calliari (FURG)
Membro: _________________________
Dra. Marinez Eymael Scherer (Instituto Ambiental Ratones)
Membro: __________________________
Prof. Dr. Rodrigo do Carmo Barletta (UFSC)
Florianópolis – SC, 28 de maio de 2009.
“Aqui, no plano tridimensional, estamos todos perdidos na
energia da comparação. Ninguém é melhor ou pior que
ninguém; somos todos unos, somos todos seres
multidimensionais em corpos tridimensionais para que
possamos encontrar nossos caminhos através do alicerce
maior de nossa própria Luz, da nossa própria e Verdade
para que possamos reencontrar a solução daquilo que temos
no coração e na essência da chama maior de nossa própria
alquimia” (Jesus Cristo).
Este trabalho é dedicado a todos que, de alguma forma, ajudaram e ajudam a cuidar da
orla, um ambiente tão sensível quanto procurado pelo ser humano ao longo da história
recente.
AGRADECIMENTOS
Os agradecimentos referem-se brevemente às duas fases vividas durante o
Doutorado. Primeiramente à fase de estudante de Doutorado da UFSC, em
Florianópolis, onde passei sete dos nove semestres do período do curso. No final, à
fase de docente junto à Universidade Federal do Rio Grande; e os agradecimentos a
minha família, que sempre me acompanha.
Agradeço ao Norberto, meu orientador, pela oportunidade de realizar um trabalho
nas praias arenosas oceânicas da Ilha de Santa Catarina, pela cobrança em momentos
oportunos e confiança para a criação do trabalho. Ao Barletta, pelas inúmeras dicas e
sugestões que serviram tanto para este trabalho escrito quanto para meu crescimento
profissional. Aos colegas da UFSC, pelo aprendizado mútuo e principalmente pelos
ótimos momentos vivenciados..., em especial a Andy, Jane, Alexandre Félix, Bianca,
Jasiel, Janete, Vinicius, André Ceará, Aninha e Michelle. Aos professores Jarbas
Bonetti, Carla Bonetti, Edison Tomazzoli e Gerusa Duarte, pela formação profissional,
carinho e confiança. Aos amigos do GERCO-SC, Claudia Santos, Marinez Scherer e
Alexandre Mazzer, por compartilhar tantas coisas sobre a orla e pela amizade. Aos
amigos do campechão, Klaus, Fernanda, Evelin’s, Marco, Michel, Kátia, Simão,
Montanha, Mineiro, Lisa e Méd, pela amizade e companhia. No meu retorno ao pampa,
gostaria de agradecer aos meus novos colegas da FURG por me receberem com os
braços abertos em um momento tão importante, em especial a Beth, Jorge, Cesar,
Rossana, Maristela, Suca, Daniela, Solismar, Lauro Calliari e Carlos Tagliani. Ao Lauro,
também por ter ajudado no processo final da Tese. Aos meus amigos do cassinão,
Hernique, Edirlei, Fernanda, Andrea, Malu e Tiago, importantes nesse meu retorno. Por
fim, a minha família: minha mãe Eloira e o Antônio (este obrigado por me aturar durante
a fase final da Tese!); meu irmão Cassius; Lucas, meu afilhado, meu pai Luiz, a Lena e
a Bruna, a Humma e a Capitu (as duas últimas, de outras espécies). Valeu por todo
apoio e carinho.
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................................i
ABSTRACT.......................................................................................................................ii
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................iii
LISTA DE TABELAS......................................................................................................xiv
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.........................................................................................1
1.1. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................4
1.1.1. Granulometria e declividade de praias arenosas..............................................4
1.1.2. Estágios morfodinâmicos de praias arenosas dominadas por onda...............5
1.1.3. Estágios morfodinâmicos em praias de enseada..............................................8
1.1.4. Variação transversal e rotação de praias arenosas.........................................10
1.1.5. Limites e classificação da orla no Brasil..........................................................11
1.2. OBJETIVOS.............................................................................................................12
1.2.1. Geral.....................................................................................................................12
1.2.2. Específicos...........................................................................................................12
1.3. HIPÓTESES DE TRABALHO..................................................................................13
CAPÍTULO 2 - ÁREA DE ESTUDO................................................................................14
2.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................................14
2.2. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA REGIONAL.....................................................15
2.2.1. Geologia e geomorfologia da plataforma continental interna........................19
2.3. CARACTERÍSTICAS METEO-OCEANOGRÁFICAS REGIONAIS........................20
2.3.1. Características meteorológicas.........................................................................20
2.3.2. Regime de ondas.................................................................................................20
2.3.3. Regime de marés.................................................................................................22
2.4. BREVE HISTÓRICO DE URBANIZAÇÃO DA ORLA OCEÂNICA.........................22
CAPÍTULO 3 – TRABALHOS ANTERIORES NA ÁREA DE ESTUDO.........................26
CAPÍTULO 4 - MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................29
4.1. ANÁLISE DE PARÂMETROS DERIVADOS DO MONITORAMENTO PRAIAL....29
4.1.1. Diâmetro médio do grão na face praial (Mz).....................................................33
4.1.2. Grau de selecionamento do grão na face praial (DpMz)..................................35
4.1.3. Velocidade de sedimentação de partículas sedimentares (Ws).....................35
4.1.4. Declividade da face praial ().............................................................................36
4.1.5. Altura significativa de arrebentação de onda (Hb)...........................................36
4.1.6. Parâmetro relativo da maré (RTR).....................................................................37
4.1.7. Parâmetro adimensional ômega (
)..................................................................38
4.1.8. Variação na largura da praia (DpYb)..................................................................39
4.1.9. Coeficiente de variação da linha de costa (CVYb)...........................................39
4.1.10. Variação de volume subaéreo da praia (VV)...................................................39
4.2. INTEGRAÇÃO QUANTITATIVA DOS PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS.........40
4.2.1. Análise de agrupamento (Cluster).....................................................................40
4.2.2. Análise de Componentes Principais (PCA)......................................................42
4.3. AVALIAÇÃO SOBRE A URBANIZAÇÃO DA ORLA TERRESTRE.......................42
4.3.1. Orlas Naturais ou Classe A................................................................................43
5.3.2. Orlas em Processo de Urbanização ou Classe B.............................................44
5.3.3. Orlas com Urbanização Consolidada ou Classe C..........................................45
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................47
5.1. MORFODINÂMICA DE TRECHOS DE ORLA DA COSTA OCEÂNICA DA ILHA
DE SANTA CATARINA..................................................................................................47
5.1.1. Diâmetro médio do grão na face praial (Mz).....................................................49
5.1.2. Grau de selecionamento do grão na face praial (DpMz)..................................51
5.1.3. Declividade da face praial ().............................................................................53
5.1.4. Altura significativa de arrebentação de onda (Hb)...........................................55
5.1.5. Parâmetro adimensional ômega (
)..................................................................57
5.1.6. Variação na largura da praia (DpYb)..................................................................59
5.1.7. Coeficiente de variação da linha de costa (CVYb)...........................................61
5.1.8. Variação de volume subaéreo da praia (VV).....................................................63
5.1.9. Agrupamento segundo tipos de praia...............................................................65
5.1.9.1. Praias do Grupo 1....................................................................................68
5.1.9.2. Praias do Grupo 2....................................................................................68
5.1.9.3. Praias do Grupo 3....................................................................................70
5.1.10. Distribuição dos tipos de praia e relações com estágios
morfodinâmicos.............................................................................................................71
5.1.10.1. Praias Dissipativas.................................................................................77
5.1.10.2. Praias Reflectivas..................................................................................77
5.1.10.3. Praias Intermediárias.............................................................................78
5.1.10.3.1. Praias Intermediárias com Banco e Cava Longitudinal (BCL) 79
5.1.10.3.2. Praias Intermediárias com Banco e Praia de Cúspide (BPC) 79
5.1.10.3.2. Praias Intermediárias com Barras Transversais (BT)..............79
5.1.10.3.1. Praias Intermediárias com Terraço de Baixa Mar (TBM).........80
5.1.11. Considerações sobre o processo de rotação praial......................................82
5.2. UTILIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE TRECHOS DE ORLA DA COSTA
OCEÂNICA DA ILHA DE SANTA CATARINA...............................................................84
5.2.1. Orlas Naturais (Classe A)...................................................................................85
5.2.2. Orlas em processo de urbanização (Classe B)................................................86
5.2.3. Orlas com urbanização consolidada (Classe C)..............................................88
5.2.4. Utilização e conservação da orla e tipos de praia............................................90
5.2.5. Vulnerabilidade da orla urbana à erosão costeira...........................................93
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES....................................................................................100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................104
APÊNDICE Caracterização dos 40 trechos de orla oceânica da Ilha de Santa
Catarina........................................................................................................................117
i
RESUMO
A presente tese de doutorado analisa a relação entre características morfodinâmicas de
praias arenosas oceânicas e a utilização da orla adjacente. A área de estudo é a costa
oceânica da Ilha de Santa Catarina, município de Florianópolis, sul do Brasil. Para tanto,
primeiramente foram compilados dados referentes a 40 perfis de praia monitorados na área
de estudo. Através deles foram analisados diversos parâmetros, o que possibilitou o
agrupamento de tipos de praia, utilizando técnicas de estatística multivariada. Três grupos,
ou três tipos de praia, puderam ser identificados: Praias compostas de areia fina abrigadas
da alta energia das ondas pela presença de promontórios rochosos foram denominadas
praias do Grupo 1. Possuem baixa declividade na porção subaérea, ausência de banco
submerso definido, ou um Terraço de Baixa Mar, e são as praias mais estáveis
morfologicamente, dentre as analisadas. Praias compostas de areia fina expostas à
moderada e à alta energia das ondas foram denominadas praias do Grupo 2. Apresentam
baixa moderada declividade na face praial, estágios morfodinâmicos intermediários a
Dissipativo na porção subaquosa e moderada à alta variabilidade morfológica, embora
algumas apresentem características parecidas com as praias do Grupo 1. Praias compostas
de areia grossa expostas à moderada e a alta energia das ondas foram denominadas praias
do Grupo 3. Têm alta declividade na face praial, com face Reflectiva, mas podem ter um
banco arenoso variável, com características morfodinâmicas intermediárias na praia média e
alta variabilidade morfológica. Paralelo a isto foi realizada uma classificação da orla quanto à
utilização e conservação, distinguindo orlas naturais, em processo de urbanização e orlas
com urbanização consolidada, assim como definidos critérios de recuo e estrutura urbana.
Orlas naturais ocorrem junto a campos de dunas transgressivos e a sistemas laguna barreira
preservadas pela legislação e onde a urbanização preservou a área defrontante ao mar.
Orlas em processo de urbanização geralmente se situam em áreas próximas às principais
áreas urbanas consolidadas, mas também representam áreas em expansão de balneários
turísticos planejados. Orlas com urbanização consolidada apresentam características físico-
naturais bastante suprimidas devido ao processo histórico de ocupação humana, sendo, a
maior parte, antigos núcleos pesqueiros. Nelas predomina a urbanização horizontalizada
sem recuo em relação à linha de costa atual. Dentre os 40 trechos de orla oceânica
analisados, aqueles com menor energia hidrodinâmica e variabilidade morfológica com
frequência estão urbanizados ou em processo de urbanização em geral estruturados no
limite com a praia, isto é, sem recuo. Após tais análises, verificou-se que os trechos mais
vulneráveis a processos de erosão costeira são os urbanizados situados em zonas abrigadas
da ação direta de ondas de alta energia. Nas áreas mais expostas da orla oceânica da Ilha
de Santa Catarina, teoricamente mais variáveis morfologicamente, não maiores indícios
de vulnerabilidade à erosão, visto que seu estágio natural vem sendo, em geral, conservado.
ii
ABSTRACT
This Doctorate dissertation analyzes the relation among morphodynamic characteristics of
oceanic sandy beaches and the use of its coast. The study area is the oceanic coast of Santa
Catarina Island, in Florianópolis, SC, southern Brazil. First of all, data about forty beach
profiles, which had been monitored, were collected. Several parameters were analyzed; it
enabled grouping the types of beaches by using multivariate statistical techniques. Three
groups, or rather, types of beaches, were identified. Beaches with fine sand that were
sheltered from the high energy of waves by rocky promontories comprised Group 1. They
have low declivity in the subaereal volume, lack a defined submerged sandbank, or a Low
Tide Terrace, and are morphologically the most stable ones among the beaches under
investigation. Beaches with fine sand, exposed to moderate and high wave energy were in
Group 2. They have low/moderate declivity on the beach face, Intermediate to Dissipative
morphodynamic stages in the subaqueous area and moderate/high morphological variability,
even though some have similar characteristics to the ones included in Group 1. Beaches with
coarse sand, exposed to moderate/high energy of waves were in Group 3. They have high
declivity on the beach face, with a Reflective face, but may present a variable sandbank with
intermediate morphodynamic characteristics on the mean beach and high morphological
variability. Besides, the shore was classified according to its use and preservation, and
natural shores some are going through an urbanization process and others are wholly
urbanized – were differentiated. In addition to this, criteria regarding setback and urban
structure were defined. Natural shores occur along fields with transgressive dunes and
barrier/lagoon system which have been protected by laws, and where urbanization has
preserved the area that faces the sea. Shores which are going through an urbanization
process are usually located near main urban areas but also represent areas where touristic
developments have been planned. Shores with consolidated urbanization have quite
suppressed physical-natural characteristics due to the historical process of human
occupation; most of them are former fishery communities where horizontal urbanization
without setbacks domains the shore nowadays. Taking into account 40 stretches of oceanic
shore under analysis, those with lower hydrodynamics energy and morphological variability
are usually urbanized or going through this process. In general, they are structured on the
beach limits, i. e., with no setback. Furthermore, these analyses pointed out that the most
vulnerable stretches regarding coastal erosion processes are the ones located in areas that
are sheltered from the direct action of high energy waves. In the most exposed areas on the
shore of Santa Catarina Island morphologically more variable, in theory there are no
major signs of vulnerability to erosion due to the fact that, in general, their natural stages have
been preserved.
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Perfil esquemático da orla oceânica, adjacente a praias arenosas, com seus
diversos setores................................................................................................................1
Figura 2. Estágios morfodinâmicos para praias arenosas oceânicas propostos por
Wright & Short (1984) (Fonte: CALLIARI et al., 2003)......................................................7
Figura 3. Variação tridimensional da topografia de uma praia de enseada,
demonstrando, a partir da direita: a incidência de ondas na antepraia, a passagem de
sedimentos ao redor do PROMONTÓRIO A e, no detalhe, a presença de um esporão
arenoso; a presença dos estágios morfodinâmicos Reflectivo, Intermediários (Terraço
de Baixa Mar TBM, Bancos Transversais BT, Banco e Praia de Cúspide BPC,
Banco e Cava Longitudinal BCL) e Dissipativo; e a presença de uma mega corrente
de retorno junto ao PROMONTÓRIO B (Fonte: Modificado de SHORT, 1999)................9
Figura 4. Mapa de localização da área de estudo destacando o litoral catarinense, à
esquerda, e a costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, à direita.................................14
Figura 5. Planialtimetria da Ilha de Santa Catarina destacando áreas de elevação do
embasamento cristalino e áreas de planície costeira e os três setores de planície
costeira, ou costas, a partir dos principais divisores de água (Fonte: Modificado de
MIRANDA, 2005).............................................................................................................16
Figura 6. Imagem NASA World Wind da Ilha de Santa Catarina e demais áreas do litoral
centro-sul catarinense demonstrando o alinhamento geológico estrutural regional da
costa, a presença de quatro tômbolos e quatro esporões arenosos principais..............18
Figura 7. Mapa da Ilha de Santa Catarina durante a ocupação colonial, destacando a
Vila do Desterro, as freguesias, núcleos pesqueiros e fortalezas (Fonte: REIS, 2002).23
iv
Figura 8. Mapas com a evolução da malha urbana em Florianópolis entre 1957 e 1998
(Fonte: IPUF, 2008).........................................................................................................25
Figura 9. Mapa da Ilha de Santa Catarina com localização dos perfis de praia (escala e
coordenadas aproximadas).............................................................................................30
Figura 10. Fluxograma demonstrando a sequência no processo de geração de dados,
da fase de coleta ao cálculo de parâmetros....................................................................31
Figura 11. Relação de equilíbrio entre o estado da praia e o parâmetro ômega ()
(Modificado de WRIGHT et al., 1985).............................................................................38
Figura 12. Critérios de recuo e estrutura urbana para trechos de orla terrestre utilizados
neste trabalho..................................................................................................................46
Figura 13. (A) Mapa da área de estudo com a definição de classes granulométricas
segundo o diâmetro médio do grão (Mz) para cada perfil e (B) gráfico correspondente
com valor numérico (escala e coordenadas aproximadas).............................................50
Figura 14. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro grau de selecionamento do
grão (DpMz) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e
coordenadas aproximadas).............................................................................................52
Figura 15. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro declividade da face praial para
cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e coordenadas
aproximadas)...................................................................................................................54
Figura 16. (A) Mapa da área de estudo com a altura média de arrebentação de onda
(Hb) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e
coordenadas aproximadas).............................................................................................56
Figura 17. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro adimensional ômega para
cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e coordenadas
aproximadas)...................................................................................................................58
v
Figura 18. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro variação da largura da praia
(DpYb) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e
coordenadas aproximadas).............................................................................................60
Figura 19. (A) Mapa da área de estudo com o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb) expresso em porcentagem em relação à largura média para cada perfil e (B)
gráfico correspondente com valor numérico (escala e coordenadas aproximadas).......62
Figura 20. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro variação de volume da praia
subaérea (VV) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala
e coordenadas aproximadas)..........................................................................................64
Figura 21. Dendograma com o agrupamento dos 40 perfis utilizando a linha de corte em
1,5 e a identificação dos três grupos: Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3................................65
Figura 22. Análise de Componentes Principais (PCA) para a matriz de dados utilizada
distinguindo os três grupos ou tipos de praia..................................................................66
Figura 23. Mapa da área de estudo com os três tipos de praia (escala e coordenadas
aproximadas)...................................................................................................................71
Figura 24. Vista da Ilha de Santa Catarina, a partir do extremo sul, identificando áreas
onde há presença de areia grossa..................................................................................72
Figura 25. Variação tridimensional da topografia de uma praia de enseada
exemplificando a posição mais recorrente dos três tipos de praia, bem como as áreas
de transição, propostos para a costa oceânica da Ilha de Santa Catarina (Fonte:
Modificado de SHORT, 1999).........................................................................................76
Figura 26. Estágios morfodinâmicos encontrados na costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina: Dissipativo (a) – Praia da Joaquina – P22; Intermediário Banco e Cava
Longitudinal (BCL) (b) Praia do Campeche P24, Intermediário Banco e Praia de
Cúspide (BPC) (c) Praia Brava P5, Intermediário Bancos Transversais (BT) (d)
vi
Praia dos Açores – P37, Intermediário Terraço de Baixa Mar (TBM) (e) Praia da Barra
da Lagoa – P21 e Reflectivo (f) – Praia de Canasvieiras – P1.......................................81
Figura 27. Imagens Google Earth com exemplos de arco praial em equilíbrio estático
trecho Pântano do Sul Solidão (a) e em equilíbrio dinâmico trecho Joaquina
Campeche (b) (Fonte: Modificado de)............................................................................83
Figura 28. Mapa da área de estudo com a classificação da orla terrestre quanto à
utilização e conservação para os 40 trechos de orla oceânica analisados (escala e
coordenadas aproximadas).............................................................................................89
Figura 29. Modelo esquemático relacionando diferentes estados de utilização e
conservação, estágios morfodinâmicos e tipos de praia propostos para a orla oceânica
da Ilha de Santa Catarina................................................................................................92
Figura 30. Mapa da área de estudo com os tipos de praia, a classificação da orla
terrestre quanto à utilização e conservação e a identificação dos trechos de orla com
urbanização consolidada e problemas de erosão...........................................................94
Figura 31. Inícios de progradação da linha de costa em praias do Grupo 3, praias da
Armação (Perfil 30) e de Moçambique (Perfil 20)...........................................................98
Figura 32. Legenda dos 40 perfis (Fonte: Modificado de Santos, 2005)......................118
Figura 33. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 1 (27°25'37.19'S - 48°28'
17.87''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia e (C) vista do setor oeste da Praia de Canasvieiras mostrando seu
intenso uso durante o verão..........................................................................................120
Figura 34. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 2 (27°25'38.54''S - 48°27'
32.79''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista de prédios próximos ao mar, porção central da Praia de
Canasvieiras e (D) muros de contenção à erosão presentes nesse setor da praia......122
vii
Figura 35. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 3 (27°25'32.22''S -
48°26'50.29''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia e (C) vista da presença de um prédio próximo à praia....124
Figura 36. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 4 (27°25'17.88''S - 48°26'
11.71''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista do acesso à praia e (D) presença de embarcações na praia
e da vegetação nativa ainda preservada.......................................................................126
Figura 37. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 5 (27°23'37.15''S -
48°24'53.29''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da porção norte da Praia Brava a partir do costão
rochoso, mostrando a urbanização verticalizada e (D) fotografia demonstrando pequeno
trecho de dunas frontais preservadas e, na retaguarda, a orla edificada.....................128
Figura 38. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 6 (27°23'57.56''S - 48°24'
50.98''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista da porção frontal da orla, mostrando equipamentos de uso
turístico e (D) vista da porção central da Praia Brava, mostrando a urbanização
verticalizada e a área de recuo de 50 metros...............................................................130
Figura 39. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 7 (27°24'12.26''S -
48°24'47.32''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia Brava a partir do costão
rochoso, mostrando a urbanização, a praia e áreas vegetadas e (D) vista da porção
frontal da orla terrestre com delimitação dos trechos de vegetação nativa, à direita da
foto, e exótica, à esquerda............................................................................................132
Figura 40. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 8 (27°25'3.35''S -
48°24'13.03''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da porção frontal da orla terrestre bem
preservada e (D) vista da passarela de acesso à praia................................................134
viii
Figura 41. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 9 (27°25'25.01''S -
48°24'3.31''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da porção frontal da orla terrestre preservada e
ao fundo trecho antropizado e (D) fotografia mostrando a via de acesso e ao fundo
construções verticais próximas ao mar.........................................................................136
Figura 42. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 10 (27°26'2.94''S -
48°23'35.31''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da orla central da Praia dos Ingleses mostrando
pequenas porções de vegetação nativa ainda preservadas e (D) vista da orla mostrando
a urbanização junto à praia, com espécies vegetais exóticas.......................................138
Figura 43. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 11 (27°26'23.85''S -
48°23'9.23''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia dos Ingleses e (D) vista da
orla mostrando a urbanização junto à praia..................................................................140
Figura 44. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 12 (27°26'39.15''S -
48°22'29.03''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia dos Ingleses mostrando
enrocamento junto à praia e (D) construções irregulares em área de dunas
transgressivas...............................................................................................................142
Figura 45. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 13 (27°26'38.04''S -
48°22'14.68''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista geral do núcleo pesqueiro da Praia dos Ingleses
e (D) vista em detalhe mostrando embarcações e morfologia praial...........................144
Figura 46. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 14 (27°27'12.5''S -
48°22'26.83''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da Praia do Santinho a partir do costão rochoso e
(D) vista do setor norte da Praia do Santinho a partir das dunas..................................146
ix
Figura 47. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 15 (27°27'25.11''S -
48°22'30.48''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas do setor centro-sul da Praia do
Santinho e (D) vista em detalhe das dunas frontais do setor centro-sul da Praia do
Santinho........................................................................................................................148
Figura 48. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 16 (27°27'40.25''S -
48°22'36.1''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor centro-sul da Praia do Santinho e (D)
vista do acesso principal à Praia do Santinho...............................................................150
Figura 49. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 17 (27°28'55.4''S -
48°23'01.9''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do canto das Aranhas a partir do campo de duna
e (D) vista do setor norte da Praia Grande ou do Moçambique....................................152
Figura 50. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 18 (27°29'42''S -
48°23'49.4''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas frontais e (D) vista da face praial, com
megacúspides e embaiamentos escarpados................................................................154
Figura 51. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 19 (27°31'21.25''S -
48°25'0.25''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia e (C) vista das dunas frontais escarpadas e vegetadas..156
Figura 52. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 20 (27°33'8.22''S -
48°25'44.83''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas frontais, setor centro-sul da Praia
Grande ou Moçambique e (D) estrutura de concreto evidenciando o caráter
transgressivo da costa...................................................................................................158
Figura 53. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 21 (27°34'26.77''S -
48°25'27.73''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
x
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da praia da Barra da Lagoa e (D) área urbana
junto à praia...................................................................................................................160
Figura 54. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 22 (27°37'45.84''S -
48°27'00''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo
e acrescivo da praia; (C) vista do canto da praia da Joaquina, com estruturas turísticas
ao fundo, junto ao costão e (D) vista da porção central da praia da Joaquina, com
feições rítmicas na zona de surf....................................................................................162
Figura 55. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 23 (27°40'4.56''S -
48°28'35.61''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas frontais preservadas e ao fundo área
urbana condomínio Novo Campeche e (D) vista da praia e dunas frontais na altura do
Novo Campeche............................................................................................................164
Figura 56. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 24 (27°41'4.34'' S -
48°28'49.04''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista de uma área com vegetação nativa sujeita a
alagamento e (D) trecho da Praia do Campeche na altura do chamado “Riozinho”.....166
Figura 57. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 25 (27°41'40.64''S -
48°29'8.45'' W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da praia trecho do pontal – e Ilha do Campeche
ao fundo e (D) dunas frontais e Praia do Campeche, em direção aos trechos da
localidade de Areias do Campeche e do Morro das Pedras (P26)...............................168
Figura 58. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 26 (27°42'14.09''S -
48°29'45.28''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da praia com dunas escarpadas e urbanizadas e
(D) área urbana sobre trecho de dunas........................................................................170
Figura 59. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 27 (27°43'36.39''S -
48°30'23.75''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
xi
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da Praia da Armação trecho do “Caldeirão” e
(D) vegetação nativa preservada..................................................................................172
Figura 60. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 28 (27°43'55.87''S -
48°30'28.15''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor centro-norte da Praia da Armação e (D)
vista da área de vegetação a partir da face praial.........................................................174
Figura 61. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 29 (27°44'12.14''S -
48°30'29.27''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da vegetação nativa junto à praia, setor central da
Praia da Armação e (D) vista do setor central da Praia da Armação............................176
Figura 62. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 30 (27°44'28.17''S -
48°30'28.72''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista deste trecho de orla, com presença de vegetação
nativa e exótica e (D) estrutura de concreto indicando o caráter transgressivo da
costa..............................................................................................................................178
Figura 63. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 31 (27°44'46.89''S -
48°30'25.52''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor centro-sul da Praia da Armação e (D)
presença de vegetação nativa e exótica e área de privatização da orla.......................180
Figura 64. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 32 (27°44'54.11''S -
48°30'20.92''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia da Armação, urbanizado
junto à praia e (D) presença de vegetação exótica.......................................................182
Figura 65. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 33 (27°44'59.52''S -
48°30'14.36''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; vista do setor sul da Praia da Armação, para oeste (C) e
para leste (D), indicando caráter transgressivo da costa..............................................184
xii
Figura 66. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 34 (27°45'00.99''S -
48°30'08.95''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do “Centrinho” da Armação, situado junto à praia
e (D) estruturas de contenção à erosão costeira com molhe ligando a praia à Ponta das
Campanhas, ao fundo...................................................................................................186
Figura 67. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 35 (27°46'52.31''S -
48°30'36.23''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do “Centrinho” da Praia do Pântano do Sul, com
embarcações na praia e (D) presença de carros e restaurantes na praia....................188
Figura 68. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 36 (27°46'51.64''S -
48°31'6.22''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do marco topográfico em área de vegetação
nativa e (D) vista da porção central da Praia do Pântano do Sul, em Área de
Preservação Permanente..............................................................................................190
Figura 69. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 37 (27°47'9.36''S -
48°31'37.91''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da área de estacionamento na Praia dos Açores
e (D) vista da Praia dos Açores, com a Praia da Solidão ao fundo, demonstrando área
de vegetação nativa preservada junto à praia...............................................................192
Figura 70. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 38 (27°47'31.26''S -
48°31'57.04''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da Praia da Solidão ou Rio das Pacas, a partir do
costão rochoso e (D) setor norte da Praia da Solidão...................................................194
Figura 71. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 39 (27°47'37.49''S -
48°32'1.00''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor central da Praia da Solidão e (D)
urbanização junto à praia, característica deste setor da orla........................................196
xiii
Figura 72. (A) Imagem Google Earth com localização do perfil 40 (27°47'41.55''S -
48°32'4.35''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia da Solidão, com presença
de dunas incipientes e (D) posto de salva-vidas junto às dunas escarpadas e de um
poste de transmissão de energia elétrica no pós-praia, indicativo de caráter
transgressivo da costa...................................................................................................198
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Escala granulométrica de Wenthworth (1922), escala ½ Phi, para a fração
areia.................................................................................................................................34
Tabela 2. Limites para classificação de selecionamento pelo desvio padrão gráfico,
propostos por Folk (1968)...............................................................................................35
Tabela 3. Matriz de dados contendo os 10 parâmetros e 40 casos (perfis)....................48
Tabela 4. Matriz de dados do Grupo 1............................................................................68
Tabela 5. Matriz de dados do Grupo 2............................................................................69
Tabela 6. Matriz de dados do Grupo 3............................................................................70
Tabela 7. Tipos de orla e exemplos para a costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina...........................................................................................................................83
1
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
A presente tese de doutorado em Geografia visa analisar a relação entre
características morfodinâmicas de praias arenosas oceânicas e a utilização e
conservação da orla adjacente. A área de estudo é a costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina, município de Florianópolis, sul do Brasil.
A orla oceânica, ou marítima, é uma estreita faixa de contato da terra com o mar.
Quando ocorre junto a praias arenosas, a ão de processos costeiros se faz sentir de
forma mais acentuada e potencialmente mais crítica, à medida que efeitos erosivos e/ou
deposicionais podem alterar sensivelmente a configuração da linha de costa (MUEHE,
2001). Nesse caso, seu limite submerso, ou inferior, é o início da antepraia e seu limite
emerso, ou superior, é representado por alguma área da orla terrestre (BRASIL, 2004).
Dentre os setores da orla, destacam-se: a zona próxima à praia, ou antepraia; a praia
média; a face praial; o pós-praia e a orla terrestre (Figura 1).
ORLA
PRAIA
ORLA
TERRESTRE
ZONA PRÓXIMA À PRAIA
OU ANTEPRAIA
ZONA DE ARREBENTÃO
E SURF OU PRAIA MÉDIA
S-PRAIA
F
A
C
E
P
R
A
I
A
L
Figura 1. Perfil esquemático da orla oceânica, adjacente a praias arenosas, com seus
diversos setores.
2
Segundo Hoefel (1998), a zona próxima à praia tem início em uma profundidade
do leito marinho, na qual a ação das ondas passa a ter algum efeito no transporte
sedimentar, onde dominam processos de refração, difração, empolamento e fricção
1
.
Nesse setor não quebra de onda, exceto sobre parcéis e ilhas costeiras. A praia
média engloba a zona de arrebentação das ondas e a zona de surf. A primeira é onde
quebram as ondas enquanto na segunda, a onda desliza sobre a superfície
determinando os processos de transporte de sedimentos. Este setor apresenta feições
morfológicas como bancos e cavas. A face praial representa exatamente o limite entre a
porção subaquosa e subaérea, marcado por cúspides e canais de escoamento. Nela é
onde normalmente ocorrem os processos de fluxo (swash) e refluxo (backwash) das
ondas, constituindo uma zona intermareal (entre marés). O pós-praia localiza-se na
porção subaérea da praia, entre o máximo de espraiamento normal e o limite superior
da praia (Figura 1), que pode ser uma duna frontal ou outra alteração fisiográfica
brusca. Nele são encontradas feições como bermas e dunas incipientes. A orla
terrestre, chamada também de orla retroterra, é a zona adjacente à praia em direção ao
continente (Figura 1). Esse setor tem limites variáveis (BRASIL, 2004), dependendo do
grau de exposição e características morfodinâmicas (MUEHE, 2001).
Embora abranja uma estreita faixa, a orla oceânica possui uma grande
importância sócio-ambiental. Em termos naturais, como região de interface entre os
ecossistemas terrestres e marinhos e, quando preservada, também é responsável pela
prevenção de inundações, da intrusão salina e da erosão costeira, principalmente
durante tempestades (SANTOS, 2005). No que diz respeito à vida social, aparece como
área de grande atrativo para a ocupação, visto que, historicamente, constitui
região/espaço de adensamento populacional e de difusão de fluxos povoadores
(MORAES, 2001).
1
Processos de refração, difração, empolamento e fricção referem-se respectivamente ao desvio no
ângulo de incidência entre dois meios; sua capacidade de contornar obstáculos; seu aumento
progressivo à medida que esta se aproxima da praia emersa e sua perda de velocidade devido ao
contato com o fundo oceânico.
3
Frente a isso, ações de gerenciamento vêm sendo implementadas. No caso do
Brasil, o Decreto-Lei n
o
. 9.760, de 5 de setembro de 1946 (BRASIL, 1946), que dispôs
sobre os bens imóveis da União, destacou os terrenos de marinha e seus acrescidos.
No artigo dessa Lei, consta que “são terrenos da marinha, em uma profundidade de
33 metros, medidos horizontalmente, em direção à orla terrestre, partindo da posição da
linha de preamar média de 1831”.
Com o crescente uso da orla oceânica do Brasil, diversas atitudes
governamentais vêm sendo tomadas no sentido de ordenar sua utilização e
conservação. Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar
(PNRM) e da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída, pela Lei 7.661,
de 16 de maio de 1988, o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (BRASIL, 1988).
O objetivo do mesmo foi orientar a utilização racional dos recursos da zona costeira, de
forma a contribuir para elevar a qualidade de vida da população e a proteção do
patrimônio natural, histórico, étnico e cultural; o Plano se encontra na segunda versão,
após revisão em 1997 (PNGC II).
No âmbito do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro foram criados
critérios para a operacionalização da gestão costeira brasileira, dentre os quais o
Projeto Orla (PROJETO ORLA, 2002). Este, dentre outras ações, vem propondo
parâmetros de classificação da orla, tanto dos seus atributos físico-naturais quanto em
relação a sua utilização e conservação (Item 1.1.5.).
Atualmente, mais de 50% da linha de costa global é montanhosa (INMAN et al.,
1971), com linha de costa, ou orla, recortada. Boa parte da costa do estado de Santa
Catarina e da Ilha de Santa Catarina se enquadra nesse tipo de costa. Na costa
oceânica da Ilha de Santa Catarina, predominância de praias arenosas de enseada,
geralmente intercaladas com promontórios rochosos (HORN FILHO et al., 2000).
A Ilha de Santa Catarina possui uma orla bastante diversificada quanto às
características físico-naturais. Ao longo das orlas de praia há, por exemplo, diversos
níveis de energia de onda, características morfodinâmicas e granulometria dos
4
sedimentos distintos. Questiona-se, então: essa variabilidade pode ter exercido e/ou
ainda exerce influência sobre sua utilização e conservação. Trechos de orla abrigados
da alta energia hidrodinâmica são realmente mais ocupados (urbanizados), em áreas
mais próximas ao mar que os trechos mais expostos?
1.1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1.1. Granulometria e declividade de praias arenosas
Na zona costeira, interface oceano/continente, onde está inserida a orla, as
areias são transportadas por rolamento e saltação para as linhas de costa, enquanto o
silte e a argila são transportados em suspensão, depositando-se em águas mais
profundas (PETIJONH, 1957). Assim, as praias geralmente são arenosas, podendo ser
constituídas de material sedimentar mais grosso, conforme a existência de
disponibilidade próxima. Essas areias podem ser transportadas por ondas (overwash) e
pelo vento para áreas continentais, assim como sedimentos de diversas granulometrias
podem ser transportados pelos rios em direção às praias.
Bascom (1951) pioneiramente concluiu que, em uma mesma praia, o tamanho do
grão e a declividade aumentam conforme a exposição da praia. Para King (1959), a
fonte do material e os processos de deposição afetam a distribuição de tamanho dos
grãos em sedimentos praiais, sendo que o material sedimentar mais grosso está
associado com zonas de maior energia. Já para Komar (1976), a fonte dos sedimentos,
a energia das ondas e o tipo de plataforma são os fatores fundamentais na distribuição
dos grãos. Komar (1976) levantou a hipótese de que independente do nível de energia
de onda atuante, o tamanho de grão vai ser definido principalmente pela natureza da
área fonte.
5
1.1.2. Estágios morfodinâmicos de praias arenosas dominadas por onda
As praias arenosas são ambientes variáveis no tempo e no espaço, tornando-se
importante, nesse sentido, a realização de sistematizações ou classificações. Algumas
delas, chamadas de modelos sequenciais de evolução morfológica, visam à
identificação de estágios morfodinâmicos. Wright & Short (1984) afirmaram que praias
arenosas oceânicas dominadas por ondas, sujeitas ao regime de micromaré, podem
variar de Dissipativa à Reflectiva, apresentando estágios intermediários, caracterizados
por assembleias morfológicas e processos hidrodinâmicos peculiares (Figura 2).
Segundo Wright & Short (1984), o estágio Dissipativo é caracterizado pela alta
energia de onda, com larga zona de surfe, composta por dois ou mais bancos (Figura
2a). As ondas arrebentam longe da linha de costa, geralmente de maneira deslizante, e
dissipam sua energia ao longo da zona de surf, quebrando e reformando diversas
vezes através dos vários bancos que caracterizam esse ambiente. Este possui elevado
estoque sedimentar na porção subaquosa, baixa declividade e areias de granulometria
fina a muito fina em todos os setores.
O estágio Reflectivo, oposto do Dissipativo, representa a baixa energia de onda
(WRIGHT & SHORT, 1984). Geralmente apresenta elevados gradientes na topografia, o
que reduz sensivelmente a zona de surf. O ponto de quebra das ondas ocorre
praticamente na face praial (Figura 2f) e tende a prevalecer em áreas com pequena
altura de onda na praia, na presença de sedimentos grossos e/ou após longos períodos
de acresção.
Os estágios intermediários podem ter tanto condições de praia Dissipativa,
durante as tempestades, e de praia Reflectiva, durante as calmarias, mas geralmente
representam a transição entre os dois. São mais variáveis do ponto de vista morfológico
que os extremos Dissipativo e Reflectivo, devido à maior variação no clima de ondas e
à própria ritmicidade morfológica da zona de surf. Segundo Wright & Short (1984),
podem ser distinguidos quatro estágios intermediários: Banco e Cavas Longitudinais,
Banco e Praia de Cúspides, Bancos Transversais e Terraço de Baixa-Mar.
6
O estágio Intermediário Banco e Cava Longitudinal (BCL) (Figura 2b) é
caracterizado por uma face relativamente Reflectiva, uma cava profunda paralela à
costa e um banco longitudinal. As ondas emergem no banco, reformam na cava e
ressurgem na face (WRIGHT & SHORT, 1984). Correntes longitudinais transportam
sedimentos colocados em suspensão pelas ondas incidentes, podendo movê-los vários
quilômetros, através do processo conhecido como deriva litorânea.
De acordo com Wright & Short (1984), o estágio Intermediário Banco e Praia de
Cúspides (BPC) (Figura 2c), em geral, possui bancos altamente rítmicos, cúspides e
megacúspides. Nele predominam as correntes de retorno, caracterizadas por fluxos
estreitos, posicionadas normal ou obliquamente em relação à costa, formando células
de circulação, com zona de surf dominada pela circulação de retorno. As ondas
geralmente quebram antes dos bancos, onde haja o fluxo de retorno, e sobre os
bancos, geralmente de forma mergulhante. Na face praial, as ondas se alternam entre
deslizantes, junto aos bancos, e mergulhantes, junto às cavas.
O estágio Intermediário Bancos Transversais (BT) (Figura 2d) propicia o
desenvolvimento de correntes de retorno, quando as extremidades dos bancos se
soldam à porção subaérea, representando a máxima segregação lateral de fluxo. Nesse
estágio a circulação de retorno, junto às cavas, é forte, mesmo com ondas
relativamente baixas. Os bancos geralmente são bastante rasos, criando um alto
desnível topográfico. A face praial apresenta feições como cúspides e megacúspides
junto aos bancos, onde a declividade é baixa, alternadas a embaiamentos junto aos
fluxos de retorno, onde a declividade é mais acentuada (WRIGHT & SHORT, 1984).
O estágio Intermediário Terraço de Baixa-Mar (TBM) (Figura 2e) é o tipo
Intermediário com menor nível de energia, no qual a areia é fina. Caracteriza-se por
uma face relativamente íngreme, conectada no nível de baixa-mar a um terraço plano.
Representa o momento em que o banco se conecta à face praial (WRIGHT & SHORT,
1984).
7
Figura 2. Estágios morfodinâmicos para praias arenosas oceânicas, propostos por
Wright & Short (1984) (Fonte: CALLIARI et al., 2003).
f)
8
1.1.3. Estágios morfodinâmicos em praias de enseada
Praias de enseada possuem forma em planta com diferentes graus de curvatura,
estando expostas a direções variadas de incidência de onda, de acordo com a
localização dos promontórios rochosos e orientação de cada uma, e a diferentes
processos de circulação hidrodinâmica e sedimentar (SILVESTER & HSU, 1993). A
forma das praias arenosas em planta varia de acordo com a incidência das ondas sobre
a plataforma e seu contato com o embasamento cristalino. De acordo com Yasso
(1965), um promontório pode causar mudanças na linha de costa dentro de sua área de
influência, as quais podem ser relacionadas a três fatores: (1) interrupção do fluxo de
sedimentos que está sendo carreado pela corrente de deriva litorânea; (2) dissipação
de energia de onda por turbulência ou reflexão; (3) redistribuição da energia de onda
por efeitos de refração e difração.
Davies (1964) observou que a forma em planta, apresentada por essas praias, é
controlada por padrões de refração associados às ondas predominantes (swell), o que
foi confirmado por modelos numéricos (REA & KOMAR, 1975 e LEBLOND, 1979 apud
SHORT & MASSELINK, 1999).
Utilizando a classificação de Wright & Short (1984), Short (1999) identificou que
uma praia de enseada pode contemplar diferentes estágios, dependendo do grau de
exposição, desde Reflectiva, na porção mais abrigada, onde a altura de onda no
sistema é maior que a altura de quebra na praia (Ho > Hb) até Dissipativa, na porção
mais exposta, onde (Ho = Hb) (Figura 3). Segundo Short (1999), praias reflectivas
ocorrem em áreas fortemente compartimentadas e em zonas protegidas por
promontórios. O estágio Intermediário Bancos Transversais desenvolve-se em porções
protegidas de longas praias, as chamadas zonas de sombra, e em enseadas
moderadamente abrigadas. Já o estágio banco e cava longitudinal ocorre na porção
mais retilínea da praia. Quando ocorre em praias interrompidas por obstáculos, os
efeitos são claramente notados, podendo gerar praias de estágio Dissipativo.
9
PROMONTÓRIO A
Hb<<Ho
Reflectivo
Dissipativo
B
a
r
r
a
1
B
a
r
r
a
2
BT
TBM
BCL
BPC
H
o
Hb < Ho
Variação longitudinal
de Hb e Dir
Hb = Ho
PROMONTÓRIO B
Figura 3. Variação tridimensional da topografia de uma praia de enseada,
demonstrando, a partir da direita: a incidência de ondas na antepraia, a passagem de
sedimentos ao redor do PROMONTÓRIO A e, no detalhe, a presença de um esporão
arenoso; a presença dos estágios morfodinâmicos Reflectivo, Intermediários (Terraço
de Baixa Mar TBM, Bancos Transversais BT, Banco e Praia de Cúspide BPC,
Banco e Cava Longitudinal – BCL) e Dissipativo; e a presença de uma megacorrente de
retorno junto ao PROMONTÓRIO B (Fonte: Modificado de SHORT, 1999).
Esporão
arenoso
mega corrente
10
1.1.4. Variação transversal e rotação de praias arenosas
Muitos estudos realizados em diversos tipos de praias arenosas oceânicas, em
ambientes de micromaré, confirmaram a formação e a migração de bancos arenosos
durante eventos de alta energia de onda da porção subaérea da praia em direção ao
mar, com migração de bancos rítmicos para mais lineares, com perfil mais plano
(LIPPMANN et al. 1993) e que, quando um decaimento subsequente do nível de
energia hidrodinâmico, a ocorrência do movimento contrário, com bancos arenosos
sendo deslocados para a porção subaérea da praia (SHORT & AAGARD, 1993),
concentrando o estoque de sedimentos cada vez mais próximo à face praial.
Eventos erosivos intensos, com sequências que partem de estágios com menor
nível de energia de onda para estágios com maior energia de onda, sugerem a
ocorrência de “saltos morfológicos”, durante os quais o estado morfodinâmico
antecedente da praia é alterado em escalas temporais muito pequenas, se comparados
aos períodos de acresção da porção subaérea da praia (HOLMAN & SALLENGER,
1993).
o processo de rotação de praia refere-se ao movimento lateral periódico de
sedimentos, em direção alternada, entre as extremidades do embaiamento (SHORT &
MASSELINK, 1999). O transporte de sedimentos paralelo à costa é uma resposta às
ondas que quebram em um ângulo com a linha de costa. Em muitos casos a rotação é
atribuída à sazonal ou periódica mudança no clima de ondas, em particular na direção
de onda. A incidência de ondas com um determinado ângulo frente à linha de costa pré-
estabelecida irá transportar os sedimentos por fluxo hidrodinâmico, promovendo
deposição sedimentar num extremo da praia e gerando erosão na zona de sombra. A
mudança na direção de incidência de ondas pode remobilizar o pacote sedimentar da
zona anteriormente acrescida e depositá-lo no outro extremo, antes erodido.
Segundo Silvester & Hsu (1993), as praias de enseada podem apresentar-se em
equilíbrio estático ou em equilíbrio dinâmico. Em praias em equilíbrio estático, os trens
de onda dominantes atingem toda a sua extensão, em ângulo de 90 graus, com quebra
11
de onda praticamente simultânea ao longo da praia. Quando o transporte longitudinal
for ativo, a praia se encontra em um estado instável, em equilíbrio dinâmico. Nesse
caso, as ondas atingem a praia de maneira oblíqua. Praias em equilíbrio estático
praticamente não apresentam processo de rotação, enquanto praias em equilíbrio
dinâmico apresentam processos de rotação de praia.
1.1.5. Limites e classificação da orla no Brasil
Segundo o Decreto 5.300, de 2004, que regulamenta a Lei Nacional do
Gerenciamento Costeiro (Lei 7.661/88), os limites de recuo de acordo com o tipo de orla
são: para orla terrestre urbanizada, limite de 50 metros contado a partir do limite da
praia ou a partir da base do reverso da duna frontal, quando existente. Para orla
terrestre não urbanizada, limite de 200 metros contado a partir do limite da praia ou a
partir da base do reverso da duna frontal, quando existente. Não se pode esquecer que
no Brasil existe a figura dos Terrenos de Marinha, situados a uma profundidade de 33
metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha de preamar
média de 1831 (BRASIL, 1946). Esse patrimônio da União faz parte da orla brasileira
(BRASIL, 1988).
O Projeto Orla, instituído pelo Decreto 5.300/2004, trabalha com a metodologia
de enquadrar os diferentes tipos de orla em distintas categorias. Contudo, num litoral
extenso e variado como o brasileiro, por exemplo, torna-se difícil enquadrar todas as
situações existentes na orla em um conjunto pequeno de tipologias, especialmente pela
variedade natural e social observada. Tal discussão orientou, por exemplo, a divisão da
orla em abrigada, semiabrigada e exposta à energia das ondas (PROJETO ORLA,
2002). Outra proposta deste Projeto é o diagnóstico da orla terrestre de acordo com os
níveis de ocupação, propondo uma tipologia para os espaços praiais. A síntese
alcançada com tal análise contempla a seguinte divisão: orla urbanizada, em processo
de urbanização e não urbanizada (PROJETO ORLA, 2002).
12
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Geral
Analisar a relação entre as características morfodinâmicas de trechos da orla
oceânica da Ilha de Santa Catarina, Brasil, e a sua utilização e conservação.
1.2.2. Específicos
Construir uma base de dados sobre o monitoramento, derivada de trabalhos
anteriores, caracterizando diversos trechos da orla;
Identificar características morfodinâmicas, envolvendo sua granulometria,
morfologia e hidrodinâmica, identificando agrupamentos segundo tipos de praia e sua
distribuição espacial;
Caracterizar a orla terrestre das praias em questão quanto à utilização e
conservação, gerando uma classificação genérica da orla, relacionada com o meio
físico-natural.
13
1.3. HIPÓTESES DE TRABALHO
- A compartimentação das praias arenosas da costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina está relacionada à sua posição geográfica em relação aos promontórios
rochosos, à energia de ondas incidentes e à granulometria das praias.
- A utilização e a conservação de diferentes trechos da orla estão relacionadas às
características morfodinâmicas das praias. Áreas urbanizadas junto à linha de costa
ocorrem nas praias mais abrigadas da energia das ondas pelos promontórios rochosos,
enquanto que as áreas mais expostas têm orlas em geral mais conservadas.
- A utilização e a conservação de diferentes trechos da orla irão definir os trechos
mais ou menos vulneráveis à erosão costeira. Orlas com urbanização junto à praia são
incondicionalmente as mais vulneráveis. Em trechos com semelhante utilização, as
características morfodinâmicas das praias, por sua vez, também indicarão o grau de
vulnerabilidade, visto que, em geral, os trechos mais expostos apresentam maior
variabilidade morfológica.
14
CAPÍTULO 2 - ÁREA DE ESTUDO
2.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A Ilha de Santa Catarina localiza-se na costa central do estado de Santa
Catarina, sul do Brasil, entre as latitudes 27º22’S e 27º50’S, município de Florianópolis.
Possui 55 km de extensão e 18 km de largura máximas, com área de aproximadamente
423 km
2
. Apresenta forma alongada, na direção NE SW, e está separada do
continente por duas baías, a Baía Norte e a Baía Sul. Entre as baías, situa-se um
estreito onde há a ligação rodoviária entre a Ilha e o continente próximo.
Neste trabalho, considera-se como a orla oceânica da Ilha de Santa Catarina o
trecho em destaque na Figura 4, situado na área exposta diretamente à ação marinha,
desconsiderando as margens da Baía Norte e da Baía Sul.
Santa Catarina
Para
Rio Grande do Sul
Brasil
85
0
85
170
255km
1.540 1.540
0
3.080 4.620 km
SC
Oceano
Atlântico
25 57’41’’S
28 00’ S
26 40’ S
29 23’55’’ S
20 20
0
40
60 km
Baía
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30’
48 30’ 48 20’
Oceano
0
1
2
3
4 km
Ilha de
Santa
Catarina
48 30
48 20
27 30
27 40
27 50
0 1 2 3 4 km
Oceano
Atlântico
Baía
Norte
Baía
Sul
Figura 4. Mapa de localização da área de estudo destacando o litoral catarinense, à
esquerda, e a costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, à direita.
15
2.2. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA REGIONAL
A Ilha de Santa Catarina representa uma ilha costeira, cujos traços
geomorfológicos assemelham-se aos das áreas continentais próximas.
O relevo da Ilha
de Santa Catarina é marcado pela associação de duas unidades geológicas maiores:
elevações dos maciços rochosos que compõem o embasamento cristalino e áreas
planas de sedimentação costeira (CARUSO JR., 1993). Ambas delineiam
respectivamente as denominadas serras litorâneas e planície costeira, unidades
geomorfológicas que caracterizam a paisagem local.
As elevações dos maciços rochosos apresentam em geral aspecto de crista,
dada sua posição alongada e o acentuado declive das encostas. Os maciços encaixam-
se no contexto do soerguimento das serras do leste catarinense (CARUSO JR., 1993).
A Ilha de Santa Catarina é atravessada em toda sua extensão por uma dorsal
central (o Granito Ilha), com orientação NNE SSW, sentido do “alinhamento cristalino
regional” (TOMAZOLLI et al., 2005). Dois compartimentos podem ser distinguidos: um
setor centro-norte e um setor sul. Entre eles se situa a planície Entre Mares (IPUF,
1991). A dorsal ramifica-se lateralmente em esporões que podem continuar submersos
ou emergir na forma de ilhas. Os divisores de água separam as pequenas bacias
fluviais e planícies costeiras (Figura 5).
Segundo CECCA (1997), na Ilha de Santa Catarina, três ambientes de
planícies costeiras de acordo com o nível de energia hidrodinâmica e eólica a que estão
sujeitas: Costa Leste, submetida à atuação das ondas e ventos de alta energia
provenientes dos quadrantes sul, sudeste e leste; Costa Oeste (Baía Norte e Baía Sul),
compreendendo as águas protegidas das baías Norte e Sul; e a Costa Norte, de nível
de energia intermediário, que é atingido pelos ventos e ondulações oriundas do norte e
protegido de ventos e ondulações provenientes do sul pelas elevações da dorsal central
(Figura 5).
16
BAÍA
NORTE
BAÍA
SUL
COSTA NORTE
COSTA LESTE
Figura 5. Planialtimetria da Ilha de Santa Catarina destacando áreas de elevação do
embasamento cristalino e áreas de planície costeira e os três setores de planície
costeira, e/ou costas, delimitados a partir dos principais divisores de água (Fonte:
Modificado de MIRANDA, 2005).
17
A formação dessas planícies costeiras está associada às oscilações do nível do
mar durante o Quaternário, resultante principalmente da alternância entre períodos
glaciais e interglaciais, o que altera o volume das águas oceânicas e a dinâmica
deposicional. Pode-se dizer que as transgressões marinhas, quando as linhas de costa
migram rumo ao continente, e as regressões marinhas, quando as linhas de costa
migram em direção aos oceanos, moldaram as planícies costeiras. Geologicamente, as
planícies costeiras da Ilha de Santa Catarina são representadas pelo sistema
deposicional transicional (HORN FILHO, 2006), caracterizadas por depósitos marinho
praial, eólico, lagunar e paludial de idade quaternária. As planícies estão associadas ao
desenvolvimento de tômbolos e arcos praiais alternados na Costa Leste e arcos praiais
alternados com esporões arenosos na Costa Norte.
Na Costa Leste, entre a Ponta de Naufragados, extremo sul da Ilha, e a Ponta do
Rapa, extremo norte, encontram-se quatro tômbolos principais, feições geomorfológicas
associadas aos morros dos Ingleses e das Aranhas (tômbolo 1), Maciço da Praia Mole
(tômbolo 2), Ilha do Campeche (tômbolo 3) e ao Maciço da Lagoinha do Leste (tômbolo
4) (Figura 6), além de outros com menores dimensões. Geologicamente, caracterizam
sistemas deposicionais do tipo laguna-barreira associados a movimentos transgressivos
do nível do mar, com idades: pleistocênica (120.000 anos A.P.) e holocênica (10.000
anos A.P) (CARUSO Jr., 1993), com presença de campos de dunas transgressivas, que
migram de sul para norte (MIOT DA SILVA, 2006).
Na Costa Norte, entre a Ponta do Rapa e o Pontal da Daniela, a presença de
quatro sistemas do tipo esporão arenoso: Ponta das Canas (esporão 1), Canajurê
(esporão 2), Praia do Forte (esporão 3) e Pontal da Daniela (esporão 4) (Figura 7).
Segundo Duarte (1981), na referida porção se destacam sistemas do tipo cordões
litorâneos regressivos, de idade holocênica, na planície costeira.
Nas margens das baías Norte e Sul, entre o Pontal da Daniela e a Ponta de
Naufragados, pela margem oeste da Ilha de Santa Catarina, a linha de costa é bastante
recortada, com muitas praias de pequenas dimensões, se comparada às costas Leste e
Norte da Ilha, mas ocorrentes em maior número (HORN FILHO et al., 2000).
18
Ponta dos Naufragados
Baía Sul
Baía Norte
Ponta do Rapa
ILHA DE
SANTA CATARINA
OCEANO
ATLÂNTICO
SANTA CATARINA
Laguna
Tômbolo 1
Tômbolo 2
Tômbolo 4
Tômbolo 3
Esporão 1
Esporão 2
Esporão 4
Esporão 3
FLORIANÓPOLIS
Figura 6. Imagem NASA World Wind da Ilha de Santa Catarina e demais áreas do litoral
centro-sul catarinense demonstrando o alinhamento geológico estrutural regional da
costa, a presença de quatro tômbolos e quatro esporões arenosos principais.
Atualmente as praias arenosas representam 50,5% (88 km) do perímetro total da
Ilha de Santa Catarina, estando intercaladas entre promontórios e pontais rochosos
dominantemente graníticos (HORN FILHO et al., 2000) e manguezais (Figura 6).
19
2.2.1. Geologia e geomorfologia da plataforma continental interna
A plataforma continental adjacente à área de estudo está inserida na plataforma
de Florianópolis, situada no limite entre as bacias sedimentares de Santos, ao norte, e
de Pelotas, ao sul (CARUSO JR., 1993).
A plataforma de Florianópolis está localizada entre as latitudes de 27˚S (Porto
Belo) e 28,5˚S (Cabo de Santa Marta), coincidindo com o prolongamento de uma
grande zona transversal de fraturamento oceânico (sentido predominante NE - SW)
(Figura 7), relacionado a uma antiga zona de fraqueza, palco de vulcanismo intenso
durante os estágios iniciais da abertura do Atlântico Sul (GONÇALVES et al., 1979)
sendo composta por ilhas, parcéis e sistemas deposicionais.
As sedimentações na plataforma de Florianópolis e na bacia de Pelotas foram
muito semelhantes (CARUSO JR., 1993), principalmente após o Aptiano, quando se
iniciou uma franca comunicação entre as bacias de Santos e Pelotas. Corrêa et al.
(1996) identificaram sete fácies texturais ao longo das áreas mencionadas, sendo
estas: arenosa, areno-síltica, areno-argilosa, síltico-argilosa, síltico-arenosa, síltico-
argilosa, argilo-síltica e areno-síltico-argilosa.
Segundo Corrêa & Villwock (1996), as areias que ocorrem na plataforma
continental sul brasileira são predominantemente quartzosas, com granulometria
oscilando de areias finas a médias, com características similares àquelas encontradas
em planícies costeiras e praias, visto que, durante o Quaternário, o nível do mar já
esteve a 120m abaixo do atual.
Ao largo da Ilha de Santa Catarina, a linha de costa tem forma bastante irregular,
com vários promontórios rochosos e praias em arco. também diversas ilhas de
menores dimensões. Nesse trecho, a linha de costa da Ilha e os contornos batimétricos
são aproximadamente paralelos entre si, com orientação predominante NNE-SSW
(ROMEU, 2007), provavelmente associada à geologia estrutural.
20
2.3. CARACTERÍSTICAS METEO-OCEANOGRÁFICAS REGIONAIS
2.3.1. Características meteorológicas
As características meteorológicas da Ilha de Santa Catarina são controladas pela
atuação das massas Polar Marítima e Tropical Marítima do Atlântico, estando inserida
numa região de clima temperado da categoria subquente (NIMER, 1989).
A situação normal da circulação atmosférica da região é o domínio de um
sistema semifixo de alta pressão com ventos de norte/nordeste, juntamente com o
efeito local da brisa marinha (MONTEIRO & FURTADO, 1995). Periodicamente, o
sistema é perturbado pela passagem de frentes frias originadas pela migração do
Anticiclone Polar Móvel sobre a região, de sudoeste para nordeste (TRUCOLLO, 1998;
MARIOTTI & FRANCO, 2001). Geralmente 3 a 4 frentes frias atingem Santa Catarina a
cada mês no sentido sudoeste/nordeste (RODRIGUES et al., 2004). Os ventos
predominantes são de norte/nordeste, enquanto os de sul/sudoeste são mais intensos.
Também se destacam as chamadas “lestadas” (MONTEIRO & FURTADO, 1995),
que ocorrem quando sistemas de baixa pressão permanecem por algum período, entre
horas e alguns dias, a leste do litoral catarinense, sobre o oceano. Tais períodos são
marcados por altos índices de pluviosidade.
2.3.2. Regime de ondas
Araújo et al. (2003), a partir de uma análise estatística realizada com as
medições de um ondógrafo fundeado em águas profundas ao largo da Ilha de Santa
Catarina, no período de dezembro de 2001 a janeiro de 2003, identificaram como
características gerais ao longo do ano a alternância de ondulações de sul com período
em torno de 12 segundos e vagas de leste com período de 8 segundos. Durante o
outono e o inverno, quando as frentes frias são mais frequentes, as ondulações de sul
21
prevalecem sobre as vagas de leste. No verão um balanço entre as mesmas e na
primavera prevalecem as vagas de leste. Também observaram uma ocorrência
freqüente de espectros bimodais envolvendo um mar local e uma ondulação. Ao longo
do ano, cerca de 31% dos espectros continham duas direções de onda, sendo que 43%
destes ocorreram no verão e 24%, no inverno.
Através dos dados do ondógrafo foi possível identificar cinco sistemas de ondas,
bem definidos e relativamente estáveis, ao longo do ano, ao largo do litoral catarinense
(ARAÚJO et al., 2003). Tais estados de mar foram associados às condições
meteorológicas regionais. São eles: ondulações longínquas (swell) de sul/sudeste, com
período aproximado de 14,2 segundos, geradas em altas latitudes do Oceano Atlântico
Sul; ondulações de sul, com período aproximado de 11,4 segundos, geradas no litoral
uruguaio e gaúcho, associada à passagem de frentes frias; Vagas locais (sea) de leste,
com 8,5 segundos, devido à ão de ventos persistentes de nordeste associada à
massa Tropical Marítima do Atlântico; curtas vagas locais de nordeste, com 4,7
segundos, geradas por ventos de curta duração; vagas locais de sul, com 6,4
segundos, associadas a ventos de sul/sudoeste, com curta pista de vento.
Embora haja um amplo espectro de propagação de ondas ao largo da Ilha de
Santa Catarina, três principais situações dessa incidência na área de estudo:
ondulações longínquas de sul/sudeste, ondulações de sul e vagas/ondulações de leste.
Segundo Romeu (2007), a direção média da inclinação batimétrica ao largo da
Ilha de Santa Catarina é de 15º N. A direção de incidência de onda 105º N (SE-E) é a
normal em relação a essa inclinação batimétrica, enquanto que as direções 30º N e
210º N são as extremas. Conforme Araújo et al. (2003), ondas com direções menores
que 30 graus em relação ao Norte geográfico são raras, mas, quando acontecem,
duram poucas horas, com pequena amplitude e períodos baixos. Em relação ao limite
sul de chegada de ondas, os dados indicam a direção de 210 graus como suficiente,
devido à orientação e à posição geográfica da costa sul brasileira, que possibilita a
chegada de ondulações longínquas do Atlântico Sul.
22
As condições de alta energia de onda observadas geralmente provêm de
ondulações de sul/sudeste (S-SSE), com períodos de pico acima de 11 segundos,
gerando ondas maiores que 4 metros em águas profundas. Tais condições podem ser
encontradas em todas as estações do ano, associadas à passagem de frentes frias.
Também incidência de ondas de alta energia provenientes do quadrante E-ENE,
durante as chamadas “lestadas”, quando as ondas podem ultrapassar os 5 metros de
altura, geralmente com menor período de pico que as provenientes de S-SSE.
2.3.3. Regime de marés
A Ilha de Santa Catarina está sujeita à micromaré, segundo a classificação de
Davies (1964), com amplitude máxima em 1,2 metros, em condição de sizígia e regime
semidiurno. As maiores variações do vel do mar na região ocorrem devido às marés
meteorológicas. As positivas, isto é, geradoras de uma sobre-elevação do nível do mar,
na costa sul do Brasil, são decorrentes da ão de eventos de alta energia de onda,
associados a fortes ventos e ondulações provenientes de sul/sudeste (CRUZ, 1998). As
marés meteorológicas negativas, geradoras de um abaixamento do nível do mar, por
sua vez, podem ser associadas a ventos e vagas provenientes de leste-nordeste.
2.4. BREVE HISTÓRICO DE URBANIZAÇÃO DA ORLA OCEÂNICA
Segundo Veiga (1993), o início da ocupação da Ilha de Santa Catarina ocorreu
no século XVII, período de expansão da colonização e povoamento do litoral sul
brasileiro, que partia da Capitania de São Vicente (Rio de Janeiro). A vila de Nossa
Senhora do Desterro (hoje cidade de Florianópolis) foi fundada em 1662 e recebeu
muitos imigrantes europeus e orianos, dadas suas propícias características
fisiográficas, principalmente a presença das baías Norte e Sul, que se constituem em
ancoradouros para qualquer vento e estado de mar.
23
A ocupação inicial da orla oceânica da Ilha de Santa Catarina se deu em áreas
localizadas onde foram instaladas a sede, as freguesias e os assentamentos de
pescadores (REIS, 2002). A primeira situava-se na porção mais abrigada, confluência
das baías Norte e Sul. As demais áreas comerciais, chamadas freguesias,
desenvolviam-se nas margens das baías Norte e Sul, exceto as da Lagoa da Conceição
e de Canasvieiras, esta situada sobre o embasamento cristalino. Núcleos pesqueiros
tradicionais, chamados de localidades, desenvolveram-se nas áreas voltadas para o
mar aberto (REIS, 2002), relativamente abrigadas da alta energia do mar,
possibilitando, sem a mesma facilidade encontrada nas baías Norte e Sul, o acesso ao
mar através de pequenas embarcações de pesca. Entre os núcleos pesqueiros
tradicionais, destacavam-se os de Ingleses do Rio Vermelho, Barra da Lagoa, Rio
Tavares, Campeche, Armação e Pântano do Sul (Figura 7).
Figura 7. Mapa da Ilha de Santa Catarina durante a ocupação colonial, destacando a
Vila do Desterro, as freguesias, núcleos pesqueiros e fortalezas (Fonte: REIS, 2002).
Ingleses do Rio Vermelho
Barra da Lagoa
Rio Tavares
Campeche
Armação
Pântano do Sul
24
Segundo dados levantados pelo IPUF (2008), por volta de 1929 iniciou-se a
construção do Hotel Balneário de Canasvieiras, primeiro a ser instalado em uma região
balneária no município e a tornar-se refúgio de descanso para hóspedes seletos,
políticos e membros de famílias ricas.
Mais integrada às cidades vizinhas e ao Estado pelo aumento das
comunicações, a cidade cresceu nos anos 1960 e 1970, com a implantação da
Universidade Federal de Santa Catarina e atuação de grandes empresas estaduais e
federais, trazidas pela burocracia e estatização do período militar (IPUF, 2008). Nestas
décadas de acentuado desenvolvimento urbano, incrementou-se a busca e a ocupação
das praias pela população local e, principalmente, por turistas estaduais, interestaduais
e estrangeiros, que transitavam pela BR–101, recém-construída e asfaltada.
Até o final da década de 1970, a expansão urbana gerada pelo turismo
aumentou consideravelmente, em especial nos balneários do norte da Ilha (Jurerê,
Canasvieiras e Cachoeira do Bom Jesus), cujos núcleos foram ampliados pela
implantação de parcelamentos de terra ordenados, tais como o Loteamento Daniela, no
Pontal da Daniela; Loteamento Village I, na Lagoa da Conceição e Loteamento Açores,
no distrito do Pântano do Sul (REIS, 2002; IPUF, 2008). Segundo o autor citado, no
mesmo período também houve expansão urbana do parcelamento simples (expansão
dos núcleos pesqueiros).
Nos anos de 1980, consolidou-se o processo de expansão urbana para os
balneários de Jurerê (Jurerê Internacional), Canasvieiras (Loteamento Cláudio Di
Vincenzi), Cachoeira e Ponta das Canas, Praia Brava (Loteamento América do Sol),
Ingleses (Loteamento Costa Norte), Lagoa da Conceição (Loteamento Saulo Ramos),
Barra da Lagoa (Loteamento Cidade da Barra) e Santinho (Costão do Santinho Resort)
(IPUF, 2008). Segundo o IPUF (2008), na década de 1990, com a duplicação da SC-
401 para o norte da Ilha de Santa Catarina, a expansão urbana organizada consolidou-
se em Jurerê Internacional, Canasvieiras, Praia Brava e Ingleses. No sul da Ilha de
Santa Catarina foi iniciada a construção do Condomínio Novo Campeche.
25
No período de 1977 a 2000 ocorreu um aumento das áreas urbanizáveis: de
20,4% para 33,8%; e uma brutal redução das áreas rurais: de 34,6% para 7,4% do
território municipal (IPUF, 2008). Florianópolis ainda possui urbanização polinucleada,
isto é, formada por diversos núcleos urbanos isolados, fruto de sua evolução histórica.
A Figura 8 mostra a evolução das redes viárias e da área urbana entre 1957 e 1998.
Figura 8. Mapas com a evolução da malha urbana em Florianópolis entre 1957 e
1998 (Fonte: IPUF, 2008).
26
CAPÍTULO 3 - TRABALHOS ANTERIORES NA ÁREA DE ESTUDO
Estudos realizados nas praias arenosas da Ilha de Santa Catarina se iniciaram
na década de 1960, quando pesquisadores ligados à Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM),
coletaram sedimentos de praticamente todas as praias arenosas da Ilha (MARTINS et
al., 1970; MARTINS et al., 1972).
Novos estudos se reiniciaram na metade da década de 1980, quando alguns
trabalhos foram retomados no contexto da Universidade Federal de Santa Catarina, os
quais possibilitaram a publicação do único livro até o momento a tratar de forma
científica das praias da Ilha de Santa Catarina (CRUZ, 1998).
No início da década de 1990, numa parceria entre o curso de Geografia da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal do Rio Grande
(FURG) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), iniciaram-se as
pesquisas envolvendo o monitoramento praial, destacando-se os estudos de Get al.
(1994) na Praia Mole e Santos (1995), na Joaquina. Santos (1995) e Santos et al.
(1997) relacionaram as características das praias à cobertura vegetal das dunas
frontais.
No mesmo período também se iniciou o primeiro trabalho de monitoramento,
realizado na Praia da Armação, utilizando premissas da Escola Australiana de
Geomorfologia Costeira (ABREU DE CASTILHOS, 1995). Abreu de Castilhos (1995)
enfocou também relações entre a morfodinâmica e a formação de planícies costeiras e
formas de praia em planta. Abreu de Castilhos (1997) e Abreu de Castilhos et al. (1997)
caracterizaram ainda processos de transporte sedimentar na Praia da Armação. Outros
trabalhos envolvendo a caracterização de sistemas praiais, mas sem a metodologia de
monitoramento, tais como Diehl & Horn Filho (1996) foram igualmente realizados nesse
período. Leal et al. (1999) e Horn Filho et al. (2000) realizaram a identificação de
compartimentos de acordo com suas diferenças geoambientais e oceanográficas.
27
Na segunda metade da década de 1990 foram efetivados mais dois trabalhos de
monitoramento, na Praia dos Ingleses (FARACO, 1998) e no sistema praial
Moçambique Barra da Lagoa (LEAL et al., 1998; LEAL, 1999). No período também
ocorreram trabalhos de monitoramento dos esporões arenosos do norte da Ilha de
Santa Catarina, primeiramente no pontal da Daniela (DIEHL, 1997; DIEHL et al., 1998)
e Praia do Forte (NUNES, 1997) e, posteriormente, em Ponta das Canas (NUNES,
2002).
No início do século XXI o principal avanço no estudo das praias arenosas da Ilha
de Santa Catarina foi a utilização de métodos quantitativos, que possibilitaram
relacionar aspectos morfodinâmicos à forma das praias em planta (MIOT DA SILVA,
2002; KLEIN, 2004). Os referidos trabalhos utilizaram dados de monitoramento no litoral
centro-norte de Santa Catarina, entre os municípios de Governador Celso Ramos e
Piçarras, mas realizaram coletas de sedimento e analisaram a forma em planta das
praias arenosas da costa oceânica do estado de Santa Catarina.
Mesmo com a incorporação de outras metodologias, os trabalhos com
acompanhamento das dinâmicas locais, baseados em técnicas de monitoramento de
perfis, continuaram a ser predominantes. Torronteguy (2002) realizou um trabalho de
monitoramento no sistema praial Joaquina – Morro das Pedras; Faraco (2003), na Praia
dos Ingleses; Oliveira (2004), na Praia do Pântano do Sul e Peixoto (2005), na Praia do
Santinho. Torronteguy (2002) diagnosticou a variabilidade morfodinâmica ao longo do
trecho de costa analisado, associando-a principalmente à constituição sedimentar.
Faraco (2003) reocupou perfis monitorados pela própria autora na década de 1990,
tentando relacionar diferenças encontradas a períodos de ocorrência de El Niño e La
Niña. Oliveira (2004) associou estágios morfodinâmicos predominantes em diferentes
áreas de um sistema praial ao nível de energia hidrodinâmico. Já Peixoto (2005),
relacionou a morfodinâmica do sistema praia-duna à cobertura vegetal da duna frontal,
assim como havia realizado Santos (1995), utilizando critérios mais avançados.
Guttler (2006) e Miot da Silva (2006) monitoraram, respectivamente, as praias da
Solidão ou Rio das Pacas e o sistema praial Moçambique Barra da Lagoa. Guttler
28
(2006) utilizou o registro fotográfico oblíquo como auxílio à classificação morfodinâmica
da Praia da Solidão. Já Miot da Silva (2006), assim como Santos (1995) e Peixoto
(2005), realizou um estudo sobre a interação praia-duna ao longo do sistema
Moçambique Barra da Lagoa, propondo um modelo de interação válido para a costa
oceânica da Ilha de Santa Catarina. As duas últimas praias monitoradas foram a Brava
e o sistema praial Canasvieiras Ponta das Canas. Schweitzer (2007) monitorou três
perfis na Praia Brava durante um ano, enquanto Oliveira et al. (2008a) monitoraram
sete perfis ao longo de dois anos no sistema Canasvieiras Ponta das Canas. O
trabalho realizado em Canasvieiras foi complementado por Barletta et al. (2008), que
propuseram critérios para um possível engordamento de praia, a ser realizado no local.
Neste início de século, marcado por ampla discussão sobre aquecimento global
e subida do nível relativo do mar, ocorreram estudos sobre o impacto da erosão
costeira sobre a orla da Ilha de Santa Catarina (SIMÓ, 2003; RUDORFF, 2005; ABREU
DE CASTILHOS et al., 2006; HORN FILHO, 2006; OLIVEIRA et al., 2006a). Simó
(2003), através de uma revisão bibliográfica e da coleta de registros de danos junto à
Defesa Civil, apresentou as principais evidências erosivas nas praias da Ilha de Santa
Catarina. Rudorff (2005) utilizou a lógica difusa para analisar trechos de orla sujeitos à
erosão costeira. Abreu de Castilhos et al. (2006) apresentaram uma análise preliminar
de processos erosivos na Costa Leste da Ilha. Horn Filho (2006) fez inferências sobre
evidências erosivas e deposicionais, identificando também áreas de periculosidade e
problemas de degradação ambiental. Já Oliveira et al. (2006a), identificaram áreas
onde ocorre erosão costeira e/ou retrogradação da linha de costa ao longo da orla
urbanizada da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina.
Em linhas gerais, os trabalhos de monitoramento praial diagnosticaram
diferenças no nível de energia de onda, de características morfodinâmicas e
granulométricas dentro de cada ambiente praial, havendo entre eles peculiaridades,
como a interação duna-praia, efeitos de El niño/La nina, e outros. Quanto aos trabalhos
que abrangeram um maior número de praias, nenhum utilizou dados de monitoramento
praial, o que limitou a análise temporal.
29
CAPÍTULO 4 - MATERIAL E MÉTODOS
4.1. ANÁLISE DE PARÂMETROS DERIVADOS DO MONITORAMENTO PRAIAL
Após uma revisão bibliográfica dos trabalhos realizados na área de estudo, foram
compilados dados referentes a 40 perfis monitorados ao longo da costa oceânica da
Ilha de Santa Catarina (Figura 9).
Os perfis 1, 2, 3 e 4, situados na Praia de Canasvieiras, foram monitorados
mensalmente durante onze campanhas por Oliveira et al. (2008a). Os perfis 5, 6 e 7,
situados na Praia Brava, foram monitorados mensalmente durante dezesseis
campanhas por Schweitzer (2007). Os perfis 8, 9, 10, 11, 12 e 13, localizados na Praia
dos Ingleses, foram monitorados mensalmente durante nove campanhas por Faraco
(2003). Os perfis 14, 15 e 16, situados na Praia do Santinho, foram monitorados
mensalmente durante doze campanhas por Peixoto (2005). Os perfis 17, 18, 19, 20 e
21, sistema praial Moçambique Barra da Lagoa, foram monitorados mensalmente
entre doze e dezenove campanhas por Leal (1999). Os perfis 22, 23, 24, 25 e 26,
localizados no sistema praial Joaquina Morro das Pedras, foram monitorados
mensalmente durante dez campanhas por Torronteguy (2002). Os perfis 27, 28, 29, 30,
31, 32, 33 e 34, situados na Praia da Armação, foram monitorados mensalmente
durante quatorze campanhas por Abreu de Castilhos (1995). Os perfis 35, 36 e 37,
localizados na Praia do Pântano do Sul, foram monitorados mensalmente durante treze
campanhas por Oliveira (2004). Os perfis 38, 39 e 40, situados na Praia da Solidão ou
do Rio das Pacas, foram monitorados mensalmente durante dezoito campanhas por
Guttler (2006).
30
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina





Oceano
Atlântico
 

1 2 3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
27
Figura 9. Mapa da Ilha de Santa Catarina com localização dos perfis de praia (escala e
coordenadas aproximadas).
PRAIA DE
CANASVIEIRAS
PRAIA BRAVA
PRAIA DOS INGLESES
PRAIA DO SANTINHO
PRAIA DO MOÇAMBIQUE
PRAIA DA BARRA DA LAGOA
PRAIA DA JOAQUINA
PRAIA DO CAMPECHE
PRAIA DA ARMAÇÃO
PRAIA DA SOLIDÃO
PRAIA DO PÂNTANO DO SUL
PRAIA DO MORRO DAS PEDRAS
31
Os trabalhos de monitoramento praial destacados basearam-se numa
metodologia de obtenção dos dados que consistiu na medição de perfis, coleta de
sedimentos e observações costeiras, geralmente efetuadas com periodicidade mensal,
abrangendo o período de cerca de um ano, possibilitando o cálculo de diversos
parâmetros (Figura 10).
MONITORAMENTO PRAIAL
DA TOPOGRAFIA DA GRANULOMETRIA
DE CONDIÇÕES
HIDRODINÂMICAS
VOLUME
VARIAÇÃO DE VOLUME
LARGURA DA PRAIA
VARIAÇÃO DA LARGURA DA PRAIA
DECLIVIDADE
DIÂMETRO MÉDIO DO GRÃO
GRAU DE SELECIONAMENTO
ASSIMETRIA
CURTOSE
ALTURA DE ONDA
PERÍODO DE ONDA
CORRENTES LITORÂNEAS
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO
DA LINHA DE COSTA
ÔMEGA TEÓRICO
PARÂMETRO RELATIVO
DA MARÉ
PARÂMETRO ÔMEGA
VELOCIDADE DE
SEDIMENTAÇÃO
Figura 10. Fluxograma demonstrando a sequência no processo de geração de dados,
da fase de coleta ao cálculo de parâmetros.
Os critérios de escolha dos 40 perfis (casos) basearam-se na metodologia
utilizada, periodicidade do monitoramento e características físico-naturais. Em todos os
perfis o método sugerido por Short & Wright (1984) foi utilizado para classificação da
praia. Foram analisadas somente praias arenosas oceânicas de enseada. Os sistemas
32
do tipo esporão arenoso ou spits e as praias abrigadas das baías Norte e Sul não foram
analisados.
Cada um dos trabalhos utilizados teve sua peculiaridade, seja em relação à área,
ou em relação ao período de amostragem. O período de monitoramento de cerca de um
ano se justifica, pois, no fato de a grande maioria dos trabalhos terem sido realizados
por alunos da graduação ou pós-graduação, com tempo estabelecido para cumprimento
dos mesmos. Ressalta-se que, como esses períodos de amostragem tiveram duração
mínima de um ano, abrangeram as quatro estações.
Mesmo tendo como limitante o fato de que muitos dados foram coletados em
períodos diferentes e apresentaram número de coletas diferentes (N), considera-se que
valores médios de determinados parâmetros tenham variabilidade limitada. Segundo
Souza et al. (2005), embora haja variabilidades, as praias arenosas sempre apresentam
condições predominantes. Por exemplo: uma praia composta por areias finas mantém
geralmente o padrão areia fina (Mz), com baixa variação do diâmetro médio (DpMz);
praias abrigadas da alta energia de onda comumente irão apresentar baixa altura de
quebra de onda (Hb). Isso torna tais dados possíveis de serem comparados, ou pelo
menos discutidos.
A morfologia bidimensional foi obtida com perfis medidos através do método de
nivelamento expedito com nível e estadia descrito por Birkmeier (1981) e Birkmeier
(1985). Segundo a metodologia em questão, cada perfil topográfico deve ser medido
sucessivamente a partir de uma mesma área (marco topográfico).
Níveis de referência arbitrários (datum) foram obtidos em relação ao nível do mar
por ocasião de uma maré baixa de sizígia medida durante um perfil, de acordo com os
dados das tábuas de maré da DHN, possibilitando o estabelecimento de um nível médio
do mar arbitrário para o período de monitoramento.
A superposição de perfis possibilitou o cálculo de parâmetros morfométricos,
como volume, variação de volume, largura da praia, variação na largura da praia,
declividade e coeficiente de variação da linha de costa (Figura 10).
33
Os sedimentos podem ser analisados sob várias ópticas. Uma das mais
utilizadas é a análise granulométrica, técnica utilizada em todos os trabalhos de
monitoramento realizados nas praias da Ilha de Santa Catarina até o presente
momento. A análise dos sedimentos utilizando a escala granulométrica de Wentworth
(1922) possibilitou o tratamento estatístico das amostras de sedimentos. Alguns dos
parâmetros calculados foram os propostos por Folk & Ward (1957).
O monitoramento das condições hidrodinâmicas nas praias envolve,
basicamente, a medição empírica de dados de onda e de correntes litorâneas. A altura
de quebra de onda (Hb) e o período de pico de onda (T) na zona de arrebentação foram
estimados empiricamente segundo a metodologia proposta por Melo Filho (1991).
Alguns parâmetros apontados na Figura 10 foram excluídos da análise. O
volume da praia foi excluído devido ao fato de que depende da fixação do marco
topográfico, sendo utilizada somente a variação de volume. Os dados de assimetria e a
curtose, parâmetros que medem a tendência das partículas de se distribuir de um lado
ou outro da média e a discrepância entre a altura de uma classe granulométrica em
relação às outras, respectivamente, não foram calculados para todas as praias
selecionadas. O período de onda (T), embora não tenha sido diretamente utilizado,
indiretamente serviu para o cálculo do parâmetro adimensional ômega. Dados de
correntes de deriva na zona de surf também não foram medidos para todos os perfis.
Sendo assim, a análise das características morfodinâmicas dos 40 trechos de
orla na Ilha de Santa Catarina (perfis) foi baseada em 10 parâmetros morfométricos,
descritos a seguir.
4.1.1. Diâmetro médio do grão na face praial (Mz)
A área definida para caracterização granulométrica foi a face praial, pelo fato de
que, dentre todos os 40 perfis monitorados, foi realizada pelo menos uma coleta
superficial de sedimento nesse setor. Ressalta-se que a grande maioria dos trabalhos
34
não eliminou o teor de carbonato das amostras. Em todos os compilados, o tratamento
granulométrico de tais amostras de sedimento foi realizado segundo o método de
peneiração, baseado na escala granulométrica de Wentworth (1922), com intervalo de
1
/
2
Phi.
O diâmetro médio do grão estatisticamente é calculado pela média aritmética.
Segundo Folk & Ward (1957), a média aritmética dos percentis 16 (
1
/
3
mais grosseiro),
50 (
1
/
3
central) e 84 (
1
/
3
mais fino) é a medida de tendência central mais importante, pois
é determinada pela fonte do sedimento, pelo agente transportador e pelo ambiente
deposicional, identificando distintas classes granulométricas (Tabela 1). O cálculo da
média aritmética é feito segundo a fórmula:
Mz = Ø16 + Ø50 + Ø84
3
Tabela 1: Escala granulométrica de Wenthworth (1922), escala ½ Phi, para a fração
areia.
Classe granulométrica Diâmetro médio (Phi) Diâmetro médio (mm)
Areia muito grossa -0,5 1,41
0 1
Areia grossa 0,5 0,71
1 0,5
Areia média 1,5 0,35
2 0,250
Areia fina 2,5 0,177
3 0,125
Areia muito fina 3,5 0,088
4 0,062
35
4.1.2. Grau de selecionamento do grão na face praial (Dp Mz)
O grau de selecionamento, ou desvio padrão, é a variação central do tamanho
dos grãos a partir da média aritmética. Mede o grau de dispersão das partículas em
torno da tendência central da amostra. Serve para determinar o grau de dispersão das
classes granulométricas em relação à média, ou seja, o selecionamento das amostras.
Folk & Ward (1957) determinaram o desvio padrão gráfico incluso, que se
aproxima do desvio padrão matematicamente calculado, pela seguinte fórmula:
= Ø84 – Ø16 + Ø95 – Ø5
6,6
Os limites para classificação de selecionamento pelo desvio padrão gráfico, em
Phi, foram propostos por Folk (1968) (Tabela 2).
Tabela 2. Limites para classificação de selecionamento pelo desvio padrão gráfico,
proposto por Folk (1968).
Classe granulométrica Grau de selecionamento
< 0,35 Muito bem selecionada
0,35 < < 0,50 Bem selecionada
0,50 < < 0,71 Moderadamente bem selecionada
0,71 < < 1,00 Moderadamente selecionada
1,00 < < 2,00 Mal selecionada
2,00 < < 4,00 Muito mal selecionada
> 4,0 Extremamente mal selecionada
4.1.3. Velocidade de sedimentação de partículas sedimentares (Ws)
Através do dado de diâmetro médio do grão, pôde-se calcular a velocidade de
sedimentação das partículas de sedimento na face praial. Para tal, deve se associar
36
valores do diâmetro médio às condições locais como temperatura d’água e mineralogia.
O cálculo da velocidade média de sedimentação das partículas sedimentares (Ws) foi
realizado segundo a equação proposta por Gibbs et al. (1971) para esferas perfeitas.
Baba & Komar (1981) forneceram os dados em tabelas calculadas a partir dessa
equação, que fornece diretamente valores de Ws conforme o tamanho do grão, em
micra, e da temperatura e densidade aproximada da água. O valor de Ws para esferas
perfeitas deve ser corrigido por Wm a fim de minimizar o efeito do atrito com o fluido
causado pelas irregularidades do grão (Wm = 0,761 Ws). Para cálculo da velocidade de
sedimentação, o diâmetro médio do grão deve ser convertido de phi (Ø) em milímetros
(mm) através da fórmula d = ½
Ø
, extraída da fórmula Ø = -log
2
d(mm), proposta por
Krumbein (1936) e Inman (1952) e após de milímetro (mm) para micra ().
4.1.4. Declividade da face praial ()
A declividade da face praial (tagβ) foi obtida para cada um dos 40 perfis a cada
superfície. Através de dados da planilha de campo, calcula-se a declividade por
trigonometria ( =
oposto
/
adjacente
), em que o lado oposto do triângulo corresponde à altura,
em metros, entre o máximo e o mínimo de espraiamento momentâneo no momento da
medição, enquanto que a base corresponde à distância entre esses pontos.
4.1.5. Altura significativa de arrebentação de onda (Hb)
O valor da altura significativa de quebra de onda na praia (Hb) foi obtido em
todos os 40 perfis analisados neste trabalho, segundo a metodologia de observação
visual das ondas proposta por Melo Filho (1991). Segundo ele, a altura significativa da
arrebentação de onda (Hb), em metros, refere-se à média de
1
/
3
das maiores ondas
durante o período de medição dos perfis.
37
4.1.6. Parâmetro relativo da maré (RTR)
Com objetivo de desenvolver um modelo que permitisse analisar conjuntamente
praias com diferentes regimes de maré e de ão de onda, Masselink & Short (1993)
estudaram a relação entre altura significativa de quebra de onda (Hb) e amplitude
máxima de maré astronômica da região (Tr) considerando seus efeitos sobre a
morfologia praial. Foi gerado, então, o Parâmetro de Variação Relativa da Maré
(Relative Tide Range Parameter), expresso pela fórmula: RTR = Tr/Hb.
De acordo com esses autores, valores de RTR > 3 indicam que a maré exerce
maior influência nos processos dinâmicos responsáveis pelas modificações da
morfologia, enquanto RTR < 3 evidencia que o efeito das marés não apresenta
importância significativa, caracterizando praias dominadas por onda. Com isso, as
dominadas por onda têm RTR inferior a 3; as modificadas pela maré RTR, entre 3 e 15
e as dominadas pela maré, RTR superior a 15. O dado relativo à maré (Tr) utilizado foi
de 1,2 metros, referente à maré astronômica máxima em condição de sizígia para a
área de estudo.
4.1.7. Parâmetro adimensional ômega (
)
Através do parâmetro empírico adimensional ômega, = Hb/Ws*T, Wright &
Short (1984), Wright et al. (1985) relacionaram quantitativamente variáveis envolvidas
no condicionamento morfodinâmico de cada estágio, possibilitando inferir sobre o vel
de energia da praia. As variáveis envolvidas são altura da arrebentação (Hb), medida
em metros, velocidade de sedimentação das partículas sedimentares na face praial
(Ws), obtida em centímetros por segundo e período da onda (T), medido em segundos.
Wright et al. (1985) associaram tais estágios morfodinâmicos ao parâmetro
adimensional ômega, proposto por Dean (1973). Uma praia pode ser considerada
Dissipativa quando alto valor de ômega (> 5,5), Reflectiva quando o valor de ômega
for baixo ( < 1,5) e Intermediária quando o valor de ômega oscilar entre 1,5 e 5,5. A
38
Figura 11 indica uma relação de equilíbrio entre o estado da praia e o parâmetro
ômega.
1.00
0.75
0.50
0.25
0.00
0 1 2 3
4 5 6 7 8
erosão subaérea
(dissipatividade)
acresção subaérea
(reflectividade)
DISSIPATIVA
REFLECTIVA
BANCOS TRANSVERSAIS
BANCO E CALHA LONGITUDINAL
TERRAÇO DE BAIXA-MAR
BANCO E PRAIA DESPIDE
Figura 11. Relação de equilíbrio entre o estado da praia e o parâmetro ômega ()
(Modificado de WRIGHT et al., 1985).
Pode-se verificar na Figura 11 a combinação entre o estado instantâneo da praia
e o parâmetro ômega. As setas do lado direito e abaixo da faixa central de equilíbrio
indicam erosão no estoque sedimentar subaéreo, com estabelecimento de estados
mais Dissipativos, enquanto à esquerda e acima demonstram acresção no estoque
sedimentar e tendência ao estado Reflectivo (WRIGHT et al., 1985). As setas são
proporcionais à taxa de mudança. Nota-se que as maiores taxas de erosão e acresção
subaérea podem estar associadas a um maior valor de ômega.
39
4.1.8. Variação da largura da praia (DpYb)
A variação na largura da praia ou índice de mobilidade do pós-praia (σYb)
representa o valor referente ao desvio padrão da posição média da linha de costa. A
largura média (Yb) deve ser medida entre as distâncias, em metros, a partir do limite
das dunas frontais até o nimo de espraiamento ou datum arbitrário (0,0). Embora
utilizada em muitos dos trabalhos anteriores, de onde os dados foram compilados, a
largura média não foi utilizada, pois tem como limitação a escolha arbitrária do marco
topográfico, que, diferentemente da escolha do datum de nível relativo do mar, pode
representar diferenças na ordem de dezenas de metros e não realizar uma
caracterização adequada.
4.1.9. Coeficiente de variação da linha de costa (CVYb)
O coeficiente de variação da linha de costa (CV%) foi obtido para todos os 40
perfis através de uma relação entre a largura média e o índice de mobilidade da praia
segundo a fórmula: CV% = σYb/Yb x 100. O valor de Yb representa a largura da praia
medida, em metros, entre o limite das dunas frontais e o mínimo de espraiamento e o
de σYb a variação da largura da praia ou o índice de mobilidade do pós-praia, referente
ao desvio padrão da posição média da linha de costa.
4.1.10. Variação de volume subaéreo da praia (VV)
Os dados de variação de volume (VV), calculados para a porção subaérea, isto
é, acima do datum arbitrário, correspondem à área da seção transversal multiplicada
por unidade de largura (1 metro), sendo expressos em m
3
/m. Esses dados possibilitam
a análise de períodos de acresção e erosão na praia.
40
4.2. INTEGRAÇÃO QUANTITATIVA DOS PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS
Após a análise de cada parâmetro, realizou-se um teste numérico através da
integração quantitativa entre todos os 10 parâmetros analisados ao longo dos 40 perfis.
Inicialmente, o processamento dos dados consistiu na organização de uma matriz de
valores de z (padronização), composta por 40 casos (perfis de praia) e 10 variáveis.
Baseadas nessa matriz de dados foram aplicadas as técnicas de análise
estatística multivariada: Análise de Agrupamento (Cluster) e Análise de Componentes
Principais (PCA). O software utilizado para tais análises foi o MVSP/Plus (Kovach
Computing Services).
4.2.1. Análise de Agrupamento (Cluster)
Após analisar individualmente todos os dados, buscou-se uma síntese, com
todos os parâmetros envolvidos. A Análise de Agrupamento (Cluster Analysis) é um
termo usado para descrever diversas técnicas numéricas, cujo propósito fundamental é
classificar os valores de uma matriz de dados sob estudo em grupos discretos e
relativamente homogêneos (baixa variação intragrupos), assim como distinguir
descontinuidades ou heterogeneidades entre diferentes grupos (alta variação
intergrupos) (LANDIM, 2000).
Segundo Valentin (2000), agrupar objetos consiste em reconhecer entre eles um
grau de similaridade suficiente para reuni-los num mesmo conjunto. É uma técnica
multivariada utilizada para identificar as similaridades entre indivíduos ou casos e entre
variáveis ou descritores. No presente trabalho, o modo a ser utilizado foi o modo Q, que
visa identificar similaridades entre diferentes casos (perfis) analisados.
O processo de agrupamento foi aglomerativo, cujo critério básico da fusão entre
um objeto e um grupo ou entre dois grupos permaneceu sempre o mesmo, sendo
reunidos os grupos que têm maior similaridade. O cálculo dessa similaridade foi
escolhido dentre o Método de Pesos Proporcionais (WPGMA) e o Método pela
41
Variância Mínima, através da utilização, comparação dos resultados encontrados por
cada um destes.
O Método de Pesos Proporcionais (WPGMA) foi elaborado por Sokal & Michener
(1958) apud Valentim (2000), os quais necessitavam utilizar métodos multivariados para
grupos amostrais de tamanhos diferentes. O método consiste em atribuir peso igual a
dois ramos de dendograma que estão para fusionar. Para o cálculo da associação
média, cada similaridade (ou distância) é multiplicada por dois coeficientes (um por
objeto) e a associação média é calculada com a determinação da soma ponderada dos
diferentes pares de objetos, para os grupos se fusionarem (VALENTIM, 2000).
O Método pela Variância Mínima, também chamado de método de Wards
(ROMESBURG, 1984), consiste em reunir um grupo a outro se essa associação
proporcionar o menor aumento da variância intragrupo. É considerado o melhor método
para formação de grupos (VALENTIM, 2000), tendo sido escolhido como estratégia de
agrupamento.
Por fim, foi realizada uma completa interpretação dos dendogramas escolhidos,
partindo dos maiores para os menores grupos, o que possibilitou, então, a escolha do
nível de corte, buscando obter um agrupamento de caráter sistêmico, isto é, que possa
valer para toda a área de estudo.
Todos os agrupamentos foram também comparados qualitativamente, através da
interpretação dos pacotes de perfis, onde foi analisada a morfologia bi-dimensional
(declividade e variabilidade observada nos perfis de praia) e a vista em planta
(geomorfologia observada em fotografias aéreas), sendo possível associar a orientação
da linha de costa, a forma dos bancos, a presença ou ausência de cúspides e a
presença de dunas ou cordões, entre outras.
42
4.2.2. Análise de Componentes Principais (PCA)
A Análise de Componentes Principais (PCA) talvez seja o método de ordenação
mais usado nas geociências (LANDIM, 2000). A PCA estabelece, com base em uma
matriz de semelhança (matriz de similaridade, covariância ou correlação), um conjunto
de eixos vetoriais perpendiculares. Os eixos referidos podem ser de componentes ou
fatores. Cada componente corresponde a um autovetor dessa matriz.
Com base em uma matriz de correlação entre m variáveis, são calculados m
autovetores, ou eixos fatoriais de comprimento λ1, λ2, λ3... λm decrescente em razão
da sua contribuição à variância total dos dados. Esses comprimentos são os m
autovetores ou m raízes latentes da matriz (VALENTIN, 2000). O primeiro eixo da
análise de componentes principais representará a maior parte da variação dos dados.
Graficamente, ela é resultante da rotação de uma nuvem de pontos dispostos no
espaço multidimensional, de modo que o eixo mais longo seja a Componente Principal I
(de maior variância), o segundo eixo mais longo, a Componente Principal II e assim
sucessivamente (LANDIM, 2000).
Para os diferentes agrupamentos foram atribuídas cores, possibilitando identificá-
los na PCA. Com isso, foi possível analisar quais os parâmetros e eixos foram
responsáveis pelo agrupamento ou pelos diferentes tipos de praia encontrados.
4.3. AVALIAÇÃO SOBRE A URBANIZAÇÃO DA ORLA TERRESTRE
A orla terrestre foi analisada nos mesmos 40 trechos (perfis) de praia. A
avaliação apontada foi feita através da análise de dados pretéritos, que possibilitou o
registro do processo histórico de diferentes trechos de orla da Ilha de Santa Catarina;
da análise de fotografias aéreas e convencionais e de trabalhos de campo para
reconhecimento e medição das características atuais. Para tanto, critérios gerais foram
utilizados, relacionados com o tipo de ocupação existente e suas características físico-
naturais e/ou morfodinâmicas.
43
Perfis topográficos foram, então, medidos e analisados a partir do limite
fisiográfico da praia até a distância de 50 metros perpendiculares à linha de costa, em
direção ao continente (orla terrestre). Os perfis monitorados anteriormente foram
acrescidos de uma nova medição topográfica em direção ao interior continental, a partir
de cada marco topográfico, para alcançar os 50 metros de orla terrestre.
Na sequência, cada perfil foi classificado em relação à utilização e conservação
com base nos parâmetros encontrados no Decreto 5.300 (BRASIL, 2004). Segundo o
texto do decreto, a orla pode ser classificada em três classes quanto a sua utilização e
conservação, segundo o quadro orientador de classificação da orla marítima: Orlas
Naturais ou Classe A, Orlas em Processo de Urbanização ou Classe B e Orlas com
Urbanização Consolidada ou Classe C.
A partir dessas variáveis, dois critérios foram utilizados para distinguir os tipos de
ocupação: o primeiro considerando o recuo da urbanização e o segundo, sua estrutura
urbana. Como este trabalho visa apenas à análise de trechos (perfis) de orla (uma
pequena faixa da zona costeira), optou-se por criar tais critérios, classificando trechos
de orla que apresentem urbanização (em processo ou consolidada) em oito subclasses,
quatro destinadas a áreas em processo de urbanização e quatro para áreas com
urbanização consolidada. Assim, segundo as classes de qualidade ambiental, a
Classificação Genérica da Orla Terrestre (CGO) ficou sistematizada da seguinte forma:
4.3.1. Orlas Naturais ou Classe A
Trecho da orla terrestre, referente aos primeiros 50 metros adjacentes à linha de
costa, com atividades compatíveis com a preservação e conservação das
características e funções físico-naturais (Figura 12). Esse tipo de orla possui correlação
com os tipos que têm baixíssima ocupação, com paisagens com alto grau de
conservação, alta biodiversidade dos ecossistemas e baixo potencial de poluição
(Decreto 5.300 BRASIL, 2004). Caracteriza-se pela presença de Unidades de
Conservação, áreas isoladas ou com escassa presença de atividades humanas, pela
44
ausência de redes de comunicação local, acesso precário e predominância de trilhas e
habitações isoladas.
4.3.2. Orlas em Processo de Urbanização ou Classe B
Trecho da orla, referente aos primeiros 50 metros adjacentes à linha de costa,
com atividades de baixo potencial de impacto. Apresenta atividades compatíveis com a
conservação da qualidade ambiental ou de baixo potencial de impacto; possui
correlação com os tipos que têm de baixo a médio adensamento de construções e
população residente, com indícios de ocupação recente, paisagens parcialmente
modificadas pela atividade humana e médio potencial de poluição (Decreto 5.300
BRASIL, 2004). Para o estágio de utilização e conservação em foco foram utilizados
critérios de recuo urbano (Figura 12), referentes à distância da estrutura urbana da
praia atual, e ao tipo de construção, que se refere basicamente a estruturas urbanas
horizontais e verticais, distinguindo:
Orla em processo de urbanização com recuo caracterizado (B1) Presença de infra-
estrutura urbana e social e de barreira arquitetônica formada por residências e
edificações de até dois andares, construídas a mais de 33 metros da praia atual.
Orla em processo de urbanização com recuo caracterizado e verticalização de
construções (B2) Presença de infra-estrutura urbana, social e de barreira
arquitetônica com predomínio de edificações com mais de três andares, construídas a
mais de 33 metros da área limítrofe da praia atual.
Orla em processo de urbanização sem recuo caracterizado (B3) Presença de infra-
estrutura urbana e social e de barreira arquitetônica formada por residências e
edificações de até dois andares, construídas a menos de 33 metros da área limítrofe da
praia atual.
Orla em processo de urbanização sem recuo caracterizado e com verticalização de
construções (B4) Presença de infra-estrutura urbana, social e de barreira
45
arquitetônica com predomínio de edificações com mais de três andares, construídas a
menos de 33 metros da área limítrofe da praia atual.
4.3.3. Orlas com Urbanização Consolidada ou Classe C
Trecho da orla, referente aos primeiros 50 metros adjacentes à linha de costa,
onde atividades pouco exigentes quanto aos padrões de qualidade ou compatíveis
com um maior potencial impactante; possui correlação com os tipos que apresentam de
médio a alto adensamento de construções e população residente, com paisagens
modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial de poluição
sanitária, estética e visual (Decreto 5.300 BRASIL, 2004). Para tal estágio de
utilização e conservação, foram utilizados os mesmos critérios de recuo urbano da orla
e tipo de construção, previstos para orlas em processo de urbanização (Figura 12),
descritos a seguir:
Orla urbanizada com recuo caracterizado (C1) Presença de infra-estrutura urbana e
social e de barreira arquitetônica formada por residências e edificações de até 2
andares, construídas em áreas a mais de 33 metros da praia atual.
Orla urbanizada com recuo caracterizado e verticalização de construções (C2)
Presença de infra-estrutura urbana, social e de barreira arquitetônica com predomínio
de edificações com mais de três andares, construídas em áreas a mais de 33 metros da
área limítrofe da praia atual.
Orla urbanizada sem recuo caracterizado (C3) Presença de infra-estrutura urbana e
social e de barreira arquitetônica formada por residências e edificações de dois andares
ou menos, construídas em áreas a menos de 33 metros da praia atual.
Orla urbanizada sem recuo caracterizado e com verticalização de construções (C4)
Presença de infra-estrutura urbana, social e de barreira arquitetônica com predomínio
de edificações com mais de três andares, construídas em áreas a menos de 33 metros
da área limítrofe da praia atual.
46
0 33 50 metros
ORLA TERRESTRE
Orla Classe A
Orla Classe A
Orla classe B1 e C1
Orla Classe B2 e C2
Orla Classe B3 e C3
Orla Classe B4 e C4
33 m - limite área de marinha
50 m - limite orla urbanizada
LEGENDA:
- área natural
- área com urbanização horizontalizada
- área com urbanização verticalizada
Figura 12. Critérios de recuo e estrutura urbana para trechos de orla terrestre utilizados
neste trabalho.
47
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. MORFODINÂMICA DE TRECHOS DE ORLA DA COSTA OCEÂNICA DA ILHA
DE SANTA CATARINA
As características morfodinâmicas dos trechos de orla foram baseadas na
análise de 10 parâmetros obtidos no monitoramento dos 40 perfis de praia (Tabela 3),
oito destes, descritos a seguir*, e na aplicação de técnicas de estatística multivariada,
visando ao agrupamento. Os parâmetros obtidos no monitoramento dos 40 perfis são:
Diâmetro médio do grão na face praial (Mz);
Grau de selecionamento do grão na face praial (Dp Mz);
Velocidade de sedimentação das partículas sedimentares (Ws) *;
Declividade da face praial (β);
Altura de arrebentação de onda (Hb);
Parâmetro relativo da maré (RTR) *;
Parâmetro adimensional ômega ();
Variação da largura da praia (DpYb);
Coeficiente de variação da linha de costa (CVYb);
Variação de volume subaéreo da praia (VV).
* Os parâmetros Ws e RTR não serão descritos separadamente no item a seguir, pois apresentaram
resultados bastante semelhantes aos dos parâmetros diâmetro médio do grão (Mz) e altura de
arrebentação de onda na praia (Hb), respectivamente.
48
Tabela 3. Matriz de dados contendo os 10 parâmetros e os 40 casos (perfis).
Mz DpMz Ws
β
ββ
β
Hb RTR
DpYb CVYb VV
P1
2,43 0,59 1,57 3,89 0,18 6,66 1,7 3,25 9,03 2,7
P2
2,2 0,37 2,1 3,87 0,18 6,66 1,27 2,45 8,55 1,74
P3
2,35 0,39 1,84 3,96 0,13 9,23 1,17 1,005 3,07 2,05
P4
2,44 0,34 1,57 7,31 0,1 12 1,05 1,83 4,59 1,96
P5
2,36 0,45 2,19 3,47 0,78 1,53 3,85 7,08 12,53 8,94
P6
2,3 0,47 2,37 4,37 0,71 1,69 3,52 13,52 26,84 15,23
P7
2,39 0,41 2,19 3,71 0,55 2,18 2,95 12,88 16,47 15,72
P8
2,23 0,29 2,45 2,88 0,76 1,57 3 11,11 16,1 14,1
P9
2,29 0,31 2,3 3,25 0,74 1,6 3,15 10,58 16,63 12,65
P10
2,3 0,36 2,28 3,95 0,46 2,6 2,44 11,6 22,17 8,05
P11
2,4 0,32 2,05 3,69 0,34 3,52 2,12 8,89 21,68 6,65
P12
2,37 0,33 2,12 3,57 0,35 3,42 2,06 5,35 10,53 5,87
P13
2,47 0,33 1,9 4,02 0,26 4,61 1,86 3,69 10,23 4,79
P14
2,04 0,5 2,11 2,89 1,05 1,14 5,5 9,79 17,74 11,67
P15
2,05 0,42 2,13 2,96 1 1,2 3,54 12,75 24,03 11,69
P16
2,12 0,44 2,11 2,82 0,69 1,73 3,62 18,72 19,38 13,99
P17
2,34 0,39 2,09 5 0,85 1,41 3,38 9,32 21,18 18,19
P18
1,36 0,62 5,91 9,8 0,95 1,26 1,36 11,32 23,1 17,72
P19
0,69 0,64 7,63 9 1 1,2 1,09 21,02 67,8 30,2
P20
1,23 0,67 5,17 8,3 0,9 1,33 1,47 25,58 56,84 39,5
P21
2,21 0,54 1,86 5,7 0,4 3 1,9 10,74 22,85 15,1
P22
2,26 0,28 2,03 2,6 1,52 0,78 8,3 13,46 16,78 20,11
P23
1,94 0,44 2,82 3,82 1,12 1,07 4,53 5,45 11,07 3,48
P24
2,09 0,38 2,07 2,26 0,73 1,64 3,78 10,4 22,51 6,47
P25
2,09 0,4 2,07 2,5 0,81 1,48 3,16 21 24,13 13,17
P26
1,16 0,53 5,95 5,78 1,25 0,96 1,67 7,63 17,5 11,65
P27
0,2 0,38 10,19
15 1,31 0,91 1,06 10 16,39 27,1
P28
0,23 0,5 10,19
10 1,04 1,15 0,87 7,5 20,27 12,2
P29 0,3 0,31 10,19
10 1,01 1,18 0,85 7,5 25 11,5
P30
0,42 0,47 8,72 15 0,93 1,29 0,89 7 17,07 11,2
P31
-0,25 0,44 13,62
8,5 0,91 1,31 0,58 10 26,31 3,32
P32
1,69 0,52 3,91 8 0,73 1,64 1,54 11 28,94 3,31
P33
2,69 0,33 1,42 5 0,66 1,81 3,72 12 34,28 4,35
P34
2,78 0,33 1,42 5 0,5 2,4 2,96 3,75 38,07 1,48
P35
2,63 0,39 1,93 2,38 0,23 5,21 1,34 7,31 13,41 3,95
P36
2,29 0,36 2,65 4,23 0,56 2,14 2,32 6,06 15,03 4,96
P37
2,2 0,41 2,51 3,73 0,77 1,55 3,34 11,37 19,93 9,79
P38
2,52 0,41 1,46 4,57 0,75 1,6 5,32 10,31 34,79 6,67
P39
2,6 0,4 1,47 4,09 0,74 1,62 5,21 7,59 25,59 3,01
P40
2,6 0,4 1,42 3,49 0,74 1,62 5,4 9,16 20,13 7,07
Mz (phi) – diâmetro médio do grão; DpMz – grau de selecionamento das amostras; Ws (cm/s) –
velocidade de sedimentação; β (graus) – declividade da face praial; Hb (metros) altura de arrebentação
de onda; RTR parâmetro relativo da maré; parâmetro adimensional ômega; Yb (metros) – variação
da largura da praia; CVYb% coeficiente de variação da linha de costa; VV (m
3
/m) – variação de volume
subaéreo.
49
5.1.1. Diâmetro médio do grão na face praial (Mz)
Na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina predomínio de areias finas. Dos
40 perfis analisados, 29 apresentaram o predomínio de areias finas (Figura 13a), com
diâmetro médio entre 2 e 3 phi (Figura 13b). O predomínio de areias finas ao longo das
praias da costa oceânica da Ilha foi retratado por Martins et al. (1970); Horn Filho et al.,
(2000), Miot da Silva (2002) e Oliveira et al. (2006b).
Através de uma abordagem baseada na sedimentologia, Martins et al. (1970)
setorizaram as praias da Ilha de Santa Catarina em praias da Costa Oceânica, da Baía
Norte e da Baía Sul. Segundo esses autores, as situadas na costa oceânica teriam
sedimentos mais retrabalhados pela hidrodinâmica, provável motivo do predomínio de
areias finas, enquanto as situadas nas margens das baías Norte e Sul, sedimentos
menos retrabalhados.
Na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, praias com areia média, grossa ou
muito grossa são encontradas no centro dos arcos Moçambique Barra da Lagoa
(Perfis 18, 19 e 20), Joaquina Campeche (Perfil 23) e Campeche Armação (Perfis
26, 27, 28, 29, 30, 31 e 32). Nesse último, os sedimentos são mais grossos, havendo
inclusive registro do predomínio de areia muito grossa (Perfil 31). Segundo Torronteguy
(2002), depósitos marinhos pleistocênicos de granulometria grossa, pobremente
retrabalhados, podem estar aflorando pela ão erosiva. Estes são pouco suscetíveis
ao transporte longitudinal, permanecendo mais próximos à área-fonte.
A distribuição dos sedimentos ao longo das praias analisadas está vinculada à
área-fonte, distinguindo areias finas como sendo tipos mais retrabalhados e
procedentes de áreas variáveis e areias grossas como de origem mais próxima à área
de estudo, corroborando com o trabalho de Komar (1976). No entanto, a ão
hidrodinâmica tem o papel de distribuir os sedimentos ao longo de cada arco praial,
conforme inferiu King (1959), visto haver gradação no tamanho do grão, embora sutil,
ao longo das praias analisadas (Figura 13b).
50
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30’
48 30’
48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2
3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
DIÂMETRO MÉDIO DO GO
AREIA GROSSA (0 a 1 phi)
AREIA MÉDIA (1 a 2 phi)
AREIA FINA (2 a 3 phi)
27
AREIA MUITO GROSSA (-1 a 0 phi)
                 

A
B
Figura 13. (A) Mapa da área de estudo com a definição de classes granulométricas
segundo o diâmetro médio do grão (Mz) para cada perfil e (B) gráfico correspondente
com valor numérico (escala e coordenadas aproximadas).
51
5.1.2. Grau de selecionamento do grão na face praial (DpMz)
Quanto ao grau de selecionamento dos sedimentos praiais (DpMz), na costa
oceânica da Ilha de Santa Catarina predomínio de areias bem a muito bem
selecionadas. Dos 40 perfis analisados, em mais de 50% predominam areias bem
selecionadas (Figura 14).
Praias com areia muito bem selecionada geralmente possuem diâmetro areia
fina e estão situadas próximas a promontórios rochosos, isto é, nas extremidades das
praias (Perfis 4, 8, 9, 11, 12, 13, 22, 33 e 34) (Figura 14a). no perfil 29, que também
apresentou areias muito bem selecionadas, há predomínio de areias grossas.
A grande maioria dos trechos analisados apresenta sedimentos unimodais, isto
é, contempla uma população de sedimento, em sua maioria, areia fina. Algumas praias
de areia grossa também apresentam sedimentos unimodais, caso dos perfis 27, 28, 29
e 30 (ABREU DE CASTILHOS, 1995).
Praias com areias moderadamente bem selecionadas ocorreram em nove dos
quarenta perfis analisados. Dentro da Costa Oceânica, Martins et al. (1970)
constataram duas populações sedimentares, uma, mais abundante, composta por
areias finas e outra composta por areias grossas. Em alguns perfis pode haver as duas
populações misturadas, caracterizando sedimentos bimodais, situação caracterizada
para os perfis 18, 19, 20, 26, 31 e 32 (LEAL, 1999; TORRONTEGUY, 2002 e ABREU
DE CASTILHOS, 1995, respectivamente). Em outros casos, o teor de carbonato junto
às amostras coletadas na face praial pode ter influenciado no grau de selecionamento
(Perfis 1, 14 e 21).
Na Enseada do Moçambique, provavelmente a mistura das duas populações
venha a ser maior (Perfis 18, 19 e 20), provavelmente fruto da própria presença das
mesmas populações de sedimento e da ação de processos de deriva litorânea, fato que
foi descrito por Martins et al. (1970) e Leal (1999) para esta área. Cerca de 70% das
amostras coletadas nos perfis 18, 19 e 20 apresentam sedimentos moderadamente
bem selecionados (LEAL, 1999).
52
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30’
48 30 48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2
3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
SELECIONAMENTO DO GRÃO
BEM SELECIONADO (0,35 a 0,50)
MODERADAMENTE BEM
SELECIONADO (0,5 a 0,71)
27
MUITO BEM SELECIONADO (< 0,35)
                 
A
B
Figura 14. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro grau de selecionamento do
grão (DpMz) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e
coordenadas aproximadas).
53
5.1.3. Declividade da face praial ()
Ao longo da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, praias com declividade
abaixo de 3 graus, em geral, são compostas de areia fina (Perfis 5, 8, 9, 14, 15, 16, 22,
24, 25, 35 e 40) (Figura 15). A maior parte delas situa-se próxima aos promontórios
rochosos e em áreas afetadas por ilhas rochosas, caso dos perfis 24 e 25, situados sob
influência direta da Ilha do Campeche.
Praias com declividade entre 3 e 6 graus na face são predominantes ao longo da
costa oceânica da Ilha de Santa Catarina. Dos 22 perfis onde declividade média
entre 3 e 6 graus, predominam areia fina em dezenove e areia média somente em três.
A variabilidade na declividade das praias compostas de areia fina deve-se a processos
de formação e erosão de bermas e a tridimensionalidade da praia, onde áreas
adjacentes a correntes de retorno apresentam maior declividade do que as situadas
junto a bancos transversais (OLIVEIRA, 2008b).
Praias com maior declividade na face ocorrem geralmente onde há areia média a
grossa, a exemplo da porção central dos arcos Moçambique Barra da Lagoa (Perfis
18, 19 e 20) e do arco Campeche Armação (Perfis 26, 27, 28, 29, 30 e 31). Nos dois
trechos a maior declividade da face foi creditada à granulometria, respectivamente por
Leal (1999) e Abreu de Castilhos (1995).
Shepard (1963, apud MIOT DA SILVA, 2002) explica que a relação positiva entre
o tamanho de grão e a declividade da face praial ocorre porque a percolação da água
por entre as partículas é maior em sedimentos grossos e a intensidade do refluxo da
onda diminui. Consequentemente, quanto mais grosso for o material transportado em
direção ao continente e depositado na praia, maior deverá ser a velocidade da corrente
horizontal (Ws) capaz de retirá-lo da praia e transportá-lo. Num mesmo fluxo de onda, o
refluxo resultante tende a ser mais fraco em praias de areia grossa e, dessa forma, uma
menor quantidade de sedimentos é transportada em direção ao mar (KOMAR, 1976),
gerando um maior desnível entre as porções subaérea e subaquosa da praia e, como
consequência, uma maior declividade na face da praia.
54
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50
27 40
27 30
48 30
48 20’
Oceano
Atlântico
0 1 2
3 4 km
1 2 3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
DECLIVIDADE DA FACE PRAIAL
3 < Declividade < 6
Declividade > 3 graus
27
Declividade > 9 graus
                 
 
6 < Declividade < 9
A
B
Figura 15. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro declividade da face praial para
cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e coordenadas
aproximadas).
55
5.1.4. Altura significativa de arrebentação de onda na praia (Hb)
Araujo et al. (2003), dentre todos os dados medidos pelo ondógrafo, definiram a
moda de altura de onda em águas profundas como sendo de 1,66 metros. A
transformação das ondas quando entram em águas rasas, os distintos graus de
orientação da costa e as limitações na coleta dos dados na praia são os responsáveis
pelos distintos valores medidos. Utilizando dados de observação durante
monitoramento praial, pôde-se inferir que as praias mais expostas à ação das ondas
oceânicas, onde a altura média (Hb) ultrapassa 1 metro, ocorrem nos perfis 14, 15, 19,
22, 23, 26, 27, 28 e 29 (Figura 16). Como característica comum, estes estão expostos a
ondulações provenientes entre S-SSE e E-ENE, as quais podem se situar em áreas
mais afastadas dos promontórios ou mesmo próximas a eles, em áreas onde não
formação de zonas de sombra.
Praias com altura média de onda entre 0,5 e 1 metro predominam ao longo dos
40 trechos de orla analisados na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina. O valor
corresponde a cerca de 50% dos casos analisados. Altura entre 0,75 e 1 metro ocorre
junto aos perfis 5, 8, 17, 18, 20, 25, 30 e 31. Neles, embora estejam expostos à alta
energia de onda, algum tipo de abrigo por parte dos promontórios rochosos, embora
sutil. Praias com altura média de onda entre 0,5 e 0,75 metros ocorreram junto aos
perfis 6, 7, 9, 16, 24, 32, 33, 34, 36, 39 e 40, abrigados de alguma direção de onda pela
presença dos promontórios rochosos, ainda que também sejam expostos a períodos de
alta energia de onda, isto é, dependentes da direção de incidência de onda para serem
expostos ou abrigados. os perfis 33 e 34 são geralmente abrigados da ação direta
das ondas pela Ponta das Campanhas.
Praias com altura de onda abaixo de 0,5 metro ocorrem em áreas mais
abrigadas devido à presença de promontórios rochosos, chamadas zonas de sombra. A
característica mencionada ocorre junto aos perfis 1, 2, 3, 4, 10, 11, 12, 13, 21 e 35.
Essas praias apresentam valor do Parâmetro Relativo da Maré superior a 3 (RTR > 3),
compatível ao de praias modificadas pela maré. Alguns dos perfis, tais como 10, 11 e
21, estão sujeitos à ação de alta energia devido às ondas provenientes de E-ENE.
56
Baía
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30
48 30’
48 20’
Oceano
Atlântico
0 1 2 3 4 km
1 2 3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
Altura significativa de
arrebentação de onda (Hb)
0,25 < Hb < 0,5 m
Hb < 0,25 m
27
Hb > 1 m
0,75 < Hb < 1 m
0,5 < Hb < 0,75 m
                   
A
B
Figura 16. (A) Mapa da área de estudo com a altura média de arrebentação de onda
(Hb) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e
coordenadas aproximadas).
57
5.1.5. Parâmetro adimensional ômega (
)
O parâmetro adimensional ômega é basicamente um parâmetro empírico,
baseado no diâmetro médio do grão na face praial, e a altura de arrebentação ou
quebra e período de pico de onda, medidos empiricamente na praia. A Figura 17a
mostra a distribuição dos perfis analisados segundo os valores sugeridos por Wright et
al. (1985) para os estágios morfodinâmicos: Reflectivo ( < 1,5), Intermediários (1,5 >
5,5) e Dissipativo ( > 5,5).
Praias Dissipativas, com valor de ômega superior a 5,5, ocorreram somente nos
perfis 14 e 22. Nos dois trechos alta energia de onda, presença de areia fina, baixa
declividade na face praial e até três linhas de arrebentação de onda, além de dunas
bem desenvolvidas na retaguarda, indicando que devem estar realmente expostas à
ação da alta energia hidrodinâmica e também eólica.
Praias Intermediárias, com valor de ômega entre 1,5 e 5,5, predominam ao longo
da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina. Dos 40 perfis analisados, 26 apresentam
estágio intermediário. Isto demonstra que as praias oceânicas da Ilha são variáveis,
sujeitas à alta e à baixa energia de onda.
Praias Reflectivas, com valor de ômega inferior a 1,5, ocorrem em áreas de baixa
energia, compostas por areia fina, tais como Canasvieiras (perfis 2, 3 e 4) e Pântano do
Sul (perfil 35) e naquelas com areia grossa a muito grossa, situadas em áreas sujeitas à
moderada e a alta energia de onda (perfis 18, 19, 20, 27, 28, 29, 30 e 31).
Na figura 17b pode-se ver uma gradação do valor do parâmetro ômega em
diferentes enseadas, identificadas na figura por traços. Na maioria delas o valor de
ômega cresce de sul para norte (para a esquerda do gráfico). A exceção fica por conta
da enseada do Pântano do Sul (Perfis 35 a 39), onde o valor aumenta para sul.
Os valores de ômega apresentados bem como os estágios morfodinâmicos
serão mais discutidos no item 5.1.10.
58
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50
27 40
27 30
48 30’ 48 20
Oceano
Atlântico
0 1
2 3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
PARÂMETRO ÔMEGA
27
w > 5,5
1,5 < w < 5,5
w < 1,5
                  
 
A
B
Figura 17. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro adimensional ômega para
cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e coordenadas
aproximadas).
59
5.1.6. Variação da largura da praia (DpYb)
A Figura 18 mostra a distribuição dos 40 perfis analisados com valores de
variação da linha de costa (DpYb). Segundo Short & Hesp (1982), a variação da
posição média da face praial entre um mês e outro, no período em que foi monitorada,
indica movimentos perpendiculares da linha de costa.
A Praia de Canasvieiras (perfis 1, 2, 3 e 4), localizada nas margens do Canal
Norte, o canto da Praia dos Ingleses (Perfil 13) e da Praia da Armação (Perfil 34)
apresentaram as menores variações da linha de costa em relação às demais, abaixo de
5 metros em média. Tratam-se de áreas abrigadas da ação direta da alta energia de
onda, segundo Abreu de Castilhos (1995), Faraco (2003) e Oliveira et al. (2008a).
Praias com variação mensal entre 5 e 15 metros ocorreram em 30 dos 40 perfis
analisados. Praias com DpYb entre 5 e 10 metros ocorreram em 14 perfis, situados em
áreas tanto expostas, semiexpostas quanto abrigadas da alta energia de onda com
granulometria variada; com DpYb entre 10 e 15 metros ocorreram em áreas mais
expostas à energia de onda do que onde a variação da linha de costa foi de até 10
metros; variação acima de 15 metros ocorreram no Santinho (perfil 14), Moçambique
(perfis 19 e 20) e Campeche (perfil 25). No caso do Santinho, a praia Intermediária de
alta energia, com presença de megacúspides praiais, pode ter elevado o valor. No
Moçambique a variabilidade morfológica, granulometria e hidrodinâmica geram uma
maior instabilidade morfológica, principalmente no setor central. No caso do Campeche,
a variação do pontal pode ter gerado esse alto valor.
Geralmente, quanto maior for a exposição à ação das ondas, maior é a
variabilidade (KLEIN et al., 1997). Isso se deve ao fato de que as praias expostas
recebem a alta energia e também a baixa energia de onda, tendo um clima de ondas
heterogêneo, enquanto que as de baixa energia somente recebem a baixa energia,
tendo um clima de ondas mais homogêneo. Somam-se à apresentada outras variáveis,
como a ritmicidade da praia (OLIVEIRA et al., 2008b) e a variação granulométrica.
60
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50
27 40
27 30
48 30
48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2 3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
VARIAÇÃO DA LARGURA
DA PRAIA (DpYb)
5 < DpYb < 10
DpYb < 5 m
27
DpYb > 20 m
10 < DpYb < 15
15 < DpYb < 20
                
A
B
Figura 18. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro variação da largura da praia
(DpYb) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala e
coordenadas aproximadas).
61
5.1.7. Coeficiente de Variação da linha de costa (CVYb)
A Figura 19 mostra que a Praia de Canasvieiras (perfis 1, 2, 3 e 4), localizada
nas margens do Canal Norte da Ilha de Santa Catarina (CRUZ, 1998), apresentou os
menores coeficientes de variação da linha de costa em relação aos dados derivados da
medição dos demais perfis analisados neste trabalho, com linha de costa variando
menos que 10% de sua largura média, que já é relativamente estreita.
Dos 40 perfis analisados, 31 apresentaram Coeficiente de Variação da linha de
costa entre 10 e 30% (Figura 19a). Praias com o Coeficiente de Variação entre 10 e
20% ocorreram em 16 perfis analisados. Destes, 9 ocorreram onde a variação da linha
de costa (DpYb) ficou abaixo de 10 metros. em praias com CV entre 20 e 30%,
dentre os 15 perfis onde tais percentuais foram encontrados, em 8 a variação da linha
de costa (DpYb) superou os 10 metros.
Praias com alto Coeficiente de Variação da linha de costa, onde os valores
superam os 30% de sua largura média, ocorreram nos perfis 19, 20, 33, 34 e 38. No
caso dos perfis 19 e 20, a condição de alta variabilidade natural dos referidos
trechos (LEAL, 1999). No caso dos perfis 33 e 34, extremidade sul da Praia da
Armação, possivelmente a grande variação da linha de costa derive de sua própria
amplitude, visto que nesses perfis a praia é bastante estreita, onde qualquer valor de
variação de linha de costa exerce mais proporcionalidade. No caso do perfil 38, deve-se
à presença de uma morfologia bastante rítmica, na qual largura, declividade e volume
tendem a ser bastante distintos entre uma ponta e um embaiamento de uma
megacúspide, separados por poucas dezenas de metros (GUTTLER, 2006).
Assim como o parâmetro DpYb, o Coeficiente de Variação da linha de costa
possui uma certa relação com o nível de energia de onda, que, conforme aumenta a
energia hidrodinâmica, maiores tendem a ser as variações morfológicas do ambiente
praial. No entanto, se forem comparadas a uma praia bastante larga, como a da
Joaquina (perfil 22) e a da Armação (perfis 33 e 34), bastante estreita, a relação entre
tais parâmetros pode não ocorrer.
62
Baía
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30’
48 30’ 48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2
3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO
DA LINHA DE COSTA (CVYb)
10 < CV < 20
CV < 10%
27
CV > 30%
20 < CV < 30
                

A
B
Figura 19. (A) Mapa da área de estudo com o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb), expressos em porcentagem em relação à largura média para cada perfil, e (B)
gráfico correspondente com valor numérico (escala e coordenadas aproximadas).
63
5.1.8. Variação de volume subaéreo da praia (VV)
Em relação à variação de volume subaéreo das praias da costa oceânica da Ilha
de Santa Catarina, praias com variação de volume (VV) abaixo de 5 m
3
/m ocorreram
em 13 dos 40 perfis analisados, principalmente nas áreas mais abrigadas da energia
das ondas (perfis 1, 2, 3, 4, 13 e 35) (Figura 20). Todos os perfis que expuseram
variação de volume (VV) abaixo de 5 m
3
/m têm variação da linha de costa (DpYb)
abaixo de 5 metros.
Os perfis 31, 32, 33, 36 e 38, embora sujeitos à alta energia, situam-se em áreas
parcialmente abrigadas pelos promontórios rochosos. o perfil 23, mesmo com baixa
variação de volume, é exposto à ação direta da alta energia de onda. Esse valor foi
inclusive retratado como atípico por Torronteguy (2002), que afirma “não refletir a alta
variação observada no local”.
Praias com variação de volume entre 5 e 10 m
3
/m ocorreram em 8 perfis
analisados. Estes ocorrem em áreas sujeitas à moderada e alta energia de onda. Praias
com variação de volume entre 10 e 15 m
3
/m ocorreram em 10 perfis analisados,
sutilmente sujeitos à maior energia de onda do que aqueles com variação entre 5 e 10
m
3
/m. Praias com variação de volume entre 5 e 15 m
3
/m foram predominantes.
Praias com variação de volume entre 15 e 20 m
3
/m ocorreram em 5 perfis
analisados (perfis 6, 7, 17, 18 e 21). Eles estão situados na Praia Brava e sistema praial
Moçambique Barra da Lagoa, respectivamente uma praia de moderada à alta energia
de onda, onde ocorrem processos transversais e longitudinais de alteração da
morfologia, e a outra como a mais extensa praia da Ilha de Santa Catarina, com cerca
de 11 quilômetros, onde houve as maiores variações de volume.
Praias com alta variação de volume (VV > 20m
3
/m) ocorreram nos perfis 19, 20,
22 e 27, todos expostos à alta energia de onda (Hb). Em geral possuem variação da
linha de costa (DpYb) acima de 10 metros.
64
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40
27 30
48 30’
48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2
3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
VARIAÇÃO DE VOLUME
SUBAÉREO (VV)
5 < VV < 10
VV< 5 m3/m
27
VV > 20 m3/m
10 < VV < 15
15 < VV < 20
                 

A
B
Figura 20. (A) Mapa da área de estudo com o parâmetro variação de volume da praia
subaérea (VV) para cada perfil e (B) gráfico correspondente com valor numérico (escala
e coordenadas aproximadas).
65
5.1.9. Agrupamento segundo tipos de praia
Após uma análise individual dos parâmetros, estes foram analisados
conjuntamente através de técnicas de estatística multivariada, visando ao agrupamento
segundo tipos de praia. O processamento estatístico multivariado dos referidos dados
consistiu na organização de uma matriz de valores de z (dados padronizados),
composta por 10 variáveis e 40 casos (Tabela 3). Ressalta-se que as mesmas são
técnicas de manipulação de dados, podendo ser obtidos outros agrupamentos
conforme a utilização ou não de determinadas variáveis e/ou técnicas estatísticas.
Baseada na matriz numérica obtida foi aplicada primeiramente uma Análise de
Agrupamento (Cluster), utilizando a Distância Euclidiana como coeficiente de
associação e a Variância Mínima como estratégia de agrupamento (Figura 21). Foi
utilizada uma linha de corte em 1,5, identificando a existência de três grupos principais,
denominados Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3.
Minimum variance
Squared Euclidean - Data log(10) transformed
1
2
12
13
35
3
4
5
36
23
24
40
33
38
39
10
11
21
32
34
6
17
7
8
9
14
15
37
16
25
22
18
26
27
28
29
30
31
19
20
6 5 4 3 2 1 0
Figura 21. Dendograma com o agrupamento dos 40 perfis utilizando a linha de corte em
1,5 e a identificação dos três grupos: Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3.
1
2
3
66
Após o Cluster, aplicou-se uma Análise de Componentes Principais, chamada
PCA (Figura 22) utilizando também a Distância Euclidiana como coeficiente de
associação e a Variância Mínima como estratégia de agrupamento. A técnica
possibilitou identificar quais parâmetros foram responsáveis pelo agrupamento.
PCA case scores
Axis 2
Axis 1
-1.7
-3.4
-5.2
1.7
3.4
5.2
6.9
8.6
-1.7-3.4-5.2 1.7 3.4 5.2 6.9 8.6
Mz (phi)Dp Mz
Ws (cm/s)
Dp Yb
CVYb%
Decliv
Vv (m3m)
Hb(m)
W
RTR
Vector scaling: 8,59
Eixo 1
E
i
x
o
2
Figura 22. Análise de Componentes Principais (PCA) para a matriz de dados utilizada,
distinguindo os três grupos ou tipos de praia.
A Figura 22 mostra pontos distribuídos num diagrama de dispersão com 40
casos, no qual os eixos são as duas componentes mais importantes e mostram o
relacionamento entre os casos condicionados pelas variáveis medidas. Neste caso, o
eixo mais longo, o horizontal, é o Componente Principal I (de maior variância) e o
segundo eixo mais longo, o vertical, é o Componente Principal II.
Os três grupos distinguidos na Figura 22 foram distribuídos segundo as duas
Componentes Principais apresentadas. O Grupo 1 ficou à esquerda da figura, derivado
do maior RTR e menor Hb; o Grupo 3 ficou na porção superior direita do PCA,
associado à maior variabilidade dos parâmetros VV e DpYb, além da maior declividade.
O Grupo 2 ficou na porção central, representando a maior parte dos 40 casos
Grupo 1
Grupo 3
Grupo 2
67
analisados. Baseado na interpretação qualitativa individual dos dados, pode-se afirmar
que as variáveis mais importantes para a distinção desses três grupos ou tipos de praia
foram o diâmetro médio do grão da face praial, o tamanho das ondas na praia e a
variabilidade morfológica da porção subaérea.
O diâmetro médio do grão (Mz) é o parâmetro que define os padrões grau de
selecionamento (DpMz), velocidade de sedimentação das partículas (Ws) e declividade
da face praial (). Por exemplo, praias com areia fina tendem a apresentar bom grau de
selecionamento, baixa velocidade de sedimentação das partículas e baixa declividade
da face praial. Já o tamanho das ondas (Hb) pode influenciar nos parâmetros ômega
() e relativo da maré (RTR), visto que, nos dois, o tamanho das ondas é levado em
consideração em ambos os cálculos. Quanto à variabilidade morfológica da porção
subaérea, em geral houve boa relação entre os parâmetros derivados da medição de
perfis transversais à praia (DpYb, CVYb e VV), principalmente a variação largura da
praia (DpYb) e a variação de volume (VV).
Quanto à relação qualitativa entre as três vertentes, praias com maior diâmetro
médio do grão, e consequentemente com maior inclinação, possuem maiores valores
de variação de volume (VV). Já aquelas compostas de areia fina, mais planas, em geral
apresentam maiores valores de variação da linha de costa (DpYb) e maiores
coeficientes de variação da linha de costa (CVYb), exceto as praias mais estreitas.
Geralmente as praias mais expostas, isto é, aquelas com maior tamanho de quebra de
onda, têm maior variação dos parâmetros morfométricos (DpYb, CVYb e VV).
De acordo com Davis (1986) e Manly (1994) apud Pereira (2005), o emprego da
análise de componentes principais pode ser útil na redução do número de variáveis
representativas de um determinado conjunto de dados. No entanto, tal redução não
apresenta um caráter geral e muito menos obrigatório. Ela não foi encontrada no
conjunto de dados analisados por Pereira (2005) para a costa oceânica do Rio Grande
do Sul. A seguir, os três grupos serão analisados segundo todos os 10 parâmetros
utilizados.
68
5.1.9.1. Praias do Grupo 1
O Grupo 1 é representado pelos perfis 1, 2, 3, 4, 12, 13 e 35 (Tabela 4).
Representam praias de areia fina bem selecionada e de declividade baixa a moderada.
Possuem baixa altura de quebra de onda na praia. Correspondem aos estágios
morfodinâmicos Reflectivo e Intermediário Terraço de Baixa Mar, segundo o valor de
ômega. As referidas praias têm baixa variabilidade da largura e baixa variação de
volume subaéreo, indicando relativa estabilidade, o que pode ser relacionado ao nível
de energia de onda. O Grupo 1 foi setorizado pela Componente Principal I (Figura 22).
Tabela 4. Matriz de dados do Grupo 1.
GRUPO 1 Mz DpMz Ws
β
ββ
β
Hb RTR
DpYb CVYb VV
P1
2,43 0,59 1,57 3,89 0,18 6,66 1,7 3,25 9,03 2,7
P2
2,2 0,37 2,1 3,87 0,18 6,66 1,27 2,45 8,55 1,74
P3
2,35 0,39 1,84 3,96 0,13 9,23 1,17 1,005 3,07 2,05
P4
2,44 0,34 1,57 7,31 0,1 12 1,05 1,83 4,59 1,96
P12
2,37 0,33 2,12 3,57 0,35 3,42 2,06 5,35 10,53 5,87
P13
2,47 0,33 1,9 4,02 0,26 4,61 1,86 3,69 10,23 4,79
P35
2,63 0,39 1,93 2,38 0,23 5,21 1,34 7,31 13,41 3,95
Mz (Phi) diâmetro médio do grão; DpMz grau de selecionamento das amostras; Ws (cm/s) velocidade de sedimentação; β
(graus) declividade da face da praia; Hb (metros) altura de arrebentação de onda; RTR parâmetro relativo da maré;
parâmetro adimensional ômega; Yb (metros) – variação da largura da praia; CVYb% – coeficiente de variação da linha de costa; VV
(m
3
/m) – variação de volume subaéreo.
5.1.9.2. Praias do Grupo 2
O Grupo 2 é representado pelos perfis 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 14, 15, 16, 17, 21, 22,
23, 24, 25, 32, 33, 34, 36, 37, 38, 39 e 40 (Tabela 5). É composto basicamente por
praias de areia fina a média, bem a muito bem selecionada. Apresentam declividade da
face praial baixa a moderada. As praias do Grupo 2 têm valores de altura média de
onda na praia moderada a alta. O estágio morfodinâmico é Intermediário conforme o
parâmetro adimensional ômega. Quanto à variabilidade morfológica, apresentam
valores moderados a altos, relativos aos demais analisados.
69
Tabela 5. Matriz de dados do Grupo 2
GRUPO 2a Mz DpMz Ws
β
ββ
β
Hb RTR
DpYb CVYb VV
P5
2,36 0,45 2,19 3,47 0,78 1,53 3,85 7,08 12,53 8,94
P6
2,3 0,47 2,37 4,37 0,71 1,69 3,52 13,52 26,84 15,23
P7
2,39 0,41 2,19 3,71 0,55 2,18 2,95 12,88 16,47 15,72
P8
2,23 0,29 2,45 2,88 0,76 1,57 3 11,11 16,1 14,1
P9
2,29 0,31 2,3 3,25 0,75 1,6 3,15 10,58 16,63 12,65
P10
2,3 0,36 2,28 3,95 0,46 2,6 2,44 11,6 22,17 8,05
P11
2,4 0,32 2,05 3,69 0,34 3,52 2,12 8,89 21,68 6,65
P14
2,04 0,5 2,11 2,89 1,05 1,14 5,5 9,79 17,74 11,67
P15
2,05 0,42 2,13 2,96 1 1,2 3,54 12,75 24,03 11,69
P16
2,12 0,44 2,11 2,82 0,69 1,73 3,62 18,72 19,38 13,99
P17
2,34 0,39 2,09 5 0,85 1,41 3,38 9,32 21,18 18,19
P21
2,21 0,54 1,86 5,7 0,4 3 1,9 10,74 22,85 15,1
P22
2,26 0,28 2,03 2,6 1,52 0,78 8,3 13,46 16,78 20,11
P23
1,94 0,44 2,82 3,82 1,12 1,07 4,53 5,45 11,07 3,48
P24
2,09 0,38 2,07 2,26 0,73 1,64 3,78 10,4 22,51 6,47
P25
2,09 0,4 2,07 2,5 0,81 1,48 3,16 21 24,13 13,17
P32
1,69 0,52 3,91 8 0,73 1,64 1,54 11 28,94 3,31
P33
2,69 0,33 1,42 5 0,66 1,81 3,72 12 34,28 4,35
P34
2,78 0,33 1,42 5 0,5 2,4 2,96 3,75 38,07 1,48
P36
2,29 0,36 2,65 4,23 0,56 2,14 2,32 6,06 15,03 4,96
P37
2,2 0,41 2,51 3,73 0,77 1,55 3,34 11,37 19,93 9,79
P38 2,52 0,41 1,46 4,57 0,75 1,6 5,32 10,31 34,79 6,67
P39
2,6 0,4 1,47 4,09 0,74 1,62 5,21 7,59 25,59 3,01
P40
2,6 0,4 1,42 3,49 0,74 1,62 5,4 9,16 20,13 7,07
Mz (Phi) diâmetro médio do grão; DpMz grau de selecionamento das amostras; Ws (cm/s) velocidade de sedimentação; β
(graus) declividade da face da praia; Hb (metros) altura de arrebentação de onda; RTR parâmetro relativo da maré;
parâmetro adimensional ômega; Yb (m) variação da largura da praia; CVYb% coeficiente de variação da linha de costa; VV
(m
3
/m) – variação de volume subaéreo.
Embora haja uma característica geral, as praias do Grupo 2 têm algumas
variáveis distintas intragrupo. Quanto à granulometria, ainda que ocorra amplo
predomínio de areia fina, algumas delas são compostas por areia média (perfis 23 e
32). Certos perfis possuem baixa a moderada energia de onda se comparados aos
demais do Grupo 2 (perfis 10, 11, 21 e 34). Eles são caracterizados pelo estágio
morfodinâmico Intermediário Terraço de Baixa Mar e geralmente são mais estáveis
morfologicamente. Outros possuem alta energia de onda e estágio Dissipativo (perfis 14
e 22).
70
5.1.9.3. Praias do Grupo 3
O Grupo 3 é representado pelos perfis 18, 19, 20, 26, 27, 28, 29, 30, 31 (Tabela
6). É composto por praias de areia média a muito grossa, predominando areias grossas,
com grau de selecionamento bem selecionado a moderadamente selecionado.
Segundo a Análise de Componentes Principais, esse grupo decorre da maior
variabilidade morfológica e maior diâmetro médio do grão, definidos pela Componente
Principal I (Figura 22).
Os perfis 18, 20 e 26 são compostos por areia média, refletindo a mistura das
duas populações sedimentares e alta declividade na face praial (Item 5.1.2.). Segundo
o baixo valor de ômega, são Reflectivas, fruto da granulometria na face da praia.
As praias do Grupo 3 possuem alta energia de onda, moderada a alta
variabilidade morfológica na porção subaérea e uma tendência à alta variação de
volume, se comparada à variação da linha de costa, provavelmente devido à alta
declividade. Os perfis 19 e 20 possuem grande variabilidade se comparados aos
demais do Grupo 3 (Tabela 6), provavelmente associados a feições tridimensionais
como megacúspides.
Tabela 6. Matriz de dados do Grupo 3.
GRUPO 3a Mz DpMz Ws
β
ββ
β
Hb RTR
DpYb CVYb VV
P18
1,36 0,62 5,91 9,8 0,95 1,26 1,36 11,32 23,1 17,72
P19
0,69 0,64 7,63 9 1 1,2 1,09 21,02 67,8 30,2
P20
1,23 0,67 5,17 8,3 0,9 1,33 1,47 25,58 56,84 39,5
P26
1,16 0,53 5,95 5,78 1,25 0,96 1,67 7,63 17,5 11,65
P27
0,2 0,38 10,19 15 1,31 0,91 1,06 10 16,39 27,1
P28
0,23 0,5 10,19 10 1,04 1,15 0,87 7,5 20,27 12,2
P29
0,3 0,31 10,19 10 1,01 1,18 0,85 7,5 25 11,5
P30
0,42 0,47 8,72 15 0,93 1,29 0,89 7 17,07 11,2
P31
-0,25 0,44 13,62 8,5 0,91 1,31 0,58 10 26,31 3,32
Mz (Phi) diâmetro médio do grão; DpMz grau de selecionamento das amostras; Ws (cm/s) velocidade de sedimentação; β
(graus) declividade da face da praia; Hb (metros) altura de arrebentação de onda; RTR parâmetro relativo da maré;
parâmetro adimensional ômega; Yb (metros) – variação da largura da praia; CVYb% – coeficiente de variação da linha de costa; VV
(m
3
/m) – variação de volume subaéreo.
71
5.1.10. Distribuição dos tipos de praia e relações com estágios morfodinâmicos
Ao longo da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, as praias do Grupo 1
situam-se em áreas mais abrigadas da alta energia das ondas pela presença de
promontórios rochosos; as do Grupo 2 em áreas mais expostas à ação da alta energia
de onda, mas também sob a influência dos promontórios rochosos situados mais a
leste, considerados tômbolos ou pseudotômbolos; enquanto as do Grupo 3, na porção
central de duas enseadas, em áreas afastadas dos promontórios (Figura 23).
Baía
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina





Oceano
Atlântico
 

1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
AGRUPAMENTO SEGUNDO
TIPOS DE PRAIA


27

Figura 23. Mapa da área de estudo com os três tipos de praia (escala e coordenadas
aproximadas).
72
As praias dos grupos 1 e 2 possuem areia fina bem selecionada e com
declividade baixa a moderada. Predominam em algumas enseadas do norte e sul da
Ilha (ex: Ingleses e Pântano do Sul) e nas extremidades das enseadas da costa
oceânica que contêm areia grossa. Já as praias do Grupo 3, compostas de areia grossa
moderadamente selecionada e declividade moderada a alta podem ser encontradas
nos arcos Moçambique Barra da Lagoa (perfis 17 a 21), Joaquina e Campeche (perfil
22 a 24) e entre o Campeche e a Armação (perfis 25 a 34) (Figura 24).
Figura 24. Vista da Ilha de Santa Catarina a partir do extremo sul, identificando áreas
onde há presença de areia grossa.
No que se refere à relação entre a granulometria e o embaiamento, a Figura 24
mostra que das três enseadas onde areia grossa, a mais embaiada (Campeche-
Armação) é composta por areias mais grossas, e a menos embaiada (Joaquina-
Campeche), menor presença de areia grossa. No caso dos perfis 27, 28, 29, 30 e
31, a presença do Morro das Pedras na porção central do arco pode reter areias
grossas na área situada a sul, montante da deriva regional resultante, gerando uma
face mais Reflectiva, e impedir sua passagem para a porção a norte do Morro das
Moçambique – Barra da Lagoa
Campeche
-
Armação
Joaquina - Campeche
73
Pedras, jusante da deriva regional resultante, ocasionando uma praia mais
Intermediária (Perfil 26).
A distribuição dos sedimentos pode estar associada a duas hipóteses: a primeira
é a de que o ataque das ondas nos promontórios rochosos situados mais a leste, nas
chamadas plataformas de abrasão, ocorreria num primeiro momento. Posteriormente
sua incidência concentraria as areias grossas no setor central, que seria uma grande
célula de retorno. Para Wright & Short (1984), as praias podem desenvolver feições
tridimensionais, com áreas mais planas junto a bancos transversais ou oblíquos e mais
íngremes junto a correntes de retorno. Utilizando essa escala como comparação, os
arcos praiais, que englobam muitas destas correntes de retorno, podem se comportar
como grandes células de circulação, com areias grossas e maior declividade no centro
das enseadas, onde um retorno da circulação hidrodinâmica. Por outro lado, a maior
ação de ondas na porção central, provenientes da direção SE-E, poderia propiciar um
transporte residual de areias mais finas para áreas adjacentes, isto é, para os extremos,
com preservação das areias médias a grossa na porção central.
Outro aspecto no trecho analisado é a proximidade da área-fonte, visto que,
onde mais areias grossas, a dimensão do embasamento cristalino é maior, tal como
ocorre na Praia da Armação, rodeada pelo Maciço da Lagoinha do Leste e o próprio
Morro das Pedras (Serra do Tabuleiro junto ao mar), o que, ao mesmo tempo, torna o
arco mais embaiado. Assim, as areias grossas encontradas nessas áreas seriam
consideradas autóctones, isto é, provenientes daquele mesmo local. Um dos poucos
estudos realizados acerca da área-fonte dos sedimentos praiais da Ilha de Santa
Catarina foi o de Tomazolli et al. (2007), que, através de análise geoquímica e
mineralógica, compararam minerais pesados encontrados na praia aos encontrados em
diques de diabásio, concluindo que a fonte daqueles sedimentos, encontrados numa
área relativamente abrigada da alta energia das ondas, provém de áreas alóctones, isto
é, de áreas mais distantes.
Analisando conjuntamente os resultados encontrados neste trabalho,
observamos que, ao mesmo tempo em que variações entre a porção central e as
74
periferias de cada arco, estes também são assimétricos, isto é, geralmente um extremo
possui baixa energia, enquanto o outro apresenta alta energia de onda.
Na porção central dos referidos arcos, há elevada variabilidade morfológica e alta
exposição a grandes ondas provenientes de E-SE, que atingem até 5 metros de altura
próximo à costa. A ação destas aumenta a declividade da face praial, causando erosão
(ABREU DE CASTILHOS et al., 2005). Já ação das ondulações de S-SSE (12 seguros),
situação de alta energia bastante comum para o local (ARAUJO et al., 2003), com
ondas de mais de 4 metros de altura, sobreleva a maré e gera fortes correntes de
deriva litorânea, o que pode determinar uma deriva litorânea resultante para norte e a
deposição de sedimentos finos em armadilhas (promontórios), gerando a assimetria.
Segundo Abreu de Castilhos et al. (1997), a maior energia das ondulações do
quadrante sul seria um indicativo de um transporte resultante para norte. No caso,
quando duas populações de sedimento, areias finas e areias grossas, as primeiras
seriam preservadas nas áreas mais a sotamar, excluindo a zona de sombra.
Junto aos promontórios, tanto em áreas de alta quanto de baixa energia,
presença de áreas mais rasas com areia fina. A ação dos chamados efeitos finais,
causados pela interação entre a ação das ondas sobre promontórios, atua no sentido
de amplificar ou diminuir a altura e/ou extensão das ondas (SHORT & MASSELINK,
1999). Nessas áreas formam-se bancos arenosos situados ao lado de promontórios
rochosos e ilhas. O processo de formação pode ocorrer pela passagem de sedimentos
ao redor de promontórios e/ou pela formação de correntes de retorno junto aos
mesmos.
A primeira situação estaria relacionada ao processo de passagem livre de
sedimentos ao redor dos promontórios (Sand By Pass), fruto da disponibilidade de
sedimento e da ação de correntes de deriva litorânea (SHORT & MASSELINK, 1999),
depositando areias finas em zonas de sombra. As praias da costa oceânica da Ilha de
Santa Catarina geralmente têm zona de sombra ao sul do sistema, como na Armação,
Moçambique e Ingleses, assim como em toda a costa norte da Ilha. A exceção fica por
conta da enseada do Pântano do Sul (perfis 35, 36, 37, 38, 39, 40), cuja zona de
75
sombra volta-se para sul. As praias citadas foram classificadas como pertencentes ao
Grupo 1, onde a linha de costa geralmente orienta-se na direção E-W. Além dos
esporões arenosos do norte da Ilha, considerados como Sand By Pass, bancos
arenosos junto à Pedra da Vigia, Praia Brava (perfil 7) e junto aos molhes da Barra da
Lagoa (perfil 21). Já na Praia da Armação, junto à Ponta das Campanhas (perfil 34),
pouca formação de bancos arenosos, embora haja condições geológicas e
geomorfológicas propícias.
A presença de areias finas em trechos abrigados também pode estar relacionada
ao transporte fluvial, como na Barra da Lagoa, e eólico, como nos Ingleses,
provenientes da planície costeira. Os rios podem ser relevantes fontes de sedimentos
para a orla oceânica da Ilha de Santa Catarina. Na costa oceânica, rios e córregos que
nascem no embasamento cristalino atingem diretamente o mar ou desembocam em
lagoas/lagunas costeiras. Entre as pequenas desembocaduras fluviais, destacam-se o
Rio do Braz (entre os perfis 2 e 3), o Rio Capivari (entre os perfis 9 e 10), Canal da
Barra da Lagoa (perfil 21), Riozinho do Campeche (perfil 24), Rio da Armação (perfil
34), canal de acesso da Lagoinha do Leste e o Rio das Pacas (entre os perfis 39 e 40).
No extremo mais exposto da praia, geralmente situado a norte, geração de
fortes correntes de retorno junto aos promontórios associadas às correntes de deriva
contra o promontório rochoso. No caso da área de estudo, durante a ação de
ondulações de S-SSE, a deriva para norte implicaria na formação de fortes correntes de
retorno junto ao promontório rochoso situado a norte. Isto seria responsável pela
formação de um banco mais largo junto a esses costões, como ocorre no Santinho
(perfil 14) e na Joaquina (perfil 22), classificadas como Dissipativas. A grande
disponibilidade de areias finas, com certa maturidade, ajudaria na formação das praias
e antepraias mais desenvolvidas (mais expostas). Na Ilha de Santa Catarina, trechos
localizados ao norte de determinadas praias são compostos por areias finas,
declividade baixa e alta energia de onda e, na retaguarda, dunas bem desenvolvidas.
No entanto, algumas áreas situadas no extremo norte de arcos, praias como
76
Campeche, Joaquina e Galheta, embora expostas à alta energia de onda, também
possuem pequenas áreas abrigadas junto aos promontórios rochosos.
A Figura 25 apresenta uma tentativa de sistematização dos dados, baseada nas
características físico-naturais utilizadas na distinção dos tipos de praia, utilizando para
tanto o modelo sequencial de evolução morfológica proposto pela escola australiana de
geomorfologia costeira (SHORT & HESP, 1982; WRIGHT & SHORT, 1984; SHORT,
1999 e SHORT, 2000) (Figura 26). Os estágios morfodinâmicos serão analisados
separadamente logo a seguir, bem como a relação de cada um com os tipos de praia.
PROMONTÓRIO A
Hb<<Ho
Reflectivo
Dissipativo
B
a
r
r
a
1
B
a
r
r
a
2
BT
TBM
BCL
BPC
H
o
Hb < Ho
Variação longitudinal
de Hb e Dir
Hb = Ho
PROMONTÓRIO B
ESPORÃO
ARENOSO
MEGARIP
G
r
u
p
o
1
G
r
u
p
o
2
G
r
u
p
o
2
G
r
u
p
o
3
Figura 25. Variação tridimensional da topografia de uma praia de enseada
exemplificando a posição mais recorrente dos três tipos de praia, bem como áreas de
transição, propostos para a costa oceânica de Ilha de Santa Catarina (Fonte:
Modificado de SHORT, 1999).
Reflectivo (Praias do grupo 1) – Areia fina,
baixa energia de onda, banco arenoso junto à
praia subaérea, esporão arenoso junto ao
promontório.
Intermediário Terraço de Baixa Mar (TBM)
(Praias dos grupos 1 e 2) Areias finas, baixa
a moderada energia de onda.
Dissipativo (Praias do grupo 2) Areias finas,
alta energia de onda, mais de um banco
arenoso, megarips junto ao promontório.
Intermediário Bancos Transversais (BT)
(Praias dos grupos 2 e 3) – Areias finas a
grossas, baixa a moderada energia de onda.
Intermediário Banco e Praia de Cúspide (BPC)
(Praias dos grupos 2 e 3) – Areias finas a
grossas, moderada a alta energia de onda.
Intermediário Banco e Cava Longitudinal (BCL)
(Praias dos grupos 2 e 3) – Areias finas a
grossas, moderada a alta energia de onda.
77
5.1.10.1. Praias Dissipativas
No litoral centro-sul catarinense, onde há um alinhamento cristalino regional
(Azimute 15 graus N) e uma plataforma continental relativamente estreita e profunda
(Plataforma de Florianópolis), setores norte de algumas praias, como Santinho (perfil
14) e Joaquina (perfil 22), bastante expostos à alta energia hidrodinâmica,
apresentaram valor de ômega que as classificam como Dissipativas. Praias um pouco
mais abrigadas pela presença de promontórios rochosos, como trechos das praias do
Moçambique (perfil 17) e do Campeche (perfil 25), com valor de ômega de praia
Intermediária, exibem também características de praia Dissipativa, que somente ocorre
em áreas expostas e de areia fina. Nesse caso, apenas praias do Grupo 2 podem ser
dissipativas. Estas, inclusive, são fornecedoras de sedimento para a planície através da
ação eólica, que pode gerar dunas de grande esbeltez (Figura 26a).
O estágio praial em questão ocorre fruto de uma conjuntura de fatores, como a
presença de areia fina, a exposição da praia às grandes ondulações, descritos acima,
mas também a ação dos chamados “efeitos finais” (SHORT & MASSELINK, 1999),
gerados pela presença dos promontórios rochosos que, nos casos referidos, ampliam a
largura da zona de surf. Algumas praias podem apresentar características de praia
Intermediária, como banco e cava longitudinal, banco e praia de cúspides (Figura 25),
e, sob a ação dos efeitos finais, tornarem-se dissipativas. Podem, por vezes, apresentar
menor altura de arrebentação de onda (Hb) do que as intermediárias, pois a grande
deposição sedimentar durante tempestades pode implicar a perda de energia de onda
por fricção na antepraia rasa durante a ação da baixa a moderada energia
hidrodinâmica.
5.1.10.2. Praias Reflectivas
Segundo o parâmetro ômega, utilizado para a classificação proposta, praias
reflectivas podem ter baixa e alta energia de onda. Praias Reflectivas de baixa energia
hidrodinâmica (Reflectiva/Intermediária Terraço de Baixa Mar) ocorrem em áreas
78
abrigadas da ão direta da alta energia de onda pelos promontórios rochosos. Na
zona de surf, ausência de bancos arenosos definidos e a ocorrência de um
prolongamento do perfil subaéreo, geralmente composto de areia fina (Figura 26f). A
linha de costa ocorre na orientação leste-oeste (E-W). Quando a alta energia de
onda ao largo, no caso ondulações de E-ENE ou E-SE, durante as chamadas
“lestadas”, ondas pequenas, geralmente abaixo de 0,5 metro, incidem nessas praias,
podendo gerar um Terraço de Baixa Mar. Correspondem às praias do Grupo 1.
Já praias com alta declividade e areias grossas, sujeitas à alta energia de onda e
ao consequente elevado transporte sedimentar, embora apresentem características
reflectivas, podem também ser classificadas como Intermediárias, geralmente do tipo
Banco e Cava Longitudinal, uma vez que, após a alta declividade na face praial, há uma
cava, relativamente profunda, seguida por um banco longitudinal (CALLIARI et al.,
2003), que, dados os métodos utilizados, não foram ainda mensurados. Praias
Reflectivas de alta energia (Reflectiva/Intermediária Banco e Cava Longitudinal)
ocorrem nas porções centrais de enseadas expostas à alta energia (perfis 18, 19, 20,
27, 28, 29 e 30). Correspondem às praias do Grupo 3 (Figura 25). Segundo Calliari et
al. (1993), comumente nesse estágio as ondas dissipam energia no banco, se
reformam na cava mais profunda e, ao atingir a face, condições Reflectivas
predominam. Após grandes ressacas, as praias intermediárias que estejam compostas
por areia grossa ficam com estágio morfodinâmico Reflectivo porque o banco externo é
erodido, por ter tido que se ajustar à grande altura de quebra de onda durante o evento
de alta energia antecedente. Quando o mar baixa, só há quebra de onda na face praial.
Com a persistência da baixa a moderada energia (deposição), o banco externo tende a
se formar novamente, conforme a disponibilidade sedimentar.
5.1.10.3. Praias Intermediárias
Praias Intermediárias predominam ao longo da costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina. Embora sejam altamente variáveis, algumas tendências podem ser descritas.
79
5.1.10.3.1. Praias Intermediárias com Banco e Cava Longitudinal (BCL)
As praias incluídas nessa subclasificação apresentam-se praticamente paralelas
em relação ao “alinhamento cristalino regional” (Figura 6), pois, para ocorrer, a linha de
costa tem que ser retilínea e contar com a ação da deriva litorânea. Algumas praias
com face Reflectiva desenvolvem com frequência um banco longitudinal na zona de
surf (Reflectiva/Intermediária Banco e Cava Longitudinal), conforme descrito
anteriormente (Figura 25). Outras que apresentam em geral bancos e cavas
longitudinais, são compostas por areia fina, apresentam baixa declividade e têm
tendência ao estágio Dissipativo (Figura 26b). São as praias dos grupos 2 e 3. Junto às
praias do Grupo 3, comumente há bancos e cavas longitudinais, um indício do processo
de deriva litorânea no local.
5.1.10.3.2. Praias Intermediárias com Banco e Praia de Cúspide (BPC)
Também conhecidas como rítmicas (Figura 26c), ocorrem em costas com
granulometria variável e dependem do clima de onda, tendo baixo grau entre o ângulo
do perfil e a “normal” do clima de ondas. Os perfis 5, 6, 7, 8, 9, 16, 23, 24, 36, 37, 38, 39
e 40 apresentam recorrentemente essa característica, em especial nos períodos de
moderada e alta energia. Nos estágios praiais junto às cúspides e megacúspides se
desenvolvem condições Dissipativas e junto aos embaiamentos ou pequenas baías
predominam condições Reflectivas. Correspondem a praias dos grupos 2 e 3.
5.1.10.3.3. Praias Intermediárias com Bancos Transversais (BT)
Ocorrem em praias onde a linha de costa é oblíqua a partir dos trens de onda em
águas profundas, mas que, durante o processo de transformação em águas rasas, os
mecanismos de refração e difração sejam eficazes, possibilitando com que as ondas
quebrem com incidência pouco oblíqua, formando várias células de correntes de
retorno alternadas aos bancos transversais (Figura 26d). Também estão associadas
80
aos períodos de swell de moderada a baixa energia nas demais praias expostas. Na
área de estudo, geralmente ocorrem em áreas com grande curvatura na linha de costa,
caso dos perfis 10, 11, 21, 32, 33 e 34, após períodos de alta energia no local ou nos
perfis 5, 6, 7, 8, 9, 16, 23, 24, 36, 37, 38, 39 e 40, durante períodos de baixa energia no
local. Correspondem a praias dos grupos 2 e 3 (Figura 25).
5.1.10.3.4. Praias Intermediárias com Terraço de Baixa Mar (TBM)
O estágio apresentado se desenvolve em áreas abrigadas por promontórios
rochosos (Figura 26e) ou também em praias expostas durante períodos de baixa
energia persistentes na costa. Ressalta-se que a tendência para o comportamento geral
é a de baixa energia, mas quando sujeita a significativos eventos excepcionais, por isso
uma praia Intermediária. Desenvolvem tal estágio com frequência os perfis 10, 11, 21,
32, 33 e 34. Tanto as Reflectivas de baixa energia como as Intermediárias Terraço de
Baixa Mar, que correspondem às praias dos grupos 1 e 2 (Figura 25), têm apenas uma
quebra de arrebentação de onda. O perfil 35 é um exemplo de estágio morfodinâmico
Terraço de Baixa Mar (OLIVEIRA, 2004; OLIVEIRA et al., 2008b), embora o valor de
ômega classifique-o como Reflectivo de baixa energia. Apresentam cúspides praiais
com pequeno espaçamento entre as cristas e pequenas dunas frontais.
Klein & Menezes (2001) e Klein (2004) classificaram praias da costa catarinense
compostas de areia fina, com baixa declividade e baixa energia de onda, como
Dissipativas/Terraço de Baixa Mar, em vez de Reflectivas/Terraço de Baixa Mar, como
é considerado também pelo presente trabalho. Klein (2004) baseou-se na baixa
declividade da praia e na ação de ondas de maior energia sobre bancos situados mar
adentro, gerados pelos processos de transporte sedimentar citados anteriormente, para
essa mesma classificação. No entanto, as praias abrigadas têm maior estabilidade
morfológica e baixa energia de onda durante a maior parte do tempo
(Reflectiva/Terraço de Baixa Mar). Durante alguns períodos de alta energia de ondas
provenientes de E-ENE, podem se tornar Dissipativas (Dissipativa/Terraço de Baixa
81
Mar). No presente estudo, as praias planas de baixa energia foram classificadas como
Intermediária Terraço de Baixa Mar.
a) b)
d)
f)e)
c)
Figura 26. Estágios morfodinâmicos encontrados na costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina: Dissipativo (a) – Praia da Joaquina – P22; Intermediário Banco e Cava
Longitudinal (BCL) (b) Praia do Campeche P24, Intermediário Banco e Praia de
Cúspide (BPC) (c) Praia Brava P5, Intermediário Bancos Transversais (BT) (d)
Praia dos Açores – P37, Intermediário Terraço de Baixa Mar (TBM) (e) Praia da Barra
da Lagoa – P21 e Reflectivo (f) – Praia de Canasvieiras – P1.
82
5.1.11. Considerações sobre o processo de rotação praial
Segundo Mazzer (2007), variações praiais decorrem de respostas em escala
interdecadal entre as praias, ressaltam a influência da configuração espacial
(orientação e exposição); dos aspectos de médio prazo (estágio morfodinâmico e
rotação praial). Já em escala interanual refletem respostas a processos ligados a
eventos de alta energia e variações sazonais e interanuais nas condições
hidrodinâmicas e meteorológicas. Portanto, as características apontadas apresentam
limitações na ordem de análise temporal.
Na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, observou-se que a distribuição dos
estágios morfodinâmicos ocorre tanto no decorrer do tempo num determinado trecho de
praia, decorrente da variação do clima das ondas no local (variação em cada um dos 40
perfis); ao longo de uma enseada, fruto do grau de exposição à ação marinha
(variabilidade morfodinâmica e tipos de praia); e dos processos de variação dos
estágios morfodinâmicos ao longo da praia ou rotação praial, o que não foi mensurado.
Segundo O’rouke & Leblond (1972) apud Short & Masselink (1999), se o
embaiamento estiver em equilíbrio com as condições hidrodinâmicas, a refração é tanta
que não gera transporte longitudinal devido à obliquidade das ondas na zona de surf,
somente por gradação de energia de onda, que é de baixa intensidade. Nesse caso não
rotação nem inversão entre os estágios praiais. Tratam-se de praias em equilíbrio
estático. Dentre as analisadas na área de estudo e com tais características, estão
Ingleses (perfis 8 a 13) e Pântano do Sul (perfis 35 a 37) (Figura 27a).
nos trechos de costa mais retilíneo, como o trecho Joaquina Campeche
(perfis 22 a 24) (Figura 27b), onde o transporte longitudinal é mais ativo, a incidência
das ondas numa determinada direção induz o transporte longitudinal de sedimentos,
geralmente os acumulando contra o promontório rochoso. Assim, a alteração na
aproximação de onda para outra direção de incidência pode gerar movimento contrário,
com a inversão dos estágios ao longo da praia.
83
Figura 27. Imagens Google Earth com exemplos de arco praial em equilíbrio estático
trecho Pântano do Sul Solidão (a) e em equilíbrio dinâmico trecho Joaquina
Campeche (b).
Na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, embora possa haver inversão do
referido processo, a deriva predominante é para norte. A assimetria dos tômbolos é o
registro geológico/geomorfológico disso, fruto da ação do clima e do clima de ondas na
região sobre o embasamento cristalino e os depósitos sedimentares antecedentes à
história geológica recente. Ressalta-se a importância de novas medições com maior
periodicidade temporal, mas que não deixem de analisar a sazonalidade anual e
interanual, tanto das características morfossedimentares das praias (ou de toda orla)
quanto do regime de ondas e marés, frente à importância sócio-ambiental da orla
oceânica da Ilha de Santa Catarina.
A resposta geomorfológica observada são arcos também assimétricos, com
“entrada” de sedimentos através de esporões arenosos na porção abrigada e deposição
na porção exposta, na forma de bancos e dunas mais desenvolvidos. Nas porções
abrigadas a entrada de sedimentos pode ocorrer também pela planície costeira, por via
fluvial e/ou eólica.
A)
B)
84
5.2. UTILIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE TRECHOS DE ORLA DA COSTA
OCEÂNICA DA ILHA DE SANTA CATARINA
Atualmente a orla oceânica da Ilha de Santa Catarina possui diferentes
características quanto à utilização e conservação, abrangendo as orlas naturais, as
orlas em processo de urbanização e as orlas com urbanização consolidada (Tabela 7).
Tabela 7. Tipos de orla e exemplos para a costa oceânica da Ilha de Santa Catarina.
A
Naturais
Classe A Orlas Naturais são representadas pelos perfis 8, 9, 14, 15, 17,
18, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 27, 28 e 36. Têm baixíssima ocupação,
paisagens com alto grau de conservação, sendo utilizadas para abertura de
trilhas e ruas. Caracteriza-se pela presença de Unidades de Conservação,
ou, na presença de atividades humanas, o acesso precário e a
predominância de trilhas e habitações isoladas.
Classe B1 Trecho de orla com baixo a médio adensamento de
construções e população residente, indícios de ocupação recente
estruturadas com recuo e no padrão horizontalizado. É representado pelos
perfis 7, 29, 37 e 38.
Classe B2 Trecho da orla com baixo a médio adensamento de
construções e população residente, indícios de ocupação recente
estruturadas com recuo e no padrão verticalizado. É representado pelo
perfil 16.
Classe B3 Trechos da orla com baixo a médio adensamento de
construções e população residente e indícios de ocupação recente
estruturada sem recuo e no padrão horizontalizado. São representados
pelos perfis 12, 13, 26, 30, 39 e 40.
B
Em processo
de urbanização
Classe B4 Trecho da orla com baixo a médio adensamento de
construções e população residente, indícios de ocupação recente
estruturadas sem recuo e no padrão verticalizado. É representado pelo P3.
Classe C1 Trecho da orla que apresenta médio a alto adensamento de
construções e população residente, estruturadas com recuo e no padrão
horizontalizado; não foi encontrado nos 40 perfis analisados.
Classe C2 Trechos da orla que apresentam médio a alto adensamento
de construções e população residente, estruturadas com recuo e no padrão
verticalizado. São representados pelos perfis 1, 5 e 6.
Classe C3 Trechos da orla que apresentam médio a alto adensamento
de construções e população residente, estruturadas sem recuo e no padrão
horizontalizado. São representadas pelos perfis 4, 10, 11, 21, 31, 32, 33, 34
e 35.
TIPOS
DE
ORLA
C
Urbanas
Classe C4 Trecho da orla que apresenta médio a alto adensamento de
construções e população residente, estruturadas sem recuo e no padrão
verticalizado. É representado pelo perfil 2.
85
5.2.1. Orlas Naturais (Classe A)
Ao longo da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, orlas de praias do tipo
natural representam 40% dos casos analisados. Quanto a sua distribuição espacial ao
longo da área de estudo, observa-se que ocorrem principalmente na chamada Costa
Leste da Ilha, entre a Praia do Santinho (perfil 14) e a do Campeche (perfil 25) (Figura
28). Subdividem-se em três tipos: junto a campos de dunas transgressivos, junto a
sistemas laguna barreira preservadas pela legislação e onde a urbanização preservou a
área defrontante ao mar.
Orlas onde há campos de dunas transgressivos são consideradas Áreas de
Preservação Permanente (APPs) pela legislação (Decreto Florestal 4.771/65; IPUF,
2008). Como exemplo, destacam-se os campos de dunas do Santinho (perfis 12, 13, 14
e 15), do Moçambique (perfis 17, 18 e 19), as dunas da Lagoa da Conceição e do
Campeche (perfis 22, 23, 24 e 25) e as dunas do Pântano do Sul (perfil 36).
Orlas situadas sobre estreitas barreiras arenosas vegetadas que isolam corpos
lagunares exemplos da Lagoa da Conceição (perfis 19 e 20) e Lagoa do Peri (perfis
27 e 28) – também são áreas preservadas pela legislação. Além de serem preservadas
como áreas de restinga (Decreto Florestal 4.771/1965), são consideradas parques
municipais, do Rio Vermelho e da Lagoa do Peri (IPUF, 2008), respectivamente.
Ressalta-se que outras orlas, em urbanização ou urbanas consolidadas, foram
consideradas orlas naturais, a exemplo dos perfis 8, 9, 23, 24 e 25, extremo norte da
Praia dos Ingleses e setor centro-norte da Praia do Campeche. Nelas o recuo da linha
urbana preservou a porção defrontante ao mar por pelo menos 50 metros. Segundo o
plano diretor municipal (IPUF, 2008), o extremo norte da Praia dos Ingleses, onde
dunas frontais preservadas (perfis 8 e 9), é considerado uma área urbanizável. no
setor centro-norte da Praia do Campeche (Condomínio Novo Campeche), a orla é
preservada pela legislação por conta da presença de dunas.
86
5.2.2. Orlas em processo de urbanização (Classe B)
Orlas em processo de urbanização (Classe B) geralmente se situam em áreas
próximas às principais áreas urbanas consolidadas, como Canasvieiras, Praia Brava,
Ingleses e Santinho, norte da Ilha de Santa Catarina (perfis 3, 7, 12, 13 e 16), e em
orlas de praias do sul da Ilha (perfis 26, 29, 30, 38, 39 e 40) (Figura 28), distrito do
Pântano do Sul, onde um processo generalizado de expansão urbana, fruto, dentre
outras causas, da melhoria da rede rodoviária.
Orlas em processo de urbanização com recuo caracterizado (Classe B1) ocorrem
junto aos perfis 7 e 38. O perfil 7 situa-se na Praia Brava, numa área ainda em
expansão; no entanto, diferentemente do demais setores da Praia Brava, a urbanização
não é verticalizada (SCHWEITZER, 2007). O perfil 29 situa-se próximo ao limite do
parque municipal da Lagoa do Peri. No trecho do loteamento dos Açores, situado
próximo ao perfil 37, há uma das poucas áreas urbanas com planejamento ordenado no
sul da Ilha, segundo a classificação de Reis (2002). no perfil 38, uma área em
expansão urbana cuja característica natural, no caso o embasamento cristalino, inibe a
ocupação junto à praia nesse trecho, onde a orla foi classificada como em processo de
urbanização com recuo realizado. Contudo, ressalta-se que na Praia da Solidão, ou Rio
das Pacas, necessidade de um planejamento urbano mais adequado com a
dinâmica físico-natural do local, retratado por Guttler (2006).
Orla em processo de urbanização com recuo caracterizado e verticalização das
construções (Classe B2) ocorre somente junto ao perfil 16, que representa uma recente
tendência de ocupação do litoral catarinense: os condomínios de luxo à beira-mar. Além
do Costão do Santinho Resort, recentemente foi construído o condomínio Águas do
Santinho, numa área adjacente, assentada sobre depósito marinho praial e eólico, vêm
adensando uma urbanização planejada de alto padrão.
Orlas em processo de urbanização sem recuo caracterizado (Classe B3) ocorrem
junto aos perfis 12, 13, 26, 30, 31, 39, 40. Representam áreas próximas aos tradicionais
núcleos pesqueiros, conforme Reis (2002), exemplo da expansão da Praia da Armação
87
(perfis 30, 31) e do Pântano do Sul (37, 39, 40) ou mesmo áreas de realocação dos
referidos núcleos, caso dos perfis 12 e 13 (núcleo pesqueiro dos Ingleses).
Nos perfis 12 e 13, Praia dos Ingleses, uma área onde dunas transgressivas
atingem a praia. São provenientes da Praia do Santinho, situada na porção mais
exposta do tômbolo, cujo fechamento se deu num tempo geologicamente recente
(KLEIN, 2004). Atualmente, a colônia de pescadores da Praia dos Ingleses e do
Santinho tem usado a área para construir ranchos de pesca, que possibilitam guardar
embarcações e servir de moradia provisória ou mesmo fixa.
Junto ao perfil 26, localidade de Areias do Campeche, ocorre uma outra situação:
trata-se de uma faixa de dunas transgressivas que vem sendo urbanizada. O trecho,
que vai da altura da Lagoa da Chica até o Morro das Pedras, englobando o perfil 26,
vem sendo urbanizado sem planejamento adequado.
O perfil 30 representa a expansão lateral de um antigo núcleo pesqueiro, o da
Armação do Pântano do Sul. A expansão da área tem como limitante as demarcações
do Parque Municipal da Lagoa do Peri (IPUF, 2008).
Os perfis 39 e 40 situam-se na enseada do Pântano do Sul, junto às praias dos
Açores e da Solidão, ou Rio das Pacas, e representam a expansão urbana da planície
costeira do Pântano do Sul, fruto provavelmente das melhoras de acesso. No trecho
predomina o parcelamento simples da terra, sem planejamento de ocupação.
Trechos de orla em processo de urbanização sem recuo caracterizado e com
verticalização das construções (Classe B4) são representados pelo perfil 3. Nele, os
prédios maiores estão situados a mais de 33 metros da linha de costa atual. No
entanto, casas, isto é, urbanização horizontalizada, estruturada sem esse recuo. A
área verticalizada sem recuo ocorre somente na enseada de Canasvieiras, margens do
canal norte da Ilha de Santa Catarina.
88
5.2.3. Orlas com urbanização consolidada (Classe C)
Orlas com urbanização consolidada têm suas características físico-naturais
bastante suprimidas pelo processo histórico de ocupação humana da Ilha de Santa
Catarina. Ocorrem no norte e sul da Ilha (Figura 28) podendo ser relacionadas à
presença dos núcleos pesqueiros tradicionais, estruturados na forma de parcelamentos
simples de terra (REIS, 2002), e no balneário de Canasvieiras, loteamento ordenado
mais antigo dentre os construídos ao longo da orla oceânica da Ilha de Santa Catarina.
Orlas urbanizadas com recuo caracterizado e verticalização das construções
(Classe C2) ocorrem junto aos perfis 1, 5 e 6 (praias de Canasvieiras e Brava,
respectivamente). o perfil 2, Praia de Canasvieiras, um balneário igualmente
planejado (IPUF, 2008), está situado num trecho de orla urbanizada sem recuo
caracterizado e com verticalização das construções (Classe C4). Mesmo sendo áreas
de parcelamento ordenado (REIS, 2002), o recuo junto ao perfil é atualmente
insatisfatório. Junto aos perfis 1, 2, 5 e 6, a orla foi planejada ao turismo, através do
parcelamento ordenado da terra na forma de loteamentos, exemplo de Jurerê
Internacional/ Jurerê, Canasvieiras, Brava, Novo Campeche e ores. A consolidação
desses loteamentos ocorreu nas décadas de 1980 e 1990.
Orlas urbanizadas sem recuo caracterizado (Classe C3) ocorrem junto aos perfis
4, 10, 11, 21, 31, 32, 33, 34 e 35. Todas elas são áreas de parcelamento simples,
segundo a classificação de Reis (2002). Nos perfis 4, 10 e 11, a orla foi inicialmente
destinada à pesca artesanal, talvez o motivo de ser uma orla urbanizada sem recuo
caracterizado. Recentemente passou a ser urbanizada como área turística e de
segunda residência. A urbanização da orla junto aos perfis 21, 33, 34 e 35 vem de
longo processo de ocupação, sendo considerados os núcleos pesqueiros tradicionais, a
exemplo da Barra da Lagoa (Perfil 21), Armação (Perfis 33 e 34) e Pântano do Sul
(Perfil 35). Posteriormente se transformaram em áreas de uso turístico e bairros
residenciais de Florianópolis, dando um novo incremento à urbanização da orla, com
bares, restaurantes e pousadas à beira-mar e expansão lateral da urbanização (perfis
31 e 32).
89
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30’
48 30 48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2 3 4 km
1 2 3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
CLASSIFICAÇÃO DA ORLA QUANTO AO USO
27
A - Orla Natural
B1 - Orla em processo de urbanização com recuo caracterizado
C1 - Orla urbanizada com recuo caracterizado
C4 - Orla urbanizada verticalizada sem recuo caracterizado
C2 - Orla urbanizada verticalizada com recuo caracterizado
C3 - Orla urbanizada sem recuo caracterizado
B2 - Orla em processo de urbanização verticalizada
com recuo caracterizado
B3 - Orla em processo de urbanização sem recuo caracterizado
B4 - Orla em processo de urbanização verticalizada
sem recuo caracterizado
Figura 28. Mapa da área de estudo com os tipos de praia e a classificação da orla
terrestre quanto ao uso para os 40 trechos de orla oceânica analisados (escala e
coordenadas aproximadas).
90
5.2.4. Utilização e conservação da orla e tipos de praia
Na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, os diferentes estados de utilização
e conservação podem ser relacionados aos tipos de praia e demais características
físico-naturais associadas. Conforme os parâmetros utilizados, trechos de orla com
urbanização consolidada junto à praia (Classes B3, B4, C3 e C4) em geral são
abrigados da alta energia de onda pelos promontórios rochosos (Praias do Grupo 1).
Alguns perfis do Grupo 2, parcialmente abrigados da ão marinha e urbanizados,
podem ser enquadrados nessa situação (perfis 10, 11, 21, 31, 32, 33 e 34). Boa parte
delas, conforme já mencionado, é representada por antigos núcleos pesqueiros.
Os estágios morfodinâmicos Reflectivo/Intermediário Terraço de Baixa Mar
encontrados nesses locais são bons para o desenvolvimento da pesca que utiliza
pequenas embarcações. As praias em questão podem ser classificadas como de baixa
energia urbanizadas. Nas chamadas zonas de sombra, a relativa estabilidade do
ambiente gerada pela estabilidade do clima de ondas e pela ausência de dunas
desenvolvidas possibilitou sua intensa utilização, tanto pelo embarque e desembarque
com vistas ao desenvolvimento da atividade pesqueira quanto para a urbanização da
orla junto à praia. Exceto na Praia dos Ingleses, onde há dunas provenientes da
planície costeira, não há dunas frontais bem desenvolvidas.
Conforme houve crescimento populacional, e urbano, tal urbanização se
adensou junto às zonas de sombra e/ou se alastrou lateralmente em direção às áreas
mais expostas (praias dos grupos 2 e 3). Ao longo da costa oceânica da Ilha de Santa
Catarina, trechos de orla naturais ou em processo de urbanização situam-se em praias
sujeitas de moderada à alta energia hidrodinâmica.
Praias compostas de areias finas e sujeitas à alta energia hiodrodinâmica e
eólica, apresentam formação de bermas no pós-praia e dunas mais desenvolvidas na
retaguarda. Segundo Short & Hesp (1982), nos sistemas de alta energia de onda, o
potencial de suprimento sedimentar é elevado, tornando as dunas frontais altas e
largas. Dunas bem desenvolvidas dificultam a urbanização da orla. Dos 24 trechos
91
classificados como praias do Grupo 2, 10 apresentam orla natural, 6 estão em processo
de urbanização e 8 apresentam urbanização consolidada (destes, 7 podem ser
relacionados ao Grupo 1 – Classe C.
as praias compostas de areia grossa, alta declividade e que estão sujeitas à
ação da alta energia de onda, geralmente apresentam bermas bem desenvolvidas e
alta mobilidade morfológica. Nesse caso, a orla encontra-se em bom estado de
conservação. Dos 9 perfis que representam o Grupo 3, 5 são naturais, 3 estão em
processo de urbanização e apenas um tem urbanização consolidada.
Trechos de orlas junto a praias do Grupo 3 foram preservados por motivos como:
presença de cordões litorâneos, chamados barreiras, na retaguarda de praias de areia
grossa, que isolam os corpos lagunares da Lagoa da Conceição, Lagoa Pequena e
Lagoa do Peri; presença de mananciais na retrobarreira, caso do Parque Municipal da
Lagoa do Peri; presença de densa cobertura vegetal, caso do Parque Municipal do Rio
Vermelho; ocorrência de dunas bem desenvolvidas na retaguarda (áreas situadas a
sotavento dos principais campos de dunas). Nos trechos citados, embora predominem
areias grossas, a presença de areias finas e a alta energia hidrodinâmica e eólica
propiciam a formação de dunas. Os quatro perfis do Grupo 3, que possuem
urbanização na orla, situam-se no arco Campeche-Armação. Na Praia do Campeche, a
urbanização é estruturada sobre duas transgressivas enquanto na Praia da Armação
representa a expansão do núcleo pesqueiro em direção à porção mais exposta da
praia.
A Figura 29 mostra um modelo esquemático relacionando o estado de utilização
e conservação da orla, a distribuição dos tipos de praia e os estágios morfodinâmicos
conforme a proposta de Short (1999). Segundo ele, praias do Grupo 1, classificadas
como Reflectivas/Terraço de Baixa Mar, de baixa energia de onda, apresentam-se em
geral bastante urbanizadas. as praias dos grupos 2 e 3, com estágio morfodinâmico
intermediário a dissipativo, tendem a ter, na planície costeira, dunas de grande
amplitude e, com isso, apresentam-se mais naturais, embora possam demonstrar algum
tipo de urbanização ou outra utilização.
92
PROMONTÓRIO A
Hb<<Ho
Reflectivo
Dissipativo
B
a
r
r
a
1
B
a
r
r
a
2
BT
TBM
BCL
BPC
H
o
Hb < Ho
Variação longitudinal
de Hb e Dir
Hb = Ho
PROMONTÓRIO B
ESPORÃO
ARENOSO
MEGARIP
G
r
u
p
o
1
G
r
u
p
o
2
G
r
u
p
o
2
G
r
u
p
o
3
P22 P17
P25
P14
P2 P3
P21
P34
P8
P38
P19
P28
o
r
l
a
n
a
t
u
r
a
l
o
r
l
a
u
r
b
a
n
i
z
a
d
a
Figura 29. Modelo esquemático relacionando diferentes estados de utilização e conservação, estágios morfodinâmicos e
tipos de praia propostos para a orla oceânica da Ilha de Santa Catarina.
93
5.2.5. Vulnerabilidade da orla urbana à erosão costeira
“A redução das faixas de areia tem descaracterizado algumas das principais
praias da Ilha de Santa Catarina e comprometido o comércio, o turismo e os moradores
locais”, aponta em sua matéria de capa o
Jornal Notícias do Dia
, de 5 de julho de 2008
(N
o
. 723). A matéria trata da vulnerabilidade da orla urbana da capital catarinense à
ação da erosão costeira.
Simó (2003) identificou processos de erosão costeira na Ilha de Santa Catarina
entre os anos de 1991 e 2001. Segundo o autor, o fenômeno está associado a fatores
atmosféricos, caracterizados pela presença de ciclones extratropicais próximos ao litoral
sul do Brasil; e fatores astronômicos, com presença de maré de sizígia, responsáveis
pelas maiores amplitudes de maré em todos os episódios registrados. Segundo Simó
(2003), as praias que exibem ocupações com alto grau de risco de destruição e/ou
danificação de edificações se situam em locais protegidos das grandes ondulações de
S-SSE, estando mais vulneráveis ao ataque das ondas provenientes de E-ENE.
Posteriormente, Abreu de Castilhos
et al.
(2006) afirmaram que os setores sul e
norte dos sistemas praiais da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina possuem,
respectivamente, maior e menor grau de vulnerabilidade, enquanto os setores centrais,
grau intermediário, de acordo com as características locais e exposição da linha de
costa. para Oliveira
et al.
(2006a), a ocupação é maior junto às praias que passam a
maior parte do tempo sob baixa energia, “incentivando” a construção à beira-mar. Na
maioria das vezes, o processo de urbanização nessas áreas ocorre várias décadas,
e, em alguns casos, séculos; talvez por isso estejam situados tão próximos da praia.
A Figura 30 mostra que orlas mais urbanizadas, cuja infra-estrutura também não
apresenta recuo em relação à linha de costa (Classes B3, B4, C3 e C4), geralmente se
situam em áreas onde as praias são mais abrigadas da ação direta de ondas de alta
energia. Dentre elas, a Classe C3 é a que caracteriza mais a questão.
94
Ba
Sul
Baía
Norte
Ilha de
Santa
Catarina
27 50’
27 40’
27 30
48 30’ 48 20
Oceano
Atlântico
0 1 2 3 4 km
1 2
3
10
9
8
7
6
4
5
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
CLASSIFICAÇÃO DA ORLA
QUANTO À UTILIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO:
27
A - Orla Natural
B1 - Orla em processo de urbanização com recuo caracterizado
C1 - Orla urbanizada com recuo caracterizado
C4 - Orla urbanizada verticalizada sem recuo caracterizado
C2 - Orla urbanizada verticalizada com recuo caracterizado
C3 - Orla urbanizada sem recuo caracterizado
B
com recuo caracterizado
2 - Orla em processo de urbanização verticalizada
B3 - Orla em processo de urbanização sem recuo caracterizado
B
sem recuo caracterizado
4 - Orla em processo de urbanização verticalizada
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO
OS TIPOS DE PRAIA:
GRUPO 1 - Praias de areia fina,
baixa energia de onda, pouca
variabilidade morfológica.
GRUPO 2 - Praias de areia fina,
moderada a alta energia de onda,
moderada a alta variabilidade.
GRUPO 3 - Praias de areia grossa,
alta energia de onda, alta
variabilidade morfogica.
Orlas com
urbanizão consolidada e
problemas de erosão costeira
Figura 30. Mapa da área de estudo com os tipos de praia, a classificação da orla
terrestre quanto à utilização e conservação e a identificação dos trechos de orla com
urbanização consolidada e problemas de erosão (escala e coordenadas aproximadas).
95
Os trechos de orla mais urbanizados realmente vêm apresentando problemas de
erosão costeira, decorrente da ação da erosão costeira e/ou progradação da linha de
costa rumo ao interior da Ilha de Santa Catarina que, ao longo dos últimos anos, fez
com que a urbanização dos trechos em estudo, mesmo que tenham sido construídos
inicialmente com certo recuo da linha de costa, hoje estejam no limite do pós-praia e,
em alguns lugares, sobre o pós-praia.
O fato de muitas das praias não apresentarem
dunas frontais e sim estruturas de contenção para combater a erosão costeira é um
indício de progradação da linha de costa sobre a planície costeira e sobre a área
urbanizada. Ressalta-se que preocupações com elevação do nível do mar e com a
erosão costeira são mais recentes que o processo de urbanização desses locais.
Nas áreas referidas, durante os excepcionais eventos de alta magnitude, as
chamadas “ressacas”, associadas geralmente a ciclones extratropicais estabelecidos
sobre o Atlântico Sul (TRUCOLLO, 1998; MARIOTTI & FRANCO, 2001), o nível da
água pode atingir as áreas urbanas situadas no limite fisiográfico com a praia. A
diminuição da faixa de praia ocorre porque, enquanto o mar avança, a urbanização se
adensa junto à orla, gerando um choque de forças entre o mar e o homem. Dos 40
perfis analisados neste trabalho, quase 50% apresentam urbanização sem recuo em
relação à praia atual, em estágio de urbanização ou com urbanização consolidada. No
entanto, nas áreas abrigadas, muitas vezes a baixa energia de onda não é suficiente
para a destruição das construções.
O processo erosivo pode estar associado, dentre outras coisas, à erosão natural
generalizada da linha de costa, sentida onde estruturas gidas junto à praia; ao
déficit sedimentar em áreas abrigadas; ao interrompimento do balanço sedimentar entre
a porção submersa e emersa da orla devido a tais construções e mesmo a uma
possível mudança nos padrões regionais do clima de ondas.
Utilizando os perfis 33 e 34 como exemplos, além de apresentarem relativa baixa
energia, o que naturalmente não formaria uma praia larga, são bastante urbanizado
várias décadas, ou seja, a orla foi literalmente “concretada”. A migração da linha de
costa não foi, nesse setor, capaz de destruir a área urbana, talvez decorrente da baixa
96
energia das ondas atuantes. Com isso a linha de costa vem diminuindo, sendo
suprimida pela área urbana e pelo mar. Sendo assim, parece haver um agravante a
mais: a construção de uma estrutura de enrocamento ligando a praia da Armação a
Ponta das Campanhas, que interrompeu o processo de transporte sedimentar entre as
praias do Matadeiro e da Armação, fato que necessita ser mais bem investigado.
A presença de casas junto ao pós-praia, além de um indício de erosão costeira e
de progradação da linha de costa, pode agir como propulsor do problema,
interrompendo o balanço de sedimentos entre a praia e a planície costeira. Para Short
& Masselink (1999), o grau de impacto das ondas sobre as estruturas de contenção no
limite praia-orla é dependente primeiro da natureza e tamanho; segundo, da sua
posição relativa na praia (longitudinal e transversal). As estruturas de contenção
diminuem a permeabilidade dos sedimentos e induzem processos de reflexão das
ondas, tornando a praia mais plana e acelerando o processo erosivo (KRAUS & PILKEI,
1988
apud
SHORT & MASSELINK, 1999). Além disso, causam aumento do refluxo das
ondas, aumentando o transporte para a porção subaquosa da praia.
Construções sobre as dunas frontais, sem recuo em relação à praia,
interrompem o balanço sedimentar entre a praia e a duna. Geralmente a interrupção do
fluxo de balanço sedimentar pode gerar e/ou agravar problemas ambientais, como a
erosão costeira.
Segundo Rudorff (2005), os trechos de orla mais vulneráveis à erosão costeira
estão diretamente relacionados com a ocupação humana em áreas inadequadas. De
acordo com o autor, os geoindicadores que mais influenciam na alta suscetibilidade
são: a baixa altura das dunas frontais, a ausência ou remoção das dunas interiores
(ocupação residencial), as próprias evidências de erosão e a energia de onda média. O
desaparecimento da duna frontal, por exemplo, priva o perfil praial de reservas em
sedimentos que desempenham papel importante na proteção da orla durante eventos
tempestuosos de maior energia (ABREU DE CASTILHOS
et al.
, 2005). Além disso, a
carga sedimentar proveniente da planície costeira nos trechos urbanizados passa a ser
menor que a natural. Essa proveniência sedimentar, mesmo que incipiente frente à
97
trazida pelas ondas e correntes marinhas, pode vir a alterar o equilíbrio dinâmico de
trechos de praia.
Segundo Alcántara-Ayala (2002)
apud
Rudorff (2005), a vulnerabilidade pode ser
definida como a propensão de um elemento sofrer perdas ou danos frente a um
determinado tipo de perigo. Nesse sentido, a vulnerabilidade depende da ameaça de
um determinado perigo natural (suscetibilidade ou vulnerabilidade física) e da condição
humana resultante de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais (vulnerabilidade
humana) (ALCÁNTARA-AYALA, 2002
apud
RUDORFF, 2005).
No entanto, não é correto afirmar que a ocupação desordenada é a principal
causa da maior vulnerabilidade de algumas praias de Florianópolis. Canasvieiras, por
exemplo, foi um balneário planejado, isto é, ordenado. O que as torna vulnerável é o
fato de a urbanização não apresentar recuo adequado em relação à linha de costa, que
é móvel, seja ela ordenada ou desordenada.
Conforme o promontório passa a exercer menor proteção, as praias tendem a se
tornar mais expostas e com isso desenvolver características modais distintas e também
maior variabilidade, fruto da ação intercalada de processos de alta e baixa energia dos
processos costeiros atuantes. Em praias mais expostas à energia hidrodinâmica,
uma alta mobilidade dos bancos arenosos (WRIGHT & SHORT, 1984) e também da
porção subaérea.
Na Ilha de Santa Catarina, os trechos mais expostos ainda são mais
preservados. Dentre os 14 perfis monitorados em orlas naturais, a grande maioria é de
praias expostas, onde pode haver alta variabilidade hidrodinâmica, eólica e
consequentemente morfológica da orla. Os referidos trechos de orla exibem
características como a presença de campos de dunas e/ou ilhas, barreiras vegetadas
isolando corpos lagunares, sistemas de alta energia hídrodinâmica e eólica,
preservados pela legislação vigente. Isso fez com que o padrão de ocupação fosse
distinto da até então realizada nos núcleos tradicionais e nos balneários do norte da
Ilha. Junto às praias de alta energia se desenvolveram apenas estruturas pontuais, tais
98
como na Praia da Joaquina (perfil 22) e na Praia do Campeche (entre os perfis 24 e
25).
Nas áreas mais expostas, a ausência de estruturas rígidas (urbanas) não
possibilita inferir se ou não progradação da linha de costa de maneira visual, sem a
utilização de técnicas específicas de topografia e geoprocessamento, que na maioria
das vezes são bastante limitadas.
Após grandes “ressacas”, praias expostas de areia fina apresentam menor
declividade enquanto que praias expostas de areia grossa podem exibir maior
declividade. Segundo Abreu de Castilhos
et al.
(1995), a presença de areias grossas
gera maior estabilidade da linha de costa, pois são menos suscetíveis ao transporte. A
alta declividade da face praial também limitaria a ão do espraiamento bem como de
processos erosivos. No entanto, alguns trabalhos reportam significativos processos
erosivos em áreas expostas, tais como Leal, 1999; Torronteguy, 2002 e Oliveira, 2004.
registro de erosão costeira e de progradação da linha de costa em quase todas as
praias do Grupo 3, tais como a presença de depósitos turfáceos junto à praia, escarpas
no limite com a orla terrestre, estruturas de contenção à erosão costeira e de concreto
no pós-praia (Figura 31).
Figura 31. Inícios de progradação da linha de costa em praias do Grupo 3, praias da
Armação (perfil 30) e de Moçambique (perfil 20).
99
Mesmo com a alta mobilidade morfológica, a retenção de sedimentos veiculados
à deriva litorânea residual resulta num menor grau de vulnerabilidade à instalação de
processos erosivos, como ocorre nas zonas de sombra urbanizadas, visto que nelas
uma maior recomposição sedimentar. Isto ocorre também porque o equilíbrio natural
não foi alterado tal como nas zonas de sombra, uma vez que, em geral, apresentam-se
preservadas.
100
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES
A orla oceânica da Ilha de Santa Catarina é composta por diversas praias de
enseada que ocorrem alternadas com promontórios rochosos e podem ser subdivididas
em três tipos, segundo os parâmetros utilizados:
- Praias compostas de areia fina, abrigadas da alta energia das ondas pela
presença de promontórios rochosos foram denominadas pelo presente estudo como
praias do Grupo 1. Possuem baixa declividade na porção subaérea. Quanto à
morfologia da porção subaquosa, observa-se nelas a ausência de banco submerso
definido ou um Terraço de Baixa Mar. São as praias mais estáveis morfologicamente
dentre as analisadas.
- Praias compostas de areia fina expostas à moderada e à alta energia das
ondas, denominadas praias do Grupo 2. Apresentam baixa moderada declividade na
face praial. Englobam praias de baixa a moderada energia de onda, com algumas
características semelhantes às praias do Grupo 1, e praias de moderada a alta energia
de onda, com estágios morfodinâmicos intermediários a dissipativo na porção
subaquosa e moderada à alta variabilidade morfológica.
- Praias compostas de areia grossa expostas à moderada e à alta energia das
ondas, denominadas por este trabalho de praias do Grupo 3. Possuem alta declividade
na face praial, com face Reflectiva, mas podem ter um banco arenoso variável, com
características morfodinâmicas intermediárias na praia média. Apresentam alta
variabilidade morfológica.
Os três tipos de praia encontrados puderam ser associados aos estágios
morfodinâmicos propostos por Wright & Short (1984). Praias compostas de areia fina
abrigadas da alta energia das ondas pela presença de promontórios rochosos
apresentam estágios morfodinâmicos Reflectivo de baixa energia e Intermediário
101
Terraço de Baixa Mar; praias compostas de areia fina expostas à moderada e à alta
energia das ondas têm estágios intermediários com tendência ao Dissipativo, enquanto
praias compostas de areia grossa expostas à moderada e à alta energia das ondas
apresentam estágio Reflectivo de alta energia, com características de praia
Intermediária na zona de surf.
A orla das praias arenosas da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina pôde ser
dividida em três estágios de utilização e conservação: Orlas Naturais; Orlas em
processo de urbanização e Orlas com urbanização consolidada.
- Orlas naturais se subdividem em três tipos: junto a campos de dunas
transgressivos, junto a sistemas laguna barreira preservados pela legislação e onde a
urbanização preservou a área defrontante ao mar. Representam 40% dos perfis
analisados.
- Orlas em processo de urbanização geralmente situam-se em áreas próximas às
principais áreas urbanas consolidadas. Também representam áreas em expansão de
balneários turísticos planejados.
- Orlas com urbanização consolidada apresentam características físico-naturais
bastante suprimidas devido ao processo histórico de ocupação humana. A maior parte
delas áreas constituem núcleos pesqueiros tradicionais com urbanização
horizontalizada sem recuo em relação à linha de costa atual.
Ao longo da costa oceânica da Ilha de Santa Catarina, as orlas de praias mais
abrigadas da alta energia das ondas foram as mais utilizadas (urbanizadas) no decorrer
da história de ocupação da orla. Conforme houve crescimento populacional e urbano,
essa urbanização se adensou junto às zonas de sombra e/ou se alastrou lateralmente
em direção às praias mais expostas.
Atualmente, trechos de orla com baixa energia apresentam-se mais ocupados
(urbanizados), em áreas mais próximas do mar, do que os de alta energia. Dentre as
praias analisadas, aquelas com menor energia hidrodinâmica e variabilidade
102
morfológica, comumente estão urbanizadas ou em processo de urbanização, em geral
estruturadas no limite com a praia, isto é, sem recuo. Por outro lado, dentre as
consideradas de maior energia com maior variabilidade, poucas apresentam
urbanização sem recuo.
Assim sendo, os principais problemas ambientais na orla oceânica da Ilha de
Santa Catarina referem-se a processos de erosão costeira em orlas urbanizadas junto
às zonas abrigadas da ão direta de ondas de alta energia. Isso decorre de o
processo de urbanização ter ocorrido pioneiramente nesses locais, sem se preocupar
com o avanço marinho, estruturando-se no limite da praia. O processo de urbanização
junto à praia age negativamente ao interromper fluxos de transporte sedimentar.
Com a ação da erosão, gerada tanto por causas naturais como pela ação
antrópica, trechos de orlas abrigados passaram a ter uma diminuição da faixa de praia,
mas sem ocorrência de eventos “catastróficos”, dado a baixa energia de onda atuante.
Nas áreas mais expostas da orla oceânica da Ilha de Santa Catarina, mais variáveis
morfologicamente e que apresentam erosão natural, não sérios problemas
ambientais, visto que seu estágio natural vem sendo, em geral, conservado.
O crescimento da orla oceânica da Ilha de Santa Catarina não deve reproduzir o
modelo de ocupação iniciado nos núcleos pesqueiros no sentido de que, naquele
momento histórico, a orla não era muito ocupada e não havia preocupação ambiental,
por isso a construção de casas sobre o limite fisiográfico com a praia não era visto
como problema, o que hoje é. O modelo urbano tradicional ocupou o limite frontal da
praia e com o avanço do mar tornou-se muito vulnerável à ão marinha. Esse modelo
não deve ser de forma alguma reproduzido, muito menos em áreas mais expostas à
ação marinha.
Questiona-se, então, como seria se, durante o processo histórico de
povoamento, o desenvolvimento da urbanização tivesse já, há muitas décadas ou
séculos, ocorrido nas áreas mais expostas da orla oceânica da Ilha de Santa Catarina
em vez de ter ocorrido nas áreas mais abrigadas? Provavelmente muito mais sérios
103
seriam os problemas ambientais decorrentes, uma vez que, em praias expostas à ação
direta das ondas de alta energia, configura-se um maior poder de destruição da orla.
No presente momento e num futuro próximo, deve-se cumprir a legislação
brasileira atual, que sugere a preservação de 50 metros para áreas urbanizadas e 200
metros para aquelas onde não haja urbanização. No entanto, conforme demonstrado
por este trabalho, o planejamento da orla para sua utilização e conservação racional
deve ser pensado para o futuro a partir da dinâmica físico-natural de cada local,
segundo critérios a serem estabelecidos, tais como a constituição sedimentar, o grau de
exposição, taxas de variação (morfodinâmica) e o histórico de urbanização local.
Lembramos que, quanto maior o recuo que determinada área urbana tiver da praia e
quanto menos densa for a estrutura urbana, horizontal e verticalmente, mais fácil torna-
se o gerenciamento frente a eminentes tendências de subida do nível relativo do mar e
migração da costa rumo ao interior continental, cuja dinâmica ocorre pela ação da
erosão costeira. Caso não sejam corretamente gerenciados, muitos trechos de orla
oceânica podem se tornar áreas de detrimento paisagístico, ambiental e financeiro.
104
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APÊNDICE
Caracterização dos 40 trechos de orla oceânica da Ilha de Santa Catarina
118
Figura 32. Legenda dos 40 perfis (Fonte: Modificado de Santos, 2005).
119
PERFIL 1
O perfil 1 (Figura 33) localiza-se na Praia de Canasvieiras
2
, cerca de 154 metros a
leste-sudeste do costão rochoso. A linha de costa tem orientação WNW-ESE (Azimute
102.5 N) (Figura 33a). Segundo Oliveira
et al.
(2008a), é composta por areia fina (Mz =
2,43
phi
) com grau de selecionamento moderadamente bem selecionado (DpMz =
0,59). Possui inclinação baixa à moderada, com média de 3,89 graus na face praial. A
área é protegida da ação direta de ondas de alta energia. Geralmente a altura de
arrebentação é menor que 0,25 metro (Hb = 0,18m). Com isso, a morfologia praial é
também modificada pela ação da maré (RTR = 6,66). Apresenta apenas uma quebra de
onda, que ocorre praticamente na face praial, nas formas mergulhante a ascendente,
visto que não possui um banco definido, mas sim um seguimento da morfologia
subaérea. O trecho tem algumas características de praia Reflectiva, tais quais: baixa
energia de onda, presença de cúspides praiais com pequeno espaçamento entre as
cristas (no máximo de 30 metros) e ausência ordinária de banco arenoso definido. Por
vezes, pode ter um Terraço de Baixa Mar. Utilizando o parâmetro adimensional ômega,
pode ser classificada como uma praia Intermediária (
= 1,7). Durante o monitoramento
praial, a variação média da largura da praia (DpYb) foi de 3,25 metros, o coeficiente de
variação da linha de costa (CVYb) de 9,03% e a variação de volume subaéreo da praia
(VV), de 2,7 m
3
/m. No perfil em questão, a variabilidade morfológica é pequena,
ocorrendo principalmente junto à berma e às cúspides praiais (Figura 33b). A orla
terrestre atualmente não apresenta dunas frontais bem desenvolvidas, apenas
incipientes, o que é característico de um ambiente de baixa a moderada energia; sobre
elas se desenvolvem espécies vegetais arbustivas e herbáceas. A vegetação ainda é
preservada em alguns pontos da orla (Figura 33c), dividindo espaço com espécies
exóticas. Trata-se de uma orla de praia com urbanização consolidada, com prédios de
até quatro andares estruturados com recuo em relação à praia atual.
2
O trecho Canasvieiras - Cachoeira do Bom Jesus, onde se situam os perfis 1, 2, 3 e 4, possui 4.605m
de comprimento no sentido WSW/ENE na forma de arco praial.
120
Figura 33. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 1 (27°25'37.19'S - 48°28'
17.87''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia e (C) vista do setor oeste da Praia de Canasvieiras mostrando seu
intenso uso durante o verão.
121
PERFIL 2
O perfil 2 (Figura 34) situa-se a cerca de 1.245 metros a leste do perfil 1. A praia tem
orientação W-E (Azimute 85 N) (Figura 34a). Segundo Oliveira
et al.
(2008a), a praia é
composta por areia fina (Mz = 2,2 p
hi
) com grau de selecionamento bem selecionado
(DpMz = 0,37). Durante o monitoramento, a declividade da face praial foi de 3,87 graus,
caracterizando uma praia com inclinação baixa a moderada. O trecho é protegido da
ação direta das ondas de alta energia, com altura de arrebentação geralmente abaixo
de 0,3 metros (Hb = 0,18), sendo modificada pela ação da maré (RTR = 6,66).
Apresenta apenas uma quebra de onda, que ocorre praticamente na face praial, nas
formas mergulhante e ascendente, visto que não possui um banco definido, mas sim
um seguimento da morfologia subaérea. Assim como no perfil 1, pode se formar um
Terraço de Baixa Mar após eventos de alta energia de onda ao largo. Utilizando o
parâmetro adimensional ômega, é possível classificá-la como uma praia Reflectiva (
=
1,27), corroborado por características como: presença de cúspides praiais com
pequeno espaçamento entre as cristas (no máximo de 30 metros), baixa energia de
onda e constante ausência de bancos submersos definidos. Durante o período de
monitoramento, a variação média da largura da praia (DpYb) foi de 2,45 metros, o
coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) de 8,55% e a variação de volume
subaéreo da praia (VV), de 1,74 m
3
/m. Apresenta pouca variabilidade morfológica
(Figura 34b), decorrendo principalmente da variação da berma e cúspides praiais. A
orla terrestre não apresenta dunas frontais, mas sim depósitos marinhos praiais
holocênicos na área limítrofe à praia, caracterizados geomorfologicamente como
cordões litorâneos regressivos. Caracteriza-se como uma orla com urbanização
consolidada, verticalizada e sem recuo (Figura 34c). O processo de urbanização foi do
tipo parcelamento ordenado, com ruas transversais à praia. Neste perfil houve
degradação da vegetação pré-existente e da proteção natural da orla contra as
eventuais investidas do mar. praticamente espécies vegetais exóticas na área,
restando apenas alguns exemplares de vegetação nativa arbustiva. Junto à praia há
enrocamento e muros de contenção a erosão costeira (Figura 34d).
122
Figura 34. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 2 (27°25'38.54''S - 48°27'
32.79''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista de prédios próximos ao mar, porção central da Praia de
Canasvieiras e (D) muros de contenção à erosão presentes nesse setor da praia.
123
PERFIL 3
O perfil 3 (Figura 35) localiza-se a cerca de 1.184 metros a leste-nordeste do perfil 2.
No trecho, a orientação da linha de costa é WSW-ENE (Azimute 77.5 N) (Figura 35a).
Segundo Oliveira
et al.
(2008a), predomínio de areia fina na face praial (Mz = 2,35
phi
) com grau de selecionamento bem selecionado (DpMz = 0,39). É uma praia de
inclinação moderada, com declividade média de 3,96 graus na face obtida durante o
monitoramento. A altura de arrebentação de onda na praia geralmente é menor que 0,2
metro (Hb = 0,13), sendo uma praia protegida da ação direta das ondas de alta energia.
A morfologia praial é modificada pela ão da maré (RTR = 9,23). Na zona de surf
apenas uma quebra de onda, que ocorre praticamente na face praial nas formas
mergulhante e ascendente, visto não haver um banco submerso definido, mas sim um
seguimento da morfologia subaérea. Assim como nos dois perfis descritos
anteriormente, pode se formar um Terraço de Baixa Mar após eventos de alta energia
de onda ao largo. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta valor que a
classifica como uma praia Reflectiva (
= 1,17), segundo valores sugeridos por Short
(1999). Também apresentam cúspides praiais com pequeno espaçamento entre as
cristas (no máximo de 30 metros) e pequenas bermas, características de praia
Reflectiva. Durante o monitoramento realizado, a variação média da largura da praia
(DpYb) foi de 1 metro, o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), de 3,07% e a
variação de volume subaéreo da praia (VV), de 2,05 m
3
/m, o que caracteriza pouca
variabilidade morfológica (Figura 35b). Na orla terrestre não dunas frontais
desenvolvidas, apenas incipientes, o que é típico de um ambiente de baixa energia
(Figura 35c). O perfil 3 apresenta urbanização em consolidação, com prédios e casas
próximos à beira-mar e alguns terrenos terraplanados sem presença de construção. Os
prédios maiores encontram-se a cerca de 30 metros da linha de costa atual. Algumas
construções são encontradas no limite fisiográfico da praia. A urbanização degradou a
vegetação nativa, havendo desenvolvimento de vegetação herbácea quando se
desenvolvem dunas incipientes.
124
Figura 35. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 3 (27°25'32.22''S -
48°26'50.29''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia e (C) vista da presença de um prédio próximo à praia.
125
PERFIL 4
O perfil 4 (Figura 36) localiza-se a cerca de 1.145 metros a nordeste do perfil 3 e a
cerca de 880 metros do início do sistema de Ponta das Canas (final do esporão
3
). A
praia tem orientação SW-NE (Azimute 55 N) (Figura 36a). Segundo Oliveira
et al.
(2008a), a praia é constituída de areias finas (Mz = 2,44
phi
) com grau de
selecionamento muito bem selecionado (DpMz = 0,34). Caracteriza-se como uma praia
de inclinação moderada, com média de 7,31 graus na face praial. O trecho pesquisado
caracteriza-se como protegido das ondas de alta energia, assim como os três perfis
anteriores localizados na enseada de Canasvieiras, margens do Canal Norte da Ilha.
Durante o monitoramento, esse trecho apresentou altura de arrebentação de onda
abaixo de 0,15 metro (Hb = 0,1m), sendo uma praia bastante modificada pela ação da
maré (RTR = 12). Na porção subaquosa apenas uma quebra de onda, que ocorre
praticamente na face praial nas formas mergulhante e ascendente, visto que não possui
um banco definido, mas sim um seguimento do perfil subaéreo, tais como os perfis 1, 2
e 3. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é uma praia Reflectiva (
= 1,05). A
variação média da largura da praia (DpYb) foi de 1,83m, o coeficiente de variação da
linha de costa (CVYb), de 4,6% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 1,96
m
3
/m durante o período monitorado. O perfil praial (Figura 36b) possui pouca
variabilidade morfológica, que ocorre principalmente junto às cúspides praiais, as quais
têm pequeno espaçamento entre as cristas (no máximo de 30 metros), e pela erosão e
acresção da berma. Assim como nos demais trechos da orla entre Canasvieiras e
Cachoeira do Bom Jesus, não dunas frontais desenvolvidas, apenas incipientes. A
orla terrestre possui urbanização consolidada, com casas próximas à beira-mar, muros
no limite fisiográfico da praia e vários acessos e saídas d’água junto às ruas
transversais, que desembocam na praia (Figura 36c). A urbanização degradou
parcialmente a vegetação nativa do tipo arbustiva, preservada em alguns trechos entre
a área urbana e a praia (Figura 36d).
3
Os sistemas do tipo esporão arenoso, ou spits, não serão abordados no presente trabalho.
126
Figura 36. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 4 (27°25'17.88''S - 48°26'
11.71''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista do acesso à praia e (D) presença de embarcações na praia
e da vegetação nativa ainda preservada.
127
PERFIL 5
O perfil 5 (Figura 37) localiza-se a cerca de 153 metros ao sul do costão que limita a
Praia Brava
4
a norte. Neste trecho a linha de costa possui orientação N-S (Azimute 180
N) (Figura 37a). Segundo Schweitzer (2007), a face praial apresenta areia fina (Mz =
2,36
phi
) com grau de selecionamento bem selecionado (DpMz = 0,45). É uma praia de
baixa declividade, com valor médio de 3,47 graus, exposta à alta energia das ondas de
E-NE, quando chegam a mais de 2 metros, mas parcialmente abrigada da ação direta
de ondas provenientes de S-SSE, sendo dominada por ondas (RTR = 1,53). Pode ter
entre uma e duas linhas de arrebentação de onda, na forma predominantemente
mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, possui geralmente bancos transversais
(BT), rítmicos (BPC) e por vezes um banco longitudinal (BCL). Utilizando o parâmetro
ômega, é uma praia Intermediária (
= 3,85). Durante o monitoramento, a variação
média da largura (DpYb) foi de 7,08 metros, o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb), de 12,53% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 8,94 m
3
/m,
caracterizando uma praia com berma variável (Figura 37b). No trecho analisado, há
presença de cúspides e megacúspides praiais, feições típicas de praias intermediárias,
rítmicas. A orla terrestre tem dunas frontais com pequena elevação e, por vezes, dunas
incipientes. Apresenta urbanização em estágio consolidado (Figura 37c), com
edificações (prédios de três andares) construídas com recuo de cerca de 50 metros em
relação ao limite fisiográfico atual com a praia. A estrutura urbana apresenta ruas
transversais à praia com estacionamentos. No trecho não edificado próximo à praia,
houve descaracterização de grande parte das dunas frontais e da vegetação nativa
para construção de estruturas turísticas, como quiosques, calçadas e piscinas. No
entanto, ainda há uma estreita faixa de dunas preservadas onde se desenvolvem
vegetação dos tipos herbácea e gramínea exótica (Figura 37d).
4
A Praia Brava, onde se situam os perfis 5, 6 e 7, possui 1.543m de comprimento no sentido NNW/SSE
na forma de arco com pouca curvatura. Pode ser considerada uma praia de bolso.
128
Figura 37. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 5 (27°23'37.15''S -
48°24'53.29''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da porção norte da Praia Brava a partir do costão
rochoso mostrando a urbanização verticalizada e (D) fotografia demonstrando pequeno
trecho de dunas frontais preservadas e, na retaguarda, a orla edificada.
129
PERFIL 6
O perfil 6 (Figura 38) localiza-se a cerca de 630 metros a sul-sudeste do perfil 5, setor
central da Praia Brava. Neste trecho a linha de costa orienta-se no sentido NW-SE
(Azimute 172.5 N) (Figura 38a). Segundo Schweitzer (2007), é composto por areia fina
(Mz = 2,3
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,47). Quanto à declividade, caracteriza-se
como uma praia de inclinação baixa a moderada, com média de 4,37 graus. O trecho é
exposto à ação direta de ondas de alta energia provenientes de E-NE, quando a altura
de arrebentação de onda pode chegar a mais de 2 metros de altura, sendo
parcialmente abrigado de ondas provenientes do quadrante sul. Durante o
monitoramento realizado, a altura média de onda registrada (Hb) foi de 0,71metro,
caracterizando uma praia dominada por ondas (RTR = 1,69): pode ter entre uma e duas
quebras de onda, predominantemente mergulhantes. Quanto à morfologia dos bancos,
geralmente apresenta bancos transversais (BT) a rítmicos (BPC) e, por vezes, há
formação de um banco longitudinal (BCL). Utilizando o parâmetro adimensional ômega,
é uma praia Intermediária (
= 3,52). Em relação à variabilidade da praia subaérea, a
variação média da largura (DpYb) foi de 13,52 metros; o coeficiente de variação da
linha de costa (CVYb), de 26,84% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de
15,23 m
3
/m durante o monitoramento. O perfil praial mostra uma face bastante variável
(Figura 38b), possivelmente associada à migração de megacúspides e embaiamentos
de megacúspides e dos próprios movimentos transversais associados a períodos de
erosão e acresção (SCHWEITZER, 2007). A orla terrestre possui dunas frontais com
pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes. Apresenta urbanização do tipo
parcelamento ordenado, estruturado sobre o terraço marinho e uma pequena parte
sobre o embasamento cristalino, com estágio atual urbano consolidado. As edificações
(prédios de até 3 andares) têm recuo de cerca de 50 metros em relação à linha de
costa atual, descaracterizando parte das dunas frontais para construção de um
calçadão à beira-mar e estruturas turísticas (Figura 38c). Entre o calçadão e a praia,
uma pequena faixa de duna frontal preservada com vegetação herbácea e gramínea
(Figura 38d).
130
Figura 38. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 6 (27°23'57.56''S - 48°24'
50.98''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista da porção frontal da orla mostrando equipamentos de uso
turístico e (D) vista da porção central da Praia Brava, mostrando a urbanização
verticalizada e a área de recuo de 50 metros.
131
PERFIL 7
O perfil 7 (Figura 39) situa-se a cerca de 460 metros a sul-sudeste do perfil 6 e a 300
metros a norte do costão que limita a Praia Brava a sul. A linha de costa é um pouco
mais curvada e embaiada que o restante da praia, com orientação NW-SE (Azimute 155
N) (Figura 39a). Segundo Schweitzer (2007), é composta por areia fina (Mz = 2,39
phi
)
bem selecionada (DpMz = 0,41) e possui inclinação moderada a baixa (Figura 39c),
com declividade média de 3,71 graus na face da praia. Este trecho é semiexposto à alta
energia das ondas (Hb = 0,55 metros), abrigado de ondulações de S-SSE e exposto a
ondas de E-ENE, quando a altura de arrebentação de onda pode ultrapassar os 2
metros de altura. É dominado por ondas (RTR = 2,18), podendo ter entre uma e três
linhas de arrebentação de onda, predominantemente mergulhantes, mas também
deslizantes junto ao costão, quando o
point break
externo é ativado. Quanto à
morfologia dos bancos, há presença de um banco interno Intermediário sujeito à baixa e
moderada energia (bancos transversais BT a rítmicos BPC) e um esporão arenoso
ao lado do costão (Pedra do Vigia), onde quebra de onda durante grandes
ondulações de ENE, quando a praia assume condições Dissipativas/
point break
.
Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta valor que a classifica como uma
praia Intermediária (
= 2.95). Durante o monitoramento realizado, a variação média da
largura da praia (DpYb) foi de 12,88 metros; o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb), de 16,47%, que só não foi maior devido à significativa largura média do trecho
considerado. A variação de volume subaéreo da praia (VV) foi de 15,72 m
3
/m. Tais
valores podem estar associados à variabilidade da berma (Figura 39b), relacionada a
processos de transporte sedimentar transversal à costa (erosão e acresção) e,
possivelmente, a processos locais de rotação praial. A orla terrestre possui dunas
frontais com pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes, recobertas por
vegetação herbácea e arbustiva. O perfil 7 tem urbanização em consolidação, havendo
recuo da urbanização em relação à linha de costa e preservação de parte da orla
terrestre (Figura 39d). O parcelamento foi ordenado, sendo destinado a residências
unifamiliares, construídas com recuo da faixa de areia da praia, havendo poucos
acessos públicos à praia.
132
Figura 39. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 7 (27°24'12.26''S -
48°24'47.32''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia Brava a partir do costão
rochoso mostrando a urbanização, a praia e as áreas vegetadas e (D) vista da porção
frontal da orla terrestre com delimitação dos trechos de vegetação nativa, à direita da
foto, e exótica, à esquerda.
133
PERFIL 8
O perfil 8 (Figura 40) localiza-se a cerca de 100 metros a sul-sudeste do costão norte
da Praia dos Ingleses
5
. A linha de costa é orientada no sentido NNW-SSE (Azimute 160
N) (Figura 40a). Segundo Faraco (2003), é composta por areia fina (Mz = 2,23
phi
)
muito bem selecionada (DpMz = 0,29). Caracteriza-se como uma praia de baixa
declividade, média de 2,88 graus. É parcialmente exposta à ação direta da alta energia
das ondas, abrigada de ondulações de SSE e exposta às ondas de ENE, quando a
altura de arrebentação de onda pode ultrapassar os 2 metros de altura (Hb = 0,76). É
uma praia dominada por ondas (RTR = 1,57), podendo ter entre uma e duas linhas de
arrebentação de onda predominantemente mergulhante. Quanto à morfologia dos
bancos, predominam bancos transversais e rítmicos. Utilizando o parâmetro
adimensional ômega, é uma praia Intermediária (
= 3). Durante o monitoramento, a
variação média da largura da praia (DpYb) foi de 11,11 metros; o coeficiente de
variação da linha de costa (CVYb) foi de 16,1% e a variação de volume subaéreo da
praia (VV), de 14,1 m
3
/m. O perfil praial mostra uma crista de berma instável (Figura
40b). Neste trecho presença de megacúspides e embaiamentos, comuns em praias
intermediárias, que apresentam morfologia rítmica na zona de surf. A orla terrestre
possui dunas frontais com moderada elevação e, por vezes, dunas incipientes. A
urbanização preservou o cordão de dunas frontais, respeitando as características físico-
naturais da orla, tendo uma estrada (avenida) entre o condomínio e as dunas, onde se
desenvolve vegetação do tipo herbácea, que predomina, e arbustiva (Figura 40c). O
acesso à praia é feito através de uma passarela (Figura 40d), que visa à preservação
do ecossistema dunas e ao mesmo tempo serve de atrativo turístico.
5
A Praia dos Ingleses possui 3.860m de comprimento do sentido NW-SE na forma de arco praial
parabólico. É mais retilínea ao norte do Rio Capivari, ponto de maior exposição, e mais curvada ao sul,
onde é mais abrigada. Nos perfis 8 e 9 a orla é mais preservada, com presença de dunas e vegetação de
restinga. Nos perfis 10 e 11 a urbanização ocorre muito próxima à linha de costa. No perfil 12 e 13 a praia
é limitada pelo campo de dunas provenientes da Praia do Santinho.
134
Figura 40. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 8 (27°25'3.35''S -
48°24'13.03''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da porção frontal da orla terrestre bem
preservada e (D) vista da passarela de acesso à praia.
135
PERFIL 9
O perfil 9 (Figura 41) situa-se a cerca de 716 metros a sul-sudeste do perfil 8. A linha de
costa apresenta orientação NW-SE (Azimute 155 N) (Figura 41a). Segundo Faraco
(2003), é composta por areia fina (Mz = 2,29
phi
) muito bem selecionada (DpMz = 0,31).
Caracteriza-se como uma praia de baixa declividade, com média de 3,25 graus obtida
durante o monitoramento. O referido trecho de praia caracteriza-se como semiexposto à
alta energia das ondas, abrigado de ondulações de S-SSE e exposto às ondas
provenientes de E-ENE. Durante o monitoramento foi medida altura média de
arrebentação de onda em torno de 0,75 metro, caracterizando uma praia dominada pela
ação das ondas (RTR = 1,6). Na zona de surf pode haver entre uma e duas quebras de
onda na forma predominantemente mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos,
predominam bancos transversais e rítmicos. Quanto ao parâmetro adimensional ômega,
pode ser classificada como uma praia Intermediária (
= 3,15). Durante o
monitoramento realizado, a variação média da largura da praia (DpYb) foi de 10,58
metros; o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 16,63%
e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 12,65 m
3
/m, um pouco menor que o
perfil 8. O perfil praial mostra uma praia com crista de berma instável (Figura 41b),
provavelmente devido à variabilidade da berma, decorrente de processos de transporte
transversal à praia, e da presença de cúspides e megacúspides praiais, o que é
característico nesse tipo de praia Intermediária. Junto ao perfil 9 a orla terrestre possui
dunas frontais com pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes (Figura 41c). No
perfil 9 o condomínio de prédios, do tipo parcelamento ordenado, também preservou o
cordão de dunas frontais, isto é, foi construído com recuo em relação à linha de costa,
tendo uma avenida entre o condomínio e as dunas, fato considerado positivo para a
preservação das mesmas, onde se desenvolve vegetação do tipo herbácea,
predominante, e também arbustiva. O acesso à praia é feito através de uma passarela,
que visa à preservação do ecossistema dunas e ao mesmo tempo serve de atrativo
turístico. No entanto recentes construções logo a sul desse trecho (Figura 41d), ao
norte do Rio Capivari, que podem se expandir pelo trecho de orla preservada.
136
Figura 41. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 9 (27°25'25.01''S -
48°24'3.31''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da porção frontal da orla terrestre preservada e,
ao fundo, trecho antropizado e (D) fotografia mostrando a via de acesso e, ao fundo,
construções verticais próximas ao mar.
137
PERFIL 10
O perfil 10 (Figura 42) localiza-se a cerca de 1.398 metros a sul-sudeste do perfil 9. A
linha de costa é orientada no sentido NW-SE (Azimute 145 N) (Figura 42a). Segundo
Faraco (2003), o trecho em estudo é composto por areia fina (Mz = 2,3
phi
) bem
selecionada (DpMz = 0,36) na face da praia. Quanto à declividade, tem moderada
inclinação, com média de 3,95 graus. Caracteriza-se como uma praia semiexposta da
alta energia das ondas, abrigada de ondulações de S-SSE e exposta a ondas de E-
ENE. Durante as medições realizadas, apresentou altura média de arrebentação de
onda (Hb) em torno de 0,46 metro. É uma praia dominada por ondas (RTR = 2,6). O
trecho de praia considerado apresenta na zona de surf entre uma e duas linhas de
arrebentação de onda predominantemente mergulhantes. Quanto à morfologia dos
bancos submersos, ocorre uma oscilação entre bancos transversais e um Terraço de
Baixa Mar. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, pode ser classificada como uma
praia Intermediária (
= 2,44). Quanto à variabilidade da praia subaérea, a variação
média da largura (DpYb) foi de 11,06 metros; o coeficiente de variação da linha de
costa (CVYb) apresentou valor de 22,17% e a variação de volume subaéreo da praia
(VV) ficou em 8,05 m
3
/m, um pouco menor que o perfil 9. O perfil praial (Figura 42b)
mostra uma morfologia mais estável que os perfis 8 e 9, com características como
bermas, cúspides e por vezes megacúspides praiais. No trecho pesquisado, a orla
terrestre tem dunas frontais com pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes. Na
planície costeira um terraço marinho praial holocênico. A urbanização é do tipo
parcelamento simples. Hoje em dia esconsolidada praticamente junto à praia (Figura
42c). Ainda resquícios de um estreito cordão de dunas frontais recoberto por
vegetação do tipo herbácea e arbustiva (Figura 42d). Nesse trecho poucas vias de
acesso público à praia, embora haja rodovias bem próximas.
138
Figura 42. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 10 (27°26'2.94''S -
48°23'35.31''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da orla central da Praia dos Ingleses mostrando
pequenas porções de vegetação nativa ainda preservadas e (D) vista da orla mostrando
a urbanização junto à praia, com espécies vegetais exóticas.
139
PERFIL 11
O perfil 11 (Figura 43) localiza-se a cerca de 962 metros a sul-sudeste do perfil 10.
Neste trecho a linha de costa é orientada no sentido NNW-SSE (Azimute 125 N) (Figura
43a). Segundo Faraco (2003), quanto às características da face praial, o trecho citado é
composto por areia fina (Mz = 2,4
phi
) com grau de selecionamento muito bem
selecionado (DpMz = 0,32). Quanto à declividade, caracteriza-se como uma praia de
baixa a moderada inclinação (Figura 43c). A declividade média da face praial, obtida
durante o monitoramento, foi de 3,69 graus. Esse trecho é relativamente abrigado da
alta energia das ondas, com altura média de arrebentação de onda em torno de 0,34
metro. Sua morfologia é modificada pela ação da maré (RTR = 3,52). Na zona de surf
geralmente uma quebra de onda mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos
predomina um Terraço de Baixa Mar. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é uma
praia Intermediária (
= 2,12). Quanto à variabilidade da praia subaérea, a variação
média da largura da praia (DpYb) foi de 8,89 metros; o coeficiente de variação da linha
de costa (CVYb), de 21,68%, provavelmente por ser uma praia estreita e móvel, e a
variação de volume subaéreo da praia (VV), de 6,65 m
3
/m, um pouco menor que o perfil
10. O perfil praial mostra uma praia com pouca variação na morfologia (Figura 43b).
no trecho estudado a presença de cúspides que medem entre 15 e 25 metros de
espaçamento além de pequenas bermas. A orla terrestre naturalmente possui dunas
frontais com pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes recobertas por
vegetação do tipo herbácea e arbustiva. Na retaguarda, um terraço marinho praial
holocênico. A orla no perfil 11 é urbana consolidada, do tipo parcelamento simples
(ocupação anterior à legislação vigente), sobre o pequeno cordão de dunas frontais.
Junto à praia algumas estruturas de contenção à erosão costeira e tubulações de
drenagem pluvial para a praia (Figura 43d). Assim como no perfil 10, poucas vias de
acesso público à praia.
140
Figura 43. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 11 (27°26'23.85''S -
48°23'9.23''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia dos Ingleses e (D) vista da
orla mostrando a urbanização junto à praia.
141
PERFIL 12
O perfil 12 (Figura 44) localiza-se a cerca de 1.250 metros a sudeste do perfil 11. Este
trecho orienta-se no sentido W-E (Azimute 95 N), e é bem embaiado e curvado (Figura
44a). Segundo Faraco (2003), quanto às características da face praial, o trecho é
composto por areia fina (Mz = 2,37
phi
) muito bem selecionada (DpMz = 0,33). Quanto
à declividade, caracteriza-se como uma praia de inclinação baixa a moderada. A
declividade média da face praial, medida durante o monitoramento, foi de 3,57 graus.
Esse trecho caracteriza-se como abrigado da ação direta da alta energia das ondas,
com altura média de arrebentação de onda em torno de 0,35 metro durante o período
monitorado, sendo assim uma praia modificada também pela ação da maré (RTR =
3,42). A praia tem apenas uma linha de arrebentação de onda, predominantemente
mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, há um prolongamento do perfil subaéreo
(Figura 44c) com formação de um Terraço de Baixa Mar principalmente após períodos
de alta energia ao largo. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta valor
que a classifica como uma praia Intermediária (
= 2,06). Em relação à variabilidade da
praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 5,35
metros; o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), de 10,53% (praia estreita e
móvel) e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 5,87 m
3
/m. O perfil praial
(Figura 44b) mostra uma praia com menores variações que o perfil 11. presença de
cúspides praiais com espaçamento entre 15 e 25 metros e pequenas bermas nesse
trecho de praia. A orla terrestre é composta por dunas frontais elevadas provenientes
da Praia do Santinho, via planície costeira e, por vezes, possui dunas embrionárias,
provenientes da própria Praia dos Ingleses. No perfil 12, a orla está em estágio de
urbanização, com algumas casas de pescadores construídas junto à área de dunas
transgressivas (Figura 44d).
142
Figura 44. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 12 (27°26'39.15''S -
48°22'29.03''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia dos Ingleses mostrando
enrocamento junto à praia e (D) construções irregulares em área de dunas
transgressivas.
143
PERFIL 13
O perfil 13 (Figura 45) situa-se a cerca de 225 metros a leste do perfil 12 e a 250 metros
a oeste do costão rochoso, extremo sudeste da Praia dos Ingleses. Apresenta-se como
parte de um tômbolo, feição deposicional arenosa que uniu a planície costeira ao
costão rochoso (KLEIN, 2004). A linha de costa tem orientação WSW-ENE (Azimute 75
N), e é bem arqueada (Figura 45a). Segundo Faraco (2003), este trecho é composto
por areia fina (Mz = 2,47
phi
) muito bem selecionada (DpMz = 0,33) na face praial.
Caracteriza-se como uma praia de inclinação moderada, com média de 4,02 graus
durante o período de monitoramento. O trecho atualmente é abrigado da ação direta da
alta energia das ondas, com altura média de arrebentação de onda em torno de 0,26
metro, obtida durante o monitoramento. É uma praia modificada pela maré (RTR =
4,61). Na zona de surf apenas uma linha de arrebentação de onda, mergulhante e
ascendente. Quanto à morfologia dos bancos, um prolongamento do perfil subaéreo
com formação de um Terraço de Baixa Mar principalmente após períodos de alta
energia ao largo. Por vezes este trecho se comporta como uma praia Reflectiva com
presença de cúspides praiais, com espaçamento entre 15 e 25 metros e pequenas
bermas. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, pode ser classificada como uma
praia Intermediária, com tendência ao estágio Reflectivo (
= 1,86). A variação na
largura da praia (DpYb) teve um valor médio de 3,69 metros; coeficiente de variação da
linha de costa (CVYb), de 10,23%, provavelmente por ser uma praia estreita, e a
variação de volume subaéreo da praia (VV), de 4,79 m
3
/m, um pouco menor que o perfil
12. O perfil praial mostra uma praia com rampa plana relativamente estável (Figura
45b). na área um campo de dunas transgressivo, considerado uma Área de
Preservação Permanente (APP), proveniente da Praia do Santinho, que atinge a praia a
partir da planície costeira, e, por vezes, dunas embrionárias com vegetação herbácea.
A urbanização (colônia de pescadores artesanais) está em fase de expansão,
estruturada onde o campo de dunas apresenta-se vegetado, próximo ao promontório
rochoso (Figura 45c), de onde praticam a pesca artesanal por meio de pequenas
embarcações (Figura 45d). Há presença de estruturas de contenção à erosão costeira.
144
Figura 45. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 13 (27°26'38.04''S -
48°22'14.68''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista geral do núcleo pesqueiro da Praia dos Ingleses
e (D) vista em detalhe, mostrando embarcações e morfologia praial.
145
PERFIL 14
O perfil 14 (Figura 46) situa-se a 525 metros a sudoeste do costão norte da Praia do
Santinho
6
. Neste trecho a linha de costa possui orientação NNE-SSW (Azimute 210 N)
(Figura 46a). Segundo Peixoto (2005), apresenta areia fina (Mz = 2,04
phi
) bem
selecionada (DpMz = 0.5). Caracteriza-se como uma praia de baixa declividade (Figura
46a), média de 2,89 graus. Este trecho é exposto à ação direta de ondas de alta
energia, com altura de arrebentação de onda podendo ultrapassar os 4 metros de
altura, tanto de ondas provenientes de S-SSE quanto de E-ESE, sendo uma praia
dominada por ondas (RTR = 1,14). Durante o monitoramento, a altura média de
arrebentação de onda foi de 1,05 metros. O referido trecho de praia pode ter entre uma
e duas linhas de arrebentação de onda, mergulhantes a deslizantes. Devido ao costão
rochoso, podem ocorrer três quebras de onda, resultante dos chamados “efeitos finais”
(SHORT, 1999). Quanto à morfologia dos bancos, a praia possui estágios variáveis
(Figura 46c), intermediários (BPC a BCL) com tendência ao dissipativo. Quanto ao
parâmetro adimensional ômega, apresenta valor que a classifica como Dissipativa (
=
5,5). Durante o monitoramento realizado, a variação na largura da praia (DpYb)
apresentou valor médio de 9,79 metros; o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb) apresentou valor de 17,74% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de
11,67 m
3
/m. O perfil praial mostra uma face praial com crista de berma instável (Figura
46b). A presença das megacúspides pode influenciar nesta variabilidade morfológica
subaérea. Nesse trecho de costa, a orla terrestre possui dunas frontais bem
desenvolvidas e, por vezes, dunas embrionárias. Na planície costeira um campo de
dunas transgressivo do Holoceno que migra de sul para norte. Sobre tais dunas se
desenvolve predominantemente vegetação do tipo herbácea (Figura 46d). Todo esse
trecho de orla é considerado uma Área de Preservação Permanente. No entanto, a área
vem sendo utilizada como via de acesso à praia e estacionamento.
6
A Praia do Santinho mede cerca de 1.938m de comprimento no sentido NNE-SSW na forma de arco
com pouca curvatura, sendo praticamente retilínea entre os perfis 15 e 17.
146
Figura 46. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 14 (27°27'12.5''S -
48°22'26.83''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da Praia do Santinho a partir do costão rochoso e
(D) vista do setor norte da Praia do Santinho a partir das dunas.
147
PERFIL 15
O perfil 15 (Figura 47) localiza-se a cerca de 400 metros a sul do perfil 14. A linha de
costa é orientada no sentido NNE-SSW (Azimute 205 N) (Figura 47a). Segundo Peixoto
(2005), este trecho é composto por areia fina (Mz = 2,5
phi
) bem selecionada (DpMz =
0,42) na face praial. Quanto à declividade, caracteriza-se como uma praia de baixa
inclinação. A declividade média da face praial obtida durante o monitoramento foi de
2,96 graus. O referido trecho é exposto à ão direta da alta energia das ondas, com
altura de arrebentação podendo ultrapassar os 3 metros de altura, sendo uma praia
dominada por ondas (RTR = 1,2). A altura média de arrebentação medida por Peixoto
(2005) foi de 1m. O trecho em questão pode ter entre uma e duas quebras de onda,
geralmente mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, apresenta estágios
intermediários (BCL a BT). Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é uma praia
Intermediária (
= 3,54). Em relação à variabilidade da praia subaérea, a variação
média da largura da praia (DpYb) apresentou valor de 12,75 metros; o coeficiente de
variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 24,03% e a variação de volume
subaéreo da praia (VV) foi de 11,69 m
3
/m. O perfil praial mostra uma praia com maior
variação na crista de berma (Figura 47b). Os processos de erosão e acresção são
derivados de distintas condições hidrodinâmicas que agem no local e da presença de
feições rítmicas como megacúspides, o que é esperado de uma praia Intermediária.
Nesse trecho de costa, a orla terrestre apresenta dunas frontais bem desenvolvidas e,
por vezes, dunas incipientes, que fazem parte de um campo de dunas transgressivo, de
idade holocênica (Figura 47c), onde se desenvolve predominantemente vegetação do
tipo herbácea. O mesmo trecho de orla também é considerado pela legislação vigente
uma Área de Preservação Permanente (Figura 47d), apresentando boa qualidade
ambiental e preservação dos ecossistemas.
148
Figura 47. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 15 (27°27'25.11''S -
48°22'30.48''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas do setor centro-sul da Praia do
Santinho e (D) vista em detalhe das dunas frontais do setor centro-sul da Praia do
Santinho.
149
PERFIL 16
O perfil 16 (Figura 48), setor sul da Praia do Santinho, localiza-se a 492 metros a sul do
perfil 15 e a 520 metros a norte do costão rochoso que limita a praia a sul, onde foi
construído o Costão do Santinho Resort. No trecho considerado, a linha de costa possui
orientação praticamente N-S (Azimute 197.5 N) (Figura 48a). Segundo Peixoto (2005),
esse trecho é composto por areia fina (Mz = 2,12
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,44)
na face da praia. Caracteriza-se como uma praia de baixa declividade (Figura 48b), com
média obtida no período de monitoramento de 2,82 graus. Esse trecho de praia é
exposto à ação da alta energia das ondas, sendo uma praia dominada por ondas (RTR
= 1,73). O perfil praial é parcialmente abrigado de ondulações de S-SSE devido à
presença das Ilhas das Aranhas. Durante o monitoramento foi medida altura média de
arrebentação de 0,69 metro. Na zona de surf pode haver entre uma e duas linhas de
arrebentação de onda, geralmente mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, a
praia possui estágios intermediários, com predomínio da morfologia rítmica (BPC).
Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é classificada como uma praia Intermediária
(
= 3,62). Em relação à variabilidade da praia subaérea, a variação média na largura
da praia (DpYb) apresentou valor de 18,72 metros, o coeficiente de variação da linha de
costa (CVYb) apresentou valor de 19,38% e a variação de volume subaéreo da praia
(VV) foi de 13,99 m
3
/m. O perfil praial mostra uma praia com crista de berma instável e
pouca variação na área próxima das dunas frontais (Figura 48b). Nesse trecho de
costa, a orla terrestre possui dunas frontais pouco desenvolvidas e, por vezes, dunas
embrionárias, onde se desenvolve vegetação herbácea e principalmente arbustiva. Na
planície costeira um terraço do Holoceno, com inclinação moderada a alta. No perfil
16 a orla esta em estágio de urbanização avançado. O processo de urbanização foi do
tipo parcelamento simples
.
presença de algumas grandes construções, como o
Costão do Santinho
Resort
(Figura 48c) e o condomínio “Águas do Santinho” (Figura
48d), além de área de estacionamento e bares junto à praia. No trecho estudado, não
desenvolvimento de campos de dunas móveis ou transgressivos como no restante
da praia, o que legalmente permitiu sua urbanização.
150
Figura 48. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 16 (27°27'40.25''S -
48°22'36.1''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor centro-sul da Praia do Santinho e (D)
vista do acesso principal à Praia do Santinho.
151
PERFIL 17
O perfil 17 situa-se a cerca de 244 metros a sudoeste do costão que limita a Praia do
Moçambique
7
a norte. Neste trecho, a linha de costa tem orientação NE-SW (Azimute
230 N) (Figura 49a). Segundo Leal (1999), é composto por areia fina (Mz = 2,34
phi
)
bem selecionada (DpMz = 0,39). Caracteriza-se como uma praia de baixa a moderada
declividade, com cerca de 5 graus de média. Esse trecho de praia caracteriza-se como
exposto à alta energia das ondas, embora a presença das Ilhas das Aranhas possa
abrigá-lo parcialmente, em especial quando as ondas forem provenientes de E-ENE,
sendo, mesmo assim, uma praia dominada por ondas (RTR = 1,41). Durante o
monitoramento realizado, a altura média de onda foi de 0,85 metro. Esse trecho de
praia pode ter entre uma e duas linhas de arrebentação de onda, geralmente na forma
mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, apresenta estágios variáveis (BPC a
BCL), com característica intermediária (
= 3,38). Durante o monitoramento, a variação
média da largura da praia (DpYb) foi de 9,32 metros; o coeficiente de variação da linha
de costa (CVYb), de 21,18% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 18,19
m
3
/m, indicando uma praia com alta mobilidade sedimentar (Figura 49b). Nesse trecho
de costa, um largo campo de dunas transgressivo do Holoceno na planície costeira,
considerada uma Área de Preservação Permanente (APP). A orla terrestre apresenta
dunas frontais bem desenvolvidas (Figura 49c) e, por vezes, dunas embrionárias, onde
se desenvolve predominantemente vegetação do tipo herbácea e arbustiva. Pode se
considerar que, quanto à utilização e conservação, é uma orla natural. A principal linha
de acesso a esse trecho é pela praia (Figura 49d). Há apenas um rancho da associação
de pescadores locais onde eles desenvolvem suas atividades.
7
A Praia do Moçambique possui cerca de 11.788m de extensão no sentido NE-SW. Do costão norte ao
perfil 20 a linha de costa é praticamente retilínea, entre o perfil 20 e o perfil 21 aumenta a curvatura e
entre o perfil 21 e o costão sul a linha de costa é curvada.
152
Figura 49. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 17 (27°28'55.4''S -
48°23'01.9''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do canto das Aranhas a partir do campo de duna
e (D) vista do setor norte da Praia Grande ou do Moçambique.
153
PERFIL 18
O perfil 18 (Figura 50) situa-se a cerca de 1.930 metros a sudoeste do perfil 17, trecho
que apresenta linha de costa retilínea. A orientação da linha de costa é NE-SW
(Azimute 220 N) (Figura 50a). Segundo Leal (1999), é composto por areia média (Mz =
1,36
phi
) moderadamente bem selecionada (DpMz = 0,62) na face da praia, o que pode
indicar a presença de areias grossas e finas misturadas. Quanto à declividade,
caracteriza-se como uma praia de alta inclinação ou de tombo (Figura 50d). A
declividade média da face praial foi de 9,8 graus durante o período de monitoramento.
O trecho de praia em destaque é exposto à alta energia das ondas (Hb = 0,95), sendo
dominado pela ação das mesmas (RTR = 1,26). Na zona de surf pode haver entre uma
e duas linhas de arrebentação de onda, geralmente mergulhante na quebra externa,
podendo ocorrer de forma ascendente na face praial. Quanto à morfologia dos bancos,
a praia possui estágios intermediários (BCL a BPR). Quanto ao parâmetro adimensional
ômega, apresenta valor que a classifica como uma praia com face praial Reflectiva (
=
1,36), provavelmente pela presença de areias grossas. A variação média da largura da
praia (DpYb) foi de 11,32 metros; o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb),
de 23,1% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 17,72 m
3
/m. O perfil praial
mostra uma crista de berma instável e processos erosivos na duna frontal (Figura 50b)
(LEAL
et al.
(1998; LEAL, 1999). A orla terrestre tem dunas frontais bem desenvolvidas
e, por vezes, dunas embrionárias, onde ocorre predominantemente vegetação do tipo
herbácea e arbustiva (Figura 50c). Nesse trecho de costa, um campo de dunas
transgressivo do Holoceno na planície costeira. No perfil 18, a orla é natural, visto que
se situa dentro dos limites do campo de dunas, uma Área de Preservação Permanente.
No entanto, observa-se uma estrada sobre a duna frontal, além de inúmeras trilhas.
154
Figura 50. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 18 (27°29'42''S -
48°23'49.4''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas frontais e (D) vista da face praial, com
megacúspides e embaiamentos escarpados.
155
PERFIL 19
O perfil 19 (Figura 51) situa-se a cerca de 3.619 metros a sudoeste do perfil 18, num
trecho onde a linha de costa é praticamente retilínea, com orientação NE-SW (Azimute
207.5 N) (Figura 51a). Segundo Leal (1999), o trecho compõe-se de areia grossa (Mz =
0,69
phi
) moderadamente bem selecionada (DpMz = 0,64) na face da praia, o que pode
indicar a presença de areias finas junto das areias grossas, predominantes. Quanto à
declividade, caracteriza-se como uma praia de alta inclinação ou de tombo. A
declividade média da face praial, medida durante o monitoramento, foi de 9 graus. O
referido trecho é exposto à ação direta da alta energia das ondas (Hb = 1), configurando
uma praia dominada por ondas (RTR = 1,2). Pode ter de uma a duas quebras de onda
na zona de surf, geralmente mergulhante na quebra externa, podendo ocorrer de forma
ascendente na face praial. Quanto à morfologia dos bancos, possui estágios
intermediários (BCL a BPR) (Figura 51b). Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é
classificada como praia com face praial Reflectiva (
= 1,09), relacionada diretamente
ao diâmetro médio do grão na face da mesma. Em relação à variabilidade da praia
subaérea, a variação média da largura da praia (DpYb) foi de 21,02 metros; o
coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), de 67,8% e a variação de volume
subaéreo da praia (VV), de 30,2 m
3
/m. O perfil praial mostra uma crista de berma
instável (Figura 51b). Neste trecho de costa, a orla terrestre possui dunas frontais
moderadamente desenvolvidas e, por vezes, dunas embrionárias, onde se desenvolve
predominantemente vegetação do tipo herbácea e arbustiva (Figura 51c). Apresenta- se
como parte de um campo de dunas transgressivo do Holoceno na planície costeira, em
sua porção mais estreita. Junto ao perfil 19 a orla é natural, visto estar num campo de
dunas preservado, considerado Área de Preservação Permanente (APP) e também
área do Parque Municipal do Rio Vermelho.
156
Figura 51. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 19 (27°31'21.25''S -
48°25'0.25''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia e (C) vista das dunas frontais escarpadas e vegetadas.
157
PERFIL 20
O perfil 20 (Figura 52) situa-se a cerca de 3.499 metros a sul do perfil 19. Neste trecho
a linha de costa tem orientação praticamente N-S (Azimute 195 N) (Figura 52a).
Segundo Leal (1999), o trecho analisado é composto por areia média (Mz = 1,23
phi
)
moderadamente bem selecionada (DpMz = 0,67) na face praial, o que pode indicar a
presença de areias grossas e areias finas. Quanto à declividade, caracteriza-se como
praia de inclinação moderada a alta, ou de tombo. A declividade média da face praial
obtida durante o monitoramento foi de 8.3 graus. Este trecho de praia é exposto à ação
direta da alta energia das ondas (Hb = 0,9), pelas quais é dominado (RTR = 1,33). Pode
ter na zona de surf entre uma e duas quebras de onda, geralmente mergulhante na
arrebentação externa, podendo ocorrer de forma ascendente na face praial. Quanto à
morfologia dos bancos, a praia ora estudada possui estágios intermediários (BCL a BT).
Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta valor que a classifica como uma
praia com face praial Reflectiva (
= 1,47) segundo valores propostos por Short (1999).
Em relação à variabilidade da praia subaérea, durante o monitoramento realizado, a
variação média na largura da praia (DpYb) foi de 25,58 metros; o coeficiente de
variação da linha de costa (CVYb), de 56,84% e a variação de volume subaéreo da
praia (VV) foi de 39,5 m
3
/m. O perfil praial (Figura 52b) mostra a alta mobilidade a que
esse trecho de praia está sujeito (perfil com crista de berma instável, cúspides e
megacúspides). Nele, a orla terrestre possui dunas frontais moderadamente
desenvolvidas e, por vezes, dunas embrionárias (Figura 52c). Apresenta-se como parte
de um terraço marinho praial do Holoceno na planície costeira. A orla do perfil 20 é
considerada Área de Preservação Permanente (APP) e faz parte do Parque Municipal
do Rio Vermelho. Sobre as dunas vegetação do tipo herbácea e arbustiva e, na
retaguarda, expressiva quantidade da espécie exótica
Pinnus eliotis,
que está sendo
substituída por vegetação nativa. Um fato curioso no trecho é a presença de uma
estrutura de concreto na atual linha de costa (Figura 52d), uma evidência da
progradação da linha de costa nesse setor.
158
Figura 52. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 20 (27°33'8.22''S -
48°25'44.83''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas frontais, setor centro-sul da praia
Grande ou Moçambique e (D) estrutura de concreto evidenciando o caráter
transgressivo da costa.
159
PERFIL 21
O perfil 21 (Figura 53) localiza-se a cerca de 2.401 metros a sudeste do perfil 20 e a 90
metros a oeste dos molhes da Barra da Lagoa. O trecho tem linha de costa curvada e
embaiada com orientação NW-SE (Azimute 115N) (Figura 53a). Segundo Leal (1999), é
comporto por areia fina (Mz = 2,21
phi
) moderadamente bem selecionada (DpMz =
0,54) na face praial, o que pode indicar a presença de areias grossas dentre as finas,
predominantes. A declividade média da face praial obtida durante o monitoramento foi
de 5,7 graus, caracterizando uma praia de baixa a moderada inclinação (Figura 53c). O
trecho apresenta-se como uma praia semiexposta à alta energia das ondas (Hb = 0,4).
É representado por uma praia que está no limite de outra, dominada por onda e
modificada pela maré (RTR = 3). Na porção subaquosa, a praia pode ter uma linha de
arrebentação de onda mergulhante e uma segunda linha, próxima aos molhes, ativada
ocasionalmente durante períodos de alta energia de ondas provenientes do quadrante
E-ENE. Quanto à morfologia dos bancos, essa praia tem um banco soldado à praia
terraço de maré baixa (TBM). Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é classificada
como uma praia Intermediária (
= 1,9). Em relação à variabilidade da praia subaérea,
durante o monitoramento realizado, a variação na largura da praia (DpYb) apresentou
valor médio de 10,74 metros; o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) foi de
22.85%, enquanto que a variação de volume subaéreo da praia (VV), foi de 15,1m
3
/m,
indicando que o perfil analisado possui mobilidade menor do que o restante da praia
(Figura 53b). Nesse trecho, a orla terrestre naturalmente possui dunas frontais com
pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes, ambas recobertas por vegetação
herbácea a arbustiva, descaracterizadas pela urbanização. Apresenta um terraço
marinho praial holocênico na planície costeira. Esta orla é urbana consolidada (antigo
núcleo pesqueiro, hoje também bairro residencial e balneário turístico), construída na
forma de parcelamento simples sobre o cordão de dunas frontais (Figura 53d). Junto à
praia estruturas de contenção ao avanço do mar. não maiores problemas
porque é uma área de relativa baixa energia hidrodinâmica.
160
161
PERFIL 22
O perfil 22 (Figura 54) localiza-se a 250 metros a sudoeste do costão norte do sistema
praial Joaquina - Morro das Pedras
8
, onde a praia tem orientação NE-SW (Azimute 225
N) (Figura 54a). No trecho, a linha de costa é praticamente retilínea, com uma pequena
zona de sombra curvada próxima ao costão rochoso (Figura 54c). Segundo
Torronteguy (2002), é composto de areia fina (Mz = 2,26
phi
) muito bem selecionada
(DpMz = 0,28) e tem baixa declividade média na face praial: cerca de 2,6 graus em
média. Esse trecho é exposto à ação da alta energia das ondas, que podem ultrapassar
os 4 metros de altura devido a características que vão além da exposição, tais como a
presença de rochedos e áreas profundas na antepraia. Durante o período de
monitoramento, a altura média de onda na arrebentação foi de 1,52 metros,
caracterizando uma praia dominada por ondas (RTR = 0,78). O trecho pode ter de duas
a três quebras de onda na forma mergulhante e deslizante. Quanto à morfologia dos
bancos, apresenta estágios intermediários (BCL a BPC) e outro externo, devido ao
costão rochoso. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é classificada como uma
praia Dissipativa (
= 8.3). Durante o monitoramento realizado, a variação na largura da
praia (DpYb) apresentou valor médio de 13,46 metros, o coeficiente de variação da
linha de costa (CVYb) foi de 16,78% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de
20,11 m
3
/m, conformando uma praia plana e bastante variável (Figura 54b). Nesse
trecho de costa, a orla terrestre possui dunas frontais bem desenvolvidas e, por vezes,
dunas embrionárias. No perfil 22 uma situação um pouco peculiar. Quase toda sua
extensão é preservada pela presença de um campo de dunas transgressivo bem
conservado, considerado uma Área de Preservação Permanente (APP) e Parque
Municipal Dunas da Lagoa da Conceição, sendo uma orla natural onde se desenvolve
predominantemente vegetação do tipo herbácea e arbustiva (Figura 54d). No canto da
praia, a orla é urbanizada, com estrutura urbana voltada ao turismo (Figura 54a, c).
8
O trecho Joaquina-Morro das Pedras mede cerca de 11 km de extensão com orientação predominante
NNE-SSW, com dois arcos praiais ligados por uma saliência arenosa, na altura da Ilha do Campeche.
162
Figura 54. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 22 (27°37'45.84''S -
48°27'00''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos erosivo
e acrescivo da praia; (C) vista do canto da praia da Joaquina, com estruturas turísticas
ao fundo, junto ao costão e (D) vista da porção central da praia da Joaquina, com
feições rítmicas na zona de surf.
163
PERFIL 23
O perfil 23 (Figura 55) localiza-se a 4.979,5 metros a sudoeste do perfil 22. No trecho a
linha de costa orienta-se no sentido NE-SW (Azimute 202.5 N) (Figura 55a), sendo
pouco arqueada. Segundo Torronteguy (2002), a face da praia é composta por areia
média (Mz = 1,94
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,44). Caracteriza-se como uma praia
de inclinação moderada a baixa na face praial, com média de 3,82 graus, obtida
durante o monitoramento realizado. Esse trecho caracteriza-se como exposto à alta
energia das ondas (Hb = 1,12). É uma praia dominada por ondas (RTR = 1,07) e pode
ter de uma a duas linhas de arrebentação de onda, geralmente mergulhante. Quanto à
morfologia dos bancos, a praia analisada tem morfologia variável, intermediária (BCL a
BPR). Quanto ao parâmetro adimensional ômega, é classificada como uma praia com
face praial intermediária (
= 4,53), corroborando com a morfologia observada. Em
relação à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb) teve
valor médio de 5,45 metros; o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), de
11,07% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 3,48 m
3
/m. O perfil praial
mostra uma praia com berma variável (Figura 55b). No trecho de costa em questão, a
orla terrestre possui dunas frontais bem desenvolvidas e, por vezes, dunas
embrionárias onde ocorre predominantemente vegetação do tipo herbácea, com
algumas espécies vegetais arbustivas. Apresenta um campo de dunas transgressivo de
idade holocênica na planície costeira, considerado como uma Área de Preservação
Permanente (APP) e área do Parque Municipal Dunas da Lagoa da Conceição. A orla
terrestre junto ao perfil 23 é natural, com dunas onde trilhas de acesso à praia.
Mesmo sendo um dos bairros que mais cresce na capital catarinense, no “Novo
Campeche” (Figura 55c), o campo de dunas é relativamente largo e preservado (Figura
55d). Não é considerado orla urbanizada. No entanto, no reverso do campo de dunas
há urbanização em consolidação, verticalizada.
164
Figura 55. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 23 (27°40'4.56''S -
48°28'35.61''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista das dunas frontais preservadas e ao fundo área
urbana condomínio Novo Campeche e (D) vista da praia e dunas frontais na altura do
Novo Campeche.
165
PERFIL 24
O perfil 24 (Figura 56) situa-se a 1.928 metros a sul do perfil 23. No trecho, chamado de
Riozinho do Campeche, a praia é praticamente retilínea, com sentido N-S (Azimute 195
N) (Figura 56a). Segundo Torronteguy (2002), o trecho é composto de areia fina (Mz =
2,09
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,38) na face praial. Caracteriza-se como praia de
baixa declividade na face praial. A declividade média durante o monitoramento foi de
2,26 graus. É parcialmente abrigada da ação de ondas de alta energia provenientes de
S-SSE, pela Ilha do Campeche, situada no final do trecho conhecido como “direitas do
Campeche”, um local onde as ondas incidem com bastante obliquidade junto à praia,
muito procurado pelos surfistas. Mesmo assim pode ser considerada como exposta à
ação de ondas de alta energia, sendo dominada pela ação das ondas (RTR = 1,64).
Durante o período de monitoramento, a altura média de arrebentação foi de 0,73 metro.
Esse trecho pode ter de uma a duas linhas de arrebentação de onda, geralmente
mergulhantes. Quanto à morfologia dos bancos, a praia possui estágios intermediários
do tipo Banco e Cava Longitudinal, devido ao canal formado entre a ilha e a praia, que
aumenta a corrente de deriva litorânea na área. Quanto ao parâmetro adimensional
ômega, apresenta valor que a classifica como praia com face praial intermediária (
=
3,78). Com relação à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia
(DpYb) apresentou valor médio de 10,4 metros; o coeficiente de variação da linha de
costa (CVYb) apresentou valor de 22,51% e a variação de volume subaéreo da praia
(VV), de 6,47 m
3
/m durante o período de monitoramento. O perfil praial mostra uma
praia com crista de berma instável (Figura 56b). A orla terrestre apresenta dunas
frontais moderadamente desenvolvidas e, por vezes, dunas incipientes. Sobre as
mesmas se desenvolvem espécies vegetais herbáceas e arbustivas (Figura 56c). Esse
trecho apresenta-se em processo de urbanização, com algumas casas e bares entre a
Avenida Pequeno Príncipe e a desembocadura do Riozinho do Campeche (Figura 56d),
onde estrutura voltada ao turismo, com bares e estacionamentos, predominando
áreas preservadas nas adjacências, em todo o restante desse trecho da orla, inclusive
junto ao perfil 24.
166
Figura 56. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 24 (27°41'4.34'' S -
48°28'49.04''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista de uma área com vegetação nativa sujeita a
alagamento e (D) trecho da Praia do Campeche na altura do chamado “Riozinho”.
167
PERFIL 25
O perfil 25 (Figura 57) localiza-se no Pontal do Campeche, a cerca de 870 metros a
sudoeste do perfil 24. O trecho apresenta orientação NE-SW (Azimute 235 N) (Figura
57a). É tido como o trecho sul, de uma saliência arenosa, que divide dois arcos praiais,
formado pela interação entre as ondas e a presença da Ilha do Campeche. Segundo
Torronteguy (2002), esse trecho apresenta areia fina (Mz = 2,09
phi
) bem selecionada
(DpMz = 0,4
phi
). Caracteriza-se como uma praia de baixa declividade média na face
praial: cerca de 2,5 graus medida durante o monitoramento. O referido trecho
caracteriza-se como exposto à alta energia das ondas (Hb = 0,81), pelas quais é
dominado (RTR = 1,48). Pode apresentar na zona de surf entre uma a três quebras de
onda nas formas mergulhante a deslizante. Quanto à morfologia dos bancos, apresenta
um banco interno intermediário (BPC a BT) e um banco externo gerado pela ilha do
Campeche (saliência arenosa), o que o faz apresentar características às vezes
Dissipativas (com mais de dois bancos). Quanto ao parâmetro adimensional ômega,
apresenta face praial intermediária (
= 3,16). Durante o monitoramento realizado, a
variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 21 metros; o coeficiente
de variação da linha de costa (CVYb), de 24,13% e a variação de volume subaéreo da
praia (VV), de 13,17 m
3
/m. O perfil praial mostra uma praia com crista de berma instável
(Figura 57b, c), sujeita às significativas variações morfológicas provenientes da ação de
ondas no entorno da Ilha do Campeche, que gera transporte longitudinal com sutis
variações na localização do pontal, o que pode gerar processos erosivos e acrescivos
conforme a movimentação do pontal para norte, com deposição próxima ao perfil 25, ou
para sul, situação que gera deposição junto ao perfil 25. A orla terrestre apresenta
dunas frontais bem desenvolvidas (Figura 57d) e, por vezes, dunas incipientes,
recobertas por vegetação do tipo herbácea e arbustiva. É parte do cordão de dunas
transgressivo, considerado uma Área de Preservação Permanente (APP). A
urbanização preservou o cordão de dunas transgressivo, não havendo urbanização na
orla. No entanto, processos de erosão costeira podem vir a erodir o pontal, fato que
vem sendo observado, com possibilidade de atingir a área urbana.
168
Figura 57. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 25 (27°41'40.64''S -
48°29'8.45'' W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da praia – trecho do pontal – e Ilha do Campeche
ao fundo e (D) dunas frontais e Praia do Campeche, em direção aos trechos da
localidade de Areias do Campeche e do Morro das Pedras (P26).
169
PERFIL 26
O perfil 26 (Figura 58) situa-se a 1.773,67 metros a sudoeste do perfil 25 e a 1755
metros a NE-N do Morro das Pedras. O trecho possui orientação NE-SW (Azimute 215
N) (Figura 58a) na forma de arco praial. Segundo Torronteguy (2002), é composto por
areia média (Mz = 1,16
phi
) moderadamente bem selecionada (DpMz = 0,53) na face
da praia, indicando a presença de areia grossa com um pouco de areias finas
misturadas pela hidrodinâmica atual. Caracteriza-se como uma praia de inclinação
moderada. A declividade da face praial média obtida durante o monitoramento foi de
5.78 graus. Esse trecho caracteriza-se como exposto à ação direta da alta energia das
ondas, que dominam a praia (RTR = 0,96). Durante o monitoramento realizado, foi
medida altura média de arrebentação de onda de 1,25 metros. Pode ter na zona de surf
entre uma e duas linhas de arrebentação de onda, geralmente mergulhantes, podendo
ocorrer na forma ascendente junto à face praial. Quanto à morfologia dos bancos, a
praia em estudo apresenta estágios intermediários (BCL a BT). Utilizando o parâmetro
adimensional ômega, pode ser classificada como uma praia Intermediária a Reflectiva
(
= 1,67), segundo valores sugeridos por Short (1999), com alta energia e areias
médias. Quanto à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia
(DpYb) apresentou valor médio de 7,63 metros, o coeficiente de variação da linha de
costa (CVYb) apresentou valor de 17,5% e a variação de volume subaéreo da praia
(VV) de 11,65 m
3
/m durante o monitoramento. O perfil praial mostra uma praia com
crista de berma instável e alta declividade (Figura 58b). Esse trecho de costa também
se compõe de cúspides e megacúspides praiais (Figura 58c), o que é comum em praias
intermediárias. A orla terrestre possui dunas frontais bem desenvolvidas recobertas por
vegetação herbácea e arbustiva e, por vezes, dunas incipientes. Sobre as mesmas
um processo de urbanização (Figura 58d), o qual pode trazer problemas futuros aos
próprios moradores, como a degradação das suas propriedades por ação marinha
(erosão costeira) e eólica (soterramento) e à comunidade em geral, pela perda de
beleza cênica e privatização da orla, já que se trata de um ambiente sedimentar
altamente dinâmico.
170
Figura 58. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 26 (27°42'14.09''S -
48°29'45.28''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da praia com dunas escarpadas e urbanizadas e
(D) área urbana sobre trecho de dunas.
171
PERFIL 27
O perfil 27 (Figura 59) situa-se a cerca de 343 metros a sul do Morro das Pedras, na
Praia da Armação
9
, trecho que apresenta linha de costa retilínea com orientação
praticamente N-S (Azimute 195 N) (Figura 59a).
Segundo Abreu de Castilhos (1995), o
trecho é composto por areia grossa (Mz = 0,2
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,38
phi
)
na face praial. Quanto à declividade, caracteriza-se como uma praia de tombo, com
declividade em torno de 15 graus na face praial durante o monitoramento. Caracteriza-
se como exposto à ação da alta energia das ondas (Hb = 1,31), visto que recebe tanto
swell
de E-ENE quanto de S-ESE. Sendo assim, é uma praia dominada pela ação das
ondas (RTR = 0,91). Na zona de surf pode haver entre uma e duas linhas de
arrebentação de onda, que ocorrem de forma mergulhante e às vezes deslizante na
quebra externa e ascendente junto à face da praia. Quanto à morfologia dos bancos, a
praia apresenta estágios intermediários (BPC a BCL). Durante períodos erosivos,
principalmente quando predomina deriva para norte, esse banco arenoso pode ser
completamente erodido, sendo reconstruído após períodos de acresção, quando a
deriva é para sul. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta face praial
Reflectiva (
= 1,06). Durante o monitoramento, a variação na largura da praia (DpYb)
apresentou valor de 10 metros, o coeficiente de variação da linha de costa apresentou
(CVYb) valor de 16,39% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de 27,1 m
3
/m.
O perfil praial mostra uma praia com crista de berma bem pronunciada e alta
declividade na face (Figura 59b, c). Nesse trecho de costa, a orla terrestre não possui
dunas frontais, exibindo um terraço marinho (seguimento da praia). Na planície costeira
há vegetação do tipo arbustiva (Figura 59d). O perfil 27 tem uma orla natural, com praia
e restinga bem preservadas.
9
A Praia da Armação possui 5.660m de extensão no sentido NNW-SSE, na forma retilínea entre o costão
norte e o P31 e curvada entre o P31 e a Ponta das Campanhas. Abreu de Castilhos (1995) classificou a
Praia da Armação como uma praia parabólica, com variação de energia ao longo da mesma, distinguindo
um setor mais abrigado, composto de areia fina, e um setor exposto, composto por areia grossa.
172
Figura 59. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 27 (27°43'36.39''S -
48°30'23.75''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da Praia da Armação – trecho do Caldeirão e (D)
vegetação nativa preservada.
173
PERFIL 28
O perfil 28 (Figura 60) situa-se a cerca de 604 metros a sul do perfil 27. O trecho
apresenta linha de costa retilínea com orientação praticamente N-S (Azimute 190 N)
(Figura 60a). Segundo Abreu de Castilhos (1995), esse trecho é composto por areia
grossa (Mz = 0,23
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,5) na face da praia, o que indica o
predomínio de areias grossas. Quanto à declividade, caracteriza-se como uma praia de
tombo, com alta declividade. A declividade da face praial obtida durante o
monitoramento foi de 10 graus. Esse trecho apresenta-se exposto à alta energia das
ondas, dominantes na praia (RTR = 1,15). A altura média de arrebentação de onda
medida durante o monitoramento foi de 1,04 metros. A praia ora apresentada pode ter
entre uma e duas linhas de arrebentação de onda, que ocorre das formas mergulhante
e, às vezes, deslizante na quebra externa e ascendente junto à face da praia. Quanto à
morfologia dos bancos, apresenta estágios intermediários (BPC a BCL), que pode ser
totalmente erodida em alguns períodos do ano, assim como ocorre no perfil 27, quando
a praia fica com características reflectivas também na zona de surf. Quanto ao
parâmetro adimensional ômega, é uma praia com face praial Reflectiva (
= 0,87).
Quanto à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb)
apresentou valor médio de 7,5 metros, o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb) apresentou valor de 20,27% e a variação de volume subaéreo da praia (VV), de
12,2 m
3
/m. O perfil praial mostra uma praia com alta declividade e berma bem
pronunciada (Figura 60b, d). Nesse perfil também presença de cúspides praiais e a
orla terrestre não apresenta dunas frontais, expondo um terraço marinho (seguimento
da praia). Na planície costeira há vegetação do tipo arbustiva (Figura 60c, d). O perfil 28
apresenta uma orla do tipo natural, também nos limites do Parque Municipal da Lagoa
do Peri. Alguns trechos vêm sendo irregularmente invadidos, com casas sendo
construídas dentre áreas de vegetação de restinga.
174
Figura 60. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 28 (27°43'55.87''S -
48°30'28.15''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor centro-norte da Praia da Armação e (D)
vista área de vegetação a partir da face praial.
175
PERFIL 29
O perfil 29 (Figura 61) situa-se a 502,47 metros a sul do perfil 28. O trecho apresenta
linha de costa retilínea com orientação N-S (Azimute 180 N) (Figura 61a). Segundo
Abreu de Castilhos (1995), apresenta granulometria areia grossa (Mz = 0,3
phi
) bem
selecionada (DpMz = 0,31) na face da praia. Quanto à declividade, caracteriza-se como
uma praia de tombo. A declividade média da face praial obtida durante o monitoramento
foi de 10 graus. Esse trecho mostra-se exposto à alta energia das ondas, que dominam
a praia (RTR = 1.18). A altura média de arrebentação de onda medida durante o
monitoramento foi de 1,01 metros. A praia pode ter entre uma e duas linhas de
arrebentação de onda, que ocorre na forma mergulhante (Figura 61d) e, às vezes,
deslizante na quebra externa e ascendente junto à face praial. Quanto à morfologia dos
bancos, um banco com estágios intermediários (BPC a BCL), que pode ser
totalmente erodido em alguns períodos do ano, assim como ocorre nos perfis 27 e 28,
quando a praia apresenta características Reflectivas também na zona de surf.
Utilizando o parâmetro adimensional ômega, pode ser classificada como uma praia com
face praial Reflectiva (
= 0,85). Com relação à variabilidade da praia subaérea, a
variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 7,5 metros, o
coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 25% e a variação
de volume subaéreo da praia (VV), de 11,5 m
3
/m durante o monitoramento realizado. O
perfil praial mostra uma crista de berma mais estável que nos perfis 27 e 28 (Figura
61b). No referido trecho de costa, a orla terrestre não possui dunas frontais, exibindo
um terraço marinho. Na planície costeira vegetação do tipo herbácea e arbustiva
(Figura 61c). A orla do perfil 29 tem algumas casas localizadas próximas aos limites do
Parque Municipal da Lagoa do Peri. Pode ser considerada como uma ocupação
recente, de tipo parcelamento simples e que vem se expandindo a partir do canto da
Praia da Armação (P33 e 34), onde há um núcleo pesqueiro tradicional.
176
Figura 61. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 29 (27°44'12.14''S -
48°30'29.27''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista da vegetação nativa junto à praia, setor central da
Praia da Armação e (D) vista do setor central da Praia da Armação.
177
PERFIL 30
O perfil 30 (Figura 62) situa-se a 493 metros a sul do perfil 29. Esse trecho de linha de
costa retilínea é orientado no sentido N-S (Azimute 177.5 N) (Figura 62a). Segundo
Abreu de Castilhos (1995), o referido trecho é composto de areia grossa (Mz = 0,42
phi
)
bem selecionada (DpMz = 0,47
phi
) na face praial. Caracteriza-se como uma praia de
tombo, isto é, possui alta declividade na face da praia. A declividade média da face
praial medida durante o monitoramento foi de 15 graus. O trecho analisado mostra-se
como exposto à alta energia das ondas (Hb = 0,93) (recebe tanto
swell
de E-ENE
quanto de S-SSE), sendo dominado pela ação das mesmas (RTR = 1,29). Pode ter
entre uma e duas linhas de quebra de onda dos tipos mergulhante e deslizante na
quebra externa e ascendente junto à face praial. Quanto à morfologia dos bancos, a
praia apresenta estágios intermediários (BPC a BCL), podendo ser sazonalmente
erodida na mesma situação descrita nos perfis 27, 28 e 29. Quanto ao parâmetro
adimensional ômega, apresenta valor que a classifica como uma praia com face
Reflectiva (
= 0,89). Em relação à variabilidade da praia subaérea, durante o
monitoramento, a variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 7
metros, o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 17,7% e
a variação de volume subaéreo da praia (VV) foi de 11,2 m
3
/m. O perfil praial mostra
uma praia com crista de berma com degraus (Figura 62b). Nesse trecho de costa, a orla
terrestre não possui dunas frontais, com ocorrência de um terraço marinho junto à praia.
Na planície costeira há vegetação nativa herbácea e arbustiva, além de espécies
exóticas (Figura 62c). A orla terrestre vem sendo urbanizada recentemente (urbana em
consolidação) na forma de parcelamento simples, expandindo-se a partir do canto da
praia (P33 e 34). estruturas urbanas, como muros, na área do pós-praia, um indício
de progradação da linha de costa (Figura 62d).
178
Figura 62. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 30 (27°44'28.17''S -
48°30'28.72''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista deste trecho de orla, com presença de vegetação
nativa e exótica e (D) estrutura de concreto indicando o caráter transgressivo da costa.
179
PERFIL 31
O perfil 31 (Figura 63) localiza-se a cerca de 582 metros a sul-sudeste do perfil 30.
Situa-se em um trecho ainda com linha de costa praticamente retilínea, com orientação
NNW-SSE (Azimute 160 N) (Figura 63a). Segundo Abreu de Castilhos (1995), esse
trecho apresenta areia muito grossa (Mz = - 0,25
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,44)
na face praial, cuja declividade, medida durante o monitoramento, foi de 8,5 graus,
caracterizando-a como uma praia de alta inclinação ou de tombo. O trecho analisado
caracteriza-se como semiexposto à alta energia das ondas, isto é, recebe o
swell
de E-
ENE e é abrigado do
swell
de S-SSE. Durante o monitoramento realizado foi medida
altura média de arrebentação de 0,91 metro. Mesmo assim é uma praia dominada por
ondas (RTR = 1,31), podendo ter entre uma e duas quebras de onda, geralmente
mergulhantes e ascendente junto à face praial. Quanto à morfologia dos bancos, essa
praia possui estágios intermediários (BPC a BCL). Quanto ao parâmetro adimensional
ômega, pode ser classificada como uma praia com face praial Reflectiva (
= 0,58),
associada à granulometria e à moderada energia de onda. Em relação à variabilidade
da praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 10
metros, o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 26,31%,
provavelmente associado à menor largura média desse trecho de praia em relação aos
anteriormente descritos na Praia da Armação, enquanto que a variação de volume
subaéreo da praia (VV) foi de apenas 3,32 m
3
/m. Mesmo com a baixa variação de
volume, é uma praia com crista de berma instável (Figura 63b). Junto ao perfil 31, a orla
terrestre não apresenta dunas frontais. Entretanto, ocorre um terraço marinho com
vegetação do tipo arbustiva junto à praia (Figura 63c, d). A urbanização vigente no
trecho, do tipo parcelamento simples, vem se expandindo a partir do canto da praia
(P33 e 34). O trecho possui vários acessos públicos à praia.
180
Figura 63. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 31 (27°44'46.89''S -
48°30'25.52''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor centro-sul da Praia da Armação e (D)
presença de vegetação nativa e exótica e área de privatização da orla.
181
PERFIL 32
O perfil 32 (Figura 64) situa-se a cerca de 260 metros a sudeste do perfil 31. O trecho
possui linha de costa mais curvada, com orientação NW-SE (Azimute 145 N) (Figura
64a). Segundo Abreu de Castilhos (1995), é composto de areia média (Mz = 1,69
phi
),
com grau de selecionamento moderadamente bem selecionada (DpMz = 0,52) na face
praial, o que indica a presença de areias finas a grossas, caracterizando uma área de
transição quanto à granulometria. Quanto à declividade, classifica-se como uma praia
de tombo. A declividade média da face praial medida durante o monitoramento foi de 8
graus. O trecho correspondente ao perfil 32 caracteriza-se como semiexposto à alta
energia das ondas, isto é, recebe o
swell
de E-ENE e é abrigado do
swell
de S-SSE.
Mesmo assim, é uma praia dominada por ondas (RTR = 1,64), cuja altura média
arrebentação foi de 0,73 metros, dado obtido durante o monitoramento. Pode ter de
uma a duas linhas de quebra de onda, geralmente mergulhantes. Com relação à
morfologia dos bancos na zona de surf, predominam estágios intermediários (BT a
BCL). Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta valor que a classifica como
uma praia com face praial intermediária (
= 1,54), valor bem próximo ao limite de uma
praia Reflectiva, segundo Short (1999). Em relação à variabilidade da praia subaérea, a
variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 11 metros, o coeficiente
de variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 28,94% (alta variação) e a
variação de volume subaéreo da praia (VV), de apenas 3,31 m
3
/m, valores semelhantes
ao perfil 31. O perfil praial (Figura 64b) mostra uma praia mais plana que a dos perfis
anteriores, situados mais para o setor norte e exposto da Praia da Armação. No trecho
em estudo, também há presença de feições morfológicas como berma e cúspides
praiais. A orla terrestre não possui dunas frontais, mas sim um terraço marinho praial
holocênico. Na planície costeira a vegetação nativa foi praticamente suprimida. O perfil
32 apresenta orla em estágio urbano consolidado, com estruturas de contenção à
erosão costeira e privatização do limite da praia (Figura 64c, d). A ocupação ocorreu
anterior à legislação na forma de parcelamentos simples, se expandindo a partir do
canto da praia (P33 e 34).
182
Figura 64. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 32 (27°44'54.11''S -
48°30'20.92''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da Praia da Armação, urbanizado
junto à praia e (D) e presença de vegetação exótica.
183
PERFIL 33
O perfil 33 (Figura 65) situa-se cerca de 240 metros a sudeste do perfil 32. Apresenta
linha de costa curvada, com orientação NW-SE (Azimute 130 N) (Figura 65a). Segundo
Abreu de Castilhos (1995), o trecho é composto de areia fina (Mz = 2,69
phi
) com grau
de selecionamento muito bem selecionado (DpMz = 0,33) na face praial. Caracteriza-se
como uma praia com declividade moderada na face praial, média de 5 graus durante o
monitoramento. Ainda o mesmo trecho aparece abrigado da ação direta da alta energia
das ondas, com valor médio de altura na arrebentação em torno de 0,66. Mesmo assim
é uma praia dominada por ondas (RTR = 1,81). Na zona de surf geralmente uma
linha de arrebentação de ondas, na maioria das vezes, mergulhante. A morfologia da
zona de surf é caracterizada por um Terraço de Baixa Mar (TBM). Quanto ao parâmetro
adimensional ômega, apresenta valor que a classifica como uma praia com face praial
intermediária (
= 3,72), o que está basicamente associado à presença de areia fina na
face praial. Com relação à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da
praia (DpYb) apresentou valor médio de 12 metros, o coeficiente de variação da linha
de costa (CVYb) apresentou valor de 34,28% (alta variação) e a variação de volume
subaéreo da praia (VV), de 4,35 m
3
/m durante o período de monitoramento. O perfil
praial mostra uma praia em rampa relativamente plana (Figura 65b), instável, com
berma em períodos de acresção. Nesse trecho de costa, a orla terrestre não possui
dunas frontais, expondo um terraço marinho praial holocênico. Na planície costeira a
vegetação é praticamente inexistente, devido ao estágio de urbanização consolidado,
inclusive com presença de estruturas de contenção à erosão costeira (Figura 65c, d). O
processo de urbanização ocorrido foi do tipo parcelamento simples, com ocupação
anterior à legislação vigente. Problemas de erosão observados/medidos na área, que
geram danos às casas situadas à beira-mar, provavelmente foram amplificados devido
à construção de um quebra-mar, que interrompeu a passagem de sedimentos entre as
praias do Matadeiro e da Armação.
184
Figura 65. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 33 (27°44'59.52''S -
48°30'14.36''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; vista do setor sul da Praia da Armação, para oeste (C) e
para leste (D), indicando caráter transgressivo da costa.
185
PERFIL 34
O perfil 34 (Figura 66) localiza-se a cerca de 150 metros a leste do perfil 33 e a 181
mestros a oeste da Ponta das Campanhas. No trecho da praia considerado, a linha de
costa é mais curvada e possui orientação W-E (Azimute 107.5 N) (Figura 66a).
Segundo Abreu de Castilhos (1995), é composto de areia fina (Mz = 2,78
phi
) muito
bem selecionada (DpMz = 0,33) na face praial. A declividade média da face praial,
medida durante o monitoramento, foi de 5 graus, caracterizando-a como uma praia de
inclinação moderada. O trecho é atualmente abrigado da ão direta da alta energia
das ondas, amplificada após a construção do quebra-mar, que uniu a planície costeira à
Ponta das Campanhas, com altura média de onda em torno de 0,5 metro durante o
monitoramento realizado, o que a caracteriza como uma praia dominada pela ação das
ondas (RTR = 2,4). Esse trecho de praia geralmente tem uma linha de arrebentação de
onda na forma mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, um Terraço de Baixa
Mar (TBM) na zona de surf. Quanto ao parâmetro adimensional ômega, apresenta valor
que a classifica como uma praia com face praial intermediária (
= 2,96). Com relação
à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb) apresentou
valor médio de 3,75 metros, o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb)
apresentou o expressivo valor de 38,07%, decorrente da baixa largura média da praia,
enquanto que a variação de volume subaéreo da praia (VV) foi de apenas 1,48 m
3
/m. O
perfil praial mostra uma praia em rampa plana relativamente estável (Figura 66b).
Nesse mesmo trecho de costa, a orla terrestre não apresenta dunas frontais, ocorrendo
um terraço marinho praial holocênico. Na planície costeira a vegetação é praticamente
inexistente devido ao estágio de urbanização consolidado, com estruturas de contenção
à erosão (Figura 66c, d). O processo de urbanização ocorrido foi o parcelamento
simples, com urbanização anterior à legislação vigente. A tradicional colônia de
pescadores da Armação do Pântano do Sul, atualmente estruturada sobre o pós-praia,
é um indício de progradação da linha de costa.
186
Figura 66. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 34 (27°45'00.99''S -
48°30'08.95''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do “Centrinho” da Armação, situado junto à praia
e (D) estruturas de contenção à erosão costeira com molhe ligando a praia à Ponta das
Campanhas, ao fundo.
187
PERFIL 35
O perfil 35 situa-se cerca de 390 metros a noroeste do costão rochoso, na Praia do
Pântano do Sul
10
. Situa-se num trecho na forma de arco praial, com sentido SE-NW
(Azimute 290 N) (Figura 67a).
Segundo Oliveira (2004), o trecho é composto de areia
fina (Mz = 2,63
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,39
phi
). Caracteriza-se como uma praia
de baixa declividade média: cerca de 2,38 graus. O trecho em destaque é abrigado da
ação direta da alta energia das ondas, sendo modificado por elas e pela ação da maré
(RTR = 5,21). Durante o monitoramento apresentou altura média de arrebentação de
onda de 0,23 metro. Esse trecho tem uma linha de quebra de onda na forma
mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, apresenta um Terraço de Baixa Mar
(TBM). Em relação ao parâmetro adimensional ômega, tem uma face praial Reflectiva
(
= 1,34) segundo valores sugeridos por Short (1999). Durante o monitoramento, a
variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 7,31 metros; o
coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), de 13,41% e a variação de volume
subaéreo da praia (VV), de 3,95 m
3
/m. O perfil praial mostra uma praia em rampa plana
relativamente estável (Figura 67b, c), com berma e cúspides praiais. A orla terrestre
apresenta dunas frontais pouco desenvolvidas e, por vezes, dunas incipientes. No perfil
35 há uma tradicional colônia de pescadores que urbanizou densamente a orla da praia
(Figura 67c), havendo intenso uso da linha de costa para a pesca, lazer e
estacionamento (Figura 67d). Atualmente é uma orla com estágio urbano consolidado,
com estruturas de contenção à erosão. Parte da ocupação se encontra sobre o pós-
praia, um indício de progradação da linha de costa. Os problemas não são maiores
porque se trata de uma área abrigada da alta energia de onda, havendo em períodos
de alta energia um significativo avanço da maré sobre a área urbana, com ondas
pequenas.
10
A Praia do Pântano do Sul mede cerca de 2.896m de extensão com sentido NNE-SSW. Apresenta
linha de costa em arco a partir do costão rochoso, situado a norte, até o P37. Entre o perfil 37 e o costão
sul, a linha de costa é praticamente retilínea.
188
Figura 67. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 35 (27°46'52.31''S -
48°30'36.23''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo os máximos
erosivo e acrescivo da praia; (C) vista do “Centrinho” da Praia do Pântano do Sul, com
embarcações na praia e (D) presença de carros e restaurantes na praia.
189
PERFIL 36
O perfil 36 (Figura 68) localiza-se a cerca de 830 metros a oeste do perfil 35. Localiza-
se em um trecho de costa em arco, com orientação ENE-WSW (Azimute 247.5 N)
(Figura 68a). Segundo Oliveira (2004), o trecho é composto por areia fina (Mz = 2,29
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,36) na face praial. A declividade média da face foi de
4,23 graus, caracterizando-a como uma praia de inclinação moderada. Esse trecho é
semiexposto à alta energia das ondas, isto é, exposto a ondas provenientes de S-SSE
e abrigado de ondas de E-ENE. Durante o monitoramento realizado, a altura média de
arrebentação foi de 0,56 metro, o que caracteriza uma praia dominada por ondas (RTR
= 2,14). Na zona de surf pode apresentar entre uma a duas quebras de onda na forma
mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, predominam Bancos Transversais (BT).
Utilizando o parâmetro adimensional ômega, pode ser classificada como uma praia com
face praial intermediária (
= 2,32). Com relação à variabilidade da praia subaérea, a
variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 6,06 metros, o
coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 15,03% e a
variação de volume subaéreo da praia (VV), de 4,96 m
3
/m. O perfil praial (Figura 68b)
mostra uma praia mais variável que o canto da praia. Nesse trecho predomínio de
bermas e megacúspides praiais, feições típicas de uma praia Intermediária com bancos
transversais na zona de surf. A orla terrestre apresenta dunas frontais bem
desenvolvidas e, por vezes, dunas embrionárias onde se desenvolve
predominantemente vegetação do tipo herbácea e arbustiva (Figura 68c). Junto ao
perfil 36 presença de um campo de dunas transgressivo, com boa qualidade
ambiental (Figura 68d). A área é legalmente bem preservada, sendo uma Área de
Preservação Permanente, assim como os demais campos de dunas transgressivos da
Ilha de Santa Catarina.
190
Figura 68. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 36 (27°46'51.64''S -
48°31'6.22''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo o máximo erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista do marco topográfico em área de vegetação nativa e (D)
vista da porção central da Praia do Pântano do Sul, em Área de Preservação
Permanente.
191
PERFIL 37
O perfil 37 (Figura 69) localiza-se a cerca de 1.020 metros a sudoeste do perfil 36 e a
657 metros do pequeno promontório que o separa da Praia da Solidão. No referido
trecho, a linha de costa passa a ser mais retilínea com orientação NE-SW (Azimute 225
N) (Figura 69a). Segundo Oliveira (2004), esse trecho é composto por areia fina (Mz =
2,2
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,41) na face da praia. A declividade média da face
praial obtida no monitoramento foi de 3,73 graus, caracterizando-a como uma praia de
inclinação moderada. O trecho é exposto à ação direta da alta energia das ondas,
sendo a porção mais exposta da enseada do Pântano do Sul. Durante o monitoramento
a altura média de onda foi de 0,77 metro, caracterizando o domínio das ondas sobre o
ambiente praial (RTR = 1,55). A praia pode ter entre uma e duas linhas de arrebentação
de onda geralmente na forma mergulhante. Quanto à morfologia dos bancos, estes
possuem características intermediárias (BT a BPC). Utilizando o parâmetro
adimensional ômega, pode ser classificada como uma praia com face praial
intermediária (
= 3,34). Com relação à variabilidade da praia subaérea, a variação na
largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 11,37 metros, o coeficiente de
variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 19,93% e a variação de volume
subaéreo da praia (VV), de 9,79 m
3
/m, durante o monitoramento realizado. O perfil
praial mostra uma praia instável do ponto de vista morfológico, principalmente próximo
à face praial (Figura 69b), provavelmente devido à ação da dinâmica das megacúspides
praiais e bermas, fruto da alta exposição e ritmicidade da praia. Nesse trecho de costa,
a orla terrestre possui cordões litorâneos holocênicos na planície costeira, que
atualmente estão sendo erodidos (escarpados). Entre eles e a praia podem se
desenvolver dunas incipientes. A área apresenta-se em expansão urbana, tanto o
loteamento dos Açores, a norte, quanto a localidade da Costa de Dentro, situada a sul
do perfil 37. Entre a área urbana e a praia, uma pequena faixa de duna frontal
preservada com vegetação herbácea e gramínea (Figuras 69c,d). Processos de erosão
costeira podem atingir a área urbanizada num futuro próximo, gerando danos
patrimoniais e/ou ambientais.
192
Figura 69. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 37 (27°47'9.36''S -
48°31'37.91''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo o máximo erosivo
e acrescivo da praia; (C) vista da área de estacionamento na Praia dos Açores e (D)
vista da Praia dos Açores, com a Praia da Solidão ao fundo, demonstrando área de
vegetação nativa preservada junto à praia.
193
PERFIL 38
O perfil 38 (Figura 70) localiza-se a cerca de 40 metros a sudoeste do costão norte, na
Praia da Solidão
11
ou Rio das Pacas. No trecho a linha de costa é retilínea com
orientação NE-SW (Azimute 215 N) (Figura 70a). Segundo Guttler (2006), esse trecho é
composto por areia fina (Mz = 2,52
phi
) com grau de selecionamento bem selecionado
(DpMz = 0,41
phi
) na face da praia. Quanto à declividade, caracteriza-se como uma
praia de inclinação moderada a baixa (Figura 70d). A declividade média da face praial
obtida no monitoramento foi de 4,57 graus. Trata-se de um trecho exposto à ação da
alta energia das ondas. Durante o monitoramento a média da altura de onda foi de 0,75
metro na zona de arrebentação, o que caracteriza uma praia dominada por ondas (RTR
= 1,6), que pode ter entre uma e duas linhas de quebra de onda, geralmente
mergulhantes. Quanto à morfologia dos bancos, apresenta um banco com estágios
intermediários (BT a BPC). Utilizando o parâmetro adimensional ômega, pode ser
classificada como uma praia com face praial intermediária (
= 5,32). Com relação à
variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb) apresentou valor
médio de 10,31 metros, o coeficiente de variação da linha de costa (CVYb) apresentou
o expressivo valor de 34,79%, enquanto que a variação de volume subaéreo da praia
(VV) foi de 6,67 m
3
/m durante o monitoramento. O perfil praial mostra uma praia com
crista de berma instável (Figura 70b). Também nesse trecho feições morfológicas
como cúspides e megacúspides praiais (Figura 70c), típicas de praias intermediárias. A
orla terrestre naturalmente apresenta dunas frontais com pequena elevação e, por
vezes, dunas embrionárias. A orla junto ao perfil 38 está em expansão da área urbana,
que vem ocorrendo na forma de parcelamentos simples. uma pequena faixa de
duna frontal preservada com vegetação herbácea e arbustiva e, no reverso, a
urbanização sobre a encosta do embasamento cristalino.
11
A Praia da Solidão mede cerca de 577 metros de extensão no sentido NE-SW. A linha de costa é
praticamente retilínea desde o perfil 37 (em Pântano do Sul).
194
Figura 70. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 38 (27°47'31.26''S -
48°31'57.04''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo o máximo erosivo
e acrescivo da praia; (C) vista da praia da Solidão ou Rio das Pacas, a partir do costão
rochoso e (D) setor norte da Praia da Solidão.
195
PERFIL 39
O perfil 39 (Figura 71) mede cerca de 220 metros a sudoeste do perfil 38. O trecho
apresenta linha de costa praticamente retilínea, com orientação NE-SW (Azimute 212.5
N) (Figura 71a). Segundo Guttler (2006), esse trecho é composto por areia fina (Mz =
2,6
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,4) na face praial. Caracteriza-se como uma praia
de inclinação moderada. A declividade média da face praial foi de 4.09 graus, dado
obtido durante o monitoramento praial. O trecho citado caracteriza-se como exposto à
alta energia das ondas, configurando uma praia dominada por ondas (RTR = 1,62).
Durante o monitoramento realizado, foi medida a altura média de arrebentação de 0,74
metro. Esta tem, em geral, uma a duas quebras de onda geralmente mergulhante e um
banco com estágios intermediários (BT a BPC). Quanto ao parâmetro adimensional
ômega, pode ser classificado como uma praia com face praial intermediária (
= 5,21)
de moderada a alta energia. Com relação à variabilidade da praia subaérea, a variação
na largura da praia (DpYb) apresentou valor médio de 7,59 metros, o coeficiente de
variação da linha de costa (CVYb) apresentou valor de 20,59% e a variação de volume
subaéreo da praia (VV), de apenas 3,01 m
3
/m. Mesmo com a baixa variação de volume,
o perfil praial apresenta uma crista de berma instável (Figura 71b). Nesse trecho de
costa, a orla terrestre naturalmente possui dunas frontais com pequena elevação e, por
vezes, dunas incipientes (Figura 71c). A orla terrestre tem uma urbanização em estágio
de consolidação. No perfil 39 o processo de urbanização ocorrido também foi do tipo
parcelamento simples, desenvolvendo-se de forma irregular sobre o cordão frontal.
Ainda áreas com dunas frontais preservadas com vegetação herbácea e arbustiva
(bastante alteradas),
intercaladas com áreas urbanizadas, onde estruturas de
contenção à erosão costeira (Figura 71d).
196
Figura 71. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 39 (27°47'37.49''S -
48°32'1.00''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo o máximo erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista do setor central da Praia da Solidão e (D) urbanização
junto à praia, característica deste setor de orla.
197
PERFIL 40
O perfil 40 (Figura 72) localiza-se a cerca de 154 metros do perfil 39 e 162 metros do
promontório rochoso situado no extremo sul da praia, próximo à desembocadura do Rio
das Pacas. No referido trecho a linha de costa é praticamente retilínea com orientação
NE-SW (Azimute 210 N) (Figura 72a). Segundo Guttler (2006), esse trecho é composto
por areia fina (Mz = 2,6
phi
) bem selecionada (DpMz = 0,4) na face praial. Quanto à
declividade, caracteriza-se como uma praia de baixa inclinação. A declividade da face
praial obtida durante o monitoramento foi de 3,49 graus. O trecho analisado é exposto à
ação direta de ondas de alta energia, sendo uma praia dominada por ondas (RTR =
1,62). Durante o monitoramento foi medida altura de arrebentação média de 0,74 metro.
Esse trecho de praia pode ter entre uma e três quebras de onda geralmente
mergulhante, às vezes deslizante, devido à ação dos efeitos finais (Pico do Caladinho).
Quanto à morfologia dos bancos, a praia em questão possui um banco arenoso com
estágio Intermediário (BT a BPC). Quanto ao parâmetro adimensional ômega,
apresenta valor que a classifica como uma praia com face praial intermediária (
= 5,4).
Com relação à variabilidade da praia subaérea, a variação na largura da praia (DpYb)
apresentou valor médio de 9,16 metros, o coeficiente de variação da linha de costa
(CVYb) apresentou valor de 20,13% e a variação de volume subaéreo da praia (VV) foi
de 7,07 m
3
/m. O perfil praial mostra uma praia com crista de berma instável (Figura
72b). Nesse trecho de costa, a orla terrestre naturalmente possui dunas frontais com
pequena elevação e, por vezes, dunas incipientes, com vegetação herbácea a arbustiva
(Figura 72c). Junto ao perfil 40, extremo sul da Praia da Solidão ou Rio das Pacas, a
urbanização, em consolidação, ocorre na forma de parcelamentos simples. Estruturas
como postes de energia elétrica (Figura 72d) encontrados no pós-praia são indícios de
progradação da linha de costa nessa praia.
198
Figura 72. (A) Imagem
Google Earth
com localização do perfil 40 (27°47'41.55''S -
48°32'4.35''W); (B) perfil esquemático da orla (em metros), cobrindo o máximo erosivo e
acrescivo da praia; (C) vista do setor sul da praia da Solidão, com presença de dunas
incipientes e (D) posto de salva-vidas junto às dunas escarpadas e de um poste de
transmissão de energia elétrica no pós-praia, indicativo de caráter transgressivo da
costa.
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