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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Centro de Energia Nuclear na Agricultura
Análise da estrutura da paisagem e fitofisionomias do
Parque Estadual dos Pireneus, Goiás, Brasil
Lorrayne de Barros Bosquetti
Tese apresentada para obtenção do título
de Doutora em Ecologia Aplicada. Área de
concentração: Ecologia Aplicada
Piracicaba
2008
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Lorrayne de Barros Bosquetti
Bacharel em Ciências Biológicas – Biomedicina
Análise da estrutura da paisagem e fitofisionomias do
Parque Estadual dos Pireneus, Goiás, Brasil
Orientador:
Prof. Dr. RUBENS ANGULO FILHO
Tese apresentada para obtenção do título de
Doutora em Ecologia Aplicada. Área de
concentração: Ecologia Aplicada
Piracicaba
2008
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Dados
Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Bosquetti, Lorrayne de Barros
Análise da estrutura da paisagem e fitofisionomias do Parque Estadual dos
Pireneus, Goiás, Brasil / Lorrayne de Barros Bosquetti. - - Piracicaba, 2008.
131p. : il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz . Centro de
Energia Nuclear na Agricultura, 2008.
Bibliografia.
1. Ecologia da paisagem 2. Ecossistemas do cerrado 3. Parques estaduais
I. Título
CDD 581.5264
B744a
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente à Providência Divina por auxiliar todo o traçado estudantil e
profissional que ainda segue em sua trajetória, e por me colocar em contato com pessoas que me
querem bem.
Reconheço e agradeço o apoio, o ensino, a dedicação, a confiança, a orientação e a
paciência de quatro pessoas fundamentais à realização deste trabalho: José Cesar Buschetti,
Elizete Barros Buschetti, Rubens Angulo Filho e Piero Giuseppe Delprete, respectivamente meus
pais biológicos e meus pais científicos.
Agradeço a confiança e indicação da necessidade de se realizar este projeto por parte da
professora e mãe-científica Vera Lúcia Gomes Klein (UFG) que já me orientou na iniciação às
ciências e continua a fazer progressos na Botânica do Estado de Goiás. Meu muito obrigado ao
professor e amigo Heleno Dias Ferreira que iniciou os meus conhecimentos na Taxonomia
Vegetal e continua sendo um exemplo de profissional-prático.
Sou grata a meus estagiários queridos que apoiaram meus trabalhos de campo e, de forma
árdua, ajudaram na busca dos objetos de trabalho deste estudo: Tiago S. Valente, Fádia R.
Nascimento, Samuel N. Nunes, Thiago Henrique S. Sampaio e Polyanna Vieira Prado.
Sinceros agradecimentos a concessão de mapas e imagens por parte da Agência
Ambiental de Goiás, através de Lívia (Gerência de Áreas Protegidas) e Alejandro (Sensoriamento
remoto), por parte do INPE ao Chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto Dr. João Roberto
dos Santos e ao Pesquisador Paulo Roberto Martini. Agradecimentos aos professores José Ângelo
Rizzo (UFG) e Vinícius Castro Souza (ESALQ) que disponibilizaram o acesso aos herbários e
facilitaram o processo de identificação das plantas coletadas. Agradeço ainda aos professores
Carlos Alberto Vettorazzi, Peterson Ricardo Fiorio, Silvio Frosini de Barros Ferraz, e a
pesquisadora Roberta Oliveira Averna Valente e ao estagiário Felipe (B-nito) que auxiliaram na
elaboração do mapeamento do Parque. Sou grata ao professor Antônio Ribeiro de Almeida Júnior
que contribuiu com discussões a respeito do capítulo de aspectos sociais e ambientais.
O meu obrigado especial é para os amigos que me ajudaram no processo de
desenvolvimento desta tese, dentre eles os vários professores e funcionários da ESALQ, meus
primos e amigos de Goiás e outro obrigado, bem mais querido, a meu noivo Hugo César Tomaz
Correa.
2
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................... 4
ABSTRACT ....................................................................................................................... 5
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... 6
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ 9
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. ...................................................................................... 12
2.1 Parque Estadual dos Pireneus ....................................................................................... 12
2.1.1 Considerações do entorno do Parque ........................................................................ 14
2.1.2 Levantamentos florísticos anteriores ......................................................................... 15
2.1.2.1 Estudo de campos rupestres no Estado de Goiás .................................................... 16
2.2 Principais elementos culturais ...................................................................................... 17
2.2.1 Interações com a comunidade local ........................................................................... 20
2.3 Sensoriamento remoto .................................................................................................. 21
2.3.1 Sensoriamento remoto aplicado ao estudo de vegetação .......................................... 24
Referências ......................................................................................................................... 25
3 ANÁLISE DA ESTRUTURA DA PAISAGEM E MAPEAMENTO DO PARQUE
ESTADUAL DOS PIRENEUS, USANDO TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO
REMOTO ..................................................................................................................... 31
Resumo ........................................................................................................................... 31
Abstract ........................................................................................................................... 32
3.1 Introdução ................................................................................................................. 33
3.1.1 Revisão bibliográfica ............................................................................................ 35
3.2 Metodologia ............................................................................................................. 36
3.2.1 Mapeamento das unidades de paisagem dentro da área do Parque ....................... 39
3.2.2 Mapeamento das unidades fitofisionômicas dentro da área do Parque................. 42
3.3 Resultados e discussões ............................................................................................ 43
3.3.1 Categorias de unidades de paisagem ..................................................................... 44
3.3.2 Categorias específicas de unidades de paisagem ................................................... 44
3.3.2.1 Categoria dos ecossistemas .................................................................................. 45
3.3.2.2 Categoria das fitofisionomias ............................................................................... 54
A fitofisionomia no ecossistema cerradão ..................................................................... 54
As fitofisionomias no ecossistema cerrado ...................................................................... 56
As fitofisionomias no ecossistema de campo .................................................................. 56
As fitofisionomias no ecossistema de manchas vegetacionais ....................................... 57
3.3.2.3 Categoria das áreas relictuais ................................................................................. 58
Áreas relictuais no ecossistema de cerrado ................................................................... 59
Áreas relictuais no ecossistema de campo ..................................................................... 59
3.4 Considerações finais .................................................................................................... 61
Referências ....................................................................................................................... 62
4 FITOFISIONOMIAS DO PARQUE ESTADUAL DOS PIRENEUS ........................... 66
Resumo ........................................................................................................................... 66
Abstract ........................................................................................................................... 67
4.1 Introdução ................................................................................................................ 68
3
4.2 Revisão bibliográfica ................................................................................................ 70
4.2.1 Parque Estadual dos Pireneus ................................................................................ 70
4.2.1.1 Levantamentos florísticos anteriores ................................................................... 72
4.2.2 Estudo de campos rupestres no Estado de Goiás .................................................. 73
4.3 Metodologia ............................................................................................................. 73
4.3.1 Mapeamento de unidades fitofisionômicas da área do Parque .............................. 74
4.3.2 Florística das fitofisionomias e dos campos rupestres ........................................... 75
4.3.3 Apontamentos das peculiaridades vegetais da área .............................................. 76
4.4 Resultados e discussões ............................................................................................ 77
4.4.1 Categorias abrangentes de unidades de paisagem ................................................. 77
4.4.2 Categorias específicas de unidades de paisagem ................................................... 78
4.4.2.1 Categoria dos ecossistemas .................................................................................. 79
4.4.2.2 Categoria das fitofisionomias ............................................................................... 83
A fitofisionomia cerradão ............................................................................................ 83
As fitofisionomias no ecossistema cerrado .................................................................... 83
As fitofisionomias no ecossistema campestre ............................................................... 85
As fitofisionomias no ecossistema com influência pluvial e fluvial................................ 86
3.3.2.3 Categoria das áreas relictuais ............................................................................. 88
4.4.3 Áreas rupestres e estudos florísticos ...................................................................... 91
4.4.4 Peculiaridades e ocorrência das espécies raras na área .......................................... 102
4.5 Considerações finais ................................................................................................... 103
Referências ...................................................................................................................... 104
5 ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DOS PIRENEUS, POPULAÇÃO E
PROBLEMAS AMBIENTAIS ................................................................................... 110
Resumo ........................................................................................................................... 110
Abstract ........................................................................................................................... 111
5.1 Introdução ................................................................................................................. 112
5.2 Metodologia .............................................................................................................. 113
5.2.1 Interação com a comunidade local ......................................................................... 113
5.3 Resultados e discussões ............................................................................................ 115
5.3.1 Elementos culturais da região do Parque dos Pireneus .......................................... 115
5.3.1.1 Aspecto ecológico ............................................................................................... 118
5.3.1.2 Aspecto arqueológico .......................................................................................... 121
5.3.1.3 Interações anteriores com a comunidade local....................................................... 123
5.3.1.4 Interações objetivas com a comunidade local....................................................... 124
5.3.2 Particularidades do Parque e pessoas do Entorno .................................................. 125
5.3.3 Dados locais ........................................................................................................... 126
5.4 Considerações finais ................................................................................................. 130
Referências ....................................................................................................................... 130
4
RESUMO
Análise da estrutura da paisagem e fitofisionomias do Parque Estadual dos Pireneus, Goiás,
Brasil
Remanescentes vegetais ocorrem desde o extremo norte até o extremo sul do Estado de
Goiás existindo a necessidade de informações básicas sobre a florística dessas comunidades. O
Parque Estadual dos Pireneus situa-se nos municípios de Pirenópolis, Corumbá de Goiás e
Cocalzinho de Goiás e está dentro das áreas prioritárias para conservação e uso sustentável da
biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. Apesar dos vários níveis de inter-relação e
sobreposição a outras áreas do entorno, a área do Parque apresenta características físico-
vegetacionais próprias e particularidades no seu processo de degradação e de fragmentação.
Neste contexto, os remanescentes vegetais, assumem importante papel na manutenção da
diversidade restante, por isso, objetivamos fazer o mapeamento das fitofisionomias do Parque e
estudos florísticos complementares de campos rupestres nele existentes. Assim, este trabalho foi
realizado trazendo a perspectiva do uso destes conhecimentos na definição teórica, prática e
metodológica da conservação, restauração e manejo destes remanescentes. A caracterização da
estrutura da paisagem foi obtida por meio de técnicas de sensoriamento remoto orientadas pelas
coletas mensais de material botânico em áreas representativas das unidades fitofisionômicas
identificadas nas imagens orbitais, elaborando-se o mapa destas unidades. O estudo florístico das
formações rupestres foi conduzido em áreas escolhidas de acordo com as imagens obtidas. Foram
utilizados os parâmetros usuais de florística, com objetivo de, futuramente, analisar estes
fragmentos de vegetação de toda a Serra que apresentam restrições ambientais. Pesquisas
identificadoras das peculiaridades das espécies vegetais do Parque, como as raras, as endêmicas,
dentre outras, foram especuladas para que possam contribuir na recuperação destas formações e
servir como indicadores para avaliação e monitoramento dessas áreas remanescentes. As
variações fitofisionômicas do Cerrado foram classificadas segundo o sistema de vegetações de
Fernandes e, dentro do Parque, encontramos quatro ecossistemas: cerradão (8,0%), cerrado
(25,7%), campo (41,0%) e “manchas vegetacionais” (veredas e florestas de galeria) (18,7%).
Dentre os quais foram mapeadas onze fitofisionomias e suas áreas relictuais, juntamente com
algumas áreas degradadas (6,5%). Adicionalmente, a população local também foi abordada e
entrevistada para obter seu conceito de paisagem e meio ambiente, concomitantemente,
verificando os problemas sociais da área e desenvolvendo neles a idéia da conservação dos
recursos naturais e do Parque.
Palavras-chaves: Ecossistemas; Fitofisionomias; Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque
dos Pireneus; Entorno de Parque; Formações rupestres
5
ABSTRACT
Structure of the landscape analysis and phytophysiognomies of the Parque Estadual dos
Pireneus, Goiás, Brazil
Vegetation remnants are present from the north to the south of the State of Goiás, and the
need of basic information about these floristic communities is extremely important. The Parque
Estadual dos Pireneus is located in the municipalities of Pirenópolis, Corumbá de Goiás and
Cocalzinho de Goiás and it is inside of the priority areas for conservation and sustainable use of
the biodiversity of the Ministry of the Environment of Brazil. In spite of the several interrelation
levels and overlapping with surrounding areas, the park presents its own physico-vegetational
characteristics and peculiarities in the process of of degratation and fragmentation. In this
context, the vegetation remnants assume important function in the maintenance of the remaining
diversity of the park. With this in mind, our main goal was to map the phytofisiognomies present
in the park, which were complemented by floristic studies of the sandstone outcrops (“formações
rupestres”) occurring in the area. Therefore, this study was realized with the perspective of the
use of these knowledge in the theoretical, practical and methodological definitions of the
conservation, restoration and management of these remnants. The characterization of the
landscape structure was obtained through techniques of remote sensing complemented by the
monthly collections of botanical material in representative areas of the phytophysionomic units
identified in the orbital images, being elaborated the map of these units. The floristic study of the
sandstone outcrops (“formações rupestres”) was led in areas chosen in agreement with the
obtained images. The usual floristic parameters were used, with objective to analyze these
vegetation fragments of the whole mountain range that present environmental pressure. This
research identified the peculiarities of the plant species of the park, as, for example, the rare ones,
the endemic ones, among others, they were speculated so that they can contribute in the recovery
of these formations and to serve as indicators for evaluation and monitoring of those remaining
areas. The phytophysionomic variations of the Cerrado wer classifies according to the system of
vegetations of Fernandes and, inside of the park, we found four ecosystems: cerradão (8,0%),
cerrado (25,7%), field (41,0%) and “vegetation patches” (palm swamps and gallery forests;
18,7%). Among these ecosystems, eleven phytophysiognomies were detected and relictual areas
were mapped, together with some degraded areas (6,5%). In addition, local populations were also
approached and interviewed, in order to obtain their landscape and environment concepts, and to
verify the social problems of the area and introduce the concepts of the conservation of the
natural resources and of the Park.
Keywords: Ecosystems; Phytophysiognomies; Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque
dos Pireneus; Surrounding areas of the Park; Sandstone outcrops
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Localização do Parque Estadual dos Pireneus no país, Estado e municípios ....... 12
Figura 3.1 - Fluxograma da metodologia do mapeamento de vegetação .................................. 37
Figura 3.2 -
Plotagem de pontos de coleta de dados e materiais botânicos na área do Parque .. 38
Figura 3.3 - Quadro de apresentação de ecossistemas, respectivas fitofisionomias e áreas
relictuais para fins de mapeamento ......................................................................... 44
Figura 3.4 - Apresentação preliminar dos ecossistemas ocorrentes no Parque Estadual dos
Pireneus ..................................................................................................................... 46
Figura 3.5 - Representação de ecossistemas do Parque dos Pireneus em verdade de campo,
definindo áreas degradadas e rupestres ..................................................................... 47
Figura 3.6 - Representação dos ecossistemas do Parque dos Pireneus conforme método de
classificação supervisionada ..................................................................................... 49
Figura 3.7 - Representação das áreas relictuais e fitofisionomias do Parque Estadual dos
Pireneus .................................................................................................................... 55
Figura 4.1 - Quadro de apresentação de ecossistemas, respectivas fitofisionomias e áreas
relictuais para fins de mapeamento das formações vegetais ...................................... 78
Figura 4.2 - Representação dos ecossitemas do Parque e respectivos polígonos
correspondentes às fitofisionomias nele contidas .................................................... 80
Figura 4.3 - Formação de cerradão na estação seca, onde pode-se observar espécimes
caducifólias, semicaducifólias e encontramos sombra na área abaixo do dossel ...... 81
Figura 4.4 - Adaptado de Souza e Lemos (2006), Uso do solo, capítulo do Meio Biótico .... 82
Figura 4.5 - Cerrado sensu stricto: arbustos entre árvores tortuosas e estrato graminoso ...... 84
Figura 4.6 - Campos-cerrados em primeiro plano durante estação da seca .............................. 85
Figura 4.7 - Campos sujos: arbustos, trepadeiras e estrato graminoso ..................................... 85
Figura 4.8 - Campos limpos: A) Vegetação apenas herbácea (em segundo plano); B) Vista de
área de campo limpo do alto do Pico dos Pireneus; C) Arvoreta de Diospyros
hispida isolada em campo limpo; D) Campo limpo com presença de Vellozias ...... 86
Figura 4.9 - Florestas de galeria acompanham cursos de água com vegetação fechada .......... 87
Figura 4.10 - Apresentação das veredas com a dominância dos buritis .................................. 87
7
Figura 4.11 - À esquerda - vista de um topo de área de cerrado rupestre com uma pessoa
como referência de tamanho; acima - vista íngreme do cerrado rupestre e à direita -
visual de uma área desta formação a kilômetros de distância ................................. 89
Figura 4.12 - Campo rupestre: formação de arbustos e herbáceas em afloramentos rochosos .. 90
Figura 4.13 - Microclima de campo rupestre: mini-herbáceas endêmicas (Anemia e
Paepalanthus)............................................................................................................. 90
Figura 4.14 - Campo úmido na estação seca: A - fitofisionomia com domínio de gramíneas
(úmido); B - fitofisionomia sem domínio de gramíneas (estacionalmente seco) ....... 91
Figura 4.15 - Campo úmido com murunduns: florística similar à de campo úmido com
acréscimo de algumas espécies arbustivas ................................................................ 91
Figura 5.1 - Quadro de questões aplicado aos entrevistados .................................................... 114
Figura 5.2 - Serpente encontrada na estrada-parque .............................................................. 118
Figura 5.3 - Dendrobatidae ..................................................................................................... 118
Figura 5.4 - Araucária em entrada de Pousada ....................................................................... 120
Figura 5.5 - Situação de erosão na entrada do Parque ............................................................. 120
Figura 5.6 - Seqüência temporal da situação da estrada de acesso ao PESP, sentido Parque –
Cocalzinho de Goiás ................................................................................................... 120
Figura 5.7 - Tentativas mal-sucedidas do motorista de caminhão de areia que a princípio
bateu no telhado da guarita, depois na barreira de PARE, caindo na valeta de erosão
da estrada ................................................................................................................... 126
Figura 5.8 - Quadro de apresentação do Parque e entorno (APA) conforme dados do SIEG... 126
Figura
5.9 -
Apresentação de dados sócio-econômicos de Cocalzinho de Goiás (Fonte: SIEG) 127
Figura 5.10 - Apresentação de dados sócio-econômicos de Pirenópolis (Fonte: SIEG) ............. 128
Figura 5.11 - Apresentação de dados sócio-econômicos de Corumbá de Goiás (Fonte: SIEG) 129
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Tabela cruzada de áreas em pixels, sendo Ecossistemas de verdade de
campo em linhas (primeiro plano) e Ecossistemas da classificação
supervisionada em colunas (segundo plano) .................................................... 50
Tabela 3.2 - Tabela cruzada de áreas em hectares, sendo Ecossistemas de verdade de
campo em linhas (primeiro plano) e Ecossistemas da classificação
supervisionada em colunas (segundo plano) ................................................... 50
Tabela 3.3 - Fitofisionomias do PESP e respectivas áreas e porcentagens .................... 54
Tabela 4.1 - Áreas relictuais do PESP e respectivas áreas e porcentagens .................... 88
Tabela 4.2 - Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e
formações vegetais relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas
durante o estudo ............................................................................................. 92
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APA Área de Proteção Ambiental
CAPEP Conselho Ambiental do Parque Estadual dos Pireneus
CBERS Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (
China-Brazil Earth Resources Satellite
)
CCD Dispositivo de Carga Acoplada (
Coupled Charge Device
)
CEN Sigla do Herbário da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
DPI Departamento de Processamento de Imagens
e.g. Por exemplo
ESA Sigla que representa o Herbário da ESALQ
ETM+ Mapeador Temático Avançado Superior(
Enhanced Thematic Mapper Plus
)
GPS Sistema Global de Posicionamento (
Global Position System
)
IBGE Sigla que representa o Herbário do IBGE
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LANDSAT Satélite da Superfície Terrestre (
Land Satellite
)
NY Sigla que representa o Herbário de New York
PESP Parque Estadual da Serra dos Pireneus / Parque Estadual dos Pireneus
RA
DAMBRASIL
Projeto de mapeamentos do Brasil realizado pelo IBGE
RGB Vermelho, Verde e Azul (
Red, Green, Blue
)
SAD - 69 Um dos datum usados no Brasil (
South American Datum 69
)
SD 22-Z-D Mapa cartográfico da folha de Goianésia - contém municípios do PESP
SEPIN Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação
SEPLAN Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento de Goiás
SIEG Sistema Estadual de Estatisticas de Goiás
SIG Sistema de Informações Geográficas
sp. Espécie
spp. Espécimes
TM Mapeador temático (
Thematic Mapper
)
UB Sigla que representa o Herbário da Universidade de Brasília
UC Unidade de Conservação
UFG Sigla que representa o Herbário da Universidade de Goiás
UFG Universidade Federal de Goiás
UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
UTM Sistema de coordenadas geográficas (
Universal Transversa de Mercator
)
10
1
1
I
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N
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T
T
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D
D
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O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por
uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje, restam apenas
20% desse total (MACEDO, 1995; RIBEIRO E WALTER, 1998; PORTAL BRASIL, 2003). Ele
se destaca por sua biodiversidade, cuja estimativa é de 1/3 da biota brasileira e 5 % da flora e
fauna mundiais (ALHO E MARTINS,1995; RATTER E DARGIE,1992).
Sendo a vegetação um recurso renovável, o crescente avanço da agricultura e pastagens
fizeram com que estas áreas não tivessem tempo suficiente para se recuperar, tornando-se, o
Cerrado, cada vez mais ameaçado. É considerado como um dos cinco mais ameaçados do
planeta, fazendo parte dos mais importantes hotspots (“pontos quentes”) de biodiversidade do
mundo (MYERS et al. 2000).
Nesta conjuntura consideram-se a importância de áreas destinadas à preservação e
conservação de flora e fauna, as vertentes mais frágeis dos ecossistemas. O Parque Estadual dos
Pireneus (PESP) tem a função de preservar fauna, flora e mananciais, como as nascentes do Rio
das Almas e do Rio Corumbá criado pela Lei n. 10.321 de 20 de novembro de 1987, delimitado
numa área de 2.833 ha, pelo Decreto n. 4.830, de 15 de outubro de 1997 (VIA ECOLÓGICA,
2005).
Para obter dados do cenário encontrado no Parque utiliza-se o sensoriamento remoto, uma
técnica de geoprocessamento, que tem sucesso em aplicabilidade devido às suas características de
multiespectrabilidade, de visão sinóptica, que permitem uma melhor caracterização dos atributos
de uma localidade. Esta é uma das técnicas essenciais e que mais vem sendo empregada em
estudos de paisagem, segundo Young et al. (1993).
Conforme Turner e Gardner (1990) uma análise da paisagem possibilita a definir sua
configuração e a quantificação das suas composições, podendo-se comparar determinados
panoramas, indicar suas principais diferenças e determinar as relações entre os processos
funcionais e padrões das paisagens.
Esta configuração está relacionada à distribuição física dos elementos de determinada área
e a composição de cada formação refere-se às feições associadas à presença ou ausência dos
elementos na paisagem (MC GARIGAL E MARKS, 1995).
11
Para obter dados específicos dos ecossistemas, fitofisionomias e áreas relictuais,
ambientes com caracterizações mais variadas possíveis, utiliza-se visitas diretas a campo
orientadas por imagens da área ou mapas disponíveis. Desta forma é possível verificar as
interações, as diferenças e exclusividades dentre as várias categorias de vegetação que
encontramos no Cerrado.
Neste contexto, o presente estudo visa o mapeamento das variadas fisionomias vegetais
dentro do Parque e a quantificação de cada fisionomia nele existente, sendo seus objetivos
específicos:
A. Mapear as unidades fitofisionômicas dentro da área do Parque;
B. Complementar estudos de florística dos campos rupestres;
C. Apontar peculiaridades vegetais da área;
D. Interagir com a população local percebendo sua influência no ambiente.
É importante conhecer as composições fitofisionômicas do Parque e respectivas
localidades, pois esta é uma área que vem sendo estudada por pesquisadores de fauna e flora de
várias instituições, e, como não dispõe de bases cartográficas específicas, detalhadas e
consolidadas, este estudo pretende firmar uma base de dados e apresentar a representação da
interferência de ações antrópicas que modificam a conformação da paisagem do Parque e seu
entorno, bem como o acometimento de seus aspectos fitofisionômicos e ecossistêmicos.
12
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2.1 Parque Estadual dos Pireneus
Inicialmente é necessário comentar sobre o nome do Parque. Popularmente é conhecido
como Parque dos Pireneus, seu nome de batismo é Parque Estadual da Serra dos Pireneus, porém,
nos papéis, perante a política, seu nome é Parque Estadual da Serra dos Pirineus. Para não haver
discussões a respeito da referência ao Parque utilizaremos seu nome atual, isto é, a nomeação que
a população local aparentemente mais aceita, Parque dos Pireneus, ou Parque Estadual dos
Pireneus, possivelmente abreviando-o por PESP. Além de que Pirineus com “i” fora um
problema de datilografia em seu registro.
O Parque Estadual dos Pireneus localiza-se aproximadamente entre as coordenadas
15°46’50”S a 15°50’30”S e 48°48’10”W a 48°53’50”W (Fig. 2.1), a 16 km de distância da
cidade de Pirenópolis, Estado de Goiás, com a altitude mínima próximo a 800 m próximo aos
vales dos riachos e nascentes e máxima de 1385 m, no Pico dos Pireneus. A região estudada
compreende áreas de cerradão (floresta úmida semidecídua), cerrado, campo sujo, campo limpo,
campo úmido, floresta de galeria, vereda e as vegetação de formações rupestres (cerrado de
altitude e campo de altitude). (GOMES-KLEIN et al., 2004).
Figura 2.1- Localização do Parque Estadual dos Pireneus no país, Estado e municípios
Os campos ou cerrados rupestres ou campos ou cerrados de altitude têm se apresentado
em áreas próximas e separadas, distintas quanto à função de regime de luz e água, deciduidade
das espécies e características das formações rupestres, mas apresentam padrões de
13
desenvolvimento semelhantes entre si, mesmo com florística, condições bióticas e abióticas
aparentemente diferenciadas.
Por isso, pretende-se aumentar a capacidade de definição e delimitação destas formações
fitofisionômicas quanto a aspectos de vegetação, baseando-se nas observações encontradas em
Sano et al. (1998). No entanto, devemos salientar que outros fatores além dos objetivos deste
trabalho que podem influenciar estas formações:
1. altitude limites altimétricos entre cerrado sensu stricto e cerrado ou campo de
altitude, anotados em campo com auxílio de GPS e altímetro de precisão;
2. tipo de solo ou afloramentos rochosos;
3. composição química e física do solo;
4. precipitações, retenção hídrica;
5. exposição solar;
6. e outros, como o vento, por exemplo.
Miller et al (2007) as chamam de variáveis ambientais, estes fatores como precipitação,
temperatura e elevação e ainda processos bióticos são os responsáveis pela formação em
mosaicos da vegetação, mas a dependência espacial destas formações a determinados fatores
resultam destas variáveis e outras variáveis peculiares a cada forma da vegetação, inclusive
frequentemente encontradas dentro desta Unidade de conservação (UC) estudada.
O Parque tem função de preservar, fauna, flora e mananciais, como as nascentes do Rio
das Almas e do Rio Corumbá criado pela Lei n. 10.321 de 20 de novembro de 1987, e delimitado
em área
de
2.833 ha,
pelo
Decreto
n. 4.830,
de 15
de outubro de 1997, o Parque dos Pireneus ajuda
na preservação dos sítios naturais de relevância ecológica e histórica (VIA ECOLÓGICA, 2005).
Toda a região desta UC e seu entorno é uma localidade de forte atração turística,
folclórica e religiosa pelas suas belezas naturais, mais de 26 cachoeiras de águas nascentes nesta
Serra e pelas famosas formações rupestres, entre elas o Morro do Cabeludo e os Três Picos
(DELPRETE et al., 2004). Algumas viagens históricas de exploração foram efetuadas nesta
Serra, por vários pesquisadores (e.g., Saint Hillaire, Pohl, Ule, Irwin e Anderson) e por rios
bandeirantes da época histórica do ciclo do ouro, tornando a região atrativa historicamente
também (VIA ECOLÓGICA, 2005; DELPRETE et al. 2004). Ainda, a cidade de Pirenópolis foi
tombada como Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro em 1989 e conquista visitantes com
suas tradições, festas como Cavalhadas e Festa do Divino, casarões do século XVIII, igrejas
14
centenárias, feiras e lojas de artesanato, restaurantes populares e pousadas elegantes e sofisticadas
(BENTO, 2005).
O Pico dos Pireneus (Três Picos), no Parque, é o divisor de águas das Bacias Platina e
Amazônica e também o limite entre os três municípios (VIA ECOLÓGICA, 2005)
Como todo Parque este também apresenta problemas em seu entorno, como as atividades
religiosas/folclóricas/turísticas e a atividade mineradora, citadas por Schorr (2002) como: “as
pedreiras de Pirenópolis GO, que se tornam crateras e chagas no meio do Cerrado, quando
deveriam ter sido manejadas formando patamares e lagoas para a produção de peixes, por
exemplo, ou silvicultura.”
Pretende-se, portanto, um mapeamento geral do que existe neste Parque, quais são suas
fisionomias, quais são seus problemas sociais principais e quais são as espécies que merecem
destaque especial, pois mesmo sendo uma área prioritária para conservação e uso sustentável da
biodiversidade segundo o Ministério do Meio Ambiente, não existem mapas detalhados sobre a
vegetação da área.
2.1.1 Considerações do entorno do Parque
As áreas do entorno do Parque dos Pireneus podem ser consideradas semi-conservadas,
tornando-se potenciais “corredores” para fluxos gênicos até outras Unidades de Conservação.
Ainda foi criada uma APA (área de proteção ambiental), com cerca de 22.500 ha. em volta do
Parque para assegurar a proteção de suas várias características ameaçadas.
À medida que a vegetação se torna fragmentada, fica cada vez mais sujeita a distúrbios
antrópicos e abióticos, levando à alterações na comunidade, incluindo a redução da diversidade.
Devido a alta suscetibilidade a distúrbios, remanescentes vegetacionais devem ser
constantemente monitorados e manejados para dirigir processos sucessionais, no sentido de
manter a diversidade de espécies e de hábitats (FIEDLER E JAIN, 1992); visando, além disso, a
possibilidade de estabelecer corredores ou trampolins biológico-ecológicos.
Ainda outros vários parâmetros e relações podem ser analisados nestes verdadeiros
laboratórios naturais, sempre na perspectiva de inferir sobre sua resiliência, sua sustentabilidade
ou auto-perpetuação. No entanto, citamos que os avanços científicos são ainda incipientes e não
confiáveis para correlações e modelagens ecológicas consistentes.
15
Neste contexto, o mapeamento das fisionomias vegetais do Parque; a amostragem de áreas
remanescentes e de trechos bem conservados pertencentes a diferentes fitofisionomias; o estudo
florístico dos campos rupestres e a constatação das espécies comuns, específicas, endêmicas,
raras ou ameaçadas tornam-se excelentes instrumentos para definições teóricas, práticas e
metodológica da conservação e restauração da área, bem como das áreas particulares do entorno
deste Parque.
2.1.2 Levantamentos florísticos anteriores
Além das viagens históricas efetuadas na região dos Pireneus, por vários pesquisadores
como Saint Hillaire, Pohl, Ule, Irwin e Anderson , a área do Parque foi abordada no Plano de
coleção da Flora do Estado de Goiás: Coleção Rizzo - como Estação n. 6, onde algumas espécies
foram coletadas (RIZZO, 1981).
Houve um levantamento florístico em áreas de campo e cerrado rupestre nos limites do
Parque onde foram selecionados seis pontos amostrais e onde foram encontradas 395 espécies
(160 identificadas até nível de espécie e 80 até gêneros), distribuídas em 132 gêneros e 61
famílias (MIRANDA et al, 2004).
Um outro levantamento florístico preliminar das espécies encontradas na área do Parque
foi realizado com consultas aos acervos dos herbários NY, UB, UFG, CEN e IBGE, sendo que
identificações também foram efetuadas por especialistas em cada família. Os levantamentos dos
herbários UB e UFG efetuados durante 2002-2003 foram coordenados por V. L. Gomes-Klein da
UFG. O levantamento no herbário NY foi efetuado por meio das cadernetas de campo de Irwin e
Anderson, e foi realizado durante 2003-2004 por P. Delprete em colaboração com a equipe de
botânicos e estudantes da UFG. Nesse estudo as informações das amostras contidas nas
cadernetas de campo foram analisadas e inseridas em um banco de dados, totalizando
informações de aproximadamente 5.000 amostras (DELPRETE et al., 2004; GOMES-KLEIN et
al., 2004).
Ao final das etapas de identificações das fanerógamas até agora coletadas foram
encontradas amostras de 129 famílias, 526 gêneros e aproximadamente 1600 espécies,
determinadas por especialistas (DELPRETE et al., 2004; GOMES-KLEIN et al., 2004).
16
Apesar do alto número de espécies encontradas na área, de acordo com Delprete
(2004) e Gomes-Klein (2004), espera-se que a quantidade e diversidade de espécies continue
sendo descoberta, isto é, inventariada, pois consideram que:
1) várias áreas da região em estudo ainda não foram sistematicamente coletadas,
2) as famílias maiores (e.g., Leguminosas, Asteráceas, Gramíneas, Melastomatáceas)
ainda precisam de coleções adicionais e
3) muitos exemplares da maioria das famílias continuam indeterminados.
2.1.2.1 Estudo de campos rupestres no Estado de Goiás
Em reunião da Sociedade Brasileira de Botânica realizada em julho de 2002, durante o
53° Congresso Nacional de Botânica, foi solicitado que as Universidades do Centro-Oeste
pesquisassem os campos rupestres, visto que muito se tem feito nos Estados de Minas Gerais e
São Paulo, porém, onde maior ocorrência desta formação, pouco tem sido feito. Formações,
inclusive ameaçadas, são remanescentes mais extensos, geralmente protegidos na forma de
Unidades de Conservação, inseridos numa matriz produtiva extremamente alterada pela ação
antrópica e pulverizada com pequenos remanescentes, comumente muito degradados. No Parque
Estadual da Serra dos Pireneus encontramos a área de entorno em crescentes avanços de
degradação, desde mineração à utilização da área para exploração turística desequilibrada.
Em Goiás, a presença de remanescentes da vegetação de diferentes unidades fisionômicas
ocorrendo muito próximos entre si contribui para a viabilidade de pesquisas simultâneas nas
diferentes fitofisionomias.
Nas últimas décadas muita informação vem sendo acumulada sobre a composição e
estrutura das fitofisionomias, com destaque para os estudos de florística e aspectos da estrutura da
vegetação e da paisagem. A síntese dessas informações tem permitido a definição de unidades
fitogeográficas, com diferentes padrões de riqueza de espécies no Brasil (MANTOVANI et al.,
1990; SALIS et al., 1995; TORRES et al., 1997; SANTOS 1998; TABARELLI E
MANTOVANI, 1998; IVANAUSKAS et al., 2000).
No entanto, ainda é consenso nestes trabalhos que as atividades relacionadas com
conservação, manejo e restauração das várias formações ainda não são passíveis de
generalizações (SILVA JÚNIOR et al., 1998; RODRIGUES E NAVE, 2000), pois o
17
conhecimento disponível sobre as formações remanescentes ainda não nos permite avançar nas
suposições sobre os mecanismos reguladores da biodiversidade nesses fragmentos (GANDOLFI
et al., 1995; SALIS et al., 1995; METZGER et al., 1997; TORRES et al., 1997; TABARELLI E
MANTOVANI, 1998; RODRIGUES E SHEPHERD, 2000) e como as alterações recentes e
perturbações periódicas interferiram nos processos da dinâmica florestal, determinando a
resiliência e sustentabilidade dessas áreas (CASTELLANI E STUBBLEBINE, 1993; SANTOS et
al., 1996; VIANA E TABANEZ, 1996; TABANEZ et al., 1997; RODRIGUES, 1999).
Dessa forma, a dedicação dos botânicos e ecólogos para a descrição dos elementos e
processos ocorrentes nesses remanescentes precisa ainda ser incentivada, priorizando os esforços
também para o entendimento dos processos reguladores da dinâmica da vegetação e dos
mecanismos promotores e mantenedores da diversidade. Este conhecimento é primordial para o
estabelecimento de ações pertinentes de conservação, manejo e recuperação destas formações e
de indicadores de avaliação e monitoramento dessas áreas remanescentes (WHITMORE, 1989
;
;
CONDIT 1995, 1998
;
; TOMÁS, 1996).
O presente estudo contribui para melhor detalhamento além das unidades fitogeográficas,
isto é, mais específico, visto a peculiaridade de mosaicos fisionômicos do Parque.
2.2 Principais elementos culturais
Neste tópico trataremos de questões referentes aos recursos culturais e suas
particularidades tangíveis ao contexto ambiental do PESP, trazendo informações que abrangem
categorias de socio-economia, manifestações culturais, festas religiosas, hábitos e costumes das
populações envolvidas para o manejo dos recursos naturais do Parque e seu entorno.
O papel que desempenha uma festa para uma comunidade é subentendido como a difusão
do orgulho tradicional dos mais velhos até as crianças, rememorando histórias, preceitos, valores,
costumes e atitudes. As festas são explicadas por diversos autores como um sistema
institucionalmente flexível capaz de conservar elementos tradicionais e incorporar outros novos
(BUECHLER, 1965 apud BRANDÃO, 1981; BARTHES, 1972).
18
A Festa da Santíssima Trindade no Pico dos Pireneus (PESP) é celebrada mais de
cinqüenta anos na cidade de Pirenópolis, hoje conhecida popularmente de Festa do Morro ou da
Lua. Os festejos acontecem na primeira noite de lua cheia do mês de julho numa romaria em
louvor a Santíssima Trindade que segue os devotos de várias localidades, a saber, Pirenópolis,
Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás. Podendo ser classificada com data móvel e sua
estrutura compõe-se de festeiro e mordomos, mas a popularidade desta festa fez com que
perdesse muito de sua originalidade e significado. Embora o ritual adquira novos símbolos o
acontecimento traz à superfície o sentimento de “suspensão da rotina” e autoriza que fora dela, as
pessoas descubram e incorporem comportamentos e motivações proibidos e colocados sob
vigilância e controle nos dias normais (BRANDÃO, 1981).
A cidade de Pirenópolis é conhecida internacionalmente por suas manifestações da cultura
popular, como é o caso da Festa do Divino Espírito Santo e seus respectivos folguedos,
Cavalhadas e Folias. As datas das manifestações festivas da localidade de grande importância
são: Festa do Divino Espírito Santo. Data (móvel) 42 dias depois da páscoa domingo de
Pentecostes; Semana Santa. Data (móvel) - Calendário litúrgico; Carnaval. Data (móvel) 40
dias antes da páscoa; Festas Juninas. Data: dia 13 Santo Antônio, 24 São João, 29 São Pedro e
Festa do Rosário. Data: 07 de outubro. (PONTIM et al., 2002)
A cidade de Corumbá tem suas próprias festas, dentre as principais: Festa de São
Sebastião. Data: de 11 a 20 de Janeiro; Semana Santa. Data (móvel) calendário litúrgico; Festa
do Divino Espírito Santo /Santo Elesbão / Santa Ifigênia. Data: domingo de Pentecostes. Os
outros santos são festejados na mesma data; Corpus Christi. Data: (móvel) ocorre de maio a
junho depois da festa do Divino; Festa de N.S. da Penha. Data: ocorre entre os dias 30 de agosto
e 08 de setembro; Festas Juninas. Data: dia 13, 24, 29 de junho e Folia do Divino Pai Eterno.
Data: (móvel) mês de julho. (PONTIM et al, 2002)
Cocalzinho de Goiás é uma cidade jovem, se tornou município na década de 90, uma
cidade de pequeno porte. Segundo Pontim et al. (2002), não foi possível cadastrar manifestações
culturais no município de Cocalzinho de Goiás devido a sua recente municipalização e a
população contar com um histórico de migração das áreas adjacentes. No entanto, em 2007, o
jornal goiano ¨O Popular¨ fez nota informando que de 1º. até 13 de junho de 2007 a cidade estaria
comemorando com algumas festas o padroeiro da cidade - Santo Antônio. Cocalzinho é jovem,
19
porém, importante no processo de preservação do Parque dos Pireneus, tendo uma visão
privilegiada do cenário natural do Parque.
Outro elemento cultural relevante é o patrimônio arqueológico da região, Pontim et al.
(2002) realizaram vistoria arqueológica na área de implantação da Unidade de Conservação (UC)
e do seu entorno. Utilizaram como aporte indispensável levantamento de dados no Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), caminhamentos pela área e informações
orais junto aos moradores locais.
Uma das primeiras etapas da metodologia aplicada para o diagnóstico arqueológico
consiste na coleta de informações orais da população local. Schober (2003) através de
comunicação pessoal com Jorge Eremites, arqueólogo e pesquisador da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, Campus de Dourados, afirma que os moradores do interior geralmente têm
um conhecimento apurado sobre certos tipos de sítios arqueológicos, mesmo distantes muitas
gerações das populações que habitaram a região no passado. A população costuma dar nomes
diferentes aos artefatos arqueológicos.” Mas, apesar de fundamentais, os relatos orais não são
suficientes para a descoberta dos sítios arqueológicos (SCHOBER, 2003)
No trabalho de Gardini e Fujyoshi (2003) eles se referem à afirmação de Rossano Bastos
(antigo coordenador de arqueologia do Depto. de Proteção do IPHAN), que diz que para cada
região, os sítios arqueológicos possuem características peculiares que dão "relevância" e
"significado" arqueológico importantes em nível nacional e mundial. Essa importância é definida
pela descoberta de materiais de ocorrência única ou que colaboram com avanços das ciências
arqueológicas. Portanto, a destruição de sítios arqueológicos, em qualquer região, significa perda
para a própria história do povo brasileiro e das Américas (GARDINI E FUJIYOSHI, 2003).
Em geral, as descobertas na região Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste têm contribuído ao
esclarecimento dos detalhes da história do povoamento do continente americano. Na região Sul,
os sítios conservam conhecimentos dos recursos naturais marinhos brasileiros. Na Amazônia,
manifestações simbólicas, como as inscrições rupestres e as cerâmicas policromadas, ganham
destaque nas descobertas, que se concentram especialmente ao longo dos rios (GARDINI E
FUJIYOSHI, 2003).
Na área do Parque e seu entorno não houve qualquer dado oriundo do IPHAN. O
primeiro testemunho arqueológico caracteriza-se por um artefato lítico, esculpido em rocha de
sílex, que provavelmente pertença a grupos caçadores/coletores, cuja ocupação para o Centro-
20
Oeste se reporte a 10.000 a. C.. No entanto vale ressaltar que no local onde a peça foi encontrada
não ocorre à incidência de outros artefatos pré-coloniais, e que a região não apresenta matéria-
prima dessa natureza (PONTIM et al., 2002).
o segundo registro arqueológico caracteriza-se por um sítio histórico representado
pelas edificações em ruína de um pequeno povoado. Ainda artefatos no Museu da Família
Pompeu de Pina, os quais não foram passíveis de descrição precisa de suas características, é
sabido que tais peças foram encontradas na região por caminhantes e doada ao Museu (PONTIM
et al., 2002).
Os dados acima não constam no IPHAN, mas conforme o último levantamento feito pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1998, existem 12.517 sítios
arqueológicos em todo o território nacional. Hoje, acredita-se que esse número tenha saltado
para 20 mil. Sob o benefício da Lei 3.924 (26/07/1961), todos os sítios são considerados bens
patrimoniais da União e, supostamente, contam com proteção especial (GARDINI E
FUJIYOSHI, 2003).
A importância das paisagens na localização de sítios arqueológicos é fundamental.
Depois de levantamento bibliográfico e das informações orais, Schober (2003) informa que
Eremites (arqueólogo - UFMS) conta que também são utilizadas fotografias aéreas e imagens de
satélite para o reconhecimento de áreas onde maior probabilidade da ocorrência de sítios
arqueológicos. São também realizadas sondagens para verificar se sítios arqueológicos não
visíveis na superfície dos terrenos (SCHOBER, 2003). O arqueólogo ainda afirma: "Usamos a
tecnologia para 'ler' as paisagens". Ele diz que a concentração de palmeiras ou de árvores
frutíferas na paisagem é um dos indícios da existência de sítios arqueológicos ligados a povos
indígenas antigos (SCHOBER, 2003).
2.2.1 Interação com a comunidade local
A começar de 2003, os Drs. Delprete e Gomes-Klein estão em contato com as
comunidades locais dos municípios de Pirenópolis, Corumbá e Cocalzinho, estimulando a
conscientização dos habitantes da área a uma maior conservação do patrimônio natural da área.
A Serra dos Pireneus é uma localidade de forte atração turística, pelas belezas
paisagísticas, com montanhas quartzíticas, formações rupestres, e muitas nascentes que dão
21
origem a riachos com muitas cachoeiras. A área é também visitada devido a rituais
religiosos/folclóricos realizados na base dos Três Picos durante o solstício de verão. Por essas
razões mais a proximidade de grandes cidades como de Brasília (150km) e Goiânia (130km), a
Serra dos Pireneus vem sendo sujeita a uma crescente pressão antrópica. A depreciação do
ambiente do entorno do Parque é preocupante, no caso, as minerações de extração de “pedras de
Pirenópolis” são questões importantes. Diante desta situação, ressaltando a necessidade de
urgente plano de ão para controle do impacto ambiental, os Drs. Delprete e Gomes-Klein
(UFG) foram convidados a fazer parte do Conselho Ambiental do Parque Estadual dos Pireneus
(CAPEP), como também com as outras entidades locais visando estimular a conservação da área.
No entanto, nas reuniões de Conselho poucos integrantes participam, muitas vezes por falta de
conhecimento e divulgação dos encontros dos conselheiros.
Em relação à parte social procurou-se envolver cada vez mais a população do entorno e
das cidades próximas, no que se refere a explicação dos comportamentos da mesma influindo na
composição paisagística, abordando o problema de modo indutivo e qualitativo. Durante as
abordagens em diálogo-entrevista divulgou-se os objetivos do projeto, informando sua utilidade
para futuros planejamentos em área particular e obter dos entrevistados o perfil das futuras
instalações no entorno, inclusive tentando “moldá-las”, na medida do possível.
2.3 Sensoriamento Remoto
A intensificação das pressões antrópicas sobre o ambiente leva a um intenso processo de
substituição das paisagens naturais por outros usos do solo. Essas interferências na paisagem
convertem extensas e contínuas áreas com cobertura vegetal em fragmentos, causando problemas
mais diversos ao meio ambiente e, em muitos casos, afetando a disponibilidade e a qualidade de
variados recursos naturais importantes à população de uma região. A localização das unidades da
paisagem muitas vezes torna-se um problema.
Sensoriamento remoto pode ser definido como a utilização de sensores para a aquisição de
informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto entre eles. Os sensores são
equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto, convertê-la em sinal passível de
ser registrado e apresentá-lo em forma adequada à extração de informações (NOVO, 2008).
22
Neste sentido, o geoprocessamento trata de diversas técnicas empregadas na coleta,
armazenamento, processamento, análise e representação de dados com expressão espacial, isto é,
possíveis de serem referenciados geograficamente (VETTORAZZI, 1996).
O sensoriamento remoto, uma técnica de geoprocessamento, tem sucesso em
aplicabilidade devido às suas características de multiespectrabilidade, de visão sinóptica, de
repetitividade, que permitem uma melhor caracterização dos atributos de uma paisagem. Esta é
uma das técnicas essenciais e que mais vem sendo empregada em estudos de ecologia da
paisagem, segundo Young et al. (1993). A cnica tem a capacidade de caracterizar no espaço e
no tempo, os padrões de uso e cobertura do solo, que são a base para posteriores quantificações
da estrutura e definições dos padrões da paisagem.
A aplicação do sensoriamento remoto em diferentes ramos da ciência, em especial na área
ambiental, é função de sua capacidade de coletar dados multiespectrais e diferentes escalas,
diferentes épocas, oferecendo a oportunidade de analisar os vários fenômenos sinopticamente
através do tempo (CAMPBELL, 1987; JENSEN 1996; CRÓSTA, 1993; BROWN et al., 2000).
Esses atributos, associados às diferentes amplitudes espectrais que os modernos sensores
possuem, fazem com que as imagens dos sensores remotos sejam fundamentais nas suas
diferentes aplicações em paisagens (QUATTROCHI E PELLETIER, 1990).
As imagens digitais de sensoriamento remoto, que podem ser obtidas por satélites ou
aeronaves, representam a forma de captura indireta de informação espacial. As informações são
armazenadas como matrizes, sendo que cada elemento da imagem, denominado pixel, tem um
valor proporcional à energia eletromagnética refletida ou emitida pela área da superfície terrestre
correspondente (CÂMARA E MEDEIROS, 1998)
Para Forman e Godron (1986), uma imagem de sensoriamento remoto é
multidimensional: horizontal, vertical e multiespectral, o que permite estudar diferentes aspectos
dos ecossistemas.
McGarigal e Marks (1995) e Câmara e Medeiros (1998) complementam, citando que a
escolha da resolução espacial (menor área da superfície terrestre observada instantaneamente por
cada detector) e da resolução espectral da imagem (número e largura de faixas do espectro
eletromagnético imageadas), assim como a resolução radiométrica do sensor (nível de
quantização registrado pelo sistema sensor), dependerá do aspecto da paisagem que deve ser
abordado.
23
Como um todo, o sensoriamento remoto da superfície terrestre inclui diferentes análises
de recursos como água (SCHRODER, 2006), solos (CLARK et al.,1995; LU et al., 2006),
urbanização (MÖRTBERG et al,. 2006) e a vegetação. Dessa forma, é possível explorar
diferentes escalas de trabalho, as quais são dependentes da natureza dos estudos pretendidos
(PONZONI E SHIMABUKURO, 2007). Reduzindo sua aplicação apenas a estudos de vegetação
podem-se explorar medições realizadas em partes de plantas ou de órgãos específicos delas,
estimar a quantidade de folhas em fases específicas de desenvolvimento de culturas como cana-
de-açúcar ou soja, biomassa de uma área ou o índice de área foliar, realizar o mapeamento
extensivo de classes específicas da cobertura vegetal e até fazer estimativas de desflorestamento
em regiões remotas como a Amazônia, utilizando diferentes características e escalas (PONZONI
E SHIMABUKURO, 2007).
Na atualidade, o formato digital das imagens permite que seja realizado diretamente o seu
processamento digital (QUATTROCHI E PELLETIER, 1990). A função primordial do
processamento digital de imagens é a de fornecer meios para facilitar a identificação e a extração
da informação contida nas imagens, para posterior interpretação e neste sentido, sistemas
dedicados de computação são utilizados para atividades interativas de análise e manipulação das
imagens brutas, resultando na produção de outras imagens com informações específicas,
extraídas e realçadas (VALENTE, 2001; CRÓSTA, 1993).
O processamento digital de imagens apresenta as seguintes categorias: (1) correção
atmosférica e geométrica das imagens; (2) realce de imagem; (3) classificação da imagem e
modelagem (4) fusão de dados. Freqüentemente, os estágios do processamento seguem a
seqüência das categorias de 1 a 4, mas que não é necessário que se tenha todas as categorias,
sendo que esta variação está relacionada ao objetivo da aplicação (QUATTROCHI E
PELLETIER, 1990).
Os métodos de classificação digital podem ser agrupados em função da presença ou não
de uma fase de treinamento e indicações. O produto da classificação é o mapa temático, que
ainda pode ser integrado a um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Para Quattrochi e
Pelletier (1990) isto se torna importante para a análise e manipulação dos dados em estudos da
paisagem e quantificações ecológicas, porque o SIG tem a capacidade de combinar, integrar,
analisar e produzir diferentes tipos de informação com estrutura espacial.
24
2.3.1 Sensoriamento remoto aplicado ao estudo de vegetação
Conforme Ponzoni e Shimabukuro (2007), no Brasil a aplicação de técnicas de
sensoriamento remoto no estudo de vegetação teve início com os primeiros mapeamentos
temáticos realizados na década de 40 a partir de fotografias aéreas. Os autores afirmam que talvez
um dos marcos mais significativos dessa aplicação tenha sido o Projeto RADAMBRASIL que
objetivou não representar espacialmente classes fisionômicas de cobertura vegetal de todo o
território nacional, mas também os demais itens fundamentais de estudos sobre o meio ambiente
e dos recursos naturais como geologia, geomorfologia e solos.
Atualmente, em estudos de levantamento de vegetação, o sensoriamento remoto tem sido
utilizado para integrar diferentes disciplinas relacionadas à análise ambiental. No que se refere às
escalas de trabalho utilizadas e à possibilidade de união entre diferentes ramos da ciência, tem-se
mostrado muito usado (METZGER E MULLER 1996; METZGER et al., 1997; OLIVEIRA E
PORTO, 1999; VALENTE, 2001; DIAS et al., 2002; CARDOSO-LEITE et al.,2005;
VALENTE, 2005; LU et al. 2006.).
Recentemente alguns trabalhos similares a este que usaram imagens de satélites e
abordaram estrutura da paisagem e vegetação foram os de Link e Franklin (2006) e Schmidtlein
et al. (2007) abordando gradientes estruturais da paisagem no Canadá e na Bavária
respectivamente; de Mörtberg et al. (2006) e Bailey (2007) com monitoramento e planejamento
de biodiversidade em áreas de agricultura ou urbanas; Bletter et al. (2004) com elaboração de
mapas digitais para padrões de distribuição de espécimes para a Flora Neotropical; Miller et al.
(2007) ao abordar modelagem vegetacional e suas dependências de peculiaridades do ambiente.
No Brasil a Floresta Amazônica é o principal foco de áreas ameaçadas e torna-se comum
este tipo de estudo: Ferraz et al. (2005) analisando a dinâmica de desflorestamento da paisagem
na Amazônia de Rondônia; Frohn et al. (1996) usando sensoriamento remoto para avaliar
modelos socio-econômicos e ecológicos de desflorestamente em Rondônia; Asner et al (2005)
estudaram atributos biofísicos-estruturais de extensa área de floresta amazônica e encraves de
cerrado. No entanto, áreas como o Pantanal e Zona da Mata desde antes estão sendo antropizadas
e foram recentemente estudadas também: Da Silva e Abdon (1998) delimintando subregiões do
Pantanal brasileiro; Da Cunha et al. (2006) mapeando e caracterizando unidades vegetacionais no
Pantanal matogrossense.
25
Tratando-se de vegetação, abordando Cerrado e, ou unidades de conservação há pesquisas
como as de Wright e Gallant (2007) no Parque Nacional de Yellowstone; Ratana et al. (2005) e
Silva et al. (2008) analisando fisionomias de Cerrado; Moreira e Nitzsche (1991) examinando
vegetação por imagens dos satélites Landsat e Spot no Distrito Federal; Shimabukuro et al.
(1991) monitorando o Parque Nacional das Emas em Goiás; Dias et al. (2002) trabalhando com
geoambientes no Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais e Cardoso-Leite et al. (2005) em
estudos de ecologia da paisagem para mapeamento da vegetação da Reserva Biológica da Serra
do Japi em São Paulo.
Referências
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Resumo
Remanescentes vegetais ocorrem desde o extremo norte até o extremo sul do Estado de
Goiás existindo a necessidade de informações básicas sobre a florística dessas comunidades. O
Parque Estadual dos Pireneus é situado nos municípios de Pirenópolis, Corumbá de Goiás e
Cocalzinho de Goiás e está dentro das áreas prioritárias para conservação e uso sustentável da
biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. Apesar dos vários níveis de inter-relação e
sobreposição a outras áreas do entorno, a área do Parque apresenta características físico-
vegetacionais próprias e particularidades no seu processo de degradação e de fragmentação.
Neste contexto, os remanescentes vegetais, assumem importante papel na manutenção da
diversidade restante, por isso, objetivamos fazer o mapeamento das fitofisionomias do Parque.
Assim, este estudo foi realizado para trazer a perspectiva do uso destes conhecimentos na
definição teórica, prática e metodológica da conservação, restauração, manejo e futuros estudos
destes remanescentes. A caracterização da estrutura da paisagem foi obtida por meio de técnicas
de sensoriamento remoto orientadas pelas coletas mensais de material botânico em áreas
representativas das unidades fitofisionômicas identificadas nas imagens orbitais, elaborando-se o
mapa destas formações. Para enquadrar as variações fitofisionômicas do Cerrado adotou-se o
sistema vegetacional de Fernandes e, dentro do Parque, encontramos quatro ecossistemas:
cerradão (8,0%), cerrado (25,7%), campo (41%) e manchas vegetacionais (veredas e matas de
galeria) (18,7%). Dentro destes ecossistemas, foram mapeadas onze fitofisionomias e áreas
relictuais de cada ecossistema, havendo áreas degradadas (6,5%).
Palavras-chaves: Ecossistemas; Fitofisionomias; Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque
dos Pireneus; Formações rupestres
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Abstract
Vegetation remnants happen from the north end to the end south of the State of Goiás
existing the need of basic information on those floristic communities. The Parque Estadual dos
Pireneus is located in the municipalities of Pirenópolis, Corumbá de Goiás and Cocalzinho de
Goiás and it is inside of the priority areas for conservation and sustainable use of the biodiversity
of the Ministry of the Environment of Brazil. In spite of the several interrelation levels and
overlapping with surrounding areas, the park presents its own physico-vegetational characteristics
and peculiarities in the process of of degratation and fragmentation. In this context, the vegetation
remnants assume important function in the maintenance of the remaining diversity of the park.
With this in mind, our main goal was to map the phytofisiognomies present in the park, which
were complemented by floristic studies of the sandstone outcrops (“formações rupestres”)
occurring in the area. Therefore, this study was realized with the perspective of the use of these
knowledge in the theoretical, practical and methodological definitions of the conservation,
restoration and management of these remnants. The characterization of the landscape structure
was obtained through techniques of remote sensing complemented by the monthly collections of
botanical material in representative areas of the phytophysionomic units identified in the orbital
images, being elaborated the map of these formations. The phytophysionomic variations of the
Cerrado were classifies according to the system of vegetations of Fernandes and, inside of the
park, we found four ecosystems: cerradão (8,0%), cerrado (25,7%), field (41,0%) and “vegetation
patches” (palm swamps and gallery forests; 18,7%). Among these ecosystems, eleven
phytophysiognomies were detected and relictual areas were mapped, together with some
degraded areas (6,5%).
Keywords: Ecosystems; Phytophysiognomies; Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque
dos Pireneus; Sandstone outcrops
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O
3.1 Introdução
Na história o Cerrado é um bioma que a princípio foi sendo devastado devido à
exploração do carvão, então, com as técnicas de correção da acidez do solo as suas áreas se
tornaram agricultáveis e de fácil “limpeza” pós-colheita e na época da seca. Após as atividades
agrícolas ateava-se fogo para fazer esta “limpeza” da área e este fogo propagava-se facilmente
pelas áreas de vegetação nativa, pois o estrato gramináceo seco, folhas secas e galhos caídos mais
a serapilheira natural não se decompõem por estações devido à baixa umidade na superfície do
solo. Desta forma, o ambiente naturalmente é propício à passagem do fogo e sua vegetação
parcialmente adaptada a ele.
Rememorando que a vegetação é um recurso renovável, o crescente avanço das
agriculturas e pastagens fez com que estas áreas não tivessem tempo suficiente para se recuperar,
tornando-se um bioma cada vez mais ameaçado. Considerado como um dos cinco mais
ameaçados do planeta, fazendo parte dos mais importantes hotspots (“pontos quentes”) de
biodiversidade do mundo (MYERS et al. 2000).
Nesta circunstância releva-se a importância de áreas destinadas à preservação e
conservação de flora e fauna, as vertentes mais frágeis dos ecossistemas. O Parque Estadual dos
Pireneus tem a função de preservar, fauna, flora e mananciais, como as nascentes do Rio das
Almas e do Rio Corumbá criado pela Lei n. 10.321 de 20 de novembro de 1987, delimitado numa
área de 2.833 ha, pelo Decreto n. 4.830, de 15 de outubro de 1997 (VIA ECOLÓGICA, 2005).
Ainda foi criada uma APA (área de proteção ambiental), com cerca de 22.500 ha em volta do
Parque para assegurar a proteção de suas várias características ameaçadas. A área está localizada
nos municípios de Cocalzinho de Goiás, Corum de Goiás e Pirenópolis, entre as latitudes
15°46’50”S e 15°50’30”S e longitudes 48°48’10”W e 48°53’50”W, a 16 km de distância da
cidade histórica de Pirenópolis, Estado de Goiás, com a altitude mínima de 700 m e máxima de
1.385 m, no Pico dos Pireneus.
Referindo-se aos recursos culturais, algumas manifestações culturais, festas religiosas,
hábitos e costumes das populações envolvidas e suas particularidades são tangíveis ao contexto
34
ambiental do PESP. A Serra dos Pireneus atrai turistas pelas belas paisagens, formações rupestres
e muitas nascentes que dão origem a riachos com muitas cachoeiras. A área é também visitada
devido a rituais religiosos/folclóricos realizados na base dos Três Picos durante o solstício de
verão. Por essas razões mais a proximidade de grandes cidades como de Brasília, capital do
Brasil (150 km) e Goiânia, capital de Goiás (130 km), a Serra dos Pireneus vem sendo sujeita a
uma crescente pressão antrópica. A depreciação do ambiente do entorno do Parque também é
preocupante, no caso, devido às minerações de extração de “pedras de Pirenópolis” e à extração
de areia dos riachos.
Para obter dados da paisagem encontrada no Parque utilizou-se o sensoriamento remoto,
uma técnica de geoprocessamento, que tem sucesso em aplicabilidade devido às suas
características de multiespectrabilidade, de visão sinóptica, de repetitividade, que permitem uma
melhor caracterização dos atributos de uma paisagem. Esta é uma das técnicas essenciais e que
mais vem sendo empregada em estudos de paisagem, segundo Young et al. (1993). A técnica tem
a capacidade de caracterizar no espaço e no tempo, os padrões de uso e cobertura do solo, que são
a base para posteriores quantificações da estrutura e definições dos padrões da paisagem.
O sensoriamento remoto pode ser definido como a utilização de sensores para a aquisição
de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto entre eles. Os sensores
são equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto, convertê-la em sinal passível
de ser registrado (como em tons de cinza) e apresentá-lo em forma adequada à extração de
informações (NOVO, 2008). Obtém-se, por exemplo, imagens similares à “fotografias”.
Neste sentido, o geoprocessamento trata de diversas técnicas empregadas na coleta,
armazenamento, processamento, análise e representação de dados com expressão espacial, isto é,
possíveis de serem referenciados geograficamente (VETTORAZZI, 1996).
A aplicação do sensoriamento remoto em diferentes ramos da ciência, em especial na área
ambiental, é função de sua capacidade de coletar dados multiespectrais e diferentes escalas,
diferentes épocas, oferecendo a oportunidade de analisar os vários fenômenos sinopticamente
através do tempo (CAMPBELL, 1987; JENSEN 1996; CRÓSTA, 1993; BROWN et al., 2000).
Esses atributos, associados às diferentes amplitudes espectrais que os modernos sensores
possuem, fazem com que as imagens dos sensores remotos sejam fundamentais nas suas
diferentes aplicações em paisagens (QUATTROCHI E PELLETIER, 1990).
35
A análise destes cenários costuma se utilizar de indicadores conhecidos por métricas da
paisagem. Estes indicadores possibilitam diagnosticar os ambientes conservados junto à matriz
alterada pelos homens, indicando os principais impactos locais sobre a área. A métrica usada
neste trabalho foi apenas em nível de paisagem, de forma que fosse possível indicar ecossistemas
e unidades de paisagem anteriormente alteradas.
Segundo Turner e Gardner (1990) uma análise da paisagem possibilita a definir sua
configuração e a quantificação das suas composições, podendo-se comparar determinados
panoramas, indicar suas principais diferenças e determinar as relações entre os processos
funcionais e padrões das paisagens.
Esta configuração está relacionada à distribuição física dos elementos de determinada área
e a composição de cada formação refere-se às feições associadas à presença ou ausência dos
elementos na paisagem (MC GARIGAL E MARKS, 1995).
Neste contexto, o presente estudo visa o mapeamento dos ecossistemas e das variadas
fisionomias vegetais dentro do Parque, bem como a quantificação de cada formação nele
existente. É importante conhecer a composição fitofisionômica do Parque e respectivas
localidades, pois esta é uma área que vem sendo estudada por pesquisadores de fauna e flora de
várias instituições, e, como não dispõe de bases cartográficas específicas, detalhadas e
consolidadas, este estudo pretende firmar uma base de dados.
3.1.1 Revisão bibliográfica
Atualmente, a análise da paisagem tem integrado diferentes disciplinas relacionadas à
análise ambiental. No que se refere às escalas de trabalho utilizadas e à possibilidade de união
entre diferentes ramos da ciência, a mesma tem-se mostrado muito utilizada (METZGER E
MULLER 1996; METZGER et al., 1997; OLIVEIRA E PORTO, 1999; VALENTE, 2001; DIAS
et al., 2002; CARDOSO-LEITE et al.,2005; VALENTE, 2005; LU et al. 2006.).
Conforme Valente (2001) as crescentes pesquisas na área de paisagem acontece em
função de sua habilidade em quantificar a estrutura da paisagem, que é um pré-requisito para a
compreensão das funções e mudanças de uma paisagem.
Recentemente alguns trabalhos similares a este que usaram imagens de satélites e
abordaram estrutura da paisagem e vegetação foram os de Link e Franklin (2006); Schmidtlein et
36
al. (2007); Mörtberg et al. (2006); Bailey (2007); Bletter et al. (2004); Miller et al. (2007). E no
Brasil também trabalhos semelhantes: Ferraz et al. (2005); Frohn et al. (1996); Asner et al
(2005); Da Silva e Abdon (1998) e Da Cunha et al. (2006).
Tratando-se especificamente de vegetação, abordando Cerrado e, ou unidades de
conservação pesquisas como as de Wright e Gallant (2007) no Parque Nacional de
Yellowstone; Ratana et al (2005) analisando fisionomias de Cerrado; Moreira e Nitzsche (1991)
examinando vegetação por imagens dos satélites Landsate e Spot no Distrito Federal;
Shimabukuro et al. (1991) monitorando o Parque Nacional das Emas em Goiás; Dias et al. (2002)
trabalhando com geoambientes no Parque Estadual do Ibitipoca em Minas Gerais e Cardoso-
Leite et al. (2005) em estudos de ecologia da paisagem para mapeamento da vegetação da
Reserva Biológica da Serra do Japi, em São Paulo.
3.2 Metodologia
A princípio, para orientar missões de campo, utilizou-se mapa de delimitação do Parque
Estadual dos Pireneus com malha viária, bem como outras fontes de dados, obtidos na Prefeitura
Municipal e no Centro de Atendimento ao Turista de Pirenópolis (sem escala) e ainda mapas de
toda a Serra dos Pireneus cedidos pelo IBGE (escala 1:500.000) e Agência Ambiental de Goiás
em Goiânia, Goiás. A Agência Ambiental de Goiás disponibilizou os mapas de hipsometria,
geologia, mineração, ocupação do solo, fitofisionomias e declividade do Parque (escalas
1:50.000), que apresentam-se muito amplos e gerais para estudos botânicos e emitiu também a
autorização de pesquisa em áreas protegidas no Parque.
Além destes mapas foram empregadas algumas imagens digitais obtidas pelos sensores
TM e ETM+ dos satélites LANDSAT - 5 e 7 (15 de agosto de 2002 e entre março e outubro de
2003) e CCD do CBERS 2 (01 de outubro de 2004), da
órbita 158 e ponto 118,
para escolha da
melhor composição colorida RGB. Estas imagens originaram planos de informação da cobertura
do solo, localização de áreas centrais de formações vegetais diferenciadas, bem como o possível
detalhamento da rede hidrográfica dentro do Parque. Estas imagens foram disponibilizadas pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e orientaram as visitas ao campo.
37
O método inicial acima e subseqüentes etapas até o mapeamento da vegetação foram
esquematizadas no fluxograma:
A equipe campo, munida de receptor GPS (Global Positioning System), mapas e imagens
composições RGB fez o reconhecimento inicial da área. Posteriormente, para realizar o
mapeamento preliminar das unidades de paisagem (ecossistemas) foram escolhidas imagens
orbitais digitais obtidas através do sensor ETM+ do satélite LANDSAT em agosto de 2002,
disponibilizadas pela Divisão de Sensoriamento Remoto (DSR) INPE. Estas imagens foram
recortadas e usadas suas metades superiores.
Nas verificações de campo referentes à delimitação do Parque e marcações de pontos-
referência, bem como outras averiguações foi empregado um receptor GPS de navegação, de 12
canais com antena interna e resolução aproximada de 10 metros. Foram amostrados mais de 200
pontos no interior do parque, seus limites e entorno (Fig. 3.2).
Figura 3.1 – Fluxograma da metodologia do mapeamento de vegetação
Mapas de limites do Parque e
malha viária
Composições coloridas RGB
GPS + Amostragem de
campo
Mapa preliminar de ecossistemas conforme
imagens de satélite
Reamostragem de campo definindo fitofisionomias
Poligonização de fitofisionomias
nas representações de
ecossistemas
Representação final de ecossistemas
de campo no Parque
Representação de fitofisionomias de
campo no Parque
Representação de ecossistemas do Parque conforme classificação supervisionada
Computador +
conhecimento de campo
Classificação
supervisionada
Tabulação
cruzada de
áreas
coincidentes
AMBIENTE
SIG
Mapas de limites do Parque e
malha viária
Composições coloridas RGB
GPS + Amostragem de
campo
Mapa preliminar de ecossistemas conforme
imagens de satélite
Reamostragem de campo definindo fitofisionomias
Poligonização de fitofisionomias
nas representações de
ecossistemas
Representação final de ecossistemas
de campo no Parque
Representação de fitofisionomias de
campo no Parque
Representação de ecossistemas do Parque conforme classificação supervisionada
Computador +
conhecimento de campo
Classificação
supervisionada
Tabulação
cruzada de
áreas
coincidentes
AMBIENTE
SIG
38
Figura 3.2 – Plotagem dos pontos de coleta de dados e materiais botânicos na área do Parque.
Utilizou-se o sistema UTM - Universal Transversa de Mercator de coordenadas plano-
retangular, referenciado ao South American Datum 69 (SAD-69).
Durante estas missões de campo foi coletado material botânico em estado fértil para
herborização conforme as técnicas usuais hoje empregadas, com a finalidade de orientar as
caracterizações e pré-definições das fitofisionomias da área, de acordo com Sano et al. (1998).
Este material foi analisado, identificado e comparado a materiais do Herbário da UFG e da UnB
para auxiliar na classificação das fitofisionomias no mapa temático. Posteriormente as duplicatas
destas coleções foram depositadas no Herbário da ESALQ e da UFG.
Em ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG) a composição colorida RGB,
serviu como plano de fundo e outras bases de dados posteriormente se tornaram disponíveis no
Sistema Estadual de Estatística e de Informações Geográficas de Goiás (SIEG) e foram utilizadas
nos mapeamentos (Fig. 3.1).
Foram usados os seguintes arquivos compactados (extensões DBF, SHP, SHX),
disponíveis on-line no sítio do SIEG, como base de dados:
39
1) Cobertura Vegetal do Estado de Goiás; escala 1:250.000; fonte - Agência Ambiental de
Goiás; geração -08/07/2005;
2) Curvas de Nível da Base Cartográfica planialtimétrica de Goiás; escala 1:1.000.000; fonte -
SIG-Goiás - Superintendência de Geologia e Mineração – SIC; geração 01/03/2005;
3) Drenagens da Base Cartográfica planialtimétrica de Goiás; escala 1:1.000.000; fonte - SIG-
Goiás - Superintendência de Geologia e Mineração – SIC; geração 01/03/2005;
4) Limites das unidades de conservação (parques federais e alguns estaduais) da Base
Cartográfica planialtimétrica da folha SD 22-Z-D; escala 1:250.000; fonte SIG-Goiás -
Superintendência de Geologia e Mineração - SIC; geração 01/03/2005;
5) Limites municipais da Base Cartográfica planialtimétrica da folha SD 22-Z-D; escala
1:250.000; fonte SIG-Goiás - Superintendência de Geologia e Mineração - SIC; geração
01/03/2005;
6) Malha viária atualizada por imagens LANDSAT 7 (2002-2003) da Base Cartográfica
planialtimétrica da folha SD 22-Z-D; escala 1:250.000; fonte SIG-Goiás - Superintendência
de Geologia e Mineração - SIC; geração 01/03/2005;
7) Imagens CBERS 2 - INPE - 2004 - Folha SD 22-X-A;
8) Imagens LANDSAT 7 - INPE - 2002/2003 - Recorte dos Municipios - Goiânia.
O SIEG é gerenciado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan),
através da Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação (Sepin) e objetiva otimizar e
promover a integração das áreas de produção estatística e geoprocessamento dos órgãos
estaduais, visando subsidiar o planejamento e o acompanhamento das ações governamentais e
disponibilizar as informações para toda a sociedade.
3.2.1 Mapeamento das unidades da paisagem dentro da área do Parque
Inicialmente, objetivando-se o reconhecimento dos ecossistemas presentes no parque,
plotou-se os pontos visitados sobre a composição RGB através do programa ArcGIS 9 (ArcMap),
fazendo-se a certificação dos ecossitemas de algumas localidades e a certificação de que se
tratava de uma área dentro dos limites do Parque. Com o conhecimento de campo e a composição
colorida como plano de fundo realizou-se uma interpretação visual da imagem e geraram-se
40
polígonos dos ecossistemas para a representação preliminar de ecossistemas como mostra o
fluxograma (Fig. 3.1).
No entanto, as áreas degradadas no Parque são áreas de solo exposto ou de pastagens com
esparsos arbustos e arvoretas e pela composição colorida ela é interpretada como área de campo.
Não deixando de ser verdade esta representação torna-se um resultado preliminar. Todavia, o
detalhamento que se tem por objetivo exigia a reamostragem de campo para redefinir este
ecossistema alterado dos outros e delinear as áreas das fitofisionomias e áreas relictuais para
produzir os três mapeamentos finais apresentados no fluxogarma.
Para o preparo dos mapas temáticos finais (ecossistemas, ecossistemas por classificação e
fitofisionomias) utilizaram-se imagens do sensor ETM + do LANDSAT-7, (bandas 5, 4 e 3)
datadas em agosto de 2002 e o software SPRING.
O software SPRING é um sistema para processamento em ambiente Windows, que inclui
um banco de dados geográficos, o qual permite adquirir, armazenar, combinar, analisar e
recuperar informações codificadas espacial e não espacialmente, ou seja, é um sistema que
combina funções de processamento de imagens, análise espacial e modelagem numérica do
terreno, em um único software (CAMARA et al, 1996).
Ainda de acordo com a metodologia apresentada (Fig. 3.1), para o mapa de ecossistemas
por classificação, fez-se uma classificação digital supervisionada. De acordo com Adeniyi (1985)
diz-se supervisionada quando existe a interferência do analista na definição das classes, pois
havia um conhecimento prévio da área de trabalho, permitindo a seleção de amostras de
treinamento confiáveis que serão tratadas como classes. Foi utilizado o algoritmo de máxima
verossimilhança (MAXVER 100%), que opera com base na distribuição de probabilidade de cada
classe (ecossistema) previamente selecionada. Este algoritmo determina as classes de diferentes
ecossistemas conforme a semelhança entre os pixels selecionados e o restante dos pixels de toda a
imagem previamente recortada na área que será analisada. Este classificador avalia tanto a
variância como a covariância dos padrões de resposta espectral de uma categoria quando está
classificando um pixel desconhecido (BARBOSA, 1998).
A opção metodológica foi uma classificação supervisionada pelo método MAXVER, pois
Silva et al. (2008) avaliou o mesmo como de boa qualidade e Silva e Pereira (2007) como de
excelente qualidade de classificação, quando comparado a outros métodos.
41
A região de estudo foi analisada segundo cinco classes temáticas: Mata de galeria
(florestas de galeria), Campo rupestre, Campo, Cerrado e Cerradão, dada a possibilidade de
trabalho permitida pela escala de representação da imagem. O método de MAXVER é o método
de classificação pixel a pixel mais utilizado em dados de sensoriamento remoto (DORADO et al,
2006). O critério estatístico da decisão para qual classe o pixel será agrupado considera a
ponderação das distâncias entre as médias dos níveis digitais das amostras de cada classe (INPE,
2003).
De acordo com a metodologia apresentada (Fig. 3.1), para o preparo do outro mapa
temático de ecossistemas, referente à representação real dos ecossistemas existentes em campo
(verdade de campo), a interpretação visual junto com a amostragem de campo georreferenciada
permitiu que fossem feitas delimitações de polígonos em sobreposição à imagem da composição
de bandas do satélite LANDSAT 7. A cada polígono foi denominada a classe de ecossistema a
qual representa. A amostragem e reamostragem de campo das fitofisionomias foram baseadas no
aspecto visual e de área de cobertura das árvores, arvoretas e arbustos, fundamentada em Sano et
al (1998) a fim de posteriormente verificar os padrões oferecidos pelas imagens.
Esta opção do método manual também foi julgada por Silva et al (2008) como de boa
qualidade, sendo o seu índice avaliado um pouco mais elevado que o método MAXVER. Por isso
elegeu-se estes métodos MAXVER e o manual que serão comparados (pela tabulação cruzada no
programa SPRING) para verificar as dificuldades de interpretação das imagens.
Conforme metodologia em aspectos da paisagem estudou-se este aspecto com enfoque em
vegetação e não o geográfico (solos, declividade, hidrologia...) que é usado na maioria dos
estudos. Por exemplo, para Dias et al. (2002) os geoambientes são ambientes geográficos que em
uma
extensão
territorial apresentam homogeneidade com relação a determinados fatores
ambientais de interesse, porém para o mapeamento de unidades de paisagem quanto à vegetação
utilizou-se o “fitoambiente”, que no contexto deste trabalho, é cada ambiente que em uma
extensão apresenta homogeneidade com relação a determinados ecossistemas ou fisionomias.
Nesta comparação, conforme o sistema de Bertrand que usa unidade de paisagem IV
(geossistema), utiliza-se para este estudo o termo ecossistema. Para este autor as unidades de
paisagem podem ser divididas em seis grandezas que serão detalhadas nos seguintes itens.
Em Bertrand (1972) nas categorias superiores tem-se a zona climática (I), o domínio
morfoclimático (II) e a região ou província geomorfológica (III). Dentre as categorias inferiores,
42
o geossistema corresponde ao ecossistema (das ciências naturais) (IV), no entanto, incorpora o
homem como parte dele e sua conseqüente interação com o meio; a geofácie (V- escala de km ou
m) está fortemente relacionada com diferenciações fisionômicas dentro de um geossistema, e o
geótopo (VI - escala de m a dm) representa principalmente áreas relictuais ou endêmicas. Desse
modo, termos usados para parâmetros geo-físicos foram adaptados em termos usados para
vegetação e trabalhos botânicos, baseando-se em Fernandes (2006).
Após trabalhar os dados as representações dos ecossistemas foram transferidas com
respectivas escalas gráficas como imagem e serão tratadas em resultados.
3.2.2 Mapeamento das unidades fitofisionômicas dentro da área do Parque
Utilizando-se a composição colorida e os arquivos compactados disponíveis on-line no
sítio do SIEG, como base de dados, o mapa temático de fitofisionomias foi preparado através de
interpretação visual e conhecimento de campo com software do Arcview GIS 9 ArcMap versão
9.1 usando formação dos polígonos manualmente, pois o fator de sombreamento e declividade
exigiu visitação a determinados locais com a finalidade de definição de fitofisionomias, visto que
a verdade de campo não tem a correspondência necessária nas imagens orbitais. (Fig. 3.1)
Conforme metodologia em aspectos da paisagem adotou-se o aspecto fitofisionômico, nas
chamadas de unidade de paisagem V (geofácie) e unidades de paisagem VI (geótopo) por
Bertrand (1972).
Nestas categorias consideradas inferiores em Bertrand (1972), o geossistema corresponde
ao ecossistema (IV) - tratado o item anterior, a geofácie (V - escala de km ou m) está fortemente
relacionada com diferenciações fisionômicas dentro de um geossistema, e o geótopo (VI - escala
de m a dm) representa principalmente áreas relictuais ou endêmicas (detalhadas em Resultados).
Assim, termos usados para parâmetros geo-físicos também foram adaptados em termos usados
para vegetação e trabalhos botânicos, baseando-se em Fernandes (2006).
A caracterização fitogeográfica no Parque dos Pireneus se torna muito ampla e por isto o
presente trabalho baseia-se no fato de que o estudo de uma determinada formação vegetação pode
ser feito pela observação de três aspectos: (i) aspecto fisionômico trata-se da aparência que a
vegetação exibe e que resulta do conjunto das formas de vida das plantas; (ii) aspecto estrutural
(sinúsia) trata-se da ordenação das diferentes formas de vida que compõem as vegetação e que
43
se faz de maneira estratificada; e (iii) aspecto da composição trata-se da composição florística
constituinte da vegetação. Mesmos aspectos utilizados por Mendes (2004) na caracterização das
formações fitogeográficas de sua pesquisa.
Em correlação e suportando estas adaptações de termos, para aplicação prática na análise
da paisagem, é necessária uma caracterização da paisagem previamente em: (i) função – refere-se
à interação entre os elementos espaciais, que são o fluxo de energia, materiais, elementos e
organismos dos ecossistemas e neste caso, das fitofisionomias componentes do Parque; (ii)
estrutura relação espacial entre diferentes unidades fitofisionômicas ou ecossistemas ou
elementos presentes na paisagem, isto é, a distribuição dos elementos e espécies em relação ao
tamanho, forma, número, tipo e configuração dos ecossistemas; e (iii) alterações mudanças na
estrutura e função do mosaico ecológico, ao longo do tempo (TURNER E GARDNER, 1990;
FORMAN E GODRON, 1986).
A capacidade de quantificar diferentes aspectos da estrutura da paisagem é, portanto, o
pré-requisito para futuros estudos da função e das alterações de uma paisagem (MC GARIGAL E
MARKS, 1995).
3.3 Resultados e discussões
Para enquadrar as variações fitofisionômicas do Cerrado presentes no Parque dos Pireneus
adotou-se o sistema de vegetação proposto por Fernandes (2006) que relaciona outros principais
sistemas como os de Martius, Rizzini, Eiten, e outros. No entanto, houve necessidade de fazer
adaptações de termos entre os sistemas tratados em vegetação e trabalhos botânicos e os sistemas
adotados em estudos da paisagem, usando respectiva e concomitantemente os sistemas de
Fernandes (2006) e Bertrand (1972). Desta forma, iremos apresentar as seis categorias propostas
em metodologia de Bertrand (algarismos romanos) fazendo a correspondência a respectivas
categorias de Fernandes. São apresentadas em ordem decrescente de especificidade, ou seja, da
mais ampla e abrangente até a mais específica e detalhada.
Deve-se salientar que somente adotaremos as categorias inferiores para respectivas
discussões porque objetiva-se o estudo detalhado do PESP e devido à sua pequena dimensão
(2.833 ha) as categorias superiores são únicas para todo o Parque.
44
3.3.1 Categorias amplas de unidades de paisagem
Encontramos para a área estudada as seguintes unidades geográficas físicas de paisagem:
Zona Tropical Meridional (I); Domínio Tropical Meridional (II); Planalto Central (III), as
categorias superiores das unidades de paisagem propostas por Bertrand (1972).
Tratando-se de unidades de vegetação propriamente ditas a categoria II é de Domínios dos
Chapadões Tropicais, geralmente denominadas por Cerrado (FERNANDES, 2006)
Na categoria III, de região ou província geomorfológica, Ab’Sáber (1970) e Fernandes
(2006) tratam-na como província fitogeográfica chamada Província Central ou dos Cerrados e
sub-enquadrada como Setor do Planalto.
Para não adotar termo tendencioso não será utilizado nem unidades geográficas nem
unidades de vegetação, mas sim unidades de paisagem. Este é um termo inespecífico, pode
englobar as duas categorias de diferentes áreas que envolvem o meio ambiente e a ciência dos
homens (Geografia, Geoprocessamento, Biologia e Botânica) e é utilizado em sensoriamento
remoto.
3.3.2 Categorias específicas de unidades de paisagem
Tratam-se de outras três categorias inferiores: ecossistemas, fitofisionomias e áreas
relictuais. Neste estudo, para fins do mapeamento, as categorias mais específicas enquadraram-se
como pertencentes às categorias específicas de níveis mais amplos, da seguinte forma:
Ecossistema
Fitofisionomia
Áreas relictuais
Cerradão Cerradão
Cerradão
Cerrado
Cerrado rupestre
Campos-cerrados
Campo-cerrado
Campo sujo Campo sujo
Campo rupestre
Campo úmido
Campo úmido com murunduns
Campo limpo
Vereda Vereda
Mata de galeria
Mata de galeria
Área degradada
Área degradada em recuperação
Área degradada em recuperação
Manchas vegetacionais
Cerrado
Cerrado sensu stricto; Cerrado
Campo ou campo-limpo
Campo
Figura 3.3- Quadro de apresentação de ecossistemas, respectivas fitofisionomias e áreas
relictuais para fins de mapeamento
45
3.3.2.1 Categoria dos ecossistemas
Seguindo a sequência de análise decrescente, nas categorias correspondentes às inferiores
de Bertrand (1972), ao se tratar de ecossistemas (categoria IV), a vegetação apresenta
escleromorfia e está constituída por dois conjuntos fisionômico-florísticos distintos. Um conjunto
representado por um padrão arbustivo e de arvoretas tortuosas (cerrado) e outro arbóreo
(cerradão), geralmente acompanhados por formações campestres (campo), cujas espécies se
interpenetram nos espaços existentes entre seus componentes.
Desta forma, Fernandes (2006) aborda quatro definições que podem ser equiparadas à
unidade de paisagem IV acima citada, das quais todas são encontradas no PESP: Cerradão,
Cerrado, Campo e Manchas Vegetacionais. Vale comentar que o termo manchas vegetacionais
é usado por não dizer respeito a formações que muitas vezes são classificadas como cerrado
sensu lato.
A princípio, dentro do Parque, encontramos quatro ecossistemas: cerradão (8,0%), cerrado
(25,7%), campo (47,6%) e manchas vegetacionais (veredas e florestas de galeria) (18,7%), que
podem ser observados na figura 3.4, onde se constatou um total de 2.835 ha como área do Parque
dos Pireneus.
No entanto, ao analisar as imagens orbitais digitais e respectivas composições de bandas é
possível distinguir as duas formações rupestres existentes na área, pois as rochas expostas
(afloramentos rochosos), ou solo exposto, permite a visualização e concomitantemente a análise
da paisagem. E são estas áreas rupestres que compreendem a maioria das espécies endêmicas da
região, dando o caráter de importância da distinção da mesma no Parque.
Desta forma, para fins de análise das imagens as fitofisionomias de campo rupestre e
cerrado rupestre são tratadas como um ecossitema único que neste trabalho é tratado por
ecossistema campo rupestre, pois muitos botânicos não fazem a distinção entre as duas
fitofisionomias, usando este mesmo termo.
Ao enquadrar este ecossistema no mapa temático de verdade de campo o SPRING admitiu
225,9 ha como cerradão (8,0%), 185,4 ha como cerrado (6,6%), 903,8 ha de campo (31,8%),
817,2 ha como campo rupestre (28,8%) e 514,0 ha como manchas vegetacionais (veredas e
florestas de galeria) (18,6%), sendo o restante de áreas degradadas 193,7 ha (6,2%), com área
total do Parque a configuração de 2840 hectares, que podem ser observados na figura 3.5.
46
Figura 3.4 - Apresentação preliminar dos ecossistemas ocorrentes no Parque Estadual dos Pireneus
Projeção
UTM
226,80 ha.
728,60 ha
1349,46 ha
530,14 ha
47
Figura 3.5 - Representação de ecossistemas do Parque dos Pireneus em verdade de campo, definindo áreas degradadas e rupestres
193,76 ha.
5 14,08 ha
817,29 ha
903,87 ha
185,40 ha
225,99 ha
48
Lidando com o mapa temático produzido pelo software SPRING, através do método de
classificação supervisionada, desprezou-se a classe de áreas degradadas, pois não distinção
suficiente dos pixels nestas áreas, sendo esta classe muito próxima à de campo. Esta distinção é
possível apenas pela florística das áreas, onde encontramos espécies introduzidas e características
de áreas de influência antrópica, como alguns capins, por exemplo, o braquiária e capim-meloso.
O software considerou 311 ha como cerradão (10,9%), 986 ha como cerrado (34,5%), 795 ha de
campo (27,8%), 360 ha como campo rupestre (12,5%) e 407 ha como manchas vegetacionais
(veredas e matas de galeria) (14,3%), admitindo como área total do Parque a configuração de
2859 hectares, que podem ser observados na figura 3.6.
Ao analisarmos os dados que resultaram nas representações encontradas no Parque
Estadual dos Pireneus obtemos tabelas de cruzamento destes dados onde nas linhas foram
dispostos os ecossistemas de verdade de campo e nas colunas foram dispostos os ecossistemas
encontrados pelo método de classificação supervisionada (Tabelas 3.1 e 3.2). Serão discutidos os
dados mais significativos e apresentadas as justificativas de tais sobreposições.
É importante ressaltar que na tabela citou-se Florestas de galeria para referir-se a dados de
ecossistemas de verdade de campo (Linhas), enquanto que o outro sinônimo, Matas de galeria, foi
referido a dados de classificação supervisionada (Colunas). Isto foi estabelecido para melhor
visualização dos dados, além de que florestas de galeria são termos mais utilizados na ciência
enquanto matas de galeria são mais comuns no uso popular. O uso destes sinônimos serve para
aproximar o que é popular do que é ciência para que possamos influenciar na defesa e
conservação de nossas vegetações nativas (principalmente por parte dos nativos dos municípios
do Parque).
Conforme tabelas, isto é, comparando mapa de ecossistemas e mapa classificado das
figuras 3.5 e 3.6 as áreas de cerradão da representação produzida pelo SPRING sobrepõem cerca
de 138 hectares de manchas vegetacionais (matas de galeria), num total de 27% da representação
da floresta de galeria da verdade de campo. Isto se deve essencialmente à resposta espectral de
formação florestal, pois ambas as formações encontram-se em solos profundos e a resposta da
vegetação frente à umidade e nutrientes disponíveis é a formação de dossel, que é bem
diferenciado das outras formações do cerrado
sensu lato
. Estes ecossistemas deverão diferenciar-
se em seus processos ecológicos e sua florística.
49
Figura 3.6- Representação dos ecossistemas do Parque dos Pireneus conforme método de classificação supervisionada
407 ha.
5 360 ha
795 ha
986 ha
311 ha
50
Tabela 3.1 – Tabela cruzada de áreas em pixels, sendo Ecossistemas de verdade de campo em linhas (primeiro plano) e Ecossistemas
da classificação supervisionada em colunas (segundo plano):
Background Cerradão Cerrado Campo Campo Rupestre Floresta de Galeria Área Degradada
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Cerradão 12 1316 97 206 118 1540 174
Cerrado 79 480 942 3636 3619 1612 588
Campo 66 86 280 4615 3018 381 391
Campo Rupestre 75 26 282 1000 1557 120 946
Mata de Galeria 3 603 459 586 769 2059 55
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
* A título ilustrativo um pixel equivale a 0,09 hectares e Background equivale aos pixels que foram analisados no limite do Parque
Tabela 3.2 – Tabela cruzada de áreas em hectares (ha), sendo Ecossistemas de verdade de campo em linhas (primeiro plano) e
Ecossistemas da classificação supervisionada em colunas (segundo plano):
Background Cerradão Cerrado Campo Campo Rupestre Floresta de Galeria Área Degradada
ha (%) ha (%) ha (%) ha (%) ha (%) ha (%)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Cerradão 1.0800 18.44 (52,4) 8.73 (4,7) 18.54 (2) 10.62 (1,2) 138.60 (26,9) 15.66 (8)
Cerrado 7.1100 43.20 (19,1) 84.78 (45,7.) 327.24 (36,2) 325.71 (39,8) 145.08 (28,2) 52.92 (27,3)
Campo 5.9400 7.74 (3,4) 25.20 (13,5) 415.35 (45,9) 271.62 (33,2 34.29 (6,6) 35.19 (18,1)
Campo Rupestre 6.7500 2.34 (1) 25.38 (13,6) 90.00 (9,9) 140.13 (17,1) 10.80 (2,1) 85.14 (43,9)
Mata de Galeria 0.2700 54.27 (24) 41.31 (22,2) 52.74 (5,8) 69.21 (8,4) 185.31 (36) 4.95 (2,5)
Total 225.99 (100) 185.40 (100) 903.87 (100) 817.29 (100) 514.08 (100) 193.76 (100)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
51
Conforme a tabulação cruzada verificou-se que a acuidade da classificação supervisionada
foi satisfatória para cerradão (52.4% de correspondência), para cerrado (45,7%) e para campo
(45,9%). Ainda considera-se satisfatória para campo rupestre (17,1%) desde que analisado o fato
do programa se reconhecer as áreas degradadas do Parque nesta classe (somando-se os 43,9%).
Agora, observando-se a confusão do confrontamento entre os mapas tabulados, as áreas
de cerrado da representação produzida pelo SPRING (Tab. 3.2) correspondem a cerca de 327
hectares (ha), num total de 36% de campo, e também correspondem a cerca de 325 ha, num total
de 39% de campo rupestre, amostrados na representação da verdade de campo que foram
sobrepostos. Isto se deve principalmente a áreas onde o terreno é íngreme em vários sentidos e o
sombreamento altera a recepção dos sensores do satélite como nas áreas sudeste e sudoeste do
parque. Nestas duas áreas (SE e SW) encontramos muitos morros onde a vegetação é homogênea,
no entanto, apresentaram-se como ecossistemas diferenciados nas áreas onde a incidência solar é
menor. No entanto, este resultado ajuda na inferência à posição de ecótonos dentro do bioma,
sendo que muitas áreas de transição foram incluídas como cerrado pelo software, áreas onde
encontramos muitos arbustos e algumas arvoretas (fitofisionomia de campo-sujo).
Comparando a representação de campo feita pelo programa (Tab. 3.2) com a
representação de campo rupestre da verdade de campo, cerca de 271 ha (33% do campo rupestre)
se justapõem. Isto se deve à formação de campo rupestre que é próxima de campo, diferenciando-
se pelos afloramentos rochosos que são mais evidentes em algumas áreas do que outras.
Entretanto, a área de campo rupestre da representação realizada pelo software (Tab. 3.2)
sobrepõe 25 ha (13%) de cerrado da verdade da formação por enquadrar as áreas de ecótonos de
cerrado rupestre (fitofisionomia pertencente à formação rupestre) que tem resposta espectral
muito próxima à de cerrado. Ainda sobrepõe 90 ha (10%) da campo, o que era esperado, pois
nem sempre os afloramentos rochosos são evidentes, pois encontram-se cobertos por vegetação
herbácea ou até gramíneas, a ponto de causarem uma resposta espectral nos sensores do satélite.
E finalmente, conforme tabela 3.2, justapõe 85 ha (44%) de áreas degradadas, pois estas áreas
degradadas apresentam solo exposto e vegetação herbácea como a do ecossistema de campo.
Por último, a análise cruzada (Tab. 3.2) da área de manchas vegetacionais (mata de
galeria) realizada pelo programa apresentou alterações consideráveis em todas as classes de
verdade de campo. Existem 54 ha de mata que se sobrepõem a cerradão (23% da área de
cerradão), pois se aplica os mesmos padrões de vegetação florestal, sendo estas áreas correlatas e
52
também o motivo de necessidade de reamostragem de campo na metodologia. Nos 41 ha
justapostos a cerrado (22% da área de cerrado) e em 52 ha justapostos em campo (6% da área de
campo) da representação da verdade do campo concentram-se áreas de terrenos em alto declive,
causadores do sombreamento que altera respostas espectrais da vegetação, como nas grandes
áreas dos três picos, do morro do Cabeludo e na área a extremo sudeste do Parque, ou áreas de
campo úmido que se mantém verdes durante todo o ano. Em 69 ha sobreposição a campo
rupestre (8% de sua área) da verdade de campo, isto se deve principalmente a resposta da
formação de cerrado rupestre que tem forma próxima à formação florestal e nem sempre tem os
afloramentos rochosos estão expostos. Também se deve às áreas de veredas que muitas vezes
expõem vegetação sempre verde mesmo na época da seca (como é o caso das imagens usadas) ou
ainda com áreas de solo úmido exposto. E, como se esperava, apenas 5 ha (2%) em áreas
degradadas, pois estas geralmente apresentam-se como formação campestre.
Após esta discussão das dificuldades de interpretação das imagens é possível concluir que
o mapeamento por classificação supervisionada é satisfatório e identifica fitofisionomias de
campos rupestres, desconsiderando o cerrado rupestre que não permite a resposta espectral dos
afloramentos rochosos. Então, é necessário definir como é possível diferenciá-los.
Cerradão: distingue-se de outras fisionomias (i) por apresentar um caráter florestal, tendo
seus elementos um maior desenvolvimento, graças à condições mais favoráveis de solo, nutrição
e camada de folhas em decomposição (serapilheira), além do sombreamento do seu sub-bosque.
As áreas de cerradão o de florestas semidecíduas em ambientes variados, (i) às vezes
com afloramentos rochosos quando situadas em áreas de declive e com micro-ambientes não
dependentes da água diretamente, como é o caso de epífitas encontradas neste ecossistema.
No Parque dos Pireneus encontra-se cerca de 228 ha de cerradão, dos quais não se pode
negar alteração antrópica. Verificou-se isto, a princípio, devido ao delineamento poligonal de
suas áreas, sem áreas de vegetação transicional e foi confirmado com vistoria
in loco
, pois
somente áreas íngremes e de solo pedregoso ou com afloramentos rochosos foram mantidas e
mesmo assim “toras” de madeiras cortadas a tempos atrás denunciaram exploração humana.
Cerrado: distingue-se das outras fisionomias (i) por formar um padrão inconfundível
pelas particularidades organográficas e oligotróficas (escleromorfismo, nanismo e consistência
das folhas), é caracterizado pela estrutura biestratificada (ii) e extensivamente particularizada
pelo estrato inferior dominado pelas herbáceas e pelo pequeno espaçamento entre as plantas .
53
Na área do PESP o cerrado corresponde a aproximandamente 730 ha, 25,7% do total. Este
se dispõe em matrizes de solo que variam de afloramentos rochosos e solos rasos até solos
profundos, de forma que são áreas próximas entre si como verificado na figura 3.4 e 3.5.
Campo: corresponde a (i) um conjunto vegetacional com fisionomia acentuadamente
baixa, com forte dominância de plantas herbáceas. De acordo com Fernandes (2006) no Planalto
Central é denominado de campo oreádico por representar formação campestre de altitude, em
regra assumindo uma feição própria, compondo um manto herbáceo de ampla extensão.
No Parque dos Pireneus este sistema natural, em geral, (iii) encontra-se alterado e sob
pressão, pois durante inspeções de campo sempre foi registrada a presença de eqüinos ou bovinos
em pastejo, da mesma forma, encontra-se capim introduzido em inúmeras localidades. Talvez,
devido aos efeitos constantes correspondam a 1.162 ha, ou 47,6% do Parque (Fig. 3.4)
Manchas Vegetacionais: seguindo Fernandes (2006), dependendo das condições
edáficas, hidrológicas ou topográficas, encontram-se penetrações florestais ou encraves de matas
úmidas ou secas nas regiões montanhosas e nas margens dos rios (
florestas de galerias
),
procedentes das formações vizinhas (Província Amazônica ou Atlântica). Nesta unidade de
paisagem é possível enquadrar ainda as
veredas, matas de galeria
e
ciliares
, conforme conceitos
de Ribeiro e Walter (1998), fitofisionomias comuns no PESP e adotadas neste estudo.
As florestas ou matas de galerias foram definidas devido à sua associação a um curso de
água perene ou não e a influência da umidade pertinente ao mesmo. É notável a influência do
terreno, cheio de ravinas ou “grotas”, na definição espacial das matas de galeria. Nestas áreas
encontra-se micro-ambientes relacionados à água proveniente de “olhos d
`
água” ou “minas”,
nascentes em terrenos mais elevados. Os micro-ambientes devem estar relacionados ao ambiente
sempre úmido e ao sombreamento, por isso são frágeis à ação humana e merecem estudos.
No princípio, nas imagens de satélites (citadas na metodologia) disponibilizadas pela
DSR-INPE não foi possível diferenciar cerradões de manchas vegetacionais devido ao tipo de
ecossistema onde ambos têm dossel adensado. A diferenciação destes ecossistemas para o
mapeamento preliminar foi baseada em visitas aos locais com maiores áreas de formação florestal
e a diferença destes ambientes citados foi estabelecida com média da metragem entre as ¨grotas¨
ou nascentes, nos diferentes níveis de declividade de suas margens. Assim, de acordo com a
figura 3.4, manchas vegetacionais somam 530 ha, aproximandamente 18,7% do Parque.
54
Área degradada: são determinadas extensões do local estudado que apresentam-se
alteradas por variadas pressões antrópicas, desde a instalação de pastagens até pisoteio e
compactação por parte do gado. Áreas que gradativamente estão enquadrando-se em áreas em
recuperação a partir de 2007, quando melhores cuidados ao PESP tem sido instaurados.
As áreas degradadas, em especial, apresentam-se mais ou menos definidas nas imagens de
satélite, pois sua maior composição é de pastagens de
Brachiaria
sp., diferenciando-se de
formações nativas onde a variação de composição do estrato graminoso é maior. Durante as
visitas de campo verificamos que as áreas degradadas ainda encontram-se expostas à danificação
pois estão sob presença de gado.
3.3.2.2 Categoria das fitofisionomias
A princípio relacionou-se os ecossistemas (categoria IV) e respectivas unidades
fitofisionômicas (categoria V) para posteriormente definir, discutir e diferenciá-las.
Deste modo, dentro destas unidades ecossitêmicas, as chamadas de unidade de paisagem -
categoria V (geofácie) por Bertrand (1972) correspondem vegetacionalmente a várias
designações. Estas formações vegetais são:
Tabela 3.3 Fitofisionomias do PESP e respectivas áreas e porcentagens
Fitofisionomia Área (hectares) Proporção do Parque
Cerradão 228 ha
Cerrado
sensu stricto ou cerrado
602 ha
Campos cerrados ou cerrado ralo 127 ha
Campo sujo 264 ha
Campo o campo-limpo 897 ha
Vereda 44 ha
Floresta de galeria 487 ha
Área degradada em recuperação 185 ha
8,00%
21,30%
4,50%
9,30%
31,70%
1,60%
17,20%
6,50%
A fitofisionomia no ecossitema cerradão:
O cerradão apresenta sua composição florística diferenciada e suas árvores também
apresentam esclerofilia. Seus principais representantes são (iii):
Sclerolobium paniculatum,
Salvertia convallarieodora, Caryocar brasiliense, Bowdichia virgilioides, Agonandra
brasiliensis, Copaifera langsdorfii, Diospyros burchelli, Plenckia populnea
. Neste caso
considerou-se como fitofisionomia o ecossistema Cerradão anteriormente descrito e a área total
desta fitofisionomia mantém cerca de 228 ha, equivalentes a 8,0% do Parque, distribuídas em
doze menores áreas, conforme figura 3.7.
55
Figura 3.7 –Representações das áreas relictuais e fitofisionomias do Parque Estadual dos Pireneus
56
As fitofisionomias no ecossitema cerrado:
Dentro do cerrado podemos encontrar enorme variabilidade paisagística aparecendo
como estrutura de cerrado
sensu stricto
ou de campos-cerrados (COUTINHO, 1978;
FERNANDES, 2006). Tais formas estruturais ora aparecem em continuidade, ora em dispersão,
na dependência de fator pertubador e de solos compactos ou porosos que os tornem mais secos
por um período prolongado (RIZZINI, 1979).
O cerrado
sensu stricto
ou apenas cerrado constitui-se numa formação vegetal com
significativa expressão imposta no espaço campestre marcado por seus elementos arbustivos,
entremeados por árvores pequenas, subarbustos e cipós. No PESP apresenta como espécies bem
representativas (iii):
Qualea grandiflora, Qualea parviflora, Connarus suberosus, Bowdichia
virgilioides, Annona coriacea, Tabebuia ochracea, Zeyheria digitalis, Acosmium dasycarpum.
No Parque o cerrado
sensu stricto
representa cerca de 602 ha (21,3%), com vinte e sete
localidades definidas na figura 3.7. De modo que estes cerrados estão representados em áreas
mais aplainadas ou bem acidentadas (formação rupestre) e próximas entre si, existindo a
possibilidade de relação entre populações.
Os campos-cerrados ou cerrado ralo mostram-se como uma forma empobrecida do
Cerrado, onde prevalência de vegetação baixa, herbácea, sendo as formas arborescentes bem
menores e distanciadas. Ribeiro e Walter (1998) tratam a mesma fitofisionomia como cerrado
ralo. No PESP as espécies mais comuns são (iii):
Anemopaegma arvense
,
Casearia sylvestris,
Kielmeyera coriacea, Trimezia juncifolia, Hortia brasiliensis, Coclospermum regium.
De acordo com as imagens de satélite e visitas
in loco
os campos-cerrados puderam ser
mapeados, conforme nove pequenas áreas observadas na figura 3.7 e constituem cerca de 127,4
ha (4,5%) do Parque .
As fitofisionomias no ecossitema de campo:
O ecossistema de formações campestres está relacionado a duas fitofisionomias gerais:
campo ou campo limpo e campo sujo referenciadas por Fernandes (2006).
Campo sujo
apresenta vegetação campestre com denso manto graminoso, onde
sobressaem raríssimas árvores ou raros arbustos de pequeno porte. Conforme Fernandes (2006),
os campos sujos, em determinados locais se mostram intrincados devido á existência de
numerosos subarbustos e cipós rastejantes.
57
Esta formação geralmente se dispõe entre áreas de formação arbórea-arbustiva e
campestre, tornando-se um exemplo de ecótono, incluindo espécies de ambas formações
adjacentes. Encontra-se disposta em dez áreas somando 264 ha do Parque (9,3 %).
Campo ou campo limpo – tem vegetação baixa, exibindo maciçamente um conjunto
herbáceo-graminoso, com raros subarbustos ou arbustos muito distanciados. Reveste grande
extensão de solos bem compactos ou rasos, quase sempre cobertos por concreção ferruginosa
(lateritas), das antigas couraças formadas por debaixo dos níveis originais das chapadas. Algumas
vezes, solos arenosos excepcionalmente com escassos subarbustos ou plantas rastejantes. Sua
flora depende das condições climáticas locais geradas pelas diferenças de relevo, dentro da área
geral do campo, e seus componentes revelam os variados caracteres organográficos comuns:
esclerofilia e microfilia dominantes.
A formação vegetal de campo é de aproximadamente 897 ha (31,7%) do PESP. Em
quarenta e sete localidades do Parque estas áreas mapeadas (Fig. 3.7) são equivalentes a áreas
onde o gado ainda tem acesso e não têm uma representatividade de espécies significativa do
ambiente propriamente dito como verificado em outras áreas mais afastadas das estradas e limites
do parque.
As fitofisionomias no ecossitema de manchas vegetacionais:
As manchas vegetacionais, seguindo Fernandes (2006), dependendo das condições
edáficas, hidrológicas ou mesmo topográficas, encontram-se como penetrações florestais ou
encraves de matas úmidas ou secas nas regiões montanhosas e nas margens dos rios
(denominadas florestas de galerias), procedentes das formações vizinhas (Província Amazônica
ou Atlântica). Nesta unidade de paisagem enquadra-se ainda as veredas e matas ciliares,
conforme conceitos de Ribeiro e Walter (1998), Sampaio (1938) e Hueck (1972), fitofisionomias
comuns em áreas do Parque Estadual dos Pireneus.
No PESP encontramos áreas de veredas e matas ciliares indistintas entre si, visto que
áreas de nascentes que formam regiões alagadas como na parte norte do Parque compreendem
buritis nas regiões centrais rodeadas por florestal. Desta forma, sua composição florística é rica e
não distingue vereda de floresta ciliar, sendo o termo mancha vegetacional apropriado ao que se
encontra em campo.
58
Neste estudo abordou-se apenas o aspecto fitofisionômico devido a limitações temporais
para dedicação aos estudos florísticos e estruturais (fitossociológicos).
A partir dos conceitos gerais de cada formação encontramos dentro do Parque as oito
unidades fitofisionômicas descritas e discutidas: cerradão (8,0%), cerrado (21,3%), campo-
cerrado (4,5%), campo sujo (9,3%), campo (31,7%), vereda (1,6%), e mata de galeria (17,2%),
sendo o restante de áreas degradadas.
No entanto, foi necessário diferenciar outras quatro áreas particularmente especiais:
cerrado rupestre, campo rupestre, campo úmido, campo úmido com murunduns, onde
encontramos espécies restritas a estes ambientes.
3.3.2.3 Categoria das áreas relictuais
Para fins do mapeamento todas as fitofisionomias anteriormente referenciadas foram
enquadradas como áreas relictuais, adotando-se a qualidade de preservação e conservação de uma
unidade de conservação, no caso o Parque dos Pireneus e também variadas condições de pressões
antrópicas pertinentes a ele. No entanto, para discussões abordam-se as áreas endêmicas
(relictuais) dentro da sua fitofisionomia correspondente.
Segundo Stouffer e Bierregaard (1995) esses grandes fragmentos como o Parque são os
que possuem a maior capacidade de proteção da diversidade biológica das espécies. Contendo,
ainda, maior diversidade de habitat quando comparado com menores remanescentes da vegetação
(SAUNDERS et al., 1991). E neste caso, a área em estudo é extremamente propícia a múltiplos
habitats.
As áreas onde se encontram situações ecologicamente especiais são especificadas a seguir
e muitas vezes não são passíveis de identificação através de sensoriamento remoto disponíveis até
a presente data, apenas com confirmações por visitas
in loco
. Contudo, é possível identificar as
duas formações rupestres (cerrado e campo) encontradas devido à exposição das rochas
quartizíticas que, quando dispostas em áreas íngremes respondem aos sensores dos satélites.
Algumas vezes, na imagem em composição RGB de suas respectivas bandas, as áreas de
afloramentos rochosos apresentam-se com coloração vermelha.
59
Áreas relictuais no ecossitema cerrado:
Em cerrado foi necessário enquadrar como áreas relictuais (geótopo - categoria VI) o
cerrado rupestre, visto que floristicamente diferenciam-se de cerrado
sensu stricto
e campos-
cerrados. E ainda dentro delas podemos localizar áreas onde são formados micro-climas onde se
encontram espécies específicas a estes ambientes, provavelmente devido a pequenas áreas com
deposição de matéria orgânica entre os afloramentos rochosos e com parcial sombreamento da
copa das arvoretas, das próprias formações rochosas.
Adota-se como definição de cerrado rupestre a mesma usada para cerrado e campo-
cerrado, porém, estas áreas apresentam-se num terreno com afloramentos rochosos com espécies
herbáceas endêmicas destes ambientes. Este tipo especial de fitofisionomia é normalmente
encontrada em altitudes acima de 800 m., por isto também chamada de cerrado de altitude. E
verifica-se 541 ha (19,1%) desta formação em vinte e uma pequenas áreas do PESP, conforme a
figura 3.7, representando 89,7% da formação cerrado (ecossistema) do Parque.
Ao excluírem-se as áreas de cerrado rupestre das áreas fitofisionômicas de cerrado, resta
um saldo de seis áreas relictuais de cerrado
sensu stricto
que se dispõem relativamente próximas,
mas totalizam apenas 61,8 ha (2,2%) do Parque, sendo que aparentemente não tem expressiva
representatividade para relações ecológicas com mastofauna e outros processos ecológicos se
considerarmos apenas as áreas do Parque. Desta forma ressalta-se a importância da conservação
destes ambientes na área da APA do entorno do Parque, onde inclusive avistou-se um Cervidae.
Áreas relictuais no ecossitema de campo:
Nas fitofisionomias campestres foi necessário enquadrar como áreas relictuais (geótopo -
categoria VI) o campo rupestre, o campo úmido e o campo úmido com murunduns para a análise
das formações encontradas, visto que fisicamente (estrutura) e floristicamente diferencia-se de
campo e campo sujo.
O campo rupestre é constituído por vegetação baixa, em conjunto herbáceo-graminoso,
com alguns subarbustos e trepadeiras escandentes que sobrepõe solos rasos, muitas vezes
arenosos e, no caso do Parque, quartzíticos com significativos afloramentos rochosos. Sua flora é
diferenciada, pois apresentam espécies rupícolas e outras condições climáticas locais específicas
geradas pelos afloramentos do relevo, de forma que seus componentes revelam variados
60
caracteres organográficos específicos como espécies rupícolas, armazenadoras e espécies ditas
“atmosféricas”.
Fernandes (2006) ainda coloca que (iii) ao prevalecer um quadro pedregoso seja pela
concreção ferrosa formando couraça, seja pelos afloramentos quartzosos mostrando um solo
arenoso, a vegetação campestre pode receber a denominação de campo rupestre.
Quatorze áreas dispersas dentro do Parque (Fig.3.7) totalizam 287 ha (10,1%) do Parque,
cerca de 32% das áreas de campo encontradas no Parque.
Campo úmido ainda diferencia-se de
campo limpo
não pela florística destas áreas, mas
pelo espaçamento entre as herbáceas, ou melhor, pela sua estrutura. O campo limpo é um pouco
mais aberto, sendo que o campo úmido encontra-se uma infinidade de herbáceas sob e entre o
estrato gramináceo.
As áreas de campo úmido apresentam gêneros indicadores de ambientes alterados ou não,
pois são sensíveis ao pisoteio, à estacionalidade e ao micro-clima criado sob o estrato
gramináceo. Dentre elas estão
Gelinsea
,
Utricularia
(Lentibulariaceae),
Burmmania
sp.
(Burmmaniaceae),
Esterhazia
(Orobanchaceae),
Schultesia
e
Curtia
(Gentianaceae).
No Parque dispõem de 218,7 ha (7,7%), representando 24,3% da fitofisionomia de campo.
O campo úmido com murunduns é uma formação especial encontrada em duas pequenas
áreas (Fig. 3.7) dentro do parque e foi assim referenciada com base em Ribeiro e Walter (1998),
pois esparsamente distribuídos em meio ao campo úmido formação de pequenos morrotes
onde neles estabeleceram-se algumas espécies arbustivas e sub-arbustivas e não tão raro até
algumas arvoretas.
Infere-se que estas áreas provavelmente apresentem processos ecológicos e relações
ecológicas específicas, pois são um ecótono entre campo sujo e campo úmido, no entanto as
formações arbustivas e raramente arborescentes encontram-se aglomeradas sobre as elevações.
Nestes murunduns encontramos também o estabelecimento de cupins que são a base alimentar de
vários animais (comunicação pessoal com Guilherme Ferreira Filho e Divino Brandão –UFG).
Algumas espécies como
Paepalanthus
sp., de hábito herbáceo-escandente são raras e encontradas
nos bordos dos murunduns.
Estas áreas endêmicas compõem 14,4 ha (0,5%) da área estudada e apenas 1,6% da
fitofisionomia de campo.
61
3.4 Considerações finais
O sensoriamento remoto, considerando-se as imagens de satélite utilizadas e a
metodologia de análise empregada, torna-se um valioso instrumento para análise de ecossistemas
existentes em ambientes como o Parque Estadual dos Pireneus, mesmo com peculiaridades como
a declividade acentuada e áreas de afloramentos rochosos.
O processamento digital mostrou-se eficaz, podendo-se obter o mapeamento dos
ecossistemas que teve que ser orientado por visitas
in loco
, para verificar como cada uma delas se
apresenta na composição de bandas devido a sua resposta espectral. Isto é, o trabalho de campo
foi imprescindível para gerar o presente resultado.
Comparando-se as imagens orbitais utilizadas, as do sensor ETM+ (LANDSAT -7) foram
as melhores para diferenciar os ecossistemas presentes no Parque e também permitiram obter a
melhor composição colorida (bandas 5, 4 e 3), que foi importante na delimitação das
fitofisionomias juntamente com o conhecimento presencial das áreas.
É possível afirmar que a melhor época para se obter imagens orbitais digitais da região do
Parque dos Pireneus é na estação da seca, entre final de março e início de setembro. Isto se
porque há menos cobertura de nuvens ou geralmente nenhuma (junho-julho) e a vegetação
responde espectralmente à diferenciação de áreas de vegetação arbórea sob influência dos riachos
ou nascentes (manchas vegetacionais), diferenciação de áreas de ecossistema cerrado, de áreas
campestres e principalemente de formações rupestres.
O método de classificação supervisionada é útil para identificar áreas de campos
rupestres, consideradas relictuais e com muitas espécies endêmicas, mas podem ser confundidas
com áreas degradadas de solo exposto. Isto é, identifica-se através do método as áreas que devem
ser remanejadas ou estudadas respectivamente para a restauração e conservação da
biodiversidade, sendo as áreas detentoras de cuidados dos responsáveis pelas áreas.
Os mapas anteriormente disponibilizados pela Agência Ambiental de Goiás foram
construídos com base nos ecossistemas, contudo, referenciou-se variadas fitofisionomias dentro
dos grupos apresentados em cada ecossistema. Desta forma, ele torna-se insatisfatório para
trabalhos sistemáticos em ecologia e botânica.
62
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Resumo
Unidades de Conservação, hoje, são verdadeiros remanescentes vegetais no Estado de
Goiás existindo a necessidade de informações básicas sobre a florística dessas comunidades. O
Parque Estadual dos Pireneus localiza-se nos municípios de Pirenópolis, Corumbá de Goiás e
Cocalzinho de Goiás e está dentro das áreas prioritárias para conservação e uso sustentável da
biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. Apesar dos vários veis de inter-relação e
sobreposição a outras áreas do entorno, a área do Parque apresenta características físico-
vegetacionais próprias e particularidades no seu processo de degradação e de fragmentação.
Neste contexto, o Parque, assume importante papel na manutenção da diversidade restante, por
isso, o objetivo de mapear das fitofisionomias do Parque com estudos florísticos complementares
de campos rupestres nele existentes foi realizado. Ainda, este estudo foi realizado com a
perspectiva do uso destes conhecimentos na definição teórica, prática e metodológica da
conservação, restauração e manejo destes remanescentes de vegetação. As coletas mensais de
material botânico foram realizadas em áreas representativas das unidades fitofisionômicas
identificadas através das imagens orbitais, e mapas disponíveis. O estudo florístico das formações
rupestres também foi conduzido em áreas escolhidas de acordo com as imagens e mapas obtidos.
Foram utilizados os parâmetros usuais de florística, com objetivo de, futuramente, analisar estes
fragmentos de vegetação de toda a Serra que apresenta restrições ambientais. Pesquisas
identificadoras das peculiaridades das espécies vegetais do Parque, como as raras, ameaçadas,
endêmicas, dentre outras, foram especuladas para que possam contribuir na recuperação destas
formações e servir como indicadores de avaliação e monitoramento dessas áreas remanescentes.
Para enquadrar as variações fitofisionômicas do Cerrado adotou-se o sistema vegetacional de
Fernandes com adaptações com base em dados de Ribeiro e Walter. No Parque, encontramos
doze formações vegetais: cerradão (8,0%), cerrado (2,2%), cerrado rupestre (19,1%), campo-
cerrado (4,5%) campo sujo (9,3%), campo rupestre (10,1%), campo úmido (7,7%), campo úmido
com murunduns (0,5%), campo limpo (13,3%), vereda (1,6%), floresta de galeria (17,2%) e área
degradada (6,5%).
Palavras-chaves: Fitofisionomias; Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque dos Pireneus;
Formações rupestres
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Abstract
Units of Conservation, today, are true vegetation remnants in the State of Goiás, and the
need of basic information about this floristic communities is extremely important. The Parque
Estadual dos Pireneus is located in the municipalities of Pirenópolis, Corumbá de Goiás and
Cocalzinho de Goiás and it is inside of the priority areas for conservation and sustainable use of
the biodiversity of the Ministry of the Environment of Brazil. In spite of the several interrelation
levels and overlapping with surrounding areas, the park presents its own physico-vegetational
characteristics and peculiarities in the process of of degratation and fragmentation. In this
context, the Park, assumes important paper in the maintenance of the remaining diversity, for
that, the objective to map of the phytofisiognomies of the Park, which were complemented by
floristic studies of the sandstone outcrops (“formações rupestres”) in it existent was realized.
Therefore, this study was realized with the perspective of the use of these knowledge in the
theoretical, practical and methodological definitions of the conservation, restoration and
management of these remnants. The monthly collections of botanical material were accomplished
in representative areas of the phytophysionomic units identified in the orbital images, being
elaborated the map of these formations. The floristic study of the sandstone outcrops (“formações
rupestres”) was also led in chosen areas in agreement with the images and obtained maps. The
usual floristic parameters were used, with objective to analyze (in the future) these vegetation
fragments of the whole mountain range that present environmental pressure. This research
identified the peculiarities of the plant species of the park, as, for example, the rare ones, the
endemic ones, among others, they were speculated so that they can contribute in the recovery of
these formations and to serve as indicators for evaluation and monitoring of those remaining
areas. To frame the phytophysionomic variations of the Cerrado Fernandes' system it was
adopted with adaptations with data of Ribeiro e Walter. In the Park, we found twelve vegetable
formations: cerradão (8,0%), cerrado (2,2%), forest sandstone outcrops (cerrado rupestre)
(19,1%), field-savannah (campo-cerrado) (4,5%) dirty field (campo sujo) (9,3%), sandstone
outcrops (campo rupestre) (10,1%), humid field (campo úmido) (7,7%), humid field with
“murunduns” (campo úmido com murunduns) (0,5%), clean field (campo limpo) (13,3%), palm
swamps (1,6%), gallery forest (17,2%) and degraded area (6,5%).
Keywords: Phytophysiognomies; Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque dos Pireneus;
Sandstone outcrops
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4.1 Introdução
A vegetação é um recurso renovável e o crescente avanço das áreas de agricultura e
pastagens sobre o Cerrado fez com que este recurso natural não tivesse tempo suficiente para se
recuperar, tornando-se um bioma cada vez mais ameaçado. É considerado como um dos cinco
mais ameaçados do planeta, fazendo parte dos mais importantes
hotspots
(“pontos quentes”) de
biodiversidade do mundo (MYERS et al. 2000).
Remanescentes vegetais ocorrem de norte a sul do Estado de Goiás. Também chamados
fragmentos de vegetação nativa, eles existem, muitas vezes, devido a fatores relacionados à não
utilização do solo como solos pedregosos, terrenos muito acidentados e geralmente são as
reservas legais de áreas particulares situadas em terrenos menos propícios ao uso, área de
encostas ou áreas que acompanham o curso de algum riacho ou rio. Genericamente as áreas
particulares de formação florestal são alteradas, exploradas e muitas vezes, compostas por
espécies introduzidas. Existe, portanto, a necessidade de informações básicas sobre a florística de
comunidades pouco alteradas.
À medida que a vegetação se torna fragmentada, fica cada vez mais sujeita a distúrbios
antrópicos e abióticos, levando à alterações na comunidade, incluindo a redução da diversidade.
Devido à alta suscetibilidade a distúrbios, remanescentes da vegetação devem ser constantemente
monitorados e manejados para dirigir processos sucessionais, no sentido de manter a diversidade
de espécies e de habitats (FIEDLER E JAIN, 1992); visando, além disso, a possibilidade de
estabelecer corredores ou trampolins biológico-ecológicos.
Nas últimas décadas muita informação vem sendo acumulada sobre a composição e
estrutura das fitofisionomias, com destaque para os estudos de florística e aspectos da estrutura da
vegetação e da paisagem. A síntese dessas informações tem permitido a definição de unidades
fitogeográficas, com diferentes padrões de riqueza de espécies no Brasil (MANTOVANI et al.,
1990; SALIS et al., 1995; TORRES et al., 1997; SANTOS 1998; TABARELLI E
MANTOVANI, 1998; IVANAUSKAS et al., 2000).
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No entanto, ainda é consenso nestes trabalhos que as atividades relacionadas com
conservação, manejo e restauração das várias formações ainda não são passíveis de
generalizações (SILVA JÚNIOR et al
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,
1998; RODRIGUES E NAVE, 2000), pois o
conhecimento disponível sobre as formações remanescentes ainda não nos permite avançar nas
suposições sobre os mecanismos reguladores da biodiversidade nesses fragmentos (GANDOLFI
et al., 1995; SALIS et al., 1995; METZGER et al., 1997; TORRES et al., 1997; TABARELLI E
MANTOVANI, 1998; RODRIGUES E SHEPHERD, 2000) e nem como as alterações recentes e
perturbações periódicas interferiram nos processos da dinâmica florestal, determinando a
resiliência e sustentabilidade dessas áreas (CASTELLANI E STUBBLEBINE, 1993; SANTOS et
al., 1996; VIANA E TABANEZ, 1996; TABANEZ et al., 1997; RODRIGUES, 1999).
Dessa forma, a dedicação dos botânicos e ecólogos para a descrição dos elementos e
processos ocorrentes nesses remanescentes precisa ainda ser incentivada. Este conhecimento é
primordial para o estabelecimento de ações pertinentes de conservação, manejo e recuperação
destas formações e estabelecimento de indicadores para avaliação e monitoramento dessas áreas
remanescentes (WHITMORE, 1989
;
; CONDIT 1995, 1998
;
; TOMÁS, 1996).
Nesta conjuntura, trataremos do Parque Estadual dos Pireneus que tem a função de
preservar, fauna, flora e mananciais, como as nascentes do Rio das Almas e do Rio Corumbá, foi
criado pela Lei n. 10.321 de 20 de novembro de 1987, e delimitado numa área de 2.833 ha, pelo
Decreto n. 4.830, de 15 de outubro de 1997. Este Parque ajuda na preservação dos tios naturais
de relevância ecológica e histórica (VIA ECOLÓGICA, 2005).
Pretende-se, portanto, mapear as formações vegetais do Parque, indicando quais são as
espécies que merecem destaque especial, pois mesmo sendo uma área prioritária para
conservação e uso sustentável da biodiversidade segundo o Ministério do Meio Ambiente, não
existem mapas detalhados sobre a vegetação da área. Este destaque especial é referente a
inferências sobre o estabelecimento de espécies destas formações que sirvam de indicadores de
avaliação e monitoramento de conservação dessas áreas remanescentes.
Isto é necessário porque algumas particularidades sociais são tangíveis ao contexto
ambiental do PESP. Toda a região do Parque e seu entorno é uma localidade de forte atração
turística, folclórica e religiosa, trazendo, então, várias pressões antrópicas para a área. Suas
belezas naturais, mais de 26 cachoeiras de águas nascentes nesta Serra e famosas formações
rupestres, entre elas a Cidade de Pedra, o Morro do Cabeludo e os Três Picos o atrativos à
70
população (DELPRETE et al., 2004). Ainda, a cidade de Pirenópolis foi tombada como
Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro em 1989 e conquista visitantes com suas tradições e
festas como Cavalhadas e Festa do Divino, casarões do século XVIII, igrejas centenárias, feiras e
lojas de artesanato, restaurantes populares e pousadas elegantes e sofisticadas (BENTO, 2005).
Juntamente com os visitantes vem a degradação ambiental.
Além de verificar a representação de cada fitofisionomia, o presente estudo é importante
para futuras pesquisas no Parque, pois servirá como base de dados para profissionais ambientais,
bem como servir para orientar os planos de manejo do mesmo. E frente às rápidas mudanças
climáticas desta época, jamais observadas até então, trabalhos florísticos provavelmente
amostrarão espécies extintas daqui alguns anos, pois não haverá tempo hábil para a adaptação de
todas as populações vegetais.
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1 Parque Estadual dos Pireneus
É necessário comentar sobre o nome do Parque. Popularmente é conhecido como Parque
dos Pireneus, seu nome de batismo é Parque Estadual da Serra dos Pireneus, porém, nos papéis,
perante a política, seu nome é Parque Estadual da Serra dos Pirineus. Além de que Pirineus com
“i” fora um problema de datilografia em seu registro. Para não haver discussões a respeito da
referência ao Parque utilizaremos seu nome atual, isto é, a nomeação que a população local
aparentemente mais aceita, Parque dos Pireneus, ou Parque Estadual dos Pireneus, possivelmente
abreviando-o por PESP.
O Parque Estadual dos Pireneus localiza-se aproximadamente entre as
coordenadas15°46’S - 15°51’S e 48°48’W- 48°54’W, a 16 km de distância da cidade de
Pirenópolis, Estado de Goiás, com a altitude mínima de 700 m próximo a cidade de Pirenópolis e
máxima de 1385 m, no Pico dos Pireneus. A região a ser estudada compreende áreas de cerradão
(floresta úmida semidecídua), cerrado, campo sujo, campo limpo, campo úmido, floresta de
galeria, vereda e as formações rupestres (cerrado de altitude e campo de altitude). (GOMES-
KLEIN et al., 2004).
71
Os campos ou cerrados rupestres têm se apresentado em áreas próximas e separadas,
distintas quanto à função de regime de luz e água, deciduidade das espécies e características das
formações rupestres, mas apresenta padrões de desenvolvimento semelhantes entre si, mesmo
com florística, condições bióticas e abióticas aparentemente diferenciadas.
Por isso, pretende-se aumentar a capacidade de definição e delimitação destas formações
fitofisionômicas quanto a aspectos da vegetação. No entanto, devemos salientar que outros
fatores podem influenciar estas formações:
-. altitude
limites altimétricos entre cerrado
sensu stricto
e cerrado de altitude, a serem
observados em campo com auxílio de GPS e altímetro de precisão;
-. tipo de solo ou afloramentos rochosos;
-. composição física e química do solo;
-. precipitações, retenção hídrica;
-. exposição solar;
-. e outros, como vento, por exemplo.
Miller et al (2007) as chamam de variáveis ambientais, dizendo que estes fatores como
precipitação, temperatura e elevação e ainda processos bióticos são os responsáveis pela
formação em mosaicos da vegetação, mas a dependência espacial destas formações a
determinados fatores resultam destas variáveis e outras imensuráveis variáveis peculiares a cada
forma da vegetação.
As áreas do entorno do Parque dos Pireneus podem ser consideradas conservadas,
tornando-se potenciais “corredores” para fluxos gênicos até outras Unidades de Conservação.
Ainda foi criada uma APA (área de proteção ambiental), com cerca de 22.500 ha em volta do
Parque para assegurar a proteção de suas várias características ameaçadas.
Neste contexto, com o mapeamento das fisionomias vegetais do Parque; a amostragem de
áreas remanescentes e de trechos bem conservados pertencentes a diferentes fitofisionomias; o
estudo florístico dos campos rupestres e a constatação das espécies comuns, específicas,
endêmicas, raras ou ameaçadas tornam-se excelentes instrumentos para definições teóricas,
práticas e metodológica da conservação e restauração da área, bem como do seu entorno.
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Levantamentos florísticos anteriores
Além das viagens históricas efetuadas na região dos Pireneus, por vários pesquisadores
como Saint Hillaire, Pohl, Ule e Irwin, a área do Parque foi abordada no Plano de coleção da
Flora do Estado de Goiás: Coleção Rizzo - como Estação n. 6, onde algumas espécies foram
coletadas (RIZZO, 1981).
Houve um levantamento florístico em áreas de campo e cerrado rupestre nos limites do
Parque onde foram selecionados seis pontos amostrais e onde foram encontradas 395 espécies
(160 identificadas até nível de espécie e 80 até neros), distribuídas em 132 gêneros e 61
famílias (MIRANDA et al, 2004).
Um outro levantamento florístico preliminar das espécies encontradas na área do Parque
foi realizado com consultas aos acervos dos herbários NY, UB, UFG, CEN e IBGE, sendo que
identificações também foram efetuadas por especialistas em cada família. Os levantamentos dos
herbários UB e UFG efetuados durante 2002-2003 foram coordenados por V. L. Gomes-Klein da
UFG. O levantamento no herbário NY foi efetuado por meio das cadernetas de campo de Irwin e
Anderson, e foi realizado durante 2003-2004 por P. Delprete em colaboração com a equipe de
botânicos e estudantes da UFG. Nesse estudo as informações das amostras contidas nas
cadernetas de campo foram analisadas e inseridas em um banco de dados, totalizando
informações de aproximadamente 5.000 amostras (DELPRETE et al., 2004; GOMES-KLEIN et
al., 2004).
Neste trabalho, ao final das etapas de identificações das fanerógamas coletadas foram
encontradas amostras de 129 famílias, 526 gêneros e aproximadamente 1600 espécies,
determinadas por especialistas (DELPRETE et al., 2004; GOMES-KLEIN et al., 2004).
Apesar do alto número de espécies encontradas na área, de acordo com Delprete
(2004) e Gomes-Klein (2004), espera-se que a quantidade e diversidade de espécies continue
sendo descoberta, isto é, inventariada, pois consideram que:
A).várias áreas da região em estudo ainda não foram sistematicamente coletadas;
B) as famílias maiores (e.g., Leguminosas, Asteráceas, Gramíneas, Orquidáceas e Melas-
tomatáceas) ainda precisam de coleções adicionais e;
C) muitos exemplares da maioria das famílias continuam indeterminados.
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Estudo de campos rupestres no Estado de Goiás
Em reunião da Sociedade Brasileira de Botânica realizada em julho de 2002, durante o
53° Congresso Nacional de Botânica, foi solicitado que as Universidades do Centro-Oeste
pesquisassem os campos rupestres, visto que muito se tem feito nos Estados de Minas Gerais,
Bahia e São Paulo, porém, onde maior ocorrência desta formação, pouco tem sido feito.
Formações ameaçadas, pois algumas áreas são remanescentes mais extensos, geralmente
protegidos na forma de Unidades de Conservação, inseridos numa matriz produtiva
extremamente alterada pela ação antrópica e pulverizada com pequenos remanescentes,
comumente muito degradados. Nas últimas décadas têm sido publicados muitas floras e flórulas
na tentativa de ampliar o conhecimento sobre a composição de campos rupestres brasileiros
(HARLEY E SIMMONS,1986; GIULIETTI et al. 1987; PIRANI et al. 1994, STANNARD 1995;
ROMERO E NAKAJIMA, 1999).Tais estudos demonstram altos índices de endemismos para
este tipo de vegetação com condições ecológicas particulares.
No Parque Estadual dos Pireneus encontramos a área de entorno em crescentes avanços de
degradação, desde mineração à utilização da área para exploração turística desequilibrada.
Em Goiás, a presença de remanescentes vegetacionais de diferentes unidades fisionômicas
ocorrendo muito próximos entre si contribui para a viabilidade de pesquisas simultâneas nas
diferentes fitofisionomias. Considerável produção científica de formações rupestres é oriunda do
Distrito Federal, realizadas principalmente pela equipe da UnB.
O presente estudo virá contribuir para um melhor detalhamento além das unidades
fitogeográficas, isto é, mais específico, visto a peculiaridade de mosaicos fisionômicos do
Parque.
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O mapeamento das fitofisionomias foi realizado utilizando-se o datum SAD-69 e projeção
do sistema de coordenadas Universal Transverse de Mercator (UTM), da região 22 Sul, no
entanto, para a produção dos mapas utilizou-se a projeção Latitude e Longitude (Lat/Long), pois
as fontes de dados preliminares utilizaram predominantemente UTM e botânicos e ecólogos
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usam, em geral, o sistema Lat/Long. Uma vez que a finalidade deste mapeamento é servir de base
de dados para estes profissionais, optou-se pelo processamento dos mapas em projeção Lat/Long.
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1 Mapeamento de unidades fitofisionômicas da área do Parque
A princípio foram utilizados mapas da delimitação do Parque Estadual da Serra dos
Pireneus, obtidos na Prefeitura Municipal de Pirenópolis, e no Centro de Atendimento ao Turista
de Pirenópolis e ainda outros mapas temáticos cedidos pelo IBGE e Agência Ambiental de Goiás,
ambos em Goiânia.
A partir de 2006 foram sendo utilizados mapas digitais disponibilizados pelo SIEG (2006)
em arquivo compactado (DBF, SHP, SHX), associadas com verificações de campo referentes à
delimitação do Parque, pontos de coleta e outras averiguações. Foi empregado um receptor GPS
(Global Positioning System) de navegação, de 12 canais com antena interna e resolução de
aproximadamente 10 metros. Os dados altimétricos dos pontos amostrados foram anotados de
acordo com o altímetro de precisão de até 6.000 m. Foram amostrados mais de 200 pontos no
interior do parque, seus limites e entorno que foram consecutivamente plotados nos mapas
digitais para verificar se os pontos amostrados encontravam-se dentro ou fora dos limites do
parque. Os mapas foram tratados pelos softwares ArcView e ArcGIS. O mapa obtido permitiu
delimitar didaticamente a região Norte e a região Sul como sendo divididas pela estrada que corta
o parque, chamada estrada-parque.
Adotou-se para o presente estudo as categorias de aspecto fitofisionômico, nas chamadas
de unidade de paisagem - geofácie e até unidades de paisagem - geótopo por Bertrand (1972).
Para o autor as unidades de paisagem podem ser divididas em seis grandezas. Entretanto, estes
termos usados para parâmetros geo-físicos foram adaptados em termos usados para vegetação e
trabalhos botânicos, baseando-se em Fernandes (2006).
A caracterização fitogeográfica no Parque dos Pireneus se torna muito ampla e por isto o
presente trabalho baseia-se no fato de que o estudo de uma determinada formação vegetação pode
ser feito pela observação de três aspectos: (i) aspecto fisionômico trata-se da aparência que a
vegetação exibe e que resulta do conjunto das formas de vida das plantas; (ii) aspecto estrutural
(sinúsia) trata-se da ordenação das diferentes formas de vida que compõem as vegetação e que
se faz de maneira estratificada; e (iii) aspecto da composição trata-se da composição florística
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constituinte da vegetação. Mesmos aspectos utilizados por Mendes (2004) na caracterização das
formações de sua pesquisa.
A respeito destes vários aspectos, as florestas de galeria e áreas de cerradão foram duas
das unidades previamente mapeadas, por se tratar de formação florestal. A delimitação entre
estas, entretanto, só foi possível após visitações, pois observa-se que os cursos d´água geralmente
encontram-se em áreas íngremes, adotando-se então, aproximadamente 30 m como medida de
demarcação para cada lado dos riachos, a faixa protegida por lei (BRASIL, 1965; 2001), caso não
houvesse simbólicas alterações no ambiente pertinentes à formação vegetal.
Durante as missões de campo foi coletado material botânico em estado fértil para
herborização conforme as técnicas usuais hoje empregadas, com a finalidade de orientar as
caracterizações e pré-definições das fitofisionomias da área. Este material foi analisado,
identificado e comparado a materiais do Herbário da UFG e da UnB para auxiliar na classificação
das fitofisionomias de cada mapa temático. Posteriormente as duplicatas destas coleções serão
depositadas no Herbário da ESALQ e UFG.
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2 Florística das fitofisionomias e dos campos rupestres
Dentro do Parque Estadual dos Pireneus as áreas amostradas de campos rupestres foram
definidas segundo o estado de conservação, a representatividade regional das características do
ambiente (tipo de solo, declividade, condição fitogeográfica na paisagem, interações ecotonais,
etc.) e as condições de acesso.
No que se refere à conservação, foram pré-definidas áreas centrais (
core
) na unidade de
conservação, evitando-se áreas muito próximas a limites de estradas ou da BR-070 que faz limite-
norte com o Parque, e evitando-se outras possíveis áreas de influência indesejáveis, como
descargas de águas superficiais, áreas de pastagens, áreas de cultivo, áreas de retirada de areia das
nascentes etc. Isto, devido à pretensão de ampliação do estudo para áreas de parcelas
permanentes para prováveis estudos fitossociológicos e sucessionais em trabalhos de populações
mais raras e futuras comparações (CONDIT, 1998; HUBBELL et al., 1999; PARCELAS
PERMANENTES, 2004). O sensoriamento remoto (EVERITT et al., 1991; EVERITT E
ESCOBAR, 1996; COUTO et al., 2000) também é usado como metodologia para a definição das
áreas amostrais na unidade de conservação.
76
Outros mapas do SIEG (2006) e da Ancia Ambiental foram consultados com o objetivo
de verificar a rede hidrográfica, a fitogeografia e aspectos topográficos, além de visualizar os
limites, trilhas de acesso e pontos de referência. Alguns mapas foram obtidos do Plano de Manejo
do Parque Estadual da Serra dos Pirineus na Consolidação dos subsídios da oficina de
planejamento cedidos pela Agência Ambiental de Goiás. Ainda foram feitas verificações, em
campo, de trechos pré-determinados definidos na imagem de satélite, a fim de se certificar que o
trecho escolhido atende aos pré-requisitos estabelecidos para a seleção.
A listagem florística das fitofisionomias amostradas neste trabalho foi elaborada e baseada
no sistema APGII (Angiosperm Philogeny Group II) verificadas para plantas nativas brasileiras,
de acordo com Souza e Lorenzi (2005), com exceção de Leguminosae e subfamílias. Os
espécimes nativos pertencentes a Pteridófitas foram tratados conforme indicações taxonômicas
dos especialistas. As famílias de Gimnospermas não foram abordadas, mesmo estando presentes
dentro do parque, pois, assim como algumas espécies de Agaváceas (Angiospermas)
instaladas, são espécies ornamentais e introduzidas pelo homem que não foram estudadas por não
serem naturais deste bioma.
As espécies vegetais citadas no texto não estão acompanhadas dos respectivos autores
porque os mesmos encontram-se na lista florística.
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3 Apontamento das peculiaridades vegetais da área
Foram abordadas, coletadas e identificadas as espécies mais comuns, isto é,
freqüentemente encontradas nas áreas dos campos rupestres estudadas.
Comparações florísticas de todo o material botânico coletado foram efetuadas junto ao
acervo do Herbário da UFG e da UnB na tentativa de determinar as espécies específicas dos
campos rupestres.
Espécies vegetais consideradas raras ou ameaçadas no Estado de Goiás foram indicadas
pelos especialistas, se existentes na área do Parque.
Fez-se considerações sobre espécies vegetais endêmicas da Serra dos Pireneus ou do
Estado. É importante informar que tanto as plantas mais raras, quanto as endêmicas e as
específicas dos campos rupestres são predominantemente espécies herbáceas. Estes
levantamentos foram efetuados através das coletas locais e análises das amostras determinadas
por alguns especialistas.
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Admite-se que dentro do bioma, na sua área central (região Centro-Oeste), o Cerrado
ocupa cerca de 150 milhões de hectares (RIZZINI, 1997). Ao lidar com o bioma é necessário
fazer observações a fim de se fazer compreender suas classificações desde as mais abrangentes
até as mais específicas.
Inicialmente é preciso fazer a distinção entre “tipo” de vegetação e “forma” de vegetação,
muito confundida entre botânicos. Eiten (1979) aborda o tema e exemplifica como tipos de
vegetação brasileira as formações do cerrado, da região amazônica, mata atlântica, caatinga.
Configurando os termos muito utilizados em instituições de ensino fundamental e médio.
Contudo, o mesmo autor coloca que cada um destes “tipos” ocorre em uma ou mais “formas”
como mata alta, mata baixa, mata com emergentes, savana arbórea, campo sujo, campo limpo,
dentre outras e chama estas “formas” de fisionomias. Hoje existe preferência ao uso do termo
floresta no lugar de mata dentre diversos autores da área, no entanto, ainda é facultativo.
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1 Categorias abrangentes de unidades de paisagem
Nas categorias superiores do meio físico as unidades de paisagem propostas por Bertrand
(1972), pode-se identificar a área estudada pertencente às seguintes unidades geográficas e físicas
de paisagem: Zona Tropical Meridional (I); Domínio Tropical Meridional (II); Planalto Central
(III).
No entanto, tratando-se de unidades de vegetação propriamente ditas, a categoria II,
segundo Ab
Sáber (1970) enquadra-se em Domínio de Cerrado e conforme Fernandes (2006) em
Domínio dos Chapadões Tropicais com denominação geral de Cerrado.
Na categoria III, de região ou província geomorfológica, Rizzini (1979) confere a região
como Austro-Brasileira e no próprio sistema de classificação do autor está como Subprovíncia do
Planalto Central. Já Ab’Sáber (1970) e Fernandes (2006) tratam como província fitogeográfica, a
Província Central ou dos Cerrados e subenquadrada como Setor do Planalto.
Na primeira divisão fitogeográfica realizada para a região, o sistema de classificação de
Martius-1824 a coloca como Oréades (Fernades, 2006). Também chamadas de províncias
oreádicas por Martius (1906).
78
Fitogeograficamente a região do Parque Estadual dos Pireneus também está inserida em
Savana, sendo Savana Arborizada (Cerrado) e Savana Florestada (Cerradão) (FERRI, 1977;
RIZZINI, 1997). Savana Arborizada pode chegar a ser um simples campo sujo, com apenas
arbustos mal desenvolvidos e esparsos por cima de gramíneas. Existe Savana Florestada, um tipo
de floresta que se distingue pelo aspecto ou fisionomia e, principalmente pela sua composição
florística nas áreas mais baixas do Parque. Neste caso, é possível considerar como Savana
Florestada a formação constituída por árvores e arvoretas aproximadas sobre um sub-bosque
arbustivo, formando uma cobertura rala onde as copas das árvores podem se tocar ou não
(RIZZINI, 1997). Estes termos não são muito aceitos por admitirem conceitos de caráter
fisionômico, não envolvendo o caráter estrutural, as formas de cerrado que estariam abrangidas
nesta definição.
É importante informar que as denominações dessas formações evoluem, segundo
Coutinho (1978), de tabuleiro (SAINT-HILAIRE, 1937; MARTIUS, 1951), passando para campo
ou campestre (WARMING, 1908), depois a campo-cerrado (ALVIN, 1954; AUBRÈVILLE,
1961; HUECK, 1972) e finalmente a cerrado ou cerrado
sensu lato
(FERRI, 1977; COUTINHO,
1976 e outros), que hoje é a designação mais genérica da formação.
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2 Categorias específicas de unidades de paisagem
Trata-se da outras três categorias inferiores: ecossistemas, fitofisionomias e áreas
relictuais ou endêmicas. Neste estudo, para fins do mapeamento, as categorias mais específicas
enquadraram todas as categorias específicas de níveis superiores, da seguinte forma:
Ecossistema
Fitofisionomia
Áreas relictuais
Cerradão Cerradão
Cerradão
Cerrado
Cerrado rupestre
Campos-cerrados
Campo-cerrado
Campo sujo Campo sujo
Campo rupestre
Campo úmido
Campo úmido com murunduns
Campo limpo
Vereda Vereda
Mata de galeria
Mata de galeria
Área degradada
Área degradada em recuperação
Área degradada em recuperação
Manchas vegetacionais
Cerrado
Cerrado sensu stricto; Cerrado
Campo ou campo-limpo
Campo
Figura 4.1- Quadro de apresentação de ecossistemas, respectivas fitofisionomias
e áreas relictuais para fins de mapeamento das formações vegetais.
79
4.4.2.1 Categoria dos ecossistemas
Ao se tratar de ecossistemas, a vegetação apresenta escleromorfia e está constituída por
dois conjuntos fisionômico-florísticos distintos, representados por um padrão arbustivo (Cerrado)
e outro arbóreo (Cerradão), sempre acompanhados por formações campestres, cujas espécies se
interpenetram nos espaços existentes entre seus componentes. Desta forma, Fernandes (2006)
aborda quatro definições, das quais todas são encontradas no PESP, são elas: cerrado, cerradão,
campo e manchas vegetacionais (Fig. 4.2). Vale comentar que o termo manchas vegetacionais é
usado porque não diz respeito a formações que muitas vezes são enquadradas como cerrado
sensu
lato
.
Para Coutinho (1976), o cerrado
sensu lato
inclui os campos limpos, campos sujos, os
campos cerrados, os cerrados
sensu stricto
, mas também os cerradões. Partindo-se da definição
de cerrado sendo imprópria se analisada apenas pela florística ou apenas pela fisionomia,
Coutinho (1978) o define como “complexo de formações oreádicas, que vão desde o campo
limpo até o cerradão, representando suas formas savânicas (campo sujo, campo cerrado e cerrado
sensu stricto
) verdadeiros ecótonos de vegetação, entre aquelas duas formas extremas (campo
limpo e cerradão)”. Aqui considera-se ecótono como zona de transição entre comunidades
ecológicas ou biomas adjacentes, desta forma algumas espécies estão presentes em mais de uma
fisionomia.
Dentro do Parque, encontramos quatro ecossistemas: cerradão (8,0%), cerrado (25,7%),
campo (41%) e manchas vegetacionais (veredas e matas de galeria) (18,7%), que podem ser
observados na figura 4.2.
Inicialmente relacionamos os ecossistemas (categoria IV) e definimos como é possível
diferenciá-los ecologicamente.
Cerradão: distingue-se de outras fisionomias por apresentar um caráter florestal (Fig.
4.3), tendo seus elementos um maior desenvolvimento, graças às condições mais favoráveis
ligadas a solo profundo, nutrição mais rica e camada de folhas em decomposição (serapilheira).
O sombreamento em seu subbosque, como resultante da formação de dossel, também é
considerado um fator importante na determinação do conceito de cerradão, de acordo com Sano
et al. (1998). Isto pode ser observado na época da estação seca, mesmo com algumas espécies
caducifólias, conforme o observado na figura 4.3.
80
Figura 4.2 – Representação dos ecossitemas do Parque e respectivos polígonos correspondentes às fitofisionomias nele contidas
Projeção
Lat/Long
81
Figura 4.3 - Formação de cerradão na estação seca, onde pode-se observar espécimes
caducifólias, semicaducifólias e encontramos sombra na área abaixo do dossel.
Cerrado: distingue-se dos outras fisionomias (i) por formar um padrão inconfundível
pelas particularidades organográficas e oligotróficas (escleromorfismo, nanismo e consistência
das folhas), é caracterizado pela estrutura biestratificada (ii) e extensivamente particularizada
pelo estrato inferior dominado pelas herbáceas e pelo pequeno espaçamento entre as plantas
(FERNANDES, 2006).
Campo: corresponde a um conjunto vegetacional com fisionomia acentuadamente baixa,
com forte dominância de plantas herbáceas. De acordo com Fernandes (2006) no Planalto Central
é denominado de campo oreádico por representar formação campestre de altitude, em regra
assumindo uma feição própria, compondo um manto herbáceo de ampla extensão. O autor ainda
coloca que ao prevalecer um quadro pedregoso seja pela concreção ferrosa formando couraça,
seja pelos afloramentos quartzosos mostrando um solo arenoso, pode receber a denominação de
campo rupestre.
Convém ressaltar que o Parque Estadual dos Pireneus, conforme lei federal, tem função de
preservar fauna, flora e mananciais, de forma que a proposição de uso de solo (Fig. 4.4) e
mapeamentos gerais de Brandt et al. (2006) e Souza e Lemos (2006) representam pastagens
permanentes (em cinza) na área norte do Parque, outra maior área como pastagens naturais e uma
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minoria de culturas. Estimulam indiretamente, então, a população do entorno a degradar o Parque
que alimenta bovinos e eqüinos neste ecossistema e alteram o equilíbrio ecológico, tornado
ameçado o habitat de várias espécies endêmicas e sob proteção.
Figura 4.4 - Adaptado de Souza e Lemos (2006), Uso do solo, capítulo do Meio Biótico
Manchas Vegetacionais: seguindo Fernandes (2006), dependendo das condições
edáficas, hidrológicas ou mesmo topográficas, encontram-se penetrações florestais ou encraves
de matas úmidas ou secas nas regiões montanhosas e nas margens dos rios (
florestas de galerias
),
procedentes das formações vizinhas (Província Amazônica ou Atlântica). Nesta unidade de
paisagem é possível enquadrar ainda as
veredas, matas de galeria
e
matas ciliares
, conforme
conceitos de Ribeiro e Walter (1998), fitofisionomias comuns em áreas do Parque Estadual dos
Pireneus e adotadas neste estudo.
Área degradada: são determinadas extensões do local estudado que apresentam-se
alteradas por variadas pressões antrópicas, desde a instalação de pastagens até o pisoteio e
compactação por parte de eqüinos e bovinos. Áreas que gradativamente estão enquadrando-se em
áreas em recuperação.
Após estas definições, verifica-se que não é possível diferenciar cerradões de manchas
vegetacionais no Parque, nem pelas imagens de satélites, nem a maiores distâncias, a
83
diferenciação destes ecossistemas é e deve ser baseada em visitas aos locais e a florística
característica destas formações.
As áreas de cerradão são de florestas semidecíduas em ambientes variados, ás vezes com
afloramentos rochosos quando em áreas de declive e com micro-ambientes não dependentes da
água dos córregos, como é o caso das muitas epífitas encontradas neste ecossistema.
Já as florestas ou matas de galerias foram definidas devido à sua associação a um curso de
água perene ou não e a influência da umidade pertinente ao mesmo. É notável a influência do
terreno, cheio de ravinas ou “grotas”, na definição espacial das matas de galeria. Nestas áreas
encontramos micro-ambientes relacionados à água proveniente de “olhos d
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água” ou “minas”, as
nascentes em terrenos mais elevados. Estes micro-ambientes parecem estar relacionados ao
ambiente sempre úmido e ao sombreamento, por isso são frágeis à ação humana e merecem
melhores estudos.
4.4.2.2 Categoria das fitofisionomias
Neste estudo abordou-se apenas o aspecto fitofisionômico devido a limitações temporais
aos estudos florísticos e estruturais (fitossociológicos).
A partir dos conceitos gerais de cada formação encontramos dentro do Parque as oito
unidades fitofisionômicas descritas e discutidas a seguir: cerradão (8,0%), cerrado (21,3%),
campo-cerrado (4,5%), campo sujo (9,3%), campo (31,7%), vereda (1,6%), e mata de galeria
(17,2%), sendo o restante de áreas degradadas.
A fitofisionomia cerradão:
O cerradão apresenta sua composição florística diferenciada e suas árvores também
apresentam esclerofilia. Seus principais representantes são (iii):
Sclerolobium paniculatum,
Salvertia convallarieodora, Caryocar brasiliense, Bowdichia virgilioides, Agonandra
brasiliensis, Copaifera langsdorfii, Diospyros burchelli, Plenckia populnea
. Neste caso
consideramos como fisionomia o ecossistema cerradão anteriormente descrito. Os munícipes do
parque tratam esta formação de cerradão como ¨mata seca¨.
As fitofisionomias no ecossitema cerrado:
Dentro do cerrado (ecossistema) podemos encontrar enorme variabilidade paisagística
aparecendo como estrutura de cerrado
sensu stricto
ou de campos-cerrados (COUTINHO, 1978;
84
FERNANDES, 2006). Tais formas estruturais ora aparecem em continuidade, ora em dispersão,
na dependência de fator pertubador e de solos compactos ou porosos que os tornem mais secos
por um período prolongado (RIZZINI, 1979).
O cerrado
sensu stricto
ou apenas cerrado constitui-se numa formação vegetal com
significativa expressão imposta no espaço campestre marcado por seus elementos arbustivos,
entremeados por árvores pequenas, subarbustos e cipós (Fig. 4.5). No PESP apresenta como
espécies bem representativas (iii):
Qualea grandiflora, Qualea parviflora, Connarus suberosus,
Bowdichia virgilioides, Annona coriacea, Tabebuia ochracea, Zeyhera digitalis, Acosmium
dasycarpum.
Figura 4.5 – Cerrado
sensu stricto
: arbustos entre árvores tortuosas e estrato graminoso
Enquanto que os campos-cerrados mostram-se como uma forma empobrecida do cerrado,
onde prevalência de vegetação baixa, herbácea, sendo as formas arborescentes bem menores e
distanciadas (Fig. 4.6). Ribeiro e Walter (1998) tratam a mesma fitofisionomia como cerrado
ralo. No PESP as espécies mais comuns são:
Anemopaegma arvense
,
Casearia sylvestris,
Kielmeyera coriaceae, Trimezia juncifolia, Hortia brasiliensis, Coclospermum regium.
Esta
fitofisionomia geralmente se apresenta em faixas de transição entre o ecossitema cerrado
para
regiões do ecossistema campestre, em áreas onde provavelmente o solo vai se tornando mais raso
e pobre em nutrientes.
85
Figura 4.6 – Campos-cerrados em primeiro plano durante estação da seca
As fitofisionomias no ecossitema campestre:
O ecossistema campo esrelacionado a duas fisionomias gerais: campo ou campo limpo
e campo sujo (FERNANDES, 2006).
Campo sujo
apresenta vegetação campestre com denso manto graminoso, onde
sobressaem raríssimas árvores ou raros arbustos de pequeno porte. Conforme Fernandes (2006),
os campos sujos, em determinados locais se mostram intrincados devido á existência de
numerosos subarbustos e cipós rastejantes (Fig. 4.7).
Figura 4.7 – Campos sujos: arbustos, trepadeiras e estrato graminoso
Campo ou campo limpo – tem vegetação baixa, exibindo maciçamente um conjunto
herbáceo-graminoso, com raros subarbustos ou arbustos muito distanciados (Fig. 4.8). Reveste
grande extensão de solos bem compactos ou rasos, quase sempre cobertos por concreção
ferruginosa (lateritas), das antigas couraças formadas por debaixo dos níveis originais das
chapadas. Algumas vezes, há solos arenosos excepcionalmente com escassos subarbustos ou
86
plantas rastejantes. Sua flora depende das condições climáticas locais geradas pelas diferenças de
relevo, dentro da área geral do campo, e seus componentes revelam os variados caracteres
organográficos comuns: esclerofilia e microfilia dominantes (FERNANDES, 2006).
Figura 4.8 - Campos limpos: A) Vegetação apenas herbácea (em segundo plano); B) Vista de
área de campo limpo do alto do Pico dos Pireneus; C) Arvoreta de
Diospyros hispida
isolada em campo limpo; D) Campo limpo com presença de
Vellozias
As fitofisionomias no ecossitema com influência pluvial e fluvial:
As manchas vegetacionais, seguindo Fernandes (2006), dependendo das condições
edáficas, hidrológicas ou mesmo topográficas, encontram-se como penetrações florestais ou
encraves de matas úmidas ou secas nas regiões montanhosas e nas margens dos rios
(denominadas florestas de galerias Fig. 4.9), procedentes das formações vizinhas (Província
Amazônica ou Atlântica). Nesta unidade de paisagem enquadra-se ainda as veredas e matas
ciliares, conforme conceitos de Ribeiro e Walter (1998), Sampaio (1938) e Hueck (1972),
fitofisionomias comuns em áreas do Parque Estadual dos Pireneus.
87
Figura 4.9 – Florestas de galeria acompanham cursos de água com vegetação fechada
As veredas (Fig. 4.10) são aquelas regiões alagadiças ou brejosas em que encontramos a
dominância do buriti (
Mauritia flexuosa
), palmeira que muitas vezes alimenta araras e nos ocos
de seus estipes mortos abriga ninhos de aves. Nesta fitofisionomia do Parque também é freqüente
a ocorrência de pindaíba (
Xilopia emarginata
).
Figura 4.10 – Apresentação das veredas com a dominância dos buritis
Neste estudo abordou-se apenas o aspecto fitofisionômico devido a limitações temporais
aos estudos florísticos e estruturais (fitossociológicos).
88
No entanto, foi necessário diferenciar outras quatro áreas particularmente especiais:
cerrado rupestre, campo rupestre, campo úmido, campo úmido com murunduns, onde
encontramos espécies restritas a estes ambientes.
4.3.2.3 Categoria das áreas relictuais
Para fins de mapeamento todas as fitofisionomias anteriormente referenciadas foram
enquadradas como áreas relictuais, adotando-se a qualidade de preservação e conservação de uma
unidade de conservação, no caso o Parque dos Pireneus e também variadas condições de pressões
antrópicas pertinentes a ele.
Segundo Stouffer e Bierregaard (1995) esses grandes fragmentos são os que possuem a
maior capacidade de proteção da diversidade biológica das espécies. Contendo, ainda, maior
diversidade de habitat quando comparado com menores remanescentes vegetacionais
(SAUNDERS et al., 1991). E neste caso, a área em estudo é extremamente propícia a múltiplos
habitats.
Medina e Fernandes (2007) abordam o potencial natural de regeneração da vegetação
rupestre e a importância do banco de sementes nos afloramentos rochosos, de forma que estes
solos são os menos densos e os mais pobres em espécies do que solos de outras fisionomias
vegetacionais adjacentes. Entretanto os autores verificaram que são exatamente estes solos de
afloramentos que apresentam a maior proporção de espécies endêmicas e ameaçadas, sendo de
extrema importância para conservação da biodiversidade em campos rupestres.
Desse modo, analisa-se as seguintes propriedades do Parque:
Tabela 4.1- Áreas relictuais do PESP e respectivas áreas e porcentagens.
Áreas relictuais ou endêmicas
Área (hectares) Proporção do Parque
Cerradão 228 ha. 8,0%
Cerrado 62 ha. 2,0%
Cerrado rupestre*
541 ha. 19,0%
Campo-cerrado 127 ha. 4,5%
Campo sujo 264 ha. 9,5%
Campo rupestre*
287 ha. 10,0%
Campo úmido*
218 ha. 7,5%
Campo úmido com murunduns*
14 ha. 0,5%
Campo limpo 337 ha. 13,0%
Vereda 44 ha. 1,5%
Mata de galeria 487 ha. 18,0%
Área degradada em recuperação 185 ha. 6,5%
* Formações marcadas apresentam endemismos
89
As áreas onde encontram-se situações ecologicamente especiais são especificadas a seguir
e muitas vezes não são passíveis de identificação através de sensoriamento remoto disponíveis até
a presente data, apenas com confirmações por visitas
in loco
. Contudo, é possível identificar as
duas formações rupestres encontradas devido à exposição das rochas quartizíticas que, quando
dispostas em áreas íngremes responderam aos sensores dos satélites.
Em cerrado foi necessário enquadrar como áreas relictuais (geótopo - categoria VI) o
cerrado rupestre, visto que floristicamente diferenciam-se de cerrado
sensu stricto
e campos-
cerrados. E ainda dentro destas áreas podemos encontrar áreas onde são formados micro-climas
onde encontramos espécies que só encontram-se, provavelmente devido a pequenas áreas entre
os afloramentos rochosos e ao sombreamento da copa das arvoretas associado ao das rochas.
Adota-se como definição de cerrado rupestre a mesma usada para cerrado e campo-
cerrado, porém, nestas áreas encontramos um terreno com afloramentos rochosos (Fig. 4.11).
Figura. 4.11 - À esquerda - vista de um topo de área de cerrado rupestre com uma pessoa como
referência de tamanho; acima - vista íngreme do cerrado rupestre e à direita - visual
de uma área desta formação a kilômetros de distância
Nas fitofisionomias campestres foi necessário enquadrar como áreas relictuais (geótopo -
categoria VI) o campo rupestre, o campo úmido e o campo úmido com murunduns para a análise
das formações encontradas, visto que fisicamente e floristicamente diferencia-se de campo e
campo sujo.
O campo rupestre é a constituído por vegetação baixa, em conjunto herbáceo-graminoso,
com alguns subarbustos e trepadeiras escandentes que sobrepõe solos rasos, muitas vezes
90
arenosos e, no caso do Parque, quartzíticos com significativos afloramentos rochosos. Sua flora é
diferenciada, pois apresentam espécies rupícolas e outras condições climáticas locais específicas
geradas pelos afloramentos do relevo, de forma que seus componentes revelam variados
caracteres organográficos específicos como espécies rupícolas, armazenadoras e espécies ditas
“atmosféricas” (Fig.4.12).
Figura 4.12 - Campo rupestre: formação de arbustos e herbáceas em afloramentos rochosos.
A
Epistephium
sp. (Orchidaceae) raramente encontrada no Parque ocorre em áreas
rupestres com influência de água corrente perene ou não.
Algumas espécies são endêmicas de microclimas criados pelas rochas, de forma que estas
espécies precisam receber claridade intensa, mas não diretamente nelas, mantendo mais umidade
e matéria orgânica disponíveis para seu sustento (Fig. 4.13)
Figura 4.13 - Microclima de campo rupestre: mini-herbáceas endêmicas (
Anemia e Paepalanthus
)
Campo úmido ainda diferencia-se de
campo limpo
não pela florística destas áreas, mas
muitas vezes pelo espaçamento entre as herbáceas, ou seja, pela sua estrutura. O campo limpo é
91
um pouco mais aberto, sendo que o campo úmido encontra-se uma infinidade de herbáceas sob e
entre o estrato gramináceo (Fig. 4.14).
Figura 4.14 - Campo úmido na estação seca: A - fitofisionomia com domínio de gramíneas
(úmido); B - fitofisionomia sem domínio de gramíneas (estacionalmente seco)
O campo úmido com murunduns é uma formação especial encontrada em pequena área
dentro do parque e foi assim referenciada com base em Ribeiro e Walter (1998), pois
esparsamente distribuídos em meio ao campo úmido formação de pequenos morrotes onde
neles estabeleceram-se algumas espécies arbustivas e sub-arbustivas e não tão raro até algumas
arvoretas (Fig. 4.15).
Figura 4.15 - Campo úmido com murunduns: florística similar à de campo úmido com acréscimo
de algumas espécies arbustivas
4
4
.
.
4
4
.
.
3
3 Áreas rupestres e estudos florísticos
A partir do mapeamento e das noções preliminares de campo foram escolhidas as maiores
e mais peculiares áreas de formações rupestres, em estado conservado, para o estudo da sua
92
composição florística. Verificando por inferência, a auto-sustentabilidade dessas áreas de
formação rupestre (cerrados e campos de altitude) com restrições ambientais.
Até agora foram coletadas mais de 300 amostras de vegetais que em sua maioria foram
identificadas até família e grande parte até gênero.
No entanto, é possível verificar uma lista florística preliminar dos gênero e espécies mais
comuns e de fácil identificação:
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo
F
F
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Í
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Espécies____ Formação vegetal____ (Contínua)_________________
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Ruellia incomta (Nees)Lindau Campo rupestre divisa mata ciliar
Geissomeria pubescens Nees Campo rupestre divisa mata ciliar
Justicia cydoniifolia Griseb Campo rupestre divisa mata ciliar
Ruellia costata (Nees) Hiern Campo rupestre ocorre mata ciliar
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V
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Herreria sp.1 Campo rupestre
Herreria sp.2 Mata de galeria
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Alstroemeria burchellii Baker Cerrado rupestre - encosta da Serra
Alstroemeria gardneri Baker. Cerrado rupestre
Alstroemeria stenophylla M.C.Assis Campo rupestre
Alstromeria viridiflora Warm Campo rupestre
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Alternanthera brasiliana (L.) O.Kuntze Campo rupestre
Alternanthera brasiliana var. villosa (Moq.) O.Kuntze Campo rupestre
A. brasiliana var. maquinii (Webb ex. Moq.) Uline et Bray Campo rupestre
Alternanthera martii (Moq.) R.E. Fries Campo rupestre
Gomphrena lanígera Pohl ex Moq. Campo rupestre
Gomphrena officinalis Mart. Campo rupestre
Pfaffia denudata (Moq.) O.Kuntze Transição Campo rupestre Mata ciliar
Pfaffia jubata Mart. Campo rupestre
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Hippeastrum psittacinum (Ker Gawl.) Herb. Transição Campo rupestre em Mata ciliar
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Anacardium occidentalis L. Campo cerrado - Entorno do Parque
Tapirira cf. guianensis Aubl. Cerrado rupestre (quase sub-bosque)
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Annona crassiflora Mart. Cerrado sensu stricto
Annona coriacea Mart. Campo-cerrado, cerrado
Annona tomentosa R.E. Fries Campo rupestre e Campo sujo
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Cerradão e Cerrado sensu stricto
Xylopia emarginata Mart. Vereda ou nascentes planas
93
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuacão
A
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Eryngium horridum Malme Área degradada e campo sujo alagável
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Allamanda angustifolia Pohl Campo rupestre
Aspidosperma dasycarpon A. DC. Cerrado rupestre e campo rupestre
Aspidosperma macrocarpon Mart. Campo rupestre e cerrado rupestre
Aspidosperma tomentosum Mart. Cerrado rupestre
Hancornia speciosa Gomez var. gardnerii Müll. Arg Campo rupestre
H. speciosa Gomez var. pubescens (Nees & Mart.) Müll. Arg Campo rupestre
Mandevilla illustris (Vell.) R.E. Woodson Campo rupestre
Mandevilla myriophyllum (Taub.) R.E. Woodson Campo rupestre
Mandevilla velutina K. Schum Campo rupestre
Odontadenia lutea Markgraf Campo rupestre
Peltastis peltatus (Vell.) R.E. Woodson Campo rupestre
Prestonia acutifolia (Benth ex Müll Arg.) K. Schum. Campo limpo e mata ciliar
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Oreopamax sp. Campo rupestre
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Butia sp. Campo rupestre
Mauritia flexuosa L.f. Vereda
Syagrus sp. Campo limpo e campo rupestres
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Aristolochia filipendula Duch. Campo rupestre
Aristolochia galeata Mart.& Zucc. Campo rupestre
Aristolochia pyrenosa Taub. Campo rupestre
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Ageratum fastigiatum (Gard.) K. & H.Rob. Campo rupestre
Calea teucriifolia (Gard.) Baker Campo rupestre
Coniza sp. Campo e cerrado rupestres
Dimerostemma sp. Campo rupestre
Eremanthus glomerulatus Less Cerrado rupestre
Eupatorium cylindrocephalum Sch. Bip. ex Baker Campo e cerrado rupestres
Icthyothere sp. Campo rupestre
Mikania sp. Cerrado rupestre
Planaltoa salviifolia Taub. Campo rupestre
Vernonia aurea Mart. Campo e cerrado rupestres
Vernonia eitenii H.Rob. Cerrado rupestre
Vernonia fruticulosa Mart. ex DC. Campo e cerrado rupestres
Vernonia polyanthes Less Campo rupestre
Vernonia schwenkiaefolia Mart. ex DC. Campo e cerrado rupestres
Wunderlichia mirabilis Riedel & Baker Campo rupestre
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Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. ex de Souza Cerrado rupestre
Anemopaegma sp. Campo rupestre e áreas degradadas
Arrabidaea sceptrum (Cham.) Sandw. Campo e cerrado rupestres
Jacaranda simplicifolia K. Schum. Campo rupestre
Jacaranda ulei Bureau & K. Schum. Cerrado rupestre
Tabebuia ochraceae (Cham.) Standl. Campo rupestre,cerrado
Zeyheria digitalis (Vell.) L.B. Sm. & Sandwith Cerrado e campo rupestre
94
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuacão
B
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Blechnum sp. Mata de galeria ou veredas
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Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl. Campo rupestre
Eriotheca sp.
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Heliotropium sp. Campo sujo e áreas degradadas
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Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker Campo rupestre
Tillandsia barrosoae W.Till Cerrado rupestre
Tillandsia aff.didisticha (E. Morren) Baker Campo rupestre
Tillandsia lorentziana Griseb. Cerrado rupestre - rupícola
Tillandsia streptocarpa Baker Cerrado rupestre
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Budleja brasiliensis Jacq. Ex Spreng. Campo rupestre
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Burmannia sp.1 Campo úmido
Burmannia sp.2 Campo úmido
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Lobelia fistulosa Vell. Campo sujo-úmido e bordo de mata de galeria
Siphocampylus lycioides (Cham.) G. Don. Campo rupestre
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Caryocar brasiliense Cambess. Cerradão, cerrado, campo sujo, área degradada
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Plenckia populnea Reissek Cerradão e cerrado
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Hirtella glandulosa Spreng. Mata de galeria e campo e cerrado rupestres
Licania humilis Cham. & Schltdl. Campo rupestre
Parinari sp. Campo limpo e campo sujo
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Clusia sp. Cerrado rupestre
Kielmeyera abdita Saddi Campo rupestre
Kielmeyera coriaceae (Spr.) Mart. Campo e cerrado rupestres
Kielmeyera neriifolia Camb. Campo rupestre
Kielmeyera rubriflora Camb. Campo e cerrado rupestres
Kielmeyera speciosa St. Hil. Campo e cerrado rupestres
Kielmeyera variabilis Mart. Campo rupestre
Rheedia gardneriana Planch. & Triana Cerradão e mata de galeria
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Coclospermum regium (Mart. et Schr.) Pilger Campo rupestre
95
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuacão
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Commelina spp. Cerradão e mata de galeria
Dichorisandra spp. Cerradão e mata de galeria
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Connarus suberosus Planch. Cerrado sensu stricto
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Evolvulus logopodioides Meissn. Campo rupestre
Ipomoea squamisepala O'Donnell Campo e cerrado rupestres
Ipomoea tomentosa (Choisy) Hallier Cerrado rupestre
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Bulbostylis paradoxa (Spreng.) Lindm. Cerrado ruepstre
Bulbostylis paraensis C.B.Clarke Campo rupestre
Bulbostylis svensoniana Steyern. Campo rupestre
Cyperus haspan L. Campo rupestre
Cyperus . tener Osten ex Herter Campo rupestre
Eleocharis sp. Campo úmido
Pycreus flavidus (Retz) T.Koyama Campo rupestre
Rhynchospora consanguinea (Kunth.) Böeck Campo rupestre
Rhynchospora globosa (Kunth.) Roem.& Schult. Campo rupestre
Rhynchospora graminea Vatt. Campo rupestre
Rhynchospora robusta (Kunth.) Böeck Campo rupestre
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Davilla eliptica St. Hil. Campo e cerrado rupestres
Davilla rugosa Poir. Campo e cerrado rupestres
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D
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Dioscorea glandulosa Klotzshc Campo rupestre
Dioscorea lindmanii Uline ex R. Knuth Campo rupestre
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Drosera communis St. Hil. Campo úmido
Drosera montana St. Hil. Campo úmido
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Diospyros burchelli Hiern. Mata de galeria e cerradão
Diospyros híspida A. DC. Cerrado, campo-cerrado, cerrado rupestre
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Gaylussacia sp. Mata de galeria aberta e vereda
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Actinocephalus ramosus (Wikstr.) P.T. Sano Campo-cerrado, Campo e Cerrado rupestres
Eriocaulon sp. Cerrado, campo rupestre e campos
Paepalanthus eriocauloides Ruhland. Campo e Cerrado rupestres
Paepalanthus microcaulon Ruhl. Campo e Cerrado rupestres
Paepalanthus speciosus (Bong.) Körn Campo e Cerrado rupestres
Paepalanthus sp.
Syngonanthus fertilis (Köern.) Ruhl. Campo e Cerrado rupestres
96
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuacão
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Erythroxylum campestre St. Hil. Campo e Cerrado rupestres
Erythroxylum suberosum St. Hil. Campo e Cerrado rupestres
Erythoxylum subracemosum Turcz. Campo rupestre
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P
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Chamaesyce sp. Campo e Cerrado rupestres
Croton goyazensis Baill. Campo sujo, campo limpo e rupestre
Dalechampia caperonioides Baill. Campo e Cerrado rupestres
Dalechampia linearis Baill. Campo rupestre e área degradada
Julocroton humilis Müll. Arg. Campo rupestre
Manihot flemingiana Rogers & Appan. Campo rupestre
Maprounea guianensis (Aubl.) M. Arg. Campo rupestre
Phyllanthus dawsonii Steyerm. Campo rupestre
Sebastiania myrtilloides (Mart.) Pax. Campo e Cerrado rupestres
G
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Curtia tenuifolia (Aubl.) Knobl. Campo úmido
Deianira erubescens Cham. & Schltdl. Campo rupestre
Deianira spp. Campos e Campo-cerrado
Irlbachia speciosa (Cham. & Schl) Maas. Campo e cerrado rupestres
Schultesia gracilis Mart. Campo úmido
Schultesia guianensis (Aubl.) Malme Campo úmido e campo sujo
Schultesia pohliana Prog. Campo úmido
Schultesia sp. Campo úmido
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Goyazia rupicola Taub. Campo rupestre
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Curculigo scorzonerifolia (Lam.) Baker Campo limpo
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Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C. Sm. Campo rupestre
Salacia crassifolia (Mart. ex Schult.) G. Don. Campo rupestre
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Vismia decipiens Cham.& Schlecht. Área degradada e cerrado sensu stricto
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Emmotum nitens (Benth.) Miers Campo rupestre e cerrado sensu stricto
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Cipura flava Rav. Cerrado rupestre
Sisyrinchium incurvatum Gard. Campo rupestre
Trimezia juncifolia (Klatt.) Chuck. Campo limpo e campo rupestre
Trimezia sp. Campo limpo
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Eriope crassipes Benth. Campo e cerrado rupestres
Hyptis adpressa St. Hil. ex Benth. Cerrado rupestre
Hyptis asteroides A. St. Hil Campo rupestre
Hyptis cardiophylla Pohl. ex Benth. Cerrado rupestre
Hyptis conferta Pohl. ex Benth. Campo rupestre
97
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuação
(Lamiaceae)
Hyptis crenata Pohl. ex Benth. Campo rupestre
Hyptis interrupta Pohl. ex Benth. Campo rupestre
Hyptis linariodes Pohl. ex Benth. Cerrado rupestre
Hyptis lutescens Pohl. ex Benth. Campo rupestre
Hyptis nudicaules Pohl. ex Benth. Campo rupestre
Hyptis plectranlhoides Benth. Campo rupestre
Hyptis passerina Mart. ex Benth. Campo rupestre
Hyptis recurvata Poit. Campo rupestre
Hyptis saxatilis A. St.-Hil ex Benth. Campo úmido, bordo da mata de galeria
Hyptis cf. sinuata Pohl. ex Benth. Campo rupestre
Hyptis velutina Pohl. ex Benth. Campo rupestre
Hypenia brachystachys (Pohl. ex Benth.) Harley Campo rupestre
Hypenia durifolia (Epling) Harley Campo rupestre
Hypenia macrosiphan (Brig) Harley Campo rupestre
Hyptidendron canum Pohl. ex Benth. Campo rupestre
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Cassytha filiformes L. Campo rupestre
Nectandra spp. Cerrado sensu stricto
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Bauhinia bongardii Steud. Campo e cerrado rupestres
Bauhinia outimouta Aubl. Campo rupestre
Bauhinia goyazensis Harms Campo rupestre
Bauhinia longifolia D. Dietr. Campo rupestre
Bauhinia ungulata L. Campo rupestre
Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip. Ãrea degradada e campo rupestre
Chamaecrista nummulariifolia (Benth.) I.&B. Cerrado rupestre
Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene Área degradada e campo rupestre
Copaifera langsdorffii Desf. Cerradão, cerrado e mata de galeria
Hymenaea courbaril L. Mata de galeria e cerradão
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Cerrado s.s., cerrado e campo rupestres
Sclerolobium paniculatum Vogel Cerrado sensu stricto e cerradão
Sclerolobium aureum (Tul.) Benth. Cerrado sensu stricto
Senna rugosa (G.Don.) I & B. Campo-cerrado e cerrado sensu stricto
S. macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby Cerrado sensu stricto e cerradão
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Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev Cerradão e cerrado
Periandra mediterranea (Vell.) Taub. Campo rup., campo-cerrado, cerrado s.s.
Bowdichia virgilioides Kunth. Cerradão e cerrado sensu stricto
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Mimosa clausenii Benth. Campo e cerrado rupestres
Mimosa pyrenea Taub. Campo rupestre
Mimosa setosissima Taub. Campo rupestre e campo sujo
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Gelinsea spp. Campo úmido
Utricularia spp. Campo úmido
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Spigelia sp. Campos e área degradada
Strichnos pseudoquina St.Hil. Cerrado s.s.e área degradada
98
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuação
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Phthirusa ovata (Pohl) Eich. Cerrado rupestre
Psittacanthus sp. Cerrado, cerrado rupestre e campo sujo
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Cuphea erectifolia Koehne Campo e cerrado rupestres
Cuphea ferruginea Pohl ex Koehne Campo e cerrado rupestres
Cuphea linarioides Cham. & Schltdl. Campo rupestre
Cuphea pohlii Lourteig Campo rupestre
Cuphea spermacoce A. St.Hil. Campo rupestre
Diplusodon oblongus Pohl Cerrado rupestre
Diplusodon plumbeus T. Cavalcanti Campo e cerrado rupestres
Diplusodon strigosus Pohl Campo rupestre
Diplusodon virgatus Pohl Campo rupestre
Diplusodon villosus Pohl Campo rupestre
Lafoensia pacari St. Hil. Campo e cerrado rupestres, cerrado s.s.
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Banisteriopsis laevifolia (A.Juss) B. Gates Campo e cerrado rupestres
Banisteriopsis latifolia (A.Juss) B. Gates Cerrado rupestre
Byrsonima coccolobifolia H.B. &K. Campo e cerrado rupestres
Byrsonima cf. guilleminiana A. Juss. Campo e cerrado rupestres
Heteropteres spp. Campo rupestre
Peixotoa cordistipula A. Juss. Cerrado rupestre
Pterandra cf. pyroidea A. Juss. Campo e cerrado rupestres
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Peltaea polymorpha (St. Hil.) Krapov. & Crist. Cerrado e campo rupestres
Sida linifolia Cav. Campo rupestre
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Mayaca sp. Campo úmido
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Norantea spp. Campo rupestre
Schwartzia adamantium (Camb.) Gir.-Canas Cerrado e campo rupestres
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Cambessedesia hilariana (Kunth.) DC. Campo rupestre
Chaetostoma stenocladon (Naudin) Kosch & A.B. Martins Campo rupestre
Comolia lanceaeflora (DC.) Triana Campo rupestre
Leandra lacunosa Cogn. Cerrado rupestre, cerradão e mata de galeria
Macairea radula (Bonpl.) DC. Campo rupestre
Miconia albicans (Sw.) Triana Cerrado rupestre
Miconia ferruginata DC. Cerrado rupestre
Miconia pepericarpa DC. Cerrado rupestre
Miconia pohliana Cogn. Campo rupestre
Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. Cerrado rupestre
Miconia stenostachya DC. Cerrado rupestre
Microlicia fasciculata Mart. ex Naud. Campo rupestre
Microlicia helvola (Spreng.) Triana Campo rupestre
Microlicia viminalis (DC.) Triana Campo rupestre
Ossaea congestiflora (Naudin) Cogn. Cerrado rupestre
Rynchanthera grandiflora (Aubl.) DC. Campo rupestre
Tibouchina melastomoides (Naudin) Cogn. Campo rupestre
99
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuação
(Melastomatceae)
Tibouchina nodosa Wurdack Campo rupestre
Tibouchina papyrus (Pohl) Toledo Campo rupestre
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. Cerrado rupestre
Trembleya neopyrenaica Naud. Campo rupestre
Trembleya parviplora (D.Don.) Cogn. Cerrado rupestre
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Cissampelos sp. Campo rupestre
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Rapanea sp. Campo e cerrado rupestres
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Campomanesia pubescens (DC.) O.Berg. Campo sujo
Eugenia angustissima O.Berg. Campo rupestre
Eugenia cf. punicifolia (H.B. & K.) DC. Campo rupestre
Gomidesia sp. Cerrado rupestre
Myrcia cf. lasiantha DC. Campo e cerrado rupestres
Myrcia rubella Camb. Campo e cerrado rupestres
Psidium cf. australe Camb. Campo rupestre
Psidium cinereum Mart. ex DC. Campo rupestre
Psidium firmun Berg. Cerrado rupestre
Psidium myrsinoides Berg. Campo e cerrado rupestres
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Ouratea sp.1 Campo limpo, campo e cerrado rupestres
Ouratea sp.2 Campo-cerrado e campo sujo
Ouratea sp.3 Bordo de mata de galeria
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Ludwigia affinis (DC.) H. Hara Campo rupestre
Ludwigia elegans (Camb.) H. Hara Campo rupestre
Ludwigia nervosa (Poir.) H. Hara Campo rupestre
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Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook f. Cerradão e cerrado
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Cattleya walkeriana Gordn Campo rupestre
Cyrtopodium eugenii Rchb. F. Campo rupestre
Cyrtopodium pallidum Rchb. F. & Warm. Campo rupestre
Encyclia sp. Campo rupestre
Epidendrum avicola Jacq. Campo rupestre
Epidendrum nocturnum Jacq. Campo rupestre
Epistephium cf. sclerophyllum Lindl. Campo rupestre
Habenaria caldensis Kranz Campo rupestre
Habenaria graciliscarpa Barb. Rodr. Campo e cerrado rupestres
Habenaria humilis Cogn. Campo rupestre
Habenaria cf.obtusa Lindl. Campo rupestre e campo-cerrado
Habenaria orchiocalcar Hoehne Campo e cerrado rupestres
Habenaria sp.1 Campo rupestre
Habenaria sp.2 Campo rupestre
Liparis bifolia Cogn. Campo limpo e campo rupestre
Liparis sp. Campos
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Campo rupestre
100
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuação
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Buchnera palustris (Aubl.) Spreng. Campo rupestre
Estehazya splendida Mikan Campo limpo e campo úmido
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Oxalis sp.1 Campo rupestre e área degradada
Oxalis sp.2
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Phyllanthus orbiculatus Rich. Campo rupestre e Campo limpo
Richeria sp. Mata de galeria
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Scoparia dulcis L. Campo limpo e campo rupestre
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Agenium goyazense (Hack.) Clayton Campo rupestre
Andropogon leucostachyus (Hack.) Hack. Campo rupestre
Aristida riparia Trin. Campo rupestre
Artropogon villosus Nees Campo rupestre
Axonopus aureus Beauv. Campo e cerrado rupestres
Brachiaria sp. Áreas degradadas, campos, cerrado
Echinolaena inflexa (Poir.) Chase Campo e cerrado rupestres
Eragrostis compacta Salzm. Ex Steud. Campo rupestre
Eragrostis solida Nees Campo rupestre
Hyparrhenia bracteata Stapf. Campo rupestre
Hypogynium virgatum (Desv. ex. Ham.) Dendy Campo rupestre
Ichnanthus camporum Swallen Campo rupestre
Leptocoryphium lanatum (H.B. & K.) Nees Campo rupestre
Loudetiopsis chrysotrix (Nees.) Conert. Campo rupestre
Melinis minutiflora P. Beauv. Campo rupestre
Oplismenus hirtellus (L.) Beauv. Campo rupestre
Panicum chapadense Swallen Campo rupestre
Panicum pseudodisachne Mez Campo rupestre
Paspalum lanciflorum Trin. Campo rupestre
Paspalum stellatum Flueg. Cerrado rupestre
Rhynchelytrum repens (Willd.) C.E. Hubb. Campo rupestre
Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston Campo rupestre
Trachypogon mollis Nees Campo rupestre
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Roupala montana Aubl. Campo e cerrado rupestres
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Cephalostemon sp. Campo rupestre
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Alibertia edulis (Rich.) A.,Rich. ex DC. Cerrado s.s., cerradão e mata de galeria
Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum. Cerrado rupestre
Borreria verticillata (L.) G. Mey Cerrado rupestre
Galianthe cf. eupatorioides (Cham. & Schlecht.) Cabral Campo rupestre
Manettia sp. Campo rupestre
Palicourea coriacea (Cham.) K. Schum. Campo e cerrado rupestres
Palicourea officinalis Mart. Campo-cerrado, campo e cerrado rupestre
Palicourea rigida H. B. K. Cerrado rupestre
Sabicea brasiliensis Wernhm Campo e cerrado rupestres
101
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Continuação
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Galipea multiflora Schultes Campo rupestre
Hortia brasiliensis Vand. ex DC. Campo rupestre
Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mata de galeria
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Cupania vernalis Camb. Campo rupestre
Serjania velutinosa Camb. Campo e cerrado rupestres
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Casearia sylvestris Sw. Cerrado e campo rupestre
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Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Campo rupestre
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Anemia spp. Cerrado rupestre e Campo rupestre
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Anamaria sp. Bordo de mata de galeria
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Simaroubaceae indeterminada Cerrado rupestre
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Smilax fluminensis Steud. Campo rupestre
Smilax oblongifolia Pohl ex Griseb. Campo rupestre
Smilax polyantha Griseb. Campo rupestre
Smilax goyazana A. DC. Campo rupestre
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Solanum lycocarpum St. Hil. Campo rupestre
Solanum subumbellatum Roem. & Schult. Campo rupestre
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Melochia spicata (L.) Fryxell Campo rupestre
Melochia villosa (Mill.) Fawc. & Rendl. Campo rupestre
Waltheria indica L. Campo rupestre
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Styrax ferrugineus Nees & Mart. Campo-cerrado, campo e cerrado rupestres
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Turnera longiflora Camb. Cerrado rupestre
Piriqueta sp. Campo rupestre
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Vellozia squamata Pohl Campo e cerrado rupestres
Vellozia spp. Campo e cerrado rupestres
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Aegiphila sp. Campo rupestre
Lippia lacunosa Mart. & Schauer Campo e campo rupestre
Stachytarpheta cf. chamissois Walb. Campo e campo rupestre
102
Tabela 4.2- Apresentação das famílias botânicas vasculares, respectivas espécies e formações vegetais
relativas à ocorrências mais freqüentes encontradas durante o estudo Conclusão
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Cissus albida Cambess. Campo rupestre
Cissus erosa L. C. Rich Campo e cerrado rupestres
Cissus simsiana Schult. & Schult. Campo rupestre
Cissus subrhomboidea (Baker) Planch. Campo rupestre
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Qualea grandiflora Mart. Campo e cerrado rupestres
Qualea multiflora Mart. Cerrado ss., campo e cerrado rupestres
Qualea parviflora Mart. Campo rupestre
Salvertia convallariodora A. St.-Hil. Cerrado rupestre, cerrado e área degradada
Vochysia elliptica Mart. Campo e cerrado rupestres
Vochysia thyrsoidea Pohl Campo rupestre
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Abolbada poarchon Seubert Campo rupestre e campo úmido
Xyris hymenachne Mart. Campo rupestre e campo úmido
Xyris metallica Kl. ex Seubert. Campo rupestre e campo úmido
Xyris cf. savanensis Miq. Campo rupestre e campo úmido
Xyris schizachne Mart. Campo rupestre e campo úmido
Xyris tenella Kunth Campo rupestre e campo úmido
Xyris tortula Mart. Campo rupestre e campo úmido
Xyris vestita Malme Campo rupestre e campo úmido
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Drymis winterii J.R.Forst. & G.Forst. Mata ciliar
___________________________________________________________________________________________
Neste patamar florístico encontramos cerca de 90 famílias botânicas, sendo que a família
Mayacaceae é uma inclusão à lista florística do Parque e entorno e alguns gêneros como
Richeria
e o próprio
Mayaca
são novas inclusões à lista florística. Por não se tratar de um trabalho
florístico maiores detalhes não serão tratados, sendo acima apresentadas as espécies amostradas
durante o desenvolvimento deste estudo.
4
4
.
.
4
4
.
.
4
4 Peculiaridades e ocorrência das espécies raras na área
Verificamos as possíveis causas de ocorrência de espécies ameaçadas de extinção dentro
do Parque devido à influência de bovinos e eqüinos que pisoteiam ambientes frágeis
ecologicamente e geralmente áreas úmidas, desestruturando suas características originais
essenciais ao desenvolvimento e fechamento de seus ciclos. Na época da seca estes locais úmidos
mantêm gramíneas verdes onde o gado pasta. Poucas arbóreas e muitas herbáceas presentes no
Parque compõem as espécies ameaçadas como
Utricularia spp., Gelinsea spp., Drosera spp.,
Burmannia spp., Deianira spp., Hyptis spp., Allamanda angustifolia, Curtia tenuifolia
,
Sinningia
103
elatior
,
Sinningia allagophylla
,
Goyazia rupicola
,
Parinari sp., Schultesia gracilis
,
Schultesia
pohliana
,
Schultesia
sp.,
Irlbachia speciosa
e
Hortia brasiliensis
.
Algumas espécies raras são encontradas no Parque e espera-se que futuramente sejam
indicadas por especialistas, como foi indicada, por exemplo,
Manettia
sp., ocorrente no PESP e
encontrada apenas em Caiapônia GO e outras duas localidades. No entanto, a partir deste
estudo surge a necessidade de se fazer explorações fitossociológicas especialmente em campo
úmido e campo úmido com murunduns para avaliar quais são as espécies de menor freqüência
nestes ambientes.
4.5 Considerações finais
De acordo com os encargos da unidade de conservação estudada, o Parque dos Pireneus
encontra-se cumprindo a função de preservar as nascentes dos mananciais de água da Serra dos
Pireneus, visto que mais de 25% das fitofisionomias o formações florestais e cerca de 18%
delas são de florestas de galeria.
Este Parque Estadual também cumpre a função de preservar formações rupestres, que
normalmente apresentam endemismos e são específicas de altitudes acima de 800 m no Planalto
Central. Isto é possível ao verificar que quase 30% do mesmo pertence a esta fitofisionomia
especial.
É necessário fazer novas coletas botânicas e estudos florísticos mais aprofundados,
conforme avançam as pesquisas da equipe de Botânica da UFG, pois verifica-se que existem
novas espécies sendo incluídas na listagem florística. No caso, identificou-se mais uma família a
ser incluída, a família Mayacaceae, encontrada sem estruturas reprodutivas em campos úmidos.
Existe a necessidade de estudos ecológicos e fitossociológicos nas áreas de cerradão e
florestas de galeria para averiguar as relações entre as duas formações. Ainda necessidade de
aprofundar o conhecimento sobre as áreas de veredas que muitas vezes se confundem a florestas
de galeria em algumas regiões.
É urgente e imperativo realizar novos estudos topográficos e altimétricos no Parque
Estadual dos Pireneus, pois as bases de dados altimétricos (em papel e digitais) existentes não
permitem que se façam inferências ecológicas quanto à existência de vegetais sendo
influenciados pela altitude.
104
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Resumo
O Parque Estadual dos Pireneus (PESP) situa-se nos municípios de Pirenópolis, Corumbá
de Goiás e Cocalzinho de Goiás e está dentro das áreas prioritárias para conservação e uso
sustentável da biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. Apesar dos vários estudos
científicos na área do Parque, a população geralmente não é abordada nem mesmo as
particularidades do seu processo interativo de preservação ou conservação do Parque. Bem como
o aspecto de degradação e de fragmentação não é estudado. Neste contexto, esforços aqui
propostos assumem importante papel na obtenção de informações úteis para a manutenção do
Parque e Áreas de Preservação Permanentes do seu entorno. Assim, este estudo foi realizado com
a perspectiva do uso destes conhecimentos na definição teórica, prática e metodológica da
conservação, restauração e manejo desta unidade de conservação. Propõe-se obter dos nativos oe
turistas o seu parecer geral das disposições do Parque, seus benefícios ou malefícios para a
população, que por sua vez interfere diretamente no contexto ambiental das unidades de
conservação. O intento é trazer informações que abrangem categorias sociais, econômicas,
ambientais, manifestações culturais, festas religiosas, hábitos e costumes das populações
envolvidas. A comunidade local foi abordada e entrevistada conforme questionário anteriormente
elaborado para obter seu conceito de paisagem e meio ambiente, concomitantemente, verificando
os problemas sociais da área e desenvolvendo neles a idéia da conservação dos recursos naturais
e do Parque, sendo divulgado um projeto maior e suas utilidades práticas.
Palavras-chave: Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque dos Pireneus; Entorno do Parque
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Abstract
The Parque Estadual dos Pireneus is located in the municipalities of Pirenópolis, Corumbá
de Goiás and Cocalzinho de Goiás and it is one of the priority areas for conservation and
sustainable use of the biodiversity of the Ministry of the Environment of Brazil. In spite of the
several scientific studies in the area of the Park, the population is not usually approached not even
the particularities of interactive process of preservation or conservation of the Park. As well as
the aspect of degradation and of fragmentation is not studied. In this context, the efforts of
investigation here proposed assume important paper to obtein information to the maintenance of
the Park and Areas of Permanent Preservation of the surroundings areas. Therefore, this study
was executes with the perspective of the use of these knowledge in the theoretical, practical and
methodological definitions of the conservation, restoration and management of this units of
conservation. It intends to obtain from the natives and tourists their general opinion of the
resources of the Park, about the benefits or harms to the population. Which interferes directly in
the environmental context of the units of conservation. The project is to bring information that
embrace society-economy categories, cultural manifestations, religious parties and habits of the
involved populations. The local community was approached and interviewee as questionnaire
previously elaborated to obtain its landscape concept and environment. Like this, we verifyed the
social problems of the area and developing in them idealizes it of the conservation of the natural
resources and of the Park, being published a larger project and your practical usefulness.
Keywords: Cerrado; Parque Estadual dos Pireneus; Parque dos Pireneus; Surrounding areas of
the Park
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5.1 Introdução
Este capítulo expõe informações sobre o aspecto social que envolve o Parque dos
Pireneus, a economia local e principalmente o aspecto ecológico e ambiental da região.
O Parque Estadual dos Pireneus localiza-se aproximadamente entre as coordenadas
15°46’50”S a 15°50’30”S e 48°48’10”W a 48°53’50”W, a 16 km de distância da cidade de
Pirenópolis, Estado de Goiás, em suas proximidades a altitude mínima de 700 m na cidade de
Pirenópolis e máxima de 1385 m, no Pico dos Pireneus (dentro do Parque). Esta unidade de
conservação tem a função de preservar, fauna, flora e mananciais, como as nascentes do Rio das
Almas e do Rio Corumbá e foi criado pela Lei n. 10.321 de 20 de novembro de 1987, e
delimitado numa área de 2.833 ha, pelo Decreto n. 4.830, de 15 de outubro de 1997, ajudando na
preservação dos sítios naturais de relevância ecológica e histórica (VIA ECOLÓGICA, 2005)
Toda a região do Parque e seu entorno é uma localidade de forte atração turística,
folclórica e religiosa pelas suas belezas naturais, mais de 26 cachoeiras de águas nascentes na
Serra dos Pireneus e pelas famosas formações rupestres, entre elas o Morro do Cabeludo e os
Três Picos (DELPRETE et al., 2004). Por isto, justifica-se a importância deste estudo em que a
interferência antrópica modifica a conformação da paisagem do Parque e seu entorno, bem como
compromete seus aspectos fitofisionômicos e ecossistêmicos.
Algumas viagens históricas de exploração foram efetuadas nesta Serra, por vários
pesquisadores (e.g., Saint Hillaire, Pohl, Ule e Irwin) e por vários bandeirantes da época histórica
do ciclo do ouro, tornando a região atrativa historicamente também (VIA ECOLÓGICA, 2005;
DELPRETE et al. 2004). Ainda, a cidade de Pirenópolis foi tombada como Patrimônio Histórico
e Cultural Brasileiro em 1989 e conquista visitantes com suas tradições, festas como Cavalhadas
e Festa do Divino, casarões do século XVIII, igrejas centenárias, feiras e lojas de artesanato,
restaurantes populares, pousadas elegantes e sofisticadas (BENTO, 2005).
Estas particularidades fazem com que aspectos de infra-estrutura, economia, política
dentre outros sejam fortemente relacionados ao contexto ambiental e vice-versa. Assim, questões
113
referentes aos recursos culturais são relacionadas ao contexto ambiental do PESP. Desta forma, o
presente estudo aborda o aspecto sócio-ambiental, manifestações culturais, festas religiosas,
hábitos e costumes das populações envolvidas para o manejo dos recursos naturais do Parque e
seu entorno. Este capítulo fecha o estudo integrando informações científicas, no que diz respeito
aos mapeamentos através de conhecimento de teórico-prático, com as relações sociais que
interferem no contexto de gestão, conservação e proteção do Parque. Em momentos futuros
espera-se que este estudo seja útil na manutenção da unidade de conservação.
Isto é importante, visto que bons projetos, sejam eles pequenos e específicos como este ou
grandes e abrangentes como o Projeto Tamar, o Projeto Baleia Jubarte, o Projeto Mico-leão-
dourado, somente alcançam sucesso se envolverem as pessoas que atuam diretamente nestas
áreas, ou seja, comprometem a população local que deve ser a maior interessada em seu sucesso,
exploração racional da área, conservação da região onde vivem, Geralmente os nativos de região
próxima a parques e áreas de preservação retiram parte de seu sustento (seja ele financeiro, de
infra-estrutura ou outros) dos recursos naturais de que dispõem. Convém, então, fazer isto da
melhor forma possível.
Sob este ângulo de visão, este trabalho tem como objetivo identificar os problemas sociais
e ambientais da população do entorno do Parque e desenvolver nestas mesmas pessoas o
sentimento de conservação e defesa do que pode lhes ser muito útil se bem aproveitado, os seus
recursos naturais.
5.2 Metodologia
5.2.1 Interação com a população local
À medida que estudos sobre a vegetação do Parque estavam sendo efetuados, a população
local foi sendo contactada e entrevistas explícitas, ou não, foram realizadas para se obter o perfil
dos nativos em relação ao conceito de paisagem, meio ambiente e conservação. Os sucessivos
questionamentos ocorreram entre junho 2006 e setembro de 2007.
No entanto, algumas características individuais tiveram que ser anotadas, a princípio, para
o sucesso destes procedimentos e dependendo da receptividade do entrevistado, os
questionamentos foram orais sem que fosse anotada nenhuma observação na presença do mesmo.
114
Entretanto, para munícipes mais receptivos, questões orais com consecutivas anotações por parte
dos entrevistadores foram efetuadas, ou então, questionamentos por escrito com explicações ou
explanações das perguntas por parte dos entrevistadores.
Foram abordados aspectos como: 1- condição social do entrevistado; 2- atividades
agropecuárias ou econômicas do imóvel rural ou de propriedades próximas; 3- configuração
espacial da propriedade, suas fronteiras, sua cobertura vegetal; 4- visão do entrevistado sobre as
questões ambientais da região; 6- a visão sobre as questões ambientais relativas à sua
propriedade; 7- ações tomadas pelo entrevistado para evitar a degradação ambiental; 8- na visão
do entrevistado, quem são os responsáveis pelos problemas ambientais na região; 9- gosto
estético do entrevistado e a adequação da aparência da propriedade a esse gosto; 10- formas de
valorização da vida no campo, comparação com a vida na cidade e função ambiental da
propriedade rural; 11- aspectos relativos à sensação de segurança ou insegurança dos
entrevistados; 12- forma como a propriedade rural participa na construção da identidade social do
entrevistado; 13- noção de propriedade privada e de suas funções sociais (ALMEIDA JR., 2008).
O questionário utilizado foi composto por vinte e duas abordagens:
Nome
(opcional)
: Propriedade:
Idade: 10-20; 21-30; 31-40; 41-50; 51-60; 61-70; 71-80
Trabalha, visita ou é dono desta propriedade:
Prefere cidade ou campo:
Quais são as principais atividades rurais da região:
Diga se existe ecoturismo:
Qual sua opinião sobre esta atividade na região:
Qual sua visão sobre questões ambientais da região:
Quais seriam as soluções e os problemas:
Quais são suas ações tomadas para evitar alguma degradação ambiental:
Ou quais acha que poderia tomar:
Quem ou quais seriam os responsáveis pela degradação ambiental (
não necessita nome pessoal
):
Quem ou quais seriam os responsáveis pelos problemas sócio-ambientais (
sem nomes próprios
)
Qual o seu gosto estético pela aparência da propriedade (
clássico, estilo pirenopolino, moderno...
)
Na sociedade como se define quanto à sua segurança: E estabilidade:
Onde é mais seguro Cidade ou Campo: Porque:
Qual a participação desta propriedade na sua formação:
Qual é a sua identidade social, função social em relação à propriedade:
O que entende por propriedade privada:
Quais as funções sociais desta propriedade:
Destes questionamentos quantos, em % aproximada, você já havia parado para pensar:
Figura 5.1 – Quadro de questões aplicado aos entrevistados
115
Através dos dados obtidos alguns elementos culturais, como a exploração ao turismo,
conceitos da paisagem do ambiente foram discutidos. Embora a pesquisa tenha sido qualitativa,
em resultados colocou-se a porcentagem dos entrevistados que abordaram determinados aspectos
em seus relatos. Após um contato significativo nas cidades pertencentes aos municípios do
Parque (Pirenópolis e Cocalzinho e Corumbá de Goiás), foi possível apontar em resultados o
potencial econômico e turístico da região se bem conservada e explorada racionalmente.
5.3 Resultados e discussões
5.3.1 Elementos culturais da região do Parque dos Pireneus
Neste tópico trataremos de questões referentes aos recursos culturais e suas
particularidades tangíveis ao contexto ambiental do PESP, trazendo informações útei para o
manejo dos recursos naturais do Parque e seu entorno.
O papel que desempenha uma festa para uma comunidade é subentendido como a difusão
do orgulho tradicional dos mais velhos até as crianças, rememorando histórias, preceitos, valores,
costumes e atitudes. As festas são explicadas por diversos autores como um sistema
institucionalmente flexível capaz de conservar elementos tradicionais e incorporar outros novos
(BUECHLER, 1965 apud
BRANDÃO, 1981; BARTHES, 1972).
A Festa da Santíssima Trindade no Pico dos Pireneus (PESP) é celebrada mais de
cinqüenta anos pela cidade de Pirenópolis, hoje conhecida popularmente de Festa do Morro ou da
Lua. Os festejos acontecem na primeira noite de lua cheia do mês de julho numa romaria em
louvor a Santíssima Trindade que segue os devotos de várias localidades, a saber, Pirenópolis,
Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás. Podendo ser preparada com data móvel, a estrutura da
festa compõe-se de festeiro e mordomos, mas a sua popularidade fez com que se perdesse
muito de sua originalidade e significado. Embora o ritual adquira novos símbolos, o
acontecimento traz à superfície o sentimento de “suspensão da rotina” e autoriza que fora dela, as
pessoas descubram e incorporem comportamentos e motivações proibidos e colocados sob
vigilância e controle nos dias normais (BRANDÃO, 1981).
Na cidade de Pirenópolis, recentemente vem acontecendo o Festival de Inverno,
exatamente na semana da Festa da Santíssima Trindade (época de férias escolares), quando a
116
prefeitura ou outras autoridades competentes trazem bandas de sucesso como Cidade Negra,
Skank ou outras, para atrair os turistas. Sendo semana de lua cheia, a maioria deles vai ao Pico
dos Pireneus (1385 m. de altitude) para vê-la nascer e levam bebidas, fazem churrasco no Parque,
acampam, mesmo sem a infra-estrutura necessária, geralmente desconhecendo a origem religiosa
da festa. Por se tratar de um Pico íngreme e no seu topo haver uma base que é uma igrejinha,
lançam garrafas de vidro para escutar os estilhaços se espalhando, ligam o som de seus carros em
toda altura, soltam sacolas plásticas para ver o vento levá-las, dentre outros problemas ambientais
e de higiene sanitária. Desde 2007 a fiscalização vem sendo intensificada e alguns aspectos foram
melhorados, no entanto, não há fiscais suficientes para atender a demanda destas épocas festivas.
Inclusive, porque ainda não há controle de entrada e saída das pessoas do parque, por se tratar de
uma estrada que liga Pirenópolis a Cocalzinho de Goiás. Guaritas foram construídas nas entradas
do Parque, no entanto, deve-se lembrar que a passagem de veículos por estas áreas de
preservação normalmente acarretam óbitos de animais silvestres ao amanhecer e ao entardecer.
É importante comentar que os festejos deixaram de ser religiosos e atualmente podem
ser considerados “profanos”, trazem à tona rios problemas sociais e estruturais do entorno do
Parque. Estas problemáticas são drogas, alcoolismo, marginalidade (roubos) dentre outros, e no
parque, falta de sanitários, falta de saneamento básico, ausência de coleta de lixo dos turistas...
Por outro lado, estes movimentos culturais ocasionam migrações periódicas de turistas,
devotos, curiosos e “farristas”, trazendo, então, incontáveis recursos financeiros que de 2000 para
estes últimos anos vêem inflacionando os recursos de que o município dispõe. Esta inflação é
oriunda da relação entre demanda de serviços e falta de condições de infra-estrutura que
acompanhasse o aumento do turismo.
O fato mais lastimável é que alguns envolvidos neste processo passaram a confundir a
exploração do turista
com a
exploração do turismo
. Em discursos como
tudo é caro demais
”,
não dá pra vir outra vez, o jeito é aproveitar ao máximo
” pode-se perceber este aspecto.
Cobram-se taxas exorbitantes do excursionista pelos serviços e informações e muitas vezes o
turista não é bem atendido ou o valor que pagou não atende às suas expectativas, de forma que,
ou ele não retorna ao local ou se vai com impressões não muito agradáveis. As pessoas que estão
compreendidas no processo deveriam prestar os melhores serviços e cobrar taxas e preços
razoáveis para que os visitantes se sintam bem, retornem e indiquem este tipo de viagem a outros
turistas.
117
A cidade de Pirenópolis é conhecida internacionalmente por suas manifestações da cultura
popular, como é o caso da Festa do Divino Espírito Santo e seus respectivos folguedos,
Cavalhadas e Folias. As datas das manifestações festivas da localidade de grande importância
são: Festa do Divino Espírito Santo. Data (móvel) 42 dias depois da Páscoa domingo de
Pentecostes; Semana Santa. Data (móvel) - calendário litúrgico; Carnaval. Data (móvel) 40
dias antes da Páscoa; Festas Juninas. Datas: dia 13 - Santo Antônio, 24 - São João, 29 - São
Pedro e Festa do Rosário. Data: 07 de outubro. (PONTIM et al., 2002)
A cidade de Corum tem suas próprias festas, dentre as principais: Festa de o
Sebastião. Data: de 11 a 20 de Janeiro; Semana Santa. Data (móvel) - calendário litúrgico;
Festa do Divino Espírito Santo /Santo Elesbão / Santa Ifigênia. Data: domingo de Pentecostes.
Os outros santos são festejados na mesma data; Corpus Christi. Data: (móvel) ocorre entre maio
a junho depois da festa do Divino; Festa de N.S. da Penha. Data: ocorre entre os dias 30 de
agosto e 08 de setembro; Festas Juninas. Data: dia 13, 24, 29 de junho e Folia do Divino Pai
Eterno. Data: (móvel) mês de julho. (PONTIM et al, 2002)
Cocalzinho de Goiás se tornou município na década de 90, é uma cidade de pequeno
porte. Segundo Pontim et al. (2002), não foi possível cadastrar manifestações culturais no
município de Cocalzinho de Goiás devido a sua recente municipalização e devido à população
contar com um histórico de migração das áreas adjacentes. No entanto, em 2007, o jornal goiano
O Popular fez nota informando que de 1º. até 13 de junho de 2007 a cidade estaria comemorando
padroeiro da cidade, Santo Antônio, com algumas festas. Cocalzinho é jovem, porém, importante
no processo de preservação do PESP, tendo uma visão privilegiada do cenário natural do Parque.
Analisando as entrevistas foi interessante notar que não houve o mínimo comentário por
parte de entrevistados sobre a influência destes eventos e festejos na renda de seus
estabelecimentos ou propriedades, nem no seu respectivo impacto sobre suas propriedades.
Ao relacionar o que acaba de ser exposto com os quadros das referidas cidades (a seguir)
podemos assegurar que maioria da população de Cocalzinho de Goiás situa-se nas zonas rurais,
pois excede em números a população de Corumbá de Goiás, município que tem a cidade algumas
vezes maior que Cocalzinho. Confirmando o que era esperado, pois em Cocalzinho existe uma
tendência de fragmentação das propriedades rurais, enquanto que no município de Corumbá isto
não é tão evidente.
118
5.3.1.1 Aspecto ecológico
Este trabalho com a população do entorno aconteceu paralelamente a estudos sobre a
vegetação do Parque enquanto a população local foi sendo contactada e estas referências da
vegetação serão publicadas separadamente. No entanto, somente a título de curiosidade, nas
sucessivas expedições a campo que ocorriam mensalmente desde fevereiro de 2006 até dezembro
de 2007, registrou-se, apenas com nomes comuns, o horário e locais de observação dos grandes
animais vertebrados silvestres. Este resultado preliminar foi rico, pois, encontramos casais de
araras (azul e amarela), teiús, veado, tucanos, mico-sagui, macaco-prego, cobras-cipós e outras
serpentes (Fig. 5.2) , pica-paus da cabeça-amarela, codornas-silvestres, gaviões, raposas, lobo-
guará, seriemas, uma infinidade de beija-flores, sem contar a infinidade de aves e inúmeros
anfíbios como pequeninos dendrobatidaes (Fig. 5.3).
Figura 5.2 - Serpente encontrada na estrada-parque Figura 5.3 – Dendrobatidae
Na exploração do tema ecológico, durante as primeiras abordagens a entrevistados
específicos, verificou-se que famílias turistas são tão ligadas à cultura urbana que desconhecem
informações que para a população rural chega a ser trivial. No Parque, uma adulta, ao avistar um
teiú (ou tiú), interrompeu a conversa entrevistado-entrevistador para mostrar o tamanho do
“calango”. Em uma propriedade aberta ao turismo, dois irmãos entre 7 e 12 anos disseram ter
avistado em vôo um “passarinho enorme de bicão alaranjado” e descreveram com as mãos o seu
movimento particular de asas.
Estas situações são reflexos da crescente urbanização das populações, criando mundos
paralelos, às vezes, em um mesmo município. Constata-se, então, conceitos de paisagem e meio
ambiente completamente opostos. Seria recomendável a exploração desta situação a favor dos
municípios de Pirenópolis, Corumbá de Goiás e Cocalzinho de Goiás, através de
empreendimentos que tragam informação rural-ecológica sistematizada, correta e confiável, com
119
estrutura organizada. Este empreendedorismo trará mais empregos, mais capital, mais interação
ciência-popular, mais conservação, maior bem-estar, maior valorização das áreas...
A cidade de Pirenópolis é antiga, com casarões antigos, rica em histórias e que é
conhecida internacionalmente por suas manifestações da cultura popular e por se destacar no
apoio aos turistas deveria dar o suporte necessário para preparar guias-turísticos, com contrato
específico. Ainda deveriam se espelhar na estrutura de associação e organizações que acontece
nas imediações do Parque Nacional dos Veadeiros, onde os funcionários (artesãos, guias e outros)
dos municípios que envolvem o parque têm o mesmo treinamento, as mesmas taxas de
acompanhamento ao Parque, comunicação direta entre os municípios e trocas periódicas de
informações com a comunidade científica.
O Centro de Atendimento ao Turista (CAT) e outras não apresentam funcionários
treinados para orientar excursões ambientais. O conhecimento sobre o ambiente é praticamente
restrito ao local das cachoeiras e ruínas ou construções da época da exploração do ouro na região.
Para a exploração dos conceitos de paisagem e meio ambiente é necessário organizar
representantes nos municípios, buscar subsídios para oferecer emprego às pessoas que serão
responsáveis pelos cuidados sócio-ambientais. O principal é a escolha de pessoas que
conhecem e moram o mais próximo da área de atuação e têm como cuidar do local. A estas
pessoas deve-se informar que a cultura rural, o conhecimento das plantas e animais que têm,
muitas vezes, é desconhecida aos turistas. Assim, o ecoturismo se torna uma atividade
empreendedora, onde é oferecido ao turista algo não comum à sua vida nas outras cidades ou
capitais. Isto é, apresentar árvores ou ervas como mamacadela, bacupari, jatobá, cajuzinho-do-
cerrado, poliana, pau-terra, guaçatonga ou erva-de-teiú, pau-papel, mamica-de-porca, araçá,
douradinha, bate-caixa ou douradão, cafezinho-do-mato, bromélias rupestres, orquídeas rupestres
e todas plantas nativas e as qualidades de que tem conhecimento. Ao encontrar mangueiras,
cajueiros, pinheiros ou araucárias, cajá-manga, goiaba e outras plantas ornamentais ou turista não
se depara com novidades e isto não é muito atrativo, nem desperta para a conservação do
ambiente de cerrado (Fig. 5.4).
Sobre as guaritas que foram construídas nas entradas do Parque em 2007, deveriam entrar
em funcionamento o mais breve possível e cobrar taxas pela passagem de cavaleiros e veículos
por estas áreas de preservação que normalmente acarretam óbitos de animais silvestres e se
utilizam da estrada de acesso ao Parque que muitas vezes fica em estado precário (Fig. 5.5 e 5.6).
120
Figura 5.4 – Araucária em entrada de Pousada Figura 5.5 – Situação de erosão na entrada do Parque
Figura 5.6 – Seqüência temporal da situação da estrada de acesso ao PESP, sentido Parque –Cocalzinho de Goiás
121
5.3.1.2
Aspecto arqueológico
Outro elemento cultural relevante é o Patrimônio arqueológico da região, Pontim et al.
(2002) realizaram vistoria arqueológica na área de implantação da Unidade de Conservação (UC)
e do seu entorno. Utilizaram como aporte indispensável levantamento de dados no Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), caminhamentos pela área e informações
orais junto aos moradores locais.
Uma das primeiras etapas da metodologia aplicada para o diagnóstico arqueológico
consiste na coleta de informações orais da população local. Schober (2003) através de
comunicação pessoal com Jorge Eremites, arqueólogo e pesquisador da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, Campus de Dourados, afirma que os moradores do interior geralmente têm
um conhecimento apurado sobre certos tipos de sítios arqueológicos, mesmo distantes muitas
gerações das populações que habitaram a região no passado.
A população costuma dar nomes
diferentes aos artefatos arqueológicos
.” Mas, apesar de fundamentais, os relatos orais não são
suficientes para a descoberta dos sítios arqueológicos (SCHOBER, 2003)
No trabalho de Gardini e Fujyoshi (2003) eles se referem à afirmação de Rossano Bastos
(antigo coordenador de arqueologia do Departamento de Proteção do IPHAN), que diz que para
cada região, os tios arqueológicos possuem características peculiares que dão "
relevância
" e
"
significado
" arqueológico importantes em nível nacional ou até mundial. Essa importância é
definida pela descoberta de materiais de ocorrência única ou que colaboram com o avanço das
ciências arqueológicas. Portanto, a destruição dos sítios arqueológicos, em qualquer região,
significa uma perda para a própria história do povo brasileiro e das Américas (GARDINI E
FUJIYOSHI, 2003).
Em geral, as descobertas na região Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste têm contribuído ao
esclarecimento dos detalhes da história do povoamento do continente americano. Na região Sul,
os sítios conservam conhecimentos dos recursos naturais marinhos brasileiros. Na Amazônia,
manifestações simbólicas, como as inscrições rupestres e as cerâmicas policromadas, ganham
destaque nas descobertas, que se concentram especialmente ao longo dos rios (GARDINI E
FUJIYOSHI, 2003).
Na área do Parque e seu entorno não houve qualquer dado oriundo do IPHAN. O
primeiro testemunho arqueológico caracteriza-se por um artefato lítico, esculpido em rocha de
sílex, que provavelmente pertença a grupos caçadores/coletores, cuja ocupação para o Centro-
122
Oeste se reporte a 10.000 a. C.. No entanto vale ressaltar que no local onde a peça foi encontrada
não ocorre à incidência de outros artefatos pré-coloniais, e que a região não apresenta matéria-
prima dessa natureza (PONTIM et al., 2002).
o segundo registro arqueológico caracteriza-se por um sítio histórico representado
pelas edificações em ruína de um pequeno povoado. Ainda artefatos no Museu da Família
Pompeu de Pina, os quais não foram passíveis de descrição precisa de suas características, é
sabido que tais peças foram encontradas na região por caminhantes e doada ao Museu (PONTIM
et al., 2002).
Os dados acima não constam no IPHAN, mas conforme o último levantamento feito pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1998, existem 12.517 sítios
arqueológicos em todo o território nacional. Hoje, acredita-se que esse número tenha saltado
para 20 mil. Sob o benefício da Lei 3.924 (26/07/1961), todos os sítios são considerados bens
patrimoniais da União e, supostamente, contam com proteção especial (GARDINI E
FUJIYOSHI, 2003). Infelizmente, esta parece ser mais uma lei que não saiu do papel ainda, pois
as inúmeras explorações prejudiciais da região estão cada vez mais intensas (e.g., a mineração).
A importância das paisagens na localização de sítios arqueológicos é fundamental.
Depois de levantamento bibliográfico e das informações orais, Schober (2003) informa que
Eremites (arqueólogo - UFMS) conta que também são utilizadas fotografias aéreas e imagens de
satélite para o reconhecimento de áreas onde maior probabilidade da ocorrência de sítios
arqueológicos. São também realizadas sondagens para verificar se sítios arqueológicos não
visíveis na superfície dos terrenos (SCHOBER, 2003). O arqueólogo ainda afirma: "
Usamos a
tecnologia para 'ler' as paisagens
". Ele diz que a concentração de palmeiras ou de árvores
frutíferas na paisagem é um dos indícios da existência de sítios arqueológicos ligados a povos
indígenas antigos (SCHOBER, 2003).
Durante o período de conversa e entrevista não encontramos guias, moradores locais ou
nativos das cidades que tenham conhecimento de lugares arqueológicos na região, mas sim
históricos.
Todos estes elementos culturais embalam pessoas dos mais diversos pensamentos,
conceitos, situações econômicas e vários outros parâmetros que ao visitarem algumas das
cachoeiras de águas nascentes nesta Serra ou as famosas formações rupestres, entre elas o Morro
do Cabeludo e os Três Picos, deixam marcas degradantes como o lixo, a espuma dos sabonetes,
123
shampoos e outros elementos de higiene pessoal, tornando algumas áreas naturais verdadeiros
lixões e proliferadores de doenças. Na época das festas ainda deixam cacos de vidro de garrafas
lançadas sobre as formações rochosas. É interessante notar o contraste da disponibilidade gratuita
de visita a tantas belezas cênicas como as encontradas no Parque e a consciência de seus
visitantes, retratada pelos variados tipos de dejetos abandonados nestas áreas tão frágeis
ecologicamente.
5.3.1.3
Interações anteriores com a comunidade local
A começar de 2003, os Drs. Piero Delprete e Vera Gomes-Klein (professores da UFG
com projetos na região) estão em contato com as comunidades locais dos municípios de
Pirenópolis, Corumbá e Cocalzinho, estimulando a conscientização dos habitantes da área a uma
maior conservação do patrimônio natural da área.
A Serra dos Pireneus é uma localidade de forte atração turística, pelas belezas
paisagísticas, com montanhas quartzíticas, formações rupestres, e muitas nascentes que dão
origem a riachos com muitas cachoeiras. A área é também visitada devido rituais
religiosos/folclóricos realizados na base dos Três Picos durante o solstício de verão. Por essas
razões mais a proximidade de grandes cidades como de Brasília (150km) e Goiânia (130km), a
Serra dos Pireneus vem sendo sujeita a uma crescente pressão antrópica. A depreciação do
ambiente do entorno do Parque é preocupante, no caso, as minerações de extração de “pedras de
Pirenópolis” são questões importantes. Diante desta situação, ressaltando a necessidade de
urgente plano de ação para controle do impacto ambiental, os Drs. Delprete e Gomes-Klein
(UFG) foram convidados a fazer parte do Conselho Ambiental do Parque Estadual dos Pireneus
(CAPEP), como também com as outras entidades locais visando estimular a conservação da área.
Em relação à parte social procurou-se envolver cada vez mais a população do entorno e
das cidades próximas, no que se refere à explicação dos comportamentos da mesma influindo na
composição paisagística, abordando o problema de modo indutivo e qualitativo. Durante as
abordagens em diálogo-entrevista divulgou-se os objetivos do projeto, informando sua utilidade
para futuros planejamentos em área particular e obter dos entrevistados o perfil das futuras
instalações no entorno, inclusive tentando “moldá-las”, na medida do possível.
124
5.3.1.4
Interações objetivas com a comunidade local
Ao todo sessenta e duas (62) pessoas foram entrevistadas, das quais 51,6% (32) dos
entrevistados encontravam-se em situação financeira aparentemente estável, proprietários de
algum imóvel, no entanto, apenas 50% (16) dos mesmos consideravam-se seguros e estáveis.
Outros 32,3% (20) restantes não souberam definir, sendo que 16,1% (10) destes optaram por se
definirem como instáveis.
Dos entrevistados, dez (10) eram proprietários rurais, sendo que um deles estava
vendendo a mesma, onze (11) eram pessoas que trabalhavam em propriedades privadas, dois (2)
trabalhavam com atividades políticas, dezoito (18) eram trabalhadores autônomos, outros doze
(12) eram turistas e nove (9) eram crianças ou adolescentes.
Cerca de 71% (44) dos 62 entrevistados disseram ser a atividade de pecuária e,ou leiteira
a principal diligência da economia da região. Resultado curioso, pois segundo dados de
entrevistados políticos - 5% (2 entrevistados) - o fator que costuma mover a economia da região é
o ecoturismo.
Sobre as áreas particulares de reserva legal, 40% (4 de 10) dos proprietários de terra têm
consciência da importante função dos corredores ecológicos e procuraram manter suas áreas de
reserva legal comunicando-se com a dos vizinhos. No entanto, é contraditório que os dois
entrevistados que mais se apresentaram conscientes ecologicamente são donos de pousada e têm
mais árvores exóticas e introduzidas plantadas nas sedes de suas propriedades. Espécies exóticas
que não têm a menor relação com o ambiente típico de cerrado, como
Pinus
sp. e
Araucaria
sp.,
de climas temperados e completamente diferentes do encontrado na região. Isto está relacionado
a um gosto estético por ambientes frios e serranos, que não é o caso da área.
Em 79% (49) dos entrevistados notou-se que a visão sobre questões ambientais envolvem
explorações à capacidade turística da região. O que causa uma triste situação, pois deveria-se
explorar o turismo, servindo bem os visitantes para que possam voltar. Os outros 21% (13)
enquadram o perfil de consciência ecológica e defesa do meio ambiente.
Nas questões ambientais relativas a proprietários rurais, moradores destas propriedades ou
trabalhadores da área, 52,1% (12 de 23) defenderam a conservação ambiental, explorando o
ambiente com retirada de frutas, lenha, madeira, dentre outros. Ao que foi possível perceber,
todos os proprietários de terras exploram madeira e um outro, em específico, explora recursos
naturais de forma não-renovável, como retirada de areia da propriedade. No entanto, as pessoas
125
não se manifestam por medo de ameaças, denúncias, na tentativa de não se envolver em
problemas que não consideram ser delas.
Ainda cabe o esclarecimento sobre o conceito de “preservação” usado indevidamente
pelos entrevistados. Preservação pressupõe a não interferência do homem, é o uso indireto e
racional dos recursos naturais renováveis. O termo aconselhável seria “conservação”, pois a
conservação implica no uso direto racional de recursos naturais renováveis e não-renováveis, mas
o uso racional, sob manejo (MYERS et al., 2000). Isto é, usa ciência e técnica em seu auxílio,
permitindo que os recursos renováveis tenham o tempo necessário para reestabelecer o que o
homem usa. Neste momento, convém lembrar que este estudo é um instrumento que pode servir
de auxílio à região.
Nas abordagens sobre os causadores da degradação ambiental houve medo por parte dos
entrevistados nativos, pois, embora não se objetivasse a obtenção de nomes, a situação de
disputas pelos pastos do parque e a recente morte de um proprietário de gado que discutia uso
destas pastagens trouxe um clima desfavorável ao questionamento.
No entanto, no total da questão, foi possível verificar que cerca de 51,6% (32) acarretam
esta causa a visitantes do parque e região, 45,1% (28), a pessoas donas das propriedades e/ou
autoridades competentes; 17,7% (11), a pessoas que não defendem o meio ambiente ou que
fazem vista grossa para o que ocorre no meio ambiente em que vivem e finalmente 3,2% (2) não
responderam à questão. Averiguamos intersecção entre as respostas, de forma que algumas foram
mais intensas e completas ao citar vários causadores de degradação, estando estatisticamente
presentes em mais de um grupo relatado, enquanto que outras respostas foram muito superficiais
e simplistas.
5.3.2 Particularidade do Parque e pessoas do Entorno
Algumas áreas dentro do Parque foram desapropriadas e se encontram em recuperação,
no entanto, esta relação social de desapropriar terras é sempre complicada. E conforme
informações de diversas pessoas,
antigamente, quando as áreas eram particulares eram muito
mais protegidas do que hoje
”, quando estas pessoas se encontram fazendo parte do Parque,
acompanham o que está acontecendo, Quando o Parque é visitado por turistas sem o
acompanhamento de guias ou ambientalistas, os ambientes naturais podem estar ameçados.
126
5.3.3 Dados locais
A área do Parque apresenta características físico-vegetacionais próprias e particularidades
no seu processo de degradação e de fragmentação que estão diretamente ligados à influência
antrópica local. Neste contexto, os remanescentes vegetais, assumem importante papel na
manutenção da diversidade restante, e necessita de uma maior proteção por parte das pessoas de
seu entorno.
Ao lado norte do Parque, nas proximidades da cidade de Cocalzinho, encontramos
pousadas que utilizam espécies como agaves, pinheiros e araucárias na arborização do local que
aparentemente vem desconfigurar a paisagem do ambiente cerrado.
Outra imagem impactante e muito comum é o tráfego de caminhões de areia na BR-070,
que faz limite com o Parque ou mesmo na estrada-parque (Fig. 5.7). Soube-se através de
informações locais que a areia é retirada de áreas muito próximas a nascentes e que ouvem-se as
dragas em indeterminados horários.
Figura 5.7 – Tentativas mal-sucedidas do motorista de caminhão de areia que a princípio bateu no
telhado da guarita, depois na barreira de PARE, caindo na valeta de erosão da estrada
Na busca de dados locais, os dados extraídos através do SIEG (2006), foram os mais
completos, no entanto, conseguimos identificar problemas em relação à referência do nome do
Parque, que pode vir a ter mais de 5 nomes diferentes. Aqui é erroneamente tratado como Parque
Estadual de Pirenópolis e não é somente pertencente ao município de Pirenópolis, mas sim a
Cocalzinho e Corumbá. Por serem dados sócio-econômicos específicos, compondo uma base de
dados mais eficiente, a mesma está apresentada abaixo como quadros:
Atributos de Unidades de Conservação
Nome Parque Estadual de Pirenopolis
Área (km²)
28.487
Figura 5.8 – Quadro de apresentação do Parque e entorno (APA) conforme dados do SIEG
127
Atributos de Municípios
Município COCALZINHO DE GOIAS
Microrregião ENTORNO DE BRASILIA
Mesorregião LESTE GOIANO
Regiões de Planejamento Regiao do Entorno do Distrito
Unidade de federação GO
Código do IBGE 5205513
População total (2000) 14626
População de homens (2000) 7550
População de mulheres (2000) 7076
População urbana (2000) 6000
População rural (2000) 8626
População maior que 10 anos (2000) 11507
População alfabetizada (2000) 9470
Taxa de alfabetização (2000) 82
População de 0 a 4 anos (2000) 1613
População de 5 a 9 anos (2000) 1506
População de 10 a 19 anos (2000) 3258
População de 20 a 29 anos (2000) 2792
População de 30 a 39 anos (2000) 2008
População de 40 a 49 anos (2000) 1463
População de 50 a 59 anos (2000) 968
População maior que 60 anos (2000) 1018
Rede de água (2000) 1758
Água de poço (2000) 1998
Outra fonte de água (2000) 47
Possui banheiro (2000) 3290
Banheiro ligado à rede (2000) 12
Não possui banheiro (2000) 513
Coleta de lixo (2000) 2003
Outro destino para lixo (2000) 1800
Domicílios (2000) 3803
População Total (2004) 16815
População de Eleitores (2004) 10350
Admitidos (emprego formal) - 2004 210
Desligados (emprego formal) - 2004 173
Saldo (emprego formal) - 2004 37
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano (2000) 0.70400
IDS - Índice de Desenvolvimento Social (2001) 4937.80
IDE - Índice de Desenvolvimento Econômico (2001)
4951.77
PIB - Produto Interno Bruto (2002) R$ 48994252
Figura 5.9 – Apresentação de dados sócio-econômicos de Cocalzinho de Goiás (Fonte: SIEG)
Atributos de Municípios
128
Município PIRENOPOLIS
Microrregião ENTORNO DE BRASILIA
Mesorregião LESTE GOIANO
Regiões de Planejamento Regiao do Entorno do Distrito
Unidade de federação GO
Código do IBGE 5217302
População total (2000) 21245
População de homens (2000) 11049
População de mulheres (2000) 10196
População urbana (2000) 12475
População rural (2000) 8770
População maior que 10 anos (2000) 17138
População alfabetizada (2000) 14469
Taxa de alfabetização (2000) 84
População de 0 a 4 anos (2000) 2103
População de 5 a 9 anos (2000) 2004
População de 10 a 19 anos (2000) 4158
População de 20 a 29 anos (2000) 3863
População de 30 a 39 anos (2000) 3182
População de 40 a 49 anos (2000) 2347
População de 50 a 59 anos (2000) 1681
População maior que 60 anos (2000) 1907
Rede de água (2000) 3691
Água de poço (2000) 1995
Outra fonte de água (2000) 103
Possui banheiro (2000) 5027
Banheiro ligado à rede (2000) 243
Não possui banheiro (2000) 762
Coleta de lixo (2000) 3353
Outro destino para lixo (2000) 2436
Domicílios (2000) 5789
População Total (2004) 21241
População de Eleitores (2004) 17579
Admitidos (emprego formal) - 2004 671
Desligados (emprego formal) - 2004 485
Saldo (emprego formal) - 2004 186
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano (2000) 0.71300
IDS - Índice de Desenvolvimento Social (2001) 5001.70
IDE - Índice de Desenvolvimento Econômico (2001)
4973.44
PIB - Produto Interno Bruto (2002) R$ 93942975
Figura 5.10 – Apresentação de dados sócio-econômicos de Pirenópolis (Fonte: SIEG)
Atributos de Municípios
129
Município CORUMBA DE GOIAS
Microrregião ENTORNO DE BRASILIA
Mesorregião LESTE GOIANO
Regiões de Planejamento Regiao do Entorno do Distrito
Unidade de federação GO
Código do IBGE 5205802
População total (2000) 9679
População de homens (2000) 5036
População de mulheres (2000) 4643
População urbana (2000) 5597
População rural (2000) 4082
População maior que 10 anos (2000) 7820
População alfabetizada (2000) 6410
Taxa de alfabetização (2000) 82
População de 0 a 4 anos (2000) 946
População de 5 a 9 anos (2000) 913
População de 10 a 19 anos (2000) 2113
População de 20 a 29 anos (2000) 1676
População de 30 a 39 anos (2000) 1312
População de 40 a 49 anos (2000) 1035
População de 50 a 59 anos (2000) 773
População maior que 60 anos (2000) 911
Rede de água (2000) 1235
Água de poço (2000) 1305
Outra fonte de água (2000) 42
Possui banheiro (2000) 2099
Banheiro ligado à rede (2000) 117
Não possui banheiro (2000) 483
Coleta de lixo (2000) 1128
Outro destino para lixo (2000) 1454
Domicílios (2000) 2582
População Total (2004) 9872
População de Eleitores (2004) 6846
Admitidos (emprego formal) - 2004 172
Desligados (emprego formal) - 2004 116
Saldo (emprego formal) - 2004 56
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano (2000) 0.71600
IDS - Índice de Desenvolvimento Social (2001) 4950.50
IDE - Índice de Desenvolvimento Econômico (2001)
4979.80
PIB - Produto Interno Bruto (2002) R$ 30731842
Figura 5.11 – Apresentação de dados sócio-econômicos de Corumbá de Goiás (Fonte: SIEG)
130
5.4 Considerações finais
Foi possível entender as causas das alterações dos ambientes do parque e também
perceber a situação social delicada em que se encontram as pessoas das populações dos
municípios envolvidos.
O gosto estético e a consciência ambiental de proprietários rurais do entorno compromete
as belezas cênicas da área, visto que muitas espécies diferentes estão sendo introduzidas, podendo
causar ou certamente causando desvios ecológicos como relações de polinizador-espécie,
alimento-animal, vindo a causar desequilíbrios ecológicos.
É necessário que as autoridades competentes ampliem seus esforços para implantar uma
fiscalização eficiente no Parque, principalmente em épocas festivas e passe a cobrar taxa
simbólica que mantenha as condições desta UC.
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131
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Acesso em: 20 maio 2005.
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