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do Sul, Goiás e Distrito Federal; 38,8 milhões de hectares encontram-se no Nordeste, nos
estados do Maranhão, Piauí e Bahia e 6,2 milhões de hectares espalham-se pelas unidades
federativas do Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, e nas áreas disjuntas nos estados
de Rondônia, Roraima, Amazonas, Amapá e Pará.
Segundo Lopes e Daher (2008) e Aguiar (2005), até o final do século XIX os complexos
vegetacionais que abrangem o domínio do Cerrado no Brasil eram pouco explorados, em
função da baixíssima densidade demográfica, inclusive até o início dos anos de 1960, eram
considerados marginais para a realização de atividade econômica, em virtude da parca
fertilidade dos solos, da distribuição irregular das chuvas e da ausência de infra-estrutura que
viabilizassem a comunicação com os demais complexos regionais do Brasil.
Em consonância com Ab’Saber (2003), o polígono dos Cerrados brasileiros, embora
possua uma posição zonal em relação ao grande conjunto de savanas do continente africano e
americano, se destaca em nível de espaços fisiográficos e ecológicos como irregular e
constitui-se no mosaico paisagístico e ecológico do país.
Segundo a WWF (2000), não obstante a vasta extensão territorial, de pouco mais de 200
milhões de hectares e a diversidade biológica do bioma, com 10 mil espécies de plantas e 837
tipos de diferentes de fauna, as áreas destinadas para a preservação em Unidade de
Conservações (UC)
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correspondem a pouco mais de 2% da área de Cerrados.
Neste sentido, para Conti e Furlan (2003), entre as paisagens observáveis pelo homem, o
Cerrado definiu-se como floresta-ecótono-campo
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. Os ecótonos são produzidos pela ação do
desenvolvimento da biomassa arbórea arbustiva, como a combinação das condições do solo e
a ação das queimadas. Assim, a vegetação deste bioma caracteriza-se, predominantemente,
por gramíneas rasteiras, árvores e arbustos espaçados que, em geral, apresentam cascas
grossas, troncos e galhos tortuosos de raízes profundas, atingindo o lençol freático entre 15 a
20 metros.
Para Bezerra e Veiga (2000), os solos do Cerrado se originam através de processo
pedogenético ao longo de milhares de anos associados a depósitos sedimentares antigos da
época Terciária, com idade variando de 570 milhões a 4,5 bilhões de anos. São de natureza
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UC são espaços territoriais com proteção integral para a manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana. Assim, admite-se apenas o uso indireto dos atributos naturais ou de uso
sustentável, com vistas garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
conservando a biodiversidade e as demais propriedades ecológicas de forma socialmente justa e economicamente
viável (CABRAL; SOUZA, 2002, grifo nosso).
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Floresta-ecótono-campo constitui o complexo vegetacional que compõem os chapadões cobertos por cerrados e
penetrados por floresta de galerias encontrados, sobretudo, nas áreas de formações savânicas, e perfazendo o
mosaico florístico conhecido como cerradão-campo limpo.