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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE ASTRONOMIA, GEOFÍSICA E CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS
Sensibilidade na estimativa da concentração de poluentes
fotoquímicos com a aplicação de diferentes parametrizações
de Camada Limite Planetária utilizando o modelo de
Qualidade do Ar WRF/Chem
ROSIBERTO SALUSTIANO DA SILVA JUNIOR
Tese apresentada ao Departamento
de Ciências Atmosféricas da
Universidade de São Paulo para
obtenção do tulo de Doutor em
Meteorologia.
ORIENTADORA: PROFa. DRa. MARIA DE FATIMA ANDRADE
APOIO: CAPES, CNPq E FAPESP
SÃO PAULO
JULHO DE 2009
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À minha família
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AGRADECIMENTOS
À Dra. Maria de Fátima Andrade pela oportunidade, confiança e pelas discussões e
sugestões valiosas, pois sempre mostrando o caminho a seguir;
Aos professores do Departamento de Ciências Atmosféricas, especialmente a Dra.
Rosmeri Porfirio da Rocha, que importante na escolha e aprendizado da ferramenta utilizada
neste trabalho. Ainda um agradecimento especial aos professores Dr. Amauri P. Oliveira, Dr.
Edmilson Dias de Freitas e Dra. Adalgiza Fornaro, que foram os participantes da banca do
exame de qualificação que fizeram ótimas sugestões no sentido de melhorar a pesquisa;
Aos professores da Universidade do Chile que me receberam calorosamente em seu
instituto para o meu estágio no exterior. Em especial ao Prof. Rainer Schmitz pelo convite e
ensinamento e colaboração;
Ao Dr. Alberto Martilli que é o idealizador da implantação do esquema de Camada
Limite Planetária BOULAC no modelo WRF e do modelo urbano UCM. Os professores
Rainer e Alberto assumiram também um papel importante de orientação, influenciando
fortemente na qualidade da pesquisa.
Aos colegas do grupo Laboratório de Análise dos Processos Atmosféricos (LAPAt)
pela colaboração e a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização dos
experimentos de campo, especialmente à Fabiano e Rosana Astolfo;
As colegas da pós-graduação, secretárias e funcionários do Departamento de Ciências
Atmosféricas pela colaboração;
À CAPES, CNPq e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo) pelo apoio financeiro que permitiu a execução do trabalho, quer seja em forma de
bolsa de estudo ou em forma de apoio financeiro para a realização dos experimentos que
serviram de validação das simulações;
Ao Departamento de Ciências Atmosféricas e à estação Meteorológica do IAG, pela
infra-estrutura disponibilizada, e funcionários sempre atenciosos;
À Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) por disponibilizar
os dados necessários à realização do trabalho e pela colaboração durante os experimentos;
Aos amigos Augusto Barbosa, Márcio Gledson, Taciana Toledo, Anderson, Mauricio,
Rita Yuri, Odón Sánchez, Leila Martins, e outros que muito me ajudaram dividindo
momentos bons e tristes no transcorrer do curso de doutorado e discussões sobre assuntos
diversos;
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Aos meus pais Rosiberto Salustiano da Silva e Maria Betânia de Lima Silva, que
desde a infância me incentivaram a buscar o máximo grau de ensinamento, mostrando que
esse era o caminho certo a seguir. A meu querido irmão Ewerton Hallan de Lima Silva e
família em seu apoio incondicional, nas horas alegres e tristes, com conselhos verdadeiros
como o grande amigo deve fazer.
A minha esposa Isabelle Simões Alves Salustiano, e filha Bárbara Simões Salustiano,
pelo apoio incondicional e por acreditar e viver esse sonho de ser doutor em meteorologia.
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ÍNDICE
Página
RESUMO 09
ABSTRACT 11
LISTA DE FIGURAS 13
LISTA DE TABELAS 17
LISTA DE SÍMBOLOS 19
1. Introdução 21
1.1 – Climatologia e características geográficas da RMSP 26
1.2 – Poluição da atmosfera da RMSP 26
1.3 – Formação do Ozônio na RMSP 30
1.4 – Estudos prévios com Modelos de Qualidade do Ar na RMSP 34
1.5 – Resultados utilizando o modelo WRF/Chem 38
1.6 – Os principais Mecanismos Meteorológicos atuantes na RMSP 40
1.7 – Estudos sobre CLP na RMSP 48
1.8 – Objetivo geral e específico do trabalho 49
2. Metodologia 51
2.1 – Área de Estudo 51
2.2 – Período de Estudo 52
2.3 – Descrição das Ferramentas de modelagem e suas parametrizações 53
2.3.1 Descrição sucinta das parametrizações Meteorológicas
(Skamarock e colaboradores, 2005) presentes no WRF/Chem
55
2.3.2 – Descrição sucinta das parametrizações Químicas 60
2.4 Acoplamento do WRF/Chem com o Modelo Urbano UCM (Urban
Canopy Model)
75
2.4.1 – Momentum 78
2.4.2 – Temperatura 80
2.4.3 – Energia Cinética Turbulenta (ECT) 80
2.4.4 – Comprimento de Rugosidade 81
2.5 – Descrição das Simulações em 2D - casos idealizados 82
2.5.1 – Experimentos de uso do Solo 83
2.5.2 – Inclusão da Topografia da RMSP nas Simulações 84
2.6 – Descrição das Simulações em 3D, casos reais 84
2.6.1 – Condição Inicial e de fronteira: Meteorológica e Química 86
2.6.2 – Descrição das simulações em 3D para a RMSP 87
2.7 – Validação dos Resultados 88
2.7.1 – Descrição Dados CETESB 89
2.7.2 – Descrição do Experimento para determinação dos perfis verticais
da concentração de Ozônio e variáveis meteorológicas
90
3.
Resultados e Discussões 93
3.1 – Simulações em 2 dimensões: casos idealizados 93
3.1.1 – Experimento de uso do Solo 94
3.1.2 – Sensibilidade dos esquemas CLP 105
3.1.3 – Impacto da inclusão da topografia 110
3.1.4 Impacto da variação da velocidade do vento nas concentrações de
CO e O
.
115
3.1.5 – Variação das emissões: aumento e redução de NOx e VOCs 116
3.2 – Simulações em 3 dimensões: casos reais 117
3.2.1 – Descrição das condições meteorológicas 118
-
8
-
3.2.2 – Simulação com o modelo WRF/Chem versão 2.1 123
3.2.2.1 – Validação das Simulações em Superfície 129
3.2.2.2 – Validação do Perfil da Concentração de O
133
3.2.3 – Utilizando o modelo WRF/Chem versão 3 135
3.2.3.1 – Validação das Simulações em Superfície 137
3.2.3.2 – Validação do Perfil da Concentração de O
. 142
3.2.3.3 Resultados do acoplamento WRF/Chem 3.1 com
BOULAC-UCM
150
4. Conclusões e Sugestões 153
4.1 – Sugestões e Perspectivas 157
5. Referência Bibliográfica 159
-
9
-
RESUMO
Silva Júnior, R. S.: Sensibilidade na estimativa da concentração de poluentes fotoquímicos
com a aplicação de diferentes parametrizações de Camada Limite Planetária utilizando o
modelo de Qualidade do Ar WRF/Chem. Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Andrade.
Tese de Doutorado.
Neste trabalho foi avaliado o impacto na simulação dos poluentes fotoquímicos do uso
de diferentes parametrizações da Camada Limite Planetária (CLP) para a Região
Metropolitana de São Paulo, utilizando o modelo de mesoescala não-hidrostático Weather
Research and Forecasting (WRF) com o acoplamento dos módulos químicos (WRF/Chem).
Para análise da acurácia dos resultados obtidos com o modelo, foram utilizadas as medições
realizadas pelas estações automáticas da CETESB em superfície, e a validação do perfil
vertical da concentração de O
3
com base nos dados do experimento de lançamento de
ozoniosondas realizado dentro do contexto de um projeto de políticas públicas (recursos
FAPESP) realizado durante o período de estudo. A motivação para a realização do presente
trabalho foi a grande dificuldade de representação da estrutura da CLP em especial durante o
período noturno sobre áreas urbanas. O estudo contou com a utilização inédita do modelo
“on-line” para simulação da composição química da atmosfera da RMSP, e por fim analisou o
impacto do acoplamento com o modelo urbano “Urban Canopy Model” (UCM), com o
modelo WRF-Chem. A área de estudo é a Região Metropolitana de São Paulo e adjacências, e
o período estudado foi de 28/10 a 01/11/2006. As variações anuais da temperatura do ar,
velocidade do vento e radiação solar para o ano de 2006, mostraram que o mês de outubro foi
marcado por grande disponibilidade de radiação solar, altos valores de temperatura do ar e
ventos intensos. As simulações com casos idealizados mostraram que o esquema numérico de
CLP, YSU (“Yonsei University”) representou melhor a variação da Camada Limite na área
urbana, o que influenciou diretamente na dispersão dos poluentes. para as simulações de
casos reais os resultados mostraram uma boa correlação entre simulado e observado para as
concentrações superficiais de O
3
e CO e uma grande dificuldade do modelo em representar o
perfil vertical da concentração de O
3
, quando utilizada a versão 2.1 do modelo WRF/Chem.
Problema este parcialmente resolvido (podendo melhorar ainda mais) quando é utilizada uma
versão mais recente do modelo WRF-Chem, como o caso da versão 3, acoplada com o
modelo urbano UCM. Os experimentos realizados para estimar o impacto do tipo do uso do
solo sobre a variação da altura da CLP e conseqüente relação com a composição química da
atmosfera, mostraram que a altura da CLP é mais alta sobre áreas urbanas em comparação
com áreas rurais, portanto influenciando de forma efetiva na dispersão dos poluentes. No
presente trabalho foi mostrado o transporte de poluentes existente entre as regiões
metropolitanas de São Paulo, Campinas e Sorocaba, devido principalmente a topografia que
atua canalizando o vento na direção de Campinas e Sorocaba. A proximidade com as fontes
de emissão mostrou ser um fator importante para o nível de concentração de O
3
, pois à
medida que se afasta das fontes de emissão tanto vertical quanto horizontalmente a
concentração de O
3
aumenta. E devido a sua relativa proximidade com o Oceano Atlântico, a
RMSP é beneficiada com a formação da Brisa Marítima que auxilia na dispersão dos
poluentes emitidos e formados na RMSP.
Palavras Chave: Camada Limite Planetária, Concentração de O
3
e CO, Dispersão de
Poluentes.
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10
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11
-
ABSTRACT
Silva Júnior, R.S.: The sensibility of the estimative concentration of photochemical pollutants
using different parameterizations of Planetary Boundary Layer with the air quality
WRF/Chem model. Mastermind: Prof. Dr. Maria de Fátima Andrade. Doctoral Thesis.
This work evaluated the parameterizations´ sensibility of the Planetary Boundary Layer
(PBL) in the simulation of photochemical pollutants above the Metropolitan Region of o
Paulo, by using the Weather Research and Forecasting (WRF) non-hydrostatic mesoscale
model, with the coupling of chemical modules (WRF/Chem). In order to analyze the
accuracy of the results obtained with the model, there will be used the measurements made by
the automatic air quality stations from CETESB on surface, and the validation of the O
3
vertical profile, will be based on ozonesoundings experiments conducted during the period of
the study. The motivation for this study was the great difficulty in representing the PBL’s
structure specially during the night, witch is an new utilization of an on-line model to simulate
the chemical composition of the atmosphere of the MASP, and finally, to analyze the impact
of the coupling with the Urban Canopy Model (UCM). The study area is the Metropolitan
Region of São Paulo and surroundings, and the period was between 10/28 11/01/2006. The
annual variations of the air temperature, wind speed and solar radiation for 2006, showed that
the month of October was marked by wide availability of solar radiation, high values of air
temperature and intense winds. The simulations with idealized cases showed that the PBL’s
order of height based on the numerical scheme is YSU, MYJ, BOULAC and UCM, which
influences directly the dispersion of pollutants with lower concentrations of the CO for YSU
and higher for UCM respectively, and for the concentrations of the O
3,
the scheme YSU
shows lower concentrations but unlike the CO, the other schemes are equal. However, for the
simulations of real cases, the results showed a good correlation between simulated and
observed for the surface concentrations of the O
3
and CO, and a great difficulty of the model
on the vertical profile’s representation of the concentration of O
3
, when the 2.1 version of the
WFR/Chem model is used. This problem was partially solved (can be better improved) when
used with the latest version, as version 3, and coupled with the Urban Canopy Model.
The
experiments performed to estimate the impact of the land use type on the variation of the PBL
height and consequent relationship with the chemical composition of the atmosphere, showed
that the PBL height is higher on the urban areas compared to rural areas, thus influencing
effectively in the dispersal of pollutants, and a lower PBL height was associated with higher
concentrations due to lower dispersion of pollutants. This work has demonstrated the
transport of pollutants between the metropolitan regions of São Paulo - Campinas and São
Paulo - Sorocaba, due to topography that acts targeting the wind in the direction of Campinas.
The proximity of emission sources has been important for the level of concentration of O
3
, as
it moves away from sources of emissions both vertically and horizontally increases its
concentration. Due the proximity with the Atlantic Ocean, the formation of Sea Breeze helps
dispersion of pollutants emitted and formed in the MASP.
Keywords: Planetary Boundary Layer, concentration of O
3
and CO, dispersion of pollutants.
-
12
-
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13
-
LISTA DE FIGURAS
Figuras
Página
1.01
Evolução da frota de veículos automotores leves na RMSP. Fonte:
CETESB, 2008 (baseada em dados PRODESP)
27
1.02
Emissões relativas de poluentes por tipo de fontes para o ano de 2007 28
1.03
Evolução das concentrações médias anuais das máximas diárias (médias
de 1h) para o Ozônio em estações da RMSP. Fonte: Cetesb, 2008
32
1.04
Número de ultrapassagens do padrão e níveis críticos por mês da
concentração de O
(2002 a 2006)
33
1.05
Comparação entre os valores simulados e observados da concentração de
ozônio em ppbv para uma média de estações de monitoramento da
qualidade do ar na RMSP, para o período de 22 a 24 de agosto de 2000.
38
1.06
Desaceleração do vento médio devido à presença de uma cidade
idealizada posicionada entre 0 18 x/b. Comparação do modelo urbano
UCM com medições de Davidson et al., (1995,1996).
39
1.07
Estrutura da Camada Limite Planetária. Representação da variação
horária da evolução da Camada Limite Planetária. Figura extraída de
Fisch (1995).
45
1.08
Espessura da camada limite entre os centros de alta e baixa pressão em
superfície. As setas finas indicam subsidência, a seta vertical representa
movimento ascendente e as setas brancas na horizontal indicam regiões
de movimentos divergentes associados à alta pressão e convergentes
relativos à baixa pressão (Adaptado de Stull, 1988).
46
2.01
Localização da área de estudo na América do Sul e Brasil (a) e a RMSP
e seu respectivo tipo de cobertura do solo (b). Fonte: CETESB, 2008
52
2.02
Relação entre o tipo de cobertura do solo urbano com as emissões
veiculares de SO
2
(a) e as regiões que estão sendo consideradas no
modelo para as emissões antropogênicas (representadas pela emissão de
CO) (b).
64
2.03
(a) Detalhe das emissões de CO (kg/h) na região central da cidade de São
Paulo, com a rede viária (a espessura dos tramos é proporcional aos
volumes de tráfego), segundo Landmann, 2004 e (b) Correção da
distribuição espacial das emissões dos poluentes baseado na quantidade
de veículos e sua velocidade média.
65
2.04
Variação horária das entradas das emissões antropogênicas do modelo
WRF/Chem, baseados no perfil de emissões veiculares publicado pela
CETESB para o NOx (a), CO (b), PM
10
(c) e VOC (d).
67-68
2.05
Estrutura esquemática do modulo de aerossóis para as partes orgânicas e
inorgânicas do modelo WRF/Chem.
73
2.06
Representação esquemática de uma área urbana hipotética, W é o
comprimento das ruas e B o comprimento das construções, iu é a altura
das construções e IU refere-se ao nível do modelo,
γ
(z
iu
) é a densidade
das construções com altura igual a z
iu
e
Γ
(z
iu
) é a densidade das
construções com altura maior que z
iu
.
75
2.07
Esquema das considerações feitas no modelo UCM para as simulações. 77
2.08
Esquema para ilustrar a modificação da escala de comprimento
turbulento.
81
-
14
-
Figuras
Página
2.09
Representação da topografia para a RMSP utilizada para o estudo dos
efeitos do tipo de uso do solo nas simulações em 2 dimensões.
84
2.10
Representação do domínio aninhado utilizado para fazer as simulações
em 3 dimensões para a RMSP.
85
2.11
Exemplo do dados globais de concentração de O
3
obtido do modelo
MATCH-MPI (Max Planck Institut), que servirão como condição de
borda para o modelo WRF/Chem
87
2.12
Determinação do parâmetro Ufraction (fração urbana) para a RMSP com
base na teoria de que as regiões mais centrais das cidades apresentam
edificações mais elevadas diminuindo gradativamente até as bordas.
88
2.13
Fotos ilustrativas da ozôniosonda lançadas na RMSP durante o
experimento políticas publicas no mês de outubro/novembro de 2006.
91
3.01
Variação espacial da Energia cinética turbulenta (TKE), temperatura do
ar (Temp. Ar) e velocidade do vento (Vel.Vento), para às 12:00h e
23:00h, de acordo com o tipo de uso do solo, área rural de 20km ou
40km com emissão de poluentes, e áreas urbanas com extensão de 20km
ou 40km com emissão de poluentes.
96-97
3.02
Variação temporal da temperatura do ar (Temp.Ar) para diferentes tipos
de uso do solo: área rural de 20km (rural20) e 40km (rural40); e áreas
urbanas com extensão de 20km (urban20) e 40km (urban40).
98
3.03
Variação da concentração de CO (ppm) para diferentes tipos de uso do
solo, com áreas rurais com emissão de 20km (A e B) e 40km (C e D) de
extensão, e cidades de 20km (E e F) e 40km (G e H) de extensão. E
variação espacial da concentração de CO (ppm) (I e J).
99-101
3.04
Variação da concentração de O
3
(ppb) para diferentes tipos de uso do
solo, com áreas rurais com emissão de 20km (A e B) e 40km (C e D) de
extensão, e cidades de 20km (E e F) e 40km (G e H) de extensão. E
variação espacial da concentração de O
(ppb) (I e J).
102-104
3.05
Avaliação da altura da CLP de acordo com os diferentes tipos de uso do
solo (a) e avaliação da inclusão do modelo urbano UCM (b).
105
3.06
Estimativa da variação da altura da CLP utilizando diferentes esquemas
numéricos de CLP: BOULAC, MYJ, YSU e BOULAC-UCM (UCM),
para as 12h e 23h.
106-107
3.07
Variação da concentração superficial de CO (a) e O
3
(b) para diferentes
tipos de esquema de CLP: BOULAC, YSU, MYJ e BOULAC-UCM.
108
3.08
Fluxo turbulento de momento (a) e calor (b) para a cidade idealizada
utilizando o esquema numérico de CLP BOULAC sem o acoplamento do
módulo urbano UCM.
109
3.09
Evolução temporal da altura da CLP para os diferentes esquemas
numéricos de CLP (YSU, MYJ, BOULAC) e inclusão do modelo urbano
UCM simulado com BOULAC.
110
3.10
Inclusão da topografia nas simulações idealizadas para a concentração de
CO (ppm), utilizando o acoplamento com o modelo urbano UCM.
112-113
3.11
Variação temporal da concentração de ozônio, com a inclusão da
topografia.
114-115
3.12
Avaliação do impacto da variação da velocidade do vento nas
concentrações de CO ppm (a) e O
3
ppb (b).
116
3.13
Distribuição espacial da concentração de CO (ppm) e O
3
(ppb) para a
redução de NOx (a e b) e VOCs (c e d).
117
-
15
-
Figuras
Página
3.14
Ciclo anual da radiação solar, temperatura do ar e velocidade do vento
para o ano de 2006. Nas estações de Ibirapuera (IBI) e Pinheiros (PIN).
119
3.15
Número de ultrapassagens do padrão e níveis críticos por mês para O
3
(a)
e concentração média mensal de PM
10
(b) para a RMSP durante o
período 2002 – 2006.
120
3.16
Imagem de Satélite para o campo de precipitação na América do Sul,
período de 29/10/2006 00UTC 31/10/2006 12UTC, a cada 12h. Fonte:
CPTEC-INPE
121
3.17
Análise sinóticas para 00UTC dos dias (a) 28/10/2006, (b) 29/10/2006,
(c) 30/10/2006, (d) 31/10/2006 e (e) 01/11/2006. Fonte: Diretoria de
Hidrologia e Navegação – DHN
122
3.18
Evolução temporal da velocidade (VV) e direção (DV) do vento para o
período entre 27/10/2006 00h a 02/11/2006 00h hora local. Para as
estações de Ibirapuera (IBI), e Pinheiros (PIN).
123
3.19
Topografia no domínio de simulação. 124
3.20
Simulação da concentração de O
3
(a), temperatura do ar à 2m (b),
concentração de CO (c) e velocidade do vento à 10m (d), válido para
15:00UTC (período diurno) do dia 31/10/2006.
125
3.21
Simulação da concentração de O
3
(a), temperatura do ar à 2m (b),
concentração de CO (c) e velocidade do vento à 10m (d), válido para
23:00UTC (período diurno) do dia 31/10/2006.
126
3.22
Exemplos de transporte de poluentes entre as regiões metropolitanas,
utilizando a concentração de CO como indicativo, (a) transporte RMSP
Campinas, (b) transporte RMSP – Sorocaba.
127
3.23
Perfil vertical no ponto Lat: -23,5 e Lon:-46,5 (RMSP) para (a) altura de
cada nível do modelo, (b) concentração O
3
, (c) concentração de CO, (d)
temperatura do ar e (e) velocidade do vento, obtidos das simulações com
WRF/Chem para o período entre 28/10/2006 00UTC e 01/11/2006
00UTC.
128
3.24
Evolução temporal dos valores simulados e medidos para a estação do
Ibirapuera, (a) concentração de O
3
, (b) temperatura do ar a 2m, (c)
velocidade do vento a 10m e (d) concentração de CO.
130
3.25
Comparação entre os valores simulados e observados para a estação de
Santo Amaro, (a) concentração de O
3
, (b) temperatura do ar a 2m, (c)
velocidade do vento a 10m e (d) concentração de CO.
131-132
3.26
Perfil vertical de O
3
para a RMSP, simulado e sondagens realizadas com
as ozoniosondas.
134
3.27
Temperatura do ar e velocidade e direção do vento, simulados sem o
acoplamento do modelo urbano UCM (A e C) e com o acoplamento
urbano (B e D), para às 12UTC e 24UTC do dia 29/10/2006
136
3.28
Comparação entre as simulações realizadas e as medidas na estação de
qualidade do ar da CETESB no Ibirapuera, para a concentração de O
3
(a), temperatura do ar a 2m (b), velocidade do vento a 10m (c) e
concentração de CO (d), usando a versão 3 do modelo WRF/Chem.
137-138
3.29
Comparação entre as simulações realizadas e as medidas na estação de
qualidade do ar da CETESB em Santo Amaro para a concentração de O
3
(a), temperatura do ar a 2m (b), velocidade do vento a 10m (c) e
concentração de CO (d), usando a versão 3 do modelo WRF/Chem.
139-140
-
16
-
Figuras
Página
3.30
Diagrama de dispersão das concentrações observadas e simuladas nas 4
estações da CETESB (Pinheiros, Ibirapuera, P.D.Pedro II e Santo
Amaro), para O
(a) e CO (b).
142
3.31
Perfis verticais da concentração de O
3
das simulações com o modelo
WRFV3 sobre a RMSP, e as medidas com as ozoniosondas
143
3.32
Corte meridional em -46,5º de longitude da região de estudo passando
pela RMSP, e representação da altura da topografia.
145
3.33
Seção meridional (na longitude de -46.5ºW) da distribuição vertical da
concentração de CO (ppm), para o período de 28/10 a 01/11/2009
146-148
3.34
Seção meridional (na longitude de -46.5ºW) da distribuição vertical da
concentração de O
(ppb), para o período de 28/10 a 01/11/2009
148-150
-
17
-
LISTA DE TABELAS
Tabelas
Página
1.01
Emissão veicular de acordo com o tipo de combustível. Fonte: adaptado de
Cetesb, 2006
23
1.02
Contribuição do consumo do combustível gás GNV para emissão veicular.
Adaptado de Cetesb, 2006
24
1.03
Principais reações para a formação do Ozônio troposférico envolvendo o
ciclo de nitrogênio e as reações por oxidação (Seinfeld e Pandis, 1998).
31
2.01
Opções de CLP do modelo. 57
2.02
Descrição da determinação do coeficiente de difusão vertical pelo esquema
YSU.
60
2.03
Estimativa da emissão das fontes móveis e fixas para a RMSP em 2006
(Cetesb, 2006).
62
2.04
Descrição das espécies químicas usadas no módulo RADM2 do modelo
WRF/Chem.
63
2.05
Distribuição percentual da emissão na RMSP, baseada no tráfego de
veículos.
66
2.06
Média global do fator de emissão
ε
(
µ
g isopreno m
-
.h
-
), área superficial
de 10
6
km
2
e contribuição percentual para a emissão de isopreno global
anual e regional associada com os diferentes tipos de plantas
69
2.07
Reações por fotólises presentes no mecanismo químico RADM2 (adaptado
de Stockwell et al, 1990)
74
2.08
Distribuição dos NMHC de acordo com os estudos feitos pelo Laboratório
de Processos Atmosféricos (LAPAT) e Middleton, et al 1990.
83
2.09
Descrição das simulações feitas com o modelo WRF/Chem. As referências
explicando os esquemas escolhidos estão descritas no texto.
85
2.10
Principais características de tipo de áreas urbanas parametrizados para o
modelo UCM (Martilli, et al, 2000 e Grimmond e Oke, 1998).
87-88
2.11
Métodos de medição para o monitoramento da qualidade do ar para as
estações automáticas da CETESB
90
3.01
Descrição da área introduzida no centro do domínio das simulações
idealizadas, para os experimentos de sensibilidade de uso do solo.
94
3.02
Configuração do modelo WRF/Chem versão 3 para as simulações em 3
dimensões.
123
3.03
Índices estatístico para o período de 28/10 a 01/11/2006 para as estações:
Pinheiros (PIN), Ibirapuera (IBI), Parque Dom Pedro II (PDP), Santo
Amaro (SAM).
133
3.04
Análise estatística da comparação feita entre o perfil vertical da
concentração de O
3
(ppb) simulado WRFV2.1 e observação realizadas
com a ozôniosonda
135
3.05
Analise estatística das simulações realizadas com o modelo WRF/Chem
versão 3 para as estações de Ibirapuera (IBI), Pinheiros (PIN), Parque D.
Pedro II (PDP) e Santo Amaro (SAM).
141
3.06
Análise estatística da comparação feita entre o perfil vertical da
concentração de O
3
(ppb) simulado pelo modelo WRFV3 e o observações
realizadas com a ozoniosonda.
144
3.07
Análise estatística das simulações realizadas com o modelo WRF/Chem
versão 3 para as estações de Ibirapuera (IBI), Pinheiros (PIN), Parque D.
Pedro II (PDP) e Santo Amaro (SAM).
151
-
18
-
Tabelas
Página
3.08
Análise estatística da comparação feita entre o perfil vertical da
concentração de O
3
(ppb) simulado pelo modelo WRFV3.1 e o
observações realizadas com a ozoniosonda.
152
-
19
-
LISTA DE SÍMBOLOS
AL – Atmosfera Livre
ANP – Agência Nacional do Petróleo
BEP – “Building Environment Parameterization”
BOULAC – Esquema numérico de CLP BOUgeault e LACarrère
BRAMS – “Brazilian Regional Atmospheric Modeling System”
CADM – “Chilean Air Pollution Dispersion Model”
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CET – Companhia de Engenharia de Tráfego
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CFCs – Clorofluorcarbonos
CH
4
– Metano
CIT – “California Institute of Technology” (modelo fotoquímico deste Instituto)
CLA – Camada Limite Atmosférica
CLN – Camada Limite Noturna
CLP – Altura da camada de mistura
CLS – Camada Limite Superficial
CM – Camada de Mistura
CMAQ – “MODELS-3 Community Multiscale Air Quality Modeling System”
CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CO – Monóxido de Carbono
CO
2
– Dióxido de Carbono
COVs – Compostos Orgânicos Voláteis
CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
CR – Camada Residual
CTM – “Chemistry Transport Model”
DHN – Diretoria de Hidrologia e Navegação
ECT – Energia Cinética Turbulenta
EMME/2 – Modelo de Tráfego
EPA – “U.S. Enviromental Protection Agency” (Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos)
EUA – Estados Unidos da América
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
HC – Hidrocarbonetos totais
HCNM – Hidrocarbonetos menos o metano
HPAs – hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
IAG – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São
Paulo
IBI – Estação de qualidade do ar Ibirapuera
IGBP – “International Geosphere Biosphere Programme”
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LAPAt – Laboratório de Análise dos Processos Atmosféricos, grupo de pesquisa do IAG/USP
Lat – Latitude
Lon - Longitude
LES – “Larger Eddy Scale”
LSM – “Land Surface Model”
MADE – Aerosol Dynamics Model for Europe
MILAGRO-2006 – “Megacity Initiative: Local and Global Research Observations, 2006”
MM5 – Mesoscale Model 5 generation
-
20
-
MM5/Chem – Mesoscale Model 5 generation with Chemistry
MP – Material Particulado
MP
10
– Material particulado inalável com diâmetro aerodinâmico menor que 10µm
MYJ – Esquema numérico de CLP Mellor-Yamada-Janjic
NCAR – National Center for Atmospheric Research
NCEP – National Centers for Environmental Prediction
NO – Monóxido de Nitrogênio
NO
2
– Dióxido de Nitrogênio
NOx – Óxidos de Nitrogênio
O
3
– Ozônio
PIN – Estação de qualidade do ar Pinheiros
PDP – Estação de qualidade do ar Parque D. Pedro II
ppb – parte por bilhão
ppm – parte por milhão
PROCONVE – Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores
RADM2 – “Regional Acid Deposition Model, version 2”
RCHO – Aldeídos
RFA – Radiação Fotossinteticamente Ativa
RMSE – Raiz quadrada do erro médio quadrático
RMSP – Região Metropolitana de São Paulo
SAM – Estação de qualidade do ar Santo Amaro
SAPRC – “Statewide Air Pollution Research Center”
SO
2
– Dióxido de Enxofre
SOx – Óxidos de Enxofre
SODAR – “SOund Detection And Ranging”
SORGAM – “Secundary Organic Aerosol Model”
UAM – “Urban Airshed Model”
UCM – “Urban Canopy Model”
UFRACTION – Indicativo da fração urbana
USP – Universidade de São Paulo
UTC – Universal Time Coordinated
YSU – Esquema numérico de CLP “Yonsei University
WRF – “Weather Research and Forecast”
WRF/Chem – “Weather Research and Forecast with Chemistry”
WRFV2.1 – WRF versão 2.1
WRFV3 – WRF versão 3
ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul
-
21
-
1 – INTRODUÇÃO
Enfrentar a poluição dos recursos hídricos, solo e atmosfera, tem sido um dos grandes
desafios da humanidade para o século XXI. A poluição atmosférica que é o objetivo do estudo
do presente trabalho tem como agravante a grande dificuldade de ser combatido o seu alastro,
pois uma vez liberada na atmosfera, sobre a ação do vento que é um eficiente fator na sua
propagação. Esse sério problema surgiu devido à forte industrialização, aumento do número
de veículos (em especial dos grandes centros urbanos) e geração de energia. Em grandes
centros urbanos a poluição atmosférica pode ser percebida sem o auxílio de instrumentos de
medição, pela redução da visibilidade e efeitos agudos de sensibilização do aparelho
respiratório e mucosas. Podem-se citar dois episódios de forte poluição atmosférica que são
sempre relatados pelos pesquisadores devido à trágica conseqüência de milhares de pessoas e
acredita-se que também animais mortos, e fortes estragos em árvores e plantações, ocorridos
na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA). O primeiro episódio ocorreu em 1930,
no Vale de Meuse, Bélgica, que fica entre as cidades de Huy e Liége, uma região com alta
concentração de indústrias, distribuídas em uma área de raio de aproximadamente 20km. Mas
o mais clássico e mais sério episódio de efeito deletério da poluição foi o ocorrido em
Londres (Wallace e Hobbs, 2006). Durante o inverno de 1952, um episódio de forte inversão
térmica diminuiu as condições de dispersão dos poluentes gerados pelas indústrias, pela
queima de carvão e lenha (para geração de energia e aquecimento residencial), formando uma
densa nuvem de poluentes composta por material particulado e compostos sulfurosos (em
concentrações nove vezes acima do padrão), permanecendo e afetando a cidade durante
longos 3 dias. Somente neste período da ocorrência do episódio de poluição, o número de
vítimas fatais aumentou em 4000 indivíduos (Braga, et al. 2002).
-
22
-
No Brasil o problema da poluição do ar pode ser atribuído principalmente às emissões
veiculares, indústrias e queima de biomassa. Em grandes centros como é o caso da Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) as emissões veiculares e industriais são as grandes
responsáveis pela contaminação atmosférica. Fazendo um breve histórico das emissões
veiculares no Brasil, pode-se destacar primeiramente o programa Pro-Álcool” ou Programa
Nacional do Álcool criado pelo governo brasileiro em 14 de novembro de 1975 (Decreto
Número 76.593O). Esse programa determinava a substituição do uso de combustíveis
derivados do petróleo para o Álcool, motivado pela crise do petróleo nos anos de 1973 e
1979, gerando uma redução de 10 milhões de veículos rodando com gasolina. O programa
começou a peder espaço à medida que o preço internacional do petróleo baixava, tornando o
álcool combustível pouco vantajoso tanto para o consumidor quanto para o produtor que
passou a produzir menos álcool, o que causou problemas no fornecimento desse combustível
para atendimento à crescente demanda.
O returno ao uso em grande escala do álcool combustível aconteceu nos anos 80
devido ao desenvolvimento da tecnologia automobilística com a fabricação dos carros bi-
combustível pelos EUA (o famoso carro “Flex”), tendo como principal objetivo a diminuição
de emissões de poluentes (Cetesb, 2006).
Outro momento muito importante para a redução de poluentes pelas emissões
veiculares no Brasil foi a implantação do Controle de Poluição do Ar por Veículos
Automotores (Proconve), em 1986, onde o governo brasileiro impôs limites para os níveis de
emissão de poluentes para veículos automotores. A idéia principal desse programa foi
incorporar nos veículos novos, a tecnologia existente para reduzir a emissão veicular:
conversores catalíticos e injeção eletrônica. Em 2003 iniciou-se a fabricação de carros
movidos aos dois tipos de combustível, permitindo qualquer mistura entre eles, o Total flex, o
que causou uma repercussão internacional da viabilidade do uso em larga escala de carros
movidos a etanol. O PROCONVE e mais as inovações tecnológicas possibilitaram uma
diminuição expressiva da emissão veicular de poluentes. Na Tabela 1.01 pode ser observada
uma expressiva diminuição da emissão veicular de 1980 a 2006, com redução de 98% para a
emissão de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx), e
aldeídos (RCHO), para os veículos leves.
-
23
-
Tabela 1.01: Emissão veicular de acordo com o tipo de combustível. Fonte: adaptado de
Cetesb, 2006
Ano Tipo de
Combustível
CO
(g/km)
% HC
(g/km)
% NOx
(g/km)
% RCHO
(g/km)
%
Antes-1980 Gasolina 54,00 4,70 1,20 0,05
1980-1990
Gasolina C 21,66 2,01 1,61 0,04
Álcool 14,63 1,56 1,28 0,13
1990-2000
Gasolina C 5,02 -76,8 0,55 -72,6 0,62 -61,5 0,019 -52,5
Álcool 3,90 -73,3 0,59 -62,2 0,6 -53,1 0,042 -67,7
2000
Gasolina C 0,73 -96,6 0,13 -93,5 0,21 -87,0 0,004 -90,0
Álcool 0,63 -95,7 0,18 -88,5 0,21 -83,6 0,014 -89,2
2001
Gasolina C 0,48 -97,8 0,11 -94,5 0,14 -91,3 0,004 -90,0
Álcool 0,66 -95,5 0,15 -90,4 0,08 -93,8 0,017 -86,9
2002(1)
Gasolina C 0,43 -98,0 0,11 -94,5 0,12 -92,5 0,004 -90,0
Álcool 0,74 -94,9 0,16 -89,7 0,08 -93,8 0,017 -86,9
2003(2)
Gasolina C 0,40 -98,2 0,11 -94,5 0,12 -92,5 0,004 -90,0
Álcool 0,77 -94,7 0,16 -89,7 0,09 -93,0 0,019 -85,4
Flex-Gasol.C 0,50 -97,7 0,05 -97,5 0,04 -97,5 0,004 -90,0
Flex-Álcool 0,51 -96,5 0,15 -90,4 0,14 -89,1 0,02 -84,6
2004(3)
Gasolina C 0,35 -98,4 0,11 -94,5 0,09 -94,4 0,004 -90,0
Álcool 0,82 -94,4 0,17 -89,1 0,08 -93,8 0,016 -87,7
Flex-Gasol.C 0,39 -98,2 0,08 -96,0 0,05 -96,9 0,003 -92,5
Flex-Álcool 0,46 -96,9 0,14 -91,0 0,14 -89,1 0,014 -89,2
2005(3)
Gasolina C 0,34 -98,4 0,1 -95,0 0,09 -94,4 0,004 -90,0
Álcool 0,82 -94,4 0,17 -89,1 0,08 -93,8 0,016 -87,7
Flex-Gasol.C 0,45 -97,9 0,11 -94,5 0,05 -96,9 0,003 -92,5
Flex-Álcool 0,39 -97,3 0,14 -91,0 0,1 -92,2 0,014 -89,2
2006(3)
Gasolina C 0,33 -98,5 0,08 -96,0 0,08 -95,0 0,002 -95,0
Álcool 0,67 -95,4 0,12 -92,3 0,05 -96,1 0,014 -89,2
Flex-Gasol.C 0,48 -97,8 0,1 -95,0 0,05 -96,9 0,003 -92,5
Flex-Álcool 0,47 -96,8 0,11 -92,9 0,07 -94,5 0,014 -89,2
1 – Motor movido a Gasolina tipo 1.0L; para álcool motor 1.5 e 1.9L.
2 – Motor movido a gasolina tipo 1.0L; para álcool, motor 1.0 e 1.8L, carro flex predomina o motor 1.6 e 1.8 L.
3 – Motor movido a Gasolina tipo 1.0 e 2.0 L; para o álcool, motor 1.0 L. Em combustível usado em carros flex,
domina 1.6 e 1.8 L.
OBS: (%) – Refere-se a comparação feita entre o período 1980-1990.
Gasolina C: apresenta uma mistura de 78% Gasolina pura + 22% álcool (v/v).
Outra opção muito utilizada como combustível no Brasil principalmente por veículos
de serviço de taxi é o GNV (Gás Natural Veicular), por causa de seu baixo custo e a
descoberta de grandes reservas no Brasil e na Bolívia (que é um grande fornecedor desse
combustível para o Brasil). O preço competitivo do combustível GNV encorajou vários
proprietários de veículos a converterem seus carros antes movidos à álcool ou mesmo
gasolina, para esse combustível, mas ainda se tem pouco conhecimento sobre o real impacto
atmosférico do uso em larga escala dessa nova opção de combustível. A tabela 1.02 mostra os
resultados encontrados por pesquisa realizada pela CETESB (Companhia de Engenharia e
Tecnologia Ambiental do Estado de São Paulo) publicada em 2006, que estima o impacto da
conversão de combustíveis gasolina-gás e álcool-gás. É possível notar uma diminuição da
emissão de certos compostos químicos como é o caso do CO e CO
2
, mas em contrapartida
ocorre um aumento na emissão dos HC e NOx. A análise do impacto do uso de combustíveis
-
24
-
alternativos ditos como combustíveis limpos, em substituição ao uso da gasolina, foi uma
forma de resolver o problema da escassez do petróleo ou mesmo para diminuir a emissão de
poluentes.
Tabela 1.02: Contribuição do consumo do combustível gás GNV para emissão veicular.
Adaptado de Cetesb, 2006
Ano Estado Tipo de
combustível
CO
(g/km)
HC
(g/km)
NOx
(g/km)
CO
2
(g/km)
2002 Antes da
conversão
Gasolina C 1,16 0,13 0,24 200
Depois da
conversão
GNV 0,80 0,44 0,90 159
Gasolina C 3,95 0,24 0,20 199
2003 Antes da
conversão
Gasolina C 0,69 0,10 0,19 207
Depois da
conversão
GNV 0,38 0,19 0,17 167
Gasolina C 0,70 0,10 0,22 206
2004 Antes da
conversão
Gasolina C 0,80 0,11 0,20 202
Depois da
conversão
GNV 0,59 0,24 0,18 172
Gasolina C 0,78 0,10 0,20 201
2005 Antes da
conversão
Gasolina C 0,79 0,23 0,22 205
Depois da
conversão
GNV 0,61 0,23 0,13 172
Gasolina C 1,04 0,10 0,24 207
2006 Antes da
conversão
Gasolina C 0,78 0,10 0,28 207
Depois da
conversão
GNV 0,62 0,24 0,21 175
Gasolina C 0,92 0,09 0,24 212
Os modelos atmosféricos com a meteorologia e química completamente acopladas,
podem ser uma alternativa para avaliar e quantificar os impactos atmosféricos gerados por
essas mudanças. O presente estudo tem como foco avaliar o impacto da produção ozônio, na
RMSP que é o quarto maior centro urbano do mundo, apresentando sérios problemas de
poluição atmosférica.
Para estudar e descrever a composição química da atmosfera utilizando modelos
atmosféricos é muito importante ter conhecimento de detalhes da meteorologia, concentrações
iniciais dos compostos químicos e suas emissões na área de estudo. Para a RMSP os modelos
de qualidade do ar têm utilizado as medições realizadas pela CETESB como dados de entrada
e para a validação das simulações. Os dados de entrada comumente utilizados são o inventário
de emissões e concentrações superficiais de compostos nitrogenados NOx, monóxido de
carbono CO, dióxido de enxofre SO
2
, material particulado MP, compostos orgânicos voláteis
COVs. As primeiras simulações realizadas para a representação da formação dos oxidantes
fotoquímicos na RMSP foram feitas com o modelo CIT (Caltech-Carnegie Mellow Eulerian
-
25
-
Model) descrito em McRae, 1983. Diversos estudos foram realizados com importantes
contribuições ao entendimento da fotoquímica na RMSP (Ulke e Andrade, 2001; Andrade et
al., 2004; Martins et al., 2006 e 2008; Sanchez-Ccoyllo et al., 2007; Vivanco e Andrade,
2007). Esses estudos mostraram a importância da melhor caracterização das fontes de emissão
em S. Paulo, com a determinação da especiação dos COVs, o que passou a ser um tema
prioritário de estudos.
A importância da descrição do ozônio troposférico é que este poluente é um traçador
dos oxidantes fotoquímicos atmosféricos, apresenta um efeito deletério à saúde da população
e tem apresentado várias violações de padrão de qualidade do ar na RMSP.
Como mencionado, o ozônio não é emitido diretamente para a atmosfera, mas nela
formado através de reações envolvendo compostos orgânicos voláteis e óxidos de nitrogênio
na presença de luz solar. Entretanto sua presença na estratosfera é benéfica filtrando os raios
ultravioletas, na baixa troposfera tem efeitos toxicológicos quando em concentrações
elevadas. Os fatores determinantes para a ocorrência de altas concentrações são: a
disponibilidade de precursores de ozônio, condição meteorológica, topografia e uso do solo
(Finlayson-Pitts e Pitts, 1997). Muitas vezes os máximos valores de ozônio ocorrem em
lugares afastados das fontes de emissão de poluição. De acordo com Silva Junior et al., 2006
altas concentrações acontecem em áreas afastadas das fontes de emissão de seus precursores,
devido a maior reatividade de NOx que vai sendo consumido durante sua trajetória resultando
em uma relação NOx/COV mais favorável à formação do O
3
. Em função da importância para
a diluição e para o transporte atmosférico para a formação do ozônio, é essencial conhecer o
comportamento da Camada Limite Planetária (CLP). Como os modelos meteorológicos e de
qualidade do ar colocam à disposição rias opções de esquemas numéricos com cada um
contendo diferentes aproximações para a descrição da CLP, nada mais adequado do que
avaliar qual a configuração ideal para a melhor descrição da formação de ozônio para a
RMSP, e mais ainda, testar como as concentrações de poluentes respondem às variações na
estrutura da CLP.
A história dos modelos numéricos atmosféricos está associada com a descrição do
acoplamento dos módulos de descrição dos sistemas atmosfera, superfície, oceano, química,
entre outros. Um grande avanço com relação à evolução dos modelos numéricos foi o
desenvolvimento do acoplamento dos modelos que descrevem os processos físicos oceano-
atmosfera aliados com o desenvolvimento da capacidade para simular mudanças climáticas
(IPCC, 2001), onde existem duas principais limitações: a descrição física do processo e o
recurso computacional disponível. Um segundo grande avanço nos modelos atmosféricos foi
-
26
-
o acoplamento dos modelos químicos atmosféricos com o modelo climático incluindo
interações complexas do efeito estufa, poluição da atmosfera urbana, e outros (Webster et al.,
2002).
1.1 – Climatologia e características geográficas da RMSP
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é considerada uma das dez maiores
cidades do mundo, com aproximadamente dezessete milhões de habitantes (CETESB, 2008).
O clima na RMSP pode ser resumido como seco no inverno e úmido no verão. De setembro a
abril, a área é dominada por vento úmido do Sul e ocorrência de sistemas frontais resultando
em precipitações e nuvens de baixa altitude. Durante o inverno, formações de alta pressão no
Oceano Atlântico ao leste, dirigem-se para o norte, produzindo ventos fracos provenientes da
costa, fortes inversões térmicas de subsidência e céu claro. Sua precipitação anual é de 1900
mm, com temperatura média que varia entre 15 e 22°C (Pereira Filho, et al, 2007; Castanho,
2006; Cetesb, 2008). A região metropolitana é constituída por 39 municípios que compõem
uma área urbanizada de 1747km².
A RMSP está localizada geograficamente na Bacia Sedimentar do Planalto Atlântico
possuindo uma extensão de 8051km² com altitudes que variam de 650m a 1200m (Cetesb,
2007). Estas altitudes máximas são caracterizadas por serras ao redor da região urbanizada
tendo a Serra do Mar à leste, a Serra de Paranapiacaba ao sul, Serra da Cantareira ao Norte e
outras a oeste formando uma barreira à dispersão dos poluentes. A área de estudo é
influenciada também pela presença da bacia do Rio Tietê com seus afluentes, Rio Pinheiros,
Tamanduateí e outros. Está a uma distância de 60km a noroeste do litoral, a uma altitude
média de 860m do nível do mar.
1.2 – Poluição da atmosfera da RMSP
Com base no relatório divulgado pela CETESB (2008) a RMSP sofre todo tipo de
problemas ambientais, entre os quais está a deterioração da qualidade do ar, devida às
emissões atmosféricas de cerca de 2000 indústrias de alto potencial poluidor e por uma frota
registrada de aproximadamente 7,3 milhões de veículos, sendo 6 milhões de veículos do ciclo
Otto, 430 mil veículos a diesel e 870 mil motos, frota esta que representa cerca de 20% do
total nacional. A figura 1.01 mostra a evolução da frota veicular da RMSP, desde 1990 até
2007, que ultrapassou 6 milhões de veículos em 2007. As taxas de emissão de gases poluentes
pelas fontes móveis têm sido estimadas em 1,7 milhões ton/ano de CO, 400 mil ton/ano de
hidrocarbonetos, 400 mil ton/ano de NOx, 70 mil ton/ano de PM
10
e 40 mil ton/ano de SO
x
.
-
27
-
Os veículos são responsáveis por aproximadamente 98% do total de emissão de CO, 97% de
hidrocarbonetos, 97% de NO
x
, e 55% SO
x
. Aproximadamente 6% dos veículos que circulam
na RMSP são movidos à Diesel, os principais responsáveis por emitir os NO
x
(Cetesb, 2004 e
Martins et al. 2004).
(*) A redução do número de veículos registrados se deve à atualização do banco de dados, realizada pela
PRODESP
Figura 1.01 - Evolução da frota de veículos automotores leves na RMSP. Fonte: CETESB,
2008 (baseada em dados PRODESP)
A contribuição relativa de cada fonte de poluição do ar na Região Metropolitana de
São Paulo - RMSP pode ser mais facilmente visualizada na figura 1.02, extraída do Relatório
de Qualidade do Ar da CETESB - observa-se que os veículos automotores são as principais
fontes de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos totais (HC) e óxidos de nitrogênio
(NOx). Para os óxidos de enxofre (SOx), as indústrias e os veículos são importantes fontes e
no caso das partículas inaláveis (PM
10
) contribuem ainda outros fatores como a ressuspensão
de partículas do solo e a formação de aerossóis secundários. No caso específico de partículas
inaláveis, as estimativas de contribuição relativa das fontes foram feitas a partir de dados
obtidos da aplicação de modelo receptor: Balanço Químico de Massa (Cetesb, 2007).
-
28
-
Figura 1.02 - Emissões relativas de poluentes por tipo de fontes para o ano de 2007.
Fonte: Cetesb, 2007
Estudos sobre o histórico da poluição atmosférica na RMSP como em Martins, 2006,
fazem em geral referência aos relatórios da CETESB
(http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/ar_historico.asp) que contêm a evolução da qualidade do ar
na RMSP há mais de trinta anos. A deteriorização da qualidade do ar em São Paulo acentuou-
se após a Guerra Mundial, quando houve um grande e rápido crescimento econômico com
a instalação de indústrias de grande porte na região, porém sem a preocupação com o controle
das emissões de poluentes atmosféricos. Registros em jornais da década de 60 e
especialmente de 70, relatam a ocorrência de episódios agudos de poluição do ar causando
mal-estar na população devido aos fortes odores decorrentes do excesso de poluentes lançados
pelas indústrias na atmosfera. O monitoramento da qualidade do ar, com a avaliação das
concentrações de poluentes no Estado de São Paulo, foi iniciado na RMSP em 1972, com a
instalação de 14 estações para medição diária dos níveis de SO
2
e fumaça preta. A partir de
1981 deu-se o início do monitoramento automático, como é atualmente realizado e a
instalação de novas estações, com medidas de SO
2
, MP
10
, O
3
, NOx, CO e os HCNM
(hidrocarbonetos menos o metano, neste trabalho chamado de COVs), além dos parâmetros
meteorológicos como direção e velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar.
Os gases poluentes presentes em uma atmosfera urbana são oriundos de processos de
produção primária e secundária e podem ter efeitos de escala local e global. Os principais
gases tóxicos emitidos diretamente pelas fontes são os NOx (óxidos de nitrogênio), SOx
(óxidos de enxofre), CO (monóxido de carbono), CO
2
(dióxido de carbono), NH
3
(amônia),
CH
4
(metano) e COVs (compostos orgânicos voláteis). Os gases de produção secundária são
formados a partir de reações químicas e fotoquímicas na atmosfera como ozônio e
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). O ozônio é produzido a partir de reações
-
29
-
fotoquímicas entre os precursores NOx e COVs. Os NOx, SOx, COVs e outros compostos
podem também sofrer reações químicas transformando-se em partículas finas ou reagirem na
superfície das partículas agregando-se a elas. Os gases tóxicos promovem aumento da
morbidade e mortalidade da população, além de conseqüências nocivas para o meio ambiente
(Saldiva et al, 1995; Gonçalves et al, 2005). Os poluentes podem ter um impacto global, como
os gases do efeito estufa (CO
2
, CH
4
, O
3
, N
2
O e compostos halogenados) que possuem
importante papel nas alterações climáticas globais. Gases como os clorofluorcarbonos (CFCs)
e compostos de nitrogênio, emitidos na troposfera e que atingem a estratosfera, estão
envolvidos na destruição do ozônio estratosférico.
O Ozônio (O
3
) é um gás incolor, inodoro nas concentrações ambientais e é
considerado também o principal componente da névoa fotoquímica. Não é um gás emitido
diretamente na atmosfera e sim produzido fotoquimicamente a partir dos óxidos de nitrogênio
e compostos orgânicos voláteis. Sua concentração na troposfera depende essencialmente da
radiação e das concentrações de COVs e NOx. Essa relação de dependência COVs/NOx não é
linear, sendo classicamente representada pelas chamadas isopletas de ozônio (Seinfeld, 2000).
O efeito de sua presença em níveis acima do padrão de qualidade do ar seria de irritação dos
olhos e vias respiratórias, diminuição da capacidade pulmonar, sensação de aperto no peito,
tosse e chiado na respiração e também é freqüentemente associado ao aumento de admissões
hospitalares (Saldiva et al., 1994; Gonçalves et al., 2005; CETESB, 2007).
O Monóxido de Carbono (CO) é um gás incolor, inodoro e insípido, sendo produto da
combustão incompleta em veículos automotores, podendo ser considerado também um gás
traçador das emissões veiculares em grandes centros urbanos por ser pouco reativo. Seu efeito
na saúde está relacionado a um prejuízo dos reflexos motores, da capacidade de estimar
intervalo de tempo, do aprendizado e distúrbios visuais.
Óxidos de Nitrogênio (NOx) representam os compostos monóxido e dióxido de
nitrogênio NO e NO
2
. São gases produtos da exaustão da queima de combustíveis fósseis,
constituindo-se principalmente de NO, cerca de 90% do total de NOx emitido, que vem a se
oxidar a NO
2
. O NO
2
é um gás marrom avermelhado, que apresenta cheiro forte e muito
irritante. O NOx está presente na atmosfera como resultado da combustão envolvendo
veículos automotores, processos industriais, usinas térmicas, e incinerações. Seu efeito na
saúde está relacionado às doenças do aparelho respiratório inferior e uma diminuição da
resistência às infecções respiratórias (Saldiva et al., 1994; Gonçalves et al., 2005; CETESB,
2007).
-
30
-
Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) têm como fonte principal na RMSP a emissão
pelos veículos automotores leves. A especiação química dos COVs provenientes das emissões
veiculares depende do mecanismo pelo qual estes são emitidos e do combustível utilizado.
Partículas Inaláveis (Material Particulado) segundo Oliveira, 2007 apud Seinfeld e
Pandis (1998) são aerossóis atmosféricos que por sua vez são divididos em dois grupos de
diferentes tamanhos: a moda das partículas finas, com diâmetro aerodinâmico menor que
2,5µm, e a moda das partículas grossas, com diâmetro aerodinâmico maior ou igual a 2,5µm e
menor ou igual a 10µm. A diferença entre as partículas finas e grossas é fundamental, pois as
duas modas têm origens distintas, sofrem processos diferentes na atmosfera e em geral são
removidas de maneira distinta. Segundo a EPA (Agência de Proteção Ambiental norte-
americana) o controle das partículas menores ou iguais a 10µm (MP
10
), também chamadas de
partículas inaláveis, baseou-se no fato de que estas são as partículas que podem atingir as vias
respiratórias inferiores, e não na sua composição química.
1.3 – Formação do Ozônio na RMSP
Os poluentes presentes na atmosfera da RMSP estão principalmente relacionados à
grande emissão proveniente dos veículos automotores (fontes móveis) leves e pesados e
secundariamente pelas emissões originadas em processos industriais (fontes fixas). Os
poluentes que em geral apresentam violação dos padrões de qualidade do ar na RMSP são o
ozônio e o material particulado inalável (MP
10
), merecendo um esforço na compreensão da
sua origem e estratégias de controle.
Diversos trabalhos relacionados ao entendimento da formação do ozônio na RMSP
têm sido publicados. Andrade et al. (2004) estudaram o papel das emissões de NOx na RMSP
demonstrando que havia uma grande incerteza no inventário de emissões da RMSP, tanto
espacialmente como temporalmente. Vivanco e Andrade (2006) analisaram o inventário
oficial da RMSP para os precursores do ozônio através da comparação entre as razões de
COVs/CO e NOx/CO presentes no inventário oficial e as observações realizadas nas estações
da CETESB nos intervalos entre 6:00 e 8:00 horas. Os resultados indicaram que as fontes
móveis possuem uma relevante contribuição para a formação de ozônio RMSP e sugerem
ainda que as emissões de NOx e COVs pelos veículos são aproximadamente super e
subestimadas, respectivamente, em comparação com as medidas ambientais.
De acordo com Andrade (2006) altas concentrações de ozônio estão condicionadas
principalmente a presença de temperaturas altas e radiação solar, e ainda com ventos calmos e
condições que suprimem a mistura vertical na atmosfera (inversões térmicas e camadas
-
31
-
subsidentes). Em geral as concentrações mais altas são encontradas no entorno (subúrbios) na
direção do transporte pelo vento a partir do centro da cidade (local das emissões). O ozônio é
o poluente que mais ultrapassa os limites legais de concentração na RMSP e um evento com
altas concentrações de ozônio pode vir a ser dez vezes superior aos valores de fundo e
atualmente, devido às atividades humanas, sua concentração aumentou em uma escala global
(Andrade, 2006).
O problema de poluição causada por ozônio é mundial e se manifesta de forma mais
intensa nas grandes cidades e seus arredores, devido principalmente às emissões veiculares.
Medidas eficazes para redução da concentração de ozônio são bastante complexas, uma vez
que este é um poluente formado na atmosfera e sua redução envolve programas de controle de
seus precursores, como o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis.
A formação do ozônio na troposfera inicia-se pela fotólise do NO
2
, e o produto desta
reação, o NO, reage rapidamente com O
3
para regenerar o NO
2
. Dessa maneira, o O
3
mantém-
se num estado estacionário que depende da velocidade de fotólise do NO
2
e da razão
[NO
2
]/[NO]. Assim, se nenhum outro processo convertesse NO em NO
2
a concentração de
ozônio não aumentaria significativamente. No entanto, na presença dos compostos orgânicos
voláteis, as concentrações de ozônio aumentam uma vez que NO é convertido a NO
2
via
formação de radicais, tabela 1.03. A velocidade de formação do ozônio depende da
quantidade e da reatividade de cada um desses compostos (Cetesb, 2002).
Tabela 1.03: Principais reações para a formação do Ozônio troposférico envolvendo o ciclo de
nitrogênio e as reações por oxidação (Seinfeld e Pandis, 1998).
Ciclo do Nitrogênio – NOx
NO
2
+ hν
νν
ν
NO + O (λ
λλ
λ < 424 nm)
O + O
2
O
3
NO + O
3
NO
2
+ O
2
Oxidação dos Compostos Orgânicos
Voláteis – COVs
RH + OH· (+ O
2
)
RO
2
· + H
2
O
RO
2
· + NO
RO · + NO
2
RO· + O
2
R´CHO + HO
2
·
RCHO + OH ·
RC(O)O
2
· + H
2
O
RC(O)O
2
· + NO
NO
2
+ RO
2
· + CO
2
Oxidação do Monóxido de Carbono –
CO
CO + OH·
CO
2
+ H·
+ O
2
+ M
HO
2
· + M
NO + HO
2
·
NO
2
+ OH·
Oxidação do Metano – CH
4
CH
4
+ OH·
CH
3
· + H
2
O
CH
3
· + O
2
+ M
CH
3
O
2
· + M
CH
3
O
2
· + NO
CH
3
+ NO
2
CH
3
+O
2
HCHO + HO
2
·
HO
2
· + NO
OH· + NO
2
Oxidação dos Formaldeídos – HCHO
HCHO + hν
νν
ν
H
2
+ CO
HCHO + hν
νν
ν
+ HCO·
HCHO + OH ·
HCO · + H
2
O
HCO · + O
2
HO
2
· + CO
+ O
2
HO
2
·
-
32
-
HO
2
· + NO
OH· + NO
2
A figura 1.03 mostra a evolução da concentração de O
3
para várias estações de
qualidade do ar da CETESB na RMSP. Pode-se destacar um forte aumento entre os anos de
1998 e 1999 (em geral para todas as estações foram registrados aumentos entre 10 a 20 µg.m
-
3
). A concentração anual média das máximas de O
3
para a RMSP apresenta-se em
aproximadamente 80µg/m
3
.
Figura 1.03: Evolução das concentrações médias anuais das máximas diárias (médias de 1h)
para o Ozônio em estações da RMSP. Fonte: Cetesb, 2008
A figura 1.04 apresenta o número de ultrapassagens do padrão de qualidade do ar para
o ozônio em cada mês para o período de 2003 a 2007 na RMSP, com base nos boletins
divulgados diariamente pela CETESB, mostrando ainda as ultrapassagens do nível de
atenção. Pode-se destacar o mês de outubro por apresentar altos índices de ultrapassagens dos
níveis de alerta e atenção do padrão de qualidade do ar. Vale lembrar que o nível nacional do
padrão de qualidade do ar para o O
3
é 160 µg.m
-3
(82 ppb) e de atenção é 400µg.m
-3
(170,4
ppb).
-
33
-
Figura 1.04: Número de ultrapassagens do padrão e níveis críticos por mês da concentração
de O
3
(2002 a 2006) – RMSP. Fonte: Cetesb, 2006
Em outro estudo conduzido na RMSP foi verificado que as altas concentrações de
ozônio são mais freqüentes no período da tarde entre 13 e 16h e que este padrão é
conseqüência de dois processos: do perfil regular de emissão dos precursores de ozônio e das
condições meteorológicas, principalmente a radiação solar. Os dias com altas concentrações
de ozônio ocorreram em situação de baixa velocidade do vento com direção predominante de
sudeste de manhã ou de sul à tarde. Em dias com menores concentrações de ozônio os ventos
foram predominantemente de sudeste de manhã, mas com grande variação do padrão à tarde,
com ventos de oeste e nordeste (Guardani e Nascimento, 2004).
Para a compreensão da formação e comportamento do ozônio na RMSP, vários
estudos têm sido realizados. Pode-se citar a aplicação de redes neurais artificiais para análise
da correlação do ozônio com seus precursores e variáveis meteorológicas (Guardani et al.,
1999).
Embora benéfico na estratosfera, onde forma uma camada protetora contra efeitos
danosos da radiação ultravioleta, na baixa troposfera tem efeitos tóxicos quando em contato
com os seres vivos. Além da complexidade do sistema de reações químicas, fatores
meteorológicos e topográficos fazem com que os gases precursores emitidos sejam
transportados a diversos locais, resultando em níveis altos de ozônio em locais distantes das
fontes precursoras, muitas vezes ocorrendo até mesmo em regiões sem fontes significativas de
poluição (Finlayson-Pitts e Pitts, 1997).
Com relação ao efeito do ozônio sobre a saúde, as ocorrências mais relatadas da
exposição de seres humanos são: irritação nos olhos, vias respiratórias e o agravamento de
-
34
-
doenças respiratórias preexistentes, como a asma. Sabe-se que a exposição repetida ao ozônio
pode tornar as pessoas mais suscetíveis à infecções respiratórias e inflamação nos pulmões.
Adultos e crianças saudáveis também estão sujeitos aos efeitos danosos causados pelo ozônio
se expostos a níveis elevados durante a prática de exercícios físicos. Além de danoso à saúde
humana o ozônio é prejudicial à vegetação, causando danos às colheitas e à vegetação natural.
Os efeitos observados em plantas referem-se à diminuição na taxa de crescimento, aumento
da vulnerabilidade a insetos e problemas de pigmentação devido a alterações no processo de
fotossíntese.
1.4 – Estudos prévios com Modelos de Qualidade do Ar na RMSP
A aplicação de modelos atmosféricos tem se expandido em diferentes ramos da
meteorologia e com a chegada dos computadores de grande desempenho criou-se mais uma
possibilidade de utilização na previsão da qualidade do ar (os chamados Modelos de Previsão
Química). A grande dificuldade encontrada na utilização de modelos de qualidade do ar é o
alto número de variáveis envolvidas quando se considera as reações químicas e os processos
físico-químicos da descrição dos aerossóis. Passando a barreira do custo computacional com o
advento de computadores mais velozes e grande poder de armazenamento, tornou-se possível
a utilização de dois tipos de modelos do ponto de vista de resolver em conjunto a
meteorologia e a química. Modelos de qualidade do ar podem ter um tratamento “offline”
com relação aos campos meteorológicos ou “online”, com o tratamento da meteorologia
simultâneo ao da química atmosférica.
No trabalho apresentado por Andrade, 2006 são mostrados vários modelos de
qualidade do ar que estão atualmente sendo utilizados por diferentes comunidades. A agência
de proteção ambiental dos EUA (EPA – Environment Protect Agency) que serve de referência
mundial para estudos sobre qualidade do ar, recomenda a utilização do modelo CMAQ
(MODELS-3 Community Multiscale Air Quality Modeling System) para previsões de
qualidade do ar, quando antes era recomendado o modelo UAM (Urban Airshed Model). No
Brasil e mais especificamente na RMSP o modelo de qualidade do ar que tem sido
amplamente utilizado é o CIT (California/Carnegie Institute of Technology model, McRae et
al., 1982), que serviu de ferramenta para vários estudos científicos em conjunto com o modelo
meteorológico BRAMS (Brazilian Regional Atmospheric Modeling System), descrito por
Freitas et al., 2003, por se tratar de um modelo “offline” - pode-se citar os trabalhos de
dissertação e tese de Sanchez-Ccoyllo (2000), Ynoue (2004), Martins (2006, 2007) e Carbone
(2007) e as publicações em periódicos de Andrade et al. (2004), Martins et al. (2007 e 2008) e
-
35
-
Sanchez-Ccoyllo et al. (2007 e 2008). Não há uma recomendação oficial no Brasil quanto ao
modelo de qualidade do ar a ser utilizado para atendimento aos estudos de impacto ambiental
quando se trata de poluentes fotoquímicos. O grande desafio proposto neste estudo é a
utilização de um modelo completamente acoplado nas componentes qualidade do ar e
meteorologia, o WRF/Chem (Weather Research and Forecast with CHEMistry) onde a base
da parte meteorológica veio do MM5 e a parte química do CMAQ (Grell, et al. 2005). O
WRF/Chem é um modelo em desenvolvimento que conta com a colaboração de diferentes
grupos de pesquisa e alguns estudos serão mencionados que se utilizam do modelo
WRF/Chem para fazerem simulações e previsões em diferentes partes do mundo
(http://ruc.fsl.noaa.gov/wrf/WG11/ acessado em 01/03/2009).
Segundo Andrade, 2006, as atividades em modelagem da formação do ozônio
troposférico na RMSP iniciaram-se em 1994, com a instalação no Departamento de Ciências
Atmosféricas do modelo CIT desenvolvido no California Institute of Technology Caltech e
Carnegie Mellon University, pelo grupo do Prof. John Seinfeld. Com o CIT, iniciou-se uma
linha de pesquisa que resultou em vários avanços na compreensão da química da atmosfera da
RMSP. As grandes incertezas no ajuste do modelo se concentram na representação dos
campos meteorológicos e no inventário de emissões. Como alternativa para a representação
meteorológica foram utilizados campos prognósticos gerados pelo modelo meteorológico de
mesoscala RAMS Regional Atmospheric Modeling System, e com relação ao inventário de
emissões várias abordagens têm sido adotadas que estão servindo como subsídios também ao
órgão de controle ambiental, a CETESB. Para melhorar ainda mais a representatividade dos
modelos de qualidade do ar, surgiu uma nova geração de modelos com o acoplamento entre
Meteorologia-Química, como por exemplo o WRF/Chem, onde sua implantação no IAG/USP
iniciou-se através do presente trabalho e que encontra-se atualmente com vários usuários.
Os modelos de qualidade do ar, com meteorologia e química acopladas têm sido
aplicados ao estudo da formação e transporte do ozônio. Na abordagem com modelos
preditivos é possível o estudo de diferentes cenários de fontes e seus impactos na formação do
ozônio. Alguns cenários foram testados por Sánchez-Ccoyllo et al. (2006a) variando os
precursores do ozônio e as variáveis meteorológicas na formação dos oxidantes fotoquímicos
utilizando como ferramenta o modelo CIT. Os resultados das simulações indicaram que o
aumento da altura da camada limite de 1200 m para 2000 m resultou num decréscimo de 14%
do pico de ozônio e de 29% nas concentrações médias em toda RMSP. Efeito similar foi
obtido quando a velocidade do vento foi aumentada. Para a temperatura, no entanto, o
aumento de 4ºC resultou em um aumento das concentrações de ozônio tanto na pluma (região
-
36
-
de máxima concentração) quanto na RMSP. A avaliação conjunta dos efeitos da diminuição
dos COVs juntamente com a variação das variáveis meteorológicas indicou que a combinação
do aumento da velocidade do vento e da redução dos COVs resultou na maior redução das
concentrações de ozônio.
Schmitz (2005) estudou a composição da atmosfera da cidade de Santiago/Chile,
utilizando o modelo de qualidade do ar CADM (Chilean Air Pollution Dispersion Model) que
é um modelo “offline” que faz uso de um programa de interface o CTM (chemistry-transport
module) que prepara as saídas do modelo meteorológico MM5 (Mesoscale Model 5
generation) para servir de entrada para o modelo CADM. Vale ressaltar a complexa
topografia da área de estudo, situada ao lado dos Andes com alturas do entorno da cidade
variando de 500 a 3500m numa distância horizontal de aproximadamente 40km. Os
resultados encontrados mostram que o CO apresenta pouca dispersão horizontal e um
significativo efeito da variação espacial e temporal das emissões e desenvolvimento da CLP,
corroborando ainda que o tráfego inicial de veículos coincide com o inicio do
desenvolvimento da CLP por volta das 06:00 horas local, e o máximo de emissão coincide
com a máxima concentração que se dá às 09:00 horas local.
Ulke e Andrade (2001) avaliaram a sensibilidade de previsão de ozônio com modelo
CIT, dando enfoque para diferentes parametrizações turbulentas variando a forma de
determinação da difusividade vertical. Como sugestão foi indicada a troca dos coeficientes de
difusão, em função da inadequada representação da mistura turbulenta por parte do esquema
original do CIT. Para condições de estabilidade da atmosfera estável e neutra o esquema
registra altos valores principalmente próximos ao topo da CLP, onde geralmente a turbulência
nestes níveis seria menor. A aproximação sugerida foi baseada no esquema não local que
depende dos parâmetros característicos da turbulência em toda a CLP. Os resultados das
comparações realizadas apontaram para um ligeiro aumento nas concentrações num fator
variando de 1,2 a 2. Os autores também alertaram para a necessidade de novos estudos onde
houvesse a preocupação com os dados de entrada meteorológicos, revisão nas emissões,
avaliação em diferentes condições meteorológicas e mais informações de observação para
validação do modelo.
Ynoue (2004) simulando a composição da atmosfera com o modelo CIT para eventos
durante o ano de 1999 obteve como resultado para as concentrações de NO
2
e O
3
que os
máximos valores observados foram, respectivamente, 397µg.m
-3
(184,5 ppb)
às 11h do dia 11
na estação do Ibirapuera e 233
µg.m
-3
(99,3 ppb) às 15h na estação de Mauá. Durante o dia as
concentrações simuladas dos gases CO, NO e SO
2
foram normalmente subestimadas,
-
37
-
enquanto que à noite, as concentrações destes gases foram superestimadas. Uma possível
fonte de erro para estas sub e superestimativas pode ter sido a parametrização de turbulência.
Outro forte fator que contribuiu para discrepâncias entre valores simulados e observados
foram as distribuições temporal e espacial das emissões.
Martins (2006) estudando a formação de O
3
troposférico de acordo com cenários de
variações das emissões veiculares para a RMSP para os anos de 2000 e 2004, apresentou uma
análise sobre o desempenho do modelo CIT em simular as concentrações de ozônio e seus
precursores para três períodos distintos: 22 a 24 de agosto de 2000, 13 a 15 de março de 2000
e 06 a 10 de setembro de 2004. Os índices de concordância apresentaram-se altos para os
grupos de estações com diferentes características químicas e meteorológicas. O pico de O
3
foi
bem representado pelo modelo tanto em magnitude quanto temporalmente embora as
concentrações do ozônio à noite tenham sido subestimadas, em função de várias deficiências,
principalmente associadas às simplificações e considerações utilizadas no inventário de
emissão. Outras deficiências na modelagem podem ainda ser citadas como: a representação
inadequada da superfície, as incertezas dos campos de vento utilizados, a consideração de que
a presença dos poluentes não afeta a meteorologia em escala urbana, o uso de campos médios
horários, a limitação da representação numérica dos processos que ocorrem somente dentro da
camada de mistura, ou seja, não considerando efeitos de transporte do ozônio de níveis
superiores para regiões próximas à superfície e ainda as incertezas associadas à representação
da química do ozônio durante a noite. Embora existam vários processos não adequadamente
descritos na modelagem utilizada pode-se de forma geral concluir que para os períodos
estudados o modelo foi capaz de representar bem tanto o perfil como as intensidades da
concentração de O
3
e CO. As espécies NOx e COVs não foram tão bem representadas. Na
figura 1.05 é apresentada uma comparação entre os valores simulados e medidos de forma a
verificar o ajuste do modelo com relação ao valor medido de ozônio para várias estações de
monitoramento de qualidade do ar. As barras representam o intervalo de valores (máximos e
mínimos) em relação aos valores médios.
-
38
-
Figura 1.05: Comparação entre os valores simulados e observados da concentração de ozônio
em ppbv para uma média de estações de monitoramento da qualidade do ar na RMSP, para o
período de 22 a 24 de agosto de 2000. Fonte: Martins (2006).
1.5 – Resultados utilizando o modelo WRF/Chem
Vários são os estudos destinados à simulação da qualidade do ar em grandes centros
urbanos, mas poucos são os modelos que tem a capacidade de fazer o completo acoplamento
entre as componentes de qualidade do ar e meteorologia. O trabalho de Grell e colaboradores
em 2005 foi um dos trabalhos pioneiros na utilização de modelos de qualidade do ar com o
completo acoplamento da química e meteorologia. Uma das questões relevantes na simulação
de poluentes em áreas urbanas é a representação da superfície modificada por grandes
edifícios e por diminuição da cobertura vegetal. atualmente uma nova geração de modelos
de qualidade do ar que contêm a inclusão do efeito das características urbanas nas simulações.
Esse acoplamento que está sendo mencionado implica na inclusão de modelos urbanos em
modelos de qualidade do ar, como descrito em Martilli et al. (2002). O presente trabalho
considera o modelo urbano UCM (Urban Canopy Model) acoplado ao WRF-Chem. O estudo
realizado por Coceal e Belcher (2004) mostra o impacto da utilização do modelo urbano
UCM no campo de vento sobre uma área urbana idealizada, da mesma forma que o
encontrado por Martilli. O principal resultado encontrado pelos autores foi a desaceleração do
vento sobre áreas urbanas, sendo validado pelos dados obtidos das medições feitas por
Davidson et al. (1995, 1996) e dados de túnel de vento (Figura 1.06).
-
39
-
Figura 1.06: Desaceleração do vento médio devido à presença de uma cidade idealizada
posicionada entre 0 18 x/b. Comparação do modelo urbano UCM com medições de
Davidson et al. (1995, 1996). Fonte: Coceal e Belcher (2004)
Ainda com base no estudo de Grell et al., (2005), comparando os resultados obtidos
com os modelos WRF/Chem e MM5/Chem, estes mostraram que estatisticamente o modelo
WRF/Chem é mais eficiente na previsão da concentração superficial de O
3
, mas em
contrapartida apresentou piores resultados na previsão de altos valores de concentração
superficial de NOx em comparação ao MM5/Chem e a observação.
Outro estudo com o objetivo de validar as simulações feitas pelo modelo WRF/Chem
com os dados observados durante o experimento MILAGRO-2006 para a cidade do México
apresentado em Zhang et al, 2009, mostra a eficiência do modelo em representar a
composição da atmosfera da cidade do México. Nesse estudo foi dado destaque para a
melhoria das simulações feitas com o esquema de CLP YSU (Hong and Dudhia, 2003)
quando comparado às simulações realizadas com o esquema MYJ (Mellor e Yamada, 1982;
Janjic, 1996, 2002) para os campos meteorológicos e poluentes, e ainda fazendo ressalva para
o fato da diminuição da qualidade das simulações durante o período noturno. Dessa forma os
autores trazem como sugestão para melhoria das simulações a utilização de “modelos
urbanos”.
Martins, et al (2007) estudando a inclusão do inventário oficial de emissões da RMSP
da CETESB no modelo WRF/Chem, mostrou a boa representatividade do modelo em simular
não só espacial e temporalmente os poluentes atmosféricos, mas também mostrou que é
possível representar a estrutura vertical dos poluentes.
-
40
-
1.6 – Os principais Mecanismos Meteorológicos atuantes na RMSP
A região está sujeita a mecanismos de micro, meso e larga escala que interferem
diretamente no transporte e formação dos poluentes. Dentre os principais mecanismos que
interferem na qualidade do ar da RMSP estão a Ilha de calor, brisas marítima e terrestre, brisa
vale-montanha, ZCAS, Bloqueios Atmosféricos e Sistemas Frontais.
Ilha de Calor
A caracterização da ilha de calor urbana se através do surgimento de gradientes
horizontais de temperatura (Stull, 1993) e pode, de maneira geral, ser controlada por diversos
fatores, dentre os quais, destacam-se as características da superfície da cidade (corpos d’água,
natureza do solo, tipo de cobertura vegetal, tipo de uso do solo, tipo de arquitetura, materiais
de construção e fontes antropogênicas de calor e poluição), localização geográfica, topografia,
climatologia urbana, sazonalidade e condições sinóticas do tempo (Oke, 1982). Estudos de
cunho observacional têm grande importância na determinação de parâmetros de superfície e
atmosféricos que são relevantes na formação e manutenção dos gradientes térmicos
horizontais. Em alguns dias esse contraste pode atingir cerca de 10º C ou mais. Segundo
Freitas, 2003, a ilha de calor urbana se desenvolve, na maior parte das vezes, quando ventos
de escala sinótica são fracos (ventos fortes misturariam o ar da cidade e das áreas rurais e
diminuiriam o contraste de temperatura). Nessas condições, em algumas grandes áreas
metropolitanas o aquecimento relativo da cidade, comparado com seus arredores, pode
promover uma circulação convectiva do ar: ar relativamente quente sobe sobre o centro da
cidade e é trocado por ar mais frio e mais denso, convergente das zonas rurais. A coluna de ar
ascendente acumula aerossóis sobre a cidade formando uma nuvem de poeira (poluentes), que
podem tornar-se muitas vezes mais concentrados sobre uma área urbana que sobre as áreas
rurais.
Vários fatores contribuem para o desenvolvimento de uma ilha de calor urbana. Um
deles é a concentração relativamente alta de fontes de calor nas cidades. As propriedades
térmicas dos materiais das construções urbanas também facilitam a condução de calor mais
rapidamente que o solo e a vegetação das áreas rurais, contribuindo para um aumento no
contraste de temperatura entre essas regiões. A perda de calor durante a noite, por radiação
infravermelha para a atmosfera e para o espaço, é parcialmente compensada nas cidades pela
liberação de calor das fontes antropogênicas, tais como veículos, indústrias e construções em
geral.
-
41
-
Os altos edifícios e ruas relativamente estreitas aprisionam energia solar através de
múltiplas reflexões dos raios solares, ocasionando numa maior absorção de radiação solar e
conseqüentemente propiciando um maior aquecimento dessa área urbana. Na cidade, a taxa de
evapotranspiração, tipicamente mais baixa, acentua ainda mais o contraste de temperatura
com suas redondezas. A menor disponibilidade de água, devido ao sistema de drenagem, faz
com que apenas uma pequena parcela da radiação absorvida é utilizada para evaporação (calor
latente) e a maior parte dessa radiação é utilizada para aquecer a terra e o ar diretamente (calor
sensível).
Numerosas investigações têm sido aplicadas aos efeitos de ilhas de calor urbanas em
São Paulo. Lombardo (1984) observou, através da utilização de imagens de satélite e
observações de campo, altas concentrações de poluentes associadas ao efeito da ilha de calor
para várias localidades na Região Metropolitana de São Paulo. Uma área urbana representa
uma barreira para o escoamento horizontal, ocasionando uma diminuição no poder de
dispersão de poluentes dentro do dossel urbano (dossel urbano é o nível da altura média das
edificações).
Os maiores gradientes de temperatura encontrados entre a área urbana de São Paulo e
as áreas rurais atingiram valores superiores à 10º C no período de inverno, sendo os maiores
gradientes térmicos verificados entre as 15 e 21 h (hora local) (Freitas, 2003).
Brisas
As brisas marítimas ou lacustres são sistemas rasos (baixos níveis atmosféricos),
geralmente confinados nas primeiras camadas da troposfera (<< 10 km). Tipicamente, a brisa
começa próxima à linha da costa algumas horas depois do nascer do sol e se expande
gradualmente, tanto sobre a terra quanto sobre a água, atingindo sua máxima extensão no
meio da tarde. Sobre a terra, a extensão da brisa varia de poucas centenas de metros a muitas
dezenas de quilômetros ou mesmo centenas, em casos extremos. Depois do pôr do sol, as
brisas marítimas/lacustres desaparecem até que, no final da noite, os ventos em superfície
começam a desenvolver a chamada brisa terrestre com uma inversão na direção do vento.
Durante a noite, o resfriamento radiativo é maior sobre a terra que sobre a água. A brisa
terrestre atinge sua extensão máxima pouco antes do nascer do sol, mas tende a ser mais fraca
que a brisa marítima ou lacustre (Atkinson, 1981).
Um dos trabalhos pioneiros sobre a brisa marítima em São Paulo foi o estudo de
Oliveira e Silva Dias (1982) que, utilizando dados de superfície da estação climatológica do
IAG-USP, caracterizaram a variação diurna e sazonal dos ventos. Segundo os autores,
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42
-
existem três padrões de entrada da brisa marítima em São Paulo: (i) brisa padrão, na qual o
vento passa de NE, no período da manhã, para SE à tarde; (ii) vento NW no período da manhã
passando a SE ou calmaria no período da tarde ou início da noite; (iii) intensificação do
componente SE no período diurno. A penetração da brisa marítima em São Paulo, durante o
período por eles analisado, ocorreu entre 13 e 14 HL na maioria dos casos, podendo haver
uma antecipação ou atraso dependendo da situação sinótica atuante na estação do ano.
A penetração da brisa marítima é um fenômeno meteorológico que causa resfriamento
e umedecimento da CLP (Oliveira, 2003). As simulações numéricas da circulação na CLP
sobre o Estado de São Paulo indicam que a brisa marítima pode penetrar até a região de Iperó,
apesar da distância de 120 km do litoral e da barreira imposta pela Serra do Mar (Karam,
2002). Sánchez-Ccoyllo e Silva Dias (2002), mostraram que durante o período de atuação da
brisa marítima sobre a cidade de São Paulo um aumento da energia cinética turbulenta
(ECT) em função do forte cisalhamento do vento associado. Dessa forma, observaram uma
máxima altura da camada limite planetária de 1450m em função do valor máximo da ECT,
com a topografia urbana intensificando a brisa marítima e elevando a altura da camada limite
planetária.
A relação existente entre a brisa marítima e o efeito da ilha de calor foi estudada por
Silva Dias (1986) para a cidade de São Paulo através da utilização de um modelo
bidimensional. Segundo o autor, a presença de uma região urbana age no sentido de retardar a
penetração da brisa marítima. O efeito da topografia combina-se com o da ilha de calor para
um maior desenvolvimento vertical da camada de mistura. Além disso, o efeito da topografia
provoca uma intensificação geral da circulação associada à brisa marítima.
Zona Frontal e Dispersão de poluentes
A RMSP, devido a sua latitude, tem por característica a passagens de rios sistemas
frontais que influenciam na qualidade do ar. Sánchez-Ccoyllo et al. 2002, estudaram os
mecanismos sinóticos que afetam a qualidade do ar na RMSP e determinaram a variação na
qualidade do ar para as situações de pré e pós frontal: a situação pré-frontal estando associada
a uma grande instabilidade atmosférica e movimentos ascendentes, ocasionaria a dispersão
dos poluentes, em situações pós-frontal associadas a uma maior estabilidade atmosférica,
haveria uma estagnação na atmosfera acarretando em menor dispersão de poluentes.
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43
-
Bloqueios Atmosféricos
O estudo de Castanho (2002) abordando a influência dos sistemas de bloqueios
atmosféricos sobre a dispersão de poluentes na RMSP, obteve como principal resultado que a
permanência de vários dias com altas concentrações de poluentes durante o mês de agosto de
2000 foi decorrência da influência de bloqueio atmosférico no oceano Pacífico. Esse evento
foi uma possível causa para a manutenção de alta pressão próxima ao continente Sul
Americana propiciando uma situação desfavorável à dispersão de poluentes. O estudo de
Zacarias et al., 2006, que fez uma vasta revisão sobre bloqueios atmosféricos, chegou a
conclusão que ainda não é consenso absoluto entre os pesquisadores de Ciências
Atmosféricas, apesar de não ser um tema novo, sua caracterização. Uma das clássicas
definições foi dada por Rex (1951) e serve de embasamento para estudos mais recentes. Esse
autor caracterizou bloqueios em termos do campo de altura geopotencial em 500 hPa,
enfatizando a divisão da corrente de jato em dois ramos com considerável transporte de
massa, a transição abrupta do escoamento zonal para meridional, a persistência da
configuração de bloqueio durante mais de 10 dias e sua extensão em mais de 45˚ de longitude.
Rex (1951) determinou critérios para identificação de bloqueios atmosféricos para o
Hemisfério Norte. Já Van Lon (1956) baseou-se em critérios específicos para o Hemisfério
Sul dados por:
O deslocamento do sistema de bloqueio deve ser menor do que 25º de longitude e 45ºS
durante o período de bloqueio;
O centro da alta deve estar no nimo 10º ao Sul da posição normal do cinturão
subtropical de alta pressão;
O bloqueio deve durar no mínimo 6 dias.
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)
Convencionalmente definida como uma persistente faixa de nebulosidade orientada no
sentido noroeste-sudeste, que se estende do sul da Amazônia ao Atlântico Sul-Central por
alguns milhares de km, sendo bem caracterizada nos meses de verão. De forma contrária aos
Bloqueios, a ZCAS está associada com movimentos ascendentes do ar, formação de chuvas e
conseqüentemente dispersão de poluentes.
Algumas características podem ser observadas para a identificação da ZCAS de
acordo com a situação sinótica que propicie sua formação (Camargo et al., 2004):
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44
-
*Forte indício de confluência entre o ar da Alta Subtropical do Atlântico Sul e o ar oriundo de
latitudes mais altas e esta confluência deve estar acompanhada de convergência de umidade e
nebulosidade;
*Em níveis superiores, a configuração mais favorável corresponde a um cavado a leste dos
Andes de maneira que a divergência em altitude seja incentivada (convecção forçada em
baixo níveis e divergência em altos níveis);
*Deve ainda haver persistência de pelo menos 4 dias desta configuração, pois caso contrário a
confluência pode ter sido gerada pela penetração de um sistema frontal;
*A ZCAS nem sempre apresenta estrutura típica de um sistema frontal quando se analisa os
gradientes de temperatura; porém o contraste de umidade pode em geral ser identificado,
principalmente se for utilizada a temperatura potencial equivalente nessa análise;
*As observações indicam que a ZCAS tende a se posicionar mais ao norte no início do verão,
deslocando-se posteriormente para o sul podendo variar até 10-15 graus de latitude; isto
resulta em situações distintas para determinados locais, conforme a região de estacionariedade
da ZCAS.
Camada Limite Atmosférica (CLP)
As variações horizontais das propriedades térmicas, radiativas e aerodinâmicas da
superfície afetam significativamente a estrutura da CLP, induzindo com freqüência
circulações horizontais. Além disso, a presença de vales e montanhas pode induzir contrastes
térmicos e gradientes horizontais de pressão suficientemente intensos de modo a modificar
não só a estrutura termodinâmica como também a estrutura dinâmica da CLP (Karam, 2002).
A CLP apresenta uma estrutura termodinâmica que responde fortemente ao ciclo
diurno de aquecimento através de mudanças nos ventos que, por sua vez, alteram as trocas de
calor entre a CLP e a atmosfera livre acima (onde a turbulência tem uma importância
secundária). Os movimentos na CLP são essencialmente turbulentos, sendo que a turbulência
origina-se de duas causas: a) origem mecânica, devido à presença de grandes cisalhamentos
necessários para satisfazer a condição de não-deslizamento; b) origem térmica, devido ao
aquecimento em seu contorno inferior. A turbulência mecânica é mais pronunciada próxima à
superfície, mas sua intensidade depende fortemente, sobretudo, da transferência de calor para
a atmosfera (por condução dentro de uma camada milimétrica rente à superfície) e pelos
transportes convectivos que provocam efeitos desestabilizadores na atmosfera (Lemes e
Moura, 1998).
-
45
-
O cisalhamento do vento aumenta os movimentos em uma escala molecular e cria
vórtices ou turbilhões. Os vórtices transferem momentum e energia horizontalmente e
verticalmente. Quanto maior o cisalhamento, maior é a transferência de momentum e de
energia. A turbulência consiste de muitos vórtices de diferentes tamanhos agindo
simultaneamente. Logo, o cisalhamento do vento gera turbulência. A turbulência térmica
aumenta o efeito da turbulência mecânica, pois favorece o desenvolvimento de turbilhões a
maiores alturas, aumentando assim, a sua habilidade para trocar o ar entre a superfície e a
camada de mistura.
De acordo com Fisch (1995), a evolução da Camada Limite Atmosférica (CLA)
representada na figura 1.07 pode ser classificada de forma esquematizada da seguinte forma:
Camada Limite Superficial (CLS), Camada de Mistura (CM) e a Camada Limite Noturna
(CLN) que estão diretamente ligadas à quantidade de energia disponível em superfície. Na
figura 1.07a estrutura da CLA é representada da seguinte forma: A CLN, B Camada
Residual, C CM, D Atmosfera Livre (AL). Existe uma camada que está sendo
representada pela linha pontilhada que é a CLS.
Figura 1.07: Estrutura da Camada Limite Planetária. Representação da variação horária da
evolução da Camada Limite Planetária. Figura extraída de Fisch (1995).
Segundo Stull (1988), sobre o continente e oceanos, a camada limite é geralmente
mais fina em regiões de alta pressão que em regiões de baixa pressão. A subsidência e a
divergência horizontal em baixos níveis associadas à alta pressão sinótica movem o ar da
camada limite para fora da região de alta pressão em direção às regiões de baixa pressão
(Figura 1.08). As profundidades mais rasas estão freqüentemente associadas a regiões com
ausência de nuvens.
-
46
-
Figura 1.08: Espessura da camada limite entre os centros de alta e baixa pressão em
superfície. As setas finas indicam subsidência, a seta vertical representa movimento
ascendente e as setas brancas na horizontal indicam regiões de movimentos divergentes
associados à alta pressão e convergentes relativos à baixa pressão (Adaptado de Stull, 1988).
O desenvolvimento da CLP é um forte condicionante da dispersão dos poluentes e o
desempenho dos modelos de dispersão atmosférica depende, em grande parte, da precisão
com que a evolução temporal e espacial das propriedades dinâmicas e termodinâmicas do
escoamento turbulento são descritas (Oliveira, 2003). A forma mais adequada de determinar
estas propriedades é através de modelos numéricos que possam ser utilizados para simular o
papel da turbulência na atmosfera. Estes modelos em geral são denominados modelos
numéricos da CLP. A maior parte dos modelos numéricos da CLP utilizados em conjunto
com modelos de dispersão está baseada no tratamento estatístico da turbulência. Estes
modelos de CLP requerem a solução do problema de fechamento associado à ordem dos
momentos estatísticos prognosticados através das equações de balanço de momento, energia e
massa.
Em estudo realizado por Oliveira et al. (2004), foram analisados quatro tipos de
esquemas numéricos de representação da CLP: modelos “BULK” (tipo caixa) que tem como
principal característica tratar a intensidade da mistura turbulenta vertical baseada na
propriedade média e homogeneidade vertical; modelos com fechamento de primeira ordem
que são baseados na analogia feita entre turbulência e transporte molecular das propriedades;
modelos com fechamento de segunda ordem que têm como principal característica resolver os
momentos estatísticos de segunda ordem para o momento e temperatura; e modelos que
simulam os grandes turbilhões (LES) e fazem uso do modelo Lagrangiano de partículas. Os
autores concluíram que os esquemas com fechamento de primeira ordem que resolvem a
equação da energia cinética turbulenta são os mais indicados para utilização em modelos
-
47
-
meteorológicos de mesoescala, pois combinam simplicidade e melhor descrição física do
transporte turbulento quando comparado a aproximação da escala de comprimento.
Zang e colaboradores (2009) encontraram resultados semelhantes aos de Oliveria,
comprovando a melhor eficiência de fechamento de primeira ordem que resolvem a equação
da ECT, em comparação com as simulações realizadas com fechamento de segunda ordem,
para a previsão de ozônio em simulações sobre a cidade do México. Ainda com base no
estudo de Zang, constatou-se que o esquema de CLP, YSU, faz previsão não realista da altura
da CLP noturna, resultando em CLP muito baixas, mas obtém resultados melhores em
comparação com a observação quando a simulação é feita em conjunto com o LSMs (modelo
de uso do solo, Land Surface Model). Silva Junior et al. (2006) também encontraram
resultados que comprovaram a eficiência das simulações do modelo WRF utilizando o
esquema YSU (fechamento de ordem 1 e 1/2) em comparação ao esquema MYJ (fechamento
de segunda ordem) na previsão da temperatura do ar e velocidade do vento para a RMSP. Os
resultados para a temperatura do ar mostraram pouca diferença em comparação com o
observado (máxima diferença de 1ºC no nível de 750mb) e a estrutura vertical da temperatura
do ar é reproduzida pelos dois esquemas, sendo que para o YSU os valores são mais próximos
dos observados em baixos níveis, enquanto o MY tem ajuste melhor ou igual em níveis mais
elevados, o que é coerente com os resultados encontrados por Arya (2001) e Kim et al.
(2005). Para a velocidade do vento em baixos níveis, que é de fundamental importância em
modelos de dispersão na representação da CLP, as previsões mostraram ventos mais fortes,
com diferenças de aproximadamente 2 m/s, mas a estrutura vertical do perfil de velocidade é
bem representada pelo WRF/Chem.
O modelo BRAMS, descrito em Freitas (2003), dispõe de quatro opções para a
parametrização dos coeficientes de difusão turbulenta na horizontal e na vertical. A primeira
dessas opções é baseada na formulação de Smagorinsky (1963) para os coeficientes de
difusão horizontais. Segundo essa formulação, os coeficientes de difusão são calculados como
o produto da taxa de deformação horizontal (gradientes horizontais da velocidade do vento) e
do quadrado da escala de comprimento. A escala de comprimento é o produto do
espaçamento de grade horizontal por um fator de multiplicação que depende das dimensões da
grade utilizada. Nessa opção, a difusão vertical é parametrizada seguindo o esquema de
Mellor e Yamada (1982) através da energia cinética turbulenta prognosticada pelo modelo. A
segunda opção utiliza a mesma parametrização anterior para os coeficientes horizontais. Para
os coeficientes verticais é utilizado o análogo unidimensional do esquema de Smagorinsky. A
deformação vertical é obtida dos gradientes verticais do vento horizontal (cisalhamento
-
48
-
vertical) e a escala de comprimento é o espaçamento vertical local multiplicado por um fator
que depende das dimensões da grade utilizada. As opções 1 e 2 são apropriadas para o caso
em que o espaçamento de grade na horizontal é muito maior que na vertical (modelos
hidrostático), tal que os movimentos convectivos dominantes não sejam resolvidos. Na
terceira opção os coeficientes de difusão na horizontal e na vertical são calculados como um
produto entre o tensor tensão de cisalhamento em três dimensões e o quadrado da escala de
comprimento. A quarta opção utilizada é baseada no esquema de Deardorff (1980) e faz uso
da energia cinética turbulenta para o cálculo dos coeficientes de difusão horizontal e vertical.
Este esquema é destinado somente para as simulações de grandes turbilhões (LES- Large
Eddy Simulation) as quais consideram que os movimentos turbulentos resolvidos pelo modelo
realizam a maior parte do transporte turbulento. Tanto no esquema de Deardorff quanto no
esquema de Mellor e Yamada a energia cinética turbulenta é gerada por meio dos processos
de cisalhamento e empuxo e um termo pressão-trabalho parametrizado. Essa energia é
destruída por esses mesmos processos e também por um termo de dissipação. Existe também
a advecção e difusão de energia cinética turbulenta. O resultado desses processos permite a
geração de um campo de energia cinética turbulenta do qual os coeficientes de difusão são
localmente diagnosticados.
1.7 – Estudos sobre a CLP na RMSP
A relação entre as condições atmosféricas e a concentração de poluentes tem sido
estudada por muitos pesquisadores. Para a maior parte dos poluentes, verifica-se que altas
concentrações estão relacionadas a valores relativamente baixos da altura da camada limite
planetária (CLP) (Setzer et. al., 1980; Sanchez-Ccoyllo, 1998), indicando assim, uma
correlação negativa. Tais condições são comumente observadas durante o período de inverno,
quando a incidência de radiação solar é relativamente pequena impossibilitando um grande
crescimento da camada limite. No entanto, o ozônio, um oxidante fotoquímico, sofre grande
dependência da radiação solar e, assim, apresenta um comportamento diferente dos outros
poluentes.
Freitas (2000) estudando uma possível relação entre a altura da CLP e a concentração
de O
3
através dos métodos estatísticos de análise multivariada (análise Cluster e análise de
Componentes Principais) verificou que não nenhuma relação direta entre as concentrações
de ozônio e a altura da CLP, sendo que os dois métodos estatísticos utilizados apresentaram
boa concordância entre si. Embora tenham sido obtidos valores baixos de correlação entre as
concentrações de ozônio e a altura da inversão, essa correlação é sempre positiva indicando a
-
49
-
alta dependência com a radiação desses dois parâmetros. Ainda com base no estudo de Freitas
(2000), do ponto de vista da dispersão de poluentes, a passagem de sistemas frontais parece
ser um dos principais contribuintes para a diminuição das concentrações de ozônio.
De acordo com Ynoue (2004) a altura da CLP na RMSP varia de acordo com os
períodos noturno e diurno de 300 a 1200m respectivamente. Nesse estudo foram utilizados os
dados do SODAR (SOund Detection And Ranging) para determinar a altura da CLP, onde
essa informação serviu como validação do modelo BRAMS e ainda como dado de entrada
para o modelo de qualidade do ar CIT.
1.8 –
Objetivo geral e específico do trabalho
Este estudo tem por objetivo analisar as diferentes parametrizações da turbulência
atmosférica que melhor representem os processos de transporte vertical e de formação dos
oxidantes fotoquímicos no modelo WRF/Chem. Para atender a esse objetivo serão realizadas
análises de configuração dos esquemas numéricos de CLP que mais se ajustam à RMSP e
ainda uma estimativa do impacto da inclusão do modelo urbano UCM (Urban Canopy Model)
nas simulações da concentração de ozônio e seus precursores.
Podem ser enumeradas as principais etapas do trabalho:
- ajuste das emissões da Região Metropolitana de São Paulo para inclusão no modelo WRF-
Chem;
- avaliação da representação dos parâmetros meteorológicos para o período de estudo;
- avaliação dos esquemas de representação da Camada Limite Planetária no modelo WRF-
Chem;
- inclusão do modelo urbano UCM (Urban Canopy Model) acoplado ao WRF-Chem e
verificação da melhoria da representação dos processos de transporte na RMSP.
Esses estudos foram realizados com simulações bi e tri-dimensionais.
-
50
-
-
51
-
2 – METODOLOGIA
Nesta seção será feita uma descrição de todos os procedimentos adotados para a
realização do presente trabalho, onde serão destacados a localização da área de estudo, o
objetivo do trabalho, a ferramenta utilizada para realização do trabalho e como será feita a
comprovação dos resultados. Vale salientar que para este trabalho optou-se por utilizar uma
ferramenta de modelagem (o modelo WRF/Chem) que possibilitasse dois acoplamentos
importantes: o dos campos meteorológicos com o módulo de reações química, e ainda um
segundo acoplamento que possibilitou introduzir o efeito da presença urbana que foi o
acoplamento entre os modelos WRF/Chem e UCM.
2.1 – Área de Estudo
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) representada na figura 2.01 está
localizada a 23ºS e 46ºW, na porção sudeste do Brasil. Possui uma área de 8051km² com uma
população superior a 19 milhões de habitantes o terceiro maior conglomerado urbano do
mundo), distribuída em uma área urbanizada e de maneira desordenada em 1747km² dessa
área. O sítio urbano situa-se, praticamente, na Bacia Sedimentar de São Paulo, cujo principal
vale é o do Rio Tietê, orientado no sentido leste-oeste, com uma altitude média de 720 metros
e uma extensa planície de inundação. Está distante cerca de 45km do Oceano Atlântico e o
clima na RMSP pode ser resumido como seco no inverno e úmido no verão. De setembro a
abril a área é dominada por vento úmido do Sul e ocorrência de sistemas frontais, resultando
em precipitações e nuvens de baixa altitude. Durante o inverno, formações de alta pressão no
Oceano Atlântico ao leste, dirigem-se para o norte, produzindo ventos fracos provenientes da
costa, fortes inversões térmicas de subsidência e céu claro. Sua precipitação anual é de 1900
-
52
-
mm, com temperatura média que varia entre 15 e 22°C (Cetesb, 2005; Castanho, 1999). A
região sofre todo tipo de problemas ambientais, entre os quais está a deterioração da qualidade
do ar, devido às emissões atmosféricas de cerca de 2000 indústrias de alto potencial poluidor
e por uma frota de aproximadamente 7,4 milhões de veículos.
(a)
(b)
Figura 2.01: Localização da área de estudo na América do Sul e Brasil (a) e a RMSP e seu
respectivo tipo de cobertura do solo (b). Fonte: CETESB, 2008
2.2 – Período de Estudo
Para efeito de validação dos resultados das simulações feitas com o modelo
WRF/Chem, foi escolhido o período de 28/10/2006 00UTC até 01/11/2006 00UTC. Para este
período tínhamos disponíveis os dados meteorológicos e químicos em superfície fornecidos
pela CETESB, as radiossondagens lançadas durante um experimento na linha de projetos de
políticas públicas (dias 30/10, 31/10 e 01/11/2006) financiado pela FAPESP. Essas sondagens
-
53
-
foram utilizadas para a determinação do perfil vertical da concentração de O
3
, temperatura do
ar e velocidade do vento. A escolha do período foi feita principalmente de acordo com índice
de ultrapassagens do padrão de qualidade do ar da concentração de ozônio e ainda de acordo
com a disponibilidade de dados para a análise e discussão dos resultados. O período estudado
apresentou grandes variações sinóticas e locais, do ponto de vista da intensidade e direção do
vento, temperatura e dispersão dos poluentes, mas uma característica marcante foi que para
este período a RMSP mostrou pouca nebulosidade o que possibilitou uma melhor analise das
reações fotoquímicas que dependem da disponibilidade de radiação solar.
2.3 – Descrição da Ferramenta de modelagem
Por se tratar de um modelo completamente acoplado, ou seja, que tem a capacidade de
executar em conjunto as partes meteorológica e química, optamos por utilizar o modelo
WRF/Chem (Weather Research and Forecasting/Chemistry) para fazer as previsões de
qualidade do ar. Como todos os outros modelos fotoquímicos, o WRF/Chem resolve a
equação da dispersão dos contaminantes atmosféricos representando os fenômenos físicos e
as reações fotoquímicas que afetam as espécies químicas presentes na atmosfera e que
condicionam a distribuição espacial e temporal de suas concentrações. A parte meteorológica
do modelo é bem consolidada e testada, pois tem sua base oriunda da quinta geração do
modelo MM5 (Mesoscale Model version 5, Grell et al, 2000), de onde foram aproveitadas as
experiências nos conhecimentos meteorológicos para a construção e desenvolvimento do
modelo climático WRF, que ganhou uma nova versão com a inclusão da química, gerando o
WRF/Chem. Trata-se de um modelo não-hidrostático de previsão numérica do tempo
desenvolvido pelo NCAR (National Center for Atmospheric Research) com colaboração de
diversas universidades e outros institutos de pesquisas (Skamarock e colaboradores, 2005).
Para representar as principais características da atmosfera é utilizado um conjunto de
equações para expressar as variações de momentum, energia e umidade do ar. Este é um
modelo que se baseia na conservação da massa.
0=
i
i
x
U
ρ
Onde: U
i
são as três componentes do vento e
ρ
é a densidade do ar, a variação de densidade é
desprezada.
Para a representação da variação temporal da velocidade do vento é utilizada a
equação prognóstica do momentum:
-
54
-
i
i
i
F
x
P
t
U
+
=
ρ
com
ui
G
kkj
jk
ii
i
j
ji
i
DUUg
z
wu
x
UU
F +
= )(2
'
3
0
εδ
θ
θ
ρ
ρ
ρ
Onde:
i
x
P
representa o transporte médio e F
i
representa o transporte turbulento, P é a
pressão,
θ
0
é a temperatura potencial de referência do estado hidrostático e
θ
=
θ
-
θ
0
é a
flutuação relativa nesse estado, g é a aceleração da gravidade,
j
é a velocidade angular de
rotação da terra e
G
k
U
é o vento geostrófico. O termo D
ui
é referente às forças (fricção, arrasto,
etc.) que aparecem devido às interações entre as superfícies sólidas (solo, construções, etc) e a
atmosfera, que está na forma não-hidrostática e o termo de flutuação é escrito usando a
aproximação de Boussinesq.
A equação que descreve a variação temporal de temperatura é a seguinte:
z
R
P
P
C
D
z
w
x
U
t
ondal
CpR
pi
i
+
=
.0
1
θ
θρ
ρθ
ρθ
Onde:
θ
é a temperatura potencial, C
p
é o calor especifico a pressão constante, R é a constante
do gás ideal, P
0
é a pressão de referência (1.000hPa) e R
l.onda
é a radiação de onda longa. D
θ
expressa o impacto do fluxo de calor sensível sobre a superfície sólida (solo ou construções)
no balanço da temperatura potencial.
Para o prognóstico da umidade do ar é utilizada a seguinte equação:
h
ii
i
D
x
wh
x
HU
t
H
+
=
ρ
ρ
ρ
Onde: H é a umidade absoluta média do ar e h é a flutuação turbulenta, aqui não são
consideradas a condensação e formação de nuvens.
Para resolver os fluxos verticais devido ao transporte turbulento foi usada a
aproximação da teoria K (baseado na teoria do transporte molecular das propriedades):
z
A
Kwa
z
=
O coeficiente de difusão vertical é determinado de acordo com o tipo de esquema
numérico que descreve a estrutura da CLP. E ainda temos que
)'''(
2
1
222
wvuE ++=
.
A equação prognóstica para a energia cinética turbulenta é expressa da seguinte forma:
-
55
-
Ez
y
x
i
i
D
l
E
C
z
K
g
z
U
z
U
z
ew
x
EU
t
E
+
+
+
=
ε
ε
ρ
θ
ρ
θ
ρ
ρ
ρ
23
0
2
2
Onde: D
E
é fonte o sumidouro de ECT devido a interação entre as construções e a atmosfera
(fluxo de ar).
2.3.1 Descrição sucinta das parametrizações Meteorológicas (segundo
Skamarock e colaboradores, 2005) presentes no WRF/Chem
Microfísica resolve a fase em que a água se encontra na atmosfera,
quantitativamente, qualitativamente e distribuição dos hidrometeoros. Existem três camadas
na atmosfera que são bem definidas pelos modelos em termos de fase da água: camada abaixo
do nível de 0ºC (presença de vapor d’água e gotículas de água), a camada no nível entre 0ºC e
-40ºC (presenças de cristais de gelo e gotículas de água super-resfriadas), e acima do nível de
-40ºC (só há presença de cristais de gelo e neve). Em termos de parametrização da microfísica
foi utilizado o esquema Purdue Lin baseado nos estudos de Lin et al (1983) e Rutledge e
Hobbs (1984), que leva em consideração 6 classes de hidrometeoros: vapor d’água, água de
nuvem, chuva, gelo na nuvem, neve e “graupel”.
Parametrização de Cumulus – várias técnicas estão sendo desenvolvidas para estimar o
efeito em escala de subgrade das nuvens cumulus no modelo de meso-escala, e essa técnica é
chamada de parametrização de cumulus, onde as principais variáveis utilizadas são a
velocidade do vento horizontal e vertical, temperatura potencial, razão de mistura total de
água. A parametrização de cumulus usa essas variáveis para ajustar a temperatura potencial,
total de água, campos de momento e para prever precipitação.
De acordo com os perfis de umidade e calor da atmosfera em conjunto com os
movimentos ascendentes ou descendentes do vento o modelo simula a formação ou não de
nuvens. Para o estudo em questão, a escolha da parametrização de cumulus baseou-se nos
resultados obtidos por Silva Junior et al., 2006, que mostrou que a parametrização que melhor
se ajusta para a RMSP é a Grell-Devenyi Ensamble (Grell e Devenyi, 2002), das três opções
disponíveis no modelo. Todos os esquemas de cumulus disponíveis são do tipo massa-fluxo,
mas diferenciando nos parâmetros utilizados para descrever os movimento do vento
ascendente e descendente, nos processos de entranhamento e desentranhamento, e eficiência
na precipitação. O controle dinâmico feito no esquema numérico é baseado na energia
potencial disponível para a convecção (CAPE “convective available potential energy”), e
também na convergência de umidade.
-
56
-
Camada Superficial os esquemas de camada superficial calculam a velocidade de
fricção e a mudança dos coeficientes que permitem os cálculos dos fluxos de calor e umidade
relacionados com o modelo de superfície terrestre e cisalhamento superficial no esquema de
Camada Limite Planetária (CLP). Sobre a água o fluxo superficial é computado no próprio
esquema de camada superficial. Os esquemas de camada superficial não fornecem qualquer
tendência, as informações de dependência de estabilidade que serão utilizados nos
esquemas de tipo de cobertura do solo e CLP. Atualmente, cada opção de esquema de
camada superficial está vinculada a um determinado esquema de CLP, mas a tendência é que
não haja mais essa dependência para novas versões do modelo. Existem dois tipos que são
utilizados no presente trabalho: o esquema da teoria da similaridade (derivado do modelo
MM5) e o esquema de superfície Mellor-Yamada-Janjic (MYJ), derivado do modelo Eta.
O esquema da teoria da similaridade (MM5) usa uma função de estabilidade Paulson
(1970), Dyer e Hicks (1970), e Webb (1970) para computar os coeficientes de mudanças
superficiais de calor, umidade e momentum. A velocidade de convecção segue Beljaars
(1994) e é utilizada para computar as mudanças superficiais dos fluxos de calor e umidade.
Este esquema precisa ser executado com os esquemas de CLP MRF (Medium Range
Forecast) ou YSU (Yonsei University).
o esquema superficial MYJ (Eta) é baseado na teoria da similaridade de Monin-
Obukhov (Monin and Obukhov, 1954). O esquema inclui parametrizações na sub-camada
viscosa. Sobre a água a sub-camada viscosa é parametrizada explicitamente segundo Janjic
(1994). Sobre o solo, os efeitos da sub-camada viscosa são considerados de acordo com a
variável altura do comprimento de rugosidade influenciando na temperatura e umidade como
proposto por Zilitinkevich (1995). Existe uma correção de Beljaars (1994) que evita o
desaparecimento da velocidade do vento na camada superficial instável. Os fluxos superficiais
são computados por um método interativo, e esse esquema superficial é executado em
conjunto com os esquemas de CLP BOULAC e MYJ.
Modelos de cobertura do solo este é um esquema que está diretamente ligado com
todos os outros esquemas e que precisa ser bem representado, o modelo “land-surface” tem
vários graus de sofisticação, como propagação térmica e de umidade entre as múltiplas
camadas do solo, incluindo ainda os efeitos da vegetação, raízes e ainda prevê superfície
coberta por neve. Este é um importante parâmetro que deve ser bem escolhido, pois
experimentos feitos mudando os esquemas mostraram grandes variações nas previsões.
Para o presente trabalho foi utilizado o NOAH LSM que é o sucessor do OSU LSM
descrito por Chen e Dudhia (2001)
. O esquema foi desenvolvido conjuntamente pelos
-
57
-
institutos NCAR e NCEP; esse é um modelo de 4 camadas de temperatura e umidade do solo
com considerações para superfícies cobertas por água e neve. Inclui zona com raízes,
evapotranspiração, drenagem do solo, escoamento superficial, considera categorias de
vegetação, fração mensal de vegetação e textura do solo. O esquema numérico prevê fluxos
de calor sensível e latente para os esquemas de camada limite. Como a resolução da descrição
do tipo de cobertura do solo é maior do que a grade do modelo utilizado, o modelo Noah
LSM utiliza um recurso interessante que é considerar para a célula simulada na grade as
porcentagens do tipo de cobertura do solo, ou seja, considera o percentual de água, vegetação,
área urbana, etc.
Camada Limite Planetária A função dos esquemas de CLP é transportar as
propriedades atmosféricas (momentum, temperatura, massa, etc.) através dos fluxos
turbulentos, onde os gradientes das variáveis meteorológicas são condicionantes para gerar
movimentos verticais ou horizontais na atmosfera. A CLP é a região da atmosfera que recebe
a interferência direta da superfície e apresenta os maiores gradientes das variáveis
meteorológicas, e por isso de fundamental importância para a dispersão dos poluentes
troposféricos. Alguns dados como os fluxos superficiais são obtidos pelos esquemas de
camada superficial e de cobertura superficial.
Foram utilizados três tipos de esquemas de CLP (tabela 2.01) para realizar os
experimentos de sensibilidade para determinação da estrutura da CLP e conseqüentemente
avaliar o impacto na formação do O
3
. O esquema CLP BOULAC foi utilizado para fazer
experimentos mais detalhados sobre os parâmetros utilizados para representar a CLP, e os
esquemas YSU e MYJ serviram como referência para os resultados obtidos com BOULAC. O
principal motivo para escolher o esquema BOULAC foi o acoplamento existente entre este e
o modelo urbano UCM.
Tabela 2.01: Opções de CLP do modelo.
Esquema Mistura instável da CLP Topo da CLP Referências Bibliográficas
YSU
(1)
Perfil K + transporte
gradiente
Perfil de flutuação Hong e Pan (1995).
MYJ
(2)
Perfil K para prognosticar
TKE
Variação de TKE Mellor e Yamada, 1982
BOULAC
(3)
Perfil K + transporte
gradiente
Perfil de flutuação Bougeault e Lacarrère, 1989
1-YonSei University (YSU) – esquema de CLP com fechamento de ordem 1 e ½.
2-Mellor-Yamada-Janjic (MYJ) – esquema de CLP com fechamento de ordem 2.
3-BOUgeault e LACarrère (BOULAC) esquema de CLP com fechamento de ordem 1 e ½, com inclusão do
efeito topográfico.
-
58
-
Para o presente trabalho foram utilizados os esquemas de CLP com fechamento de
ordem e ½ (BOULAC e YSU), tendo como base o estudo realizado por Oliveira et al. 2004
com ênfase na avaliação dos modelos numéricos para a CLP. Eles sugeriram que os
esquemas numéricos com fechamento de ordem e ½ são mais indicados para modelos de
meso-escala, pois combinam simplicidade nas considerações e melhor descrição física do
transporte turbulento quando comparado com a aproximação do comprimento de mistura. Em
outro estudo na mesma linha de pesquisa, Holt e Raman, 1988, também dão destaque para a
qualidade das simulações utilizando esquemas com fechamento de ordem e ½. Associado a
isso, um ganho também em desempenho quando utilizamos os modelos de fechamento de
ordem e ½, por resolver um menor número de equações (momentos estatísticos) na
estimativa dos fluxos turbulentos. Nos experimentos de sensibilidade dos esquemas de CLP,
será comprovada a eficiência da utilização desses esquemas de fechamento para a RMSP, em
casos idealizados e reais.
O esquema BOULAC é um modelo de fechamento de primeira ordem que usa a
equação da energia cinética turbulenta (1ª ordem e ½), e baseia-se na analogia entre a
turbulência e transporte molecular das propriedades. Os coeficientes de turbulência K
m
e K
h
são estimados com base na teoria do comprimento de mistura dada por Therry e Lacarrère
(1983). Uma importante consideração feita em BOULAC que o diferencia do esquema YSU,
é a inclusão do efeito orográfico que é introduzido na escala de comprimento e por sua vez é
passado para os coeficientes de difusões turbulentos verticais e horizontais, onde a
formulação é baseada na altura da parcela e a distância do topo da inversão térmica da CLP.
No caso de BOULAC, para resolver os fluxos verticais devido ao transporte turbulento
é usada a aproximação da teoria K (baseada na teoria do transporte molecular das
propriedades):
Z
U
Kuw
m
=''
,
Z
V
Kvw
m
=''
,
Z
e
Kew
e
=''
=''
θ
w
cgh
Z
K
γ
θ
, CLP convectiva (
γ
cg
é um termo de compensação para
satisfazer a compatibilidade entre o topo da Camada
Superficial e a Camada de mistura);
-
59
-
Z
K
h
θ
, Outras condições
Estimativa do coeficiente vertical de difusão:
2/1
elCK
kkm
=
, K
h
=
α
T
K
m
, K
e
=
α
e
K
m
Onde: C
k
é um parâmetro modelado igual a 0,4,
α
T
e
α
e
são iguais a 1. E ainda temos que
)'''(
2
1
222
wvue ++=
.
A equação prognóstica para a energia cinética turbulenta é expressa da seguinte forma:
εθ
θ
ρ
ρ
+
=
''''''''
1
0
w
g
Z
V
wv
Z
U
wuew
Zt
e
A estimativa do termo de dissipação de ECT:
ε
ε
ε
l
eC
2/3
=
Onde: C
ε
é um coeficiente numérico igual a 0,71.
Com base em BOULAC as duas escalas de comprimento l
k
e l
ε
são determinados
resolvendo a seguinte equação:
+
=
up
lz
z
zEdzzz )('))'()((
θθβ
=
z
lz
down
zEdzzz )('))'()((
θθβ
l
ε
=(l
up
l
down
)
1/2
l
k
=min(l
up
,l
down
)
Onde: l
ε
e l
k
são as distâncias que uma parcela no nível z, que tem um ECT de nível z(E(z)),
pode viajar para cima ou para baixo antes de voltar a sua posição original devido ao efeito da
flutuação (a formulação de Bougeault e Lacarrere (1989) assume a presença de uma camada
estável a uma certa altura sobre o solo, em geral a altura da camada limite); l
down
não pode ser
maior que a altura sobre o solo (l
solo
=z).
O esquema YSU é um esquema com fechamento de 1ª ordem e ½ que utiliza a
equação da ECT para a estimativa dos fluxos de difusão turbulenta. O esquema YSU é uma
melhoria do esquema MRF no que diz respeito ao aumento da mistura da camada limite
devido à indução térmica no regime de convecção livre e diminuição do efeito mecânico do
campo de vento devido à convecção forçada. O esquema YSU tem como principal
característica ser um esquema de camada limite de difusão vertical não-local (tabela 2.02),
diferentemente do que ocorre com o esquema BOULAC, onde a utilização ou não das
-
60
-
variáveis na altura referência (nível z) determina se é local ou não o esquema (maiores
detalhes Hong, Noh e Dudhia, 2005; Hong e Pan, 1995).
Tabela 2.02: Descrição da determinação do coeficiente de difusão vertical pelo esquema
YSU.
P
sm
h
z
zkwK
= 1
,
K
m
- Coeficiente de Difusão Turbulenta de Momentum, k
constante de Von Kármán (=0,4), z altura sobre superfície, h
– altura da CLP.
Pr/
mH
KK
=
K
H
- Coeficiente de Difusão Turbulenta de Calor, Pr é o
número de Plandtl (=0,7)
1
=
ms
uw
φ
w
s
- Velocidade da camada de mistura, u*- velocidade de
fricção superficial,
φ
m
- função do perfil do vento.
>
+
=
0)''(,
1,0
51
0)''(,
1,0
161
0
0
41
θ
θ
φ
w
L
h
w
L
h
m
φ
m
- função do perfil do vento.
))((
)(
2
sv
va
cr
hg
hU
Ribh
θθ
θ
=
Rib
cr
- é o número crítico de Richardson (=0,25), U(h) é a
velocidade horizontal do vento em h,
θ
va
-é a temperatura
potencial virtual no primeiro vel do modelo,
θ
s
- é a
temperatura potencial virtual em h,
θ
s
- é a temperatura
potencial na superfície, g – aceleração da gravidade.
Radiação de Onda Curta e Longa o esquema de radiação de onda curta resolve a
interação desta com a atmosfera (vapor d’água, O
3
, gases traços, CO
2
e nebulosidade)
incluindo os processos de reflexão, absorção e espalhamento na interação com a atmosfera e a
superfície terrestre. Para o esquema de radiação de onda longa (radiação infravermelha
térmica) são considerados os processos de emissão pela terra e atmosfera, e também a
absorção pela atmosfera. Para resolver o balanço de onda longa foi utilizado o esquema
numérico de “Rapid Radiative Transfer Model (RRTM) Longwave”, baseado no estudo de
Mlawer et al. (1997), que é do tipo banda espectral, o qual usa tabelas pré-configuradas para
representar os processos de radiação de onda longa devido ao vapor d’água, CO
2
, O
3
, e gases
traços (se presentes) e também usa uma estimativa da profundidade ótica. Já para o caso da
radiação de onda curta, o esquema usado nas simulações é o Goddard Shortwave” baseado
no estudo de Chou e Suarez (1994).
A escolha de esquema deu-se devido a interação com aos
módulos químicos. Este é um esquema que leva em consideração um total de 11 bandas de
absorção e considera as componentes da radiação solar direta e difusa referentes ao
espalhamento e reflexão. O esquema considera o papel do O
3
estratosférico de acordo com os
perfis climatológicos.
-
61
-
2.3.2 – Descrição sucinta das parametrizações Químicas (GRELL et al., 2005)
O módulo químico consiste no tratamento de emissões antropogênicas e biogênicas,
mecanismo químico, deposição seca dos constituintes gasosos e particulados, um esquema
complexo de cálculo de taxas de fotólise, e um modelo de aerossóis para a sua formação e
crescimento. O WRF/Chem é um modelo estatisticamente avaliado e comparado com outros
modelos, como por exemplo com o MM5/Chem (Grell et al., 2005), quando se mostrou
estatisticamente melhor na previsão de O
3
. No mecanismo químico o modelo usa 39 espécies
químicas que são completamente prognosticadas, incluindo a distribuição de tamanho das
partículas por modas, para as espécies primárias e secundárias (orgânica e inorgânica) para
moda de Aitken e moda de acumulação, e três classes de fontes para a moda grossa
(antropogênicas, sal marinho e ressuspensão de poeira).
Deposição Seca – o fluxo dos gases traços e partículas da atmosfera para a superfície é
calculado multiplicando-se na baixa camada do modelo sua concentração pela variação
espacial e temporal da velocidade de deposição, que é proporcional a soma das três
resistências características (aerodinâmica, subcamadas e superficial), em um esquema que foi
desenvolvido por Wesely (1989). Na resistência superficial são consideradas as resistências
do solo e das plantas. As propriedades das plantas são determinadas com base nos dados de
uso do solo e estação do ano. A resistência superficial depende do coeficiente de difusão,
reatividade e solubilidade em água dos gases traços reativos. A deposição seca do sulfato é
descrito separadamente. E em caso de simulações sem o cálculo explícito dos aerossóis, é
assumido que o sulfato está presente na forma de partículas de aerossóis, e a deposição é
descrita de acordo com Erisman et al (1994).
A velocidade de deposição v
dk
, para um tempo dk de um aerossol polidisperso é dado
por:
Onde: r
a
é a resistência superficial, v
Gk
é a configuração da velocidade da
polidispersão, e r
dk
é a difusividade Browniana (Slinn e Slinn, 1980; Pleim et al., 1984).
Emissões Antropogênicas
Este trabalho teve como base a utilização do inventário de emissões oficial elaborado
pela CETESB para o ano de 2006 (Cetesb, 2006). Nesses inventários as emissões por fontes
móveis foram responsáveis pela maior parte das emissões gasosas na RMSP. De acordo com
esse relatório CETESB (ano base 2005), aproximadamente 97% das emissões de CO, 97%
-
62
-
das emissões de HC, 96% das emissões de NOx, 40% das emissões de material particulado e
42% das emissões de SOx são provenientes das fontes móveis. Neste estudo somente as
fontes móveis foram consideradas, e os valores das emissões anuais das fontes móveis
utilizadas para o ano de 2006 está sendo apresentado na tabela 2.03.
Tabela 2.03: Estimativa da emissão de fontes móveis e fixas para a RMSP em 2006 (Cetesb,
2006).
Fontes de emissão Emissão 2006
(1000 tonelada/ano)
CO HC NOx SOx MP
Gasolina C
(1)
(com 22% de
álcool)
Escapamento
(exaustão)
915,6 102,8 49,6 5,5 5,8
Carter e evaporativa
(líquido)
- 146,1 - - -
Transferencia de
combustível (vapor)
- 12,3 - - -
Álcool Escapamento
(exaustão)
191,0 21,3 13,0 - -
Carter e evaporativa
(líquido)
- 16,1 - - -
Transferencia de
combustível (vapor)
- 1,2 - - -
Diesel
(2)
Escapamento
(exaustão)
372,2 58,3 268,3 3,6 14,0
Carter e evaporativa
(líquido)
- - - - -
Transferencia de
combustível (vapor)
- - - - -
Pneus Todos os tipos - - - - 9,1
Fixas Operação de
Processo Industrial
38,6 12,0 14,0 17,1 31,6
1 - Gasolina C: gasolina contendo 22% de álcool anidro e 450ppm de enxofre (massa)
2 - Diesel: com 300ppm de enxofre (massa)
CO: monóxido de carbono, HC: hidrocarbonetos totais, NO
X
: óxidos de nitrogênio, SO
X
: óxidos de enxofre,
MP: material particulado
A unidade e formato do inventário de emissões da CETESB foram alterados para
atender as exigências do módulo de emissão do modelo WRF/Chem - foram feitas conversões
de unidade de t/ano (CETESB) para µ.mol.km
-2
.h
-1
(WRF/Chem), vale salientar que o
inventário de emissão da CETESB considera toda a RMSP. Outro detalhe importante a ser
considerado é com relação a especiação dos COVs, pois além do WRF/Chem utilizar a
quantidade total de COVs extraída do inventário anual da CETESB é necessário conhecer a
composição química dos COVs na mistura, pois a isso está associado o potencial de formação
de O
3
, neste caso foi adotado a especiação utilizada e exaustivamente testada pelo grupo
LAPAt/IAG/USP baseado no trabalho de Andrade et al, 2004, Martins et al., 2006 e Sanchez-
Ccoyllo et al., 2007. Os COVs do inventário oficial são classificados nas diversas classes de
compostos segundo o esquema químico SAPRAC99 (Carter, 2000 para maiores detalhes). O
-
63
-
SAPRAC99 agrupa várias espécies de compostos orgânicos voláteis de acordo com as taxas
de velocidade de reação e peso molecular, que por sua vez foi convertido para o formato do
RADM2 que é utilizado no módulo de emissões do WRF/Chem, sendo composto por 30
constituintes químicos de entrada (e_so2, e_no, e_ald, e_hcho, e_ora2, e_nh3, e_hc3, e_hc5,
e_hc8 , e_eth, e_co, e_ol2, e_olt, e_oli, e_tol, e_xyl, e_ket, e_csl , e_iso, e_pm25i, e_pm25j,
e_so4i, e_so4j, e_no3i, e_no3j, e_orgi, e_orgj, e_eci, e_ecj, e_pm10 ) detalhados na tabela
2.04.
Tabela 2.04: Descrição das espécies químicas usadas no módulo RADM2 do modelo
WRF/Chem.
Qtd. Grupo Taxa de Emissão
(µ
µµ
µmol.km
-2
.h
-1
)
Descrição dos Constituintes Químicos Emissores
1 E_so2 5,49 Dióxido de Enxofre
2 E_no 150,12 Monóxido de Nitrogênio
3 E_ald 9,67 Acetaldeído
4 E_hcho 38,43 Formaldeídos
5 E_ora2 0,00 Ácidos Orgânicos
6 E_nh3 0,00 Amônia
7 E_hc3 20,53 Alcanos (500<KOH<5000)
8 E_hc5 15,41 Alcanos (5000<KOH<10000)
9 E_hc8 14,15 Alcanos (KOH>10000)
10 E_eth 9,72 Etanos (KOH < 500 ppm/min)
11 E_co 1505,98 Monóxido de Carbono
12 E_ol2 15,73 Etilenos
13 E_olt 16,90 Alcenos (KOH < 20000 ppm/min)
14 E_oli 15,10 Alcenos (KOH > 20000 ppm/min)
15 E_tol 11,95 Aromáticos (KOH<20000 ppm/min excluindo benzeno e
tolueno)
16 E_xyl 10,92 Aromáticos (KOH>20000 ppm/min – excluindo xylenos)
17 E_ket 64,61 Acetonas, Methyl Ethyl e Ketone
18 E_csl 0,00 Fenóis e Cresóis
19 E_iso 0,20 Isoprenos
20 E_pm25i 0,0010
Material Particulado 2,5
µ
m – Moda de Nucleação
21 E_pm25j 0,0042
Material Particulado 2,5
µ
m – Moda de Acumulação
22 E_so4i 0,0001 Sulfato PM2,5 – Moda de Nucleação
23 E_so4j 0,0008 Sulfato PM2,5 – Moda de Acumulação
24 E_no3i 0,00 Nitrato PM2,5 – Moda de Nucleação
25 E_no3j 0,00 Nitrato PM2,5 – Moda de Acumulação
26 E_orgi 0,0004 Compostos Orgânicos PM2,5 – Moda de Nucleação
27 E_orgj 0,0017 Compostos Orgânicos PM2,5 – Moda de Acumulação
28 E_eci 0,0007 Carbono Elementar PM2,5 – Moda de Nucleação
29 E_ecj 0,0003 Carbono elementar PM2,5 – Moda de Acumulação
30 E_pm10 27,87
Material Particulado 10
µ
m
A figura 2.02 mostra as correções feitas para a distribuição espacial das emissões da
RMSP no formato de entrada do modelo WRF/Chem. Para comprovação que a emissão
está realmente configurada sobre a RMSP utilizou-se na Figura 2.02a como fundo, o tipo de
uso do solo, onde pode-se perceber que a emissão de SO
2
representada pelo contorno em
-
64
-
verde está de acordo com a classificação urbana do modelo expressa em azul (índice 1). Já na
Figura 2.02b é apresentada somente a distribuição da emissão de CO nas áreas que serão
consideradas para as simulações em casos reais: RMSP, São José dos Campos, Sorocaba e
Baixada Santista.
(a) (b)
Figura 2.02: Relação entre o tipo de cobertura do solo urbano com as emissões veiculares de
SO
2
(a) e as regiões que estão sendo consideradas no modelo para as emissões antropogênicas
(representadas pela emissão de CO) (b).
Como o inventário oficial é integrado espacialmente para toda a RMSP, as
considerações feitas com relação à conversão das unidades não são suficientes para
diferenciar áreas com grande e pouco tráfego de veículos, e ainda não incorporaram o efeito
da variação horária das emissões. Duas aproximações foram feitas para melhorar a
representatividade do inventário de emissões.
Para a representação espacial do inventário de emissões da CETESB (em termos de
fluxo de poluentes por ponto de grade) foi utilizado o estudo desenvolvido por Landmman,
2004 para a RMSP. Nesse estudo, um modelo de tráfego EMME/2, gera para cada ponto de
grade a velocidade média por tipo de veículo, leve ou pesado. A partir dessa velocidade média
foi calculada uma taxa de emissão por poluente relativa ao inventário oficial. A distribuição
espacial da emissão fica descrita com base na quantidade de veículos e na velocidade média
por trama para a RMSP (figura 2.03 (a) onde a cor vermelha mostra uma maior quantidade
de emissão de CO e a cor verde representa uma menor emissão de CO, relacionada com o
fluxo de veículos na área em questão).
-
65
-
(a)
(b)
Figura 2.03 – (a) Detalhe das emissões de CO (kg/h) na região central da cidade de São Paulo,
com a rede viária (a espessura das tramas é proporcional aos volumes de tráfego), segundo
Landmann, 2004 e (b) Correção da distribuição espacial das emissões dos poluentes baseada
na quantidade de veículos e sua velocidade média.
Para implementar a distribuição espacial das emissões veiculares foram utilizados os
dados da contribuição relativa de emissão de cada ponto de grade (4km x 4km) do que é
emitido para toda a RMSP (1.747km
2
). Foram criadas classes de emissão baseadas no perfil
de emissões de CO (mostrado na Figura 2.03a que o CO seria um indicador de transito de
veículos leves) para determinar quais seriam as regiões com maiores contribuições
percentuais de emissão da RMSP. Partindo do inventário anual de emissão da CETESB, que
disponibiliza os dados de emissão para toda a RMSP, foram determinadas quais seriam as
regiões responsáveis por maior parte das emissões veiculares (tabela 2.05), ou seja, as regiões
onde a velocidade de tráfego é menor implicando em congestionamento de veículos e maior
quantidade de veículos.
-
66
-
Tabela 2.05 – Distribuição percentual da emissão na RMSP, baseada no tráfego de veículos.
Classes
- Intervalos -
Emissões CO (kg/h)
Pto. Médio
(kg/h)
Qtd. Pontos
de Grade
Pto.Médio x
Qtd.Pto.Grade
Distribuição
Percentual
F 11000 9000 10000 1
10000
5,62%
E 9000 7000 8000 4
32000
17,98%
D 7000 5000 6000 5 30000 16,85%
C 5000 3000 4000 13
52000
29,21%
B 3000 1000 2000 16
32000
17,98%
A 1000 0 500 44
22000
12,36%
Total 30500 83
178000
100,00%
Além da distribuição espacial, as emissões de poluentes pela fonte veicular têm que
ser representadas na sua variação horária. A figura 2.04 mostra o ciclo diário das emissões
antropogênicas para as simulações do modelo WRF/Chem (NOx, CO, PM
10
, VOC) no horário
UTC. Pode-se notar que a implementação feita no ciclo diário de emissões está de acordo com
o proposto por Lentz et al., 2007. Para a emissão dos veículos pesados (cujo traçador é o
NOx) nota-se uma distribuição temporal mais homogênea com um máximo de emissão
ocorrendo às 9:00 UTC. Para o ciclo de emissão dos veículos leves (tendo por referência o
poluente traçador CO) pode-se observar que entre às 11:00 UTC (08:00 hora local) e 21:00
UTC (18:00 hora local) não existe diminuição na emissão de CO, o que parece estar coerente
com o que ocorre nas principais vias de trafego da RMSP.
Também estão sendo propostos dois novos ciclos diários do inventário de emissão
para o material particulado (PM
10
) e compostos orgânicos voláteis (COVs ou em inglês
VOCs), pois em trabalhos como Ynoue, 2000 e mais recentemente Andrade, 2006, foram
utilizados ciclos diários de emissão fazendo apenas a distinção de veículos leves e pesados,
onde o perfil diário de emissão de CO seria igual aos COVs por exemplo. Pode-se observar
que os perfis diários de emissão para CO, COVss e MP apresentam características bem
diferentes entre os horários de 11:00 – 21:00 UTC.
-
67
-
(a)
Entrada da Emissão de NOx do modelo WRF/Chem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
hora (UTC)
mol/km2
(b)
Entrada da emissão de CO para o WRF/Chem
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
hora (UTC)
mol/km2
(c)
Entrada da emissão de PM10 para o WRF/Chem
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
hora (UTC)
µ
µ
µ
µ
g/m
3
-
68
-
(d)
Entrada da emissão de VOC (aldeídos) para o WRF/Chem
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
hora (UTC)
mol/km2
Figura 2.04: Variação horária das entradas das emissões antropogênicas do modelo
WRF/Chem, baseada no perfil de emissões veiculares publicado pela CETESB para o NOx
(a), CO (b), PM
10
(c) e COVs (d).
Emissões Biogênicas o modelo trata da emissão de isoprenos, monoterpenos, outros
compostos orgânicos voláteis COVs e emissão de nitrogênio pelo solo. A emissão dos
isoprenos por florestas depende da temperatura e da RFA (Radiação Fotossinteticamente
Ativa, que é a fração da radiação solar na faixa do visível disponível para as plantas
realizarem a fotossíntese). A emissão dos monoterpenos e nitrogênio são tratados somente
como função da temperatura. Resumindo a emissão biogênica pode ser estimada de acordo
com o tipo de uso do solo (cobertura do solo), que é subdividido em 24 classes de cobertura,
apresentadas na Figura 2.01. A tabela 2.06 mostra em detalhes a contribuição relativa dos
diferentes tipos de vegetações como fonte de emissão biogênica de compostos
atmosféricos.De acordo com Guenther et al., 2006, as emissões biogênicas liberam para a
atmosfera principalmente metano e isoprenos, sendo as atividades microbianas responsáveis
por grande parte da emissão de metano e as plantas por aproximadamente 90% da emissão
global dos isoprenos.
-
69
-
Tabela 2.06: Média global do fator de emissão ε (µg isopreno m
-2
.h
-1
), área superficial de
10
6
km
2
e contribuição percentual para a emissão de isopreno global anual e regional associada
com os diferentes tipos de plantas.
Arvores
deciduais e
de folhas
verdes e
largas
Arvores de
folhas
verdes e
finas
Arvores
deciduais
de folhas
finas
Arbustos Culturas Grama e
outros
Global
ε
Média 12,6 2,0 0,7 10,7 0,09 0,5
Faixa 0,1-30 0,01-13 0,01-2 0,1-30 0,01-1 0,004-1,2
Estimativa Global 8,6-20,0 1,3-3,9 15,6-24,4 8,0-36,5 17,2-38,6
Emissão de
Isopreno
Tropical 45% <0,01% <0,01% 28% 0,3% 0,6%
Temperada 4,8% 0,3% <0,01% 4,5% <0,01% 0,3%
Mediterrâneo 0,2% 0,1% <0,01% 1,5% <0,01% <0,01%
Boreal/Tundra 0,3% 0,4% <0,01% 1,0% <0,01% 0,2%
Superfícies Áridas 0,3% 0,1% <0,01% 11% <0,01% 0,2%
Global 51% 1,1% <0,01% 46% 0,3% 1,4%
De acordo com Guenther et al., 2006, as emissões biogênicas são estimadas como
mostrado na equação 01, que depende diretamente do tipo de vegetação, temperatura do ar,
umidade do solo, radiação fotossinteticamente ativa, e outros.
EM =
ε
*
γ
CE
*
γ
AGE
*
γ
SM
*
ρ
γ
CE
=
γ
LAI
*
γ
P
*
γ
T
Onde:
EM: Emissão (µg.m
-2
.hr
-1
)
ε: Fator de Emissão (µg.m
-2
.hr
-1
)
ρ: Perda e produção devido ao dossel da planta
γ
CE
: Fator do dossel (“Canopy”)
γ
AGE
: Leaf Age Factor (fator de idade da folha)
γ
SM
: Fator de umidade do solo
γ
LAI
: Fator de Índice de Área Foliar
γ
P
: Fator de ativação da emissão pela radiação fotossinteticamente ativa (PPFD -
photosynthetic photon flux density)
γ
T
: Fator de resposta à temperatura
Parametrização dos Aerossóis (MADE-SORGAM) é baseado no MADE (Aerosol
Dynamics Model for Europe) que é incorporado ao SORGAM (Secundary Organic Aerosol
Model). A distribuição de tamanho de partículas é representada por dois intervalos
sobrepostos assumindo uma distribuição log-normal. Os processos de Nucleação,
Condensação e Coagulação das partículas são tratados por teoria da nucleação homogênea no
sistema ácido sulfúrico -água, o crescimento de aerossóis por condensação ocorre em dois
passos: produção de material condensável (vapor) seguido por condensação e evaporação. Os
parâmetros relevantes na caracterização de propriedades dos aerossóis são descritos a seguir:
-
70
-
Distribuição de Tamanho A representação modal da distribuição de tamanho dos
aerossóis é do tipo log-normal para três modas (Aitken, Acumulação e Grossa), e pode ser
expressa da seguinte forma:
( )
(
)
=
g
pgp
g
p
dd
N
dn
σ
σπ
2
2
ln
lnln
2
1
exp
ln2
ln
Onde: N é a concentração em número (por m
3
), d
p
o diâmetro da partícula, d
pg
o diâmetro
geométrico, e σ
g
o desvio padrão geométrico da distribuição.
Equação da Conservação A equação da conservação é usada para a previsão da
distribuição dos aerossóis e também para espécies na fase de gás com termo adicional
caracterizando a dinâmica dos aerossóis e é formulada para as duas modas da distribuição,
Aitken e Acumulação.
( ) ( )
kikikijkii
diff
ki
kikiki
t
M
MMM
t
econdcoagcoagv
*
***
++++
+
−∇=
σ
( ) ( )
kjkjkjikjj
diff
kj
kjkjkj
t
M
MMM
t
econdcoagcoagv
*
***
++++
+
−∇=
σ
Onde: i e j são referentes às modas de Aitken e Acumulação respectivamente, v velocidade
horizontal, σ é a coordenada WRF de altura, coag para coagulação de partículas, cond
condensação de partículas, e para emissão.
Transporte – Todas as variáveis prognósticas (relacionadas com os aerossóis) são
transportadas no WRF/Chem usando o número total das partículas de aerossóis por moda
(Aitken, Acumulação e a moda grossa), incluindo também as espécies primárias e secundárias
(nas classes orgânicas e inorgânicas).
Dois processos de formação de partículas são realizados pelo modelo, emissão direta
de partículas e formação secundária por nucleação. Para a emissão primária de partículas, será
utilizado o inventário de emissão da CETESB (material particulado), e a distribuição do
material particulado será feita com base nos estudos realizados pelo grupo LAPAt (Oliveira,
2007; Ynoue, 2004; Albuquerque, 2005; Miranda, 2001), ver organograma 2.01.
-
71
-
Organograma 2.01: Distribuição da emissão de aerossóis no formato WRF/Chem.
Onde: PM25 – Material particulado com diâmetro menor ou igual a 2,5
µ
m
PM10 – Material particulado com diâmetro entre 2,5 – 10
µ
m
E_SO4 – Emissão de Sulfato
E_NO3 – Emissão de Nitrato
E_EC – Emissão de Carbono Elementar
E_ORG – Emissão de compostos orgânicos
E_PM25 – Emissão de Material Particulado com diâmetro igual a 2,5
µ
m
E_PM10 = PM10
Os índices i e j são referentes às modas de nucleação e acumulação respectivamente
Nucleação O mais importante processo para a formação de partículas de aerossóis
secundários é a nucleação homogênea no sistema ácido sulfúrico-água. Este processo ocorre
quando a concentração do composto na fase gasosa excede sua pressão de vapor de equilíbrio
sobre a superfície do aerossol. O método para o cálculo é dado por Kulmala et al. (1998),
Wexler et al. (1994), que deriva uma expressão para a concentração crítica de vapor de ácido
sulfúrico suportada para a formação de 1 núcleo/cm
3
/s para o calculo para a razão de
nucleação.
Condensação – O crescimento dos aerossóis por condensação ocorre em dois passos: a
produção de material condensável (vapor) por reações de precursores químicos e a
condensação e evaporação de espécies voláteis do ambiente. A condensação dos vapores de
baixa volatilidade sobre partículas existentes depende de vários fatores, podendo-se citar:
taxa de colisões do gás com a superfície, coeficiente de acomodação de massa, tamanho das
partículas existentes e diferença entre as pressões parciais das espécies voláteis do ambiente e
da superfície da partícula. Espécies semivoláteis, como nitrato de amônio e vários compostos
orgânicos tendem a se distribuir entre as fases gasosa e aerossol para atingir o equilíbrio
Material Particulado (MP)
CETESB, 2006
PM25(67
%)
PM
25-10
(33
%)
E_SO4(7%) E_NO3(1,3%)
E_PM25(40%)
E_ORG(16%)
E_EC(8%)
E_SO4i(11%)
E_SO4j(89%)
E_NO3i(19%)
E_NO3j(81%)
E_PM25i(25
%)
E_PM25j(75
%)
E_ORGi (19%)
E_ORGj (81%)
Água(27,7%)
E_ECi(70%)
E_ECj(30%)
-
72
-
termodinâmico (Wexler e Seinfeld, 1990). A condensação ocorre quando o equilíbrio é
deslocado para a fase aerossol.
Coagulação A coagulação consiste da formação de uma única partícula a partir da
colisão e união de duas partículas menores. No MADE é assumido que durante o processo de
coagulação, a distribuição permanece log-normal. os efeitos causados pelos movimentos
Brownianos são considerados para o tratamento da coagulação. A formulação matemática
para os processos de coagulação pode ser encontrada em Whitby et al. (1991) e Binkowski
and Shankar (1995). Existem duas convenções feitas para o tratamento da coagulação, a
primeira sugerida por Whitby et al. (1991) que afirma que a colisão das partículas dentro da
mesma moda resulta na formação de partículas nesta mesma moda, e ainda que a formação de
partículas devido a colisão de partículas de modas diferentes resulta na formação na moda de
maior diâmetro médio. a outra convenção sugerida por Megaridis e Dobbins (1990) afirma
que todas as partículas que sofrem coagulação deveriam ser atribuídas a moda maior, que
dependeria do grau de sobreposição das modas. Logo o primeiro passo desse módulo MADE
é calcular o diâmetro das partículas, d
eq
, e em seguida aplicar a convenção de Megaridis e
Dobbins caso o diâmetro da partícula exceda a moda de Aitken, e abaixo da moda de
acumulação a coagulação é tratada pela convenção de Whitby. Essa estrutura leva ao
resultado de que as partículas oriundas de colisões, quando pelo menos uma das partículas
envolvidas tem um diâmetro superior d
eq
, serão atribuídas à moda de acumulação.
Química do Aerossol o sistema químico inorgânico é baseado no modelo MARS
(Saxena et al 1986), que calcula a composição química a partir do equilíbrio termodinâmico
entre sulfato-nitrato-amônio-água na fase de aerossóis. Dois regimes são considerados
dependendo da razão molar entre o amônio e sulfato. Quando o valor da razão molar é menor
que 2, então o esquema numérico resolve um polinômio cúbico para o íon hidrogênio, e se
uma quantidade de amônio e água líquida estão presentes é calculado o nitrato dissolvido. E
para razão molar maior ou igual a 2, todo o sulfato é assumido está na forma de sulfato de
amônio e um calculo é feito para a presença de água. A química do aerossol orgânico é
baseado no SORGAM (Shell et al., 2001), e assume que os componentes SOA interagem e
formam uma solução quase ideal. A relação gás/partícula do SOA é parametrizado de acordo
com Odum et al. (1996), no SORGAM os precursores antropogênicos e biogênicos são
tratados separadamente, e este pode ser usado com o mecanismo químico RACM2 que será
descrito abaixo. Os precursores biogênicos e suas interações não estão sendo consideradas em
trabalhos para a RMSP, pela falta de informações dessas emissões.
-
73
-
A figura 2.05 mostra de forma esquemática todos os processos tratados no modulo
aerossol, desde a conversão gás-partícula orgânica e inorgânica, distribuição do tamanho das
partículas, crescimento dos aerossóis, advecção e difusão, deposição seca e sedimentação, e
interação dos aerossóis com as nuvens.
Figura 2.05: Estrutura esquemática do modulo de aerossóis para as partes orgânica e
inorgânica do modelo WRF/Chem.
Freqüência de Fotólises São 21 reações fotoquímicas do modelo químico da fase
gás, calculadas para cada ponto de grade de acordo com Madronich (1987). A fotodissociação
é a conversão da radiação solar em energia química para ativar e dissociar espécies químicas.
Exemplos das espécies que são fotodissociadas são constituintes encontrados da troposfera
como NO
2
, O
3
, HCHO, CH
3
CHO, HONO, o radical NO
3
, e H
2
O
2
(mais espécies e as 21
reações na tabela 2.07). As razões de fotólises (min
-1
), conhecidas também por valores J, são
computadas de acordo com a fotodissociação da reação i dada por:
Onde: F(λ) é o fluxo actínico (fótons.cm
-2
.min
-1
.nm
-1
), σ
i
(λ) é a secção transversal de
absorção para a molécula que irá sofrer a fotodissociação (cm
2
.molécula
-1
), φ
i
(λ) é o
rendimento quântico da reação de fotólise (molécula.foton
-1
) e λ é o comprimento de onda da
radiação incidente (nm). A seção transversal de absorção e o rendimento quântico são função
do comprimento de onda e podem também ser função da temperatura e da pressão. O fluxo
-
74
-
actínico varia com a hora do dia, latitude, longitude, altitude e estação do ano, e é governado
pela relação astronômica e geométrica entre o sol e a terra.
Para o calculo do fluxo actínico, é usado um modelo de transferência radiativa baseado
na técnica do Delta-Eddington estabelecida por Joseph et al. (1976). Esse modelo de
transferência radiativa contabiliza a absorção de O
2
e O
3
através do espalhamento Rayleigh, e
o espalhamento e absorção por partículas de aerossóis e nuvens são descritos por Chang et al.
(1987). A seção transversal de absorção e o rendimento quântico para o lculo de J
gás
(razão
de fotólise para o gás) são dados por Stockwell et al. (1990). A equação da freqüência de
fotólises é resolvida para 130 comprimentos de ondas em cada ponto de grade variando entre
186 a 730nm.
Tabela 2.07: Reações por fotólises presentes no mecanismo químico RADM2 (adaptado de
Stockwell et al, 1990)
Reações Descrição
1 - O
3
+ h
υ
O
2
+ O
1
D
Fotólise do Ozônio para O
1
D
2 - O
3
+ h
υ
O
2
+ O
3
P
Fotólise do Ozônio para O
3
P
3 - NO
2
+ h
υ
NO + O
3
P
Fotólise do Dióxido de Nitrogênio
4 - NO
3
+ h
υ
NO + O
2
Fotólise do Nitrato para NO
5 - NO
3
+ h
υ
NO
2
+ O
3
P
Fotólise do Nitrato para NO
2
6 – HONO + h
υ
OH + NO
Fotólise do Ácido Nitroso
7 – HNO
3
+ h
υ
OH + NO
2
Fotólise do Ácido Nítrico
8 – HNO
4
+ h
υ
HO
2
+ NO
2
Fotólise do Ácido Pernítrico
9 - H
2
O
2
+ h
υ
OH + OH
Fotólise do Peróxido Hidrogênio
10 - HCHO + h
υ
H + HCO
Fotólise do Formaldeído para Radicais
11 – HCHO + h
υ
H
2
+ CO
Fotólise do Formaldeído para Hidrogênio Molecular
12 - CH
3
CHO + h
υ
(+2O
2
)
CH
3
OO + HO
2
+ CO
Fotólise do Acetaldeído
13 - CH
3
COCH
3
+ h
υ
CH
3
+ CH
3
CO
Fotólise da Acetona
14 - CH
3
COC
2
H
5
+ h
υ
ACO
3
+ ETH
Fotólise Metil Etil “Ketone”
15 - HCOCHO + h
υ
HCHO + CO
Fotólise do “Glyoxal” para Formaldeído
16 - HCOCHO + h
υ
2CO + H
2
Fotólise do “Glyoxal” para Hidrogênio Molecular
17 - CH
3
COCHO + h
υ
ACO
3
+ HO
2
+ CO
Fotólise do Metil “Glyoxal”
18 - HCOCH=CHCHO + h
υ
0,98HO
2
+ TCO
3
+
0,02ACO
3
Fotólise do Dicarboneto não-saturado
19 - CH
3
OOH + h
υ
CH
2
O + OH + HO
2
Fotólise do Peróxido Metil Hidrogênio
20 - CH
3
ONO
2
+ h
υ
0,2ALD + 0,8KET + HO
2
+ NO
2
Fotólise do Nitrato Orgânico
21 - C
3
H
4
O + h
υ
produtos
Fotólise “Acrolein”
Estando feito o acoplamento da meteorologia com a química do modelo, sentiu-se a
necessidade de melhorar ainda mais as simulações tendo em vista que algumas considerações
estavam sendo negligenciadas por limitações na representação dos processos pelo fato da área
simulada ser uma área urbana.
Atualmente existem vários modelos de meso-escala que fazem uso das equações que
governam a atmosfera utilizando a teoria da similaridade de Monin-Obukhov que tem como
principio básico considerar a região simulada como sendo horizontalmente homogênea, o que
-
75
-
seria uma grande fonte de erro para o caso de simulações sobre áreas urbanas. Para tentar
diminuir essa fonte de erro foi acoplado o modelo urbano UCM para incluir nas simulações as
principais características de uma cidade.
2.4 Acoplamento do WRF/Chem com o Modelo Urbano UCM (Urban Canopy
Model) baseado nos estudos de Kusaka et al. (2001) e Martilli (2002)
Neste trabalho para a melhor descrição da representação da área urbana foi combinado
um módulo, o Urban Canopy Model, ao modelo WRF-Chem.
A parametrização utilizada neste trabalho inclui os efeitos térmicos e mecânicos
gerados por áreas urbanas. Para a parte térmica são considerados os fluxos de calor para o
telhado, estrada e paredes e também são considerados os múltiplos reflexos da radiação dentro
dos “canyons” em áreas urbanas (o efeito da radiação nos “canyons” é considerado somente
na superfície e não na atmosfera). Para a parte mecânica, a aproximação que inclui o efeito da
presença dos “canyons” é adotada, essa aproximação é uma boa ferramenta de investigação da
interação entre os fatores térmicos e mecânicos responsáveis pelas modificações na estrutura
da Camada Limite Urbana (CLU).
No modelo a cidade é construída com edificações de tamanho B que estão igualmente
distanciadas formando “canyons” de comprimento W, mas com alturas diferenciadas h
(variando de acordo com a probabilidade
γ
(h) de ter construções com altura h, como ilustrado
na figura 2.06). Por simplificação é considerado que a largura das estradas é igual ao tamanho
da grade horizontal.
Figura 2.06: Representação esquemática de uma área urbana hipotética, W é o comprimento
das ruas e B o comprimento das construções, iu é a altura das construções e IU refere-se ao
nível do modelo,
γ
(z
iu
) é a densidade das construções com altura igual a z
iu
e
Γ
(z
iu
) é a
densidade das construções com altura maior que z
iu
.
Fonte: Martilli et al., 2002.
-
76
-
Como áreas urbanas apresentam estruturas extremamente complexas, optou-se por
utilizar uma distribuição probabilística onde houvesse variações na altura das edificações.
Para as superfícies horizontais foram feitas considerações a partir de uma área total, que seria
igual à largura das células do domínio da grade,
H
tot
S
.
A área das superfícies horizontais para cada nível iu,
H
iu
S
, é dada por:
H
tot
H
iu
S
B
W
W
S
+
=
=1
H
totiu
H
iu
SZ
B
W
B
S )(
1
γ
+
=
>
Similarmente para as superfícies verticais:
H
totiu
V
iu
SZ
B
W
Ziu
S )(
1+
Γ
+
=
Onde:
Ziu é o espaço vertical da grade e
Γ
(Z
iu+1
) é a probabilidade da construção ter
altura igual ou superior a Z
iu+1
, ou:
=
=Γ
nu
iuju
juiu
ZZ )()(
γ
Aqui, nu é o mais alto nível na grade urbana. Várias direções podem ser definidas e
também vários tipos de classes urbanas.
A função básica do UCM é introduzir os efeitos da barreira física e térmica causados
pela presença de áreas urbanas e contabilizar esse efeito no balanço de energia superficial,
velocidade do vento, temperatura do ar e radiação. Esse modelo urbano foi desenvolvido por
Kusaka et al. (2001) e modificado por Kusaka and Kimura (2004), onde estão inclusos: 1) os
vales formados pelas estradas e as edificações, que são parametrizados para representar o
efeito da geometria urbana na distribuição de calor (Figura 2.07); 2) Efeito das construções na
radiação solar com as múltiplas reflexões (Figura 2.07); 3) a orientação das vias e o ciclo
diurno do ângulo azimutal solar; 4) distribuição percentual da altura dos edifícios; 5)
tratamento diferenciado na equação do calor para cada tipo de superfície (telhado, vias e
paredes) e consideração da temperatura interna dos edifícios; 6) aquecimento antropogênico
associado com consumo de energia devido às atividades humanas; e 7) considerações para a
evaporação e escoamento superficial nas vias.
O modelo urbano estima os fluxos de calor sensível dos telhados, estradas e paredes
que depois são agregados como energia e momentum entre a área urbana e a atmosfera.
-
77
-
Figura 2.07: Esquema das considerações feitas no modelo UCM para as simulações.
Fonte: Chen et al., 2006
A temperatura superficial é calculada através do saldo da radiação de onda longa que
seria a diferença entre a radiação de onda longa orientada para cima e a radiação de onda
longa orientada para baixo (atmosfera - superfície). O saldo de radiação de onda longa é
calculado da seguinte forma:
)(
4
RRR
TLL
σε
=
,
)(
4
44
1, WWWWWGWGGSWWW
TFTFTFLL
σσεσεε
++=
,
[
GWWGWWGGWSGGWW
FFTFFLL
+=
4
2,
)1()1(
σεεεε
WWGWGGWWWSWW
FFTFFL
++
4
)1()1(
σεεε
]
WWWWWWW
FFT
+
4
)1(
σεε
,
)(
44
1, GWGWWSGGG
TFTFLL
σσεε
+=
,
[
WGGWGGWWGSWWGG
FFTFFLL
+=
4
2,
)1()1(
σεεεε
]
WGWWWWW
FFT
+
4
)1(
σεε
Onde:
L
é a radiação de onda longa emitida pela atmosfera, para baixo;
F
é o compito das diferentes interfaces;
W
representa a radiação de onda longa nas paredes;
G
representa a radiação de onda longa nas estradas;
R
Representa a radiação de onda longa no telhado;
S
representa a radiação de onda longa da atmosfera;
ε
Emissividade das superfícies
e
2
São índices referente à absorção da radiação direta e refletida
-
78
-
O tratamento para a radiação de onda curta é feita baseada na quantidade do saldo de
radiação líquida que é absorvida pelo telhado, paredes e estradas de acordo com as equações
abaixo:
)1()1(
RQRDR
SSS
αα
+=
,
)1()1(
2
1, WSWQW
c
sombra
DW
FS
h
l
SS
αα
+=
,
++
=
)1()1(
2, WGWGSGQWGWQ
estrada
sombraestrada
DW
FFSFS
l
ll
SS
ααα
)1()1(
2
WWWWSWQWWWW
c
sombra
D
FFSF
h
l
S
αααα
++
,
)1()1(
1, GSGQG
estrada
sombraestrada
DG
FS
l
ll
SS
αα
+
=
,
)1()1(
2
2, GWGWSWQGWGW
c
sombra
DG
FFSF
h
l
SS
αααα
+=
Onde o efeito da sombra é computado de acordo com o seu comprimento
l
sombra
na
estrada definido por:
)(
)(
,
sintan
estradasombra
estradasombra
estrada
nzc
sombra
ll
ll
l
h
l
>
<
=
θθ
Onde:
S
D
e S
Q
Radiação Solar Direta e Difusa respectivamente;
F
é o compito das diferentes interfaces;
W
Representa paredes;
G
Representa solo;
S
Representa atmosfera;
θ
z
e
θ
n
Ângulo Zenital e Ângulo dos Raios Solares com relação
ao “canyon” (ver figura 2.07), respectivamente.
h
c
Altura das construções normalizada
2.4.1 – Momentum
A presença de superfícies horizontais e principalmente a presença de áreas urbanas
com sua estrutura complexa induz ao aparecimento de uma força de fricção com conseqüente
perda de momentum. O termo de momentum é similar ao que usualmente é utilizado por
modelos de meso-escala para representar o impacto da superfície do solo. A diferença é que
esse termo é distribuído ao longo da vertical, com considerações feitas para áreas rurais ou
urbanas, calculado proporcionalmente à fração de área da superfície horizontal apresentada na
grade em questão (célula).
A aplicação da Teoria da Similaridade de Monin-Obukhov é questionada para esse
caso por causa do princípio fundamental da teoria que é considerar uma superfície
-
79
-
horizontalmente homogênea (Oliveira, 2004). Existe na literatura uma teoria alternativa para
resolver a camada superficial baseada na formulação clássica proposta por Louis, 1979, que
tem como base estimar o fluxo de momentum na superfície horizontal em todos os níveis. O
fluxo turbulento de momentum devido à presença das superfícies horizontais (telhados e as
ruas) no nível iu é então:
H
iu
iu
hor
iuB
iu
m
iu
H
iu
SUURi
Z
Ziu
f
Z
Ziu
k
Fu
= ,
2/
2/
ln
0
0
2
ρ
Onde:
hor
IU
U
é a componente horizontal do vento,
H
iu
S
é a área horizontal da superfície no nível
iu, Ri
B
é o número bulk de Richardson (computado com o vento e temperatura do nível l),
ρ
é
a densidade do ar, f
m
é um parâmetro de estabilidade de momento baseado nas expressões
usadas por Louis (1979), k é a constante de von Karman igual a 0,4.
2
0
0
)(*)(
)(***2
iu
B
U
Zg
Ri
θθ
θθ
+
=
Para Ri
B
> 0
2
)**5,01(
1
B
m
Rib
f
+
=
f
= f
m
b=9,4
Para Ri
B
0
+
=
2/1
1
)(*1
*1
B
B
m
Ric
Ri
bf
+
=
2/1
2
)(*1
*1
B
B
h
Ric
Ri
bf
b=9,4 ; cm=7,4 ; ch=5,3
2/1
0
2
0
1
2/
*
2/
log
**
=
iu
iu
iu
iu
Z
Z
Z
Z
k
cmbc
cm
ch
cc *
12
=
A presença das construções provoca no fluído o aparecimento de duas forças de
arraste: a de pressão e a viscosa. A mudança de momentum na superfície vertical (paredes)
devido a essas forças é parametrizada da seguinte forma (maiores detalhes em Raupach et
al.,1991):
V
iu
ort
iu
ort
iudrag
V
iu
SUUCFu
ρ
=
Semelhante ao utilizado nos modelos de vegetação, o uso da velocidade horizontal do
vento ortogonal à direção das estradas (
ort
IU
U
r
) no nível IU (ver Figura 2.06). De acordo com
Raupach (1992), baseado em experimentos em túnel de vento, C
drag
é 0,4.
-
80
-
2.4.2 – Temperatura
Em analogia com as aproximações feitas para o momentum, o fluxo turbulento de
calor sensível para telhado e estrada (superfícies horizontais das construções) é calculado da
seguinte forma:
H
iuB
iu
iu
h
hor
iu
iu
iu
H
iu
S
R
Ri
Z
Z
fU
Z
Z
k
F
1
,
2/
2/
ln
0
2
0
2
=
θρθ
Onde:
∆θ
é a diferença entre a temperatura do ar e a temperatura do telhado ou estrada, f
h
refere-se ao parâmetro de estabilidade de calor baseado na expressões usadas por Louis
(1979), R é a razão do coeficiente de arraste pelo momento no limite neutro e igual a 0,74
(Bussinger et al., 1971).
O fluxo de temperatura para as paredes (superfície vertical) é feito com base na
diferença entre a temperatura do ar e a temperatura da parede. Para o caso da direção da
estrada norte-sul foi adotado que:
(
)
(
)
[
]
V
iu
LesteP
iuar
OesteP
iuar
p
V
iu
S
C
F
..
θθθθ
η
θ
+=
Onde:
OesteP
IU
.
θ
e
LesteP
IU
.
θ
são as temperaturas potenciais das paredes do nível IU, oeste e leste
respectivamente, e
+=
c
hor
iu
ccc
d
U
bac
η
Onde: a
c
, b
c
, c
c
, d
c
são constantes empíricas iguais a 1,09, 0,23, 5,678 e 0,3048,
respectivamente.
2.4.3 – Energia Cinética Turbulenta (ECT)
Em muitos modelos de mesoescala, o fechamento da turbulência é feito baseada na
equação prognostica da ECT. Na aproximação clássica em modelos de baixa ordem, a
descrição do impacto da superfície é feito através dos termos de produção mecânica e térmica
da ECT.
ρ
ρ
θ
θ
ρ
iu
H
iu
H
iu
H
iu
iu
H
iu
H
iu
H
iu
ZS
S
F
g
Z
k
SFu
+
=
0
2/3
2
)/(
Pr
Onde:
Z
IU
é o tamanho vertical da célula no nível IU.
-
81
-
Com considerações similares feitas para o momentum é possível mostrar que a
presença das construções incrementa uma conversão de energia cinética em energia cinética
turbulenta (mais detalhes em Raupach e Shaw, 1982). Em analogia ao que é feito em muitos
modelos de vegetação, o termo de fonte extra de ECT tem a dimensão de fluxo e é
parametrizado da seguinte forma:
V
iu
ort
iudrag
V
iu
SUCFe
3
=
2.4.4 – Comprimento de Rugosidade
Outro tratamento importante feito nas considerações do modelo urbano é resolver o
comprimento de rugosidade de acordo com o tipo de superfície (telhado ou canyon) e não
considerando uma área horizontalmente homogênea.
É usado o modelo k-l baseado no trabalho de Bougeault e Lacarrere (1989), com
alguns ajustes para se adequar à presença de áreas urbanas.
A primeira modificação consiste em que as construções geram vórtices de mesma
altura das construções, onde os níveis mais baixos são influenciados pelas construções baixas
e altas, já os veis mais altos são influenciados apenas por construções mais altas (Figura
2.08). A escala de comprimento, l
b
, reflete esse processo no nível I:
Figura 2.08: Esquema para ilustrar a modificação da escala de comprimento turbulento.
=
=
nu
ibuiu
iu
iu
I
b
Z
Z
l
1
)(
1
γ
Aqui ibu é o nível mais baixo da grade urbana e Z
I
< Z
ibu
(Z
I
é a altura da primeira grade do
modelo próximo à superfície). Esse novo comprimento é adicionado à formulação tradicional
de Bougeault e Lacarrere, 1989:
bold
lll
111
+=
-
82
-
Como conseqüência da presença das construções um incremento na cascata de
energia para a conversão de energia cinética em ECT, e também um aumento na razão de
dissipação.
A segunda modificação refere-se à alteração em um importante parâmetro na
computação da altura sobre o solo. Como em áreas urbanas as construções têm diferentes
alturas, para o nível I, ao invés de usar uma simples altura sobre o solo igual Z
I
, o seguinte
valor é usado:
=
+
+
+
=
1
1
)(
1
)(
1
1
ibu
iu
iuI
iu
I
Isolo
ZZ
Z
WB
B
ZWB
W
l
γ
Essa fórmula é uma média ponderada das alturas correspondentes as estradas e
telhados nas áreas urbanas.
2.5 – Descrição das Simulações em 2D, casos idealizados
Neste tópico será feita uma descrição sucinta das principais características utilizadas
para as simulações em 2-Dimensões (2D) com dados idealizados para a condição inicial
meteorológica e química.
Para as simulações dos casos idealizados em 2D foi desligada a parametrização de
microfísica, pois a idéia era observar a influência da parametrização da CLP na formação do
ozônio e seus precursores. A possível presença de nuvens poderia influenciar no nível de
concentração de O
3
devido ao impacto na taxa de fotólise.
Para condição inicial meteorológica foi adotado um perfil da velocidade do vento
constante e igual 4m/s (componente u = 4m/s e v = 0m/s), o perfil da temperatura potencial
tinha o primeiro nível com 288K e uma taxa de aumento constante igual a 0,35K/ 100m, a
umidade específica com primeiro nível do modelo igual a 4,62g/kg e taxa linear de
diminuição igual 0,35g/Kg / 1000m. Todas as simulações foram realizadas com a altura do
primeiro nível do modelo igual 2,83m e o último nível igual 10.000m.
Para a condição inicial idealizada para química, os valores para as emissões e perfil de
concentrações foram determinados de acordo com os resultados obtidos a partir de simulações
prévias como em Cetesb, 2005 e Andrade, 2006, de forma que a condição inicial para as
espécies químicas resultasse em concentrações de ozônio dentro da cidade entre 70-100ppb e
que os máximos de concentração ocorressem entre 12h-15h. A especiação dos COVs para o
mecanismo químico foi baseada nos experimentos realizados nos túneis Maria Maluf e Jânio
Quadros (Martins et al., 2006 e Sanchez-Ccoyllo et al., 2007). E para efeito de comparação
-
83
-
com a distribuição dos COVs, foi utilizado também o estudo realizado por Middleton et al.,
1990, para a cidade da Califórnia nos EUA. A distribuição dos COVs, com exceção do
metano, em suas classes de compostos de acordo com os dados de entrada no esquema
químico está sendo apresentada na tabela 2.08.
Tabela 2.08: Distribuição dos COVs de acordo com os estudos feitos pelo Laboratório de
Processos Atmosféricos (LAPAT) e comparação com Middleton, et al 1990.
Emissão NMHC LAPAT (%) Middleton, et al 1990 (%)
Etanos (e_eth) 0,47 3,24
Alcanos (e_hc3) 0,87 13,82
Alcanos (e_hc5) 4,19 8,21
Alcanos (e_hc8) 7,37 6,70
Etilenos (e_ol2) 7,25 9,72
Alcenos (e_oli) 4,91 2,81
Alcenos (e_olt) 4,08 3,89
Aromáticos (e_xyl) 3,81 3,89
Aromáticos (e_tol) 1,12 5,18
Formaldeídos (e_hcho) 3,04 2,16
Acetaldeídos (e_ald) 1,06 0,65
2.5.1 – Experimentos de uso do Solo
Para avaliar o impacto de diferentes tipos de cobertura de solo sobre a altura da CLP,
foram feitos 4 experimentos com e sem a presença de uma cidade de 20km e 40km de
extensão mantendo a emissão de poluentes para todos os casos. Para esses experimentos não
foi considerada a topografia, e as condições iniciais meteorológica e química foram sempre
iguais. Os experimentos tinham como características: uma cidade maior com 40km, porém
com prédios mais baixos, com 30m de altura média das edificações; uma segunda cidade
menor com 20km de extensão e 50m de altura médias das edificações; e no terceiro e quarto
experimentos foram retiradas as áreas urbanas de 40km e 20km, mas foram mantidas as
emissões nas mesmas posições. A idéia principal destes experimentos seria avaliar o impacto
da presença da cidade com relação a evolução da altura da CLP e o conseqüente impacto na
concentração de CO e O
3.
Avaliar também o impacto com relação ao tamanho das cidades,
para esse estudo será analisado duas cidades com tamanhos diferentes no caos com extensão
de 40km e 20km, com detalhe da cidade maior ser potencialmente maior poluidora (emite
mais NOx, CO e VOCs).
-
84
-
2.5.2 – Inclusão da Topografia da RMSP nas Simulações
Foi realizada uma estimativa da influência do uso do solo tipo urbano, mantendo as
principais características da condição inicial das simulações realizadas para os casos
idealizados em 2D, foi feito um novo experimento com os mesmos valores do perfil vertical
da velocidade vento, temperatura potencial, umidade específica e ainda mantendo desligada a
parametrização de microfísica e cumulus para evitar a formação de nuvens. Com base nas
informações do IGBP (International Geosphere Biosphere Programme) disponibilizadas para
simulação de casos reais em 3D, foram extraídas informações do tipo: topografia, umidade do
solo, tipo de solo, fração de vegetação, albedo, entre outros, no sentido de fazer uma
estimativa do efeito desses parâmetros na evolução da CLP e concentração de O
3
. Nesta
simulação foi incluída uma cidade com edificações de altura média de 50m, o que possibilitou
a utilização da parametrização urbana. A RMSP está sendo apresentada na figura 2.09 entre
os pontos 180-220km em destaque, com extensão de 40km e altura de aproximadamente
700m acima do nível do mar (0 – 150km), A média das edificações foi de 30m, figura 3.06.
Figura 2.09: Representação da topografia para a RMSP utilizada para o estudo dos efeitos do
tipo de uso do solo nas simulações em 2 dimensões.
2.6 – Descrição das Simulações em 3D, casos reais
O modelo WRF/Chem foi configurado para fazer simulações com duração de 96
horas, iniciado em 28/10/2006, 00:00UTC. O domínio horizontal possuia 60 x 60 pontos com
espaçamento de 4 km centrado em 46,65ºW e 23,62ºS (o domínio é mostrado na Figura 2.10).
Na vertical foram utilizados 24 veis com o topo do modelo em 200mb. A escolha do
domínio teve como fundamento evitar a interferência das bordas nos resultados obtidos para a
RMSP, vale salientar que a quantidade de níveis verticais e o topo do modelo foram
escolhidos levando-se em consideração o objetivo de fazer simulações de qualidade do ar com
maior detalhamento próximo a superfície, e diminuir dessa forma a duração das simulações
-
85
-
tendo em vista que quanto maior a quantidade de níveis verticais, maior seria a duração das
simulações.
Na tabela 2.09 é apresentada a configuração para as diversas previsões realizadas com
diferentes esquemas numéricos de CLP: a primeira utilizou o esquema YSU, o segundo
esquema MYJ e o terceiro esquemas BOULAC.
Tabela 2.09: Descrição das simulações feitas com o modelo WRF/Chem. As referências
explicando os esquemas escolhidos estão descritas no texto.
Física do modelo Parametrizações usadas em cada esquema
BOULAC YSU MYJ
Microfísica da atmosfera Lin et al. (LIN) Lin et al. (LIN) Lin et al. (LIN)
Radiação de Onda Longa RRTM scheme RRTM scheme RRTM scheme
Radiação de Onda Curta Dudhia scheme Dudhia scheme Dudhia scheme
Camada Limite Superficial Monin-Obukhov
Similarity scheme
Monin-Obukhov
Similarity scheme
Monin-Obukhov (Janjic
ETA) scheme
Superfície Terrestre NOAH Land-Surface
Model
NOAH Land-Surface
Model
NOAH Land-Surface
Model
Camada Limite Atmosférica Bougeault e Lacarrere
(BOULAC)
Yonsei University
scheme (YSU)
Mellor-Yamada-Janjic
scheme (MYJ)
Número de Camadas do Solo For NMM Land-Surface
Model
For NMM Land-
Surface Model
For NMM Land-
Surface Model
Parametrização de Cumulus Grell-Devenyi ensemble
scheme (GRE)
Grell-Devenyi ensemble
scheme (GRE)
Grell-Devenyi ensemble
scheme (GRE)
O estudo realizado por Silva Junior et al., 2006, para simulações da velocidade do
vento e temperatura do ar realizadas para a RMSP, avaliando de forma estatística as melhores
combinações para os esquemas de microfísica, parametrização de cumulus e camada limite
planetária, mostrou que a melhor configuração adotada para as simulações da temperatura do
ar e velocidade do vento foi feita com as parametrizações LIN-GRE-YSU respectivamente.
Figura 2.10: Representação do domínio aninhado utilizado para fazer as simulações em 3
dimensões para a RMSP.
-
86
-
2.6.1 – Condição Inicial e de fronteira: Meteorológica e Química
Para a condição inicial meteorológica foram utilizados os dados do modelo global do
NCEP (National Centers for Environmental Prediction), onde os dados de análises
representados pelo modelo global operacional GFS-FNL (Global Forecast System - Final)
serão utilizados para gerar as condições iniciais e de fronteira do modelo WRF, a resolução
dos dados GFS-FNL é de 1.0x1.0 graus e estão disponibilizados na internet diariamente para
baixar desde de 1999 em intervalos a cada 6 horas. O modelo WRF apresenta o tratamento
moderno de assimilação de dados utilizando tabelas predefinidas que possibilita a utilização
de diversos formatos de arquivos de entrada, como por exemplo, o AVN (Aviation Data
Division - ftp://ftp.ncep.noaa.gov/pub/data/nccf/com/gfs/prod/), GFS (Global Forecast
System), FNL (Global Forecast System - Final), entre outros. Para o estudo em questão será
utilizado o FNL que apresenta boa resolução e são dados de reanálise do NCEP. Os
parâmetros estão disponíveis em 27 níveis verticais que incluem a pressão superficial, pressão
ao nível do mar, altura geopotencial, temperatura, temperatura da superfície do mar,
temperatura do solo, umidade relativa, as componentes do vento u e v, movimentos verticais,
vorticidade e ozônio.
Em termos de condição inicial química, inicialmente é feita uma simulação preliminar
um dia antes do período de estudo, onde nesta simulação é considerada uma aproximação
global baseada na interpretação do tipo de uso do solo, e a partir dessa informação é feita uma
estimada da concentração de fundo. Os resultados das concentrações obtidos da simulação
preliminar são utilizados para alimentar uma nova simulação definitiva, onde agora os efeitos
locais (meteorologia e emissões) são considerados.
Para um melhor ajuste da condição de fronteira foram utilizados os resultados das
simulações globais realizadas pelo modelo MATCH-MPI como mostrado na figura 2.11. O
modelo WRF/Chem foi configurado para receber as informações químicas globais do
MATCH-MPI, na tentativa de melhorar a aproximação para as concentrações iniciais. A
alternativa descartada foi a que considerava o tipo de uso do solo para estimar as
concentrações de fundo. Vale lembrar que essa informações é apenas inicial, pois em seguida
o modelo regional irá gerar suas próprias concentrações de acordo com as emissões e
condições meteorológicas locais.
-
87
-
Figura 2.11: Exemplo dos dados globais de concentração de O
3
obtido do modelo MATCH-
MPI (Max Planck Institut), que serviram como condição de borda para o modelo WRF/Chem
2.6.2 – Descrição das simulações em 3D para a RMSP
Os experimentos em 3D para casos reais foram realizados para análise do acoplamento
dos modelos meteorológico WRF/Chem com o modelo urbano UCM (ligado e desligado).
Para tanto foi utilizada uma cidade fictícia para representar a RMSP, mas com as devidas
limitações no que diz respeito a distribuição das edificações, direção e tamanho das ruas e
altura das construções. Essa representação foi Baseada nos estudos realizados por Martilli, et
al., 2000 e Grimmond e Oke, 1998 que estudaram as principais características morfológicas
de diferentes tipos de cidades com relação a níveis de urbanização (cidade baixa, média, alta e
alta espaçada). Para avaliar o impacto da inclusão do efeito do modelo urbano nas simulações
foram utilizados três tipos de cidades onde a RMSP será representada como sendo baixa nas
bordas e aumentando a altura das edificações até chegar a alta na área central, figura 2.12 e
tabela 2.10. A variável UFRACTION é utilizada pelo modelo urbano para representar o
índice de urbanização da área de estudo.
Tabela 2.10: Principais características de tipo de áreas urbanas parametrizados para o modelo
UCM (Martilli, et al, 2000 e Grimmond e Oke, 1998).
Características
da área urbana
Tipo de
Superfície
Índices de Fração Urbana (UFRACTION)
200 300 500
Difusividade
térmica
(m
2
.s
−1
)
Solo 0,470E-6 0,286E-6 0,286E-6
Parede 0,570E-6 0,670E-6 0,670E-6
Telhado 0,620E-6 0,670E-6 0,670E-6
Calor específico
do material
(J.m
−3
.K
−1
)
Solo 1,74E+6 1,40E+6 1,40E+6
Parede 1,54E+6 1,00E+6 1,00E+6
Telhado 1,50E+6 1,00E+6 1,00E+6
Temperatura
dentro das
construções e ruas
(K)
Solo 290 292 288
Parede 290 292 288
Telhado 298 292 288
Comprimento das
ruas (km)
100 100 100
-
88
-
Altura das
construções (m)
10 25 50
Largura das ruas
(m)
15 15 15
Comprimento das
construções (m)
30 15 15
Parâmetro de
Rugosidade (m)
0,01 0,01 0,01
Albedo 0,15 0,15 0,15
Emissividade Solo 0,95 0,95 0,95
Parede 0,90 0,90 0,90
Telhado 0,90 0,90 0,90
Com base em análises de imagens de satélites, observou-se uma característica da
RMSP, na qual o centro da região apresenta edificações mais altas com uma maior densidade,
que diminui gradativamente até as bordas. Essa foi a metodologia adotada para representar o
parâmetro de fração urbana para aplicar o modelo urbano UCM para a RMSP, mostrado na
Figura 2.12 tendo as características da área urbana apresentada na tabela 2.10 de acordo com
o valor de UFRACTION, 200, 300 e 500. O algoritmo criado interpreta o tipo de superfície de
acordo com o parâmetro LU_INDEX (índice do uso de solo).
Obs.: A fração urbana é um índice utilizado pelo modelo para diferenciar os parâmetros a serem adotados para
a cidade. A relação altura dos edifícios e índice do modelo está mantida, onde maior Ufraction significa
edifícios mais elevados.
Figura 2.12: Determinação do parâmetro Ufraction (fração urbana) para a RMSP com base na
teoria de que as regiões mais centrais das cidades apresentam edificações mais elevadas
diminuindo gradativamente até as bordas.
2.7 – Validação dos Resultados
Para validar as simulações feitas com o modelo WRF/Chem, foram utilizadas duas
fontes de dados: estações de monitoramento automático da CETESB e o experimento
realizado na RMSP no IAG/USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
-
89
-
Universidade de São Paulo), e o experimento de sondagens atmosféricas no contexto do
projeto de políticas públicas. As medições feitas pela CETESB nos meses de outubro e
novembro de 2006 serviram para comparações com as simulações da composição química
superficial e variáveis meteorológicas da atmosfera da RMSP. Para validar as simulações e
comprovar a eficácia do modelo em representar a estrutura vertical da atmosfera, foram
utilizadas as sondagens verticais feitas por radiosondagens obtidas nos meses de outubro e
novembro de 2006. Nesses experimentos foram feitas medições de velocidade do vento,
temperatura do ar, pressão atmosférica, umidade relativa do ar, e pressão parcial de ozônio
(depois convertida para concentração de ozônio).
As análises estatísticas realizadas foram baseadas nas comparações feitas entre os
resultados do modelo e observações, utilizando as formulações para descrever a média,
variância, desvio padrão, coeficiente de correlação, erro médio quadrado, e BIAS.
2.7.1 – Descrição Dados CETESB
Foram utilizados os dados horários da estação de monitoramento da CETESB do ano
de 2006. Nas estações de monitoramento são obtidas medições meteorológicas e de poluentes
atmosféricos em superfície. Para comprovação da precisão das simulações realizadas com o
modelo WRF foram utilizados dados de quatro estações de monitoramento, a estação de
Ibirapuera (IBI), que tem por características altos níveis de concentração de O
3
e por
apresentar uma importante variação do tipo de uso do solo (área arborizada com pequenas
áreas alagadas e rodeada por áreas urbanas), a estação de Pinheiros (PIN), que está dentro de
uma área altamente urbanizada e próxima de um grande corredor de veículos que é Marginal
Pinheiros, a estação do Parque Dom Pedro II (PDP) que está localizado no centro da cidade
de São Paulo tendo por principal característica ser muito urbanizada e pouco arborizada, e a
estação de Santo Amaro (SAM) que está inserida em uma área menos urbanizada e localizada
mais ao sul da RMSP.
Nas estações de PIN e IBI são geralmente medidos os seguintes parâmetros: Partículas
Inaláveis (PM
10
), Dióxido de Enxofre, Óxidos de Nitrogênio, Ozônio, Monóxido de Carbono,
direção e velocidade do vento, umidade relativa do ar, temperatura do ar, pressão atmosférica
e radiação solar (global e ultravioleta). A tabela 2.11 mostra os métodos adotados para
realizar as medições dos respectivos poluentes.
-
90
-
Tabela 2.11: Métodos de medição para o monitoramento da qualidade do ar para as estações
automáticas da CETESB
PARÂMETROS MÉTODOS
Patículas Inaláveis (PM10) Separação Inercial/filtração
Dioxido de Enxofre Fluorecência (ultravioleta)
Óxidos de Nitrogênio Quimiluminescência
Monóxido de Carbono Infra-vermelho não dispersivo
Hidrocarbonetos Cromatografia/ionização de flame
Ozônio Quimiluminescência
2.7.2 Descrição do Experimento para determinação dos perfis verticais da
concentração de Ozônio e variáveis meteorológicas
O experimento foi dividido em duas campanhas: a primeira fase ocorreu nos dias 15,
16, 17 e 18 de maio de 2006 e a segunda fase nos dias 30, 31 de outubro e 01 de novembro de
2006. Para o presente estudo foram utilizados as dados obtidos durante a segunda campanha
devido à falta de medições da concentração de ozônio em superfície em algumas estações da
CETESB em maio de 2006. As campanhas contaram com o apoio e estrutura do laboratório
LAPAt, Instituto de Física, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Esses experimentos fizeram parte do
projeto Modelos de Qualidade do Ar Fotoquímicos: Implementação para Simulação e
Avaliação das Concentrações de Ozônio Troposférico em Regiões Urbanas (Processo
FAPESP 03/06414-0). O experimento aconteceu na RMSP, mais especificamente na
cobertura do prédio do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-
USP), situada nas seguintes coordenadas geográficas: 23,33 S e 46,44W. A medição do perfil
vertical da concentração de ozônio foi feita com a utilização de ozoniosondas (radiosondas
com medição da concentração de ozônio, pressão e temperatura). O princípio de
funcionamento da ozoniosonda consiste em um sensor com duas células eletrolíticas, cada
uma contendo uma solução de potássio iodeto (KI). A célula está inicialmente em equilíbrio
químico e elétrico, entretanto quando em contato com uma amostra de ar contendo ozônio,
este interage com uma das células e o equilíbrio é perturbado criando uma corrente entre as
células. A quantidade elétrica é proporcional a pressão parcial de O
3
na atmosfera, que
transmite continuamente os dados para uma estação receptora de dados em solo.
-
91
-
Figura 2.13: Fotos ilustrativas da ozoniosonda lançadas na RMSP durante o experimento
políticas publicas no mês de outubro/novembro de 2006.
Para validar o perfil vertical da concentração de O
3
, os resultados da simulação foram
interpolados da coordenada vertical do modelo (sigma) para níveis de pressão (930, 900, 850,
800, 750, 700, 650, 600, 550, 500, 450, 400, 350, 300, 250, 200 hPa). Já as medições da
ozoniosonda foram trabalhadas utilizando um algoritmo que fez uma média dos cinco níveis
mais próximos dos níveis de pressão do modelo. O fato da variação da posição horizontal da
ozoniosonda durante sua subida também foi considerado, onde o perfil da concentração do
modelo foi feito considerando a latitude e longitude da ozoniosonda.
-
92
-
-
93
-
3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção serão apresentados os resultados referentes às simulações em 2 e 3
dimensões feitas com o modelo WRF/Chem com e sem acoplamento do modelo urbano UCM
(“Urban Canopy Model”). Foram feitos vários experimentos numéricos com o objetivo de
avaliar a sensibilidade das simulações para a representação da formação do O
3
em função da
parametrização da CLP e também ao acoplamento com o modelo UCM. Para avaliar a
qualidade das simulações foram feitos estudos estatísticos comparando os resultados das
simulações com as observações da rede de monitoramento da CETESB e dos experimentos
realizados durante o projeto de políticas públicas que contou com a utilização de
radiossondagens meteorológicas e de ozônio.
3.1 – Simulações em 2 dimensões: casos idealizados
As simulações em 2 dimensões serviram como experimentos de sensibilidade com a
finalidade de encontrar a melhor configuração a ser utilizada nas simulações em 3 dimensões
em termos de parametrização de camada limite atmosférica.
Os experimentos numéricos em 2D foram feitos com domínio de 200 x 3 pontos com
resolução de 2km totalizando uma área inteiramente plana de 400km x 6km, com 51 níveis
verticais sendo o primeiro nível iniciado a 2,83m e o topo do modelo em 10000m de altura.
Toda essa área foi configurada para representar experimentos rurais com áreas de emissão de
poluentes de 20 e 40km de extensão no centro do domínio (experimentos 1 e 2) e outros dois
que incluíram cidades idealizadas no centro do domínio com extensão de 20 e 40km
(experimentos 3 e 4). A tabela 3.01 mostra os detalhes dos experimentos de uso do solo
variando principalmente a extensão da área de emissão de poluentes, substituição no centro do
-
94
-
domínio de área rural por urbano e altura média das edificações. Vale salientar que o número
de pontos de emissão varia de acordo com a extensão da área teste, para 20km são 10 pontos
de emissão e para 40km são 20 pontos de emissão (tabela 3.01). Para garantir que uma
possível formação de nuvens não interferisse na formação de ozônio, as parametrizações de
microfísica e cumulus foram desligadas nas simulações.
Tabela 3.01: Descrição da área introduzida no centro do domínio das simulações idealizadas,
para os experimentos de sensibilidade de uso do solo.
Variáveis Experimento 1
Rural 20km
Experimento 2
Rural 40km
Experimento 3
Urbano 20km
Experimento 4
Urbano 40km
Umidade do Solo 0,2 0,2 0,2 0,2
Tipo de Solo Material Orgânico Material Orgânico Mistura de areia,
silte e argila (40%,
40%, 20%)
Mistura de areia,
silte e argila (40%,
40%, 20%)
Tipo de Vegetação Cobertura seca e
Pastagem
Cobertura seca e
Pastagem
Urbano Urbano
Fração de
Vegetação
60% 60% 5% 5%
Topografia 0m 0m 0m 0m
Albedo 0,2 0,2 0,15 0,15
Emissões de
Poluentes
NOx=4000
µ
mol/k
m
2
/h
VOCs=4,875*NOx
CO=7000µmol/km
2
/h
NOx=4000
µ
mol/k
m
2
/h
VOCs=4,875*NOx
CO=7000µmol/km
2
/h
NOx=4000
µ
mol/k
m
2
/h
VOCs=4,875*NOx
CO=7000µmol/km
2
/h
NOx=4000
µ
mol/k
m
2
/h
VOCs=4,875*NOx
CO=7000µmol/km
2
/h
Concentração de
fundo
O
3
=10ppb
NO=1ppb
NO
2
=0,1ppb
CO=0,1ppm
O
3
=10ppb
NO=1ppb
NO
2
=0,1ppb
CO=0,1ppm
O
3
=10ppb
NO=1ppb
NO
2
=0,1ppb
CO=0,1ppm
O
3
=10ppb
NO=1ppb
NO
2
=0,1ppb
CO=0,1ppm
Velocidade do
Vento
Perfil constante de
3m/s
Perfil constante de
3m/s
Perfil constante de
3m/s
Perfil constante de
3m/s
Temperatura do ar Primeiro nível
15ºC variando
-0,35ºC a cada
100m
Primeiro nível
15ºC variando
-0,35ºC a cada
100m
Primeiro nível
15ºC variando
-0,35ºC a cada
100m
Primeiro nível
15ºC variando
-0,35ºC a cada
100m
Umidade
Específica
Primeiro nível
4,62g.kg
-1
variando
-0,98g.kg
-1
a cada
1000m
Primeiro nível
4,62g.kg
-1
variando
-0,98g.kg
-1
a cada 1000m
Primeiro nível
4,62g.kg
-1
variando
-0,98g.kg
-1
a cada 1000m
Primeiro nível
4,62g.kg
-1
variando
-0,98g.kg
-1
a cada 1000m
Temperatura do
solo
15ºC 15ºC 15ºC 15ºC
Altura média dos
Edifícios
Sem edifícios Sem edifícios 50m 25m
3.1.1 – Experimento de uso do Solo
Como mostrado na tabela 3.01, as principais diferenças entre os 4 experimentos de uso
do solo é o tamanho da área de emissão e conseqüentemente a quantidade de pontos de
emissão dos poluentes (área de 20km e quantidade de pontos igual a 10, e área com 40km e
20 pontos de emissão), e a substituição de cobertura do solo com característica rural para
-
95
-
cobertura com característica urbana. Para os experimentos rurais todo o domínio de estudo
apresenta as mesmas características em termos de uso do solo, onde apenas de forma
experimental é incluída no centro do domínio uma área de emissão de poluentes, como
mostrado na figura 3.01. Em resposta a homogeneidade horizontal no caso dos experimentos
rurais, as variáveis temperatura do ar, velocidade do vento e Energia Cinética Turbulenta
ECT, não apresentaram variações significativas devido à simples inclusão da emissão de
poluentes, mostrando que somente os poluentes atmosféricos não são suficientes para a
criação de micro clima. para os experimentos urbanos, também com seus resultados sendo
mostrados na figura 3.01, notou-se variações na intensidade das variáveis, temperatura do ar,
velocidade do vento e ECT, diferenciando claramente as zonas rural e urbana. Para o período
diurno representado pelos gráficos feitos às 12h, ocorre para a temperatura do ar indica a
formação da ilha de calor de aproximadamente 5ºK, diminuição da velocidade do vento em
1,5 m/s, e diminuição da ECT dentro da cidade em 1,5 m
2
/s
2
. Para o período noturno,
ilustrado com gráficos feitos às 23h, ainda são observadas maiores temperaturas do ar sobre a
zona urbana de aproximadamente 4ºK, registrando uma leve diminuição da intensidade do
vento de 0,2m/s, e aumento de ECT em torno de 0,06m
2
/s
2
.
Com relação ao impacto do tipo de uso do solo nas simulações com áreas urbanas
utilizando o acoplamento com o modelo urbano UCM, tendo como principal diferença a
altura média das edificações entre as cidades (experimento 3 com 50m e experimento 4 com
25m, ver tabela 3.01), nota-se que para a cidade com menor extensão o máximo de
concentração de O
3
ocorre por volta das 12h devido a menor emissão de NOx e VOCs, e
também porque a cidade menor possui edificações mais altas. Isso provoca dentro da cidade
uma menor dispersão dos poluentes. Já para a cidade maior com extensão de 40km o máximo
de concentração de O
3
ocorre às 14h. Isto é atribuído principalmente à maior emissão de
poluentes e ao maior desenvolvimento da CLP, combinado a presença de edificações mais
baixas que facilitam na dispersão de poluentes. Das duas áreas urbanas simuladas a que mais
se aproxima da condição real em termos de variação da concentração de O
3
é a simulação
com cidade de 40km e altura média dos edifícios igual a 25m, quando comparado com as
observações feitas para a RMSP, onde o máximo de concentração de O
3
ocorre às 15h
(Martins, 2006; Silva Junior, 2006; Andrade, 2006).
Durante o período diurno, a variação espacial de ECT na superfície ocorre
principalmente na área urbana. A presença das construções representa uma barreira física que
afeta diretamente a intensidade e direção dos ventos gerando turbulência, e
conseqüentemente, aumenta o termo de produção mecânica na equação da ECT. De acordo
-
96
-
com Raupach e Shaw (1982), os termos de produção mecânica e térmica são os principais
responsáveis pela geração de ECT no período diurno, havendo transformação de energia
cinética em ECT. Os experimentos realizados mostraram que a velocidade do vento influencia
na quantidade de ECT gerada, mas não de forma direta, devido ao termo de produção térmica.
Já durante o período noturno, o termo de produção térmica é convertido em destruição térmica
devido ao resfriamento radiativo, e por outro lado, a presença das construções e conseqüente
maior comprimento de rugosidade geram mais turbulência e conseqüentemente aumenta a
ECT dentro da área urbana, mas com valores muito menores em comparação ao período
diurno.
Na variação temporal da ECT, temperatura do ar e velocidade do vento, pode-se notar
claramente o efeito a inclusão da área urbana, ou seja, ocorre aumento da turbulência,
formação de Ilha de Calor e diminuição da intensidade do vento na área urbana (figura 3.01).
Os principais parâmetros modificados pela presença da área urbana são albedo, reflexões
múltiplas da radiação solar (“canyons”), escoamento superficial e evapotranspiração (fração
de vegetação e tipo de solo), comprimento de rugosidade (deslocamento do plano zero) e
balanço de energia (fluxos de calor latente e sensível).
-
97
-
Figura 3.01: Variação espacial da Energia cinética turbulenta (TKE), temperatura do ar
(Temp. Ar) e velocidade do vento (Vel.Vento), para às 12:00h e 23:00h, de acordo com o
tipo de uso do solo, área rural de 20km ou 40km com emissão de poluentes, e áreas urbanas
com extensão de 20km ou 40km com emissão de poluentes.
A figura 3.02 mostra a formação da Ilha de Calor na comparação feita entre áreas
urbanas e rurais. A máxima diferença encontrada para a temperatura do ar próxima à
superfície foi observada para os períodos noturno com
θ
urbano
-
θ
rural
=7K ocorrido às 05:00h,
durante o período diurno observou-se a máxima diferenças às 15h de 3K. Vale salientar que
para as simulações com a inclusão de áreas urbanas considera-se que as construções
apresentam como característica variação da temperatura das paredes, telhados e ruas, mas a
temperatura interna das construções é considerada constante durante todo o dia. Outros
parâmetros importantes a serem considerados na análise dos resultados obtidos para
temperatura do ar seriam os diferentes valores atribuídos ao calor especifico e difusão térmica
dos materiais para o caso de áreas rurais e urbanas, e áreas urbanas apresentarem
características de cobertura do solo que aumentam a temperatura do ar próxima à superfície
-
98
-
em comparação com as áreas rurais (Martilli, et al. 2002; e Martilli, 2002). A parametrização
urbana também contabiliza o efeito das construções sobre a radiação solar que contribui
positivamente para o aumento da temperatura do ar, em comparação com estudos que também
constataram a formação da ilha de calor, variando somente a intensidade do gradiente de
temperatura do ar entre as áreas urbana e rural. A figura 3.02 mostra ainda as máximas
diferenças de temperatura entre as zonas rural e urbano às 5h (resfriamento radiativo) e às 14h
(absorção de calor). Freitas (2003) estudando numericamente a formação de Ilha de Calor na
RMSP argumentou que a área urbana representa uma barreira para o escoamento horizontal
que diminui o poder de dispersão de poluentes na região, e encontrou resultados de máximos
gradientes de temperatura entre área urbana e rural de aproximadamente 10ºC no período de
inverno entre 15 e 21h.
Figura 3.02: Variação temporal da temperatura do ar (Temp.Ar) para diferentes tipos de uso
do solo: área rural de 20km (rural20) e 40km (rural40); e áreas urbanas com extensão de
20km (urban20) e 40km (urban40).
Para o mecanismo químico as principais diferenças nas simulações sobre áreas rurais
(incluindo emissões de poluentes para extensões de 20km e 40km), e áreas urbanas com 20km
e 40km de extensão (também incluindo emissões de poluentes), seriam a quantidade de
pontos de emissão, altura da CLP, transporte devido à advecção e convecção.
A concentração de CO no período diurno mostrou que a dispersão dos poluentes
próxima à superfície é mais eficiente sobre áreas rurais (figura 3.03 A e C) devido à ausência
de barreiras físicas. A presença das construções (figura 3.03 E e G) inibe a dispersão de
poluentes por causa de um possível aprisionamento dos poluentes emitidos até a altura do
dossel urbano e após esse altura ocorre dispersão mais eficiente. A ilustração da diferença
decorrente do tipo de uso do solo está na figura 3.03i, onde a máxima concentração de CO
-
99
-
para a simulação rural esdeslocada aproximadamente 65km do ponto de emissão, ao passo
que para a simulação urbana a máxima concentração ocorre dentro da área urbana. A
diferença das concentrações de CO entre os distintos uso do solo, mostra concentrações
0,3ppm maiores no caso urbano em comparação ao rural.
para o período noturno o efeito da mudança do tipo de uso do solo se torna ainda
mais evidente, devido à influência da altura da CLP, que é mais alta sobre a área urbana o que
proporciona menores concentrações de CO (figura 3.03 f, h). Nas simulações sobre áreas
rurais (figura 3.03 b, d), a CLP mais baixa tem por conseqüência uma maior concentração de
CO devido a pela menor dispersão dos poluentes. A diferença entre as áreas simuladas para a
concentração de CO durante o período noturno chegou a 4,4 ppm em favor da simulação rural
(figura 3.03j). As medições realizadas pela CETESB (Cetesb, 2006; Silva Junior, 2006)
mostraram que as concentrações de CO para a RMSP são em média 2ppm, logo a diferença
na concentração de CO devido à mudança do tipo do solo é duas vezes maior do que a
concentração média observada para a RMSP.
Em resumo, para a concentração de CO o fator determinante para o nível de
concentração dentro da cidade é a altura das construções por causa do efeito que as
construções causam sobre o campo de vento, inibindo o transporte horizontal de poluentes.
analisando fora da cidade o fator importante é o tamanho da cidade porque os poluentes
transportados de áreas mais poluídas naturalmente implicarão em maiores concentrações em
seu entorno, isso considerando que ao lado da área urbana de tamanho diferente existem áreas
rurais com as mesmas características
.
(a) (b)
-
100
-
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
-
101
-
(i) (j)
Figura 3.03: Variação da concentração de CO (ppm) para diferentes tipos de uso do solo, com
áreas rurais com emissão de 20km (A e B) e 40km (C e D) de extensão, e cidades de 20km (E
e F) e 40km (G e H) de extensão. E variação espacial da concentração de CO (ppm) (I e J).
Para o estudo da formação de O
3
durante o período diurno e noturno, dois pontos
chaves precisam ser discutidos: reações e transporte de poluentes. Vale salientar que a
formação de O
3
depende de forma direta da concentração de NO
2
, VOCs e disponibilidade da
radiação solar, portanto durante o período diurno ocorrerá formação e consumo de O
3
, sendo
mais eficientes as reações de formação de O
3
devido às maiores concentrações de NO
2
, VOCs
e disponibilidade de radiação solar em comparação as reações que consumem O
3
. Para o
período noturno apenas ocorre consumo de O
3
devido à ausência da radiação solar, e as
reações de formação de O
3
deixam de acontecer. O transporte de poluentes que é uma
resposta da ação do vento sobre os poluentes, auxilia na diminuição das altas concentrações
que ocorrem em grandes centros urbanos, mas em contra partida levam os poluentes emitidos
em grandes centros urbanos para áreas rurais. Em termos de concentração de O
3
(figura 3.04
a, c, e, g) são observadas máximas concentrações no entorno da cidade devido principalmente
ao transporte de VOCs para áreas rurais e diminuição da concentração de NO, devido ao NOx
(NO
2
mais NO) ser mais reativo o que diminui a concentração de NO, criando uma atmosfera
favorável a altas concentrações de O
3
no entorno da cidade. Logo a proximidade com a fonte
de emissão é fator importante que interfere na concentração de O
3
.
Durante o período noturno, com a ausência da radiação solar não se tem mais as
reações para a formação do O
3
e as reações que consomem O
3
atuam diminuindo a
concentração próxima da fonte de emissão em áreas urbanas (figura 3.04 b, d, f, h). Como a
formação de O
3
está associada a radiação solar, portanto um possível aumento de
concentração de O
3
à noite seria devido ao transporte não local de poluentes. A proximidade
com a fonte de emissão de precursores afeta fortemente na formação de O
3
. Por isso nota-se
-
102
-
na figura 3.04 a máxima concentração de O
3
ocorre fora da área urbana, no caso dos dois
períodos. Vale salientar que a direção do vento é constante da esquerda para a direita, logo a
máxima de concentração de O
3
ocorre no lado direito da área urbana.
Comparando ainda o tipo de uso do solo, em especial a altura das edificações e o
tamanho das áreas de emissão, observa-se que o tamanho das cidades e conseqüentemente a
emissão é mais significativa que a altura das edificações para o caso da concentração de O
3
(figura 3.04 i, j). No entanto fora da cidade uma tendência das concentrações se igualarem
no caso da cidade menor e mais alta em comparação com a cidade maior e mais baixa, o que
mostra que a altura das edificações é mais importante quando é analisado o que ocorre fora
das cidades. Em termos de desenvolvimento da CLP, as simulações com a inclusão da cidade
os resultados mostram uma relação da CLP mais alta favorecendo a dispersão dos poluentes
proporcionando menores concentrações sobre a cidade, porém os poluentes atingem maiores
distâncias. Durante o período diurno (figura 3.04i), a diferença da concentração de O
3
se deve
ao tamanho da área de emissão, ou seja, emissão de 20km (10 pontos de emissão) lançam para
a atmosfera menor quantidade de poluentes do que cidades com 40km (20 pontos de
emissão). Para o período noturno (figura 3.04j), o papel se inverte onde as menores cidades
consomem menos O
3
e conseqüentemente a concentração é maior.
(a) (b)
-
103
-
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
-
104
-
(i) (j)
Figura 3.04: Variação da concentração de O
3
(ppb) para diferentes tipos de uso do solo, com
áreas rurais com emissão de 20km (A e B) e 40km (C e D) de extensão, e cidades de 20km (E
e F) e 40km (G e H) de extensão. E variação espacial da concentração de O
3
(ppb) (I e J).
Para a altura da CLP, os resultados dos experimentos realizados para analisar o
impacto do tipo de uso do solo são mostrados na figura 3.05. Os principais indicativos
sugerem que a troca da superfície rural por urbana tem como principal característica o
aumento da altura da CLP em resposta à formação da Ilha de Calor e aumento do
cisalhamento horizontal do vento, que favorece a convecção térmica e mecânica. Na
simulação sem a inclusão do modelo urbano, observa-se a ocorrência de uma CLP mais alta,
superestimando o efeito da presença da área urbana, onde as maiores diferenças na altura da
CLP para o período diurno são de aproximadamente 500m enquanto na área rural é de 300m
em comparação à simulação com o modelo UCM acoplado. A inclusão do UCM sobre a
altura da CLP diurna mostra uma subestimativa da altura da CLP e mostra também que o
efeito durante o período noturno é minimizado, pois a simulação sobre áreas urbanas são
parecidas.
-
105
-
(a) (b)
Figura 3.05: Avaliação da altura da CLP de acordo com os diferentes tipos de uso do solo (a)
e avaliação da inclusão do modelo urbano UCM (b).
3.1.2 – Sensibilidade aos esquemas de CLP
Para avaliar os esquemas de CLP disponíveis no modelo WRF, as simulações foram
configuradas incluindo uma área urbana com extensão de 40km no centro do domínio similar
ao Experimento 4 (tabela 3.01). Os esquemas comparados foram os esquemas Yonsei
University (YSU), Mellor-Yamada-Janjic (MYJ), BOUgeault e LACarrére (BOULAC), e
ainda o esquema BOULAC acoplado ao modelo urbano UCM. Os esquemas numéricos de
CLP MYJ e YSU são amplamente estudados e testados em diferentes regiões e condições
meteorológicas, como descrito nos estudos realizados por Oliveira et al. (2004) e Zhang et al.
(2009). Estes autores mostraram que o YSU se ajusta melhor aos modelos de meso-escala,
onde o principal ponto que o diferencia dos demais esquemas de CLP é o fechamento de
ordem 1 e ½, ou seja, faz a parametrização dos coeficientes de difusão utilizando e resolvendo
a equação da Energia Cinética Turbulenta (ECT) e ainda é considerado um esquema não-local
(para resolver o nível em questão usa informações de outros níveis). Os experimentos de
sensibilidade serviram identificar quais dos esquemas de CLP se ajustam melhor as condições
locais e meteorológicas da RMSP. Silva Junior et al. (2006) mostraram que o esquema YSU é
o mais indicado para simulação dos campos de temperatura e velocidade do vento na RMSP,
baseados em análises estatísticas de diversas combinações possíveis com o modelo
WRF/Chem.
As simulações idealizadas em 2D, algumas considerações foram feitas para avaliar a
qualidade dos esquemas de ordem 1 e ½ (BOULAC e YSU). Estudos realizados por Stull
(1979) mostraram que a altura máxima da CLP pode chegar a aproximadamente 2.000m e
-
106
-
como o objetivo dos experimentos seria avaliar a variação da altura da CLP sobre a
composição química da atmosfera, então os veis de emissões de poluentes foram
configurados de modo a formarem concentrações de ozônio acima do padrão de qualidade do
ar definido para a RMSP (80 ppb). Os esquemas de CLP de segunda ordem, como o de MYJ,
são considerados melhores por não parametrizarem os momentos estatísticos de segunda
ordem e sim os resolverem. Mas de acordo com os trabalhos de Silva Junior et al. (2006) e
Zhang et al. (2009), não é o que acontece nas simulações do WRF/Chem. No caso idealizado
o esquema MYJ foi utilizado como referência para avaliar a qualidade dos outros esquemas
de CLP. A figura 3.06 mostra os resultados para perfil de temperatura do ar e velocidade do
vento dentro da cidade. As simulações feitas com MYJ são semelhantes aqueles obtidos com
o esquema BOULAC, e como este resolve menos equações isto lhe confere melhor
desempenho, porque utiliza menor tempo de processamento de dados. Analisando a ECT
ainda na figura 3.06, existe uma concordância entre os esquemas BOULAC, MYJ, e UCM na
estimativa da altura da CLP para o período diurno (1500m), mas o esquema YSU apresenta a
altura da CLP maior (2000m). Para estimar a altura da CLP foi considerado o nível da camada
inversão para a temperatura potencial e velocidade do vento, e ainda a altura limite onde a
ECT passa a ser menor ou igual a 0,01m
2
/s
2
. No período noturno, que é onde residem as
maiores incertezas nas simulações realizadas por modelos de qualidade do ar, nota-se
claramente que o único esquema que representa de forma razoável as variações da estrutura
da CLP noturna é o esquema BOULAC acoplado ao modelo urbano UCM, que o outro
esquema mostra valores constantes de ECT em baixos níveis compreendidos entre 0 e 300m
de altura, MYJ constante em 0,1m
2
/s
2
(figura 3.06).
-
107
-
Figura 3.06: Estimativa da variação da altura da CLP utilizando diferentes esquemas
numéricos de CLP: BOULAC, MYJ, YSU e BOULAC-UCM (UCM), para as 12h e 23h.
Na figura 3.07 são apresentadas as concentrações de CO e O
3
utilizando diferentes
parametrizações de CLP para simular a área urbana hipotética com extensão de 40 km no
centro do domínio rodeada por áreas rurais. Com relação à altura da CLP destaca-se que as
simulações feitas com o esquema YSU apresentaram alturas mais elevadas (figura 3.06),
aumentando a dispersão dos poluentes e reduzindo as concentrações de CO e O
3
. Outro
destaque são as simulações com a inclusão do modelo urbano UCM, onde a presença das
edificações reduz a dispersão superficial dos poluentes, como pode ser observado na figura
3.07a com altas concentrações de CO. para a concentração de O
3
(figura 3.07b), não é
evidente a influência da inclusão do modelo urbano quando comparadas as simulações
BOULAC e MYJ, provavelmente pelo fato de ser um poluente secundário que depende
majoritariamente dos processos fotoquímicos.
-
108
-
(a) (b)
Figura 3.07: Variação da concentração superficial de CO (a) e O
3
(b) para diferentes tipos de
esquema de CLP: BOULAC, YSU, MYJ e BOULAC-UCM.
Seguindo a discussão sobre a influência da estrutura vertical da CLP nas
concentrações dos poluentes, foram analisados também os fluxos turbulentos de calor e
momento para o esquema BOULAC-UCM. Neste caso foi possível identificar a camada
limite superficial (CLS) com extensão vertical de aproximadamente 100m de altura e máximo
fluxo turbulento de momento no topo da CLP (ver figura 3.08b) podendo estar associados
com a zona de entranhamento neste local. De acordo com Oliveira (2003), a intensificação do
entranhamento de momento ocorre no período de rápido crescimento da CLP, em geral depois
que a inversão térmica de superfície é desfeita. Neste período a CLP passa a crescer a partir
da camada residual onde o gradiente vertical de temperatura potencial é nulo ou muito
próximo de zero. Ainda com relação aos resultados obtidos para os fluxos turbulentos de
momento e calor apresentados na figura 3.08, podem servir como indicativo de produção
mecânica e térmica de energia cinética turbulenta respectivamente, o que estaria associado
diretamente com a eficiência da dispersão de poluentes como no caso das concentrações de
CO, O
3
e seus precursores (mostrado na figura 3.03). Durante o período diurno é registrado o
maior desenvolvimento da CLP (representado nas horas 06 18h) devido a produção térmica
e mecânica, e pouco desenvolvimento da CLP no período noturno (nas horas 00 06h e 18
24h) devido principalmente a ausência da radiação solar. Portando são observados maiores
valores dos fluxos próximos à superfície durante o período diurno em comparação ao período
noturno, o que sugere a maior eficiência de dispersão de poluentes durante o período diurno.
Os valores encontrados para os fluxos turbulentos de calor e momento são semelhantes aos
apresentados por Stull (1979), Bougeault e Lacarrére (1989), onde para o período diurno os
máximos valores ocorrem na baixa atmosfera (~0,3K.m/s), diminuindo com a altura chegando
-
109
-
a ficar negativo na zona de entranhamento no topo da camada de mistura. Já para o período
noturno observam-se valores negativos próximos a 0 K.m/s na baixa atmosfera (~100m).
para o fluxo turbulento de momento (figura 3.08a), as simulações mostram coerência com os
resultados apresentados por Stull (1979), Bougeault e Lacarrére (1989) com relação à
estrutura da CLP, apresentando valores negativos de aproximadamente -0,2m
2
/s
2
na baixa
atmosfera diminuindo com a altura até o topo da camada de mistura. Resultados que
confirmam as aproximações feitas pelo modelo em simular a estrutura da CLP, são
mostrados na figura 3.06 para o perfil de ECT. Sua validade pode ser verificada na
comparação feita com as concentrações dos poluentes CO e O
3
, comprovando a relação entre
o efeito da produção térmica e mecânica sobre a evolução da altura da CLP durante o
transcorrer dos períodos diurno e noturno. Vale lembrar que para o presente trabalho a altura
da CLP foi determinada como sendo o nível no qual a ECT era menor que 0,01m
2
/s
2
. Foi
possível notar variações na altura da CLP desde 68,2m às 23h até 2.400m às 15h.
(a) (b)
Figura 3.08: Fluxo turbulento de momento (a) e calor (b) para a cidade idealizada utilizando o
esquema numérico de CLP BOULAC sem o acoplamento do módulo urbano UCM.
A figura 3.09 mostra a evolução temporal da altura da CLP para diferentes esquemas
numéricos e também a inclusão do modelo urbano UCM. É possível notar que durante o
período diurno as diferenças de altura são maiores. O esquema YSU simula uma CLP mais
alta do qual todos os outros esquemas; BOULAC e MYJ apresentam resultados semelhantes,
-
110
-
e o esquema BOULAC acoplado ao modelo UCM (representado por UCM na figura 3.09)
apresenta altura da CLP mais baixa que em todas as outras simulações, o que remete a
conclusão que está havendo uma superestimativa nas simulações da altura da CLP sobre áreas
urbanas quando as características da cidade são tratadas de forma simplificada. Para o período
noturno as simulações mostram resultados equivalentes para diferentes tipos de esquema com
a altura da CLP em torno de 150m, com exceção do período compreendido entre 1:00 e 4:00h
onde os esquemas YSU e BOULAC mostram uma CLP mais alta em torno de 350m e 200m,
respectivamente. Vale salientar que nas simulações sem o acoplamento, a área urbana é um
bloco com rugosidade, albedo e temperatura superficial constante, diferente da área rural. Já
no caso do acoplamento a área urbana induz o efeito dos “canyos”, múltiplas reflexões,
temperatura interna dos edifícios, entre outros parâmetros (ver tabela 3.01).
Figura 3.09: Evolução temporal da altura da CLP para os diferentes esquemas numéricos de
CLP (YSU, MYJ, BOULAC) e inclusão do modelo urbano UCM simulado com BOULAC.
3.1.3 – Impacto da inclusão da topografia
Foi realizado um experimento numérico substituindo áreas vegetadas por áreas
urbanizadas, mas mantendo as condições iniciais meteorológicas e de emissões de poluentes,
ou seja, testando somente as troca de rural por urbano sobre uma área plana. Outro
experimento buscou obter o maior número de indicadores possíveis no que diz respeito a
formação de O
3
: inclusão da topografia e o tipo de cobertura do solo referente a um corte
meridional de 400km centrado na latitude -23.5º e longitude de -46,5º. Mas vale ressaltar que
esses resultados são para casos idealizados onde são controladas as variáveis meteorológicas
(perfis verticais de temperatura potencial e componente zonal da velocidade do vento),
-
111
-
emissões de poluentes (NOx, CO e VOCs para áreas urbanas), e concentrações de fundo
(NOx, CO e VOCs) para todo o domínio simulado. De acordo com a seqüência mostrada na
figura 3.10, nota-se que a concentração de CO sofre a influência da topografia dificultando a
dispersão dos poluentes emitidos sobre a RMSP (representada com uma linha preta no eixo
x), dada a presença de montanha com aproximadamente 300m acima da superfície na RMSP
situada a sotavento distante 30km. O efeito observado persiste até 09:00h da manhã com o
pouco desenvolvimento da CLP não sendo suficiente para dispersar os poluentes emitidos na
RMSP mesmo com a presença de ventos em superfície (de sul-norte e esquerda-direita na
figura) com velocidade de aproximadamente 2m/s. Após às 09:00h é possível notar o aumento
da espessura da CLP que ajudou na dispersão dos poluentes, favorecendo inclusive ao
transporte horizontal dos poluentes, pois a barreira física existente, as montanhas, agora não
estão sendo o fator limitante da dispersão horizontal de poluentes. Pode-se destacar ainda que
além dos efeitos da topografia, a inclusão do acoplamento com o modelo urbano UCM foi
importante para que ocorressem máximos de concentração na RMSP, pois os “canyos”
formados pelas ruas e edifícios dificultam a dispersão dos poluentes nas áreas urbanas
(semelhante à figura 3.07).
Analisando o período noturno nota-se perceber claramente a influência da CLP mais
rasa dificultando à dispersão dos poluentes proporcionando maiores concentrações próximas à
superfície. Outras localidades não apresentaram o mesmo máximo de concentração, pois a
emissão de CO ocorreu apenas em áreas urbanas (representando a RMSP na posição 93 e a
Baixada Santista na posição 40 na figura 3.10). Para o período diurno mostrado na figura
3.10, o efeito topográfico não é suficiente para impedir a dispersão dos poluentes, onde o
desenvolvimento da CLP é o fator importante para que os poluentes emitidos na RMSP sejam
diluídos e/ou dispersados para outras localidades. Já no período noturno com o abaixamento
da altura da CLP a topografia se torna fundamental na dispersão dos poluentes, onde a
barreira física diminui a dispersão dos poluentes, figura 3.10. Em resumo durante o dia a
altura da CLP exerce maior controle na dispersão dos poluentes, enquanto a noite a topografia
assume papel mais importante na dispersão no caso idealizado com a inclusão da topografia
da RMSP.
-
112
-
-
113
-
Figura 3.10: Inclusão da topografia nas simulações idealizadas para a concentração de CO
(ppm), utilizando o acoplamento com o modelo urbano UCM.
A figura 3.11 mostra a influência da topografia sobre a concentração de O
3
. A
presença de montanhas não é suficiente para inibir a dispersão de poluentes, e os precursores
da formação de ozônio são transportados para regiões distantes do ponto de emissão e
dependendo da direção e intensidade do vento é possível notar a influencia das emissões da
RMSP a uma distância de até 200km. Devido às características locais da RMSP, onde a
presença de montanhas no seu entorno desfavorece à dispersão dos poluentes, o
desenvolvimento da CLP apresenta uma forte influência na dispersão dos poluentes levando a
uma diminuição da concentração dos poluentes sobre a RMSP, mas em contrapartida ajuda a
transportar os poluentes para regiões distantes. A seqüência de imagens na figura 3.11 ilustra
o efeito da topografia e altura da CLP sobre a concentração de O
3
e ainda mostra que os
poluentes emitidos na RMSP podem atingir grande distância (~200km). A figura 3.11 mostra
claramente a diminuição da concentração de O
3
sobre área urbana (devido ao consumo de O
3
)
durante o período noturno, o que não ocorre durante o dia onde as reações de formação de O
3
são mais significativas do que as reações que consumem O
3
. De acordo com a figura 3.11
pode-se afirmar que o efeito da topografia sobre a concentração de O
3
é maior no caso da CLP
mais baixa (~800m de altura às 09:00h). Nos horários seguintes, áreas vizinhas também
apresentam altas concentrações de O
3
.
-
114
-
-
115
-
Figura 3.11: Variação temporal da concentração de ozônio, com a inclusão da topografia.
Analisando o impacto da inclusão da topografia (figura 3.10) e comparando com as
simulações idealizadas em 2D sem a inclusão da topografia (figura 3.03), sob as mesmas as
mesmas condições iniciais (exceto as características superficiais: temperatura e umidade do
solo, albedo, tipo de cobertura do solo), a concentração superficial de CO é menor para o caso
da inclusão da topografia. Nota-se ainda que os poluentes emitidos na área urbana atingem
menores altitudes quando é incluída a topografia, que esta induz maior turbulência que
auxilia na dispersão dos poluentes. Já para o período noturno a concentração superficial de
CO ainda é menor na simulação com topografia, mas os poluentes emitidos na área urbana
atingem alturas similares para os dois casos (200m). Para a concentração de O
3
, (figura 3.04 e
figura 3.11), percebe-se menores concentrações quando é incluída a topografia que é fator
limitante da dispersão dos poluentes pois a RMSP encontra-se num vale (figura 3.11),
contudo a confinamento dos precursores da formação de O
3
implica que uma maior
quantidade de NO estará disponível para reagir com o O
3
diminuindo sua concentração.
3.1.4 Impacto da variação da velocidade do vento nas concentrações de CO e
O
3
.
As concentrações superficiais de CO e O
3
mostradas na figura 3.12 apresentaram
valores bem diferentes para velocidades do vento iniciais de 2m/s, 4m/s e 6m/s. Como o CO é
pouco reativo pode-se afirmar que o transporte horizontal da concentração de CO segue a
tendência de que ventos mais fortes transportam esse poluente por distâncias maiores
(lembrando que só existem emissões dentro da cidade). Já para concentração de O
3
fica
evidente que ventos mais fracos são favoráveis à maior formação de O
3
e que o transporte dos
-
116
-
seus precursores possibilita a formação de O
3
em áreas distantes da cidade (aproximadamente
80km de distância).
(a) (b)
Figura 3.12: Avaliação do impacto da variação da velocidade do vento nas concentrações de
CO ppm (a) e O
3
ppb(b).
3.1.5 – Variação das emissões: aumento e redução de NOx e VOCs
Mais dois experimentos foram realizados diminuindo e aumentando em 25% a
emissão dos poluentes. As simulações foram realizadas para uma cidade de 40km de
extensão, superfície plana, perfil da velocidade do vento constante de 4m/s, e temperatura
potencial variando 0,35K/100m.
Os resultados são mostrados na figura 3.13 onde as concentrações de CO e O
3
são
diretamente proporcionais à emissão de poluentes, ou seja, o aumento da emissão implica no
aumento da concentração e diminuição da emissão implica na redução de poluentes. O
aumento da emissão de NOx não alterou a concentração de O
3
dentro da cidade, mostrando
que a relação VOCs/NOx no caso base não é afetada pelo aumento da emissão de NOx. Já no
caso da variação da emissão de VOCs é observada a situação inversa, onde o aumento da
emissão acarretou em maior concentração de O
3
, mostrando que o estado base poderia ser
configurado em termos de emissão de VOCs para gerar mais O
3
(figura 3.13).
As máximas concentrações de CO e O
3
são simulados dentro da cidade, e em resposta
ao transporte pelo vento médio, os poluentes emitidos dentro da cidade são transportados a
sotavento a uma distância de 140km depois da cidade. Para o ciclo diário destaca-se o
aumento da velocidade do vento, altura da CLP e radiação solar ocasionando na variação da
concentração de CO, onde valores mais elevados desses parâmetros implicam em redução da
sua concentração. para a concentração de O
3
as reações fotoquímicas são mais importantes
-
117
-
do que a dispersão dos poluentes, e a maior disponibilidade dos precursores da formação de
O
3
acarretaram em maiores concentrações desse poluente.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.13: Distribuição espacial da concentração de CO (ppm) e O
3
(ppb) para a redução de
Nox (a e b) e VOCs (c e d).
3.2 – Simulações em 3 dimensões: casos reais
Inicialmente sefeita uma breve descrição das características sinótica e local da área
em questão e do período estudado. Em seguida serão apresentados os resultados obtidos das
simulações realizadas com o modelo WRF/Chem, versões 2.1 e 3. As simulações foram
configuradas com duração de 96 horas, iniciado em 28/10/2006 00:00UTC e terminando em
01/11/2006 00:00UTC, utilizando 3 domínios aninhados para suavizar o impacto de diminuir
as escalas, domínio 1 com 71 x 69 pontos e resolução de 36km, domínio 2 com 67 x 49
pontos e 12km de resolução e domínio 3 com 61 x 61 pontos e 4km de resolução. Os três
domínios foram centrados nas coordenadas 46,65
o
W e 23,62
o
S. Na vertical foram usados 31
-
118
-
níveis com o topo do modelo em 50mb. Apenas no domínio de maios resolução (domínio 3)
foi ligada a química para simular a composição química da atmosfera da RMSP, pois seus
resultados seriam suficientes para representar com maior detalhamento todos os 3
domínios.
Para as simulações de casos reais em 3D (3 dimensões), foram utilizados os dados do
modelo global do NCEP (“National Centers for Environmental Prediction”), onde os dados de
análises representados pelo modelo global operacional GFS-FNL (“Global Forecast System
Final”) serão utilizados para gerar as condições iniciais e de fronteira do modelo WRF, a
resolução dos dados GFS-FNL é de 1.0x1.0 graus e estão disponibilizados na internet
diariamente para baixar desde de 1999 em intervalos a cada 6 horas. Os dados iniciais para a
química foram baseados no inventário de emissões feito pela CETESB para a RMSP ano base
2006, e ainda dados obtidos de especiação de hidrocarbonetos e fatores de emissão de
experimentos realizados pelo laboratório LAPAt IAG/USP (Andrade et al, 2004, Martins et
al., 2006 e Sanchez-Ccoyllo et al., 2007). O principal objetivo foi avaliar como o modelo
representar a variabilidade espacial e temporal da composição da atmosfera representada pelas
concentrações de CO e O
3
.
3.2.1 – Descrição das condições meteorológicas
As variações anuais da temperatura do ar, velocidade do vento e radiação solar,
apresentadas na Figura 3.14 para o ano de 2006, mostra grande disponibilidade de radiação
solar, altos valores de temperatura do ar e ventos intensos. De acordo com Pereira Filho et al.
(2007), os ciclos anuais apresentados na figuras 3.14 são coerentes com a normal
climatológica da RMSP. Vale salientar que o trimestre setembro-outubro-novembro apresenta
uma combinação de disponibilidade de radiação solar e baixo índice de nebulosidade que
favoreceram a ocorrência de altos valores de concentração de O
3
.
-
119
-
Figura 3.14: Ciclo anual da radiação solar, temperatura do ar e velocidade do vento para o ano
de 2006. Nas estações de Ibirapuera (IBI) e Pinheiros (PIN).
A principal motivação para a escolha deste período de estudo foi devido a ocorrência
de grande número de ultrapassagens do padrão de qualidade do ar para o poluente O
3
(160µg.m
-3
ou 82ppb), divulgado pelo relatório anual da CETESB. A Figura 3.15 mostra os
indicadores de ultrapassagem do padrão de qualidade do ar entre os anos de 2002-2006
levando-se em consideração todas as estações de monitoramento da CETESB. Na figura 3.15a
pode ser observado que o mês de outubro apresentou um maior número de ultrapassagens do
padrão de qualidade do ar (com 246 ultrapassagens) seguido pelo mês de setembro (com 153
-
120
-
ultrapassagens). De acordo com o relatório anual da CETESB (2007), o mês de outubro
apresenta características favoráveis para a formação de O
3
, que seriam principalmente a maior
disponibilidade de radiação solar e menor espessura óptica (conforme pode ser observado nas
figuras 3.14, 3.15 e 3.16). Os meses mais quentes como o de dezembro e janeiro apresentam
uma diminuição na quantidade de episódios de altas concentrações explicados pelo aumento
da nebulosidade o que diminui a incidência de radiação solar, e conseqüentemente diminuição
das reações fotoquímicas.
(a)
(b)
Base: todas as estações que monitoram este poluente na RMSP
Figura 3.15 - Número de ultrapassagens do padrão e níveis críticos por mês para O
3
(a) e
concentração média mensal de PM
10
(b) para a RMSP durante o período 2002 - 2006.
Fonte: Cetesb, 2006
O período estudado, entre 28/10/2006 e 01/11/2006, foi caracterizado por céu claro
com pouca nebulosidade sobre a RMSP (figura 3.16), condição ideal para a formação de
ozônio devido a grande disponibilidade de radiação solar. Com base nas figuras 3.16 e 3.17, o
período escolhido apresenta como condição meteorológica as situações de pós-frente fria e
pré-frontal, o que afeta de forma efetiva os veis de concentração de O
3
(Sánchez-Ccoyllo,
2002). Outro fator importante para as altas concentrações de O
3
foi a estagnação da atmosfera,
-
121
-
pois o estudo se deu depois da passagem de uma frente fria e antes da chegada de uma nova
frente fria. A passagem da primeira frente fria tornou a atmosfera mais estável com ventos
soprando de sul e mais intensos durante o período noturno, tendo como conseqüência menores
concentrações de O
3
. Já em situação pré-frontal as temperaturas se elevaram e ventos fracos
durante a noite dificultaram a dispersão de NOx e VOCs e com o nascer do sol houve
condição ideal para a ocorrência de altas concentrações de O
3
durante o dia. Logo um
indicativo de altas concentrações de O
3
no dia seguinte, poderia ser a intensidade do vento na
noite anterior, isso levando em consideração condição ideal de nebulosidade e disponibilidade
dos precursores do O
3
.
a) 29/10/2006 00UTC b) 29/10/2006 12UTC
c) 30/10/2006 00UTC
d) 30/10/2006 12UTC e) 31/10/2006 00UTC
f) 31/10/2006 12UTC
Figura 3.16: Imagem de Satélite para o campo de precipitação na América do Sul, período de
29/10/2006 00UTC - 31/10/2006 12UTC, a cada 12h. Fonte: CPTEC-INPE
A Figura 3.17 mostra a análise sinótica feita para a América do Sul durante o período
de estudo, onde nota-se a presença de duas frentes frias posicionadas ao norte e ao sul da
RMSP (indicadas na figura 3.16 e 3.17). Os dias 28 e 29/10/2006, sob condição pós-frontal,
apresentaram baixas concentrações de O
3
devido à presença de nebulosidade e conseqüente
diminuição de incidência de radiação solar. Nos dias 30 e 31/10/2006, a situação pré-frontal
-
122
-
apresenta características favoráveis para a formação de ozônio, em função da disponibilidade
de radiação solar e ventos fracos (Sánchez-Ccoyllo, 2002).
(a) (b) (c)
(d) (e)
Figura 3.17: Análise sinóticas para 00UTC dos dias (a) 28/10/2006, (b) 29/10/2006, (c)
30/10/2006, (d) 31/10/2006 e (e) 01/11/2006. Fonte: Diretoria de Hidrologia e Navegação -
DHN
Os ventos em superfície medidos pelas estações automáticas de monitoramento de
qualidade do ar da CETESB para as estações do Ibirapuera e Pinheiros são apresentados na
Figura 3.18. Os ventos sopram de sul durante os dias 28 e 29/10, explicados pela atuação do
sistema de baixa pressão sobre o Oceano Atlântico próximo a costa brasileira com
movimentos ciclônicos (figura 3.17 a, b) trazendo ar úmido e frio do oceano Atlântico. Já para
o restante do período nota-se também a atuação de outro sistema de baixa pressão agora sobre
o continente que é responsável pelos ventos seco e quente vindo da direção norte (área
-
123
-
continental). Na figura 3.18 é possível perceber ventos vindos principalmente de norte e sul
para os dias 30, 31 e 01/11.
Figura 3.18: Evolução temporal da velocidade (VV) e direção (DV) do vento para o período
entre 27/10/2006 00h a 02/11/2006 00h hora local. Para as estações de Ibirapuera (IBI), e
Pinheiros (PIN).
3.2.2 – Simulação com o modelo WRF/Chem versão 2.1
O estudo da composição química da atmosfera da RMSP utilizando o modelo
WRF/Chem foi iniciado com a versão 2.1 em 2006, com a inclusão do inventário de emissões
da CETESB. Nesta etapa definiu-se a configuração a ser adotada para a RMSP baseada nos
esquemas numéricos disponíveis, chegando à configuração apresentada na tabela 3.02. Neste
tópico serão apresentados os resultados obtidos com a versão 2.1, onde as simulações serão
validadas comparando com as medições realizadas pela CETESB para o período de 28/10
01/11/2006. Na análise dos resultados será dada ênfase na contribuição da temperatura do ar,
velocidade do vento, topografia e altura da CLP sobre as concentrações de CO e O
3
. As
simulações serão iniciadas no dia 28/10/2006 às 00:00UTC com 96h de duração.
Tabela 3.02: Configuração do modelo WRF/Chem versão 3 para as simulações em 3
dimensões.
Física do modelo
Parametrização usada
Microfísica da atmosfera Esquema Lin et AL.
Radiação de Onda Longa Esquema RRTM
Radiação de Onda Curta Esquema Dudhia
Camada Limite Superficial Esquema da Similaridade Monin-Obukhov
Superficie Terrestre Esquema superficial LSM NOAH
Camada Limite Atmosférica Esquema (YSU)
Número de Camadas do Solo 4 camadas LSM
Parametrização de Cumulus Esquema Grell-Devenyi ensemble
-
124
-
Na figuras 3.19 é apresento a topografia do domínio de maior resolução (domínio 3)
que foi simulado a química, para auxiliar na interpretação dos resultado obtidos para as
concentrações de CO e O
3
, temperatura do ar, velocidade do vento mostrados nas figuras 3.20
e 3.23, para o período diurno às 15UTC e às 23UTC do dia 31/10/2006.
Com base na figura 3.20 é possível notar que o máximo de concentração de O
3
está
localizado no centro da RMSP, onde os poluentes emitidos e formados dentro da RMSP são
transportados da zona urbana para a zona rural de acordo com a direção e intensidade do
vento. A concentração de CO pode servir como indicativo do transporte de poluente sem a
forte interferência das reações químicas (o tempo de vida do CO na atmosfera é de 2 meses,
Andrade, 2006 apud Jacob, 1999). As concentrações obtidas nas simulações em 3D
mostraram pouca dispersão dos poluentes em comparação aos experimentos realizados em 2
dimensões (figuras 3.20 e 3.10 respectivamente). Nas comparações entre os períodos diurno e
noturno, nota-se a pouca dispersão de poluentes em baixos níveis durante o dia, onde as
máximas concentrações de CO são encontradas dentro da RMSP (figura 3.20c), ou seja,
próximo dos pontos de emissão. no período da noite (23UTC) o transporte horizontal
associado a direção do vento de sudeste em resposta ao efeito topográfico, transportam
poluentes para a direção noroeste da RMSP (figura 3.21c). A fraca dispersão de CO favorece
a ocorrência de altas concentrações de O
3
(figura 3.21a). A variação da concentração e
transporte de poluentes está diretamente relacionada com a direção e intensidade do vento e
desenvolvimento da CLP. Durante o dia o maior aquecimento da superfície da RMSP do que
da zona rural implica em maior desenvolvimento da CLP, o que reflete em maior transporte
vertical de poluentes, conforme ilustrado na Figura 3.23c. Para o período noturno o efeito da
topografia atua canalizando o vento na direção sudeste transportando os poluentes para a
direção noroeste da RMSP, situação que se repete para todas as noites do período de estudo.
Figura 3.19: Topografia no domínio de simulação.
-
125
-
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.20: Simulação da concentração de O
3
(a), temperatura do ar à 2m (b), concentração
de CO (c) e velocidade do vento à 10m (d), válido para 15:00UTC (período diurno) do dia
31/10/2006.
O transporte horizontal é evidente nos gráficos de concentração de CO e O
3
durante o
período noturno (figura 3.21c). As figuras 3.17 e 3.18 mostram que a dispersão horizontal de
poluentes em baixos níveis é mais intensa durante a noite do que durante o dia, devido
principalmente à diminuição do movimento convectivo ocasionado pelo resfriamento
radiativo. A diminuição da concentração de CO durante o dia é explicada pelo maior
transporte vertical e horizontal dos poluentes, e combinado ao efeito das reações químicas
envolvendo os precursores de O
3
e radiação solar, são mais eficientes comparativamente a
reação química de consumo de O
3
com o NO (NO + O
3
NO
2
+ O). Logo com saldo
positivo a tendência é aumentar a concentração de O
3
. A figura 3.21c representa um fato
-
126
-
comum para todos os dias de simulação, onde para o período noturno a direção preferencial
para o transporte horizontal de poluentes é a direção noroeste, explicado pela direção do vento
e principalmente pela topografia.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 3.21: Simulação da concentração de O
3
(a), temperatura do ar à 2m (b), concentração
de CO (c) e velocidade do vento à 10m (d), válido para 23:00UTC (período diurno) do dia
31/10/2006.
Para avaliar se a emissão de poluentes de cidades vizinhas interfere na qualidade do ar
da RMSP, foram incluídas no domínio de simulação as emissões das cidades de São José dos
Campos, Baixada Santista e Sorocaba (figura 2.02). Os resultados mostram que os poluentes
emitidos fora da RMSP não afetam de forma significativa na composição química de sua
atmosfera, mas alguns resultados mostraram um transporte de poluentes entre as regiões
metropolitanas de São Paulo, Campinas e Sorocaba (figura 3.22). O transporte de poluentes
-
127
-
da RMSP ocorre com maior freqüência no período da noite (dias 28, 29, 30 e 31/10/2006) por
volta das 01:00UTC, onde provavelmente estaria relacionado com o tempo que os poluentes
são transportados da RMSP até a cidade de Campinas. Já o transporte da RMSP para a região
metropolitana de Sorocaba ocorre com menor freqüência, dia 29/10/2006 às 14UTC, devido
principalmente a influencia da topografia e ao regime de ventos que é preferencialmente de
sudeste (CETESB, 2003). A figura 2.02 mostra a posição da RMSP e das cidades Sorocaba,
São José e Baixada Santista, e a cidade de Campinas está a noroeste da RMSP.
(a) (b)
Figura 3.22: Exemplos de transporte de poluentes entre as regiões metropolitanas, utilizando a
concentração de CO como indicativo, (a) transporte RMSP Campinas, (b) transporte RMSP
- Sorocaba.
Numa descrição sucinta das características meteorológicas e químicas da RMSP,
foram feitas análises verticais da concentração de O
3
e CO, velocidade do vento e temperatura
do ar. As condições sinóticas contribuíram fortemente para a baixa concentração de O
3
nos 28
e 29, e maiores concentrações em situação de pré-frente fria nos dias 30 e 31. Na figura 3.23 é
possível notar a variação sinótica mostrada na figura 3.19, onde o modelo conseguiu
representar essa variação nas variáveis temperatura do ar, velocidade do vento e
concentrações de CO e O
3
. Nota-se também uma clara relação entre a altura da CLP
planetária e o transporte vertical dos poluentes, verificado na figura 3.23. O desenvolvimento
vertical da altura da CLP foi afetado principalmente a variação da radiação solar que de forma
direta influenciou fortemente no ciclo diário da concentração de O
3
. O transporte vertical dos
poluentes apresentados na figura 3.23b e 3.23c mostraram que a instabilidade atmosférica
causada pela variação da temperatura do ar em conjunto com o cisalhamento superficial, são
responsáveis pelo desenvolvimento da CLP e transporte vertical dos poluentes.
-
128
-
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Figura 3.23: Perfil vertical no ponto Lat: -23,5 e Lon:-46,5 (RMSP) para (a) altura de cada
nível do modelo, (b) concentração O
3
, (c) concentração de CO, (d) temperatura do ar e (e)
velocidade do vento, obtidos das simulações com WRF/Chem para o período entre
28/10/2006 00UTC e 01/11/2006 00UTC.
-
129
-
3.2.2.1 – Validação das Simulações em Superfície
Para validação das simulações foram utilizados os dados medidos pelas estações de
monitoramento automático da CETESB. O critério utilizado para a escolha das estações
considerou a disponibilidade dos dados, localização da estação e altos veis de concentração
de poluentes. As estações escolhidas foram Ibirapuera (IBI), Pinheiros (PIN), Parque Dom
Pedro II (PDP) e Santo Amaro (SAM).
De modo a avaliar as simulações realizadas com o modelo WRF/Chem, foram
utilizados as variáveis temperatura do ar e velocidade do vento, e para a química foram
utilizadas as concentrações de O
3
e CO. Estes variáveis meteorológicas e químicas serviram
como indicadores da qualidade das simulações feitas com o modelo, tendo em vista que o
principal interesse do trabalho foi avaliar a capacidade do modelo em representar a
variabilidade das medições feitas para os poluentes fotoquímicos.
A razão em avaliar-se
também a concentração de CO deve-se ao fato do mesmo ser pouco reativo, portanto servindo
como indicador da dispersão dos poluentes.
As figuras 3.24 e 3.25 mostram que as simulações feitas reproduzem a variabilidade
temporal das variáveis observadas nas estações da CETESB. Os valores máximos e mínimos
foram bem representados como mostram as figuras 3.24 e 3.25 para diferentes estações de
monitoramento, ou seja, o modelo conseguiu representar a variabilidade temporal e espacial
das variáveis. Esta comparação foi realizada com estações de monitoramento da qualidade do
ar instaladas em locais com diferentes tipos de uso do solo: como a estação do Ibirapuera, que
apresenta uma cobertura superficial de lago, árvores, gramas; estação de Pinheiros que
apresenta uma via de tráfego intenso e conseqüente grande quantidade de emissão veicular;
estação do Parque Dom Pedro II que está situada no centro da grande São Paulo apresentando
alto índice de urbanização e grande quantidade de veículos; a estação de Santo Amaro situada
na zona sul da RMSP e apresenta uma maior variabilidade no tipo de cobertura do solo (casas,
edifício, áreas arborizadas, etc). Um fator limitante que deve ser considerado é que a
comparação foi feita entre medições pontuais com simulações realizadas com resolução de
4x4km, o que interfere nas análises estatísticas.
Nas simulações realizadas para O
3
e CO houve uma superestimativa das concentrações
em todas as estações (figuras 3.24 e 3.25). Mas o modelo representou a evolução temporal das
condições sinótica durante o período estudado, baixas concentrações durante os dias 28 e 29,
e altas concentrações para os dias 30 e 31. Este resultado para concentrações de O
3
e CO pode
ser atribuído a correta simulação da temperatura do ar e velocidade do vento, onde as
variações sinóticas e locais foram representadas pelo modelo (figura 3.24). O grande
-
130
-
problema enfrentado foi referente à configuração do perfil diário de emissão de CO para a
estação de Ibirapuera, o que refletiu na simulação da concentração de CO mostrado na figura
3.24c. Pode-se notar que a mudança do tipo de uso do solo e a distância com relação a fonte
de emissão não está sendo representada pelo modelo em termos de emissão, pois na figura
3.24c é possível observar a forte ligação entre o perfil diário de emissão com a variação diária
da concentração de CO, devido principalmente a resolução do modelo que é de 5x5km
(25km
2
), que seria aproximadamente 40 vezes maior do que a área do parque do Ibirapuera
que tem aproximadamente 1,3x1,3km (1,69km
2
), baseado em imagens de satélite obtida
através do programa “Google Earth” em 2009. A solução para melhorar a representatividade
do modelo para o caso da estação de Ibirapuera seria aumentar a resolução do modelo para
1x1km diferenciando melhor as áreas de emissão. Mas isso irá implicar também em melhorar
a representatividade do inventário de emissão da CETESB, que atualmente tem um inventário
de emissão para toda a RMSP.
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01/11/2006 00:00
Concentração de O
3
(ppb)
Estação Ibirapuera
Previsão
Observado
(a)
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25
30
35
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28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
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29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
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31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Temperatura do Ar(ºC)
Estação Ibirapuera
Previsão
Observado
(b)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
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29/10/2006 00:00
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29/10/2006 12:00
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31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Velocidade do Vento(m/s)
Estação Ibirapuera
Previsão
Observado
(c)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
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01/11/2006 00:00
Concentração de CO(ppm)
Estação Ibirapuera
Previsão
Observado
(d)
Figura 3.24 Evolução temporal dos valores simulados e medidos para a estação do
Ibirapuera, (a) concentração de O
3
, (b) temperatura do ar a 2m, (c) velocidade do vento a 10m
e (d) concentração de CO.
-
131
-
Para o período de estudo as maiores concentrações de O
3
ocorreram nos dias 30 e
31/10/2006 17:00 UTC com valores variando de 80 – 100ppb (que é acima do padrão
nacional de qualidade do ar de 80ppb). Em especial os dias 28 e 29/10/2006 foram mais frios
5ºC em comparação aos máximos valores de temperatura do ar do restante do período
estudado. Para a velocidade do vento também houve diferenças, no período noturno os ventos
foram em média 1m/s maiores para os dias 28 e 29, e menores em média 0,5m/s durante o
período diurno.
Outra estação de monitoramento incluída nas análises estatísticas foi a de Santo
Amaro, que apresentou uma variabilidade ainda maior nas concentrações de poluentes para o
período estudado certamente influenciado pela localização e tipo de cobertura superficial. O
modelo também representou com sucesso a baixa concentração de O
3
e CO para os dias 28 e
29 de outubro, e altas concentrações registradas para os dias 30 e 31 de outubro, em resposta à
ação da condição sinótica, confirmando a hipótese levantada por Sanchez-Ccyollo, 2000.
Outra característica positiva apresentada pelas simulações foi a boa representação da
variabilidade da velocidade do vento também para a estação de Santo Amaro. Infelizmente,
nessa estação, não havia dados observados de temperatura do ar, o que reforça a importância
da utilização de modelos atmosféricos acoplados com química para fazer o monitoramento da
qualidade do ar e variáveis meteorológicas.
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31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Concentração de O
3
(ppb)
Estação Santo Amaro
Previsão
Observado
(a)
10
15
20
25
30
35
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
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30/10/2006 06:00
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31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Temperatura do Ar (ºC)
Estação Santo Amaro
Previsão
Observado
(b)
-
132
-
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Velocidade do Vento(m/s)
Estação Santo Amaro
Previsão
Observado
(c)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
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28/10/2006 18:00
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30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
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31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Concentração de CO(ppm)
Estação Santo Amaro
Previsão
Observado
(d)
Figura 3.25 Comparação entre os valores simulados e observados para a estação de Santo
Amaro, (a) concentração de O
3
, (b) temperatura do ar a 2m, (c) velocidade do vento a 10m e
(d) concentração de CO.
Os dias 28 e 29/10/2006 foram dias de final de semana, onde teoricamente o tráfego
veicular é menos intenso e conseqüentemente as emissões veiculares também foram menores.
De acordo com Silva Junior (2006), a RMSP apresentou o efeito de ocorrência de
concentrações mais elevadas no final de semana para o O
3
em comparação ao período da
semana (vale salientar que o estudo foi realizado com médias, o que provavelmente
minimizou o efeito meteorológico local e sinótico sobre a composição química da atmosfera).
Para o presente estudo os resultados mostraram que os efeitos locais e sinóticos foram de
grande importância para as simulações realizadas para a RMSP, que não foram
consideradas variações diárias das emissões durante o período de estudo, ou seja, a
variabilidade da concentração dos poluentes químicos foi afetada somente pela condição
meteorológica, tendo as emissões um papel importante para limitar os níveis de concentração.
A tabela 3.02 mostra a boa correlação entre as simulações e as observações feitas para
a RMSP, temperatura do ar: 0,94 para a estação de Pinheiros e 0,93 para a estação de
Ibirapuera, para a concentração de O
3
: 0,73 para a estação de Ibirapuera e 0,64 para a estação
de Santo Amaro (tabela 3.03). A dificuldade em simular a velocidade do vento durante a noite
pode explicar a baixa correlação (0,27) para a estação de Ibirapuera (em especial os dias 30 e
31). Isto certamente deve ter influenciado nas simulações de concentração de poluentes, como
na simulação da concentração de CO onde os coeficientes de correlação foram menores na
estação de Ibirapuera 0,19. Zhang et al (2009) utilizando também o modelo WRF/Chem para
a cidade do México sem o acoplamento urbano, também discutiram a dificuldade em simular
o campo de vento no período noturno. Uma possível solução para este problema seria a
utilização do acoplamento com o modelo urbano UCM.
-
133
-
Tabela 3.03: Índices estatístico para o período de 28/10 a 01/11/2006 para as estações:
Pinheiros (PIN), Ibirapuera (IBI), Parque Dom Pedro II (PDP), Santo Amaro (SAM).
Variável
Estação PMS PMC DPTS DPTC RMS BIAS CORR2
Concentração
de O
3
(ppb)
PIN 33,84 19,52 15,73 17,52 18,08 -14,32 0,62
IBI 34,12 23,55 16,32 21,6 15,63 -10,57 0,73
PDP 36,04 23,86 14,57 17,54 16,01 -12,18 0,65
SAM 33,98 28,01 11,21 19,44 13,84 -5,96 0,64
Temperatura
do Ar (ºC)
PIN 20,44 21,78 4,41 5,33 2,04 1,34 0,94
IBI 20,46 20,77 4,31 3,8 1,26 0,31 0,93
PDP - - - - - - -
SAM - - - - - - -
Velocidade
do Vento
(m/s)
PIN 2,26 1,78 0,86 0,7 0,95 -0,48 0,21
IBI 2,09 1,74 0,86 0,83 0,9 -0,35 0,27
PDP - - - - - - -
SAM 2,3 2,07 1,03 0,84 0,84 -0,23 0,41
Concentração
de CO (ppm)
PIN 0,53 0,79 0,42 0,43 0,46 0,26 0,35
IBI 0,62 0,64 0,47 0,34 0,45 0,02 0,19
PDP 0,44 0,78 0,33 0,4 0,52 0,35 0,2
SAM 0,25 0,43 0,19 0,26 0,26 0,19 0,49
Obs.: PMS Valor Médio Simulado
PMC Valor Médio Observado
DPTS Desvio Padrão Simulado
DPTC Desvio Padrão Observado
RMS Erro Médio Quadrado
BIAS PMC – PMS
CORR2 Coeficiente de Correlação entre simulação e observação
3.2.2.2 – Validação do Perfil da Concentração de O
3
A figura 3.26 mostra o perfil simulado pelo modelo sem a inclusão do modelo UCM, e
a observações obtidas através de radiosondas com dispositivo de medição de ozônio. Essas
sondagens foram realizadas na RMSP durante o projeto de Políticas Públicas financiado pela
FAPESP (Andrade et al., 2006). Em geral o modelo subestima as observações feitas para a
RMSP, mas a estrutura vertical da concentração de O
3
apresenta boa correlação entre
simulação e medição. As observações mostram um aumento da concentração de O
3
entre a
superfície e 800-750hPa, decrescendo logo em seguida, e as simulações realizadas com a
versão 2.1 do modelo WRF/Chem não consegue simular essa variação (figura 3.26).
Vale salientar que a condição inicial é feita a partir de simulações antigas que serviram
de dados de entrada para alimentar novas simulações. Existe também a possibilidade da
utilização de uma concentração de fundo utilizando os resultados das simulações globais dos
principais poluentes feitas pelo modelo MATCH-MPI, descartando a aproximação que se
utilizava do tipo de cobertura do solo, latitude e longitude, para estimar a concentração inicial.
-
134
-
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300
400
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600
700
800
900
1000
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Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
30/10/2006 19:00 UTC
Previsto Observado
200
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400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
30/10/2006 23:00 UTC
Previsto Observado
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
31/10/2006 05:00 UTC
Previsto Observado
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
31/10/2006 12:00 UTC
Previsto Observado
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
31/10/2006 14:00 UTC
Previsto Observado
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
31/10/2006 17:00 UTC
Previsto Observado
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão Atm. (hPa)
Concentração de O
3
(ppb)
01/11/2006 00:00 UTC
Previsto Observado
Figura 3.26: Perfil vertical de O
3
para a RMSP, simulado e sondagens realizadas com as
ozoniosondas.
Comprovando o mostrado pelos gráficos da figura 3.26 os índices estatísticos (Tabela
3.04) indicam a grande dificuldade do modelo WRFV2.1 (modelo WRF/Chem Versão 2.1
com a química) em representar a variabilidade da concentração de O
3
. Em geral o modelo está
subestimando o perfil vertical da concentração de O
3
, mostrando que essa versão do modelo
apresenta deficiências no transporte vertical dos poluentes.
-
135
-
Tabela 3.04: Análise estatística da comparação feita entre o perfil vertical da concentração de
O
3
(ppb) simulado WRFV2.1 e observação realizadas com a ozôniosonda.
Horários
Média
Previsão
Média
Observação
Diferença
entre as
Médias
(Bias)
Coeficiente de
Correlação
(r
2
)
30102006 19:00 UTC 46,71 55,89 -9,18 0,01
30102006 23:00 UTC 48,83 55,03 -6,2 0,21
31102006 05:00 UTC 47,99 47,47 0,52 0,46
31102006 12:00 UTC 45,93 50,49 -4,56 0,00
31102006 14:00 UTC 46,58 61,28 -14,7 0,20
31102006 17:00 UTC 46,56 67,05 -20,49 0,05
01112006 02:00 UTC 46,16 68,44 -22,28 0,13
3.2.3 – Utilizando o modelo WRF/Chem versão 3
Buscando melhorar a representação vertical do perfil de O
3
foi utilizada a nova versão
do modelo o WRF/Chem versão 3. A principal diferença entre as versões 2.1 e 3 é a inclusão
de novas parametrizações de meteorologia e química, mas mantendo os esquemas anteriores o
que permitiu a comparação entre as versões, e a inclusão do modelo urbano UCM com
descrição simplificada da área urbana considerando que a RMSP apresenta edificações mais
elevadas no centro e diminuindo a altura média das edificações até a borda, e a disposição dos
edifícios na cidade foi introduzido de forma aleatória. Para efeito de comparação entre as
versões foi mantida a mesma configuração feita para a versão WRF/Chem 2.1 (tabela 3.02).
Para a versão 3.1 será incluído nas simulações o acoplamento com o modelo urbano UCM. A
justificativa para apresentar resultados de outra versão do modelo WRF/Chem deve-se a
algumas limitações encontradas na versão 2.1, e também para colocar a disposição uma
versão atualizada e configurada com as características da RMSP. A condição inicial e de
borda foram melhoradas na versão 3, podendo ser utilizadas informações globais como
entrada para simulações de escala local.
A figura 3.27 mostra a influência da presença de áreas urbanas nas simulações
realizadas para a RMSP. Pode-se constatar com o modelo urbano um aquecimento
diferenciado sobre o centro-norte da RMSP identificando o efeito da presença das construções
urbanas na simulação (figura 3.27), formando como no caso da simulação em 2D uma área de
maior aquecimento caracterizando a presença da Ilha de Calor. Isso interfere também no
campo de vento, onde os resultados apresentados na figura 3.27. Uma mudança na velocidade
e direção do vento devido ao aumento da rugosidade pela presença das edificações. Os
grandes responsáveis por essa diferença entre as simulações é a inclusão dos efeitos das
múltiplas reflexões da radiação solar, calor especifico dos materiais e condutividade térmica
-
136
-
no caso da temperatura do ar. Para a velocidade e direção do vento as diferenças são
atribuídas à mudança da rugosidade superficial (Z
0
), contabilização da força de arrastro e
cisalhamento do vento. O efeito combinado do vento e da temperatura do ar contribui para o
desenvolvimento da Ilha de Calor mais intensa nas simulações com a utilização do
acoplamento (figura 3.27).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.27: Temperatura do ar e velocidade e direção do vento, simulados sem o
acoplamento do modelo urbano UCM (A e C) e com o acoplamento urbano (B e D), para às
12UTC e 24UTC do dia 29/10/2006.
O grande motivador para a inclusão do acoplamento com o modelo urbano UCM foi
buscar melhorar o perfil vertical da concentração de ozônio. Mas uma análise da concentração
superficial mostrou uma ligeira piora nas simulações das concentrações superficiais em
comparação com a antiga versão utilizada do modelo WRF/Chem (versão 2.1). Talvez com
um melhor ajuste do inventário de emissões da CETESB, e uma melhor descrição das
características da área urbana da RMSP, possibilitem obter uma melhor correlação com as
-
137
-
medições realizadas pela CETESB, mas é perfeitamente possível a utilização dessa nova
versão para fazer simulações da qualidade do ar para a RMSP devido a pouca diferença entre
as versões. Lembrando que a mesma configuração adotada para a versão 2.1, serão utilizadas
para a versão 3.1 de modo a manter uma coerência nas análises, mas será feito uma análise de
casos com relação ao acoplamento do modelo urbano UCM.
3.2.3.1 – Validação das Simulações em Superfície
Visualmente a figura 3.28 indica que as simulações de qualidade do ar para a RMSP
representam de forma efetiva as variações das concentrações, com algumas diferenças para a
fase e as máximas concentrações. A versão 3.1 do modelo WRF/Chem apresenta problemas
nas primeiras horas de simulação para as concentrações de CO e O
3
(Figura 3.28 a, d), o que
pode ser explicado pela forte influência da condição inicial. Diferente de outros estudos de
qualidade do ar utilizando modelos fotoquímicos para a RMSP (Martins, 2006; Andrade,
2006 por exemplo), onde os resultados do modelo foram comparados com valores médios
para todas as estações da CETESB, o presente trabalho compara medidas pontuais com os
resultados do ponto de grade mais próximo da simulação do WRF/Chem (com resolução de
4x4km), de modo a avaliar a precisão do modelo em representar as variações espaciais e
temporais das concentrações de CO e O
3
. Partindo do pressuposto que a célula do domínio
representa o comportamento médio de todas as regiões contidas na célula de grade.
(a)
0
20
40
60
80
100
120
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Concentração de O
3
(ppb)
Estação Ibirapuera
Previsão Observado
-
138
-
(b)
Estação Ibirapuera
10
15
20
25
30
35
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Temperatura do Ar(ºC)
Previsão Observado
(c)
Estação Ibirapuera
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Velocidade do Vento(m/s)
Previsão Observado
(d)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Concentração de CO(ppm)
Estação Ibirapuera
Previsão Observado
Figura 3.28 Comparação entre as simulações realizadas e as medidas na estação de
qualidade do ar da CETESB no Ibirapuera, para a concentração de O
3
(a), temperatura do ar a
2m (b), velocidade do vento a 10m (c) e concentração de CO (d), usando a versão 3 do
modelo WRF/Chem.
-
139
-
Para discutir melhor a eficiência das simulações com o modelo WRFV3 estão sendo
mostrados os resultados da validação para a Estação de Santo Amaro, que está localizada na
parte sul da RMSP. A figura 3.29 mostra que para essa estação em especifico houve uma
maior variabilidade na concentração de CO e O
3
, velocidade do vento e temperatura do ar a
2m. Essa variabilidade foi representada pelo modelo tanto em amplitude quanto na fase. Os
dois primeiros dias de simulação foram marcados por fortes ventos e temperaturas baixas e
em conseqüência menores concentração de poluentes.
(a)
0
20
40
60
80
100
120
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Concentração de O
3
(ppb)
Estação Santo Amaro
Previsão Observado
(b)
Estação Santo Amaro
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Velocidade do Vento(m/s)
Previsão Observado
-
140
-
(c)
10
15
20
25
30
35
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Temperatura do Ar (ºC)
Estação Santo Amaro
Previsão Observado
(d)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
28/10/2006 00:00
28/10/2006 06:00
28/10/2006 12:00
28/10/2006 18:00
29/10/2006 00:00
29/10/2006 06:00
29/10/2006 12:00
29/10/2006 18:00
30/10/2006 00:00
30/10/2006 06:00
30/10/2006 12:00
30/10/2006 18:00
31/10/2006 00:00
31/10/2006 06:00
31/10/2006 12:00
31/10/2006 18:00
01/11/2006 00:00
Concentração de CO(ppm)
Estação Santo Amaro
Previsão Observado
Figura 3.29 Comparação entre as simulações realizadas e as medidas na estação de
qualidade do ar da CETESB em Santo Amaro para a concentração de O
3
(a), temperatura do
ar a 2m (b), velocidade do vento a 10m (c) e concentração de CO (d), usando a versão 3 do
modelo WRF/Chem.
Comparando os resultados obtidos com as versões 2.1 e 3.1 do modelo WRF/Chem,
pode-se afirmar que estatisticamente os resultados obtidos com a versão 3.1 para a
concentração de O
3
superficial foram piores com a diminuição do coeficiente de correlação
para 0,57 para a estação do Parque D. Pedro II, mas melhorando a representatividade da
concentração de CO com melhores coeficientes de correlação para a estação de Santo Amaro
com 0,50. Os resultados para a temperatura do ar e velocidade do vento foram semelhantes
entre as versões, que mostraram boa correlação para a temperatura do ar e correlações
menores (entre 0,48 e 0,65) para a velocidade do vento (tabela 3.05).
-
141
-
Tabela 3.05: Analise estatística das simulações realizadas com o modelo WRF/Chem versão 3
para as estações de Ibirapuera (ibi), Pinheiros (pin), Parque D. Pedro II (pdp) e Santo Amaro
(sam).
Obs.: PMS Valor Médio Simulado
PMC Valor Médio Observado
DPTS Desvio Padrão Simulado
DPTC Desvio Padrão Observado
RMS Erro Médio Quadrado
BIAS PMS – PMC
CORR2 Coeficiente de Correlação entre simulação e observação
A figura 3.30 apresentada as comparações entre a simulação da qualidade do ar feita
com o modelo WRF/Chem versão 3.1 e as medições para as estações da CETESB (Ibirapuera,
Pinheiros, Parque D. Pedro II e Santo Amaro). É possível observar que as simulações
superestimam as mínimas concentrações de O
3
(concentrações de O
3
< 40ppb), e existe uma
tendência de subestimativa de altas concentrações (concentrações de O
3
> 40ppb). Ainda
analisando a correlação da concentração de O
3
entre simulado e medido, pode-se afirmar que
o coeficiente de correlação são melhores para baixas concentrações, tendo como coeficiente
de correlação para todo o período analisado o valor de r
2
=0,51 e um coeficiente de
determinação de r=0,71. para a concentração de CO notou-se grande variabilidade na
comparação, com coeficiente de correlação foi de apenas r
2
=0,32, o que mostra maiores
dificuldades de simular a concentração de CO, com tendência de subestimar as observações
(figura 3.30b).
Variável
Estação PMS PMC DPTS DPTC RMS BIAS CORR2
Concentração
de O
3
(ppb)
PIN 28,07 19,52 19,37 17,52 17,36 8,55 0,45
IBI 27,67 23,55 20,58 21,60 18,06 4,12 0,43
PDP 28,69 23,86 17,98 17,54 13,40 4,83 0,57
SAM 25,32 28,01 16,14 19,44 15,98 -2,69 0,39
Temperatura
do Ar (ºC)
PIN 21,15 21,78 4,46 5,33 1,62 -0,63 0,94
IBI 20,70 20,77 4,26 3,80 1,11 -0,07 0,94
PDP - - - - - - -
SAM - - - - - - -
Velocidade
do Vento
(m/s)
PIN 2,24 1,78 1,23 0,70 1,01 0,47 0,49
IBI 2,23 1,74 1,29 0,83 1,05 0,49 0,48
PDP - - - - - - -
SAM 2,48 2,07 1,34 0,84 0,93 0,41 0,65
Concentração
de CO (ppm)
PIN 0,48 0,79 0,43 0,43 0,49 -0,31 0,39
IBI 0,55 0,64 0,56 0,34 0,52 -0,09 0,19
PDP 0,44 0,78 0,33 0,40 0,54 -0,34 0,13
SAM 0,24 0,43 0,27 0,26 0,28 -0,19 0,50
-
142
-
R² = 0,51
0
20
40
60
80
100
120
0 20 40 60 80 100 120
Previsto
Observado
Concentração de O
3
(ppb)
R² = 0,32
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Previsto
Observado
Concentração de CO (ppm)
(a) (b)
Figura 3.30: Diagrama de dispersão das concentrações observadas e simuladas nas 4 estações
da CETESB (Pinheiros, Ibirapuera, P.D.Pedro II e Santo Amaro), para O
3
(a) e CO (b).
3.2.3.2 - Validação do Perfil da Concentração de O
3
.
Para validar o perfil vertical da concentração de O
3
, os resultados da simulação foram
interpolados da coordenada vertical do modelo (sigma) para níveis de pressão (930, 900, 850,
800, 750, 700, 650, 600, 550, 500, 450, 400, 350, 300, 250, 200 hPa). Já as medições da
ozoniosonda foram trabalhadas utilizando um algoritmo que fez uma média dos cinco níveis
mais próximos dos níveis de pressão do modelo. O fato da variação da posição horizontal da
ozoniosonda durante sua subida também foi considerado, onde o perfil da concentração do
modelo foi feito considerando a latitude e longitude da ozoniosonda.
A figura 3.31 mostra que o perfil vertical da concentração de O
3
simulado pelo modelo
WRF/Chem, apresenta padrão muito semelhante ao das observações. Além disso, esta figura
mostra ainda uma melhora considerável comparada aos obtidos com a versão 2.1 (figura
3.26). Apesar de melhor bastante o padrão vertical, modelo subestima o valor observado pela
ozoniosonda principalmente em baixos níveis. Dois fatores devem ser levados em
consideração na comparação simulações e observações: a) como as maiores diferenças
ocorrem próximas à superfície, surge a hipótese que as características urbanas incluídas nas
simulações poderiam ser melhor representadas, b) Com a forte turbulência atmosférica gerada
pela presença das edificações sobre áreas urbanas (demonstrada nas simulações em 2D),
diminui a eficiência do modelo em simular a concentração de O
3
em baixos níveis, reforçando
a necessidade de melhoria da representação do efeito urbano nas simulações.
-
143
-
30/10/2006 19:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
30/10/2006 23:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
31/10/2006 05:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
31/10/2006 12:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
31/10/2006 14:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
31/10/2006 17:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
01/11/2006 00:00 UTC
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de O
3
(ppb)
Pressão Atm. (hPa)
Previsto Observado
Figura 3.31: Perfis verticais da concentração de O
3
das simulações com o modelo WRFV3
sobre a RMSP, e as medidas com as ozoniosondas.
Os índices estatísticos mostrados na tabela 3.06, ratificaram os resultados apresentados
na figura 3.31, onde o perfil vertical da concentração de ozônio está sendo bem representado
pelo modelo WRF/Chem versão 3.0, com coeficiente de correlação chegando a 0,75 como foi
-
144
-
o caso do dia 30/10/2006 às 19:00 UTC. De forma geral as simulações se ajustaram bem as
observações com exceção da simulação em altos níveis, onde o modelo fez simulação da
camada de ozônio mais baixa, iniciando um forte aumento da concentração de O
3
no vel de
200mb, enquanto as medições mostraram que esse aumento somente foi iniciado no nível de
100mb. Essa diferença da altura da camada de ozônio influenciou efetivamente a análise
estatística, aumentando ainda mais a concentração média da previsão, e conseqüentemente
interferindo na BIAS e coeficiente de correlação. Para efeito de comparação, a variação da
posição da ozoniosonda também foi considerada utilizando a informação do seu
posicionamento durante a subida, as informações obtidas para detectar seu posicionamento
foram à latitude, longitude e altitude. Alguns ajustes poderiam ter sido feitos para melhorar a
representação da concentração inicial em baixos níveis na intenção de aprimorar ainda mais as
simulações.
Tabela 3.06: Análise estatística da comparação feita entre o perfil vertical da concentração de
O
3
(ppb) simulado pelo modelo WRFV3 e o observações realizadas com a ozoniosonda.
Horários
Média
Previsão
Média
Observação
Diferença
entre as
Médias
(Bias)
Coeficiente de
Correlação
(r
2
)
30102006 19:00 UTC 143,44 62,22 81,21 0,75
30102006 23:00 UTC 148,11 65,73 82,38 0,71
31102006 05:00 UTC 150,72 53,88 96,83 0,68
31102006 12:00 UTC 151,14 60,25 90,88 0,53
31102006 14:00 UTC 141,74 69,85 71,89 0,54
31102006 17:00 UTC 140,26 73,44 66,83 0,47
01112006 02:00 UTC 134,55 74,51 60,04 0,53
Fazendo uma analogia com os experimentos em 2D para avaliar o impacto da inclusão
da topografia, representados nas figuras 3.10 e 3.11, são apresentadas as figuras 3.32 e 3.33 os
resultados obtidos para simulações de casos reais (3D) em um corte meridional do domínio
passando pela longitude -46,5º. Os resultados mostrados a seguir para os perfis verticais da
concentração de CO e O
3
, permitem relacionar a altura da CLP com a dispersão de poluentes
utilizando os perfis de concentração de CO. Isto porque quanto maior a dispersão dos
poluentes, maior será a distância do poluente com relação a fonte de emissão.
-
145
-
Figura 3.32: Corte meridional em -46,5º de longitude da região de estudo passando pela
RMSP, e representação da altura da topografia.
A figura 3.33 mostra o perfil da concentração de CO para o corte meridional
apresentado na figura 3.32. Estes perfis mostraram características semelhante aos casos
idealizados em 2D com a inclusão da topografia (figura 3.10 e 3.11), onde a emissão de
poluentes da RMSP afeta fortemente o seu entorno, principalmente com o desenvolvimento
da CLP como mostrado na seqüência temporal da figura 3.33. A variação temporal da
emissão veicular influencia diretamente no ciclo diário da concentração de CO, onde
diferentemente da figura 3.10 (emissões constantes) nota-se apenas uma resposta
inversamente proporcional a altura da CLP. Já no caso real variando o ciclo diário de
emissões, o máximo de concentração de CO ocorre às 12:00 UTC (09:00h local) e as 00:00
UTC (21:00 hora local), devendo-se principalmente ao aumento da emissão veicular devido
ao trafego, a altura da CLP mais baixa às 09:00h local, e ao efeito da topografia que dificulta
a dispersão dos poluentes. As concentrações de CO durante o período noturno são menores
em comparação ao período diurno, devido principalmente à forte redução do tráfego de
veículos, como pode ser visualizado nos gráficos apresentados na figura 3.33 para as 06:00
UTC (03:00 hora local). Isto também foi comprovado pelo estudo de Schmitz (2005)
realizado para Santiago do Chile, onde os resultados encontrados apresentaram pouca
dispersão horizontal, e um significativo efeito da variação espacial e temporal das emissões e
desenvolvimento da CLP, justificado pelo aumento de tráfego de veículos e altura da CLP
ainda baixa (400m até as 09:00h). O máximo de emissão de CO coincide com a máxima
concentração de CO que se dá por volta das 09:00 horas local.
-
146
-
A variação da condição sinótica registrada durante o período de estudo como foi
mostrado nas figuras 3.17, 3.18 e 3.19 teve seu efeito representado pela variabilidade da
concentração de CO (figura 3.31), onde os dias 28/10 e 29/10/06 apresentaram menores
temperaturas verticais, condição de estabilidade atmosférica e menor concentração de CO, por
causa de ventos mais intensos registrados para os dias 28 e 29 com média de 2,03m/s que é
0,55m/s maior do que a média do vento para os dias 30 e 31. Os dias 30/10 e 31/10/06
apresentaram situação de instabilidade atmosférica e maior dispersão dos poluentes. A
seqüência de imagens apresentadas na figura 3.33 mostra a variação do perfil da concentração
de CO para todo o período de estudo, destacando o fato que os poluentes emitidos na RMSP
são transportados para regiões vizinhas. Esses resultados comprovam para os experimentos
idealizados que o transporte de poluentes pode chegar a distâncias de até 200km. A altura da
CLP é inversamente proporcional à concentração de CO, e durante o período noturno a
formação da Camada Limite Noturna (CLN) e a presença da Camada Residual (CR camada
acima da CLN com características do período diurno), proporcionam o desacoplamento no
perfil vertical da concentração de CO, formando duas regiões bem definidas com altas
concentrações de CO na CLN e outra na CR.
-
147
-
-
148
-
Figura 3.33: Seção meridional (na longitude de -46.5ºW) da distribuição vertical da
concentração de CO (ppm), para o período de 28/10 a 01/11/2009.
Como a concentração de CO pode ser considerada um indicador da dispersão dos
poluentes devido a sua baixa reatividade, servindo também como traçador da emissão de
veículos leves dos precursores de formação de ozônio, e consequentemente seria indicativo
das máximas concentrações de O
3
, como pode ser visto na figura 3.34. Mas como o ozônio
não é diretamente emitido para a atmosfera e sim formado pelas reações fotoquímicas
depende da disponibilidade de radiação solar, sua formação estaria condicionada a presença
de luz solar (período diurno) e transporte não local no caso da ausência de radiação solar
(período noturno). As maiores concentrações de O
3
ocorreram nos dias 30/10 e 31/10/06 dada
a maior disponibilidade de radiação solar e de precursores. De acordo com Silva Junior
(2006) o maior desenvolvimento da CLP ocasionou em maior dispersão dos poluentes, o que
proporciona um maior afastamento dos VOCs e NOx das fontes de emissão, e como o NOx
reage rapidamente, teria menos NO para consumir o O
3
, gerando uma condição de altas
concentrações de O
3
.
-
149
-
-
150
-
Figura 3.34: Seção meridional (na longitude de -46.5ºW) da distribuição vertical da
concentração de O
3
(ppb), para o período de 28/10 a 01/11/2009.
3.2.3.3 – Resultados do acoplamento WRF/Chem 3.1 com BOULAC-UCM
Concluindo a discussão sobre o acoplamento dos modelos meteorológicos com
química e modelo urbano, neste tópico serão utilizadas todas as opções disponíveis para a
simulação da composição química da atmosfera sobre a RMSP (tabela 3.02), o acoplamento
com o modelo UCM, e será substituído o esquema de CLP YSU pelo esquema BOULAC. A
troca do esquema de parametrização de CLP deve-se ao fato de BOULAC incorporar o efeito
-
151
-
orográfico na simulação da CLP, que é introduzido na escala de comprimento e por sua vez é
passado para os coeficientes de difusões turbulentos verticais e horizontais. As limitações na
descrição das características urbanas da RMSP ainda não foram resolvidas para esse teste, e
com o auxilio de imagens de satélite observou-se que a RMSP apresenta a altura média das
edificações alta no centro e baixa nas bordas, ou seja, a hipótese a ser utilizada será que a área
urbana apresenta como característica maiores edifícios na área central, diminuindo
gradativamente até chegar às bordas da área urbana (50m centro, 25m transição e 10m
bordas).
Os resultados da validação espacial em superfície mostraram uma melhora com
relação à simulação da concentração de O
3
, quando comparados o modelo na versão WRFV3
utilizando o esquema de CLP YSU (não-local que não usa o nível em questão para a
parametrização), e o modelo com os esquemas de CLP BOULAC (local que utiliza o nível
em questão para a parametrização) que inclui o efeito topográfico. Os resultados são melhores
estatisticamente quando é utilizado o esquema BOULAC (tabelas 3.07). Contudo as
simulações utilizando a nova versão WRFV3 não apresentaram resultados estatisticamente
diferentes em comparação a versão WRFV2.1. Outros experimentos de sensibilidade do
inventário de emissão para a RMSP e da distribuição espacial e temporal precisam ser
realizados na tentativa de melhorar o resultado com a nova versão. Tendo em vista que os
estudos preliminares foram iniciados com a versão WRFV2.1 e depois configurado para a
mais nova versão WRFV3.
Tabela 3.07: Análise estatística das simulações realizadas com o modelo WRF/Chem versão 3
para as estações de Ibirapuera (IBI), Pinheiros (PIN), Parque D. Pedro II (PDP) e Santo
Amaro (SAM).
Variável
Estação PMS PMC DPTS DPTC RMS BIAS CORR2
Concentração
de O
3
(ppb)
PIN 24,28 19,52 13,60 17,52 12,64 4,76 0,55
IBI 24,00 23,55 13,38 21,60 14,21 0,45 0,59
PDP 25,47 23,86 13,29 17,54 10,89 1,61 0,62
SAM 24,13 28,01 12,29 19,44 13,22 -3,89 0,60
Temperatura
do Ar (ºC)
PIN 19,65 21,78 4,08 5,33 2,87 -2,14 0,91
IBI 19,24 20,77 3,95 3,80 1,96 -1,53 0,90
PDP - - - - - - -
SAM - - - - - - -
Velocidade
do Vento
(m/s)
PIN 1,13 1,78 0,64 0,70 0,84 -0,65 0,47
IBI 1,09 1,74 0,67 0,83 0,89 -0,65 0,48
PDP - - - - - - -
SAM 1,29 2,07 0,76 0,84 0,94 -0,78 0,63
Concentração
de CO (ppm)
PIN 0,20 0,79 0,09 0,43 0,72 -0,59 0,10
IBI 0,22 0,64 0,11 0,34 0,52 -0,42 0,17
PDP 0,18 0,78 0,07 0,40 0,72 -0,61 0,02
SAM 0,14 0,43 0,08 0,26 0,37 -0,29 0,35
-
152
-
Obs.: PMS Ponto Médio Simulado
PMC Ponto Médio Observado
DPTS Desvio Padrão Simulado
DPTC Desvio Padrão Observado
RMS Erro Médio Quadrado
BIAS PMS – PMC
CORR2 Coeficiente de Correlação entre simulação e observação
Já no caso da validação do perfil vertical da concentração de O
3
para o modelo
WRFV3 com o esquema de CLP BOULAC, os resultados mostrados na tabela 3.08 são
semelhantes aos obtidos com o WRFV3 YSU e melhores do que a versão antiga WRFV2.1.
Logo a mudança no esquema de CLP de YSU para o BOULAC influenciou na melhoria da
simulação da concentração de O
3
superficial, o que mostra que a inclusão do efeito
topográfico melhora a simulação.
Tabela 3.08: Análise estatística da comparação feita entre o perfil vertical da concentração de
O
3
(ppb) simulado pelo modelo WRFV3.1 e o observações realizadas com a ozoniosonda.
Horários
Média
Previsão
Média
Observação
Diferença
entre as
Médias
(Bias)
Coeficiente de
Correlação
(r
2
)
30102006 19:00 UTC 142,09 62,22 79,86 0,75
30102006 23:00 UTC 145,80 65,73 80,07 0,71
31102006 05:00 UTC 151,36 53,88 97,47 0,68
31102006 12:00 UTC 150,07 60,25 89,82 0,53
31102006 14:00 UTC 139,35 69,85 69,49 0,53
31102006 15:00 UTC 140,68 34,65 106,00 0,11
31102006 17:00 UTC 141,14 73,44 67,71 0,47
01112006 02:00 UTC 134,06 74,51 59,55 0,52
O efeito positivo esperado para o acoplamento do modelo WRF/Chem e o modelo
urbano UCM não causou grande impacto nas simulações, onde as comparações dos
parâmetros superficiais foram piores estatisticamente com a nova versão, mostrando ser
necessária uma melhor descrição das características físicas da área urbana em questão,
utilizando se possível as imagens de satélite para melhorar essa descrição.
-
153
-
4. CONCLUSÕES
Neste tópico serão apresentadas as conclusões obtidas do projeto de doutorado obtidas
a partir de todas as hipóteses utilizadas para testar a sensibilidade das parametrizações de CLP
na simulação dos poluentes fotoquímicos. Tendo em vista o grande problema da poluição da
RMSP é de fundamental importância ter uma ferramenta que descreva com precisão as
variações químicas e se possível faça a sua previsão. O modelo de qualidade do ar
WRF/Chem inclui em suas simulações o efeito do acoplamento meteorologia-química e
variações decorrentes da presença da área urbana. Os resultados mostraram uma forte
melhoria na representação do perfil da concentração de O
3
quando incluído o efeito urbano no
modelo.
O período escolhido para realização do estudo apresentou grandes variações
meteorológicas e da química da atmosfera, devido principalmente à situação sinótica. O
modelo foi testado em situações de extremos de máximo e mínimo valor das variáveis,
conseguindo representar a variação no período de estudo e ciclos diários. Por exemplo, os dias
28 e 29/10/2006 foram marcados por baixas concentrações de CO e O
3
, e os dias 30 e
31/10/2006 com altas concentrações desses poluentes, e essa variação foi representada pelo
modelo WRF/Chem mostrando sua sensibilidade a variações de meteorológicas na meso-
escala.
Outro teste bem sucedido em termo de variações locais da concentração de CO e O
3
foi referente à variação espacial e temporal das concentrações dentro da RMSP. O modelo foi
capaz de reproduzir as variações das concentrações em escala local, quando comparados
pontos dentro da RMSP com base nas estações de qualidade do ar da CETESB (Ibirapuera,
Santo Amaro, Parque D. Pedro, Pinheiros). O que mostra a importância de melhorar a
-
154
-
descrição dos processos de rugosidade da superfície e tipo de uso do solo, que estariam
ligados diretamente com a variação local dos processos meteorológicos (exemplo temperatura
do ar e velocidade e direção do vento) e químicos (exemplo concentrações de CO e O
3
).
Os experimentos realizados para estimar o impacto do tipo do uso do solo sobre a
variação da altura da CLP e conseqüente relação com a composição química da atmosfera,
mostraram que a CLP é mais alta sobre áreas urbanas em comparação com áreas rurais,
portanto influenciando de forma efetiva na dispersão dos poluentes. No presente trabalho foi
mostrado o transporte de poluentes existente entre as regiões metropolitanas de São Paulo,
Campinas, São José dos Campos e Sorocaba, devido principalmente à topografia que atua
canalizando o vento na direção de Campinas e Sorocaba, ou ainda através do Vale do Paraíba
que direciona o transporte de poluentes na direção de São José dos Campos. A proximidade
com as fontes de emissão mostrou ser um fator importante para o nível de concentração de
O
3
, pois à medida que se afasta das fontes de emissão tanto vertical quanto horizontalmente a
concentração de O
3
aumenta. E devido a sua relativa proximidade com o Oceano Atlântico, a
RMSP é beneficiada com a formação da Brisa Marítima que auxilia na dispersão dos
poluentes emitidos e formados na RMSP.
Em resumo, processos importantes de transporte vertical e horizontal dos poluentes,
além de sua formação e consumo foram bem representados pelo modelo WRF-Chem com a
inclusão do modelo urbano UCM.
Alguns resultados das simulações estão resumidos abaixo.
Para as simulações em 2 dimensões
Período Diurno
Os experimentos feitos com a inclusão da área urbana mostraram que o modelo
consegue representar a formação da Ilha de Calor com diferença de temperatura entre zona
rural e urbana de aproximadamente 5K. Com relação à velocidade do vento houve uma
diminuição na intensidade do vento em 1,5 m/s sobre a zona urbana, caracterizando uma
desaceleração da velocidade do vento devido à presença das construções. A presença das
construções forma uma barreira física que afeta diretamente a intensidade e direção dos
ventos gerando turbulência e conseqüentemente aumentando o termo de produção mecânica
na equação da ECT.
-
155
-
Para a concentração de O
3
, os valores máximos ocorreram no entorno da cidade
devido à reatividade do NO e dos COV. Logo a proximidade com a fonte de emissão é fator
importante que interfere na concentração de O
3
.
Período Noturno
Em termos de temperatura do ar e velocidade do vento, o período noturno também
apresentou temperaturas mais elevadas sobre a zona urbana (4K acima) e menor intensidade
do vento (0,2 m/s), logo a presença das construções está associada com formação de ilha de
calor e diminuição da intensidade do vento. Os experimentos de tipo de uso do solo para o
período noturno para a dispersão dos poluentes (concentração de CO) apresentaram como
característica pouca dispersão dos poluentes sobre área rural e maior eficiência sobre área
urbana, que é uma resposta direta a altura da CLN que é mais alta sobre áreas urbanas.
CLP
Os experimentos de sensibilidade para a altura da CLP feitos para o tipo de uso do
solo, inclusão do modelo urbano e esquemas numéricos de CLP, mostraram que de acordo
com os resultados das simulações a altura da CLP é comprovadamente maior para zonas
urbanas.
Um fator importante em favor da utilização do acoplamento com o modelo urbano é
que durante o período noturno onde residem as maiores incertezas nas simulações realizadas
para qualidade do ar, nota-se claramente que o único esquema que representa de forma
razoável a estrutura da CLN é o esquema BOULAC, que os outros esquemas mostram
valores constantes de ECT em baixos níveis compreendendo de 0 a 300m de altura, com YSU
e BOULAC constantes em 0m
2
/s
2
e MYJ constante em 0,1m
2
/s
2
.
Para as simulações em 3 dimensões
A simulação da composição química da atmosfera, em destaque para as concentrações
de CO e O
3
, apresentaram pouca dispersão de poluentes em baixos níveis durante o período
diurno, onde as máximas concentrações de CO ocorreram dentro da RMSP tendo forte ligação
com os pontos de emissão. para o período noturno o transporte horizontal sofre o efeito
topográfico e da direção do vento, transportando os poluentes preferencialmente para a
direção noroeste. A condição sinótica contribuiu fortemente para a pouca concentração de O
3
-
156
-
para os dias 28 e 29, e concentrações mais elevadas em situação de pré-frente fria durante os
dias 30 e 31. O perfil da temperatura do ar reflete bem a variação de escala sinótica do
período estudado, o que afetou também o desenvolvimento vertical da altura da CLP e
principalmente a variação da radiação solar que de forma direta influenciou no ciclo diário da
concentração de O
3
. O transporte vertical de poluentes mostrou que instabilidade atmosférica
causada pela variação da temperatura do ar em conjunto com o cisalhamento superficial, são
responsáveis pelo desenvolvimento da CLP e transporte vertical dos poluentes.
As simulações feitas com o modelo comparadas com as observações feitas pela
CETESB mostraram que o modelo foi capaz de reproduzir a variabilidade dos parâmetros
temperatura do ar, velocidade do vento, concentração de CO e O
3
. Os valores máximos e
mínimos foram bem representados para diferentes estações de monitoramento, ou seja, o
modelo conseguiu representar a variabilidade temporal e espacial das variáveis. Um fator
limitante que deve ser levado em consideração é que a comparação está sendo feita de
observações pontuais com simulações realizadas com resolução de 4x4km, o que influenciou
nas analises estatísticas feitas para as estações.
As análises estatísticas mostraram a boa correlação entre as simulações e as
observações feias para a RMSP, temperatura do ar: 0,94 para a estação de Pinheiros e 0,93
para a estação de Ibirapuera, para a concentração de O
3
: 0,73 para a estação de Ibirapuera e
0,64 para a estação de Santo Amaro. Houve dificuldade em representar a velocidade do vento
durante o período noturno sendo responsável pelo baixo índice de correlação 0,27 para a
estação de Ibirapuera (em especial os dias 30 e 31), o que certamente deve ter influenciado
nas simulações de concentração de poluentes.
A comparação superficial das variáveis entre as duas versões do modelo WRF/Chem,
2.1 e 3.0, mostrou que estatisticamente os resultados obtidos com a versão 3.0 para a
concentração de O
3
foram piores diminuindo o coeficiente de correlação para 0,57 para a
estação do Parque D. Pedro II, mas melhorando a representatividade da concentração de CO
com melhores coeficientes de correlação para a estação de Santo Amaro com 0,50. Os
resultados para a temperatura do ar e velocidade do vento foram semelhantes entre as versões,
que mostraram boa correlação para a temperatura do ar e dificuldades em representar a
variação da velocidade do vento.
para o perfil vertical da concentração de O
3
mostrou melhores resultados com a
nova versão, onde as variações das concentrações com relação à altura foram representadas.
Todas as medições realizadas com a ozoniosonda foram subestimadas pelas simulações
realizadas, independente da versão.
-
157
-
Na simulação da concentração de O
3
utilizando o modelo urbano acoplado ao WRF-
Chem, comparando estatisticamente os esquemas BOULAC e YSU utilizando o WRFV3,
mostrou que o efeito topográfico introduzido na parametrização de BOULAC e o fato de ser
um esquema do tipo local, fez com que melhorasse estatisticamente as simulações. Contudo
as simulações utilizando a nova versão WRFV3 apresentaram resultados estatisticamente
piores em comparação a versão WRFV2.1. Mas os resultados da comparação do perfil
vertical da concentração de O
3
para o modelo WRFV3 com o esquema de CLP BOULAC são
semelhantes aos resultados obtidos com o WRFV3 YSU e melhores do que a versão antiga
WRFV2.1. Logo a mudança no esquema de CLP de YSU para o BOULAC influenciou na
melhoria da simulação da concentração de O
3
superficial, o que mostra que a inclusão do
efeito topográfico melhora a simulação.
4.1 Sugestões e Perspectivas
Para este trabalho 2 pontos precisam ser melhorados para aprimorar as simulações: a)
experimentos de sensibilidade do inventário de emissão para a RMSP e da distribuição
espacial e temporal precisam ser direcionados para a nova versão WRFV3, b) melhorar a
representação das área urbanas para tornar eficaz a utilização do acoplamento com o modelo
urbano UCM.
A seqüência natural do projeto de pesquisa seria a utilização de imagens de satélites
para melhorar a descrição da área urbana, o que tornará mais eficiente o acoplamento do
modelo urbano. Também deve ser considerado a inclusão e melhoria da descrição dos
aerossóis no modelo WRF/Chem e quantificar a sua influência nas simulações.
-
158
-
-
159
-
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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das Fontes do Aerossol Atmosférico de São Paulo: Um Estudo de Caso Para o Inverno de
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