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BEM-ESTAR DE SUÍNOS CONFINADOS ASSOCIADO A
COMPORTAMENTO, SISTEMA IMUNOLÓGICO E DESEMPENHO
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2009
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Agrícola, para
obtenção do título de Doctor Scientiae
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i
JOSIANE APARECIDA CAMPOS
BEM-ESTAR DE SUÍNOS CONFINADOS ASSOCIADO A
COMPORTAMENTO, SISTEMA IMUNOLÓGICO E DESEMPENHO
APROVADA: 24 de junho de2009
Prof
a
. Cecília de Fátima Souza Prof. Fernando da Costa Baeta
Prof. Júlio Maria Ribeiro Pupa Prof. Iran José Oliveira da Silva
Prof
a
. Ilda de Fátima Ferreira Tinôco
(Orientadora)
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Agrícola, para
obtenção do título de Doctor Scientiae
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ii
Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida:
Meu filho Antônio Cezar;
Minha mãe Marília;
Meu pai João e
Meu marido Aldo.
iii
“O maior bem que podemos fazer aos outros
não é oferecer-lhes nossa riqueza,
mas levá-los a descobrir a deles.”
Louis Lavelle
iv
AGRADECIMENTOS
A Jesus e a Virgem Maria.
Aos meus pais pelo amor, incentivo e compreensão.
A minha avó Terezinha e as minhas tias Ledinha, Mazarelo, Fátima, e
Zuca, pelo carinho, apoio e orações.
As primas Luciene e Lidinha pelo carinho e incentivo.
Ao Aldo por seu amor, ajuda e compreensão.
À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realização do
curso ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pelo apoio financeiro.
A professora Ilda de Fátima Ferreira Tinôco pela orientação deste
trabalho, pela amizade e pelos sábios e oportunos conselhos.
Aos professores Jadir, Fabyano, Baêta, Cecília e Iran pelos conselhos e
importantes sugestões.
Ao veterinário Júlio Pupa, pela ajuda, amizade, orientação; convivência e
aprendizado.
As amigas de república: Viviane, Elen, Flávia e Myrian, pelo carinho,
atenção e amizade inigualáveis.
A equipe do AMBIAGRO, pelo apoio, ajuda e amizade.
Aos funcionários da Granja São Joaquim que colaboraram para
realização do experimento.
Aos amigos e funcionários do Departamento de Engenharia Agrícola e
Ambiental da UFV.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para realização deste
trabalho.
BIOGRAFIA
JOSIANE APARECIDA CAMPOS, filha de Marília das Dores Barbosa
Campos e João Mayrink Campos, nasceu em Urucânia, em 17 de março de
1977.
Em 1998 ingressou no curso de Zootecnia, concluindo-o em 2002, na
Universidade Federal de Lavras.
Em 2004 iniciou o curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola e Ambiental na Universidade Federal de Viçosa-MG,
concentrando seus estudos na Área de Construções Rurais e Ambiência,
submetendo-se a defesa de tese em fevereiro de 2006.
Em 2006 iniciou o curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Agrícola e Ambiental na Universidade Federal de Viçosa-MG,
concentrando seus estudos na Área de Construções Rurais e Ambiência,
submetendo-se a defesa de tese em junho de 2009.
vi
ÍNDICE
RESUMO......................................................................................................
vii
ABSTRACT..................................................................................................
ix
1.
INTRODUÇÃO.................................................................................
1
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................
4
2.
1.
O Bem-Estar Animal........................................................................
4
2.
2.
Bem-
Estar Animal: sua Influência na Produtividade e no Valor
Econômico do Produto.....................................................................
7
2.
3.
Normativas do Bem-Estar Animal Estabelecidas pela
Comunidade
Européia...........................................................................................
10
2.
4.
Normativas do Bem-Estar Animal no Brasil.....................................
14
2.
5.
O Ambiente, o Comportamento e o Bem-Estar Animal....................
17
2.
6.
Enriquecimento Ambiental...............................................................
19
2.
7.
Pressão Sonora e Iluminância.........................................................
20
2.
8.
Bem-Estar Animal e Imunidade do Rebanho...................................
21
2.
9.
Conforto térmico...............................................................................
23
3.
MATERIAL E MÉTODOS................................................................
26
3.
1.
Fase de Maternidade.......................................................................
27
3.
1.
1.
Desmame.........................................................................................
28
3.
1.
2.
Manejo do Corte de Dente, Cauda e Castração..............................
28
3.
1.
3.
Avaliação do Comportamento no Dia do Manejo de Corte de
Dente, Cauda e Castração...............................................................
31
3.
1.
4.
Avaliação do Comportamento no Dia de Castração........................
32
3.
1.
5.
Delineamento Estatístico Para a Fase de
Maternidade.....................................................................................
33
3.
2.
Fase de Creche................................................................................
33
3.
2.
1.
Avaliação do Comportamento na Fase de Creche..........................
35
3.
2.
2.
Delineamento Estatístico Para Fase Creche...................................
38
3.
3.
Dese
mpenho Animal Para as Fases de Maternidade e
Creche..............................................................................................
38
3.
4.
Nível da Pressão Sonora e da Iluminância Para as Fases de
Maternidade e Creche......................................................................
39
3.
5.
Avaliação do Desafio Sanitário Para as Fases de Maternidade e
Creche..............................................................................................
39
3.
5.
1.
Delineamento Estat
ístico Para Avaliação do Desafio Sanitário
(Teste de PCR)................................................................................
40
3.
6.
Avaliação do Desempenho Animal da Fase de Maternidade até a
Fase de Terminação........................................................................
41
vii
3.
6.
1.
Delineamento Estatístico Para Avaliação do Desempenho da
Fase de Maternidade até a Fase de
Terminação....................................................................................
42
3.
7.
Capacitação dos Funcionários......................................................
42
3.
8.
Dados ambientais .........................................................................
42
4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................
44
4.
1.
Fase de Maternidade.....................................................................
44
4.
1.
1.
Comportamento no Dia de Manejo do Corte de Dente e
Cauda............................................................................................
44
4.
1.
2.
Comportamento no Dia de Castração...........................................
46
4.
2.
Fase de Creche.............................................................................
47
4.
2.
1.
Comportamento com e se
m o Enriquecimento
Ambiental.......................................................................................
47
4.
3.
Desempenho Animal.....................................................................
50
4.
3.
1.
Fase de Maternidade.....................................................................
50
4.
3.
2.
Fase de Creche.............................................................................
51
4.
4.
Pressão Sonora e Iluminância.......................................................
53
4.
4.
1.
Fase de Maternidade.....................................................................
53
4.
4.
1.
1.
Pressão Sonora.............................................................................
53
4.
4.
1.
2.
Iluminância.....................................................................................
54
4.
4.
2.
Fase de Creche.............................................................................
55
4.
4.
2.
1.
Pressão sonora..............................................................................
55
4.
4.
2.
2.
Iluminância.....................................................................................
56
4.
5.
Desafio Sanitário...........................................................................
56
4.
5.
1.
Fase de maternidade.....................................................................
57
4.
5.
2.
Fase de creche..............................................................................
57
4.
5.
3.
Maternidade e Creche Juntos........................................................
58
4.
6.
Desempenho dos Leitões Desde a Fase de Maternidade até a
Fase de Terminação......................................................................
59
4.
7.
Capacitação dos Funcionários......................................................
60
4.
8.
Conforto Térmico...........................................................................
61
5.
CONCLUSÕES.............................................................................
65
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................
66
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................
68
8.
ANEXO..........................................................................................
76
8.
1.
Instrução Normativa 56, DE 06 DE NOVEMBRO DE
2008...............................................................................................
77
8.
2.
Portaria Nº 185, DE 17 DE MARÇO DE 2008...............................
79
viii
RESUMO
CAMPOS, Josiane Aparecida, D. Sc., Universidade Federal de Viçosa, junho
de 2009. Bem-estar de suínos confinados associado a comportamento,
sistema imunológico e desempenho. Orientadora: Ilda de Fátima Ferreira
Tinôco. Co-orientadores: Fabyano Fonseca e Silva, Jadir Nogueira da Silva
e Richard Stephen Gates.
Bem-estar animal é um tema de grande relevância na criação animal, pois
envolve toda a cadeia produtiva, desde o nascimento até o abate, com
conseqüências na qualidade dos produtos e nas preferências do consumidor. A
introdução das técnicas de bem-estar animal nos sistemas convencionais de
produção, especialmente aqueles voltados para exportação, e a avaliação
destes resultados é de grande importância para o meio científico e comercial.
Considerando um criatório industrial de suínos (com animais em todas as fases
de produção) objetivou-se com este trabalho: adaptar o manejo de um sistema
de confinamento de suínos em criatório de ciclo completo, quanto às condições
de bem-estar animal, preconizadas pela União Européia, e avaliar os impactos
advindos desta adequação em comparação ao manejo convencional. O
trabalho foi desenvolvido na Suinocultura São Joaquim, município de Urucânia,
localizada no pólo suinícola do Vale do Piranga ao norte da Zona da Mata de
Minas Gerais. Neste experimento pode-se concluir que: nenhum dos
tratamentos com diferentes manejos de criação de suínos com e sem bem-
estar animal, evitaram a ocorrência de comportamentos típicos de desconforto
em suínos; os animais desmamados aos 28 dias demonstraram maior
incidência de comportamentos de estresse na fase de creche e piora no
desempenho dos leitões; a colocação de brinquedos dentro da baia como
forma de enriquecimento ambiental foi atraente para os animais na fase de
ix
creche, mas logo que eles se acostumaram com o brinquedo, brincar com outro
suíno tornou-se mais interessante para eles; requisitos como iluminância e
pressão sonora estiveram dentro dos parâmetros previstos para prover bem-
estar animal no sistema convencional avaliado, mas no momento da castração
é recomendável a utilização de protetores auriculares, devido ao alto nível de
pressão sonora causado pelos animais durante este manejo.
ABSTRACT
CAMPOS, Josiane Aparecida, D. Sc., Universidade Federal de Viçosa, June,
2009. Confined swine welfare associated the behavior, immune system
and performance. Adviser: Ilda de Fátima Ferreira Tinôco. Co-advisers:
Fabyano Fonseca e Silva, Jadir Nogueira da Silva and Richard Stephen
Gates.
Animal welfare is a subject of great relevance in the animal creation because
involves all the productive chain since the birth until slaughter, with
consequences in the product quality and in the consumer preferences. The
introduction of the techniques of animal well-being in the conventional
production systems especially those directed toward exportation, and the
evaluation of these results is of great importance to the scientific and
commercial environment. Considering an swine production
(with animals in all
the production phases) it was objectified with this work: to adapt the swine
confinement management system to a complete swine production
cycle,
according to the conditions of animal well-being praised for the European
Union, and to evaluate the impacts due to this adequacy in comparison to the
conventional handling. The experiment occurred during the winter in the São
Joaquim swine farm, located in the Vale do Piranga region, Minas Gerais state.
In this experiment it can be concluded that: none of the treatments with different
handling of swine creation with and without animal welfare had prevented the
occurrence of typical behaviors of discomfort in swine; the animals weaned to
the 28 days had demonstrated a greater incidence of stress behavior
in the
phase of farrowing facilities
and worsening in the performance of the pigs; the
introduction of toys inside the bay as a form of ambient enrichment was
attractive to the animals in the day-care center phase, but as soon as they had
xi
gotten used to the toy, playing with another swine it has became more
interesting for them; requirements as luminance and sonorous pressure had
been inside of the foreseen parameters to provide animal welfare in the
evaluated conventional system, but at the moment of the castration the use of
auricular protectors is recommendable, due to the high sound pressure level
caused by the animals during this handling.
1 - INTRODUÇÃO
O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína do mundo, sendo esta
a mais consumida, devido principalmente ao alto consumo per capita da
Europa e América do Norte, conseqüentemente é também a mais produzida,
respondendo por 42,8% da produção mundial de carnes (ARRUDA, 2009).
A agroindústria de suínos e a comunidade científica trabalham
incessantemente para melhorar a eficiência na produção de carne, atender a
demanda e suprir as crescentes exigências do mercado consumidor. Diante
deste contexto, para que o suinocultor possa se manter no mercado é
essencial um constante trabalho de modernização, adaptação e melhoria de
todos os setores e áreas da linha de produção.
Neste complexo de desenvolvimento da produção animal, nota-se o
surgimento de um novo desafio para a suinocultura: o bem-estar para suínos.
uma grande preocupação mundial, principalmente dos países europeus,
onde os indivíduos desejam comer carne com "qualidade ética", isto é, carne
oriunda de animais que foram criados, tratados e abatidos em sistemas que
promovam o seu bem-estar, e que sejam sustentáveis e ambientalmente
corretos (WARRISS, 2000; SANTOS, 2004).
Outro fator de grande importância é que os valores pagos pela carne
suína no mercado internacional são em média 33,5% maiores que o valor de
mercado interno (BALDI, 2008).
O Reino Unido tem aprovado e publicado o seu Código de
Recomendações para o Bem-estar em Instalações de suínos (Code of
Recommendations for the Welfare of Livestock: Pigs, 2003) também
estabelecido pelo Conselho de Bem-Estar Animal em Fazendas (Farm Animal
Welfare Council). Esta publicação apresenta em suas páginas iniciais 5 pontos
nos quais o código de bem-estar animal se fundamenta: 1- liberdade fisiológica
(ausência de fome e de sede); 2- liberdade ambiental (edificações adaptadas);
3- liberdade sanitária (ausência de doenças e de injúrias); 4- liberdade
comportamental (possibilidade de exprimir comportamentos normais); 5- -
liberdade psicológica (ausência de medo e de ansiedade).
O Conselho Federal de Medicina Veterinária aqui no Brasil vem
fomentando o bem-estar animal através de publicações (MOLENTO, 2005)
além de criar a Comissão de Ética e Bem-Estar Animal (CEBEA).
A ciência do bem-estar animal surge justamente como um mecanismo
para o homem rever as práticas dentro da produção animal através da
mensuração das necessidades e estados de bem-estar, a identificação de
problemas que geram sofrimento e dor e a indicação de necessidade de
mudanças de paradigmas e modelos que não assumam como compromisso o
respeito e a ética em relação aos animais (RAMOS,2006).
Portanto, a ciência do bem-estar animal pode ser uma grande aliada no
aprimoramento da produção brasileira, sendo que as vantagens, beneficiam o
próprio produtor. O mercado externo, cobra cada vez mais controle sobre o
tratamento dado aos animais, cada detalhe pode refletir na qualidade da carne
e agregar valor ao produto.
O aumento da procura dos consumidores por produtos diferenciados e de
qualidade superior, vem influenciando mudanças nos sistemas utilizados pelos
produtores em criatórios de animais com interesse comercial. A sociedade está
interessada em padrões para aumentar o bem-estar na criação de animais e a
implementação de mudanças que melhorem esse bem-estar pode garantir a
maior aceitação pelos consumidores.
Desta forma torna-se necessária a realização de estudos que avaliem o
animal e seu bem-estar em diferentes ambientes de produção, considerando a
diversidade de condições climáticas e sistemas de manejo. O aumento da
discussão em torno deste assunto tem incentivado pesquisas com o intuito de
inovar e resolver problemas da criação de animais ligados à temática do bem-
estar geral.
A melhoria do bem-estar animal resultaria em maior satisfação pelo ser
humano e ainda haveria um maior benefício econômico em termos de preços
mais altos para características desejáveis dos produtos. A pressão por tais
produtos pode aumentar devido à maior informação, conscientização e
mudança de percepção do público. Por outro lado, em alguns casos parece
que a restrição de métodos para beneficiar animais significaria aumentar o
custo dos produtos animais, mas existe um equilíbrio desejável entre bem-estar
e custo de produção.
Diante desta realidade torna-se de fundamental importância a introdução
das técnicas de bem-estar animal nos sistemas convencionais de produção,
especialmente aqueles voltados para exportação, e a avaliação destes
resultados. É necessário lembrar que qualquer proposta relativa ao bem-estar
dos suínos deve basear-se em resultados de estudos científicos realizados
com animais de produção, evitando possíveis distorções do mercado comum
europeu frente a importações de carne suína de países terceiros.
É importante deixar claro que o estudo do comportamento animal é
extremamente complexo e influenciado por diversos fatores. Pesquisas
realizadas dentro de sistemas de produção retratam o fiel comportamento dos
suínos diante de sua rotina e de seus desafios diários.
Considerando um criatório industrial de suínos (com animais em todas as
fases de produção) objetivou-se com este trabalho:
- Adaptar o manejo de um sistema de confinamento de suínos em
criatório de ciclo completo, quanto às condições de bem-estar animal e avaliar
os impactos advindos desta adequação em comparação ao manejo
convencional.
De maneira específica:
Estudar o comportamento dos leitões submetidos ao tratamento com
bem-estar e o convencional na fase de maternidade e creche;
Avaliar a resposta imune destes animais pela presença de
microorganismos que afetam o desempenho dos suínos (através do teste de
PCR)
Avaliar o desempenho zootécnico dos animais desde a maternidade até
a terminação (peso de 100 kg);
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1) O Bem-Estar Animal
Bem-estar animal é um tema de grande relevância na criação animal, pois
envolve toda a cadeia produtiva, desde o nascimento até o abate, com
conseqüências na qualidade dos produtos e nas preferências do consumidor.
Como propõe MACHADO FILHO (2000), o tema bem-estar animal vem da
sociedade para a atividade agrícola e, juntamente com questões ambientais e
de segurança alimentar, constitui um dos três maiores desafios da agricultura
nos anos vindouros.
Bem-estar animal é um termo subjetivo, influenciado pelas visões
diferentes indivíduos e culturas diversas que compõem a sociedade. Existe, por
isso, um grande debate na comunidade científica a respeito do conceito de
bem-estar animal e, principalmente, de sua aplicabilidade aos contextos
científico e produtivo.
Algumas definições de bem-estar animal tem sido consideradas: BROOM
(1991) propõe que bem-estar não é um atributo dado pelo homem aos animais,
mas uma qualidade inerente a estes. O bem-estar se refere então, ao estado
de um indivíduo do ponto de vista de suas tentativas de adaptação ao
ambiente. de acordo com HURNIK (1992), bem-estar animal é o “estado de
harmonia entre o animal e seu ambiente, caracterizado por condições físicas e
fisiológicas ótimas e alta qualidade de vida do animal”. Pode-se definir bem-
estar animal também como sendo o estado do indivíduo em relação ao
ambiente que o rodeia (SILVA, 2007b).
Mas das muitas definições propostas, a mais aceita no ambiente científico
vem sendo aquela publicada por BROOM (1986), segundo a qual “bem-estar
de um indivíduo é seu estado em relação às suas tentativas de se adaptar ao
seu ambiente”. Uma forma de colocar em prática o conceito de BROOM (1986)
é enfocar o grau de dificuldade que um animal demonstra na sua interação com
o ambiente. As ferramentas das quais o animal dispõe para contornar
inadequações presentes em seu meio ambiente são utilizadas mais
intensamente à medida que aumenta o grau de dificuldade encontrado.
Na tentativa de construir um consenso em torno da definição de bem-
estar, FRASER et al (1997) sintetizaram as três principais questões éticas que,
segundo eles, são levantadas pela sociedade em relação à qualidade de vida
dos animais. Primeiro, os animais deveriam sentir-se bem, ou seja, deveriam
atingir seus interesses, os quais consistiriam basicamente em estar livres de
sentir medo e dor e em poder ter experiências prazerosas. Em segundo lugar,
deveriam também ter um bom funcionamento, isto é, poder satisfazer as suas
necessidades de saúde, crescimento, fisiologia e comportamento. Por último,
os animais deveriam viver vidas naturais, ou seja, deveriam poder viver e
desenvolver-se da maneira para a qual estão adaptados.
O bem-estar pode variar ainda entre muito ruim e muito bom e pode ser
avaliado cientificamente a partir do estado biológico do animal e de suas
preferências. Critérios científicos e objetivos vêm sendo utilizados na tentativa
de avaliar o bem-estar animal, através da medição dos custos arcados pelo
organismo para se ajustar ao seu ambiente. Pela complexidade dos processos
adaptativos, a avaliação do bem-estar envolve uma abordagem multidisciplinar,
que considera as características comportamentais, a sanidade, a produtividade,
as variáveis fisiológicas e as preferência dos animais pelos diversos
componentes do ambiente que os rodeiam (BROOM, 1991; MENCH, 1993;
ZANELLA, 1996).
Existem duas correntes principais na forma de avaliar o bem-estar de
animais criados em cativeiro. A primeira considera principalmente o estado
biológico dos animais em uma dada situação, enquanto a segunda considera
principalmente as suas experiências subjetivas (MENDL, 2001). Embora
existam alguns cientistas que consideram que o bem-estar animal se refere
principalmente ou até mesmo totalmente aos sentimentos dos animais.
Para DUNCAN (1993), a capacidade de sentir é um pré-requisito
necessário para o bem-estar. Segundo esta interpretação, saúde, adaptação
ou ausência de estresse são necessidades tanto dos animais como das
plantas, mas o perfeito funcionamento do organismo em harmonia com o
ambiente não promoverá bem-estar, se o atender aos interesses emocionais
dos animais.
DAWKINS (2001) defende que o bem-estar é reduzido quando os animais
têm sentimentos negativos, ou seja, sofrem, e inclui entre estes sentimentos
frustração, medo, dor, solidão, aborrecimento e talvez até sentimentos que não
ocorrem em seres humanos. DUNCAN (1993) defende que, do ponto de vista
da discussão sobre bem-estar animal, não importa se frustração, medo e dor
em animais são semelhantes às mesmas sensações em humanos, mas o quão
negativas são do ponto de vista do animal. A aceitação desses argumentos é
complicada pela dificuldade em se chegar a um consenso sobre como medir ou
interpretar a existência de estados mentais em animais. Se as inquietações que
movem a sociedade no sentido de reivindicar o respeito ao bem-estar animal
baseiam-se principalmente na suposição de que existem experiências
subjetivas nos animais, o problema, para o cientista, é que este aspecto
subjetivo é o mais difícil de ser avaliado.
Um mecanismo muito utilizado para medida ou avaliação científica do
bem-estar animal é o estresse. Pode-se definir o estresse como uma reação do
organismo a uma reação do ambiente, numa tentativa de manter a homeostase
(capacidade de um organismo manter o equilíbrio diante das adversidades
ambientais). Nesse sentido, o estresse é "bom" e tem valor adaptativo. O
estresse crônico, entretanto, leva a uma outra reação, conhecida como
"desistência aprendida". O animal "aprende" que sua reação ao meio
desfavorável não resulta em adaptação e, portanto, deixaria de reagir. Essa
condição tem inúmeras conseqüências para o organismo animal: maior
fragilidade do sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a doenças;
redução da produtividade em alguns casos; ocorrência de comportamentos
anômalos (MACHADO FILHO & HÖTZEL, 2009). Segundo MENDL et al.
(2001) o estresse pode ainda interferir com a memória dos animais e acarretar
uma menor capacidade cognitiva. Isto, por sua vez, pode gerar
comportamentos inapropriados e afetar negativamente o bem-estar.
Segundo HÖTZEL & MACHADO FILHO (2004) outra variável utilizada
para avaliar estresse e bem-estar animal é a incidência de comportamentos
anômalos. Comportamentos anômalos são considerados um redirecionamento
de ações para os quais o animal tem forte motivação, mas cuja realização está
impedida por fatores ambientais. A ocorrência e freqüência de comportamentos
anômalos são muitas vezes usadas para avaliar a adaptação do animal a um
ambiente de cativeiro. Outras vezes, o comportamento dos animais numa
situação é comparado com o de animais que têm a possibilidade de
desenvolver um repertório comportamental mais próximo do considerado
natural para a espécie em condições ambientais apropriadas. Além dessas
avaliações, a observação das preferências dos animais é utilizada como forma
de obter a opinião dos mesmos em relação a certas situações de manejo ou
ambientes.
2.2) Bem-Estar Animal: sua Influência na Produtividade e no Valor
Econômico do Produto
O bem-estar dos animais de produção é determinado, na prática, pelo
sistema de criação e manejo praticado pelos pecuaristas que, por sua vez é
determinado largamente pelos sinais econômicos que os produtores recebem
do mercado. Uma vez que o bem-estar animal não é tradicionalmente um bem
comercializável, ele não carreia um benefício econômico evidente e, desta
forma, os produtores concentram-se na produtividade. As teorias econômicas
demonstram que os sinais de mercado tendem a conduzir a padrões de bem-
estar animal abaixo da norma considerada desejável por algumas sociedades
(MCINERNEY, 2004).
À medida que a sociedade passa a reconhecer o sofrimento animal como
um fator relevante, pode-se inferir ao bem-estar animal um valor econômico,
sendo assim, o bem-estar animal passa a ser parte integrante do valor
econômico dos produtos de origem animal (MOLENTO, 2005).
A lógica da economia pecuária permite postular uma relação generalizada
entre produtividade e bem-estar dos animais de produção, explicada pelo
gráfico desenvolvido por MCINERNEY (2004) (Figura 1). Esta relação sugere
uma complementaridade em baixos níveis de produção, com aumentos de
produção causados por um melhor manejo (nutrição, instalações, controle
sanitário, etc) levando a aumentos no grau de bem-estar, que corresponde ao
espaço de A a B. Muitos produtores trabalhando abaixo da produtividade
máxima de seu sistema por dificuldades técnicas encontram-se nesse espaço.
Ao se aprimorar as condições dadas aos animais neste tipo de situação,
haverá simultaneamente incremento de produtividade e de bem-estar animal.
Entretanto, a partir do ponto B aconteceram aumentos adicionais de
produtividade em detrimento do bem-estar animal, à medida que o sistema se
torna mais intensivo e as técnicas de criação buscam explorar ainda mais o
potencial biológico do animal. No Brasil, o objetivo de maximizar produtividade
é parte do raciocínio vigente na pecuária. A tecnologia em zootecnia permite
tais desenvolvimentos e as pressões comerciais levam à sua adoção.
A seguir a Figura 1 demonstra a relação entre Bem-Estar Animal e
produtividade adaptada de MCNINERNEY (2004).
Figura 1 - Relação entre Bem-Estar Animal e produtividade (Adaptada de MCNINERNEY,
2004)
Graus de bem-estar abaixo de um determinado ponto (D) são
enquadrados como crueldade. O grau ideal de bem-estar de animais de
produção para diferentes sociedades provavelmente se acomodará ao redor do
ponto C (MCINERNEY, 2004).
As aves, em especial as de postura, seguidas dos suínos o os animais
que na percepção dos consumidores são as que mais sofrem com as práticas
adotadas nos sistemas intensivos de produção (RAYZEL, 2003).
No Brasil, as mudanças na agricultura e na sociedade foram semelhantes
àquelas ocorridas nos países industrializados, embora tenham acontecido um
pouco mais tarde. Hoje existem no Brasil pelo menos 84 sociedades
humanitárias em 14 estados (MACHADO FILHO, 2004). Entretanto, pode-se
dizer que bem-estar animal, como preocupação relacionada à indústria animal,
ainda é uma questão emergente para o público brasileiro.
Em um censo realizado no ano 2000, entre 222 pessoas na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), 6,3% dos entrevistados apontaram
crueldade animal como uma preocupação relacionada ao consumo de carne.
Apenas 25% das respostas foram positivas para a questão "você já ouviu falar
de carne orgânica?". Ao mesmo tempo, 60% dos entrevistados disseram que
prefeririam consumir carne de suínos “criados em condições de bem-estar,
livres de antibióticos e hormônios na ração, com acesso à pastagem e abatidos
sem estresse”, mesmo se tivessem que pagar um pouco mais por isso
(MACHADO FILHO, 2000).
Outro indicativo desta nova percepção do consumidor brasileiro pode ser
observado na pesquisa realizada por FREITAS & TOLÓN (2006) nos
supermercados de São Paulo (Big e Pão-de-açúcar) relatou que 93% dos
entrevistados preferem comprar alimentos tendo a garantia de que o animal foi
bem tratado durante seu curto período de vida e 70% dos mesmos pagariam a
mais para ter essa garantia de bem-estar a qual poderia existir através de um
“selo”, semelhante aos de qualidade existentes hoje.
Essa nova visão dos alimentos oriundos de fonte animal pode indicar um
processo inicial de amadurecimento dessa discussão na sociedade brasileira.
Mas uma prova de sua existência é que existe um considerável e crescente
mercado de alimentos de origem animal produzidos em sistemas tidos como
respeitosos do bem-estar animal ou orgânicos.
Em países industrializados, por outro lado, questões éticas da produção
animal influenciam as escolhas de consumo de boa parcela da população.
Na Europa, os casos de encefalopatia espongiforme bovina a doença
da “vaca louca” de contaminação de carne de aves por dioxinas e da
epidemia de febre aftosa, ocorridos nos últimos anos, resultaram no abate de
milhares de animais, e chamaram novamente a atenção para a relação
existente entre a intensificação da agricultura e da produção de alimentos, com
questões de segurança alimentar e bem-estar animal. Atualmente, na Europa,
10
o tema bem-estar tende a integrar um debate que inclui outros problemas
éticos da agricultura industrial, em relação à qualidade do ambiente e à
segurança alimentar (BLOKHUIS et al., 2000).
O posicionamento do blico europeu nesses temas tem grande
relevância devido à Europa ser importador de produtos de origem animal e
importante formador de opinião internacionalmente, inclusive com grande
influência nos organismos regulatórios internacionais. Há vários exemplos da
percepção do público europeu em relação ao tema bem-estar animal. Na
França, 75% das pessoas questionadas citaram bem-estar animal como um
fator que levam em conta ao comprar ovos (OUEDRAOGO, 1998).
Segundo BROOM (1999) em Dublin, na Irlanda, 34% dos estudantes
adolescentes entrevistados declararam evitar consumir carne e, destes, 53%
apontaram bem-estar como a principal causa para esta escolha.
Na Austrália, 61% dos adolescentes vegetarianas, e 37% dos o-
vegetarianas entrevistados, apontaram crueldade animal como a maior
preocupação em relação ao consumo de carne (GREGORY, 1998).
BLOKHUIS et al. (2000) discutem duas pesquisas de opinião realizadas
no final dos anos 90 na Dinamarca, que mostram que bem-estar animal está
entre as principais preocupações do público no momento da escolha dos
produtos, somente comparável às características sensoriais dos mesmos. Além
dessas pesquisas de opinião, outras evidências do crescente envolvimento do
público europeu com o bem-estar de animais de fazenda são listadas por
BROOM (2002).
Os produtores brasileiros podem esperar uma demanda crescente por
produtos “orgânicos”, o que quer dizer, em termos de suinocultura e avicultura,
carne de animais criados a campo ou sob padrões de bem-estar animal,
utilizando alimentos orgânicos livres de antibióticos na ração, ausência de
mutilações do tipo corte da cauda, enfim, animais saudáveis e “felizes”. Esta é
a imagem que, crescentemente, os consumidores europeus gostariam de ver
associada aos alimentos que consomem (MACHADO FILHO & HOTZEL,
2000).
2.3) Normativas do Bem-Estar Animal Estabelecidas pela
Comunidade Européia
11
A legislação relativa ao bem-estar animal é uma conseqüência natural das
mudanças éticas da sociedade em relação ao assunto. As medidas regulatórias
que vem sendo utilizadas para satisfazer as demandas da sociedade a respeito
da qualidade de vida dos animais zootécnicos estão relacionadas a seguir de
acordo RAYZEL (2003) e CARBÓ (2004) fundamentadas na DIRETIVA DA
COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS de 9 de Novembro de 2001
relativo às normas mínimas de proteção de suínos. São elas:
1. Na parte do edifício em que os suínos são mantidos, deve ser evitado
nível de ruído contínuo maior ou igual a 85 dB escala de compensação “A”.
Deve igualmente ser evitado ruído constante ou súbito.
2. Os suínos devem ser expostos a uma luz com uma intensidade de pelo
menos 40 lux durante um período mínimo de 8 horas por dia.
3. O alojamento dos suínos deverá ser construído de forma que os
animais possam:
- ter acesso a uma área de repouso física e termicamente confortável,
adequadamente drenada e limpa, que permita que todos os animais se deitem
simultaneamente;
- repousar e levantar-se normalmente;
- ver a outros suínos; no entanto, na semana que precede a data prevista
de parição e durante a parição, as porcas e marrãs podem ser mantidas fora da
vista de outros animais.
4. Os suínos devem ter acesso permanente a uma quantidade suficiente
de materiais para atividades de investigação e manipulação, como palha, feno,
madeira ou brinquedos desde que não comprometam a saúde dos animais.
5. Os pavimentos deverão ser lisos, mas antiderrapantes, para evitar
lesões dos suínos. Deverão ser adequados para a dimensão e peso dos
suínos, e, se não forem fornecidas camas, constituir superfícies rígidas, planas
e estáveis.
6. Todos os suínos devem ser alimentados pelo menos uma vez ao dia.
Se forem alimentados em grupo, e não adlibitum, mas sim através de um
sistema automático de alimentação individual, todos os suínos do grupo devem
ter acesso simultâneo aos alimentos.
7. Todos os suínos com idade superior a duas semanas devem ter acesso
permanente a uma quantidade suficiente de água fresca.
12
8. O desmame não deve ocorrer antes dos 28 dias. Porém, havendo
instalação especializada para o recebimento dos leitões, que tenha sido
completamente limpa e desinfetada (tudo dentro - tudo fora), o desmame pode
acontecer até 7 dias antes. Isso se baseia no conceito de que o benefício da
diminuição de possibilidades de transmissão de doenças é maior que o
estresse da separação prematura para o bem-estar do animal
9. São proibidos todos os procedimentos que conduzam à lesão,
alteração da estrutura óssea ou perda de uma parte sensitiva do corpo do
animal (práticas invasivas), exceto os procedimentos que se seguem:
- Corte de dentes: permitido o corte dos caninos em leitões de até 7 dias
de vida, desde que a superfície resultante seja parelha (igual), e que haja
evidência de lesões nas tetas da fêmea reprodutora para justificar a prática.
Não deve ser executado como rotina. Os machos adultos podem ter as presas
aparadas, caso seja necessário, por questões de segurança do tratador ou de
outros animais.
- Corte de cauda: permitido o corte parcial, desde que haja evidências de
canibalismo, e somente se medidas de manejo não forem suficientes para
controlar o problema. Não deve, portanto, ser praticado como rotina.
- Castração: por enquanto é permitida, desde que não por dilaceração de
tecidos. Para animais de até 7 dias de vida, o corte de cauda e castração
somente pode ser feitos por médico veterinário ou por pessoa treinada. No
caso de animais mais velhos que isso, estes procedimentos somente podem
ser executados por profissional capacitado, com uso de anestésicos e
analgésicos.
“É bom lembrar que atualmente, no Brasil, o abate generalizado de
suínos machos inteiros é proibido pela legislação, conforme consta no artigo
121 do RIISPOA (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos
de Origem Animal), Decreto 30.691 de 29.03.1952, alterado pelo Decreto 1255
de 25.06.1962. Dessa forma, a permissão atual de abate de machos inteiros é
restrita às granjas que desenvolvem programas de melhoramento genético
credenciadas pelas Associações de Criadores. Além disso, todas as carcaças
devem passar por testes de degustação com amostras de carne cozida,
assada ou frita (FÁVERO, 2000)”.
- Inserção de argolas nasais, caso os animais sejam mantidos ao ar livre.
13
- Marcação na orelha e brincos: brincos de identificação devem ser
usados o mínimo possível, com tratamento da lesão ocasionada pela
colocação do mesmo. Marcação na orelha somente pode ser utilizada quando
a extensão da lesão causada for menor que a resultante da colocação de um
brinco.
10. Treinamento e certificação de tratadores: deficiências na mão de obra
levam ao sofrimento dos animais, mesmo quando as condições de galpão e
equipamento o boas. Assim os funcionários deverão ser treinados para o
trabalho.
Disposições específicas para as categorias de suínos
A) Varrões
As celas para varrões devem estar localizadas e construídas de forma
que o varrão possa rodar, ouvir, cheirar ou ver outros suínos. A área disponível
de pavimento desobstruído para cada varrão adulto deve ser, no mínimo de 10
m
2
e a cela não deve ter quaisquer obstáculos.
B) Porcas e Marrãs
1. Devem ser adaptadas para limitar as agressões entre os grupos.
2. As porcas e marrãs prenhes devem, se necessário, ser tratadas contra
parasitas externos e internos. Se forem colocadas em gaiolas de parto, estes
animais deverão estar completamente limpos.
3. Na semana que precede a data prevista de parição, as porcas e marrãs
deverão dispor de materiais de nidificação em quantidade suficiente, a menos
que sejam tecnicamente inviáveis com o sistema de dejetos utilizado no
estabelecimento.
4. Deverá existir uma área desobstruída atrás da porca ou marrã, para
facilitar o acompanhamento do parto.
5. As gaiolas de parto em que as porcas se encontram livres deverão
dispor de alguns meios de proteção dos leitões, como grades.
C) Leitões
1. Uma parte da instalação deve ser sólida, recoberta por um tapete, por
palha ou por qualquer outro material adequado para que os animais possam
repousar juntos e simultaneamente.
2. Se for utilizada uma gaiola de parto, os leitões devem dispor de espaço
suficiente para que possam ser aleitados sem dificuldade.
D) Suínos na Fase de Creche, Recria e Terminação
14
1. Se os suínos forem mantidos em grupo, devem ser tomadas medidas
para evitar lutas que constituam um desvio em relação ao comportamento
normal.
2. Os suínos devem ser mantidos em grupos com o mínimo possível de
miscigenação. Se suínos não familiarizados uns com os outros tiverem de ser
agrupados, a miscigenação deve ocorrer na idade mais precoce possível,
preferivelmente antes do desmame ou até uma semana após o mesmo.
3. Se existirem sinais de lutas intensas, que apurar imediatamente as
causas e adotar medidas adequadas, como o fornecimento abundante de palha
aos animais, e, se possível, outros materiais para investigação, como
brinquedos. Os animais em risco ou os agressores específicos devem ser
separados do grupo.
4. A utilização de tranquilizantes para facilitar a miscigenação deve limitar-
se a circunstâncias excepcionais e apenas deve ocorrer após consulta de um
veterinário.
A partir de 1 de Janeiro de 2003, a presente disposição aplicar-se-á a
todas as explorações que venham a ser construídas, reconstruídas ou
comecem a ser utilizadas pela primeira vez após essa data; a partir de 1 de
Janeiro de 2005, a presente disposição será aplicável a todas as explorações
pertencentes aos paises-membro da comunidade Européia.
2.4) Normativas do Bem-Estar Animal no Brasil
SILVA (2007a) pesquisando sobre as normas de bem-estar para suínos
submetidos a sistema intensivo de produção concluiu que dentre os itens
considerados críticos para o bem-estar de suínos em produção, o Brasil, é o
que menos dá atenção a este tema, mostrando baixa conscientização com a
questão de bem-estar animal, portanto, sem legislação específica. Com a
crescente demanda do bem-estar animal por países compradores dessa
proteína, há necessidade de padronização de conceitos e normas.
A produção desorganizada e sem gestão ambiental pode tornar a
produção nacional uma fornecedora marginal e de segunda classe de proteína
animal. Para consolidar-se no mercado, a carne brasileira deverá ser
ambientalmente certificada. Tal panorama exige planejamento e consciência
ambiental.
15
Segundo QUEVEDO (1999) o Brasil conta com uma legislação para
defender os direitos dos animais e garantir um tratamento mais humanitário às
criações, mas nada diferenciado para os diversos tipos de criação. Além de
que, nem sempre a lei é cumprida. E, muitas vezes, sequer é conhecida.
Conforme o artigo do Decreto Federal 24.645, de 10 de julho de 1934,
são considerados maus tratos:
- Manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a
respiração, o movimento ou o descanso, sem a presença de ar ou luz;
abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de
ministrar-lhe tudo que humanitariamente lhe possa prover, inclusive assistência
veterinária;
- Não dar morte rápida, livre de sofrimento prolongado, a todo animal cujo
extermínio seja necessário para consumo ou não;
- Transportar animais em cestos, gaiolas ou veículos sem as proporções
necessárias ao seu tamanho e número de cabeças, e sem que o meio de
condução em que estão encerrados esteja protegido por uma rede metálica ou
idêntica, que impeça a saída de qualquer membro animal; entre outros.
Tais ações implicam em multa e em pena de prisão de dois a quinze dias,
seja o infrator o proprietário ou não do animal.
Ainda de acordo com QUEVEDO (1999) no Estado de São Paulo existe
uma lei explícita para o “abate humanitário” (conjunto de diretrizes técnicas e
científicas que garantem o bem-estar dos animais desde a recepção até a
operação de sangria) dos animais destinados ao consumo. É a Lei 7.705,
de 19 de fevereiro de 1992, complementada pelo decreto 39.972, em 1995.
Nela encontram-se normatizadas as medidas cabíveis aos matadouros,
matadouros-frigoríficos e abatedouros do Estado conforme descritas a seguir:
- Artigo 1º: É obrigatório o emprego de métodos científicos modernos de
insensibilização aplicados antes da sangria, por processameto químico (gás
CO
2
), choque elétrico (eletronarcose), ou ainda, por outros métodos modernos
que impeçam o abate cruel de qualquer tipo de animal destinado ao consumo. -
- Parágrafo primeiro - É vedado o uso de marreta e da picada do bulbo
(choupa), bem como ferir ou mutilar os animais antes da insenbilização.
- Artigo 5º: O corredor de abate será adequado à espécie do animal a
que se destina, visando facilitar seu deslocamento sem provocar ferimentos ou
contusões.
16
- Parágrafo único - O animal que cair no corredor de abate será insensibilizado
no local aonde tombou antes de ser arrastado para o boxe.
- Artigo 6º - Os animais, quando estiverem aguardando o abate, não
poderão ser alvo de maus tratos, provocações ou outras formas de falsa
diversão pública, ou ainda, sujeitos a qualquer condição que provoque estresse
ou sofrimento físico e psíquico.
De acordo com SILVA (2004) também fazem parte das diretrizes do
“abate humanitário”:
- Para o embarque e desembarque dos animais é ideal que a inclinação
da rampa tenha 20º para suínos e até 25º para bovinos, com mecanismos para
se evitar o escorregamento destes até a subida no caminhão. Também é
aconselhável o não uso de métodos como ferrões ou choque elétrico para guiar
os animais.
- No caso de aves a pega” deve ser executada de forma correta ou por
profissionais aptos para a função.
- Quanto ao transporte, a densidade de animais deverá ser adequada ao
compartimento para se evitar brigas ou sufocamento dos animais e diminuir o
nível de estresse a que foram submetidos durante o embarque.
- Dentro do abatedouro deve haver o curral de espera para o
acondicionamento dos animais.
- O atordoamento deve ser praticado de maneira correta promovendo a
total insensibilização do animal e a sangria deverá ser iniciada logo após esta
operação, de modo a provocar um rápido e completo escoamento do sangue,
antes que o animal recobre a consciência.
Todos estes pontos são muito importantes e deverão ter reflexo direto nos
padrões da qualidade da carcaça.
Normativas federais referentes ao bem-estar já foram sancionadas no
Brasil em 2008, onde é estabelecido os procedimentos gerais de
Recomendações de Boas Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e
de Interesse Econômico - REBEM, abrangendo os sistemas de produção e o
transporte de Animais. Também uma ementa institui a Comissão Técnica
Permanente para estudos específicos sobre Bem-estar animal nas diferentes
áreas da cadeia pecuária. As partes referentes a normatização do Bem-Estar
para suínos solicitadas no projeto e as leis mencionadas acima se encontram
no ANEXO.
17
O Brasil destaca-se por ser o maior exportador de carne bovina do
mundo, o segundo maior em frangos e o quinto em exportação de carne
suína. As adequações tecnológicas, a qualidade e certificação da carne
brasileira respondem pela obtenção da posição de destaque que o país ocupa
no ranking mundial.
2.5) O Ambiente, o Comportamento e o Bem-Estar Animal
O ambiente ao redor dos animais de produção inclui todas as condições e
influências externas que promovem ou afetam seu bem-estar. O ambiente
animal é composto por fatores sociais (presença ou ausência de outros
animais, hierarquia/tamanho/composição do grupo), físicos (instalação,
temperatura e ventilação), e manejo (dieta, sistemas de desmame, tipos de
arraçoamento entre outros).
Em suínos, a restrição alimentar, uma forma de manejo adotado na
maioria das granjas comerciais, para evitar que as porcas cheguem ao final da
gestação com sobrepeso, tem gerado o aparecimento de comportamentos
anormais. Como as matrizes ficam saciadas por menos tempo, é comum
observar os animais inquietos, roendo barras de ferro, engolindo ar (aerofagia),
ficando agitados no recinto, entre outros comportamentos estereotipados
(DANIELSEN & VESTERGAARD, 2001).
O reagrupamento social, uma prática de manejo também muito adotada
nas suinoculturas, objetivando formar lotes com o mesmo peso, mesmo estado
fisiológico, idade ou outro parâmetro qualquer, faz com que ocorram brigas
para restabelecimento de hierarquia social, dificuldade de acesso a
alimentação e agressões (RUIS et al., 2001).
O cativeiro por si é um fator limitante ao animal, sendo que algumas
espécies não conseguem adaptar-se na vida cativa, desenvolvendo a chamada
síndrome da adaptação, onde os animais iniciam um processo de anorexia
que pode levar à morte (FEDULLO, 2001).
Embora o confinamento intensivo seja uma atividade competitiva e
tecnificada, a exigência de animais geneticamente melhorados, nutrição e
manejo adequados, instalações planejadas e equipadas de forma a propiciar
condições ambientais satisfatórias, nem sempre os requisitos básicos são
atendidos de maneira que o animal possa expressar seu comportamento
18
natural, o que consta do princípio básico de bem-estar animal (FRASER, 1974;
SCHRADER & TODT, 1998; GRADIN, 1998; BARNARD, 2007).
Segundo MACHADO FILHO & HÖTZEL (2009) alta produtividade não
necessariamente implica em bem-estar. Pelo contrário, animais selecionados
geneticamente para alta especialização e colocados em ambientes
pressionados para alta produtividade podem experimentar grande sofrimento.
O ambiente de transporte e pré-abate dos animais também influencia
diretamente no bem-estar dos animais e são os grandes responsáveis por
problemas relacionados à qualidade da carne produzida. No caso dos suínos
pode haver uma maior incidência de carne tipo PSE (pale, soft, exudative -
pálida, mole e exsudativa), DFD (dark, firm, dry - escura, dura e seca), com
menor tempo de vida de prateleira e com menor aceitação pelos consumidores
(FRASER & BROOM, 1990; GREGORY, 1998; QUEVEDO, 1999).
Muitas pesquisas também têm sido feitas com relação ao estudo do
comportamento animal como resposta ao ambiente em que vive e a forma de
manejo empregada.
WOROBEC (1999) avaliando o comportamento de leitões desmamados
aos 7, 14 e 28 dias observou que houve diferenças marcantes no
comportamento dos leitões desmamados em cada idade. Sendo que os leitões
desmamados com 7 dias apresentaram mais comportamento de fuçar a barriga
do outro, fuga e gastaram menos tempo interagindo com outros animais,
alimentando e brincando com objetos, em relação àqueles desmamados com
14 e 28 dias. os leitões desmamados aos 14 dias gastaram mais tempo
fuçando a barriga de outros suínos e menos tempo com a alimentação logo
após o desmame, quando comparados àqueles desmamados aos 28 dias.
Estes também gastaram mais tempo com os brinquedos do que aqueles
desmamados aos 7 e 28 dias. O tempo gasto deitado, com agressão entre eles
e em brigas no comedouro ou bebedouro foi semelhante nas 3 idades de
desmame. WOROBEC (1999) concluiu também que após 6 semanas o peso
dos leitões desmamados com 14 e 28 dias foram superiores aqueles
desmamados com 7 dias de idade o que sugere que o desmame de leitões
com menos de 14 dias resulta em redução do desempenho e desenvolvimento
de padrões de comportamento indicadores de bem-estar reduzido.
Pesquisas realizadas com leitões que foram separados da mãe na 1ª,
2ª, 3ª e 4ª semanas concluíram que o estresse é maior nas idades mais jovens.
19
Leitões de todas as idades vocalizaram intensamente durante a separação,
mas as taxas de chamadas foram menos e mais baixas em leitões mais velhos
(SANTOS, 2004; MACHADO FILHO e HOTZEL, 2000).
WEARY et al. (1999) estudaram o efeito da separação de leitões da mãe
(desmame) e dieta em diferentes idades. Concluíram que o estresse produzido
pela separação e frustração da motivação de mamar são problemas
comportamentais significantes quando os leitões são desmamados com menos
de quatro semanas. A dieta especializada não solucionou o estresse do
desmame e nem implicou em melhor ganho de peso.
JOHNSON (2001) trabalhando com o bem-estar animal na avaliação do
comportamento de porcas e leitões criados ao ar livre e confinados, pode
observar que os suínos criados ao ar livre eram mais ativos e mostravam um
repertório comportamental mais rico do que aqueles criados em instalações
totalmente confinadas. Embora o comportamento das porcas e dos leitões
fosse diferente em cada sistema de produção, a produtividade foi similar para
os dois sistemas.
2.6) Enriquecimento Ambiental
Um dos temas mais relevantes dentro das normas de bem-estar são os
problemas relacionados ao confinamento intensivo e neste caso dois
caminhos para a superação da limitação do bem-estar animal: o
enriquecimento ambiental, que consiste no aperfeiçoamento das instalações
com o objetivo de tornar o ambiente mais adequado às necessidades
comportamentais dos animais, ou a busca de sistemas criatórios promotores do
bem-estar animal (MCGLONE, 2001; MACHADO FILHO & HÖTZEL, 2000).
O enriquecimento ambiental é um princípio do manejo animal que procura
ampliar a qualidade de vida dos animais em cativeiro através da identificação e
fornecimento de estímulos ambientais necessários para alcançar o seu bem-
estar psíquico e fisiológico, estimulando comportamentos picos da espécie,
reduzindo estresse e tornando o ambiente cativo mais complexo e diverso por
contemplar suas necessidades etológicas. Assim o enriquecimento ambiental
consiste em uma forma de propiciar melhor condição de vida aos animais
(SHEPHERDSON, 1998; BOERE, 2001; HOHENDORFF; 2003).
A redução do estresse, a diminuição de distúrbios comportamentais,
redução de intervenções clínicas, diminuição da mortalidade e aumento de
20
taxas reprodutivas são alguns benefícios do enriquecimento ambiental
(CARLSTEAD & SHEPHERDSON, 2000).
Alguns exemplos de medidas na direção do enriquecimento ambiental é
a colocação de objetos, como “brinquedos” para quebrar a monotonia do
ambiente físico, o fornecimento de poleiros ou materiais como palha para servir
de objeto de manipulação ou como cama e também o aumento da área
utilizada por animal (WECHSLER & HUBER-EICHER, 1998; BERGERON et
al., 2000; JARVIS et al., 2002; JONG et al., 2002; GARCIA, 2003).
A outra vertente envolve repensar o sistema criatório como um todo,
propondo sistemas alternativos. Onde algumas propostas que se enquadram
nessa linha de pensamento, como a suinocultura e avicultura extensiva a
campo e a produção de leite e carne a base de pasto, em sistemas rotativos
que consideram a interação animal-solo-pasto.
Suínos em ambientes enriquecidos normalmente demonstram evidência
comportamental de melhor bem-estar quando comparados aos do
confinamento. Pesquisas realizadas por BEATTIE et al. (2000) relatam, que
suínos em ambientes enriquecidos utilizaram um quarto de seu tempo em
comportamento direcionado para o substrato no piso. Já os animais no
ambiente monótono gastaram mais tempo explorando os objetos fixos da baia
e se envolveram mais em comportamentos sociais nocivos (tais como fuçar ou
morder outro suíno), do que aqueles no ambiente enriquecido.
ABREU (2006) trabalhando com a colocação de brinquedos em gaiolas
para poedeiras pesadas como forma de enriquecimento ambiental
proporcionou um melhor bem-estar para estes animais, demonstrado pelo
comportamento calmo das aves, mas isto não influenciou em uma melhor
produção ou classificação de ovos bons em relação aos defeituosos.
NORDI (2006) trabalhando com a oferta de poleiros para frangos de corte
como forma de enriquecimento ambiental e melhoria do grau de bem-estar
concluiu que a oferta de poleiros resulta em melhoria da liberdade
comportamental no terço final de vida das aves apesar de não ter obtido
diferença significativa nos parâmetros zootécnicos.
2.7) Pressão Sonora e Iluminância
Os ruídos ambientais também são fatores que influenciam no bem-estar
dos animais ou mesmo expressam condições de conforto ou desconforto
21
ambiente. As medidas de ruídos em criação intensiva de animais são raras no
Brasil.
A principal norma regulamentadora relacionada à avaliação qualitativa e
quantitativa de ruído está embasada na NR-15 (Atividades e Operações
Insalubres/Portaria Brasileira 3.214/1978 do MTE).
O potencial de danos causados à audição por um dado ruído depende do
seu nível e de sua duração. Os limites de tolerância relacionados aos níveis de
pressão sonora (NPS) máxima permitida e a duração de tempo para cada
nível, segundo a NR-15 (1978) estão apresentados na Tabela 1
.
Tabela 1. Limites de nível de pressão sonora (NPS), adaptado da NR-15
Nível de Pressão Sonora dB (A) Tempo de Máxima Exposição Diária
Permissível
85 8 h
90 4 h
95 2 h
100 1 h
105; 110; 115 30; 15; 7 min
Fonte: NR-15 (Portaria 41/1978 atualizada em 22/03/2003, de acordo com o
site do MTE)
De acordo com GUSTAFSSON (1997), problemas auditivos podem ser
causados por exposição ao nível de pressão sonora (NPS) acima de 85 dB(A),
e ruído superior a 100 dB(A) tem sido verificado na alimentação manual de
suínos, sugerindo que, durante essa tarefa, o trabalhador use protetor de
ouvido.
SAMPAIO (2005) trabalhando com a avaliação de gases e ruídos em
edificações para suínos em fase de creche e terminação concluiu que o ruído
contínuo manteve-se nos limites recomendados pelas normas NR-15, podendo
considerar o ambiente salubre. Mas ao considerar os valores de ruído de pico
observados durante a alimentação, vacinação, e principalmente nas
instalações para suínos na fase de terminação, recomenda-se o uso de
equipamento de proteção. Observou também que o ruído na sala de creche
com gaiolas foi superior ao ruído na sala de creche com piso semi-ripado,
representando maior bem-estar aos animais nesse tipo de piso
2.8) Bem-Estar Animal e Imunidade do Rebanho
A intensificação dos criatórios de animais confinados implica num
aumento populacional de animal por área e em muitas ocasiões, um manejo
22
inadequado. Por exemplo, a superpopulação das instalações, associada a um
ambiente adverso, gera condições favoráveis à exacerbação das doenças
respiratórias. As doenças respiratórias são consideradas doenças multifatoriais
porque a sua freqüência e grau de severidade dependem não somente das
características dos agentes e da imunidade do rebanho, mas também das
condições ambientais em que são criados os animais, segundo
SOBESTIANSKY et al. (2001) e ROLLIN (1995).
Para se obter um bom desempenho dos animais é necessário fornecer-
lhes bem-estar. De acordo com SOBESTIANSKY et al. (2001), o confinamento
expõe certas regras de comportamento aos animais, os quais têm menos
liberdade de escolher sobre o ambiente que proporciona maior conforto.
Quanto mais intensivo for o sistema de produção, menor o número de opções
que o animal dispõe, tornando-se imperativo conhecer as suas necessidades e
colocá-las em prática. Manter o animal sem estresse pode ser importante no
sentido de mantê-lo em condições de se defender de doenças.
Segundo CURTIS (1983) diante de uma situação anormal, o efeito do
estresse é maior na primeira semana, após este período o animal é capaz de
se adaptar. No entanto, se dentro da instalação, o animal permanece em um
ambiente onde a intensidade dos agentes estressores é variável, por serem
dependentes de outros fatores, tais como: temperatura e umidade do ar,
manejo, higiene, edificação, etc. O estresse assume um papel importante na
incidência de doenças dentro do criatório, uma vez que, qualquer ambiente
estressante pode debilitar o sistema de defesa do animal contra desafios
microbianos.
As doenças respiratórias são enfermidades economicamente importantes
que afetam a produção suína em todo o mundo. Os principais agentes
etiológicos destas doenças são caracterizados pelo Actinobacillus
pleuropneumoniae (App), Haemophilus parasuis (Hps) e o Mycoplasma
hyopneumoniae (Mh). Estes estão presentes no ambiente da maioria das
suinoculturas industriais causando um desafio imune aos animais.
O A. pleuropneumoniae (App) é o agente etiológico da pleuropneumonia
suína. A pleuropneumonia suína (PPS) é uma das doenças bacterianas mais
importantes do trato respiratório, ocorrendo na maioria dos países
suinocultores, onde ocasiona prejuízos aos sistemas de produção. A
importância da PPS decorre do fato de a enfermidade poder apresentar tanto
23
manifestações clínicas severas, como se tornar crônica e subclínica na maioria
dos rebanhos, causando perdas econômicas, devido à morte dos animais
enfermos, à redução na produtividade e ao aumento nos custos com
medicação e vacinação (COSTA et al., 2004).
O Haemophilus parasuis é uma bactéria encontrada na cavidade nasal de
suínos afetados ou não pela Doença de Glässer, manifestada por poliserosite,
poliartrite e meningite em suínos jovens (MENIN, 2005).
A Pneumonia Enzoótica Suína (PES), causada pela bactéria Mycoplasma
hyopneumoniae, é a doença respiratória mais importante dos suínos,
responsável por enormes prejuízos à suinocultura brasileira e mundial. A
elevada prevalência e o fato de pré-dispor os suínos à patógenos oportunistas
tornam esta doença o alvo central de um programa de saúde de rebanho para
doenças respiratórias. Afeta suínos de todas as idades, porém a forma clínica
da doença é mais comum nos animais da fase de crescimento e terminação. A
transmissão ocorre por contato direto, indireto e através de aerossóis
eliminados durante os acessos de tosse. Variáveis ambientais e de manejo
favorecem a sua ocorrência e severidade, por isso é considerada uma doença
multifatorial (CONCEIÇÃO & DELLAGOSTIN, 2006).
2.9) Conforto térmico
O suíno é um animal homeotermo, ou seja possui a capacidade de
manter a temperatura do núcleo corporal dentro de limites relativamente
estreitos, mesmo que a temperatura ambiental flutue. Com isto, o animal tende
a gastar energia para manter sua homeotermia, quando é submetido a
temperaturas que lhe causem desconforto térmico (BAÊTA e SOUZA, 1997).
No acondicionamento ambiental dos suínos existe a importância do
conceito de "temperatura crítica", que marca o limite da "zona de
termoneutralidade" e determina os pontos da temperatura ambiental, abaixo ou
acima dos quais os animais precisam ganhar ou perder calor para manter sua
temperatura corporal constante. Cada fase de criação dos suínos possui uma
faixa de temperatura de conforto, onde não nenhuma atividade metalica
para aquecer ou esfriar o animal. Na Tabela 2 são apresentadas as condições
ótimas de temperatura no interior das instalações para suínos.
A seguir na Tabela 2
são apresentadas as zonas de termoneutraliadade
para suínos nas diversas fases de produção de acordo com SILVA (1999).
24
Tabela 2 - Zona de termoneutralidade dos suínos nas diversas fases de
produção.
Temperatura Ideal
0
C Temperatura Crítica
0
C
Umidade
Relativa
(%)
Categoria
Máxima Mínima Máxima Mínima Ótima
Matrizes 18 12 30 0 50 - 70
Leitões do
nascimento até 4
semanas
32 21 35 10 70
5 a 8 semanas 22 20 30 08 50 - 70
20 – 30 kg 20 18 27 08 50 - 70
30 – 60 kg 18 16 27 05 50 - 70
60 – 100 kg 18 12 27 05 50 - 70
Fonte: SILVA (1999)
TAVARES et al., (2000) avaliaram a influência da temperatura ambiental
no desempenho de suínos em fase de recria e constataram que, em estresse
térmico por calor (temperaturas do ar acima de 27ºC), os animais tiveram
menor ganho de peso sem afetar entretanto as características de carcaça,
sendo que a freqüência respiratória foi mantida elevada.
Pesquisa realizada por QUINIOUN et al. (2000), com suínos entre 25 kg e
110 kg, constataram que o aumento ou a diminuição da ingestão de alimentos
está relacionada com a oscilação da temperatura do ar. Quando essa variação
foi de ±1,5ºC para as temperaturas do ar de 24 ou 28ºC avaliadas, a ingestão
extra de alimento nos períodos frios compensou a menor ingestão dos períodos
quentes e não afetou o desempenho dos animais. O que não aconteceu
quando esta amplitude foi de ±3ºC ou ±4,5ºC para 24 ou 28ºC de temperatura
do ar, onde ocorreu menor ingestão alimentar e um pior desempenho dos
animais.
A temperatura do ar deve ser associada à umidade relativa que assume
valores entre 50 e 70% para suínos (SOUZA, 2005; SILVA,1999; TEIXEIRA,
1997).
Para caracterizar as condições térmicas do ambiente, alguns índices têm
sido desenvolvidos e utilizados com objetivo de predizer, por meio de um único
valor, as condições térmicas, por exemplo, de um determinado ambiente.
Normalmente, estes índices consideram os parâmetros ambientais de
temperatura, umidade, vento e radiação.
Um Índice de conforto térmico muito utilizado tem sido o de Temperatura
de Globo Negro e Umidade (ITGU), proposto por BUFFINGTON et al. (1981), a
partir do índice de temperatura e umidade (ITU) desenvolvido por THOM
(1958), que considera em um único valor os efeitos da temperatura de bulbo
seco, da umidade relativa, da radiação e da velocidade do ar. Este índice, que
tem sido usado para avaliar as condições de conforto animal, é calculado por
meio da seguinte equação:
330,080,36.TpoTgnITGU
+
=
em que:
Tgn = temperatura de globo negro, em Kelvin (K); e
Tpo = temperatura do ponto de orvalho, em Kelvin (K).
Estudos feitos por TURCO (1993) mostram que os efeitos da ventilação e
do resfriamento evaporativo para porcas em lactação obtiveram ITGU crítico
em torno de 72 e também aliou ao índice o aumento da freqüência respiratória
e temperatura retal, evidenciando desconforto térmico.
Para atender as condições de conforto térmico das matrizes e leitões, as
maternidades devem propiciar o ITGU em torno de 72 para as matrizes e 80
para os leitões (TURCO, 1995a).
26
3 - MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na Suinocultura São Joaquim, município de
Urucânia, com altitude média de 437m, definido pelas coordenadas geográficas
de 20º 21' 3" de latitude Sul e 42º 44' 20" de longitude Oeste, localizada no
pólo suinícola do Vale do Piranga ao norte da Zona da Mata de Minas Gerais.
O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen é, Cwa
(temperado quente mesotérmico; chuvoso no verão e seco no inverno). O
experimento foi realizado ao longo do primeiro semestre (Janeiro a Junho) do
ano de 2008. A suinocultura é caracterizada pela produção de suínos em ciclo
completo, ou seja, existem animais em todas as fases de produção em um
mesmo sítio e o sistema de criação é o totalmente confinado para todas as
fases. Foram utilizados os mesmos animais, em diferentes fases de
crescimento, nas instalações de maternidade, creche, recria e terminação.
As instalações utilizadas tinham orientação leste-oeste e eram
construídas em alvenaria, com portas e janelas de madeira. As gaiolas eram de
ferro. A cobertura nas maternidades era de telha de barro e nas demais
instalações de telha de cimento amianto. As fases de recria-terminação
dispunham de lanternins com abertura equivalente a 10% da largura da
instalação. Os beirais de 0,40 m de largura, corredores de circulação com 1,00
m e piso de concreto eram comuns em toda a suinocultura. Os animais eram
híbridos adquiridos de empresas de genética idônea. A dieta foi balanceada e
servida manualmente. Água de boa qualidade foi oferecida à vontade nos
bebedouros. As avaliações experimentais sempre ocorreram no horário de
funcionamento padrão da granja: entre 7:00 e 16:00 horas. Nos outros horários
27
sempre existia um funcionário para atender as necessidades básicas da granja
como: auxílio em partos, manutenção da alimentação dos animais e solução de
eventuais problemas.
Para a realização do experimento foram adotados requisitos básicos
relativos à densidade de suínos por metro quadrado criados em confinamento
de acordo com TEIXEIRA (1997), sendo que nas fases de creche, recria e
terminação optou-se por destinar uma área acima da estabelecida pelo autor e
também maior do que aquela usual da granja a fim de diminuir a densidade
(m
2
/animal) e melhorar o bem-estar dos suínos como descrito na Tabela 3.
Tabela 3. Sistema de produção de suínos em confinamento.
Fase de instalação
Área de instalação
necessária (m
2
/animal)
segundo TEIXEIRA
(1997)
Área utilizada no
experimento (m
2
/animal)
Pré-natal e Aleitamento 5,57 5,57
Creche 0,20 a 0,38 0,39
Recria 0,50 a 0,55 1,19
Terminação 0,70 a 1,00 1,19
Para o estudo dos padrões de comportamento dos suínos nas fases de
maternidade e creche foi realizada uma avaliação piloto (durante um dia, no
horário de funcionamento da granja, foram observados e anotados os
comportamentos de suínos nas fases de maternidade e creche), para que
estes fossem pré-estabelecidos conforme feito nas pesquisas de COX &
COOPER (2001) e BEATTIE et al. (2000).
Para a descrição do comportamento foi feito uma adequação de
etogramas de outras pesquisas realizadas por ALVES (2006), PANDORFI
(2006) e PEREIRA (2005) para a realidade deste experimento.
3.1) Fase de Maternidade
Foram utilizadas 2 salas de maternidades, uma ao lado da outra, com
dimensões de 10,00 x 8,00 m e direito de 3,15m, com 10 gaiolas parideiras
(5 de cada lado da sala) de tamanho padrão 3,10 x 1,80m, com espaço de 2,00
x 0,60m para a matriz e de 1,80 x 1,10m para o escamoteador (local para
abrigo e refúgio dos leitões). A proteção contra chuvas e ventos foi feita por
28
meio de cortinas móveis de polietileno adaptadas as muretas de 0,70m de
altura no entorno da instalação.
3.1.1) Desmame
Para cada sala foi considerada uma idade para o desmame dos leitões.
Na sala 1 foi utilizado o desmame aos 28 dias (conforme premissas do bem-
estar-animal) e na sala 2 foi feito o desmame aos 21 dias (conforme manejo
convencional da suinocultura atual) (conforme croqui 1). Independente da
idade, 10 dias após o desmame era oferecida ração para os leitões. Este
manejo é usual em granjas industriais para facilitar a aceitação de alimento
sólido pelos leitões e obter um melhor desempenho dos animais no desmame.
3.1.2) Manejo do Corte de Dente, Cauda e Castração
Cada sala de maternidade foi ocupada por 10 matrizes, sendo 5 gaiolas
do lado direito e 5 do lado esquerdo. Dentro da mesma sala os leitões de 5
matrizes foram submetidos ao manejo aceito pelo bem-estar animal no qual
não foi feito o corte da cauda e os dentes dos leitões foram desbastados com
um desbastador de alta rotação: 35000 rpm. Estes mesmos leitões foram
castrados sob anestesia local com o uso de um anestésico (lidogel: cloridado
de lidocaína 20mg/g geléia de 30g) ao completarem em média 7 dias de
idade. No momento da castração uma camada (2mm) de anestésico era
espalhada na região escrotal do suíno, após 10 minutos era feita a castração.
Os leitões das outras 5 matrizes desta sala tiveram o manejo convencional da
suinocultura com o corte do dente e rabo feito com um alicate de corte diagonal
6” e castração habitual sem uso de qualquer anestésico. Este tipo de manejo
foi adotado em cada sala referente ao desmame de leitões aos 21 dias e aos
28 dias (Croqui 1).
29
Desmame aos 21 dias
MB - Bem-estar
MC - Convencional
MB - Bem-estar
Maternidade
Maternidade
MC - Convencional
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
MatrizMatriz
Desmame aos 28 dias
Croqui 1 - Representação do Experimento nas Maternidades
A seguir na Tabela 4 são apresentadas as imagens representantes dos
tipos de manejo utilizado convencional e com bem-estar animal.
30
Tabela 4 - Tipo de manejo (com bem-estar e convencional) e suas respectivas
imagens ilustrativas.
Manejo com Bem-Estar Manejo Convencional
Dente
Uso do desbastador de dente
Corte com Alicate
Cauda
Não foi feito o corte da cauda
Corte com Alicate
Castração
Uso do anestésico local
Sem anestésico
31
3.1.3) Avaliação do Comportamento no Dia do Manejo de Corte de
Dente, Cauda e Castração
O manejo do corte de dente e cauda dos leitões era feito em conjunto, um
dia após o nascimento e nos mesmos horários (entre 10:00 e 10:30h). Neste
dia, sempre o mesmo observador, posicionava-se em frente ao lote de leitões
de cada matriz e antes de proceder ao manejo anotava o número de leitões em
cada comportamento observado, depois de ocorrido o manejo o mesmo
procedimento se repetia.
A avaliação dos comportamentos dos leitões, nas condições de bem-estar
e nas condições convencionais foi realizada com a presença do observador.
Na Tabela 5 a seguir está a descrição dos seguintes padrões
comportamentais dos leitões observados na maternidade durante o
experimento.
32
Tabela 5 - Etograma dos comportamentos dos leitões observados na fase de
maternidade durante o experimento:
Comportamento Descrição Imagem
LM - Leitão Mamando
Leitões succionando o
leite com a boca ou com
a mesma na teta da
matriz.
LD - Leitão Dormindo
Leitões dormindo perto
da matriz ou dentro da
gaiola da matriz, com os
olhos fechados ou
abertos.
LA - Leitão Andando
Leitões se
movimentando ao redor
da matriz.
LE - Leitão dentro do
Escamoteador
Leitões dormindo,
deitados ou andando
dentro do abrigo.
3.1.4) Avaliação do Comportamento no Dia de Castração
A castração dos suínos foi realizada em um único dia, quando estes
estavam em média com 7 dias de idade, e em mesmo horário (entre 10:00 e
11:00h). Semelhante ao manejo de corte de cauda e dente, no dia da castração
33
o mesmo observador posicionava-se em frente ao lote de leitões de cada
matriz e antes de proceder ao manejo anotava o número de animais em cada
comportamento observado, depois de ocorrido o manejo o mesmo
procedimento se repetia, sendo estes comportamentos análogos ao manejo
anterior. Desta forma, foram consideradas os mesmos padrões
comportamentais da Tabela 5, ou seja: Leitão Mamando (LM), Leitão Dormindo
(LD), Leitão Andando (LA) e Leitão dentro do Escamoteador (LE).
3.1.5) Delineamento Estatístico Para a Fase de Maternidade
Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com dez repetições
em esquema de parcela sub-dividida, sendo o fator de parcela denominado de
tratamento (trat.), envolvendo dois níveis (MC manejo convencional e MB
manejo de bem estar) e o fator de sub-parcela o tempo (antes e após o
manejo), conforme itens 3.1.3 e 3.1.4. As repetições consideradas foram
representadas pelas matrizes (10 em cada tratamento), sendo o
comportamento referente aos leitões de cada matriz (cujo número de partos
variou entre 4 e 6) avaliado como porcentagem de animais mamando,
dormindo, andando e no escamoteador. Para avaliação dos resultados utilizou-
se a ANOVA, e quando constatado efeito significativo de tratamento (ao nível
de 5% de probabilidade), adotou-se o teste TUKEY para comparação de
médias.
3.2) Fase de Creche
Foram utilizadas duas salas de creche, uma ao lado da outra. Cada sala
media 8,20 x 6,00m, direito de 3,0 m e 2 gaiolas de 7,00 x 2,50m, sem
divisória, sendo uma do lado esquerdo e outra do lado direito, suspensa a
0,40m do piso. A circulação do ar era feita através de uma janela de 1,60 x
1,00m e uma porta de 2,00 x 1,00m.
Na primeira sala foram colocados 90 suínos advindos do desmame aos
21 dias, destes, 45 leitões que receberam manejo dentro da maternidade de
acordo com a legislação do bem-estar-animal (MB) ficaram do lado direito e 45
que receberam manejo convencional (MC) na maternidade foram colocados do
lado esquerdo (Croqui 2). Similarmente, na segunda sala também foram
colocados 90 suínos com idade de desmame aos 28 dias e estes foram
alojados conforme a distribuição da sala anterior, ou seja, 45 leitões que
34
receberam tratamento dentro da maternidade de acordo com a legislação do
bem-estar-animal ficaram do lado direito e 45 que receberam tratamento
convencional na maternidade foram colocados do lado esquerdo.
Creche
Creche
MB
MC
45
leitões
45
leitões
45
leitões
45
leitões
MB
MC
Croqui 2 - Representação do Experimento nas Creches
Dentro das baias de creche, onde foram colocados aqueles leitões que
receberam tratamento referente ao bem-estar animal na maternidade, foram
oferecidos brinquedos como forma de enriquecimento ambiental e adequação
ao bem estar animal. Estes brinquedos foram confeccionados com garrafas pet
(politereftalato de etila), onde, foram partidas 2 garrafas ao meio e encaixadas
as duas extremidades das bocas para formar um brinquedo e as outras duas
extremidades dos fundos para formar outro brinquedo, conforme Figura 1. Para
uma melhor fixação utilizou-se também uma fita adesiva transparente
(polipropileno-38mm) envolta no local de encaixe entre as extremidades. Foram
utilizados 10 brinquedos por baia, sendo cinco do formato com ponta e cinco do
formato arredondado, estes foram trocados por novos brinquedos iguais a cada
início de semana durante todo o período experimental.
Figura 1 - Brinquedos com formato arredondado e com ponta.
35
3.2.1) Avaliação do Comportamento na Fase de Creche
Os suínos ficaram 35 dias na instalação tipo creche. Durante este período
em dias alternados era avaliado o comportamento dos leitões. Para que as
diferenças ambientais entre um dia e outro não influenciassem no resultado da
pesquisa, foram utilizados dados do comportamento animal referente àqueles
dias com características ambientais semelhantes, temperaturas entre 25 e
35ºC (no total foram considerados 12 dias). No horário entre 7:00 e 16:00
horas, de 30 em 30 minutos o mesmo observador parava na porta da sala,
diante das baias com os animais em tratamento e anotava o comportamento
dos animais. Para que os animais não se assustassem com o observador e
com isso fosse alterado seu comportamento normal, este ficava um minuto
parado no ponto de observação para posteriormente anotar os
comportamentos visualizados. Este procedimento foi adotado respeitando a
mesma ordem dos tratamentos para avaliação dos animais (desmame aos 28
dias, com bem-estar animal e convencional e desmame aos 21 dias, com bem-
estar animal e convencional).
A seguir, na Tabela 6, estão descritos os padrões comportamentais
observados nos leitões na fase de creche:
36
Tabela 6 - Padrões comportamentais dos leitões observados na fase de creche
durante o experimento.
Comportamentos Descrição Imagens
CA - Comportamento
Agonístico
Animal brigando, mordendo ou
arranhando o outro com os dentes.
1 e 2
FB - Fuçando a Baia
Animal fuçando o piso da baia, as
laterais ou ao redor do comedouro com
o focinho.
3 e 4
FO - Fuçando o Outro
Animal fuçando a orelha, a cauda ou a
barriga do outro com o focinho.
5 e 6
D - Dormindo ou
Deitado
Animal deitado com o corpo em
contato com o piso ou estirado sobre o
mesmo, com olhos fechados ou
abertos.
7 e 8
I - Ingerindo alimento
ou água
Animal ingerindo alimento (ração ou
água) no comedouro ou bebedouro.
9 e 10
L - Locomovendo
Animal em movimento de caminhada
pela baia
11 e 12
O - Outros
Animal sentado (apoiado com a parte
posterior e as patas dianteiras no piso);
animal parado sobre o piso apoiado
nas quatro patas e sem nenhum
movimento aparente ou animal
excretando (fezes e/ou urina).
13 e 14
B - Brincando com e
sem objeto
Animal correndo dentro da baia; animal
apoiado sobre o outro; animal fuçando
ou empurrando objeto e abocanhando
os objetos colocados na baia.
15, 16,
17, 18, 19
e 20
Assim foram consideradas as seguintes variáveis para a fase de creche:
CA, FB, FO, D, I, L, O,B.
A seguir na Tabela 7 estão representadas as imagens dos
comportamentos observados para os leitões na fase de creche, conforme a
Tabela 6.
37
Tabela 7 - As imagens abaixo são referentes aos comportamentos na creche
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Imagem 9
Imagem 10
Imagem 11
Imagem 12
Imagem 13
Imagem 14
Imagem 15
Imagem 16
Imagem 17
Imagem 18
Imagem 19
Imagem 20
38
3.2.2) Delineamento Estatístico Para Fase Creche
Foi utilizado delineamento em blocos casualizados com repetições, de
forma que cada bloco foi definido como dia (12 dias, conforme item 3.2.1) e as
repetições as horas, assim cada tratamento (21MC, 21MB, 28MC e 28MB) foi
observado 19 vezes em cada bloco, uma vez que foram considerados 19
horários ao longo do dia.
Para estudar o comportamento brincar, relacionado aos 2 tratamentos
com bem-estar animal (21MB e 28MB), adotou-se o mesmo delineamento
descrito no parágrafo anterior, e foram avaliados os seguintes padrões
comportamentais, conforme tabela 8 a seguir.
Tabela 8 - Descrição do comportamento brincar observado dentro dos
tratamentos com bem-estar animal (desmame aos 21 e 28 dias)
para os leitões na fase de creche.
Comportamentos Descrição Imagens
Brincando Entre Eles
(BEE)
Animal correndo dentro
da baia ou animal
apoiado sobre o outro.
15 e 16
Brincando com
Brinquedo Redondo
(BRR)
Animal fuçando,
abocanhando ou
empurrando brinquedo
de extremidades
arredondadas colocado
dentro da baia.
17 e 18
Brincando com
Brinquedo de Pontas
(BPP)
Animal fuçando,
abocanhando ou
empurrando brinquedo
de extremidades com
pontas colocado dentro
da baia.
19 e 20
Para todas as análises utilizou-se a ANOVA, e quando constatado efeito
significativo de tratamento (ao nível de 5% de probabilidade), adotou-se o teste
TUKEY para comparação de médias.
3.3) Desempenho Animal Para as Fases de Maternidade e Creche
Para avaliar o desempenho dos animais na fase de maternidade e creche
foram utilizados os seguintes índices de zootécnicos:
Ganho de peso dos leitões no período de lactação: os leitões
foram pesados ao nascer e ao saírem da maternidade (desmame);
39
Índice de mortalidade dentro de cada maternidade: foi anotado o
número de leitões que vieram a morrer nesta fase;
Ganho de peso dos leitões na fase de creche: os leitões foram
pesados ao saírem da creche;
Índice de mortalidade dentro de cada creche: foi anotado o
número de leitões que vieram a morrer nesta fase.
Consumo de ração dos leitões na fase de creche: toda a ração
oferecida aos leitões era pesada, antes de consumida.
3.4) Nível da Pressão Sonora e da Iluminância Para as Fases de
Maternidade e Creche
Para as avaliações das condições de ruídos e luminosidade do ambiente
de maternidade e creche foram usados, respectivamente, o decibelímetro -
medidor de Nível de Pressão Sonora (NPS) - escala: 30 a 130, precisão: ± 1 dB
e resolução: 0.1 dB operando na escala de compensação “A” e o luxímetro
(escala: 0 a 100.000 lux e precisão: ± 5%). As mensurações foram feitas no
centro de cada sala de creche e maternidade, a 1,5 m de altura do piso, no
corredor central, no centro geométrico do galpão, nos mesmos horários da
avaliação do comportamento animal.
No intervalo da castração dos 100 suínos que tiveram o manejo de acordo
com as premissas do bem-estar animal e aqueles castrados normalmente (sem
anestésico local), conforme manejo convencional, foi mensurado também o
ruído provocado pelo estresse deste manejo, sendo anotado o valor máximo
registrado pelo decibelímetro (dB), naquele momento, de cada suíno.
3.5) Avaliação do Desafio Sanitário Para as Fases de Maternidade e
Creche
Dez animais de cada tratamento foram brincados aleatoriamente ao
nascer e avaliados pelo teste de PCR (polimerase chain reation) ao saírem da
maternidade e da creche. A técnica de PCR ou reação em cadeia de
polimerase é baseada na amplificação do genoma (material genético), para
detecção da presença ou ausência do microorganismo que se deseja estudar.
As coletas foram feitas pelo pesquisador em um único dia e em mesmo horário,
com os cuidados necessários, e encaminhado ao laboratório do departamento
de zootecnia e veterinária da Universidade de São Paulo (USP), o protocolo
40
para extração de DNA detalhado foi realizado segundo descrito por BOOM et
al, (1990). Foram pesquisadas a presença dos seguintes agentes etiológicos:
Actinobacillus pleuropneumoniae (App), Haemophilus parasuis e o
Mycoplasma hyopneumoniae.
A amostra foi coletada nas tonsilas palatinas dos suínos (lugar
considerado uma porta de entrada para microorganismos presentes no
ambiente), ilustrado pela Figura 2. O animal era imobilizado manualmente e,
com hastes de algodão (suabes), foram coletados esfregaços das tonsilas
destes animais. O momento para coleta das amostras foi escolhido pela fase
em que os animais mudam de ambiente, refletindo o que o local anterior
proporcionou em termos de bem-estar animal na resposta imunológica do
mesmo. Sendo eles:
Saída da maternidade:
Saída da creche;
Figura 2 - Coleta de amostra para o teste de PCR
3.5.1) Delineamento Estatístico Para Avaliação do Desafio Sanitário
(Teste de PCR)
Como os resultados do teste de PCR foram classificados como positivo
(presença do microorganismo) ou negativo (ausência do microorganismo),
utilizou-se o teste não-paramétrico de KRUSKAL-WALLIS, o qual corresponde
ao teste F da ANOVA sob o enfoque não-paramétrico, e para comparação dos
tratamentos utilizou-se o teste DUNN (PETT, 1997), o qual representa a
comparação múltipla não paramétrica.
41
3.6) Avaliação do Desempenho Animal da Fase de Maternidade até a
Fase de Terminação
As instalações de recria-terminação utilizadas pertenciam a galpões
abertos com baias de tamanho 3,35 x 4,25m e pé direito de 3,20m.
Devido ao grande número de animais e a dificuldade de monitoramento
de todos, 10 leitões de cada tratamento que foram brincados ao acaso na
maternidade (totalizando 40 suínos, também utilizados para o teste de PCR),
foram monitorados durante a fase de recria e terminação. Após passarem pela
fase de creche os animais foram conduzidos a estas instalações onde
permaneceram até o fim do experimento, sendo utilizada a mesma baia para as
duas fases.
Foram utilizadas 4 baias, uma para cada tratamento, sendo uma ao lado
da outra (conforme croqui 3), composta por 12 suínos, sendo que os 2 suínos a
mais de cada baia pertenciam ao tratamento, mas não eram brincados. Estes
foram adicionados a baia para diminuir a área por animal, de maneira a não
fugir da realidade de uma granja industrial .
Recria-
Terminação
MB
MC
12 suínos
Desmame aos 21
dias
Manejo com
bem-estar
12 suínos
Desmame aos 21
dias
Manejo
convencional
12 suínos
Desmame aos 28
dias
Manejo com
bem-estar
12 suínos
Desmame aos 28
dias
Manejo
convencional
Recria-
Terminação
Recria-
Terminação
Recria-
Terminação
MB
MC
Croqui 3 - Representação do Experimento na fase de Recria-Terminação
Dentro de cada baia foi pendurada uma corrente de o, conforme Figura
34, na altura dos animais, como forma de enriquecimento ambiental e alívio do
estresse. Estes animais foram pesados na fase de recria e, quando o primeiro
suíno atingiu 100kg, todos os demais animais também foram pesados
finalizando o experimento.
Foi observado também, nesta fase, o comportamento de presença ou
ausência de canibalismo entre os suínos, conforme Figura 35, devido aqueles
animais que não tiveram as caudas cortadas na maternidade, ou seja, aqueles
tratados segundo as normas do bem-estar animal.
42
Figura 3 - Uso da corrente em baias Figura 4 - Canibalismo em suínos
3.6.1) Delineamento Estatístico Para Avaliação do Desempenho da
Fase de Maternidade até a Fase de Terminação
Para avaliação destes dados foi utilizado um DIC (delineamento
inteiramente casualizado), onde os mesmos 10 animais de cada tratamento
(21MC, 21MB, 28MC, 28MB), foram pesados dentro de cada fase (ao sair da
maternidade, da creche, da recria e da terminação). Para avaliação dos
resultados utilizou-se a ANOVA, e quando constatado efeito significativo de
tratamento (ao nível de 5% de probabilidade), adotou-se o teste TUKEY para
comparação de médias.
3.7) Capacitação dos Funcionários
Para uma melhor execução do experimento e sendo está uma tecnologia
nova, foi feita a capacitação dos funcionários. Item este também incluso nas
leis de bem-estar animal. O treinamento dos funcionários foi feito por meio de
orientações técnicas a respeito do manejo com bem-estar animal, àqueles que
estariam envolvidos no trabalho, antes e durante o experimento.
3.8) Dados Ambientais
Dados relativos ao conforto térmico ambiental nas maternidades, creches
e recria-terminação foram coletados automaticamente, com o uso de
dataloggers da marca Testo, modelo T2, com resolução de 0,1
o
C e acurácia
de
±
0,5
o
C. Estes registraram a temperatura do ar seco, umidade relativa do ar
e temperatura de globo negro, de 15 em 15 minutos. Para a obtenção das
temperaturas de globo negro foram utilizados dataloggers acoplados com
sensores de temperatura colocados dentro dos globos negros. Os instrumentos
43
de avaliação do conforto térmico ambiente foram posicionados dentro das
instalações, a altura dos animais, para melhor caracterizar o ambiente térmico
local.
O abrigo metereológico foi instalado a 1,5 m do piso, onde o havia
sombra, em região intermediária as maternidades e creches estudadas, para
coleta dos dados de temperatura e umidade externos. Os dados ambientais
obtidos no abrigo foram utilizados no monitoramento de todos os tratamentos
experimentais, por todo o período considerado, que o ambiente externo das
instalações utilizadas (maternidade, creche e recria-terminação) era o mesmo.
44
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1) Fase de Maternidade
4.1.1) Comportamento no Dia de Manejo do Corte de Dente e Cauda
Na Tabela 8 estão apresentados as porcentagens de leitões dentro de
cada comportamento (mamando, dormindo, andando e dentro do
escamoteador) observados na maternidade no dia do corte de dente e cauda
dos leitões avaliado em 2 tipos de tratamentos, sendo eles: Trat MC: manejo
convencional e Trat MB: manejo com bem-estar. A idade de desmame (21 e 28
dias) nestes tipos de manejo, não influenciou os resultados dos
comportamentos, visto que o corte de dente e cauda é realizado um dia após o
nascimento dos leitões.
Tabela 8 - Valores médios das porcentagens referentes aos comportamentos
dos leitões observados nas maternidades no dia do manejo de
corte de dente e cauda para cada tratamento.
Variáveis
Mamando Dormindo Andando Dentro do
escamotiador
Trat Média Trat dia Trat Média Trat dia
MB 63,86a MC 13,16a MC O,83a MC 24,70a
MC 61,30a MB 11,68a MB 0,00a MB 24,45a
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
O ideal é que após um manejo traumático, como o corte de dente e rabo,
os leitões voltem a mamar, para que não ocorra perda de peso e nem apatia
do animal. Dentro do manejo com bem-estar os leitões tiveram seus dentes
desbastados e não foi feito o corte da cauda, ao contrário do manejo
convencional. Como pode ser visto na Tabela 8 o houve diferença
significativa entre os tratamentos para os comportamentos estudados. Porém,
45
numericamente, o comportamento mamando foi superior no tratamento com
bem-estar em comparação ao convencional. Isso mostra que o fato de o
cortar a cauda e desbastar o dente dos leitões (conforme exigência do bem-
estar animal) proporcionou menos trauma aos leitões, permitindo que estes
amamentassem normalmente. No tratamento convencional os animais
apresentaram também mais o comportamento dormindo e dentro do
escamoteador quando comparados aqueles do manejo com bem-estar animal,
demonstrando assim aparente cansaço, estresse ou necessidade de se
aquietar após o manejo de corte de dente e cauda.
Para complementar este estudo foi avaliado também o comportamento
dos leitões antes (10:00 hs) e após (10:30 hs) o manejo de corte de dente e
cauda conforme o que está representado Tabela 9.
Tabela 9
- Valores médios das porcentagens referentes aos comportamentos
dos leitões observados nas maternidades no dia do manejo de
corte de dente e rabo para cada horário: 10:00 e 10:30 hs (antes e
após o manejo de corte de dente e cauda, respectivamente).
Média das variáveis
Horário Mamando Dormindo Andando Dentro do
escamoteador
10:00 97,54a 2,46b 0,00a 0,00b
10:30 27,62b 22,39a 0,83a 49,16a
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Com base nos resultados da Tabela 9
pode-se inferir que
independentemente do tipo de tratamento, qualquer influência na rotina dos
leitões, seja somente o ato de desbastar os dentes (conforme exigido pelas
normas de bem-estar animal) ou o fato de cortar a cauda dos leitões, influencia
a resposta comportamental. Houve diferença estatística para as “variáveis
mamando, dormindo e dentro do escamoteador”. A porcentagem de leitões
mamando às 10:00 hs (antes do manejo) foi bem maior do que às 10:30 hs,
evidenciando que o trauma do manejo influenciou negativamente no
comportamento “mamando”. Para a “variável dormindo” e “dentro do
escamoteador” verificou-se que este comportamento ocorreu com maior
prevalência após o manejo de corte de dente e cauda indicando que o trauma
causado pelo manejo levou os leitões a dormirem ou se esconderem dentro do
escamoteador. Este comportamento sugeriu a atitude de falta de animação ou
de “fuga”, para a qual o escamoteador foi o refúgio.
46
DUNCAN (1993) e DAWKINS (2001) relataram que a falta de bem-estar
influencia negativamente o comportamento dos animais causando frustração e
dor. Isto fica bem evidente quando se observa o resultado apresentado na
Tabela 9
. A maior porcentagem de leitões “mamando” ocorreu antes do manejo
de corte de dente e cauda, enquanto que, a maior porcentagem de leitões
“dentro do escamoteador” ocorreu após o manejo, demonstrando assim um
sentimento de medo e fuga dos animais.
4.1.2) Comportamento no Dia de Castração
Na Tabela 10
estão apresentados os resultados observados no
comportamento dos leitões dentro dos dois tratamentos adotados no dia de
castração. Também neste caso, a idade de desmame não importa nos
resultados de comportamento frente a castração, já que a castração foi feita
quando os leitões estavam em média com 7 dias de idade. Pode-se observar
que não houve diferença estatística entre os tratamentos para nenhuma das
variáveis, entretanto no dia da castração, em todos os tratamentos, foi
observado muito estresse que os leitões gritaram muito, inclusive aqueles
medicados com anestésicos, conforme normas do bem-estar. Foi observado
que o ato de apanhar o animal, passar anestésico, soltar e depois prender
novamente para proceder a castração, causou mais estresse. O leitão é um
animal muito arredio na relação com os humanos e, por isso, o ato de pegá-lo o
incomoda muito. Com isso o manejo de castração com anestésico, conforme
premissas do bem-estar, aparentemente foi mais estressante para os animais
do que o manejo de castração normal, já que o leitão era segurado duas vezes
(uma para passar o anestésico e outra para proceder a castração).
Tabela 10 - Valores médios das porcentagens referentes aos comportamentos
dos leitões observados nas maternidades no dia da castração
para cada tratamento.
Variáveis
Mamando Dormindo Andando Dentro do
escamoteador
Trat Média Trat dia Trat Média Trat dia
MB 20,36a MC 41,56a MB 34,00a MC 18,38a
MC 17,11a MB 39,03a MC 22,94a MB 6,61a
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Ainda assim os resultados numéricos da Tabela 10 evidenciam que o
manejo com bem-estar animal foi melhor dentro das “variáveis mamando e
47
andando” em comparação com o tratamento convencional para as “variáveis
dormindo e dentro do escamoteador”. O que demonstra que o tratamento com
bem-estar animal foi menos traumático para o animal, que estes poderiam
manifestar seu comportamento de mamar e andar sem a necessidade de se
esconder dentro do escamoteador ou de se aquietar após o manejo da
castração.
De acordo com os resultados da Tabela 11
referente ao comportamento
dos leitões antes (10:00 hs) e após (11:00 hs) o manejo de castração, não foi
observada diferença significativa para as variáveis “mamando” e “dentro do
escamoteador”. Para a “variável dormindo” houve diferença estatística, sendo
o tempo 11:00 horas superior estatisticamente ao tempo 10:00 horas. Isso
indica que o estresse da castração, causado pela pega dos leitões e a dor da
castração, levou os animais a se aquietarem. Também foi constatada diferença
estatística para a “variável andando”. Ou seja, antes da castração havia mais
animais andando do que após o manejo, evidenciando o desconforto dos
leitões após a castração levando os mesmos a aquietação.
Tabela 11 - Valores médios das porcentagens referentes aos comportamentos
dos leitões observados nas maternidades no dia de castração
para cada horário: 10:00 e 11:00 (antes da castração e após
respectivamente).
Média das variáveis
Horário Mamando Dormindo Andando Dentro do
escamoteador
10:00 17,41a 19,60b 56,23a 6,76a
11:00 19,50a 61,54a 0,71b 18,24a
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Novamente, o manejo de castração pode ter causado sentimento de
aborrecimento, frustração, solidão e isto teve consequências no
comportamento dos leitões, conforme relatado por DUNCAN (1993) e
DAWKINS (2001).
4.2) Fase de Creche
4.2.1) Comportamento com e sem o Enriquecimento Ambiental
Na Tabela 12 estão os principais comportamentos observados nas
creches para os 4 tipos de tratamento estudados, sendo eles: Trat 21MC:
desmame aos 21 dias e manejo convencional; Trat 21MB: desmame aos 21
48
dias e manejo com bem-estar; Trat 28MC: desmame aos 28 dias e manejo
convencional e Trat 28MB: desmame aos 28 dias e manejo com bem-estar.
Como pode-se observar o tratamento 28MC foi superior estatisticamente
aos outros tratamentos nas variáveis: “comportamentos agonístico; fuçando
baia; fuçando o outro e outros”. Isso demonstra que apesar destes leitões
terem sido desmamados aos 28 dias (conforme preconiza as leis de bem-estar
animal), estes animais apresentaram padrões de comportamentos indicativos
de estresse nesta fase. Apesar do desmame aos 28 dias ter grande efeito
positivo sobre os leitões, estes resultados contradizem aqueles encontrados
por SANTOS (2004); MACHADO FILHO & HOTZEL, (2000); WOROBEC
(1999) e WEARY et al. (1999).
Tabela 12 - Valores médios das porcentagens referentes aos padrões de
comportamentos observados nas creches para cada tratamento:
Variáveis
Comportamento
Agonístico
Fuçando Baia Fuçando o Outro Dormindo
Trat Média Trat Média Trat Média Trat Média
28MC 0,81a 28MC 9,61a 28MC 3,18a 21MC 69,22a
28MB 0,72 ab 21MC 8,59ab 21MC 2,94a 28 MB 67,55a
21 MB 0,54 ab 21 MB 7,95ab 21 MB 2,87a 21 MB 66,46a
21MC 0,37 b 28 MB 7,93 b 28 MB 1,95a 28MC 65,65a
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Variáveis
Ingerindo
Alimentos ou Água
Locomovendo Outros Brincando
Trat Média Trat Média Trat Média Trat Média
28MC 12,13 a 21 MB 4,96a 28MC 3,47a 28 MB 3,22a
21MC 10,91 ab 28 MB 4,91a 21 MB 3,45ab 21 MB 3,14a
28 MB 10,86 ab
28MC 4,31a 28 MB 2,83ab 28MC 1,40b
21 MB 10,58 b
21MC 4,10a 21MC 2,72 b 21MC 1,10b
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
É importante salientar que outros fatores, além da idade de desmame
pode ter influenciado no comportamento destes animais. Nesta fase foi feito o
reagrupamento dos animais para formação de lotes maiores, devido ao
tamanho das baias da instalação de creche. Como os animais do desmame
aos 28 dias (tratamento 28MC) eram mais velhos, provavelmente já havia sido
estabelecida uma hierarquia social dentro dos lotes na maternidade, com a
chegada dos novos suínos pode ter levado. Assim, ao serem transferidos para
49
a creche a união das leitegadas à criação de novo grupo social e necessidade
de nova disputa hierárquica, com isto maior número de comportamentos
agressivos (comportamento agonístico), o que está de acordo com RUIS et al.
(2001).
Para a “variável ingerindo alimentos” o tratamento 28MC foi diferente
estatisticamente do tratamento 21MB. Pode-se inferir que, por serem animais
mais velhos (desmamados aos 28 dias), mais habituados a ingestão de ração,
estes animais foram mais ao comedouro do que aqueles desmamados aos 21
dias (tratamento 21MB).
Para os comportamentos “dormindo e locomovendo” não houve diferença
significativa entre os tratamentos demonstrando que, independente do manejo,
estes comportamentos são comuns para os leitões nesta fase.
Para o comportamento brincando o tratamentos 28MB (desmame aos 28
dias com bem-estar animal) e tratamento 21MB (desmame aos 21 dias com
bem-estar animal) foram superiores aos tratamentos convencionais sem bem-
estar. Ou seja, os animais brincaram mais quando a eles foi disponibilizado um
brinquedo. O fato é que, nesta fase foram adicionados brinquedos para os
animais alojados nas baias que receberam os tratamentos 21MB e 28MB,
como forma de enriquecimento ambiental. Para as demais variáveis pode-se
observar que os animais submetidos a estes tratamentos foram aqueles que
apresentaram evidência comportamental de melhor bem-estar, o que está de
acordo com BEATTIE et al. (2000).
Na Tabela 13 o apresentados apenas os valores médios das
porcentagens de leitões com 21 e 28 dias de desmame com manejo de bem-
estar animal dentro da “variável brincando”. Nestes tratamentos os leitões
tiveram a oportunidade de brincar entre si (BES) ou brincar com os brinquedos
adicionados à baia (BBR-brinquedo redondo ou BBP-brinquedo com ponta).
Não houve diferença estatística entre os tratamentos. Como no tratamento
21MB os leitões foram desmamados aos 21 dias, estes tem mais interesse em
brincar e ter contato direto com outros leitões, talvez para suprir a separação
da mãe. Já os leitões que foram desmamados aos 28 dias tiveram mais
interesse em brincar com os brinquedos adicionados a baia, demonstrando um
caráter mais exploratório (atributo inerente aos suínos), o que caracteriza maior
bem-estar dos animais, o eu, da mesma forma, foi verificado por
SHEPHERDSON (1998); BOERE (2001) e HOHENDORFF (2003).
50
Tabela 13 - Valores médios das porcentagens referentes ao “comportamento
brincando” observados nas creches em cada tratamento com
enriquecimento ambiental.
Variáveis
Brincando entre Si Brincando com
Brinquedo Redondo
Brincando com
Brinquedo de Ponta
Trat Média Trat Média Trat Média
21MB 45,85a 28MB 24,29a 28MB 34,64a
28MB 41,06a 21MB 23,24a 21MB 30,90a
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Sendo as variáveis: BES: brincando entre si; BBR: brincando com brinquedo redondo; BBP:
brincando com brinquedo de ponta.
É importante ressaltar que a maior porcentagem de leitões está na
“variável brincando entre si” nos dois tratamentos avaliados. Isso
provavelmente ocorreu porque no início de cada semana eram retirados os
brinquedos usados e adicionados novos brinquedos. Quando os brinquedos
estavam limpos os suínos se interessavam e brincavam com os mesmos, mas
logo que sujavam, os animais perdiam o interesse. Não os exploravam tão
intensamente como no início.
4.3) Desempenho Animal
4.3.1)Fase de Maternidade
Como pode ser observado na Tabela 14,
os animais que apresentaram
melhor ganho de peso dentro da maternidade foram aqueles submetidos aos
tratamentos com o desmame realizado aos 28 dias (28MC e 28MB), este
resultado vem a confirmar pesquisas feitas por WOROBEC (1999) onde o
desmame aos 28 dias possibilitou aos animais um melhor ganho de peso. Em
contrapartida este grupo de animais também apresentou maior índice de
mortalidade, que pode ser devido a maior permanência dos leitões na
maternidade, predispondo-os a incidência de esmagamento (matriz deita em
cima do leitão sufocando-o até a morte). De fato, foi observado que os leitões
mais velhos, apesar de serem mais ágeis que os mais novos, permaneciam
muito junto a matriz, predispondo-se ao esmagamento. Estes motivos podem
justificar o fato dos tratamentos 28MC e 28MB estarem com índices de
mortalidade críticos para a fase de maternidade, de acordo, com os parâmetros
de produção de suínos da EMBRAPA (2003).
51
Tabela 14 - Índices de desempenho animal na maternidade
Tratamentos
Média
do peso
dos
leitões
ao
nascer
(kg)
Média do
peso dos
leitões na
desmama
(kg)
Média do
ganho de
peso dos
leitões na
maternidade
(kg)
Média do
ganho de
peso diário
dos leitões
na
maternidade
(kg)
Mortalidade
(%)
21MC 1,710 6,760 5,050 0,240 2,17
21MB 1,700 6,860 5,160 0,245 5,45
28MC 1,440 6,970 5,530 0.197 8,60
28MB 1,600 6,790 5,190 0,185 10,00
É importante salientar que apesar do ganho de peso final dos leitões
desmamados aos 28 dias ter sido superior aqueles desmamados aos 21 dias, a
média de ganho de peso diário dos leitões submetidos aos tratamentos 28MC e
28MB foi inferior àqueles submetidos aos tratamentos 21MC e 21MB. Um dos
fatores que provavelmente influenciou neste menor ganho de peso diário dos
leitões desmamados aos 28 dias foi a genética das matrizes. Como está é uma
granja convencional, padronizada para o desmame aos 21 dias, as matrizes de
produção são adquiridas de empresas que selecionam geneticamente animais
para o pico de lactação precoce, entre 15 e 20 dias, a partir daí a tendência da
produção e qualidade do leite é declinar. Portanto, para um melhor resultado de
desmame aos 28 dias seria ideal adquirir matrizes mais rústicas, com pico de
lactação mais longo e tardio, preparadas para este tipo de manejo.
4.3.2) Fase de Creche
Na Tabela 15 são apresentados os resultados referentes ao desempenho
dos animais na fase de creche. Como pode ser observado os leitões do
tratamento 21MB e 28MB apresentaram resultados de desempenho muito
parecidos ou seja: a média de ganho de peso foi semelhante, entretanto a
mortalidade observada para o tratamento 28MB foi aproximadamente duas
vezes maior que aquela observada para o tratamento 21MB. Estes valores
estão dentro dos aceitáveis, para o desempenho de suínos em fase de creche,
de acordo com índices de mortalidade, dos parâmetros de produção de suínos
na fase de creche, da EMBRAPA (2003).
52
Tabela 15 - Índices de desempenho animal na creche
Tratamentos
Média do
peso dos
leitões ao
entrar na
creche –
desmama
(kg)
Média do
peso dos
leitões ao
sair da
creche
(kg)
Média do
ganho de
peso dos
leitões na
creche
(kg)
Mortalidade
(%)
Média do
consumo de
ração
(kg/dia/leitão)
21MC 6,760 23,460 16,700 -
21MB 6,860 22,500 15,640 2,22
0,775
28MC 6,970 20,810 13,840 2,22
28 MB 6,790 22,370 15,580 4,44
0,698
Em relação aos resultados observados para o tratamento 21MC,
desmame aos 21 dias e manejo convencional, pode-se dizer que tal tratamento
proporcionou os leitões com maior ganho de peso e nenhuma morte. Este
manejo é o habitual da granja; com base neste manejo, a granja se mantém no
mercado com bons níveis de produtividade. aqueles animais submetidos ao
tratamento convencional com desmame aos 28 dias, obtiveram
comparativamente aos demais tratamentos o pior ganho de peso na creche, ao
contrário do desempenho ocorrido na maternidade, que havia sido o melhor
ganho de peso comparado aos leitões dos demais tratamentos. Ao buscarmos
razões para tais respostas obtidas, pode-se inferir que o bem-estar animal tem
influência direta no desempenho dos animais, que os animais do tratamento
28MC foram aqueles que mais comportamentos que expressam a falta de bem-
estar animal nesta fase, como pôde ser visto na Tabela 12. Este resultado está
de acordo com MACHADO FILHO & HÖTZEL (2009) que relataram a influência
negativa da falta de bem-estar na produtividade animal.
O consumo médio diário dos animais com desmame aos 21 dias foi maior
do que aqueles desmamados aos 28 dias, o que, associado ao ganho de peso,
confere aos mesmos um melhor desempenho, como pode ser observado na
Tabela 11. É interessante notar que na avaliação do comportamento, os
animais do tratamento 28MC (desmame aos 28 dias) apresentaram maior
porcentagem de leitões na “variável ingerindo alimento ou água” do que
aqueles do tratamento 21MB (desmame aos 21 dias), contrariando os
resultados do desempenho. Como os animais do tratamento 3 foram aqueles
que demonstraram mais comportamentos indicativos de estresse dentro da
creche, o fato de estarem junto ao cocho ou bebedouro, não é um indicativo de
53
que estavam necessariamente ingerindo alimento. De acordo com RUIS et al.
(2001), isto, de certo modo, pode demonstrar um tipo de hierarquia social,
onde os leitões permaneceram mais tempo no cocho (mesmo sem a ingestão
de alimentos), para que outros não se aproximassem do alimento. Vale lembrar
que este animais foram desmamados aos 28 dias (onde o sentimento de
hierarquia encontra-se mais forte) e foram reagrupados (conforme manejo da
granja),
4.4) Pressão Sonora e Iluminância
Os resultados relacionados ao nível de ruído e a intensidade de luz para
os ambientes das instalações de maternidade e creche foram registrados
dentro das salas correspondentes aos tratamentos: 21MC e 21MB e aos
tratamentos 28MC e 28MB. Desta forma, não foi possível avaliar o ruído e a
luminosidade entre os tipos de manejo, por estes pertencerem a um mesmo
recinto.
4.4.1)Fase de Maternidade
4.4.1.1)Pressão Sonora
O ruído gerado pelos animais dentro das maternidades, no período de
experimento na granja, esteve abaixo do 85 dB(A), como pode ser visualizado
na Figura 5, e está dentro dos limites de tolerância estabelecido pela norma
NR-15, em todos os horários medidos.
No dia de castração o ruído de pico mínimo medido foi de 85 dB (A),
verificando-se pico máximo absoluto de 112 dB (A), conforme Figura 6. Esses
valores de pico ocorreram em um peodo de 50 minutos, exatamente durante o
tempo gasto para castração de 100 leitões. Destes leitões, 50 foram castrados
de forma convencional e 50 foram castrados de acordo com as normas do
bem-estar animal (utilizando anestésico local). Os maiores picos, indicando
maior nível de estresse, ocorreram com aqueles leitões castrados de modo
convencional sem uso de nenhum tipo de anestésico, mas ambos tratamentos
(convencional ou com bem-estar) apresentaram níveis de ruído acima daquele
exigido pelas normas de bem-estar animal estabelecido pela União Européia.
Estes valores, além de desrespeitarem o bem-estar animal, estão acima dos
permissíveis pela NR-15, onde, devido a intensidade e tempo de duração
54
afetam a saúde do trabalhador. De acordo com estudos realizados por
GUSTAFSSON (1997) e SAMPAIO (2005) dentro deste sistema de criação é
indicado o uso de protetores auriculares pelos funcionários no horário de
castração.
50
55
60
65
70
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00
Horas (h)
Nível de Ruído(dB)
Desmame aos 21 dias Desmame aos 28 dias
Figura 5 - dia do nível de ruído dentro de cada maternidade correspondente
ao desmame aos 21 dias e 28 dias
85
90
95
100
105
110
115
0,5 3 5,5 8 10,5 13 15,5 18 20,5 23 25,5
Tempo (minutos)
Nível de Ruído (dB)
castração com bem-estar castração convencional
Figura 6 - Nível de ruído em dia de castração
4.4.1.2) Iluminância
A intensidade luminosa dentro das instalações de maternidade estão de
acordo com as necessidades exigidas pelo bem-estar animal, acima de 40 lux,
conforme pode ser visualizado no gráfico representado na Figura 7. A menor
quantidade de luz no período inicial da manhã é devido ao manejo de não
abertura das cortinas neste momento. Os leitões recém-nascidos ainda não
55
tem seu sistema termorregulador em perfeito funcionamento, desta forma é
necessário que o ambiente tenha a menor oscilação de temperatura possível
para não prejudicá-los. Como ao amanhecer a temperatura do ar é fria,
mantêm-se as cortinas fechadas para manter o calor dentro das instalações;
com isso há uma menor incidência de luz dentro deste recinto neste horário.
30
60
90
120
150
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00
Horas (h)
Iluminância (lux)
Desmame aos 21 dias Desmame aos 28 dias
Figura 7 - Média da Iluminância dentro de cada maternidade correspondente ao
desmame aos 21 dias e 28 dias
4.4.2) Fase de Creche
4.4.2.1) Pressão Sonora
No ambiente das creches assim como no ambiente das maternidades, o
ruído gerado pelos animais no período de experimento na granja, esteve
abaixo do 85 dB(A), como pode ser visualizado na Figura 8
. Estes valores
estão dentro dos limites de tolerância estabelecido pela norma NR-15 em todos
os horários medidos, atendendo aos requisitos determinados pelo bem-estar
animal. Os resultados obtidos nesta pesquisa estão de acordo com aqueles
obtidos em pesquisas realizadas por SAMPAIO (2005).
56
50
55
60
65
70
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00
Horas (h)
N ív e l d e R u íd o (d B )
Desmame aos 21 dias Desmame aos 28 dias
Figura 8 - dia do nível de ruído dentro de cada creche correspondente ao
desmame aos 21 dias e 28 dias
4.4.2.2) Iluminância
A intensidade luminosa encontrada dentro das instalações de creche
também estão de acordo com as necessidades exigidas pelo bem-estar animal,
acima de 40 lux, conforme pode ser visualizado na Figura 9
.
65
75
85
95
105
115
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00
Horas (h)
Ilumin ância (lu x)
Desmame aos 21 dias Desmame aos 28 dias
Figura 9 - Média da iluminância avaliada dentro de cada creche correspondente
ao desmame aos 21 dias e 28 dias
4.5) Desafio Sanitário
57
Nas Tabela 16, 17 e 18 estão apresentados os resultados referentes ao
teste de PCR (polimerase chain reation) relativo a Micoplasma, H. Parasuis e
App para avaliação dos animais na maternidade, na creche e um teste com
avaliação final da maternidade e creche juntas, respectivamente, para os
tratamentos avaliados. Sendo os tratamentos: Trat 21MC: desmame aos 21
dias e manejo convencional; Trat 21MB: desmame aos 21 dias e manejo com
bem-estar; Trat 28MC: desmame aos 28 dias e manejo convencional e Trat
28MB: desmame aos 28 dias e manejo com bem-estar.
4.5.1) Fase de Maternidade
Como pode ser visto na Tabela 16 não foi encontrada diferença
estatística entre nenhum dos tratamentos para as variáveis Micoplasma, H.
Parasuis e App determinadas na fase de maternidade, mostrando que os
diferentes tratamentos não tiveram efeito, ou seja, não influenciaram na
resposta imune dos animais.
De acordo com SOBESTIANSKY et al. (2001) e ROLLIN (1995) as
doenças respiratórias são consideradas doenças multifatoriais. Com isso,
somente a avaliação de um possível fator, ou seja dos tratamentos com e sem
bem-estar animal não foi suficiente para dar uma resposta conclusiva sobre o
uso destes tipos de manejo num grande sistema produção.
Tabela 16 - Resultados obtidos para o Teste de PCR observado nas
maternidades para cada tratamento.
Variáveis
Micoplasma H. Parasuis App
Kruskal-Wallis Kruskal-Wallis Kruskal-Wallis
Pr>χ
2
= 0,2812 Pr>χ
2
= 0,9175 Pr>χ
2
= 0,1000
Trat Score Trat Score Trat Score
21 MB 23,5a 28 MB 22a 21MC 20,5a
28MC 21,5a 21MC 20a 21 MB 20,5a
28 MB 19,5a 21 MB 20a 28MC 20,5a
21MC 17,5a 28MC 20a 28 MB 20,5a
Os scores seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de
5% de probabilidade pelo teste de Dunn.
4.5.2) Fase de Creche
Na Tabela 17, correspondente a avaliação na fase de creche,
para as
“variáveis Micoplasma e App não houve efeito de tratamento significativo.
Contudo, para a “variável H. Parasuis” o tratamento 21MC e 28MC, (ambos
58
correspondentes ao manejo convencional) apresentaram valores
estatisticamente inferiores aos encontrados nos tratamentos com bem-estar
animal (tratamentos 21MB e 28MB). Neste tipo de avaliação, um score menor
indica menos presença do microorganismo. Neste caso os tratamentos sem
manejo de bem-estar animal foram superiores para uma melhor resposta imune
dos leitões. É interessante também notar que, apesar de o terem se
mostrado estatisticamente diferente em relação a “variável Micoplasma”, os
tratamentos 21MC e 28MC também apresentaram menor score, evidenciando
assim uma melhor resposta dos animais.
Tabela 17 - Resultados obtidos para o Teste de PCR observado nas creches
para cada tratamento.
.Variáveis
Micoplasma H. Parasuis App
Kruskal-Wallis Kruskal-Wallis Kruskal-Wallis
Pr>χ
2
= 0,7831 Pr>χ
2
= 0,0022 Pr>χ
2
= 1,0000
Trat Score Trat Score Trat Score
21 MB 22a 21 MB 24,5a 21MC 20,5a
28 MB 22a 28 MB 24,5a 21 MB 20,5a
21MC 20a 21MC 20,0b 28MC 20,5a
28MC 18a 28MC 12,0b 28 MB 20,5a
Os scores seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de
5% de probabilidade pelo teste de Dunn.
De acordo com CURTIS (1983) diante de uma situação anormal, o efeito
do estresse é maior no início, depois o animal é capaz de se adaptar. Isto pode
ter ocorrido com os animais submetidos ao manejo convencional da granja.
Estes resultados podem também significar que estas mudanças no manejo não
foram suficientes para garantir bem-estar que represente benefício significativo
ao sistema imunológico dos animais.
4.5.3) Maternidade e Creche Juntos
Na Tabela 18
estão apresentados os resultados médios da avaliação dos
tratamentos na fase de maternidade e creche juntos. O resultado foi similar
àquele obtido dentro nas creches, demonstrando mais uma vez que os
tratamentos com bem-estar animal o influenciaram positivamente a resposta
imune dos animais.
59
Tabela 18 - Resultados obtidos para o Teste de PCR observado nas
maternidades e creches juntos para cada tratamento.
Variáveis
Micoplasma H. Parasuis App
Kruskal-Wallis Kruskal-Wallis Kruskal-Wallis
Pr>χ
2
= 0,5866 Pr>χ
2
= 0,0253 Pr>χ
2
= 1,0000
Trat Score Trat Score Trat Score
21 MB 45,0a 28 MB 46,0a 21MC 40,5a
28 MB 41,0a 21 MB 44,0ab 21 MB 40,5a
28MC 39,0a 21MC 40,0ab 28MC 40,5a
21MC 37,0a 28MC 32,0 b 28 MB 40,5a
Os scores seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Dunn.
É importante deixar claro que a imunidade de um rebanho depende de
multifatores como estado sanitário da granja, cuidados na nutrição, estado
imunológico do animal e manejo dos funcionários. Esta granja, aonde foi
realizado o experimento, por ser uma granja industrial de grande produção
passa por intensos desafios sanitários. A adoção do bem-estar animal seria
mais um fator positivo dentre as medidas para solução e melhoramento da
imunidade dos animais. Entretanto, possivelmente as medidas consideradas
adequadas à proporção de bem-estar não foram suficientes para minimizar os
problemas relativos a imunidade dos animais.
4.6) Desempenho dos Leitões Desde a Fase de Maternidade até a
Fase de Terminação
A média de peso dos 10 suínos avaliados em cada fase (maternidade,
creche, recria e terminação), estão demonstrados na Tabela 19. Nas fases de
maternidade e creche o peso dos 10 leitões avaliados não apresentou
diferença significativa entre os tratamentos. Já para as fases de recria e
terminação os tratamentos 21MB e 21MC foram superiores estatisticamente
ao tratamento 28MC. Numericamente a média de peso dos animais do
desmame aos 28 dias (tratamento 28MC) foi maior na fase de maternidade,
mas na fase de creche estes leitões tiveram um peso inferior, quando
comparados numericamente aqueles animais do desmame aos 21 dias
(tratamento 21MC e 21MB). Este desempenho negativo dos suínos do
tratamento 28MC persistiu nas fases de recria e terminação. É importante
ressaltar que a fase de creche, dentro do estudo do comportamento destes
animais, corresponde a fase na qual os animais evidenciaram mais
60
comportamentos característicos de falta de bem-estar. Este fato provavelmente
afetou de seu desempenho nesta fase e isto provavelmente teve reflexo nas
fases seguintes. Este resultado está de acordo com MACHADO FILHO &
HÖTZEL (2009) que relataram sobre as conseqüências negativas no
desempenho de animais criados em condições insatisfatórias de bem-estar.
Tabela 19
- Valores médios dos pesos de 10 suínos observados nas fases de
maternidade, creche, recria e terminação para cada tratamento.
Sendo os tratamentos: Trat 21MC: desmame aos 21 dias e
manejo convencional; Trat 21MB: desmame aos 21 dias e manejo
com bem-estar; Trat 28MC: desmame aos 28 dias e manejo
convencional e Trat 28MB: desmame aos 28 dias e manejo com
bem-estar.
Maternidade Creche Recria Terminação
Trat Média Trat dia Trat Média Trat Média
28MC 8,10a 28MC 21,40a 28MC 50,00b
28MC 78,40b
28 MB 7,00a 28 MB 21,30a 28 MB 53,60ab
28 MB 84,00ab
21MC 7,00a 21MC 25,10a 21MC 58,60ab
21MC 92,00a
21 MB 6,40a 21 MB 24,20a 21 MB 59,40a 21 MB 88,40ab
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Nesta fase, foi observado também que ocorreu a incidência do
canibalismo naqueles animais submetidos ao tratamento de bem-estar animal.
Sendo dois animais pertencentes ao tratamento 21MB três animais
correspondentes ao tratamento 28MB, o que pode ter influenciado no pior
desempenho destes animais.
4.7) Capacitação dos Funcionários
A capacitação dos funcionários foi de grande importância para execução
do experimento. Mas foi observado que existiu uma certa resistência por parte
dos funcionários diante desta nova tecnologia, que o manejo de rotina da
granja era de prática epida execução. Outro fato importante a ser
constatado é que no período noturno havia troca de funcionário e pode ser que
estes nem sempre tenham cumprido com orientações técnicas que dizem
respeito ao bem-estar animal conforme fora pedido. Estes fatos são de notável
valor, pois mostra que a adoção de uma nova tecnologia dentro de um
processo produtivo em larga escala é mérito também dos funcionários, que são
“peças chaves” em toda produção.
61
4.8) Conforto Térmico
Os dados ambientais são apenas complementares dentro deste
experimento, que não houve diferença entre as instalações dentro de cada
fase. É importante ressaltar que não houve nenhum tipo de climatização nos
ambientes estudados e o experimento ocorreu na fase inicial (maternidade-
creche) na estação de verão e a fase final (recria-terminação) na estação de
outono.
A temperatura e umidade relativa do ar estiveram divergentes das ideais
para os suínos nas diversas fases estudadas, de acordo com SILVA (1999).
Dentro de um sistema de produção de suínos, criados nas condições de
temperatura e umidade de um país tropical, sem acondicionamento rmico, é
muito difícil fixar limites de temperatura ao longo do dia, de forma que não
ocorra variação. Nos gráficos referentes às médias dos dados do ambiente
térmico em todas as fases avaliadas (maternidade, creche e recria-terminação),
apesar de não terem atendido aos requerimentos ideais para o melhor
desempenho dos suínos, estiveram dentro de limites que foram bem
suportados pelos animais. Limites estes que não afetaram de maneira brusca
o desempenho dos animais, visto que em todos os tratamentos não foi relatado
estresse térmico agudo.
Pode-se inferir que estes animais estiveram submetidos a temperaturas e
umidades do ar que não atenderam as suas necessidades térmicas ideais,
entretanto para uma avaliação de todo o período experimental isto não
influenciou de forma nítida o desempenho dos animais. Estes resultados estão
de desacordo com as pesquisas realizadas por SOUZA (2005); TAVARES et.
al., (2000); QUINIOUN et al. (2000); SILVA (1999); TEIXEIRA, (1997) que
afirmam que quando a temperatura e umidade relativa do ar não atendem as
necessidades de conforto ambiente para os animais estes ficam sob estresse
térmico e tem seu desempenho afetado.
As instalações onde foram alojados os animais durante o experimento
amenizaram as amplitudes térmicas ocorridas quando comparadas com os
dados de temperatura do ambiente externo para as fases de maternidade e
creche.
A seguir os gráficos referentes aos dados de ambiente térmico pra todas
as fases estudadas.
62
Fase de Maternidade
9
12
15
18
21
24
27
30
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Horas (h)
Temperatura do Ar
0
C
Temperatura de Bulbo Seco
Temperatura Ctica Superior
Temperatura Ctica Inferior
Figura 10 - Média da temperatura do
ar dentro das
maternidades
45
55
65
75
85
95
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Horas (h)
U m id a d e
R elativa d o a r
(% )
Umidade Relativa dentro das Maternidades
Umidade Relativa Máxima Ótima
Umidade Relativa Mínima Ótimal
Figura 11 - Média da umidade relativa
do ar dentro das
maternidades
9
13
17
21
25
29
33
1 4 7 10 13 16 19 22 25
Dias
Temperatura do Ar
0
C
Máxima Absoluta
nima Absoluta
Temperatura Ctica Superior
Temperatura Ctica Inferior
Figura 12 - Temperatura máxima e
mínima absoluta dentro
das maternidades
70
72
74
76
78
80
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Horas (h)
IT GU
ITGU dentro das Maternidades ITGU Ideal
Figura 13 - Média do ITGU dentro das
maternidades
Ambiente Externo para a Fase de Maternidade
20
22
24
26
28
30
32
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
T em p eratu ra d o A r
0
C
Figura 14 - Média da temperatura do ar
do ambiente externo
50
60
70
80
90
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
U m id ade R elativ a d o A r
(% )
Figura 15 - Média da umidade relativa
do ar do ambiente externo
Fase de Creche
63
4
8
12
16
20
24
28
32
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
Temperatura do Ar
0
C
Temperatura de Bulbo Seco
Temperatura Crítica Superior
Temperatura Crítica Inferior
Figura 16 - Média da temperatura do ar
dentro das creches
45
55
65
75
85
95
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Horas (h)
U m id a d e R e la tiv a
d o A r (% )
Umidade Relativa dentro das Creches
Umidade Relativa Máxima Ótima
Umidade Relativa Mínima Ótima
Figura 17 - Média da umidade relativa
do ar dentro das creches
7
12
17
22
27
32
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34
Dia
Temperatura do Ar
0
C
Máxima Absoluta
nima Absoluta
Temperatura Crítica Superior
Temperatura Crítica Inferior
Figura 18 - Temperatura máxima e
mínima absoluta dentro
das creches
70
72
74
76
78
80
82
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Horas (h)
IT G U
Figura 19 - dia do ITGU dentro das
creches
Ambiente Externo Para a Fase de Creche
20
22
24
26
28
30
32
34
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
T em p e ra tu ra d o A r
0
C
Figura 20 - Média da temperatura do ar
do ambiente externo
40
50
60
70
80
90
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
U m id ad e R ela tiv a d o A r
(% )
Figura 21 - Média da umidade relativa
do ar do ambiente externo
64
Fase de Recria e Terminação
4
8
12
16
20
24
28
32
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
Temperatura do
Ar (
0
C)
Temperatura de Bulbo Seco
Temperatura Crítica Superior
Temperatura Crítica Inferior
Figura 22 - Média da temperatura do ar
dentro da recria-teminação
45
55
65
75
85
95
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
Umidade Relativa
do Ar (%)
Umidade Relativa dentro da Recria-Terminação
Umidade Relativa Máxima Ótima
Umidade Relativa Mínima Ótima
Figura 23 - Média da umidade relativa
do ar dentro da recria-
terminação
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31
Dia
Temperatura do Ar
0
C
Máxima Absoluta
Minima Absoluta
Temperatura Crítica Superior
Temperatura Crítica Inferior
Figura 24 - Temperatura máxima e
mínima Absoluta dentro da
recria-terminação
65
5 - CONCLUSÕES
Com base nos experimentos realizados e pelos resultados obtidos pode-
se concluir que:
- Nenhum dos tratamentos com diferentes manejos de criação de suínos com e
sem bem-estar animal, evitaram a ocorrência de comportamentos típicos de
desconforto em suínos como: não retornar a mamar e tentativa de fuga da baia
(esconder dentro do escamoteador);
- Animais desmamados aos 28 dias, conforme exige a lei de bem-estar animal
demonstraram maior incidência de comportamentos de estresse na fase de
creche e piora no desempenho dos leitões;
- A colocação de brinquedos dentro da baia como forma de enriquecimento
ambiental foi muito atraente para os animais na fase de creche, mas logo que
eles se acostumaram com o brinquedo, brincar com outro suíno tornou-se mais
interessante para eles;
- Requisitos como iluminância e pressão sonora estiveram dentro dos
parâmetros previstos para prover bem-estar animal no sistema convencional
avaliado, mas no momento da castração é recomendável a utilização de
protetores auriculares, devido ao alto nível de pressão sonora causado pelos
animais durante este manejo.
66
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
- O fato de não cortar os dentes e rabo dos suínos e proceder a castração com
a utilização de anestésico, conforme premissas do bem-estar animal, não
influenciou na resposta imune do animal quanto ao desafio sanitário avaliado;
- Um estresse prolongado em determinada fase da vida de um suíno acarreta
prejuízo em seu desempenho produtivo e este terá reflexos nas demais etapas
vindouras de sua vida;
- Algumas práticas preconizadas pelo bem-estar animal como o não corte da
cauda dos suínos são inviáveis no sistema de confinamento devido a possível
incidência de canibalismo entre os animais;
- Para o desmame aos 28 dias, conforme preconizado pelas leis de bem-estar
animal, é necessário matrizes preparadas para este tipo de manejo;
- A imunidade de um rebanho depende de multifatores dentro de uma granja,
todavia bem-estar animal resulta em um benefício a mais para os animais, mas
não deve ser o único a ser considerado neste conjunto;
- A adaptação de um sistema industrial de produção ao manejo de bem-estar
animal, requer uma mudança na concepção da produção, e está deve ser
muito bem trabalhada com os funcionários da indústria, que devem ser
treinados e conscientizados, para melhor execução da técnica;
67
- O ambiente natural de uma granja sem ajuda de nenhum sistema de
acondicionamento rmico artificial não atende as necessidades de conforto
térmico dos suínos;
- Retirar por completo a pressão do estresse sobre os animais confinados, em
condições de campo, é algo praticamente impossível. Deve-se, portanto,
trabalhar no sentido de minimizá-lo em prol da melhoria e saúde do plantel;
- Para garantir e expandir a criação de suínos no Brasil, além de manter e
melhorar os índices de produtividade do setor, é necessário que a produção
responda às demandas internacionais relacionadas ao bem-estar animal.
68
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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76
8 - ANEXO
77
8.1) Instrução Normativa Nº 56, DE 06 DE NOVEMBRO DE 2008
Situação: Vigente
Publicado no Diário Oficial da União de 07/11/2008 , Seção 1 , Página 5
Ementa: Estabelece os procedimentos gerais de Recomendações de Boas
Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e de Interesse Econômico -
REBEM, abrangendo os sistemas de produção e o transporte.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
GABINETE DO MINISTRO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 56, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2008
O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo
único, inciso II, da Constituição, tendo em vista o que dispõe a Lei5.197, de
3 de janeiro de 1967, o Decreto 5.351, de 21 de janeiro de 2005, o Decreto
nº 5.511, de 7 de agosto de 1928, o Decreto nº 5.741, de 30 de março de 2006,
e o que consta do Processo nº 21000.007717/2008-18, resolve:
Art. 1º Estabelecer os procedimentos gerais de Recomendações de
Boas Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e de Interesse
Econômico - REBEM, abrangendo os sistemas de produção e o transporte.
Art. 2º Para efeitos desta Instrução Normativa, consideram se:
I - animais de produção: todo aquele cuja finalidade da criação seja a
obtenção de carne, leite, ovos, lã, pele, couro e mel ou qualquer outro produto
com finalidade comercial;
II - animais de interesse econômico: todo aquele considerado animal de
produção ou aqueles cuja finalidade seja esportiva e que gere divisas, renda e
empregos, mesmo que sejam também considerados como animais de
produção;
III - sistema de produção: todas as ações e processos ocorridos no
âmbito do estabelecimento produtor, desde o nascimento dos animais até o
seu transporte;
IV - transporte: toda atividade compreendida entre o embarque dos
animais, seu deslocamento e o desembarque no destino final.
78
Art. Para fins desta Instrução Normativa, deverão ser observados os
seguintes princípios para a garantia do bem-estar animal, sem prejuízo do
cumprimento, pelo interessado, de outras normas específicas:
I - proceder ao manejo cuidadoso e responsável nas várias etapas da
vida do animal, desde o nascimento, criação e transporte;
II - possuir conhecimentos básicos de comportamento animal a fim de
proceder ao adequado manejo;
III - proporcionar dieta satisfatória, apropriada e segura, adequada às
diferentes fases da vida do animal;
IV - assegurar que as instalações sejam projetadas apropriadamente aos
sistemas de produção das diferentes espécies de forma a garantir a proteção, a
possibilidade de descanso e o bem-estar animal;
V - manejar e transportar os animais de forma adequada para reduzir o
estresse e evitar contusões e o sofrimento desnecessário;
VI - manter o ambiente de criação em condições higiênicas.
Art. A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo
- SDC fará publicar na imprensa oficial e em outros meios de comunicação
Manuais de Boas Práticas de Bem-Estar, que estabelecerão recomendações
de procedimentos específicos para cada espécie animal de acordo com sua
finalidade produtiva e econômica.
Art. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá
estabelecer procedimentos e critérios de certificação do cumprimento do
disposto nos Manuais de que trata esta Instrução Normativa.
Art. Esta Instrução Normativa não estabelecerá parâmetros para
propriedades onde a criação de animais for exclusivamente para a
subsistência, assim considerada aquela sem finalidade lucrativa.
Art. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua
publicação.
REINHOLD STEPHANES
79
8.2) Portaria Nº 185, DE 17 DE MARÇO DE 2008
Situação: Vigente
Publicado no Diário Oficial da União de 19/03/2008 , Seção 1 , Página 2
Ementa: Institui a Comissão Técnica Permanente para estudos específicos
sobre Bem-estar animal nas diferentes áreas da cadeia pecuária.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA No 185, DE 17 DE MARÇO DE 2008
O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo
único, inciso II, da Constituição, e tendo em vista o que consta do Processo no
21000.000897/2008-15, resolve:
Art. Instituir a Comissão Técnica Permanente para estudos
específicos sobre Bem-estar animal nas diferentes áreas da cadeia pecuária.
Art. A Comissão Técnica será constituída por Representantes das
seguintes Secretarias deste Ministério:
a) Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo -
SDC;
b) Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA; e
c) Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio - SRI.
Art. A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo
será responsável pela Coordenação desta Comissão.
Art. 4º Os representantes de cada Secretaria deste Ministério serão
designados por meio de Portaria específica do Secretário de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo - SDC/MAPA.
Art. 5º Fica facultado à Comissão, se aprovado pelo Coordenador, o
convite a outros especialistas para assessorarem sem ônus os trabalhos a
serem desenvolvidos.
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
REINHOLD STEPHANES
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