RESUMO
Na busca de antimaláricos 6 espécies do gênero Aspidosperma (Apocynaceae) foram objeto
de estudo: A. cylindrocarpon, A. olivaceum, A. parvifolium, A. ramiflorum, A. spruceanum
e A. tomentosum, além de Esenbeckia febrifuga (Rutaceae). Estas espécies são utilizadas,
popularmente, para tratamentos de malária e febres, no Brasil e outros países da América
do Sul. Os extratos em solventes orgânicos de diferentes partes destas espécies foram
submetidos a prospecção por cromatografia em camada delgada de sílica gel (CCDS) e
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), a ensaios in vitro com os clones W2 e 3d7
do Plasmodium falciparum e a avaliação da citotoxicidade em culturas de células VERO. A
prospecção por CCDS mostrou a presença de alcalóides em todas as espécies de
Aspidosperma analisadas e os perfis dos diferentes extratos foram obtidos por CLAE- FR.
Todos os extratos apresentaram atividade antiplasmódica, sendo determinadas as CI
50
entre
0,98 a 65,0 µg⁄mL. O extrato etanólico de cascas [ETOH-P (Cs)] de A. parvifolium foi
submetido à extração ácido-base sendo separadas as frações correspondentes a substâncias
neutras (APN) e básicas⁄alcalóides totais (APT) que se mostraram mais ativas que o extrato
etanólico original. Uleína foi isolada a partir do APT e apresentou CI
50
0,75 + 0,10 e 11,90
+ 0,10 µg⁄mL frente aos clonses W2 e 3d7, respectivamente. A citotoxicidade (CC50) de
ETOH-P (Cs), APT, APN e uleína, em culturas de células VERO, foi baixa para ETOH-P
(Cs) de A. parvifolium e citotoxicidade moderada para as frações e uleína (100 < CC
50
<
500 µg⁄mL) e os índices de seletividade (IS= CC
50
⁄CI
50
) foram: A citotoxicidade (CC
50
) e
os índices de seletividades (IS= CC
50
⁄CI
50
) para a atividade antiplasmódica foram: ETOH-P
(Cs): CC
50
>500µg⁄mL, IS (W2) >15,27 e IS (3d7) >24,38; APT-1: CC
50
299,7 µg⁄mL, IS
(W2)= >305,82 e IS (3d7)=39,28; APN-1; CC
50
= 449,3µg⁄mL, IS (W2)= 29,91 e IS (3d7)=
25,31 e uleína: CC
50
= 374,6 µg⁄mL, IS (W2)= 500,0 e IS (3d7)= 31,47. O extrato etanólico
de caules [ETOH-P (Ca)] de E. febrifuga forneceu 8 substâncias: 2 cumarinas (bergapteno e
isopimpinelina), 4 quinolonas (skimmiamina, kokusaginina, γ-fagarina e flindersiamina), 1
liminoide (rutaevina) e 1 acridona (1-hidroxi-3-metoxi-N-metilacridona). Nos ensaios de
atividade antiplasmódica in vitro, ETOH-P (Ca) mostrou-se moderadamente ativo (CI
50
=
15,5 + 0,75 µg⁄mL, W2; 21,0 + 1,41 µg⁄mL, 3d7) e apresentou baixa citotoxicidade para
células VERO (CC
50
>500µg⁄mL
)
. Das substâncias avaliadas a mais ativa foi a
skimmiamina (CI
50
= 19,5 + 0,71 µg⁄mL, W2; 43,0 + 1,41 µg⁄mL, 3d7). Estes são os
primeiros relatos sobre química de E. febrifuga, atividade antiplasmódica in vitro do extrato
etanólico de caules e substâncias isoladas. São também, inéditos os resultados relatados
sobre atividade antiplasmódica e citotoxicidade de diversos extratos orgânicos das 6
espécies de Aspidosperma avaliadas, bem como das frações resultantes do fracionamento
de A. parvifolium.
Palavras-chave: 1- Alcalóides, 2-Aspidosperma; 3- Esenbeckia febrifuga; 4- Atividade
antiplasmódica; 5- Citotoxicidade; 6-Índice de seletividade