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FACULDADE NOVOS HORIZONTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO
REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS:
um estudo de caso no Banco do Brasil
Rodrigo de Freitas Quirino
Belo Horizonte
2008
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Rodrigo de Freitas Quirino
REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS:
um estudo de caso no Banco do Brasil
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
Acadêmico em Administração da Faculdade Novos
Horizontes, como requisito parcial à obtenção do grau de
Mestre em Administração.
Orientadora: Profª. Drª. Vera L. Cançado
Área de concentração: Organização e Estratégia
Linha de pesquisa: Relações de Poder e Dinâmica nas
Organizações
Belo Horizonte
2008
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Q82r Quirino, Rodrigo de Freitas
Remuneração por competências: um estudo de caso no Banco do
Brasil. / Rodrigo de Freitas Quirino. Belo Horizonte, 2008.
133f., il.
Dissertação (Mestrado Acadêmico em Administração) Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração, Faculdade Novos
Horizontes, Belo Horizonte.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vera L. Cançado.
1. Remuneração por competências. 2. Banco do Brasil.. I. Cançado,
Vera L. II. Título.
Ficha catalográfica confeccionada pela bibliotecária Nilcéia Lage de Medeiros
CRB 1545/6ª região
À memória de minha mãe, Zaira,
que dedicou sua vida em prol da felicidade e realização dos filhos.
À minha amada esposa, Mirian,
companheira de todos os momentos, que dividiu comigo essa caminhada.
Aos meus filhos, Rafael, Leandro e Gustavo,
alvos constantes do meu amor incondicional.
AGRADECIMENTOS
A Deus, autor e sustentador da vida, pela força que me deu nesta jornada;
À minha orientadora, Vera L. Cançado, por sua criteriosa orientação e preciosas
contribuições durante a elaboração deste trabalho;
Aos professores Talita R. Luz e Marília N. M. Machado, por suas contribuições e
incentivo;
À minha amiga Nilcéia Lage de Medeiros, pela ajuda na revisão de normalização;
Aos colegas da Unidade Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, que foram
solidários comigo em momentos de grande dificuldade;
Ao Banco do Brasil, pelo investimento financeiro, que possibilitou a realização desta
pesquisa;
Aos colegas, que de forma anônima e paciente, responderam aos questionários e
participaram das entrevistas que fundamentaram este trabalho;
A todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram, cada um a seu
modo, para a concretização deste trabalho.
RESUMO
As pressões provocadas pelas transformações no ambiente do trabalho têm
impelido as empresas a uma redefinição de suas práticas organizacionais. As
funções e tarefas mudaram com as novas tecnologias, bem como o perfil
demandado aos funcionários. Nesse cenário, surge a gestão por competências,
como uma alternativa inovadora em gestão de pessoas, visando harmonizar os
interesses dos indivíduos com os objetivos das organizações. Alinhada a esse
modelo, a remuneração por competência, em uma abordagem estratégica, procura
reconhecer e recompensar a expressão dessas competências. Nesse enfoque, o
presente trabalho teve como objetivo principal identificar a percepção dos gerentes
de módulo do Banco do Brasil localizados em unidades de Minas Gerais sobre o
sistema de remuneração por competência adotado pela empresa. O referencial
teórico foi construído com base na articulação entre a abordagem estratégica de
remuneração e a de competência, partindo do nível organizacional para o individual,
segundo um modelo de gestão do desempenho baseado em competências. Foi
realizado um estudo de caso, de natureza descritiva, em unidades do Banco do
Brasil localizadas em Minas Gerais com gerentes de módulo. Utilizou-se a
triangulação metodológica de dados quantitativos e qualitativos. Os dados foram
levantados por meio de pesquisa documental, de aplicação de questionários e de
entrevistas semi-estruturadas. Os dados coletados foram analisados por meio de
técnicas estatísticas, do aplicativo SPSS e da técnica de construção da explanação.
Os resultados da análise fatorial sugerem que a percepção dos gerentes de módulo
pode ser explicada por três fatores: expectativas, resistências e critérios. De modo
geral, é bastante positiva a visão desses respondentes em relação ao sistema de
remuneração do fator competência, com destaque para os seguintes aspectos:
propiciar autodesenvolvimento constante; ser moderno e justo, por reconhecer o
mérito e o esforço individuais; ser capaz de corrigir distorções em relação ao
mercado; ter critérios claros e objetivos, o que facilita o planejamento da carreira e
proporciona motivação; ser vantajoso para a empresa, por colaborar para o alcance
dos resultados da organização; melhorar a compreensão da empresa como um
todo; disseminar a estratégia e o conhecimento; e aperfeiçoar a comunicação. No
entanto, alguns aspectos negativos são levados em conta: dificuldades em
mensurar a área-meio da empresa; geração de clima de tensão, possivelmente em
função do predomínio do indivíduo sobre a equipe e da possibilidade de uma
competição predatória entre os funcionários; maior sobrecarga de trabalhos
administrativos; e estrutura hierárquica que pode dificultar a continuidade de
implementação do modelo. Tais fatores indicam resistência ao modelo, ainda que de
menor relevância se comparados com as expectativas. Portanto, a empresa deve
levar em consideração esses resultados, tomando os cuidados necessários à
continuidade de implementação do modelo para todos os segmentos da
organização.
Palavras-Chave: Remuneração por competências. Competências organizacionais.
Competências individuais. Gestão do desempenho por competências.
ABSTRACT
Pressure provoked by changes in work environment has been compelling business
to a redefinition of its organizational practices. Functions and tasks have changed
due to new technologies, as well as the profile required to the employees. In this
context, the competence-oriented management model appears as an innovative
alternative in people management, aiming at balancing individuals’ interests and the
goals of the organizations. Fitted to this model, competence-oriented payment, in a
strategic approach, seeks to recognize and reward these competences. Given that,
this work mainly intended to identify Banco do Brasil’s managers perception about
the payment-oriented competence system adopted by businesses. A case study was
carried out with managers of Banco do Brazil units, placed in Minas Gerais.
Methodological triangulation of qualtitative and quantitative data were used; data
were raised through documental research, questionnaire and semi-structuted
interviews. Collected data were analized through statistical techniques, using the
SPSS Statistical Package for Social Science and through the technique
construction of explanation. The results of the factorial analysis suggest that the
managers’ perception can be explained by three factors: expectations, resistences
and criteria. In a general way, these respondants’ view in relation to the the
competence factor payment system is quite positive being focused the following
aspects: causing nonstop development, being modern and fair by recognizing
individual endeavors and merits, being able to correct distortions in relation to the
market, having objective and clear goals, causing carreer planning to be easy and
fosters motivation, being profitable for the businesses by collaborating with the
results of the organization, improving the comprehension of the business as a whole,
the strategy and knowledge spreading out and communication improving. However,
some negative aspects are taken into consideration problems in measuring the
business medium area, creation of a tension circumstance, probably because of the
individual’s prevailing over the team, and the possibility of a predatory competition
among the employees, overwhelming administrative works and hierarchy structure
able to cause the continuity of model implementation to be hard indicating
resistence to the model, but of a lesser relevance, if compared to the expectations.
So, the business should take these results into consideration, taking care of the
continuity of model implementation for all segments of organization.
Key-words: Competence oriented payment. Organizational competence. Individual
competence. Competence performance management.
LISTA DE ABREVIATURAS
ANBID
Associação Nacional dos Bancos de Investimentos
ANDIMA
Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro
BB
Banco do Brasil
CEMAN
Central de Manutenção Ltda
CHA
Conhecimento, Habilidade e Atitude
CVM
Comissão de Valores Mobiliários
GDP
Gestão de Desempenho Profissional
KMO
Kaiser-Meyer-Olkin
PCS
Plano de Cargos e Salários
PDC
Plano de Desenvolvimento de Competências
RC
Remuneração por Competências
RH
Recursos Humanos
SPSS
Statistical Package for the Social Sciences
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Modelos de competência segundo as teorias filosóficas.................. 23
Quadro 2 Conceito e classificação de competências....................................... 29
Quadro 3 Componentes de um sistema de recompensas................................ 40
Quadro 4 Preditores de expectativas e resistências......................................... 67
Quadro 5 Características do modelo de gestão por competências.................. 80
Quadro 6 Significado dos conceitos na gestão por competências................... 82
Quadro 7 Competências fundamentais............................................................ 83
Quadro 8 Competências gerenciais.................................................................. 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Pressões pela criação de novas competências nas organizações... 21
Figura 2 Identificação de competências.......................................................... 25
Figura 3 A tríade da competência .................................................................. 32
Figura 4 Modelo de gestão por competências................................................ 37
Figura 5 Componentes do sistema de remuneração tradicional ou funcional 41
Figura 6 Componentes de um sistema de remuneração estratégica.............. 45
Figura 7 Resposta organizacional para um ambiente complexo..................... 49
Figura 8 Relação entre competências e desempenho organizacional............ 59
Figura 9 Relação entre habilidades e competências na evolução de carreira 60
Figura 10 Vinculo entre avaliação de competências e remuneração................ 62
Figura 11 Processo de avaliação e certificação................................................ 64
Figura 12 Modelo Estruturado de Pesquisa...................................................... 71
Figura 13 Processo de gestão por competências............................................. 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Definição da amostragem da pesquisa......................................... 73
Tabela 2 Distribuição dos respondentes por bloco de cargos..................... 87
Tabela 3
Distribuição dos respondentes por idade, tempo de banco, no
cargo atual e cargo gerencial........................................................
88
Tabela 4 Distribuição dos respondentes por sexo....................................... 89
Tabela 5 Distribuição dos respondentes por estado civil............................. 90
Tabela 6 Distribuição dos respondentes por escolaridade.......................... 90
Tabela 7 Distribuição percentual dos cargos por nível de escolaridade..... 91
Tabela 8
Distribuição percentual da escolaridade pela variável estudo
atual..............................................................................................
92
Tabela 9 Análise fatorial e de confiabilidade da escala............................... 94
Tabela 10
Distribuição de respostas do fator expectativas por nível de
concordância e discordância........................................................
98
Tabela 11
Distribuição de respostas do fator resistências por nível de
concordância e discordância........................................................
106
Tabela 12
Distribuição de respostas do fator critérios por nível de
concordância e discordância........................................................
109
Tabela 13 Médias e desvios-padrões (DP) dos fatores do instrumento........ 111
Tabela 14 Correlações entre os fatores e as variáveis demográficas........... 113
Tabela 15 Comparação entre variáveis demográficas e fatores................... 114
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................... 17
2.1 Contextualização histórica: transformações do mundo do
trabalho................................................................................................ 17
2.2 Competências..................................................................................... 22
2.2.1 Competências organizacionais......................................................... 24
2.2.2 Competências individuais.................................................................. 28
2.2.3 Gestão do desempenho por competências...................................... 34
2.3 Remuneração...................................................................................... 38
2.3.1 Abordagem tradicional....................................................................... 40
2.3.2 Abordagem estratégica...................................................................... 44
2.3.2.1 Remuneração fixa............................................................................... 46
2.3.2.2 Remuneração por desempenho........................................................ 52
2.3.2.3 Formas especiais de recompensa..................................................... 55
2.4 Remuneração por competências....................................................... 56
3 METODOLOGIA DE PESQUISA......................................... 69
3.1 Tipo de pesquisa................................................................................. 69
3.2 Modelo de pesquisa............................................................................ 70
3.3 População e amostra.......................................................................... 72
3.4 Técnicas de levantamento de dados................................................. 74
3.5 Tratamento dos dados........................................................................ 75
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES................ 79
4.1 Descrição do modelo de gestão adotado pela empresa................. 79
4.2 Implantação do modelo de remuneração do fator competência
adotado pela empresa........................................................................
85
4.3 Caracterização da amostra................................................................ 87
4.4 Validação do questionário................................................................. 92
4.5 Percepção dos respondentes sobre o sistema de remuneração
por competências implantado pelo Banco do Brasil.......................
97
4.6 Análise de correlações entre os fatores e as variáveis
demográficas....................................................................................... 112
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................. 115
REFERÊNCIAS.................................................................... 121
APÊNDICE A........................................................................ 128
APÊNDICE B....................................................................... 133
1 INTRODUÇÃO
As mudanças que estão ocorrendo no mundo dos negócios, provocadas pelas
novas tecnologias e pelos efeitos da globalização, têm conduzido as empresas a um
processo contínuo de horizontalização de suas estruturas. Substitui-se a gestão
fundamentada na hierarquia por outros modelos de gestão, como forma de obter
melhor desempenho e produtividade e de buscar competitividade. O cenário
globalizado impele as empresas a uma redefinição de suas práticas organizacionais.
As funções e tarefas mudaram com as novas tecnologias, bem como o perfil
demandado aos funcionários. Essas novas formas de organização da produção têm
um ponto em comum, que é a necessidade de participação mais efetiva das
pessoas, tendo como base o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades
e atitudes – ou seja, o desenvolvimento de competências (BITENCOURT;
BARBOSA, 2004).
Nesse contexto, a área de Gestão de pessoas adquire maior importância,
necessitando exercer um papel mais estratégico. A gestão de pessoas busca atrelar
suas políticas e práticas aos objetivos estratégicos da organização (ULRICH, 1998).
Segundo Dutra (1996) e Flannery, Hofrichter e Platten (1997), nesse contexto de
mudança a administração de RH precisa acompanhar esse processo. Esse novo
direcionamento ou realinhamento da gestão de pessoas não implica uma
preocupação de caráter humanista por parte das empresas, mas a busca de
efetividade nos resultados, uma vez que o capital humano vem sendo considerado
um dos diferenciais que geram vantagem competitiva. Como uma das ferramentas
para tal, surge a gestão por competências, a partir dos anos de 1990, como uma
alternativa na qual a gestão das pessoas é realizada de acordo com a contribuição
dos indivíduos e das equipes para a consecução dos objetivos organizacionais,
considerando fatores como conhecimentos, habilidades, atitudes e desempenho.
Diante dessas alterações, os sistemas de gestão de desempenho e de remuneração
das organizações, em sua forma tradicional, mostram-se limitados e não atendem
mais às expectativas por parte tanto da empresa quanto dos empregados
12
(FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997). As novas formas de gestão,
caracterizadas pela flexibilidade, necessitam de um sistema de gestão de pessoas e
de remuneração também flexível. A remuneração estratégica é âncora para outras
práticas de gestão de pessoas, exercendo influência permanente no clima
organizacional, no desempenho e na produtividade das empresas (PASCHOAL,
2001).
Um sistema de remuneração estratégica busca obter maior convergência dos
interesses individuais com os objetivos organizacionais, propiciando maior
possibilidade de motivação, de melhoria do desempenho e de aumento da
produtividade. O tema “remuneração por competências” ganha destaque nesse
ambiente de transformações no mercado de trabalho em que os sistemas
tradicionais de remuneração conseguem atender apenas uma parte dos objetivos
organizacionais. Não se trata de invalidar os sistemas tradicionais de remuneração,
que têm cumprido seu papel muito tempo, mas sim de levar em consideração
sua inadequação diante das alterações nos valores, nas culturas e nas estratégias
organizacionais (FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997).
Nesse contexto de busca de novos modelos e, particularmente, de necessidade do
uso de competências na estruturação da remuneração, percebe-se que a literatura
ainda não apresenta consenso sobre como vincular competência à remuneração e
nem sobre como a remuneração deve ser estruturada: se como parcela fixa ou
variável (HIPÓLITO, 2000).
Para efeito desta pesquisa, a remuneração por competências pode ser definida
como uma forma de recompensar financeiramente a contribuição das pessoas pelo
alcance dos objetivos organizacionais. Essa recompensa é de natureza fixa,
considerando os seguintes quesitos: estabilidade salarial, ainda que momentânea; e
independência relativa de resultados, metas e desempenho (WOOD JR.;
PICARELLI, 2004a). No Brasil, pesquisas realizadas apontam que mesmo nas
empresas que adotaram o modelo de gestão baseado em competências poucas
conseguem articular a remuneração por competências (BARBOSA, 2001). A
relevância deste estudo encontra-se exatamente nessas lacunas no meio
empresarial e acadêmico.
13
Para fins da pesquisa empírica, optou-se por realizá-la no Banco do Brasil, que é
uma empresa de quase 200 anos de existência, com relevante papel na sociedade
em termos da adoção e difusão de práticas administrativas inovadoras. Trata-se de
uma sociedade de economia mista, na qual a União é o acionista majoritário. Dentre
um dos objetivos estratégicos definidos pelo acionista controlador encontra-se o
desenvolvimento de um programa de remuneração por competências. Nesse
sentido, analisar um programa de remuneração por competências adaptável ao
sistema de gestão por competências implementado na organização e ao sistema
de cargos e salários também existente torna-se de extrema relevância para a
instituição, havendo uma demanda explícita para tal.
O Banco do Brasil adota o modelo de gestão por competências desde 2005. A
partir de julho de 2007, implementou um novo componente ao sistema de
remuneração, denominado “Remuneração do fator competência”, exclusivamente
para os gerentes de módulo. O modelo adotado agrupa esses gerentes em quatro
blocos: segmentos corporate e private; segmentos empresarial, governo e alta
renda; segmentos pessoa física e jurídica; e segmento serviços. Dentro de cada
bloco existem dois níveis de competências e de remuneração: básico e avançado.
No entanto, a empresa ainda precisa implementar esse modelo para os demais
funcionários da organização.
Os funcionários do Banco do Brasil têm um alto espírito de mobilização, elemento-
chave para o sucesso de qualquer processo de mudança na organização, sobretudo
tratando-se de um tema de seu interesse direto e de alto impacto na vida do
trabalhador. Conhecer a opinião desse funcionário sobre o sistema de remuneração
por competências adotado pode ser determinante para qualquer decisão sobre esse
tema e para que os resultados sejam efetivos para a organização. Nesse sentido,
torna-se relevante a realização desta pesquisa, uma vez que traz subsídios
essenciais para uma decisão de implementação dessa prática. Além disso, pode
servir como norteador estratégico para a adequação do sistema remuneratório, a
partir do conhecimento antecipado da percepção dos trabalhadores.
14
Em termos acadêmicos, esta pesquisa contribui para a consolidação do modelo
proposto por Ribeiro (1999). Os resultados de sua pesquisa sobre a percepção dos
gerentes negociais da Caixa Econômica Federal quanto à implementação de um
sistema de remuneração por competências indicaram uma percepção positiva dos
respondentes a respeito desse modelo, analisando os fatores preditores de
resistência e de expectativas. A conclusão dessa pesquisa sugere a realização de
outros trabalhos em empresas do sistema financeiro, com vistas à comprovação de
seus resultados. Nesta dissertação, pretende-se replicar essa pesquisa
desenvolvida por Ribeiro (1999), sobretudo pela similaridade entre a Caixa e o BB e
com isso preencher uma lacuna em termos tanto empresariais como de
desenvolvimento do conhecimento. Os resultados da pesquisa no Banco do Brasil
poderão contribuir para validar essa proposição de Ribeiro (1999), avançando-se em
termos da consolidação do tema, que ainda merece maior atenção dos acadêmicos
no País.
Em vista desse quadro, a questão básica que norteou este trabalho foi: “Qual é a
percepção dos gerentes de módulo localizados nas unidades de Minas Gerais do
Banco do Brasil sobre a implantação do sistema denominado Remuneração do fator
competência?”.
Tem-se como objetivo geral: Identificar a percepção dos gerentes de módulo do
Banco do Brasil localizados em unidades de Minas Gerais sobre a implantação do
sistema denominado “Remuneração do fator competência”. E como objetivos
específicos:
a) Descrever o modelo de Remuneração do fator competência adotado pelo
Banco do Brasil;
b) Verificar os fatores de resistência e de expectativas em relação ao modelo
Remuneração do fator competência adotado pelo Banco do Brasil;
c) Verificar se há diferenças significativas na percepção dos respondentes e,
em caso afirmativo, indicar quais são essas diferenças; e
d) Comparar os resultados obtidos com a pesquisa realizada por Ribeiro
(1999).
15
Para alcançar tais objetivos, optou-se pela realização de uma pesquisa quantitativa
e qualitativa, de natureza descritiva. O levantamento dos dados foi realizado por
meio de pesquisa em documentos internos da empresa, da aplicação de um
questionário a uma amostra probabilística de gerentes de módulo do Banco do
Brasil localizados em unidades de Minas Gerais e de entrevistas semi-estruturadas
com alguns gerentes de módulo também localizados em unidades de Minas Gerais.
A análise dos dados quantitativos foi realizada por meio de técnicas estatísticas,
utilizando-se o aplicativo SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). A
análise dos dados qualitativos foi realizada por meio da técnica de construção da
explanação (YIN, 2005).
Este trabalho está estruturado em cinco capítulos, incluindo esta Introdução, em que
se apresentam o tema e o problema de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos
específicos, bem como a justificativa para o trabalho.
No capítulo 2, desenvolve-se o referencial teórico, abordando o tema competências;
gestão por competências e remuneração; e, por último, remuneração por
competências. No capítulo 3, trata-se da metodologia da pesquisa. No capítulo 4,
faz-se a análise dos dados quantitativos e qualitativos. No capítulo 5, formulam-se
as considerações finais.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contextualização histórica: transformações no mundo do trabalho
Em meados do século XVIII, com a Revolução Industrial, uma nova concepção de
trabalho altera a relação homem/trabalho, representando um golpe brutal contra os
trabalhadores da atividade camponesa e artesanal. Três características
fundamentais apresentam-se de forma clara: a separação entre o trabalhador e
trabalho; a instauração do fluxo de produção industrial; e, a imobilização dos
trabalhadores no tempo e espaço, organizando-se a co-presença (ZARIFIAN, 2001).
A separação entre trabalhador e trabalho ocorre na medida em que o trabalho passa
a resumir-se a um conjunto de operações básicas e elementares, com o objetivo de
transformar a matéria. O trabalhador transforma-se em um simples portador de
capacidades operativas, sobretudo físicas. Com a instauração do fluxo da produção
industrial, percebe-se uma forte aceleração da velocidade de produção, o que
significa a necessidade de adaptação do trabalhador a esse novo ritmo. A
conjugação desses dois elementos do fluxo é que propicia níveis cada vez mais
altos de produtividade. Por fim, essa nova concepção fixa o trabalhador no tempo e
no espaço, visto que suas atividadeso desempenhadas nas fábricas, em horários
comuns, organizando-se dessa forma a co-presença (ZARIFIAN, 2001).
A partir da década de 1980, ocorre uma nova alteração na concepção do trabalho,
pela intensificação do processo de globalização, com transformações nos ambientes
econômico, social e político. Por globalização entende-se:
Uma tendência geral à liberalização do comércio, ao desaparecimento das
barreiras não tarifárias e a um nivelamento das tarifas, aumentando assim a
liberdade do capital para saltar as fronteiras, impulsionando ainda mais o
progresso das comunicações, que fazem do mundo um mercado único
(OFICINA INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1998, p. 5).
Essa intensificação do processo de globalização é propiciada pela tecnologia
informacional, pelas telecomunicações e pela introdução da fibra ótica e de satélites.
17
Nesse contexto, a tecnologia e a informação ganham destaque, invadindo espaços
até então ocupados pelos demais fatores de produção (terra, trabalho e capital).
Percebe-se que as sociedades se organizam em torno do conhecimento, o que leva
à necessidade e ao imperativo de constantes atualizações (LUZ, 2001).
De acordo com Wood Jr. e Picarelli (2004a), as tendências socioculturais geradas
por essas transformações podem ser divididas em quatro grandes grupos. Em
primeiro lugar, destaca-se uma forte expansão do setor de serviços e de
informações, comprovada pelo aumento relativo desse setor na economia, com alto
valor agregado, associada a uma crescente utilização de dados informacionais. Em
segundo, apresentam-se as mudanças culturais, com alterações significativas dos
padrões relacionais, o abandono das tradições e o rompimento com valores éticos e
morais. Outro aspecto a ser considerado é a expansão do papel da mídia, com a
promoção atraente de novidades e modismos, desprezando as tradições ou, pelo
menos, renegando-as a planos inferiores. Por último, destacam-se a tendência de
aumento da complexidade e das turbulências, os efeitos marcantes da forte
aceleração e os inibidores da visão sistêmica e mais reflexiva.
Esse ambiente de profundas transformações, com rápidas mudanças tecnológicas,
afeta diretamente os processos de trabalho, demandando novos conhecimentos,
habilidades e qualificações. Novos produtos e serviços são exigidos pelo mercado,
impelindo as empresas a freqüentes processos de adaptação. Nesse contexto de
grande complexidade, as organizações precisam desenvolver a capacidade de
aprender de forma contínua. Por essa razão, as atividades individuais passam por
transformações radicais. O modelo taylorista-fordista, com tarefas repetitivas,
fragmentadas e padronizadas, que exigia apenas habilidades manuais do
trabalhador, cede lugar a novos modelos, com atividades bem mais complexas. A
autonomia aumenta, sobretudo para lidar com o inesperado e o imprevisível. Nesse
ambiente, a competência das pessoas adquire maior relevância para a manutenção
e o desenvolvimento da competitividade das empresas (LUZ, 2001).
Essas transformações levam à mudança no conteúdo do trabalho, que implica três
conceitos básicos: evento, comunicação e serviço. Zarifian (2001, p. 41) define
evento como “o que ocorre de maneira parcialmente imprevista, inesperada, vindo
18
perturbar o desenrolar normal do sistema de produção, superando a capacidade da
máquina de assegurar sua auto-regulagem”. Nesse sentido, o ato de trabalhar pode
ser visto como a capacidade de pressentir e enfrentar esses eventos. Esse novo
conceito desestabiliza a concepção industrial clássica de trabalho, visto que retorna
ao trabalhador a competência para enfrentar os eventos não programados,
implicando automobilização do indivíduo, o que demonstra uma reapropriação do
trabalho.
A comunicação torna-se, nessa nova concepção, um elemento essencial do
trabalho, a ponto de poder-se afirmar que “trabalhar é, em parte pelo menos,
comunicar-se”. Essa comunicação ocorre de variadas maneiras e em diversas
direções, implicando necessariamente conflitos, que proporcionam uma
desestabilização no processo, mas, por outro lado, propiciam desenvolvimento de
idéias e de ações (ZARIFIAN, 2001, p. 45). O conceito de serviço também pode ser
confundido com a concepção de trabalho, visto que pode-se entender que trabalhar
é conceber um serviço para um determinado cliente, algo que proporcione a ele
algum benefício e que, por esse motivo, justifica a sobrevivência da organização
(ZARIFIAN, 2001).
Essas transformações dão origem, nas grandes organizações, a novos modelos de
organização do trabalho. Um desses modelos é o da organização celular, formada
por pequenas equipes semi-autônomas, que organizam seu trabalho e se
responsabilizam pelos resultados. Essa organização tem a possibilidade de
estimular a formação de competências individuais, a partir das coletivas. Outro
modelo resultante desse processo é o das organizações em rede, caracterizada
pela flexibilidade e mobilidade, num sistema integrador e de interdependência. Por
último, destaca-se a organização por projeto, com o objetivo de imprimir maior
velocidade aos processos inovadores. Caracteriza-se por reunir equipes
multiocupacionais em torno de um único projeto inovador, por tempo determinado,
sendo, portanto, de natureza temporária (ZARIFIAN, 2001). Na década de 1990,
destacam-se as organizações virtuais, com produtos e serviços de qualidade para
atenderem às necessidades dos clientes, com baixo custo e em tempo real (LUZ,
2001).
19
Podem-se destacar dois elementos presentes em todos esses processos de
mudanças. Em primeiro lugar, ocorre o deslocamento da prescrição das operações
simples do trabalho para os objetivos e resultados demandados da atividade
profissional. Em segundo lugar, as competências começam a ser assumidas pelo
coletivo, porém atreladas ao indivíduo, visto que estão na dependência das pessoas
ou seja, as competências dependem dos indivíduos, podendo ser apropriadas
pelo coletivo (ZARIFIAN, 2001).
Dessa forma, modificações nos processos de trabalho provocadas pelas novas
tecnologias implicam outros tipos de exigências para com os trabalhadores. De
acordo com Hirata (1994, p. 129), “o novo conceito de produção representa uma
ruptura com o taylorismo e o fordismo, com uma nova lógica de utilização da força
de trabalho”, ou seja, novos conhecimentos e atitudes requeridas dos trabalhadores.
Essas transformações dão origem a pressões pela criação de novas competências
nas organizações. Para se manterem competitivas no mercado globalizado, as
empresas precisam de profissionais qualificados e competentes para atuarem nos
diversos processos. A FIG. 1 apresenta um resumo das diversas pressões para a
criação dessas novas competências.
20
Foco na qualidade
Pressões por melhor
qualidade nos produtos e
serviços;
Melhor entendimento das
relações cliente-
fornecedor;
Definição clara das
necessidades e desejos
do consumidor.
Novas tecnologias
Mudanças técnicas em
produtos, processos e
sistemas de informação;
Reavaliação da função
gerencial;
Mais informação, poder e
conhecimento para o
nível operacional;
Ciclo de desenvolvimento
de produtos reduzido.
Novos arranjos competitivos
Mudanças em contextos
regulatórios; privatização,
desregulamentação, etc.;
Aumento do número de
alianças estratégicas;
Aumento do número das
aquisições e fusões.
Figura 1 – Pressões pela criação de novas competências nas organizações
Fonte: Wood Jr. e Picarelli, 2004a, p. 35.
Conforme mostra a FIG. 1, as pressões para a geração de novas competências nas
organizações são cada vez em maior número e procedentes de fontes cada vez
mais variadas. A adequação da empresa para atender de forma satisfatória às
diversas demandas dos clientes precisará ser mais forte e oferecer respostas mais
rápidas. Por outro lado, as pressões provenientes das mudanças tecnológicas,
aliadas às novas configurações da concorrência e aos efeitos da globalização,
impelem as organizações a adotar processos contínuos de readaptação, sob pena
de perder mercado e, conseqüente, incorrer em dificuldade para sobreviver. Essa
reorganização tende cada vez mais para a flexibilização, de modo que a empresa
deve acelerar cada vez mais seu fluxo produtivo e obter maior produtividade. Mas
esse processo para responder a essas pressões depende essencialmente das
Internacionalização dos
negócios
Globalização dos mercados;
Redesenho dos
grupamentos econômicos
regionais: Nafta, Mercosul,
União Européia.
21
Organização mais ágil e
flexível
Descentralização em
setores maduros ou
declinantes;
Pressão por melhoria de
performance no curto
prazo;
Aumento das
terceirizações e
subcontratações;
Movimento da
“burocracia” em direção a
“adhocracia”;
Redução do nível de
formalização;
Quebras das barreiras
internas e externas nas
organizações;
Movimento acelerado de
nascimento, crescimento,
maturidade e declínio de
pequenas empresas.
Pressões para
geração de novas
competências nas
organizações
Disponibilidade de
recursos
Pressões demográficas
reduzindo disponibilidade
de recursos humanos;
Mobilidade limitada do
staff;
Provisão educacional
incapaz de atender à
demanda das empresas;
Crescimento da cultura
do “eu”, com demanda
por desenvolvimento
individual.
Poder da informação
Aumento da disponibilidade
e quantidade de
informações;
Necessidade de uso mais
efetivo das informações;
Necessidade de gerir
relações com fontes
externas de expertise.
pessoas, e nesse ponto as organizações enfrentam mais uma pressão, que é a
dificuldade de mobilizar as competências das pessoas, de forma que se tornem
disponíveis para toda a organização.
Assim, nesse contexto globalizado de mudanças freqüentes, destaca-se uma forte
demanda por profissionais que disponham de habilidades e competências mais
amplas do que aquelas requeridas pelos modelos anteriores de produção.
Consideram-se como competências as capacidades de estabelecer comunicação
oral e visual, e de criar conexões entre conhecimento e processos, de forma a
reverter esse saber em resultados úteis à organização (SANT´ANNA, 2002).
A lógica da competência está centrada, em sua essência, na mudança de
comportamento das pessoas em sua relação com o trabalho e a organização
(ZARIFIAN, 2001), sendo de grande importância entender essa abordagem de
competências no contexto organizacional.
2.2 Competências
O termo competência é utilizado com variados significados em diferentes contextos.
Pode ser a faculdade dada por lei a um indivíduo, juiz ou tribunal para julgar certas
questões (FERREIRA, 1986). No fim da Idade Média, era visto como uma linguagem
jurídica, quando dava a conhecer a competência dos tribunais para realizar
determinados julgamentos. O indivíduo competente é aquele que detém a
capacidade de cumprir a tarefa e ir além do esperado (ISAMBERT-JAMATI, 1997,
citado por LUZ, 2001).
Podem-se destacar duas abordagens principais sobre competências. A primeira,
advinda da escola francesa, considera a competência como resultado da educação
sistemática. Para a segunda, baseada nas escolas britânica e norte-americana, a
competência é referência de mercado de trabalho, com ênfase no desempenho.
Tendo essas escolas como referência, podem-se classificar os modelos de
competências com base em diversas correntes teórico-filosóficos, segundo Steffen
(1999), citado por Luz (2001), conforme apresentado no QUADRO 1.
Modelo Modelo Modelo
22
Comportamental Funcionalista Construtivista
ORIGEM
ESTADOS UNIDOS INGLATERRA FRANÇA
BASE
TEÓRICA
Teoria Behaviorista Teoria Funcionalista Teoria Construtivista
OBJETIVO
Identificar os atributos
fundamentais que permitem
aos indivíduos alcançar
desempenho superior
Construir bases
mínimas para a
definição dos perfis
ocupacionais que
servirão de apoio para
a definição dos
programas de
formação e avaliação
para a certificação de
competências.
Construir normas a
partir dos resultados da
aprendizagem,
mediante análise das
disfunções existentes e
busca da solução mais
adequada, por meio de
processo de motivação
e desenvolvimento das
pessoas.
FOCO
Centra-se nos trabalhadores
mais capacitados ou em
empresas de alto
desempenho, para a
construção das competências.
Parte da função ou
funções, que são
compostas de
elementos de
competência, com
critérios de avaliação
que indicam os níveis
de desempenho
requerido.
Desenvolve-se a partir
da população menos
competente que,
submetida a um
processo de
aprendizagem, vai
melhorando suas
competências
profissionais.
Quadro 1 – Modelos de competências segundo as teorias filosóficas
Fonte: Luz, 2001.
A despeito das diferenças entre as escolas quanto à variedade de modelos e
perspectivas, existe um ponto em comum, que define competências “como a
capacidade pessoal de articular saberes com fazeres característicos de situações
concretas de trabalho” (BARATO, 1998, p. 13).
Considerando que o termo competência tem conceitos diferenciados, sobretudo nas
esferas educativas e profissionais, faz-se necessário fixar sua determinação
conceitual levando-se em conta as especificidades e evitando com isso maiores
confusões (ROPÉ; TANGUY, 1997). Os conceitos de competência organizacional e
competência individual não representam novidade nos meios acadêmicos e
organizacionais, embora tenham maior ênfase a partir dos anos de 1990. As
competências organizacionais, por exemplo, podem ser entendidas como os pontos
fortes abordados no diagnóstico do planejamento estratégico. as competências
humanas têm sua origem na psicologia. O que de novo é uma proposta de
atrelar gestão de pessoas a estratégia organizacional, substituindo o referencial
tradicional do cargo por conjuntos de competências (ZARIFIAN, 2001).
23
2.2.1 Competências organizacionais
As competências podem ser analisadas no nível da organização. Nesse contexto, o
conceito está ligado à aprendizagem coletiva, em termos de coordenação de
capacidades de produção e de integração de tecnologias. Essas competências são
denominadas “ativos intangíveis”, pelo seu caráter de mobilidade, por serem difíceis
de imitar e de serem insubstituíveis. Nesse sentido, constituem-se como vantagem
competitiva (PETERAF, 1993, citado por LUZ, 2001).
As competências essenciais estão relacionadas com a estratégia empresarial e com
o desempenho organizacional. Wood Jr. e Picarelli (2004b) argumentam sobre a
necessidade de articulação entre competências organizacionais e competências
individuais, ressaltando que as individuais devem estar atreladas ao nível
estratégico da organização, de modo a tornarem-se efetivas. A FIG. 2 mostra a
vinculação entre a estratégia e as competências organizacionais e individuais.
24
Figura 2 – Identificação de competências
Fonte: Wood Jr. e Picarelli, 2004b, p. 75.
Observa-se que as competências essenciais são definidas a partir das estratégicas
gerais da organização, como missão e visão. Com base nelas, são definidas as
competências individuais ou pessoais, que levam em conta também as experiências
de outras organizações e a natureza dos processos.
A essência da formulação estratégica, de acordo com Porter (1998), está em lidar
com a competição, destacando as cinco forças competitivas: os concorrentes,
disputando fatias de mercado; o poder de barganha de clientes; o poder de
barganha dos fornecedores; os novos entrantes; e os produtos ou serviços
substitutos. Essas forças variam em intensidade de setor para setor da economia. O
objetivo estratégico das empresas é encontrar uma posição no setor em que possa
defender-se melhor dessas forças ou influenciá-las a seu favor. Nos anos de 1980,
Porter popularizou a expressão vantagem competitiva, tornando fundamental para
as empresas conhecer tais forças, bem como suas fontes e potenciais, para
assegurar o seu sucesso, pois as forças mais competitivas determinam a
lucratividade de um setor.
A estratégia consiste em identificar as competências necessárias para o atingimento
da visão de futuro da organização e, logo em seguida, estabelecer as competências
internas capazes de assegurar a concretização desses objetivos. Essa visão
apresenta o estado futuro desejado, a intenção estratégica da empresa, orientando
políticas e ações para minimizar a lacuna entre as competências disponíveis na
organização e aquelas necessárias à consecução dos seus objetivos (PRAHALAD;
HAMEL, 1998).
Na década de 1980, segundo Prahalad e Hamel (1998), os executivos eram
julgados por sua capacidade de reestruturar, corrigir e eliminar hierarquias; nos
25
Experiências de
outras empresas
Análise dos
Lista de processos
competências
Visão de futuro
Direcionamento
estratégico
Competências
essenciais do
negócio
Competências
pessoais
Missão da
empresa
Competências
genéricas
Competências
específicas
anos de 1990, por sua capacidade de identificar, cultivar e explorar as competências
essenciais ou core competence, que tornam possível o crescimento e permitem que
as empresas competitivas fiquem à frente dos concorrentes.
As competências essenciais relacionam-se ao aprendizado coletivo na organização,
sendo desenvolvidas à medida que são aplicadas e compartilhadas. Precisam ser
alimentadas e protegidas. Além de harmonizar correntes tecnológicas, também
estão associadas à organização do trabalho e à agregação de valor. Envolvem
comunicação e comprometimento (PRAHALAD; HAMEL, 1998).
As competências essenciais de uma empresa estão relacionadas a três fatores:
primeiro, provêem acesso potencial a uma ampla variedade de mercados; segundo,
devem ser uma contribuição significativa para os benefícios percebidos dos clientes
nos produtos finais; e terceiro, devem ser de difícil imitação pelos oponentes. Uma
empresa precisa decidir onde formar liderança de competência e atentar para não
terceirizar essa competência. Deve-se tomar o cuidado para não se desfazer das
competências essenciais ao abandonar um negócio. Se a empresa deixa de investir
na formação dessas competências, será difícil retornar ao mercado de forma
competitiva (PRAHALAD; HAMEL, 1998).
Outra definição, desenvolvida por Carbone (2006, p. 75), considera a competência
organizacional como “atributos da organização, que conferem vantagem competitiva
a ela, geram valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de ser imitados
pela concorrência”.
Ruas (2003) concorda com os autores acima citados, afirmando que a competência
organizacional deve satisfazer três critérios de validação:
a) Contribuir de modo decisivo para que os clientes recebam algum valor
agregado ao produto ou serviço;
b) Não ter sido desenvolvida pelos concorrentes, ainda que parcialmente;
c) Não pode ser imitada com facilidade e em curto prazo.
Ruas (2003) indica ainda mais dois níveis de competência organizacional:
competências seletivas, que possibilitam a diferenciação da organização no
26
mercado, seja ele regional, nacional ou mesmo internacional; e competências
básicas, que permitem a sobrevivência da organização, garantindo sua segurança e
estabilidade. O autor menciona ainda a existência de outro nível de competência
coletiva, situado entre as competências individuais e as competências
organizacionais, que denomina “competências funcionais”, ou “competências
organizacionais”, que devem ser definidas por equipes de funcionários de várias
áreas da empresa, numa visão multidisciplinar. É necessário identificar essas
competências em seus elementos constitutivos, bem como os detentores na
organização (PRAHALAD; HAMEL, 1998).
Se as competências essências são os recursos críticos das corporações, os
portadores dessas competências precisam estar onde esse potencial pode ser mais
bem explorado, e isso deve ser garantido pela alta gerência. Essas competências
são recursos corporativos e devem ser alocadas na gerência corporativa. É
necessário romper todas as barreiras que impedem a mobilidade de competências
na corporação. Os portadores dessas competências deveriam reunir-se
periodicamente para trocar informações e experiências, pois essas competências
são a fonte de novos negócios, e por isso devem constituir-se no foco para a
estratégia corporativa. A alta gerência deve agregar valor, enunciando a arquitetura
das estratégias que guiam o processo de aquisição de competências essenciais
(PRAHALAD; HAMEL, 1998).
Flannery, Hofrichter e Platten (1997) sugerem que a definição das competências
essenciais deve iniciar-se pela busca de competências-chave, localizadas nos
profissionais com nível de desempenho excelente. Após serem testadas, precisa-se
determinar se elas fazem diferença no desempenho. É fundamental esclarecer
quais são as competências humanas que devem existir entre os colaboradores para
que os objetivos organizacionais sejam plenamente atingidos. Portanto, é
necessário atrelar as competências essenciais às individuais. Na próxima seção,
serão tratadas as competências individuais, que são parte do objeto de estudo deste
trabalho.
2.2.2 Competências individuais
27
A definição de competências dependerá dos diversos sentidos e contextos em que é
empregada, podendo ser modificada em função de ênfases diferenciadas. Por essa
razão, o termo não tem clareza e definições absolutas.
De acordo com Zarifian (2001), a competência provém do indivíduo, e não da
qualificação de um emprego. É a harmonia entre conhecimentos, experiências,
comportamentos e a sua utilização numa determinada situação profissional.
A competência é “o tomar iniciativa” e o “assumir responsabilidade do indivíduo
diante de situações profissionais com os quais se depara”. Consiste em movimentar
os atores sociais num mesmo contexto, fazendo com que participem de suas ações
e assumam responsabilidades, juntamente com outros (ZARIFIAN, 2001, p. 68).
De acordo com Sant´anna (2002, p. 36), a competência é:
Uma resultante de múltiplos saberes, obtidos das mais variadas formas: via
transferência, aprendizagem, adaptação, os quais possibilitam ao individuo
uma base de conhecimentos e habilidades capazes de resolução de
problemas em situações concretas.
O conceito de competências abrange uma combinação de elementos. É o saber-
fazer e o saber-ser, que se desenvolve no dia-a-dia da profissão e compreende
iniciativas e estratégias para interpretar o mundo. Outra definição, utilizada
amplamente na França, considera um conjunto de saberes mobilizados no contexto
e nas situações relativas ao trabalho: o saber-fazer, as aptidões, os conhecimentos
específicos e a vontade de praticar e desenvolver as competências (LUZ, 2001).
O QUADRO 2, desenvolvido por Luz (2001), a partir de adaptação de Steffen
(1999), apresenta o conceito e a classificação das competências nos diferentes
países.
PAÍSES
CONCEITO CLASSIFICAÇÃO
CANADÁ
A educação se inicia com a identificação
do que se espera que o estudante seja
capaz de faze ao final do programa. A
educação baseada em competências é
um enfoque sistêmico sobre o
Qualificações acadêmicas
Qualificações de
desenvolvimento pessoal
Qualificações para
trabalhar em equipe
28
desenvolvimento e formação.
ESTADOS UNIDOS
As competências são atributos que o
empresário de alto rendimento de hoje
busca nos empregados de amanhã. A
produção de alto rendimento está
vinculada às novas formas de
organização do trabalho e se baseia no
critério de que o aumento da qualidade,
produtividade e flexibilidade é obtido pela
utilização eficaz da força de trabalho.
Competências práticas
Competências
fundamentais
Não existe um modelo
nacional unificado de
competências; cada
estado é autônomo.
FRANÇA
A competência é o conjunto de saberes
mobilizados em situação de trabalho.
Saberes ou
conhecimentos
específicos
Saberes colocados em
prática, saber-fazer,
aptidões
Inteligência pessoal e
profissional, capacidades
REINO UNIDO
Competência é o conjunto de habilidades
e conhecimentos que se aplicam no
desempenho de uma função ocupacional,
a partir das demandas requeridas pelo
emprego.
Competências específicas
do setor
Competências genéricas
Competências ou
habilidades essenciais
Quadro 2 – Conceito e classificação de competências
Fonte: Luz, 2001, p. 51.
Em termos de trabalhos desenvolvidos no Brasil, Fleury e Fleury (2001, p. 183-196)
definem competência como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica
mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem
valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”.
Dutra (2001) conceitua competência como a capacidade que cada indivíduo tem de
gerar resultados em sintonia com os objetivos estratégicos das organizações. A
competência está, nesse sentido, ligada à capacidade de o indivíduo agregar valor,
atendendo às necessidades da organização.
A competência e os saberes foram ganhando complexidade, substituindo a
qualificação. O uso do termo competências, no plural, traz a idéia de uma
diversidade ou multiplicidade de capacidades e conhecimentos adicionados ou
combinados. Enquanto a qualificação está ligada à formação recebida e codificada
em categorias ocupacionais, as competências podem ser adquiridas de variadas
maneiras e de fontes diferentes. Por isso mesmo, constituem-se em uma
prerrogativa do individuo. Enfrentar problemas e resolvê-los, em diversas situações
29
de incertezas e imprevisibilidade, é o que torna a competência diferente da
qualificação. Essa é uma distinção importante entre os conceitos de competência e
de qualificação (LUZ, 2001).
Pode-se identificar uma síntese das idéias principais acerca de competência como o
resultado da combinação de múltiplos saberes saber-fazer, saber-agir e saber-ser
–, que são capazes de proporcionar, por parte dos indivíduos, respostas adequadas
diante dos desafios impostos pelos processos de transformação produtiva (SANT
´ANNA, 2002).
A competência, na visão de Durand (1998), é considerada como um conjunto de
insumos necessários ao desempenho eficiente de indivíduos. No entanto, autores
como Zarifian (2003), Ropé e Tanguy (1997), Dutra (2001), Fleury e Fleury (2001)
alertam sobre a pertinência de se fazer uma associação entre a competência e a
ação propriamente dita.
Durand (1998) apresenta um conceito de competência individual, fundamentado em
três dimensões: conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA), englobando aspectos
técnicos, sociais e comportamentais relacionados ao trabalho. O conhecimento
corresponde à capacidade do indivíduo de processar informações e de integrá-la
sem um esquema preexistente. A habilidade é a capacidade de agir de acordo com
objetivos e processos prédefinidos, envolvendo técnica e aptidão. A atitude diz
respeito a aspectos sociais e comportamentais do indivíduo ao realizar o trabalho.
Durand (1998) enfatiza que o desenvolvimento das competências se por meio de
aprendizagem individual ou coletiva, envolvendo simultaneamente as três
dimensões do modelo proposto. Isso significa a assimilação de conhecimentos, a
integração de habilidades e a adoção de atitudes, aspectos relevantes para um
contexto organizacional específico ou para obter alto desempenho no trabalho.
Carbone (2006, p. 76) define competência individual como sendo “combinações
sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho
profissional, dentro de determinado contexto organizacional, que agregam valor a
pessoas e organizações”.
30
Sveiby (1998) ressalta a abrangência do termo competência, que costuma ficar
limitada à idéia de habilidade prática. Propõe uma analogia com a teoria de
conjuntos, própria da matemática. Ao interligar os elementos da tríade
conhecimentos, habilidades e atitudes como três conjuntos diferentes, sugerem que
a competência poderia ser representada pela área de intersecção dos mesmos,
conforme apresentado na FIG. 3.
Figura 3 – A tríade da competência (CHA)
Fonte: Adaptado de Sveiby (1998)
O conhecimento é um processo que integra tanto o conhecer quanto o agir, numa
construção histórica. Segundo Pena (1984), conhecer um objeto significa saber usá-
lo. De acordo com Sveiby (1998), o conhecimento humano pode ser analisado como
um esquema hierárquico de três níveis. No primeiro e mais básico, tem-se a
capacidade; no segundo, a competência; e no terceiro, a perícia. No ambiente
empresarial, a melhor forma de descrever o conhecimento é por meio da
competência, porém acrescenta que esse conhecimento, por ser tácito, torna-se de
difícil descrição, sendo estático e dinâmico, simultaneamente.
Nonaka e Takeuchi (1997) explicam um processo de integração e interação entre os
conhecimentos tácitos e explícitos. O conhecimento tácito é aquele que é inerente à
própria pessoa, tendo características de subjetividade e de analogias, com caráter
de grande praticidade. o conhecimento explícito, considerado como o
conhecimento da mente, é objetivo e teórico.
A habilidade pode ser definida como aptidão para a realização de algum tipo de
tarefa. Geralmente, está associada a processos motores, mecânicos, de memória
ou seja, atividades. Pode ser entendida como o saber fazer (OLIVEIRA, 1978). Na
visão de Ropé e Tanguy (1997, p. 140), habilidade é o savoir-faire, comporta os
saberes empíricos, práticos, as antigas manhas do ofício, a habilidade, o golpe de
vista”. De acordo com Coopers e Lybrand (1997, p. 102), habilidade pode ser
definida como:
31
Capacidade de realizar uma tarefa ou um conjunto de tarefas em
conformidade com determinados padrões exigidos pela organização. Uma
habilidade envolve conhecimentos teóricos e aptidões pessoais. Uma
habilidade relaciona-se à aplicação prática desses conhecimentos e
aptidões.
A atitude é a maneira de proceder, de agir, uma predisposição para o
comportamento. As atitudes têm três componentes: afeto, associado a respostas do
sistema nervoso; cognição, associado a respostas de percepção; e comportamento,
que são ações de resposta (EISER; PLIGT, 1988, citado por RIBEIRO, 1999).
No ambiente empresarial, essa tríade pode ser definida de forma integrada da
seguinte maneira: o conhecimento está relacionado ao processamento de
informações e sua correlação com as situações do trabalho; a habilidade está
relacionada ao como fazer, a executar tarefas segundo as atribuições e o papel
desempenhado; e a atitude está relacionada ao querer fazer, ao sentimento e a
iniciativa para executar determinada tarefa (RIBEIRO, 1999).
Percebe-se, portanto, que a competência individual e sua expressão no contexto do
trabalho dependem não somente da pessoa, mas também de outros fatores que,
juntos, determinarão o resultado dessa competência, que se traduz no desempenho
individual e organizacional. Nesse sentido, torna-se essencial que haja uma gestão
efetiva sobre esses fatores e sobre as pessoas, de forma que as competências
necessárias à organização sejam adquiridas e expressas no desempenho
profissional, para a concretização dos objetivos organizacionais. Esse modelo de
gestão será abordado na seção seguinte.
32
2.2.3 Gestão do desempenho por competências
A gestão de desempenho surge num contexto em que as organizações buscam
atingir os resultados almejados. Nessa busca, dedicam-se ao planejamento, à
execução, ao acompanhamento e à avaliação permanente das ações, com objetivo
de corrigir possíveis desvios, de modo a garantir o bom desempenho e os melhores
resultados. A idéia de avaliação do desempenho, até então dominante nas
organizações, tem cedido lugar à noção de gestão do desempenho. Percebe-se
com isso um processo mais ampliado e de caráter dinâmico, no qual a avaliação do
desempenho representa apenas uma parte desse fluxo. No entanto, existe uma
complementaridade e interdependência entre desempenho e competências, em que
estas contribuem para a efetivação daquele (RIBEIRO, 1999).
Varias são as ações em gestão de pessoas, empreendidas em consonância com a
lógica de competências: recrutamento e seleção, avaliação, desenvolvimento,
remuneração e retenção. A abordagem de gestão baseada em competências é mais
abrangente, visto que procura focar as pessoas e a organização ao mesmo tempo.
Nesse sentido, percebe-se um avanço (FERREIRA, 2005).
Brandão e Guimarães (1999, p. 6) assim definem gestão por competências:
A gestão por competências faz parte de um sistema maior de gestão
organizacional. Trata-se de um processo contínuo, que toma como
referência a estratégia da empresa e direciona suas ações de recrutamento
e seleção, treinamento, gestão de carreira, avaliação de desempenho e
formalização de alianças estratégicas, entre outras, para captação e
desenvolvimento das competências necessárias ao atingimento de seus
objetivos.
Ainda de acordo com esses autores, uma diferenciação entre a gestão de
competências e a gestão por competências. A primeira “diz respeito à forma como a
organização planeja, organiza, desenvolve, acompanha e avalia as competências
necessárias ao seu negócio” e a segunda “sugere que a organização divida o
trabalho de suas equipes segundo as competências” (BRANDÃO; GUIMARÃES,
1999, p. 2).
33
De acordo com Brandão e Guimarães (1999), seria melhor utilizar o termo gestão de
desempenho baseado em competências, de forma a explicitar a interdependência
entre desempenho e competências. Esse processo é concebido em fases. A
primeira é de planejamento, em que o definidos os objetivos e as metas, bem
como as competências organizacionais e individuais, com vistas à geração de
vantagem competitiva. Na fase de acompanhamento, o definidos os indicadores
de desempenho para medir os resultados. Esses indicadores podem ser qualitativos
e quantitativos. Por último, ocorre a fase de avaliação, que pode ser vista como
parte do acompanhamento ou de forma distinta.
Não um modelo ideal para ser adotado pelas empresas, pois esse precisa estar
adaptado, alinhado e coerente com o contexto empresarial. O que se pode destacar
é que deve começar com uma definição clara do que seja competência para a
organização e de que forma pode ser aplicada. A partir daí é que são identificadas
as competências organizacionais e individuais. Nesse sentido, o treinamento e o
desenvolvimento têm papel relevante para a formação dessas competências. Essa
identificação tem diferentes enfoques e metodologias, porém tem como referência
um ponto comum, que é o desempenho (RODRIGUES, 2005).
De acordo com Albuquerque e Oliveira (2002), a maioria dos pesquisadores
consideram que as competências individuais devem ser definidas a partir das
competências organizacionais, que, por sua vez, surgem das estratégias da
empresa, e não partindo da observação de empregados com alto desempenho,
como defendem alguns autores.
Na visão de Martocchio (1998), a empresa precisa adquirir e desenvolver a
habilidade para criar, implementar e aperfeiçoar programas de treinamento que
garantam o desenvolvimento de competências individuais para o sucesso do
negócio. No entanto, segundo Rodrigues (2005), torna-se difícil relacionar de forma
direta treinamento, aquisição ou desenvolvimento de competências e, por fim,
resultados obtidos, tendo em vista que a expressão dessas competências depende
também de outros fatores, como clima e relações de trabalho, além de aspectos de
caráter subjetivo.
34
Em pesquisa realizada por Barbosa, Ferraz e Teixeira (2002) em dezoito empresas
que utilizam o modelo de gestão por competências, destacaram-se os seguintes
motivos para a adoção do modelo: busca de maior competitividade, reestruturações
e necessidade de mudança para sobreviver no mercado. Outros destaques
relevantes da pesquisa apontam que, de forma geral, a elaboração do modelo se
no nível estratégico e também uma forte vinculação entre competências e
desempenho.
Pesquisa realizada por Dutra, Hipólito e Silva (1998) com gerentes de uma empresa
do setor de telecomunicações revela uma percepção positiva do modelo de gestão
por competências. Nesse trabalho, foi aplicado um questionário contendo 14
questões, numa escala Likert de 5 pontos, sendo 1 Discordo totalmente e 5
Concordo totalmente. Os resultados indicam forte concordância sobre as seguintes
questões: cumprimento dos resultados esperados (4,30); incentivos para o
desenvolvimento contínuo dos empregados (4,68); sentimento de justiça quanto a
diferenciações salariais internas (3,95); alinhamento com os níveis remuneratórios
praticados pelo mercado (4,42); eliminação de parte da subjetividade (4,16);
oportunidade de carreira (4,53).
A gestão por competências é apresentada de forma esquemática por Carbone
(2006, p. 50), adaptado a partir de Guimarães et al. (2001), como um fluxo contínuo
e retroalimentado, que pode ser visto na FIG. 4.
Figura 4 – Modelo de gestão por competências
Fonte: Carbone, 2006, p. 50.
Dentro desse fluxo, a etapa inicial envolve a formulação estratégica da organização,
com a definição da missão, da visão de futuro e dos objetivos. O próximo passo é
definir os indicadores e as metas, e identificar as competências necessárias para o
alcance dos objetivos. Depois disso, faz-se o mapeamento das competências
35
organizacionais e individuais necessárias para o desempenho esperado e identifica-
se a lacuna entre estas e as disponíveis na organização (CARBONE, 2006).
Uma vez identificadas essas lacunas, torna-se fundamental planejar ações para a
captação e o desenvolvimento das competências, de modo que estas lacunas
possam ser eliminadas ou, pelo menos, minimizadas. A captação pode ser externa,
por meio do recrutamento e da seleção. o desenvolvimento é interno e,
geralmente, proporcionado por ações de aprendizagem. Ressalta-se que, caso
esses planos o sejam implementados, a tendência dessas lacunas é aumentar,
porque, de um lado, a complexidade do ambiente é crescente e, de outro, as
competências existentes na organização vão se tornando obsoletas. Por último,
uma etapa de acompanhamento e avaliação, funcionando como um mecanismo de
feedback, em que os resultados alcançados são comparados com os esperados
pela organização. Nesse sentido, pode-se perceber a relação de interdependência
entre a gestão por competências e a gestão de desempenho, sendo que o este
“representa uma expressão, uma manifestação da competência” (CARBONE, 2006,
p. 56).
Uma vez definidas e desenvolvidas as competências, é necessário adotar um
sistema capaz de certificá-las, de modo que as organizações possam reconhecer e,
até mesmo, recompensá-las, seja individualmente ou por equipe. Essas
certificações podem ser obtidas por entidades certificadoras externas ou por meio
de sistemas de avaliação. Um desses sistemas em destaque é o Balanced
Scorecard, que permite conjugar medidas de curto prazo com medidas de longo
prazo, indicadores de natureza financeira e não financeira, e desempenhos
individuais com coletivos. Outra forma é a avaliação 360º, que contempla múltiplas
fontes de informação sobre o avaliado, inclusive os clientes, o que confere maior
grau de confiabilidade (CARBONE, 2006).
Segundo Rodrigues (2005), a competência precisa ser certificada pela organização,
para que possa ser reconhecida e recompensada. É possível que esse seja o
problema mais difícil de solucionar quando se pensa em gestão por competências.
No entanto, se a competência é fundamental para a consecução dos objetivos da
organização, torna-se essencial que ela seja reconhecida e recompensada, mesmo
36
a despeito de tantos obstáculos para a operacionalização desse reconhecimento e
recompensa, que tem sua base no sistema de remuneração. Na próxima seção,
trata-se do tema “remuneração” e, mais especificamente, da remuneração por
competências.
2.3 Remuneração
Uma organização precisa assegurar os esforços necessários para atingir seus
objetivos. Para isto, tem de criar estímulos, de forma a obter dos indivíduos a
contribuição devida para a consecução dos seus resultados. Dentre esses
estímulos, destaca-se a remuneração, de cunho essencialmente material. Qualquer
que seja a organização e quaisquer que sejam seus objetivos, “vários incentivos são
necessários, da mesma forma que certo grau de persuasão, de maneira a assegurar
e manter as contribuições para a organização, que se façam
necessárias” (BARNARD, 1979, p. 165).
A principal forma de materialização da remuneração é geralmente expressa por
meio do pagamento de salários. Essa remuneração é o valor recebido pela
produtividade, pela complexidade das tarefas executadas e pelo nível de
responsabilidade do indivíduo, segundo uma ótica financeira. Sob outra perspectiva,
essa remuneração pode ser percebida como valor pago pela força de trabalho
vendida à organização pelo indivíduo. Numa abordagem psicológica, é o valor
recebido, que proporciona a subsistência do trabalhador e sua inserção nos grupos
sociais (RIBEIRO, 1999).
A remuneração tem por objetivo fundamental proporcionar o reconhecimento e a
recompensa ao trabalhador em relação à sua contribuição pelos esforços do seu
trabalho para os resultados organizacionais. A gestão de pessoas administra o
processo de remuneração por meio de políticas e de sistemas operacionais, que
podem ser distinguidos em dois grandes eixos. De um lado, têm-se os planos de
cargos e salários, segundo uma abordagem tradicional; de outro, uma abordagem
estratégica, com mecanismos mais modernos de reconhecimento da contribuição
das pessoas para a execução dos objetivos da organização (RODRIGUES, 2005).
37
Para Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 137), “a política de remuneração de uma
organização é um conjunto de diferentes formas de recompensa, que se
complementam e buscam alinhar atitudes e comportamentos com os objetivos
organizacionais”. Um sistema de remuneração pode ser dividido em: remuneração
direta, que engloba a parcela fixa recebida pelo trabalhador pelo desempenho de
suas tarefas, geralmente, com periodicidade mensal; e remuneração indireta, que
envolve um conjunto de benefícios complementares, geralmente com o objetivo de
oferecer segurança e conforto ao trabalhador (DUTRA, 2002).
Outra classificação possível, segundo Dutra (2002), divide a remuneração nos
seguintes blocos:
a) remuneraçãosica pelo exercício de determinado cargo e de natureza
fixa;
b) remuneração por senioridade atrelada ao tempo de experiência e de
dedicação à organização;
c) remuneração por performance geralmente de natureza variável, para
reconhecer o resultado alcançado; e
d) remuneração indiretaque se apresenta na forma de benefícios, serviços
ou facilidades oferecidas ao empregado.
Outra classificação dos componentes de um sistema de recompensas é
apresentada por Hipólito (2002), conforme QUADRO 3.
Conjunto de Recompensas
Remuneração
Variável
Longo prazo (ex.: participação acionaria)
Curto prazo (participação nos lucros e resultados e comissionamento
de vendas etc.)
Remuneração
Fixa
Benefícios (assistência dica, seguro de vida, auxilio
transporte/alimentação, clube etc.)
Salário (definido como o “valor dos profissionais para a organização”,
considerando-se política salarial, mercado de trabalho, legislação,
condições financeiras da organização/setor de atividades etc.)
Outras
Recompensas alternativas (promoções, acesso a programas de
desenvolvimento, participacao em congressos e eventos etc.)
Quadro 3 – Componentes de um sistema de recompensas
Fonte: Hipólito, 2002, p. 93.
38
Nessa próxima seção, serão tratados os sistemas de remuneração: tradicional e
estratégico. Neste, com maior profundidade, será analisada a remuneração por
competências, que é o objeto central deste estudo.
2.3.1 Abordagem tradicional
Esse modelo de remuneração é reflexo do modo como o trabalho e a relação com
as pessoas o pensados. Ele se encaixa de maneira adequada a um sistema de
gestão burocrática, com uma hierarquia rígida e um forte sistema de controle. Esse
sistema impele as pessoas a agirem de forma previsível, de acordo com as
prescrições e sob cerrado controle institucional. É o que suporte à tradicional
burocracia. Devido ao caráter de previsibilidade, pressupõe que todas as tarefas
devam ser especificadas, de modo a garantir o sucesso da organização
(RODRIGUES, 2005).
Neste modelo tradicional, a definição do valor a ser pago ao trabalhadorou seja, o
valor do salário está baseada no valor relativo do cargo e no parâmetro do
mercado. Para isso, é criada uma estrutura de cargos, reforçando a hierarquia da
organização. Após, é feita pesquisa de mercado e criado um plano de salários, de
modo atrelado à estrutura de cargos (HIPÓLITO, 2000). A FIG. 5 apresenta os
componentes de uma remuneração tradicional ou funcional, como também é
denominado.
39
Figura 5 – Componentes do sistema de remuneração tradicional ou funcional
Fonte: Wood Jr. e Picarelli (2004b, p. 50)
Neste modelo, a determinação dos salários está alicerçada na medida do valor de
cada cargo, conjugado com os valores geralmente pagos pelo mercado. Nesse
sentido, primeiro, são criadas as estruturas de cargos, com base na descrição dos
mesmos, em termos de objetivos, tarefas, requisitos e responsabilidades; depois,
são estabelecidos valores, de acordo com uma estrutura salarial, com base no
mercado e nos cargos, obtendo-se, dessa forma, uma organização equilibrada
(RODRIGUES, 2005).
O modelo pressupõe um sistema de avaliação muito bem estabelecido e
reconhecido pelo mercado, aplicando-se técnicas quantitativas avançadas. O seu
alto grau de objetividade possibilita diminuir os conflitos para os gestores, visto que
o crescimento na remuneração ocorre pela ascensão vertical dentro da organização,
ou seja, pelo deslocamento para posições mais valorizadas (RODRIGUES, 2005).
No Brasil, este modelo contou, de maneira significativa, com a legislação trabalhista,
que sempre apontou para a equiparação salarial como um modelo capaz de
resguardar os interesses da classe trabalhadora e de garantir uma certa ordem
40
social. Por isso, as empresas se viram obrigadas a ampliar a quantidade de cargos,
de forma a garantir os seus resultados e, ao mesmo tempo, respeitar as leis
trabalhistas (PONTES, 1995).
De acordo com Carvalho (2001), muitas são as razões para as empresas adotarem
uma estrutura salarial, por exemplo, a possibilidade de maior organização e melhor
equilíbrio salarial na estrutura de cargos, com critérios mais objetivos, o que resulta
num crescimento profissional mais democrático e em recompensas mais justas. A
administração de cargos e salários procura garantir esse equilíbrio, tanto no meio
interno, pela constante avaliação dos cargos, quanto no meio externo, pela
equiparação salarial da organização aos níveis praticados pelo mercado.
Por outro lado, vários são os limitadores deste modelo, sobretudo diante das
profundas transformações do mercado global. Wood Jr. e Picarelli (2004b)
destacam algumas dessas limitações:
a) Inflexibilidade trata de maneira homogênea coisas diferentes, sem levar
em conta as particularidades. Sua flexibilidade é bastante restrita;
b) Falsa objetividade a organização por seu organograma formal, como
se a realidade fosse tal qual concebida. Pode-se considerar que é uma
visão reducionista da realidade;
c) Metodologia desatualizada manter um sistema de informações é algo
muito trabalhoso, que demanda tempo excessivo para a avaliação
constante dos cargos;
d) Conservadorismo reforça o modelo burocrático, bem como a hierarquia,
desviando o foco central dos clientes e dos processos críticos;
e) Anacronismo visto que as estruturas modernas são incompatíveis com
esses sistemas tradicionais, os quais podem se tornar entraves
intransponíveis, sobretudo em processos de mudanças;
f) Divergência não leva em conta a orientação estratégica da organização
e por isso, dificulta a convergência de esforços para o atingimento dos
seus objetivos.
Também Ribeiro (1999), citando Odelius e Codo (1999), destaca como limitadores
deste modelo: falta de flexibilidade; excessivo controle sobre os empregados, que
41
inibe a expressão de seu pleno potencial; e aumento dos níveis salariais, sem a
devida contrapartida de desempenho que justifique os resultados e sirvam de
suporte para esta elevação.
Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 86) complementam, destacando várias críticas a este
modelo:
a) Promove um estilo burocrático de gestão;
b) Reduz a amplitude de ação dos indivíduos e grupos;
c) Inibe a criatividade e o espírito empreendedor;
d) Não considera o foco nos clientes internos e externos;
e) Reforça a hierarquia;
f) Promove a obediência a normas e procedimentos e não a orientação
para os resultados;
g) Não tem orientação estratégica;
h) Não encoraja o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos;
i) Torna as promoções excessivamente importantes;
j) Incentiva o carreirismo”.
Apesar de todos os limitadores e críticas apresentado, este modelo ainda tem sido
largamente utilizado pelas organizações, com lugar de destaque na composição dos
sistemas de remuneração. Muitas dessas desvantagens podem ser contornadas,
desde que o sistema se modernize, procurando: alinhar os esforços individuais com
os objetivos organizacionais; criar maior orientação para processos críticos e
resultados; favorecer as práticas de gestão participativas; e realizar aperfeiçoamento
contínuo das pessoas. Se esse realinhamento não for buscado, apesar dos anos de
benefícios prestados, chegará o tempo de esgotamento deste modelo (WOOD JR.;
PICARELI, 2004a).
O grande impasse que ocorre nas organizações está no fato de que as práticas de
remuneração estão alicerçadas nos cargos, segundo uma estrutura hierárquica. Se
forem consideradas as transformações que atingem as organizações, percebe-se a
necessidade de buscar alternativas de remuneração, de forma a propiciar maior
convergência entre o esforço das pessoas e os objetivos organizacionais. A seção
seguinte aborda esse aspecto.
2.3.2 Abordagem estratégica
42
As transformações pelas quais as organizações estão passando requerem
mudanças nas estruturas, nos valores, nas práticas de gestão, nas relações com os
diversos públicos e, por fim, nos sistemas de remuneração. Nesse sentido, percebe-
se que a remuneração, de forma isolada, não se constitui em estratégia de sucesso,
mas pode tornar-se parte de um conjunto de ações estratégicas, atuando de modo
integrado e sinérgico (REIS NETO, 2004).
De acordo com Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 91), “a remuneração estratégica é
uma ponte entre os indivíduos e a nova realidade das organizações”. Essa ligação
torna-se possível de duas formas: primeira, é necessário considerar o contexto
organizacional, com suas estratégias, estruturas, estilos e, sobretudo, com sua visão
de futuro; segunda, essa ponte se constrói enquanto os empregados passam a ser
recompensados de acordo com fatores que expressam sua efetiva contribuição para
o sucesso da organização. Nesse sentido, este sistema funciona como um
catalisador de esforços, harmonizando interesses e alavancando resultados.
Ao longo dos últimos anos, muitas têm sido as formas de remuneração, sobretudo
pela necessidade de fortalecer o vínculo entre as organizações e seus empregados.
Para Wood Jr. e Picarelli (2004a), os componentes de um sistema de remuneração
estratégica podem ser classificados em oito grandes grupos: remuneração funcional;
remuneração por habilidades; remuneração por competências; salário indireto;
previdência complementar; remuneração variável; participação acionária; e outras
alternativas criativas. A FIG. 6 apresenta esses grupos de forma esquemática.
43
Figura 6 – Componentes de um sistema de remuneração estratégica
Fonte: Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 93)
A base da remuneração fixa é composta pelo conjunto das remunerações funcional,
por habilidades e por competências, sendo complementadas pelo salário indireto e
pela previdência complementar. A remuneração variável e a participação acionária
compõem a remuneração por desempenho. E, por último, as alternativas criativas,
contemplam as formas especiais de recompensa e reconhecimento.
É importante ressaltar que neste modelo proposto a remuneração por competências
afigura-se como remuneração fixa. Não consenso na literatura sobre a forma
mais adequada de remunerar competências: se de forma fixa ou variável. A escolha
do modelo dependerá de fatores como: conceito de competências adotado, cultura
organizacional e legislação trabalhista.
Considerando o conceito proposto por Fischer (1998, p. 155) de que remunerar
competências “significa, na prática, utilizar o processo de recompensa com um
mecanismo de estimulo às ações de desenvolvimento, com especial ênfase para
iniciativas individuais de autodesenvolvimento”, percebe-se uma relação direta entre
remuneração e desenvolvimento de competências, e não com a geração de
Formas especiais
Formas especiais
Formas especiais
de recompensa
Remuneração por
desempenho
Remuneração
FIXA
Base da
Remuneração
Remuneração
Remuneração
Remuneração
44
Alternativas Criativas
Remuneração
Variável
Participação
Acionária
Plano privado de aposentadoria
Salário indireto
Remuneração por
competência Remuneração
funcional
Remuneração por
habilidades
resultados. Da mesma forma, Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 127), relacionando
competências com o desempenho organizacional, afirmam que “a aplicação
consistente de um sistema de remuneração e carreira por competências gera
impactos positivos em comportamentos, que produzem resultados”. Dessa forma, a
remuneração por competências pode ser adotada como fixa, visto que não depende
diretamente do resultado e porque tem seu foco na formação de competências que
influenciam no atingimento dos resultados. Nesse sentido, percebe-se que o objetivo
da remuneração por competências é reconhecer a criação e o desenvolvimento das
competências, e não o desempenho, visto que existem outras formas de
remuneração, de natureza variável, que cumprem melhor essa finalidade.
2.3.2.1 Remuneração fixa
Esta forma de remuneração sugere, a princípio, uma estabilidade salarial e uma
independência em relação a questões como desempenho, metas e resultados. Seus
componentes são: remuneração funcional, remuneração por competências e por
habilidades, salário indireto e plano privado de aposentadoria (WOOD JR.;
PICARELLI, 2004b).
A remuneração fixa pode ser considerada como o principal elemento de
diferenciação das pessoas no meio empresarial, visto que é por meio desta
remuneração que as pessoas percebem o seu valor relativo, tanto na empresa
quanto no mercado. “No Brasil, os demais tipos de remuneração são em sua maior
parte múltiplos ou submúltiplos da remuneração fixa” (DUTRA, 2002, p. 189).
A remuneração funcional ou tradicional, conforme descrita na seção 2.3.1, está
baseada na estrutura hierárquica de cargos, no ajuste interno e externo, viabilizado
pela adequação com os níveis salariais de mercado. Esses dois ajustes é que
possibilitam o equilíbrio do sistema. É também conhecido pelo nome de Plano de
Cargos e Salários (PCS). É o modelo mais adotado pelas empresas, apesar de
poder levar ao conservadorismo e à inércia (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b;
DUTRA, 2002).
45
De acordo com Hipólito (2002), este modelo de remuneração teve seu crescimento
extraordinário devido ao aumento da complexidade das organizações. Com isso, foi
necessária a criação de parâmetros que viabilizassem o gerenciamento dessa
complexidade. Destaca ainda alguns fatores que alavancaram esse crescimento:
alinhamento com as necessidades organizacionais, focadas em tarefas, comando e
controle rigoroso; caráter objetivo deste método, que procura eliminar a
subjetividade e a imparcialidade; e por ser um método bem visto pelas autoridades
trabalhistas.
Este sistema de remuneração, baseado no cargo, funcionou muito bem e ainda tem
seu lugar de relevância, sobretudo quando aplicado a atividades nas quais se
espera dos trabalhadores basicamente a reprodução de procedimentos
estabelecidos previamente (HIPÓLITO, 2002).
A remuneração por habilidades é um dos modelos que mais cresce em termos de
utilização nos Estados Unidos, fruto das pressões internas e externas sofridas pelas
empresas. No Brasil, esse número aumenta ano após ano, apesar de o assunto
ainda ser uma novidade. É possível que por essa razão receba variados nomes nas
diferentes empresas em que é aplicado: remuneração por conhecimentos, por
habilidades certificadas ou somente por habilidades (WOOD JR.; PICARELLI,
2004a).
Este modelo de remuneração procura recompensar as pessoas não por trabalho ou
resultado específicos, mas por um conjunto de conhecimentos e habilidades
necessários ao exercício de uma determinada atividade. À medida que os
empregados adquirem novas habilidades, tornam-se mais flexíveis, com maior
capacidade de adaptação às constantes mudanças do mercado. A lógica é a de que
o mundo está mudando e quem acompanhar essa mudança e se adaptar será
recompensado (GIL, 2006).
A onda de mudanças e transformações no ambiente dos negócios resultou nas
seguintes tendências: redução dos níveis hierárquicos; valorização do trabalho em
equipe; exigência da multifuncionalidade e da visão sistêmica; aperfeiçoamento
contínuo; e forte redução dos custos. As questões-chave que surgem nesse
contexto são: a motivação dos empregados para o desenvolvimento contínuo e as
46
condições para que isso ocorra. É nesse ambiente complexo que surge a
remuneração por habilidades, como resposta a essas questões e com a capacidade
de articular o desenvolvimento individual e os objetivos organizacionais, visto que
está relacionada com a pessoa, e não com o cargo (WOOD JR.; PICARELLI,
2004a).
A remuneração por habilidades não significa um abandono em relação às
abordagens tradicionais. No entanto, sua implementação trará uma percepção de
mudança real na remuneração. Uma vantagem nesse processo de implantação é
que não será necessária a criação de uma estrutura administrativa paralela. Este
modelo revela-se bastante adequado para organizações que passaram ou passarão
por processos de reestruturação (GIL, 2006).
A FIG. 7 mostra, de forma esquemática, as pressões do ambiente complexo dos
negócios e a resposta organizacional, alicerçada por um sistema de remuneração
por habilidades.
47
Figura 7 – Resposta organizacional para um ambiente complexo
Fonte: Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 105).
As diversas pressões advindas de um ambiente altamente complexo impelem as
organizações a reverem suas práticas e modelos de gestão, de modo a
permanecerem competitivas no mercado. Nesse esforço de revisão, as equipes
capazes de se autogerenciarem tornam-se fundamentais para esse novo contexto
organizacional, e a base que pode sustentar esse tipo de equipe é exatamente um
sistema efetivo de carreira e de remuneração baseado no desenvolvimento de
habilidades.
Wood Jr. e Picarelli (2004a) destacam que os objetivos deste modelo são os
seguintes:
a) procurar alinhamento entre as necessidades estratégicas da organização
e as capacidades dos empregados;
48
RESPOSTA ORGANIZACIONAL
Flexibilidade Agilidade
Inovações Inovações
gerenciais tecnológicas
TIMES AUTOGERENCIÁVEIS
>Visão sistêmica
>Aprendizado constante
>Multiespecialização
>Empowerment
>autonomia
Sistema de sustentação
Sistema de remuneração e
carreira por habilidades
Aumento da
turbulência
Contexto
econômico
Oportunidades de
mercado
Pressões da
Comunidade
Alianças
Estratégicas
Ameaças de
Concorrentes
b) propiciar ambiente favorável ao aprendizado contínuo;
c) remunerar de acordo com as habilidades aplicadas no trabalho;
d) readequar o sistema de remuneração ao novo contexto organizacional; e
e) superar o modelo tradicional, substituindo-o por um mais flexível.
Assim, a base do sistema de remuneração passa a ser o indivíduo e suas
habilidades, e não mais o cargo, como no modelo tradicional, segundo Wood Jr. e
Picarelli (2004a). O cargo se torna periférico, cedendo lugar principal para a
habilidade ou o conjunto de habilidades, o que confere maior dinamismo e
flexibilidade ao sistema. A evolução na carreira ocorre de maneira horizontal, pela
aquisição de habilidades, seja pela necessidade da organização, seja pelo esforço
individual. As habilidades passam por um processo de avaliação e certificação que
reflete certo nível de proficiência. Podem ocorrer por meio de provas teóricas e
práticas ou pela observação no trabalho. A remuneração é definida pelo conjunto de
habilidades dos empregados e pode ser acrescida com a aquisição de novas
habilidades. Comparações com o mercado externo ajudam a equilibrar o sistema. E,
finalmente, o treinamento e o desenvolvimento passam a ser fundamentais, dando
sentido ao sistema de remuneração.
Algumas vantagens deste modelo podem ser destacadas: o foco nas pessoas abre
possibilidades concretas de desenvolvimento pessoal e profissional; o aumento de
flexibilidade torna a organização mais ágil e com tempos menores de resposta às
necessidades de mercado; e a função de gestão de pessoas passa a ter um foco
mais estratégico dentro da organização (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Este modelo, embora bastante aplicável para as atividades de execução e técnicas,
apresenta dificuldades de aplicação nos níveis gerenciais e diretivos, sobretudo pelo
grau de abstração das atividades. Para suprir essas carências, surgiu o modelo de
remuneração por competências, que será abordado na seção seguinte.
Por ser objeto desta dissertação, a modalidade de remuneração por competências
será abordada de forma mais aprofundada na próxima seção. De maneira geral, a
remuneração por competências dissocia a remuneração da função e do cargo,
centrando seu foco nas competências requeridas pelas organizações, para o
49
atingimento dos seus objetivos. Nesse sentido, procura alinhar o comportamento
dos indivíduos às estratégias empresariais. Conforme apontado, supera algumas
limitações da remuneração por habilidades, sendo aplicável nos níveis gerenciais e
diretivos da organização (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
O salário indireto é compreendido pelo conjunto de benefícios oferecidos pela
empresa aos seus colaboradores e responde por considerável parcela do mix de
remuneração. Por meio dos benefícios, as empresas projetam sua imagem na
comunidade, além de ser esta uma estratégia relevante para a atração e
manutenção de profissionais, sobretudo dos que detêm maior capacitação, posto
que essas vantagens extra-salariais têm impacto direto em sua qualidade de vida e
em seu sentimento de segurança (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Este tipo de remuneração apresenta-se, geralmente, como um complemento da
remuneração direta, visando proporcionar segurança, conforto, bem-estar e
qualidade de vida aos empregados. Pode ser o reflexo também de benefícios legais
ou fruto de acordos coletivos. Geralmente, é extensiva a todos os empregados da
empresa, sem diferenciações. Se a remuneração direta representa o que se coloca
no bolso, “a remuneração indireta é representada pelo dinheiro que não retiramos
do nosso bolso” (DUTRA, 2002, p. 182).
Pesquisa realizada pela Deloitte no segundo semestre de 2003, com cerca de 150
empresas de pequeno, médio e grande porte, nos estados do Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, mostra os
principais benefícios praticados no Brasil: aluguel de casa, ambulatório na empresa,
assistência jurídica, assistência médico-hospitalar e odontológica, automóvel, auxílio
ótica, auxílio-alimentação, auxílio-doença, auxílio-educação, auxílio-farmácia,
auxílio-refeição, check-up, combustível, complementação de gratificação de férias,
compra facilitada de produtos e serviços, cooperativas, creche, empréstimos,
estacionamentos, financiamentos, bolsa de idiomas, instrução de filhos, lazer,
seguros diversos e transporte (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Geralmente, os benefícios são oferecidos em pacotes, relacionando-se, portanto,
com os objetivos de longo prazo da organização, com o objetivo de gerar
50
comprometimento, lealdade e estabilidade. Algumas empresas começam a adotar
planos flexíveis de benefícios, dando a seus colaboradores a opção de escolha de
uma cesta de benefícios que melhor atenda ao seu perfil e de sua família (WOOD
JR.; PICARELLI, 2004b).
A remuneração tipo plano privado de aposentadoria está vinculada à questão da
segurança econômica na terceira idade, sobretudo com o crescimento da
expectativa de longevidade, demonstrando a importância dos planos
complementares de aposentadoria, tendo em vista a incapacidade do Estado de
garantir níveis satisfatórios de qualidade de vida. Nesse sentido, o objetivo desses
planos é que, ao final do contrato de trabalho, o trabalhador tenha uma renda
garantida (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Ainda de acordo com esses autores, os planos oferecidos no mercado brasileiro
podem ser de benefício definido ou de contribuição definida, segundo o tipo de
sistema: fechado ou aberto. As vantagens para a empresa são: atração e
manutenção de talentos, melhoria das relações com empregados, estímulo à
produtividade, redução de custos com encargos e redução de tributos. Para os
empregados as vantagens são: melhor qualidade de vida, menor carga tributária,
empréstimos facilitados, seguros e convênios mais acessíveis e defesa contra
adversidades (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Uma vez expostas as formas de remuneração fixa, passa-se à discussão da
remuneração por desempenho, cujos modelos procuram vincular esses dois fatores,
de forma a maximizar os resultados organizacionais.
2.3.2.2 Remuneração por desempenho
A utilização da remuneração por desempenho vem crescendo em todo o mundo.
Porém, nos dias atuais, percebe-se uma queda do uso do modelo que propõe o
pagamento por peça ou por produtividade, dando lugar a novos modelos, que
podem ser divididos em dois grandes grupos: remunerações variáveis de curto
prazo; e remunerações variáveis de longo prazo (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Esse tipo de remuneração procura premiar os resultados alcançados pelas pessoas
51
ou equipes. Geralmente, está associado a metas previamente estabelecidas, seja
individualmente ou coletivamente (DUTRA, 2002).
A participação acionária é uma forma de remuneração praticada nos Estados
Unidos e na Inglaterra, muito tempo. No Brasil, vem ocorrendo nos últimos anos,
geralmente como parte da remuneração de executivos. Tem alcançado muita
popularidade, sobretudo em razão do aquecimento do mercado acionário brasileiro.
É uma forma sofisticada e complexa de remunerar. Enfrenta dificuldades em sua
operacionalização, ora pela legislação trabalhista, ora pela regulamentação do
mercado financeiro. Observa-se também uma dificuldade de percepção do
empregado quanto a esse tipo de beneficio (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Os objetivos centrais deste modelo são: de um lado, promover maior senso de
identidade entre o empregado e a empresa, obtendo maior comprometimento; e, de
outro, direcionar os esforços para o cumprimento de metas, orientando ações para
os resultados da organização, sem que haja desembolso imediato no caixa da
organização (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Essa distribuição ocorre em função dos resultados obtidos pela organização em
determinado espaço temporal. O seu propósito básico é aumentar o nível de
comprometimento das pessoas com os resultados de longo prazo da organização.
Parte da lógica de que as pessoas buscarão melhorar os resultados
organizacionais, uma vez que serão beneficiadas com o aumento no valor das
ações (DUTRA, 2002).
As vantagens deste modelo são: aumento do comprometimento, comportamentos
proativos de melhoria, aumento do nível de colaboração e incremento de ações
individuais que agregam valor ao negócio. As formas de remunerar são as
seguintes: distribuição de ações, venda de ações, opção de compra, ações restritas,
ações virtuais e direitos sobre valorização de ações (WOOD JR.; PICARELLI,
2004b).
52
A remuneração variável é um modelo de remuneração que procura vincular
recompensa com o desempenho. Seu objetivo principal é alinhar os esforços e fazê-
los convergir para a melhoria dos resultados da organização. Pode apresentar-se de
curto ou de longo prazo (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
Os conceitos apresentados por diversos autores apontam diferenças e semelhanças
relevantes. De acordo com Guimarães (1999, p. 26),
...a remuneração variável consiste no valor, pago na forma de gratificação
bônus, prêmio, participação nos lucros ou resultados, que é adicionado ao
salário fixo do empregado, segundo uma periodicidade estabelecida pela
organização, em contraprestação ao diferencial de produtividade
apresentado pelo indivíduo, se comparando com seus pares, geralmente
ocupantes do mesmo cargo.
Segundo Pontes (1995), a remuneração variável é um processo que conjuga uma
parte fixa e outra móvel. A fixa baseia-se nas proposições anteriores; a parte
variável é resultado de fatores definidos e pactuados previamente, que levam em
conta o desempenho do funcionário, o da sua equipe de trabalho e, principalmente,
o da empresa.
De acordo com Carvalho (2001), existem quatro tipos de remuneração variável:
remuneração por resultados; participação nos lucros; participação acionária; e
remuneração por competências. A remuneração por resultados consiste no
pagamento de bonificações pelo atingimento de metas previamente estipuladas, que
podem ser distribuídas individualmente ou por equipes. A participação nos lucros
ocorre por ocasião do encerramento do balanço da empresa. Quando resultado
positivo, ou seja, lucro, parte desse montante é distribuída aos empregados como
reconhecimento pelo esforço individual e coletivo. A participação acionária também
está atrelada ao resultado da empresa. Ocorre como reconhecimento de metas
atingidas. Esta forma de remuneração reforça o vínculo do empregado com a
empresa. A remuneração por competências está associada à formação e
capacitação dos empregados, como forma de manter a competitividade. Com base
nos conceitos apresentados pela autora, não fica evidenciado o nculo de
dependência nesta forma de remuneração com desempenho e resultados. A
vinculação proposta é com a formação e a capacitação. Nesse sentido, a
53
remuneração por competências parece mais adequada se classificada como fixa,
visto não estar atrelada de forma direta ao desempenho e ao resultado.
Complementando essa lista, Reis Neto (2004) menciona os seguintes tipos de
remuneração variável: remuneração por produção; remuneração por mérito;
participação nos lucros e resultados; remuneração por competência; participação
acionária; e remuneração segundo a antigüidade, além de outras formas especiais
de recompensa. Percebe-se, no entanto, que a remuneração por competências
apresenta bastante complexidade, podendo ocorrer como pagamento temporário ou
transitório, mas também podendo ser incorporada ao salário base, sendo, nesse
caso, classificada como de natureza fixa.
O principio básico deste modelo é que os ganhos obtidos como resultado da
empresa sejam, em parte, revertidos para os funcionários, como reconhecimento
pelo esforço e a contribuição de cada um. Esse desempenho geralmente é medido
por indicadores. No entanto, nem sempre as variáveis que interferem nesses
indicadores estão sob controle dos empregados, o que dificulta a utilização desse
modelo para manter a motivação (RODRIGUES, 2005).
2.3.2.3 Formas especiais de recompensa
Alternativas criativas geralmente são utilizadas para reforçar comportamentos
positivos e tornam-se um importante componente da remuneração pelo fato de
conseguirem vincular diretamente e quase que imediatamente o reconhecimento
com o fato que o gerou. A questão básica neste modelo é saber o que reconhecer e
qual a melhor maneira de materializar esse reconhecimento, seja como retribuição
financeira ou não financeira (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
As formas mais freqüentes de remuneração financeira ou que representam, de
alguma maneira, investimento pecuniário por parte da empresa são: dia de folga,
ingressos para shows, equipamentos de apoio, como notebooks e celulares,
estágios, comemorações com a equipe, licença remunerada, participação em feiras
e congressos, presentes para familiares, valor em dinheiro, souvenirs, vales ou
cupons e viagens (WOOD JR.; PICARELLI, 2004b).
54
Das diversas formas de remuneração aqui citadas, a remuneração por
competências, um dos componentes da abordagem estratégica, será tratado na
próxima seção de forma separada, visto tratar-se do objeto principal desta
dissertação.
2.4 Remuneração por competências
O tema “Remuneração por competências” surgiu por volta dos anos de 1960,
quando a Procter & Gamble Co. começou a discutir este assunto. Em 1979, a Shell
Sarnia Canadá implantou um modelo de remuneração por competências. Na
década de 1980, esses conceitos começaram a se popularizar e se espalharam por
diversos setores da economia. Em 1993, uma pesquisa realizada por Edward Lawler
III indicava que 12% das 1000 maiores empresas da revista Fortune praticavam
algum tipo de remuneração por habilidades ou por competências (PICARELLI;
MOURA, 1995).
Ainda de acordo com esses autores, a discussão sobre esse assunto inicia-se no
Brasil por volta dos anos de 1990. A Du Pont e a Copesul foram as primeiras a
adotar um modelo de remuneração por habilidades. Em 1997, a CEMAN (Central de
Manutenção Ltda), do pólo petroquímico de Camaçari /BA, começa a implantar um
modelo de gestão por competências. Pesquisa divulgada pela Coopers & Lybrand,
em 1997, indicava que cerca de 25% das 120 empresas brasileiras pesquisadas
aplicavam algum tipo de remuneração por habilidades e competências (RIBEIRO,
1999).
De acordo com Wood Jr. e Picarelli (2004b), o crescente interesse por esse modelo
deve-se a um conjunto e fatores:
a) crescimento do setor de serviços, demandando maior qualificação dos
profissionais;
b) ascensão de empresas de conhecimento intensivo, associado ao avanço
tecnológico;
c) substituição dos modelos burocráticos por outros mais flexíveis;
d) experiência bem sucedida da implementação de remuneração por
habilidades para atividades técnicas e operacionais; e
55
e) grande popularidade da lógica de competência no meio empresarial.
A remuneração por competências pode ser definida como uma forma de
recompensar e reconhecer o esforço e a contribuição das pessoas, de maneira
individual ou por equipes, pelo alcance dos objetivos organizacionais, que são
medidos por meio dos indicadores de resultados atingidos. Nesse sentido, aparece
como remuneração variável. Porém, um dos pontos de maior dificuldade deste
modelo está exatamente na dificuldade de mensurar e relacionar competências e
resultados (RODRIGUES, 2005).
Tem sido reconhecida como uma forma de atender às demandas do mundo
globalizado e cada vez mais competitivo, visto que propicia: ganhos recíprocos para
empregados e para a organização; crescimento sustentado, uma vez que atrela a
recompensa à criação de valor para o negócio; diminuição da subjetividade, visto
que os critérios de certificação e avaliação são amplamente divulgados; e senso de
propriedade, visto que a gestão da carreira torna-se responsabilidade do trabalhador
(SOUZA, 2005).
Ainda de acordo com Souza (2005, p. 57), este modelo implica quebra do conceito
de sedimentação da organização do trabalho, baseada em processos,
“considerando o crescimento salarial na carreira como investimento para melhoria
da performance organizacional”. Considera ainda que o conceito de complexidade
esteja fortemente ligado à remuneração por competências, visto que determina o
peso relativo da atividade e, conseqüentemente, seu valor de remuneração.
Ressalta que quanto maior o nível de complexidade da atividade, “maior tende a ser
o valor agregado pelo profissional e maior deve ser a sua remuneração” (SOUZA,
2005, p. 58).
De acordo com Ribeiro (1999), o modelo de remuneração por competências pode
fazer parte tanto da remuneração fixa quanto da variável. A adoção como
remuneração variável permite partilhar os resultados e transformar parte do custo
fixo em custo variável. No entanto, essa transformação, ao mesmo tempo em que
traz vantagens à organização, pela redução do recolhimento de benefícios, por outro
lado, gera prejuízos aos empregados, pelo não recebimento dos mesmos benefícios
56
e da não incorporação desses à remuneração fixa. “Uma das razões principais para
a utilização da remuneração variável é vincular a recompensa ao esforço realizado
para conseguir determinado resultado” (WOOD JR.; PICARELLI, 2004a, p. 138).
A clareza dessa vinculação é benéfica tanto para a empresa quanto para o
empregado, convergindo para a melhoria do desempenho organizacional. Porém, de
acordo com Rodrigues (2005), qual seria a relação entre competência e resultado?
Para que se possa operacionalizar esse modelo, é necessário que essa vinculação
esteja clara. No entanto, existem outras variáveis além da competência que
interferem no resultado. Nesse sentido, remunerar competências em função do
desempenho, utilizando a avaliação desse como resultante da competência
expressa no trabalho, pode significar a redução da competência a um resultado
padronizado, que não expressa de modo efetivo sua real parcela de contribuição.
A aplicação consistente de um sistema de remuneração por competências gera
impactos positivos por meio de ações específicas, que produzem resultados e
melhoram o desempenho organizacional. A FIG. 8 mostra a relação entre as
competências e o desempenho organizacional.
57
Figura 8 – Relação entre competências e desempenho organizacional
Fonte: Wood Jr.; Picarelli, 2004a, p. 127.
Flannery, Hofrichter e Platten (1997) consideram que a remuneração por
competências pode ter um nível maior de eficácia em empresas que passaram
por um processo de reestruturação do trabalho, sendo que o sucesso deste modelo
não depende necessariamente do porte da organização. A remuneração por
competências, ao tirar o foco da função e do cargo, deslocando-o para a pessoa,
proporciona ganhos em sinergia, flexibilidade e adaptabilidade, além de tornar mais
claro o papel estratégico da área de Recursos Humanos. O crescimento horizontal
na carreira ocorre pela elevação da capacitação e, portanto, do desenvolvimento da
competência, o que acaba gerando, por conseqüência, um crescimento vertical na
carreira.
A Coopers e Lybrand (1997) ressalta que o modelo de remuneração por
competências não é adequado para todo tipo de empresa. O modelo apresenta-se
mais adequado para organizações mais avançadas, com poucos níveis hierárquicos,
equipes autogerenciáveis e um estilo de gestão participativa.
Resende (1999) destaca que um programa de remuneração por competências
precisa estar inserido em um contexto mais amplo de gestão por competências. E é
prudente ressaltar que a implantação de uma política de remuneração por
58
DESEMPENHO
ORGANIZACIONAL
RESULTADOS
AÇÕES ESPECÍFICAS
COMPETÊNCIAS A aplicação consistente de um sistema de
remuneração e carreira por competências gera
impactos positivos por meio de ações especificas,
que produzem resultados e melhoram o
desempenho organizacional.
competências seja um processo longo, no qual cada etapa precisa ser vencida com
cautela.
Embora a literatura destaque a distinção entre habilidades e competências, se se
levar em conta o conceito de competência de Durand (1998) como o conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes expressos no desempenho de determinada
atividade, pode-se concluir que a habilidade está contida na competência, não
fazendo, portanto, sentido separá-las (RIBEIRO, 1999). Porém, na prática
empresarial pode ser recomendável adotar-se o modelo de remuneração por
competências conjugado com o modelo de remuneração por habilidades,
distinguindo as atividades técnicas e operacionais das atividades diretivas e
gerenciais (WOOD JR.; PICARELLI, 2004a). A FIG. 9 mostra essa relação entre
habilidades e competências, de forma esquemática.
Figura 9 – Relação entre habilidades e competências na evolução de carreira
Fonte: Wood Jr. e Picarelli (2004a, p. 139).
A FIG. 9 apresenta como esses dois sistemas de remuneração podem coexistir
simultaneamente. Tanto as habilidades quanto as competências podem ser vistas
59
Impacto do desempenho individual
sobre o desempenho organizacional
Competências
(nível de complexidade crescente)
___________________________________
___________________________________
Habilidades
(nível de complexidade crescente)
Fase 1: Técnica
Remuneração por
habilidades
Fase 2: Transição
Remuneração por
habilidades e
competências
Fase 3: Gerencial
Remuneração por
competências
em uma escala crescente de complexidade. Nesse exemplo, um empregado do
nível técnico pode evoluir nas suas habilidades operacionais, mas tem a
possibilidade também de evoluir para atividades de liderança e coordenação, a partir
do desenvolvimento de competências.
A remuneração por competências tem características semelhantes às da
remuneração por habilidades, porém existem diferenças significativas, dentre as
quais, talvez, a mais marcante é o fato de que o modelo de remuneração por
competências esteja mais fortemente atrelado à estratégia geral da empresa.
Destacam-se outras diferenças, de acordo com Wood Jr. e Picarelli (2004a). A base
do sistema desloca-se da função e do cargo para o indivíduo e suas competências,
deixando também de privilegiar o tempo de experiência e a senioridade. A evolução
na carreira se tanto na vertical quanto na horizontal, sendo esta última mediante
a aquisição de níveis mais avançados de proficiência.
A proficiência do colaborador é avaliada por meio de uma escala, de acordo com
níveis, sendo recomendável adotar-se um modelo de avaliação de 360º. Esse
modelo de avaliação contempla múltiplas fontes de avaliadores, com o objetivo de
minimizar as distorções produzidas pela subjetividade de uma única avaliação do
superior hierárquico. Dentre as múltiplas fontes, destacam-se os clientes, que, por
serem externos à organização, trazem uma visão mais imparcial, propiciando
subsídios para a melhoria dos processos internos (GRAMÍGNIA, 2002). Se não for
possível adotar esse sistema de avaliação, dada a sua amplitude, podem-se utilizar
múltiplas fontes internas (CARBONE, 2006). A FIG. 10 mostra um exemplo de
escala de avaliação da proficiência do colaborador:
60
NOME: NOME DO AVALIADOR:
CARGO: RESPONSÁVEL:
MATRÍCULA: DATA DA AVALIAÇÃO:
PROFICIÊNCIA
Cód. Competência genérica Peso DE AP OT EX
Capacidade de atuar com foco no cliente 2 X
2 Capacidade de trabalhar em equipe 3 X
3 Capacidade de trabalhar com qualidade 1 X
4 Nononononononononononononononono 5 X
Pontuação - competências genéricas 26,67
PROFICIÊNCIA
Cód. Competência por espaço ocupacional Peso DE AP OT EX
1 Capacidade de trabalhar com organização 4 X
2 Capacidade de trabalhar com método 5 X
3 Nonononononononononononononononono 8 X
4 Nonononononononononononononononono 2 X
5 Nonononononononononononononononono 2 X
Pontuação – competências por espaço ocupacional 42,33
TOTAL DE PONTOS OBTIDOS
Figura 10 – Vínculo entre avaliação de competências e remuneração
Fonte: Wood Jr. e Picarelli, 2004a, p. 136.
O sistema de remuneração está intimamente ligado à competência do individuo que
exerce determinada função na hierarquia. Nessa estrutura, são definidas faixas
salariais, de acordo com pesquisas de mercado e com os níveis de complexidade
das atividades do cargo. Com base nos valores de mercado, são definidas as faixas
de remuneração, relacionadas com as quantidades de pontos (resultantes das
PROFICIÊNCIA
Cód. Competência específica Peso DE AP OT EX
1 Capacidade de manter informações
contábeis atualizadas
4 X
2 Capacidade de prover a Organização com
informações financeiras de fluxo de caixa
4 X
3 Nonononononononononononononononon 4 X
4 Nonononononononononononononononon 4 X
Pontuação - competências específicas 16,00
TABELA DE REFERÊNCIA
até 10
de 11 a 22
de 23 a 34
$ 1.042,00
$ 1.185,59
$ 1.348,96
de 35 a 46
de 47 a 58
de 59 a 70
$ 1.746,35
$ 1.987,00
$ 2.120,11
de 71 a 82
de 83 a 94
até 100
$ 2.413,69
$ 2.575,38
$ 2.747,91
61
AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS GENÉRICAS
AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS POR ESPAÇO OCUPACIONAL
AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
85,00
PONTOS
SARIOS
Pontos
SARIOS
avaliações de competências), que, por sua vez, são definidos de acordo com os
respectivos pesos atribuídos. A remuneração é, então, resultado direto da avaliação,
em função dos níveis de proficiência e desses pesos.
Neste modelo da FIG. 10, o empregado é avaliado nas competências, divididas em:
genéricas; por espaço ocupacional; e específicas. Nessas competências existem
vários quesitos, com os respectivos pesos, que indicam a ênfase estratégica em
determinado momento. A avaliação ocorre numa escala de proficiência de quatro
pontos: DE (competência sendo desenvolvida); AP (competência sendo aplicada);
OT (competência sendo utilizada de forma ótima); e EX (competência sendo
utilizada em estado de excelência). Nesse exemplo, depois de calculados os pontos,
a partir dos respectivos pesos, a pontuação final de 85 corresponderá na tabela de
salários de referência a um salário de R$ 2.575,38.
A lógica de remuneração pode atribuir valores específicos por competências ou
grupos de competências e também pode definir faixas mais amplas de remuneração
em um sistema de pontuações, com os seus devidos pesos. A FIG. 11 mostra a
vinculação entre o sistema de avaliação e o de certificação, como base para o
sistema de remuneração.
62
Figura 11 – Processo de avaliação e certificação
Fonte: Wood Jr. e Picarelli, 2004a, p. 110.
Este processo consiste em propiciar, num primeiro estágio, os treinamentos
necessários para a aquisição de conhecimentos e sua forma de aplicá-los ao
trabalho. Após essa fase, são realizados testes, teóricos ou práticos, para que o
empregado seja certificado no primeiro nível. Após algum tempo, em que essas
habilidades e competências serão consolidadas, pode-se passar para o nível de
proficiência, por meio de avaliação que ateste a habilitação plena do empregado.
Considerando as constantes evoluções tecnológicas e de mercado, faz-se
necessário submeter-se a uma última etapa, de natureza contínua, que é a
reciclagem, com vistas à constante atualização profissional e à adequação às
exigências de mercado.
Este modelo de remuneração, de acordo com Wood Jr. e Picarelli (2004b), tem uma
série de vantagens, dentre as quais, destacam-se as seguintes:
a) permite uma melhor compreensão da organização, como um todo;
63
> Cursos;
> Treinamento
on-the-job;
> Estudos auto- > Experiência
orientados. prática;
> Desenvolvimento > Habilitação > Novas certificações
da habilidade. plena. periódicas.
TEMPO
Primeiro ponto
de avaliação e
certificação
Teste teórico
e/ou
teste
prático
TREINAMENTO
Segundo ponto
de avaliação e
certificação
Após período
de observação
APLICAÇÃO
PROFICIÊNCIA RECICLAGEM
b) possibilita a disseminação das estratégias da organização, gerando
melhoria de performance;
c) possibilita a disseminação de conhecimento entre os empregados, o que
propicia evolução profissional;
d) funciona como poderoso instrumento de comunicação e como indutor de
comportamento na organização;
e) oferece uma base de dados dos empregados para a organização;
f) subsidia as decisões de treinamento e desenvolvimento, planos de
sucessão e seleções; e
g) gera maior comprometimento das lideranças com o desenvolvimento de
suas equipes.
Ribeiro, Guimarães e Souza (2002) citam os resultados de pesquisas realizadas por
Imberman (1999) em três empresas americanas que remuneram por competência,
nas quais se verifica um aumento de produtividade em 80% e uma redução nos
custos de qualidade da ordem de 70%. Outra pesquisa, realizada durante 37 meses,
por Murray e Gerhart (1998), citados por Ribeiro, Guimarães e Souza (2002), em
empresas que utilizam remuneração por competências indica melhoria da
produtividade (58%), menor custo de produção (16%) e aumento de qualidade
(82%).
A pesquisa realizada por Ribeiro (1999) no Brasil, com gerentes da área negocial da
Caixa Econômica Federal, visando avaliar a percepção dos funcionários sobre a
implantação de um sistema de remuneração por competências naquela instituição,
mostrou uma percepção positiva, sobretudo daqueles profissionais que estavam
investindo em seu desenvolvimento, por meio de atividades acadêmicas.
Para a realização dessa pesquisa, foram aplicados questionários contendo 40
questões na escala Likert de quatro pontos, sendo 1 “Discordo totalmente” e 4
“Concordo totalmente”. Os resultados, apresentados sob a forma de distribuição
percentual de concordância e discordância de cada item, indicam:
a) concordância de que competências essenciais devem estar ligadas ao
resultado;
64
b) preocupação em haver um descompasso entre as competências para
remuneração e as competências para atingir metas;
c) discordância de que a remuneração por competências gera maior foco
nos estudos que nos resultados;
d) concordância de que remuneração por competências aumenta a
motivação;
e) concordância de que a remuneração por competências trará crescimento
profissional;
f) concordância de que ela é mais justa e que proporcionará reconhecimento
do trabalho individual; e
g) percepção de que a legislação será um entrave para a implantação da
remuneração por competências.
Em termos da análise psicométrica da escala, foi realizada a correlação de Pearson,
sendo a extração fatorial realizada pela análise dos eixos principais e de rotação
oblíqua. O KMO foi de 0,91 e os critérios de retenção dos fatores foram de autovalor
maior que 1,00 e carga fatorial acima de 0,30. A realização de medição da
consistência interna foi mencionada, porém não discriminada.
Os resultados apontaram a existência de dois fatores. O primeiro fator agregou 19
variáveis e foi denominado “preditor de resistências”, com média de 2,44. O
segundo fator, também com 19 variáveis, foi denominado “preditor de expectativas”,
com média de 3,05. A freqüência maior do segundo fator sugere uma percepção
positiva dos gestores da Caixa Econômica Federal quanto à remuneração por
competências. Dentre os 40 itens, 2 foram retirados por possuírem carga fatorial
inferior a 0,30. O QUADRO 4 apresenta o crivo desses fatores.
65
Preditor de expectativas Preditor de resistências
1- Busca de autodesenvolvimento, dedicando
tempo para isso.
34- Descompasso entre competências e
resultados esperados.
40- Promove a auto-avaliação de conhecimentos e
a busca constante de aperfeiçoamento.
35- Dificultadores legais impedirão a
implantação da RC
20- As competências devem estar relacionadas aos
resultados.
14- Dificuldade de medir competências nas
áreas institucional e social.
12- Possibilidade de crescimento pelos méritos
individuais.
37- Os gerentes das áreas central e de apoio
dificultarão implantação se aplicável apenas no
negocial.
3- Possibilidade de a organização obter melhores
resultados.
33- Os níveis hierárquicos dificultarão o
processo de RC.
18- Possibilita premiar o empenho e o
desempenho.
4- Dificuldade de implantação pela falta de
participação.
6- Promove a atualização constante do empregado. 30- Frustração pelo não pagamento de uma
competência que o gerente possua, mas que
não é essencial.
7- A organização que utiliza a RC é moderna. 10- Identificar competências essenciais é difícil
e demorado.
36- Sucesso depende da sensibilização gerencial
para a importância.
8- Possibilidade de gerar clima de tensão.
5- A RC é fator de motivação dos gerentes. 29- Acarretará sobrecarga de trabalhos, com
avaliações e controles.
32- Promove maior capacitação dos gerentes. 9- Geração de competências “exclusivas”.
24- Possibilidade de avaliar a capacidade de cada
um.
22- Predomínio do indivíduo sobre a equipe.
27- A RC pode ser implantada em todas as áreas
da Caixa.
28- Possibilidade de competição predatória.
16- Possibilidade de reconhecimento do trabalho
individual.
21- Dificuldade de implantação pela “cultura de
serviço público”.
19- A Caixa incentivará os empregados a
adquirirem competências.
25- Dificuldade de assimilação da RC pelos
gerentes.
26- Possibilidade de planejamento da vida
funcional.
17- Pode gerar desmotivação para os gerentes
mais antigos.
15- A implantação da RC será planejada. 11- A RC dificultará o relacionamento entre os
gerentes.
31- Possibilidade de corrigir distorções salariais. 39- A RC está fadada ao fracasso, pela falta de
planejamento.
23- A Caixa proporcionará a participação de todos
no processo de implantação da RC.
38- Induz a um foco maior no estudo que nos
resultados.
Quadro 4 – Preditores de expectativas e resistências
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Ribeiro (1999).
A partir dos resultados da pesquisa, Ribeiro (1999) sugere não separar habilidades
de competências, porém usar o segundo termo de forma mais abrangente. Sugere
ainda que se devam relacionar as competências organizacionais com as
competências individuais. Identificou que as expectativas em relação à remuneração
por competências são muito maiores que as resistências. Ressaltou, entretanto, o
cuidado que se deve ter com os critérios de mensuração, com os excessos de
controles, com as questões ligadas à legislação trabalhista, com a possibilidade de
66
um clima de competição predatória e com uma tendência de predominância do
indivíduo sobre a equipe. Considera ainda que a implantação de um modelo de
remuneração por competências deve ocorrer de forma gradativa.
No tocante à presente dissertação, optou-se por replicar a pesquisa de Ribeiro no
Banco do Brasil. Define-se competências como a combinação de conhecimentos,
habilidades e atitudes expressas no desempenho profissional (CARBONE, 2006).
Toma-se o modelo de gestão do desempenho baseado em competências proposto
por Brandão e Guimarães (1999) como referência. A opção pelo modelo de
remuneração parte da categorização desenvolvida por Wood Jr. e Picarelli (2004b),
focando-se os componentes da remuneração estratégica, com ênfase especial na
remuneração por competências.
No próximo capítulo, procura-se abordar, de forma detalhada, a metodologia que
norteará esta pesquisa.
67
3 METODOLOGIA
Este capítulo tem por objetivo descrever os procedimentos metodológicos adotados
para a realização da pesquisa, assim como as razões pelas quais foram escolhidos.
Nesse sentido, apresenta-se inicialmente a descrição do tipo de pesquisa. Em
seguida, demonstram-se a população e a amostra. Por último, descrevem-se as
técnicas de levantamento de dados e a forma como foram tratados e analisados.
3.1 Tipo de pesquisa
Uma pesquisa pode ser classificada quanto aos fins e quanto aos meios, de acordo
com Vergara (1997). Quanto aos fins, esta pesquisa é de natureza descritiva.
Quanto aos meios, pode ser categorizada como um estudo de caso. Tendo em vista
o objetivo desta dissertação, optou-se pela realização de uma pesquisa quantitativa,
complementada pela pesquisa qualitativa, conjugadas por meio da técnica de
triangulação metodológica, que é o “fundamento lógico para utilizar fontes múltiplas
de evidencias” (YIN, 2005, p. 125).
A pesquisa descritiva, de acordo com Collis e Hussey (2005), tem por objetivo
descrever os fenômenos. Geralmente, é utilizada para a obtenção de informações
sobre determinado problema ou sobre algum tipo de questão.
O estudo de caso procura examinar um único exemplo de um fenômeno. Tem seu
foco em entender a dinâmica presente em um determinado ambiente (COLLIS;
HUSSEY, 2005). Esse tipo de estratégia de pesquisa busca examinar o fenômeno
contemporâneo em seu contexto, sendo recomendado quando o pesquisador tem
pequeno controle sobre os acontecimentos e quando os fenômenos podem ser
encontrados na vida real (YIN, 2005). Nesta pesquisa, o estudo foi realizado no
Banco do Brasil, nas unidades de Minas Gerais, nas quais foi implantado o
sistema de remuneração do fator competência.
O todo quantitativo tem seu foco na mensuração dos fenômenos. Procura
coletar, agrupar e analisar dados numéricos, aplicando a estes testes estatísticos
68
(COLLIS; HUSSEY, 2005). Com vistas a conhecer a percepção dos gerentes de
módulo localizados nas unidades de Minas Gerais do Banco do Brasil sobre a
implantação do sistema de remuneração do fator competência, aplicou-se um
questionário baseado em Ribeiro (1999).
A pesquisa qualitativa permite maior foco nos aspectos subjetivos, que geralmente
envolvem as investigações no campo das ciências sociais e possibilitam abordar
“um fenômeno ou situação mediante um estudo realizado em determinado espaço-
tempo” (LAKATOS, 1999, p. 22). A fim de completar as informações levantadas
pelos questionários aplicados, foram entrevistados seis gerentes de módulo.
A triangulação metodológica consiste na utilização de variados métodos e técnicas
de pesquisa em um mesmo estudo. Apresenta vantagens como: desenvolvimento
de linhas convergentes de investigação; e possibilidade de ampliação da visão
sobre o objeto de pesquisa, rompendo o preconceito e a esterilidade propiciados
pela abordagem de um único método (COLLIS; HUSSEY, 2005; YIN, 2005).
3.2 Modelo de Pesquisa
A pesquisa realizada neste trabalho tomou como base um modelo estruturado
desenvolvido para nortear seu delineamento, que serviu de orientação durante todas
as fases do trabalho de pesquisa. A FIG. 12 apresenta, de forma esquemática, este
modelo estruturado de pesquisa.
69
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Zarifian (2001), Luz (2001), Wood Jr. e Picarelli (2004)
COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA
Prahalad e Hamel (1998), Wood Jr. e Picarelli (2004),
Wood Jr. e Picarelli (2004) Dutra (2002), Hipólito (2002)
GESTÃO DE DESEMPENHO
POR COMPETÊNCIAS
Brandão e Guimarães (1999),
Carbone (2006)
COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS
Zarifian (2001), Luz (2001), Wood Jr. e Picarelli (2004), Rodrigues (2005),
Durand (1998), Sveiby (1998) Carbone (2006), Ribeiro (1999)
EXPECTATIVAS RESISTÊNCIAS
Figura 12 – Modelo Estruturado de Pesquisa
Fonte: Autor da Dissertação
O modelo de pesquisa descrito na FIG. 12 parte das transformações no mundo do
trabalho, que têm compelido as organizações, por um lado, ao desenvolvimento de
competências organizacionais e, a partir dessas, ao desenvolvimento das
competências individuais. Por outro lado, essas transformações têm pressionado as
organizações para uma abordagem estratégica da remuneração e, neste trabalho
procurou-se abordar a remuneração por competências. A Gestão do desempenho
por competências procura integrar e harmonizar essas vertentes evidenciadas no
modelo de pesquisa.
A partir do modelo de pesquisa estruturado por Ribeiro (1999), procurou-se verificar
a percepção dos gerentes de módulo quanto ao modelo de remuneração adotado,
identificando as suas expectativas e resistências. Nesse sentido, as resistências
refletem uma percepção negativa e as expectativas uma percepção positiva.
70
3.3 População e amostra
O estudo de caso foi realizado em unidades do Banco do Brasil localizadas em
Minas Gerais, tendo como critério ter implantado o sistema de remuneração do
fator competência. O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, do ramo
financeiro. A escolha da empresa deveu-se aos seguintes motivos:
a) interesse da empresa no desenvolvimento deste trabalho acadêmico,
como forma de oferecer subsídios para a expansão e melhoria do
programa de remuneração do fator competência; e
b) facilidade na obtenção de dados pelo pesquisador, tendo em vista que é
funcionário da empresa.
A população desta pesquisa é constituída pelos gerentes de módulo da instituição
localizados em unidades do Estado de Minas Gerais. Essa opção deve-se ao fato
de o pesquisador trabalhar na unidade de gestão de pessoas em Minas Gerais, o
que propicia maior facilidade na obtenção dos dados critério de acessibilidade,
conforme apontado por Vergara (1997).
A amostragem para esta pesquisa, de acordo com Selltiz, Wrightsman e Cook
(1987a, Triola, 1999), é probabilística estratificada. Foi utilizada a fórmula 1 para
dimensionamento de amostra:
Fórmula 1: em que:
Fonte: Triola, 1999.
Tendo sido definida uma margem de erro máxima de 0,05 e um intervalo de
confiança de 95%, obteve-se uma amostra de 270 respondentes. Essa amostra foi
estratificada de acordo com grupamento profissional, conforme TAB. 1.
71
N = número da população
n = número da amostra
Zo² = coeficiente tabelado e função da certeza
e² = erro de estimativa
[ ]
2
0
2
0
2
4
1 e
4
N
Z
n
Z
N
=
+
Tabela 1 – Definição da amostragem da pesquisa
Bloco/Segmento N (população) % N (amostra)
Corporate /Private 31 1,7 5
Empresarial/Governo/Alt
a renda
163 8,9 24
Pessoa física e jurídica 842 46,1 124
Serviços 791 43,3 117
Total 1827 100 270
Fonte: Dados de pesquisa.
Essa estratificação está alinhada ao modelo de relacionamento da empresa com
seus clientes. O segmento Corporate atende empresas com faturamento anual
acima de 150 milhões de reais, exigindo consultoria especializada. Nesse mesmo
bloco estão as agência Private, criadas para atender clientes que demandam
consultoria financeira e que têm renda acima de um milhão de reais. No segundo
bloco estão as agências: Empresarial, que atendem médias e grandes empresas
com faturamento entre 15 e 150 milhões de reais; as agências Governo, com
atendimento diferenciado para o poder público, em todas as suas esferas; e as
agências Estilo, que atendem o segmento de Alta Renda, com renda mensal acima
de 6 mil reais. O terceiro bloco abrange os atendimentos nas agências da rede de
varejo, para micro e pequenas empresas e pessoas físicas com renda entre 2 e 6
mil reais mensais. Por fim, o último bloco atende os demais clientes pessoa física e
os clientes não correntistas do banco, sendo também responsável pela prestação de
serviços.
Para cada segmento de clientes a empresa adota módulos de atendimento
diferenciados, e para isso conta com gerentes de módulo, que são os responsáveis
pela gestão dessas carteiras de clientes e por atender suas necessidades, de forma
diferenciada.
A seleção dos gerentes entrevistados se deu por critério de conveniência
(VERGARA, 1997). Foram selecionados para entrevista seis gerentes de módulo
que estavam em treinamento na unidade Gestão de Pessoas localizada em Belo
Horizonte, no período de 14 abril a 30 de maio/2008. Foram entrevistados dois
gerentes do módulo Atendimento/Serviços, dois do módulo Pessoa Física/Jurídica,
um do módulo Empresarial/Governo/Alta Renda e um do módulo Corporate/Private.
72
3.4 Técnicas de levantamento de dados
O levantamento de dados foi realizado por meio de fontes primárias e secundárias.
Inicialmente, visando descrever o sistema de remuneração do fator competência,
realizou-se uma pesquisa em documentos internos do Banco do Brasil. Também
foram feitas consultas no site da Intranet do Banco e no LIC Livro de Instruções
Codificadas (BANCO DO BRASIL, 2008a, 2008b), que é o documento que
normatiza todo o conjunto de atividades do Banco.
Para o levantamento de dados primários acerca da percepção dos funcionários
sobre a remuneração por competências, aplicou-se um questionário adaptado do
instrumento desenvolvido por Ribeiro (1999), validado em pesquisa anterior
realizada em outra empresa do ramo financeiro. De acordo com Selltiz, Wrightsman
e Cook (1987b), uma alternativa viável é a utilização de questionários e escalas
desenvolvidos e aplicados por outros pesquisadores, pois não ajudam a
esclarecer idéias como também fornecem excelente parâmetro comparativo.
O questionário (APÊNDICE A) contém 40 perguntas padronizadas, com escala
sobre remuneração por competências, do tipo Likert, alterada de 4 pontos na
pesquisa anterior para 6 pontos; uma seção para registro de dados demográficos e
funcionais dos respondentes; e um espaço para observações livres. Algumas
questões do questionário foram alteradas para abordar temas como “forma de
remuneração”, “critérios” e “vantagens”, e para adequar-se à realidade da empresa
pesquisada. Essas questões figuram no questionário com os números 4, 9, 10, 13,
15, 16, 19, 21, 23, 25, 30, 34 e 35.
Esses questionários, juntamente com envelopes-resposta, foram enviados em
envelope lacrado, por meio de malote interno do banco. As respostas retornaram
pela mesma via, dentro do envelope-resposta. Foram elaboradas mensagens, via
correio eletrônico, para todos os selecionados na amostra, apresentando a proposta
da pesquisa e solicitando a resposta no menor tempo possível. Duas semanas após,
foram enviadas novas mensagens aos selecionados, agradecendo pela participação
e reiterando o pedido de envio daqueles que ainda não o fizeram. Na semana
73
seguinte, foram enviadas mensagens agradecendo novamente a participação de
todos e alertando para o último prazo para envio dos questionários respondidos.
Dos 650 questionários enviados, 286 retornaram. Destes, foram descartados 13,
que não estavam respondidos em sua totalidade, permanecendo, portanto, um total
de 273 questionários, com uma nova margem de erro máxima de 0,05 e um
intervalo de confiança de 95%. Os dados dos questionários foram digitados e
armazenados em um banco de dados, no aplicativo SPSS (Statiscal Package for the
Social Sciences).
Em seguida ao levantamento dos dados quantitativos, foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas (APÊNDICE B), com seis gerentes de módulo, representativos
dos quatro segmentos de remuneração adotados pela empresa com o objetivo de
obter maior aprofundamento da percepção em cada bloco/segmento. As entrevistas
foram realizadas na unidade Gestão de Pessoas localizada em Belo Horizonte, por
ocasião de eventos de treinamentos internos promovidos para os segmentos
gerenciais. As informações das entrevistas foram anotadas e, posteriormente,
digitadas em banco de dados específico, de acordo com as categorias
estabelecidas.
3.5 Tratamento dos dados
Os dados obtidos na pesquisa documental foram utilizados com o objetivo de
descrever o modelo de remuneração do fator competência, adotado atualmente pelo
Banco do Brasil.
A análise dos dados quantitativos foi realizada por técnicas estatísticas, utilizando o
aplicativo SPSS (Statiscal Package for the Social Sciences). Para a caracterização
da amostra, foi utilizada a estatística descritiva, que visa apresentar as variáveis
biográficas e funcionais, por meio da distribuição de freqüência.
Para análise das questões referentes à percepção dos gerentes, foi utilizada a
estatística analítica. Primeiramente, para verificar a existência de correlações entre
as variáveis e avaliar se a análise fatorial seria adequada, foi utilizado o teste de
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). Essa medida pode variar de 0 a 1,00, sendo que valores
74
acima de 0,5 indicam que a análise fatorial é apropriada (MALHOTRA, 2001). Foi,
então, realizada a análise fatorial do tipo exploratória (PAF; Rotação oblíqua),
visando verificar quais variáveis se agrupam para formar fatores que expliquem as
correlações entre as variáveis, bem como as médias desses fatores (HAIR JR. et al.,
2005). Os dados dos questionários foram então submetidos ao procedimento de
análise fatorial, com base em matrizes de correlação de Pearson. Esse todo
possibilita a determinação de padrões envolvidos em um grande numero de
variáveis, “destinando-se, essencialmente, à redução e sumarização dos dados”, de
acordo com Malhotra (2001, p. 504). Ainda segundo Hair Jr. et al. (2005, p. 91),
esse método permite a “análise da estrutura das correlações entre as variáveis,
definindo um conjunto de dimensões latentes comuns, chamadas de fatores”.
Para a escolha do mero de fatores, foram utilizados os processos de análise dos
eixos principais e de rotação oblíqua. Para a retenção dos fatores, optou-se pelo
critério de autovalor maior que 1,0 e carga fatorial maior que 0,30. De acordo com
Hair Jr. et al. (2005, p. 101) cargas fatoriais acima de 0,30 e autovalores maiores
que 1,0 o considerados significantes. Ainda segundo este autor “usar o autovalor
para estabelecer um corte é mais confiável quando o número de variáveis está entre
20 e 50”, como é o caso do nosso instrumento, que possui 40 variáveis.
Para a análise da confiabilidade interna ou de consistência interna da escala, foi
utilizado o coeficiente Alpha de Cronbach. Essa “medida é comumente usada para
aferir a confiabilidade de um conjunto de dois ou mais indicadores de um construto”.
Os valores variam de 0 a 1,0, sendo que as medidas mais altas indicam maior
confiabilidade (HAIR JR. et al., 2005).
Para verificar os níveis de concordância e discordância em relação às assertivas do
questionário, realizou-se uma análise descritiva das respostas. As freqüências de
concordância (4- Concordo pouco; 5- Concordo muito; 6- Concordo totalmente)
foram somadas e distribuídas numa escala decrescente de concordância, o mesmo
ocorrendo com as freqüências de discordância (1- Discordo totalmente, 2- Discordo
muito, 3- Discordo pouco), que também foram somadas e distribuídas, porém numa
escala crescente de discordância.
75
Com o objetivo de verificar a influência das variáveis demográficas e do bloco/
segmento de gerentes de módulo em relação à percepção dos respondentes sobre
os fatores, foram efetuadas análises de correlação, utilizando os testes de
comparação entre médias e análise de variância (teste T e One Way ANOVA).
Os resultados obtidos foram comparados aos da pesquisa realizada por Ribeiro
(1999), com o objetivo de verificar a consistência do modelo, tendo em vista a
alteração de 13 das 40 questões e da escala de Likert de 4 para 6 pontos. Além
disso, destaca-se o fato de o modelo de remuneração do fator competência estar
implementado nos segmentos que participaram da amostra de respondentes do
questionário.
A seguir, as entrevistas foram categorizadas segundo as variáveis analisadas:
descrição do modelo de remuneração por competências e os fatores de
expectativas, de resistências e de critérios. Para cada entrevistado foi atribuído um
número seqüencial, da seguinte forma: E1, E2, e assim sucessivamente. Da mesma
forma, os comentários dos questionários foram classificados como Q.1, Q.2... até
chegar a Q.273, que é o último questionário.
Os resultados das entrevistas e os comentários constantes dos questionários foram
confrontados entre si, com os resultados dos dados quantitativos e com a teoria, por
meio da técnica construção da explanação (YIN, 2005). Teve-se como objetivo
aprofundar questões que o questionário não abordou/elucidou e tentar captar
percepções subjetivas que não foram explicitadas nos dados quantitativos.
Os dados quantitativos, obtidos por meio dos questionários, e os dados qualitativos,
obtidos por meio das entrevistas e dos comentários livres dos questionários, foram
analisados de forma complementar, por meio da técnica de triangulação
metodológica, que possibilita a visão de um mesmo objeto por meio de ângulos
diferentes. Em estudos de caso, recomenda-se a utilização de mais de uma fonte de
evidências, sendo esta técnica um ponto forte da pesquisa. A triangulação adotada
é a metodológica, visto que procura triangular dados de natureza quantitativa e
qualitativa, simultaneamente, de modo a obter convergência dessas evidências e
conclusões complementares, em um mesmo estudo de caso (YIN, 2005).
76
Os resultados das análises quantitativas e qualitativas indicadas acima são
discutidos no próximo capítulo.
77
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para compreender a vinculação entre competência e remuneração, torna-se
necessário conhecer o conceito de competência definido pela organização e sua
forma de avaliação. Nesse sentido, foi apresentada a descrição do modelo de
gestão do desempenho baseado em competências, bem como a remuneração do
fator competência vinculada a esse modelo. Em seguida, apresentou-se a
caracterização da amostra pesquisada, assim como a percepção dos respondentes
sobre o modelo de remuneração do fator competência adotado pela empresa, por
meio dos resultados dos questionários, dos comentários e das entrevistas.
4.1 Descrição do modelo de gestão adotado pela empresa
1
O modelo é adotado na empresa desde 2005, tendo por objetivos: disponibilizar
informações que permitam a gestão do desempenho dos funcionários, de maneira
vinculada aos objetivos organizacionais; direcionar ações de capacitação e
desenvolvimento de competências, visando alcançar os resultados da organização;
e democratizar as relações de trabalho. As premissas desse modelo são as
seguintes (BANCO DO BRASIL, 2005):
a) O sistema deve contribuir para a empresa cumprir sua missão e seus
objetivos estratégicos;
b) Para cumprir sua missão e seus objetivos estratégicos, a empresa precisa
de competências diversas;
c) As competências devem ser desenvolvidas em processo orientado e
contínuo;
d) A exigência quanto ao desempenho deve levar em conta o papel
ocupacional e a responsabilidade do cargo;
e) A avaliação será mais fidedigna se for por múltiplas fontes;
f) O sistema deve integrar aspectos financeiros e não-financeiros, de curto e
de longo prazo;
g) O instrumento não deve ser usado para coerção e punição.
1
As informações referentes a esta seção são provenientes da apostila Gestão do Desempenho por Competências,
desenvolvida pela Universidade Corporativa Banco do Brasil (BRASIL, 2005).
78
O conceito de competências adotado pela empresa é o de “combinações sinérgicas
de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional,
dentro de um determinado contexto organizacional” (CARBONE, 2006). Esse
conceito foi construído a partir de Durand (1998) e da tríade proposta por Sveiby
(1998). O modelo tem sua origem no construtivismo, da escola francesa, conforme
descrito por Luz (2001).
O modelo de gestão por competências está estruturado com as seguintes
características, descritas no QUADRO 5.
Aspectos Gestão por Competências
Perspectivas de desempenho
Financeira (engloba resultado econômico, estratégia e
operações
Clientes
Processos internos
Comportamento organizacional
Sociedade (nova perspectiva incorporada ao modelo)
Dimensões
Competências e Metas
Itens avaliados
10 competências fundamentais pata todos os funcionários
05 competências gerenciais, para gestores de equipes
Competências específicas de acordo com a área de atuação e
o papel ocupacional
Fontes de avaliação
Múltiplas fontes:
Superior imediato (descendente)
Subordinados (ascendentes)
Pares (colegas)
Auto-avaliação
Escala de pontuação
Quantitativa: 1 a 5 pontos
Foco
Atingimento de metas
Desenvolvimento de competências
Planejamento de carreira
Quadro 5 – Características do modelo de gestão por competências
Fonte: Banco do Brasil, 2005.
Este modelo adota as perspectivas propostas por Kaplan e Norton (1997), com a
adaptação da inclusão da perspectiva sociedade. Desdobra-se em duas dimensões:
metas, de cunho quantitativo e totalmente objetivo; e competências, de cunho
comportamental e de caráter bem mais subjetivo. A avaliação dos gerentes de
módulo é feita por múltiplas fontes, conforme descrito no Quadro 5, nas
competências fundamentais, gerenciais e específicas. Nesse sentido, o poder de
avaliar é democratizado na organização. O foco do modelo procura convergir o
desenvolvimento individual e profissional com os resultados organizacionais.
79
O modelo do processo de gestão por competências abrange três etapas descritas
na FIG. 12. Este ciclo tem seu início com os acordos de equipe e de trabalho, na
fase de planejamento, passando pela fase de acompanhamento e finalizando com o
PDC Plano de Desenvolvimento de Competências. Essas etapas se sobrepõem e
se complementam mutuamente.
PLANEJAMENTOACOMPANHAMENTOENCERRAMENTO
Figura 13 – Processo de gestão por competências
Fonte: Banco do Brasil, 2005.
Na etapa de planejamento, que ocorre no início de cada semestre, é realizada a
seleção dos avaliados e são definidas as equipes de trabalho. Nesta fase, são
Acompanhament
o dos avaliados
Registro de
anotações
Elaboração
do PDC
Atribuições
de conceitos
Verificação
do Placar
80
Seleção dos
avaliados
pelo gerente
Primeiro
acesso ao
sistema
Acordo de
Equipe
Acordo de
Trabalho
também realizados acordos das equipes em termos das metas propostas para o
atingimento dos objetivos organizacionais. Nesse momento são explicitados os
comportamentos esperados da equipe. Na etapa de acompanhamento, que ocorre
ao longo do semestre, são realizados os feedbacks entre avaliadores e avaliados,
os quais são registrados no sistema corporativo e servirão de base para a atribuição
de conceitos, na fase seguinte. A última etapa encerra o ciclo com a atribuição de
conceitos pelos diversos avaliadores. A partir desses conceitos, formam-se as
pontuações de cada funcionário, com um placar individualizado. Após a formação
desse placar, inicia-se a elaboração do plano de desenvolvimento de competências,
que é individual e tem o foco básico no autodesenvolvimento. Essas etapas estão
de acordo com o modelo proposto por Brandão e Guimarães (1999).
Os conceitos atribuídos pelos diversos avaliadores seguem uma escala de 1 a 5
pontos, sendo 1 a mais baixa avaliação e 5 a mais alta, conforme descrito no
QUADRO 6.
Conceitos na Avaliação de Competências Conceitos na Avaliação de Metas
1. Não expressou a competência 1. Resultado insuficiente
2. Expressou pouco a competência 2. Resultado abaixo do esperado
3. Expressou moderadamente a competência 3. Resultado pouco abaixo do esperado
4. Expressou muito a competência 4. Resultado esperado
5. Expressou a competência de forma exemplar
(acima do esperado)
5. Resultado acima do esperado
X. Não foi possível observar a demonstração
da competência
Y. As atividades exercidas pelo funcionário
Não requerem esta competência
Quadro 6 – Significado dos conceitos na gestão por competências
Fonte: Banco do Brasil, 2005.
A escala de avaliação é a mesma tanto para as competências quanto para as
metas, sendo essas medidas por critérios objetivos e aquelas por meio da
observação dos diversos avaliadores. Um aspecto importante nessa escala é a
possibilidade de o avaliado poder assinalar exclusivamente para alguma
competência específica a letra “Y”, que impede a sua avaliação nesse item. Outra
possibilidade é do avaliador assinalar a letra “X”, quandoo for possível observar a
competência.
81
O QUADRO 7 descreve as competências fundamentais pelas quais todos os
funcionários são avaliados, e dentre eles os gerentes de módulo. Dentre essas,
destacam-se a competência 4 e a 5, que compõem a perspectiva comportamento
organizacional, visto ser esta uma das bases para a definição da remuneração do
fator competência.
Perspectivas Competências fundamentais para todos os funcionários do Banco
Financeira
1. Demonstra conhecimento dos produtos e serviços relacionados à estratégia de
sua área de atuação.
2. Identifica e aproveita oportunidades para a Empresa, analisando o ambiente
interno e externo.
Cliente
3. Presta atendimento com cortesia e agilidade, considerando as expectativas do
cliente (interno ou externo) e as orientações da Empresa.
Comportamento
Organizacional
4. Demonstra iniciativa para solucionar problemas e para aprender continuamente.
5. Colabora com os colegas de trabalho, a fim de concretizar os objetivos da
empresa em um clima de harmonia.
Processos
Internos
6. Identifica riscos na realização das atividades sob sua responsabilidade e
implementa ações adequadas.
7. Opera sistemas e aplicativos de informática para realizar com agilidade e
qualidade seus serviços.
8. Comunica-se (por escrito e oralmente) de forma clara, objetiva e acessível ao
interlocutor.
9. Organiza suas atividades para realizá-las no tempo previsto, possibilitando a
continuidade do processo de trabalho.
Sociedade
10. Direciona suas ações, levando em consideração os impactos sociais,
ambientais e econômicos e os princípios de responsabilidade sócio-ambiental
adotados pela Empresa.
Quadro 7 – Competências fundamentais
Fonte: Banco do Brasil, 2005.
Todo o quadro gerencial da empresa, incluindo os gerentes de módulo, é avaliado
também pelas competências gerenciais, que fazem parte da perspectiva
comportamento organizacional e estão descritas no QUADRO 8.
82
PerspectivasComportamentoOrganizacional
1. Estimula a participação dos funcionários nas decisões da equipe, incentivando o
diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos.
2. Mobiliza os esforços das pessoas para propósitos comuns, estimulando o
comprometimento com as estratégias, resultados e princípios de responsabilidade
socioambiental do Banco.
3. Orienta a atuação da equipe, fornecendo as informações necessárias para a
realização do trabalho e comunicando suas expectativas sobre o desempenho das
pessoas.
4. Promove o desenvolvimento profissional dos membros da equipe, valorizando suas
competências e oferecendo oportunidades de capacitação e feedback freqüente.
5. Adota medidas preventivas e corretivas para melhoria contínua da saúde e qualidade
de vida de sua equipe.
Quadro 8 – Competências gerenciais
Fonte: Banco do Brasil, 2005.
É com base na avaliação dessa perspectiva comportamento organizacional que
surge um dos pré-requisitos para a remuneração do fator competência. Numa
escala que vai de 1 a 5, conforme demonstrado no QUADRO 6, a média mínima
obtida pelo gerente de módulo para ser promovido da remuneração básica para a
avançada é de 3,51.
Simultaneamente a esse modelo e também com o objetivo de desenvolver
competências, a empresa adotou um programa de certificações internas, em
sintonia com o programa de ascensão profissional e com a parceria de
universidades nacionais. Proposta semelhante é feita por Wood Jr. e Picarelli
(2004a). Neste programa, essas universidades certificam os funcionários aprovados
em exames por elas preparados, nos seguintes temas de conhecimento,
previamente acordados com a empresa: Agronegócios, Comércio Exterior,
Controles Internos, Crédito, Economia e Finanças, Gestão de Pessoas, Marketing,
Responsabilidade Socioambiental e Teoria Geral da Administração. Essas
certificações estão de acordo com o modelo proposto por Guimarães et al. (2001) e
Carbone (2006), que destacam a necessidade do desenvolvimento de competências
internas, ressaltando que, uma vez definidas e desenvolvidas essas competências,
torna-se necessário criar um sistema capaz de certificá-las, de modo que as
organizações possam reconhecer e, até mesmo, recompensá-las.
83
De modo semelhante às certificações previstas no programa de certificação e por
exigência legal do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), existem também as certificações legais em investimentos, que são pré-
requisito para o exercício gerencial em instituições financeiras na área de
consultoria de aplicações. Essas certificações o fornecidas pela Associação
Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID) e pela Associação Nacional das
Instituições do Mercado Financeiro (ANDIMA), mediante aprovação em exames por
elas elaborados, denominados CPA10 e CPA20. Essas certificações se associam
às avaliações descritas anteriormente, de forma a estabelecer o nível de
competência de um determinado empregado, conforme modelo de processo de
certificação e avaliação proposto por Wood Jr. e Picarelli (2004a).
Essas certificações legais, somadas às certificações internas previstas no programa
de ascensão profissional e associadas às avaliações de desempenho por
competências, exclusivamente na perspectiva “comportamento organizacional”,
formam algumas das bases para a remuneração do fator competência, que será
abordado na próxima seção.
4.2 Implantação do modelo de remuneração do fator competência adotado
pela empresa
Este modelo é adotado pela empresa exclusivamente para os gerentes de módulo
de todo o País. Essa forma gradual de implementação está de acordo com o
proposto por Resende (1999), que destaca que esse tipo de implantação é um
processo longo, em que cada etapa precisa ser vencida com cautela.
Nesse sentido, está segmentado da seguinte forma (BANCO DO BRASIL, 2008a):
a) Bloco 1: gerentes de módulo Corporate e Private;
b) Bloco 2: gerentes de módulo Empresarial, Governo e Alta Renda;
c) Bloco 3: gerentes de módulo Pessoa Física Exclusivo e Pessoa Jurídica;
d) Bloco 4: gerentes de módulo Atendimento e Serviços.
Cada bloco é diferenciado pelo fator competência e possui dois níveis
remuneratórios: Básico, que ocorre quando do ingresso no cargo ou quando houver
alteração de módulo; e Avançado, que é aplicado aos funcionários que apresentam
84
as melhores pontuações em seus respectivos módulos, segundo critérios e pré-
requisitos definidos pela empresa. A relação dos selecionados para essa promoção
é divulgada mensalmente. No entanto, a aplicação dessa remuneração está limitada
a um teto de lotação, que é de 2/3 do número de cargos predefinido para cada
módulo, de forma a não extrapolar o orçamento da organização (BANCO DO
BRASIL, 2008a). A diminuição da subjetividade e a clareza desses critérios tornam-
se vantagens competitivas, conforme Souza (2005). Com relação ao teto de lotação,
devido à limitação orçamentária, os relatos a seguir ilustram bem o sentimento dos
gerentes:
Não são claros quantos profissionais atingiram os 2/3. Acho que
determinar número é fator desmotivador, pois tem que ser dada
oportunidade para todos que atingiram as exigências (Q.2).
O problema da remuneração por competências no BB é que o LIC deixa
claro os requisitos. Mas não basta cumprir os requisitos; depende do
orçamento e outros fatores... Eu, por exemplo, conheço diversos gerentes
de contas, com todos os requisitos, que passaram a ter a remuneração
avançada e outros com mais de oito anos no cargo que ainda não a
possuem (Q.71).
Ao funcionário que atingir o módulo avançado é garantida a remuneração
correspondente enquanto permanecer no mesmo módulo, ainda que haja mudança
de dependência. Os processos de apuração do modelo ocorrem de forma
automática, ao final de cada mês, e a promoção no s subseqüente, desde que
observado o teto de lotação no módulo em âmbito nacional (BANCO DO BRASIL,
2008a). Pode-se perceber que este modelo compõe a base da remuneração fixa e
está de acordo com os componentes de um sistema de remuneração estratégica,
proposto por Wood Jr. e Picarelli (2004b). Nesse sentido, Dutra (2002) argumenta
que no Brasil a maior parte dos tipos de remuneração é múltipla ou submúltipla da
remuneração fixa. Nesse caso, a remuneração do fator competência no Banco do
Brasil constitui-se como um submúltiplo da remuneração fixa.
Os pré-requisitos para acesso ao nível avançado de remuneração, conforme dados
do documento Banco do Brasil (2008a), são os seguintes:
a) Estar no cargo de gerente em um dos módulos, com a remuneração
básica;
b) Não apresentar remoção ou nomeação pendente;
c) Não estar com inquérito judicial trabalhista em andamento;
d) Deter as certificações legais em investimentos definidas para o módulo;
85
e) Deter, no mínimo, duas certificações do programa de ascensão
profissional, dentre as priorizadas para cada módulo;
f) Estar a, pelo menos, dois anos como gerente de módulo no mesmo bloco;
g) Possuir pontuação igual ou superior a 3,51 na avaliação de desempenho
por competências dos três últimos períodos avaliativos na dimensão
“Comportamento Organizacional”.
Esses critérios procuram conjugar experiência na função gerencial, aspectos
disciplinares, certificações de conhecimentos, tanto legais quanto do programa
interno de certificações, e avaliação do desempenho por competências na dimensão
“comportamento organizacional”. Portanto, este modelo procura vincular
competências que são produto das certificações com competências observadas no
desempenho do trabalho, associando-as a um fator de remuneração. Todos esses
itens formam uma pontuação para cada gerente de módulo, que o habilita para a
ascensão para o módulo avançado. Em caso de empate na pontuação, serão
priorizados os funcionários que estiverem mais tempo no bloco, com o maior
número de certificações específicas do Programa de Ascensão Profissional e com
maior tempo de Banco, nessa ordem (BANCO DO BRASIL, 2008a).
Uma vez descrito o modelo de gestão por competências e, dentro deste, o de
remuneração do fator competência, passa-se, na próxima seção, à análise dos
dados quantitativos, procurando também aprofundar as percepções por meio das
informações de natureza qualitativa.
4.3 Caracterização da amostra
A análise estatística dos dados demográficos levou em conta a amostra de 273
respondentes dos questionários aplicados. A TAB. 2 apresenta a distribuição desses
respondentes por bloco de cargos, comparada à população.
Tabela 2 – Distribuição dos respondentes por bloco de cargo
N - população % Amostra %
Corporate ou Private
31 1,7
7 2,6
Empresarial/governo ou Alta renda
163 8,9
27 9,9
Pessoa Física e Jurídica
842 46,1
127 46,5
Serviços
791 43,3
112 41,0
86
Total
1827 100
273 100,0
Fonte: dados da pesquisa
Quanto ao quesito segmento ou bloco de cargos, o percentual de 41% para o bloco
de gerentes do módulo Atendimento e Serviços está um pouco abaixo da definição
proposta para essa amostra, que foi definida em 43,3%, conforme a TAB. 1. Para os
demais blocos de cargos, o percentual de respondentes ficou praticamente dentro
da definição proposta, ligeiramente acima. Portanto, de modo geral, a amostra
representa a população de gerentes de módulo no estado de Minas Gerais.
Outra variável demográfica significativa em relação a essa amostra refere-se às
questões de tempo, seja em termos de idade ou de atividade profissional. A TAB. 3
mostra essa distribuição dos respondentes.
Tabela 3 – Distribuição dos respondentes por idade, tempo de
banco, no cargo atual e em cargo gerencial
Média Mediana Moda
Desvio
Padrão
N
Idade 40,18 41 44 7,60 273
Tempo de banco
15,66 20 20 8,51 273
Tempo no cargo atual
2,77 2 1 2,29 273
Tempo em cargo gerencial
5,00 4 1 4,53 273
Fonte: dados da pesquisa
Em relação ao fator idade, os resultados revelam uma dia de 40,18 anos,
podendo variar em 7,60 anos para mais ou para menos. Os valores da mediana e
da moda aproximam-se bastante dessa média, demonstrando uma simetria da
amostra. Esses números não apresentam sintonia com os percentuais do total de
funcionários da organização, em nível nacional, apresentados no relatório anual da
empresa, que revela 42,7% com idade abaixo de 35 anos e 32,5% com idade acima
de 46 anos (BANCO DO BRASIL, 2008b).
A média encontrada para tempo de banco é de 15,66 anos. Entretanto, esse dado
não se torna representativo se considera-se o elevado valor do desvio padrão, que é
de 8,51 anos. Ou seja, o tempo de banco dos gerentes de módulo varia entre 7 e 24
anos, sendo uma grande amplitude. Os valores da mediana e da moda calculados
87
para essa variável distanciam-se da média, revelando uma assimetria da amostra, o
que corrobora a não representatividade desse dado.
Tempo no cargo atual varia de seis meses a 5,7 anos, com média de 2,77. O tempo
em cargo gerencial varia de 6 meses a 9,5 anos, com media de 5,00 anos,
observando-se uma baixa média. Esses dois últimos resultados podem ter sido
influenciados por um conjunto de medidas de reestruturação adotadas pela empresa
a partir de maio/2007, denominado “Ações estruturantes”. Dentre as ações
propostas nesse programa, destaca-se um plano incentivado de aposentadoria
antecipada, cujo maior contingente que fazia parte do público-alvo ocupava cargos
gerenciais. Com esse plano, ocorreu o desligamento de cerca de 7.500 funcionários
dos quadros da empresa, dos quais 732 em Minas Gerais. Esse desligamento gerou
uma grande quantidade de vagas em vários cargos, principalmente nos de natureza
gerencial.
Paralelamente a esse fato, com a reestruturação do atendimento da rede de
agências, ocorreu também a criação de vários cargos gerenciais, elevando ainda
mais o número de vagas. Percebe-se, portanto, que a média de tempo em cargos
gerenciais e no cargo atual foi fortemente influenciada por essas ações (BANCO DO
BRASIL, 2008b).
A distribuição dos respondentes por gênero, tanto da amostra como da população, é
apresentada na TAB. 4:
Tabela 4 – Distribuição dos respondentes por sexo
Freqüência Percentual % População nacional % População com cargo gerencial
Feminino 116 42,5 37,9 30,6
Masculino 157 57,5
62.1 69,4
Total 273 100,0 100 100
Fonte: Dados da pesquisa e do Relatório Anual Banco do Brasil, 2008b.
Percebe-se na TAB. 4 uma predominância masculina entre os gerentes de módulo,
com 57,5% do sexo masculino e 42,5% do sexo feminino. Porém, quando se analisa
o comparativo de gênero em relação à população nacional e a população com
cargos gerenciais, percebe-se que a amostra revela um percentual maior de
presença feminina em relação às outras duas variáveis.
88
A distribuição dos respondentes por estado civil, mostrada na TAB. 5, demonstra
uma predominância de casados entre os gerentes de módulo. O número de
dependentes varia de 0 a 5 por gerente, com uma média 2 e desvio padrão de 1,2.
Tabela 5 – Distribuição dos respondentes por estado civil
Estado civil Freqüência Percentual
Solteiro 35 12,8
Casado 210 76,9
Viúvo 5 1,8
Separado judicialmente 14 5,1
Outros 9 3,3
Total 273 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
A TAB. 6 mostra a distribuição percentual dos respondentes por nível de
escolaridade. Essa distribuição revela que 12,8% dos respondentes têm apenas o
segundo grau completo, o que coincide com o nível mínimo exigido para ingresso na
empresa. O maior percentual encontrado foi de 48% para curso superior completo.
Um pouco abaixo desse último percentual está o nível de pós-graduação, com
37,4% dos respondentes. Para o nível de mestrado, os resultados revelam um
percentual de 1,8%. Se forem somados os três últimos níveis, encontra-se um
percentual de 87,2% dos respondentes, o que revela um alto percentual de
escolaridade no nível gerencial.
Tabela 6 – Distribuição dos respondentes por escolaridade
Freqüência Percentual
Segundo grau 35 12,8
Superior 131 48,0
Especialização 102 37,4
Mestrado 5 1,8
Total 273 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
89
Ao compararmos a distribuição de cargos com a escolaridade, encontramos os
seguintes resultados percentuais, descritos na TAB. 7:
Tabela 7 – Distribuição dos cargos por nível de escolaridade (%)
Cargos por
Bloco/Escolaridade
Geral Segundo grau Superior
Especia-
lização
Mestrado
Corporate ou Private 2,6 1,5 3,9 20,0
Empresarial/governo ou Alta
renda
9,9 5,7 5,3 13,7 80,0
Pessoa Física e Jurídica
46,5 45,7 44,3 52,0
Serviços
41,0 48,6 48,9 30,4
Total
100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Base 273 35 131 102 5
Fonte: Dados de pesquisa
Esses resultados revelam que 100% dos respondentes com mestrado pertencem
aos blocos Corporate ou Private, Empresarial, Governo e Alta Renda, o que pode
estar relacionado com o grau de exigências para esses cargos em termos de
complexidade, bem como com o perfil de clientes atendidos nesses segmentos.
Outro resultado significativo é que entre os respondentes com segundo grau 94,3%
estão entre os módulos Pessoa Física/Jurídica e Atendimento/Serviços. Esse fato
pode estar relacionado com o caráter mais operacional do cargo. Percebe-se
também uma distribuição equitativa entre os módulos Pessoa Física/ Jurídica e
Atendimento/Serviços dentre os respondentes com segundo grau e com nível
superior/graduação. No entanto, no nível de especialização o módulo Pessoa Física/
Jurídica apresenta 52,0%, contra 30,4% do módulo Atendimento/Serviços. Sobre
esse aspecto, os dados sugerem uma maior qualificação no módulo Pessoa
Física/Jurídica, sobretudo pela natureza do cargo, cujas atividades principais são a
consultoria financeira e o gerenciamento de carteiras, enquanto o módulo
Atendimento/Serviços trabalha basicamente com o atendimento de rotina e a
prestação de serviços diversos.
90
Ao relacionar a variável escolaridade com a variável está estudando no momento
(TAB. 8), percebe-se que do total de respondentes que estão estudando 53,9%
estão no nível superior. Esse fato pode estar relacionado com um programa de
incentivo de bolsas de especialização, que contou com um incremento significativo
de oferta de vagas, sobretudo em cursos MBA desenvolvido pela empresa, em
parceria com algumas universidades brasileiras (BANCO DO BRASIL, 2008a).
Percebe-se, no entanto, um equilíbrio entre os demais níveis de escolaridade e o
fato de estar estudando, sendo que do total de 273 respondentes 141 estão
estudando e 132 não estão.
Tabela 8 – Distribuição da escolaridade pela variável estudo atual (%)
Geral
Está estudando no momento?
Não Sim
Segundo grau 12,8 13,6 12,1
Superior 48,0 41,7 53,9
Especialização 37,4 43,2 31,9
Mestrado 1,8 1,5 2,1
Total 100,0 100,0 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
Ante o exposto, pode-se concluir que a amostra é representativa em relação à
população e aos blocos de cargos, com margem de erro máxima de 0,05 e um
intervalo de confiança de 95%. Os respondentes são, em sua maioria, do sexo
masculino (57,5%), com idade média de 40 anos. Em relação ao tempo de banco,
percebe-se grande dispersão na amostra. O tempo médio em cargos gerenciais é
de 5 anos e o tempo médio no cargo atual é de 2,7 anos. Da amostra, 87,2%
apresentam nível superior de escolaridade, sendo que os níveis de mestrado e
especialização concentram-se nos blocos com maior nível de exigência e
complexidade.
Na próxima seção, passa-se à análise das respostas às 40 questões constantes dos
questionários, apresentando, primeiro, a análise fatorial e de confiabilidade interna
do questionário aplicado.
4.4 Validação do questionário
91
Os dados dos questionários foram submetidos ao procedimento de análise fatorial,
com base em matrizes de correlação de Pearson, buscando-se a redução e
sumarização dos dados e sua estruturação em fatores, conforme Malhotra (2001) e
Hair Jr. et al. (2005). Antes da realização da analise fatorial, verificou-se se existiam
fortes correlações entre as variáveis, por meio do teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO).
De acordo com Malhotra (2001), valores acima de 0,5 indicam que a análise fatorial
é apropriada. O índice KMO desta pesquisa foi de 0,911, o que revela que a análise
fatorial pode ser realizada com segurança.
Utilizando-se os processos de análise dos eixos principais e de rotação oblíqua para
a retenção dos fatores, optou-se pelo critério de autovalor maior que 1,0 e carga
fatorial maior que 0,30, de acordo com Hair Jr. et al. (2005).
Dessa forma, procedendo-se à análise fatorial, os melhores resultados apontaram
para a existência de cinco fatores, todos com autovalor maior que 1,5 e que
explicam 52,3% da variância total (TAB. 9). Foi excluída uma variável, de número
16, que afirmava que a RC está intimamente ligada à GDP por competências, visto
ter apresentado carga fatorial inferior a 0,30. Segundo Hair Jr. et al. (2005, p. 102),
um dos critérios para a definição do número de fatores a extrair de uma análise
fatorial é o percentual de variância explicada. Ainda de acordo com esse autor, “em
ciências sociais não é raro considerar uma solução que explique 60% da variância
total (e em alguns casos até menos) como satisfatória”.
Para a análise da confiabilidade da escala (TAB. 9), o método utilizado nesta
pesquisa foi o da consistência interna, medida pelo alfa de Cronbach, que varia
entre 0 e 1,0 e é considerado satisfatório a partir de 0,6 (MALHOTRA, 2001). Ainda
de acordo com Hair Jr. et al. (2005), o limite inferior geralmente aceito é de 0,70,
podendo diminuir para 0,60 em pesquisas exploratórias.
92
93
Tabela 9 – Análise fatorial e de confiabilidade da escala (continua)
Fator 1 – Expectativas
Item Descrição simplificada do item Carga
Alfa sem
o item
P3 A RC ajudará a organização a obter melhores resultados. 0,626 0,940
P4 A RC trouxe vantagens para o gerente de módulo. 0,480
0,941
P5 A RC aumenta o nível de motivação dos empregados. 0,664
0,940
P6 A RC promoverá atualização constante do gerente de módulo. 0,731
0,939
P7 A organização que utiliza RC é moderna. 0,618
0,941
P9
A RC estimula os gerentes de módulo a desenvolverem suas
competências. 0,737 0,941
P12 A RC proporcionará crescimento profissional pelos méritos. 0,788
0,940
P15 A RC facilita ao gerente de módulo o planejamento de sua carreira. 0,683
0,941
P18
A RC é mais justa porque premia o empenho e o desempenho do
empregado. 0,660 0,940
P19 A RC permite uma melhor compreensão da organização. 0,581
0,941
P20 As competências devem estar relacionadas aos resultados. 0,356
0,945
P21 A RC possibilita a disseminação das estratégias. 0,827
0,940
P23 A RC possibilita a disseminação de conhecimento entre os funcionários. 0,630
0,941
P24 A RC é uma das formas de avaliar a capacidade de cada um. 0,688
0,942
P25
A RC é um poderoso instrumento de comunicação e um indutor de
comportamento. 0,716 0,942
P26
A RC proporciona ao gerente de módulo o planejamento de sua vida
funcional. 0,687 0,940
P30 A RC propicia crescimento sustentado. 0,582
0,941
P31 A RC corrige distorções salariais em relação ao mercado. 0,481
0,943
P32 A RC promove uma maior capacitação dos funcionários. 0,761
0,940
P36
A RC só terá sucesso no BB, se existir uma forte sensibilização do corpo
gerencial. 0,539 0,945
P40
Promove a auto-avaliação de conhecimentos e a busca de
aperfeiçoamento. 0,770 0,940
TOTAL
0,944
Fator 2 - Resistências
P8 A RC gera um clima de tensão no ambiente de trabalho. 0,612 0,839
P11 A RC dificulta o relacionamento entre os gerentes de módulo. 0,685 0,835
P14 O BB terá dificuldade em medir o desempenho nas áreas de apoio. 0,513 0,851
P17 A RC é um fator de desmotivação para os funcionários mais antigos. 0,589 0,840
P22 A RC gerará uma predominância do indivíduo sobre a equipe. 0,684 0,837
P28 A RC gera uma competição predatória entre as pessoas. 0,733 0,828
P29 Aplicar RC implica em sobrecarga de trabalhos administrativos. 0,668 0,837
P33
A estrutura do BB dificultará o planejamento e a implementação em todas
as áreas. 0,712 0,836
P37
Os funcionários dificultarão a implantação da RC se aplicável apenas o
negócio. 0,557 0,852
P38
A RC induzirá o gerente a focar-se mais nos estudos e menos nos
resultados. 0,570 0,845
P39
O BB terá dificuldades em implantar RC variável, devido às questões de
ordem legal. 0,480 0,855
TOTAL 0.854
Fator 3 – Critérios
P34 Os critérios da RC são claros e objetivos. 0,797 0,716
P35 Os critérios de RC diminuíram bastante a subjetividade. 0,781 0,323
P27 A RC pode ser implementada em todas as áreas do BB. 0,318 0,482
TOTAL 0.622
Tabela 9 – Análise fatorial e de confiabilidade da escala (conclusão)
94
Fator 4 – Forma de Remuneração
P10
A remuneração do fator competência deve ser de natureza fixa, uma vez
que o desempenho e os resultados dependem de outras variáveis. 0,812
P 13
A remuneração do fator competência deve ser de natureza variável,
dependendo do desempenho e dos resultados que cada um alcançar
-0,772
TOTAL 0,578
Fator 5 – Indefinido
P 1
Com sua remuneração vinculada às competências, o gerente terá que
buscar seu autodesenvolvimento, necessitando dedicar tempo para esta
tarefa 0,401
P 2
As competências essenciais dos gerentes de módulo do BB são facilmente
reconhecidas e identificadas 0,452
TOTAL 0,428
Fonte: Dados da pesquisa
Segundo os critérios de consistência interna, dois fatores foram eliminados: o 4, que
agrega as questões 10 e 13, por ter um Alfa de Cronbach de 0,587 e pelo fato de
ambas as questões terem apresentado alto índice de concordância, apesar de não
serem mutuamente excludentes, fato que demonstra falta de consistência; e o 5,
que agrega as questões 1 e 2, por ter um Alfa de apenas 0,428, também inferior a
0,6 e também por ter sido classificado como indefinido. Considerando que os fatores
4 e 5 têm apenas 2 itens, percebe-se que não é possível calcular o coeficiente alfa
quando um item é excluído, visto que a soma da variância de cada item, nesse
caso, é igual à variância da soma de todos os itens (CHURCHILL, 1996).
Dessa forma, restaram os três primeiros fatores, que estão descritos na TAB. 9, na
qual também são destacadas as cargas fatoriais das variáveis que compõem cada
fator, bem como os índices de consistência interna de cada item, quando o mesmo
é excluído do fator. O primeiro fator agregou 21 itens, explicando 29,7% da variância
total, sendo denominado “expectativas”. O segundo fator agregou 11 itens,
explicando 10,2% da variância total e foi denominado “resistências”. O terceiro fator
agregou 3 itens, explicando 4,5% da variância total e foi denominado “critérios”.
As assertivas de cada fator também podem ser agrupadas de acordo com as cargas
fatoriais, com base na classificação proposta por Comrey (1973), citado por Pasquali
(1997), da seguinte forma:
a) Carga acima de 0,710 = excelente;
b) De 0,630 a 0,709 = muito boa;
95
c) De 0,550 a 0,629 = boa;
d) De 0,450 a 0,549 = razoável;
e) De 0,320 a 0,449 = pobre.
Ao analisar as variáveis que compõem o fator 1 expectativas –, pode-se verificar
que 7 itens têm carga fatorial excelente (questões P21, P12, P40, P32, P9, P6 e
P25). Entre os itens com carga classificada como muito boa, encontramos 6: P24,
P26, P15, P5, P18 e P23. Ainda neste fator, encontram-se quatro itens classificados
como bons: P3, P7, P30 e P19, e 3 classificados com razoáveis: P36, P31 e P4.
Apenas 1 item é classificado como pobre: P20.
Os resultados dessas cargas fatoriais indicam o grau de correspondência entre cada
variável com o fator 1, sendo que as cargas com valores mais altos demonstram o
quanto são representativas do fator. Outro aspecto importante a ser destacado é
que todas as cargas deste fator são positivas, o que revela concordância com as
assertivas propostas. Ressalta-se ainda que esse fator é o que apresenta o maior
nível de consistência interna, com alfa de Cronbach de 0,944, muito próximo do
limite máximo, que é 1,00.
Resultados semelhantes foram encontrados em pesquisa realizada por Ribeiro
(1999), em que o fator 1 preditores de expectativas –, que agrega 19 itens e
explica 21,14% da variância total, apresenta cargas fatoriais também positivas.
No fator 2 resistências –, verificam-se dois itens com cargas fatoriais excelentes
P28 e P33 e 3 itens têm cargas muito boas P11, P22 e P29. Ainda nesse fator
têm-se 4 itens com cargas classificadas como boas P8, P17, P38 e P37 e 2
itens considerados razoáveis P14 e P39. Quanto ao terceiro fator critérios –, 2
itens têm carga excelente – P34 e P35 – e 1 item tem carga fatorial pobre – P27.
Portanto, após as análises realizadas, a escala constou de três fatores:
expectativas, resistências e critérios, uma vez que os dois últimos fatores foram
eliminados, devido ao alfa de Cronbach ser inferior a 0,6, que é o valor mínimo a ser
considerado em pesquisas exploratórias. De modo geral, a consistência interna,
medida por esse alfa, apresenta-se alta para os fatores expectativas e resistências,
96
porém mais baixa para o fator critérios, que, em contrapartida, tem itens com cargas
fatoriais mais elevadas. De acordo com a classificação de Comrey (1973), as cargas
fatoriais podem ser consideradas elevadas, o que indica o quanto são
representativas do fator ao qual pertencem.
4.5 Percepção dos respondentes sobre o sistema de remuneração por
competências implantado pelo Banco do Brasil
Nesta seção, realiza-se uma análise descritiva das respostas às questões do
questionário de pesquisa, distribuídas pelos fatores expectativas, resistências e
critérios, procurando relacioná-las e compará-las com os dados das entrevistas, com
a teoria e com os dados de outras pesquisas. As freqüências de concordância e
discordância são somadas entre si, de forma a identificar a tendência das respostas.
Nesse sentido, os itens da escala de concordância do questionário: 4- Concordo
pouco, 5- Concordo muito e 6- Concordo totalmente são somados e distribuídos
numa escala decrescente de concordância, conforme apresentado nas TAB. 10 a
12. O mesmo ocorre com os itens da escala de discordância: 1- Discordo
totalmente, 2- Discordo muito e 3- Discordo pouco, que também são somados e
distribuídos, porém numa escala crescente de discordância, de acordo com as
mesmas tabelas. Em seguida, realiza-se uma análise das médias gerais de cada
fator.
97
Tabela 10 – Distribuição de respostas do fator expectativas por nível de
concordância e de discordância
Item
Descrição Resumida do Item
%C %D
7
A organização que utiliza RC é moderna.
91,6
8,4
40
A RC promove a auto-avaliação de conhecimentos e a busca de aperfeiçoamento.
91,2
8,8
9
A RC estimula os gerentes de módulo a desenvolverem suas competências.
89,7
10,3
36
A RC só terá sucesso no BB, se existir uma forte sensibilização do corpo gerencial.
88,3
11,7
12
A RC proporcionará crescimento profissional pelos méritos.
85,3
14,7
20
As competências devem estar relacionadas aos resultados.
85,3
14,7
6
A RC promoverá atualização constante do gerente de módulo.
85,0
15,0
3
A RC ajudará a organização a obter melhores resultados.
84,6
15,4
18
A RC é mais justa porque premia o empenho e o desempenho do empregado.
84,6
15,4
21
A RC possibilita a disseminação das estratégias.
83,2
16,8
26
A RC proporciona ao gerente de módulo o planejamento de sua vida funcional.
81,7
18,3
32
A RC promove uma maior capacitação dos funcionários.
81,7
18,3
5
A RC aumenta o nível de motivação dos empregados.
81,0
19,0
30
A RC propicia crescimento sustentado.
81,0
19,0
15
A RC facilita ao gerente de módulo o planejamento de sua carreira.
78,0
22,0
4
A RC trouxe vantagens para o gerente de módulo.
74,0
26,0
24
A RC é uma das formas de avaliar a capacidade de cada um.
74,0
26,0
23
A RC possibilita a disseminação de conhecimento entre os funcionários.
73,3
26,7
19
A RC permite uma melhor compreensão da organização.
67,4
32,6
25
A RC é um poderoso instrumento de comunicação e um indutor de comportamento.
66,3
33,7
31
A RC corrige distorções salariais em relação ao mercado.
64,1
35,9
Fonte: Dados da pesquisa
Legenda: RC = Remuneração do Fator Competência / C = Concordância / D = Discordância
O primeiro fator, expectativas, agrega 21 assertivas do instrumento de pesquisa,
que são analisadas a seguir.
As questões associadas ao autodesenvolvimento e à atualização constante dos
gerentes de módulo apresentam alto índice de concordância. A afirmativa de que a
remuneração por competências conduzirá a uma auto-avaliação de conhecimentos
e à conseqüente busca de aperfeiçoamento constante tem a concordância de 91,2%
dos respondentes. Nesse mesmo sentido, 85,0% dos respondentes concordam que
esse modelo de remuneração promoverá a atualização constante do gerente,
inclusive preparando-o para o mercado. Ainda, 81,7% dos respondentes concordam
que a remuneração por competências funciona como um mecanismo que promove
maior capacitação dos funcionários. Entretanto, no que diz respeito à dedicação de
98
tempo para o aprimoramento, relata-se a preocupação dos funcionários nos
seguintes depoimentos:
O BB deverá investir mais no fator humano, número de funcionários, para
que haja condições de aprendizado. O tempo hoje está na contramão da
qualificação. O excesso de serviço está nos deixando sem opção (Q.45).
Enquanto o BB não oferecer condições do funcionário adquirir essas
competências, entendo que este tipo de remuneração é indevido (Q.237).
O funcionário se dedica fora do horário de expediente, não recebe por isso e
a empresa lucra com o aumento da cultura interna (Q.229).
Essa percepção dos respondentes de que o modelo de remuneração do fator
competência promove maior capacitação e qualificação dos gerentes de dulo é
bastante positiva, revelando boa aceitação do sistema. Nesse sentido, pode-se
concluir que o modelo auxilia no desenvolvimento de competências, procurando
minimizar ou, mesmo, eliminar as lacunas existentes, via autodesenvolvimento, o
que está em sintonia com o modelo proposto por Carbone (2006). Os relatos abaixo
ilustram bem essa percepção:
A remuneração por competência gera uma busca pelo aperfeiçoamento e
melhoria profissional constantes. O funcionário deve sentir-se estimulado a
melhorar suas competências e a aprender mais (Q.99).
Com certeza, a remuneração do fator competência irá incentivar e ajudar no
desenvolvimento e crescimento profissional dos gerentes de módulo, uma
vez que uma boa remuneração é alvo de todos, e para que isso aconteça
será necessário que cada um busque com suas próprias mãos esta
oportunidade (Q.159).
Uma instituição pode ser medida pelo grau de qualificação de seus
funcionários. A RC estimula os funcionários a se capacitarem, e isto melhora
a imagem do banco perante o mercado. A certificação melhora o
conhecimento, que melhora o atendimento, que gera melhores resultados
(E.3).
Ribeiro (1999) encontrou resultados semelhantes entre os gerentes da Caixa
Econômica Federal. A afirmativa de que o modelo gera auto-avaliação e a busca
constante de aperfeiçoamento (95,9%), promove a atualização constante do gerente
(90,7%) e maior capacitação entre os gerentes (82,9%) demonstra uma percepção
positiva dos gerentes daquela empresa e uma boa expectativa em relação à
implementação do modelo. Esses dados sugerem uma percepção positiva sobre a
remuneração por competências, além de possibilitar a disseminação do
99
conhecimento e a evolução profissional, que são vantagens apontadas por Wood Jr.
e Picarelli (2004b).
Dutra, Hipólito e Silva (1998), em pesquisa realizada com gestores da Sercomtel,
empresa do ramo de telecomunicações, sobre a percepção de um sistema de
gestão por competências, encontraram resultados também semelhantes. De acordo
com essa pesquisa, o incentivo ao desenvolvimento contínuo dos colaboradores foi
o que apresentou os melhores resultados, com 4,68 numa escala Likert de 1 a 5.
Aliada a essa percepção de que a remuneração por competências poderá incentivar
o autodesenvolvimento e a capacitação, alguns comentários indicam uma
preocupação com a excessiva valorização do aprimoramento por meio de cursos
formais por parte da empresa, bem como a falta de condições para esse
aperfeiçoamento constante:
O BB exclui de sua análise o aspecto experiência e se esquece que nos
momentos difíceis os mais experientes é que acabam decidindo e
finalizando conflitos (Q.10).
A remuneração por competências no BB premia os funcionários que
têm/tiveram oportunidades de formação e penaliza aqueles que se
dedicaram mais ao cumprimento das metas (Q.39).
É preciso melhorar a estrutura nas agências para que os gerentes de
módulo consigam adquirir/aprimorar os conhecimentos necessários (Q.58).
Durante vários anos, o banco não valorizava a formação universitária dos
funcionários... Assim sendo, não procurei este tipo de formação. Dediquei-
me ao trabalho no banco, com jornadas, muitas vezes, superiores a 12
horas. Agora me sinto alijado do sistema. Sinto-me desestimulado. Sinto que
a dedicação e o sacrifício que fiz foram em vão (Q.74).
As afirmativas do questionário que dizem respeito ao reconhecimento e à
recompensa do esforço de cada indivíduo também apresentam índices significativos
de concordância. A afirmativa de que a remuneração por competências proporciona
crescimento profissional com base no mérito teve a concordância de 85,3% dos
respondentes. Em seguida, com 84,6%, está a afirmativa de que a remuneração do
fator competência é mais justa, por premiar o empenho e o desempenho do
empregado. Ainda dentro desse tema, 74,0% dos respondentes concordam que a
remuneração por competências é uma forma de avaliar a capacidade de cada um.
100
Ao comparar os resultados encontrados por Ribeiro (1999) nesse mesmo grupo de
questões, percebem-se níveis de concordância semelhantes, sendo que a afirmativa
“A remuneração por competências proporciona crescimento profissional com base
nos méritos pessoais” obteve a concordância de 92,4%, acima dos 85,3% obtidos
na pesquisa atual. Os demais itens apresentam percentuais de concordância de
90,9%, 81,1%, respectivamente.
Esses resultados revelam que o nível gerencial, que foi objeto de pesquisa em
ambas as organizações, percebe com expectativa e de maneira positiva o fato de o
modelo ser mais justo, por reconhecer o mérito e o esforço individuais, o que
confirma a definição proposta por Rodrigues (2005). No entanto, a dificuldade de se
mensurar e relacionar competências e resultados pareceo ter sido confirmada na
pesquisa. O relato a seguir reforça as afirmações anteriores:
A remuneração do fator competência é mais justa porque os critérios são
mais objetivos e claros. As oportunidades de certificação, por exemplo, são
iguais para todos. O fato de não exigir nos critérios graduações e pós-
graduações torna as oportunidades iguais para todas as regiões, inclusive
para aquelas que não oferecem esses diplomas. É justa porque o
desempenho é medido pela média de diversas fontes, e não apenas da
opinião do superior hierárquico (E.3).
Em relação à possibilidade de esse modelo corrigir distorções salariais em relação
ao mercado, 64,1% dos respondentes concordam com a afirmativa. Ribeiro (1999)
encontrou para a mesma questão um índice de concordância semelhante, de
63,5%. A pesquisa realizada por Dutra, Hipólito e Silva (1998) também apontou um
índice de concordância de 4,42 numa escala de 5 pontos quanto à capacidade de
alinhamento da remuneração por competências aos patamares praticados pelo
mercado. Esses resultados indicam uma percepção positiva da capacidade do
modelo corrigir algumas distorções, porém de maneira limitada, possivelmente
devido aos obstáculos legais e à natureza das organizações, que o estatais. É o
que demonstram os relatos a seguir:
A remuneração do gerente de dulo do BB está muito abaixo do mercado
em relação aos bancos privados (Q.127).
Embora a remuneração por competências melhore o salário dos gerentes,
este em relação ao mercado é absurdamente inferior. Tem uma diferença
101
salarial em relação aos outros bancos de aproximadamente R$ 2.000,00
(CEF, Unibanco, Itaú) (Q.25).
Quanto ao reconhecimento individual e ao sentimento de justiça, Dutra, Hipólito e
Silva (1998) também identificaram que um modelo de remuneração por
competências tem a possibilidade de gerar maior sentimento de justiça nas
diferenciações salariais internas. Essa pesquisa apresenta um percentual de
concordância de 3,95%, numa escala de 5 pontos, embora esse seja o quesito com
menor escore encontrado. Esse item corrobora a percepção dos gerentes de
módulo, mas precisa estar associado a critérios claros e transparentes, de modo a
proporcionar esse sentimento no âmbito interno.
O reconhecimento e a recompensa em relação ao esforço pessoal podem estar
relacionados à motivação dos indivíduos. As afirmativas que abordam esse tema
também apresentaram índices significativos, com 89,7% de concordância de que
este modelo estimula o desenvolvimento de competências. Segundo 81,0% dos
respondentes, este modelo aumenta o nível de motivação dos empregados. No
entanto, o índice de concordância de que este mesmo modelo é um fator de
desmotivação para os mais antigos atinge 46,5%, contra 53,5% de discordância.
Nesse sentido, percebe-se que pode haver algum tipo de incoerência entre os
grupos distintos de respondentes. Ainda nesse mesmo bloco, destaca-se que 74,0%
concordam que esse modelo trouxe vantagens para o corpo gerencial, de modo
geral.
Resultados semelhantes são encontrados na pesquisa de Ribeiro (1999) quanto ao
fato de esse modelo aumentar a motivação dos empregados (85,7%). Porém, o
percentual de respondentes que discordam que a remuneração por competências
gera desmotivação para os funcionários mais antigos é de 75,1%, índice bem
superior ao encontrado na pesquisa atual.
Com respeito à motivação, os resultados deixam uma clara percepção de que o
modelo aumenta a motivação, sendo esse um fator bastante positivo. No entanto,
quanto à significativa diferença em relação à possibilidade de desmotivação dos
mais antigos, essa situação pode estar associada ao tempo médio dos gerentes de
módulo do BB em cargos gerenciais e no cargo atual, que é inferior ao dos gerentes
102
da Caixa. A empresa pesquisada tem um contingente muito maior de gerentes
novos, além do fato de que cerca de 60% de seus empregados têm menos de dez
anos de empresa, conforme dados do relatório anual (BANCO DO BRASIL, 2008b).
Alguns relatos ilustram essas duas realidades:
Sendo conduzido de maneira justa e equânime, terá principalmente um
efeito motivacional e de melhoramento da imagem institucional, de empresa
boa para se trabalhar, alem de crescimento da marca Banco do Brasil (E.2).
Todos os funcionários gostariam de ter suas competências claramente
valorizadas. Apesar do salário não ser o único determinante na escolha de
uma carreira, ele é um fator muito importante e facilmente tangível. Assim, a
remuneração por competência tende a ser benéfica para o funcionário e
para a instituição (Q.151).
Acho que é um pouco desestimulante e desanimador, pois, muitas vezes, se
trabalha muito e mesmo assim não se tem uma boa avaliação (E.1).
Sobre a organização, 91,6% dos respondentes concordam que a organização que
remunera por competências é moderna e 74,0% dos respondentes percebem a
remuneração do fator competência como uma forma de avaliar a capacidade de
cada um dos empregados, embora 71,4% dos respondentes concordem que a
empresa terá dificuldades para medir o desempenho das competências nas áreas
de apoio, que não têm resultado financeiro. A pesquisa realizada por Ribeiro (1999)
encontrou resultados semelhantes, com índices de concordância de 89,9%, 81,1% e
67,6%, respectivamente. Apesar da percepção de dificuldade quanto à medição do
desempenho das competências, pode-se notar que a opinião dos respondentes
continua sendo positiva em relação a esse modelo.
No tocante ao planejamento de carreira e suas condicionantes, esse modelo,
segundo Souza (2005), propicia um senso de propriedade, uma vez que a gestão da
carreira torna-se responsabilidade do trabalhador. Alinhados com esta proposição,
78,0% dos respondentes concordam que a remuneração do fator competência
facilita o planejamento da carreira e 81,7% concordam que facilita o planejamento
de sua vida funcional, o que confirma, mais uma vez, a percepção positiva quanto
ao modelo adotado pela empresa. Essas afirmativas podem ser reforçadas pelos
relatos a seguir, apesar de opiniões contrárias:
103
A remuneração por competência prepara o funcionário para ser um
profissional do mercado, e assim deixamos de ser simplesmente
funcionários do BB (Q.32).
Considero que não. Apenas levará o gerente de módulo a atingir os
requisitos do programa, que, em sua maioria, pontuam os pleitos aos níveis
acima na organização (E.2).
Acho que a clareza e a objetividade podem, de certa forma, facilitar a
programação da carreira. Por exemplo, um gerente, para ganhar um tanto
daqui X anos, pensa: “Preciso ter tantas certificações, tantos pontos na
GDP” etc. Neste sentido, acho que auxilia (E.3).
Com respeito à vinculação entre competências e resultados, mencionada por Wood
Jr. e Picarelli (2004b), 85,3% dos respondentes concordam que as competências
definidas para compor a base da remuneração devem estar relacionadas com os
resultados e 84,6% concordam que a adoção de remuneração por competências
ajudará a empresa a obter melhores resultados. Ainda sobre esse aspecto, 81,0%
concordam que este modelo propicia crescimento sustentado, uma vez que atrela a
recompensa à criação de valor para o negócio, o que também confirma a
proposição de Souza (2005).
Ainda com respeito à vinculação entre competências e resultado, Ribeiro (1999)
encontrou em sua pesquisa resultados semelhantes, com 94,2% de concordância
de que as competências essenciais devem estar relacionadas ao resultado. Da
mesma forma, 91,9% concordam que a adoção deste modelo ajudará a Caixa a
obter melhores resultados. E, por outro lado, 87,2% discordam que essa forma de
remuneração levará os gerentes a focarem mais nos estudos que nos resultados.
Ainda sobre essa vinculação, destacam-se os seguintes relatos:
Acredito que haveria uma valorização maior do funcionário, um aumento dos
resultados, assim como uma remuneração maior aos funcionários se o
Banco implantasse a remuneração variável, com critérios bem claros e
focados nos negócios (E.1).
Não pude perceber nenhuma melhora nos resultados em relação à
remuneração por competência. Acredito que haverá melhoras se o
programa for amadurecido e estendido a todos os níveis hierárquicos da
instituição (E.2).
Em relação às vantagens trazidas pelo modelo de remuneração por competências,
com base na teoria proposta por Wood Jr. e Picarelli (2004b), destacam-se os
seguintes índices de concordância dos respondentes: a remuneração do fator
104
competência permite uma melhor compreensão da organização como um todo
(67,4%); possibilita a disseminação das estratégias da organização, gerando
melhoria de performance (83,2%); possibilita a disseminação de conhecimento entre
os funcionários, propiciando evolução profissional (73,3%); e funciona como um
poderoso instrumento de comunicação e como indutor de comportamento na
organização (66,3%). Além dessas afirmativas, constata-se uma percepção bastante
positiva em relação ao modelo implementado, tendo em vista que 74,0% dos
respondentes concordam que remuneração do fator competência trouxe, de modo
geral, vantagens para o gerente de módulo. Essa percepção é reforçada pelos
relatos abaixo:
Da forma que está concebida, não deixa de ter vantagens, mas precisa
aperfeiçoar muito, principalmente tendo como benchmarking as políticas de
remuneração variável dos bancos privados (E.1).
No curto prazo, acho que trouxe vantagens, em termos salariais. Outra
vantagem é o estímulo à capacitação. O fato de ser certificado e de estar no
módulo avançado também representa um status que não deixa de ser um
ganho (E3).
Entretanto, em relação à questão da informação e da comunicação sobre o modelo
e sua forma de aplicação, alguns depoimentos apontam deficiências, o que
corrobora a percepção de 88,3% dos respondentes de que a RC terá sucesso no
BB se existir uma forte sensibilização do corpo funcional:
O banco precisa esclarecer o assunto em questão, mostrando seus
benefícios para o corpo funcional e seus objetivos (Q.253).
Deveria haver maior esclarecimento, objetividade em relação às instruções
pertinentes. Nota-se que necessidade de maior divulgação e estimulo
para os envolvidos (Q.223).
O segundo fator, resistências, que agrega 11 itens, tem suas questões descritas na
TAB. 11 e analisadas nos parágrafos seguintes, procurando captar a percepção dos
respondentes no que diz respeito a possíveis dificuldades e aspectos negativos do
sistema de remuneração do fator competência.
105
Tabela 11 – Distribuição de respostas do fator resistências por nível de
concordância e de discordância
Item
Descrição Resumida do Item
%C %D
14
O BB terá dificuldade em medir o desempenho nas áreas de apoio.
71,4
28,6
33
A estrutura do BB dificultará o planejamento e a implementação em todas as áreas.
67,4
32,6
37
Os funcionários dificultarão a implantação da RC se aplicável apenas o negócio.
67,4
32,6
22
A RC gerará uma predominância do indivíduo sobre a equipe.
67,0
33,0
29
Aplicar RC implica em sobrecarga de trabalhos administrativos.
63,0
37,0
8
A RC gera um clima de tensão no ambiente de trabalho.
61,2
38,8
39
O BB terá dificuldades em implantar RC variável, devido às questões de ordem
legal.
52,4
47,6
28
A RC gera uma competição predatória entre as pessoas.
50,2
49,8
17
A RC é um fator de desmotivação para os funcionários mais antigos.
46,5
53,5
38
A RC induzirá o gerente a focar-se mais nos estudos e menos nos resultados.
43,6
56,4
11
A RC dificulta o relacionamento entre os gerentes de módulo.
37,0
63,0
Fonte: Dados da pesquisa
Legenda: RC = Remuneração do Fator Competência / C = Concordância / D = Discordância
Pelos dados da TAB. 11, 43,6% dos respondentes concordam que uma política de
remuneração por competências induzirá o gerente a focar-se mais nos estudos e
menos nos resultados do trabalho. Se 56,4% discordam desse fato, isso corrobora
ainda mais a percepção positiva dos gerentes de módulo sobre esse modelo de
remuneração e seus impactos nos resultados da organização. Essa vinculação entre
competências e resultado, contudo, ainda carece de maior clareza tanto para a
empresa quanto para o empregado, visto que o resultado sofre a influência de
diversas outras variáveis, conforme já apontado por Rodrigues (2005).
Em relação ao clima organizacional decorrente da adoção de um modelo de
remuneração por competências, 61,2% dos respondentes concordam que pode
gerar um clima de tensão no ambiente de trabalho. É possível que esse índice tenha
sido influenciado pela percepção de que este modelo gera um predomínio do
indivíduo sobre a equipe (67,0%) e também que os funcionários de outras áreas
dificultarão a continuação do processo de implementação se for aplicável apenas à
área negocial, uma vez que esta afirmação teve a concordância de 67,4% dos
respondentes. Percebe-se no relato de alguns depoentes uma preocupação quanto
à maneira como o processo continuará sendo conduzido:
Se mal conduzido, injusto ou vicioso, o programa pode ser desastroso,
afetando negativamente o clima organizacional, gerando disputas e conflitos
que prejudicariam o ciclo produtivo da instituição (E.2).
106
A remuneração por competências pode gerar grande competição interna,
que pode levar à melhoria de resultados num primeiro momento. Porém, a
tendência é de piora no clima organizacional. Pode vir a gerar canibalismo
(Q.134).
Os índices de concordância e discordância são praticamente os mesmos 50,2% e
49,8%, respectivamente, para a afirmativa de que a remuneração por competências
gera uma competição predatória entre as pessoas. a afirmativa de que este
modelo dificulta o relacionamento entre os gerentes de módulo teve discordância de
63,0% dos respondentes. Ainda nesse sentido, 53,5% discordam que este modelo
possa se constituir num fator de desmotivação para os funcionários mais antigos.
Os resultados encontrados por Ribeiro (1999) revelam que 67,4% concordam que
os empregados de outras áreas dificultarão a implantação da remuneração por
competências se for aplicável apenas à área negocial; 75,9% discordam que a
adoção deste modelo dificultará o relacionamento entre os gerentes; e 75,1%
discordam que pode gerar desmotivação nos funcionários mais antigos. Esses
índices guardam semelhança com os resultados da pesquisa atual. No entanto, os
outros itens daquela pesquisa apresentam resultados bastante diferentes, pois
discordância quanto à geração de tensão no ambiente de trabalho (52,8%), quanto
ao predomínio do indivíduo sobre a equipe (65,8%) e quanto à possibilidade de
competição predatória entre os gerentes (68,1%).
Percebe-se, quanto à questão de clima organizacional, uma diferença significativa
entre os gerentes de módulo da empresa pesquisada e os gerentes da Caixa.
que se ressaltar que essa diferença pode ser produto do fato de que na Caixa os
gerentes opinaram sobre uma situação imaginária, sobre uma possibilidade a ser
concretizada no futuro, enquanto no BB as respostas foram dadas por um grupo de
gerentes que estão experimentando o modelo desde julho/2007.
Entre os fatores impeditivos ou dificultadores dessa forma de remuneração, 71,4%
dos respondentes concordam que o banco terá dificuldades para medir as
competências nas áreas de apoio; e 63,0% afirmam que essa forma implica
sobrecarga de trabalhos administrativos, com avaliações e controles, o que pode ser
ratificado pelo relato:
107
Remuneração por competências sem suporte vai sobrecarregar mais a
gerência média. Hoje, já se executa demais e não tem tempo para gerenciar
como deveria... Remuneração por competência, hoje, cheira mais cobrança
(metas) e diferencial financeiro insignificante (Q.73).
Ainda nesse sentido, 67,4% consideram que a estrutura hierarquizada do BB
dificultará a implementação dessa política; e 67,4% concordam que os funcionários
de outras áreas dificultarão o processo de implementação se for aplicável apenas
para a área negocial. Entretanto, vale destacar que 75,1% desses respondentes
consideram que o modelo pode ser implementado para todas as áreas da
organização. Nesse sentido, alguns relatos reforçam a proposição de que o modelo
deve ser implantado em todas as áreas da organização:
Acredito que sim, pois todos os cargos devem ter metas a ser atingidas. A
área fim tem metas, as áreas meio também devem ter, pois só assim a área
fim conseguirá atender melhor os clientes e gerar mais negócios para o
banco (E.1).
Seria o mais correto do ponto de vista institucional, de clima organizacional,
de imagem e responsabilidade sócioambiental (E.2).
Em relação às dificuldades de implementação da remuneração por competências de
forma variável, devido a questões de ordem legal, 52,4% concordam com essa
afirmativa. Essa pode ser uma das razões de a empresa ter optado pelo modelo de
remuneração fixa. Semelhantemente, Ribeiro (1999) encontrou um índice de 67,9%
de concordância de que dificultadores legais impedirão a implantação do modelo na
Caixa.
Em relação às dificuldades de implementação em função da hierarquia, Ribeiro
(1999) também encontrou concordância (58,2%). No entanto, em relação à
sobrecarga de trabalhos administrativos, em virtude de um sistema de remuneração
por competências, predomina a discordância entre os gerentes daquela instituição
(54,2%). Essa diferença em relação à percepção dos gerentes de módulo do banco
pode também estar associada ao fato de eles estarem vivenciando um processo
real, enquanto aqueles opinaram sobre um possível modelo, ainda não
implementado.
108
As questões analisadas na TAB. 12 fazem parte do terceiro fator, critérios, em que
se procura captar a percepção dos respondentes quanto aos critérios adotados pela
empresa em relação à remuneração do fator competência.
Tabela 12 – Distribuição de respostas do fator critérios por nível de concordância e
de discordância
Item
Descrição Resumida do Item
%C %D
27
A RC pode ser implementada em todas as áreas do BB.
75,1
24,9
35
Os critérios de RC diminuíram bastante a subjetividade.
63,4
36,6
34
Os critérios da RC são claros e objetivos.
60,8
39,2
Fonte: Dados da Pesquisa
Legenda: RC = Remuneração do Fator Competência/ C = Concordância/ D = Discordância
Nesse sentido, destaca-se a necessidade de adotar critérios claros, objetivos e
transparentes, de forma a propiciar a mensuração e o acompanhamento por parte
de todos os envolvidos no processo. Para 60,8% dos respondentes, os critérios da
remuneração do fator competência adotados pelo BB são claros e objetivos, e para
63,4% diminuíram bastante a subjetividade. Observa-se também que 77,7% dos
respondentes concordam que as competências essenciais desses gerentes são
facilmente identificadas e reconhecidas, sendo que 75,1% concordam que este
modelo de remuneração pode ser implementado em todas as áreas da empresa,
mesmo para aquelas que não têm resultado financeiro.
Alguns depoimentos confirmam essa objetividade dos critérios, mas destacam
também certa falta de clareza, que pode ser produto de uma comunicação
ineficiente:
Acredito que existem critérios objetivos e claros, mas não me lembro muito
bem. E acredito que a maioria dos gerentes de módulo também não tem
este conhecimento sem antes estudar e relembrar os detalhes (E.1).
Os critérios são razoavelmente claros e objetivos. Entretanto, deveria ser
sistematizado um mecanismo para facilitar o acompanhamento do
atingimento dos requisitos necessários para obtenção da modalidade
avançada (E.2).
Acho que estes critérios são válidos, justos e ponderados. O banco talvez
tenha que analisar melhor a questão legal da isonomia entre antigos e novos
funcionários. Os critérios de certificação parecem não ser tão claros, talvez
por falta de comunicação. Acho que os critérios são objetivos, mas ainda
precisam ficar mais claros (E.3).
109
Esse nível de concordância em relação aos critérios revela uma percepção positiva
do modelo adotado, estando alinhado com a possibilidade de geração de um maior
sentimento de justiça, mencionado por Dutra, Hipólito e Silva (1998) em sua
pesquisa. Também confirma as afirmações de Souza (2005) de que esse modelo
propicia uma diminuição da subjetividade, visto que os critérios de certificação e
avaliação são amplamente divulgados.
Pode-se concluir, portanto, que uma percepção bastante positiva quanto à
capacidade do modelo em propiciar aperfeiçoamento e atualização constantes dos
gerentes, gerando autodesenvolvimento. O modelo de RC também é considerado
mais moderno e justo, por reconhecer o mérito e o esforço individuais, sendo capaz
de corrigir distorções salariais em relação ao mercado, porém de forma limitada,
devido à natureza da empresa e aos obstáculos de ordem legal. Os critérios do
modelo implementado são percebidos como claros e objetivos, o que facilita o
planejamento da carreira e proporciona maior motivação dos gerentes. Algumas
vantagens podem ser destacadas: capacidade do modelo de colaborar para os
resultados da organização; melhor compreensão da empresa como um todo; melhor
disseminação da estratégia e do conhecimento; e melhoria da comunicação.
Entretanto, algumas percepções revelam a preocupação dos respondentes, por
serem negativas: dificuldades de mensuração da área-meio da empresa; clima de
tensão, possivelmente em função do predomínio do indivíduo sobre a equipe e da
possibilidade de uma competição predatória entre os funcionários; maior sobrecarga
de trabalhos administrativos; e estrutura hierárquica que pode dificultar a
continuidade de implementação do modelo.
Depois de definida a estrutura fatorial do instrumento de pesquisa e analisadas as
questões dentro de cada fator, foram calculados os escores individuais dos fatores
em relação a cada respondente. Esses escores indicam a concordância média de
cada respondente em relação a cada um dos itens de cada fator. A partir dessas
médias, foram calculadas as médias gerais de cada fator, descritas na TAB. 13.
Tabela 13 – Médias e desvios-padrões (DP) dos fatores
110
do instrumento
Fator Média DP N
Fator 1 – Expectativas 4,33 0,83 273
Fator 2 – Resistências 3,68 0,94 273
Fator 3 – Critérios 3,79 0,98 273
Fonte: Dados da pesquisa
Considerando a variação da escala do instrumento de pesquisa de 1 (Discordo
totalmente) a 6 (Concordo totalmente), os dados indicam que o fator expectativas
apresenta maior grau de concordância, o que sugere que a percepção dos gerentes
de módulo do BB é maior em relação às expectativas do que em relação aos
demais fatores. Observa-se a homogeneidade da amostra, uma vez que os desvios
padrões para os três fatores foram baixos. De maneira geral, esses dados sugerem
uma percepção positiva desses respondentes em relação ao sistema de
remuneração do fator competência adotado pela empresa.
Situação semelhante foi apontada por Ribeiro (1999), que encontrou uma média de
3,05 para o fator expectativas e 2,44 para o fator resistências, numa escala de 1 a 4,
o que revela maior percepção positiva por parte dos gerentes negociais da Caixa
Econômica Federal em relação a uma possível implantação de um sistema de
remuneração por competências. Dutra, Hipólito e Silva (1998) também encontraram
boa receptividade em relação a um sistema de remuneração por competências, com
um escore de 4,30 de concordância, numa escala que varia de 1 a 5.
As médias apresentadas para os fatores critérios e resistências indicam também
concordância geral em relação às assertivas que compõem estes fatores, isto se se
considera a escala de 1 a 6, com seu ponto de corte entre discordância e
concordância em 3,5, que é exatamente o ponto médio da escala. Nesse sentido,
percebe-se que a média de concordância em relação ao fator critérios (3,79) é maior
que a do fator resistências (3,68), o que também sugere percepção positiva em
relação ao modelo adotado. No entanto, a média de concordância em relação a este
último fator demonstra que percepções negativas existem e precisam, portanto, ser
levadas em consideração pela empresa no processo de continuidade de
implementação do sistema para os demais segmentos de funcionários.
111
Os dados até aqui apresentados sugerem que a percepção dos gerentes de módulo
do BB a respeito da remuneração do fator competência pode ser explicada por três
fatores: expectativas, resistências e critérios. As análises estatísticas mostraram
predominância de expectativas sobre os demais fatores, o que demonstra
percepção positiva em relação a este modelo de remuneração.
Enfim, os dados aqui apresentados revelam, de maneira geral, uma percepção
positiva e uma boa expectativa dos gerentes de módulo do BB em relação ao
modelo de remuneração do fator competência adotado pela empresa. Algumas
questões impeditivas, que indicam resistência por parte dos funcionários, parecem
ser minimizadas pelos aspectos positivos, mas podem ser levadas em conta para
que se tomem os cuidados necessários à continuidade de implementação do
processo, de forma a produzir os efeitos almejados pela organização. Os relatos a
seguir reforçam essa proposição:
Concordo com a implementação da remuneração por competência. Trata-se
de uma tendência moderna em administração, que trará benefícios tanto
para a organização quanto para seus funcionários, que estarão sempre
qualificados e prontos para o mercado (Q.169).
A remuneração por competências é o caminho para o crescimento do banco
e o crescimento profissional dos funcionários (Q.142).
Na próxima seção, procura-se estabelecer as relações entre os três fatores até aqui
analisados e as variáveis demográficas constantes do instrumento de pesquisa
aplicado.
4.6 Análise de correlações entre os fatores e as variáveis demográficas
Nesta seção, os dados estatísticos dos três fatores são relacionados com as
variáveis demográficas, com o objetivo de identificar diferentes comportamentos dos
grupos definidos por essas variáveis. Nesse sentido, as variáveis demográficas
foram submetidas, em conjunto com os escores dos fatores definidos pela análise
fatorial, a análises estatísticas inferenciais. Esses dados foram correlacionados com
as variáveis demográficas discretas e de escala contínua, por meio de testes de
comparação entre médias – Teste t e One Way ANOVA.
112
As correlações entre número de dependentes, idade, tempo de banco, tempo no
cargo, tempo em cargo gerencial e os três fatores expectativas, resistências e
critérios – são apresentados na TAB. 14.
Tabela 14 – Correlações entre os fatores e as variáveis demográficas
Fator Análise
Número de
dependentes
Idade
Tempo de
banco
Tempo no
cargo
Tempo na
gerência
FATOR1
Pearson 0,005 -0,016 -0,087 -0,061 -0,047
Expectativas
Sig. 0,930 0,788 0,154 0,314 0,441
FATOR2
Pearson 0,085
0,139* 0,133*
0,055 -0,003
Resistências
Sig. 0,160 0,022 0,029 0,364 0,961
FATOR3
Pearson -0,026 -0,057 -0,036 -0,028
0,000
Critérios
Sig. 0,673 0,350 0,549 0,640 1,000
N 273 273 273 273 273
* Correlação significativa (p0.05)
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se na TAB. 14 que, de modo geral, não existem correlações significativas
entre as variáveis demográficas e os fatores. Entretanto, duas correlações
significativas foram encontradas, ambas entre o fator 2, resistências: idade e tempo
de banco. Porém, estas relações apresentam baixos índices de correlação, 0,139 e
0,133, respectivamente. Esses dados podem reforçar uma idéia corrente na
empresa de que os funcionários mais antigos são mais resistentes às mudanças e
às novas propostas organizacionais. Interessante notar que em pesquisa realizada
por Ribeiro (1999) não foram encontradas correlações significativas para essas
variáveis, embora essa mesma crença esteja presente também naquela empresa.
Outro aspecto a ser ressaltado nesses dados é que a variável tempo na gerência
apresenta correlação zero com o fator 3, critérios, demonstrando que a percepção
dos gerentes em relação aos critérios da remuneração do fator competência é a
mesma, independente do tempo na função gerencial.
Os dados de comparação de médias entre as variáveis demográficas discretas,
dentro dos fatores, estão descritos na TAB. 15.
113
Tabela 15 – Comparação entre variáveis demográficas e fatores
Sexo Estuda ?
Feminino Masculino Valor-p Não Sim Valor-p
FATOR1
4,49 4,20
0,004
4,23 4,41 0,074
FATOR2
3,78 3,60 0,112 3,73 3,63 0,372
FATOR3
3,94 3,69
0,037
3,71 3,87 0,156
* Diferença significativa p0.05
Fonte: Dados da pesquisa
Os dados da TAB. 15 sugerem que diferenças significativas na percepção dos
fatores 1 e 3, expectativas e critérios, em relação ao sexo. Nesse sentido, pode-se
inferir que o grupo feminino tem uma percepção mais positiva em relação ao
sistema de remuneração do fator competência e aos critérios definidos por este
modelo. Ainda sobre esse aspecto, não foram observadas diferenças significativas
para a variável está ou não estudando no momento.
Com relação às variáveis estado civil, escolaridade, cargo e número de
dependentes, não foram observadas diferenças significativas em nenhum dos três
fatores, pelos resultados obtidos pelo teste One Way ANOVA.
Desse modo, percebe-se que não existem correlações significativas entre a maioria
das variáveis e os fatores. No entanto, o fator resistência tem correlação com idade
e tempo de banco. Tempo de gerência não tem nenhuma correlação com o fator
critérios, e os fatores expectativas e critérios são mais bem percebidos pelo sexo
feminino.
O próximo capítulo apresenta as considerações finais e as limitações desta
pesquisa, que abrem perspectivas para novos estudos sobre o tema.
114
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca de maior efetividade nos resultados organizacionais por meio da obtenção
de vantagem competitiva passa necessariamente pelo capital humano, visto que é
no indivíduo que são criadas e desenvolvidas as competências. As pressões
provocadas pelas transformações no ambiente do trabalho, para a criação e o
desenvolvimento de novas competências, o cada vez mais acentuadas. Nesse
cenário, torna-se essencial a identificação das competências necessárias para a
realização dos objetivos organizacionais, como também das lacunas existentes nos
indivíduos, de forma a proporcionar o seu desenvolvimento.
Nesse sentido, surge a gestão do desempenho baseada em competências como ma
alternativa inovadora em gestão de pessoas, visando harmonizar os interesses dos
indivíduos com os objetivos das organizações. Neste modelo, destaca-se a
remuneração, que precisa ser aplicada de forma estratégica, com o objetivo de
reconhecer e recompensar as competências, estimulando o seu desenvolvimento,
de forma a garantir a sobrevivência empresarial, num mundo globalizado de acirrada
concorrência.
Buscou-se no referencial teórico uma maior articulação entre a remuneração e as
competências. Para compreender melhor essa relação, procura-se analisar de que
forma esses dois conceitos estão inseridos no modelo de gestão de desempenho
baseado em competências. Este modelo parte da identificação das competências
organizacionais, que são definidas em sintonia com as estratégias empresariais,
desdobrando-se nas competências individuais, entendidas como combinações
sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas no desempenho
profissional, em um contexto ou estratégia organizacional.
O modelo de gestão tem seu foco no desenvolvimento de competências a partir das
lacunas identificadas nos indivíduos. Um dos seus componentes é a remuneração
por competência, que tem por objetivo principal reconhecer e recompensar essas
competências, estimulando o seu constante desenvolvimento. A remuneração,
nesse contexto, é vista como um componente estratégico, de natureza fixa, de
115
acordo com o modelo de Wood Jr. e Picarelli (2004b). A escolha pela empresa
dessa forma de pagamento está associada ao conceito de competência adotado, à
cultura da organização e às limitações impostas pela legislação trabalhista.
A finalidade da gestão baseada em competências é o resultado organizacional.
Assim, a questão de maior dificuldade está exatamente em mensurar e relacionar as
competências aos resultados, visto que esses são influenciados por diversas outras
variáveis, motivo que reforça a escolha da forma de remuneração pela empresa
como de natureza fixa.
Tendo-se essas referências como base, o objetivo principal deste trabalho foi
verificar a percepção dos gerentes de módulo do BB localizados em Minas Gerais a
respeito do sistema de remuneração do fator competência implementado pela
empresa exclusivamente para esse segmento gerencial desde julho de 2007. Foram
levantados dados secundários na documentação da empresa e dados primários a
partir da aplicação de questionários e de entrevistas com os gerentes de módulo do
BB.
Os resultados apontam que o modelo de gestão de desempenho por competências
adotado pela empresa tem como foco o desenvolvimento de competências
individuais para o atingimento dos resultados organizacionais. Nesse sentido,
diversas ações de capacitação estão alinhadas ao modelo. Além das ações de
capacitação e desenvolvimento, a empresa conta também com programas de
certificação de conhecimentos, o que contribui significativamente para o processo de
reconhecimento e recompensa das competências. Essas certificaçõesm o aval de
instituições de ensino com excelente conceito no meio acadêmico, o que lhes
confere valor diferenciado.
Paralelamente a essas ações, a empresa adota um sistema de avaliação de
desempenho baseado em competências, que pode ser considerado democrático,
visto ser realizado por diversas fontes avaliadoras. Com isso, o foco deixa de ser
punitivo, que é comum em modelos de avaliação, e passa a concentrar-se no
autodesenvolvimento dos funcionários. O sistema de remuneração do fator
competência, atualmente em vigor na empresa, procura associar as certificações
116
com a avaliação do desempenho, que é exatamente a expressão das competências
adquiridas na dinâmica do trabalho. Dessa forma, a empresa busca atrelar essas
competências aos resultados organizacionais almejados. Os critérios estabelecidos
pela empresa para a avaliação, juntamente com as certificações, tornam-se a base
do sistema de remuneração do fator competência. Esses critérios procuram ser
claros e objetivos, inclusive fixando tetos orçamentários.
Em relação aos dados quantitativos, pôde-se concluir que a amostra desta pesquisa
é representativa em relação à população e aos blocos de cargos. Os respondentes
são, em sua maioria, do sexo masculino, com idade média de 40 anos e com nível
superior de escolaridade. Percebe-se grande dispersão na amostra em relação ao
tempo de banco. O tempo médio em cargos gerenciais e no cargo atual é de 5 e 3
anos, respectivamente.
Os resultados da análise fatorial sugerem que a percepção dos gerentes de módulo
do BB a respeito da remuneração do fator competência pode ser explicada por três
fatores: expectativas, resistências e critérios.
Em relação ao fator expectativas, a capacidade do sistema de propiciar
autodesenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização constantes, minimizando ou
eliminando as lacunas existentes em termos de competências, pôde ser confirmada
pela percepção bastante positiva dos gerentes de módulo. Ainda nesse sentido,
esses respondentes consideram o modelo adotado moderno e justo, pelo fato de
reconhecer o mérito e o esforço de cada um. Além disso, mostra-se capaz de
corrigir distorções salariais em relação ao mercado, ainda que de forma limitada,
devido aos obstáculos de ordem legal.
O modelo é percebido também de forma positiva em relação à sua capacidade de
gerar motivação e de facilitar o planejamento da carreira. Nos dados a aqui
analisados, percebem-se semelhanças com os resultados obtidos por Ribeiro
(1999). Esse aspecto da carreira é reforçado pela boa percepção dos respondentes
em relação aos critérios adotados pela empresa, que compõem o terceiro fator,
considerados pela maioria como claros e objetivos. Isso funciona como um
norteador para o encarreiramento profissional, gerando também um maior
117
sentimento de justiça e uma diminuição da subjetividade, visto que os critérios de
certificação e avaliação são amplamente divulgados.
A percepção positiva dos gerentes em relação à capacidade do modelo em
contribuir para os resultados da organização e para a compreensão da empresa
com um todo, mediante a melhor disseminação da estratégia e do conhecimento, e
da melhoria da comunicação, confirma as proposições teóricas. No entanto,
algumas entrevistas revelaram deficiências no processo de comunicação da
empresa com seus empregados, aspecto para o qual a organização deve atentar
para a continuidade na implementação do sistema.
Em relação à vinculação entre competências e resultados, a maioria dos
respondentes considera que este modelo, apesar de estar centrado no
autodesenvolvimento, não vai fazer com que os gerentes tirem o foco do resultado.
O que se percebe é uma complementaridade entre esses, numa relação de causa e
efeito. Contudo, essa vinculação ainda carece de maior clareza tanto para a
empresa quanto para o empregado, visto que o resultado sofre a influência de
diversas outras variáveis.
No fator resistências, a despeito de todas essas percepções positivas em relação ao
sistema adotado pela empresa, algumas preocupações são evidenciadas pelos
respondentes. Essas questões estão ligadas a dificuldades de mensuração da área-
meio da empresa e da forte hierarquia ainda presente na organização. Outra
dificuldade reside no aumento da sobrecarga de trabalhos administrativos com a
operacionalização do sistema. No que diz respeito ao clima organizacional, a
percepção também revela preocupações, por considerar que esse modelo gera um
clima de tensão, possivelmente em função do predomínio do indivíduo sobre a
equipe e da possibilidade de competição predatória, que também são percepções
dos respondentes. Ressalte-se que esses dados diferenciam dos resultados
encontrados por Ribeiro (1999), que apresentaram discordância dos gerentes
daquela empresa em relação a problemas relacionados com o clima organizacional.
Essa diferença pode ser produto do fato de que na Caixa os gerentes opinaram
sobre uma situação imaginária, enquanto nesta pesquisa as respostas foram dadas
por um grupo de gerentes que já está experimentando o modelo desde julho/2007.
118
As médias desses três fatores, numa escala variando de 1 (Discordo totalmente) a 6
(Concordo totalmente), indicam que o fator expectativas apresenta maior grau de
concordância, o que sugere que a percepção desses gerentes é maior em relação
às expectativas do que em relação às resistências. Por meio desses dados, pode-se
concluir que, de maneira geral, a percepção desses respondentes é positiva em
relação ao modelo adotado pela empresa.
Os dados dessa análise também revelam correlações entre o fator resistência e as
variáveis idade e tempo de banco, o que pode reforçar uma idéia corrente na
organização de que os funcionários mais antigos são mais resistentes às mudanças
e às novas tecnologias de gestão de pessoas. Ressalte-se também que os fatores
critérios e expectativas são mais bem percebidos pelo sexo feminino e que a
percepção quanto aos critérios não tem nenhuma relação com a variável tempo de
gerência.
Finalmente, pôde-se perceber, de maneira geral, que a percepção dos gerentes de
módulo do Banco do Brasil em relação ao sistema de remuneração do fator
competência é positiva. Alguns aspectos negativos evidenciados nesta pesquisa e
que indicam resistências parecem ser de menor relevância se comparados às
expectativas e aos aspectos positivos. No entanto, devem ser levados em
consideração com bastante atenção, para que a empresa tome os cuidados
necessários à continuidade de implementação do processo para toda a
organização.
Deve-se levar em conta, todavia, que a presente pesquisa apresenta suas
limitações. Em primeiro lugar, apesar de todos os cuidados metodológicos
empreendidos, a amostra pode não ser representativa do universo, principalmente
se se levar em consideração o tamanho da organização pesquisada e sua
distribuição por todo o território nacional. É necessário ressaltar que a amostra
limitou-se ao estado de Minas Gerais.
Outro aspecto a ser considerado está na possibilidade de viés de interpretação, pelo
fato de o pesquisador ser funcionário da empresa muitos anos e ter
internalizado normas, crenças, valores e cultura da organização. Destaca-se,
119
portanto, que o pesquisador procurou manter-se em posição de neutralidade,
respaldando-se no modelo de pesquisa proposto, via questionário e roteiro de
entrevista, com vistas a minimizar essa possibilidade.
Outra limitação está no fato de que restrições para a generalização dos
resultados obtidos nesta pesquisa, visto tratar-se de estudo de caso. Nesse sentido,
muito cuidado deve ser tomado para não generalizar os resultados para outras
organizações. Entretanto, os resultados podem levar à generalização teórica,
aspecto essencial para a academia.
Essas limitações, no entanto, abrem perspectivas para novos estudos que podem
melhorar a amostra ou, mesmo, replicar a pesquisa em outras regiões ou empresas,
de modo a comparar os resultados e, com isso, ampliar o conhecimento nesta área.
Um estudo sobre diferentes modelagens em diferentes organizações também seria
recomendável. Pode-se ainda realizar um estudo em profundidade sobre este
modelo de remuneração como fator motivacional. Outra perspectiva que poderia ser
investigada seria a de correlações entre competências e resultados, levando-se em
consideração se de fato essas são impulsionadoras destes.
120
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128
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
PESQUISA SOBRE PERCEPÇÃO DOS GERENTES DE MÓDULO DO BANCO DO BRASIL
LOCALIZADOS EM UNIDADES DE MINAS GERAIS A RESPEITO DE REMUNERACÃO DO FATOR
COMPETÊNCIA
CARO COLEGA,
Sei o quanto o trabalho no Banco ocupa o seu tempo e também que você
provavelmente vive numa correria. No entanto, gostaria de convidá-lo a participar de
uma pesquisa conduzida por mim para conclusão do curso de Mestrado Acadêmico
em Administração, na Faculdade Novos horizontes. Sua resposta será muito
importante para esta pesquisa e o seu anonimato estará garantido.
Muito obrigado por sua participação. Queira, por favor, após responder ao
questionário, devolver o formulário com as respostas, em envelope lacrado, para a
GEPES-BH, aos cuidados de Rodrigo Quirino. Em caso de dúvida, comunique-se
via e-mail [email protected].br, ou pelo telefone (31) 3217-3011.
ESCLARECIMENTOS INICIAIS
Esta pesquisa tem a finalidade de identificar o que os gerentes de módulo do BB
localizados em unidades de Minas Gerais pensam sobre remuneração do fator
competência. Competência significa uma tríade que envolve conhecimentos,
habilidades e atitudes.
Conhecimento corresponde à capacidade do indivíduo de processar informações e
integrá-las em um esquema preexistente ou de criar sistemas ou esquemas.
Habilidade é a capacidade de agir de acordo com objetivos e processos
prédefinidos, envolvendo técnica e aptidão. Atitude diz respeito a aspectos sociais e
comportamentais do trabalho, envolvendo a motivação para a ação, ou o querer
fazer.
Quando uma organização remunera por competências, isso significa que:
a) os aumentos salariais passam a considerar menos as promoções na carreira
e mais os resultados obtidos em função das competências;
b) o tempo de serviço passa a ter um papel secundário na remuneração;
c) o empregado evolui por meio da conquista e do desempenho das
competências. Esta evolução ocorre em razão das necessidades da
organização e das equipes de trabalho e pelo esforço do próprio empregado
em adquirir novas competências; e
d) a metodologia de avaliação em uso pela organização e os padrões de
desempenho esperados por esta devem estar definidos de forma clara.
129
Considerando a implantação da remuneração pelo fator competência
exclusivamente para os gerentes de módulo, peço-lhe que responda ao questionário
que se segue.
As respostas são padronizadas, segundo a escala de concordância que aparece no
cabeçalho de cada página do questionário. Essa escala varia em um intervalo de 1 a
6, em que 1 significa discordância total e 6 concordância total com a afirmativa.
NÃO EXISTEM RESPOSTAS CERTAS OU ERRADAS.
O QUE CONTA É SUA OPINIÃO.
130
1- Com sua remuneração vinculada às competências, o
gerente de módulo terá que buscar seu autodesenvolvimento,
necessitando dedicar tempo para esta tarefa.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
2- As competências essenciais dos gerentes de módulo do BB
são facilmente reconhecidas e identificadas.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
3- A utilização da remuneração por competências ajudará a
organização a obter melhores resultados.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
4- A remuneração do fator competência trouxe vantagens para
o gerente de módulo.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
5- A remuneração por competências constitui-se em um dos
fatores para aumentar o nível de motivação dos empregados
de uma organização.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
6- A remuneração por competências promoverá uma
atualização constante do gerente de módulo, preparando-o
para o BB e para o mercado.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
7- A organização que remunera seus empregados com base
nas competências é uma organização moderna.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
8- A aplicação da remuneração por competências gera um
clima de tensão no ambiente de trabalho.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
9- A remuneração do fator competência estimula os gerentes
de módulo a desenvolverem suas competências.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
10- A remuneração do fator competência deve ser de natureza
fixa, uma vez que o desempenho e os resultados dependem
de outras variáveis além da competência.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
11- A remuneração por competências dificulta o
relacionamento entre os gerentes de módulo do BB.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
12- A remuneração por competências proporcionará a
possibilidade de crescimento profissional dos gerentes de
módulo, pelos seus méritos.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
13- A remuneração do fator competência deve ser de natureza
variável, dependendo do desempenho e dos resultados que
cada um alcançar.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
14- O BB terá dificuldade em medir o desempenho nas
competências utilizadas nas áreas de apoio, que não
apresentam resultado financeiro.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
15- A remuneração do fator competência facilita ao gerente de
módulo o planejamento de sua carreira.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
16- A remuneração do fator competência está intimamente
ligada à GDP por competências.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
17- A utilização, pelo BB, da remuneração por competências
constitui-se em um fator de desmotivação para os funcionários
mais antigos.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
18- A remuneração por competências é mais justa porque
possibilita premiar o empenho e o desempenho do
empregado.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
19- A remuneração do fator competência permite uma melhor
compreensão da organização, como um todo.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
20- As competências definidas para compor a base da
remuneração devem estar relacionadas aos resultados
esperados.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
21- A remuneração do fator competência possibilita a
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
Assinale com um X na lacuna correspondente ao número da escala abaixo:
1 - Discordo totalmente
2 – Discordo muito
3 – Discordo pouco
4 – Concordo pouco
5 – Concordo muito
6 – Concordo totalmente
131
disseminação das estratégias da organização, gerando
melhoria de performance.
Assinale com um X na lacuna correspondente ao número da escala abaixo:
1 - Discordo totalmente
2 – Discordo muito
3 – Discordo pouco
4 – Concordo pouco
5 – Concordo muito
6 – Concordo totalmente
22- A remuneração por competências gerará uma
predominância do indivíduo sobre a equipe.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
23- A remuneração do fator competência possibilita a
disseminação de conhecimento entre os funcionários, o que
propicia evolução profissional.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
24- A remuneração por competências é uma das formas de
avaliar a capacidade de cada um.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
25- A remuneração do fator competência funciona como um
poderoso instrumento de comunicação e como indutor de
comportamento na organização.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
26- A remuneração por competências proporciona ao gerente
de módulo o planejamento de sua vida funcional.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
27- A remuneração por competência pode ser implementada
em todas as áreas do BB, mesmo nas que não possuem
resultado financeiro mais facilmente tangível.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
28- A remuneração baseada em competências gera uma
competição predatória entre as pessoas.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
29- Aplicar um processo de remuneração por competências
implica em sobrecarga de trabalhos administrativos, com
avaliações e controles.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
30- A remuneração do fator competência propicia crescimento
sustentado, uma vez que atrela a recompensa à criação de
valor para o negócio.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
31- A remuneração por competências corrige distorções da
remuneração paga aos gerentes de dulo do BB em relação
ao mercado.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
32- A remuneração por competências é um mecanismo para
promover uma maior capacitação dos funcionários.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
33- A estrutura do BB, com diversos níveis hierárquicos e de
decisão, dificultará o planejamento e a implementação de uma
política de remuneração por competências em todas as áreas
da empresa.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
34- Os critérios de remuneração do fator competência no BB
são claros e objetivos.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
35- Os critérios de remuneração do fator competência no BB
diminuíram bastante a subjetividade.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
36- A remuneração por competências terá sucesso no BB,
se existir uma forte sensibilização do corpo gerencial sobre
sua importância.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
37- Os funcionários de outras áreas do BB dificultarão a
implantação da remuneração por competências, se o sistema
for aplicável apenas para os gerentes alocados no negócio.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
38- Uma política de remuneração por competências induzio
gerente a focar-se mais nos estudos e menos nos resultados
do trabalho.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
39- O BB terá dificuldades em implantar remuneração do fator
competência como remuneração variável, devido às questões
de ordem legal.
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
40- A remuneração por competências conduzirá a uma auto-
avaliação de conhecimentos, fazendo com que o funcionário
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
132
busque o aperfeiçoamento constante.
PARA QUE SEJA REALIZADO O TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS, PREENCHA,
POR FAVOR, OS CAMPOS ADIANTE:
SEXO: ( ) Feminino ( ) Masculino
ESTADO CIVIL: ( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ( ) viúvo (a) ( ) separado judicialmente ( )
outros
NÚMERO DE DEPENDENTES: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ou mais.
IDADE : ______ anos
TEMPO DE BANCO: ______ anos
ESCOLARIDADE: ( )2º Grau ( )Superior ( )Especialização ( )Mestrado ( )Doutorado
CARGO
( ) Gerente de Módulo Corporate ou Private
( ) Gerente de Módulo Empresarial/governo ou Alta renda
( ) Gerente de Módulo Pessoa Física e Jurídica
( ) Gerente de Módulo Serviços
TEMPO QUE OCUPA O ATUAL CARGO: _____ anos
TEMPO QUE OCUPA CARGO GERENCIAL NO BB: _____ anos
ESTÁ ESTUDANDO NO MOMENTO? ( ) NÃO ( ) SIM CURSO
___________________________
Nenhum questionário consegue abordar totalmente o assunto proposto. Utilize o
espaço abaixo para seus comentários, críticas e sugestões adicionais sobre
remuneração por competências em geral e sobre a sua implantação no BB.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS (Pode usar o verso)
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
133
__________________________________________________________
__________________________________________________________
APÊNDICE B – Entrevista semi-estruturada
Dados pessoais
Nome:_______________________________________ Idade:______ Sexo:_____
Estado civil:_______________ Escolaridade:_____________ N° dependentes:____
Dados profissionais
Tempo de Banco:_________ Tempo que ocupa cargo gerencial no BB:_________
Cargo atual:______________________ Tempo que está no cargo atual:________
1) Você acha que a RC estimula a capacitação e o desenvolvimento de
competências dos gerentes de módulo? De que forma?
2) Você acha que os resultados do BB melhoraram em função da RC? Acha
que ainda vão melhorar?
3) Você percebe vantagens na RC para os gerentes de módulo? Quais são
elas? Os gerentes de módulo estão mais motivados com a RC?
4) Você acha que a RC pode provocar efeitos negativos na organização, como:
5) Piorar o clima e o relacionamento entre os funcionários; individualismo e
competição predatória?
6) Você acha que a RC deve ser fixa ou variável? Por quê? E questões legais?
7) Você acha que a RC é mais justa por valorizar o mérito e o desempenho? Ela
ajuda a corrigir distorções em relação ao mercado?
8) Como o BB mede o desempenho das competências?
9) Com a RC ficou mais fácil para o gerente de módulo planejar sua carreira?
10)Você acha que a RC pode ser implementada para todos os cargos no BB?
11)Quais são os critérios para RC no BB? Em sua opinião eles são objetivos e
claros?
134
12)A RC está relacionada com a Gestão do Desempenho Profissional - GDP por
Competências? De que forma?
13)A estrutura do BB (cargos/hierarquia) é um dificultador para a RC?
135
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