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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
ADHEMAR G. DA SILVA JÚNIOR
O DESENHO ANIMADO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA
MORALIDADE
Joaçaba SC
2008
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2
ADHEMAR G. DA SILVA JÚNIOR
O DESENHO ANIMADO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA
MORALIDADE
Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao
Programa de Mestrado em Educação da Universidade
do Oeste de Santa Catarina Unoesc, Campus de
Joaçaba, para a obtenção do grau de Mestre em
Educação, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Teresa
Ceron Trevisol.
Orientadora: Dra. Maria Teresa Ceron Trevisol
Joaçaba SC
2008
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ADHEMAR G. DA SILVA JÚNIOR
O DESENHO ANIMADO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA
MORALIDADE
Dissertação de Mestrado, apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Educação, do Programa de
Mestrado em Educação da Universidade do
Oeste de Santa Catarina.
Aprovada em ............ de ......................................... de 2008.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Profa. Dra Maria Teresa Ceron Trevisol
Universidade do Oeste de Santa Cataria (UNOESC)
_________________________________________________
Prof. Dr. ...
Universidade...
_________________________________________________
Prof. Dr. ...
Universidade...
4
AGRADECIMENTOS
- Agradeço a minha mãe, por me dar a vida.
- Aos colegas da universidade, que me possibilitaram aprender um pouco mais.
- Aos colegas de turma de mestrado, pelo amor, carinho, respeito e parceria,
minha eterna gratidão.
- Aos parceiros Arnaldo T. Ferreira, Rudinei Schneider e Mateus Leite Mitterer
pelo companheirismo.
- A minha orientadora pela sapiência, perseverança, respeito e amizade.
- A minha companheira, por não me deixar desistir, por nosso filho e por nascer
de novo.
- A DEUS, por me dar a chance de vencer mais esta etapa.
5
RESUMO
A televisão faz parte da cultura de massa, é uma das mídias que transmite a
mesma informação para muitas pessoas ao mesmo tempo, e isso permite
realizar a comunicação de maneira socialmente igualitária tornando a relação
mais prazerosa com novos saberes. Levar a televisão para a sala de aula
implica também ensinar os alunos a vê-la com olhar crítico. Nesse sentido, a
investigação realizada buscou analisar a utilização de alguns desenhos
animados como recurso pedagógico para auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem e no desenvolvimento moral dos alunos pertencentes à faixa
etária de 07 e 10 anos. A base teórica desse estudo encontra-se em autores
que discutem a inserção das novas tecnologias, principalmente a televisão, no
contexto da sala de aula, como: Fusari (1985); Gonçalves (2003); Gentile
(2006); e Hernadéz & Sancho (2007). Além desses, buscamos em Piaget e em
autores que desenvolveram estudos pautados pela teoria piagetiana, como
Puig (1998), a base para discutirmos o desenvolvimento moral da criança. A
amostra selecionada para esse estudo foi composta por sessenta e três (63)
alunos e três (3) professoras representantes de diferentes instituições de
ensino, uma pública, uma particular e uma municipal. Como procedimento de
coleta de dados, utilizamos; a) com os alunos: um desenho dos programas que
mais assistem na televisão e que mais gostam; exibição de dois episódios do
desenho “Bob o Construtor”, selecionados para essa atividade; entrevista com
um roteiro de questões semi-estruturadas, tendo como foco os desenhos
animados assistidos. b) Com os professores: entrevista com um roteiro de
questões semi-estruturadas. Como procedimento de análise dos dados foi
empregado a análise do conteúdo das respostas dos sujeitos pesquisados. A
análise dessa experiência pedagógica e das respostas coletadas com alunos e
professores possibilitou os seguintes resultados: a utilização dos desenhos
animados, em sala de aula, constitui um recurso didático-pedagógico
interessante, permitindo aos alunos a visualização e a reflexão de situações do
cotidiano; auxiliam na construção do aluno crítico, capaz de analisar as
mensagens e conteúdos veiculados pela televisão. Para que o desenho
animado possa representar uma ferramenta com finalidade pedagógica, é
6
essencial que o professor se disponibilize a aprender, planejar e a construir a
forma como utilizará esse recurso. Evidenciou-se, também, o encantamento de
professores e alunos pela utilização dessa nova possibilidade, os desenhos
animados e da televisão, no espaço da sala de aula.
Palavras chave: Processos Educativos. Desenhos animados. Ferramenta
Pedagógica
7
ABSTRACT
The television is part of the mass culture, is one of the medias that transmits the same
information for many people at the same time, and this allows getting the communication in a
socially equal way, becoming the relation most pleasant with new knowledges. Taking the
television to the classroom also implies to teach the students to watch it with a critical looking. In
this direction, the proposed inquiry searched to analyze the use of some cartoons as
pedagogical resources to assist the process of teaching and learning and the moral
development of the 7 to 10 age students. The theoretical base of this study sets in some
authors who discuss the insertion of the new technologies, mainly the television, in the context
of the classroom, as: Fusari (1985); Gonçalves (2003); Gentile (2006); and Hernadéz & Sancho
(2007). Beyond them, we searched in Piaget and other authors who had developed studies
based on the Piagetiana theory, as Puig (1998), the base to discuss the moral development of
the child. The selected sample for this study was composed by sixty three (63) students and
three (3) teachers who represented the different institutions of education: one public, one
private and one municipal school. In order to collec the data, we use; with the students: a
cartoon from the programs that they most like and watch on television; the show of two
episodes of the cartoon “Bob, the Builder”, selected for this activity; interview with a half-
structuralized questions script, aiming watched cartoons. b) With the teachers: interview with a
half-structuralized questions script. To analyse the data we used the analysis of the content of
the answers of the searched people. The analysis of this pedagogical experience and the
collected answers with students and teachers made possible the following results: the use of
cartoons, in the classroom, constitutes an interesting didactic-pedagogical resource, allowing
the students the visualization and the reflection of the daily situations; they assist in the
construction process of a critical student, capable of analyzing the messages and contents from
the television. So the cartoons can represent a tool, with a pedagogical purpose, it is essential
that the teacher be disposed to learn, to plan and to construct the form as he will use this
resource. It was proven, also, the delight of teachers and students for the use of this new
possibility, the cartoons and the television, in the space of the classroom.
Keywords: Educative processes. Cartoons. Pedagogical tool.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1
....................................................................................................
16
Quadro 2
....................................................................................................
50
Figura 1
....................................................................................................
56
Figura 2
....................................................................................................
56
Figura 3
....................................................................................................
56
Figura 4
....................................................................................................
56
Figura 5
....................................................................................................
57
Figura 6
....................................................................................................
57
Figura 7
....................................................................................................
57
Figura 8
....................................................................................................
57
Figura 9
....................................................................................................
57
Quadro 3
....................................................................................................
69
Quadro 4
....................................................................................................
71
Quadro 5
....................................................................................................
74
Quadro 6
....................................................................................................
75
Quadro 7
....................................................................................................
77
Quadro 8
....................................................................................................
78
Quadro 9
....................................................................................................
80
Quadro 10
....................................................................................................
81
Quadro 11
....................................................................................................
83
Quadro 12
....................................................................................................
86
Quadro 13
....................................................................................................
90
Quadro 14
....................................................................................................
92
Quadro 15
....................................................................................................
94
Quadro 16
....................................................................................................
96
Quadro 17
....................................................................................................
98
9
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................
04
RESUMO .................................................................................................................
05
ABSTRACT .............................................................................................................
07
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................
08
1- INTRODUÇÃO .....................................................................................................
11
CAPÍTULO 1-EXPLORANDO UM MEIO DE COMUNICAÇÃO: A TELEVISÃO ...
14
1.1 O meio de comunicação televisão ......................................................................
14
1.2 A escola, os pais, os filhos e a televisão ............................................................
21
1.3 A aprendizagem e a televisão ............................................................................
30
1.4 O comportamento e os valores ..........................................................................
33
1.5
A educação moral e a personalidade consciente ..............................................
46
CAPÍTULO 2 - MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO ......................................................
50
2.1 Tipo de Pesquisa ...............................................................................................
50
2.2 Composição da amostra ....................................................................................
50
2.3 Estrutura da pesquisa: coleta de dados .............................................................
51
2.4 Procedimentos para coleta de dados .................................................................
52
2.5 Justificativa, estrutura e objetivos sobre o desenho animado ............................
53
2.5.1 Roteiro da entrevista com os alunos ........................................................
53
2.5.2 Roteiro da entrevista com as professoras ................................................
54
2.6 O desenho animado utilizado .............................................................................
54
2.7 Procedimentos para análise de dados ...............................................................
61
10
2.8 A Pesquisa: relato das atividades desenvolvidas com os alunos e
professoras...............................................................................................................
62
2.8.1 Desenvolvendo as atividades na escola pública (EPu) ...........................
62
2.8.2 Desenvolvendo as atividades na escola particular (EPa) ........................
64
2.8.3 Desenvolvendo as atividades na escola municipal (EMu) .......................
66
CAPÍTULO III – INTERAGINDO COM AS INFORMAÇÕES ..................................
69
3.1 Os alunos e a representação dos desenhos animados .....................................
69
3.2 A interação: professoras x alunos – quadro analítico ........................................
73
3.3 A interação: professoras x pesquisador – quadro analítico ...............................
90
3.4 O desenho animado: a importância desta ferramenta pedagógica ...................
104
3.5 Como usar a TV em sala de aula .......................................................................
109
3.6 Algumas indicações de como não usar a televisão em sala de aula .................
110
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................
111
5 -REFERÊNCIAS ...................................................................................................
118
6 -ANEXOS .............................................................................................................
12
3
11
1- INTRODUÇÃO
O desenho animado como ferramenta pedagógica para o
desenvolvimento da moralidade é o tema deste estudo que investiga a
utilização do veículo de comunicação televisão, por meio dos desenhos
animados, como estratégia pedagógica para contribuir no processo ensino-
aprendizado dos alunos em sala de aula.
A televisão faz parte da cultura de massa, é uma das mídias que
transmite a mesma informação para muitas pessoas ao mesmo tempo, e isso
permite realizar a comunicação de maneira socialmente igualitária tornando a
relação mais prazerosa com novos saberes.
Com a crise dos anos 80, quando a situação econômica do país foi de
extrema dificuldade, o fenômeno televisão ganhou proporções, muito mais
pessoas em casa pela falta de emprego, assim, proporcionou o aumento do
número de telespectadores a frente desse veículo de comunicação.
Com o aumento do desemprego a mulher buscou seu espaço no
mercado de trabalho para poder ajudar seu companheiro com o orçamento
doméstico, com isso, teve cada vez menos tempo para os filhos. Como a
família moderna atomizou-se, reduzindo-se na prática, ao pai, a mãe e os
filhos, essas crianças ficaram, cada vez mais cedo com babás, vizinhas e
professores.
A partir da década de 90 as pesquisas mostram que as pessoas estão
passando mais tempo em frente a este veículo de comunicação. Gago;
Moraes (2005, p.28) nos mostraram que a televisão ajuda o desenvolvimento
da criança e nessa perspectiva, a tevê faz parte de um conjunto de mediações
culturais que participam do processo de desenvolvimento moral da criança,
contribuindo também com a prática educativa, elevando assim a potencialidade
de ocorrência de uma aprendizagem significativa dessa criança.
Interessa-nos, de forma particular, verificar como especificamente a
televisão por meio do desenho animado, pode contribuir para esse
desenvolvimento e maximização. E responder as seguintes questões de
pesquisa:
12
a) Quais mensagens estes desenhos podem transmitir auxiliando no
desenvolvimento cognitivo e social dos alunos na fase de educação infantil?
b) Como estes desenhos podem contribuir auxiliando professores em sala de
aula?
c) A tecnologia de informação e comunicação (TIC) possibilita ampliar
significativamente as maneiras de se utilizar a televisão em sala de aula?
De acordo com Pougy (2005 p.46), “a criança relaciona-se com a TV do
mesmo modo que se relaciona com o que está a sua volta”. Para ela, a TV
constitui-se em um jogo simbólico, como são as brincadeiras infantis. A criança
é receptiva das mensagens veiculadas na TV, ela as recria de acordo com
suas experiências, um processo de troca de conhecimentos. Ela incorpora o
que vê e ouve de maneira criativa, retirando o que lhe interessa naquele
momento.
Essa necessidade de promover esse desenvolvimento junto aos alunos
nos instiga a investigar as tecnologias de informação e comunicação como uma
ferramenta pedagógica para auxiliar o professor no processo de ensino e
aprendizagem e na intervenção em facetas do desenvolvimento, como é o caso
do desenvolvimento moral, que demandam estratégias diferenciadas por parte
deste profissional.
A partir desta situação, foi realizado um levantamento para verificar
como os desenhos animados podem: a) contribuir no processo de ensino e
aprendizagem observando quais mensagens estes desenhos pode transmitir,
para auxiliar no desenvolvimento cognitivo e social dos alunos na fase de
educação infantil; b) auxiliar na construção de um novo conteúdo e estimular a
crítica, ajudando o professor em sala de aula, e c) especificamente trabalhar o
desenvolvimento cognitivo e social, fazendo uso da tecnologia de informação e
comunicação para ampliar significativamente as maneiras de se utilizar a
televisão em sala de aula, com o objetivo de fazer desses desenhos animados
uma estratégia para transmissão de valores que possibilitem o
desenvolvimento de um ser humano mais crítico com relação a sua
participação na
sociedade.
13
Nesse sentido, esse estudo está organizado de forma a levar a
discussão sobre as tecnologias de informação e comunicação (TIC), mostrar
como é importante saber e utilizar essas ferramentas, para que com novas
propostas os professores continuem a despertar maior interesse na
participação de seus alunos em sala, permitindo que essas ferramentas se
tornem aliadas de professores e alunos na busca por novos conhecimentos.
No capítulo I, apresentamos um relato da evolução deste veículo de
comunicação, a televisão, e de sua importância no estudo proposto e que vem
subsidiado por autores pesquisadores como Lobo (1999); Belloni (1995); Lazar
(1999); Boselli (2002) e Gago; Moraes (2005) entre outros tão importantes e
expressivos quanto os que acabaram de ser citados e que mantém estudos
relevantes sobre o assunto pesquisado. Discutimos a constituição de uma
proposta de educação moral na escola a partir da base teórica proposta por
Piaget e de outros autores que mantém a essência piagetiana em suas
pesquisas. No capítulo II apresentamos o método de investigação da pesquisa,
a forma como foi desenvolvida, a interação com os alunos e as professoras que
participaram da atividade. No capítulo III apresentamos a análise dos dados
coletados que permitem ampliarmos nossa avaliação com relação à utilização
dos desenhos animados como ferramenta pedagógica para auxiliar professores
no processo de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento moral de seus
alunos, para na seqüência apresentarmos as considerações finais.
14
CAPÍTULO 1
1.1 O meio de comunicação televisão
Televisão (do grego tele - distante e do latim visione visão)
1
é
um sistema eletrônico de transmissão de imagens e sons de forma instantânea.
A televisão no Brasil surgiu na década de 50, trazida por Assis Chateaubriand
que fundou o primeiro canal de televisão no país. Desde então a televisão
cresceu e hoje representa um fator importante na cultura popular moderna na
sociedade brasileira. Passa a ser também uma das formas de
telecomunicação que mais tem chamado a atenção de estudiosos interessados
no assunto, e dentre eles os educadores. Considerando a integração do seu
significado etimológico, “visão ao longe”, ao efeito que produz, a televisão tem
conseguido manter telespectadores assíduos aos seus programas, não na
realidade brasileira, mas também entre os habitantes das várias regiões do
mundo.
A televisão faz parte da cultura de massa, é uma das mídias que
transmite a mesma informação para muitas pessoas ao mesmo tempo, e isso
permite realizar a comunicação de maneira socialmente igualitária. É
justamente essa a sua dinâmica, e falar de mídias quando o assunto é
aprendizagem é um desafio. Na realidade, estudiosos relutam em aceitar a
capacidade cognitiva das mídias. Picasso afirmava que a pintura não foi feita
para decorar apartamentos, “é um instrumento de guerra ofensiva e defensiva
contra o inimigo” (apud LOBO, 1999 p. 23). Essa linha de raciocínio também
está em consonância com Lazar (1988 p. 43), quando afirma que essa idéia é
válida também para a televisão, ou seja, “a televisão, não foi feita para mobiliar
um apartamento, mas é um instrumento de guerra ofensiva e defensiva contra
a ignorância”.
Conforme Lazar (1988 p. 43), com a crise dos anos 80, quando a
situação econômica do país foi de extrema dificuldade, o fenômeno televisão
ganhou proporções, muito mais pessoas em casa pela falta de emprego
proporcionaram o aumento do número de telespectadores à frente desse
veículo de comunicação. Precisavam de alguma forma, amenizar a falta de
1
Fonte:
CUNHA, Antonio Geraldo da Dicionário Etimológico -Nova Fronteira, 1999 p. 760/761
15
lazer e por meio da programação exibida pela televisão tinham essa regalia
sem que com isso tivessem muitos gastos.
Em função da atomização da família, muitas crianças não têm a
oportunidade de conviver com avós, tios e primos. Assim como a família, a
casa é cada vez menor, pois seus cômodos estão cada vez mais reduzidos, e
as distâncias providenciam o isolamento da família consangüínea. Este
“fechamento social” torna, necessariamente, mais íntimas e mais constantes as
relações entre pais e filhos, ou melhor, deveria tornar. Mas isso não está
acontecendo: a distância entre a família e o mundo externo aumentou, sem que
os pais pudessem ou mesmo quisessem dar, em contrapartida, mais amor e
atenção aos seus filhos.
De acordo com Lobo,
Antes da industrialização e da inchação das cidades, antes da
especulação imobiliária, a família era maior e morava em espaços
bem mais amplos. Havia mais tempo disponível para os contatos
pessoais dentro de casa. As crianças conviviam com mais pessoas,
parentes mais velhos e mais moços, e tinham oportunidade de
experimentar uma variedade de influências enriquecedoras. Como
resultado das mudanças a mulher foi estudar e/ou trabalhar. Saiu de
casa para realizar-se como pessoa ou para equilibrar o orçamento
familiar, diminuindo o risco de desemprego dentro de casa. (LOBO,
1999 p. 23)
Na prática, os pais continuam a projetar nos filhos os seus sonhos
particulares, principalmente os irrealizados. O diálogo é visto como o maior
progresso nas relações entre pais e filhos, um exercício de relaxamento que
ajudaria os pais a se habituarem ao comportamento dos filhos. O ato, a ão
de sentar e ouvir, prestar atenção, saber das necessidades estimularia uma
melhora nesses relacionamentos. A troca de informações, o diálogo que
poderia aproximar essas pessoas promovendo um maior conhecimento entre
os membros dessa família, no entanto, curiosamente, ele não acontece, este
diálogo está faltando, enquanto uma franca tendência a deixar à televisão
uma responsabilidade que ela não quer ter: a de educar os filhos dos outros
(LOBO, 1999 p. 27).
16
É interessante observar que esses pais não percebem a dimensão do
problema e suas opiniões sobre os efeitos da televisão na formação das
crianças são indiscutivelmente favoráveis ao veículo.
A partir da década de 90, a pesquisa de audiência passa a ser realizada
regularmente pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística)
2
,
e no mês de março de 2007 os seguintes dados foram obtidos, fechando a
média mensal das grandes redes de televisão, relativa ao mês de fevereiro em
todo o Brasil, nas 24 horas do dia, e esta situação está explicitada no quadro a
seguir.
Quadro analítico de audiência de emissoras abertas
Rede Globo 57,7%
SBT 17,4%
Rede Record 14,4%
Rede Bandeirantes 5,3%
Rede TV! 2,8%
Quadro 1: percentual que as emissoras pesquisadas detêm com relação à audiência
Fonte: IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (www.ibope.com.br)
Outra informação importante é que o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) realiza anualmente a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD). Esta pesquisa é realizada em âmbito nacional desde 1967
e tem a finalidade de demonstrar a evolução de indicadores de primordial
importância para o País, tais como as condições de moradia e saneamento, o
nível de escolaridade, os rendimentos dios do trabalho, a estrutura da força
de trabalho, a evolução da estrutura familiar. Estes dados são referenciais e
permitem o estudo e o planejamento do desenvolvimento sócio-econômico do
País. E buscando essas informações chega-se ao indicador que reforça a
importância de estarmos desenvolvendo o objeto de estudo em questão, já que
2
Fonte IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (www.ibope.com.br)
17
pelo levantamento realizado pelo IBGE, 94,5% da população de nosso País
possui um aparelho de televisão em seu domicílio, conforme quadro abaixo:
Quadro 1.1 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) www.ibge.gov.br acessado em
10/10/2008
Constatou-se então, que a presença do público diante do veículo de
comunicação é expressiva, permitindo sustentar a informação de que o tempo
que essas pessoas passam em frente a este aparelho é muito alto, chegando a
23 horas semanais. (BELLONI, 1995 p.12)
Os pais trabalhando fora de casa, a situação financeira mais ajustada a
condição de vida, são mudanças que trouxeram novos problemas para os pais
resolverem, em função de crenças e valores que são passados para as
crianças e que não correspondem àquilo que eles gostariam de passar ou ter
passado. A preocupação de educar os filhos permanece e a lembrança do
passado ainda atribui à mulher a responsabilidade maior na educação dos
filhos.
Berçários, maternais, creches, escolas de educação infantil, centros de
recreação, jardins de infância ou pré-escolas, essas instituições têm propostas,
uma filosofia da educação que supõe a adesão dos pais. Quando a criança não
encontra nessas instituições programas capazes de compensá-la do
“abandono” e ela não pode brincar com outras crianças, correr, pular, saltar,
estabelecer contatos significativos com outras pessoas, ela está preparada
para ser “adotada” pela televisão (LOBO, 1999 p.35).
18
Se os pais o transmitem senso crítico nem respondem às perguntas,
depois de algum tempo seus filhos deixam de perguntar e apenas absorvem o
que vêem na televisão. A televisão é um entretenimento e, na falta de
alternativas mais sedutoras para a criança, essa atividade se levada ao
excesso, pode se transformar de um hábito em vício.
muitas propostas para ocupar a criança e levá-la a uma atividade, a
participar, mas quando a criança é pequena ela quer companhia, quer alguém
para vê-la pintando, recortando, colando. Ela não tem prazer em fazer tudo isto
desassistida. A sedução da televisão é grande para a criança sozinha, ela é
mais fácil, mais animada.
O dinamismo visual e de tempo acabam sendo essenciais nessa
relação. Particularmente, os desenhos animados, expressam na sua maioria os
movimentos das coisas, seres, ações de uma forma exagerada, caricaturada,
sobretudo quando se trata de desenhos humorísticos ou os chamados
cartoons. Além de fonte de prazer e entretenimento, os desenhos animados
podem ser valiosos instrumentos para facilitar a aprendizagem e o
desenvolvimento, pessoal e profissional. (BOSELLI, 2002 p. 30), despertam os
sentidos e mexem com as emoções de forma eloqüente, duradoura e por
vezes, surpreendente, assim como a vida, que em constante mutação, mostra,
a cada instante, novas lições. Basta que tenhamos, além de olhos,
sensibilidade para percebê-las, “Isso gera uma sensação de familiaridade, que
embora possa engessar a maneira como enxergamos o mundo, proporciona
certo conforto, diminuindo focos de ansiedade que o “novo” pode trazer”
(GAGO; MORAES, 2005 p. 28).
Gago; Moraes (2005, p.28) nos mostram que a televisão ajuda o
desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva a tevê faz parte de um
conjunto de mediações culturais que participam do processo de
desenvolvimento moral da criança, contribuindo também com a prática
educativa, elevando assim a potencialidade de ocorrência de uma
aprendizagem significativa dessa criança. As situações apresentadas
contribuem para que possa haver uma discussão maior sobre esses
comportamentos, possibilitando um processo de criticidade mais desenvolvido.
19
De acordo com Pougy (2005 p.46), a criança relaciona-se com a TV do
mesmo modo que se relaciona com o que está a sua volta. Para ela, a TV
constitui-se em um jogo simbólico, como são as brincadeiras infantis.
A criança é receptiva das mensagens veiculadas na TV, ela as recria de
acordo com suas experiências, um processo de troca de conhecimentos. Ela
incorpora o que e ouve de maneira criativa, retirando o que lhe interessa
naquele momento.
E essa necessidade de promover esse desenvolvimento junto aos
alunos, nos instiga a investigar as tecnologias de informação e comunicação,
(TIC), como uma ferramenta pedagógica para auxiliar o professor no processo
de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento moral desses alunos,
facilitando a absorção de novos conhecimentos, de novas culturas, novas
práticas sociais, o que possibilita aos alunos novas reflexões.
A aprendizagem é um processo contínuo do qual a criança participa
ativamente, permitindo-lhe fazer conexões e descobertas, estabelecer relações
e interagir com o meio e com as coisas que dele fazem parte. Quando a
televisão entra como um ingrediente estimulador que possibilita uma interação
maior entre as informações evidencia-se um aprendizado com maior riqueza.
De acordo com Moran:
Aprendemos realmente quando conseguimos transformar nossa vida
em um processo permanente, paciente, confiante e afetuoso de
aprendizagem. Processo permanente, porque nunca acaba. Paciente
porque os resultados nem sempre aparecem imediatamente e
sempre se modificam. Confiante, porque aprendemos mais se temos
uma atitude confiante, positiva, diante da vida, do mundo e de nós
mesmos. Processo afetuoso, impregnado de carinho, de ternura, de
compreensão porque nos faz avançar muito mais. (MORAN, 2001, p.
24)
Assim, a educação assume um papel transformador, uma vez que seu
grande desafio é de justamente transformar valores, que é uma ferramenta
poderosa, tanto para a estabilização quanto para a alteração de paradigmas,
para favorecer e viabilizar a transformação nos valores de uma sociedade.
Se não se escreve nem se como antes, é porque tampouco se
pode ver, nem expressar como antes (...). A visualidade eletrônica
20
passou a fazer parte constitutiva da visibilidade cultural, a qual,
segundo A.Renaud, é ao mesmo tempo entorno tecnológico e novo
imaginário capaz de falar culturalmente e de abrir novos espaços e
tempos para uma nova era sensível. (MARTIN; BARBERO, 2001
p.19).
Esse espaço percebido na falta de relacionamento entre pais e filhos
acaba por ser direcionado à escola, que passa a ter uma responsabilidade
maior do que formar os indivíduos. A escola tem sua participação ampliada
quando nesta relação os pais co-dividem essa responsabilidade de preparar
seus filhos para o mundo. Em função de poucos terem a condição de gerenciar
uma gama muito grande de informações, a transformação de valores, a
transmissão de informações que possam nortear as ações desses cidadãos em
uma sociedade moderna, entra a escola. Para a escola, não é apenas
transmitir conteúdos ou inserir o aluno no mercado de trabalho, mas prepará-lo
desenvolvendo habilidades e competências, problematizar mais que informar,
acompanhar seu desenvolvimento para a autonomia pessoal, então se entende
que a escola prepara este indivíduo lhe dando referenciais para que num futuro
próximo, torne-se um verdadeiro cidadão.
Diante deste relato, observa-se então a necessidade de se analisar os
desenhos animados como ferramenta pedagógica que vem auxiliar no
processo de ensino e aprendizagem e do desenvolvimento moral de alunos das
séries iniciais do ensino fundamental, e nesse sentido, como a escola pode
ajudar nesse processo de desenvolvimento com o uso das tecnologias.
É indiscutível a atração e o fascínio que as tecnologias exercem tanto
nas crianças quanto nos adultos. No entanto, embora se reconheça
os impactos causados pelos modernos recursos tecnológicos, o seu
uso na escola deve submeter-se ao entendimento de que: esses
recursos não substituem os livros nem o professor, podendo ser
usados como outros tipos de textos; que os conhecimentos
incorporados pelas experiências pessoais desses educandos devem
ser reelaborados e mediados pelos professores; que o papel do
professor deve ser o de intervir para formar leitores críticos da
sociedade; que uma educação de qualidade deve ser vista, não pelo
aumento da informação, mas pelo desenvolvimento de pessoas
preocupadas em buscar soluções para os problemas do seu meio;
que a escola deve constituir-se mediadora da informação transmitida,
e que os professores devem contribuir na reconstrução do
conhecimento da informação pelo aluno. (LOBO, 1999 p.42).
21
Conforme Lobo (1999 p.42), sob essa responsabilidade a escola pode
contribuir no desenvolvimento deste indivíduo preparando-o para sua inserção
no mundo, trabalhando e aproximando-o de valores como: a ética, a
autodeterminação, a autoconfiança, a liberdade e a responsabilidade que dão
ao indivíduo suporte, sentido e significado para ser, viver e estar em sua
relação com o outro e com o mundo. Também é desta forma que o trabalho em
equipe, a gestão participativa e a cooperação tornam-se possíveis no cerne
das organizações.
Grandes mudanças alteraram o comportamento do mundo nos últimos
três séculos, com reflexos também na escala de valores comumente aceitos. O
que era importante e significativo para gerações anteriores, possivelmente não
tem mais a mesma conotação para a nossa sociedade. No entanto, embora
tenham se transformado, os valores intrínsecos ao ser humano determinam o
sentido que ele atribui a cada ação que pratica.
Pretende-se, também com este estudo, levantar, compreender e
possivelmente formular novas questões que viabilizem a maximização e
aproveitamento na utilização das tecnologias de informação e comunicação
(TIC) no processo de ensino-aprendizagem. Interessa-nos de forma particular,
verificar como especificamente a televisão por meio do desenho animado, pode
contribuir para esse desenvolvimento e maximização.
Segundo Gonçalves (2003 p. 52):
a televisão é um poderoso transmissor de ideologias; contribui para a
formação de esteriótipos; reafirma papéis sociais; fomenta a
trivialização da informação e seu sensacionalismo. E completa seu
raciocínio argumentando que com a dicotomia do “saber x prazer” a
escola se transformou num espaço do saber para compreender,
televisão constitui um espaço do saber para viver; a escola tomou o
lugar do saber, a televisão o lugar do prazer.
Entende-se então, que o trabalho pedagógico deva ser um espaço de
construção prazerosa de conhecimentos. Para isso, conforme acredita Davidoff
(2001, p.p 143-149) é necessário que as práticas educativas pautem-se na
realidade dos alunos entendendo que tudo o que o aluno leva para a escola se
estruturou em relação ao seu meio; que os códigos que utilizam para
22
interpretar a realidade nascem de uma situação social, e que a cultura
vivenciada pelo aluno deve ser trabalhada pela escola tendo a tecnologia como
ponte para um trabalho multidisciplinar em sala de aula. Aproveitar as
experiências constituídas por esses alunos em seu meio social e utilizá-las em
sala de aula, com a companhia das novas tecnologias e a participação dos
componentes curriculares que permeiam a relação desses alunos com a
escola, são os objetivos a serem alcançados.
1.2 A escola, os pais, os filhos e a televisão
A família é o primeiro e o principal núcleo educativo. Motivo algum é
suficientemente forte para desculpar os pais dessa responsabilidade e da
irresponsabilidade de tentarem passar à televisão uma função que não é, e
nem pode ser, deste veículo de comunicação, a de educar os seus filhos.
Desmistificar a tevê e a forma como ela é vista é o que devemos fazer.
Talvez a própria televisão não concorde em se expor, como um mágico não
revela seus truques antes de fazer seu número. Aos pais, cabe mostrar como a
televisão é feita, como é que se transmite a imagem, como ela é captada e
quem faz a televisão. A eles cabe dar um distanciamento para que a criança
perceba que a televisão é feita por pessoas, pessoas normais, e não por astros
ou heróis.
Se educarmos nossos filhos, e nos educarmos, para ver televisão, ela
não pode ser prejudicial a eles ou a nós mesmos, ao contrário, pode ser muito
útil. Só que a televisão não é onipotente e nem deve estar onipresente. Ela não
pode corrigir as falhas da educação ou suprir a falta da família, principalmente
porque todos os processos pedagógicos ocorrem numa relação interpessoal.
A televisão em si, não é má, nem boa. Ela será boa ou de acordo
com a utilização pela criança e pelos pais, e a responsabilidade não é da
televisão, mas dos pais.
Lobo (1990 p.26) nos leva a entender que a educação para a tevê não
pode ser uma função da própria televisão. Esta é uma responsabilidade a que
os pais não podem fugir, ou melhor, não devem fugir, se querem ver os filhos
23
como telespectadores sensatos e não como insensatos telecomunicadores
capazes de se anunciarem como idiota: Eu sou a próxima atração.
Vivemos em uma sociedade carente em educação e cultura, que
necessita de conhecimentos básicos, necessários para o progresso e para a
boa socialização dos cidadãos.
Esta mesma sociedade está em constante evolução, sendo
acompanhada pela velocidade da informação. Na televisão, a informação tem
um ritmo acelerado de estímulos visuais e auditivos.
Os pais ficam expostos a muitas informações a respeito da influência
extraordinária que eles, os pais, têm na vida emocional dos filhos. Eles são
responsáveis pela transmissão de valores culturais e pela obtenção de amor,
ódio e angústia dos seus filhos, e eles sabem que são os primeiros objetos de
amor, ódio e angústia dos mesmos, e estão aterrorizados.
Atualmente, provas de ampla intimidação dos pais; a maioria tem
medo de fazer coisas erradas, de criar uma atmosfera ruim, de não ser ou estar
maduro e, de por erro ou omissão, frustrar o bom desenvolvimento dos filhos.
Sendo assim, a tarefa de contribuir com o desenvolvimento de crianças sadias,
confiantes está sendo transferida para a escola e para a televisão.
Conforme Lobo (1990 p.26) enfatiza,
Mal informados e assustados, não tem a coragem de esperar o
desenvolvimento natural, o crescimento social dos filhos. Intimidados,
procuram, desesperadamente, provocar nos filhos um padrão de
traços que, segundo imaginam, representam proteção contra a
neurose nos pais que, evidentemente, reflete nas crianças. A
variação individual com relação ao padrão predileto passa a ser
temida e as crianças são levadas a um “ajustamento” repressor da
individualidade. O efeito, geralmente é desastroso, impedindo as
tendências que levam a um desenvolvimento construtivo e original.
Duarte (2004, p.30) afirma que a televisão vem significando para grande
parte dos indivíduos a incrível e, muitas vezes, única possibilidade de
participação de um tempo histórico, de acesso às mais diversas experiências
de realidade, informação e comunicação. Muitas vezes a televisão é tão
importante na vida das pessoas que consideramos suas histórias mais
24
significativas do que nossas próprias experiências. Qualquer fato, por mais
comum que seja, pode assumir proporções enormes na televisão.
Segundo Duarte (2004 p.30), somente a aceitação desse caráter
inequivocamente discursivo da televisão pode trazer luz a muitas das questões
polêmicas atualizadas por essa mídia. Todas as gerações anteriores foram
educadas pela palavra, estamos convivendo, agora, com a primeira geração
educada pela imagem, pela televisão.
É quando Gonçalves (apud PERRENOUD, p.139) argumenta que,
[...] as novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos
pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois, permitem que sejam
criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas,
por meio de uma divisão de trabalho que não faz mais com que todo
o investimento repouse sobre o professor, uma vez que tanto a
informação quanto dimensão interativa são assumidos pelos
produtores dos instrumentos.
As ações que introduzem novas práticas ajudam as pessoas a pensar e
analisar o que são e o que fazem. Nesse sentido, todas as ações são
ferramentas que podem ser usadas em sala de aula com o objetivo de fazer a
transmissão entre o paradigma conteudista e o paradigma analítico.
Caso se perguntarmos: em algum tempo ou de alguma forma a televisão
pode substituir os pais ou a escola? Centenas e centenas de seminários foram
organizados em torno dessa questão, e o que se apresenta como indicador
enfatiza que a televisão tem muito a ver com essa imagem, de que a ela influi
na educação da criança; e que a mesma não pode substituir nem os pais nem
a escola. Os pais devem estar conscientes que a educação é uma influência
sobre o comportamento e o saber da criança e que desta educação participam
os próprios pais em primeiro lugar, depois a escola, co-participando, pela
ordem, os colegas, os amigos, as experiências vividas, os meios de
comunicação e a igreja.
Segundo Claxton (2006 p.17) “As crianças são vistas como parceiras em
um processo de descoberta de conhecimento útil sobre aprendizagem”, e
Lobo (1990 p.26) salienta um processo de socialização, de como a família
socializa as crianças com amor e liberdade, levando em consideração as
25
necessidades e carências da criança, suas qualidades e suas limitações, e
toma por parâmetro que essas ações acontecem:
Através do exemplo,
Através do comportamento programado,
Pelo sistema de recompensa e punição,
Usando padrões de comportamento estabelecidos.
No primeiro item, o exemplo é natural, não tem objetivo de influenciar a
criança, mas influencia. A maior parte da educação ocorre às costas do
educador, até a sua revelia, e que o exemplo pode ser positivo ou negativo,
mas que provoca a imitação. A televisão, como os pais, também pode dar o
exemplo, podendo ser positivo ou negativo.
Através do comportamento programado, o exemplo é proposital,
programado para influir, para servir como modelo, por sua força. A televisão
também pode fazer o mesmo, que a televisão, como um todo, varia a força
dos exemplos, tanto em consistência quanto em constância, e não está
programada para ser um modelo todas as horas, embora teoricamente, a
televisão possa.
Lobo (1990 p.26) afirma que na relação com os pais, a recompensa e
castigo são muito empregados, mas que se aplicados incorretamente, podem
levar a criança a uma atitude clínica, ou seja, passa por maus tratos físicos. No
caso da televisão ela não pode se dirigir diretamente à criança para
recompensá-la ou castigá-la, mas pode mostrar como certos padrões de
comportamento são recompensados, enquanto outros são punidos.
Geralmente não fica muito claro para a criança a recompensa do bom e o
castigo do mau, e a atitude maniqueísta só funciona para crianças pequenas,
mas recompensa e castigo é um processo que a tevê pode utilizar para
socializar uma criança.
Logo, podemos perceber que as informações trabalhadas no veículo
de comunicação, a televisão, podem alcançar níveis de compreensão
diferenciados que vão possibilitar a transmissão de novos conteúdos e
facilitando a aquisição e absorção de novos conhecimentos, tornando esse
processo mais instigante.
26
Se as crianças forem criadas de modo a que a vida tenha significado
para elas, desenvolverão uma boa auto-imagem e auto-estima, desenvolvendo
também a própria confiança e a capacidade de confiar, explorar, descobrir,
tentar, sem se deixar abater pelos insucessos.
Quais são as experiências mais adequadas para promover a capacidade
de uma criança encontrar sentido na vida? Como dar a uma criança o máximo
de significados? Essas são questões que Lobo (1990 p. 30) também trabalha,
buscando um referencial para esse desenvolvimento de uma forma geral e um
maior aproveitamento na utilização deste veículo de comunicação, a televisão,
que tem em sua estrutura, um poder enorme de envolvimento.
A televisão veio para encantar e provocar, e percebe-se a possibilidade
de investigar outros mecanismos que estimulem o seu uso, buscando da
mesma forma, mostrar que a desmistificação é importante. Saber lidar com
essa possibilidade hoje, se torna imprescindível para o fortalecimento do
relacionamento entre pais, filhos e professores, para estrategicamente
desenvolver a aproximação com essas crianças, estimulando-as a um
processo crítico ou mesmo aprimorá-lo. “A televisão não é um bicho-papão,
cabendo principalmente à escola dar condições para que as crianças e os
jovens desvelem os truques e as fantasias do ritual televisivo” (ESPERON,
1995 p. 25).
A utilização desses meios de comunicação quebra paradigmas no
sentido de aproveitar a tecnologia para buscar recursos diferenciados que
ajudem a encantar, tornando a transmissão dos conteúdos em um momento
envolvente para os alunos na sala de aula.
Gonçalves (apud PERRENOUD, p.139) argumenta que as novas
tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e
didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de
aprendizagem ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão de
trabalho que não faz mais com que todo o investimento repouse sobre o
professor. As ações que introduzem novas práticas ajudam as pessoas a
pensar e analisar o que são e o que fazem, o que torna o processo fascinante.
27
Esse fascínio acompanha as novas gerações que têm novos modos de
compreender e de se envolver com as questões atuais. Os estudantes de hoje
nasceram sob a influência dos meios de comunicação de massa e,
conseqüentemente, criaram outros códigos para o entendimento e o
envolvimento com os mesmos.
Segundo Belloni (1995 p.12):
Embora, a televisão no Brasil tenha apenas 40 anos, é difícil
imaginar a vida sem ela. As pessoas passam horas e horas diante
deste aparelho. Existem estudos que verificam que as crianças
brasileiras gastam aproximadamente 23 horas por semana vendo
televisão, isto significa gastar um dia inteiro por semana em frente à
telinha!
A televisão não é um bicho-papão. Ela tem efeitos negativos como
transmitir aos telespectadores uma “vida de segunda mão”, dar uma imagem
falsificada da realidade e uma imagem ruim do homem e do comportamento
social.
As imagens mostradas na televisão são representações da realidade.
Algumas imagens identificamos depressa, que são criadas pela imaginação de
alguém, como por exemplo, os desenhos animados. Outras se parecem tanto
com a realidade que fica difícil perceber que são apenas estórias inventadas.
Pela proporção e velocidade com que as informações estão se desenvolvendo
considera-se que seria uma perda muito grande ficarmos sem televisão, e
várias experiências indicam que, na prática, o efeito da televisão sobre a
criança depende muito do modo como a própria criança lida com ela, ou
melhor, do modo como a criança aprendeu a lidar com ela.
Lobo (1990 p. 34),
[...] trabalha dizendo que a tevê pode viciar e transformar uma
criança num “telespectador crônico”, o que leva até a uma
doença grave, física e mental, conhecida como “síndrome de
TV”. Mas é inegável que ela provoca também efeitos
favoráveis, como um enriquecimento de experiências, uma
ativação e um desenvolvimento da imaginação. Tudo depende
da freqüência e da intensidade com que a criança se utiliza da
tevê, da companhia que tem da segurança de que desfruta. Isto
28
é, depende dos pais que tem e da dose de responsabilidade
que eles assumem.
O processo de incorporação de novas informações às crianças é
bastante peculiar, ela precisa ter a possibilidade de se entender nesse mundo
complexo, com o qual deve aprender a lidar. Para ser bem sucedida, a criança
deve receber ajuda, para que possa dar algum sentido coerente a sua
multiplicidade de sentimentos.
Ela precisa de idéias sobre a forma de como colocar ordem na sua casa
interior e, com base nisso, ser capaz de dar ordem à própria vida.
As crianças são diferentes sob inúmeros aspectos, o que elas assistem
na televisão, o modo como assistem, o que percebem e a forma como
interpretam a experiência, o que guardam na memória, e o modo pelo qual sua
percepção dos meios de comunicação se integra a outras experiências e a
outras informações. Tudo isto é sempre influenciado por outros fatores, como o
estágio de desenvolvimento da criança, o papel de seus pais, a possibilidade
de obter outras informações através de fontes alternativas, através da própria
observação e do comportamento de seus colegas, assim como sua própria
necessidade de expressão e busca de sentido acabam influindo também.
Quanto aos padrões de comportamento, a família pode transmiti-los, a
televisão pode apenas sugeri-los e até, de certa forma, forçar a aceitação de
alguns padrões, principalmente quando se trata de comportamento de
consumo, somente que não padrões à disposição de todas as famílias. A
televisão tem apenas um padrão social, com algumas variantes, o da maioria
dominante. Ocasionalmente, é que a televisão choca a maioria; e, no entanto,
está apenas acompanhando uma tendência identificada entre aquelas
pessoas que costumam formar a opinião pública.
Mas, segundo o próprio Lobo (1990 p.28), a estratégia de socialização
mais importante, a que significa liberdade e amor para as crianças, a
valorização das suas qualidades, o reconhecimento das suas limitações, o
atendimento às suas carências e necessidades, o respeito ao seu
desenvolvimento natural, aí, a tevê não tem como centrar sua atenção numa só
criança, atendendo-a a tempo e a hora, dando segurança a ela, respondendo
29
às perguntas que ela quer fazer, precisa fazer. A televisão vai sim, cobrir
algumas das necessidades e carências daquela criança; pode inclusive,
informar os pais sobre como adquirir essa estratégia de socialização junto aos
filhos.
O mesmo autor deixa claro que é evidente que não pode substituir os
pais, nem mesmo a escola. Completa dizendo que fica claro que isto o é
função da televisão.
Toda criança precisa de uma educação moral, que de modo sutil e
implícito conduza-a as vantagens deste comportamento. Não através de
conceitos éticos abstratos, mas daquilo que lhe parece tangivelmente correto e,
portanto, significativo.
Conforme Piaget (1994 p. 14) coloca que,
[...] o universo moral de cada um é composto de hábitos e tradições
impostos pelas gerações passadas. Mas a razão, se desenvolvida,
pode contrabalançar estes hábitos históricos, submetê-los à critica,
transformá-los, quem sabe aperfeiçoá-los.
Para que tenhamos um parâmetro sobre “moral” buscamos na
contribuição de Piaget a seguinte colocação,
Toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de
toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo
adquire por essas regras. (PIAGET 1994 p. 23)
A criança encontra este tipo de significado nos contos de fadas, e de
certa forma, nos super-heróis dos desenhos da tevê. A influência da televisão
depende da freqüência e da intensidade com que a criança se utiliza dela.
Quando se usa padrões de comportamento estabelecidos como base, percebe-
se a seguinte situação, seu filho tevê demais e pouco, quais o os seus
próprios hábitos? Você regularmente? Lia estórias para seu filho quando ele
era pequeno? É bastante provável que o. Isto é um fenômeno que não
ocorre apenas no Brasil, tanto que a televisão é o meio de comunicação de
massa mais utilizado pelas crianças do mundo inteiro. Somente que, nos
30
climas mais quentes, essas crianças vão para a cama mais tarde, ficando mais
expostas a ela. (LOBO, 1990 p.34)
Nesse ponto, entra a figura do professor. A parceria deste educador se
torna imprescindível quando ele passa a ser o responsável por essa interação.
Responder as possíveis perguntas passa a ser primordial para o conhecimento
e desenvolvimento desses alunos. Sua presença nesta dinâmica de interação
pode proporcionar a segurança que estas crianças precisam para compreender
os desafios que lhes são apresentados, e qual é o comportamento que
precisam desenvolver para terem um posicionamento crítico diante dos fatos.
Piaget entende que nenhuma realidade moral é completamente inata,
mas sim que resulta do desenvolvimento cognitivo e, sobretudo das relações
sociais que a criança estabelece com os adultos e com seus iguais. ( PUIG,
1998 p.49)
Leifer (apud LOBO, 1990, p.26) afirma baseada em pesquisas, que
crianças ao assistirem a programas “com mensagens socialmente positivas”
procuram imitar, repetir os padrões de comportamento transmitidos. Nesta
mesma obra cita também o sociólogo italiano Francesco de Domenico que diz
que a televisão é um “instrumento único no que tange às informações vindas
de uma realidade extra-familiar”. Segundo suas pesquisas, mais de 80% das
crianças repetem as músicas dos filmes de publicidade, mais de 70% repetem
os slogans, enquanto 60% procuram até imitar determinados comportamentos
dos personagens de anúncios. Quase metade das mães nesta pesquisa afirma
que, indo às compras com os filhos gasta mais do que deveriam gastar.
Um dos problemas atuais é que essa escala de valores é muito mais
influenciada pela televisão do que estabelecida pelos pais ou desenvolvida na
escola. Outro mais grave ainda é que os pais estão abrindo mão de suas
responsabilidades. Hoje essas crianças são mais filhos da televisão do que de
seus pais. Uma das capacidades mais elementares da televisão, na sua função
de agente da socialização, é a de apresentar e reforçar exemplos.
Conforme Piaget (1998 p.63) coloca,
31
[...] é evidente que nem a autoridade do professor e nem as
melhores lições que ele possa dar sobre o assunto serão o
bastante para determinar essas relações intensas,
fundamentadas, ao mesmo tempo, na autonomia e na
reciprocidade. E nesse sentido, a atuação do professor, como
mediador nesse processo, passa ser muito importante para o
entendimento dessas situações, proporcionando
posteriormente o desenvolvimento desse aluno, possibilitando
sua inserção na sociedade.
A verdade é que a televisão tem mais de 50 anos no Brasil e ainda
não se sabe como é que ela chega à criança e o que é que essas crianças
tiram disso. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que no ano
de 2006 o número de aparelhos de televisão alcançou 93% dos lares
brasileiros. Isso nos mostra que este veículo de comunicação é uma
ferramenta importante e estratégica para ser utilizada no processo de ensino e
aprendizagem e que nos dias de hoje já não pode mais ser desprezada.
1.3. A aprendizagem e a televisão
Muitas escolas de ensino fundamental têm adotado com entusiasmo
técnicas que afirmam ajudar as crianças a aprender melhor. (CLAXTON, 2006
p. 17).
O desafio hoje é a interpretação do mundo em que vivemos, uma vez
que as relações imagéticas estão carregadas da presença da mídia. Trata-se
de um mundo construído pelos meios de comunicação, que selecionam o que
devemos conhecer, os temas a serem pautados para discussão e, mais que
isso, o ponto de vista a partir do qual vamos compreender esses temas. O
campo da comunicação/educação é um dos desafios maiores da
contemporaneidade, afirmam Ghilardi e Barzotto (2002 p. 78)
Evidencia-se hoje uma grande disputa entre os meios de comunicação,
de um lado, as tradicionais agências de socialização, e de outro, escola e
família. Ambos pretendem ter a hegemonia na influência da formação de
valores, na condução do imaginário e dos procedimentos dos
indivíduos/sujeito. Segundo ALBA (2006 p. 131) essas possibilidades devem
32
coexistir para uma educação sem barreiras tecnológicas descobrindo que a
junção dessas estruturas favorece um melhor desenvolvimento
Segundo Baccega (2002 p. 21),
[...] a eterna discussão sobre a adequação da utilização das
tecnologias no âmbito escolar quer em escolas com aparato
tecnológico de primeira linha quer nas escolas de “pé no chão”, tendo
em vista que a edição do mundo realizada pelos meios está presente
em alunos, professores e cidadãos, não podem ser reduzidas a
fragmentos. Sua complexidade obriga a inclusão de temas como
mediações, criticidade, informação e conhecimento, circulação das
formas simbólicas, ressignificação da escola e do professor,
recepção, entre muitos outros.
É nesse âmbito do simbólico/real que a disputa se institui, que a busca
da hegemonia se dá. Aí se constrói o campo da comunicação/educação. Nesse
campo se constroem sentidos com roupagens novas, sempre inter-
relacionadas à dinâmica da sociedade, lugar último e primeiro onde os sentidos
verdadeiramente se constroem, afirma Baccega (2002 p. 22)
está a base da construção do campo comunicação/educação como
novo espaço teórico capaz de fundamentar práticas de formação de sujeitos
conscientes. Trata-se de tarefa complexa, que exige o reconhecimento dos
meios de comunicação como outro lugar do saber, atuando juntamente com a
escola e outras agências de socialização.
É quando a mesma autora, Baccega (2002 p. 28) afirma, que as
permanências históricas, muitas vezes sob a forma de mitos, provérbios,
estereótipos, valores positivos ou negativos, também constituem parte
importante desse diálogo entre os discursos.
Educadores de todo o mundo têm se preocupado com o que podemos
chamar de educação para a televisão. Para isso, em primeiro lugar, é preciso
que as crianças tenham o exemplo dos adultos.
A televisão não deve estar sempre ligada e deve haver um processo
evidente de escolha dos programas que não seja a simples mudança
incessante de canais. Também é preciso criar o bito de escolher a
programação, ligando e desligando o televisor.
33
Em muitos países ocidentais imputa-se à televisão uma grande
variedade de culpas; ela é acusada de destruir valores morais, fomentar a
vulgaridade e a insensibilidade, inibir a criatividade, impor obstáculos à
educação, eliminar vantagens sociais e educativas obtidas, atiçar a cobiça,
criar desejos irrealizáveis e incrementar o crime e a violência.
Na verdade, é só olhar para trás, a partir do século XVIII, o telégrafo, o
rádio e a televisão, nessa seqüência, que foram novidades tecnológicas, no
campo da comunicação receberam acolhida desfavorável.
[...] assim como a sociedade não homogênea. As crianças, além das
diferenças individuais m diferentes níveis sociais, culturais,
econômicos, de informação, de pessoas diferentes, e foram
submetidas a situações diferentes. Suas experiências, suas relações,
suas aquisições, sua auto-estima, suas expectativas de futuro têm
uma grande importância quando uma criança tevê. Em verdade a
comunicação de massa é uma contradição de termos numa
sociedade heterogênea. E “é um erro referir-se à criança em si ou a
televisão em si isoladamente, genericamente. (LOBO, 1990 p. 43)
Na maioria dos países ocidentais a televisão tem sempre uma
mensagem clara e poderosa, principalmente quando se associa à publicidade
para promover a obsolescência acelerada de produtos, ou a insatisfação
criativa, ou a exibição ostentatória do consumo conspícuo.
O ascetismo da família no consumo de televisão ajuda a evitar a
formação do consumista. Por outro lado, a tevê sempre ligada leva ao vício e
produz lixo de comunicação, capaz de fermentar e intoxicar a criança, assim
como intoxica o adulto.
Na verdade, por melhor que seja a programação, não se pode conceber
tal consumo que equivaleria a entrar num restaurante e consumir todos os
pratos do cardápio, sob o pretexto de que todos são bons. Saber administrar
essa situação passa ser primordial para nos auxiliar a lidar melhor com este
veículo de comunicação.
A televisão está diretamente relacionada à vida cotidiana das crianças,
jovens, adolescentes e adultos, sobrando pouco tempo livre para a leitura.
Considerando-se a família e a escola como lugar onde a aprendizagem
é adquirida, a televisão vem buscando seu lugar e espaço, tornando-se
34
privilegiada no sentido de possibilitar a popularização dos conhecimentos
relacionados à cidadania, à cultura, à socialização, à formação de ideologias e
valores.
A televisão é uma escola paralela, freqüentada por quase todas as
crianças, de distintas classes sociais. Aqui no Brasil se torna uma instituição de
socialização, principalmente para as classes menos favorecidas da população,
justamente por não ter acesso a outros bens culturais e de lazer.
1.4 O Comportamento e os valores
O comportamento de cada indivíduo é aceito pelos seus próximos
quando subordinado a parâmetros, que denominamos valores e que
determinam os acertos e os equívocos na produção e utilização das
intermediações criadas pelo homem para sua sobrevivência. Valores assim
conceituados relacionam os meios com os fins.
Conforme Puig (1998 p.43):
[...] os valores que acompanham as sociedades são como um “código
de ética”, grandes orientações, mais ou menos gerais, que cada
sociedade estipula para seus membros. O destino de uma sociedade
está diretamente ligado aos valores priorizados por seus cidadãos.
Valores que começam a ser formados desde que nascemos e
passam a ser mais fortemente assimilados por volta dos quatro anos,
quando a criança começa a compreender o universo das regras
morais.
De forma compatível com o seu momento histórico e com sua produção
cultural, cada grupo social desenvolve um conjunto de valores relativamente
coerentes. faz parte do senso comum dizer que a nossa sociedade está em
crise e esta crise passa por fatores econômicos, sociais, culturais e,
naturalmente, atinge seus valores.
O próprio veículo reconhece que o lugar de aprender é na família, é na
escola, mas ao mesmo tempo, essa tevê se apresenta como um lugar
privilegiado de se fazer aprendizagens, de se fazer justiça e assim por diante.
35
No plano imaginário a tevê é uma espécie de unificação do país.
Pode-se dizer que ela é o processador” daquilo que ocorre no tecido
social, de tal forma que “tudo” deve passar por ela, “tudo”deve ser
narrado, mostrado, significado por ela, como trabalha. (FISCHER
2001 p.65)
A tevê nos remete a dimensões da nossa própria vida. O debate em
torno da programação é constante, cada vez mais aumenta a preocupação
sobre o conteúdo televisivo. Ao investigar as características da imagem
eletrônica aprendemos que ao ver tevê, completamos as figuras da tela, pois
se trata de uma imagem feita de milhares de pontos de luz; aprendemos que a
tevê é feita para espectadores dispersos, que cada hora são chamados a
prestar atenção em algo. Aprendemos também que a pequena tela exige
primeiros planos, detalhes, mas com o tempo é necessário que os cenários não
contenham elementos em profusão, que sejam “limpos”, despojados, distintos
da chamada “realidade”.
Na idade escolar, a criança está em processo de formação, ela
incorpora modelos, e a tevê é um atrativo que possui informações rápidas e
motivadoras, se aliado a isso tudo, ainda houver uma falta de estrutura familiar,
a criança acaba buscando a segurança de que necessita nos personagens da
tevê.
A TV usa ão, imagens e sons especialmente selecionados para
prender a atenção da garotada. Ajuda na formação de memórias de
longa duração. É capaz de desenvolver a imaginação dos jovens, e
as histórias que ela conta são tema de conversas e debates
acalorados entre eles. E tem mais: os alunos certamente
permanecem de olhos grudados nela em tempo igual ou superior ao
que ficam na escola. Dá para desprezar uma ferramenta pedagógica
com essas características? (GENTILE, 2006 p. 44).
Reconhecer a comunicação como o mais importante dos eixos
transversais dos processos educativos somente foi possível porque as
tecnologias haviam passado de recursos a serviço da alfabetização e da
educação, a objeto da própria alfabetização. O ecossistema comunicativo é a
relação das novas pessoas com as tecnologias gerando novas sensibilidades,
muito mais claramente visíveis entre os jovens.
Segundo MARTÍN-BARBERO (apud BARRETTO, 2001, p 165):
36
Para enfrentar o desafio tecnológico devemos estar conscientes de
dois tipos de dinâmicas que movem as mudanças na sociedade: a
incidência dos meios tradicionais e o impacto das novas tecnologias
na vida em sociedade. Contudo ele garante que num primeiro
movimento, o que aparece como estratégico mais do que a
intervenção dos meios, é a aparição de um ecossistema comunicativo
que está convertendo em algo tão vital como o ecossistema verde,
ambiental.
Conforme o autor, para estabelecer novas relações entre a escola e a
tevê na vida cotidiana do aluno, é preciso entrecruzar estas relações. Gutiérrez
(apud PORTO, 1997 p. 64) coloca a televisão e a escola como mundos
opostos. A televisão está totalmente dentro da vida dos jovens. Os alunos
crêem falsamente que a educação escolar lhes vai preparar para o futuro. Eles
crêem que escolarização vai lhes dar emprego. A tevê provoca relações para
os alunos, e os professores precisam convertê-las em relações educativas e
buscar propostas de ação.
A criança sabe mais sobre o mundo tal como apresentado pela
televisão do que sobre o mundo como descrito nas salas de aula e
nos livros didáticos. A televisão ganha espaço na mente das crianças,
e a educação formal está perdendo o interesse para elas. (CITELLI,
2000, p.136).
Nota-se que as diferenças ficam evidentes nas expressões “ler um texto”
ou “ver televisão”. Identifica-se que quando o leitor enfrenta um mundo abstrato
de conceitos e idéias, o telespectador enfrenta um universo concreto de objetos
e realidades. Dessa forma, vislumbra-se a necessidade da escola em passar a
auxiliar os alunos a criar, criticar, a correr riscos e soltar a imaginação. Toda
criança é criativa e capaz de fantasiar, isto é, tem uma força interna de geração
de imagens. Mas quando essa fantasia não é exercida e a criatividade da
criança fica tolhida, ela embota, encolhe, e logo não terá mais capacidade de
funcionar.
Quando não houver fantasia a criança passará a ser uma consumidora
de imagens, sem utilizá-las para seu proveito. Isto prejudicará seu
desenvolvimento intelectual, não praticando sua capacidade de raciocinar ela
ficará sujeita, exclusivamente, ao emocional.
37
A decodificação da imagem é quase automática, instantânea,
enquanto que a decodificação dos símbolos escritos exige complexas
operações analíticas e racionais. O universo do telespectador é
dinâmico, enquanto que o leitor é estático. A televisão favorece a
gratificação sensorial, visual e auditiva, enquanto que o livro favorece
a reflexão. A linguagem verbal é uma abstração da experiência,
enquanto que a imagem é uma representação concreta da
experiência. Se o livro favorece o conhecer, a imagem favorece o
reconhecer. Se o texto oral é especialmente indicado para explicar, o
audiovisual é indicado para associar. (FERRES 1996, p.21).
vários meios e modos de promover a criatividade e o
desenvolvimento da capacidade de fantasiar de uma criança, mas um dos
sistemas mais simples é dar a ela papel e lápis, deixando-a desenhar com
liberdade, sem criticar suas proporções ou seus temas, sem sugerir assuntos e
sem demonstrar especiais preferências por alguns dos seus trabalhos. Para a
criança pequena qualquer restrição é castradora e ela não entende.
Geralmente a criatividade das crianças não é respeitada pelos adultos. A
fantasia não interessa só à criança que, futuramente, vai ser artista, um erro de
interpretação muito comum entre os pais, quando se fala em escolhinha de
arte. Pessoas sem criatividade, em qualquer ramo, são pessoas reduzidas em
sua capacidade.
Vendo televisão em companhia da criança também podemos provocá-la
perguntando sobre outros finais possíveis, ou desejáveis para um desenho
animado, ou perguntando como é que ela realiza a estória, levando-a a
imaginar-se como personagem ou como autor. Os pais são levados a acreditar
que os programas infantis são suficientes em si mesmos e que durante a
exibição, por exemplo, de um desenho animado, as crianças podem estar
sozinhas diante da televisão.
Ver televisão, para a criança, é sempre uma experiência. Quando ela
experimenta alguma coisa nova deve-se sentir protegida. Para isso, precisa
estar acompanhada, preferencialmente por um adulto.
Lobo (1990 p. 53), diz que a televisão pode ser muito mais rápida do que
a capacidade de compreensão da criança e ela precisa de alguém para cobrir
as lacunas, que não deixem as crianças com dúvidas, responder perguntas,
essa ação evita seu medo e sua angústia, lhe trazendo segurança.
38
Os ritmos de captação da realidade variam muito de criança para criança.
Por mais que o produtor de um programa se preocupe, nunca se sabe quando
uma criança poderá captá-lo devidamente, ou como irá captá-lo. Como a
participação emocional também varia muito de criança para criança, ela precisa
estar acompanhada para não angustiar-se, precisa sentir-se protegida para não
ter medo, precisa estar segura para poder resolver os eventuais problemas que
surgem com as imagens que ela absorve. Convém, inclusive, que ela seja
observada e que tenha suas reações discutidas. Devemos conversar,
perguntar, debater sobre os seus sentimentos, emoções, compreensão,
dúvidas e medos, assim elas serão levadas a raciocinar e desenvolverão a
capacidade de compreender e julgar o que estão vendo.
O diálogo, a conversação, a pergunta, o debate, o acompanhamento:
constituem o desenvolvimento racional e o excelentes elementos de controle
do emocional.
A situação vale tanto para as pré-escolas como para adolescentes.
Porém, não devemos fazer críticas de conteúdo ou análise estética, levando o
debate para o “é bom” ou “não é bom”, porque os pontos de vista podem ser
absolutamente divergentes.
Lobo (1990 p. 55) coloca que os efeitos da televisão sobre a criança são
de ordem física, emocional, sensorial, cognitiva, e do comportamento. A
programação infantil deve levar em conta esses efeitos de tal forma que um
programa seja capaz de provocar a atividade física da criança, enquanto outro
a provoque emocionalmente, outro leve ao conhecimento, outros para propiciar
um bom desenvolvimento social e do comportamento.
O mesmo autor afirma que não é difícil fazer isto, porque a criança
consegue colocar-se na pele das figuras que aparecem à sua frente na tevê,
identificando-se com elas. O que não quer dizer que, necessariamente, imitem
o que vêem. Não é a televisão sozinha que vai servir de modelo para a
imitação: os estímulos podem vir de qualquer outro lugar. A identificação com o
que foi visto acontece, mas o efeito pode ficar inativo, até o momento em que
outro acontecimento qualquer o empurrão necessário que provoca a
imitação. Percebendo essas falhas, entende-se que a escola deve reavaliar
sua participação no desenvolvimento desses cidadãos, lembrando que a
39
televisão, o cinema, o vídeo, o CD ou DVD, desempenham indiretamente um
papel educacional relevante. Porém, a escola, tem uma linguagem mais
distante, intelectualizada, abstrata e cansativa em relação à televisão, que fala
da vida, do presente, de problemas e de forma mais impactante e sedutora.
Os professores vivem a tevê, porém não a utilizam numa situação formal
de ensino. Quando entram na escola, alguns professores fazem deste veículo
de comunicação uma ferramenta estratégica que fica pro lado de fora da sala
de aula. É necessário educar para a televisão, para que esses alunos adquiram
consciência crítica e a utilizem como veículo de comunicação e entretenimento,
caso contrário, também ficarão prejudicados pela carga de informações e a
falta de habilidade em lidar com essas situações.
Por isso a necessidade em introduzir na escola as linguagens que a
sociedade usa; tevê, rádio, revistas, computadores, internet, dvd, mp3, ipod
entre outros. Na estrutura atual, a escola encontra-se isolada utilizando apenas
a linguagem falada e escrita. O educando precisa aprender através de
estratégias como teatro, entrevistas, filmes, desenhos animados entre outras
formas de comunicação.
Essas linguagens permitem que os alunos tenham uma preparação para
o mundo, podendo assim compreendê-lo, conseqüentemente conviver com as
várias ferramentas que lhes são disponibilizadas, desenvolvendo-se de
maneira a escrever sua própria história com poder de criticidade e
comportamento de cidadão.
Conforme Carlsson e Feillitzen (2002 p. 27) a educação para a mídia
não pode, de acordo com os direitos da criança, basicamente objetivar apenas
proteger as crianças de certos conteúdos da mídia, injetando nelas certos
princípios e opiniões que lhes ensinem dissociar-se do mau conteúdo da mídia
e selecionar o de boa qualidade.
Tampouco deveria a educação para a mídia objetivar ensinar as
crianças a desconstruir as mensagens e ver através do poder, isto é,
compreender os interesses de quem e com quais os objetivos as
mensagens são transmitidas. A educação para a mídia também deve
envolver uma tentativa para mudar a produção da mídia e a situação
na sociedade, por meio da própria produção e participação da
criança, entre outras coisas. (CARLSSON e FEILITZEN, 2002, p.27).
40
O direito à mídia e à informação, o direito à liberdade de expressão e o
direito de um indivíduo a expressar suas opiniões sobre as questões que o
afetam devem, segundo os autores Carlsson e Feilltzen (2002 p.32), na
sociedade de hoje, influenciar a própria participação da criança em questões
sociais de relevância para ela, dando maior importância ao seu papel como
indivíduo na sociedade, que por sua vez, a torna mais visível na mídia.
Em contrapartida, a educação para a mídia deveria se tornar uma parte
essencial da democracia de tal forma que a criança, e adultos, possam crítica e
criativamente participar tanto da comunicação quanto de outros processos
sociais relevantes.
[...] nem os meios são o inimigo (ao contrário) da educação, nem estão
destruindo ou substituindo a escola; o que os meios fazem é
desorganizar a hegemonia da escola desafiando sua pretensão de
continuar sendo o único espaço legítimo de organização e transmissão
de saberes. O que obriga a situar a relação escola/meios para além do
debate sobre os efeitos morais ou ideológicos, sendo necessário
entendê-la no âmbito das modificações na cultura e na sociedade, nas
mudanças que ligam as novas condições do saber com as novas
formas de sentir e as novas figuras da sociedade. (BARBERO apud
CITELLI, 2000, p.163).
A escola não pode voltar às costas para os meios de comunicação, essa
iconosfera, mundo de imagens que a atual geração está vinculada, desde
jogos, vídeos, programas, softwares, tão atraente e eficiente, é interlocutora
constante e reconhecida. É fundamental que a criança aprenda a equilibrar o
concreto e o abstrato, a passar da especialidade e contigüidade visual para o
raciocínio seqüencial da lógica falada e escrita.
Se a experiência da televisão é freqüentemente negativa porque
deixa a reflexão de lado, a sua integração à escola costuma sê-lo por
que deixa a emoção de lado. O método compreensivo pretende
chegar à reflexão por meio da emoção. (FERRÉS, 1996, p.99)
É preciso estabelecer uma ponte efetiva entre educadores e meios de
comunicação. Educar os educadores para que junto com os alunos,
compreendam melhor o fascinante processo de troca, de informação,
41
ocultamento, sedução, os códigos polivalentes e suas mensagens. Educar para
compreender melhor seu significado dentro da nossa sociedade, para ajudar na
sua democratização, na qual cada pessoa possa exercer integralmente a sua
cidadania.
A escola pode utilizar os meios de comunicação como motivação do
conteúdo de ensino, como ponto de partida mais dinâmico diante de um novo
assunto a ser estudado.
Moran (2000 p.46) entende que a relação comunicação, meios de
comunicação e escola podem ser vistas de três níveis:
Nível organizacional: uma escola menos autoritária e mais
participativa. Para isso é importante comparar o nível do discurso, do eu, se diz
ou se escreve, com a práxis, com as efetivas expressões de participação.
Nível de conteúdo: uma escola que prepare para o futuro, mas que
estejam em sintonia com o presente, que fale de vida, de problemas.
Nível comunicacional: valorizar as linguagens audiovisuais, junto com
as convencionais, incorporando todas as linguagens e técnicas utilizadas pelo
homem contemporâneo.
O mesmo autor trabalha sob a perspectiva de que, a intenção é que o
aluno desenvolva sua inteligência, não apenas aprendendo a comparar,
sintetizar, descrever, mas também para que ele possa encontrar um eixo
fundamental para sua vida, a partir do qual possa interpretar o mundo,
desenvolvendo suas habilidades específicas e tenha atitudes coerentes para a
sua realização pessoal e social.
Libâneo; Oliveira e Toschi colocam que,
Como instituição social educativa, a escola vem sendo questionada
acerca de seu papel ante as transformações econômicas, políticas,
sociais e culturais do mundo contemporâneo. Elas decorrem,
sobretudo, dos avanços tecnológicos, da reestruturação do sistema
de produção e desenvolvimento, da compreensão do papel do
Estado, das modificações nele operadas e das mudanças no sistema
financeiro, na organização do trabalho e nos hábitos de consumo.
Esse conjunto de transformações está sendo chamado, em geral, de
globalização. (LIBÂNEO; OLIVEIRA e TOSCHI 2007, p.51)
42
A escola nesse momento tem importância fundamental na
aproximação de seus alunos junto à possibilidade de inserção nesse mundo
globalizado, permitindo que seu desenvolvimento seja tanto intelectual quanto
procedimental. Que esse aluno possa estar atuando, chegando a convivência
em sociedade de maneira segura, crítica e responsável. Como um verdadeiro
cidadão de respeito.
Para que essa situação alcance esse objetivo, se faz importante a
presença da escola elucidando, aproximando esses alunos da realidade que
podem viver ou poderão encontrar, por exemplo, no mercado de trabalho, e
nessa realidade podemos observar a expansão das novas tecnologias de
informação e comunicação. Nesta situação, a escola ganha uma grande
importância. A escola de hoje precisa não apenas conviver com outras
modalidades de educação não formal, informal e profissional, mas também
articular-se e interagir-se a elas, a fim de contribuir para com a sociedade com
cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo.
Através da tecnologia é possível mostrar várias formas de captar e
mostrar o mesmo objeto, representando-o sob ângulos e meios diferentes:
pelos movimentos, cenários, sons, integrando o racional e o afetivo, o dedutivo
e o indutivo, o espaço e o tempo, o concreto e o abstrato. Antes de a criança
chegar à escola, ela passou por processos de educação importantes: pela
família e pela mídia eletrônica. No ambiente familiar, rico cultural e
emocionalmente, a criança vai desenvolvendo suas conexões cerebrais, seus
roteiros mentais, emocionais e sua linguagem.
Conforme Orofino (2005, p.45), “o desenvolvimento das novas
tecnologias de comunicação e informação, que hoje operam sob a incrível
lógica da convergência, associado à euforia da economia de mercado, faz com
que o contexto histórico imponha novidades a cada dia”. As tecnologias são
pontes que ligam a sala de aula ao mundo. São diferentes formas de
representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática
ou dinâmica, mais linear ou paralela, mas todas elas integradas possibilitam
uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as
potencialidades do educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e
atitudes.
43
A mídia também tem sua parcela na educação da criança,
principalmente pela televisão. Com a mídia ela aprende a informar-se,
fantasiar, relaxar, ouvir, ver, sentir, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relação
com a mídia eletrônica é prazerosa e sedutora, aprendemos com as histórias
que contam.
Dessa forma, quando a criança chega à escola, os processos
fundamentais de aprendizagem estão sendo desenvolvidos de forma
significativa. Ferrés (1996, p.38) coloca que, como conseqüência da exposição
aos meios de comunicação de massa e, de forma particular à televisão, hoje a
criança tem acesso a um número de informações e experiências muito
superiores as de um idoso a várias gerações.
Moran (2000 p.48) afirma que é devido a isso que surge a necessidade
em educar para a mídia, para que desde criança possam compreendê-la,
criticá-la e utilizá-la da forma mais abrangente possível.
A escola precisa repensar a sua relação com os meios de comunicação,
deixando de ignorá-los ou considerá-los inimigos. A escola também não pode
imitá-los, porque nos meios predomina a função dica, de entretenimento, não
a de organização da compreensão do mundo e das atitudes. Ferrés (1996 p.
43) afirma que, “uma escola que não ensina como assistir à televisão é uma
escola que não educa.”
O que possibilitará o levantamento de informações e a utilização do
desenho animado como ferramenta pedagógica que auxiliará o professor em
sala de aula tenha entendimento da linguagem televisiva, de como esta relação
se junto aos telespectadores, e principalmente nas crianças em fase de
educação infantil.
Esse tema, a “linguagem televisiva e o imaginário infantil” bastante
difundido por pesquisadores como, Moran (2000), Massetto (2000), Schaun
(2002), Esperon (1995), Orozco-Gómez (2000), Cordelian, Gaitan (1996),
Fusari e Greenberg (1985), que buscam elucidar o mistério que atrai crianças
de todo o mundo a assistirem pelo menos 36 horas semanais de televisão
(Comunicação e Educação, 1996 p.49).
44
Pacheco (1995 p.43) afirma que,
(...) criança x televisão x educação, são temas discutidos
exaustivamente, porém nunca suficientemente. Abordar a questão
tendo como referencial a própria criança é uma forma original e
esclarecedora de abordar o assunto. Os desenhos animados geram
agressividade (....) Os desenhos animados servem de catarse...
É o que se fala desde que eles invadiram as telas de televisão. Tais
falas são panos de fundo de conversas informais e, ao mesmo tempo, são
temas polêmicos de seminários, encontros e congressos. Contudo o problema
persiste, ou seja, continuamos a busca de informações que nos permitam
compreender a influência da televisão no desenvolvimento humano.
O assunto é rio e exige cautela, muita reflexão e muita pesquisa, mas
abordá-lo exige um referencial primordial e este é a própria criança. Nos
últimos anos, pesquisadores da mídia se detiveram mais no papel das formas
do mito e do folclore televisivo na criação de culturas nacionais inteiras. A
velocidade com que as tecnologias avançam, impulsiona o homem a assumir
uma postura que o coloque em atuação proativa frente a esta nova realidade.
O acesso a estas novas tecnologias é cada vez mais facilitado e, hoje é difícil
imaginar qualquer atividade realizada sem elas.
A revolução tecnológica produziu uma geração de alunos que cresceu
em ambientes ricos de multimídia, com expectativas e visão de mundo
diferente de gerações anteriores, portanto, a revisão das práticas educacionais
é condição primordial para que possamos dar-lhes a educação apropriada.
Esta nova forma de educar faz com que o professor reavalie toda a sua
atuação desde a preparação das aulas até a conclusão de cada conceito
trabalhado. Portanto, este projeto visa propor discussões sobre esta nova
possibilidade de interação professor x aluno x professor ajudando a criar um
cenário multimídia, desenvolvendo dinâmicas diferenciadas para que possam
dar conta de novos procedimentos na busca do encantamento de crianças na
fase de educação infantil, contribuindo para seu desenvolvimento moral e a
própria aprendizagem.
45
O mais importante é que as crianças tornem-se capazes de fazer seus
próprios julgamentos sobre o que é certo ou errado. Ao serem encorajadas a
trocar pontos de vista com outras pessoas a fim de tomar decisões, elas
aprendam a julgar a partir de seu íntimo os efeitos de suas decisões sobre si
mesmas e sobre os outros.
Toda educação na realidade subentende uma adaptação ao meio
ambiente. É nessa adaptação que a família, depois a escola e também a
televisão devem ajudar o indivíduo. Trata-se de tornar a criança apta para seu
futuro, ajudá-la a se preparar, a tornar-se um ator social, um bom pai ou
simplesmente um cidadão útil e responsável.
A socialização é o processo social pelo qual os indivíduos aprendem e
interiorizam valores, crenças, conhecimentos, normas da sociedade em que
vivem. Socializar é transformar um indivíduo de ser associal em ser social,
inculcando-lhe modos de pensar, de sentir e de agir.
Uma das conseqüências da socialização é tornar estáveis às
disposições de comportamento assim adquiridas. Esse processo, enquanto
instrumento de regulação social, permite a economia de sanções externas. O
grupo não precisa nem relembrar ao indivíduo a existência dessas regras nem
exercer pressões sobre ele para que sejam cumpridas.
A socialização não diz respeito apenas ao início do desenvolvimento, ela
atravessa toda a vida humana, e na medida em que a televisão acompanha o
indivíduo durante toda a sua vida, e muitas vezes é sua fiel companheira, ela
nos interessa de modo particular. Antes do surgimento das mídias e
principalmente da televisão, o primeiro papel nesse processo pertencia à
família, no seio da qual o jovem crescia. Observando a vida familiar, assistindo
aos simples gestos de todos os dias, imitando seus próximos, a criança
elaborava pouco a pouco uma espécie de socialização inconsciente. A
instituição que se ocupava dela depois era a escola, onde o jovem tomava
consciência progressivamente de tudo o que estava destinado.
A socialização das crianças sofreu uma importante modificação com a
chegada dessa nova mídia, e essa modificação tem estreita relação com a
diminuição do prestígio da escola. O surgimento da televisão modificou
46
radicalmente essa situação tranqüila. A partir desse momento a criança não
precisou mais esperar chegar à idade considerada madura o suficiente para
receber as informações que lhe são destinadas, agora apertando um botão do
aparelho de tevê, ela obtém uma grande quantidade de informações, que
podem ser, aliás, radicalmente diferentes das que vêm de sua família ou da
escola.
A escola, por conta disso, precisa estar sintonizada com os movimentos
sociais e atenta às transformações que estes movimentos impõem. Uma das
funções da escola é a transmissão de valores que identificam, caracterizam e
permitem que um indivíduo tenha uma vida em grupo.
A criança de hoje, nascida numa sociedade industrial, não entra num
mundo harmonioso, imóvel e ordenado. Inicialmente a família era o lugar da
transmissão dos saberes, do saber viver, a escola veio depois. Ela ofereceu à
criança outro lugar de transmissão social, onde os valores não são exatamente
os mesmos dos pais e onde os modos de interação não são os mesmos da
família. O aparecimento da televisão e de toda uma série de mídias destinadas
às crianças aumentou ainda mais a complexidade da socialização.
Lazar (1999 p.53) diz que a extensão da televisão contribuiu para a
produção de um ambiente social particular, que não foi levado em
consideração nos seus efeitos educativos. Mesmo que a família e a escola
continuem a desempenhar um papel importante para a formação cívica e
escolar, elas não têm mais um lugar privilegiado na formação social da nova
geração.
Para educar, necessitamos de um suporte que muito além dos
significados particulares das diferentes disciplinas. Isso não será
possível se a profissão de ensinar não estiver radicalmente
impregnada de atitudes éticas sempre abertas à reflexão e à ação
sobre o que fazemos cotidianamente. (Martin, 2005 p. 11)
1.5 A educação moral e a personalidade consciente
A educação moral envolve a formação de uma personalidade
consciente, livre e responsável, capaz de enfrentar a indeterminação humana o
jogo entre o individual e o coletivo, a tensão para a otimização. Tais aspectos
desembocam no reconhecimento de que a moralidade supõe necessariamente
47
enfrentar fatos e acontecimentos que preocupam, inquietam e questionam:
fatos que provocam conflitos entre valores de alguma maneira são capaz de
mover-se de forma equilibrada nos planos pessoais e coletivos, objetivando
assegurar a criação de formas de vida viáveis, pessoalmente desejáveis e
coletivamente justas e livres.
Para analisar uma proposta de educação moral na escola Puig (1998
p.24) nos coloca que a educação é um processo de aquisição de informação
que da forma humana a homens e mulheres e passa-se a entender a educação
como um processo de aquisição de informação que se converte em
conhecimento, em valores, em habilidades e em modos de compreensão do
mundo.
Segundo o próprio Puig,
(...) essa forma humana é o resultado dos dinamismos
adaptativos que regulam a vida, mas também é aquilo que
permite a adaptação de cada sujeito à complexidade do meio
em que se encontra. Assim, portanto, a educação constrói a
forma humana que permite adaptar-se ao meio. (PUIG, 1986 p.
24).
Não se trata simplesmente de decidir como se quer viver no seio da
comunidade, mas de decidir uma boa maneira de viver a própria vida no seio
de uma coletividade. A moral diz respeito a regras de conduta consideradas por
determinada sociedade como obrigatórias, como deveres. Uma pessoa
comporta-se moralmente apenas se legitimar, intimamente deveres, e, com
base neles, pautar suas condutas.
No ponto de vista do Piaget (1994 p. 11) “[...] primeiro está a ação,
depois a tomada de consciência desta (abstração), que, aliás, pode muito bem
ser crítica, mas que tem necessariamente por base a prática vigente”.
A educação moral deverá transmitir aqueles recursos morais que
possam ser de utilidade na resolução dos conflitos de valor e, desta forma,
deverá ajudar a desenvolver as capacidades morais que permitirão a cada
sujeito enfrentar crítica e criativamente tais conflitos de valor. A importância
concedida a cada uma dessas tarefas, o conteúdo dos recursos e capacidades
48
morais, assim como a maneira de implantá-los, têm variado muito e gerado
diversas tendências em educação moral.
Nesse sentido Puig (1998 p.29) nos coloca,
que de um modo ou de outro podem ser vinculados a posições
sociológicas entendem que a educação moral deve inserir os
indivíduos na coletividade a que pertencem. Descrevem a formação
moral como um processo mediante o qual os sujeitos recebem da
sociedade o sistema de valores e normas vigente. Valores e normas
que lhe são impostos com uma força alheia à sua consciência e à sua
vontade, que lhes são impostos com a autoridade que emana de uma
entidade social superior aos indivíduos e que exerce influência e
pressão sobre eles. Em síntese, pode-se dizer que educação moral
como socialização se baseia em mecanismos de adaptação
heteronômica às normas sociais.
O princípio moral equivale a uma matriz da qual são derivadas as regras.
A regra indica claramente o caminho, o princípio, a direção. É evidente que
uma consciência moral desenvolvida conhece e preza princípios mais do que
regras. Regras e princípios referem-se à dimensão intelectual da moral, pois
tratam de elaborações racionais. “Mas não basta pensar para querer agir, uma
vez que a razão não é, em si mesma, uma força motivacional. Força
motivacional está justamente nos valores morais que pertencem à dimensão
afetiva”. (LA TAILE, 2005 p. 06)
Nesse sentido Piaget (1994 p. 23) coloca que,
[...] as regras morais, que a criança aprende a respeitar lhe são
transmitidas pela maioria dos adultos, isto é, ela as recebe
elaboradas, e, quase sempre, nunca elaboradas na medida de suas
necessidades e de seu interesse, mas de uma vez e pela sucessão
ininterrupta das gerações anteriores.
Para que se desenvolva a consciência de obrigação, é preciso que um
indivíduo instruções a outro e que este outro respeite aquele que as
instruções. Dessa forma, basta que a criança respeite seus pais ou seus
professores, para que suas ordens e instruções sejam aceitas e se tornem
obrigatórias. Piaget distingue também dois tipos de respeito. Em primeiro lugar,
há o respeito chamado unilateral, que implica a desigualdade entre o que
respeita e aquele que é respeitado, por exemplo, o respeito do menor pelo
49
maior. O respeito unilateral conduz a uma forma de relação social chamada
relação de pressão.
Agindo apenas por medo do castigo ou espera de recompensa, sua
conduta não será considerada moral, pois a perspectiva do desprazer ou do
prazer, e não a convicção íntima determina sua conduta. Regra; é uma
formulação verbal que nos diz, com precisão, o que devemos fazer ou não
fazer.
em segundo lugar, o respeito mútuo, assim chamado porque os
indivíduos que se relacionam se consideram como iguais e se respeitam
reciprocamente. As relações entre os indivíduos se estabelecem sem pressões
nem coações, gerando a cooperação.
Piaget também mostrou que existem dois planos no pensamento moral,
de um lado um pensamento moral efetivo ou experiências morais, que se
constroi pouco a pouco, através da ação individual, isto é, através dos fatos e
por ocasião dos conflitos com o social. De outro lado, o pensamento moral
teórico ou verbalizado, que aparece quando o indivíduo é levado a julgar os
atos de outras pessoas que lhe interessam diretamente ou a própria conduta
passada.
Todo indivíduo é potencialmente capaz de transcender os valores da
cultura em que ele foi socializado, ao invés de incorporá-los passivamente.
Piaget (1994, p.13-14) enfatiza que,
(...) justamente porque somos também racionais, atentos a
contradições, é que podemos tomar consciência de nossos aspectos
irracionais. Senão, nem saberíamos do fato e, forçosamente, não nos
preocuparíamos com ele. E isto também vale para a moralidade:
existe um juízo moral, critérios de avaliação, objetivos conscientes de
conduta. (PIAGET, 1994 p.13-14)
A educação moral não constitui matéria especial de ensino, mas um
aspecto particular do conjunto de matérias. A educação forma um todo e a
atividade que a criança desenvolve supõem um esforço de caráter e um
conjunto de condutas morais, bem como um esforço intelectual e a mobilização
de certo número de interesses.
50
É certo que a formidável presença das diversas ciências e tecnologia
teve e tem influência sobre as relações sociais e, conseqüentemente sobre a
moralidade.
Admitindo-se que os alunos dentro de uma classe formam uma
sociedade real, uma associação baseada no trabalho em comum de seus
membros, é muito natural confiar às próprias crianças a organização desta
sociedade.
Puig (1999 p. 49) salienta que,
as relações interpessoais são, em última instância, o principal fator na
elaboração dos critérios de juízo moral. Todavia, as relações sociais
podem ser de natureza diferente e, assim, o mesmo ocorre com a
moral: encontramos uma moral heteronômica, baseada em relações
sociais de coerção, e uma moral autônoma, baseada em relações
sociais de cooperação.
Os fins constituem as grandes utopias de indivíduos e de sociedades,
dos sistemas de explicações e dos mitos, da cultura. Os meios dependem dos
instrumentos materiais e intelectuais de que dispomos também dependentes da
cultura, assim, os valores são manifestações culturais. Esses valores
constituem uma ética maior, sem a qual a qualidade de ser humano se dilui.
Segundo Puig (1996 p.45),
[...] a contribuição de Piaget sobre a formulação de princípios teóricos
para o desenvolvimento da educação moral tem como objetivo
prioritário construir personalidades autônomas, e para que esse
objetivo seja atingido, deve-se proporcionar experiências que
favoreçam o abandono da moral autoritária e convidem a valorizar e
adotar a moral do respeito mútuo e da autonomia.
CAPÍTULO 2 - MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
2.1 Tipo de Pesquisa
Essa investigação é do tipo descritiva, caracterizou-se como um estudo
exploratório, de natureza qualitativa.
51
2.2 Composição da amostra
A amostra foi composta por alunos de três instituições de ensino
localizadas no meio oeste catarinense que passam a ser identificadas a partir
deste momento da seguinte forma; Escola Pública (EPu), Escola Particular
(EPa) e Escola Municipal (EMu), na faixa de idade entre 7 e 10 anos,
totalizando 63 alunos que viabilizaram a possibilidade de acesso às
informações. Além dos alunos, também compuseram a amostra as três
professoras das séries iniciais de ensino fundamental, responsáveis pelas
referidas salas. A atividade objetivava identificar a compreensão destas
profissionais sobre a utilização do desenho animado como ferramenta de
encantamento, possibilitando o uso como apoio pedagógico para auxiliar no
processo de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento moral das crianças.
A composição e distribuição estratificada da amostra para a identificação dos
envolvidos nesta pesquisa estão dimensionadas no quadro de número dois
(02) posicionado a seguir.
Instituição de ensino
Série dos
alunos
Número de
alunos
Sexo
Fem.
Sexo
Masc.
Escola Pública (EPu) 22 11 11
Escola Particular
(EPa)
27 17 10
Escola Municipal
(EMu)
14 8 6
Quadro 2: Composição e distribuição estratificada da amostra
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
2.3 Estruturação da pesquisa: coleta de dados
O método utilizado para a coleta de dados envolveu alguns momentos:
a) Processo de observação não participante, onde o pesquisador
presenciou o fato, mas não participou. Os alunos foram submetidos à
52
apresentação do desenho animado Bob o Construtor, um desenho infantil
elaborado e desenvolvido para se relacionar com as crianças, e foi utilizado
para que pudessem ampliar a absorção das informações transmitidas pelo
programa, tornando a transmissão do conteúdo a ser trabalhado mais
instigante e encantador.
b) A entrevista foi efetuada tanto com os alunos quanto com as
professoras destas instituições de ensino, pública, particular e municipal e
possuiu um roteiro estruturado, ou seja, com roteiro previamente estabelecido e
foi composto por perguntas abertas. Nessa etapa, junto com as educadoras, foi
promovida uma dinâmica para que pudessem discutir as cenas e
acontecimentos que envolveram o personagem principal e sua turma. Todo
esse procedimento foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa
da UNOESC, encontrando-se disponível no Anexo I.
A pesquisa envolveu três escolas diferentes. Foram selecionadas três
salas com alunos da mesma faixa etária, entre 7 e 10 anos, uma sala por
instituição, para participarem desta ação. A atividade realizada foi observar o
comportamento dos envolvidos com relação ao veículo de comunicação, a
televisão, e a exibição do desenho animado como ferramenta pedagógica para
auxiliar no processo de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento moral
desses alunos.
O objetivo não foi cruzar as informações no sentido de apontar
qualitativamente o envolvimento dos pesquisados na absorção dos
conhecimentos por meio deste veículo de comunicação. O objetivo é mostrar
que a tecnologia de informação e comunicação (TIC) pode contribuir para o
desenvolvimento dos alunos, sem que exista a diferenciação de escola pública,
municipal ou particular, mostrar que a utilização dos recursos pedagógicos
como, a utilização da TV, aproveitando os desenhos animados para trabalhar
conteúdos em sala de aula podem favorecer o alcance de bons resultados no
processo de assimilação dos conteúdos e auxiliar no desenvolvimento moral.
2.4 Procedimentos de coleta de dados
53
O procedimento de coleta dos dados teve início com a seleção do
programa infantil, e o desenho programado foi do Bob o Construtor, que tem
como proposta incentivar as crianças à prática de ações de responsabilidade
social, facilitando assim sua inclusão e permanência no convívio social. O
desenho é um programa de televisão, com linguagem televisiva, com ritmo, cor,
atrativo e capaz de interessar pela ação ou pelo assunto. É uma animação
mostrando o trabalho na arte de construir. Os personagens são pequenos
construtores que com seu ofício procuram mostrar solidariedade, confiança,
companheirismo, generosidade etc. As crianças também aprendem a usar as
ferramentas nas construções e a perceber os limites pessoais e dos outros,
desenvolvendo assim uma percepção sobre o respeito às diferenças.
O procedimento de coleta de dados foi planejado da seguinte forma:
a) Atividades com os alunos: realizadas pelas professoras responsáveis pelas
salas sob a orientação do pesquisador, onde esses alunos desenvolveram
desenhos tendo como tema os desenhos animados que assistem e justificaram
por que os assistem;
b) A exibição e análise dos desenhos animados selecionados pelo
pesquisador, e que discutiu temas específicos ligados à atualidade. Os
desenhos selecionados foram do Bob o Construtor e os episódios exibidos
foram: “Começar de novo” e “Pituca na reciclagem”;
c) Após a exibição, as crianças interagiram com a professora respondendo a
perguntas previamente programadas pelo pesquisador, e executadas pelas
professoras das turmas;
d) Para finalizar, a entrevista com as professoras das turmas, (escola pública
(EPu), da escola particular(EPa) e da escola municipal(EMu)) respondendo
também a perguntas elaboradas previamente pelo pesquisador e que estão
dispostas logo abaixo obedecendo à seqüência das atividades.
2.5 Justificativa, estrutura e objetivos sobre o desenho animado utilizado:
O objetivo desta proposta é analisar a influência do desenho animado
“Bob, o construtor” no desenvolvimento cognitivo e social de alunos com faixa
54
etária entre 7 a10 anos de idade, com o objetivo de analisar as possibilidades
técnicas e educacionais que a televisão por meio do desenho animado, pode
abrir para as crianças, pais e professores.
2.5.1 Roteiro da entrevista com os alunos
. Vocês gostaram dos desenhos? Por quê?
. Quais são os personagens que vocês mais gostaram? Por quê?
. Qual é o personagem que mais chamou a atenção de vocês? Por quê?
. Qual foi a situação que eles viveram?
. O que vocês acharam dessa situação?
. Vocês concordam com o que aconteceu?
. Se vocês estivessem no lugar destes personagens como agiriam?
. Que ensinamentos podem retirar deste desenho, da situação vivida pelos
personagens principais e da atitude que tiveram em relação a: (completar com
a cena de maior destaque). E as cenas que foram trabalhadas foram: a cena
do primeiro episódio, começar de novo, em que o espuleta e a escave ficaram
perdidos na floresta, e a cena em que o Bob e sua equipe preparam os
recipientes para acondicionar materiais recicláveis?
2.5.2 Roteiro da entrevista com as professoras
. Você gostou de participar dessa experiência? Por quê?
. Você acredita que os desenhos animados podem constituir-se em uma
ferramenta pedagógica? Por quê?
. Do ponto de vista pedagógico em que medida a utilização do desenho
animado facilitou a abordagem junto aos alunos? Por quê?
. A ferramenta é adequada para auxiliar no desenvolvimento dos alunos? Por
quê?
. Reutilizaria a estratégia para trabalhar outros conteúdos? Por quê?
55
A penúltima questão da entrevista feita com as professoras, em que é
colocada a situação de auxiliar no desenvolvimento, compreenda-se este
processo de uma maneira geral, desenvolvimento como um todo, sem que seja
dissociada qualquer ação que contribua para o desenvolvimento do indivíduo
em sua plenitude, pois, não nos aprimoramos de forma fracionada, por partes.
2.6 O Desenho utilizado
Bob o Construtor tem como nome original “Bob the Builder”, e é um
desenho que marca pela originalidade. Bob é um cidadão de uma pequena
cidade chamada Sunflower Valley, dividida em parte urbana e parte rural. A
dinâmica das atividades do desenho Bob o Construtor estão alicerçadas em
promover a repetição das ações como forma de conscientização. Os fatos e
acontecimentos que são relatados no desenho levam as crianças a
desenvolver comportamentos semelhantes.
À medida que estes desenhos são reapresentados pela emissora que os
exibe, tem-se fortalecido o comportamento que se espera de um futuro cidadão
responsável, as crianças percebem pelas ações dos integrantes da equipe do
personagem principal, que aquele é o procedimento a ser adotado para que
possam compartilhar uma vida em sociedade, e, acabam por desenvolver
atitudes positivas corroborando com sua postura de cidadão consciente.
Bob é o encarregado de construir e consertar as coisas pela cidade,
para isso ele conta com amigos que o ajudam em suas empreitadas, que são:
Wendy, outra construtora, Dizzy, que é uma betoneira, Loft (guindo) um
guindaste, muck, um caminhão, spud (espuleta) um espantalho, pilchard, um
gato, roley, um trator e scoop, uma retroescavadeira.
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Figura 1
Bob
Figura
2
Wendy
Figura 3
Pilchard (Pituca)
Figura 4
Spud (Espuleta)
57
Figura 5
Roley
Figura 6
Dizzy
Figura 7
Scoop
Figura 8
Muck
Figura 9
Loft (Guindo)
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Todo o envolvimento de Bob e sua turma acontecem quando recebem
as tarefas que precisam cumprir para melhorar a vida na localidade onde
vivem, tudo sem que haja prejuízos para o grupo, para o meio ambiente e para
a sua comunidade, além de estimular o trabalho em equipe. Estas são
situações vividas pelo personagem principal e sua turma.
Outra característica que possibilitou a escolha deste desenho é a forma
com que a transmissão de valores morais são repassados para as crianças,
provocando-as no sentido de se posicionarem com relação aos fatos e ões
que viabilizam seu relacionamento com a sociedade e a comunidade onde
estão inseridas. Podemos perceber os primeiros desafios no início da
exibição do desenho, onde temos o primeiro questionamento sendo utilizado e
que cria o diferencial para este programa/desenho.
Tanto crianças como adultos se envolvem rapidamente quando se
deparam com a trilha de abertura do desenho: respondendo a pergunta feita
pelo narrador “nós podemos construir?”, e as crianças em coro respondem,
“podemos sim!”, “nós podemos consertar” e novamente em coro, as crianças
têm a possibilidade de responder e seguem no espírito da trilha posicionando-
se com relação ao comportamento que precisam ter para que a convivência
entre os seres humanos e os seres vivos, de uma maneira geral, seja
compartilhada com inteligência e respeito.
A proposta deste desenho animado é auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem e colaborar para construir uma consciência moral em crianças
em fase de educação infantil, proporcionando discussões sobre
comportamento, ética e respeito às diferenças, promovendo assim o
crescimento de um indivíduo mais crítico e consciente de seu papel na
sociedade. Um dos motes do desenho é alicerçar as informações sobre os três
erres (R), reciclar, reutilizar e reaproveitar, transmitindo os conceitos básicos
para desfrutar de uma vida moderna, globalizada com responsabilidade.
As cores constituem outro elemento que ajuda na construção dessas
informações, disposta na distribuição dos personagens onde cada amigo tem
uma cor específica facilitando assim sua identificação, cada uma possui função
importante no desenvolvimento das atividades que o Bob realiza.
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Com temas atuais, o desenho se desenvolve com o objetivo de mostrar
às crianças que a vida em conjunto tem necessidades particulares que
precisam ser respeitadas, que as diferenças entre uns e outros também, que as
tarefas que o nosso dia-a-dia nos impõe, precisam ser desenvolvidas em
equipe, facilitando assim sua conclusão. O objetivo do desenho Bob o
construtor é ser um desenho animado que tem como proposta incentivar as
crianças à prática de ações de responsabilidade social, facilitando assim sua
inclusão e permanência no convívio social.
Segundo Lobo (1990 p.58) coloca que a criança quer ser respeitada, que
ela não admite ser tratada como débil mental ou um nenezinho. As estórias do
dia-a-dia com uma ação contínua, passadas em ambiente realista, embora isto
não exclua a fantasia, atraem muito os jovens. Principalmente, se as situações
do quotidiano permitem uma identificação de situações e de personagens que
a criança viveu ou pode viver.
Da mesma forma, Lazar (1999 p. 63) diz que a imitação pertence à
natureza do homem. Muito cedo a criança imita seus pais e seus irmãos; mais
tarde, imita tudo o que acha interessante ou digno de ser imitado.
Além disso, Fusari (1985 p.165) diz que todo o desenho animado, para
expressar a narração, integra três componentes principais: a imagem em ação,
os diálogos e o som. As vozes dos diálogos e o som, efeitos sonoros e música,
fazem parte da trilha sonora. No desenho Bob o construtor, temos essas
características de forma marcante, a imagem é trabalhada com cores vivas e
suas nuances, o som, um fator envolvente nesta produção. A trilha sonora, a
música, está dividida da seguinte forma; na abertura temos o jingle
(manifestação musical que da identificação ao produto) como primeiro contato
de encantamento para este público e fazendo parte das ações desenvolvidas
pelos personagens, segue acompanhada pelos efeitos ou, a própria trilha de
abertura editada para ser inserida nesses momentos.
Para que a estória realmente prenda a atenção da criança ela deve
entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida deve
estimular-lhe a imaginação, ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar
claras as suas emoções, estar harmonizado com suas ansiedades, medos e
60
aspirações, reconhecer plenamente suas dificuldades e, simultaneamente,
sugerir soluções para os problemas que a perturbam.
Os desenhos animados representam a oportunidade de ver esse
estímulo junto às crianças com muita simplicidade. Nos seus episódios a
dinâmica dos acontecimentos ajusta a participação, mesmo que através do
vídeo a dar respostas, a promover o bom comportamento, a possibilitar o
raciocínio de como lidar com as situações pode ser simples, quando temos a
chance de ouvir as pessoas, mas acima de tudo pedir ajuda no momento certo,
respeitando os limites de cada um.
Uma boa estória deve, de uma vez só, abordar todos os aspectos de sua
personalidade, sem menosprezar a criança e a sua capacidade, e como sugere
o próprio roteiro, as repostas dessas crianças sempre acontecem em função da
participação do indivíduo, de cada um deles junto à coletividade, e o Bob tem
por objetivo mostrar essa possibilidade que a criança, em cada momento da
sua vida, está exposta à sociedade em que vive. Nessa convivência, aprende
a enfrentar as condições que lhe são próprias, desde que os seus recursos
interiores o permitam.
A prática pedagógica passa a ser concebida a partir de duas dimensões
indispensáveis e interinfluentes. A primeira refere-se ao processo educativo
que se no interior da escola, ao passo que a segunda evidencia-se na
prática social, relacionada à formação do homem em suas relações políticas,
culturais. Ressignificar a prática pedagógica implica, então, entendê-la como
práxis, construída no caráter dialético da realidade socioeducativa. A mudança
educacional está relacionada à formação do professor e à inovação das suas
práticas pedagógicas.
Porto (2000 p.33) diz que ao ressignificar o conceito de prática
pedagógica, busca-se inicialmente, contextualizá-lo em relação aos fatores
socioeconômico-culturais, o que implica, necessariamente, uma ruptura com a
visão ingênua e simplista da realidade transcendendo o reino paradigmático da
racionalidade técnica, da instrumentação alienadora, da eficiência
condicionante da rotina, do legal, do instituído que conformam.
61
A proposta desta ressignificação fica clara na abertura do desenho,
quando temos esse envolvimento propondo uma nova maneira de encarar as
atividades do dia-a-dia. Essas não podem ser pensadas aleatoriamente, torna-
se necessário questionar, avaliar, ressignificá-las contextualizando-as em sua
realidade social. Estas informações retornam às discussões em função de uma
nova postura social, e tem por mediador a mudança de século, o que
impulsiona o surgimento de novas possibilidades de uso das tecnologias de
informação e comunicação.
“As tecnologias da informação e comunicação estão aí e ficarão por
muito tempo, estão transformando o mundo e deve-se considerá-las no terreno
da educação”. (SANCHO e HERNANDÉS, 2006 p.18)
2.7 Procedimentos para análise dos dados
A análise dos dados ocorreu mediante a formulação dos critérios que
estão postos possibilitando o entendimento das questões de pesquisa
propostas nesta dissertação, bem como viabilizar o entendimento sobre a
relevância na utilização do desenho animado como ferramenta pedagógica
auxiliando as professoras no processo de ensino e aprendizagem e no
desenvolvimento moral dos alunos envolvidos na pesquisa e que foram
dispostos da seguinte forma:
a) Após a filmagem, o material recolhido foi transcrito em DVDs visando
favorecer o manuseio das informações possibilitando a transcrição dos
momentos que constituíram a coleta dos dados com os alunos e com as
professoras.
b) A transcrição literal das imagens com os dados das entrevistas com os
alunos e com as professoras.
c) Organizaram-se quadros de análise com as respostas das entrevistas
realizadas com os alunos e com as professoras e estão dispostas de maneira
fracionada para possibilitar análise.
d) A análise das respostas dos alunos e das professoras das diferentes
instituições de ensino estão fracionadas por questão. Nessa análise nos
62
detivemos a verificar os argumentos utilizados pelos envolvidos na pesquisa
que em alguma medida são semelhantes ou revelam compreensões distintas.
2.8 A pesquisa: relato das atividades desenvolvidas com alunos e
professoras
Nos parágrafos abaixo temos o relato do desenvolvimento das
atividades propostas nas instituições de ensino, Escola Pública (EPu), Escola
Particular (EPa) e Escola Municipal (EMu), a participação dos alunos e a
importante interação das professoras.
2.8.1 Desenvolvendo as atividades na escola pública (EPu)
Iniciamos nossa pesquisa visitando a primeira instituição que entendeu e
permitiu nossa atividade, uma Escola Pública (EPu).
Ao descer do carro em frente à escola nos deparamos com as crianças
brincando no pátio, estavam na hora do intervalo. Fomos recebidos pelas
professoras que compartilhavam da companhia das crianças e ao mesmo
tempo tendo a responsabilidade de observar e “tomar conta” dessas crianças.
A diretora, assim que se desvencilhou de compromissos veio nos
receber, orientando as professoras envolvidas na pesquisa e se dispondo a
ajudar no que fosse possível. Enquanto aguardávamos o término do intervalo,
ficamos a apreciar as brincadeiras, traçando um paralelo com a nossa
realidade, que temos filhos com idade próximas às das crianças que
brincavam ali.
Ao término do intervalo ou recreio, fomos convidados a ir para a sala de
aula. Os alunos e a professora já nos aguardavam. Para nós, um compromisso
valoroso, para as crianças um acontecimento marcante, eles iriam ser filmados,
e para isso se prepararam vestindo-se para a ocasião, afinal, não é todo dia
que aparece gente com câmera na sala de aula.
Ao entrar na sala acompanhado pelo Rudi (cinegrafista) cumprimento os
alunos e a professora, como manda a boa educação, entrei dizendo “boa
tarde”, e prontamente fomos agraciados com a resposta em coro: “boa tarde”, e
63
perguntei a eles, dando seqüência ao diálogo; vocês estão bem?, e mais uma
vez, em coro responderam; “sim”. Fiz um convite: vamos trabalhar um pouco
agora à tarde?, e mais uma vez o coro se fez presente: “sim”, responderam.
A professora, orientada previamente, e seguindo o roteiro elaborado,
iniciou as atividades programadas. Para esclarecimento, esse roteiro tem a
finalidade de orientar as atividades, os passos que serão dados dentro de uma
seqüência cronológica. Outra informação; é de suma importância que a
professora desenvolva as atividades propostas, para que as crianças não se
sintam intimidadas e não participem da mesma maneira, em função da
presença do pesquisador e do cinegrafista. A primeira atividade foi pedir que os
alunos expressassem através de um desenho os programas infantis que eles
assistem e mais gostam. A professora deu início às ações programadas
orientando o início das atividades pelo desenho.
A primeira preocupação de alguns era por não saber desenhar direito,
ou, por não conseguir expressar por meio desse desenho a imagem do
desenho preferido. Mas como o objetivo não é observar os dons artísticos,
foram encorajados pela professora a superar esse limite, e prontamente se
puseram a trabalhar. Olhinhos “grudados no papel”, se ouvia a respiração
das crianças. Todos compenetrados em dar o melhor de si, superando seus
próprios limites.
A professora caminha por entre as carteiras verificando as
performances, e o cinegrafista captando os movimentos. Numa dessas
caminhadas a professora veio em minha direção, pois estava parado em um
canto da sala para ser discreto. A professora se aproximou e brincou dizendo: -
vou pedir para que instalem uma câmera na minha sala, assim consigo
reproduzir este instante por mais vezes, referindo-se a surpresa pelo
comportamento das crianças, afinal, por conta desse comprometimento
estavam todas absolutamente compenetradas, absorvidas pela ação de
realizar o melhor e mais bonito desenho.
Neste instante nossa conversa foi interrompida, um companheirinho
chamou a professora pedindo que ela se aproximasse, e na seqüência foi
inquirida: - o moço ainda não me filmou, disse ele. O moço era o cinegrafista
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que caminhava pelos corredores formados pelas carteiras, observando pela
câmera a produção dos pequenos.
A professora se prontificou a avisar o cinegrafista, pedindo que ele
também pudesse passar por essa experiência, ser filmado. Então, se deslocou
para a direção dele, e iniciou a tomada de imagens. Parecia um “astro” de
cinema, naquele instante, e as atenções estavam todas voltadas pra ele e seu
desenho.
Faltando cinco minutos a professora interveio avisando aos pequenos
que o tempo estava prestes a terminar, e que ao final tinham que escrever seus
nomes nos desenhos e entregá-los, e no tempo de trinta minutos de atividade
todos entregaram suas produções.
A segunda atividade do roteiro organizado foi à exibição de um desenho
animado na sala de vídeos da escola. A professora, PA1 então sugere a
mudança de ambiente, desde que, acontecesse de maneira tranqüila e sem
barulhos. Alguns se excedem um pouco, afinal são crianças.
Chegamos à sala de vídeo e todos se acomodaram para assistir ao
desenho. Colocamos o DVD no aparelho, a platéia foi informada de que estaria
assistindo ao desenho animado chamado Bob o construtor. Para quem não
havia assistido o desenho explica-se que Bob é um indivíduo que morava numa
cidadezinha bucólica e legal, e que tinha uma turminha muito unida que o
ajudava a desenvolver suas atividades.
2.8.2 Desenvolvendo as atividades na escola particular (EPa)
Fomos para a escola particular (EPa), onde faríamos a apresentação
dos desenhos animados, que agora para um outro grupo de crianças, que
pertencem a mesma faixa etária, e cursam a mesma série, segundo ano do
ensino fundamental. Retomo a emoção de entrar neste ambiente de ensino, e
desta vez, emoção é em dose dupla, a primeira citada em linhas anteriores, e a
segunda, é que nesta sala de aula que se encontra a pessoa mais importante
da minha vida, que para auxiliar no processo de pesquisa abriu mão de sua
efetiva participação, deixando-a restrita ao desenho que desenvolveu,
65
procurando não influenciar seus colegas com suas respostas pelo fato de ser
meu filho. É um grande parceiro.
A recepção é semelhante, olhinhos vidrados na possibilidade de ser
filmado leva as crianças ao frenesi, mas controlado com eficiência e
rapidamente pela professora A2.
Apresentamos-nos e informamos quais eram as atividades que seriam
realizadas naquela tarde, e que eles teriam uma forma diferente de receber
conteúdos importantes.
A professora A2 explica aos alunos que terão que fazer um desenho do
desenho animado que assiste e mais gosta, e escrever porque gosta. Informa
aos alunos que eles terão 30 minutos para desenvolverem esta atividade. A
professora solicita que duas alunas peguem as folhas no armário e distribuam
aos seus colegas, e é atendida prontamente.
Conforme vão recebendo suas folhas, vai surgindo a preocupação
básica, que desenho fazer, quais cores, como é que escreve o nome do
desenho que gosto, tem que desenhar ou pode escrever? Perguntas que
foram aos poucos sendo respondidas à medida que a tranqüilidade foi
retomada, e que o empenho por realizar o desenho mais bonito faz com que se
concentrem mais.
A circulação dos pequenos em sala é ponto alto. Os que vão
terminando, ordenadamente vão deixando suas obras em cima da mesa da
professora, e, ao voltar aos seus lugares, vão passando na carteira dos
colegas pra ver como anda a produção deles.
A professora informa que faltam cinco minutos pra finalizar a atividade e
que deverão entregar os desenhos, e assim, atendendo a solicitação os últimos
desenhos foram entregues.
A professora pede que os alunos voltem aos seus lugares, afinal,
estavam a observar os desenhos dos colegas de sala que foram ficando por
último para entregar os desenhos. A luz se apaga, as cortinas se fecham para
melhorar o ambiente tornando propício para uma exibição deste porte. Coloco
o DVD no aparelho multimídia e posiciono os desenhos a serem veiculados.
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A situação não muda nesta instituição, quando o desenho começa,
silêncio total, olhos voltados para a tela do projetor multimídia, perninhas
cruzadas em cima da cadeira, corpinhos se mexendo, procurando uma posição
melhor para poder compartilhar aquele momento. Tudo com o maior zelo para
não incomodar aos colegas que também estavam envolvidos. Alguns
identificam o desenho assim que a vinheta de abertura começa, alguns
tiveram a oportunidade de assistir o desenho anteriormente.
O perfil da turma contribui para que alguns tenham TV a cabo em suas
residências, oportunizando assim acesso a uma programação diferenciada.
Uma das alunas se manifesta logo no início do desenho, “eu conheço este
desenho, é bem legal”.
A professora também se posiciona para prestar atenção no material que
estava sendo apresentado, e conforme o desenho vai sendo exibido percebe-
se no olhar desta professora o encantamento, o sorriso fácil de quem
reconhece as situações trabalhadas em sala de aula e que estão ali, expostas
de maneira lúdica e ao mesmo tempo com muita seriedade.
Essa é a maior sala em que a atividade foi realizada, o 27 alunos,
dezessete (17) do sexo feminino e dez (10) do sexo masculino, completamente
comprometidos com a atividade.
Quando os episódios terminaram a professora foi para frente da sala, se
posicionando para realizar as perguntas programadas pelo roteiro, para iniciar
a atividade de interação com seus alunos.
A interação com os alunos está concluída, em seguida ao aviso, eles
vão partir para outras atividades que a professora programou, e se disponibiliza
para conversarmos sobre a participação dela, professora A2, nessa pesquisa.
2.8.3 Desenvolvendo as atividades na escola municipal (EMu)
Encaminhamo-nos para a escola municipal (EMu), a atenção dos alunos
pela chegada de pessoas alheias ao seu dia-a-dia movimenta a sala de aula.
Eles não sabiam até então o que tínhamos programado para acontecer.
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A professora tinha sido orientada, em conversa previamente
agendada, e no dia marcado para a realização das atividades recebeu o roteiro
para que se sentisse mais segura com relação a sua participação, aliás,
procedimento padrão nas instituições envolvidas na realização desta pesquisa.
O procedimento se repete, cumprimentamos os alunos, e a professora
que assume a organização da primeira atividade programada, com isso, o
cinegrafista também assume seu posicionamento para que possa captar as
imagens que darão subsídios para a transcrição das informações.
A professora inicia a interação pedindo que os alunos desenhassem nas
folhas que receberam o personagem dos desenhos animados que mais
assistiam e gostassem, para tanto teriam trinta minutos para realizar a
atividade. Iniciam a atividade empolgados, sentados em uma disposição que
permitia a visualização de todos os coleguinhas, foram se empenhando para
que esse desenho ficasse tão bonito quanto estavam imaginando.
Trinta minutos passados, a professora o aviso de que aquela parte
estava finalizada e que poderiam efetuar a entrega dos desenhos, se
preparando na seqüência para a próxima atividade.
O multimídia foi preparado para que os alunos pudessem assistir aos
desenhos do Bob o construtor. Eles retornam aos lugares depois de
entregarem os desenhos para a professora, e com os olhinhos fixos na tela da
televisão, começaram a assistir os desenhos programados.
O silêncio é total, somente a respiração é percebida, todos atentos às
cenas, aos personagens, à situação que era mostrada.
Conforme o desenho se encaminhava para o final, percebia nos olhos
das crianças um envolvimento com o que viam. A descoberta, o lúdico, o
ineditismo para alguns, nos deixava como observadores extasiados com o
comportamento dessas crianças. Na seqüência inicia o segundo episódio, que
tem como mote a reciclagem dos produtos. Bob construíra em uma área alguns
recipientes em madeira para que ali pudessem ser depositados os objetos que
não serviam mais para o consumo. Esses recipientes obedeciam a uma
disposição que ajudava aos indivíduos a depositar os objetos que não lhes
serviam mais.
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Esses recipientes estavam distribuídos para acondicionar tecidos, eletro-
eletrônicos, madeira, vidro, papel enfim, lixo reciclável, e como o próprio Bob
trabalhou, busca por meio da utilização de um sistema que favorece o
aproveitamento e reconhecimento dessa possibilidade que foi adotada como
benéfica para a sociedade. São os três “R”s, reciclar, reutilizar, reaproveitar
que formam o tripé que estrutura toda uma relação que Bob têm com seus
companheiros e dominam o dia-a-dia das pessoas em “Spring Valle”, e é por
conta desse tripé; reciclar, reutilizar, reaproveitar que Bob e seus companheiros
tentam preservar a coexistência, ser humano e natureza.
Quanto aos alunos, percebi que ficaram com os olhos brilhantes, fixos
na telinha, pois percebiam uma nova maneira de assimilar conteúdos que viram
com seus educadores em aulas passadas, e estavam ali, sendo retratadas de
uma forma diferente. Entenderam e assimilaram, porque puderam colocar em
prática seus conhecimentos ampliando assim suas experiências.
Ao estimular a relação com as informações acima se percebe nos
olhinhos das crianças a assimilação e compreensão das atividades ali
propostas. O reconhecimento por parte delas é imediato, interagem e
assimilam mais rápido essas informações do que fariam a um tempinho atrás,
em um passado não muito distante.
Os alunos ficaram envolvidos com a exibição do desenho pelo fato de
estarem na faixa etária entre 07 e 10 anos, e ser novidade pela forma como
está sendo apresentado. Possivelmente não se encantariam pelo que estavam
vendo, por acreditarem ser um desenho de criança, e por não estarem mais
nesta fase. Esta, até então era minha percepção, e estava enganado. Mesmo
com a diferença de idade, e considerarem-se “crescidos” para este tipo de
desenho, se entregaram à atividade.
A professora também se encanta, identifica alguns dos conteúdos
trabalhados em sala de aula e acompanha o interesse dos alunos pelo
desenho que era exibido. Sorrisos, olhinhos atentos, atenção aguçada, assim
termina a segunda atividade programada.
A luz acende e todos se entreolham num misto de entusiasmo,
segurança, domínio da informação, os alunos deixavam transparecer que os
69
conteúdos abordados pelo desenho que acabaram de assistir tinha significado
para eles e a professora, imediatamente ao término do desenho, retorna ao
centro da classe para coordenar a última atividade de interação com os alunos.
Conforme programado, a professora, de posse do roteiro, inicia as
perguntas elaboradas pelo pesquisador para que os resultados dessa exibição
pudessem ser colhidos. De antemão percebe-se que a recepção dos alunos
com relação aos desenhos foi muito recompensadora, pois a minha
responsabilidade como educador ficou mais aguçada quando percebi um gesto
de euforia, de entusiasmo, de vibração, de comedimento, enfim, das várias
sensações que como seres humanos estamos sujeitos a desfrutar.
CAPÍTULO 3 – INTERAGINDO COM AS INFORMAÇÕES
3.1 Os alunos e a representação dos desenhos animados
Ao analisar os desenhos, percebe-se que as informações que ajudam os
alunos a escolherem seus desenhos preferidos são: a ação, a criatividade, a
movimentação, ingredientes que quando disponibilizados em conjunto tornam-
se mais atrativos possibilitando essa aproximação junto aos alunos.
No quadro de número três (03), elaborado logo abaixo, temos o
resultado dos desenhos mais indicados e assistidos pelos alunos das
instituições de ensino envolvidas na primeira atividade realizada.
Esta primeira atividade constava no roteiro de pesquisa e foi realizada
pelas professoras responsáveis pela sala. A atividade proposta; que os alunos
desenhassem os desenhos animados que mais assistiam e justificassem sua
preferência.
Desenhos
animados
Escola
Pública
Escola
Particular
Escola Municipal
Bem 10 2
Billy e Mandi 1
70
Bob Esponja 10 12
Bob o Construtor 1
Ching Yang Yo 1
Leizi tau 1
Padrinhos Mágicos 1
Pernalonga 1
Pica Pau 4 2 6
Pucca 1
Scooby Doo 2 2
Tom e Jerry 1
Três Espiãs Demais 1 1
Winks 1
Zett Bell 1
Não identificados* 7 1 3
Quadro 03: Relação dos desenhos animados representados pelos alunos.
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
Foram conservadas as escritas dos alunos, observando que não foram
efetuados consertos para que se preservasse a autenticidade do material
produzido, *são desenhos que não foram identificados ou reconhecidos pelo
pesquisador.
Podemos encontrar sistematizadas as indicações efetuadas pelos
alunos das três instituições de ensino envolvidas na realização desta atividade,
71
quais o os desenhos que foram mais assistidos por esses alunos e a
quantidade de alunos por desenho, esses dados estão expostos no quadro de
número quatro (04), onde se oportuniza na forma de resultado geral.
Desenhos Quantidade de alunos
Bob Esponja 22
Pica-pau 12
Scooby dôo 4
Bem 10 2
Três Espiãs Demais 2
Quadro 4: Ranking geral dos desenhos mais votados sem a divisão por instituição de
ensino.
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
Independente da instituição de ensino, o desenho animado mais
assistido pelos alunos que constituíram nossa amostra foi o Bob esponja, em
segundo lugar veio um desenho mais tradicional, que foi o Pica-Pau e em
terceiro lugar outro desenho tradicional, Scooby doo.
A atividade que foi desenvolvida no início, representar por meio do
desenho as preferências por desenhos animados que assistem, mostrou que
as informações não divergem entre as escolas (EPu), (EPa) e (EMu) por conta
de uma diferença cultural, financeira ou estrutural que possamos vir a imaginar
em função da organização da instituição.
Os desenhos retrataram como estes alunos se identificaram com os
programas e as suas preferências, mesmo com a possibilidade do canal a
cabo, perfil que poderia favorecer os alunos da (EPa), os desenhos
representados têm em sua maioria a exibição pelos canais abertos. Facilitando
assim a aproximação de todos os alunos participantes da pesquisa, dando aos
72
participantes as mesmas informações, ou seja, assistem na sua maioria os
mesmos desenhos.
Os desenhos escolhidos tiveram como peso a preferência pela ação,
pela dinâmica, pelas estórias, pelo colorido, mas acima de tudo, por serem
engraçados, como podemos perceber pelas justificativas a seguir:
Aluna da (EPa): “Eu gosto de scooby doo porque eles resolvem
mistérios”, ou,
Aluno, também da (EPa): “Eu gosto do Zatt Bell porque é divertido, não
enrola e prega minha atenção”.
As opiniões são semelhantes na visão dos alunos da escola municipal,
como podemos perceber a seguir:
Aluna da (EMu): “Eu gosto do pica-pau porque ele é engraçado”e
termina o desenho com um coração colorido expressando sua preferência.
Aluna da (EMu): “Eu gosto do pica-pau porque a gente aprende muitas
coisas”.
É a tecnologia de informação e comunicação, TIC, transformando esse
indivíduo em um ser integrado, incluído, pois possui o mesmo rol de
informações necessárias para sua convivência no meio em que está inserido.
Essa atividade pode ser desenvolvida graças à aceitação incondicional
de todos os envolvidos. Todos os participantes se doaram, tanto alunos como
professoras, gostaram de poder ter participado deste projeto.
Não foi uma situação inédita, as professoras conheciam a
possibilidade estratégica de trabalhar com o veículo de comunicação, a TV,
mas se entusiasmaram pela forma que poderiam agregar informações aos
conteúdos previamente elaborados para trabalhar em sala de aula utilizando os
desenhos animados para auxiliar nesse procedimento.
Essas declarações estão compartilhadas nos próximos parágrafos e vão
poder ser observadas pelos depoimentos colhidos e organizados a partir das
atividades desenvolvidas nas instituições de ensino, os resultados da coleta de
dados com os alunos nos quadros de números cinco (05) ao número doze (12),
73
e o resultado da coleta de dados com as professoras apresentados nos
quadros de número treze (13) ao número dezessete (17) desta dissertação.
Os momentos iniciais da pesquisa aconteceram de maneira semelhante,
a empolgação dos alunos pelo fato de estar sendo filmado, uma experiência
que não acontece todos os dias para todos, o entendimento das professoras
das instituições de ensino envolvidas, EPu, EPa e EMu, pelo fato de poder
utilizar essa ferramenta, o desenho animado, como estratégia pedagógica para
auxiliar no processo de ensino e aprendizagem auxiliando também no
desenvolvimento cognitivo e social/moral, mostrou que a realização da
pesquisa proporcionou uma absorção diferenciada das informações levantadas
durante as ações programadas.
Para que tenhamos maior visibilidade sobre os resultados obtidos com
as ações programadas, temos os quadros que correspondem
consecutivamente às atividades que foram desenvolvidas para a realização
desta pesquisa. Nos quadros de número cinco (05) ao número doze (12),
apresentamos a interação professoras x alunos, atividade realizada após a
exibição dos desenhos animados. Uma ação que neste momento foi realizada
estrategicamente pela própria professora da turma, evitando assim que esses
alunos ficassem mais inibidos.
Nos quadros de número treze (13) ao número dezessete (17),
apresentamos a interação professoras x pesquisador, atividade realizada após
a interação professora x alunos com o intuito de colher impressões sobre a
participação e entendimento nesta atividade.
3.2 A Interação: professoras x alunos - quadro analítico
Nos quadros abaixo foram organizadas as respostas coletadas pelas
professoras mediadoras das escolas envolvidas na pesquisa, quando
realizaram a interação com os alunos depois da apresentação dos desenhos
animados. A ordem apresentada, da esquerda para a direita, segue em função
da disponibilidade e agendamento junto às instituições.
A participação dos alunos, no caso das respostas, obedece ao
posicionamento que tomaram durante a atividade, a sala concordava com a
74
linha de raciocínio de alguns colegas, e, para que não ficassem repetitivos,
alguns se manifestavam como se representassem a opinião desses colegas.
No quadro de número cinco (05), encontram-se as respostas mais
significativas apresentadas pelos alunos participantes desse estudo.
Escola Pública – 22
alunos
Escola Particular – 27
alunos
Escola Municipal – 14
alunos
Pergunta 1 Pergunta 1
Pergunta 1
P.A1: Vocês gostaram dos
desenhos? Por quê?
Sala: “sim” responderam
em coro
P.A1: pergunta por quê?
aluno 1: “a gente aprende a
reciclar”
P.A1: “o que mais a gente
aprende ali”?
aluno 2: “a construir coisas”
P.A2: Vocês gostaram dos
desenhos? Por quê?
Sala: E todos levantam o
braço indicando sua
aprovação. E a professora
pergunta Por quê? E indica
uma aluna para dar sua
resposta;
aluna 1: “porque ele ensina
a reciclar, ensina também
que não precisa mentir por
causa que os amigos não
vão gostar mais deles só
porque têm um defeitinho”
aluno 2; “que não precisa
mentir; não ter medo”
P.Z: Vocês gostaram dos
desenhos? Por quê?
Sala: sim
aluno 1: porque eles
ajudam os outros
Quadro 05: quadro com roteiro da interação dos professores com os alunos
75
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
Uma situação que ficou evidente se refere à qualidade da informação
desses alunos. Ao iniciar a exibição dos desenhos, alguns alunos da escola
pública se mostraram conhecedores dos programas apresentados, os
desenhos do Bob o construtor, ou seja, o fato de estarem matriculados nesta
instituição pública não inviabilizou o alcance das informações, o que poderia
ser uma vantagem somente para os alunos que estão inseridos numa
instituição de caráter particular.
Evidencia-se pelas respostas a preocupação de todos os alunos
envolvidos na atividade de colocarem em prática os conteúdos trabalhados
pelas professoras em sala de aula, e que tiveram a oportunidade de assistir
nos desenhos veiculados que conseguem e colocarem essas informações
como práticas de seu dia-a-dia.
A responsabilidade de se posicionar perante a sociedade e a
comunidade fica visível quando têm a oportunidade de mostrar ao pesquisador,
professora e aos colegas que eles, alunos, pela postura ao responder, deixa
claro que eles sabem o que estão fazendo e que são capazes de contribuir
para que tenhamos uma sociedade mais crítica e consciente de seu papel na
manutenção de uma convivência mais harmônica e responsável.
No próximo quadro, de número seis (6), temos a oportunidade de
visualizar nas três instituições de ensino, a empatia que os personagens do
desenho animado Bob o construtor causaram no público envolvido nesta
atividade.
EPu
Pergunta 2
E Pa
Pergunta 2
EMu
Pergunta 2
P.A1: Quais são os
personagens que vocês
mais gostaram? Por quê?
P.A2: Quais são os
personagens que vocês
mais gostaram? Por quê?
P.Z: Quais são os
personagens que vocês
mais gostaram? Por
76
aluno 1: o Bob, porque
trabalha ajudando as
pessoas
aluno 2: a patrola , porque
carrega as coisas
aluno 3: o guincho, porque
ajuda o Bob
aluno 4: o espuleta
Sala: E todos responderam
em coro, Bob, e
alternadamente surgem
vozes contrárias dizendo “-
as máquinas, o
vermelho(escave), eu gostei
do espuleta, eu gostei
daquele vermelho
lá(escave).
P.A2: Quem gostou do Bob,
por que gostou?
aluno 3:“Porque ele ensina”
aluno 4:“Porque ele é o
personagem principal”
aluno 5: por ser amigo
quê?
Sala: o Bob
aluno 2: porque ele
ajudou a construir casas
aluno 3: porque ele
ajudou a construir
P.Z: Quem gostou do Bob,
por que gostou?
aluno 3: porque ele é
animado
aluno 4: eu gostei do
espuleta
aluno 5: eu gostei do
trator vermelho
Quadro 06: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
A interação com o personagem principal foi instantânea. Os alunos se
identificaram com facilidade ao jeito do Bob o construtor e de sua turma. Cada
personagem recebe igualmente uma importância, representam em cada
instante as diferenças que também acabam sujeitas aos seres humanos como
as diferenças entre os personagens, as inseguranças, os medos, coragem, isso
fica evidente quando abordam os limites e dificuldades de cada um no
desenvolvimento de suas tarefas ou nos relacionamentos do dia-a-dia.
77
Os alunos se encantaram com a proposta e responderam prontamente
quando justificaram, mesmo que sucintamente, mas de forma enfática, porque
acabaram se encantando pelo desenho e por seu personagem principal. Esta
situação fica evidente e permitiu com que as perguntas de números três (3),
elaboradas no quadro de número sete (07), a pergunta de número quatro (4),
elaborada no quadro de número oito (08) ficassem interligadas, se
complementando em seu processo de análise.
EPu
Pergunta 3
EPa
Pergunta 3
EMu
Pergunta 3
P.A1: Qual é o
personagem que mais
chamou a atenção de
vocês?
aluno 1: o Bob, porque
trabalha ajudando as
pessoas
aluno 2: a patrola , porque
carrega as coisas
aluno 3: o guincho, porque
ajuda o Bob
P.A2: Qual é o
personagem que mais
chamou a atenção de
vocês?
aluno 1: o Bob
aluno 2: o espuleta
aluno 3: o Bob
aluno 4: o Bob
P.Z: Qual é o
personagem que mais
chamou a atenção de
vocês?
aluno 3: bob, porque ele é
animado
aluno 4: porque ele ajuda
os colegas dele
Quadro 07: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
As perguntas se entrelaçam em função dos personagens que chamaram
mais a atenção, e a situação que eles viveram, estarem participando das
78
mesmas cenas, a estória a ser contada traz o envolvimento desses
personagens de forma contundente permitindo uma empatia diferenciada.
EPu
Pergunta 4
EPa
Pergunta 4
EMu
Pergunta 4
P.A1: Qual foi a situação
que eles viveram?
Sala: “trabalhando,
construindo coisas”
Sala: “ele estava reciclando
lixo”
P.A1: Por que ele estava
reciclando o lixo?
Sala: “pra fazer coisas
novas”
P.A1: E é importante
reciclar lixo?
Sala: “é” – respondem em
coro.
P.A.1: É importante a gente
reciclar o que a gente tem
em casa?
Sala: “sim”
P.A1: se vocês tivessem na
situação em que eles
estavam vivendo, o que
vocês fariam?
Sala: ajudando, trabalhando
P.A2: Qual foi a situação
que eles viveram?
aluno 1: quando eles
estavam perdidos na
floresta
aluno 2:eles estavam
tentando fazer uma fogueira
aluno 3: procurar a lenha
para fazer fogueira
aluno 4: eles queriam
acampar
aluno 5: eles estavam
tentando arrumar um pneu
que estava perfurando a
terra
P.Z: Qual foi a situação
que eles viveram?
aluno 1: eles estavam na
floresta com muito medo e
tiveram que se unir para
sair de lá
aluno 2: eles se
perderam, aí ele achou o
rastro deles e conseguiram
sair
aluno 3: eles estavam
reciclando o lixo aí o
gatinho caiu na caixa
79
também, reciclando
aluno 1: trabalhando pra
ajudar as pessoas
aluno 2: reciclando os
objetos para ajudar as
pessoas
aluno 3: reciclando para
ajudar a natureza
Quadro 08: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
Em relação à postura dos alunos nessa questão de número 4 elaborada
no quadro (08), percebeu-se que a construção dos pensamentos flui de
maneira mais eloqüente pelos alunos da escola pública. Expressaram-se de
maneira mais segura, com uma postura mais firme, apresentando
argumentação coerente em relação à pergunta programada e aplicada pela
professora responsável. Os alunos desta instituição de ensino, envolvidos
pelas respostas apresentadas, têm a noção da importância de suas ações e o
conhecimento da responsabilidade que é necessário para que um indivíduo
possa se tornar um verdadeiro cidadão. Essa situação fica clara quando
percebemos as seguintes colocações: “aluno (EPu): trabalhando pra ajudar as
pessoas”,ou, “aluno (EPu): reciclando os objetos para ajudar as pessoas”, ou
“aluno (EPu): reciclando para ajudar a natureza”.
Para a observação do quadro de número (09), contendo a pergunta de
número cinco (05), podemos perceber que as respostas nos conduzem à
posição moral em que se encontram os alunos envolvidos nessa pesquisa. A
percepção de coleguismo, de ajuda mútua fica evidente no comportamento
desses alunos.
80
Como colocado anteriormente, a quantidade alunos participando da
resposta nos remete ao fato de estarem pensando da mesma maneira, isso
quer dizer que na escola pública (EPu), tivemos a resposta em situação de
coro, ou seja, responderam juntos, acreditando ser importante o fato de se
unirem para resolver um problema Na escola particular (EPa), tivemos dois
alunos representando o pensamento dos colegas, acreditando na possibilidade
da ajuda mútua para saírem de uma situação adversa, e na escola municipal
(EMu) a situação se repetiu, dois coleguinhas assumiram as respostas que
representariam a pensamento da sala, que se colocou nesse momento a favor
do trabalho em equipe para superar obstáculos.
EPu
Pergunta 5
EPa
Pergunta 5
EMu
Pergunta 5
P.A1: O que vocês
acharam dessa situação?
Sala: importante
P.A2: O que vocês
acharam dessa situação?
aluno 1: ajudar um amigo
aluno 2: eles se ajudando e
depois acharam o caminho
P.Z: O que vocês
acharam dessa
situação?
aluno 1: medo
aluno 2: eles tiveram que
se juntar para poder sair
da floresta
Quadro 09: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
Vimos em todas as questões, que o interesse pelo desenvolvimento do
ser humano se faz presente, percebe-se que o envolvimento moral dos alunos
que participaram desta atividade estão nitidamente compreendidos. A
percepção de que o comportamento que desenvolvem hoje pode ser a garantia
de um indivíduo socialmente engajado no futuro, faz desses alunos indivíduos
politicamente e socialmente inseridos no contexto que vivem. Entendem que a
81
convivência é importante, e que a evolução só se dará a partir do momento em
que houver uma postura mais crítica e responsável de todos.
Nesse sentido, segundo Claxton (2006 p.17) por meio dos desenhos,
tem-se a possibilidade de transmitir os conteúdos pelo exemplo natural, onde o
objetivo não é influenciar, mas acaba influenciando, e neste caso, o exemplo foi
positivo. Percebe-se também a utilização do comportamento programado, onde
o exemplo é proposital, programado para influir, para servir como modelo, por
sua força, e isso acaba provocando nos alunos uma postura de copiar o que
compreenderam ser uma atitude correta a ser seguida e passada adiante. O
desenho animado Bob o construtor contribui de maneira significativa para a
absorção desses conteúdos, vê-se a presença de padrões de comportamentos
estabelecidos, ou seja, o próprio desenho acaba explorando situações onde os
personagens ficam expostos a decisões que viabilizam a convivência em
grupo, possibilitam o desenvolvimento do indivíduo, questionando atitudes,
instigando o pensamento e o processo de crítica.
Conforme Gonçalves (2003 p. 52), “a televisão é um poderoso
transmissor de ideologias, reafirma papéis sociais”. Por meio desta declaração,
temos a possibilidade da multiplicação das informações, é o desenho animado
ajudando a reforçar a absorção de conteúdos.
No quadro de número dez (10), temos a oportunidade de perceber o
comportamento social desses alunos, a percepção do trabalho em grupo, a
ajuda ao companheiro para facilitar a resolução de problemas, que uma das
situações vividas pelos personagens aconteceu por ficarem perdidos na
floresta sem saber o caminho de volta, e conseguiram quando resolveram
se ajudar, por conta desse envolvimento que temos as salas em processo de
unanimidade concordando com a forma que ajustaram a situação.
EPu
Pergunta 6
EPa
Pergunta 6
EMu
Pergunta 6
P.A1: Vocês concordam
com o que aconteceu?
P.A2: Vocês concordam
com o que aconteceu?
P.Z: Vocês concordam com
o que aconteceu?
82
Sala: sim
Sala: sim
aluno 1: sim, tem que
ajudar as pessoas! Sim
Sala: sim
aluno 4: ajudar os outros é
importante
Quadro 10: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
As respostas que os alunos deram aos questionamentos das
professoras nas perguntas seis (06) e sete (07) nos quadros dez (10) e onze
(11) respectivamente mostram que eles estão interados de suas
responsabilidades e estão com o firme propósito de estimular e propagar essas
ações.
Assistir ao desenho animado, e o momento de reflexão que foi proposto
na seqüência da exibição desses desenhos, propiciou um ambiente de
discussão preciosa para colaborar no processo de desenvolvimento moral e na
realimentação de aspectos necessários para construir o sujeito, como afirma
Puig (1998), e comportamentos que eram colocados em prática em função
dos conteúdos trabalhados em sala anteriormente.
O esforço das professoras em providenciar esse desenvolvimento foi
recompensado pela postura desses alunos ao se posicionarem diante da
sociedade e do meio onde convivem.
Lazar (1999 p.53) coloca que a extensão da televisão contribuiu para a
produção de um ambiente social particular, que não foi levado em
consideração nos seus efeitos educativos. Mesmo que a família e a escola
continuem a desempenhar um papel importante para a formação cívica e
escolar, elas não têm mais um lugar privilegiado na formação social da nova
geração.
Isso mostra que “para educar, necessitamos de um suporte que vá muito
além dos significados particulares das diferentes disciplinas”. Segundo Martin
83
(2005 p. 11) isso não se possível se a profissão de ensinar não estiver
radicalmente impregnada de atitudes éticas sempre abertas à reflexão e à ação
sobre o que fazemos cotidianamente.
Essas atitudes ficaram evidentes no trabalho dessas professoras e o
resultado é a forma com que esses alunos se comportaram e se expressaram
durante nossos encontros.
No quadro de número onze (11), inserido a seguir, temos a possibilidade
de observar aos comportamentos apresentados pelos alunos das instituições
de ensino envolvidas na pesquisa.
EPu
Pergunta 7
EPa
Pergunta 7
EMu
Pergunta 7
P.A1: Se vocês
estivessem no lugar
destes personagens como
agiriam?
aluno 1:“construindo
casas”,
aluno 2: “construindo casas
pros pobres”
aluno 3: “construindo
prédios”
aluno 4: “ajudando,
reciclando”
aluno 5: “construindo
escolas também”
aluno 6: pra fazer coisas
novas
aluno 7: pra reutilizar as
P.A2: Se vocês
estivessem no lugar
destes personagens como
agiriam?
aluno 1: tirava o gato do
lixo
aluno 2: tirava o gato do
lixo e reciclava todas as
peças
aluno 3: reciclava as peças,
jogava as peças velhas no
lixo
aluno 4: deixaria o medo
para começar a reciclar
aluno 5: pegaria todas as
coisas que podia ser útil e
usaria para fazer outras
P.Z: Se vocês estivessem
no lugar destes
personagens como
agiriam?
aluno 1: ajudava também
aluno 2: eu reciclo lixo pra
ajudar
aluno 3: é ajudava os outros
84
coisas
P.A1: é importante fazer
isso?
Sala: sim, é
P.A1: olha que prático,
jogar as coisas ali no lixo,
não é, daí passa o lixeiro e
leva, não é mais prático?
Sala: não
P.A1: eu jogar tudo ali, de
repente tem uma blusa que
ta assim pouco usada eu
jogo no lixo ou dou pra
alguém?
aluno 8: dá pra alguém
P.A1: e se a gente ta dando
pra alguém a gente ta
fazendo o que?
aluno 9: reciclando
P.A1: e vocês fazem isso
em casa?
Sala: sim
coisas
aluno 6: reciclava todas as
coisas que podia reciclar
aluno 7: pegava as peças
colocava em uma sacola e
mandava reciclar para fazer
coisas novas
aluno 8: pegava as coisas
que dava para reciclar e
reciclava
Quadro 11: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
85
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
Analisando as repostas dos alunos à questão (07) do quadro de número
onze (11) percebe-se que a preocupação em se mostrar socialmente
organizados e participativos fica evidente na exposição que os alunos
realizaram durante a interação com as professoras, essa situação faz com que
tenham uma posição de respeito e interatividade.
Todos que participaram da interação proposta se mostraram conscientes
sobre suas responsabilidades, e que a postura de cidadão já permeia as
atividades desses alunos de uma maneira vibrante.
E segundo Puig (1999 p.50):
[...] as relações de colaboração entre iguais geram, pelo contrário, a
moral autônoma. Esta etapa moral é construída a partir de uma
relação com os companheiros baseada no respeito mútuo, que surge
do fato de que os indivíduos se consideram iguais e se respeitam
reciprocamente.
Essa colocação se faz presente ao observarmos as respostas dos
alunos quando questionados sobre a possibilidade de poder estar vivenciando
as ações contextualizadas pelos personagens do desenho animado Bob o
construtor, e, o posicionamento deles fica claro quanto ao objetivo dessa ação,
a de poder dar continuidade às propostas abordadas nesses desenhos, como;
aluno (EPu):“construindo casas”, aluno (EPu): “construindo casas pros
pobres”, aluno (EPu): “construindo escolas também”. Temos a oportunidade
ver nos alunos da escola particular (EPa) a mesma preocupação; aluno 5:
“pegaria todas as coisas que podia ser útil e usaria para fazer outras coisas”,
ou, aluno 7: “pegava as peças colocava em uma sacola e mandava reciclar
para fazer coisas novas”.
A participação dos alunos da escola municipal (EMu) não ficam atrás, a
preocupação é a mesma, aluno (EMu): ajudava também”, ou aluno
(EMu):“eu reciclo lixo pra ajudar”.
86
Na pergunta de número oito (08), transcrita no quadro de número doze
(12), temos a oportunidade de perceber que não existem diferenças nas
posturas em função das diferenças nas estruturas de ensino. Escola
pública(EPu), escola particular(EPa) e escola municipal(EMu) estão
absorvendo o mesmo nível de informação, deixando claro que estão todos
seguindo para o mesmo caminho, de se tornar cidadãos conscientes.
EPu
Pergunta 8
EPa
Pergunta 8
EMu
Pergunta 8
P.A1: Que ensinamentos
se pode retirar deste
desenho, da situação
vivida pelos personagens
principais e da atitude que
tiveram em relação a
(completar com a cena de
maior destaque)
aluno 1: ajudar as pessoas
aluno 2: ajudar a natureza
aluno 3: não jogar lixo no
rio
aluno 4: não jogar lixo na
rua
aluno 5: a mãe joga na rua
mais depois ela limpa
aluno 6: chic
P.A1: se agente fizer tudo
isso a gente vai ficar chic
P.A2: Que ensinamentos
se pode retirar deste
desenho, da situação
vivida pelos personagens
principais e da atitude que
tiveram em relação a
(completar com a cena de
maior destaque)
aluno 1: superar o medo
aluno 2: superar o medo,
ajudar as pessoas, reciclar
coisas
aluno 3: reciclar o lixo
aluno 4: reciclar o lixo,
ajudar as pessoas e dar
comida pro Bob
aluno 5: não mentir
aluno 6: comprava o lixo,
pintava de alguma cor que
seria
aluno 7: ajudava as
P.Z: Que ensinamentos
se pode retirar deste
desenho, da situação
vivida pelos
personagens principais e
da atitude que tiveram
em relação a (completar
com a cena de maior
destaque)
aluno 1: porque
reciclagem ajuda o planeta
terra a ficar em paz, tem
que ajudar
aluno 2: se as pessoas
não ajudarem as outras
elas não conseguem viver
aluno 3: eles se ajudando
conseguiram achar o
caminho de volta
aluno 4: a gente não pode
jogar lixo na rua
87
pessoas
aluno 8: preservava a
natureza
aluno 9: não destruía o
mundo
Quadro 12: quadro com roteiro da interação das professoras com os alunos
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
As passagens que nos dão essa clareza de chegar às conclusões
emitidas acima ficam evidentes nestas declarações, quando a aluna da escola
pública (EPu) se posiciona mediante a interação realizada pela professora
respondendo a seu questionamento: Que ensinamentos se pode retirar deste
desenho? Esta situação está relacionada ao episódio do desenho Pituca na
reciclagem, quando a equipe do Bob prepara recipientes para armazenar
produtos que podem ser reciclados, e a resposta da aluna vem com o sentido
de mostrar sua preocupação e responsabilidade como cidadã de dar um
destino correto ao lixo; aluna escola pública “a mãe joga na rua, mas depois
limpa”, ou da oportunidade da participação de alunos da escola particular
quando respondem a mesma pergunta: “preservar a natureza” (aluno EPa);
“reciclar o lixo, ajudar as pessoas” (aluno EPa); e a participação dos alunos da
escola municipal, “a reciclagem ajuda o planeta terra a ficar em paz, tem que
ajudar”, aluno escola municipal (EMu).
Esse é o nível de comprometimento encontrado nos alunos que
participaram da pesquisa, nos dando o entendimento de seu amadurecimento e
responsabilidade como cidadãos.
Os dados coletados nos apontam que indistintamente os participantes
desta pesquisa estão com esse nível de preocupação, e têm a exata noção de
que para melhorar as condições de sobrevivência no meio em que estamos
precisam evoluir bastante, e vai depender muito da efetivação desse
relacionamento, alunos x professores x familiares x tic. O desenho animado e o
processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo, moral entre outros, dos alunos,
88
foi estimulado de forma que a apreensão dos conteúdos ganhassem uma
dinâmica diferenciada, o desenho animado e as relações com os conteúdos
trabalhados ou desenvolvidos em sala de aula podem suscitar a realimentação
de conteúdos e conceitos já trabalhados.
Portanto, torna-se difícil negar a influência das tecnologias da
informação e comunicação na configuração do mundo atual, mesmo que esta
nem sempre seja positiva para todos os indivíduos e grupos.
Sancho; Hernández (2006 p.19) enfatiza que,
[...] Os cenários de socialização das crianças e jovens de hoje são
muito diferentes dos vividos pelos pais e professores. O computador,
assim como o cinema, a televisão e os videogames, atrai de forma
especial a atenção dos mais jovens que desenvolvem uma grande
habilidade para captar suas mensagens. De fato, estão descobrindo o
mundo e lhes custa tanto aprender a realizar trabalhos manuais como
a programar um vídeo ou um computador. Estão descobrindo as
linguagens utilizadas em seu ambiente e lhes custa tanto ou mais
decifrar e dominar a linguagem textual como a audiovisual. A grande
diferença é que os resultados desta última ação abrem um amplo
mundo de possibilidades cada vez mais interativas, em que
constantemente acontece algo e tudo vai mais depressa do que a
estrutura atual que a escola pode assimilar. SANCHO; HERNÁNDEZ
(2006 p.19).
Quando analisamos os dados coletados com as entrevistas realizadas
nas escolas pública (EPu), particular (EPa) e municipal (EMu) tivemos a noção
de que as informações estão chegando com a mesma intensidade nesses
ambientes. A responsabilidade de tornar este planeta, este país, a sociedade
onde vivem em um lugar melhor para co-habitar; ser humano x meio ambiente
estão nas necessidades prementes dos depoimentos colhidos.
Os alunos mantêm uma postura crítica com relação ao processo de
responsabilidade social. Colocam-se de maneira categórica quando propõe que
a participação de cada indivíduo é importante para a sustentabilidade do
planeta.
Essa postura fica evidente quando uma aluna da escola pública
respondeu ao questionamento da P.A1 com relação à importância de se
manter os ambientes organizados, mais precisamente a casa onde vivem; “a
89
mãe joga na rua mais depois ela limpa (aluna EPu):”, “a gente não pode jogar
lixo na rua” (aluno EMu)”.
Essa preocupação em se mostrar socialmente organizada e participativa
faz com que tenha uma posição de respeito e interatividade.
Os sessenta e três (63) alunos que participaram da interação proposta
se mostraram conscientes sobre suas responsabilidades, e que a postura de
cidadão já permeia as atividades desses alunos de uma maneira vibrante.
A postura desses alunos mostrou que o relacionamento deles com o
meio onde vivem propicia uma mudança de pensamento e mostra uma
preocupação em tornar a convivência na sociedade onde estão inseridos cada
vez melhor e mais responsáveis. Alunos da escola pública (EPu) e da escola
particular (EPa) sabem como é importante manter o senso crítico com relação
aos hábitos e costumes que podem prejudicar o relacionamento entre seres
humanos e o meio ambiente, e a apresentação do desenho animado ajuda a
reforçar e desenvolver esse sentimento de preservação.
É importante destacar que as atividades foram realizadas em datas
diferentes para as instituições, portanto, não houve proximidade e interação
dos envolvidos, mesmo porque, as instituições não tinham conhecimento de
quais eram as outras instituições que estavam envolvidas nessa pesquisa.
90
3.3 A interação: professoras x pesquisador - quadro analítico
No quadro de número treze (13), temos a oportunidade de observar a
participação das professoras nas atividades propostas pelo pesquisador e
especificamente a opinião das mesmas sobre a participação delas nesta
pesquisa.
Lembrando que as entrevistas aconteceram ao final da interação com os
alunos obedecendo ao agendamento observado nos parágrafos citados
anteriormente.
Professora escola
pública – P.A1
Professora escola
particular – P.A2
Professora escola
municipal – P.Z
Pergunta 1 Pergunta 1 Pergunta 1
Pesquisador: Você
gostou de participar dessa
experiência? Por quê?
P.A1: Sim, porque a gente
participa de novas
experiências e enriquece
também os nossos
trabalhos na sala de aula.
É interessante.
Pesquisador: Você
gostou de participar dessa
experiência? Por quê?
P.A2: Sim, é muito bom ter
nas práticas pedagógicas
o elemento lúdico sendo
que este completa o
processo de
aprendizagem.
Pesquisador: Você
gostou de participar dessa
experiência? Por quê?
P.Z: Gostei, gostei muito
Porque assim, eu vi que
dá pra trabalhar em sala
de aula os desenhos, usar,
utilizar os recursos que
nós temos da televisão na
sala de aula. Que muitas
vezes a gente separa isso,
sala de aula é uma coisa e
televisão é outra e também
as vezes a gente critica
muito a televisão em vez
de ter ela como aliada.
Quadro 13: Roteiro da interação das professoras com o pesquisador
91
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
Ao redescobrir as possibilidades de encantamento para efetivar essa
relação com seus alunos, as professoras manifestaram também seu
reencantamento pela utilização dessa estratégia. Quando digo encantamento
proponho o entendimento de encontrar formas de criar caminhos que
despertem pensamentos críticos e um poder de análise ímpar, possibilitando
uma aproximação diferenciada com os conteúdos por elas trabalhados.
Essa situação fica internalizada quando ao assistirem aos desenhos
propostos, se deixam envolver e vêem nos mesmos, possibilidades de
desenvolver atividades lúdicas, e ao mesmo tempo, afinadas com as propostas
que se propuseram ao se planejarem para transmitir os conhecimentos, que
com uma proposta metodológica diferenciada.
E quando digo reencantamento, refiro-me ao fato de que as professoras,
em algum momento de sua formação, souberam dessa possibilidade, ou seja,
usar a televisão e os próprios desenhos animados como forma de transmissão
de conteúdos, e que em algum momento de sua capacitação, renovaram as
informações e ouviram sobre a chegada da tecnologia de informação e
comunicação, que acabam presentes nas novas mídias, ou seja, novas
possibilidades de promover a interação desses indivíduos, os alunos, com o
mundo que os espera.
As impressões são semelhantes, as professoras colocam em suas
respostas a efetivação deste reencantamento;
P.A1(EPu): Sim, porque a gente participa de novas experiências e
enriquece também os nossos trabalhos na sala de aula. É
interessante”,
P.Z (EMu):“Gostei, gostei muito Porque assim, eu vi que dá pra
trabalhar em sala de aula os desenhos, usar, utilizar os recursos que
nós temos da televisão na sala de aula. Que muitas vezes a gente
separa isso, sala de aula é uma coisa e televisão é outra e também as
vezes a gente critica muito a televisão em vez de ter ela como aliada”.
Mesmo que essa colocação seja feita pautada mais pela razão do que
pela emoção, como aconteceu na declaração das professoras que a
antecederam, ainda assim, vem contemplada pelo conhecimento na
utilização da ferramenta;
P.A2(EPa):Sim, é muito bom ter nas práticas pedagógicas o elemento
lúdico sendo que este completa o processo de aprendizagem”.
92
No quadro de número catorze (14), transcrito abaixo, temos a
oportunidade de observar o envolvimento que as professoras tiveram na
participação desta pesquisa.
O comprometimento com a redescoberta do prazer em transmitir seus
conhecimentos e os conteúdos planejados para o semestre, quando
responderam ao pesquisador se acreditavam nos desenhos animados como
ferramentas pedagógicas.
P.A1
Pergunta 2
P.A2
Pergunta 2
P.Z
Pergunta 2
Pesquisador: Você
acredita que os desenhos
animados podem
constituir-se em uma
ferramenta pedagógica?
Por quê? (b)
P.A1: Eles vêm para
auxiliar, não que a gente
vai usá-lo sempre como
uma das ferramentas ou
um recurso para a gente
utilizar em sala de aula
esporadicamente dentro
de um conteúdo bem
trabalhado durante a aula,
durante uma semana na
nossa prática, ele pode
enriquecer sempre alguma
coisa.
Pesquisador: Você
acredita que os desenhos
animados podem
constituir-se em uma
ferramenta pedagógica?
Por quê?
P.A2: Acredito, pois
fornece subsídios para
desenvolver os conteúdos
conceituais desenvolvendo
assim inúmeras
habilidades nos
educandos(observar,
analisar,raciocinar,
questionar, etc) que geram
competências.
Pesquisador: Você
acredita que os desenhos
animados podem
constituir-se em uma
ferramenta pedagógica?
Por quê?
P.Z: Pode! Pode! Eu vejo
assim, que os desenhos
animados eles tem muita
coisa produtiva, e pra fazer
também a criança analisar
porque muitas vezes a
criança assiste o desenho
mais ela não sabe, ela não
assimila o que ela não
sabe, ela não assimila o
que ela ta assistindo,
vendo ali, porque tem
muitos desenhos assim
que trabalham a violência,
93
a corrupção, a enganação
e dá pra gente trabalhar
em sala de aula, isso,
mostrando pra eles o
caminho certo.
Quadro 14: quadro com roteiro da interação das professoras com o pesquisador
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
Por meio dessa ferramenta, o desenho animado, é possível dar maior
representatividade e esclarecimentos dos fatos, conseguem dimensionar
porque visualizam as situações conflito. Conseqüentemente podem interagir
proporcionando uma assimilação diferenciada das informações veiculadas.
A interação, professor x conteúdo fica ainda mais instigante quando
estabelecemos a relação na participação das professoras das EPu, EPa e EMu
envolvidas nesta atividade. A primeira impressão é que as ações aconteceram
em um mesmo ambiente, pois as colocações ficam muito próximas, dando a
impressão que elas se ouviram, e repetiram as informações com a mesma
riqueza nas colocações, por vezes, os mesmos exemplos e conteúdos.
Quando a professora da escola blica (EPu) teve a oportunidade de
responder aos questionamentos do pesquisador, também manifestou intenção
quanto as possibilidades da utilização desta ferramenta em seu dia-a-dia,
ressaltando que, como ela mesma coloca, com muito critério para que não
venhamos a perder o insight da proposta.
A participação da professora da escola particular (EPa) seguiu a mesma
linha de raciocínio, colocando sua argumentação de maneira mais técnica, mas
sem perder o entusiasmo pela utilização da ferramenta pedagógica.
Percebe-se que existe uma pré-disposição das professoras em buscar
um diferencial que acabe por produzir um encantamento na transmissão de
conteúdos e conhecimentos, e que esta possibilidade sempre esteve tão perto
mas nunca com tanta facilidade. Adquiriram outro olhar para gerenciar esta
informação.
94
Que fique claro, que as atividades foram realizadas em datas diferentes
para as instituições, portanto, não houve proximidade e interação dos
envolvidos, mesmo porque, as instituições não tinham conhecimento de quais
eram as outras instituições envolvidas nessa pesquisa.
No quadro de número quinze (15), temos a análise do ponto de vista
pedagógico das professoras envolvidas, respondendo sobre a utilização
desenho animado como ferramenta pedagógica e a qualidade da abordagem
junto aos alunos.
P.A1
Pergunta 3
P.A2
Pergunta 3
P.Z
Pergunta 3
Pesquisador: Do ponto de
vista pedagógico em que
medida a utilização do
desenho animado facilitou
a abordagem junto aos
alunos? Por quê?
P.A1: Porque a gente já
havia trabalhado esses
conceitos durante a nossa
aula antes, ele veio pra
ajudar no nosso trabalho,
então que nem eu já havia
falado, sempre que tem
um fundo moral nos
desenhos ele auxilia na
nossa prática”.
Pesquisador: Do ponto de
vista pedagógico em que
medida a utilização do
desenho animado facilitou
a abordagem junto aos
alunos? Por quê?
P.A2: Novamente afirmo
que essa ferramenta
permite que o educando
relacione o seu
conhecimento e
habilidades com o
conhecimento conceitual
(no caso aprender a
reciclar) pelo desenho.
Pesquisador: Do ponto de
vista pedagógico em que
medida a utilização do
desenho animado facilitou
a abordagem junto
alunos? Por quê?
P.Z: é que traz uma
linguagem mais
infantilizada,
principalmente eu que
trabalho nessa faixa de
idade, então traz uma
linguagem que eles
entendem melhor e além
de visualisar por exemplo
do Bob, ali do lixo, então
ele foi trabalhando, o lixo
aqui do pano de prato não
serve mais, mais vai servir
95
para a oficina, quer dizer,
ainda tem utilidade.
Quadro 15: quadro com roteiro da interação das professoras com o pesquisador
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
Analisando as respostas das professoras, tanto da EPu, EPa como da
EMu, percebe-se que a utilização dessa ferramenta pedagógica, desenho
animado, em sala de aula, viabiliza o processo construtivo. Pelas respostas,
entende-se que os conteúdos trabalhados ganham uma dinâmica diferenciada.
A aplicação de recursos como os desenhos, torna a assimilação das
informações transmitidas mais interessantes, e isto fica evidente quando da
entrevista com a professora da escola particular (EPa), durante a apresentação
dos desenhos , antes da entrevista final, colhemos a seguinte declaração;
P.A2(EPa): “...eu percebi algumas coisas que poderíamos ter utilizado
em disciplinas específicas; como geografia, a questão da área urbana,
eu vi assim que você poderia utilizar em diversos enfoques.”
Isso mostra que existe uma pré-disposição com relação à ferramenta,
mas, que o dia-a-dia dessas professoras não permite essa possibilidade, por
até então encarar como mais um trabalho que seria desenvolvido extra-sala,
diante de tantos outros afazeres que possuem. No quadro de mero
dezesseis (16), temos a visão das professoras com relação à adequação
efetiva da ferramenta para o desenvolvimento dos alunos.
P.A1
Pergunta 4
P.A2
Pergunta 4
P.Z
Pergunta 4
Pesquisador: A
ferramenta é adequada
para auxiliar no
desenvolvimento dos
Pesquisador: A
ferramenta é adequada
para auxiliar no
desenvolvimento dos
Pesquisador: A
ferramenta é adequada
para auxiliar no
desenvolvimento dos
96
alunos?
Por quê?
P.A1: É
alunos?
Por quê?
P.A2: Penso que sim e
para tanto quero salientar
“cabe ao educador, por
meio da intervenção
pedagógica, promover a
realização de
aprendizagem com o
maior grau de significação
possível, uma vez que
esta nunca é absoluta-
sempre é possível
estabelecer relação entre
o que se aprende e a
realidade, conhecer as
possibilidades de
observação, reflexão e
informação (...)”segundo
parâmetros curriculares
nacionais – introdução –
vol.1 p.53
alunos?
Por quê?
P.Z: Eu acredito que sim.
Porque eles vendo,
analisando, aprendendo a
criticar, analisar o que
estão vendo, absorver o
que tem de bom e ter uma
crítica do que não é legal,
eu acho que eles vão
aprender muito.
Quadro 16: quadro com roteiro da interação das professoras com o pesquisador
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008.
As professoras têm a exata noção que as tecnologias da informação e
comunicação, TIC, estão e ficarão por muito tempo e entendem que as
tecnologias estão transformando o mundo e deve-se considerá-las no terreno
da educação.
97
Esse posicionamento fica claro quando se manifestam a respeito da
reutilização da estratégia para trabalhar outros conteúdos, como foi o caso das
professoras das escolas particular (EPa) e escola municipal (EMu) que estão
sendo apresentados pela ordem citada;
P.A2(EPa): Penso que sim e para tanto quero salientar “cabe ao educador, por
meio da intervenção pedagógica, promover a realização de aprendizagem com
o maior grau de significação possível, uma vez que esta nunca é absoluta-
sempre é possível estabelecer relação entre o que se aprende e a realidade,
conhecer as possibilidades de observação, reflexão e informação (...)”segundo
parâmetros curriculares nacionais – introdução – vol.1 p.53
P.Z(EMu): Eu acredito que sim. Porque eles vendo, analisando, aprendendo a
criticar, analisar o que estão vendo, absorver o que tem de bom e ter uma
crítica do que não é legal, eu acho que eles vão aprender muito.
As professoras, cada uma a sua maneira, se mostrou encantada com a
utilização dos desenhos animados como ferramenta pedagógica para auxiliar
no processo de desenvolvimento cognitivo e social de seus alunos.
A afirmação acima se consolida quando apresentamos o quadro de
número dezessete (17), onde a colocação das professoras avança para um
contexto de puro encantamento com as novas possibilidades pedagógicas, e
deixa claro que esse novo caminho vai trazer benefícios não só para os alunos,
mas para as próprias professoras como enriquecimento profissional.
P.A1
Pergunta 5
P.A2
Pergunta 5
P.Z
Pergunta 5
Pesquisador: Reutilizaria
a estratégia para trabalhar
outros conteúdos? Por
quê?
P.A1: Outros conteúdos
de outra forma, daria pra
gente reutilizar o filminho
né, o desenho para a
Pesquisador: Reutilizaria
a estratégia para trabalhar
outros conteúdos? Por
quê?
P.A2: Usaria, pois existe
uma grande quantidade de
informações em que se
pode utilizar em outras
Pesquisador: Reutilizaria
a estratégia para trabalhar
outros conteúdos? Por
quê?
P.Z: Com certeza vou
reutilizar!!! Vou reutilizar,
vou reutilizar, muito bom,
muito bom mesmo, já
98
gente fazer de repente
uma outra produção em
cima desse trabalho que a
gente fez hoje”.
áreas. Como por exemplo,
além de trabalhar ciências,
pode-se trabalhar em
geografia a área rural e
urbana, como o ser
humano está modificando
as paisagens com seus
elementos culturais.
estou envolvida, já estou
até fazendo um
planejamento do que
trabalhar e como trabalhar
porque muitas vezes a
gente pensa assim ah! Eu
vou levar um recurso
multimídia na sala de aula,
e de repente não dá certo
ou você é vista como
aquela professora que só
passa filminho, então as
vezes tu se sente assim
um pouco.... meio assim,
ah! O que é que os outros
vão pensar, mas tu vê que
dá pra fazer um trabalho
muito bom, e eu acho que
é importante depois é
mostrar depois o que ta
feito, porque eu já ouvi
muitas críticas assim de
ah! Porque insiste demais
as vezes, ah! Porque faz
isso demais, mas não é,
tem um fundamento, tu vai
trabalhar aquilo, facilita e
tu vê que o bob o
construtor ali que de
repente é um desenho que
poucos deles costuma
assistir. Ele só é na TV a
cabo, esse bob? Porque a
99
minha ignorância em
termos de conhecimento
de programação é um
pouquinho grande, assim,
e tu vê como a nossa
escola é assim de uma
classe mais baixa, nós
também não temos muito
acesso, a TV a cabo.
Pesquisador: Professora
Z, muito obrigado pela
atenção, pelo carinho e
valeu mesmo estar aqui
com vocês.
P.Z: Obrigada você,
porque me mostrou um
novo caminho, um novo
horizonte, a gente
realmente pode utilizar,
deve utilizar pra fazer um
bom trabalho. Eu que
agradeço pela
oportunidade.
Quadro 17: quadro com roteiro da interação das professoras com o pesquisador
Fonte: Pesquisa realizada por Adhemar Gonçalves da Silva Júnior na elaboração de
dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação pela UNOESC – Joaçaba, 2008
Quando é apontada a impossibilidade da utilização dos desenhos
animados em sala pelas professoras, não é que elas não queiram ou fiquem
reticentes com relação à metodologia, o que fica evidenciado é o estímulo, é o
100
insight do professor em se permitir ousar na transmissão de seus conteúdos e
informações.
É uma situação que vai requerer do professor um empenho maior, mas
nada que seja tão dispendioso. É uma atividade agradável, quando se propõe a
esse nível de indulgência, se permitindo um breve retorno a infância e pegar-se
assistindo a programação veiculada pela TV, e mais precisamente quando se
detém com uma atenção especial aos desenhos animados.
Essa situação fica evidente quando temos a oportunidade de colher as
informações da professora que atua na escola pública (EPu), quando ela diz:
“trabalhamos esse conteúdo, agora fica cil para assimilar o que foi
trabalhado”. Aqui, ela se refere a uma cena em que Bob prepara com sua
equipe, recipientes para acondicionar materiais com possibilidade de
reaproveitamento.
A professora resgata a possibilidade de se deter com mais atenção a
essas estratégias, mas deixa claro que é necessário uma ecleticidade. Não é
toda a vez que irá lançar mão de tais recursos, para que o processo não se
torne desgastante, para que a utilização seja sempre uma atividade prazerosa,
permitindo que aquela aula ganhe um diferencial com relação ao
aproveitamento e assimilação do conteúdo. Opinião que a professora dá escola
particular também compartilha:
P.A1(EPu): “Eles vêem para auxiliar, não que a gente vai usá-lo
sempre como uma das ferramentas ou um recurso para a gente utilizar
em sala de aula esporadicamente dentro de um conteúdo bem
trabalhado durante a aula, durante uma semana na nossa prática, ele
pode enriquecer sempre alguma coisa”.
Percebe-se que quando há uma possibilidade de encantamento, de se
estabelecer um relacionamento diferenciado, o resultado também acontece de
maneira diferenciada.
O conteúdo a ser ministrado ganha um contexto lúdico, e por meio da
ludicidade, transmite-se informações que acabam tornando-se cruciais para o
desenvolvimento desse indivíduo, para o desenvolvimento desse aluno.
A professora da escola particular (EPa) declara:
101
P.A2(EPa): “Usaria, pois existe uma grande quantidade de informações
em que se pode utilizar em outras áreas. Como por exemplo, além de
trabalhar ciências, pode-se trabalhar em geografia a área rural e
urbana, como o ser humano está modificando as paisagens com seus
elementos culturais”.
A ferramenta pedagógica, o desenho animado, permite também que o
aluno faça a devida conexão do conteúdo trabalhado e de como essas
informações absorvidas ficam quando se têm a possibilidade de aplicá-las. A
posição em que os alunos se colocam é de atenção, de alerta, e acabam
percebendo que suas atitudes contribuem para seu desenvolvimento.
Conseguem perceber que as ações trabalhadas alcançam resultados
positivos e que esses resultados o tornam um indivíduo mais responsável e
integrado a sociedade que estão inseridos.
Esta questão fica evidente quando os alunos, tanto da escola pública
(EPu) quanto da escola particular (EPa) mostram conscientização sobre o
comportamento frente à possibilidade de reciclar, reaproveitar, reutilizar os
objetos.
A utilização do desenho animado selecionado, propôs um reforço ao
conteúdo trabalhado em sala pelas professoras, e que por meio dele, puderam
ver aplicadas as informações que trabalharam em sala de aula, como mostra o
depoimento a seguir: “temos que reciclar os objetos para poder ajudar a
natureza e os seres humanos” (aluno EPa); “é importante manter nossa casa
organizada”(aluna EPu).
Com este processo, a conscientização sobre as responsabilidades
afloram, e a criatividade do indivíduo pode ser melhor trabalhada, e isso se
pelo fato de aumentarmos as referências, apresentar parâmetros,
conseqüentemente quando existe a ocasião para análises, as performances
serão mais equilibradas e criteriosas pois a segurança em tomar as decisões
acompanha este indivíduo.
Existe também uma aproximação maior dos alunos junto aos
educadores.
Na realidade, as experiências que esses alunos vivenciam podem estar
sendo exploradas quando da oportunidade de utilizar essa ferramenta
102
pedagógica, o desenho animado, como a utilização de qualquer outro recurso
ligado às tecnologias para que esse mesmo professor seja estimulado a
propor, a analisar, a problematizar.
A escola, nesse papel de contribuir com o desenvolvimento sociocultural
de seus alunos, promove esse encantamento de maneira que a percepção dos
mesmos se remete a um processo integrativo, interativo. Ampliar experiências,
possibilitar que esses alunos vivenciem experiências se torna um processo
salutar, tanto para esses alunos quanto para os educadores.
A prática em sala de aula pode ser implementada quando esses
paradigmas conseguem ser derrubados, um a um, quando efetivamente,
consigamos desenvolver uma postura de busca, de inquietação, de
pesquisador. O resultado vai ser sempre a satisfação de ter realizado o melhor
que estava ao alcance e que os recursos tecnológicos puderam contribuir para
a produção e o desenvolvimento de conhecimentos.
Conversando com as professoras, lembrando das feições, das
fisionomias, aquele ponto de surpresa nos rostos, aquela sensação de
satisfação por acreditar: eu posso utilizar essa ferramenta para trabalhar
aquele conteúdo, desenvolver aquela atividade lúdica e ao mesmo tempo
deixando os alunos estimulados a uma linha de raciocínio que os levem ao
senso crítico. Essa é a imagem que se forma quando olhamos o material
produzido nas pesquisas. Perceber que a inquietação volta a fazer parte, pelo
menos naquele momento, da personalidade dessas professoras.
E essa informação vem subsidiada pela colocação da professora da
escola municipal (EMu);
P.Z(EMu): “Com certeza vou reutilizar!!! Vou reutilizar, vou reutilizar,
muito bom, muito bom mesmo, estou envolvida, estou até fazendo
um planejamento do que trabalhar e como trabalhar...”
O simples fato de poder participar desse processo e descobrir que o
domínio das tecnologias de informação e comunicação, TIC, é importante, para
deixar de acreditar que lidar com essa situação o passa de um empecilho,
que a falta de tempo para se dedicar às novas descobertas trás a sensação de
estar tendo seu tempo perdido na busca de novas possibilidades, nesta
103
participação entendeu que isso vai requerer um novo domínio, vai requerer a
busca de uma nova performance. Como professores, a inquietação por novas
formas de transmissão de conteúdos e conhecimentos pode ser mais
prazerosa e instigante.
O ser indulgente consigo mesmo, aproveitar essa oportunidade para se
auto-criticarem. Essa foi a imagem que registramos ao final da coleta dos
dados. As professoras se viram mais estimuladas, se perceberam
desenvolvendo novas atividades, novas ferramentas para encantar com novos
conteúdos, ou até, os mesmos conteúdos, mas passados de uma maneira
diferenciada. Essa visão fica clara no posicionamento das professoras;
P.A1(EPu):“Porque a gente havia trabalhado esses
conceitos durante a nossa aula antes, ele veio pra ajudar no
nosso trabalho, então que nem eu havia falado, sempre que
tem um fundo moral nos desenhos ele auxilia na nossa prática”.
P.A2(EPa):Novamente afirmo que essa ferramenta permite
que o educando relacione o seu conhecimento e habilidades
com o conhecimento conceitual (no caso aprender a reciclar)
pelo desenho”.
P.Z(EMu): “é que traz uma linguagem mais infantilizada,
principalmente eu que trabalho nessa faixa de idade, então traz
uma linguagem que eles entendem melhor e além de visualizar,
por exemplo, do Bob, ali do lixo, então ele foi trabalhando, o
lixo aqui do pano de prato não serve mais, mais vai servir para
a oficina, quer dizer, ainda tem utilidade.
As professoras têm conhecimento sobre esses aspectos, mas o dia-a-
dia afasta a utilização das tecnologias. A quantidade de informações para
gerenciar aumenta a cada semestre, as incumbências se tornam mais vorazes,
e muitas vezes, na maioria das vezes a contrapartida não traz o mesmo
encantamento. Podemos perceber esta informação acima observando a
colocação da professora P.Z (EMu) quando ela coloca;
Gostei, gostei muito. Porque assim eu vi que dá pra trabalhar em sala
de aula os desenhos, usar os recursos que nós temos da televisão e
trabalhar na sala de aula. Que muitas vezes a gente separa isso, sala
de aula é uma coisa e televisão é outra e também as vezes a gente
critica muito a televisão em vez de ter ela como aliada.
104
Os olhos brilham, se encantam ao lembrarem-se do processo de
estruturação profissional, quando ainda se preparando para exercer suas
funções ouviram, leram, pesquisaram sobre todos esses assuntos, e agora,
vêem a possibilidade de continuar encantando seus alunos aplicando muitas
das informações que já viram ou estudaram e não colocava em prática.
Conforme Sancho; Hernández (2006 p. 21):
Para quem considera que o problema da aprendizagem reside
na expressividade e na diversificação dos códigos utilizados
para representar a informação nos meios de ensino, a
facilidade de integrar textos, gráficos e linguagem audiovisual e
pictórica proporcionada pelos sistemas multimídia vem a ser a
resposta para os problemas de motivação e rendimento dos
alunos (e inclusive dos professores).
3.4 O Desenho animado: a importância desta ferramenta pedagógica
Observando as atividades propostas pela pesquisa, podemos perceber
que os objetivos traçados podem ser vislumbrados quando iniciamos os
cruzamentos das informações colhidas e os objetivos mencionados
anteriormente. A perspectiva de aproveitar os depoimentos que reforçam o
tema proposto por esta dissertação é bastante estimulante, e a situação define-
se quando o primeiro objetivo é analisado.
Contribuir no processo de ensino e aprendizagem, esta é uma das
situações que está sendo contemplada nesta análise, as outras situações são;
como a utilização do desenho animado pode auxiliar no encantamento e
aproximação desses alunos, e especificamente como podem trabalhar por
meio do desenho animado para o desenvolvimento moral.
Objetivos traçados, o trabalho foi desenvolvido para que com os
resultados obtidos junto às instituições que participaram da pesquisa fosse
possível sinalizar a essas mesmas instituições e aos próprios educadores que
a relação deles e seus alunos pode alcançar estágios mais envolventes,
permitindo que os conteúdos a serem abordados ganhem uma dinâmica
diferenciada no ato de sua transmissão.
105
Temos a oportunidade de perceber um objetivo quando a professora
P.A1 é questionada com relação à possibilidade de utilizar a ferramenta, o
desenho animado, como possibilidade pedagógica e ela respondeu:
Outros conteúdos de outra forma, daria pra gente reutilizar o
filminho né, o desenho para a gente fazer de repente uma outra
produção em cima desse trabalho que a gente fez hoje. (P.A1-
EPu).
A professora da instituição particular, P.A2 teve a percepção estimulada
quando começou assistir a apresentação dos desenhos e percebeu que
poderia ter trabalhado este material quando desenvolveu o conteúdo de
geografia, e nos brinda com a seguinte informação quando questionada sobre
a utilização do desenho animado como ferramenta pedagógica em sala de
aula.
Usaria, pois existe uma grande quantidade de informações em
que se pode utilizar em outras áreas. Como por exemplo, além
de trabalhar ciências, pode-se trabalhar em geografia a área
rural e urbana, como o ser humano está modificando as
paisagens com seus elementos culturais.
E a professora da EMu, com seu posicionamento crítico sobre a
importância da utilização dos desenhos animados como ferramenta pedagógica
enfatiza:
P.Z(EMu): “Eu acredito que sim. Porque eles vendo,
analisando, aprendendo a criticar, analisar o que está vendo,
absorver o que tem de bom e ter uma crítica do que não é
legal, eu acho que eles vão aprender muito”.
Respostas como estas nos deixam perceber que as professoras
envolvidas na pesquisa têm a noção que tais ferramentas têm relevância neste
relacionamento professor x aluno x transmissão de conteúdos.
A percepção para a professora da escola particular (EPa) surgiu quando
iniciamos a apresentação dos desenhos e ela se aproximou e disse: “que legal,
106
existe a possibilidade de trabalhar outros conteúdos utilizando esses
desenhos”, foi a deixa para entender que a o utilização dessas ferramentas
passa pela elaboração dos conteúdos a ser trabalhados no dia-a-dia.
Essas professoras estão tão atribuladas pela quantidade de informações
que têm que administrar todos os dias, que a idéia de utilizar uma forma
diferente de explorar determinados conteúdos deixando-os mais atraentes se
torna mais um empecilho, e para se livrar das complicações, deixam a idéia de
lado.
A situação na escola pública (EPu) não fica diferente, a professora, P.A1
também vislumbra a possibilidade de utilizar o desenho animado para auxiliar
no desenvolvimento de conteúdos para seus alunos.
As opiniões convergem quando citam que a necessidade de não
deixar que a estratégia se torne corriqueira, pois se corre o risco de perder a
efetividade.
Quanto aos alunos, percebe-se que a atenção e a assimilação dos
conteúdos alcançam um estágio diferenciado. A relação dos desenhos com
esse público é instintivo. Eles logo percebem e com muita facilidade
estabelecem as relações esperadas. Cobram-se de posturas politicamente
corretas e sabem o que estão fazendo.
Isso fica claro quando temos uma aluna da escola pública se
posicionando com relação ao questionamento da professora P.A1, sobre a
facilidade de jogar lixo na rua e deixar por isso mesmo, é quando a aluna se
coloca dizendo; “a mãe joga na rua mais depois ela limpa”. (aluna EPu)
Quanto ao objetivo proposto, entender como estes desenhos podem
auxiliar no encantamento e aproximação desses alunos no processo de ensino
e aprendizagem e do desenvolvimento moral, é analisado se percebe que os
desenhos animados são importantes para o desenvolvimento infantil, uma vez
que, através deles, os alunos podem satisfazer suas necessidades de diversão,
medos, aventuras e vive de forma imaginária, conflitos, em um processo de
amadurecimento cognitivo e emocional.
Cada aluno faz sua leitura de uma maneira singular, que cada um tem
seu próprio referencial. Desse modo podemos afirmar que o computador, a
107
televisão e os jogos de vídeo gameo recursos tecnológicos que a sociedade
possui, de forma que seus efeitos positivos e negativos serão frutos do modo
como estes forem utilizados.
As crianças interagem com a TV e elaboram suas representações de
acordo com seu universo biopsicossocial. É partindo dessa influência que a TV
exerce principalmente com os desenhos animados para as crianças, que é
importante que os pais, professores e pesquisadores reflitam sobre o conteúdo
narrativo destes programas.
Ao utilizarmos a televisão como instrumento pedagógico, estaremos
ampliando nossa compreensão; para professores, a importância da ferramenta
auxiliando no relacionamento e interação com os alunos, para alunos; uma
nova forma de absorver conhecimentos, e o grupo discutir sobre as formas
concretas com que somos informados cotidianamente, as estratégias de
construção de sentidos na televisão, os modos como nossas emoções são
mobilizadas, ampliando e desenvolvendo consciência crítica sobre a sociedade
em geral, os comportamentos, valores, sentimentos, desejos, prazeres, etc.
Nesse sentido, a televisão se torna um lugar privilegiado de
aprendizagens diversas, por meio dela aprendemos sobre diferenças de
gênero, políticas, sociais, econômicas, étnicas e outras. Essas imagens e sons
transmitidos pela TV acabam por ter uma participação significativa na vida das
pessoas.
uma dimensão educativa nos desenhos animados, principalmente
se considerarmos o aspecto ativo dos valores que podem ser
construídos quando a criança interage com eles. Isto, por outro lado,
não pode confundir com um tipo de pedagogia diretiva, onde o desenho
animado traz valores e modelos determinados que serão copiados pela
criança, no sentido de afetar e modelar sua conduta. (SALGADO, 2005
p.8)
É preciso conhecer e compreender os materiais televisivos para poder
utilizá-los na produção particular de subjetivação, de ensino e de aprendizagem
de formas de sentir, agir na sociedade em que vivemos. Portanto, é nesse
caminhar que propomos que a escola possa se beneficiar dos estudos já
efetuados nessa área de interface entre educação e desenhos animados com o
108
intuito de poder estabelecer ligações com as crianças a partir desse universo
televisivo, no qual ela tanto se apropria.
Essa proposta fica clara na fala da professora da escola municipal
quando se manifesta no encerramento da entrevista realizada em sua escola:
“obrigada você, porque me mostrou um novo caminho, um novo horizonte, a
gente realmente pode utilizar, deve utilizar pra fazer um bom trabalho. Eu que
agradeço pela oportunidade”. (P.Z escola municipal)
Acreditamos que assim, a televisão poderá deixar de ser uma simples
transmissão de mensagens diretas aos seus telespectadores para ser um
instrumento de questionamentos, esclarecimentos a partir de uma consciência
crítica perante o que se vê e que se ouve.
As tecnologias estão aí, são bens que nos auxiliam no desenvolvimento
de novos conhecimentos, não podemos deixar nos amortecer, deixar de lidar
com elas por conta do medo ou da insegurança. É necessário voltarmos a
sentir, a descobrir, a investigar. Como diz a pesquisadora Pacheco (2000 p.35),
“precisamos reaprender a amar e a nos tocar. Cada dia deve ser plenamente
vivido como um fim em si mesmo. O prazer não pode ser adiado em benefício
do capital”.
Passar a ter um novo olhar sobre o veículo em questão, a televisão,
passa a ser fundamental para a efetivação de um relacionamento em sala de
aula. Não que ser necessária sua utilização de maneira indiscriminada, mas
que possa a partir deste momento ser utilizada como estratégia pedagógica,
que os educadores se capacitem e gerenciem essa ferramenta, assim como
tantas outras que fazem parte deste tratado chamado de tecnologias,
continuem a encantar seus alunos na busca de novos conhecimentos. A
tecnologia tem e teve, em todas as sociedades, um papel substancial no
domínio da natureza, no controle do ambiente e na resolução de problemas. As
aplicações tecnológicas tornaram mais fácil e rica a vida dos seres humanos.
(Alba 2007 p.131)
Pacheco ressalta que;
Uma das constatações que devem ser levadas em consideração é
que as capacidades das crianças são variadas, móveis e múltiplas;
do mesmo modo são as capacidades da mídia. O encontro entre
109
crianças e TV o é um a priori, mas um fenômeno vital,
fundamentado em circunstâncias históricas precisas, sociais e
culturais. Como com qualquer outra realidade social, esse encontro
implica tanto elementos objetivos como subjetivos e, como tal, ele
também se mostra como um espaço potencial. A atenção dada às
potencialidades depende de quanto ela é usada (ou abusada): em
vez de ser dependente da TV como tal, ela levanta a questão do
poder nos campos simbólicos. (PACHECO 2000, p. 86)
Se a criança tem o poder de se defender diante de informações ou
situações lesivas, é algo questionável, uma vez que, para muitas delas,
principalmente as de idade inferior, tudo é novidade e, de certa forma,
encantamento; até que cresçam mais e ganhem formação crítica sobre o
mundo em que vivem, torna-se difícil avaliar o que aquelas situações provocam
de fato na formação de sua personalidade. O que podemos fazer é participar
ao máximo dessa construção transformando em aliada a utilização das
tecnologias de informação e comunicação para que esses alunos, futuros
cidadãos sejam cada vez mais conscientes de seu papel na sociedade.
3.5 Como usar a TV em sala de aula
Para que o uso produza resultados positivos na aprendizagem, antes de
ligar o aparelho, a título de contribuição, Gentille (2006 p.1-4) deixa a proposta,
como sugestão, de como usar a TV em sala de aula:
. Gravar o programa e selecionar as cenas que serão exibidas aos
alunos, fazendo o recorte dentro dos seus objetivos.
. Planejar as aulas propondo exercícios e atividades relacionadas ao
vídeo: eles não podem ser exibidos como se fossem auto-explicáveis.
. Checar a qualidade da imagem e do som.
. Parar a exibição sempre que necessário para comentários ou
explicações.
. Pedir para os alunos anotarem as cenas mais importantes, as falas e
os detalhes mais marcantes.
. Rever as cenas mais importantes.
. Observar as reações do grupo para voltar aos pontos da exibição que a
turma mais se deteve.
110
3.6 Algumas indicações de como não usar a televisão em sala de aula.
Gentille (2006 p.1-4) também coloca que sem critério e objetivos
pedagógicos claros, a televisão pode virar embromação, portanto, evite:
. Usar como tapa-buraco quando faltar professor ou acontecer algum
contratempo.
. Passar vídeo que o tenha relação com o conteúdo: as crianças
percebem que essa é uma forma de camuflar a falta de planejamento.
. Usar o recurso em todas as aulas e esquecer outras dinâmicas: o
exagero diminui a eficiência e empobrece as atividades
. Criticar sistematicamente possíveis defeitos de informação ou
estéticos: se eles existirem, desafie a turma a encontrá-los e a
questioná-los.
. Assistir à televisão com os alunos sem discussão: qualquer assunto
que venha da televisão deve ser integrado com o tema da aula.
111
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A televisão faz parte da cultura de massa, é uma das mídias que
transmite a mesma informação para muitas pessoas ao mesmo tempo, e isso
permite realizar a comunicação de maneira socialmente igualitária. É
justamente essa a sua dinâmica, e falar de mídias quando o assunto é
aprendizagem foi, e sempre será um grande desafio.
O dinamismo visual e de tempo acabam sendo essenciais nessa
relação, e particularmente os desenhos animados que expressam, na sua
maioria, os movimentos das coisas, seres, ações de uma forma exagerada,
caricaturada, sobretudo quando se trata de desenhos humorísticos ou os
chamados cartoons.
Além de fonte de prazer e entretenimento, os desenhos animados
podem ser valiosos instrumentos para facilitar a aprendizagem e o
desenvolvimento, moral, pessoal e profissional. Despertam os sentidos e
mexem com as emoções de forma eloqüente, duradoura e por vezes,
surpreendente.
O que levou ao desenvolvimento desta dissertação foi mostrar que a
utilização da televisão em sala de aula por meio dos desenhos animados,
pode auxiliar no processo de aprendizagem e desenvolvimento moral dos
alunos. A participação e o envolvimento das professoras são fundamentais
para que essas estratégias possam ser aplicadas. Investir na ampliação de
estratégias para que os professores possam se relacionar com os alunos
como uma nova forma de proposta educacional.
A dissertação teve esse sentido: ampliar as possibilidades de
estabelecer um relacionamento diferenciado com as tecnologias de
comunicação e informação, e poder propiciar aos alunos e professores a
ousadia em criar um saber fazer, como ferramentas diferenciadas para pensar
de outro modo o presente que vivemos.
Com essa linha de raciocínio trabalhamos uma das três questões
formuladas junto aos objetivos desta dissertação, de darmos seqüência na
discussão sobre como a tecnologia de informação e comunicação possibilita
112
ampliar significativamente as maneiras de se utilizar a televisão em sala de
aula.
Com a profusão de canais abertos e por assinatura, a televisão oferece
programas para todas as faixas etárias. Noticiários, novelas, minisséries,
seriados, talk shows, documentários, programas de auditório, desenhos
animados, filmes, clipes. Eles podem ser usados para introduzir conteúdos,
aprofundá-los ou ilustrá-los ou para debates sobre comportamento e ética. Ela,
a Tv, usa ação, imagens e sons especialmente selecionados para prender a
atenção das pessoas. Ajuda na formação de memórias de longa duração.
É capaz de desenvolver a imaginação, e as histórias que ela conta são
tema de conversas e debates acalorados, e tem mais os alunos certamente
permanecem de olhos grudados nela em tempo igual ou superior ao que ficam
na escola. para desprezar uma ferramenta pedagógica com essas
características?
Esse meio de comunicação tão importante quanto controverso,
despertou o amor e o ódio de muitos educadores, psicólogos e sociólogos.
Alguns dizem que a TV aliena e emburrece. Outros acusam de promover a
violência e o consumismo. A programação que é veiculada nas dezenas de
canais abertos ou por assinatura segue, sim, a lógica do entretenimento e do
mercado, permanecem mais tempo em cartaz novelas, seriados, telejornais e
outros gêneros que têm audiência, e, portanto patrocinadores. Mas sua
influência é inegável. A Tv o é perfeita e o sistema educativo não vai mudá-
la, então, a escola deve usar esse recurso em benefício próprio.
Qualquer programa de televisão pode ser usado na sala de aula para
introduzir ou aprofundar conteúdos e para discutir valores e comportamento,
basta o educador fazer a intervenção certa e propiciar momentos de debates e
reflexão. Olhar crítico vem com debates, e com tantos recursos usados para
emocionar e prender a atenção, será que a TV não pode se tornar mesmo um
instrumento de manipulação de mentes? Sim, pode, por isso, levar a televisão
para a sala de aula implica também ensinar os alunos a vê-la com olhar crítico.
Não é nada cil para os adultos que cresceram ouvindo críticas a esse meio
de comunicação tratá-lo bem.
113
Chegamos assim à outra questão de pesquisa: quais mensagens estes
desenhos podem transmitir, auxiliando no desenvolvimento cognitivo e social
dos alunos na fase de educação infantil. Percebe-se que o envolvimento com
os conteúdos se tornam mais prazerosos, e que a participação do professor
nessa relação continua a ser indispensável, que nos dias de hoje, com uma
conotação mais marcante de mediador, facilitador, provocador.
As possibilidades de mensagens a serem trabalhadas não têm limites,
obviamente quando se trata de efetivar as ações positivas, e provocar
discussão e reflexão sobre as questões negativas para que esses
comportamentos sejam evitados. O cerceamento com relação ao que se deve
ou não ser visto ou comentado com os alunos deve acontecer de maneira
coerente e reflexiva possibilitando esclarecimentos conseqüentemente a
compreensão.
Entendemos que os professores devem sensibilizar-se a respeito das
mudanças de papéis vinculados à presença das tecnologias de informação e
comunicação no marco docente, avaliando que podem liberá-los, em certa
medida, da tarefa de transmitir informação e conhecimentos, para torná-los
dinamizadores e referentes do processo de aprendizagem. Neste aspecto
temos a última questão de pesquisa sendo trabalhada, como estes desenhos
podem contribuir auxiliando professores em sala de aula.
Este cenário mostra que esses professores deverão estar sintonizados
em busca de novos processos, novas ferramentas, novas estratégias para que
seu desempenho profissional ganhe um diferencial e isso significa absorver as
novas tecnologias de informação e comunicação, TIC, para que sua atuação
como professor e indivíduo também ganhe outra dinâmica, para isso, terão que
buscar a reinvenção de si mesmos.
Aprendemos que, no momento em que a tarefa de ensinar não se reduz
a uma transmissão de conhecimentos de uma disciplina, a dicotomia entre o
ensino e o trabalho científico tende a se reduzir. Isso torna mais complexo o
processo de aprendizagem, tanto por parte dos professores como dos alunos;
porém, mais frutífero.
114
Esta situação exige uma análise em profundidade sobre como pensar e
planejar a formação inicial dos professores, sua preparação psicológica e o
modelo de ensino a promover.
Estimular os alunos a opinar sobre os programas e chamar a atenção
deles para os cortes das cenas e o uso da trilha sonora ajuda a criança a
perceber as diversas possibilidades do meio. Assim aconteceu com este
estudo, que buscou transmitir uma nova possibilidade na aquisição de
conhecimentos, para o encantamento de indivíduos ávidos por descobertas.
Nesse sentido, os desenhos animados contribuíram não só para a aquisição de
novos conhecimentos, mas proporcionou que os alunos pudessem se expor e
mostrar seu posicionamento enquanto indivíduos, enquanto seres humanos
socialmente integrados ao meio em que estão inseridos.
Com senso de responsabilidade, suas atitudes mostraram o nível de
comprometimento em que se encontram. A utilização da TV e mais
precisamente, os desenhos animados como ferramenta pedagógica a ser
utilizado em sala de aula para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem e
também propiciar o desenvolvimento moral desses alunos, teve seu objetivo
explanado.
Quando observamos que os alunos, tanto da escola pública, da escola
particular ou da escola municipal apresentaram posições críticas com relação
aos desenhos trabalhados, entende-se que as condições de informação que
norteiam os comportamentos surgem da elaboração cooperativa e do
intercâmbio baseado no diálogo e na colaboração. Os alunos buscaram
exercer o direito de cidadão com posturas éticas e responsabilidades no
relacionamento com o próximo ou mesmo com relação à natureza.
Ficou claro que a absorção dos conhecimentos ganhou relevância com a
apresentação dos desenhos que o que fora apresentado tinha sido
trabalhado em sala de aula um período antes de assistirem aos desenhos do
Bob o construtor. Com isso a assimilação de novos procedimentos ganhou um
reforço importante nesse mecanismo, a imagem. Isso pode ser percebido nas
entrevistas e depoimentos colhidos junto às três escolas que gentilmente me
permitiram conviver, num curto espaço de tempo, junto aos seus alunos e
professoras.
115
Entende-se que as teorias desenvolvidas por estudiosos como os
autores trabalhados durante esta dissertação saltaram aos olhos quando as
análises das informações ganharam sua estrutura final.
Informações preciosas como, entender que a utilização do desenho
animado do Bob o Construtor pode, por exemplo, ser utilizado pelos
educadores em sala de aula para não encantar seus alunos como também
propiciar alguns resultados práticos e que podem ser sempre discutidos em um
grande grupo, ou seja, possibilitar que os assuntos apresentados gerem
reflexões, que o professor passe a ser um estimulador, provocador dessas
situações, ampliando assim o processo de análise e crítica sobre o objeto de
discussão.
Quando o desenho foi veiculado aconteceram situações que facilitavam
a assimilação de novos conhecimentos, a transmissão de valores permitia na
seqüência uma discussão em grupo sobre tais procedimentos, e aí, nos é
permitido entender um conceito que foi exposto durante a realização desta
dissertação, que é o conceito do exemplo natural, trabalhado por Claxton
(2006), onde o objetivo não é de influenciar, mas influencia. E os desenhos
serviram muito a esse propósito, ser exemplo natural de ações que podem ser
multiplicadas em nosso dia-a-dia.
Assimila-se que a maior parte da educação ocorre às costas do
educador, até a sua revelia, e no comportamento programado, o exemplo é
proposital, programado para influir, para servir de modelo, por sua força, um
outro conceito de Claxton (2006) que foi observado quando da apresentação
dos desenhos animados aos alunos.
Nos episódios exibidos percebeu-se que em todas as situações ficam
bons exemplos, posturas que são consideradas corretas, valores que são
imprescindíveis para que um indivíduo possa conviver em uma sociedade.
Verdade, coragem, respeito, valores que permeiam todos os episódios
possibilitando aos alunos uma percepção de comportamento considerado
normal para os padrões de uma sociedade moderna.
Percebeu-se também o conceito de recompensa e punição, padrões de
comportamento estabelecidos, onde se valoriza o reconhecimento do outro, é a
116
possibilidade de seguir as regras e uma preocupação com as outras pessoas e
seus sentimentos, para que possa se perceber como um membro da sociedade
baseada em um sistema social como um conjunto.
A viabilidade existe, agora é contar com a lucidez dos educadores em se
permitirem momentos de indulgência, onde a aquisição de novos
conhecimentos com a utilização de novas tecnologias de informação e
comunicação podem lhes render um diferencial estratégico de encantamento
em sala de aula, em que a relação com seus alunos pode ganhar uma
dinâmica diferenciada, proporcionando a busca pelo desconhecido um
procedimento mais instigante, e com resultados mais palpáveis e duradouros.
É a escola podendo utilizar as tecnologias de informação e
comunicação, TIC, para ter uma relação mais dinâmica com alunos e
professores, passando a desenvolver uma estrutura que obtenha um nível
organizacional diferenciado, com isso, passa a ser menos autoritária e mais
participativa. Conseqüentemente passa a ter um nível de conteúdo mais amplo
podendo preparar melhor seus alunos para o futuro, mas que estejam em
sintonia com o presente, chegando assim em um nível comunicacional melhor,
pois passa a valorizar as linguagens audiovisuais junto com as convencionais,
incorporando todas as linguagens e técnicas utilizadas pelo homem
contemporâneo.
As idéias expressas nesta dissertação se referem ao fato de que, do
ponto de vista da aprendizagem continuada, devemos seguir nos educando
durante nossa vida sem pensar em idade e devemos fazê-lo para o futuro e
não para o passado. Que as tecnologias de informação e comunicação nos
ofereçam um meio para aprender e que nos permita executar, de forma mais
simples, atividades construtivas de discussão e troca de idéias, para garantir
nossos conhecimentos para o futuro.
Não podemos negar que, durante as últimas cadas, a revolução
tecnológica vem tendo um impacto considerável e está mudando o cotidiano. O
desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação abriu, em
especial, novos horizontes e possibilidades inimagináveis há vinte anos. O
impacto que a revolução tecnológica causa nas visões tradicionais do
conhecimento é mais do que significativo.
117
A universidade não poderá se furtar deste processo, pois por meio de
seus cursos e o próprio laboratório de organização de materiais didáticos
poderá e caberá a ela a possibilidade de capacitar esses indivíduos, novos
profissionais que estarão mais seguros com relação às novas perspectivas.
A integração das tecnologias de informação e comunicação, TIC, ao
ensino e às atividades de aprendizagem foram lentamente formuladas ao longo
do tempo, pelo gravador e laboratórios de ensino de idiomas ao uso da tv,
do vídeo, do computador em todas as disciplinas.
Os últimos 10 anos foram os da invasão da tecnologia digital em todos
os aspectos de nossa vida, inclusive na educação. A contextualização, o
caminho a ser seguido caberá a cada situação, em cada tempo, a cada
novidade, mas o importante é que essa instituição de ensino esteja sempre à
frente de seu tempo, propondo, instigando, fazendo pensar.
118
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123
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