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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ERICA MORANDI PAVELOSKI
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA 7ª REGIÃO ADMINISTRATIVA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE GESTÃO
BAURU
2009
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ii
ERICA MORANDI PAVELOSKI
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA 7ª REGIÃO ADMINISTRATIVA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE GESTÃO
Defesa de Mestrado apresentada à
Universidade Estadual Paulista como pré-
requisito para obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Hamada
BAURU
2009
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iii
Morandi Paveloski, Erica.
Resíduos de Serviços de Saúde na 7ª Região
Administrativa do Estado de São Paulo: Diagnóstico e
Proposta de Gestão/ Erica Morandi Paveloski, 2009.
117 f.
Orientador: Jorge Hamada
Dissertação (Mestrado)Universidade Estadual
Paulista. Faculdade de Engenharia de Produção, Bauru,
2009.
1. Resíduos de Serviços de Saúde. 2. Gerenciamento
de Resíduos Serviços de Saúde. 3. Diagnóstico
Regional. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade
de Engenharia de Produção. II. Resíduos de Serviços
de Saúde na 7ª Região Administrativa do Estado de São
Paulo: Diagstico e Proposta de Gestão.
iv
DEDICATÓRIA
A Deus, pela capacidade a mim concedida para que pudesse
desempenhar esta pesquisa e pela força que me deu quando
achava que não teria mais fôlego para ir adiante.
Ao meu marido Sandro, que iluminou o caminho seguido e me
inspirou em todos os momentos com o seu carinho e com sua
compreensão por tamanha ausência; sem ele, esta Dissertação
não seria realizada.
Às minhas filhas Gabriela e Giovanna por entenderem a
necessidade da dedicação deste momento especial.
Aos meus pais, Claudio e Gilda, pelo seu incentivo,
compreensão e eterno apoio em prol de minha educação.
Ao meu amigo irmão Edson, por tamanho distanciamento
físico.
v
AGRADECIMENTOS
A minha mais sincera gratidão ao meu orientador, o Professor Doutor Jorge
Hamada, que, com seu conhecimento e paciência, guiou-me no caminho percorrido
para a realização desta dissertação.
Agradeço a Professora Doutora Rosane Aparecida Gomes Battistelle e ao Professor
Doutor Adílson Renófio pela incondicional ajuda e confiança para a realização deste
Mestrado.
À minha Banca de Qualificação, formada pelos Professores Doutores Rosane
Aparecida Gomes Battistelle e Celso Luiz da Silva pela sua leitura, sugestões de
materiais e encaminhamentos que muito ajudaram a aperfeiçoar o caminho tomado.
Aos amigos que permaceram junto a esta caminhada incentivando, fortalecendo,
trocando conhecimentos e tomando cafezinhos: Valdenei, Fabiana, Cristiano,
Jeniffer, Diogo, Zé e Hélio. Pelo apoio e compreensão, a todos, meu sincero
agradecimento por este fruto gerado, a amizade sincera.
Agradeço também aos funcionários do Departamento de Pós-Gradução da Unesp,
Célia, Gustavo e Ricardo que sempre estiveram prontos a auxiliar e esclarecer
dúvidas.`
Aos gestores de saúde municipais pelas informações prestadas, sem este apoio
através do fornecimento de dados esta pesquisa nao seria possível.
O meu agradecimento a todas aquelas pessoas que aqui o foram mencionadas,
mas auxiliaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.
vi
“PENSAR É TRANSGREDIR”
“Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente
reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da
banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos,
convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso
pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a
vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que
se renova a cada gole bebido... (Lya Luft).”
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................... IX
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................................................ XI
RESUMO ....................................................................................................................................................... XIII
1
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 1
1.1
C
ONTEXTUALIZAÇÃO
....................................................................................................................................... 1
1.2
F
ORMULAÇÃO DO
P
ROBLEMA DA
P
ESQUISA
......................................................................................................... 3
1.3
O
BJETIVOS
.................................................................................................................................................... 4
1.3.1
Objetivo Geral .................................................................................................................................. 4
1.3.2
Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 4
1.4
D
ELIMITAÇÃO DO
E
STUDO
................................................................................................................................ 5
2
REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................................ 6
2.1
E
MERGÊNCIA DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
.......................................................................................................... 6
2.2
G
ESTÃO
A
MBIENTAL
....................................................................................................................................... 9
2.3
R
ESÍDUOS
................................................................................................................................................... 12
2.3.1
Conceitos e Características ............................................................................................................ 12
2.3.2
Práticas de Destinação ................................................................................................................... 14
2.3.3
Lixão ou Vazadouro ........................................................................................................................ 15
2.3.4
Aterro Controlado .......................................................................................................................... 17
2.3.5
Aterro Sanitário .............................................................................................................................. 18
2.3.6
Vala Séptica para Resíduos de Saúde ............................................................................................. 19
2.3.7
Inventário da CETESB ..................................................................................................................... 22
2.3.8
Classificação geral dos resíduos ..................................................................................................... 24
2.4
R
ESÍDUOS DE
S
ERVIÇOS DE
S
AÚDE
-
RSS ........................................................................................................... 26
2.4.1
Classificação e legislação ............................................................................................................... 28
2.4.2
Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde ........................................................................... 30
2.4.3
ANVISA Resolução RDC 33/03 ........................................................................................................ 30
2.4.4
Classificação do CONAMA 05/93 e 283/01 .................................................................................... 32
2.4.5
Classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) ................................................................ 33
viii
2.4.6
Outras Classificações ...................................................................................................................... 34
2.5
G
ESTÃO DOS
R
ESÍDUOS DE
S
ERVIÇOS DE
S
AÚDE
................................................................................................. 35
2.5.1
Segregação ..................................................................................................................................... 36
2.5.2
Acondicionamento, coleta, transporte e armazenamento ............................................................ 39
2.5.3
Tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) ................................................................... 41
2.5.4
Destinação final ............................................................................................................................. 46
2.6
B
IOSSEGURANÇA
.......................................................................................................................................... 48
2.7
P
OLÍTICAS
P
ÚBLICAS
A
MBIENTAIS
.................................................................................................................... 52
2.7.1
Conceitos ........................................................................................................................................ 52
2.7.2
Instrumentos .................................................................................................................................. 52
2.7.3
Abordagens .................................................................................................................................... 53
2.7.4
Adoção de Políticas Ambientais Públicas ....................................................................................... 55
2.7.5
Política Federal de Fomento à Parceria Público-Privada................................................................ 56
2.7.6
Política Estadual de Resíduos Sólidos ............................................................................................. 57
2.7.7
Política Pública Municipal .............................................................................................................. 60
3
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .....................................................................................................62
3.1
C
LASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
.......................................................................................................................... 62
3.2
C
ARACTERÍSTICAS DA REGIÃO EM ESTUDO
.......................................................................................................... 65
4
RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................................68
4.1
D
IAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO
............................................................................................................................ 69
4.1.1
Dados coletados ............................................................................................................................. 69
4.1.2
Análise dos dados ........................................................................................................................... 71
4.1.3
Bauru transfere responsabilidades para os geradores .................................................................. 84
4.1.4
Recomendações de Gestão ............................................................................................................ 86
5
CONCLUSÕES .........................................................................................................................................88
6
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................90
APÊNDICE ..................................................................................................................................................... 101
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2-1:
CURVA DE CRESCIMENTO EXPONENCIAL DA POPULAÇÃO. ...................................................... 13
FIGURA 2-2:
PERFIL DA DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS POR QUANTIDADE NO BRASIL................................... 15
FIGURA 2-3:
ILUSTRAÇÃO DE UM LIXÃO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS. .................................... 17
FIGURA 2-4:
IMAGEM DE UMA VALA SÉPTICA USADA COMO DISPOSIÇÃO FINAL DE RSS ........................... 20
FIGURA 2-5:
EVOLUÇÃO DO IQR MÉDIO NO ESTADO DE SÃO PAULO – PERÍODO DE 1997 A 2005.............. 24
FIGURA 3-1: COMPOSIÇÃO DA REGIÃO BAURU DO CODER E SUA LOCALIZAÇÃO NO ESTADO DE SÃO
PAULO. ......................................................................................................................................................... 66
FIGURA 4-1:
DISTRIBUIÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DOS ATERROS PARA RSU, SEGUNDO A CETESB. ................ 77
FIGURA 4-2:
PRÁTICAS DE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL. ................................................................... 79
FIGURA 4-3:
EMPRESAS COLETORAS DE RSS E SUA ATUAÇÃO NA REGIÃO. .................................................. 82
x
LISTA DE TABELAS
TABELA 2-1:
ENQUADRAMENTO DAS INSTALAÇÕES DE DESTINAÇÃO FINAL DE LIXO EM FUNÇÃO DOS
VALORES DE IQR . ...................................................................................................................... 22
TABELA 2-2:
VALORES DE COEFICIENTE PER CAPITA DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES
EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA. .................................................................................... 23
TABELA 2-3:
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS ................................................................................................. 25
TABELA 2-4:
NORMAS ABNT RELACIONADAS AOS RSS. ................................................................................ 29
TABELA 2-5: OUTRAS NORMAS PERTINENTES. .............................................................................................. 30
TABELA 2-6:
RESUMO DOS MÉTODOS DE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL RECOMENDADOS SEGUNDO
O GRUPO DE RSS PERIGOSO. ..................................................................................................... 43
TABELA 2-7:
FATORES A SEREM CONSIDERADOS PARA A ESCOLHA DOS MODELOS E QUAIS OS MAIS
ADEQUADOS PARA CADA TIPO DE UNIDADE GERADORA. ........................................................ 46
TABELA 2-8:
INSTRUMENTOS DE POLÍTICA PÚBLICA AMBIENTAL – CLASSIFICAÇÃO E EXEMPLOS. .............. 53
TABELA 3-1:
PANORAMA GERAL DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DA REGIÃO EM ESTUDO. ........................ 67
TABELA 4-1:
VISÃO GERAL DOS PRINCIPAIS GERADORES DOS MUNICÍPIOS. ................................................ 70
TABELA 4-2:
QUANTIFICAÇÃO DE RSS OBTIDA NOS MUNICÍPIOS. ................................................................ 73
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CDC Center for Disease Control
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento
CFC’s Gás Clorofluorcarbono
CH
4
Metano
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNRS Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França
CNUMAD
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
CO
2
Gás Carbônico
CODER Conselho de Desenvolvimento Econômico Regional (de Bauru)
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
DDT Dicloro-Difenil-Tricloroetano
EMDURB
Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural
EPA Environmental Protection Agency
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
HBV Hepatite B Vírus
HIV Human Immunodeficiency Virus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IQR Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos
N
2
O Óxido Nitroso
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
OMS Organização Mundial da Saúde
ONGs Organizações Não Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
xii
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PPP Public Private Partnership
PVC Policloreto Cloreto de Vinila
RSS Resíduos dos Serviços de Saúde
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SEMA Secretaria do Meio Ambiente
UNIDO United Nations Industrial Development Organization
SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SUS Sistema Único de Saúde
UNESP Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”
xiii
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA 7ª REGIÃO ADMINISTRATIVA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE GESTÃO
Paveloski , E.M.
Universidade Estadual Paulista, Bauru, ericaloski@gmail.com
RESUMO
Este trabalho aborda como tema principal a situação da geração, segregação e
disposição final dos Resíduos de Serviços de Saúde na região do Coder (Conselho
de Desenvolvimento Econômico Regional) que tem como sede o município Bauru. O
objetivo foi levantar dados, avaliar a situação atual da questão dos RSS e propor
soluções para uma melhor gestão deste tipo específico de lixo urbano. Ao cumprir
tais objetivos, as considerações expostas pelo autor levam a um retrato da situação
atual dos resíduos de serviços de saúde na região, trazendo também um panorama
do tema no Brasil e no Estado de São Paulo, expondo as fragilidades das leis que
contemplam mais os grandes geradores e a baixa qualificação da mão de obra, o
que diminui a qualidade do processo de segregação e, no destino final, problemas
ambientais.
Palavras-chave: Resíduos de Serviços de Saúde, Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde, Diagnóstico Regional.
xiv
WASTE HEALTH SERVICES IN THE 7th REGION OF SÃO PAULO STATE:
DIAGNOSIS AND MANAGEMENT PROPOSAL
Paveloski , E.M.
Universidade Estadual Paulista, Bauru, ericaloski@gmail.com
ABSTRACT
The theme of this work is about generation, segregation and final disposal of Health
Services Residues (RSS) in the region of CODER (Regional Economic Developing
Council), which is based in Bauru. The aims of this research are to collect data,
evaluate the actual situation of the RSS issues and propose solutions to improve the
management of this specific type of urban waste. In order to accomplish such
objectives, considerations made by the author of this dissertation show a portrait of
the actual situation of the RSS in the region researched and a panorama of the
theme in Brazil and in Sao Paulo state. It is possible to observe in this work the
weaknesses of the laws that serve mostly big generators of waste and the low
qualified work force, which diminishes the quality of segregation process and
environment problems during the final disposal of the waste.
Keywords: Wastes of Health Services, Wastes of Health Services Management,
Region Diagnostic.
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A chegada do século XXI traz a incumbência de se rever os hábitos
associados a geração de resíduos. Os reflexos culturais de uma população que não
atravessou épocas de escassez, oriundas principalmente de tempos guerra, imprime
sua marca em uma geração conivente com o desperdício.
Associa-se ainda o crescimento populacional exponencial que gera uma
demanda maior por produtos industrializados, com ciclos de vida cada vez mais
curtos, aumentando assim a descartabilidade, dado o avanço rápido da tecnologia
causado pela necessidade de inovação das organizações, que permite sua
vantagem competitiva no mercado. Este cenário requer discussões atuais acerca da
necessidade de revisão dos processos produtivos, tanto em relação ao consumo dos
recursos escassos quanto para geração final de resíduos, devido ao alto custo da
correta destinação final dos mesmos.
Com os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), isto também pode ser
observado através do uso cada vez maior de instrumentais e rouparia descartáveis,
causado pelo avanço das doenças infecto-contagiosas e pela pressão da redução
dos índices de infecções hospitalares, embora em quantidade menor.
Os RSS compõem cerca de 1% da geração total dos Resíduos Sólidos
Urbanos, segundo Consoni, Silva e Gimenez apud D’Almeida e Vilhena (2000), e
requerem atenção especial quanto ao seu descarte e disposição final devido seu
potencial infeccioso e de periculosidade. São fatores indiretos na transmissão de
doenças, tanto por vetores que são atraídos, quando dispostos de maneira
inadequada ou ainda pelo descarte sem um processo correto de segregação na
fonte e tratamento prévio antes da destinação final. Acrescenta-se ainda que, em
nosso país, parcela da população se utiliza dos lixões para sua sobrevivência e
acabam por ferir-se nos materiais descartados.
Embora a questão da periculosidade dos RSS seja dicotômica, gerando duas
correntes opostas, reconhece-se a importância de se desenvolver mecanismos de
2
gerenciamento que considere a diferenciação e a diversidade de resíduos que
compõem os RSS, evitando assim a possibilidade de proliferação de doenças, que
esse tipo de ambiente propicia.
Um correto gerenciamento dos RSS possui diferentes etapas pelas quais
passam os resíduos, envolvendo desde a sua geração até o momento de sua
disposição final, sendo necessariamente subdividido em gerenciamento interno
(intra-unidade de serviço de saúde) e gerenciamento externo (extra-unidade), este
último envolvendo a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final. A visão
fragmentada de cada etapa distinta permite a melhor identificação das falhas, e
consequentemente a escolha da melhor ação, possibilitando a redução de riscos
sem comprometer a etapa subsequente. Todas as ações envolvidas nestas etapas
são definidas e padronizadas por legislações específicas.
O conjunto de leis, que normatizam as boas práticas de manejo destes
resíduos, envolve uma questão que despontou como fator de extrema relevância
neste estudo: a segregação. Os problemas que envolvem a questão dos RSS
poderiam ser minimizados com uma correta segregação, que é parte do início do
processo e acontece no momento em que é gerado.
Esta pesquisa tem como objetivo geral fazer um diagnóstico e discutir a
realidade da problemática dos RSS existente na região abrangida pelo CODER
(Conselho de Desenvolvimento Regional) de Bauru. Nessa região agregam-se mais
21 municípios compondo a Região do Estado de São Paulo, onde Bauru é o polo.
Esta Região possui uma extensão de aproximadamente 9.000 km
2
, que comporta
mais de 600.000 habitantes (IBGE 2000). Os municípios que compõem essa região
são: Agudos, Arealva, Avaí, Balbinos, Bauru, Boracéia, Borebi, Cabrália Paulista,
Duartina, Fernão, Gália, Iacanga, Lençóis Paulista, Lucianópolis, Macatuba,
Paulistânia, Pederneiras, Pirajuí, Piratininga, Presidente Alves, Reginópolis e
Ubirajara.
Bauru é a maior cidade, em termos populacionais, que compõe este grupo,
situada no centro do Estado de São Paulo, com mais de 350.000 habitantes, onde
conta com um aterro sanitário que recebe cerca 220 toneladas de resíduos sólidos
domiciliares por dia. Além disso, o sistema de disposição de resíduos sólidos
urbanos, recebe em valas sanitárias cerca de 1,5 toneladas por dia de Resíduos dos
3
Serviços de Saúde (GOVERNO BAURU, 2007).
Com a vida útil do aterro sanitário praticamente esgotada, conforme
estabelecido no projeto original de 1994, estudos estão sendo realizados para a
ampliação de sua capacidade, através da construção de novas camadas de
resíduos. O sistema de valas sanitárias também encontra-se no limite de sua
capacidade, demonstrando a necessidade de se dirigir esforços para o
desenvolvimento de medidas alternativas, principalmente para o tratamento e
disposição dos RSS. Diante de um cenário no qual os aterros ainda se deparam com
ineficências estruturais e os investimentos são marcados pela descontinuidade
política, justifica-se a necessidade de estudos que busquem alternativas racionais
para o gerenciamento destes resíduos, desde sua geração aa destinação final de
resíduos específicos.
Este estudo buscou, através da metodologia da pesquisa de campo, apontar
as principais problemáticas em relação ao gerenciamento dos RSS na região citada
e assim discutir alternativas para que o processo de gerenciamento possa ser
realizado, superando o deficit orçamentário que assola a esfera pública,
minimizando seus impactos e propondo o desenvolvimento através de parcerias
público-privadas, a exemplo das práticas que alavancaram o desenvolvimento dos
países de primeiro mundo, principalmente no que diz respeito a infraestruturas
básicas. Este estudo ainda tem a pretensão de servir de ferramenta para uma
gestão regional mais eficiente, através do fornecimento de um quadro qualitativo
abrangente.
1.2 Formulação do Problema da Pesquisa
O problema principal levantado pelo presente trabalho consiste numa
pergunta: os municípios que compõem a Região Administrativa do CODER
(Conselho de Desenvolvimento Econômico Regional) de Bauru estão promovendo a
gestão correta dos Resíduos de Serviços de Saúde? A resposta não é direta, muito
menos simples. A gestão desses resíduos específicos exige investimento e estrutura
e, assim, pretendemos aqui levar o problema a uma dimensão viável: uma gestão
sustentável e coerente com a realidade socioeconômica dessas cidades, tomando
4
como base alguns fatores que as unem. Os referenciais comuns a todas podem
levá-las a cumprir com mais rigor a legislação vigente em relação aos RSS.
Explicitamente, o problema principal abordado refere-se a um panorama da
realidade de coleta e destinação dos RSS na região, quais os principais geradores e
qual o caminho que o resíduo segue, rumo à sua disposição final. De forma limitada,
será abordada a questão apresentada numa região. Contudo, de uma
contribuição local e experiência acumulada, a mesma podeser expandida para
outras regiões com características sociais, políticas e econômicas semelhantes.
Por fim, de forma empírica, sabe-se que diariamente os RSS são produzidos
por centenas de geradores, que vão desde os hospitais e as clínicas médicas, às
pequenas farmácias e lojas de tatuagens. E a tendência é que, com o crescimento
dos municípios, tais geradores sofram uma expansão proporcional. Buscar uma
resposta que leve à prática de uma gestão responsável dos RSS torna-se, assim,
um problema que pede solução rápida e eficaz.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Fazer um diagnóstico atual nos municípios abrangidos pelo CODER de
Bauru, que engloba a Região Administrativa do Estado de São Paulo,
identificando as principais fontes geradoras de RSS existentes e as dificuldades no
atendimento da legislação vigente quanto ao gerenciamento desses resíduos. Com
base nos levantamentos efetuados e na sua análise, propor formas de gestão dos
Resíduos dos Serviços de Saúde que atendam à demanda e tenham viabilidade
econômica para que os municípios analisem a adoção dos mesmos.
1.3.2 Objetivos Específicos
Levantar dados quantitativos sobre a geração de RSS nos municípios que
compõem a Região do CODER de Bauru;
Avaliar as principais dificuldades encontradas na gestão dos RSS;
5
Apontar e discutir as principais inconsistências praticadas no tratamento e na
disposição final dos RSS nestes municípios;
Analisar as viabilidades legais e operacionais da correção dos problemas
encontrados na coleta e no destino dos RSS na região;
Discutir sobre as políticas públicas e a prática atual; e
Propor solução regional de tratamento adequado para os RSS.
1.4 Delimitação do Estudo
Este estudo visa identificar e propor, com base nos resultados esperados,
uma gestão dos Resíduos de Serviços de Saúde viável de ser aplicada. Onde o
CODER poderia atuar como catalizador destes esforços para a implementação de
ações nos municípios que o compõem. Uma vez que a essência do CODER é
promover o desenvolvimento regional econômico e social. A partir de um
levantamento das atuais práticas destes municípios com relação à coleta, tratamento
e destinação final dos RSS e da proposição de alternativas para a melhoria da
eficiência da gestão.
6
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Emergência da consciência ambiental
O primeiro esforço empreendido a caminho da preocupação com a
degradação ambiental foi despendido através de um acordo internacional datado no
início do século XX, com a assinatura em Paris em 19 de março de 1902, intitulado
de “International Convention for the Protection of Birds Useful to Agriculture”. O
documento consistiu na preocupação principal da proteção de espécies de aves
úteis à agricultura. Porém, é prematuro afirmar que tal acordo consistiu num ato de
consciência ambiental, uma vez que não houve produção de normas contra a
poluição (LYSTER, 1993).
Um outro documento revela que estudiosos do Centro Nacional de Pesquisas
Científicas da França (CNRS) e do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech)
identificaram rastros de poluição do ar por chumbo, no período que vai do século X
a.C. até o culo V a.C. Esta contaminação insuspeitada foi descoberta através da
análise de bolhas de ar microscópicas presas no gelo em área de pesquisa do
projeto Calota Gelada da Groelândia, iniciado em 1990, com a finalidade de analisar
o passado do clima terrestre, e coincide com o período da fundição de peças de
prata e cunhagem de moedas feitas de prata e chumbo. Esses dois materiais, ao
serem aquecidos até derreterem, liberavam 5% de chumbo em forma de evaporação
para a atmosfera. Índices altos de produção de chumbo seriam encontrados
novamente no final do século XVIII, com a Revolução Industrial Inglesa (PIRES;
RAMOS, 1998).
A Revolução Industrial, aliás, foi o grande impulsionador do desenvolvimento
industrial, migrando o sistema produtivo de artesanal para a produção em escala,
também teve como consequência o desencadeamento do movimento de
urbanização. O advento da industrialização provocou um acelarado processo de
poluição, deixando de ser local e atingindo níveis globais, não apenas pelo fato de
causar poluição do meio ambiente, mas como protagonista da consolidação do
capitalismo, que traz em seu bojo a produção e o acúmulo de riquezas, tendo como
principal atividade econômica o processo industrial. Esse, por sua vez, favorece o
7
movimento de urbanização provocando aglomeração humana em centros maiores.
Essa concentração também acarreta um índice elevado de poluição como o acúmulo
de lixo, esgotos e alterações em sistema de transportes.
Essa mudança acarretou alterações no hábito de consumo, pois o próprio
processo de industrialização permitiu uma maior acessibilidade da população ao
consumo dos produtos.
O aumento do consumo, por sua vez, demandou a busca por eficiências em
todos os setores. Na agricultura este aumento de consumo detectado exigiu a
eficiência da produção, que foi garantida com o uso de pesticidas, dentre eles o
Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT). A população, na época, possuia uma confiança
cega no desenvolvimento tecnológico. Em 1962, Raquel Louise Carson, escritora
cientista e ecologista norte-americana, publica o livro “Primavera Silenciosa”, que
marcou o século XX e o início da Revolução Ecológica nos Estados Unidos. Raquel
Carson descreveu os riscos do uso do DDT que penetrava na cadeia alimentar e
acumulava-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, incorrendo
no risco de causar câncer e dano genético (JAGA; BROSIUS, 1999). A obra, devido
as advertências sobre o meio ambiente, ainda é considerada de importância
relevante na mudança de postura de vários países e principalmente dos EUA, em
relação ao uso de pesticidas e poluentes. A obra teve como principal contribuição, a
conscientização pública da vulnerabilidade da natureza diante da ação antrópica.
O cenário do ambiente natural, aos poucos, vai cedendo lugar para um
ambiente transformado para atender às necessidades emergentes do homem. O
símbolo de poder das nações se pelo número de chaminés industriais lançando
fumaças de poluição pelo ar. Toda esta mutação na década de 60 impulsiona em
1972 a realização da Conferência de Estocolmo, sob a regência das Nações Unidas
(ONU). A Conferência reuniu 6000 pessoas, incluindo delegações de 113 países e a
participação de 400 Organizações Não Governamentais (ONGs) e foi considerada o
marco inicial da CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento). O enfoque principal dessa Conferência foi o Ambiente Humano,
sendo considerado o marco da consciência pública mundial dos problemas
ambientais, alertando para o desenvolvimento responsável, com a preservação dos
recursos naturais para a geração futura. À essa preocupação dos fatores deu-se o
8
nome de “Desenvolvimento Sustentável”.
Segundo Barbieri (2004), “A Conferência de Estocolmo em 1972 contribuiu de
maneira importante para gerar um novo entendimento sobre os problemas
ambientais e a maneira como a sociedade provê sua subsistência”. Em uma
segunda fase dos encontros promovidos pela ONU, em 1992 no Rio de Janeiro
(ECO-RIO 92), não houve consenso sobre atitudes e soluções. E com a falta de
consenso sobre as causas do aquecimento global, o encontro lançou a ideia de se
adotar o princípio da precaução. O princípio compõe a Declaração do Rio de Janeiro
sobre o Meio Ambiente com cerne da preocupação voltado para as questões das
mudanças climáticas drásticas que afetariam o globo terrestre. Esse princípio, ainda
segundo Barbieri (2004), estabeleceu que “diante da ameaça de dano grave ou
irreversível, a falta de uma considerável certeza científica não deverá ser usada
como motivo para adiar a adoção de medidas para evitar a degradação ambiental
em decorrência dos seus custos”.
Na Conferência do Rio 92, o Brasil teve uma atuação decisiva para que o
tratamento do meio ambiente estivesse ligado às questões de desenvolvimento,
transformando assim a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), criada em 1975, em
Ministério do Meio Ambiente, por se entender a necessidade do agrupamento de
diversas secretarias em uma visão mais sistêmica da questão ambiental.
A Conferência de Joanesburgo (África do Sul), em 2002, como a terceira
Conferência da ONU, visou a implementação de um plano para o Desenvolvimento
Sustentável, que acelerasse e fortalecesse a aplicação dos princípios aprovados no
Rio de Janeiro (LAGO, 2006).
Desde então, a dicotomia entre os limites do crescimento material e a
degradação ambiental, tem sido alvo de atenção das comunidades científicas, de
decisores políticos, empresários e setores organizados da sociedade civil em
praticamente todos os países.
Ainda outros esforços foram empreendidos, como a assinatura do Protocolo
de Montreal, em 1987, por 57 países para a redução de a50% da produção de
gases clorofluorcarbonos (CFCs) encontrados em fluidos para transferência de troca
de calor em equipamentos de refrigeração e ar-condicionado, como solventes na
indústria eletrônica, como agentes de expansão para produzir espumas plásticas,
9
como propelentes para aerossóis etc. Sua importância se deve ao fato da
descoberta de que o CFC influencia diretamente na destruição da camada de ozônio
(RIBEIRO, 2001).
Como apoio para redução da produção e consumo desta substância em
países em subdesenvolvimento, surge o Fundo Multilateral constituído por
contribuições dos países desenvolvidos, tendo como órgão de apoio o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), United Nations Industrial Development Organization
(UNIDO) e o Banco Mundial (BARBIERI, 2004).
2.2 Gestão Ambiental
“Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”(BRASIL, 2001)
Quando se analisa a evolução da questão ambiental, como descrito no
capítulo anterior, bem como sua vasta abrangência, pode-se afirmar primeiramente
que a Gestão Ambiental tem um caráter multidisciplinar aplicando-se a uma grande
variedade de iniciativas referentes a qualquer tipo de problema ambiental.
Diante do surgimento do termo Desenvolvimento Sustentável, o conceito de
defensores da natureza antes praticado apenas pelos, assim chamados, ecologistas,
evoluiu devido à necessidade de profissionais que agregassem conhecimento às
mais diferentes áreas de atuação, permitindo uma exploração racional de recursos
naturais e não mais a restrição total do uso dos recursos.
Este processo evolucionário, complexo e abrangente, que permite o uso dos
recursos com racionalidade, precisa ser gerenciado, organizado e principalmente
ordenado para que causem menos impacto possível ao meio ambiente, através do
conhecimento e do aperfeiçoamento de novas técnicas, bem como o
desenvolvimento de novas tecnologias, precisa ver viável economicamente, existe a
10
necessidade do desenvolvimento de pessoas capacitadas e o cumprimento de
legislações rigorosas hoje existentes.
A Gestão Ambiental visa gerenciar todos estes conhecimentos
orquestradamente de forma a promover desenvolvimento mais eficiente com menos
danos ao meio e menor prejuízo à geração futura, minimizando a ocorrência de
catástrofes ambientais de grandes proporções como Seveso, Minamata, Three Miles
Island, Bophal, Exxon Valez, Cubatão, Chernobil, Baía da Guanabara, dentre muitas
outras.
Além da articulação dos mais diferenciados profissionais, podemos observar
a participação ativa de uma sociedade que tem sido constantemente sensibilizada
pelos mais diversificados meios, favorecendo o processo de conscientização e
aumento do contingente de pessoas que se preocupam com o comprometimento da
qualidade de vida das gerações futuras.
O processo de conscientização faz com que surja uma classe de
consumidores conscientes que, através de suas escolhas, pressionam as
organizações a adotarem processos mais limpos de produção, de forma que se faz
necessária a revisão do ciclo de vida dos produtos, desde a elaboração do seu
projeto, dos insumos e do consumo de recursos naturais, os resíduos gerados ao
final da vida útil do produto, até a redução da poluição resultante do processo
produtivo.
Este processo de busca de melhoria contínua, pelas organizações, para
disputar a preferência e a renda do consumidor final no atual cenário competitivo e
globalizado, acaba por sua vez influenciando o governo a efetuar mudanças
necessárias e mais eficientes da legislação.
A preocupação com as questões ambientais rompem barreiras territoriais e
se transformam em discussões planetárias, ou seja, uma gestão ambiental global
que culmina em Conferências, Acordos e Pactos à exemplo da Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no
Rio de Janeiro em 1992 e que ficou conhecida como “Cúpula da Terra”. Participaram
deste evento 178 países, que dicutiram sobre assuntos de interesse global como a
Convenção sobre Mudanças Climáticas, Convenção da Biodiversidade e a Agenda
21 (RIBEIRO, 2001).
11
Outro evento de relevância denominado Conferência de Quioto, ocorrido no
Japão em 1997, estabeleceu um pacto voltado para as questões do aquecimento
global, que visava principalmente a redução da emissão de gases poluentes na
atmosfera, provenientes da queima de combustíveis sseis e causadores do efeito
estufa (AFONSO, 2006). Outros acontecimentos importantes foram relatados no
capítulo anterior.
É diante destas preocupações emergentes e contemporâneas que vão
mapeando a realidade, munindo os poderes públicos e privados de ferramentas
técnicas e científicas, através dos eventos relatados, que fornecem uma visão
holística sobre a problemática ambiental que aflige a humanidade e orienta um
desenvolvimento industrial, social e econômico.
A responsabilidade dos poderes públicos diante da necessidade de
implementar ações que busquem alternativas para preservar recursos naturais que
influenciam diretamente na qualidade de vida, como previsto no artigo 255 da
Constituição Federal de 1988, citada na abertura deste capítulo, torna-se uma pauta
diária nas discussões, principalmente pela falta de recursos imputada às
governanças locais e também pela falta de capacitação dos recursos humanos
envolvidos diretamente na tomada de decisões à essas ações.
Exemplo claro dessa situação citado por Philippi, Romero e Bruna (2004) é
o da preservação da água. Recurso essencial para a existência humana e
escasso em vários países. No Brasil, embora possua uma situação confortável
quanto a reserva de água, nota-se que o processo de fornecimento de água potável
é um processo dispendioso face à poluição causada pelo despejo de dejetos
humanos e demais rejeitos da comunidade sem receber o tratamento prévio
adequado e lançado nos corpos d’água e que muitas vezes poluem mais do que as
indústrias.
Da mesma forma que a água, outro fator atual de preocupação está
centrado na questão da geração de resíduos, também como foco de atenção da
Gestão Ambiental, seja ela pública ou privada. Ao observar a situação descrita no
capítulo posterior, onde relatamos o atual cenário dos aterros ou lixões bem como as
problemáticas causadas pela falta de estrutura adequada.
Ressalta-se e conclui-se apoiados ainda no que diz Philippi, Romero e
12
Bruna (2004), que a Gestão Ambiental também contempla a promoção da qualidade
de vida, a qual tem fortes vínculos com a saúde pública e o planejamento territorial.
2.3 Resíduos
2.3.1 Conceitos e Características
Todo ser vivo, para garantir a sua existência, retira recursos do meio
ambiente. Dentro deste ciclo, como decorrência da satisfação das necessidades
vitais, existe a deposição de sobras. Essas sobras, ao se decomporem em um
ambiente natural, devolvem ao ambiente, elementos químicos que serão absorvidos
por outros seres vivos, formando uma cadeia alimentar. O mesmo não é observado
na atividade humana, que resulta na produção de sobras que não são capazes de
serem absorvidas na sua totalidade, rompendo assim o conceito da sustentabilidade
desse ciclo.
O desenvolvimento econômico desencadeou um profundo processo de
mudanças de hábitos de consumo. A Revolução Industrial, que deslocou um
contingente humano, originou os grandes centros aliados a acessibilidade aos bens
de consumo, favorecendo um agravamento da geração de resíduos pelo consumo
de produtos industrializados.
Um fator relevante citado por Ferreira (2000), discorre sobre a imposição de
um modelo consumista, adotado pelos países desenvolvidos como paradigma de
crescimento econômico e modernidade. Esse modelo favorece o crescimento da
utilização de embalagens descartáveis de alumínio, de ferro, de vidro, de plástico e
de papel e a existência de inúmeras áreas clandestinas de disposição de resíduos
sólidos nesses países são exemplos que não permitem contestações.
Outra contribuição da Revolução Industrial, que favoreceu o aumento do
crescimento populacional, é o desenvolvimento tecnológico que juntamente com as
campanhas de saúde pública e de vacinação realizadas após a Segunda Guerra
Mundial, proporcionaram uma redução da taxa de mortalidade, o que favoreceu o
aumento da taxa de crescimento populacional anual. Essa taxa bruta hoje é de
352.268 habitantes por dia, enquanto a taxa de mortalidade bruta é de 150.677
13
habitantes por dia (BRAGA, 2005).
A população mundial hoje atinge a marca de 6,6 bilhões de habitantes,
como ilustra a Figura 2-1, que demonstra o crescimento ao longo dos séculos,
evidenciando o fenômeno da explosão demográfica que demanda recursos naturais,
alimentos e energia e, como consequência, a geração de resíduos. As novas
tecnologias permitem a produção de resíduos cada vez mais inorgânicos que
permanecem no meio ambiente por muito mais tempo, devido a sua composição.
Somando-se a todos estes fatores ressalta-se aqui a necessidade da prática do
“Desenvolvimento Sustentável”, onde se espera que o homem use da sua
capacidade de transformar as matérias de forma sustentável, sem o esgotamento ou
a degradação desses recursos possibilitando o uso das gerações futuras, como
preconizado no documento intitulado “Nosso Futuro Comum”, apresentado em 1987
na Comissão Mundial da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (MOTA,
2005).
Figura 2-1: Curva de crescimento exponencial da população.
Fonte: Braga, Conejo, Hespanhol, et al. 2005.
14
A diferenciação entre os termos Resíduo e Lixo são sutis, conforme
encontrado no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 1980):
Resíduo: 1. Remanescente. 2. Aquilo que resta de qualquer substância; resto. 3.
O resíduo que sofreu alteração de qualquer agente exterior, por processos
químicos, físicos etc.
Lixo: 1. Aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua e se joga fora; entulho. 2.
Tudo o que não presta e se joga fora. 3. Sujidade, sujeira, imundicie. 4. Coisa ou
coisas inúteis, velhas e sem valor.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apud PNUD, (1998) define lixo
como “qualquer coisa que seu proprietário não quer mais, em um dado lugar e em
um certo momento, e que não possui valor comercial”.
Os termos embora semelhantes em seu significado, o segmentados em
três classes diferentes de poluição, do ponto de vista ambiental: poluição
atmosférica, a contaminação das águas e os resíduos sólidos que são definidos pela
Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) nº10.004/1987, da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT), (apud PHILIPPI, ROMÉRO, BRUNA, 2004, p.158)
como:
Resíduos Sólidos ou Semi-Sólidos são aqueles que resultam de atividade
da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia
disponível.
2.3.2 Práticas de Destinação
No Brasil, é comum observar a responsabilidade pela destinação final dos
resíduos lidos ser das prefeituras, que devido a falta de recursos e de estrutura
acaba sendo depositada em lixões, sem nenhum tipo de tratamento prévio ou
medidas que possam reduzir o volume destinado, causando degradação ambiental
15
maior ainda, devido a predominância do uso de lixões no Brasil. Para Neto, Angeli e
Soares “soma-se ainda a questão da inexistência de uma política federal e as
descontinuidades administrativas” (2006).
Esse tipo de disposição final, dos resíduos, em lixões o práticas comuns
devido ao baixo custo. Através de dados obtidos pelo IBGE em 2000, a Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico (apud PHILIPPI, ROMÉRO, BRUNA, 2004) aponta
que no Brasil são gerados cerca de 230 mil toneladas de resíduos por ano. Desses,
aproximadamente 22% o destinados a vazadouro a céu aberto ou lixões.
Aproximadamente 36,6% seguem para os aterros sanitários e 37,5% para os aterros
controlados.
Figura 2-2 ilustra o perfil da destinação dos resíduos por quantidade no Brasil,
segundo dados extraídos do IBGE, 2002.
37,5%
0,5%
22,0%
1,0%
2,9%
Aterro
Controlado
Incineração
Vazadouro a
céu aberto
Triagem
Aterro
Sanitário
Compostagem
Figura 2-2: Perfil da destinação dos resíduos por quantidade no Brasil.
Fonte: Adaptado de IBGE, 2002 apud (PHILIPPI, ROMÉRO, BRUNA, 2004).
2.3.3 Lixão ou Vazadouro
Em vazadouros a céu aberto ou lixões, os resíduos são depositados
diretamente no solo sem nenhuma preparação prévia. Também não ocorre o
tratamento dos efluentes líquidos, ou seja, o chorume, que é um líquido de cor
escura originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição dos
resíduos orgânicos, presente nos resíduos destinados à aterros e lixões. A infiltração
16
pelas chuvas representa a principal fonte precursora da formação do chorume.
Existe ainda a possibilidade da contaminação do solo e do lençol freático pela
lixiviação do chorume.
Outra forma de poluição gerada por esta prática de destinação final é a
poluição do ar pelos gases como o gás carbônico (CO
2
), o metano (CH
4
), o óxido
nitroso (N
2
O), que contribuem com o efeito estufa e que são liberados na
decomposição do lixo. Ainda temos, na questão dos lixões, o favorecimento da
proliferação de vetores, que também são responsáveis por impactos ambientais
devido à alteração física de componentes ambientais. A presença de animais como
ratos, aves, suínos, cachorros e gatos favorecem a disseminação da cisticercose,
leptospirose, teníase, toxoplamose e triquinose (CAMPOS at al, 2002). Observamos
assim, que quanto menor o orçamento municipal destinado à questão da limpeza
pública maiores são as ocorrências de doenças relacionadas pela exposição da
população a estas. A resolução n.º 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) de 23 de janeiro de 1986 em seu artigo 1º, define como impacto
ambiental as ações que afetam diretamente ou indiretamente:
a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
as atividades econômicas;
a biota;
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos
ambientais.
Cabe ainda ressaltar que os lixões, forma ainda muito utilizada de disposição
final, são proibidos pela Portaria n. 53, de 01 de março de 1979, do Ministério do
Interior.
A Figura 2-3 apresenta a ilustração do lixão e as diversas formas de
propagação da poluição, ferindo essa resolução.
17
Figura 2-3: Ilustração de um lixão e os impactos ambientais causados
.
Fonte: Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999. Disponível em:
<
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/imagens/residuos/lixao.gif>. Acesso em 01
maio 2009.
2.3.4 Aterro Controlado
O aterro controlado, embora com um índice bem praticado no Brasil, ainda é
uma forma que não garante total isenção de danos ambientais. Difere-se do lixão
por apresentar algumas práticas como captação do gás. Essa forma de disposição
final nem sempre apresenta a camada de impermeabilização de base, que garante o
selamento fundamental para prover a proteção necessária dos lençóis freáticos
contra os efeitos da lixiviação do chorume. É feita uma cobertura diária com terra ou
saibro ou ainda algum tipo de material inerte, segundo o que estabelece as normas
da ABNT/NBR-8849/85. Em alguns casos pode apresentar uma estação de
tratamento para o chorume. Seus custos operacionais são menores do que os do
aterro sanitário.
18
2.3.5 Aterro Sanitário
É a forma ideal de apresentar maior prevenção aos danos ambientais e
maiores controles de vetores, reduzindo assim os ricos à saúde pública é o aterro
sanitário. Mas esse apresenta um custo mais elevado, sendo um grande fator de
restrição à sua aplicabilidade. Neste sistema de disposição final, antes de iniciar o
depósito do lixo, o nivelamento de terra e o selamento da base com argila e
mantas de Policloreto Cloreto de Vinila (PVC), oferecendo uma impermeabilização
do solo, impossibilitando a contaminação do lençol freático pela formação do
chorume. Esse é coletado através de drenos e conduzidos a uma estação de
tratamento de efluentes. A cobertura diária do lixo inibe a proliferação de vetores que
causam o mau cheiro e a poluição visual, como ilustrado na Figura 2-4.
Figura 2-4: Ilustração de um aterro sanitário e seus mecanismos que evitam os danos ao meio
ambiente.
Fonte: Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999. Disponível em:
<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/imagens/residuos/aterro.gif>. Acesso em 01 maio 2009.
19
Segundo o documento Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
(BRASIL, 2001), um aterro sanitário deve ter as seguintes características:
célula de segurança em terreno adequadamente impermeabilizado, a fim de
evitar a contaminação do solo e, em particular, do lençol freático;
ambiente totalmente cercado (altura mínima de 2,5 metros) e vigiado 24 horas
por dia para evitar a entrada de pessoas não autorizadas;
dispor de um sistema de coleta e tratamento das águas de lixiviação antes de
seu lançamento;
dispor de sistema adequado de captação de gases produzidos e posterior
liberação na atmosfera;
dispor de sistema de proteção das águas subterrâneas;
dispor de sistema de drenagem de águas pluviais;
dispor de sistema de monitorização do lençol freático e do tratamento de
líquidos percolados.
2.3.6 Vala Séptica para Resíduos de Saúde
As valas sépticas são lulas especias para a deposição dos RSS. Recebem
impermeabilização do solo de acordo normas da ABNT. A Figura 2-4 mostra uma
vala, que é escavada impermeabilizada, com profundidade e largura dimensionadas
na proporção de lixo a ser recebida. Entende-se aqui por RSS também a deposição
de carcaças de animais.
No Brasil, as valas sépticas são indicadas “como uma das técnicas de
engenharia para aterramento de resíduos biológicos dos estabelecimentos de
saúde” (BRASIL, 2001). Segundo informações do Ministério da Saúde (BRASIL,
2001), “uma característica importante dessa técnica de disposição final é a sua
utilização por pequenos municípios brasileiros, principalmente, por ser considerada
uma alternativa simples e econômica”. É também indicada para pequenos volumes
de RSS com características infectantes. Porém, valas sépticas requerem eficiência
no processo de segregação dos resíduos biológicos pelas fontes geradoras, pois
20
devem sempre trabalhar com quantidades reduzidas de RSS a serem confinados.
Figura 2-4: imagem de uma vala séptica usada como disposição final de RSS
Fonte: Lopes (2006)
Porém, de acordo com o Ministério da Saúde, para a construção e
implantação do funcionamento de uma vala séptica, os municípios devem estar
atentos a três fatores considerados essenciais para o bom funcionamento desta
técnica de destinação final:
localização e critérios rígidos para escolha do local,
avaliação dos aspectos operacionais,
infraestrutura básica para operação do recurso.
A seguir, as instruções repassadas pelo manual de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde do Ministério da Saúde orienta, em detalhes, esses
três critérios e explora as variáveis que devem ser consideradas:
Critérios para Localização
Aspectos ambientais e urbanísticos devem ser levados em conta para a
escolha da área onde será implantada a vala séptica. “Características como tipo de
solo, profundidade do lençol freático e seu uso são elementos decisivos nessa
avaliação” (BRASIL, 2001). Na seleção de áreas para implantação de valas sépticas,
21
as condições comumente observadas são (BRASIL, 2001):
estudo da região, com preferência por terrenos altos e secos não sujeitos a
inundações ou enxurradas;
topografia plana ou pouco acidentada;
evitar áreas com lençol freático aflorante ou muito próximo da superfície;
preferência por áreas que apresentem solos argilosos ou terreno pouco
permeável.
Aspectos Operacionais
Na parte operacional, os critérios mínimos considerados são (BRASIL, 2001):
a disposição dos resíduos (acondicionados em sacos plásticos) nas
valas
deve ser realizada sem compactação para evitar o rompimento dos sacos;
após o preenchimento total das valas, deve ser feito o seu recobrimento com
uma camada de regularizão de 60 cm de solo (material deixado ao lado no
momento da escavação). Fazer uma superfície curva na cobertura final, de
forma a facilitar o escoamento das águas pluviais;
demarcar as valas com estacas permanentes e identificá-las para evitar
novas escavações no local;
manter registro das datas de abertura e fechamento das valas e também do
volume depositado na área.
Infraestrutura Básica para Valas Sépticas
A infraestrutura básica para valas sépticas consiste em (BRASIL, 2001):
área totalmente cercada;
vigilância para controle do acesso;
acesso facilitado às frentes de confinamento, podendo ser usado cascalho
para pavimentação;
sinalização na entrada e cerca com placas indicativas de perigo;
iluminação e abastecimento de água;
instalação de apoio para que no mínimo sejam realizadas alimentação,
higiene pessoal e lavagem de utensílios pela equipe operacional.
22
2.3.7 Inventário da CETESB
Como forma de controlar e monitorar a situação da destinação final dos
resíduos lidos, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico (CETESB),
órgão fiscalizador do Governo do Estado de São Paulo, realiza um inventário
estadual dos resíduos sólidos em todos os municípios paulistas, permitindo a
exigência de soluções conjuntas ou individuais (CETESB, 2007).
A partir de inspeções realizadas por técnicos das Agências Ambientais com
aplicação de formulários padronizados, é construído o Índice de Qualidade de Aterro
de Resíduos (IQR), que levam em consideração as condições encontradas em cada
município, possibilitando análises comparativas.
Ainda segundo a CETESB, os
critérios utilizados para compor os índices que
avaliam as instalações respondem a uma pontuação que varia de 0 a 10, conforme
detalhado na Tabela 2-1.
Tabela 2-1: Enquadramento das Instalações de Destinação Final de Lixo em Função dos
Valores de IQR.
IQR Enquadramento
0,0 < IQR < 6,0 Condições Inadequadas (I)
6,0 < IQR < 8,0 Condições Controladas (C)
8,0 < IQR < 10,0 Condições Adequadas (A)
Fonte: CETESB, (2007.) Disponível em:< http://www.ecolnews.com.br/ANALISAR/inventario-
Cetesb.htm> Acesso em 20 de dezembro de 2008.
As quantidades de resíduos geradas nos municípios foram calculadas
considerando-se índices de produção per capita, obtidos pela CETESB em
pesagens realizadas em inúmeros municípios do Estado, aplicados à população
urbana de cada cidade. A Tabela 2-2 resume os índices utilizados.
23
Tabela 2-2: Valores de Coeficiente Per Capita de Produção de Resíduos Sólidos
Domiciliares em Função da População Urbana.
POPULAÇÃO (mil hab)
PRODUÇÃO DE LIXO (kg/hab.dia)
Até 100
0,4
100 a 200
0,5
200 a 500
0,6
Maior que 500
0,7
Fonte: CETESB (2007). Disponível em:< http://www.ecolnews.com.br/ANALISAR/inventario-
Cetesb.htm> Acesso em 20 de dezembro de 2008.
Ressalta-se que existe a possibilidade de divergências para municípios que
efetuam suas pesagens periódicas. Tais diferenças podem ser atribuídas as
características de cada município, podendo inclusive divergir caso o município
possua um sistema eficiente de coleta seletiva e conscientização de não geração
de resíduos
.
A Figura 2-5 demonstra, através da aplicação do IQR conceituado na Tabela
2-1, a evolução do IQR médio no Estado de São Paulo, no período compreendido
entre 1997 e 2005, segundo dados secundários fornecidos e disponibilizados no
Inventário Anual da CETESB.
24
Figura 2-5:
Evolução do IQR médio no Estado de São Paulo – Período de 1997 a 2005.
Fonte: CETESB (2005). Disponível em:< http://www.ecolnews.com.br/ANALISAR/inventario-
Cetesb.htm> Acesso em 20 de dezembro de 2008.
Enfatiza-se aqui, que a responsabilidade do Poder Público fica reduzida
apenas à gestão dos resíduos provenientes dos domicílios, os comerciais e os
públicos. Os demais tipos de resíduos ficam sob a responsabilidade de seus
geradores.
2.3.8 Classificação geral dos resíduos
A Tabela 2-3 apresenta uma classificação geral dos diversos resíduos
existentes, que são agrupados de acordo com suas características. Esses resíduos
seguem normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), resoluções
do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), portarias da ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), além de normas e decretos federais específicos
que serão explicitados no capítulo seguinte.
25
Tabela 2-3: Classificação dos resíduos
CLASSIFICAÇÃO
DE ACORDO COM CARACTERIZAÇÃO
a) dos resíduos
O seu estado físico
Sólido
Líquido
Gasoso
Pastoso
b) dos resíduos sólidos
O seu lugar de geração
Resíduos urbanos: aqueles gerados em aglomerados
urbanos
Resíduos rurais: aqueles gerados no campo, fora dos
limites da cidade
c) dos resíduos sólidos
urbanos
A sua periculosidade
a) resíduos classe I Perigosos: apresentam risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, caracterizando-
se por ter uma ou mais das seguintes propriedades:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade
e patogenicidade.
b) resíduos classe II – Não perigosos:
resíduos classe II A Não inertes: podem
apresentar propriedades como combustibilidade ou
solubilidade, porém não se enquadram como resíduos
Classe I
resíduos classe II B Inertes: não tem nenhum
dos seus constituintes (inertes) solubilizados em
concentrações superiores aos padrões de potabilidade
da água
A sua umidade
Seco
Molhado
A sua origem
Domiciliar
Comercial
Público
Serviços de Saúde
Serviços em terminais
Industrial
Construção e demolição
O seu aspecto econômico
Resíduos aproveitáveis
Resíduos para a produção de compostos (resíduos
orgânicos em geral)
Resíduos recuperáveis
Resíduos inaproveitáveis (resíduos inorgânicos em
geral)
O seu grau de
biodegradabilidade
Facilmente degradáveis: matéria orgânica putrecível,
como restos de comida
Moderadamente degradáveis: trapos, couro, borracha
e madeira
Não degradáveis: vidros, plásticos e metais, entre
outros
Fonte: Adaptado de ANGELIS NETO (1999).
26
A Tabela acima demonstrada sofreu alteração de sua fonte original, no que se
refere a atualização quanto à periculosidade dos resíduos.
O foco desta pesquisa centrará a discussão nos Resíduos de Serviços de
Saúde (RSS) e versará sobre a problemática contemporânea de sua forma de
destinação final em aterros e lixões e seus impactos, buscando discutir alternativas
viáveis sob o ponto de vista da gestão.
2.4 Resíduos de Serviços de Saúde - RSS
O conceito de resíduos específicos produzidos pelos serviços de saúde passa
por um conceito ainda muito usado: lixo hospitalar. É comum na literatura que abre a
área de pesquisa a respeito dos resíduos de saúde encontrar como primeira
definição o lixo produzido por unidades hospitalares, ou melhor, pelas atividades de
um hospital.
O que separa esse dos outros resíduos, certamente, é a sua característica
infectante, a mais perceptível entre as várias vinculadas aos resíduos produzidos em
unidades prestadoras de serviços hospitalares. O aspecto sanitário, conforme
destaca Barata (1959) num dos primeiros estudos da área no Brasil, é fundamental
para estabelecer este primeiro divisor entre os Resíduos Sólidos Urbanos em geral e
os Resíduos de Serviços de Saúde. O autor revela, na época, uma primeira
classificação do lixo hospitalar: médicos cirúrgicos, alimentares e ciscos. Destaca
ainda, entre esse tipo de resíduo, os produzidos por unidades de isolamento, que
exigem ainda mais cuidados em todo o seu processo de segregação até a
destinação final.
Porém, numa definição mais clara, Akutsu (1992) expõe que o lixo hospitalar
precisou ser tratado de forma mais abrangente e cuidadosa, passando a ser
chamado de RSS justamente porque engloba “todos os elementos e materiais
rejeitados ou descartados dos processos, operações e procedimentos relacionados
aos ramos da medicida, farmácia, enfermagem e área de atuação congêneres”
(Apud SIMONELLI, 2003). Tal definição inclui os resíduos das atividades de
prevenção, diagnóstico, controle e tratamento de doenças.
Tomando como referencial esta definição, é possível afirmar que os RSS
ganharam amplitude, alterando suas características presentes na definição de lixo
27
hospitalar, devido à prática da saúde pública e/ou privada que foi ampliada,
segmentada e tornou-se mais complexa e até sofisticada. Hoje em dia, a definição
de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) pode ser apresentada de duas formas:
conceitual e legal.
A conceitual, que envolve a própria composição de tais resíduos e a legal,
aquela que permite criar um divisor entre os resíduos sólidos urbanos e os
específicos produzidos pelas ações dos Serviços de Saúde.
A primeira definição de RSS, a conceitual, expõe que estes são resíduos
gerados por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial,
farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa médica. Essas últimas, as
instituições, podem ser tanto aquelas que atendem às populações humanas quanto
as veterinárias. Por serem especificamente produzidos por tais geradores, os RSS
podem ser considerados uma parcela menor do total de resíduos produzidos numa
comunidade, porém, pelas suas características, são fontes de propagação e
disseminação de doenças variadas, além de expor os profissionais da coleta a
constantes riscos em relação à saúde. Representam também riscos a toda
população, pois são vetores de uma ampla gama de doenças.
Esta pesquisa focará apenas os principais geradores que são
estabelecimentos em comum dos muncípios pesquisados. Para um melhor
entendimento dos tipos de geradores encontrados, serão utilizadas as definições do
próprio governo, extraídas do manual prático para elaboração de projetos de UBS
(SAUDE.ES.GOV).
AMBULATÓRIO - unidade destinada à prestação de assistência em regime de
não internação.
CENTRO DE SAÚDE/UNIDADE SICA DE SAÚDE: unidade para realização
de atendimento de atenção sica e integral a uma população de forma
programada ou não nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência
odontológica e de outros profissionais de nível superior. A assistência deve ser
permanente e prestada por médico generalista ou especialista nestas áreas.
CONSULTÓRIO: sala isolada destinada à prestação de assistência médica ou
odontológica ou de outros profissionais de saúde de nível superior.
28
POSTO DE SAÚDE: unidade destinada a prestação de assistência a uma
determinada população de forma programada ou não, por profissional de nível
médio, com a presença intermitente ou não do profissional médico.
A definição legal dos RSS envolve a própria gestão adotada pelos órgãos que
tem como responsabilidade fiscalizar, coletar, segregar e dar a destinação final dos
resíduos. No Brasil, a gestão dos RSS tem como referencial legal a Resolução 5
do CONAMA (BRASIL, 1993). Essa resolução atribui responsabilidades específicas
aos vários segmentos envolvidos como geradores, autoridades sanitárias e
ambientais. Também estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos
para o gerenciamento dos RSS. Em seu texto, classifica os resíduos segundo seus
riscos, da seguinte forma:
Grupo A: resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente
devido à presença de agentes biológicos;
Grupo B: resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente
devido as suas características físicas, químicas e físico-químicas;
Grupo C: resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos;
Grupo D: todos os demais resíduos que não se enquadram nos grupos descritos
anteriormente.
2.4.1 Classificação e legislação
A Norma específica elaborada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), que trata da classificação de resíduos de serviços de saúde (NBR
12808/93), é na verdade, derivada de uma norma anterior. A Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) havia publicado a NBR 10004/87 sobre a
classificação de resíduos sólidos e englobava na mesma norma os resíduos sólidos
urbanos e os de saúde. Esta norma faz parte de um compêndio que foi revisado
aonde:
• NBR 10004/04 – Classificação.
• NBR 10005/04 – Obtenção de Lixiviado.
• NBR 10006/04 – Obtenção de Solubilizado.
• NBR 10007/04 – Amostragem.
29
Porém, as características próprias dos RSS precisaram de estudos
dedicados que levassem a uma gestão responsável e que determinasse
padronização do manuseio, segregação até a disposição final dos RSS.
A Resolução 5 do CONAMA separa os RSS em grupos segundo a sua
periculosidade. Já a norma ABNT define que todos os resíduos produzidos por
unidades de serviços de saúde são, sem exceção, de Classe I - Perigosos.
A partir da década de 80, em especial, as normas e regulamentações foram
criadas por várias instituições responsáveis tanto pelas normatizações como pela
criação de leis que classificam e oferecem os caminhos legais para que os Resíduos
de Serviços de Saúde sejam gerenciados com responsabilidade e com mínimos
impactos para a saúde coletiva e o meio ambiente.
Na Tabela 2-4 são listadas as normas cnicas brasileiras apropriadas para a
discussão do tema principal deste trabalho, direta ou indiretamente, uma vez que
nem todas tratam especificamente só dos RSS.
Tabela 2-4:
Normas ABNT relacionadas aos RSS.
Normas da ABNT de caráter geral
NBR 7500/87 - Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento
de materiais
• NBR 9190/93 - Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Classificação
• NBR 9191/93 - Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Especificação
• NBR 10004/87- Resíduos sólidos - Classificação
• NBR 13463/95 - Coleta de resíduos sólidos - Classificação
• PEB 558 - Recipientes padronizados para lixo
Normas da ABNT relacionadas aos RSS
• NBR 12807/93 - Reduos de serviços da saúde - Terminologia
• NBR 12808/93 - Reduos de serviços da saúde - Classificação
• NBR 12809/93 - Manuseio de resíduos de serviços da saúde - Procedimento
• NBR 12810/93 - Coleta de resíduos de serviços da saúde - Procedimento
NBR 13853/97 - Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou
cortantes. - Requisitos e método de ensaio.
Fonte: Anvisa
30
A Tabela 2-5 complementa a tabela 2-4 com as normas que serão discutidas
e apresentadas no decorrer do desenvolvimento desta pesquisa.
Tabela 2-5: Outras normas pertinentes.
NORMA *IPT - NEA 55 - Recipiente para resíduos de serviços de saúde,
perfurantes ou cortantes.
NORMA *IPT - NEA 73 - Recipiente para resíduo não perfurante - Alça de
embalagem.
NORMA TÉCNICA COPASA - T.187/0 - Lançamento de efluentes líquidos de
indústria na rede pública coletora de esgotos.
***CNEN-NE-6.05, de nov./85 - Gerência de rejeitos radioativos em instalações
radioativas.
Fonte: Anvisa
* IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
** CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear
2.4.2 Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde
A classificação dos resíduos tem como base, separá-los conforme suas
características tanto físicas quanto de origem e forma de produção. “Dessa maneira,
tem-se condições de definir estratégias de gerenciamento que visem a preservação
da saúde ocupacional, pública e ambiental”, revela Cussiol (2000).
As classificações são muitas e provenientes de diferentes países. Porém,
para efeito neste trabalho, torna-se necessário concentrar as atenções nas normas
brasileiras, classificações elaboradas pela ABNT e do CONAMA, além das mais
discutidas na atualidade, como as da Organização Mundial da Saúde, e a norma
americana, onde encontram-se as classificações da Environmental Protection
Agency (EPA).
Na sequência, as principais classificações pertinentes ao objeto de pesquisa
do presente trabalho.
2.4.3 ANVISA Resolução RDC 33/03
31
• Classe A - Resíduos infectantes
É todo aquele que por sua característica de maior virulência, infectividade e
concentração de patógenos apresenta risco potencial adicional à saúde pública.
Esses resíduos são subdivididos ainda nos seguintes tipos:
A1 Biológico: cultura, inóculo, mistura de microrganismos e meio de
cultura inoculado proveniente de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina
vencida ou inutilizada, filtro de gases aspirados de áreas contaminadas
por agentes infectantes e qualquer resíduo contaminado por esses
materiais.
A2 Sangue e hemoderivados: bolsa de sangue após transfusão, com
prazo de validade vencido ou sorologia positiva, amostra de sangue para
análise, soro, plasma e outros subprodutos.
A3 Cirúrgico, anatomopatológico e exsudato: tecido, órgão, feto, peça
anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia,
necrópsia e resíduos contaminados por esses materiais.
A4 Perfurante ou cortante: agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e
vidro.
A5 Animal contaminado: carcaça ou parte de animal inoculado exposto
aos microrganismos patogênicos ou portador de doença
infectocontagiosa, bem como resíduos que tenham estado em contato
com esse.
A6 Assistência ao paciente: secreções, excreções e demais líquidos
orgânicos procedentes de pacientes, resíduos contaminados por estes
materiais, inclusive restos de refeições.
É obrigatória a autoclavagem dos resíduos A1 e A2, antes do descarte.
• Classe B - Resíduo especial
É aquele que, devido ao potencial de risco associado à sua natureza química,
requer cuidados especiais de manuseio e tratamento. Pode ser dos seguintes tipos:
B1 Rejeito radioativo: material radioativo ou contaminado com
radionuclídeos proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de
32
medicina nuclear e radioterapia, conforme Resolução CNEN-NE-6.05.1
B2 Resíduo farmacêutico: medicamento vencido, contaminado,
interditado ou não utilizado.
B3 Resíduo químico perigoso: resíduo xico, corrosivo, inflamável,
explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico, conforme NBR 10004.
• Classe C - Resíduo comum
São todos aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que, por sua
semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública.
Por exemplo, os resíduos da atividade administrativa, dos serviços de varrição e
limpeza de jardins e restos alimentares que não entraram em contato com pacientes.
2.4.4 Classificação do CONAMA 05/93 e 283/01
Grupo A
São aqueles resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao
meio ambiente, devido a presença de agentes biológicos. Enquadram-se neste
grupo, dentre outros: sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação,
bem como os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções,
secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças
anatômicas; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de
área de isolamento; restos alimentares de unidade de isolamento; resíduos de
laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial;
resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a
bordo dos meios de transporte. O grupo inclui ainda os objetos perfurocortantes tais
como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes e vidros quebrados, dentre
outros materiais provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de
saúde.
Grupo B
Resíduos que, devido às suas características químicas, apresentam risco
potencial à saúde pública e ao meio ambiente. Enquadram-se neste grupo, dentre
33
outros:
drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados;
resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados,
interditados ou não utilizados);
demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR
10004 da ABNT (produtos tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
Grupo C
Enquadram-se neste grupo, os materiais radioativos ou contaminados com
radionuclídeos provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de
medicina nuclear e radioterapia, segundo Resolução CNEN-NE-6.05.
• Grupo D - Resíduos comuns
São todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos
anteriormente.
2.4.5 Classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS)
A OMS classifica em oito categorias os resíduos de serviços de saúde
segundo CENTRO PANAMERICANO DE INGENERIA SANITÁRIA Y CIENCIAS
DEL AMBIENTE (CEPIS, 1972).
Resíduo geral - são os resíduos não perigosos similares, por sua
natureza, aos resíduos domésticos.
Resíduos patológicos - tecidos, órgãos, partes do corpo, fetos humanos e
carcaças de animais, assim como sangue e fluidos corporais.
Rejeitos radioativos - sólidos, líquidos e gases de procedimentos de
análises radiológicas, como os testes para a localização de tumores.
Resíduos químicos perigosos e não perigosos - incluem os resíduos
perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos ou genotóxicos) e não
perigosos.
Resíduos infecciosos - dejetos que contém agentes patogênicos em
quantidade suficiente para representar uma ameaça séria, como culturas
34
de laboratórios, resíduos de cirurgia e autópsias de pacientes com
doenças infecciosas, dejetos de pacientes de salas de isolamento ou da
unidade de diálise e resíduos associados a animais infectados.
Resíduos perfurocortantes - qualquer artigo que poderia causar corte ou
punção (especialmente agulhas ou navalhas).
Resíduos farmacêuticos - resíduos da indústria farmacêutica,
medicamentos com vazamento, vencidos ou contaminados e recipientes
para substâncias mantidas sob pressão (tubos de aerossol).
Embalagens pressurizadas.
2.4.6 Outras Classificações
Classificação americana
Segundo Cussiol (2000), nos Estados Unidos não existe apenas uma
regulamentação que classifica de maneira uniforme os RSS. Por possuir diversos
regulamentadores, cada um cria uma norma de acordo com a sua função. A
Environmental Protection Agency (EPA) regulamenta as relações dos resíduos com
proteção do meio ambiente. o Center for Disease Control (CDC) classifica os
tipos de resíduos infectantes específicos de pacientes com aids e com a função de
prevenir a transmissão do Human Immunodeficiency Virus (HIV) e Hepatitis B Virus
(HBV). (CENTER FOR DISEASE CONTROL, 1987, 1989; U.S. ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY, 1986, 1989, citados por REINHARDT, 1996).
Classificação da Environmental Protection Agency (EPA)
Meios de cultura e amostras armazenadas.
Resíduos patológicos.
Sangue humano e hemoderivados.
Perfurocortantes contaminados.
Resíduos de animais contaminados.
Resíduos de isolamento.
Resíduos perfurocortantes não usados.
35
Ainda com relação à classificação dos resíduos pela EPA, observações
relevantes (CUSSIOL, 2000):
Consideram-se as misturas dos resíduos supracitados também resíduos
sólidos médicos.
Os resíduos médicos de casas particulares não se incluem no
regulamento.
As cinzas provenientes da incineração de resíduos não são consideradas
resíduos médicos.
Excluem-se os resíduos perigosos definidos na Parte 261 do código de
regulamentação federal da EPA.
Os resíduos de processos de tratamento dos dejetos sólidos médicos
também não são considerados como tais.
As carcaças ou restos de partes anatômicas também não são
consideradas RSS quando vão ser enterradas ou cremadas.
2.5 Gestão dos Resíduos de Serviços de Saúde
Todas as classificações e a legislação anteriormente apresentadas foram
desenvolvidas com a intenção de controlar uma situação. As alterações geram
impacto na prática da gestão dos resíduos. Foram criadas para que a sociedade, e
seus recursos, pudesse funcionar a contento, minimizando os impactos negativos
que as ações das unidades de serviços de saúde possuem ao gerar resíduos sólidos
normais e, em especial, os específicos dos serviços de saúde.
A partir destas classificações e da legislação pertinentes, surge um
movimento dos gestores das unidades produtoras, que visam cumprir,
obrigatoriamente, tais regulamentações impostas. Esses movimentos coordenados,
que m como objetivo cumprir as normas e dar o destino adequado aos RSS,
denominando-os de Gestão dos Resíduos de Serviços de Saúde.
As tarefas principais dos gestores é ter recursos humanos, técnicos e físicos
para cumprir tarefas específicas que levem ao cumprimento correto das normas
estabelecidas no país. Em geral, o papel da gestão é promover ações, e em termos
36
de Resíduos de Serviços de Saúde, pode-se considerar como principais as
atividades de segregação, acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento e
por fim o tratamento, com a devida destinação final. Cada etapa tem seu papel, sua
importância e será devidamente explicada.
2.5.1 Segregação
A NBR 12807/93 define a segregação como “operação de separação de
resíduos no momento da geração, em função de uma classificação previamente
adotada para estes resíduos”. Essa etapa pode ser considerada uma das mais
importantes, pois caracteriza o início das ações relacionadas à gestão dos resíduos.
Toda a classificação vista anteriormente perde efeito se não for devidamente
aplicada à segregação, que promoverá a devida e correta separação do que é e o
que não é RSS.
Importante ressaltar que o crescimento dos RSS possuem uma origem
detectada – a descartabilidade. As unidades de serviços de saúde, públicas ou
privadas, sempre produziram resíduos com características próprias. O aspecto
sanitário desses resíduos são claramente detectáveis. Porém, a partir da fabricação,
disseminação e consumo frequente de instrumentos, utensílios e objetos
comumente usados na prestação dos serviços de saúde para uso único, surge o que
podemos chamar de “fenômeno da descartabilidade”.
Segundo Naime, Santos e Garcia (2004) destacam este fenômeno como “o
responsável pelo aumento do volume de resíduos em estabelecimentos de saúde,
determinando que as ações sejam implementadas no sentido de haver uma
segregação na origem da geração”. Os autores explicam que o produto decorrente
da mistura de resíduos perigosos e não perigosos faz com que todos se tornem da
mesma categoria: perigosos. “A escassez de recursos humanos capacitados para
gerenciar problemas ambientais decorrentes de programas inadequados ou até
mesmo inexistentes quanto ao manejo de resíduos lidos, é uma realidade nos
serviços de saúde”, destacam.
Neste ponto reside o primeiro problema dos resíduos de serviços de saúde,
com referência à segregação: recurso humanos treinados e habilitados para lidar
37
com os RSS. Além de ser uma ação que envolve riscos, é necessário que
instituições que produzam RSS possuam treinamento, formas adequadas de
segregação e tudo isso envolve a elaboração de um Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
Com relação aos recursos humanos, Formaggia (1995) sugere que os
profissionais deveriam se preocupar com os resíduos gerados por suas atividades,
porém, é fato que para tais atitudes é preciso formação, treinamento e constante
atualização. Uma segregação eficiente envolve pessoas que conheçam e pratiquem
ações corretas e, para tanto, é preciso ter um subsídio importante também na área
de RSS: informação. Isso porque segundo a Resolução CONAMA 05/1993 quando
a segregação correta não é realizada, os resíduos comuns (grupo D) que poderiam
ser tratados como resíduos domiciliares podem ser contaminados pelos resíduos
infectantes (grupo A), e passam a merecer o mesmo gerenciamento. Resultado:
aumento do volume de RSS e de investimentos no tratamento e disposição final dos
mesmos.
O que torna a colocação acima preocupante é a constatação como pesquisas
científicas como a realizada no Hospital das Clínicas em Porto Alegre, no ano de
2005 onde concluiu-se através dos dados obtidos que “mais da metade dos
profissionais que participaram do estudo, independente do cargo, não sabem o que
são resíduos”, revelando assim que “os programas de sensibilização e
esclarecimentos ainda não são abrangentes” (NAIME, RAMALHO, NAIME, 2008).
Para Takayanagui (1993) os principais objetivos para realizar a segregação
são:
(1) minimização dos resíduos gerados;
(2) permitir o manuseio, tratamento e disposição final, adequados para cada
categoria de resíduos;
(3) minimizar os custos empregados no tratamento dos resíduos;
(4) evitar a contaminação de uma grande massa de resíduos por uma
pequena quantidade perigosa;
(5) priorizar medidas de segurança onde são realmente urgentes e
necessárias;
(6) separar os resíduos perfurocortantes, evitando acidentes em seu manejo,
38
(7) comercializar os resíduos recicláveis.
Segundo Leitão (2007), o gerenciamento inadequado dos Resíduos de
Serviços de Saúde é um dos principais responsáveis pelos acidentes que ocorrem
durante o trabalho de segregação. Segundo relatório do Ministério da Saúde, o
gerenciamento feito de forma incorreta provoca uma série de problemas, entre eles,
podemos destacar (BRASIL, 2001):
separação inadequada ou mesmo inexistente dos resíduos perigosos
(com risco biológico ou com risco químico);
mistura dos resíduos do tipo B (químicos) com os resíduos do tipo D
(comuns, isto é, aqueles com características domésticas) promovem a
contaminação desses, aumentando a quantidade de material
contaminado;
segregação inadequada dos materiais perfurocortantes (tipo E), sem
utilização de proteção mecânica para evitar acidentes (responsável pela
maior quantidade de lesões em estabelecimentos de saúde);
lançamento de resíduos de serviços de saúde em lixões ou nos mesmos
lugares dos resíduos domésticos, acarretando riscos de lesão nos
catadores, assim como a contaminação do meio ambiente próximo.
O relatório indica que “para um gerenciamento eficiente de RSS é
fundamental que todas as pessoas (médicos, farmacêuticos, enfermeiros,
atendentes, pessoal administrativo, motoristas etc.) que trabalham no
estabelecimento de saúde conheçam os riscos associados às suas atividades”. O
documento ainda indica que tais pessoas devem ter “responsabilidades claras e
sejam capacitadas para realização dos procedimentos relacionados com o manejo
dos resíduos” (BRASIL, 2001 apud LEITÃO, 2007).
Embora não tenham sido encontrados dados consistentes sobre a realidade
dos acidentes ocupacionais envolvendo os RSS no Brasil, uma pesquisa realizada
em um hospistal tailandês, incluindo trabalhadores da lavanderia, limpeza, recepção
e almoxarifado foi constatado um índice onde 61% destes funcionários haviam se
39
acidentado com perfurocontantes no período de um ano, mas apenas 25,4% haviam
comunicado o acidente. A maioria ocorreu com funcionários da parte da limpeza,
devido aos materiais perfurocortantes estarem dispostos de forma inadequada pela
equipe clínica (GARCIA, ZANETI-RAMOS, 2004).
Figueiredo e Dias (1997) apud Dias e Figueiredo (1999), em seu trabalho
científico de investigação em 60 unidades diversificadas de gerados de RSS
concluiu que “uma verdadeira exposição da falta de conhecimento e
sensibilização para com as questões ambientais e de saúde pública”. Afirmando
ainda que além deste desconhecimento causado pela falta de instrução técnica, por
parte também dos auxiliares de limpeza, “há também descompromisso com o
serviço, comprometendo a qualidade em detrimento da higiene e segurança no
processamento de rejeitos”.
A segregação, assim, revela-se como uma das etapas mais importantes de
todo o processo de gerenciamento e, no caso brasileiro, ela é regulamentada como
uma responsabilidade dos estabelecimentos de saúde. A legislação que
regulamenta essa ação e confirma essa responsabilidade é a Resolução CONAMA
358, de 29 de abril de 2005, em seu parágrafo 3º. A resolução é categórica ao
estabelecer que a responsabilidade sobre os RSS “é da fonte geradora em todas as
etapas, tais como a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final, mesmo
que algumas dessas atividades sejam realizadas por terceiros” (LEITÃO, 2007).
Desta forma, para que haja segregação correta, com base nos preceitos
legais e nas regulamentações, é preciso que toda instituição produtora de RSS
implemente um PGRSS, inclusive como ação preventiva, que segundo Leitão, é uma
forma “reconhecidamente mais eficiente e menos dispendiosa do que qualquer ação
corretiva. Como ação preventiva, o PGRSS minimiza os danos à saúde blica ou
ao meio ambiente”.
2.5.2 Acondicionamento, coleta, transporte e armazenamento
Após a segregação é que as ações de gerenciamento dos resíduos de
serviços de saúde podem ser colocadas em operação. A segregação permitiu que o
lixo hospitalar, contaminado, fosse devidamente separado dos demais tipos de
40
resíduos e, assim, esse processo inicial dispara uma série de outros. A próxima
etapa é acondicionar devidamente os resíduos segregados. E, para essa ação, é
preciso ter conhecimento do código de cores especificado na Resolução CONAMA
275 de 25 de abril de 2001, que estabelece cores para os recipientes onde cada
tipo de resíduo será acondicionado, na seguinte escala:
AZUL - Papéis/papelão;
AMARELO – Metais;
VERDE – Vidros;
VERMELHO – Plásticos;
PRETO – Madeira;
MARROM – Resíduos orgânicos;
LARANJA – Resíduos perigosos;
BRANCO – Resíduos de serviço de saúde;
ROXO – Resíduos radioativos;
CINZA Resíduos não recicláveis ou misturados, o possíveis de
separações.
O acondicionamento consiste no ato de embalar os resíduos segregados em
embalagens e/ou sacos plásticos impermeáveis, contidos por recipientes de material
lavável, resistente à punctura, ruptura e ao vazamento, com tampa provida de
sistema de abertura, sem contato manual, com canos arredondados e ser resistente
ao tombamento, identificados de acordo com o seu grupo. Os sacos plásticos devem
ser fechados ou lacrados e identificados de acordo com o grupo de resíduos nele
acondicionado (NBR 9191, da ABNT).
Coleta e transporte são atividades subsequentes ao acondicionamento e
devem ser feitas sempre de forma exclusiva, no caso dos RSS. Isso quer dizer que
tanto a equipe de coleta como a forma de transporte para os resíduos de serviços de
saúde devem ser únicos, destinados apenas para esse fim. É incorreto instituições
que produzem lixo hospitalar usar o mesmo sistema de coleta e transporte do lixo
comum para os resíduos especiais produzidos pela prestação de serviço de saúde.
Inclusive, conforme destaca Naime, Sartor e Garcia (2004), “quando necessária uma
área de armazenamento temporário, esta deverá atender aos seguintes padrões”:
41
a sala para guarda de recipientes de transporte interno de resíduos,
possuir paredes e pisos impermeáveis, laváveis com drenagem sifonadas;
ter suprimento de água corrente, para permitir a lavagem com jato de
água;
ter fácil acesso para o pessoal que maneja os recipientes e carros
coletores externos;
possuir porta que possa ser trancada, para evitar o acesso de pessoas
não autorizadas;
ter boa ventilação e ser protegida do sol;
ser armazenado de forma ordenada, com separação dos tipos de
resíduos;
impedir a entrada de animais, insetos e pássaros;
estar distante da área que tenha alimentos estocados e das áreas de
preparação dos mesmos;
ter os recipientes fechados e arrumados em toda a área;
não ser usada para armazenar qualquer outro material que não seja
resíduo.
Assim, uma primeira parte do ciclo de destinação do Resíduo dos Serviços de
Saúde é cumprida. Porém, tão importante quando essa primeira é dar um destino
final ao lixo, uma vez que ele é, por essência, um gerador de outros problemas, de
aspecto sanitário e de saúde pública. E a finalização do processo se dá pelo
tratamento e a destinação final dos resíduos.
2.5.3 Tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)
A definição de tratamento refere-se à aplicação de método, técnica ou
processo que leve à redução ou eliminação do risco de causar doença. Assim,
apesar da simplicidade do conceito, o trabalho de tratar os RSS é complexo, pois
envolve a descontaminação dos resíduos por meios físicos ou químicos, “realizado
em condições de segurança e eficácia comprovada, no local de geração, a fim de
modificar as características químicas, físicas ou biológicas dos resíduos e promover
42
a redução, a eliminação ou a neutralização dos agentes nocivos à saúde” (BRASIL,
2001). Todos os sistemas para tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde
necessitam obrigatoriamente de licenciamento ambiental, conforme estabelece a
Resolução CONAMA 237/1997 e são passíveis de fiscalização e de controle
pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.
Gandola (1997) afirma que os processos de tratamento dos RSS se
subdividem em dois tipos (apud BRASIL, 2001):
tratamento “parcial” ou esterilizante é aquele realizado antes do
encaminhamento dos RSS para outra instalação de tratamento. A massa e
as propriedades físico-químicas não são fundamentalmente modificadas;
Os tratamentos “parciais”, atualmente existentes no mercado, são
geralmente autoclavagem, tratamentos químicos, irradiação e micro-
ondas.
tratamento “completo” (inertização físico-química) é aquele realizado com
o objetivo de permitir a disposição final no meio ambiente de maneira
segura. Os tratamentos “completos” existentes atualmente no mercado
são geralmente do tipo térmico e alcançam temperaturas entre 800ºC e
1.200ºC. Nessa categoria estão o incinerador, o queimador elétrico e a
tocha de plasma. Normalmente, apenas os tratamentos “completos”
garantem a realização dos objetivos: esterilização do fluxo de saída (como
por exemplo sangue, restos da sala de cirurgia, etc). Em muitos casos, o
tratamento médico de pessoas com doenças infecciosas ou
potencialmente infectadas necessita de medidas concretas para evitar a
transmissão da infecção a outras pessoas; destruição de moléculas
altamente tóxicas e estabilização de elementos críticos (metais pesados
presentes no fluxo de saída, como por exemplo medicamentos vencidos
ou parcialmente utilizados, materiais contaminados com tais
medicamentos, etc). Alguns medicamentos utilizados para a cura de
doenças especiais, como produtos citostáticos para tratar tumores,
possuem substâncias ou elementos particularmente tóxicos ou perigosos;
destruição das moléculas responsáveis pelo efeito curativo dos
medicamentos geralmente presentes nos fluxos de saída (como
43
medicamentos vencidos ou parcialmente utilizados). Alguns medicamentos
como, por exemplo, antibióticos utilizados para a cura de doenças
especiais como a tuberculose, podem perder rapidamente a maior parte
de sua eficácia devido ao aparecimento de micro-organismos resistentes.
Há aplicações e recomendações para cada tipo de tratamento, pois nem
todos são adequados a todos os grupos de Resíduos de Serviços de Saúde. Cada
grupo em especial recebe o tratamento específico, como demostra a Tabela 2-6.
Tabela 2-6: Resumo dos métodos de tratamento e disposição final recomendados
segundo o grupo de RSS perigoso.
O tratamento, uma vez que faz parte de um Plano de Gerenciamento dos
Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), precisa ter uma série de objetivos e comparar
métodos é uma forma que os geradores possuem, atualmente, para encontrar a
melhor solução, de acordo com o tipo de resíduo gerado por cada unidade. Os
fatores que mais interferem na escolha do processo e modelo de tratamento
adequados são muitos e passam desde o resultado final do tratamento, o impacto
que possuem no meio ambiente e a questão do custo. Os principais fatores a serem
44
considerados são:
a) Redução do volume: o tratamento ideal do RSS nem sempre precisa
reduzí-lo de volume, dependendo do tipo de resíduo produzido. O Manual
de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do Ministério da
Saúde, indica que resíduos anatômicos não devem passar pelo autoclave,
tratamento químico, por micro-ondas e nem serem dispostos em aterro
sanitário. As razões são culturais e éticas. Salienta também que “é
desaconselhável a trituração preliminar, principalmente, de fetos.
Recomenda-se dispor em cemitério” (BRASIL, 2001).
b) Eficiência da desinfecção: outro fator analisado pelo Ministério da Saúde
como determinante da escolha do modelo de tratamento. Unidades que
produzem resíduos com alta concentração de material infeccioso precisam
procurar soluções que realmente anulem a possibilidade de seus resíduos
produzidos serem vetores de doenças.
c) Impacto ambiental: por uma série de preocupações da própria sociedade,
a busca por modelos que tenham um menor impacto ambiental é uma
constante. Quando tratado, não o resíduo como o processo de
tratamento são poluentes por natureza e, assim, dependendo da região e
das condições paralelas de disposição final dos RSS, o modelo de
tratamento deve ser escolhido com rigor.
d) Capacitação pessoal: cada método exige um conhecimento e um
treinamento específico. Alguns maiores, outros mais simples. Segundo a
Resolução RDC 33/2003 da ANVISA todo gerador de RSS deve
realizar programas de capacitação junto ao setor de recursos humanos
como parte do PGRSS. Isso deve ocorrer em fases distintas, desde o
período de admissão e durante a permanência do mesmo neste serviço
dedicado. É bom também que tais funcionários tenham dedicação
exclusiva a esse trabalho de tratamento, uma vez que pode ser envolvido
em todo processo. No Brasil, é comum também que os geradores
contratem empresas terceirizadas para desenvolver o tratamento, a
limpeza da unidade e tenham contato com funcionários das companhias
municipais de limpeza que manuseiam os Resíduos de Serviços de
45
Saúde. Por todos estarem expostos aos riscos inerentes da tarefa, esses
funcionários precisam ter informações precisas sobre o tema, além de
orientações sobre segurança básica para manuseio dos RSS. De acordo
com Ferreira & Anjos (2001) apud Garcia et al. (2004), a adoção do
modelo de terceirização e privatização dos serviços de limpeza urbana
pode ter um reflexo negativo na saúde dos trabalhadores, devido à
elevada rotatividade que inviabiliza programas de treinamento e
prevenção, resultando em um aumento do número de acidentes e na
deterioração dos padrões baixos de saúde desses trabalhadores
(GARCIA et al., 2004).
e) Capacidade de tratamento: as opções de tratamento para o volume de
RSS produzido pode ser uma das considerações a serem tomadas pelos
geradores. Nem todas as tecnologias dispõe de sistemas para grandes
volumes e, por outro lado, nem todas são adequadas a todo tipo de
resíduo. Assim, a equação capacidade x eficiência x volume de resíduos
produzidos deve ser sempre considerada.
f) Custos de investimento/equipamentos: todos os modelos possuem custos,
e não são baixos. A opção pelo tratamento é uma questão legal e, apesar
disso, muitos geradores, em função dos investimentos, acabam não
cumprindo as determinações constantes nas normas e misturam toda a
produção de RSS ao lixo normal. Se a unidade ou instituição é geradora
de RSS, ela deve somar às suas atividades mais esta e a mesma terá
custo, de acordo com o modelo de tratamento adotado. E isso envolve a
compra dos equipamentos e também a operação, e esse é outro
investimento importante.
g) Custo de operação: os Serviços de Saúde prestados por uma unidade de
saúde são a essência de sua existência. No caso das instituições
particulares, significam custos, mas são também, a razão do lucro. Porém,
inerentes às atividades, os RSS não trazem lucro e geram custos que
devem ser computados sempre entre os demais que a unidade possui.
Além do investimento nos equipamentos de tratamento, um custo
constante que acompanha o trabalho de tratamento e disposição final que
46
deve ser considerado, sob risco de problemas com a operação e de não
cumprimento da legislação vigente.
Todos os fatores citados não operam de forma independente. Eles estão
interligados pela própria essência das atividades de tratamento dos Resíduos de
Serviços de Saúde. A Tabela 2-7 resume os fatores a serem considerados para a
escolha dos modelos e quais os mais adequados para cada tipo de unidade
geradora.
Tabela 2-7: Fatores a serem considerados para a escolha dos modelos e quais os mais
adequados para cada tipo de unidade geradora.
2.5.4 Destinação final
De forma objetiva, disposição final de resíduos é o destino que o mesmo
tomará após todas as fases, passando da geração à segregação e, por fim, o
tratamento. Segundo o Glossário de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ, 2009), a disposição final trata-se da “fase do manejo externo de resíduos
que implica no destino que se aos resíduos que não têm mais serventia”. O
documento indica que o mais comum dos destinos finais é o aterro sanitário ou vala
47
séptica, “com exceção da disposição final dos rejeitos radioativos que deve ser feita
em instalação especial”. Porém, a partir dessa definição, é possível avaliar que o
conceito aqui é trabalhado apenas como o fim de um ciclo formado por
produção/tratamento/disposição final, que ainda no Brasil pode ser considera
deficiente e inadequada.
Desta maneira, é possível tratar também a questão da destinação final dos
Resíduos de Serviços de Saúde como abrigo ou mesmo, armazenamento. Estes
dois termos, de acordo com Luna Filho (2001), se alteram conforme o tipo de
resíduo em questão. “A definição em língua inglesa deixa claro que o tipo de resíduo
em questão é o sólido, e que estes locais de disposição final podem ser tanto os
aterros, como os combustores de lixo”. Do ponto de vista geral dos Resíduos de
Serviços Urbanos, a disposição final pode visar tanto o armazenamento como a
destruição dos materiais residuais. Mas em específico, quando se trata de RSS, o
termo ganha outras dimensões.
Se por um lado a segregação dos Resíduos de Serviços de Saúde deve ser
encarada como parte fundamental do próprio tratamento, pois permite maior leque
de opções na atividade propriamente dita, a disposição final deve compor também
este mesmo conjunto de ações, fechando um ciclo onde questões relacionadas à
biossegurança são levadas a sério e cumprem uma série de obrigações. “Neste
caso, merecem destaque os resíduos do Grupo A (resíduos com risco biológico), do
Grupo B (resíduos com risco químico) e do Grupo C (rejeitos radioativos). Cada um
desses grupos de resíduos tem características próprias, o que implica em tratamento
específico” (Brasil, 2001), bem como uma disposição final também específica.
A orientação básica oferecida pelo manual Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde (BRASIL, 2001) é de que a disposição final dos RSS deve ser
vista como “o confinamento destes resíduos, em aterro sanitário ou vala séptica,
depois de haverem sido submetidos a um tratamento como a desinfecção,
esterilização ou incineração. O mesmo documento recomenda que “quando se
utiliza um processo de tratamento diferente da incineração, é conveniente, como
medida de precaução, dispor os RSS em uma célula especial dentro de aterro
sanitário ou vala séptica”. Outra recomendação é que a disposição de resíduos
48
infectantes, sem tratamento prévio, em células especiais, “deve ser um sistema
independente, separado dos resíduos comuns e sem a utilização da técnica”
(BRASIL, 2001).
Basicamente, as formas mais comuns de destino final para os RSS usadas no
Brasil são as valas sépticas como já demonstrado no item 2.3 (pg 12).
2.6 Biossegurança
As mais diversas obras bibliográficas pontuam o surgimento do conceito de
biossegurança na década de 70, com a percepção de riscos, na reunião de
Ansilomar na Califórnia, com a discussão pela comunidade científica sobre os
impactos da engenharia genética na sociedade (COSTA, COSTA, 2002).
Porém, ainda no século IV a.C. relatos de aquisição profissional de
doenças infecciosas, ocorrida na Grécia por surto de tifo enxantemático que matou
tantos médicos quanto o número de habitantes da localidade, ou até mais.
(CAVALCANTE, MONTEIRO, BARBIERI, 2003).
Mas foi nos anos 40 que a preocupação com os riscos biológicos surgiu,
advindo a partir da constatação de problemas com a saúde de profissionais que
trabalhavam em laboratórios de manipulação contento micro-organismos e material
clínico (PIANUCCI, 2004). Mas ao longo dos anos o termo Biossegurança sofreu
alterações significativas simultaneamente à evolução do conhecimento.
Cavalcante, Monteiro e Barbieri (2003) conceituam o termo Biossegurança
como:
“Biossegurança, que significa Vida + Segurança, em sentido
amplo, é conceituada como a vida livre de perigos.
Genericamente, medidas de biossegurança o ações que
contribuem para a segurança da vida, no dia a dia das pessoas
(ex.: cinto de segurança, faixa de pedestres). Assim, normas de
biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar
riscos físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais),
químicos (substâncias tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e
psicológicos (como o estresse). No ambiente hospitalar
49
encontram-se exemplos de todos estes tipos de riscos
ocupacionais para o trabalhador de saúde (p. ex., radiações,
alguns medicamentos etc.)”.
Para Teixeira e Valle (1996), o conceito de biossegurança refere-se ao
“conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos
inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico
e prestação de serviço”. Tais ações visam a saúde do homem, dos animais, a
preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados.
A Lei 8974/1995 que define a biossegurança no Brasil tem um enfoque
principal na minimização dos riscos que envolvem os organismos modificados e
suas relações com a promoção de saúde no ambiente de trabalho, no meio
ambiente e na comunidade.
Costa e Costa (2002) estabelecem as seguintes relações extraídas a partir da
definição do conceito de biossegurança:
tecnologia – risco-homem;
agente biológico – risco-homem;
tecnologia – risco- sociedade;
biodiversidade – risco-economia.
Este capitulo focará a discussão nas questões da biossegurança associadas
as questões precárias, descritas anteriormente, relacionadas com situação dos
aterros e lixões e a disposição final dos RSS, e os problemas decorrentes que
acabam por afetar o meio ambiente como a contaminação do solo, do ar e da água e
ainda favorecem a proliferação de vetores, culminando em um problema de saúde
pública, afetando a saúde e o bem-estar da população.
Embora a periculosidade dos RSS seja dicotômica, formando uma corrente
de autores, aqui representados por Lima (2000) e Borges (1985) que afirmam ser os
RSS mais perigosos que os resíduos domiciliares e a outra corrente, representada
pelos autores Ferreira (1997) e (2000), Zanon e Eigenheer (1991) e Rutala e Mayhall
(1992), afirma que os mesmos são similares quanto ao seu risco infeccioso para a
população e o meio ambiente.
Rebello (2003) cita a necessidade da interferência do Estado, através de
legislações específicas, para regulamentar o gerenciamento dos RSS pelo uso do
50
instrumento de comando e controle, explicado no capítulo de políticas públicas.
Rebello ainda expõe que as conclusões divulgadas sobre o baixo risco oferecido
pelos RSS podem levar os gestores de saúde à falta de rigor dispensado ao
gerenciamento desses resíduos, uma vez que a prática correta se torna onerosa
para os estabelecimentos de saúde.
Levando em consideração a precariedade do tratamento e a forma de
disposição final dos RSS apresentados anteriormente, onde apenas parte é
depositada em aterros sanitários, podemos afirmar que existe o risco eminente de
contaminação ambiental e riscos à população, principalmente em um país que
apresenta parte da população que mantém sua subsistência através de vazadouros.
O advogado ambientalista e professor universitário Álvaro Lisboa, relata dois
casos, dentre centenas, mais conhecidos acontecidos no Brasil provocados pela
disposição final:
“1) o episódio das pilhas de Césio 137 ocorrido em Goiânia
(proveniente de estabelecimento de saúde), causando morte e
deixando sequelas aos que a manipularam em um aterro
sanitário; 2) a notícia publicada no jornal Folha de São Paulo,
em que uma família inteira foi contaminada após comer um
pedaço de carne encontrado no aterro sanitário local, que na
verdade era um pedaço de membro humano amputado”
(Notícias Hospitalares, 2002).
Pesquisa desenvolvida por Zanetti e Ramos (2004) esclarece que embora
não exista uma estatística clara destes acidentes ocorridos com a população de
catadores, o Fundo das Nações Unidas Para a Infância (UNICEF apud Zanetti e
Ramos, 2004), através da realização da campanha Criança no Lixo Nunca Mais,
desenvolveu uma pesquisa junto a todas as prefeituras do Brasil, a fim de levantar
dados das crianças e dos adultos que vivem da coleta de resíduos em lixões.
Chegou-se a conclusão que há aproximadamente 200 mil catadores no Brasil e mais
de 45 mil crianças que sobrevivem dessa prática. Ainda trabalhando com dados da
UNICEF indicam que em 68% dos municípios brasileiros existam catadores de rua,
em 66% há catadores nos aterros e em 36% crianças também participam. Esses
catadores, ao remexerem o lixo, expõem a sua própria vida aos riscos eminentes e
ainda são focos de disseminação e de propagação das doenças ali contraídas.
51
A fragilidade do gerenciamento dos RSS também fica exposta diante de fatos
como a notícia, veiculada em um jornal de tiragem municipal e de acesso público
pela internet, no ano de 2005, onde o lixo hospitalar no município de Santa Cruz do
Rio Pardo é despejado no lixão juntamente com o lixo doméstico. No mesmo
município, meses antes desse acontecimento, seringas injetáveis, frascos de soro e
vidros de medicamentos foram jogados na porta de uma dona de casa. Os materiais
estavam misturados com a terra que a Companhia de Desenvolvimento
Santacruzense (CODESAN) usou pra tapar os buracos na rua. O presidente da
companhia, Eder Pereira, entrevistado na época alegou que o lixo havia sido jogado
no local de propósito (JORNAL DEBATE, 2005), caracterizando o descaso com que
a situação é tratada.
Outro fator de relevância é apontado no estudo realizado por Silva et al.,
(apud NAIME, RAMALHO, NAIME, 2007), onde “observou-se a presença de
diferentes microrganismos patogênicos nos RSS que possuem a capacidade de
persistência ambiental, entre eles Mycobacterium tuberculosis, Staphylococcus
aureus, Escheria coli, vírus da hepatite A e da hepatite B, Pseudomonas aeruginosa
e S. Aureus, sendo esses dois últimos os mais frequentes em casos de infecção
hospitalar. O tempo de sobrevivência de alguns microrganismos nos resíduos
sólidos podem chegar até 180 dias (Mycobacterium tuberculosis)”. A situação se
agrava quando os resíduos infectantes, devido à falhas no processo de
gerenciamento, são dispostos junto aos resíduos comuns, aumetando o volume dos
resíduos contaminados.
Assim, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), é
um instrumento criado para balizar o manejo dos RSS dentro e fora dos
estabelecimentos de saúde, visando atender as normas específicas do CONAMA e
da ANVISA, relatados anteriormente, contendo observações específicas para
classificação, segregação, acondicionamento interno e externo, coleta, transporte,
tratamento e disposição final dos resíduos, onde são levados em consideração “os
príncípios básicos de biossegurança que buscam e empregam medidas técnicas,
administrativas e normativas para previnir acidentes ao ser humano e ao meio
ambiente”.
52
2.7 Políticas Públicas Ambientais
2.7.1 Conceitos
O conceito de políticas públicas segundo Barbieri (2006, p.60) “é o conjunto
de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação de que o Poder Público dispõe para
produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente”, e são implementadas pela
sociedade civil e pelo Estado.
O desenvolvimento econômico tão almejado pelos países, e representado por
muito tempo pelas chaminés das grandes indústrias que lançavam fumaça pelos
ares desenfreadamente, passou a ser percebido como problema com as primeiras
ações de proteção do trabalhador no ambiente de trabalho. Surge nesse contexto as
normas de saúde e segurança do ocupacional, nos Estados Unidos da América, no
início do século XX, transpondo, posteriormente, os limites das indústrias e se
estendendo à população ao redor e a outros focos de emissão de poluentes para o
meio ambiente (BRAGA, HESPANHOL, CONEJO, et al., 2005).
O Brasil seguiu praticamente o mesmo caminho de outros países no
desenvolvimento de sua legislação ambiental, em busca de se estabelecer uma
relação de equilíbrio entre o desenvolvimento pretendido e a exploração dos
recursos naturais. Esse cenário demonstra que as primeiras ações tiveram caráter
corretivo, na busca de solucionar os problemas que haviam ocorrido, prática que
se faz ainda nos dias atuais. Foi a partir da década de 1970 que começaram a surgir
em vários países políticas com caráter ambiental de forma integrada e com uma
abordagem preventiva (BARBIERI, 2006).
2.7.2 Instrumentos
Diante das diversas questões de intervenções por parte do Estado nas ações
antrópicas ao meio ambiente que buscam uma intermediação surgem os
instrumentos de políticas públicas, que conferem ao Poder Público a autoridade
necessária para conter, eliminar, evitar, remediar ou até minimizar os problemas
ambientais. Esses instrumentos são explícitos, sendo o objetivo de sua aplicação o
atingimento das questões ambientais e envolvem, além da questão do planejamento
53
territorial e o gerenciamento dos recursos naturais, mecanismos coercitivos através
do poder de polícia outorgado ao Estado pelo artigo 78, da Lei 5172 de 25 de
outubro de 1996.
Os instrumentos explícitos se dividem em três grupos abrangentes
demonstrados na Tabela 2-8.
Tabela 2-8: Instrumentos de Política Pública Ambiental – Classificação e Exemplos.
Fonte: Barbieri, 2006.
2.7.3 Abordagens
A aplicação ou implementação de Políticas Públicas, mesmo as ambientais, é
uma responsabilidade da sociedade civil e do Estado. Segundo Braga (apud
TORRES & COSTA, 2000), pode-se considerar a existência de quatro padrões
54
distintos de políticas, segundo as posturas adotadas pela localidade, estado e/ou
país. Estas posturas são: ausente, conservadora, estratégica e sustentável.
a) Postura ausente: Braga (op. cit.) revela que esta postura é aquela em que
a sociedade desconhece o preço ambiental que se paga pelo crescimento
econômico” (2000). Nesse caso, o Poder Público tem uma despreocupação
total com as questões ambientais e por isso mesmo não elabora, implementa
nem promove ações de responsabilidade ambiental ou de progresso
sustentável. Nesse caso, a questão dos resíduos sequer é tratada,
simplesmente por não ter qualquer relação legal, estratégica ou política do
Estado com o progresso. Investe-se no crescimento econômico, porém, nada
do impacto ambiental, incluindo resíduos (e também os RSS), é levado em
consideração. Numa localidade assim, a sociedade civil segue o mesmo
pensamento e considera políticas ambientais questões menores e até
supérfluas.
b) Postura conservadora: apesar do nome, este conceito refere-se sim à
proteção ambiental. Porém, sua preocupação central é também o crescimento
econômico. Nesse caso, oposto ao anterior, há conhecimento de todo o
impacto, ou o “preço ambiental” que é pago por este crescimento. “O Poder
Público compreende a relação da degradação ambiental e ação antrópica,
mas sua preocupação central ainda é atrair atividades econômicas”, afirma
Braga (op. cit.). Nesta postura, a sociedade civil tem uma visão, ainda que
limitada, de que existe uma problemática ambiental. Porém, é possível afirmar
que aqui reside uma preocupação ambiental pontual e de curto prazo.
c) Postura estratégica: o desenvolvimento econômico da sociedade, do
Estado, ainda é o foco desta postura que tende a adotar políticas ambientais
com foco estratégico, visando objetivos gerais. Apesar de ter objetivos
pontuais, um foco, as ações ambientais o são pontuais e como diz Braga
(op. cit.), “o Poder Público se preocupa mais em aplicar a legislação própria,
mas tal aplicação vai apenas até onde não seja empecilho à atração de
atividades econômicas”. Apesar de ser chamada de estratégica, trata-se das
Políticas Públicas Ambientais de negociação com os poluidores, visando
acordos que atendam à legislação, mas que não prejudiquem relações
55
socioeconômicas em geral. “Os movimentos sociais incorporam a dimensão
ambiental às suas próprias lutas quando esta favorece o acesso a recursos
financeiros ou fortalece as lutas específicas do movimento” (BRAGA, 2000).
d) Postura sustentável: “sua centralidade esperada é a fusão da questão
ambiental com a questão da qualidade de vida coletiva”, explica Braga (2000).
Nesse caso, trata-se da ação ambiental abrangente, não vinculada
diretamente ou exclusivamente ao crescimento econômico. Este compõe
parte importante das Políticas Públicas, porém, o Poder Público tem como
foco de suas ações a qualidade de vida da sociedade e esta, por sua vez,
a questão ambiental como prioritária. Pode-se considerar que esta é a
postura ideal, porém, não é o caso brasileiro, em específico, e também não
refere-se à maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Numa análise objetiva, a postura adotada atualmente no Brasil com relação
especificamente à gestão dos Resíduos de Saúde, em boa parte dos municípios,
fica entre as três primeiras, de ausente a estratégica, predominando a conservadora,
pois as ações ambientais são pontuais e normalmente ocasionadas por fatos que
levam a questão ao centro da sociedade ou em ocorrências de grande impacto
sobre a mesma sociedade, quando tragédias, fatos inusitados ou de destaque
envolvendo a saúde coletiva ou de um determinado grupo. Como o objetivo de
análise deste trabalho compreende os municípios do CODER (Conselho de
Desenvolvimento Econômico Regional), deve-se levar em conta, para análise, as
características destes municípios que serão apresentadas no desenvolvimento da
presente dissertação. Mas é correto antecipar que boa parte dos municípios, por
estarem no Estado de São Paulo, adotam posturas sustentáveis com relação às
políticas ambientais, apesar das falhas que serão apontadas na questão específica
dos Resíduos de Serviços de Saúde.
2.7.4 Adoção de Políticas Ambientais Públicas
A adoção de políticas públicas na área ambiental se através de
instrumentos legais e de mobilização da sociedade e suas instituições. Philippi Jr. &
56
Bruna (2004) acreditam que isso é possível através da adoção de uma gestão
ambiental, “pois equivale a conseguir uma administração integral e integrada de
todos os setores que influenciam na qualidade ambiental”. Mas como implementar
realmente uma política ambiental pública através da gestão ambiental?
Os autores citam o caso do Estado de São Paulo, através da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente e a de Recursos dricos, Saneamento e Obras que
“promoveram a subdivisão territorial em 22 unidades de gerenciamento de recursos
hídricos, com base na delimitação de bacias hidrográficas, o que foi
consubstanciado em lei” (PHILIPPI JR & BRUNA, 2004). Dentro dessa base de
atuação, unidades de gerenciamento, tudo o que é planejado e executado, segue
acordos que envolvem Políticas Públicas de forma tripartite. Estados, municípios e
sociedade civil formam órgãos colegiados que atuam sustentados por normas
peculiares de cada região, formando assim unidades de gerenciamento, que geram
Políticas Ambientais Públicas apropriadas à solução dos problemas ambientais de
cada localidade. Para o caso dos RSS, a ideia será analisada de forma oportuna,
pois as soluções positivas criadas por esta forma de gerenciamento podem também
ter impactos favoráveis as questões dos Resíduos de Serviços de Saúde que serão
exploradas mais à frente neste trabalho.
2.7.5 Política Federal de Fomento à Parceria Público-Privada
A Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, decreta pelo Congresso
Nacional, e sancionada pelo Presidente da República, promove o fomento à obras
de infraestrutura, através de parcerias público-privadas. Essa Lei institui e rege
normas gerais para licitação e contratação de parcerias no âmbito dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Por meio dessa Lei indica-
se a possibilidade de viabilização do desenvolvimento de obras de infraestrututa, até
então sob responsabilidade apenas do Poder Público. Abaixo foram extraídos
trechos que desta Lei que demonstram e apoiam essa ação (Planalto.gov)
(...) Parágrafo único. Esta Lei se aplica aos órgãos da
Administração Pública direta, aos fundos especiais, às
autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às
57
sociedades de economia mista e às demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
Art. Parceria público-privada é o contrato administrativo de
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
(...) § 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de
serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta
ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens.
§ Não constitui parceria blico-privada a concessão
comum, assim entendida a concessão de serviços blicos ou
de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado (...)
2.7.6 Política Estadual de Resíduos Sólidos
A Lei Estadual nº 12300, de 16 de março de 2006, instituiu a Política Estadual
dos Resíduos Sólidos, cujo objetivo principal é definir os princípios e diretrizes,
objetivos e instrumentos para que uma gestão integrada e compartilhada dos
resíduos possa ser viabilizada, favorecendo a prevenção e o controle da atos que
prejudiquem a qualidade do meio ambiente, e ainda que favoreça a promoção da
saúde pública através do uso racional dos recursos ambientais, dentro do limite do
Estado de São Paulo.
Destacam-se em seu Artigo nº 2, os favorecimentos dessa política em busca
de facilitações que viabilizam ações de melhorias em relação a gestão dos resíduos,
de uma forma geral (BRASIL, 2006).
(...) II - articulação entre Poder Público, iniciativa privada e
demais segmentos da sociedade civil;
(...) III - a cooperação interinstitucional com os órgãos da União
e dos Municípios, bem como entre secretarias, órgãos e
agências estaduais;
(...) V - a prevenção da poluição mediante práticas que
promovam a redução ou eliminação de resíduos na fonte
geradora;
58
(...) VIII - o acesso da sociedade à educação ambiental;
(...) IX - a adoção do princípio do poluidor-pagador;
Dos objetivos previstos no Artigo 3º, destacam-se:
(...) III - reduzir a quantidade e a nocividade dos resíduos
sólidos, evitar os problemas ambientais e de saúde pública por
eles gerados e erradicar os "lixões", "aterros controlados",
"bota-foras" e demais destinações inadequadas;
(...) VI - incentivar a cooperação intermunicipal, estimulando a
busca de soluções consorciadas e a solução conjunta dos
problemas de gestão de resíduos de todas as origens.
Em seu parágrafo único, prevê a necessidade da parceria público-privada
para a consecução dos objetivos suscitados, assim coloca:
1. articular, estimular e assegurar as ações de eliminação,
redução, reutilização, reciclagem, recuperação, coleta,
transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos;
(...) 6. instituir linhas de crédito e financiamento para a
elaboração e implantação de Planos de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos;
7. instituir programas específicos de incentivo para a
implantação de sistemas ambientalmente adequados de
tratamento e disposição final de resíduos sólidos;
8. promover a implantação, em parceria com os Municípios,
instituições de ensino e pesquisa e organizações o
governamentais, de programa estadual de capacitação de
recursos humanos com atuação na área de resíduos sólidos;
(...) 12. criar incentivos aos Municípios que se dispuserem a
implantar, ou a permitir a implantação, em seus territórios, de
instalações licenciadas para tratamento e disposição final de
resíduos sólidos, oriundos de quaisquer outros Municípios;
(...) 15. promover a gestão integrada e compartilhada de
resíduos sólidos, apoiando a concepção, implementação e
gerenciamento dos sistemas de resíduos sólidos com
participação social e sustentabilidade.
59
Para que os objetivos dessa política sejam implementados, são instrumentos
de viabilização, dispostos no artigo 4º:
I - o planejamento integrado e compartilhado do gerenciamento
dos resíduos sólidos;
II - os Planos Estadual e Regionais de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos;
III - os Planos dos Geradores;
IV - o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos;
V - o Sistema Declaratório Anual de Resíduos Sólidos;
(...) XI - os incentivos fiscais, tributários e creditícios que
estimulem as práticas de prevenção da poluição e de
minimização dos resíduos gerados e a recuperação de áreas
degradadas e remediação de áreas contaminadas por resíduos
sólidos;
(...) XIII - os incentivos à gestão regionalizada dos resíduos
sólidos;
XIV - as linhas de financiamento de fundos estaduais;
(...) XVII - a educação ambiental;
XXIII - o incentivo mediante programas específicos para a
implantação de unidades de coleta, triagem, beneficiamento e
reciclagem de resíduos (...).
Em relação a Gestão dos Resíduos Sólidos, o Capítulo I dispõe:
(...) Artigo 10 - as unidades receptoras de resíduos de caráter
regional e de uso intermunicipal terão prioridade na obtenção
de financiamentos pelos organismos oficiais de fomento.
(...) Artigo 13 - a gestão dos resíduos sólidos urbanos será feita
pelos Municípios, de forma, preferencialmente, integrada e
regionalizada, com a cooperação do Estado e participação.
Dentro dos Planos de Gerenciamentos de Resíduos Sólidos, no artigo 11,
parágrafo 3º, contempla que:
Os Municípios com menos de 10.000 (dez mil) habitantes de
população urbana, conforme último censo, poderão apresentar
Planos de Gerenciamento de Resíduos Urbanos simplificados,
na forma estabelecida em regulamento.
60
Do Sistema Declaratório Anual, fixa como uma medida de controle das
práticas legais, no artigo 46 que:
“As fontes geradoras, os transportadores e as unidades
receptoras de resíduos ficam obrigadas a apresentar,
anualmente, declaração formal contendo as quantidades de
resíduos gerados, armazenados, transportados e destinados,
na forma a ser fixada no regulamento desta lei”.
2.7.7 Política Pública Municipal
A Prefeitura Muncipal de Bauru publicou em 02 de janeiro de 1997, o Decreto
Lei de 7900, sancionado pelo então Prefeito Muncipal, o engenheiro Antonio Izzo
Filho, onde (BAURU, 1997):
Artigo 1º - Consideram-se resíduos infectantes para os fins
deste decreto, aqueles declaradamente contaminados ou
suspeitos de contaminação, provenientes de estabelecimentos
hospitalares, maternidades, casas de saúde, pronto-socorros,
ambulatórios industriais, sanatórios, clínicas, necrotérios,
centros de saúde, bancos de sangue, consultórios,
laboratórios, farmácias, drogarias e congêneres.
Quanto às práticas que devem ser seguidas para o Município de Bauru, ficam
estabelecidas no trecho disponibilizado:
Artigo 3º - o lixo considerado infectante deve ser acondicionado
em separado do lixo orgânico, pelo próprio estabelecimento, e
por pessoa especialmente indicada para esse fim, e em sacos
plásticos duplos de cor branca leitosa e com gramatura
suficiente para garantir a vedação de possíveis vazamentos,
obedecendo às normas técnicas da ABNT, e na quantia
suficiente que possibilite seu adequado fechamento, sem que
se rompa e provoque contato e contaminação com insetos,
animais e outros vetores.
§ - Os resíduos perfurantes ou cortantes deverão ser,
obrigatoriamente, desinfectados e acondicionados em
recipientes rígidos, no próprio local de origem, para,
posteriormente, serem acondicionados nos sacos plásticos (...).
61
Os artigos 4º e 5º discorrem sobre a responsabilidade pelos RSS determinada
pelo Poder Público, onde:
(...) Artigo - o serviço de coleta, transporte e destinação final
dos resíduos infectantes é da competência exclusiva do Poder
Público Municipal, através da EMDURB ou de entidade por
esta credenciada e em dias por ela previamente designados.
Artigo - Enquanto não houver possibilidade de se instalar
equipamento de incineração, os resíduos infectantes serão
depositados, separadamente, em aterro sanitário, em perfeitas
condições de controle ambiental (...).
Após a posse do atual Prefeito Municipal, a Prefeitura Municipal de Bauru publicou
no Diário Oficial do Município da edição do dia 08 de janeiro de 2008, o Decreto 10841,
de 07 de janeiro de 2009, que altera o decreto anterior e que regulamenta a coleta, o
tratamento e a destinação final do Resíduo de Saúde no Município de Bauru, da seguinte
forma:
O Decreto determina que para a EMDURB compete a coleta, tratamento e
destinação final dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) gerados pelas unidades de
saúde da Prefeitura Municipal de Bauru e dos munícipes que fazem tratamento de saúde
domiciliar. Sendo que poderá realizar esses serviços diretamente ou contratar com terceiros.
O Artigo do Decreto determina que, os geradores de RSS de entidades
particulares e órgãos estaduais e federais deverão contratar individualmente empresas que
operem a coleta, tratamento e destinação final dos resíduos de saúde, conforme Resolução
CONAMA 358/02. Para tanto, a EMDURB promoverá a coleta dos resíduos de saúde de
todos os geradores de RSS, até 60 (sessenta) dias após a publicação deste decreto,
passando, a partir desta data a responsabilidade aos geradores de RSS, nos termos do
artigo 2º (BAURU, 2009).
Este Decreto entrou em vigor na data de sua publicação, 08/01/2009, revogando-se
o Decreto Municipal nº 7900, de 02 de janeiro de 1997.
62
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Classificação da pesquisa
O presente trabalho consiste em um estudo transversal, definido como um
estudo no qual as observações e mensurações são obtidas simultaneamente, de
forma que os dados obtidos representam uma “radiografia” sobre uma determinada
situação em determinado momento (FORATINI, 1992, PEREIRA, 1995) visando a
elaboração de uma proposta para a melhoria da prática.
Quanto aos seus objetivos, trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva
da situação dos RSS nos municípios que compõem a Região do CODER Bauru. A
pesquisa exploratória, segundo Gil (2002) visa explorar maior conhecimento do
assunto sobre determinado fato. Dessa forma, explorar um determinado assunto
significa reunir mais conhecimento e incorporar novos em áreas que necessitem de
um maior conhecimento agregado. Assim, a pesquisa exploratória é o primeiro
passo no campo científico, que possibilita outros tipos de pesquisa como a pesquisa
descritiva (RAUPP; BEUREN, 2003).
A pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações variáveis (GIL, 2002). Os
procedimentos técnicos utilizados constam de pesquisa bibliográfica, buscando
conhecer o “estado da arte”, onde as principais fontes utilizadas foram livros, artigos
de periódicos, teses e dissertações, materiais e informativos disponibilizados pela
internet e legislações pertinentes ao tema, atualmente disponível de forma ampla e
acessível também na internet. O desenvolvimento da pesquisa bilbliográfica foi
aprofundado visando servir de guia para as consultas que vierem a ser efetuadas,
obtendo um panorama geral das informações que envolvem tal tema.
O levantamento dos dados foi obtido, através de pesquisa de campo realizada
entre os meses de novembro e dezembro de 2008, e janeiro de 2009, utilizando
fontes primárias, diretamente com os Secretários de Saúde dos municípios
envolvidos na pesquisa ou por seus representantes, através de um ofício contendo
as principais questões formuladas para sustentarem a pesquisa e seguido do
contato pessoal do pesquisador, ofício disponível no Apêndice (pg 103). Através de
63
pesquisa pela internet diretamente ao sites das prefeituras municipais obteve-se o
nome dos secretários de saúde de cada município bem como o telefone das
respectivas secretarias de saúde. Após isso, o primeiro contato foi efetuado com a
devida explicação e o ofício solicitando os dados foi enviado por correio eletrônico
(e-mail) fornecido pelos próprios representantes, sendo seguido de novos contatos
telefônicos que se fizeram necessários. Também foram utilizadas fontes secundárias
como a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. (SEADE) e o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As informações buscadas foram: a identificação dos principais geradores de
RSS em cada município, entre eles os hospitais, clínicas e consultórios médicos e
dentários, postos de saúde e prontos-socorros. A amostra utilizada para esta
pesquisa é composta dos municípios que compõem a região do CODER de Bauru. A
opção de se trabalhar com todos os municípios da região justifica-se pelo fato de se
obter um diagnóstico mais próximo possível do objeto estudado.
A região do CODER Bauru é composta por 22 municípios, sendo eles
Agudos, Arealva, Avaí, Balbinos, Bauru, Boracéia, Borebi, Cabrália Paulista,
Duartina, Fernão, Gália, Iacanga, Lençóis Paulista, Lucianópolis, Macatuba,
Paulistânia, Pederneiras, Pirajuí, Piratininga, Presidente Alves, Reginópolis e
Ubirajara. Os questionários utilizados para se obter os dados junto aos municípios
apresentaram uma série ordenada de perguntas dirigidas diretamente ao informante,
onde foram fornecidas as informações sobre o propósito de sua aplicação,
ressaltando a importância da colaboração do informante. As perguntas aplicadas
foram perguntas abertas, procurando extrair o máximo de informação possível de
cada informante. Embora as perguntas abertas apresentem uma dificuldade maior
de tabulação, as proporcionam uma riqueza maior de dados.
As perguntas foram elaboradas a fim de se identificar quais os principais
geradores de RSS dos municípios e assim poder identificar se as legislações
pertinentes conseguem ser aplicadas para estes geradores devido às dificuldades
estruturais apresentadas pelo município, principalmente pelo seu porte. Outra
evidência buscada foi solicitada através da pergunta sobre qual a forma de
destinação final dada aos RSS por estes municípios, que novamente pelas
dificuldades estruturais e necessidades de se adequar às legislações pertinentes,
64
abrem a possibilidade de se estabelecer um gerenciamento regional com custos
adequados às peculiaridades de cada gerador, respeitando as suas características
de geração e tornando correta a disposição final economicamente viável. E, ainda
pela quantificação solicitada através do questionário, foi possível cruzar com a
informação fornecida pela CETESB sobre a quantidade de Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU) gerado por cada município e, com respaldo nas referências
bibliográficas, apontar que existem falhas no processo operacional ainda na etapa
que antecede todo este questionamento, ou seja, na segregação na fonte.
Outras informações de relevância para esta pesquisa foram conseguidas
através de um processo informal, quando do contato telefônico onde muitos gestores
se sentiram à vontade para questionar o entrevistador e cooperar de uma forma
mais eficiente. Por meio desse mecanismo foram questionados acerca de como
eram realizadas as coletas, quantas vezes por semana se dava essa prática, como
se fazia o acondicionamento externo à espera da coleta e qual era o treinamento
dado às pessoas responsáveis pela segregação.
O ofício desenvolvido para solicitar os dados utilizados na pesquisa foram
elaborados buscando englobar as principais informações sobre os procedimentos
gerenciais, operacionais e levantamento de dados qualitativos e quantitativos dos
RSS gerados, abrangendo os aspectos relativos a tratamento e disposição final,
adotando como refencia a Resolução CONAMA nº 283 (Brasil, 2001).
As informações obtidas foram tabuladas na estrutura de um banco de dados
em planilha eletrônica para análise e avaliação da situação dos RSS, contemplando
em uma primeira análise o perfil socioeconomico dos municípios que compõem
região em estudo. Para a análise das informações, esta planilha foi desenvolvida
elencando todos os municípios, bem como a quantificação da geração de cada um,
sua forma de destinação final, qualidade do aterro de cada município, percentual de
geração de RSS em relação ao RSU e principais geradores, possibilitando a análise
dos dados.
Durante os contatos pessoais fica claro o embaraço da maioria dos gestores
com as questões envolvendo os RSS. Em alguns casos foi percebido a falta de
conhecimento, em outros evidencia-se o engessamento por processo burocrático,
que permite poucas modificações até mesmo pela carência no aspecto de
65
capacitação, ou ainda esbarra na questão físico-financeira do município, que leva a
um quadro de neglicenciamento da situação.
Ressalta-se que esta pesquisa não tem a pretensão de descrever, em toda a
sua extensão, a realidade do gerenciamento dos resíduos produzidos pelos serviços
de saúde, mas ter uma maior aproximação com os fatos em questão, numa tentativa
de arrolar e também subsidiar tomadas de decisões por parte dos dirigentes
municipais e dos referidos serviços, bem como abrir caminhos a novos estudos afins
e complementares.
3.2 Características da região em estudo
A região objeto deste estudo foi escolhida devido ao apelo de
desenvolvimento econômico, regional e social que a própria agência, o CODER, traz
em seu bojo. Esse órgão possui um conselho de desenvolvimento que integra parte
das ações do CIESP. O conselho foi criado para que houvesse a busca do
desenvolvimento em todas as áreas da economia e da sociedade, unindo forças
regionais de todas as esferas de Poder Público e privado, viabilizando este
desenvolvimento através de investimentos do governo, via Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O presente trabalho busca, assim, fornecer sua parcela de contribuição, aqui
representada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), de Bauru, cidade onde
uma das agências do CODER está instalada, através do fornecimento de
ferramentas para esse almejado desenvolvimento, por meio desta pesquisa
científica realizada junto ao programa de mestrado do Departamento de Engenharia
de Produção.
Convém observar que existe uma tendência à união de municípios para se
resolver questões de forma regional, visando uma união de forças e competências
rumo a um objetivo comum. A exemplo disso, podemos citar a administração dos
recursos hídricos através de Comitês de Bacias Hidrográficas. (JORGE,2004).
A Figura 3-1 mostra a composição da região em epígrafe, e sua localização
no Estado de São Paulo.
66
A Tabela 3-1 fornece um panorama geral do perfil socioeconômico da região em
estudo, através de informações obtidas pelo site do IBGE e compiladas na tabela de
forma objetiva. Os municípios estão dispostos em ordem decrescente em relação ao
índice populacional.
Figura 3-1
: Composição da Região Bauru do CODER e sua localização no Estado de São
Paulo.
Fonte: Elaborada pelo autor com base em dados extraídos da Fundação SEADE.
67
Tabela 3-1:
Panorama geral do perfil socioeconômico da região em estudo.
MUNICÍPIOS
POPULAÇÃO
(2008)
TERRITÓRIO
(em Km²)
TAXA DE
CRESCIMENTO
ANUAL DA
POPULAÇÃO
2000-2008
(em % a.a.)
GRAU DE
URBANIZAÇÃO
(em %)
RENDA
PER
CAPITA
(em s.m.)
(2000)
PARTICIPAÇÃ
O NO PIB DO
ESTAD0 (em %)
Bauru 357.132 673,49 1,56 98,22 3,28 0,587412
Lençóis
Paulista
62.033 803,86 1,53 95,11 2,31 0,203077
Pederneiras 41.039 729,18 1,45 93,11 1,74 0,078507
Agudos 34.968 967,59 0,94 94,48 1,75 0,074876
Pirajuí 21.711 819,43 0,98 80,95 1,65 0,019642
Macatuba 17.667 226,18 1,46 95,18 1,59 0,083580
Duartina 13.336 264,28 0,84 86,44 1,69 0,011680
Piratininga 11.317 397,21 0,85 83,68 2,29 0,009740
Iacanga 9.139 548,03 1,25 85,41 1,77 0,013226
Arealva 7.529 506,47 0,49 72,40 1,81 0,008543
Reginópolis 7.002 409,91 4,49 79,80 1,76 0,005853
Gália 6.916 355,79 - 1,59 71,17 1,56 0,006465
Avaí 4.914 542,16 0,84 69,55 1,39 0,004862
Presidente
Alves
4.340 288,57 0,06 76,80 1,51 0,007476
Cabrália
Paulista
4.317 239,21 -0,92 85,74 1,19 0,00738
Ubirajara 4.305 283,33 0,44 72,11 1,25 0,004368
Boracéia 4.190 120,80 1,44 87,79 1,70 0,009674
Balbinos 3.647 90,86 13,63 80,87 1,52 0,001594
Borebi 2.338 348,12 2,45 76,44 1,25 0,004417
Lucianópolis 2.326 190,91 0,95 76,58 1,09 0,002707
Paulistânia 1.875 256,55 0,67 56,13 1,63 0,002548
Fernão 1.448 100,30 0,12 47,28 1,88 0,001757
TOTAL
623.489
9162,23
1,54 *
80,24 *
1,71 *
1,149384
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do SEADE.
* resultados encontrados pela aplicação da média ponderada da região, a partir da
somatória dos valores de cada município.
68
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A questão das práticas de tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde
ainda são muito debatidas justamente pela amplitude da legislação elaborada, a fim
de se garantir um procedimento correto, que vise menos danos ocupacionais e
ambientais. Porém, essa complexidade gera conflitos quanto ao entendimento e ao
correto exercício da legislação.
A falta de uma correta interpretação e um desenvolvimento adequado do
gerenciamento, aliado a dificuldades estruturais dos municípios, fazem da prática
uma ação fragmentada, buscando apenas, na maioria dos casos, cumprir
determinações que não atendem as necessidades como um todo, e que
desencadeiam outros problemas correlacionados e que não podem ser dissociados.
É neste contexto que a busca por informações para a elaboração desta
pesquisa se tornou um processo lento e em alguns casos impossível de obtê-las
seja por parte do entrevistado, pelo receio do fator punitivo, pelo constrangimento da
falta de conhecimento e ainda, em algumas entrevistas, a esperança de ajuda para o
entendimento ou até mesmo para buscar por auxílio para uma melhor prática.
Através do cenário encontrado no decorrer da elaboração da pesquisa, os
resultados foram evidenciados e serão discutidos a seguir.
Esta pesquisa procurou fornecer um diagnóstico de uma região ampla, que
tem Bauru como município polo, oferecendo um desafio para o pesquisador devido à
dificuldade da obtenção de informações e do comprometimento de uma parcela dos
entrevistados. Outra dificuldade foi o fato de a coleta dos dados ter se dado em
momento de transição no cenário político dos municípios com a troca dos gestores
municipais e suas equipes, incluindo os secretários de saúde, cargos ocupados por
membros de confiança da equipe de governo e aos quais a pesquisa se dirige.
Dos 22 muncípios em questão, obteve-se retorno de 19, sendo 03 os
municípios cujo respresentantes da saúde, ora representados pelos seus secretários
da saúde, se recusaram a dar informação ou alegaram não possuí-las. São eles
Balbinos, Cabrália Paulista e Duartina. As tentativas de contatos foram reincidentes
até não haver mais possibilidade ou não atendimento por parte dos entrevistados.
Os dados desses municípios foram levantados por fontes secundárias, podendo
69
apresentar alguma distorção.
Alguns gestores conscientes de suas dificuldades e limitações solicitaram
inclusive a ajuda do entrevistador para tentar obter ações mais efetivas. Outros
gestores aguardam o resultado deste trabalho na esperança de poderem ter um
entendimento mais sistemático de todos os fatores que contemplam a gestão de
RSS.
4.1 Diagnóstico da situação
4.1.1 Dados coletados
A Tabela 4-1 visa fornecer uma visão geral dos principais geradores dos
municípios pesquisados, a situação da destinação final e um comparativo entre a
quantidade gerada de RSS versus a geração de RSU. Esta análise foi desenvolvida
com base em estimativas fornecidas pela CETESB, em relação ao total de RSU
gerado em cada munícipio e, posteriormente, comparado com o percentual de RSS
gerado. Esclarece-se que não serão analisados todos os geradores de RSS
contemplados na classificação da ANVISA, devido a extensão territorial que esta
pesquisa buscou evidenciar. Ficando centrada apenas nos grandes geradores como
hospitais, centros de saúde, consultórios médicos e odontológicos, até mesmo pela
existência dos mesmos nos municípios estudados.
70
Tabela 4-1: Visão geral dos principais geradores dos municípios.
Município Habitantes -
2008
RSS* (kg/mês) Principais
Geradores
Geração de
RSU**
(ton/mês)
Tratamento e Destinação Final IQR
2007
Quant. De
Leitos
6 Públicos
1 Particular
1 Hospital
2 (PSF);
8 Odonto
Avaí 4.914 20 1 UBS 39 Cheiro-Verde 8,4/A 0
1 UBS
2 Penitenc.
80 Ambul. Emdurb (Valas Sépticas) e Terceiros
265 Odonto
85 Médico
16 UBS
11 Hospital
01 SAMU
Boracéia 4.190 Sem dados 1 UBS 42 Queimado e enterrado 8,8/A 0
1 UBS
1 Odonto
Cabrália Paulista 4.317 Não informado Não informado 54 Não informado 8,0/A 0
Duartina 13.336 Não informado Não informado 132 Não informado 7,9/C 102
Fernão 1.448 65 1 UBS 6 Cheiro-Verde 9,0/A 0
1 Hospital Cheiro-Verde
2 Odonto
5 Médico
1 Hospital
1 UBS
1 Hospital
1 P.S.
1 Médico
1 UBS
59 Odonto
30 Ambul.
1 UBS
1 Odonto
1 Médico
1 Hospital
1 UBS
4 Odonto
1 Hospital
11 UBS
Particulares
1 Hospital
1 UBS
9 Médicos
1 Dentista
1 UBS
1 P.S.
1 Hospital
2 Ondonto
3 Médico
Presidente Alves 4.340 Não informado Não informado 39 Não informado 6,3/C 0
1 UBS
1 Odonto
1 Médico
Ubirajara 4.305 Informado em litros 1 UBS 36 Incinerado em forno industrial 8,6/A 0
9,3/A 33
Piraj 21.711 600 201 Noroeste 8,0/A
11.317 100 111 Cheiro-Verde
Cheiro-Verde
0Reginópolis 7.002 223 45 Cheiro-Verde 8,0/A
61
Piratininga
1.875 52 1 UBS 12 8,8/A 0
Pederneiras 41.039 2000 441 Cheiro-Verde 7,3/C 96
Paulistânia
26 18 Cheiro-verde 9,0/A 0
Macatuba 17.667 110 195 Cheiro-Verde 5,4/I 35
Lucianópolis 2.326
180 99 Biocyclus 7,9/C 27
Lençóis Paulista 62.033 350 705 Valas septicas 7,0/C 85
Iacanga 9.139
8,0/A 0
Borebi 2.338 Sem dados 21 Enterrado em vala em Lençóis Paulista 9,5/A
Gália 6.916 170 63
12 Cheiro-Verde 9,0/A
0
0
Bauru 357.132 Sem dados 6.216 9,5/A 1.031
Balbinos 3.647 15
34.968 2.096 384 Cheiro-Verde 9,3/A 73
Arealva 7.529 Sem dados 66 Queimado 8,3/A 24
Agudos
Fonte: Tabela desenvolvida pelo autor
* Dados fornecidos pelo representante municipal responsável, com base nos resíduos gerados
destinados ao tratamento e a disposição final.
**Baseados em dados secundários, extraídos do Inventário de Resíduos Sólidos fornecidos pela
CETESB.
O Índice de Qualidade de Aterro dos Resíduos (IQR) da Tabela 4-1, refere-se
71
as características locacionais, estruturais e operacionais de cada instalação de
tratamento e disposição final dos RSUs. Essas informações permitem apurar o IQR
cuja pontuação varia de 0 a 10. Sendo seguida das letras que indicam o
enquadramento da sua condição:
A para condição adequada;
C para condição controlada;
I para condição inadequada.
Essas informações referem-se à última situação publicada no Inventários dos
RSUs da CETESB, em 2007.
4.1.2 Análise dos dados
4.1.2.1 Dos Muncípios envolvidos
Ao analisar os dados demonstrados na Tabela 3-1, observa-se a
possibilidade do uso da metodologia do Diagrama de Pareto, onde 20% dos
muncípios pesquisados agregam 80% do total da população levantada. Ou seja, do
total de 22 muncípios estudados, 4 deles (Agudos, Bauru, Lençóis Paulista e
Pederneiras) concentram 495.000 habitantes, de um total de 623.000.
Desta forma a viabilidade da proposição de modelo de gerenciamento
regional dos resíduos, prevista na Política Estadual de Resíduos lidos, teria
maior possibilidade e sucesso de aprovação e seria mais fácil o seu processo de
implementação, devido o envolvimento de menos representantes municipais,
acarretando uma negociação mais simples. A forma de gerenciamento poderia ser
em sistema de consórcio, o que garantiria a participação proporcional a geração.
O resultado esperado desta medida é que após a decisão regionalizada pelos
municípios de porte maior, os menores acabariam por aderir a mesma prática.
4.1.2.2 Da quantificação dos RSS
Para a construção da Tabela 4-2 alguns municípios forneceram a
quantificação da geração de RSS em volume e não foi possível realizar a análise
72
comparativa, uma vez que o possuíam registros da geração em massa,
normalmente sendo embalados em sacos, que são vendidos por tamanho, não
efetuando a pesagem, e sim pela capacidade volumétrica. Esses municípios
dispõem seus resíduos nos sacos brancos leitosos, que após esse processo são
coletados e destinados às valas sépticas junto aos aterros municipais.
Diante desta sistemática fica prejudicada a comparação através da
quantificação, devido ao desconhecimento de quanto se destina em peso, e o
fornecimento em volume pode gerar distorção de interpretação, uma vez que existe
grande variação na densidade. Realizam tal prática os municípios de Bauru, Borebi
e Lençóis Paulista. Observando ainda o município de Bauru, esta análise se tornaria
equivocada porque a parte dos resíduos que é coletada por empresas
terceirizadas não estando sob o domínio das autoridades responsáveis pelo setor de
limpeza pública.
73
Tabela 4-2: Quantificação de RSS obtida nos municípios.
Município
Habitantes
(2008)
RSS*
(kg/mês)
Geração
de RSU**
(ton/mês)
% dos RSSs em
relação aos RSUs
Agudos 34.968 2.096 384 0,54
Arealva 7.529 Sem dados 66
Avaí 4.914 20 39 0,16
Balbinos 3.647 15 12 0,12
Bauru 357.132 Sem dados 6.216
Boracéia 4.190 Sem dados 42
Borebi 2.338 Sem dados 21
Cabrália Paulista 4.317 Não
informado
54
Duartina 13.336 Não
informado
132
Fernão 1.448 65 6 1,08
Gália 6.916 170 63 0,26
Iacanga 9.139 180 99 0,18
Lençóis Paulista 62.033 350 705 0,05
Lucianópolis 2.326 26 18 0,14
Macatuba 17.667 110 195 0,06
Paulistânia 1.875 52 12 0,43
Pederneiras 41.039 2000 441 0,45
Pirajuí 21.711 600 201 0,29
Piratininga 11.317 100 111 0,09
Presidente Alves 4.340 Não
informado
39
Reginópolis 7.002 223 45 0,49
Ubirajara 4.305 Informado
em litros
36
Fonte: Tabela desenvolvida pelo autor
*Dados fornecidos pelo representante municipal responsável, com base nos resíduos gerados destinados ao
tratamento e a disposição final.
**Baseados em dados secundários, extraídos do Inventário de Resíduos Sólidos fornecidos pela CETESB.
Esta primeira análise parte do princípio que os RSS, classificados pela NBR
74
12.808 da ABNT, representam cerca de 1% do total dos resíduos gerados nos
municípios, segundo Consoni, Silva e Gimenez apud D’Almeida e Vilhena, (2000).
Essa quantificação é confirmada também em outras bibliografias como Sisinno e
Moreira (2005), podendo atingir até 3,5% do total de RSU gerado. Ao se observar os
dados dispostos na Tabela 4-2, constata-se que a parcela de RSS indicada é bem
inferior à média verificada na literatura.
O percentual relativo reduzido, como observado, justifica-se em parte, pelo
fato de não abranger a totalidade dos geradores dos municípios, mas sim os
principais. Também, pode indicar que parcela desses resíduos pode estar sendo
disposto em aterros juntamente com os resíduos comuns, mostrando a ausência de
segregação na fonte. A parcela dos resíduos que segregados incorretamente
seguem com o RSU, acabam por contaminar uma massa maior de resíduos comuns
e consequentemente aumentando o volume dos infectantes e sua periculosidade.
Outro viés de entendimento que pode ser analisado seria a própria falta de
entendimento da situação abordada ou do desconhecimento, gerando uma lacuna
entre o real e apurado. Fator esse que também aponta para a falta de uma gestão
adequada, com informações consolidadas.
No momento em que se realizou o contato direto entre pesquisado e
pesquisador, questionou-se a questão da responsabilidade da segregação,
principalmente no que se refere ao treinamento de todo o corpo envolvido
diretamente com a questão. Em resposta, informou-se que não um sistema de
treinamento desenvolvido e que apenas preocupação em se seguir o que
determina a legislação, ocorrendo, neste momento, interpretações e entendimentos
diferenciados. Em alguns casos, relata-se inclusive o reconhecimento das falhas
operacionais.
Os responsáveis pelo departamento de resíduos especiais da EMDURB, em
Bauru, relataram a existência da falta de profissionais qualificados para promoverem
o efeito multiplicador dentro das unidades geradoras. E quando da existência de
profissional formado, o mesmo não possui experiência na área.
A segregação incorreta dispara o princípio de todo erro no processo seguinte.
Isso ocorre por falta de conhecimento sistêmico, fator constante nas observações
científicas como relatada por Salomão, Trevizan e Gunther (2004), em sua
75
conclusão de pesquisa aponta que “o elemento humano que atua nos centros
cirúrgicos desconhece os padrões normativos quanto ao manejo dos RSS”, onde a
preocupação fica limitada apenas às etapas de coleta e disposição final,
comprometendo a principal etapa, a segregação, que permite e garante a qualidade
e a segurança das etapas posteriores no que tange a questão da higiene e
segurança do processamento dos rejeitos.
Figueiredo e Dias (1997) (apud DIAS e FIGUEIREDO 1999) em seu trabalho
científico de investigação de 60 unidades geradoras diversificadas de RSS concluiu
que “uma verdadeira exposição da falta de conhecimento e sensibilização para
com as questões ambientais e de saúde pública”. Concluindo, ainda, que além deste
desconhecimento causado pela falta de instrução técnica, por parte também dos
auxiliares de limpeza, “há também descompromisso com o serviço, comprometendo
a qualidade em detrimento da higiene e segurança no processamento dos rejeitos”.
Partindo do pressuposto que para uma eficaz política de Resíduos de
Serviços de Saúde é necessário a aplicação com cautela, de forma consistente e
universal, faz-se necessário o desenvolvimento e a capacitação dos recursos
humanos, onde:
Todos os funcionários devem ser treinados, desde os médicos até os
faxineiros;
A repetição periódica dos cursos, como treinamento, também é necessária de
forma a atualizar os conhecimentos bem como estar em sintonia com as
mudanças políticas;
Os instrutores, que estarão à frente do processo de treinamento, devem
possuir experiência no ensino e na formação, garantindo o domínio das
práticas necessárias para uma correta gestão dos resíduos;
A capacitação para um correto gerenciamento dos RSS, com foco principal na
segregação, deve fazer parte da grade das disciplinas dos cursos voltados
para a área, com aplicação prática, incluindo aí desde a formação dos
médicos, enfermeiros, técnicos, dentistas;
Desenvolvimento de equipes especializadas para atuarem na área da limpeza
dos estabelecimentos geradores;
Quanto ao conteúdo dos programas educativos, é recomendado o
76
esclarecimento como principal justificativa da necessidade de se praticar tais
cuidados, bem como a importância da responsabilidade do papel de cada ator
na execução das suas funções, como partes pertencentes a um todo;
As informações técnicas devem estar de acordo com cada nível a ser
treinado, respeitando a capacidade cognitiva de cada nível. É aconselhado
ainda, pelo autor, o emprego de experiências vivenciais, favorecendo o
aumento da resiliência do aprendizado;
O treinamento deve fazer parte das atividades admissionais obrigatórias,
favorecendo um nivelamento básico de conhecimentos.
4.1.2.3 Políticas Públicas
Fazendo um ligação com o assunto abordado no item 4.1.2.2, a
necessidade de ressaltar que para todo o aparato legal desenvolvido para
normatizar a questão do gerenciamento dos RSS, torna-se imprescindível o respaldo
do governo, através de uma atuação efetiva do ministério da saúde, a elaboração de
políticas públicas voltadas para a questão da educação. O mesmo item também diz
respeito a questão da educação, porém analisado de forma a desenvolver os
recursos humanos envolvidos diretamente com a questão dos RSS, através da
educação. A análise a seguir diz respeito à educação quanto a conscientização da
população.
A Educação Ambiental foi preconizada na conferência de Estocolmo, em
1972 e comentada no capítulo 02, onde atribui atenção especial a esse intrumento
de Política Pública (a educação) para preparar o ser humano para viver em
harmonia com o meio ambiente.
A processo de educação deve buscar informar a população, de forma geral,
sobre os riscos ligados aos RSS, bem como o correto descarte dos mesmos e o
correto manuseio é importante para a saúde da comunidade. A população tem o
direito de ser informada sobre os potenciais riscos sanitários. O principal objetivo
dessas ações devem visar com que a população evite a exposição aos RSSs, seja
diretamente por consequência da proliferação de vetores, ou por acidentes devido
descartes de forma inadequadas.
A orientação também deve contemplar a visitas feitas a doentes
77
Condições dos Aterros - CETESB 2005
23%
5%
0%
63%
Adequados
Controlados
Inadequados
hospitalizados, bem como os próprios doentes durante o processo de hospitalização,
por meio de sensibilização quanto a higiene, correto descarte de materiais usados e
o próprio manuseio. A população que vive no entorno de áreas de saúde também
devem ser educadas quanto à questão de depredadores que atacam as lixeiras,
alertando-os contra os principais riscos.
Um meio muito utilizado para disseminar tais informações é pelo uso de
cartazes distruibuídos estrategicamente, com mensagens de fácil entendimento,
ricas em ilustrações e gráficos de forma a prender a atenção das pessoas e também
que favoreça o entendimento pelos os analfabetos e semi, sendo reforçado pela
ação direta de um agente especializado.
Outra ação de simples resolução, porém ainda deficiente, é disponibilização
de coletores específicos de RSS com identificação clara, na área acessada por
visitas em estabelecimentos de saúde.
4.1.2.4 Ineficiência operacional versus qualidade dos aterros
.
A análise a seguir demonstra a condição predominante dos aterros na região
estudada, através da classificação fornecida pela CETESB, conforme demonstrado
previamente e explicitado na Figura 4-1.
Figura 4-1: Distribuição da classificação dos aterros para RSU, segundo a CETESB.
Fonte: Elaborada pelo autor
78
um claro predomínio de uma situação favorável quanto à qualidade dos
aterros da região estudada, porém ainda a prática de situações inadequadas. Os
aterros controlados embora satisfaçam algumas condições básicas, ainda não é a
situação desejável.
A própria Lei Estadual 12300, de 16 de março de 2006 que institui a
Política Estadual de Resíduos, em seu artigo 3º, citado no item 2.7.6 que contempla
em seus objetivos, no parágrafo III, a erradicação de formas inadequadas de
destinação final, inlcuindo os aterros controlados.
Dos três municípios que não forneceram os dados para a elaboração desta
pesquisa, o município de Macatuba se enquadra na situação inadequada de
operação. Reforçando a idéia apresentada na abertura deste capítulo, na qual o
autor afirma o receio do fornecimento de informações pelo pesquisado, devido as
atuais circunstâncias inadequadas de gestão de uma forma geral.
Quando se observa que 63% dos aterros analisados apresentam condições
adequadas de operação, mesmo não se enquadrando dentro do padrão
especificado no artigo 3º desta lei.
O cumprimento deste artigo em específico poderia se dar em forma de
parcerias tornando possível sua realização. O desenvolvimento de parcerias entre
Setor Público e o Setor Privado, conhecido pela sigla “PPP” (Public Private
Partinership), buscando viabilizar a implantação de projetos de infraestrutura básica,
expressando inclusive a responsabilidade social atribuída ao capital privado. Os
projetos PPPs foram precursores do desenvolvimento e expansão em países da
Europa. Dessa inciativa poderia se estabelecer uma parceria tipo consórcio, que
permitiria o uso do serviço de forma mais justa, respeitando as diferenças existentes
na geração, tanto em relação à quantidade como à similaridade.
Este cenário pode se viabilizar através da Lei 11.079 de 30 de dezembro
de 2004, citada no item 2.7.5, que promove o fomento à obras de infraestrutura,
normalmente de responsabilidade do Estado, com garantias contratuais e mitigação
de riscos por parte desse, tornando esses empreendimentos economicamente
atrativos para o setor privado, e justificado principalmente pela exploração e
comercialização do gás gerado nos aterros, como contrapartida oferecida para a
sociedade, seria a melhoria da qualidade de vida do entorno, redução da emissão
79
desses gases, que hoje são lançados no meio ambiente e que contribuem para o
efeito estufa, e ainda, geraria mais emprego. Vem ao encontro, com as
necessidades e possibilidades contempladas pela Política Estadual de Resíduos
Sólidos.
4.1.2.5 Das práticas de tratamento e disposição final
A análise da prática nestes municípios, quanto à forma de tratamento e
destinação final traduz-se na Figura 4-2
.
Figura 4-2: Práticas de tratamento e disposição final.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nota: Os dados demonstrados acima se referem à prática dos municípios e não a quantidade de
resíduos envolvidos em cada prática.
Nota-se a preocupação dos representantes municipais em obedecerem as
Legislações pertinentes quanto ao tratamento e à destinação final, uma vez que as
empresas terceirizadas se encarregam do tratamento, classificados nos grupos "A",
"B" e "E" da resolução CONAMA 358/05, e conforme determina a Resolução
ANVISA RDC 306/04 e da disposição final.
54%
14%
18%
14%
Práticas de Tratamento e Disposão Final
Terceirizado
Valas Septicas
Não Informado
Queimado e enterrado
80
O sistema de terceirização acaba envolvendo a etapa que contempla a coleta
e o transporte externo dos resíduos. O que foi constatado nas entrevistas foi o fato
de que em muitos municípios o posto de saúde ou o próprio hospital funciona como
transbordo, sendo que o RSS gerado pelo município é levado até os postos em
carro particular, sem as condições estabelecidas para tal. Desse ponto central a
empresa terceirizada faz a coleta. Essa prática não fica apenas em posse de
pequenos municípios como Pirajuí, Agudos, Arealva e Gália, mas também foi
relatado em Bauru, onde pequenos geradores como consultórios odontológicos se
utilizam da mesma prática.
A falha detectada na segregação aliada ao transporte inaquedado dos
resíduos são os principais contribuintes dos acidentes ocupacionais. Uma vez que o
transporte inadequado também leva a falta de uso de EPIs para o desempenho de
tal atividade. Apontando ainda o risco oferecido no momento do transporte
inaquedado no que tange a ocorrência de possíveis acidentes durante o trajeto,
oferecendo risco ao condutor e à sociedade. Transgredindo as resoluções da ABNT,
através das: NBR 7503/200 que exige a ficha para procedimentos em caso de
emergência com o veículo; NBR 9735/2005 que institui a portabilidade de um pacote
de emergência e EPIs necessários; NBR 14652/2001 onde especifica a necessidade
de uma frota especializada para o transporte de tal resíduos e a NBR 7500/2005 não
portando o tulo de Risco para substância infectante de acordo com a
normatização. Outra situação apontada é a própria condição de
armazenamento externo nos geradores principais à espera da coleta pela empresa
terceirizada. São dispostos de forma improvisada, sem obedecer as especificações
contidas nas normas de acondicionamento previstas. Em alguns municípios, que
tem uma baixa produção de RSS, sua coleta é feita quinzenalmente, associado à
falta de estrutura de acondicionamento externo levando ao acúmulo de resíduos,
atraindo insetos e animais que acabam por proliferar doenças e ainda contribuem
para o aumento do índice de infecção hospitalar.
As empresas apontadas como contratadas para a coleta, tratamento e
disposição final dos resíduos, fazem a coleta nos municípios e se utilizam de uma
estação de transbordo centralizada antes de irem para a incineração e disposição
em aterro devidamente licenciados pela CETESB.
81
Esta prática envolve diversas etapas de deslocamento e consequentemente
manuseio desses resíduos favorecendo o aumento de riscos.
Observa-se que o excesso normativo que delineia todas as etapas dos RSS,
tornam-se inexequívies pelos pequenos geradores. Para essa questão torna-se
necessário o desenvolvimento de um Programa de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde (PGRSS) com estratificação de geradores, viabilizando o seu
cumprimento, a exemplo do que prevê a Política de Estadual de Resíduos Sólidos,
no artigo 1, parágrafo 3º, que permite um Plano de Gerenciamento de Resíduos
Urbanos simplificado para municípios com até 10.000 habitantes.
Este ajuste, em relação aos pequenos geradores, viabilizará o seu
enquadramento e favorecendo o cumprimento da carga normativa. Enquanto há
uma carga acentuada de legislação incidindo sobre os grandes geradores, as
maiores irregularidades são observadas nos pequenos, a exemplo dos consultórios
médicos odontológicos que transportam seus resíduos em veículo particular, não
possuindo também o espaço correto para a guarda do mesmo à espera da coleta
por empresas terceirizadas, que acabam coletando quinzenalmente, fazendo disso
uma prática inadequada com a improvisação de espaços, constituindo risco à saúde
pública pelos fatores relatados anteriormente.
4.1.2.6
Das empresas terceirizadas
Na região estudada foram encontradas três empresas terceirizadas e uma
quarta que está entrando para fazer o tratamento dos geradores públicos em Bauru.
A Figura 4-3 demonstra a participação de cada empresa junto à região estudada.
82
Figura 4-3: Empresas coletoras de RSS e sua atuação na região.
Fonte: Elaborada pelo autor
A empresa que possui uma atuação maior é a Cheiro-Verde Ambiental que,
como divulgado, é especializada no tratamento dos RSS e possui três centros de
tratamento estrategicamente posicionados. A empresa possui licenciamento junto a
CETESB e atua a mais de sete anos nos serviços de operação e transporte,
tratamento e disposição final de RSS. Os resíduos são encaminhados para uma
unidade central onde recebem duplo tratamento (autoclavagem e incineração) e
seguem como resíduos inertes para os aterros industriais licenciados pela CETESB.
Com prestação de serviços em apenas um município estão as empresas
Noroeste Ambiental e a Biocyclus.
A Noroeste Ambiental atua na área de coleta e transporte de Resíduos
Sólidos de Serviços de Saúde, atendendo atualmente mais de 20 municípios
pertencentes a região de Araçatuba/SP, Araraquara/SP e São José do Rio Preto/SP.
Sua localização é a cidade de Uchoa, interior de São Paulo.
Não foram obtidas informações da empresa Biocyclus mencionada como
responsável pela coleta, tratamento e disposição final do município de Iacanga.
Essas empresas que são responsáveis por efetuarem as etapas citadas, ao
final de um período pré-estabelecido contratualmente, normalmente após o
83
pagamento da nota fiscal, são responsáveis por emitir um certificado ao contratante,
que em conjunto com o Certificado de Aprovação para Destinação de Resíduos
Industriais (CADRI), comprovará o correto destino dos RSS por ele gerado. O
CADRI é o instrumento que aprova o encaminhamento de resíduos industriais a
locais de reprocessamento, armazenamento, tratamento ou disposição final,
licenciados ou autorizados pela CETESB. Esse documento é emitido pela CETESB.
Ao receberem tal certificado, as unidades geradoras acreditam ter sua
responsabilidade sobre os resíduos findada. Porém, ao questionar os entrevistados,
informalmente, se possuíam conhecimento sobre as unidades de tratamento dos
resíduos, ou se tinham ido conhecer as unidades dessas empresas, houve uma
unissonidade em afirmar que não conheciam. O critério de escolha acaba sendo em
função do custo do serviço oferecido, sem com isso se levar em conta a qualidade
do serviços que estão contratando, através de um critério mais rigoroso de seleção.
Apenas buscam a sensação do dever cumprido, ou seja, em se livrar do lixo.
Devido a situações inadequadas de operacionalização, o então Deputado
pelo PT, Fausto Figueira, em 2004 no plenário da Assembleia Legislativa, denunciou
irregularidades em relação as empresas que prestam esse tipo de serviços ainda
cobra uma intensificação no monitoramento por parte da CETESB e do Centro de
Vigilância Sanitária (CVS) sobre a situação do descarte dos RSS em diversos
municípios do Estado. O deputado cita ainda sobre o recebimento de denúncias
sobre irregularidades como a operação do incinerador com licença vencida no
município de Ipaussu, pela empresa Cheiro-Verde e que ainda a mesma estaria
atendendo mais municípios do que o previsto. Alerta ainda para prática de
recebimento superior a capacidade instalada para os incinedores da Unimar,
Hospital Amaral Carvalho e J. Gregório, devido o recebimento de RSS de outros
municípios geradores. A empresa Tratalix e Sterlix foram mencionadas como
receptoras de RSS do grupo B. Essas situações expõem a fragilidade dos sistemas
e colocam em risco a saúde e o meio ambiente (Notícias Integra, 2004).
A percepção que se desenvolve acerca dos dados obtidos é que devido a
necessidade de se adequarem à situação de tratamento e disposição final, as
unidades geradoras, sem alternativa, partem para a contratação de empresas
terceirizadas especializadas, prática essa que vem se estendendo por todo o Brasil.
84
Mas os altos custos para a manutenção dessas empresas para atender aos padrões
exigidos, fazem com que poucas empresas operem realmente de forma eficiente,
ocorrendo apenas a transferência do problema. Essas empresas acabam operando
e competindo por baixos preços no momento da oferta do serviço, o que gera uma
situação de baixo suporte financeiro e técnico para a sustentabilidade no mercado.
Esses baixos preços praticados geram um ciclo de ineficiência, constituindo
barreiras de entrada para novas empresas ou ainda novas iniciativas que
possibilitem uma adesão maior a um sistema de correto gerenciamento. Soma-se a
isso o fato de as empresas desconhecerem o processo efetivado pela empresa
contratada de forma real, como capacidade produtiva, comprometimento das
instalações etc.
Faz-se necessário a intensificação das ações de fiscalização, em relação às
empresas terceirizadas, pelos órgãos competentes, visando coibir a entrada no
mercado de empresas inaptas, diante da possibilidade de exploração existente,
visando adequação das ações dos geradores.
4.1.3 Bauru transfere responsabilidades para os geradores
No decorrer da elaboração deste trabalho, foi possível acompanhar uma
situação da transição que atravessa o município de Bauru, já anunciada e publicada
no jornal regional, Jornal da Cidade em 21 de agosto de 2008, onde foi informado a
homologação da contratação da empresa Sterlix Ambiental Tratamento de Resíduos
Ltda., situada no município de Mogi Mirim.
Através do decreto municipal 10841, de 07 de janeiro de 2009, a empresa
contratada Sterlix, através de contrato firmado pela EMDURB, passa a fazer a
coleta dos RSS gerados apenas pelos órgãos municipais, como pronto-socorro e
unidades básicas de saúde, ao preço de R$ 1,29 pelo quilo desses resíduos. A
estimativa fornecida pela administração é que seja recolhido em torno de 8
toneladas/mês.
As demais unidades geradoras (clínicas médicas, odontológicas, hospitais
particulares etc.) deverão contratar e arcar com sua própria coleta, tratamento e
disposição final dos resíduos que produzem, conforme resolução do CONAMA, a
85
partir de 08 de março de 2009, conforme o decreto municipal citado acima.
Esta mudança tem sido polemizada pelos canais de informação do município,
gerando discordâncias e críticas ao governo municipal pelos geradores de RSS,
caracterizando mais uma vez o desconhecimento da legislação pertinente pelos
mesmos, no qual esclarece que a responsabilidade do tratamento e destinação final
é do gerador.
o estes mesmos geradores que deveriam pressionar, muito antes para
essa decisão, uma situação que atendesse as normatizações que regulamentam
essa situação. Alguns geradores haviam se antecipado a essa mudança, fazendo
o uso de empresas terceirizadas. Este é o caso de grandes geradores do município
como o Hospital da Unimed, o Hospital Estadual, mantido pela UNESP, que são
obrigados a implantarem o Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde (PGRSS) para que sejam certificados com a Acreditação Hospitalar,
certificado que é o instrumento de avaliação da qualidade institucional.
A situação anterior, ao qual os geradores estavam acostumados, cumpria o
decreto anterior de nº 7900, de 02 de janeiro de 1997, onde o artigo 3º, parágrafo 4º,
decretava que a responsabilidade da coleta, do transporte e da destinação dos
resíduos infectantes era competência exclusiva do Poder Público Municipal através
da EMDURB ou empresa a ela credenciada.
Esse mesmo artigo discorre sobre que o procedimento que deverá ser
realizado, visando o cumprimento do serviço acima, que é o acondicionamento
destes resíduos, em sacos plásticos duplos de cor branca leitosa e com gramatura
suficiente que garanta a vedação de vazamentos, segundo
normas técnicas da
ABNT.
Diante desse cenário, os RSS a então tem sido recolhidos em sacos
brancos leitosos, a um valor simbólico e depositado em valas sépticas existentes
junto ao aterro municipal, onde é feita a cobertura com cal e telha zincada.
Esta medida visou a regularização da situação inadequada na qual se
encontrava o município e que estava sob o foco do Promotor do meio ambiente,
cabendo uma ação civil do Ministério Público.
Ressalta-se que Bauru possui um alta geração de RSS também pelo fato de
ser considerado o município polo para tratamento e atendimento de alta
86
complexidade, recebendo pacientes de diversos municípios, dentro de uma
pactuação existente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A preocupação atual dos responsáveis pelo controle dos resíduos especiais
na EMDURB centra-se na possibilidade da perda de controle dos geradores. Diante
desse novo cenário o autor propõe a elaboração de mecanismos sistemáticos de
controle, diante do cumprimento da nova legislação municipal pelos órgãos
competentes, para que haja eficiência em relação aos RSS gerados e destinados a
terceiros, a fim de não se perder o controle, até então centralizado nas mãos da
EMDURB, e atentendo principalmente ao item 13, do Capítulo 2, Parágrafo Único,
da Lei de Estadual de Resíduos Sólidos onde fica imputado:
“Implantar Sistema Declaratório Anual para o controle da geração,
estocagem, transporte e destinação final de resíduos industriais”.
4.1.4 Recomendações de Gestão
Após o diagnóstico fornecido por este estudo, recomenda-se algumas
orientações básicas, dentro de um nível de risco aceitável. As ações devem ser
implantadas gradualmente, objetivando a eficiência através de melhorias graduais,
procurando aplicar um processo de melhoria contínua do processo. Para isso será
necessário o engajamento das autoridades municipais e dos gestores de saúde para
a eficácia da gestão dos resíduos.
O primeiro passo a ser dado rumo a esse processo de melhoria é a correta
segregação na fonte desses resíduos. Atentando que, para isso, será necessário
desenvolvimento e capacitação do fator humano. A correta segregação, como ponto
de partida para uma minimização segura e de reutilização dos materiais possíveis, já
seria o suficente para uma redução dos resíduos que necessitam de tratamento
prévio, consequentemente redução dos custos dos mesmos.
O desenvolvimento de um programa de minimização requer o cumprimento
das normas específicas (que regem cada tipo de resíduos), evitando riscos
ocupacionais, resultando em mais saúde para o trabalhador, sociedade e até mesmo
para os pacientes, através de uma redução nos índices de infecção hospitalar.
A correta segregação ainda permite a análise da viabilidade de reuso, da
87
comercialização de recicláveis ou mesmo o fato de uma descartabilidade correta.
A redução dos RSS infectantes pela correta segregação na fonte, permite que
esses resíduos não tenham a necessidade de serem manipulados em grandes
quantidades.
Dentro de uma perspectiva de gestão, podemos ir além na questão
envolvendo custos, quando se desempenha um bom controle dos estoques dos
produtos que necessitam de um descarte diferenciado, como produtos químicos por
exemplo, evita-se a necessidade do descarte por vencimento, como também poupa-
se custos para esses processos.
O estabelecimento de controle quali-quantitativo da produção de resíduos
também deverá ser inserido, visando um conhecimento, um melhor controle e um
estudo de viabilidades de redução. O controle também permitirá a melhor alternativa
de tratamento, já citadas anteriormente.
O PGRSS insitui a figura do gestor dos resíduos, como responsável pelo
desenvolvimento e implementação nos estabelecimentos geradores, porém além
dessa prática não ter sido observada nos geradores, torna-se inviável ao pequeno
gerador manter um responsável técnico para essas ações. Todo este processo é
iniciado através da distribuição de responsabilidades. Para isso, necessita-se o
desenvolvimento de alternativas de gerenciamento ao pequeno gerador, para que
este mesmo princípio de relevância possa ser cumprido.
Através da somatória de esforços na redução do volume dos resíduos
infectantes, viabiliza-se a situação de um gerenciamento regional, com custos
proporcionais à geração. Possibitando assim, a inclusão do pequeno e médio
gerador com custos acessíveis e o estímulo, junto com a educação, para o
tratamento e subsequente destinação final.
88
5 CONCLUSÕES
Ao se aprofundar na realidade vivida pelos geradores de RSS, no universo
das inúmeras legislações, decretos e portarias, e também da falta de uma estrutura
que atenda às necessidades físico-financeiras, percebe-se claramente que a
situação dos Resíduos de Serviços de Saúde é cercada pela carência de uma
gestão sistêmica. E este modelo de gestão deve iniciar antes do cumprimento da
legislação em relação à questão do tratamento e disposição final, que é foco das
atenções, hoje, dos gestores de saúde municipais.
Do início deste estudo, onde o foco principal visava propor a implantação de
um sistema de consórcio regional para o estabelecimento de uma planta de
incineração, até a conclusão do mesmo, a ideia principal sofreu uma mudança de
foco, dada a realidade que foi diagnosticada. O fator percebido, e que antecede a
etapa acima relatada, diz respeito às falhas básicas operacionais percebidas na
triagem dos resíduos na fonte geradora e que acaba por comprometer toda a
sequência do processo de gestão, da geração até o seu destino final.
O entendimento principal do objetivo, da essência de uma correta
segregação, além de ser o de reduzir a quantidade de resíduos infectantes, também
é o de se criar uma cultura organizacional de segurança, de não desperdício e de
redução de acidentes ocupacionais.
Desta forma, podemos concluir, após todos os dados e levantamentos
efeutados neste trabalho, que:
a base das alternativas propostas centra-se na necessidade do
desenvolvimento da capacitação do fator humano que está na linha de frente
de todo esse processo. Sem a interpretação correta de todo acervo legislativo
normatizando a questão dos RSS, todas as etapas ficam comprometidas.
faz-se necessário o desenvolvimento de um controle rigoroso da fiscalização
das prestadoras de serviços, evitando uma migração da natureza do
problema e dos impactos gerados.
outro item relevante é o ajuste necessário na carga da legislação, propiciando
uma prática eficiente de gestão dos RSS também por parte do pequeno
gerador.
89
Por fim este trabalho conclui que através de um agente catalizador, no caso do
modelo proposto, o CODER, ocorra a intensificação de esforços rumo ao almejado
desenvolvimento sustentável. Buscando, principalmente, o desenvolvimento e a
capacitação do fator humano na região, junto às esferas do governo e as
organizações de caráter privado, possibilitando que o entrelaçamento das
necessidades da região possam, assim, ser sanadas. Com essa capacitação e
aplicação adequada do contexto normativo, aposta-se num eficiente resultado
regional.
90
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101
APÊNDICE
À
SECRETARIA DE SAÚDE DO MUNÍCIPIO DE
ILMO (A) SECRETÁRIO MUNICIPAL DA SAÚDE
SR (A)
SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Eu, Érica Morandi Paveloski, RG 23.641.342-9, pesquisadora do MESTRADO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
(UNESP), Bauru, desenvolvo trabalho de pesquisa na área de Resíduos de Serviços
de Saúde (RSS). O trabalho consiste em diagóstico da situação atual dos RSS bem
como no levantamento da atual geração dos mesmos na região de Bauru. A
pesquisa tem como foco principal a busca de um gerencimento apropriado,
envolvendo alternativas para a correta destinação final. Venho através desta, em
meu nome e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, solicitar
informações fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa, que terá grande
impacto regional. As informações que necessito são:
a) Listagem dos principais geradores de RSS do munícípio (hospitais, clinicas,
postos de saúde, etc)
b) Quantidade de RSS gerado
c) Sistema de disposição final utilizada
Solicito, por favor, que tais informações sejam fornecidas, para o sucesso da
elaboração da pesquisa.
As respostas podem ser enviadas ao e-mail
e, qualquer dúvida,
também disponibilizo os telefones (14) 3313-9658 ou o celular 9651-7623.
Solicito também um número de telefone para contato e, se possível, agendar uma de
entrevista ao prazo de 25/11/08, que é o prazo final para coleta de dados de
minha dissertação de mestrado.
Sem mais, agradeço a colaboração valiosa e me comprometo a enviar uma cópia do
trabalho final a este órgão assim que sua publicação seja devidamente autorizada.
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