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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
MPUS DE BOTUCATU
MALTODEXTRINA E ÓLEOS COMO FONTES DE ENERGIA
PARA LEITÕES
LUCÉLIA HAUPTLI
Tese apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Zootecnia como
parte das exigências para obtenção do
título de Doutor.
BOTUCATU SP
Junho de 2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
MPUS DE BOTUCATU
MALTODEXTRINA E ÓLEOS COMO FONTES DE ENERGIA
PARA LEITÕES
LUCÉLIA HAUPTLI
Zootecnista
ORIENTADOR: Prof. Dr. DIRLEI ANTONIO BERTO
Tese apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Zootecnia como
parte das exigências para obtenção do
título de Doutor.
BOTUCATU SP
Junho de 2009
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TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO -
UNESP - FCA LAGEADO - BOTUCATU (SP)
Hauptli, Lucélia, 1978-
H374m Maltodextrina e óleos como fontes de energia para
leitões / Lucélia Hauptli. – Botucatu : [s.n.], 2009.
v, 57 f.: tabs.
Tese (Doutorado) -Universidade Estadual Paulista, Facul-
dade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2009.
Orientador: Dirlei Antonio Berto
Inclui bibliografia.
1. Desempenho. 2. Lactose. 3. Rações simples. 4. Ra-
ções complexas. I. Berto, Dirlei Antonio. II. Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Bo-
tucatu). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.
III. Título.
i
Dedico
À minha querida mãe, ROSANA FERREIRA, e meu pai, CIO
HAUPTLI, que sempre me apoiaram, em todos os momentos com e
amor.
Ao meu Orientador Dirlei Antonio Berto pelo aprendizado e apoio
na minha jornada.
Ao meu amigo, irmão de coração e colega de profissão Berilo de
Souza Brum Júnior, por sempre estar presente no meu caminho
acadêmico, me apoiando com toda a amizade.
ii
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia UNESP/Botucatu, pela oportunidade de realização deste
curso.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tencológico (CNPq),
pela concessão da bolsa de estudos.
Ao Prof. Dr. Francisco Stefano Wechsler, pela disponibilidade na realização
das análises estatísticas.
À Prof. Dra. Margarida Maria Barros, pelas excelentes aulas e amizade.
Aos secretários da Seção de Pós-graduação em Zootecnia, Seila Cristina
Cassinelli Vieira e Danilo Juarez Teodoro Dias, pela atenção e auxílios prestados.
À funcionária do Departamento de Produção Animal, Solange Aparecida
Ferreira de Souza pela atenção e auxílio.
Aos funcionários do Setor de Suinocultura da FMVZ UNESP, Sérgio e Vilson,
pela amizade e ajuda na condução dos experimentos.
Às minha amigas, colegas e irmãs: Kátia, Regina e Vivian pela amizade, apoio,
inestimável ajuda e participação ativa na condução dos experimentos.
Aos amigos Guilherme Badini e Diego Peres, pela amizade e auxílio em todos
momentos ao longo do Doutorado.
À querida Mayra Saleh pela dedicação nas análises laboratoriais.
Aos amigos de empresa Ulisses, Jane e Simone pelo apoio, amizade e
compreensão nessa minha jornada.
E a todos que de algum modo contribuíram para a realização deste trabalho.
iii
SUMÁRIO
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iv
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v
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Página
33
34
35
36
37
53
54
55
1
CAPÍTULO 1
2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A produção mundial de carne suína aumentou em 75% durante o período de
1980 até meados do ano 2000 e deverá atingir 100,32 milhões de toneladas em 2009,
volume 1,91% superior ao produzido em 2008 (USDA, 2009).
A suinocultura brasileira produz anualmente cerca de 3,0 milhões de toneladas
de carne, sendo o Brasil o quarto maior exportador mundial de carne suína
(EMBRAPA, 2009). É considerada atividade de grande importância nacional por gerar
empregos, volume em exportações e por produzir proteína de alta qualidade em área
reduzida e curto espaço de tempo.
O rebanho de suínos no Brasil tem mantido número constante de animais. O
número de matrizes suínas nas suinoculturas industriais está em torno de 1,52 milhões
de cabeças, com um crescimento de 3,4% no ano de 2008. O crescimento da oferta
de suínos para abate foi de 3,8% do ano de 2007 para 2008, passando de 34,2
milhões para 35,5 milhões de cabeças (ABIPECS, 2009).
O Brasil atingiu US$ 1,48 bilhão em exportações de carne suína em 2008, 20%
a mais do que em 2007 (US$ 1,23 bilhão), porém, houve uma queda de 77 mil
toneladas, sendo o volume exportado em 2008 de 529,41 mil toneladas. Os preços
altos no mercado mundial e a opção estratégica das empresas, que priorizaram preço
em detrimento de volume, explicam o bom desempenho das receitas. A redução das
quantidades exportadas se deve, em primeiro lugar, ao bom desempenho do mercado
interno e, em segundo lugar, à crise financeira internacional e à paralisação de portos,
responsáveis pelo escoamento da produção, nos dois últimos meses do ano de 2008
(ABIPECS, 2009).
1. Desmame de leitões
O sistema intensivo de criação de suínos tem o objetivo de maior produção em
menor tempo. Logo, com o objetivo de elevar a produtividade das porcas, aumentando
o número de leitões/porca/ano e kg de suíno/ano, é pratica comum desmamar leitões
em idade precoce, em média aos 21 dias. Ao contrário do que ocorre em condições
naturais, quando é um processo gradual, sem mudanças drásticas, o desmame passa
a ser um dos momentos mais críticos na vida dos suínos. Nesta fase, vários fatores
concorrem para causar estresse nos animais, tais como separação da mãe, mudança
3
de ambiente, deficiência no controle ambiental, dificuldade de adaptação a
comedouros e bebedouros e misturas de leitegadas (QUADROS et al., 2002).
A troca de dieta é uma das situações mais marcantes para o leitão nesta fase,
pois a dieta líquida (leite) de alta digestibilidade é substituída por dieta sólida,
composta por carboidratos como principais fontes de energia, substituindo a lactose
pelo amido. Alem disso, as dietas com altos níveis de farelo de soja levam ao
desenvolvimento de reações de hipersensibilidade e, conseqüentemente, à ocorrência
de diarréias nesta fase (SPREEUWENBERG et al., 2003).
Deste modo, o efeito imediato do desmame é uma acentuada redução no
consumo alimentar, que conduz a desnutrição e comprometimento do crescimento. O
leitão nos primeiros dias pós-desmame não consegue consumir energia necessária
para a sua mantença. A primeira refeição após o desmame é consumida geralmente
dentro de 24 horas por 50% dos leitões, para 10% após 48 horas pós-desmame.
Assim, o leitão recém desmamado necessita de três dias para atingir as exigências de
energia para a manutenção e de oito a 14 dias para recuperar o vel de consumo de
energia que ele tinha na fase de pré-desmame (BROOKS et al., 2001).
O principal objetivo nessa situação crítica é, portanto, manter maior ganho de
peso possível, pois além do peso ao desmame, o ganho de peso nos primeiros dias
pós-desmame são determinantes para o desempenho subseqüente e influenciam na
eficiência alimentar do suíno até o abate.
2. Aspectos fisiológicos e nutricionais no pós-desmame
Na fase pós-desmame, as quantidades de enzimas secretadas pelo sistema
digestório e de ácido clorídrico pelas células parietais do estômago são limitadas
(GEARY et al., 1999), o que promove digestão incompleta de carboidratos e proteínas,
alterando a osmolaridade do conteúdo intestinal e propiciando condições favoráveis
para o desenvolvimento de bactérias patogênicas, predispondo à ocorrência de
diarréias. Nesta fase de vida dos leitões a enzima lactase diminui gradativamente e a
maioria das outras enzimas digestivas aumenta seus níveis, atingindo grau satisfatório
de atividade somente por volta dos 42 dias de idade (LINDEMAN et al., 1986).
A ocorrência de diarréia pós-desmame está relacionada à arquitetura e função
intestinais, uma vez que vilosidades mais curtas e criptas mais profundas representam
menor número de células absortivas e maior número de células secretoras (NABUURS
4
et al., 1993). O acúmulo de alimento no lúmen intestinal, ocasionado pela digestão e
absorção comprometidas, contribui para a criação de gradiente osmótico e para o
aumento da secreção de fluidos no lúmen, que tem como conseqüência a diarréia
osmótica, devido a reabsorção de líquidos pelo intestino grosso não ser eficiente
(BOUDRY et al., 2004).
Além disso, a presença de carboidratos e proteínas não digeridos e o elevado
pH estomacal dos leitões provocam desequilíbrio da microflora intestinal propiciando
ambiente favorável para o crescimento de bactérias patogênicas, como Escherichia
coli, Clostridium e Enterobacteriaceae (WALSH et al., 2004). Como conseqüência da
adesão bacteriana à mucosa e da fermentação dos nutrientes, ocorre produção de
toxinas que irritam o epitélio intestinal e interferem no processo homeostático de
absorção de água e sais, agravando o quadro nutricional e desencadeando diarréia
infecciosa que pode ser fatal (MOLLY, 2001).
A transição no sistema digestivo do leitão, para produção enzimática
adequada, que possibilite digestão eficaz das moléculas complexas dos cereais, é
mais lenta nos leitões desmamados com 14 a 21 dias de idade do que naqueles
desmamados com 28 dias em diante (LEPINE et al.,1991). Nos suínos, o
desenvolvimento adequado da capacidade de produção e ativação das enzimas
digestivas ocorre entre seis e oito semanas de idade (MAHAN & NEWTON, 1993;
BERTOL, 1997). Ao passo que a capacidade plena de produção de ácido clorídrico
pelas células parietais do estômago é alcançada apenas entre a tima e a décima
semana de vida dos leitões (BLANCHARD, 2000).
No trato digestivo dos leitões as atividades das enzimas lipase, amilase,
quimotripsina e tripsina na primeira semana após o desmame apresentam queda, o
contrário ocorre com a atividade proteolítica gástrica, que apresenta aumento
(LINDEMANN et al.,1986). Hampson & Kidder (1986) verificaram máxima perda da
atividade enzimática da borda em escova intestinal de leitões desmamados aos 21
dias, entre quatro e cinco dias após o desmame. Os autores também observaram
redução significativa da capacidade absortiva e queda no ganho de peso quando os
leitões foram comparados a animais não desmamados, independente do acesso ou
não à ração pré-inicial na maternidade.
O leite da porca, principal alimento consumido pelo leitão até o momento do
desmame, apresenta como principais fontes de energia a gordura e a lactose (XU,
2003). A composição do leite da porca normalmente serve como referência para a
escolha das matérias-primas para elaboração de dietas pós-desmame.
5
Por este motivo, para leitões desmamados, devem ser oferecidas na dieta
fontes de energia prontamente disponíveis ou de fácil absorção, portanto, as dietas
devem ser compostas por gorduras, sucedâneos lácteos, cereais processados ou
açúcares simples, para que os animais possam atender as necessidades energéticas
até que estejam plenamente capacitados em utilizar o amido dos alimentos de origem
vegetal. Dentre as fontes de energia utilizadas nas dietas de leitões recém
desmamados , destaca-se a lactose, por ser o carboidrato presente no leite.
3. Lactose
A lactose, dissacarídeo formado por uma molécula de glicose e outra de
galactose, é o principal açúcar na primeira idade dos mamíferos e faz parte de um
grande numero de produtos destinados a alimentação animal e humana.
A lactose é importante fonte de energia para a sobrevivência dos leitões após o
nascimento, em razão de possuírem baixas reservas de gordura e baixa capacidade
de reter calor (BIRD et al., 1995).
A maior parte da galactose absorvida é utilizada pelo fígado para repor o
glicogênio hepático, enquanto a maior parte da glicose absorvida passa pelo fígado
sem ser metabolizada, ficando disponível para corrigir a hipoglicemia e servir como
fonte de energia para tecidos como o cérebro (BIRD & HARTMANN, 1994).
Possivelmente, a lactose desempenha o mesmo papel, quando os leitões perdem
parte de suas reservas de gordura, devido ao baixo consumo de alimento nos
primeiros dias após o desmame.
Sempre prevaleceu o consenso de que a lactose deve ser constituinte
obrigatório na dieta de leitões desmamados, por ser de fácil digestão. Pesquisas
documentaram efeito positivo de sua presença nas rações de leitões, sobre o ganho
de peso e desenvolvimento dos animais (BERTOL et al., 2000). As pesquisas para a
definição do melhor nível de lactose mostraram que a inclusão deve ser em torno de
15 a 30% nas dietas pré-inicias e de 10 a 15% nas dietas iniciais (MAHAN et al.,
2004). Os ingredientes mais utilizados com fonte de lactose em dietas de leitões são: a
lactose cristalina (98% de lactose), o soro de leite em pó (70% de lactose) e o leite em
pó desnatado (50% de lactose).
No entanto, nos últimos anos os preços dos produtos lácteos têm aumentado
demasiadamente, em parte, pelo uso na indústria de alimentação humana, obrigando
6
a busca por novos alimentos que sirvam de opção como fonte de energia para suínos
jovens.
3.1. Alternativas a lactose
Estudos indicam que leitões desmamados preferem a lactose ao amido, mas
outras formas de açúcares simples também podem ser oferecidas sem prejuízos ao
desempenho dos animais, como a frutose, glicose e maltose, e também sacarose e
maltodextrinas. Os açucares simples por serem mais doces podem influenciar a
palatabilidade das dietas. A ordem de preferência dos suínos para os açúcares
simples em relação a palatabilidade é primeiramente a sacarose, em seguida a
frutose, após estes dois açucares os animais preferem igualmente a maltose e a
lactose e finalizam optando por glicose seguida pela galactose (GLASER et al., 2000).
Apesar da aceitação pelos leitões e de serem facilmente utilizados, altas
concentrações de açúcares simples podem predispor os animais a diarréias, devido a
influência sobre a osmolaridade do lúmen intestinal (MAVROMICHALIS, 2006).
Outras fontes de energia podem ser utilizadas nas dietas para leitões e vários
pesquisadores têm mostrado resultados positivos com milho extrusado e micronizado
(MEDEL et al., 1999), milho pré-gelatinizado (MOREIRA et al., 2001). Fontes de
proteína previamente processadas ou de fácil utilização também tem sido utilizados,
como soja integral extrusada (COFFEY, 2000), isolado protéico de soja (JUNQUEIRA
et al., 2004). Dentre os produtos alternativos a lactose, destaca-se a maltodextrina
(SILVA et al., 2008), para uso em dieta de leitões.
4. Maltodextrina
4.1 Definição e aplicação
A maltodextrina é definida como polímero sacarídeo nutritivo, sem sabor
adocicado, constituído por unidades de D-glicose unidas principalmente por ligações
α(1-4). Apresenta-se como branco ou como solução concentrada obtida a partir da
hidrólise parcial dos amidos de milho, batata ou arroz com ácidos e enzimas seguras e
adequadas (FDA, 2003).
7
Sendo a maltodextrina produto derivado da hidrólise do amido, ela é
caracterizada pelo seu grau de hidrólise, expresso como DE, que indica a
porcentagem de açúcares redutores calculados como dextrose com base na matéria
seca (MARCHAL et al., 1999; OLIVER et al., 2002). A maltodextrina possui dextrose
equivalente (DE) entre 3 e 20.
A DE é indicadora do peso molecular médio dos polímeros de glicose da
maltodextrina. Conforme a hidrólise avança, o peso molecular médio das cadeias de
glicose diminui, e o valor de DE aumenta. O grau de hidrólise do amido determina a
composição do produto final. A hidrólise completa do amido gera dextrose, e sendo o
amido e a dextrose, portanto, os extremos do processo, esses produtos são usados
como referências para a escala de DE. Ao amido não hidrolisado é atribuído valor
zero de DE, enquanto à dextrose é atribuído valor 100. À maltodextrina e aos demais
produtos hidrolisados, constituídos por uma mistura de polímeros de diferentes
tamanhos, são atribuídos valores intermediários de DE, que representam, justamente,
os vários graus de quebra do amido (ALEXANDER, 1992).
As propriedades da maltodextrina como matéria-prima, assim como as dos
demais produtos hidrolisados, estão relacionadas com a DE. Segundo Kuntz (1997),
maltodextrinas com baixa DE tendem a apresentar características semelhantes às do
amido, por conterem grande quantidade de longas cadeias lineares e ramificadas de
glicose, enquanto maltodextrinas com alta DE, isto é, com maior número de cadeias
de baixo peso molecular, assemelham-se mais aos xaropes de glicose.
A utilização de diferentes técnicas de hidrólise (ácida, enzimática ou a
combinação de ambas) possibilita a obtenção de diversos produtos com mesma DE,
mas com diferente composição de carboidratos e com diferentes propriedades
(KEARSLEY & DZIEDZIC, 1995). Assim, a composição de açúcares da maltodextrina
determina suas características funcionais tanto físicas como biológicas, tais como
higroscopicidade, fermentabilidade nos produtos alimentícios, viscosidade,
estabilidade, doçura, gelatinização, osmolaridade e absorção pelos organismos
(MARCHAL et al., 1999).
As características físicas da maltodextrina, ou seja, a higroscopicidade e a
osmolaridade são de interesse na produção de rações para leitões desmamados. A
higroscopicidade diz respeito a capacidade de uma substância de absorver umidade
do meio em que se encontra, enquanto a osmolaridade de uma solução refere-se à
quantidade de partículas de soluto dissolvidas por litro de solução. Estas duas
características estão diretamente relacionadas com a DE, sendo que quanto menor a
8
DE do produto, menores serão a higroscopicidade e a osmolaridade (ALEXANDER,
1992; KEARSLEY & DZIEDZIC, 1995).
As maltodextrinas apresentam baixa higroscopicidade e são usadas para
manter baixo o nível de umidade e o empedramento em produtos em pó,
características importantes para boa qualidade e homogeneidade das rações
(ALEXANDER, 1992).
Se a osmolaridade no lúmen intestinal dos leitões for elevada, principalmente
nos dias subsequentes ao desmame, quando o estresse é maior, aumenta-se o risco
da ocorrência de diarréia osmótica, provocada pela maior passagem de fluido para o
lúmen intestinal. Logo, a inclusão de maltodextrina às rações de desmame pode ser
interessante, pois conforme Alexander (1992) e Kearsley & Dziedzic (1995), produtos
com baixa DE, como a maltodextrina, apresentam alto peso molecular e,
conseqüentemente, baixa concentração molecular, exercendo baixa pressão osmótica.
As maltodextrinas m aplicações em diversas áreas industriais, podendo ser
utilizadas como agentes carreadores, provedores de textura, substitutos de gordura,
agentes controladores do congelamento para prevenção da cristalização, dentre
outros usos (MARCHAL et al., 1999).
Uma das utilizações da maltodextrina na indústria é como agente encapsulante
em processos de microencapsulação. A microencapsulação é um procedimento que
pode englobar sólidos, líquidos ou gases em corpos que liberam gradualmente os
elementos imobilizados. Este procedimento é bastante empregado pelas indústrias
farmacêuticas, químicas e alimentares (ABURTO et al., 1998). A microencapsulação
de alimentos emprega formulações contendo o ingrediente a ser preservado em
mistura com agentes encapsulantes dos mais variados. Sendo a maltodextrina estável,
de baixa higroscopicidade e de baixo custo, apresenta-se como agente encapsulante
dos mais utilizados nos processos de microencapsulação de óleos, porque apresenta
efeito antioxidante, preservando o produto (SHAHIDI & HAN, 1993). Neste processo,
os óleos, após serem emulsificados, são microencapsulados pela maltodextrina pelo
processo de atomização.
9
4.2. Maltodextrina na nutrição de suínos
A bibliografia sobre sua utilização da maltodextrina em rações de suínos é
escassa, sendo que em trabalhos recentes têm sido avaliada a utilização deste
produto em dietas de leitões.
Fiumana & Scipioni (1981) em estudo com substituição parcial do milho e
cevada, em dietas de leitões desmamados aos 19 dias, por amido hidrolisado (5% de
dextrose, ou 5% de maltodextrina, ou 5% de dextrose mais 5% de maltodextrina),
observaram que a dextrose e a maltodextrina sozinhas melhoraram a digestibilidade
da matéria seca, da matéria orgânica e da energia.
Bomba et al. (2002) observaram que a combinação de Lactobacillus casei com
maltodextrina reduziu a colonização de Escherichia coli no jejuno de leitões
gnotobióticos, demonstrando que maltodextrina pode ser utilizada na ração para
aumentar o efeito benéfico dos probióticos no intestino delgado.
Oliver et al. (2002) avaliou a substituição da lactose por amido de milho
submetido a dois níveis de hidrólise parcial, DE igual a 20 e DE igual a 42, na
alimentação artificial líquida de leitões até os 20 dias de idade. Não foi observada
diferença no desempenho dos animais, na digestibilidade da matéria seca, na
morfologia intestinal e na atividade enzimática dos leitões submetidos aos diferentes
tratamentos, concluindo que o amido de milho hidrolisado é uma alternativa à lactose
nas dietas líquidas de leitões.
Silva et al. (2008) em dois estudos, avaliaram o desempenho e digestibilidade
de leitões desmamados aos 21 dias, submetidos a rações complexas no experimento
I, e semi-complexas no experimento II, suplementadas com maltodextrina substituindo
parcialmente a lactose e acidificantes, até 28 dias pós desmame. Os leitões que
receberam as dietas com maltodextrina apresentaram maior consumo diário de ração
e ganho diário de peso no experimento I, no período de zero a 14 dias. No segundo
experimento não foram observadas diferenças de desempenho e digestibilidade.
Entretanto as rações que continham maltodextrina e maltodextrina mais acidificante
foram mais econômicas.
A maltodextrina, portanto, pode ser excelente fonte de açúcares simples para
leitões jovens, podendo substituir a lactose desde que seja de alta qualidade, ou seja,
que sua DE esteja entre 3 e 20 e que cuidados sejam tomados durante o preparo das
rações (MAVROMICHALIS, 2002).
10
5. Uso de óleos na dieta de leitões
As fontes energéticas, como os lipídios, têm sido usadas pelos nutricionistas,
visando melhorar o desempenho dos leitões desmamados, contudo, é grande o
número de substâncias classificadas como lipídios. A mais ampla definição para
lipídios é que são substancias encontradas nos organismos vivos, insolúveis em água
e solúveis em solventes orgânicos (NUNES, 1998).
Os óleos e gorduras são lipídios, ésteres de ácidos graxos de alto peso
molecular e glicerol. A diferenciação entre óleos e gorduras se faz pelo seu estado
físico em temperatura ambiente, de modo que os óleos se apresentam líquidos e as
gorduras se apresentam sólidas em temperatura ambiente (NUNES, 1998).
O uso de gorduras e óleos na alimentação de leitões tem sido bastante
pesquisado nas últimas décadas (CERA et al., 1990; HOWARD et al., 1990; JONES et
al., 1992); entretanto, os resultados no período pós-desmame têm se mostrado
inconsistentes e, normalmente, não melhoram o desempenho, principalmente durante
as primeiras semanas pós-desmame. Os óleos vegetais são os mais utilizados nas
rações de leitões, por terem maior proporção de ácidos graxos insaturados e
apresentarem maior digestibilidade aparente em relação às fontes de gordura animal
(CERA et al., 1989).
Os leitões têm o sistema digestivo imaturo, portanto, as dietas pós-desmame
devem ser formuladas para atender as restrições digestivas do suíno jovem. A adição
de produtos lácteos às dietas pós-desmame resultam em melhores taxas de
crescimento dos leitões, maior consumo de ração e melhores índices de eficiência
alimentar quando comparadas a leitões alimentados com dieta a base de milho e soja.
A adição da gordura às dietas da fase inicial da vida de suínos geralmenteo
resultam em melhores taxas de crescimento durante as semanas iniciais quando
comparadas a dietas com inclusão de produtos de leite.
Embora os óleos vegetais apresentem digestibilidade mais elevada para os
leitões, em relação aos óleos de origem animal, durante as semanas iniciais pós-
desmame, as diferenças entre os lipídios diminuem a medida que os leitões atingem
maior idade (CERA et al., 1989).
Em estudo realizado por Dove (1993), leitões desmamados aos 21 dias
receberam dieta basal (sem adição de óleo), dieta basal com 5% de triacilglicerol de
cadeia média (abundante na gordura de coco), dieta basal com 5% do óleo de soja e
dieta basal com 5% de gordura animal. O autor observou que a adição de triacilglicerol
11
de cadeia média aumentou o ganho de peso dos animais nas duas primeiras semanas
pós-desmame, comparado às outras fontes. Por outro lado, Cera et al. (1990)
avaliaram a mesma fonte de lipídios, na mesma taxa de inclusão, observando que o
consumo de ração e a taxa de crescimento não apresentaram melhoras em relação
aos leitões que receberam dieta basal. Esse fato pode ser explicado pela diferença na
composição dos ácidos graxos do triacilglicerol, bem como, outros fatores, incluindo
composição da dieta, idade dos suínos, ambiente da creche e manejo, que também
podem influenciar nas respostas dos leitões ao triacilglicerol de cadeia média (DOVE,
1993),
Os óleos derivados de soja, coco e milho têm, entretanto, resultado em taxas
de crescimento mais elevadas em leitões durante as últimas semanas de creche
(CERA et al., 1989, 1990; HOWARD et al., 1990).
Howard et al. (1990) encontraram efeito positivo da adição de óleo de soja
bruto na dieta de leitões em um de seus experimentos, porém, não encontraram
nenhum benefício ao realizar novos trabalhos. É possível que o processo de extração
usado no refinamento do óleo de soja melhore seu valor nutricional para leitões pós-
desmame (HOWARD et al., 1990). Pelos resultados desses experimentos
(HOWARD et al., 1990), infere-se que a resposta do suíno ao óleo de soja degomado
e refinado se aproxima do desempenho de suínos que receberam gordura de coco. Os
autores estabeleceram que para uma dieta que contenha qualquer óleo vegetal até o
nível de 6%, para leitões, o crescimento e a eficiência alimentar melhoram no final da
fase de creche, comparado com a dieta-controle.
O óleo de soja, em função da maior disponibilidade e do menor custo é,
atualmente, a fonte de lipídio mais usada nas dietas de leitões. Este óleo contém
predominantemente ácidos graxos insaturados de cadeia longa, com uma relação
insaturados/saturados (I/S) de 5,42 (NRC, 1998).
5.1. Óleo de palma
O óleo de palma é composto por 44% de ácido palmítico que funciona como
precursor dos ácidos graxos naturais saturados, enquanto que o óleo de amendoim,
por exemplo, possui entre 6 a 12% de ácido palmítico, além disso, o óleo de palma
possui em torno de 50% de ácidos graxos saturados, enquanto o óleo de soja possui
15% e o óleo de canola 6% (GUNSTONE, 1999).
12
A relação ácidos graxos insaturados / saturados do óleo de palma é de 0,15 (LI
et al., 1990). A alta proporção de ácidos graxos de cadeia média (acima de 80%),
segundo Henry et al. (1999) pode tornar o óleo de palma fonte de lipídio mais
eficientemente utilizada pelos leitões desmamados, pois tem-se constatado que ácidos
graxos de cadeia média são absorvidos mais rapidamente no lúmen intestinal e mais
rapidamente metabolizados que os ácidos graxos de cadeia longa (CERA et al., 1989;
WIELAND et al., 1993).
6. Dietas simples e complexas para leitões
A elaboração de rações adequadamente balanceadas para atender às
exigências nutricionais dos leitões tem se constituído, portanto, num grande desafio
para os nutricionistas à medida que se diminui a idade ao desmame.
O consumo de ração é pequeno e variável na primeira semana pós-desmame,
sendo insuficiente para atender as exigências de mantença dos leitões (PLUSKE et
al., 1995). As dietas complexas definidas como dietas de alta porcentagem de
produtos lácteos, associados a fontes protéicas de origem animal, apresentam maior
digestibilidade e determinam maior ingestão, por serem palatáveis, sem predispor os
leitões a problemas digestivos (LOPES et al. 2004). Por outro lado, a utilização de
dietas simples, definidas com aquelas sem alta inclusão de lactose e com fontes de
proteína exclusivamente vegetal, diminui os custos da alimentação (NELSSEN et al.
1997), tornando-as de interesse, especialmente em períodos de crise econômica na
suinocultura.
Quando se compara o fornecimento de dietas simples ou complexas na fase
pós-desmame dos leitões, observa-se que o ocorre crescimento compensatório, de
modo que o desempenho dos suínos até a idade de abate é superior quando recebem
dietas altamente digestíveis logo após o desmame (MAHAN & LEPINE, 1991).
As dietas complexas são adequadas para unidades de produção de suínos
intensivamente manejadas, nas quais é importante maximizar o número de animais
que ocupam as instalações no ano. Nesse caso, para reduzir o custo da alimentação,
devem-se fornecer estas dietas pelo menor período de tempo possível, trocando-as
por outras menos complexas, em média a cada 14 dias, até o final da fase de creche
(CARVALHO et al., 1999).
13
Os Capítulo 2 e 3, intitulados: Níveis de maltodextrina em dietas de leitões
desmamados aos 21 dias e Maltodextrina e óleos em dietas de leitões desmamados,
respectivamente, foram elaborados de acordo com as normas para publicação da
Revista Ciência Rural.
14
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21
CAPÍTULO 2
22
Níveis de maltodextrina em dietas de leitões desmamados aos 21 dias
Dietary levels of maltodextrin for 21days weaned pigs
RESUMO
Para avaliar os efeitos da suplementação dietética de maltodextrina em substituição a
lactose para leitões dos 21 aos 51 dias de idade, foram utilizados 120 animais,
distribuídos em um delineamento experimental de blocos ao acaso com arranjo fatorial
2x4 (duas dietas: simples e complexa e níveis de maltodextrina substituindo a lactose:
0,0%; 33,5%; 66,5% e 100,0%). Foram avaliados o consumo diário de ração (CDR), o
ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) em dois períodos pós-
desmame (0-15 dias e 0-30 dias). Não houve interação entre os níveis de maltodextrina
e as dietas para as variáveis de desempenho. Os leitões que consumiram as dietas
complexas apresentaram maior GDP (P = 0,016) no período de 0 a 15 dias e melhor CA
nos períodos de 0 a 15 dias (P = 0,010) e de 0 a 30 dias (P = 0,020) pós-desmame. Não
foram observados efeitos dos níveis de maltodextrina sobre o CDR e GDP nos dois
períodos e na CA no período de 0 a 15 dias. O aumento do nível de maltodextrina na
dieta dos leitões determinou efeito quadrático na CA no período de 0 a 30 dias =
1,530000 + 0,002287X + 0,000022X
2
; R
2
= 0,64). As rações contendo somente
maltodextrina em sua composição proporcionaram melhor resultado econômico. A
maltodextrina pode substituir totalmente a lactose nas dietas pré-iniciais e iniciais,
simples ou complexas, sem afetar o desempenho de leitões dos 21 aos 51 dias de idade.
Palavraschave: desempenho, lactose, rações simples, rações complexas
23
ABSTRACT
One hundred and twenty piglets were used to evaluate the effects of dietary
supplementation of maltodextrin as a replacement of lactose for weaned piglets from 21
to 51 days of age, in a randomized complete block design, according to a 2x4 factorial
(two diet types: simple or complex; and levels of maltodextrin as a replacement of
lactose: 0.0%, 33.5%, 66.5% and 100,0%). The daily feed intake (DFI), daily weight
gain (DWG) and feed conversion (FC) were measured. No interaction between
maltodextrin levels and diet type was observed. The pigs fed complex diets showed
higher DWG from 0 to 15 days (P = 0.016) and better FC from 0 to 15 days (P = 0.010)
and from 0 to 30 days (P = 0.020) post-weaning period. No effect of maltodextrin levels
on DWG or DFI was observed from 0 to 15 days or from 0 to 30 days; on FC from 0 to
15 days. Maltodextrin showed a quadratic effect on FC from 0 to 30 days = 1.53000
+ 0.002287X + 0.000022X
2
; R
2
= 0.64). Diets containing only maltodextrin provided
the best economical results. The maltodextrin can fully replace lactose in simple or
complex pre-starter or starter diets without affecting performance weanling pigs from
21 and 51 days of age.
Keywords: complex diets, lactose, performance, simple diets
24
INTRODUÇÃO
O desmame é um dos momentos mais críticos para os leitões, pois vários fatores
causadores de estresse (troca de dieta, mudança de ambiente, imaturidade do sistema
digestório, entre outros) levam à queda da imunidade e redução do consumo alimentar,
favorecendo a manifestação de doenças e reduzindo a taxa de crescimento (QUADROS
et al., 2002). Os leitões apresentam o sistema digestório em desenvolvimento e, à
medida que o nível da enzima lactase reduz gradativamente com a idade, ocorre
aumento na atividade das outras enzimas digestivas, que atingem grau de atividade
satisfatório somente por volta dos 42 dias de idade (LINDEMAN et al.,1986). Por este
motivo, as dietas pós-desmame, normalmente, apresentam produtos lácteos em sua
formulação, que são fontes de lactose, carboidrato considerado de alta digestibilidade
para leitões.
A lactose é fonte importante de energia para a sobrevivência dos leitões lactentes,
em razão destes animais possuírem baixas reservas de gordura e baixa capacidade de
reter calor, mas, nos primeiros dias após o desmame, desempenha papel semelhante,
pois os leitões catabolizam parte de suas reservas de gordura, devido ao baixo consumo
de alimento (BIRD et al., 1995).
A possibilidade da utilização de outros carboidratos de fontes não lácteas nas
rações de leitões desmamados tem sido pesquisada (SILVA et al., 2008). Dentre estes
carboidratos, destaca-se a maltodextrina, que é o produto obtido da hidrólise parcial
ácida e/ou enzimática do amido, sendo constituída por unidades de D-glicose
(MARCHAL et al., 1999). De acordo com MAVROMICHALIS (2006) e SILVA et al.
(2008), a maltodextrina parece ser boa fonte de carboidrato, em substituição a lactose
25
nas rações para leitões jovens. Por outro lado, não estão bem definido quais os níveis de
substituição podem ser utilizados.
A elaboração de rações adequadamente balanceadas para leitões tem se
constituído, portanto, num grande desafio para os nutricionistas à medida que se diminui
a idade ao desmame. As dietas complexas com alta porcentagem de produtos lácteos,
associadas a fontes protéicas de origem animal, apresentam maior digestibilidade e
maior ingestão, com menor risco de predispor os leitões a problemas digestivos. Por
outro lado, a utilização de dietas simples, com menor inclusão de ingredientes lácteos,
diminui os custos da alimentação, tornando-as de interesse, especialmente em períodos
de crise econômica na suinocultura.
Deste modo, este trabalho teve como objetivo definir qual o melhor nível de
maltodextrina a ser utilizado em dietas simples e complexas para leitões desmamados
aos 21 dias de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Universidade Estadual Paulista (UNESP), nas
instalações experimentais de creche da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
mpus de Botucatu. Foram utilizados 120 leitões híbridos comerciais (machos
castrados e fêmeas) desmamados com idade dia de 21 dias, e peso inicial médio de
6,29 ± 0,51 kg.
Os leitões foram alojados em sala creche, construída em alvenaria com -direito
de 3,5 m e cortinas laterais, onde foram confinados em baias metálicas suspensas de
1,70 m
2
, equipadas com comedouro, bebedouro tipo chupeta e campânula com
resistência elétrica para aquecimento. Durante o período experimental de 30 dias, as
temperaturas médias, mínima e máxima, foram de 18,9 e 27,7ºC, respectivamente.
26
Foram avaliados dois tipos de dietas (simples e complexas) e quatro níveis de
maltodextrina em substituição a lactose (0,0; 33,5%; 66,5%; 100,0%) nas rações da fase
de creche, em arranjo fatorial 2x4, totalizando oito tratamentos com cinco repetições e
três leitões por repetição (baia). Utilizou-se o programa de alimentação por fases, de
modo que os leitões receberam rações pré-inicial nos primeiros 15 dias e inicial dos 16
aos 30 dias pós-desmame. Os níveis correspondentes a 100% de lactose nas dietas
simples foram de 8,0% e 4,0% para as rações pré-inicial e inicial, respectivamente, e os
níveis correspondentes a 100% de lactose nas dietas complexas foram de 15,0% e 8,0%
para as rações pré-inicial e inicial, respectivamente, de acordo com a Tabela 1.
As rações foram formuladas conforme recomendações de ROSTAGNO et al.
(2005). As composições centesimais e nutricionais das dietas experimentais pré-iniciais
e iniciais estão apresentadas nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. Os leitões receberam
ração e água à vontade durante todo o período experimental.
Foram avaliados o consumo diário de ração (CDR), o ganho diário de peso (GDP)
e a conversão alimentar (CA) nos períodos de 0-15 dias e de 0-30 dias. O CDR foi
determinado pela pesagem das rações fornecidas, descontando o peso das sobras, o GPD
foi determinado pelas pesagens dos leitões no início do experimento, aos 15 dias e aos
30 dias pós-desmame.
Nos primeiros 15 dias do experimento, foi verificada a ocorrência de diarréia nos
leitões por um único observador no período da manhã, uma vez ao dia. Considerou-se
diarréia quando, visualmente, as fezes apresentavam consistência fluída.
Os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância e de regressão
pelo procedimento GLM (General Linear Models) do pacote estatístico SAS (2001). A
viabilidade econômica da substituição da lactose pela maltodextrina foi avaliada pela
27
determinação do custo de ração por quilograma de peso vivo ganho pelos leitões em
cada tratamento nos períodos experimentais de 0 a 15 e 16 a 30 dias, utilizando-se a
fórmula proposta por BELLAVER et al. (1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho são apresentados na Tabela 4. Não houve interação
entre os níveis de maltodextrina e as dietas (simples e complexa). Os leitões que
consumiram as dietas complexas apresentaram maior ganho diário de peso (GDP) no
período de 0 a 15 dias (P = 0,016) e melhor conversão alimentar (CA) nos períodos de 0
a 15 dias (P= 0,010) e de 0 a 30 (P= 0,020) dias pós-desmame. Em relação ao consumo
diário de ração (CDR) não foram encontradas diferenças significativas entre as duas
dietas.
Os resultados obtidos concordam parcialmente com aqueles encontrados em
estudo comparando dietas simples e complexas para leitões desmamados aos 21 dias,
onde os leitões que consumiram as dietas complexas apresentaram maior ganho de peso
em relação àqueles que consumiram dietas simples nas duas primeiras semanas pós-
desmame (QUADROS et al., 2002). Em trabalho comparando dietas simples, semi-
complexas e complexas, MAHAN et al. (2004) observaram que leitões que consumiram
rações complexas e semi-complexas apresentaram maior GPD e melhor CA durante os
28 dias pós-desmame em relação aos leitões que consumiram dietas simples, e não
observaram diferenças em relação ao CRD, resultados semelhantes aos encontrados no
presente estudo. As dietas complexas se destacam em relação as dietas simples pois em
sua composição há maior teor de proteínas de origem animal e maiores níveis de
lactose, o que proporciona melhor digestibilidade pelos leitões.
28
Não foram observados efeitos dos níveis de maltodextrina nas dietas sobre o CDR
e GDP dos leitões nos períodos de 0 a 15 e 0 a 30 dias, nem na CA no período de 0 a 15
dias. O aumento dos níveis de maltodextrina na dieta, porém, determinou efeito
quadrático na CA no período de 0 a 30 dias = 1,530000 + 0,002287X +
0,000022X
2
), de modo que a maltodextrina piorou a CA dos leitões até o nível de 52%
de substituição da lactose (ponto de máxima da equação de regressão) e a partir dai
melhorou até o nível de 100% de substituição (Tabela 4). SILVA et al. (2008),
verificaram que a maltodextrina pode substituir a lactose nas dietas pré-iniciais e iniciais
de leitões desmamados aos 21 dias, até o nível máximo estudado que foi de 80% de
substituição, sem afetar o desempenho.
Entretanto, é necessário avaliar com cautela o efeito quadrático na CA, pois
segundo SAKOMURA & ROSTAGNO (2007) o uso do modelo quadrático pode não
proporcionar bom ajuste dos dados, causando falsa segurança, uma vez que a curvatura
é muito sensível a variações nos intervalos dos tratamentos e o modelo pode se tornar
fisiologicamente incorreto.
O presente estudo mostra que os leitões que consumiram rações com a associação
da maltodextrina e lactose, não apresentaram melhor desempenho em relação àqueles
que consumiram rações somente com a lactose ou com a maltodextrina, o que prova que
a maltodextrina pode substituir completamente a lactose em dietas de leitões
desmamados sem o comprometimento do desempenho. Estes resultados podem ser
explicados pela indução da atividade das carboidrases intestinais (como as maltases)
pela presença de substrato específico no lúmen intestinal dos leitões (McCRACKEN &
KELLY, 1984; KELLY et al., 1991; PLUSKE et al., 2003). Existe a hipótese de que
ocorre aumento acentuado na atividade dessas enzimas no terceiro dia após o
29
desmame, o que é de interesse fisiológico, em função das dietas de desmame
apresentarem altas quantidades de carboidratos de origem vegetal e baixo teor de lactose
em comparação ao leite da porca (KELLY et al., 1991).
Não houve ocorrência de diarréia no período avaliado de 15 dias pós-desmame. A
ausência de diarréia nos leitões que consumiram dietas contendo maltodextrina em
substituição a lactose, pode ser devido ao fato da maltodextrina apresentar menor
osmolaridade em comparação à lactose. Nos dias subseqüentes ao desmame a
osmoloridade do conteúdo intestinal dos leitões normalmente é elevada, devido a menor
digestibilidade dos constituintes da dieta, predispondo-os a diarréia osmótica, causada
pelo afluxo de água para o lúmen intestinal. Segundo ALEXANDER (1992) a
maltodextrina possui alto peso molecular, exercendo, portanto, menor pressão osmótica
no conteúdo do lúmen intestinal, contribuindo para a redução na ocorrência de diarréia.
MARCHAL et al., (1999) e WEBER & EHRLEIN, (1998) verificaram maior
absorção de carboidratos e gorduras em dietas enterais contendo maltodextrina, em
relação a dietas contendo glicose, administradas para mini suínos, o que, segundo os
autores, ocorreu devido a menor taxa de afluxo e maior absorção de água, favorecidas
pela baixa osmolaridade das dietas com maltodextrina.
O resultado da análise econômica está apresentado na Tabela 5. O tratamento
contendo apenas maltodextrina foi o mais eficiente economicamente, tanto para as
dietas simples quanto complexas. Para os períodos de 0 a 15 dias e 16 a 30 dias pós-
desmame, a substituição de 100% da lactose pela maltodextrina nas dietas simples,
proporcionou economia de 8,72% e 3,91% no custo por unidade de peso vivo ganho,
respectivamente. Reduções semelhantes de 5,60% e 4,06% foram observadas nas dietas
complexas, nos períodos de 0 a 15 dias e 16 a 30 dias pós-desmame, respectivamente.
30
Os resultados encontrados concordam com os obtidos por SILVA et al. (2008), que
observaram que dietas com a inclusão da maltodextrina, substituindo parcialmente a
lactose, proporcionaram reduções no custo por unidade de peso ganho dos leitões no
período pós-desmame em dois ensaios. Estas reduções no custo de alimentação
acarretam importante economia no custo total de produção, principalmente, quando
considerada a produção industrial de suínos.
CONCLUSÕES
Leitões desmamados alimentados com dietas complexas apresentam melhor
conversão alimentar em relação aos que recebem dietas simples.
A maltodextrina pode substituir totalmente a lactose nas dietas pré-iniciais e
iniciais, simples e complexas, sem afetar o desempenho de leitões desmamados aos 21
dias de idade, além de determinar melhor resultado econômico.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pela bolsa de Doutorado concedida a primeira autora e a Corn
Products Brasil Ingredientes Industriais Ltda; pelo auxílio na realização do experimento.
31
REFERÊNCIAS
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32
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Research, v.54, n.5, p.515-527, 2003.
QUADROS, A.B. et al. Dietas simples e complexa sobre o desempenho de leitões na
fase de creche. Ciência Rural, v.32, n.1, p.109-114, 2002.
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SAKOMURA, N, K. e ROSTAGNO, H. S. Método dose-resposta para determinar as
exigências nutricionais. In: SAKOMURA, N, K. e ROSTAGNO, H. S. Métodos de
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SAS INSTITUTE. SAS Language Reference. Version 8, Cary: 2001. 1042p.
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suplementadas com maltodextrina e acidificante para leitões desmamados. Revista
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effects on jejunal absorption of nutrients, sodium and water and on flow rate in mini
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33
Tabela 1 - Níveis de lactose e maltodextrina nas rações simples e complexas nas fases p-
inicial e inicial para leitões nos diferentes tratamentos
Fases
Pré-inicial (0-15 dias)
Inicial (16-30 dias)
Ração
Nível de
maltodextrina%
1
Níveis nas Rações
Níveis nas Rações
Lactose
Maltodextrina
Lactose
Maltodextrina
Simples
0,00
8,0%
0,0%
4,0%
0,0%
Simples
33,50
5,3%
2,7%
2,7%
1,3%
Simples
66,50
2,7%
5,3%
1,3%
2,7%
Simples
100,00
0,0%
8,0%
0,0%
4,0%
Complexa
0,00
15,0%
0,0%
8,0%
0,0%
Complexa
33,50
9,9%
5,1%
5,3%
2,7%
Complexa
66,50
5,1%
9,9%
2,7%
5,3%
Complexa
100,00
0,0%
15,0%
0,0%
8,0%
1- Percentual de maltodextrina em relação a lactose
34
Tabela 2 - Composição centesimal e valores nutricionais calculados das rações pré-iniciais
Ingredientes (%)
Níveis de Maltodextrina
Rações Simples
Rações Complexas
0,0%
2,7%
5,3%
8,0%
0,0%
5,1%
9,9%
15,0%
Milho, grão
50,741
50,741
50,741
50,741
47,833
47,833
47,833
47,833
Soja, farelo
24,200
24,200
24,200
24,200
20,000
20,000
20,000
20,000
Glúten 60, farelo
2,600
2,600
2,600
2,600
0,500
0,500
0,500
0,500
Levedura seca
4,000
4,000
4,000
4,000
-
-
-
-
Células sangüíneas
-
-
-
-
1,600
1,600
1,600
1,600
Plasma sanguíneo
-
-
-
-
4,500
4,500
4,500
4,500
Açúcar
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
Ácido fumárico
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
Lactose
8,000
5,300
2,700
0,000
15,000
9,900
5,100
0,000
Maltodextrina
0,000
2,700
5,300
8,000
0,000
5,100
9,900
15,000
Óleo de soja
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
Calcário
0,758
0,758
0,758
0,758
0,733
0,733
0,733
0,733
Fosfato bicálcico
1,950
1,950
1,950
1,950
2,100
2,100
2,100
2,100
Cloreto de sódio
0,300
0,300
0,300
0,300
0,250
0,250
0,250
0,250
L-Lisina HCL (78,4%)
0,550
0,550
0,550
0,550
0,500
0,500
0,500
0,500
DL-Metionina (99,0%)
0,075
0,075
0,075
0,075
0,150
0,150
0,150
0,150
L-Treonina (98,5%)
0,192
0,192
0,192
0,192
0,208
0,208
0,208
0,208
L-Triptofano (98%)
0,025
0,025
0,025
0,025
0,017
0,017
0,017
0,017
Antioxidante
1
0,017
0,017
0,017
0,017
0,017
0,017
0,017
0,017
Antibiótico
2
0,008
0,008
0,008
0,008
0,008
0,008
0,008
0,008
Óxido de zinco
0,342
0,342
0,342
0,342
0,342
0,342
0,342
0,342
Cloreto de colina (50%)
0,042
0,042
0,042
0,042
0,042
0,042
0,042
0,042
Suplemento vitamínico
3
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Suplemento mineral
4
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Valores Calculados
Energia metabolizável
(kcal/kg)
3.354
3.358
3.362
3.366
3.397
3.367
3.412
3.419
Proteína bruta (%)
19,50
19,50
19,50
19,50
19,10
19,10
19,10
19,10
Lisina total (%)
1,40
1,40
1,40
1,40
1,53
1,53
1,53
1,53
Metionina total (%)
0,38
0,38
0,38
0,38
0,43
0,43
0,43
0,43
Treonina total (%)
0,94
0,94
0,94
0,94
1,01
1,01
1,01
1,01
Triptofano total (%)
0,24
0,24
0,24
0,24
0,26
0,26
0,26
0,26
Cálcio (%)
0,88
0,88
0,88
0,88
0,88
0,88
0,88
0,88
Fósforo (%)
0,68
0,68
0,68
0,68
0,66
0,66
0,66
0,66
1- Butil-hidroxi-tolueno (BHT); 2 -Sulfato de colistina; 3- Suplemento vitamínico fornecendo as seguintes quantidades
por Kg de ração: 9000 UI vit. A; 2250 UI vit D3; 22,5 mg vit. E; 22,5 mg vit. K3; 2,03 mg vit. B1; 6 mg vit. B2; 3 mg
vit. B6; 30 mcg vit. B12; 0,9 mg ác. fólico; 14,03 mg ác. pantotênico; 30 mg niacina; 0,12 mg biotina; 400 mg de
colina; 4- Suplemento mineral fornecendo as seguintes quantidades por Kg de ração : 100 mg de Fe; 10 mg de Cu; 40
mg de Mn; 100 mg de Zn; 1mg de Co; 1,5 mg de I.
35
Tabela 3 - Composição centesimal e valores nutricionais calculados das rações iniciais
Ingredientes (%)
Níveis de Maltodextrina
Rações Simples
Rações Complexas
0,0%
1,3%
2,7%
4,0%
0,0%
2,7%
5,3%
8,0%
Milho, grão
55,200
55,200
55,200
55,200
54,270
54,270
54,270
54,270
Soja, farelo
26,000
26,000
26,000
26,000
24,200
24,200
24,200
24,200
Gúten 60, Farelo
1,450
1,450
1,450
1,450
-
-
-
-
Levedura de cana
3,600
3,600
3,600
3,600
-
-
-
-
Células sangüíneas
-
-
-
-
1,600
1,600
1,600
1,600
Plasma sanguíneo
-
-
-
-
2,000
2,000
2,000
2,000
Açúcar
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
Ácido fumárico
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
Lactose
4,000
2,700
1,300
0,000
8,000
5,300
2,700
0,000
Maltodextrina
0,000
1,300
2,700
4,000
0,000
2,700
5,300
8,000
Óleo de soja
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
Calcário
0,700
0,700
0,700
0,700
0,760
0,760
0,760
0,760
Fosfato bicálcico
1,870
1,870
1,870
1,870
1,840
1,840
1,840
1,840
Cloreto de sódio
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
L-Lisina HCL (78,4%)
0,280
0,280
0,280
0,280
0,320
0,320
0,320
0,320
DL-Metionina (99%)
0,030
0,030
0,030
0,030
0,080
0,080
0,080
0,080
L-Treonina (98,5%)
0,060
0,060
0,060
0,060
0,120
0,120
0,120
0,120
Antioxidante
1
0,020
0,020
0,020
0,020
0,020
0,020
0,020
0,020
Antibiótico
2
0,250
0,250
0,250
0,250
0,250
0,250
0,250
0,250
Cloreto de colina (50%)
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
Suplemento vitamínico
3
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Suplemento mineral
4
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Valores Calculados
Energia metabolizável
(kcal/kg)
3.336
3.338
3.340
3.342
3.363
3.367
3.371
3.375
Proteína bruta (%)
19,49
19,49
19,49
19,49
19,27
19,27
19,27
19,27
Lisina total (%)
1,23
1,23
1,23
1,23
1,36
1,36
1,36
1,36
Metionina total (%)
0,33
0,33
0,33
0,33
0,37
0,37
0,37
0,37
Treonina total (%)
0,82
0,82
0,82
0,82
0,89
0,89
0,89
0,89
Triptofano total (%)
0,23
0,23
0,23
0,23
0,24
0,24
0,24
0,24
Cálcio (%)
0,84
0,84
0,84
0,84
0,84
0,84
0,84
0,84
Fósforo (%)
0,68
0,68
0,68
0,68
0,64
0,64
0,64
0,64
1- Butil-hidroxi-tolueno (BHT); 2 Tetramutim (oxitetraciclina + tiamulina); 3- Suplemento vitamínico fornecendo as
seguintes quantidades por Kg de ração: 9000 UI vit. A; 2250 UI vit D3; 22,5 mg vit. E; 22,5 mg vit. K3; 2,03 mg vit. B1; 6
mg vit. B2; 3 mg vit. B6; 30 mcg vit. B12; 0,9 mg ác. fólico; 14,03 mg ác. pantotênico; 30 mg niacina; 0,12 mg biotina;
400 mg de colina; 4- Suplemento mineral fornecendo as seguintes quantidades por Kg de ração : 100 mg de Fe; 10 mg de
Cu; 40 mg de Mn; 100 mg de Zn; 1mg de Co; 1,5 mg de I.
36
Tabela 4 - Efeito dos níveis de substituição da lactose pela maltodextrina sobre o consumo diário de
ração, ganho diário de peso e conversão alimentar de leitões desmamados
Variáveis
Consumo diário de ração
(g)
Ganho diário de peso
(g)
Conversão
alimentar
Dieta
Nível de
substituição (%)
1
0-15 dias
0-30 dias
0-15 dias
0-30 dias
0-15
dias
0-30
dias
Simples
0,0
397
669
275
409
1,44
1,63
33,5
370
623
252
372
1,45
1,67
66,5
396
640
267
379
1,47
1,68
100,0
407
657
291
405
1,39
1,62
Complexa
0,0
426
659
325
413
1,30
1,59
33,5
407
655
304
405
1,34
1,62
66,5
427
686
302
408
1,41
1,68
100,0
397
643
293
397
1,36
1,61
Médias dos fatores
Dieta
Simples
393
648
272
391
1,44
1,66
Complexa
415
661
306
406
1,36
1,63
Efeito
NS
NS
P< 0,05
NS
P< 0,05
P< 0,05
Nível de Substituição (%)
1
0,0
412
665
300
411
1,38
1,61
33,5
389
640
278
388
1,40
1,65
66,5
412
663
285
394
1,45
1,68
100,0
402
650
292
401
1,38
1,62
Efeito
NS
NS
NS
NS
NS
Q*
Dieta x Níveis
NS
NS
NS
NS
NS
NS
CV (%)
12,63
8,98
12,35
9,79
5,30
2,23
1
Nível de substituição da Lactose pela Maltodextrina; NS: Não significativo (P>0,05); Q: Efeito quadrático
(P<0,05); CV: Coeficiente de variação; * Ŷ = 1,530000 + 0,002287X + 0,000022X
2
(R
2
= 0,64)
37
Tabela 5 - Custo por quilograma de ração (R$/kg ração) e custo de ração por quilograma de
peso vivo ganho (R$/kg GP) nas fases de 0 a 15 e de 16 a 30 dias do
experimento
1
Fases
R$/kg ração
R$/kg de GP
Dieta
Nível de Substituição
(%)
2
0-15 dias
16-30 dias
0-15 dias
16-30 dias
Simples
0,0
1,905
1,765
2,750
2,887
33,5
1,868
1,747
2,742
2,926
66,5
1,832
1,728
2,717
2,918
100,0
1,794
1,710
2,510
2,774
Complexa
0,0
2,385
2,005
3,127
3,199
33,5
2,315
1,968
3,099
3,182
66,5
2,249
1,932
3,188
3,248
100,0
2,178
1,895
2,952
3,069
1
Custos calculados com base nos preços das matérias-primas em 16/12/08, com o dólar a
R$ 2,378;
2
Nível de substituição da Lactose pela Maltodextrina
38
CAPÍTULO 3
39
Maltodextrina e óleos em dietas de leitões desmamados
Dietary maltodextrin and oils for weanling pigs
RESUMO
Realizou-se um experimento com 162 leitões híbridos comerciais, desmamados
com médias de 21 dias de idade e peso de 5,42 ± 0,55 kg. Durante o período
experimental de 32 dias, foram avaliadas três rações nas fases pré-inicial e inicial I:
rações com óleo de soja e maltodextrina; rações com óleo de palma e maltodextrina;
rações com óleo de palma microencapsulado pela maltodextrina (blend). Os leitões
foram distribuídos num delineamento de blocos ao acaso, com dezoito repetições por
tratamento e três animais por baia, para avaliação dos parâmetros de desempenho.
Durante a segunda semana do período experimental foi realizada coleta parcial de fezes
dos leitões de dez dos blocos, utilizando-se o óxido crômico (Cr
2
O
3
) a 0,1% como
marcador nas rações. Não foram encontradas diferenças no consumo diário de ração,
ganho diário de peso e conversão alimentar dos leitões entre os tratamentos nos
períodos de 0 a 16 e 0 a 32 dias pós-desmame. O processo de microencapsulação do
óleo de palma com maltodextrina reduziu o coeficiente de digestibilidade da matéria
seca da ração, enquanto a presença do óleo de palma, microencapsulado ou não nas
rações, afetou negativamente a digestibilidade do extrato etéreo. O óleo de palma,
microencapsulado ou não com maltodextrina, pode substituir o óleo de soja nas rações,
sem prejuízo no desempenho de leitões desmamados, entretanto, o óleo de palma afetou
negativamente a digestibilidade do extrato etéreo da ração pré-inicial.
Palavraschave: desempenho, digestibilidade, óleo de palma, óleo de soja, suínos
40
ABSTRACT
An experiment was carried with 162 piglets (commercial hybrids) weaned at 21
days of age and initial body weight of 5.42 kg ± 0.55. During the experimental period of
32 days, were evaluated three diets during pre-starter and starter periods. Diets with
soybean oil and maltodextrin; diets with palm oil and maltodexrin; and diets with palm
oil microencapsulate with maltodextrin (formed a blend). A randomized complete block
design was applied with three treatments and eighteen replication per treatment and
three pigs per experimental unit (pen). During the second week, chromic oxide (0.1%)
was added in the pre starter rations as indigestible marker. No difference was found for
average feed intake, average daily gain and feed: gain-ratio of pigs during 0 to 16 and 0
to 32 days post weaning. The palm oil microencapsulation with maltodextrin decreased
dry matter apparent digestibility coefficient. The presence of palm oil
microencapsulated and not microencapsulate in the diets showed negative effect on
digestibility of ether extract. The palm oil can replace soybean oil in the diets, and no
prejudice weaned piglets performance, however, the palm oil shower negative effect on
the digestibility of ether extract of pre-starter diets.
Keywords: digestibility, performance, palm oil, soybean oil, swine
41
INTRODUÇÃO
A lactose é importante fonte de energia para os leitões lactentes, pois possuem
baixa reserva de gordura e grande facilidade de perder calor após o nascimento (BIRD
et al., 1995). Em relação aos produtos da digestão da lactose, a galactose é absorvida e
utilizada para repor o glicogênio hepático, enquanto a maior parte da glicose absorvida
passa pelo fígado sem ser metabolizada, ficando disponível para corrigir a hipoglicemia
e servir como fonte de energia para órgãos como o cérebro (BIRD & HARTMANN,
1994). Possivelmente, a lactose suplementada via dieta desempenhe o mesmo papel
quando os leitões perdem parte de suas reservas de gordura, devido ao baixo consumo
de alimento nos primeiros dias após o desmame, pois, segundo MAHAN et al. (1992) a
lactose é a principal responsável pela resposta positiva no desempenho de leitões recém-
desmamados, alimentados com ração contendo produtos lácteos.
Outras fontes de carboidratos vêm sendo pesquisadas para utilização nas dietas
pós-desmame de leitões, como a maltodextrina, que é proveniente da hidrólise do amido
(SWINKELS, 1985). A maltodextrina é classificada como carboidrato complexo e que
apresenta digestão lenta, deste modo, fornece energia de forma gradual, devido ao
mecanismo enzimático que a digere até glicose no intestino (STOREY & ZUMBE,
1995). As características favoráveis da maltodextrina têm despertado interesses na
nutrição animal (CHRONAKIS, 1988) e no caso específico dos leitões, pode ser
utilizada com o objetivo de substituir a lactose nas dietas pós-desmame (SILVA et al.,
2008).
Os leitões jovens digerem eficientemente a gordura do leite, mas, após o
desmame, a digestão de óleos normalmente é limitada, especialmente nas duas
primeiras semanas (CERA et al., 1988). De acordo com DOVE (1993), os óleos são
42
mais eficientemente digeridos pelos leitões que as gorduras animais durante a primeira
semana pós-desmame.
Visando aumentar a densidade calórica, as dietas de leitões normalmente são
suplementadas com óleos vegetais, principalmente óleo de soja, em função da maior
disponibilidade e do menor custo. Porém, o óleo de palma possui maior quantidade de
ácidos graxos de cadeia média, que apresentam maior taxa de absorção intestinal
(HENRY et al., 1999), podendo ser alternativa ao óleo de soja nas rações.
A microencapsulação é um processamento bastante empregado pelas indústrias de
alimentos e visa englobar produtos sólidos, líquidos ou gases com agentes
encapsulantes, formando um blend que libera gradualmente os elementos imobilizados
com necessidade de preservação (ADAMIEC & MARCINIAK, 2004). A maltodextrina
é um dos agentes encapsulantes mais utilizados nos processos de microencapsulação de
óleos, porque é estável, apresenta baixo custo e tem efeito antioxidante (SHAHIDI &
HAN, 1993). A maltodextrina como agente encapsulante de óleos resulta num produto
final definido como blend, que é uma associação de fontes de energia, com a vantagem
de se apresentar na forma de pó, o que facilita a incorporação nas rações, pois dispensa
a necessidade de uso equipamentos de aplicação específicos, como no caso dos óleos.
Deste modo, o objetivo do experimento foi avaliar duas fontes de óleos (soja e
palma), bem como a microencapsulação do óleo de palma com a maltodextrina como
agente encapsulante em dietas pré-iniciais e iniciais, sobre o desempenho e
digestibilidade em leitões desmamados.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Universidade Estadual Paulista (UNESP), nas
instalações de creche da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de
43
Botucatu. Foram utilizados 162 leitões híbridos comerciais, desmamados com médias
de 21 dias de idade e peso de 5,42 ± 0,55 kg.
Os leitões foram distribuídos num delineamento de blocos ao acaso em três
tratamentos e dezoito repetições, com três animais por unidade experimental. Foram
avaliados o consumo médio diário de ração, o ganho médio diário de peso e a conversão
alimentar nos períodos de 0-16 dias e de 0-32 dias da fase de creche.
Utilizou-se o programa de alimentação por fases; os leitões receberam rações pré-
inicial (PI) nos primeiros 16 dias e inicial I (II) nos últimos 16 dias do período
experimental. Em cada uma das fases foram avaliadas três rações: Rações com óleo de
soja (3,03% na PI e na II) e maltodextrina (10,00% na PI e 5,93% na II); Rações com
óleo de palma (3,03% na PI e na II) e maltodextrina (10,00% na PI e 5,93% na II);
Rações com óleo de palma microencapsulado pela maltodextrina na forma de blend
(10,00% na PI e na II) e maltodextrina adicional ao blend (4,07% na PI e 0,00% na II).
O blend foi produzido em uma unidade industrial para fins de pesquisa, continha
30,30% de óleo de palma, 10,40% de leite desnatado em pó e 59,30% de maltodextrina,
e foi obtido pela secagem por atomização (spray dried).
As rações foram formuladas conforme recomendações de ROSTAGNO et al.
(2005) e foram fornecidas à vontade. As composições centesimais das rações
experimentais estão apresentadas na Tabela 1.
Durante a segunda semana do período experimental, foi realizada coleta parcial de
fezes dos leitões de dez blocos, utilizando-se o óxido crômico (Cr
2
O
3
) a 0,1% como
marcador nas rações p-iniciais (BREMER NETO, 1999), para determinação dos
coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta e extrato etéreo.
As rações marcadas com óxido crômico foram fornecidas aos leitões a partir do dia
44
do período experimental, sendo as coletas de fezes realizadas entre o 11º e o 14º dia.
Após as coletas, realizadas pela manhã e à tarde (8:00 h e 16:00 h), as fezes foram
acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e em seguida congeladas.
Ao final do experimento, as amostras de fezes de cada baia foram descongeladas à
temperatura ambiente, levadas à estufa com circulação forçada de ar a 55ºC por 48
horas, e moídas em moinho de facas tipo Willye, em peneira de Mesh 30 (0,595 mm)
para análises posteriores. A concentração de cromo nas rações e nas fezes foi
quantificada pela técnica de espectrometria de absorção atômica com chama (FAAS)
após digestão das amostras em ácido nítrico e perclórico (COOKBOOK SHIMADZU,
2002).
Os dados de desempenho foram submetidos a análise Mixed Procedure e os dados
de digestibilidade foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM
(General Linear Models) do pacote estatístico SAS (2001), e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados de desempenho estão apresentados na Tabela 2. o foram encontradas
diferenças (P>0,05) no consumo diário de ração, ganho diário de peso e conversão
alimentar dos leitões submetidos aos diferentes tratamentos. Os resultados do presente
experimento concordam parcialmente com aqueles encontrados em estudo que,
comparando fontes de óleos em dietas de leitões desmamados aos 28 dias de idade,
demonstrou que os animais que receberam óleo de palma ou de soja não apresentaram
diferenças em relação ao ganho de peso e consumo de ração (TARTRAKOON et al.,
1999). Resultados semelhantes também foram obtidos por PÉLISSIER et al. (2002) em
45
um trabalho que teve como objetivo avaliar porquinhos-da-índia em situação de
desnutrição, desmamados aos 14 dias, recebendo ração a base de óleo de soja ou óleo de
palma, não sendo observadas diferenças no ganho de peso e tempo de recuperação dos
animais.
Os resultados verificados no presente estudo, diferem daqueles encontrados em
experimento realizado com suínos na fase de crescimento, alimentados com rações com
níveis crescentes de óleo de palma, onde foi observada melhora linear no consumo de
ração, ganho de peso e conversão alimentar, até o nível de máximo estudado de 3% na
dieta (OCAMPO et al., 1990),
Os resultados do ensaio de digestibilidade são apresentados na Tabela 4. Os
coeficientes de digestibilidade aparente da proteína bruta não diferiram entre as rações
avaliadas. Resultados semelhantes foram obtidos por LI et al. (1990) em estudo de
digestibilidade comparando dietas de leitões contendo óleos vegetais compostos de
ácidos graxos de cadeia longa, media e curta, contudo, o valor médio do coeficiente de
digestibilidade aparente da proteína bruta verificado por LI et al. (1990) (78,80%) foi
superior ao observado no presente estudo (69,70%), o que pode estar relacionado às
diferenças na composição em matérias primas das rações, idade e peso dos animais
envolvidos nas pesquisas.
O coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca (CDAMS) foi menor
(P < 0,05) para a ração contendo blend de maltodextrina com óleo de palma (73,21%)
comparado com as rações contendo óleo de soja (76,46%) ou óleo de palma (75,76%), o
que está relacionado a diferença também verificada nos coeficientes de digestibilidade
do extrato etéreo (CDAEE), pois para a ração com óleo de soja o CDAEE (53,10%) foi
superior (P < 0,05) ao CDAEE da ração com óleo de palma (24,65%), que por sua vez
46
foi maior (P < 0,05) que o CDAEE da ração contendo óleo de palma microencapsulado
(15,46%).
CERA et al. (1990), avaliando fontes de óleos vegetais na dieta de leitões
desmamados aos 21 dias, encontraram valores médios, durante três semanas de
avaliação, de 78,77% e de 80,12% para o CDAEE das rações contendo óleo de soja e
óleo de palma, respectivamente. Estes resultados se mostram superiores aos valores
determinados no presente estudo, o que pode estar relacionado ao fato de ter-se
determinado, neste estudo, os coeficientes de digestibilidade com animais na segunda
semana pós-desmame, pois, segundo FROBISH et al. (1970) e CERA et al. (1988), esse
é um período crítico no qual é baixa a eficiência de digestão de lipídios pelos leitões.
Os baixos valores dos CDAEE para as rações que continham óleo de palma
sugerem a ocorrência de possíveis problemas com essa matéria prima no presente
estudo, pois tem sido relatado para suínos valores de CDAEE de rações, com teor médio
de 5% de óleo de palma, da ordem de 76,80% (CERA et al., 1990; LI et al., 1990;
YELITZA et al., 2003).
Os óleos são suscetíveis a diversos tipos de transformações químicas que podem
ocorrer nas fases de extração, durante o transporte ou na estocagem. Embora o óleo de
palma seja altamente estável a oxidação, devido à presença de antioxidantes naturais
(tocotrienóis) e seu baixo teor de ácido linolênico (C18:3) (KAMAT &
DEVASAGAYAM, 1995) o óleo utilizado, neste estudo, possivelmente sofreu
oxidação, com o consequente aumento nos teores de ácidos graxos livres (AGL). O
aumento do conteúdo de AG , por outro lado, diminui a digestibilidade e o conteúdo de
energia dos lipídios. Segundo POWLES et al. (1995), na média, para cada aumento de
47
10% de unidades de AGL do lipídio, ocorre redução de 1,5 % no valor de energia
digestível para leitões desmamados.
O menor valor do CDEE, no presente estudo, foi determinado para a ração
contendo óleo de palma microencapsulado, o que não era esperado, pois segundo
BARESFORT (1976) e ASCHERI (1999) o processo de microencapsulação, além de
manter as características iniciais, protege o óleo das condições adversas do meio externo
devido ao agente encapsulante. Assim há de se considerar a possibilidade de que,
embora tenha sido utilizado óleo de palma de mesma partida e com bons padrões de
qualidade na origem, é provável que as condições de transporte e armazenamento não
tenham sido adequadas, especialmente até o momento de produção do blend.
Embora os coeficientes de digestibilidade do extrato etéreo das rações com óleo
de palma tenham sido menores que o determinado para a ração com óleo de soja, o
desempenho dos leitões não foi comprometido, provavelmente, pelo fato do nível de
inclusão das fontes de óleo nas rações ter sido relativamente baixo (3,03%) e pelo fato
dos animais, considerando sua origem genética e as boas condições experimentais
utilizadas, terem apresentado desempenho aquém do esperado nos períodos avaliados.
CONCLUSÕES
O óleo de palma microencapsulado ou não com maltodextrina pode substituir o
óleo de soja nas rações, sem prejuízo no desempenho de leitões desmamados,
entretanto, o óleo de palma afetou negativamente a digestibilidade do extrato etéreo da
ração pré-inicial.
48
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnologica
(CNPq) pela bolsa de Doutorado concedida a primeira autora e a Corn Products Brasil
Ingredientes Industriais Ltda pelo auxílio na realização do experimento.
49
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53
Tabela 1 - Composição centesimal e valores nutricionais calculados das rações pré-iniciais (0 16 dias) e iniciais (17-32 dias)
utilizadas no experimento.
Rações pré-iniciais
Rações iniciais
Óleo de soja
Óleo de palma
Blend
1
Óleo de soja
Óleo de palma
Blend
1
Milho, grão
52,215
52,215
52,215
57,413
57,413
57,413
Soja, farelo
20,000
20,000
20,000
25,000
25,000
25,000
Glúten 60, farelo
2,850
2,850
2,850
0,650
0,650
0,650
Levedura de cana
4,000
4,000
4,000
2,000
2,000
2,000
Células sangüíneas
1,500
1,500
1,500
1,000
1,000
1,000
Blend
1
0,000
0,000
10,000
0,000
0,000
10,000
Ácido fumárico
0,600
0,600
0,600
0,000
0,000
0,000
Leite em pó desnatado
1,040
1,040
0,000
1,040
1,040
0,000
Maltodextrina
10,000
10,000
4,070
5,930
5,930
0,000
Óleo de soja
3,030
0,000
0,000
3,030
0,000
0,000
Óleo de palma
0,000
3,030
0,000
0,000
3,030
0,000
Amoxicilina, 20%
0,040
0,040
0,040
0,760
0,760
0,760
Calcário
0,750
0,750
0,750
1,760
1,760
1,760
Fosfato bicálcico
2,000
2,000
2,000
0,300
0,300
0,300
Cloreto de sódio
0,300
0,300
0,300
0,390
0,390
0,390
L-Lisina HCL (78,4%)
0,620
0,620
0,620
0,057
0,057
0,057
DL-Metionina (99%)
0,110
0,110
0,110
0,140
0,140
0,140
L-Treonina (98,5%)
0,270
0,270
0,270
0,000
0,000
0,000
L-Triptofano (98%)
0,045
0,045
0,045
0,000
0,000
0,000
Óxido de zinco
0,340
0,340
0,340
0,000
0,000
0,000
Antioxidante
2
0,020
0,020
0,020
0,020
0,020
0,020
Colistina
3
0,010
0,010
0,010
0,000
0,000
0,000
Acidificante
4
0,000
0,000
0,000
0,020
0,020
0,020
Edulcorante
5
0,020
0,020
0,020
0,250
0,250
0,250
Cloreto de colina
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
Suplemento vitamínico
6
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Suplemento mineral
7
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Valores Calculados
En. metabolizável (kcal/kg)
3406
3387
3386
3397
3379
3379
Proteína bruta (%)
19,54
19,54
19,46
19,51
19,51
19,51
Lisina total (%)
1,50
1,50
1,50
1,36
1,36
1,36
Metionina total (%)
0,42
0,42
0,42
0,36
0,36
0,36
Treonina total (%)
1,03
1,03
1,03
0,90
0,90
0,90
Triptofano total (%)
0,26
0,26
0,26
0,23
0,23
0,23
Cálcio (%)
0,88
0,88
0,88
0,84
0,84
0,84
Fósforo (%)
0,68
0,68
0,68
0,65
0,65
0,65
1 - Blend contendo: 30,30% de óleo de palma, 10,40% de leite em pó e 59,30% de maltodextrina; 2 - Butil-hidroxi-tolueno; 3
Sulfato de colistina; 4 - Calprona PP6
®
(6,30% de ac. Propiônico; 19,60% de ac. Fórmico; 19,60% de ac. Acético; 8,50% de
ac. Cítrico; 21,00% de ac. Fosfórico, fornecendo 24,00% de Ca e 6.00% de P); 5 - Sucran
®
; 6- Suplemento vitamínico
fornecendo por Kg de ração: 9000 UI vit. A; 2250 UI vit D3; 22,5 mg vit. E; 22,5 mg vit. K3; 2,03 mg vit. B1; 6 mg vit. B2; 3
mg vit. B6; 30 mcg vit. B12; 0,9 mg ác. fólico; 14,03 mg ác. pantotênico; 30 mg niacina; 0,12 mg biotina; 400 mg de colina; 7-
Suplemento mineral fornecendo por Kg de ração: 100 mg Fe; 10 mg Cu; 40 mg Mn; 100 mg Zn; 1mg Co; 1,5 mg I.
54
Tabela 2 - Efeito das fontes de óleo sobre o desempenho de leitões nos período de 0 a 16
dias e 0 a 32 dias pós-desmame.
Parâmetros
Fontes de óleo das rações
CV (%)
Efeito
Óleo de soja
Óleo de palma
Blend
1
Período de 0 a 16 dias
Consumo diário de ração
(g)
316
342
329
11,16
NS
Ganho diário de peso (g)
202
217
212
13,95
NS
Conversão alimentar
1,58
1,59
1,57
4,64
NS
Período de 0 a 32 dias
Consumo diário de ração
(g)
504
509
499
9,05
NS
Ganho diário de peso (g)
284
290
281
10,71
NS
Conversão alimentar
1,79
1,76
1,78
7,06
NS
1
Blend contendo 30,30% de óleo de palma; 10,40 de leite desnatado em pó e 59,30% de
maltodextrina ; CV- Coeficiente de variação; NS- Não significativo (P>0,05).
55
Tabela 3 - Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDA MS), proteína
bruta (CDA PB) e extrato etéreo (CDA EE) das rações pré-iniciais.
Variáveis
Fontes de óleo das rações
CV (%)
Óleo de soja
Óleo de palma
Blend
1
CDA MS (%)
76,46
a
75,76
a
73,21
b
1,82
CDA PB (%)
69,76
a
70,49
a
68,77
a
2,77
CDA EE (%)
53,10
a
24,65
b
15,46
c
22,07
1
Blend contendo: 30,30% de óleo de palma, 10,40% de leite em pó e 59,30% de
maltodextrina; CV, coeficiente de variação; NS, não significativo (P>0,05);
a,b
Médias
seguidas de letras distintas na linha, diferem pelo teste de Tukey (P< 0,05).
56
CAPÍTULO 4
57
IMPLICAÇÕES
A maltodextrina se apresenta como alternativa viável nutricionalmente para a
substituição da lactose em dieta de leitões desmamados. Do ponto de vista
econômico, a maltodextrina é mais viável economicamente quando sua inclusão nas
rações é de 100% em substituição a lactose.
Para consolidar os resultados, é de importância a realização de novos
estudos, em condições de maior desafio sanitário, bem como com leitões de
categorias de pesos diferentes, separados em leves e pesados, para avaliar se, nestes
casos, a maltodextrina poderá ser utilizada nas dietas de leitões numa substituição de
100% da lactose.
A utilização de óleo de palma em dietas de leitões desmamados não parece
melhorar o desempenho zootécnico. O critério de escolha de fontes de lipídios para
dieta de leitões, neste caso, deve ser feito observando o custo. Normalmente, o óleo
de soja apresenta-se mais vantajoso economicamente em relação ao óleo de palma.
O processo de microencapsulação de óleos com a maltodextrina apresenta-
se vantajoso do ponto de vista de manipulação, uma vez que o blend é um ingrediente
na forma de com alta inclusão de óleo. Deste modo, esse ingrediente torna-se mais
prático para incorporação em rações do que as matéria-prima na forma líquida.
Entretanto, o estudo deste processo com outros óleos (soja, milho, coco) além do
palma, é necessário para a avaliação nutricional e econômica do produto final (blends)
para leitões desmamados.
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