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RESUMO
AZEREDO, Marcia Fontes Peixoto. Repercussões da violência sob a gestação
percebida pelas gestantes com síndromes hipertensivas. 2008. 94f. Dissertação
(Mestrado em Enfermagem) - Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
Este estudo tem como objeto a perspectiva de gestantes com síndromes
hipertensivas sobre as repercussões da violência vivida na gestação. A violência é um
problema muito complexo em virtude de sua multicausalidade, assim como, pelo seu
impacto na saúde das populações. Representa ameaça de vida, produz enfermidades e
pode provocar até a morte. Várias são as conseqüências da violência para a saúde da
mulher, particularmente no processo gestacional e no desenvolvimento do concepto. O
estudo fundamenta-se em conhecer o fenômeno a partir da perspectiva da gestante. Possui
como objetivos: descrever a definição da violência contra a mulher na perspectiva da
gestante com Síndrome Hipertensiva; discutir os tipos de violência vivenciados por
gestantes com diagnóstico de Síndrome Hipertensiva; e analisar as repercussões da
violência vivida sobre a gestação na perspectiva da gestante com Síndrome Hipertensiva
que a vivenciou. Em decorrência do grau de complexidade e subjetividade do objeto optou-
se por uma pesquisa descritiva na abordagem qualitativa, pois esta busca entender um
fenômeno específico em profundidade, tendo como fonte primária os discursos dos sujeitos,
ou seja, gestantes de risco internadas em maternidades de referência com diagnóstico de
Síndromes Hipertensivas e que vivenciaram a violência. Os cenários da pesquisa foram
duas maternidades referência para gestação de alto risco, inseridas em dois hospitais
universitários da cidade do Rio de Janeiro, sendo investigadas 18 gestantes. A investigação
ocorreu no período de abril e maio de 2008. Como técnica de coleta foi realizada entrevista
semi-estruturada associada a um questionário de caracterização social dos sujeitos da
pesquisa. No aprofundamento dos dados utilizamos a técnica de análise de conteúdo de
Bardin, onde emergiram dos depoimentos duas categorias: A violência na perspectiva da
gestante com Síndrome Hipertensiva - um olhar de quem a vivenciou; e Violências
vivenciadas por gestantes com síndromes hipertensivas e suas repercussões. Na primeira,
verificamos que 14 gestantes definem a violência contra a mulher como violação dos direitos
humanos e como algo inerente ao contexto familiar; e 04 apresentaram dificuldades em
explicar. Na segunda, constatamos que todas as gestantes relatam vivenciar a violência
intrafamiliar e algumas, também, a violência comunitária. Das 18 gestantes entrevistadas, 16
fizeram relação da violência vivida com a internação em decorrência da hipertensão arterial.
As relações foram expressas através das repercussões da violência vivida na gestação
sobre o seu organismo, destacadas como repercussões: emocionais, físicas e sociais. O
estudo permitiu conhecer a realidade e aspectos valiosos do contexto dessas gestantes,
principalmente, demonstrando a partir das próprias vítimas, a importância de refletir sobre as
possíveis causas não fisiológica, tais como a violência, que podem agravar ou mesmo
desencadear uma hipertensão arterial. Permitiu também, compreender e visualizar a
violência vivenciada pela gestante nos seus diversos contextos: família, trabalho,
comunidade onde reside e na instituição hospitalar a que recorre. Consideramos ser
relevante despertar para todo o contexto histórico-social que cerca uma gestante,
particularmente a que possui uma morbidade associada. E também, oferecer um cuidar
integral, que valorize a perspectiva do gênero, focado mais na contextualização do processo
saúde doença e na humanização, logo, minimizando a medicalização.
Palavras-chave: Gestação. Violência contra a Mulher; Síndrome hipertensiva.
Enfermagem.