Download PDF
ads:
MÁRCIA MATHIAS DE CASTRO
Descrição da estimulabilidade e da consistência de fala
em crianças com transtorno fonológico
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências
Área de Concentração: Comunicação Humana
Orientadora: Prof ª Dr
a
Haydée Fiszbein Wertzner
São Paulo
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MÁRCIA MATHIAS DE CASTRO
Descrição da estimulabilidade e da consistência de fala
em crianças com transtorno fonológico
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências
Área de Concentração: Comunicação Humana
Orientadora: Prof ª Dr
a
Haydée Fiszbein Wertzner
São Paulo
2009
ads:
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Castro, Márcia Mathias de
Descrição da estimulabilidade e da consistência de fala em crianças com transtorno
fonológico / Márcia Mathias de Castro. -- São Paulo, 2009.
Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional.
Área de concentração: Comunicação Humana.
Orientadora: Haydée Fiszbein Wertzner.
Descritores: 1.Distúrbios da fala 2.Testes de articulação da fala 3.Medida da
produção da fala 4.Transtornos do desenvolvimento da linguagem 5.Patologia da fala e
linguagem 6.Criança
USP/FM/SBD-279/09
Aos meus amores
Flávio
Thaís e a Beatriz
Accacio e Olga
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela minha vida, minha família, pela fé, profissão, vocação e pela
ciência.
Agradeço a minha orientadora Professora Doutora Haydée Fiszbein Wertzner, pela
competência, dedicação, contribuição, respeito e fundamental participação
desde o momento da escolha do tema deste estudo até a sua redação final.
Ao Flávio, por seu apoio, carinho, compreensão, colaboração, amor incondicional e
por ter compartilhado comigo cada passo percorrido, me fortalecendo nos momentos em que
me faltava a coragem.
Às minhas filhas Thaís e Beatriz, pela alegria da maternidade, pela ternura, felicidade,
sorriso, amor e pela compreensão das minhas ausências.
Aos meus pais, Accacio e Olga, por serem exemplo de amor, fé, coragem, dedicação,
solidariedade, amizade e presença.
Aos meus sogros, José e Nancy, pelo amor de filha que me dedicam e por todo apoio,
colaboração e incentivo recebido.
À minha mãe e minha sogra, por todos os momentos que cuidaram com muito carinho
de minhas filhas, para que eu pudesse percorrer esta trajetória.
As amigas Daniela Galea, Anne Caroline e Tatiane Barrozo por toda colaboração e
incentivo.
Aos amigos Ângela e Osmar, pela amizade, apoio e presença nos momentos mais
felizes e difíceis da minha vida.
Às professoras Claudia Andrade, Suelly Limongi e Zelita Guedes pelas preciosas
contribuições oferecidas a este trabalho.
Às alunas de iniciação científica do Laboratório de Fonologia.
Às diretoras das escolas que permitiram a coleta de dados deste estudo.
Às crianças participantes desta pesquisa e aos seus pais, sem os quais não seria
possível sua realização.
A professora Carmen Saldiva pela preciosa colaboração na análise dos dados.
Agradeço a FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,
Pelo incentivo financeiro para a realização desta pesquisa.
Processo 06/56997-0
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver amor,
serei como o bronze que soa ou
como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e
conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes,
se não tiver amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e
ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado,
se não tiver amor, nada disso valerá.
O amor é paciente, é bondoso,
o amor não arde em ciúmes, não é orgulhoso, não é arrogante,
não é escandaloso, não procura os próprios interesses,
não se irrita, não guarda rancor;
não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acabará; as profecias desaparecerão;
as línguas cessarão; a ciência passará;
porque a nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.
Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança.
Desde que me tornei homem,
eliminei as coisas de criança.
Hoje vemos como por um espelho, confusamente;
mas então veremos face a face.
Hoje conheço em parte;
mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.
Por ora permanecem a fé, a esperança e o amor.
Porém, a maior delas é o amor (1 Coríntios 13, 1-13).
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas
Lista de figuras
Lista de tabelas
Resumo
Summary
1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 01
1.1 Objetivos ............................................................................................ 08
2. REVISÃO DA LITERATURA ………………................................... 11
2.1. Transtorno Fonológico .....……………………………………......... 11
2.2 Medidas diagnósticas utilizadas no TF .............................................. 15
2.2.1 Índices de gravidade ...................................................................... 15
2.2.2 Inconsistência de fala ..................................................................... 18
2.2.3 Estimulabilidade.............................................................................. 23
3. MÉTODOS ........................................................................................... 38
3.1 Sujeitos ................................................................................................ 38
3.2 Material ............................................................................................... 40
3.3 Procedimento ...................................................................................... 41
3.3.1 Seleção dos sujeitos ......................................................................... 41
3.3.2 Descrição das perdas amostrais ....................................................... 42
3.3.3 Aplicação e análise das provas experimentais ................................. 43
3.3.3.1 Fonologia ...................................................................................... 44
3.3.3.2 Índice PCC-R ............................................................................... 44
3.3.3.3 Índice de Inconsistência de fala (I) .............................................. 44
3.3.3.4 Consistência dos erros de fala (CE) .............................................. 46
3.3.3.4.1 Ocorrência de erros (OE) ........................................................... 47
3.3.3.4.2 Consistência geral dos tipos de erro (CGE) ............................... 47
3.3.3.4.3 Consistência do tipo de erro mais freqüente (CTEF) ................. 48
3.3.3.5 Estimulabilidade (E) ...................................................................... 49
3.3.3.5.1 Elaboração e Aplicação da prova de E de fala para o
Português Brasileiro ................................................................................. 49
3.4 Método estatístico ............................................................................... 52
3.4.1 Idade e gênero .................................................................................. 52
3.4.2 Índice de gravidade (PCC-R) .......................................................... 52
3.4.3 Índice de Inconsistência de fala (I) .................................................. 53
3.4.4 Consistência dos erros de fala (CE) ................................................. 53
3.4.5 Estimulabilidade (E) ........................................................................ 54
3.4.6 Associação entre as provas experimentais PCC-R, I, CE e E .......... 54
3.4.7 Associação entre as provas experimentais PCC-R, I, CE e E
e os processos fonológicos ......................................................................... 55
4. RESULTADOS...................................................................................... 57
4.1 Idade e gênero dos sujeitos .................................................................. 58
4.2 Hipótese 1: Parcialmente confirmada................................................... 59
4.2.1 Desempenho fonológico ................................................................... 59
4.2.2 Índice de gravidade PCC-R .............................................................. 60
4.2.3 Índice de inconsistência de fala (I) ................................................... 60
4.2.4 Consistência dos erros de fala (CE) .................................................. 61
4.2.4.1 Índice de Ocorrência de erros ...................................................... 62
4.2.4.2 Índice de Consistência geral dos tipos de erro (CGE).................. 62
4.2.4.3 Índice de Consistência do tipo de erro mais freqüente (CTEF).... 63
4.2.5 Estimulabilidade (E) ....................................................................... 63
4.3 Hipótese 2: Parcialmente confirmada ................................................ 68
4.3.1 Índice de gravidade PCC-R ............................................................. 68
4.3.2 Índice de inconsistência de fala ....................................................... 71
4.3.3 Consistência dos erros de fala .......................................................... 80
4.3.3.1 Índice de Ocorrência de erros ...................................................... 80
4.3.3.2 Índice de Consistência geral dos tipos de erro ............................ 82
4.3.3.3 Índice de Consistência do tipo de erro mais freqüente ................ 84
4.3.4 Estimulabilidade (E) ....................................................................... 86
4.4 Hipótese 3: Parcialmente confirmada ................................................ 89
4.4.1 Associação entre as provas experimentais e o PCC-R ................... 90
4.4.1.1 PCC-R x I .................................................................................... 90
4.4.1.2 PCC-R x CE ................................................................................ 90
4.4.1.3 PCC-R x E ................................................................................... 91
4.4.2 Associação entre as provas I, CE e E ............................................. 94
4.4.2.1 I x CE .......................................................................................... 94
4.4.2.2 I x E ............................................................................................. 94
4.4.2.3 CE x E ......................................................................................... 95
4.4.3 Associação entre a ocorrência dos processos fonológicos e as
provas experimentais ............................................................................... 96
4.4.3.1 I x Processos fonológicos ............................................................ 96
4.4.3.2 CE x Processos fonológicos ......................................................... 98
4.4.3.3 E x Processos Fonológicos ........................................................... 100
5. DISCUSSÕES ...................................................................................... 102
6. CONCLUSÕES .................................................................................... 122
7. REFERÊNCIAS ................................................................................... 125
ANEXOS .................................................................................................. CD
ABREVIATURAS
ABFW Teste de Linguagem Infantil
ACI Articulation Competence Index
ADI Absolute Distortion Index
AI Absolute Index
AOI Absolute Omission Index
ASI Absolute Substitution Index
Cappesq Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
CAS Apraxia de desenvolvimento de fala
CCV Consoante Consoante Vogal
CCVC Consoante Consoante Vogal Consoante
CCVCV Consoante Consoante Vogal Consoante Vogal
CE Consistência dos erros de fala
CGE Consistência geral dos tipos de erro
CTEF Consistência do tipo de erro mais freqüente
CV Consoante Vogal
CVC Consoante Vogal Consoante
CVCV Consoante Vogal Consoante Vogal
DSM Diagnostic and Statistical Manual
E Estimulabilidade
ECI Error consistency index
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
GC Grupo Controle
GP Grupo Pesquisa
I Inconsistência de fala
LIF Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Fonologia
OE Ocorrência de erros
PB Português Brasileiro
PCC Porcentagem de Consoantes Corretas
PCC-A Porcentagem de Consoantes Corretas - Ajustada
PCC-R Porcentagem de Consoantes Corretas - Revisada
PCI Percentage Consonants in the Inventory
PDI Índice de Densidade de Processos Fonológicos
PDS Pontuação dos Desvios Fonológicos
PMLU Phonological mean length of utterance
PWP Proportion of whole-word proximity
PWV Proportion of whole-word variation
RDI Relative Distortion Index
RI Relative Index
ROC Receiver Operator Characteristic
ROI Relative Omission Index
RSI Relative Substitution Index
SAILS Speech Assessment and Interactive Learning System
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SSS Scaffolding Scale of Stimulability
TF Transtorno Fonológico
VC Vogal Consoante
WWA Whole-word accuracy
Processos Fonológicos
EF Ensurdecimento de Fricativas
EP Ensurdecimento de Plosivas
FP Frontalização de Palatal
FV Frontalização de Velares
HC Harmonia Consonantal
PF Plosivação de Fricativas
PP Posteriorização para Palatal
PV Posteriorização para Velar
RS Redução de Sílaba
SCF Simplificação da Consoante Final
SEC Simplificação do Encontro Consonantal
SF Sonorização de Fricativas
SL Simplificação de Líquida
SP Sonorização de Plosivas
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Porcentagem de sujeitos do GC e GP que
apresentaram processos fonológicos 60
Figura 2 Porcentagem de sujeitos do GC e GP que não necessitaram
do cálculo dos índices CGE e CTEF 61
Figura 3 Resposta a estimulabilidade em função da classe de sons 67
Figura 4 Média de desempenho dos sujeitos do GC no PCC-R por Idade 68
Figura 5 Média de desempenho dos sujeitos do GP no PCC-R por Idade 69
Figura 6 Box-plots para o PCC-R nos dois grupos por Gênero 70
Figura 7 Diagrama de dispersão do PCC- R e a Idade 71
Figura 8 Box-plots da I (%) por Grupo e Gênero 72
Figura 9 Diagrama de dispersão da I (%) e a Idade 73
Figura 10a Curva ROC para o Gênero feminino e Idade de 5 a 7,5 anos 75
Figura 10b Curva ROC para o Gênero feminino e Idade de 7,5 a 11 anos 76
Figura 10c Curva ROC para o Gênero masculino e Idade de 5 a 7,5 anos 77
Figura 10d Curva ROC para o Gênero masculino e Idade de 7,5 a 11 anos 78
Figura 11 Gráfico dos valores individuais da I no GC e GP em cada
combinação de Gênero e Faixa etária com
respectivos valores de corte 79
Figura 12 Porcentagens de ocorrência de erro por Gênero
no índice PE 81
Figura 13 Box-plots para a Idade em ocorrência de erro
no índice PE 82
Figura 14 Box-plots de CGE por Gênero 83
Figura 15 Diagrama de dispersão de CGE (%) e a Idade (anos) 84
Figura 16 Box-plots de CTEF por Gênero 85
Figura 17 Diagrama de dispersão de CTEF (%) e Idade (anos) 86
Figura 18 Box-plots para o PCC- R nos grupos GC, GP 1 e GP 2
por Gênero 87
Figura 19 Diagrama de dispersão do PCC- R e a Idade 88
Figura 20 Diagrama de dispersão do PCC- R e o Número de sons ausentes 92
Figura 21 Diagrama de dispersão do PCC- R e o Número de sons
Estimuláveis 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Descrição da perda amostral do GC 43
Tabela 2 Ordem de aplicação das provas experimentais 43
Tabela 3 Lista de palavras para o índice I 45
Tabela 4 Classes de som, sons e total de palavras da prova de E 50
Tabela 5 Classificação da E (Castro, 2004) 52
Tabela 6 Estatísticas descritivas para a idade (anos) por Grupo 58
Tabela 7 Distribuições de freqüências e porcentagens do gênero
no GC e GP 59
Tabela 8 Descrição do PCC-R por grupo 60
Tabela 9 Estatísticas descritivas para a Inconsistência (%) por grupo 61
Tabela 10 Ocorrência de erro no OE por Grupo 62
Tabela 11 Estatísticas descritivas para CGE por Grupo 63
Tabela 12 Estatísticas descritivas para a CTEF por Grupo 63
Tabela 13 Sujeitos do GC e do GP que necessitaram da aplicação da E 64
Tabela 14 Sons com aplicação da E no GP 1 65
Tabela 15 Resposta a prova de E dos sujeitos do GP 1 66
Tabela 16 Estatísticas descritivas para o PCC-R por grupo na E 67
Tabela 17 Descrição do PCC-R por gênero 69
Tabela 18 Estatísticas descritivas para a I (%) por gênero 72
Tabela 19 Valores previstos da I para meninos e meninas de 5 a 10 anos 74
Tabela 20a Coordenadas da curva ROC para o Gênero feminino e Idade
de 5 a 7,6 anos 75
Tabela 20b Coordenadas da curva ROC para o Gênero feminino e Idade
de 7,6 a 11 anos 76
Tabela 20c Coordenadas da curva ROC para o Gênero masculino e Idade
de 5 a 7,6 anos 77
Tabela 20d Coordenadas da curva ROC para o Gênero masculino e Idade
de 7,6 a 11 anos 78
Tabela 21 Distribuições de freqüências e porcentagens de ocorrência de
erro por Gênero no índice OE 80
Tabela 22 Estatísticas descritivas para CGE por Gênero 83
Tabela 23 Estatísticas descritivas para a CTEF por Gênero 85
Tabela 24 Estatísticas descritivas para o PCC-R por gênero na E 87
Tabela 25 Estatísticas descritivas para o Número de sons ausentes e
Número de sons estimuláveis por Gênero no GP 1 89
Tabela 26 Estatísticas descritivas para o PCC-R em cada categoria de
resposta de Inconsistência de fala 90
Tabela 27 Estatísticas descritivas para o PCC-R em cada categoria de
resposta de CE em cada Grupo 91
Tabela 28 Estatísticas descritivas para o PCC-R nos dois grupos
definidos pela ocorrência de sons estimuláveis 93
Tabela 29 Distribuição de freqüências e porcentagens da I categorizada
segundo a CE pela ocorrência de erro no índice OE (Errou) 94
Tabela 30 Distribuição de freqüências e porcentagens da Inconsistência
(categorizada) em cada categoria de Estimulabilidade 95
Tabela 31 Distribuição de freqüências e porcentagens de Errou em
cada categoria de Estimulabilidade 95
Tabela 32 Freqüências e porcentagens da ocorrência dos
processos fonológicos segundo o resultado do índice I 97
Tabela 33 Freqüências e porcentagens da ocorrência dos
processos fonológicos segundo o resultado do índice de CE 99
Tabela 34 Freqüências e porcentagens da ocorrência dos
processos fonológicos nos grupos GP 1 e GP 2 101
RESUMO
Castro MM Descrição da estimulabilidade e da consistência de fala em crianças com
transtorno fonológico [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo; 2009. 135p.
O objetivo deste estudo foi descrever o desempenho de crianças com e sem Transtorno
Fonológico em medidas de gravidade, inconsistência de fala, consistência de erros de
fala e estimulabilidade. Foram avaliadas 130 crianças falantes do Português Brasileiro,
de ambos os gêneros, e idades entre 5:0 e 10:10 anos, sendo 55 com transtorno
fonológico e 75 sem alterações fonológicas. A maioria das crianças com transtorno
fonológico foi estimulável aos sons ausentes do inventário fonético demonstrando
dificuldade em aplicá-los às situações comunicativas. Foram confirmados os efeitos de
idade e gênero e determinados quatro valores de corte para a inconsistência de fala. A
inconsistência de fala mostrou-se eficaz para avaliar a programação fonológica, e a
estimulabilidade a produção motora. Os resultados da pesquisa sugerem que a
programação fonológica se aprimora a cada ano de vida da criança e ocorre de forma
diversa entre os gêneros. Já a produção motora da fala demonstrou semelhança no
desempenho de meninos e meninas. As duas medidas estudadas mostraram-se eficazes
para diferenciar crianças com e sem transtorno fonológico, bem como contribuíram para
a identificação das dificuldades das crianças evidenciando serem complementares e
essenciais para detectarem marcadores diagnósticos do transtorno fonológico.
Descritores: Distúrbios da fala, Testes de articulação da fala, Medida da
produção da fala, Transtornos do desenvolvimento da linguagem, Patologia da fala e
linguagem, Criança
SUMMARY
Castro MM. Description of stimulability and speech consistency in children with
phonological disorders [thesis]. São Paulo: School of Medicine, University of São
Paulo, 2009. 135p.
The aim of this study was to describe the performance of children with and without
Phonological Disorder in severity, speech inconsistency, speech errors consistency and
stimulability measures. There were evaluated 130 subjects of both genders and ages
between 5:0 and 10:10 years, 55 with phonological disorder and 75 without
phonological alterations. Most of children with phonological disorder were stimulable
for absent sounds of phonetic inventory showing difficulties in applying them to
communicative situations. It was confirmed gender and age effects and established four
cut-off values for speech inconsistency. Speech inconsistency was efficient to evaluate
phonological programming and stimulability the motor production. Results suggested
that the phonological programming is refined each year of life of children and occur
differently between genders. The motor speech production showed similarity between
boys and girls. The two measures studied were effective in differentiating children eith
and eithout phonological disorders as well as contributing to the identification of
difficulties of children showing that they are complementary and essential to detect
diagnostic markers of phonological disorders.
Descriptors: Speech Disorders, Speech Articulation Tests, Speech Production
Measurement, Language Development Disorders, Speech-Language Pathology, Child.
Introdução
2
1. INTRODUÇÃO
O Transtorno Fonológico (TF) é uma dificuldade de fala caracterizada pelo
uso inadequado dos sons que pode envolver erros na produção, percepção ou
organização dos sons (Wertzner, 2004a). Afeta aproximadamente 10% da população,
sendo que 80% destes têm um distúrbio grave que requer tratamento (Gierut, 1998).
O TF caracteriza-se então por uma alteração do sistema fonológico de causa
desconhecida, no qual a criança não usa os sons da fala esperados para a idade ou
dialeto (315.39 Diagnostic and Statistical Manual DSM IV, 1994).
Estudos para os falantes do Português Brasileiro (PB) apontaram maior
ocorrência em meninos (Salvatti et al, 2000; Castro e Wertzner, 2008c) entre 5 e 8
anos (Wertzner, 2002; Pagan, 2003); com influência familial (Papp e Wertzner,
2006). Os estudos mostram também que os processos fonológicos apresentados pelas
crianças com TF são semelhantes aos encontrados no desenvolvimento normal
(Matumoto, 1999; Wertzner, 2002), sendo os processos fonológicos mais
encontrados simplificação de encontro consonantal, ensurdecimento de plosivas,
ensurdecimento de fricativas e simplificação de líquidas (Oliveira e Wertzner, 2000;
Wertzner, 2002).
Crianças com TF são bastante heterogêneas, em termos de gravidade, tipos
de erros, fatores causais e manifestações. A dificuldade da criança com TF é
principalmente relacionada à percepção auditiva; ao processamento cognitivo-
lingüístico; ou ao processamento motor da fala (Ingram, 2002).
Embora o TF não apresente causa estabelecida, Shriberg et al (2005)
destacou a importância de se descrever detalhadamente o quadro no momento do
3
diagnóstico de linguagem da criança, bem como os aspectos explicativos
relacionados. O autor considera os subtipos de acordo com o processo subjacente que
o explica: genética, decorrente de otite média, apraxia de fala, disartria,
envolvimento psicossocial e refinamento dos erros de fala por distorções comuns e
não comuns.
Outros pesquisadores, em função da heterogeneidade do TF, buscam
determinar os déficits manifestos na fala que diferenciam os subgrupos (Crosbie et
al, 2005). Nessa busca pretende-se delimitar os diferentes déficits no processamento
lingüístico e motor da fala nos diferentes subgrupos do TF (Dodd e McComark,
1995).
A importância da classificação do TF a partir da manifestação foi destacada
por Dodd (1995) que propôs quatro subgrupos. O primeiro refere-se à articulação
defasada com erros na produção do som, um problema periférico na programação
motora de sons específicos (Fey, 1992); o segundo refere-se à criança com apenas
atraso na aquisição fonológica; o terceiro refere-se ao uso de processos fonológicos
atípicos demonstrando uma inabilidade para abstrair e organizar o conhecimento
interno do sistema fonológico, essas crianças demonstram também baixo
desempenho em tarefas de consciência fonológica (Dodd et al, 1989); o quarto
refere-se ao TF inconsistente e inclui crianças que apresentam tipos de produções
inconsistentes com melhor desempenho nas provas de imitação (Ingram 1976; Dodd
e McComark, 1995). Num estudo mais recente, Broomfield e Dodd (2004) incluíram
um quinto subgrupo, o da apraxia de desenvolvimento de fala.
Os diferentes tipos de erros que a criança apresenta refletem o mecanismo
do processamento de fala, independentemente da Língua em questão (Dodd, 1995).
4
A inconsistência foi associada a um déficit na programação fonológica com efeitos
na programação fonética (Dodd et al, 2006). Em 2007, Dodd relatou que o déficit na
programação fonológica está relacionado à capacidade de desenvolver modelos e
planos para as sequências de fonemas que constituem palavras, estando intacto o
sistema de representação dos contrastes da Língua.
Detectar marcadores diagnósticos traz grandes contribuições à identificação
dos subtipos do TF, uma vez que apontam os déficits específicos na área perceptiva,
cognitiva, estrutural, motora ou afetiva. A mensuração desses déficits contribui para
classificar e tentar explicar a natureza do TF (Shriberg et al, 2003a;b).
Nos últimos anos, a investigação da prática em evidência tem contribuído
para que no diagnóstico sejam evidenciados os marcadores dos déficits apresentados
pelos diferentes sujeitos com TF. Assim, é possível detectar no conjunto das
informações obtidas no diagnóstico, dados precisos para que o fonoaudiólogo possa
delimitar as habilidades e as dificuldades da criança (Bahr, 2005; Rvachew, 2005;
Baker, 2006).
Um aspecto que sempre suscita discussões é a questão da Língua
empregada pelo falante estudado, pois as diferentes Línguas podem manifestar
diferentes fenótipos fonológicos.
Existem vários instrumentos disponíveis para falantes do PB que podem ser
aplicados no processo diagnóstico, abordando as várias áreas da linguagem incluindo
a Fonologia. Tais instrumentos de avaliação fonológica permitem a descrição das
regras fonológicas presentes e ausentes no sistema da criança e o levantamento do
inventário fonético, evidenciando se a criança aplica processos fonológicos (com ou
sem ausência de sons no inventário fonético) ou se apresenta distorção de sons
5
(Capovilla, 1998; Gurgueira, 2000; 2006; Herrero, 2001; 2007; Moojen et al, 2003;
Pagan, 2003; Andrade et al, 2004; Castro, 2004; Broggio, 2005; Amaro, 2006;
Simões, 2006; Pagan-Neves, 2008;).
Apesar desses instrumentos disponíveis para o PB, há ainda algumas
especificidades que necessitam de procedimentos específicos e que já são aplicados
aos falantes da Língua inglesa e, que complementam a busca de marcadores. Dentre
esses procedimentos estão a inconsistência de fala, a consistência dos erros de fala e
a estimulabilidade. Essas medidas fornecem informações sobre a organização do
sistema fonológico da criança, sendo que a inconsistência de fala aponta se a criança
tem uma produção constante ou muito instável, diferindo a cada enunciado. A
consistência dos erros permite distinguir se a criança produz as palavras sempre do
mesmo modo ou de forma variada e, identifica se existe um tipo de produção mais
freqüente. Já a estimulabilidade detecta se a criança é capaz de produzir os sons
ausentes de seu inventário fonético e está relacionada à execução dos diferentes
gestos necessários a produção dos sons da Língua.
Na literatura encontram-se estudos a respeito de inconsistência, a
consistência dos erros de fala e estimulabilidade. A inconsistência e a consistência
dos erros de fala são avaliadas em tarefas de nomeação de figuras, e verificam a
instabilidade do sistema fonológico que se relaciona com a programação fonológica,
o processo de seleção e organização da produção do fonema (Ingram 1976; Dodd e
McComark, 1995).
A estimulabilidade pode esclarecer a presença ou não de dificuldades de
produção de um som ausente no inventário fonético da criança. Portanto, se a
criança que tem um déficit na representação mental do som, em função da ausência
6
do fonema em seu sistema fonológico, apresenta uma dificuldade específica em
produzir os gestos articulatórios necessários para esse(s) som(s), mostra-se não
estimulável para esse som (Powell, 2008). Já a criança que não tem dificuldade em
produzir um som e, a partir de um modelo imitativo mostra-se estimulável, revela ter
dificuldade em utilizar esse som em situações comunicativas mais complexas que a
imitação.
Nesse estudo foi analisada a gravidade, a inconsistência de fala, a
consistência da produção dos erros de fala e a estimulabilidade. Para tanto, houve a
necessidade de se desenvolver as provas para analisar algumas dessas medidas
seguindo os critérios disponíveis na literatura. Foi desenvolvida a prova de
inconsistência de fala composta por 25 palavras. Em seguida foram selecionadas
cinco palavras dentre as 25, para se testar e analisar a consistência da produção da
fala. Para a prova de estimulabilidade foram selecionadas 195 palavras com os
fonemas consonantais do PB, para ser aplicada a(o) som(s) ausente(s) do inventário
fonético da criança. Essas medidas foram aplicadas em crianças com TF e pareadas a
um grupo controle.
As hipóteses deste estudo são as seguintes:
1. Há diferenças nos desempenhos dos grupos controle e pesquisa tanto na
ocorrência de processos fonológicos, no índice de gravidade PCC-R, na
inconsistência de fala, na consistência dos erros e, na estimulabilidade de fala
para os sons ausentes no inventário fonético.
2. Há diferença entre os gêneros e as idades no desempenho do PCC-R, da
inconsistência de fala, da consistência dos erros e, da estimulabilidade de
fala, tanto no grupo controle como no pesquisa.
7
3. Há associação entre o PCC-R, inconsistência de fala, consistência dos erros
de fala, número de sons ausentes no inventário fonético, estimulabilidade e
processos fonológicos tanto no grupo controle como no pesquisa.
No capítulo da revisão da literatura são apresentados trabalhos relevantes
com as medidas utilizadas nesta pesquisa e os objetivos deste trabalho estão descritos
anteriormente. O método é descrito logo a seguir e inclui a seleção dos sujeitos, o
material utilizado e os procedimentos tanto de coleta como avaliação dos dados. Os
resultados dessa pesquisa são apresentados segundo as três hipóteses levantadas e
logo após segue o capítulo de discussão dos achados deste estudo e comparados
àqueles disponíveis na literatura; ao final são apresentadas as conclusões deste estudo
e as referências bibliográficas.
Objetivos
9
O objetivo geral da pesquisa é:
1. Descrever o desempenho de crianças com e sem TF em medidas de
gravidade, inconsistência de fala, consistência de erros de fala, e
estimulabilidade.
São objetivos específicos:
1.1 Descrever o índice de gravidade PCC-R nas provas de fonologia de
crianças com e sem TF.
1.2 Descrever o índice de Inconsistência de fala (I) em nomeação de figuras
de crianças com e sem TF.
1.3 Descrever o índice de Consistência dos erros de fala (CE) em nomeação
de figuras de crianças com e sem TF.
1.4 Descrever a Estimulabilidade (E) para os sons ausentes do inventário
fonético em imitação de palavras de crianças com e sem TF.
1.5 Examinar a associação entre a I, CE e E e o PCC-R em crianças com e
sem TF.
1.6 Examinar a associação entre a I, CE e E e os processos fonológicos em
crianças com e sem TF.
1.7 Examinar a associação entre a I, CE e E em crianças com e sem TF.
Revisão da Literatura
11
2. Revisão da Literatura
2.1. Transtorno Fonológico
O TF envolve um grupo heterogêneo de crianças que pode ser classificado
segundo fatores correlacionados ou sintomatologia. Os fatores de risco mais
frequentemente reportados são histórico familial positivo; otites médias de repetição
com efusão; problemas pré e peri-natais incluindo nascimento pré-termo e baixo-
peso e fatores psicossociais (Fox et al, 2002).
Vários estudos têm delineado os fatores relacionados ao TF em falantes do
PB como a idade, gênero, histórico de otite, infecções respiratórias, familial. O
diagnóstico do TF no Brasil ocorre principalmente entre quatro e oito anos, sendo
mais observado em meninos, 40% apresentam histórico de otite, 60% de alterações
respiratórias, a maioria das crianças apresentam histórico familial de alteração de fala
e/ou linguagem (Wertzner, 2004a).
As características fonológicas no TF também foram listadas no PB como
análise dos processos fonológicos mais ocorrentes, medidas de gravidade, alterações
fonéticas, características acústicas, estimulabilidade (Wertzner et al, 2001; 2003;
2005; 2006;Wertzner, 2002; 2004a; Pagan, 2003; Castro e Wertzner, 2006; Papp e
Wertzner, 2006;).
Oliveira e Wertzner (2000) descreveram os processos fonológicos
utilizados com ocorrência acima de 25% na amostra de fala de crianças com TF e
notaram que os que mais ocorreram foram simplificação de líquidas (SL) e
simplificação do encontro consonantal (SEC), ensurdecimento de plosiva (EP),
ensurdecimento de fricativa (EF).
12
Wertzner et al (2000) detectaram a ocorrência do TF predominantemente no
gênero masculino, na idade entre seis e sete anos, com os seguintes processos
apresentando maior ocorrência SEC, EF, EP e SL.
Wertzner (2002) observou maior influência de alguns processos
fonológicos como a simplificação da consoante final (SCF), frontalização de palatal
(FP), frontalização de velares (FV), EP, EF, SL e SEC.
Papp e Wertzner (2006) verificaram os processos fonológicos apresentados
por crianças com diagnóstico de TF com e sem história de transtorno de fala e
linguagem no núcleo familiar e detectaram que o processo de SL foi o mais ocorrente
independentemente do histórico familial; além desse, os processos fonológicos de
ensurdecimento foram mais observados quando os familiares apresentavam
diagnóstico de TF atual.
Wertzner et al (2006) constataram que sujeitos com TF apresentaram
principalmente os processos SEC, SL e SCF, independentemente da produtividade.
Wertzner et al (2007b) averiguaram o número de tipos, a ocorrência total e
a média de processos fonológicos em crianças com TF com e sem o histórico de otite
média. No grupo com otite, o processo fonológico mais ocorrente na prova de
nomeação foi EF e, na imitação, SL. No grupo sem otite, SEC foi mais empregado na
nomeação e EF na imitação, somente SEC na prova de nomeação apresentou
diferença entre os grupos. Não houve diferença estatística em relação à média de
tipos de processos fonológicos.
No inglês semelhante ao PB, observa-se maior ocorrência nos meninos.
Hodson e Paden (1981) estudaram 60 crianças com TF que procuraram tratamento
13
fonoaudiológico e a amostra foi composta por 43 meninos e 17 meninas com idades
entre três e oito anos.
Khan (1982) numa revisão apontou os 16 processos fonológicos que mais
aparecem na língua inglesa tanto para crianças em desenvolvimento normal como
para aquelas com TF: africação, assimilação, redução do encontro consonantal,
junção, eliminação da consoante final, ensurdecimento da consoante final,
frontalização e posteriorização, uso de semi-vogais para substituir líquidas e
fricativas, substituição glotal, metátese, sonorização de consoantes pré-vocálicas,
reduplicação, plosivação, vocalização, eliminação da sílaba fraca e processos
idiossincráticos.
As características lingüísticas do TF ocorrem em função de seus aspectos
fonológicos, da maneira como os sons são usados para diferenciar o significado das
palavras (Wertzner, 2003). As alterações fonológicas manifestam-se principalmente
através das omissões e substituições onde a criança omite ou substitui o som alvo por
outro presente em seu inventário fonético (Castro, 2004).
Wertzner (2003) relatou que no TF, em que a única dificuldade encontrada
é a fonética, a dificuldade seria no desempenho articulatório, podendo ser decorrente
de desorganização no nível periférico da articulação desses sons.
Pagan (2003) analisou acusticamente as consoantes líquidas laterais e
vibrante simples de crianças com TF com o processo SL e detectou que a vibrante
simples foi o som mais alterado para as crianças com TF, indicando a dificuldade de
produção desse som.
14
As alterações fonéticas manifestam-se principalmente por meio das
distorções, ou seja, uma dificuldade na produção do som na qual a regra fonológica
encontra-se respeitada (Castro, 2004).
Para o diagnóstico do TF são usadas medidas fonológicas e fonético-
articulatórias. Dentre as medidas fonológicas, encontram-se as provas de fonologia
que permitem a avaliação dos processos fonológicos.
Lowe (1996) considerou importante avaliar as habilidades motoras da fala
da criança, listando os sons que a criança é capaz de fazer e observando as posições
do som na palavra (inventário silábico). Além disso, assinala que tem sido crescente
a busca por provas objetivas mensuráveis, ressaltando a importância da medida da
estimulabilidade.
Scheuer et al (2003) referiram ser importante caracterizar o inventário
fonético, uma vez que indica se a criança aplica o processo fonológico a toda a classe
de sons ou somente a um determinado som.
Crosbie et al (2005) relataram que a fala da criança com TF é bastante
variável e a medida da inconsistência de fala permite identificar se a fala é
consistente ou inconsistente.
Betz e Stoel-Gammon (2005) propuseram uma análise mais detalhada, a
medida da consistência dos erros de fala que permite verificar se os erros de fala são
ou não consistentes.
Dentre as medidas fonéticas, Wertzner (2004a) relatou que as provas de
nomeação e imitação da prova de Fonologia permitem o levantamento do inventário
fonético; para os sons ausentes do inventário destaca-se a medida da estimulabilidade
15
de fala. Esta vai verificar a habilidade da criança de produzir um som ausente do seu
inventário, somam-se as medidas de gravidade do TF.
2.2 Medidas diagnósticas utilizadas no TF
2.2.1 Índices de gravidade
A classificação da gravidade do TF é feita a partir de amostras de fala
coletadas em provas de Fonologia. Vários índices estão descritos na literatura e
possuem características e aplicações específicas.
Shriberg e Kwiatkowski (1982) propuseram o Percentage of Consonants
Correct (PCC) que verifica o número de consoantes corretas produzidas em uma
amostra de fala espontânea. As distorções comuns ou não, omissões e substituições
são considerados como erros.
Hodson (1986) propôs o Phonological Desviance Score (PDS) que é
calculado com as amostras coletadas na aplicação do teste The Assessment of
Phonological Processes (APP-R) que avalia as classes de sons, os processos
fonológicos, as omissões e as substituições.
Em 1992, Edwards apontou outra medida de gravidade do TF, o Process
Density Index (PDI). Nesse índice calcula-se o número total de processos
fonológicos em uma amostra de fala, dividido pelo número de palavras analisadas na
amostra; pode ser aplicado a qualquer amostra de fala.
Posteriormente, o índice PCC foi revisado por Shriberg et al (1997b) com o
objetivo de melhor adaptá-lo para o diagnóstico do TF. O PCC–Ajustado (PPC-A),
não considera distorções comuns como erro; e o PCC–Revisado (PCC-R), que não
aceita qualquer tipo de distorção como erro. Os autores assinalam que cada tipo de
16
PCC é indicado para uma determinada situação, sendo o PCC útil quando as crianças
têm entre 3 e 6 anos com TF. Já o PCC-A é recomendado como medida comparativa
quando todos os falantes analisados têm envolvimento de fala, mas idades variadas.
E, por fim, o PCC-R é a medida mais apropriada para comparações envolvendo
falantes de diversas idades e de características de fala variadas.
Shriberg et al (1997b) também propuseram o Relative Distortion Index
(RDI), Relative Substitution Index (RSI), Relative Omission Index (ROI), Absolute
Distortion Index (ADI), Absolute Substitution Index (ASI), Absolute Omission Index
(AOI) e o Articulation Competence Index (ACI). As medidas Relative Index (RI)
refletem a proporção de um tipo de erro específico numa amostra de fala. Já o
Absolute Index (AI), representa a proporção de um tipo de erro numa amostra de fala
em relação ao total de possibilidades deste erro ocorrer.
Além destes a medida Articulation Competence Index (ACI) foi
desenvolvida por Shriberg et al (1997b) para suprir a necessidade da pontuação de
gravidade ajustada à proporção relativa de erros de distorção. Tal medida
proporciona uma pontuação que reflete com exatidão as medidas de gravidade de
articulação. Este índice é baseado em duas características da fala conversacional, e é
obtido pela somatória dos índices PCC e RDI, divididos por dois e multiplicados por
100%.
Flipsen et al (2005) apontaram que os clínicos experientes dedicam particular
atenção para determinar a gravidade do TF quanto ao número, tipo e consistência dos
erros através dos índices AOI, ADI, ROI, RSI e RDI, assim como para a
inteligibilidade (intelligibility Índex) e a competência articulatória aos níveis
segmental (PCC, PCC-A, PCC-R e Percentage Consonants in the Inventory PCI) e
17
no nível da palavra através dos índices Phonological mean length of utterance
(PMLU), proportion of whole-word proximity (PWP), whole-word accuracy (WWA)
e proportion of whole-word variation (PWV).
Campbell et al (2007) construíram uma curva de desempenho no PCC-R a
partir de 16 estudos com crianças com desempenho típico (18-172 meses) e
ilustraram algumas das suas aplicações para a avaliação da mudança no desempenho
ao longo do tempo. Encontraram que os valores médios do PCC-R aumentam com a
idade e os desvios-padrão diminuem com a idade, indicando o aumento gradual na
precisão e estabilidade do controle motor-articulatório. Encontraram que 94% das
crianças classificadas como tendo aquisição normal da fala apresentaram valores de
PCC-R superiores ao valor limite para sua idade e que todas as crianças classificados
como tendo atraso de fala apresentaram PCC-R abaixo do valor limite para a sua
idade.
No PB, vários índices de gravidade foram aplicados em crianças com TF e
mostraram sua utilidade para classificar a gravidade, auxiliar no prognóstico, bem
como acompanhar a evolução do tratamento (Wertzner, 2004b).
Wertzner et al (2001) verificaram a correlação entre o PCC e o PDI em
crianças com TF e observaram que essas medidas possuem uma correlação linear e
inversamente proporcional entre si. Na amostra analisada a maior ocorrência foi se
sujeitos com PCC acima de 85%.
Wertzner et al (2005) encontraram correlação entre o julgamento perceptivo
de juízes e os valores do índice PCC para sujeitos com TF, este índice teve uma
variação entre 40 e 98% entre os sujeitos estudados, com valor médio de 81%.
18
Papp e Wertzner (2006) verificaram a diferença do índice de gravidade
PCC-R em relação ao histórico familial e detectaram que esse índice não diferencia o
TF em relação ao histórico familial, os sujeitos do estudo apresentaram variação no
índice entre 41,12% e 89,70%.
Wertzner et al (2006) verificaram a associação entre os índices de
gravidade PCC e PDI e observaram alta e inversa correlação entre estes, confirmando
que ambos são instrumentos adequados para a detecção do TF.
Castro e Wertzner (2007b) investigaram a relação entre a gravidade medida
pelo PCC-R e a estimulabilidade em sujeitos com TF e estes sujeitos apresentaram
valores para o índice entre 65 e 99%, dentre os sujeitos que necessitaram avaliar a
estimulabilidade, o PCC-R variou entre 65 e 84%.
Castro e Wertzner (2008b) investigaram o PCC-R e detectaram que a média
do PCC-R encontrada para as crianças com TF foi de 81% e para as crianças sem TF
de 99%.
2.2.2 Inconsistência de fala
A produção de palavras de forma variável é uma marca da fala de crianças
pequenas no período do desenvolvimento. Essas variações fazem parte do processo
de desenvolvimento, mas pouco é conhecido sobre sua ocorrência e persistência.
Dodd et al (1989) relataram que as variações observadas na fala de crianças
pequenas ocorrem devido às influências cognitivo-lingüísticas tanto na situação de
imitação, como na fala espontânea.
19
Dodd (1995) denominou de variabilidade as diferentes produções que
ocorrem durante o período normal de aquisição e diminuem com a idade. Associou a
variabilidade ao fato da representação lexical da palavra ainda ser imatura.
Betz e Stoel-Gammon (2005) relataram que durante o desenvolvimento,
pelo menos três tipos de variabilidade têm sido identificadas: variabilidade do uso do
fonema de acordo com sua posição na palavra; uso variável do fonema em função do
item lexical que pode ser correto em uma palavra e incorreto em outra e,
variabilidade durante várias produções da mesma palavra. À medida que a criança
cresce, as palavras são mais consistentes, embora não necessariamente corretas.
Holm et al (2007) em um estudo da consistência da produção de palavras
em crianças sem queixas de fala, entre três a seis anos no mesmo contexto lingüístico
indicaram que mesmo os menores demonstraram variabilidade abaixo de 13%,
calculado a partir da comparação da nomeação de 25 palavras. Ressaltaram que os
fonoaudiólogos precisam identificar a variabilidade esperada no desenvolvimento em
contraste com a inconsistência é considerado um marcador clínico do TF, para a
partir do diagnóstico tomar decisões clínicas baseadas em evidências.
Hodson (2007) comentou que o fato de ora produzirem e ora não
produzirem corretamente sugere que as crianças em desenvolvimento estão em fase
de organização dos sons.
A inconsistência de fala e a consistência dos erros de fala têm sido
investigadas no TF. Dodd e McCormack (1995) apresentaram a inconsistência como
um marcador diagnóstico de um tipo específico de distúrbio, a apraxia de
desenvolvimento de fala (CAS). Além da inconsistência apresentam dificuldades
20
motoras orais gerais, inabilidade para imitar sons, dificuldade crescente com o
aumento da extensão do enunciado e pobre seqüenciamento de sons.
Forrest et al (1997) indicaram a necessidade de diferentes tratamentos em
função da presença ou ausência da inconsistência. Para os autores, o tratamento das
substituições consistentes levou à generalização para outras posições na palavra,
enquanto no tratamento da substituição inconsistente, a criança conseguiu produzir
na posição tratada, mas não generalizou.
Shriberg et al (1997a) propuseram um índice para calcular a consistência do
erro comparando-se múltiplas produções de uma mesma palavra que ocorre em uma
amostra de fala espontânea, a medida baseia-se na freqüência de produções com
erros da palavra, sem considerar o total de produções da palavra.
Forrest et al (2000) detectaram que as crianças com substituições
consistentes aprenderam o som tratado e generalizaram para outros contextos; em
contraste, as criança com substituições inconsistentes não aprenderam o alvo nem
apresentaram generalizações, demonstrando ter um padrão de aprendizagem
diferente.
Dodd e Bradford (2000) relataram que a inconsistência é caracterizada por
múltiplos tipos de erros que não estão dentro de uma variabilidade normal e que
sugere prejuízo da estabilidade do sistema fonológico.
Ingram e Ingram (2001) ressaltaram o impacto da inconsistência na
inteligibilidade de fala, sendo que a fala da criança inconsistente será menos
inteligível. Observaram que a inconsistência diminui consideravelmente quando a
criança passa a falar as fricativas.
21
Gierut (2001) considerou que os erros inconsistentes têm um impacto
negativo na aquisição dos sons e que o tratamento dessas crianças é sempre um
desafio, na medida em que é complicado selecionar o som alvo que deve contrastar
com o som em erro.
Ingram (2002) propôs uma medida para captar o grau de variabilidade nas
produções da palavra, denominado Proportion of whole-word variation (PWV). Essa
medida compara o número de distintas produções de uma palavra em relação ao total
de produções daquela palavra, na fala espontânea. O autor define que essa medida dá
informações sobre a representação fonológica da palavra.
Forrest (2003) relatou que dentre 50 diferentes características analisadas no
diagnostico de CAS, seis destas características representaram 51,5% das respostas de
75 fonoaudiólogos. Estas características incluem as produções inconsistentes, as
dificuldades no sistema motor-oral, inabilidade para imitar sons, dificuldade
crescente com o aumento do comprimento da emissão, e o no seqüenciamento dos
sons.
Tyler et al (2003) consideraram a inconsistência como um fator prognóstico
desfavorável para as crianças em terapia. Desenvolveram o Error consistency index
(ECI), uma medida do número total de diferentes substituições e omissões do som,
considerando a posição do som na palavra. O índice foi calculado no nível do fonema
e não da palavra, o número de diferentes substituições ou omissões de cada um dos
23 fonemas foi computado e depois somado.
Broomfield e Dodd (2004) descreveram a natureza dos subtipos do TF e os
resultados mostraram que de 320 crianças, 57,5% tinham atraso fonológico, 20,6%
22
apresentaram erros consistentes, 9,4% erros inconsistentes no mesmo item lexical e
12,5% tinham alterações na articulação.
Betz e Stoel-Gammon (2005) demonstraram que a inconsistência é
possivelmente influenciada por questões lexicais, pela posição do som na palavra e
pela influência da vogal seguinte. Chamaram a atenção para o fato de que se a
inconsistência é um marcador importante deve ser claramente definida e avaliada de
forma padronizada. Nesse estudo as autoras apontaram que a criança com fala
inconsistente tem dificuldade no planejamento fonológico. Empregaram três índices
percentuais para categorizar a consistência dos erros de fala, o primeiro informa a
proporção total de erros na produção; o segundo informa a consistência geral dos
tipos de erro e o terceiro a consistência do tipo de erro mais freqüente.
Flipsen et al (2005) alertaram que os clínicos além das medidas segmentais
devem considerar a acurácia na produção da palavra, a habilidade de compreender a
mensagem, a extensão da palavra e a consistência da produção para determinar a
gravidade do caso.
Goffman (2005) reforçou o desafio na reabilitação das crianças com CAS e
destacou a inconsistência como marcador diagnóstico desta alteração.
Dodd et al (2005) indicaram que variabilidade faz parte do
desenvolvimento normal da fala, diferente da consistência do erro de fala que se
refere ao padrão de erro cometido pela criança com TF. Quando uma criança
emprega sempre o mesmo tipo de erro para substituir determinado alvo denomina-se
então de erro consistente. Consideraram que a produção variável em 40% é um
indicativo de um distúrbio de fala inconsistente que seria um marcador do TF.
23
Crosbie et al (2005) para avaliar a inconsistência ofereceram à criança 25
figuras para serem nomeadas três vezes na mesma sessão de avaliação. Cada
sequência de nomeação foi separada por uma atividade distratora. Consideraram uma
palavra consistente se sua produção ocorreu sempre da mesma forma e inconsistente
quando houve múltiplas produções da mesma palavra.
Baker (2006) ao relatar a questão da abordagem terapêutica mais eficaz nos
casos de TF inconsistente apontou a Core vocabulary, proposta por Dodd e Bradford
em 2000. Já a abordagem mais eficaz para as crianças com TF consistente seria
aquela que é aplicada por meio da comparação de contrastes fonológicos através dos
pares mínimos.
Crosbie et al (2006) relataram que em sua experiência clínica com TF
inconsistente é necessário estabilizar a consistência como primeiro passo na
reabilitação, trabalhando no nível da palavras e depois objetivar padrões mais
específicos no nível do som.
Dodd et al (2006) associaram o diagnóstico de TF inconsistente com um
déficit na programação fonológica com efeitos na programação fonética, dificuldade
para aprender palavras novas e no vocabulário expressivo.
Dodd (2007) observou que crianças inconsistentes apresentaram bom
desempenho em tarefas de processamento auditivo, aprendizagem receptiva de
palavras novas, consciência fonológica, leitura e funções oromotoras. Em
contrapartida, tiveram dificuldade na expressão de palavras recentemente aprendidas,
no vocabulário expressivo, na programação motora de finas seqüências de
movimento, na segmentação silábica e na soletração. Os resultados do estudo
levaram a autora à hipótese de que as crianças inconsistentes têm um déficit na
24
programação fonológica, ou seja, na capacidade de desenvolver modelos e planos
para seqüências de fonemas que constituem palavras, em oposição a um déficit na
compreensão do sistema de contrastes e limitações do seu sistema fonológico.
Holm et al (2008) referiram que as crianças com TF com erros de fala
consistentes têm pobre consciência fonológica e maior risco para dificuldades na
alfabetização, aquelas com TF inconsistente têm maior risco para dificuldades de
soletração. Os achados indicam que a consciência fonológica e habilidades de
soletração são sistemas de processamento distintos e destacam o papel da
programação das habilidades fonológicas (por exemplo, armazenamento e/ou
recuperação de planos de produção fonológica) na produção da escrita.
McIntosh e Dodd (2008) estudaram crianças com TF e identificaram um
subgrupo do TF, o do tipo inconsistente. Para os autores, a inconsistência de fala é
caracterizada por uma alta proporção de diferentes produções repetidas com
múltiplos tipos de erros, que incluem erros nos níveis fonêmicos e silábicos.
Castro e Wertzner (2007a) estudaram a inconsistência de fala em crianças
falantes do PB e detectaram que todas as crianças do grupo com desenvolvimento
dentro das etapas de normalidade foram consistentes apresentando média de
inconsistência de 4,4%. Dentre as crianças com TF, baseadas no critério proposto por
Dodd (1995), 70% foram consistentes com média de inconsistência de 19%. As
demais crianças com TF, ou seja, 30% revelaram inconsistência de fala com média
de 40%.
Em outro estudo com crianças falantes do PB, baseadas no mesmo critério,
as crianças do grupo com desenvolvimento dentro das etapas de normalidade foram
consistentes com média de inconsistência de 11,50% (±3,8%). As crianças com TF
25
revelaram em sua maioria fala consistente 80,95%, porém houve um grupo
inconsistente 19,05%. A média de inconsistência do grupo consistente foi 21,6%
(±4,9%) e do grupo inconsistente foi 46,8% (±10,8%). Houve diferença significante
entre os grupos consistente e inconsistente do TF (Mann-Whitney p=0,002) (Castro e
Wertzner, 2008a). Com a mesma população, as autoras investigaram a correlação
entre a inconsistência de fala em crianças com TF e o índice de gravidade PCC-R,
porém não houve correlação; não tendo sido detectado neste estudo uma relação
entre a gravidade e a inconsistência (Castro e Wertzner, 2008b).
Castro e Wertzner (2008c) averiguaram também a relação entre
inconsistência e idade que relevou correlação significante para o grupo com
desenvolvimento dentro das etapas de normalidade (Spearman r=-0,50, p=0,019),
enquanto que para as crianças com TF não houve significância (Spearman r=-0,15,
p=0,490). Neste mesmo estudo, Castro e Wertzner (2008c) descreveram a relação
entre inconsistência e gênero e não houve evidências de diferença significante para o
grupo com desenvolvimento dentro das etapas de normalidade (Mann-Whitney,
p=0,243), meninas (14,4% ±6,4%) e meninos (10,0% ±4,8%). No entanto para as
crianças com TF, houve diferença significante (Mann-Whitney, p=0,030), meninos
(31,3 %±7,2%) e meninas (16,7% ±7,7%).
Castro et al (2009) compararam o desempenho entre a inconsistência de
fala e a presença ou ausência de histórico de otite em crianças com e sem TF.
Detectaram que a otite demonstrou impacto sobre a inconsistência de fala, uma vez
que as crianças com histórico de otite apresentaram maiores índices de inconsistência
do que as crianças sem otite, esse fato ocorreu para as crianças com e sem TF.
26
2.2.3 Estimulabilidade
Dentre as medidas fonéticas podemos mencionar a estimulabilidade que
reflete a habilidade da criança em imitar corretamente um dado som quando
fornecida a orientação para olhar e ouvir o examinador.
Wertzner (2002) referiu a existência de subtipos do TF que requerem mais
investigações, lembrando que futuras pesquisas irão contribuir para que estes possam
ser melhor diagnosticados e tratados, citando dentre estas a importância de se
pesquisar a estimulabilidade de fala no PB.
Williams (2002) salientou que a estimulabilidade implica na distinção das
características lingüísticas de determinado fonema em contraste com outros, bem
como características fonotáticas.
Para a avaliação da estimulabilidade, Carter e Buck (1958) mediram a
estimulabilidade em três tarefas de fala: a nomeação de nove figuras que
possibilitavam falar o som testado nas posições inicial (três itens), medial (três itens)
e final (três itens); a imitação das mesmas nove palavras após olhar e ouvir o
examinador e a imitação de sílabas sem sentido, contendo o som alvo nas três
posições, com as vogais /i, e, a/.
Farquhar (1961) fez uma adaptação do teste de Carter e Buck (1958),
medindo o som isolado e mais nove sílabas sem sentido. A estimulabilidade foi
calculada para cada som ausente no inventário fonético e foi expressa por meio da
porcentagem de produções aceitáveis nos dez itens testados.
Powell et al (1991) avaliaram a integridade do aspecto motor oral, da
linguagem, do vocabulário, da inteligência e da audição para determinar os aspectos
envolvidos na estimulabilidade. A estimulabilidade foi verificada nos sons ausentes
27
do inventário fonético por meio da imitação. Para estabelecer se um som estava
presente, havia a necessidade de sua ocorrência pelo menos duas vezes na testagem.
Powell e Miccio (1996) analisaram o inventário fonético da nomeação e
testaram a estimulabilidade dos sons ausentes por imitação de sílabas. Para cada som,
calcularam a porcentagem de acertos na nomeação (acertos/ocorrência) e depois na
imitação. Calcularam a porcentagem de estimulabilidade para cada som pela
diferença entre o desempenho na nomeação e imitação. A partir da porcentagem de
melhora de cada som, calcularam pela média de todos os sons, a porcentagem geral
de estimulabilidade.
Lof (1996) estudou os fatores que podem estar associados à
estimulabilidade. Para tanto, avaliou a fala, linguagem, motricidade oral, audição,
percepção e aplicou um questionário aos pais. A estimulabilidade foi avaliada por
meio das mesmas palavras do teste de percepção. Para ser classificado como
estimulável, o sujeito deveria repetir corretamente duas ou três palavras, de um total
de 10, com o som alvo na posição inicial. O estímulo era oferecido duas vezes e a
criança era orientada para olhar para a boca do examinador. Este autor considera a
estimulabilidade como um instrumento dinâmico de avaliação. Os resultados do
estudo indicaram como fatores associados à estimulabilidade a visibilidade do ponto
articulatório, a idade, classes sociais e a habilidade de imitar. Detectou como fatores
não associados à estimulabilidade a percepção para o som em erro, a gravidade do
quadro, a precisão na produção, a habilidade lingüística, a história de otite média, as
estimulações acumuladas do mesmo som, a freqüência de autocorreções e a vontade
de repetir corretamente os sons.
28
Lowe (1996) considerou que é importante determinar, no processo de
diagnóstico do TF, o inventário fonético a partir de amostras de fala encadeada e uma
medida da estimulabilidade dos sons da fala. Embora as avaliações busquem
deficiências, as informações das capacidades das crianças são valiosas na
intervenção, incluindo aqui o inventário fonético e de estrutura silábica, os sistemas
de sons e a estimulabilidade. O autor sugere a testagem da estimulabilidade do som
alvo nas diferentes posições na palavra.
Goldstein (1996) estudou a estimulabilidade na avaliação e tratamento de
crianças falantes do espanhol com TF, adaptando os instrumentos de avaliação para
essa Língua. Avaliou a fala espontânea, palavras simples, avaliação audiológica,
motricidade oral e o PCC. Foi realizada a testagem da estimulabilidade dos sons não
produzidos ou produzidos com dificuldade nas outras provas. Na intervenção,
trabalhou um som estimulável e outro não, sendo que o som estimulável mostrou
melhor progresso que o não estimulável.
Tyler (1996) avaliou a estimulabilidade de crianças pequenas e propôs uma
classificação: nível 1, em que a criança produz o som espontaneamente ou por
imitação; nível 2, a criança emite a palavra com o som alvo, após uma pergunta do
examinador; e nível 3, a criança é encorajada a emitir o som ou palavra com pistas
auditivas, visuais e táteis. A criança seria considerada estimulável se o som ocorresse
pelo menos uma vez em qualquer nível, e considerada não estimulável se o som não
ocorresse ou ocorresse de forma incorreta. Na aplicação do teste foram dadas duas
oportunidades de produção para cada som testado. Os resultados demonstraram que
crianças muito pequenas já se mostraram estimuláveis a diferentes sons.
29
Rvachew et al (1999) num estudo com objetivo de relacionar a
estimulabilidade com a percepção de fala, avaliaram a produção de fala através das
provas de nomeação e imitação. A estimulabilidade foi classificada em 0 (não
estimulável), 1 (estimulável na sílaba isolada, com ou sem colocação fonética), 2
(estimulável na palavra num modelo de imitação) ou 3 (estimulável na sentença em
um modelo de imitação). Aplicaram a avaliação da percepção de fala foi avaliada por
meio de um programa de computador (Speech Assessment and Interactive Learning
System – SAILS, 1995, AVAAZ Innovations) que verifica a habilidade da criança
em identificar versões bem articuladas e erros articulatórios do fonema. O
desempenho da criança é calculado pela porcentagem de identificações corretas
sobre todas as apresentações do alvo. Relacionaram a estimulabilidade e a habilidade
de percepção de fala e estas se mostraram independentes.
Peña-Brooks e Hedge (2000) sugeriram que não há necessidade de testar
todos os sons, sendo indispensável a testagem dos possíveis sons alvos para a terapia.
Para a aplicação do teste, chamam a atenção do sujeito para a boca do examinador,
testando o som alvo isolado, em palavras e em sentenças. Foi proposto o uso do
modelo a ser repetido e, se necessário, pistas visuais, táteis, pistas para colocação
fonética etc. Os autores relacionam a estimulabilidade ao estabelecimento do
prognóstico bem como um facilitador para guiar a seleção dos sons alvo no
tratamento.
Mota (2001) referiu que o teste de estimulabilidade é um teste de repetição
de sons e palavras, utilizado para avaliar quais os sons são estimuláveis do ponto de
vista fonético e permite verificar quais as dificuldades articulatórias de cada criança.
30
Tyler e Tolbert (2002) avaliaram a estimulabilidade através da imitação dos
sons ausentes no inventário da criança, inicialmente isolado e, se correto, nas sílabas
consoante vogal (CV) e vogal consoante (VC); imitação dos sons que são incorretos
numa posição particular, avaliados nesta posição em sílabas e palavras; e imitação
dos sons que são inconsistentes no nível da palavra em palavras e frases. Os autores
consideraram o dado da estimulabilidade como fundamental para previsões de
mudanças, pois acreditam que os sons ausentes do inventário, porém estimuláveis,
serão adquiridos sem intervenção. Relataram e concluíram que a facilidade ou
dificuldade da criança em produzir o som irá informar sobre o tempo de terapia
necessário.
Miccio (2002) indicou que na avaliação da estimulabilidade, considerada
uma medida de fácil e rápida aplicação (aproximadamente 10 minutos) e que fornece
valiosa informação para determinação do prognóstico e planejamento terapêutico.
Para agilizar a aplicação, propõe a testagem somente dos sons ausentes no inventário,
isoladamente e em sílabas sem sentido. Foram classificados como estimuláveis os
sons imitados corretamente em pelo menos 30% dos estímulos. Quando há muitos
sons ausentes no inventário para serem testados, a autora sugere a testagem dos sons
com uma única vogal.
Hoffman e Norris (2002) relataram expor a criança em interações
comunicativas que permitem avaliar as habilidades de estruturar o discurso e
simultaneamente coletam amostras sobre as habilidades sintáticas, morfológicas,
fonológicas e gestuais. É referido que esse método permite avaliar a produção de fala
como parte da produção como um todo, em contextos que resultam na produção de
mais erros de fala do que a nomeação. Para avaliar a estimulabilidade, os autores
31
oferecem à criança um livro e encorajam a criança a contar uma história utilizando as
figuras do livro. Dessa forma, testam a habilidade da criança em produzir os sons
ausentes através de palavras, figuras, objetos etc. Na detecção de um som que a
criança não produza, o ponto articulatório é mostrado à criança dizendo: “Esta
palavra começa com o som alvo e eu preciso colocar a minha língua assim...”,
destacando os articuladores. Para dar as informações fonéticas sobre como o som é
produzido, utilizam para isso baralhos fonéticos, letras, desenhos. Os autores
representam os sons em desenhos na cavidade oral e dizem: “Você precisa elevar a
sua língua até próximo do céu da boca quando você fala um /d/”, e assim analisam
quais sons a criança consegue produzir com este grau de estimulação.
Hodson et al (2002) relataram avaliar as habilidades de comunicação em
provas formais e informais e fizeram referência à estimulabilidade como um
componente crítico da avaliação de fala. Para isso, solicitam que a criança imite
palavras com os sons ausentes detectados. Se a criança não imitar, pistas táteis são
oferecidas. Se a dificuldade permanecer, uma leve amplificação sonora é
incorporada, por meio de um microfone, que é oferecido à criança para que ele possa
ouvir sua produção. As autoras relataram que a amplificação é uma ferramenta para
facilitar a estimulabilidade, pois acreditam que a amplificação pode ajudar mais a
criança a concentrar-se nos sons alvos do que continuar a enfatizar a produção, por
exemplo, com pistas visuais.
Bleile (2002) avaliou a estimulabilidade solicitando que a criança imite
palavras imediatamente em seguida ao avaliador, se a criança acerta ou erra, o dado é
anotado. Em seguida, testou diferentes contextos fonéticos com o som alvo, por meio
de palavras e não palavras. Também são testadas palavras com o som alvo que a
32
criança freqüentemente produz como nome de familiares, por exemplo. Além disso,
pergunta à mãe se a criança produz palavras com aquele som.
Khan (2002) mencionou que testa a estimulabilidade dos sons ausentes, que
parecem contribuir para a ininteligibilidade. Às vezes, utiliza fones de ouvido para
verificar se o bombardeamento auditivo facilita a produção dos sons em erro ou
supressão do processo fonológico. A autora sugere que a resposta da
estimulabilidade relaciona-se com o prognóstico.
Os critérios para analisar e classificar a estimulabilidade são bastante
variados na literatura. Inicialmente, os autores consideravam um indivíduo
estimulável se ocorresse melhora da produção frente ao estímulo.
Em 1961, Farquhar passou a medir a estimulabilidade pela porcentagem,
considerando um indivíduo estimulável se emitisse 10,00% dos estímulos dados. Tal
critério também foi utilizado por Powell et al, (1991), Goldstein (1996), Lof (1996),
Powell e Miccio (1996), Rvachew et al (1999) e Miccio (2002).
Da mesma maneira, a prova que permite observar a estimulabilidade
adequadamente também varia na literatura, sendo as principais a imitação de
palavras comuns e imitação de sílabas sem sentido (Carter e Buck, 1958; Farquhar,
1961; Goldstein, 1996; Lof, 1996; Miccio, 2002; Powell et al, 1991; Powell e
Miccio, 1996; Adler-Bock et al, 2007).
Alem disso, há também provas que buscam avaliar contextos com variados
níveis de dificuldade para a estimulabilidade dos sons. Tyler (1996), Rvachew et al
(1999) e Tyler e Tolbert (2002) são autores que propõem três níveis de dificuldade
crescente na avaliação: sílaba – palavra - sentença.
33
Glaspey et al (2005) propuseram a avaliação dinâmica da estimulabilidade,
uma escala baseada em 21 pontos. Os alvos são testados em sete ambientes: isolado,
palavra, frase chave para nomeação, frase com três palavras, frase com quatro
palavras, frase com duas palavras com o alvo e fala espontânea. A criança é descrita
em qual ponto específico da escala de estimulabilidade se encontra para cada som.
Glaspey e Stoel-Gammon (2007) compararam a avaliação dinâmica do TF
Scaffolding Scale of Stimulability (SSS) que avalia o sistema fonológico oferecendo
pistas facilitadoras em relação à avaliação estática de um menino de quatro anos.
Descreveram que na avaliação dinâmica há possibilidade do uso de pistas
facilitadoras.
A aplicação da estimulabilidade no tratamento, também tem sido relatada
na literatura. Castro (2004) referiu que a estimulabilidade tem mostrado ser um
instrumento útil para subsidiar informações importantes sobre a possibilidade de
produção de sons ausentes ou inadequados na fala de sujeitos com TF. Estas
informações têm uma relação com a possibilidade de realização do prognóstico do
tratamento, porque são auxiliares para o planejamento da seleção dos sons a serem
testados.
Rvachew (2005) salientou que a estimulabilidade é parte essencial do
processo diagnóstico, uma vez que seu resultado tem indicações prognósticas, em
particular na seleção do alvo. Tratar um som não estimulável favoreceria a
introdução de um novo elemento no conhecimento fonológico que iria reorganizar o
sistema fonológico da criança.
34
Tyler (2005) relatou que a aplicabilidade da estimulabilidade está na
seleção do alvo para o tratamento, evidenciando os sons com maior dificuldade para
a criança com TF.
Miccio (2005) referiu que tratar um som estimulável não é necessário, pois
será adquirido sem intervenção. A estimulabilidade permite que o clínico enfatize no
tratamento os sons não estimuláveis, que trarão maiores e mais rápidas mudanças no
sistema de sons da criança com TF.
Glaspey et al (2005) ressaltaram que os pesquisadores e clínicos têm usado
a medida da estimulabilidade como um marcador para fazer julgamentos se a criança
irá se desenvolver com ou sem o tratamento, estes dados também são usados no
planejamento do tratamento.
Castro (2006) relatou que na avaliação do TF, as capacidades e as
dificuldades da criança podem ser elucidadas, dentre outras avaliações, através da
análise do inventário fonético e aplicação da estimulabilidade que fornecem
informações específicas sobre cada som dentro de uma classe de som comprometida.
Skahan et al (2007) apontaram que na produção dos sons, a
estimulabilidade tem sido um recurso amplamente usado por fonoaudiólogos
americanos no diagnóstico e monitoramento da intervenção.
Estudos no PB revelaram interessantes dados a respeito da estimulabilidade
em crianças com TF. A descrição do índice de estimulabilidade no desenvolvimento
típico e no TF para os fonemas líquidos laterais /l, / e vibrante simples // foi
apresentada por Castro e Wertzner (2004). Nesse estudo foram comparadas três
provas e em geral, os sujeitos com TF tiveram melhor desempenho em imitação de
35
palavras, seguido da nomeação de figuras e por último na imitação de sílabas. Já para
os sujeitos com desenvolvimento típico, o desempenho foi melhor em imitação de
sílabas, seguido de imitação de palavras, sendo as médias mais baixas para
nomeação. A prova de imitação de sílabas mostrou-se adequada para fornecer
informações específicas sobre a produção do som, e a prova de imitação de palavras
forneceu informações sobre as condições de produção do som no contexto da
palavra.
Castro e Wertzner (2005a) analisaram a ocorrência de substituições,
omissões e distorções no teste de estimulabilidade para os sons líquidos do PB, o
som [] apresentou mais distorções e omissões e nas substituições foi semelhante ao
[].
Castro e Wertzner (2005b) observaram o uso dos auxílios visual e tátil em
relação a estimulabilidade de crianças com e sem TF para os sons líquidos. O [l] foi o
som com a menor necessidade de emprego dos auxílios e o [] com maior. O auxílio
visual foi mais necessário que o tátil, porém não houve diferença estatisticamente
significante.
O índice de estimulabilidade de crianças com TF para o fonema líquido
vibrante simples // foi descrito por Castro e Wertzner (2005c), avaliado em
imitação de sílabas, imitação de palavras e nomeação de figuras com o som [] em
que 84% dos sujeitos foram estimuláveis a esse som.
Em outro estudo Castro e Wertzner (2006), verificaram a ocorrência de
substituições, omissões e distorções em crianças com e sem TF no teste de
36
estimulabilidade para os sons líquidos. Observou-se que houve maior número de
substituições, seguido de distorções e omissões.
Wertzner et al (2007a) estudaram as consoantes líquidas do PB por meio da
análise acústica e pelo índice de estimulabilidade e detectaram que o emprego
conjunto desses dois procedimentos possibilita estabelecer parâmetros facilitadores
para a aquisição de um determinado som, seja ele um parâmetro motor ou acústico.
A relação entre a estimulabilidade e gravidade em crianças com TF
apresentando o processo fonológico de ensurdecimento foi investigada. Da amostra
dos sujeitos analisados, embora 100% apresentavam ensurdecimento, apenas 37,5%
dos sujeitos apresentaram sons sonoros ausentes de seu inventário. Um dado
interessante revelado no estudo foi que apenas os sujeitos com índices de gravidade
PCC-R abaixo de 84% revelaram sons ausentes. Destes 66% foram estimuláveis às
sonoras e 33% não foram (Castro e Wertzner, 2007b).
Outro estudo verificou a estimulabilidade em crianças com TF
apresentando o processo SEC (Castro e Wertzner, 2007c). Os resultados apontaram
que 40% dos sujeitos apresentaram os encontros com /l/ e // ausentes em seu
inventário fonético e apenas em 10% o /l/. Todos os sujeitos foram estimuláveis ao
encontro /l/ em palavras e em sílabas. Para o encontro //, o mesmo ocorreu em
palavras e 75% foram estimuláveis em sílabas.
Castro e Wertzner (2009) descreveram a estimulabilidade para os sons
ausentes do inventario fonético de crianças falantes do PB com TF, e também
observaram o som mais frequentemente ausente e o mais estimulável. Detectaram
que 49% das crianças apresentam sons ausentes do inventário fonético, sendo que
37
apenas os sons /p,m,n e / não estiveram ausente do inventário das crianças. Houve
crianças estimuláveis para todos os sons do PB, com exceção da consoante final /S/ e
do //.
Castro e Wertzner (no prelo a) descreveram a estimulabilidade de crianças
com e sem TF, para os sons líquidos, frente ao uso das pistas sensoriais. As pistas
sensoriais foram utilizadas principalmente para os sons [] e []. O uso das pistas
sensoriais pareceu ser efetivo como facilitador da produção podendo ser utilizado
para viabilizar a produção correta do som para a criança com TF.
Castro e Wertzner (no prelo b) verificaram as crianças com e sem TF que
imitaram corretamente os sons líquidos no teste de estimulabilidade considerando as
vogais subseqüentes. Detectaram que as vogais subseqüentes aos sons líquidos
evidenciaram influências em suas produções, de forma a facilitá-las.
Métodos
39
3. MÉTODOS
Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética para Análise de Projetos
de Pesquisa (Cappesq) da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo sob o n
o
988/06.
Trata-se de uma pesquisa observacional, transversal com comparativo de
grupos paralelos e investigação de medidas numa única ocasião.
3.1 Sujeitos
Fizeram parte da pesquisa 130 sujeitos, com idades entre 5:0 anos e 10:10
anos. Foram avaliadas 55 crianças com distúrbio fonológico (Grupo Pesquisa - GP) e
75 crianças sem alterações fonoaudiológicas (Grupo Controle - GC). Destacando-se
que o GC iniciou com 150 sujeitos, porém houve 75 perdas amostrais. O GP iniciou
com 60 sujeitos e houve perda de dados de 5 sujeitos.
Os sujeitos do GP tiveram o seu diagnóstico realizado no Laboratório de
Investigação Fonoaudiológica em Fonologia (LIF – Fonologia) do Departamento de
Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. O critério de inclusão para esses sujeitos foi a presença
de alterações na prova de Fonologia (Wertzner, 2004b) do Teste de Linguagem
Infantil ABFW nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática
caracterizada pela omissão e/ou substituição de fonemas relacionados a presença de
processos fonológicos, na presença ou não de alterações na Linguagem escrita
concomitantes e ausência de alterações sintáticas, semânticas ou pragmáticas. Além
40
disso, as crianças deveriam ter finalizado o processo diagnóstico e estar no máximo
na segunda sessão do tratamento fonoaudiológico.
As crianças do GC foram selecionadas de três escolas públicas da cidade de
São Paulo, duas da zona Leste e uma da zona Oeste. O critério de inclusão dos
sujeitos no GC foi a ausência de queixas relacionadas à linguagem oral ou escrita
registradas por meio das respostas ao questionário (Anexo A); ausência de alterações
fonológicas em função da idade, nas provas de Fonologia do Teste de Linguagem
Infantil do ABFW (Wertzner, 2004b); não ter realizado tratamento fonoaudiológico;
não ter realizado tratamento ortodôntico; sem queixas escolares que indiquem
dificuldades cognitivas ou emocionais importantes registradas no questionário
respondido pelos professores (Anexo B); desempenho adequado no protocolo de
avaliação da motricidade orofacial quanto as funções orofaciais de respiração,
mastigação, deglutição e fala (Anexo C).
3.2 Material
No GC foi utilizado o questionário aos pais (Anexo A), questionário aos
professores (Anexo B), carta explicativa aos pais (Anexo D), termo de consentimento
livre e esclarecido (Anexo E). Para a coleta e registro dos dados foi empregado o
protocolo da prova de Fonologia do Teste de Linguagem Infantil ABFW (Wertzner,
2004b).
As provas experimentais da pesquisa foram: Inconsistência de fala (I)
(Anexo F), Consistência dos erros de fala (CE) (Anexo G) Estimulabilidade (E)
(Anexo H). Para cada uma das provas foram empregadas folhas de registros
elaboradas para esse fim.
41
As figuras do teste de I foram retiradas do programa de computador Master
Clips Collection (1997). Cada figura foi impressa em folha 210x297mm e colocada
em pasta catálogo para sua apresentação (Anexo I).
Para a coleta do GP mantiveram-se todos os protocolos, exceto o
questionário que foi substituído pela Anamnese (Anexo J) empregada no LIF –
Fonologia e o termo de consentimento do grupo com TF (Anexo K). A aplicação das
provas de Fonologia, I, CE e E foram gravadas na filmadora digital JVC 20GB Hard
Disk Everio e em gravador digital Panasonic RR – US360 ao qual foi adaptado um
microfone evolution 817 Sennheiser. Logo após todos os dados foram armazenados
em um notebook Toshiba Satellite P35 - S605 para análise.
3.3 Procedimento
3.3.1 Seleção dos sujeitos
Para o GC, em cada escola os professores foram contatados e foi solicitado
que indicassem crianças com ausência de dificuldades de fala e linguagem de acordo
com as idades indicadas pela pesquisadora. Para tanto os professores preencheram o
questionário (Anexo B). Após essa seleção inicial, foi encaminhada aos pais das
crianças uma carta explicativa (Anexo D), um questionário sobre o desenvolvimento
da criança (Anexo A) e o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo E). As
crianças que devolveram o termo de consentimento foram submetidas à avaliação
fonológica para confirmação da ausência de alterações. Concomitantemente foram
avaliados os sujeitos do GP. Nesse caso, selecionaram-se as crianças que procuraram
o LIF – Fonologia, que preenchiam o critério da faixa etária estabelecida (5:0 a 10:11
42
anos) e que receberam o diagnóstico de Distúrbio Fonológico, após o processo de
diagnóstico.
Logo após as provas diagnósticas foram aplicadas as provas experimentais
de I, CE e E. Destaca-se que as provas de Fonologia do Teste de Linguagem Infantil
ABFW (Wertzner, 2004b) também foram analisadas para a pesquisa.
3.3.2 Descrição das perdas amostrais
As perdas amostrais do GC ocorreram em quatro situações. Na primeira,
quando foi relatada no questionário aos pais a presença de alterações de saúde geral e
se encontravam em acompanhamento médico.
Na segunda situação, após a aplicação dos procedimentos para verificação
da ausência de alterações de linguagem e fala, nos casos em que não havia queixas
dos pais e ou professores, foram detectadas na aplicação das provas de Fonologia
alterações fonéticas, fonológicas, bem como a permanência de hábitos orais
inadequados. As crianças com alterações fonéticas e fonológicas foram
encaminhadas ao LIF – Fonologia e aquelas com alterações posturais foram
encaminhadas para procurar avaliação otorrinolaringológica e/ou pediátrica, e se
necessário, fonoaudiológica.
Na terceira situação as perdas ocorreram em função dos abandonos da
escola pelas crianças, durante a fase de coleta de dados. Sendo assim, dos 150
sujeitos, 75 sujeitos foram excluídos do GC (Tabela 1).
Destaca-se ainda que das 75 crianças, nem todas foram submetidas a todas
as provas experimentais, pois para as primeiras 25 crianças avaliadas não se aplicou
as provas I e CE. Isso ocorreu porque essas provas foram modificadas depois dessa
43
coleta, para que os estímulos fossem ajustados e, portanto os dados dessas crianças
para essas provas não foram analisados.
Tabela 1 Descrição da perda amostral do GC
Hábitos orais
inadequados
Alterações
fonéticas
Alterações
fonológicas
Abandono
escolar
Alterações
de saúde
Número absoluto 2 20 14 4 35
% 2,66% 26,66% 18,66% 5,33% 46,69%
No GP houve algumas perdas amostrais. Em um caso a criança não
compareceu à aplicação de todas as provas. Por problemas ocorridos na aplicação e
gravação das provas de I e de consistência dos erros foram perdidos os dados de
quatro sujeitos.
3.3.3 Aplicação e análise das provas experimentais
As provas experimentais, com exceção das provas de Fonologia que foi
aplicada durante o processo diagnóstico, foram realizadas em duas sessões com
duração média de 40 minutos cada uma. Para o GC, após a aplicação e análise da
prova de Fonologia e a confirmação da ausência de alterações, as provas
experimentais foram aplicadas em no máximo 15 dias. Na Tabela 2 observa-se a
distribuição das tarefas em cada sessão e a ordem em que foram aplicadas.
Tabela 2 Ordem de aplicação das provas experimentais
Sessão Provas experimentais
1ª.
sessão
1ª. Aplicação da
prova de
Inconsistência
Atividade
distratora
2ª. Aplicação da
prova de
Inconsistência
Atividade
distratora
3ª. Aplicação da prova
de Inconsistência e as
5 palavras da prova de
Consistência
2ª.
sessão
E, se
necessário
44
Todas as provas foram aplicadas pela pesquisadora que se sentou em frente
à criança com o material da prova a ser empregada sobre a mesa. A transcrição
fonética dos dados do GC contou com a participação de alunas de graduação do
curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
que tinham bolsa de Iniciação Científica e desenvolviam projeto de pesquisa no LIF
– Fonologia. A segunda transcrição de todas as provas foi feita pela pesquisadora e o
acordo calculado entre os transcritores foi de 90%.
3.3.3.1 Fonologia
Para avaliar a Fonologia foram aplicadas as provas de imitação e nomeação
da parte de Fonologia do Teste de Linguagem Infantil ABFW (Wertzner, 2004b) de
acordo com as orientações do manual de aplicação. Após as transcrições foram
calculadas as ocorrências de processos fonológicos nas provas de nomeação e
imitação.
3.3.3.2 Índice de gravidade (PCC-R)
Para cada uma das provas de Fonologia foi calculado o Índice PCC-R,
segundo Shriberg et al (1997b). Optou-se por este indicador, porque é apropriado
para comparações envolvendo falantes de diversas idades e de características de fala
variadas (Shriberg et al, 1997b). É calculado pela divisão das consoantes corretas
pelo total de consoantes da prova. São considerados erros somente omissões e
substituições.
3.3.3.3 Índice de Inconsistência de fala (I)
45
Para a avaliação do Índice de I foi coletada a nomeação das 25 figuras
(Tabela 3), desenvolvido para esta pesquisa. As figuras foram nomeadas por três
vezes em seqüências diferentes, intercaladas por atividades distratoras. Das 130
crianças, 101 fizeram a prova de I (50 do GC e 51 do GP).
As atividades distratoras foram constituídas de brincadeiras e conversa
espontânea. A elaboração da prova de I para o Português Brasileiro encontra-se no
Anexo L.
Na aplicação foi dada a ordem: “Fala para mim o nome dessas figuras!”.
Foram feitas três apresentações de cada palavra. Para tanto, os estímulos foram
ordenados em três seqüências diferentes, sendo que na primeira nomeação a ordem
de apresentação das figuras foi da primeira figura (árvore) até a última (índio); na
segunda nomeação a ordem de apresentação foi da 13ª. figura (tigela) até a última
(índio) e da 12ª. (cachorro) a 1ª. (árvore). Na terceira nomeação a ordem das figuras
foi da última (índio) até a 1ª. (árvore) (Tabela 3).
Tabela 3 Lista de palavras para o índice de I
árvore menino azul ioiô computador
futebol livro cachorro xale bicicleta
escola bola tigela vela papagaio
trem passarinho zebra bandeira
placa palhaço flor remédio índio
Quando a criança não nomeou a palavra alvo, apresentaram-se a ela frases
elaboradas que forneciam pistas para a nomeação de cada figura (Anexo M). Por
exemplo, para a criança nomear remédio, a frase desencadeadora foi “Quando você
está doente, você toma...”. Desta forma, foi uniforme a forma de apresentação dos
estímulos às crianças. Este procedimento, visando alcançar as respostas desejadas,
foi baseado em Hodson (1986).
46
Se mesmo assim a criança não nomeou a palavra alvo, o estímulo foi
apresentado e nomeado, sendo explicado a ela que dali a algum tempo seria
perguntado novamente o nome da figura. Após cinco figuras, o estímulo era
retomado. Nos casos em que a palavra não foi nomeada, esse alvo foi desprezado.
Este procedimento, visando alcançar as respostas desejadas, foi baseado em
Wertzner (2004b).
Cada uma das 25 palavras desta prova foi analisada. Para tanto, se as três
nomeações foram iguais, a produção da palavra foi considerada consistente. Se pelo
menos uma nomeação foi diferente das demais, a produção da palavra foi
considerada inconsistente. Para o cálculo total do índice I as palavras inconsistentes
foram divididas pelo total de palavras da prova (25) e calculado em porcentagem.
Inconsistência = Total de palavras produzidas de formas diversas x 100
Total de palavras da prova
3.3.3.4 Consistência dos erros de fala (CE)
Para a prova de CE foram selecionadas cinco palavras da prova de I (Tabela
3), que foram nomeadas mais uma vez, totalizando então quatro nomeações de cada
uma das cinco figuras, conforme proposto por Betz e Stoel-Gammon (2005). As
cinco figuras selecionadas foram: escola, placa, futebol, árvore e trem, que foram
escolhidas por apresentarem palavras que preencheram os seguintes critérios: terem
de uma a três sílabas; apresentarem as estruturas silábicas CV, VC, CCV e CVV;
serem compostas por vogais orais e nasais.
47
Foram calculados os índices de CE propostos por Betz e Stoel-Gammon
(2005): Ocorrência de erros (OE), Consistência geral dos tipos de erro (CGE) e
Consistência do tipo de erro mais freqüente (CTEF). Para tanto, as quatro
nomeações de cada uma das cinco palavras foram comparadas e foi calculado para
cada palavra o número de ocorrência de erros (OE), diferentes tipos de erro (CGE) e
tipo de erro mais freqüente (CTEF). Se não houve erro OE, os índices CGE e CTEF
não foram calculados.
3.3.3.4.1 Ocorrência de erros (OE)
O índice OE mede a ocorrência de produções com erros e fornece uma
impressão geral na acurácia da articulação da criança na produção de uma palavra em
particular. As respostas foram classificadas como errou (se pelo menos uma
produção da palavra foi diferente das demais) e não errou (quando todas as palavras
foram pronunciadas iguais). Analisou-se a palavra como um todo, comparada as
demais produções.
# de erros / # total de produções
3.3.3.4.2 Consistência geral dos tipos de erro (CGE)
O índice CGE mede a consistência geral dos tipos de erro, comparando o
número de diferentes tipos de erro na nomeação da palavra-alvo com o número total
de nomeações erradas da palavra. Se a criança produz apenas um tipo de erro, não há
distintos tipos de erro para comparar, sendo o índice igual a 100%.
48
Para calcular esse índice, o número de tipos de erros é dividido pelo número
total de produções erradas da palavra. Quanto menor o número de tipos de erros,
maior o valor do índice e o valor total é multiplicado por 100.
Portanto, o resultado pode variar de 0 (zero), quando as nomeações
representaram quatro diferentes tipos de erro e 100% em que há o uso de um único
tipo de erro para a palavra.
(1- (total de diferentes tipos de erro/ total de produções erradas) x 100
3.3.3.4.3 Consistência do tipo de erro mais freqüente (CTEF)
O CTEF mede a consistência do tipo de erro mais freqüente, comparando a
freqüência do tipo de erro mais freqüente com o total de produções erradas. Varia de
0 a 100%, sendo que os maiores escores indicam maior consistência, ou seja, há um
erro mais freqüente. Assim, se o valor é 100% demonstra que a criança produziu
apenas um tipo de erro e se é 0 (zero), que não há um erro mais freqüente.
((total de produções do tipo de erro mais frequente-1) /
(total de produções erradas-1)) x 100
Os índices CGE e CTEF somente são calculados para a categoria (errou) de
OE. Os resultados dessas medidas são descritos em porcentagem, o que permite a
comparação entre as diferentes palavras produzidas pela mesma criança e entre as
crianças.
49
3.3.3.5 Estimulabilidade (E)
A prova de E foi aplicada para os sons ausentes do inventário fonético da
criança, após a análise da prova de imitação e nomeação.
Para a presente pesquisa foi elaborada a prova de E para os fonemas
consonantais do PB, com exceção dos líquidos /l,,/, para os quais tal prova foi
organizada anteriormente por Castro e Wertzner (2003). Foram considerados os
critérios de elaboração e de análise citados por Powell et al (1991), Rvachew et al
(1999), Castro e Wertzner (2003), Castro (2004) e Glaspey e Stoel-Gammon (2005).
3.3.3.5.1 Elaboração e Aplicação da prova de E de fala para o Português Brasileiro
A prova de E elaborada é composta pela tarefa de imitação de palavras (IP),
que consta de 07 palavras com cada fonema do PB na sílaba inicial (sempre que sua
distribuição na Língua permitir) combinado com as sete vogais orais (Tabela 4). Para
testar todos os sons há um total de 195 palavras (Anexo N).
Os critérios estabelecidos para selecionar as palavras alvos de cada som
foram: as palavras apresentam o som alvo apenas uma vez, sendo que cada palavra
foi acompanhada de uma das vogais orais, sempre que houve palavra disponível no
PB. (Exemplo: baleia, bexiga, bela, bicho, bolo, bola e buraco).
Para selecionar as novas palavras do teste foram pesquisadas as seguintes
fontes de dados: acervo de palavras do estudo de Castro e Wertzner (2003), palavras
da prova de fala espontânea dos sujeitos da pesquisa de Castro (2004), palavras da
prova de verificação de distorção para os fonemas fricativos Amaro (2006), e sete
livros didáticos pesquisados: Pequeno polegar – Raquel Lea – Pré-escola, Lápis na
mão – Maria da Salate Alves Gondim – Pré-escola 2, Lápis na mão – Maria da Salete
50
Alves Gondim – Pré-escola 4, Produzindo leitura e escrita 1, ALP 1, Brincando com
os sons, Viva Vida 1 e Viva Vida 2.
Tabela 4 Classes de som, sons e total de palavras da prova de E
Classes de som Sons Total de palavras
plosivas surdas p,t,k 21
plosivas sonoras b,d,g 21
fricativas surdas
f,s,
21
fricativas sonoras
v,z,
21
nasais
m,n,
20
líquidas
l,,
21
Fricativa velar
r
7
fonemas em final de sílaba R,S 14
pl 4
kl 5
bl 6
gl 4
fl 5
p
6
t
6
k
6
b
7
d
5
g
7
f
3
encontro consonantal
v
3
A aplicação da prova ocorreu para os sons ausentes do inventário fonético
da criança. Caso a criança apresentasse vários sons ausentes em primeiro lugar foram
verificadas a E das plosivas surdas, seguidas pelas sonoras, fricativas surdas,
fricativas sonoras, nasais, líquidas, vibrante múltipla, fonemas em final de sílaba e
encontros consonantais.
Para a aplicação da prova de E, cada palavra foi produzida uma vez, pela
examinadora sentada de frente para a criança, para que esta pudesse visualizar o
51
ponto articulatório. A criança repetiu cada palavra, após a emissão da examinadora.
A ordem dada foi: “Repita a palavra...”.
A transcrição da prova de E foi feita no momento da coleta e, conferida
posteriormente por meio da gravação.
Após a análise das provas de Fonologia (Wertzner, 2004b) foram
detectadas as crianças que tinham sons ausentes do inventário fonético. As crianças
do GP que fizeram a prova de E foram denominadas GP 1. O GP 2 foi constituído
pelas crianças que não necessitaram da prova de E, por não apresentarem sons
ausentes de seu inventário.
Para a análise da E foi elaborada uma classificação conforme se observa na
Tabela 5. A pontuação foi aplicada a cada um dos estímulos da prova, sendo então
prevista uma variação na pontuação para cada som alvo, conforme o número de
estímulos oferecidos a cada um. Cada estímulo foi pontuado conforme descrito de 0
(zero) a 2 (dois). O total de pontos obtido foi dividido pelo total de pontos esperado e
multiplicado por 100, obtendo-se assim o cálculo da E.
E = Total de pontos obtidos x 100
Total de pontos esperado
O critério estabelecido para um som alvo ser considerado estimulável é
alcançar 10% de produção correta, o que é possível ao emitir corretamente o som
alvo, pelo menos em uma palavra da prova.
52
Tabela 5 Classificação da E (Castro, 2004)
3.4 Método estatístico
Foram realizadas várias análises sendo a seguir descrita cada uma delas.
3.4.1 Idade e gênero
As comparações entre idade nos grupos foi feita pelo teste Kruskal-Wallis e
entre os gêneros pelo qui-quadrado.
3.4.2 Índice de gravidade (PCC-R)
Para avaliar o efeito de gênero e grupo no PCC-R foi utilizado o teste de
Kruskal-Wallis (Neter et al, 2005). A correlação do PCC-R com a Idade foi avaliada
por meio do coeficiente de correlação de Spearman (Fisher e Van Belle, 1993).
É importante destacar que para as comparações entre I e CE e o índice de
gravidade PCC-R foi considerado o PCC-R da prova de Nomeação (Wertzner,
2004b). Tal escolha deve-se ao fato destas provas experimentais também serem
avaliadas por meio da tarefa de nomeação de figuras. Já para as comparações com a
E empregou-se o índice de gravidade PCC-R calculado para a prova de Imitação
(Wertzner, 2004b). Uma vez que esta prova foi avaliada por meio da tarefa de
imitação de palavras.
OBSERVAÇÃO CLASSIFICAÇÃO PONTUAÇÃO
A criança não conseguiu imitar. Não Estimulável 0
A criança conseguiu imitar
apresentando distorção.
Estimulável 1
A criança conseguiu imitar
corretamente.
Estimulável 2
53
3.4.3 Índice de Inconsistência de fala (I)
Na avaliação dos efeitos de grupo, gênero e idade na média da I foi
utilizada a técnica de Regressão linear (Neter et al, 2005).
A avaliação da I proposta nessa pesquisa foi submetida a análise de
sensibilidade e especificidade. Para determinar o valor de corte da I, de forma a
classificar o indivíduo em um dos grupos, foram construídas curvas ROC (Receiver
Operator Characteristic) (Park et al, 2004). A curva ROC foi utilizada com o
objetivo de determinar o valor de corte na avaliação da I, fornecendo
simultaneamente os maiores valores de sensibilidade e especificidade.
A curva foi construída projetando-se os valores correspondentes às
proporções de sensibilidade e 1 –especificidade. O ponto mais próximo do canto
superior esquerdo das figuras, representado por um quadrado, tem como coordenadas
os valores ótimos da sensibilidade e especificidade simultaneamente. Para cada
gráfico foi calculado o valor da área sob a curva.
3.4.4 Consistência dos erros de fala (CE)
Na avaliação dos efeitos de Grupo, Gênero e Idade sobre a ocorrência de
erro no OE foi ajustado um modelo de regressão logística (Neter et al, 2005). Na
avaliação dos efeitos de Grupo, Gênero e Idade sobre os índices CGE (%) e CTEF
(%) foram ajustados modelos de regressão linear (Neter et al, 2005).
Com relação à CE, a análise foi feita em função da variável Errou
(ocorrência de erro), considerando o índice OE, que pode assumir as categorias Não
ou Sim. A categoria Sim foi associada a uma criança se ela cometeu algum erro em
alguma das palavras e, portanto foi submetida aos outros dois índices. A categoria
54
Não ocorreu quando a criança não errou em nenhuma das quatro nomeações das
palavras, e não foi submetida aos demais critérios.
Para os sujeitos que erraram no OE, considerou-se para cada indivíduo um
valor para o índice CGE e para o CTEF. Esse valor foi obtido por meio do cálculo da
média das porcentagens observadas nas cinco palavras. Foram consideradas no
cálculo as médias apenas das palavras em que o índice foi calculado.
3.4.5 Estimulabilidade (E)
Para a análise da E foram considerados três grupos: GC, GP 1, composto
pelas crianças que fizeram a prova de E, e GP 2, constituído pelas crianças que não
necessitaram da prova de E, por não apresentarem sons ausentes de seu inventário.
A correlação entre o PCC-R e o Número de sons ausentes do inventário
fonético e entre o PCC-R e o Número de sons estimuláveis foi verificada pela
correlação de Spearman (Fisher e Van Belle, 1993).
As médias do Número de sons ausentes e do Número de sons estimuláveis,
nos dois gêneros, foram comparadas assumindo que a variável resposta tem
distribuição de Poisson. As comparações das distribuições do PCC-R nos dois grupos
definidos pela ocorrência de sons estimuláveis foram feitas pelo teste de Kruskal-
Wallis.
3.4.6 Associação entre as provas experimentais PCC-R, I, CE e E
A associação entre o PCC-R e a I foi analisada pelo teste de Kruskal-
Wallis. Nesta análise, a Inconsistência foi categorizada de acordo com os valores de
55
corte obtido nas curvas ROC. O mesmo teste estatístico foi adotado para verificar a
associação do PCC-R com a OE.
A associação entre I e OE foi verificada através do teste Qui-quadrado
(Fisher e Van Belle, 1993). As associações entre I e a E, bem como entre a OE e a E
foram verificadas através do teste exato de Fisher (Fisher e Van Belle, 1993).
3.4.7 Associação entre as provas experimentais PCC-R, I, CE e E e os processos
fonológicos
Para verificar a associação entre a ocorrência de processos fonológicos e
cada uma das provas experimentais, foram construídas tabelas de dupla entrada, nas
quais são apresentadas as distribuições da ocorrência de cada um dos processos em
cada categoria de resultado das provas.
Para a prova de I, as categorias de resposta foram definidas pelos valores de
corte apresentados anteriormente.
Para a CE foi considerada a OE, uma vez que a partir do erro neste índice,
definiu-se a necessidade de cálculo dos demais índices CGE e CTEF. Se o sujeito
cometeu produções variadas de uma mesma palavra, foi classificado como (Errou).
Para a prova de E foram considerados dois subgrupos do GP, um formado
pelos sujeitos que apresentaram sons ausentes e, portanto fizeram a prova (GP 1) e o
outro grupo formado pelos sujeitos que não necessitaram da prova (GP 2). As
porcentagens de ocorrência de cada processo nas duas categorias de resultado das
provas experimentais foram comparadas por meio do teste exato de Fisher (Fisher e
Van Belle, 1993).
56
Em todos os testes foi fixado nível de significância de 0,05. Foram
utilizados os aplicativos Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) (versão
11) e Minitab (versão 15).
Resultados
58
4. RESULTADOS
Inicialmente serão mostradas as descrições da população quanto à idade e o
gênero. A análise das provas experimentais foi realizada tanto para o GC como para
o GP e os resultados serão apresentados nas três hipóteses deste estudo.
4.1 Idade e gênero dos sujeitos
Na população estudada, as idades dos sujeitos do GC variaram de 5:0 anos a
10:10 anos, e a idade dos sujeitos do GP variou de 5:0 anos a 10:06 anos. Nos
Anexos P e Q encontram-se, respectivamente, as idades de cada sujeito do GC e GP.
Na Tabela 6 são apresentados os valores de estatísticas descritivas para a
idade em anos nos dois grupos. Os valores de todas as estatísticas são próximos nos
dois grupos, sendo que não há diferença significativa entre as médias nos dois grupos
(p=0,567 Kruskal-Wallis).
Tabela 6 Estatísticas descritivas para a idade (anos) por grupo
Grupo Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC 75 7,7 1,7 5 7,7 10,8
GP 55 7,5 1,6 5 7,6 10,5
Total 130 7,6 1,7 5 7,6 10,8
Na Tabela 7 observa-se as distribuições de freqüências e porcentagens de
gênero nos dois grupos. A porcentagem de meninas observada no GC (58,7%) é
maior que no GP (36,4%). Há diferença significativa entre as porcentagens de
meninas nos dois grupos (p=0,012 qui-quadrado). A proporção de meninas no GC foi
maior (1,41) para um menino e no GP (0,57).
59
Tabela 7 Distribuições de freqüências e porcentagens do gênero
no GC e GP
Gênero Total
Grupo F M
GC Freqüência
44 31 75
%
58,7 41,3 100
GP Freqüência
20 35 55
%
36,4 63,6 100
Total Freqüência
64 66 130
%
49,2 50,8 100
4.2 Hipótese 1: Parcialmente confirmada
Há diferenças nos desempenhos do GC e GP tanto na ocorrência de processos
fonológicos, no PCC-R, na inconsistência de fala, na consistência dos erros e, na
estimulabilidade de fala para os sons ausentes no inventário fonético.
Os grupos foram comparados quanto ao desempenho fonológico de forma
descritiva. Para o índice de gravidade PCC-R, de I, de CE nos índices OE, CGE e
CTEF e a estimulabilidade, de forma descritiva e inferencial.
4.2.1 Desempenho fonológico
Na Figura 1 nota-se a porcentagem de sujeitos do GC e GP que apresentaram
os processos fonológicos analisados na prova de Fonologia do ABFW (Wertzner,
2004b). Para tanto, não foi considerada a produtividade de cada processo fonológico
mas, apenas a sua presença ou ausência.
Percebe-se que de forma geral no GC poucas crianças empregaram processos
fonológicos, sendo que um maior número de crianças apresentou SEC e SCF.
No GP nota-se que nas duas provas um maior número de sujeitos empregou
processos fonológicos, sendo os mais ocorrentes SEC, SCF, SL, EF E EP.
60
Figura 1 Porcentagem de sujeitos do GC e GP que apresentaram processos
fonológicos
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Imitão GC Nomeação GC Imitão GP Nomeação GP
RS
HC
PF
PV
PP
FV
FP
SL
SEC
SCF
SP
SF
EP
EF
4.2.2 Índice de gravidade PCC-R
Na análise descritiva do PCC-R, a variação nos valores foi maior para o GP
do que para o GC nas duas provas de Fonologia analisadas (Tabela 8). Existe
diferença significativa entre as distribuições do PCC-R nos dois grupos (p=0,000
Kruskal-Wallis), sendo que os valores no GC tendem a ser maiores que no GP.
Tabela 8 Descrição do PCC-R por grupo
Grupo Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC 75 98,8 1,8 92,2 100 100
GP 55 81,1 16,1 33,3 87,8 98,9
4.2.3 Índice de Inconsistência de fala
O desempenho dos sujeitos no índice I pode ser observado na Tabela 9.
Nota-se que a média do GP foi mais elevada que do GC. O valor mínimo obtido no
GP, indica que nenhum sujeito produziu todas as palavras de forma consistente. Em
61
todos os aspectos analisados os valores no GP são maiores que no GC. Na avaliação
do efeito de grupo pela regressão linear, obteve-se que a média no GP é maior que no
GC (p=0,001).
Tabela 9 Estatísticas descritivas para Inconsistência (%) por grupo
Grupo Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC 50 9,8 9,9 0 8 40
GP 51 27,4 14,6 4 28 63
4.2.4 Consistência dos erros de fala
Como foi explicado no método, se a criança não teve erros no índice OE, não
se aplica os índices CGE e CTEF. Na Figura 2 pode-se observar uma maior
porcentagem de sujeitos do GC que não necessitaram desses cálculos.
Figura 2 Porcentagem de sujeitos do GC e GP que não necessitaram do cálculo
dos índices CGE e CTEF
0%
20%
40%
60%
80%
100%
árvore futebol escola trem placa
GC
GP
62
4.2.4.1 Índice de Ocorrência de erros
As distribuições de freqüência de ocorrência de erro por grupo são
apresentadas na Tabela 10, na qual se observa que a OE no GP foi maiores que no
GC. A OE por grupo é observada na e observa-se que 60% dos sujeitos do GC não
erraram neste índice, enquanto que apenas 6% do GP não erraram; evidenciando a
maior chance de erro no GP. Na avaliação do efeito de grupo sobre a OE pela
regressão logística, obteve-se que a chance de errar é maior no GP que no GC
(p=0,001).
Tabela 10 Ocorrência de erro (OE) por grupo
Grupo Errou Sujeitos Média Desvio padrão nimo Mediana Máximo
GC Não 30 8,5 1,6 5,0 9,0 10,8
Sim 20 7,0 1,0 5,0 6,7 8,8
Total 50 7,9 1,6 5,0 7,7 10,8
GP Não 3 8,7 1,2 7,8 8,2 10,1
Sim 48 7,5 1,6 5,0 7,5 10,5
Total 51 7,5 1,6 5,0 7,6 10,5
4.2.4.2 Índice de Consistência geral dos tipos de erro
Os valores de estatística descritiva por grupo para o índice CGE encontram-
se na Tabela 11. Observa-se que as médias no GC são maiores que no GP, e que em
ambos os grupos as medianas são iguais a 100%, o que significa que em pelo menos
50% das crianças foi observada porcentagem de 100%, que representa a ocorrência
de um único erro para as quatro nomeações da palavra. Na avaliação dos efeitos de
grupo sobre a média do índice CGE (%), não houve associação entre a CGE e grupo
(p=0,423, regressão linear).
63
Tabela 11 Estatísticas descritivas para CGE por grupo
Grupo Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC 20 90,8 18,3 50 100 100
GP 48 82,2 25,6 0 100 100
4.2.4.3 Índice de Consistência do tipo de erro mais freqüente
Na Tabela 12 apresentam-se os valores de estatística descritiva por grupo para
o índice CTEF. Observa-se que as médias no GC são maiores que no GP, e que em
ambos os grupos as medianas são iguais a 100%, o que significa que em pelo menos
50% das crianças foi observada porcentagem de 100%. Esse resultado indica que
essas crianças tiveram um único erro para as quatro nomeações da palavra. Na
análise do efeito da Consistência medida pelo índice CTEF com grupo, não houve
associação (p=0,460, regressão linear).
Tabela 12 Estatísticas descritivas para a CTEF por grupo
Grupo Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC 20 91,9 16,1 50,0 100 100
GP 48 83,1 25,5 0,0 100 100
4.2.5 Estimulabilidade
Na Tabela 13 observa-se o número de sujeitos de cada um dos grupos que
precisou de aplicação da E de acordo com cada classe de sons. Nenhuma criança do
GC apresentou som ausente no seu inventário, portanto a prova E não foi necessária.
Para o GP, 49% dos sujeitos apresentaram sons ausentes em seu inventario. Nota-se
que os únicos sons para os quais não houve aplicação da estimulabilidade foram a
plosiva surda /p/ e os três sons nasais /m,n,/.
64
Tabela 13 Sujeitos do GC e do GP que necessitaram da aplicação da E
GC GP
Total de
sujeitos que
necessitou da
E
N Porcentagem N N
0 0%
27
Porcentagem
por classe de
som
27
Porcentagem
por som
p
0 n/a 0 n/a
t
0 n/a 1 4%
Plosivas
surdas
k
0 n/a
3 11%
2 7%
b
0 n/a 4 15%
d
0 n/a 7 26%
Plosivas
sonoras
0 n/a
9 32%
7 26%
f
0 n/a 2 7%
s
0 n/a 4 15%
Fricativas
surdas
0 n/a
5 18%
3 11%
v
0 n/a 6 22%
z
0 n/a 15 56%
Fricativas
sonoras
0 n/a
15 53%
13 48%
m
0 n/a 0 n/a
n
0 n/a 0 n/a
Nasais
0 n/a
0 0%
0 n/a
l
0 n/a 1 4%
0 n/a 6 22%
Líquidas
0 n/a
9 32%
5 19%
Fricativa
velar
x
0 n/a
1 3%
1 4%
r
0 n/a 4 15%
Consoantes
finais
s
0 n/a
4 14%
1 4%
l
0 n/a 14 52%
Encontros
Consonantais
0 n/a
17 61%
13 48%
Legenda: notação n/a (não se aplica).
Conforme foi descrito no método, os sujeitos que realizaram a prova de E
foram agrupados de GP 1, composto por 27 sujeitos e aqueles que não necessitaram
da prova de E, por não apresentarem sons ausentes de seu inventário, no GP 2,
composto por 28.
Na Tabela 14 observam-se os sons aos quais foi aplicada a E no GP 1 e na
Tabela 15 são mostradas as respostas para a prova de E. Na figura 3 nota-se a
65
resposta da estimulabilidade em função da classe de sons. Destaca-se que para
apenas dois sons as crianças não foram estimuláveis: a fricativa // e o /s/ na posição
de consoante final de sílaba (Tabela 15).
Tabela 14 Sons com aplicação da E no GP 1
P.
surdas
P. sonoras F. surdas F. sonoras Líquidas F.Vel. C. finais Enc. Cons.
Idade
PCC-
R I
t k b d f s v z l r r s l
Total
05:02 37%
0 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1
13
06:08 46%
0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 0 1 0 0 1 1 1 1
10
05:08 49%
0 1 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4
07:09 52%
0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
5
07:06 52%
0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 0 1 0 1 1
8
06:06 64%
0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 1
8
08:01 69%
0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1
4
06:08 72%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
1
08:07 73%
0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0
4
05:03 75%
0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0
3
05:04 77%
0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 0 1 1
8
08:04 77%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
2
10:00 79%
0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
5
05:03 79%
1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1
5
05:10 80%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1
3
07:06 80%
0 0 1 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1
7
06:03 81%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
2
09:05 83%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
2
06:01 84%
0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
3
07:11 88%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
1
08:00 88%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
2
08:01 88%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
1
09:01 88%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
2
10:05 89%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
1
06:07 93%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
1
08:10 93%
0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
2
08:11 94%
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0
2
Total
1 2 4 7 7 2 4 3 6 15 13 1 6 5 1 4 1 14 13
4% 7% 15% 26% 26% 7% 15% 11% 22% 56% 48% 4% 22% 19% 4% 15% 4% 52% 48%
Legenda: 1 precisou testar a estimulabilidade e 0 não precisou
66
Tabela 15 Resposta a prova de E dos sujeitos do GP 1
P. surdas
P. sonoras F. surdas F. sonoras Líquidas
F.Vel.
C. finais Enc. Cons.
G Idade
t k b d f s v z l r r s l
M 05:02 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 1
M 06:08 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 05:08 0 1 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 07:09 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
F 07:06 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0
F 06:06 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
F 08:01 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 06:08 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
M 08:07 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 05:03 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0
F 05:04 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0
M 08:04 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
M 10:00 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 05:03 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1
M 05:10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 07:06 0 0 1 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1
F 06:03 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
M 09:05 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
M 06:01 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
M 07:11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 08:00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 08:01 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
F 09:01 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
F 10:05 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
M 06:07 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
M 08:10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
M 08:11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0
Total 1 1 2 4 3 1 1 0 5 9 4 1 2 4 1 2 0 8 7
100% 50% 50% 57% 43% 50% 25% 0% 83% 60% 31% 100% 33% 80% 100% 50% 0% 57% 54%
67
Figura 3 Resposta a estimulabilidade em função da classe de sons
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Sujeitos estimuláveis
Plosivas surdas
Plosivas sonoras
Fricativas surdas
Fricativas sonoras
Líquidas
Frivativa velar
Consoantes finais
Encontros Consonantais
Foram comparados o PCC-R do GC, GP1 e GP2 e as médias do PCC-R
observadas no GC (Tabela 16) são maiores que no GP 1 e no GP 2. Os valores
observados no GP 2 são mais próximos aos do GC do que os do GP 1.
Tabela 16 Estatísticas descritivas para o PCC-R por grupo na E
Grupo Sujeitos Média Desvio padrão nimo Mediana Máximo
Controle 75 99,0 2,1 87,9 100,0 100,0
GP 1 27 75,2 15,6 37,4 79,4 94,4
GP 2 28 93,2 5,7 81,3 96,3 99,1
Houve diferença significativa entre as distribuições do PCC-R nos três grupos
(p=0,000, Kruskal-Wallis), sendo que os valores no GC tendem a ser maiores que do
GP 1 (p=0,000) e GP 2 (p=0,000). Observa-se também que os valores no GP 2
tendem a ser maiores que no GP 1.
68
4.3 Hipótese 2: Parcialmente confirmada
Há diferença entre os gêneros e as idades no desempenho do PCC-R, da
inconsistência de fala, da consistência dos erros e, da estimulabilidade de fala, tanto
no GC como no GP.
Os sujeitos foram comparados por idade, gênero quanto índice de gravidade
PCC-R, de I com os valores de corte estabelecidos por gênero e idade, CE nos
índices OE, CGE e CTEF e a E, de forma descritiva e inferencial.
4.3.1 Índice de gravidade PCC-R
Na Figura 4 encontra-se a distribuição dos sujeitos do GC por idade no
índice de gravidade PCC-R. Observa-se um leve crescimento com o aumento da
idade, uma vez que a maioria tem um desempenho bem próximo a 100%.
Figura 4 Média de desempenho dos sujeitos do GC no PCC-R por Idade
0%
20%
40%
60%
80%
100%
GC5 GC6 GC7 GC8 GC9 GC10
PCC-R N
PCC-R I
PCC-R FE
A distribuição dos sujeitos do GP por Idade no índice de gravidade PCC-R
(Na Figura 5) sugere acréscimo ao valor do índice um desempenho pouco melhor
com o aumento da idade.
69
Figura 5 Média de desempenho dos sujeitos do GP no PCC-R por Idade
0%
20%
40%
60%
80%
100%
GP5 GP6 GP7 GP8 GP9 GP10
PCC-R N
PCC-R I
PCC-R FE
As médias do PCC-R apresentadas respectivamente no GC e GP são
maiores no primeiro grupo, tanto nas meninas, quanto nos meninos (Tabela 17). O
GC é mais homogêneo que o GP, como pode ser visualizado na Figura 6.
Tabela 17 Descrição do PCC-R por gênero
Grupo Gênero Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC F 44 98,7 1,7 93,7 100 100
M 31 98,9 2,0 92,2 100 100
GP F 20 83,0 15,8 50,0 89,9 98,9
M 35 80,0 16,3 33,3 86,8 98,9
70
Figura 6 Box-plots para o PCC-R nos dois grupos por Gênero
Grupo
Gênero
PesquisaControle
MasculinoFemininoMasculinoFeminino
100
90
80
70
60
50
40
30
PCC-R
Não foi detectada diferença entre as distribuições do PCC-R pelo teste
Kruskal-Wallis nos dois gêneros, tanto no GC (p=0,255), quanto no GP (p=0,306).
No diagrama de dispersão do PCC-R e a idade (Figura 7) observa-se que
existe tendência do PCC-R aumentar com o aumento da idade.
71
Figura 7 Diagrama de dispersão do PCC- R e a idade
111098765
100
90
80
70
60
50
40
30
Idade (anos)
PCC-R (%)
Controle
Pesquisa
Grupo
No GC o valor observado do coeficiente de correlação de Spearman foi
r=0,55 (p=0,000) e no GP foi r=0,44 (p=0,001), portanto existe correlação positiva
entre o PCC-R e a idade nos dois grupos.
4.3.2 Índice de inconsistência de fala
Os valores das estatísticas descritivas do índice I, segundo gênero e grupo,
observados no GC são menores que no GP, nos dois gêneros, como pode ser
visualizado na Figura 8. Nos dois grupos, foram observadas médias e medianas
maiores nos meninos do que nas meninas (Tabela 18).
72
Tabela 18 Estatísticas descritivas para o índice I (%) por gênero
Grupo Gênero Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC F 30 8,4 8,7 0 6 38
M 20 12,0 11,3 0 8 40
GP F 19 22,5 12,2 4 24 48
M 32 30,3 15,3 8 28 63
Figura 8 Box-plots de I (%) por grupo e gênero
Grupo
Gênero
PesquisaControle
MasculinoFemininoMasculinoFeminino
70
60
50
40
30
20
10
0
Inconcistência (%)
A associação entre o índice I e a idade pode ser visualizada no diagrama de
dispersão apresentado na Figura 9, no qual se observa que a inconsistência diminui
com o avanço da idade (p=0,001, regressão linear).
73
Figura 9 Diagrama de dispersão de I (%) e a idade
111098765
70
60
50
40
30
20
10
0
Idade (anos)
Inconcisncia (%)
Controle
Pesquisa
Grupo
Na avaliação dos efeitos de gênero e idade na média do índice I (regressão
linear), a média da porcentagem no GP foi maior que no GC (p=0,001). Esse fato
ocorreu tanto nos meninos quanto nas meninas (p=0,629), evidenciando que não há
interação entre gênero e grupo. Os meninos têm maior porcentagem média que as
meninas (p=0,016).
A inconsistência diminui, em média, 2,6% com o aumento de um ano na
idade. Este resultado é válido para os dois grupos (p=0,425, regressão linear). Os
valores previstos de I (%) correspondentes às idades 5 a 10 anos, apoiados nos
resultados do GC, dependem do gênero e são apresentados na Tabela 19.
74
Tabela 19 Valores previstos de I para meninos e meninas de 5 a 10 anos
Gênero
Idade(anos) Masculino Feminino
5 20,9 15,1
6 18,3 12,5
7 15,7 9,9
8 13,1 7,3
9 10,5 4,7
10 7,9 2,1
Foram calculadas as curvas ROC do índice I de acordo com gênero e idade.
Assim as idades foram agrupadas em 5:0 a 7,6 anos e maior que 7,6 anos são
apresentadas nas figuras 10a a 10d e as coordenadas das curvas nas tabelas 20a a
20d. Os valores de corte foram determinados em cada combinação de gênero e faixa-
etária. Abaixo de cada gráfico é indicado o valor da área sob a curva, senso esses
valores maiores ou iguais a 0,80, o que indica bom poder discriminatório do teste.
75
Figura 10a Curva ROC para o gênero feminino e idade de 5 a 7,6 anos
0,90,80,70,60,50,40,30,20,10,0
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1 - Especificidade
Sensibilidade
Área sob a curva: 0,92
Tabela 20a Coordenadas da curva ROC para o gênero feminino e idade
de 5 a 7,6 anos
Sensibilidade 1 - Especificidade Especificidade Corte
1,00 0,86 0,14 2,6
1,00 0,57 0,43 6,6
0,89 0,57 0,43 8,3
0,89 0,50 0,50 10,6
0,89 0,43 0,57 14,4
0,89 0,21 0,79 16,5
0,78 0,14 0,86 17,0
0,78 0,07 0,93 18,7
0,78 0,00 1,00 21,5
0,67 0,00 1,00 24,8
0,56 0,00 1,00 27,8
0,44 0,00 1,00 30,1
0,33 0,00 1,00 34,0
0,22 0,00 1,00 36,2
0,11 0,00 1,00 40,3
76
Figura 10b Curva ROC para o gênero feminino e idade de 7,6 a 11 anos
0,90,80,70,60,50,40,30,20,10,0
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1 - Especificidade
Sensibilidade
Área sob a curva: 0,80
Tabela 20b Coordenadas da curva ROC para o gênero feminino e idade
de 7,6 a 11 anos
Sensibilidade 1 - Especificidade Especificidade Corte
1,00 0,63 0,38 2,5
0,80 0,44 0,56 6,5
0,70 0,19 0,81 10,5
0,60 0,13 0,88 14,5
0,40 0,13 0,88 18,4
0,40 0,06 0,94 22,4
0,30 0,06 0,94 26,4
0,10 0,06 0,94 30,4
0,00 0,06 0,94 35,2
77
Figura 10c Curva ROC para o gênero masculino e idade de 5 a 7,6 anos
0,90,80,70,60,50,40,30,20,10,0
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1 - Especificidade
Sensibilidade
Área sob a curva: 0,81
Tabela 20c Coordenadas da curva ROC para o gênero masculino e idade
de 5 a 7,6 anos
Sensibilidade 1 - Especificidade Especificidade Corte
1,00 0,78 0,22 3,9
0,94 0,78 0,22 9,5
0,94 0,67 0,33 13,5
0,88 0,44 0,56 17,4
0,81 0,44 0,56 21,4
0,75 0,33 0,67 25,4
0,63 0,22 0,78 29,3
0,56 0,11 0,89 31,9
0,50 0,11 0,89 35,6
0,44 0,00 1,00 40,8
0,38 0,00 1,00 42,8
0,31 0,00 1,00 45,2
0,19 0,00 1,00 50,7
0,13 0,00 1,00 56,3
0,06 0,00 1,00 59,5
78
Figura 10d Curva ROC para o gênero masculino e idade de 7,6 a 11 anos
0,90,80,70,60,50,40,30,20,10,0
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1 - Especificidade
Sensibilidade
Área sob a curva: 0,94
Tabela 20d Coordenadas da curva ROC para o gênero masculino e idade
de 7,6 a 11 anos
Sensibilidade 1 - Especificidade Especificidade Corte
1,00 0,91 0,09 2,7
1,00 0,45 0,55 6,5
0,88 0,18 0,82 10,2
0,69 0,09 0,91 13,8
0,69 0,00 1,00 17,6
0,50 0,00 1,00 21,6
0,38 0,00 1,00 25,5
0,31 0,00 1,00 29,5
0,25 0,00 1,00 33,5
0,19 0,00 1,00 37,5
0,06 0,00 1,00 41,5
A Figura 11 representa os valores individuais do índice I nos quatro grupos.
Os valores de corte estão representados nos gráficos por meio de uma reta horizontal
que passa pelo valor de corte correspondente.
79
Figura 11 Gráfico dos valores individuais de I no GC e GP em cada combinação
de Gênero e Faixa etária com respectivos valores de corte
PesquisaControle
60
45
30
15
0
GRUPO
Inconsisncia (%)
21,5
PesquisaControle
60
45
30
15
0
GRUPO
Inconsisncia (%)
14,5
PesquisaControle
60
45
30
15
0
GRUPO
Inconsisncia (%)
31,9
PesquisaControle
60
45
30
15
0
GRUPO
Inconsisncia (%)
17,6
Feminino - 5 a 7,5 anos Feminino - > 7,5 anos
Masculino - 5 a 7,5 anos Masculino - >7,5 anos
Entre 5:0 e 7:6 anos para as meninas o valor de corte da I foi 21,5% e para os
meninos 31,9%; acima de 7:6 anos para as meninas foi 14,5% e para os meninos
17,6%. Esse estudo detectou que das 101 crianças avaliadas, 38 (38%) obtiveram I
80
acima dos valores de corte estabelecidos, sendo 4 do GC e 34 do GP. Dentre os
sujeitos inconsistentes do GC (8%), dois eram meninos entre 5:0 e 7:6 anos e duas
meninas acima de 7:6 anos. No GP (67%) encontrou-se 10 meninos entre 5:0 e 7:6
anos e 11 meninos acima de 7:6 anos, sete meninas entre 5:0 e 7:6 anos e seis
meninas acima de 7:6 anos.
4.3.3 Consistência dos erros de fala
4.3.3.1 Índice de Ocorrência de erros
A distribuição da OE por gênero pode ser constatada na Tabela 21.
Observa-se que as porcentagens de ocorrência de erros nas meninas são menores que
nos meninos nos dois grupos (Figura 12).
Tabela 21 Distribuições de freqüências e porcentagens de ocorrência de erro
por gênero no índice OE
Errou
Grupo Gênero Não Sim Total
GC F Freqüência 19 11 30
% 63,3 36,7 100
M Freqüência 11 9 20
% 55 45 100
GP F Freqüência 2 17 19
% 10,5 89,5 100
M Freqüência 1 31 32
% 3,1 96,9 100
Legenda: F=feminino, M=masculino
81
Figura 12 Porcentagens de ocorrência de erro por gênero
no índice OE
Grupo
nero
Errou
PesquisaControle
MasculinoFemininoMasculinoFeminino
SimoSimoSimoSimo
100
80
60
40
20
0
Porcentagem
A estatística descritiva do desempenho no índice OE para o GC e GP pode
ser observada na Figura 13. Nota-se que as médias e medianas da idade dos sujeitos
que não erram nesse índice são maiores do que as dos sujeitos que erraram. O que
indica que as crianças menores foram as que mais erraram nos dois grupos.
82
Figura 13 Box-plots para a idade em ocorrência de erro
no índice OE
Grupo
Errou
PesquisaControle
SimoSimo
11
10
9
8
7
6
5
Idade (anos)
Na avaliação dos efeitos de grupo, gênero e idade sobre a OE (regressão
logística), obteve-se maior chance de errar no GP, como já foi mencionado na
Hipótese 1. Essa tendência não depende do gênero (p=0,280), tanto o GP, quanto o
GC (p=0,876) e a chance de erro diminui com a idade nos dois grupos (p=0,001).
4.3.3.2 Índice de Consistência geral dos tipos de erro
Os valores de estatística descritiva por gênero para o índice CGE são
apresentados na Tabela 22. Observa-se que nos dois grupos, as meninas
apresentaram maiores porcentagens médias que os meninos (Figura 14).
83
Tabela 22 Estatísticas descritivas para CGE por gênero
Grupo Gênero Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC F 11 93,9 15,4 50 100 100
M 9 87,0 21,7 50 100 100
GP F 17 87,4 20,8 25 100 100
M 31 79,3 27,8 0 100 100
Legenda: F=feminino, M=masculino
Figura 14 Box-plots de CGE por gênero
Grupo
Gênero
PesquisaControle
MasculinoFemininoMasculinoFeminino
100
80
60
40
20
0
Consistência geral de erro l(%)
O diagrama de dispersão do índice CGE em função da idade encontra-se na
Figura 15. Observa-se que o valor do índice tende a aumentar com o aumento da
Idade de forma mais evidente no GC. Calculando-se o coeficiente de correlação de
Spearman (r) entre o índice CGE e idade obteve-se correlação no GC (r=0,497,
p=0,026). No GP, obtive-se valor de p marginal ao testar a significância do
coeficiente de correlação entre CGE e Idade (r=0,276 e p=0,057).
84
Figura 15 Diagrama de dispersão de CGE (%) e a idade (anos)
111098765
100
80
60
40
20
0
Idade (anos)
Consistência geral de erros (%)
Controle
Pesquisa
Grupo
Na avaliação dos efeitos de gênero e idade sobre a média do índice CGE
(%) (regressão linear), obteve-se que a porcentagem média de consistência aumenta
com a idade (p=0,001). Para o aumento de um ano na idade, a consistência medida
pelo CGE aumenta, em média, 4,5%. Não houve associação entre a CGE e Gênero
(p=0,211).
4.3.3.3 Índice de Consistência do tipo de erro mais freqüente
Apresentam-se os valores de estatística descritiva por gênero para o índice
CTEF na Tabela 23. Observa-se que nos dois grupos, as meninas apresentaram
maiores porcentagens médias que os meninos (Figura 16).
85
Tabela 23 Estatísticas descritivas para a CTEF por gênero
Grupo Gênero Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC F 11 94,4 15,1 50,0 100 100
M 9 88,9 17,6 55,6 100 100
GP F 17 89,0 18,4 33,3 100 100
M 31 79,9 28,4 0,0 100 100
Legenda: F=feminino, M=masculino
Figura 16 Box-plots de CTEF por gênero
Grupo
Gênero
PesquisaControle
MasculinoFemininoMasculinoFeminino
100
80
60
40
20
0
Consistência do erro mais frequente (%)
No diagrama de dispersão do índice CTEF em função da idade (Figura 17),
observa-se que o valor do índice tende a aumentar com o aumento da idade e esta
tendência é mais evidente no GC. Calculando-se o coeficiente de correlação de
Spearman (r) obteve-se que, no GC, existe correlação entre o índice CTEF e idade
(r=0,520, p=0,019). No GP, obteve-se valor de p marginal, semelhante ao índice
CGE, o valor observado foi (r=0,284, p=0,050).
86
Figura 17 Diagrama de dispersão de CTEF (%) e idade (anos)
111098765
100
80
60
40
20
0
Idade (anos)
Consistência do erro mais frequente (%)
Controle
Pesquisa
Grupo
Obtiveram-se resultados semelhantes ao CGE, na análise da associação do
índice CTEF gênero e idade (regressão linear). Não houve associação entre o gênero
(p=0,293) e a consistência, medida pelo CTEF aumenta com a idade (p=0,000). Para
o aumento de um ano na idade, a consistência aumenta, em média, 4,2%.
4.3.4 Estimulabilidade
As análises apresentadas a seguir foram feitas entre GC, GP1 e GP2. As
médias e medianas do PCC-R observadas no GC são maiores que no GP 1 e no GP 2,
tanto nas meninas, quanto nos meninos. Os valores observados no GP 2 são mais
próximos aos do GC do que os do GP 1 (Tabela 24). Nota-se que o GC é mais
87
homogêneo que os grupos GP 1 e 2; porém, o GP 2 é mais homogêneo que o GP 1
(Figura 18).
Tabela 24 Estatísticas descritivas para o PCC-R por gênero na E
Grupo Gênero Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
Controle F 44 99,1 1,7 91,6 100,0 100,0
M 31 98,9 2,6 87,9 100,0 100,0
Pesquisa 1 F 8 75,0 12,5 52,3 78,0 89,2
M 19 75,2 17,1 37,4 79,6 94,4
Pesquisa 2 F 12 94,0 6,5 81,3 97,2 99,1
M 16 92,7 5,2 83,2 94,5 98,9
Figura 18 Box-plots para o PCC-R nos grupos GC, GP 1 e GP 2 por gênero
Grupo
nero
Pesquisa 2Pesquisa 1Cont role
MasculinoFemininoMasculinoFemininoMasculinoFeminino
100
90
80
70
60
50
40
30
PCC-R (%)
Não foi detectada diferença entre as distribuições do PCC-R nos dois
gêneros, tanto no GC (p>0,999 Kruskal-Wallis), quanto no GP 1 (p>0,999) e no GP
2 (p>0,999).
88
Na Figura 19 observa-se o diagrama de dispersão do PCC-R e a idade
evidenciando tendência do PCC-R aumentar com o aumento da idade. A correlação
entre o PCC-R e a idade foi positiva nos três grupos. No GC, o valor observado do
coeficiente de correlação de Spearman foi r=0,43 (p=0,000), no GP 1 foi r=0,46
(p=0,016) e no GP 2 foi r=0,38 (p=0,049).
Figura 19 Diagrama de dispersão do PCC- R e a Idade
111098765
100
90
80
70
60
50
40
30
Idade (anos)
PCC-R (%)
Controle
Pesquisa 1
Pesquisa 2
Grupo
Em outra análise verificou-se nos 27 sujeitos que realizaram a prova de E, o
GP 1, o número de sons ausentes para os quais foi aplicada a E e o número de sons
estimuláveis (E 10%) (Tabela 25).
89
Tabela 25 Estatísticas descritivas para o número de sons ausentes e número de
sons estimuláveis por gênero no GP 1
Gênero Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
Sons ausentes F 8 4,8 3,0 1 4,5 8
M 19 3,8 3,2 1 3 13
Total 27 4,1 3,1 1 3 13
Sons estimuláveis F 8 2,3 1,9 0 1,5 5
M 19 2,2 2,1 0 2 7
Total 27 2,2 2,0 0 2 7
Não houve diferença significante entre o número médio de sons ausentes
nos dois gêneros (p=0,337 Kruskal-Wallis), bem como não houve diferença
significante entre o número médio de sons estimuláveis nos dois gêneros (p=0,980).
4.4 Hipótese 3: Parcialmente confirmada
Há associação entre o PCC-R, Inconsistência de fala, Consistência dos erros
de fala, número de sons ausentes no inventário fonético, Estimulabilidade e
Processos Fonológicos tanto no GC como no GP.
Foi analisada a associação entre as provas experimentais e o PCC-R; as
provas experimentais entre si e as provas experimentais e a ocorrência de processos
fonológicos.
90
4.4.1 Associação entre as provas experimentais e o PCC-R
Para as análises da associação entre as provas experimentais considerou-se
os resultados do índice I agrupado nas categorias: menor que o corte estabelecido e
maior ou igual ao corte, lembrando que os valores de corte foram obtidos nas curvas
ROC; na CE, a ocorrência de erro no índice OE (Errou); na E, os sujeitos que
realizaram a prova (GP 1) e os que não necessitaram (GP 2).
4.4.1.1 PCC-R x I
Na Tabela 26 encontram-se os valores de estatísticas descritivas para o
PCC-R de acordo com a categoria de resposta do índice I, definido pelos valores de
corte. Observa-se que as médias e medianas do PCC-R nos indivíduos com I menor
ou igual ao valor de corte são maiores do que dos indivíduos com I maior que o valor
de corte.
Tabela 26 Estatísticas descritivas para o PCC-R em cada categoria de resposta
de Inconsistência de fala
Inconsistência Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
corte
63 94,19 11,35 33,3 98,7 100
> corte 38 81,89 16,3 39,3 87,8 98,9
Na comparação das médias do PCC-R nas duas categorias da I obteve-se
p=0,000 (Kruskal-Wallis), indicando que os valores do PCC-R tendem a ser maiores
na categoria corte.
4.4.1.2 PCC-R x CE
Os valores das estatísticas descritivas para o PCC-R em cada grupo e
categoria de ocorrência de erro no índice de OE são apresentados na Tabela 27. As
91
médias e medianas do PCC-R observadas nos sujeitos que erraram são maiores do
que dos que não erraram.
Tabela 27 Estatísticas descritivas para o PCC-R em cada categoria de
resposta de CE em cada grupo
Grupo Errou Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
GC Não 30 99,0 1,9 93,7 100 100
Sim 20 97,9 2,2 92,2 98,7 100
Total 50 98,6 2,1 92,2 100 100
GP Não 3 95,0 4,4 89,9 97,5 97,5
Sim 48 79,9 16,3 33,3 85,55 98,9
Total 51 80,8 16,2 33,3 86,8 98,9
Legenda: N=número de sujeitos
A média do PCC-R dos sujeitos que não erram é maior que os que erram
(p=0,000, Kruskal-Wallis). Portanto, concluímos que os valores do PCC-R tendem a
ser maiores nos sujeitos que não erram no primeiro índice, o OE da prova de CE.
4.4.1.3 PCC-R x E
Na Figura 20 observa-se o diagrama de dispersão do PCC-R e o número de
sons ausentes, o qual indica que o PCC-R tende a diminuir com o aumento do
número de sons ausentes. Houve correlação inversa entre o valor observado do
coeficiente de correlação de Spearman entre PCC-R e o número de sons ausentes foi
r=-0,74 (p=0,000).
92
Figura 20 Diagrama de dispersão do PCC- R e o número de sons ausentes
14121086420
100
90
80
70
60
50
40
30
mero de sons ausentes
PCC-R (%)
Na Figura 21 observa-se o diagrama de dispersão do PCC-R e o número de
sons estimuláveis o coeficiente de correlação de Spearman entre PCC-R e o número
de sons estimuláveis foi r=-0,35; porém, não houve correlação significante entre
essas variáveis ( p= 0,076).
93
Figura 21 Diagrama de dispersão do PCC- R e o número de sons estimuláveis
76543210
100
90
80
70
60
50
40
30
Númer o de sons esti muláveis
PCC-R (%)
A comparação entre o PCC-R e a ocorrência de sons estimuláveis foi feita
pela da distribuição do PCC-R nos dois grupos pelo teste Kruskal-Wallis não
apontou diferença significativa (p=0,189). A média do PCC-R é menor e portanto
indica maior gravidade entre as crianças estimuláveis (Tabela 28).
Tabela 28 Estatísticas descritivas para o PCC-R nos dois grupos definidos pela
ocorrência de sons estimuláveis
Estimulável Sujeitos Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo
Não 5 83,5 9,5 69,0 87,9 93,5
Sim 22 73,3 16,2 37,4 77,6 94,4
94
4.4.2 Associação entre as provas I, CE e E
4.4.2.1 I x CE
A distribuição de freqüências e porcentagens do índice I categorizado
segundo a ocorrência de erro no índice OE (Errou) encontra-se na Tabela 29. O teste
qui-quadrado indicou que os resultados dos dois testes não são independentes
(p=0,000), ou seja, os sujeitos que têm maior I tendem a errar no primeiro índice da
prova CE.
Tabela 29 Distribuição de freqüências e porcentagens de I categorizada
segundo a CE pela ocorrência de erro (Errou)
I
Errou
corte
> corte Total
Não 31 2 33
93,9% 6,1% 100%
Sim 32 36 68
47,1% 52,9% 100%
Total 63 38 101
62,4% 37,6% 100,00%
4.4.2.2 I x E
A distribuição de freqüências e porcentagens do GP 1 quanto a ser ou não
estimulável, em função do índice I, encontra-se na Tabela 30. Por meio do teste exato
de Fisher obteve-se que o resultado da I é independente da E (p=0,136).
95
Tabela 30 Distribuição de freqüências e porcentagens de inconsistência
(categorizada) em cada categoria de estimulabilidade
Inconsistência
Estimulável
corte
> corte Total
Não 5 5
100,00% 100,00%
Sim 13 9 22
59,10% 40,90% 100,00%
Total 18 9 27
66,70% 33,30% 100,00%
4.4.2.3 CE x E
A distribuição de freqüências e porcentagens do GP 1, quanto a
estimulabilidade e CE (Tabela 31), evidencia por meio do teste exato de Fisher que a
OE é independente da E (p>0,999).
Tabela 31 Distribuição de freqüências e porcentagens de Errou em cada
categoria de estimulabilidade
Errou
Estimulável Não Sim Total
Não 2 3 5
40,00% 60,00% 100,00%
Sim 7 15 22
31,80% 68,20% 100,00%
Total 9 18 27
33,30% 66,70% 100,00%
96
4.4.3 Associação entre a ocorrência dos processos fonológicos e as provas
experimentais
4.4.3.1 I x Processos fonológicos
Os resultados obtidos para a associação entre o índice I e os processos
fonológicos pelo teste exato de Fisher são apresentados na Tabela 32. Considerou-se
as duas categorias de I analisadas, acima e abaixo do corte estabelecido pela curva
ROC. Nota-se que há associação entre as porcentagens de ocorrência dos processos:
FP, SL, SEC, EP e EF e observa-se que a porcentagem de ocorrência dos processos é
maior no grupo com I > corte.
97
Tabela 32 Freqüências e porcentagens da ocorrência dos processos fonológicos
segundo o resultado do índice I
Inconsistência Não Sim Total
Sujeitos Porcentagem Sujeitos Porcentagem Sujeitos Porcentagem
RS p=0,139
corte
63 100,00%
0 0%
63 100,00%
> corte 36 94,70% 2 5,30% 38 100,00%
Total 99 98,00% 2 2,00% 101 100,00%
HC p=0,630
corte
61 96,80% 2 3,20% 63 100,00%
> corte 36 94,70% 2 5,30% 38 100,00%
Total 97 96,00% 4 4,00% 101 100,00%
PF p=0,291
corte
59 93,70% 4 6,30% 63 100,00%
> corte 33 86,80% 5 13,20% 38 100,00%
Total 92 91,10% 9 8,90% 101 100,00%
PV
p=0,630
corte
61 96,80% 2 3,20% 63 100,00%
> corte 36 94,70% 2 5,30% 38 100,00%
Total 97 96,00% 4 4,00% 101 100,00%
PP
p=0,648
corte
59 93,70% 4 6,30% 63 100,00%
> corte 37 97,40% 1 2,60% 38 100,00%
Total 96 95,00% 5 5,00% 101 100,00%
FV
p=0,630
corte
61 96,80% 2 3,20% 63 100,00%
> corte 36 94,70% 2 5,30% 38 100,00%
Total 97 96,00% 4 4,00% 101 100,00%
FP
p=0,025
corte
61 96,80% 2 3,20% 63 100,00%
> corte 31 81,60% 7 18,40% 38 100,00%
Total 92 91,10% 9 8,90% 101 100,00%
SL
p=0,011
corte
46 73,00% 17 27,00% 63 100,00%
> corte 18 47,40% 20 52,60% 38 100,00%
Total 64 63,40% 37 36,60% 101 100,00%
SEC
p=0,001
corte
35 55,60% 28 44,40% 63 100,00%
> corte 8 21,10% 30 78,90% 38 100,00%
Total 43 42,60% 58 57,40% 101 100,00%
SCF
p=0,218
corte
34 54,00% 29 46,00% 63 100,00%
> corte 15 39,50% 23 60,50% 38 100,00%
Total 49 48,50% 52 51,50% 101 100,00%
SP
p>0,999
corte
62 98,40% 1 1,60% 63 100,00%
> corte 38 100,00% 0 0% 38 100,00%
Total 100 99,00% 1 1,00% 101 100,00%
SF
p=0,139
corte
63 100,00% 0 0% 63 100,00%
> corte 36 94,70% 2 5,30% 38 100,00%
Total 99 98,00% 2 2,00% 101 100,00%
EP
p=0,000
corte
54 85,70% 9 14,30% 63 100,00%
> corte 16 42,10% 22 57,90% 38 100,00%
Total 70 69,30% 31 30,70% 101 100,00%
EF
p=0,000
corte
51 81,00% 12 19,00% 63 100,00%
> corte 17 44,70% 21 55,30% 38 100,00%
Total 68 67,30% 33 32,70% 101 100,00%
Legenda: Não= não apresentou o processo e Sim=apresentou
98
4.4.3.2 CE x Processos fonológicos
Os resultados obtidos para a associação entre a CE e os processos
fonológicos pelo teste exato de Fisher são apresentados na Tabela 33. As duas
categorias de CE analisadas foram Não errou no índice OE e Errou. Observa-se que
há associação entre as porcentagens de ocorrência dos processos: FP, SL, SEC, SCF,
EP e EF nas duas categorias de erro. Observa-se também que a porcentagem de
ocorrência dos processos é maior no grupo que errou no índice OE.
99
Tabela 33 Freqüências e porcentagens da ocorrência dos processos fonológicos
segundo o resultado da prova de CE
OE Não Sim Total
Sujeitos Porcentagem Sujeitos Porcentagem Sujeitos Porcentagem
RS
p>0,999
Não errou 33 100,00% 0 0% 33 100,00%
Errou 66 97,10% 2 2,90% 68 100,00%
Total 99 98,00% 2 2,00% 101 100,00%
HC
p=0,300
Não errou 33 100,00% 0 0% 33 100,00%
Errou 64 94,10% 4 5,90% 68 100,00%
Total 97 96,00% 4 4,00% 101 100,00%
PF
p=0,265
Não errou 32 97,00% 1 3,00% 33 100,00%
Errou 60 88,20% 8 11,80% 68 100,00%
Total 92 91,10% 9 8,90% 101 100,00%
PV
p=0,300
Não errou 33 100,00% 0 0% 33 100,00%
Errou 64 94,10% 4 5,90% 68 100,00%
Total 97 96,00% 4 4,00% 101 100,00%
PP
p>0,999
Não errou 32 97,00% 1 3,00% 33 100,00%
Errou 64 94,10% 4 5,90% 68 100,00%
Total 96 95,00% 5 5,00% 101 100,00%
FV
p=0,300
Não errou 33 100,00% 0 0% 33 100,00%
Errou 64 94,10% 4 5,90% 68 100,00%
Total 97 96,00% 4 4,00% 101 100,00%
FP
p=0,029
Não errou 33 100,00% 33 100,00%
Errou 59 86,80% 9 13,20% 68 100,00%
Total 92 91,10% 9 8,90% 101 100,00%
SL
p=0,000
Não errou 30 90,90% 3 9,10% 33 100,00%
Errou 34 50,00% 34 50,00% 68 100,00%
Total 64 63,40% 37 36,60% 101 100,00%
SEC
p=0,000
Não errou 25 75,80% 8 24,20% 33 100,00%
Errou 18 26,50% 50 73,50% 68 100,00%
Total 43 42,60% 58 57,40% 101 100,00%
SCF
p=0,034
Não errou 21 63,60% 12 36,40% 33 100,00%
Errou 28 41,20% 40 58,80% 68 100,00%
Total 49 48,50% 52 51,50% 101 100,00%
SP
p>0,999
Não errou 33 100,00% 0 0% 33 100,00%
Errou 67 98,50% 1 1,50% 68 100,00%
Total 100 99,00% 1 1,00% 101 100,00%
SF
p>0,999
Não errou 33 100,00% 0 0% 33 100,00%
Errou 66 97,10% 2 2,90% 68 100,00%
Total 99 98,00% 2 2,00% 101 100,00%
EP
p=0,000
Não errou 32 97,00% 1 3,00% 33 100,00%
Errou 38 55,90% 30 44,10% 68 100,00%
Total 70 69,30% 31 30,70% 101 100,00%
EF
p=0,000
Não errou 31 93,90% 2 6,10% 33 100,00%
Errou 37 54,40% 31 45,60% 68 100,00%
Total 68 67,30% 33 32,70% 101 100,00%
Legenda: Não= não apresentou o processo e Sim=apresentou
100
4.4.3.3 E x Processos Fonológicos
Os resultados obtidos para a associação entre a estimulabilidade e os
processos fonológicos pelo teste exato de Fisher são apresentados na Tabela 34, a
associação foi realizada entre a porcentagem de sujeitos que apresentaram os
processos no GP 1 e GP 2. Observa-se que há associação entre as porcentagens de
ocorrência dos processos: FP, SL, EP e EF nos dois grupos. Nota-se também que a
porcentagem de ocorrência dos processos é maior no GP 1 do que no GP 2. Para os
processos PV e SEC foram obtidos valores de p marginais, isto é, entre 0,05 e 0,10.
101
Tabela 34 Freqüências e porcentagens da ocorrência dos processos fonológicos
nos grupos GP 1 e GP 2
Estimulabilidade Não Sim Total
Sujeitos Porcentagem Sujeitos Porcentagem Sujeitos Porcentagem
RS
P=1
GP 1 27 100,00% 0 0% 27 100,00%
GP 2 28 100,00% 0 0% 28 100,00%
Total 55 100,00% 0 0% 55 100,00%
HC
p=0,422
GP 1 23 85,20% 4 14,80% 27 100,00%
GP 2 26 92,90% 2 7,10% 28 100,00%
Total 49 89,10% 6 10,90% 55 100,00%
PF
p=0,352
GP 1 24 88,90% 3 11,10% 27 100,00%
GP 2 27 96,40% 1 3,60% 28 100,00%
Total 51 92,70% 4 7,30% 55 100,00%
PV
p=0,051
GP 1 23 85,20% 4 14,80% 27 100,00%
GP 2 28 100,00%
28 100,00%
Total 51 92,70% 4 7,30% 55 100,00%
PP
p>0,999
GP 1 26 96,30% 1 3,70% 27 100,00%
GP 2 26 92,90% 2 7,10% 28 100,00%
Total 52 94,50% 3 5,50% 55 100,00%
FV
p=0,252
GP 1 22 81,50% 5 18,50% 27 100,00%
GP 2 26 92,90% 2 7,10% 28 100,00%
Total 48 87,30% 7 12,70% 55 100,00%
FP
p=0,040
GP 1 19 70,40% 8 29,60% 27 100,00%
GP 2 26 92,90% 2 7,10% 28 100,00%
Total 45 81,80% 10 18,20% 55 100,00%
SL
p=0,007
GP 1 10 37,00% 17 63,00% 27 100,00%
GP 2 21 75,00% 7 25,00% 28 100,00%
Total 31 56,40% 24 43,60% 55 100,00%
SEC
p=0,080
GP 1 5 18,50% 22 81,50% 27 100,00%
GP 2 12 42,90% 16 57,10% 28 100,00%
Total 17 30,90% 38 69,10% 55 100,00%
SCF
p=0,285
GP 1 12 44,40% 15 55,60% 27 100,00%
GP 2 17 60,70% 11 39,30% 28 100,00%
Total 29 52,70% 26 47,30% 55 100,00%
SP
p>0,999
GP 1 26 96,30% 1 3,70% 27 100,00%
GP 2 27 96,40% 1 3,60% 28 100,00%
Total 53 96,40% 2 3,60% 55 100,00%
SF
P=1
GP 1 27 100,00% 0 0% 27 100,00%
GP 2 28 100,00% 0 0% 28 100,00%
Total 55 100,00% 0 0% 55 100,00%
EP
p=0,015
GP 1 9 33,30% 18 66,70% 27 100,00%
GP 2 19 67,90% 9 32,10% 28 100,00%
Total 28 50,90% 27 49,10% 55 100,00%
EF
p=0,014
GP 1 7 25,90% 20 74,10% 27 100,00%
GP 2 17 60,70% 11 39,30% 28 100,00%
Total 24 43,60% 31 56,40% 55 100,00%
Legenda: Não= não apresentou o processo e Sim=apresentou
Discussão
103
5. DISCUSSÃO
No PB, inúmeros trabalhos têm sido realizados visando obter maior
compreensão do TF. Alguns estudos publicados verificaram as características
fonológicas (Salvatti et al, 2000; Wertzner, 2002; 2004a), outros a descrição acústico
articulatória (Gurgueira, 2000; 2006; Pagan, 2003; Amaro, 2006; Pagan-Neves,
2008), o aspecto familial do TF (Papp, 2003; 2008; Papp e Wertzner, 2006), as
medidas de gravidade (Wertzner et al, 2001; 2005), a estimulabilidade dos sons
líquidos (Castro, 2004), os tipos de erros de fala (Castro e Wertzner, 2006), as pistas
sensoriais aplicadas à estimulabilidade (Castro e Wertzner, no prelo a) entre outros.
A busca pela identificação de marcadores diagnósticos (Bahr, 2005; Baker,
2006) que possam diferenciar os sujeitos com TF ocorre por diferentes óticas. Alguns
autores buscam delinear os diferentes subtipos do TF a partir de seus aspectos
explicativos (Shriberg et al, 2005) enquanto que outros autores orientam-se pela sua
manifestação (Dodd, 1995).
Na pesquisa realizada foram analisados aspectos que ampliaram os
conhecimentos a respeito do TF. Para tanto foram estudadas crianças com TF (GP)
quanto à gravidade, à inconsistência, à consistência dos erros e à estimulabilidade de
fala e foram comparadas a um grupo com desenvolvimento dentro das etapas de
normalidade (GC).
Dentre os aspectos analisados a idade média dos sujeitos do GP e do GC foi
de 7:6 anos, sendo que a análise inferencial demonstrou que não houve diferença
entre os grupos. Outros estudos realizados com crianças brasileiras também mostram
104
que a busca por tratamento fonoaudiológico ocorre principalmente entre cinco e oito
anos (Salvatti et al, 2000; Wertzner, 2004; Wertzner et al, 2007b).
Os grupos foram diferentes quanto ao gênero, evidenciando-se predomínio de
meninos no GP. Destaca-se que o GP foi composto por crianças que procuraram
tratamento fonoaudiológico no LIF – Fonologia, durante o período da coleta de
dados deste estudo demonstrando que os meninos apresentam mais queixa de
alteração de fala e linguagem que as meninas. Esse resultado corrobora com o
encontrado na literatura, em que se aponta o predomínio de meninos na identificação
do TF. Tal fato foi observado nas pesquisas para o inglês realizadas por Hodson e
Paden (1981), Shriberg e Kwiatkowski (1982), e para o PB Salvatti et al (2000),
Wertzner (2002, 2004), Pagan (2003), Papp (2003), Papp e Wertzner (2006),
Wertzner et al (2006, 2007b).
Três hipóteses foram levantadas para este estudo e neste capítulo estas serão
discutidas. A primeira hipótese diz respeito ao fato de existirem diferenças entre os
grupos GC e GP, a segunda refere-se ao fato de haver diferenças no desempenho das
provas experimentais conforme o gênero e a idade e a terceira refere-se à associação
entre as provas experimentais utilizadas neste estudo.
Na primeira hipótese, ou seja, na comparação entre os grupos GC e GP,
houve diferença quanto à ocorrência de processos fonológicos, gravidade,
inconsistência, consistência dos erros e estimulabilidade. Esse fato mostra que as
crianças com TF têm um desempenho diferente daquelas com desenvolvimento
dentro das etapas da normalidade e que as provas experimentais utilizadas neste
trabalho foram eficazes para evidenciar essas diferenças.
105
Analisando cada uma das medidas separadamente, observou-se com relação
aos processos fonológicos a maior ocorrência no GP. Esse fato era esperado, uma vez
que o critério de inclusão em cada grupo considerou o desempenho das crianças na
prova de Fonologia (Wertzner, 2004b). Assim sendo, as crianças do GC
apresentaram principalmente os processos aceitos na sua faixa etária, ou seja, SEC e
SCF (Wertzner 1995; Wertzner e Consorti, 2004). Esporadicamente alguma criança
deste grupo apresentou outro processo, ao passo que no GP as crianças apresentaram
os processos fonológicos aceitos em sua faixa etária além daqueles que já deveriam
ter desaparecidos. Nas duas provas analisadas, imitação e nomeação os processos
fonológicos com maior manifestação foram SEC, SCF, SL, EF e EP. Estes dados
corroboram com outros estudos para o PB que também detectaram esses processos
como os mais frequentes, podendo ser citados os de Oliveira e Wertzner (2000),
Wertzner (2002), Papp (2003), Papp e Wertzner (2006), Wertzner et al (2000, 2001,
2006, 2007b).
Esse quadro demonstra a dificuldade da criança com TF em lidar com as
regras da Língua, que pode estar relacionada à programação cognitivo-linguística, ou
seja, à organização do sistema fonológico da criança (Dodd, 1995; Flipsen et al,
2005; McIntosh e Dodd, 2008). Outro aspecto que pode explicar a permanência de
processos fonológicos além da idade esperada é a presença de dificuldade na
produção dos sons, evidenciando o comprometimento do processamento motor da
fala (Kent, 1992; 1999; Green et al, 2002). Ainda outra possibilidade seria a
dificuldade de base estar relacionada aos aspectos sensoriais auditivos ou ao
envolvimento do desenvolvimento psicossocial, ou ao refinamento fonológico dos
erros de fala (Shriberg et al, 2005).
106
Outro parâmetro analisado foi o índice PCC-R (Shriberg et al, 1997b) que
verifica a gravidade do TF. Os dois grupos analisados neste estudo se mostraram
diferentes, quanto à gravidade medida pelo PCC-R. O valor médio no GC foi
(98,8%±1,8) e no GP (81,1%±16,1); a diferença entre o valor mínimo e o máximo do
GC foi de apenas 8%, enquanto que no GP foi de 45% sendo que as crianças do GC
demonstraram-se homogêneas, enquanto que as do GP heterogêneas. A variação do
PCC-R encontrada nas crianças do GP reforçam a questão da heterogeneidade no TF,
sugerindo que o PCC-R precisa ser relacionado aos resultados das outras medidas
fonéticas e fonológicas aplicadas na presente pesquisa para auxiliar no entendimento
dessa grande variabilidade.
Na literatura encontram-se diversas propostas para a avaliação da
inconsistência de fala, porém não há consenso quanto à forma de avaliar. De forma
geral, há uma concordância que a análise deve ocorrer no nível da palavra como um
todo, comparando diferentes produções da mesma palavra (Dodd, 1995; Shriberg et
al, 1997a; Ingram, 2002; Tyler et al, 2003; Betz e Stoel-Gammon, 2005).
A medida fonológica de inconsistência de fala também apontou diferença
entre os grupos, sendo o GP (27,4% ± 14,6%) mais inconsistente que o GC (9,8% ±
9,9%). A análise descritiva do índice I com valor mínimo obtido no GP de (4%),
indicou que nenhum sujeito produziu todas as palavras de forma consistente,
enquanto que no GC (0%) algumas crianças emitiram todas as palavras de forma
consistente. O valor máximo do índice I no GC foi 40% e no GP 63%, a mediana no
GC foi 8% e no GP 28%. Na análise por regressão linear verificou-se o efeito de
grupo, em que a média da porcentagem do índice I no GP foi maior que no GC.
107
Na outra medida fonológica estudada, a consistência de erros de fala (CE), os
resultados complementam os achados do índice I. Observou-se que o índice OE,
mostrou diferença entre os grupos, evidenciando que 60% das crianças do GC
produziram as palavras da mesma forma enquanto que o GP teve em sua maioria
crianças que apresentaram produções variadas das cinco palavras analisadas (94%).
No índice OE da prova de consistência de erros, considera-se erros as
produções diferentes de uma mesma palavra, ou seja, se uma criança faz várias
produções iguais da mesma palavra, independentemente se a produção está correta
ou incorreta, esta é considerada consistente. Ao contrário, se nas várias nomeações
de uma mesma palavra a criança produzir diferente, esta é considerada inconsistente
(Betz e Stoel-Gammon, 2005).
A diferença observada entre os grupos, nos índices I e OE demonstra que as
crianças com desenvolvimento normal entre cinco e dez anos, embora possam ainda
ter poucas dificuldades articulatórias, têm maior estabilidade na sua programação
fonológica, apresentando pouca variabilidade, conforme citado na literatura (Dodd et
al, 2005).
Portanto, confirma-se que a variabilidade é uma marca da fala de crianças
pequenas e à medida que a criança cresce, as palavras tornam-se mais consistentes,
embora não necessariamente corretas (Betz e Stoel-Gammon, 2005).
Os valores do índice I obtidos para as crianças sem alterações no
desenvolvimento, falantes do PB, foram próximos aos valores de variabilidade
aceitável como característica do desenvolvimento propostos para as falantes do
inglês, 13% (Holm et al, 2007).
108
Vários fatores podem explicar a variabilidade observada durante o
desenvolvimento. Um deles refere-se às influências cognitivo-lingüísticas que
demandam menor habilidade da criança na situação de imitação e maior na fala
espontânea, em que a variabilidade foi observada (Dodd et al, 1989), além de
estarem em fase de organização interna dos sons (Hodson, 2007). Outro fator que
interfere é o fato da criança estar em processo de maturação do sistema
estomatognático (Green et al, 2002) e por isso, sua produção varia.
A representação lexical imatura da palavra pode favorecer a variabilidade da
fala, tanto em função da pouca experiência na produção como das fracas
representações subjacentes das palavras. Outro fator que pode estar envolvido é o
fato da criança em desenvolvimento possuir as informações necessárias para a
correta produção da palavra, representadas em seu sistema lingüístico, mas ter
dificuldade na sua utilização ao selecionar a sequência correta de sons necessária em
uma palavra (Dodd, 1995; Betz e Stoel-Gammon, 2005).
Por outro lado, esses índices revelaram que ao nomear uma mesma figura, a
criança com TF usa diferentes estratégias que levam diferentes produções,
evidenciando prejuízo da estabilidade do sistema fonológico (Dodd e Bradford,
2000). Esse fato tem sido interpretado pelos pesquisadores como uma evidência de
que a criança com TF, que apresenta fala inconsistente demonstra dificuldade ao
programar a seqüência de sons envolvida na estrutura fonológica em questão, ou
seja, seleciona tal estrutura por diferentes caminhos. Esse quadro indica um déficit na
programação fonológica com efeitos na programação fonética (Forrest et al, 2000;
Dodd et al, 2006; McIntosh e Dodd, 2008).
109
Portanto, associada à questão da programação fonológica há que se considerar
que o tempo, a força e o controle da trajetória de um grande número de articuladores
precisam ser programados em rápida sucessão, gerando uma demanda grande de
informações que têm de ser encaminhadas para o sistema motor. O sistema motor da
fala efetua o planejamento e a produção de unidades com diferente duração e que
precisam ser produzidas de forma sincronizada. Na produção da fala está envolvida a
atividade coordenada de dezenas de grupos musculares e articuladores diretamente
envolvidos na produção do som (laringe, faringe, véu, lábios, língua, mandíbula) e a
coordenação desse sistema requer um comportamento sinérgico entre os
articuladores para produzir o alvo acústico. Essa sincronia pode também estar
comprometida na criança com inconsistência de fala (Munhall, 2001).
A inconsistência pode resultar de diferentes estratégias de controle neural em
vários níveis do sistema de produção que são refletidos em diferentes padrões de
ativação, sendo que a produção da fala envolve uma extensa rede cortical e
subcortical. Para Munhal (2001), no sistema teórico semântico-sintático ocorre a
preparação conceitual que gera uma mensagem pré-verbal; esta por sua vez, produz a
codificação gramatical, que em integração com o sistema fonológico/fonético
ocasiona a codificação morfo-fonológica, que provoca sequencialmente a seleção
fonológica, a codificação fonética, a seleção articulatória, a articulação e a
manifestação da fala.
Além de constatar as produções inconsistentes, é fundamental detalhar a
análise para verificar se nas diferentes emissões da mesma palavra ocorrem
diferentes erros. Para tanto foi também realizada a análise das diferentes produções
no total de palavras produzidas com erro (índice CGE) e se há um tipo de produção
110
mais freqüente entre as produções erradas (índice CTEF) (Betz e Stoel-Gammon,
2005).
Para os índices CGE e CTEF não se observou diferença entre os grupos. Tal
fato evidenciou a tendência de haver um tipo de produção mais freqüente, uma vez
que a mediana dos dois grupos, para os dois índices, foi 100% indicando a ocorrência
de um único erro entre as produções variadas. Esse mesmo resultado foi encontrado
por (Betz e Stoel-Gammon, 2005) em que tanto a criança com TF como aquela sem
alteração, obtiveram 100% no CGE e CTEF, portanto produção consistente.
Os índices I e OE mostraram-se medidas similares e importantes para
diferenciar os sujeitos com fala normal e alterada, enquanto que o CGE e o CTEF
não apontaram diferenças significantes. Essas medidas não apresentaram
contribuições no processo diagnóstico, podendo ser mais úteis no fornecimento de
informações para decisões clínicas a respeito de escolha do modelo terapêutico,
orientando a necessidade de se priorizar inicialmente a programação fonológica da
palavra e posteriormente a escolha dos sons alvo a serem enfocados no tratamento.
Os resultados encontrados na presente pesquisa sugerem que a criança com
desenvolvimento adequado (GC) apresenta fala mais consistente. Por outro lado, as
crianças com TF apresentaram, em geral, inconsistência de fala, o que é citado na
literatura como uma de suas características (Betz e Stoel-Gammon, 2005). A
inconsistência evidencia que a criança com TF tem dificuldade na organização
cognitivo-linguística da Língua (Shriberg et al, 2005; McIntosh e Dodd, 2008).
Na pesquisa desenvolvida foi também aplicada a medida fonética de
estimulabilidade que indicou diferença entre os grupos. Como somente parte das
crianças do GP apresentou sons ausentes do inventário fonético foi possível separar
111
os sujeitos do GP, em GP 1 composto pelos sujeitos com TF que apresentaram sons
ausentes do inventário fonético (49%) e o GP 2, formado pelos sujeitos com TF que
apresentaram todos os sons presentes.
Esse fato demonstra que a criança com desenvolvimento normal, aos 5:0 anos
já apresenta todo o inventário fonético conforme constatou Wertzner (2004b). Ao
passo que a criança com TF pode ou não ter os sons, e o PCC-R mostrou-se eficaz
para separar esses sujeitos. As análises mostraram que os sujeitos mais graves, com
PCC-R médio de 75%, foram aqueles que apresentaram sons ausentes do seu
inventário (GP 1), enquanto que os sujeitos menos graves, com um PCC-R médio de
93%, têm de forma semelhante ao GC, os sons presentes em seu inventário (GP 2).
A estimulabilidade é vista como evidência da integridade estrutural do
mecanismo de fala da criança, resultante de sua capacidade em produzir o som e
revela também o conhecimento fonológico do fonema por meio da habilidade de
imitar esse som (Powell e Miccio, 1996).
Nota-se que os únicos sons para os quais não houve aplicação da
estimulabilidade no GP, foram a plosiva surda /p/ e os três sons nasais /m,n,/. Esse
resultado é interessante, pois no PB esses fonemas já se encontram adquiridos aos
3:6 anos (Wertzner, 2004b).
As crianças foram estimuláveis de forma semelhante para todos os sons
testados, com exceção de dois para os quais não foram estimuláveis, a fricativa // e
o /s/ na posição de consoante final de sílaba. Apenas três crianças neste estudo,
apresentaram o som //ausente de seu inventário fonético e apenas uma o /s/ em
coda. Uma explicação para o /s/ em coda não ser estimulável é o fato de envolver a
estrutura silábica CVC, que é mais complexa e difícil para a criança com TF. O // é
112
um som que tem uma aquisição mais tardia, ao redor de 4:6 anos, produzido na
região posterior da boca, requer elevação do dorso da língua e arredondamento dos
lábios, evidenciando um gesto articulatório mais complexo. A fala é um processo
lingüístico complexo e a representação neural dos gestos da fala, embora relacionada
à produção, é inseparável do sistema lingüístico (Munhall, 2001).
As análises de todos os instrumentos aplicados permitiram perceber que as
crianças mais graves neste estudo mostraram ser mais inconsistentes, tiveram mais
produções múltiplas de uma palavra e mais sons ausentes de seu inventário fonético.
Porém, em sua maioria as crianças foram estimuláveis, evidenciando a habilidade de
produzir o som ausente de seu inventário por imitação e a dificuldade em utilizá-lo
em situações comunicativas.
Portanto, a hipótese de diferença entre os grupos foi confirmada em todos os
aspectos, com exceção dos índices CGE e CTEF da CE. As análises desses aspectos
evidenciam que o GC é mais homogêneo e o GP mais heterogêneo, como apontado
por Wertzner et al (2009).
Com relação à segunda hipótese observou-se que os dois grupos sofreram
influência da idade no PCC-R, inconsistência, no índice OE da CE e
estimulabilidade. Porém, para os índices CGE e CTEF da CE, essa associação com a
idade confirmou-se apenas no GC, demonstrando que a produção da criança com
desenvolvimento normal torna-se mais estável com o aumento da idade.
Nos dois grupos não houve diferenças entre gêneros quanto ao PCC-R, índice
OE da CE e estimulabilidade, porém ocorreu diferença no índice de inconsistência de
fala.
113
Na análise do PCC-R detectou-se influência da idade o que foi diferente do
encontrado por Shriberg et al (1997b). Este aspecto também foi ressaltado no estudo
de Campbell et al (2007) que justificaram o aumento do valor do PCC-R médio com
a idade por refletir o aumento gradual na precisão e estabilidade motora/articulatória.
O fato do PCC-R não sofrer influência do gênero, confirma a proposta dos autores
Shriberg et al (1997b) que indicam esta medida para comparar falantes com
características diversas.
A influência da idade e da maturação foi nítida na análise do índice I, que
permitiu constatar uma diminuição de 2,6%, a cada ano de vida, nos dois grupos.
Esse índice também sofreu influência do gênero sendo que os meninos (GC=12% e
GP=30,3%) têm um desempenho diferente das meninas (GC=8,4% e GP=22,5%).
Portanto, o método estatístico utilizado neste estudo permitiu verificar o
efeito do gênero e idade e indicaram a necessidade de quatro valores de corte para o
índice I. Detectou-se a partir da construção das curvas ROC valores de corte para as
crianças de acordo com o gênero entre 5:0 e 7:6 e acima dessa idade sendo, portanto
quatro valores distintos. O diagnóstico fonoaudiológico de normalidade ou TF foi
utilizado como critério do estabelecimento da especificidade e sensibilidade, pois na
construção das curvas ROC, todos os sujeitos do estudo foram considerados. Entre
5:0 e 7:6 anos para as meninas o valor de corte da I foi 21,5% e para os meninos
31,9%; acima de 7:6 anos para as meninas foi 14,5% e para os meninos 17,6%.
Das 101 crianças avaliadas, 38 foram inconsistentes. Dentre os sujeitos
inconsistentes do GC, dois eram meninos entre 5:0 e 7:6 anos e duas meninas acima
de 7:6 anos. No GP encontrou-se 10 meninos entre 5:0 e 7:6 anos e 11 acima de 7:6
114
anos, sete meninas entre 5:0 e 7:6 anos e seis meninas acima de 7:6 anos. Assim, o
GP foi mais inconsistente bem como os meninos.
Os valores de corte do índice I estabelecidos para o PB neste estudo diferem
dos propostos por Crosbie et al (2005) para a Língua inglesa, pois consideraram o
valor de 40% para caracterizar uma criança com TF inconsistente, sem considerar
gênero e idade. Os valores de corte do PB são mais baixos e com isso mais crianças
com TF foram consideradas inconsistentes.
O índice OE da consistência de erros confirmou os achados para o índice I,
uma vez que a ocorrência de erros diminuiu com o aumento da idade. Detectou-se
que a estabilidade da produção da fala da criança com desenvolvimento normal (GC)
cresce a cada ano de vida, conforme indicaram os índices CGE (4,5%) e CTEF
(4,2%). Esse fato indica que a repetição das seqüências fonológicas das palavras da
Língua vai permitindo a estabilização da produção e a criança ao invés de seguir
diferentes caminhos para produzir uma mesma palavra segue uma mesma
programação que já foi realizada anteriormente. A criança retém os planos
fonológicos anteriormente utilizados e recupera esse armazenamento ao produzir a
mesma palavra (Munhall, 2001).
O número de características fonológicas que as crianças podem incluir na
programação fonológica é limitado e se desenvolve gradualmente. A maturação
também contribui para a diminuição do número de erros na produção de uma palavra
(Dodd et al, 2003).
115
Entretanto para os índices da consistência de erros OE, CGE e CTEF, embora
tenha se observado diferença entre os gêneros, não houve confirmação estatística. No
estudo de Betz e Stoel-Gammon (2005) este aspecto não foi explorado.
O fato dos meninos serem mais inconsistentes pode indicar uma maturação
mais tardia na programação fonológica nos meninos o que pode explicar a maior
ocorrência de TF em meninos (Wertzner et al, 2006; 2007).
Os resultados encontrados mostraram que a prova proposta para a verificação
da inconsistência de fala no PB confirma o diagnóstico e consegue separar os
verdadeiros positivos, ou seja, os sujeitos que realmente tem TF e os verdadeiros
negativos, que são aqueles com desenvolvimento fonológico dentro do esperado para
sua idade.
Portanto, se a prova for aplicada na população infantil entre 5:0 e 7,6 anos, as
crianças abaixo dos valores de corte estabelecidos para cada gênero têm alta
probabilidade de terem desenvolvimento dentro do esperado, enquanto que as
crianças acima dos valores de corte demonstram alta possibilidade de apresentarem o
TF, devendo ser encaminhadas para o diagnóstico em serviço especializado. Isso
evidencia a sua importância na identificação de crianças com TF em idade pré-
escolar e escolar.
A medida da inconsistência a partir das 25 palavras como proposto por
(Dodd, 1995), parecer ser mais sensível às diferenças entre os sujeitos com e sem TF
do que diferentes medidas em apenas cinco palavras, como proposto por Betz e
Stoel-Gammon (2005).
116
Na prova de estimulabilidade foi possível confirmar que há influência da
idade, conforme apontado por (Lof, 1996). Para a verificação da necessidade de
aplicação da estimulabilidade foi analisado o inventário fonético no qual se observou
que as crianças mais novas foram as que mais apresentam sons ausentes. Isso
demonstra que a maturidade exerce influência na habilidade de produzir os sons, fato
este relacionado ao controle motor oral, que envolve a sinergia entre os movimentos
de lábios e mandíbula durante a constrição do trato vocal para a produção do som
alvo (Kent, 1999). O processo maturacional dos articuladores ocorre de forma
sequencial dos lábios para a faringe, envolvendo redes de inter-relações neurais de
maior complexidade para lábios e a língua (Green et al, 2002). A cavidade oral é
ricamente povoada por sensores cutâneos e sinestésicos e esta informação é usada na
aprendizagem do controle dos movimentos e do som (Munhall, 2001).
Entre os fatores que podem influenciar a estimulabilidade estão aspectos
maturacionais, os quais englobam aspectos sensoriais, motores e a influência do som
subsequente entre outros (Castro e Wertzner, no prelo b). A informação sensorial
pode ser usada para modificar ou aprender novas sequências que contêm alguns dos
mesmos elementos do movimento. Ao aprender a fala, a criança aprende sequências
de movimentos e as suas consequências sensoriais (Kent 1992; 1999).
A produção dos sons requer sutilezas articulatórias e habilidades sensoriais e
motoras (Kent, 1999; Adler-Bock et al, 2007), que exigem maturidade da criança,
tanto do ponto de vista cognitivo como motor (Wertzner, 2002). Na falta do controle
motor necessário para produzir os sons com precisão, as crianças apresentam
estratégias de aproximação manifestadas por distorções, substituições, bem como
117
omissões do som que indicam impossibilidade de sua produção e/ou falha no
conhecimento deste som (Green et al, 2002).
É saliente a ligação entre percepção e produção na realização da fala.
Aprender a falar requer extensivo conhecimento incluindo categorias lingüísticas,
assim como habilidades perceptuais e motoras. Uma parte essencial é aprender a
geometria do trato vocal e o mapeamento entre a acústica da fala e a forma do trato
vocal. Na criança, o controle motor precisa ser adaptado a lenta, porém significantes
mudanças na forma e no tamanho do trato devido ao crescimento (Munhall, 2001).
A associação entre a estimulabilidade e o gênero não foi confirmada. A
distribuição do PCC-R foi semelhante nos três grupos analisados GC, GP 1 e GP 2
em relação a essa variável. Embora houvesse mais meninos (18) que meninas (8) que
apresentaram sons ausentes do inventário, a média do número de sons ausentes não
mostrou diferença, sendo a média geral de sons ausentes igual a 4,1 e para o número
de sons estimuláveis 2,2.
Os achados desta pesquisa sugerem que a programação do som no sistema
lingüístico se desenvolve a cada ano de vida da criança e ocorre de forma diversa
entre os gêneros. Já a produção motora da fala, demonstrou receber influência da
maturação de forma semelhante entre meninos e meninas.
A terceira hipótese considerou a associação entre as provas experimentais,
buscando a compreensão de como essas análises atuam sobre esse heterogêneo grupo
que é o TF (Powell, 2008).
Houve associação entre o PCC-R e o índice I, índice OE e E evidenciando
que a crianças mais graves são também mais inconsistentes, apresentam mais
produções múltiplas de uma mesma palavra e mais sons ausentes de seu inventário. É
118
interessante destacar que as crianças que realizaram a prova de estimulabilidade por
apresentarem sons ausentes do inventário fonético (GP 1), mesmo sendo mais graves
que o GP 2 e GC, foram na sua maioria estimuláveis. Das 27 crianças que realizam a
E, apenas cinco não foram estimuláveis. Isso sugere que em sua maioria a criança
com TF com som ausente do inventário não tem dificuldade em produzir o som, mas
sim na sua utilização na comunicação, um ato complexo que envolve a seleção da
palavra no léxico, a organização morfo-sintático-semântica, a programação
fonológica e a fonética. Ao contrário, as cinco crianças que não foram estimuláveis,
demonstram ter dificuldades específicas na produção e este aspecto deve considerado
na escolha do modelo terapêutico.
A associação entre os índices I e OE mostrou que as duas medidas indicam o
funcionamento do sistema lingüístico no que diz respeito à programação fonológica.
Das 38 crianças que foram inconsistentes no índice I, 36 apresentaram erros no
índice OE.
Os índices PCC-R, I e OE são medidas que analisam o aspecto cognitivo-
linguístico, a organização do som no sistema lingüístico da criança e todas se
mostraram associadas.
A independência dos índices I e OE em relação à estimulabilidade mostra que
são medidas complementares e essenciais para a compreensão da programação
fonológica e que a estimulabilidade é uma medida da produção da fala e demonstra
acessar outros componentes da complexa atividade envolvida na fala. Essa questão
ficou evidente nos cinco sujeitos que não foram estimuláveis e apresentaram fala
consistente, o que mostra que essas medidas conseguem separar os sujeitos com TF
com predomínio de déficit cognitivo-linguístico ou de produção de sons. Dos sujeitos
119
não estimuláveis, dois não apresentaram produções variadas no índice OE e, três
apresentaram, corroborando que o índice I parece ser mais sensível que o de CE.
Os processos fonológicos que se mostraram associados à inconsistência de
fala, demonstraram que a dificuldade na programação fonológica está principalmente
relacionada às classes de sons como palatais, líquidas, encontros consonantais,
plosivas e fricativas sonoras.
Considerando a programação motora da fala, ao aprender o sistema de sons
da Língua e a maneira como as sequências de sons ocorrem, a criança sofre
influência dos aspectos sensório/motores maturacionais e também das interações com
os outros níveis de planejamento da comunicação como o gramatical, o
morfo/fonológico, o fonológico/fonético, o pragmático e esses níveis também
envolvem diferentes velocidades de processamento (Munhall, 2001; Poeppel e
Hickok, 2004).
A produção das palavras de diferentes formas detectadas no índice OE,
demonstrou mais erros nas consoantes finais. Este fato aponta para o envolvimento
do componente fonotático na consistência da produção, um aspecto que merece ser
investigado em pesquisas futuras (Velleman, 2002).
A estimulabilidade mostrou-se mais fortemente relacionada às classes de sons
como palatais, líquidas e consoantes sonoras plosivas e fricativas e, mostrou valores
marginais para PV e SEC. Os sons palatais, líquidos e sonoros apareceram mais
frequentemente alterados pela ocorrência de PF nas crianças do GP 1, aquelas que
apresentaram sons ausentes. Este fato assinala que a criança com TF, com
dificuldade de produção, tem maior dificuldade de produzir sons palatais e líquidos
que estão entre os últimos a serem adquiridos e requerem gestos articulatórios
120
complexos. Os ensurdecimentos são freqüentes no PB, diversamente do inglês, e esta
evidência pode contribuir na compreensão de que esses sons demandam gestos
articulatórios que a criança com TF nem sempre é hábil para realizar. Investigações
como a análise acústica, diadococinesia e a eletroglotografia podem contribuir para a
elucidação dos aspectos explicativos da alta ocorrência de ensurdecimento de
crianças com TF falantes do PB (Gurgueira, 2000; 2006; Wertzner et al, 2007c;
2009).
A regulação do movimento e a aprendizagem de habilidades motoras ocorrem
numa estreita e continua conexão entre ação e percepção que são explicados pela
teoria dos sistemas dinâmicos. Variáveis intrínsecas e extrínsecas se combinam entre
si para reprimir ou facilitar as respostas motoras. Na fala, uma complexa sequência
de contenção e facilitação ocorre no desenvolvimento anatomofisiológico dos órgãos
envolvidos, incluindo efeitos da gravidade, mudanças de massa e da geometria do
trato vocal. A criança produz gestos espontâneos que são aprendidos e refinados,
tornando-se gestos produzidos com acurácia que resultam na produção do som
desejado (Kent, 1999).
Portanto, a sincronia entre percepção e produção permite ajustes que facilitam
a produção correta do som alvo, mesmo com sons que requerem ajustes motores
complexos, os processos motores e os sensoriais mediam o feedback da criança em
desenvolvimento, com ou sem TF.
A evidência de que as crianças que apresentaram sons ausentes são também
mais graves, porém estimuláveis em sua maioria, aponta na direção de que essas
dificuldades são relacionadas à representação mental do som (Powell, 2008),
121
podendo certamente sofrer influência da intensa relação entre a percepção e produção
e a cada tentativa a criança vai refinando essa integração (Kent 1992; 1999).
Os processos fonológicos que se mostraram associados às provas
experimentais também são os processos mais ocorrentes no TF. Isso indica que a
avaliação dos processos fonológicos permite identificar o sujeito com TF e as provas
experimentais propostas neste estudo são importantes instrumentos para a
identificação de diferentes manifestações no processo diagnóstico.
A avaliação da Fonologia permite realizar o diagnóstico do TF, porém o
presente estudo mostrou a ocorrência predominante dos mesmos processos
fonológicos tanto nas crianças inconsistentes e estimuláveis como nas não
estimuláveis e consistentes. Este fato atesta a necessidade de serem aplicadas provas
diagnósticas complementares como a inconsistência de fala e a estimulabilidade, para
tentar compreender os fatores explicativos de dificuldades específicas, centradas na
programação fonológica ou motora da fala.
O TF é complexo e multifacetado e há várias razões para uma criança ter
dificuldade em produzir os sons adequadamente (Powell, 2008). Esta pesquisa
confirmou a heterogeneidade da criança com TF e contribuiu para a identificação de
diferentes subgrupos entre as crianças falantes do PB. A relevância dessas medidas
está diretamente relacionada ao diagnóstico preciso, aproximando-se da desejada
prática em evidência para guiar as decisões clínicas.
Conclusões
123
6. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo permitiram as seguintes conclusões:
¾ Houve predomínio de crianças com TF do gênero masculino, com idade média de
7,6 anos; sendo mais ocorrentes os processos fonológicos SEC, SCF, SL, EF e EP;
¾ A heterogeneidade no TF foi evidenciada em todas as medidas aplicadas. No
PCC-R nota-se que os valores foram maiores e mais homogêneos no GC;
¾ Foram determinados quatro valores de corte para a inconsistência de crianças
falantes do PB considerando idade (5:0 e 7:6 e acima de 7:6 anos) e gênero;
¾ Os índices utilizados para avaliar a consistência dos erros de fala não apresentaram
contribuições no processo diagnóstico;
¾ Dentre as crianças com TF que apresentaram som ausente no seu inventário, a
maioria foi estimulável, evidenciando a habilidade de produzir o som ausente por
imitação e a dificuldade em utilizá-lo em situações comunicativas;
¾ Houve associação entre o PCC-R e a I, CE e E evidenciando que as crianças mais
graves são também mais inconsistentes, apresentam mais produções múltiplas de
uma mesma palavra e mais sons ausentes de seu inventário;
¾ A associação entre I e a CE mostrou que as duas medidas indicam o
funcionamento do sistema lingüístico no que diz respeito à programação
fonológica;
124
¾ As crianças inconsistentes, que tem maior ocorrência de diferentes produções e que
apresentam som ausente do inventario fonético tendem a apresentar os processos
fonológicos FP, SL, SEC, SCF, EP e EF.
¾ A independência da I e da CE em relação à estimulabilidade mostra que são
medidas complementares e essenciais para a compreensão da organização do
sistema fonológico da criança com TF.
As crianças com TF têm um desempenho diferente daquelas com desenvolvimento
dentro das etapas da normalidade e as provas experimentais utilizadas neste trabalho foram
eficazes para evidenciar essas diferenças.
Os resultados desta pesquisa sugerem que a programação fonológica se desenvolve a
cada ano de vida da criança e ocorre de forma diversa entre os gêneros. Já a produção motora
da fala, demonstrou receber influência da maturação de forma semelhante entre meninos e
meninas.
A avaliação da Fonologia permite realizar o diagnóstico do TF, sendo necessária a
aplicação de provas diagnósticas complementares como a inconsistência de fala e a
estimulabilidade para compreender os fatores explicativos de dificuldades específicas,
centradas na programação fonológica ou motora da fala.
Referências
126
7. REFERÊNCIAS
Adler-Bock M, Bernhardt BM, Gick B, Bacsfalvi P. Ultrasound in /r/ Remediation.
Am J Speech Lang Pathol. 2007;16:128–39.
Amaro L. Descrição de distorções dos sons da fala em crianças com e sem
transtorno fonológico[Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo; 2006.
Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: Teste de
linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática.
Carapicuíba: Pró-Fono, 2004.
Bahr RH. Introduction. Top Lang Disord. 2005;25:188-89.
Baker E. Management of speech impairment in children: The journey so far and the
road ahead Advances. Speech Lang Pathol. 2006; 8:156 – 63.
Betz SK, Stoel-Gammon C. Measuring articulatory error consistency in children with
developmental apraxia of speech. Clin Linguist Phon. 2005;19: 53-66.
Bleile K. Evaluating articulation and phonological disorders when the clock is
running. American Journal of Speech-Language Pathology, 11; 243-249, 2002.
Broggio FTO. Desempenho de crianças típicas de 4 a 8 anos de idade : no test of
language development primary 3 adaptado para o português brasileiro.
[Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo; 2005.
Broomfield J, Dodd B. The nature of referred subtypes of primary speech disability.
Child Language Teaching and Therapy. 2004;20:135–51.
Campbell TF, Dollaghan C, Janosky JE, Adelson DP. A Performance Curve for
Assessing Change in Percentage of Consonants CorrectRevised (PCC-R) J Speech
Lan, and Hearing Research 2007; 50:1110–19.
Capovilla FC Treino de consciência fonológica de pré-1 a 2ª série: Efeitos sobre
habilidades fonológicas, de leitura e escrita. Temas sobre Desenvolvimento. São
Paulo. 1998;7:5-15.
Carter ET, Buck MW. Prognostic testing for functional articulation disorders among
children in the first grade. J Speech Hear Disord. 1958;23:124-33.
Castro MM. Estudo da estimulabilidade de crianças com desenvolvimento típico e
com distúrbio fonológico para os fonemas líquidos laterais e vibrante simples.
[dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo; 2004.
127
Castro MM. Distúrbio Fonológico In: Silva PB, David RHF. Cadernos da
FonoaudiÁlogo. Ed. Lovise. 2006:36-40.
Castro MM, Fernandes HR, Wertzner HF. Comparison between speech
inconsistency and the presence of otitis background in Brazilian children with and
without Phonological Disorder. Child Phonology Conference. Austin, USA 2009.
Castro MM, Wertzner HF. Vocabulário fundamental de crianças de 5:0 a 8:11 anos:
fonemas líquidos laterais e vibrante simples do português brasileiro. Rev Bras
Lingüística. 2003;12:121-35.
Castro MM, Wertzner HF. Estimulabilidade dos sons [l, , ] em crianças falantes
do Português Brasleiro com e sem Transtorno Fonológico 13º. Congresso Brasileiro
de Fonoaudiologia. Foz do Iguaçu. 2004.
Castro MM, Wertzner HF. Stimulability in Brazilian Portuguese: production of the
simple vibrant liquid. American Speech-Language-Hearing Association Convention.
2005a.
Castro MM, Wertzner HF. Estimulabilidade dos sons da fala e o uso de auxílios
visual e tátil. 13º. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. Santos. 2005b.
Castro MM, Wertzner HF. Tipos de erro e estimulabilidade das líquidas em crianças
com transtorno fonológico 13º. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. Santos
2005c.
Castro MM, Wertzner HF. Estimulabilidade e tipos de erros de fala. Rev Soc
Fonoaudiol. 2006;11:1-9.
Castro MM, Wertzner HF. Articulatory error consistency in Brazilian Portuguese
children with Phonological Disorder. 27
th
World Congress of the International
Association of Logopedics and Phoniatrics Copenhagen. Dinamarca.
http://www.ialp2007.ics.dk
. 2007a.
Castro MM, Wertzner HF. Estimulabilidade e gravidade em crianças com o
processo fonológico de ensurdecimento. 15º. Congresso Brasileiro de
Fonoaudiologia. Gramado. 2007b.
Castro MM, Wertzner HF. Estimulabilidade e motricidade orofacial em crianças
com simplificação do encontro consonantal. 15º. Congresso Brasileiro de
Fonoaudiologia. Gramado. 2007c.
Castro MM, Wertzner HF. Speech Inconsistency in Phonological Disorders. Child
Phonology Conference. West Lafayette. USA. 2008a.
Castro MM, Wertzner HF. Inconsistency and Severity of Speech in Brazilian
Phonologically Disordered Children. American Speech-Language-Hearing
Association Convention. Chicago, Illinois. 2008b.
128
Castro MM, Wertzner HF. Gênero, idade e inconsistência de fala em crianças com
Transtorno Fonológico. 16º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. Campos do
Jordão. 2008c.
Castro MM, Wertzner HF. Stimulability in Speech Sound Disorders Brazilian
Children . Symposium on Research in Child Language Development. Madison, USA.
2009.
Castro MM, Wertzner HF. Influence of sensory cues on the stimulability of liquid
sounds in Brazilian Portuguese speaking children Folia Phoniatr Logop. (no prelo a).
Castro MM, Wertzner HF. Influência das vogais na estimulabilidade dos sons
líquidos. Rev CEFAC. (no prelo b).
Crosbie S, Holm A, Dodd B. Intervention for children with severe speech disorder: a
comparison of two approaches. Int J Lang Commun Disord. 2005;40:467- 91.
Crosbie S, Pine C, Holm A, Dodd B. Treating Jarrod: A core vocabulary approach.
Advances in Speech–Language Pathology.2006;8:316 – 21.
Dodd B. Procedures for classification of subgroups of speech disorder. In Dodd B.
The differential diagnosis and treatment of children with speech disorder. 49-64.
San Diego, CA: Singular Publishing Group. 1995.
Dodd B. Evidence-Based Practice and Speech-Language Pathology Folia. Phoniatr
Logop. 2007;59:118–29.
Dodd B, Bradford AA. Comparison of three therapy methods for children with
different types of developmental phonological disorder. Int J Lang Commun Disord.
2000;35:189-209.
Dodd B, Holm A, Crosbie S, McComarck P. Differential diagnosis of phonological
disorders. London. Whurr. 2005.
Dodd B, Holm A, Crosbie S, McIntosh B. A core vocabulary approach for
management of inconsistent speech disorder. Advances in Speech–Language
Pathology.2006;8:220 – 30.
Dodd B, Holm A, Hua Z, Crosbie S. Phonological development: a normative study
of British English-speaking children. Clinical Linguistics & Phonetics.2003;17:617-
43.
Dodd B, Leahy J, Hambly G. Phonological disorders in children: underlying
cognitive deficits. British J Develop Psych 1989;7: 55-71.
Dodd B, McComark P. A model of speech processing of phonological disorders. In
Dodd B. The differential diagnosis and treatment of children with speech disorder.
65-89. San Diego, CA: Singular Publishing Group. 1995.
129
DSM IV Diagnostic and Statistical Manual – Fourth Edition. http: Disponível em:
geocities.com/morrison94.
Edwards ML. Clinical Forum: Phonological assessment and treatment in support of
phonological processes. Lang Speech Hear Serv Sch. 1992;23;233-40.
Farquhar MS. Prognostic value of imitative and auditory discrimination tests. J
Speech Hear Disord. 1961;26:342-47.
Fey ME. Clinical forum phonological assessment and treatment. Articulation and
phonology inextricable constructs in speech pathology. Lang Speech Hear Serv Sch.
1992;23: 225-232.
Flipsen JrP, Shriberg LD, Weismer G, Karlsson HB, Mcsweeny JL. Acoustic
phenotypes for speech-genetics studies: Reference data for residual /Z / distortions.
Clin. Ling. Phonetics. 2005;15:603-30.
Fisher LD, Van Belle, G. (1993). Biostatistics. John Wiley & Sons, New York.
Forrest K. Diagnostic criteria of developmental apraxia of speech used by clinical
speech-language pathologists. Am J Speech Lang Pathol. 2003;12:376–80.
Forrest K, Dinnsen D, Elbert M.. Impact of substitution patterns on phonological
learning by misarticulating children. Clin. Ling. Phonetics. 1997;11:63–76.
Forrest K, Elbert M, Dinnsen DA. The effect of substitution patterns on phonological
treatment outcomes. Clinical Linguistics & Phonetics.2000;14:519-31.
Fox AV, Dodd B, Howard D. Risk factors for speech disorders in children. Int J
Lang Commun Disord 2002;37:117–31.
Gierut JA Treatment efficacy: functional phonological disorders in children. J
Speech Hear Res. 1998;41:S85-S100.
Gierut JA Complexity in phonological treatment: clinical factors. Lang Speech Hear
Serv Sch. 2001;32:229-41.
Glaspey AM, Stoel-Gammon, C. Dynamic assessment in phonological disorders: the
scaffolding scale of stimulability. Top Lang Disord. 2005;25:220-30.
Glaspey AM, Stoel-Gammon, C A dynamic approach to phonological assessment.
Advances in Speech–Language Pathology. 2007;4:286–96.
Goffman L. Assessment and classification: an integrative model of language and
motor contributions to phonological development. In: Kamhi AG, Pollock KE.
Phonological disorders in children: clinical making in assessment and intervention
1ed. Virginia: Paul H Brookes Publishing Co. 2005.
130
Goldstein BA. The role of stimulability in the assessment and treatment of Spanish-
speaking children. J Commun Disord. 1996;29: 299-314.
Green JR, Moore CA Reilly KJ. The sequential development of jaw and lip control
for speech. J Speech Lang Hear Res. 2002;45:66-79.
Gurgueira AL. Estudo Acústico dos Fonemas Surdos e Sonoros do Português no
Brasil, em crianças com Distúrbio Fonológico Apresentando o Processo Fonológico
de Ensurdecimento [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo; 2000.
Gurgueira AL. Estudo acústico do voice onset time e da duração da vogal na
distinção da sonoridade dos sons plosivos em crianças com transtorno fonológico
[Tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo; 2006.
Herrero SF. Perfil das Crianças pré-escolares e escolares no teste de sensibilidade
fonológica. [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo; 2001.
Herrero, SF Desempenho de crianças com distúrbio fonológico no Teste de
Sensibilidade Fonológica e de Leitura e Escrita [Tese]. São Paulo: Faculdade de
Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo; 2007.
Hodson BW. APP-R The assessment of phonological processes Revised (Examiner’s
manual). Pro-ed. Austin, Texas. 1986.
Hodson BW. Evaluating and enhancing children´s phonological systems: research
and theory to practice. 1.ed. Greenville: Thinking Publications. 2007 231p.
Hodson BW, Paden EP Targeting Intelligible Speech: a phonological approach to
remediation , 2
nd
ed. Austin: Pro-Ed, 1991.
Hodson BW, Scherz JA, Strattman KH. Evaluating communicative abilities of a
highly unintelligible preschooler. Am J Speech Lang Pathol. 2002;11:236-42.
Hoffman PR, Norris JA. Phonological assessment as an integral part of language
assessment. Am J Speech Lang Pathol. 2002;11:230-35.
Holm A, Crosbie S, Dodd B. Differentiating normal variability from inconsistency in
children’s speech: normative data. Int J Lang Commun Disord.2007;42:467–86.
Holm A, Farrier F, Dodd B. Phonological awareness, reading accuracy and spelling
ability of children with inconsistent phonological disorder. Int J Lang Commun
Disord.2008;43:300-22.
131
Ingram D. Phonological disability in children: studies in language disability and
remediation 2.ed London. Edward Arnold, 1976.
Ingram D. The measurement of whole-word productions. J Child Lang 2002;29:713-
33.
Ingram D, Ingram KD. A whole-word approach to phonological analysis and
intervention. Lang Speech Hear Serv Sch. 2001;32:271-83.
Kent RD: The biology of phonological development. In Ferguson CA, Menn L,
Stoel-Gammon C: Phonological development: models, research, implications.
Timoniun, Maryland, York Press 1992.
Kent RD. Motor control: neurophysiology and functional development. In: Caruso A,
Strand E. Clinical management of motor speech disorders in children. Thieme
Medical Publishers 1999, pp 29-70.
Khan LM. The sixth view: assessing preschooler’s articulation and phonology from
the trenches. Am J Speech Lang Pathol. 2002;11:250-54.
Khan LM. A Review of 16 Major Phonological Processes. Language, Speech, and
Hearing Services in School. 1982.;13:66-76.
Lof, GL Factors associated with stimulability. J Commun Disord. 1996;29:255-78.
Lowe RJ. Avaliação e intervenção: aplicações na patologia da fala. Ed. Artes
Médicas. Trad. Marcos A.G.Domingues. Porto Alegre, 237p. 1996.
Matumoto MAS. O uso dos processos fonológicos em crianças de 4:0 a 5:0 anos
com diagnóstico de distúrbio articulatório. [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de
Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo; 1999.
McIntosh B, Dodd B. Evaluation of Core Vocabulary intervention for treatment of
inconsistent phonological disorder: Three treatment case studies. Child Language
Teaching and Therapy.2008;24:307–27.
Miccio AW. Clinical problem solving: assessment of phonological disorders. Am J
Speech Lang Pathol. 2002;11:221-29.
Miccio AW. Componentes of phonological assessment. In: Kamhi AG, Pollock KE.
Phonological disorders in children: clinical making in assessment and intervention
1ed. Virginia: Paul H Brookes Publishing Co. 2005.1; 35-42.
Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M.
Consciencia Fonológica: instrumento de avaliação seqüencial confias. São Paulo.
Casa do Psicólogo 2003.
132
Mota HB. Terapia fonoaudiológica para os desvios fonológicos. Rio de Janeiro
Revinter. 109p. 2001.
Munhall KG. Functional imaging during speech production. Acta Psychologica,
2001.107; 95-117.
Neter J, Kutner MH, Nachtsheim CJ, Li W. Applied Linear Statistical Models. Irwin,
Chicago.2005.
Oliveira MMF, Wertzner HF. Estudo do distúrbio fonológico em crianças. Rev Soc
Fonoaudiol. 2000;7:68-75.
Pagan LO. Estudo das líquidas laterais e vibrantes em crianças com distúrbio
fonológico: análise acústica e articulatória [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de
Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo; 2003.
Pagan-Neves LO Descrição acústico-articulatória e perceptiva das líquidas do
Português Brasileiro produzidas por crianças com e sem transtorno fonológico.
[Tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo; 2008.
Papp ACCS. Um estudo sobre a relação do aspecto familial e o distúrbio fonológico.
[Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo; 2003.
Papp ACCS, Wertzner HF. Familial aspect and phonological disorder (original title:
O aspecto familial e o transtorno fonológico). Pró-Fono Revista deAtualização
Científica.2006;18:151-60.
Papp ACCS Características Fonológicas e Genéticas do Distúrbio Fonológico.
[Tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo; 2008.
Park SH, Goo JM, Jo CH. (2004). Receiver Operating Characteristic (ROC) Curve:
Practical Review for Radiologists. Korean Journal of Radiology.2004; 5:11-18.
Peña-Brooks A, Hedge MN. Assessment and treatment of articulation and
phonological disorders in children. Pro-ed. Austin, Texas. 688p. 2000.
Poeppel, D, Hickok, G Towards a new functional anatomy of language. Cognition.
2004;1-12.
Powell TW, Elbert M, Dinnsen DA. Stimulability as a factor in the phonological
generalization of misarticulating preschool children. J Speech Hear Res.
1991;34:1318-28.
Powell TW, Miccio AW. Stimulability: a useful clinical tool. J Commun
Disord.1996;29:237-53.
133
Powell TW. Clinical Forum Prologue The Use of Nonspeech Oral Motor Treatments
for Developmental Speech Sound Production Disorders: Interventions and
Interactions. Language, Language, Speech, and Hearing Services in
Schools.2008;39:374–79.
Rvachew S, Rafaat S, Martin M. Stimulability, Speech Perception Skills, and the
Treatment of Phonological Disorders Am J Speech Lang Pathol. 1999;8:33-43.
Rvachew S. Stimulability and treatment success. Top Lang Disord. 2005;25:207-19.
Salvatti ACC, Galea DES, Wertzner HF. Caracterização de crianças com distúrbio
fonológico quanto ao sexo e idade. In: Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 8.
Recife. Resumos. São Paulo: [s.n.], p.107. 2000.
Scheuer CI, Befi-Lopes DM, Wertzner HF. Desenvolvimento da linguagem: uma
introdução. In: Limongi SCO. Fonoaudiologia informação para a formação
Linguagem: desevolvimento normal, alterado e distúrbios. Rio de Janeiro.
Guanabara Koogan.1-18. 2003.
Shriberg L, Aram D, Kwiatkowski J. Developmental apraxia of speech II: toward a
diagnostic marker J Speech Lang Hear Res.1997a;40: 286-312.
Shriberg LD, Austin D, Lewis BA, Mcsweeny JLE Wilson DL. The percentage of
consonants correct (PCC) metric: extensions and reliability data. J Speech Hear Res
1997b;40:708-22.
Shriberg LD, Flipsen Jr P, Kwiatkowski J, Mcsweeny JL. A diagnostic marker for
speech delay associated with otitis media with effusion: the intelligibility-speech gap.
Clin. Ling. Phonetics. 2003a;17:507-28.
Shriberg LD, Kent RD, Karlsson HB, Mcsweeny JL, Brown RL. A diagnostic
marker for speech delay associated with otitis media with effusion: backing of
obstruents. Clin. Ling. Phonetics. 2003b;17: 529-47.
Shriberg LD, Kwiatkowski J. Phonological Disorders III: a procedure for accessing
severity of involvement. J Speech Hear Disord. 1982;47:256-70.
Shriberg LD, Lewis BD, Tomblin JB, McSweeny JL, Karlsson BK, Scheer AR.
Toward Diagnostic and Phenotype Markers for Genetically Transmitted Speech
Delay. J Speech Hear Res;2005;48: 834–52.
Simões VF Estudo do Desempenho de Crianças das Séries Iniciais do Ensino
Fundamental I em testes de Leitura, Escrita e Nomeação Rápida[Dissertação]. São
Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo; 2006.
Skahan SF, Watson M, Lof GL. Speech-Language Pathologists' Assessment
Practices for Children With Suspected Speech Sound Disorders: Results of a
National Survey. Am J Speech Lang Pathol. 2007;16:246-59.
134
Tyler AA. Assessing stimulability in toddlers. J Commun Disord. 1996;29:279-97.
Tyler A, Lewis K, Welch C. Predictors of phonological change following
intervention. Am J Speech Lang Pathol. 2003;12:289-98.
Tyler AA, Tolbert LC. Speech-Language Assessment in the Clinical Setting. Am J
Speech Lang Pathol. 2002;11:215-20.
Velleman SL Phonotatic therapy. Seminars in speech and language. 2002.;23:43-55.
Wertzner HF Estudo da aquisição do sistema fonológico: o uso de processos
fonológicos em crianças de três aos sete anos. Pró-Fono.1995;7:21-6.
Wertzner HF. O distúrbio fonológico em crianças falantes do português: descrição e
medidas de severidade. [Livre Docência]. São Paulo: Faculdade de Medicina.
Universidade de São Paulo; 2002.
Wertzner HF. Distúrbio Fonológico. In: Limongi SCO. Linguagem: desenvolvimento
normal, alterações e distúrbios. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2003.
Wertzner HF. Fonologia: Desenvolvimento e alterações. In: Befi-Lopes D, Picolotto,
L, Puppo AC. Tratado de Fonoaudiologia.772-85.São Paulo,SP: Roca 2004a.
Wertzner HF. Fonologia. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM,
Wertzner HF. ABFW Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia,
vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba, Pró-Fono, 2004b.
Wertzner HF, Alves RR,
Ramos ACO. Análise do desenvolvimento das habilidades
diadococinéticas orais em crianças normais e com transtorno fonológico. Rev soc
bras fonoaudiol. 2008a;13: 136-42.
Wertzner HF, Amaro L, Teramoto SS Severity of phonological disorders –
perceptual judgement and percentage of correct consonants (original title: Gravidade
do disturbio fonologico – julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes
corretas). Pró-fono 17(2):185-194, 2005.
Wertzner HF, Consorti T. Processos fonológicos detectados em crianças de sete a
oito anos. Pró-Fono. 2004.16;275-82.
Wertzner HF, Galea DES, Almeida RC. Use of Five Phonological Processes in
Brazilian Children. American Speech-Language-Hearing Association Convention.
Washington. 2000.
Wertzner HF, Herrero SF, Pires SCF, Ideriha PN. Classificação do distúrbio
fonológico por meio de duas medidas de análise: Porcentagem de Consoantes
Corretas (PCC) e Índice de Ocorrência dos Processos (PDI). Pró-Fono 2001;13:90-7.
135
Wertzner HF, Pagan-Neves LO, Castro MM. Análise acústica e índice de
estimulabilidade sons líquidos do português brasileiro. Rev. CEFAC. 2007a;9:339-
50.
Wertzner HF, Pagan LO, Galea DES, Papp ACCS. Características fonológicas de
crianças com transtorno fonológico com e sem histórico de otite média. Rev Soc Bras
Fonoaudiol. 2007b;12:41-7.
Wertzner HF, Ramos ACO, Almeida A. Quociente de abertura das pregas vocais em
sujeitos com transtorno fonológico. 15º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia,
Gramado, 2007c .
Wertzner HF, Galea DES, Papp ACCS. Picture naming and imitation tests as tools
for the diagnosis of phonological disorder (original title: Provas de nomeação e
imitação como instrumentos de diagnóstico do transtorno fonológico). Pró-Fono
Revista de Atualização Científica.2006; 18:303-12.
Wertzner HF, Rehem LO, Castro MM. Diadochokinesia in children with
Phonological Disorders in the presence of phonological processes of liquid
simplification and devoicing. Child phonology Conference, Austin, USA. 2009.
Williams AL. Epilogue: perspectives in the assessment of children’s speech. Am J
Speech Lang Pathol. 2002;11:259-63.
__________________
* De acordo com:
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver).
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação. Guia de
apresentação de dissertações, teses e monografias da FMUSP. Elaborado por Anneliese Carneiro da
Cunha, Maria Julia A.L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de S. Aragão, Suely C. Cardoso, Valéria
Vilhena. 2a ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2005.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.
ANEXO A – Questionário aos pais
1. Identificação Data:__________
Nome da criança:_____________________________________ Sexo:___________
Natural de:______________ Data Nasc.: _________________ Idade:__________
Nome do pai: _________________________________________________________
Natural de: ______________ Data Nasc.:__________________ Profissão: _______
Nome da mãe: ________________________________________________________
Natural de: ______________ Data Nasc.:__________________ Profissão: _______
Endereço: ___________________________________________ Fone:___________
Cidade: ________________ Estado: ________________
Irmãos: Sim ( ) Não ( ) Quantos? _______________________
Nome: _________________ Sexo: Masc.( ) Fem. ( ) Idade: ___________
Nome: _________________ Sexo: Masc.( ) Fem. ( ) Idade: ___________
Nome: _________________ Sexo: Masc.( ) Fem. ( ) Idade: ___________
Nome: _________________ Sexo: Masc.( ) Fem. ( ) Idade: ___________
Língua mais falada pela família: Português ( ) Outra:_______________________
Por qual(is) membro(s) da família:_________________________________________
2. Antecedentes orgânicos
Teve algum problema durante a gestação? Sim ( ) Não ( ) Qual? _____
Teve algum problema no nascimento? Sim ( ) Não ( ) Qual?_____
Quando seu filho começou a andar? Até 1 ano ( ) Até 1 ano e 2 meses ( )
Até 1 ano e meio ( ) Após 1 ano e meio ( )
Tem ou teve problemas para movimentar as partes do corpo? Sim ( ) Não ( )
Tem ou teve dificuldades para alimentar-se sozinho, vestir-se sozinho, escovar
os dentes, tomar banho? Sim ( ) Não ( )
3. Antecedentes familiares
Há casos de alterações de fala ou comunicação na família? Sim ( ) Não ( )
Qual problema? Fala pouco e usa gestos ( ) Troca sons na fala ( )
Troca letras na escrita ( ) Dificuldade de Audição ( )
Alteração de voz ( ) Gagueira ( ) Outros __________________________________
Grau de parentesco: Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Tios ( ) Primos ( )
4. Antecedentes físicos:
Alimentação
Recebeu aleitamento natural? Sim ( ) Não ( ) Até que idade? _______
Fez uso de mamadeira? Sim ( ) Não ( ) Até que idade? _______
Tem ou teve dificuldades para se alimentar? Sim ( ) Não ( )
Dentição
Tem ou teve problemas de dentição? Sim ( ) Não ( ) Qual? __________
Tem hábito de chupar chupeta? Sim ( ) Não ( )
Tem hábito de ranger os dentes? Sim ( ) Não ( )
Tem hábito de chupar dedo? Sim ( ) Não ( )
5. Dados de audição
Tem ou teve episódios de otites (dor de ouvido)? Sim ( ) Não ( )
Quantos? ________ Idade_________
Já realizou avaliação de audição? Sim ( ) Não ( )
Resultado: Normal ( ) Alterado ( ) Quando?_________ Onde? _________
6. Desenvolvimento da linguagem
Quando falou as primeiras palavras? Antes de andar ( ) Depois de andar ( )
Quando falou as primeiras frases (“Dá papa/ Qué nana”)? _______________
Era compreendido quando começou a falar? Sim ( ) Não ( )
Por Quem? Pais ( ) Pessoas próximas ( ) Estranhos ( )
Atualmente é compreendido? Sim ( ) Não ( )
Tem ou teve alterações de fala? Sim ( ) Não ( ) Qual alteração?
Comunicação ( ) Voz ( ) Leitura/Escrita ( ) Outra? _________
Já realizou tratamento fonoaudiológico? Sim ( ) Não ( )
7. Evolução clínica:
Tem ou teve problemas de saúde? Sim ( ) Não ( ) Qual? __________
Faz ou já fez tratamento médico? Sim ( ) Não ( ) Qual? __________
Tem ou teve problemas respiratórios? Sim ( ) Não ( ) Qual? __________
8. Atual
Sono
O sono é tranquilo? Sim ( ) Não ( )
Dorme durante o dia? Sim ( ) Não ( )
Escolaridade:
Tem ou teve problemas de adaptação? Sim ( ) Não ( )
Tem ou teve dificuldades de aprendizado? Sim ( ) Não ( )
Nome da Escola: _________________________________
Queixas escolares: Sim ( ) Não ( ) Quais?____________________
Socialização:
Gosta de que tipo de brincadeira? Jogos ( ) Bola ( ) Tv ( ) Outros ______
Brinca com outras crianças? Sim ( ) Não ( )
Prefere brincar: Com crianças da mesma idade ( ) Com crianças maiores ( )
Com crianças menores ( ) Sozinha ( ) Adultos ( )
Observações:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
ANEXO B Questionário aos professores
Srs. Professores,
Estamos selecionando as crianças que preenchem as características do critério de
inclusão para participação na pesquisa: Instrumentação para o diagnóstico do
Transtorno Fonológico.
Sua participação é de extrema importância para a seleção inicial dessas crianças.
Assim, solicitamos que respondam às perguntas sobre as crianças.
Agradecemos a sua colaboração e estamos à disposição para esclarecimentos
necessários no fone 3091-8417 Márcia Castro.
Identificação Data:__________
Nome da criança:_________________________________ Sexo:__________
Nome do(a) prof(a): _______________________________ Série:___________
1. Você percebeu se a criança:
Responde prontamente quando é chamada? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Distrai-se com ruídos ou conversas? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Entende sem dificuldades o que você está ensinando? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Fala sem trocar sons? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Sua fala é compreensível? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Lê de acordo com o esperado para a série em que está? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Escreve de acordo com o esperado para a série em que está? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Tem dificuldade em matemática? Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
2. Você considera que a criança acompanha, em média, o desempenho da classe?
Sim ( ) Não ( )
3. Você nota que a criança:
Está alegre Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Está deprimida Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Está agressiva Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Brinca com os amigos Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Isola-se dos amigos Sim ( ) Não ( ) Ás vezes?( )
Observações:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Anexo C Roteiro de avaliação do sistema miofuncional
NOME: ______________________________________________________DATA NASC: ____/____/____
IDADE: _____ DATA DO EXAME: ___/___/___
1. POSTURA DE REPOUSO
Lábios: ______________________________________ Língua: _______________________________
2. MOBILIDADE:
Lábios: ( ) protusão ( ) retração lateral D ( ) retração lateral E
( ) retração lateral simétrica ( ) vibração ( ) contração
Língua: ( ) laterização interna D ( ) laterização interna E ( ) elevação
( ) laterização externa D ( ) laterização externa E ( ) abaixamento
( ) protusão em ponta ( ) retração ( ) vibração
3. TONICIDADE LABIAL:
( ) hipotonia ( ) hipertonia ( ) adequado
4. FREIOS:
Labial: ( ) adequado ( ) Longo
Lingual: ( ) adequado ( ) Longo
5. PALATO DURO:
( ) adequado ( ) alto ( ) estreito
6. PALATO MOLE E ÚVULA:
Aspecto: ( ) adequado ( ) desviado
Mobilidade: ( ) sim ( ) não
7. DENTIÇÃO:
Higiene: ( ) boa ( ) regular ( ) ruim
Cáries: ( ) sim ( ) não
Ausência de dentes: ( ) sim ( ) não
8. TIPO DE OCLUSÃO:
( ) adequada ( ) cruzada ( ) aberta ( ) overjet ( ) prognatismo ( ) sobremordida
9. MASTIGAÇÃO:
Mandíbula: ( ) rotação ( ) abertura ( ) fechamento
Contração de Masseteres: ( ) forte ( ) fraca
Contração de Temporais: ( ) forte ( ) fraca
Uso preferencial de um lado: ( ) direito ( ) esquerdo
10. DEGLUTIÇÃO:
Interposição da Língua Participação do musc.oral Contração de masseteres
Líquido: ( ) ( ) ( )
Saliva: ( ) ( ) ( )
Sólidos: ( ) ( ) ( )
11. RESPIRAÇÃO
( ) oral ( ) nasal ( ) mista
Anexo D Carta explicativa aos pais
São Paulo, 08 de agosto de 2006.
Senhores Pais,
Convidamos seu filho(a) que tem o desenvolvimento de fala normal a fazer parte
de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Doutorado em Ciências da Reabilitação
do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo, que será realizado no Laboratório de Investigações
Fonoaudiológicas em Fonologia.
A pesquisa a ser realizada pretende verificar se crianças com desenvolvimento
normal da fala e linguagem têm resultados diferentes crianças que apresentam
dificuldade em algumas tarefas de movimentação dos órgãos da face (lábios, língua,
bochechas etc), nomeação de figuras, imitação de sílabas, palavras e elaboração oral a
partir de um livro de história infantil.
Essa observação ocorrerá na própria escola durante o período de aula. Segue em
anexo um questionário com dados sobre o desenvolvimento de seu filho que solicitamos
a gentileza de responderem e devolverem à escola o mais breve possível.
Caso os senhores encontrem alguma dificuldade em responder qualquer questão,
por favor entrem em contato, pois poderemos esclarecer a dúvida pessoalmente ou por
telefone. Assim liguem para 3091-8417 para falar com Márcia M. de Castro.
Se os senhores concordarem com a participação de seu (sua) filho(a) na
pesquisa, por favor assinem o Termo de consentimento livre e esclarecido em anexo.
Agradecemos desde já sua colaboração e esclarecemos que após a verificação de
todas as crianças participantes, enviaremos um relatório sobre o desempenho de seu
(sua) filho (a) nos testes realizados.
Atenciosamente
Márcia Mathias de Castro Profª Drª Haydée Fiszbein Wertzner
CRFª 5635 SP Coordenadora do LIF Fonologia
CRFª 0941 SP
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
C
AIXA POSTAL, 8091 SÃO PAULO - BRASIL
Anexo E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Instruções para preenchimento no verso)
_______________________________ GRUPO CONTROLE __________________________
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. NOME DO PACIENTE .:............................................................................. ...........................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M
F
DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO ................................................................................. Nº ........................... APTO: ..................
BAIRRO: ........................................................................ CIDADE .............................................................
CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............) ......................................................................
2.RESPONSÁVEL LEGAL ..............................................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ..................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M
F
DATA NASCIMENTO.: ....../......./......
ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO: .............................
BAIRRO: ................................................................................ CIDADE: ......................................................................
CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)..................................................................................
________________________________________________________________________________________________
II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Estimulabilidade, consistência de fala, diadococinesia e motricidade
orofacial no transtorno fonológico.
PESQUISADOR:
Profª Drª Haydée Fiszbien Wertzner
CARGO/FUNÇÃO: Profª Associada – MS5. INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL N. 0941
UNIDADE DO HCFMUSP: Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional.
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
SEM RISCO
RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como consequência imediata ou tardia do estudo)
4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 36 MESES
________________________________________________________________________________________________
III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA CONSIGNANDO:
A fala de seu filho(a), que é normal, será comparada com a fala das crianças com alteração. Será
feito um questionário com os pais sobre a saúde de seu filho(a) e em seguida, a avaliação da fala da
criança. A avaliação será através de diálogo, atividades de imitação de palavras, de sílabas e nomeação de
figuras. Serão observadas a postura e movimentação dos órgãos da face. As atividades serão filmadas e
gravadas. Nenhum risco é esperado. Os benefícios serão conhecer as semelhanças e diferenças da fala
das crianças normais e com alterações de fala, com o objetivo de aprimorar o tratamento. Caso haja
necessidade de tratamento fonoaudiológico os dados coletados na avaliação fonoaudiológica serão
utilizados para o planejamento do atendimento fonoaudiológico e o seu filho(a) será encaminhado para
tratamento.
________________________________________________________________________________________________
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA
PESQUISA CONSIGNANDO:
A qualquer momento o responsável pela criança poderá procurar a pesquisadora para tirar quaisquer
dúvidas quanto às provas usadas na testagem, bem como nas gravações realizadas. O responsável pela
criança poderá decidir não fazer parte do estudo, sendo que, caso seja detectada alguma alteração de
linguagem a criança será encaminhada para o tratamento fonoaudiológico da forma habitual. Os dados da
criança serão utilizados somente para pesquisa sendo mantido o sigilo e a privacidade. Não é esperado
nenhum dano à saúde com a aplicação das provas de imitação de fala e nomeação. Não são esperados
danos à saúde decorrentes da pesquisa.
______________________________________________________________________________________
_
V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS
E REAÇÕES ADVERSAS.
Profª Drª Haydée Fiszbein Wertzner. Rua Cipotanea ,51 – Butantã - São Paulo - Fone: 3091-7455.
________________________________________________________________________________________________
VI.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado,
consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa
São Paulo, de de 200 .
__________________________________________ _____________________________________
assinatura do sujeito da pesquisa ou responsável legal assinatura do pesquisador
(carimbo ou nome Legível)
Anexo F
Nome: Data de nascimento:
Idade: Data da avaliação:
Estímulo Nomeação 1 Nomeação 2 Nomeação 3 Nomeação 4 Obs. Classificação
árvore
futebol
escola
trem
placa
menino
livro
bola
passarinho
palhaço
azul
cachorro
tigela
zebra
flor
ioiô
xale
vela
remédio
computador
bicicleta
papagaio
bandeira
índio
Prova de inconsistência de fala
Anexo G
Nome: Data de nascimento:
Idade: Data da avaliação:
Estímulo Nomeação 1 Nomeação 2 Nomeação 3 Nomeação 4 Obs. Classificação
árvore
futebol
escola
trem
placa
menino
livro
bola
passarinho
palhaço
azul
cachorro
tigela
zebra
flor
ioiô
xale
vela
remédio
computador
bicicleta
papagaio
bandeira
índio
Prova de consistência fos erros de fala
Anexo H
Prova de Estimulabilidade
Nome: Data de nasc.:
Nº: Data avaliação:
Imitação de palavras
Som
Transcrição E
Som
Transcrição E
Som
Transcrição E
Som
Transcrição E
Anexo Ia Figuras da prova de inconsistência de fala
Anexo Ib Figuras da prova de inconsistência de fala
Anexo Ic Figuras da prova de inconsistência de fala
Anexo Id Figuras da prova de inconsistência de fala
Anexo Ie Figuras da prova de inconsistência de fala
Curso de Fonoaudiologia - FMUSP
Investigação Fonoaudiológica em Articulação
Anexo J
DATA:______________________ Estagiária:__________________________
R.G. do responsável:______________________________________________
1. Identificação pessoal:
Nome:__________________________________________________________________
D.N.:_____________________ Idade:________________Sexo:________________
Nacionalidade:____________________Naturalidade:____________________________
Nome mãe:______________________________________________________________
D.N.:___________________ Idade:________________Profissão:__________________
Nome pai:_______________________________________________________________
D.N.:___________________ Idade:________________Profissão:__________________
Endereço:_______________________________________________________________
________________________________________________________________________
Telefone:________________________________________________________________
Irmãos:_________________________________________________________________
Língua mais falada pelos pais:_______________________________________________
Parentesco entre os pais:____________________________________________________
Informações fornecidas por:_________________________________________________
Familiares com antecedentes de alteração de linguagem: ( ) sim ( ) não
Tipo de alteração familiar?
( ) troca letra na escrita ( ) troca letra na fala ( ) gagueira ( ) demorou para falar
( ) patologia congênita ( ) patologia adquirida ( ) outros.
Especifique______________________________________________________________
Qual é o parentesco?
( ) pai ( ) mãe ( ) irmão ( ) irmã ( ) tio paterno ( ) tia paterna
( ) tio materno ( ) tia materna ( ) primo materno ( ) prima materna
( ) primo paterno ( ) prima paterno ( ) avó materna ( ) avô materno
( ) avó paterno ( ) avô paterno
2.Queixa:________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3. Indicação:_____________________________________________________________
________________________________________________________________________
4. Antecedentes:
Gestação e parto:
doenças_______________________________________________________________
medicamentos__________________________________________________________
parto ( ) normal ( ) cesária ( ) forceps
Obs:_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5. Alimentação:
Aleitamento natural: ( ) sim ( ) não
início - término -
Aleitamento artificial: ( ) sim ( ) não
início - término -
bico - furo -
Hábitos alimentares atuais:__________________________________________________
________________________________________________________________________
6. Hábitos:
Chupeta ( ) sim ( ) não
início - término -
Dedo ( ) sim ( ) não
início - término -
Outros:_________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7. Desenvolvimento motor:
Engatinhar:______________________Andar:___________________________________
Sentar:__________________________________________________________________
Atividades habituais:
vestir-se ( ) despir-se ( ) banhar-se ( ) alimentar-se ( )
abotoar ( ) desabotoar ( ) amarrar ( ) desamarrar ( )
destro ( ) canhoto ( )
Controle de esfíncteres:
anal____________________diurno___________________noturno________________
8. Desenvolvimento linguagem:
Balbucio:________________________________________________________________
1ª Palavras:______________________________________________________________
Era compreendido?______________________________________________________
Por quem? ____________________________________________________________
Tipo de comunicação atual:_________________________________________________
É compreendido?_______________________________________________________
Por quem?_____________________________________________________________
Atitude da criança quando não é compreendido _______________________________
________________________________________________________________________
9. Relação social:
Com pais e irmão:_________________________________________________________
________________________________________________________________________
Com outros adultos:_______________________________________________________
________________________________________________________________________
Com outras crianças:_______________________________________________________
________________________________________________________________________
Preferência em brincadeiras: sozinha ( )
crianças mesma idade ( )
crianças mais velhas ( )
crianças menores ( )
adultos ( )
10. Evolução clínica:
Doenças infantis (quais):___________________________________________________
otites ( ) sim ( ) não ocorrência_____________________________
________________________________________________________________________
problemas respiratórios ( ) rinite ( ) sinusite
( ) bronquite ( ) outros ____________________
Complicações:____________________________________________________________
________________________________________________________________________
Tratamentos:_____________________________________________________________
________________________________________________________________________
Medicamentos:___________________________________________________________
________________________________________________________________________
Hospitalizações (quando, porquê, tempo):______________________________________
________________________________________________________________________
11. Relacionamento familiar:
Atitude dos pais: ( ) consistentes ( ) castigos
( ) prêmios ( ) limites
12. Escolaridade:
Frequenta escola: ( ) sim ( ) não
Nome escola:_____________________________________________________________
Nome professor:__________________________________________________________
Telefone para contato:_____________________________________________________
Idade em que ingressou:____________________________________________________
Interesse:________________________________________________________________
Frequência:______________________________________________________________
Rendimento:_____________________________________________________________
Dificuldades especiais (quais):_______________________________________________
Reprovações:_____________________________________________________________
Reação dos pais frente à dificuldade escolar:____________________________________
Observações:____________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
______________________________ ________________________________
ESTAGIÁRIA PROFa. RESPONSÁVEL
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
C
AIXA POSTAL, 8091 SÃO PAULO - BRASIL
Anexo K
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Instruções para preenchimento no verso)
________________GRUPO COM TRANSTORNO FONOLÓGICO________________
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. NOME DO PACIENTE .:............................................................................. ...........................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M
F
DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO ................................................................................. Nº ........................... APTO: ..................
BAIRRO: ........................................................................ CIDADE .............................................................
CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............) ......................................................................
2.RESPONSÁVEL LEGAL ..............................................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ..................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M
F
DATA NASCIMENTO.: ....../......./......
ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO: .............................
BAIRRO: ................................................................................ CIDADE: ......................................................................
CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)..................................................................................
________________________________________________________________________________________________
II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Estimulabilidade, consistência de fala, diadococinesia e motricidade
orofacial no transtorno fonológico.
PESQUISADOR:
Profª Drª Haydée Fiszbien Wertzner
CARGO/FUNÇÃO: Profª Associada – MS5. INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL N. 0941
UNIDADE DO HCFMUSP: Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional.
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
SEM RISCO
RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como consequência imediata ou tardia do estudo)
4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 36 Meses
________________________________________________________________________________________________
III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA CONSIGNANDO:
A fala de seu filho(a) que é alterada, será comparada com a fala de crianças normais. Para
conhecerr as diferenças e dificuldades. Será feito um questionário aos pais, sobre a saúde de seu filho(a) e
em seguida, a avaliação da fala da criança. A avaliação será através de diálogo, atividades de imitação de
palavras, de sílabas e nomeação de figuras. Serão observadas a postura e movimentação dos órgãos da
face. As atividades serão filmadas e gravadas. Nenhum risco é esperado. Os benefícios serão conhecer as
semelhanças e diferenças da fala das crianças normais e com alterações de fala, com o objetivo de
aprimorar o tratamento. Os dados coletados na pesquisa serão informados ao fonoaudiológico que trata(rá)
o seu filho(a).
________________________________________________________________________________________________
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA
PESQUISA CONSIGNANDO:
A qualquer momento o responsável pela criança poderá procurar a pesquisadora para tirar
quaisquer dúvidas quanto às provas usadas na testagem, bem como nas gravações realizadas. O
responsável pela criança poderá decidir não fazer parte do estudo, sendo que a criança continuará
recebendo o tratamento fonoaudiológico da forma habitual. Os dados da criança serão utilizados somente
para pesquisa sendo mantido o sigilo e a privacidade. Não é esperado nenhum dano à saúde com a
aplicação das provas de imitação de fala e nomeação.
______________________________________________________________________________________
_
V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS
E REAÇÕES ADVERSAS.
Profª Drª Haydée Fiszbein Wertzner
Rua Cipotanea ,51 – Cidade Universitária – Butantã - São Paulo
Fone: 3091-7455 e 3091-7453
VI.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado,
consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa
São Paulo, de de 200 .
__________________________________________ _____________________________________
assinatura do sujeito da pesquisa ou responsável legal assinatura do pesquisador
(carimbo ou nome Legível)
Anexo L Elaboração da prova de inconsistência para o Português Brasileiro
A prova de Inconsistência foi adaptada do teste elaborado por Crosbie et al
(2005). Para a seleção das palavras a serem nomeadas na prova de I foram considerados
os mesmos critérios propostos pelas autoras: palavras de uma a quatro sílabas;
apresentar as estruturas silábicas V, VV, CV, VC, CCV, CVC, CVV e CCVC; palavras
de alta e baixa freqüência na amostra analisada; as palavras deveriam ter de um até nove
fonemas. Além destes foram incluídos todos os fonemas do Português Brasileiro, bem
como representação de vogais orais e nasais.
Essas palavras foram retiradas das amostras de cinco fontes de dados: fala
espontânea do estudo de mestrado desta pesquisadora (Castro, 2004); acervo de palavras
do teste de E (Castro, 2004); acervo de palavras do teste de verificação de distorção de
fala (Amaro, 2006); Livro didático Rá Tim Bum (Braido, 1996) e Livro didático Tic-
Tac: É tempo de aprender Linguagem (Carla, 1998).
Foram selecionadas como palavras de baixa freqüência as que estavam presentes
em apenas uma amostra, e as palavras de alta freqüência que foram encontradas em
quatro ou cinco amostras. Tal critério foi adotado por não haver no PB estudos
normativos da freqüência das palavras.
Anexo M Pistas utilizadas para a prova de inconsistência de fala
futebol Esse jogo é ...
escola O lugar que a professora dá aula é na ...
trem Esse é aquele que faz “piuí”.
placa Na rua tem isso para orientar os carros é a ...
menino Não é menina, é um ...
azul Que cor é essa?
tigela Essa que parece panela é a ...
xale A mamãe cobre o bebê com o ...
vela No seu aniversário você assopra a ...
Amarrou a corda e seu um...
polegar Esse dedo que está levantado é o ...
loja O lugar que a mamãe compra roupa é a ...
remédio Quando a gente está doente toma ...
papagaio Esse é aquele que fala muito ...
bandeira Essa que a gente balança (gesto associado) é a ...
índio Esse em cima do cavalo que pinta o rosto e usar penas na cabeça é o ...
Anexo N
Sons plosivos
pbt dk
palhaço baleia tarefa data cavalo galinha
pêssego bexiga telhado desenho querida guerreiro
pega bela terra dela quero guerra
pirata bicho tijolo direita quilo guia
polegar bolo toalha doce coruja gorila
pote bola tosse dose cola gola
pula buraco tubarão duro cubo gulosa
Sons fricativos
fvs z
fala vaso sapo zabumba xale janela
felizes velhota cena zebra chegada gelo
febre vela seta zero chefe jegue
filhote violão cidade ziper chinelo girafa
folhinha você sopa vaso chocalho jogo
foca voto sólido camisola chove joga
futebol vulcão suco zulu chuveiro juba
Sons nasais
mn
mágico nariz galinha
melhor nenhum desenhe
médica nela conhece
mico ninho
mochila nome parquinho
mola nove minhoca
mula número nenhuma
Sons líquidos
l
lata girafa palhaço
leão árvore bilhete
leque jacaré colher
lixo lambari folhinha
lobo chuveiro vermelho
loja farofa filhote
lua coruja orelhudo
A
nexo N
Vibrante Múltipla
r
rato
retalho
régua
risada
robô
rosa
rua
Arquifonemas
RS
árvore rasteira
vermelho escola
perto festa
irmão listada
portão rosto
corda gosta
urso susto
Encontros consonantais p b t d k  f v
prato bravo trave dragão crachá grave fraco
presentes febre treino pedreiro creme grêmio livre
prego breve treva André creche greve
primeira briga trilha Rodrigo crime grilo frito
procure broa tropeçou crocodilo grosso livro
próximo broche troca droga grossa
bruxa cru gruda fruta
Encontros consonantais pl bl kl l fl
placa nublado classe glacê flauta
completa tablete chiclete flecha
público clima
diploma Pablo globo florido
bloco cloro glória floco
pluma blusa clube iglu flutua
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo