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O louro
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, cujo nome científico é Laurus nobilis, da família das
Laureáceas, consiste nas folhas de uma árvore de grande porte, originária do
Mediterrâneo. É usado como tempero por conta de seu aroma característico,
também possuindo funções medicinais, sendo utilizado como tempero em
função das propriedades digestivas, já que o Barreado é um prato “pesado”
(PREFEITURA MUNICIPAL DE MORRETES, [s.d.]). É justamente essa
combinação entre aroma e propriedades digestivas que dá ênfase à
incorporação do louro na receita.
Outros ingredientes bastante comuns nas receitas do Barreado são a
cebola
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(Allium cepa, da família das Liláceas, proveniente do Afeganistão, Irã
e Sudoeste da Índia), o alho
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(Allium sativum, da família das Liláceas,
proveniente da Europa Mediterrânea), a pimenta do reino
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(Piper nigrum, da
família das Piperáceas, proveniente do Sudoeste da Índia), além do sal, trazido
pelos colonizadores europeus para o Brasil e rapidamente assimilado nas
novas terras.
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“O louro é poderoso pela própria natureza, planta tão forte que, nas culturas mediterrâneas,
se uma árvore morre é sinal de mau agouro. [...] Na mitologia grega, representa Daphne, a
ninfa que foi transformada na árvore para escapar às perseguições amorosas de Apolo que,
desde então, passou a usar uma coroa de folhas de louro para lembrá-la. Na tradição grega, a
coroa de louro homenageou atletas e guerreiros, reis, príncipes e poetas” (NEPOMUCENO,
2005, p.140). “É um dos temperos básicos, indispensável aos mediterrâneos, indianos e povos
dos Mares do Sul, do Oriente Médio e das Américas. Brasileiros o amam nas carnes e cozidos,
arroz, feijões, molhos, sopas, peixes, caldeiradas do Norte. Com ele, os portugueses
inventaram a vinha d´alhos, que legaram aos indianos, com vinho, alho e ervas”
(NEPOMUCENO, 2005, p.141).
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“Apenas na Idade Média passou a ser usada como tempero, antes era legume. Teve grande
importância entre os egípcios, uma espécie de marca de cheiro da população pobre, escravos
e prostitutas, que a comiam crua e em abundância para se prevenirem contra doenças. Foi
reproduzida nas pinturas murais e nos sarcófagos. Gregos e romanos conheciam e
glorificavam as qualidades medicinais do bulbo apreciado por tantos povos, mas rejeitado pelos
brâmanes, por inflamar o desejo sexual […] Cortada em gomos, rodelas ou picada, refogada ou
desidratada, é um dos temperos básicos da nossa cozinha, usada para quase tudo”
(NEPOMUCENO, 2005, p.74).
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“Os grandes comedores de alho são os árabes, portugueses, espanhóis e provençais.
Amasse, pique e frija-o no azeite, fazendo toda a casa recender ao seu cheiro – o mais típico
das cozinhas luso-brasileiras. Tempera tudo, de peixes a carnes, refoga feijões, legumes e
folhas, dá alma às chicórias e couves, berinjelas e chuchus, massas e molhos, aos pratos
nobres ou triviais de todos os santos dias” (NEPOMUCENO, 2005, p. 30).
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“Colhidas verdes e secas ao sol, ficam enrugadas e escuras – são as pimentas negras, as
mais consumidas; maduras, secas e descascadas, são as brancas, de sabor mais suave e
preço mais alto; colhidas verdes e tenras, empregadas ao natural ou em conserva, são extra-
fortes – particularidades que confundiram muitos viajantes, que pensavam tratar-se de
espécies diferentes. Maceradas ou moídas, de preferência na hora, nas carnes e molhos,
peixes e ovos, sopas e recheios, dos pratos simples aos mais requintados” (NEPOMUCENO,
2005, p. 178).