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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Geografia
Área de concentração: Produção do Espaço Regional
Linha de Pesquisa: Planejamento e Gestão Ambiental
ADELSOM SOARES FILHO
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AQUIDAUANA
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ADELSOM SOARES FILHO
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Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito
final para a obtenção do grau de Mestre em
Geografia, sob a orientação do Professor Dr.
Arnaldo Yoso Sakamoto.
Aquidauana
2006
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ANÁLISE AMBIENTAL PARA A PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO CÓRREGO
LARANJA DOCE, DOURADOS-MS. Aquidauana, 2006. 135p. Dissertação Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
COMISSÃO JULGADORA:
Orientador
Prof. Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto
Prof. Dr. Walter Guimarães
Prof. Dr. Antonio Conceição Paranhos Filho
Aos meus pais que me ensinaram o caminho!
E às minhas filhas, a quem espero ensiná-lo!
AGRADECIMENTOS
O êxito na realização de um trabalho depende em muito do esforço de
quem propõe fazê-lo e, não menos, da disposição de receber contribuições. Foram
inúmeros os subsídios recebidos para a realização deste estudo e de várias formas.
Inicialmente agradeço a Deus por ter me dado a vida; ao meu pai Adelson
Soares, a quem Deus recolheu do nosso convívio durante a elaboração deste
estudo e a minha mãe Elzita N. Soares pelo amor, carinho, apoio e exemplo que
moldou o meu ser.
Particularmente agradeço à minha família; minhas filhas Jackeline e
Janaína; meus irmãos Adelmo e Anderson; e a Carmen D. Schultz, pelo apoio que
tem me dado em todas as etapas de minha vida, paciência e tolerância que foram
essenciais para a realização desta pesquisa.
Ao Professor Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto, orientador e estimulador, que
sempre colocou a disposição sua extensa e valiosa experiência e soube entender e
apoiar nos momentos difíceis.
Aos professores Dr. Valter Guimarães e Dr. Wallace de Oliveira, pelas
valiosas contribuições dadas durante o exame de qualificação. À Rosana
Aos meus mestres, que demonstraram muita competência e dedicação no
desempenho de suas funções.
Aos amigos do Geoprocessamento da EMBRAPA/CPAO Dourados, Éder
Comunello e Walder Antônio G. de A. Nunes, pela constante troca de idéias, de
material, de informações e pelo companheirismo diário.
Ao professor MSc. José Daniel de Freitas, aos acadêmicos José Carlos
Nogueira, Ângelo Franco do N. Ribeiro e Lígia Lidiane de S. Mota; aos funcionários
da UFGD Gilberto, Denílson e Jonas; ao amigo Lourival Ramos de Almeida; a
Regiana Prado, Tatiana Costa e Ana Elza M. Nóia pela colaboração constante neste
trabalho.
À Rosana, pela presença otimista, generosidade e apoio irrestrito,
carinho, dedicação e paciência para comigo.
Aos amigos da pós-graduação, pela troca de informações de experiência
acadêmica e pela amizade conquistada.
À Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Instituto de
Geociências, Campus de Aquidauana - MS, em especial ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia.
Ao Instituto de Desenvolvimento Agrário, Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural de Mato Grosso do Sul - IDATERRA, pelo material cedido e a
professora Sirlene Soares pela tradução do texto resumo.
E, finalmente, agradeço ao povo brasileiro, a quem espero, de alguma
forma, retribuir todo o investimento público que recebi ao longo de minha vida.
Muito obrigado a todos!
Esforçar-se na busca do conhecimento é de grande valor
para tornar o homem um virtuoso.
A defesa de sua aplicação para propiciar à humanidade
uma melhor sensação de bem estar, o aproxima de Deus.
(autor desconhecido)
RESUMO
A ocupação do Centro-Oeste brasileiro, ocorrida com maior intensidade a partir dos
anos 70, provocou a retirada da vegetação natural para posterior utilização da
exploração agropecuária. A ação antrópica, realizada através da retirada da
cobertura vegetal, do uso inadequado e ou intensivo do solo, tem acelerado o
processo de degradação ambiental, provocando impactos no ambiente. Este
trabalho tem por objetivo mapear e analisar o uso e ocupação do solo, as áreas de
risco e de degradação ambiental da microbacia do córrego Laranja Doce, utilizando
um método espaço-temporal. Estudou-se o uso e ocupação da microbacia num
período compreendido entre os anos de 1964 e 2001. Para tanto foram elaborados
mapas temáticos a partir da interpretação de cartas topográficas e fotos aéreas e do
processamento de imagens de satélite Landsat/7 ETM+. Os dados temáticos foram
analisados por meio de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto e os
resultados permitiram realizar o diagnóstico e a proposição de medidas mitigadoras
para a área de estudo. Por outro lado, demonstrou serem essenciais o planejamento
e o desenvolvimento de mecanismos específicos que garantam a ocupação racional
da microbacia. Propondo-se minimizar os impactos destacados na área, foram
elaboradas propostas que possam contribuir para o planejamento ambiental urbano
e rural para pequenas bacias hidrográficas.
Palavras-chave: Bacia Hidrográfica, Sensoriamento Remoto, SIG, Uso do solo,
Planejamento.
ABSTRACT
The occupation of the center west Brasilian, it was occurred with greater intensity
from years 70, it provoked the withdrawal of the natural vegetation for posterior use
of the farming exploration. The antropic action, carried through the withdrawal of the
vegetation covering, the inadequate and or intensive use of the ground, has speed
up the process of ambient degradation, provoking impacts in the environment. This
work has for objective to map out and to analyze the use and occupation of the
ground, the areas of risk and ambient degradation of the microbasin of the stream
Laranja Doce, using a method space-weather. The use was studied and occupation
of the microbasin in a understood period from the years 1964 until 2001. Therefore
they had been elaborated thematic maps from the interpretation of topographical
letters and aerial photos and the picture processing of satellite Landsat/7 ETM+. The
thematic data had been analyzed by means of techniques of geoprocessing and
remote sensing and the results had allowed to carry through the diagnosis and the
proposal of brighten up measures for the study area. On the other hand, it
demonstrated to be essential the planning and the development of specific
mechanisms that guarantee the rational occupation of the microbasin. Considering
itself to minimize the impacts detached in the area, proposals had been elaborated
that can contribute for the urban and agricultural environment planning for small
hidrographic basins.
Key-words: Watershed, Remote Sensing, GIS, Soil Use, Planning.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................16
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................17
1.1 A Escolha do Tema.............................................................................................20
2. OBJETIVOS.................................................................................................25
2.1 Objetivo Geral .....................................................................................................25
2.2 Objetivo Específicos............................................................................................25
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................26
3.1 SIG (Sistema de Informações Geográficas)........................................................26
3.2 Cartografia Temática...........................................................................................26
3.3 A Bacia Hidrográfica como Unidade de Planejamento........................................27
3.4 Considerações sobre a Legislação Ambiental.....................................................30
4. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................35
4.1 Materiais..............................................................................................................36
4.2 Equipamentos Utilizados (software e hardware) .................................................38
4.3 Métodos...............................................................................................................38
4.4 Organização da Base Cartográfica .....................................................................40
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................44
5.1 Caracterização da Área de Estudo......................................................................44
5.1.1 Localização...................................................................................................44
5.1.2 Clima.............................................................................................................46
5.1.3 Vegetação.....................................................................................................50
5.1.3.1 Floresta Estacional Semidecidual ..........................................................52
5.1.3.1.1 Floresta Aluvial................................................................................53
5.1.3.1.2 Floresta Submontana ......................................................................53
5.1.3.2 Cerrado (Savana)...............................................................................54
5.1.3.3 Áreas de Tensão Ecológica ...................................................................55
5.1.3.3.1 Contato savana / Floresta estacional...............................................56
5.1.4 Solos.............................................................................................................56
5.1.4.1 Latossolos..............................................................................................58
5.1.4.2 Gleissolos...............................................................................................59
5.1.5 Geologia .......................................................................................................60
5.1.5.1 Geologia regional...................................................................................60
5.1.5.2 Grupo São Bento ...................................................................................63
5.1.5.3 Formação Serra Geral............................................................................63
5.1.5.4 Depósitos detríticos quaternário – Ha....................................................66
5.1.5.4.1 Geologia da área.............................................................................66
5.1.6 Geomorfologia ..............................................................................................73
5.1.6.1 Geomorfologia regional..........................................................................73
5.1.6.2 Região geomorfológica ..........................................................................74
5.1.6.3 Unidade geomorfológica ........................................................................75
5.1.6.4 Geomorfologia da área...........................................................................75
5.1.6.4.1 Compartimentação geomorfológica.................................................75
5.1.6.4.3 Morfogênese das vertentes .............................................................82
5.1.6.4.4 Quadro morfoestrutural da área de estudo......................................86
5.1.6.4.5 Morfotectônica.................................................................................88
5.1.7 Aspectos Sócio-Econômicos ........................................................................93
5.1.7.1 A urbanização de Dourados e Douradina ..............................................93
5.1.7.2 Aspectos da urbanização do Mato Grosso do Sul e da Micro-Região
Geográfica de Dourados.........................................................................94
5.2 Uso e Ocupação dos Solos...............................................................................101
5.2.1 Área Urbanizada.........................................................................................107
5.2.2 Área de Preservação Permanente..............................................................111
5.2.3 Área de Lazer .............................................................................................113
5.2.4 Diversos......................................................................................................115
6. CONCLUSÕES..........................................................................................117
REFERÊNCIAS.......................................................................................................122
12
LISTA DE FOTOS
Foto 5.1 - Área de extração de basalto - Pedreira Santo Antonio. ............................69
Foto 5.7 - Vista panorâmica de colinas suaves com altitudes variando entre 300 a
Foto 5.8 - Planície aluvial na confluência do Laranja Lima com o Laranja Doce, com
Foto 5.12 - Marco Verde na MS-156, demarcando a Área de Preservação Ambiental
Foto 5.13 - Ocupação com características rural na área urbana. Curral de gado às
margens do Córrego Laranja Doce. A seta indica a localização do curso d’água –
Foto 5.14 - Ocupação irregular (Fundo de vale), com alguma infra-estrutura (energia
Foto 5.16 - Erosão em área rural na vertente da margem direita do córrego Laranja
Foto 5.17 - Lixo jogado às margens do Córrego Laranja Doce, ponto localizado no
Foto 5.18 - Ausência de mata ciliar, evidenciando o assoreamento do curso d’água.
Foto 5.2 - Afloramento de basalto no curso do córrego Laranja Doce. .....................70
Foto 5.3 - Fraturas verticais e horizontais em basalto - pedreira Santo Antonio. ......71
Foto 5.4 - Atuação do intemperismo em basalto - decomposição esferoidal. ...........71
Foto 5.5 - Planície Aluvial no baixo curso do Córrego Laranja Doce. .......................72
Foto 5.6 - Assoreamento no curso médio do córrego Laranja Doce. ........................81
440 m. .......................................................................................................................84
altitude inferior a 300 m.............................................................................................84
Foto 5.9 - Universidade Federal da Grande Dourados............................................105
Foto 5.10 – UNIDERP .............................................................................................106
Foto 5.11 – UNIGRAN.............................................................................................106
na microbacia do Laranja Doce...............................................................................107
Parque Alvorada......................................................................................................108
elétrica). ..................................................................................................................109
Foto 5.15 - Erosão linear provocada pelas águas pluviais na área urbana.............110
Doce........................................................................................................................110
BNH III plano -Av. Hayel Bon Faker. .......................................................................111
................................................................................................................................113
Foto 5.19 - Lixo doméstico jogado no leito do córrego Laranja Doce......................113
Foto 5.20 - Lago artificial em clube recreativo nas margens do córrego Laranja Doce.
................................................................................................................................114
Foto 5.21 - Churrasqueiras construídas às margens do córrego Laranja Doce. .....114
Foto 5.22 - Esgoto lançado in natura no Córrego Laranja Doce, área localizada nos
fundos Tênis Clube de Dourados. A seta indica a localização do cano de esgoto.
Foto 5.23 - Usina Sen. Filinto Muller - Patrimônio Histórico do Município de Dourados
– MS........................................................................................................................116
Foto 6.1 - Plantação de eucaliptos a margem do córrego Laranja Doce.................119
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5.1 - Precipitação acumulada mensal para a cidade de Dourados -MS, obtida
nas normais climatológicas (1961-1990)...................................................................47
Gráfico 5.8 - Evolução da população total e rural em Mato Grosso (1970) e Mato
Gráfico 5.9 - Gráfico comparativo espaço/temporal dos tipos de uso dos solos da
Gráfico 5.2 - Temperatura média e precipitação em Dourados-MS/ 2004 ................49
Gráfico 5.3 - Vegetação da microbacia do córrego Laranja Doce.............................52
Gráfico 5.4 - Classificação dos solos da microbacia do córrego Laranja Doce.........58
Gráfico 5.5 - Formações Geológicas da Área de Estudo ..........................................69
Gráfico 5.6 - Declividade da Área de Estudo.............................................................91
Gráfico 5.7 - Evolução da população total e rural de Dourados entre 1970 e 2000 ..94
Grosso do Sul entre 1980 e 2000..............................................................................96
microbacia do córrego Laranja Doce, entre os anos 1964 e 2001. .........................102
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 4.1 - Modelo da imagem Landsat - 7 utilizada na classificação. ...............37
Ilustração 5.1 - Localização da área de estudo, a microbacia do córrego Laranja
Doce com os dois perímetros delimitados. O tracejado pelos divisores topográficos e
Ilustração 5.2 - Distribuição dos tipos climáticos na região centro-sul de Mato Grosso
Ilustração 5.3 - Mapa de Vegetação (RADAMBRASIL) da Microbacia do córrego
Ilustração 5.5 - Coluna litoestratigráfica simplificada da Bacia Sedimentar do Paraná
no Centro-Oeste brasileiro. ALG (Fm. Alto Garças), IAP (Fm. Iapó), VLM (Fm. Vila
Ilustração 5.6 - Principais elementos tectônicos das bacias sedimentares do Paraná,
Ilustração 5.7 - Área de ocorrência dos derrames basálticos na porção brasileira da
Ilustração 5.9 - Perfil geológico de Dourados a Maracajú, mostrando a diminuição da
Ilustração 5.12 - Rede de drenagem da microbacia do córrego Laranja Doce com
Ilustração 5.13 - Cortes transversal e longitudinal da área da microbacia do córrego
Ilustração 5.14 - Perfil Longitudinal do córrego Laranja Doce elaborado à partir dos
Ilustração 5.16 - Modelo Digital do Terreno em 2D referente a microbacia do córrego
Ilustração 5.17 - Modelo Digital do Terreno em 3D referente a microbacia do córrego
Ilustração 5.18 - Mapa de Descontinuidades da microbacia do córrego Laranja Doce.
outro pelos fatores hidrológicos e geomorfológicos da área .....................................45
do Sul. .......................................................................................................................46
Laranja Doce.............................................................................................................51
Ilustração 5.4 - Mapa Pedológico da Microbacia do Córrego Laranja Doce..............57
Maria). .......................................................................................................................61
Chaco-Paraná e Chaco-Paraguai ............................................................................62
Bacia Sedimentar do Paraná, destaque para o município de Dourados. ..................64
Ilustração 5.8 - Arcabouço estrutural do Estado de Mato Grosso do Sul. .................65
espessura do basalto na direção NW, a partir do alto de Itaporã..............................67
Ilustração 5.10 - Mapa Geológico da Microbacia do córrego Laranja Doce. .............68
Ilustração 5.11 - Mapa Geomorfólogico da Microbacia do córrego Laranja Doce.....77
altimetria do relevo. Eqüidistância das curvas de nível: 40 metros. ..........................78
Laranja Doce. Eqüidistância das curvas de nível: 40 metros. ...................................80
dados SRTM/NASA...................................................................................................81
Ilustração 5.15 - Perfis Transversais da microbacia do córrego Laranja Doce. ........83
Laranja Doce.............................................................................................................85
Laranja Doce.............................................................................................................86
..................................................................................................................................87
Ilustração 5.19 - Mapa Morfotectônico da Micorbacia do córrego Laranja Doce.......89
Ilustração 5.22 - Mapa do Uso e Ocupação dos Solos da Microbacia do córrego
Ilustração 5.23 - Mapa de Uso e Ocupação dos Solos da da Microbacia do córrego
Ilustração 5.20 - Mapa de Declividade da microbacia do córrego Laranja Doce.......92
Ilustração 5.21 – Micro-região homogênea de Dourados..........................................98
Laranja Doce no ano 1964. .....................................................................................103
Laranja Doce em 2001. ...........................................................................................104
LISTA DE QUADROS
Quadro 4.1 - Dados referente a imagem Landsat-7 utilizada para processamento e
classificação..............................................................................................................38
Quadro 5.1 - Precipitação acumulada mensal para a cidade de Dourados-MS, obtida
Quadro 5.2 - Direção predominante de ventos para a região de Dourados de 1979 a
Quadro 5.3 - Evolução da população total e rural da microbacia e Mato Grosso do
Quadro 5.4 - Percentuais dos tipos de uso dos solos da microbacia do córrego
Laranja Doce, nos períodos de 1964 e 2001 (agrupados de acordo com a Tabela
nas normais climatológicas (1961-1990)...................................................................47
1999. .........................................................................................................................49
sul entre 1970 e 2000................................................................................................95
4.1). .........................................................................................................................101
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Códigos atribuídos a legenda de uso do solo da base de dados de 1964
para análise espaço-temporal. ..................................................................................42
Tabela 5.1 - Dados normais de precipitação (P), temperatura média do ar (T) e
umidade relativa (UR) de Dourados, Período de 1979 a 1999..................................48
APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação, em
Geografia, em nível de mestrado, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
sob a orientação do Profº. Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto do Departamento de Ciências
Humanas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
1. INTRODUÇÃO
A proposta deste trabalho consistiu na avaliação das mudanças na
cobertura e uso dos solos da microbacia do córrego Laranja Doce nos últimos 37
anos, baseando-se numa análise espaço-temporal, diagnosticando e propondo
medidas mitigadoras para os impactos antrópicos negativos.
O objeto desse estudo localiza-se quase totalmente na cidade de
Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul, elevada à categoria de município pelo
decreto de nº. 30 de 20 de dezembro de 1935 (Estado de Mato Grosso do Sul,
1935), com uma população estimada em 20.000 habitantes, atualmente conta com
164.949 habitantes, ocupando uma área urbana de 75,76 Km
2
, onde estão fixados
mais de 90% de sua população. Entretanto a ocupação efetiva dessa região por
brasileiros concretizou-se com a implantação da Colônia Agrícola de Dourados –
CAND, criada em 1943, com a fixação de 6.200 famílias.
Analisando os projetos de dêsenvolvimento econômico para esta região
do Estado de Mato Grosso do Sul, é possível afirmar que aconteceram de forma a
priorizar o atendimento às demandas do comércio exterior.
Discorrendo sobre o tema, Terra (2004), cita que a elevada propagação
da lavoura mecanizada no Mato Grosso do Sul, em especial na região de Dourados,
desencadeou transformações profundas no arranjo da espacialização da população
no espaço regional, afetando tanto o meio rural, quanto o espaço urbano.
A partir da introdução do novo modelo agrícola, atrelado aos respectivos
complexos agroindustriais, configurou-se um sistema agrícola, cujo funcionamento
requer um grande consumo de máquinas e insumos agrícolas industrializados,
desencadeando um intenso processo de tecnificação da agricultura e também,
desarticulando a estrutura agrária herdada do período anterior, embasada na
pequena propriedade familiar.
Para Moraes (1999 apud GUERRA; CUNHA, 2001) o valor de um lugar
pode ser estimado através dos conceitos de valor contido e de valor criado. O
primeiro é definido pelas vantagens comparativas apresentadas pelos lugares. O
segundo decorre da valoração (ato de atribuir valor qualitativo ou quantitativo) dos
lugares, criando valores de uso, renda e lucro. No valor contido, um lugar tem sua
vocação reconhecida por seu valor potencial, como é o caso do valor dos espaços
18
preservados e os monumentos naturais, que constituem uma reserva de valor. No
valor criado, os recursos naturais são transformados em produtos.
O meio físico da microbacia do córrego Laranja Doce por apresentar
grande potencial para o desenvolvimento da tecnificação da agricultura, aliado, à
crescente concentração de investimentos federais a partir de 1970, no espaço
urbano, favoreceu a maciça transferência do campo para cidade.
Concomitantemente a esse processo, a degradação ambiental tanto no
campo quanto na cidade começaram a aparecer. No primeiro, desmatamentos, o
mau uso da terra, aliado a mecanização intensa e a monocultura. Nas áreas
urbanas, ocupação dos fundos de vales, construção nas encostas, poluição e outros.
A partir dos anos 60 surgiram vários acontecimentos em favor da
preservação ambiental. Pode-se admitir que nestes anos deu-se a gênese da
conscientização sobre as questões ambientais. Foi neste contexto histórico que a
ideologia do desenvolvimento
1
a qualquer preço, passou a ser radicalmente
contestada por grupos de pessoas, por se preocupar apenas com o crescimento
econômico, deixando de lado a problemática, das conseqüências para a biosfera
dessas alterações predatórias sobre o habitat terrestre.
Fatos marcantes ocorreram a partir deste período: A criação do
Greenpeace em 1971, formado no Canadá, devido à indignação de um grupo de
pessoas por ocasião dos testes nucleares que ocorriam no Alaska, EUA; A
conferencia das Nações Unidas sobre o meio ambiente – Estocolmo 72; A
Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento – Rio 92,
que culminou com a assinatura da AGENDA 21; A cúpula mundial sobre o
desenvolvimento sustentável em Johannesburgo – Rio + 10.
Apesar de terem surgido estas iniciativas e outras tantas, também
importantes, em defesa da preservação ambiental, o que se viu na prática, foi à
permanência das transgressões.
No Brasil, tais transgressões ocorreram ao longo do tempo histórico em
diversas ações e intensidades. Exemplificando, em relação ao solo e à vegetação,
diríamos que ocorreram e ocorrem abusos imperdoáveis causados pelos atores
1
O termo “desenvolvimento”, no contexto dos anos 60, passou a estar relacionado diretamente com
os termos “progresso”, “expansão” e “crescimento”. Termos, estes, que as sociedades ocidentais
buscariam arduamente, mesmo que significasse um crescimento econômico determinado, que
acarretaria conseqüências humanas, ambientais e sociais desastrosas.
19
locais, e também, pelos próprios organismos oficiais. Espelha-se então em
programas federais como o extinto Provárzeas
2
e nos recortes dos lotes em
assentamentos de reforma agrária.
O Provárzeas previa o aproveitamento das várzeas então tidas como
Áreas de Preservação Permanente; do mesmo modo, os projetos de colonização e
de reforma agrária normalmente não obedecem à legislação de preservação de
matas ciliares e das áreas íngremes nos recortes dos lotes.
Mas, as previsões mais pessimistas são em relação à água. Além da sua
desigual distribuição na superfície terrestre, ocorre uma elevada deterioração de
seus mananciais. No Brasil, o assoreamento dos rios, contaminação por agros
químicos, diminuição das nascentes pela destruição das florestas, eutrofização, e
aproveitamento irracional de várzeas, são alguns exemplos.
É importante lembrar que o consumo também aumentou desde o pós II
Guerra, visto que a sociedade urbano-industrial demanda desse recurso, e
paralelamente a isto ocorreu o aumento populacional.
Igualmente, tem-se uma realidade ambiental bastante problemática em
relação aos recursos naturais, dentro de uma visão de economia sustentável. Uma
vez que a demanda é superior à capacidade suporte da natureza, e paralelamente a
isto temos a poluição e perda destes recursos. A economia sustentável está em
risco, buscando soluções.
A implantação de projetos voltados para o desenvolvimento sustentável
para a região de Dourados é imprescindível. Mas o desenvolvimento sustentável
deve ser visto como algo mais do que um compromisso entre ambiente físico e o
crescimento econômico. Significa uma definição que reconhece, nos limites da
sustentabilidade, origens não só naturais como também estruturais.
Cabe assim, reconhecer na relação homem-natureza os processos
históricos, através dos quais os ambientes são transformados, e a sustentabilidade
será decorrência de uma conexão entre movimentos sociais, mudança social e,
conseqüentemente, possibilidade de políticas mais efetivas (ALMEIDA E GUERRA,
2001 apud GUERRA E CUNHA, 2001).
Diante disto, é nosso dever propormos alternativas para o estancamento
e/ou recuperação dos sistemas degradados, e uma alternativa seria o planejamento
2
Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea.
20
e gestão ambiental por bacias hidrográficas, criando, diretrizes monitoradas, pelos
órgãos oficiais de controle e a sociedade.
A microbacia hidrográfica acaba por tornar-se a unidade geográfica ideal
para o planejamento integrado do manejo dos recursos naturais no ecossistema por
ele envolvido, envolve não a demarcação artificial do território, mas todo o sistema
natural, e de outro, a tentativa de conscientizar a população que a habita da
necessidade de conservação.
Dentre as diretrizes, é importante a integração das gestões dos recursos
hídricos com a gestão ambiental e sua articulação com o uso do solo. Para isto é
necessário um conhecimento da área onde seriam implantados estes sistemas de
gestão. As bacias hidrográficas oferecem estas condições pela sua grandeza
territorial e fácil delimitação.
Espera-se que este trabalho seja mais um objeto de informação que
possa contribuir para a redução dos impactos ambientais que ocorrem nesse
ambiente.
1.1 A Escolha do Tema
Os ambientes naturais encontrados na superfície da Terra mantêm-se
trocas de energia e matéria entre os seus diferentes componentes (rocha, relevo,
solos, vegetação, clima, etc.), que se articulam e interagem por meio de
mecanismos de funcionamento e interdependência.
Constantemente, a primeira ação humana no ambiente refere-se à
retirada de parte ou toda a cobertura vegetal, chegando a muitos casos, a eliminá-la.
Christofoletti (1995) ao expressar-se a respeito do desequilíbrio de um sistema cita:
Ao romper o equilíbrio do sistema natural, outros componentes do
meio físico tendem a se modificar. Surgem sintomas, tais como
deslizamentos, voçorocas e carregamentos de detritos das vertentes,
geralmente interpretados na dinâmica das vertentes
(CHRISTOFOLETTI, 1995, p.104-6).
O crescente uso dos recursos naturais pela sociedade tem causado
grandes alterações na paisagem, com um ritmo muito mais intenso que o
determinado pela natureza.
21
Estudiosos de diversas áreas e ciências afins têm pesquisado a
degradação ambiental sob o ponto de vista de sua formação. Entretanto, alguns
pesquisadores destacam o fato de que a problemática ambiental é, em gênese, um
problema social.
Ao caracterizar processos físicos, como degradação ambiental, deve-se
levar em consideração critérios sociais que relacionam a terra com seu uso, ou pelo
menos, com o potencial de diversos tipos de uso, conforme exposto abaixo:
Na realidade, para que o problema possa ser entendido de forma
global, integrada, holística, devem-se levar em conta as relações
existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora
dessa degradação que, ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura
resolver, recuperar, reconstruir as áreas degradadas (CUNHA E
GUERRA, 1996, p. 337 - 338).
Objetivando amenizar os impactos ocasionados pelo uso inadequado dos
recursos naturais, é necessário o conhecimento integrado da paisagem, como
maneira de ajustar as transformações realizadas pela sociedade às potencialidades
do meio.
Certamente um dos maiores desafios do homem no século XXI, é
concentrar esforços e recursos para a preservação e recuperação de áreas naturais
consideradas estratégicas, pois delas vários ecossistemas são dependentes. Dentre
estas áreas estratégicas, destacam-se as Bacias Hidrográficas.
A bacia hidrográfica é entendida como uma unidade geográfica formada
por uma área da superfície terrestre, que contribui na formação e no
armazenamento de um determinado curso d’água.
Machado (1998) destaca que:
a bacia hidrográfica tem sido adotada internacionalmente como
unidade físico-territorial básica para o planejamento e a gestão de
recursos naturais, principalmente hídricos. Sendo a água de um
manancial o resultado da drenagem de sua bacia, sua qualidade e,
portanto, suas características físicas, químicas, biológicas e
ecológicas encontram-se sempre na dependência direta das ações
(uso e ocupação) que se realizam no solo dessa bacia, bem como do
grau de controle que se tem (ou não se tem) sobre essas fontes
(MACHADO, 1998, p. 36).
22
Diversos instrumentos de planejamento e gestão encontram dificuldades
de compatibilizar os aspectos socioeconômicos com os aspectos ambientais das
bacias hidrográficas, principalmente porque o espaço territorial adotado para o
planejamento, na maioria das vezes tem seus limites de contorno estabelecidos
artificialmente por critérios políticos e administrativos.
A lei nº 9433, de 8 de Janeiro de 1997 (Brasil, 1997) no artigo lº define a
bacia hidrográfica como unidade de planejamento: “A bacia hidrográfica é a unidade
territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (...)”.
Segundo Fernandes e Silva (1994 apud Souza e Fernandes 2000) a
subdivisão de uma bacia hidrográfica de maior ordem em seus componentes (sub-
bacias, microbacias), permite a pontualização de problemas difusos, facilitando a
identificação de focos de degradação de recursos naturais, dos processos de
degradação ambiental e o grande comprometimento da produção sustentada
existente.
De acordo com Castro (1999), as microbacias ou bacias de cabeceiras,
são pequenas áreas de terras localizadas em regiões montanhosas, que formam as
nascentes e drenam córregos e riachos.
Fernandes e Silva (1994) destacam que os conceitos de bacia e sub-
bacias relacionam-se a ordens hierárquicas dentro de uma determinada malha
hídrica. Cada bacia hidrográfica interliga-se com outra de ordem hierárquica
superior, constituindo, em relação à última, uma sub-bacia ou microbacia de acordo
com termo utilizado.
Uma bacia hidrográfica, geralmente é formada por inúmeras microbacias,
que normalmente possuem inúmeros pequenos riachos, que formam a rede de
drenagem dessa bacia.
Uma microbacia hidrográfica é definida como um conjunto de terras
drenadas por um rio principal e seus afluentes, cuja delimitação é dada pelas linhas
divisoras de água que demarcam seu contorno (Cunha e Guerra, 1996).
As microbacias, sistemas frágeis e, de suma importância dentro do
abastecimento de água da população, além de sofrerem com a poluição, tanto
domésticas quanto de agrotóxicos, também sofrem com os desmatamentos
destruindo as matas ciliares.
23
Além do lado estético, o manejo de microbacias é hoje centro de grande
interesse dos pesquisadores e governantes, pois a cada dia a água se torna objeto
de disputas entre países ou regiões.
Ainda discorrendo sobre o tema, Souza e Fernandes (2000, p. 20.),
destacam:
Dentro desse enfoque, os territórios municipais podem ser
subdivididos em pequenas sub-bacias hidrográficas com
características sociofisiográficas próprias, em aspectos relacionados
com o uso/ocupação, as densidades demográficas, em nível
socioeconômico, aos sistemas viário e hidrológico. (...) Dentro da
região fisiográfica em que se inserem as sub-bacias hidrográficas
pilotos, serão obtidas informações e experiências consistentes de
modelos de produção sustentada, aplicáveis a respectiva região.
A microbacia hidrográfica do córrego Laranja Doce possui seu curso
principal desenvolvendo um trajeto no sentido Nordeste-Sudoeste, suas nascentes
situadas na divisa da Reserva Indígena de Dourados, escoando de forma perene até
o Rio Brilhante, sub-bacia do Rio Ivinhema tributário do Rio Paraná.
Possui características bem distintas em função da forma de ocupação que
recebeu, entre essas destacam-se:
a) A Reserva Indígena de Dourados é considerada a segunda maior do
Brasil em população, cuja área não comportaria mais a densidade
demográfica atual;
b) O córrego Laranja Doce corta a região Norte da segunda maior cidade
em densidade demográfica do Estado de Mato Grosso do Sul,
recebendo todos os impactos dessa ocupação;
c) O córrego Laranja Doce é afluente da margem direita do Rio Brilhante,
e sua bacia possui como principal atividade econômica a agropecuária
mecanizada, em menor escala a suinocultura, avicultura, e
piscicultura, que podem estar contribuindo para a degradação
ambiental da microbacia, sejam através do desmatamento ou da
utilização de agro químicos;
d) As nascentes estão situadas próximas a Reserva Indígena de
Dourados, onde a principal atividade econômica é a agricultura
mecanizada. A jusante, seu canal atravessa uma área de pequenas
propriedades rurais, que desenvolvem culturas de subsistência e áreas
24
de lazer, logo após, cruza áreas urbanizadas, com loteamentos e
residências de alto padrão, de classe média alta. No baixo curso, a
microbacia volta a situar-se novamente em área rural;
e) Trata-se de uma área de expansão urbana recente e acelerada, onde
os problemas ambientais se apresentam bastante visíveis;
f) Verifica-se grande disparidade na população da microbacia quanto ao
aspecto socioeconômico. Determinados setores (alto/médio) da
microbacia, concentram populações de renda elevada, enquanto a
parte baixa (fundos de vale) existe moradores de baixa renda, que
residem em vilas, favelas, geralmente as margens dos córregos.
Este trabalho tem como propósito avaliar as mudanças na cobertura e uso
dos solos na microbacia nos últimos 37 anos, baseando-se numa análise espaço-
temporal, diagnosticar e propor medidas mitigadoras para os impactos antrópicos
negativos.
2. OBJETIVOS
Apesar de já citados anteriormente alguns dos objetivos do trabalho,
pensa-se ser necessário, pontuá-los.
2.1 Objetivo Geral
Mapear e analisar o uso e ocupação do solo, as áreas de risco e de
degradação ambiental da bacia utilizando um método espaço-temporal.
2.2 Objetivo Específicos
Os objetivos específicos decorrem de uma necessidade de maior precisão
do objetivo geral. São eles:
a) Criar um de banco de dados georreferenciados e espaço-
temporal para a avaliação da dinâmica ambiental de áreas naturais
ameaçadas pela atividade humana;
b) Elaborar mapas de uso e ocupação dos solos dos anos de
1964 e 2001;
c) Apresentar diretrizes de usos para as áreas a serem
preservadas e/ou conservadas (margens de rios, embaciados, áreas
de várzea, etc.);
d) Elaborar cartas temáticas das feições geológicas,
geomorfológicas, declividade, hipsométrica, descontinuidades,
morfotectônica, cobertura vegetal, pedológica e uso dos solos.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 SIG (Sistema de Informações Geográficas)
Do inglês GIS (Geographic Information System), Câmara e Medeiros
(1998) definem que são todos os sistemas que realizam o tratamento computacional
de dados geográficos.
Segundo Intera Tydac (1992), que pelo fato de sua grande
adaptabilidade, tem-se utilizado estes sistemas nas mais variadas formas de
aplicações, entre elas são citadas a análise ambiental, o planejamento de uso da
terra entre outros. Estes e outros motivos tornam o SIG a ferramenta de uso ideal
para a caracterização e gerenciamento do meio físico.
3.2 Cartografia Temática
Segundo Sanchez (1981), a cartografia pode ser definida como a ciência
que se preocupa com os estudos e as operações científicas, artísticas e técnicas
resultantes de observações e medidas diretas ou explorações de documentações
visando a obtenção de dados e informações para a elaboração de representações
gráficas tipo: plantas, cartas, mapas, gráficos, diagramas e outras formas de
expressão, bem como, sua utilização.
Ainda se referindo sobre o tema, este mesmo autor, considera a
cartografia temática como um conjunto de preocupações e operações que visam
representar graficamente um conjunto de dados em uma certa área.
Duarte (1991) caracteriza a cartografia temática, como parte da
cartografia que diz respeito ao planejamento, execução e impressão de mapas sobre
um fundo básico, ao qual serão anexadas informações através de simbologias
adequadas, visando atender as necessidades de um público específico.
Capri Jr. (1995) expôs uma proposta metodológica vinculada às técnicas
cartográficas aplicadas aos estudos de processos erosivos em uma bacia. O autor
sugeriu a elaboração de quatro mapas temáticos em estudos de erosão:
27
a) Pedológico: visa à representação espacial dos tipos de solos; fornece
informações de suas características que influenciam a ação dos
processos erosivos, entre as quais a textura, a porosidade, a
profundidade e a estrutura;
b) geológico: permite avaliar as características litoestruturais
condicionantes da atividade erosiva em uma determinada área, como a
constituição mineralógica e o grau de resistência das rochas, a estrutura
e o tipo de contato entre as camadas sedimentares ou, ainda, a presença
de falhas e fraturamentos;
c) uso do solo: ao mostrar as características da ocupação humana, seja
em áreas rurais ou urbanas, permite avaliar a influência da ação
antrópica sobre as formas de relevo;
d) rede de drenagem: possibilita a obtenção de informações importantes
sobre aspectos litoestruturais, pedológicos, grau de dissecação do relevo,
entre outros.
De acordo com Santos (2001), a cartografia temática é o ramo da
cartografia que representa maiores afinidades com os estudos geográficos.
Amplamente utilizada pela geografia, os seus recursos são importantes para a
elaboração de seus estudos, desde a coleta de dados, até a finalização com a
elaboração de cartas.
Silva (2002) destaca a técnica de mapeamento ambiental como
contribuição eficaz na apresentação de informações em trabalhos de caráter técnico-
científico, em estudos do meio físico nas diferentes esferas da ciência da terra.
3.3 A Bacia Hidrográfica como Unidade de Planejamento
Dentre as unidades de observação e análise da paisagem, a bacia
hidrográfica é uma das mais utilizada pelos ambientalistas. O conceito envolve um
conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes (Guerra, 1980).
Christofolletti (1980) ressalta que a drenagem fluvial é composta por um
conjunto de canais de escoamento inter-relacionados que formam a bacia de
drenagem, definida como a área drenada por um determinado rio ou por um sistema
fluvial. A quantidade de água que atinge os cursos fluviais está na dependência do
28
tamanho da área ocupada pela bacia, da precipitação total e de seu regime, das
perdas devidas a evapotranspiração e a infiltração.
Assad e Sano (1993), destacam a importância do estabelecimento de
uma unidade básica de planejamento no que diz respeito aos parâmetros ambientais
e objetivos que pretende atingir em determinada região, e a bacia hidrográfica seria
a unidade básica ideal.
Leal (1995) destaca “a necessidade do planejamento das cidades,
considerando a inclusão das microbacias na elaboração de projetos urbanísticos, de
parcelamento do solo, de deposição final de resíduos, etc”, e, também, nos planos
de combate as enchentes e inundações.
Para Espíndola (2000), a utilização da bacia hidrográfica como unidade
de estudo e planejamento tem sido adotada em inúmeros estudos recentes em todo
o país e os resultados obtidos têm reforçado a idéia de que esta abordagem é a
mais adequada para diferentes tipos de estudo, planejamento e aplicações práticas.
O mesmo autor ressalta que uma característica importante é o fato da
bacia hidrográfica ser uma unidade funcional, com processos e interações
ecológicas passíveis de serem estruturalmente caracterizados, quantificados e
matematicamente modelados.
Conforme definido por Cunha e Guerra (1996, p.154) apud Leal (2000) as
bacias hidrográficas são sistemas abertos, recebem energias do clima e tectônica
locais, com constantes ajustes nos elementos das formas e processos associados,
possuindo papel fundamental na evolução do relevo, uma vez que os cursos d’água
constituem importantes modeladores da paisagem, e permitindo uma visão conjunta
do comportamento das condições naturais e das atividades humanas nelas
desenvolvidas.
Desta forma conclui-se que as bacias hidrográficas integram uma visão
conjunta do comportamento das condições naturais e das atividades humanas nelas
desenvolvidas sendo que, mudanças significativas em qualquer dessas unidades,
podem gerar alterações, efeitos e/ou impactos a jusante e nos fluxos energéticos de
saída (descarga, cargas sólidas e dissolvida) (CUNHA, 1995a).
Machado (2001) destaca que a bacia hidrográfica tem sido adotada
internacionalmente como unidade físico-territorial básica para o planejamento e a
gestão de recursos naturais, principalmente hídricos. Sendo a água de um
manancial o resultado da drenagem de sua bacia, sua qualidade e, portanto, suas
29
características físicas, químicas, biológicas e ecológicas encontram-se sempre na
dependência direta das ações (uso e ocupação) que se realizam no solo dessa
bacia, bem como o grau de controle que se tem, sobre essas fontes.
A vantagem de se utilizar a bacia hidrográfica como unidade fisiográfica,
ao contrário de unidades administrativas como regiões urbanas ou bairros, está no
fato de se obter características homogênea de uma região, como a montante e a
jusante dos mesmos cursos d’água e os mesmos divisores de água.
A facilidade de uso das bacias hidrográficas está no fato de que as
mudanças ocorridas numa bacia serão sentidas por todos os ocupantes desta, o que
nem sempre é possível acontecer, quando são adotadas unidades administrativas,
pois, muitas destas tem parte em uma bacia e parte em outra, ocorrendo também o
contrário, uma bacia estar situada sobre duas regiões administrativas.
Segundo Grigio (2002), uma microbacia, quando utilizada como unidade
natural de paisagem, demonstra ser a unidade mais conveniente de definição
espacial, dentro da qual é possível fazer um estudo detalhado das interações entre o
uso e ocupação da terra e os recursos hídricos.
Pode-se considerar que alterações significativas na composição
ambiental de uma área da bacia de drenagem poderão afetar outras áreas situadas
a jusante. Significa, portanto, que os efeitos hidrológicos e geomorfológicos de
processos naturais e antrópicos se vão refletir num determinado ponto de saída de
uma bacia de drenagem, podendo propagar-se a jusante por meio de bacias de
drenagem adjacentes (GUERRA; CUNHA, 2003).
Os autores referidos destacam que tais aspectos devem ser levados em
consideração no planejamento das formas de intervenção humana, mesmo que o
interesse do planejador recaia sobre uma área restrita da bacia de drenagem.
Nas últimas décadas, a bacia hidrográfica estabeleceu-se como unidade
fundamental para os estudos ambientais. Justifica-se, sobretudo, pela importância
da água como veículo de transporte e meio de propagação, seja de soluções do
solo, dos sedimentos, dos poluentes ou dos vetores de doenças, além do uso em
atividades humanas.
30
3.4 Considerações sobre a Legislação Ambiental
Discorrendo sobre os antecedentes dos Estudos de Impactos Ambientais
EIA-RIMA, Cunha e Guerra (1998), apontam inicialmente dois importantes marcos
nesta questão: a criação, durante o primeiro governo Vargas, em 1934, do Código
da águas, um instrumento legal de controle ambiental e a criação do Código
Florestal, em 1965. Estes dois instrumentos jurídicos passaram a compor a base
legal para administrar o uso das águas de superfície e estabelecer restrições à
exploração de espécies vegetais, sobretudo madeiras, além de estabelecer critérios
para os desmatamentos.
A partir dos anos 60, a preocupação com as questões ambientais se
acentuou em função da forte influência dos movimentos ambientalistas ou
ecologistas da Europa Ocidental que, progressivamente se organizaram e, cada vez
mais, ganharam espaço na mídia.
A Conferência das Nações Unidas, promovida em Estocolmo, Suécia, em
1972, foi um evento importante para a questão ambiental em todos os países e,
sobretudo, para o Brasil.
Viveu-se nos anos 70, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, uma
intensa atividade dos grupos ecológicos, inclusive com o surgimento dos partidos
verdes, com maior ênfase na então Alemanha Ocidental, França, Inglaterra e
Suécia. No Brasil em 1973 foi criada a SEMA, Secretaria do Meio Ambiente em nível
federal.
Segundo Santos (2001), os conceitos de gestão dos recursos naturais em
bacias hidrográficas são questões ligadas diretamente às tarefas de planejamento
integral nesses âmbitos de intervenção. A necessidade de ação concreta por parte
do Estado, da sociedade civil e da comunidade acadêmica voltada para reverter o
quadro de degradação ambiental tornou a questão do manejo e da gestão dos
recursos naturais em bacias hidrográficas uma preocupação crescente e aponta
uma alternativa para solucionar a problemática ambiental.
O Manejo de bacias hidrográficas deve ser entendido como um conjunto
de procedimentos resultantes de trabalho integrado, multi e interdisciplinar, que deve
ser conduzido para identificar opções de soluções dos problemas que alteram os
sistemas ambientais (VALÉRIO FILHO, 1995 apud SANTOS, 2001).
31
Para ações de conservação dos recursos naturais, a unidade de
planejamento mais adequada é a microbacia, uma vez que:
seu uso como unidade de planejamento se justifica por estar
fisicamente bem caracterizada e por não haver área geográfica, por
menor que seja que não se integre a uma microbacia, pois nessa
unidade de planejamento e ação é possível integrar todas as
atividades que nela ocorrem (MARTINS, 1996, p. 240 apud
SANTOS, 2001).
De acordo com a Constituição Federal de 1988, no artigo 20, e do cap.VI,
da lei 8.171, de 17 de janeiro de 1991, que dispõem sobre política agrícola
estabelece que “as bacias hidrográficas constituem unidades básicas de
planejamento de uso da conservação e da recuperação dos recursos naturais”
(BRASIL, 1991).
Na constituição Federal em seu cap.V, art., 225 diz que
todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial, a sadia qualidade de vida
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defender e
preservá-lo para os presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, p.
123).
I. Preservar, e restaurar os processos
ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
II. Definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através da lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
IV. Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização do meio ambiente.
A Lei nº. 4.771, de 15 de Novembro de 1965 (Brasil, 1965) institui o novo
Código Florestal, que no artigo 1º, parágrafo 2º, traz o seguinte texto:
Para os efeitos deste Código, entende-se por:
Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos
arts. 2 e 3 desta lei, coberta ou não por vegetação nativa, com
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas;
32
Em seu artigo 2º, a referida lei, regulamenta e caracteriza essas áreas:
“Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei,
as florestas e demais formas de vegetação natural situadas”:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível
mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:
1 – de 30 m (trinta metros) para os cursos d’água de menos de 10 m
(dez metros) de largura;
2 – de 50 m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham
de 10 (dez) a 50 m (cinqüenta metros) de largura;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou
artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados ‘olhos-
d’água’, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio
mínimo de 50 m (cinqüenta metros) de largura.
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as
compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal e
nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o
território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a
que se refere este artigo”.
Na esfera municipal a lei que regulamenta a Política Municipal de Meio
Ambiente é a Lei Complementar Nº 055, de 19 de Dezembro de 2002 (Município de
Dourados - MS, 2002) que "Dispõe sobre a Política Municipal de Meio Ambiente do
Município de Dourados, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação,
instituindo o Sistema Municipal de Meio Ambiente, o Fundo Municipal de Meio
Ambiente e dá outras providências”.
No capítulo II, em seu artigo 4º constam os seguintes objetivos:
I. identificar e caracterizar os ecossistemas presentes no
território municipal, caracterizando suas funções, fragilidades e
potencialidades, definindo usos compatíveis à sua conservação,
através do zoneamento ecológico econômico.
II. adotar obrigatoriamente no Plano Diretor do Município
normas relativas ao desenvolvimento urbano que levem em conta a
proteção ambiental estabelecendo entre as funções da cidade
prioridade para aquelas que dêem suporte, no meio rural, ao
desenvolvimento de técnicas voltadas ao manejo sustentável dos
recursos naturais cerceando os vetores de expansão urbana em
áreas ambientalmente frágeis ou de relevante interesse ambiental;
IX. preservar as áreas protegidas do Município e criar outras
necessárias ao equilíbrio ecológico e ao bem estar da população,
com ênfase para as áreas de mananciais, recuperando corpos
hídricos poluídos ou assoreados e sua mata ciliar;
Segundo esta lei no capitulo I, do Planejamento Ambiental, artigo 6º:
33
O Planejamento Ambiental é o instrumento da Política Ambiental,
que estabelece as diretrizes visando o desenvolvimento sustentável
do Município e deve observar os seguintes princípios:
I. a adoção, como unidade básica de planejamento o
recorte territorial das bacias hidrográficas, considerando na zona
urbana o desenho da malha viária;
O texto trata também sobre os espaços territoriais especialmente
protegidos no artigo 13:
Incumbe ao Poder Público Municipal, através do IPLAN, no âmbito
local, a definição, criação, implantação e controle de espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sejam estes de domínio público ou privado, definidos como Unidades
de Conservação Ambiental.
§ 5º - A recuperação das faixas de mata ciliar, consideradas pelo
Código Florestal como áreas de preservação permanente, bem como
a despoluição e descontaminação dos corpos hídricos, nas Áreas de
Proteção aos Mananciais, deve ser objeto de programa prioritário a
ser elaborado e coordenado pelo IPLAN, ficando o Poder Executivo
Municipal autorizado a estabelecer consórcios intermunicipais para a
recuperação e preservação das bacias hidrográficas como tal
consideradas.
O Artigo 14 trata sobre os objetivos do poder público ao definir as
Unidades de Conservação:
IV. proteger os recursos hídricos e edáficos, minimizando a
erosão, o assoreamento e a contaminação dos corpos d’água bem
como a ictiofauna;
V. conservar as paisagens de relevante beleza cênica,
naturais ou alteradas, visando à pesquisa, à educação ambiental, ao
turismo ecológico e à recreação;
VI. conservar valores culturais, históricos e arqueológicos
para pesquisa e visitação.
O projeto de Lei Complementar nº 007/03/AGM, de 05 de Novembro de
2003, (Município de Dourados – MS, 2003) “Institui o Plano Diretor de Dourados, cria
o Sistema de Planejamento Municipal e dá outras providências”. No seu título VI,
das políticas setoriais, do capitulo I, da Política Municipal de Meio Ambiente, no
artigo 96, traz a seguinte grafia:
XI - a proteção da flora e da fauna e de seus habitats, incentivando a
formação de corredores ecológicos;
XII - a proteção das áreas de preservação permanente; das
Unidades de Conservação; das áreas de arborização urbana e de
34
especial interesse ecológico; bem como daquelas ameaçadas de
degradação;
XIII - a demarcação e proteção das áreas de mananciais do
Município, disciplinando o uso e a exploração dos recursos hídricos
tendo as microbacias hidrográficas como unidades territoriais de
planejamento;
Desta forma observa-se no município de Dourados uma constante preocupação
com o planejamento voltado para a conservação ambiental. Entretanto, não é possível
constatar os impactos positivos na paisagem, apesar de uma legislação ambiental tão bem
elaborada.
4. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A delimitação e a caracterização dos componentes das relações que
formam uma paisagem são muito complexas e de acordo com Bertrand (1972)
podem ser definidas como: a composição dinâmica dos elementos do meio físico,
biótico e abiótico em um determinado espaço, interagindo uns sobre os outros em
constante evolução e, formando um conjunto unido e indissociável.
Na escolha da área, decidiu-se pela microbacia do córrego Laranja Doce,
pois, como definido por Maio (1983) a bacia hidrográfica é uma unidade geométrica
completa podendo representar as paisagens.
A delimitação da bacia hidrográfica foi realizada a partir das curvas de
nível das cartas planialtimétricas e confirmadas nas fotografias aéreas de 1964,
traçando-se uma linha divisora de água que liga os pontos mais elevados - topos -
da região em torno da drenagem considerada.
Para a delimitação do perímetro da microbacia hidrográfica do Laranja
Doce no presente estudo conclui-se que, além da delimitação topográfica, deviam-se
observar ainda os efeitos hidrológicos e geomorfológicos da área.
Diante disto, optou-se por incluir as drenagens de primeira ordem do Rio
Brilhante na área de estudo, em função dos indícios do canal ter sido afluente do
córrego Laranja Doce num passado geológico recente.
Dentre os indícios destaca-se a presença de lagos na grande planície de
inundação que se apresenta na foz do córrego, podendo ser um indicativo de que a
dinâmica fluvial ser a mesma da microbacia.
Justifica-se a inclusão dessa área no perímetro da bacia em função do
contexto sócio-econômico-ambiental ser o foco de estudo deste trabalho. A área
acrescentada apresenta as mesmas características físicas e sócio-ambientais da
microbacia do Laranja Doce, e por sua localização poderia não se contemplada em
estudos realizados no local.
De acordo com Leal (2000) considerar uma bacia hidrográfica como uma
unidade, portanto, impõe abordar todos seus elementos (água, solo, flora, fauna, uso
e ocupação do solo, etc.) e compreendê-la como uma totalidade composta por
elementos naturais e sociais, inter-relacionados e dinâmicos (Ilustração 4.1).
36
O método de interpretação dos processos físicos utilizado na proposta
deste trabalho foi desenvolvido a partir das teorias sistêmicas apresentadas por
Bertrand (1972) e Monteiro (1976).
Este método propõe os sistemas como um conjunto de elementos com
variáveis e características diversos, que mantém relações entre si e entre o meio
ambiente.
Os geossistemas, embora sejam considerados “fenômenos naturais”,
devem ser estudados à luz dos fatores econômicos e sociais que influenciam sua
estrutura. Podem refletir parâmetros sociais e econômicos que influenciam
importantes conexões em seu interior.
Um dos princípios básicos desta teoria é a consideração da natureza
como sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente organizados, passíveis de
delimitação ou de serem circunscritos espacialmente em sua tridimensionalidade.
Para atingir os objetivos propostos, os elementos do meio físico foram
compartimentados com a elaboração de mapas temáticos, propiciando,
primeiramente, o estudo individualizado de cada atributo e permitindo,
posteriormente, integrá-los através dos estudos de perfis. Possibilitando estabelecer
relações entre os elementos da paisagem por meio de planilhas e gráficos, em uma
análise conjunta.
Os trabalhos de gabinete foram desenvolvidos de forma contínua, com
coleta de dados, revisão bibliográfica, aquisição de material fotográfico e
cartográfico, juntamente com outras atividades como exemplo, a obtenção de dados
climáticos da região.
4.1 Materiais
Para a realização desta pesquisa, foram utilizados as seguintes cartas
planialtimétricas e mapas temáticos:
a) Fotografias aéreas, escala 1:60.000, do vôo da USAF, realizado
em 1964;
b) Cartas Planialtimétricas da DSG (Divisão do Serviço Geográfico do
Exército), folhas de Dourados SF 21.21-Z-B-II, Rio Brilhante SF.21-X-
37
D-V, Glória de Dourados SF.21-Z-B-III e Aroeiras SF.21X-D-VI, em
escala 1:100.000.
c) Imagem de satélite TM LANDSAT 7 ETM+, órbita 225, ponto 075,
Bandas 1,2,3,4,5 e 7 de 14/11/2001, correspondentes à cobertura da
área da microbacia em análise.
d) Mapas Geológico, Geomorfológico, Solos e Vegetação, publicados
pelo Projeto RADAMBRASILBRASIL (1982), na escala de
1:1.000.000;
e) Mapas Geológico, Geomorfológico, Solos e Vegetação, publicados
pelo Atlas Multirreferencial de Mato Grosso do Sul (1990) na escala
1:15.000.000;
Os dados encontravam-se dispersos e em diferentes escalas, o que
requereu uma padronização dos mesmos para a escala 1:100.000 (Ilustração 4.1).
Ilustração 4.1 - Modelo da imagem Landsat - 7 utilizada na classificação.
38
Os dados referentes à imagem de satélite serão especificados no quadro 4.1:
Sensor Satélite Órbita Ponto Formato
Bandas
Espectrais
Data
LANDSAT/7
ETM+
225 075 TIFF 123457 14/11/01
Quadro 4.1 - Dados referente a imagem Landsat-7 utilizada para processamento e classificação.
4.2 Equipamentos Utilizados (software e hardware)
Os softwares e equipamentos utilizados na realização do trabalho foram:
a) Software SPRING: Sistema para Processamento de Informações
Georreferenciadas, versão 4.1.1, desenvolvido pelo Instituto de
Pesquisas Espaciais (INPE,1996), reúne rotinas para a construção e
manipulação de banco de dados espaciais e funções para
processamento digital de imagens;
b) software AUTOCAD MAP (Autodesk inc, 2000), para digitalização e
edição vetorial;
c) software Global Mapper v8.00, copyright © 2002-2006
d) software Surfer(R) Version 8.02 ReadMe File 9-28-02 Copyright ©
2002 Golden Software, Inc. All rights reserved;
e) software de edição gráfica COREL DRAW 11 (Corel Coparation,
2002);
f) microcomputadores Pentium IBM PC-compatíveis e periféricos (mesa
digitalizadora A1, plotter, impressoras, etc.);
g) aparelhos receptores portáteis de navegação GPS (Global Positioning
System);
h) câmera digital;
i) estereoscópio de espelhos de mesa e de bolso, para a observação
dos pares de fotografias aéreas;
j) automóvel e combustível.
4.3 Métodos
Apresenta-se a seguir no fluxograma das etapas realizadas no presente
trabalho visando atingir os objetivos propostos.
39
Levantamento Bibliográfico
Trabalho de Campo – 1ª
Etapa Visita as
Digitalização das cartas
Fotointerpretação
Administrações Municipais /
(base cartográfica)
Estaduais / Federais.
Tabulação dos Geoprocessamento 1 Imagem de satélite
dados coletados Entrada de dados básicos processamento e
Entrada de dados de campo classificação
Trabalho de Campo 2ª
Tabulação de dados
etapa
coletados
Visitas aos pontos de uso
do solo e cobertura
vegetal
Geoprocessamento 2
Integração e análise de dados
Produção dos Mapas
Mapas de usos dos solos, cobertura vegetal, geológico, geomorfológico, pedológico, rede drenagem,
declividade, hipsométrico, descontinuidades e morfotectônico da microbacia do Córrego Laranja Doce.
Fluxograma 4.1 - Trabalhos de levantamento dos usos do solo e da cobertura vegetal na micro-bacia do Laranja Doce
40
4.4 Organização da Base Cartográfica
Dispondo da imagem matricial (raster) das cartas topográficas da
Divisão do Serviço Geográfico do Exército (DSG), escala 1:100.000, em formato
TIFF, utilizou-se o software GlobalMapper para o georreferenciamento das
mesmas. Após retificadas, as cartas foram salvas no formato GeoTIFF. Utilizou-se
então o software AutoCad 2000i Map, para extração, em formato vetorial, da base
topográfica da área (curvas de nível, pontos cotados, hidrografia, a malha viária) e
o usos do solo do ano de 1964.
Os dados vetoriais foram inseridos em um banco de dados geográficos
do programa Spring 4.1.1. Para isto, os dados vetoriais foram salvos no formato
DXF R12 e importados em rotina própria do Spring. Após importados, procedeu-se
a edição dos vetores, com ajustes de linhas, poligonização e classificação
temática (uso do solo 1964). As cartas planialtimétricas em formato GeoTIFF
também foram importadas e integradas ao banco de dados geográfico.
Visando compartimentar a área foram selecionadas fotografias aéreas,
imagens de satélite e todo o material cartográfico necessário à execução da
pesquisa. Através destes, segue-se uma seqüência de trabalho que tem como
técnica principal, a fotointerpretação das fotografias aéreas e das imagens de
satélite na identificação dos elementos componentes da paisagem.
Esse procedimento é necessário em vista das dificuldades de acesso à
área, além de agilizar e facilitar o mapeamento dos elementos da paisagem,
porém sem dispensar os trabalhos de campo, no detalhamento e comprovações
desses elementos.
Com um papel vegetal superposto à fotografia, marcou-se com uma
caneta fina o contorno exato das feições a serem extraídas iniciando-se a análise
e interpretação pelo registro dos elementos prontamente visíveis, como a rede de
drenagem, o relevo e a cobertura vegetal.
A fase de identificação consistiu em agrupar os elementos de imagem a
fim de se obterem formas que sejam familiares, tendendo compará-las. Neste
41
estágio, baseou-se em elementos observáveis nas fotografias aéreas como cor,
textura, tonalidade, forma, dimensão e convergência de evidências, confirmados
com verificação e análise de campo.
Para obter informações referentes ao uso do solo em 2001,
empregaram-se técnicas de sensoriamento remoto sobre uma imagem de satélite
TM LANDSAT 7 ETM+. A imagem utilizada correspondia à cena 225/075, data de
14/11/01 e foi obtida em formato digital TIFF (bandas 1, 2, 3, 4, 5 e 7). Após
convertidas para o formato GRB, formato proprietário do software Spring, realizou-
se o procedimento de registro (georreferenciamento) da imagem Landsat. Para o
registro da imagem foram selecionados pontos de controle, utilizando-se como
referência as cartas digitais (escala 1:100.000) e pontos obtidos a campo com
receptor GPS. Com base nas características das imagens Landsat, apresentadas
por Novo (1992) e Rosa (1996), têm-se a possibilidade de integração dos dados
de sensoriamento remoto com dados geográficos oriundos da escala 1:100.000 e
mesmo em escala maior que esta.
Após o georreferenciamento classificou-se as imagens, envolvendo as
seguintes etapas:
A primeira etapa refere-se a classificação digital que envoveu o
processo de segmentação, para o qual
será utilizado um algoritmo não supervisionado, denominado
crescimento de regiões, que visa agrupar regiões contínuas,
similares radiometricamente, a partir de pixels individuais, até que
todos sejam processados” (NASCIMENTO, 1996 apud RIZZI e
RUDORFF, 2003, p.233).
O processo de segmentação exige a definição de dois parâmetros:
a) o limiar de similaridade: distância mínima entre os valores
de cinza, abaixo do qual dois segmentos considerados são
agrupados em uma região;
b) o limiar área: a área mínima a ser considerada como uma
região, definida em pixels (ANDERSON et al. 2003).
42
Para a segunda fase da classificação digital, utilizou-se de acordo com
Rizzi e Rudorff (2003, p. 233), “as imagens fração segmentadas foram
classificadas através de um algoritmo não supervisionado, denominado ISOSEG,
que agrupou as regiões em classes espectralmente homogêneas”.
Após a classificação das imagens segmentadas, os temas obtidos pelo
classificador foram associados às classes definidas anteriormente no banco de
dados (ANDERSON et al., 2003).
Como a base de dados de 1964 apresentou características diferentes
da base de dados de 2001, e, para que fosse possível efetuar a comparação,
necessitou-se fazer um novo reagrupamento das classes de modo a
homogeneizá-las e permitir a comparação dos dados (Tabela 4.1).
Legenda 1964 – (DSG/IBGE)
Código
atribuído
Significado
Antropismo agro
Agropecuária (agricultura, pasto)
Plantação agro
Agropecuária (agricultura, pasto)
Floresta, mata e bosque veg
Superfície coberta por vegetação
natural ou renaturalizada
Cerrado, macega veg
Superfície coberta por vegetação
natural ou renaturalizada
Mata alagada veg
Superfície coberta por vegetação
natural ou renaturalizada
Várzea umi
Áreas úmidas
Alagável umi
Áreas úmidas
Urbana Urb
Áreas urbanas
Não classificado nc Áreas Não classificadas
Tabela 4.1 - Códigos atribuídos a legenda de uso do solo da base de dados de 1964 para análise
espaço-temporal.
Fonte: Paranhos Filho, 2000.
Esta nova classificação separou de modo genérico, as zonas naturais
(ou renaturalizadas), daquelas sob influência antrópica direta. Este novo
reagrupamento resolveu também o problema entre a separação de áreas com
pastagem e agricultura, agrupando-as como agropecuária.
43
Os mapas de cobertura vegetal foram elaborados seguindo os
procedimentos de Lueder (1959), Spurr (1960) e Carneiro (1980), para fotografias
aéreas e Mattos e Saraiva (1992) para imagens de satélite.
Para o estudo do relevo foram elaborados os mapas hipsométrico,
clinográfico e Modelo Digital de Elevação (MDE), a partir dos dados da Missão
Topográfica por Radar interferométrico, ou Shuttle Radar Topography Mission
(SRTM). O mapa hipsométrico permitiu caracterizar os traços e a configuração
geral do relevo.
O mapa clinográfico estabeleceu quatro classes de declividade a partir
de dados percentuais (0-2%, 2-5%, 5-8%, 8-12%), elaborado como indicado por
De Biasi (1970).
A rede de drenagem foi detalhada como propõe Strahler (1957) e serviu
de base também para a elaboração dos mapas geológico, da vegetação, bem
como definir os principais lineamentos estruturais através das direções
preferenciais da drenagem.
O mapa de vegetação foi elaborado a partir dos dados do
Macrozoneamento Geoambiental de Mato Grosso do Sul de 1989 e, o de
pedologia a partir dos dados do Radambrasil (1982) na escala 1:250.000, em
arquivos no formato shapefile,
Os dados extraídos das cartas topográficas foram cruzados com
aqueles fornecidos pelas imagens de satélite, obtendo-se como produto final, um
banco de dados SIG de toda a área de estudo. Desta forma estes dados podem
ser comparados entre si, gerando os subsídios para a análise da evolução do uso
e ocupação dos solos da área.
Como produtos finais foram elaborados as cartas de uso dos solos de
1964 e 2001, declividade, cobertura vegetal, geológica, geomorfológica
pedológico, em formato impresso e ou digital.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Caracterização da Área de Estudo
5.1.1 Localização
A microbacia do córrego Laranja Doce está delimitada pelas
coordenadas de 21°55’ a 22°16’ de Latitude Sul a 54°28’ a 54°52’ de Longitude
Oeste e estende-se por uma área de aproximadamente 715 km², com
comprimento da bacia de 57,49 km, no sentido Nordeste - Sudoeste envolvendo
dois municípios: Dourados e Douradina.
Está inserida no sistema Paraná, sub-bacia do rio Ivinhema e bacia do
Rio Brilhante. Limita-se a O e NW (Oeste e Noroeste) com o município de Itaporã,
ao S e NE (Sul e Nordeste) com Dourados e ao N (Norte) com o município de Rio
Brilhante, situando-se cerca de 80% de sua área no município de Dourados e o
restante no município de Douradina, ambos em Mato Grosso do Sul.
Dentre os principais córregos que banham o município, apenas o
Laranja Doce corta a região norte da cidade, no sentido Oeste-Leste,
apresentando o maior volume d`água entre todos e possuindo o maior
comprimento no perímetro urbano.
w70° w60° w50° w40°
n0°
s10°
s20°
0 500 1000 1500 km
BRASIL
BOLIVIA
PERU
PARAGUAI
URUGUAI
ARGENTINA
N
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA MICROBACIA DO CÓRREGO LARANJA DOCE
ITAPORÃ
DOURADINA
RIO BRILHANTE
DOURADOS
Áreas Urbanas
Drenagem
Limite da Bacia
Limite da Área Incorporada
LEGENDA
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
Ilustração 5.1 - Localização da área de estudo, a microbacia do córrego Laranja Doce com os dois perímetros delimitados. O tracejado pelos divisores topográficos
e outro pelos fatores hidrológicos e geomorfológicos da área.
Fonte: Cartas Planialtimétricas 1:100.000 (DSG, 1964)/IBGE.
46
5.1.2 Clima
Segundo Fietz (2001), no Estado de Mato Grosso do Sul existem
poucas informações sobre o clima, sendo Dourados uma exceção devido à
estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste, em funcionamento desde
1979, coletando dados sobre o tema.
Figueiredo (1972) apud Lastoria (2002) utilizou a classificação climática
de Köeppen (1948 apud LASTORIA, 2002), para apresentar os tipos de climas da
região centro-sul do Estado de Mato Grosso do Sul (Ilustração 5.2).
Ilustração 5.2 - Distribuição dos tipos climáticos na região centro-sul de Mato Grosso do Sul.
Nota: Destaque em vermelho para as cidades de Dourados e Douradina onde está localizada a
microbacia do Laranja Doce.
Fonte: Modificado de Figueiredo, 1972 apud Lastoria (2002).
De acordo com o referido mapa, as cidades de Dourados e Douradina,
onde se localiza a área de estudo, está na zona climática Cwa, com climas
temperados e inverno seco.
Analisando as normais de chuva e temperatura do ar (quadro 5.1), os
elementos meteorológicos que baseiam esta classificação, infere-se que o clima
da região é de fato do tipo Cwa (clima temperado úmido, com inverno seco, verão
47
quente), pois a temperatura do mês mais frio (junho) é inferior a 18ºC e a do mês
mais quente é superior a 22ºC. Apesar disso, o total de chuvas no verão (janeiro,
fevereiro e parte de dezembro e março) superam em mais de dez vezes a menor
precipitação mensal (julho) vide gráfico 5.1.
A precipitação média anual para a região de Dourados segundo dados
da estação meteorológica da EMBRAPA/CPAO (1997), situa-se em torno de 1.400
mm ano, conforme demonstrado no quadro 5.1, com um período mais chuvoso
(setembro a maio) e um mais seco (junho a agosto), está entre os limites máximo
e mínimo, de 1.700 e 1.300mm, respectivamente, para as áreas de maior e menor
altitude na região.
Os dados pluviométricos acumulados mensal para a cidade de
Dourados MS, obtida nas normais climatológicas entre 1961 e 1990, estão
demonstrados no quadro 5.1 e gráfico 5.1.
Precipitação acumulada mensal para a cidade de Dourados - MS, obtida nas normais
climatológicas (1961-1990)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
135,9 127,1 136,5 109,1 113,5 73 51,5 51,3 106 159,4 164 178,8 1406,1
Quadro 5.1 - Precipitação acumulada mensal para a cidade de Dourados-MS, obtida nas normais
climatológicas (1961-1990).
mm
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Precipitação
136 127 137 109 114 73 51,5 51,3 106 159 164 179
Jan Fev Mar
A
br Mai Jun Jul
A
go Set Out Nov Dez
Gráfico 5.1 - Precipitação acumulada mensal para a cidade de Dourados -MS, obtida nas normais
climatológicas (1961-1990)
Fonte: Disponível em: <http://www.ceud.ufms.br/~clima/dados_climaticos_index.htm>. Elaborado
por: Sandra T. Malysz (2005).
48
De acordo ainda com o referido autor, a distribuição sazonal das
temperaturas também define duas estações distintas: de outubro a abril, com
temperaturas médias de 22,7 a 25,3ºC, e de maio a setembro, com médias de
17,6 a 21,1ºC. A umidade do ar atinge seus valores mínimos no ano no final do
inverno, em agosto e setembro.
Segundo o RADAMBRASIL (1982) o trimestre mais chuvoso
corresponde ao verão austral (novembro, dezembro e janeiro), com redução no
trimestre de junho, julho e agosto (“inverno”), retornando a partir de setembro. A
massa Tropical Atlântica tem atividade constante ao longo do ano. Nos meses do
verão austral a região é invadida pela massa Equatorial Tropical, na forma de
instabilidades tropicais.
As massas polares têm atividades durante o inverno a partir da sua
formação, na região Antártica, invadindo o continente e chegando ao Mato Grosso
do Sul pelas depressões dos rios Paraná e Paraguai provocando chuvas e quedas
de temperatura. A região de Dourados e Ponta Porã tem nos meses de maio a
setembro temperaturas mínimas abaixo de 15 ºC, segundo RADAMBRASIL
(1982).
Os dados referentes aos valores de precipitação, temperatura média do
ar e umidade relativa em Dourados, no período de 1979 a 1999, estão
apresentados na tabela 5.1.
Jan Fev Mar Abr Mai Ju Jul Ago Set Out No De Anual
P
mm 156, 123,7 151,1 120,2 115,0 75,9 38,1 48,7 105, 147,2 150, 176, 1.409,0
4 5 7 5
T
(ºC) 25,3 24,6 24,4 22,7 19,7 17,6 17,7 19,8 21,1 23,5 24,6 25,2 22,2
UR
(%) 81 83 80 79 80 80 73 69 70 72 73 77 76
Tabela 5.1 - Dados normais de precipitação (P), temperatura média do ar (T) e umidade relativa
(UR) de Dourados, Período de 1979 a 1999.
Fonte: EMBRAPA/CPAO, Boletim Agrometeorológico, 1999. Org: Soares Filho, 2005.
Os dados da temperatura média e precipitação em Dourados para o
ano de 2004 apresentados no gráfico 5.2, demonstram nitidamente a divisão
climática do município, entre o clima temperado úmido e o inverno seco.
49
Temperatura média e precipitação de Dourados - MS/ 2004
ºC
350
25
300
20
250
15
200
150
10
100
5
50
0 0
j
an fev mar abr mai
j
un
j
ul ago set out nov dez
117,3 61,7 61 141,7 313,8 136,7 74,7 1,3 196,1 217,7 211,8
Ptot (mm)
20,28 19,1 18,8 19,2 13,5 13,3 13,4 12,5 16,5 17,1 18,4 19,6
Tmn (°C)
Gráfico 5.2 - Temperatura média e precipitação em Dourados-MS/ 2004
Fonte: Disponível em: <http://www.ceud.ufms.br/~clima/dados_climaticos_index.htm> Elaborado
por: Sandra T. Malysz, 2005.
Quanto a direção predominante dos ventos para a região de Dourados,
segundo dados do Boletim Agrometeorológico de Dourados
(EMBRAPA/CPAO,1999), das 21.822 (vinte e uma mil, oitocentos e vinte e duas)
leituras realizadas na Estação Agrometeorológica de Dourados de 01/06/1979 a
30/04/1999, indica com aproximadamente 23% o quadrante Nordeste como o de
ventos predominantes para a região de Dourados, sendo que o maior índice
apresentado nos dados é a calmaria com 31,5%. Os outros percentuais estão
relacionados no quadro 5.2.
C N NE E SE S SW W NW
31.5%
6.5% 22.6% 7.7% 8.1% 6.6% 8.5% 1.2%
7.4%
Quadro 5.2 - Direção predominante de ventos para a região de Dourados de 1979 a 1999.
Fonte: EMBRAPA/CPAO, Boletim Agrometeorológico, 1999. Org: Soares Filho, 2005.
50
5.1.3 Vegetação
Ainda que a ocupação da região Centro-Oeste seja secular, as
modificações significativas nos ecossistemas só foram incrementadas a partir da
década de 1940, com a implantação da Colônia Agrícola de Dourados nas áreas
florestais. Até então, a exploração agropecuária, atividade econômica básica,
processava-se nas regiões campestres.
Os estudos realizados em 1985 pelo governo estadual apontaram um
remanescente da cobertura vegetal original ocupando ainda cerca de 57% do
território do Mato Grosso do Sul, com um nível de antropismo de 150.768 Km2 (LE
BOURLEGAT, 2000 apud TERRA, 2004, p. 48).
O texto explicativo do trabalho desenvolvido pela FIPLAN/SEPLAN-MS
(MATO GROSSO DO SUL, 1989) considera a variação florística possivelmente
influenciada pela vegetação das bacias dos rios Paraguai, Paraná e Amazonas e
caracteriza a vegetação do Estado de Mato Grosso do Sul, dentro de seus limites,
em quatro regiões fitoecológicas distintas: savana, vegetação chaquenha, floresta
estacional decidual, e floresta estacional semidecidual, além de três áreas:
formações pioneiras, tensão ecológica e antrópica.
De acordo com a área mapeada, correspondente a microbacia do
córrego Laranja Doce, foi possível constatar três regiões fitoecológicas: Floresta
Estacional Semidecidual (Vegetação Secundária e Atividades Agrícolas), Cerrado
(Savana) e Área de Tensão Ecológica (Ilustração 5.3).
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
Drenagem
Área de Tensão Ecológica - Atividades Agrícolas
(Savana/Floresta Estacional)
Cerrado (Savana)
Floresta Estacional Semidecidual - Veg.
Secundária e Atividades Agrícolas
LEGENDA
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Ilustração 5.3 - Mapa de Vegetação (RADAMBRASlL) da microbacia do Córrego Laranja Doce.
Fonte: Mapa de Vegetação do Brasil - RADAMBRASIL 1: 1.000.000 (IBGE, 1988).
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa de vegetação
52
5.1.3.1 Floresta Estacional Semidecidual
A vegetação original da bacia era constituída, em sua maior parte, da
formação Floresta Estacional Semidecidual correspondendo a 646.01 km2, ou
90% da área da microbacia (Gráfico 5.3).
Vegetação RADAM BRASIL
0%
Cerrado
0%
10%
Floresta Estacional
Semidecidual
Área de Tensão
Ecológica
não classificados
90%
Gráfico 5.3 - Vegetação da microbacia do córrego Laranja Doce
Fonte: Soares Filho, 2006.
O conceito ecológico da Região da Floresta Estacional Semidecidual
prende-se diretamente às condições climáticas de duas estações, uma chuvosa e
outra de estiagem acentuada, o que ocasiona a decidualidade parcial de suas
espécies vegetais arbóreas, principalmente as que ocupam o dossel superior, as
quais têm adaptação à deficiência hídrica.
De acordo com os Estudos Integrados do Mato Grosso do Sul (1989),
nesta região fitoecológica, a percentagem das árvores caducifólias que compõem
o conjunto florestal deve situar-se em torno de 30% na época desfavorável, o que
proporciona que o chão fique completamente recoberto pelas folhas secas,
desprendidas das árvores, formando, no fim da estação seca, um verdadeiro
tapete. Geralmente, as áreas ocupadas pela Floresta Estacional Semidecidual
53
apresentam-se com solos férteis e têm relevância na economia regional.
Subdivide-se pelo seu posicionamento no terreno em:
5.1.3.1.1 Floresta Aluvial
Representa-se por uma formação florestal ribeirinha que ocupa as
acumulações fluviais quaternárias, tendo sua estrutura semelhante à floresta ciliar
de todos os rios, diferindo apenas floristicamente, porque aparecem vicariantes da
Amazônia Ocidental, na bacia do rio Paraguai.
Assim, suas principais características florísticas variam de acordo com
a posição geográfica que ocupa a formação aluvial, apesar de as árvores
caducifólias do gênero Erythrina demarcar tipicamente essa formação.
5.1.3.1.2 Floresta Submontana
Esta formação recobre os terrenos mais elevados (acima de 150m) e de
litologia mais antiga, ocorrendo nas encostas da face oeste da Serra de Maracajú,
em determinadas áreas do Planalto Maracajú – Campo Grande, bem como, na
porção Sul e Sudeste do Estado, onde existia a conhecida “Mata de Dourados”,
hoje praticamente dizimada, restando apenas alguns testemunhos. Outrora
sobrepujava nestas matas, madeiras de leis como o cedro, ipê e a peroba.
Nessa formação existe uma submata de arbustos, além de enorme
quantidade de plântulas da regeneração arbórea.
Essa vegetação nativa praticamente desapareceu, substituída por
pastagens e cultivos agrícolas, favorecidos pelos relevos aplanados propícios às
práticas de mecanização e pelos solos argilosos encontrados nos planaltos, sejam
de origem de sedimento terciário ou de rochas basálticas. As áreas com textura
média e arenosa também foram cobertas com pastagens plantadas e com
reflorestamentos.
De acordo com o novo Sistema Fisionômico-Ecológico de Classificação
da Vegetação Brasileira, proposta pelo RADAMBRASIL, a Floresta Estacional
Semidecidual está condicionado à dupla estacionalidade climática: uma tropical
54
com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem acentuada, e
outra, subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo
intenso frio do inverno. Esses climas determinam uma estacionalidade foliar dos
elementos arbóreos dominantes, os quais têm adaptação: ora a deficiência
hídrica, ora a queda da temperatura nos meses mais frios (MATO GROSSO DO
SUL, 1992 p. 17).
5.1.3.2 Cerrado (Savana)
A vegetação denominada Cerrado perfaz 68.34 km², representando
10%, da área de estudo, caracterizando desta forma como a segunda formação de
maior representatividade na microbacia (Gráfico 5.3).
Segundo estudos da FIPLAN-MS, Mato Grosso do Sul (1989), esta
denominação é utilizada para várias formações de estruturas predominantemente
campestre, intercalado por pequenas plantas lenhosas até arbóreas e em geral
serpenteadas por floresta-de-galeria. Ocorre em clima de regime estacional com
média de 3 a 4 meses secos e vegetação xeromórfica. Fisionomicamente foi
subdividida em Quatro Formações num gradiente que vai do campo limpo (Savana
Gramíneo-lenhosa), passando pelo campo-sujo ou cerradinho (Savana Parque),
pelo campo cerrado propriamente dito (Savana Arbórea Aberta) até o cerradão
(Savana Arbórea Densa) de porte quase florestal.
Formação vegetal característica das áreas de clima tropical quente e
semi-úmido, com uma estação seca que dura de quatro a cinco meses.
Fisionomicamente se apresenta como uma formação
predominantemente arbustiva, com troncos retorcidos e recobertos de camadas
protetoras contra o meio externo. Próximo às áreas mais úmidas ocorre em sua
forma arbórea (cerradão), com troncos mais retos (SECRETARIA DO MEIO
AMBIENTE-PR, 1992).
De acordo com RADAMBRASIL (1982) o Cerrado ou região da Savana
foi generalizada como denominação prioritária para as várias formações
herbáceas nas áreas tropicais e subtropicais do Brasil, apresenta formações
55
distintas, da florestada à gramíneo-lenhosa, em geral, serpenteadas por florestas-
de-galeria, revestindo solos lixiviados, aluminizados predominando em áreas
planas de chapadas areníticas, bem como outras áreas de interflúvios dissecados.
Caracteriza-se por apresentar uma estrutura composta por árvores
baixas e tortuosas, isoladas ou agrupadas sobre um contínuo tapete graminoso.
Os indivíduos lenhosos que compõem a Savana apresentam brotos foliares bem
protegidos, casca grossa e rugosa, esgalhamento profusa, grandes folhas
coriáceas e perenes, e órgãos de reserva subterrâneo geralmente profundo,
constituindo formas biológicas adaptadas a solos ácidos deficientes e
aluminizados.
Na área de estudo, onde o período seco é curto ou ausente, ocorrem
formações savanícolas, cuja fisionomia se deve a fatores litológicos e
geomorfológicos, grandemente alteradas por intensa ação antrópica,
principalmente para a utilização da agropecuária (MATO GROSSO DO SUL, 1992
p. 17).
5.1.3.3 Áreas de Tensão Ecológica
Na área da microbacia do córrego Laranja Doce, a Formação
caracterizada por Áreas de Tensão Ecológica – Atividades Agrícolas
(Savana/Floresta Estacional), é a unidade de menor representatividade, perfazem
apenas 0.87 km², ou seja, menos de 1% da área de estudo.
Estas áreas representam o contato entre duas ou mais regiões
Fitoecológicas e que se manifestam na forma de interpenetrações de espécies
(ecótono ou mistura), ou interpenetrações, sem se misturar (encraves).
Schimper (1903 apud MATO GROSSO DO SUL, 1989) define estas
áreas como sendo uma gradação da vegetação que envolve para outra, partindo
do seu ótimo ecológico até o extremo oposto, quando desaparece.
Clements (1949 apud MATO GROSSO DO SUL, 1989) define ecótono:
Uma faixa ao longo da qual dois tipos de vegetação estão em fase de competição
para ocupação do mesmo espaço.
56
5.1.3.3.1 Contato savana / Floresta estacional
A Savana tem estreita relação com o solo, a forma de dissecação do
relevo e o aspecto da paisagem que a área apresenta. Esta região Fitoecológica
localiza-se predominantemente nas cristas, colinas e encostas dos planaltos em
solos mais lixiviados. Neste ambiente ecológico os encraves da Floresta
Estacional Decidual restringem-se ao fundo dos vales e meias encostas, cujos
solos possuem maior teor de umidade e fertilidade. Ocorrem nos relevos
dissecados do Planalto de Maracajú – Campo Grande e nas encostas do Planalto
confrontante com o Pantanal.
5.1.4 Solos
O relatório do Mapa de solos, do projeto “Estudos Integrados do
Potencial de Recursos Naturais”, editado pela fundação Instituto de Apoio ao
Planejamento, Mato Grosso do Sul (NASCIMENTO et al., 1987 apud LASTORIA,
2002), atesta que a bacia pesquisada corresponde à segunda classe de solos de
maior expressividade – Latossolo roxo e Latossolo roxo álico (LRa1 e LRa2),
sendo o primeiro com relevo plano e o segundo com relevo plano e suave
ondulado. São solos predominantes na área, ocupando a maior parte dos
interflúvios. Sua ocorrência estende-se para todo o residual do basalto. O
Latossolo roxo distrófico (LRd7) e eutrófico ocupam todos os fundos de vales
fluviais da área, apresentando textura muito argilosa com relevo suave ondulado.
De acordo com os conceitos e normas estabelecidos no novo Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999), foi possivel identificar
através dos levantamentos bibliográficos na área de estudo três classes de solos:
Latossolo Vermelho distroférrico típico, Latossolo Vermelho eutroférrico típico e
Gleissolo Háplico Ta eutrófico típico, outrora, chamados de Latossolos Roxos ou
“terras roxas” no dizer popular (Ilustração 5.4).
Drenagem
Gleissolo Háplico Ta eutrofico típico
LV
LV distroférico típico
eutroférico típico
LEGENDA
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
Ilustração 5.4 - Mapa Pedológico da Microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Adaptado do Macrozoneamento Geoambiental de MS - Mapa de Solos 1:250.000 (SEPLAN/IBGE, 1988).
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa Pedológico
58
5.1.4.1 Latossolos
A classe identificada como Latossolos é amplamente dominante na
área dos estudos, ocupando desde as áreas de relevo tabular, as encostas suaves
até o limite com os fundos de vales. Desta classe foram identificados na
microbacia os Latossolos Vermelho distroférrico típico, perfazendo um total de
658.64 km2, representando 92% da superfície e os Latossolos Vermelho
eutroférrico típico, ocupando uma área de 39.72 km2, representando 6% da área
de estudo (Gráfico 5.4).
Classificação dos solos da Área de Estudo
6%
2%
LV distroférrico típico
LV eutroférrico típico
Gleissolo Há Ta
92%
Gráfico 5.4 - Classificação dos solos da microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
A classe dos Latossolos compreende solos minerais, não hidromórficos,
com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer horizonte A. São
solos com alto grau de impermeabilização normalmente muito profundos com
espessura de solum (horizonte A + B) maior que dois metros, de elevada
permeabilidade, bem a acentuadamente drenados.
Na área da bacia foram identificados solos vermelhos, como são
originados da alteração de rocha basáltica, possui elevados teores de ferro,
sendo, portanto classificados como Latossolos Vermelhos Férricos.
59
Freqüentemente encontramos referências aos solos de Dourados e de
seu entorno indicando que se trata de solos férteis o que não é verdadeiro na
maioria dos casos. Devido ao fato de serem desenvolvidos a partir de rocha
basáltica, os Latossolos Vermelhos Férricos, tendem a apresentar níveis
satisfatórios de micronutrientes em condições naturais. Entretanto a capacidade
de troca catiônica (CTC) não é elevada, devido a expressiva presença de caulinita
e de óxidos de ferro, o que dificultam o manejo da adubação fosfatada, sendo o
fósforo fortemente fixado ao solo, tornando-se pouco disponível às plantas.
5.1.4.2 Gleissolos
Secundariamente, ocorrem solos classificados como Gleissolos,
conhecidos popularmente como “solos de baixadas”, são solos minerais,
hidromórficos apresentando horizonte glei (cores acizentadas), de 150 cm de
profundidade ou mais.
Na área de estudo ocupam uma área de 16.85 km2 e representam
apenas 2% da superfície da microbacia (Gráfico 5.4).
Em geral, são solos mal drenados, com lençol freático elevado a maior
parte do ano. Na área dos estudos estão associados a sedimentos recentes
(Quaternário), pouco evoluídos com grande variabilidade espacial.
Por serem originados com grande influência aluvionar dos sedimentos,
confere aos mesmos uma notável variação granulométrica em profundidade.
Apresentando cores normalmente acinzentadas ou esbranquiçadas em
função das inundações periódicas a que são submetidos, os Gleissolos podem
induzir a fitotoxicidade em ferro e manganês, o que pode ser facilmente corrigido
com calagem. Apresentam boas características de fertilidade, embora as
condições físicas de dureza, pegajosidade e plasticidades elevadas quando secos
e molhados, respectivamente, dificultam a mecanização.
Assim sendo conclui-se que na área da bacia existem duas unidades de
solos homogêneas que constituem a paisagem na região. A unidade mais
60
abrangente e que domina as áreas mais elevadas encontra-se relacionada ao
Latossolo Vermelho Férrico, originado da alteração de rocha basáltica e a
segunda unidade homogênea, com menor exposição, originados sobre
sedimentos quaternários e classificados como Gleissolos Melânico ou Gleissolos
Háplico.
5.1.5 Geologia
5.1.5.1 Geologia regional
Segundo o Atlas Multirreferencial do Estado do Mato Grosso do Sul
(MATO GROSSO DO SUL, 1990), o arcabouço geológico de Mato Grosso do Sul
está constituído por três unidades geotectônicas distintas: Plataforma (Craton)
Amazônica, Cinturão Metamórfico Paraguai-Araguaia e Bacia Sedimentar do
Paraná. Sobre estas unidades geotectônicas são visualizados dois conjuntos
estruturais bem definidos: o primeiro diz respeito às estruturas localizadas em
terrenos pré-cambrianos, representados pelas rochas do Complexo Rio Apa,
Grupo Amonguijá, Suíte Intrusiva Alumiador e grupos Cuiabá. O segundo àquelas
dispostas em terrenos fanerozóicos da Bacia Sedimentar do Paraná.
A ilustração 5.5 mostra a coluna litoestatigráfica da Bacia do Paraná
para a região centro-oeste (PERINOTTO, 1997), modificada na parte dos grupos
Bauru e São Bento.
61
Ilustração 5.5 - Coluna litoestratigráfica simplificada da Bacia Sedimentar do Paraná no Centro-
Oeste brasileiro. ALG (Fm. Alto Garças), IAP (Fm. Iapó), VLM (Fm. Vila Maria).
Fonte: Perinotto, 1997.
Os elementos estruturais que limitam o quadro geológico, acima
descrito, compartimentam o Estado de Mato Grosso do Sul em blocos, formando
um mosaico estrutural, em que cada bloco possui características próprias, tanto
em superfície, como em sub-superfície. Esta diversidade é herdada de uma
movimentação estrutural específica para esta borda da Bacia Sedimentar do
Paraná, através do tempo geológico, em especial no Fanerozóico, com elevação
de alguns blocos em relação a outros e conseqüente remoção, por erosão, de
várias unidades estratigráficas (FULFARO; PERINOTTO, 1944 apud LASTORIA,
2002).
O mesmo autor caracteriza este arcabouço geológico como controlado
por um grande número de alinhamentos, altos e megassuturas existentes na Bacia
62
do Paraná, descritas por Nothfleet et al. (1969 apud LASTORIA, 2002) e
modificado por Araújo et al. (1995 apud LASTORIA, 2002).
De acordo com Zalán et al. (1991 apud FACINCANI, 2000) a deposição
e a disposição das seqüências sedimentares da bacia do Paraná estão
relacionadas a reativações de zonas de fraquezas herdadas do embasamento
durante fases tectônicas posteriores, controlando e determinando os falhamentos
subseqüentes. As principais feições tectônicas que afetam a bacia são
representadas por falhas marcadas por sistemas inter-cruzados de direções NW-
SE e NE-SW; suas extensões atingem centenas de quilômetros e os feixes
apresentam larguras superiores a dezenas de quilômetros (Ilustração 5.6):
Ilustração 5.6 - Principais elementos tectônicos das bacias sedimentares do Paraná, Chaco-Paraná
e Chaco-Paraguai
Fonte: Paiva Filho, 2000 apud Lastoria, 2002.
63
A área de estudo está inserida no contexto geológico da Bacia
Sedimentar do Paraná, na sua borda ocidental.
5.1.5.2 Grupo São Bento
White (1908) foi quem usou pela primeira vez o termo Série São Bento,
para designar as rochas eruptivas da Serra Geral, o grés São Bento e as camadas
vermelhas do Rio do Rasto, correspondentes respectivamente às formações Serra
Geral, Botucatu e Rio do Rasto.
Diversos autores pesquisaram as litologias que atualmente compõem o
Grupo São Bento, destacando-se entre eles Almeida (1954 apud BRASIL, 1982),
Beurlen (1956), Mühlmann et al. (1974 apud BRASIL, 1982), separaram-no em
duas formações na região do Mato Grosso do Sul, Formação Botucatu e Serra
Geral. A primeira constituída por arenitos eólicos, com estratificações cruzadas de
grande porte, localmente com fácies flúvio-lacustre, enquanto a segunda é
constituída por derrames básicos e lentes de arenitos eólicos intertrapeados em
sua porção basal.
Em superfície, a maior espessura encontrada para esse grupo gira em
torno de 120m. Consoante definição de Souza Jr. e Del’Arco (1978 apud BRASIL,
1982), o Grupo São Bento compõe-se das Formações Pirambóia, Botucatu e
Serra Geral (aflorante na área de estudo).
5.1.5.3 Formação Serra Geral
De acordo com Leinz (1949 apud BRASIL, 1982) os derrames da
Formação Serra Geral registraram um dos maiores vulcanismos já documentado
no globo, indicando idades entre 120 e 130 milhões de anos.
Almeida (1956 apud BRASIL, 1982) citou a existência de milhares de
diques associados ao vulcanismo basáltico Serra Geral com espessura variando
64
de decímetros até mais de 100 m. São geralmente subverticais, podendo, os
maiores, apresentar extensões conhecidas a 30 km, são abundantes no sul de
São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina, porém muito raros, na maior parte do
Estado de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Nesta bacia as rochas dessa idade são predominantemente vulcânicas
principalmente sob a forma de derrames basálticos, ocorrendo mais raramente
intrusivas alcalinas. Pequenas lentes e camadas de arenitos podem intercalar-se
aos derrames e o conjunto é conhecido como Formação Serra Geral. A maioria
dos derrames é de natureza básica (SATORI; MACIEL FILHO, 1976 apud
BRASIL, 1982). Esses derrames distribuíram-se por toda a bacia, com exceção de
faixas relativamente estreitas nas bordas (Ilustração 5.7).
Ilustração 5.7 - Área de ocorrência dos derrames basálticos na porção brasileira da Bacia
Sedimentar do Paraná, destaque para o município de Dourados.
Fonte: Modificado de Rebouças (1978 apud LASTORIA, 2002).
65
O derrame de rochas basálticas da Formação Serra Geral formam as
unidades superiores do Grupo São Bento. A Formação Serra Geral foi produto de
derrames basálticos causados por um tectonismo de distensão que deu origem a
grandes fendas pelas quais fluiu o magma (PARANHOS FILHO, 2000).
A Formação Serra Geral assenta na Bacia do Paraná, em discordância,
sobre rochas do Grupo Passa Dois, ou mais antigas.
Na área dominada pelos sedimentos e lavas basálticas da Bacia do
Paraná, no Mato Grosso do Sul, os alinhamentos transversais noroeste mais
importantes no estabelecimento do arcabouço estrutural dessa região são: do
norte para o sul, Guapiara, São Jerônimo – Curiúva, Rio Alonzo e a estrutura do
rio Piquiri, conforme se visualiza na ilustração 5.8:
Ilustração 5.8 - Arcabouço estrutural do Estado de Mato Grosso do Sul.
Nota: 1- Alinhamento do Rio Tietê; 2- Alinhamento de Guapiara – Presidente Prudente; 3-
Alinhamento São Jerônimo – Curiúva; 4- Alinhamento Rio Alonzo; 5- Alinhamento do
Paranapanema; 6- Alinhamento do Rio.
Fonte: Fúlfaro; Perinotto, (1994 apud LASTORIA, 2002).
66
5.1.5.4 Depósitos detríticos quaternário – Ha
No local de estudo, estão representados principalmente sedimentos
colúvio-aluviais, com predominância dos depósitos aluviais, depositados nas
margens leito dos rios e córregos que drenam a área.
Conforme descrito no Atlas Multirreferencial, Mato Grosso do Sul (1990)
em alguns locais sobre esse sedimento, encontram-se blocos e matacões soltos,
evidenciando processos erosivos recentes, atuando principalmente nas escarpas.
5.1.5.4.1 Geologia da área
Souza Jr. et al. (1987 apud LASTORIA, 2002), cita que a bacia do rio
Dourados, no médio curso, encontra-se descrita sobre rochas basálticas da
Formação Serra Geral – Grupo São Bento e arenitos da Formação Caiuá – Grupo
Bauru, nos interflúvios festonados. O derrame estende-se do extremo sul do
Estado, limite com o Paraguai, até confrontar com o chapadão do Taquari na
divisa, ao norte, com o Estado do Mato Grosso, apresentando espessura nunca
inferior a 300m.
De acordo com o referido autor, na região de Dourados, nota-se um
sistema estrutural constituído por pelo menos dois sistemas de falhamentos de
direção noroeste e nordeste, que acompanham os rios Dourados e Brilhante.
Mostrando um levantamento na parte sul e rebaixamento na parte norte e, em
direção à leste. Dentro deste sistema, a partir do alto existente na cidade de
Itaporã, em direção noroeste, as espessuras voltam a diminuir até as cidades de
Vista Alegre e Maracajú, onde os basaltos têm espessuras de 150 a 200m
(Ilustração 5.9):
67
Ilustração 5.9 - Perfil geológico de Dourados a Maracajú, mostrando a diminuição da espessura do
basalto na direção NW, a partir do alto de Itaporã.
Fonte: Lastoria, 2002.
Os aspectos geológicos na área mapeada correspondem aos terrenos
de idade Jurássico-Cretáceo caracterizado pelo Grupo São Bento, com a
presença das rochas efusivas básicas da Formação Serra Geral (JKsg),
acompanhando as feições litoestratigráficas. Apresentando no sentido N/S
(norte/sul) falha geológica, aparecendo nos limites inferior e superior da bacia,
indicando um arcabouço geológico controlado por um grande número de
alinhamentos. Contudo no centro da bacia não aparecem evidências desta falha,
seja por não existir ou estar encoberta por sedimentos (Ilustração 5.10).
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
CENOZÓICO
MESOZÓICO
QUATERNÁRIO
HOLOCENO
CRETÁCIO
JURÁSSICO
- Ha = Aluviões atuais
- JKsg = Formação Serra Geral
Grupo
São Bento
Ilustração 5.10 - Mapa Geológico da microbacia do Córrego Laranja Doce.
Fonte: Fotointerpretação das aerofotos USAF 1:60.000 (DSG/1964).
Elaborado por: Soares Filho & , 2006.Comunello
Zona de fraqueza: juntas e falhas (recentes e reativadas)
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa Geológico
69
5.1.5.4.1.1 Formação Serra Geral
Na área da microbacia do Córrego Laranja Doce, aproximadamente
619.30 km², com um percentual de 87%, formam a superfície recoberta pelos
derrames basálticos da Formação Serra Geral (Gráfico 5.5).
13%
Ha - Aluviões Atuais
87%
JKsg
F. Serra Geral
Gráfico 5.5 - Formações Geológicas da Área de Estudo
Fonte: Soares Filho, 2006.
Apresentando afloramentos em diversos pontos da bacia, inclusive no
perímetro urbano da cidade de Dourados e sem variações litológicas marcantes,
os basaltos apresentam-se, quando frescos, maciços, afaníticos à finamente
faneríticos, nas cores cinza-escuro à preto e raramente com amígdalas
preenchidas por quartzo ou calcita (Foto 5.1).
Foto 5.1 - Área de extração de basalto - Pedreira Santo Antonio.
Fonte: Soares Filho, 2004.
70
Quando alteradas superficialmente adquirem coloração amarelada, com
amigdalas preenchidas por quartzo, calcita e nontronita. Percebendo-se a
presença de arenitos intertrapeados sugerindo origem eólica e ás vezes
subaquosos.
Caracterizando a Formação Serra Geral como produto de derrames
basálticos causados por um tectonismo de distensão, evidenciou-se nas margens
do córrego Laranja Doce, afloramento de basalto dando característica de vale
encaixado (Foto 5.2).
Foto 5.2 - Afloramento de basalto no curso do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
Verifica-se presença das fraturas verticais e horizontais na área de
extração de basalto, realizado na pedreira Santo Antonio (Foto 5.3).
71
Foto 5.3 - Fraturas verticais e horizontais em basalto - pedreira Santo Antonio.
Fonte: Soares Filho, 2005.
Constata-se também a intensa atuação do intemperismo na esfoliação
da rocha ígnea (Foto 5.4).
Foto 5.4 - Atuação do intemperismo em basalto - decomposição esferoidal.
Fonte: Soares Filho, 2005.
72
5.1.5.4.1.2 Planícies aluviais
Os sedimentos quaternários na área são caracterizados pelos depósitos
associados à planície aluvial dos principais rios da região e são representados
principalmente por sedimentos colúvio-aluviais.
Os depósitos aluviais compõem a maioria dos sedimentos detríticos
mapeados na área, formando sedimentos típicos em diversos locais, como as
margens e leito dos rios e córregos que drenam a região uma área de 95.93 km²,
representando 13% da área da bacia.
Nos fundos de vale e áreas de várzea, ocorrem sedimentos argilo-
arenosos, retrabalhados, transportados e sedimentados nestes locais, sendo
identificados como Aluviões Atuais (Foto 5.5).
Foto 5.5 - Planície Aluvial no baixo curso do Córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2003.
73
5.1.6 Geomorfologia
5.1.6.1 Geomorfologia regional
Segundo Mato Grosso do Sul (1990), observando-se o mapa
geomorfológico do Estado, percebem-se quatro fisionomias distintas de relevo.
A parte oriental compreende um relevo alçado constituído por planaltos,
patamares e chapadões inseridos na Bacia Sedimentar do Paraná. De sua borda
ocidental em direção oeste, estende-se vasta superfície rebaixada recoberta por
sedimentos quaternários – a região do Pantanal Mato-Grossense – e a depressão
do alto Paraguai. Em meio a essas regiões rebaixadas erguem-se relevos
elevados da Bodoquena e as Morrarias do Urucum-Amolar.
Entretanto a origem e a evolução das diferentes fisionomias do relevo
regional acham-se intimamente relacionadas aos movimentos de compensação
isostática muito antigos, como o soerguimento dos Andes, o soerguimento da
Bacia Sedimentar do Paraná e o abatimento entre os dois, onde se instalou a atual
bacia do Paraguai.
Almeida (1949 apud MATO GROSSO DO SUL, 1990) concluiu em
estudo sobre o relevo de cuesta da Bacia Sedimentar do Paraná que, após seu
soerguimento, a bacia passou a sofrer subsidência constante ao longo do seu eixo
NNE-SSW, com o conseqüente empinamento das bordas, o que expôs toda a
periferia à atuação de processos de formação de cuestas, marcando assim o
advento do período de idade Terciária.
Ab’Saber (1949 apud MATO GROSSO DO SUL, 1990) refere-se a
esses processos como fenômenos de circundesnudação e acrescenta que na
borda ocidental da bacia foram eles auxiliados, ao mesmo tempo, dissimulados
pela intervenção da falhas e movimentação em blocos, concomitantes aos
processos de orogênese positiva que elevou o rebordo da região.
A elaboração do relevo dos planaltos e chapadões da Bacia Tecto-
sedimentar do Paraná, no reverso da cuesta, se deu através de processos
erosivos do tipo pediplanação, concluem Nascimento et al. (1987).
74
No mapeamento do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1982), foram
identificadas três fases erosivas que resultaram na elaboração de três superfícies
erosivas para o Estado de Mato Grosso do Sul. Destas três, a área referente ao
médio curso do rio Dourados, se insere, na fase mais recente de atuação, o
Pediplano Neopleistocênico, tendo ainda os mais antigos: Pediplano Terciário
Inferior e Pediplano Pliopleistocênico.
Evidências do Pediplano Terciário Inferior podem ser observadas na
Folha Maracaju, noroeste da área, onde ocorrem testemunhos dessa denudação
cenozóica com manchas isoladas dos arenitos cretáceos do Grupo Bauru com
diferenças altimétricas superiores a 150m, na altitude de 680m.
Nascimento et al. (1989) realizaram o mapa geomorfológico do Estado
de Mato Grosso do Sul, identificando regiões geomorfológicas, que englobam as
unidades geomorfológicas e que, por sua vez, abrangem os tipos de modelado –
plano, de dissecação e de acumulação. Estes fatos constituem conjuntos de
compartimentos de relevo com interação têmporo-espacial, ou seja, condições do
meio físico associados a fatores climáticos atuais e passados.
5.1.6.2 Região geomorfológica
Nesse aspecto a área proposta para mapeamento, nesta pesquisa,
encontra-se situada, na Região dos Planaltos Arenítico-Basálticos Interiores, que
apresenta-se como um extenso planalto alongado no sentido NNE-SSO, com
altimetrias em torno de 400 m (na serra do Pantanal), se elevando para 500 m (na
serra do Taquari) e para 800 m (na serra de Caiapó). Em direção sul, as cotas
altimétricas decrescem na borda ocidental da Bacia em direção a calha do rio
Paraná. Sendo assim, as altitudes estão em torno de 500 m em Campo Grande,
de 400 m em Rio Brilhante e de 300 em Mundo Novo, Três Lagoas e Bataguassu.
Compreende litologias mesozóicas e, secundariamente, Aluviões Holocênicos.
75
5.1.6.3 Unidade geomorfológica
Unidade geomorfológica onde se insere a área de estudo é o Planalto
de Dourados, que forma um plano inclinado para sudeste, refletindo assim, o
efeito da epirogênese, uma vez que no limite com o Planalto de Maracaju possui
altitudes em torno de 500 m, atingindo ao longo do rio Dourados no limite com os
divisores das Sub-Bacias Meridionais cotas de 300m.
A rede de drenagem formada pelos principais rios da microrregião:
Dourados, Brilhante, Vacaria e Anhanduí, apresentam um padrão dendrítico que
modela o relevo através da erosão remontante, dando origem a formas planas e
elevadas nos interflúvios festonados; o relevo acha-se esculpido em derrames
basálticos da Formação Serra Geral, originando solos Latossolos Roxos, e
ocorrendo, localmente, manchas de arenitos da Formação Bauru responsáveis
pela formação dos solos Latossolos Vermelho-Escuros (MATO GROSSO DO
SUL, 1992 p. 13).
5.1.6.4 Geomorfologia da área
5.1.6.4.1 Compartimentação geomorfológica
A área de estudo, localizada no reverso das cuestas supracitadas, é
parte dessa superfície inclinada, cujas altitudes variam de 500 a 600m na borda da
bacia, até 230m ao longo das planícies do Rio Paraná, refletindo assim o efeito do
soerguimento da borda como conseqüência da constante subsidência que vem
ocorrendo ao longo do eixo da bacia (Ilustração 5.11).
A configuração geomorfológica da área constitui-se de uma região
fisiográfica bastante simples pelas suas formas e estruturas. Formada unicamente
por camadas de efusivas básicas, suavemente inclinadas para o vale do Rio
Paraná. Apresenta-se como uma região levemente ondulada e, patamares com
influências litológicas ou estruturais de encostas suaves.
76
Aguiar et al. (1986 apud Lastoria, 2002) caracteriza a área de
ocorrência dos basaltos no Mato Grosso do Sul como um relevo de planalto, com
altitudes médias da ordem de 450m em Dourados. A escultura topográfica dessa
região está subordinada aos níveis de eruptivas, ou seja, as camadas de basalto
deram lugar a plataformas estruturais que regulam a progressão da erosão.
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
Ilustração 5.11 - Mapa Geomorfólogico da microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Fotointerpretação das aerofotos 1:60.000 USAF (DSG/1964)
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
Tipos de Vertentes
Retilínea
Côncava
Convexa
Convexa - Côncava
Zona de fraqueza: juntas e falhas (recentes e reativadas)
Escarpa secundária
Patamares com influência litológica e/ ou estrutural
Terraços
“V”- Vales encaixados
“U”- Vales abertos
Zona de captura de drenagem
V
U
LEGENDA
Rede de Drenagem
Cotas topográficas 200 a 300m
Cotas topográficas 300 a 400m
Cotas topográficas 400 a 500m
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
2
2
2
2
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5
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5
5
5
5
5
5
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V
V
V
V
V
V
U
U
U
U
U
U
U
U
U
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa Geomorfológico
78
5.1.6.4.2 Rede de drenagem
Howard, (1967 apud CUNHA; GUERRA, 1994) destacam que: têm
papel importante no escoamento canalizado a topografia, a cobertura vegetal, o
tipo de solo, a litologia e a estrutura das rochas na bacia hidrográfica. A disposição
espacial dos rios é controlada em grande parte pela estrutura geológica, e definida
como padrão de drenagem.
A área de estudo, quanto à bacia de drenagem é classificada como
exorreíca, tendo sua rede de drenagem instalada de forma conseqüente, cujo
curso de água está determinado pela inclinação do terreno e em geral coincidindo
com o mergulho das camadas, originando curso retilíneo a paralelo (Ilustração
5.12).
Ilustração 5.12 - Rede de drenagem da microbacia do córrego Laranja Doce com altimetria do
relevo. Eqüidistância das curvas de nível: 40 metros.
Fonte: Soares Filho, 2006.
79
O padrão de drenagem da microbacia é dendrítico com leve
paralelismo, delineado pelos processos erosivos alicerçados a geologia que é
formada por rochas vulcânicas, desenvolvendo-se sobre rochas de resistência
uniformes ou em rochas estratificadas horizontais de acordo com a proposta
apresentada por Horton (1945 apud CHRISTOFOLLETTI, 1980).
Quanto à forma da microbacia, optamos por descrevê-la por meio da
hierarquização de seus canais de drenagem, ou seja, a definição do número de
ordem desses. Para tanto utilizamos a metodologia de hierarquização de
microbacias proposta por Strahler (1952 apud CHRISTOFOLLETTI, 1980), na qual
os menores canais, que iniciam a rede de drenagem, são considerados de
primeira ordem.
Quando dois canais de primeira ordem se unem formam um de
segunda ordem, que poderá receber um de primeira. A união de dois canais de
segunda ordem forma um de terceira e assim sucessivamente. Portanto, numa
mesma escala e num mesmo tipo de ambiente, uma drenagem de primeira ordem
terá sempre menor volume que uma de segunda, menor número de tributários,
menor descarga recebida e assim por diante.
Das nascentes do córrego Laranja Doce até o Rio Brilhante, suas águas
escoam de forma perene, recebendo 21 canais de 1ª ordem, 05 canais de 2ª
ordem e 02 canais de 3ª ordem, classificando-se como um curso d’água de 4ª
ordem.
Com o intuito de demonstrar o poder erosivo do córrego, elaborou-se
seu perfil longitudinal, pois quanto maior sua vazão e a inclinação de seu leito
maior será seu poder de erosão, que pode sofrer variações ao longo do percurso
realizando três trabalhos essenciais para a construção e modificação do relevo:
erosão, transporte e sedimentação (Ilustração 5.13).
80
Ilustração 5.13 - Cortes transversal e longitudinal da área da microbacia do córrego Laranja Doce.
Eqüidistância das curvas de nível: 40 metros.
Fonte: Soares Filho, 2006.
O perfil longitudinal de um rio expressa a relação entre seu
comprimento e sua altimetria, que significa o gradiente. O perfil típico é côncavo,
com declividades maiores em direção à nascente, e cursos de água que
apresentam tal morfologia são considerados em equilíbrio, assumindo quando há
relação de igualdade entre a atuação da erosão, do transporte e da deposição
(CUNHA; GUERRA, 1994, p. 234).
A fisionomia que o rio exibe ao longo de seu perfil longitudinal é do tipo
côncavo, associada a um leito rochoso homogêneo que oferece igualdade de
resistência à atuação das águas, com a cota máxima de 442 m e a mínima de
283, expressa um gradiente de 159 metros, com uma declividade média de 2,77%
numa altitude média de 362,50 metros (Ilustração 5.14).
81
460
A
440
420
400
380
360
340
320
300
B
280
260
240
220
200
Ilustração 5.14 - Perfil Longitudinal do córrego Laranja Doce elaborado à partir dos dados
SRTM/NASA.
Fonte: Soares Filho, 2006.
Na área em questão, o perfil longitudinal apresentou-se côncavo, com
as declividades maiores em direção a nascente, tendo seu curso superior como
parte mais inclinada, onde o poder erosivo e de transporte de sedimentos é mais
intenso, sendo que a força das águas escava vales em forma de V abertos.
No curso médio do córrego, a inclinação se suaviza e as águas ficam
mais tranqüilas. Sua capacidade de transporte diminui e começa a depositar os
sedimentos que não consegue mais transportar (Foto 5.6).
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
Foto 5.6 - Assoreamento no curso médio do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2004.
82
Na época das cheias, o córrego transborda, depositando nas margens
grande quantidade de sedimentos. Nessas áreas formam-se grandes planícies
sedimentares, onde o rio desenvolve curvas, denominados meandros.
O curso inferior do rio correspondente às zonas próximas de sua foz, a
inclinação do terreno torna-se quase nula e há muito pouca erosão e transporte. O
vale apresenta-se alargado e o córrego corre sobre os sedimentos depositados.
5.1.6.4.3 Morfogênese das vertentes
Segundo Penteado (1978), o relevo se constitui de uma grande
variedade de tipos de encostas, desde superfícies retilíneas quase verticais, até
vertentes tão suavemente inclinadas que quase se aproximam da horizontalidade.
Entretanto a maior parte das vertentes apresenta formas convexo-côncavas com
ou sem segmentos retilíneos intercalados.
Christofolletti (1980, p. 27), afirma que os processos morfogenéticos
são responsáveis pela esculturação das formas de relevo, representando a ação
da dinâmica externa sobre as vertentes. Constituem fenômenos de escala métrica
ou decimétrica, e o seu estudo traz informações de ordem teórica, explicando a
evolução das vertentes e a esculturação do relevo e no campo prático fornece
informações a propósito da melhor aplicabilidade das técnicas de conservação dos
solos.
O mesmo autor destaca a utilização do perfil transversal dos vales,
como critério de classificação, favorece a distinção de um número quase infinito de
tipos, por causa das nuances que surgem.
Para análise do relevo foram elaborados dois perfis topográficos, CD e
EF (Ilustração 5.15). Esses perfis demonstram as características do relevo da área
de estudo, com talvegues suaves, interflúvios planos e tabulares sem variações
abruptas de relevo.
Através da elaboração dos perfis transversais da bacia, constatou-se
que os processos de esculturação que atuam sobre as vertentes reduzindo sua
83
declividade e altitude, se fazem em função da escavação do vale, apresentando o
predomínio da erosão linear. Caracterizam-se por vales estreitos, fortemente
encaixados, vertentes lisas, sempre cobertas de solo, com declives quase
constantes. Pode-se classificar como vertente equilibrada, onde em nenhum ponto
do perfil a remoção de material excede o intemperismo, esculpida em material
homogêneo e maciço (Ilustração 5.15).
260
280
300
320
340
360
380
400
420
E
F
C
D
Córrego Laranja Doce
Córrego Laranja Doce
Córrego Laranja Lima
Córre
g
o Hum
0 4000 8000 12000 16000 20000 24000
Ilustração 5.15 - Perfis Transversais da microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
De acordo com as amplitudes altimétricas, foram identificados
primariamente dois compartimentos que identificam morfologias distintas,
caracterizadas por:
a) Colinas suavemente onduladas: com altitudes variando entre 300 a
440 m, caracterizadas por vales em V, abertos e vertentes côncavas, com
dissecação fluvial e densidade de drenagem baixa (Foto 5.7);
84
Foto 5.7 - Vista panorâmica de colinas suaves com altitudes variando entre 300 a 440 m.
Fonte: Soares Filho, 2005.
Planícies: com altitudes inferiores a 300 m, caracterizados por vales
abertos sobre materiais colúvio-aluvionares, de ocorrências expressivas ao longo
dos cursos d’água (Foto 5.8);
Foto 5.8 - Planície aluvial na confluência do Laranja Lima com o Laranja Doce, com altitude inferior
a 300 m.
Fonte: Soares Filho, 2004.
A análise do mapa hipsométrico da área da microbacia com a locação
de curvas de nível com diferença de cota de 20 m nos permitiu estabelecer
85
diversos compartimentos com declividade semelhante. A cota máxima de 464 m e
a mínima de 283 demonstra a pequena variação altimétrica em toda a área da
microbacia.
O uso de coverages com as curvas de nível, pontos cotados e da
hidrografia permitiu a elaboração de modelos digitais do terreno (DEM – Digital
Elevation Models).
Estes modelos ressaltam as principais feições morfológicas da área
como se pode visualizar nas ilustrações 5.16 e 5.17, permitindo a observação do
relevo da área através de vários ângulos de visada.
Ilustração 5.16 - Modelo Digital do Terreno em 2D referente a microbacia do córrego Laranja
Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
86
Ilustração 5.17 - Modelo Digital do Terreno em 3D referente a microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
5.1.6.4.4 Quadro morfoestrutural da área de estudo
Através do levantamento das direções de descontinuidades estruturais
baseando-se na rede de drenagem tem-se como destaque respectivamente as
direções: N-S, E-W, NW-SE e NE-SW (Ilustração 5.18).
Analisando o mapa de descontinuidades, observa-se que a
configuração morfoestrutural da área é direcionada principalmente pelo arranjo de
lineamentos orientados segundo NE-SW, seguidas respectivamente por NW-SE e
N-S, evidenciando desta forma, as características e padrões estabelecidos pelo
quadro morfoestrutural da região.
Cabe destacar que uma significativa parcela dos traços gerais da
configuração atual da paisagem é devida ao quadro morfotectônico elaborado
durante o processo distensivo de abertura do Atlântico Sul, e que certamente
exerceu forte influência na elaboração do quadro mais recente. (SANTOS, 1999,
p.103).
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
Ilustração 5.18 - Mapa de Descontinuidades da microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Fotointerpretação das aerofotos 1:60.000 USAF (DSG/1966)
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
N-S
DIREÇÃO DE DESCONTINUIDADES
ESTRUTURAIS BASEADOS NA
REDE DE DRENAGEM (JUNTAS OU FALHAS)
E-W
NW - SE
NE-SW
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa de Descontinuidades Estruturais
88
5.1.6.4.5 Morfotectônica
Segundo Facincani (2000, p. 35) o termo morfotectônica consiste no
estudo de processos geradores de formas, relacionados a qualquer tipo de
atividade tectônica.
A determinação do quadro morfotectônico da área baseou-se em
análise conjunta de feições da rede de drenagem e de relevo, e da configuração
atual dos registros sedimentares cenozóicos, indicativos de atuação tectônica
cenozóica e recente.
A atividade tectônica cenozóica conferiu à área forte controle tectônico-
estrutural, o qual vem promovendo, ao longo do tempo, significativa modificação
na paisagem principalmente através do rearranjo da rede de drenagem e
conseqüentemente das formas de relevo.
A área apresenta uma provável divisão em três blocos morfotectônicos
I, II e III, limitados por descontinuidades representadas por juntas e falhas a partir
das nascentes para a foz, de direção SW-NE, em direção ao Rio Brilhante
(Ilustração 5.19).
Christofoletti (1980) define terraços como antigas planícies de
inundação que foram abandonadas. Cita ainda a possibilidade de se formar uma
planície de inundação em nível mais baixo, acompanhada de nova fase erosiva
sobre o embasamento rochoso do fundo do vale. Esse entalhamento pode ser
resultado de movimentos tectônicos, de abaixamento do nível de base ou de
modificações no potencial hidráulico do rio, ocasionando a formação dos
denominados terraços encaixados.
De acordo com a definição é possível relacionar também a
morfotectônica, um antigo terraço suspenso detectado a nordeste no limite da
bacia. O mesmo encontra-se nas bordas da escarpa e, muito acima do nível atual
de erosão, sugerindo um soerguimento da área, relacionado a qualquer tipo de
atividade tectônica.
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
LEGENDA
Tipos de Vertentes
Retilínea
Côncava
Convexa
Convexa - Côncava
Zona de fraqueza: juntas e falhas (recentes e reativadas)
Escarpa secundária
Patamares com influência litológica e/ ou estrutural
Terraços
“V”- Vales encaixados
“U”- Vales abertos
Zona de captura de drenagem
V
U
Rede de Drenagem
Cotas topográficas 200 a 300m
Cotas topográficas 300 a 400m
Cotas topográficas 400 a 500m
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
2
2
2
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5
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2
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7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
BLOCO I
BLOCO II
BLOCO III
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa Morfotectônico
DIREÇÃO DE DESCONTINUIDADES ESTRUTURAIS
BASEADOS NA REDE DE DRENAGEM (JUNTAS OU FALHAS)
N-S
E-W
NW-SE
NE-SW
Ilustração 5.1 - Mapa orfo ico da microbacia do córrego Laranja Doce.9 M tectôn
Fonte: Fotointerpretação das aerofotos 1:60.000 USAF (DSG/1964)
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
90
Através da análise das curvas de nível e da utilização da metodologia
De Biasi (1992), numa área de 715 km
2
, foram criadas 06 (seis) classes de
declividades dentro da microbacia do córrego Laranja Doce. Entretanto para
melhor análise foram agrupadas em 04 (quatro) classes apenas, classe A de 0% a
2%, classe B de 2% a 5%, classe C de 5% a 8%, e classe D de 8% a 12%
(Ilustração 5.20)
A classe A – Muito suave – representa a declividade entre 0 a 2%,
ocupando principalmente a área média e baixa do curso da bacia, e abrange cerca
de 457,63 km
2
ou (63%), dos terrenos da bacia do córrego Laranja Doce.
Observa - se que esta classe é a mais significativa na microbacia do
Córrego Laranja Doce, sendo considerada uma bacia com declividade
predominantemente suave, onde o escoamento superficial é muito lento. O terreno
não oferece nenhuma dificuldade ao uso de máquinas agrícolas e não existe
erosão hídrica significativa.
A classe B - Suave – apresenta declividade como uma variação entre
2% a 5% que abrangem uma área e 265,19 km
2
ou (36%), sendo a segunda
classe mais expressiva na bacia do Córrego Laranja Doce, estando mais
concentrada no médio e alto curso da microbacia. Nesta área o escoamento
superficial é considerado lento ou médio, sendo assim considerada muito boa para
a ocupação antrópica.
A classe C - Suave ondulado – apresenta declividade entre 5 a 8%,
ocupa uma área 6,84 km
2
, ou (1%) da microbacia. São áreas identificadas no alto
e médio curso da bacia, são áreas de superfícies inclinadas, nas quais o
escoamento superficial, na maior parte dos solos, é médio ou rápido. Em alguns
casos, a erosão hídrica oferece poucos problemas ou então pode ser controlada
com práticas; na maior parte das vezes, porém, práticas complexas de
conservação do solo são necessárias, para que solos com essa declividade
possam ser cultivados.
A classe D – Ondulada – com declividade entre 8 a 12%, abrange uma
área de 0,18 km
2
, ou menos de 1% da área da bacia do Córrego Laranja Doce.
Constata-se que concentração dessa classe está no alto e médio curso da bacia.
91
Compreende áreas muito inclinadas, onde o escoamento superficial é rápido na
maior parte dos solos, sendo considerada a sua área no uso e ocupação com
restrições.
Declividade da microbacia do córrego
Laranja Doce
00 - 02
02 - 05
05 - 08
08- 12
63%
36%
1%
0%
Gráfico 5.6 - Declividade da Área de Estudo
Fonte: Soares Filho, 2006.
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
LEGENDA
Classes de declividade
Drenagem
0a2%
2 a 5% mais que 8%
5a8%
Ilustração 5.20 - Mapa de Declividade de microbacia do córrego Laranja Doce.
Fonte: Elaborado a partir dos dados do Shuttle Radar Topography Mission, SRTM (2005)
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa de Declividades
93
5.1.7 Aspectos Sócio-Econômicos
5.1.7.1 A urbanização de Dourados e Douradina
O Município de Dourados situado, ao sul do Estado de Mato Grosso do
Sul, na região Centro-Oeste do Brasil, pólo econômico regional formado por mais
de 30 municípios, distante 221 km da capital, Campo Grande, e das divisas de
Guaira no Paraná, 226 km, e do Paraguai (Pedro Juan Caballero), 120 km,
ocupando uma área de 4.137,19 km
2
.
Elevado a categoria de município pelo decreto de nº. 30 de 20 de
dezembro de 1935, com uma população estimada em 20.000 habitantes,
atualmente conta com 164.949 habitantes, em uma área urbana de 75,76 km
2
,
onde estão fixados mais de 90% de sua população.
Silva (1996) apud Freitas Filho (1999) cita que a ocupação efetiva
dessa região por brasileiros concretizou-se com a implantação da Colônia Agrícola
de Dourados – CAND. “Criada em 1943, além de fixar 6.200 famílias de colonos,
cumpriu também o papel de atrair para a região os interesses do capital privado”.
Os projetos de desenvolvimento econômicos passados e atuais, para
esta região do Estado de Mato Grosso do Sul aconteceram de forma a priorizar o
atendimento às demandas do comércio exterior.
Em 1970, possuía uma população de 79.260 habitantes dos quais 40%
(31.611) viviam na zona urbana e 60% (47.649) na zona rural. Em 1991, segundo
o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Dourados já
contava com 135.984 habitantes, com um incremento populacional de 118% em
apenas 20 anos. Além do intenso crescimento houve também a inversão desta
população, ou seja, desse total, 122.856 (90%) passaram a morar na zona urbana
e apenas 13.128 habitantes (10%) na zona rural.
O Município de Douradina em 1991 possuía uma população de 4.741
habitantes dos quais 48% (2.254) viviam na zona rural e 52% (2.484) na zona
urbana. Enquanto em 2000, contava com uma população de 4.732 habitantes,
94
desses 43% (2.029) fixavam-se na zona rural e 57% (2.703) residiam na zona
urbana do município, de acordo com o censo do IBGE.
Segundo o censo do IBGE, realizado em 2000, o Município de
Dourados possui uma população de 164.949 habitantes, sendo que 149.928
residem na zona urbana e 15.021 na zona rural, conservando as mesmas
proporções, ou seja, mais de 90% dos habitantes do município são residentes na
zona urbana. Os dados referentes a evolução da população total e rural do
município de Dourados está destacado no gráfico 5.7.
Evolução da População Total e Rural de Dourados
MS, entre 1970 e 2000
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
População Total Populão Rural
Gráfico 5.7 - Evolução da população total e rural de Dourados entre 1970 e 2000
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censos Demográficos de 1970, 1980,
1991 e 2000 - Mato Grosso do Sul.
Elaborado por: Soares Filho, 2005.
5.1.7.2 Aspectos da urbanização do Mato Grosso do Sul e
da Micro-Região Geográfica de Dourados
Segundo Terra (2004) a elevada propagação da lavoura mecanizada no
Mato Grosso do Sul, em especial na região de Dourados, desencadeou
transformações profundas no arranjo da espacialização da população no espaço
95
regional, afetando tanto o meio rural, quanto o espaço urbano. A expansão do
novo sistema agrícola determinou uma profunda inversão demográfica que se
manifestou no esvaziamento do campo e a conseqüente urbanização acelerada.
A partir da introdução do novo modelo agrícola atrelado aos respectivos
complexos agroindustriais, configurou-se um sistema agrícola cujo funcionamento
requer um grande consumo de máquinas e insumos agrícolas industrializados,
desencadeando um intenso processo de tecnificação da agricultura e também,
desarticulando a estrutura agrária herdada do período anterior, embasada na
pequena propriedade familiar. Tais fatores concorreram decisivamente para a
eliminação de postos de trabalho no campo.
A maciça transferência da população do campo para a cidade deveu-
se, também, à crescente concentração de investimentos federais, a partir de 1970,
no espaço urbano, criando oportunidades de empregos na cidade.
A intensidade do êxodo rural da área de estudo, pode ser dimensionada
com o exame da evolução dos contingentes de população rural através dos dados
censitários fornecidos pelo IBGE que constam no quadro 5.3:
Evolução da população total, da população rural de Dourados, Douradina e Mato Grosso do Sul, entre 1970 e 2000.
Cidades
POPULAÇÃO TOTAL POPULAÇÃO RURAL
1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000
Douradina --- --- 4.741 4.732 --- --- 2.254 2.029
Dourados 79.260 106.493 135.984 164.949 47.649 21.644 13.128 15.021
Mato Grosso do
Sul
**1.600.494 1.369.567 1.780.373 2.078.001 914.719 450.444 365.926 330.895
** Estado de Mato Grosso
Nota (---) Dados inexistentes.
Quadro 5.3 - Evolução da população total e rural da microbacia e Mato Grosso do sul entre 1970 e
2000.
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 – Mato Grosso do Sul.
Elaborado por: Soares Filho, 2005.
De acordo com o mesmo autor, o Estado de Mato Grosso apresentava,
em 1970, uma população total de 1.600.494 habitantes sendo deste total, 914.719
habitantes residentes na zona rural, o que correspondia a 57,15% de todo o
contingente demográfico, enquanto 42,85% correspondiam à população urbana. A
partir desta década, após a divisão do Estado, efetivada em 1977, essa
distribuição foi radicalmente invertida. Desta forma em 1980, a população absoluta
96
do Estado do Mato Grosso do Sul sofreu um decréscimo de 230.927 habitantes,
equivalendo a uma redução de 14,42%, e a população rural sofreu uma redução
relativa e absoluta, passando a somar apenas 32,88% do total (Gráfico 5.8).
Evolução da População Total e Rural em Mato
Grosso (1970) e Mato Grosso do Sul
entre 1980 e 2000
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
População Total População Rural
Gráfico 5.8 - Evolução da população total e rural em Mato Grosso (1970) e Mato Grosso do Sul
entre 1980 e 2000.
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censos Demográficos de 1970, 1980,
1991 e 2000 - Mato Grosso do Sul.
Elaborado por: Soares Filho, 2005.
Esta nova forma de organização espacial sul-mato-grossense provocou
um intenso êxodo de colonos, que se dirigiram para a Região Norte
(principalmente Rondônia) ou se transferiram para os centros urbanos mais
próximos.
Este processo continuou sua marcha também durante os anos de 1980
a 1990. Dos 1.780.373 habitantes que totalizavam a população do Estado em
1991, 1.414.447 eram residentes urbanos, que correspondiam a 79,44% do total.
A população rural continuou sofrendo retraimento, alcançando apenas 365.926
habitantes, isto é, representando pouco mais de 20% do total.
O Censo demográfico de 2000 revelou que a população total de Mato
Grosso do Sul manteve sua tendência de crescimento, atingindo uma população
97
de 2.078.001 habitantes, da mesma forma em que a população rural manteve sua
trajetória decrescente, com apenas 330.895 habitantes representa apenas 15,92%
da população total.
Situação semelhante se reproduziu no mesmo período, na Micro-região
Geográfica de Dourados
3
, abrangendo os municípios de: Amambaí, Antônio João,
Aral Moreira, Caarapó, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Itaporã, Juti, Laguna
Caarapã, Maracaju, Nova Alvorada do Sul, Ponta Porã, Rio Brilhante e Vicentina
(Ilustração 5.21).
3
As micro-regiões geográficas são definidas como parte das meso-regiões que apresentam
especificidades quanto à organização do espaço. Estas especificidades não significam
uniformidade de atributos, nem conferem às microrregiões auto-suficiência e tampouco o caráter
de serem únicas, em virtude de sua articulação a espaços maiores, quer a meso-região, à unidade
da Federação, quer à totalidade nacional. Estas especificidades referem-se à estrutura de
produção, agropecuária, industrial, extrativismo mineral, ou pesca. Estas estruturas de produção
diferenciadas podem resultar da presença de elementos do quadro natural ou de relações sociais e
econômicas particulares. (...) A organização do espaço micro-regional é identificada, também, pela
vida de relações no nível local, isto é, pela interação entre as áreas de produção local de
beneficiamento e pela distribuição de bem e serviços de consumo freqüente. Assim, a estrutura da
produção para a identificação das micro-regiões é considerada em sentido totalizante, constituindo-
se pela produção propriamente dita, distribuição, troca e consumo, incluindo atividades urbanas e
rurais. (IBGE, 1989: 02)
98
Ilustração 5.21 – Micro-região homogênea de Dourados.
Nota: A - Mato Grosso do Sul com destaque para a Micro região Homogênea de Dourados; B –
Micro região homogênea de Dourados segundo IBGE.
Fonte: IBGE, 1968.
99
Dessa forma, a população rural, que em 1970 somava 164.746
habitantes e correspondia a 66,92% do contingente demográfico total, foi reduzida
em 1980 para 116.256 habitantes, perfazendo 36,00% da população total da
Microrregião. Em 1991, esse contingente da população rural diminuiu para apenas
79.456 habitantes, passando a representar somente 23,34% da população total.
Enquanto, em 2000 dos 407.512 habitantes da Microrregião, apenas 75.787
habitantes eram rurais, ou seja, apenas 18,59%.
Analisando o percurso histórico da colonização do Sul do Mato Grosso
do Sul, é possível inferir que, a partir da década de 1970, teve início um conjunto
de intervenções programadas do governo federal que se estenderam até 1985 e
visavam à modernização agrícola do Estado. Essas intervenções provocaram
significativas transformações na economia do Sul do Estado, pois foi deslocando o
eixo da atividade pecuária para uma agricultura moderna, produzindo profundas
modificações nas relações de trabalho e conduzindo a região ao desenvolvimento
econômico.
Com base na análise dos dados censitários, apresentados, tem se uma
idéia precisa da magnitude modernização da agricultura no Mato Grosso do Sul
em especial na Microrregião Geográfica de Dourados, pautada sobre tudo, no
binômio trigo-soja que desencadeou profundas transformações no arranjo espacial
regional. As mudanças não afetaram apenas o meio rural, mas produziram
impacto com igual intensidade no espaço urbano. A expansão do novo sistema
agrícola determinou uma surpreendente inversão demográfica que se manifestou
na simultaneidade de dois processos complementares: o esvaziamento do campo
e a urbanização acelerada.
Ou seja, com a introdução desse novo modelo agrícola, o espaço
regional foi dotado de um novo conteúdo de técnica e ciência que ocasionou
mudanças nas relações sociais de produção e de trabalho, alterando a paisagem
regional, agora altamente tecnificada e integrada ao progresso.
O vigor dessa tecnificação vislumbra-se através do acelerado processo
de tratorização da agricultura regional, assim como pelo incremento na quantidade
e na qualidade das máquinas colheitadeiras e dos demais equipamentos
100
agrícolas, que por sua vez, concorreram para a desarticulação da estrutura agrária
da área em questão, que até então era embasada na pequena propriedade
familiar dos colonos.
Assim, a ação simultânea da tecnificação da agricultura e do
desmembramento da pequena produção dos colonos proporcionou a
intensificação do crescimento urbano das cidades que compõem a região de
Dourados.
5.2 Uso e Ocupação dos Solos
Ao iniciar a análise sobre o uso e ocupação da microbacia do córrego
Laranja Doce, remete-se, obrigatoriamente, a uma reflexão sobre a adequação
ambiental das escolhas feitas para o desenvolvimento da região.
A questão fundamental para todos os envolvidos na área é saber se
seu habitat tem sido projetado de forma a atender suas expectativas e
necessidades. Os riscos atuais aos quais está exposta a área de estudo
decorrem, principalmente, de conflitos políticos em torno da ocupação do território
e de seu planejamento.
Através da análise espaço-temporal realizada na área de estudo pode-
se fazer a comparação direta dos totais de cada tipo de uso dos solos presentes
em cada período (Quadro 5.4 e Gráfico 5.9).
1964 - % 2001 - %
21 10
66 74
13 11
- 4
- 1
veg – áreas cobertas por vegetação nat/renaturalizada
agro – áreas de atividades agropecuária
Umi – áreas úmidas, rios e demais corpos aquosos
Urb – áreas urbanas
nc – não classificado
Quadro 5.4 - Percentuais dos tipos de uso dos solos da microbacia do córrego Laranja Doce, nos
períodos de 1964 e 2001 (agrupados de acordo com a Tabela 4.1).
Fonte: Soares Filho, 2006.
102
80
70
60
50
40
1964
30
2001
20
10
0
veg agro umi urb nc
Gráfico 5.9 - Gráfico comparativo espaço/temporal dos tipos de uso dos solos da microbacia do
córrego Laranja Doce, entre os anos 1964 e 2001.
Fonte: Soares Filho, 2006
.
Esta comparação mostra que as variações significativas ocorrem em
quatro classes: “veg”, “agro”, “umi” e “urb”, se somadas representam 99% da
superfície correspondente a área da microbacia (Ilustração 5.22 e 5.23).
Veg – as áreas cobertas por vegetação natural representam 21% da
superfície em 1964, sofrendo redução para 10% em 2001, indicando o intenso
desmatamento e a substituição dos sistemas naturais pelos agropecuários.
Agro – as áreas ocupadas pela atividade agropecuária em 1964, já
representavam 66% da superfície da microbacia, tendo aumentado
significativamente para 74% em 2001.
Umi – as áreas úmidas representavam 13% em 1964, sofrendo redução
para 11% em 2001, indicando o avanço da agropecuária sobre essas áreas.
Urb – Na classe que se refere as áreas urbanas, houve um aumento
significativo, pois em 1964, representavam menos de 1% da superfície da
microbacia, passando a 4% em 2001. Confirmando a intensa urbanização da área
num espaço de tempo relativamente pequeno.
Nc – quanto às áreas não classificadas, os valores desta classe se
mostraram inexpressivos, sendo possível constatar apenas 1% em 2001.
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Ilustração 5.22 - Mapa do Uso e Ocupação dos Solos da microbacia do córrego Laranja Doce no ano 1964.
Fonte:Cartas Planialtimétricas 1:100.000 (DSG, 1964)
Elaborado por:Soares Filho & Comunello, 2006.
Drenagem
Estradas
LEGENDA
Antropismo
Cerrado, macega
Plantações
Floresta, mata e bosque
Área urbana
Área indígena
Áreas alagáveis
Mata Alagada
Água
Várzeas
Cerrado Alagado
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa de Uso e Ocupação do Solo - 1964
0 3,5 7,0 10,5 km
ESCALA
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
s23°
s21°
w56° w54°
MATO GROSSO
DO SUL
PARAGUAI
PARANA
Drenagem
Estradas
LEGENDA
Córr.
Córr.
Córr.
Brilhante
São Domingos
Laranja
Córrego Hum
Córr.
Panambi
Córrego Cruz
Córr.
São
João
Laranja Azeda
Doce
Laranja Doce
Córr.
Córr.
Laranja Lima
Sardinha
Rio
Rio
720 740 760
7540 7560 7580
w54°50` w54°30`
s22°10` s22°00`
Ilustração 5.23 - Mapa de Uso e Ocupação dos Solos da microbacia do córrego Laranja Doceno ano 2001.
Fonte: Imagem Landsat/7 ETM+ cenas: 1,2,3,4,5 e 7, Órbita 225, ponto 075, data 14/11/01 .
Elaborado por: Soares Filho & Comunello, 2006.
Antropismo
Cerrado, macega
Plantações
Floresta, mata e bosque
Área urbana
Área indígena
Áreas alagáveis
Mata Alagada
Água
Várzeas
Cerrado Alagado
Este mapa é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada:
”, Elaborado
sob a orientação do Profº Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Análise Ambiental para a preservação da Microbacia do
córrego Laranja Doce, Dourados-MS
UFMS
Mapa de Uso e Ocupação do Solo - 2001
105
As cartas de usos e ocupação da área de estudo compreendem todas
as coberturas naturais e antrópicas existentes na bacia. A caracterização do uso
considera o conhecimento da utilização do solo pelo homem e a presença de
vegetação natural, alterada ou não.
Os limites urbanos da cidade de Dourados na Bacia ocupam uma área
de aproximadamente 2.686 hectares. Esse espaço apresenta características
distintas nas margens do córrego Laranja Doce: na direita cerca de 80% do
espaço está urbanizado, enquanto na esquerda a urbanização corresponde a
aproximadamente 10%, sendo o restante destinado à agropecuária.
Á partir dos levantamentos realizados foi possível distinguir quatro eixos
centrais, no processo de uso e ocupação da microbacia do Laranja Doce:
- a avenida presidente Vargas, que representa a ligação dos bairros
recentes (Jardim Europa, Alto das Paineiras, Portal de Dourados, entre outros) ao
centro comercial da cidade. Destaca-se por atender a uma área com grande poder
de crescimento, constituindo-se em pólo de atração de investimentos, sobretudo
imobiliários. Nesta área temos as instalações de três universidades, a
Universidade Federal da Grande Dourados, antiga UFMS, a UNIDERP e a
UNIGRAN (Fotos 5.9, 5.10 e 5.11).
Foto 5.9 - Universidade Federal da Grande Dourados
Fonte: Soares Filho, 2006.
106
Foto 5.10 – UNIDERP
Fonte: Soares Filho, 2006.
Foto 5.11 – UNIGRAN
Fonte: Soares Filho, 2006.
O segundo trata-se da MS-156, rodovia que liga a cidade de Dourados
a Itaporã e cruza o interior da reserva indígena, essa área configura-se como área
de conflitos. Caracteriza-se por possuir uma ocupação predominante rural, apesar
de nos últimos anos dez anos ter sofrido intensa urbanização, além, de ser a rota
utilizada pelos indígenas para o acesso à cidade (Foto 5.12).
107
Foto 5.12 - Marco Verde na MS-156, demarcando a Área de Preservação Ambiental na microbacia
do Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
O terceiro eixo é representado pela Rua Ponta Porã, atravessando o
perímetro urbano no sentido oeste/leste, fazendo a ligação dos bairros da bacia
com os demais bairros da área urbana;
O quarto eixo corresponde a avenida Guaicurus, ligando o Conjunto
Residencial Monte Carlo e Parque Alvorada, ao centro da cidade.
No trabalho de campo realizado na microbacia do Laranja Doce,
constatou-se diversos padrões de uso e ocupação dos solos, dentre os principais
destacamos:
5.2.1 Área Urbanizada
Correspondem às áreas em que predominam a urbanização
consolidada e as áreas de ocupações irregulares ou invasões, bem como onde se
destacam as atividades terciárias. Estas se referem aos estabelecimentos
comerciais e de serviços, muitas vezes localizadas em área predominante rural.
108
As ocupações irregulares ou as invasões apresentam duas
características interessantes: (a primeira os aspectos são totalmente urbanos, com
alguma infra-estrutura básica, como: água, energia, saúde e educação); a
segunda com aspectos rurais, apesar de serem consideradas áreas urbanas e
possuindo infra-estrutura semelhante; como exemplo: citamos o Parque Alvorada,
Chácara Flora e o BNH III plano (Foto 5.13).
Segundo a Prefeitura Municipal de Dourados (2003), de acordo com o
Plano Diretor de Dourados, essas áreas constituem as Zonas Especiais de
Interesse Urbanístico (ZEIU) são áreas demarcadas no território municipal, que
necessitam de intervenção urbana pelo Poder Público Municipal para a
regularização de loteamentos, para readequações urbanísticas dos loteamentos
existentes, ou de regiões que necessitem de direcionamento quanto ao sistema
viário.
Foto 5.13 - Ocupação com características rural na área urbana. Curral de gado às margens do
Córrego Laranja Doce. A seta indica a localização do curso d’água – Parque Alvorada.
Fonte: Soares Filho, 2004.
Enquanto as áreas com disfunções urbanísticas, necessitando da
atuação ou intervenção urbana por parte do Poder Público Municipal para a
regularização dos lotes ou para a remoção da população instalada em locais
impróprios para moradia, constituem as áreas alagáveis, de risco e invasões de
vias públicas, áreas de favelas e/ou invasões de áreas públicas institucionais. No
109
Plano Diretor do município são denominadas de Zonas Especiais de Interesse
Social (Foto 5.14).
Foto 5.14 - Ocupação irregular (Fundo de vale), com alguma infra-estrutura (energia elétrica).
Fonte: Soares Filho, 2006.
A área urbana da microbacia se encontra atualmente em expansão e
destinada a incorporação imobiliária. A progressiva impermeabilização do solo
vem ocasionando conseqüências negativas na área de estudo. O aporte de águas
pluviais canalizadas ou não para dentro da calha fluvial do córrego Laranja Doce
pode estar sofrendo um significativo aumento, pois, as áreas da superfície
impermeabilizadas, proporcionam a interrupção e/ou crescente diminuição de
infiltração de águas pluviais.
Os impactos do aumento de aporte de águas pluviais devem se
manifestar nos setores médio e baixo da microbacia, em áreas de menor
declividade. Nessas áreas os impactos da erosão linear, provocado por essas
águas (Foto 5.15).
110
Foto 5.15 - Erosão linear provocada pelas águas pluviais na área urbana.
Fonte: Soares Filho, 2005.
Cunha e Guerra (1996), salientam que as chuvas concentradas,
encostas desprovidas de vegetação, contato solo-rocha abrupto, descontinuidades
litológicas e pedológicas, encostas íngremes, são, ainda, algumas condições
naturais que podem acelerar os processos de degradação nas encostas das
bacias hidrográficas.(foto 5.16).
Foto 5.16 - Erosão em área rural na vertente da margem direita do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
111
Ainda na área urbana da microbacia, podem ser verificadas diversas
anomalias no processo de urbanização, tais como a disposição inadequada de
entulhos e lixo (Foto 5.17).
Foto 5.17 - Lixo jogado às margens do Córrego Laranja Doce, ponto localizado no BNH III plano -
Av. Hayel Bon Faker.
Fonte: Soares Filho, 2006.
5.2.2 Área de Preservação Permanente
As áreas que margeiam os cursos hídricos, conforme o Código Florestal
(BRASIL, 1965), são consideradas “Áreas de Preservação Permanente” e, pela lei
Federal nº 6.766/79, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e consiste
em área non aedificandi (de 15 metros de cada lado). Conforme a lei Federal nº
7.803/89, deve ser respeitada, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água
desde seu nível mais alto, uma faixa marginal com uma largura mínima de 30
metros (aumentando conforme a largura do corpo d’água).
Em Dourados a lei que regulamenta a Política Municipal de Meio
Ambiente é a Lei Complementar Nº 055, De 19/12/02 que define as áreas de
fundo de vale como Áreas de Preservação Permanente, devendo ser respeitadas
as áreas ao longo das margens dos corpos d’água, numa largura mínima de 30
112
metros de cada lado. Esses locais teriam como princípio a proteção dos corpos
d’água e destinar-se-iam prioritariamente à formação de parques contínuos,
visando a preservação ambiental e recreação.
Tal vegetação contribui para a estabilização das margens dos corpos
d’água, reduzindo o assoreamento dos mesmos e auxiliando na manutenção da
qualidade da água. Associada a vegetação das outras áreas, atua sobre os
elementos climáticos (micro-climas urbanos), contribuindo para controle da
radiação solar, temperatura, umidade do ar, velocidade dos ventos, ação das
chuvas e propagação de ruídos. Deve ainda ser acrescentada, para os fundos de
vale, sua importância em relação à fauna e flora nativa.
Soares (2000), afirma que a vegetação ciliar ou ripária é importante
para a manutenção do equilíbrio do ecossistema aquático; às caracterizações
quanto a florística; a estrutura genética de suas populações ou ainda de questões
referente a revegetação de áreas degradadas.
Cabe destacar que o córrego Laranja Doce e seus afluentes têm uma
função social de maior relevância para os moradores próximos às margens,
principalmente os indígenas que utilizam suas águas para a dessedentação de
animais e atividades diárias.
Na área de estudo, verifica-se a ausência de cobertura vegetal,
podendo ser observados ainda outros fatores de degradação ambiental,
concomitantes ao processo de retirada da vegetação. O desmatamento facilita o
acesso aos cursos d’água, evidenciando vários problemas como: aterramento e
deposição de resíduos sólidos e líquidos de toda a natureza, principalmente o lixo,
entulho e esgotos (Foto 5.18 e 5.19).
113
Foto 5.18 - Ausência de mata ciliar, evidenciando o assoreamento do curso d’água.
Fonte: Soares Filho, 2005.
Foto 5.19 - Lixo doméstico jogado no leito do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2005.
5.2.3 Área de Lazer
Por serem locais paisagísticamente belos e agradáveis, essas áreas são
intensamente utilizadas para urbanização, recreação, pesqueiros, etc.
114
A urbanização da margem direita apresenta muitos clubes e
associações que se instalaram na área muitas das vezes sem obedecer à
legislação ambiental. Ocorrem situações onde houve a retirada da mata ciliar, com
a construção de lagos e churrasqueiras para recreação a menos de três metros da
margem do Córrego Laranja Doce (Foto 5.20 e 5.21).
Foto 5.20 - Lago artificial em clube recreativo nas margens do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2004.
Foto 5.21 - Churrasqueiras construídas às margens do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2004.
115
Em alguns locais do perímetro urbano, a situação é mais grave,devido
ao despejo de esgoto doméstico in natura no leito do córrego (Foto 5.22).
Foto 5.22 - Esgoto lançado in natura no Córrego Laranja Doce, área localizada nos fundos Tênis
Clube de Dourados. A seta indica a localização do cano de esgoto.
Fonte: Soares Filho, 2004.
5.2.4 Diversos
Outro fator que a destacar é o valor histórico desta microbacia, foi o
local de instalação da primeira Usina Termoelétrica da cidade de Dourados, a
Usina Sen. Filinto Muller, na década de 40.
O córrego Laranja Doce, que na época foi represado por fornecer
água para abastecer a caldeira da Usina, mantinha o local arejado.
Era um local com muitas árvores e pássaros e as crianças
aproveitavam para tomar banho de rio aos domingos (FERREIRA,
1998).
Consta no Plano Diretor do Município de Dourados em seu Art. 29 que
a Política Urbana deverá atender a diversas Diretrizes, entre elas a Preservação,
Proteção e Recuperação do Patrimônio Natural e Construído, Cultural, Histórico,
Artístico, Paisagístico e Arqueológico.
116
Desativada desde 1952 o prédio da Usina Filinto Muller encontra-se
praticamente abandonado, restando apenas parte da construção do prédio,
enquanto que a fornalha e a chaminé estão menos danificadas. Constatou-se em
visita ao local, indícios de depredação - a cerca colocada pela Prefeitura Municipal
de Dourados para controlar o acesso ao local foi derrubada, provavelmente por
atos de vandalismo. Ainda assim, o local conserva um aspecto paisagístico muito
bonito e possui um valor histórico inestimável para a cidade de Dourados (Foto
5.23).
Foto 5.23 - Usina Sen. Filinto Muller - Patrimônio Histórico do Município de Dourados – MS.
Fonte: Soares Filho, 2005.
6. CONCLUSÕES
O presente trabalho resultou da análise conjunta dos dados das cartas
temáticas elaboradas e do levantamento de campo ocorridos nos anos de 2004/
2005, na cidade de Dourados – MS. O levantamento e análise dos aspectos
geológico-geomorfológicos, pedológicos, fitoecológicos e uso e ocupação dos
solos, mostraram de grande valia na categorização dos ambientes identificados
nos setores da microbacia analisados.
A integração de técnicas empregadas, como sensoriamento remoto e
geoprocessamento para o levantamento do uso e da ocupação dos solos e a
análise cartográfica desses produtos mostraram-se bastante eficiente.
Os procedimentos aplicados a microbacia do córrego Laranja Doce
permitiram chegar as seguintes conclusões:
- A estrutura geológica desempenha papel importante sobre a ação
erosiva dos canais fluviais. As variações litológicas e as linhas de fraqueza estão
associadas às freqüentes rupturas de gradiente ao longo dos perfis longitudinais
do rio. O substrato geológico mais resistente condiciona a permanência de níveis
de base locais de erosão, nos leitos fluviais da área às soleiras desempenham
este papel.
- O relevo da área de estudo apresenta-se bastante dissecado, seja em
função do clima, pela falta de cobertura vegetal ocasionada pela ação antrópica ou
pela ação conjunta desses fatores. Visto que a litologia local, representada pelo
basalto, é altamente suscetível aos ataques intempéricos e a falta da cobertura
vegetal associada ao clima, favorecem a aceleração desses processos.
- Constituída por basaltos da Formação Serra Geral em relevo com
declividade entre 0 e 5%, os solos classificados como Latossolo Vermelho Férrico,
possuem baixa susceptibilidade à erosão, são bem drenados com nível d’água
abaixo de 4,0 m, e constituem o maior percentual dos solos da microbacia do
córrego Laranja Doce.
Localmente podem ocorrer problemas em relação à absorção de
efluentes sépticos devido a composição argilosa do solo e também a baixa
118
percolação. Alagamentos temporários podem ocorrer devido à baixa declividade
do terreno, entretanto, são os locais mais recomendáveis para a ocupação
humana.
- Em relevo com declividade >5%, em solos classificados como
Gleissolos Háplico Ta eutrófico típico, também são terrenos com baixa
susceptibilidade à erosão, mal drenados geralmente ocorrem em fundos de vale e
áreas úmidas ou alagadiças. O nível d’água pode ser aflorante ou pouco profundo,
são terrenos com baixa capacidade de carga, espera-se para esses locais
alagamentos, contaminação das águas superficiais e em caso de habitações o
transbordamento de fossas sépticas.
Em algumas áreas de Latossolos como de Gleissolos, apesar da baixa
susceptibilidade à erosão, apresentam problemas de estabilidade dos solos,
merecendo um estudo mais detalhado.
Ressalta-se que, por desempenharem um importante papel na dinâmica
hidrológica, deve-se evitar a drenagem artificial dos locais de ocorrência dos
Gleissolos. São locais não recomendáveis à concentração urbana,
recomendando-se sua utilização como reservas e parques. Na área rural da
microbacia, esses locais foram intensamente ocupados com culturas como
rizicultura piscicultura e horticultura entre outras.
- A área da bacia ocupada pela agropecuária, estudada no período entre
1964 e 2001, apresentou um incremento de aproximadamente 12,5%, e, muitos
impactos já podem ser observados, entre eles destaca-se o aumento dos
sedimentos no leito do córrego, a intensa retirada da cobertura vegetal e a
utilização constante de agroquímicos.
É necessário que as práticas agropecuárias, na microbacia hidrográfica
do córrego Laranja Doce, considerem, a vocação agrícola dos solos, a
necessidade e importância de redução de uso do disco, do incentivo ao plantio
direto e cultivo mínimo, do aumento das barreiras naturais como as cercas vivas,
da manutenção da cobertura vegetal e da proteção dos corpos d’água a fim de
promover a sustentabilidade.
119
- Os valores das áreas úmidas estudadas entre 1964-2001,
demonstraram uma redução em torno de 15%, enquanto que a cobertura vegetal,
no mesmo período, também apresentou modificações, houve uma redução de
aproximadamente 52%, evidenciando a vegetação como o ecossistema mais
intensamente utilizado pelo homem, por possuírem solos férteis e úmidos estão
sendo substituídas pela agropecuária.
- A área verde constata-se em trechos restritos e isolados e, encontra-
se totalmente degradada, apresentando a vegetação natural substituída por
lavouras e pastagens e a vegetação ciliar pouco significativa.
O tipo de vegetação encontrado atualmente, provavelmente, reflete o
processo generalizado de desmatamento no município durante a sua ocupação e
sua expansão. A vegetação nativa foi gradativamente sendo retirada, cedendo
lugar às espécies introduzidas, esse processo atingiu também os fundos de vale
(Foto 6.1).
Foto 6.1 - Plantação de eucaliptos a margem do córrego Laranja Doce.
Fonte: Soares Filho, 2006.
É preciso retirar essa vegetação com espécies exóticas e planejar uma
recomposição de vegetação adequada, tanto em relação à fisionomia quanto à
composição, melhorando desta forma a qualidade ambiental da bacia.
120
A seguir apresentaremos algumas sugestões que poderiam ser úteis na
tomada de medidas para melhorar a qualidade da microbacia.
a) Ampliar as faixas de preservação a partir das margens dos corpos
d’água, onde for possível;
b) Formar parques contínuos ao longo dos fundos de vale, formando
corredores ecológicos;
c) Investir em algumas áreas de modo a gerar opções de lazer,
recreação e educação para a população.
- A classe denominada urbanização teve um aumento significativo no
período estudado, apresentou percentual menor que um em 1964 passando a 4%
da área em 2001. Ficou demonstrado que o acelerado crescimento urbano aliado
à falta da aplicação das leis vigentes com rigor, somado aos processos
especulativos de valorização do espaço urbano, contribuiu para o crescimento
desordenado da bacia.
- Garantir a preservação da parte da microbacia correspondente as
nascentes, através de uma Área de Preservação Permanente é estratégica. Por
estar situada numa zona de cabeceira, proporciona uma natural mitigação dos
impactos ä jusante (setores médio e baixo). O setor médio encontra-se bastante
degradado, pois é alvo de ocupação desordenada nas margens do córrego,
constituindo em área de crescente risco.
- Durante os trabalhos de campo, em contato com alguns moradores da
microbacia, principalmente na área da reserva indígena, foi citado que em alguns
períodos do ano sofrem com o mau cheiro exalado pelos barracões das
propriedades rurais cujas atividades podem ser a avicultura, suinocultura entre
outras.
Os levantamentos realizados sobre as direções de ventos, apontam a
calmaria com 31,5% e o quadrante nordeste com 23% como predominantes no
município de Dourados. São necessários planejamentos que levem em
consideração essas informações e organizem as atividades de forma que causem
o menor impacto possível aos moradores da microbacia, implantando medidas
mitigadoras que amenizem essas situações.
121
- A criação do Parque Ecológico do Laranja Doce, que tramita na
Câmara de Vereadores de Dourados, desde 1994, propondo a recuperação do
fundo do vale e, posteriormente, a divisão da área em seis trechos - da nascente
até aproximadamente seis quilômetros dentro da malha urbana. Cada uma dessas
áreas teria uma finalidade, preservação da nascente, parque zoológico, jardim
botânico, trilhas, etc.
Tendo em vista que a cidade de Dourados apresenta em sua malha
urbana oito córregos, a implantação de um projeto da magnitude do Parque
Ecológico do Laranja Doce poderá resultar em aplicações semelhantes nas
demais áreas da cidade.
Pensa-se que seja a melhor alternativa para a gestão e preservação
da microbacia do Córrego Laranja Doce, contudo, destaca-se a importância da
discussão deste projeto com os moradores locais e a sociedade, além da criação
do comitê de microbacia no sentido de que seja assimilada a sua importância para
a melhoria na qualidade de vida de todos os envolvidos.
- A educação ambiental nas escolas, voltadas à conscientização
ambiental e à cidadania, direcionada principalmente aos moradores próximos aos
córregos do município, conjuntamente com efetiva fiscalização das atividades
econômicas desenvolvidas na área, são medidas que poderiam iniciar o
equacionamento dos problemas entre o crescimento urbano e a preservação
ambiental.
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