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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
ANÁLISE DA AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL MOVELEIRA DE ARAPONGAS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Desenvolvimento
Econômico, Setor de Ciências Sociais
Aplicadas, Universidade Federal do Paraná,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Economia.
Orientador: Prof. Dr. Nilson Maciel de Paula.
CURITIBA
MARÇO/2009
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2
MARCELO VARGAS
ANÁLISE DA AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL MOVELEIRA DE ARAPONGAS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Desenvolvimento
Econômico, Setor de Ciências Sociais
Aplicadas, Universidade Federal do Paraná,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Economia.
Orientador: Prof. Dr. Nilson Maciel de Paula.
CURITIBA
MARÇO/2009
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3
MARCELO VARGAS
ANÁLISE DA AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL MOVELEIRA DE ARAPONGAS
Dissertação apresentada ao Programa de s-graduação em Desenvolvimento
Econômico, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná,
como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Economia, pela seguinte
banca examinadora:
Orientador: Prof. Dr. Nilson Maciel de Paula.
Departamento de Economia, UFPR
Prof. Dr. Antonio Carlos Lugnani
Departamento de Economia, UEM
Prof. Dr. Fabio Doria Scatolin
Departamento de Economia, UFPR
CURITIBA
MARÇO/2009
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado a vida e esta oportunidade,
Aos meus pais, Manoel e Marisa, e minha Irmã, Mônica, pelo amor, convivência,
apoio na jornada e em todas as demais etapas de minha vida,
A minha esposa, Josiane, eterna namorada, incansável, companheira excepcional
dos dilemas e conquistas, por sempre acreditar nas minhas escolhas e compreender
minha ausência,
Ao meu filho, Lucas, que passou a fazer parte de minha vida ao longo do curso,
vindo auxiliar em minha jornada, sendo o grande meio pelo qual, através de sua
ingenuidade e carinho incondicional, me fortaleceu nos momentos difíceis,
Aos meus amigos e companheiros, Jean e Isrrael, pela amizade, incentivo nos
momentos de altos e baixos, das euforias e dos desânimos, e que através do longo
percurso tornaram o caminho mais suave,
Aos amigos e colegas de mestrado pela convivência, receptividade, alegria e
discussões para o enriquecimento do conhecimento,
Ao Professor Nilson, pelo conhecimento, orientação e entusiasmo, sabendo lidar
com meus limites, sendo sempre lembrado com grande admiração e respeito,
Aos professores, tanto da banca de qualificação quanto da banca de defesa, pelas
sinalizações, contribuições, conhecimentos, preocupações e experiências
transmitidas,
Aos professores do mestrado por terem me transmitido muitos conhecimentos a
então pouco explorados ou conhecidos por mim,
Aos empresários e pessoas que responderam aos questionários, em alguns casos,
sendo entrevistados, dedicando parte de seu tempo na realização da pesquisa,
5
E a todos os demais que participaram desta caminhada, meu muito obrigado.
6
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS.................................................................................................iii
LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................v
RESUMO.....................................................................................................................vi
ABSTRACT................................................................................................................vii
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13
2 EMBASAMENTO TEÓRICO SEGUNDO MARSHALL E OS NEO-
SCHUMPETERIANO................................................................................................15
2.1 AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL...........................................................................15
2.2 DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ATRAVÉS DA INOVAÇÃO.......................16
2.3 O MERCADO NA TEORIA NEO-SCHUMPETERIANA.......................................19
2.4 ECONOMIA DE REDES E REDES DE EMPRESAS..........................................24
2.5 IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO, TIPOLOGIA E MAPEAMENTO DOS
AGLOMERADOS.......................................................................................................30
3 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA.............................................36
3.1 A INDÚSTRIA MOVELEIRA MUNDIAL................................................................38
3.2 O PANORAMA MOVELEIRA BRASILEIRO.........................................................43
3.2.1 Modernização Mobiliária Brasileira....................................................................48
3.3 FORMAÇÃO ECONÔMICA DE ARAPONGAS....................................................52
3.3.1 A Formação do Aglomerado Moveleiro de Arapongas.....................................55
3.3.2 Papel das Organizações Instituições de Apoio, Pesquisa e Financiamento.....58
4 ESTUDO DE CASO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE ARAPONGAS.................61
4.1 SITUAÇÃO DAS EMPRESAS..............................................................................61
4.1.1 Perfil dos Empregados das Empresas..............................................................65
4.1.2 Padrão de Inovação e Desenvolvimento Tecnológica Adotada Pelas
Empresas...................................................................................................................72
4.1.3 A Interação com Fornecedores e Clientes e o Desempenho das Empresas
Moveleiras..................................................................................................................81
4.2 OS FORNECEDORES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE ARAPONGAS...........94
4.3 O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NA INDÚSTRIA MOVELEIRA.....................102
5 CONCLUSÃO.......................................................................................................107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................111
ANEXOS..................................................................................................................114
7
Anexo I – Quadros..................................................................................................115
Anexo II – Questionários.........................................................................................121
Questionário Empresas.................................................................................122
Questionário Fornecedores..........................................................................128
Questionário Instituições...............................................................................131
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 – Maiores produtores mundiais de móveis – 2005............................27
Quadro 3.2 – Maiores exportadores mundiais de móveis – 2005........................28
Quadro 3.3 – Maiores importadores mundiais de móveis – 2005........................30
Quadro 3.4 – Principais estados produtores – 2004.............................................32
Quadro 3.5 – Principais estados exportadores – 2005.........................................33
Quadro 3.6 – Principais estados importadores – 2005.........................................35
Quadro 3.7 Aglomerado moveleiro de Arapongas: evolução do número de
estabelecimentos e pessoal ocupado/empregado......................43
Quadro 3.8 Empresas exportadoras de móveis com predominância em
madeira da região de Arapongas por faixa de valor das exportações
2007........................................................................................................45
Quadro 4.1 – Perfil das empresas..........................................................................49
Quadro 4.2 Etapas da cadeia produtiva que a empresa desenvolve (admite
mais de uma opção)............................................................................51
Quadro 4.3 – Volume mensal de faturamento das empresas..............................52
Quadro 4.4 – Participação da atividade principal no faturamento global da
empresa...............................................................................................53
Quadro 4.5 – Grau de instrução.............................................................................55
Quadro 4.6 – Principais formas de treinamento...................................................58
Quadro 4.7 – Idade média dos equipamentos da produção................................62
Quadro 4.8 Origem dos equipamentos da produção (admite mais de uma
opção)..................................................................................................63
Quadro 4.9 Fontes de informações tecnológicas (admite mais de uma
opção)........................................................................................65
Quadro 4.10 Principal atividade de inovação desenvolvida na empresa
(admite mais de uma opção).............................................................66
Quadro 4.11 Desenvolvimento de novos produtos e modelos (admite mais de
uma opção).........................................................................................67
Quadro 4.12 – Média anual de gastos com desenvolvimento de novos produtos
ou melhoria dos produtos existentes...............................................68
Quadro 4.13 – Critérios de seleção de fornecedores (admite mais de uma
opção)..................................................................................................70
Quadro 4.14 De onde vem a matéria prima principal (admite mais de uma
opção)..................................................................................................71
Quadro 4.15 Fatores que mantêm a empresa mais competitiva (admite mais
de uma opção).....................................................................................71
Quadro 4.16 – Canais de comercialização (admite mais de uma opção)............74
Quadro 4.17 Limitações para atender mais clientes (admite mais de uma
opção)..................................................................................................74
Quadro 4.18 Onde estão os principais concorrentes (admite mais de uma
opção)..................................................................................................75
Quadro 4.19 Vantagem da empresa em estar localizada no aglomerado
(admite mais de uma opção).............................................................76
Quadro 4.20 – Atividades de cooperação que a empresa realiza (admite mais de
uma opção).........................................................................................80
9
Quadro 4.21 Mercado atendido pelas empresas (admite mais de uma
opção)..................................................................................................83
Quadro 4.22 Itens nos quais a parceria com empresas de veis contribui
(admite mais de uma opção)...............................................................84
Quadro 4.23 Desenvolvimento de novos produtos e modelos (admite mais de
uma opção)..........................................................................................85
Quadro 4.24 Fatores que mantêm a empresa mais competitiva (admite mais
de uma opção).....................................................................................86
Quadro 4.25 Vantagem da empresa em estar localizada no aglomerado
(admite mais de uma opção)..............................................................88
Quadro 4.26 Contato com as empresas da indústria moveleira (admite mais
de uma opção).....................................................................................89
Quadro 4.27 Instituições de apoio que a empresa tem relacionamento ou
participação (admite mais de uma opção)........................................90
Quadro 4.28 Contribuição que as instituições proporcionam para a empresa
(admite mais de uma opção)..............................................................93
Quadro 1 – Origem geográfica do capital da empresa.......................................104
Quadro 2 – Origem da atividade do capital da empresa.....................................104
Quadro 3 – Distribuição funcional........................................................................104
Quadro 4 – Normas que as empresas utilizam (admite mais de uma opção)..105
Quadro 5 Técnicas de organização da produção (admite mais de uma
opção)................................................................................................105
Quadro 6 Etapa em que o controle de qualidade é executado (admite mais de
uma opção)........................................................................................105
Quadro 7 – Grau de atualização dos equipamentos em relação ao mercado..105
Quadro 8 – Inovação nos últimos 5 anos (admite mais de uma opção)...........105
Quadro 9 Meios que a empresa utiliza para resolver problemas tecnológicos
(admite mais de uma opção)............................................................106
Quadro 10 – Efeitos do desenvolvimento tecnológico dentro da empresa......106
Quadro 11 Formas de aquisição de tecnologia (admite mais de uma
opção)................................................................................................107
Quadro 12 Perspectiva de investimentos para as áreas relacionadas (admite
mais de uma opção)............................................................................107
Quadro 13 Fontes de investimentos da empresa (admite mais de uma
opção)................................................................................................107
Quadro 14 – Mercado atendido pela empresa (admite mais de uma opção)...108
Quadro 15 – Serviços de atendimento aos clientes que a empresa possui
(admite mais de uma opção)...........................................................108
Quadro 16 – Políticas governamentais que poderiam contribuir para o aumento
da eficiência competitiva da empresa (admite mais de uma
opção).............................................................................................108
Quadro 17 – Empresa pretende associar-se a outras para ampliar mercado..108
10
LISTA DE ABREVIATURAS
APL - Arranjo Produtivo Local
CAD - Computer-Aided Design
CAM - Computer-Aided Manufacturing
CENATEC - Centro Nacional de Tecnologia
CETEC - Centro de Tecnologia em Ação e Desenvolvimento Sustentável
CETMAM - Centro de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário
CNC - Controle Numérico Computadorizado
COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica
EMATER/PR - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná
EXPOARA - Pavilhão de Exposições de Arapongas
FAET - Fundação Araponguense de Educação e Tecnologia
FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná
FIQ - Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-
Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira
IAP - Instituto Ambiental do Paraná
IP - Instituto de Planejamento de Projetos
MDF - Medium Density Fiberboard
MOVELPAR - Feira de Móveis do Estado do Paraná
MPMEs - Micro, Pequenas e Médias Empresas
OSB - Oriented Strand Board
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
SECEX - Secretaria de Comércio Exterior
SIMA - Sindicado da Indústria Madeireira de Arapongas
SIMFLOR - Programa de Auto-Sustentabilidade de Matéria-Prima para o
Pólo Moveleiro do Norte do Paraná
SPILs - Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
SPLs - Sistemas Locais de Produção
11
RESUMO
Este trabalho procura analisar a indústria moveleira de Arapongas que começou a
estruturar seu parque a partir dos anos 60 com uma lei de incentivo à ampliação de
empresas. Em 1998 foi implementado um planejamento para transformar a região
num Pólo Moveleiro e na seqüência o desenvolvimento de um APL para gerar
benefícios sócios-econômicos para economia regional e para as empresas. O
objetivo foi analisar a trajetória dessa indústria levando em consideração as ações
desenvolvidas pelas empresas, como inovação, mercado, cooperação, interação e
organização, visando ganhos de competitividade. Para tanto, realizou-se uma
revisão da literatura relativa à aglomeração de empresas nas suas mais diversas
formas e a apresentação de uma revisão histórica da indústria moveleira. Ao final,
apresentou-se os resultados da pesquisa de campo realizada junto a empresas,
fornecedores e organizações do município chegando a conclusões da nomenclatura
e caracterização da atividade industrial.
Palavras-chave: Indústria moveleira; cooperação; interação; aglomerado de
empresas.
12
ABSTRACT
This paper aims to analyze the furniture industry of Arapongas which began
structuring its fleet from 60 years with a law to encourage the expansion of
businesses. In 1998 a plan was implemented to transform the region into a Pole
Furniture and in the sequence the development of an APL to generate socio-
economic benefits to regional economies and businesses. The objective was to
analyze the trajectory of the industry taking into account the actions developed by
companies such as innovation, market, cooperation, interaction and organization, to
gains in competitiveness. Thus, a review of the literature on the agglomeration of
firms in its various forms and presenting a historical review of the furniture industry. In
the end, presented the results of field research conducted with the companies,
suppliers and organizations in the city reaching conclusions of the nomenclature and
characterization of industrial activity.
Keywords: Furniture industry, cooperation, interaction, cluster of companies.
13
1 INTRODUÇÃO
A cultura do café foi a principal atividade econômica na região de Arapongas
até meados dos anos de 1960. A partir de então começa a se estruturar o parque
industrial moveleiro para o qual contribuiu uma lei de incentivo à ampliação de
empresas existentes e principalmente a implantação de novas empresas com a
doação de terrenos e concessão de impostos.
Em 1998 foi implementado um Planejamento Estratégico do Pólo Moveleiro
da Região Norte do Paraná que tinha como diretriz dinamizar essa indústria,
transformando a região num Pólo Moveleiro, como tal gerando benefícios cio-
econômicos para o conjunto da economia regional. A partir de 2004 foram realizados
encontros entre empresas, agentes governamentais, órgãos institucionais de ensino,
organizações representativas do setor e agências de crédito com o propósito de se
desenvolver um planejamento para a criação de um Arranjo Produtivo Local (APL)
para o qual foram levantadas certas prioridades, como levantar demanda de
matéria-prima, implantar um programa de capacitação em qualidade, ampliar as
exportações, fortalecer o cleo de design e adequar o SENAI CETMAN à demanda
das empresas. A partir deste encontro foram traçadas ações a serem desenvolvidas
num período de três anos com a perspectiva de gerar melhorias para as empresas e
para a economia regional como um todo.
O propósito deste trabalho é analisar a evolução da indústria moveleira de
Arapongas observando suas características de aglomeração, mão de obra,
inovação, mercado, competitividade, cooperação e interação entre os agentes, a
partir das nomenclaturas ou definições existentes, como distrito industrial
marshalliano, cluster, APL (Arranjo Produtivo Local) ou SPIL (Sistema Produtivo e
Inovativo Local). Para tanto, buscou-se obter informações através pesquisa de
campo junto a empresas, fornecedores e instituições de apoio locais, no intuito de
identificar a participação e interação entre os mesmos, apesar das dificuldades
inerentes à falta de interesse de muitas empresas em responder os questionários.
Desta maneira, o trabalho está dividido em três partes. O capítulo 2 contem
uma revisão da literatura relativa à aglomeração de empresas nas suas mais
variadas formas. O alicerce do referencial teórico está em Marshall e Schumpeter,
seguidos das diferentes contribuições dos autores neo-schumpeterianos. A revisão
conceitual apresentada neste capítulo contempla também referências ao conceito de
14
rede de empresas. No capítulo 3 é apresentada uma revisão histórica da indústria
moveleira e as articulações formadas no interior do aglomerado industrial, de acordo
com nomenclatura existente e caracterização da atividade industrial.
Por sua vez no capítulo 4 estão expostos os resultados da pesquisa de
campo feita com empresas, fornecedores e instituições de apoio atuantes na região.
Para isto, foram colhidas das empresas informações de recursos humanos,
tecnologia e gestão, pesquisa e desenvolvimento, relacionamento com
fornecedores, clientes e mercado. Por fim são apresentadas as conclusões do
trabalho.
O levantamento das informações da pesquisa junto às empresas foi realizado
a partir da listagem do SIMA (Sindicado da Indústria Madeireira de Arapongas) cujos
dados constam de um relatório contendo 169 empresas integrantes do sindicato
patronal. Dessa forma, os questionários foram distribuídos a 66 empresas, cujo grau
de sucesso na obtenção de respostas correspondeu a um retorno de 37.
Da mesma listagem do SIMA obteve-se os dados dos fornecedores do
município, onde constavam 14 empresas integrantes do sindicato patronal, mas que
no entanto, apenas 11 retornaram. Quando as instituições organizações foram
pesquisadas todas as 10 instituições envolvidas com a indústria moveleira.
Para a realização da pesquisa adaptou-se o modelo de questionário construído
por Campos (2004), onde algumas questões foram excluídas e outras foram
acrescentadas, seguindo o modelo da Redesist.
O propósito da pesquisa e que orientou todo este trabalho esta relacionado a
capacidade competitiva das firmas integrantes da indústria de móveis de Arapongas,
com ênfase nos aspectos aglomerativos e inovativos.
15
2 EMBASAMENTO TEÓRICO SEGUNDO MARSHALL E OS NEO-
SCHUMPETERIANOS
O embasamento teórico para a análise desenvolvida neste trabalho tem como
ponto de partida a obra de Alfred Marshall (1890), e de Joseph Alois Schumpeter
(1911), cuja base conceitual é referência obrigatória para o entendimento da
dinâmica competitiva num determinado espaço geográfico, e das estratégias
adotadas pelas firmas. Nesse sentido a análise do ambiente empresarial e das
ações das firmas deve levar em conta sua capacidade de inovar tecnologicamente e
estabelecer relações cooperativas.
2.1 AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL
Um dos aspectos mais relevantes na análise da produção industrial têm sido
a distribuição espacial das firmas e seu efeito sobre a competitividade da indústria. A
ênfase nesse aspecto foi inicialmente dada por Alfred Marshall (1890), para quem a
concentração de indústrias em certa localidade era proporcionado pelas condições
físicas, como clima, solo, utilizadas na produção e pelo acesso aos meios de
transporte. O fato das concentrações urbanas se localizarem próximas de portos,
rios e estradas ilustra este ponto. Estas condições espaciais facilitavam o
deslocamento de mercadorias e pessoas entre diferentes regiões e locais de
produção e consumo.
Assim, a concentração nesses locais e o ideal gregário das pessoas
influenciaram fortemente o desenvolvimento da indústria, estimulando a busca e
acumulação de conhecimento e a divisão de trabalho através da especialização
profissional. A concentração populacional e a formação profissional diversificada
foram determinantes para o surgimento de um mercado de trabalho delimitado pela
indústria localizada num determinado espaço. Além disso, a concentração de
pessoas num mesmo local proporciona uma difusão de conhecimento e de
habilidades, estimulando o surgimento de novas idéias que resultarão na melhora da
profissão e do processo de produção. (Marshall, 1996)
A aglomeração industrial faz também com que o nível de emprego seja menor
e a demanda por mão de obra pelos empresários mais rapidamente atendida. Ou
seja, empresários à procura de trabalhadores com habilidades e especializados,
16
terão menos dificuldade para suprir suas necessidades operacionais. Da mesma
forma, trabalhadores desempregados encontrarão mais facilmente novas
oportunidades de trabalho.
Por outro lado, apesar dos efeitos positivos da concentração industrial,
Marshall (1996) aponta uma desvantagem associada à eventualidade de haver
demanda por uma especialidade de mão de obra, prejudicando segmentos sociais e
mesmo membros da família, de formação profissional distinta. Como exemplo, em
uma região qualquer, onde a demanda por mão de obra é de apenas homens com
muita força física, não haverá emprego para as mulheres e crianças, e assim o
homem precisará ter uma renda elevada para que a média da família possa ser bem
distribuída entre os membros. Caso contrário, se na localização houvesse demanda
de mão de obra para várias especialidades, as mulheres e crianças poderiam ser
empregadas e a renda do homem não precisaria ser tão elevada, pois a distribuição
entre os membros seria feita através dos salários de cada familiar empregado.
Da mesma maneira que a concentração favorece a profissão, também um
favorecimento em relação às atividades subsidiárias ou aos fornecedores, pois estes
buscam se instalar próximos à indústria principal para que haja maior facilidade no
fornecimento de matérias-primas ou equipamentos para as indústrias.
O resultado que a concentração ou localização industrial acaba
desencadeando é o surgimento de uma espécie de ação conjunta entre as firmas,
principalmente as pequenas, pois elas estando localizadas em um mesmo local
poderão se unir trocando informações e conhecimento. Assim, o volume de
produção aumenta através da exploração de economias de escala externas e
apenas de ganhos de escala obtidos no interior de uma firma isolada.
Portanto a concentração das indústrias em uma determinada localização
favorece o desenvolvimento das mesmas, ao contrário do que ocorre com uma única
indústria que se instala em uma região e caso o seu produto tenha uma diminuição
de consumo pela população ou haja uma falta de matéria-prima, esta indústria fica
exposta a uma crise que trará uma conseqüência para a região.
2.2 DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ATRAVÉS DA INOVAÇÃO
O desenvolvimento das indústrias demonstrado por Marshall (1996) além de
ser introduzidos na vida econômica da empresa por fatores externos, também surge
17
de dentro, ou seja, através de iniciativas próprias da empresa, como formulado por
Joseph Alois Schumpeter (1911) na “Teoria do Desenvolvimento Econômico”.
Fatores externos ou externalidades se tornam essenciais para o
desenvolvimento e competitividade da economia através de mudanças no ambiente
das firmas. Ou seja, o conhecimento e a tecnologia gerados através de iniciativas
próprias das empresas tendem a contaminar o seu entorno, influenciando o
desempenho das demais empresas, alavancando assim a eficiência do aglomerado
como um todo.
Erber (2008) argumenta que as externalidades são “produtos” não
comercializáveis que podem ter tanto um sentido unidirecional (contribuição de
empresa A passa para empresa B) ou recíproco (contribuição da empresa A passa
para empresa B, ou vice-versa).
O autor enfatiza também, que as externalidades são consideradas de duas
formas, as técnicas e as pecuniárias. As técnicas estão relacionadas à difusão de
conhecimentos e treinamento pessoal proporcionando uma eficiência técnica às
empresas. As pecuniárias o efeitos exercidos na interdependência das empresas
causados pelas suas indivisibilidades. Ou seja, a escala de produção de um
fornecedor exerce influência no preço do produto de uma empresa qualquer, pois o
fornecedor pode muitas vezes não ter conhecimento da demanda real de seu
produto pelas empresas e deixar de investir na produção de determinado produto.
Assim a evolução de uma empresa deriva de uma situação onde muitas
vezes não está havendo desenvolvimento dentro da mesma, mas é causado por
situações externas a ela.
Este desenvolvimento criado gera um canal de mudanças no sistema
econômico e as inovações surgem devido às necessidades dos consumidores que
fazem transformar o aparato produtivo. Schumpeter (1997) aponta para o produtor a
iniciava de mudança econômica e os consumidores são educados por ele, sendo
ensinados a querer coisas novas ou coisas que diferem em um aspecto ou outro
daqueles que usavam.
A mudança surge e a produção é uma combinação de materiais e forças que
estão ao alcance dos produtores, promovendo mais facilmente uma aglomeração
industrial (Marshall, 1996). Produzir pode ser também uma combinação de outras
coisas, através de métodos diferentes gerando novas combinações de condições
18
dadas que ocasionam um crescimento, mas não necessariamente um fenômeno
novo, como destacado também por Marshall.
O fenômeno novo aparece e engloba cinco casos, conforme Schumpeter
(1997, pg. 76):
1) Introdução de um novo bem (...) ou de uma nova qualidade de um bem.
2) Introdução de um novo método de produção (...) e pode consistir também
em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria. 3) Abertura
de um novo mercado (...). 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de
matérias-primas ou de bens semimanufaturados (...). 5) Estabelecimento de
uma nova organização de qualquer indústria (...).
O incentivo e surgimento de novas combinações freqüentemente surgem da
situação da economia onde trabalhadores desempregados, matérias-primas não-
vendidas, capacidade produtiva não-utilizada, e assim por diante. A nova
combinação retira os meios de produção necessários de algumas combinações
antigas gerando emprego em condições diferentes da oferta de meios produtivos
existentes no sistema econômico (Schumpeter, 1997).
No entanto, as novas combinações aparecem também devido a um
intermediário da mercadoria, sendo este o papel desempenhado pelo banqueiro ou
agente fomentador através do crédito, o qual se coloca entre os que desejam formar
combinações novas e os possuidores dos meios produtivos. Ele é um fenômeno do
desenvolvimento, embora participe apenas quando nenhuma autoridade central
dirige o processo social, argumenta Schumpeter (1997).
Na análise do autor, além das novas combinações de meios de produção e do
crédito, o desenvolvimento ocorre também devido a outro fator. Ou seja, o
responsável para que tudo possa acontecer é o empresário, no qual realiza
empreendimentos de combinações novas. Diferente do capitalista que realiza suas
próprias compras e vendas, é o chefe de seu negócio, seu próprio diretor de
pessoal, e, às vezes, seu próprio consultor legal para negócios gerais.
Portanto, a realização de combinações novas é ainda uma função especial,
e o privilégio de um tipo de pessoa que é muito menos numeroso do que
todos os que têm a possibilidade “objetiva” de fazê-lo. Portanto, finalmente,
os empresários são um tipo especial, e o seu comportamento um problema
especial, a força motriz de um grande número de fenômenos significativos.
(Schumpeter,1997:88)
19
Não se pode confundir o empresário com o líder, pois este não tem a função
de “descobrir” ou “criar” novas possibilidades, mas em “assumir as coisas” do grupo
social de modo a envolvê-lo, pois a maioria das pessoas querem que alguém fale
claramente, lidere e organize. Portanto, é mais pela vontade do que pelo intelecto
que os líderes cumprem a sua função, mais pela “autoridade”, pelo “peso pessoal”,
do que por idéias originais.
A liderança é vista, desta forma como algo distinto da “invenção”, e enquanto
esta não for colocada em prática aquela se economicamente irrelevante. Os
empresários podem ser inventores, como podem ser capitalistas, o sendo
inventores pela natureza de sua função, mas por coincidência ou vice-versa. O tipo
empresarial de liderança é desenvolvido pelas condições que são próprios de sua
pessoa.
2.3 O MERCADO NA TEORIA NEO-SCHUMPETERIANA
O desenvolvimento econômico tratado por Schumpeter (1997) enfatiza o
crescimento da empresa através de inovações e o papel do empresário na melhoria
das condições internas e externas à empresa. Partindo deste propósito surge,
segundo Tavares et al. (2005), a linha de interpretação/abordagem evolucionária
segundo a qual a inovação é o determinante da dinâmica econômica e a base para a
competitividade tanto no plano microeconômico quanto do país como um todo.
Desta forma, empresas e setores da economia estão condenados a desaparecer
dos seus respectivos mercados caso não invistam em aprendizado e capacidade
para inovar. O mercado faz uma seleção cada vez mais eficiente e desencadeia um
processo que leva ao desaparecimento das empresas incapazes de competir.
Percebe-se assim que o mercado é um meio de selecionar as empresas, pois
aquelas que investem em tecnologia e estratégias mais eficientes tendem a
sobreviver devido ao desaparecimento das que não priorizam o investimento em
tecnologia. Com isso aumenta a capacidade competitiva e as firmas que estão em
constante mudança, não apenas influenciam positivamente outras, mas fazem com
que a concorrência entre elas se intensifique.
Conforme Tavares et al. (2005), para a corrente evolucionária as teorias
convencionais são ineficazes para explicar o processo de mudança e os impactos
ocorridos na economia. Por este motivo, a teoria evolucionista vem ocupando
20
espaço, através de uma abordagem mais dinâmica, capaz de tratar de questões
fundamentais, como exemplo, a função das mudanças tecnológicas no
comportamento do sistema econômico das firmas, consumidores, entre outros.
Christopher Freeman foi um dos primeiros teóricos a promover uma discussão
utilizando a teoria de Marshall (1890), sobre aglomeração e a teoria de Schumpeter
(1911), sobre tecnologia e inovação, construindo uma base fundamental para a
teoria evolucionista.
O desenvolvimento do trabalho de Freeman et al. (1982) tratou da tecnologia
e seus impactos para as firmas, sendo estas detentoras de estratégias dinâmicas,
tecnológicas e competitivas, proporcionando sua sobrevivência no mercado. Essas
estratégias são caracterizadas primeiramente como ofensivas, segundo as quais as
firmas têm um investimento elevado em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), através
de pesquisas específicas, fazendo com que as firmas tenham liderança técnica e de
mercado cada vez maior. Em segundo lugar, as estratégias são caracterizadas
como defensivas, através das quais os investimentos em P&D visam manter a
liderança tanto em relação ao processo quanto ao lançamento de novos produtos.
Schumpeter (1997) indicava que as inovações surgem não para fortalecer a
competitividade da empresa, mas também para a empregabilidade das novas
combinações e a criação de novos desejos a serem despertados nos consumidores.
Dessa forma as firmas ficam sempre monitorando o mercado, desde os movimentos
nas vendas, como treinamento, patentes, marketing, entre outros, evitando assim
possíveis riscos.
Segundo Freeman et al. (1982) as firmas procuram competir com empresas
maiores e por isto investem em P&D no sentido de formar um sistema de informação
e seleção de tecnologias próprias, para as quais alguns aspectos institucionais e
legais de licença e know-how passaram a ser importantes, afinal se preocupam em
estabelecer relações de dependência econômica com outras empresas e procuram
ocupar nichos de mercado não preenchidos pelos concorrentes. Por isso as políticas
de investimento das empresas dependem da capacidade de percepção das
condições de ineficiência no mercado de oferta de produtos.
Por sua vez Nelson e Winter (2005) cuja análise igualmente deriva da teoria
de Schumpeter (1911) em oposição à abordagem ortodoxa da maximização do lucro
“a qualquer custo”, destacam que:
21
a firma atua o tempo todo com uma política de status quo, cuja lucratividade
ela compara, sem exatidão de tempos em tempos, com as alternativas
isoladas que se apresentam por meio de processos que não estão
totalmente sob seu controle mudando as políticas quando a comparação
favorece a alternativa apresentada ante o status quo corrente.(pg. 56)
Mas a análise não fica restrita à empresa, como também abordou
Schumpeter, mas envolve o comportamento dos indivíduos, pois estes dentro da
área de uma organização acabam influenciando a dinâmica da firma. Nelson e
Winter (2005) relatam que as habilidades individuais são análogas às rotinas das
organizações e a função do indivíduo no seu funcionamento tem um papel
importante, sendo a habilidade uma chave fundamental. Portanto a habilidade é tão
importante para o comportamento do indivíduo como a rotina é importante para o
funcionamento da organização.
Por sua vez a rotina é considerada um conceito-chave para o entendimento
das organizações comprometidas com o fornecimento de bens e serviços por longos
períodos. Assim, a rotinização das atividades constitui a forma mais importante de
estocagem do conhecimento dentro da empresa. Marshall (1996) relata que este
fenômeno é encontrado mais facilmente quando as empresas estão aglomeradas
em um mesmo local, pois a troca de informações e de conhecimento são muito mais
difundidas quando os indivíduos fazem parte de uma mesma comunidade. (Nelson e
Winter, 2005)
Outro aspecto importante sobre a rotina, destacado por Nelson e Winter
(2005), se refere ao controle, cópia e imitação. O controle está relacionado à rotina
da organização e os insumos utilizados por ela, pois máquinas e mão de obra duram
vários anos e os insumos muitas vezes não duram tanto tempo quanto os demais,
que a empresa adquire uma máquina e capacita a mão de obra para este
equipamento e com isto acaba delimitando o insumo para aquela máquina. Isto faz
com que tenha que usar algumas táticas, como selecionar os insumos compatíveis
com a sua rotina. No mesmo sentido, mas utilizando outra tática seria modificar os
insumos adquiridos para adequá-los aos requisitos da rotina e por fim adaptar a
rotina aos insumos.
Em relação à cópia diz que a atividade produtiva pode ser copiada sem
erros, ou seja, a duplicação exata do produto por unidade de tempo é conseguida
pela duplicação exata dos insumos.(Nelson e Winter, 2005, pg. 179) Além disso, a
22
cópia da rotina acontece devido ao sucesso de uma empresa verificado pelos seus
lucros e é motivada pelo desejo de outra empresa em atingir o mesmo desempenho.
Por último a empresa observa outra com a intenção de fazer o que aquela
está fazendo (imitar), visando aumentar seu rendimento, mesmo que, muitas vezes
sem sucesso. Isto acaba não contribuindo, pois a observação não é tão direta e o
resultado é imperfeito, não havendo condições de resolver algum problema caso
haja necessidade, pois a observação não provém do original.
Dessa forma a inovação é acompanhada de uma mudança dentro da rotina,
haja visto que envolve uma nova técnica e conseqüentemente uma nova maneira de
produzir um novo produto. Isso pode ser visto à luz da definição por Freeman et al.
(1982), de estratégias ofensivas e defensivas.
Quando se fala em rotina dentro da teoria evolucionária, existe uma seleção
econômica, onde os processos de inovação e imitação acabam gerando mudanças
nas rotinas das firmas, havendo uma diferença entre seleção de firmas e seleção de
rotinas. O problema, segundo Nelson e Winter (2005), surge quando as firmas
existentes ou as entrantes buscam um conjunto de rotinas potenciais tornando-se
uma questão analítica fundamental, uma vez que pode haver uma rotina melhor para
cada conjunto de condições de mercado que é determinado pelas técnicas que cada
empresa mantém em sigilo dentro do seu processo produtivo.
Na visão dos evolucionários a tecnologia é desenvolvida por meio de atividades
de P&D dentro das firmas, resultando em novas rotinas e técnicas. Além disso, a
política de P&D é modelada pela firma de modo a atingir um melhor desempenho e
influenciar outras firmas.
Por sua vez a definição utilizada por Dosi (2006) refere-se a um conjunto de
parcelas de conhecimento, tanto prático como teórico, de know-how, todos,
procedimentos, experiências de sucessos e insucessos e também dispositivos
físicos e equipamentos. Segundo o autor, ’progresso cnico’ é definido por meio de
um ‘paradigma tecnológico’. Por outro lado a ‘trajetória tecnológica’ é definida como
o padrão da atividade ‘normal’ de resolução do problema (isto é, do ‘progresso’),
com base num paradigma tecnológico.
O paradigma tecnológico incorpora fortes indicações sobre as direções da
mudança técnica a perseguir e a deixar de lado, podendo verificar que há um
poderoso efeito de exclusão. Ou seja, os esforços e a imaginação tecnológica dos
23
responsáveis e as organizações às quais fazem parte, caminham em direções
exatas, ignorando outras possibilidades tecnológicas.
Dosi (2006) demonstra que no paradigma tecnológico é definida a idéia de
“progresso”, não sendo uma medida absoluta, mas um significado para uma
determinada tecnologia. Portanto a identificação de um paradigma relaciona-se com
o esforço que está sendo utilizado, com a tecnologia material selecionada, com
propriedades exploradas e com dimensões e equilíbrios tecnológicos e econômicos
definidos, possivelmente obtendo um aperfeiçoamento dos equilíbrios relacionados a
essas dimensões.
Como em Nelson e Winter (2005), Dosi (2006) também analisa a questão da
seleção ou preferência, para uma dada tecnologia. Ou seja, o paradigma tecnológico
escolhido será o melhor em relação a outros possíveis. Dentro da análise da
corrente ciência-tecnologia-produção, as forças econômicas, junto com fatores
institucionais e sociais funcionam como dispositivo seletivo. Uma vez estabelecida à
trajetória tecnológica, ela impulsiona-se por si e define a direção para resolução
do problema. Essa trajetória tem algumas características em termos do paradigma
tecnológico como: pode haver trajetórias mais genéricas ou mais poderosas e vice-
versa; podem ser complementares entre diversas formas de conhecimento,
experiência, habilidade, entre outros; pode ser definida como fronteiras tecnológicas
no mais alto nível alcançado; pode ser provável que o progresso numa trajetória
tecnológica conserve certos aspectos cumulativos; pode haver dificuldade em mudar
para uma trajetória alternativa quando a trajetória é muito poderosa; e é questionável
a comparação e avaliação da superioridade de certa trajetória tecnológica em
relação a outra. Adicionalmente Dosi (2006) enfatiza aspectos institucionais e sociais
a algumas variáveis espeficas como interesses econômicos das organizações
envolvidas em P&D; história e campos específicos tecnológicos destas
organizações; e órgãos públicos, através do papel desempenhado pelo poder
público, através de suas políticas contribuindo para o estabelecimento da trajetória.
Um ponto a ser considerado diz respeito ao impacto econômico da tecnologia
com redução de custos, inclusive salariais. Segundo Nelson e Winter (2005) os
conflitos distributivos de renda são características estruturais da economia capitalista
e as máquinas ocupam o lugar da mão de obra propiciando uma busca constante
por novas tecnologias.
24
As transformações que vão surgindo dentro do ambiente econômico e social,
segundo Dosi (2006), afetam o desenvolvimento tecnológico de duas maneiras:
primeiro selecionando o paradigma tecnológico e depois entre os paradigmas
através de tentativas e erros. Observa-se que quando estão surgindo novas
tecnologias, novas empresas estão tentando explorar diversas inovações
tecnológicas. Estas empresas acabam assumindo riscos dentro deste processo que
são recompensados devido ao resultado de grandes lucros, caso haja sucesso.
O importante dentro deste processo é que as inovações de produto
1
são
conquistadas a partir de inovações do processo
2
. A argumentação é de que a
imitação tecnológica está vinculada a recentes inovações, associadas à trajetória da
mudança técnica. Para Dosi (2006, pg. 387) “qualquer inovação importante tende a
dar origem a uma série de mudanças e aperfeiçoamentos incrementais, que mudam
a quantidade potencial de adotantes e a rentabilidade da própria adoção.”
2.4 ECONOMIA DE REDES E REDES DE EMPRESAS
A existência do fenômeno de redes de firmas é do início do século XX, mas a
teoria econômica começou a se preocupar no final dos anos 80, sendo um
mecanismo que permitia viabilizar economias de escala e escopo
3
da pequena
produção. Shima (2006, pg. 333), “encontrou um mecanismo de enfrentar a
produção em grande escala num setor industrial que na época estava começando a
assumir o caráter fordista da produção.”
A formação de redes, como destaca a própria corrente evolucionária,
principalmente com Freeman (1982) está ligada ao progresso técnico como
impulsionador da competitividade. Desta forma a cooperação entre os pontos da
rede está tomando um sentido mais direcionado para a troca de conteúdos
“informais” entre as firmas pertencentes ocasionando um processo de inovação
1
Resulta em novos produtos ou serviços ou em melhorias de produtos ou serviços existentes,
podendo ser uma melhoria contínua; ou produção de novos produtos a partir de produtos velhos; ou
produção de um novo produto que corta, de forma radical, com o passado.
2
Resulta em processos melhorados dentro da organização. Está centrada na melhoria da eficiência e
da eficácia do processo produtivo. É quando alteração significativa na tecnologia de produção de
um item. Pode envolver novo equipamento, nova gestão e métodos de organização, ou ambos.
3
Economia de escala é o aproveitamento racional e intensivo de fatores de produção proporcionando
uma tendência de queda nos custos unitários de produção. A economia de escopo ocorre quando o
custo total de uma firma para produzir conjuntamente, pelo menos dois produtos/serviços, é menor do
que o custo de duas ou mais firmas produzirem separadamente estes mesmos produtos/serviços, a
preços dados de insumos.
25
específico de cada uma, mudando o objetivo da rede de firmas em função do fato do
mundo estar vivendo “um novo paradigma econômico e tecnológico no qual a
matéria-prima básica é a informação.” Shima (2006, pg. 333). Por isto a produção se
organiza de uma forma mais flexível e principalmente mais globalizada, que a
verificada através da padronização das tecnologias e do consumo.
Portanto, como relata Marshall (1996), a constituição de firmas em um
aglomerado tem como objetivo fortalecer as diversas competências das firmas
pertencentes à rede econômica, buscando para isto a capacitação para enfrentar a
crescente complexidade do ambiente econômico em que vivem. Um ponto que
Shima (2006) destaca é a interação entre todas as firmas participantes da rede,
podendo conseguir uma maior eficiência técnico-produtiva e uma melhor
organização.
Existem também diversas complementaridades de ordem logística e
tecnológica que impulsionam uma nova e intensa dinâmica concorrencial, implicando
novas barreiras à entrada com intensa mobilidade dos capitais e uma maior
complexidade dos aglomerados intra-indústrias. Encontra-se aí uma mudança que
não implica em uma proximidade geográfica entre os capitais, pois devido às
tecnologias de informação e comunicação, os capitais podem ter presenças virtuais
de qualquer parte do globo. Shima (2006)
Passando as empresas a ter concorrência de todo o globo, as estratégias de
competitividade deixam de ser isoladas, ou seja, deixam de ser local ou nacional
passando a nível global, pois com o fortalecimento das redes através das
tecnologias de informação e comunicação onde houve uma maior interação entre os
agentes, esta mesma tecnologia acaba por intensificar a concorrência devido à
maior disponibilidade de informações dentro do planeta.
Quando se fala em formação de redes, um tema que ganha importância é a
inovação. Segundo Shima (2006, pg. 335) “as redes são consideradas um elemento
relevante para a aquisição, a exploração e o desenvolvimento de novas tecnologias.
Sob este aspecto, as redes o mecanismo que facilitam a cumulatividade de
conhecimentos e permitem um intenso aprendizado entre os agentes.” Algo que
Marshall (1996) enfatiza também quando trata da aglomeração.
Quando se trata de aprendizado entre os agentes, não se pode deixar de
pensar em cooperação produtiva e tecnológica entre as empresas. Para tanto, Britto
(2002) enfoca a investigação das relações entre as empresas; e também entre elas
26
e as demais instituições, utilizando um recorte analítico. A utilização deste
referencial tem auxiliado na investigação de temas diversos, como alianças
estratégicas entre empresas, programas de cooperação específicos, processos de
subcontratação e terceirização realizados por empresas especializadas, sistemas
flexíveis de produção baseados em relações estáveis e cooperativas entre as
empresas, distritos industriais baseados em aglomerações, e sistemas nacionais e
regionais de inovação.
A estrutura de redes é um conceito que tem uma grande relevância e decorre
de sua capacidade de captar a crescente sofisticação das relações inter-indústrias
que caracteriza a dinâmica econômica atual.
Desta forma, percebe-se que a partir dos anos 90 as estruturas de redes
tomaram uma grande importância e as diversas tendências relacionadas ao padrão
evolutivo das economias capitalistas reforçam sua relevância. Para isto, Britto (2002)
destaca: uma consolidação de um paradigma organizacional baseado na expectativa
de empresas japonesas; estruturação de sistemas produtivos que incorporam
especialização flexível; intensificação da concorrência e a globalização dos
mercados; consolidação de um paradigma tecnológico baseado em novas
tecnologias de informação e telecomunicação; evolução de uma nova sistemática de
realização de atividades inovativas; e mudança do enfoque da política industrial
implementada em diversos países.
Um ponto que Britto (2002, pg. 347) deixa claro em seu trabalho é que existe
uma confusão entre “empresas de rede”, “redes de empresas” e “indústrias em
rede”.
O primeiro deles associa-se à conformação intra-organizacional que se
estruturam como desdobramento evolutivo da empresa multidivisional, a
partir do advento de novas tecnologias de informação-telecomunicação. As
“indústrias em rede” estão geralmente associadas a setores de infra-
estrutura, baseando-se num padrão de interconexão e compatibilidade entre
unidades produtivas, que se constitui em requisito básico para a operação
eficaz das mesmas. O conceito de “redes de empresas”, por sua vez,
refere-se a arranjos interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos
muitas vezes de caráter cooperativo entre empresas formalmente
independentes, que dão origem a uma forma particular de coordenação das
atividades econômicas.
Quando se utiliza o conceito de rede, Britto (2002) destaca duas abordagens
diferentes, tendo como primeira o caráter instrumental da dinâmica dos diferentes
mercados, sendo utilizado no tratamento de problemas de natureza alocativa como
27
externalidades em rede enquanto princípio orientador da análise, pois estas
externalidades refletem a existência de efeitos diretos e indiretos nas decisões dos
agentes que neles atuam. Para tanto um recorte microeconômico, que tenta
entender como as relações afetam as decisões dos agentes fundamentais em
mercados particulares.
O mesmo autor enfatiza que a análise tradicional das externalidades em rede
procura moldurar e discutir o fenômeno do surgimento de rendimentos crescentes no
interior de mercados. O fenômeno mostra dentro de um grupo de indústrias o grau
de integração e interdependência entre unidades produtivas, tendo as
externalidades como fator de fortalecimento entre as unidades inseridas nessas
indústrias, caracterizando os mercados como uma rede de agentes
interdependentes.
As características encontradas nas estruturas em rede e que são expostas
por Britto (2002) são: presença de um grau elevado de compatibilidade e
complementaridade técnica entre os agentes; existência de um grau de integração
de atividades produtivas; geração de externalidades tecnológicas; e consolidação de
uma infra-estrutura particular que conforma tais sistemas.
Para a compreensão de múltiplos fenômenos a utilização do conceito de rede
é um artifício que com elementos morfológicos ajudará no entendimento. Estes
elementos são: nós, posições, ligações e fluxos, sendo partes constituintes das
estruturas de rede (Britto, 2002).
O primeiro elemento a ser tratado é o ponto ou nó, que é definido como um
conjunto de agentes, objetos ou eventos em relação aos quais a rede estará
definida. Na caracterização dos nós, duas perspectivas diferentes de análise podem
ser utilizadas. A primeira identifica as empresas inseridas no aglomerado como
unidades a serem investigadas. Desta forma as estratégias de relacionamento
dessas empresas refletem na formação de alianças estratégicas com outros
agentes, tendo particular relevância os fatores que compõem a aproximação-
integração de diferentes atividades produtivas no interior de uma estrutura em rede.
Segundo Shima (2006), nos nós a razão da integração é a complementariedade,
que formam uma estratégia competitiva frente às turbulências do ambiente
econômico.
O segundo elemento é a posição, ou seja, a identificação das posições que
definem como os diferentes pontos se localizam no interior da estrutura. A posição
28
determina a divisão do trabalho que liga os diferentes agentes com intuito de atingir
determinados objetivos. Esta divisão do trabalho envolve a integração de
capacidades operacionais e competências organizacionais dos agentes e também a
compatibilização-integração das tecnologias entre as empresas.
Britto (2002) destaca a ligação entre os nós, como terceiro elemento, ou seja,
a estrutura de ligação destes nós diferencia as estruturas. Sendo assim, alguns
aspectos são analisados.
O primeiro é a densidade da rede, ou seja, número efetivo de ligações
observadas na estrutura e o número máximo de ligações que poderiam ocorrer no
interior do aglomerado. O segundo é o grau de centralização da estrutura, podendo
ser dividido em outros dois aspectos: número de ligações em um ponto particular, e
o número de pontos que formam passagem entre ligações entre dois pontos
quaisquer.
Em segundo Britto (2002) destaca o conteúdo dos relacionamentos internos,
ou seja, estando estes determinados por um esquema de divisão do trabalho, no
qual é possível identificar três ligações diferentes devido à complexidade. Primeiro
existem as ligações sistemáticas entre agentes que se limitam ao plano
mercadológico, não envolvendo diretrizes comuns aos procedimentos produtivos e
nem a compatibilização-integração das tecnologias utilizadas. Segundo, a integração
de etapas articuladas ao desenvolvimento de uma cadeia produtiva, originando uma
compatibilização de procedimentos técnico-produtivos, eleva o nível de eficiência em
razão da estruturação de rede. O terceiro e último diz respeito à integração de
conhecimentos e competências retidos pelos agentes, viabilizando a obtenção de
inovações tecnológicas, dentro de um esforço conjunto e coordenado. Nelson e
Winter (2005) observaram que uma empresa cria uma inovação acarretando uma
influência para as demais empresas participantes do aglomerado.
O quarto e último elemento são os fluxos que circulam dentro das ligações
entre os s, pois é necessário sua analise tendo em vista que apenas a descrição
das ligações o é suficiente. Para tanto, o encontrados diferentes fluxos internos
presentes nas redes de empresas, estando divididos em dois: tangíveis e
intangíveis.
Os fluxos tangíveis são
29
baseados em transações recorrentes estabelecidas entre os agentes,
através das quais são transferidos insumos e produtos. Estes fluxos
compreendem operações de compra e venda realizadas entre os agentes
integrados à rede. (Britto, 2002, pg. 356)
Existem três aspectos que diferenciam qualitativamente os fluxos de
transação externos à rede, e que são destacados por Britto (2002), sendo eles:
caráter sistemático das transações realizadas; realização de alguma adaptação nos
procedimentos produtivos realizados pela integração das empresas; e reforço de
adaptações mútuas realizadas nos procedimentos operacionais com continuidade e
aprofundamento das articulações entre empresas. Este tipo de fluxo dentro da rede
deve ser permanente e cada vez mais intenso, estando de acordo com as
especificidades de cada ponto.
O segundo fluxo é o intangível que corresponde aos fluxos informacionais que
conectam os diversos agentes integrados às redes. O problema que se encontram
neste fluxo é a natureza intangível que dificulta o processo de quantificação dos
estímulos. O objetivo da rede, segundo Shima (2006), é criar um alto grau de
integração entre os pontos, de modo que a informação transmitida leve
implicitamente a uma série de outras informações secundárias.
Conforme Britto (2002), a utilização do conselho de redes como instrumental
analítico está baseada nas interconexões que ocorrem entre elas, requerendo um
esforço de agrupamento de dupla direção, não apenas a identificação dos elementos
no contexto abordado.
Para tanto é importante realizar uma análise que parta das características dos
elementos básicos da rede expandindo-se o foco no sentido das posições ocupadas
no esquema da divisão do trabalho, especificando-se as características das ligações
estabelecidas e dos fluxos associados a estas ligações. Em outro sentido, é
importante realizar um caminho analítico no sentido inverso, verificando-se como a
necessidade de coordenar e agilizar os fluxos intra-rede afeta as ligações e o
posicionamento dos pontos focais da estrutura. (Britto, 2002)
O autor destaca que existem três problemas na análise das redes, como:
primeiro, as construções destas estruturas são abstratas e elaboradas na intenção
de reforçar o poder explicativo de um determinado tipo de análise, não devendo
esperar que os agentes que estão integrados nesta rede tenham maior clareza
sobre as características desta estrutura. O segundo refere-se à dificuldade em
definir os limites dessas redes, tentando a análise do fenômeno definir os limites
30
vinculados a determinado ramo. O terceiro e último está relacionado com o processo
de transformação desta estrutura ao longo do tempo, sendo redes essencialmente
heterogêneas na velocidade de transformação, estando afetada pela capacidade
dos agentes ajustarem seu comportamento em função dos estímulos do processo
competitivo.
2.5 IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO, TIPOLOGIA E MAPEAMENTO DOS
AGLOMERADOS
Tendo por base a revisão sobre economia de rede, acima, o conceito de
aglomerado, originalmente definido por Marshall, é ampliado, a partir das relações
estabelecidas entre as empresas e principalmente entre estas e aquela posicionada
no centro do aglomerado. Cassiolato et al. (2004), relatam que os países em
desenvolvimento têm incorporado referências conceituais a respeito de
aglomerações utilizadas nos países desenvolvidos, diante da constatação de seu
peso para explicar a competitividade das empresas nestes países.
Essas abordagens utilizam uma definição simples e apesar da importância da
espacialidade e da cooperação como determinantes da competição, dão ênfase
também às mudanças tecnológicas, sendo estas somente a aquisição e uso de
equipamentos, pois o pouco investimento em tecnologia faz com que as MPEs
fiquem limitadas. Estas limitações demonstram a necessidade de articulação entre
agentes para que haja processos de aprendizado, capacitação e inovação, gerando
capacitações locais que possam dar sustentabilidade a estes agentes, tanto
individualmente como coletivamente.
Desta forma, Cassiolato et al. (2004) destacam que a capacidade de gerar
inovações é um fator chave para o sucesso de empresas e nações, pois as
interações tecnológicas (learning by interacting) criam diferentes complexos. Assim,
a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist) define
arranjos e sistemas produtivos locais propondo uma caracterização voltada para o
Brasil, embora se reconheça uma grande dificuldade de homogeneização e
padronização, dadas as particularidades sociais e principalmente espaciais.
Para tanto busca-se tentativas de adequação aos diferentes modos e
movimentos da estrutura industrial e tecnológica local, mesmo havendo
similaridades, no que se refere à “estrutura, operação e atores envolvidos”
31
Cassiolato et al. (2004, pg. 3). Portanto essas tentativas têm o intuito de indicar o
grau de complexidade do ambiente empresarial e as dificuldades para a
compreensão de sua dinâmica.
Assim, a análise das aglomerações é diversa e difusa, na qual é possível
detectar três situações distintas: primeiramente, as aglomerações industriais em
setores tradicionais, com a importância da cooperação, especialização da produção
e arranjos sociais e institucionais informais; segundo, complexos hi-tech, com altos
gastos em P&D; e o terceiro e último, aglomerações com presença de grandes
empresas, com suporte institucional via treinamento de alta qualidade, educação,
P&D e infra-estrutura de telecomunicações. A reflexão que fazem Cassiolato et al.
(2004) diz respeito à categorização das atividades de acordo com o dinamismo
tecnológico associado às estruturas de mercado predominantes.
No mesmo trabalho os autores destacam a importância de três elementos
para a formação dos aglomerados, evoluindo de simples aglomerações geográficas
para sistemas produtivos dinâmicos, como: governança; destino da produção; e
capacitações para o estabelecimento de atividades inovadoras, inovação e grau de
territorialidade das atividades produtivas e inovadoras.
A governança é necessária para o entendimento dos processos de
coordenação das atividades ao longo de uma cadeia produtiva ou no interior de um
aglomerado de firmas. Desta maneira o conceito de governança está relacionado às
regras de convivência entre os agentes e às práticas democráticas locais por meio
da intervenção e participação de diferentes atores, como Estado, em seus vários
níveis, empresas privadas locais, cidadãos e trabalhadores, e organizações não-
governamentais, incluindo grandes empresas, mesmo localizadas fora do sistema.
O peso das grandes empresas é relativizado pela capacidade das MPMEs
(Micro, Pequenas e Médias Empresas) de se aglomerarem de forma sinérgica, tendo
a constituição de uma governança que desempenha o papel de coordenação das
atividades econômicas e tecnológicas. Cassiolato et al. (2004). Shima (2006) aborda
que as redes daí derivadas favorecem a interação entre as firmas participantes,
proporcionando uma maior eficiência técnico-produtiva e uma melhor organização.
O segundo elemento, destino da produção, é influenciado pelas diferenças
nos níveis de renda e pelo padrão de demanda específico para uma determinada
região, direcionando assim produtos e empresas. Ou seja, determinados produtos só
satisfazem a um determinado tipo de demanda que é específico de certa região. Ou
32
seja, regiões mais pobres demandam produtos mais simples do que aquelas com
renda mais elevada e, portanto um padrão de consumo mais diversificado e
sofisticado.
Ao analisar essa questão, Cassiolato et al. (2004), argumentam que estes
pontos causam impactos no processo de aprendizagem, capacidade de inovação e
estruturação da cooperação, com repercussões no mercado final dos produtos, em
termos de sua dimensão local, nacional e mundial. No caso do primeiro, as
empresas do aglomerado vendem insumos para grandes empresas locais, enquanto
no mercado regional ou nacional, a concorrência se num espaço econômico mais
amplo. Por fim, quanto mais acentuada a dimensão internacional dos mercados,
mais globalizada é a concorrência e mais desconhecidas são as empresas rivais.
Por fim, estão as capacitações, o processo de aprendizado, a inovação e grau
de territorialidade, cuja importância aumenta com a capacidade das firmas
estabelecerem relações sinérgicas entre si. Ou seja, a inovação e a dimensão local
se tornam essenciais para as atividades produtivas e seu enraizamento no ambiente
empresarial local.
Desta forma, as atividades produtivas e inovativas estão ligadas ao grau de
territorialidade que é associado ao destino da produção. Assim, quanto maior a
divisão social do trabalho, maior seo grau de territorialidade, e a acessibilidade
das empresas e de outros agentes econômicos, sociais e políticos ao conjunto de
recursos tangíveis e intangíveis gerando aprendizado e inovação a partir das
interações e relações no próprio local, avançando a esfera setorial, rumo a toda
cadeia produtiva do setor. (Guerrero, 2004).
Cassiolato et al. (2004) destacam que as MPMEs formam uma aglomeração
chamada de redes de empresas, algo que também é observado por Marshall (1996),
onde verifica-se que as pequenas empresas obtêm vantagens quando agrupadas.
Ou seja, os autores enfatizam a divisão do trabalho inter-firmas, gerando tanto
ganhos como perdas, podendo estes ser intencionais ou não, resultando em
externalidades, a partir da ação conjunta. Segundo Marshall a existência de
aglomeração, gera um mercado local de mão-de-obra especializada; acesso a
fornecedores de matérias-primas, componentes, insumos, serviços especializados,
máquinas e equipamentos; e disseminação local de conhecimentos especializados
que permitem processos de aprendizado, criatividade e inovação, aspectos
enfatizados pelos pensadores neo-schumpeterianos.
33
Segundo Suzigan et al. (2002) as características estruturais, como fabricação
de um mesmo tipo de produto ou similares, são determinantes da divisão do trabalho
entre as empresas locais, permitindo a realização de economias de escala e escopo
independente do tamanho da empresa e da estrutura de governança do aglomerado.
De modo geral, os autores argumentam que a presença da coordenação é
essencial, seja nas relações de mercado, estrutura de governança ou liderança
local. Mais do que isso, Suzigan et al. (2002) tratam da essencialidade da
coordenação, relacionando suas raízes históricas, as construções institucionais, o
tecido social e os traços culturais locais como condicionantes para “a especialização
produtiva local, a possibilidade de surgimento de liderança local, a existência de
confiança entre agentes locais como base para ações conjuntas de cooperação e
divisão do trabalho, a criação de instituições de apoio às empresas, e a estrutura de
governança prevalecente.” Suzigan et al. (2002, pg. 3) Assim, as aglomerações
assumem características que as tornam inigualáveis, o havendo modelo a ser
seguido, sendo necessárias ações sob medida para cada caso.
A ação conjunta de troca de informações e conhecimento pelas empresas,
Garcez (2000, pg. 356), pode ocorrer tanto por firmas individuais atuando
cooperativamente quanto através de grupos consolidados de firmas cujas forças
associativas alavancam seus negócios ou consórcios produtivos. As aglomerações
segundo Garcez (2000) podem ser descritas da seguinte forma:
- Distritos Industriais Marshallianos, tendo como importância o espaço
geográfico, gerando a especialização e a divisão do trabalho. Este conceito foi
tratado como ponto inicial para o desenvolvimento do trabalho em Marshall (1996).
- Clusters, havendo uma concentração setorial e geográfica de empresas,
onde a especialização setorial e cooperação em associações de produtores são
consideradas matérias para pesquisa empírica, uma vez que o há especificidade
exata para esta especialização e cooperação. Portanto, esta concentração gera
externalidades, através dos fornecedores de matérias-primas e componentes,
máquinas, trabalhadores com habilidades específicas para os setores concentrados
e agentes que vendem para mercados distantes e favorecem o surgimento de
setores especializados.
- Distritos Industriais, que aparecem quando os aglomerados desenvolvem
mais do que a simples especialização e divisão do trabalho, apontado pelos distritos
industriais marshallianos, entre as firmas. Ou seja, quando as aglomerações passam
34
a ter inserção de formas internas e externas de colaboração entre os agentes
econômicos locais, aumentando a produção e algumas vezes a capacidade de
inovação, e o surgimento de fortes associações setoriais. O que Garcez (2000)
salienta é que um cluster pode ter características de distrito, levando-se em conta a
política do aglomerado de promover a eficiência coletiva, para a qual as grandes
empresas são também relevantes nos laços inter-firmas, cooperando com as
MPMEs.
Suzigan et al. (2004) vão além de Garcez e adicionam outros aspectos ao
conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) e destacam o de Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais (SPILs).
APLs são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos
e sociais, que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente
envolvem a participação e a interação de empresas e suas variadas formas
de representação e associação. Incluem também diversas outras
instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de
recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política,
promoção e financiamento. Suzigan et al. (2004, pg. 3)
Em relação ao SPILs se tem uma definição ou conceito de um tipo de
aglomerado mais desenvolvido, no qual são desenvolvidos pontos fundamentais
para um melhor desempenho das empresas envolvidas, sendo assim:
SPILs são os arranjos produtivos em que a interdependência, articulação e
vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem,
com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa endógena, da
competitividade e do desenvolvimento local. Assim, consideramos que a
dimensão institucional e regional constitui elemento crucial do processo de
capacitação produtiva e inovativa. Diferentes contextos, sistemas cognitivos
e regulatórios e formas de articulação e aprendizado interativo entre
agentes são reconhecidos como fundamentais na geração e difusão de
conhecimentos. Suzigan et al. (2004, pg. 3)
Desta maneira, Suzigan et al. (2004) aponta que existem quatro tipos básicos
para caracterizar os sistemas locais de produção (SPLs). O primeiro são os núcleos
de desenvolvimento setorial-regional que tem dupla importância tanto para a região,
quanto para o setor de atividade econômica em torno do qual as atividades estão
envolvidas. O segundo são os vetores avançados que tem importância para o setor,
mas estão espalhados em um tecido econômico muito maior e mais diversificados. O
terceiro é o vetor de desenvolvimento local que tem importância para a região,
embora não possua uma contribuição decisiva para o setor principal a que faz parte.
35
E o quarto e último é o embrião de sistema local de produção que é caracterizado
por possuir pouca importância para o seu setor e convive com outras atividades na
região.
Com base nos conceitos de aglomeração e respectivas metodologias de
caracterização, é necessário identificar o grau de desenvolvimento de cada
aglomerado industrial de acordo com a articulação e interação entre agentes e
instituições locais, capacidade de inovação, capacitação profissional,
desenvolvimento de novos produtos, conquistas de novos mercados, entre outros.
36
3 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA
A indústria de móveis caracteriza-se pelas fracas barreiras à entrada de
novos produtores devido a amplas alternativas tecnológicas, incluindo as mais
intensivas em mão de obra e fácil acesso a mercados locais por pequenos
produtores. Embora haja diferenças estruturais entre os países, essa indústria é
marcada por uma estrutura de mercado na qual persistem segmentos produtivos
envolvidos em distintas trajetórias tecnológicas e conectados a nichos diferenciados
de mercado.
A demanda por móveis varia positivamente com o nível de renda da população
e o comportamento de alguns setores da economia, particularmente a construção
civil. Para Gorini (1998:2) a elevada elasticidade-renda da demanda torna o setor
muito sensível às variações conjunturais da economia, sendo um dos primeiros a
sofrer os efeitos de uma recessão.” Esta demanda também é influenciada por outros
fatores, como mudanças no estilo de vida da população, aspectos culturais, ciclo de
reposição, investimentos em marketing, entre outros.
O setor moveleiro integra uma cadeia produtiva composta por um conjunto
diverso de atividades que se articulam, desde a matéria-prima ao produto final,
incluindo fornecedores de máquinas e equipamentos, insumos de maneira geral,
logística e comercialização (Cunha et al., 2006). O primeiro elo da cadeira, à
montante, está na extração e beneficiamento da madeira. O segundo é formado pela
atividade de transformação (fabricação do móvel) propriamente dita e seus
componentes. O terceiro elo, à jusante, se refere à logística de distribuição, a
comercialização do produto final, onde são inseridas as estratégias mercadológicas
para o varejo e atacado, incluindo mercado interno e externo.
Assim, o setor de móveis é bastante diversificado e geograficamente
disperso, formado a partir de uma cultura familiar e da influência de imigrantes que
colonizaram o Brasil a partir do século XVI. Seu caráter tradicional está associado a
um reduzido dinamismo tecnológico, uso intensivo de mão de obra e de recursos
naturais. (Rosa et al., 2007). Desta forma, a indústria de móveis pode ser
considerada uma das menos dinâmicas, na qual a automação e ganhos de escala
são limitadas. E mais, essa indústria é tecnologicamente dependente de inovações
realizadas no setor de bens de capital, através do desenvolvimento de novos
produtos (meios de produção), a partir dos quais aquela se torna capaz de inovar.
37
Ou seja, a capacidade inovadora da indústria de móveis está claramente
condicionada ao dinamismo da indústria metal mecânica. Mais do que isso, todavia,
deve levar em conta o fato de que determinadas operações de montagem e
acabamento dos produtos são transferidas para o varejo, e de que componentes são
preparados por outros segmentos da indústria, a exemplo do acabamento de
painéis. Os elos a montante emitem sinais do mercado através de novos modelos e
design de produtos, enquanto aqueles a jusante introduzem novos materiais e
formas de produção.
Segundo Rosa et al. (2007), houve uma grande mudança a partir da
substituição da base eletromecânica pela microeletrônica, permitindo maior
flexibilidade na produção e melhor qualidade nos produtos, pois o processo
produtivo do móvel não é contínuo, possibilitando o uso conjunto de diferentes bases
tecnológicas. Isto faz com que a indústria, intensiva em mão de obra, reduza seu
emprego, transformando alguns segmentos em processo contínuo. Ainda conforme
o autor, a introdução de novos materiais é possível devido às grandes mudanças
das inovações ocorridas nas indústrias químicas e petroquímicas, permitindo várias
inovações na indústria moveleira.
Para Casteião (2006) o único fator de inovação próprio da indústria de móveis
é o design, pois proporciona a diferenciação do produto frente aos outros, sendo o
elemento fundamental da concorrência da indústria. Este fator é impulsionado pela
utilização de máquinas da base microeletrônica CAD (Computer-Aided Design) e
CAM (Computer-Aided Manufacturing) e de novos materiais. Assim, o design pode
ter três fontes, sendo a primeira chamada de projeto híbrido, derivado de uma
unificação de diversos modelos, de acordo com as tendências do mercado. Uma
segunda fonte é o desenvolvimento de projetos próprios, bastante rudimentares, no
qual prevalece os processos de tentativa e erro. Algumas empresas desenvolvem
projetos apoiados no trabalho de especialistas da empresa, com contratação de
designers ou escritórios de design. Uma terceira e última fonte é a compra e
adaptação de projetos estrangeiros, sendo utilizado pelas grandes empresas e pela
grande maioria de empresas exportadoras.
A cultura industrial moveleira está lastreada em heranças de competência
semi-artesanal, sobrevivendo em nichos de mercado, não plenamente incorporadas
nos processos produtivos de grande escala situados na indústria. Essa
heterogeneidade, entretanto, foi parcialmente eliminada a partir de meados dos anos
38
de 1970, com a importação de máquinas e proteção tarifária, mesmo que sem
impacto no âmbito da inovação e design. Nos anos 90, no contexto da globalização
e do maior contato entre os mercados, a valorização cambial, associada à
concessão de muitas linhas de financiamento possibilitou a qualificação da mão de
obra e avanços na gestão administrativa de muitas empresas familiares. Mesmo
assim, essa indústria ainda preserva uma grande heterogeneidade entre firmas e
segmentos de mercado (Casteião, 2006)
Para Gorini (1998) a importação de equipamentos modernos tem sido feita
predominantemente por grandes empresas exportadoras, enquanto as pequenas e
médias, voltadas ao mercado interno, mantêm seu parque industrial defasado.
Assim, sendo o processo de produção descontínuo, equipamentos obsoletos são
mantidos com equipamentos modernos dentro de uma mesma linha de produção. A
dificuldade encontrada neste caso é de ganhos de economias de escopo.
3.1 A INDÚSTRIA MOVELEIRA MUNDIAL
Mesmo considerada tipicamente tradicional, a indústria moveleira é
geralmente marcada por uma dinâmica tecnológica relacionada tanto ao fluxo de
inovações oriunda da interação com fornecedores especializados (usuário-produtor)
como das inovações em design desenvolvidos pelas próprias empresas do setor, na
forma de, uma horizontalização da produção. Assim, a habilidade de reagir
rapidamente às mudanças de moda e preferências do mercado consumidor,
constituem fatores determinantes do sucesso competitivo das empresas líderes.
Embora essencialmente vinculada à demanda doméstica, parte dessa indústria tem
se conectado às tendências internacionais, do consumo e do ambiente
concorrencial. Assim, as transformações ocorridas, particularmente em termos
inovadores, derivam da capacidade das empresas incorporarem os sinais emitidos
pelo mercado global em seus processos de produção e estratégias competitivas.
Nesse sentido, as empresas se tornam capazes de competir por ampliar market
share, por desvendar nichos de mercado, ou por se integrar em cadeias produtivas
globais.
A influência crescente das redes globais de comercialização e as grandes
marcas e suas equivalentes no país são fatores que fortalecem a tendência de
aumento da tecnificação e o tamanho das unidades produtivas. As pequenas
39
empresas são fornecedores de peças e componentes para as firmas maiores,
especializando estas na montagem e acabamento final. Neste cenário, as empresas
moveleiras líderes são responsáveis pelo design inovador, recorrendo às pequenas
empresas como meio para a produção de seus produtos, criando assim um mercado
consumidor pela força de propagação de seus produtos com utilização de sua marca
e diferenciação.
Esta ascendência das grandes firmas, crescente nos dias de hoje, resultou de
um processo de mudança nas últimas quatro décadas, quando o comércio mundial
de móveis cresceu intensamente, em grande parte capitaneada pela indústria
dinamarquesa nos anos de 1950 e 60, e italiana durante a década de 70. No período
recente, de 1996 a 2005, a produção mundial de móveis cresceu a uma taxa de 9%
ao ano, chegando a US$ 267 bilhões em 2005 (Quadro 3.1), dos quais 79% gerados
nos países desenvolvidos e 21% nos países em desenvolvimento.
Quadro 3.1 – Maiores produtores mundiais de móveis - 2005
Países % US$ bilhões
Estados Unidos 21,5 57,4
China 14,2 38,0
Itália 8,9 23,7
Alemanha 7,1 18,9
Japão 4,6 12,4
Canadá 4,4 11,7
Reino Unido 3,8 10,1
França 3,4 9,2
Polônia 2,6 7,1
Brasil 2,4 6,3
Outros 27,1 72,5
TOTAL GERAL 100 267,3
Fonte: CSIL Milano – Market & Industry Research Institute; Iemi (caso do Brasil)
o comércio mundial de móveis envolve aproximadamente 60 países, num
total de US$ 80 bilhões anuais. No período de 1996 a 2005 ocorreram mudanças
radicais no perfil dos países exportadores, devido ao grande avanço da China,
ampliando sua capacidade produtiva e conquistando maior espaço no comércio
mundial de móveis, a ponto de se tornar o maior país exportador (Quadro 3.2)
40
Quadro 3.2 – Maiores exportadores mundiais de móveis - 2005
Países % US$ bilhões
China 16,8 13,5
Itália 12,7 10,2
Alemanha 8,2 6,6
Polônia 6,6 5,3
Canadá 5,5 4,4
Estados Unidos 3,6 2,9
França 3,0 2,4
Malásia 2,5 2,0
Indonésia 2,3 1,8
Reino Unido 1,6 1,3
México 1,6 1,2
Brasil 1,2 1,0
Outros 34,4 27,4
TOTAL GERAL 100 80,0
Fonte: CSIL Milano – Market & Industry Research Institute; Iemi (caso do Brasil)
Segundo Cunha et al., (2006), a posição ocupada pela China no comércio
internacional se deve a alguns fatores como, rápido avanço da tecnologia,
configurado pela produção local de 40% das máquinas instaladas no parque
moveleiro e atração de investimentos de grandes e renomados produtores de
máquinas da Itália e da Alemanha; e aumento da escala de tamanho das empresas,
com capacidade produtiva capaz de exportar 2.000 containers/mês. Assim, as
condições de mercado para os demais competidores se alteraram
significativamente, tanto em seus próprios países, quanto nos espaços de mercado
conquistados mundialmente. Nesse contexto, um dos aspectos de maior relevância
está no aumento da oferta, resultante do maior número de produtores, e na redução
dos preços. Conseqüentemente, novos arranjos são formados pelas empresas
industriais e varejistas com vistas a manter sua capacidade de competir. Para tanto,
torna-se estratégica a exploração de vantagens competitivas existentes no interior
das cadeias produtivas e aquelas proporcionadas pela abundância de recursos
naturais gerados de matérias-primas florestais.
Neste sentido, a geografia mundial da indústria moveleira vem mudando
desde o fim da década de 70, pois até então os países em desenvolvimento
exportavam apenas a madeira bruta, sendo processada nos países desenvolvidos,
onde se concentrava a produção e exportação do produto final. A partir da década
de 1980, os países em desenvolvimento se capacitaram para fabricar móveis, em
grande parte sustentados numa oferta abundante de matéria-prima e mão de obra
41
barata. Forma-se então uma divisão internacional do trabalho nessa indústria,
segundo a qual, a indústria dos países desenvolvidos se especializaram no design e
desenvolvimento de produtos, transferindo para os países em desenvolvimento, a
produção de componentes e a reprodução de modelos elaborados nos países
líderes (Rosa et al., 2007).
Por sua vez, os grandes compradores mundiais buscam explorar vantagens
locacionais e de custos de produção dos países em desenvolvimento
Adicionalmente, sua competitividade é maximizada mediante capacitação
tecnológica e gestão, aumentando o grau de dependência das indústrias locais,
que os instrumentos estratégicos de penetração e sustentação no mercado
internacional, design e canais de comercialização, permanecem sob o controle e
domínio dos grandes grupos mundiais.
Portanto, para os principais produtores, como os Estados Unidos,
considerado o motor do comércio mundial, com um consumo de aproximadamente
US$ 78 bilhões e produção de US$ 57 bilhões, as exportações chegam a
aproximadamente US$ 3 bilhões (concentrados em móveis de metal). Entretanto,
suas importações se aproximam de US$ 24 bilhões (Quadro 3.3), uma vez que sua
produção não atende a demanda. Para isto, busca se especializar na montagem de
móveis, através de importação de componentes fabricados no México e em países
da América Central, mesmo concentrando sua produção na região central e tendo
fortes vínculos na disponibilidade de matérias-primas e da oferta de mão de obra.
Segundo Cunha et al. (2006) o parque produtivo americano é liderado por empresas
de grande porte, com fábricas especializadas em várias linhas de produtos, em torno
das quais encontram-se vários fornecedores de componentes e partes, insumos em
geral e acessórios, configurando redes de empresas capitaneadas pelas grandes
empresas de montagem, possuindo redes de distribuição e comercialização.
Conforme Gorini (1998) as vendas do varejo norte-americano são divididas entre o
varejo tradicional (50%), lojas especializadas (15%) e lojas de desconto
/departamento/galerias (35%).
42
Quadro 3.3 – Maiores importadores mundiais de móveis – 2005
Países % US$ bilhões
Estados Unidos 28,3 23,8
Alemanha 9,8 8,2
Reino Unido 7,9 6,7
França 7,0 5,9
Japão 4,4 3,7
Canadá 4,1 3,5
Itália 2,0 1,7
Polônia 1,0 0,81
México 0,6 0,53
China 0,6 0,48
Malásia 0,4 0,33
Brasil 0,2 0,15
Outros 33,7 28,1
TOTAL GERAL 100 83,9
Fonte: CSIL Milano – Market & Industry Research Institute; Iemi (caso do Brasil)
a China tem sua produção concentrada em móveis de madeira maciça,
painéis de MDF e aglomerado, com melhor qualidade e destaque para o
acabamento, no qual o móvel recebe até 18 passes de pintura. A principal estratégia
da indústria deste país é o preço, onde uma grande promoção de investimentos
em novas plantas industriais de grande porte e grau de tecnificação.
Reconhecidamente líder em design inovador com elevada capacidade de
desenvolver produtos, a Itália é o principal centro mundial em mobiliário, tendo a
principal feira internacional de móveis em Milão, cujos expositores são as
referências no segmento de alto valor para todo o mundo. Neste país a indústria
moveleira caracterizada pelo grande número de pequenas e médias empresas,
desenvolvendo produtos, encomendando partes e componentes a terceiros
(pequenas empresas), fazendo o acabamento, juntando as partes e vendendo,
utilizando para isto painéis reconstituídos. Um fator determinante da competitividade
é que neste país grandes produtores de máquinas e equipamentos, privilegiando
a indústria local, favorecendo a contínua inovação tecnológica do parque fabril,
avançando até as empresas menores. Segundo Rosa et al., (2007), alguns
fornecedores de partes e componentes têm sido substituídos por outros localizados
na Europa Oriental devido à mão de obra ser mais barata, proporcionando assim
uma redução de custos.
Por fim, a Alemanha tem uma concentração de empresas médias e grandes,
utilizando maquinário moderno e explorando economias de escala na produção e na
43
comercialização, com grande grau de verticalização da produção. A matéria-prima
mais utilizada é a madeira sólida, com certificação de origem quanto ao manejo. A
indústria moveleira alemã opera na forma de um complexo, integrada com a
indústria de máquinas e equipamentos para móveis, sendo favorecida por essa
sinergia e com o porte e dinamismo da indústria fornecedora. Dessa forma,
condições competitivas são formadas no conjunto da atividade, através da
atualização tecnológica constante e de menores preços.
Portanto, deduz-se que, dentre os principais países produtores, não existe,
segundo Cunha et al. (2006, pg. 69) um modelo universal de organização da
produção, mas há tendências de segmentação da produção de linhas de móveis, em
unidades especializadas, tecnificação dos processos de produção, integração em
nível de redes regionais, concentração da etapa de comercialização, tanto na esfera
mundial quanto na nacional. Outra tendência é a concorrência entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento, devido aos menores custos de fatores da
produção. Ou seja, nos países desenvolvidos o design, como fator diferencial,
conforme abordado anteriormente, principalmente na Itália, e a tecnologia, fator este
importante para a produção em escala e de produtos de qualidade. nos países
em desenvolvimento existe uma abundância de mão de obra, principalmente barata
e uma grande oferta de matéria-prima. Ou seja, madeira, tanto para a fabricação de
móveis maciços como também para a confecção de MDF e painéis. Assim, muitas
empresas, de todo o mundo, têm adotado a estratégia de instalar unidades
produtivas em países onde esses custos de produção são menores.
3.2 O PANORAMA MOVELEIRO BRASILEIRO
A indústria moveleira no Brasil, a exemplo de outros países, é diversificada e
fragmentada, cujas características principais são o uso intensivo de mão de obra, e
predominância de micro e pequenas empresas, sendo a maioria de natureza
familiar, com organização tradicional e formada por capital totalmente nacional. Em
relação à mão de obra, observa-se baixo nível de escolaridade e qualificação.
(Cunha et al. 2007). Ainda segundo o autor, uma forte verticalização do processo
produtivo, envolvendo principalmente as empresas líderes, cuja produção envolve
numa mesma planta industrial, diversas linhas de produtos, empregando vários
processos tecnológicos e múltiplas etapas produtivas, desde a secagem da madeira
44
até a montagem e embalagem do produto final. Esta verticalização é mais visível
naquelas empresas fabricantes de partes e componentes, nas quais é maior a
necessidade da empresa em manter o controle do fornecimento e principalmente a
qualidade dos seus produtos, evitando assim a dependência a terceiros.
Um problema apontado por Rosa et al. (2007) é que embora a indústria
moveleira consiga acompanhar as inovações em curso nas empresas líderes
italianas e alemãs, a produção de acessórios e ferragens, impede o design brasileiro
de chegar perto dos padrões desenvolvidos por aqueles países. Ou seja, a produção
de acessórios pela indústria brasileira não consegue alcançar os padrões de
qualidade dos países líderes, em função de custos elevados, entre outros fatores.
A distribuição geográfica da indústria moveleira no Brasil revela uma
importância maior do estado de São Paulo (Quadro 3.4.). Por outro lado, São Paulo
teve uma queda de suas exportações de 1990 a 2005, passando de 27% para 8,8%,
(Quadro 3.5), sendo esta parcela absorvida por Santa Catarina, Paraná e Bahia.
Naquele estado, principalmente na Grande São Paulo, concentra-se a produção de
móveis para escritório, onde está instalada a Giroflex, importante empresa dessa
indústria. No Noroeste do estado existem dois pólos, um na cidade de Mirassol e
outro em Votuporanga, onde são fabricados móveis retilíneos, direcionados para o
mercado interno, com o predomínio de micro e pequenas indústrias. (Rosa et al.,
2007)
Quadro 3.4 – Principais estados produtores – 2004
Estado % Quantidade de Estabelecimentos
São Paulo 23,3 3.754
Rio Grande do Sul 15,2 2.443
Paraná 13,2 2.133
Minas Gerais 13,2 2.126
Santa Catarina 12,5 2.020
Outros 77,4 3.628
TOTAL GERAL 100 16.104
Fonte: Abimóvel.
O Rio Grande do Sul é o segundo maior estado produtor e exportador
(Quadro 3.4 e 3.5), apesar de ter sua produção quase que predominantemente
destinada ao mercado interno. As indústrias deste estado concentram-se
principalmente na produção de móveis residenciais retilíneos, feitos a partir de duas
linhas de painéis de madeira reconstituídos. Uma com valor intermediário, cujos
45
produtos são comercializados por seus próprios meios no mercado interno, e outra,
também destinada ao mercado interno, situada numa faixa de preços mais baixos,
com produção em grande escala e com linhas automatizadas, permitindo a redução
de custos. Os pólos mais dinâmicos da indústria moveleira gaúcha estão localizados
na Serra Gaúcha, nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi, Gramado, Caxias
e Flores da Cunha. Conforme Rosa et al. (2007), neste estado uma forte cultura
de cooperação, sendo apontado como importante para o sucesso da indústria local,
ocorrendo anualmente uma feira internacional de máquinas, matérias-primas e
acessórios, com efeitos significativos no padrão de qualidade da indústria moveleira
do estado. Esta tem sido também beneficiada pela existência de curso superior em
tecnologia em produção moveleira.
Neste estado, destaque individual deve ser dado à Todeschini, considerada
segundo Rosa et al. (2007), a maior e mais moderna empresa moveleira da América
Latina, vendendo quase 100% para o mercado interno, com aproximadamente 400
lojas exclusivas, operando em regime de capital intensivo, automatizando todas as
etapas de produção. também no estado um centro de assessoria e informação
voltadas à inovação tecnológica e serviços laboratoriais de mercado, além de um
curso de design. Menção deve ser feita ao centro de monitoramento das tendências
do mercado internacional, voltado para ampliação de canais diretos de exportação.
Quadro 3.5 – Principais estados exportadores - 2005
Estado % US$ milhões
Santa Catarina 43,75 433,3
Rio Grande do Sul 27,31 270,4
Paraná 9,26 91,7
São Paulo 8,83 87,4
Bahia 6,89 68,3
Minas Gerais 1,13 11,2
Outros 2,83 28,1
TOTAL GERAL 100 990,4
Fonte: Abimóvel.
No estado do Paraná a produção concentra-se no pólo de Arapongas (objeto
de análise deste trabalho), onde há um direcionamento para móveis populares,
destacando os estofados. Algumas empresas possuem maquinários mais
avançados e exportam parte da produção. Segundo Cunha et al. (2006) a região de
Arapongas é responsável por 5,2% das exportações do país.
46
Em Minas Gerais a maior parte da produção de móveis está concentrada na
cidade de Ubá, produzindo todos os tipos de móveis, onde se encontra a maior
empresa de móveis de aço da América Latina (Itatiaia) (Rosa et al., 2007).
Localizam-se na região, fornecedores de ferragens, escola de design, curso superior
em design e curso técnico em móveis.
O estado de Santa Catarina é o terceiro maior produtor e o maior exportador
de móveis (Quadro 3.4 e 3.5), sendo responsável por quase metade das
exportações brasileiras, com destaque para móveis torneados de madeira maciça,
especialmente o pínus. no estado uma predominância de micro e pequenas
empresas e uma grande rede de fornecedores, principalmente de madeira, mas
também de outros materiais, como ferragens, colas, tintas e pregos, com
representantes na região.
Quanto às máquinas e equipamentos utilizados no estado, a maioria é de
origem nacional, importando apenas as máquinas CNC (Controle Numérico
Computadorizado) para corte e usinagem. Essas máquinas contribuem para uma
maior qualidade e rapidez em algumas etapas do processo produtivo. Nas demais
etapas predominam processos baseados no uso de mão de obra barata. Já o
restante das máquinas e equipamentos necessários tem origem nacional, situada no
âmbito da própria indústria como lixadeiras, seccionadeiras, destopadeiras,
furadeiras, estufas de secagem, cabines de pintura e sistemas de exaustão. (Rosa
et al., 2007)
Em relação à comercialização catarinense para o exterior, principalmente das
principais empresas da região de São Bento do Sul, o cliente, através do agente de
exportação, apresenta o desenho, o tamanho do lote e o preço do móvel, fazendo
com que a indústria estude a proposta e, em caso de aceitação, desenvolva e
transforme o desenho em produto.
Observou-se que os principais estados produtores produzem os mais
variados tipos de móveis, sendo que São Paulo se especializa em mobília para
escritório, Rio Grande do Sul em móveis residenciais, Paraná em móveis populares,
principalmente estofados, Minas Gerais em móveis de aço e Santa Catarina em
móveis torneados de madeira maciça. Assim, as exportações brasileiras estão
condicionadas a uma melhoria na sua capacidade produtiva das empresas
exportadoras, o maior acesso ao mercado do Leste Europeu, o avanço nas
negociações do Mercosul e a transformação tecnológica da indústria moveleira
47
brasileira. Por outro lado, observou-se um pequeno volume de importação realizado
pelo Brasil, haja visto a pouca necessidade que o país tem em importar móveis
devido ao grande volume de produção realizado pelas empresas nacionais. (Quadro
3.6).
Quadro 3.6 – Principais estados importadores - 2005
Estado % US$ milhões
São Paulo 68 112,88
Paraná 17 28,22
Rio de Janeiro 5 8,30
Minas Gerais 3 4,98
Espírito Santo 2,6 4,32
Outros 4,4 7,30
TOTAL GERAL 100 166,0
Fonte: MDIC/Secex.
Desta forma, as importações são em sua grande maioria do segmento de
móveis de plástico, oriundos de países especializados em determinados produtos,
como é o caso dos Estados Unidos, especializado em móveis de metal e da Itália,
especializado em design de móveis criando alternativas diferenciadas para os
consumidores brasileiros, que tem um maior poder aquisitivo e demandam um
produto diferenciado ou muitas vezes produzidos com uma matéria-prima diferente
da oferecida no mercado nacional. (Gorini, 1998).
Assim, embora os empresários brasileiros valorizem o design como um
elemento de competitividade, acreditam que este fator acaba implicando num
aumento de custos para as empresas. Desta forma, esperam que as associações de
classes e universidades formem parcerias e criem cursos específicos voltados para
o design. Para tanto, os empresários concentram seus esforços na evolução
tecnológica, melhorando o parque industrial e os processos produtivos, mas deixam
em segundo plano o desenvolvimento de produtos com design. Por isso, as
empresas brasileiras produzem móveis conforme a tendência européia, através de
imitações ou adaptações, considerando que os consumidores do mercado interno
demandam produtos diferenciados. (Rosa et al., 2007)
48
3.2.1 Modernização Mobiliária Brasileira
O móvel brasileiro acompanhou, ainda com certa defasagem, as principais
trajetórias das vanguardas européias, tendo primeiro a fase da produção de um
móvel dentro das tendências internacionais das artes decorativas industriais e
depois dos arquitetos-designers, com a trilha da modernização internacional da
mobília, entre outros. (Casteião, 2006) Para tanto, a indústria moveleira brasileira se
desenvolveu e estabeleceu uma tradição do móvel em madeira no Brasil na obra de
alguns designers do século XX, contribuindo para a produção em rie,
abandonando o estágio artesanal, difundindo e comercializando o design, com
soluções industriais criativas e com estilos diferentes.
No Brasil os móveis de madeira são predominantes, sendo divididos em
retilíneos e torneados. Os retilíneos têm um design padronizado, baseado em “linhas
retas e desenho menos sofisticado, com processo de produção mais simplificado,
envolvendo poucas etapas produtivas. (Cunha et al., 2006, pg. 53)
Conseqüentemente, as inovações tecnológicas introduzidas a partir dessas
mudanças tem resultado na redução do uso da mão de obra. A principal matéria-
prima deste móvel são os painéis de madeira do tipo compensado, aglomerado,
MDF (Medium Density Fiberboard
4
), OSB (Oriented Strand Board
5
), entre outros.
Os móveis torneados utilizam uma maior variedade tecnológica, sendo
desenvolvidos com riqueza de detalhes e acabamento, tendo formas arredondadas,
curvilíneas e retas, sendo a matéria-prima principal a madeira maciça de lei ou
originária de reflorestamento. Os reflorestados, geralmente são destinados à
exportação, podendo ser fabricados em um processo artesanal ou em série. As
máquinas e equipamentos têm uma atualização mais demorada do que os móveis
retilíneos, podendo a planta industrial ter uma linha diversificada de produtos.
(Cunha et al., 2006) Neste caso a utilização da mão de obra é mais intensa,
preservando aspectos artesanais do processo de produção, diante do custo elevado
da incorporação de tecnologia.
Assim, principalmente nos móveis retilíneos, a tecnologia tem sido introduzida
pelos fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos, principalmente italianos
e alemães. Desta forma, a importância da inovação em termos de processo e
4
Placa de média densidade.
5
Aglomerado de alta resistência.
49
produto aumenta a competitividade da indústria moveleira, sendo a gestão
empresarial e gestão do design os fatores crescentes da indústria moveleira. A
gestão do design, necessariamente, não está somente no aspecto estético, mas
principalmente na funcionalidade dos produtos.
Portanto, existem entre os móveis várias categorias, sendo veis
domésticos (60% do mercado), móveis de escritório (25% do mercado) e veis
institucionais
6
(15% do mercado), com um ciclo de vida menor. Por outro lado,
embora inovações de produto e de processo tenham sido introduzidas nessa
indústria, a durabilidade dos produtos tem sido cada vez menor, em grande parte
resultado da qualidade dos componentes industrializados, acelerando assim os
períodos de comercialização. (Casteião, 2006)
Para Cunha et al. (2006) o design no Brasil é restrito às empresas que
lideram o setor, pois tem escala e estrutura para manter um quadro de profissionais
capacitados para o desenvolvimento de produtos. Do outro lado, as pequenas e
médias empresas têm dificuldade para manter esta estrutura e por este motivo
copiam e adaptam modelos criados e desenvolvidos pelas líderes. O autor relata
que uma falta de design originalmente brasileiro, pois os produtos produzidos no
país para exportação são baseados no perfil da demanda de outros mercados. Por
isso, iniciativas de parceria entre iniciativa privada e governo visando formar centros
de desenvolvimento de design, podem disseminar uma cultura competitiva, para a
qual o desenvolvimento de novos produtos é essencial.
Segundo Nunes e Franzoni (2004), o associativismo entre as empresas
através de um sindicato forte, incentiva a criação de centros tecnológicos
profissionalizantes e aumenta a produtividade das empresas a partir de sua
capacidade de acompanhar a inovação tecnológica e desenvolver estratégias de
comercialização de acordo com as idiossincrasias do mercado consumidor (Cunha
et al., 2006). No mercado interno os nichos são bastante diversificados. Por
exemplo, enquanto, a classe média/alta consome produtos sob encomenda ou em
série, distribuídos através de franquias ou de lojas próprias, com maior valor
agregado, na classe popular, o preço é o fator competitivo, tendo as empresas que
reduzir custos de fabricação comprometendo a qualidade do produto final.
6
Móveis escolares, móveis médico-hospitalares, móveis de lazer e móveis para restaurantes, hotéis e
similares. (Rosa et al., 2007 )
50
Para Crocco e Horácio (2001) as empresas brasileiras possuem
particularmente um baixo grau de especialização da produção, sendo altamente
verticalizada, onde uma mesma empresa produz seus componentes e seus produtos
finais, diminuindo a quantidade de encadeamentos produtivos intra-setoriais e
reduzindo a possibilidade de aumentar a especialização, caindo os ganhos da
redução dos custos de produção. Para Roese (1999) o produto final da indústria
moveleira é simples, com tecnologia que depende do desenvolvimento da indústria
de bens de capital, tendo baixa participação no valor adicionado da indústria de
transformação em geral. Outra questão é que a indústria é defasada
tecnologicamente em máquinas produzida no país, sendo a tecnologia de ponta
concentrada/produzida nos países líderes (Itália e Alemanha). Portanto, a
competitividade das empresas não depende apenas da tecnologia, mas de fatores
relacionados à organização da produção, design de novos produtos, pesquisa de
matérias-primas e estratégias de comercialização criativas e agressivas.
No que se refere à organização, a competitividade das empresas está
relacionada tanto à sua eficiência interna, como ao estabelecimento de relações
contratuais com pequenas empresas especializadas. Esse arranjo tem possibilitado
a difusão de inovação entre estas empresas através do uso de equipamentos
modernos, cedidos pelas grandes firmas, e pelas exigências de mercado com as
quais aquelas se envolvem.
O design é o fator mais importante, abordado anteriormente, pelo qual é
identificado o estilo do móvel da região onde foi produzido, criando assim uma
identificação do aspecto visual do móvel para o mercado pretendido. O móvel tem
de ser funcional, confortável, ergonômico e aproveitar da melhor maneira possível os
espaços. Para os empresários, a criação de um design próprio resulta num aumento
de custos para empresa, os quais podem ser reduzidos pelo aprendizado junto a
universidades e associações de classes através de cursos específicos. Desta forma,
a maioria das empresas brasileiras não dispõem de condições para sustentar uma
estratégia de desenvolvimento de produtos com design. (Rosa et al., 2007)
No que se refere às matérias-primas, a substituição da madeira tradicional por
outros materiais tem atraído forte interesse dos departamentos de P&D, em grande
parte devido à pressão dos custos da madeira, da legislação e do movimento
ambiental. Conforme Gorini (1998), as vantagens geradas pelo recurso à madeira
51
reflorestada não são exploradas tendo em vista o cil acesso às florestas nativas,
falta de fornecedores experientes no manuseio do reflorestamento
7
.
O Brasil possui a segunda maior cobertura florestal do mundo (14,5% da
superfície florestal mundial), ficando atrás apenas da Rússia. O território nacional é
formado por 845,7 milhões de hectares, sendo cobertos por aproximadamente
63,7% de florestas nativas e 0,6% de florestas plantadas. Destas florestas plantadas
tem-se 60% da espécie eucalipto, 36% da espécie pínus e o restante (4%) com teca,
acácia, gmelina, seringueira e pinho. (Cunha et al., 2006)
Com a formação da cultura desigual da indústria moveleira, ou seja, com as
particularidades que foram surgindo em cada região, houve a necessidade de
elaboração e adoção de estratégias de desenvolvimento de mercados regionais,
tendo em vista que os aumentos das exportações nos últimos anos impulsionaram a
indústria, melhorando a capacidade de produção e a qualidade dos produtos.
Entretanto, essa evolução da indústria teve um impacto na base florestal, levando
muitas empresas a recorrer ao reflorestamento, como solução para as restrições
ambientais. Mesmo assim, esse recurso ainda é limitado entre as empresas, cujo
resultado tem sido de um déficit de madeira oriundo de florestas plantadas (Rosa et
al., 2007)
O reflorestamento é uma atividade mais comum entre as maiores empresas
exportadoras de móveis, pois estas processam a madeira, ou seja, serram e secam,
considerando a o existência de fornecedores qualificados para tratar a matéria-
prima adequadamente. Por isto o reflorestamento é realizado em áreas compradas
para esta finalidade, tendo em vista que o mercado de florestas é oligopolizado,
elevando o preço da árvore.
Por outro lado, houve a introdução de novas matérias-primas devido a
preocupações ambientais, influenciando tanto o processo produtivo quanto o
mercado consumidor. Exemplo disso está na produção crescente de MDF,
produzido a partir de madeiras reflorestadas, como o eucalipto e o pínus (está
substituindo a araucária), as quais vêm sendo introduzidas também no setor
moveleiro. Isso se deu devido ao baixo custo, mesmo que de qualidade inferior, com
efeitos negativos no desempenho da indústria e na demanda. Com o passar dos
anos e a utilização de máquinas e equipamentos modernos, a visão do mercado a
7
Realizando plantio, processamento primário e secundário da madeira (as duas últimas etapas
exigem investimentos na secagem e cortes elevados).
52
respeito de produtos baseados naquelas madeiras se alterou, levando o consumo a
uma recuperação. Todavia, a baixa velocidade de reflorestamento pode não
acompanhar o ritmo de crescimento da indústria e da demanda por produtos
derivados da madeira.
A preocupação com a falta de matéria-prima levou várias empresas a
verticalizarem a produção da matéria-prima garantindo o auto abastecimento,
incorporando áreas florestais e a produção de madeira serrada e seca em estufa.
Um fator adicional que contribuiu para a utilização da madeira de
reflorestamento é a ISO-14000 ao qual inibe o uso da madeira de lei, ocasionando
uma forte tendência mundial de utilização da madeira reflorestada, proporcionando
condições de competitividade para as indústrias brasileiras. Esta norma de gestão
ambiental visa o manejo florestal, ou seja, minimizar os efeitos nocivos ao ambiente
causados pelas atividades da empresa como formas de prevenção de processos de
contaminações ambientais, orientando a empresa quanto a sua estrutura, forma de
operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de
dados e resultados para inserir a empresa no contexto ambiental. Assim, planos
dirigidos a tomadas de decisões para treinamento e qualificação de funcionários que
favoreçam a prevenção e diminuição de impactos ambientais como contaminações
de solo, água, ar, flora e fauna. Desta maneira, o intuito da norma é direcionar as
empresas para o que elas devam fazer para manejar processos que contribuem
para o impacto das atividades da empresa no meio ambiente. Na medida em que a
empresa siga e implemente esta norma, receberá o Certificado IS0-14000,
atestando que a empresa tem responsabilidade ambiental, valorizando o produto e a
marca, se tornando o diferencial para proporcionar maiores condições de
competitividade.
As novas matérias-primas geraram uma tendência de misturar diferentes
materiais na produção do móvel, sendo os diversos tipos complementares entre si e
não concorrentes, como o MDF para as partes frontais do móvel e o aglomerado
para as laterais e prateleiras.
3.3 FORMAÇÃO ECONÔMICA DE ARAPONGAS
O município de Arapongas fica situado na região Londrina-Cambé, composta
por 21 municípios, tendo uma população de aproximadamente 850 mil habitantes e
53
delimitados em suas fronteiras pelos municípios de Apucarana, Londrina, Rolândia e
Sabáudia. (IBGE, 2005) Sua formação se deu a partir do povoamento iniciado em
1935, conduzido pela Companhia de Terras Norte do Paraná, responsável pelo
desbravamento de toda a região. Arapongas era território do município de Londrina,
mas em 1943, com a nova divisão territorial do Estado, foi elevado a distrito
judiciário, criado pela Lei 199, sendo desmembrado de Londrina e anexado ao
município de Rolândia (conhecido também como Caviúna). Devido à precariedade
do sistema de transporte, o crescimento da região era lento, sendo agravado ainda
mais pelas dificuldades econômicas geradas pela segunda guerra mundial. Até o
ano de 1945, a sede possuía 600 casas e tinha como principal meio de transporte a
Estrada de Ferro São Paulo-Paraná, passando posteriormente a integrar o
patrimônio da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina.
Diante dessa dificuldade de crescimento, a população local, movida pela
necessidade de promover autonomia e desenvolvimento local, constituiu uma
entidade com o nome de Sociedade dos Amigos de Arapongas voltada aos
interesses econômicos e sociais locais, em torno dos quais o movimento para a
criação do município foi fortalecido. (Sato e Boni, 2008)
Assim, o Governo Estadual, em 10 de outubro de 1947, através da Lei nº 2
criava o município de Arapongas, desmembrando do município de Rolândia,
chegando em 29 de setembro de 1948 à categoria de Comarca. (Souza, 1996)
Até os anos de 1960, a região de Arapongas era fortemente dependente da
agricultura, principalmente o café, chegando a produzir mais de 30 milhões de
sacas. Tendo o fator climático como determinante do comportamento produtivo da
agricultura, a ocorrência de qualquer intempérie, a exemplo da geada nas lavouras
de café, acabaria paralisando os demais setores, principalmente os negócios
imobiliários, em decorrência deste produto ser a maior fonte de riqueza na região.
As dificuldades envolvidas na cultura do café contribuíram para que a
economia da região iniciasse, a partir do final dos anos de 1960, um processo de
diversificação de sua atividade econômica. É nesse contexto que emergem duas
opções das lideranças da cidade, sendo a primeira, a promoção de um Plano
Educacional, dando foros de Cultura ao município. A segunda opção foi à criação de
um Parque Industrial, sendo este o primeiro do Estado, para o qual foi importante a
Lei municipal 654 relativa ao Plano de Expansão Industrial, visando incentivar a
implantação de novas indústrias e ampliação das existentes, através da doação de
54
terrenos e concessão de isenção de impostos municipais, modificando assim o perfil
do município e região. (Rede APL Paraná, 2006)
A empresa pioneira na instalação do novo Parque Industrial foi o Moinho de
Trigo Arapongas, resultante de investimentos oriundos de Santa Catarina
inicialmente previstos para Apucarana, realizados em Arapongas. Esse
deslocamento resultou da percepção de seu fundador quanto ao grande potencial de
crescimento econômico da região. A instalação dessa empresa no município foi
importante para atender aos objetivos das lideranças locais de atrair investidores
voltados ao potencial agrícola da região. Isso fez com que os agricultores da região
se interessassem pelo plantio do trigo, tendo como garantia a compra de sua safra
pelo moinho local. Assim, as lavouras de trigo alteraram o panorama da atividade
rural no qual predominava a produção de café.
Após a instalação daquela empresa processadora de alimentos, a atividade
industrial da região passa a incluir a indústria gráfica, após a instalação da Gráfica
Santa Terezinha. O pioneirismo e diversificação do setor industrial passa a envolver
também empresas moveleiras, entre as quais se destaca a Fábrica de Móveis
Petereit instalada em 1937, bem ao estilo “fundo de quintal”.
Desta forma, em 1960, o município contava com 104 estabelecimentos que
operavam em diversas atividades, tendo destes um total de oito relacionados a
móveis (Cunha et al., 2006). Com o incentivo para criação do Parque Industrial
oferecido pelo governo municipal, a empresa conhecida como Casa de Móveis
Brasil, voltada para a fabricação de móveis populares, contando também com uma
loja para exposição e venda para outras empresas (SIMA, 2005), foi a primeira
indústria a se instalar no município, passando a se chamar MOVAL Móveis
Arapongas Ltda.
Essa empresa surgiu de uma divisão de sociedade da Casa de Móveis, cujos
sócios obtiveram da prefeitura doação de terreno no novo Parque Industrial, a partir
do qual formou-se um parque moveleiro, como tal conhecido nacionalmente. (Souza,
1996) Embora outras empresas, de vários ramos de atividade, tenham se instalado
no município diversificando seu parque industrial, a indústria moveleira expandiu
consideravelmente, como se observa no quadro 3.7.
55
Quadro 3.7 Aglomerado moveleiro de Arapongas: evolução do número de
estabelecimentos e pessoal ocupado/empregado
ARAPONGAS Local
Anos
Estabelecimentos Pessoal Ocupado
1970 22 764
1980 34 1.521
2003 145 7.890
2006 169 8.801
Fonte: Cunha, 2006 e Ipardes, 2008
Verifica-se que o salto no número de estabelecimentos de móveis não foi
muito significativo de 70 a 80, mas o número de pessoal ocupado teve um aumento
de quase 100%. A partir dos anos 80, mesmo sendo esta a chamada “década
perdida” as indústrias de móveis de Arapongas deram um salto de 34 para 169
indústrias em 2006, passando a ter quase nove mil pessoas ocupadas diretamente
neste segmento.
3.3.1 A Formação do Aglomerado Moveleiro de Arapongas
A partir do objetivo de promover atividades industriais e diversificar a
economia, sem ficar dependendo do café, em 1978 foi criada a Associação dos
Moveleiros, transformada após quatro anos em Sindicato, com base nas
potencialidades da atividade moveleira no município e no interesse dos empresários
em transformar a região em um pólo produtor de móveis. Em setembro de 1998 em
Cornélio Procópio, foi realizado um Planejamento Estratégico do Pólo Moveleiro da
Região Norte do Paraná, quando foram traçadas diretrizes voltadas para o
desenvolvimento econômico, técnico, político e social de todo o setor, visando elevar
os índices de competitividade aos patamares observados nos países desenvolvidos.
O propósito era transformar a indústria de móveis de Arapongas em um pólo
moveleiro nacional, através de ações e programas voltados à modernização e
fortalecimento das empresas da região. (Rede APL Paraná, 2006)
A partir deste planejamento foram implementados programas e projetos para
a indústria moveleira, como o SIMFLOR (Programa de Auto-Sustentabilidade de
Matéria-Prima para o Pólo Moveleiro do Norte do Paraná) e o CETEC (Centro de
Tecnologia em Ação e Desenvolvimento Sustentável), que serão discutidos no
próprio tópico.
56
A criação do lo Moveleiro foi uma resposta à necessidade de um melhor
direcionamento a este segmento industrial, para o qual foi essencial o envolvimento
das organizações empresariais locais e estaduais, a exemplo do SIMA (Sindicado da
Indústria Madeireira de Arapongas), e da FIEP (Federação das Indústrias do Estado
do Paraná) (IPARDES, 2006). Além dessas organizações empresariais, o
planejamento e posterior desenvolvimento da indústria moveleira, envolveram
empresários do setor, fabricantes de matérias-primas, representantes do Poder
Público Federal, Governo do Estado, Universidades locais, Sebrae, Tecpar, BRDE,
FAET, CETEC, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, ACIA, Sistema FIEP,
entre outros. (Rede APL Paraná, 2006)
Essa articulação institucional acabou definindo prioridades para o
desenvolvimento do aglomerado, como demanda de matéria-prima, programa de
capacitação em qualidade, ampliação das exportações, núcleo de design, entre
outros. Observa-se assim a formação de um ambiente em torno do próprio
aglomerado industrial capaz de direcionar o comportamento das empresas de
Arapongas em relação aos seus produtos, ao mercado e ao papel que
desempenham no desenvolvimento da região.
No ano de 2006, o aglomerado industrial centrado em Arapongas envolvia os
municípios de Apucarana, Cambé, Rolândia e Sabáudia onde existiam 273
empresas moveleiras, das quais 169 estavam localizadas no município de
Arapongas.
Um ponto importante a ser destacado naquele planejamento foi à
comercialização. Do total produzido pela indústria moveleira naquela região 92%
destinado ao mercado nacional, tendo como principais regiões, o Sudeste (38%),
Norte/Nordeste (27%), Sul (24%) e as demais regiões (3%), sendo apenas 8%
destinado ao mercado internacional. (SIMA, 2005)
No município de Arapongas existem 25 empresas exportadoras de móveis,
representando apenas 14,8% das empresas, conforme pode ser observado no
quadro 3.8 a seguir.
57
Quadro 3.8 Empresas exportadoras de móveis com predominância em
madeira da região de Arapongas por faixa de valor das exportações – 2007
Razão Social Faixa de valor das
exportações (em
US$ milhões)
Irmol Indústrias Reunidas de Móveis Ltda entre 10 e 50
Aramóveis Indústrias Reunidas de Móveis e Estofados Ltda entre 1 e 10
Caemmum Indústria e Comércio de Móveis Ltda entre 1 e 10
Conex Comercial Importadora e Exportadora de Móveis S.A. entre 1 e 10
Gralha Azul Indústria e Comércio de Estofados Ltda entre 1 e 10
Grappa – Indústria e Comércio de Móveis Ltda entre 1 e 10
Irmãos Tudino Ltda entre 1 e 10
Kit’s Paraná – Indústria e Comércio de Móveis Ltda entre 1 e 10
Moval Móveis Arapongas Ltda entre 1 e 10
Niroflex Importação e Exportação Ltda entre 1 e 10
Poliman Indústria e Comércio de Móveis Ltda entre 1 e 10
Poquema Indústria e Comércio de Móveis Ltda entre 1 e 10
Simbal Sociedade Industrial Móveis Banrom Ltda entre 1 e 10
Vamol Indústria Moveleira Ltda entre 1 e 10
Colibri Indústria e Comércio de Móveis Ltda até 1
Demobile – Indústria de Móveis Ltda até 1
DJ Indústria e Comércio de Móveis Ltda até 1
Fiasini – Indústria e Comércio de Móveis Ltda até 1
Frazotto – Indústria de Móveis Ltda até 1
Línea Brasil Indústria e Comércio de Móveis Ltda até 1
Lusiara – Indústria de Móveis Ltda até 1
Mempra Indústria de Móveis Ltda até 1
Modocasa Indústria Moveleira Ltda até 1
Móveis Belo Indústria e Comércio Ltda até 1
Nicioli – Indústria e Comércio de Móveis Ltda até 1
Fonte: SECEX (Secretaria de Comércio Exterior).
Um ponto que caracteriza ainda mais a necessidade de uma expansão e
diversificação de produto é a composição do mercado consumidor sendo que 92%
são das classes C e D, 7% das classes B, e apenas 1% da classe A. Ou seja, pode-
se observar que os móveis de Arapongas são fornecidos na sua grande maioria para
a população de baixa renda. (SIMA, 2005)
Apesar da concentração regional da indústria moveleira ter empresas ligadas a
essa atividade, o ambiente empresarial de Arapongas, como analisado a seguir, não
gerou relações cooperativas ou ações coletivas capazes de produzir externalidades
relevantes. Para tanto, a formação de organizações representativas e a atuação de
instituições regionais e estaduais, foi relevante para o desenvolvimento industrial do
município, em especial do setor moveleiro
58
3.3.2 Papel das Organizações Instituições de Apoio, Pesquisa e Financiamento
A história das instituições de apoio, pesquisa e financiamento, vinculadas à
indústria de móveis, começou em 1978, com a criação da Associação Profissional
da Serraria, Carpintaria, Madeiras Compensadas e Laminadas e da Marcenaria
(móveis de madeira) de Arapongas ou Associação dos Moveleiros de Arapongas.
Em 1982, aquela associação transformou-se em Sindicato das Indústrias de
Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas,
Aglomerados e Fibras de Madeira e da Marcenaria (móveis de madeira), Móveis e
Mobílias em geral, inclusive Vime, Junco e Tubulares (estruturas metálicas), além de
Vassouras e ainda Cortinas, Cortinados e Estofados de Arapongas, denominado
SIMA (Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas). (IPARDES, 2006)
O objetivo dessa organização é coordenar indiretamente as atividades
inerentes às empresas da jurisdição, representando, perante as autoridades
administrativas e judiciárias, os interesses do setor ou individuais dos associados,
realizando convenções coletivas de trabalho, elegendo representantes da categoria,
colaborando com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social e
mantendo assistência e consultoria para os associados.
A representatividade do SIMA é bastante ampla, tendo sua jurisdição baseada
nos municípios de Londrina, Cambé, Rolândia, Sabaúdia, Apucarana, Cambira,
Jandaia do Sul, Marialva, Mandaguari, Maringá, Califórnia e Sarandi, atendendo
aproximadamente 600 empresas. Com esta representatividade para as indústrias de
móveis, percebeu-se a necessidade de buscar auto-sustentabilidade de matéria-
prima para as mesmas. Assim, o SIMA criou em novembro de 1997, juntamente com
a EMATER/PR (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná) e o
IAP (Instituto Ambiental do Paraná), o SIMFLOR (Programa de Auto-
Sustentabilidade de Matéria-Prima para o Pólo Moveleiro do Norte do Paraná) com o
objetivo de preservação do meio ambiente e auto-sustentabilidade florestal na
produção de madeiras de reflorestamento utilizadas pela indústria de Arapongas.
Em 2004, a produção anual encontrava-se em torno de 1,8 milhões de mudas, tendo
como meta 3 milhões de mudas por ano.
Além deste programa, o SIMA avançou e reflorestou uma área de 510
hectares no município de Ortigueira, aproximadamente 130 quilômetros de
Arapongas, chamando de Fazenda SIMFLOR, diante da escassez de matéria-prima.
59
Mesmo o SIMA tendo uma abrangência de aproximadamente 600 empresas, apenas
41 empresas fazem parte deste programa.
Outra intenção dos empresários com o SIMFLOR era a certificação ISO-
14.000 e o “selo verde”, dado às empresas que utilizam apenas matérias-primas
oriundas de reflorestamento. Com isso, uma expectativa por parte das empresas
de conquistar novos nichos de mercado nos quais existem barreiras comerciais
ligadas a exigências ambientais.
Também em 1997 foi inaugurado o EXPOARA (Pavilhão de Exposições de
Arapongas) localizado no município, tornando-se o maior complexo do sul do Brasil,
composto por um grupo de 53 empresas, 90% das quais de Arapongas.
Esta construção tinha como propósito ser um local destinado à realização de
grandes feiras do setor moveleiro como, MOVELPAR (Feira de Móveis do Estado do
Paraná), uma das três maiores feiras do setor no país, e FIQ (Feira Internacional da
Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira).
Estes eventos são bienais e atraem expositores e visitantes do setor moveleiro de
todo o país e do mundo.
Em 2000, foi criado o CETEC , organização o governamental, formado por
103 associados e parceiros que encaminham todos os seus resíduos para
reciclagem e comercialização, tendo como objetivo apoiar e executar programas,
projetos e serviços na área ambiental, promovendo o desenvolvimento sustentável.
Para isto, foi construído uma Central de Tratamento de Resíduos Industriais, ficando
responsável pela recepção, reutilização e reciclagem dos resíduos produzidos no
pólo moveleiro de Arapongas, contribuindo para a preservação do meio ambiente e
do bem-estar da comunidade. Atualmente são destinados corretamente cerca de
200 toneladas de resíduos, sendo uma fonte de energia e empregos para
Arapongas.
A posição de Arapongas na indústria nacional de produção de móveis, atraiu
o SENAI CETMAM (Centro de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário), através de
um projeto criado em 1989 pelo SENAI e o Ministério da Economia do Estado de
Baden-Württemberg da Alemanha, após ter se instalado em Curitiba, devido ao
número significativo de empresas madeireiras e moveleiras. O objetivo era atender a
demanda da produção industrial de móveis sob medida, concentrando atividades de
educação profissional e serviços técnicos e tecnológicos. O acordo para construção
em conjunto do Centro foi assinado em setembro de 1992 pelos governos brasileiro
60
e alemão, sendo responsáveis pela execução o SENAI-PR e IP (Instituto de
Planejamento de Projetos) da Alemanha, sendo concluído em 1993.
No ano de 1999 o centro conquistou a titulação de CENATEC (Centro
Nacional de Tecnologia), na categoria Bronze, segundo critérios de excelência da
Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. No ano de 2000, foi o primeiro
centro da América Latina a receber o certificado ISO-9000.
Em julho de 2003 o Centro foi transferido para Arapongas, sendo inaugurado
em agosto de 2004, através da parceria FIEP/SENAI-PR e SIMA/FAET, passando a
ocupar o prédio da FAET (Fundação Araponguense de Educação e Tecnologia),
devido à importância do pólo moveleiro e da vontade dos empresários locais,
através do SIMA, de terem um centro de educação profissional e serviços técnicos.
No ano de 2005 teve início uma reestruturação do Centro, pois sua infra-
estrutura era voltada para fabricação de móveis sob medida, algo que o
correspondia com a estrutura do município que era de fabricação em série. Para
tanto houve um trabalho de adequação dos cursos de educação profissional e
negociações com o parceiro alemão para obtenção de máquinas compatíveis com a
fabricação de móveis em série. Estas negociações resultaram em 2006 na
importação de máquinas seccionadoras e coladeiras de bordas, e apoio técnico para
a implantação de um laboratório de ensaios físicos e dinâmicos para móveis. Como
resultado, o Centro não atende somente a área de madeira e mobiliário, como
também de design de móveis e gestão de processos industriais, saúde e segurança
do trabalho.
Outro órgão criado em parceria com o SIMA foi o CONEX que surgiu no ano
de 2003 e é constituído por 17 empresas tradicionais do município, as quais, mesmo
sendo concorrentes, uniram forças para exportar, aperfeiçoando o know-how e
visando maior competitividade. Assim, essa organização está voltada
especificamente para os desafios do mercado externo. Em conjunto essas empresas
possuem maior competitividade na compra de matéria-prima, na logística, nos
custos de abertura de mercado e na implementação das estratégias comerciais,
estando presente em mais de 30 países.
61
4 ESTUDO DE CASO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE ARAPONGAS
Neste capítulo serão analisadas informações obtidas em pesquisa realizada
com empresas, fornecedores e instituições de apoio do município relativas tanto aos
aspectos produtivos das firmas quanto ao ambiente empresarial e institucional da
indústria moveleira.
4.1 SITUAÇÂO DAS EMPRESAS
O levantamento foi realizado a partir da listagem do SIMA (Sindicado da
Indústria Madeireira de Arapongas) cujos dados constam de um relatório contendo
169 empresas integrantes do sindicato patronal, das quais foram desconsideradas
30 unidades referentes às filiais de empresas, serrarias e madeireiras. No momento
da distribuição dos questionários se observou que muitas empresas haviam fechado
suas portas, outras não foram localizadas e outras haviam sido adquiridas por
concorrentes do próprio município. Dessa forma, os questionários foram distribuídos
a 66 empresas, cujo grau de sucesso na obtenção de respostas correspondeu a um
retorno de 37, os quais consistem na base a ser analisado a seguir.
A pesquisa realizada junto às empresas envolveu um questionário dividido em
sete partes, no qual se buscou informações relacionadas às características do
capital da empresa, perfil dos empregados, desenvolvimento tecnológico,
relacionamento com fornecedores, relacionamento com clientes e visão estratégica
da empresa. Sendo assim, os tópicos a seguir são embasados nestas informações.
Assim, o passo inicial do trabalho é a caracterização das empresas através da
análise do número de funcionários. Este quadro mostra o perfil das empresas,
através do mero de funcionários e estabelece a classificação a partir dos critérios
estabelecidos pelo SEBRAE.
Quadro 4.1 – Perfil das empresas
Classificação N° de empregados %
Micro 0 a 19 13,5
Pequena 20 a 99 40,6
Média 100 a 249 29,7
Grande 250 acima 16,2
Fonte: Pesquisa de Campo.
62
A maior parte das empresas que responderam ao questionário está
enquadrada na categoria de pequena empresa, numa proporção de 40,6%,
enquanto 29,7% são classificadas como médias e 16,2% como grandes. Além disso,
as micro empresas compõe 13,5% das empresas pesquisadas, entre as quais o
faturamento médio está situado na faixa até R$ 2.000.000,00.
A partir daí foram identificadas as características das empresas, envolvendo as
questões relativas à origem do capital da empresa, tanto geográfica quanto
econômica, às etapas da cadeia produtiva que a empresa realiza e à participação da
principal atividade no faturamento.
Através do Quadro 1 Anexo 1, tem-se que há uma predominância do próprio
município como origem geográfica do capital.
Assim, segundo o levantamento realizado, apenas três empresas são oriundas
de outros municípios ou estados, enquanto a grande maioria tem sua origem no
próprio município. Ou seja, a indústria moveleira de Arapongas se formou a partir do
processo de acumulação da economia do próprio município. Associado a isso
que se indagar sobre a origem do capital dessas empresas do ponto de vista da sua
atividade econômica. Apesar da grande diversificação da economia local, tem-se
que, conforme o Quadro 2 Anexo 1, a grande maioria das empresas formou seu
capital na própria indústria moveleira.
Desta forma, o levantamento realizado permitiu identificar a origem do capital
das empresas moveleiras em termos das diferentes atividades econômicas
predominantes na região, como agricultura, indústria, comércio varejista e
atacadista, além dos serviços, nas quais o processo de acumulação inicial propiciou
a geração de excedentes a serem investidos no nascente setor industrial. Mais que
isso, se percebe que muitas empresas tiveram sua formação a partir de duas ou três
atividades diferentes, cujos empresários se tornaram sócios nos empreendimentos
da indústria emergente. São vários os casos em que a limitada capacidade de
investimento de empresários da indústria moveleira foi compensada pela associação
com interesses oriundos de outra atividade, para a constituição de uma nova
empresa.
A pesquisa realizada mostra que apenas uma empresa tem seu capital
formado por 40% oriundo da agricultura e 60% do comércio atacadista. Em geral, o
capital das empresas tem sua origem predominantemente na indústria e no
comércio varejista. Isso revela, portanto que a indústria moveleira na região é
63
formada a partir de um processo urbano de acumulação de capital, envolvendo
empresários de diferentes atividades, particularmente da própria produção de
móveis. Assim, a origem de 100% é devido a empresários, em muitos casos, que
fecharam suas empresas para montarem outras, em outra atividade. Em alguns
casos, muito comum no município, o empresário produz uma determinada linha de
móveis (ex. estantes e racks) e quer passar a fabricar outra (sofá), criando uma nova
empresa, em outras instalações, com outros equipamentos e principalmente outro
nome. Somente as indústrias mais antigas e tradicionais do município tiveram sua
origem de pequenos empreendimentos, que muitas vezes começaram produzindo
artesanalmente ou com uma produção muito pequena utilizando equipamentos
obsoletos.
Outra característica da indústria moveleira de Arapongas revelada pela
pesquisa de campo diz respeito ao grau de diversificação dos investimentos entre as
distintas etapas integradas nessa atividade industrial. (Quadro 4.2).
Quadro 4.2 Etapas da cadeia produtiva que a empresa desenvolve (admite
mais de uma opção)
%
Reflorestamento 8,1
Industrialização da madeira em produtos para indústria 16,2
Máquinas 5,4
Pesquisa e Desenvolvimento 16,2
Industrialização de Móveis 97,3
Distribuição 35,1
Venda ao consumidor final 24,3
Fonte: Pesquisa de Campo.
Os dados do quadro indicam o grau de integração vertical das empresas da
indústria moveleira, segundo os quais a maior parte delas (97,3%) tem seus
investimentos concentrados na etapa industrial da cadeia produtiva. Ou seja, há uma
nítida divisão de trabalho no interior dessa indústria, a partir da qual são
estabelecidas relações de troca ao longo do fluxo dos produtos e seus
componentes.
O fato de 8,1% das empresas estarem envolvidas na atividade de
reflorestamento é explicado pela implementação do Programa SIMFLOR, discutido
no capítulo anterior. Além disso, 16,2% das empresas estão envolvidas em
atividades de processamento da madeira para abastecer a indústria, sendo que
64
neste caso, conforme os dados obtidos, estas empresas realizam este processo
para a sua própria utilização, excetuando-se apenas uma empresa especializada no
processamento de produtos a serem utilizados por outras firmas na etapa final de
transformação industrial. Ainda à luz do quadro acima, destaque deve ser dado ao
envolvimento de algumas firmas (5,4%) no setor de máquinas. Este dado, todavia,
não deve ser visto como uma integração vertical de grande porte, mas sim uma
diversificação das iniciativas de pequenas empresas na obtenção de seus
equipamentos. Em sua maioria, essas empresas fabricam móveis por encomenda e
utilizam como matéria-prima, produtos diferentes daqueles predominantemente
utilizados pelas demais firmas, para tanto precisando muitas vezes criar suas
máquinas ou adaptar algum equipamento para realização do processo.
Um segmento da indústria de baixo nível de envolvimento das empresas se
refere à pesquisa e desenvolvimento, no qual apenas 16,2% revelaram alguma
atividade. Já a etapa de distribuição atrai 35,1% das empresas, demonstrando que a
maior parte delas atinge o mercado através de uma rede de distribuidores, com o
qual as relações são meramente mercantis ou através de algum mecanismo
contratual. Igualmente, uma parcela razoável (24,3%) das empresas estendem sua
atividade na direção do mercado varejista, particularmente no comércio urbano das
cidades da região. Isto ocorre através de lojas instaladas ou montadas pelas
próprias indústrias nos municípios da região. Em alguns casos as indústrias criam
um show-room no interior da própria fábrica atendendo clientes (finais) locais e
regionais.
Assim, a maior parte das empresas está posicionada na menor faixa de
faturamento (Quadro 4.3), reforçando a interpretação dessa indústria como sendo
predominantemente composta por pequenas e micro empresas, como indicado no
quadro 4.1.
Quadro 4.3 – Volume mensal de faturamento das empresas
Faixas %
R$ 0,00 a R$ 800.000,00 51,4
R$ 800.000,01 a R$ 2.000.000,00 24,3
R$ 2.000.000,01 a R$ 5.000.000,00 13,5
R$ 5.000.000,01 a R$ 10.000.000,00 5,4
R$ 10.000.000,01 acima 5,4
Fonte: Pesquisa de Campo.
65
As evidências do faturamento das empresas foram divididas em cinco faixas,
tendo como base o volume de produtos comercializados e o valor agregado que o
segmento compreende, sendo as faixas de valor estabelecidas pelo próprio autor,
uma vez que a metodologia oficial não dá a expressão real deste segmento.
No entanto, o quadro 4.4 a seguir, relaciona o percentual do faturamento da
empresa com sua atividade principal. Ou seja, é significativa a evidência de que a
atividade principal é responsável pelo faturamento de quase 90% das empresas,
reforçando a percepção de que um elevado grau de especialização na atividade
industrial de fabricação de móveis. Por outro lado, as empresas (5,4%) com
faturamento entre 61 a 80% de sua atividade principal e aquelas (5,4%) entre 41% a
60%, estão apenas parcialmente envolvidas com a atividade industrial, inclusive
através de relações terceirizadas.
Quadro 4.4 - Participação da atividade principal no faturamento global da
empresa
%
0 a 20 % 0
21 a 40 % 0
41 a 60 % 5,4
61 a 80 % 5,4
81 a 100 % 89,2
Fonte: Pesquisa de Campo.
4.1.1 Perfil dos Empregados das Empresas
Neste tópico, serão analisadas questões relativas à força de trabalho das
empresas, como sua distribuição entre as distintas atividades, seu perfil quanto ao
grau de instrução e meios pela qual as empresas realizam o treinamento e
promovem o aprendizado.
Um aspecto importante sobre a força de trabalho nessa indústria diz respeito à
sua distribuição entre as diferentes funções produtivas e administrativas no interior
das empresas.
Segundo os dados do Quadro 3 Anexo 1, a força de trabalho é
predominantemente concentrada nas atividades de chão de fábrica, ficando uma
parcela pouco expressiva alocada em funções administrativas ou de suporte
tecnológico. Assim, no tocante à produção, observa-se que em 22 empresas os
empregados alocados na produção correspondem a uma proporção de 75% a 85%
66
do pessoal ocupado, e entre 86% a 95% em 13 empresas. Apenas em duas
empresas 50% e 64% do pessoal ocupado estão alocados na produção.
Por outro lado, ainda segundo os dados, a parcela do pessoal ocupado
envolvida com atividades administrativas aliadas àquelas de inovação e design de
produtos é pouco significativa. Assim, observa-se que em 18 empresas apenas
15% a 25% do pessoal na administração, realizando atividades de organização,
planejamento e comercialização, e entre 5% a 14% em 17 empresas. Este resultado
é menor, tendo em vista a importância desta atividade na empresa, pois conforme
abordado no capítulo 3, a gestão empresarial e administrativa são fatores
importantes para aumentar a competitividade das empresas e gerar aumento na
participação de mercado.
Quanto à inovação e design, verificou-se que apenas 13 empresas têm pessoal
direcionado para esta área, com pequena porcentagem, tendo em vista a magnitude
do departamento. Isso representa uma fragilidade da indústria, pois como visto no
capítulo 3, a inovação é a parte mais importante da produção do móvel, uma vez
que a diferenciação do produto como sendo elemento fundamental da concorrência.
Após a análise da distribuição dos funcionários entre produção, administração
e inovação/design, a pesquisa buscou detectar seu grau de instrução. (Quadro 4.5)
67
Quadro 4.5 – Grau de Instrução
na produção % N° de
empresas
Até 2º grau incompleto 15 a 30
3
48 a 65
7
70 a 90
12
100
13
2º grau completo 12 a 25
11
30 a 40
6
45 a 50
2
70
3
Técnico 2 a 7
4
10 a 15
6
Superior 1 a 2
4
5 a 6
4
10
1
Pós-graduação 1
2
na administração
Até 2º grau incompleto 1 a 5
4
10 a 30
5
55 a 70
6
2º grau completo 13 a 30
11
35 a 50
9
60 a 73
9
90
1
100
3
Técnico 1 a 4
4
10 a 13
5
25
2
5
2
100
1
Superior 1 a 10
4
13 a 20
4
30 a 50
16
54 a 69
3
80
2
100
1
Pós-graduação 1 a 5
6
10 a 20
3
30
1
50
1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Como se observa no quadro acima, um número elevado de funcionários
com grau de instrução até incompleto na esfera da produção. Em 13 empresas,
100% dos empregados possuem esse grau de instrução, enquanto em outras 12
empresas representam entre 70% a 90% do total. Por outro lado, 11 empresas têm
68
entre 12 a 25% dos funcionários com 2º grau completo, enquanto apenas três
indústrias têm 70% de seus empregados atuando na esfera da produção com esse
nível de instrução. o curso superior é extremamente raro entre os trabalhadores
envolvidos com as atividades produtivas, revelando um quadro bastante previsível, e
contrastante com o que se observa em relação ao pessoal administrativo.
Desta maneira, verifica-se que a grande maioria das empresas produz móveis
retilíneos, onde a utilização de inovações tecnológicas é maior, com peso menor do
uso da mão de obra. Assim, o resultado obtido é menos expressivo, pois os
trabalhadores com menor grau de instrução são aqueles que auxiliam nos
equipamentos, ou seja, alimentam as máquinas com matéria-prima, fazem um
controle de qualidade ao final do processo do equipamento, embalam, armazenam e
carregam os produtos. Ou seja, o número de trabalhadores envolvidos na etapa de
configuração e controle dos equipamentos, com grau de instrução mais elevado,
tende a ser logicamente menor.
No que se refere ao pessoal administrativo, observa-se um panorama distinto
do descrito acima, uma vez que um número maior de empresas apresenta uma
proporção de trabalhadores com grau de instrução mais elevado. Apesar disso,
chama atenção o fato de que em seis empresas os empregados administrativos com
grau incompleto representam entre 55% a 70% do total. o grau completo
corresponde ao nível de formação predominante entre as empresas entrevistadas,
chegando a estar entre 60% e 73% em nove delas. Por sua vez, o ensino técnico
não parece ser uma característica da formação da força de trabalho administrativa
das empresas. Por fim, os trabalhadores administrativos com curso superior, mesmo
não sendo predominante, chegam a ser expressivos em algumas empresas. Assim,
em uma empresa 100% dos funcionários tinham curso superior, em outras duas
80% e em outras três entre 54% a 69%, enquanto em 16 empresas os funcionários
administrativos com esta formação correspondem 30% a 50% do grupo. Por fim,
trabalhadores com curso de pós-graduação constituem uma minoria, entre os quais
se destaca uma empresa na qual 50% dos empregados administrativos tem esse
grau de formação educacional.
As evidências apresentadas acima confirmam a avaliação dessa indústria
como uma atividade baseada em mão de obra barata, na qual o domínio das
operações prescinde de um grau elevado de instrução formal. Mais do que isso,
percebe-se uma dissociação entre a qualificação da força de trabalho e a formação
69
educacional. Mesmo considerando que um trabalhador com elevada instrução pode
ser mais criativo e ter maior facilidade de aprendizado, isso não parece alterar as
condições competitivas dessa indústria. Em outras palavras, o interesse em pagar
baixos salários acaba prevalecendo e, de certa forma, coincidindo com o divórcio
entre tecnologia e qualidade educacional da mão de obra. Enquanto as operações
simples e rotineiras são conduzidas pela maior parcela dos trabalhadores, aqueles
com 2° grau completo assumem tarefas exigindo conhecimento e instrução um
pouco maiores, cuja remuneração é mais elevada. Dessa forma, como parece lógico
nessa indústria, aqueles com curso superior e pós-graduação são alocados em
postos gerenciais ou de decisão.
Outro aspecto de extrema relevância na análise da força de trabalho diz
respeito à sua capacidade de aprender e inovar ao longo do processo produtivo e
organizacional. Para tanto se procurou identificar as formas de treinamento
realizado, tanto interna quanto externamente às firmas, relacionando no quadro
abaixo os responsáveis e locais de realização, bem como as respectivas
porcentagens de cada uma, utilizada pela empresa.
70
Quadro 4.6 – Principais formas de treinamento
Realizadas dentro da empresa % de
empresas
Na própria empresa 10 a 35
8
50 a 70
5
80 a 95
8
100
10
Instituições empresariais (SEBRAE, SENAI) 5 a 30
4
40 a 50
5
70 a 80
3
Instituições pesquisa e extensão (Universidade) 20
1
Fornecedores de Máquinas 5 a 17
9
50
1
Clientes 3 a 5
3
Outros – Consultores 20
1
Realizadas fora da empresa
Instituições empresariais (SEBRAE, SENAI) 2 a 10
3
20 a 40
7
50 a 65
5
80 a 90
2
Instituições pesquisa e extensão (Universidade) 2
2
20
1
100
1
Fornecedores de Máquinas 2 a 5
4
10
3
Clientes 2
2
Outros – Ambientec 6
1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Como se observa, o treinamento da mão de obra é feito predominantemente
dentro das empresas, tanto por seus próprios meios, quanto por instituições ou
fornecedores que vão até as indústrias para realização, facilitando assim o contato
dos empregados, pois eles estão em seu próprio ambiente de trabalho melhorando a
interação com os equipamentos que utilizam no dia-a-dia. Os treinamentos
realizados pela própria empresa acabam sendo os mais expressivos em número de
iniciativas. Em 10 empresas 100% do treinamento é realizado de forma autônoma.
Outra forma de treinamento realizado na própria empresa se pela ação do
SEBRAE e SENAI, embora menos importante em número de casos. Apenas três
empresas utilizam destes órgãos como forma de treinamento numa proporção de 70
a 80%. Um dado que chamou atenção foi observado nos treinamentos realizados
por instituições de pesquisa e extensão (universidade), tendo uma única indústria
utilizando deste serviço dentro da empresa, compreendendo 20% dos treinamentos.
71
Quanto aos treinamentos realizados por fornecedores de máquinas a
expectativa era de que essa forma normalmente ocorre quando a empresa compra
um novo equipamento e necessita treinar pessoas para utilizá-lo. Este dado pode
ser comprovado na pesquisa, principalmente porque o fornecedor realiza este
processo tanto dentro quanto fora da empresa, ou seja, no local onde o equipamento
vai funcionar e muitas vezes na firma fornecedora, conforme visto ao longo deste
trabalho. Assim, tem-se que nove empresas utilizam deste serviço, fazendo parte de
5% a 17% dos treinamentos realizados dentro da empresa.
Um número menos expressivo de treinamentos é feito pelos clientes,
supostamente distribuidores, envolvendo três empresas, numa proporção de 3% a
5%, e uma empresa obteve treinamento de consultores perfazendo 20% do
treinamento.
Os números mais expressivos de treinamentos realizados dentro da própria
empresa se devem ao fato de que os novos trabalhadores contratados adquirem
conhecimento no contato com empregados antigos da empresa que transferem
conhecimento acumulado. os treinamentos realizados por outras instituições
dentro da empresa atendem à necessidade ou interesse da empresa de manter o
trabalhador em seu próprio ambiente de trabalho. Além disso, os treinamentos
podem ser direcionados para as exigências operacionais de cada empresa
individualmente, o que pode ser mais eficaz por estarem voltados a um grupo de
trabalhadores.
Os treinamentos realizados fora da empresa são predominantemente
oferecidos pelo SEBRAE e SENAI em especial através do SENAI CETMAM. Para
sete empresas esta forma faz parte dos treinamentos com 20% a 40% e de 40% a
65% para outras cinco empresas, tendo números menores para as demais.
Da mesma forma, os treinamentos realizados pelas instituições de pesquisa e
extensão (Universidade) fora da empresa são pouco expressivos. Entretanto, neste
caso existem quatro empresas envolvidas nesta etapa, com uma percentagem de
2% para duas empresas, 20% para uma empresa e 100% para outra. Os
treinamentos realizados por fornecedores de máquinas fora da empresa ocorrem
com sete empresas, tendo em vista que os funcionários recebem um treinamento
inicial na sede da empresa fornecedora, para depois finalizar seus conhecimentos
no local onde o equipamento será instalado.
72
Assim, os treinamentos têm se tornado cada vez mais imprescindíveis na
medida em que o surgimento de novas tecnologias, incorporadas em novos
equipamentos, tem sido mais freqüente e os desafios competitivos mais iminentes.
4.1.2 Padrão de Inovação e Desenvolvimento Tecnológica Adotado Pelas Empresas
O desenvolvimento tecnológico foi captado no contato com as empresas
através de pontos relativos às normas, organização da produção, controle de
qualidade, atualização e idade dos equipamentos, origem dos equipamentos,
introdução de inovações, problemas tecnológicos, efeitos da tecnologia dentro da
empresa. Por outro lado a análise da gestão tecnológica e da tecnologia quanto aos
equipamentos, foram analisados nos aspectos relativos a pesquisa e
desenvolvimento dentro da empresa com ênfase nas fontes de informações
tecnológicas, aquisições de tecnologia, atividades de inovação, desenvolvimento de
produtos, a média de gastos com o desenvolvimento de novos produtos ou melhoria
dos existentes, áreas de potenciais investimentos e fontes de financiamento.
Para tanto, as normas podem ser traduzidas como parâmetros e padrões a
orientarem as decisões das empresas quanto aos procedimentos operacionais e de
qualidade de seus produtos. Apesar de sua relevância, a maioria das empresas
ignora a adoção de normas para seus negócios. Como se tem no Quadro 4 Anexo
1, 75,7% das empresas não recorrem a nenhuma norma.
De outro lado, tem-se que um pequeno grupo de empresas recorre a algum
padrão de referência para resguardar posições nos mercados, seja através das ISO,
seja da observância de regras estabelecidas pela ABNT ou INMETRO. No tocante
aos padrões internacionais (ISO) chama atenção a evidência de que apenas 2,7%
das empresas têm a ISO-14000, norma relacionada ao meio ambiente, ponto muito
importante quando se trata de fabricação de móveis, tendo em vista que grande
parte da matéria-prima (madeira) do móvel é retirada da natureza. Tendo esta norma
a empresa garante uma reputação no mercado através do selo de qualidade do seu
produto produzido a partir de matéria-prima obtida de forma ecologicamente correta.
As normas ISO, ABNT e INMETRO contribuem fortemente para uma inserção
competitiva das empresas nos mercados mundiais.
Um segundo aspecto relacionado ao desenvolvimento tecnológico das
empresas diz respeito às técnicas de organização da produção.
73
O Quadro 5 Anexo 1 mostra que o controle de qualidade é a técnica mais
utilizada pelas empresas, pois a inspeção e análise são ações aplicadas na
operação de fabricação, com o objetivo de executar e manter o nível mínimo
necessário de qualidade dos produtos, dando assim realce aos dados do Quadro 6
Anexo 1. Segundo o qual, a grande maioria das empresas faz o controle de
qualidade em todas as fases do processo.
Nesse sentido, o controle estatístico é o segundo mecanismo mais utilizado
pelas empresas, com 32,4%, haja visto que é uma técnica estatística desenvolvida
para medir e analisar a variabilidade dos processos, através do uso de gráficos de
controle, detectando defeitos, prevenindo ajustes desnecessários no processo e
estabelecendo diagnósticos permitindo o cálculo da capacidade do processo. Esta
técnica é um complemento do controle de qualidade auxiliando na eficiência desse
procedimento.
O kanban, técnica de célula é a terceira técnica utilizada pelas empresas, com
24,3%, cujo resultado é aparentemente mais importante, prescindindo da
necessidade de manter estoque, tendo em vista que a operação seguinte é
realizada mediante sinal de que a atividade anterior foi realizada. A produção é
controlada, indicando a necessidade de reativar o fluxo de produção de acordo com
os sinais de demanda do consumidor. Esta técnica se baseia no just in time (5,4%)
para auxiliar na realização das tarefas, pois este é usado para diminuir desperdícios
e obter uma maior eficiência no processo produtivo, bem como no controle de
qualidade.
As cnicas de polivalência (13,5%) e do rodízio (5,4%) são menos
desenvolvidas pelas empresas moveleiras, haja visto que a polivalência é
determinada pela habilidade de trabalhadores assumirem mais de uma tarefa, e
portanto, conhecerem várias etapas do processo. O rodízio ocorre quando os
trabalhadores fazem um revezamento, trocando de funções dentro do processo
produtivo. Estes resultados foram menores devido a estas técnicas serem menos
comuns nas indústrias maiores, devido ao fato da produção ser em série, ocorrendo
muitas vezes em empresas menores onde os trabalhadores acabam se envolvendo
em todo o processo de produção do móvel.
Um terceiro aspecto relativo à qualidade do produto e à condução do processo
produtivo, diretamente relacionado às evidências do Quadro 5 Anexo 1, diz
respeito à etapa em que se dá o controle de qualidade do produto.
74
Nota-se portanto que 62,2% das empresas adotam controle de qualidade em
todas as fases do processo produtivo, desde a recepção da matéria-prima a o
momento no qual o produto é comercializado. Mesmo admitindo mais de uma
resposta, identificou-se apenas uma empresa que faz o controle de qualidade na
recepção da matéria-prima.
Outro aspecto importante diz respeito à posição dos equipamentos das
empresas em relação ao perfil predominante entre seus concorrentes. Assim,
entende-se que quanto mais próxima estiver do benchmark tecnológico maior a
capacidade da empresa de competir. No caso da indústria moveleira de Arapongas
nota-se que a absoluta maioria das empresas possui equipamentos relativamente
distantes do padrão existente no mercado (Quadro 7 – Anexo 1)
O fato da maior parte das empresas terem seus equipamentos parcialmente
atualizados pode ser explicado pelo elevado custo de um eventual sucateamento
tecnológico precoce associado à necessidade de incorporação de novos
equipamentos. Um resultado considerado interessante é quanto aos equipamentos
desatualizados, pois somente 8,1% das empresas estão enquadradas nesta
situação. Este é o caso de microempresas, muitas das quais tem um processo muito
simples de fabricação, muito próximas ao artesanal. As demais empresas vistas
como totalmente atualizadas (18,9%), em sua grande maioria, construíram novas
fábricas adquirindo novos equipamentos, e introduzindo um novo processo
produtivo.
Complementando o quadro 7 – Anexo 1, uma informação importante está
relacionada à idade média dos equipamentos (Quadro 4.7).
Quadro 4.7 – Idade média dos equipamentos da produção
%
De 1 a 3 anos 27,0
De 4 a 7 anos 46,0
De 8 a 12 anos 18,9
Mais de 12 anos 8,1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Tendo por base o quadro acima, tem-se que mais de 70% tem uma idade
média até 7 anos. Complementarmente, o equipamento de 27% das empresas tem
mais de 8 anos de idade. De qualquer forma, a idade média dos equipamentos pode
75
indicar apenas o tempo de vida em que tem sido utilizado. Ou seja, a compra de
novo maquinário pode não implicar em atualização tecnológica.
Assim, tem-se o Quadro 8 Anexo 1, que mostra o ritmo de inovação
organizacional e/ou tecnológica nos últimos cinco anos dentro da empresa.
O resultado obtido não apresentou surpresa, visto que 81,1% das empresas
realizaram inovações no processo produtivo nos últimos cinco anos, mostrando
assim que as empresas moveleiras de Arapongas têm buscado elevar os níveis de
produtividade, conquistando fatias de mercado ou muitas vezes para se manter no
mercado.
Tendo a grande maioria das empresas se preocupado com inovações, 13,5%
delas, não realizaram nenhuma inovação nos últimos cinco anos. Um resultado
interessante, é que 54,1% das empresas não se preocuparam somente com o
processo produtivo, realizando inovações também no processo administrativo.
Portanto, as características tecnológicas das empresas estão também
associadas à origem dos equipamentos.
Quadro 4.8 Origem dos equipamentos da produção (admite mais de uma
opção)
%
Local 18,9
Paraná 56,8
Outro Estado – SP, RS, SC 48,7
Outro País – Alemanha, Itália e Espanha 29,7
Fonte: Pesquisa de Campo.
No quadro acima percebe-se que a maior parte dos equipamentos é oriunda da
indústria metal mecânica do Paraná (56,8%), seguido de outros estados (48,7%),
sendo estes, o Paulo (28,7%), Rio Grande do Sul (11,1%) e Santa Catarina
(8,8%). Por outro lado, 29,7% das empresas têm seus equipamentos oriundos de
outros países, sendo estes, Alemanha (14,9%), Itália (12,7%) e Espanha (2,1%),
máquinas estas com valores elevados e tecnologias avançadas que elevam a
capacidade competitiva das empresas.
Desta forma, um dos aspectos mais importantes para a qualidade do produto e
conseqüentemente para esta competitividade das empresas diz respeito à sua
capacidade para resolver problemas técnicos e à disponibilidade de mecanismos
institucionais que a viabilizem. Como se tem no Quadro 9 – Anexo 1, a solução dada
76
a problemas relacionados ao uso dos equipamentos, é obtida preponderantemente
com o recurso à assistência técnica dos fornecedores, e em segundo lugar a
empresas de consultoria especializadas. Em contrapartida as instâncias
institucionais oficiais ou organizações empresariais, são pouco relevantes para
tanto.
A relação das empresas com seus fornecedores e empresas de consultoria,
certamente localizadas fora da região, é reveladora para caracterizar a dinâmica
inovativa predominante. Ou seja, parece haver uma dependência a instâncias
inovadoras externas ao ambiente empresarial para a solução de problemas relativos
ao desenvolvimento tecnológico e eventual upgrading.
Para demonstrar como os empresários se apropriam dos efeitos do
desenvolvimento tecnológico dentro de suas empresas tem-se o Quadro 10 – Anexo
1.
Embora os resultados muitas vezes não se refiram à maioria das empresas,
são suficientes para indicar os efeitos predominantes das inovações realizadas.
Assim é que para 19 das empresas o mais importante efeito da inovação tecnológica
é o aumento da produtividade. Como segunda importância, apontada por sete
empresas, a tecnologia é uma facilitadora para aumento da participação no mercado
interno, tendo em vista que pode facilitar uma maior produtividade e um maior
atendimento aos clientes.
A redução de custos de mão de obra e custos de insumos, respectivamente,
são o terceiro e quarto efeitos gerados pela tecnologia, para oito empresas, em
ambos os casos. Como quinto e sexto efeito da tecnologia tem-se a melhoria na
qualidade dos produtos e ampliação da gama, efeitos estes apontados por oito e
sete empresas, respectivamente. Além disso, oito empresas revelaram suas
preocupações com a conquista de mercado a partir do desenvolvimento tecnológico.
Preocupações com o meio ambiente também podem estar relacionadas com a
tecnologia, uma vez que as empresas podem tornar a incorporação de inovações
compatíveis com a preservação ambiental e redução de custos.
Por outro lado, diante de uma maior flexibilidade do mercado interno quanto a
exigências de qualidade a preocupação das empresas com o enquadramento de
seus produtos de acordo com regulamentação e normas de padronização está em
décimo grau. Como observado no Quadro 4 Anexo 1, mais de 75% das empresas
77
não utilizam nenhum tipo de norma. Desta maneira as empresas que utilizam ou se
preocupam são as voltadas para o mercado externo.
Desta maneira, o quadro (4.9) contém informações referentes às fontes de
informações tecnológicas.
Quadro 4.9 – Fontes de informações tecnológicas (admite mais de uma opção)
%
Feiras e congressos 83,8
Contatos com clientes 54,1
Revista especializada 54,1
Pesquisas próprias 37,8
Contatos com outros empresários 35,1
Visitas a empresas 21,6
Consultoria especializada 10,8
Universidades 5,4
Centros de pesquisa 0
Não recorre a fontes de informação 2,7
Outros 8,1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Neste quadro observa-se que a fonte de informação mais importante das
empresas está situada em feiras e congressos (83,8%), haja visto que conforme
analisado no capítulo anterior, tem-se em Arapongas, no EXPOARA, a FIQ, feira de
máquinas, matérias-primas e acessórios, onde os empresários buscam conhecer o
que o mercado mundial tem de melhor. Vários estandes são formados por empresas
nacionais e estrangeiras que buscam trazer os melhores produtos do setor. Os
empresários, todavia não dependem apenas deste evento, que ocorre a cada dois
anos, necessitando estar sempre sintonizado com os acontecimentos mundiais.
Outras duas fontes são as revistas especializadas (54,1%) e o contato com
clientes (54,1%), tendo em vista que estes são uma grande fonte de informações a
partir da demanda por determinados produtos, constituindo assim certa fatia de
mercado.
Duas fontes com resultados próximos utilizadas pelas empresas são pesquisas
próprias (37,8%) e contatos com outros empresários (35,2%), cuja intensidade é
maior quanto mais integrado é o ambiente empresarial. Ou seja, a maior
proximidade das empresas, no sentido indicado por Marshall, estimula o
desenvolvimento de inovações de produto e de processo. Todavia, segundo o
quadro acima, as empresas não recorrem a centros de pesquisa como fonte de
78
informações tecnológicas. Igualmente, as universidades são utilizadas apenas por
duas empresas, confirmando assim o observado a partir do Quadro 4.6, no qual se
observam que apenas cinco empresas buscavam as universidades como formas de
treinamento e no Quadro 9 Anexo 1, onde se percebe que nenhuma empresa
utiliza as universidades para a resolução de problemas.
Visando identificar a importância dos fornecedores, têm-se no Quadro 11
Anexo 1 as formas pelas quais as empresas adquirem tecnologia.
Portanto, a forma de aquisição de tecnologia mais importante é observada na
relação com os fornecedores de máquinas, matéria-prima e softwares, sendo
utilizada por 86,5% das empresas, seguida da assistência técnica utilizada por
18,9% das empresas para aquisição de tecnologia. Mesmo as empresas instaladas
em um local onde existe um grande número de empresas, 10,8% delas apenas têm
como formas de aquisição de tecnologia a imitação de outras firmas, um número
relativamente baixo tendo em vista esta concentração de empresas.
Por outro lado as agências de comercialização de tecnologia constituem uma
forma utilizada pelas empresas, além da assistência de associações industriais e
das licenças para utilização de tecnologia, embora em menor dimensão.
O quadro 4.10, abaixo, contém informações referentes ao processo inovativo
em si. Em sua maioria, as empresas empreendem a inovação através da concepção
de novos produtos, seguida da concepção de novos materiais como a atividade mais
desenvolvida pelas empresas pesquisas, com 40,5% das inovações.
Quadro 4.10 Principal atividade de inovação desenvolvida na empresa
(admite mais de uma opção)
%
Concepção de novos produtos 89,2
Concepção de novos materiais 40,5
Concepção de novas formas de controle de qualidade 37,8
Concepção de novos processos de produção 32,4
Concepção de novas técnicas de marketing 13,5
Outros 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Algumas empresas se preocupam com o controle de qualidade, principalmente
devido ao mercado que atendem. Desta maneira, as normas de controle fazem parte
de 37,8% das atividades desenvolvidas pelas empresas. A quarta principal atividade
de inovação se refere à concepção de novos processos de produção.
79
A atividade de inovação desenvolvida pelas empresas menos relevante é a
concepção de novas técnicas de marketing, algo que 13,5% das empresas praticam.
O desenvolvimento de novos produtos, entretanto tem se dado predominantemente
pela própria empresa, como se observa no quadro abaixo.
Quadro 4.11 Desenvolvimento de novos produtos e modelos (admite mais de
uma opção)
%
Na empresa 97,3
Por solicitação de clientes 46,0
Por especialistas contratados 18,9
Adaptados na empresa 16,2
Por indicação de fornecedores 10,8
Outros 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Tendo em vista que muitas empresas estabelecem negociações de muitos
anos com clientes, alguns produtos ou modelos são criados por solicitação de
clientes, fazendo parte de 46% dos desenvolvimentos. Ou seja, os clientes
percebem que no seu mercado a necessidade ou falta do mesmo, solicitando às
empresas novos modelos. Essa demanda é mais intensa quanto mais efetiva for a
parceria estabelecida entre cliente e indústria. E mais, apenas 18,9% das empresas
recorrem a especialistas para a criação de novos produtos, e 16,2% das empresas
fazem adaptação de novos produtos e modelos a partir dos já existentes.
Outro processo pouco utilizado pelas empresas se refere a indicações de
fornecedores para o desenvolvimento de novos produtos e modelos, envolvendo
apenas 10,8% das empresas. Esta é uma situação interessante, pois estes
fornecedores muitas vezes são empresas multinacionais e informam sobre
tendências em curso no mercado mundial.
O quadro 4.12 tem como resultados a média anual de gastos com
desenvolvimento de novos produtos ou melhoria dos existentes.
80
Quadro 4.12 – Média anual de gastos com desenvolvimento de novos produtos
ou melhoria dos produtos existentes
%
R$ 0,00 a R$ 25.000,00 46,0
R$ 25.000,01 a R$ 50.000,00 16,2
R$ 50.000,01 a R$ 100.000,00 27,0
R$ 100.000,01 a R$ 200.000,00 8,1
R$ 200.000,01 acima 2,7
Fonte: Pesquisa de Campo.
Segundo se observa no quadro acima, 46% das empresas fazem investimentos
considerados pouco expressivos, segundo a escala apresentada, até R$25.000,00
anuais. Enquanto 27% das empresas fazem investimento entre R$50.000,01 a
R$100.000,00, apenas uma empresa está enquadrada na faixa mais elevada, acima
de R$200.000,00.
Portanto, conforme observado no capítulo 3 onde o design é o fator mais
importante dentro da indústria de móveis proporcionando diferenciação de produto e
sendo o elemento fundamental da concorrência das empresas, o quadro acima,
mostra que mesmo a grande maioria das empresas tendo faturamentos mensais até
R$800.000,00 (Quadro 4.3), os investimentos anuais com desenvolvimento de novos
produtos ficam em torno de R$25.000,00 para a grande maioria das empresas
(46%). Resultado este também comprovado verificando-se o quadro 4.15 onde
somente em aproximadamente metade das empresas pesquisadas, o design é
importante como fator de competitividade.
Assim, partindo para a área relacionada às perspectivas de investimentos em
relação ao faturamento (Quadro 12 Anexo 1), tem-se que a maioria das empresas
direciona-se para a qualificação da mão de obra.
Verifica-se, portanto, que 32 empresas têm perspectivas de investimentos na
qualificação da mão de obra, tendo uma variação entre 1% a 8% os desembolsos de
investimentos para esta área. Como observado anteriormente, o pessoal qualificado
é o maior limitador das empresas para que elas possam atender mais clientes. A
segunda área com maior número de empresas com perspectivas de investimentos é
a compra ou troca de equipamentos, num total de 28, com uma variação entre 1% a
10%, porcentagem esta maior do que a referente à qualificação da mão de obra
(8%), haja visto que os investimentos envolvem valores maiores. Por sua vez, os
investimentos em novos produtos é a terceira área a atrair investimentos, tendo 26
empresas com variação entre 1% a 14%, valor este um pouco maior do que os
81
encontrados anteriormente para mão de obra e equipamentos. Deduz-se que as
empresas direcionam um maior investimento para esta área tendo em vista que
novos produtos são criados para atender uma fatia de mercado ou muitas vezes
para criar tendências de consumo. Por fim, as instalações e espaço (terreno para
construção de barracões, entre outros) são a última área onde 23 empresas
pretendem fazer seus investimentos com porcentagens entre 1% a 10%.
Para isto, a capacidade das empresas em fazerem investimento está
diretamente relacionada com a disponibilidade das fontes de financiamento (Quadro
13 – Anexo 1).
Admitindo-se mais de uma resposta, as empresas indicaram o capital próprio
como principal fonte de investimento (91,9%). A segunda maior fonte indicada pelas
empresas são os bancos privados (54,1%), ou seja, as empresas recorrem a estes
bancos, pois se deduz que a facilidade em conseguir crédito é maior do que os
bancos públicos (21,6%) ou órgãos governamentais, ou devido também a taxa de
juros ser menor. Os órgãos governamentais aparecem como a quarta fonte de
investimentos (13,5%), muito abaixo dos bancos privados. Deduz-se, portanto que
as empresas não conhecem esta forma de financiamento ou esbarram em
dificuldades relacionadas à burocracia.
4.1.3 A Interação com Fornecedores e Clientes e o Desempenho das Empresas
Moveleiras.
Neste tópico será abordada a ligação entre empresas e fornecedores,
procurando destacar os critérios de seleção de fornecedores pelas empresas, para
obtenção da matéria-prima principal e os fatores que mantêm a empresa mais
competitiva. Serão analisados também, os aspectos referentes ao relacionamento
da empresa com o mercado, identificado através da comercialização de seus
produtos e a abrangência do mercado consumidor. Por fim, busca-se demonstrar a
visão estratégica das empresas, no tocante ao ambiente empresarial ao qual
pertence. Para tanto, foram investigados aspectos relacionados à limitações para
poder atender mais clientes, a concorrência, vantagens derivadas de aglomeração
empresarial, relações sinérgicas e cooperativas com outras empresas, políticas
governamentais que contribuem para aumento da competitividade e capacidade de
associação com outras empresas.
82
No quadro 4.13 busca-se demonstrar o que as empresas mais querem dos
fornecedores no momento da compra.
Quadro 4.13 – Critérios de seleção de fornecedores (admite mais de uma
opção)
%
Qualidade 86,5
Preço 83,8
Prazo de entrega 56,8
Pontualidade 54,1
Atendimento 46,0
Condições de pagamento 43,2
Confiança 29,7
Recomendado por alguém 5,4
São os únicos fornecedores 2,7
Fonte: Pesquisa de Campo.
O ponto mais importante na relação entre as empresas e seus fornecedores
para 86,5% das empresas é a qualidade dos produtos ou serviços prestados, a partir
da qual aquelas terão um melhor aproveitamento da matéria-prima ou serviço
adquirido e conseqüentemente um melhor resultado do produto final. Sem muita
surpresa, o segundo critério fundamentado pelas empresas está no preço (83,8%),
haja visto que dependendo do produto fabricado pela indústria, ele terá uma
participação grande no valor do produto final. Assim é necessário que o fornecedor
tenha um produto com qualidade e bom preço, para que a indústria possa repassar
para o mercado final do produto.
Como terceiro e quarto critérios têm-se o prazo de entrega (56,8%) e a
pontualidade (54,1%), os quais são importantes para as indústrias, tendo em vista a
necessidade de entrega rápida para atender aos prazos estabelecidos com a rede
de distribuição. Além disso, destaca-se o atendimento (46%) e condições de
pagamento (43,2%). Assim percebe-se que as empresas de móveis têm as
exigências fundamentadas em qualidade, preço, entrega, atendimento e condições
de pagamento. O critério de confiança com o fornecedor foi indicado por 29,7% das
empresas, número este que representa um critério menor tendo em vista os pontos
anteriores.
Quanto à origem da matéria-prima principal, tem-se no quadro 4.14 a seguir,
que sua localização está concentrada no próprio estado do Paraná, embora seja
também elevada a importância dos outros estados. Dentre estes, destaca-se São
83
Paulo com 28,6% e Minas Gerais, 15,4%, enquanto Santa Catarina (6,6%), Rio
Grande do Sul (6,6%) e Bahia (2,2%) são menos expressivos. Essa origem bastante
diversa da matéria-prima inclui também a Argentina (10,8%), embora condicionada
às vicissitudes do comércio e do câmbio, além de aspectos regulatórios.
Quadro 4.14 De onde vem a matéria-prima principal (admite mais de uma
opção)
%
Próprio aglomerado 2,7
Paraná 75,7
Outro Estado – SP, MG, SC, RS, BH. 59,5
Outro País – Argentina 10,8
Fonte: Pesquisa de Campo.
O quadro (4.15) da análise relaciona os fornecedores com a competitividade da
empresa, apontando os fatores que mantêm a empresa mais competitiva.
Quadro 4.15 Fatores que mantêm a empresa mais competitiva (admite mais
de uma opção)
%
Qualidade do produto 81,1
Preço 75,7
Prazos de entrega 64,9
Design 56,8
Qualidade da matéria-prima 54,1
Qualidade da mão de obra 48,7
Capacidade de atendimento 43,2
Serviços pós-venda 32,4
Nível de tecnologia dos equipamentos 18,9
Custo da mão de obra 13,5
Capacidade de introdução de processo 10,8
Pertencer ao aglomerado 0
Outros 2,7
Fonte: Pesquisa de Campo.
Assim tem-se que o fator que mantêm a empresa mais competitiva é qualidade
do produto (81,1%), relacionado com o principal critério de seleção de fornecedores,
como indicado no quadro 4.13. Percebe-se que não a qualidade, mas os demais
fatores são desencadeados a partir do critério que a empresa mantém em suas
negociações com os fornecedores. Em segundo lugar, tem-se o preço (75,7%),
compatível com o critério de seleção de fornecedores, tendo em vista que as
condições de compra da matéria-prima desencadeiam um preço do produto final
84
melhor, conquistando mais mercados, principalmente onde o preço é um fator
determinante.
A ligação entre empresa, fornecedor e competitividade fica mais explicita
quando se verifica o prazo de entrega, pois para 64,9% das empresas este ponto é
fundamental e para isto é preciso que o fornecedor atenda os prazos de entrega
fazendo com que a indústria possa repassar as mesmas condições para seus
clientes. O quarto fator é o design (56,8%), pois as indústrias necessitam da
construção de design inovadores e diferenciados para competir no mercado.
Observando o quadro 4.10, tem-se que a concepção de novos produtos ocorre
dentro da própria empresa.
O quinto e sexto fatores são qualidade da matéria-prima (54,1%) e qualidade
da mão de obra (48,7%), sendo que o primeiro é fundamental para a qualidade do
produto final. O outro fator talvez não seja classificado com grande importância por
aproximadamente metade das empresas instaladas devido ao fato destas
pertencerem a um aglomerado e o perceberem a falta ou a importância da
qualidade da mão de obra.
Para 43,2% das empresas a capacidade de atendimento é importante para a
competitividade, assim como os serviços pós-venda (32,4%), pontos tratados a
seguir. No que se refere ao nível de tecnologia dos equipamentos (18,9%), observa-
se que para as empresas este fator não é relevante para sua competitividade, a
exemplo do que demonstrado no Quadro 10 Anexo 1, onde se percebe que o
desenvolvimento tecnológico aumenta a produtividade, mas não deixa
necessariamente a empresa mais competitiva.
o custo da mão de obra apontado por 13,5% das empresas como fator que
mantém a empresa competitiva, é confirmado pelo piso salarial de auxiliar de
R$544,00, de oficial R$ 598,40 (10% a mais) e de chefia de R$ 652,80 (20% a
mais). (SIMA, 2008) Estes valores indicam que a mão de obra no município tem
baixo custo, sendo repassado para o produto através do preço (75,7%), embora
opere como um elemento inibidor de competitividade pelos baixos níveis de
remuneração da força de trabalho, especialmente quando alguma qualificação é
requerida. Portanto, nota-se que ao mesmo tempo em que a competitividade dessa
indústria está assentada na intensidade do uso da mão de obra, sua valorização
parece não ser uma estratégia relevante.
85
Um fator não apontado por nenhuma empresa como importante para manter a
competitividade é pertencer ao aglomerado empresarial. Isso revela a pequena
importância das relações entre as empresas e seu ambiente empresarial para a
competitividade das firmas individualmente. Esse aspecto, todavia será avaliado
mais detalhadamente a seguir.
Assim, primeiramente, no que se refere ao mercado final de seus produtos,
tem-se (Quadro 14 Anexo 1) a maior parte das empresas voltada para o mercado
da própria região, embora para um número significativo delas a venda para outros
estados é também considerável.
Observa-se que a venda para o mercado local corresponde, para 16 empresas,
a uma proporção entre 1% a 20% de seu faturamento. O fato de algumas empresas
atenderem o mercado consumidor local com lojas próprias, como destacado
anteriormente, reforça sua posição junto ao consumidor e aumenta a importância do
mercado local. Quando se analisa o mercado estadual, tem-se 23 empresas
concentrando entre 5% a 39% de suas vendas neste espaço, e uma empresa com
100%. No entanto, percebe-se que para a maior parte das empresas as vendas não
estão direcionadas ao estado, tendo em vista que a grande região consumidora de
produtos no Brasil é o Sudeste. Assim no mercado nacional o resultado obtido foi de
36 empresas vendendo seus produtos em outros estados, sendo isto devido às
grandes lojas ou magazines estarem localizados. Destaca-se neste caso que 22
empresas têm entre 78% a 95%, enquanto 7 vendem 100% de sua produção para
esta localização.
As vendas internacionais, por sua vez atraem 11 empresas, das quais seis, têm
10% a 15% de seu faturamento dependendo deste mercado. Estas 11 empresas
estão relacionadas entre as 25 exportadoras de móveis de Arapongas mostradas no
quadro 3.2 do capítulo anterior.
Independente da importância de cada segmento de mercado atendido pela
indústria moveleira de Arapongas, seus produtos são comercializados
predominantemente através de representantes comerciais. Isso significa que,
embora o comércio varejista seja relevante, as empresas produtoras se projetam
diretamente no mercado através de seus próprios agentes, integrando verticalmente
suas atividades. O fato das firmas instalarem lojas próprias junto ao mercado
consumidor reforça essa estratégia (Quadro 4.16)
86
Quadro 4.16 – Canais de comercialização (admite mais de uma opção)
%
Representantes Comerciais 86,5
Varejista 24,3
Atacadistas 18,9
Loja Própria 18,9
Outros 10,8
Fonte: Pesquisa de Campo.
Essa estratégia de integração das firmas industriais junto ao mercado
consumidor é conduzida por meio de pessoal ligado à própria indústria. No entanto,
a exploração de nichos de mercado e o contato com os consumidores, aliados as
táticas de venda envolvem uma diversificação da força de trabalho para além do
próprio processo produtivo. Soma-se a isso, embora numa proporção menor, o
contato com o mercado consumidor através de terceiros. Isso implica em relações
contratuais, diminuindo a relação clássica entre produtor e consumidor por meio de
uma rede varejista independente (Quadro 15 – Anexo 1).
Essa aproximação entre a base industrial e o mercado resulta, portanto no
estabelecimento entre o produtor e o consumidor, revelando uma nova identidade
que, em grande parte, reduz o campo de atuação do capital comercial. Para tanto, à
luz das evidências demonstradas acima, as empresas são levadas a investir em
aspectos que extrapolam o processo produtivo em si, tais como pessoal qualificado
para a atividade comercial e construção de espaço físico adequado para tal. Isso,
evidentemente revolve a necessidade de construir uma logística adequada para
fortalecer essa ligação direta entre as atividades industriais e as comerciais
varejistas. (Quadro 4.17)
Quadro 4.17 Limitações para atender mais clientes (admite mais de uma
opção)
%
Pessoal qualificado 43,2
Espaço físico 40,5
Capital de giro 29,7
Quantidade de máquinas 8,1
Todos 2,7
Não possui limitações 16,2
Fonte: Pesquisa de Campo.
Adicionalmente, o capital de giro foi apontado como um limitador, numa
proporção de 29,7% das empresas. Por fim, o quarto limitador são as quantidades
87
de máquinas necessárias para a produção, número este elevado, tendo em vista
que são necessários vários equipamentos para produção de um produto e seu custo
é alto dependendo da tecnologia que se pretende utilizar. Apesar das limitações
apresentadas, deve ser destacado que, para 16,2% das empresas não limitações
para atender o mercado consumidor.
Além das limitações outro aspecto que faz as empresas ficarem atentas ao
mercado está relacionado aos concorrentes, ou seja, onde estão localizados os
principais concorrentes das empresas moveleiras de Arapongas.
Quadro 4.18 Onde estão os principais concorrentes (admite mais de uma
opção)
%
Produtores locais 48,7
Produtores regionais 35,1
Produtores nacionais 54,1
Produtores internacionais 5,4
Fonte: Pesquisa de Campo.
Segundo o quadro acima, embora os principais concorrentes apontados pelas
empresas estejam distribuídos pelos diversos estados do Brasil (54,1%), as
empresas identificam no próprio ambiente um grande potencial de competição. Ou
seja, essa percepção pelos empresários locais é bastante reveladora quanto à
identificação da indústria local como um foco de concorrência e, portanto de
ameaça, e não de suporte competitivo. Assim, os laços empresariais locais para fins
de cooperação, se tornam fragilizados. Os produtores regionais constituem o terceiro
grupo concorrente (35,1%), espalhado por todo o estado, embora de impacto
menores. O fato de 5,4% das empresas identificarem os produtores internacionais
como principais concorrentes, revela seu grau limitado de participação nos
mercados globais. Ou seja, a indústria moveleira de Arapongas está basicamente
sujeita aos desafios do mercado regional e principalmente nacional.
Mudando o caminho da análise, o quadro 4.19 a seguir indica as vantagens
que as empresas encontram por estarem localizadas no aglomerado, desvendando
o motivo para a empresa estar instalada no aglomerado, pois sua permanência é
embasada em fatores não encontrados em outros locais, haja visto que o propósito
da empresa estar concentrada no município vai de encontro com as expectativas
88
dos empresários que encontraram na região o local ideal para instalar sua empresa
e ser competitiva num mercado diversificado e sem barreiras.
Quadro 4.19 Vantagem da empresa em estar localizada no aglomerado
(admite mais de uma opção)
%
Disponibilidade de mão de obra qualificada. 78,4
Proximidade com fornecedores de matéria-prima. 70,3
Infra-estrutura física (energia, transporte, comunicações, ...) 64,9
Disponibilidade de serviços técnicos especializados. 37,8
Existência de programas de apoio e promoção. 27,0
Proximidade com produtores de equipamentos. 24,3
Proximidade de universidades e centros de pesquisa. 24,3
Baixo custo de mão de obra. 16,2
Proximidade com clientes. 13,5
Outros. 2,7
Não há vantagem nenhuma. 2,7
Fonte: Pesquisa de Campo.
Ao longo deste trabalho procurou-se identificar as características das empresas
pertencentes ao aglomerado, de forma a avaliar as dificuldades existentes para
obtenção de mão de obra qualificada. Desta forma, verificou-se que o aglomerado
tem alguns pontos negativos, como baixo grau de instrução dos trabalhadores,
principalmente da produção, sendo apontado pelas empresas como um fator
limitante para poder atender um número maior de clientes. No entanto, ao mesmo
tempo os empresários demonstraram uma baixa expectativa de investimentos para a
qualificação de sua mão de obra. Por outro lado, alguns pontos positivos foram
detectados, como a qualidade da mão de obra, fator importante para a
competitividade das empresas, para o qual programas do governo podem contribuir
para a capacitação profissional dos empregados.
Mesmo que estes aspectos sejam reconhecidos pelos empresários, 78,4% dos
entrevistados disseram que disponibilidade de mão de obra qualificada no âmbito
do aglomerado, o que acaba gerando uma vantagem. Ou seja, deduz-se que a
forma como o mercado de trabalho é composta no município atende as
necessidades das empresas.
A segunda vantagem encontrada pelas empresas é a proximidade com
fornecedores de matéria-prima (70,3%), mesmo sendo apontado durante a pesquisa
(Quadro 4.14) que para a maioria das empresas a matéria-prima principal não vem
89
do aglomerado, mas do Paraná (75,7%), facilitando a logística por estar dentro do
estado. Ou seja, os fornecedores são de MDF e painéis de madeira aglomerada
vindos da região de Piên, situada no sul do estado, região metropolitana de Curitiba,
e de Jaguariaiva, situada a aproximadamente 320 km. Por outro lado, há também as
indústrias dos fornecedores que estão localizados no estado de São Paulo, onde as
distâncias variam entre aproximadamente 330 km a 500 km, ou seja, verifica-se que
a região fica em meio aos principais fornecedores de MDF e painéis de madeira
aglomerada facilitando o acesso a esse material.
Em outro sentido, para 64,9% das empresas, a infra-estrutura física (energia,
transporte, comunicações, entre outros) é a terceira vantagem identificada pelas
empresas, pois como a grande maioria dos municípios do estado, uma grande
oferta de energia elétrica, fator importante para o funcionamento das máquinas e
equipamentos das indústrias. Existem também no município aproximadamente 20
empresas especializadas no transporte dos produtos moveleiros, assim como, vários
motoristas autônomos que realizam tal serviço. Quanto à questão de comunicação,
o município conta com três empresas de telefonia fixa e com cinco operadoras de
celular, sem contar às empresas que prestam serviços na área de VOIP, internet via
rádio, entre outros. também no município, um parque de exposição (EXPOARA)
para divulgar os produtos das empresas. Ou seja, o município tem uma boa
disponibilidade destes serviços, tendo em vista a importância das empresas estarem
mantendo contato com as mais diversas partes do Brasil e do mundo e usufruírem
desta estrutura para serem competitivas dentro do mercado que atuam.
A disponibilidade de serviços técnicos especializados também representa uma
vantagem importante, mas somente para 37,8% das empresas, pois no município
existem aproximadamente dez empresas especializadas na fiação e venda de vídias
(ferramentas para as quinas e equipamentos das indústrias de móveis, como
fresas, facas, entre outros). Além das empresas de fiação, há também empresas
especializadas na venda de equipamentos de segurança, muito importantes para a
segurança no trabalho dos funcionários.
Os programas de apoio e promoção são uma vantagem para 27% das
empresas, tendo em vista que conforme o quadro 4.28 as instituições de apoio
contribuem para ação estratégica, oportunidades de negócios, eventos técnicos e
comerciais, melhoria no processo produtivo, capacitação tecnológica, reivindicações
comuns, entre outros, bem como os programas governamentais contribuem para
90
capacitação profissional, linhas de crédito, incentivos fiscais, entre outros, mas isto é
evidenciado e ocorre, pois a uma concentração de indústrias que são estruturadas
por um grupo de instituições e ao mesmo tempo uma atenção do governo para
fortalecer um setor que gera um volume de emprego importante para o município,
conforme relatado no capítulo 3.
Outro ponto apresentado como vantagem pelas empresas diz respeito à
proximidade com produtores de equipamentos (24,3%). Isso é compatível com a
informação exposta anteriormente (Quadro 4.8) segundo a qual o Paraná é a origem
predominante dos equipamentos (56,8%). Além disso, a tecnologia é adquirida
através dos fornecedores de máquinas, matérias-prima e software, (Quadro 11
Anexo 1) tendo em vista que o pavilhão EXPOARA, a cada dois anos, realiza a FIQ
(Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para
a Indústria Moveleira) na qual as empresas do município tem contato com o que
de mais moderno em máquinas e equipamentos disponíveis mundialmente.
Embora se reconheça a vantagem de estar próximo de universidades e centros
de pesquisa, o resultado mostrou que para apenas 24,3% das empresas isto é
importante, tanto que somente cinco empresas utilizam as universidades como
forma de treinamento (Quadro 4.6) e somente uma recorre às universidades como
fontes de informações tecnológicas (Quadro 4.9). Ou seja, tem-se uma pequena
interação entre as empresas e universidades, sendo isto visto pelas empresas como
uma pequena vantagem.
A penúltima vantagem está no baixo custo da mão de obra (16,2%),
verificando-se que apesar da indústria ser intensiva em trabalho, o baixo custo da
mão de obra foi reconhecido por poucas empresas como um fator que mantém a
empresa mais competitiva. Por outro lado, a necessidade das empresas terem
pessoal qualificado, foi apontado anteriormente por metade das empresas
entrevistadas como uma limitação para poder atender mais clientes. Assim, os
sindicatos são responsáveis por intermediar as negociações entre empresários e
trabalhadores, tendo em vista o volume e a qualidade de empregos que as
empresas necessitam. Por este motivo os salários são muito baixos dentro do
aglomerado, sem que haja uma diferenciação significativa favorável aos
trabalhadores qualificados.
Por fim, a proximidade com clientes (13,5%) foi apresentada por um pequeno
número de empresas, como uma das vantagens para pertencer a um aglomerado
91
industrial. Isso se torna irrelevante uma vez que a maioria das empresas vendem
seus produtos dentro do estado e mais ainda fora dele, conforme destacado
anteriormente (Quadro 14 – Anexo 1). Esta vantagem apresentada por poucas
empresas está relacionada ao fato de algumas empresas terem sua própria loja
dentro do município ou região, trazendo assim uma vantagem, tendo em vista o
contato gerado com o consumidor final. Outro ponto, destacado anteriormente
(Quadro 4.11), é que algumas empresas têm um elo com seus clientes (lojas)
criando uma ligação de forma que muitas empresas desenvolvem produtos e
modelos que o solicitados pelos clientes, caracterizando esta pequena vantagem
demonstrada por algumas empresas.
O quadro 4.20 da pesquisa buscou verificar as atividades de cooperação que
as empresas eventualmente realizam e qual o grau de importância para elas.
92
Quadro 4.20 – Atividades de cooperação que a empresa realiza (admite mais de
uma opção)
Grau de
importância
N° de
empresas
As empresas trocam informações sobre a mão de
obra e sobre formas de qualificação.
1 4
2 10
3 6
6 1
TOTAL 21
As empresas trocam matérias-primas. 1 8
2 4
3 5
4 1
TOTAL 18
A empresa se reúne com as demais para avaliar as
condições de mercado.
1 11
2 5
6 1
TOTAL 17
As empresas do ramo apresentam reivindicações
conjuntas aos governos.
1 2
2 2
4 3
5 1
7 1
TOTAL 9
As empresas trocam componentes e equipamentos. 2 2
3 3
4 3
TOTAL 8
As empresas trocam serviços. 1 4
3 1
4 2
TOTAL 7
As empresas avaliam em conjunto inovações
organizacionais e tecnológicas.
2 2
3 2
5 1
TOTAL 5
Não realiza nenhuma atividade 7
Fonte: Pesquisa de Campo.
Assim, para 56,8% das empresas, as trocas de informações sobre mão de obra
e qualificação são as principais atividades de cooperação entre elas, tendo como
grau de importância entre 1 a 3 para 20 empresas e grau 2 para 10. Isto ocorre
93
porque conforme os quadros anteriores (4.17, 4.19, {12, 16 Anexos 1}) a
necessidade de mão de obra qualificada requer maiores investimentos.
A segunda atividade de cooperação mais encontrada pelas empresas se refere
à troca de matérias-primas (48,7%), estando o grau de importância entre 1 a 3 para
17 empresas, com predominância de oito empresas tendo grau 1.
Com porcentagem também elevada, a terceira atividade mostra as empresas
que se reúnem com as demais para avaliar as condições de mercado (46%), tendo
grau de importância entre 1 a 2 para 16 empresas, destaque especial para esta
atividade, pois para 11 empresas o grau de importância foi 1, sendo este o maior
entre as empresas. Este ponto é importante, pois as empresas realizam esta
atividade tendo em vista um possível trabalho de buscar soluções para problemas
eventuais.
A quinta atividade de cooperação diz respeito às reivindicações conjuntas aos
governos, tendo indicação de 24,3% e grau de importância entre 1 e 2, apontados
por quatro empresas. Existindo políticas voltadas para as indústrias de móveis da
região o favorecimento será de todas as empresas, tendo em vista que quanto mais
empresas existirem dentro de um espaço e a importância deste setor na economia a
possibilidade de haver políticas governamentais para este é muito grande. Por fim,
as avaliações em conjunto sobre inovações organizacionais e tecnológicas (13,5%),
com grau de importância entre 2 e 3 para quatro empresas, foram apontadas como
uma atividade que poucas empresas fazem em conjunto. A baixa incidência dessa
atividade tem a ver com a preocupação das empresas de socializar conhecimento e
informação, favorecendo o concorrente local.
Avançando na análise, o papel do governo junto às empresas também foi
detectado através de um mapeamento das principais políticas governamentais
capazes de contribuir para a eficiência competitiva das empresas (Quadro 16
Anexo 1).
A pesquisa de campo revela três pontos indicados pelas empresas como
prioritários, sendo programa de capacitação profissional e treinamento técnico,
linhas de crédito e outras formas de financiamento, e incentivos fiscais, todos com
porcentagens de 62,2%. Destes resultados, o primeiro não poderia ser diferente,
tendo em vista que as empresas no quadro 4.17 observaram que o pessoal
qualificado é uma limitação para poder atender mais clientes (43,2%) e no Quadro
12 Anexo 1 a maioria das empresas (32) direcionam seus investimentos para
94
qualificação profissional. Este é, portanto o ponto de maior interesse das empresas
quanto à contribuição do governo. Os outros dois resultados não poderiam ser
diferentes, uma vez que as empresas sempre demandam crédito e menor carga
tributária.
Um resultado que chamou a atenção diz respeito à necessidade das empresas
para melhoria na educação básica (51,4%), pois são políticas governamentais que
poderiam aumentar a eficiência competitiva das empresas. No entanto as empresas
não estão muito interessadas em ter muitos funcionários qualificados, haja visto que
a produção é basicamente conduzida por pessoas com segundo grau incompleto.
A quinta contribuição do governo está ligada aos programas de estímulo ao
investimento, apontado por 35,1% das empresas, através dos quais as empresas
poderiam ser mais competitivas, para onde o governo poderia proporcionar
incentivos fiscais, como citado anteriormente.
Por fim e confirmando o quadro 4.18, tem-se no Quadro 17 Anexo 1 que em
sua absoluta maioria, as empresas concorrentes locais têm uma clara resistência
para se envolver em projetos associativos como mecanismos que permitam
alavancar sua competitividade. Ou seja, para 86,5% das empresas uma associação
entre elas para ampliar mercado não seria possível, pois como a grande maioria das
empresas pesquisas são de administração familiar este processo acaba sendo
travado, tendo em vista a existência de um receio dos empresários de associar-se
com a empresa vizinha e passar conhecimento que vai favorecê-lo. Somente para
8,1% este fato poderia ocorrer.
4.2 OS FORNECEDORES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE ARAPONGAS
Neste item serão analisadas as informações obtidas em pesquisa realizada
com fornecedores do município relativa aos aspectos produtivos das firmas. O
levantamento foi realizado a partir da listagem do SIMA (Sindicado da Indústria
Madeireira de Arapongas) cujos dados constam de um relatório contendo 14
empresas integrantes do sindicato patronal. No entanto, tendo em vista que algumas
empresas haviam encerrado suas atividades, outras não foram localizadas ou foram
substituídas por novas firmas não constantes da relação inicial. Os questionários
foram distribuídos a 15 empresas, dos quais 11 retornaram, consistindo na base da
análise a seguir. Neste levantamento, foram identificados diversos segmentos de
95
fornecedores, vinculados ao fornecimento de máquinas (2 empresas), de acessórios
e componentes (6 empresas), energia (1 empresa) e de tintas (2 empresas).
Tendo por base a referência a Marshall feita no capítulo 2, segundo a qual a
distribuição espacial das firmas gera um efeito sobre a competitividade da indústria,
verificou-se que a concentração espacial gera um efeito favorável às empresas
presentes nesse espaço. Embora o mercado local não seja predominante entre as
firmas fornecedoras, estas tendem a se instalar próximos à indústria principal
visando maior facilidade no fornecimento de matérias-primas ou equipamentos.
Nesses termos, o primeiro aspecto a ser observado diz respeito ao mercado
atendido pelos fornecedores de Arapongas (Quadro 4.21).
Quadro 4.21 – Mercado atendido pelas empresas (admite mais de uma opção)
Mercado % Empresas
Local 20 a 30
3
40 a 60
5
70 a 90
3
Estadual 5 a 15
2
20 a 30
5
40 a 60
3
Nacional 5 a 20
5
35 a 40
2
60
2
Internacional 0
0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Observa-se que todas as empresas estão voltadas para o mercado local,
embora tenha sido constatado que para estas, as vendas locais representam uma
elevada percentagem do faturamento. Enfatiza-se que o fornecedor localizado na
região não tem sua produção totalmente voltada para as empresas pertencentes à
indústria local, mesmo que uma parcela importante, confirme os pressupostos
marshallianos quanto às vantagens da proximidade espacial para o fornecimento de
matérias-primas e equipamentos.
Por outro lado, o fato de dez firmas terem uma proporção de suas vendas
dentro do estado é significativo para caracterizar possíveis sinergias locais no
interior do aglomerado industrial. Na verdade a presença dos fornecedores na
indústria local é definida por vantagens derivadas do desenvolvimento tecnológico
no âmbito da indústria moveleira e da oferta de mão de obra parcialmente
qualificada. Assim, a instalação de fornecedores ocorreu devido a estes
96
identificarem na indústria local a existência de um aglomerado capaz de
proporcionar ganhos a partir da maior interação com as firmas produtoras de
produtos finais. Foi possível, assim, identificar uma potencial sinergia entre
fornecedores e empresas moveleiras. O fato dos fornecedores entrevistados terem
dado ênfase à relação com as empresas de móveis local contribui para o
desenvolvimento de produtos e introdução de informações inovadoras (Quadro
4.22).
Quadro 4.22 Itens nos quais a parceria com empresas de veis contribui
(admite mais de uma opção)
%
Fonte para desenvolvimento de novos produtos 72,7
Fonte de melhoramento de produtos 54,6
Fonte de informações tecnológicas 27,3
Não contribui com nada 0
Outros 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Desta maneira, um grande número de fornecedores apontou a parceria como
uma fonte para o desenvolvimento de novos produtos (72,7%) e melhoramento
(54,6%), sugerindo a grande importância da integração empresa de
móveis/fornecedor, haja visto que a habilidade de reagir às mudanças de mercado
são fatores determinantes da competitividade. A parceria entre estes dois conjuntos
de empresas tem um efeito potencial significativo, tendo em vista que o desenho e
desenvolvimento de um novo produto podem estimular os fornecedores a captar os
sinais dados pelas firmas criadoras.
Por outro lado, tem-se que o desenvolvimento de novos produtos realizado na
empresa fornecedora resulta de sinais dados pelo mercado formado pelas empresas
moveleiras, em função da proximidade geográfica e de parcerias criadas. Assim, o
fato de 63,6% das respostas indicarem a solicitação dos clientes (empresas
moveleiras) como motivação relevante para inovação de produtos, sugere uma
sinergia entre os dois segmentos industriais.
97
Quadro 4.23 Desenvolvimento de novos produtos e modelos (admite mais de
uma opção)
%
Na empresa 81,8
Por solicitação de clientes 63,6
Adaptados na empresa 27,3
Por indicação de fornecedores 18,2
Por especialistas contratados 9,1
Outros 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Esta sinergia é interessante porque foi criada dentro do município, mas
acabou extrapolando seus limites geográficos, em alguns casos alcançando o
mercado nacional, como é o caso de 6 empresas de componentes cuja atuação
atinge fatias do mercado estadual e nacional, a partir da ligação e dos
conhecimentos adquiridos no aglomerado. Embora no sentido contrário, uma
empresa de tintas (ponto de distribuição) e uma empresa de componentes
(fabricação) se instalaram no município para facilitar a interação com as empresas
locais, mas que ao mesmo tempo não se limitaram a ficar localmente e passaram a
atender o mercado estadual e até nacional de um modo geral. Em outro caso, dois
fornecedores de máquinas e equipamentos, representantes de várias marcas,
abriram suas empresas no município para atender o mercado local e acabaram
extrapolando estes limites. Por fim, o fornecedor que presta serviços de instalação
de energia, se instalou no município devido ao nicho percebido por seus
proprietários de que a região era muito dependente de serviços realizados e
prestados pela Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL), oferecendo
assim serviços às empresas no intuito de agilizar o processo.
Durante a pesquisa de campo, observou-se que os fornecedores em sua
maioria reclamam dos empresários araponguenses devido a estes comprarem
produtos de outras localidades, dando preferência limitada ao mercado local, mesmo
o produto tendo a mesma similaridade, tanto em qualidade quanto preço. Este fato
se deve, segundo fornecedores, à preferência das empresas moveleiras a
fornecedores maiores e mais conhecidos no cenário nacional, não dando espaço
total para os pequenos fornecedores que estão instalados no município e que
podem atender da mesma forma. Na verdade para os fornecedores, as empresas
têm um pouco de receio de ficar totalmente dependente do mercado local. Caso haja
restrição de oferta de matéria-prima ou componentes, o desempenho das empresas
98
moveleiras é afetado. Portanto, a competitividade da indústria moveleira local como
um aglomerado, tende a ser afetada pela fragilidade das relações com o segmento
de empresas fornecedoras. Essa incapacidade das empresas, em suas atividades
especificas, promoverem um ambiente sinérgico e cooperativo, enfraquece portanto
a indústria moveleira de Arapongas como um todo.
Assim, a sinergia existe, talvez não com a mesma intensidade desejada pelos
fornecedores, mas pode ser constatada no quadro anterior, segundo o qual novos
produtos são desenvolvidos através de parceria entre aqueles e empresas
moveleiras. Esse elo pode ser estimulado pelo mercado consumidor, através de
sinais para o desenvolvimento de novos produtos. Além disso, o fornecedor
necessita ser competitivo, como qualquer empresa, para o qual a vinculação com as
empresas moveleiras é importante.
Quadro 4.24 Fatores que mantêm o fornecedor mais competitivo (admite
mais de uma opção)
%
Qualidade do produto 81,8
Prazos de entrega 81,8
Qualidade da mão de obra 72,7
Preço 63,6
Capacidade de atendimento 63,6
Qualidade da matéria-prima 63,6
Custo da mão de obra 54,6
Nível de tecnologia dos equipamentos 45,5
Serviços pós-venda 45,5
Capacidade de introdução de processo 36,4
Design 18,2
Pertencer ao aglomerado 0
Outros 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Entre os fatores elencados acima, a exemplo das empresas produtoras de
móveis, percebe-se que a empresa se torna mais competitiva em função da
qualidade do produto e prazos de entrega (81,8%). Neste caso, a maior rapidez de
entrega de componentes ou produtos semi elaborados, tem um efeito direto nas
relações das empresas fornecedoras com o estágio da produção final de móveis.
resultando num feed-back positivo às empresas fornecedoras. Isto pode ser
visualizado no quadro 4.24, no qual aproximadamente metade das empresas
moveleiras consideram o prazo de entrega e pontualidade como critérios de seleção
99
de fornecedores. Além da entrega, outra preocupação vista pelos fornecedores
frente às decisões das empresas de móveis, está relacionado à capacidade de
atendimento, fazendo com que as empresas moveleiras o se prendam aos
fornecedores locais e se desloquem para outras alternativas fora da região.
Não só a capacidade de atendimento, mas a introdução de novos processos é
importante para a competitividade. Como demonstrado anteriormente, a ligação da
empresa moveleira com fornecedor é maior quando a sinergia entre as partes é
fortalecida na criação de um novo produto, tendo o fornecedor participação na
concepção do mesmo.
Entretanto, nenhum fornecedor considera importante, para sua
competitividade, sua participação no aglomerado industrial. Isso tem um reflexo
negativo na sobrevivência das firmas fornecedoras, uma vez que participar da
indústria resulta em vantagens de fornecer matérias-primas e inovação, entre outros,
ajudando no desenvolvimento da empresa e na sua competitividade. Este dado,
talvez não tenha sido apontado pelas empresas como fator de competitividade,
porque empresas de outras localidades também competem no município. Assim, os
fornecedores desejam que as empresas de móveis comprem seus produtos,
independentemente do mercado fora do aglomerado.
Para confirmar os dados acima, a pesquisa de campo junto aos fornecedores
buscou detectar as estratégias das empresas voltadas para o ambiente empresarial
local. Para tanto, observa-se que as vantagens a serem potencialmente exploradas
pelos fornecedores estão relacionadas à proximidade geográfica dos seus clientes.
Esse aspecto, seguido pela infra-estrutura e ainda pela proximidade de fornecedores
de matérias-primas, não necessariamente se traduzem em vantagens efetivamente
exploradas, uma vez que para todos os fornecedores entrevistados, a existência do
aglomerado industrial não é algo relevante como fator de competitividade.
100
Quadro 4.25 Vantagem do fornecedor em estar localizado no aglomerado
(admite mais de uma opção)
%
Proximidade com clientes. 90,9
Infra-estrutura física (energia, transporte, comunicações) 54,6
Proximidade com fornecedores de matéria-prima. 27,3
Existência de programas de apoio e promoção. 18,2
Baixo custo de mão de obra. 9,1
Proximidade com produtores de equipamentos. 9,1
Disponibilidade de serviços técnicos especializados. 9,1
Disponibilidade de mão de obra qualificada. 0
Proximidade de universidades e centros de pesquisa. 0
Outras. 9,1
Não há vantagem nenhuma. 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
De uma maneira geral, as potencialidades relativas aos três primeiros aspectos
mencionados acima, tem um caráter claramente estático. Em outras palavras, as
firmas podem ou não obter vantagens a partir da existência de condições favoráveis
dadas pela infra-estrutura ou posição geográfica. Por outro lado, aspectos dinâmicos
são identificados na possibilidade de explorar a proximidade de universidades e
centros de pesquisa, disponibilidade de serviços técnicos especializados,
disponibilidade de mão de obra qualificada, e mesmo de uma sinergia com outros
segmentos empresariais. Estes aspectos podem influenciar dinamicamente a
competitividade das firmas e a qualidade de suas relações inter-empresariais.
Todavia, sua incidência chega a ser nula em alguns casos.
Desta forma, a vantagem apontada pela quase totalidade dos fornecedores
quanto à proximidade das empresas moveleiras reforça os dados apresentados no
quadro 4.21. Os fornecedores têm no mercado local um cliente, que é explorado em
sua quase totalidade no intuito de obter vantagem frente aos fornecedores de outras
localidades. Assim, a integração fornecedor/empresa moveleira pode se converter
em dinamismo para as empresas moveleira e fornecedora, desde que estejam
sintonizadas nas exigências do mercado e nos desafios que a concorrência externa
apresenta.
Por fim, a pesquisa procurou identificar a natureza e os principais motivos
pelos quais as empresas fornecedoras mantêm contato com os produtores de
móveis e o grau de importância desta relação para sua sobrevivência.
101
Quadro 4.26 Contato com as empresas moveleiras (admite mais de uma
opção)
Grau Importância
8
1 2
3
4
5
6
7
8
N° de empresas
Venda de componentes e/ou matérias-primas. 8 1
1
Prestação de serviços relacionados ao uso desses
componentes / matérias-primas.
4
1
1
1
1
1
Troca de informações sobre a qualidade dos componentes /
matérias-primas vendidos e da qualidade do produto final da
empresa atendida.
1 4
3
1
Avaliação conjunta sobre as condições do mercado
consumidor.
4
3
Discussão sobre os níveis de preços. 2 1
4
Avaliação conjunta de novas tecnologias a serem adotadas. 3
2
2
Avaliação conjunta sobre a necessidade de novos
procedimentos administrativos.
1
2
2
2
Apresentação conjunta de reivindicações relacionadas à
indústria do município como um todo.
1
1
2
3
Fonte: Pesquisa de Campo.
Assim, para oito fornecedores a venda de componentes e/ou matérias-primas
é o principal motivo de contato com as empresas. Este contato é enraizado na
prestação de serviços relacionados ao uso desses componentes/matérias-primas,
ou seja, as empresas prestam serviços associados aos produtos vendidos para as
fábricas moveleiras, resultando num vínculo que envolve mais do que a simples
venda de matérias-primas ou componentes.
Assim, as trocas de informações sobre a qualidade dos
componentes/matérias-primas e a qualidade do produto final da empresa moveleira
são outro elo de ligação entre os fornecedores e empresas de móveis voltando-se
para o produto final, dividindo-se as responsabilidades quanto ao novo produto, e ao
mercado consumidor a ser atendido, envolvendo desde a formação de preços dos
produtos finais vendidos até as tecnologias adotadas para a produção do mesmo.
A interpretação de todas as informações mostra que as vendas locais são
favorecidas pela proximidade com as empresas moveleiras, mas que ao mesmo
tempo os fornecedores priorizam uma posição de exclusividade, mesmo que muitas
vezes não sejam capazes de oferecer todas as condições para a efetivação deste
fato.
8
Contato com empresas moveleiras classificados pelos fornecedores com abrangência de 1 a 8,
iniciando o destaque no grau 1, onde é considerado por eles como o motivo de contato mais
importante para o fornecedor, até o grau 8, como o motivo menos significativo.
102
4.3 O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NA INDÚSTRIA MOVELEIRA
9
O papel das instituições no aglomerado industrial moveleiro estudado neste
trabalho, é definido pela importância da coordenação para as relações de mercado e
estruturação produtiva, para as quais a existência de um ambiente de confiança e
cooperação entre os agentes locais em suas ações conjuntas e divisão do trabalho é
um ingrediente essencial. Neste sentido, serão analisadas neste tópico informações
obtidas com instituições de apoio atuantes no município. Foram pesquisadas todas
as 10 instituições envolvidas com a indústria moveleira em várias áreas, como
sindicato patronal, feiras e eventos, comércio internacional, qualificação profissional,
suporte aos sindicatos e indústrias, serviço social, apoio empresarial, e
intermediação financeira e de crédito.
A preocupação maior desta análise é vincular as informações obtidas junto às
organizações com aquelas referentes às empresas moveleiras discutidas. O
quadro a seguir (4.27), demonstra a participação e relacionamento das empresas
com as diferentes organizações existentes, com destaque para os sindicatos e
outras instâncias de representação. Neste caso, a empresa tem apenas uma
convivência com aquelas organizações, não fazendo parte de sua estrutura. Por sua
vez, a participação das empresas naquelas organizações se através da busca de
um fim comum relacionado à sua sobrevivência no mercado moveleiro.
Quadro 4.27 Instituições de apoio com as quais a empresa tem
relacionamento ou participação (admite mais de uma opção).
Participação Relacionamento
% %
Sindicatos 48,7
40,5
SESI 32,4
32,4
SENAI 27,0
29,7
ACIA 24,3
32,4
FIEP 18,9
32,4
SEBRAE 16,2
40,5
Agências de fomento 8,1
18,9
Outro 2,7
0
Fonte: Pesquisa de Campo.
9
As organizações são os jogadores e as instituições são as regras do jogo. Ou seja, as instituições
tem um papel fundamental criando as condições que efetivamente estruturam o ambiente econômico
em que as empresas, funcionários, consumidores e governos atuam definindo um comportamento
padrão. Do outro lado, as organizações são estruturas formais fundamentadas em um propósito,
podendo ser divididas em quatro estruturas, como política, econômica, social e educacional. As
organizações da indústria de móveis estão relacionadas à estrutura econômica, onde firmas,
sindicatos, agricultores e cooperativas. (Campos, 2004).
103
Desta maneira, para metade das empresas uma participação no sindicato
(SIMA) enquanto para outra metade apenas relacionamento, voltado
principalmente para acordos salariais, sem se envolver efetivamente com as
atividades daquele órgão de representação, tais como capacitação profissional,
estudos de mercados, informações e consultoria tecnológicos, programas de
qualidade, serviços de apoio ao comércio exterior, além de outros projetos como,
reflorestamento, reaproveitamento de resíduos, segurança no trabalho e
desenvolvimento da capacidade econômica e de gestão. Segundo aquela
organização, a maior demanda das empresas está voltada para a competitividade
internacional e qualificação de mão de obra. Deduz-se que este seja o motivo pelo
qual somente metade das empresas do aglomerado tem participação no sindicato,
pois as demais empresas buscam seus próprios meios para competir
internacionalmente e capacitam seus funcionários através de treinamentos
realizados pela própria empresa, conforme quadro 4.9.
O SESI é uma instituição na qual maior participação das empresas, pois
visa o atendimento dos trabalhadores relacionado à educação, saúde, esporte, lazer
e gestão social. Segundo a instituição, mesmo estando no município com total infra-
estrutura para atender a demanda das empresas, principalmente quanto à legislação
com enfoque para a saúde do trabalhador, os dados apresentados acima, mostram
que apenas um terço das empresas tem participação na instituição, devido ao fato
de, existirem outras instituições (empresas) que realizam tal atendimento.
A terceira instituição é o SENAI, cuja atuação está voltada à qualificação
profissional em madeira e mobiliário, na qual menos de um terço das empresas
participam, mesmo existindo no município o CETMAM (Centro de Tecnologia da
Madeira e do Mobiliário), tratado no capítulo 3. Segundo a instituição, as empresas
demandam qualificação de mão de obra para operar máquinas. Além disso, ocorre
assistência gerencial, estudos de mercados, estudos de viabilidade técnica /
econômica, informação e consultoria tecnológica, programas de qualidade, serviços
e ensaios tecnológicos e projetos de pesquisa de novos produtos, todos estes
oferecidos pelo centro. O grande problema visto pela instituição, segundo pesquisa,
é que as empresas locais não utilizam seus serviços devido à preocupação que os
empresários locais tem em haver uma divulgação de dados da empresa dentro do
aglomerado, pois a instituição presta serviços de apoio em várias áreas, como citado
104
acima. Segundo a pesquisa, o principal enfoque desta instituição é a capacitação
profissional, como se percebe pelo quadro 4.9, o baixo grau de envolvimento das
empresas em atividades de treinamento de pessoal, tanto dentro quanto fora da
empresa, utilizando muitas vezes, escolas profissionalizantes e técnicas para tanto.
Um órgão que aparentemente deveria ter também uma participação maior no
ambiente empresarial local é a FIEP, mas segundo constatou-se, apenas um quinto
das empresas tem alguma participação em sua estrutura de representação. Deduz-
se que este número seja pequeno devido à demanda das empresas locais por
certificado de origem para exportação.
Outra instituição investigada é o SEBRAE, na qual a participação das
empresas chega 16,2%. Estando voltado predominantemente para o comércio com
o intuito de fornecer apoio empresarial, sua frágil vinculação com as empresas locais
se deve ao fato das mesmas terem lojas próprias. O recurso ao SEBRAE se nas
áreas de capacitação de pessoal, assistência gerencial, estudos de mercados,
estudos de viabilidade técnica/econômica, informação e consultoria tecnológica,
programas de qualidade, serviços e ensaios tecnológicos e apoio ao comércio
exterior, embora as empresas locais suporte junto a instituições de outros estados.
Por fim, embora sem grande relevância para a indústria local, destacam-se os
agentes do sistema financeiro, em especial o Banco do Brasil, a Caixa Econômica
Federal e o Sicoob cuja atuação na indústria moveleira se através de linhas de
crédito para investimentos e capital de giro as empresas. A pequena importância
dessas instituições se deve ao fato das empresas utilizarem recursos próprios para
investimentos.
Desta forma, no contexto das relações existentes com as instituições de apoio
observa-se no quadro 4.28, os potenciais benefícios que estas proporcionam às
empresas associadas ou participantes, tanto em termos de bem estar da força de
trabalho quanto da competitividade das empresas.
105
Quadro 4.28 Contribuição das instituições para a empresa (admite mais de
uma opção)
%
Estímulo na percepção de visões de futuro para ação estratégica. 62,2
Melhoria nas oportunidades de negócios. 54,1
Organização de eventos técnicos e comerciais. 54,1
Melhoria no processo produtivo. 48,7
Disponibilidade de informações sobre matérias-primas,
equipamentos, assistência técnica, consultoria, entre outros.
48,7
Promoção de ações dirigidas à capacitação tecnológica. 46,0
Apresentação de reivindicações comuns. 46,0
Auxílio a definição de objetivos comuns para o aglomerado. 43,2
Melhoria na qualidade dos produtos. 40,5
Identificação de fontes e formas de financiamento. 29,7
Estímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa local. 27,0
Desenvolvimento de novos produtos. 27,0
Criação de fóruns e ambientes para discussão. 27,0
Promoção de ações corretivas. 13,5
Melhoria nas condições de fornecimento dos produtos. 8,1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Neste sentido, as relações das empresas com as instituições servem de
referencial para analise das estratégias, da cooperação, da subcontratação ou
terceirização e de sistemas flexíveis de produção. Para tanto, a contribuição das
instituições com as empresas pode criar e desenvolver as ações que resultem em
maior competitividade das empresas pertencentes ao aglomerado industrial.
Assim, a maior contribuição detectada junto às empresas entrevistadas está
relacionada com o estímulo para a definição de ações estratégicas, apontado por
dois terços das empresas. Isto indica que a ligação das instituições detalhadas
acima e no capítulo 3, é importante para o desenvolvimento da indústria local
araponguense diante das condições de mercado no qual atuam.
Adicionalmente, novas oportunidades de negócios e melhor organização de
eventos técnicos e comerciais resultam do relacionamento entre empresas e
organizações atuando nessas áreas, a exemplo da EXPOARA, voltada para
eventos. Assim, as empresas podem identificar novas oportunidades de negócios,
aproximando-se de fornecedores e clientes, em dois eventos anuais, destinados à
venda de móveis e venda de equipamentos respectivamente. Claro que as
empresas locais não se limitam a esses eventos apenas, buscando outras feiras em
outros estados e países.
106
Mesmo não se envolvendo diretamente com essas instituições, conforme se
verificou no quadro 4.27, o resultado demonstrado pelas empresas quanto à
contribuição das instituições desencadeia uma melhoria no processo produtivo e ao
mesmo tempo disponibilidade de informações sobre matérias-primas, equipamentos,
assistência técnica e consultoria.
À luz do relacionamento das empresas com organizações que promovem
esses eventos e do resultante avanço competitivo em termos de capacitação
tecnológica, reivindicações e objetivos comuns para o aglomerado, quase metade
das empresas reconheceram o papel das instituições, na melhoria da qualidade do
produto e de sua capacidade para competir internacionalmente.
107
5 CONCLUSÃO
A aglomeração de empresas pode ser considerada apenas um agrupamento
ou pode ser caracterizada um distrito industrial marshalliano, um cluster, um APL ou
um SPIL. Desta maneira, algumas características devem ser levadas em conta para
uma denominação precisa da indústria moveleira analisada neste trabalho. Ao longo
do trabalho observou-se que o capital das empresas integrantes da indústria
moveleira analisada é oriundo, geograficamente, quase que em sua totalidade do
próprio município. Do ponto de vista econômico, a indústria moveleira araponguense
se formou a partir da acumulação de capital das próprias empresas, ou seja, em
alguns casos, o empresário produz uma determinada linha de móveis e passa a
fabricar outra, criando uma nova empresa, em outras instalações, com novos
equipamentos e outro nome. Em outros casos, o empresário era funcionário de uma
empresa e através da acumulação criou uma micro empresa.
Por outro lado, outras empresas surgiram de diferentes atividades
predominantes na região, como agricultura, indústria, comércio varejista e
atacadista, e serviços. Neste caso, algumas firmas moveleiras são constituídas por
sócios, cada um de uma atividade diferente, criando uma empresa para atender os
interesses de ambas as partes.
Isto desencadeou ao longo dos anos a formação de uma aglomeração de
empresas, em sua maioria pequenas e médias, que empregam aproximadamente
nove mil pessoas diretamente. Numa ilustração clara da abordagem marshalliana, a
concentração espacial da indústria resulta de condições físicas que facilitam o
deslocamento de mercadorias e pessoas, influenciando o desenvolvimento da
indústria e estimulando a busca e acumulação de conhecimento e a divisão do
trabalho. Adicionalmente, a partir de uma perspectiva evolucionária, tem-se que a
competitividade dessa indústria está fundamentalmente relacionada com o
desenvolvimento da tecnologia e no aprendizado, e com o fortalecimento e relações
sinérgicas entre as empresas.
Nessa perspectiva, como exposto no capítulo 3, a capacidade de inovar e de
competir das empresas do setor moveleiro está enraizada nas atividades de
concepção e design dos produtos, a partir das quais se dá a diferenciação do
produto. Considerando, a competitividade como o meio de sobrevivência das firmas
tem-se que aquelas que não investem em tecnologia tendem a desaparecer,
108
sobrevivendo as que mesclam investimentos em tecnologia e estratégias mais
eficientes, principalmente o design. Neste caso, as empresas de Arapongas,
demonstraram, que investem em máquinas e equipamentos, e ao mesmo tempo
investem em novos produtos. Em outras palavras, observou-se que as empresas
direcionam uma pequena parcela de seu faturamento para investimentos em
máquinas e equipamentos, em qualificação e na concepção de novos produtos.
Estes investimentos aumentam a capacidade produtiva, tanto que as
empresas do município vendem seus produtos para o mercado internacional tendo
representatividade de 5,2% nas exportações brasileiras. Para Freeman et al. (1982)
as estratégias mais eficientes são os investimentos elevados em P&D para atingir a
liderança, a exemplo da Itália que é referência mundial na indústria de móveis
devido à sua capacidade de inovação. Este parece ser um aspecto ainda a ser
desenvolvido pela indústria moveleira de Arapongas.
O desenvolvimento tecnológico, entretanto, tende a ser maior na medida em
que ocorre no interior de um ambiente empresarial, espacialmente definido. Nesse
contexto, o conhecimento e o aprendizado adquirido pelos agentes envolvidos, são
mais facilmente difundidos, na medida em que laços de cooperação são formados
entre as firmas. Além de haver compatibilidade e complementaridade técnica entre
os agentes, existência de integração das atividades produtivas, geração de
tecnologias e infra-estrutura para funcionamento. Segundo Cassiolato et al. (2004) a
capacidade de gerar inovações é um fator chave para o sucesso competitivo das
empresas. Mais ainda isso se de forma mais efetiva quanto mais aquelas
permeiam as relações cooperativas entre firmas. No caso da indústria moveleira de
Arapongas esse aspecto tende a ser mais proeminente na medida em que as firmas
consigam desenvolver e difundir inovações de produto através do design. No
entanto, esse processo tende a ser limitado pelas dificuldades das firmas de superar
suas estratégias competitivas individuais e a transferir para a eficiência coletiva a
capacidade de competir.
A concentração espacial gera um efeito favorável às empresas presentes
nesse espaço, atraindo fornecedores próximos à indústria local, facilitando o
fornecimento de matérias-primas ou equipamentos. Assim, os fornecedores
existentes no aglomerado foram atraídos de outras localidades e se instalarem no
município, visando atender o mercado local, embora em alguns casos a demanda de
empresas localizadas fora da região é mais importante. De qualquer forma, para a
109
grande maioria dos fornecedores locais a parceria com as empresas moveleiras tem
proporcionado vantagens locacionais, contribuindo para desenvolvimento de novos
produtos e modelos, a partir das exigências das empresas de móveis.
No que se refere às instituições de apoio, são fundamentais, de acordo com
Suzigan et al. (2002), as raízes históricas, o tecido social, os traços culturais locais e
superestrutura institucional, como condicionantes para a formação de um
aglomerado industrial e especialização produtiva. Embora as empresas moveleiras
tenham um background cultural e sócio-econômico comuns, evidências foram
detectadas através da pesquisa de campo, revelando fortes limitações da indústria
moveleira para construir um ambiente cooperativo e uma estrutura de governança
capaz de envolver segmentos industriais complementares, instituições ligadas ao
desenvolvimento tecnológico e à regulação, e organizações representativas dos
interesses empresariais.
Assim, a governança tem o papel de coordenação das atividades da indústria
moveleira podendo ser detectada no município através do sindicato patronal (SIMA)
capaz de estabelecer regras de convivência entre as empresas, facilitando o
convívio entre as mesmas e proporcionando várias formas de melhorar a
competitividade. Para isto são realizadas feiras de móveis (MOVELPAR) e feiras de
máquinas, equipamentos e novas tecnologias (FIQ), bem como a promoção de
políticas de exportação pelo apoio do CONEX, entre outros. Mesmo assim, muitas
empresas não são integrantes dessa organização, embora mantenham alguma
vinculação formal com os sindicatos.
De uma maneira geral, as vantagens proporcionadas pela aglomeração
industrial em Arapongas derivam da simples proximidade espacial, a partir da qual é
maior a disponibilidade de mão de obra qualificada, e mais intenso o contato com os
fornecedores de matéria-prima e componentes. Outra vantagem apontada pelas
empresas diz respeito à cooperação, embora restrita apenas a trocas de matérias-
primas e informações sobre mão de obra e formas de qualificação.
As fragilidades observadas acima contrastam visivelmente as expectativas
expressas em documentos oficiais de que aquela indústria constitui um APL. Na
realidade, as únicas características típicas de um APL presentes naquela indústria
se referem à aglomeração espacial das firmas, entre as quais os laços de
cooperação e a estrutura de governança são bastante incipientes. Nesse quadro,
prevalecem os projetos individuais e as estratégias competitivas das empresas. Ou
110
seja, a região apresenta traços de um arranjo produtivo local deficitário em vários
aspectos.
111
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114
ANEXOS
115
ANEXOS I – QUADROS
116
Quadro 1 – Origem geográfica do capital da empresa
%
Próprio município 91,9
Própria região 2,7
Próprio estado 2,7
Outros estados do Brasil 2,7
Exterior 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 2 - Origem da atividade do capital da empresa
% e Atividades N° de
empresas
40% da Agricultura e 60% do Comércio Atacadista 1
50% da Indústria de Móveis, 5% do Comércio Varejista e 45% do
Comércio Atacadista
1
50% da Indústria Metalúrgica, 25% do Comércio Varejista e 25% do
Comércio Atacadista
1
80% da Indústria de Móveis e 20% do Comércio Varejista 2
100% do Comércio Varejista 3
5% do Comércio Varejista e 95% do Comércio Atacadista 1
60% da Indústria de Móveis e 40% do Comércio Atacadista 1
100% do Comércio Atacadista 1
100% de Recursos Próprios 1
100% da Indústria de Móveis 25
TOTAL DE EMPRESAS ANALISADAS 37
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 3 – Distribuição funcional
Pessoal ocupado de
empresas
na produção
50% 1
64% 1
75 a 85% 22
86 a 95% 13
na administração
50% 1
36% 1
15 a 25% 18
5 a 14% 17
na inovação/design
1 a 2% 9
5% 4
Fonte: Pesquisa de Campo.
117
Quadro 4 – Normas que as empresas utilizam (admite mais de uma opção)
%
ISO-9.000 8,1
ISO-14.000 2,7
ABNT e INMETRO 8,1
Outras Normas 8,1
Não utiliza 75,7
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 5 – Técnicas de organização da produção (admite mais de uma opção)
%
Controle de qualidade 56,8
Controle estatístico de processo 32,4
Kanban (Célula)
24,3
Polivalência nos postos de trabalho 13,5
Just in time
5,4
Rodízio 5,4
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 6 Etapa em que o controle de qualidade é executado (admite mais de
uma opção)
%
Recepção da matéria-prima 10,8
Produto final 13,5
Setor de embalagens 21,6
Todas as fases 62,2
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 7 – Grau de atualização dos equipamentos em relação ao mercado
%
Totalmente atualizados 18,9
Parcialmente atualizados 73,0
Desatualizados 8,1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 8 – Inovação nos últimos 5 anos (admite mais de uma opção)
%
No processo produtivo 81,1
No processo administrativo 54,1
Não ocorreram inovações 13,5
Fonte: Pesquisa de Campo.
118
Quadro 9 Meios que a empresa utiliza para resolver problemas tecnológicos
(admite mais de uma opção)
%
Assistência técnica 56,8
Empresas de consultoria 32,4
Institutos 5,4
Associação de empresas 5,4
Universidades 0
Outros 16,2
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 10 – Efeitos do desenvolvimento tecnológico dentro da empresa
Grau de Importância
10
1 2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Efeitos
N° de empresas
Aumento da produtividade 19 6
4
1
2
2
2
1
Ampliação da gama de produtos 2 2
1
1
1
7
5
4
3
4 6 1
Melhoria na qualidade dos
produtos
8 5
2
4
8
5
4
1
Redução do consumo de energia 2 2
1
2
6
3
4
1
6
5 4 1
Aumento da participação no
mercado interno
7
2
5
3
1
5
5
6
1 1 1
Aumento da participação no
mercado externo
1 1
2
4
8 10
5 6
Redução de custos de mão de
obra
1 3
8
6
3
3
6
3
2
2
Redução de custos de insumos 5
5
8
6
3
1
3
4
1 1
Redução do impacto no meio
ambiente
3 1
6
5
1
4
2
7
2
3 2 1
Abertura de novos mercados 1 2
3
2
2
6
8
5
5
2 1
Enquadramento em
regulamentação e normas padrão
do mercado interno
3
3
3
3
5
5
11
4
Enquadramento em
regulamentação e normas padrão
do mercado externo
2
3
1 8 21
2
Outros 1
2
1
1 7 25
Fonte: Pesquisa de Campo.
10
Efeitos do desenvolvimento tecnológico classificados pelas empresas moveleiras com abrangência
de 1 a 13, iniciando o destaque no grau 1, onde é considerado por elas como o efeito ou retorno mais
importante para a empresa a partir do momento do desenvolvimento tecnológico, até o grau 13, como
o efeito ou retorno mesmo significativo.
119
Quadro 11 – Formas de aquisição de tecnologia (admite mais de uma opção)
%
Fornecedores de máquinas, matérias-primas e softwares 86,5
Assistência técnica 18,9
Imitação de outras firmas 10,8
Licenças 5,4
Assistência de associações industriais 2,7
Agência de comercialização de tecnologia 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 12 Perspectiva de investimentos para as áreas relacionadas (admite
mais de uma opção)
% N° de
empresas
Qualificação da mão de obra 1 a 2
14
3 a 5
13
7 a 8
5
Compra ou troca de equipamentos 1 a 2
17
3 a 5
7
7 a 10
4
Novos produtos 1 a 2
16
3 a 5
7
10 a 14
3
Área ou instalações 1 a 2
7
3 a 5
12
7 a 10
4
Outros 1
2
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 13 – Fontes de investimentos da empresa (admite mais de uma opção)
%
Capital próprio 91,9
Financiamentos de bancos privados 54,1
Financiamentos de bancos públicos 21,6
Financiamentos de órgãos governamentais 13,5
Outros 0
Fonte: Pesquisa de Campo.
120
Quadro 14 – Mercado atendido pela empresa (admite mais de uma opção)
Mercado % N° de
empresas
Local 1 a 5%
9
9 a 10%
4
15 a 20%
3
Estadual 5 a 10%
13
15 a 20%
7
30 a 39%
3
100%
1
Nacional 50 a 60%
2
65 a 75%
5
78 a 88%
17
90 a 95%
5
100%
7
Internacional 1 a 5%
5
10 a 15%
6
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 15 – Serviços de atendimento aos clientes que a empresa possui
(admite mais de uma opção)
%
Através de pessoal próprio 86,5
Através de terceiros 21,6
Não tem tal serviço 5,4
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 16 – Políticas governamentais que poderiam contribuir para o aumento
da eficiência competitiva da empresa (admite mais de uma opção)
%
Programa de capacitação profissional e treinamento técnico. 62,2
Linhas de crédito e outras formas de financiamento. 62,2
Incentivos fiscais. 62,2
Melhoria na educação básica. 51,6
Programas de estímulo ao investimento. 35,1
Programas de acesso à informação (produção, tecnologia,
mercados, ...)
29,7
Programas de apoio a consultoria técnica. 24,3
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos. 16,2
Políticas de fundo de aval. 10,8
Outras. 8,1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 17 – Empresa pretende associar-se a outras para ampliar mercado
%
Sim 8,1
Não 86,5
Talvez 5,4
Fonte: Pesquisa de Campo.
121
ANEXOS II – QUESTIONÁRIOS
122
Questionário Empresas.
Características Gerais das Empresas
1) Origem do capital da empresa (geográfico) em porcentagem:
Próprio município
Própria região
Próprio estado
Outros Estados do Brasil
Exterior
2) Quais as etapas da cadeia produtiva que a empresa desenvolve?
( ) Reflorestamento, ( ) Industrialização da madeira em produtos para indústria,
( ) Máquinas, ( ) Design e Prototipagem, ( ) Industrialização de Móveis,
( ) Distribuição, ( ) Venda consumidor final.
3) Origem do capital da empresa (atividade) em porcentagem:
Agricultura -
Indústria Qual? -
Comércio - -
- varejista
- atacadista
Serviços Qual? -
Outros Qual? -
4) Participação da atividade principal no faturamento global da empresa:
( ) 0 a 20%, ( ) 21 a 40%, ( ) 41 a 60%, ( ) 61 a 80% ou ( ) 81 a 100%.
Recursos Humanos
1) Qual a quantidade total de funcionários na empresa? _______.
2) Pessoal ocupado, em porcentagem:
( ) Produção, ( ) Administração e ( ) Inovação/Design.
3) Grau de instrução, em porcentagem:
Produção - Administrativo -
Até 2° grau incompleto Até 2° grau incompleto
2° grau completo 2° grau completo
Técnico Técnico
Superior Superior
Pós-graduação Pós-graduação
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico
Mestrando: Marcelo Vargas
Dissertação: Análise da Aglomeração Industrial Moveleira de Arapongas
123
4) Principais formas de treinamento, em porcentagem:
Quem Onde Empresa Fora
Na própria empresa -
Instituições empresariais (SEBRAE, SENAI)
Instituições de pesquisa e extensão (Universidade)
Fornecedores de Máquinas
Clientes
Outros – Qual?
Tecnologia e Gestão Tecnológica
1) A empresa utiliza alguma das seguintes normas:
( ) ISO-9.000, ( ) ISO-14.000, ( ) ABNT e INMETRO, ( ) Outras Normas ou
( ) Não Utiliza.
2) Quais as técnicas de organização da produção?
( ) Just in time, ( ) Controle estatístico de processo, ( ) Controle de qualidade
( ) Rodízio, ( ) Polivalência nos postos de trabalho ou
( ) Kanbam (Célula de Produção).
3) Qual etapa situa o controle de qualidade?
( ) Recepção da matéria-prima, ( ) Produto final, ( ) Setor de Embalagens ou
( ) Em todas as fases.
4) Para resolver problemas tecnológicos a empresa utiliza:
( ) Universidades, ( ) Institutos, ( ) Associação de empresas,
( ) Empresas de consultoria, ( ) Assistência Técnica ou ( ) Outros.
5) Em relação as tecnologias predominantes no mercado, os equipamentos da
empresa estão?
( ) Totalmente atualizados, ( ) Parcialmente atualizados ou ( ) Desatualizados.
6) Qual a predominância da origem dos equipamentos de produção?
( ) Local, ( ) Paraná, ( ) Outro Estado – Qual? ______________
( ) Outro País – Qual? _________________
7) A empresa introduziu alguma inovação nos últimos 5 anos?
( ) No processo administrativo, ( ) No processo produtivo ou ( ) Não ocorreram
inovações.
8) Qual a idade média dos equipamentos da produção?
( ) De 1 a 3 anos, ( ) de 4 a 7 anos, ( ) de 8 a 12 anos ou ( ) mais de 12 anos.
124
9) Indique em ordem de importância os efeitos do desenvolvimento tecnológico:
(utilize de 1 a 13, sendo 1 mais importante)
( ) aumento da produtividade ( ) redução de custos de mão de obra
( ) ampliação da gama de produtos ( ) redução de custos de insumos
( ) melhoria da qualidade dos
produtos
( ) redução do impacto no meio
ambiente
( ) redução do consumo de energia ( ) abertura de novos mercados
( ) aumento da participação no
mercado interno
( ) enquadramento em
regulamentação e normas padrão do
mercado interno
( ) aumento da participação no
mercado externo
( ) enquadramento em
regulamentação e normas padrão do
mercado externo
( ) Outros – Quais? _______________________________________________
Pesquisa e Desenvolvimento
1) Utiliza que fontes de informações tecnológicas:
( ) Revista especializada, ( ) Pesquisas próprias, ( ) Feiras e congressos,
( ) Contatos com outros empresários, ( ) Contatos com clientes,
( ) Visitas à empresas, ( ) Consultoria especializada, ( ) Universidades,
( ) Centros de pesquisa, ( ) Não recorre a fontes de informação ou ( ) Outros.
2) Principais atividades de inovação desenvolvida na empresa:
( ) Concepção de novos produtos, ( ) Concepção novos processos de produção,
( ) Concepção de novos matérias, ( ) Concepção novas técnicas de marketing,
( ) Concepção de novas formas de controle qualidade ou ( ) Outros.
3) Novos produtos e modelos são desenvolvidos?
( ) Na empresa, ( ) Por especialistas contratados, ( ) Adaptados na empresa,
( ) Por indicação de fornecedores, ( ) Por solicitação de clientes ou ( ) Outros.
4) Quais as principais formas de aquisição de tecnologia?
( ) Licenças, ( ) Assistência técnica, ( ) Assistência de associações industriais,
( ) Agência de comercialização de tecnologia, ( ) Imitação de outras firmas,
( ) Fornecedores de Máquinas, Matérias-Prima e Softwares.
5) Qual a média anual dos gastos com o desenvolvimento de novos produtos ou
melhoria dos produtos existentes?
( ) R$ 0,00 a R$ 25.000,00, ( ) R$ 25.000,01 a R$ 50.000,00,
( ) R$ 50.000,01 a R$ 100.000,00, ( ) R$ 100.000,01 a R$ 200.000.00 ou
( ) 200.000,01 acima.
Relação com Fornecedores
1) Quais os principais critérios de seleção de fornecedores?
( ) Preço, ( ) Condições de Pagamento, ( ) Prazo de entrega, ( )Pontualidade,
( ) Qualidade, ( ) Atendimento, ( ) São os únicos fornecedores, ( ) Confiança e
( ) Recomendado por alguém.
125
2) De onde vem a matéria-prima principal?
( ) Próprio aglomerado, ( ) Paraná, ( ) Outro estado – Qual? ______________,
( ) Exterior – Qual? ______________________.
3) Quais fatores você atribui para manter sua empresa mais competitiva?
( ) Preço, ( ) Qualidade da matéria-prima, ( ) Qualidade da mão de obra,
( ) Custo da mão de obra, ( ) Nível de tecnológico dos equipamentos,
( ) Capacidade de introdução de processos, ( ) Qualidade do produto,
( ) Design, ( ) Capacidade de atendimento, ( ) Serviços pós-venda,
( ) Prazos de entrega, ( ) Pertencer ao aglomerado e ( ) Outros.
Relação com clientes e mercado
1) Qual o volume de faturamento mensal da empresa?
( ) R$ 0,00 a R$ 800.000,00, ( ) R$ 800.000,01 a R$ 2.000.000,00,
( ) R$ 2.000.000,01 a R$ 5.000.000,00, ( ) R$ 5.000.000,01 a R$ 10.000.000,00
ou ( ) R$ 10.000.000,01 acima.
2) Qual o mercado atendido pela empresa (em porcentagem):
( ) Local, ( ) Estadual, ( ) Nacional e ( ) Internacional.
3) A empresa possui alguns dos serviços de atendimento aos clientes abaixo?
( ) Através de pessoal próprio, ( ) Através de terceiros ou ( ) Não tem tal serviço.
4) Quais os canais de comercialização?
( ) Loja própria, ( ) Varejistas, ( ) Atacadistas, ( ) Representantes comerciais
ou ( ) Outros.
5) Quais as principais limitações para atender mais clientes?
( ) Espaço físico, ( ) Quantidade de máquinas, ( ) Pessoal qualificado,
( ) Capital de giro, ( ) Todos ou ( ) Não possui limitações.
Visão Estratégica
1) Quem são os principais concorrentes?
( ) Produtores locais, ( ) Produtores regionais, ( ) Produtores nacionais ou
( ) Produtores internacionais.
2) A empresa pretende associar-se a outras para ampliar mercado?
( ) Sim, ( ) Não ou ( ) Talvez – Motivo? __________________________.
126
3) Quais as instituições de apoio que a empresa tem relacionamento/participação?
Relacionamento
11
Participação
12
FIEP
Sindicatos
SEBRAE
SENAI
SESI
Agências de fomento
ACIA
Outro – Qual? ___________________________________________________
4) Qual a contribuição que estas instituições dão para a empresa?
Auxílio a definição de objetivos comuns para o aglomerado.
Estímulo na percepção de visões de futuro para ação estratégica.
Disponibilidade de informações sobre matérias-primas, equipamentos,
assistência técnica, consultoria, entre outros.
Identificação de fontes e formas de financiamento.
Promoção de ações corretivas.
Apresentação de reivindicações comuns.
Criação de fóruns e ambientes para discussão.
Promoção de ações dirigidas à capacitação tecnológica.
Estímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa local.
Organização de eventos técnicos e comerciais.
Melhoria na qualidade dos produtos.
Desenvolvimento de novos produtos.
Melhoria no processo produtivo.
Melhoria nas condições de fornecimento dos produtos.
Melhoria nas oportunidades de negócios.
5) Qual a perspectiva de investimentos para as seguintes áreas, em porcentagem do
faturamento?
( ) Qualificação da mão de obra, ( ) Compra ou troca de equipamentos,
( ) Área ou instalações, ( ) Novos produtos e ( ) Outros – Qual? ________.
6) Quais são as fontes de investimentos da empresa?
( ) Capital próprio, ( ) Financiamentos de bancos privados,
( ) Financiamentos de bancos públicos,
( ) Financiamentos de órgãos governamentais ou ( ) Outros – Qual? ________.
11
Quando existem relações entre a empresa e a instituição.
12
Quando a empresa é associada ou faz parte da instituição.
127
7) Quais as políticas governamentais que poderiam contribuir para o aumento da
eficiência competitiva das empresas?
Programas de capacitação profissional e treinamento técnico.
Melhoria na educação básica.
Programas de apoio a consultoria técnica.
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos.
Programas de acesso à informação (produção, tecnologia, mercados, ...)
Linhas de crédito e outras formas de financiamento.
Incentivos fiscais.
Políticas de fundo de aval.
Programas de estímulo ao investimento.
Outros.
8) Quais as vantagens que a empresa tem por estar localizada no aglomerado?
Disponibilidade de mão de obra qualificada.
Baixo custo da mão de obra.
Proximidade com fornecedores de matéria-prima.
Proximidade com clientes.
Proximidade com produtores de equipamentos.
Proximidade de universidades e centros de pesquisa.
Infra estrutura física (energia, transporte, comunicações, ...)
Disponibilidade de serviços técnicos especializados.
Existência de programas de apoio e promoção.
Outros – Qual?
Não há vantagem nenhuma.
9) Indique quais as atividades de cooperação que sua empresa Realiza. Classifique
pelo Grau de Importância, as formas de cooperação relacionadas abaixo (utilize
de 1 a 7, sendo 1 mais importante).
Realiza
Importância
A empresa se reúne com as demais para avaliar as
condições de mercado.
As empresas do ramo apresentam reivindicações
conjuntas aos governos.
As empresas avaliam em conjunto inovações
organizacionais e tecnológicas.
As empresas trocam serviços.
As empresas trocam matérias-primas.
As empresas trocam componentes e equipamentos.
As empresas trocam informações sobre a mão de obra e
sobre formas de qualificação.
128
Questionário Fornecedores.
Recursos Humanos
1) Pessoal ocupado, em porcentagem:
( ) Produção, ( ) Administração e ( ) Inovação/Design.
2) Grau de instrução, em porcentagem:
Produção - Administrativo -
Até 2° grau incompleto Até 2° grau incompleto
2° grau completo 2° grau completo
Técnico Técnico
Superior Superior
Pós-graduação Pós-graduação
3) Principais formas de treinamento, em porcentagem:
Quem Onde Empresa Fora
Na própria empresa -
Instituições empresariais (SEBRAE, SENAI)
Instituições de pesquisa e extensão (Universidade)
Fornecedores de Máquinas
Clientes
Outros – Qual?
Tecnologia e Gestão Tecnológica
1) A empresa utiliza alguma das seguintes normas:
( ) ISO-9.000, ( ) ISO-14.000, ( ) ABNT e INMETRO, ( ) Outras Normas ou
( ) Não Utiliza.
2) Em qual etapa é feito o controle de qualidade?
( ) Recepção da matéria-prima, ( ) Produto final, ( ) Setor de Embalagens ou
( ) Em todas as fases.
3) Em relação às tecnologias predominantes no mercado, os equipamentos da
empresa são:
( ) Totalmente atualizados, ( ) Parcialmente atualizados ou ( ) Desatualizados.
4) Qual a idade média dos equipamentos da produção?
( ) De 1 a 3 anos, ( ) de 4 a 7 anos, ( ) de 8 a 12 anos ou ( ) mais de 12 anos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico
Mestrando: Marcelo Vargas
Dissertação: Análise da Aglomeração Industrial Moveleira de Arapongas
129
Pesquisa e Desenvolvimento
1) Utiliza que fontes de informações tecnológicas
( ) Revista especializada, ( ) Pesquisas próprias, ( ) Feiras e congressos,
( ) Contatos com outros empresários, ( ) Contatos com clientes,
( ) Visitas à empresas, ( ) Consultoria especializada, ( ) Universidades,
( ) Centros de pesquisa, ( ) Não recorre a fontes de informação ou ( ) Outros.
2) Novos produtos e modelos são desenvolvidos?
( ) Na empresa, ( ) Por especialistas contratados, ( ) Adaptados na empresa,
( ) Por indicação de fornecedores, ( ) Por solicitação de clientes ou ( ) Outros.
3) Quais fatores você atribui para manter sua empresa mais competitiva?
( ) Preço, ( ) Qualidade da matéria-prima, ( ) Qualidade da mão de obra,
( ) Custo da mão de obra, ( ) Nível de tecnológico dos equipamentos,
( ) Capacidade de introdução de processos, ( ) Qualidade do produto,
( ) Design, ( ) Capacidade de atendimento, ( ) Serviços pós-venda,
( ) Prazos de entrega, ( ) Pertencer ao aglomerado e ( ) Outros.
Relação com clientes e mercado
1) A parceria com clientes contribui para alguns dos itens abaixo?
( ) Fonte de informações tecnológicas, ( ) Fonte de melhoramento de produtos,
( ) Fonte para desenvolvimento de novos produtos, ( ) Não contribui com nada
ou ( ) Outros – Quais? ____________________________________________.
2) Qual o mercado atendido pela empresa (em porcentagem):
( ) Local, ( ) Estadual, ( ) Nacional e ( ) Internacional.
3) De que formas a empresa atende a demanda por serviços dos seus clientes?
( ) Através de pessoal próprio, ( ) Através de terceiros ou ( ) Não se aplica.
4) Quais as principais limitações para atender mais clientes?
( ) Espaço físico, ( ) Quantidade de máquinas, ( ) Pessoal qualificado,
( ) Capital de giro, ( ) Todos ou ( ) Não possui limitações.
130
Visão Estratégica
1) Quais as vantagens que a empresa tem por estar localizada no aglomerado?
Disponibilidade de mão de obra qualificada.
Baixo custo da mão de obra.
Proximidade com fornecedores de matéria-prima.
Proximidade com clientes.
Proximidade com produtores de equipamentos.
Proximidade de universidades e centros de pesquisa.
Infra estrutura física (energia, transporte, comunicações, ...)
Disponibilidade de serviços técnicos especializados.
Existência de programas de apoio e promoção.
Outros – Qual?
Não há vantagem nenhuma.
2) A empresa tem participado de reuniões para a formação de um APL na
região/município?
( ) Não ou ( ) Sim, com que freqüência? _______________________________
3) Qualifique, em ordem de importância (1 para mais importante) o contato com as
empresas da indústria moveleira.
Venda de componentes e/ou matérias-primas
Prestação de serviços relacionados ao uso desses
componentes/matérias-primas
Troca de informações sobre a qualidade dos componentes / matérias-
primas vendidos e da qualidade do produto final da empresa atendida
Discussão sobre os níveis de preços
Apresentação conjunta de reivindicações relacionadas à indústria do
município como um todo
Avaliação conjunto sobre a necessidade de novos procedimentos
administrativos
Avaliação conjunto de novas tecnologias a serem adotadas
Avaliação conjunta sobre as condições do mercado consumidor
131
Questionário Instituições.
1) Qual a principal atividade da Instituição? ________________________________.
2) A instituição de apoio atua em quais áreas?
Capacitação de pessoal.
Assistência gerencial.
Estudos de mercados.
Estudos de viabilidade técnica / econômica.
Informação tecnológica.
Consultoria tecnológica.
Programas de qualidade.
Serviços e ensaios tecnológicos.
Apoio ao comércio exterior.
Outros – Qual? _____________________________________________.
3) Qual o perfil das empresas do segmento atendidas?
- Sim
Não
-
Porte predominante (classificação SEBRAE)
13
- -
Localização geográfica - -
Nível tecnológico (tem pessoal qualificado) -
Nível de capacidade tecnológica -
As empresas são co-participantes na
resolução de problemas apresentados
-
4) Qual o tipo de demanda das empresas?
_________________________________________________________________.
5) Quais as dificuldades que possuem para atender às demandas das empresas?
_________________________________________________________________.
6) Recorre a parceiros para atender as demandas? Quando? Quais?
_________________________________________________________________.
7) Participa de alguma rede de instituições para atendimento às empresas?
( ) Na Região, ( ) No Paraná, ( ) No país ou ( ) No Exterior.
8) Existem outras instituições na região que fazem atendimento similar? Quais?
_________________________________________________________________.
9) As empresas recorrem a instituições de outros Estados? Se caso afirmativo, por
quê? ____________________________________________________________.
10) Que tipo de infra-estrutura dispõe para atender o setor.
( ) Laboratórios, ( ) Pessoal qualificado ou ( ) Outros – Qual?_____________.
11) Possui algum tipo de necessidade complementar de infra-estrutura? Qual?
________________________________________________________________.
12) Existe alguma observação que julga necessária? Qual? ___________________
________________________________________________________________.
13
Micro: 1 a 19 funcionários, Pequena: 20 a 99 funcionários, Média: 100 a 249 funcionários e Grande:
250 acima.
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