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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
A QUALIDADE DO RELACIONAMENTO CONJUGAL E O DESEMPENHO SOCIAL
DE CRIANÇAS PEQUENAS
Fabiana Rocha Machado
Orientadora: Elizabeth Joan Barham
SÃO CARLOS
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
A QUALIDADE DO RELACIONAMENTO CONJUGAL E O DESEMPENHO SOCIAL
DE CRIANÇAS PEQUENAS
Fabiana Rocha Machado
Orientadora: Elizabeth Joan Barham
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da
Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Mestre em Educação Especial
SÃO CARLOS
2009
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
M149qr
Machado, Fabiana Rocha.
A qualidade do relacionamento conjugal e o desempenho
social de crianças pequenas / Fabiana Rocha Machado. --
São Carlos : UFSCar, 2009.
107 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2009.
1. Prevenção de problemas de comportamento. 2.
Desenvolvimento infantil. 3. Desenvolvimento social. 4.
Fatores de risco e proteção. 5. Relações familiares. 6.
Conflito conjugal. I. Título.
CDD: 303.32 (20
a
)
Banca Examinadora da Dissertação de
Fabiana Rocha Machado
Profa. Dra. Elizabeth Joan Barham
(UFSCar)
Ass.
/
Profa. Dra. Lúcia Cavalcanti de
A.
Williams
(UFSCar)
Profa. Dra. Edna Maria Marturano
(USPIRi beirão Preto)
Ass.
-
Este trabalho é dedicado às pessoas que se dedicam parcial
ou exclusivamente a pesquisar ou desenvolver atividades que
contribuem para o bem da sociedade. Sociedade esta que, a cada dia,
permite que valores tão importantes como a família sejam tratados com
uma importância tão pequena...
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela vida, por minha família e pela constante renovação das forças
durante a execução deste trabalho.
À minha orientadora Professora Drª. Elizabeth Joan Barham (“Lisa”), por ser
um exemplo de vida profissional e uma amiga que jamais esquecerei.
Ao meu marido, amigo e incentivador, Raphael, por todo seu amor, cuidado e
apoio, especialmente nos momentos difíceis pelos quais passei durante este período.
Aos meus pais, Sebastião e Edeza, pelo encorajamento e por terem me
ensinado a valorizar o conhecimento.
À empresa Lupo S/A pelo apoio. Em especial agradeço ao Gerente de Recursos
Humanos, Carlos, à supervisora da Creche Lobinho, Fátima, e às funcionárias da creche, que
muito colaboraram com a coleta de dados.
Às mães, que participaram e permitiram a participação de seus filhos. Sem
vocês este trabalho não teria sido possível.
À Leise (a “tia Leise”) pela amizade e pelo incentivo.
Às professoras que participaram da qualificação e defesa deste trabalho:
Professora Dr
a.
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams, Professora Dr
a.
Ana Lúcia
Rossito Aiello e Professora Dr
a.
Edna Maria Marturano, pelas valiosas contribuições.
Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, em
especial à Elza, pela ajuda.
RESUMO
A literatura científica tem apontado algumas características familiares como
fatores de risco para o desenvolvimento social das crianças, como por exemplo, baixa renda,
baixa escolaridade, gravidez na adolescência, o isolamento social da família, pais vivendo
com estresse elevado, famílias monoparentais, doença psiquiátrica parental (incluindo
depressão), história parental criminal, história de abuso de substâncias, ou alto grau de
conflitos conjugais. Alguns destes fatores, como no caso de conflitos conjugais, carecem de
informações mais detalhadas, obtidas no contexto brasileiro, as quais são essenciais para
fundamentar a construção de programas de prevenção para reduzir fatores de risco ao
desenvolvimento infantil social, no Brasil.
Os fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento de problemas de
comportamento por parte das crianças e, conseqüentemente, prejudicarem seu convívio social,
além de serem possíveis fontes para outros problemas como dificuldades de aprendizagem,
depressão, ansiedade e outros quadros psicológicos. Em função disso, a identificação e
prevenção dos fatores de risco que possam prejudicar o desenvolvimento humano é uma das
áreas de estudo do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade
Federal de São Carlos. Embora o número de programas de prevenção em Educação Especial
tenha crescido significativamente, especialmente nos Estados Unidos, no Brasil pouco se fala
em programas preventivos nesta área, restando aos profissionais que trabalham com esta
população a difícil tarefa de remediar problemas de longa data.
Considerando a escassez de estudos brasileiros que tenham como objetivo
verificar os impactos de conflitos na relação conjugal no desenvolvimento social infantil
especialmente com crianças muito pequenas, o objetivo deste estudo foi a investigação das
relações entre características pessoais dos pais, características do relacionamento conjugal e o
desempenho social de crianças na faixa etária de um a dois anos.
Por se tratar de um estudo exploratório, o delineamento não-experimental foi
utilizado. Participaram deste estudo 27 casais e seu filho-alvo, com idade entre 15 e 26 meses,
matriculado em uma creche da cidade de Araraquara – SP. Os pais preencheram um
instrumento sobre seu perfil sócio-econômico, o Inventário de Habilidades Sociais Conjugais,
uma Descrição das Situações de Conflito e o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos
de Lipp. Para a avaliação do desempenho social das crianças o Inventário Portage
Operacionalizado foi utilizado.
Embora tenha existido certo grau de variação nas respostas dos participantes,
não foram encontradas correlações significativas entre as características dos pais e o
desempenho social das crianças. Com relação às habilidades sociais conjugais dos pais, houve
uma correlação negativa significativa entre a freqüência com que o pai relatava que “sai do
lugar em que estava com seu parceiro, batendo o pé,” e o desenvolvimento social das crianças
desta amostra (r = - 0,48; p < 0,05).
Espera-se que os resultados obtidos por este estudo e outros sobre a mesma
temática possam ser utilizados como base para programas que tenham como objetivo
trabalhar preventivamente com as famílias de crianças nesta faixa etária, a fim de
instrumentalizá-los a transformar algumas das características de seu relacionamento conjugal
em fatores de proteção para o desenvolvimento do seu filho.
Palavras-chave: desenvolvimento infantil, desenvolvimento social, prevenção, fatores de
risco, relacionamento conjugal.
ABSTRACT
The scientific literature indicates that certain family characteristics can act as
risk factors for children’s social development, such as low income and low educational
attainment levels, adolescent pregnancy, social isolation, parents who are highly stressed,
single-parent families, a parent with a psychiatric disorder (including depression), parents
with a criminal history, a history of drug abuse, or a high-conflict spousal relationship. More
detailed information about some of these factors is lacking, particularly with respect to the
Brazilian context, as in the case of spousal conflicts. Such information is essential to permit
the construction of preventive programs that could reduce risk factors for infant social
development, in Brazil.
Risk factors can contribute to the development of problem behaviors among
children and, as a result, interfere in their social relationships, as well as contributing to other
difficulties such as learning problems, depression, anxiety and other psychological conditions.
For this reason, the identification and prevention of risk factors that can harm human
development is one of the research areas of the Special Education Graduate Program at the
Federal University of São Carlos (Brazil). Although the number of Special Education
prevention programs has increased significantly, especially in the United States, there are few
prevention programs in this area, in Brazil, resulting in a situation in which professionals face
the difficult task of remediating long-term problems.
Considering the paucity of Brazilian studies that aim to verify the impacts of
conflicts in the spousal relationship on infant social development, particularly among very
young infants, the objective of this study was to investigate the relationships between personal
parent-characteristics, characteristics of the spousal relationship and the social performance of
their child, between one and two years of age.
Given the exploratory nature of this study, a non-experimental design was used.
Participants included 27 couples and their target child, who was between 15 and 26 months of
age and who attended a daycare center in the city of Araraquara, São Paulo, Brazil. The
parents completed an instrument to evaluate their socioeconomic situation, a Marital Social
Skills Inventory, a Description of Conflict Situations, and Lipp’s Adult Stress Symptoms
Inventory. The Operationalized Portage Inventory was used to evaluate the children’s social
performance.
Although there was a certain amount of variability in the participants’
responses, the correlations between the parents’ personal characteristics and their child’s
social performance were non-significant. With respect to the parents’ marital social skills, in
this sample, there was a significant negative correlation between the frequency with which the
parents reported that they “stomped out of the room,” and the child’s social performance (r =
- 0.48, p < 0.05).
Using the results from this study together with those from other studies about
this topic, it should be possible to create programs that can help prevent problems in families
with children in this age group, striving to provide them with the means to transform some of
the characteristics of their spousal relationship so that they will be protective factors for their
child’s development.
Key words: infant development, social development, prevention, risk factors, spousal
relationship.
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Média de horas dedicadas pelas mães e pelos pais às atividades domésticas, nos
dias de trabalho e nos dias de folga.____________________________________________ 50
Tabela 2 – Média de horas dedicadas pelas mães às atividades educativas, de cuidados e de
lazer com os filhos, nos dias de trabalho e nos dias de folga. ________________________ 51
Tabela 3 - Sintomas de stress físico apresentados pelas mães. _______________________ 55
Tabela 4 - Sintomas de stress psicológico apresentados pelas mães.___________________ 55
Tabela 5 - Sintomas de stress físico apresentados pelos pais. ________________________ 57
Tabela 6 - Sintomas de stress psicológico apresentados pelos pais. ___________________ 57
Tabela 7 – Motivos dos conflitos conjugais______________________________________ 59
Tabela 8 - Correlações entre as características da criança e seu desempenho social_______ 62
Tabela 9 - Correlações entre as características dos pais e o desempenho social de seu filho 62
Tabela 10 - Correlações entre o tempo dedicado pela mãe às atividades educativas, de
cuidados e de lazer para com a criança e seu desempenho social _____________________ 63
Tabela 11 - Correlações entre aspectos da relação conjugal e o desempenho social das
crianças__________________________________________________________________ 64
Tabela 12 - Correlações entre as táticas utilizadas pelas mães para lidar com as situações de
conflito e o desempenho social de seus filhos ____________________________________ 64
Tabela 13 - Correlações entre as táticas utilizadas pelos pais para lidar com as situações de
conflito e o desempenho social de seus filhos ____________________________________ 65
Tabela 14 - Correlações entre os sintomas de stress dos pais e o desempenho social das
crianças__________________________________________________________________ 65
Tabela 15 - Correlações entre os sintomas de stress apresentados pelos pais e habilidades
sociais conjugais___________________________________________________________ 66
Tabela 16 - Correlações entre as habilidades sociais conjugais dos pais e a satisfação com o
relacionamento atual________________________________________________________ 67
Tabela 17 - Correlações entre a carga diária de trabalho dos pais e os sintomas de stress físico
e psicológico de mães e pais. _________________________________________________ 68
Tabela 18 - Correlações o número de horas diárias dedicadas às atividades domésticas nos
dias de trabalho e nos dias de folga e a carga de trabalho diária de cada um dos pais. _____ 68
Tabela 19 - Correlações entre o número de horas diárias dedicadas às atividades domésticas
nos dias de trabalho e nos dias de folga e os sintomas físicos e psicológicos de stress de mães
e pais. ___________________________________________________________________ 69
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 – Distribuição dos participantes pais, por sexo e faixa etária._________________ 39
Figura 2 – Distribuição dos participantes, por grau de escolaridade e sexo. _____________ 39
Figura 3 - Distribuição dos casais, por tempo de união._____________________________ 40
Figura 4 – Distribuição das famílias, por Classe Econômica. ________________________ 40
Figura 5 – Distribuição dos participantes por horário de trabalho e por sexo.____________ 41
Figura 6 - Número de horas dedicadas por dia ao trabalho fora de casa, pelas mulheres ___ 49
Figura 7 - Número de horas dedicadas por dia ao trabalho fora de casa, pelos homens.____ 50
Figura 8 – Distribuição dos escores no Inventário de Habilidades Sociais Conjugais – mães 52
Figura 9 – Distribuição dos escores no Inventário de Habilidades Sociais Conjugais – pais 53
Figura 10 – Distribuição do número de sintomas físicos de stress – mães ______________ 54
Figura 11 – Distribuição do número de sintomas psicológicos de stress – mães. _________ 54
Figura 12 – Distribuição do número de sintomas físicos de stress – pais._______________ 56
Figura 13 – Distribuição do número de sintomas psicológicos de stress – pais. __________ 56
Figura 14 – Distribuição dos participantes, por satisfação com o relacionamento atual e por
sexo_____________________________________________________________________ 58
Figura 15 – Avaliação do desempenho social das crianças __________________________ 60
Figura 16 – Avaliação do desempenho social dos meninos__________________________ 61
Figura 17 – Avaliação do desempenho social das meninas __________________________ 61
SUMÁRIO
Página
AGRADECIMENTOS_______________________________________________________ 6
RESUMO _________________________________________________________________ 7
ABSTRACT _______________________________________________________________ 8
LISTA DE TABELAS _______________________________________________________ 9
LISTA DE FIGURAS ______________________________________________________ 11
SUMÁRIO _______________________________________________________________ 12
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 14
O desenvolvimento social de crianças pequenas _________________________________________ 14
Problemas de comportamento _______________________________________________________ 16
Fatores de risco para o desenvolvimento social__________________________________________ 19
O conflito conjugal como fator de risco________________________________________________ 20
O conceito de conflito _____________________________________________________________ 22
Conflitos de interesse entre casais ____________________________________________________ 23
A dupla jornada de trabalho das mulheres ___________________________________________________ 24
A dificuldade na divisão de tarefas domésticas e educativas _____________________________________ 26
Conflitos conjugais________________________________________________________________ 29
De que forma os conflitos conjugais afetam o desenvolvimento infantil ______________________ 30
A família vista como ambiente de proteção_____________________________________________ 34
Objetivos do estudo _______________________________________________________________ 35
MÉTODO________________________________________________________________ 38
Participantes e local _______________________________________________________________ 38
Características das crianças ______________________________________________________________ 38
Características dos pais__________________________________________________________________ 38
Instrumentos_____________________________________________________________________ 41
Instrumentos respondidos pelos pais _______________________________________________________ 41
Medidas das crianças ___________________________________________________________________ 44
Procedimento ____________________________________________________________________ 46
Procedimentos preliminares e cuidados éticos ________________________________________________ 46
Coleta de dados________________________________________________________________________ 46
Análise dos dados______________________________________________________________________ 47
RESULTADOS ___________________________________________________________ 49
I. Dados descritivos _______________________________________________________________ 49
Tempo dedicado pelas mães e pelos pais às atividades domésticas ________________________________ 50
Tempo dedicado pelas mães às atividades com o filho _________________________________________ 51
Repertório de habilidades sociais conjugais dos pais ___________________________________________ 52
Sintomas de stress apresentados pelos pais __________________________________________________ 53
Satisfação com o relacionamento conjugal___________________________________________________ 58
Motivos dos conflitos conjugais___________________________________________________________ 58
Avaliação do repertório social das crianças __________________________________________________ 59
II. Correlações ___________________________________________________________________ 62
Relações entre as características dos pais e o desempenho social das crianças _______________________ 62
Relações entre o tempo dedicado pela mãe ao filho e o desempenho social das crianças _______________ 63
Relações entre aspectos da relação conjugal e o desempenho social das crianças _____________________ 63
Relações entre os comportamentos para lidar com conflitos utilizados pelas mães e pelos pais e o desempenho
social de seus filhos ____________________________________________________________________ 64
Stress dos pais e o desempenho social das crianças ____________________________________________ 65
Relações entre habilidades sociais conjugais e stress dos pais ____________________________________ 66
Relações entre habilidades sociais conjugais e a satisfação com o relacionamento atual________________ 66
Relações entre a carga diária de trabalho dos pais e o stress apresentado por eles_____________________ 67
Relações entre a dedicação dos pais às tarefas domésticas e a carga diária de trabalho_________________ 68
Procedimentos posteriores à análise dos resultados_______________________________________ 69
DISCUSSÃO _____________________________________________________________ 70
REFERÊNCIAS ___________________________________________________________ 75
ANEXOS ________________________________________________________________ 81
14
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento social de crianças pequenas
O desenvolvimento social se inicia já nos primeiros anos, no contexto familiar,
onde a criança aprende as primeiras normas de convivência e comportamentos sociais. López
(1995) define a socialização como “um processo interativo, necessário à criança e ao grupo
social onde nasce, através do qual a criança satisfaz suas necessidades e assimila a cultura, ao
mesmo tempo em que, reciprocamente, a sociedade se perpetua e desenvolve.” (p.83).
As primeiras investigações a respeito do ambiente familiar apresentavam um
enfoque unidirecional, procurando compreender qual a influência dos comportamentos da
mãe no desenvolvimento da criança. Assim, a criança era muitas vezes analisada como
alguém que recebe a influência do meio, mas não atua sobre ele. Atualmente, tem-se também
considerado que a criança exerce um papel ativo na interação com o adulto, de modo que as
características da criança (sexo, idade, disposição para a interação) e o modo como ela se
comporta (com maior irritabilidade ou demonstrando maior afetividade, por exemplo)
também influenciam no relacionamento entre mãe e filho. Assim, quando se trata de
investigar esta relação, faz-se necessário considerar o caráter bidirecional desta relação
(Moreno & Cubero, 1995).
Para Lópes (1995), o processo de socialização pode ser dividido em três
subprocessos, intimamente ligados entre si: processos mentais (de aquisição de
conhecimentos), processos afetivos (de formação de vínculos) e processos condutuais (de
conformação social da conduta).
Os vínculos afetivos são considerados as bases mais sólidas para o
desenvolvimento social. Os vínculos afetivos unem a criança a outras pessoas (primeiramente
com os pais e, posteriormente com irmãos e amigos) e são fundamentais para o
desenvolvimento de uma conduta pró-social posterior.
O desenvolvimento afetivo, considerado crucial para o desenvolvimento social,
inicia-se durante os dois primeiros anos de vida. O apego e a amizade são os vínculos afetivos
básicos, sendo o primeiro fundamental nos primeiros anos de vida e muito estudado na
literatura sobre desenvolvimento infantil por sua importância para o desenvolvimento social
posterior (López, 1995).
15
Nunes, Fernandes e Vieira (2007), em seu artigo de revisão a respeito das
interações sociais precoces, afirmam que o pioneiro no estudo do vínculo de apego entre mães
e filhotes de mamíferos foi o psicólogo americano Harry Harlow e que posteriormente,
Bowlby e Bowlby e Ainsworth, aprofundaram os estudos sobre este conceito, em meados do
século passado. Segundo estes autores, Harlow “demonstrou que o apego entre filhotes de
rhesus não era eliciado, primariamente, pela busca da satisfação alimentar, mas sim, em razão
do aconchego que eles encontravam num modelo de mãe revestida de tecido. Concluiu
também, que o vínculo mãe-filhote é a base de todos os outros laços afetivos e, portanto,
configura-se como essencial para a saúde mental e para o desenvolvimento normal em
primatas.” (p.163).
Sobre o trabalho de Bowlby intitulado “The nature of the child’s tie to his
mother” de 1958, Nunes, Fernandes e Vieira (2007) destacam que “Bowlby defende que os
bebês, desde quase imediatamente após o seu nascimento, respondem de forma peculiar frente
a certos padrões de estímulos que lhes são biologicamente interessantes (...). A necessidade
social é primária e é ela quem desencadeia o vínculo de apego. Além disso, esse
comportamento, uma vez iniciado, somente poderá ser terminado pela ação de sua contraparte,
o comportamento parental”. (p.163).
Vayer e Roncin (1990) afirmam em seu livro que, para Bowlby a função do
apego à mãe é dar a criança o sentimento de segurança e que, na ausência de uma mãe natural,
a figura de apego pode ser substituída por a de outro adulto, mas não deve faltar. O
sentimento de segurança é necessário à criança para facilitar seu desenvolvimento social
posterior.
Além dos aspectos afetivos relacionados ao desenvolvimento social, é
importante observar que a criança, desde muito cedo, observa e imita constantemente os
comportamentos de seus pais, copiando também padrões emocionais apresentados por eles.
“Quando os pais não possuem um repertório adequado de habilidades sociais, a convivência
familiar pode ser fonte de infelicidade para todos os seus integrantes, gerando problemas de
adaptação social nas crianças”. (Del Prette & Del Prette, 2005, p.59).
Outro fator importante a ser considerado na investigação da família são os
efeitos indiretos ou de segunda ordem que o comportamento dos pais exerce sobre a criança.
Os efeitos indiretos podem ser entendidos como “processos através dos quais uma pessoa
influi sobre outra por intermédio de uma terceira” (Moreno & Cubero, 1995, p.192). Como
exemplo, o pai pode exercer influência negativa ou positiva sobre a relação mãe-filho, de
acordo com a forma como se relaciona com sua esposa. Assim, segundo a visão sistêmica, a
16
família é vista como uma rede de relações, na qual cada relação influencia e é influenciada
por outras relações e pelos elementos que as compõem.
Segundo essa ótica, torna-se claro que o estudo do ambiente familiar não pode
estar restrito à investigação da díade mãe-criança, devendo-se considerar: as influências
diretas e indiretas que os outros membros da família exercem sobre ela e as influências que as
características e comportamentos da própria criança exercem sobre os membros de sua família.
Embora haja um consenso na literatura quanto à influência de fatores inatos no
desenvolvimento social da criança, os comportamentos socialmente adequados também são
considerados como habilidades aprendidas em decorrência da interação entre a criança e o
ambiente ao seu redor. As condições encontradas pela criança em seu ambiente poderão ser
adequadas, restritivas ou prejudiciais para o desenvolvimento de seu repertório de
comportamentos sociais. Repertório este, que será utilizado em suas relações sociais
posteriores. Se, além de restritivas ou inadequadas as condições ambientais forem favoráveis
ao desempenho de comportamentos indesejáveis, o desenvolvimento social poderá ser ainda
mais comprometido e seus déficits ainda mais acentuados (Del Prette & Del Prette, 2005).
Problemas de comportamento
Definir o que são comportamentos considerados socialmente adequados e o
que são comportamentos considerados socialmente inadequados não é uma tarefa fácil. Tanto
na literatura nacional como na estrangeira, várias terminologias já foram utilizadas com o
objetivo de tentar clarificar estes conceitos.
No Brasil, a primeira expressão a ser utilizada com o objetivo de definir a
criança com problemas de comportamento foi “portador de problemas de conduta”, porém o
Ministério da Educação (Secretaria de Educação Especial) substituiu esta expressão por
“aluno com condutas típicas”. Isso porque, segundo a cartilha de orientação para professores
distribuída pelo Ministério da Educação (Brasil, 2002a), o significado da expressão “portador
de problemas de conduta” aparentemente não foi muito bem compreendido pelos professores,
que começaram a encaminhar para a Educação Especial alunos que apresentassem qualquer
tipo de reação considerada pelo professor como inadequada.
No entanto, a dificuldade de compreensão desta terminologia não é uma
característica exclusiva do Brasil. A literatura internacional aponta a dificuldade de
17
compreensão deste quadro, havendo falta de consenso inclusive a respeito da terminologia a
ser utilizada para descrever este aluno. Na literatura norte-americana são encontrados os
termos aluno com desordens emocionais e comportamentais, alunos com distúrbios de
comportamento, entre outros. (Gargiulo, 2006).
Além da falta de consenso quanto ao uso da terminologia, encontra-se na
literatura internacional diferentes descrições para este quadro. Nos Estados Unidos, as
definições mais comumente adotadas são as definições do IDEA (The Individuals with
Disabilities Education Act) – órgão que regulamenta as leis federais da Educação Especial - e
do Conselho para Crianças com Desordens Comportamentais (CCBD).
O IDEA adotou o termo distúrbios emocionais sérios até 1997, quando passou
a adotar a terminologia desordens emocionais. O IDEA definiu as características que, quando
apresentadas pelos alunos, devem servir de base para considerá-los com distúrbios emocionais
e, desse modo, justificar seu encaminhamento para serviços de Educação Especial:
“A criança deverá apresentar uma ou mais de uma das seguintes
características, por um período longo de tempo e em um grau elevado
de tal forma que suas atividades acadêmicas sejam prejudicadas:
1 - Dificuldade de aprendizagem não explicada por fatores intelectuais,
sensoriais e de saúde;
2 - Dificuldade em estabelecer relações interpessoais satisfatórias com
os pares e professores;
3 - Apresentar comportamentos e sentimentos inapropriados em
circunstâncias normais;
4 - Sentimentos de infelicidade ou depressão sempre presentes no
humor geral;
5 - Tendência em desenvolver sintomas físicos ou medos associados a
problemas pessoais ou escolares.”
Além da definição acima mencionada, para o IDEA, a definição inclui a
esquizofrenia e não se aplica às crianças que são consideradas socialmente mal-ajustadas até
que se determine que elas apresentam distúrbios emocionais.
A terminologia adotada pelo CCBD é “desordens emocionais e de
comportamento” e a definição utilizada por esta instituição é apresentada a seguir:
“1. O termo desordens emocionais e de comportamento significa uma
incapacidade que é caracterizada por respostas emocionais ou
comportamentais tão diferentes das esperadas para sua idade, cultura
ou normas étnicas que afetam o desempenho educacional, incluindo
habilidades acadêmicas, sociais, vocacionais ou pessoais; as respostas
esperadas a eventos estressores do ambiente acontecem de forma não
18
provisória; aparecem de forma consistente em pelo menos dois
ambientes diferentes, sendo que um deles está relacionado à escola;
não respondem às intervenções diretas da educação geral, ou as
condições da criança são tais que as intervenções da educação geral
não lhe são suficientes;
2. O termo inclui também a incapacidade que coexiste com outras
deficiências;
3. O termo inclui as desordens esquizofrênicas, afetivas, de ansiedade,
ou outras desordens de conduta ou ajustamento que afetam a criança,
se estas afetarem o desempenho escolar como descrito no item1”.
Em uma outra cartilha para orientação de professores editada pela Secretaria da
Educação (Brasil, 2002b) os alunos com Condutas Típicas são definidos como crianças que
“geralmente, não apresentam comprometimento ou atraso intelectual, mas vivenciam enorme
dificuldade em se adaptar ao contexto familiar, escolar e comunitário. No que se refere ao
desempenho acadêmico, por outro lado, suas aquisições e desenvolvimento parecem se
correlacionar com a intensidade e a freqüência do problema que apresentam.” (p.10).
Além disso, neste material é feita uma diferenciação entre dois tipos de
comportamentos considerados como Condutas Típicas: comportamentos voltados para si
próprio (fobias, auto-mutilação, alheamento do contexto externo, timidez, recusa em
verbalizar, recusa em manter contato visual) e comportamentos voltados para o exterior
(agredir, faltar com a verdade, roubar, gritar, falar ininterruptamente, locomover-se o tempo
todo).
Embora todos estes comportamentos sejam mencionados, para a orientação do
professor foram destacados os quadros considerados como mais comumente encontrados nas
salas de aula, segundo a visão do autor, embora ele próprio reconheça que estes quadros não
abrangem todos os padrões de comportamento denominados condutas típicas: distúrbios da
atenção, hiperatividade, impulsividade, alheamento e agressividade física e/ou verbal.
Na literatura internacional a respeito de problemas de comportamento na
infância, encontramos os estudos de Achenbach e Edelbrock (1978, 1979). Estes autores
realizaram uma série de estudos sobre a incidência, a classificação e a categorização dos
problemas de comportamento na infância. Posteriormente, o primeiro autor apresentou uma
classificação dos problemas de comportamento, dividindo-os em dois grupos de problemas:
chamou de comportamentos internalizantes o grupo que compreende os comportamentos
ansiosos e inibidos e de externalizantes o grupo que inclui o comportamento anti-social e
agressivo. (Achenbach, 1991).
19
Achenbach (1991) afirmou que o comportamento agressivo se inicia na
infância e que este engloba comportamentos como: destruição de objetos, exibicionismo,
alterações súbitas de humor, ataques de raiva, comportamentos desafiadores, inclinação para
discussão e atitude maldosa para com as pessoas.
Na literatura nacional, alguns autores têm utilizado os conceitos de Achenbach
(1991) de comportamentos externalizantes e internalizantes em substituição ao termo
“condutas típicas” ou similares (desordens de conduta, distúrbios de conduta ou transtorno de
conduta). Como exemplo, Ferreira e Marturano (2002) utilizaram o termo comportamentos
internalizantes para se referir a quadros de “disforia, retraimento, medo e ansiedade” e o
termo comportamentos externalizantes para se referir aos “comportamentos marcados por
hiperatividade, impulsividade, oposição, agressão, desafio e manifestações anti-sociais” (p.
35).
Fatores de risco para o desenvolvimento social
A Coordenadoria para integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE)
apresentou em 1992 a Política Nacional de Prevenção das Deficiências. Segundo esta Política,
a prevenção é definida como “um ato ou efeito de evitação. Implicações antecipadas
destinadas a impedir a ocorrência de fatos ou fenômenos prejudiciais à vida e à saúde, e, no
caso de ocorrência destes fatos e fenômenos, evitar a progressão de seus efeitos.” (CORDE,
1992, p.7).
Os “fatos ou fenômenos prejudiciais à vida e à saúde”, como mencionado
acima, também são chamados na literatura científica de fatores de risco. Nas palavras de
Silveira, Silvares e Marton (2003), temos: ”Fatores de risco são elementos com grande
probabilidade de desencadear ou associar-se ao desencadeamento de um evento indesejado,
não sendo considerados necessariamente o fator causal” (p.60).
Hutz e Koller (1997) classificam os fatores de risco como: a) biológicos -
decorrentes de problemas genéticos, de complicações relacionadas ao nascimento prematuro,
de problemas de nutrição, ou de outros quadros adquiridos; b) sociais- englobam a falta de
tempo, esforço ou recursos para proporcionar ambientes estimuladores ou ainda o ensino
(mesmo que pelo exemplo) de posturas anti-sociais ou auto-lesivas, como quando se vive em
um ambiente violento ou se convive com pessoas que abusam de substâncias tóxicas; ou c)
20
psicológicos- relacionados à falta de apoio e afeto ou advindos de abuso, negligência ou
exploração. Esta di visão pode ser considerada uma divisão didática, uma vez que estes
fatores se encontram ligados de tal forma que em alguns casos torna-se difícil classificar um
determinado fator de risco. O fator de risco falta de tempo, por exemplo, pode ser classificado
como fator de risco social ou como fator de risco psicológico, dependendo das condições em
que ocorre e das conseqüências que acarreta para o desenvolvimento do indivíduo em questão.
Webster-Stratton (1990) aponta algumas características familiares
correlacionadas ao desenvolvimento do comportamento anti-social na criança: baixa renda,
baixa escolaridade, gravidez na adolescência, isolamento, alto grau de estresse, pais solteiros,
doença psiquiátrica parental, história parental criminal e abuso de substâncias, alto grau de
conflitos conjugais e depressão.
López (1995) considera as relações entre as figuras de apego da criança como
um fator importante a ser considerado. Este autor afirma que “os conflitos, a incoerência de
métodos educacionais, as separações e o divórcio provocam grandes sofrimentos nas
crianças” (p.92). Por outro lado, o inverso, relações de harmonia entre o casal, coerência dos
métodos educacionais, apoio e afetividade no relacionamento do casal favorecem os
sentimentos de bem-estar e segurança de seus filhos.
O conflito conjugal como fator de risco
A exposição da criança a situações de conflito parental tem sido estudada como
fator de risco para o desenvolvimento infantil por estar relacionada a diversas conseqüências
para a criança, como problemas de saúde, depressão, baixa competência social, baixo
desempenho acadêmico e vários distúrbios de conduta correlacionados (Gottman, 1998).
No entanto, é importante destacar que dificuldades antecedentes da própria
criança também podem gerar conflitos entre os membros do casal. Lee e Gotlib (1994)
relatam que genitores de crianças hiperativas apresentam um ajustamento marital fraco e uma
elevada taxa de separação e divórcio. Assim, existe uma influência bidirecional entre o
comportamento da criança e as relações conjugais, com a probabilidade de tornar-se um ciclo
vicioso, com dificuldades por uma das partes gerando ou agravando dificuldades na outra.
Ferreira e Marturano (2002) estudaram a relação entre o ambiente familiar e os
problemas de comportamento apresentados por crianças de baixo desempenho escolar. Em
21
sua revisão da literatura, as autoras afirmam que “comportamentos externalizantes com
componentes anti-sociais freqüentemente se desenvolvem em contextos de adversidade
ambiental e refletem processos de trocas contínuas entre características da criança nas
interações sociais e características dos cuidadores”. Nessas trocas, o ambiente familiar
apresenta práticas de socialização violentas, exposição a modelos adultos agressivos, falta de
afeto materno e conflitos entre os pais (Blanz, Schmidt, & Günther, 1991; Dodge, Pettit &
Bates, 1994; Ramsey, Shinn, Walker & O’Neill, 1989; Shaw & Emery, 1988; Vuchinich,
Bank & Patterson, 1992). Assim, a existência de conflitos parentais é um dos fatores
sinalizado como fator de risco para o aparecimento de problemas de comportamento em
crianças, que influenciam o aparecimento de futuros problemas, como, por exemplo, baixo
desempenho escolar.
No entanto, ao escrever o capítulo “Intervenção clínica e comportamental com
crianças”, Silvares (2001), além de destacar a importância da investigação a respeito do
relacionamento conjugal como um dos fatores ambientais que podem influenciar no
desenvolvimento de problemas psicológicos por parte da criança, também alerta que este fator
não deve ser considerado necessariamente como um precedente para problemas psicológicos
infantis:
“Um relato de caso por nós atendido sobre uma criança cujo
comportamento inseguro parecia ser funcional para a manutenção do
sistema de relações familiares, o qual se encontrava deteriorado (...).
Julgou-se mais procedente trabalhar simultaneamente com a criança e
com as relações conjugais de seus pais.
As colocações anteriores não devem veicular a idéia de assumirmos
que toda criança com problemas psicológicos provenha
necessariamente de um lar onde o conflito familiar é uma constante.
(...). Por outro lado, não se pode ignorar a possibilidade de conflito
marital quando se promove avaliação comportamental infantil, este
deve receber a devida atenção. Assim, quando ocorrem de serem
identificadas dificuldades de relacionamento nos pais de uma criança
encaminhada para atendimento, estas dificuldades deverão ser
vencidas, paralelamente, à superação das apresentadas pela criança a
qual, por vezes com seu comportamento, tenta resolver a situação
conflituosa de seus pais.” (pp. 137-138)
Deste modo, conclui-se que a existência de conflito conjugal em uma família
deve ser visto como um fator que pode influenciar a ocorrência de problemas psicológicos em
crianças e não como uma causa exclusiva de tais problemas.
22
O conceito de conflito
Straus (1979), citando outros autores (Adams, 1965; Coser, 1956; Dahrendorf,
1959, entre outros) afirma que os autores que estudam o tema conflito têm chegado ao
consenso de que o conflito é uma parte inevitável de toda interação humana.
A autora afirma que embora a maioria das pessoas tema os conflitos e tente
evitá-los, essa não é a melhor opção, já que o conflito suprimido pode levar à hostilidade.
Além disso, ela menciona que alguns dos estudiosos do tema, estudam o conflito com o
objetivo de descobrir como ele ocorre para capacitar pessoas para saberem como evitá-lo, o
que na verdade não é o que as pessoas deveriam aprender a respeito do conflito. O mais
importante, na visão da autora, seria capacitar as pessoas para lidarem com o conflito ou
solucioná-lo de forma saudável.
Em seu artigo, Straus (1979) diferencia os termos conflito, conflito de
interesses e hostilidade. Para ela, o conflito de interesses ocorre quando cada um dos
membros de um grupo tenta realizar sua própria vontade, que inevitavelmente será diferente
da vontade dos demais membros do grupo, pelo menos em algum momento. Neste caso, as
diferenças de interesse podem ser pequenas como opiniões diferentes a respeito do canal de
televisão que a família assistirá à noite ou maiores como as diferentes opiniões a respeito de
como a família deverá investir seu dinheiro: aplicando em uma poupança ou pagando uma
viagem para a família. Assim, a ausência deste tipo de conflito seria totalmente impossível,
visto que naturalmente as pessoas terão opiniões e interesses diferentes a respeito das mesmas
questões.
Já o termo conflito é utilizado pela autora para se referir à forma utilizada pelos
indivíduos de um grupo para lidarem ou solucionarem o conflito de interesses. Ela
exemplifica dizendo que famílias que vivem o conflito de interesses quanto ao canal de
televisão que assistirão à noite poderão resolver esta questão de diferentes formas: enquanto
uma pode decidir por fazer um revezamento (cada membro da família escolhe uma vez), outra
poderá resolver a mesma situação por meio de ameaças e, outra, ainda, por meio da força
física.
Concordando com Coser (1956), Straus (1979) utiliza o termo conflito para se
referir aos comportamentos que uma pessoa emite com o objetivo de defender os próprios
interesses ou as ações apresentadas por um indivíduo em resposta ao conflito de interesses.
23
A autora diferencia ainda o termo hostilidade dos outros dois conceitos
apresentados anteriormente (conflito de interesses e conflito), afirmando que a hostilidade
está relacionada a situação de impedimento, por algum motivo, da ocorrência do conflito ou
simplesmente pela evitação do mesmo. Straus (1979) esclarece que, quando isso ocorre,
nenhum dos indivíduos do grupo consegue obter aquilo que é importante para ele e a
hostilidade surgiria então, a partir desta frustração, em forma de um conflito de interesses
velado.
Assim, neste estudo, utilizaremos os conceitos apresentados por Straus (1979),
buscando compreender os conflitos de interesse que ocorrem entre os casais e como os
conflitos vivenciados por eles pode afetar o desenvolvimento de seu filho.
Conflitos de interesse entre casais
Garcia e Tassara (2003) buscaram identificar as origens dos conflitos de
interesse conjugais. Estas autoras identificaram como suas possíveis causas o baixo
envolvimento dos pais, comparados às mães, nas atividades realizadas em casa e com os
filhos, o que gera diferenças nas informações e habilidades dos cônjuges em relação aos
cuidados com os filhos e às rotinas domésticas, além de diferenças na carga de trabalho dos
membros do casal e divergência na educação dos filhos.
No estudo realizado por estas autoras, foram entrevistadas 20 mulheres,
casadas há mais de 15 anos, de classe média e alta da cidade de vitória (ES). As entrevistadas
apontaram que 54,2% dos problemas estavam relacionados à relação do casal e 23,4% a
questões do casal com filhos e outros membros da família. Neste estudo, os problemas dos
casais, relatados pelas entrevistas, estavam em geral relacionados a questões como:
discordância a respeito de normas e regras do cotidiano familiar, o tipo de relação que o casal
mantinha, o poder de decisão de cada cônjuge, divergências a respeito da educação dos filhos
e de que estilo adotar (autoritário ou democrático).
Além dos problemas interpessoais familiares, outros problemas (22,4%)
encontrados por Garcia e Tassara (2003) foram decorrentes do trabalho de um ou ambos os
cônjuges ou resultantes de problemas financeiros. Quanto ao trabalho, os principais pontos
mencionados foram: a) a diminuição do tempo disponível para o relacionamento do casal, na
24
medida em que cada um dos cônjuges deve atender a demanda proveniente de seu ambiente
de trabalho e b) o destaque profissional maior ou menor alcançado por cada um dos cônjuges.
A dupla jornada de trabalho das mulheres
Os papéis de homens e mulheres, que antes eram claramente definidos em
função do gênero, passam por grandes alterações. Se outrora o homem era visto como o
provedor dos recursos financeiros, enquanto a mulher deveria se dedicar às atividades
domésticas e relacionadas aos cuidados dos filhos, hoje os papéis parecem estar menos rígidos
sofrendo, em alguns casos, inversões.
Segundo dados do último censo demográfico (IBGE, 2000), a Tabela 1490
intitulada “Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes por situação, sexo
e grupos de idade”, no Brasil, 24,9% dos lares tem na mulher a maior referência familiar, em
termos de suporte financeiro, atingindo principalmente as camadas menos favorecidas em
nosso país.
Boarini (2003) descreve as mudanças que têm ocorrido na família brasileira.
Nas palavras da autora: “Em nossos dias, pelo menos no Brasil, a necessidade tem levado a
mulher a se introduzir no mercado de trabalho, o que lhe conferiu importante papel no
provimento financeiro da família, não sendo raros os casos em que é a única provedora. (...)”.
(p.1)
A literatura aponta diversos ganhos importantes para as mulheres, em função
de sua inserção no mercado de trabalho. Ocorre um maior investimento nos seus estudos e
preparo profissional, aparece a possibilidade de independência financeira e seu envolvimento
nesta esfera tão valorizada traz reconhecimento social e maior satisfação pessoal. A ampliação
de seus conhecimentos, de sua gama de atividades e de seus contatos sociais conduz à
formação de uma identidade profissional e proporcionam sentimentos de autonomia e
utilidade. Assim, aumenta o senso de competência, o que melhora a auto-estima, trazendo
benefícios para o desempenho nos papéis familiares (Diniz, 1999; Bystronski, Laçasse &
Seibach, 1989).
No entanto, o quanto o impacto do trabalho remunerado é positivo depende,
como no caso dos homens, da maneira como ela é tratada no seu emprego. Em alguns casos,
os benefícios não são tão grandes para as mulheres quanto para os homens porque as
25
condições de trabalho para elas são significativamente piores do que para os homens. Elas
recebem salários 66% menores, em média (Diniz, 1999), algumas são expostas ao assédio
sexual no local de trabalho (Robbins, 2004) e quase todas lidam com uma carga de trabalho
em casa significativamente maior do que a dos homens (Coltrane, 2000), diminuindo sua
disponibilidade para assumir tarefas profissionais adicionais e para subir de cargo.
Além disso, a cultura brasileira ainda cobra um envolvimento intenso por parte
das mulheres junto aos seus filhos e ainda apresenta o trabalho remunerado como uma
“opção” ou uma “escolha”. Assim, outro fator que influencia no impacto do trabalho
remunerado sobre as mulheres é seu desejo de assumir um emprego remunerado: a mulher
que trabalha apenas em função de uma necessidade financeira, contra seu desejo, não
aproveita os benefícios potenciais desta atividade (Gottlieb, Kelloway & Barham, 1998;
Silveira & Barham, 2000).
Fleck e Wagner (2003) realizaram um estudo exploratório, analisando
qualitativamente famílias de nível socioeconômico e cultural médio, em que as mulheres eram
as principais colaboradoras para a renda familiar, contribuindo com cerca de 70% da renda, a
partir de suas atividades profissionais. A conclusão das autoras quanto ao papel destas
mulheres na vida familiar foi:
“Apesar de as mulheres saírem do âmbito do lar para trabalhar,
mesmo antes do casamento, dedicando-se a sua carreira e contribuindo
com a maior parte da renda, os homens não assumiam a
responsabilidade pela esfera doméstica da mesma forma que as
mulheres passaram a assumir a condição de principal provedora do
sustento. Os esposos, nesses casos, auxiliavam nas tarefas
relacionadas ao lar, mas não com a mesma responsabilidade feminina.
A mulher ainda se sentia responsável por esses cuidados, necessitando
conciliar, constantemente, as demandas das esferas pública e privada.
Ao passo que o homem permitia-se buscar um espaço individual, não
abdicando de seus momentos de lazer, a mulher sentia culpa e não se
permitia abandonar, mesmo que temporariamente, seu papel
predominantemente materno”. (p.37)
Apesar das dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho,
hoje em dia, as mulheres que trabalham fora tendem a se sentir mais capazes como mães, a
gozar de melhor saúde física e mental e a ter casamentos mais felizes do que mulheres donas
de casa (Bertolini, 2002; Diniz, 1999; Bystronski, Lassance & Seibach, 1989). Além disso,
com a participação da mulher na população economicamente ativa, a renda familiar foi
ampliada, o que permitiu melhorias nas condições de vida em relação à alimentação, ao
26
acesso a serviços de saúde e a possibilidade de deixar os filhos freqüentarem a escola durante
mais tempo (Bystronski, Lassance & Seibach, 1989). Assim, os ganhos financeiros associados
ao trabalho remunerado das mães podem atenuar outros fatores de risco para o
desenvolvimento infantil.
Também é importante lembrar que o maior envolvimento de mulheres, e
especialmente de mães, no mercado de trabalho aconteceu em conjunção com outras
mudanças, tais como: a) migração da maioria das famílias de zonas rurais para urbanas,
impedindo o sustento da família com o cultivo de animais, hortas e pomares e facilitando o
acesso de mulheres a uma gama de empregos novos; b) mecanização das indústrias, reduzindo
a dependência do esforço físico no trabalho; c) a popularização dos argumentos do
movimento feminino, encorajando as mulheres a seguirem seus interesses nos âmbitos
políticos e profissionais; d) a introdução de métodos anticoncepcionais eficazes, levando a
uma significativa redução na taxa de natalidade e conseqüente redução do período de
demandas intensas familiares; e) o surgimento de serviços e equipamentos para reduzir o
trabalho doméstico, tais como eletrodomésticos e comidas “prontas” e f) o surgimento de
instituições responsáveis pelos cuidados de crianças pré-escolares, na ausência de familiares
geograficamente próximos, com disposição e tempo para assumir esta responsabilidade. Ou
seja, a permanência de mulheres no mercado de trabalho, após o casamento e após o
nascimento dos seus filhos dependeu de muitas alterações que, por um lado, facilitaram seu
acesso ao trabalho remunerado e, por outro lado, reduziram o tempo que precisavam dedicar
aos cuidados com a casa e com os filhos. Apesar de todas estas modificações, a literatura
continua apontando que as mães modernas precisam se esforçar muito mais do que os pais
para lidar com demandas profissionais e familiares (Coltrane, 2000).
A dificuldade na divisão de tarefas domésticas e educativas
Embora pareça fácil compreender que a igual divisão das tarefas domésticas e
dos cuidados com os filhos entre os membros do casal deva acontecer naturalmente, a partir
do momento em que a mulher ocupa uma posição no mercado de trabalho equivalente à do
homem em atribuições profissionais e número de horas, pode-se observar que os papéis
sociais culturalmente estabelecidos ainda predominam na maior parte das famílias.
Isto acontece, em parte, porque os homens não aumentam suas contribuições
familiares conforme o trabalho familiar aumenta (Coltrane, 2000). Um casal sem filhos, com
27
ambos os parceiros trabalhando fora, costuma ter uma divisão relativamente igual do trabalho
doméstico (Coltrane, 2000). Em outras fases da vida familiar, no entanto, a quantidade de
trabalho é muito elevada. Filhos pequenos, que necessitam de ajuda com tarefas de auto-
cuidados e supervisão constante, bem como familiares idosos e enfermos, com necessidades
similares, geram muito trabalho extra na vida familiar e a maior parte desse trabalho adicional
é assumida pelas mulheres.
O excesso de trabalho da mulher tem sido apontado como um dos fatores de
risco para o desenvolvimento de um quadro de stress, que, além de prejudicar sua saúde física
e emocional, traz como conseqüência dificuldades de relacionamento com seu cônjuge e seus
filhos.
Outros dados do estudo realizado por Garcia e Tassara (2003) mostram que,
das 20 mulheres entrevistadas, nenhuma descreveu uma condição de igualdade entre os
cônjuges no processo de cuidar da casa e dos filhos. Apesar de as mulheres reivindicarem a
ajuda de seus maridos, elas mesmas caracterizavam a participação de seus cônjuges como
uma “colaboração”, sem expectativa de atribuir atividades de igual responsabilidade para os
dois membros do casal. Percebe-se a forte influência de fatores culturais, ligados ao gênero,
na atribuição de responsabilidades domésticas para maridos e mulheres, quando se depara
com uma informação adicional: o fato de a mulher estar ou não inserida no mercado de
trabalho não foi relacionado a este posicionamento.
Este resultado foi encontrado tanto em casais em que a mulher exercia uma
atividade remunerada fora do lar como nos casos em que isso não acontecia. Neste estudo, as
participantes não pareciam solicitar a participação do cônjuge em razão de uma mudança de
concepção do papel da mulher ou da reivindicação de igualdade de direitos e deveres. A
reivindicação da divisão de tarefas foi relatada apenas como conseqüência do cansaço
decorrente da execução de diversas atividades pela mulher.
Em outros estudos brasileiros (Braz, Dessen & Silva, 2005; Gravena, 2006), os
resultados também mostraram que as mães eram as principais responsáveis pelas atividades
relativas ao cuidado dos filhos e pela execução das tarefas domésticas. Tanto no estudo de
Braz e colaboradores, em que os filhos estavam em idade escolar, como no estudo de Gravena,
em que as crianças tinham menos de dois anos de idade, as participantes relataram um intenso
trabalho de cuidado com os filhos: dar comida e banho, trocar fraldas, levar e trazer da escola,
orientar dever escolar, levar para atividades de lazer e colocar os filhos para dormir. Mesmo
quando os dois genitores trabalhavam fora, o cuidado dos filhos ficava sob a responsabilidade
das mães, embora, parte delas (27% no estudo de Braz et. al. e 50% no estudo de Gravena)
28
recorressem à ajuda de parentes da criança e aos serviços de empregadas domésticas (21% no
estudo de Braz et al. e 25% no estudo de Gravena).
Nestes estudos, além das atividades de cuidado com os filhos, as participantes
também relataram maior engajamento que seus maridos em relação aos afazeres domésticos
como arrumar a casa, cozinhar, lavar e passar roupas, fazer compras e orientar empregada
doméstica. As atividades mais realizadas pelos pais foram levar as crianças para atividades de
lazer e fazer compras. As tarefas domésticas, porém, representam só uma parte do trabalho
familiar.
A divisão de tarefas educativas junto aos filhos, que também exigem tempo e
esforço, foi estudada por Wagner, Predebon, Mosmann e Verza (2005). Foram participantes
deste estudo 100 famílias, com filhos com idade entre 7 e 12 anos. As famílias participantes
eram “intactas”, ou seja, os pais viviam juntos e com a criança. Dos participantes, 90% dos
homens e 69% das mulheres trabalhavam fora. Os homens apresentavam maior participação
financeira no lar, maior nível de escolaridade e passavam menos horas com seus filhos que as
mulheres. Os entrevistados estavam de acordo quanto à satisfação da relação conjugal e sua
importância no desempenho de suas tarefas educativas.
Neste estudo, as autoras investigaram a participação de homens e mulheres em
oito tarefas educativas e concluíram que em seis delas (disciplina, suporte afetivo, educação
básica em termos de higiene, compromisso com a escola e o sustento econômico) havia
consenso entre o casal quanto à divisão relativamente igual de responsabilidade. Entretanto,
as atividades de nutrição e acompanhamento do cotidiano dos filhos (tarefas escolares)
estavam designadas exclusivamente para a mãe.
Considerando os achados dos vários estudos sobre a participação dos dois
membros do casal no mercado de trabalho e a divisão de responsabilidades familiares,
percebe-se que, apesar dos importantes benefícios, existe uma sobrecarga de demandas sobre
o tempo destes casais, sobretudo das mulheres, principalmente quando existem muitas
demandas para cuidar dos filhos. As mulheres acabam assumindo uma parte maior do
trabalho no lar, o que parece gerar cansaço e insatisfação na relação conjugal, provocando
conflitos e ressentimentos na relação com seu cônjuge.
29
Conflitos conjugais
Retomando o conceito de conflito utilizado por Straus (1979) de que conflito
são as ações utilizadas pelos indivíduos em resposta ao conflito de interesses na tentativa de
defender seus próprios interesses, veremos a seguir alguns estudos que abordaram a forma
como os membros do casal se comportam na tentativa de defender seus próprios interesses.
No estudo de Garcia e Tassara (2003), as 20 mulheres entrevistadas
mencionaram como problemas da relação do casal a falta de diálogo, que pode ser vista como
uma tentativa de evitar o conflito, que pode levar à hostilidade entre os parceiros, além de
relatarem também o “temperamento difícil do parceiro”. O “temperamento difícil do parceiro”
foi traduzido pelas entrevistadas como reações de nervosismo, intolerância e distanciamento e
sentimentos de ansiedade e raiva foram relatados por elas como experimentados nestas
situações. Quanto à dificuldade de diálogo, as autoras encontraram as dificuldades de saber “o
que comunicar” e saber “como comunicar”. Como conseqüência de não saber como agir, o
comportamento de evitar a comunicação foi uma alternativa encontrada por algumas mulheres
para minimizar a ocorrência dos conflitos conjugais. Além disso, elas relataram que o pouco
tempo que o casal tem para conversar e para se entender e resolver problemas familiares,
especialmente quando ambos trabalham fora, pode contribuir para a ocorrência dos
comportamentos negativos no momento do conflito de interesses.
Para Caballo (2003) em uma relação entre duas pessoas, qualquer que seja o
tipo de relação, as pessoas tendem a esforçar-se para maximizar as conseqüências positivas ou
agradáveis e, ao mesmo tempo, reduzir ao máximo as conseqüências negativas ou
desagradáveis. Assim, a relação de um casal é avaliada como satisfatória e mantida à medida
que cada um dos cônjuges percebe que recebe mais conseqüências positivas que negativas de
seu parceiro.
Outro conceito que o autor destaca como importante para as relações conjugais
é o conceito de reciprocidade. Isso acontece quando um dos membros do casal agrada o outro,
esperando que este também o agrade. Da mesma forma, quando um dos membros do casal
pune seu companheiro, este tende a se relacionar com o primeiro de maneira a puni-lo
também. Assim, a harmonia do casal, segundo este autor parece estar relacionada a
comportamentos de ambos os cônjuges para agradar-se mutuamente. No entanto, em alguns
momentos muitos casais não se relacionam desta forma, retirando o afeto da relação e
punindo o comportamento do outro. Isso acontece porque embora a punição tenha a longo
30
prazo conseqüências negativas para a pessoa que pune, a curto prazo tem alta probabilidade
de fazer com que o outro se comporte da forma que um dos membros do casal deseja.
Uma hipótese levantada por Caballo (2003) é que os conflitos conjugais
prejudiciais ao casal decorrem da existência de déficits de habilidades sociais, por parte de um
ou de ambos os membros do casal; especialmente quanto às habilidades de comunicação e
solução de problemas.
De que forma os conflitos conjugais afetam o desenvolvimento infantil
Segundo Straus (1979), embora a ausência de conflito possa ser fatal para o
bem-estar do grupo, ao mesmo tempo níveis muito altos de conflito podem gerar um alto
nível de stress e/ou mudanças tão rápidas que o bem-estar do grupo pode ser afetado de forma
adversa. Assim, os conflitos parentais passam a ser prejudiciais a relação do casal e
conseqüentemente ao ambiente familiar no qual a criança está inserida, na medida em que
deixa de se valer de estratégias saudáveis (como discutir calmamente a questão) para a
resolução do conflito por meio de estratégias destrutivas como ameaças, agressão verbal ou
agressão física da parte de um dos cônjuges ou de ambos.
Para melhor entender o impacto dos conflitos parentais, é preciso examinar em
mais detalhes o que acontece nos momentos de conflito. Cummings, Goeke-Morey e Papp
(2004) estudaram a relação entre conflito conjugal diário e a agressividade de crianças em
uma amostra de 108 crianças na faixa etária de 8 a 16 anos. Participaram deste estudo as
crianças e seus respectivos pais. Durante 15 dias, cada um dos pais registrou as táticas de
conflito utilizadas por ele e por seu cônjuge durante cada interação de conflito vivida por eles
e também os comportamentos emitidos pela criança quando ela estava presente na ocasião do
conflito.
Neste estudo, os autores fizeram uma distinção entre táticas de conflito
construtivas (discutir calmamente, usar o humor, apoiar, demonstrar afeição verbalmente e
resolver problemas) e destrutivas (hostilizar o outro verbal e não-verbalmente, colocar-se na
defensiva, afligir o outro fisicamente, ameaçar, perseguir, insultar, agredir o outro com um
objeto, agredir o outro diretamente e isolar-se). Os resultados obtidos foram que alguns
aspectos do conflito parental foram claramente relacionados à predição da agressão infantil:
as táticas destrutivas utilizadas, os efeitos negativos que elas expressavam e o quanto o
31
assunto do conflito era ameaçador para a criança por envolvê-la ou por ameaçar a integridade
de sua família. Estes autores concluíram que a exposição ao conflito conjugal implicou em um
modelo para o desenvolvimento da agressividade infantil. As táticas destrutivas e
emocionalmente negativas utilizadas pelos pais foram relacionadas com a mais alta
probabilidade de emissão de respostas agressivas pela criança, enquanto que a exposição a
comportamentos construtivos e emocionalmente positivos foi relacionada a uma baixa
probabilidade de emissão de respostas agressivas pela criança. A resposta de agressividade
imediata das crianças ao conflito conjugal também foi relacionada à emissão de
comportamentos externalizantes pela criança em outros contextos.
O estudo de O’Brien, Bahadur, Gee, Balto e Erber (1997) fez uma avaliação
mais abrangente da associação entre a manifestação de comportamentos internalizastes e
externalizantes e a existência de conflito parental. Estes autores encontraram correlação
positiva significativa entre a exposição da criança ao conflito parental e o desenvolvimento de
comportamentos internalizantes pela criança, especialmente a depressão infantil.
Além disso, alguns dos estudos enfocando a influência do relacionamento
conjugal conflituoso sobre os filhos do casal mostram que este age como um fator de risco
associado ao consumo de drogas por adolescentes. Como exemplo, Tavares, Béria e Lima
(2004) estudaram uma amostra de 2410 adolescentes entre 14 e 19 anos de idade de uma
cidade do Rio Grande do Sul. Estes autores encontraram como resultados que o maior uso de
drogas foi relatado por estudantes cujos pais tinham um relacionamento regular, ruim ou
péssimo, em relação àqueles cujos pais mantinham um ótimo ou bom relacionamento.
Este estudo e o anterior mostram que os conflitos parentais podem ter impactos
importantes sobre o desenvolvimento social de seus filhos, gerando conseqüências tanto para
o desenvolvimento atual como para o desenvolvimento posterior, como nos casos de uso de
drogas e depressão.
Alguns autores têm apresentado teorias com o objetivo de explicar como os
conflitos conjugais se tornam fatores de risco para o desenvolvimento infantil, ou seja, como
estes conflitos exercem impacto sobre as crianças, influenciando no aparecimento de
comportamentos internalizantes e externalizantes.
Davies e Cummings (1994) propuseram um modelo baseado na segurança
emocional para explicar a relação entre conflitos parentais e problemas de comportamento de
crianças expostas a esta situação. Estes autores levantaram a hipótese de que crianças são
afligidas pelo conflito parental porque sentem que ele ameaça tanto sua segurança pessoal
quanto o seu relacionamento com seus cuidadores.
32
Estes autores explicam que a situação de conflito é altamente aversiva para as
crianças, o que faz com que elas reajam emocionalmente e instrumentalmente com o objetivo
de reduzir essa situação. Em conseqüência, os comportamentos que foram bem sucedidos em
reduzir esta aflição serão mantidos e repetidos em situações futuras de exposição a conflitos,
podendo se tornar reações automáticas e generalizadas para outros contextos, como no
relacionamento com professores e pares. Desse modo, espera-se que a maior parte das
crianças lide com este problema imitando estratégias usadas por seus próprios pais ou outras
altamente aversivas para os pais, com um impacto imediato (por exemplo, gritando, xingando,
batendo, chutando, mordendo etc.). Para estes autores, a exposição da criança a altos níveis de
conflito parental coloca em perigo sua segurança emocional e aumenta cada vez mais o risco
de que ela venha a desenvolver problemas de comportamento.
O’Brien et. al. (1997) fizeram uma revisão de alguns estudos prévios
mostrando que, muitas vezes, a criança sente que ela é a fonte dos sentimentos negativos do
casal. Ao mesmo tempo, os esforços sem sucesso que a criança faz para encerrar as situações
de conflito produzem nela o sentimento de desamparo que pode levar à depressão infantil.
Além da influência direta que os conflitos conjugais parecem ter sobre o estado
emocional da criança (sentimentos de culpa e inutilidade) e o desenvolvimento de
comportamentos inadequados por parte da criança, a qualidade do relacionamento conjugal
tem sido apontada na literatura como um fator de grande influência nos padrões de cuidado
por parte do casal, para com os filhos e a conseqüente qualidade da relação entre pais e filhos.
Segundo alguns autores, quando os casamentos são saudáveis, os cônjuges
proporcionam mais suporte um ao outro e, especialmente, existe mais apoio emocional dos
pais às mães, o que favorece o desenvolvimento saudável dos filhos, ocorrendo o contrário
quando as relações maritais são insatisfatórias (Belsky, 1981, 1984; Erel & Burman, 1995;
Gottman, 1993, 1998; Gottman & Silver, 1999).
Um estudo brasileiro ilustra a percepção dos próprios pais em relação ao
impacto dos conflitos conjugais nos filhos. Braz, Dessen e Silva (2005) estudaram a relação
entre conflitos conjugais e práticas parentais em 14 famílias de classe média e baixa do
Distrito Federal. Elas realizaram entrevistas com cada membro do casal, individualmente.
Quanto à existência de brigas entre o casal, 79% das mulheres relataram a ocorrência de
conflitos, mas apenas uma relatou haver violência física durante os conflitos.
Ainda neste estudo, a grande maioria dos participantes (86%) acreditava na
influência das relações maritais no relacionamento com os filhos, tanto de forma direta, como
indireta. As formas diretas de influência encontradas pelas autoras foram: a) as práticas
33
educativas dos pais com seus filhos (54%); b) a transmissão de amor e segurança aos filhos,
quando a relação conjugal era boa (27%); c) o engajamento dos pais em atividades de
educação e cuidado dos filhos, quando predominava o bom relacionamento conjugal (25%) e
d) a transmissão de sentimentos negativos aos filhos, quando as relações conjugais eram ruins
(18%). As autoras deste estudo consideraram a qualidade da relação conjugal (boa ou ruim)
como uma variável moderadora, porque diminui ou eleva a freqüência de conflitos, afetando a
qualidade do relacionamento dos pais com os filhos:
“(...) quando o relacionamento do casal é bom, os cônjuges acreditam
que o diálogo entre eles sobre aspectos do desenvolvimento e
educação de filhos contribui para torná-los mães e pais mais tranqüilos
e adequados, melhorando, assim, a qualidade da relação parental
(32%). Um relacionamento marital ruim favorece a emergência de
discordâncias, principalmente quanto a aspectos do desenvolvimento e
da educação dos filhos, o que causa estresse e irritação em mães e pais,
piorando a qualidade da relação genitores-criança (7%). A maioria dos
cônjuges de classe média e baixa concorda que o bom relacionamento
conjugal transmite amor e segurança aos filhos e influencia
diretamente as relações parentais, particularmente no que tange às
práticas educativas (...)”p. (159)
Resultados similares, com uma amostra maior de famílias, foram obtidos por
Fauchier e Margolin (2004). Eles estudaram a existência de afeição e de conflito no
relacionamento conjugal e suas influências sobre o relacionamento dos pais com a criança.
Foram coletados relatos das mães, dos pais e das crianças (na faixa etária de nove a dez anos
de idade) em uma amostra de 87 famílias da comunidade. Os resultados mostraram correlação
negativa entre a afeição e o conflito existente dentro dos relacionamentos conjugais. A maior
parte dos relatos mostrou uma correlação positiva entre o conflito conjugal e conflito na
relação dos pais com a criança, assim como também a afeição na relação conjugal foi
correlacionada à afeição na relação com a criança.
Embora haja um grande corpo de pesquisa a respeito da relação entre
exposição ao conflito entre adultos e as reações comportamentais e emocionais apresentadas
por crianças, Ingoldsby, Shaw, Owens e Winslow (1999) afirmaram que a maior parte dos
estudos realizados com este objetivo tem utilizado amostras relativamente pequenas de casais
de classe média, com famílias de descendência caucasiana. Poucos estudos têm investigado a
relação entre conflito familiar e problemas de desajustamento da criança com crianças em
idade pré-escolar.
34
Outro importante ponto a ser considerado no relacionamento conjugal é a
satisfação dos membros do casal com relação ao próprio relacionamento conjugal. Os estudos
que verificam a associação entre o relacionamento conjugal e o desenvolvimento infantil
parecem apontar que quando cada um dos membros do casal se sente satisfeito com o
casamento e a incidência de conflitos entre o casal é baixa, o relacionamento conjugal parece
funcionar como um fator de proteção para o desenvolvimento infantil. Ao contrário, quando o
relacionamento do casal é permeado por discórdia e conflitos e a satisfação dos cônjuges
quanto ao relacionamento é pequena, este relacionamento parece exercer o papel de fator de
risco para o desenvolvimento infantil.
Braz, Dessen e Silva (2005) concluíram que o que parece sustentar um
casamento satisfatório é a capacidade dos parceiros entrarem em acordo e cederem diante de
situações conflituosas e, também, o fato de eles possuírem características em comum. Esses
dados são coerentes com aqueles obtidos por Gottman (1993, 1998) e Gottman & Silver
(1999).
A família vista como ambiente de proteção
Se, por um lado, existem fatores que podem ser considerados como de risco
para o desenvolvimento, por outro lado, existem fatores que podem ser considerados de
proteção para o mesmo. Nas palavras de Silveira, Silvares e Marton (2003) temos que “os
fatores de proteção, por outro lado, são recursos pessoais ou sociais que atenuam ou
neutralizam o impacto do risco.” (p. 60)
Segundo Dumka, Rosa, Michaels e Suh (1995), os fatores positivos do
ambiente em que a criança vive podem funcionar como fatores de proteção. Melo, Silvares e
Conte (2004) afirmaram que os fatores de proteção para o desenvolvimento infantil, ou seja,
os fatores que diminuem a susceptibilidade da criança aos fatores de risco são: a) relação
positiva da criança com, pelo menos, um dos pais ou adulto; b) nível de coesão e afeto
relativamente alto na família em relação aos episódios de discórdia e c) eventos positivos
estáveis na família, como pais fazendo coisas de que a criança gosta regularmente.
Na mesma direção, Marturano (2004) salienta que as dificuldades apresentadas
pelas crianças quanto ao desenvolvimento social parecem ser atenuadas com a presença de
mecanismos de proteção associados ao suporte parental.
35
Assim, pode-se concluir que o ambiente familiar, que engloba tanto as
características dos pais como as características do relacionamento entre eles, pode funcionar
tanto como fator de risco como fator de proteção para o desenvolvimento social da criança.
Segundo Del Prette e Del Prette (2005), “a aprendizagem de habilidades sociais
se dá continuamente, durante toda a vida, permitindo que dificuldades ocasionais ou déficits
possam ser superados” (p.50). No entanto, os mesmos autores afirmam que esforços voltados
para a prevenção de comportamentos anti-sociais têm sido considerados importantes na
literatura, principalmente por dois motivos: 1. estudos mostram que, quanto mais cedo as
dificuldades interpessoais forem detectadas e trabalhadas, maior será a probabilidade de
superação destas dificuldades (Loeber, 1991); e 2. o investimento relacionado à prevenção de
dificuldades interpessoais (como programas de desenvolvimento interpessoal de crianças e
suas famílias) é muito menor se comparado ao custo de programas ou tratamentos que tenham
como objetivo corrigir ou minimizar dificuldades já existentes.
Em relação à intervenção preventiva com famílias de crianças que apresentam
problemas de comportamento e baixo rendimento escolar, Ferreira e Marturano (2002)
afirmaram que
“o atendimento a essas crianças não pode ficar circunscrito às
questões escolares (...) há necessidade de implementar modalidades de
intervenção preventiva que incluam o sistema familiar e focalizem as
tarefas de desenvolvimento e os mecanismos de proteção e
vulnerabilidade da fase escolar, no contexto das condições de vida e
desenvolvimento dessa população”. (pp. 42)
Objetivos do estudo
No conteúdo exposto até o presente momento, foram apresentadas algumas
características dos pais que podem exercer o papel de fatores de risco ou de proteção para o
desenvolvimento social de crianças pequenas: baixa renda, baixa escolaridade, gravidez na
adolescência, isolamento, alto grau de estresse, famílias monoparentais, doença psiquiátrica
parental, história parental criminal e abuso de substâncias, alto grau de conflitos conjugais e
depressão.
Considerando que as características familiares e do relacionamento conjugal
podem exercer o papel de fator de risco ou de proteção para o desenvolvimento da criança e a
36
escassez de estudos brasileiros que tenham como objetivo a pesquisa com famílias de crianças
pequenas, o objetivo geral deste estudo é investigar a relação entre as características dos pais,
e da relação conjugal e o desempenho social de crianças pequenas, ou seja, como estas
características podem favorecer ou estarem relacionadas de alguma forma ao
desenvolvimento de problemas de comportamento ou ao atraso no desenvolvimento social
desejado.
Utilizando a metodologia não-experimental, os objetivos específicos são de
verificar e descrever as correlações entre o desempenho social das crianças e:
a) as características sócio-econômicas do casal: classe social, idade dos pais,
escolaridade dos pais, carga horária diária de trabalho dos pais;
b) o repertório de habilidades sociais conjugais de cada membro do casal;
c) a divisão das atividades domésticas entre o casal;
d) o nível de stress atual, avaliado em cada membro do casal;
e) o tempo dedicado pela mãe às atividades educativas, de cuidados e lazer
para com a criança;
f) uso de diferentes táticas de resolução de conflitos conjugais.
Considerando as características dos pais como parte do ambiente familiar no
qual as crianças estão inseridas, a hipótese relacionada a estas variáveis seria a de que desde o
desenvolvimento social inicial já seria possível observar diferenças no desenvolvimento social
de crianças em que estas variáveis, consideradas como fatores de risco para o
desenvolvimento social, estão presentes com maior freqüência ou intensidade, se comparadas
às crianças cujos pais não apresentam as mesmas características.
Considerando o relacionamento entre os pais, temos a alta freqüência de
conflitos conjugais como fator de risco e a coesão familiar como fator de proteção para o
desenvolvimento social da criança. Além disso, a habilidade dos pais em lidar com as
situações de conflito que possam surgir também pode ser considerada um fator de proteção, se
considerarmos a falta de habilidade para lidar com estas situações como fator de risco. Assim,
têm-se como a segunda hipótese deste estudo que crianças que vivem em um ambiente
familiar cujos pais apresentem menor incidência de conflitos e maior habilidade para
solucioná-los tendem a apresentar um desenvolvimento social mais próximo do esperado para
sua faixa etária, já desde os primeiros anos de vida. Ao contrário, crianças que vivem em um
ambiente no qual o conflito se apresenta como uma variável constante e/ou cujos pais não
tenham habilidades para solucioná-los de forma adequada tendem a apresentar déficits em seu
desenvolvimento social, desde os primeiros anos.
37
A respeito da influência da sobrecarga constante da mãe na realização de
atividades domésticas e de cuidados com o filho, temos como a terceira hipótese deste estudo
que os filhos de mães que estejam sobrecarregadas quanto ao tempo dedicado às atividades
domésticas e às atividades de cuidados com os filhos, tendem a apresentar menos
comportamentos sociais esperados para sua idade, quando comparados aos filhos de mães que
não apresentam sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados com seus filhos.
38
MÉTODO
Participantes e local
Participaram deste estudo 27 casais e seu filho-alvo, com idade entre 15 e 26
meses, matriculado em uma creche para filhos de funcionárias de uma fábrica do setor
industrial na cidade de Araraquara - SP.
Características das crianças
Foram avaliados 13 meninas e 14 meninos. Catorze destas crianças não
possuíam irmãos, onze possuíam um irmão e duas possuíam dois irmãos.
Características dos pais
As mães variaram de idade entre 19 e 41 anos e os pais entre 21 e 43 anos (veja
a Figura 1).
39
3
666
5
1
0
3
2
5
6
7
22
0
1
2
3
4
5
6
7
8
19-21 22-24 25-29 30-34 35-39 40-43 não
respondeu
Idade
Quantidade de pessoas
idade mães idade pais
Figura 1 – Distribuição dos participantes pais, por sexo e faixa etária.
O grau de escolaridade das mães e dos pais foi concentrado no ensino médio
completo (veja a Figura 2), compatível com o fato de pelo menos um dos pais trabalharem em
uma indústria.
2
1
2
22
00
3
4
2
14
3
1
0
5
10
15
20
25
fundamental
incompleto
fundamental
completo
médio
incompleto
médio
completo
superior
incompleto
superior
completo
Grau de escolaridade
Quantidade de pessoas
mães pais
Figura 2 – Distribuição dos participantes, por grau de escolaridade e sexo.
Dos 27 casais, 17 estavam legalmente casados e 10 não, com tempo de vida
conjunta variando entre 2 e 13 anos (veja a Figura 3).
40
14
7
5
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2-5 anos 6-9 anos 10-13 anos não respondeu
Tempo de união
Quantidade de casais
Figura 3 - Distribuição dos casais, por tempo de união.
Em relação à questão de poder aquisitivo (veja a Figura 4), as famílias estavam concentradas
na classe social “C”, segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil (2003).
00
2
4
20
1
0
0
5
10
15
20
25
A1 A2 B1 B2 C D E
Classe Econômica
Quantidade de famílias
Figura 4 – Distribuição das famílias, por Classe Econômica.
Quanto ao horário de trabalho dos pais, percebe-se que houve apenas três
horários diferentes para as mulheres, mas uma variedade maior para os homens (veja a Figura
5
). Este resultado tende a comprometer a possibilidade de detectar uma correlação entre esta
variável, por parte das mulheres, com outras variáveis.
41
16
2
9
0
0
0
7
11
2
2
4
1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
manhã
horário comercial
tarde
noite
trabalho em turnos
não respondeu
Quantidade de pessoas
mãe pai
Figura 5 – Distribuição dos participantes por horário de trabalho e por sexo.
Instrumentos
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
Instrumentos respondidos pelos pais
1. Questionário de características familiares.
Este questionário (Anexo 1) foi utilizado para o levantamento de algumas
características:
dos pais: idade, grau de instrução, profissão, carga diária de trabalho fora
do ambiente familiar, classe econômica, segundo o Critério de
Classificação Econômica Brasil (2003);
42
do relacionamento entre os pais: tempo de união, a satisfação com o
relacionamento conjugal, a divisão entre os cônjuges das tarefas
domésticas e de cuidados com o filho;
do relacionamento das mães com o filho: o tempo que a mãe dedica às
práticas educativas do filho e às atividades de lazer.
2. Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (Villa, 2002)
O Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC – Anexo 2) é baseado no
Inventário de Habilidades Sociais (IHS) construído por Del Prette e Del Prette (2001),
validado em uma amostra de estudantes universitários. Este instrumento apresenta
características psicométricas satisfatórias (Del Prette, Del Prette & Barreto, 1998).
O IHS é composto por 38 itens e cada item apresenta uma situação interpessoal
e uma resposta comportamental a esta situação. Para responder ao instrumento, o respondente
deve fazer uma estimativa da freqüência em que se comportaria da forma apresentada no item,
diante da situação descrita. Esta freqüência é anotada em uma escala de cinco pontos, do tipo
Likert, que varia de “nunca ou raramente” a “sempre ou quase sempre”..
O instrumento proposto por Villa (2002) é uma adaptação do IHS para o
contexto do relacionamento conjugal. Assim, a autora reformulou algumas das situações
interpessoais para torná-las mais propícias ao relacionamento conjugal. Além disso, suprimiu
algumas habilidades do instrumento original, por julgá-las dispensáveis na situação de
relacionamento conjugal como, por exemplo, a habilidade de falar em público. Por este
motivo, o instrumento proposto por Villa (2002) é composto por 31 itens e não 38, como o
instrumento do qual foi originado. Alguns itens foram formulados com um “fraseado
negativo”, nos quais a pontuação mais alta define atitudes menos habilidosas socialmente.
Assim, deve-se inverter a pontuação de tais itens para o cálculo do escore final de habilidades
sociais conjugais do respondente.
No estudo realizado por Villa (2002), o IHSC foi utilizado para realizar uma
comparação das habilidades sociais conjugais entre grupos de casais de diferentes filiações
religiosas.
43
3. Descrição de Situações de Conflito
A Descrição de Situações de Conflito (Anexo 3), desenvolvida pela autora
deste trabalho com base na Escala de Táticas de Conflito (Straus, 1979 – Anexo 4), tem como
objetivo registrar a satisfação com o relacionamento conjugal, os motivos mais freqüentes de
conflito entre o casal e os comportamentos apresentados pelo respondente e por seu cônjuge
diante de situações de conflito.
Para descrever as situações de conflito, foi utilizado o checklist de Straus
(1979), com tradução da autora deste trabalho. São 19 itens: cada item descreve uma
possibilidade de reação (tática de enfrentamento de conflito) a uma situação de conflito
conjugal. Para preencher este instrumento, o participante deve recordar situações de conflito
conjugal experimentadas por ele e assinalar a freqüência com que ele utiliza estas táticas de
enfrentamento de conflito na primeira parte e, na segunda parte, assinalar a freqüência com
que seu parceiro utiliza as mesmas táticas de conflito. A escala de freqüência segue o formato
Likert, variando de “nunca ou raramente” a “sempre ou quase sempre”.
Para pontuar as respostas para este instrumento foi utilizada a escala de pontos
a seguir:
0,5 – nunca ou raramente;
2,5 – com pouca freqüência;
5,0 – com regular freqüência,
7,5 – muito freqüentemente
9,5 – sempre ou quase sempre.
4. Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp (ISSL – Lipp, 2000)
O ISSL é um instrumento de avaliação do nível de stress experimentado pela
pessoa, no momento da avaliação. O instrumento é composto por três partes: na primeira o
respondente deve assinalar os sintomas experimentados por ele nas última 24 horas; na
segunda, os sintomas experimentados por ele na última semana e na terceira, os sintomas
experimentados por ele no último mês. Por meio da pontuação obtida, é possível classificar o
44
respondente em um dos quatro níveis de stress: alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão.
Além disso, o instrumento permite identificar se o stress experimentado pela pessoa está
relacionado mais fortemente a sintomas físicos ou psicológicos.
Este instrumento está padronizado para a população brasileira. O instrumento
foi construído para a população adulta e considera como adultas pessoas com idade a partir de
15 anos.
Para efeito deste estudo, este instrumento foi adicionado ao instrumento
anterior (Anexo 3), com o objetivo de minimizar a quantidade de instrumentos enviados aos
pais e assim, aumentar as chances de que os respondentes devolvessem todos os instrumentos
a eles enviados. À divisão do instrumento que continha o ISSL foi dado o nome “Avaliação
de sua saúde” para posicionar o respondente quanto ao objetivo de análise de suas respostas.
Neste estudo este instrumento não foi utilizado para avaliar o stress
experimentado por pais e mães, mas para identificar a quantidade de sintomas físicos e
psicológicos experimentados por eles e para efeito de comparação destas quantidades por
meio de correlações com outras variáveis do estudo como carga de trabalho diária fora de casa,
por exemplo.
Medidas das crianças
- O Inventário Portage Operacionalizado (Williams & Aiello, 2001)
O Inventário Portage Operacionalizado é um instrumento de avaliação
sistemática de cinco áreas do desenvolvimento: desenvolvimento motor, cognição, linguagem,
socialização e auto-cuidados de crianças na faixa etária de 0 a 6 anos e uma sexta área –
estimulação infantil – específica para bebês. Em acordo com os objetivos deste estudo, foram
utilizados apenas os 15 itens da área de socialização destinados às crianças de 1 a 2 anos
(Anexo 5), para avaliar seu desenvolvimento social.
A definição de socialização apresentada neste instrumento refere-se às
“habilidades relevantes na interação com as pessoas.” (p.5)
Os itens deste instrumento foram elaborados com base em padrões normais de
desenvolvimento, mas as autoras alertam que mesmo assim, é provável que nenhuma criança
45
considerada com desenvolvimento normal siga com exatidão a seqüência proposta. Assim,
não é necessário que a pessoa que utiliza o instrumento siga a seqüência exata de
comportamentos apresentada, mas pode ficar livre para alterar a seqüência de
comportamentos, de acordo com as necessidades da criança avaliada.
Para realizar a avaliação da criança, as autoras recomendam que a observação
seja iniciada pelos itens que compõem uma faixa etária anterior a faixa etária em que a
criança se encontra. Assim, para avaliar crianças na faixa etária de 1 a 2 anos, deve-se iniciar
a avaliação pelos itens destinados à faixa etária de 0 a 1 ano e avançar posteriormente para a
faixa etária na qual a criança se encontra. Este procedimento foi utilizado nesta pesquisa, mas
para a análise dos dados optou-se em utilizar apenas os itens referentes à faixa etária de 1 a 2
anos.
Outra adaptação realizada na utilização deste instrumento foi quanto ao
encerramento da avaliação de cada criança, visto que a orientação das autoras é de que a
avaliação de uma área do desenvolvimento seja encerrada apenas quando a criança apresentar
quinze respostas consecutivas incorretas, o que implicaria em continuar avaliando a criança
nos itens pertencentes às próximas faixas etárias (2 a 3 anos, 3 a 4 anos) até que isto ocorresse.
Considerando os objetivos desta pesquisa, a pesquisadora concluiu a avaliação de cada
criança no último item da área de socialização para a faixa etária de 1 a 2 anos.
Além da seqüência de comportamentos a serem avaliados, o instrumento
apresenta também um modelo de folha de registro para ser utilizada durante a avaliação das
crianças. Nesta folha, o avaliador deve assinalar os comportamentos apresentados e calcular a
porcentagem de comportamentos apresentados em relação ao total de comportamentos
esperados para a faixa etária em questão. Assim, é possível obter um percentual do
desenvolvimento alcançado pela criança até o momento, considerando uma determinada faixa
etária.
46
Procedimento
Procedimentos preliminares e cuidados éticos
A pesquisadora visitou a creche para esclarecer os objetivos da pesquisa e pedir
autorização para a realização da mesma. Concedida a autorização pela creche, a pesquisadora
realizou um levantamento dos alunos que estavam na faixa etária de um a dois anos. A
pesquisadora realizou uma reunião com as mães dessas crianças, com o objetivo de esclarecer
os objetivos gerais da pesquisa e solicitar sua colaboração. Nesta primeira reunião, a
pesquisadora apresentou o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (Anexo 6) e pediu
às mães que tiverem disponibilidade para participar da pesquisa que o assinassem, após o
esclarecimento de dúvidas pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da
UFSCar e sua realização foi aprovada (Anexo 7).
Coleta de dados
A coleta de dados com os pais e com as crianças ocorreu simultaneamente.
Para a coleta de dados com os pais, a pesquisadora enviou cada um dos
instrumentos em envelopes individuais, colocados na mochila de cada criança, acompanhados
de um bilhete explicativo sobre a forma de realizar o preenchimento dos mesmos. Além disso,
em todos os bilhetes a pesquisadora mencionava seu contato, colocando-se à disposição dos
participantes para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que pudessem surgir durante o
preenchimento dos instrumentos. Para facilitar o preenchimento dos instrumentos e não
sobrecarregar os participantes, a pesquisadora optou por enviar um instrumento de cada vez,
respeitando o tempo de preenchimento dos participantes. Assim, a pesquisadora enviava um
novo instrumento para os pais somente após a devolução do instrumento enviado
anteriormente e a constatação de que este estava devidamente preenchido.
A coleta de dados com as crianças ocorreu durante o horário em que elas
estavam na creche, respeitando o horário normal de permanência das mesmas neste local e a
47
rotina a que elas eram submetidas (higiene, alimentação, lazer), sem alteração da pesquisadora
na seqüência ou andamento das atividades. Durante as atividades educativas e de lazer, a
pesquisadora introduzia os elementos necessários para a avaliação das crianças, além de
observá-las em atividades de sua rotina.
Embora as autoras do Inventário Portage Operacionalizado orientem a respeito
da importância de que a avaliação seja conduzida por uma pessoa próxima à criança como um
dos pais ou um professor no papel de mediador, a pesquisadora intercalou momentos em que
a berçarista da creche atuou como mediadora e momentos nos quais a própria pesquisadora
realizou as orientações necessárias junto à criança para sua avaliação. Para tanto, a
pesquisadora tomou o cuidado de permanecer com as crianças durante algum tempo,
participando de atividades de sua rotina como dos momentos de lazer e alimentação para que
elas se familiarizassem com a pesquisadora antes da avaliação e conseguissem se comportar e
interagir naturalmente coma pesquisadora durante a avaliação.
Para o esclarecimento de dúvidas a respeito do comportamento das crianças, a
pesquisadora teve acesso às agendas das crianças, nas quais as berçaristas registravam
mensalmente o desenvolvimento das crianças e também pôde consultar as próprias berçaristas
sobre a ocorrência ou ausência de um determinado comportamento no repertório das crianças.
Considerando que estas informações foram utilizadas apenas para o esclarecimento de
dúvidas por parte da pesquisadora, é importante destacar que toda a avaliação foi realizada
com base nos registros de observação da própria pesquisadora.
Análise dos dados
Os dados coletados foram submetidos a testes de correlação estatística de
Pearson com o objetivo de avaliar a existência de correlação entre o desempenho social das
crianças e:
as características sócio-econômicas do casal: classe social, idade dos pais,
escolaridade dos pais, carga horária diária de trabalho dos pais.
o repertório de habilidades sociais conjugais de cada membro do casal;
a divisão das atividades domésticas entre o casal;
o nível de stress atual, avaliado em cada membro do casal;
48
o tempo dedicado pela mãe às atividades educativas, de cuidados e lazer
para com a criança;
uso de diferentes táticas de resolução de conflitos conjugais.
49
RESULTADOS
No início dos resultados, apresentam-se informações descritivas sobre as
variáveis de interesse. Portanto, tendo em vista que alguns dos dados sócio-demográficos já
foram apresentados no método (classe econômica, idade dos pais, escolaridade dos pais), estes
dados não serão repetidos aqui. Em seguida, apresentam-se as correlações entre as variáveis
de interesse (ligadas aos pais) e a medida de desempenho social por parte das crianças.
I. Dados descritivos
A carga horária diária de trabalho fora de casa das mulheres incluídas nesta
amostra foi de oito horas por dia para 26 das participantes e sete horas por dia para uma
participante (veja a Figura 6). Desta forma, em função do trancamento do leque de variações
envolvendo esta variável, ela não poderá apresentar correlações significativas com outras
variáveis.
8,07,57,0
Número de participantes
30
20
10
0
Std. Dev = ,19
Mean = 8,0
N = 27,00
Figura 6 - Número de horas dedicadas por dia ao trabalho fora de casa, pelas mulheres
50
A carga horária diária de trabalho fora de casa dos homens incluídos nesta
amostra variou entre oito e quinze horas por dia (veja a Figura 7). Embora a distribuição nesta
variável para esta amostra seja concentrada em poucos valores (assimetria positiva), ela
poderia apresentar uma correlação fraca, mas significativa com outras variáveis. Esta variável
apresentou N-26 devido a ausência de resposta de um dos participantes.
16,014,012,010,08,0
mero de participantes
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Std. Dev = 1,88
Mean = 9,4
N = 26,00
Figura 7 - Número de horas dedicadas por dia ao trabalho fora de casa, pelos homens.
Tempo dedicado pelas mães e pelos pais às atividades domésticas
A Tabela 1 mostra que, embora o número de horas trabalhadas pela mulher em
casa seja maior que o número de horas trabalhadas pelos homens em casa, nos dias de
descanso ambos parecem duplicar o tempo que se dedicam a estas atividades.
Tabela 1 – Média de horas dedicadas pelas mães e pelos pais às atividades domésticas, nos dias de
trabalho e nos dias de folga.
Média de horas diárias dedicadas às atividades domésticas
dias trabalhados dias de folga
mães 3,23 6,44
pais 1 2,65
51
Das 27 mães que participaram desta pesquisa, 18 (66,6%) relataram ter alguém
que as ajudam a realizar as atividades domésticas. Destas, 17 mencionaram o marido como
pelo menos uma das pessoas que as ajudam. Também foram mencionadas outras pessoas da
família como fonte de ajuda como mãe, filhas e enteada.
Tempo dedicado pelas mães às atividades com o filho
A Tabela 2mostra o tempo relatado pelas mães quanto à sua dedicação diária às
atividades de cuidados, educativas e de lazer para com seus filhos. Como é esperado para esta
faixa etária, as atividades de cuidados (dar banho, trocar fraldas, dar comida e colocar para
dormir) ocupam boa parte do tempo que as mães dedicam aos seus filhos, pois estes são ainda
bastante dependentes para estas atividades.
Em segundo lugar, as mães relataram dedicar mais tempo às atividades
educativas (consideradas neste estudo como ler uma história ou ensinar algo novo) e em
terceiro lugar, apareceram as atividades de lazer. Neste estudo, os exemplos utilizados para
atividades de lazer foram brincar com a criança e/ou levar a criança para que ela brinque em
algum lugar como uma praça, um parque ou um clube.
Ao analisar as horas dedicadas pelas mães aos filhos nos dias de folga,
percebe-se que todas as atividades de dedicação aos filhos aumentaram em número de horas
se compararmos ao número de horas dedicadas pelas mães às mesmas atividades nos dias
trabalhados. Este dado parece mostrar a preocupação das mães em dedicar também tempo a
atividades educativas e de lazer com os filhos, além das atividades básicas de cuidados.
Tabela 2 – Média de horas dedicadas pelas mães às atividades educativas, de cuidados e de lazer com
os filhos, nos dias de trabalho e nos dias de folga.
Média de horas dedicadas pelas mães
dias trabalhados dias de folga
cuidados 4,14 6,42
educativas 2,47 3,95
lazer 1,42 3,86
52
Repertório de habilidades sociais conjugais dos pais
Houve uma variação considerável em relação às habilidades sociais conjugais
dos participantes (veja a Figura 8 e Figura 9). Os escores variaram de 46 a 107 pontos, entre as
mães, e de 46 a 104 pontos, entre os pais, mas a diferença nas pontuações atribuídas pelas
mães e pelos pais não foi estatisticamente significativa (p > 0, 05). Considerando que o valor
máximo que o instrumento pode registrar é 124 pontos, as pontuações obtidas estavam
concentradas em valores médios e médio-altos.
105
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
Número de mães
6
5
4
3
2
1
0
Std. Dev = 17,90
Mean = 87
N = 27,00
Figura 8 – Distribuição dos escores no Inventário de Habilidades Sociais Conjugais – mães
53
105
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
Número de pais
10
8
6
4
2
0
Std. Dev = 13,61
Mean = 83
N = 27,00
Figura 9 – Distribuição dos escores no Inventário de Habilidades Sociais Conjugais – pais
Sintomas de stress apresentados pelos pais
Na presente pesquisa, os objetivos não incluíram a questão de diagnosticar
casos de stress alto, mas sim, de captar variações no número de sintomas físicos e
psicológicos de stress sinalizados pelos participantes (veja as Figuras 10 a 13). A maioria dos
participantes sinalizou poucos sintomas físicos ou psicológicos de stress, mas houve
pontuações diversas, incluindo algumas pessoas com stress alto. Em relação ao compromisso
ético com os respondentes, aqueles com níveis de stress que representam uma ameaça a sua
saúde foram alertados sobre este problema, aconselhando estes indivíduos a examinarem as
demandas presentes em suas vidas, de preferência com a assessoria de um Psicólogo, com o
objetivo de reduzir seu stress a níveis não perigosos.
A distribuição dos sintomas físicos e psicológicos apresentados pelas mães
pode ser observada na Figura 10 e Figura 11, apresentadas a seguir:
54
1086420
Número de mães
12
10
8
6
4
2
0
Std. Dev = 2,16
Mean = 3
N = 27,00
Figura 10 – Distribuição do número de sintomas físicos de stress – mães
121086420
Número de mães
14
12
10
8
6
4
2
0
Std. Dev = 3,20
Mean = 3
N = 27,00
Figura 11 – Distribuição do número de sintomas psicológicos de stress – mães.
Entre as mães, o número de sintomas de stress físico variou de 0 a 9, sendo que
a maior parte delas apresentou até 3 sintomas (66,6%). A média de sintomas físicos
55
apresentados pelas mães foi de 3 sintomas. Das 27 participantes, apenas 4 apresentaram mais
que 5 sintomas físicos, sendo que destas, duas apresentaram 6 sintomas, uma apresentou 7
sintomas e uma apresentou 9 sintomas, como mostra a Tabela 3, a seguir.
Tabela 3 - Sintomas de stress físico apresentados pelas mães.
Sintomas de Stress Físico mães
Número de sintomas Quantidade de mães Porcentagem (%)
0 2 7,4
1 4 14,8
2 7 25,9
3 5 18,5
4 3 11,1
5 2 7,4
6 2 7,4
7 1 3,7
8 0 0,0
9 1 3,7
Total 27 100,0
Em relação aos sintomas psicológicos apresentados pelas mães (veja a Tabela
4), a média de sintomas tamm foi igual a 3, mas houve uma variação maior, com duas mães
apresentando 11 sintomas e uma mãe apresentando 10 sintomas. Mesmo assim, a maior
concentração de participantes apresentou até 4 sintomas (85,1%).
Tabela 4 - Sintomas de stress psicológico apresentados pelas mães.
Sintomas de Stress Psicológico mães
Número de sintomas Quantidade de mães Porcentagem (%)
0 3 11,1
1 7 25,9
2 6 22,2
3 4 14,8
4 3 11,1
5 0 0,0
6 0 0,0
7 0 0,0
8 1 3,7
9 0 0,0
10 1 3,7
11 2 7,4
Total 27 100,0
56
A Figura 12 e a Figura 13 mostram a distribuição dos sintomas físicos e
psicológicos de stress apresentados pelos pais:
8
6
4
2
0
mero de pais
10
8
6
4
2
0
Std. Dev = 2,18
Mean = 3
N = 27,00
Figura 12 – Distribuição do número de sintomas físicos de stress – pais.
543210
mero de pais
8
6
4
2
0
Std. Dev = 1,63
Mean = 2
N = 27,00
Figura 13 – Distribuição do número de sintomas psicológicos de stress – pais.
57
Em relação aos sintomas físicos de stress apresentados pelos pais (veja a Tabela
5
), a média de sintomas tamm foi igual a 3 e o número de sintomas variou de 0 (22,2%) a 8
(3,7%).
Em relação aos sintomas psicológicos (veja a Tabela 6) é possível observar um
número bastante baixo de sintomas: apenas apresentados pelos pais: apenas um pai apresentou
5 sintomas, sendo a média de sintomas psicológicos apresentados pelos pais igual a 2. A
variação de sintomas psicológicos de stress entre os pais (0 a 5 sintomas) foi bem inferior a
variação dos mesmos sintomas relatados pelas mães (0 a 11 sintomas).
Tabela 5 - Sintomas de stress físico apresentados pelos pais.
Sintomas de Stress Físico pais
Número de sintomas Quantidade de mães Porcentagem (%)
0 6 22,2
1 2 7,4
2 6 22,2
3 5 18,5
4 3 11,1
5 1 3,7
6 3 11,1
7 0 0,0
8 1 3,7
Total 27 100,0
Tabela 6 - Sintomas de stress psicológico apresentados pelos pais.
Sintomas de Stress Psicológico pais
Número de sintomas Quantidade de mães Porcentagem (%)
0 7 25,9
1 7 25,9
2 4 14,8
3 2 7,4
4 6 22,2
5 1 3,7
Total 27 100,0
58
Satisfação com o relacionamento conjugal
A grande maioria dos respondentes do sexo masculino (85%) e do sexo
feminino (80%) respondeu que estava feliz com seu relacionamento conjugal na maioria dos
dias ou que estavam totalmente felizes (veja a Figura 14).
10
12
4
0
0
1
16
7
2
1
0
1
024681012141618
totalmente feliz
feliz na maioria dos
dias
feliz às vezes
não feliz muitas vezes
não feliz na maioria dos
dias
não respondeu
Quantidade de pessoas
mulheres homens
Figura 14 – Distribuição dos participantes, por satisfação com o relacionamento atual e por sexo
Motivos dos conflitos conjugais
Não obstante o alto grau de felicidade relatado, quase todos os participantes
também indicaram que passavam por conflitos conjugais. Solicitou-se aos respondentes que
indicassem os principais motivos destes conflitos, antes de responder ao instrumento usado
para avaliar as estratégias que usavam para lidar com estas situações (veja Tabela 7). O motivo
citado com maior freqüência, tanto pelas mulheres (28,9% das respostas), como pelos homens
(34,3% das respostas) foi o “jeito de ser do parceiro”. Este motivo pode incluir padrões
discrepantes entre os membros do casal no que diz respeito à: organização de objetos pessoais,
polidez, flexibilidade, dedicação à família versus à profissão, colaboração com atividades
domésticas etc. Vários outros motivos tamm foram mencionados. É interessante observar
59
que, enquanto para as mulheres os filhos são o segundo maior motivo de conflitos conjugais e
o dinheiro em terceiro lugar, para os homens filhos, dinheiro e trabalho aparecem empatados
em segundo lugar. O trabalho, como motivo de conflito conjugal, apareceu em sexto lugar na
opinião das mulheres.
Tabela 7 – Motivos dos conflitos conjugais
Motivos dos conflitos conjugais
motivos mulheres % mulheres homens % homens
Jeito de ser do parceiro 13 28,9 12 34,3
Dinheiro 5 11,1 4 11,4
Filhos 7 15,6 4 11,4
Amigos 4 8,9 2 5,7
Lazer 4 8,9 2 5,7
Família 3 6,7 1 2,9
Intimidade 3 6,7 1 2,9
Comunicação 2 4,4 2 5,7
Trabalho 2 4,4 4 11,4
Outros 1 2,2 0 0,0
Não respondeu 1 2,2 3 8,6
Avaliação do repertório social das crianças
As pontuações obtidas pelas crianças usando o Inventário Portage
Operacionalizado (Williams & Aiello, 2001), em relação ao desempenho social esperado para
sua faixa etária, são apresentadas na Figura 15. Houve variações significativas no desempenho
das crianças, com percentuais variando entre 38,4% para uma criança com 20 meses de idade
e 100% para uma criança com 21 meses de idade.
60
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
Número de crianças
5
4
3
2
1
0
Std. Dev = 15,18
Mean = 72
N = 27,00
Figura 15 – Avaliação do desempenho social das crianças
A diferença entre as pontuações obtidas por meninos e meninas não foi grande,
como é possível observar na Figura 16 e Figura 17, considerando que a pontuação média para
os meninos foi 73,4% e para as meninas 70,6%. Comparando com a média geral (72%), não
foi observada diferença significativa entre o desempenho social de meninos e meninas para
esta amostra.
61
90,080,070,060,050,040,0
Número de meninos
5
4
3
2
1
0
Std. Dev = 15,56
Mean = 73,4
N = 13,00
Figura 16 – Avaliação do desempenho social dos meninos
100,090,080,070,060,050,0
Número de meninas
5
4
3
2
1
0
Std. Dev = 15,28
Mean = 70,6
N = 14,00
Figura 17 – Avaliação do desempenho social das meninas
62
II. Correlações
Para iniciar as análises de possíveis correlações entre as características dos pais
e de seu relacionamento e o desempenho social de seus filhos, cabe observar se alguma das
características das próprias crianças poderia estar correlacionada ao seu desenvolvimento.
A Tabela 8 mostra que não houve correlações significativas entre as
características da criança (sexo, idade e número de irmãos) e seu desempenho social.
Tabela 8 - Correlações entre as características da criança e seu desempenho social
Características da criança Avaliação Portage
Sexo da criança -,091
Idade da criança em meses ,160
Número de irmãos ,051
Relações entre as características dos pais e o desempenho social das crianças
Em segundo lugar, cabe observar as relações entre as características dos pais e
o desempenho social de seus filhos. De acordo com a tabela a seguir, concluímos que não
houve correlações estatísticas significativas entre as características de idade, escolaridade,
renda familiar mensal e carga diária de trabalho das mães e dos pais com o desempenho social
de seus filhos.
Tabela 9 - Correlações entre as características dos pais e o desempenho social de seu filho
Características dos pais Avaliação Portage
Escolaridade mãe ,343
Escolaridade pai ,028
Idade mãe ,005
Idade pai ,050
Carga diária de trabalho mãe ,070
Carga diária de trabalho pai ,176
Renda familiar mensal ,114
63
Relações entre o tempo dedicado pela mãe ao filho e o desempenho social das
crianças
O tempo médio de horas dedicado pela mãe às atividades de cuidados,
atividades educativas e atividades de lazer, tanto nos dias trabalhados como nos dias de folga,
também foi analisado quanto à possibilidade de correlação com o desempenho social de seu
filho.
A Tabela 10mostra que, no caso desta amostra, não houve correlação
significativa entre estas variáveis.
Tabela 10 - Correlações entre o tempo dedicado pela mãe às atividades educativas, de cuidados e de
lazer para com a criança e seu desempenho social
Tempo dedicado pela mãe às atividades com o filho
Avaliação
Portage
Número de horas diárias dedicadas às atividades de cuidados nos dias
trabalhados
,124
Número de horas diárias dedicadas às atividades de cuidados nos dias de
folga
,109
Número de horas diárias dedicadas às atividades educativas nos dias
trabalhados
,057
Número de horas diárias dedicadas às atividades educativas nos dias de
folga
-,062
Número de horas diárias dedicadas às atividades de lazer nos dias
trabalhados
,096
Número de horas diárias dedicadas às atividades de lazer nos dias de
folga
-,119
Relações entre aspectos da relação conjugal e o desempenho social das
crianças
Nenhum dos indicadores da qualidade da relação conjugal foi
significativamente correlacionado com o desempenho social dos seus filhos de 15 a 26 meses
(veja Tabela 11).
64
Tabela 11 - Correlações entre aspectos da relação conjugal e o desempenho social das crianças
Características da relação conjugal Avaliação Portage
Tempo de união dos pais ,048
IHSC mãe -,062
IHSC pai -,259
Relações entre os comportamentos para lidar com conflitos utilizados pelas
mães e pelos pais e o desempenho social de seus filhos
Quanto às táticas para lidar com conflito utilizadas pelas mães, não houve
correlação significativa entre a pontuação atribuída a freqüência de apresentação destes
comportamentos e o desempenho social de seus filhos (veja a Tabela 12).
Tabela 12 - Correlações entre as táticas utilizadas pelas mães para lidar com as situações de conflito e
o desempenho social de seus filhos
Táticas para lidar com conflitos - mães
Avaliação
Portage
Tenta discutir o problema calmamente ,045
Consegue discutir o problema calmamente -,352
Consegue expor informações sobre o seu modo de ver uma situação ou
problema
-,357
Procura ajuda e traz uma pessoa para ajudar a finalizar o problema ou
situação
,070
Discute calorosamente (com entusiasmo) mas sem gritar -,295
Grita e/ou insulta seu parceiro -,361
Fica emburrado e/ou se recusa a falar sobre o assunto -,082
Sai com raiva e batendo o pé do lugar em que estava com seu parceiro -,306
Chora ,308
Faz ou diz alguma coisa para magoar o seu parceiro -,302
No entanto, com relação às táticas para lidar com conflito utilizadas pelos pais,
foi observada uma correlação negativa significativa entre a freqüência do item “Sai com raiva
e batendo o pé do lugar em que estava com seu parceiro” e o desempenho social de seu filho,
o que parece indicar que, quanto menos esta habilidade ocorrer, mais favorável parece estar o
ambiente familiar para o desenvolvimento social da criança de 15 a 26 meses (veja a Tabela
13
).
65
Tabela 13 - Correlações entre as táticas utilizadas pelos pais para lidar com as situações de conflito e o
desempenho social de seus filhos
Táticas para lidar com conflitos - pais Avaliação
Portage
Tenta discutir o problema calmamente -,128
Consegue discutir o problema calmamente -,213
Consegue expor informações sobre o seu modo de ver uma situação ou
problema
-,227
Procura ajuda e traz uma pessoa para ajudar a finalizar o problema ou
situação
-,154
Discute calorosamente (com entusiasmo) mas sem gritar ,140
Grita e/ou insulta seu parceiro -,299
Fica emburrado e/ou se recusa a falar sobre o assunto -,216
Sai com raiva e batendo o pé do lugar em que estava com seu parceiro -,482*
Chora ,061
Faz ou diz alguma coisa para magoar o seu parceiro -,208
* Correlação é significativa, com p < 0,05.
Stress dos pais e o desempenho social das crianças
Apesar das variações presentes em todas as variáveis, as correlações entre as
diferentes medidas de stress e o desempenho social das crianças não foram estatisticamente
significativas.
Tabela 14 - Correlações entre os sintomas de stress dos pais e o desempenho social das crianças
Avaliação Portage
Sintomas físicos de stress – mãe ,227
Sintomas psicológicos de stress - mãe ,176
Sintomas físicos de stress – pai -,009
Sintomas psicológicos de stress– pai ,315
Para melhor entender a coerência de algumas das medidas aplicadas para esta
amostra de participantes, avaliou-se algumas correlações entre diferentes medidas coletadas
com os pais das crianças, que serão apresentadas a seguir.
66
Relações entre habilidades sociais conjugais e stress dos pais
A Tabela 15 apresenta as correlações entre as habilidades sociais conjugais dos
pais e o número de sintomas físicos e psicológicos apresentados por eles. Observaram-se
várias indicações de que os dados coletados possuíam confiabilidade e validade, uma vez que
apareceram fortes correlações positivas entre as medidas de stress físico e psicológico, tanto
para as mulheres quanto para os homens.
Tabela 15 - Correlações entre os sintomas de stress apresentados pelos pais e habilidades sociais
conjugais
Sintomas de Stress –
mãe
Sintomas de Stress –
pai
IHSC
pai
físico psicológico físico psicológico
IHSC –mãe ,554** ,322 ,224 ,032 -,123
IHSC – pai -,110 -,022 -,273 -,318
Sintomas físicos – mãe ,744** ,172 ,068
Sintomas psicológicos –
mãe
,083 -,042
Sintomas físicos – pai ,600**
* Correlação é significativa, com p < 0.05.
** Correlação é significativa, com p < 0.01.
Os dados da Tabela 15 mostram uma correlação positiva e significativa entre
os escores de habilidades sociais das mães e dos pais.
Relações entre habilidades sociais conjugais e a satisfação com o
relacionamento atual
Na
Tabela 16
, apresentada a seguir, podemos observar a existência de uma
correlação positiva significativa entre o escore de habilidades sociais do pai e a satisfação da
mãe com o relacionamento com este companheiro. Como hipóteses para este resultado temos
que quanto mais socialmente habilidoso for o companheiro, mais sua mulher se sentirá bem
em conviver diariamente com ele.
67
Além disso, a forte correlação positiva e significativa entre a satisfação dos
dois membros do casal indica que, quanto mais satisfeito um dos membros do casal se sente
com seu relacionamento, mais satisfeito o outro membro também se sentirá.
Tabela 16 - Correlações entre as habilidades sociais conjugais dos pais e a satisfação com o
relacionamento atual
Satisfação
mãe
Satisfação
pai
IHSC mãe
,292 ,004
IHSC pai ,393*
,161
Satisfação mãe
1
,797**
Satisfação pai
1
* Correlação é significativa, com p < 0.05.
** Correlação é significativa, com p < 0.01
.
Relações entre a carga diária de trabalho dos pais e o stress apresentado por
eles
Com relação à carga de trabalho diária dos pais, não foram encontradas
correlações significativas entre esta variável e a quantidade de sintomas físicos e psicológicos
de stress para esta amostra (veja a Tabela 17). Isso provavelmente se justifica considerando o
fato de que nos casos em que o pai tem maior carga de trabalho fora de casa, este parece
participar menos das atividades domésticas, o que possibilitaria tempo para descanso e
conseqüente equilíbrio físico e psicológico. No caso das mães, a ajuda de outra pessoa
(marido, mãe, outros filhos) com as atividades domésticas possibilitaria também o equilíbrio
mínimo necessário entre trabalho e descanso, não ocasionando sintomas físicos ou
psicológicos excessivos de stress.
68
Tabela 17 - Correlações entre a carga diária de trabalho dos pais e os sintomas de stress físico e
psicológico de mães e pais.
Sintomas de stress
apresentados pelos pais
Carga de
trabalho diária
da mãe
Carga de
trabalho diária
do pai
Sintomas físicos mãe ,099 ,212
Sintomas psicológicos mãe ,130 ,078
Sintomas físicos pai -,031 -,234
Sintomas psicológicos pai -,140 -,042
Relações entre a dedicação dos pais às tarefas domésticas e a carga diária de
trabalho
A figura a seguir mostra que houve uma correlação positiva e significativa
entre a carga de trabalho diária do pai fora de casa e a média de horas diárias dedicadas pela
mãe às atividades domésticas. Assim, podemos pensar que quanto maior a carga de trabalho
do pai fora de casa, maior a quantidade de horas dedicadas pela mãe às atividades domésticas,
já que o marido não se encontra em casa para dividir estas tarefas com ela.
Tabela 18 - Correlações o número de horas diárias dedicadas às atividades domésticas nos dias de
trabalho e nos dias de folga e a carga de trabalho diária de cada um dos pais.
Número de horas diárias
dedicadas às atividades
domésticas
Carga de
trabalho diária
da mãe
Carga de
trabalho diária
do pai
Mãe em dias de trabalho ,034
,491*
Mãe em dias de folga -,126 ,299
Pai em dias de trabalho ,000 ,095
Pai em dias de folga -0,31 ,140
* Correlação é significativa, com p < 0.05.
No entanto, a Tabela 19, apresentada a seguir, mostra que quanto mais a mãe
apresenta sintomas físicos de stress, maior o número de horas dedicadas por seu companheiro
às atividades domésticas nos dias em que ele trabalha.
69
Tabela 19 - Correlações entre o número de horas diárias dedicadas às atividades domésticas nos dias
de trabalho e nos dias de folga e os sintomas físicos e psicológicos de stress de mães e pais.
Número de horas diárias
dedicadas às atividades
domésticas
Sintomas
físicos
de Stress
mãe
Sintomas
psicológicos
de Stress
mãe
Sintomas
físicos
de Stress
físico pai
Sintomas
psicológicos
de Stress
pai
Mãe em dias de trabalho -,065 -,191 -,144 ,064
Mãe em dias de folga ,130 ,007 -,188 ,037
Pai em dias de trabalho
,454*
,344 ,141 ,378
Pai em dias de folga ,248 ,239 ,233 ,149
* Correlação é significativa, com p < 0.05.
Procedimentos posteriores à análise dos resultados
Após a análise dos resultados, a pesquisadora forneceu a cada uma das famílias
participantes da pesquisa um resumo dos resultados obtidos na avaliação do desempenho
social de seu filho, mencionando os pontos adequados quanto ao desenvolvimento social
esperado para esta faixa etária, os comportamentos sociais que podem ser melhorados e dicas
para os pais de como trabalharem com a criança de forma a estimular estes comportamentos.
Esta avaliação foi realizada de forma totalmente individualizada, considerando a observação e
avaliação do desempenho social para cada criança.
Como mencionado no subtítulo Sintomas de stress apresentados pelos pais, a
pesquisadora deu uma devolutiva aos pais que apresentaram um número de sintomas de stress
acima do esperado, segundo o instrumento ISSL, utilizado para a avaliação dos sintomas de
stress. A pesquisadora orientou que estes pais procurassem atendimento psicológico, a fim de
diminuírem e controlarem seus os sintomas de stress observados, mantendo-os em níveis não
prejudiciais para sua saúde física e mental.
70
DISCUSSÃO
Para melhor discutirmos os resultados apresentados, cabe aqui retomar o
objetivo principal deste estudo: analisar as correlações que possam existir entre as
características dos pais e de seu relacionamento que possam exercer o papel de fator de risco
para o desenvolvimento infantil (como baixa renda, baixa escolaridade, alto grau de stress e
alto grau de conflitos conjugais) e o desempenho social apresentado por seus filhos, na
avaliação com eles realizada.
Este estudo se propôs a investigar como as características dos pais e de seu
relacionamento podem favorecer ou estarem relacionadas de alguma forma ao
desenvolvimento de problemas de comportamento ou ao atraso no desenvolvimento social
desejado, para crianças com idade entre 15 e 26 meses.
Por se tratar de um estudo com metodologia não-experimental, os resultados
principais desta pesquisa envolvem uma série de correlações. No entanto, a possibilidade de
observar correlações, quando estas de fato existem na população de interesse, depende da
distribuição dos valores observados em cada uma das variáveis, na amostra de participantes.
No geral, variáveis que apresentem pouca variação na amostra usada (em função de fatores
presentes na amostra de participantes que restringem variações) não permitem determinar a
real correlação entre as duas variáveis.
Na análise dos dados foi possível observar que a maior parte das variáveis
analisadas não apresentou correlações significativas com o desempenho social destas crianças.
Isso porque, para grande parte das características avaliadas, a amostra apresentou grande
homogeneidade: classe social (a maior parte dos participantes se concentrou na classe C),
escolaridade dos pais (a maior parte dos participantes apresentou ensino médio completo),
horário de trabalho das mães (ficou concentrado entre os horários da manhã e tarde) e horário
de trabalho dos pais (se concentrou entre o horário comercial e o da manhã). Também quanto
ao número de horas trabalhadas por dia, quase não houve variação no caso das mulheres (alta
concentração de participantes relatou trabalhar oito horas por dia). No caso dos homens, este
número variou de 8 a 15 horas por dia, mas a maior parte dos participantes esteve concentrada
entre 8 a 9 horas por dia de trabalho, havendo poucos participantes acima desta média.
Assim, com base nos testes de correlação realizados, concluímos que não
houve correlações estatísticas significativas entre as características de idade, escolaridade,
71
renda familiar mensal e carga diária de trabalho das mães e dos pais com o desempenho social
de seus filhos.
Quanto ao relacionamento conjugal, as características tempo de união dos pais
e os escores de habilidades sociais conjugais de pais e mães não apresentaram correlações
significativas com a avaliação do desempenho social apresentado pelas crianças. Concluímos
que algumas limitações do presente trabalho podem ter influenciado neste resultado,
principalmente porque os dados foram coletados com crianças freqüentando uma única creche.
Esse dado pode estar relacionado ao fato de que as variações ocorridas em algumas das
variáveis foram relativamente pequenas.
Desse modo, para melhor testar as hipóteses levantadas, seria interessante obter
uma amostra de participantes mais diversificada em relação às variáveis de interesse,
principalmente quanto às habilidades sociais conjugais apresentadas pelos pais das crianças a
serem avaliadas. Acredita-se que em pesquisas futuras, realizadas com um grupo de pais com
habilidades sociais conjugais menos adequadas e que apresentem, conseqüentemente, maior
dificuldade para lidar com conflitos, impactos mais marcantes sobre o desempenho social dos
seus filhos possam ser observados.
Percebe-se, por exemplo, que todos os casais desta amostra estavam juntos por,
no mínimo, dois anos. Assim, todos estes casais estavam formados antes da concepção do
filho-alvo. Acredita-se que este fato tenha influenciado positivamente na formação de uma
estrutura familiar que favorece a ocorrência de um convívio familiar harmonioso, no que diz
respeito aos comportamentos utilizados pelos membros do casal para lidarem com seus
conflitos de interesse, considerando que quase todos os pais nesta amostra se avaliaram como
razoavelmente habilidosos no que diz respeito à percepção de suas habilidades sociais
conjugais. Como sugestão para estudos futuros, poderia ser feita uma comparação das
habilidades sociais conjugais com pais e mães de famílias mais diversificadas (como por
exemplo, com casais que tenham se formado após um dos membros já ter tido pelo menos um
filho), já que na realidade brasileira mais geral existe um número de casos significativos de
filhos que nascem fora de um relacionamento conjugal estável (em torno de 20%).
Os participantes também apresentaram grande homogeneidade em relação à
satisfação com o relacionamento conjugal, sendo que a maior parte dos participantes, tanto
homens como mulheres, relatou estar “totalmente feliz” com sua união ou “feliz na maior
parte dos dias”. Este dado pode ser questionado, considerando a possibilidade de que a maior
parte dos participantes possa ter dado uma resposta socialmente aceitável, que não
necessariamente corresponda à realidade do casal.
72
Por outro lado, se estas respostas corresponderem de fato à realidade
experimentada por estes casais pode haver coerência entre os dados de satisfação com a união
atual e a média de habilidades sociais conjugais apresentadas pelas mulheres (M=87) e pelos
homens (M=83). Considerando que o escore máximo permitido para o instrumento utilizado é
de 124 pontos, o percentual médio de pontos alcançado pelas mulheres foi de 70,1% e o dos
homens foi de 66,9%, o que pode ser considerado um bom percentual.
Assim, é possível compreender a correlação positiva e significativa entre a
satisfação das mulheres com relação ao seu relacionamento e o escore de habilidades sociais
de seus companheiros. Podemos supor que quanto mais habilidoso socialmente seu
companheiro se apresentar, mais satisfeita com a união a mulher se sentirá e quanto mais ela
estiver satisfeita com seu relacionamento conjugal, mais ela tenderá a se comportar de forma
agradável em relação ao parceiro, o que fará com que este também venha a se sentir satisfeito
e novamente venha a se comportar de forma mais agradável para com ela, formando dessa
forma um ciclo benéfico para a família como um todo.
Quanto às habilidades sociais dos pais observamos, no entanto, uma correlação
positiva e significativa entre os escores de habilidades sociais dos pais e das mães. Uma
hipótese é a de que as mulheres mais habilidosas socialmente venham a se unir com homens
mais socialmente habilidosos e vice-versa, pelo fato de as pessoas mais socialmente
habilidosas talvez valorizarem esta característica em outras pessoas e, por este motivo,
escolherem pessoas com estas características para companheiro.
Este dado também pode ser discutido considerando-se a forma sistêmica de ver
a família mencionada na introdução. Pode-se pensar que quanto mais habilidosas forem as
mulheres em seu relacionamento conjugal, mais os homens se comportarão também de forma
mais habilidosa e vice-versa. Assim, temos a hipótese de que para a maior parte das famílias
que participaram deste estudo, o ambiente familiar estaria cumprindo o papel de um ambiente
de proteção para o desenvolvimento social destas crianças.
Outro dado importante a respeito que pôde ser observado nas análises
realizadas quanto a estrutura familiar refere-se às análises dos sintomas de stress apresentados
pelos pais. Ocorreu uma correlação positiva e significativa entre a apresentação de sintomas
físicos de stress pela mãe e a quantidade de horas diárias dedicadas pelos pais às atividades
domésticas. A este respeito, pode-se pensar que, nesta amostra, os homens parecem mais
dispostos a ajudar suas companheiras nas atividades domésticas quanto mais elas apresentam
sintomas físicos de stress. Embora seja positivo que os homens ajudem suas esposas que
apresentam sintomas de stress, é importante mencionar que a mesma correlação não ocorreu
73
com relação aos sintomas psicológicos de stress e que para cada pessoa o stress pode se
manifestar de uma forma diferente: algumas pessoas apresentam mais sintomas físicos e
outras, mais sintomas psicológicos, mas ambas tem a mesma necessidade de ajuda. Como
sugestão para pesquisas futuras, recomenda-se o estudo da relação entre os sintomas de stress
(físicos e psicológicos) apresentados pelas mães e a colaboração de seus companheiros em
atividades domésticas.
Refletindo um pouco mais a respeito do papel da família como ambiente de
proteção para o desenvolvimento social destas crianças, pôde-se verificar que na análise
realizada entre o número de horas dedicadas pelas mães às atividades domésticas e a carga
diária de trabalho do pai fora de casa, houve uma correlação positiva e significativa. Uma
hipótese para alguns dos casos talvez seja a de que a maior jornada de trabalho do homem
fora de casa justifique para o casal o fato de que a mulher tenha que dedicar maior tempo às
atividades domésticas. Dessa forma, acredita-se que os membros do casal tenham conseguido
alcançar certo equilíbrio entre o trabalho fora de casa e as atividades domésticas e de cuidados
com o filho, considerando que a maior parte dos pais e mães desta amostra não apresentou
número de sintomas físicos e psicológicos consideravelmente altos.
Além disso, a prioridade (atividades de cuidado) estabelecida pelas mães
quanto à utilização do tempo disponível com a criança pareceu bastante adequada uma vez
que a criança nesta idade precisa ter em primeiro lugar suas necessidades básicas (comida,
higiene etc.) supridas. Nota-se ainda o aumento do número de horas dedicadas pela mãe a
todas as atividades relacionadas à criança (de cuidados, educativas e de lazer) se
compararmos a média de horas nos dias trabalhados com a média de horas nos dias de folga, o
que parece demonstrar a preocupação das mães em investirem seu tempo livre em atividades
educativas e de lazer com seus filhos, além das atividades de cuidados que eles necessitam.
Outra hipótese a respeito da falta de correlações entre os comportamentos para
lidar com conflitos emitidos pelos pais e mães e o desenvolvimento social de seus filhos é a
de que nos casos em que houve menores escores de habilidades sociais apresentadas pelos
pais, o impacto das situações de conflito talvez possa ter sido amenizado pelo papel da creche
que poderia estar atuando na vida destas crianças como um ambiente de proteção, como um
“neutralizador” dos efeitos nocivos que possam ocorrer no ambiente familiar. Isso porque,
uma vez que a maioria das crianças começou a freqüentar a creche com aproximadamente
quatro meses de idade e permanecia nela por períodos extensos de tempo diariamente, a
relação entre seu comportamento e fatores familiares necessariamente não seriam tão fortes
como no caso de crianças da mesma faixa etária que não freqüentam uma creche. Além disso,
74
a creche estimula a socialização das crianças, que podem desenvolver vínculos afetivos com
outros adultos, e estes por sua vez podem se tornar novos modelos para o seu
desenvolvimento social.
Mesmo assim, é importante destacar que quando observamos isoladamente os
comportamentos utilizados pelos pais para lidarem com a situação de conflito de interesses,
observamos uma correlação negativa e significativa encontrada entre a freqüência do
comportamento “Sai com raiva e batendo o pé do lugar em que estava com o seu parceiro”
apresentado pelos homens e o desempenho social da criança, o que nos faz pensar que, de
alguma forma, este comportamento parece exercer influência sobre o comportamento social
de crianças pequenas. Retomando o modelo de segurança emocional proposto por Davies e
Cummings (1994), conforme apresentado na introdução deste trabalho, uma hipótese possível
para este dado seria a de que este comportamento parece evidenciar a falta de auto-controle
relacionada ao sentimento de raiva experimentado pelo pai de tal forma que a criança
consigue perceber a situação em que este comportamento ocorre como ameaçadora para sua
segurança emocional.
Para melhor compreender este dado, fazem-se necessários outros estudos com
o objetivo de analisar com maior detalhe a influência deste comportamento para o
desenvolvimento social de crianças nesta faixa etária.
Espera-se que os resultados obtidos por este estudo e outros sobre a mesma
temática possam ser utilizados como base para programas que tenham como objetivo
trabalhar preventivamente com as famílias de crianças nesta faixa etária, a fim de
instrumentalizá-los a transformar características dos pais e do relacionamento conjugal como
fator de proteção para o desenvolvimento infantil.
Como sugestão para o trabalho com pais, pode-se pensar na realização de um
treinamento de habilidades sociais conjugais em grupo, que poderia ajudar os pais a
desenvolverem suas habilidades conjugais deficitárias, especialmente aquelas mais
diretamente relacionadas ao manejo de conflitos para que, conseqüentemente, o ambiente
familiar possa se tornar mais harmonioso e menos ameaçador para a percepção da criança.
Outra sugestão para o trabalho com os pais seria a realização de um trabalho de
orientação a respeito do desenvolvimento infantil para esta faixa etária, enfocando quais as
características dos pais e de seu relacionamento que podem agir como fatores de risco ou de
proteção para o desenvolvimento de seus filhos, além de orientá-los quanto a atividades de
estimulação para o desenvolvimento social da criança que possam ser realizadas em casa, no
relacionamento diário com a criança.
75
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81
ANEXOS
82
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE
CARACTERÍSTICAS FAMILIARES
83
Nome da criança (completo): ____________________________________________
QUESTIONÁRIO DE CARACTERÍSTICAS FAMILIARES
INFORMAÇÕES SOBRE A MÃE
Idade: _______ anos
Grau de instrução: 1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
superior incompleto
superior completo
Qual a sua profissão: __________________________________
Há quanto tempo trabalha nesta profissão? ___________________
Há quanto tempo está trabalhando na empresa atual? ___________
Qual a sua carga horária diária de trabalho? ________ horas
Qual seu horário de trabalho? manhã tarde noite horário comercial
Estado civil: casado(a) solteiro(a)
viúvo(a) separado(a)
moro com meu parceiro(a)
Número de uniões que você já teve, oficiais ou não, contando a atual: _______
Tempo de união com o companheiro atual: ____________
INFORMAÇÕES SOBRE O PAI DO FILHO QUE VOCÊ TEM NA CRECHE
Idade: _______anos
Grau de instrução: 1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
superior incompleto
superior completo
84
Profissão: ___________________________________
Está trabalhando atualmente? sim não
Há quanto tempo trabalha nesta profissão? ___________________
Há quanto tempo está trabalhando na empresa atual? ___________
Qual a carga horária diária de trabalho? ________ horas
Qual o horário de trabalho? manhã tarde noite horário comercial
INFORMAÇÕES DA FAMÍLIA
Renda média mensal: (valor bruto) R$__________________
Na tabela abaixo, indique o sexo, a idade e de que união cada um dos filhos que você tem é
fruto:
sexo idade nascido da união
Primeiro filho
M F
_____anos
atual
anterior. Neste caso, indique:
primeira segunda terceira
Segundo filho
M F
_____anos
atual
anterior. Neste caso, indique:
primeira segunda terceira
Terceiro filho
M F
_____anos
atual
anterior. Neste caso, indique:
primeira segunda terceira
Quarto filho
M F
______anos
atual
anterior. Neste caso, indique:
primeira segunda terceira
Quinto filho
M F
______anos
atual
anterior. Neste caso, indique:
primeira segunda terceira
85
CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA
Assinale ao lado de cada item, a quantidade que há em sua residência:
0 1 2 3
4 ou +
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Videocassete e/ou DVD
Geladeira
Freezer (aparelho independente ou parte da
geladeira duplex)
Na sua família, quem é a pessoa com maior renda e responsável em suprir a maior parte das
despesas da casa? _________________________________________
Caso seja você ou o pai do filho que você tem na creche, pule a próxima pergunta. Se for
outra pessoa, como um novo companheiro, por exemplo, por favor não deixe de responder.
Grau de instrução do chefe de família:
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
superior incompleto
superior completo
RELACIOMENTO DA MÃE COM O COMPANHEIRO ATUAL
Você está se relacionando com alguém atualmente? sim não
O pai do seu filho que está na creche é o seu companheiro atual? sim não
86
Numere os itens abaixo de 1 a 8, colocando o número 1 para o item que você considera mais
importante, 2 para o item que você considera o segundo mais importante e assim,
sucessivamente até o número 8, para o item que você considera menos importante para que o
relacionamento com seu companheiro seja bom. Por favor, não deixe de numerar nenhum
dos itens.
Conversar a respeito da família.
Concordar a respeito da forma de educar os filhos.
Bom relacionamento sexual.
Pouca ou nenhuma interferência de outras pessoas da família na vida do casal
(mãe, sogra, irmãos, cunhados).
Dividir as tarefas domésticas entre o casal.
Dividir as tarefas de cuidado e educação dos filhos entre o casal.
Ter alguém que possa ajudar no cuidado dos filhos enquanto os pais trabalham.
Ter alguém que possa ajudar nas atividades domésticas.
ROTINA DA MÃE E DA CRIANÇA
Em sua casa, você realiza atividades domésticas? Sim Não
Quanto tempo (aproximadamente) você dedica por dia para realizar atividades domésticas?
____ horas por dia, nos dias em que trabalha.
____ horas por dia, nos dias de folga.
Alguém ajuda você a realizar estas atividades? Sim Não
Se sim, quem?
_______________________________________________________________________
Seu companheiro ajuda você a realizar estas atividades? Sim Não
Quanto tempo (aproximadamente) seu companheiro dedica por dia para realizar atividades
domésticas?
____ horas por dia, nos dias em que trabalha.
____ horas por dia, nos dias de folga.
ATENÇÃO: Responda as perguntas a seguir, pensando no filho que você tem
freqüentando a creche
Quanto tempo você dedica diariamente a atividades de cuidado de seu(s) filho(s)?
(ex. dar banho, dar comida, trocar fralda ou ajudar a usar o banheiro, colocar para dormir,
ajudar a se vestir, levar a criança à creche/escola, levar a criança a outras atividades). Para
esta pergunta, entenderemos por cuidado com os filhos as atividades de cuidado voltadas
exclusivamente para a criança, que não incluam atividades de lazer.
87
____ horas por dia, nos dias em que trabalha.
____ horas por dia, nos dias de folga.
Como são divididas estas atividades entre você e seu cônjuge? (Marque apenas uma
alternativa)
Realizo estas atividades sozinho(a), sem a ajuda de meu cônjuge.
Realizo a maior parte destas atividades. Meu cônjuge ajuda apenas quando eu
peço.
Realizo a maior parte destas atividades, mas às vezes meu cônjuge me ajuda
espontaneamente
Ajudo meu cônjuge a realizar estas atividades quando percebo que ele (ela) está
precisando de ajuda.
Ajudo meu cônjuge a realizar estas atividades quando ele (ela) me pede ajuda.
Realizo estas atividades apenas quando meu cônjuge não está em casa.
Não realizo estas atividades, meu cônjuge as realiza.
Alguém (além de seu cônjuge) ajuda na rotina de cuidado com o(s) filho(s)? (indique todas
as pessoas que ajudam, regularmente).
não
sim, os avós maternos – _______ horas/semana
sim, os avós paternos– _______ horas/semana
sim, outro membro da família. Neste caso, quem? ________________– _______
horas/semana
sim, uma pessoa contratada – _______ horas/semana
sim, uma pessoa contratada eventualmente, quando necessário
Quanto tempo você dedica diariamente a atividades educativas de seu filho? (por exemplo:
ajudar a fazer a lição de casa, ler uma história para ele, ensinar algo novo)
____ horas por dia, nos dias em que trabalha.
____ horas por dia, nos dias de folga.
Quanto tempo você dedica diariamente a atividades de lazer com seu filho? (por exemplo:
brincar com ele ou levá-lo para algum lugar para que ele brinque: parque, praça, clube etc.).
____ horas por dia, nos dias em que trabalha.
____ horas por dia, nos dias de folga.
88
RELACIONAMENTO DOS PAIS COM A CRIANÇA
Para cada filho, marque com um “x” a opção que melhor descreve o relacionamento entre
você e ele:
Relacionamento
filho 1
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 2
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 3
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 4
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 5
ótimo bom regular ruim péssimo
Para cada filho, marque com um “x” a opção que melhor descreve o relacionamento entre o pai
e ele:
Relacionamento
filho 1
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 2
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 3
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 4
ótimo bom regular ruim péssimo
filho 5
ótimo bom regular ruim péssimo
89
ANEXO 2 – INVENTÁRIO DE HABILIDADES
SOCIAIS CONJUGAIS
90
INVENTÁRIO DE HABILIDADES SOCIAIS CONJUGAIS
Responda cada um dos itens abaixo, fazendo um “X” no quadrinho que melhor
indica a freqüência com que você apresenta o comportamento sublinhado em cada item,
considerando um total de 10 vezes em que poderia se encontrar na situação descrita no item.
A – NUNCA OU RARAMENTE (em 10 situações deste tipo, reajo dessa
forma no máximo 1 vez)
B – COM POUCA FREQÜÊNCIA (em 10 situações desse tipo, reajo dessa
forma 2 a 3 vezes)
C – COM REGULAR FREQÜÊNCIA (em 10 situações desse tipo, reajo dessa
forma 4 a 6 vezes)
D – MUITO FREQÜENTEMENTE (em 10 situações desse tipo, reajo dessa
forma 7 a 8 vezes)
E – SEMPRE OU QUASE SEMPRE (em 10 situações desse tipo, reajo dessa
forma 9 a 10 vezes)
ITENS ABCDE
1) No dia a dia, converso naturalmente sobre qualquer assunto com meu
cônjuge
2) Quando meu cônjuge insiste em dizer o que devo fazer, contrariando o que
penso, acabo aceitando para evitar problemas.
3) Ao ser elogiada(o) sinceramente por meu cônjuge, respondo-lhe
agradecendo.
4) Em uma conversa, se meu cônjuge me interrompe, peço que ele(a) espere
até eu terminar o que estava dizendo.
5) Quando meu cônjuge deixa de cumprir algum de nossos acordos, dou um
jeito de lembrá-lo (a).
6) Quando meu cônjuge faz algo que acho bom, mesmo que não seja
diretamente a mim, procuro elogiá-lo na primeira oportunidade.
7) Sinto dificuldade em demonstrar carinho através de palavras ou gestos a
meu cônjuge.
8) Se meu cônjuge faz uma afirmação que considero errada, eu exponho meu
ponto de vista.
9) Sinto-me envergonhada(o) em pedir ao meu cônjuge que não faça certas
carícias que me incomodam.
10) Se estou querendo manter relacionamento sexual com meu cônjuge,
consigo tomar a iniciativa ou fazê-lo perceber isso.
11) Se meu cônjuge me faz um elogio, fico encabulada(o), sem saber o que
dizer.
12) Quando meu cônjuge me critica injustamente, digo a ele(a) que estou
91
aborrecido.
13) Se não concordo com meu cônjuge, expresso verbalmente minha
discordância
14) Se não estou à vontade em conversar sobre um tema com meu cônjuge,
tenho dificuldade em encerrar ou mudar de assunto, deixando que ele(a) o faça.
15) Quando meu cônjuge me critica, reajo de forma agressiva.
16) Sempre que a situação é oportuna, consigo dizer/expressar meus
sentimentos de carinho a meu cônjuge.
17) Quando meu cônjuge pede que eu faça uma tarefa que é dele(a), consigo
negar-me a fazê-la, esclarecendo que esta tarefa é dele e não minha.
18) Sempre que preciso esclarecer algo com meu cônjuge, faço as perguntas
que acho necessárias.
19) Se meu cônjuge faz algo que não gosto, tenho dificuldade em expressar-lhe
meu desagrado.
20) Mesmo estando envolvida(o) com várias tarefas, prefiro fazê-las sozinha(o)
à pedir ajuda a meu cônjuge.
21) Quando meu cônjuge consegue alguma coisa importante, pela qual se
empenhou muito, eu o (a) elogio pelo sucesso.
22) Ao sentir que preciso de ajuda, tenho facilidade em pedi-la a meu cônjuge.
23) Mesmo não estando disposta(o) a ter relação sexual, acabo concordando
para evitar que ele(a) fique irritado(a) ou magoado(a) comigo.
24) Concordo em fazer as tarefas que meu cônjuge me pede e que não são da
minha obrigação, mesmo sentindo um certo abuso nestes pedidos.
25) Se estou sentindo-me bem (feliz), expresso isso para meu cônjuge.
26) Consigo “levar na esportiva” as brincadeiras/gozações de meu cônjuge a
meu respeito.
27) Se meu cônjuge avalia de forma injusta meu desempenho em alguma
atividade, evito discutir sua avaliação.
28) Em situação de conflito de opiniões com meu cônjuge, fico calada(o) sem
manifestar meu desagrado.
29) Se me sinto desrespeitado(a) por meu cônjuge, fico calado(a) sem
manifestar meu desagrado.
30) Prefiro não dizer minha opinião a ferir os sentimentos do meu cônjuge,
mesmo quando solicitado(a) a dizer o que penso.
31) Durante a relação sexual, costumo dizer a meu cônjuge quais carícias mais
me agradam.
92
ANEXO 3 – DESCRIÇÃO DE SITUAÇÕES DE
CONFLITO
93
Nome da criança: ____________________________________________________________
Satisfação com o relacionamento atual
1. Qual das alternativas abaixo melhor descreve sua satisfação com seu relacionamento atual?
( ) sinto-me totalmente feliz com meu relacionamento atual
( ) na maioria dos dias, sinto-me feliz com meu relacionamento atual
( ) às vezes sinto-me feliz com meu relacionamento atual, às vezes não me sinto.
( ) muitas vezes não me sinto feliz com meu relacionamento atual
( ) na maioria dos dias não me sinto feliz com meu relacionamento atual.
2. Numere os itens abaixo de 1 a 8, colocando o número 1 para o item que você considera
mais importante, 2 para o item que você considera o segundo mais importante e assim,
sucessivamente até o número 8, para o item que você considera menos importante para que o
relacionamento com seu companheiro seja bom. Por favor, não deixe de numerar nenhum dos
itens e não repita nenhum número, ou seja, se você colocar o número 1 para um item, não
poderá colocar o número 1 novamente em nenhum outro item. Por isso, leia todos os itens
atentamente antes de numerá-los.
Conversar a respeito da família.
Concordar a respeito da forma de educar os filhos.
Bom relacionamento sexual.
Pouca ou nenhuma interferência de outras pessoas da família na vida do casal (mãe,
sogra, irmãos, cunhados).
Dividir as tarefas domésticas entre o casal.
Dividir as tarefas de cuidado e educação dos filhos entre o casal.
Ter alguém que possa ajudar no cuidado dos filhos enquanto os pais trabalham.
Ter alguém que possa ajudar nas atividades domésticas.
Descrição das situações de conflito
ATENÇÃO: CONFLITOS SÃO COMUNS EM QUALQUER RELACIONAMENTO.
TODOS OS CASAIS PASSAM POR CONFLITOS.
1. Temas dos conflitos
Quais são os motivos mais freqüentes de conflito entre você e seu companheiro?
( ) filhos
( ) trabalho
( ) lazer
( ) família
( ) dinheiro
( ) intimidade
( ) comunicação
94
( ) jeito de ser do parceiro
( ) amigos
( )________________________________________
2. Comportamentos
I – A seguir você verá uma lista de comportamentos que podem ocorrer em situações de
conflito. Pensando nas últimas situações de conflito pelas quais você e seu companheiro
passaram, leia atentamente cada item e marque um “X” na freqüência com que você se
comportou da forma descrita, de acordo com a escala a seguir:
A – NUNCA OU RARAMENTE (em 10 situações deste tipo, reajo dessa forma no máximo 1
vez)
B – COM POUCA FREQÜÊNCIA (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 2 a 3 vezes)
C – COM REGULAR FREQÜÊNCIA (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 4 a 6
vezes)
D – MUITO FREQÜENTEMENTE (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 7 a 8
vezes)
E – SEMPRE OU QUASE SEMPRE (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 9 a 10
vezes)
A B C D E
Tenta discutir o problema calmamente.
Consegue discutir o problema calmamente.
Consegue expor informações sobre o seu modo de ver uma situação
ou problema.
Procura ajuda e traz uma pessoa para ajudar a finalizar o problema ou
situação.
Discute calorosamente (com entusiasmo), mas sem gritar.
Grita e/ou insulta seu parceiro.
Fica emburrado e/ou se recusa a falar sobre o assunto.
Sai com raiva e batendo o pé do lugar em que estava com seu
parceiro.
Joga um objeto (mas não em direção ao seu parceiro) ou quebra
alguma coisa.
Ameaça bater ou jogar alguma coisa em seu parceiro.
Joga um objeto em seu parceiro.
Empurra ou segura (aperta) seu parceiro.
Bate ou tenta bater em seu parceiro, sem usar nenhum objeto.
Bate ou tenta bater em seu parceiro, usando um objeto.
95
Chora.
Faz ou diz alguma coisa para magoar o seu parceiro.
Dá um tapa em seu parceiro.
Chuta, morde ou dá um soco em seu parceiro.
Ameaça o seu parceiro com uma faca ou arma.
Outra opção.
_______________________________________________________
II - Abaixo você verá uma lista de comportamentos que podem ocorrer em situações de
conflito. Pensando nas últimas situações de conflito pelas quais você e seu companheiro
passaram, leia atentamente cada item e marque um “X” na freqüência com que seu
companheiro se comportou da forma descrita, de acordo com a escala a seguir:
A – NUNCA OU RARAMENTE (em 10 situações deste tipo, reajo dessa forma no máximo 1
vez)
B – COM POUCA FREQÜÊNCIA (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 2 a 3 vezes)
C – COM REGULAR FREQÜÊNCIA (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 4 a 6
vezes)
D – MUITO FREQÜENTEMENTE (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 7 a 8
vezes)
E – SEMPRE OU QUASE SEMPRE (em 10 situações desse tipo, reajo dessa forma 9 a 10
vezes)
A B C D E
Tenta discutir o problema calmamente.
Consegue discutir o problema calmamente.
Consegue expor informações sobre o seu modo de ver uma situação
ou problema.
Procura ajuda e traz uma pessoa para ajudar a finalizar o problema ou
situação.
Discute calorosamente (com entusiasmo), mas sem gritar.
Grita e/ou insulta seu parceiro.
Fica emburrado e/ou se recusa a falar sobre o assunto.
Sai com raiva e batendo o pé do lugar em que estava com seu
parceiro.
Joga um objeto (mas não em direção ao seu parceiro) ou quebra
alguma coisa.
Ameaça bater ou jogar alguma coisa em seu parceiro.
Joga um objeto em seu parceiro.
96
Empurra ou segura (aperta) seu parceiro.
Bate ou tenta bater em seu parceiro, sem usar nenhum objeto.
Bate ou tenta bater em seu parceiro, usando um objeto.
Chora.
Faz ou diz alguma coisa para magoar o seu parceiro.
Dá um tapa em seu parceiro.
Chuta, morde ou dá um soco em seu parceiro.
Ameaça o seu parceiro com uma faca ou arma.
Outra opção.
________________________________________________________
Avaliação de sua saúde
I. Marque com um “x” os sintomas que tem experimentado nas últimas 24 horas:
1. ( ) mãos e pés frios
2. ( ) boca seca
3. ( ) nó no estômago
4. ( ) aumento de sudorese
5. ( ) tensão muscular
6. ( ) aperto da mandíbula/ ranger os dentes
7. ( ) diarréia passageira
8. ( ) insônia
9. ( ) taquicardia
10. ( ) hiperventilação
11. ( ) aumento da pressão de forma rápida e passageira
12. ( ) mudança de apetite
13. ( ) aumento de motivação de repente
14. ( ) grande entusiasmo de repente
15. ( ) de repente uma grande vontade de iniciar novos projetos
II. Marque com um “x” os sintomas que tem experimentado na última semana:
1. ( ) problemas com a memória
2. ( ) mal estar generalizado, sem causa específica
3. ( ) formigamento das extremidades
4. ( ) sensação de desgaste físico constante
5. ( ) mudança de apetite
6. ( ) aparecimento de problemas dermatológicos
7. ( ) aumento da pressão arterial
8. ( ) cansaço constante
9. ( ) aparecimento de úlcera
10. ( ) tontura/ sensação de estar flutuando
97
11. ( ) sensibilidade emotiva excessiva
12. ( ) dúvida quanto a si próprio
13. ( ) pensar constantemente em um só assunto
14. ( ) irritabilidade excessiva
15. ( ) diminuição da libido
III. Marque com um “x” os sintomas que tem experimentado no último mês:
1. ( ) diarréia freqüente
2. ( ) dificuldades sexuais
3. ( ) insônia
4. ( ) náusea
5. ( ) tiques
6. ( ) aumento da pressão da pressão arterial com freqüência
7. ( ) problemas de pele constantes
8. ( ) mudança extrema de apetite
9. ( ) excesso de gases
10. ( ) tontura freqüente
11. ( ) úlcera
12. ( ) enfarte
13. ( ) impossibilidade de trabalhar
14. ( ) pesadelos
15. ( ) sensação de incompetência em todas as áreas
16. ( ) vontade de fugir de tudo
17. ( ) apatia, depressão ou raiva prolongada
18. ( ) cansaço excessivo
19. ( ) pensar/falar constantemente em um só assunto
20. ( ) irritabilidade sem causa aparente
21. ( ) angústia/ansiedade diária
22. ( ) hipersensibilidade emotiva
23. ( ) perda do senso de humor
98
ANEXO 4 - ESCALA DE TÁTICAS DE
CONFLITO - STRAUS (1979)
99
ESCALA DE TÁTICAS DE CONFLITO - Straus (1979)
A seguir você verá uma lista de comportamentos que podem ocorrer em
situações de conflito. Lembrando do dia de ontem, leia atentamente cada item e circule todos
os itens que contenham comportamentos que você teve ontem em relação ao seu parceiro.
No dia de ontem, você...
Tentou discutir um problema calmamente.
Conseguiu discutir um problema calmamente.
Conseguiu expor informações sobre o seu modo de ver uma situação ou
um problema.
Procurou ajuda e trouxe uma pessoa para ajudar a finalizar um problema
ou uma situação.
Discutiu calorosamente (com entusiasmo), mas sem gritar.
Gritou e/ou insultou seu parceiro.
Ficou emburrado e/ou se recusou a falar sobre o assunto.
Saiu com raiva e batendo o pé do lugar em que estava com seu parceiro.
Jogou um objeto (mas não em direção ao seu parceiro) ou quebrou
alguma coisa
Ameaçou bater ou jogar alguma coisa em seu parceiro.
Jogou um objeto em seu parceiro.
Empurrou ou segurou (apertou) seu parceiro.
Bateu ou tentou bater em seu parceiro, sem usar nenhum objeto.
Bateu ou tentou bater em seu parceiro, usando um objeto.
Chorou.
Fez ou disse alguma coisa para magoar o seu parceiro.
Deu um tapa em seu parceiro.
Chutou, mordeu ou deu um soco em seu parceiro.
Deu uma surra em seu parceiro.
Ameaçou o seu parceiro com uma faca ou arma.
Usou uma faca ou arma contra o seu parceiro.
Outra opção. __________________________________________
100
ANEXO 5 – ITENS DA ÁREA DE
SOCIALIZAÇÃO DO INVENTÁRIO PORTAGE
PARA AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS ENTRE 1 E 2
ANOS DE IDADE
101
Imita um adulto em uma tarefa simples (por exemplo: sacudir roupas, estender
os lençóis da cama, segurar talheres).
Brinca ao lado de outra criança, cada uma realizando uma atividade
diferente.
Toma parte em uma brincadeira com outra criança, por dois a cinco
minutos (por exemplo, empurrando um carrinho ou rolando uma bola).
Aceita a ausência dos pais, continuando suas atividades, embora possa
reclamar momentaneamente.
Explora ativamente seu meio ambiente.
Toma parte de uma atividade manipulativa com outra pessoa (por
exemplo: puxa barbante, vira uma maçaneta).
Abraça e carrega uma boneca ou brinquedo macio.
Repete ações que produzem risos e atenção.
Dá um livro para que um adulto o leia ou para que ambos o
compartilhem.
Puxa uma pessoa para mostrar-lhe alguma ação ou objeto.
Retira a mão ou diz “não” quando está próximo de um objeto não
permitido e alguém o lembra disto.
Quando colocado em sua cadeira ou trocador, espera de dois a cinco
minutos para ser atendido (alimentado ou trocado).
Brinca com duas ou três crianças de sua idade.
Compartilhar um objeto ou alimento com outra criança, quando
solicitado.
Cumprimenta colegas ou adultos familiares quando lembrado.
102
ANEXO 6 - TERMO DE CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO
103
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar da pesquisa “Características dos pais e
de seu relacionamento como influência no desenvolvimento social de crianças pequenas”.
Esta pesquisa tem por objetivo estudar o desenvolvimento social de crianças de
um a dois anos de idade e também algumas características dos pais e de seu relacionamento.
Verificamos junto à creche que seu filho freqüenta que seu filho se encontra nesta faixa de
idade e, por isso, ele e você foram selecionados para participar.
Esta pesquisa tem por objetivo coletar e analisar algumas informações da
criança e algumas informações dos pais. Sua participação nesta pesquisa consistirá em
fornecer algumas informações referentes a você e seu relacionamento com seu companheiro e
também autorizar a aplicação de um instrumento aprovado pelo Conselho da Psicologia, que
permite a avaliação do desenvolvimento social do seu filho. As informações sobre o
desenvolvimento social da criança serão coletadas no ambiente da creche, por meio de
observação da criança. As informações a respeito das características dos pais e de seu
relacionamento serão solicitadas por meio de questionários e outros instrumentos que serão
colocados na mochila de seu filho com o pedido para serem respondidos e a data em que
deverão ser entregues.
Durante o decorrer da pesquisa, os responsáveis pelas crianças poderão
experimentar desconforto ao descreverem suas dificuldades e os conflitos que experimentam
em seu dia-a-dia. No entanto, espera-se que as informações sobre diferentes estratégias que
pessoas usam para lidar com conflitos possam lhe ajudar a lidar melhor com as suas
dificuldades. Ao final do trabalho, você receberá um retorno em relação aos resultados
obtidos com base na avaliação de seu filho.
Além disso, ao participar, você estará colaborando para o desenvolvimento da
pesquisa científica que, por facilitar o trabalho dos profissionais que atuam com estes
conhecimentos, contribui para a melhoria da qualidade de vida da população.
O pesquisador se compromete a esclarecer todas as dúvidas que surgirem antes
e durante o decorrer da pesquisa, a respeito dos procedimentos e instrumentos a serem
utilizados.
Sua participação não é obrigatória e não haverá nenhum problema ou prejuízo,
nem para você nem para seu (sua) filho(a), se você se recusar a participar desta pesquisa.
Você terá o direito de desistir de sua participação nesta pesquisa a qualquer momento e retirar
o seu consentimento, caso você queira.
Por se tratar de uma pesquisa científica, as informações que você irá fornecer
serão guardadas pelo pesquisador em sigilo, ou seja, ninguém conseguirá identificá-lo como
respondente, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados. O pesquisador
assumirá o compromisso de proteger sua privacidade.
Você receberá uma cópia deste termo com o telefone e o endereço do
pesquisador responsável e poderá entrar em contato a qualquer momento para tirar dúvidas
sobre a pesquisa e sua participação.
____________________________________
Fabiana Rocha Machado
Psicóloga Pesquisadora
Universidade Federal de São Carlos
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial
Rodovia Washington Luiz, km 235
Telefones: (16) 9177-5557/3351-8110
104
Declaro que compreendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na
pesquisa e concordo em participar.
O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos da UFSCar que funciona na Pró-Reitoria de Pós-Graduação e
Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos, localizada na Rodovia Washington Luiz, km
235 – Caixa Postal 676 – CEP: 13.565-905 – São Carlos – SP – Brasil e o número de telefone
é (16)3351-8110. Endereço eletrônico: [email protected]
Araraquara, 16 de outubro de 2008.
____________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
105
ANEXO 7 – PARECER DE APROVAÇÃO DO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES
HUMANOS DA UFSCAR
106
107
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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