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RESUMO
O ultra-som terapêutico (UST) é um dos recursos mais utilizados pelos
fisioterapeutas, porém o uso de equipamentos descalibrados resulta em terapias
ineficientes ou até mesmo prejudiciais ao paciente. Neste sentido, o objetivo deste
trabalho foi avaliar o desempenho e verificar os procedimentos empregados na
utilização e manutenção dos equipamentos de ultra-som terapêutico em uso nas
clínicas e consultórios de fisioterapia. Um questionário foi aplicado aos
fisioterapeutas com questões relacionadas aos procedimentos empregados no
serviço durante utilização do ultra-som terapêutico. O desempenho de 31
equipamentos de 6 diferentes marcas e 13 modelos foi avaliado segundo a norma
NBR/IEC 1689. Os parâmetros mensurados foram: potência acústica; área de
radiação efetiva (A
RE
); relação de não uniformidade do feixe (R
NF
); intensidade
máxima efetiva; freqüência acústica de operação, fator de modulação e forma de
onda no modo pulsado. Os resultados foram avaliados por meio de análise
estatística descritiva e análise qualitativa para as imagens do campo acústico. A
correlação dos dados quantitativos foi realizada pelo teste Exato de Fischer, em
que foi feita a associação entre as categorias uniformidade do feixe com a A
RE
,
intensidade e R
NF
, com nível de significância de 5%, no software BioEstat 4.0.
Cinqüenta e um questionários foram respondidos por fisioterapeutas com idade
média de 29 anos e graduados em média há 5,83 anos. A maioria considera o
UST muito usado na prática clínica, sendo as intensidades mais utilizadas entre
0,5 e 1,5 W/cm², com tempo de aplicação de 1 a 8 min. As estruturas mais
tratadas com o UST são músculo, tendão, bursa e osso. Somente 32
fisioterapeutas afirmaram realizar procedimentos de manutenção periódica que
varia a cada 2 meses a 2 anos. Com relação aos resultados da avaliação dos
equipamentos, as intensidades acústicas mensuradas foram 0,1; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0;
2,5 e 3,0 W/cm² totalizando 155 valores, dentre os quais 32,3% apresentaram-se
de acordo com as normas. A área de radiação efetiva apresentou-se dentro dos
limites permitidos em 32,3% dos equipamentos. Para avaliação da relação de não
uniformidade do feixe e intensidade máxima permitida todos contemplaram a
norma. Dentre os transdutores de 3 MHz 20%, estavam dentro das normas,
enquanto transdutores com freqüência de 1 MHz apenas 12,5% contemplaram as
normas. Foram aferidas as modulações de 5, 10, 20 e 50%, totalizando 71
avaliações, das quais 12,7% apresentaram relação repouso/duração dentro dos
limites permitidos. Observou-se nas imagens obtidas uma grande variação do
campo ultra-sônico, os quais apresentaram feixes não centralizados, algumas
vezes com bifurcação do seu ápice. As respostas dos questionários indicam que
os profissionais não se preocupam com a calibração dos equipamentos. Os
resultados permitem concluir que nenhum dos equipamentos apresenta todas as
variáveis analisadas dentro das normas técnicas, apesar de estarem sendo
utilizados no atendimento da população.
Palavras chaves: ultra-som, campo acústico, calibração, fisioterapia