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SANTOS, Ana Célia de Sousa. Relações de gênero e empoderamento de mulheres: a
experiência da Associação de Produção “Mulheres Perseverantes”. 2008. 165f. Dissertação.
(Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal do Piauí, Teresina, 2008.
RESUMO
Este trabalho é resultado de reflexões e experiências desenvolvidas numa prática de educação
popular iniciados no final dos anos de 1980, de pesquisas anteriores realizadas na UFPI e da
aspiração de elevar a minha contribuição junto aos Movimentos Sociais Populares, no que
tange aos estudos que aprofundam o conhecimento das práticas sócio-educativas com
mulheres. É parte do Projeto de Intercâmbio Científico-Cultural “Sujeitos e Saberes na
Mediação de Práticas Sócioeducativas: auto-ativação de comunidades locais”, desenvolvido
entre a UFPI - Universidade Federal do Piauí/Brasil e a UNIVR – Università Degli Studi Di
Verona/Itália, que mantém e acompanha o Centro de Vivência – “Infância/Mulher/Território”,
no Parque Eliane, zona sul de Teresina, cujas atrizes sociais participam da Associação de
Produção “Mulheres Perseverantes” e são sujeitas com seus respectivos
maridos/companheiros desta pesquisa. Neste trabalho utilizamos a pesquisa de natureza
qualitativa com a especificidade de pesquisa-ação que permitiu contato direto com as
integrantes do grupo pesquisado em todo o processo de investigação. Objetivou analisar como
as práticas educativas desenvolvidas junto à Associação de Produção “Mulheres
Perseverantes”, contribuíram para a construção de um processo emancipatório e de
empoderamento desse grupo de mulheres nas dimensões humana, político-organizativa, de
incorporação da economia solidária e construção de um novo olhar sobre as relações de
gênero, por meio do uso das técnicas observação participante, questionário com perguntas
estruturadas e semi-estruturadas e o grupo focal. Na fundamentação teórica recorremos a
referências interdisciplinares destacando Andrade (1994), Barbier (2004), Certeau, Giard,
Mayol (1996), Flich (2004), Freire (1996, 2005), Gatti (2005), Gohn (1994), Larrosa (2001),
Louro (1997), Maturana (2004), Rodrigues (1991), Saffioti (1979), Singer (2005) e Tiriba
(2001), dentre outros/as. Num contexto de precariedade urbana, as mulheres demonstraram
que as práticas educativas contribuíram para seu empoderamento, pois evidenciaram melhora
da auto-estima, possibilitando-as compreender que a participação organizativa e política é
importante para o reconhecimento individual e coletivo, para o crescimento da comunidade e
para melhoria da qualidade de vida, através do aumento da renda familiar, do cultivo da
amizade, persistência, aprendizado técnico, enfim valores que respeitam os Direitos
Humanos. No que se refere às relações de gênero as mulheres e os homens demonstraram
que, apesar das dificuldades financeiras e do alcoolismo no meio deles, preservam suas
relações familiares, sendo que as mulheres são as que mais se preocupam com as/os filhos/as
e os homens mantêm seu papel de provedor, mas já demonstrando traços de inovação na
interface com suas companheiras, a exemplo da divisão das tarefas domésticas. Assim,
discutir e analisar questões relacionadas ao gênero é imprescindível, primeiro por que é
eminentemente necessário que se pense um processo educativo que favoreça a construção de
relações mais humanas, justas e respeitosas e, segundo, por que nós mulheres precisamos nos
empoderar cada vez mais para juntas contribuirmos na feitura de outro mundo possível,
emancipando a nós mesmas e colaborando na emancipação dos homens.
Palavras-chave: Educação Popular, Gênero, Empoderamento, Práticas Educativas.