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Assim, a História, concebida como processo, busca aprimorar o exercício da
problematização da vida social, como ponto de partida para a investigação
produtiva e criativa, buscando identificar as relações sociais de grupos
locais, regionais, nacionais, e de outros povos; perceber as diferenças e
semelhanças, os conflitos/contradições e as solidariedades, igualdades e
desigualdades existentes nas sociedades; comparar problemáticas atuais de
outros momentos, posicionar-se de forma crítica no seu presente e buscar as
relações possíveis com o passado.
Dessa forma, podemos perceber que o discurso de Francisca Mattos não está
deslocado da sua escrita no livro didático e que o mesmo está condizente com os paradigmas
do ensino de História que consideram a história local e o cotidiano, valorizando os
antepassados da própria comunidade.
Ao comentar sobre as obras importantes para a escrita do seu livro didático,
Francisca Mattos afirma:
Nós estudamos muito. Preocupamo-nos em estudar. Nessa época já tinham
algumas produções que criticavam o livro didático. “A ideologia do livro
didático”, “Mentiras que parecem verdades”, e nós começamos a nos
apropriar desse material. As questões raciais, as questões de gênero. Então
isso abriu muito essa questão ideológica, para nós, foi muito interessante, e
APESAR de que, nessa época predominava muito a concepção tradicional de
currículo, ainda era muito predominante, tradicional de certa forma; ainda
tem resquícios ainda hoje, mas nessa época ainda era muito forte, então
começamos a estudar a parte mais crítica, e foi muito interessante, contribuiu
muito, e também os conteúdos específicos, porque na primeira equipe
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era
uma equipe muito polivalente que era formada por profissionais, por
pedagogos, e um profissional de cada área: Língua Portuguesa, Matemática,
História, Geografia e tal, e a segunda equipe
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não, que era só eu, eu e uma
amiga minha, uma amiga minha que era formada em Geografia, que é
Eulália. E também principalmente não na primeira equipe também, mas na
segunda, já nesse aqui com Eulália, nós recorremos muito ao arquivo. Ao
Arquivo Público do Maranhão, procurando documentos, assim, material...
Francisca Mattos destaca sua preocupação em acompanhar as discussões que
estão acontecendo no espaço da academia, a exemplo das pesquisas sobre ideologia no livro
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A equipe era composta por: chefe da assessoria especial – Maria Núbia Barbosa Bonfim;
coordenadoria de ensino de 1º grau – Maria da Paz Porto Macedo Costa; coordenação – Francisca
Maria Barros Matos; equipe de elaboração – Alvimar dos Santos Araújo, Ana Maria Silva Mendes,
Crisanthême de Castro Santos, Eleutéria Filomena Ferreira Brandão, Eulália Maria da Silva,
Francisca Maria Barros Matos, Graça Maria Ferreira de Souza e Maria do Socorro Brito Santos;
contando ainda com consultoria, revisão de área, revisão geral, produção visual gráfica e arte final,
composição, controle de produção, fotolitagem, impressão e supervisão.
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Além das autoras Francisca Maria Barros Mattos e Eulália Maria da Silva, o livro contou ainda com:
editor, coordenação editorial, edição de texto, editoração eletrônica e capa, ilustrações (3 pessoas) e
cartografia.