Em seu estágio, ela propôs aos alunos a produção de cartas argumentativas. Para a
autora, a situação comunicativa estabelecida com o interlocutor facilita a aquisição do
texto argumentativo. De acordo com ela,
A carta argumentativa parecia trilhar um caminho oposto ao das dissertações.
Além de oferecer a possibilidade de argumentação, de posicionamento
explícito no texto, de apelo à ideologia, emoção – como já dito
anteriormente, postura tão comum ao universo de adolescente e jovens – ela
dirige-se a um interlocutor específico, tornando claro para o autor da carta o
ato de comunicação que se estabelece via texto (CUNHA, 2005, p.17).
A pesquisadora concluiu que um fator importante ao se trabalhar com gênero
discursivo em sala de aula é perceber que o mesmo sofre um desdobramento, já que está
inserido num contexto de ensino-aprendizagem, como diz Dolz e Schneuwly (2004, p.
81),
Pelo fato de que o gênero funciona em um outro lugar social, diferente
daquele que foi originado, ele sofre, forçosamente, uma transformação. Ele
não tem mais o mesmo sentido; ele é principalmente, sempre – nós acabamos
de dizê-lo – gênero a aprender, embora permaneça gênero para comunicar. É
o desdobramento, do qual falamos mais acima, que constitui o fator de
complexificação principal dos gêneros na escola e de sua relação particular
com as práticas de linguagem.
Cristóvão et al. (2006) apresenta um modelo didático de carta de pedido de
conselho. Primeiramente os autores fazem a apresentação desse subgênero como sendo
o tipo de correspondência encontrada em revistas na seção de perguntas e respostas,
para a qual os leitores escrevem com intuito de obter orientações e conselhos sobre
situações que os afligem. Baseados em observações de perfis de alunos de 8ª série,
feitas pelo professor regente da turma, os pesquisadores fazem umas descrição do
gênero e elaboram um modelo didático para o ensino em língua inglesa.
Ao analisarem as cartas, Cristóvão et al. (2006) tinha por objetivo apontar as
possíveis capacidades de linguagem que poderiam ser desenvolvidas na aula de língua
inglesa. A partir de exposição de seus elementos constitutivos, os pesquisadores passam
a explorar o gênero como objeto de ensino em três planos: o da ação de linguagem, o
plano discursivo e o de propriedades lingüístico-discursivas (Bronckart & Dolz, 1999,
apud Cristóvão et al., 2006).
Os autores concluem afirmando que
Acreditamos que a opção por organizar o ensino em torno de gêneros textuais
pode propiciar uma ação social efetiva, aproximando o professor das
necessidades específicas dos alunos. Para isso, o professor pode servir-se das
análises de gêneros textuais disseminados, como a apresentada neste artigo.
Com base nesse modelo, professores de língua inglesa podem partir para a
elaboração de conjuntos de atividades as quais os pesquisadores do grupo de
didática de línguas da Universidade de Genebra denominam “seqüências
didáticas” (Dolz & Schneuwly, 1998), que são um instrumental constituído
por um conjunto de atividades voltadas para os objetivos estabelecidos no