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Luiza Maria Abreu de Mattos
A AVALIAÇÃO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: um estudo exploratório no âmbito da
gestão pública sob uma perspectiva crítica
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e
Ecologia Social - EICOS, Instituto de Psicologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social
Orientador: Carlos Frederico Bernardo Loureiro
Rio de Janeiro
2009
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Luiza Maria Abreu de Mattos
A AVALIAÇÃO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: um estudo
exploratório no âmbito da gestão pública sob uma perspectiva crítica
Rio de Janeiro, ........ de .......... de 2009
_________________________________________________________
Carlos Frederico Bernardo Loureiro, Prof. Dr., Universidade Federal do
Rio de Janeiro
_________________________________________________________
Simone Ouvinha Peres , Prof. Dr., Universidade Federal do Rio de
Janeiro
_________________________________________________________
Victor Novicki, Prof. Dr., Universidade Estácio de Sá
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DEDICATÓRIA
A todos aqueles que lutam por um mundo mais justo,
e especialmente ao Cristiano e ao João
que me fazem acreditar que isso é possível
AGRADECIMENTOS
Ao Fred, toda palavra é pouco.. Muito obrigada pelo exemplo de pessoa que você é e por ter
me aceitado como sua orientanda.
Ao programa EICOS/UFRJ, por ter permitido o desenvolvimento deste trabalho e
especialmente às pessoas que tiveram uma participação mais direta nesse processo, à
professora Simone Ouvinha Peres e ao secretário Ricardo Fernandes, muito obrigada.
Aos integrantes da Banca Examinadora desta Dissertação e do Exame de Qualificação
deste mesmo projeto, obrigada por aceitar o convite e por contribuir de forma tão
comprometida e preciosa para o trabalho.
À equipe do projeto Pólen da UFRJ, ao IBAMA e à Petrobras, por terem aceitado contribuir
para essa pesquisa e dado todas as condições para que esta pudesse ser realizada. Aos
entrevistados, que além de terem me fornecido os dados de pesquisa, me ensinaram muito.
Especialmente ao Pólen, por ter me permitido fazer parte da equipe executora desta bela
iniciativa e agora retornar ao projeto com um olhar de pesquisadora.
Aos amigos do LIEAS/UFRJ, “co-orientadores” da dissertação e da vida, pelas valiosíssimas
contribuições teórico-metodológicas, ideológicas e pelos exemplos de vida.
Aos colegas das turmas do EICOS de 2007 e 2008, especialmente à turma de Metodologia
de Pesquisa, por todas as contribuições ao longo deste processo.
Ao Cristiano e ao João por darem sentido à minha vida e por terem topado fazer esse
mestrado junto comigo. Ao Cris por segurar a onda todas as vezes que eu preciso, e ainda
assim, querer dividir sua vida comigo, eu “canto e danço só você”, hoje e sempre. Ao João
por me ensinar o que a vida tem de mais belo e saber me dizer quando apertar “aquele
quadrado vermelhinho” na parte de cima da tela.
Aos meus pais e ao meu irmão, por terem me ensinado as coisas fundamentais da vida. Ao
meu pai por ser a minha principal referência moral e ética, ao meu irmão por ter me
ensinado quase tudo, e à minha mãe pelo apoio e orgulho incondicionais, é graças a ela que
eu consigo ser mãe, mulher, professora, mestranda, amiga, etc. tudo ao mesmo tempo.
À minha família como um todo, tios, primos, sogros, sobrinhos, cunhados, avós, bisavós,
todos fazem parte de quem eu sou e de quem eu escolhi ser.
A aqueles que eu chamo de amigos, que sabem o que isso significa para mim, e que me
fazem uma pessoa melhor, dividindo sonhos, visões de mundo, angústias e crises. Alguns
amigos em especial contribuíram mais diretamente para a conclusão deste mestrado, dentre
os quais eu não poderia deixar de citar: Maria e Mel, Alice, Titi, Alê, Margarida e Joelma.
Aos amigos do Corcovado, especialmente à Teresa Cristina por todo apoio pessoal e
institucional, à Denise por me ensinar tanto sobre a escola e a vida e por me prevenir de
“não jogar a dissertação pela janela”, ao Daniel por compreender plenamente minha relação
paradoxal com a academia e com a escola, ao Danilo e à Simone pelas valiosíssimas
discussões sobre trabalhos de Educação Ambiental no dia a dia da escola e ao Paulo
Carvalho pelo apoio técnico no áudio.
Aos amigos que dividiram comigo projetos, aprendizagens e sonhos na área da Educação
Ambiental, do projeto ÉA Vila, ao trabalho nas turmas 5 do Corcovado, passando por
Instrumentação em Ensino de Ecologia, pelo Projeto Pólen, entre outros, todos contribuíram
de alguma forma para esse trabalho e para a minha formação na área. Muito obrigada!
RESUMO
MATTOS, Luiza Maria Abreu de. A avaliação de ações de Educação Ambiental: um
estudo exploratório no âmbito da gestão pública sob uma perspectiva crítica. Rio de Janeiro,
2009. Dissertação (Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social) –
Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
Neste trabalho realizamos um estudo sobre o tema da avaliação no campo da
Educação Ambiental sob uma perspectiva crítica, nos centrando no contexto da gestão
pública. A avaliação é uma das principais lacunas que dificultam o desenvolvimento deste
campo e em função da escassez de trabalhos sobre o tema optamos pela realização de um
estudo exploratório. Nossa abordagem se baseia no entendimento de que a Educação
Ambiental deve ter como principal objetivo promover a transformação das relações
socioambientais atualmente estabelecidas e nesse sentido, a gestão ambiental pública é um
contexto privilegiado no qual os conflitos por usos e formas de apropriação dos recursos
naturais se explicitam e no qual o Estado possui o poder de se opor à dominação dos
interesses particulares, em prol do bem estar da população, de forma democrática e em
favor da justiça social. Sendo assim, realizamos um levantamento bibliográfico sobre o tema
em geral, e analisamos de que forma a avaliação de projetos de Educação Ambiental está
presente no contexto da gestão ambiental pública, tanto na sua formulação enquanto
política pública quanto no seu exercício prático, nesse caso estudando especificamente o
caso de um projeto no contexto do licenciamento ambiental de atividades ligadas à
exploração de petróleo offshore, o Projeto Pólen, através da realização de análises
documentais e entrevistas. Observamos no nosso levantamento que as poucas publicações
da área relacionadas ao assunto da avaliação estão mais focadas em identificar as
dificuldades no processo avaliativo, do que em propor estratégias e possibilidades novas,
apontando que as especificidades do campo da Educação Ambiental e a amplitude dos seus
objetivos seriam os principais dificultadores do processo avaliativo. Nos documentos
fundadores da área e nas políticas públicas nacionais analisadas – PNEA e ProNEA – a
relevância da avaliação é oficialmente reconhecida, mas há uma escassez de orientações
sobre sua execução. Nas políticas públicas há indicativos de que a avaliação é concebida
como espaço de participação popular e controle social para a justiça ambiental, no entanto
isso ainda parece ser um processo muito incipiente. No Projeto Pólen a avaliação se baseia
principalmente nas diretrizes do IBAMA, que assumem uma perspectiva crítica alinhada às
políticas públicas nacionais. As três instituições envolvidas com o projeto, UFRJ, Petrobras e
IBAMA, se mostram comprometidas com esta perspectiva. No entanto, na prática,
reconhecem que os processos avaliativos realizados não se mostram eficientes em avaliar
se de fato o projeto foi capaz de contribuir para a mudança socioambiental da região,
especialmente no sentido de inclusão dos grupos atingidos pelos impactos nos processos
decisórios relativos à sua mitigação. A avaliação realizada se mostra bastante complexa
agregando diversos aspectos informais e subjetivos, além de estratégias avaliativas
complementares à proposta original. Em geral os processos avaliativos se centram nos
objetivos e na tomada de decisão incluindo em momentos específicos a participação de
outros envolvidos, porém sem grande autonomia na tomada de decisão. As estratégias
utilizadas são muito variadas e incluem aspectos subjetivos e objetivos, e instrumentos
qualitativos e quantitativos. Nossas conclusões indicam que o avanço nos processos
avaliativos depende principalmente: da concepção de suas estratégias junto à proposta dos
projetos de acordo com a perspectiva crítica adotada, visando avaliar não só sua execução,
mas também e principalmente as transformações socioambientais causadas por ele; da
inclusão de variados instrumentos avaliativos centrados em objetivos, tomada de decisão,
participação e especialistas e que incluam aspectos objetivos e subjetivos e instrumentos
qualitativos e quantitativos; e da proposição de novos instrumentos de avaliação ligados às
transformações socioambientais.
ABSTRACT
MATTOS, Luiza Maria Abreu de. A avaliação de ações de Educação Ambiental: um
estudo exploratório no âmbito da gestão pública sob uma perspectiva crítica. Rio de Janeiro,
2009. Dissertação (Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social) –
Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
In this work we conducted a study on the subject of evaluation in the field of
Environmental Education under a critical perspective, focusing on the context of public
management. Evaluation is one of the key gaps that hinder the development of this field and
based on the scarcity of papers on the subject, we have chosen to conduct an exploratory
study. Our approach is based on the understanding that Environmental Education should
have as main objective to promote the transformation of social relations currently
established. Accordingly, the public environmental management is a major context in which
conflicts of uses and forms of ownership of natural resources are explicit and in which the
State has the power to oppose the domination of private interests, for the welfare of the
population in a democratic way promoting social justice. Therefore, we conducted a literature
review on the subject in general, and analyzed how the evaluation of projects of
Environmental Education is stablished in the context of public environmental management,
both in its development as public policy and in its practice. We studied the case of a project
in the context of environmental licensing for offshore oil exploration, the “Projeto Pólen”, by
carrying out desk reviews and interviews. We observed in our survey that the few
publications in the area related to the subject are more focused on identifying the problems in
the evaluation process, rather than to propose strategies. The main difficulties pointed are
the specificities of the Environmental Education field and the breadth of its objectives. In the
founding documents of the area and in national public policies analyzed – PNEA and
ProNEA - the relevance of the theme is officially recognized, but there is a shortage of
guidance on its implementation. The public policy indicates that evaluation is designed as a
space for popular participation and social control to promote environmental justice, however
it still seems to be a very sluggish process. The “Projeto Pólen” evaluation is based mainly
on the guidelines of IBAMA, which endorse a critical perspective aligned to national public
policies. The three institutions involved in the project, UFRJ, IBAMA and Petrobras, are
committed to this view. However, in practice, they acknowledge that the evaluation process
is not made effective in assessing whether in fact the project was able to help change the
environmental and social area, especially towards the inclusion of groups affected by the
impacts in decision making processes concerning their mitigation. The assessment is very
complex, aggregating various informal and subjective aspects and complementary evaluative
strategies to the original proposal. In general, the evaluation processes focus on objectives
and decision making, and in specific moments includes the participation of others
stakeholders, but without much autonomy in decision making. The strategies used are very
varied and include subjective and objective aspects, and qualitative and quantitative tools.
Our findings indicate that the advance in the evaluation process depends mainly on: the
design of their strategies with the proposed project in accordance with the critical perspective
adopted, not only to evaluate its performance, but also and mainly the social transformations
caused by it; the inclusion of a variety of evaluation tools focusing on goals, decision making,
participation and expertise and to include objective and subjective aspects and qualitative
and quantitative tools; and for proposing new instruments of evaluation related to social and
environmental transformations.
LISTA DE SIGLAS
CIEAS Comissões Estaduais Interinstitucionais de Educação Ambiental
CGEAM Coordenação Geral de Educação Ambiental do IBAMA
CGPEG Coordenação Geral de Petróleo e Gás do IBAMA
ELPN Escritório de Licenciamento de Petróleo e Nuclear do IBAMA
(antigo nome da CGPEG utilizado até abril de 2006)
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e
Renováveis
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome
MEC Ministério da Educação
MMA Ministério do Meio Ambiente
PARNA Parque Nacional
Petrobras Petróleo Brasileiro S.A.
PIEA Programa Internacional de Educação Ambiental
PLACEA Programa Latino-americano e Caribenho de Educação
Ambiental
PNEA Política Nacional de Educação Ambiental
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
ProNEA Programa Nacional de Educação Ambiental
PÓLEN Projeto Pólos Educativos do Norte Fluminense
Rio’92 Conferência do Rio/Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente ocorrida no Rio de Janeiro,
em 1992
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
V CIAEA V Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental
LISTA DE QUADROS E FIGURAS
Quadro 1: Síntese das categorias estruturantes da abordagem teórico-metodológica
..................................................................................................................................51
Quadro 2: Indicadores do Projeto Pólen (UFRJ, 2005)..........................................104
Quadro 3: Avaliação do Projeto Pólen (UFRJ, 2005).............................................108
Quadro 4: Relatórios técnicos semestrais analisados.............................................109
Quadro 5: Pareceres técnicos do IBAMA sobre o Projeto Pólen analisados .........114
Quadro 6: Atas de reuniões do IBAMA sobre o Projeto Pólen analisadas.............119
Quadro 7: Ofícios do IBAMA sobre o Projeto Pólen analisados.............................120
Quadro 8: Planejamento das entrevistas ...............................................................123
Quadro 9: Roteiro de entrevista ..............................................................................123
Quadro 10: Síntese dos principais dados obtidos nas entrevistas.........................124
Figura 1: Abordagens e tendências da avaliação. Adaptado de Worthen et al. (2004)
..................................................................................................................................56
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................12
1.1. JUSTIFICATIVA..........................................................................................15
1.1.1. Avaliação como princípio da Educação Ambiental e suas dificuldades......... 15
1.1.2. A avaliação em Educação Ambiental na gestão ambiental e o Projeto Pólen
como caso de estudo..................................................................................................... 17
1.1.3. Avaliação em Educação Ambiental como motivação pessoal....................... 20
1.1.4. Concluindo a justificativa................................................................................ 21
1.2. OBJETIVOS E HIPÓTESE DE TRABALHO ...............................................22
1.2.1. Objetivo geral................................................................................................. 22
1.2.2. Objetivos específicos..................................................................................... 22
1.2.3. Hipótese de trabalho...................................................................................... 23
1.3. METODOLOGIA .........................................................................................24
1.3.1. Levantamento bibliográfico sobre o tema (objetivo específico 1) .................. 25
1.3.2. Levantamento descritivo e análise crítica das principais políticas e programas
nacionais (objetivo específico 2).................................................................................... 25
1.3.3. Estudo de caso sobre o Projeto Pólen com análise documental, entrevistas
semi-estruturadas e análise crítica (objetivo específico 3)............................................ 25
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA..........................................29
2.1. O CAMPO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: BREVE HISTÓRICO................29
2.1.1. Constituição do campo: documentos e princípios fundadores....................... 30
2.1.2. A heterogeneidade de propostas atuais ........................................................ 35
2.2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA........................................................38
2.2.1. Perspectiva adotada ...................................................................................... 38
2.2.2. Pressupostos ................................................................................................. 41
2.3. CATEGORIAS ESTRUTURANTES DA ABORDAGEM TEÓRICO-
METODOLÓGICA .................................................................................................43
2.3.1. Práxis............................................................................................................. 43
2.3.2. Justiça Ambiental........................................................................................... 44
2.3.3. Participação ................................................................................................... 46
2.3.4. Controle Social............................................................................................... 47
2.3.5. Autonomia na tomada de iniciativa ................................................................ 49
2.4. A AVALIAÇÃO: PRINCÍPIOS E TENDÊNCIAS ..........................................52
2.4.1. A avaliação normativa objetivista/utilitarista/quantitativa e a investigação
avaliativa subjetivista/intuicionistas-pluralista/qualitativa............................................... 53
2.4.2. Tipologia de Worthen et al. (2004)................................................................. 55
3. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL.............................................................................................................58
3.1. DOCUMENTOS FUNDADORES DO CAMPO E A AVALIAÇÃO................58
3.1.1. Carta de Belgrado, 1975................................................................................ 58
3.1.2. PIEA – Tbilisi, 1977........................................................................................ 59
3.1.3. Conferência de Moscou, 1987....................................................................... 59
3.1.4. Agenda 21, 1992............................................................................................ 60
3.1.5. Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, 1992..................................................................................... 60
3.2. REVISÃO DE OUTROS ESTUDOS SOBRE AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL ..........................................................................................................61
3.2.1. Outros estudos sobre avaliação em Educação Ambiental............................. 61
3.2.2. As dificuldades na avaliação em Educação Ambiental.................................. 65
4. AS POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A AVALIAÇÃO69
4.1. AS PRINCIPAIS POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: PNEA E PRONEA...........................................................................69
4.1.1. A PNEA.......................................................................................................... 69
4.1.2. O ProNEA ...................................................................................................... 75
4.2. A AVALIAÇÃO SEGUNDO A PNEA...........................................................80
4.2.1. Levantamento descritivo da avaliação na PNEA ........................................... 80
4.2.2. Análise crítica da avaliação na PNEA............................................................ 81
4.3. A AVALIAÇÃO SEGUNDO O PRONEA .....................................................82
4.3.1. Levantamento descritivo da avaliação no ProNEA........................................ 82
4.3.2. Análise crítica da avaliação no ProNEA......................................................... 84
4.4. ANÁLISE DE OUTROS DOCUMENTOS RELEVANTES SOBRE
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS...........86
4.4.1. O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global............................................................................................... 86
4.4.2. O Portfólio do Órgão Gestor da PNEA........................................................... 87
4.5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES..................................................................89
5. UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS PROCESSOS AVALIATIVOS EM UM
PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO DO LICENCIAMENTO: O
PROJETO PÓLEN....................................................................................................91
5.1. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O LICENCIAMENTO DE PETRÓLEO.......91
5.1.1. Bases legais................................................................................................... 93
5.1.2. As diretrizes pedagógicas do IBAMA para o licenciamento de petróleo........ 95
5.2. O PROJETO PÓLEN E OS PROCESSOS AVALIATIVOS.......................100
5.2.1. Análise documental...................................................................................... 102
5.2.1.1. Documentos avaliativos produzidos pela UFRJ....................................... 102
5.2.1.1.1. Texto original do Projeto Pólen................................................................ 103
5.2.1.1.2. Relatórios técnicos semestrais................................................................. 109
5.2.1.2. Documentos avaliativos produzidos pela Petrobras ................................ 112
5.2.1.3. Documentos avaliativos produzidos pelo IBAMA..................................... 113
5.2.1.3.1. Pareceres técnicos................................................................................... 113
5.2.1.3.2. Atas de reuniões e ofícios........................................................................ 119
5.2.1.3.3. Algumas considerações sobre os documentos avaliativos do IBAMA..... 121
5.2.2. Entrevistas ................................................................................................... 122
5.2.2.1. Resultados das entrevistas...................................................................... 124
5.2.2.2. Análise das entrevistas ............................................................................ 126
5.2.2.2.1. A influência do pioneirismo do projeto nos seus processos avaliativos... 127
5.2.2.2.2. Os diferentes papéis institucionais na avaliação e o IBAMA como
impulsionador de uma perspectiva crítica.................................................................... 129
5.2.2.2.3. Avaliação formativa e somativa de acordo com os papéis institucionais. 130
5.2.2.2.4. Tendências do processo avaliativo entre intuicionista-pluralista e utilitarista
132
5.2.2.2.5. Dificuldades encontradas......................................................................... 133
5.2.2.2.6. Questões específicas do IBAMA.............................................................. 134
5.2.2.2.7. Questões específicas da Petrobras ......................................................... 135
5.2.2.2.8. Questões específicas da UFRJ................................................................ 136
CONCLUSÕES.......................................................................................................138
REFERÊNCIAS.......................................................................................................149
12
1. INTRODUÇÃO
A avaliação é um tema considerado muito complexo na opinião da maioria dos
autores que se dedicam ao tema (WORTHEN et al., 2004). Para a Educação
Ambiental, esse tema tem se mostrado uma das principais lacunas que prejudicam o
avanço do campo (LAYRARGUES, 2000). Seja pela inadequação dos instrumentos
avaliativos tradicionais ou pela ausência de instrumentos específicos, a avaliação de
ações de Educação Ambiental tem se configurado como uma questão problemática
nos últimos anos (TOMAZELLO, 2001). A escassez de trabalhos que tratem
especificamente sobre esse assunto é evidente, demonstrando que essa discussão
ainda se encontra em um estágio bastante imaturo de desenvolvimento. Diante
desse cenário, optamos por realizar um estudo exploratório a partir de uma
perspectiva crítica, com o intuito de desenvolver algumas análises preliminares
sobre essa questão, que possam servir de base para estudos posteriores mais
aprofundados.
Propomos uma abordagem baseada no entendimento de que a crise ambiental é
indissociável do modelo social vigente e das desigualdades sociais decorrentes
deste e portanto, a educação deve ser entendida como elemento de transformação
social, através da emancipação dos sujeitos e da compreensão crítica da realidade.
Sendo assim, sustentamos que a Educação Ambiental deve ter como principal
objetivo promover a transformação das relações socioambientais atualmente
estabelecidas, na busca por uma sociedade socialmente mais justa e
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade,
solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade. A
perspectiva adotada se baseia, principalmente, em uma perspectiva crítica adotada
nas políticas públicas brasileiras relativas à Educação Ambiental e no Tratado de
13
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
produzido pela sociedade civil em evento paralelo à Conferência Oficial da ONU no
Rio em 1992 e reconhecido internacionalmente (LOUREIRO, 2002).
Dessa forma, optamos por realizar um estudo no âmbito da gestão ambiental
pública, por entender que esse é um contexto privilegiado para o desenvolvimento
da Educação Ambiental Crítica, no qual a regulação dos bens comuns públicos
realizada pelo Estado, deve se opor à dominação dos interesses particulares, em
prol do bem estar da população, de forma democrática e em favor da justiça social.
Nesse cenário, os conflitos por usos e formas de apropriação dos recursos naturais
se explicitam e cabe à Educação Ambiental garantir que os diferentes segmentos
sociais tenham condições efetivas de intervirem no processo de gestão, diminuindo
as assimetrias características do modelo social vigente. Primeiramente é importante
esclarecer que, nessa perspectiva, a gestão ambiental é concebida como mediação
de interesses e conflitos. A partir do entendimento de que o processo de apropriação
e uso dos recursos ambientais envolve interesses e conflitos (potenciais e explícitos)
entre atores sociais que atuam de alguma forma sobre os meios físico-natural e
construído, cabe ao poder público definir o modo como devem ser apropriados os
recursos ambientais na sociedade, assegurando o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum da população (QUINTAS,
2004). Sendo assim, quando o Estado assume determinada postura diante de um
problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com
os custos, e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica sobre o
meio, seja ele físico, natural ou construído (QUINTAS & GUALDA, 1995). Nesse
sentido, é importante compreender que o modo de perceber determinado problema
ambiental, ou mesmo a aceitação de sua existência, é mediada por interesses
14
econômicos, políticos e posições ideológicas, de forma que um mesmo dano ou
risco ambiental que é tido como inaceitável por um ator social, pode ser considerado
desprezível ou inexistente por outro. Ou seja, a sustentabilidade, entendida como
ações realizadas para a satisfação de necessidades humanas presentes e futuras,
não é apenas um problema técnico que pode ser resolvido por meio da escolha de
práticas propostas unicamente por especialistas em várias áreas de conhecimento.
Nesse caso, os espaços de avaliação são fóruns de decisão privilegiados, que
permitem a intervenção direta nas ações decorrentes das políticas públicas,
podendo refletir diretamente na prática a perspectiva adotada.
Para compreender esse contexto e avançar na discussão proposta, realizamos
primeiramente um levantamento de estudos anteriores sobre o tema, no intuito de
dialogar com os poucos avanços já realizados e verificar a escassez de trabalhos
existentes previamente percebida. Em seguida, realizamos uma análise crítica sobre
a abordagem dos processos avaliativos presente nas principais políticas públicas
nacionais sobre Educação Ambiental, buscando entender e discutir as orientações
oficiais sobre o assunto que norteiam as decisões ligadas à avaliação das ações no
âmbito da gestão ambiental pública. Por fim, realizamos um estudo de caso, no
intuito de analisar como a avaliação está se dando de forma empírica em um projeto
de Educação Ambiental no contexto da gestão. Nesse caso, trabalhamos com um
projeto exigido no âmbito do licenciamento ambiental de atividades de produção de
petróleo, o Projeto Pólen, e analisamos os processos avaliativos empregados pelas
instituições envolvidas no projeto, a UFRJ e a Petrobras, enquanto executoras do
projeto e o IBAMA, enquanto órgão licenciador requerente da medida.
15
1.1. JUSTIFICATIVA
1.1.1. Avaliação como princípio da Educação Ambiental e suas dificuldades
Nos principais documentos fundadores do campo e na literatura relacionada à
área em geral, a avaliação sempre aparece como uma questão indissociável da
realização de qualquer ação de Educação Ambiental. Um dos primeiros documentos
a definir princípios, metas, objetivos e diretrizes para o campo, a Carta de Belgrado
de 1975, já estabelece como um dos seus principais objetivos o desenvolvimento da
capacidade de avaliação. Historicamente, todos os outros documentos fundadores
da área, como as recomendações de Tbilisi, a Agenda 21 e o Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (que serão
detalhadamente analisados no item 3.1) reafirmam, de alguma forma, a avaliação
como um dos princípios básicos da Educação Ambiental.
No Brasil, a Educação Ambiental só começou a se consolidar como política
pública em 1994, com a aprovação do Programa Nacional de Educação Ambiental
(ProNEA) (LOUREIRO, 2002). A versão desse programa aprovada em 2004, após
ampla discussão com educadores ambientais e com representantes de governos
municipais e estaduais, determina, logo em sua apresentação, que todos os
segmentos sociais e esferas de governo são co-responsáveis pela sua aplicação,
execução, monitoramento e avaliação. O programa institui o monitoramento e a
avaliação de políticas, programas e projetos de Educação Ambiental como uma de
suas linhas de ação e dentro desta sugere certas estratégias como a utilização de
indicadores e diagnósticos socioambientais.
Observando esses documentos, podemos perceber que as principais referências
nacionais e internacionais do campo estão de acordo com a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA), formalizada através da Lei n
o
9.795/99, quando esta
16
estabelece que a “permanente avaliação crítica e construtiva do processo educativo”
é um dos princípios básicos da Educação Ambiental. Entendemos, então que a
relevância dos processos avaliativos para a área é absolutamente legitimada pelos
seus principais documentos de referência.
Na prática há sérias dificuldades de fazer valer o princípio da “avaliação crítica e
permanente”. Os problemas relacionados à sua realização estão presentes em todos
os foros de discussão desse campo e são muitos os autores que reconhecem essas
dificuldades (TOMAZELLO, 2001; ANDRADE e LOUREIRO, 2001; SATO, 2002).
Segundo Tomazello (2001) há uma unanimidade entre os autores sobre a
importância do desenvolvimento de instrumentos adequados, evidenciando a
deficiência das avaliações realizadas atualmente e a carência de instrumentos de
boa qualidade. Andrade e Loureiro (2001) apontam que são poucas as organizações
que conseguem realizar o monitoramento e a avaliação de projetos na área de
Educação Ambiental de forma satisfatória e sistemática, confirmando que a grande
maioria dos projetos tem dificuldades nesse sentido. O Grupo de Trabalho dedicado
à avaliação no V Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental (VCIAEA),
realizado em 2006, concluiu que as dificuldades de se avaliar os projetos são
evidentes, visto que praticamente não há dados e resultados acerca dos programas
e projetos nesse campo realizados nos últimos 30 anos no Brasil (VCIAEA, 2006).
Assim, o grupo aponta uma enorme necessidade de um maior diálogo e reflexão
sobre esses processos de avaliação para que se possa avançar nessa discussão e
superar as dificuldades encontradas hoje. A ausência de mecanismos de avaliação
também é considerada pelo Programa Latino-americano e Caribenho de Educação
Ambiental (PLACEA, 2003) como um dos principais obstáculos ao processo de
desenvolvimento da Educação Ambiental na Região.
17
Dessa forma, entendemos que os problemas relativos às dificuldades de realizar
avaliações adequadas nos projetos de Educação Ambiental, a escassez de
trabalhos desenvolvidos nesse sentido e os prejuízos causados por essa deficiência,
estão claramente evidentes na literatura da área, o que justifica a importância do
desenvolvimento de trabalhos como o aqui proposto.
1.1.2. A avaliação em Educação Ambiental na gestão ambiental e o Projeto
Pólen como caso de estudo
Como colocado anteriormente, optamos por analisar os processos avaliativos
inseridos em ações de Educação Ambiental no contexto da gestão pública, por
entender que é nesse contexto que a Educação Ambiental com perspectivas críticas
tem maior potencial de se concretizar. Segundo orientações do próprio IBAMA -
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis, a
educação no processo de gestão tem um papel fundamental em garantir o controle
social na elaboração e na execução de políticas públicas através da participação
individual e coletiva, com conhecimento, nos processos decisórios sobre o acesso e
uso de recursos ambientais no Brasil (IBAMA, 2002). A avaliação de projetos, nesse
contexto, é um espaço privilegiado, pois permite a interferência direta da população
em ações que resultam das políticas públicas durante seu processo de execução.
Especialmente no licenciamento, a Educação Ambiental é vista como
importante instrumento para a gestão ambiental democrática e participativa como
verificado por vários autores da área (QUINTAS, 2002; ANELLO, 2006; UEMA,
2006). Nesse contexto, a Coordenação Geral de Petróleo e Gás (CGPEG) do
IBAMA assumiu um papel pioneiro ao exigir que os programas de Educação
18
Ambiental realizados como medidas mitigadoras e/ou compensatórias para a
emissão de licenças ambientais no âmbito do licenciamento do petróleo
efetivamente seguissem diretrizes que estivessem de acordo com a Política
Nacional de Educação Ambiental - PNEA. A alta relevância econômica dos
empreendimentos ligados ao petróleo coloca os projetos de Educação Ambiental
gerados nesse cenário em uma situação privilegiada no que se refere à
disponibilidade de recursos para sua realização. Dessa forma, entendemos que o
estudo dos projetos nele inseridos seja de alta relevância e tenha grandes
possibilidades de contribuir para o avanço das discussões acerca dos processos
avaliativos em Educação Ambiental na atualidade, especialmente no que se refere à
avaliação como espaço de participação popular e forma de democratização da
gestão pública.
Inserido nesse contexto, o Projeto Pólen (Pólos Educativos do Norte
Fluminense) (anexo 1), surgiu como exigência do IBAMA como medida
compensatória para a emissão da licença ambiental para um empreendimento da
Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), que consiste na produção e escoamento de
petróleo e gás natural do campo de Espadarte e da área leste do campo de
Marimbá, Bacia de Campos (FPSO-Espadarte da Petrobras/UN-BC). O projeto está
sendo executado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 2005,
e abrange os municípios de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, Armação de
Búzios, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Macaé, Carapebus,
Quissamã, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de
Itabapoana. O projeto inclui variadas ações de Educação Ambiental como:
capacitação de profissionais como técnicos das Secretarias de Educação e Meio
Ambiente e lideranças locais; elaboração de material de apoio de forma participativa;
19
e implementação de pólos e projetos municipais de Educação Ambiental
permanentes que serão ao final do projeto geridos pelos atores capacitados.
Formalmente, o projeto tem como objetivos gerais:
Promover condições para que diferentes atores sociais construam e
resgatem saberes significativos, metodologias e valores necessários para
fortalecimento da autonomia individual e coletiva, compreensão da
diversidade e complexidade das questões ambientais, suas causas, efeitos
e inter-relações e desenvolvimento de ações mobilizadoras junto a outros
atores que contribuam para o encaminhamento da resolução de questões
socioambientais (UFRJ, 2005).
Além de estar no contexto do licenciamento do petróleo como descrito
anteriormente, o projeto possui algumas características que o tornam
particularmente interessante como caso de estudo de questões relevantes do campo
da Educação Ambiental, como é o tema da avaliação. Destacamos os seguintes
aspectos:
envolve processos formais e não formais de Educação Ambiental;
está de acordo com as políticas públicas no sentido de promover uma
Educação Ambiental que busca contribuir para o desenvolvimento da
gestão ambiental democrática e participativa, e para a articulação e
integração comunitária, intra e interinstitucional;
é um projeto pioneiro como medida compensatória do setor de petróleo
que leva em conta a importância do diagnóstico socioambiental, dos
processos participativos, e da transformação da realidade através de
ações duradouras;
possui um caráter integrador no sentido de ser uma iniciativa desenvolvida
em parceria entre uma empresa de grande porte (Petrobras) e uma
20
universidade pública (UFRJ), com o órgão licenciador como mediador do
processo (IBAMA);
fomenta a participação da universidade no processo de gestão ambiental,
atuando nos campos da pesquisa e da extensão;
é um projeto de grande amplitude, envolvendo treze municípios,
atualmente em andamento, com previsão de continuidade até 2009 e
acessível à autora deste estudo, que participou como parte integrante da
equipe executora.
Dessa forma, entendemos que o Projeto Pólen tem um excelente potencial
como objeto de pesquisa no campo da Educação Ambiental, especialmente com
relação à questão da avaliação como formulada nesse trabalho, devido ao contexto
em que está inserido. Em função das características descritas, nos propomos a
analisar os processos avaliativos instituídos nesse projeto pelas instituições nele
envolvidas: UFRJ e Petrobras, enquanto instituições executoras e IBAMA, como
órgão licenciador requerente. O texto original do Projeto Pólen se encontra em
anexo (anexo 1), caso haja necessidade de eventuais consultas sobre informações
mais específicas do projeto.
1.1.3. Avaliação em Educação Ambiental como motivação pessoal
Os aspectos apontados anteriormente puderam ser percebidos pessoalmente
pela autora desse trabalho através de experiências profissionais como educadora
ambiental que mostraram na prática como a carência de processos avaliativos
adequados gera limitações para o desenvolvimento e continuidade dos projetos,
dificultando o avanço do campo de modo mais sistematizado. Tanto atuando no
21
âmbito da Educação Ambiental informal como no âmbito formal, o momento da
avaliação das atividades sempre se configurou como uma questão problemática
visto que os instrumentos disponíveis, de uma maneira geral, se mostram precários
e insuficientes diante da realidade. Mais recentemente, a participação no Projeto
Pólen, objeto de pesquisa desse trabalho, levou a estudos mais aprofundados sobre
a Educação Ambiental no processo de gestão, situação na qual se insere esse
projeto por se configurar como medida mitigadora para emissão de licença ambiental
para exploração de petróleo. Nesse contexto, a questão da avaliação de projetos de
Educação Ambiental se configura como um espaço potencial de participação popular
na gestão ambiental, possibilitando a interferência direta da população
tradicionalmente excluída, nos processos decisórios relativos ao uso e à apropriação
dos recursos ambientais. Nesse sentido, a avaliação pode servir diretamente à
transformação socioambiental, possibilitando a participação democrática nas
políticas públicas e nos processos de gestão ambiental. Esse aspecto da avaliação
em Educação Ambiental se mostrou bastante interessante e pertinente e suscitou o
desejo de realizar estudos mais qualificados nesse sentido.
1.1.4. Concluindo a justificativa
Procuramos nesse tópico demonstrar de forma clara e objetiva os motivos e
motivações que nos levaram às escolhas e recortes presentes nesse trabalho.
Descrevendo o cenário atual sobre a relevância da questão da avaliação para a
Educação Ambiental, as sérias dificuldades constatadas pelos autores da área e de
que forma essa questão se insere no contexto da gestão e do licenciamento
ambiental e no Projeto Pólen, esperamos ter justificado de forma fundamentada a
22
sua relevância, assim como das opções realizadas. Buscamos com isso contribuir
para a superação dessa grande lacuna do campo em estudo, que é o processo de
avaliação, acreditando que é possível avançar nas discussões sobre o tema, apesar
de sua complexidade e das dificuldades operacionais existentes.
1.2. OBJETIVOS E HIPÓTESE DE TRABALHO
1.2.1. Objetivo geral
Diante do cenário descrito, esse trabalho tem como objetivo geral:
Analisar sob uma perspectiva crítica os processos avaliativos de projetos de
Educação Ambiental no âmbito da gestão ambiental pública.
1.2.2. Objetivos específicos
Nesse sentido traçamos os seguintes objetivos específicos:
1) Realizar um levantamento dos trabalhos publicados sobre a
avaliação de ações de Educação Ambiental no âmbito
nacional.
2) Analisar como a avaliação de ações de Educação Ambiental
está formulada nas principais políticas públicas e programas
nacionais – PNEA e ProNEA.
23
3) Analisar os processos avaliativos instituídos em um projeto de
Educação Ambiental no âmbito do licenciamento de petróleo, o
Projeto Pólen, pelas instituições realizadoras do projeto UFRJ
e Petrobras e pelo órgão licenciador requerente IBAMA.
1.2.3. Hipótese de trabalho
De acordo com esses objetivos, nossa principal hipótese de trabalho consiste
em que os problemas nos processos avaliativos em Educação Ambiental decorrem
principalmente de uma formulação equivocada do princípio da avaliação.
Geralmente, o princípio da avaliação das ações de Educação Ambiental está
centrado nos resultados relativos à eficiência na execução dos projetos em si, e não
em sua capacidade de transformação da realidade. O equívoco está justamente em
basear a avaliação nos “resultados”, compreendidos como simples execução das
ações previstas e não no seu processo de desenvolvimento e nos seus impactos
sobre a realidade. A avaliação crítica e permanente, como prevista pelas políticas
nacionais de Educação Ambiental deve garantir que essas ações estão sendo, de
fato, capazes de transformar a sociedade em algo mais justo e igualitário, buscando
a superação dos problemas estruturais da nossa sociedade e das contradições do
modelo de desenvolvimento atual, através de alternativas que decorram de práticas
conscientes dos envolvidos por uma nova relação sociedade/natureza (LOUREIRO,
2002). Dessa forma, a avaliação deve estar centrada no processo de
desenvolvimento das ações de Educação Ambiental, de forma participativa e
contínua buscando avaliar as transformações causadas pelas ações, e não
unicamente a execução dos projetos.
24
A maioria dos projetos considera como resultados o cumprimento de metas
pré-estabelecidas, formalmente realizadas e não avaliam de fato se houve
mudanças significativas na realidade por conta dos projetos. Além disso,
freqüentemente as avaliações acabam tendo sentido de verificação quantitativa do
cumprimento dos objetivos, sem considerar outras variáveis e não é raro se
resumirem a relatórios que não significam um processo sistemático de avaliação
crítica, tal como previsto em lei. Frequentemente a avaliação não é contemplada no
planejamento dos projetos, sendo incorporada apenas no momento formal de
prestação de contas. Dessa forma a avaliação não se configura como uma parte
integrante do projeto, que se desenvolve ao longo de todo o processo como uma
reflexão permanente das ações, mas sim como uma mera ferramenta de
constatação dos resultados obtidos ao final de sua execução. Nesse sentido, os
projetos no contexto da gestão pública estariam negligenciando o pressuposto
básico da transparência na divulgação da intervenção pública, ao realizar a
avaliação de suas ações apenas quando já essas foram finalizadas. Sendo assim, a
partir dessas hipóteses de trabalho, delineamos a seguinte metodologia para atingir
nossos objetivos.
1.3. METODOLOGIA
Em termos metodológicos essa pesquisa se caracteriza como um estudo
exploratório, que visa levantar os principais aspectos sobre a temática desenvolvida
e iniciar o tratamento das questões através de uma análise crítica, de forma a servir
de base para estudos posteriores mais aprofundados. Essa opção se justifica pelo
estado prematuro das discussões acerca desse tema, que praticamente não foi
desenvolvido anteriormente, e em função disso, não permite no atual momento,
25
análises mais aprofundadas em uma pesquisa de dissertação de mestrado.
1.3.1. Levantamento bibliográfico sobre o tema (objetivo específico 1)
Primeiramente realizou se um levantamento dos documentos de referência do
campo, fundadores de seus princípios e parâmetros básicos, corroborados pela
literatura da área. Em seguida, foi realizada uma busca nos principais periódicos da
área, que se revelou pouco eficiente em função da evidente escassez de trabalhos
sobre o tema. Por fim, buscamos trabalhos, artigos em periódicos e capítulos de
livros indicados diretamente por autores da área, e encontrados como referências de
outros trabalhos que tangenciavam o tema.
1.3.2. Levantamento descritivo e análise crítica das principais políticas e
programas nacionais (objetivo específico 2)
Para o objetivo específico 2, traçamos como metodologia primeiramente o
levantamento descritivo dos aspectos relativos à avaliação presentes nas principais
políticas e programas nacionais de Educação Ambiental brasileiras - ProNEA
(BRASIL, 2005) e PNEA (BRASIL, 1999). Esses dois documentos foram escolhidos
pela sua relevância como principais referências oficias da área no âmbito nacional.
Esse levantamento descritivo teve como objetivo subsidiar a análise crítica, baseada
nos fundamentos teórico-metodológicos que serão explanados nos capítulo2.
1.3.3. Estudo de caso sobre o Projeto Pólen com análise documental,
entrevistas semi-estruturadas e análise crítica (objetivo específico 3)
26
No objetivo especifico 3 realizamos um estudo de caso, que tem como objeto de
estudo os processos de avaliação do Projeto Pólen realizados pelas instituições
executoras do projeto UFRJ e Petrobras e pelo órgão licenciador requerente IBAMA.
Essa estratégia foi escolhida pois é uma modalidade de pesquisa pela qual se tenta
entender fenômenos complexos em curto espaço de tempo visando, com uma série
de evidências, à generalização de pressupostos e conclusões por método indutivo
(YIN, 2005), o que é adequado aos nossos objetivos de pesquisa. Segundo Yin
(2005), determinadas características do nosso trabalho como as questões do tipo
“como?” e “por quê?”, foco em um fenômeno contemporâneo, e o fato do
pesquisador ter pouco controle sobre os eventos são características apropriadas à
utilização deste método.
Para o estudo de caso, utilizamos como instrumentos de pesquisa:
a análise documental de textos avaliativos produzidas no âmbito do
projeto, como seu texto de origem, relatórios de acompanhamento e
pareceres técnicos;
entrevistas semi-estruturadas com profissionais das instituições em
questão envolvidas com a avaliação do projeto, como os professores da
UFRJ coordenadores do Projeto Pólen, a profissional responsável pelo
seu acompanhamento na Petrobras e os técnicos do IBAMA responsáveis
pelo acompanhamento e monitoramento do projeto.
A análise documental, técnica de pesquisa qualitativa realizada a partir de
documentos considerados cientificamente autênticos - no nosso caso, textos oficiais
disponibilizados pelas instituições envolvidas com o projeto - busca identificar
informações factuais nos documentos a partir de questões de interesse da pesquisa
27
(LÜDKE e ANDRÉ, 1986). Dessa forma, como estipulado por Lüdke e André (1986),
utilizamos a análise documental no intuito de subsidiar e complementar as
informações obtidas em outra técnica, que nesse caso são as entrevistas.
A entrevista é uma forma privilegiada de interação social com o objetivo de
construir informações pertinentes para o objeto de pesquisa (MINAYO, 2008). Nesse
caso, optamos por realizar entrevistas semi-estruturadas, que combinam questões
abertas e fechadas, pois temos a intenção de que os entrevistados discorram sobre
o tema a partir de algumas questões previamente formuladas mas sem se prender
unicamente a essas indagações. Também optamos por realizar entrevistas coletivas,
reunindo em um mesmo grupo os principais responsáveis pelo processo avaliativo
de cada uma das instituições. Dessa forma entrevistamos os técnicos do IBAMA
ligados ao processo avaliativo do Pólen conjuntamente, assim como os
coordenadores do Pólen da equipe da UFRJ. No caso da Petrobras a entrevista
realizada foi individual pois havia uma pessoa principal responsável pelo projeto.
Essa opção se justifica pelo fato de que para o nosso objetivo de pesquisa, as
entrevistas devem ser fontes de informações institucionais, que nos permitam
analisar o processo empregado em cada uma das três instituições em questão, e
não as divergências internas de cada uma delas. Dessa forma, consideramos que as
entrevistas coletivas seriam mais proveitosas, pois permitiriam que os profissionais
de uma mesma instituição dialogassem e se complementassem, passando para nós
uma visão institucional única. Os entrevistados foram escolhidos junto com a equipe
executora do Pólen, que nos ajudou a identificar os responsáveis diretos pelos
processos avaliativos do projeto nas três instituições, informação que foi confirmada
diretamente com cada um deles.
28
Para a realização e análise das entrevistas nos apoiamos nos procedimentos
estabelecidos por Minayo (2008), no que diz respeito à entrada no campo, aos
registros e à análise e à interpretação de dados. De acordo com essa autora, as
entrevistas devem ser precedidas da mediação com os entrevistados e dos
esclarecimentos acerca da pesquisa, registradas de forma fidedigna através da
gravação consentida em áudio e sua posterior transcrição, procedimento realizado
nessa pesquisa. Optamos por tratar os dados obtidos a partir de uma análise de
conteúdo, na modalidade temática (MINAYO, 2008). Dessa forma, após a leitura
compreensiva e exaustiva do material, estabelecemos formas de classificação inicial
dos fragmentos de texto, buscamos identificar núcleos de sentido e criar categorias
temáticas mais amplas que nos permitem descrever os principais resultados obtidos
e criar inferências a partir das nossas premissas e fundamentação teórica.
Assim como no objetivo 2, a análise crítica dos dados levantados no estudo
de caso se baseou na fundamentação teórico-metodológica de acordo com o
capítulo 2.
29
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
2.1. O CAMPO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: BREVE HISTÓRICO
O termo “Educação Ambiental” foi registrado pela primeira vez há pouco mais
de 40 anos na Grã-Bretanha durante a Conferência de Educação realizada na
Universidade de Keele em 1965 (MMA, 2008). Nesse período, a crise ambiental se
tornava cada vez mais evidente, principalmente em função da intensificação dos
impactos ambientais das atividades humanas. Nesse contexto, a necessidade de se
introduzir na educação dos cidadãos princípios básicos de Ecologia e de
conservação dos recursos naturais levou ao surgimento da Educação Ambiental
(LAYRARGUES, 2003). De lá para cá, esse campo cresceu e se diversificou, se
consolidando como um espaço de atividade e de saber, bastante reconhecido tanto
internacional como nacionalmente (LIMA, 2005).
Atualmente, há uma grande diversidade de concepções e sentidos atribuídos
às práticas pedagógicas relacionadas à questão ambiental (LAYRARGUES, 2004).
Layrargues (2004) afirma que a diversidade de nomenclaturas (Educação Ambiental
Crítica, Transformadora, Emancipatória, Ecopedagogia, Alfabetização Ecológica, e
etc.) retrata um momento da Educação Ambiental que aponta para a necessidade de
se estabelecer identidades relacionadas aos diferentes posicionamentos político-
pedagógicos presentes no campo.
Diante desse cenário, entendemos que, para estabelecer e delinear nosso
referencial teórico-metodológico, é preciso situá-lo nesse contexto, revisando
marcos internacionais fundamentais desse campo e fazendo uma breve análise do
estado da arte da Educação Ambiental.
30
2.1.1. Constituição do campo: documentos e princípios fundadores
Em 1972, foi publicado um dos primeiros documentos de repercussão mundial
que deflagrava a crise ambiental contemporânea. O relatório “Os Limites do
Crescimento” realizado por especialistas do Massachussetts Institute of Technology
(MIT), por encomenda do Clube de Roma, denunciava que o aumento desenfreado
do consumo levaria, cedo ou tarde, a humanidade a um colapso (DIAS, 1991). Esse
relatório de caráter catastrófico, impulsionou intensamente o debate ambiental na
Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Ambiente Humano
em Estocolmo, Suécia em 1972 (LIMA, 2005). Dessa Conferência, surgiram dois
documentos fundamentais na legitimação do reconhecimento da Educação
Ambiental como uma das principais estratégias de combate à crise socioambiental
no mundo. Destacamos o princípio 19 da "Declaração sobre o Ambiente Humano" e
a recomendação 96 do "Plano de Ação Mundial" que evidenciam esse
reconhecimento:
É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais,
dirigido, seja às gerações jovens, seja aos adultos, o qual dê a devida
atenção aos setores menos privilegiados da população, a fim de favorecer a
formação de uma opinião pública bem informada e uma conduta dos
indivíduos, das empresas e das coletividades, inspiradas no sentido de sua
responsabilidade com a proteção e melhoria do meio, em toda a sua
dimensão humana.
(Princípio número 19 da Declaração sobre o Ambiente Humano da
Conferência das Nações Unidas, Estocolmo, 1972, grifo nosso).
“ (recomenda-se que...) o secretário-geral, os organismos do sistema das
Nações Unidas, em particular da Organização Educacional, Científica e
Cultural das Nações Unidas (Unesco) e as demais instituições interessadas,
após consultarem-se e de comum acordo, adotem as disposições
necessárias a fim de estabelecer um programa internacional de educação
sobre o meio ambiente de enfoque interdisciplinar e com caráter escolar e,
extra-escolar, que abarque todos os níveis de ensino e se dirija ao público
em geral, especialmente ao cidadão que vive nas zonas rurais e urbanas,
ao jovem e ao adulto indistintamente, com o objetivo de ensinar-lhes
medidas simples que, dentro de suas possibilidades, possam tomar para
ordenar e controlar o meio ambiente.”
(Recomendação 96 do Plano de Ação Mundial elaborado da Conferência
das Nações Unidas, Estocolmo, 1972 apud Assis, 1991, grifo nosso)
31
Esses documentos já apontavam para determinadas características
constitutivas da Educação Ambiental, dentre as quais podemos destacar: caráter
formal e não-formal, enfoque interdisciplinar, público indistinto e atenção aos setores
menos privilegiados da população.
Em resposta à sugestão do estabelecimento de um programa internacional de
educação sobre o meio ambiente na recomendação 96 de Estocolmo, foi realizado
pela UNESCO em 1975 um encontro internacional sobre Educação Ambiental em
Belgrado, antiga Iugoslávia, aonde foram definidos, em um documento intitulado
Carta de Belgrado, princípios, metas, objetivos e diretrizes para esse campo que
pudessem fundamentar o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA).
Esse documento estabelece como diretrizes:
l. considerar o ambiente em sua totalidade - natural e construído pelo
homem, ecológico, político, econômico, tecnológico, social, legislativo,
cultural e estético.
2. ser um processo contínuo, permanente, tanto dentro quanto fora da
escola.
3. conter uma abordagem interdisciplinar.
4. enfatizar a participação ativa na prevenção e solução dos problemas
ambientais.
5. examinar as principais questões ambientais do ponto de vista mundial,
considerando, ao mesmo tempo, as diferenças regionais.
6. focalizar condições ambientais atuais e futuras.
7. examinar todo o desenvolvimento e crescimento do ponto de vista
ambiental.
8. promover o valor e a necessidade da cooperação em nível local, nacional
e internacional, na solução dos problemas ambientais.
(Carta de Belgrado, 1975)
Reiterando o que havia sido estabelecido em Estocolmo, a Carta de Belgrado
acrescenta alguns aspectos relevantes aos princípios da Educação Ambiental como
a importância de se considerar as múltiplas dimensões do ambiente, a necessidade
de continuidade e permanência dos processos educativos, a ênfase na participação
ativa na prevenção e solução de problemas ambientais, e a necessidade de se
problematizar as questões ambientais em nível global e regional.
32
A primeira conferência intergovernamental sobre esse campo foi realizada em
1977 em Tbilisi, Geórgia (ex União Soviética) e é considerada por alguns autores
como o ponto culminante do PIEA, contribuindo para precisar a natureza da
Educação Ambiental, definindo seus objetivos, características, recomendações e
estratégias pertinentes no plano nacional e internacional (DIAS, 1991). Reiterando
os pontos estabelecidos em Belgrado, uma das recomendações fundamentais de
Tbilisi foi a integração da Educação Ambiental às políticas nacionais (MEC, 2008).
Em 1987 ocorreu a divulgação do Relatório “Nosso Futuro Comum”, também
conhecido como Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
criada pela Assembléia Geral da ONU. Segundo Layrargues (2003), o destaque
desse relatório é a formalização do conceito de desenvolvimento sustentável, que se
baseia principalmente na crença de que o crescimento econômico pode continuar
indefinidamente no mesmo ritmo, desde que ocorram modificações tecnológicas no
sentido de tornar sobretudo os insumos energéticos mais econômicos e eficientes.
Atualmente, esse conceito se faz presente em todos os foros que abordam a
temática ambiental, tendo sido plenamente legitimado após a Conferência do Rio em
1992 e possuindo, consequentemente, uma enorme influência nas concepções
ideológicas que fundamentam as ações de Educação Ambiental (LAYRARGUES,
2003)
A Conferência do Rio, Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992, gerou
documentos importantes para a área da Educação Ambiental, como a Agenda 21 e
o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global inserido no Tratado das ONGs, que servem de referência
para a maioria dos educadores ambientais até hoje e são considerados
33
especialmente relevantes para a Educação Ambiental brasileira. O Capítulo 36 da
Agenda 21 formula propostas gerais para a reorientação do ensino no sentido do
desenvolvimento sustentável, do aumento da consciência pública e da promoção do
treinamento baseadas nos princípios estabelecidos em Tbilisi. O Tratado de
Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
busca expressar o que os educadores de países de todos os continentes pensam
em relação à Educação Ambiental. Sua versão final foi definida em leitura e
discussão com mais de 500 participantes, após dois anos de debates e reforça a
Educação Ambiental como processo educativo capaz de fornecer os elementos
instrumentais e racional-emancipatórios necessários para concretização do ideal de
uma sociedade sustentável e planetária (LOUREIRO, 2002). Esse documento
associa explicitamente a crise ambiental ao modelo social vigente e às
desigualdades sociais decorrentes deste, apontando a necessidade de
compreensão da natureza sistêmica das crises que ameaçam o futuro:
As causas primárias de problemas como o aumento da pobreza, da
degradação humana e ambiental e da violência podem ser identificadas no
modelo de civilização dominante, que se baseia em superprodução e
superconsumo para uns e em subconsumo e falta de condições para
produzir por parte da grande maioria. Consideramos que são inerentes à
crise a erosão dos valores básicos e a alienação e a não-participação da
quase totalidade dos indivíduos na construção de seu futuro. É fundamental
que as comunidades planejem e implementem suas próprias alternativas às
políticas vigentes. Dentre essas alternativas está a necessidade de abolição
dos programas de desenvolvimento, ajustes e reformas econômicas que
mantêm o atual modelo de crescimento, com seus terríveis efeitos sobre o
ambiente e a diversidade de espécies, incluindo a humana.
(Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, 1992)
A idéia de que o atual modelo de crescimento é responsável pelos efeitos
maléficos sobre o ambiente é contraditória com o conceito de desenvolvimento
sustentável estabelecido pela ONU no Relatório Brundtland (1987), que afirma que o
avanço das tecnologias “limpas” seria a principal solução dos problemas ambientais,
dentro da lógica do modelo atual baseado no crescimento econômico. Essa
34
contradição pode ser considerada uma das principais causas geradoras da
heterogeneidade de propostas de Educação Ambiental atuais e será devidamente
problematizada no item 2.1.2.
Por fim, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade
realizada em Thessaloniki em 1997, um dos últimos eventos específicos da área de
grande relevância internacional, reafirma que a Educação Ambiental deve ser
implementada de acordo com as orientações de Tbilisi e de sua evolução a partir
das questões globais tratadas na Agenda 21 e conferências da ONU, que
abordaram a educação para a sustentabilidade (LOUREIRO, 2002). Ou seja, reitera
que as bases da Educação Ambiental estão definidas de acordo com os documentos
aqui anteriormente citados.
Em última análise, a partir dos documentos e eventos considerados
fundamentais para a consolidação da Educação Ambiental enquanto campo de
atividade e de saber, podemos extrair como seus principais aspectos característicos,
num plano geral:
responsabilidade com a proteção e melhoria do meio
caráter formal e não-formal
enfoque interdisciplinar
múltiplas dimensões do ambiente
continuidade e permanência dos processos educativos
participação nos espaços de decisão
problematização das questões ambientais a nível global e regional
integração da Educação Ambiental às políticas nacionais
reorientação do ensino formal
mudança de atitudes individuais e coletivas
35
Aquelas características que parecem não ser consensuais nas diferentes
abordagens de Educação Ambiental, como o conceito de desenvolvimento
sustentável e a associação entre a crise ambiental e o modelo social vigente, serão
discutidas no próximo item.
2.1.2. A heterogeneidade de propostas atuais
Como apontado anteriormente, a Educação Ambiental se encontra em um
momento no qual a diversidade de propostas político-pedagógicas é uma tônica nas
reflexões acerca do campo. Determinados conceitos e categorias aceitos
internacionalmente passaram a ser tão comuns e recorrentes na fundamentação
teórico-metodológica de projetos na área, que se esvaziaram de sentido, criando a
ilusão de um falso consenso de que todos os educadores ambientais possuem o
mesmo tratamento da questão ambiental (LOUREIRO, 2004b). Na realidade, a
variedade de propostas retrata perspectivas teórico-metodológicas muitas vezes
conflitantes, que diferenciam de forma profunda as ações tanto com relação a suas
finalidades como com relação às metodologias adotadas. Nesse sentido, o Brasil se
destaca pelo seu protagonismo na reflexão e no debate sobre esses significados,
sendo responsável por uma grande fertilidade de idéias sobre as especificidades da
Educação Ambiental na construção da sustentabilidade (LAYRARGUES, 2003). No
entendimento de muitos autores (CARVALHO, 2004; GUIMARÃES, 2004;
LAYRARGUES, 2002a; LOUREIRO, 2004b) as diferentes abordagens da Educação
Ambiental podem ser divididas em dois grandes blocos: a Educação Ambiental
36
convencional ou conservadora e a Educão Ambiental baseada no pensamento
crítico.
Retomando o debate iniciado no item anterior, podemos assumir que a
principal característica que diferencia essas duas abordagens é a forma de entender
a relação entre crise ambiental e modelo societário. O primeiro bloco se baseia na
crença de que a superação da crise ambiental é possível independente de uma
mudança social; já o segundo, entende a mudança ambiental como forma de
transformação social na busca por justiça social atrelada à proteção da natureza
(LAYRARGUES, 2002a).
Na primeira perspectiva, a Educação Ambiental tem como principal objetivo a
mudança comportamental do indivíduo. Baseada nos paradigmas da sociedade
moderna como o cartesianismo e o antropocentrismo, privilegia os aspectos
racionais e cognitivos do processo pedagógico, acreditando que a transmissão de
conhecimentos ecológicos transformará o comportamento individual e
conseqüentemente a sociedade (GUIMARÃES, 2004). Segundo Guimarães (2004),
a Educação Ambiental conservadora adota uma visão fragmentada da realidade,
sobrepondo o racionalismo à emoção, a teoria à prática, a dimensão tecnicista frente
à política, a disciplinaridade frente à transversalidade, o individualismo diante da
coletividade, promovendo, assim, o conhecimento de forma descontextualizada e
desvinculada da realidade. Para Layrargues (2002), essa abordagem tem um caráter
reprodutivista das condições sociais, se prestando à manutenção das relações de
poder através do uso do discurso ecológico. Esse autor cita como exemplo de ações
reprodutivistas o estímulo a reciclagem de latas de alumínio que apresentam
correlação direta com a concentração de renda da indústria da reciclagem e
exclusão social dos catadores, reforçando o modelo socioeconômico produtivista
37
baseado na desigualdade social. Outro exemplo citado pelo mesmo autor diz
respeito ao uso das questões ambientais como fator de competitividade entre as
empresas, utilizando a Educação Ambiental como estratégia de marketing dentro de
uma lógica capitalista. Dessa forma, a Educação Ambiental convencional se
caracteriza por possuir um caráter comportamentalista, reducionista ou dualista no
entendimento da relação cultura-natureza (LOUREIRO, 2004b), reforçando as
relações de poder estabelecidas.
Já a Educação Ambiental baseada no pensamento crítico entende-a como
elemento de transformação social para a superação das formas de dominação e
expropriação capitalista (LOUREIRO, 2004b). Segundo Carvalho (2004), nessa
perspectiva a educação é posicionada imersa na vida, na história e nas grandes
questões urgentes do nosso tempo, buscando compreender as relações sociedade-
natureza e intervir sobre os problemas e conflitos ambientais. Defende a educação
como formação de sujeitos sociais emancipados e como elemento de transformação
social. Nesse sentido, recusa a crença individualista de que a mudança social se dá
pela soma das mudanças individuais e, ao mesmo tempo, recusa também a
dicotomia entre sujeito e sistema social genérico despersonalizado que deve mudar
primeiro para depois dar lugar à transformação no modo de vida das pessoas,
assumindo uma perspectiva na qual só faz sentido pensar indivíduo e coletividade
em relação (CARVALHO, 2004).
A abordagem utilizada nesse trabalho se insere no bloco da Educação
Ambiental baseada no pensamento crítico. Apesar de haver objetivos comuns
baseados em uma ética compartilhada, existem nuances metodológicas e
conceituais, e algumas ênfases temáticas importantes no seu interior que diferem as
abordagens inseridas nesse bloco (LOUREIRO, 2004b). As especificidades da
38
fundamentação teórico-metodológica adotada nesse trabalho serão tratadas nos
itens seguintes.
2.2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA
2.2.1. Perspectiva adotada
Nesse trabalho adotamos uma perspectiva da Educação Ambiental que se
origina no escopo das pedagogias críticas e emancipatórias, especialmente
dialéticas, em suas interfaces com a teoria da complexidade, de acordo com
Loureiro (2004a, 2004b, 2002, 2007b). Sendo assim, entendemos a educação como
elemento de transformação social, através da emancipação dos sujeitos e da
compreensão crítica da realidade, articulando as variáveis crítica, emancipatória e
transformadora.
A Educação Ambiental baseada no pensamento crítico possui como marca
principal o entendimento de que esta, por ser tratar de uma prática social, necessita
vincular os processos ecológicos aos sociais na leitura de mundo, na forma de
intervir na realidade e de existir na natureza (LOUREIRO, 2007a). Nesse sentido, se
contrapõe à visão tradicional do ambientalismo, que apoiada no conservacionismo
biocêntrico e nas pesquisas ecológicas, prioriza a dimensão ecológica das questões
ambientais, sobrepondo-a às outras dimensões. Segundo essa perspectiva, a
construção de um debate consistente sobre as questões ambientais se torna inviável
se não considerarmos as estruturas sociais nas quais essas questões estão
inseridas. Para Loureiro (2002), a Educação Ambiental plena, contextualizada e
crítica necessita evidenciar os problemas estruturais da nossa sociedade,
reconhecendo as desigualdades de classe existentes e sua relação com o modelo
39
societário atual e estruturas de dominação decorrentes. A busca por transformação
social e justiça ambiental (categoria explanada no item 2.3.2) só é possível a partir
de um entendimento crítico da realidade, que possibilite uma compreensão profunda
dos motivos que levam às situações de injustiças atuais para que se possa atuar
sobre eles. Dessa maneira, é preciso que a reflexão subsidie a prática
permanentemente, em um movimento dialético constante. Na mesma linha,
Guimarães (2004) enfatiza que a instrumentalização dos atores para a intervenção
social, passa, em primeiro lugar, por desvelar a contraposição de forças sociais nos
embates por hegemonia estruturantes da sociedade moderna. É preciso, então,
reconhecer as desigualdades entre as forças sociais presentes nos conflitos
ambientais e compreender suas causas, para que se possa atuar sobre eles de
forma consciente e efetiva. A partir do entendimento de que os problemas
ambientais têm relação indissociável com os modelos socioeconômicos produtivistas
atuais e suas contradições, a Educação Ambiental crítica tem como principal objetivo
a mobilização pelo exercício da cidadania ativa em processos de intervenção na
realidade (GUIMARÃES, 2004) através de uma compreensão crítica de suas
estruturas socioambientais.
O caráter emancipatório da Educação Ambiental se refere à concepção de
liberdade e autonomia como finalidades do processo educativo e se traduz na
transformação de comportamentos, valores, atitudes, estilos de vida e formas de
produção dominantes na sociedade (LOUREIRO, 2007b). Nesse sentido, o processo
emancipatório almeja a construção de uma nova sociabilidade e organização social
na qual os limites que se objetivam na política, na educação, nas instituições e nas
relações econômicas possam ser superados democraticamente pautando-se na
igualdade e na justiça social, pelo respeito à diversidade cultural, pela participação e
40
pela autogestão (LOUREIRO, 2007b). Dessa forma, a educação emancipatória é
aqui entendida como o processo educativo através do qual os sujeitos se tornam
livres e autônomos pelo exercício da democracia e através da realização da justiça
social, passando não só pela mudança de comportamentos, valores e atitudes
pessoais, mas também e, principalmente, pela capacidade de transformação da
organização social. É importante ressaltarmos que, enquanto processo que se
vincula às condições e às possibilidades de uma sociedade em determinada época,
a emancipação deve ser compreendida sempre de forma contextualizada, na história
e na natureza (LOUREIRO, 2007b).
Através da compreensão crítica da realidade e do processo educativo
emancipatório, o fazer educativo ambiental possui como finalidade a transformação
dos patamares civilizacionais e societários atuais (LOUREIRO, 2004b). Esse atributo
deu origem ao termo Educação Ambiental transformadora, que, segundo Loureiro
(2004b), começou a se configurar com mais clareza em função da aproximação de
educadores junto aos militantes de movimentos sociais e ambientalistas. Esses dois
grupos tinham como foco comum a transformação societária e o questionamento
radical aos padrões industriais e de consumo consolidados no capitalismo. Indo ao
encontro da educação emancipatória e do pensamento crítico, a Educação
Ambiental passou, então, a ser entendida como práxis social que contribui para o
processo de construção de uma sociedade pautada em novos patamares
civilizacionais e societários distintos dos atuais, na qual a sustentabilidade da vida, a
atuação política consciente e a construção de uma ética que se afirme como
ecológica seja seu cerne (LOUREIRO, 2004a). Para a Educação Ambiental
transformadora, a dialética entre teoria e prática e forma e conteúdo deve se realizar
de tal maneira que as alterações da atividade humana, vinculadas ao fazer
41
educativo, impliquem mudanças individuais e coletivas, locais e globais, estruturais e
conjunturais, econômicas e culturais.
2.2.2. Pressupostos
Dentro dessa perspectiva crítica que se articula com as vertentes
emancipatória e transformadora, são pressupostos teóricos da Educação Ambiental,
de acordo com Loureiro (2002):
a. Unidade Ecológico-social: totalidade complexa, rompimento com a
fragmentação inerente ao paradigma cartesiano e vinculação com os
princípios de contextualização, de historicidade e dialética. Trabalha as
contradições como movimento interno da própria existência compreendendo a
realidade como dinâmica e diversa e considerando suas múltiplas facetas.
b. Interdisciplinaridade: diálogo de saberes, pressupõe a reciprocidade, a
mutualidade, o fim da compartimentalização, por uma percepção unitária do
ser e a compreensão do humano enquanto parte da natureza. Constitui-se
como reação não só ao modelo científico, mas ao socioeconômico existente,
propondo a formação de uma postura de compromisso coletivo capaz de
superar o individualismo tão exaltado na sociedade industrial.
c. Participação: é igualdade de poder nos processos, respeito pelas
experiências acumuladas por cada indivíduo e construção coletiva em busca
da cidadania plena. Deve problematizar toda a realidade a partir de uma
realidade específica e é considerada o âmago da democracia e da cidadania.
d. Caráter Político: aspecto inerente a qualquer prática educativa, pois é o
espaço de atuação humana no social, onde ele forma a si mesmo e molda as
42
características objetivas que o cercam. A formação política torna o indivíduo
capaz de compreender e de atuar no meio de forma consciente.
e. Aplicação das Metodologias da Educação Ambiental nos Diversos Espaços
Pedagógicos da Sociedade: a Educação Ambiental deve estar presente em
todos os espaços sociais como um processo global de conscientização e
mobilização no sentido de uma real melhoria da qualidade de vida, pautado
em metodologias e instrumentos de aprendizagem variados
f. Adequação do Processo Educativo à Realidade Cotidiana: deve-se partir do
concreto, possibilitando a construção de um senso de pertencimento a uma
localidade definida e à sociedade, ser um cidadão local para sê-lo no nível
planetário. Os valores devem ser construídos conjuntamente a partir do que
se tem mais próximo. Ao mesmo tempo, atividades locais devem ser
articuladas como processos educativos, para não se restringirem ao plano da
instrumentalização.
g. Sensibilização e Aquisição de Conhecimentos e Habilidades Necessários na
tomada de Iniciativas no Ambiente: o primeiro passo no processo educativo é
sensibilizar para um dado problema que é construído e definido socialmente.
É preciso então ter conhecimento para poder agir sobre o problema e para
mudar a realidade é preciso estar devidamente instrumentalizado para isto
criando habilidades e competências.
43
2.3. CATEGORIAS ESTRUTURANTES DA ABORDAGEM TEÓRICO-
METODOLÓGICA
A partir da fundamentação teórica anteriormente explanada, definiremos aqui
as principais categorias conceituais que servirão como base e como parâmetros
para nossa análise sobre as políticas públicas e os processos de avaliação em
Educação Ambiental no licenciamento. São elas: a práxis, a justiça ambiental a
participação, o controle social e a autonomia na tomada de iniciativa
2.3.1. Práxis
A práxis se define como atividade concreta pela qual o sujeito se afirma no
mundo, modificando a realidade objetiva e sendo modificado de forma reflexiva pelo
autoquestionamento, remetendo teoria à prática (KONDER, 1992 apud LOUREIRO,
2004b). Segundo Netto e Braz (2007) a categoria práxis inclui todas as objetivações
humanas, tanto as formas voltadas para o controle e uso da natureza criando meios
de vida e satisfazendo necessidades materiais (trabalho), quanto as formas voltadas
para influir no comportamento e na ação dos homens, de maneira que seus produtos
podem ser materiais e/ou ideais. Segundo Loureiro (2005) é uma atividade relativa à
liberdade e às intencionalidades, criada pela interação dialógica e pelas mediações
que estabelecemos com o outro, a sociedade e o mundo.
A práxis é um conceito central para a educação e, particularmente, para a
Educação Ambiental, uma vez que conhecer, agir e se perceber no ambiente deixa
de ser um ato teórico-cognitivo e torna-se um processo que se inicia nas impressões
genéricas e intuitivas e que vai se tornando complexo e concreto na práxis. Nesse
sentido, compreender o processo educativo através da práxis é compreendê-lo
44
como atividade humana coletiva, mediadora de nossas relações sociais na natureza,
com sujeitos localizados temporal e espacialmente (LOUREIRO, 2004b). A práxis
educativa transformadora é aquela que fornece condições para a ação modificadora
e simultânea dos indivíduos e dos grupos sociais, trabalhando a partir da realidade
cotidiana e visando a superação das relações de dominação e de exclusão da
sociedade capitalista.
Nesse trabalho, assumiremos a práxis como uma das categorias
fundamentais da nossa análise, a partir da compreensão de que é a partir dela que
os embates político-pedagógicos se objetivam na realidade. Nesse sentido, a práxis
educativa transformadora é aquela que fornece ao processo educativo as condições
para a ação modificadora e simultânea dos indivíduos e dos grupos sociais,
garantindo aos sujeitos o sentido de realização ao atuar na história modificando-a e
sendo modificados no processo de construção de alternativas ao modo como nos
organizamos e vivemos em sociedade (LOUREIRO, 2005).
2.3.2. Justiça Ambiental
Entende-se por justiça ambiental:
[...] o conjunto de princípios que asseguram que nenhum grupo de pessoas,
sejam grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte uma parcela
desproporcional das conseqüências ambientais negativas de operações
econômicas, de políticas e programas federais, estaduais e locais, bem
como resultantes da ausência ou omissão de tais políticas.
(Herculano, 2002)
O conceito de justiça ambiental surge através de lutas sociais e étnicas nos
Estados Unidos da América a partir da década de 1980, em um contexto no qual
cidadãos pobres e de etnias socialmente discriminadas se viam mais expostos a
riscos ambientais, tais como condições inadequadas de saneamento, contaminação
45
química e radioativa de locais de moradia e trabalho e disposição indevida de lixo
tóxico (Herculano, 2002). Segundo Acselrad (2000) os grupos tradicionalmente
excluídos suportam uma maior carga dos danos ambientais, e são justamente os
menos favorecidos pela exploração dos recursos, evidenciando que a desigualdade
social em que se baseia a nossa sociedade é determinante para a questão
ambiental e gera situações de desigualdade e injustiça ambiental. Dessa forma, os
pobres estão mais expostos aos riscos ambientais como vulnerabilidade de suas
moradias a enchentes, desmoronamentos e à ação de esgotos a céu aberto,
havendo conseqüentemente uma forte correlação entre indicadores de pobreza e a
ocorrência de doenças associadas à poluição por ausência de água e esgotamento
sanitário ou por lançamento de rejeitos sólidos, emissões líquidas e gasosas de
origem industrial. Nesse sentido, a categoria justiça ambiental se refere à aplicação
dos princípios universalistas de igualdade de direitos tanto na exposição aos riscos
ambientais como no acesso aos benefícios trazidos pelos recursos naturais
enquanto bens coletivos. A partir do reconhecimento que atualmente existe uma
associação entre degradação ambiental e injustiça social, a justiça ambiental
demanda por políticas públicas capazes de impedir que também no meio ambiente
vigorem os determinantes da desigualdade social e racial (Acselrad, 2000).
Como a nossa análise se refere à gestão ambiental no contexto da mediação
de conflitos, adotaremos uma categoria decorrente da justiça ambiental que é o
conflito ambiental. Segundo Acselrad (1995), o conflito ambiental pode ser definido
como “conflitos sociais que se dão em torno da apropriação do meio ambiente
comum, opondo-se o interesse público e interesses privados”. Ou seja, o conflito
ambiental ocorre quando dois grupos sociais possuem interesses conflitantes com
relação às formas de uso e apropriação dos recursos ambientais comuns. É
46
importante ressaltar que na maioria das vezes esses conflitos envolvem atores
sociais em posições assimétricas de poder político e econômico. No Brasil, é papel
do Estado através da gestão ambiental mediar as situações de conflitos e apoiado
na legislação decidir as melhores resoluções que atendam ao interesse público. No
entanto, definir o que é melhor para o interesse público não é simplesmente uma
decisão técnica, pois o que é benéfico para um determinado grupo pode ser
prejudicial para outro. Essa questão será retomada quando abordarmos o tema da
gestão ambiental.
2.3.3. Participação
A categoria participação utilizada nesse trabalho está de acordo com a
seguinte definição:
Participar é compartilhar poder, respeitar o outro, assegurar igualdade na
decisão, propiciar acesso justo aos bens socialmente produzidos, de modo
a garantir a todos a possibilidade de fazer a sua história no planeta, de nos
realizarmos em comunhão. Participação significa o exercício da autonomia
com responsabilidade, com a convicção de que a nossa individualidade se
completa na relação com o outro no mundo, em que a liberdade individual
passa pela liberdade coletiva. (LOUREIRO, 2004c)
Assim, entendemos que o conceito de participação deve estar diretamente
relacionado à redistribuição de poder de decisão nos processos políticos. Nesse
sentido, a participação permite aos cidadãos atualmente excluídos dos processos
políticos e econômicos promover reformas sociais significativas que lhes permitam
compartilhar dos benefícios da sociedade (ARNSTEIN, 1969). Existem graus
bastante variados de poder de decisão atribuído à participação cidadã pelos
diferentes projetos sociais, que vão desde a simples consulta até a delegação real
de poder. Nesse estudo, estamos assumindo a participação como o poder e o
47
controle efetivos nos fóruns de decisão e na gerência dos projetos e dessa forma,
entendemos que a participação com responsabilidade e autonomia se configura
como o exercício pleno da cidadania na construção coletiva de uma sociedade
democrática.
Como colocado anteriormente, a participação exige o respeito pelas
experiências acumuladas por cada indivíduo e não deve se limitar a um fato
concreto e sim problematizar toda a realidade a partir de uma realidade específica
na conquista de direitos e compromisso coletivo (LOUREIRO, 2002). Segundo
Loureiro (2002) a participação é um processo sem fim, contínuo, sem produtos
acabados ou quantitativos, pois sempre se problematiza o que existe na busca de
novas alternativas e conhecimentos individuais e coletivos, visando à melhoria das
condições de vida. A dominação e o individualismo característicos da sociedade de
classes, tornam a participação uma conquista, tendo em vista os processos
históricos de alienação e de práticas manipuladoras nos espaços participativos
(Loureiro, 2002). Especificamente com relação à Educação Ambiental, Loureiro
(2004c) define duas implicações profundas decorrentes da acepção da participação
como um de seus pressupostos: i) a negação das práticas assistencialistas e
paternalistas; ii) vinculação educação-cidadania-participação considerando a
sustentabilidade como uma construção permanente e decorrente das mediações
(sociais e ecológicas) que nos constituem.
2.3.4. Controle Social
O conceito de controle social da forma como será utilizado neste trabalho foge
às discussões tradicionalmente associadas a essa categoria no campo das Ciências
48
Sociais sobre os mecanismos de regulação e controle dos comportamentos na
sociedade contemporânea. Carvalho (1996 apud CAMPELLO, 2003) esclarece que
esse termo sofreu recentemente uma inversão de seu significado original
estabelecido pela sociologia e pela psicologia. De conceito descritivo do processo de
influência e domínio coletivo (Estado) sobre o individual (grupos sociais), transforma-
se em conceito operacional para designar o processo e os mecanismos de controle
da sociedade civil sobre o Estado (CARVALHO, 1996 apud CAMPELLO, 2003).
Assim, utilizaremos a categoria controle social de acordo com o seu significado no
âmbito político, que é definida em documentos oficias do governo brasileiro da
seguinte maneira:
O Controle Social é a participação da sociedade civil nos processos de
planejamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações da
gestão pública e na execução das políticas e programas públicos. Trata-se
de uma ação conjunta entre Estado e sociedade em que o eixo central é o
compartilhamento de responsabilidades com vistas a aumentar o nível da
eficácia e efetividade das políticas e programas públicos.
(MDS, 2007)
Ou seja, entendemos o controle social enquanto processo de participação da
sociedade nos processos decisórios com vistas a garantir que todos os grupos
sociais afetados por determinada decisão pública possam intervir no processo de
gestão fazendo valer seus direitos. Nesse sentido, de acordo com as políticas
ambientais, a Educação Ambiental deve proporcionar as condições para o
desenvolvimento das capacidades necessárias para que grupos sociais, em
diferentes contextos socioambientais do país, exerçam o controle social da gestão
ambiental pública (QUINTAS, 2004). A nova política ambiental integrada se refere
textualmente ao exercício do controle social sobre as ações do Poder Público na
conservação da diversidade biológica e reafirma a participação e o controle social no
49
processo de licenciamento como uma das diretrizes da Política Nacional do Meio
Ambiente (MMA, 2006a).
2.3.5. Autonomia na tomada de iniciativa
Segundo Paulo Freire (1996), o ser humano se tornou uma presença no
mundo capaz de reconhecer outras presenças e de pensar a si mesmo, como
presença que intervém, transforma, que fala do que faz e do que sonha, que
constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe. A própria consciência da
presença no mundo, já significa a possibilidade de interferir na construção da
presença em si e impõe às pessoas a responsabilidade e a ética em suas ações.
Isto não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, e sociais a que
estamos submetidos, mas significa reconhecer que somos seres condicionados e
não determinados pela História (Freire, 1996). É dentro dessa perspectiva que
trataremos a categoria autonomia nesse trabalho.
No Estado neoliberal, a categoria autonomia foi incorporada como forma de
estimular o individualismo e a competitividade e justificar o não investimento na
gestão pública. A Educação Ambiental com vistas à transformação social se opõe a
essa definição, assumindo que o conceito de autonomia é intrínseco à idéia de
democracia e cidadania e se refere à criação de novas relações sociais que se
opõem às relações autoritárias existentes (GADOTTI, 1994). Segundo Gadotti
(1994) cidadão é aquele que participa do governo e só pode participar do governo
(participar da tomada de decisões) quem tiver poder e tiver liberdade e autonomia
para exercê-lo. Dessa forma, na Educação Ambiental crítica, a autonomia se
configura não como meta, mas como meio a ser construído no cotidiano
50
(LAYRARGUES, 2000). Através de processos emancipatórios, nos quais as relações
sociais se pautam na igualdade, na justiça social, no respeito à diversidade, na
participação e na autogestão, a Educação Ambiental contribui para o
desenvolvimento da autonomia de sujeitos livres da tutela ou coerção de empresas,
partidos, filantropos, elites ou do próprio Estado (LOUREIRO, 2007b).
Na página seguinte apresentamos um quadro que sintetiza as informações
acerca das categorias conceituais aqui colocadas.
Quadro 1: Síntese das categorias estruturantes da abordagem teórico-metodológica
2.3.1 Práxis 2.3.2 Justiça Ambiental 2.3.3 Participação 2.3.4 Controle Social 2.3.5 Autonomia na
tomada de iniciativa
Conceito
Atividade concreta através da
qual o sujeito se afirma no
mundo seja pelo controle e uso
da natureza ou pela influência
no comportamento e na ação
dos homens.
Princípios universalistas de
igualdade de direitos tanto na
exposição aos riscos
ambientais como no acesso
aos benefícios trazidos pelos
recursos.
Compartilhamento poder.
Controle da sociedade sobre
o Estado.
Possibilidade de interferir
na construção da própria
presença no mundo, de
forma livre das relações
autoritárias.
Contexto
Conhecer, agir e se perceber no
ambiente deixa de ser um ato
teórico-cognitivo e torna-se um
processo que se inicia nas
impressões genéricas e
intuitivas e que vai se tornando
complexo e concreto na práxis.
Situação atual de associação
entre degradação ambiental e
injustiça social, que se
explicita através de conflitos
ambientais entre grupos com
poderes assimétricos em
torno da apropriação do meio
ambiente comum, opondo-se
o interesse público e
interesses privados.
Negação das práticas
assistencialistas e
paternalista.
Intuito de aumentar o nível
da eficácia e efetividade das
políticas e programas
públicos.
Se opõe ao individualismo
e a competitividade como
forma de estimular e
justificar o não
investimento na gestão
pública pelo Estado neo-
liberal.
Pressupostos
Os sujeitos modificam a
realidade objetiva e são
modificados de forma reflexiva
pelo autoquestionamento,
remetendo teoria à prática
(dialética)
O processo educativo é
entendido como atividade
humana coletiva, mediada pela
natureza, com sujeitos
localizados temporal e
espacialmente.
É papel do Estado através da
gestão ambiental mediar as
situações de conflitos.
A mediação de conflitos não
é simplesmente uma decisão
técnica, pois o que é prejuízo
benefício para determinado
grupo não o é para outros.
Nossa individualidade se
completa na relação com o
outro no mundo, pois nos
realizarmos em comunhão
(dialética).
Sustentabilidade é
entendida como uma
construção permanente e
decorrente das mediações
(sociais e ecológicas) que
nos constituem.
Vinculação entre educação-
cidadania-participação.
Se pretende a ação conjunta
entre Estado e sociedade
tendo como eixo central é o
compartilhamento de
responsabilidades.
Somos seres
condicionados e não
determinados pela
História.
Autonomia é um conceito
intrínseco à noção de
democracia e de
cidadania, na qual
cidadão é aquele que
participa das tomadas de
decisão pois tem poder,
liberdade e autonomia
para exercê-lo.
Proposições
A práxis educativa
transformadora deve fornecer
condições para a ação
modificadora e simultânea dos
indivíduos e dos grupos sociais
para a superação das relações
de dominação.
Demanda por políticas
públicas capazes de impedir
que também no meio
ambiente vigorem os
determinantes da
desigualdade social e racial
É um processo sem fim,
que deve sempre
problematizar toda a
realidade na busca de
novas alternativas e
conhecimentos individuais e
coletivos e não se limitar a
um fato concreto.
A Educação Ambiental deve
proporcionar condições para
que grupos sociais, em
diferentes contextos
socioambientais do país,
exerçam o controle social da
gestão ambiental pública.
A autonomia como meio a
ser construído no
cotidiano.
2.4. A AVALIAÇÃO: PRINCÍPIOS E TENDÊNCIAS
Para auxiliar nossas análises sobre a avaliação em Educação Ambiental,
iremos apresentar aqui um breve resumo das principais tendências, princípios e
abordagens sobre a avaliação de projetos e programas, que irão auxiliar ao
embasamento das nossas análises.
De uma forma bastante ampla e de acordo com definição da maioria dos
dicionários, a avaliação pode ser definida como o ato de determinar ou estabelecer
valor de alguma coisa, examinar, julgar. Para Worthen et al. (2004), todas as
abordagens da avaliação têm o mesmo objetivo comum que é determinar o mérito
ou valor de um programa ou parte dele. Para esse autor a avaliação tem sido usada
por vários teóricos para se referir a um grande número de fenômenos distintos, que
se diferem em função das diferentes maneiras pelas quais essas avaliações serão
usadas. Nesse sentido, apesar de se basear em um objetivo básico e comum, a
avaliação pode assumir diferentes papéis em diferentes contextos, no que se refere
ao seu uso e a suas atividades essenciais. Comumente, distingue-se a avaliação em
formativa/somativa e interna/externa (WORTHEN et al. 2004). A avaliação formativa
teria o papel de fornecer informações para a melhoria de um programa, enquanto a
somativa visa gerar julgamentos de valor ou mérito em relação a determinados
critérios. Já a distinção entre avaliações internas e externas se refere à realização
da avaliação pela equipe do próprio programa ou por pessoas de fora.
53
2.4.1. A avaliação normativa objetivista/utilitarista/quantitativa e a
investigação avaliativa subjetivista/intuicionistas-pluralista/qualitativa
Para Minayo (2005) a avaliação pode ser dividida em duas modalidades
principais: a avaliação normativa e a investigação avaliativa. A primeira se refere aos
processos mais tradicionais de avaliação que enfatizam a tecnologia, a medição e a
comparação da avaliação através da aplicação do método científico para investigar a
efetividade dos programas, isolados de interferências do seu contexto. A avaliação é
concebida como uma intervenção externa aos sujeitos e objetos avaliados. Já a
investigação avaliativa surge a partir de análises críticas sobre as avaliações formais
e se contrapõe a elas principalmente por conceber a avaliação não como um evento
isolado, mas sim como um processo no qual o contexto é determinante e deve ser
considerado. Nesse sentido, a avaliação deve integrar avaliadores e avaliados
através de metodologias interativas que visam o aperfeiçoamento dos indivíduos,
grupos, instituições e programas e os critérios avaliativos devem ser elaborados de
forma negociada e explícita.
Na mesma linha, Worthen et al. (2004) também separa as conceituações da
avaliação em dois grandes blocos, a partir de uma análise mais abrangente das
crenças filosóficas e ideológicas, preferências metodológicas e opções práticas dos
autores. De forma sintética, o autor classifica as abordagens entre
objetivista/utilitarista/quantitativa e subjetivista/intuicionista-pluralista/qualitativa. As
diferenças entre o subjetivismo e o objetivismo nas abordagens de avaliação se
referem ao seu sentido epistemológico. O objetivismo se baseia em informações
cientificamente reproduzíveis e verificáveis de forma externa aos sujeitos, enquanto
o subjetivismo tem base na experiência interna, no saber tácito cuja validade
depende da relevância da formação, das qualificações e das percepções do
54
avaliador (WORTHEN et al. 2004). Em relação aos princípios de atribuição de
valores, as avaliações objetivistas tendem a seguir as abordagens utilitaristas, que
determinam o valor baseados no impacto global de um programa no sentido de
beneficiar o maior número de pessoas possível, de acordo com os critérios
selecionados. Já as abordagens subjetivistas, usualmente se baseiam na avaliação
intuicionista-pluralista, que considera que o valor depende do impacto do programa
sobre cada indivíduo, de acordo com sentimentos e apreensões individuais e de
grupos. Nessa abordagem, os indicadores podem ser uma pluralidade de critérios e
juízos que devem envolver como avaliadores todos os indivíduos ou grupos afetados
pelo processo avaliado (WORTHEN et al. 2004). Os métodos de coleta de dados
estão intimamente ligados à epistemologia, à filosofia e à metodologia da avaliação.
Os métodos quantitativos enfatizam a abordagem experimental e os métodos
estatísticos. Seguindo os modelos tradicionais das ciências naturais que se centram
na padronização, precisão, mensuração e reprodutibilidade dos dados, eles se
direcionam, geralmente, para o modelo objetivista/utilitarista descrito acima. Já os
métodos qualitativos enfatizam a descrição substantiva do avaliador, se
concentrando nos processos sociais e nos diferentes significados dados pelos
diferentes pontos de vista. Empregam múltiplos métodos de coleta e utilizam uma
abordagem indutiva na análise dos dados, se afinando com a abordagem
subjetivista/intuicionista-pluralista (WORTHEN et al. 2004).
Considerando que as definições dadas por Minayo (2005) convergem com
Worthen et al. (2004), iremos levar em conta os aspectos apontados por ambos os
autores no sentido de analisar as tendências dos tipos de avaliação presentes na
Educação Ambiental segundo os dois grandes blocos definidos por eles: a avaliação
normativa objetivista/utilitarista/quantitativa e a investigação avaliativa
55
subjetivista/intuicionistas-pluralista/qualitativa, entendendo que essas tendências
podem ser aplicadas tanto para avaliações internas, quanto externas, assim como
para avaliações somativas e formativas.
2.4.2. Tipologia de Worthen et al. (2004)
Para uma análise mais detalhada das diferentes estratégias avaliativas,
estaremos dialogando também com a tipologia definida por Worthen et al. (2004),
que distingue seis diferentes abordagens conceituais da avaliação de acordo com o
que consideram ser sua força motriz, ou seja, seus objetivos ou interessados. São
elas:
a avaliação centrada em objetivos;
a avaliação centrada na administração/tomada de decisão;
a avaliação centrada no consumidor;
a avaliação centrada em especialistas/experiência;
a avaliação centrada no adversário/em opiniões contrárias;
a avaliação centrada no participante/ na participação.
A avaliação centrada em objetivos se concentra na determinação de metas para
o projeto avaliado e na determinação da medida em que essas metas foram ou não
atingidas. A avaliação centrada na administração ou tomada de decisão busca
identificar e atender as necessidades de informação dos administradores do objeto
avaliado para subsidiar a sua tomada de decisões. A avaliação centrada no
consumidor visa avaliar diferentes produtos de forma a embasar a escolha dos
consumidores. A avaliação centrada em especialistas ou na experiência depende da
56
aplicação direta de conhecimentos especializados de profissionais para julgar o que
está sendo avaliado. A avaliação centrada no adversário ou em opiniões contrárias
visa opor pontos de vista de diferentes avaliadores, apontando aspectos prós e
contras relativos ao que está sendo avaliado. E, por último, a avaliação centrada no
participante ou na participação é aquela em que o envolvimento dos interessados no
objeto de avaliação é crucial.
Worthen et al. (2004) relaciona ainda as abordagens definidas com as dimensões
utilitarista e intuicionista-pluralista da seguinte forma: as abordagens centradas nos
objetivos e na administração seriam aquelas mais próximas da dimensão utilitarista,
seguidas da abordagem centrada no consumidor. A abordagem centrada na
experiência estaria entre a avaliação utilitarista e a intuicionista-pluralista, já a
centrada no adversário tenderia mais para a dimensão intuicionista-pluralista
enquanto a centrada na participação seria completamente intuicionista-pluralista.
Essa relação entre as diferentes abordagens e suas tendências com relação às
grandes dimensões da avaliação se encontra representada abaixo de acordo com
figura baseada em Worthen et al. (2004):
Figura 1: Abordagens e tendências da avaliação. Adaptado de Worthen et al. (2004)
Assim, nos apoiaremos nas definições de Minayo (2005) e Worthen et al. (2004),
com relação às duas grandes modalidades da avaliação: a avaliação normativa
57
objetivista/utilitarista/quantitativa e a investigação avaliativa subjetivista/
intuicionistas-pluralista/qualitativa e ainda nas seis diferentes abordagens de
avaliação de acordo com seus objetivos definidos por Worthen et al. (2004) para
analisar as tendências dos processos avaliativos estudados no âmbito desse
trabalho. Relacionando essas definições com a nossa fundamentação político-
pedagógica da Educação Ambiental e com as categorias estruturantes definidas,
concluímos esse capítulo entendendo que essas são bases apropriadas para
analisarmos a avaliação de ações de Educação Ambiental no âmbito da gestão
pública, como aqui proposto e apresentado nos capítulos seguintes.
58
3. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
3.1. DOCUMENTOS FUNDADORES DO CAMPO E A AVALIAÇÃO
Como colocado anteriormente, nos principais documentos fundadores do
campo e na literatura relacionada à área em geral, a avaliação sempre aparece
como uma questão indissociável da realização de qualquer ação de Educação
Ambiental. No entanto, não parece haver um consenso acerca da definição do que
seja essa avaliação, e nem tampouco sobre a forma mais adequada de realizá-la.
Geralmente se dá muita ênfase ao alto grau de relevância da avaliação, mas há
poucos registros sobre o desenvolvimento dos processos avaliativos em si.
3.1.1. Carta de Belgrado, 1975
A Carta de Belgrado de 1975 coloca como um dos seus principais objetivos o
desenvolvimento da capacidade de avaliação e estabelece que a Educação
Ambiental deve “estimular os indivíduos e os grupos sociais a avaliarem as
providências relativas ao ambiente e aos programas educativos, quanto aos fatores
ecológicos, políticos, econômicos, estéticos e educacionais” (CARTA DE
BELGRADO, 1975). A partir de uma concepção de meio ambiente que considera
suas múltiplas dimensões, esse documento estabelece a avaliação por parte dos
indivíduos ou grupos envolvidos em ações de Educação Ambiental em dois sentidos:
i) a avaliação das ações que afetam o meio ambiente em si; e ii) a avaliação dos
59
próprios programas educativos relacionados a essas questões. No entanto, não
estabelece de forma mais específica de que maneira isso deve ser feito.
3.1.2. PIEA – Tbilisi, 1977
Em 1977, fundamentado na Carta de Belgrado, o Programa Internacional de
Educação Ambiental (PIEA) durante a primeira conferência intergovernamental em
Tbilisi, Geórgia (ex União Soviética) estabelece a natureza da Educação Ambiental e
define seus objetivos, características, recomendações e estratégias pertinentes no
plano nacional e internacional (UNESCO-PNUMA, 1978). Nas recomendações de
Tbilisi, a avaliação aparece com o objetivo de “melhorar decisões políticas de
educação”. Juntamente com a pesquisa, a avaliação deve garantir que as mudanças
institucionais e educacionais necessárias à incorporação da Educação Ambiental
aos sistemas nacionais de ensino não se baseiem unicamente na experiência.
Nesse sentido recomenda-se aos governos que se dê particular atenção à
preparação de instrumentos de avaliação que possam medir a influência dos
programas de estudo desenvolvidos e que se tomem medidas para proceder a
avaliação do sistema de ensino.
3.1.3. Conferência de Moscou, 1987
A Conferência de Moscou, de 1987, reuniu centenas de especialistas para avaliar
efeitos da Conferência de Tbilisi e traçar estratégias para a década seguinte no
campo da Educação Ambiental. Entre as prioridades estabelecidas nesse evento,
estão as “pesquisas sobre avaliação comparada nos diferentes componentes do
60
processo educacional” (DIAS, 1993). Segundo as recomendações de Moscou, “a
avaliação, freqüentemente descuidada, deverá ser pesquisada de modo a se
estabelecer a real efetividade do processo e a execução dos ajustes necessários
para a sua melhoria”. Indica-se ainda nessa conferência o método de simulação dos
problemas ambientais como o mais adequado para a avaliação, além de se enfatizar
a importância de pesquisas sobre vantagens e desvantagens de diferentes
estratégias, velhas ou novas, concebidas para a organização e transmissão das
mensagens educativas.
3.1.4. Agenda 21, 1992
Na Agenda 21, documento elaborado durante a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992, a
avaliação no contexto do ensino aparece novamente nos dois sentidos
estabelecidos pela Carta de Belgrado: a avaliação por parte da população dos
problemas e necessidades ambientais e a avaliação das estratégias utilizadas nesse
contexto. Nesse documento, enfatiza-se a importância da cooperação de todos os
setores da sociedade nesses processos e a participação do público nos debates
sobre políticas e avaliações ambientais.
3.1.5. Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, 1992
O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, documento elaborado durante evento da sociedade civil
61
paralelo à conferência Rio92, destina uma parte específica do seu texto para
sistemas de coordenação, monitoramento e avaliação das ações de Educação
Ambiental e nela ressalta a importância do acompanhamento e da avaliação da
implementação dos elementos do próprio Tratado por organizações, grupos de
ONGs e movimentos sociais. Além disso, o documento destaca também o
importante papel das redes, encontros e ações articuladas nacional e
internacionalmente para a coordenação, monitoramento e avaliação da Educação
Ambiental.
Podemos perceber, então, que as principais referências nacionais e
internacionais do campo reafirmam constantemente a avaliação como um dos
princípios básicos da Educação Ambiental. No entanto, também é possível observar
que não há muito debate sobre essa questão, e que os aspectos levantados pelos
diferentes documentos são bastante variados.
3.2. REVISÃO DE OUTROS ESTUDOS SOBRE AVALIAÇÃO EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
3.2.1. Outros estudos sobre avaliação em Educação Ambiental
Após um breve levantamento sobre a literatura da área que aborda o tema em
questão, reafirmamos que a escassez de referências é evidente, havendo poucos
estudos que abordam o tema da avaliação em Educação Ambiental. Destacamos
apenas dois trabalhos que discutem o tema de forma mais profunda.
Tomazello (2001) busca destacar as discussões sobre critérios de avaliação
de projetos na visão de vários especialistas. Segundo essa autora, há uma premissa
comum a todos os autores em relação à avaliação que é a mudança de valores, no
62
entanto as proposições são bastante diferenciadas. De forma resumida, as principais
proposições apontadas pela autora são:
Para Glasgow et al (1995 apud TOMAZELLO, 2001) o mais importante
da avaliação é a definição clara e precisa de seus objetivos, pois para
este autor a maior dificuldade da planificação da avaliação em
Educação Ambiental está em definir os seus objetivos.
Alba e Gaudiano (1997 apud TOMAZELLO, 2001) enfatizam a
necessidade de que a avaliação seja contínua e ocorra ao decorrer de
todas as fases do desenvolvimento das atividades.
Guimarães (1995 apud TOMAZELLO, 2001) destaca a necessidade da
avaliação qualitativa da produção de conhecimentos.
Para Guerra (1993 apud TOMAZELLO, 2001) a avaliação de projetos
em Educação Ambiental deve ser: processual, qualitativa, dialógica,
compreensiva e construtiva, independente, não neutra, democrática,
participativa, realizada em equipe, com a colaboração externa, sem
objetivar o julgamento do programa ou dos seus responsáveis.
Diaz (1995 apud TOMAZELLO, 2001) distingue três níveis de
avaliação: alunos, nos quais se avalia as mudanças de atitude a
capacidade de analisar os problemas, tomar decisões e intervir no
meio ambiente; os professores, avaliados em relação à capacidade de
elaborar, concluir e participar de um projeto interdisciplinar e/ou
transdisciplinar, de integrar os objetivos da Educação Ambiental nas
diferentes disciplinas e determinar um marco conceitual comum, além
de apreciar e responder às necessidades da comunidade local com a
perspectiva de um desenvolvimento sustentável, e de introduzir uma
63
dimensão mais global da Educação Ambiental; e do projeto educativo
que é avaliado de acordo com seus objetivos, recursos previstos,
formas de relação entre os próprios alunos e entre alunos e
professores, metodologia e o próprio sistema de avaliação.
Mayer (1989 apud TOMAZELLO, 2001) se refere à necessidade de
três grupos de indicadores de qualidade: para a mudança de valores,
atitudes, hábitos e crenças dos alunos; para a estratégia educacional
do projeto sob o ponto de vista cognitivo (relevância local do projeto,
enfoque multi/inter/transdisciplinar); e, para a estratégia educacional do
projeto do ponto de vista afetivo (interações entre alunos, professores,
família, comunidade e autoridades).
Assim, observando o estudo realizado por Tomazello (2001), percebemos que
há uma variedade muito grande de orientações acerca da avaliação de ações de
Educação Ambiental, que apontam nas mais variadas direções: a importância da
definição dos objetivos, da continuidade da avaliação, do uso de diferentes níveis de
avaliação, de indicadores de qualidades, etc. Entendemos que essa
heterogeneidade de propostas para a avaliação da Educação Ambiental, reflete a
situação atual do campo, que como exposto anteriormente, por ser se encontrar
ainda em fase de constituição, apresenta uma grande heterogeneidade de propostas
e tendências político-pedagógicas variadas. Dessa forma, a avaliação, assim como
outras questões fundamentais, se configura ainda por meio de questões em fase de
elaboração e espaço de disputas entre as diferenças perspectivas e tendências.
64
No estudo de Andrade e Loureiro (2001), os autores abordam as estratégias
de avaliação dos processos de Educação Ambiental e se referem a uma série de
aspectos que devem ser considerados. Destacamos:
a abordagem dos aspectos racional, emocional e comportamental;
o equilíbrio entre vertentes qualitativas e quantitativas;
a valorização das técnicas de observação;
o estabelecimento dos objetivos do monitoramento e da avaliação de
projetos em Educação Ambiental de acordo com o público-alvo do
projeto, suas características e seu contexto;
a aplicação dos princípios da Educação Ambiental como participação e
continuidade;
a diversificação das estratégias para coleta de dados, coletivos e
individuais como entrevistas, oficinas, etc.;
a adequação da estratégia de análise de dados;
a importância da apresentação clara dos resultados, através de tabelas
e matrizes;
o uso de indicadores.
Nesse caso, os autores já apontam em uma perspectiva mais específica da
avaliação, havendo uma ênfase na adequação das estratégias e objetivos ao
contexto, na diversificação de metodologias, na continuidade e na participação de
diferentes grupos no processo avaliativo. Dessa forma, entendemos que a
perspectiva desses autores se identifica com a concepção de avaliação enquanto
espaço de participação e transformação social, adequado à realidade e contextos
específicos.
65
3.2.2. As dificuldades na avaliação em Educação Ambiental
Em relação exclusivamente às dificuldades relacionadas à avaliação em
Educação Ambiental, há outros trabalhos que se referem a esse tema, mas que não
realizam uma discussão mais profunda. O Grupo de Trabalho dedicado à avaliação
no V Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental (VCIAEA), realizado em
2006, concluiu que as dificuldades de se avaliar os projetos são evidentes, visto que
praticamente não há dados e resultados acerca dos programas e projetos nesse
campo realizados nos últimos 30 anos no Brasil (VCIAEA, 2006). Assim, o grupo
aponta uma enorme necessidade de um maior diálogo e reflexão sobre esses
processos de avaliação para que se possa avançar nessa discussão e superar as
dificuldades encontradas hoje. A ausência de mecanismos de avaliação também é
considerada pelo Programa Latino-americano e Caribenho de Educação Ambiental
(PLACEA, 2003) como um dos principais obstáculos ao processo de
desenvolvimento da Educação Ambiental na Região. Esse documento defende que
o desenvolvimento de mecanismos que promovam a implementação de critérios
para a avaliação dos processos educativos ambientais deve ser uma das ações
prioritárias para a consolidação as políticas públicas de Educação Ambiental.
Os motivos que geram dificuldades no processo de avaliação apontados pela
bibliografia do campo são muito amplos e variados. Sato (2002) considera que os
problemas nos processos avaliativos decorrem da dificuldade de avaliar as
mudanças de atitudes humanas em relação ao ambiente, que segundo essa autora
seria o principal objetivo da Educação Ambiental. De acordo com Sato, Tomazello
(2001) também coloca que a abrangência dos objetivos e dos temas da Educação
66
Ambiental são os motivos principais para as dificuldades dos processos avaliativos.
Para essa autora, o uso de processos de avaliação mais quantitativos, que
requerem respostas objetivas, pode prescindir de elementos fundamentais a
Educação Ambiental, como a incorporação e consolidação de valores, atitudes e
hábitos ao longo da vida e a concepção de uma realidade complexa. No entanto, a
autora acrescenta que os vários processos educativos existentes no campo também
contribuem para essas dificuldades. Segundo Tomazello (2001), os resultados das
ações de Educação Ambiental não têm uma relação direta com uma única atividade
ou com um estudo que possa ser avaliado de forma isolada e independente.
Depresbiteris (2001) reforça que as formas de avaliação tradicionais não se
adéquam à perspectiva de transversalidade e internacionalização de valores da
Educação Ambiental. Na visão da autora, a avaliação desses processos não pode
se restringir somente a uma perspectiva de análise e deve levar em conta diversos
aspectos da realidade e recorrer a diversas dimensões do conhecimento, o que gera
uma grande dificuldade metodológica. O Grupo de Trabalho de Educação Ambiental
e Avaliação do V Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental (VCIAEA,
2006) também aponta a subjetividade e a complexidade das questões relacionadas
à Educação Ambiental como um dos principais motivos geradores de dificuldades
nos processos avaliativos, mas acrescenta ainda que os diversos conceitos de
Educação Ambiental existentes e o uso de categorias muito amplas e generalistas
como comportamento e conhecimento são também aspectos complicadores. O
grupo aponta ainda que a não incorporação da Educação Ambiental nos processos
de gestão e a ausência de cursos de capacitação em métodos de avaliação são
fatores que dificultam o desenvolvimento dos processos avaliativos. Por fim,
Andrade e Loureiro (2001) relacionam as dificuldades de avaliação em projetos de
67
Educação Ambiental ao fato de se tratarem de projetos sociais e educativos, que
precisam levar em conta tanto a complexidade das organizações sociais e a
dinâmica contraditória da sociedade quanto a dimensão educativa do processo.
Nesse sentido, os autores ressaltam que uma ação educativa não pode se restringir
a práticas de sensibilização e transmissão de informação e que os processos
avaliativos devem levar em conta a avaliação do processo educativo em si, sem
reducionismos.
Dessa forma, podemos perceber que há alguma convergência entre os autores
no que diz respeito à complexidade de objetivos da Educação Ambiental dificultar
seus processos avaliativos. Em geral, há uma grande dificuldade em se definir
claramente o foco da avaliação a ser realizada, havendo freqüentemente confusão
entre avaliações de resultados, de impacto, de projeto ou de comportamentos,
sinalizando que não se sabe exatamente o que se quer nem o que se pretende
exatamente com a avaliação. No entanto, na visão dos diferentes autores há uma
grande variedade de outros aspectos relevantes que devem ser levados em conta
quando se trata das dificuldades em avaliar ações de Educação Ambiental, como a
definição de seus objetivos, a utilização de categorias e conceitos muito subjetivos e
abrangentes, a perspectiva transversal adotada e a própria avaliação do processo
educativo.
Da mesma maneira, muitos são os problemas apontados como decorrência da
ausência ou deficiência de processos de avaliação adequados. Destacamos como
pontos mais relevantes:
a limitação da percepção e reconhecimento dos resultados frente aos
objetivos dos projetos, visto que nem todos os avanços e processos são
identificados (ANDRADE e LOUREIRO, 2001);
68
a diminuição da identificação de dificuldades, limitações e erros que
poderiam ser superados (ANDRADE e LOUREIRO, 2001);
a desvalorização dos programas e projetos (VCIAEA, 2006);
as debilidades em aspectos institucionais e na conquista de avanços
significativos da área (PLACEA, 2003).
69
4. AS POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A AVALIAÇÃO
4.1. AS PRINCIPAIS POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: PNEA E PRONEA
Primeiramente, faremos uma breve análise geral das principais políticas e
programas nacionais de Educação Ambiental - PNEA e ProNEA, para em seguida
tratarmos especificamente da abordagem sobre o tema da avaliação nesses
documentos.
4.1.1. A PNEA
A lei federal n° 9795 de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA) no Brasil, é a primeira lei na América Latina que torna
oficial o seu reconhecimento como um instrumento educativo para a busca de
padrões mais sustentáveis de sociedade (LOUREIRO, 2002). É considerada pelos
autores do campo como um instrumento muito relevante ao desenvolvimento de
suas atividades (VELASCO, 2000) e que visava à instauração de uma nova ética na
relação estabelecida entre a sociedade brasileira e a natureza (LAYRARGUES,
2002b). Segundo Layrargues (2002b), trata-se da consolidação de um processo de
inclusão da dimensão ambiental na educação, que ocorreu ao longo de pouco mais
de duas décadas de esforços dos educadores ambientais, favorecido pela
disseminação progressiva de uma consciência ecológica em função da crise
contemporânea. Diante desse contexto, a Educação Ambiental foi definida pela Lei
n° 9.795/99 como:
“ (...) os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
70
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.”
“(...) componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não-formal.”
(Lei 9.795 de 27 de abril de 1999, BRASIL, 1999)
A definição presente na PNEA dá ênfase à construção de capacidades para a
conservação do meio ambiente e à inclusão de todos os níveis e modalidades de
ensino nessa tarefa. Sem fazer uma discussão mais ampla acerca da definição de
meio ambiente em si, muitos autores consideram que esse conceito tratado de forma
restrita à conservação ambiental, não deixa claro que ambiente se define pela
inserção humana ativa (LOUREIRO, 2002). Considerando-se que historicamente a
Educação Ambiental convencional se configurou a partir da vertente
conservacionista do movimento ambientalista, que, baseada nas Ciências Naturais
positivistas, defende a preservação das áreas de natureza original livres da
interferência humana (ALIER, 2007), podemos assumir que a ausência de uma
indicação clara sobre a importância de considerarmos a interferência humana como
parte integrante do meio ambiente, indica, de certa forma, a assunção de que a
Educação Ambiental se presta basicamente à preservação da natureza,
independente do contexto social no qual está inserida. Tal concepção desconsidera
que o próprio conceito de conservação, assim como os conceitos de qualidade de
vida, sustentabilidade e propriedade coletiva que a lei menciona, não são objetivos e
nem estão dados de forma homogênea na nossa sociedade, mas possuem uma
relação direta com a estrutura societária desigual e baseada no acúmulo de capital
em que estamos inseridos. Assim, a definição de Educação Ambiental como está
colocada na PNEA desconsidera a importância de relacionarmos o fazer educativo
com a práxis e com as situações de injustiça ambiental em que vivemos, se
ausentando dessa discussão.
71
Outros aspectos relativos à lei 9.795/99 que merecem destaque dizem
respeito a: seu caráter interdisciplinar e transversal, incluindo todos os níveis e
modalidades de ensino; e a importância da participação de todos na sua promoção,
de acordo com as diretrizes de Tbilisi (LOUREIRO, 2002). Nesse sentido, incumbe-
se ao Poder Público, às instituições educativas, aos órgãos integrantes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, aos meios de comunicação de massa, às
empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas e à sociedade como
um todo, a tarefa de promover a Educação Ambiental (BRASIL, 1999).
A lei n° 9.795/99 estabelece ainda disposições gerais da Política Nacional de
Educação Ambiental, disposições acerca do ensino formal e não formal e de sua
execução, além de definir os princípios básicos e os objetivos fundamentais da
Educação Ambiental. Regulamentada em 25 de junho de 2002 pelo decreto n° 4.281
(BRASIL, 2002), a PNEA deve ser coordenada, segundo esse documento, pelo
Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, dirigido pelos Ministros
de Estado do Meio Ambiente e da Educação. O decreto define ainda as
competências do Órgão Gestor e cria o Comitê Assessor composto por
representantes das áreas de educação e meio ambiente de entidades reconhecidas
nacional e localmente dos setores público, privado e da sociedade civil.
Uma breve análise desses documentos, a partir das categorias conceituais
previamente definidas nesse estudo – práxis, justiça ambiental, participação,
controle social e autonomia na tomada de iniciativa -, revela que a participação é a
única categoria que aparece explicitamente no texto da lei 9.795/99 e do seu decreto
regulamentador, evidenciando que no texto legal não se atribui nenhuma ou pouca
relevância às outras categorias. Eventualmente o controle social, a autonomia e a
práxis aparecem de forma tácita, geralmente relacionados aos conceitos de
72
participação, cidadania e democracia. A categoria de justiça ambiental pode ser
observada de forma implícita às poucas referências existentes sobre justiça social.
Destacamos alguns trechos dos princípios básicos e dos objetivos
fundamentais da lei 9.795/99, a partir dos quais é possível se fazer uma discussão
acerca da abordagem dessas categorias na PNEA:
o princípio básico I da Educação Ambiental determina “o enfoque
humanista, holístico, democrático e participativo”, se remetendo à
importância da participação e da democracia como itens prioritários do
fazer educativo ambiental, sem maiores definições acerca do contexto
ou da forma como isso se dá;
o princípio IV se refere à “vinculação entre a ética, a educação, o
trabalho e as práticas sociais”, que embora de forma muito concisa,
podemos interpretar como um movimento no sentido de definir os
processos educativos e o trabalho enquanto práticas sociais realizadas
de forma indissociável da ética, remetendo-se à idéia de práxis e à
interdependência entre teoria e prática;
“o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual
e cultural”, princípio VIII, visa, de certa forma, garantir a autonomia dos
diferentes grupos sociais, evitando a discriminação e garantindo o
direito de todos de serem considerados de forma igualitária
considerando-se as diferenças culturais;
os objetivos fundamentais II e III se referem respectivamente à
“democratização das informações” e à “consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social” e também podem ser compreendidos
como estratégias para garantir a autonomia dos grupos sociais através
73
da capacitação e da qualificação para a atuação sobre os problemas
ambientais;
o objetivo IV discorre sobre a “participação individual e coletiva,
permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio
ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um
valor inseparável do exercício da cidadania” e, assim como o objetivo
VII que também faz referência ao “fortalecimento da cidadania”,
vincula educação, cidadania e participação como forma de garantir a
preservação ambiental, destacando a importância da educação para o
exercício da cidadania, aqui entendida como participação nos
espaços políticos;
o objetivo V afirma o “estímulo à cooperação entre as diversas regiões
do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção
de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios
da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade”. Não faz referência direta à
justiça ambiental, no entanto valoriza a justiça social como um dos
princípios fundantes de uma nova sociedade como forma de se opor
às situações de injustiça sociais e ambientais da sociedade atual,
através da democracia, da liberdade, da igualdade e da solidariedade.
Ou seja, podemos observar que a PNEA aborda essas categorias de forma
bastante breve e superficial, e não deixa clara a perspectiva da Educação Ambiental
assumida, no que diz respeito ao seu caráter transformador ou reprodutivista.
74
Observando a literatura acerca da PNEA, destacamos ainda duas críticas
bastante pertinentes tecidas pelos autores da área, que nos ajudam a entender
melhor as questões controversas relativas a essa lei, assim como o contexto na qual
ela está inserida. Loureiro (2002) aponta a ausência de definições precisas acerca
dos recursos financeiros destinados à Educação Ambiental como um dos principais
problemas na formulação da PNEA. Essa ausência é contraditória com todos os
pontos da lei que ressaltam a relevância da Educação Ambiental, pois não prevê de
que forma suas ações irão se concretizar na prática, objetivando essa relevância, já
que a falta de recursos na sociedade capitalista impede a realização de qualquer
atividade. Layrargues (2002b) destaca também a ausência de parâmetros
normativos claros na lei, como obrigações, regras ou sanções punitivas a quem
desrespeitá-la. Para esse autor, isso ilustra o fato de que o que está contido no texto
legal não afeta possíveis interesses econômicos que se caracterizem como entraves
ao enfrentamento das questões ambientais. Segundo Layrargues (2002), esses
problemas podem ser explicados pela precocidade da criação da PNEA, que
antecedeu às condições sociais para a realização de um debate nacional a respeito
da necessidade de sua criação. Fatores como: “(a) ausência de oposição política; (b)
ausência de uma base social profissional minimamente articulada em torno de uma
comunidade de educadores ambientais; (c) inexistência de um corpo teórico
estruturado a respeito da Educação Ambiental; (d) indefinição de um campo político-
ideológico estabelecido em torno dos modelos pedagógicos possíveis” são
indicativos de que a PNEA possui um caráter muito mais assistencialista do que
transformador, não envolvendo disputas de interesses conflitantes ou o equilíbrio de
forças sociais desiguais através da mediação do Estado, mas sim, servindo à
reprodução social e possuindo traços de assistencialismo (LAYRARGUES, 2002b).
75
4.1.2. O ProNEA
O ProNEA - Programa Nacional de Educação Ambiental, aprovado em 1994
pelo Ministério da Educação e pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o
Ministério da Cultura e o Ministério da Ciência e Tecnologia, surgiu a partir da
intenção de superar os limites da análise feita à época da Conferência Rio’92 e do
reconhecimento de que a Educação Ambiental não estava formalmente consolidada
como política pública no país até então (LOUREIRO, 2002). No intuito de atender
aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e ao mandato Constitucional
que define como responsabilidade do Poder Público a promoção da Educação
Ambiental, foram estabelecidas, neste documento, sete linhas de ação (BRASIL,
2005). Após amplo processo de consulta pública e revisão, o ProNEA atualmente
em sua 3ª edição, apresenta uma reformulação das linhas de ação e estratégias,
além de diretrizes, princípios e missão que orientam suas ações, delimitando os
objetivos e a estrutura organizacional do Programa. Seu texto destaca, logo no início
da apresentação, a sintonia do Programa com o Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a necessidade de sua
implementação por parte do poder público federal e de todos os segmentos sociais e
esferas de governo (BRASIL, 2005).
A análise feita a partir das nossas categorias conceituais revela que, de uma
maneira geral, o ProNEA dá um destaque muito maior a essas categorias do que a
PNEA, explorando-as de forma mais elaborada e consonante com as nossas
definições conceituais. A participação e o controle social são termos recorrentes
nesse documento, sendo que o conceito de participação aparece com uma
76
frequência particularmente expressiva e em diversas partes do texto, geralmente
associado à idéia de empoderamento e inclusão social. A justiça ambiental e a
autonomia são categorias que aparecem apenas de forma subentendida,
principalmente nas discussões acerca das relações entre justiça social e as
questões ambientais, participação e controle social. O conceito de práxis foi
percebido no documento através das orientações que dizem respeito às atividades
concretas realizadas pelos sujeitos pelas quais esses podem se afirmar no mundo e
modificar a realidade objetiva, como através da interferência direta na formulação e
execução de políticas públicas e da qualificação e participação na gestão.
Destacamos alguns trechos que ilustram como o ProNEA aborda essas
categorias:
Logo na justificativa o texto se refere à necessidade de “garantir o
efetivo controle e a participação social na formulação e execução de
políticas públicas, de forma que a dimensão ambiental seja sempre
considerada” e nesse contexto destaca-se o importante papel da
educação de “propiciar os processos de mudanças culturais em
direção à instauração de uma ética ecológica e de mudanças sociais
em direção ao empoderamento dos indivíduos, grupos e sociedades
que se encontram em condições de vulnerabilidade em face dos
desafios da contemporaneidade”. Dessa forma, entendemos que há
uma orientação no sentido de que a participação e o controle social se
prestem à inclusão dos grupos vulneráveis, através do
desenvolvimento da autonomia e do compartilhamento de poder
político nos espaços de decisão em prol da justiça social. Relaciona-se,
então, a participação e o controle social à justiça ambiental e à
77
autonomia nos processos decisórios, enquanto estratégias para a
superação das desigualdades de poder da sociedade contemporânea,
e de forma a evitar a dominação dos processos decisórios por parte de
determinados grupos.
A “democracia e a participação social” são também uma das diretrizes
do ProNEA, e segundo o próprio documento devem permear as
estratégias e ações “sob a perspectiva da universalização dos direitos
e da inclusão social”, de forma que tanto a participação quanto o
controle social se destinem ao empoderamento dos grupos sociais
para intervirem, de modo qualificado, nos processos decisórios sobre o
acesso aos recursos ambientais e seu uso. Nesse sentido, a Educação
Ambiental deve buscar superar assimetrias típicas da nossa sociedade
pautada na desigualdade e a injustiça social, através da qualificação
dos grupos excluídos para a participação, reforçando a idéia de que a
participação e o controle social devem ser entendidos como estratégias
para se atingir a justiça social.
O princípio relativo ao “enfoque humanista, histórico, crítico, político,
democrático, participativo, inclusivo, dialógico, cooperativo e
emancipatório” se mostra consonante com a PNEA, mas aprofunda a
vinculação do conceito de participação à idéia de inclusão dos grupos
tradicionalmente excluídos através do compartilhamento e da
igualdade de poder político nos espaços de decisão como forma de
garantir acesso justo aos bens produzidos e a emancipação,
novamente reforçando a estreita relação entre a participação e a justiça
ambiental.
78
O primeiro objetivo estabelecido pelo ProNEA se refere à promoção de
“processos de educação ambiental voltados para valores humanistas,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam
para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis”,
mais uma vez destacando a participação como um dos principais
objetivos da Educação Ambiental, de uma maneira geral. O caráter
político a que a participação se refere fica mais claro em um objetivo
posterior que menciona a garantia “da participação da população nos
processos decisórios sobre a gestão dos recursos ambientais.”
Observando a literatura da área, destacamos a análise feita por Loureiro
(2004c) sobre o ProNEA, na qual são pontos relevantes: “a ênfase no caráter
educativo da Educação Ambiental”, no sentido de articular o aprendizado às
mudanças sociais, nas quais devem se inserir e não priorizar apenas a geração de
novos comportamentos como se as idéias e valores se objetivassem
automaticamente; a retomada do pressuposto da educação, “em consonância com
perspectivas pedagógicas críticas e emancipatórias: a transformação simultânea das
condições individuais e coletivas, objetivas e subjetivas, materiais e simbólicas, que
expressa a concretude do ato educativo na superação das formas alienadas de
existência e das dicotomias entre sociedade/natureza, originadas no marco do
capitalismo e potencializadas em sua expressão contemporânea globalizada”, ou
seja, o entendimento do fazer educativo enquanto práxis através da qual os sujeitos
modificam a realidade objetiva e são modificados de forma reflexiva, remetendo
teoria à prática; “o reconhecimento de que a definição dos sujeitos do processo
educativo passa pela identificação dos grupos sociais em condições de
79
vulnerabilidade ambiental, decorrentes dos riscos a que estão submetidos em
função de preconceitos e/ou desigualdade econômica na sociedade”, destacando-se
a importância de considerarmos o contexto das relações sociais na natureza e da
dinâmica societária para que se possa pensar a humanidade .
Dessa forma, podemos perceber que nossas observações acerca da
abordagem do ProNEA sobre as categorias conceituais relevantes para o nosso
trabalho, estão de acordo com a análise de Loureiro (2004c) no que diz respeito à
perspectiva nesse documento de uma Educação Ambiental emancipatória com
vistas à transformação social, com ênfase na participação, no controle social e na
justiça ambiental através da práxis.
Assim, levando-se em conta a relevância da PNEA e do ProNEA para o
cenário da Educação Ambiental brasileira e as questões apontadas pelos autores da
área sobre esses documentos, entendemos que devemos analisá-los de forma
crítica quando se trata de aspectos fundamentais do campo como é o caso da
avaliação, no intuito de auxiliar a consolidação dessas políticas públicas. Por conta
disso, iremos discutir nos itens seguintes de que forma, especificamente, o tema da
avaliação é abordado nesses dois documentos e analisar essa abordagem segundo
a nossa fundamentação teórico-metodológica.
80
4.2. A AVALIAÇÃO SEGUNDO A PNEA
4.2.1. Levantamento descritivo da avaliação na PNEA
A legislação sobre a PNEA faz referência aos processos avaliativos das
atividades de Educação Ambiental em três momentos:
no texto da lei n° 9.795/99, Art.4º, o item VI define “a permanente avaliação
crítica do processo educativo” como um dos princípios básicos da Educação
Ambiental;
no Art. 8º, da mesma lei, o item IV define como uma das linhas de atuação
para o desenvolvimento das atividades vinculadas à PNEA “acompanhamento
e avaliação” (BRASIL, 1999);
e, no decreto-lei 4.281/2002 que regulamenta a PNEA (BRASIL, 2002), são
definidas no Art. 3º algumas competências do Órgão Gestor relativas à
avaliação, enquanto responsável pela coordenação da PNEA:
1) no item III “apoiar o processo de implementação e avaliação da Política
Nacional de Educação Ambiental em todos os níveis, delegando
competências quando necessário”;
2) no item VII “indicar critérios e metodologias qualitativas e quantitativas
para a avaliação de programas e projetos de Educação Ambiental”;
3) no item VIII “estimular o desenvolvimento de instrumentos e
metodologias visando o acompanhamento e avaliação de projetos de
Educação Ambiental;
4) e no item XI “assegurar que sejam contemplados como objetivos do
acompanhamento e avaliação das iniciativas em Educação Ambiental :
a) a orientação e consolidação de projetos; b) o incentivo e
81
multiplicação dos projetos bem sucedidos; e, c) a compatibilização com
os objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental”
4.2.2. Análise crítica da avaliação na PNEA
Percebemos que a avaliação é legitimada pela PNEA tanto como um de seus
princípios fundamentais quanto como uma de suas linhas de ação, deixando claro
que essa é uma etapa essencial à realização de qualquer atividade de Educação
Ambiental. O texto explicita seu caráter crítico e permanente, porém não dá maiores
definições acerca dos objetivos e fundamentos dessa avaliação.
No decreto n° 4.281/2002 (BRASIL, 2002), estão previstas de forma mais
detalhada quatro atribuições do Órgão Gestor, com relação à avaliação. O apoio à
avaliação da própria PNEA se refere à necessidade de que a política seja avaliada,
mas não indica nenhuma orientação sobre como ou com que objetivo isso deve ser
feito. A necessidade de indicação de metodologias de avaliação qualitativas e
quantitativas e o estímulo ao desenvolvimento de instrumentos e metodologias
avaliativas apontam para a necessidade de adequação e diversificação das
metodologias avaliativas, novamente sem estabelecer claramente ou dar indicativos
dos fundamentos desse processo. O último item se refere à atribuição do Órgão
Gestor de assegurar que os objetivos da avaliação estão sendo cumpridos e define
tais objetivos, de forma resumida como:
a orientação e a consolidação de projetos;
a multiplicação de iniciativas bem sucedidas;
e a compatibilização dos projetos com os objetivos da PNEA.
82
Nesse caso é possível identificarmos que, em termos práticos, a avaliação
deve ser entendida como estratégia tanto para a consolidação dos projetos em si
como para a reprodutibilidade destes. A necessidade de consonância com os
objetivos da PNEA apontam para que os processos avaliativos tenham um
direcionamento teórico-metodológico mais claro, de forma que sinalizem se esses
objetivos estão sendo ou não cumpridos. No entanto, como já analisamos
anteriormente, os objetivos da Educação Ambiental estabelecidos pela PNEA não se
aprofundam em termos de concepção político-pegagógica, sendo assim,
consequentemente, a avaliação pautada nesses objetivos sofrerá da mesma forma
com a ausência de um caráter político-pedagógico claro. Da mesma maneira, a
ausência de maiores definições acerca dos objetivos e fundamentações da
avaliação nesse documento também expressa uma falta de orientação com relação
ao caráter político e ao papel da avaliação, apontando para uma concepção
superficial e genérica do conceito de avaliação.
4.3. A AVALIAÇÃO SEGUNDO O PRONEA
4.3.1. Levantamento descritivo da avaliação no ProNEA
O ProNEA (BRASIL, 2005) se refere à avaliação das ações nos seguintes
trechos:
Logo no início da apresentação do Programa, são definidos como
competências do poder público federal, assim como de todos os segmentos
sociais e esferas de governo, sua aplicação, execução, monitoramento e
avaliação.
83
No texto que discute suas diretrizes, a avaliação aparece junto com a
formulação, a implementação, a fiscalização e as decisões sobre
investimentos e monitoramento das políticas ambientais, como espaço de
participação social.
A permanente avaliação crítica e construtiva do processo educativo é
colocada também pelo ProNEA como um dos princípios básicos da Educação
Ambiental.
A produção e aplicação de instrumentos de acompanhamento, monitoramento
e avaliação das ações é definida como um dos objetivos do Programa.
Uma das cinco linhas de ação definidas pelo Programa é o “Monitoramento e
Avaliação de Políticas, Programas e Projetos” que inclui:
a) análise, monitoramento e avaliação de políticas, programas e projetos de
educação ambiental, por intermédio da construção de indicadores;
b) apoio à construção e à divulgação de indicadores que subsidiem a avaliação
dos resultados esperados no âmbito da Política e do Programa Nacional de
Educação Ambiental;
c) incentivo à realização de diagnósticos socioambientais nos estados;
d) estímulo à avaliação e ao acompanhamento, pelas CIEAs (Comissões
Estaduais Interinstitucionais de Educação Ambiental) e pelos organismos
municipais, dos programas de educação ambiental inseridos nos projetos para
licenciamento ambiental dos empreendimentos;
e) verificação se os programas de gestão ambiental priorizam, em suas
propostas, as causas dos problemas socioambientais e não apenas seus efeitos.
84
4.3.2. Análise crítica da avaliação no ProNEA
Na apresentação, nos princípios e nos objetivos do ProNEA, a avaliação é
colocada como uma etapa tão fundamental das ações de Educação Ambiental,
como sua própria execução, reiterando esse mesmo aspecto apontado pela PNEA.
Além de destacar seu caráter crítico e permanente, o ProNEA também indica que a
avaliação deve ser construtiva, enfatizando a importância dos processos avaliativos
para o próprio desenvolvimento das ações em si. Seja como princípio, competência
ou através do objetivo de desenvolvimento e aplicação de instrumentos, neste
momento a avaliação está sendo apenas reafirmada repetidamente como parte
inerente ao fazer educativo ambiental, sem muitas considerações acerca do tipo de
avaliação a ser realizada ou de seu caráter político-pedagógico.
Já no trecho que diz respeito às diretrizes do Programa, já há um indicativo
bastante claro dos objetivos e tendências da avaliação proposta, no sentido de se
afinar com o caráter participativo e democrático do Programa, com vistas à
transformação social. A linha de ação direcionada para a avaliação, também
confirma esse caráter, quando valoriza os diagnósticos socioambientais, as CIEAs e
as causas dos problemas socioambientais como foco principal da abordagem das
questões ambientais, e não apenas seus efeitos. Os diagnósticos socioambientais
são entendidos, por definição, como metodologias de intervenção crítico-
transformadora na realidade, baseando-se no princípio de que a educação,
enquanto pedagogia crítica deve ser contextualizada, levando-se em consideração
as desigualdades/diversidades social, cultural e ambiental (NOVICKI, 2006). Já as
CIEAs - Comissões Estaduais Interinstitucionais de Educação Ambiental, segundo
definição do próprio Órgão Gestor (MMA/MEC, 2006b) se configuram como:
85
“(...) espaços públicos colegiados instituídos pelo poder público estadual,
com o papel de mapear a situação da educação ambiental no âmbito de sua
unidade federativa, promover o intercâmbio de informações, o debate de
opiniões e a sistematização de propostas de ação, podendo aproximar a
diversidade dos atores sociais do campo da Educação Ambiental,
estimulando e apoiando a participação, o controle social e a democratização
do acesso de todos à formulação, implementação e avaliação de projetos,
programas e políticas públicas estaduais”.
(MMA/MEC, 2006)
Ou seja, as CIEAs são espaços para a elaboração e implementação da PNEA
de forma descentralizada, democrática e participativa, que deveriam, pelo menos em
teoria, contribuir para a participação popular e o controle social. O foco nas causas
dos problemas ambientais se configura também como uma forma de reafirmar a
visão crítica no entendimento das questões ambientais, relacionando-as com as
estruturas sociais nas quais essas questões estão inseridas e problematizando essa
relação.
O ProNEA menciona ainda a construção e divulgação de indicadores que
subsidiem a avaliação dos resultados esperados no âmbito da PNEA e do ProNEA.
Nesse sentido, entendemos que o conceito de indicadores é um tanto quanto vago,
pois indica, de uma maneira geral medidas ou atribuição de números a objetos,
acontecimentos ou situações, que podem assumir diferentes valores e se referir a
uma grande variedade de informações mensuráveis, independentemente das
técnicas ou abordagens de coleta (RUA, 2004).
Ainda assim, podemos perceber que o ProNEA aborda a questão da
avaliação de uma forma mais profunda e politizada que a PNEA, deixando claro que
esse deve ser entendido como espaço de participação popular e controle social com
vistas à transformação social no sentido da justiça ambiental. O documento sugere
ainda estratégias para a consolidação desta concepção na prática, elaborando de
forma propositiva a avaliação enquanto práxis.
86
4.4. ANÁLISE DE OUTROS DOCUMENTOS RELEVANTES SOBRE
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Neste tópico iremos fazer uma breve discussão acerca de outros documentos
que nos ajudam a entender a formulação da avaliação nas políticas públicas de
Educação Ambiental analisadas, ProNEA e PNEA.
4.4.1. O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global
Devido ao fato do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global (1992) ser a principal referência do
ProNEA, julgamos ser interessante analisar de que forma esse documento aborda a
questão da avaliação. Como já foi colocado anteriormente, observamos que o
Tratado dedica um de seus seis tópicos exclusivamente para “Sistemas de
Coordenação, Monitoramento e Avaliação”, demonstrando a alta relevância atribuída
pelo documento a essa questão (os outros tópicos se referem a introdução,
princípios, plano de ação, grupos a serem envolvidos e recurso). Nele, o documento
destaca o importante papel de ONGs, movimentos sociais, redes, encontros e ações
articuladas nacional e internacionalmente para a coordenação, monitoramento e
avaliação da Educação Ambiental, assim como para o acompanhamento e a
avaliação da implementação dos elementos do próprio Tratado. Nesse sentido,
destaca a importância da avaliação baseada na opinião de diversos grupos sociais,
o que indica uma abordagem no sentido de considerar que a avaliação do impacto
dos programas é variável com a visão de cada grupo de indivíduos, exigindo uma
pluralidade de critérios, juízos e avaliadores. Essa abordagem, nos parece indicar a
87
preocupação da inclusão social nos processos avaliativos, o que, de fato, se faz
presente no ProNEA.
4.4.2. O Portfólio do Órgão Gestor da PNEA
Segundo a própria PNEA (BRASIL, 2002), o Órgão Gestor é o principal órgão
responsável por apoiar os processos avaliativos, indicar e estimular o
desenvolvimento de instrumentos e metodologias de avaliação e assegurar que seus
objetivos sejam cumpridos. Em função disso, julgamos ser necessário observar de
que forma o Órgão Gestor vem trabalhando a questão da avaliação, para
entendermos como as determinações da PNEA vêm sendo colocadas em prática.
Optamos, então, por analisar um documento produzido pelo órgão, que se propõe a
apresentar suas ações e descrever seus objetivos e metodologias, intitulado
“Portfólio Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental” (MMA/MEC,
2006b).
Nesse documento, a avaliação aparece novamente em vários momentos junto
a formulação, elaboração, implementação, planejamento, gestão e monitoramento
de programas e políticas, reafirmando o caráter indispensável da avaliação em
qualquer ação de Educação Ambiental. Em vários projetos desenvolvidos pelo
Órgão Gestor apresentados no Portfólio, a avaliação aparece como uma das etapas
a ser desenvolvida. Apresentando metodologias variadas, como a realização de
seminários, criação de indicadores e estratégias de avaliação participativa, de uma
maneira geral, os projetos não dão muita ênfase à descrição das metodologias de
avaliação, e se restringem a citá-las sem maiores descrições, reforçando a ausência
88
de uma definição mais precisa acerca do caráter da avaliação, como observado na
PNEA.
No entanto, uma das modalidades de apoio e fomento à Educação Ambiental
estabelecidas pelo Órgão Gestor, a “Concessão de Chancela a Projetos de
Educação Ambiental”, se refere especificamente a critérios de avaliação de projetos,
pois se propõe a dar o apoio institucional do Órgão Gestor, aos projetos avaliados
como consonantes com os princípios e diretrizes da PNEA e do ProNEA. Segundo o
documento, o intuito desse projeto é “estimular e promover ações que
descentralizem as atividades dos diversos atores sociais na educação ambiental” e
nessa seção são estabelecidas orientações acerca da elaboração de projetos a
serem submetidos e esclarecimentos sobre o processo e os critérios de análise dos
projetos. Os critérios considerados envolvem a clareza das informações, sua
consonância com os princípios e diretrizes do Órgão Gestor da PNEA e, também, a
análise da instituição proponente e de seus parceiros. Destacamos como pontos de
maior relevância dentre aqueles que devem ser observados na avaliação dos
projetos:
estar em consonância com a PNEA e com o Decreto n° 4.281/2002;
apresentar conformidade com os princípios do ProNEA;
contribuir para o alcance dos objetivos do ProNEA, sendo orientado pela sua
missão;
enquadrar-se em pelo menos um dos programas e ações do Órgão Gestor da
PNEA;
apresentar, quando for o caso, referência a documentos de referência como
Agenda 21, Programas e Planos Nacionais no âmbito do MMA e MEC,
Tratados e Protocolos Internacionais;
89
contribuir com a problematização do tema, ponderando visões e interesses
diversos, permitindo abordagem crítica e reflexiva do educando, estimulando-
o tanto a compreender as complexas relações causais da problemática
abordada, como a tirar suas próprias conclusões sobre como posicionar-se e
intervir diante da realidade em que se situa;
estimular o interesse pela mobilização e participação do educando em ações
cidadãs em prol da sustentabilidade, tanto em ações individuais como
coletivas.
A avaliação dos projetos pelo Órgão Gestor aponta para a atribuição de um alto
grau de relevância à adequação dos projetos às propostas dos documentos oficiais,
em favor da valorização das políticas públicas e de sua consolidação. Também são
aspectos valorizados a abordagem crítica, a compreensão das relações causais das
problemáticas ambientais e o estímulo à mobilização e a participação do educando
em ações cidadãs, indicando que a compreensão crítica e a participação também
estão sendo aspectos considerados relevantes.
Assim, nos parece que o Órgão Gestor também sofre de uma certa carência
acerca de definições mais aprofundadas dos processos avaliativos a serem
realizados, embora já apresente indicações no sentido de uma perspectiva crítica e
de valorização e consolidação das políticas públicas.
4.5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Essas primeiras análises acerca das abordagens da avaliação em Educação
Ambiental nas políticas públicas e na literatura da área, nos levam a crer que ainda
há uma ausência muito grande acerca de definições claras e precisas sobre essa
90
questão, o que gera uma considerável variedade de abordagens e pouco
aprofundamento teórico e metodológico. Há indicativos de que as políticas públicas
caminham no sentido de uma abordagem crítica da avaliação enquanto espaço de
participação popular e controle social para a justiça ambiental, mas isso ainda
parece ser um processo incipiente.
Atribuímos esse resultado ao estágio de maturidade do campo, que por estar
ainda se consolidando, se configura como um espaço de disputa de concepções
políticas e pedagógicas que refletem diretamente nas questões práticas, como é o
caso da avaliação. No nosso entender, é importante que os processos avaliativos
em Educação Ambiental se consolidem enquanto política pública, no sentido de
garantir que os projetos estarão atuando para diminuir as assimetrias existentes na
nossa sociedade e ajudar a construir um novo modelo civilizatório baseado na
justiça social e ambiental. Assim, através das análises sobre a avaliação,
entendemos que as políticas públicas, assim como o campo da Educação Ambiental
como um todo caminham nessa direção, mas que ainda há muito a ser feito,
discutido e problematizado, para que essa perspectiva possa, de fato, se consolidar.
No intuito de contribuir para essa consolidação, no capítulo seguinte, iremos
problematizar de forma mais específica como essas questões ocorrem na prática, no
contexto de um projeto de Educação Ambiental no âmbito da gestão ambiental,
particularmente no processo de licenciamento ambiental de atividades de exploração
de petróleo.
91
5. UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS PROCESSOS AVALIATIVOS EM UM
PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO DO LICENCIAMENTO:
O PROJETO PÓLEN
5.1. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O LICENCIAMENTO DE PETRÓLEO
No Brasil, em virtude do estabelecido na Constituição Federal, cabe ao Poder
Público ordenar as múltiplas e diversificadas práticas de apropriação e uso dos
recursos ambientais promovendo o que se denomina de gestão ambiental pública
(QUINTAS, 2004). A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), lei nº 6.938, de 31
de agosto de 1981 tem como princípio a Educação Ambiental em todos os níveis de
ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente. Segundo o decreto nº 99.274, de 6
de junho de 1990, que regulamenta a PNMA, cumpre ao Poder Público orientar a
educação, em todos os níveis, para a participação ativa do cidadão e da
comunidade na defesa do meio ambiente. Dessa forma, entende-se que a gestão
ambiental deve contar com a participação dos diferentes segmentos sociais, tanto na
formulação de políticas para o meio ambiente, quanto na concepção e aplicação de
decisões que afetam a qualidade do meio natural, social e cultural, cabendo à
Educação Ambiental garantir que os diferentes segmentos sociais tenham condições
efetivas de intervirem no processo de gestão ambiental (IBAMA, 1995).
Especialmente no licenciamento ambiental, a Educação Ambiental é vista
como importante instrumento para a gestão ambiental democrática e participativa
como verificado por vários autores da área (QUINTAS,2002; ANELLO, 2006; UEMA,
2006). Uema (2006, p.129 e 130) se refere à capacidade da Educação Ambiental em
influenciar positivamente os processos de licenciamento ambiental, particularmente
92
no que diz respeito às audiências públicas, na definição de medidas mitigadoras e
compensatórias e no monitoramento subseqüente à implantação dos
empreendimentos licenciados, sendo esse último aspecto aquele que nos interessa
particularmente nesse trabalho. É importante ressaltar que nessa perspectiva, o
licenciamento ambiental deve ser entendido como um instrumento da gestão
ambiental que, para além das questões meramente técnicas, possui relevante papel
mediador de conflitos entre grupos sociais com interesses distintos em relação ao
uso/apropriação dos recursos naturais. De acordo com o modelo de sociedade
vigente, esses grupos sociais têm capacidades diferenciadas de intervenção no
meio ambiente e cabe à Educação Ambiental se empenhar em diminuir as
assimetrias decorrentes dessas desigualdades (UEMA, 2006).
Anello (2006) destaca que, muitas vezes, os espaços de participação da
comunidade em processos de licenciamento como as audiências públicas, são
pouco eficientes devido ao seu caráter pouco resolutivo e à incapacidade de
população de se apropriar do debate posto. Segundo essa autora isso pode ocorrer,
pois geralmente as metodologias utilizadas não consideram o processo de
envolvimento e participação das comunidades e não preveem espaços de avaliação,
o que pode estar diretamente relacionado à forma de realização dos projetos de
Educação Ambiental no âmbito do licenciamento e aos processos avaliativos
utilizados nos mesmos.
Dentro desse contexto, a Coordenação Geral de Petróleo e Gás (CGPEG) do
IBAMA, assumiu um papel pioneiro ao exigir que os programas de Educação
Ambiental realizados como medidas mitigadoras e/ou compensatórias para a
emissão de licenças ambientais no âmbito do licenciamento do petróleo
efetivamente seguissem diretrizes que estivessem de acordo com a Política
93
Nacional de Educação Ambiental, e para isso, desenvolveu um documento intitulado
Orientações pedagógicas do IBAMA para elaboração e implementação de
programas de educação ambiental no licenciamento de atividades de produção e
escoamento de petróleo e gás natural”.
No item seguinte, explanaremos as bases legais nas quais as ações de
Educação Ambiental no âmbito do licenciamento encontram respaldo, para, em
seguida apresentar as diretrizes pedagógicas desenvolvidas pelo IBAMA para o
licenciamento de petróleo.
5.1.1. Bases legais
O artigo 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabelece que: “Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.” Dessa forma, assume-se como princípio que todas as ações
relacionadas à defesa do meio ambiente, enquanto bem coletivo, devem contar com
a ação do Estado e com a participação popular. No seu parágrafo primeiro, esse
artigo estabelece como estratégias para a defesa do meio ambiente a exigência
legal de estudos prévios de impacto ambiental para atividades poluidoras e a
promoção da Educação Ambiental, incumbindo essas tarefas ao poder público.
Um dos instrumentos legais para o controle das atividades poluidoras é o
processo de licenciamento ambiental instituído pela Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA - Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981). No contexto do
licenciamento, os programas de Educação Ambiental se inserem de acordo com o
94
decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002 que regulamenta a da Lei que institui a
Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA - Lei nº 9.795, de 27 de abril de
1999), que estabelece em seu Artigo 6º que:
Para o cumprimento do estabelecido neste Decreto, deverão ser criados,
mantidos e implementados, sem prejuízo de outras ações, programas de
educação ambiental integrados (...) às atividades de conservação da
biodiversidade, de zoneamento ambiental, de licenciamento e revisão de
atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, de gerenciamento de
resíduos, de gerenciamento costeiro, de gestão de recursos hídricos, de
ordenamento de recursos pesqueiros, de manejo sustentável de recursos
ambientais, de ecoturismo e melhoria de qualidade ambiental.
(Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, grifo nosso)
Sendo assim, os órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA), como o IBAMA, que é responsável pelo licenciamento ambiental
federal, devem “promover ações de educação ambiental integradas aos programas
de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente” (Artigo 3º do Capítulo 1
da PNEA). Cabe às empresas “promover programas destinados à capacitação dos
trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de
trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente” (Artigo 3º do Capítulo 1 da PNEA). Ou seja, legalmente as atividades de
licenciamento devem integrar programas de Educação Ambiental, de forma que as
empresas e os órgãos integrantes do SISNAMA promovam tais programas,
envolvendo, por princípio, a participação popular.
De acordo com essas bases legais, os programas de Educação Ambiental
integrados às atividades de licenciamento são freqüentemente exigidos como
medida compensatória e/ou mitigadora para a emissão de licenças ambientais. No
entanto, a forma como isso deve se dar ainda é motivo de confusão tanto para as
empresas requerentes do licenciamento, quanto para o IBAMA, o que indica que a
Educação no Processo de Gestão Ambiental enquanto política pública, ainda não se
encontra completamente consolidada (UEMA, 2006). Diante desse cenário, o IBAMA
95
vem elaborando documentos de orientações pedagógicas para a implementação de
programas de Educação Ambiental no licenciamento, como forma de orientar e
normatizar as relações licenciador/licenciado neste campo e estabelecer de forma
mais específica e detalhada os componentes obrigatórios dos programas, dentre os
quais os processos avaliativos que nos interessam em particular.
No item seguinte, abordaremos as orientações pedagógicas do IBAMA para a
implementação de programas de Educação Ambiental especificamente no
licenciamento de atividades de produção e escoamento de petróleo e gás natural,
âmbito no qual se encontra o nosso caso de estudo.
5.1.2. As diretrizes pedagógicas do IBAMA para o licenciamento de petróleo
As orientações pedagógicas do IBAMA para elaboração e implementação de
programas de Educação Ambiental no licenciamento de atividades de produção e
escoamento de petróleo e gás natural se inserem na perspectiva da Educação no
Processo de Gestão Ambiental, proposta desenvolvida pela equipe de educadores
do IBAMA entre 1992 e 2007. Essa proposta de caráter transformador e
emancipatório se referencia na Educação Ambiental Crítica, partindo do princípio de
que as decisões envolvendo aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais são
as que condicionam a existência ou inexistência de agressões ao meio ambiente
(QUINTAS, 2004). Nesse sentido, o esforço da Educação Ambiental deveria ser
direcionado para a compreensão e busca de superação das causas estruturais dos
problemas ambientais por meio da ação coletiva e organizada, sob a ótica da
complexidade do meio social. Em termos metodológicos, isso significa exercer um
modo de conhecer que supere a visão fragmentada sobre a realidade e organize os
96
processos de ensino-aprendizagem através da construção coletiva do conhecimento
sobre a realidade, num processo dialético de ação-reflexão, ou seja, de exercício da
práxis. Dessa forma, a proposta do IBAMA para a Educação no processo de gestão
defende que o processo decisório não deve levar em conta apenas os aspectos
técnicos, mas também e principalmente princípios que garantam transparência e
justiça social, assumindo um compromisso com aqueles segmentos da sociedade
brasileira, que na disputa pelo controle dos bens naturais do país, historicamente
são sempre excluídos dos processos decisórios e ficam com o maior ônus da
exploração de recursos.
As orientações pedagógicas do IBAMA para o licenciamento de petróleo
(CGEAM, 2005) se baseiam na proposta da Educação para a Gestão. Esse
documento parte da discussão dos riscos ambientais e tecnológicos para considerar
a agenda de incertezas e a indeterminação como potenciais fontes de risco, assim
como o fato de que a percepção de risco responde, principalmente, a fatores sociais
e culturais. Sendo assim, se baseia no princípio de que, para o gestor ambiental que
se ocupa da condução de processos de licenciamento, é preciso somar às suas
certezas de “perito” as contribuições do “saber popular” e, para tanto, a educação
exerce papel fundamental ao abrir espaço para negociações e debates sociais.
Baseado também na Política Nacional de Educação Ambiental, esse
documento define como processo de Educação Ambiental eficaz, aquele que
possibilita ao indivíduo perceber-se como sujeito social capaz de compreender a
complexidade da relação sociedade-natureza, bem como de comprometer-se em
agir em prol da prevenção de riscos e danos socioambientais causados por
intervenções no ambiente físico natural e construído. A gestão ambiental é
compreendida como mediação, em nome do interesse público, de disputas pelo
97
acesso e uso dos recursos ambientais numa sociedade complexa. Nesse sentido a
Educação Ambiental deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das
capacidades necessárias, para que grupos sociais, em diferentes contextos
socioambientais do país, exerçam o controle social da gestão ambiental pública de
forma que as conseqüências dos riscos e danos ambientais para a sociedade bem
como a assimetria na distribuição de custos e benefícios decorrentes de tais riscos
passem a ser evidentes para os grupos sociais envolvidos em processos educativos.
Para isso, espera-se que os processos educativos sejam capazes de:
superar a visão fragmentada da realidade ultrapassando as fronteiras
disciplinares das várias áreas de conhecimento necessárias à
compreensão de qualquer problema.;
reafirmar o papel estratégico da organização e da participação da
coletividade, na gestão dos recursos naturais e na busca de um meio
ambiente ecologicamente equilibrado;
viabilizar a participação qualificada dos grupos sociais afetados pelo
processo de licenciamento, o qual tem, historicamente, sido fonte de
conflitos socioambientais na gestão ambiental pública do país.
Dessa maneira, as orientações do IBAMA apontam no sentido de que as
ações educativas desenvolvam capacidades (conhecimentos, habilidades e
atitudes), para que os diferentes grupos sociais afetados por empreendimentos
objeto de licenciamento:
percebam a escala e as conseqüências explícitas e implícitas dos
riscos e danos socioambientais decorrentes destes empreendimentos
no seu cotidiano;
98
se habilitem a intervir, de modo qualificado, nos diversos momentos do
processo de licenciamento ambiental, produzindo, inclusive, suas
agendas de prioridades.
O documento ressalta ainda que a minimização e a prevenção de impactos
que afetam o meio ambiente e, por conseqüência, a qualidade de vida das
populações vai depender substancialmente, de como se pretende envolver essas
populações, na construção, acompanhamento, execução e avaliação dos programas
e ações de Educação Ambiental, sendo necessário que as ações educativas
promovam processos que habilitem os grupos sociais a atuarem, efetivamente, na
formulação, implementação e avaliação destes programas e ações.
São definidos, ainda, dois componentes obrigatórios para os programas de
Educação Ambiental para o licenciamento:
- Componente (I) – Educação Ambiental no Contexto das Medidas
Mitigadoras e Compensatórias e dos Projetos de Monitoramento e
Controle Ambiental;
- Componente (II) – Capacitação continuada dos trabalhadores envolvidos
com a implantação e implementação do empreendimento.
No âmbito do componente I, define-se que os diferentes projetos e/ou ações
deverão estar integrados em um Programa que contemple toda a área de influência
da bacia sedimentar de forma interrelacionada e vinculada a empreendimentos da
área geográfica da bacia. Esses projetos deverão ser construídos e implementados
em conjunto com os grupos sociais da área de influência do(s) empreendimento(s)
em questão, passíveis de sofrerem impactos negativos e positivos, diretos e
indiretos. É fornecido um roteiro para a elaboração dos programas, orientando sua
99
estrutura de acordo com os seguintes itens: contextualização, justificativa, objetivos,
metodologia, descrição das ações, especificação das metas, cronograma de
atividades, cronograma físico-financeiro, equipe e avaliação.
Em relação ao componente II, destaca-se a necessidade de implementação
de um componente de Educação Ambiental voltado para capacitação continuada
dos trabalhadores envolvidos direta e indiretamente com a atividade objeto do
licenciamento. Os trabalhadores devem ser capazes de avaliar as implicações dos
danos e riscos ambientais e tecnológicos na esfera da saúde e segurança do
trabalho e as conseqüências para a população afetada (no meio físico-natural, na
saúde e segurança e nos planos socioeconômico e cultural) decorrentes da
implantação e implementação do empreendimento. Todo o efetivo de profissionais
envolvidos deverá receber as informações necessárias ao bom entendimento das
interfaces existentes, entre as atividades desempenhadas e seus impactos efetivos
e potenciais. Conforme prevê o Inciso V do Art. 3º da Lei 9.795/99, é incumbência
das empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, a realização
deste componente, “visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de
trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente”.
Especificamente sobre os processos avaliativos, esse documento se refere à
importância do envolvimento da população nessa etapa, assim como em suas outras
etapas dos projetos, para a minimização e prevenção de impactos ambientais,
destacando a participação popular como parte essencial dos processos avaliativos.
Baseando-se no princípio da “avaliação crítica permanente” estabelecido pela PNEA
(Lei n° 9795/99), os processos avaliativos de todos os eventos integrantes do
programa devem ser claramente indicados no projeto, e a avaliação do programa em
100
si deve ser explicitada apresentando-se o que será avaliado e os mecanismos e
instrumentos que serão utilizados, de acordo com as seguintes orientações:
utilização de indicadores quantitativos e qualitativos que possibilitem o
monitoramento e a avaliação do programa;
instâncias de monitoramento e avaliação do programa, composta por
representantes dos diferentes grupos sociais envolvidos (conselho,
observatório, fórum etc);
supervisão e acompanhamento para avaliação permanente do
programa, com a contratação de especialistas definidos pelo IBAMA.
Ou seja, segundo as orientações do IBAMA, os objetos a serem avaliados e
as metodologias utilizadas devem estar claramente delineadas na formulação dos
projetos e devem contar com metodologias quantitativas e qualitativas e com a
participação dos diferentes grupos sociais envolvidos, assim como com
especialistas.
Uma breve análise desse documento à luz da nossa fundamentação teórico-
metodológica nos indica que, por se basear também na Educação Ambiental Crítica,
as diretrizes convergem com as nossas categorias teóricas, no sentido de defender
uma Educação Ambiental direcionada para a justiça ambiental, através do controle
social e da participação, baseada em ações que possibilitem o desenvolvimento da
autonomia na tomada de decisão e a realização na práxis dessa concepção.
5.2. O PROJETO PÓLEN E OS PROCESSOS AVALIATIVOS
O Projeto Pólen (Pólos Educativos do Norte Fluminense), inserido no contexto
descrito acima, surgiu como exigência do IBAMA como medida compensatória para
101
a emissão da licença ambiental para um empreendimento da Petróleo Brasileiro S.A.
(Petrobras), que consiste na produção e escoamento de petróleo e gás natural do
campo de Espadarte e da área leste do campo de Marimbá, Bacia de Campos
(FPSO-Espadarte da Petrobras-UN-BC). Como colocado anteriormente, o projeto
está sendo executado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desde
2005, e abrange os municípios de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, Armação
de Búzios, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Macaé, Carapebus,
Quissamã, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de
Itabapoana. Como principais características, esse projeto:
possui como objetivo geral: “Promover condições para que diferentes
atores sociais construam e resgatem saberes significativos,
metodologias e valores necessários para fortalecimento da autonomia
individual e coletiva, compreensão da diversidade e complexidade das
questões ambientais, suas causas, efeitos e inter-relações e
desenvolvimento de ações mobilizadoras junto a outros atores que
contribuam para o encaminhamento da resolução de questões
socioambientais” (UFRJ, 2005);
inclui variadas ações de Educação Ambiental, formal e não formal
como: capacitação de profissionais como técnicos das Secretarias de
Educação e Meio Ambiente e lideranças locais; elaboração de material
de apoio de forma participativa; e implementação de pólos e projetos
municipais de Educação Ambiental permanentes que serão ao final do
projeto geridos pelos atores capacitados;
é um projeto de grande amplitude, envolvendo treze municípios,
atualmente em andamento, com previsão de continuidade até 2009
102
busca contribuir para o desenvolvimento da gestão ambiental
democrática e participativa, e para a articulação e integração
comunitária, intra e interinstitucional;
leva em conta a importância do diagnóstico socioambiental, dos
processos participativos, e da transformação da realidade através de
ações duradouras;
possui um caráter integrador no sentido de ser uma iniciativa
desenvolvida em parceria entre uma empresa de grande porte,
Petrobras e uma universidade pública, UFRJ, com o órgão licenciador
como mediador do processo, IBAMA.
Sendo assim, observadas essas características, iremos analisar nos itens
seguintes os processos avaliativos instituídos nesse projeto, através de uma análise
documental dos textos relativos à avaliação fornecidos pelas três instituições
envolvidas – UFRJ, Petrobras e IBAMA - e da realização de entrevistas com os
profissionais das mesmas instituições responsáveis pelo projeto e ligados
diretamente à sua avaliação.
5.2.1. Análise documental
5.2.1.1. Documentos avaliativos produzidos pela UFRJ
Ao solicitarmos aos coordenadores do Projeto Pólen da equipe da UFRJ os
documentos escritos relativos à avaliação deste projeto, nos foram fornecidos,
inicialmente, relatórios técnicos semestrais. Esses relatórios, segundo seu próprio
texto, atendem a uma solicitação da CGPEG – Coordenação Geral de Petróleo e
103
Gás do IBAMA – relativa às obrigações da Petrobras para obtenção da Licença de
Operação do empreendimento que levou à exigência de implementação do projeto.
Dessa forma, os relatórios técnicos são produzidos semestralmente desde 2006 pela
equipe da UFRJ e contemplam as atividades realizadas naquele período. Esses
relatórios são apresentados para a Petrobras e posteriormente encaminhados ao
IBAMA como atendimento à condicionante da licença citada acima.
Ao fazermos uma primeira leitura desse material, percebemos que para
compreendermos os processos avaliativos nele presentes, precisaríamos ter acesso
ao texto original do projeto, aonde esses processos foram inicialmente descritos.
Sendo assim, solicitamos à equipe da UFRJ acesso a esse material, que nos foi
encaminhado em uma versão reduzida (anexo 1), que excluía informações internas
administrativas do projeto, como seu orçamento. Em termos de análise, para uma
compreensão mais lógica dos processos descritos, iremos apresentar primeiramente
as análises relativas ao texto original do projeto, e, em seguida, as análises relativas
aos relatórios semestrais.
5.2.1.1.1. Texto original do Projeto Pólen
O texto original do Projeto Pólen (anexo 1), produzido pela equipe da UFRJ,
após um longo processo de ajustes junto à Petrobras e ao IBAMA, se refere a
processos avaliativos em dois itens distintos. O primeiro se refere às metas
estabelecidas para cada fase do projeto e aos seus respectivos indicadores, e o
segundo diz respeito a um item específico no projeto sobre acompanhamento e
avaliação.
No primeiro item que se refere aos indicadores, não há no texto do projeto
104
nenhum tipo de discussão acerca desse conceito, ou sobre seu potencial como
instrumento avaliativo, embora o texto dê a entender que ele seria utilizado para
indicar se as metas propostas foram ou não alcançadas. Reproduzimos em seguida
um quadro do texto original do projeto que apresenta os indicadores utilizados, as
metas, os objetivos e as etapas do projeto a que se referem, como forma de tornar
mais claro como esse conceito é abordado:
Quadro 2: Indicadores do Projeto Pólen (UFRJ, 2005)
Fase Objetivos Metas Indicadores
Diagnóstico
Conhecer a realidade de
cada município e fomentar
parcerias entre as
Secretarias de Educação e
Meio Ambiente.
Estabelecer contato e
promover parceiras
nos treze municípios
durante três meses;
Identificar os 40
atores diretos que
participarão da
primeira equipe de
alunos do curso;
Conhecer as treze
localidades e as
iniciativas de
Educação Ambiental
já existentes.
Cadastro dos
profissionais que
estarão envolvidos no
curso;
Mapas contendo: as
parcerias estabelecidas no
diagnóstico
institucional/ambiental
Módulo 1
Estimular a percepção dos
atores para os processos
existentes nos ambientes
naturais e construídos, de
modo a sensibilizá-los para
questões ambientais.
Incentivar e assessorar
a produção de material
educativo,
contemplando os
ecossistemas da
região e da percepção
do homem como
agente transformador
do meio;
Realizar visitas nos
ecossistemas de cada
localidade,
identificados a partir
dos dados obtidos na
fase de diagnóstico, as
quais ocuparão 50%
da carga horária.
Mapas mentais realizados
durante o módulo;
Atividades, propostas
durante o curso,
concretizadas nos 4
meses subseqüentes a
este módulo;
Material didático
elaborado.
Curso
Módulo 2
Construir conjuntamente com
os atores envolvidos no
processo conhecimentos
fundamentais para o manejo
racional do ambiente por meio
da educação ambiental e
desenvolver ações
mobilizadoras entre os
diversos setores da sociedade.
Possibilitar, aos
cursistas, a
identificação de
impactos físicos e
sociais decorrentes de
problemas ambientais;
Promover discussões
sobre Legislação
Ambiental visando seu
conhecimento e análise
Diagnóstico dos
problemas sócio-
ambientais dos treze
municípios, produzido
pelos professores.
105
crítica;
Identificar lideranças
locais da gestão
pública e da sociedade
organizada para
atuação conjunta nos
subprojetos.
Módulo 3
Capacitar profissionais para
desenvolver ações que
permitam o uso sustentável do
ambiente.
Possibilitar a criação de
20 subprojetos
desenvolvidos de forma
participativa.
Sub-projetos criados e
implementados nos treze
municípios (verificados via
Fichas de
Acompanhamento).
Módulo 4
Capacitar profissionais para
avaliar as ações de Educação
Ambiental.
Desenvolver processos
de avaliação dos 20
subprojetos.
Avaliações quali-
quantitativas dos 20 sub-
projetos.
Visitas de
acompanhamento
Acompanhar o
desenvolvimento das
atividades propostas durante
os 4 módulos do curso.
Realizar uma visita
mensal a cada
município no tempo de
vigência do curso.
Fichas de
acompanhamento dos 20
subprojetos.
Fóruns realizados
entre os módulos
Fortalecer a construção
coletiva das ações.
Promover um encontro
bimestral para
discussão do
andamento dos
subprojetos.
Participação dos
profissionais nos fóruns;
Documento contendo as
propostas encaminhadas
pelos cursistas.
Implementação dos subprojetos
Dar continuidade as ações
promovidas durante os cursos
fomentando a EA nos treze
municípios
Implementar 13* dos
subprojetos
(*) 1 por município
Fichas de
acompanhamento dos 20
subprojetos
Cálculo do índice de
efetividade de
implantação dos
subprojetos nos pólos
Curso de Princípios para a Gestão
Ambiental
Fornecer subsídios para que
lideranças locais da gestão
pública e da sociedade
organizada participem dos
subprojetos e atuem nos
pólos;
Proporcionar a
participação de no
mínimo dois dos atores
identificados no módulo
2.
Lideranças locais
incorporadas e atuantes na
equipe dos subprojetos;
Divulgação dos resultados dos
subprojetos à PETROBRAS,
Secretarias Municipais, comunidade
científica e sociedade civil organizada
da área de atuação do projeto.
Mediar para sociedade os
conhecimentos abordados
durante o projeto e resultados
obtidos.
Criação de cd-rom com
os materiais
construídos;
Criação de website,
divulgação de materias
didáticos gerados no
curso com
questionários
anexados;
Participação em
eventos relacionados à
Educação.
Número de exemplares
distribuídos;
Número de acessos no
website;
Pesquisa com a
comunidade local.
Diante da grande diversidade de indicadores apontados, que incluem:
realização de cadastros, preenchimento de fichas, diagnóstico sócio-ambiental,
mapas conceituais, concretização de atividades durante o curso de capacitação,
106
elaboração de material didático e documentos, implementação de projetos,
participação dos profissionais envolvidos no projeto e das lideranças em suas
diferentes etapas, cálculo do índice de efetividade de implantação dos projetos,
pesquisa com a comunidade local, e avaliação quali e quantitativa dos sub-projetos;
podemos perceber que há uma grande heterogeneidade de tipos de informações e
níveis de profundidade distintos entre os diferentes aspectos propostos. São
considerados indicadores tanto a realização de atividades muito simples como a
produção de cadastros, assim como a própria concretização das atividades
propostas, sem nenhum tipo de qualificação, e ainda a realização de avaliações
quali e quantitativas dos sub-projetos e cálculo do índice de efetividade dos
mesmos, sem maiores explicações de como e baseado em que isso seria realizado.
Dessa forma, entendemos que nesse momento do projeto em que se apontam
indicadores para as metas traçadas, foi considerado todo o tipo de informação que
pudesse sinalizar de alguma forma que aquilo que estava sendo proposto no projeto
aconteceu, sem maiores preocupações com uma avaliação acerca da qualidade das
realizações. Assim, tanto o preenchimento de cadastros quanto a realização de uma
pesquisa com a comunidade local, nesse momento, estão sendo apontados como
resultados capazes de “indicar” que as atividades propostas no projeto realmente se
realizaram, sem maiores preocupações com relação aos processos avaliativos
relacionados a esses indicadores.
De acordo com a definição de Rua (2004), os indicadores são medidas que
nos permitem aferir os resultados de alguma coisa, servindo de subsídio para
avaliações mais aprofundadas. Nesse caso, a maioria dos indicadores estabelecidos
pelo texto original do Projeto Pólen, de fato correspondem a medidas que podem
quantificar os resultados das metas estabelecidas, embora alguns itens como
107
pesquisa com a comunidade local e avaliação quali e quantitativa dos sub-projetos
não se adéquem exatamente a essa definição, podendo indicar processos
avaliativos mais aprofundados. No entanto, nesse item do projeto não há nenhuma
descrição ou discussão acerca desses processos, o que nos impossibilita de realizar
uma discussão mais aprofundada nesse momento. Dessa forma, seguiremos para a
análise do item específico sobre avaliação do projeto, para posteriormente retornar à
discussão sobre os indicadores apontados e sua relação com os processos
avaliativos previstos no projeto.
No item avaliação e acompanhamento, dá-se ênfase à necessidade de
diversificação dos instrumentos de coleta de dados e ao redirecionamento das ações
ao longo do desenvolvimento do projeto com base nos resultados obtidos. Dessa
forma, o projeto prevê variados instrumentos avaliativos, que deverão ser aplicados
continuamente em todas as atividades desenvolvidas, a partir dos quais as ações
poderão ser modificadas de acordo com as necessidades percebidas. Além disso,
propõe-se também a formação de um conselho de acompanhamento formado por
representantes dos cursistas, da equipe executora, de lideranças locais das
secretarias de meio ambiente e educação, das UCs e da sociedade organizada.
A princípio, os pressupostos nos quais se baseiam a proposta de avaliação
indicada se assemelham ao bloco da investigação avaliativa
subjetivista/intuicionistas-pluralista/qualitativa como definido anteriormente de acordo
com Minayo (2005) e Worthen et al. (2004), pois valorizam a diversificação de
abordagens, a avaliação ao longo de todo o processo de desenvolvimento do projeto
e o envolvimento de diferentes grupos afetados pelo processo avaliado. Esse último
ponto também nos parece indicar que o projeto busca criar espaço para a
participação, como discutida nas nossas categorias teóricas, a partir da criação do
108
conselho de acompanhamento com participação de representantes da sociedade
civil.
No entanto, o texto do projeto se restringe a apresentar de forma bastante
resumida e em linhas gerais e a perspectiva adotada, e, em seguida, apresenta em
tópicos as estratégias avaliativas previstas no projeto sem maiores descrições ou
debates. Dessa forma, novamente o texto do projeto não nos permite realizar uma
análise mais extensa dos processos avaliativos previstos, mas apenas concluir que
a ausência de um debate mais profundo sobre os processos avaliativos deve indicar
um baixo valor atribuído a esses processos no momento da concepção do projeto ou
pouco conhecimento sobre esse assunto por parte da equipe que o elaborou.
Novamente reproduzimos abaixo o quadro que resume as ações de
acompanhamento e avaliação previstas no projeto, para elucidar o ponto colocado
acima:
Quadro 3: Avaliação do Projeto Pólen (UFRJ, 2005)
Acompanhamento Avaliação
Análise do cadastro dos profissionais envolvidos no curso;
Análise dos materiais, informações e dados gerados a cada
módulo do projeto;
Realização de visitas aos municípios para acompanhamento
das atividades propostas a cada módulo;
Acompanhamento das implementações das resoluções
formuladas durante os fóruns de discussões;
Avaliação das representações individuais dos atores;
Reuniões de avaliação (da equipe executora) ao final de cada
módulo;
Relatórios realizados pelos cursistas e reelaboração de
propostas;
Relatórios anuais da equipe executora;
Número de projetos implementados pelos cursistas e
resultados obtidos a partir de suas próprias avaliações
específicas;
Cálculo do índice de efetividade de implantação de pólos;
Avaliação da atuação conjunta entre os cursistas, equipe
executora, lideranças locais das secretarias de meio ambiente
e educação, das ucs e da sociedade organizada no projeto;
Esse quadro de ações nos parece indicar que entre as estratégias avaliativas
adotadas há uma predominância de relatórios e reuniões, embora em função da
109
ausência de uma descrição mais detalhada sobre esses instrumentos, a maioria das
estratégias não esteja claramente delineadas, como: a avaliação das
representações individuais dos atores; os resultados obtidos a partir das próprias
avaliações específicas dos cursistas; o cálculo do índice de efetividade de
implantação de pólos; e a avaliação da atuação conjunta entre os cursistas, equipe
executora, lideranças locais das secretarias de meio ambiente e educação, das ucs
e da sociedade organizada no projeto. Sendo assim, retornaremos a esses aspectos
que ficaram deficientes, no momento da entrevista com a equipe da UFRJ
responsável pela produção do texto original do projeto e por sua execução.
5.2.1.1.2. Relatórios técnicos semestrais
Os relatórios técnicos semestrais analisados e os seus complementos se
encontram resumidos no quadro abaixo, de acordo com o período a que se referem:
Quadro 4: Relatórios técnicos semestrais analisados
Documento Período a que se refere
Relatório semestral Do início do projeto em Outubro de 2005 a 31 de Julho de 2006
Complemento do relatório semestral 2006-2 De Agosto a Dezembro de 2006
Relatório semestral – Agosto 2007 De Fevereiro a 31 de Julho de 2007
Complemento do relatório semestral – 2007-1 Março e Abril de 2007
Relatório semestral De Agosto de 2007 a 31 de Janeiro de 2008
Relatório semestral De Fevereiro a 31 de Julho de 2008
Primeiramente é importante colocar que os relatórios técnicos semestrais
analisados não são exatamente instrumentos de avaliação do projeto, mas sim um
texto de apresentação e descrição das atividades realizadas e do andamento do
projeto produzido pela equipe da UFRJ para a Petrobras e para o IBAMA. A própria
equipe da UFRJ ao nos passar esses documentos, nos esclareceu em relação a
110
isso e afirmou que eles não possuíam nenhum outro documento escrito de caráter
unicamente avaliativo e que os relatórios seriam os documentos mais
representativos dos processos avaliativos utilizados no projeto. Dessa forma, esse
documento se assemelha mais a uma descrição do que foi feito, do que a uma
avaliação propriamente dita sobre o projeto. A própria organização da estrutura do
relatório expressa essa característica:
se inicia com uma repetição resumida da introdução e dos objetivos do
texto do projeto original;
retoma os objetivos, as metas e os indicadores do período referente ao
relatório em questão da forma como estavam previstos;
descreve a metodologia dos trabalhos desenvolvidos;
apresenta e discute os resultados;
apresenta ainda dados técnicos como a equipe do projeto e o seu
cronograma.
O texto basicamente descreve as atividades realizadas e tece algumas
considerações acerca dos resultados e das dificuldades encontradas. Embora não
haja um item específico sobre avaliação do projeto nos relatórios, pela forma como
as atividades são descritas e discutidas no texto, é possível perceber que alguns
aspectos avaliativos perpassam esse documento, em determinados momentos
claramente explicitados e em outros de forma implícita à própria descrição das
atividades e aos seus resultados.
De uma forma geral, os momentos de avaliação relatados se concentram
basicamente nas reuniões internas da equipe da UFRJ, mais freqüentes (em geral
em torno de uma reunião por semana que inclui momentos de avaliação entre outros
111
assuntos), e eventualmente em reuniões com a Petrobras e o IBAMA. Também são
relatados momentos de avaliação de atividades específicas, geralmente com a
colocação dos outros participantes do projeto, principalmente os cursistas que estão
participando dos módulos do curso de capacitação e serão os gestores dos pólos
educativos implantados, através de questionários e fichas de avaliação ou
colocações orais ao final de eventos. A relação entre as descrições e discussões
realizadas nos relatórios e os instrumentos avaliativos e indicadores previstos no
projeto original nem sempre ficam claras, e não há nenhuma menção nos relatórios
analisados sobre o conselho de acompanhamento previsto. A responsabilidade
técnica dos relatórios é assumida pelos coordenadores da equipe da UFRJ
responsáveis pelo projeto, o que nos parece indicar que tanto a redação desse
documento, quanto as avaliações implicadas nas descrições e considerações
colocadas são, em última instância, análises feitas diretamente pelos
coordenadores, a partir de contribuições dos outros membros da equipe.
O que podemos analisar desses documentos no que se refere à avaliação do
projeto nos indica que a descrição das atividades claramente demonstra que a
equipe está constantemente refletindo sobre o desenvolvimento do projeto e sobre
as ações realizadas, ajustando e redirecionando as atividades de acordo com as
necessidades percebidas, ou seja, realizando uma avaliação formativa. No entanto,
isso não é feito de forma sistematizada, de maneira que a equipe não parece ter
uma fundamentação claramente estabelecida para a avaliação do projeto e
tampouco instrumentos avaliativos previamente determinados sendo aplicados de
forma satisfatória. Desde o início do projeto até agora, nos parece que a
preocupação com a questão avaliativa vem crescendo, o que é claramente
demonstrado nos relatórios que passam a se referir aos processos avaliativos com
112
uma freqüência cada vez maior ao longo do tempo. Dessa forma, nos parece que as
deficiências acerca dos processos avaliativos estão sendo ao longo do
desenvolvimento do projeto diagnosticadas pela equipe executora, que vem
tentando trabalhar as lacunas observadas, buscando as bases ausentes e os
instrumentos para realizar uma avaliação adequada.
Em relação às tendências apresentadas pelo tipo de avaliação realizada no
projeto, percebemos que há nos relatórios constantemente a afirmação de que as
“avaliações realizadas pelos cursistas foram consideradas” para o planejamento das
atividades. No entanto, não há maiores considerações acerca da participação de
atores da região afetada que não fazem parte das instituições UFRJ, Petrobras e
IBAMA diretamente. Ou seja, percebemos que há o intuito de incluir a opinião do
público alvo do projeto no gerenciamento de suas ações, mas ainda não ocorre uma
participação com poder real de tomada de decisão nos rumos do projeto pelos
atores envolvidos. Dessa forma, a avaliação abre espaço para a colocação de outros
atores, mas o poder de decisão se restringe à equipe realizadora do projeto da
UFRJ com concordância da Petrobras, e eventualmente reorientada de acordo com
as exigências do IBAMA.
5.2.1.2. Documentos avaliativos produzidos pela Petrobras
A Petrobras declarou em comunicação oral não possuir nenhum documento
avaliativo escrito sobre o Pólen que seja produzido exclusivamente pela empresa,
esclarecendo que considera o relatório semestral produzido pela UFRJ o principal
documento avaliativo do projeto, que em última instância, pertence também à
empresa, para a qual a UFRJ está prestando serviço. Dessa forma, como os
113
relatórios já foram analisados no item anterior, não foi possível realizar uma análise
de documentos avaliativos específicos da Petrobras, em função da inexistência dos
mesmos.
5.2.1.3. Documentos avaliativos produzidos pelo IBAMA
Em relação ao IBAMA, obtivemos uma resposta semelhante a da UFRJ
quando solicitamos os documentos escritos relativos à avaliação do projeto: os
analistas ambientais responsáveis pelo seu acompanhamento nos informaram que
esse tipo de documento não existia e nos forneceram outros textos referentes ao
processo de licenciamento e acompanhamento do empreendimento que resultou na
criação e implementação do Pólen, que segundo eles, seriam o mais próximo de um
registro sobre o tipo de avaliação ao qual o projeto é submetido no IBAMA. Dessa
forma, nos foram encaminhados pareceres técnicos, atas de reuniões e ofícios
relativos ao Pólen, documentos estes públicos e disponíveis nos arquivos do IBAMA
que serão analisados a seguir.
5.2.1.3.1. Pareceres técnicos
Foram analisados os seguintes pareceres técnicos relativos ao processo de
licenciamento no qual se insere o Projeto Pólen:
114
Quadro 5: Pareceres técnicos do IBAMA sobre o Projeto Pólen analisados
Parecer Data Assunto
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA NO 128/04
10 de
agosto de
2004
Esclarecimentos e complementações ao Estudo de Impacto
Ambiental – EIA para o licenciamento ambiental da atividade de
Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no Campo de
Espadarte, Bacia de Campos.
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA NO 171/04
29 de
outubro de
2004
Esclarecimentos e complementações (Revisão 02) ao Estudo de
Impacto Ambiental – EIA para o licenciamento ambiental da atividade
de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no Campo de
Espadarte, Bacia de Campos.
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA NO 230/04
16 de
dezembro
de 2004
Sistema de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no
Campo de Espadarte e da área leste do Campo de Marimbá, Bacia
de Campos: análise da resposta ao Parecer Técnico ELPN/IBAMA
N° 171/04.
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA Nº 020/05
28 de
fevereiro de
2005
Sistema de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no
Campo de Espadarte e da área leste do Campo de Marimbá, Bacia
de Campos: análise das Complementações e Esclarecimentos
(Revisão 04) ao Estudo de Impacto Ambiental – EIA; análise do
Plano de Controle Ambiental - PCA; e acompanhamento do
atendimento às Condicionantes da Licença de Instalação nº
288/2004, com vistas à emissão da LO.
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA Nº 027/05
07 de
março de
2005
Sistema de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no
Campo de Espadarte e da área leste do Campo de Marimbá, Bacia
de Campos: análise das Complementações e Esclarecimentos ao
Estudo de Impacto Ambiental – EIA e análise da revisão do Projeto
de Controle Ambiental - PCA, com vistas à emissão da LO.
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA Nº 116/05
25 de
agosto de
2005
Ampliação do Sistema de Tratamento e Escoamento de Óleo da fase
2 do Campo de Marlim, Bacia de Campos, a ser realizado através da
instalação da Unidade FPSO P-47.
PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA NO 123/05
31 de
agosto de
2005
Ampliação do Sistema de Tratamento e Escoamento de Óleo da fase
2 do Campo de Marlim, Bacia de Campos, a ser realizado através da
instalação da Unidade FPSO P-47.
PARECER TÉCNICO
CGPEG/IBAMA Nº 186/06
4 de julho
de 2006
Acompanhamento do Projeto de Educação Ambiental referente ao
licenciamento ambiental da Ampliação do Sistema de Tratamento e
Escoamento da fase 2 do Campo de Marlim e do Sistema de
Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no Campo de
Espadarte e da área leste do Campo de Marimba, Bacia de Campos,
RJ.
PARECER TÉCNICO
CGPEG/DILIC/IBAMA Nº
044/07
26 de
janeiro de
2007
Sistema de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no
Campo de Espadarte e da área leste do Campo de Marimbá, Bacia
de Campos: análise do atendimento às condicionantes da Licença de
Instalação nº 288/04 e da Licença de Operação nº 432/2005.
PARECER TÉCNICO
CGPEG/DILIC/IBAMA Nº
298/07
20 de
setembro
de 2007
Ampliação do Sistema de Tratamento e Escoamento de Óleo da fase
2 do Campo de Marlim, Bacia de Campos, utilizando a Unidade
FPSO P-47: atendimento às condicionantes da LO nº 477/2005.
Esses documentos podem ser divididos em dois grandes grupos:
pareceres relativos à proposta do projeto, anteriores ao seu início
(outubro de 2005) que indicam os ajustes necessários para sua
aprovação, geralmente solicitando esclarecimentos e
complementações ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que inclui o
projeto de Educação Ambiental, para a emissão da licença ambiental
115
requerida;
pareceres de acompanhamento do projeto, relativos ao seu período de
execução propriamente dita, que geralmente solicitam ajustes para
garantir que as condicionantes exigidas estejam sendo atendidas e
encaminham orientações, recomendações e sugestões relativas aos
resultados observados pela equipe de acompanhamento do IBAMA.
No primeiro grupo de pareceres, a concepção do IBAMA sobre a avaliação e
o acompanhamento das ações se refere ao “exercício permanente e comprometido
com as repercussões de um projeto ao longo de sua realização” e o órgão solicita
que “a mesma deva ser utilizada como meio de melhorar o projeto, aprimorando o
conhecimento sobre sua execução e contribuindo para seu planejamento futuro”
(PARECER TÉCNICO ELPN/IBAMA N
o
128/04). Nesse sentido, os pareceres
técnicos orientam que como estratégias de avaliação os indicadores devem ser
formulados de forma a explicitar os aspectos quantitativos e qualitativos dos
resultados obtidos com a implementação das metas (PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA N° 020/05) e deverão ser apresentados relatórios técnicos referentes
às atividades desenvolvidas no Projeto de Educação Ambiental, com periodicidade
semestral, a contar da data de emissão da licença, contendo as seguintes
informações:
1. Discussão sobre o alcance dos objetivos e metas propostos, com base na
avaliação do grau de implementação do projeto a partir dos indicadores
relativos a cada meta;
2. Apresentação e análise de resultados parciais para cada meta;
3. Avaliação do indicador utilizado, informando se foi (está sendo)
representativo. Deverão ser apontados, também, os problemas e
dificuldades encontrados durante a atividade, bem como as ações
implementadas para sua solução ou aprimoramento.
4. Fotos e/ou outras formas de documentação visual que ilustrem as etapas de
implementação das metas do Projeto.
(PARECER TÉCNICO ELPN/IBAMA 123/05)
116
.
Além disso, o IBAMA deixa transparecer nesses documentos outros aspectos
relevantes do projeto que são utilizados como critérios para a avaliação da proposta
no que se refere à sua aprovação. Dentre esses, destacamos:
A concepção de Educação Ambiental do projeto deve adotar uma
perspectiva sócio-ambiental participativa, que esteja de acordo com as
diretrizes do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA),
integrando de forma equilibrada as múltiplas dimensões da
sustentabilidade – ambiental, social, ética, cultural, econômica,
espacial e política.
As ações do projeto devem visar à formação de cidadãos
ambientalmente conscientes e atuantes, através da construção de uma
consciência ambiental coletiva e do desenvolvimento de uma visão que
integra o homem a natureza (em oposição a uma visão
preservacionista ligada estritamente ao ensino de Ecologia), de forma a
gerar o envolvimento e a participação social na proteção e
conservação ambiental e a manutenção dessas condições em longo
prazo.
As ações devem ser adequadas ao público-alvo e a diversidade
ambiental e cultural dos municípios abrangidos, prevendo estratégias
de mobilização dos atores sociais envolvidos e devendo se ampliar ao
longo da duração do empreendimento, de forma que seus
desdobramentos estejam previstos no projeto.
As ações e os objetivos do projeto devem ser claramente apresentados
e suas metas devem ser “mensuráveis (refletir a quantidade a ser
117
atingida), específicas (remeter-se a questões específicas, não
genéricas), temporais (indicar prazo para a sua realização),
alcançáveis (serem factíveis, realizáveis) e significativas (devem
possuir relação com os resultados que se quer obter, ou com o
problema a ser solucionado ou minimizado)” (PARECER TÉCNICO
ELPN/IBAMA N° 020/05).
O projeto deve levar em conta a perspectiva sobre Educação
Ambiental adotada pelas Unidades de Conservação ligadas
diretamente às suas ações, assim como considerar às colocações de
seus gestores, caso esses queiram se pronunciar.
As referências utilizadas no projeto devem contemplar temas
relacionados à legislação ambiental e os principais autores da área de
Educação Ambiental.
A partir da análise desses pareceres, não parece haver nenhuma estratégia
avaliativa claramente determinada pelo IBAMA, mas sim documentos balisadores
como o PRONEA e algumas concepções consolidadas relacionadas à proposta da
Educação para a Gestão que norteiam a avaliação realizada. Dessa forma, não
havendo instrumentos avaliativos delineados, a avaliação do projeto depende ainda
bastante da concepção sobre Educação Ambiental da equipe de analistas
ambientais que se encontra responsável pela emissão da licença. No caso do
Projeto Pólen, essa concepção enfatiza a importância da participação popular na
gestão ambiental e a necessidade de se considerar a realidade local e as
necessidades específicas do público-alvo do projeto, enquanto sujeitos das medidas
mitigadoras realizadas no âmbito do empreendimento. Nesse sentido, encontra
118
respaldo na categoria teórico-metodológica de justiça ambiental, ao buscar diminuir
as assimetrias existentes, convertendo parte dos benefícios concebidos aos
empreendedores que estão explorando os recursos ambientais na melhoria das
condições de vida das populações que poderão ser potencialmente atingidas pelo
empreendimento e que tradicionalmente sofrem processos de exclusão, como a
população pesqueira, e os alunos de escolas públicas municipais da região afetada.
Dessa forma, a exigência de projetos de Educação Ambiental que atendam às
demandas específicas da população atingida pelo empreendimento licenciado, vai
de encontro a uma proposta real de mitigar os prejuízos causados e redistribuir os
benefícios ambientais de forma mais igualitária. Através de ações que visem o
desenvolvimento da autonomia pelo conhecimento de conteúdos ligados às
questões ambientais como a legislação e os problemas locais e da criação de
espaços de participação na gestão do projeto, os atores envolvidos poderão de fato
exercer o controle social sobre os projetos desenvolvidos com o objetivo de atendê-
los, evitando que se perpetuem projetos genéricos que não geram praticamente
nenhum benefício para a população envolvida. Os pontos realçados pelo IBAMA na
avaliação da proposta do Projeto Pólen nos indicam que esta concepção adotada
está em acordo com nossa proposta de categorias teórico-metodológicas. No
entanto, em relação ao desenvolvimento de processos avaliativos específicos que
contemplem essa concepção, o IBAMA parece ter avançado muito pouco, não
demonstrando fazer uso de nenhum instrumento específico de avaliação nesse
momento.
Em relação aos pareceres técnicos relativos ao acompanhamento do projeto,
as colocações do IBAMA se restringem a exigências burocráticas, como a solicitação
de apresentação de atas de reuniões e fotos nos relatórios semestrais, a
119
considerações acerca da necessidade de cumprimento do cronograma e a
sugestões e orientações metodológicas, acerca das dificuldades encontradas. A
equipe de acompanhamento do IBAMA realiza algumas visitas no decorrer do
desenvolvimento do projeto para acompanhar determinadas atividades e avaliar se
estão ocorrendo de acordo com o esperado. No entanto, os pareceres técnicos não
demonstram quais são os processos avaliativos utilizados no decorrer dessas
visitas. Dessa forma, por conta das poucas informações contidas nesses pareceres,
não foi possível realizar uma análise acerca dos processos avaliativos desenvolvidos
ao longo do desenvolvimento do projeto, pois praticamente não havia nenhuma
referência sobre eles nos pareceres de acompanhamento analisados. Assim,
concluímos que em relação ao acompanhamento do projeto, os pareceres técnicos
nos parecem indicar que os processos avaliativos se tornam ainda mais escassos na
fase de acompanhamento do projeto, do que havia sido percebido na sua fase de
elaboração.
5.2.1.3.2. Atas de reuniões e ofícios
As atas de reuniões analisados estão resumidos abaixo:
Quadro 6: Atas de reuniões do IBAMA sobre o Projeto Pólen analisadas
Referência
da Ata de
Reunião
Data de
emissão
Objetivo da reunião Instituições
representadas
002-04 15.01.2004 Discutir a proposta enviada ao IBAMA pela Comissão
Organizadora da Agenda 21 de Macaé, visando o
direcionamento de parte das medidas compensatórias
(projeto de educação ambiental) relativas ao licenciamento
ambiental da atividade de produção de petróleo e gás
natural no Campo de Espadarte para a consolidação da
Agenda 21 no município de Macaé, RJ.
- ELPN/IBAMA
- Petrobras
- Comissão
Organizadora da
Agenda 21 de
Macaé
005/05 24.01.2005 Alinhar as informações sobre os projetos de Educação
Ambiental, propostos como medidas compensatórias para
os empreendimentos de Espadarte e P-47, com as
diretrizes propostas pelo Ibama
- ELPN/IBAMA
- NEA-RJ/IBAMA
- Petrobras
- NUPEM/UFRJ
120
- PARNA de
Jurubatiba
009/05 02.03.2005 Apresentação da Petrobras do material impresso relativo
ao Projeto de Comunicação Social Continuado das
embarcações lançadoras de linhas e dutos utilizadas na
Bacia de Campos, aprovado pelo ELPN por meio do
Parecer Técnico ELPN/IBAMA Nº 152/04 de 03.09.2004.
- ELPN/IBAMA
- Petrobras
47/08 23.07.2008 Integração dos projetos de Educação Ambiental da
Petrobras UN-Rio e UN-BC
- CGPEG/IBAMA
- NEA/IBAMA
- Petrobras
- UFRJ
Os ofícios analisados no processo relativo ao Pólen eram todos endereçados
à Petrobras e estão resumidos abaixo:
Quadro 7: Ofícios do IBAMA sobre o Projeto Pólen analisados
Ofício Data Assunto
Nº 680/06 -
CGPEG/DILIC/IBAMA
4 de
setembro de
2006
Projeto Pólen de Educação Ambiental, Bacia de Campos
Nº 753/06 -
CGPEG/DILIC/IBAMA
18 de
setembro de
2006
Projeto Pólen de Educação Ambiental, Bacia de Campos
N° 938/06 –
CGPEG/DILIC/IBAMA
16 de
novembro de
2006
Reunião para alinhamento das informações sobre o andamento
dos Projetos de Educação Ambiental desenvolvidos na Bacia de
Campos e o PEA-BC.
N° 1.003/06 –
CGPEG/DILIC/IBAMA
8 de
dezembro de
2006
Resposta à proposta da Petrobrás para a realização de Reunião
para alinhamento das informações sobre o andamento dos Projetos
de Educação Ambiental desenvolvidos na Bacia de Campos e o
PEA-BC.
As atas de reuniões descrevem os assuntos abordados nos encontros
presenciais entre os analistas do IBAMA, os representantes da Petrobras e
eventualmente os técnicos da equipe executora da UFRJ. As atas que nos foram
encaminhadas reportam encontros eventuais marcados de acordo com as
necessidades percebidas, a maioria deles de esclarecimentos sobre as adequações
necessárias do projeto proposto às orientações e exigências do IBAMA para
aprovação do projeto e emissão da licença. Já os ofícios são documentos
basicamente burocráticos que registram a comunicação entre o IBAMA e a
Petrobras com relação à marcação de reuniões, solicitações de mudanças no
cronograma do projeto, etc.
121
Por essa razão, esses documentos não nos foram muito úteis no que diz
respeito à análise dos processos avaliativos em questão, embora tenham nos
servido para uma compreensão mais clara do processo de negociação entre as três
instituições envolvidas no projeto como um todo e dos encaminhamentos dados aos
rumos do projeto.
Dentre os aspectos relevantes observados nos documentos em questão que
podem nos auxiliar na análise dos processos avaliativos, destacamos:
a tentativa de aproximação pelos analistas do IBAMA dos técnicos
responsáveis diretamente pela execução dos projetos de Educação Ambiental
com vistas a facilitar um trabalho mais integrado que garanta a real
compreensão das orientações do IBAMA e um diálogo direto com a equipe
executora;
o esforço por parte do IBAMA de alinhar os diferentes projetos de Educação
Ambiental executados na mesma região no âmbito de medidas mitigadoras
para emissão de licenças de petróleo, em função das dificuldades percebidas
pelas equipes executoras no que diz respeito à sobreposição de ações nos
mesmos municípios sem nenhum tipo de comunicação ou diálogo entre suas
equipes.
5.2.1.3.3. Algumas considerações sobre os documentos
avaliativos do IBAMA
Em termos de análise dos processos avaliativos desenvolvidos pelo IBAMA
presentes nos documentos estudados, percebemos que os pareceres relativos aos
ajustes necessários para a aprovação do projeto deixam muito mais claros os
122
critérios exigidos pelo IBAMA para avaliação do projeto, do que os pareceres da fase
de acompanhamento do projeto, ofícios ou atas do processo, indicando que o
IBAMA deu muito mais ênfase à avaliação do projeto durante seu processo de
elaboração do que durante sua fase de execução. Isso pode estar relacionado ao
fato de que o IBAMA tem um maior poder de ação no momento em que está
exigindo adequações para a emissão da licença, do que depois que a licença já foi
emitida e que as ações estão sendo apenas acompanhadas.
Ainda assim, como colocado anteriormente, mesmo nas avaliações acerca
dos ajustes necessários para a emissão da licença, não parece haver nenhuma
estratégia avaliativa claramente determinada, mas sim documentos balisadores
como o PRONEA e algumas concepções consolidadas relacionadas à proposta da
Educação para a Gestão que norteiam a avaliação realizada. Sendo assim, a
concepção de avaliação do IBAMA parece ir de encontro à nossa proposta de
categorias teórico-metodológicas, no entanto, os instrumentos avaliativos em si não
puderam ser analisados com mais detalhes nesses documentos, pois através deles
não podemos perceber nenhuma estratégia específica de avaliação adotada além
das visitas de acompanhamento e da elaboração dos pareceres técnicos.
Esperamos que esses pontos sejam melhor esclarecidos através das entrevistas
realizadas com os analistas ambientais do IBAMA responsáveis pelo
acompanhamento do Projeto Pólen.
5.2.2. Entrevistas
Como descrito em item anterior sobre metodologia, as entrevistas foram
realizadas em grupos que incluíam os responsáveis diretos pelo Projeto Pólen de
123
cada uma das três instituições em questão, de acordo com o quadro a seguir:
Quadro 8: Planejamento das entrevistas
Instituição
representada
Nome dos
entrevistados
Função no Projeto Pólen
Data da
realização da
entrevista
Monica Serrão
IBAMA
Anderson Vicente
Analistas Ambientais da CGPEG
responsáveis pelo acompanhamento
do projeto
19/02/2009
Reinaldo Bozelli
UFRJ
Laísa Santos
Coordenadores da equipe executora
do projeto
20/02/2009
Petrobras Suely Ortega
Consultora técnica representante da
Petrobras no projeto
06/03/2009
As entrevistas foram previamente agendadas, realizadas nas sedes das
respectivas instituições e registradas em áudio. De acordo com a metodologia de
entrevista semi-estruturada, seguimos um roteiro básico de perguntas para todos os
entrevistados, que previa a inclusão de perguntas específicas e outros temas ao
longo da entrevista, no intuito de permitir que os entrevistados falassem de forma
aberta porém orientada. O roteiro utilizado é apresentado a seguir:
Quadro 9: Roteiro de entrevista
Roteiro de entrevista
1. Como a instituição avalia o Projeto Pólen? De que maneira, utilizando quais processos ou
instrumentos?
2. O processo avaliativo se concentra nos objetivos do projeto? Na participação? Na tomada de
decisão?
3. A abordagem adota uma perspectiva qualitativa ou quantitativa?
4. As informações coletadas possuem um caráter mais objetivo ou subjetivo?
5. Quem são os envolvidos no processo avaliativo?
124
6. O processo avaliativo leva em conta a participação dos atores envolvidos no projeto? Equipe
executora, público-alvo do projeto, sujeitos atingidos pelo empreendimento licenciado? De que
maneira? Esses atores possuem na prática algum poder de decisão em relação aos rumos do
projeto?
7. Existe algum tipo de especificidade no processo avaliativo do Pólen se comparado a outros
projetos de Educação Ambiental pelo fato desse projeto se encontrar no âmbito do licenciamento
de petróleo e da gestão pública?
8. Esse tipo de avaliação tem sido considerado satisfatório por vocês?
9. Quais são as principais dificuldades encontradas em relação aos mecanismos avaliativos
adotados?
10. Se surgiram dificuldades ao longo do processo avaliativo, como elas tem sido solucionadas?
11. Na sua avaliação o projeto está atingindo seus objetivos? Como? Por quê? Como percebem
isso?
5.2.2.1. Resultados das entrevistas
Organizamos os resultados obtidos nas entrevistas em categorias criadas de
acordo com os núcleos de sentido observados através de uma análise de conteúdo
temática (MINAYO, 1994).
O quadro apresentado a seguir sintetiza esses resultados:
Quadro 10: Síntese dos principais dados obtidos nas entrevistas
TEMAS CATEGORIAS IBAMA UFRJ Petrobras
Formativa/Somativa
Formativa e
somativa
Formativa Formativa e
somativa
Formal/Informal
Formal e
informal
Formal e informal Formal e
informal
Centrada em
objetivos/administração/
especialistas/participantes
Objetivos,
administração,
especialistas
Objetivos,
administração,
participantes
Objetivos,
administração
Interna/Externa
Externa Interna e Externa Interna e
Externa
TIPO DE
AVALIÃO
Avaliadores (equipe interna da
instituição, outras instituições,
cursistas, especialistas
externos,etc.)
Equipe interna,
informalmente
Petrobras,
IBAMA e
Equipe interna,
Petrobras, IBAMA
e cursistas
Equipe
interna,
IBAMA e
cursistas
125
cursistas
Cumprimento das metas do
projeto (verificação dos
indicadores)
Sim Sim Sim
Fidelidade aos princípios da
educação para a gestão (visão
socioambiental)
Sim Sim Sim
Impactos socioambientais finais
do projeto
Sim Sim Sim
Capacidade de mitigação do
impacto causado pelo
empreendimento
Sim Sim Sim
Capacitação da equipe
Não Sim Não
Exercício da função de extensão
da universidade
Não Sim Não
Aprovação da Petrobras
Não Sim Não
CRITÉRIOS
PARA A
AVALIÃO
Aprovação do IBAMA
Não Sim Sim
Visitas de
acompanhamento/observações
de campo
Sim Sim Sim
Indicadores de metas previstos
no projeto original
Sim Sim Sim
Verificação do cumprimento dos
itens previstos no convênio
interinstitucional
Não Não Sim
Dinâmicas especificas para
determinadas etapas do projeto
(ex: módulo)
Não Avaliação dos
módulos,
acompanhamento
dos pólos e de
determinadas
atividades
Não
Questionários
Não Não, mas há a
intenção
Não
Reuniões internas
Sim
Produção de documentos
avaliativos escritos
(relatórios/pareceres)
Pareceres Relatórios
semestral e
mensal
Não
Leitura de documentos escritos
(relatórios/pareceres)
Sim, dos
relatórios
semestrais
Sim, dos
pareceres do
IBAMA
Sim, dos
relatórios
mensais e
semestrais e
dos pareceres
Espaços de participação popular
formais ou informais (dos
cursistas, gestores municipais,
gestores do pólo, lideranças
locais, etc.)
Informais
Formais e
informais
Informais
INSTRUMENTOS
DE AVALIÃO
Reuniões e outras comunicações
orais formais ou informais
interinstitucionais
(IBAMA/UFRJ/Petrobras)
Formais e
informais
Formais e
informais
Formais e
informais
Sistematização das informações
Sim Sim Sim
Equipe: tempo, quantidade e
capacitação de pessoal
Sim Sim Não
Ausência de instrumentos de
avaliação adequados à Educação
Ambiental crítica, para a gestão,
no sentido de avaliar os
impactos socioambientais
pretendidos
Sim Sim Sim
DIFICULDADES
ENCONTRADAS
Ausência de um diagnóstico
socioambiental capaz de gerar
as informações necessárias para
a avaliação dos impactos do
projeto
Não Não Sim
126
A avaliação do Pólen traz a
especificidade deste ser um
projeto pioneiro no sentido do
cumprimento dos princípios da
EA para gestão e nesse sentido
ser um espaço de aprendizado
para todos os envolvidos
Sim Sim Sim
Dentro do IBAMA a equipe da
CGPEG realiza uma avaliação
mais cuidadosa dos projetos de
EA do que outras coordenações,
inclusive dentro do próprio
licenciamento (DILIC)
Sim Não Não
OUTROS
No momento da entrevista, o
IBAMA estava iniciando um novo
processo avaliativo para todos
os programas de EA no
licenciamento de petróleo.
Sim Não Não
As categorias utilizadas se remetem à nossa fundamentação teórica, e em
função disso dispensam mais detalhamentos. Em anexo (anexo 2), disponibilizamos
este mesmo quadro acrescido com citações das falas dos entrevistados, descrições
e inferências (de acordo com Minayo, 1994), que demonstra de forma mais
detalhada o processo através do qual os dados foram trabalhados. No item a seguir,
analisaremos esses resultados de forma mais aprofundada.
5.2.2.2. Análise das entrevistas
Analisamos as entrevistas à luz das nossas categorias teóricas buscando
complementar os resultados obtidos na análise documental dos textos avaliativos
produzidos no âmbito do projeto realizada anteriormente.
Pudemos observar alguns aspectos gerais relativos à avaliação do Projeto
Pólen que foram convergentes em todas as entrevistas realizadas, indicando
semelhanças e complementaridades no processo avaliativo das três instituições em
questão: UFRJ, IBAMA e Petrobras. Em relação esses aspectos gerais, discutimos
abaixo os principais pontos observados.
127
5.2.2.2.1. A influência do pioneirismo do projeto nos seus
processos avaliativos
Os processos avaliativos realizados pelo IBAMA pela Petrobras e pela UFRJ
refletem o pioneirismo do Projeto Pólen no que se refere ao fato deste ser um dos
primeiros projetos no âmbito do licenciamento que atendem às exigências das
diretrizes do IBAMA baseadas na Educação para a gestão, perspectiva que
converge de uma forma geral com a nossa abordagem teórica, como analisado
anteriormente. Nesse sentido, há uma preocupação comum às três instituições de
avaliarem o projeto de acordo com os princípios estabelecidos pelas diretrizes,
adotando critérios avaliativos relacionados a uma perspectiva socioambiental crítica,
como a formação para a participação qualificada nos processos decisórios e a
mobilização da população atingida pelo empreendimento licenciado em relação aos
impactos socioambientais da atividade na região. Por exemplo, as três instituições
se referiram nas entrevistas à importância da fidelidade do projeto aos princípios da
Educação para a gestão, definindo este como um critério de avaliação do projeto.
Também demonstraram estar caminhando no sentido de incluir de forma mais
efetiva a participação de todos os envolvidos no projeto nos seus processos
avaliativos, desenvolvendo a autonomia na tomada de decisão desses grupos em
relação ao próprio projeto em si, enquanto espaço de execução de uma política
pública. E as três demonstraram ainda uma forte preocupação em avaliar as ações
finalísticas do projeto, buscando analisar sob uma perspectiva crítica de que maneira
o projeto foi capaz de contribuir para a mudança socioambiental da região em prol
da justiça ambiental, especialmente no sentido de inclusão dos grupos atingidos
128
pelos impactos nos processos decisórios relativos à sua mitigação.
No entanto, isso não significa que os processos avaliativos desenvolvidos de
fato dão conta de atender de forma satisfatória a esses critérios. Pelo contrário, as
três instituições apontam dificuldades nesse sentido. O próprio pioneirismo do
projeto contribui para essas dificuldades, pois em função da ausência de
experiências anteriores desse tipo, há uma lacuna no desenvolvimento de
instrumentos avaliativos nesse contexto. A adoção das diretrizes como documento
balizador do projeto e de sua avaliação e o reconhecimento da necessidade de um
processo avaliativo de qualidade nesse sentido, não garantem que a avaliação
realizada na prática de fato considere efetivamente a participação com autonomia e
seja capaz de avaliar sua contribuição para o controle social e para a justiça
ambiental na região. É preciso que essa perspectiva se objetive através da adoção
de parâmetros avaliativos adequados, até então inexistentes e que estão
começando a se desenvolver no Projeto Pólen. Nesse sentido, o projeto deve ser
entendido como uma iniciativa piloto e um espaço de laboratório para o
desenvolvimento dessas estratégias. A criação de espaços de participação popular
dentro do próprio projeto é um exemplo de desenvolvimento de estratégias nesse
sentido, assim como a avaliação das ações finalísticas do projeto na realidade
socioambiental da região. Além disso, sugerimos que poderiam contribuir como
parâmetros avaliativos do projeto relacionados à participação e ao controle social o
índice de participação popular nas decisões políticas da região, e dentro de uma
perspectiva de justiça ambiental, os índices de mobilização social e de
inclusão/exclusão socioambiental, antes, durante e após a realização do projeto.
129
5.2.2.2.2. Os diferentes papéis institucionais na avaliação e o
IBAMA como impulsionador de uma perspectiva crítica
As três instituições demonstram estar seriamente comprometidas com a
realização de um processo avaliativo de qualidade, demonstrando envolvimento e
empenho sobre a questão. No entanto elas possuem papéis diferenciados nesse
processo em função das relações interinstitucionais estabelecidas. Como esse é um
projeto desenvolvido no contexto do licenciamento ambiental, cabe ao IBAMA
enquanto órgão público representante do Estado, garantir o interesse público em
relação à utilização dos recursos naturais enquanto bens comuns e dessa forma, em
última instância, o IBAMA possui um poder de decisão maior em relação à
aprovação ou não do projeto. Por conta disso, a Petrobras por ser a empresa
requerente da licença ambiental, se encontra subordinada às exigências do IBAMA e
a seus critérios avaliativos, assim como a própria UFRJ enquanto executora do
projeto. A UFRJ por sua vez, além de atender às exigências do IBAMA, também se
encontra na posição de atender ao convênio estabelecido com a Petrobras, que em
última análise contratou a universidade para a prestação de um serviço
estabelecendo uma relação entre as duas instituições de contratante-contratado.
Dessa forma, existem determinados papéis estabelecidos entre as instituições, que
refletem uma hierarquia com relação ao poder de decisão e de avaliação sobre o
projeto, no qual o IBAMA possui um papel superior nesse sentido, a Petrobras um
papel intermediário e a UFRJ está subordinada à avaliação dessas duas outras
instituições. No entanto, é importante ressaltarmos aqui, que a UFRJ, na condição
de universidade pública, possui um papel diferenciado das empresas que
corriqueiramente prestam esse tipo de serviço em projetos de Educação Ambiental,
primeiramente, em função da autonomia da universidade enquanto órgão público
130
com objetivos e recursos próprios e em segundo lugar em função das contribuições
da universidade para o desenvolvimento do projeto enquanto instituição de
pesquisa, extensão e formadora de recursos humanos.
Observando as relações interinstitucionais estabelecidas, observamos que os
processos avaliativos realizados pelas três instituições estão subordinados em
última instância às exigências do IBAMA, que possui o poder final de aprovar ou não
projeto. A partir disso, podemos perceber que a perspectiva crítica assumida pelas
três instituições no que se refere à avaliação do projeto foi impulsionada
originalmente pelo IBAMA ao exigir que o projeto estivesse de acordo com as suas
diretrizes. Dessa maneira, quando a Petrobras demonstra considerar a mobilização
social dos atores da região no sentido de garantir a efetiva mitigação de impactos
como critério de avaliação, valorizando a participação, o controle social e a
autonomia nesse processo, podemos assumir que essa perspectiva é reflexo da
ação do IBAMA enquanto poder público mediador do processo de gestão dos
recursos naturais em favor da justiça ambiental. No caso da UFRJ, entendemos que
a perspectiva assumida pelo IBAMA encontrou respaldo na universidade, enquanto
instituição pública crítica e consonante com a mesma política.
5.2.2.2.3. Avaliação formativa e somativa de acordo com os
papéis institucionais
As três instituições enfatizam o caráter formativo da avaliação, adotando uma
perspectiva que visa contribuir para a melhoria do projeto ao longo do seu
desenvolvimento, redirecionando seus rumos e reajustando as estratégias de
trabalho conforme as necessidades percebidas. Nesse sentido, a UFRJ, sendo a
131
equipe interna do projeto subordinada às outras duas instituições, realiza
unicamente a avaliação formativa, e não possui nesse momento o papel de avaliar o
projeto com relação a uma perspectiva somativa, no sentido de realizar um
julgamento de valor ou mérito do projeto ou de decidir por sua continuidade ou não.
Já a Petrobras e a UFRJ, que não são parte diretamente da equipe executora do
projeto, e por conta disso podem ser considerados avaliadores externos, realizam
avaliações do tipo somativa, além da avaliação formativa, pois em determinados
momentos essas duas instituições precisam realizar julgamentos de valor do projeto
no sentido de aprovar ou não a sua continuidade. A Petrobras realiza essa avaliação
em relação ao convênio estabelecido com a UFRJ, verificando se as etapas
propostas neste documento estão sendo cumpridas pela equipe executora
contratada, e o IBAMA verifica se as condicionantes exigidas para emissão da
licença relacionadas ao projeto estão sendo atendidas, podendo vir a suspender a
licença caso essa avaliação seja negativa. É importante ressaltar no entanto, que de
uma maneira geral, tanto a Petrobras quanto o IBAMA dão uma ênfase muito maior
à importância da avaliação formativa do que à somativa, e que muitas vezes esses
papéis de avaliadores internos e externos não se mostram tão claramente
estabelecidos, pois os entrevistados da Petrobras e do IBAMA se mostram muito
integrados à equipe executora, se colocando em determinados momentos como
parte da equipe interna do projeto, embora haja na realidade uma diferenciação no
papel das três instituições com relação ao projeto, como apontado anteriormente.
132
5.2.2.2.4. Tendências do processo avaliativo entre intuicionista-
pluralista e utilitarista
Os processos avaliativos observados nas três entrevistas se mostraram
extremamente complexos, variados e fortemente carregados de aspectos informais.
As três instituições apontaram uma grande variedade de instrumentos avaliativos,
como visitas de acompanhamento, relatórios, reuniões, uso de indicadores previstos
no projeto original, etc., assim como uma alta relevância de outros aspectos não
formais que são considerados parte integrante da avaliação, como as colocações
orais de pessoas envolvidas no projeto em momentos de encontros presenciais,
mesmo que informais, as impressões pessoais a partir das observações no campo,
por exemplo sobre o desenvolvimento dos pólos e o envolvimento dos cursistas.
Além disso, existe a intenção de centrar cada vez mais o processo avaliativo na
participação de todos os envolvidos no projeto. Atualmente essa participação ocorre
em momentos pontuais, como na avaliação realizada ao final dos módulos do curso
que visa avaliar apenas etapas específicas e não se caracteriza como um espaço de
decisão direta sobre os rumos do projeto. Neste momento, as três instituições
demonstram a intenção de tornar essa participação mais efetiva, por exemplo
através do recém criado Conselho de Acompanhamento do Projeto Pólen (CAPP)
que conta com representantes dos cursistas e das três instituições. Na prática a
participação ainda não pode ser considerada um elemento central na avaliação
realizada, pois atualmente o poder de decisão em relação à avaliação do projeto se
concentra realmente nos coordenadores e responsáveis pelo projeto das três
instituições. No entanto, a valorização da participação, assim como a utilização de
múltiplos instrumentos avaliativos e a forte carga de aspectos informais subjetivos na
avaliação podem ser considerados indicativos de uma tendência subjetivista-
133
intuicionista-pluralista da avaliação realizada pelas três instituições. Em contraponto,
os entrevistados das três instituições colocaram de forma muito clara que a
avaliação do projeto se concentra nos objetivos e na tomada de
decisão/administração do projeto, descrevendo que os processos avaliativos formais
do projeto são feitos com base nos objetivos previamente estabelecidos e no
redirecionamento das ações a partir das necessidades percebidas para alcançar
esses objetivos. Essa é uma característica típica de uma abordagem utilitarista da
avaliação, se contrapondo à tendência subjetivista-intuicionista-pluralista apontada
anteriormente. Assumimos, então que os processos avaliativos realizados pela
UFRJ, Petrobras e IBAMA possuem elementos das duas tendências e se encontram
em uma condição intermediária entre as duas.
5.2.2.2.5. Dificuldades encontradas
As três instituições consideram que os processos avaliativos realizados
necessitam de melhorias. As dificuldades encontradas se concentram principalmente
na insuficiência e na inadequação dos instrumentos previstos e utilizados e na
incapacidade de sistematizar e trabalhar com todas as informações levantadas que
podem subsidiar a avaliação. Nesse sentido, as instituições reconhecem que os
instrumentos avaliativos previstos não dão conta das necessidades percebidas ao
longo do projeto. Por exemplo, o uso dos indicadores previstos não é apontado
como um aspecto tão relevante como estava proposto originalmente no projeto e
outros instrumentos de avaliação como reuniões e visitas de acompanhamento se
mostram fundamentais embora não estivessem previstos. Uma outra forte
dificuldade apontada se refere à avaliação dos impactos socioambientais do projeto
134
relacionados à sua ação finalística, no que diz respeito à mitigação de impactos sob
uma perspectiva crítica. As três instituições destacam a relevância dessa questão
para a avaliação do projeto e apontam que atualmente não dispõem nem de
instrumentos, nem de uma capacitação adequada que permita a avaliação dessa
questão de forma satisfatória. Nesse sentido, as instituições apontam a necessidade
de se avaliar os reais impactos do projeto na realidade socioambiental da região, de
acordo com uma perspectiva centrada da Educação para a gestão, ou seja, visando
a mobilização social e a justiça ambiental. Apesar de reconhecer a relevância deste
aspecto da avaliação, as três instituições afirmam não conhecer instrumentos
avaliativos adequados e satisfatórios para isso, apontando esta como uma das
principais lacunas no processo avaliativo realizado.
Em relação aos aspectos específicos de cada uma das instituições
observados nas entrevistas, ressaltamos:
5.2.2.2.6. Questões específicas do IBAMA
A entrevista com os técnicos do IBAMA confirmou algumas questões
observadas na análise documental como a escassez de instrumentos avaliativos
pré-determinados (o único documento formalmente previsto é a análise dos
relatórios semestrais de acordo com os indicadores aprovados no projeto) e a
fundamentação da avaliação baseada em documentos balisadores como as
diretrizes e a literatura relacionada à linha de Educação para a Gestão. Isso
confirma alguns aspectos analisados anteriormente que dizem respeito à tendência
do IBAMA de realizar uma avaliação subjetivista e baseada em uma perspectiva
crítica, no sentido de que a avaliação centrada na Educação para a Gestão tem uma
135
fundamentação crítica, mas não possui instrumentos claramente delineados,
dependendo muito do avaliador a forma como esse processo avaliativo irá se
desenvolver. Há também uma tendência recente por parte do IBAMA em investir
cada vez mais no acompanhamento dos projetos, principalmente em atividades de
campo, caracterizando uma avaliação mais próxima durante o desenvolvimento dos
projetos, com aspectos fortemente qualitativos. É importante ressaltar que dentro do
IBAMA, essas tendências são iniciativas especificamente da CGPEG, que a partir da
percepção da importância e necessidade de um investimento maior nos processos
avaliativos do projeto vem buscando desenvolver novos caminhos nesse sentido de
forma pioneira dentro do próprio órgão.
5.2.2.2.7. Questões específicas da Petrobras
A entrevista com a Petrobras mostrou um forte comprometimento dos
consultores envolvidos diretamente com o Projeto Pólen no que diz respeito à
realização de um projeto de qualidade zelando pelo cumprimento dos princípios
estabelecidos pelas diretrizes do IBAMA. A consultora entrevistada pareceu estar
bastante convencida da relevância dos aspectos estabelecidos pelas diretrizes,
inclusive destacando a participação da própria Petrobras no processo de elaboração
desse documento. No entanto, parece ainda haver espaço dentro da empresa para
interpretações menos compreensivas desses critérios avaliativos estabelecidos junto
ao IBAMA, que podem ser eventualmente encarados como exigências legais que
criam empecilhos burocráticos. Destacamos, ainda, que a Petrobras foi a única
instituição que se referiu à importância do diagnóstico socioambiental como forma de
subsidiar as avaliações do projeto, o que entendemos ser um aspecto bastante
136
relevante pela originalidade e potencialidade da sugestão. No sentido proposto, o
diagnóstico socioambiental realizado na primeira fase do projeto poderia ser um
instrumento fundamental para a avaliação dos reais impactos do projeto na realidade
socioambiental da região, que foi uma das principais dificuldades apontadas, desde
que tivesse sido realizado com esse intuito, o que não aconteceu. Dessa forma,
surge aí a sugestão de que os diagnósticos feitos no início do projeto tenham o
objetivo de embasar as avaliações dos impactos socioambientais do projeto ao
longo do seu desenvolvimento e após a sua conclusão, no sentido da avaliação de
sua ação finalística enquanto medida mitigadora baseada em uma perspectiva
crítica baseada na justiça ambiental.
5.2.2.2.8. Questões específicas da UFRJ
A UFRJ, assim como o IBAMA, confirmou uma série de observações
realizadas na análise documental, como: o caráter formativo da avaliação; o
destaque para as reuniões e os relatórios como os principais instrumentos
avaliativos e a pouca relevância atribuída aos indicadores; a realização da avaliação
centrada principalmente nos coordenadores do projeto, embora haja uma tendência
de se considerar cada vez mais a participação dos cursistas; e a percepção ao longo
do desenvolvimento do projeto acerca da relevância da avaliação e das suas
dificuldades. A equipe executora do projeto possui um papel privilegiado em relação
à sua práxis, e por conta disso também é privilegiada em relação às informações
disponíveis e às possibilidades para sua avaliação. No entanto, a quantidade de
informações e a dificuldade na sua sistematização, além da concorrência com outras
atividades essenciais do projeto e a necessidade de atender às demandas da
137
Petrobras e do IBAMA, acabam dificultando que o processo de avaliação interna da
UFRJ ocorra de forma mais eficiente e satisfatória. Além disso, é importante
destacar também que a UFRJ traz como uma característica adicional ao seu
processo avaliativo a especificidade do seu papel institucional enquanto formadora
de recursos humanos e assume esta capacidade de formação como mais um critério
de avaliação interna, que embora não esteja formalmente previsto é um critério
absolutamente legítimo.
Em seguida buscaremos concluir esse trabalho de pesquisa, sintetizando e
integrando as análises realizadas e pontuando nossas principais contribuições sobre
o tema em questão.
138
CONCLUSÕES
Nesse trabalho nos propusemos a realizar um estudo exploratório sobre o
tema da avaliação no campo da Educação Ambiental sob uma perspectiva crítica,
nos centrando no contexto da gestão pública. Partimos da percepção de que este é
um tema apontado pela maioria dos autores como uma das principais lacunas que
dificultam o desenvolvimento do campo e é portanto de fundamental importância que
seja mais trabalhado. Considerando a escassez de publicações sobre o tema, que
evidencia o estágio de pouca maturidade das discussões atuais, optamos pela
realização de um estudo exploratório, que acreditamos contribuir mais neste
momento para o avanço da questão do que um trabalho com um recorte mais
específico.
Assim, nos propusemos a avançar sobre o tema a partir de uma abordagem
crítica, que se baseia no entendimento de que a crise ambiental é indissociável do
modelo social vigente e das desigualdades sociais decorrentes deste e que portanto
a Educação Ambiental deve ter como principal objetivo promover a transformação
das relações socioambientais atualmente estabelecidas. Nesse sentido, a gestão
ambiental pública é um dos principais contextos no qual os conflitos por usos e
formas de apropriação dos recursos naturais se explicitam e no qual o Estado possui
o poder de se opor à dominação dos interesses particulares, em prol do bem estar
da população, de forma democrática e em favor da justiça social. A partir desta
perspectiva, realizamos um levantamento bibliográfico sobre o tema em geral, e
analisamos de que forma a avaliação de projetos de Educação Ambiental está
presente no contexto da gestão ambiental pública, tanto na sua formulação
enquanto política pública quanto no seu exercício prático, nesse caso estudando
especificamente o caso de um projeto no contexto do licenciamento de petróleo, o
139
Projeto Pólen.
Nossa hipótese de trabalho se baseia na idéia central de que as dificuldades
relativas à avaliação de ações de Educação Ambiental são decorrência
principalmente de uma formulação equivocada da proposta avaliativa. Nesse
sentido, o principal problema é que os processos avaliativos não são previamente
concebidos e não possuem um foco claramente estabelecido, muitas vezes se
concentrando em relatar a execução do projeto em si e não em avaliar de fato seus
impactos. Mesmo os projetos que adotam uma perspectiva crítica, não conseguem
realizar uma avaliação adequada se este processo não for claramente concebido na
origem do projeto com o intuito de avaliar se a execução das ações previstas está
promovendo a transformação das relações socioambientais estabelecidas ou não.
Sendo assim, ao constatar no nosso levantamento que as poucas publicações
da área relacionadas ao assunto da avaliação estão mais focadas em identificar as
dificuldades no processo avaliativo, do que em propor estratégias e possibilidades
novas, confirmamos que existem questões fundamentais relacionadas à concepção
da avaliação e não apenas uma escassez de propostas. Parece haver uma
percepção geral de que as avaliações realizadas não são satisfatórias, mas não se
tem clareza do que se espera de uma boa avaliação, ou seja, não se sabe
exatamente o que se quer. Isso explicita uma dificuldade relacionada à concepção
da avaliação em si e não apenas uma questão metodológica. Não é possível
elaborar estratégias pertinentes, se as bases e os objetivos do processo avaliativo
são confusos. Dessa forma, as raras colocações propositivas sobre o assunto
geralmente são superficiais e apontam em direções muito variadas, se mostrando
fracas contribuições para o avanço da questão, pois não abordam a raiz do
problema.
140
As dificuldades apontadas de uma maneira geral estão relacionadas às
especificidades do campo da Educação Ambiental e à amplitude dos seus objetivos.
A proposta de trabalho em espaços formais e não-formais, ligado à realidade
cotidiana e que leva em conta à importância da participação política da população, já
é por si só uma proposta difícil de ser avaliada. Somando a isso os objetivos muito
amplos e densos da Educação Ambiental, ligados a sensibilização, informação e
transformação socioambiental, para os quais não há indicadores plenamente
satisfatórios, o processo avaliativo, especialmente sob uma perspectiva crítica se
torna realmente muito complexo, exigindo uma clareza prévia do que se quer e
metas plausíveis, o que nem sempre se observa.
Essa complexidade também se torna evidente nos documentos fundadores da
área, como a Carta de Belgrado, o PIEA, a Agenda 21 e o Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade, e nas políticas
públicas nacionais – PNEA e ProNEA. Nesses documentos atribui-se um elevado
nível de relevância à avaliação das ações de Educação Ambiental, havendo um
consenso geral sobre a legitimidade e a pertinência do assunto. No entanto, pouco
se fala sobre a forma como esse processo deve ser realizado, demonstrado que a
relevância da avaliação é oficialmente reconhecida, mas que há também uma
escassez de orientações oficiais sobre sua execução, que refletem a complexidade
do assunto.
Especificamente em relação às políticas públicas, há claramente uma
perspectiva crítica da Educação Ambiental nesses documentos e por conta disso, há
indicativos de que essas caminham no sentido de uma concepção de avaliação
enquanto espaço de participação popular e controle social para a justiça ambiental.
No entanto isso ainda parece ser um processo muito incipiente devido à variedade
141
de abordagens apontadas em geral, que nem sempre correspondem a uma
perspectiva crítica, e ao pouco aprofundamento teórico e metodológico presente nas
formulações presentes nesses documentos.
Dessa forma, o caso do Projeto Pólen estudado, se encontra no contexto
acima descrito, em que apesar da reconhecida relevância dos processos avaliativos,
há uma escassez de orientações e discussões sobre o tema na área como um todo,
e dentro do cenário da política nacional e da gestão ambiental pública, há breves
indicativos de uma perspectiva crítica da avaliação, que são no entanto pouco
substanciais. Assim, a avaliação realizada no Projeto Pólen se baseia principalmente
nas diretrizes do IBAMA para projetos de Educação Ambiental no licenciamento de
petróleo e nos princípios da educação para a gestão, que assumem uma perspectiva
crítica alinhada às políticas públicas nacionais. Dessa forma, as três instituições
envolvidas com o projeto, UFRJ, Petrobras e IBAMA, se mostram comprometidas
com esta perspectiva na concepção do projeto como um todo e especificamente em
relação à sua avaliação. No entanto, na prática, as próprias instituições reconhecem
que os processos avaliativos realizados não se mostram eficientes em avaliar se de
fato o projeto foi capaz de contribuir para a mudança socioambiental da região,
especialmente no sentido de inclusão dos grupos atingidos pelos impactos nos
processos decisórios relativos à sua mitigação. Tanto nos documentos relativos à
avaliação do Pólen analisados, quanto nas entrevistas com os responsáveis diretos
pelo seu processo avaliativo, a avaliação realizada no projeto se mostrou ser
caracterizada por:
Se basear nos princípios da Educação Ambiental crítica ao buscar
avaliar as transformações socioambientais geradas pelo projeto no
sentido da justiça ambiental e do controle social. No entanto as
142
estratégias avaliativas utilizadas ainda não dão conta de alcançar isso
efetivamente.
Ser mais complexa do que o previsto originalmente no projeto,
agregando diversos aspectos informais e subjetivos, além de
estratégias avaliativas complementares. A necessidade de adequação
do processo avaliativo ao longo do desenvolvimento do projeto
demonstra que a avaliação planejada na sua concepção não abrangia
as necessidades reais. Dessa forma, a tentativa de aprimorar o
processo avaliativo ao longo do desenvolvimento do projeto, pode se
mostrar bastante produtiva em diversos momentos, porém há
determinados aspectos da avaliação que não são passíveis de
modificações no meio processo.
Se centrar nos objetivos e na tomada de decisão sobre o projeto por
parte de seus coordenadores e responsáveis, incluindo em momentos
específicos a participação de outros envolvidos, porém sem grande
autonomia na tomada de decisão. Logo, a participação está presente
nos processos avaliativos do projeto, porém de forma ainda muito
incipiente. As estratégias utilizadas são muito variadas e incluem
aspectos subjetivos e objetivos, e instrumentos qualitativos e
quantitativos. Dessa forma, o processo de avaliação realizado possui
uma tendência intermediária entre utilitarista e intuicionista-pluralista,
demonstrando que para atingir as necessidades avaliativas
relacionadas tanto à eficiência na execução do projeto quanto à sua
eficácia com relação aos objetivos finais de uma ação de Educação
Ambiental crítica, é necessária a utilização de uma diversidade de
143
estratégias avaliativas previamente planejadas com esse intuito.
Um outro aspecto bastante relevante relacionado à avaliação dos projetos de
Educação Ambiental no contexto do licenciamento, diz respeito às relações
institucionais estabelecidas nesse processo. Nesse sentido, o Estado que possui o
papel de regulador da utilização dos recursos naturais enquanto bens comuns, é
responsável por determinar a perspectiva assumida nos projetos exigidos, tanto
através da formulação das políticas públicas quanto da ação dos seus órgãos
executores, nesse caso, o IBAMA. Assim, a perspectiva crítica assumida no Projeto
Pólen, é resultado em última análise, da ação do poder público, comprometido em
garantir uma maior justiça social na distribuição dos benefícios e prejuízos da
exploração dos recursos naturais. Nesse caso específico, percebemos que a
exigência de que o projeto atendesse de fato a esses princípios, possuiu uma
relação direta com o comprometimento de determinados grupos dentro do IBAMA,
como a CGEAM e a CGPEG. Dessa forma, apesar de estar cumprindo
determinações legais, esse grupo possui um papel pioneiro dentro do próprio IBAMA
no sentido de efetivar o cumprimento dessas exigências. O Pólen foi e está sendo
avaliado dentro do IBAMA, de acordo com a perspectiva crítica assumida nas
políticas públicas, desde a exigência de que o projeto estivesse de acordo com
essas bases para ser aprovado, até o acompanhamento do projeto no campo e o
desenvolvimento de novas estratégias de avaliação por parte do órgão ambiental.
Da mesma forma, a universidade enquanto órgão público contratado para a
prestação de serviço, também possui um papel diferenciado no desenvolvimento
desse projeto do que outras instituições privadas que atuam de forma semelhante. A
UFRJ, enquanto universidade pública, é uma instituição que se constitui enquanto
144
formadora de recursos humanos, centro de pesquisa e extensão, que possui um
projeto político pedagógico próprio e autônomo. Dessa forma, apesar de estar nesse
contexto específico submetida às exigências do IBAMA e da Petrobras (enquanto
empresa contratante), a contribuição da UFRJ para o projeto possui um caráter
muito além de simples prestação de serviço, e agrega além da visão crítica da
universidade, a possibilidade de desenvolvimento do campo teórico-metodológico da
Educação Ambiental, enquanto área do conhecimento e práxis, especialmente fértil
no espaço da universidade pública.
Sintetizando as nossas conclusões, podemos afirmar que a nossa hipótese de
trabalho foi em grande parte confirmada, pois embora haja no contexto da gestão
pública uma perspectiva crítica da avaliação de ações de Educação Ambiental, na
prática as avaliações ainda se concentram principalmente na execução dos projetos,
e não nas transformações socioambientais geradas por ele. De acordo com as
nossas análises isso decorre principalmente do fato de que o processo avaliativo
não é previamente planejado para realizar esse tipo de avaliação, de maneira que
não se dá a atenção devida aos processos avaliativos no planejamento dos projetos
e tampouco se tem clareza da importância e dos objetivos das estratégias
avaliativas adotadas. Aparentemente essa percepção tende a ocorrer apenas ao
longo do desenvolvimento do projeto, quando já não é mais possível adequar
totalmente o processo avaliativo em andamento.
Dessa forma, buscamos abaixo pontuar algumas possíveis contribuições da
nossa pesquisa para o desenvolvimento de processos avaliativos mais adequados
às ações de Educação Ambiental de acordo com uma perspectiva crítica :
O processo avaliativo deve ser concebido junto à proposta do projeto
de acordo com uma perspectiva crítica, ou seja, deve ser planejado
145
para avaliar não só a execução do projeto, mas também e
principalmente as transformações socioambientais causadas por ele,
de forma coerente com a fundamentação teórico-metodológica
adotada.
A avaliação crítica de um projeto de Educação Ambiental deve ser
compreendida enquanto processo complexo e heterogêneo que
necessita de variados instrumentos avaliativos centrados em objetivos,
tomada de decisão, participação e especialistas e que incluam
aspectos objetivos e subjetivos e instrumentos qualitativos e
quantitativos.
As ciências sociais podem ter um grande potencial em contribuir com
instrumentos de avaliação ligados às transformações socioambientais,
no sentido de abordar a sociedade como objeto de estudo,
complementando os aspectos ecológicos provenientes da Biologia e
pedagógicos da Educação que tradicionalmente estão presentes na
Educação Ambiental. Por exemplo, índices de renda, de mobilização
social, de participação popular nas decisões políticas da região, e de
inclusão e exclusão socioambiental podem contribuir como parte das
estratégias de avaliação, assim como a realização de diagnósticos
socioambientais antes, durante a após a realização do projeto, desde
que concebidos como estratégias avaliativas de acordo com a
perspectiva adotada.
Por fim, gostaríamos de colocar algumas questões que surgiram ao longo do
desenvolvimento da pesquisa e que não puderam ser totalmente esgotadas nesse
146
trabalho, mas que podem vir a auxiliar o desenvolvimento de estudos posteriores:
Como as nossas análises se basearam em documentos escritos e na
fala dos entrevistados que retratam somente a visão dos
representantes das três instituições responsáveis e envolvidas
diretamente com o gerenciamento do projeto (IBAMA, Petrobras e
UFRJ), não verificamos na prática se os processos avaliativos como
relatados estão de fato acontecendo ou não, tampouco a visão dos
outros participantes do projeto (público direto – cursistas/gestores
municipais e público indireto – população atingida pelos impactos do
empreendimento). A priori, isto fez parte das nossas opções teórico-
metodológicas, e se justifica pelo fato do estudo se caracterizar como
um estudo exploratório, baseado nos processos instituídos
(documentos oficias, produção científica, leis, programas oficiais de
governo), e nesse caso estar trabalhando com os dados oficialmente
instituídos sobre o Projeto Pólen que são produzidos pelas três
instituições em questão. No entanto, podemos perceber que há espaço
para desdobramentos da pesquisa, principalmente no sentido de
analisar a visão dos outros participantes do projeto com relação à sua
participação nos processos avaliativos instituídos e suas necessidades
com relação a isso.
É possível relacionar as vertentes da avaliação, às vertentes da
Educação Ambiental? Por exemplo, a Educação Ambiental crítica teria
uma tendência maior à avaliação intuicionista-pluralista (não
unicamente subjetiva, qualitativa, mas sim no sentido mais pluralista,
de mesclar estratégias e instrumentos, quali-quanti, valorizando tanto
147
aspectos objetivos quanto subjetivos, participação e administração,
etc..) e a Educação Ambiental conservadora (pela própria tradição
cartesiana, ecológica – das ciências duras) uma tendência maior à
avaliação utilitarista?
Há diferença entre a avaliação de uma etapa ou um evento do projeto,
e do projeto como um todo? Por exemplo, os CAPPs, comitês de
acompanhamento do Projeto Pólen do qual participam os gestores do
Pólo, servem para avaliar o Projeto Pólen, ou avaliar o andamento dos
pólos? É possível separar essas duas coisas?
Como garantir que a avaliação realizada nos projetos de Educação
Ambiental no contexto da gestão está sendo realmente crítica e não
voltada apenas para a prestação de contas à empresa financiadora ou
ao órgão ambiental?
Se a proposta é ser um projeto participativo e inclusivo, as estratégias
avaliativas do próprio projeto não deveriam ser participativas e
inclusivas? Dentro de uma perspectiva crítica, se o projeto tem
objetivos críticos, democráticos, participativos, que visem o
desenvolvimento do controle social e da justiça ambiental, isso tem que
começar pela práxis do próprio projeto, o projeto deve ser democrático
e deve prever espaços de participação democráticos?
Como podemos garantir que a avaliação não será preterida em função
de necessidades consideradas mais urgentes em relação à
implementação dos projetos?
Dessa forma, finalizamos o trabalho proposto, esperando termos contribuído
148
para o avanço do tema, assim como apontado possíveis direções para o seu
desenvolvimento.
149
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Anexo 1
TEXTO ORIGINAL DO PROJETO PÓLEN
6) PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
6.1) Justificativa
Sustentabilidade e Educação Ambiental
O desenvolvimento e a preservação do meio ambiente, apesar de apresentarem conceitos
aparentemente contraditórios, podem se reforçar mutuamente. Para que isto ocorra, decisões
integradas devem ser tomadas durante o planejamento de um ciclo de desenvolvimento, no momento
em que as metas e os programas da sociedade estão sendo estabelecidos e não na retaguarda, depois
que a sociedade e a economia já incorreram nos custos de um desenvolvimento insustentável.
Entretanto, uma condição crítica para o desenvolvimento sustentável é a manutenção de um estoque
básico de capital natural de uma comunidade ou de uma nação (Macneill,1992) e apesar de já estarmos
vivenciando situações que refletem um desenvolvimento insustentável, é possível que ainda haja
tempo para concretizar ações que busquem a transição necessária para formas mais sustentáveis de
desenvolvimento.
O conceito de desenvolvimento sustentável (incorporado à linguagem econômica política e
administrativa) apresenta três vertentes principais: desenvolvimento econômico, equidade social e
equilíbrio ecológico. Inclui-se ainda, neste contexto, o sentido de responsabilidade comum,
representada como processo no qual a exploração dos recursos materiais, os investimentos financeiros
e as rotas de desenvolvimento tecnológico devem adquirir um sentido de continuidade, hoje e nas
futuras gerações. O nível de consciência ambiental depende de variáveis econômicas, sociais e
culturais da sociedade, nos diferentes grupos sociais e ainda dos múltiplos conflitos de interesses entre
os diferentes atores envolvidos (Macneill,1992).
O conhecimento da dinâmica econômica e ambiental ainda é limitado. Mesmo sendo possível indicar
as direções em que o desenvolvimento deve avançar a fim de ser mais sustentável, ainda não é factível
a definição das condições precisas de sustentabilidade a respeito de cada desenvolvimento específico.
Neste ponto é possível encarar a sustentabilidade como uma meta social e como um critério para o
desenvolvimento. Esta nova postura requer a mudança de paradigmas presentes em nossa sociedade. E
para que haja essa reconstrução e que seja eficaz, a educação ambiental torna-se fundamental para
promover ampla discussão sobre a importância da conservação do ambiente, para que o indivíduo
visualize criticamente as suas próprias atitudes e, finalmente, exerça seu dever e direito de cidadão.
A primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, ocorrida em Tbilisi, na
Geórgia, foi estruturada pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura,
em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e representou o grande e
decisivo marco para o desenvolvimento de ações voltadas para Educação Ambiental (Savastano,
1998). Hoje, o Brasil já tem uma lei (N.9.795, de 25 de abril de 1999) que dispõe sobre a Educação
Ambiental e institui sobre a Política Nacional de Educação Ambiental.
No artigo 1º da lei N.9.795, de 25 de abril de 1999, entende-se como Educação Ambiental os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
O ProNEA (Programa Nacional de Educação Ambiental), criado , em 94, como fruto da ECO-92 e
executado pela Coordenação de Educação Ambiental do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e
pelos setores correspondentes do MMA/IBAMA (Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), previu três componentes para as ações de
Educação Ambiental: i. capacitação de gestores e educadores; ii. desenvolvimento de ações
158
educativas; iii. desenvolvimento de instrumentos e metodologias (Brasil, 2004). Estas contemplam as
seguintes linhas de ação:
- Educação ambiental por meio do ensino formal;
- Educação Ambiental no processo de gestão ambiental;
- Campanhas de Educação Ambiental para usuários de recursos naturais;
- Cooperação com meios de comunicação e comunicadores sociais;
- Articulação e integração comunitária;
- Articulação intra e interinstitucional;
- Rede de centros especializados em Educação Ambiental em todos os Estados.
A proposta de formar educadores, de modo sistemático, para atuar no processo de gestão ambiental
constitui uma das metas do ProNEA para diminuir a carência de educadores atuantes em diversos
setores da sociedade, cuja finalidade está voltada para gestão integrada do meio ambiente (IBAMA,
1995).
Deste modo, este projeto prevê a realização dos três componentes para as ações de Educação
Ambiental indicados pelo ProNEA, no âmbito do ensino formal, no processo de gestão ambiental,
articulação e integração comunitária e articulação intra e interinstitucional. Além disso, alguns
aspectos de suas diretrizes (transversalidade, sustentabilidade, descentralização institucional e
participação e controle social) serão princípios norteadores do projeto. Com essa preocupação, no
âmbito do público alvo determinado (professores, lideranças locais, técnicos do meio ambiente), esta
proposta consiste na : i. reorientação para o ensino criando oportunidades para a modificação de
atitudes e comportamentos por meio da aquisição de conhecimentos e valores; ii. capacitação de
profissionais para reflexão e promoção de ações relacionadas à questões ambientais nos municípios
que são área de influência do empreendimento.
As atividades e metas previstas para este projeto também estão em conformidade com os objetivos e
princípios básicos da Educação Ambiental da lei Nº.9.795, de 25 de abril de 1999. Neste sentido, o
projeto atenderá educadores pela capacidade multiplicadora que têm e pessoas que exercem papel
central nas municipalidades quanto à questão ambiental. De forma democrática e pelo diagnóstico
inicial montaremos a turma de professores. Estes, em suas primeiras ações de retorno aos locais de
origem auxiliarão na escolha das lideranças que participarão dos cursos para gestores.
Ambas as linhas de ação partirão de momentos de formação que evidenciem a interdependência entre
o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade e na perspectiva
transdisciplinar. E é por isto que temas como ética, o trabalho e as práticas sociais, bem como aspectos
da organização social e história das classes sociais serão abordados como tópicos de formação e serão
requisitados como temas dos subprojetos que serão obrigatoriamente desenvolvidos com os
professores em formação. Estes buscarão também sua articulação com aqueles atores que passarem
pelos cursos de formação de gestores.
Da forma como organizado, o curso prevê vínculos permanentes do pessoal em formação com os
formadores através dos módulos de formação, das visitas mensais aos pólos e dos subprojetos que
serão propostos e executados neles.
Portanto, o curso de formação de educadores ambientais e o curso para gestores serão estruturados em
seus conteúdos, sua proposta pedagógica e nas metas e produtos buscados pelos atores em formação,
de forma a desenvolver uma compreensão integrada do meio ambiente, a garantir a democratização
das informações ambientais, a estimular e fortalecer uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental, a incentivar a participação individual e coletiva permanente e responsável na preservação
do equilíbrio do meio ambiente. Para isso, a equipe executora será composta por profissionais de
diferentes áreas do conhecimento.
Histórico da Parceria Petrobras – UFRJ: Projeto ECOLagoas
159
O ECOlagoas é um projeto que tem como objetivo monitorar parâmetros físicos, químicos e
biológicos das lagoas costeiras Imboassica, Cabiúnas, Comprida e Carapebus. O projeto é resultado de
convênio de mais de 13 anos entre o Laboratório de Limnologia da UFRJ e a Petrobras e proporcionou
as condições para a formação de mais de 20 mestres e doutores em Ecologia cujos resultados foram
publicados em mais de 50 publicações de artigos em revistas nacionais e internacionais e em dois
livros. Este projeto possibilitou a criação do NUPEM (Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé) e
muitos outros benefícios para a região, como veremos mais adiante.
Além das pesquisas ecológicas, este projeto vem, ao longo de 10, anos mantendo com a população de
Macaé e municípios adjacentes algumas atividades que permitem a divulgação de informações
importantes geradas no campo da pesquisa científica. Estas atividades realizadas têm o objetivo de
contribuir para a melhoria do ensino na área de ciências, através do contato com ecossistemas do
Complexo da Mata Atlântica existentes na região de Macaé. Esta iniciativa resultou na formação de
uma nova linha de pesquisa no Laboratório de Limnologia e no programa de Pós-Graduação em
Ecologia.
Já foram realizados 3 cursos de Capacitação em Ecologia para professores de Ciências e Biologia, com
carga horária de 120 horas, 7 de 20 horas e, como decorrência destes, 12 cursos de Educação
Ambiental com carga horária de 40 horas para professores do Ensino Fundamental. Nestes cursos
participaram mais de 800 professores dos municípios de Macaé, Carapebus, Quissamã, Rio das Ostras,
Conceição de Macabu, Casimiro de Abreu, Búzios, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Araruama,
Arraial do Cabo, Campos, São Fidelis, Nova Friburgo, Saquarema e Macuco.
Os cursos indicaram aumento no uso dos ambientes para atividades extraclasse, contudo os
professores salientavam a ausência de uma estrutura adequada para atender às necessidades das
escolas dos municípios mais próximos ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Então, em 2002,
teve início, ainda no âmbito do projeto Ecolagoas, uma atividade ampla de visitação ao Parque,
denominada Jurubatiba uma sala de aula, que já atendeu mais de 5500 alunos do ensino fundamental
e médio, bem como algumas turmas de supletivo e adultos da comunidade. Estas atividades atenderam
principalmente os municípios de Quissamã, Carapebus, Macaé, Rio das Ostras e Casimiro de Abreu.
Mas mesmo os professores que realizaram os cursos já citados indicaram, através de avaliações, que
ainda faltavam subsídios para a abordagem de assuntos relacionados à estrutura e funcionamento dos
ecossistemas locais. Assim, percebeu-se a necessidade de um complemento teórico, que pudesse servir
como material didático para pesquisa sobre assuntos relacionados, principalmente, ao aspecto que se
refere ao conhecimento dos ecossistemas litorâneos, que são as áreas de influência das populações
locais e também sobre a alteração que o homem vem causando neles. Para atender a mais esta
demanda foram elaborados os primeiros volumes dos Cadernos NUPEM (ANEXO 4) e das Fichas dos
Seres (ANEXO 5). Parte deste material já foi trabalho com 1857 alunos em 27 escolas de Macaé,
Carapebus e Quissamã. Especialmente o volume 1 do Cadernos NUPEM, que retrata em detalhes o
embate histórico e cheio de dificuldades para a criação do Parque, é utilizado pelo professor antes ou
após a visita ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.
Visto que a demanda é sempre crescente e cada vez mais professores de regiões distantes de Macaé
também procuram o curso, decidiu-se ampliar as propostas atuais, de modo a realizar um extenso
curso de capacitação de profissionais de diferentes localidades.
Ainda no âmbito do Ecolagoas, os trabalhos de extensão passaram a contemplar, também, a
comunidade pesqueira. Entretanto, esta comunidade não será público alvo do projeto proposto, uma
vez que a PETROBRAS já realiza uma série de atividades com os pescadores, desenvolvendo projetos
como o “Mosaico” e “Recifes Artificiais”, com as comunidades situadas nas áreas de influência do
empreendimento e diretamente ligados à pesca.
Atividades do NUPEM no PARNA Jurubatiba
O ECOlagoas gerou subsídios científicos para a criação do PARNA Jurubatiba e os pesquisadores do
projeto participaram de forma ativa na criação desta Unidade de Conservação (Anexo 6).
160
O Conselho Consultivo do Parque tem uma vaga para representante do NUPEM que, atualmente, é o
Professor Alex E. Prast, o que contribui para chancelar de forma democrática e participativa as
atividades propostas para o PARNA Jurubatiba e seu entorno. Além disto, o NUPEM fornece parte da
mão-de-obra especializada e gera subsídios científicos que contribuem para as discussões do Plano de
Manejo desta unidade de conservação.
O NUPEM e o PARNA Jurubatiba visam o crescimento de ações de Educação Ambiental na região de
Macaé e, assim, desenvolvem atividades complementares. O NUPEM entende que as atividades de
Educação Ambiental realizadas por esta instituição e pelo PARNA Jurubatiba não são excludentes e
sim coexistem cooperativamente de modo paralelo havendo diferença quanto ao público alvo, pois o
NUPEM trabalha de modo mais efetivo com a educação formal e o PARNA Jurubatiba desenvolve
atividades com outros atores além do universo escolar.
No ano de 2002 o NUPEM/UFRJ sediou oficinas para gestão participativa realizadas pela equipe de
consultores(as) do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) com o conselho
consultivo do PARNA Jurubatiba. Este processo foi iniciado pelo NEA/RJ em consonância com a
CGEAM (Coordenação Geral de Educação Ambiental). Ainda neste ano o NUPEM/UFRJ participou
do projeto Jurubatiba Sustentável conduzido pela ONG Amigos PARNA Jurubatiba. Além disto, e de
forma continuada o NUPEM/UFRJ realiza atividades pontuais e sistematizadas no PARNA Jurubatiba
com muitas escolas da região, incluindo aquelas que se situam em grande parte do entorno dele.
6.2) Objetivos
Ö Objetivo Geral
Promover condições para que diferentes atores sociais ligados à educação formal e não formal, da área
de influência do empreendimento FPSO-Espadarte da Petrobras-UNBC, na Bacia de Campos,
construam e resgatem saberes significativos, metodologias e valores necessários numa prática
dialógica para: i) fortalecimento da autonomia individual e coletiva necessárias à organização e
progresso social; ii) compreensão da diversidade e complexidade das questões ambientais, suas
causas, efeitos e inter-relações e iii) desenvolvimento de ações mobilizadoras junto a outros atores que
contribuam para o encaminhamento da resolução de questões ambientais.
Ö Objetivos Específicos
- Conhecer a realidade de cada município e fomentar parcerias entre as Secretarias de Educação e
Meio Ambiente;
- Estimular a percepção dos atores para os processos existentes nos ambientes naturais e
construídos de modo a sensibilizá-los para questões ambientais;
- Construir conjuntamente com os atores envolvidos no processo conhecimentos fundamentais
para o manejo racional do ambiente por meio da educação ambiental e desenvolver ações
mobilizadoras entre os diversos setores da sociedade;
- Capacitar profissionais para desenvolver ações que permitam o uso sustentável do ambiente;
- Fornecer subsídios para que lideranças locais da gestão pública e da sociedade organizada
participem dos subprojetos e atuem nos pólos.
- Dar continuidade as ações promovidas durante os cursos fomentando a EA nos treze municípios
6.3) Metas
A construção de aprendizagens significativas possibilitará maior articulação dos indivíduos dentro de
suas comunidades. As ações de Educação Ambiental no âmbito deste projeto proporcionarão a
capacitação de profissionais por meio do desenvolvimento de ações educativas com professores e
técnicos, bem como a inclusão de outros atores em subprojetos gerados no processo de
desenvolvimento profissional. Somado a isso, será incentivada a elaboração de material de apoio de
161
forma participativa, possibilitando a mediação do conhecimento científico gerado na região e
resolução de problemas identificados pelos atores durante o processo de capacitação. Para que os
objetivos sejam alcançados algumas metas foram delineadas com seus respectivos indicadores
(Quadro 1).
Quadro 1: Metas e Indicadores das etapas do projeto proposto.
Fase Objetivos Metas Indicadores
Diagnóstico
Conhecer a realidade de
cada município e fomentar
parcerias entre as
Secretarias de Educação e
Meio Ambiente.
Estabelecer contato e
promover parceiras nos
treze municípios durante
três meses;
Identificar os 40 atores
diretos que participarão
da primeira equipe de
alunos do curso;
Conhecer as treze
localidades e as
iniciativas de Educação
Ambiental já existentes.
Cadastro dos
profissionais que
estarão envolvidos no
curso;
Mapas contendo: as
parcerias estabelecidas
no diagnóstico
institucional/ambiental
162
Quadro 1: Metas e Indicadores das etapas do projeto proposto (continuação).
Fase Objetivos Metas Indicadores
Módulo 1
Estimular a percepção
dos atores para os
processos existentes nos
ambientes naturais e
construídos, de modo a
sensibilizá-los para
questões ambientais.
Incentivar e assessorar
a produção de material
educativo,
contemplando os
ecossistemas da região
e da percepção do
homem como agente
transformador do meio;
Realizar visitas nos
ecossistemas de cada
localidade,
identificados a partir
dos dados obtidos na
fase de diagnóstico, as
quais ocuparão 50% da
carga horária.
Mapas mentais
realizados durante o
módulo;
Atividades, propostas
durante o curso,
concretizadas nos 4
meses subseqüentes a
este módulo;
Material didático
elaborado.
Módulo 2
Construir conjuntamente
com os atores envolvidos
no processo
conhecimentos
fundamentais para o
manejo racional do
ambiente por meio da
educação ambiental e
desenvolver ações
mobilizadoras entre os
diversos setores da
sociedade.
Possibilitar, aos
cursistas, a
identificação de
impactos físicos e
sociais decorrentes de
problemas ambientais;
Promover discussões
sobre Legislação
Ambiental visando seu
conhecimento e análise
crítica;
Identificar lideranças
locais da gestão pública
e da sociedade
organizada para atuação
conjunta nos
subprojetos.
Diagnóstico dos
problemas sócio-
ambientais dos treze
municípios,
produzido pelos
professores.
Módulo 3
Capacitar profissionais
para desenvolver ações
que permitam o uso
sustentável do ambiente.
Possibilitar a criação de
20 subprojetos
desenvolvidos de forma
participativa.
Sub-projetos criados e
implementados nos
treze municípios
(verificados via Fichas
de Acompanhamento).
Curso
Módulo 4
Capacitar profissionais
para avaliar as ações de
Educação Ambiental.
Desenvolver processos
de avaliação dos 20
subprojetos.
Avaliações quali-
quantitativas dos 20
sub-projetos.
163
Visitas de
acompanham
ento
Acompanhar o
desenvolvimento das
atividades propostas
durante os 4 módulos do
curso.
Realizar uma visita
mensal a cada
município no tempo de
vigência do curso.
Fichas de
acompanhamento dos
20 subprojetos.
Fóruns
realizados
entre os
módulos
Fortalecer a construção
coletiva das ações.
Promover um encontro
bimestral para
discussão do
andamento dos
subprojetos.
Participação dos
profissionais nos
fóruns;
Documento contendo
as propostas
encaminhadas pelos
cursistas.
Implementação dos
subprojetos
Dar continuidade as
ações promovidas
durante os cursos
fomentando a EA nos
treze municípios
Implementar 13* dos
subprojetos
(*) 1 por município
Fichas de
acompanhamento dos
20 subprojetos
Cálculo do índice de
efetividade de
implantação dos
subprojetos nos pólos
Quadro 1: Metas e Indicadores das etapas do projeto proposto (Continuação).
Fase Objetivos Metas Indicadores
Curso de Princípios para a
Gestão Ambiental
Fornecer subsídios
para que lideranças
locais da gestão
pública e da
sociedade
organizada
participem dos
subprojetos e atuem
nos pólos;
Proporcionar a participação
de no mínimo dois dos
atores identificados no
módulo 2.
Lideranças locais
incorporadas e
atuantes na equipe
dos subprojetos;
Divulgação dos resultados dos
subprojetos à PETROBRAS,
Secretarias Municipais,
comunidade científica e
sociedade civil organizada da
área de atuação do projeto.
Mediar para
sociedade os
conhecimentos
abordados durante o
projeto e resultados
obtidos.
Criação de cd-rom com os
materiais construídos;
Criação de website,
divulgação de materias
didáticos gerados no curso
com questionários anexados;
Participação em eventos
relacionados à Educação.
Número de
exemplares
distribuídos;
Número de acessos
no website;
Pesquisa com a
comunidade local.
6.4) Indicadores de implementação das metas
164
Cadastro dos profissionais que estarão envolvidos no curso;
Mapas contendo: as parcerias estabelecidas no diagnóstico institucional/ambiental;
Mapas mentais realizados durante o módulo;
Número das atividades, propostas durante o curso, concretizadas nos próximos 4 meses subsequentes a
este módulo;
Elaboração participativa e aplicação de material didático;
Elaboração das atividades propostas durante o curso;
Diagnóstico dos problemas sócio-ambientais dos treze municípios produzido pelos professores;
Sub-projetos criados e implementados nos treze municípios (verificados via Fichas de
acompanhamento);
Avaliações quali-quantitativas dos 20 sub-projetos;
Fichas de acompanhamento dos 20 subprojetos;
Presença dos profissionais nos fóruns;
Documento contendo as propostas encaminhadas pelos atores;
Lideranças locais incorporadas e atuantes na equipe dos sub-projetos;
Número de exemplares distribuídos;
Número de acessos no website;
Pesquisa com a comunidade local;
Cálculo do índice de efetividade de implantação dos subprojetos nos pólos.
6.5) Público Alvo
DIRETO
Professores, técnicos do meio ambiente e lideranças locais da gestão pública e da sociedade
organizada, que estão à frente das questões socioambientais, constituem os sujeitos da ação educativa
deste projeto por possibilitarem de forma direta a difusão de informações e formação de
multiplicadores de opinião. Os trabalhos serão realizados com professores da rede pública dos
municípios considerados área de influência dos empreendimentos e com técnicos da secretaria de meio
ambiente que estejam envolvidos com Educação Ambiental. O trabalho a ser realizado com as
Secretarias Municipais de Educação e Meio Ambiente de cada região será com o intuito de conhecer
as localidades e diagnosticar suas condições iniciais a fim de fomentar melhorias durante e após o
desenvolvimento do projeto.
INDIRETO
O projeto prevê a participação das comunidades locais, o que se intensificará com o estabelecimento e
progressivo funcionamento dos pólos nos municípios, desta forma, o público indireto consiste em
165
alunos dos professores cursistas, membros de associações de moradores, comunidades de entorno de
Unidades de Conservação entre outros.
6.6) Metodologia
Este projeto, a ser executado com o público-alvo já referido, prevê a criação de um curso de formação
de recursos humanos em Educação Ambiental com a concepção metodológica adaptada de Medina
(1999). Esta está centrada na organização por módulos e realização de projetos de forma participativa
e foi construída dentro dos princípios da educação continuada. Além disto, a qualidade das ações será
privilegiada em detrimento do volume de pessoas atingidas. A capacitação será realizada com 2
turmas de quarenta pessoas (turma 1 e turma 2 - uma a cada 2 anos) e para isto será precedida de uma
fase inicial de diagnóstico e outra final de concretização das ações e avaliação do projeto. Ao final de
cada curso os integrantes das equipes serão incentivados a montar em suas localidades pólos de
Educação Ambiental ou apoiar os Núcleos de Educação Ambiental já existentes – parceria com os
NEAs/IBAMA/RJ. Somado a isto o projeto propõe uma ação pontual com lideranças locais que
representem potenciais parceiros para os cursistas desenvolverem os subprojetos e atuarem nos pólos.
Estas ações pontuais estão previstas para 4 turmas de 40 atores representantes dos 13 municípios1.
Este projeto de formação de recursos humanos para Educação Ambiental converge em vários aspectos
com a proposta “Como o IBAMA exerce Educação Ambiental”(2002).
Com relação a formação da equipe executora, será valorizada a participação de profissionais de
diversa áreas de conhecimento.
Fase de diagnóstico
Durante os seis meses iniciais do projeto serão realizadas visitas aos treze municípios com o intuito de
estabelecer parcerias com as Secretarias Municipais de Educação, Coordenadorias Estaduais de
Educação e Órgãos Ambientais competentes. Nessas ocasiões, o projeto será apresentado aos
representantes destes órgãos. Em conjunto, serão identificadas pessoas envolvidas em ações de EA
que, possivelmente, participarão da primeira turma do curso. A seleção das duas turmas será realizada
por meio de entrevistas promovidas pela equipe executora no último mês da etapa do diagnóstico com
os interessados a fim de avaliar a disponibilidade de tempo para realização do curso, engajamento com
atividades relacionadas à Educação Ambiental, interesse pela proposta e vontade de continuar
desenvolvendo ações relacionadas à gestão ambiental após o curso.
Inicialmente, serão contactados professores e técnicos nos treze municípios perfazendo um
total de quarenta atores diretos que integrarão a equipe do projeto. As vagas serão
disponibilizadas de forma relativa, de acordo com a população residente em cada município
(Tabela 1). Faz-se necessária a participação de, no mínimo, dois professores do mesmo
município para que tenham maior possibilidade de viabilizar os projetos e evitar que os
referidos profissionais fiquem sobrecarregados em suas tarefas.
Tabela 1: População residente e distribuição do curso de vagas por município.
Municípios População residente Número de vagas no curso
Campos dos Goytacazes 407.172 6
Macaé 132.468 4
Cabo Frio 126.829 4
Araruama 82.799 4
Saquarema 52.459 4
São Francisco de Itabapoana 41.478 3
Rio das Ostras 36.425 3
São João da Barra 27.681 2
1 Os atores serão identificados de forma participativa pelos cursistas durante o segundo módulo do curso de capacitação (detalhado no
item Detalhamento dos Módulos)
166
Arraial do Cabo 23.880 2
Casimiro de Abreu 22.144 2
Armação dos Búzios 18.215 2
Quissamã 13.677 2
Carapebus 8.665 2
Fonte: IBGE, 2000.
Nesta fase, ainda serão realizadas entrevistas com o público-alvo e com as secretarias.
Estas permitirão avaliar as representações sociais dos grupos envolvidos no momento inicial
do projeto. Este trabalho será continuado ao longo do projeto por meio de entrevistas anuais
que permitirão avaliar mudanças nas representações.
Além disso, serão realizadas visitas aos ecossistemas locais a fim de se avaliar as
particularidades de cada município e utilizar estas informações no primeiro módulo do curso.
E ao final será elaborado um relatório com os resultados obtidos e propostas geradas para
direcionamento das ações. Deste modo o diagnóstico será realizado em três etapas
distintas: i. formalização das parcerias (1º e 2º mês); ii. Visitas aos ecossistemas dos
municípios (3º e 4º mês); iii. Entrevistas, seleção e realização de relatório (5º e 6º mês).
O curso
A concepção teórica do curso será construída por intermédio de ações coletivas,
considerando a importância de uma equipe formada por profissionais de diferentes áreas do
conhecimento. Tal proposta é ressaltada por Sato (2001) no trecho a seguir:
Somente um estudo interdisciplinário pode
compreender a complexidade ambiental. É preciso
inovar na ética dos sujeitos para um novo olhar das
técnicas, da produção econômica e das relações
sociais .(...) A dimensão ambiental deve estar
presente nas diversas áreas do conhecimento,
respeitando as organizações, os objetos e as
necessidades das múltiplas relações. A produção do
conhecimento que aí se constrói deve ser validada e
apropriada pelos grupos sociais
.
Cada curso terá duração de dois anos, será dividido em módulos como proposto por Medina
(1999) e nos intervalos entre estes, como aspecto inovador desta proposta, serão realizados
encontros mensais com os professores.O curso será realizado nas dependências do
NUPEM/UFRJ no município de Macaé e está estruturado como demonstrado no quadro 2.
Quadro 2. Síntese da estrutura do curso de Capacitação em Educação Ambiental.
Atividade Descrição da atividade Duração em horas Local
Módulo 1
Desenvolvimento do módulo de Percepção
Ambiental: Potencialidades dos
Ecossistemas
40 NUPEM/UFRJ
Visitas aos
municípios
Acompanhamento das atividades
5 horas por grupo/mês
(durante 4 meses)
13 municípios da área
de influência do
empreendimento
Encontros com
toda a equipe
Fóruns de discussões e apresentação de
atividades
8 horas/mês (durante 2
meses)
NUPEM/UFRJ ou
demais localidades
Módulo 2
Desenvolvimento do módulo: Princípios
para Gestão Ambiental
40 NUPEM/UFRJ
Visitas aos
municípios
Acompanhamento das atividades
5 horas por grupo/mês
(durante 4 meses)
13 municípios da área
de influência do
empreendimento
Encontros com Fóruns de discussões e apresentação de 8 horas/mês (durante 2 NUPEM/UFRJ ou
167
toda a equipe atividades meses) demais localidades
Módulo 3
Desenvolvimento do módulo: Conflitos
Ambientais – Potencialidades X
Problemas: Elaboração de Projetos em
Educação Ambiental
40 NUPEM/UFRJ
Visitas aos
municípios
Acompanhamento das atividades
5 horas por grupo/mês
(durante 4 meses)
13 municípios da área
de influência do
empreendimento
Encontros com
toda a equipe
Fóruns de discussões e apresentação de
atividades
8 horas/mês (durante 2
meses)
NUPEM/UFRJ ou
demais localidades
Módulo 4
Desenvolvimento do módulo de
Acompanhamento e Avaliação de Projetos
em Educação Ambiental
40 NUPEM/UFRJ
Visitas aos
municípios
Acompanhamento das atividades
5 horas por grupo/mês
(durante 4 meses)
13 municípios da área
de influência do
empreendimento
Encontros com
toda a equipe
Fóruns de discussões e apresentação de
atividades
8 horas/mês (durante 2
meses)
NUPEM/UFRJ ou
demais localidades
Conclusão
Concretização dos pólos nas escolas
(professores)
56 horas por localidade Nas localidades
TOTAL 360
NUPEM/UFRJ e 13
municípios da área de
influência do
empreendimento
Detalhamento dos Módulos
Este projeto, como método de capacitação em Educação Ambiental, considera que o curso proposto
deve atender ao cumprimento de diversas etapas que vão sendo elaboradas e reconstruídas pelos
grupos de trabalho. Para estas etapas (módulos) estão previstas a abordagem de conhecimentos
teóricos e práticos além de discussões que possibilitam o avanço cognitivo, a aquisição de valores e
postura crítica em relação questões ambientais. Ao final de cada módulo serão propostas atividades
que os profissionais deverão realizar em sua localidade. Isto promove a inclusão de outros atores além
de oportunizar construções em grupo e formação de lideranças capazes de articular a comunidade
(Medina, 1999). O quadro abaixo detalha alguns aspectos dos módulos (Quadro 3).
Quadro 3: Atividades previstas para realização durante os módulos e propostas para implantação nas
diferentes localidades.
Módulo Conteúdos e ações
1] Percepção Ambiental: Potencialidades dos
Ecossistemas
Discussão de conceitos ecológicos a partir de
observações em campo;
Produção e utilização de jogos didáticos;
Criação de uma rede de comunicação entre os
participantes do curso e equipe executora;
Trabalho para a conclusão do módulo (a ser realizado
nas comunidades locais – escolar ou não – em até 4
meses): Determinação, elaboração e utilização de uma
trilha ecológica.
2] Gestão Ambiental
Identificação e reflexão sobre problemas locais,
regionais, nacionais e globais;
Realização de discussões sobre alternativas para a
solução de problemas;
Desenvolvimento de metodologias participativas em
Educação Ambiental;
Discussão sobre Legislação Ambiental;.
Trabalho para a conclusão do módulo (a ser realizado
168
nas comunidades locais – escolar ou não – em até 4
meses): Diagnóstico de problemas socioambientais de
sua cidade com elaboração de pré-projeto;
3] Conflitos Ambientais – Potencialidades X
Problemas: Elaboração de Projeto em Educação
Ambiental
Estabelecimento das inter-relações dos problemas
identificados;
Buscar o desenvolvimento de projetos que
relacionem o meio natural com a sociedade e
seus diversos setores;
Estudo de projetos de Educação Ambiental;
Aspectos sobre a criação e implantação de projetos de
Educação Ambiental;
Noções sobre metodologias de avaliação em EA
Trabalho para a conclusão do módulo(a ser realizado
nas comunidades locais – escolar ou não – a ser
realizado em cerca de 11 meses): Aplicação do
subprojeto elaborado no curso
4] Acompanhamento e Avaliação de Projetos em
Educação Ambiental
Estudo de diversas metodologias de avaliação de
projetos;
Discussão sobre os projetos em andamento;
Trabalho para a conclusão do módulo:
Conclusão e avaliação do subprojeto e consolidação de
um pólo de Educação Ambiental na sua cidade.
Visitas aos municípios
No período entre os módulos os responsáveis pelo curso realizarão visitas mensais aos municípios com
o intuito de acompanhar e orientar o trabalho proposto no fim dos módulos. Nestas oportunidades
serão preenchidas fichas que consistem em um mapa das atividades realizadas a cada mês. Desta
forma, todos os meses entre cada módulo haverá visita nos treze municípios e mapeamento das ações.
Encontros com toda equipe
Além das visitas mensais que tratarão dos trabalhos individualmente, no período entre os módulos
ocorrerá uma vez a cada dois meses um encontro com toda a equipe de alunos do curso, no qual o
grupo terá a oportunidade de ver todos os trabalhos em andamento realizados pelos outros grupos,
promover discussões, e gerar sugestões e encaminhamentos para os trabalhos de seus colegas. Com
isso, a troca de saberes é valorizada, respeitando a pluralidade e a diversidade cultural, gerando novos
saberes de forma participativa.
Curso de Princípios em Gestão Ambiental
Este curso terá duração de 20 horas e será direcionado a atores que farão parte dos subprojetos
propostos pelos cursistas. A identificação destas pessoas será feita de forma preliminar pela equipe
executora durante o diagnóstico e posteriormente pelos cursistas durante a realização e
desdobramentos do Módulo 2. Com isso, estarão envolvidos neste projeto, além dos professores e
técnicos de secretarias de meio ambiente, pessoas que fazem parte ativamente de questões ambientais
em suas localidades.
Desta maneira, espera-se que este curso (Princípios em Gestão Ambiental) de caráter pontual auxilie
os cursistas na articulação com outros atores, e facilite a concretização das propostas dos subprojetos.
Está prevista a realização de quatro cursos com quarenta alunos cada, que acontecerão a partir do
segundo ano de implementação do projeto. A distribuição das vagas obedecerá ao mesmo critério
utilizado para os cursistas do curso de capacitação como demonstrado na Tabela 2. Em conseqüência,
os municípios terão a seguinte distribuição de membros envolvidos nos subprojetos após os 5 anos.
Tabela 2. Demonstração do número total de atores participantes do projeto ao longo dos cinco anos.
169
Municípios
População
residente
Número de vagas em
dois Cursos de
Capacitação durante
cinco anos
Número de vagas nos
Curso de Princípios em
Gestão Ambiental em
cinco anos
Total de atores
envolvidos por
município em cinco
anos
Campos dos Goytacazes
407.172 12 24 36
Macaé 132.468 8 16 24
Cabo Frio 126.829 8 16 24
Araruama 82.799 8 16 24
Saquarema 52.459 8 16 24
São Francisco de Itabapoana 41.478 6 12 18
Rio das Ostras 36.425 6 12 18
São João da Barra 27.681 4 8 12
Arraial do Cabo 23.880 4 8 12
Casimiro de Abreu 22.144 4 8 12
Armação dos Búzios 18.215 4 8 12
Quissamã 13.677 4 8 12
Carapebus 8.665 4 8 12
O conteúdo do Curso de Princípios em Gestão Ambiental permitirá ao participante refletir
sobre problemas locais, regionais, nacionais e globais, bem como promover discussões,
articular ações sobre questões socioambientais. Deste modo, acredita-se que estas pessoas
terão participação ativa no processo de transformação de sua realidade.
Subprojetos desenvolvidos pelos atores
Os atores serão estimulados, durante os quatro módulos, a produzir subprojetos voltados ao
seu município. Em cada módulo, os temas específicos serão apresentados, discutidos entre
os atores e mediadores (responsáveis pelo projeto). Sendo assim, cada subprojeto tem
início nos módulos, onde sua base teórica é construída. No período entre os módulos, várias
atividades serão desenvolvidas com o acompanhamento dos mediadores. Desta forma,
nossa metodologia é caracterizada por ações participativas de todos os envolvidos,
buscando a realização de atividades que permeiem diferentes áreas do conhecimento, tais
como, ambiental, econômica e social.
Ao final de cada curso, 13 subprojetos elaborados pelos atores serão subsidiados. Este
apoio visa promover a continuidade das ações iniciadas durante o curso. A seleção dos
subprojetos será baseada na: i.concepção e contextualização dos subprojetos; ii.viabilidade
logística; iii.receptividade dos órgãos municipais e da população local.
Formação dos pólos
Durante o curso de capacitação os profissionais serão estimulados a implantar, em suas
localidades, pólos de educação ambiental. Estes serão gerenciados pelos próprios atores
com apoio da equipe executora do projeto, que manterá um vínculo com os pólos, tendo
assim vida própria. Para isto serão buscadas novas parcerias visando a manutenção dos
pólos e/ou a realização de novos projetos. Os atores terão como base para o processo de
implementação e consolidação dos pólos as seguintes etapas: 1. Levantamento de
receptividade aos pólos, 2. Estabelecimento dos locais, 3. Apoio à implementação, 4.
Avaliação dos projetos implementados pelos pólos.
Criação de CD-rom e website
Durante o segundo ano de execução do projeto será criado um website que servirá como ferramenta
para divulgação das propostas do projeto, participantes, programas, cronogramas, resultados, materiais
didáticos elaborados durante o curso etc. Além, deste uso promocional e de divulgação, o site também
servirá de instrumento na interação e comunicação dos alunos com a coordenação e equipe de
professores dos cursos.
170
Ao final de cada curso de capacitação, será elaborado um CD rom com o material utilizado, construído
e disponibilizado para os participantes do curso, como também os produtos de cada módulo
desenvolvido pelos grupos dos diferentes municípios. Este material servirá tanto para a divulgação do
projeto como contribuição a outros atores sociais interessados em ações semelhantes.
6.7) Acompanhamento e Avaliação
A avaliação de um projeto de educação ambiental deve adotar uma estratégia de
diversificação dos instrumentos de coleta de dados sendo de fundamental importância a
realização de uma análise que permita a identificação de dados mais relevantes, o
cruzamento destes, o estabelecimento de conclusões e uma clara apresentação dos
resultados que permitam a sua retroalimentação no desenvolvimento do projeto (Andrade e
Loureiros, 2001). Por isto este projeto de Educação Ambiental será continuamente avaliado
de modo a permitir o re-direcionamento das ações. Para que haja esta avaliação contínua
do processo, é necessário que se atribua um instrumento de monitoramento e avaliação
para cada atividade, individual ou coletivo, e mesmo que este seja um momento de reflexão
(Quadro 4). Para que isto ocorra, será proposta a criação de um conselho de
acompanhamento que será formado por representantes dos cursistas, da equipe
executora, de lideranças locais das secretarias de meio ambiente e educação, das UCs e da
sociedade organizada. Este conselho se reunirá, conforme previsto no cronograma, com o
objetivo de avaliar as ações promovidas e propor mudanças (se necessárias) na concepção
do projeto.
Quadro 4: Ações de acompanhamento e avaliação previstas para os cinco anos iniciais do projeto.
Acompanhamento Avaliação
Análise do cadastro dos profissionais envolvidos
no curso;
Análise dos materiais, informações e dados
gerados a cada módulo do projeto;
Realização de visitas aos municípios para
acompanhamento das atividades propostas a cada
módulo;
Acompanhamento das implementações das
resoluções formuladas durante os fóruns de
discussões;
Avaliação das representações individuais dos
atores;
Reuniões de avaliação (da equipe executora)
ao final de cada módulo;
Relatórios realizados pelos cursistas e
reelaboração de propostas;
Relatórios anuais da equipe executora;
Número de projetos implementados pelos
cursistas e resultados obtidos a partir de suas
próprias avaliações específicas;
Cálculo do índice de efetividade de
implantação de pólos;
Avaliação da atuação conjunta entre os cursistas,
equipe executora, lideranças locais das secretarias
de meio ambiente e educação, das UCs e da
sociedade organizada no projeto;
Em virtude da característica construtivista do Projeto de Educação Ambiental, ao final do quinto ano de sua execução será realizada a avaliação que
balizará o planejamento das ações a serem implementadas nos anos seguintes.
6.8) Resultados esperados
Este projeto contribuirá de forma positiva para a geração de profissionais capacitados a desenvolver
171
atividades na área da educação ambiental, já que metodologias serão criadas, executadas e avaliadas.
Com a elaboração dos subprojetos, o público alvo de cada município terá sido motivado a observar,
perceber e discutir questões socioambientais. Estas questões poderão gerar estratégias para encaminhar
respostas a desafios ambientais enfrentados pela comunidade, originando ações concretas.
Lista de possíveis desdobramentos dos projetos construídos de forma participativa e incentivados pela
equipe executora deste projeto:
Realização de oficinas nos pólos de Educação Ambiental ou nos Núcleos de Educação Ambiental já
existentes (Macaé, Campos, Arraial do Cabo e Cabo Frio) – parceria com os NEAs/IBAMA/RJ.
Identificação de problemas socioambientais locais;
Participação nos projetos de Educação Ambiental de UCs visando formação de Agendas 21 locais;
Manejo de áreas degradadas;
Cobrança formal e organizada da efetividade de políticas públicas;
Participação no planejamento de novas leis e diretrizes para os municípios;
Criação e implantação de políticas públicas sustentáveis, em nível local;
Resgate e valorização da cultura local;
Desenvolvimento de ações que visem o desenvolvimento sustentável.
Como estes projetos serão construídos de forma participativa, as ações citadas acima são gerais, porém
após o diagnóstico e as trocas entre todos os envolvidos no projeto estas serão mais detalhadas e
permitirão a intervenção na realidade vivida objetivando sua transformação.
6.12) Responsáveis técnicos
Nome do profissional Função Nº de Registro no IBAMA
Francisco de Assis Esteves Coordenador
348668
Reinaldo luiz bozelli Coordenador
550073
Alexandre ferreira lopes Coordenador 550196
Laísa Maria Freire dos Santos Coordenadora 550105
Obs.: As cópias dos Certificados de Registro no Cadastro Técnico Federal dos técnicos
acima elencados são apresentadas no Anexo 1 deste PCA. As assinaturas do referidos
técnicos encontram-se na versão original do projeto encaminhado em resposta ao Parecer
Técnico ELPN/IBAMA nº 230/04.
6.13) Referências Bibliográficas
ANDRADE, A. L. C.& LOUREIRO, C. F. B. (1992) Monitoramento e Avaliação de Projetos em
Educação Ambiental: Uma Contribuição para o Desenvolvimento de Estratégias 511- 530 In: Santos,
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(1992: Rio de Janeiro) (1995) Agenda 21. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações.
DEPRESBITERIS, L. (2001) Avaliação da Aprendizagem na Educação Ambiental – Uma Relação
Muito Delicada 531 – 557. In: Santos, J. E. & Sato, M (2001) A Contribuição da Educação Ambiental
à Esperança de Pandora. Editora RiMa Artes e Textos.604p.
172
IBAMA (1995) Seminário sobre a formação do Educador para atuar no processo de Gestão
Ambiental. Anais do Seminário sobre a formação do educador para atuar no processo de Gestão
Ambiental, 4 a 7 de julho de 1995 – Brasília. IBAMA. 34p.
IBAMA (2002) Como o IBAMA exerce Educação Ambiental/Coordenação Geral de Educação
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LOPES, A. F.,2004. A mediação dos conceitos ecológicos e consolidação de uma proposta de trabalho
entre a Escola e Universidade. Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado, Rio de Janeiro: Instituto de
Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.90p
MAcNEILL, J., WINSEMIUS, P. & YAKUSHIJI, Y., 1992. Para além da interdependência – a
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MEDINA, N. M (1997) Educação Ambiental para o Século XXI & A construção do Conhecimento:
suas implicações na Educação Ambiental/ Análise de um programa de Formação de Recursos
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Resolução de Problemas Ambientais. 180-187p. In: Educação Ambiental, desafio do século: um apelo
ético / (orgs) Speranza França da Mata et al. Rio de Janeiro Editora terceiro milênio.358p
UNESCO-PNUMA (1978). Declaração e Recomendações da Conferência Internacional de Tbilisi -
1977. Relatório Final da Conferência de Tbilisi, Tibilisi. URSS.
BRASIL. Lei nº. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, n. 79, 28 abr. 1999.
Anexo 2
QUADRO SÍNTESE DOS PRINCIPAIS DADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS COM CITAÇÕES, DESCRIÇÕES E
INFERENCIAS
TEMAS CATEGORIAS IBAMA UFRJ Petrobras DESCRIÇÃO INFERÊNCIAS
TIPO DE
AVALIÃO
1 - Formativa/Somativa Formativa e
somativa
“(...) e a gente tá
acompanhando,
porque como era
uma coisa muito em
construção também,
acho que a gente
partiu muito desse
princípio, a gente vai
tá junto nisso, vai tá
olhando, vai tá
vendo os relatórios,
e vendo se os
resultados vão ta..
se de fato as
pessoas vão estar
sendo formadas, se
elas vão estar sendo
formadas dentro
dessa linha, (...)” (M)
“E aí a gente, é,
recusou o projeto,
né, não aprovou, e
aí exigiu que fosse
feito um outro (...)”
(M)
Formativa
“(...) acho que nestes
momentos nós, eu
vejo assim, eu como
coordenador, nós
como a coordenação
olha pra isso e a
gente tem pensado
isso sempre como a
gente implementa
mudanças, é.. no
andamento do
projeto.” (R)
Formativa e
somativa
“(...) para a finalidade
de verificação do
atendimento das
etapas propostas no
convênio com a
UFRJ que realiza o
projeto, a gente
avalia, a cada mês, o
cumprimento do que
foi combinado diante
do cronograma, né,
que foi encaminhado
e a gente emite um
parecer
administrativo,
mas não chega a ser
nem uma página, é
assim, “olha de
acordo com esse
documento
encaminhado”, que é
o relatório, que eu
considero o
documento de
avaliação e também
na verdade a gente
nunca teve um
problema com isso,
porque como a gente
participa, tem
reuniões mensais,
A avaliação da UFRJ
tem caráter
unicamente
formativo no sentido
de que tem a função
de orientar a
continuidade do
projeto, já o IBAMA
e a Petrobras
também realizam
esse tipo de
avaliação mas
paralelamente
também podem
avaliar de forma
somativa, no sentido
de que o IBAMA
pode avaliar que o
projeto não está
atendendo à
condicionante
exigida e por conta
disso não aprovar o
projeto ou suspender
a licença ambiental e
a Petrobras pode
avaliar que o
convênio com a
UFRJ não está se
cumprido e desfazer
o convênio.
A) As três
instituições parecem
estar realmente
comprometidas em
contribuir para o
bom andamento do
projeto, mas ainda
assim, há de fato
uma hierarquia nas
relações de poder
entre as instituições
por conta do próprio
papel institucional de
cada uma, o IBAMA
em última instância é
o órgão que aprova
ou não o projeto, a
Petrobras está
submetida às
exigências do
IBAMA, mas ao
mesmo tempo é
contratante da
UFRJ, ou seja, tem o
poder de exigir da
UFRJ o
cumprimento de
determinadas
exigências, e a
UFRJ neste
momento está
submetida tanto à
Petrobras, enquanto
contratante dos seus
174
nunca aconteceu de
chegar um relatório
que a gente
reprovasse e.. e
considerasse que
não foram realizadas
as metas, cumpridas
as metas,
(...)” (S)
serviços como ao
IBAMA enquanto
órgão regulador do
setor e requerente
direto do projeto.
2 - Formal/Informal Formal e informal
“(...) que o próprio
licenciamento já
estipula é a questão
de você tem o
projeto, que é
aprovado e aí
depois tem os
relatórios e no
próprio projeto tem
que ter os
indicadores,
qualitativos,
quantitativos e tal
(...)” (M)
“(...) a gente não
teve uma
preocupação prévia,
pelo menos eu não
me lembro, da
gente, algum
instrumento formal
de avaliação (...)”
(M)
“(...) a gente discute
e redirecionar o que
é necessário, e é
muito mais produtivo
do que você ficar só
vendo relatório,
distante da
realidade (...)” (M)
Formal e informal
“(...) ao longo do ano
passado a gente
instituiu alguns
momentos mais
formais de avaliação
do projeto e aí eu
destacaria alguns
encontros de
desenvolvimento de
equipe, nos quais a
gente pensou
especificamente
sobre objetivos e
resultados
alcançados. (La)”
“(...) nesse exercício
de pensar e
repensar o projeto a
gente compara um
pouco, né, o vivido
com o modelo
planejado, então
acho que a gente
acaba fazendo uma
avaliação também”
(La)
“Hoje eu vejo como
uma coisa que indica
que a gente avançou
é como você vê o
discurso de
Formal e informal
“(...) é assim, “olha
de acordo com esse
documento
encaminhado”, que é
o relatório, que eu
considero o
documento de
avaliação (...)” (S)
“(...) para a finalidade
de verificação do
atendimento das
etapas propostas no
convênio com a
UFRJ que realiza o
projeto, a gente
avalia, a cada mês, o
cumprimento do que
foi combinado diante
do cronograma, né,
que foi encaminhado
e a gente emite um
parecer
administrativo, (...)”
(S)
“(...) Então nesse
sentido, ele tem
recebido mais
avaliação do que a
gente na verdade tá
conseguindo
registrar, né, então
Todos relataram
haver instrumentos e
procedimentos de
avaliação formais,
previamente
determinados, e
claramente
estabelecidos, mas
também deram
ênfase a outros
momentos informais
ligados à avaliação,
como suas
impressões no
campo, diálogos
informais com os
participantes do
projeto, etc.
B) O processo
avaliativo na
realidade é muito
mais complexo e rico
do que o que está
formalmente
delineado e inclui
inúmeras e variadas
informações além
daquelas
formalmente
previstas que
compõem a visão do
avaliador. Os
entrevistados das
três instituições dão
bastante ênfase às
informações
subjetivas que
complementam os
instrumentos
formalmente
estipulados, e nesse
sentido indicam uma
avaliação
subjetivista,
intuicionista-
pluralista.
175
determinadas
pessoas que pode
não ser a prática
daqui a pouco que
vai resultar em
transformações no
município, mas o
discurso de algumas
pessoas se
modificou em
direção à uma
educação ambiental
pra gestão
ambiental, né.“ (R)
as pessoas tem
recebido uma série
de processos de
avaliação..“ (S)
3 - Centrada em
objetivos/administração/
especialistas/participantes
Objetivos,
administração,
especialistas
“É, hum, assim,
agora, com relação
aos objetivos, a
gente tem, hoje em
dia, focado muito
mais a avaliação
com base nos
objetivos, a gente
aprova um projeto
com aqueles
objetivos e depois
de um tempo que o
projeto ta
consolidado a gente
vai, a gente passa a
ter a oportunidade
de ver se aquele
projeto está sendo
fiel àqueles
objetivos que forma
aprovados no
começo, e aí isso
ultimamente tem
norteado muito mais
as nossas ações.”
Objetivos,
administração,
participantes
“Eu acho que em
relação às reuniões
internas, elas têm
um papel de
avaliação
processual, já essas
reuniões de DE (se
referindo a reuniões
de desenvolvimento
de equipe) com a
Cândida elas são
mais por objetivos,
né, avaliação de
resultados” (La)
“Nos diferentes
momentos, os outros
envolvidos, aí
pensando em
avaliação formal ali
de um módulo, de
um encontro, de um
fórum, todo mundo.”
(R)
Objetivos,
administração,
especialistas
“Mas a gente se
concentra então nas
outras duas faixas
que você falou, do..
da avaliação de
atendimento de
objetivos, e daquela
outra que é mais, é..
administrativa para a
tomada de decisão.”
(S)
“(...) um primeiro
projeto encaminhado
ao IBAMA que
recebeu um parecer
técnico e a partir de
então eu entrei num
processo que já tinha
sido iniciado, então
eu entrei para
adequar, ajudar a
adequar o projeto ao
que o IBAMA tava
esperando.” ()
Todos consideraram
que a avaliação é
feita basicamente
focada nos objetivos
e com a intenção de
subsidiar a tomada
de decisão com
relação aos rumos
do projeto. Os
analistas ambientais
do IBAMA podem
ser considerados
especialistas pelo
cargo que ocupam,
assim como os
técnicos da
Petrobras. A UFRJ
conta também com a
participação dos
cursistas em
determinados
momentos. Há uma
expectativa da
Petrobras e da UFRJ
de que o CAPP
venha a ser um
espaço de avaliação
participativo.
C) A predominância
da avaliação
centrada em
objetivos e da
avaliação centrada
na administração
sugere uma
abordagem mais
utilitarista da
avaliação por parte
das três instituições.
Há, no entanto, uma
intenção geral de
que a participação
seja considerada na
avaliação, sendo
que a UFRJ já
instituiu alguns
momentos de
avaliação com
participação dos
cursistas. O IBAMA
relatou também a
vontade de contratar
especialistas
externos para
realizar a avaliação
desse tipo de
projeto. Além disso,
176
(A)
“(...) é isso, em
alguns momentos a
coisa vai bem, a
gente consegue ver
resultados bons, por
conta muito do
acompanhamento
que a gente faz, um
acompanhamento
mais propositivo, a
gente não vai lá só
criticar, ou fica
dando canetada, a
gente vai com a
intenção de
construir junto né, e
de melhorar o
processo mesmo.
(...)” (A)
“(...) quem faz parte
desse processo?
São os técnicos do
IBAMA,..” (L)
“(...) O NEA (...) O
pessoal da
socioeconomia da
produção (equipe
interna da CGPEG)”
(M) “(...) – O pessoal
da pós, né (se
referindo à equipe
da pós-Licença da
CGPEG) (...)
eventualmente
Brasília também tá
acompanhando
algumas coisas (...)
A CGEAM”(A)
O IBAMA relatou
“O mais recente é o
CAPP (se referindo
ao Comitê de
Acompanhamento
do Projeto Pólen), né
(...) a gente não
tinha de fato
implementado isso
até o final do ano
passado e agora a
gente ta começando
, já teve a primeira
reunião nessa
semana e.. vai
tentar, é.. fazer com
que esse conselho
seja mais uma
instância de
discussão do projeto,
de discussão das
ações,
planejamentos e
etapas futuras , da
gente compartilhar
alguns
compromissos, né,
que a gente tem
assumido, e discutir
em conjunto, com os
gestores que a gente
quer que cada vez
mais assumam um
papel ai, de
liderança, né, nos
municípios, nos
projetos.” (La)
“O que a gente tem
são realmente
ferramentas que
verificam um
atendimento aos
objetivos, e
ferramentas que
verificam a
efetividade dessas
etapas junto aos
participantes, mas
não considero isso
uma ferramenta de
avaliação da
participação, de
qualificação dessa
participação, agora a
gente tem o
conselho.. esse
comitê, na verdade,
que eu acho que sim,
que é uma
ferramenta que vai
possibilitar..(...)” (S)
as três instituições
incluem pessoas
especialistas na área
de EA na realização
da avaliação do
projeto. Isso indica
que a avaliação não
parece ser
exclusivamente
utilitarista, mas que
há também uma
tendência à
avaliação
intuicionista-
pluralista.
É importante
ressaltar que a
participação
colocada nas falas,
não se refere
exatamente à
categoria
participação como
definida na nossa
abordagem teórica,
pois as falas não
indicam
necessariamente a
participação com
poder de decisão e
autonomia.
177
também a vontade
de contratar
especialistas
externos para
realizar a avaliação
desse tipo de
projeto.
4 - Interna/Externa Externa
“(...) porque o
primeiro projeto
apresentado não era
o Pólen, era um
projeto de foco
conservacionista,
que era aquele de,
de.. Jurubatiba em
sala de aula, que
era pra crianças, pra
fazer trilha, pra
trabalhar direto com
as crianças, não era
nem pra professor, é
pra crianças, né,
poucas crianças por
ano, e deu. E aí a
gente, é, recusou o
projeto, né, não
aprovou, e aí exigiu
que fosse feito um
outro (...)” (M)
“(...)acho que a
gente partiu muito
desse princípio, a
gente vai tá junto
nisso, vai tá
olhando, vai tá
vendo os relatórios,
e vendo se os
resultados vão ta..
se de fato as
pessoas vão estar
Interna e Externa
“(...) acho que varia
de acordo com o
instrumento, se o
instrumento é o
relatório semestral,
ele tem uma.. um
objetivo que é
chegar no IBAMA.
(...). A gente tem um
outro tipo de relatório
que são os relatórios
mensais, que eles
têm o objetivo só de
relatar o que que
vem acontecendo,
entendeu, o
processo, então o
que que a gente fez,
o que que a gente
executou, ele tem o
objetivo de relatar
pra Petrobrás.
Quando tem reunião,
essa coisa assim, é
mais interno mesmo,
não sei..” (La)
Interna e Externa
“(...) para a finalidade
de verificação do
atendimento das
etapas propostas no
convênio com a
UFRJ que realiza o
projeto, a gente
avalia, a cada mês, o
cumprimento do que
foi combinado diante
do cronograma, né,
que foi encaminhado
(...)” (S)
“(...) mesmo que o
IBAMA seja muito
parceiro, ele tem
acompanhado
mesmo sem emitir
muitos documentos
escritos de avaliação,
ele tem
acompanhado o
projeto, ele tem
participado das
ações e avaliado de
uma forma que á
mais importante, que
é tanto junto durante
as atividades,
discutindo com as
pessoas, é.. e
contribuindo muito
nos próprios
Formalmente o
IBAMA é um
avaliador externo, na
prática
frequentemente age
como interno à
equipe.
Tanto a equipe da
UFRJ como a equipe
da Petrobras
realizam uma
avaliação interna ao
projeto mas também
são avaliados
externamente pelo
IBAMA. No caso da
UFRJ, a avaliação
da Petrobras
também pode ser
considerada externa
à equipe executora.
Todos também
afirmaram levar em
conta as colocações
informais de outras
pessoas ligadas ao
projeto como
informações que
podem ser
consideradas
relevantes na sua
avaliação.
D) Formalmente o
IBAMA é o avaliador
externo do projeto, e
a Petrobras e a
UFRJ fazem parte
da equipe interna.
Na prática em
muitos momentos
esse papéis se
confundem, o
IBAMA se coloca
como parte da
equipe executora do
projeto, participando
ativamente das suas
atividades e
propondo
encaminhamentos, e
em alguns
momentos a
Petrobras se
comporta como
avaliador externo à
equipe executora,
visto que esta
equipe foi contratada
para prestar um
serviço que é o
projeto. Essas
relações também
refletem as relações
de hierarquia
apontadas acima na
inferência A, assim
como o
envolvimento e
178
sendo formadas, se
elas vão estar sendo
formadas dentro
dessa linha, (...)” (M)
encontros, então ali
mesmo já é
processado uma
avaliação e aponta..
onde se aponta
caminhos, olha é
mais ou menos por
aqui que a gestão.. é
isso que se espera, é
isso que é o.. que
o..que o IBAMA, né,
que os
órgãos públicos
esperam da
mitigação de
impactos em
Educação
Ambiental.” (S)
comprometimento
das três instituições
com o projeto. Além
disso, o processo
informal de se
considerar as
colocações de
membros externos
ao projeto, aponta
para a atribuição de
um determinado
grau de relevância
acerca das
avaliações externas
de uma maneira
geral. Dessa forma,
a avaliação do
projeto de uma
maneira geral
parece realmente
incluir elementos de
avaliação utilitarista
e intuicionistas-
pluralista, se
constituindo como
uma avaliação em
um nível
intermediário em
relação à essa
classificação.
5 - Avaliadores (equipe interna
da instituição, outras
instituições, cursistas,
especialistas externos,etc.)
Equipe interna,
informalmente
Petrobras, IBAMA
e cursistas
“quem faz parte
desse processo?
São os técnicos do
IBAMA,..(L)
(...) – O NEA (A)
(...) – O pessoal da
socioeconomia da
produção (equipe
Equipe interna,
Petrobras, IBAMA e
cursistas
“Bom, pensando nas
nossas reuniões,
tanto nas semanais
da gente, quanto nas
de desenvolvimento
de equipe, todos que
nós consideramos
da equipe executora.
Todos participam, é
Equipe interna,
IBAMA e cursistas
“(...) a equipe
consiste em eu e
Marina somos, é,
equipe técnica, né,
de avaliação e tem a
parte administrativa,
né, que tem uma
gestão, uma gerência
do convênio que faz
a avaliação da parte
Formalmente a
avaliação do IBAMA
e da Petrobras é
realizada
exclusivamente por
técnicos das
próprias instituições,
com funções
específicas ligadas a
EA no licenciamento.
Informalmente, o
IBAMA considera
colocações dos
E) Como já
apontado nas
inferências C e D, as
avaliações nas três
instituições são
realizadas
basicamente pela
equipe interna,
formada por
especialistas, com
eventuais espaços
formais ou informais
para a avaliação
179
interna da CGPEG)
(M) (...) – O pessoal
da pós, né (se
referindo à equipe
da pós-Licença da
CGPEG) (A)
- (...) eventualmente
Brasília também tá
acompanhando
algumas coisas (...)
A CGEAM (A)”
“Todas as
manifestações
informais, mesmo
em off são
consideradas” (A)
“ (...)- pra gente
adotar talvez um
esquema de
auditoria externa,
né, você.. porque
isso era o ideal, a
gente, é.. ter
constantemente um
apoio de algum
grupo de
universidade, grupo
de avaliação que
ajudassem a gente
a criar nosso
velho..nossa velha
desejo aqui desde
que a gente entrou
de criar indicadores
pra gente saber se
de fato esses
programas, é.. tão
surtindo efeito, qual
o impacto deles, se
de fato eles estão
transformando a
pra todo mundo. Nos
diferentes
momentos, os outros
envolvidos, aí
pensando em
avaliação formal ali
de um módulo, de
um encontro, de um
fórum, todo mundo.”
(R)
“Tem as duas
coisas, tem coisas
que a gente traduz
numa discussão pra
equipe, mas tem
coisas que é de
coordenação
mesmo. (...) Por que
que a gente se
desviou? Porque..
vários fatores, então
você planejou um
grupo, uma
formação que
começava aqui e
terminava aqui e
eles se posicionaram
em cima disso
dizendo nós
precisamos mais
disso, ou mais
daquilo, ou isso foi
ruim, ou isso foi
bom. Então quando
a gente se dispôs a
ir adiante e mudar
aquilo, a gente está
avaliando, olhou pra
trás, mudou de
direção.” (R)
exclusivamente
administrativa e na
verdade o
coordenador do
Licenciamento
Ambiental (...)“ (S)
“(...) mesmo que o
IBAMA seja muito
parceiro, ele tem
acompanhado
mesmo sem emitir
muitos documentos
escritos de avaliação,
ele tem
acompanhado o
projeto, ele tem
participado das
ações e avaliado de
uma forma que á
mais importante, que
é tanto junto durante
as atividades,
discutindo com as
pessoas, é.. e
contribuindo muito
nos próprios
encontros, então ali
mesmo já é
processado uma
avaliação e aponta..
onde se aponta
caminhos (...)” (S)
“É o Comitê de
Acompanhamento do
Projeto Pólen, que o
CAPP, que acabou
de ser oficialmente
instituído, a gente
teve recentemente a
primeira reunião,
então ele tem
outros participantes
do projeto.
A UFRJ proporciona
espaços de
avaliação dos
demais envolvidos
diretamente no
projeto além da
equipe interna, ou
seja, os cursistas e
os representantes da
Petrobras e do
IBAMA, mas o poder
de decisão se
restringe aos
coordenadores do
projeto da UFRJ.
outros participantes
do projeto, o que
indica um grau
intermediário entre
avaliação utilitarista
e intuicionista-
pluralista.
180
vida das pessoas
(...)” (M)
elementos da UFRJ,
né, dos gestores e da
Petrobras, (...)” (S)
6 - Cumprimento das metas do
projeto (verificação dos
indicadores)
Sim
“(...) no próprio
projeto tem que ter
os indicadores,
qualitativos,
qualitativos e tal, pra
gente, então a gente
avalia quando já
vem no projeto o, é
esses critérios,
então a gente na
verdade, então,
basicamente o
projeto em sim, os
objetivos, as metas
e os indicadores, e a
gente aprova aquilo,
em tese, a gente ta
aprovando um
projeto que já tem
os seus
instrumentos, pelo
menos seus
indicadores e as
formas, pelas quais
a gente vai poder
acompanhar e
avaliar...” (M)
“No caso do Pólen,
ele tá, nesse
momento, é, sendo
avaliado com
relação aos
objetivos que foram
propostos lá atrás”
(A)
Sim
“(...) então nós
tivemos alguns
momentos nos quais
a gente debateu
especificamente a
relação entre os
objetivos traçados no
projeto e o que que a
gente já enxerga, né,
já alcança desses
objetivos.”
“ E tinham vários
indicadores listados
no texto original,
esses indicadores
aparecem no
relatório quase que
idênticos ao que tava
previsto, né, isso
está seno aplicado
da maneira, bem
próxima pelo menos
ao que tava previsto,
né, o uso de
indicadores.” (Lu)
(Reinaldo e Laísa
concordaram
gestualmente)
Sim
“É, os indicadores
propostos no projeto
e os desenvolvidos
posteriormente..(...)
porque alguns foram
substituídos,(...)” (S)
As três instituições
afirmaram se apoiar
nas metas e
indicadores
propostos no projeto
originalmente como
critério para avaliar o
projeto, no entanto,
nenhum dos
entrevistados fez
nenhum tipo de
colocação mais
detalhada acerca do
uso desses
indicadores.
F) A utilização das
metas e indicadores
propostos no projeto
originalmente como
critério de avaliação,
confirma a aplicação
dos processos
avaliativos
previamente
delineados no
projeto. No entanto,
a ausência de uma
colocação
mais extensa acerca
do uso desse
instrumento ou de
sua relevância,
associada à ênfase
dada aos aspectos
informais da
avaliação (colocada
na inferência b),
indicam que esses
instrumentos
previamente
definidos, parecem
não estar se
mostrando
satisfatórios, ou
suficientes, levando
à utilização de
outros critérios e
instrumentos de
avaliação.
CRITÉRIOS
PARA A
AVALIÃO
7 - Fidelidade aos princípios da
educação para a gestão (visão
Sim
Sim
Sim
As três instituições
apontam para as
G) As três
instituições se
181
socioambiental)
“(...)...na verdade eu
acho que a grande
questão, é que, o
que a gente se
baseou foi, foram na
questão, nas
diretrizes de
Educação Ambiental
para o processo de
gestão, pra gente
começar a pedir
esses projetos como
o Pólen” (M)
“(…) eu vivenciei
pelo menos um
grupo, um quarto do
conjunto ali que
claramente as
pessoas formulam
uma visão de
educação ambiental
na sua maioria
esmagadora
diferente do que é..
até praticavam
anteriormente, né,
incorporaram,
digamos, a questão
da gestão ambiental,
então, para o
objetivo de um curso
de formação, eu
acho que essa é
uma avaliação
positiva , né,
praquele momento,
com aquilo ali,
através do discurso,
a gente vê
mudanças, né, (…)”
(R)
“Uma preocupação
minha é o seguinte,
eu não.. não enxergo
e não quero
alimentar essa coisa
de falar, olha é um
projeto pra
cumprimento de
tabela, então a gente
tem que.. que que a
gente tem que fazer
pra cumprir tabela,
ah a gente tem que
cumprir essas
regrinhas aqui, agora
o projeto legal é esse
aqui, não acredito
nisso, porque as
regrinhas da tabela
foram propostas por
uma galera que ta
querendo fazer
acontecer algo bom,
algo legal, com base
em diretrizes que a
gente até
consensuou, então
tudo tem que
funcionar de uma
forma, que seja pra
ele andar bem, que
seja bom pra todo
mundo, (...)” (S)
diretrizes da EA no
licenciamento,
baseado nos
princípios da EA na
gestão, como um
dos principais
critérios de avaliação
do projeto.
mostram atentas à
necessidade de que
o projeto se
desenvolva de
acordo com as
diretrizes
estabelecidas pelo
IBAMA, baseadas
nos princípios da
Educação para a
gestão. Nesse
sentido, em função
do caráter desse
documento e desta
vertente, as três
instituições estão a
principio levando em
conta as categorias
teóricas por nós
definidas (justiça
ambiental, controle
social, participação,
práxis, autonomia na
tomada de decisão)
como critérios da
avaliação do projeto.
8 - Impactos socioambientais
finais do projeto
Sim
“(...) nossa velha
desejo aqui desde
que a gente entrou
de criar indicadores
pra gente saber se
de fato esses
programas, é.. tão
surtindo efeito, qual
Sim
“(...) da avaliação do
impacto na realidade
socioambiental, na
verdade a gente
precisava também
desse indicador, né,
de vê o que no
município
Sim
“(...) porque o que a
gente quer, que
assim, que haja um
pouco de justiça na
distribuição desses
recursos
relacionados ao
petróleo, que as
O IBAMA tem
claramente uma
percepção de que a
transformação social
no sentido do
questionamento da
estrutura sócio-
econômica vigente é
um critério de
avaliação do projeto.
H) As três
instituições
demonstram
perceber os
impactos
socioambientais do
projeto no sentido da
transformação social
como um critério de
avaliação, no
182
o impacto deles, se
de fato eles estão
transformando a
vida das pessoas,
(...)” (M)
“(...) mas eu acho
que os objetivos
principais centrais,
que é mostrar pra
quem participou ali,
formar uma
consciência critica,
entender da aonde é
que tem que atacar,
que não é ficar
fazendo campanha
pra limpar a praia,
mas sim entender
quais são os
impactos reais e a
questão econômica
que está por trás, a
questão dos
royalties, dos
impostos, né, da
importância da
organização e
da..da mobilização
da sociedade local,
eu achei que tavam
muito bons assim,
tomara que assim,
se metade do que
eles propuseram for
feito, eu acho que a
gente pode começar
a ter de fato um
movimento de
mudança diferente
ali na região.” (M)
“(...) o mais
efetivamente ta
mudando com a
chegada do projeto,
mas a gente não,
não sei se a gente
consegue ter
indicadores de
avaliação pra isso
por exemplo, pra
poder avaliar os
impactos na
realidade
socioambiental de
cada município.” (La)
“Acho que essa
avaliação, se o
projeto surtiu algum
efeito no município,
eu acho que ainda é
cedo, eu acho que
isso não dá, não dá
porque eu acho que
a fase não permite
isso, até agora, a
ação do projeto, não
foi uma ação que
buscasse
efetivamente
movimentar o
município, com suas
ações, né, focado
muito na formação
das pessoas.” (R)
comunidades
possam viver de uma
forma um pouco mais
justa, que tenham
essa possibilidade e
de discutir isso, né,
um espaço de
discussão pra isso, e
nisso eu acho que o
projeto superou
bastante as
expectativas, eu vejo
o pessoal que ta
envolvido com o
projeto, liderando
vários processos
assim na região, bem
importantes.” (S)
A UFRJ tem a
intenção de levar
isso em conta na
avaliação do projeto,
mas ainda não vê
possibilidade de
realizar um processo
avaliativo concreto
nesse sentido. A
Petrobras parece
lavar em conta esse
critério na sua
avaliação, porém de
forma menos
enfática e
esclarecida do que o
IBAMA.
entanto o IBAMA
possui claramente
um
comprometimento
maior com uma
Educação Ambiental
Crítica que
questiona o modelo
de sociedade
vigente em prol da
justiça
socioambiental, do
que a Petrobras e a
UFRJ. Isso na
verdade deve refletir
seu papel de
detonador do
processo que levou
o Pólen a ser um
projeto de Educação
Ambiental baseado
em uma visão
crítica, de forma que
é natural que o
IBAMA tenha mais
clareza e convicção
nesses objetivos, do
que a Petrobras e a
UFRJ, que estão
realizando o projeto
de acordo com esse
modelo a princípio
por conta da
exigência do IBAMA.
Reafirmando
também a relação de
poder hierárquica
citada na inferência
A.
183
interessante pra
gente enquanto
órgão regulador, o
órgão fiscalizador,
ou seja lá o que for,
ou executor, bom,
vamo lá, sei lá, é.. é
a ação finalística..
(...) entendendo a
ação finalística não
a formação dos
gestores municipais,
mas o alcançar ao
público final,
definitivamente, (...)”
(A)
9 - Capacidade de mitigação do
impacto causado pelo
empreendimento
Sim
“(...) ...na verdade
eu acho que a
grande questão, é
que, o que a gente
se baseou foi, foram
na questão, nas
diretrizes de
Educação Ambiental
para o processo de
gestão, pra gente
começar a pedir
esses projetos como
o Pólen.” (M)
“(...)... porque o
primeiro projeto
apresentado não era
o Pólen, era um
projeto de foco
conservacionista,
que era aquele de,
de.. Jurubatiba em
sala de aula, que
era pra crianças, pra
fazer trilha, pra
Sim
“(...) Eu acho que se
a gente não
responder, é.. de
certa forma pensar
em fechar esse ciclo,
né, que a gente volte
de onde a gente
partiu, parece que
não é o
encaminhamento
certo, né, que a
gente desenvolve o
processo a partir
daquele ponto que é
o licenciamento,
então, se a gente no
meio do caminho,
partir pra uma outra
necessidade de um
município por
exemplo, que se
manifeste até mais
importante do ponto
de vista ambiental,
social, não
Sim
"mas no
licenciamento eu
acho que ela ganha
um outro aspecto,
que é.. a gente
também precisa
incluir algo muito
específico na
avaliação, que é..
mesmo que o projeto
esteja ótimo,
excelente,
maravilhoso, talvez
mesmo assim ele
não esteja mitigando
o impacto da
atividade, e isso não
pode, (...) a gente
tem,
primordialmente, um
compromisso de
mitigar o impacto (...)
não só que é um
projeto apoiado,
financiado pela
O IBAMA não se
refere diretamente à
mitigação do
impacto na sua fala,
mas se refere
repetidamente às
diretrizes, que
estabelece em sua
apresentação que tal
documento se
destina a embasar a
elaboração de
Programas de
Educação Ambiental
com grupos sociais
direta ou
indiretamente
atingidos por
empreendimentos
em processo de
licenciamento,
enfatizando a
importância da
definição de um
publico alvo ligado
diretamente aos
impactos do
I) As três instituições
demonstram ter
clareza de que a
mitigação dos
impactos do
empreendimento
deve ser
contemplada na
avaliação do projeto,
e novamente o
IBAMA parece se
referir a esse critério
com mais clareza
acerca de suas
justificativas
reforçando a
inferência anterior,
H, no que diz
respeito ao papel do
IBAMA de detonador
do processo e a
inferência a acerca
das relações
hierárquicas de
poder.
184
trabalhar direto com
as crianças, não era
nem pra professor, é
pra crianças, né,
poucas crianças por
ano, e deu. E aí a
gente, é, recusou o
projeto, né, não
aprovou, e aí exigiu
que fosse feito um
outro.” (M)
... e a partir do
momento que
nasceu já dentro
dessas diretrizes,
que tavam também
começando a ser
adotadas aqui, aí a
gente foi aprovando,
(...) acho que o foco
foi muito mais o, a
estrutura de garantir
que aquelas
atividades de
Educação que
fossem acontecer
ali, elas
acontecessem
dentro desse olhar,
dessa vertente da
Educação no
processo de gestão
ambiental, né, numa
linha crítica,
socioambiental, que
não fosse
conservacionista..”
(M)
necessariamente a
gente pode seguir
aquela trilha, porque,
por manter esse
vinculo com o
licenciamento, que
ali na frente a gente
vai ser olhado por
ser um projeto
destinado a mitigar
impacto da industria
do petróleo, né.” (R)
Petrobrás e que vai
mitigar, não, ele é
pra isso, e ele é só
pra isso, isso é um
baita diferenciador,
da história, né, ele
tem que apresentar
um indicador, ele tem
que ser avaliado
quanto à mitigação..”
(S)
empreendimento e
do foco
socioambiental em
oposição ao
conservacionismo. A
UFRJ e a Petrobras
se referem à
mitigação do
impacto como uma
exigência inerente à
concepção do
projeto.
10 - Capacitação da equipe Não Sim
“E uma coisa que a
gente tem sempre
Não
A UFRJ, enquanto
instituição de
formação por
princípio, assume
J) A UFRJ possui
interesses próprios
no projeto, ligados
ao seu papel
185
que frisar, e isso a
Laísa já frisou, a
gente tem um olhar
também pra dentro
da equipe, que eu
acho que era um
outro desafio que
veio simultâneo, né,
desenvolver um
projeto de educação
ambiental no norte-
fluminense, ligado ao
licenciamento, mas
também trabalhar
internamente dentro
da universidade na
promoção de
recursos humanos
pra isso, né, abrir um
espaço, abrir um
espaço físico, um
espaço mental, vaga
se possível um dia
na universidade para
o trabalho com
educação ambiental,
especialmente pra
gente no contexto da
biologia, do Instituto
de Biologia, do
departamento de
Ecologia. Isso a
gente não deve
deixar de falar,
porque é um objetivo
nosso, não no
enunciado
claramente no texto
do Pólen, mas
enquanto equipe que
assumiu isso,
enquanto
universidade que
como um objetivo
próprio não explícito
do projeto a
capacitação de
profissionais.
institucional como
universidade e isso é
utilizado
implicitamente como
um critério
específico de
avaliação do projeto
dessa instituição.
186
assumiu esse
desafio, a gente
queria sim que isso
acontecesse. E a
gente eu acho que
tem isso, tem
formado gente que
ta saindo do Pólen e
leva essa bagagem
e vai trabalhar com
educação ambiental,
(...)” (R)
11 - Exercício da função de
extensão da universidade.
Não Sim
“(...) você conseguir
levar questões que a
universidade discute
e extrapolar esses
muros da
universidade, eu
acho que a gente
consegue.” (La)
Não
A UFRJ, enquanto
instituição
universitária que
deve por princípios
exercer um papel
extensionista, utiliza
esse critério como
parte de sua própria
avaliação.
L) A UFRJ possui
interesses próprios
no projeto, ligados
ao seu papel
institucional como
universidade e isso é
utilizado
implicitamente como
um critério
específico de
avaliação do projeto
dessa instituição.
Reafirma a
inferência anterior, J.
12 - Aprovação da Petrobras Não Sim
“E a mesma coisa
quando, o
financiador, a
Petrobras, em
determinadas
situações apresenta
uma imagem do
Pólen como
justificativa de
alguma coisa
dizendo: olha,
estamos
desenvolvendo isso,
ou enuncia até que
tem acompanhado o
Não
A UFRJ leva em
conta aprovação da
Petrobras sobre o
bom andamento do
projeto como critério
de avaliação.
M) A UFRJ precisa
contar com a boa
avaliação da
Petrobras para dar
continuidade ao
projeto, visto que a
UFRJ foi contratada
pela Petrobras para
prestar um serviço,
logo há uma relação
hierárquica entre as
duas instituições
nesse sentido.
Reafirma a
inferência A.
187
projeto e entende
que o projeto tem
credibilidade dentro
da empresa, isso pra
mim é um processo
de avaliação, eu
entendo aquilo como
positivo. Assim como
quando ele diz que:
olha, tal coisa não
ficou bem, não deu
mito certo. São as
coisas mais objetivas
que eu enxergo
nesse momento
assim.” (R)
13 - Aprovação do IBAMA Não Sim
“Então, tivemos
determinado
encontro, esse
encontro no final
uma pessoa do
IBAMA presente fala:
olha, percebemos
que nesse encontro,
é.. o que o IBAMA
em termos de
pressupostos de
educação ambiental
estão sendo
aplicados por isso,
por isso, por isso,
isso pra mim.. (...) eu
me apoiava nisso,
então essas coisas
eu entendo como
avaliação. (R)
Sim
“(...) mesmo que o
IBAMA seja muito
parceiro, ele tem
acompanhado
mesmo sem emitir
muitos documentos
escritos de avaliação,
ele tem
acompanhado o
projeto, ele tem
participado das
ações e avaliado de
uma forma que á
mais importante, que
é tanto junto durante
as atividades,
discutindo com as
pessoas, é.. e
contribuindo muito
nos próprios
encontros, então ali
mesmo já é
processado uma
avaliação e aponta..
A UFRJ e a
Petrobras levam em
conta a aprovação
do IBAMA sobre o
bom andamento do
projeto assim como
suas orientações
como critérios de
avaliação.
N) Reafirma a
inferência H, no que
diz respeito ao
IBAMA enquanto
detonador do
processo e a
inferência A sobre as
relações
hierárquicas de
poder.
188
onde se aponta
caminhos, olha é
mais ou menos por
aqui que a gestão.. é
isso que se espera, é
isso que é o.. que
o..que o IBAMA, né,
que os
órgãos públicos
esperam da
mitigação de
impactos em
Educação
Ambiental.” (S)
INSTRUMENTOS
DE AVALIÃO
14 - Visitas de
acompanhamento/observações
de campo
Sim
“(...) eu nunca vi
relatório do Pólen,
toda a minha
avaliação que eu fiz
foi in lócus, é no
local porque aqui eu
particularmente não
tinha tido tempo
ainda de ver
nenhum relatório do
Pólen, eu conhecia
todo o processo,
mas não tinha lido e
formalizado isso
(...)” (M)
“E aí, é, no nosso
entendimento, a
gente, a pretensão é
dar cada vez mais
poder ao pós-
licenciamento, é
você simplificar a
aprovação dos
projetos entre aspas
e aumentar o
Sim
“(...) é o processo é..
da Lívia, junto aos
pólos que.. que
trabalha um pouco
pra sentir e ver como
é que as equipes
nos pólos estão se
relacionando e ela
programa uma
intervenção e traz
um resultado. Então
ao final desse
processo de
intervenção que dura
lá algum tempo em
todos os municípios
ela fecha um
relatório e nesse
relatório ela tenta
indicar todas de
cada pólo que está
indo bem, a relação
pessoal, a relação
com as secretarias,
(...)” (R)
Sim
“(...) as visitas de
acompanhamento e
esses diários de
campo, né, são
percepções
importantes e os.. os
encontros, né,
aqueles momentos..
tem o momento dos
encontros, esses
encontros pra mim
são também
elementos
fundamentais pra
gente medir várias
coisas, né, do
conjunto do projeto e
das especificidades
também, né, nos
municípios também,
os encontros são
muito importantes.”
(S)
O IBAMA relatou
que as visitas de
acompanhamento
são os principais
instrumentos de
avaliação, mais do
que a leitura dos
relatórios e a
observação do
cumprimento dos
indicadores. O
acompanhamento
em campo dos
projetos tem se
intensificado e há
uma intenção do
IBAMA nesse
sentido.
A UFRJ relata que
há alguns
instrumentos
avaliativos de visitas
de
acompanhamento,
como fichas de de
atividades e
relatórios e que
geralmente as
O) As três
instituições realizam
e valorizam as
visitas de
acompanhamento
como um bom
instrumento de
avaliação. O IBAMA
destaca as visitas de
acompanhamento
como mais
relevantes do que a
leitura dos relatórios
e o uso de
indicadores, dando
maior ênfase aos
instrumentos ligados
a uma avaliação
mais subjetiva do
que objetiva.
189
esforço no
acompanhamento”
(A)
“Porque eu acho que
os elementos em
muitos casos a gente
tem, quando a gente
pensa de novo no
pólo,além da ação
da Lívia, a gente
tem.. seriam fichas
de
acompanhamento.
Vai ter uma
atividade, a pessoa
vai com uma ficha
com determinados
itens que deveriam
ser acompanhados
viajem após viajem,
visita após visita, no
final pode até traçar
um gráfico do
desempenho, da
freqüência no pólo,
é.. do
desenvolvimento de
ações no pólo.” (R)
“Cada coordenador
de região quando
volta e fala que no
seu município está
acontecendo isso, as
outras pessoas
opinam e às vezes
até a experiência de
uma outra região
ajuda naquela
região.” (R)
“ (...)aquilo começa
provavelmente numa
observação de
campo que veio e
avaliações nas
reuniões internas se
iniciam com as
impressões da
equipe no campo.
A Petrobras também
atribui um alto grau
de relevância às
visitas de
acompanhamento
como parte do
processo avaliativo.
190
sentiu aquilo, foi
refletido dentro de
uma reunião de
equipe (...) (R)
15 - Indicadores de metas
previstos no projeto original
Sim
“(...) no próprio
projeto tem que ter
os indicadores,
qualitativos,
qualitativos e tal, pra
gente, então a gente
avalia quando já
vem no projeto o, é
esses critérios,
então a gente na
verdade, então,
basicamente o
projeto em sim, os
objetivos, as metas
e os indicadores, e a
gente aprova aquilo,
em tese, a gente ta
aprovando um
projeto que já tem
os seus
instrumentos, pelo
menos seus
indicadores e as
formas, pelas quais
a gente vai poder
acompanhar e
avaliar...” (M)
Sim
“E tinham vários
indicadores listados
no texto original,
esses indicadores
aparecem no
relatório quase que
idênticos ao que tava
previsto, né, isso
está seno aplicado
da maneira, bem
próxima pelo menos
ao que tava previsto,
né, o uso de
indicadores.” (Lu)
(Reinaldo e Laísa
concordaram
gestualmente)
Sim
“É, os indicadores
propostos no projeto
e os desenvolvidos
posteriormente..(...)
porque alguns foram
substituídos,(...)” (S)
Todos afirmaram se
apoiar nos
indicadores previstos
no projeto original,
mas nenhum relatou
com mais detalhes o
uso desses
indicadores ao longo
da entrevista.
P) Reafirma a
inferência F, no que
diz respeito tanto à
confirmação da
aplicação dos
processos
avaliativos
previamente
delineados no
projeto, quanto à
indicação de que os
indicadores parecem
não estar se
mostrando
satisfatórios, ou
suficientes, vista a
ausência de
atribuição de
relevância a essa
questão por parte
dos entrevistados.
16 - Verificação do
cumprimento dos itens
previstos no convênio
interinstitucional
Não Não Sim
“(...) para a finalidade
de verificação do
atendimento das
etapas propostas no
convênio com a
UFRJ que realiza o
projeto, a gente
A Petrobrás utiliza o
convênio assinado
com a UFRJ como
uma avaliação
administrativa do
projeto no sentido de
verificar o
cumprimento das
etapas propostas. A
Q) A Petrobras
avalia também o
desempenho da
UFRJ em executar o
projeto de acordo
com o convênio
estabelecido entre
as instituições,
reafirmando a
191
avalia, a cada mês, o
cumprimento do que
foi combinado diante
do cronograma, né,
que foi encaminhado
e a gente emite um
parecer
administrativo, mas
não chega a ser nem
uma página, é assim,
“olha de acordo com
esse documento
encaminhado”, que é
o relatório, que eu
considero o
documento de
avaliação (...)” (S)
“(...) o convênio na
Petrobrás é um
instrumento de
avaliação
administrativo e aliás
ele é uma baita
ferramenta e
inclusive a gente tem
se esforçado muito e
se capacitado pra
construir melhor um
corpo de convênio
que seja bem.. que
deixe assim o projeto
correr bem tranqüilo,
que uma boa
ferramenta pra várias
coisas, inclusive pra
avaliar, pra medir,
para possibilitar a
atuação (...)” (S)
Petrobras sinaliza
que pretende tornar
esse documento um
instrumento
avaliativo mais
consistente.
inferência A.
17 - Dinâmicas especificas para
determinadas etapas do projeto
(ex: módulo)
Não Avaliação dos
módulos,
acompanhamento
dos pólos e de
Não
A UFRJ relatou
realizar dinâmicas
especificas de
avaliação em
R - Os processos
avaliativos de
determinadas etapas
do projeto devem
192
determinadas
atividades
“Acho que nos
momentos
marcantes do projeto
a gente tem
mecanismos mais
objetivos de
avaliação. Então
durante o curso de
formação dos
módulos você tinha
lá momentos
dedicados a que as
pessoas envolvidas
avaliassem (...)” (R)
“(...) é o processo é..
da Lívia, junto aos
pólos que.. que
trabalha um pouco
pra sentir e ver como
é que as equipes
nos pólos estão se
relacionando e ela
programa uma
intervenção e traz
um resultado. Então
ao final desse
processo de
intervenção que dura
lá algum tempo em
todos os municípios
ela fecha um
relatório e nesse
relatório ela tenta
indicar todas de
cada pólo que está
indo bem, a relação
pessoal, a relação
com as secretarias,
então aqui me
determinados
momentos, como ao
final dos módulos,
ao acompanhar as
atividades dos pólos
e para algumas
atividades
específicas do
projeto.
fazer parte da
avaliação geral do
projeto, mas não
substituem a
necessidade de uma
avaliação do
andamento do
projeto como um
todo.
193
parece sistematizado
de alguma forma, né.
Mas assim, é como..
como a situação
pontual da
existência, do
funcionamento do
pólo em cada
município, não é pro
todo do projeto,
então acho que
carece isso, eu..
assim.. nós não
temos isso eu
acho..(R)
“(...) Vai ter uma
atividade, a pessoa
vai com uma ficha
com determinados
itens que deveriam
ser acompanhados
viajem após viajem,
visita após visita, no
final pode até traçar
um gráfico do
desempenho, da
freqüência no pólo,
é.. do
desenvolvimento de
ações no pólo.” (R)
18 - Questionários Não Não Não, mas há a
intenção
“Esse aqui tem
sempre uma idéia
que a gente nunca
conseguiu fazer (se
referindo ao
Anderson) de fazer
isso na Educação
Ambiental de
trabalhadores que é
O IBAMA relatou a
intenção não
concretizada de em
determinados
momentos aplicar
questionários ao
público participante
dos projetos como
forma de avaliar o
desenvolvimento do
mesmo.
S - Existe uma
necessidade de se
desenvolver para
alguns momentos
específicos mais
instrumentos
avaliativos objetivos.
194
uma outra função
nossa, né, que a
gente ainda não
conseguiu chegar lá
com a vontade que a
gente gostaria, com
a..com a..
profundidade que a
gente gostaria, que é
você poder quando
vai fazer a vistoria de
uma plataforma ter
uns questionários
padrões pra você
aplicar
aleatoriamente,
agora chama esses
trabalhadores aqui e
vamo vê se o cara
sabe responder
sobre questões
cruciais de meio
ambiente que a
gente considera que
deveriam ter sido
exploradas no
programa de
educação ambiental
de trabalhadores,
seria um instrumento
de avaliação que a
gente nunca
conseguiu construir.”
(M)
19 - Reuniões internas
“Isso, isso..então, o
que acontece, para
a finalidade de
verificação do
atendimento das
etapas propostas no
convênio com a
Sim
“(...) Acho que a
equipe ela se
organizou de uma
forma no cotidiano
tendo,
principalmente, um
momento que é uma
“Até onde a gente
sabe, a iniciativa de
uma equipe de pós-
licença surgiu com a
gente aqui, até onde
a gente sabe, dos
órgãos que a gente
A UFRJ considerou
as reuniões internas
de equipe um dos
principais
instrumentos de
avaliação do projeto,
embora a
sistematização
desse processo só
T - Os instrumentos
de avaliação que se
mostram mais
relevantes no
decorrer do projeto,
não
necessariamente
foram previstos
originalmente ou
195
UFRJ que realiza o
projeto, a gente
avalia, a cada mês,
o cumprimento do
que foi combinado
diante do
cronograma, né, que
foi encaminhado e a
gente emite um
parecer
administrativo, mas
não chega a ser
nem uma página, é
assim, “olha de
acordo com esse
documento
encaminhado”, que
é o relatório, que eu
considero o
documento de
avaliação e também
na verdade a gente
nunca teve um
problema com isso,
porque como a
gente participa, tem
reuniões mensais,
nunca aconteceu de
chegar um relatório
que a gente
reprovasse e.. e
considerasse que
não foram
realizadas as metas,
cumpridas as metas,
então nesse sentido
a gente também ta
muito satisfeito e
muito tranqüilo,
porque não houve
necessidade de
alguma reparação
no processo, ele foi
reunião semanal, de
encontro, em que,
ela exerce a
avaliação do que ta
acontecendo no
projeto” (R)
“(...) ao longo do ano
passado a gente
instituiu alguns
momentos mais
formais de avaliação
do projeto e aí eu
destacaria alguns
encontros de
desenvolvimento de
equipe, nos quais a
gente pensou
especificamente
sobre objetivos e
resultados
alcançados.“ (La)
tem conhecimento
não tem essa práxis
de você é,
acompanhar o
desdobramento dos
projetos que são
condicionantes das
licenças.” (A)
“(...)a gente discute e
redirecionar o que é
necessário, e é muito
mais produtivo do
que você ficar só
vendo relatório,
distante da
realidade..” (M)
tenha ocorrido ao
longo do projeto a
partir da percepção
dessa necessidade.
O IBAMA e a
Petrobras não se
referiram durante as
entrevistas a
reuniões internas
voltadas para a
avaliação do Pólen,
no entanto, deram a
entender que a
avaliação do projeto
é realizada em
equipe e debatida
internamente,
caracterizando
encontros internos
da equipe da
instituição
relacionados à
avaliação.
possuem uma
sistemática
claramente
delineada, como é o
caso das reuniões
internas de equipe,
especialmente para
a UFRJ.
196
todo sempre
discutido, e todas
as.. as alterações
necessárias foram
discutidas,
aprovadas,
consensuadas” (S)
20 - Produção de documentos
avaliativos escritos
(relatórios/pareceres)
Pareceres
“Quando a gente ta,
lá, são consideradas
na nossa análise,
tanto quanto você
vai lá para fazer um
parecer, ou quando
você tem um
relatório, que você
faz alguma
associação e tal,
qualquer informação
que a gente tem
quando encontra o
pessoal do Pólen as
vezes até em outros
eventos a gente
costuma trazer e
considerar,(...)” (A)
“(...) então eu acho
que na verdade
também teve uma
questão de uma
avaliação nesses
momentos, que era
uma avaliação que
visava redirecionar,
então não é uma
avaliação strictu
sensu da gente, é, ir
lá, emitir um
parecer, um
acompanhamento
ou ler um relatório
Relatórios
semestral e mensal
“se o instrumento é o
relatório semestral,
ele tem uma.. um
objetivo que é
chegar no IBAMA.
(...). A gente tem um
outro tipo de relatório
que são os relatórios
mensais, que eles
têm o objetivo só de
relatar o que que
vem acontecendo,
entendeu, o
processo, então o
que que a gente fez,
o que que a gente
executou, ele tem o
objetivo de relatar
pra Petrobrás.”
“(...)mudanças,
dificuldades,
possíveis problemas
que a gente já
percebe, então
quando se
transfigura esse
cenário político que
ameaça a
permanência dos
pólos, a gente
começa a discutir
isso entre a gente,
Não
“(...) não tem uma
instância dentro da
Petrobras que faça
uma outra avaliação
que não as que já
existem dentro do
projeto.. “ (S)
“(...) o relatório é a
tradução do que,
assim, se.. se, ah, a
gente pensou em
fazer isso,
conseguimos fazer
isso aqui e o próximo
passo vai ser esse,
tem sempre uma
conclusão do
próximo passo, e tem
essa riqueza, né, eu
considero.. nem tanto
os mensais, porque
os mensais são mais
de verificação, mas
os semestrais têm
muita riqueza nesse
sentido, ou deveriam
ter e isso agora a
gente ta percebendo
o quanto a gente
pode melhorar a
disponibilização
dessa informação
que era considerada
O IBAMA emite
eventualmente
pareceres de
acompanhamento do
projeto, no entanto
este não é
considerado pelos
entrevistados o
principal instrumento
de avaliação
utilizado.A UFRJ
produz relatórios
mensais e
semestrais sendo
que os últimos são
identificados como o
principal documento
formal de avaliação
do projeto. A
Petrobras declarou
não produzir
documentos
avaliativos escritos
produzidos
exclusivamente pela
equipe da Petrobras,
e considera os
relatórios produzidos
pela UFRJ os
principais
documentos
avaliativos escrito.
U - A equipe
executora produz
documentos
avaliativos escritos,
que são os
relatórios, que
apresentam o que
tem sido feito no
projeto e as
impressões
avaliativas da equipe
para serem
encaminhados para
a Petrobras e para o
IBAMA, reafirmando
a relação de
hierarquia
estabelecida em A.
A princípio esse
documento existe
por conta dessa
exigência do IBAMA
e consequentemente
da Petrobras de
acompanhar os
projeto através de
relatórios, não
necessariamente
este seria o
documento avaliativo
produzido pela
equipe executora
para avaliar o
projeto. O IBAMA e
a Petrobras por sua
vez, não
197
(...)” (M) mas depois isso
acaba no relatório,
que a gente quer
que o IBAMA saiba
disso e que a
Petrobras saiba
disso, que a gente ta
observando essas
coisas.” (R)
muito administrativa
e para atendimento
da condicionante
independente de
servir para o próprio
projeto e pros
gestores. (S)
desenvolvem
nenhum processo
contínuo de registro
das avaliações
realizadas.
21 - Leitura de documentos
escritos (relatórios/pareceres)
Sim, dos relatórios
semestrais
“(...) eu nunca vi
relatório do Pólen,
toda a minha
avaliação que eu fiz
foi in lócus, é no
local porque aqui eu
particularmente não
tinha tido tempo
ainda de ver
nenhum relatório do
Pólen, eu conhecia
todo o processo,
mas não tinha lido e
formalizado isso
tanto que gente
pediu pro NEA, né,
a Lidia foi a primeira
pessoa que fez isso
formalmente (...)”
(M)
Sim, dos relatórios
mensais e
semestrais e dos
pareceres
“(...) porque quando
eu entrei nesse
processo na verdade
o Pólen já tinha uma
primeira, é.. um
primeiro projeto
encaminhado ao
IBAMA que recebeu
um parecer técnico e
a partir de então eu
entrei num processo
que já tinha sido
iniciado, então eu
entrei para adequar,
ajudar a adequar o
projeto ao que o
IBAMA tava
esperando.” (S)
“(...) o relatório não é
aquela coisa
burocrática,
administrativa, o
relatório é a tradução
do que, assim, se..
se, ah, a gente
pensou em fazer
isso, conseguimos
fazer isso aqui e o
O IBAMA realiza a
leitura dos relatórios
como estratégia para
avaliar o projeto,
mas esta não é
considerada a
principal estratégia
de avaliação, e sim
as visitas de
acompanhamento. A
UFRJ não fez
referência à leitura
de qualquer
documento
avaliativo. A
Petrobras afirmou
considerar os
pareceres do IBAMA
como orientações
para redirecionar o
projeto e
considerar os
relatórios semestrais
como o principal
instrumento de
avaliação do projeto,
mesmo não sendo
produzido
diretamente por sua
equipe interna.
V - O IBAMA e a
Petrobras não
desenvolvem
nenhum processo
contínuo de registro
das avaliações
realizadas a partir da
leitura dos relatórios
ou de outros
processos
avaliativos.
Reafirmando a
inferência U.
O IBAMA realiza a
leitura dos relatórios
como forma de
avaliação do projeto,
mas dão preferência
às visitas de
acompanhamento
como instrumento
mais adequado de
avaliação,
reafirmando a
inferência O. A
Petrobras avalia o
desempenho da
UFRJ através dos
relatórios, e
considera se
subordina as
avaliações
produzidas pelo
IBAMA nos
198
próximo passo vai
ser esse, tem sempre
uma conclusão do
próximo passo, e tem
essa riqueza, né, eu
considero.. nem tanto
os mensais, porque
os mensais são mais
de verificação, mas
os semestrais têm
muita riqueza nesse
sentido, (...)” (S)
“(...) não gosto de
enxergar, ou que as
pessoas tentem
enxergar alguma
parte do processo
como ah, isso aqui,
ah é a coisinha chata
que a gente vai
escrever no relatório
só pra constar, mas a
atividade é essa,
não, o relatório faz
parte do processo de
reflexão.” (S)
pareceres,
reafirmando Q, U e
A
22 - Espaços de participação
popular formais ou informais
(dos cursistas, gestores
municipais, gestores do pólo,
lideranças locais, etc.)
Informais
“Todas as
manifestações
informais, mesmo
em off são
consideradas.” (A)
“Quando a gente ta,
lá, são consideradas
na nossa análise,
tanto quanto você
vai lá para fazer um
parecer, ou quando
você tem um
relatório, que você
Formais e
informais
“Nos diferentes
momentos, os outros
envolvidos, aí
pensando em
avaliação formal ali
de um módulo, de
um encontro, de um
fórum, todo mundo.”
(R)
“(...) vai tentar, é..
fazer com que esse
conselho (se
Não
Informalmente os
entrevistados da
UFRJ e do IBAMA
levam em
considerações
colocações de
outros atores
relacionados ao
projeto na sua
avaliação.
A UFRJ proporciona
também alguns
espaços formais de
avaliação com a
participação dos
cursistas, como nos
X - O IBAMA dá a
entender que
considera importante
a opinião dos atores
envolvidos no
projeto que não
sejam da equipe
executora e que leva
isso em conta no
processo avaliativo,
no entanto não
estabelece espaço
formal para que isso
ocorra. A UFRJ
possui alguns
momentos de
199
faz alguma
associação e tal,
qualquer informação
que a gente tem
quando encontra o
pessoal do Pólen as
vezes até em outros
eventos a gente
costuma trazer e
considerar, (...)” (M)
referindo ao CAPP)
seja mais uma
instância de
discussão do projeto,
de discussão das
ações,
planejamentos e
etapas futuras , da
gente compartilhar
alguns
compromissos, né,
que a gente tem
assumido, e discutir
em conjunto, com os
gestores que a gente
quer que cada vez
mais assumam um
papel ai, de
liderança, né, nos
municípios, nos
projetos.” (La)
“(...) Por que que a
gente se desviou?
Porque.. vários
fatores, então você
planejou um grupo,
uma formação que
começava aqui e
terminava aqui e
eles se posicionaram
em cima disso
dizendo nós
precisamos mais
disso, ou mais
daquilo, ou isso foi
ruim, ou isso foi
bom. Então quando
a gente se dispôs a
ir adiante e mudar
aquilo, a gente está
avaliando, olhou pra
trás, mudou de
momentos de
avaliação dos
módulos, e há a
expectativa que isso
se intensifique com o
CAPP, no entanto
não há claramente
um espaço de
tomada de decisão
por parte dos
cursistas. No entanto
o IBAMA e a
Petrobras não
relataram qualquer
espaço formal de
avaliação do projeto
com participação
popular.
avaliação que inclui
a participação dos
cursistas
especificamente, e
não da população
dos municípios como
um todo, e nesses
momentos não
parece haver um
real poder de
tomada de decisão,
cabendo esse aos
coordenadores do
projeto. A Petrobras
não se refere à
participação popular
nos processos
avaliativos, o que
reflete o seu não
interesse nesse
assunto, em função
da própria lógica
empresarial.
200
direção.”(R)
23 - Reuniões e outras
comunicações orais formais ou
informais interinstitucionais
(IBAMA/UFRJ/Petrobras)
Formais e
informais
“Eu fiquei lembrando
daquelas reuniões
que a gente chamou
algumas vezes pra
tentar conciliar a
bacia de campos
UN Rio, UN BC que
a gente chamava de
integradoras, sei lá,
tinha um nome, que
a gente chamava o
Almir e o Aldo com
os projetos pra
gente tentar ver p
que ta acontecendo
e integrar, (...)” (M)
“(...) tanto quanto
você vai lá para
fazer um parecer, ou
quando você tem
um relatório, que
você faz alguma
associação e tal,
qualquer informação
que a gente tem
quando encontra o
pessoal do Pólen as
vezes até em outros
eventos a gente
costuma trazer e
considerar (...)” (M)
Formais e
informais
“(...) eram esses
momentos que a
gente criava, ou de
módulo, ou de fórum,
em que a gente tinha
pessoas externas ao
projeto, palestrantes,
IBAMA, enfim e
pessoas faziam
intervenções num
determinado
momento, e nessas
intervenções elas
geravam alguma
afirmação com
relação ao conteúdo
do projeto, a
estratégia do projeto,
isso pra mim sempre
soou como
avaliação, né “(R)
“E a mesma coisa
quando, o
financiador, a
Petrobras (...) diz
que: olha, tal coisa
não ficou bem, não
deu mito certo. São
as coisas mais
objetivas que eu
enxergo nesse
momento assim.“ (R)
Formais e informais
“, para a finalidade
de verificação do
atendimento das
etapas propostas no
convênio com a
UFRJ que realiza o
projeto, a gente
avalia, a cada mês, o
cumprimento do que
foi combinado diante
do cronograma, né,
que foi encaminhado
e a gente emite um
parecer
administrativo, mas
não chega a ser nem
uma página, é assim,
“olha de acordo com
esse documento
encaminhado”, que é
o relatório, que eu
considero o
documento de
avaliação e também
na verdade a gente
nunca teve um
problema com isso,
porque como a gente
participa, tem
reuniões mensais,
nunca aconteceu de
chegar um relatório
que a gente
reprovasse e.. e
considerasse que
não foram realizadas
as metas, cumpridas
as metas, então
nesse sentido a
gente também ta
A Petrobras relatou
se reunir
mensalmente com a
equipe da UFRJ
para avaliar o
andamento do
projeto. O IBAMA
eventualmente se
reúne com a
Petrobras e com a
UFRJ de acordo
com as
necessidades
percebidas. Todos
relataram levar em
conta as colocações
dos representantes
das três instituições
em espaços formais
de avaliação do
projeto (como ao
final dos módulos)
ou informalmente em
outros espaços de
diálogo.
Z - Há uma
comunicação
bastante intensa
entre as três
instituições, no que
diz respeito à troca
de informações e
encaminhamentos.
201
muito satisfeito e
muito tranqüilo,
porque não houve
necessidade de
alguma reparação no
processo, ele foi todo
sempre discutido, e
todas as.. as
alterações
necessárias foram
discutidas,
aprovadas,
consensuadas,
aprovadas junto ao
órgão ambiental de
acordo com a
necessidade” (S)
DIFICULDADES
ENCONTRADAS
24 - Sistematização das
informações
Sim
“(...) a questão da
avaliação ela não tá
explicitada ainda,
embora a gente
saiba da
necessidade disso
porque isso é
crucial.” (M)
Sim
“(...) Agora eu
particularmente sinto
é que a gente não,
não tem a
capacidade de
sistematização
dessas avaliações,
não, não sei se eu
diria.. não, não
houve a previsão de
momentos formais
de avaliação.” (R)
Sim
“(...) não é uma
exclusividade desse
projeto, né, eu
acompanho outras
coisas também não
só na empresa, mas
como também em
outras situações,
onde a gente tem
uma dificuldade as
vezes do que fazer
com aquele tanto de
informação
importante,
qualitativa, né, ta
bom, uma coisa ta
registrado que essa
situação se dá dessa
forma, ah não, tem
uma diferença de..
de percepções e isso
é um bom indicador
Todos apontam para
a dificuldade de
sistematização da
avaliação de uma
maneira geral.
AA – Os
entrevistados
confirmam os
pressupostos de que
a avaliação de
projetos é uma
questão complexa e
especialmente a
avaliação em EA
não possui
metodologias
claramente
estabelecidas e
adequadas, o que
torna a organização
e eficácia dos
processos
avaliativos muito
dificultosa.
202
pra gente tomar um
rumo diferente, ou
melhorar (...)” (S)
25 - Equipe: tempo, quantidade
e capacitação de pessoal
Sim
“(...) mas a gente
precisaria ter um
espaço maior e mais
específico com
pessoas mais
qualificadas pra isso
pra gente criar os
nossos
instrumentos, né.
(...)” (M)
“(...) porque tem
tantos desafios na
implementação
disso, questões
burocráticas,
questões de equipe,
de qualificação
técnica, tanto da
gente de ter gente
suficiente quanto da
empresa contratar
as equipes que
saibam fazer o que
a gente quer,
entende o que a
gente ta falando,
que é um problema.
Então, é.. a questão
dos convênios, das
execuções, então, é
tanta questão que a
questão da
avaliação ela não ta
explicitada ainda,
embora a gente
saiba da
necessidade disso
Sim
“Mas enfim, quando
estamos
desenvolvendo o
projeto, eu sinto uma
carência de
sistematização
disso, né, e aí têm
vários problemas,
tem a nossa
limitação técnica de
fazer isso, tem a
nossa limitação de
pessoal e de tempo,
de prioridades.” (R)
“Porque eu acho que
os elementos em
muitos casos a gente
tem (...) Mas isso
não chega no
momento de
sistematização final,
né, parece que as
coisas.. mas aí
também não sei se..
talvez seja um pouco
de incapacidade
nossa de lidar com
os dados que a
gente gerou, ou até
mesmo conseguir
sintetizar esse
amontoado de fichas
preenchidas.” (R)
Não
O IBAMA assim
como a UFRJ
reconhecem que as
dificuldades com
relação à avaliação
estão relacionadas à
falta de capacitação
da equipe, e à
quantidade pessoas
na equipe em
relação ao tempo em
que todas as
atividades devem
ser realizadas.
BB - A falta de
capacitação da
equipe percebida
pelo IBAMA e pela
UFRJ com relação à
questão da
avaliação pode
refletir uma
escassez de
profissionais com
essa formação ou
uma menor
atribuição de
importância a essa
questão no momento
de criação das
equipes e da
distribuição dos
recursos dos
projetos. A Petrobras
não aponta essa
dificuldade talvez
pelo situação
econômica da
empresa que não
gera esse tipo de
limitação.
203
porque isso é
crucial.” (M)
26 - Ausência de instrumentos
de avaliação adequados à
Educação Ambiental crítica,
para a gestão, no sentido de
avaliar os impactos
socioambientais pretendidos
Sim
“(...) nossa velha
desejo aqui desde
que a gente entrou
de criar indicadores
pra gente saber se
de fato esses
programas, é.. tão
surtindo efeito, qual
o impacto deles, se
de fato eles estão
transformando a
vida das pessoas,
isso tudo a gente..
ainda não tem esses
instrumentos (...)”
(M)
“(...) o mais
interessante pra
gente enquanto
órgão regulador, o
órgão fiscalizador,
(...) ou executor (...)
é a ação finalística..
isso a gente ainda
não tem condição
de avaliar o Pólen
com relação à ação
finalística dele,
entendendo a ação
finalística não a
formação dos
gestores municipais,
mas o alcançar ao
público final,
definitivamente, que
com relação ao
público intermediário
Sim
(...) da avaliação do
impacto na realidade
socioambiental, na
verdade a gente
precisava também
desse indicador, né,
de vê o que no
município
efetivamente ta
mudando com a
chegada do projeto,
mas a gente não,
não sei se a gente
consegue ter
indicadores de
avaliação pra isso
por exemplo, pra
poder avaliar os
impactos na
realidade
socioambiental de
cada município.” (La)
Sim
“(...) porém a gente
tem ainda que
desenvolver,
algumas ferramentas
pra ajudar nessa
avaliação, porque
não tem claro os
instrumentos é pra
identificar esses
impactos, e que são
impactos indiretos
difusos e misturado
com uma série de
outras coisas aqui,
especialmente nessa
região.” (S)
“(...) mas a gente
tem,
primordialmente, um
compromisso de
mitigar o impacto e
isso é tão difícil de
medir, a gente não
tem se quer a
medida do impacto
(...)” (S)
As três instituições
apontaram a
ausência de
instrumentos
adequados para
avaliar os impactos
socioambientais
pretendidos em um
projeto de EA
baseado em
princípios críticos, de
transformação
social.
CC - Os
entrevistados
confirmar a realidade
do campo que é de
escassez de
instrumentos
avaliativos
adequados à uma
EA crítica.
204
entre aspas, que é o
gestor, que é o
objeto central da
proposta do Pólen,
né, de capacitação,
ta satisfatório,
plenamente
satisfatório, só que
daí, em se
desenrolarem em
ações finalísticas
que atinjam os
nossos anseios, né,
aí a gente não tem
essas respostas
ainda.” (A)
27 - Ausência de um
diagnóstico socioambiental
capaz de gerar as informações
necessárias para a avaliação
dos impactos do projeto
Não Não Sim
“ (...) então talvez a
gente tivesse que
propor isso de uma
forma diferente, a
gente tivesse que
primeiro sem falar
que ia desenvolver
um projeto de
Educação Ambiental
com esses gestores,
percebido melhor
esse espaço..a gente
até fez um
diagnóstico né, tem
previsto no começo
do projeto um
diagnóstico, né, mas
eu também percebo
que ele foi.. que a
gente não, não
conseguiu.. (...), a
gente não conseguia
pegar esse
diagnóstico, que
apontava algumas
Na Petrobras há a
percepção de que o
diagnóstico
socioambiental
deveria ter sido feito
já com o foco de
avaliar a realidade
socioambiental da
região de acordo
com os princípios
críticos da EA para
gestão, o que não foi
feito no projeto.
DD - O diagnóstico
socioambiental feito
já com o foco de
avaliar a realidade
socioambiental da
região de acordo
com os princípios
críticos da EA para
gestão, pode
subsidiar a avaliação
do projeto.
205
percepções sobre o
impacto, não
profundamente
porque ele não foi
feito pra isso, o
diagnóstico era pra
dar uma mapeada
em cada ambiente,
em cada região, pra
propor o conteúdo
programático dos
módulos, não
especificamente pra
diagnosticar os
impactos, porque a
gente também
naquela época não
atentou pra focar
mais nisso, pra se
aprofundar nisso, e
aí, ficou assim, ta
aqui o diagnóstico,ta
aqui esse retrato, e o
trabalho não espelha
assim exatamente o
atendimento a esse
diagnóstico, não
mesmo, porque não
era esse
compromisso
também, o
diagnóstico não tinha
esse compromisso,
não tinha esse
objetivo, então o
objetivo dele foi
atendido, mas aí eu
vejo isso, que a
gente poderia é, usar
melhor essas
percepções e que
elas se espelhem
nos frutos disso, nos
206
projetos, nos
conteúdos, nas
discussões, né,
dentro do projeto, eu
acho assim,
fundamental.” (S)
OUTROS 28 - A avaliação do Pólen traz a
especificidade deste ser um
projeto pioneiro no sentido do
cumprimento dos princípios da
EA para gestão e nesse sentido
ser um espaço de aprendizado
para todos os envolvidos
Sim
“a partir do
momento que
nasceu já dentro
dessas diretrizes,
que tavam também
começando a ser
adotadas aqui, aí a
gente foi aprovando,
mas teve um
processo de
construção, de
reuniões e tal, (...) e
a gente tá
acompanhando,
porque como era
uma coisa muito em
construção
também,acho que a
gente partiu muito
desse princípio, a
gente vai ta junto
nisso, vai ta
olhando, vai ta
vendo os relatórios,
e vendo se os
resultados vão ta, se
de fato as pessoas
vão estar sendo
formadas, se elas
vão estar sendo
formadas dentro
dessa linha, então
foi muito, os projetos
que vão, que virão
surgir e tal, então,
Sim
“ (...) porque eu acho
que só o fato de
você formular uma
proposta, né,
diferente de várias
propostas de
educação ambiental
que acontecem lá,
que aconteciam na
bacia de campos e
você conseguir
sustentar essa
proposta e ter, hoje,
né, o apoio de..
sabe, diferentes
pessoas na região,
(...)”
“(...) trabalhar
internamente dentro
da universidade na
promoção de
recursos humanos
pra isso (...)
enquanto
universidade que
assumiu esse
desafio, a gente
queria sim que isso
acontecesse. E a
gente eu acho que
tem isso, tem
formado gente que
ta saindo do Pólen e
leva essa bagagem
Sim
“Além disso, ele
também tem, carrega
um compromisso de
ser um bom
laboratório para a
gestão pública
relacionada à
Educação Ambiental,
então eles tão
investindo no Pólen
como um piloto pra
poder promover
uma.. pra qualificar
até os outros
processos de
Educação Ambiental
no licenciamento..”
(S)
As três instituições
parecem ter clareza
que Poe ser um
projeto pioneiro
estão todos
aprendendo a
realizá-lo e
consequentemente
avaliá-lo. Para a
UFRJ, o Pólen
também possui um
papel pioneiro no
sentido do
envolvimento da
universidade nesse
tipo de projeto ligado
à gestão.
EE - As questões
avaliativas nesse
projeto tem um
ganho enorme no
sentido de se
aproximar de uma
forma inédita da EA
na gestão, dos
princípios de uma
EA crítica, mas
também por conta
disso devem ser
analisados
considerando-se o
grau de imaturidade
desse processo.
207
acho que foi muito
esse olhar da gente
enquanto instituição,
né” (M)
e vai trabalhar com
educação ambiental,
..” (R)
29 - Dentro do IBAMA a equipe
da CGPEG realiza uma
avaliação mais cuidadosa dos
projetos de EA do que outras
coordenações, inclusive dentro
do próprio licenciamento
(DILIC)
Sim
“Até onde a gente
sabe, a iniciativa de
uma equipe de pós-
licença surgiu com a
gente aqui, até onde
a gente sabe, dos
órgãos que a gente
tem conhecimento
não tem essa práxis
de você é,
acompanhar o
desdobramento dos
projetos que são
condicionantes das
licenças. E aí, é, no
nosso
entendimento, a
gente, a pretensão é
dar cada vez mais
poder ao pós-
licenciamento, é
você simplificar a
aprovação dos
projetos entre aspas
e aumentar o
esforço no
acompanhamento
(A)- Que é um
esforço específico
da CGPEG, né? (L)
- Até onde a gente
sabe sim, da DILIC
com certeza
Não Não
O Pólen passa por
uma avaliação no
IBAMA mais
criteriosa e fiel aos
princípios da EA na
gestão pelo fato de
se encontrar no
licenciamento de
petróleo, e por
conseqüência na
CGPEG que é uma
equipe de ponta
nesse sentido.
FF - O pioneirismo
da CGPEG
corrobora a
inferência EE, que
diz respeito ao
ineditismo e
imaturidade do
processo de
desenvolvimento do
projeto.
208
absoluta, agora das
outras
coordenações da
DILIC (A) - O
máximo que faz é
ler relatório, né,
dificilmente.. (M)
Quem faz, lê
relatório, que
normalmente tem
um relatório,
registra, mas nem
emite parecer, de
relatório.. (A) -
Então, é, eu acho
que essa é a grande
diferença, e a outra
diferença é o grupo
de sócio-
economia..(M) -
Isso, que.. instituído,
um grupo técnico
formado com o
intuito de elaborar
procedimentos e de
melhorar os
procedimentos. E
uma outra coisa
também é, trabalhar,
na aprovação do
projeto, via de regra,
você solicita um
projeto e na medida
em que ele é
apresentado , via de
regra, isso já é
considerado
atendido (A) – E
aqui não, são várias
revisões..(M) É, a
gente trabalha
arduamente na
revisão dos projetos,
209
né, também é um
diferencial, é quase
o trabalho de
consultor né, muitas
vezes..(A) – As
vezes a gente faz
mais o projeto.. (M)”
30 - No momento da entrevista,
o IBAMA estava iniciando um
novo processo avaliativo para
todos os programas de EA no
licenciamento de petróleo.
Sim
“ Mas, na verdade,
é.. aí, aqui que que
a gente ta fazendo,
a CGPEG ta
fazendo um
levantamento, aí
pela primeira vez se
parou par se
construir um
questionário..
Depois vocês
podiam até passar
pra Lu (falando com
o Anderson).. Que
ele pegaram todos
os.. bacias, e
dividiram por bacia
aqui o pessoal, da
sócio-economia,
cada um ta
levantando um ou
dois programas ou
empresas, o critério
é por bacia, pra o
que que.. pra poder
ter esse resu..
sistematizar
resultados, então
que estágio, que tá,
quantas pessoas,
rararararara, porque
aí sim a gente vai
ter um retrato atual
de como que tão os
Não Não
O IBAMA está
iniciando um
processo de
levantamento e
avaliação de todos
os projetos de EA
em andamento no
contexto do
licenciamento de
Petróleo.
São percebidas
necessidades de
melhorar o sistema
de avaliação de
projetos de EA
dentro do IBAMA, e
nesse sentido há
tentativas
especialmente da
CGPEG de avançar
nessa questão.
210
programas de
Educação Ambiental
no licenciamento de
petróleo, então na
verdade a gente já
começou a criar,
vamos dizer, um
primeiro, não é nem
de uma avaliação,
mas um diagnóstico
que no fundo já traz
algum indício de
avaliação mas a
gente precisaria ter
um espaço maior e
mais específico com
pessoas mais
qualificadas pra isso
pra gente criar os
nossos
instrumentos, né.
(...)” (M)
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