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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR
PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA
MOLECULAR
Seleção e avaliação funcional de fatores potencialmente
envolvidos com interações entre plantas e nematóides parasitas
Doutorando: Djair dos Santos de Lima e Souza.
Orientador: Prof. Dr. Cezar Martins de Sá.
Co-orientador: Dra Maria Fátima Grossi de sa
Novembro 2008 - Brasília
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iii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR
PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA
MOLECULAR
Seleção e avaliação funcional de fatores potencialmente envolvidos
com interações entre plantas e nematóides parasitas
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia
Molecular do Departamento de Biologia Celular da UnB, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em
Biologia Molecular.
Doutorando: Djair dos Santos de Lima e Souza.
Orientador: Prof. Dr. Cezar Martins de Sá.
Co-orientador: Dra Maria Fátima Grossi de sa
Novembro 2008 - Brasília
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iv
BANCA EXAMINADORA
Dra. Ildinete Silva Pereira
Departamento de Biologia Celular
Universidade de Brasília – UnB
Dr. Juvenil Enrique Cares
Departamento de Fitopatologia
Universidade de Brasília – UnB
Dra. Ilka Maria Vasconcelos
Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular
Universidade Federal do Ceará – UFC
Dr. Ricardo Henrique Kruger
Departamento de Biologia Celular
Universidade de Brasília – UnB
Dr. Cezar Martins de Sá (Orientador)
Departamento de Biologia Celular
Universidade de Brasília – UnB
Novembro 2008 - Brasília
v
“A todos os colegas
que contribuíram
para a realização
desse trabalho”
Massas de ovos de M. incognita (por: Ruben Gapasin, PhD
Leyte State University)
vi
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-graduação em Biologia Molecular do Departamento de Biologia Celular
da UnB pelo curso de qualidade, indispensável para a minha formação.
A orientadora, Doutora Maria Fátima Grossi de Sá, pelo apoio e incentivo, amizade e exemplo.
Resumo essa experiência profissional como a mais proveitosa e que me levou ao maior
crescimento pessoal e profissional até agora.
Ao orientador Doutor Cezar Martins de Sá, pela orientação, pelas conversas críticas e
esclarecedoras e, principalmente, pela paciência durante o meu doutorado.
Gostaria de agradecer em especial a todas as pessoas que torceram por mim desde o começo
dessa verdadeira jornada, uma história individual, mas que não seria possível se não fosse pelo
apoio desses amigos. Em todos os momentos que passei e que me queixei, tive apoio, palavras
e atitudes de incentivo, que me fizeram continuar apesar das frustrações, dificuldades e muitas
limitações. Então, gostaria de agradecer com igualdade ao Gustavo Ramos, Eduardo Romano,
Brener Marra, Thales Rocha, Charles Dayler, Cláudio Picanço, Rodrigo Osório, Aulus
Barbosa, José Cesarmildo, Norma Santos, Adão, Erick, Ivaldo Muchagata, Felipe Bodens, José
Edílson, Octávio Franco, Vandré, Fátima Grossí e a muitos outros. Peço desculpas se esqueci
de alguém, mas podem ter certeza, a gratidão existe.
Gostaria de agradecer também a toda equipe do LIMMP, cujo trabalho beneficia a todos os
membros.
Ao CNPq pelo apoio financeiro que me foi dado durante a realização do trabalho.
A alegria pode prescindir da razão, mas reflexão
sem compreensão é vazia. Existe satisfação em
meramente observar o mundo, mas essa
satisfação pode ser aprofundada quando a visão
da mente consegue penetrar na superfície das
coisas para enxergar as conexões existentes.
P.W. Atkins.
vii
BIOGRAFIA.
Djair dos Santos de Lima e Souza, filho de Luiz Damasceno de Lima e Souza e Ivonilde dos
Santos de Lima e Souza, nasceu em 07 de abril de 1977, na cidade de Natal no Rio Grande do
Norte.
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN: 1997 - 2001). Durante todo esse período, participou de atividades de pesquisa
como estagiário do Laboratório de Ecofisiologia de Peixes do Departamento de Fisiologia
(UFRN), concluindo bacharelado no Laboratório de Biologia pesqueira do Departamento de
Oceanografia e Limnologia da UFRN, com publicações acadêmicas em revistas e congressos.
No ano de 2003, concluiu o Mestrado em Bioquímica pelo Departamento de
Bioquímica da UFRN, com ênfase em química e função glicosidases de invertebrados
marinhos.
Atualmente cursa Doutorado em Biologia Molecular pelo Departamento de Biologia
Celular da Universidade de Brasília, desenvolvendo trabalhos nas áreas de química de
proteínas, química de metabólitos secundários em bebidas destiladas e plantas e genômica
funcional aplicada ao entendimento das interações entre plantas e patógenos.
As atividades acadêmicas estão sendo desenvolvidas no Laboratório de Interações
Moleculares de Plantas e Pragas (LIMMP) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
sob a coordenação da Doutora Maria Fátima Grossi de Sá.
viii
ÍNDICE
ÍNDICE ii
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS vi
INTRODUÇÃO GERAL 1
Nematóides – biologia, origem, evolução, filogenia 1
Nematóides: desenvolvimento como parasitas de plantas 3
Ciclo de vida dos fitonematóides endoparasitas sedentários obrigatórios 6
Nematóides de cisto (
Heterodera, Globodera) 7
Nematóides formadores de galhas (
Meloidogyne) 9
Aspectos particulares e econômicos do gênero Meloidogyne 10
Alternativas para o controle de M. incognita 13
O uso de plantas transgênicas no mundo –
perspectivas para a aplicação de plantas GMs
para o controle de fitonematóides. 16
OBJETIVO GERAL 18
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 18
CAPITULO 1. Análise dos produtos de expressão de plantas
infectadas com fitonematóides, visando à seleção de genes de
resistência ao nematóide de galhas M. incognita 19
RESUMO 19
ABSTRACT 24
INTRODUÇÃO 25
Resistência natural de plantas a nematóides 25
ix
Mecanismos de defesa vegetal, considerações gerais 25
Prospecção de genes de resistência naturais (NEM-R) expressos
em plantas infectadas com nematóides 30
O papel da proteômica no entendimento das interações entre
nematóides e plantas 31
RESULTADOS E DISCUSSÃO – esse tópico
foi dividido em 3 artigos acompanhantes 33
ARTIGO 1. Identification of genes in cotton potentially involved
in resistance to Meloidogyne incognita) 33
ARTIGO 2. “Plant–pathogen interactions: what is proteomics
telling us? 53
ARTIGO 3. Rooteomics: The Challenge of Discovering Plant
Defense-Related Proteins in Roots 69
CAPÍTULO 2 – Validação funcional de genes potencialmente envolvidos
com o parasitismo de Meloidogyne incognita
RESUMO 78
ABSTRACT 79
INTRODUÇÃO 80
Potenciais genes de parasitismo de Meloidogyne incognita e outros
endoparasitas sedentários 80
A genômica funcional como ferramenta para o estudo das interações
entre plantas e fitonematóides
86
Genômica estrutural e funcional : considerações gerais 86
RNA de interferência (histórico) 88
Os microRNAs 90
Os siRNAs 94
Os piRNAs 96
O sistema de interferência por RNA em procariotos 98
x
Técnica de RNA de interferência aplicada ao controle de fitonematóides 100
MATERIAIS E MÉTODOS
Manutenção de populações de Meloidogyne incognita em tomateiros
Extração de Meloidogyne incognita de raízes de tomateiros infectadas 103
Extração de RNA total de fêmeas e síntese do cDNA 104
Subclonagem dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 em pGEM-T easy 104
Hibridização “in situ whole mounth” 105
Clonagem dos genes
2E07, 7E12 e 17H02 em vetores para expressão
de dsRNA e superexpressão de proteínas em fusão com GFP em plantas 106
Transformação de plantas de fumo 108
Desafio das plantas transgênicas expressando dsRNA 109
Avaliação da expressão das proteínas de secreção 2E07 e 7E12 em fusão com GFP 109
Inóculo e avaliação do perfil da infecção das plantas por
Meloidogyne incognita 109
Preparação das raízes para a microscopia 110
Imunodetecção da GFP nas plantas transgênicas 110
RESULTADOS 111
Clonagem dos potenciais genes de parasitismo de Meloidogyne incognita 111
Hibridização in situ 114
Transformação de plantas de fumo 115
Expressão ectópica dos genes de parasitismo 2E07, 7E12 116
Inóculo e avaliação do perfil da infecção das plantas por Meloidogine incognita 116
Avaliação microscópica das células gigantes 119
Expressão ectópica de dsRNA em plantas de fumo 122
DISCUSSÃO 124
102
102
xi
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DO TRABALHO 132
REFERÊNCIAS 134
ANEXO
Trabalhos publicados durante o Doutorado 144
ÍNDICE DE FIGURAS
INTRODUÇÃO GERAL
Figura 1. As três possíveis relações entre vertebrados, artrópodes
e nematóides 2
Figura 2. Ciclo de vida dos fitonematóides endoparasitas sedentários 11
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Figura 1. Desenho esquemático demonstrando os dois principais modelos
de reconhecimento na interação planta patógeno 28
CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO
Figura 1. Desenho esquemático mostrando a estratificação de um nematóide
parasita de planta típico 84
Figura 2. Modelo de interação planta-nematóides para a formação do sítio de
alimentação dos fitonematóides 85
86
Figura 3. Esquema do mecanismo de silenciamento gênico via micro-RNAs
em animais 92
Figura 4. Sistema geral de microRNAs em plantas 93
Figura 5. Sistemas de silenciamento baseados em siRNAs 95
xii
Figure 6. Modelo Ping-pong para a produção de piRNAs 97
Figura 7. Sistema de silenciamento análogo ao RNAi de eucariotos,
proposto para procariotos 99
Figura 8. Desenho esquemático da passagem dos siRNAs da planta
hospedeira para o nematóide parasita 101
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1.
Desenho esquemático das construções para expressão de dsRNA e das
proteínas de secreção de M eloidogyne incognita, codificadas pelos genes 2E07,
7E12 e 17H02 (construções pk72E07, pk77E12 e pk717H02 em tabaco 108
RESULTADOS
Figura 1. Alinhamentos das sequencias AF531160 (2E07), AF531166 (7E12),
AY134437 (17H02) com os genes subclonados 113
Figura 2. Localização da expressão do gene 2E07 exclusivamente na glândula
esofagiana dorsal de Meloidogyne incognita, por hibridização in situ
“Whole mount” 114
Figura 3. Obtenção de plantas de fumo (Nicotiana tabacum) por transformação
de discos foliares 115
Figura 4. Dot blot utilizando 400 g dos extratos protéicos de raízes das plantas
de Nicotiana tabacum não transformadas 116
Figura 5. Plantas de Nicotiana tabacum inoculadas com J2 de Meloidogyne
incognita e coletadas em diferentes pontos da curva de tempo exibindo galhas
de tamanhos diferentes 117
Figura 6. Avaliação do numero de galhas de plantas de Nicotiana tabacum
carreando os genes, 2E07 e 7E12 coletadas 08, 16 e 28 dias após a inoculação
com J2 de Meloidogyne incognita 118
Figura 7. Teste de avaliação da eclosão de juvenis de Meloidogyne incognita
de plantas transformadas e controle após 45 dias da inoculação com o nematóide 119
Figura 8. Análise histopatológica das raízes de Nicotiana tabacum 08 dias
xiii
após a inoculação com Meloidogyne incognita 120
Figura 9. Análise histopatológica das raízes de Nicotiana tabacum 08 dias
após a inoculação com
Meloidogyne incognita 121
Figura 10. Análise da resistência de plantas transgênicas expressando dsRNA
contra os transcritos dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 de Meloidogyne incognita 123
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Tabela 1. Lista de primers utilizados para a amplificação dos genes 2E07, 7E12
e 17H02 a partir de cDNAs extraídos de fêmeas de Meloidogyne
incognita
107
ABREVIATURAS
ADP – “adenosine diphosphate”, difosfato de adenosina
ATP – “adenosine triphosphate”, trifosfato de adenosina
Avr - “avirulence factor”, fator de avirulência
cDNA - DNA complementar
DNA - “deoxyribonucleic acid “, ácido desoxirribonucléico
2DE - “two-dimensional gel electrophoresis”, eletroforese bidimensional
dsRNA - “double strand RNA” RNA fita dupla
ESTs - “expressed sequence tags”, etiquetas de transcritos
GMs - geneticamente modificados
xiv
ISR – “induced systemic resistance” resistência sistêmica induzida
J2 - juvenil de segundo estádio
J1 - juvenil de primeiro estádio
miRNAs – “microRNAs”, microRNAs
MS - “mass spectrometry”,
espectrometria de massa
PAMPs/MAMPs - “pathogen-associated molecular patterns/microbe-associated
molecular patterns padrões moleculares associados à patógenos/padrões moleculares
associados a micróbios
PCR – “polymerase chain reaction” - reacção em cadeia pela polimerase
piRNAs - “Piwi-associated RNAs” RNAs associados a proteínas Piwi
PRs - “pathogenesis-related proteins”, proteínas relacionadas a patogênese
PRRs - “Pattern recognition receptors” ,receptores de reconhecimento padrão
RNA - “ribonucleic acid “, ácido ribonucléico
RNAi - “RNA interference” RNA de interferência
siRNA - “small interfering RNA” pequeno RNA interferente
RKN – “root-knot nematodes”, nematóides de galhas nas raízes
ROS – “reactive oxygen species”, espécies reativas de oxigênio
rRNA - “ribosomal RNA ” RNA ribossomal
NEM-R - “Nematode Resistance Gene” Gene de Resistência a Nematóides
LRR - “Leucine Rich Region” região rica em leucina
NBS - “Nucleotide Binding Site” Sítio de Ligação a Nucleotídeos
GFP - “green fluorescent protein” Proteína Verde Fluorescente
HR - “hypersensitive response” resposta de hipersensibilidade
SAR - “systemic acquired resistance” resistência sistêmica adquirida
INTRODUÇÃO GERAL
Nematóides – biologia, origem, evolução, filogenia.
Nematóides são os animais multicelulares mais abundantes no planeta terra
considerando o número de indivíduos. São encontrados em fontes termais, no solo, água
doce, água salgada, no gelo polar e em relações parasitárias (Coghlan 2005). São
caracterizados como animais triblásticos, protostômios, pseudocelomados. Possuem corpo
cilíndrico, alongado e não segmentado, exibindo simetria bilateral. O sistema digestivo é
completo e os sistemas respiratório e circulatório são ausentes. O sistema excretor dos
nematóides é composto por dois canais longitudinais (renetes-formato de H) e o sistema
nervoso é parcialmente centralizado em forma de anel nervoso ao redor da faringe. Muitas
espécies são microscópicas, embora uma espécie parasita da baleia cachalote possa atingir
13 metros de comprimento (Wilkpédia). Com relação aos parasitas de plantas, estes podem
variar de 0,25 mm a 12 mm, sendo que a maioria possui entre 1 e 2 mm (Maggenti 1981).
Estes fantásticos helmintos possuem uma longa história evolutiva originada em
meados do cambriano a cerca de 550 milhões de anos atrás, o que resultou na grande
diversidade atual que inclui microbívoros terrestres e marinhos, predadores da meiofauna,
herbívoros e parasitas de animais e plantas (Mitreva, Blaxter et al. 2005). Durante o
processo evolutivo, a adaptação destes organismos intersticiais aos mais diversos habitats
gerou uma profusão de formas, atingindo um número astronômico de espécies estimado
entre 100 000 a 100 000 000. Atualmente, o nosso conhecimento fica limitado a cerca de
25 000 espécies descritas, sendo que a maioria das formas ainda não descobertas são,
provavelmente, representantes da meiofauna bentônica marinha. Adicionalmente, devido
às grandes lacunas no registro fóssil, torna-se pouco provável acessar a ancestralidade dos
2
nematóides (Blaxter 2003; Meldal, Debenham et al. 2007). Atualmente, este problema de
ancestralidade gera longas discussões e as análises filogenéticas de organismos modelo,
baseadas em seqüências ortólogas e de RNA ribossomal 18S (rRNA), alinhadas por
ferramentas bioinformáticas, têm agrupado os nematóides de formas diferentes no reino
animal, levando ao surgimento de três hipóteses: a primeira afasta estes vermes
pseudocelomados dos vertebrados e artrópodes (hipótese celomada); a segunda agrupa os
nematóides com outros organismos que também sofrem mudas, os artrópodes (hipótese
ecdizoa) e finalmente a terceira que relaciona os nematóides mais proximamente dos
vertebrados (hipótese III Figura 1) (Aguinaldo, Turbeville et al. 1997; Blair, Ikeo et al.
2002; Dopazo and Dopazo 2005).
À ciência, portanto, resta a tarefa de analisar e compreender os diferentes grupos
taxonômicos hoje existentes, tendo em vista que a falha no registro fóssil mencionada e
a relativa confusão gerada pelas diferentes perspectivas das análises computacionais (in
silico), não permitem que voltemos a fita da evolução para contar a história dos nematóides
na terra.
A filogenia molecular divide os nematóides em três classes maiores, as quais são
posteriormente separadas em cinco clados: Dorylaimia (clado I); Enoplia (clado II);
Chromadorea (clado III); Tylenchina (clado IV) e Rabditina (clado V). É importante
Celomada (hipótese I) Ecdizoa (hipótese II) (hipótese III)
Figura 1. As três possíveis relações entre vertebrados, artrópodes e nematóides
(Adaptado de Blair, Ikeo et al. 2002).
3
salientar que, as irradiações de nematóides de vida livre para parasitas de animais ou
plantas foram, provavelmente, eventos evolutivos separados e todos os maiores clados
definidos pela análise molecular possuem representantes parasitas de animais ou plantas
(Blaxter 2003; Parkinson, Mitreva et al. 2004; Mitreva, Blaxter et al. 2005).
Nematóides: desenvolvimento como parasitas de plantas.
O parasitismo geralmente indica uma associação onde o explorador danifica o
hospedeiro, mas não o mata, quando a morte do hospedeiro ocorre, o parasito é
considerado fracamente adaptado (Blaxter 2003). Na realidade, este tipo de relação,
obviamente afeta em grande ou em menor escala os processos fisiológicos normais do
hospedeiro e isso pode acarretar na diminuição da expectativa de vida do mesmo. Das
cerca de 25.000 espécies de nematóides classificadas, grande parte é parasita (Blaxter
2003). Isso se deve ao fato de que muito provavelmente, a humanidade prioriza o estudo
das espécies que ameaçam a sua existência, ou de suas fontes de alimento como plantas e
animais.
Apesar disso, uma considerável parte dos estudos envolvendo nematóides é
concentrada no organismo modelo Caenohabidits elegans Maupas, 1900, e estes trabalhos
têm contribuído para os avanços em pesquisas biomédicas relacionadas com o mal de
Alzheimer, diabetes, obesidade, dentre outras (Bird, Blaxter et al. 2005). Estima-se que
membros do filo Nematoda habitam a terra a cerca de 1 bilhão de anos e este grupo gerou a
grande diversidade de formas atuais (Wang, Meyers et al. 1999). O parasitismo de plantas
por nematóides tornou-se em parte possível, após a origem das plantas terrestres em um
período entre 425 e 490 milhões de anos atrás. Baseado no registro fóssil pode-se afirmar
com certo grau de segurança que o parasitismo das plantas superiores pelos nematóides
teve o seu início a cerca de 150 milhões de anos atrás (Maggenti 1981).
4
Este fato indica que plantas e nematóides terrestres coexistem e co-evoluem um
grande período de tempo. Apesar disso, o conhecimento sobre a origem e a distribuição das
especializações morfológicas, bioquímicas, genéticas e comportamentais, que
transformaram organismos de vida livre em parasitas altamente adaptadas a diversos
tecidos e espécies vegetais ainda é bastante limitado (Baldwin, Nadler et al. 2004). Como
mencionado antes, os principais clados do filo nematoda possuem parasitas, mas vamos
enfatizar aqui apenas os grupos de parasitas de plantas. No clado I Dorylaimia, os parasitas
de plantas são representados pelas famílias Longidoridae e Trichodoridae. O parasitismo
de plantas nestas famílias é limitado a espécies ectoparasitas migratórias (Maggenti 1981).
Os membros da família Trichodoridae são importantes parasitas de muitas culturas
incluindo plantas ornamentais e muitas espécies dessa família são vetores de vírus de
plantas do gênero Tobravirus (Zheng, Jiang et al. 2004). Os tricodorídeos se concentram
nos ápices radiculares, onde se alimentam das células superficiais. Esta característica do
parasitismo inibe o crescimento das raízes por afetar as células meristemáticas, tornando as
raízes curtas e grossas também conhecidas como raízes anãs (Almeida and Decraemer
2005).
A família Longidoridae, representada principalmente pelos gêneros Longidorus e
Xiphinema, também são vetores de vírus de plantas. Durante o parasitismo, estes
nematóides inibem a elongação radicular, entretanto estimulam a proliferação celular
(Maggenti 1981). O clado Dorylamia contém microbívoros como Trichodorus (Blaxter
2003). No clado IV Tylenchina, estão os gêneros de nematóides endoparasitas sedentários
obrigatórios (
Meloidogyne, Heterodera, Globodera), estes são os mais danosos à
economia agrícola mundial (Blaxter 2003). A este clado também pertencem os nematóides
5
de lesões (Pratylenchus), que são endoparasitas migradores que seguem se alimentando no
córtex das raízes criando túneis que favorecem a entrada de patógenos secundários.
O surgimento, entretanto das diferentes espécies de nematóides de plantas nos
referidos clados, constituíram eventos isolados e geraram uma diversidade de formas
parasitas que se alimentam de todos os tecidos da planta hospedeira incluindo raiz, caule,
folhas, flores e sementes. Portanto, com ênfase no tipo da estratégia alimentar, podemos
classificar os nematóides em ectoparasitas migradores e sedentários, semi-endoparasitas
migradores e sedentários e endoparasitas migradores e sedentários (Lambert and Bekal
2002).
Os nematóides ectoparasitas como Xiphinema e Longidorus vivem na superfície
externa das plantas usando o estilete para se alimentar das células das raízes. Estes
parasitas podem possuir longos estiletes para alcançar as células mais profundas, sendo que
algumas espécies podem formar sítios de alimentação. O próximo grupo, de acordo com o
modo alimentar, consiste dos semi-endoparasitas. Eeste grupo inclui nematóides que
penetram parcialmente na raiz da planta hospedeira e formam um sítio de alimentação
permanente, onde se alimentam de forma sedentária. Um exemplo típico deste grupo é o
nematóide Rotylenchulus reniformis Linford and Oliveira, 1940, um importante patógeno
do algodão (Lambert and Bekal 2002; Agudelo, Robbins et al. 2005). Outros nematóides
da família Hapolaimidae são semi-endoparasitas migradores que não formam sítios de
alimentação. Finalmente, os endoparasitas sedentários constituem o grupo considerado
mais bem adaptado ao parasitismo de plantas e de difícil controle, por passar a maior parte
do ciclo de vida no interior das raízes onde induzem estruturas de alimentação
especializadas, originadas às vezes a partir de uma única célula (Meloidogyne) ou a partir
6
da fusão de mais de 200 células (Heterodera, Globodera) (Williamson and Gleason 2003).
A este grupo em especial será dado maior ênfase no tópico abaixo.
Ciclo de vida dos fitonematóides endoparasitas sedentários.
No presente tópico, vamos nos referir as principais características do ciclo de vida
dos fitonematóides dos gêneros
Heterodera, Globodera e Meloidogyne. Com base em
aspectos comuns aos gêneros, o desenvolvimento destes fitoparasitas altamente
especializados se inicia no ovo, onde a embriogênese é seguida de uma primeira muda,
quando o juvenil J1 se transforma em J2, que eclode do ovo e segue o gradiente de
exsudados da raíz hospedeira (Hirsch, Bauer et al. 2003). A interação destes exsudatos com
as moléculas presentes nas secreções e estruturas sensoriais dos nematóides ainda é pouco
conhecida, entretanto, sabe-se que a sinalização é recíproca e alguns fatores que foram
identificados em plantas e nematóides confirmam esta afirmação. Dentre estes fatores
podemos destacar a proteína anfidial gp32, de Meloidogyne que é muito importante
durante o processo de orientação do nematóide no solo. Essa glicoproteína (Perry 1996).
Adicionalmente, muitos metabólitos secundários como o terpenoide glicinoeclepina
A, exsudados de raízes de plantas estão envolvidos na indução da eclosão em nematóides
de cisto (Masamune, Anetai et al. 1982). Quando encontra a raíz, o juvenil infectivo J2
inicia o processo de penetração na zona meristemática, logo abaixo da coifa, onde por meio
de choques mecânicos promovidos pelo estilete (órgão em forma de lança localisado na
cavidade oral e e que é a interface do trato digestivo do nematóide com o meio, aliados à
ação de enzimas digestivas lançadas na saliva do parasita (glucanases, pectato liases,
poligalacturonases), o nematóide consegue penetrar a raíz e iniciar a sua busca pela célula
no cilindro vascular que darão origem ao sítio de alimentação, passando, então, mais três
7
mudas até se tornar um parasita adulto. Após formado o sítio de alimentação, o nematóide
se alimenta de forma sedentária e reproduz, aumentando assim a infecção na planta
hospedeira (Niebel, Gheysen et al. 1994).
Uma vez formado o sítio de alimentação, o nematóide vai depender desta estrutura
para terminar o seu desenvolvimento e reprodução. Se o sítio se torna não funcional, o
nematóide morre, se o nematóide morre o sítio também se desfaz, indicando que este
último necessita de estímulos contínuos do nematóide para permanecer ativo (Goverse, de
Engler et al. 2000). Apesar dos aspectos comuns acima citados, os nematóides de cisto
(Globodera, Heterodera) e os formadores de galhas nas raízes (Meloidogyne) possuem
diferenças marcantes nos seus ciclos de vida e, por isso, serão detalhados separadamente
neste tópico.
Nematóides de cisto (Heterodera, Globodera).
Os nematóides de cisto possuem este nome uma vez que após a fecundação e a
produção de ovos, a fêmea morre e pode permanecer por vários anos no solo como um
cisto repleto de ovos. Quando o solo apresentar condições favoráveis, como o
desenvolvimento de plantas hospedeiras, os J2s dos nematóides de cisto, irão eclodir. Do
ovo emerge o juvenil infectivo J2 (ou, juvenil de segundo estádio), que penetra numa ponta
de raíz e o ciclo se repete. Quando penetram as raízes hospedeiras, os nematóides de cisto
iniciam a migração em direção ao cilindro vascular. O J2 migra inter e intracelularmente,
separando ou rompendo as células em seu caminho com o auxílio do estilete. Em seguida,
o nematóide seleciona uma célula que será o ponto de partida para a formação do sítio de
alimentação (Williamson and Gleason 2003).
8
Dependendo da espécie, os nematóides de cisto podem formar suas estruturas de
alimentação em diversos tecidos. As espécies Heterodera avenae Wollenweber, 1924,
nematóide da aveia e Heterodera schachtii Schmidt, 1871, parasita da beterraba,
selecionam como célula sincicial inicial, uma célula do periciclo ou procâmbio.
Adicionalmente,
Globodera Rostochiensis Wollenweber, 1923, o nematóide dourado da
batata escolhe uma célula totalmente diferenciada do córtex para iniciar a formação do
sincício.
Heterodera glycines Ichinohe, 1952, pode desenvolver um sítio a partir de células
do córtex, endoderme, periciclo ou floema. A partir destes dados pode-se concluir que o
sítio de alimentação de nematóides de cisto pode ser formado a partir de células já
diferenciadas e indiferenciadas (Goverse, de Engler et al. 2000). Quando o J2 seleciona
uma célula sincicial inicial, esta responde alargando plasmodesmas existentes com células
adjacentes. A seguir, os protoplastos das células vizinhas se unem após o surgimento de
aberturas na parede celular. Isso continua durante o desenvolvimento do sincicio que acaba
incorporando centenas de células.
Durante este processo também é observada atividade mitótica. Uma vez que o J2
inicia a formação do sincício, o nematóide então se desenvolve e após três mudas se torna
adulto. Os nematóides de cisto geralmente se reproduzem de forma sexuada e o macho
adulto abandona o interior da raíz para fecundar a fêmea que está parcialmente inserida na
raíz mas com a porção posterior voltada para o meio externo. Os juvenis que eclodem dos
ovos, migram no solo para infectar novas raízes (Niebel, Gheysen et al. 1994; Williamson
and Gleason 2003) (Figura 2A).
9
Nematóides formadores de galhas (Meloidogyne).
Ao contrário dos nematóides de cisto que não possuem um ponto preferencial para a
penetração, os J2s dos nematóides de galhas penetram na região adjacente a ponta da raíz e
migram até o ápice radicular onde a ausência de endoderme diferenciada permite que eles
entrem no cilindro vascular. Em seguida, os J2s migram intercelularmente atravessando a
lamela media com o auxilio do estilete e de enzimas digestivas da saliva (Niebel, Gheysen
et al. 1994). Assim como os nematóides de cisto, os nematóides de galhas também
escolhem uma célula em especial para iniciar o sítio de alimentação. Mais precisamente,
escolhem de 2-12 células do parênquima do xilema na zona de diferenciação da raíz.
Acredita-se que a escolha desta célula pelo nematóide possa estar relacionada com o
estatus de diferenciação ou por sinais químicos emitidos pela célula e captados pelo
parasita (Goverse, de Engler et al. 2000).
Ao contrário dos nematóides de cisto, os nematóides de galhas induzem e se
alimentam de vários sítios de alimentação e cada sítio é formado por uma única célula (a
célula gigante). O primeiro sinal da gênese das células gigantes em volta da cabeça do
parasito é o aparecimento de várias células binucleadas. Mitoses adicionais sem citocinese
geram células multinucleadas, enquanto as células circunvizinhas do córtex e periciclo se
dividem dando origem a galha na raiz. Outras modificações que ocorrem para a formação
das células de alimentação incluem invaginação na membrana plasmática. Os nematóides
ingerem o citoplasma destes sítios de alimentação e após três mudas se transformam em
fêmeas produtoras de ovos. Estas por sua vez, permanecem no interior das raízes e
depositam os ovos envoltos por uma matriz gelatinosa o que resulta em uma massa de ovos
na superfície externa da raiz. Quando os J2s eclodem no solo, eles se movimentam em
10
direção ao ponto de entrada novamente e o ciclo se repete (Figura 2B) (Niebel, Gheysen et
al. 1994; Goverse, de Engler et al. 2000; Davis and Mitchum 2005).
Como discutido acima, os sítios de alimentação das principais espécies de
fitonematóides são iniciados a partir de células específicas em condições naturais. Por
outro lado, em condições experimentais tanto os nematóides de cisto quanto os formadores
de galhas podem formar sítios em hipocótilos e folhas (Goverse, de Engler et al. 2000).
Este fato indica que existem outros fatores, talvez comportamentais, envolvidos na escolha
da célula que dará início os sincícios e as células gigantes.
Aspectos particulares e econômicos do gênero Meloidogyne.
Os nematóides do gênero Meloidogyne são os fitonematóides mais importantes para a
agricultura mundial. Estes patógenos radiculares estão adaptados ao parasitismo de quase
todas as culturas produtoras de alimentos e fibras no mundo, infectando mais de 1700
hospedeiros. O hábito endoparasita sedentário aliado a partenogênese (apomixia) da
maioria das espécies resulta em uma maior adaptação em relação a outros fitonematóides,
considerando que estes organismos estão protegidos no interior das raízes durante a maior
parte do ciclo de vida e, adicionalmente, a partenogênese permite que a população de
parasitas em uma raíz aumente consideravelmete em um curto intervalo de tempo (Lilley,
Devlin et al. 1999; Trudgill and Blok 2001; Huang, Dong et al. 2006).
11
Figura 2. Ciclo de vida dos nematóides endoparasitas sedentários (A) ciclo de vida
dos nematóides de cisto. (B) ciclo de vida dos nematóides de galhas.
www.apsnet.org/.../SoyCystNema/discycle.htm.
O juvenil J2O juvenil J2
(B)
(A)
O juvenil J2O juvenil J2
(B)
(A)
(A)(A)
(B)
(A)(A)
(B)
12
Cerca de 92 espécies de Meloidogyne são atualmente válidas no mundo, sendo que
metade destas espécies foi descoberta nas duas últimas décadas (De Waele and Elsen
2007). Em uma perspectiva mundial, os fitonematóides em geral são responsáveis por
perdas agrícolas que chegam a 12,3% (Sasser and Freckman 1986), o que numa estimativa
mais recente pode ultrapassar 125 bilhões de dólares anuais (Chitwood 2002).
A maioria destes danos é atribuida aos nematóides de galhas, sendo que as espécies
M. incognita, Meloidogyne javanica Treub, 1885, Meloidogyne arenaria Neal, 1889 e
Meloidogyne hapla Chitwood, 1949, recebem maior destaque pois contribuem para 95%
das perdas causadas por todos os nematóides formadores de galhas e M. incognita, por ser
o mais importante destes patógenos, atualmente merece um grande destaque (Huang, Allen
et al. 2006). Esta espécie é a de mais ampla distribuição, sendo encontrada em todas as
áreas temperadas e tropicais, até o limite mínimo de temperatura > C. no México,
M.incognita é responsável por mais de 20% das perdas horticulturais (Trudgill and Blok
2001).
Atualmente mais de 100.000 ESTs de fitonematóides estão disponíveis para
estudos no Genome Sequence Center (http//www.nematode.net), incluindo H. glycines,
Pratylenchus penetrans, Globodera rostochiensis, M. arenaria, M. hapla e M. javanica. A
espécie que possui o maior número de ESTs seqüenciadas é
M. incognita (19,000), fato
que abre amplas possibilidades para o controle deste nematóide, com base no bloqueio da
expressão destes genes ou das proteínas por eles codificadas. Apesar deste grande número
de seqüências, maior ênfase tem sido dada aos potenciais genes de parasitismo, expressos
nas glândulas esofagianas e que codificam para proteínas de secreção que constituem o
parasitoma, ou seja, o conjunto de proteínas produzidas pelos fitonematóides e lançadas
nos tecidos das plantas a partir da saliva dos parasitas durante a penetração, migração,
13
estabelecimento e manutenção das células gigantes (Davis, Hussey et al. 2004; Vanholme,
De Meutter et al. 2004).
Alternativas para o controle de M. incognita.
Atualmente, M. incognita é o nematóide patogênico mais importante para
agricultura mundial. A preocupação com o controle destes organismos é refletida inclusive
nos artigos publicados para esta espécie, que são consideravelmente mais numerosos do
que os publicados para outras espécies de fitonematóides, exemplificando o nematóide de
cisto da soja
H. glycines (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez). O crescimento das
pesquisas para o controle de fitonematóides é compreensível, tendo em vista que a
população humana mais que dobrou nos últimos 40 anos, e o aumento na produção de
alimentos aliada à necessidade da diminuição das perdas agrícolas causadas por pragas e
patógenos são tarefas urgentes para garantir o alimento para as gerações futuras (De Waele
and Elsen 2007).
Hoje em dia o controle de fitonematóides no mundo é feito por métodos
tradicionais como a rotação de culturas, o uso de variedades resistentes e o uso de
nematicidas sintéticos. A rotação de culturas significa alternar culturas naturalmente
hospedeiras dos fitonematóides com plantas não hospedeiras. Este método é importante
para evitar que as populações de fitonematóides atinjam níveis econômicos severos. Um
exemplo consiste no uso da Crotalaria no lugar de plantas hospedeiras de espécies de
Meloidogyne (Wang, Mitchum et al. 2005).
A maior limitação desta técnica reside no fato de que as espécies de Meloidogyne,
principalmente o M. incognita, são polífagas, tendo como hospedeiros um grande número
de culturas (Trudgill and Blok 2001; Huang, Dong et al. 2006). O uso de variedades
14
resistentes, também é uma alternativa bastante utilizada no controle de fitonematóides,
entretanto esta estratégia também possui limitações que incluem a resistência restrita a
algumas espécies ou raças de fitonematóides. Por serem fontes de resistência naturais, o
estudo desses genótipos e de seus genes de resistência (genes R ou Nem-R) é bastante atual
(Williamson and Kumar 2006). Como exemplos, podemos citar o gene
Mi1 de tomate, que
confere resistência específica aos nematóides
M. incognita, M. javanica e M. arenaria
(Milligan, Bodeau et al. 1998; Vos, Simons et al. 1998; Seah, Yaghoobi et al. 2004); Gpa2,
que confere resistência específica a populações de G. pallida em batata (Van der Vossen,
Van der Voort et al. 2000) e o gene Hspro-1 que cofere resistência a H. schachtii (Cai,
Kleine et al. 1997; Thurau, Kifle et al. 2003).
O uso de nematicidas sintéticos, por sua vez, constitui uma das estratégias mais
utilizadas no mundo atualmente. Por definição, nematicidas são compostos químicos que
matam nematóides. Existem duas categorias de nematicidas geralmente utilizados, os
fumigantes como brometo de metila, cloropicrina e 1,3 dicloropenos. Estes compostos são
produzidos como líquidos que vaporizam rapidamente e se movem nos espaços de ar no
interior do solo.
Os nematicidas não fumigantes são classificados como nematicidas de contato que
atingem os nematóides no solo e os nematicidas sistêmicos que são absorvidos pelas
plantas e passam para os nematóides durante a sua alimentação. A limitação ao uso de
nematicidas vem crescendo cada vez mais devido aos efeitos tóxicos causados pelos
mesmos ao ambiente e aos seres humanos (McBride, Mikkelsen et al. 2000). Para
substituir futuramente estes compostos, alternativas como o uso de nematicidas naturais, o
controle biológico e a introdução de resistência em plantas por transgenia estão sendo
estudados. Os nematicidas naturais ou fitocompostos são metabólitos secundários
15
produzidos naturalmente pelas plantas e incluem grandes grupos de terpenóides,
compostos fenólicos e compostos nitrogenados. Estas moléculas muitas vezes presentes em
plantas antagonistas constituem uma excelente alternativa ao uso de nematicidas sintéticos
(Chitwood 2002). Uma alternativa para o combate aos fitonematóides é o uso de
formulados de microrganismos (controle biológico) como bactérias ou fungos nematófagos
(Tian, Yang et al. 2007).
Finalmente, uma estratégia também promissora para o controle de fitonematóides
consiste na introdução de resistência em plantas agronomicamente importantes via
transgenia. Este método permite uma seleção mais específica de alvos no nematóide
levando ao controle eficiente desses parasitos, pela interferência em seus sistemas:
digestivo, nervoso ou reprodutor através do uso de inibidores de enzimas digestivas,
anticorpos, toxinas e outras biomoléculas que atuem em alguma etapa do ciclo de vida do
parasito. Embora as plantas transgênicas resistentes a nematóides ainda não tenham
chegado ao mercado, muitos trabalhos foram desenvolvidos e mostram a eficiência do
método. Neste caso, a expressão do inibidor de proteinase cisteínica, a orizocistatina
conferiu a plantas de Arabidopsis resistência contra M. incognita. Por outro lado a
expressão de um inibidor de proteinase serínica, a esporamina, levou a resistência a H.
schachtii
em beterraba (Urwin, Lilley et al. 1997; Cai, Thurau et al. 2003). A produção de
um neurodepressor, o ácido gama aminobutílico (GABA), em plantas de tabaco conferiu
resistência ao nematóide das galhas
M. incognita (McLean, Yevtushenko et al. 2003).
Adicionalmente, (Li, Wei et al. 2007) demonstraram, pela primeira vez, utilizando plantas
transgênicas de tomate, que a toxina Cry6A de Bt conferiu resistência a M. incognita.
Apesar do efeito de toxinas Cry ter sido relacionado na maioria das vezes a insetos, estudos
16
prévios demonstraram a ação tóxica de proteínas da família Cry5 e Cry6 contra
nematóides (Wei, Hale et al. 2003).
O uso de plantas transgênicas no mundo – perspectivas para a aplicação de plantas
GMs para o controle de fitonematóides.
Apesar das restrições ao seu uso em muitos lugares do mundo, as lavouras GMs são uma
realidade, e, após 13 anos de cultivo comercial, são cada vez mais adotadas por muitos
países. Essa adoção se deve, principalmente, ao retorno financeiro e ao ganho ambiental
que resulta desse plantio. O aumento na renda dos agricultores pobres, também reflete a
importância das lavouras GMs para aliviar a situação dos que sofrem com fome no mundo
(James, 2007). Entre os anos de 1970 e 2006, a população mundial aumentou, de, 3 bilhões
para 6,5 bilhões de habitantes, o que significa, um considerável aumento no números de
famintos (De Waele and Elsen, 2007).
A biotecnologia agrícola é uma importante ferramenta para aumentar a
disponibilidade de alimentos em regiões, onde o aumento crescente da população humana
torna o alimento um fator limitante. Além disso, o aumento na produção de vegetais
produtores de fibras, como o algodão e dos usados para a extração de biocombustíveis
(cana de açúcar, milho) é bastante importante para nações emergentes como o Brasil. O
Brasil hoje é o terceiro país em área plantada de lavouras GMs (15 milhões de hectares),
perdendo apenas para os Estados Unidos e Argentina, respectivamente. Podemos citar
vários exemplos dos benefícios da utilização de lavouras GMs. O primeiro ponto consiste
na possibilidade de se aumentar à produtividade e a produção de certas cultivares de
plantas (James, 2007). Em segundo lugar, a criação de plantas resistentes a estresses
abióticos como a seca, o estress salino e o estress de congelamento (Gao, Zhang et al,
17
2008; Xue, Peng et al, 2009), pode ser muito importante em regiões com condições
climáticas, ou de solo, inadequadas para a agricultura.
Adicionalmente, o ganho ambiental pela diminuição com o uso de pesticidas nas
lavouras GMs pode ser representado pelo Coeficiente de Impacto Ambiental (EIQ), uma
medida composta baseada nos diversos fatores que contribuem ao impacto ambiental
líquido de um ingrediente ativo individual. Esse coeficiente indicou uma redução de 15,5%
no impacto ambiental, que correspondeu a uma diminuição de 289.000 toneladas métricas
de ingrediente ativo, de 1996 a 2006, devido ao plantio de plantas transgênicas (James,
2007).
Atualmente, a maioria das áreas plantadas com plantas GMs no mundo, são
ocupadas por plantas que carregam genes codantes para toxinas cry, de Bacillus
thuringiensis (Bt). Quando ingeridas pelo inseto alvo, as toxinas cry se inserem na
membrana das células epiteliais do intestino, criando poros, e provocando um desbalanço
eletrolítico que leva o inseto a morte (Carlini and Grossi de Sá, 2002; Roh, Choi et al.
2007). Dos US$6,9 bilhões gerados com o mercado global de produtos GM, em 2007,
US$3,2 bilhões foram oriundos do milho Bt, US$2,6 bilhões de soja Bt, US$0,9 bilhões de
algodão Bt e US$0,2 bilhões de canola Bt (James, 2007). Os lucros gerados com as plantas
Bt reforçam o potencial de mercado das plantas GMs para o presente e futuro. Nesse
sentido, muitos trabalhos foram desenvolvidos até o momento, com o objetivo de criar
plantas transgênicas com potencial agrícola. E, em adição as plantas Bt resistentes a insetos
e a outras comercializadas atualmente, como as resistentes a herbicidas, foram criadas
plantas que exibem tolerância a estresses abióticos (Gao, Zhang et al, 2008) e outras
resistentes a diferentes patógenos como bactérias (Huang, Liu et al. 2007), fungos (Shah,
Raghupathy et al, 2009) e nematóides (Huang, Dong et al. 2006). Além dessas, outras
18
pesquisas estão sendo desenvolvidas em vários laboratórios do mundo, com o intuito de
gerar plantas GMs candidatas ao uso comercial. Para o controle de fitonematóides, que são
o foco desse estudo, foram criadas plantas transgênicas por meio de diferentes
estratégias. Seja para a expressão de inibidores de proteinases de nematóides (Urwin,
Lilley et al. 1997; Cai, Thurau et al. 2003), toxinas de Bt (Li, Wei et al. 2007) e RNA
interferente (Huang, Dong et al. 2006). O ataque ao patógeno, utilizando essas diferentes
estratégias demonstra um grande potencial para o desenvolvimento da agricultura pelo uso
de plantas transgênicas.
OBJETIVO GERAL.
- Gerar conhecimento científico para o combate ao nematóide das galhas M.
incognita.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
- Avaliar o perfil da expressão gênica em raízes de algodão (Gossypium hirsutum L.)
IAC 98/708 susceptível e IAC 96/414 resistente ao nematóide de galhas, infectadas
M. incognita raça 3, visando identificar genes potencialmente envolvidos com a
resistência a esse patógeno.
- Avaliar a importância de três novos genes expressos exclusivamente em glândula
dorsal de
M. incognita (AY134437 – 17H02 ; AF531166 – 7E12 ; AF531160 2E07)
e codantes de proteínas com estruturas primárias desconhecidas, mas potencialmente
envolvidas com o parasitismo desse a partir da expressão ectópica dos referidos genes
e de seus dsRNAs correspondentes em plantas de tabaco.
19
CAPÍTULO 1
A minha participação nesse trabalho consistiu na ajuda na extração de material
RNA, análise das seqüências da biblioteca e redação do artigo.
Análise dos produtos de expressão de plantas infectadas com fitonematóides, visando
à seleção de genes de resistência ao nematóide de galhas
M. incognita.
RESUMO
A cultura do algodão (Gossypium hirsutum) sofre perdas significativas na sua
produção, devido ao ataque de fitonematóides, especialmente o nematóide de galhas M.
incognita. Visando estudar os mecanismos envolvidos na resistência, foram construídas
bibliotecas de ESTs de raiz de algodão resistente e susceptível a esse nematóide. As
variedades de algodão resistente (IAC 96/414) e susceptível (IAC 98/708), cedidas pelo
Institituto Agronômico de Campinas em São Paulo, foram desafiadas com o nematóide de
galhas com o objetivo de identificar genes expressos diferencialmente nas plantas
resistente e susceptível, durante a presença do nematóide. Cada planta foi inoculada com
1.200 J2s de M. incognita, depositados homogêneamente com a pipeta ao redor da base da
raiz. As raízes das plantas de cada variedade foram coletadas após 2, 4 e 18 dias após a
inoculação. Essas raízes foram acondicionadas imediatamente em nitrogênio líquido e
mantidas em freezer a -80 ºC até o momento da extração dos RNAs. Para a construção das
bibliotecas, foi determinada a reunião dos RNAs extraídos das plantas coletadas com 2, 4,
18 dias. Ambas as bibliotecas foram desenvolvidas com o kit "Superscript Plasmid System
with Gateway Technology for cDNAs synthesis and Cloning". Os cDNAs foram então
20
seqüênciados, e a montagem das seqüências das duas bibliotecas foi realizada em conjunto,
de forma a se buscar genes que estivessem sendo diferencialmente expressos. Os dados
gerados resultaram em 2.262 seqüências para as bibliotecas de raíz de algodão resistente e
susceptível. A montagem resultou em 1.827 grupos, sendo 234 contigs e 1.593 singlets. No
presente estudo, foram identificados vários genes que podem estar associados com defesa a
nematóides, outros patógenos, além de proteínas envolvidas com resposta a estresse
abiótico. Esse efeito pode ser produzido pela ação do nematóide que ativa rotas de defesa
no hospedeiro que levam à expressão de diversos genes de resistência (Giebel 1976;
Potenza, Thomas et al. 2001; Johnk, Hietala et al. 2005). A ativação de rotas que levam à
resistência do algodão ao nematóide de galhas pode ser sinalizada pela expressão de genes
relacionados à resposta de hipersensibilidade (HR) no hospedeiro. Dentre essess genes,
destacaram-se a chaperona Hsp90 (FL684416), superóxido dismutase (FL684415),
proteína indutora de resposta de hipersensibilidade (FL684432), proteina com domínio
LRR (FL684418). Esses genes foram relacionados com o mecanismo de resistência a
patógenos, que leva a ativação da resposta de hipersensibilidade nas plantas atacadas. As
respectivas atividades das proteínas codificadas por esses genes serão comentadas a seguir.
No início, quando a célula vegetal entra em contato com moléculas elicitoras (Avr)
produzidas pelo patógeno ou pela ação do mesmo, ocorre a ativação de enzimas como
NADPH-oxidases que promovem a transformação do oxigênio (O
2
) em íons superóxido
(O-) uma espécie reativa de oxigênio, em seguida ocorre o formação e o acúmulo de
peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) por dismutação espontânea do O
-
a H
2
O
2
ou quando essa
dismutação é catalisada pela enzima superóxido dismutase (SOD). Essa enzima promove a
produção do H
2
O
2
numa velocidade 10
10
vezes maior que na reação espontânea. Na
presença de certos íons, o H
2
O
2
pode ser convertido em espécies de oxigênio ainda mais
21
reativas (ROS), que se ligam a proteínas, inibem a ação de enzimas e causam danos ao
DNA. Exemplo disso é a conversão do H
2
O
2
, na presença de Fe
2+
, para OH
-
, altamente
tóxico. Apesar da morte celular que ocorre nas imediações das injúrias, o peróxido de
hidrogênio tem um importante papel na ativação de genes de resistência vegetal que
inibem a propagação na planta, da necrose provocada pela resposta de hipersensibilidade.
Em seguida, à ativação dos genes de resistência ocorre a resposta sistêmica adquirida
(SAR), onde várias outras microexplosões oxidativas ocorrem longe do sítio de infecção
pelo patógeno, levando à propagação da expressão dos genes de resistência (Resende,
Salgado et al., 2003). Relatos também indicam que a morte celular não depende apenas do
peróxido de hidrogênio, mas sim da sua interação sinergistica com o oxido nítrico
(Iakimova, Michalczuk et al., 2005). Sendo assim, a enzima superóxido dismutase,
identificada no presente estudo, pode estar relacionada tanto com a produção da HR em
combate ao patógeno, quanto à ativação de outros genes que podem ou não estar
associados à resistência a M. incognita no algodão. A quinase dependente de cálcio
(FL684434) é também relatada como proteína de defesa de plantas contra patógenos, pois
quando ocorre um influxo de cálcio na célula vegetal, provocado por um stress, as quinases
dependentes de cálcio podem iniciar uma cascata de transdução de sinal que levam a
resposta de hipersensibilidade (Romeis, Piedras et al. 2000). A chaperona Hsp90 participa
no dobramento de proteínas R, que atuam na defesa em resposta ao ataque de patógenos
(De la Fuente van Bentem, Vossen et al. 2005). Como exemplo, a Hsp90 é essencial na
resistência do tomate a M. incognita, por interação com a proteína codificada pelo gene
Mi-1 (Bhattarai, Li et al. 2007). é sabido que os domínios LRR são freqüentes em
proteínas de sinalização que atuam em mecanismos de defesa de plantas (Diévart and
Clark 2004). É comum para muitos genes de resistência a nematóides o aparecimento de
22
domínios LRR que são associados com a interação proteína proteína para o
reconhecimento de moléculas Avr ou de membros da cascata de transdução de sinal que
leva à resistência (Williamson and Kumar, 2006; Mehta, Magalhães et al., 2008; Fuller,
Lilley et al., 2008). A proteína indutora de resposta de resposta de hipersensibilidade atua
no reconhecimento do patógeno que, por fim, irá disparar o mecanismo da resposta de
hipersensibilidade na planta (Rostoks, Schmierer et al. 2003). Outros genes que foram
expressos na biblioteca de algodão resistente podem estar ligados à resistência a outros
stresses bióticos ou abióticos, e não necessariamente estão relacionados com a resistência à
nematóides. Como exemplo, podemos citar os polipeptídios reversivelmente glicosilados
(FL684417) cuja função não é bem conhecida. Entretanto, um peptídeo dessa família,
chamado de S1UPRG1 encontrado em plantas de tomate, interage com a proteína V1 do
capsídio do geminivirus TLCV, podendo estar relacionada com uma nova via onde o
polipeptídio do hospedeiro interage com a proteína V1, levando a uma interação
compatível entre a planta e o patógeno (Selth, Dogra et al. 2006). As proteínas com
domínios de dedos de zinco, como a seqüência encontrada na biblioteca do algodão
resistente (FL684423), são fatores de transcrição que atuam na via de resposta a patógenos
em diversas plantas (Park, Kim et al. 2007). A expressão do gene para a isoflavorna
redutase (FL684412), pode estar relacionada com a síntese de metabólitos secundários em
resposta ao patógeno. Resultados similares de expressão foram obtidos para uma cultivar
resistente de alfafa (Potenza, Thomas et al. 2001). Com relação à peroxiredoxina
(FL684425) esta é uma proteína conhecida, que atua na defesa contra patógenos
(Rouhier, Gelhaye et al. 2004). A proteína de resistência Brassinazole (FL684426)
participa da síntese do hormônio brassinolídeo, que participa na indução da resistência em
plantas (Nakashita, Yasuda et al. 2003). A proteína Skp1 (FL684427) é um componente
23
do sistema de ubiquitina ligases que mediam a degradação de proteínas pela unidade 26S
do proteossomo. A participação dessa proteína em processos de resistência de plantas já foi
documentada (Kottapalli, Sarla et al. 2006).
A proteína conhecida como ciclofilina (FL684428) participa no processo de
sinalização para a ativação das defesas de
Arabidopsis contra Pseudomonas syringae
(Coaker, Falick et al. 2005). Além disso, uma ciclofilina isolada de repolho chines
Brassica campestris demonstrou efeito anti-fúngico contra diversos patógenos, mas
principalmente na inibição do crescimento de Botrytis cinerea (Lee, Park et al. 2007). As
proteínas V-SNARE (FL684429) são proteínas de membranas que participam no processo
de liberação extracelular por exocitose, de proteínas relacionadas com a resistência das
plantas (Robatzek 2007). Quitinases são enzimas que atuam na hidrólise da quitina e
podem estar relacionadas em processos de resistência a patógenos quitinosos, em uma série
de organismos, ou no metabolismo da quitina no próprio organismo. A biblioteca do
algodão resistente apresentou uma quitinase de classe IV (FL684430). Essas enzimas
pertencem ao grupo das PR3, que são proteínas relacionadas à patogênese em plantas
(Kasprzewska 2003). O fator despolimerizante de actina (FL684431) pode estar
relacionado com o mecanismo de defesa do hospedeiro contra fungos fitopatogênicos. Esse
efeito foi observado para o fator despolimerizante de actina encontrado em cevada (Miklis,
Consonni et al. 2007). As enzimas do tipo endo-1,3-D-glucosidases foram relatadas
como proteínas de defesa vegetal no controle de fungos (Okinaka, Mimori et al. 1995) e de
fitonematóides (Giebel 1976). A proteína dirigente de expressão foi relacionada com
mecanismos de defesa vegetal em resposta a injúrias (Ralph, Park et al. 2006). Cinnamoyl-
CoA redutase (FL684435) foi apontada como uma proteína de defesa via sinalização em
arroz (Kawasaki, Koita et al. 2006). Em duas recentes revisões, nos indentificamos
24
diversas proteínas produzidas diferencialmente em plantas infectadas por nematóides
(Mehta, Brasileiro et al., 2008; Mehta, Magalhães et al., 2008). As seqüências
correspondentes a genes com potencial de expressão diferencial estão sendo analisadas e
serão amplificadas para utilização em experimentos de Northern blotting, a fim de
confirmar seus níveis de expressão experimentalmente. Posteriormente, essas seqüências
poderão ser utilizadas na transformação de plantas com o intuito de produzir variedades de
interesse agronômico resistentes ao nematóide.
ABSTRACT
Meloidogyne incognita is a destructive nematode responsible for heavy damage to
economically important plants, including cotton (Gossypium hirsutum) the most important
fiber crop worldwide. The control of this pathogen is heavily centered on chemical
nematicides, which are toxic to humans and the environment, harmful to non-target
organisms and expensive. Alternatively, resistant varieties of cotton obtained from
conventional breeding programs represent an attractive strategy for the control of M.
incognita. In this context, the aim of the work reported here was to analyze the gene
expression profile of cotton plants infected with M. incognita in order to understand the
mechanisms involved with resistance. EST libraries of cotton genotypes resistant to or
susceptible to infection by M. incognita were constructed and sequenced, generating 2,262
sequences that were assembled into 1,827 groups (234 contigs and 1,593 singlets). The
results showed genes differentially expressed in both resistant and susceptible cotton. After
manual annotation, 20 genes were found to be expressed exclusively in the resistant cotton
genotype, with functions related to pathogen recognition (1), signal transduction (7),
defense mechanisms (10) and protein transport and activation (2). The functions of these
genes acting coordinately could indicate the existence of a cotton defense pathway against
25
nematode attack. These data show the complexity in plant defense responses, and indicate
some candidate genes for validation and use through transformation in other agronomically
important plants.
INTRODUÇÃO
Resistência natural de plantas a nematóides.
Mecanismos de defesa vegetal, considerações gerais.
Para se protegerem da ação de pragas e patógenos as plantas possuem uma série de
mecanismos de defesa, que incluem desde barreiras físicas e químicas pré-formadas como
a parede celular e os metabólitos secundários tóxicos e a expressão de proteínas de defesa
em resposta a pragas e patógenos. Adicionalmente, as plantas também podem responder ao
ataque de patógenos com um tipo de morte celular programada chamada de resposta de
hipersensibilidade (HR). Comparadas aos animais, as plantas possuem as desvantagem de
não produzirem anticorpos circulantes ou linhagens de células imunes dedicadas, por isso
cada célula vegetal deve conhecer autonomamente os diversos patógenos e lançar as
respostas de defesa adequadas (McDowell and Simon, 2008).
Os mecanismos moleculares de defesa vegetal são divididos em dois tipos: a
imunidade inata ou resistência de não hospedeiro e a resistência de hospedeiro. A
imunidade inata permite que as plantas se defendam contra diversas espécies de patógenos
ou contra todos os isolados de uma espécie de patógeno (Iriti and Faoro, 2007). Nesse
caso, o mecanismo de reconhecimento do patógeno pela planta envolve receptores que
reconhecem padrões moleculares comuns a diversos microorganismos, chamados de
padrões moleculares associados à patógenos/padrões moleculares associados a micróbios
(PAMPs/MAMPs) (He, Shan et al., 2007).
26
Esses padrões incluem flagelina bacteriana, fragmentos de quitina da parede celular
de fungos, lipopolissacarídeos, peptidoglicanos além de uma série de proteínas comuns a
diversos microorganismos patogênicos ou não patogênicos (Nurnberger and Lipka, 2005).
Os PAMPs são geralmente reconhecidos por receptores de reconhecimento padrão
expressos na superfície das células da planta (PRRs), que na realidade são similares aos
produtos dos genes R das plantas. A interação entre PAMPs e PRRs dispara as vias de
sinalização para os mecanismos de defesa vegetal impedindo o progresso do patógeno
(Jones and Dangl, 2006; He, Shan et al., 2007).
Quando os patógenos conseguem superar a resistência de não hospedeiro, a planta
se torna susceptível, se torna hospedeira. Entretanto, com o tempo, a planta hospedeira
pode co-evoluir com o patógeno passando a produzir receptores que reconhecem
moléculas efetoras liberadas pelos patógenos (produtos dos genes Avr), ou então, o
patógeno pode passar a produzir moléculas que serão então reconhecidas por receptores
existentes nas plantas (produtos dos genes R) (Dangl and McDowell, 2006). Sendo assim, a
planta se torna resistente a um determinado isolado ou a vários isolados da espécie do
patógeno. Essa hipótese ficou conhecida como a hipótese da interação gene a gene,
proposta por Flor (1971) sugerindo que o sucesso da resistência hospedeira depende da
interação de dois fatores, um do patógeno, que é o produto do gene de avirulência (Avr) e
outro da planta, o produto do gene de resistência (R).
O mecanismo de interação gene a gene foi demonstrado em um trabalho realizado
com genótipos de arroz resistentes ao fungo Magnaporthe grisea. O gene Pi-ta do arroz
codifica para uma proteína de resistência R com domínios NBS-LRR, chamada LDR. No
referido trabalho, foi demonstrado que a proteína de avirulência AVR-Pita do fungo M.
grisea, quando expressada em sua forma ativa dentro das células vegetais, induz a
27
resistência na planta ao fungo. No mesmo trabalho foi demonstrado, por experimentos in
vitro que a proteína LDR, se liga especificamente a proteína AVR-Pita. Adicionalmente
deleções aminoacídicas tanto na proteína LDR, quando na AVR-Pita, resultaram na perda
de resistência na planta, indicando que a resistência do arroz, ao fungo M. grisea é
dependente da ligação direta entre a proteína de resistência LDR e a proteína de avirulência
AVR-Pita, fatos que suportam a hipótese da interação gene a gene (Jia, McAdams et al,
2000). Por outro lado, os produtos dos genes de avirulência dos patógenos (Avr) nem
sempre interagem diretamente com a proteína R, mas sim com outro receptor da planta,
sensibilizando assim a proteína R indiretamente e ativando os mecanismos de resistência.
Essa hipótese ficou conhecida como a hipótese guarda. Os elementos desse mecanismo
incluem uma proteína endógena da planta hospedeira, denominada de “guardee”, que
interage ou é modificada pelo efetor produzido pelo patógeno (Avr). Essa interação é
percebida quimicamente pela proteína de resistência R, nesse caso chamada de proteída
guarda, a qual ativa a resistência do hospedeiro (Dangl and McDowell, 2006).
O exemplo mais bem estudado que demonstra a hipótese guarda, diz respeito à
interação entre os efetores AvrRpm1 e AvrB de Pseudomonas syrngae com as proteínas
RIN4 e RPM1 de Arabidopsis thaliana. Quando liberadas nas células da planta, AvrRpm1
e AvrB fosforilam a proteína RIN4 e em uma planta susceptível, que não produz a proteína
de resistência RPM1, essa fosforilação provoca a inibição das defesas basais da planta,
potencializando assim o crescimento do patógeno. Por outro lado, em uma planta
resistente, a fosforilação de RIN4 que estará associada a RPM1, ativa a resistência mediada
por essa última proteína, diminuindo assim o progresso do patógeno. No referido exemplo,
RIN4 é a proteína endógena denominada “guardee” e RPM1 é a proteína R, também
28
chamada de guarda no modelo da hipótese guarda (Mackey, Holt III et al, 2002). A figura
1 descreve a hipótese da interação gene a gene e a hipótese guarda.
Como observado nos modelos acima citados, as plantas dispõem de uma série de
genes de resistência (genes R) que irão reconhecer direta ou indiretamente o patógeno e
ativar em seguida as defesas das plantas. A maioria dos genes R codificam para proteínas
que possuem um sítio de ligação a nucleotídeos (NBS) e um domínio chamado de região
Avr
Avr
R
R
Avr
Avr
Avr
Avr
Avr
Avr
R
R
R
R
R
R
Prote
Prote
í
í
na
na
end
end
ó
ó
gena.
gena.
Prote
Prote
í
í
na
na
end
end
ó
ó
gena.
gena.
(A)
(B)
Resposta ao patógeno
Resposta ao patógeno
Avr
Avr
R
R
Avr
Avr
Avr
Avr
Avr
Avr
R
R
R
R
R
R
Prote
Prote
í
í
na
na
end
end
ó
ó
gena.
gena.
Prote
Prote
í
í
na
na
end
end
ó
ó
gena.
gena.
(A)
(B)
Resposta ao patógeno
Resposta ao patógeno
Figura 1. Desenho esquemático demonstrando os dois principais modelos de reconhecimento na interação
planta patógeno. (A) hipótese da interação gene a gene: explica que o sucesso da resistência de hospedeiro
depende da interação de dois fatores, o produto de um gene de avirulência do patógeno (Avr ) e o produto
de um gene de resistência da planta (R). (B) hipótese guarda: explica que o reconhecimento do efetor
(Avr) do patógeno pela planta não necessáriamente ocorre por interação direta entre esse Avr e a proteína
de resistência (R) do hospedeiro, a qual pode reconhecer a ligação entre Avr e uma proteína endógena do
hospedeiro, denominada “guardee” e assim ativando a resistência da planta.
29
rica em leucina (LRR) (Dangle and Jones, 2001). O domínio LRR é conhecido pela função
de ligação e reconhecimento da proteína efetora do patógeno (Avr), por outro lado o
domínio NBS tem o papel de ligação a nucleotídeos e promove a troca de ADP por ATP,
resultando na iniciação da transdução de sinal que vai levar a ativação dos mecanismos de
resistência na célula vegetal (DeYoung and Innes, 2006). Essa ativação desencadeia
frequentemente um tipo de morte celular no sítio da infecção, que é conhecida como
resposta de hipersensibilidade (HR). A resposta de hipersensibilidade resulta em um
acúmulo de tecido morto em volta da região onde o patógeno se encontra, impedindo assim
o seu avanço (Moffett, Franham et al., 2002). Concomitantemente com a indução local da
HR, ocorre em partes distantes da planta, longe do sítio da infecção, a ativação da
expressão de genes de defesa que codificam para proteínas relacionadas à patogênese
(PRs), como as quitinases, defensinas, osmotinas, inibidores de proteinases dentre outras.
Adicionalmente, ocorrem mudanças na composição da parede celular e a síntese de
fitoalexinas relacionadas à defesa vegetal. Esse tipo de resistência não localizada é
denominada resistência sistêmica adiquirida (SAR) e contribui para o bloqueio do avanço
do patógeno. Esse tipo de resistência é media pelo ácido salicílico (Durrant and Dong,
2004). Adicionalmente a SAR, pode ocorrer um outro tipo de resistência sistêmica,
induzida por rizobactérias não patogênicas, a resistência sistêmica induzida (ISR), essa é
mediada pelas rotas do ácido jasmônico e etileno, não resultando em produção de PRs
(Pieterse, Van der Ent. et al, 2007).
As rotas que determinam a resistência das plantas aos patógenos são bastante
complexas e não inteiramente compreendidas, entretanto a busca e aplicação dos genes R
em programas de melhoramento vegetal são de grande importância para a obtenção de
plantas resistentes a vírus, bactérias, fungos e nematóides.
30
Prospecção de genes de resistência naturais (NEM-R) expressos em plantas
infectadas com nematóides.
Atualmente, pesquisas direcionadas a obtenção de plantas transgênicas resistentes a
fitonematóides, apontam o uso eficiente de metabólitos secundários vegetais como
fitoalexinas, a aplicação de organismos para o controle biológico e a obtenção de plantas
transgênicas expressando inibidores de enzimas digestivas, toxinas cry, RNA de
interferência e os genes de resistência natural a nematóides (Nem-R) (Williamson and
Kumar, 2006; Gao, Starr et al. 2008).
Esses genes Nem-R, pertencem ao grupo de genes de defesa das plantas chamados
de genes R, anteriormente referidos nesse trabalho. Uma série desses genes já foram
clonados e caracterizados, de acordo com as espécies e raças de nematóides as quais eles
conferem resistência (Fuller, Lilley et al, 2008). Dentre eles podemos citar os genes: Mi1.2
de Solanum peruvianum que confere resistência a M. incognita, M. javanica e M. arenaria;
Hs1
pro – 1
de Beta procumbens, que confere resistência a Heterodera schactii (Cai, Kleine et
al, 1997), o gene Gpa2 de Solanum tuberosum que confere resistência a Globodera pallida
(Van der Vossen, Van der Voort et al, 2000), Gro1-4 de Solanum tuberosum que confere
resistência a Globodera rostochiensis (Paal, Henselewski et al, 2004) e o gene Hero A que
promove resistência contra raças de
G. pallida e G. rostochiensis (Ernst, Kumar et al,
2002; Sobczak, Avrova et al, 2005). Adicionalmente, a busca de novos genes NEM-R
continua, pela aplicação de estratégias genômicas para a seleção de genes portadores de
domínios LRR e NBS, expressos diferencialmente em plantas infectadas com nematóides.
Essas seqüências com função desconhecida, porém codificadores de domínios conservados
do tipo NBS ou LRR têm sido definidas como análogos de genes de resistência (RGAs)
(Yaish, Saenz et al
., 2004).
31
Diversos trabalhos relatam essa resposta após a infecção pelo nematóide
(Williamson 1998; Jung and Wyss 1999; Seah, Miller et al. 2000; Sobczak, Avrova et al.
2005). A resistência mediada pelos genes NEM-R é limitada a algumas espécies ou raças
de nematóides. Entretanto, a busca por genes análogos aos NEM-R conhecidos em plantas
como algodão, café, cana de açúcar e soja, por exemplo, pode ser uma alternativa para a
ampliação desse espectro de resistência conhecido até agora. A habilidade dos genes R em
conferir resitência as maiores classes de patógenos de plantas incluindo bactérias, vírus,
fungos e nematóides é bem conhecida em muitas espécies de plantas (Lehmann, 2002;
Mehta, Brasileiro et al., 2008).
O papel da proteômica no entendimento das interações entre nematóides e
plantas.
A proteômica pode ser denominada como a tecnologia que complementa os estudos
genômicos. Ou seja, é a análise, identificação e caracterização das proteínas que são
realmente expressas em um tecido, ou organismo. Enquanto a genômica fornece
informações de seqüências que serão potencialmente expressas (Malloy and Witzmann,
2002). Atualmente a proteômica atingiu um estado avançado com a associação das técnicas
de gel bidimensional (2DE), que permite a separação de proteínas em larga escala e a
espectrometria de massa (MS), utilizada para identificar as proteínas individualmente de
acordo com suas massas moleculares.
Além disso, os espectrômetros de massa, aliados à ferramentas computacionais e a
protocolos de digestão de proteínas, permitem o sequenciamento dessas proteínas isoladas
pela eletroforese bidimensional, gerando assim iformação de seqüência e gerando dados
para os estudos de genômica funcional (Mehta, Magalhães et al, 2008). A exemplo das
32
bibliotecas de ESTs, os estudos proteômicos também estão sendo aplicados para avaliar a
expressão de potenciais proteínas de resistência em plantas, sob condições diversas de
stress abiótico (Jellouli, Ben Joira et al, 2008), ou sob ataque de vários patógenos como
vírus (Brizard, Carapito et al, 2006; Casado-Vela, Selles et al 2006), bactérias (Jones,
Thomas et al, 2004), fungos (Kim, Kim et al, 2004; Lee, Bricker et al, 2006) e nematóides
(Bellafiore, Shen et al, 2008). Os estudos de proteômica envolvendo nematóides parasitas
de plantas, ainda são bastante escassos (Jaubert, Ledger, et al, 2002; Bellafiore, Shen et al,
2008), entretanto o campo de estudo está aberto para a descoberta de novas proteínas de
resistência vegetal, produzidas sob o estímulo dos fitonematóides. Esses estudos,
juntamente com os estudos genômicos geram perspectivas para a aplicação de estratégias
moleculares para o controle desses parasitas em plantas transgênicas de interesse
econômico (Mehta, Magalhães et al, 2008).
33
RESULTADOS E DISCUSSÃO.
ARTIGO1.
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
ARTIGO 2.
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
ARTIGO 3.
70
71
72
73
74
75
76
77
78
CAPÍTULO 2 – Validação funcional dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 potencialmente
envolvidos com o parasitismo de
M. incognita.
No presente estudo, os ensaios com as plantas transgênicas expressando as proteínas
2E07 e 7E12 em fusão com GFP, foram realizados pelo Dr. Thales Lima Rocha da
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e pelo Dr. Gilbert Engler do INRA
(Sophia-Antipolis, França).
RESUMO
Os fitonematóides do gênero Meloidogyne estão entre os mais prejudiciais para a
economia agrícola mundial. Estes fitoparasitas são responsáveis por 95% de todas as
perdas causadas por nematóides das galhas no mundo e por perdas estimadas em mais de
US$ 80 bilhões/ano. A gravidade das perdas causadas por meloidoginoses tem estimulado,
décadas, programas de melhoramento direcionados na obtenção de variedades
resistentes sem que, no entanto resultados satisfatórios tenham sido atingidos. Por outro
lado, as técnicas de genômica funcional se constituem em importantes ferramentas na
descoberta de função e identificação de genes essenciais para o fitoparasitismo, cujos
produtos gênicos podem ser utilizados como moléculas alvo para o controle de
fitonematóides. O presente estudo tem como objetivo avaliar a função dos genes novos,
2E07, 7E12 e 17H02, expressos exclusivamente em glândulas esofagianas de M. incognita.
Estes genes foram subclonados em vetores GATEWAY para expressão de RNAi e
superexpressão de proteínas fusionadas a GFP. As construções foram utilizadas em
transformação por Agrobacterium tumefasciens e as plantas transgênicas expressando as
proteínas de secreção de M. incognita em fusão com GFP, foram analisadas quanto ao
79
fenótipo externo e por microscopia das raízes infectadas. Para as construções contendo
2E07 e 7E12 (gf2E07 e gf7E12), ocorreu desenvolvimento maior das galhas e das células
gigantes em relação às plantas-controle durante todo o experimento (8,16 e 28 dias pos-
inoculos). Adicionalmente, o número de nematóides eclodidos em 24 e 48 horas foi
significativamente superior para a progênie das fêmeas que se alimentaram nas plantas
transgênicas em relação aos controles. Este fato pode estar relacionado com um
desenvolvimento prematuro das células gigantes nas plantas transgênicas infectadas com o
nematóide. As plantas transgênicas para a expressão de dsRNAs (construções pk72E07,
pk77E12 e pk717H02) mostraram alto grau de resistência ao nematóide de galhas (85-
91%), enquanto as plantas controle foram bastante susceptíveis ao parasita de acordo com
o teste de Tukey (p< 0,001).
ABSTRACT
M. incognita plant-parasitic nematodes present worldwide, are intensively studied
because of the damage caused to a large variety of agronomically important crops. Several
reports indicate that proteins from the
M. incognita. dorsal gland might play an important
role to allow proper establishment of a functional nematode feeding site. The precise role
of these proteins in the process of feeding cell development is unknown. To gain inside
into the function of these secreted M. incognita proteins, we constitutively (ectopically)
expressed the nematodes dorsal gland protein 2E07 and 7E12 in tobacco plants. It was
found that the size of galls at 8 and 16 days after nematode infection was higher in
transgenic plants compared to control plants. Eggs from nematodes in transgenic plants
hatched faster than those in control plants. Histological analysis of nematode induced galls
in transgenic plants clearly shows a different morphology. Giant feeding cells harbor more
80
vacuoles and an increased amount of cell wall invaginations. The Giant feeding cells in
transgenic plants, showed also higher volume than non transgenic controls. These results
suggest that the presence of the 2E07 and 7E12 proteins in tobacco accelerates the giant
cell and gall development. This assumption is supported by our data illustrating faster gall
formation and egg eclosion in transgenic plants. Additionally transgenic plants expressing
dsRNAs against transcripts of the genes 2E07, 7E12 and other dorsal gland gene the
17H02 showed high resistance to M. incognita compared with control plants, according the
Tukey test (p< 0,001).
INTRODUÇÃO
Potenciais genes de parasitismo de M. incognita e outros endoparasitas
sedentários.
Para desenvolver uma relação parasitária com a planta hospedeira, os nematóides do
gênero Meloidogyne, assim como outros fitonematóides, possuem adaptações morfológicas
especiais: um estilete (espécie de lança ulilizada para romper os tecidos radiculares e
permite a troca de solutos entre o parasita e a planta) glândulas secretórias associadas com
o esôfago, que produzem secreções liberadas através do estilete nos tecidos do hospedeiro.
Os anfídeos, um par de órgãos sensoriais na região cefálica, que também produzem
secreções associadas com a localização e reconhecimento da planta pelo nematóide, além
de diversas outras estruturas necessárias para o parasitismo.
Os nematóides das galhas, assim como outros tilenquídeos, possuem três glândulas
secretórias conectadas ao esôfago (duas ventrais e uma dorsal). Estas produzem proteínas e
as armazenam em grânulos envolvidos por membrana. No momento da secreção, os
81
grânulos liberam as proteínas de secreção no lúmen do esôfago por exocitose e, em
seguida, o bulbo esofágico bombeia este material para o estilete, por onde a saliva será
lançada (Figura 1). Estudos demonstraram que ainda dentro do ovo, os J2s desenvolvem as
glândulas subventrais que armazenam grânulos secretórios (Baum, Davis et al. 2007). Na
transição entre a penetração, indução e manutenção do sítio de alimentação em nematóides
de galhas e nematóides de cisto, as glândulas subventrais vão diminuindo a sua atividade e
a glândula dorsal se enche de grânulos e aumenta muito de tamanho (Hussey 1989;
Hussey, Davis et al. 2002; Davis, Hussey et al. 2004; Baum, Hussey et al. 2007).
Diversos trabalhos utilizando principalmente estratégias genômicas têm revelado
um grande número de genes potencialmente envolvidos com o parasitismo. Estes estudos
indicam que durante a fase infectiva, o J2 pré-parasita, lança secreções produzidas nas
glândulas subventrais, que estão principalmente relacionadas com a penetração e a
migração nas raízes. Neste caso foram identificadas várias enzimas envolvidas na
degradação de parede celular em espécies dos gêneros Heterodera, Globodera e
Meloidogyne, onde podemos destacar: as β-1,4-endoglucanases e proteinas de ligação à
celulose (Smant, Stokkermans et al. 1998; Rosso, Favery et al. 1999; Wang, Meyers et al.
1999; Goellner and Caudill 2000; Goellner, Wang et al. 2001; Yan, Smant et al. 2001),
poligalacturonases (Jaubert, Ledger et al. 2002) e pectato liases (Gao, Allen et al. 2003).
Além da quebra das ligações covalentes da parede celular pelas enzimas acima citadas,
foram evidenciadas em nematóides de cisto, proteínas conhecidas como expansinas,
capazes de romper ligações não covalentes na parede celular (Qin, Kudla et al. 2004). Por
outro lado, algumas proteínas sintetizadas nas glândulas subventrais poderiam estar
envolvidas em outras etapas do parasitismo, como a indução de sítios de alimentação.
Dentre elas, podemos citar a calreticulina (CRT) de M. incognita (Jaubert, Ledger et al.
82
2002) e a corismato mutase (CM) de M. javanica (Lambert, Allen et al. 1999).
Adicionalmente, o peptídeo 16D10 de saliva de M. incognita, também se mostrou
importante para o controle de processos celulares no hospedeiro (Huang, Allen et al. 2006).
A atividade da glândula dorsal se torna maior nos estágios parasitários mais
avançados (Davis, Hussey et al. 2000), o que sugere que os produtos dessa glândula, em
sua maioria, estariam mais relacionados à indução e manutenção dos sítios de alimentação.
Por outro lado, a análise do parasitoma de H. glycines revelou seqüências para corismato
mutase na glândula dorsal, indicando o papel dos produtos desta glândula para o controle
dos processos celulares da planta hospedeira (Gao, Allen et al. 2003). No referido trabalho,
a presença da corismato mutase, exclusivamente na glândula dorsal de H.glycines,
contrasta com o seu aparecimento exclusivo nas glândulas subventrais de M. javânica e
Globodera pallida (Lambert, Allen et al. 1999; Jones, Reavy et al. 2004). Estas
divergências confirmam a necessidade de estudos mais detalhados que determinem o real
papel de cada glândula e de seus produtos para o estabelecimento e manutenção das
relações parasitárias com o hospedeiro. Uma evidência mais forte do papel destas proteínas
na regulação dos processos celulares do hospedeiro durante a indução e manutenção dos
sítios de alimentação é a expressão da corismato mutase de M. javanica (Mj CM-1) em
raízes de soja produziu um fenótipo caracterizado por baixos níveis de auxinas devido ao
fato que a corismato mutase do nematóide degrada o principal substrato para a formação de
auxina que é o corismato (Doyle and Lambert 2003).
Este evento pode estar relacionado com a etapa de iniciação da célula gigante.
Posteriormente, outro peptídeo da glândula dorsal de H. Glycines, o HG-SYV46 foi
expresso em plantas de Arabidopsis, causando efeitos fenotípicos como a terminação
prematura do meristema apical, após a regulação negativa da expressão do fator de
83
transcrição WUSCHEL (Wang, Mitchum et al. 2005). Apesar destes resultados fenotípicos
que sinalizam para a função das proteínas do secretoma de fitonematóides, determinadas
proteínas de secreção não exerceram qualquer efeito quando expressas em células de
plantas-modelo. É o caso da proteína de extensão de ubiquitina de H. schachtii Hs-Ubi1 e
da proteína 14-3-3 de
M. incognita, que quando expressas em células BY-2 de tabaco, não
provocaram nenhuma alteração celular evidente (Jaubert, Ledger et al. 2002; Tytgat,
Vanholme et al. 2004). Estes resultados sugerem que algumas proteínas de secreção não
atuam sozinhas, necessitando da ação de outras proteínas para exercer um efeito fenotípico
observável durante a gênese do sítio de alimentação. Outros grupos de proteínas foram
identificados como pertencentes ao secretoma dos fitonematóides endoparasitas
sedentários e permanecem sem função conhecida, por não terem sido ainda validadas
quanto à função, embora estudos
in silico demonstrem pertencerem a famílias gênicas
específicas. É o caso das proteínas de localização nuclear de H. glycines, RanBPM de G.
Rostochiensis (glândula dorsal), SXP/RAL-2 de M.incognita (glândulas subventrais),
anexina de H. glycines (glândula dorsal), dentre outras (Gao, Allen et al. 2003; Tytgat,
Vercauteren et al. 2005; Baum, Davis et al. 2007; Elling, Mitreva et al. 2007). Uma outra
parcela dos genes expressos em glândulas de secreção dos fitonematóides endoparasitas
sedentários codifica para proteínas sem seqüência ou domínios conhecidos. Entretanto,
devido à específica expressão glandular e à presença de peptídeo sinal de secreção, estes
genes são classificados como potenciais genes de parasitismo.
Normalmente, a primeira evidência a ser considerada para a seleção de um gene
alvo de parasitismo ou de resistência é a sua similaridade com outros genes conhecidos.
Evidências recentes revelam que a maioria dos genes expressos nas glândulas esofagianas
de M. incognita e H.glycines, são totalmente novos, indicando que a tarefa de elucidar as
84
funções biológicas das proteínas de secreção codificadas por estes genes em nematóides,
será mais difícil do que se pensava (Gao, Allen et al. 2003; Huang, Gao et al. 2003). A
figura 2 representa o modelo de interação planta nematóide esquematizando as prováveis
proteínas e seus efeitos na célula hospedeira precursora, que irá formar o sítio de
alimentação.
Bulbo mediano do
esôfago
Anfídios
Estiletete
Poro secretório/excretório
Glândula dorsal
Glândulas
subventrais
Intestino
Cutícula
Bulbo mediano do
esôfago
Anfídios
Estiletete
Poro secretório/excretório
Glândula dorsal
Glândulas
subventrais
Intestino
Cutícula
Figura 1. Desenho esquemático mostrando a estratificação de um nematóide parasita de
planta típico. Onde o estilete é uma estrutura em forma de lança por onde o nematóide se
alimenta; os anfídeos são órgãos sensoriais utilizados dentre outras coisas para a
localização da planta no solo; a glândula dorsal e as glândulas subventrais são estruturas
salivares do parasita; a cutícula é uma estrutura externa acelular produzida pelas células da
epiderme e que protege o corpo do nematóide; o bulbo mediano do esôfago é uma
estrutura muscular usada pelo nematóide para bombear substanciais ao longo do esôfago
(Adaptado de Vanholme, De Meutter et al, (2004)
.
85
EPC
PSLN
UBQ, SKP1, RING-H2
PH
CLV
CM
Ampola da gndula
Anfídio
Estilete
Tradão do
mRNA
Corismato
TS
Degradação via
proteossomo
EPC
PSLN
UBQ, SKP1, RING-H2
PH
CLV
CM
Ampola da gndula
Anfídio
Estilete
Tradão do
mRNA
Corismato
TS
Degradação via
proteossomo
Figura 2. Modelo de interação planta-nematóides para a formação do sítio de alimentação dos
fitonematóides. Onde EPC correspondem as enzimas de degradação de parede celular como xilanases,
glucanases. PSLN correspondem as proteínas de localização nuclear que podem ter alguma função na
regulação da expressão gênica do hospedeiro durante o parasitismo; UBQ, SKP1 e RING-H2 podem estar
relacionadas com a marcação de proteínas de defesa do hospedeiro para a degradação dessas pelo
proteossomo, facilitando o parasitismo; PH é uma proteína do hospedeiro; CLE peptídeo da família
CLAVATA potencialmente importante para a diferenciação do sítio de alimentação; CM corresponde a
corismato mutase, enzima metabólica envolvida com o controle dos níveis de auxina, podendo levar a
rediferenciação celular para a formação do sítio de alimentação; TS significa transdução de sinal a partir da
interação entre a proteína do nematóide e a proteína do hospedeiro (Adaptado de Davis, Hussey et al.,
2004).
86
A genômica funcional como ferramenta para o estudo das interações entre plantas
e fitonematóides.
Genômica estrutural e funcional : considerações gerais.
A genômica tem evoluído bastante nos últimos anos para o entendimento da
estrutura e função dos genomas. A genômica estrutural pode fornecer informações valiosas
sobre uma dada proteína, apenas por comparação de seqüências identificadas com
seqüências conhecidas, ou apartir da técnica de modelagem de proteínas, que permite
fazer inferências sobre a estrutura final de uma proteína, apartir de sua seqüência e dessa
forma fazer predições a respeito de prováveis funções e ligantes ou substratos para essas
proteínas. Entretanto, essas informações ainda não são suficientes para se determinar a real
função de muitas proteínas em um determinado sistema celular (Forouhar, Kuzin et al,
2007). Sendo assim, a genômica funcional surge como uma alternativa para se chegar mais
perto da função dos genes. Dessa forma, a genômica funcional é definida como a aplicação
de abordagens experimentais para estudar as funções dos genes, utilizando para isso, as
informações geradas pela genômica estrutural (Hiendleder, Bauersachs et al, 2005). As
técnicas empregadas na genômica funcional são diversas e nos permitem identificar a
expressão temporal e espacial dos genes em um organismo, um tecido, ou uma célula.
Além disso, a expressão de certos genes pode dar informações valiosas a respeito de
fenótipos ou de produtos da atividade das proteínas codificadas por esses genes. O
bloqueio da expressão de um gene, também é de grande importância atualmente, para a
determinação de sua função. Uma das técnicas mais utilizadas na genômica funcional é a
construção de bibliotecas de ESTs. Essas bibliotecas nos permitem identificar quais RNAs
mensageiros (mRNAs) estão sendo expressos num organismo, em um dado momento, seja
87
durante o seu desenvolvimento, ou durante um stress abiótico, ou quando o organismo está
exposto ao ataque de um patógeno. A construção de bibliotecas de ESTs é bastante
utilizada para a busca de potenciais genes de resistência, diferencialmente expressos em
variedades de plantas resistentes a patógenos (Ishihara, Sakurai et al, 2004; Schaff, Nielsen
et al, 2007; Shi and Wang, 2008). Aliada a construção de bibliotecas de ESTs, a técnica de
microarranjos permite medir a expressão relativa de transcritos de um determinado
organismo ou tecido. Nesse caso, sondas de DNA são fixadas em uma superfície carregada
positivamente e em seguida, os cDNAs da amostra, marcados com fluorocromos
específicos, são hibridizados com as sondas na lâmina de microarranjos. O sinal do
fluorocromo é captado por “scaners” e em seguida pode-se obter a abundância relativa dos
transcritos. Adicionalmente, a técnica de microarranjos também permite avaliar em larga
escala a expressão diferencial de genes em um dado evento da vida do organismo como
uma doença, por exemplo (Plomin and Schalkwyk, 2007; Shi and Wang, 2008).
Adicionalmente, a técnica de hibridização in situ permite avaliar a distribuição espacial de
um transcrito em um tecido, a partir da hibridização de uma sonda de ácido nucléico
marcada, com o RNA mensageiro alvo, reverso e complementar a sonda (Huang, Gao et al,
2003). Uma outra metodologia importante para a genômica funcional é o uso de fusões
traducionais para identificar a distribuição espacial de uma proteína expressa. Por exemplo,
quando uma proteína é traduzida em fusão com GFP, a emissão da fluorescência por essa
última, pode ser captada por um microscópio de fluorescência e assim pode-se determinar
a localização da expressão de uma proteína em um dado compartimento celular (Jaubert,
Ledger et al. 2002; Tytgat, Vanholme et al. 2004). Adicionalmente, a técnica de PCR em
tempo real é bastante utilizada para amplificar e simultaneamente quantificar o DNA
amplificado em tempo real (Gachon, Mingam et al, 2004). Essa técnica tem sido aplicada
88
em muitos trabalhos para medir o nível de expressão de genes em uma determinada
amostra. Além disso, aliada a técinica de RNA de interferência, a PCR em tempo real
permite avaliar o nível de silenciamento de um gene provocado pelo RNAi (Huang, Allen
et al, 2006). A técnica de RNAi é uma das ferramentas mais importantes da genômica
funcional e será comentada com maiores detalhes nos tópicos a seguir.
RNA de interferência (histórico).
A genética reversa permite a investigação de possíveis fenótipos que podem
resultar de seqüências identificadas in silico. Considerando os avanços recentes, podemos
classificar o RNA de interferência como uma das principais ferramentas da genética
reversa. A inibição da expressão de um gene pelo fenômeno do RNA anti-senso foi
descoberta em procariotos e serviu provavelmente como base para o entendimento dos
mecanismos atualmente conhecidos para a regulação da expressão gênica mediada por
RNA nos seres vivos. Nesse caso, serão comentadas aqui, as descobertas históricas que
levaram ao desenvolvimento dessa ciência.
Em um dos primeiros trabalhos na área, Willard e colaboradores sugeriram que um
RNA antisenso para transcritos do gene cro pode reduzir a síntese do produto desse gene
nas infecções, levando assim a lisogenia (Spiegelman, Reichardt et al, 1972). Em seguida,
chegou-se a importante descoberta que a replicação do plasmídeo ColE1 é inibida quando
um RNA antisenso se anela com o oligonucleotídeo envolvido na iniciação da replicação.
Dessa forma, foi mostrada a importância do RNA anti-senso na regulação da replicação do
DNA em procariotos (Polisky, 1988).
Um artigo considerado um marco nas pesquisas com RNAi em eucariotos, foi
publicado por Napoli, Lemieux et al. (1990). Nesse trabalho, os autores introduziram uma
89
cópia extra do gene para chalcona sintase (CHS) em plantas de petúnia, objetivando uma
maior produção de antocianinas, para obter assim, pétalas mais pigmentadas. O
experimento resultou, entretanto, com parte das plantas transgênicas apresentando pétalas
totalmente brancas, devido à supressão da cópia natural e da cópia quimérica do gene.
Sendo assim, o fenômeno hoje conhecido como RNA de interferência ou RNAi, foi
classificado inicialmente como co-supressão (Napoli, Lemieux et al. 1990).
Um outro importante relato histórico sobre os estudos de RNAi ocorreu quando
Lee, Feinbaum, et al. (1993), descobriram que a expressão de lin-4 leva ao
desenvolvimento temporal normal de diversos eventos pós embrionários em C. elegans. O
gene lin-4 regula negativamente a expressão do gene heterocronico lin-14, criando um
decrescimo temporal na proteina Lin-14. Em mutantes não funcionais para lin-4, a proteína
Lin-14 se acumula na célula, disparando de forma precoce eventos tardios para o estado
larval específico, incluindo mudas adicionais. Foi observado que lin-4 não codifica para
uma proteína, mas sim para duas formas de RNAs de 22 e 61 nucleotídeos, que são
complementares em sequencia a região não traduzida do mRNA para lin14. De acordo
com esses resultados, foi sugerido que transcritos de lin-4 regulam a tradução de lin-14 por
interação antisenso (RNA-RNA) (Lee, Feinbaum et al. 1993). Este foi à primeira
identificação do que se chama hoje de microRNAs.
O papel do RNAi no processo de resistência a vírus em plantas foi primeiramente
observado em plantas de tabaco transgênicas expressando a proteína do capsídeo do vírus
TEV. Os transformantes desenvolveram inicialmente os sintomas da doença, mas depois
de 3-5 semanas essas plantas recuperaram o fenótipo saudável. Foi observado que o nível
de acúmulo dos transcritos do transgene, nas plantas recuperadas foi de 12 a 22 vezes
menor do que nas plantas transgênicas não inoculadas. Indicando que a resistência
90
adquirida pelas plantas inoculadas pode estar relacionada à destruição do RNA mensageiro
da proteína viral pela própria planta transgênica. Esses resultados levaram à conclusão de
que a resistência do tabaco ao TEV vírus e o nível de acúmulo de transcritos do transgene
são mediados em nível celular por uma atividade citoplasmática a qual resulta na
inativação de RNAs mensageiros específicos. O processo ficou conhecido como resistência
a vírus mediada por RNA (Lindbo, Silva-Rosales et al. 1993).
Os estudos sobre inibição da expressão gênica mediada por RNA prosseguiram e
em 1978, onde Fire e colaboradores demonstraram que a injeção de RNA de fita dupla foi
consideravelmente mais potente para o silenciamento do gene unc22 em C. elegans, do que
a administração das fitas senso e anti-senso separadamente. A via de silenciamento que
parte de um RNA dupla fita, ao invés do RNA anti-senso que não causou efeito fenotípico
observável, ficou conhecida como RNA de interferência ou RNAi (Fire, Xu et al. 1998).
Atualmente, alguns sistemas celulares específicos relatam a participação de pequenos
RNAs no silenciamento gênico em eucariotos. As principais formas de RNAs não codantes
para proteínas em eucariotos são classificadas como microRNAs(miRNAs), pequenos
RNAs de interferência (siRNAs) e os Piwi RNAs (pi) RNAs (Matranga and Zamore
2007; Shabalina and Koonin 2008). Detalhes desses três mecanismos serão discutidos
separadamente abaixo:
Os microRNAs.
Os microRNAs são produtos da expressão de vários genes do genoma de eucariotos
que, por sua vez, não são traduzidos em proteínas. Os microRNAs podem levar ao
silenciamento de genes através da degradação ou bloqueio de RNAs mensageiros
específicos. Eles são sintetizados como longos precursores e se apresentam como
91
estruturas em dupla fita, em forma de haste com volta (stem-loop), chamados micro RNAs
primários ou pri-miRNAs (Shabalina and Koonin 2008). Como descrito para os animais,
ainda no núcleo, essas estruturas são processadas pelo complexo chamado de
microprocessador, formado pela Drosha, uma RNAse do tipo III, juntamente com a
proteína de ligação a RNA DGCR8 e algumas outras proteínas. Os produtos da clivagem
pela Drosha são estruturas em forma de grampos com aproximadamente 65 pares de base
de comprimento e são chamados de pré-miRNAs (Hoefig and Heissmeyer 2008). Essas
formas de RNAs são então exportadas do núcleo para o citoplasma pela ação da exportina
5. No citoplasma os pré-miRNAs são clivados em microRNAs de aproximadamente 22
pares de bases por outra RNAse do tipo III, a DICER. Uma das fitas desse microRNA
maduro é captada por um complexo final de proteínas chamado complexo de silenciamento
induzido pelo microRNA. Esse complexo contém uma proteína da família argonauta que é
responsável pela ligação aos RNAs que são captados pelo complexo miRISC. Em contraste
com o sistema de siRNAs os microRNAs não formam pareamento perfeito com o RNA
mensageiro e não sinalisam para a degradação do mesmo. O que ocorre é uma hibridização
imperfeita na região não traduzível do RNA mensageiro, levando a uma inibição direta
da tradução e não a uma degradação do RNA mensageiro. A inibição da tradução pelo
miRNA se deve ao pareamento imperfeito dessa molécula com o mRNA alvo, sendo
assim, um único microRNA pode silenciar vários mRNAs. Por outro lado, o pareamenteo
perfeito é mais específico e não leva a inibição da tradução, mas sim a degradação do
mRNA alvo (Matranga and Zamore 2007; Boyd 2008; Garcia 2008) (Figura 3).
92
Em plantas, os micro RNAs primários são clivados por uma enzima do tipo
DICER, a DCL1. Nesse processo, também ocorre a associação das proteínas CBp80,
HYL1 e SE, antecedendo a gênese do microRNA. As duplexes de microRNAs são então
metilados pela proteína HEN1 para evitar degradação. A exportação do microRNA do
Ribossomo
Citoplasma
Núcleo
A B
C
D
Ribossomo
Citoplasma
Núcleo
A B
C
D
Figura 3. Esquema do mecanismo de silenciamento gênico via micro-RNAs em animais (adaptado de Boyd
2008).A. Primeira etapa, onde os micro RNAs primários (Pri-miRNAs) são transcritos a partir do molde de DNA
no núcleo pela RNA polimerase II (RNA Pol II); B. O complexo microprocessador, formado pelas proteínas
Drosha, DGCR8 e outras, capta os Pri-miRNAs, gerando os pre-miRNAs, produtos da ação da Drosha; C. Os
pre-miRNAs são transportados para o citoplasma onde serão clivados pela enzima DICER, gerando os
microRNAs; D. Uma das fitas do microRNA pode se ligar em sítios diferentes de uma região 3’ não traduzível
de um mRNA, levando ao silenciamento desse apenas por ligação e não por degradação.
93
núcleo para o citoplasma é provavelmente feita pelo homólogo da exportina 5 de humanos,
a proteína HSTY de Arabidopsis. Finalmente, os microRNas são captados e separados
pela proteína argonauta no complexo RISC que pode direcionar a degradação do RNA
mensageiro alvo ou simplesmente a inibição da tradução. (Matranga and Zamore 2007;
Boyd 2008) (Figura 4).
Figura 4. Sistema geral de microRNAs em platas. Os micro RNAs primários (pri-miRNA) são
clivados pela proteína tipo DICER a DCL1, havendo també associação das proteínas CBp80,
HYL1 e SE. Depois de formado, o microRNA (miR/miR*), é metilado ainda no núcleo pela
proteína HEN1 e então transportado para o citoplasma pela HST. A partir daí ele é captado pelo
complexo RISC que direciona a inibição da tradução do mRNA alvo, ou a sua clivagem via
AGO1 (adaptado de Garcia 2008).
Inibição da tradução Clivagem do mRNA
Citoplasma
Núcleo
Inibição da tradução Clivagem do mRNA
Citoplasma
Núcleo
94
Os siRNAs.
A interferência por RNA guiada por siRNAs é uma resposta eucariótica a ácidos
nucléicos externos e uma defesa primária para plantas e muitos animais. Os siRNAs foram
descobertos por Hamilton and Baulcombe (1999). Os siRNAs podem ser produzidos a
partir de produtos intermediários da replicação viral, de transcrição convergente, de
transcritos que se auto-anelam produzindo o grampo de RNAs de fita dupla(dsRNa) ou
por fim apartir de dsRNAs experimentalmente introduzidos no organismo (Matranga and
Zamore 2007). Os siRNAs são formados após a degradação do RNA dupla fita pela
DICER e são estruturas de cerca de 21 pares de bases com uma extremidade contendo
2 nucleotídeos livres. Geralmente se classifica os siRNAs em dois tipos; aqueles que
derivam diretamente do processamento do longo RNA dupla fita (dsRNA) (Figura 5A) e
aqueles que requerem uma RNA polimerase, a RdRP (Figura 5B). Nesse caso, uma fita do
siRNA primário é acoplada pela proteína argonauta 1 que o hibridiza com o RNA
mensageiro alvo. O fragmento então sofre reamplificação pela RdRP. No caso das plantas,
a dupla fita regenerada é novamente clivada pela DICER e, em seguida, o siRNA é captado
por uma segunda proteína argonauta que desacopla a dupla fita e hibridiza a fita antisenso
com o RNA mensageiro alvo levando à degradação do mesmo. Nesse momento, os
produtos da DICER são muito mais abundantes do que os siRNAs primários. Esse sistema
de reamplificação mediado pela RdRP promove um aumento no número das moléculas
efetoras e, por fim, um incremento na potência e persistência do silenciamento. Esse efeito
foi observado inicialmente quando moléculas de RNA dupla fita adiministradas ao
nematóide C. elegans foram suficientes para levar o efeito do silenciamento até a prole do
nematóide. Enquanto em plantas um siRNA dupla-fita é formado duas vezes pela DICER,
em C. elegans, o siRNA é apenas a fita antisenso resultante da amplificação pela RdRP e
95
possui de 2 a 3 fosfatos na extremidade 5´, diferentemente o siRNA produto da DICER que
apresenta apenas um grupo fosfato (Chu and Rana 2008; Garcia 2008; Shabalina and
Koonin 2008).
dsRNA longo
Dicer
siRNA
Complexo de
carregamento RISC
Dcr-2
R2D2
SAM
SAH
Ago2
Ago2 pre-RISC
M
o
s
c
a
s
P
l
a
n
t
s
SAM
SAH
Ago2 RISC
2’-O-me
Hen1
Hen1
2’-O-me
2-O-me
2’-O-me
2-O-me
Ago
2’-O-me
Dicer
siRNA primário
1’ Ago
A
n
...AAA
pppG
m7
A
n
...AAA
pppG
m7
V
e
r
m
e
s
P
l
a
n
t
a
s
RdRP RdRP
Dicer
5’-ppp
5’-ppp
5’-ppp
siRNAs secundários
2’Ago
2’Ago
5’-ppp
5’-p
dsRNA longo
Dicer
siRNA
Complexo de
carregamento RISC
Dcr-2
R2D2
SAM
SAH
Ago2
Ago2 pre-RISC
M
o
s
c
a
s
P
l
a
n
t
s
SAM
SAH
Ago2 RISC
2’-O-me
Hen1
Hen1
2’-O-me
2-O-me
2’-O-me
2-O-me
Ago
2’-O-me
Dicer
siRNA primário
1’ Ago
A
n
...AAA
pppG
m7
A
n
...AAA
pppG
m7
V
e
r
m
e
s
P
l
a
n
t
a
s
RdRP RdRP
Dicer
5’-ppp
5’-ppp
5’-ppp
siRNAs secundários
2’Ago
2’Ago
5’-ppp
5’-p
Figura 5. Sistemas de silenciamento baseados em siRNAs. (A) modelo de sistema se siRNA não
dependente de RdRP nos modelos mosca e planta. Onde, inicialmente, uma molécula de dsRNA é clivada
em siRNAs pela dicer; nas moscas o complexo de carregamento do RISC formado pela DICER-2 (Dcr-2) e
R2D2 forma o complexo RISC com a proteína argonauta-2. Esse complexo é denominado de pré-RISC. A
proteína argonauta-2 separa, por clivagem uma das fitas do siRNA, deixando apenas uma das fitas no
complexo agora chamado de holo-RISC. Esse último vai direcionar a degradação do mRNA alvo. Tanto
em moscas como nas plantas ocorre metilação da região 3’ livre do siRNA, para impedir que o mesmo seja
degradado. (B) modelo de siRNA dependente de RdRP. Nesse modelo, antes da degradação final do
mRNA ocorre a formação inicial de uma fita simples a partir do siRNA primário pela ação da argonauta 1.
Essa fita antisenso será então hibridizada com um mRNA alvo, que vai servir como molde para a
reamplificação da dupla fita mediada por RdRP (Adaptado de Matranga and Zamore 2007).
96
Os piRNAs.
Os piRNAs, são formas de pequenos RNAs regulatórios encontrados em células
germinativas de eucariotos. Esses piRNAs possuem entre 24 a 30 nucleotídeos de extensão
e esse comprimento indica que os piRNAs não são formados pela ação da DICER, a qual
produz fragmentos de 21 a 23 nucleotídeos. Os piRNAs podem ser originados a partir de
um arranjo randômico de fragmentos de transposons que pode produzir uma mistura de
piRNAs senso e antisenso. Os piRNAs mais abundantes, são originados a partir de
seqüências antisenso de retrotransposons e esses RNAs se associam preferencialmente a
proteínas argonautas como Piwi e Aubergina (Aub).
Por outro lado, piRNAs senso se associam preferencialmente com a proteína
Argonauta 3 (Ago3) (Klattenhoff and Theurkauf, 2008). Todas essas proteínas pertencem a
uma subclasse distinta de proteínas argonautas, as proteína Piwi, que incluem aubergina, e
Ago3 em moscas, Smedwi em planarias, Siwi em ouriços do mar e Hiwi em humanos.
(Kim 2006; Matranga and Zamore 2007).As proteínas Piwi, Aub e Ago3, quando em
complexo com piRNAs podem clivar RNAs alvo entre as posições 10 e 11 da fita guia. A
fim de explicar melhor o mecanismo de silenciamento via piRNAs, foi criado um modelo
chamado de “ping-pong” (Aravin, Hannon et al, 2007; Klattenhoff and Theurkauf, 2008),
baseado em experimentos realizados com
Drosophila.
Segundo esse modelo, a proteína Ago3 ligada ao piRNA fita senso e cataliza a
clivagem da fita antisenso. Os produtos da clivagem se associam então com Aub ou Piwi e
no complexo ocorre uma nova clivagem, gerando piRNAs antisenso maduros com o
cumprimento de 23 a 30 nucleotídeos. Os complexos de proteínas Argonautas com
piRNAs antisenso vão se ligar e clivar os RNAs de fita senso gerando piRNAs senso
precursores que, se associam, com Ago3 (Figura 6). Uma clivagem nesse ponto produz
97
piRNAs senso maduros, completando assim o ciclo. Apesar do modelo proposto “ping
pong”, pouco se sabe ainda acerca do ciclo dos piRNAs em diferentes organismos
eucariotos (Aravin, Hannon et al, 2007; Klattenhoff and Theurkauf, 2008)
Fita senso
Fita antisenso
Clivagem
Clivagem
dirigida por
homologia
Clivagem
dirigida por
homologia
Clivagem
Squash?
Zuchini?
Clivagem
Metilação
Fita senso
Fita antisenso
Clivagem
Clivagem
dirigida por
homologia
Clivagem
dirigida por
homologia
Clivagem
Squash?
Zuchini?
Clivagem
Metilação
Figure 6. Modelo Ping-pong para a produção de piRNAs (A) A proteína Ago3 se liga a fita senso dos
piRNAs (azul) e promove a clivagem de transcritos antisenso alvos (vermelho) (B) Aubergina (Aub) e
outras proteínas da classe Piwi se ligam então ao piRNA precursor, o qual é processado para o seu
comprimento final. Essa etapa pode ser catalizada por nucleases como “Squash” e “Zucchini”. (C) A
proteína Hen1 de Drosophila metila a extremidade 3´dos piRNAs. (D) O complexo Aub–piRNA
antisenso cataliza a clivagem de transcritos senso (azul) de piRNAs (E) Ago3 se liga aos precursores
senso de piRNA, os quais são então, processados e (F) metilados como descrito para as fitas de piRNAs
antisenso (Adaptado de (Klattenhoff and Theurkauf, 2008)).
98
O sistema de interferência por RNA em procariotos.
Uma recente hipótese demonstra um sistema de RNAi presente em procariotos.
Nesse caso, seqüências de mais de 200 genomas procarióticos revelaram repetições em
tandem de 20-40 pares de pases separadas por seqüências espaçadoras de 25-40 pares de
bases. As repetições são parcialmente palindromicas e são chamadas de CRISPRs. Essas
seqüências são transcritas e processadas em RNAs pequenos, do tamanho de uma repetição
e um espaçador. Nas proximidades das CRISPRs são encontrados grupos de genes
conservados chamados genes Cas.
Predições de seqüências sugerem que esses genes codificam para nucleases,
helicases, polimerases e para motivos de ligação a DNA/RNA. Por essas razões, foi
construído um modelo hipotético de RNA interferente para procariotos. Segundo esse
modelo, primeiramente ocorre a transcrição das seqüências CRISPRs, que são clivadas em
RNAs pequenos. Esses RNAs são captados por proteínas chamadas proteínas misteriosas
associadas a repetições (RAMP) e uma provável nuclease. Esse complexo se liga então ao
RNA ou DNA alvo que é clivado pela nuclease (Makarova, Grishin et al. 2006; Molloy
2007). O modelo para o sistema de RNAi em procariotos é baseado em análises em sílico,
sendo necessárias maiores evidências para se entender o mecanismo proposto Figura 7.
99
Fator de transcrição
específico (COG1517?)
Transcrição
RNA
polimerase
pre-psiRNA
policistrônico
p-dicer (Helicase+HD-
Hydrolase)
(COG1203? COG2254?)
Dobramento
do RNA
Processamento do
RNA (rápido?)
Processamento do
RNA (lento?)
pre-psiRNA
75-100 nt
p-slicer
(COG1468? COG4343?
COG1857?)
RAMP
p-dicer
psiRNA
25-45 nt
p-RISC
Anelamento com o
RNA-alvo
p-RISC
Clivagem do RNA-alvo
mRNA de fago ou
plasmidio
Fator de transcrição
específico (COG1517?)
Transcrição
RNA
polimerase
pre-psiRNA
policistrônico
p-dicer (Helicase+HD-
Hydrolase)
(COG1203? COG2254?)
Dobramento
do RNA
Processamento do
RNA (rápido?)
Processamento do
RNA (lento?)
pre-psiRNA
75-100 nt
p-slicer
(COG1468? COG4343?
COG1857?)
RAMP
p-dicer
psiRNA
25-45 nt
p-RISC
Anelamento com o
RNA-alvo
p-RISC
Clivagem do RNA-alvo
mRNA de fago ou
plasmidio
Figura 7. Sistema de silenciamento análogo ao RNAi de eucariotos,
proposto para procariotos (adaptado de Makarova, Grishin et al. 2006).
Nesse modelo se especula que um fator de transcrição específico ativa a
transcrição de um pre-psiRNA policistrônico. A síntese desse RNA é
catalisada por uma RNA polimerase, em seguida o RNA é clivado em
pre-psiRNAs menores (75-100 nt) por uma p-dicer. Por fim os pre-
psiRNAs são novamente processados pela p-dicer, resultando na
formação dos psiRNAs maduros, com 25-45 nt de comprimento. Os
psiRNAs de ligam a RAMP e se anelam com o mRNA alvo. Por fim, esse
complexo recruta uma p-slicer formando, assim, o complexo p-RISC
análogo ao RISC eucariótico.
100
Técnica de RNA de interferência aplicada ao controle de fitonematóides.
Atualmente, o RNA de interferência é utilizado amplamente em estudos visando à
elucidação da função de genes específicos para melhor conhecimento da química celular.
Adicionalmente, inúmeros estudos com foco no controle de doenças de plantas e animais,
incluindo humanos, têm demonstrado excelentes resultados que reforçam a importância do
RNAi, como ferramenta biotecnológica fundamental para a medicina, agricultura,
piscicultura, dentre outras ciências.
A introdução de dsRNA em nematóides parasitas de plantas tem sido feita desde
2002 pelo método de soaking (Urwin, Lilley et al. 2002) e, atualmente, alguns genes de
espécies de Meloidogyne foram silenciados com sucesso usando esta técnica (Bakhetia,
Charlton et al. 2005; Fanelli, Di Vito et al. 2005; Rosso, Dubrana et al. 2005; Shingles,
Lilley et al. 2007). A eficiência do RNAi para o controle de fitonematóides foi confirmada
in vivo, com fumo (Yadav, Veluthambi et al. 2006) e Arabidopsis (Huang, Allen et al.
2006).
No primeiro trabalho, plantas transgênicas de fumo expressando dsRNA contra
uma integrase e um fator de splicing de M. incognita foram extremamente resistentes ao
patógeno. Plantas de Arabidopsis expressando dsRNA contra o gene 16D10 de M.
incognita
apresentaram alta resistência contra o referido patógeno, que ao ingerir o
citoplasma das células do hospedeiro sofreu o efeito do RNA interferente, que resultou na
diminuição dos transcritos do gene
16D10 no nematóide, prejudicando o ciclo de vida do
mesmo (Huang, Dong et al. 2006). Estes dados revelam que a expressão de dsRNA em
plantas leva ao silenciamento eficiente de genes alvo expressos no nematóide que parasita
ativamente a raíz (Figura 8). Adicionalmente, a expressão de dsRNA em plantas
101
hospedeiras se mostrou uma excelente estratégia para o controle de M. incognita (Huang,
Dong et al. 2006; Yadav, Veluthambi et al. 2006).
Raíz da planta
Nematóide se alimentando
dsRNA
Dicer
siRNA
Complexo RISC
Clivagem do mRNA alvo
Raíz da planta
Nematóide se alimentando
dsRNA
Dicer
siRNA
Complexo RISC
Clivagem do mRNA alvo
Figura 8. Desenho esquemático da passagem dos siRNAs da planta hospedeira para
o nematóide parasita. Onde, uma planta transgênica está expressando um dsRNA
homólogo a um mRNA alvo no nematóide; os dsRNAs são processados ainda na
planta gerando os siRNAs. Esses são sugados para o trato digestivo do nematóide
através do estilete. Os siRNAs são captados pelo complexo RISC do nematóide que
promovem a degradação do mRNA alvo. Adaptado de Gheysen and Vanholme
(2007).
102
MATERIAL E MÉTODOS.
Manutenção de populações de M. incognita em tomateiros.
É comum para uso em pesquisa, proceder a constante multiplicação de nematóides
em seus hospedeiros naturais. Geralmente, são utilizadas as culturas mais susceptíveis ao
respectivo parasita para que se tenha o maior rendimento em número de indivíduos da
população, além de garantir uma maior economia de espaço nas casas de vegetação. A
manutenção de populações de nematóides do gênero Meloidogyne é bastante simples,
principalmente devido à facilidade de encontrar o hospedeiro mais conveniente, tendo em
vista que estes parasitas são generalistas, infectando mais de 1700 espécies de plantas
(Huang, Dong et al. 2006).
Plantas como quiabo, feijão, ervilha e tomate são propícias para a manutenção
destes nematóides. Para aplicação, neste estudo foram utilizadas plantas de tomateiro
Solanum lycopersicum, da variedade susceptível Santa Cruz ‘Kada Gigante’. As plantas
foram acondicionadas em casas de vegetação, em condições controladas de temperatura e
humidade, em vasos plásticos contendo cerca de 3 kg de solo autoclavado acrescido de
substrato (plantmax) e vermiculita. Quando atingiram cerca de 40 cm de altura,
apresentando grande volume radicular, as plantas foram transferidas para solo contendo
nematóides e ovos do inóculo anterior e após 2-3 meses as plantas foram utilizadas para a
extração de fêmeas, J2 e ovos, usados para testes de susceptibilidade, extração de DNA,
RNA, hibridização in situ, dentre outras aplicações. Passados três meses o tomateiro
começou a apresentar danos severos, devido à alta taxa de reprodução de M. incognita, que
se reproduz por partenogênese.
103
Extração de Meloidogyne incognita de raízes de tomateiros infectadas.
Os protocolos de extração utilizados neste trabalho são bastante simples, mas
diferenciados de acordo com a necessidade do estudo. Para obtenção de ovos visando a
extração de proteínas usadas em estudos de proteômica, ou de DNA ou RNA para estudos
genômicos, procedeu-se a remoção das raízes infectadas do solo, as quais foram lavadas e,
em seguida, cortadas em pequenos fragmentos com uma tesoura. Em seguida, os
fragmentos foram processados em liquidificador durante 3 minutos em solução de
hipoclorito de sódio 0,5%, para que houvesse a emulsificação da matriz gelatinosa, que é
um complexo mucopolissacarídico ácido contendo enzimas digestivas de parede celular
(Spiegel and Cohn 1985). Em seguida, o extrato da raiz foi passado e lavado com água, em
um conjunto de peneiras variando entre 20-500 mesh, para remoção do hipoclorito e
fracionamento do extrato.
Os ovos coletados na peneira de 500 mesh foram, então, precipitados com caolin,
em uma centrifugação a 3000 rpm durante 1 min, e o sobrenadante descartado. Em
seguida, o precipitado foi ressuspendido em sacarose 30% e novamente centrifugado sob
as mesmas condições. O sobrenadante então, contendo os ovos menos densos que os
fragmentos radiculares e o solo contaminante, flutuaram no sobrenadante (colchão de
sacarose) sendo posteriormente lavados na peneira de 500 mesh anteriormente ao uso.
Quando os ovos foram usados para testes de susceptibilidade ou para a eclosão de juvenis
de segundo estádio (J2) in vitro” para a realização de bioensaios, não se fez necessário o
colchão de sacarose.
Quando o objetivo da extração foi a obtenção de fêmeas do parasita, o
procedimento realizado após a lavagem e o corte das raízes divergiu das extrações
anteriores. Primeiramente, os fragmentos radiculares foram colocados em uma solução
104
20% de extrato de Aspergillus niger contendo pectinase e, a suspensão resultante, foi
deixada durante 18 horas sob leve agitação à temperatura ambiente. Posteriormente, a
suspensão onde as fêmeas estavam expostas pela degradação da parede celular da raiz após
o tratamento com pectinase, foi lavada em um conjunto de peneiras dispostas na seguinte
ordem da superior à inferior: 20, 48, 100 mesh, sendo as fêmeas coletadas na peneira de
100 mesh. As fêmeas extraídas foram imediatamente congeladas em nitrogênio líquido e
acondicionadas a – 80 C anteriormente à extração do RNA.
Extração de RNA total de fêmeas e síntese do cDNA.
Com o objetivo de obter o cDNA a ser usado como molde para as reações de PCR,
foi inicialmente extraído o RNA total de fêmeas utilizando o kit RNeasy (Qiagen) de
acordo com as instruções do manual de utilização do kit, usando resina de sílica gel para
purificar o RNA. Para a síntese do cDNA, foram utilizados 2 μg de RNA total por reação e
o oligo dT como iniciador da reação da transcriptase reversa MMLV.
Subclonagem dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 em pGEM-T easy.
Com o objetivo de detectar os verdadeiros componentes do parasitoma de M.
incognita Huang, Gao et al. (2003) produziram uma biblioteca de cDNA a partir do RNA
total que foi micro aspirado da secreção das glândulas esofagianas do parasita. Esta
biblioteca gerou uma série de seqüências que foram filtradas in silico com base na
existência de peptídeo sinal para secreção, o que resultou em redução significativa dos
candidatos. Por fim Huang, Gao et al. (2003) fizeram uma hibridização in situ em larga
escala com o objetivo de filtrar os genes exclusivamente expressos nas glândulas.
105
Cerca de 90% das seqüências, codificaram para genes sem função conhecida. Por
este motivo, neste estudo, foram selecionadas 20 destas seqüências pioneiras a serem
validadas funcionalmente por meio de RNA de interferência e superexpressão em plantas
transgênicas, para determinar o papel das mesmas no parasitismo por M. incognita. Para
isso, foram desenhados primers na tentativa de amplificar as seguintes seqüências:
AF531160 (2E07); AF531161 (2G02); AY135363 (2G10); AF531162 (4D01); AY135364
(4D03); AY135362 (5G05); AF531163 (6F06); AF531164 (6G07); AF531165 (7A01);
AF531166 (7E12); AF531168 (7H08); AY135365 (10G02); AY134437 (17H02);
AY142116 (19F07); AY142118 (25B10); AY134439 (30H07); AY134441 (31H06);
AY134443 (34F06); AY134444 (35A02); AY142120 (Mipsg30). Utilizando cDNA de
fêmeas e juvenis de segundo estádio (J2), foram feitos várias rodadas de PCR, que
resultaram na amplificação de bandas de tamanho esperado, visto em gel de agarose para
os genes: 2E07, 7E12, 17H02. Seguindo as clonagens, as bandas foram excisadas do gel e
o DNA, correspondente, foi purificado utilizando o kit GENE CLEAN II (Q Biogene).
Os genes foram inseridos no vetor pGEMT Easy e o produto da ligação foi utilizado para
transformar Escherichia. coli via eletroporação. As colônias positivas foram submetidas à
extração de DNA plamidial e os genes foram seqüenciados para confirmação.
Hibridização “in situ whole mount”.
Para se avaliar a distribuição espacial da expressão, assim como para estudos de
avaliação de silenciamento gênico, foi utilizada a técnica de hibridização in situ com
sondas senso e anti-senso marcadas com digoxigenina, produzidas a partir da transcrição
reversa dos fragmentos clonados no vetor comercial pGEMT-easy, usando RNA
polimerases T7 e SP6. Inicialmente as construções produzidas em pGEMT-easy foram
106
linearizadas com as enzimas de restrição NcoI e SalI para a síntese das sondas anti-senso e
senso, respectivamente. Em seguida, o plasmídio linearizado foi submetido a um processo
de limpeza pelo método de extração fenol/clorofórmio (1:1). Após a limpeza do plasmídio
foi realizada a transcrição das sondas de acordo com as instruções do DIG RNA labeling
kit (SP6/T7) da Roche
®
. As fêmeas de M. incognita recém extraídas das raízes pelo
método já descrito foram separadas dos restos radiculares por pipetagem individual e
colocadas imediatamente em solução de fixação de paraformaldeido 2%.
Clonagem dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 em vetores para expressão de dsRNA
e superexpressão de proteínas em fusão com GFP em plantas.
O sistema gateway permite uma clonagem eficiente de um produto de PCR que
possui, flanqueando as suas extremidades, os sítios de recombinação attB1 (fita senso) e
attB2 (fita anti-senso), para um vetor destino qualquer que possua os sítios de
recombinação attR1 e attR2. Inicialmente o produto de PCR foi recombinado para um
vetor intermediário que carrega os sítios attP1 e attP2 (pDONR). A recombinação entre os
sítios attB-attP foi catalisada pela enzima BP clonase. Esta recombinação converteu um
sítio attP em attL e o vetor pDONR, que recebeu o inserto agora passou a ser denominado
pENTR (vetor de entrada). Por fim, o gene é clonado em um vetor final, o vetor destino.
No sistema gateway qualquer vetor destino possui os sítios de recombinação attRs. Sendo
assim, usando uma outra recombinase, a LR clonase, pode-se recombinar um gene
individualmente para qualquer vetor destino gerando o clone de expressão desejado. No
presente trabalho, fragmentos de aproximadamente 500pb dos genes potencialmente
envolvidos na fitopatogenicidade foram subclonados no vetor de origem pDONR™221(
recombinação pela BP clonase) do kit de clonagem “PCR Cloning System with Gateway
®
107
Technology”, sendo, então, transferidos por recombinação (recombinação pela LR clonase)
para os vetores destino pk7GWIWG2(I) para a expressão de dsRNA em plantas e
pk7WGf2 para expressão de proteínas em fusão com GFP.
Para isso foi necessário re-amplificar os genes de interesses com oligos contendo
os sítios de recombinação attB1 (senso) e attB2 (antisenso). A lista de oligos (primers),
usados no presente trabalho pode ser acessada na tabela 1. Após as PCRs, bandas de
tamanho esperado para os genes 2E07, 7E12 e 17H02 (aproximadamente 500 pb) foram
identificadas em gel de agarose.
Tabela 1. Lista de primers utilizados para a amplificação dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 a partir
de cDNAs extraídos de fêmeas de M. incognita.
Gene Acesso Primer senso Primer antisenso
2E07
AF531160 5'–
GGG GAC AAG TTT GTA CAA AAA
AGC AGG CTT AGC AGG CGA TCG AAG
CGC TTC A–3´
5´-
GGG GAC CAC TTT GTA CAA GAA
AGC TGG GTC TCA CAT TTT CAT AGT
ACA AGC-3´
7E12
AF531166 5'–
GGG GAC AAG TTT GTA CAA AAA
AGC AGG CTT AGC AGG CGA TCG AAA
TGC ATC-3´
5´-
GGG GAC CAC TTT GTA CAA GAA
AGC TGG GTC TTA AAC AGT ATT AGC
TCT TCC-3´
17H02
AY134437 5'–GGG GAC AAG TTT GTA CAA AAA
AGC AGG CTT AGT GAA TAC AGG CAT
TCC GAG C-3´
5´-GGG GAC CAC TTT GTA CAA GAA
AGC TGG GTC TTA GTT CAT CAT ATT
TTT GC-3´
Os produtos das PCRs foram então clonados no vetor pDONR™221 para obter
clones de entrada (pENTR). Os clones de entrada foram recombinados para vetores
destino ((pk7GWIWG2(I), pk7Wgf2)), gerando os vetores de expressão (Figura 1).
108
Figura 1. Desenho esquemático das construções para expressão de dsRNA e das proteínas
de secreção de M .incognita, codificadas pelos genes 2E07, 7E12 e 17H02 (construções
pk72E07, pk77E12 e pk717H02 em tabaco. (A) Construção para a expressão de dsRNA
em plantas de fumo (B) Construção para a super-expressão das proteínas de secreção
(
gf2E07, gf7E12 e gf17H02). BE e BD correspondem a borda esquerda e borda direita do
DNA de transferência, respectivamente. GPS corresponde ao gene codante para a proteína
de secreção de
M. incognita, que pode ser 2E07, 7E12 ou 17H02. GFP corresponde à
proteína fluorescente “green fluorescent protein” e Kan representa o gene de resistência a
canamicina, o npt2. GPS representa os genes para as proteínas de secreção 2E07, 7E12 e
17H02 e t é o terminador do promotor 35S
.
Transformação de plantas de fumo.
As construções gf2E07, gf7E12 e gf17H02 para a expressão das proteínas de
secreção em fusão com GFP e dos dsRNAs (construções pk72E07, pk77E12 e pk717H02),
foram eletroporadas para a linhagem EHA 105 de Agrobacterium tumenfasciens. Os clones
positivos para cada construção foram utilizados para a transformação de plantas de
Nicotiana tabacum (xantii) usando o método das co-culturas de discos foliares
multiplicadas in vitro, de acordo com a metodologia prescrita por Horsch, Fry et al. (1985).
INTRON
INTRON
GPS
GPS
GPS
GPS
35S
35S
t
Kan
Kan
BE
BE
BD
BD
INTRON
INTRON
GPS
GPS
GPS
GPS
35S
35S
t
Kan
Kan
BE
BE
BD
BD
A
GPS
GPS
35S t
Kan
Kan
GFP
GFP
BE
BE
BD
BD
GPS
GPS
35S t
Kan
Kan
GFP
GFP
BE
BE
BD
BD
B
109
Desafio das plantas transgênicas expressando dsRNA.
O inóculo para o desafio das plantas transgênicas de fumo foi produzido em casa de
vegetação, onde os transformantes primários (T0), plantados em vasos com 3 kg de solo,
foram inoculados com 10000 ovos de M.incognita, enquanto as progênies (T1) das
linhagens T0 resistentes, acondicionadas em jarros com 400 g de substrato, foram
desafiadas com 3000 ovos do nematóide. Passados 45 dias, as raízes foram removidas e
coradas com floxina, um corante usado para a visualização das massas de ovos. Os ovos
totais de cada raiz foram extraídos com hipoclorito de sódio 0,5% e contados em
microscópio com o auxílio de uma câmara de Peters. Para a avaliação da resistência de
todas as plantas a M. incognita foi determinado o número total de ovos por grama de raiz,
onde foram comparadas as plantas contendo as construções pk72E07, pk77E12 e
pk717H02 com as plantas controles não transgênicas. A diferença na massa de terra entre
os dois experimentos se deveu a necessidade de fazer o segundo experimento com maires
propoções de raiz por volume de jarro.
Avaliação da expressão das proteínas de secreção 2E07 e 7E12 em fusão com GFP.
Inóculo e avaliação do perfil da infecção das plantas por
M. incognita.
Cerca de 600 J2s foram inoculados por planta de tabaco N. tabucum (Var. Xantii)
cultivadas em casas de vegetação. Passados 45 dias após a inoculação, as raízes foram
removidas individualmente, lavadas com água corrente e processadas para a extração dos
ovos segundo a metodologia prescrita por Hussey and Barker (1973). Os ovos obtidos
foram contados com auxílio de câmaras de Peters para a avaliação do sucesso reprodutivo
dos nematóides. Com o objetivo de avaliar o efeito das plantas transgênicas sobre a
110
progênie de M. incognita, foram romovidas 40 massas de ovos das plantas trangênicas e
dos controles. O número de J2s eclodidos depois de 24h e 48h foi determinado.
Preparação das raízes de N. tabacum para a microscopia.
Com o objetivo de avaliar o perfil microscópio das células gigantes durante o
parasitismo, foi estabelecida uma curva de tempo de 08, 16 e 28 dias após a inoculação.
Em cada um desses momentos, foram coletados amostras do meristema apical e dos
internódulos das raízes secundárias de 5 plantas por construção e das plantas controles. Os
fragementos de raiz foram então fixados em glutaraldeído 2% e em seguida desidratados
sequencialmente em soluções de etanol a 10 %, 30 %, 50 %, 70 %, 90 % e por fim 100 %.
O material foi em seguida, emblocado em resina Technovit 7100 (EMS cat. n. 14655). Os
blocos foram então cortados com o auxílio de um micrótomo MICRON HM 360 (2-4 µm).
Os cortes foram corados com azul de toluidina e visualizados em microscopia de campo
claro.
Imunodetecção da GFP nas plantas transgênicas.
Cerca de 1g de raízes de cada planta foi utilizado para obter os extratos proteicos a
serem avaliados. Amostras removidas após 16 dias da infecção pelo nematóide foram
trituradas em tampão fosfato de sódio 100 mM pH 7,0, contendo cloreto de sódio 20 mM,
2 mM de DTT e 0,1% de PMSF. As amostras foram então deixadas em agitação leve
durante duas horas e, em seguida, submetidas a uma centrifugação (8,000 x g por 30
minutos) a 4 ºC. Os sobrenadantes das centrifugações foram separados dos precipitados e
constituíram os extratos brutos. Para determinar a concentração de proteínas em cada
amostra, foi utilizado o método de Bradford (Bradford 1976). Para a realização do
111
imunoensaio “Dot Blot”, foram utilizados entre 50-450 g de proteínas em cada ensaio. As
amostras de proteínas foram então precipitadas com acetona segundo Hames and
Rickwood (1981) e ressuspendidas em 50 l de tampão fosfato salino (PBS). As proteínas
foram então transferidas para a membrana “Imobilon-P”, tratada previamente com metanol
usando um concentrador a vácuo (Bio-Rad). Após esse período, as membranas foram
transferidas para um tubo falcon de 50 mL coberto com papel alumínio. A membrana ficou
imersa na solução de bloqueio (tampão fosfato salino) e o tubo foi agitado a 4 ºC durante 2
horas. Depois disso, cada membrana foi lavada três vezes em tampão fosfato salino pH 7,5,
contendo 5 mM Tris-HCl, 15 mM NaCl, Tween 20 (1%), e leite (1%). A membrana foi,
em seguida, incubada durante a noite em agitação a 4 ºC com o anticorpo Anti-GFP
(1:5000) de coelho (fração IgG) conjugado com Fluor 594 (Alexa - Invitrogen). Após esse
procedimento, as membranas foram lavadas três vezes em PBS pH 7.5, contendo Tris-HCl
5 mM, NaCl 15 mM e Tween 20 (1%). Por fim as membranas foram analisadas em
microscópio de fluorescência.
RESULTADOS.
Clonagem dos potenciais genes de parasitismo de M. incognita.
Baseado nas seqüências descritas por Huang, Gao et al. (2003), foram clonados três
genes novos, ou seja, que não apresentam domínio conservado ou qualquer similaridade
com as seqüências não redundantes do GeneBank (GeneBank,
www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST). A subclonagem dos fragmentos de PCR demonstrou que
as seqüências correspondem aos genes AY134437 17H02; AF531166 7E12 ;
AF531160 – 2E07, clonados inicialmente por Huang, Gao et al (2003) (Figura 1 A, B, C).
112
Alinhamento de nucleotídeos
2E07subcl GCAGGCGATCGAAGCGCTTCAACCTCTACCGGTTGTACAACCTATTTTGGCTTGCTTGAT 60
2E07 GCAGGCGATCGAAGCGCTTCAACCTCTACTGGTTGTACAACCTATTTTGGAATGCTAGAT 60
***************************** ******************** **** ***
2E07subcl CATGCGGATACCAAGGAAAATAACACAAGAAAAACTTTCAAACCCAACGATAAAACCAAA 120
2E07 CATGCGGATACCAAGGAAAATAACAAAAGAAAAACTTTCAAACCCAACGATAAAACCATA 120
************************* ******************************** *
2E07subcl TCCAACACCTTGCAAGTGACTGGTGGGGCAATGTTCAGCAATACCTCGGTGGCGTTGGTT 180
2E07 TCCAACACTTTGCAAGTGATTGGTGGGACAAAGTTCAGCAATACCTCGGTGGCGTTGGTT 180
******** ********** ******* *** ****************************
2E07subcl GTCGGTGATAAGGCGTTATGTATGGCTAAGACAGGAAGTTCAGACGATTGCGGAATGCGC 240
2E07 GTCGGTGATGAGGTGTTATGTATGGCTAAGACAGGAGGTTCAGGCGATTGCGGAATGCGC 240
********* *** ********************** ****** ****************
2E07subcl TACGATGCTTTGACTGGAACAATGAAATTTATCATTTCTGATAATATTACTGTTGAAGTT 300
2E07 TACGATGCGTTGACTGGATCAATGAAATTTATCATTTCTGATAATATTATTGTTGAGGTT 300
******** ********* ****************************** ****** ***
2E07subcl CCATTTGAAGACGTTTTTTTCTTCACCGACAACAAGTGTGTCATCCAGCTTGTAAGCTAC 360
2E07 CCATTTGAAGGCGTTTTTTTCTTCACCGACAACAAGTGTGTCATCCAGCTTGTAGGCTAC 360
********** ******************************************* *****
2E07subcl GATAATAAAACTAATAAAACTCTTCTCAAAATTAATGATGTCGACTTCAAAATTATCCCT 420
2E07 GATATTAAAACTAATATAACTCTTCTCAAAATTAATGATGTCGACTTCAAAATTGTCCCT 420
**** *********** ************************************* *****
2E07subcl ACTGATAAGAAAATTTCCCCGAAGGCTTGTACTATGAAAATGTGA 465
2E07 ACTGATAAGAAAATTTCCCCGAAGGCTTGTACTATGAAAATGTGA 465
*********************************************
Alinhamento de aminoácidos
2E07subcl AGDRSASTSTGCTTYFGLLDHADTKENNTRKTFKPNDKTKSNTLQVTGGAMFSNTSVALV 60
2E07 AGDRSASTSTGCTTYFGMLDHADTKENNKRKTFKPNDKTISNTLQVIGGTKFSNTSVALV 60
*****************:**********.********** ****** **: *********
2E07subcl VGDKALCMAKTGSSDDCGMRYDALTGTMKFIISDNITVEVPFEDVFFFTDNKCVIQLVSY 120
2E07 VGDEVLCMAKTGGSGDCGMRYDALTGSMKFIISDNIIVEVPFEGVFFFTDNKCVIQLVGY 120
***:.*******.*.***********:********* ******.**************.*
2E07subcl DNKTNKTLLKINDVDFKIIPTDKKISPKACTMKM 154
2E07 DIKTNITLLKINDVDFKIVPTDKKISPKACTMKM 154
* *** ************:***************
Alinhamento de nucleotídeos
7E12subcl GCAGGCGATCCAAATGCATCAGCTTCAAGCCCTGGTTGTATGCAGGTTGCAACCCTTATT 60
7E12 GCAGGCGATCGAAATGCATCAGCTTCAAGCCCTGGTTGTATGCAGGTTGCAACCCTTATT 60
********** *************************************************
7E12subcl CATACAGGGGAAATTCGCCCAGCAAAAGCAAACAAACCAGGTGTACAAAATACTCTAAAA120
7E12 CATATAGGGGAAATTCGCCCAGCAAAAGCAAACAAACCAGGTGTACAAAATACTCTAAAA120
**** *******************************************************
7E12subcl ATGTCTGGAAATGTTCAAACATTCACAACTACTCAACTGACATTACAAGTAGCTGGGCAA180
7E12 ATGTCTGGAAATGTTCAAACATTCAAAACTACTCAAGTGACATTACAAGTAGCTGGGCAA180
************************* ********** ***********************
7E12subcl GAGCCTTGTACCGTTAAAATTAATAATGGTGAAACCAAATGTAAAATAACCGGAGATGAA240
7E12 GAGCCTTGTACCGTTAAAATTAATAATGGCGAAACCAAATGTAAAATAACCGGAGATGAA240
***************************** ******************************
7E12subcl CTAAATGGAAAATTAATTTTCAAAACTGAAAAAGGAACTGAAACTTCTGCTTCTTTCGAA300
7E12 TTAAATGGAAAATTAATTTTCAAAACTGAAAAAGGAACTGAAATTTCTGCTTATTTCGAA300
****************************************** ******** *******
7E12subcl CAGGCTAAATTCTTTTCTGAAAATAAGTGTGTTATTGAGCTTGACACTTATAACAAGGAA360
7E12 CTGGTTCCATTATTTTCTGAAAATAAGTGTGTTATTGAACTTGACACTTATAACAAGGAA360
* ** * *** ************************** *********************
(A)
(B)
113
7E12subcl ACCCATGAAACTAAACTTAAAATTAATGGGAAATATTTTATGATTAAAAAGAAGGAAGGT420
7E12 ACCCATGAAACTAAACTTAAAATTAATGGAAATAATTTTATGATTAAAAAGAAGGAAGGT420
***************************** ** **************************
7E12subcl AGTGTGTCAATTAAGTGTGGTGGAAGAGCTAATACTGTTTAA 462
7E12 AATGTGTCAATTAAGTGTGGTGGAAGAGCTAATACTGTTTAA 462
* ****************************************
Alinhamento de aminoácidos
7E12subcl AGDPNASASSPGCMQVATLIHTGEIRPAKANKPGVQNTLKMSGNVQTFTTTQLTLQVAGQ 60
7E12 AGDRNASASSPGCMQVATLIHIGEIRPAKANKPGVQNTLKMSGNVQTFKTTQVTLQVAGQ 60
*** ***************** **************************.***:*******
7E12subcl EPCTVKINNGETKCKITGDELNGKLIFKTEKGTETSASFEQAKFFSENKCVIELDTYNKE 120
7E12 EPCTVKINNGETKCKITGDELNGKLIFKTEKGTEISAYFELVPLFSENKCVIELDTYNKE 120
********************************** ** ** . :****************
7E12subcl THETKLKINGKYFMIKKKEGSVSIKCGGRANTV 153
7E12 THETKLKINGNNFMIKKKEGNVSIKCGGRANTV 153
**********: ********.************
Alinhamento de nucleotídeos
17H02subcl GTGAATACAGGCATCCCGAGCGGATCTTCTCCACCCTCTTCTGCTTGTGACACTTACAAG 60
17H02 GTGAATACAGGCATTCCGAGCGGATCTTCTCCACCCTCTTCTGCTTGTGAGACTTACAAG 60
************** *********************************** *********
17H02subcl GGCAAAATTGAGCACATGCCAGAAACCGCCAGAAAAATTGAATGGAAGGAAAATACTCCC 120
17H02 GGCAAAATTGAGCACATGCCAGAAACCGCCAGAAAAATTGAATGGAAGGAAAATACTCCC 120
************************************************************
17H02subcl GGAGGAAAGCATTCAATCCTTAAAAAGTCTATTCAAGGTCTAGACAAAGTAACCCTCAAA 180
17H02 GGAGGAAAGCATTTAATCCTTAAAAAGTCTATTCAAGGTCTAGACAAAGTAACCCTCAAA 180
************* **********************************************
17H02subcl ATTGAAGGCAAAGAATGTAGTGCTTCCCTCAACAACCCTGGAACATGTCAAGTCGATGGA 240
17H02 ATTGAAGGCAAAGAATGTAGTGCTTCCCTCAACAACCCTGGAACATGTCAAGTCGATGGA 240
************************************************************
17H02subcl CAGTCCCATGCCGGTCAATTAGTCTTTGTAACTTCAAAGGCTAAAATTGAGGTTGACTTT 300
17H02 CAGTCCCATGCCGGTCAATTAGTCTTTGTAACTTCAAAGGCTAAAATTGAGGTTGACTTT 300
************************************************************
17H02subcl GGGGAAGCTCAAATCTTCTCAGGGAACAAGTGCGAGATTGAAATTGAGAAGTATGACCGT 360
17H02 GGGGAAGCTCAAATCTTCTCTGGGAACAAGTGCGAGATTGAAATTGAGAAGTATGACCGT 360
******************** ***************************************
17H02subcl GCTACCTACGTAACTCTAATCAAAATTAATGGGGGTGACTTCAAAATTACGCCTGATTCG 420
17H02 GCTACCTACGTAACTCTAATCAAAATTAATGGGGGTGACTTCAAAATTACGCCTGATTCG 420
************************************************************
17H02subcl CCACCTATGCCGATGCCATGCAAAAATATGATGAACTAA 459
17H02 CCACCTATGCCGATGCCATGCAAAAATATGATGAACTAA 459
***************************************
Alinhamento de aminoácidos
17H02subcl VNTGIPSGSSPPSSACDTYKGKIEHMPETARKIEWKENTPGGKHSILKKSIQGLDKVTLK 60
17H02 VNTGIPSGSSPPSSACETYKGKIEHMPETARKIEWKENTPGGKHLILKKSIQGLDKVTLK 60
****************:*************************** ***************
17H02subcl IEGKECSASLNNPGTCQVDGQSHAGQLVFVTSKAKIEVDFGEAQIFSGNKCEIEIEKYDR 120
17H02 IEGKECSASLNNPGTCQVDGQSHAGQLVFVTSKAKIEVDFGEAQIFSGNKCEIEIEKYDR 120
************************************************************
17H02subcl ATYVTLIKINGGDFKITPDSPPMPMPCKNMMN 152
17H02 ATYVTLIKINGGDFKITPDSPPMPMPCKNMMN 152
********************************
Figura 1. Alinhamentos das sequencias AF531160 (2E07), AF531166 (7E12), AY134437
(17H02) com os genes subclonados. Onde (A) corresponde ao alinhamento do gene 2E07
original com o subclonado 2E07subcl, (B) corresponde ao alinhamento do gene 7E12
original com o subclonado 7E12subcl (C) corresponde ao alinhamento do gene 17H02
original com o subclonado 17H02subcl. Nos alinhamentos de nucleotídeos, “*” significa
que os mesmos são idênticos entre as seqüências e o espaço em branco indica que os
(C)
114
nucleotídeos são diferentes. No alinhamento de proteínas, “*”significa que os aminoácidos
são idênticos, dois pontos “:” significa que os resíduos de aminoácidos são fortemente
semelhantes, apenas um ponto”.” indica que os resíduos são fracamente semelhantes e o
espaço significa que são diferentes em todos os aspectos.
Hibridização in situ.
A hibridização in situ utilizada nesse estudo confirmou que a expressão do gene
2E07 é exclusivamente localisado na glândula esofagiana dorsal do parasita, ratificando os
resultados descritos anteriormente por Huang, Gao et al. (2003)(Figura 2).
Estilete.
Glândula
esofagiana
dorsal.
Bulbo mediano
do esôfago.
Figura 2. Localização da expressão do gene 2E07 exclusivamente na glândula
esofagiana dorsal de M. incognita, por hibridização in situ “Whole mount”.
115
Transformação de plantas de fumo.
As folhas não transgênicas usadas como controle não desenvolveram calos como
esperado e morreram (Figura 3A). Folhas de plantas transgênicas desenvolveram calos e
em seguida plântulas que enraizaram e foram transferidas individualmente para tubos
isolados com meio e canamicina (Figura 3 B-C). Quando atingiram cerca de 10 cm, as
plantas resistentes á canamicina que enraizaram foram transferidas para solo em casa de
vegetação e depois de aclimatadas transferidas para vasos maiores (Figura 3D).
Figura 3. Obtenção de plantas de fumo (Nicotiana tabacum) por
transformação de discos foliares. (A) Fragmentos foliares
amarelados de plantas não transgênicas mortos pela ação da
canamicina; (B) calos e plântulas desenvolvidos na periferia dos
discos foliares; (C) plântulas obtidas a partir da regeneração dos
calos; (D) plantas de 4 meses acondicionadas em solo em casa de
vegetação.
A
B
C
D
116
Expressão ectópica dos genes de parasitismo 2E07, 7E12.
O resultado deste experimento demonstrou a presença da proteína GFP nos
extratos de raízes da plantas 2E07, 7E12 e do controle positivo. A intensidade de
fluorescência emitida pelo extrato da planta 2E07 foi maior do que aquela observada para o
extrato da planta
7E12, indicando um maior nível de expressão protéica daquele mutante.
Nenhuma emissão de fluorescência foi observada para o controle negativo (Figura 4).
Controle - Controle + 2E07 7E12
Inóculo e avaliação do perfil da infecção das plantas por M. incognita.
Durante todo o período de avaliação (08, 16 e 28 dias após os inóculos), as plantas
transgênicas 2E07 e 7E12 apresentaram galhas de tamanhos maiores e mais alongadas
quando comparadas às galhas das raízes das plantas controle não transgênicas (Figura 5).
Figura 4 - Dot blot utilizando 400
g dos extratos protéicos de raízes das
plantas de
Nicotiana tabacum não transformadas (controle -) e
transformadas com os genes 2E07 e 7E12, específicos da glândula
esofagiana dorsal de Meloidogyne incognita e, 50 g de extratos protéicos
de raízes de plantas transformadas com o gene GFP (controle +).
117
Figura 5. Plantas de Nicotiana tabacum inoculadas com J2 de M. incognita e coletadas em
diferentes pontos da curva de tempo exibindo galhas de tamanhos diferentes. Onde
podemos observar que, as galhas desenvolvidas na raiz da planta controle não-transgênica
se desenvolveram mais lentamente e se apresentaram menores do que as raízes trangênicas
2E07 e 7E12 considerando todos os pontos da curva de tempo, 08, 16 e 28 dias.
O número médio de galhas observado para cada uma das 16 plantas dos diferentes
mutantes, após 08 e 16 dias de infecção, foram significativamente maiores do que o
observado para a media de galhas de cada uma das 16 plantas utilizadas como controle de
acordo com o teste de Tukey p < 0,001 (Figura 6). Após 28 dias de infecção, uma média
de 600 galhas foram observadas tanto para as plantas controle quanto para as plantas
transformadas (Figura 6). Estes resultados indicam que o processo e formação das galhas
aconteceu de maneira mais rápida nas plantas transformadas do que nas plantas controle
reforçando os dados observados nas análises morfológicas.
118
Figura 6 - Avaliação do numero de galhas de plantas de Nicotiana
tabacum carreando os genes, 2E07 e 7E12 coletadas 08, 16 e 28 dias
após a inoculação com J2 de Meloidogyne incognita.
O teste de avaliação da eclosão de J2 usando massas de ovos isoladas 45 dias após a
infecção das plantas controle e transformadas apresentou uma grande variação, porém, o
número de J2 recuperados foi significativamente nos mutantes comparado-os aos controles
não transgênicos de acordo com o teste de Tukey (p<0,001)(Figura 7).
Controle 2E07
700
600
500
400
300
200
100
0
7E12
Número de galhas
08 dias
16 dias
28 dias
Controle 2E07
700
600
500
400
300
200
100
0
7E12
Número de galhas
08 dias
16 dias
28 dias
119
Avaliação microscópica das células gigantes.
Os resultados da avaliação microscópica das células gigantes das plantas controle e
transformadas de N.tabacum exibiram morfologia e tamanhos bastante variados. Nas
galhas das raízes das plantas transgênicas 2E07 (Figura 8) e 7E12 (Figura 9), as células
gigantes se apresentaram mais volumosas, com invaginações na membrana plasmática bem
mais pronunciadas do que nas plantas controle. Adicionalmente, o número das células
vizinhas nos mutantes, foi evidentemente mais acentuado do que nas plantas não
transgênicas.
600
400
300
200
100
0
500
Controle 2E07 7E12
J2s eclodidos após 24h
J2s eclodidos após 48h
Número de J2 eclodidos
600
400
300
200
100
0
500
Controle 2E07 7E12
J2s eclodidos após 24h
J2s eclodidos após 48h
Número de J2 eclodidos
Figura 7. Teste de avaliação da eclosão de juvenis de Meloidogyne
incognita de plantas transformadas e controle após 45 dias da inoculação
com o nematóide.
120
Controle
10X
10X
Controle
5X
5X
5X
Controle
Figura 8. Análise histopatológica das raízes de Nicotiana tabacum 08 dias após a
inoculação com Meloidogyne incognita. Onde controle, corresponde a planta não
transgênica usada no experimento e 2E07 é a planta transgênica com 8 dias de
inoculo. CG = célula gigante; IN = invaginação; V = vacúolo; N = núcleo; Nem =
nematóide; CV = células vizinhas.
CG
CG
V
V
IN
IN
V
V
CV
CV
IN
IN
CV
CV
N
N
CG
CG
Nem
Nem
Nem
Nem
Controle
Controle
2E07
2E07
N
N
CG
CG
V
V
IN
IN
V
V
CV
CV
IN
IN
CV
CV
N
N
CG
CG
Nem
Nem
Nem
Nem
Controle
Controle
2E07
2E07
N
N
100m
100m
CG
CG
V
V
IN
IN
V
V
CV
CV
IN
IN
CV
CV
N
N
CG
CG
Nem
Nem
Nem
Nem
Controle
Controle
2E07
2E07
N
N
CG
CG
V
V
IN
IN
V
V
CV
CV
IN
IN
CV
CV
N
N
CG
CG
Nem
Nem
Nem
Nem
Controle
Controle
2E07
2E07
N
N
100m
100m
121
Controle
Figura 9. Análise histopatológica das raízes de Nicotiana tabacum 08 dias após a
inoculação com Meloidogyne incognita. Onde controle, corresponde a planta não
transgênica usada no experimento e 7E12 é a planta transgênica com 8 dias após a
inoculação. CG = célula gigante; IN = invaginação; V = vacúolo; N = núcleo; Nem =
nematóide; CV = células vizinhas.
V
V
Nem
Nem
CG
CG
IN
IN
CV
CV
N
N
Nem
Nem
CG
CG
CV
CV
IN
IN
V
V
Nem
Nem
N
N
Controle
Controle
7E12
7E12
V
V
Nem
Nem
CG
CG
IN
IN
CV
CV
N
N
Nem
Nem
CG
CG
CV
CV
IN
IN
V
V
Nem
Nem
N
N
Controle
Controle
7E12
7E12
100m
100m
V
V
Nem
Nem
CG
CG
IN
IN
CV
CV
N
N
Nem
Nem
CG
CG
CV
CV
IN
IN
V
V
Nem
Nem
N
N
Controle
Controle
7E12
7E12
V
V
Nem
Nem
CG
CG
IN
IN
CV
CV
N
N
Nem
Nem
CG
CG
CV
CV
IN
IN
V
V
Nem
Nem
N
N
Controle
Controle
7E12
7E12
100m
100m
122
Expressão ectópica de dsRNA em plantas de fumo.
As plantas transgênicas contendo os genes 2E07, 7E12 ou 17H02 conferiram
resistência ao nematóide, sendo que o percentual de resistência variou de 85-91%. O
número médio de ovos por grama de raiz, considerando as três construções foi
significativamente menor do que o ocorrido para as plantas controle segundo o teste de
Tukey (p < 0.001) (Figura 10 A). Algumas plantas contendo a construção pk717H02 se
mostraram praticamente imunes ao inoculo, não apresentando sequer uma galha ou massa
de ovos externa ou ovos internos (Figura 10 C), enquanto que as plantas transformadas
com o vetor desarmado se mostraram repletas de massas de ovos quando coradas com
floxina (Figura 10 B).
123
Figura 10. Análise da resistência de plantas transgênicas expressando dsRNA contra os transcritos
dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 de Meloidogyne incognita. (A) Média do número de ovos por grama
de raiz, em plantas de fumo, 45 dias após a inoculação. Cada planta foi desafiada com 10000 ovos de
M. incognita. Como controle positivo da infecção foram usadas plantas de tabaco transformadas com
o vetor desarmado. (B e C) Raízes de Nicotiana tabacum após 45 dias da inoculação com 10.000
ovos de M. incognita, onde as raízes da planta controle (vetor) se encontram repletas de massas de
ovos reveladas pelo corante floxina e as das plantas transgênicas (pk717H02) que aparentemente não
apresentam nenhuma massa de ovos.
C
C
o
o
n
n
t
t
r
r
o
o
l
l
e
e
p
p
k
k
7
7
1
1
7
7
H
H
0
0
2
2
A
B
C
Vetor pk7Mi1 pk7Mi7 pk7Mi18
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Ovos por grama de raíz
Controle
Controle
pk72E07
pk72E07
pk77E12
pk77E12
17H02
17H02
Vetor pk7Mi1 pk7Mi7 pk7Mi18
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Ovos por grama de raíz
Controle
Controle
pk72E07
pk72E07
pk77E12
pk77E12
17H02
17H02
pk717H02
Vetor pk7Mi1 pk7Mi7 pk7Mi18
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Ovos por grama de raíz
Controle
Controle
pk72E07
pk72E07
pk77E12
pk77E12
17H02
17H02
Vetor pk7Mi1 pk7Mi7 pk7Mi18
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Ovos por grama de raíz
Controle
Controle
pk72E07
pk72E07
pk77E12
pk77E12
17H02
17H02
pk717H02
124
DISCUSSÃO.
O principal foco deste estudo foi avaliar a participação de três genes novos no
processo de parasitismo de M. incognita. Para isso, foram utilizadas plantas hospedeiras
expressando dsRNA específicos para transcritos dos referidos genes. Adicionalmente,
construções para superexpressão destas proteínas de secreção foram introduzidas em
plantas de fumo com o objetivo de avaliar seus efeitos nas raízes do hospedeiro. Apesar
das discrepâncias (polimorfismos), as seqüências aqui utilizadas a princícpio foram
descritas por Huang, Gao et al., (2003). Identificar e caracterizar genes de nematóides, são
excelentes estratégias para o entendimento de processos biológicos vitais como a
alimentação, desenvolvimento, sinalização, reprodução e longevidade (Antoshechkin and
Sternberg 2007; Mukhopadhyay and Tissenbaum 2007), bem como para a compreensão
das interações de vários nematóides parasitas com seus hospedeiros (Gheysen and
Vanholme, 2007; Knox, Geldhof et al. 2007). Um grande número destas seqüências
obtidas por projetos de genômica ou transcriptômica, entretanto, codificam para proteínas
com função desconhecida (genes novos), considerando também os nematóides parasitas de
plantas e animais (Ghedin, Wang et al. 2004; Parkinson, Mitreva et al. 2004).
Surpreendentemente, em bibliotecas que incluem apenas genes especificamente expressos
nas glândulas esofagianas de M. incognita e H. glycines, o percentual de seqüências
pioneiras atinge cerca 89% e 72%, para as duas espécies, respectivamente (Gao, Allen et
al. 2003; Huang, Gao et al. 2003), indicando que grande parte dos genes expressos nas
glândulas esofagianas destas espécies de fitonematóides é constituída de proteínas novas,
sem domínios e seqüências conhecidas, o que não nos permite classificá-las
funcionalmente em famílias gênicas específicas.
125
Adicionalmente, é freqüente ocorrer discrepâncias entre as classificações das
sequncias in silico e a atividade biológica da proteína após sua validação funcional. Como
exemplo, pode ser citado o inibidor ativo de xilanase isolado de arroz, que possui estrutura
primária similar às quitinases da família GH18 (Durand, Hughes et al. 2005). Além de
serem novos, os genes selecionados no presente estudo são exclusivamente expressos na
glândula dorsal de M. incognita em estádios avançados do parasitismo como mostra a
hibridização in situ (Figura 2).
Como já foi mencionado, na transição entre penetração na raiz hospedeira e a
indução e manutenção do sítio de alimentação, a glândula dorsal do parasita se desenvolve
e acumula uma grande quantidade de grânulos protéicos. Estas evidências contribuem com
a hipótese de que é na glândula dorsal de fitonematóides endoparasitas sedentários onde é
expressa a maioria dos fatores relacionados com o controle das funções celulares do
hospedeiro para a sustentação do parasitismo (Baum, Davis et al. 2007).
A expressão dos genes 2E07 e 7E12 não ocasionou alterações fenotípicas externas
observáveis nas plantas de fumo transgênicas em relação às plantas controles não
transgênicas. Por outro lado, a avaliação das plantas infectadas com M. incognita após 08,
16 e 28 dias, revelou diferenças nos sintomas das raízes causados pelos parasitas. Essas
diferenças sugerem que a expressão das proteínas de secreção nas plantas transgênicas,
somado à ação dos fitonematóides, podem provocar um desenvolvimento prematuro dos
sintomas do parasitismo. Dentre esses, pode ser citado o desenvolvimento de galhas nas
raízes, que apareceram bem evidentes nas plantas transgênicas após 8 dias das inoculações,
enquanto que nos controles não transgênicos não foram evidenciadas galhas nesse
momento. Nos demais períodos de coleta (16 e 28 dias), as galhas nas raízes também se
apresentaram maiores nas plantas transgênicas, reforçando a hipótese do desenvolvimento
126
precoce. Outra análise que suporta essa inferência é o número de galhas formadas por raíz.
Esse número foi significativamente maior para as plantas transgênicas aos 08 e aos 16 dias
da inoculação, entretanto, após 28 dias, o número médio de galhas por planta transgênica
não foi estatisticamente diferente das plantas controle. Adicionalmente, o número de J2s
após a eclosão dos juvenis das plantas transgênicas (24 h e 48 h) foi significativamente
maior do que nas plantas controle. Isso sugere que o desenvolvimento precoce dos
sintomas do parasitismo se reflete também na maior freqüência de eclosão de juvenis dos
ovos depositados nas raízes transgênicas. Essa análise foi feita no final do ciclo dos
nematóides, 45 dias após a inoculação. A avaliação histológica das raízes das plantas
infectadas demonstrou diferenças morfológicas entre as células gigantes formadas nas
plantas transgênicas e não-transgênicas. As diferenças mais marcantes incluem maior
volume da célula gigante e invaginações mais acentuadas da membrana plasmática nas
plantas transgênicas, comparando-se com os controles que demonstraram um formato
celular mais alongado com invaginações pouco evidentes. Essas diferenças sugerem que o
desenvolvimento e amadurecimento das células gigantes podem estar acontecendo de
forma mais acelerada nas plantas transgênicas expressando 2E07 e 7E12. Esses resultados
indicam que as referidas proteínas são importantes para o desenvolvimento dos sítios de
alimentação pelos nematóides de galhas.
foi demonstrado que a expressão de genes oriundos de patógenos nos tecidos de
plantas hospedeiras pode levar a uma repetição de certos sintomas resultantes do
parasitismo, indicando assim a importância e, às vezes, a função das proteínas presentes
em um parasitoma. Como exemplo, a expressão de um único gene, o pthA do patógeno
Xanthomonas citri em laranja (Citrus sinensis), é suficiente para provocar divisão e
hipertrofia celular, e ainda morte celular nas plantas transgênicas (Duan, Castaneda et al.
127
1999). O primeiro gene de um nematóide parasita de plantas a ser caracterizado dessa
forma, foi o da corismato mutase de M. javanica (Doyle and Lambert 2003). Nesse
trabalho, a expressão da corismato mutase I de M. javanica em raízes de soja levou a um
fenótipo de raízes laterais reduzidas ou abortadas. A partir deste resultado, acredita-se que
a corismato mutase do nematóide, quando secretada no citoplasma da planta, pode
degradar o corismato, alterando, assim, a via do siquimato, o que pode resultar dentre
outras alterações, na diminuição drástica nos níveis de auxina plastidial, causando o
referido fenótipo. Acredita-se que este evento seja essencial para o início da formação do
sítio de alimentação. Outra proteína que está sendo relacionada a eventos que levam à
formação dos sítios de alimentação é o peptídeo secretório Hg-SYV4 de H. glycines, que
possui motivo C-terminal da família CLAVATA3 de plantas. Quando expresso em plantas
de Arabidopsis, o peptídeo Hg-SYV4 regulou negativamente o fator de transcrição
WUSCHEL, levando a uma redução na população de células meristemáticas, à terminação
prematura do meristema apical e o desenvolvimento de flores sem o gineocio central
(Wang, Mitchum et al. 2005). Finalmente, a expressão de um pequeno peptídeo secretório
de M. incognita (16D10) em A. thaliana leva a um aumento na taxa de divisão celular no
meristema radicular, por interação com um fator de transcrição da familia SCARECROW.
Este é o primeiro relato de interação regulatória entre proteínas de plantas e nematóides,
sendo um importante ponto a ser explorado na compreensão do modelo de interação
planta-nematóide (Huang, Dong et al. 2006; Baum, Davis et al. 2007).
Em outros trabalhos, a expressão de potenciais genes de parasitismo de
fitonematóides em fusão com GFP revelou apenas a localização subcelular e não a função
das proteínas de secreção. Por exemplo, a expressão de uma nova proteína de extensão de
ubiquitina Hs-Ubi1 de H. schachtii em células BY-2 de tabaco levou a um acúmulo do
128
sinal da GFP no núcleo da célula (Tytgat, Vanholme et al. 2004). Por outro lado, uma outra
proteína, a 14-3-3, de secreção de M. incognita, quando expressa em células BY-2,
apresentou um acúmulo preferencialmente citoplasmático, considerando a emissão da
fluorescência pela GFP fusionada (Jaubert, Ledger et al. 2002). A diferença na localização
destas proteínas quando expressas em células hospedeiras constitui mais um importante
resultado a contribuir com o entendimento das interações entre plantas e seus nematóides
parasitas. Uma outra técnica usada neste trabalho, na tentativa de elucidar as funções dos
genes 2E07, 7E12 e 17H02, foi o RNA de interferência (RNAi). Este mecanismo é
diferente da superexpressão em fusão com GFP, que permite ver o efeito da proteína de
secreção do nematóide nos tecidos da planta hospedeira. Pelo contrário, o RNAi provoca a
degradação de um RNA mensageiro que possui seqüência complementar, levando ao
silenciamento do gene alvo (Bakhetia, Charlton et al. 2005). Este processo de nocaute por
RNA pode levar a uma mudança de fenótipo, perda ou diminuição da capacidade infectiva
se o gene for importante para o parasita, revelando assim um potencial alvo para o controle
desses fitopatógenos radiculares. O RNA de interferência foi pela primeira vez descrito em
C.elegans, onde a administração de dsRNA ao respectivo nematóide, pela técnica de
soaking, levou ao silenciamento de um gene específico (Fire, Xu et al. 1998).
Esta técnica também foi aplicada em nematóides de plantas, onde se utilizou os
neurotransmissores octopamina (nematóides de cisto) e resorcinol (nematóides de galhas)
para induzir a larva J2 a se alimentar do dsRNA do meio (Urwin, Lilley et al. 2002; Rosso,
Dubrana et al. 2005). Atualmente outras rotas para a administração do RNAi em
fitonematóides são conhecidas e incluem: absorção via anfidios, poro
excretório/secretório e ovos ou ingestão de plantas transgênicas expressando dsRNA
(Huang, Allen et al. 2006; Yadav, Veluthambi et al. 2006; Lilley, Bakhetia et al., 2007). Os
129
resultados obtidos aqui até o momento demonstraram que a introdução de dsRNAs
homólogos aos transcritos dos genes 2E07, 7E12 e 17H02 em N. tabacum resultou em
plantas com alta resistência ao parasita M. incognita. Os níveis de resistência variaram de
85% a 91%, e as diferenças entre as plantas dsRNA positivas e os controles foram
significativas de acordo com o teste de Tukey (p < 0,001), n = 3-11.
Outros trabalhos demonstraram anteriormente que a expressão de dsRNA em
plantas hospedeiras leva ao silenciamento de genes alvo no nematóide que se alimenta da
planta. No primeiro trabalho (Yadav, Veluthambi et al. 2006), plantas transgênicas de
fumo expressando dsRNA contra uma integrase e um fator de splicing de M. incognita se
tornaram altamente resistentes. Neste caso, poucas plantas (Fator de splicing - 2 de 25;
integrase 6 de 19) apresentaram galhas pequenas e contendo fêmeas mal formadas e
transparentes. Em um outro trabalho, (Huang, Allen et al. 2006) demonstraram que plantas
transgênicas de Arabidopsis adquiriram resistência de até 96% ao expressarem dsRNA
contra transcritos do gene 16D10 Huang, Gao et al. (2003) de glândula salivar de M.
incognita. Estes resultados foram bastante similares aos obtidos neste estudo para os genes
2E07, 7E12 e 17H02, contribuindo para o fato de que plantas transgênicas expressando
dsRNA, contra genes envolvidos com a fitopatogenicidade, podem ser uma importante
ferramenta para o controle de fitonematóides. Adicionalmente, plantas de soja expressando
dsRNA específico para a proteína mais abundante do esperma (MSP) de H. glicynes
suprimiram em cerca de 32% a reprodução do parasita, comparando com as plantas
controle. Surpreendentemente, a inoculação destes ovos da progênie em outras plantas
dsRNA-MSP resultou em uma resistência de 75%, sendo este o primeiro relato de que o
efeito do RNAi em um nematóide parasita de planta pode passar para a progênie do
mesmo, afetando a sua capacidade de infectar o hospedeiro (Steeves, Todd et al. 2006).
130
Em contradição a estes resultados, expressão de dsRNA em plantas de tabaco
contra transcritos MjTis11, um fator de transcrição expresso em ovos e em fêmeas
produtoras de ovos, não resultou em qualquer resistência a M. javanica. Este gene foi
selecionado tendo em vista que o nocaute de homólogos no nematóide C.elegans levou a
um fenótipo letal (Fairbairn, Cavallaro et al. 2007). Este resultado exemplifica que não só a
presença ou o nível de expressão de um gene é suficiente para determinar a sua
importância, tornando-se necessário o uso de técnicas de genética reversa (RNAi)
complementando técnicas como a hibridização in situ, microarranjos, PCR em tempo real
dentre outras. Vários outros trabalhos utilizando a técnica de “soaking” para a
administração de dsRNAs em fitonematoides têm revelado que o silenciamento de
proteinases, quitina sintases, celulases, pode levar à incapacidade ou diminuição da
capacidade de desenvolvimento de um nematóide que infecta uma planta. Em um desses
trabalhos, o nocaute de genes de proteinases cysteínicas e de uma proteína tipo lectina
levou a alteração da proporção sexual favorecendo machos e prejudicou o estabelecimento
dos nematóides do cisto nas raízes (Urwin, Lilley et al. 2002). Neste caso, foi utilizada a
técnica de “soaking” utilizando um neurotransmissor (octopamina) para induzir os juvenis
infectivos (J2s) a se alimentarem das moléculas do meio, incluindo dsRNA. Logo em
seguida foi demonstrado que o neurotransmissor a ser aplicado em nematóides formadores
de galhas (Meloidogyne) seria o resorcinol ou resorcina (Rosso, Dubrana et al. 2005).
A partir daí a aplicação de RNA de interferência em nematóides parasitas de
plantas utilizando o “soaking” demonstrou a participação de diversos genes no
parasitoma de fitonematóides. Em um desses trabalhos, (Chen, Rehman et al. 2005)
alimentaram juvenis de segundo estádio (J2) de G. rostochiensis com dsRNAs contra uma
glucanase (Gr-eng) e uma proteína de secreção dos anfidios deste parasita (gr-ams-1). O
131
tratamento com Gr-eng dsRNA reduziu significativamente a capacidade dos nematóides
penetrarem na raiz, indicando que o nematóide precisa desta celulase para romper os
tecidos da raiz enquanto penetra na planta. No tratamento com gr-mas-1 dsRNA, os
nematóides foram incapazes de localizar a raiz no solo e, por isso, o potencial de
penetração dos juvenis foi bastante reduzido. Imergindo ovos de
M. artiellia em uma
solução de dsRNA contra a sua quitina sintase, foi prejudicial ao desenvolvimento dos
ovos e inibiu a eclosão dos juvenis (Fanelli, Di Vito et al. 2005). A introdução da dual
oxidase dsRNA em J2 de
M. incognita via soaking levou a uma diminuição significativa
no número de fêmeas estabelecidas na raiz e, conseqüentemente, de ovos depositados. A
dual oxidase está provavelmente envolvida na síntese da cutícula do nematóide, que é
muito importante na fase que precede a ecdise e na expansão do corpo da fêmea (Bakhetia,
Charlton et al. 2005).
Juntamente com as recentes publicações acima citadas, os resultados obtidos neste
trabalho constituem uma importante contribuição para o entendimento do modelo de
interação, plantas-fitonematóides. Além disso, a resistência adquirida pelas plantas
expressando o dsRNA confirmam, que o RNA de interferência é uma estratégia promissora
a ser utilizada para a criação de plantas transgênicas resistentes a M. incognita.
132
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DO TRABALHO.
CONCLUSÕES
Os genes de resistência expressos diferencialmente na biblioteca de cDNA de algodão
podem estar relacionados com mecanismos de resistência que levam a resposta de
hipersensibilidade, resposta sistêmica adquirida e a resposta vegetal ao estresse abiótico.
As plantas de tabaco transformadas com os genes 2E07, 7E12 em fusão com GFP
apresentaram aspecto normal. Porém, quando infectadas com os nematóides apresentaram
uma evolução prematura da doença. Esse fato pode ser confirmado em vários
experimentos, principalmente os de microscopia, onde as células gigantes nas plantas
transgênicas apresentaram evolução prematura passados 8 dias dos inóculos, sendo mais
volumosas e com invaginações mais pronunciadas do que nas plantas controle.
As plantas transgênicas expressando dsRNAs contra transcritos dos genes 2E07, 7E12 e
17H02 foram significativamente resistentes ao nematóide de galhas M. incoginia.
PERSPECTIVAS
É de grande interesse para a economia agrícola, a criação de cultivares transgênicos
com alta e ampla resistência a nematóides. A introdução de um dsRNA em plantas nos
permite silenciar até grupos gênicos em pragas ou patógenos, desde que sejam
selecionadas regiões conservadas das seqüências. Os resultados obtidos neste trabalho
indicam que a expressão em plantas do dsRNA para o genes de oriundos do parasita pode
ser uma boa estratégia a ser aplicada em cultivares de grande importância agronômica e
que são extremamente afetadas por espécies do gênero Meloidogyne. Como exemplos,
133
podemos salientar o café, o algodão e a cana-de-açúcar. Além disso, serão realizadas
avaliações de risco do dsRNA em campo e em mamíferos, assim como ensaios de
citotoxidade. Este trabalho abre caminho para a utilização de outros genes de parasitismo
de fitonematóides, como alvos para a criação de plantas transgênicas resistentes
expressando dsRNA. Os resultados obtidos com a superexpressão dos genes
2E07 e 7E12
em plantas de tabaco podem ser usados para incrementar os conhecimentos sobre a
interação planta-nematóide. Os genes diferencialmente expressos na biblioteca do algodão
resistente ao nematóide de galhas serão avaliados quanto ao potencial, em plantas
transgênicas modelo, visando a criação de novas cultivares de interesse econômico.
134
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ANEXO. Publicações.
Artigos
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Magalhães, C.P., Fragoso, R.R., Souza, D.S.L., Barbosa, A.E.A.D., Silva C.P., Finardi
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Marra, B.M. ; Sá, M.F.G., Souza, D.S.L. Ginani M. (2007) “Processo De Uso Do
Abrandador Quitosana, Como Removedor De Congêneres Secundários Tóxicos De
Destilados, Principalmente Da Aguardente De Cana Ou Cachaça” PI 0601586 -7 A
145
Comunicado técnico.
Rocha, T.L., Costa, P.H.A., Magalhães, J.C.C., Carneiro, R.M.D.G., Oliveira Neto, O.B.,
Souza, D.S.L., Firmino, A.A.P, Fragoso, R.R., Vasconcelos, E.A.R., Cia, E., Grossi-
De-Sá, M.F. Análise proteômica de raízes de algodoeiro resistente e susceptível
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Meloidogyne incognita. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
2007, 11 p. (Comunicado Técnico 162).
Documentos da EMBRAPA
Rocha T.L., Evaristo R.G.S., Silva, L.P., Souza, D.S.L., Marra, B.M., Costa, P.H.A.,
Magalhães, J.C.C., Silva, M.C.M., Grossi-De-Sá, M.F. Metabolômica: Aplicações e
Perspectivas. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006, 38 p. (Documentos
189).
Capítulo de livro
Romano, E., Souza, D.S. L., Grossi-de-Sá, M.F. Estratégias Moleculares para
Contenção de Organismos Geneticamente Modificados. In: Betânia F. Quirino. (Org.).
REVOLUÇÃO DOS TRANSGÊNICOS. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência
Ltda, 2008, v. 1, p. 1-172.
Textos em jornais de notícias/revistas
Grossi-de-Sá, M.F., Oliveira-Neto, O.B., Souza, D.S.L., Romano, E. Biotcnologia do
algodão no Brasil: os benefícios do algodão transgênico. Cotton business, p. 30 - 33, 01
abr. 2007.
146
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