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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE QUÍMICA
Programa de Pós-Graduação em Química
PATRICIA DE SOUZA MEDEIROS BARBOSA
Desenvolvimento de métodos analíticos para
determinação de As, Cd, Cr, Hg e Pb em
embalagens celulósicas para alimentos por
espectrometria de absorção atômica e
amostragem direta de sólidos
São Paulo
Data de depósito na SPG:
08/07/2009
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PATRICIA DE SOUZA MEDEIROS BARBOSA
Desenvolvimento de métodos analíticos para determinação
de As, Cd, Cr, Hg e Pb em embalagens celulósicas para
alimentos por espectrometria de absorção atômica e
amostragem direta de sólidos
Dissertação apresentada ao Instituto de
Química da Universidade de São Paulo para
obtenção do Título de Mestre em
Química (Química Analítica)
Orientador: Prof. Dr. Pedro Vitoriano de Oliveira
São Paulo
2009
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Patrícia de Souza Medeiros Barbosa
Desenvolvimento de métodos analíticos para determinação de As, Cd, Cr,
Hg e Pb em embalagens celulósicas para alimentos por espectrometria de
absorção atômica e amostragem direta de sólidos.
Dissertação apresentada ao Instituto de Química
da Universidade de São Paulo para obtenção do
Título de Mestre em Química (Química Analítica)
Aprovada em: ________________
Banca Examinadora
Prof. Dr. _________________________________________________
Instituição: _________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________
Prof. Dr. _________________________________________________
Instituição: _________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________
Prof. Dr. _________________________________________________
Instituição: _________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________
Aos meus pais Diniz e Elza,
a minha irmã Paula
e ao Marcio
Por todo amor, apoio e incentivo
Dedico
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Pedro Vitoriano de Oliveira pela paciência, respeito,
amizade e excelente orientação. Muito obrigada pela oportunidade de fazer
pesquisa em seu laboratório, pela compreensão com os meus horários e por todos
os ensinamentos.
À Profa. Dra. Elisabeth de Oliveira por me receber tão gentilmente em seu
laboratório para uma primeira conversa sobre a possibilidade de iniciar o mestrado
em seu grupo de pesquisa.
À Profa. Dra. Cassiana Seimi Nomura pela amizade, conversas, fofocas, excelente
orientação, ensinamentos e fundamental participação no exame de qualificação.
À Profa. Dra. Maria Encarnación Vázquez Suárez-Iha pelas essenciais contribuições
no exame de qualificação.
Aos amigos do laboratório Alexandre, Angerson, Danielle, Edivan, Fábio, Juliana,
Marielle, Rafael, Raquel, Rodrigo e Vivian pela amizade, convivência e “chás”. Ao
Angerson pela valiosa ajuda com alguns “probleminhas experimentais”. À Danielle
pela cuidadosa ajuda no início do meu trabalho e pelos ensinamentos. À Juliana
pelas conversas, fofocas, ensinamentos e principalmente pelo cuidadoso e
fundamental suporte no desenvolvimento desse trabalho. Ao Rafael pela
fundamental colaboração no final desse trabalho.
Ao Prof. Dr. Francisco José Krug e à técnica Iolanda Ruffini (Tatinha) do Centro de
Energia Nuclear na Agricultura CENA/USP pelo empréstimo do moinho criogênico
e cuidadoso suporte nessa etapa do trabalho. Ao Prof. Dr. Dário Santos Junior
também pelo fundamental auxílio nesta etapa.
Aos técnicos Luciana, Priscila e Daniel pelo auxílio e pela compreensão com os
pedidos de última hora.
A todos os funcionários da Seção de Graduação e de Pós-Graduação pelo
atendimento cordial e eficiente.
À FAPESP pela bolsa concedida (Processo 07/56482-2).
Ao Laboratório de Papel e Celulose do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo pela possibilidade de iniciar o Mestrado. Aos amigos deste
Laboratório pela convivência harmoniosa e ensinamentos. Em especial à Mariza
pela amizade, cuidado e respeito.
Aos novos amigos do Setor de Resíduos Sólidos Industriais da CETESB -
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Amaral, Ângela, Elvira,
Gabriela, Júlia, Rodrigo, Sidney e Vânia) pela convivência harmoniosa e
ensinamentos.
Aos meus pais Diniz e Elza por todo amor, cuidado, incentivo e apoio. Muito
obrigada por me apoiar nos momentos mais difíceis, por me incentivar nos estudos
e no trabalho e pela compreensão. Muito obrigada por me acordar de madrugada
para estudar, por quase sempre me levar e buscar e principalmente pela paciência
com o meu mau humor quando estou cansada.
A minha irmã Paula (“minha gordinha”) por me fazer companhia nos finais de
semana de trabalho no laboratório e em casa. Muito obrigada por não me deixar
sozinha. Eu nunca a vi estudar tanto...
A minha família (Vô Urbano, Serafina, João, Maria, Tio Edson, Tia Edna,
Ricardo, Camila e Natália) pelo amor e respeito.
Ao Marcio pelo amor, cuidado, apoio, respeito e compreensão e principalmente
pela paciência nesses 6 anos de convivência. “Eu te amo mais do que ontem...”.
Ao Armando, Neila, Viviane e Wilson pela convivência e nova família.
A todos que de alguma forma colaboraram no desenvolvimento desse trabalho.
Muito obrigada
RESUMO
Barbosa, P. S. M. Desenvolvimento de métodos analíticos para determinação de
As, Cd, Cr, Hg e Pb em embalagens celulósicas para alimentos por
espectrometria de absorção atômica e amostragem direta de sólidos. 2009.
93p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Química (Química
Analítica). Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.
No presente trabalho foram desenvolvidos métodos analíticos para a determinação
de As, Cd, Cr, Hg e Pb em embalagens celusicas para alimentos por espectrometria de
absorção atômica com atomizão em forno de grafite e amostragem direta de sólidos
(SS-GF AAS). Para a determinão direta de Hg, a solução de KMnO
4
e a mistura oxidante
(HNO
3
+ H
2
SO
4
) com a plataforma e parede interna do tubo modificadas com Pd
apresentaram os melhores resultados. A mistura oxidante promoveu o pré-tratamento
rmico in situ do papel, reduzindo o sinal de fundo. Foi investigada a viabilidade de
empregar papéis de filtro, impregnados com concentrações conhecidas dos analitos e
moídos por moagem criogênica, como padrõeslidos para calibração do equipamento. Os
padrões lidos produzidos apresentaram boa homogeneidade para As, Cd, Hg e Pb,
adequada para microalises e submicroalises. Não foi desenvolvido método para
determinação direta de Cr devido à contaminação durante a etapa de moagem. Foram
construídas curvas anaticas de calibrão utilizando-se massas crescentes de um único
padrão lido e massas similares dos padrões contendo diferentes concentrões dos
analitos. As curvas obtidas foram concordantes em termos de coeficientes angulares, com
razões de aproximadamente 1, indicando que ambos procedimentos de calibrão podem
ser empregados para SS-GF AAS. Materiais de refencia certificados de matriz vegetal
foram analisados para avaliar a exatio dostodos propostos empregando-se as curvas
obtidas. Os resultados para As, Cd e Pb apresentaram boa exatio e precisão. Os limites
de detecção encontrados para a análise direta de lidos foram: 0,36 µg g
-1
para As, 4,0
ng g
-1
para Cd, 0,46 µg g
-1
para Hg e 0,036 µg g
-1
para Pb. O emprego dos todos
desenvolvidos na determinação direta de As, Cd, Hg e Pb em amostras de embalagens
celulósicas para alimentos indicou que estes podem ser utilizados no controle de qualidade
dessas embalagens, apresentando boa sensibilidade, precisão e exatidão. As
concentrações de Cd e Pb nas embalagens analisadas variaram, respectivamente, de
0,015 a 0,099 µg g
-1
e de 0,05 a 6,70 µg g
-1
. As concentrações de As e Hg nas
embalagens ficaram abaixo dos limites de detecção. Foi possível a determinão de Cr nos
digeridos de pedaços das embalagens, obtendo-se concentrações de 1,8 a 4,1 µg g
-1
.
Palavras-chave: absorção atômica, análise direta, embalagens celulósicas
ABSTRACT
Barbosa, P. S. M. Development of analytical methods for As, Cd, Cr, Hg and Pb
determination in paper and board food packaging materials by solid sampling
graphite furnace atomic absorption spectrometry. 2009. 93p. Masters Thesis
Graduate Program in Chemistry. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São
Paulo.
In the present work analytical methods for determination of As, Cd, Cr, Hg and
Pb in paper and board food packaging materials by solid sampling graphite furnace
atomic absorption spectrometry (SS-GF AAS) were developed. For direct determination
of Hg, the best results were achieved using KMnO
4
solution and an oxidant mixture
(HNO
3
+ H
2
SO
4
) in combination with the graphite platform and inner wall of graphite
tube modified with palladium as permanent modifier. The oxidant mixture allowed the
in situ thermal pretreatment, reducing the background signals. The feasibility of
using cryogenic ground spiked filter papers with different concentrations of the analyte
as synthetic calibrating standards was investigated. The calibrating standards showed
good homogeneity for As, Cd, Hg and Pb being suitable for both microanalysis and
submicroanalysis. The method for the direct determination of Cr was not developed
due to the contamination during the grinding step. The analytical calibration curves
were made by increasing masses of one calibrating standard and similar masses of the
calibrating standards containing different concentrations of the analyte. The ratio
between slopes of analytical curves were approximately 1 for As, Cd, Hg e Pb,
indicating the adequacy of using both calibrating procedures for SS-GF AAS. Vegetable
certified reference materials were analyzed to evaluate the accuracy of the proposed
methods. The results for As, Cd e Pb presented good accuracy and precision. The
detection limits for the solid sample analysis were: 0,36 µg g
-1
for As, 4,0 ng g
-1
for Cd,
0,46 µg g
-1
for Hg and 0,036 µg g
-1
for Pb. The direct determination of As, Cd, Hg and Pb
in paper and board food packaging material samples were successfully done indicating
that the developed methods can be employed in the quality control of these samples
with good sensibility, precision and accuracy. The concentration of Cd and Pb in
analyzed packaging materials ranged from 0,015 to 0,099 µg g
-1
and from 0,05 to 6,70
µg g
-1
, respectively. The concentration of As and Hg in packaging materials were below
to the detection limits. It was possible the determination of Cr in solution after pieces
of packaging materials digestion. The concentrations of Cr ranged from 1,8 to
4,1 µg g
-1
.
Keywords: atomic absorption, solid sampling, paper and board packaging materials
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA Absorbância do analito
AAS do inglês, Atomic Absorption Spectrometry
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BCR do inglês, Community Bureau of Reference
BG do inglês, Background
CCQM Consultative Committee for Amount of Substance – Metrology in Chemistry
CRM do inglês, Certified Reference Material
CV AAS do inglês, Cold Vapour Atomic Absorption Spectrometry
ETV-ICP OES do inglês, Electrothermal Vaporization Inductively Coupled Plasma Optical
Emission Spectrometry
F AAS do inglês, Flame Atomic Absorption Spectrometry
GC-MS do inglês, Gas Chromatography Mass Spectrometry
GF AAS do inglês, Graphite Furnace Atomic Absportion Spectrometry
HCL
do inglês, Hollow Cathode Lamp
H
E
Constante de homogeneidade
HPA do inglês, High Pressure Asher
HPLC do inglês, High Performance Liquid Chromatography
IAEA do inglês, International Atomic Energy Agency
ICP OES do inglês, Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry
ICP-MS do inglês, Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry
ICP-TOF-MS do inglês, Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry with a Time-of-Flight
K
S
Constante de amostragem
LA-ICP-MS do inglês, Laser Ablation Inductively Coupled Mass Spectrometry
LIBS do inglês, Laser-induced Breakdown Spectrometry
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MS Ministério da Saúde
NAA do inglês, Neutron Activation Analysis
NIES do inglês, National Institute for Environmental Studies
NIST do inglês, National Institute of Standards and Technology
NRC do inglês, National Research Council
RSD do inglês, Relative Standard Deviation
S
H
Erro de amostragem relativo
SIMAAS do inglês, Simultaneous Atomic Absorption Spectrometry
SiS-GF AAS do inglês, Slurry Sampling Graphite Furnace Atomic Absorption Spectrometry
SS-GF AAS do inglês, Solid Sampling Graphite Furnace Atomic Absorption Spectrometry
SVS Secretaria de Vigilância Sanitária
T
A
Temperatura de atomização
t
A
Tempo de atomização
T
P
Temperatura de pirólise
t
P
Tempo de pirólise
WDXRF do inglês, Wavelength Dispersive X-Ray Fluorescence
XRF do inglês, X-Ray Fluorescence
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ - 10 -
1.1. Embalagens celulósicas para alimentos: características e
aspectos legais ...................................................................................... - 12 -
1.2. Embalagens celulósicas para alimentos: determinação
elementar e preparo de amostras ......................................................... - 16 -
1.3. Análise direta de lidos por GF AAS: características e
aplicações ............................................................................................. - 19 -
2. OBJETIVO ............................................................................................. - 26 -
3. PARTE EXPERIMENTAL ......................................................................... - 27 -
3.1. Instrumentação .............................................................................. - 27 -
3.2. Reagentes e soluções ..................................................................... - 28 -
3.3. Amostras de embalagens celulósicas para alimentos e materiais
de referência ......................................................................................... - 28 -
3.4. Procedimento experimental ........................................................... - 29 -
3.4.1. Descontaminação dos materiais ............................................... - 29 -
3.4.2. Preparo dos padrões sólidos de papéis de filtro ....................... - 29 -
3.4.3. Digestão com mistura oxidante em forno de micro-ondas ....... - 31 -
3.4.4. Determinação de As, Cd, Cr e Pb por GF AAS ............................ - 31 -
3.4.5. Determinação de Hg por CV AAS .............................................. - 32 -
3.4.6. Otimização do programa de aquecimento para SS-GF AAS ....... - 33 -
3.4.7. Avaliação da homogeneidade dos padrões de papéis de
filtro ................................................................................................... - 36 -
3.4.8. Calibração ................................................................................ - 37 -
3.4.9. Determinação de As, Cd, Hg e Pb por SS-GF AAS nas
amostras de embalagens celulósicas ................................................. - 38 -
3.4.10. Avaliação da estabilidade dos padrões sólidos de papéis
de filtro .............................................................................................. - 38 -
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ - 39 -
4.1. Concentrações de As, Cd, Cr, Hg e Pb nos padrões sólidos de
papéis de filtro ...................................................................................... - 39 -
4.2. Otimização do programa de aquecimento para SS-GF AAS ............. - 41 -
4.2.1. Otimização do programa de aquecimento para As, Cd e Pb ...... - 42 -
4.2.2. Otimização do programa de aquecimento para Hg ................... - 49 -
4.3. Avaliação da homogeneidade dos padrões sólidos de papéis de
filtro ...................................................................................................... - 59 -
4.4. Calibração ...................................................................................... - 60 -
4.5. Figuras de mérito ........................................................................... - 72 -
4.6. Análise das amostras de embalagens celulósicas para alimentos ... - 73 -
4.7. Avaliação da estabilidade dos padrões sólidos de papéis de
filtro ...................................................................................................... - 78 -
5. CONCLUSÕES ........................................................................................ - 84 -
6. REFERÊNCIAS ....................................................................................... - 86 -
INTRODUÇÃO
- 10 -
1. INTRODUÇÃO
Embalagem para alimentos “é o artigo que está em contato direto com
alimentos, destinado a contê-los, desde a sua fabricação a sua entrega ao
consumidor, com a finalidade de protegê-los de agentes externos, de alterações e
de contaminações, assim como de adulterações” [BRASIL, 2001]. Além das
características de proteção e de desempenho que o material da embalagem deve
atender, este deve ser compatível com o alimento e não deve representar um
veículo de contaminação. Esta compatibilidade refere-se à garantia de que as
substâncias que venham a migrar da embalagem para o alimento não provoquem
alterações nas suas características sensoriais ou incorporem substâncias com
potencial tóxico ou carcinogênico ao mesmo [LEMOS; ITO, 2008].
As interações mais importantes entre embalagem e alimentos são:
permeação, sorção e migração. Permeação é o transporte de substâncias do
ambiente para o alimento através do material da embalagem e vice-versa; sorção
é a transferência de substâncias do alimento para a embalagem e migração, do
material da embalagem para o alimento. Considerando os aspectos de segurança
alimentar, a migração é a interação mais importante, uma vez que, as substâncias
que migram para os alimentos podem representar um risco à saúde [SILVA et al.,
2008].
Considerando a necessidade do constante aperfeiçoamento das ações de
controle sanitário na área de alimentos visando a proteção da saúde da população,
é indispensável o estabelecimento de princípios gerais referentes às embalagens
para contato com alimentos a serem complementados com regulamentos técnicos
específicos para cada tipo de material [BRASIL, 2001]. No Brasil, as embalagens
destinadas ao contato direto com alimentos e bebidas são regulamentadas pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Ministério da Saúde (MS),
estando em vigor 30 regulamentos compreendidos por Leis, Portarias, Instruções
Normativas e Resoluções, os quais internalizam as Resoluções do MERCOSUL
Mercado Comum do Sul sobre os diversos materiais de embalagem. O objetivo
destes regulamentos é garantir que sejam utilizados materiais seguros na
elaboração das embalagens de forma a assegurar que não ocorra contaminação
proveniente da interação entre os alimentos e bebidas e o material da embalagem
[SARON, 2007].
INTRODUÇÃO
- 11 -
No regulamento técnico “Critérios gerais para embalagens e equipamentos
em contato com alimentos”, aprovado pela Resolução RDC n
o
91, de 11 de maio de
2001, ANVISA, está estabelecido como primeiro critério que as embalagens para
contato direto com alimentos “devem ser fabricadas em conformidade com as boas
práticas de fabricação para que, nas condições normais ou previsíveis de emprego,
não produzam migração para os alimentos de componentes indesejáveis, tóxicos
ou contaminantes em quantidades tais que superem os limites máximos
estabelecidos de migração total ou específica, tais que: a) possam representar um
risco à saúde humana; b) ocasionem uma modificação inaceitável na composição
dos alimentos ou nas características sensoriais dos mesmos” [BRASIL, 2001]. As
boas práticas de fabricação compreendem um conjunto de procedimentos,
princípios e regras que abrangem desde as matérias-primas até o produto final,
como forma de garantir a segurança do consumidor [PADULA; ITO, 2006].
De maneira geral, a base desta regulamentação está na restrição do uso de
substâncias potencialmente tóxicas na composição do material e no controle do
potencial de migração. Tais restrições normalmente são feitas por meio de Listas
Positivas, as quais apresentam as substâncias que podem ser empregadas na
formulação do material da embalagem e da definição de um limite de migração
total para controle do potencial de contaminação indireta do alimento [LEMOS;
ITO, 2008]. Este limite corresponde à quantidade máxima admissível de
componentes do material da embalagem migrados aos simulantes sob as
condições de ensaio, fornecendo informação sobre o potencial de interação
alimento/material da embalagem [BRASIL, 2001; SARON, 2007].
Quando necessário, por razões toxicológicas, são definidas restrições
específicas com limites de migração específica ou limites de composição de
determinadas substâncias [LEMOS; ITO, 2008]. O limite de migração específica
corresponde à quantidade máxima admissível de um componente específico do
material transferida aos simulantes, nas condições de ensaio. O limite de
composição corresponde à quantidade máxima permitida de um componente
particular de interesse toxicológico presente no material que entrará em contato
com alimentos [BRASIL, 2001].
De forma geral, as embalagens têm como função básica proteger os
alimentos do ambiente externo, preservando suas características iniciais de
qualidade sem interagir/alterar a composição dos mesmos [CABRAL, 1982]. No
INTRODUÇÃO
- 12 -
entanto, como essas interações ocorrem, as legislações existentes têm a finalidade
de assegurar o controle necessário sobre qualquer substância que possa ser
transferida ao alimento acondicionado, com o intuito de proteção à saúde da
população [LEMOS; ITO, 2008].
1.1. Embalagens celulósicas para alimentos: características e aspectos
legais
Embalagens celulósicas constituídas somente de fibras virgens ou de fibras
virgens e recicladas são amplamente empregadas no acondicionamento de
alimentos. Em geral, as embalagens celulósicas são utilizadas em contato com
alimentos secos, como por exemplo, bandejas de polpa moldada utilizadas no
transporte e proteção de frutas e legumes, caixas de papelão ondulado,
embalagens de produtos em pó, bem como em contato com alimentos secos e
gordurosos, como caixas de pizza e papéis impermeáveis às substâncias
gordurosas para embalagens de fast food.
Os aditivos, incorporados durante a fabricação da embalagem, e a crescente
utilização de fibras recicladas constituem as principais fontes de possíveis
contaminações dos alimentos provenientes do material das embalagens [GARCÍA-
GOMEZ et al., 2002, 2004]. Desta forma, embalagens celulósicas para contato
direto com alimentos devem atender aos critérios de controle de qualidade
estabelecidos em legislações específicas.
No Brasil, os materiais celulósicos para contato com alimentos devem
atender ao disposto na Portaria n
o
177, de 04 de março de 1999, SVS (Secretaria
de Vigilância Sanitária) /MS que aprova o regulamento técnico “Disposições gerais
para embalagens e equipamentos celulósicos em contato com alimentos” e seus
Anexos e atender ao estabelecido na Resolução RDC nº130, de 10 de maio de
2002, ANVISA [BRASIL, 1999b, 2002b]. O citado regulamento aplica-se às
embalagens de uso doméstico, elaboradas ou revestidas com papel e cartão ou
embalagens compostas por vários tipos de materiais, sempre que a face em
contato com o alimento seja celulósica. Excluem-se aquelas embalagens para
acondicionamento dos alimentos que necessariamente são descascados para seu
consumo quando se assegure que não modifiquem as características
organolépticas do alimento e que não transfiram substâncias prejudiciais à saúde.
INTRODUÇÃO
- 13 -
Dentre os requisitos exigidos, este regulamento estabelece que ensaios de
migração sejam realizados para a determinação de possíveis contaminantes
presentes na embalagem celulósica, em condições previsíveis de uso da
embalagem [BRASIL, 1999b].
O termo migração é, geralmente, descrito como um processo de difusão,
que pode ser fortemente influenciado pelas interações entre componentes do
alimento e material da embalagem. Os fatores que afetam a migração de
contaminantes da embalagem incluem a difusão da substância na matriz
polimérica, na interface polímero-alimento, sua dispersão na matriz alimentícia,
tempo e temperatura de contato. Por outro lado, componentes dos alimentos,
particularmente gorduras, podem ser transferidos à embalagem, aumentando
consideravelmente a mobilidade dos componentes dispersos na matriz polimérica,
portanto, acentuando a migração de componentes da embalagem para o alimento
[ARVANITOYANNIS; BOSNEA, 2004].
Para os ensaios de migração, a embalagem é colocada em contato com
simulantes de alimentos adequados, em condições de tempo e temperatura de
forma a simular as condições previsíveis de uso da embalagem [BRASIL, 1999b;
NERÍN et al., 2007]. Para a seleção dos simulantes, os alimentos são classificados
em grupos, tais como sólidos secos ou de ação extrativa pouco significativa,
aquosos ácidos e não ácidos, oleosos ou gordurosos, sendo que a cada grupo de
alimentos é atribuído um simulante adequado [BRASIL, 1999a; CROSBY, 1981]. A
classificação dos alimentos e os simulantes que são adotados para os ensaios de
migração estão indicados na Portaria n°177/99 [BRASIL, 1999b].
Com o objetivo de investigar o potencial de migração de componentes de
embalagens celulósicas para os alimentos, Castle et al. [1997] realizaram estudo
exploratório com 32 embalagens celulósicas (representativas das embalagens para
alimentos existentes no mercado) que incluiu a determinação de componentes
voláteis por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC-MS),
extração com água, etanol e clorofórmio para posterior análise por GC-MS e
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com detector UV-visível. A
determinação da concentração total dos elementos nessas embalagens foi feita por
espectrometria de massas com fonte de plasma (ICP-MS), após procedimento de
digestão ácida. Os resultados obtidos indicaram um grande número de substâncias
orgânicas, com baixa massa molecular, presentes na maioria das embalagens
INTRODUÇÃO
- 14 -
analisadas. Entretanto, essas substâncias apresentaram baixo potencial de
migração, com concentrações nos extratos inferiores a 1 mg kg
-1
. Quanto aos
elementos, Cd foi encontrado em duas embalagens (0,3 mg kg
-1
), Cr em sete
amostras (1,1 a 7,8 mg kg
-1
) e Pb em nove amostras (0,3 a 5,9 mg kg
-1
),
indicando a necessidade de monitoramento desses elementos no controle de
qualidade das embalagens comerciais.
Com a crescente utilização de fibras celulósicas provenientes de material
reciclado (fibras secundárias) na fabricação de embalagens comerciais, inclusive
daquelas destinadas a entrar em contato direto com alimentos, é também
crescente a preocupação com a possibilidade de migração de componentes tóxicos
para os alimentos [BINDERUP et al., 2002; GARCÍA-GÓMEZ et al., 2004;
TRIANTAFYLLOU et al., 2002, 2007].
O material recuperado varia na origem e pode incluir papéis e cartões
contendo tintas de impressão, adesivos, ceras, branqueadores fluorescentes,
corantes, agentes de colagem, entre outros aditivos [BINDERUP et al., 2002;
TRIANTAFYLLOU et al., 2007]. Os contaminantes que tem sido frequentemente
encontrados em materiais celulósicos reciclados incluem dioxinas e furanos,
ftalatos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e elementos potencialmente
tóxicos [TRIANTAFYLLOU et al., 2002]. Também como consequência das precárias
condições de armazenamento da embalagem pós-consumo e do uso inadequado
da embalagem pelo consumidor, antes de seu aproveitamento para reciclagem, é
possível que essas embalagens contenham substâncias potencialmente tóxicas.
Para a utilização de embalagens recicladas, deve-se assegurar que o
material recuperado tenha pureza suficiente para o contato com alimentos e que
atenda as mesmas especificações existentes para a embalagem constituída de
fibras virgens. Desta forma, as embalagens celulósicas para contato com alimentos
provenientes de material reciclado devem também atender ao disposto na
Resolução RDC nº129, de 10 de maio de 2002, ANVISA, que aprova o
“Regulamento técnico sobre material celulósico reciclado” [BRASIL, 2002a]. O
citado regulamento se aplica às fibras celulósicas provenientes de material
reciclado que serão utilizados na fabricação de embalagens para alimentos sólidos
secos ou de ação extrativa pouco significativa e estabelece que para utilização de
fibras recicladas, estas “devem ser obtidas através de processos adequados de
INTRODUÇÃO
- 15 -
limpeza e de boas práticas de fabricação que assegurem qualidade compatível com
sua utilização em contato com alimentos” [BRASIL, 2002a].
A presença de traços de elementos potencialmente tóxicos em embalagens
celulósicas para alimentos é um problema que está relacionado à qualidade final
dos alimentos comercializados dentro e fora do Brasil, pois esses elementos podem
migrar para o alimento em quantidades superiores aos limites de migração total
e/ou específica, representando um risco à saúde. As principais fontes de elementos
tóxicos nessas embalagens são os aditivos utilizados na fabricação, o tipo de
polpa, a água do processo, os equipamentos do processo produtivo e o uso de
fibras recicladas na fabricação das embalagens [SIMON et al., 1977;
SKRZYDLEWSKA et al., 2003; TRIANTAFYLLOU et al., 2002].
Conforme estabelecido no regulamento técnico “Disposições gerais para
embalagens e equipamentos celulósicos em contato com alimentos”, aprovado
pela Portaria nº177/99, essas embalagens devem cumprir com os limites de
migração específica para os elementos As, Cd, Cr, Hg e Pb. Além destes, devem
cumprir com os limites de migração específica para Ag, B, Ba, Cu, F, Sb, Sn e Zn,
quando estiverem na composição das embalagens. No entanto, não estão
estabelecidos os limites desses elementos no material da embalagem e também
não são descritos os procedimentos analíticos para determinação dos elementos
requeridos. Neste regulamento são descritos apenas os procedimentos de
quantificação gravimétrica do resíduo total extraído do material celulósico, após
contato com simulantes de alimentos sob condições reais de emprego do material
(ensaio de migração total), de migração de branqueadores fluorescentes e de
migração de corantes [BRASIL, 1999b].
Conforme disposto na Portaria nº177/99, os limites de migração específica
devem atender ao estabelecido no regulamento técnico vigente correspondente a
“Contaminantes em Alimentos”. Estão em vigor o Decreto nº55.871, de 26 de
março de 1965, da Presidência da República e a Portaria nº685, de 27 de agosto
de 1998, SVS/MS, a qual aprova o regulamento técnico “Princípios gerais para o
estabelecimento de níveis máximos de contaminantes químicos em alimentos” e
seu Anexo “Limites máximos de tolerância para contaminantes inorgânicos”. As
legislações citadas estabelecem os limites máximos de tolerância de As, Cd, Cu,
Cr, Hg, Ni, Pb, Se, Sb, Sn, Zn em diferentes classes de alimentos [BRASIL, 1965,
1998].
INTRODUÇÃO
- 16 -
1.2. Embalagens celulósicas para alimentos: determinação elementar e
preparo de amostras
A determinação de elementos potencialmente tóxicos em embalagens
celulósicas destinadas a entrar em contato com alimentos é pouco explorada na
literatura, quando comparada com as análises de embalagens plásticas, tais como,
polietileno, polipropileno e poliestireno, as quais são amplamente empregadas no
acondicionamento de alimentos [FORDHAM et al., 1995; PERRING et al., 2001;
SKRZYDLEWSKA et al., 2003; VAN BORM et al., 1999].
Em geral, as técnicas analíticas empregadas para a determinação de
elementos traço em embalagens celulósicas para alimentos são a espectrometria
de absorção atômica com forno de grafite (GF AAS) e com geração de vapor frio
(CV AAS), a espectrometria de emissão óptica com plasma de argônio induzido
(ICP OES) e a ICP-MS [CASTLE et al., 1997; CONTI, 1997; CONTI; BOTRÈ, 1997;
PERRING et al., 2001; SIMON et al., 1977; SKRZYDLEWSKA et al., 2003; SOARES
et al., 2002].
A espectrometria de absorção atômica (AAS) oferece importantes vantagens
para a determinação de elementos traço no controle de qualidade dessas
embalagens devido à elevada sensibilidade, à alta especificidade e à facilidade de
operação do equipamento. A necessidade de pequenas quantidades de amostra
para realização da análise e a possibilidade de tratamento térmico in situ durante o
programa de aquecimento, o que favorece a introdução direta de suspensões e
lidos no atomizador, o ainda vantagens da GF AAS em relação às outras técnicas
espectroanaticas anteriormente citadas. No entanto, a caractestica monoelementar
da AAS e os longos programas de aquecimento da GF AAS (1 a 3 min) podem se
tornar desvantagens quando a frequência analítica é um parâmetro a ser
considerado. Mesmo com o desenvolvimento da espectrometria de absorção
atômica com atomização eletrotérmica e detecção simultânea (SIMAAS) para
determinação multielementar de elementos traço e ultratraço, comparativamente
às outras técnicas espectroanalíticas multielementares, como a ICP OES e a ICP-
MS, a SIMAAS não apresenta o mesmo desempenho em termos de velocidade
analítica. A elevada sensibilidade da ICP-MS quando comparada a ICP OES, com
limites de detecção geralmente inferiores ou equivalentes a GF AAS, aliada à
capacidade de determinação multielementar, à elevada frequência analítica e ao
INTRODUÇÃO
- 17 -
amplo intervalo linear tem contribuído para o emprego desta técnica nas
determinações de elementos traço em diversos tipos de amostras [CORREIA et al.,
2003; INGLE Jr; CROUCH, 1988; LAJUNEN, 1992; SKRZYDLEWSKA et al., 2003;
WELZ; SPERLING, 1999].
Em atendimento aos critérios para controle de qualidade das embalagens
celulósicas, estabelecidos em legislações específicas (nacional e internacional),
procedimentos analíticos para determinação de elementos potencialmente tóxicos
nessas embalagens são usualmente baseados na detecção destes por diferentes
técnicas analíticas, após contato da embalagem com simulantes de alimentos
adequados, sob condições usuais de emprego, elaboração e armazenamento ou
sob condições equivalentes de ensaio (ensaios de migração) [CONTI, 1997;
CONTI; BOTRÈ, 1997; PERRING et al., 2001].
Outra abordagem consiste em determinar a concentração total de
elementos nas embalagens celulósicas, após conversão do material sólido em
solução aquosa por meio de procedimentos de decomposição via seca ou via
úmida, como por exemplo, digestão ácida em altas temperaturas [PERRING et al.,
2001; SKRZYDLEWSKA et al., 2003].
Conti [1997] determinou as concentrações de Cd, Cr, Hg e Pb por GF AAS
em 15 diferentes amostras de embalagens celulósicas para alimentos,
empregando-se dois procedimentos distintos de pré-tratamento das amostras: (1)
após imersão em água destilada durante 24 h a temperatura de 23°C (teste de
extração) e (2) após imersão em ácido acético 3 % (v v
-1
) por 24 h a temperatura
de 40°C (teste de migração), os quais são propostos por legislação específica. Os
resultados mostraram que para todos os elementos, as concentrações obtidas
estavam acima dos limites estabelecidos na legislação referenciada. No entanto,
foi observada uma significativa diferença entre as concentrações obtidas,
dependendo do procedimento de pré-tratamento (1) ou (2) empregado. Desta
forma, o autor sugere o teste de migração como procedimento para controle de
qualidade das embalagens nos casos em que um maior grau de segurança é
exigido.
Perring et al. [2001] desenvolveram um método de rotina para
determinação de Cd, Cr, Hg e Pb em embalagens plásticas e celulósicas para
alimentos, avaliando a eficiência dos procedimentos de pré-tratamento das
amostras como digestão ácida assistida por micro-ondas em frasco fechado de
INTRODUÇÃO
- 18 -
média e de alta pressão (HPA). As determinações dos elementos foram realizadas
por ICP-MS para Cd, Cr, Hg e Pb, por ICP OES para Cd, Cr e Pb, e por CV AAS para
Hg. Os autores verificaram que para a digestão ácida em HPA foram obtidas as
maiores recuperações para Pb (92%), Cd (92%), Cr (97%) e Hg (83%). Os limites
de detecção para ICP-MS foram 25 a 200 vezes melhores do que os obtidos para
ICP OES (axial) e CV AAS. Os resultados obtidos mostraram que concentrações de
Pb, Hg e Cd foram inferiores a 1,5 mg kg
-1
e de Cr variaram de 1,5 a 30 mg kg
-1
nas embalagens analisadas.
Skrzydlewska et al. [2003] aplicaram a espectrometria de massas acoplada
a fonte de plasma com analisador de tempo-de-voo (ICP-TOF-MS) para
determinação de Cd, Cr e Pb em 6 embalagens celulósicas para alimentos, após
digestão ácida assistida por micro-ondas. O método desenvolvido resultou em
limites de detecção para todos os analitos da ordem de ng g
-1
, sendo viável para
determinação de traços desses elementos no controle de qualidade das
embalagens. Os resultados obtidos indicaram concentrações de até 0,12 µg g
-1
para Cd, 0,64 µg g
-1
para Cr e 0,99 µg g
-1
para Pb.
Soares et al. [2002] determinaram Hg e Cr(VI), respectivamente, por
CV AAS e GF AAS em 19 amostras de papéis reciclados e 43 embalagens de
papelão ondulado para contato com alimentos. Para determinação de Hg, as
amostras foram digeridas com uma mistura de HNO
3
e H
2
O
2
concentrados e para
Cr(VI), foi efetuada a extração das embalagens com uma solução de NaOH,
resultando em recuperações superiores a 91%. Para os papéis reciclados, as
concentrações obtidas variaram de 0,038 a 2,20 µg g
-1
para Hg e de 0,093 a 1,22
µg g
-1
para Cr(VI) e para as embalagens de papelão, foram obtidos valores de
0,038 a 0,660 µg g
-1
para Hg e de 0,069 a 0,359 µg g
-1
para Cr(VI). Os autores
verificaram que as embalagens coloridas contribuíram para as maiores
concentrações desses elementos nas análises realizadas, sugerindo que a
composição dessas embalagens deve ser cuidadosamente definida para que
possam ser destinadas ao contato com alimentos. Os métodos desenvolvidos pelos
autores resultaram em limites de quantificação equivalentes a 76 ng g
-1
e 40 ng g
-1
para Hg e Cr(VI), respectivamente.
Como alternativa aos procedimentos analíticos que exigem a conversão das
amostras sólidas em soluções aquosas para posterior determinação elementar,
Parry [2001] propôs um método direto para determinação de 22 elementos em 17
INTRODUÇÃO
- 19 -
embalagens celulósicas recicladas visando análise por ativação neutrônica (NAA).
O método desenvolvido se mostrou adequado para determinação direta dos
elementos em níveis de traços, exceto para Cd, devido ao elevado limite de
detecção observado. No entanto, elevadas quantidades de amostra (5 g ou mais)
são necessárias para a determinação de concentrações inferiores a 1 mg kg
-1
. Os
autores observaram concentrações de até 92 mg kg
-1
de Cr, 300 mg kg
-1
de Cu e
69 mg kg
-1
de Ba nas embalagens analisadas. A NAA é classificada como um
método primário pelo CCQM (Consultative Committee for Amount of Substance
Metrology in Chemistry), desde 03 de abril de 2008. Porém, o equipamento requer
instalações especiais (reator com fluxo de nêutrons apropriado), instrumentação
complexa e pessoal técnico altamente qualificado, limitando a sua implementação
[KRUG, 2008].
1.3. Análise direta de sólidos por GF AAS: características e aplicações
As determinações elementares em amostras sólidas o, em geral,
realizadas após conversão do material sólido em uma solução por meio de
procedimentos de decomposição por via seca ou úmida para matrizes orgânicas e
inorgânicas ou por fusão para matrizes inorgânicas refratárias. No entanto,
embora seja possível a determinação simultânea de elementos com excelente
sensibilidade, em tempos inferiores a 1 min, a conversão da amostra sólida em
uma solução representativa pode variar de 5 min a 48 h ou mais, dependendo da
complexidade da matriz [KRUG, 2008]. Krug [2008] ressalta que dentre todas as
operações analíticas, a etapa de pré-tratamento das amostras é a mais crítica. Em
geral, é nessa etapa que se comete mais erros e que se gasta mais tempo. É
também a etapa de maior custo. Por isso, as etapas de um procedimento de pré-
tratamento de amostra deverão ser sempre consideradas cuidadosamente.
Como uma alternativa aos procedimentos convencionais, algumas técnicas
analíticas como espectrometria de fluorescência de raios-X (XRF), espectrometria
de emissão com plasma induzido por laser (LIBS), ICP OES, ICP-MS,
espectrometria de absorção atômica com atomização por chama (F AAS) e GF AAS
permitem a determinação elementar a partir da análise direta de sólidos, que pode
ser realizada por meio da amostragem de suspensões e/ou da amostragem direta
[ARRUDA, 2007; KRUG, 2008]. No entanto, a introdução da amostra na forma
INTRODUÇÃO
- 20 -
sólida ainda requer um mínimo tratamento, sendo que na amostragem direta de
sólidos em atomizadores ou vaporizadores eletrotérmicos, esse tratamento pode
consistir em apenas uma etapa de moagem [KRUG, 2008].
De uma forma geral, a análise direta de sólidos oferece importantes
vantagens: (1) simplificação no pré-tratamento da amostra o que reduz o tempo
gasto nessa etapa e, consequentemente, aumenta a frequência analítica; (2)
minimização dos riscos de contaminação devido ao uso de quantidades reduzidas
de reagentes, pouca manipulação ou baixa exposição ao ambiente; (3)
minimização das perdas do analito de interesse; (4) menor periculosidade devido a
não utilização de reagentes tóxicos ou corrosivos; (5) minimização da geração de
resíduos; (6) maior detectabilidade, uma vez que, as amostras não são diluídas; e
(7) possibilidade de analisar quantidades reduzidas de amostra [BELARRA et al.,
2002; KURFÜST, 1998; NOMURA et al., 2008b].
Entre as técnicas analíticas que permitem a introdução direta de amostras
sólidas, a GF AAS, seja na forma de suspensão (SiS-GF AAS) ou de sólido direto
(SS-GF AAS), apresenta características que a qualificam como uma das técnicas
mais adequadas para análise direta de sólidos, destacando-se: (1) o programa de
aquecimento que permite o pré-tratamento térmico da amostra, sobretudo
durante a etapa de pirólise, o que facilita a remoção de parte dos concomitantes
que podem provocar interferências durante a etapa de atomização; (2) as
pequenas quantidades de amostras que podem ser analisadas, com massas que
podem variar de 0,01 a 10 mg; (3) apresenta boa seletividade e sensibilidade; (4)
os problemas relacionados ao sistema de transporte são praticamente
inexistentes, uma vez que, o transporte das suspensões é feito por amostragem
discreta (não depende de nebulizadores) e os sólidos são pesados diretamente na
plataforma de grafite que, posteriormente, é inserida no atomizador; e (5) a
adequada otimização do programa de aquecimento, aliada ao uso de
modificadores químicos, em geral, possibilita a calibração do equipamento com
soluções analíticas de referência [NOMURA et al., 2008b].
Considerando as principais características da SS-GF AAS, as aplicações mais
recomendadas dessa técnica são: (1) nas determinações de elementos em
amostras de difícil solubilização; (2) nas determinações de elementos em níveis de
traço e ultratraço em amostras de alta pureza; (3) quando a disponibilidade da
INTRODUÇÃO
- 21 -
amostra para análise é pequena; e (4) para avaliar a micro-homogeneidade de
materiais [NOMURA et al., 2008b].
Apesar da possibilidade de analisar massas diminutas de amostras ser uma
das grandes vantagens da SS-GF AAS, essa característica gera também um grande
desafio, pois obter resultados precisos e exatos nessas condições não é uma tarefa
trivial [NOMURA et al., 2008b]. Rossbach et al. [1997] avaliaram a influência da
massa de amostra sobre a precisão dos resultados analíticos e verificaram que o
desvio padrão relativo das medidas, para determinação de Cd no material
certificado IAEA-393, diminuiu de 50% para 0,5% com o aumento da massa de
amostra analisada, de 0,01 mg para 100 mg. Com massas reduzidas de amostra,
a probabilidade estatística de encontrar a mesma concentração média do analito
nas frações tomadas para análise diminui e, portanto, a homogeneidade do
material é um pré-requisito fundamental para análise direta de amostras sólidas
[KURFÜST et al., 1993; ROSSBACH et al., 1997; ZEISLER, 1998]. Quando um
material homogêneo se torna heterogêneo para pequenas massas, existe uma
massa mínima que deve ser considerada e bem estabelecida para garantir a
representatividade da amostra e a exatidão dos resultados analíticos [PAUWELS
et al., 1994].
A homogeneidade depende de fatores como a natureza do material, a
massa de amostra a ser utilizada e a concentração do elemento de interesse
[NOMURA; OLIVEIRA, 2006]. Segundo Zeisler [1998], experiências tem mostrado
que a heterogeneidade encontrada em pequenas massas de amostras é
geralmente consequência da presença de partículas grandes, denominadas por
alguns autores de “nuggets”, nas quais podem estar contidas concentrações de
elementos traço muito maiores do que aquelas encontradas em toda a amostra.
Quanto mais estreita for a distribuição de tamanho de partículas, geralmente
inferior a 10 µm, melhor será a homogeneidade de reduzidas quantidades de
amostra [ZEISLER, 1998]. Desta forma, uma maneira de solucionar a falta de
homogeneidade do material é reduzir o tamanho das partículas das amostras por
meio de procedimentos de moagem [KURFÜST, 1998; NOMURA et al., 2008b].
A SS-GF AAS tem sido empregada com sucesso na avaliação da
homogeneidade de materiais de referência [KURFÜRST et al., 1993; PAUWELS;
VANDECASTEELE, 1993; PAUWELS et al., 1994; ROSSBACH et al., 1997]. Pauwels
et al. [1994] salientam que a avaliação da homogeneidade deve ser realizada
INTRODUÇÃO
- 22 -
empregando-se uma técnica que: (1) não requer pré-tratamento da amostra,
evitando perda dos analitos e contaminações; (2) possibilite análises precisas de
pequenas massas de amostra, preferencialmente menores que 1 mg; e (3)
apresente uma elevada frequência analítica. De maneira geral, a técnica SS-
GF AAS preenche todos esses requisitos.
Para estimar a imprecisão devido à heterogeneidade da amostra, Ingamells
e Switzer [1973] introduziram a constante de amostragem (K
S
):
RSD = (K
S
/m)
1/2
(1)
Na Equação 1, o desvio padrão relativo experimental (RSD) é utilizado para
calcular o K
S
. Essa constante representa a massa m da subamostra necessária
para assegurar um RSD de 1%. No entanto, erros aleatórios provenientes dos
procedimentos analíticos não foram considerados na Equação 1, os quais são
decorrentes da pesagem e de erros instrumentais, tais como, estabilidade da
lâmpada de catodo oco e variações da temperatura do atomizador [INGAMELLS;
SWITZER, 1973; KURFÜST et al., 1993; KURFÜST, 1998; NOMURA et al., 2008b].
Empregando a técnica de amostragem direta de sólidos, Kurfüst et al.
[1993] introduziram o conceito de constante de homogeneidade (H
E
) para
pequenas massas de amostra:
H
E
= S
H
. m
1/2
(2)
S
H
2
= RSD
2
– Σ (outras incertezas)
2
(3)
Onde S
H
corresponde ao erro de amostragem relativo, o qual pode ser
estimado diretamente a partir dos valores de RSD das medidas e dos erros
aleatórios do procedimento analítico. Como a massa de amostra utilizada no
estudo de homogeneidade é geralmente 1 mg, H
E
representa a imprecisão devido
ao erro de amostragem para uma unidade de massa e, portanto, fornece
diretamente a informação sobre o grau de homogeneidade da amostra. Quando o
fator de homogeneidade é menor do que 10 (H
E
< 10), o material pode ser
considerado suficientemente homogêneo [KURFÜST et al., 1993; KURFÜRST,
1998; NOMURA et al., 2008b].
INTRODUÇÃO
- 23 -
A calibração é outra etapa na análise direta de sólidos que pode gerar
dificuldades. Para SS-GF AAS, a escolha do material a ser utilizado para calibração
depende fortemente do comportamento da matriz e do analito [NOMURA et al.,
2008b]. Idealmente um material calibrante deve ter composição idêntica à da
amostra, preferencialmente ambos tendo similar quantidade de analito.
Entretanto, a composição de “amostras reais”, como as ambientais e biológicas, é,
frequentemente, desconhecida e/ou apresenta grandes variações, não se
associando aos materiais calibrantes disponíveis, como por exemplo, os materiais
de referência certificados (CRMs) [KURFÜST, 1998].
A maneira mais simples, barata e atrativa para calibrar um equipamento é
com o uso de soluções analíticas de referência. As vantagens do uso de uma
solução aquosa como material calibrante são que este é um procedimento rápido,
de fácil execução e não apresenta problemas de heterogeneidade [KURFÜST,
1998; NOMURA et al., 2008b].
Entretanto, a principal dificuldade encontrada no uso de soluções analíticas
de referência para a análise de materiais sólidos está relacionada à interferência
causada pela matriz no processo de vaporização/atomização, uma vez que, os
mecanismos de atomização na presença da matriz podem ser diferentes daqueles
observados para as soluções [KURFÜST, 1998; ZEISLER, 1998]. A atomização do
analito proveniente de uma solução ocorre em ambientes com baixa presença de
concomitantes e os precursores químicos são geralmente conhecidos, enquanto
que em amostras sólidas, o mesmo não acontece. Além disso, em muitos casos,
na presença da matriz, pode ocorrer perda do analito durante a etapa de pirólise,
devido à volatização de espécies do analito diferentes daquelas presentes nas
soluções de referência. Embora a composição matricial tenha uma forte influência,
essas dificuldades podem ser minimizadas pelo programa de aquecimento e por
outras estratégias como o uso de modificadores químicos, gás de purga alternativo
ou mistura oxidante, tornando possível a análise de materiais sólidos empregando-
se calibração aquosa [KURFÜST, 1998; NOMURA et al., 2008b].
Outra abordagem consiste em empregar CRMs ou materiais sólidos sintéticos
para calibração do equipamento [KURFÜST, 1998; NOMURA et al., 2008b; ZEISLER,
1998]. Nesses casos, para a construção das curvas analíticas de calibração, podem-
se pesar massas crescentes de um material sólido com a mesma concentração do
elemento de interesse, ou então, massas similares de materiais lidos com
INTRODUÇÃO
- 24 -
diferentes concentrações do analito. Em geral, se a composição do material sólido
usado para calibração for muito semelhante à da amostra, o efeito de matriz sobre o
processo de vaporização/atomização, em ambos os casos, ocorre da mesma
maneira [NOMURA et al., 2008b].
Embora os CRMs sejam bastante empregados para calibração em SS-
GF AAS, existem algumas limitações que devem ser consideradas: (1) muitos
materiais não são certificados para alguns elementos de interesse; (2) na prática é
difícil encontrar CRMs com composição equivalente à da amostra; e (3) a maioria
dos CRMs comercialmente disponíveis apresenta homogeneidade garantida
somente para elevadas massas de amostra (100-500 mg) e, portanto, superiores
às quantidades analisadas por SS-GF AAS [NOMURA et al., 2008b; ROSSBACH et
al., 1997]. Atualmente existem disponíveis no mercado diversos tipos de CRMs
produzidos por diversas instituições, entre as quais, destacam-se IAEA
(International Atomic Energy Agency), NIST (National Institute of Standards and
Tecnology), BCR (Community Bureau of Reference), NRC (National Research
Council), NIES (National Institute for Environmental Studies) e IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) [NOMURA et al., 2008b]. Porém,
somente o NIST possui CRMs para microanálise, o SRM 2703 (marine sediment) e
o SRM 1648a (urban particulate matter), cujas homogeneidades são garantidas
para massas iguais ou superiores a 0,7 mg e 1 mg, respectivamente.
Diante das limitações apresentadas quanto à utilização dos CRMs para
calibração, outra estratégia consiste em empregar padrões sólidos sintéticos.
Masson [2007] empregou celulose impregnada com soluções analíticas de Al, Ca,
Fe, K, Mg, Mn, Na e Zn como padrões sintéticos visando a determinação direta
desses elementos em amostras de plantas por ICP OES com vaporização
eletrotérmica (ETV-ICP OES). Nesse estudo, alíquotas das soluções analíticas de
referência (10 µL) foram adicionadas, com auxílio de uma micropipeta, sobre a
celulose em pó, previamente pesada na plataforma de grafite do vaporizador
eletrotérmico. A calibração do equipamento com celulose impregnada se mostrou
eficiente, apresentando resultados com boa exatidão na análise de CRMs de matriz
vegetal.
Com o mesmo objetivo de simular a matriz vegetal, Marguí et al. [2005]
também empregaram com sucesso a celulose como material calibrante sintético
para determinação de elementos majoritários (Na, Mg, Al, P, S, K, Ca), elementos
INTRODUÇÃO
- 25 -
traço (Mn, Fe, Co, Zn, As) e elementos não essenciais (Sr, Pb) em amostras de
plantas por espectroscopia de fluorescência de Raios-X por dispersão de
comprimento de onda (WDXRF). Nesse estudo, o preparo do material calibrante
consistiu na impregnação da celulose em pó com alíquotas das soluções de
referência contendo diferentes concentrações dos elementos de interesse e
posteriormente, na secagem e homogeneização da celulose impregnada, utilizando
almofariz e pistilo.
Nomura et. al. [2008a] propuseram o uso de papel de filtro impregnado
com diferentes concentrações de Cu e Zn e moído por moagem criogênica como
padrões sintéticos de calibração para análise direta de sólidos. Nesse trabalho, a
SS-GF AAS foi empregada para o estudo de micro-homogeneidade dos papéis
impregnados e moídos e para avaliar a aplicabilidade destes como material
calibrante na determinação direta de Cu e Zn em CRMs de matriz vegetal. Com
base nos resultados obtidos, os autores sugerem que o material produzido pode
ser empregado em outras técnicas de análise direta de sólidos, tais como,
espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado com ablação a
laser (LA-ICP-MS) e LIBS.
Considerando as baixas concentrações de As, Cd, Cr, Hg e Pb nas
embalagens celulósicas destinadas a entrar em contato direto com os alimentos e
as características da SS-GF AAS, deve-se proceder a análise direta de sólidos.
OBJETIVO
- 26 -
2. OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi o desenvolvimento de métodos analíticos
visando a determinação direta de As, Cd, Cr, Hg e Pb em embalagens celulósicas
para alimentos por espectrometria de absorção atômica com atomização em forno
de grafite e amostragem direta de sólidos (SS-GF AAS).
PARTE EXPERIMENTAL
- 27 -
3. PARTE EXPERIMENTAL
3.1. Instrumentação
Para a determinação de As, Cd, Cr, Hg e Pb por GF AAS foi utilizado um
espectrômetro de absorção atômica, modelo ZEEnit 60 (Analytik Jena AG),
equipado com corretor de fundo baseado no efeito Zeeman transversal,
atomizador recoberto com grafite pirolítico e aquecimento transversal, amostrador
automático AS73 para amostragem de soluções aquosas e amostrador para sólidos
SSA-6 Z do mesmo fabricante.
O espectrômetro foi operado com lâmpadas de catodo oco de As, Cd, Cr, Hg
e Pb, empregando os parâmetros instrumentais apresentados na Tabela 1. Todas
as medidas foram baseadas em valores de absorbância integrada. O gás de purga
e de proteção foi argônio 99,998% (Oxigás).
Tabela 1 Parâmetros instrumentais adotados para determinação de As, Cd, Cr, Hg e
Pb por AAS
Elemento As Cd Cr Hg Pb
Tipo de lâmpada HCL HCL HCL HCL HCL
Corrente da lâmpada (mA) 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0
Comprimento de onda (nm) 193,7 228,8 357,9 253,7 283,3
Resolução Espectral (nm) 0,8 0,8 0,8 0,5 0,8
Nota: HCL = Hollow Cathode Lamp
Os materiais sólidos foram pesados diretamente na plataforma de grafite do
tipo “boat”, com recobrimento pirolítico, utilizando uma microbalança modelo Auto
Balance AD-4 (Perkin-Elmer). A transferência do material sólido para a plataforma
foi efetuada com uma microespátula de aço inoxidável.
Papéis de filtro impregnados com os elementos de interesse e as amostras
de embalagens celulósicas foram moídos em moinho criogênico modelo MA 775
(Marconi).
Um forno com cavidade e aquecimento assistido por micro-ondas, modelo
Multiwave 3000 (Anton Paar), equipado com controladores de pressão e
PARTE EXPERIMENTAL
- 28 -
temperatura foi utilizado para digestão dos papéis de filtro moídos, das amostras
de embalagens celulósicas e dos CRMs.
Para a determinação de Hg por CV AAS foi utilizado um espectrômetro de
absorção atômica, modelo AAS vario 6 (Analytik Jena AG), acoplado ao gerador de
hidretos modelo HS 55 do mesmo fabricante. O espectrômetro é equipado com
corretor de fundo de deutério que foi utilizado durante as medidas. Para todas as
medidas foi utilizado um tubo de quartzo com comprimento de 140 mm e diâmetro
interno de 15 mm, posicionado no caminho óptico e mantido a temperatura de
150°C. Todas as medidas foram baseadas nos valores de altura dos sinais
transientes. Argônio 99,998% (Oxigás) foi utilizado como gás de arraste para o
vapor de Hg.
3.2. Reagentes e soluções
Todas as soluções foram preparadas com água deionizada de alta pureza
(18,2 M cm) obtida pelo sistema de ultrapurificação de água Milli-Q
®
(Millipore) e
armazenadas em frascos de polipropileno, previamente descontaminados.
Soluções analíticas de referência de As(III), Cd(II), Cr(III) e Pb(II) foram
preparadas em meio de HNO
3
0,1 % (v v
-1
) por sucessivas diluições das soluções
estoques contendo 1000 mg L
-1
de As(NO
3
)
3
, Cd(NO
3
)
2
, CrCl
3
e Pb(NO
3
)
2
(Tritisol
®
,
Merck). Soluções analíticas de referência de Hg(II) foram preparadas em meio de
HNO
3
2 % (v v
-1
) por sucessivas diluições da solução estoque contendo 1000 mg L
-1
de Hg(NO
3
)
2
(CertiPUR
®
, Merck).
Os modificadores químicos foram preparados por diluição das soluções
contendo 10 g L
-1
de Pd(NO
3
)
2
e 10 g L
-1
de Mg(NO
3
)
2
(Suprapur, Merck), a partir
do sal KMnO
4
(Merck), de soluções de HNO
3
ou de H
2
SO
4
(Merck).
A solução do agente redutor foi preparada pela dissolução do NaBH
4
(Aldrich) em meio de NaOH (Merck) 0,1 mol L
-1
.
3.3. Amostras de embalagens celulósicas para alimentos e materiais de
referência
Foram selecionadas as seguintes amostras de embalagens celulósicas para
alimentos: bandeja de polpa moldada, caixa de pizza, toalha de papel, papel
PARTE EXPERIMENTAL
- 29 -
destinado a alimentos em pó, papelcartão, papel para embalagens de confeitos,
papel destinado a embalagens de fast food e embalagem de farinha de trigo. Estas
foram adquiridas em um supermercado da cidade de São Paulo ou diretamente
com os fabricantes.
Papel de filtro quantitativo Whatman
®
542, de diâmetro de 125 mm,
gramatura de 93 g m
-2
e com teor de cinzas inferior a 0,006% foi utilizado na
preparação de padrões sólidos para calibração do SS-GF AAS.
Para avaliar a exatidão dos procedimentos analíticos realizados, foram
utilizados os seguintes materiais de referência certificados (CRMs): NIST SRM
1515 (apple leaves), NIST SRM 1547 (peach leaves), NIST SRM 1570a (spinach
leaves), NBS SRM 1567a (wheat flour), NBS SRM 1572 (citrus leaves), NIES 10a
(rice flour) e GBW 07603 (bush branches and leaves).
3.4. Procedimento experimental
3.4.1. Descontaminação dos materiais
Toda vidraria e frascos de polipropileno utilizados para o preparo e
armazenamento das soluções analíticas de referência e dos materiais sólidos
(padrões sólidos de papéis de filtro e embalagens celulósicas moídas) foram
lavados com detergente, enxaguados com água destilada e preenchidos com
solução de ácido nítrico 10% (v v
-1
) por 24 h e, novamente, enxaguados três
vezes com água deionizada (água Milli-Q
®
).
3.4.2. Preparo dos padrões sólidos de papéis de filtro
Papéis de filtro Whatman
®
542 foram impregnados com 1000 µL de soluções
anaticas de referência multielementares contendo 0,25/2,5 (P1); 0,50/5,0 (P2);
0,75/7,5 (P3) e 1,0/10 (P4) mg L
-1
de Cd/Pb, preparadas a partir de diluições das
soluções estoques em HNO
3
0,1% (v v
-1
). Um branco foi preparado por meio da
impregnação do papel de filtro com 1000 µL de HNO
3
0,1% (v v
-1
) (P0). Para os
papéis de filtro impregnados com Hg, foi efetuada a adição de 1000 µL de soluções
de referência contendo 12,5 (P1); 25 (P2); 50 (P3); 60 (P4) e 100 (P5) mg L
-1
de
Hg, preparadas a partir de diluições da solução estoque. Para os papéis
PARTE EXPERIMENTAL
- 30 -
impregnados com As e Cr, foram adicionados 1000 µL de soluções analíticas
multielementares contendo 0,62/0,50 (P1); 1,2/1,0 (P2); 2,5/2,0 (P3); 5,0/4,0
(P4) e 10/8,0 (P5) mg L
-1
de As/Cr. Um branco também foi preparado por meio da
impregnação de 1000 µL de água Milli-Q
®
(P0), utilizada no preparo das soluções
analíticas de referência. Foi feita a impregnação de cinco papéis de filtro para cada
solução e para o branco.
Em seguida, os papéis impregnados com As, Cd, Cr, Hg e Pb foram mantidos
em capela de fluxo laminar (VECO) para evitar contaminação durante a secagem até
massa constante. O período de secagem foi de aproximadamente 72 h.
Após a secagem, os papéis de filtro impregnados foram submetidos ao
procedimento de moagem. A moagem é necessária, pois as amostras finamente
moídas com tamanho de partículas controlado são mais homogêneas, podendo ser
subdivididas sem comprometer a representatividade. Para o preparo dos padrões
sólidos propostos nesse trabalho, foi empregada a moagem criogênica. O princípio
da técnica consiste em promover o congelamento da amostra para aumentar a
dureza dos materiais provocando falhas na estrutura. Desta forma, o material se
torna quebradiço, sendo necessária uma menor energia para sua cominuição.
Portanto, a moagem criogênica é recomendada para diminuir o tempo gasto no
preparo de amostras de difícil homogeneização, garantindo a homogeneidade para
a análise direta de sólidos por técnicas microanalíticas [KRUG, 2008].
Para a moagem, massas de aproximadamente 4 g de cada papel de filtro
impregnado e do branco, em pedaços, foram introduzidas em um tubo cilíndrico de
policarbonato juntamente com uma barra magnética de aço inoxidável. O tubo foi
fechado nas extremidades com duas tampas de aço inoxidável. Após um período
de pré-congelamento do conjunto, imerso em nitrogênio líquido, um campo
magnético alternado foi aplicado fazendo com que a barra magnética atingisse as
tampas do tubo em alta velocidade com uma frequência média de 20 Hz. A
cominuição do material sólido foi realizada pelo impacto da barra magnética com
as tampas do tubo cilíndrico de policarbonato. O programa de moagem utilizado foi
de 5 min de pré-congelamento e 4 ciclos de 5 min de moagem sendo esta
intercalada com 1 min de congelamento. Após a moagem, os papéis de filtro
impregnados foram armazenados em frascos de vidro e mantidos em dessecador.
PARTE EXPERIMENTAL
- 31 -
3.4.3. Digestão com mistura oxidante em forno de micro-ondas
Para determinar as concentrações de As, Cd, Cr e Pb por GF AAS e de Hg
por CV AAS nos padrões sólidos de papéis de filtro e nas amostras de embalagens
celulósicas moídas, massas de aproximadamente 200 mg de cada papel moído e
de 100 mg de cada amostra de embalagem foram digeridas com 2 mL de HNO
3
, 1
mL H
2
O
2
e 3 mL H
2
O em forno de micro-ondas com cavidade. O programa de
aquecimento empregado nesta digestão está apresentado na Tabela 2. Todos os
papéis de filtro moídos foram digeridos em triplicata e todas as amostras de
embalagens, em duplicata. O branco analítico consistiu da mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
O
2
+ H
2
O). Após a digestão, completou-se o volume dos digeridos para 10
mL. CRMs foram submetidos ao mesmo procedimento de digestão, em duplicata,
com massas de aproximadamente 200 mg.
Tabela 2 Programa de aquecimento para digestão em forno de micro-ondas com
cavidade
Etapa Temperatura (°C)
Rampa (min) Patamar (min)
1 140 5 1
2 180 8 2
3 220 4 10
4 0 - 20
Nota: Etapa 4 – Resfriamento dos frascos de digestão.
3.4.4. Determinação de As, Cd, Cr e Pb por GF AAS
As determinações de As, Cd, Cr e Pb nos digeridos dos padrões de papéis de
filtro e das amostras de embalagens foram realizadas por GF AAS, utilizando os
parâmetros instrumentais descritos na Tabela 1 e os programas de aquecimento,
previamente otimizados com soluções analíticas de referência de As, Cd, Cr e Pb,
apresentados na Tabela 3. 10 µL da solução contendo 5 µg de Pd e 3 µg de Mg foi
empregado como modificador químico na determinação de As, Cd e Pb. Para
avaliar a exatidão dos procedimentos realizados, os seguintes CRMs, submetidos
ao mesmo procedimento de digestão, foram analisados: NIST SRM 1515 (apple
PARTE EXPERIMENTAL
- 32 -
leaves), NIST SRM 1547 (peach leaves), NBS SRM 1567a (wheat flour) e NBS SRM
1572 (citrus leaves). Também foi realizado o teste de recuperação para As por
meio da adição de 40 µg L
-1
e 70 µg L
-1
de solução analítica de As.
Tabela 3 Programas de aquecimento para determinação de As, Cd, Cr e Pb por
GF AAS
Etapa Temperatura (°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 130 10 10 1,0
Pirólise
1300
a
; 600
b
;
1400
c
; 900
d
100 20 1,0
Auto zero
1300
a
; 600
b
;
1400
c
; 900
d
0 6 0
Atomização
2300
a
; 1600
b
;
2500
c
; 2100
d
2600 5
a,b,c
; 3
d
0
Limpeza
2500
a
; 2200
b
;
2600
c,d
1200 3 1,0
Nota:
a
As;
b
Cd;
c
Cr;
d
Pb; Modificador químico: Pd + Mg para as determinações de As,
Cd e Pb.
3.4.5. Determinação de Hg por CV AAS
As determinações de Hg nos digeridos dos padrões de papéis de filtro e das
amostras de embalagens foram realizadas por CV AAS, empregando-se as
seguintes condições otimizadas: volume de amostra de 1,0 mL; volume de HCl (6
mol L
-1
) de 1,0 mL; tempo de bombeamento de 35 s; velocidade da bomba no
nível 2; e tempo de limpeza de 20 s. A vazão de argônio para as etapas de
bombeamento e limpeza foi de 6 L/h. Uma solução de NaBH
4
2% (m v
-1
) em meio
de NaOH 0,1 mol L
-1
foi utilizada como agente redutor. A cela de quartzo foi
mantida a 150°C. Foram utilizados os parâmetros instrumentais descritos na
Tabela 1.
Para avaliar a exatidão dos procedimentos realizados, foi analisado o
material certificado NBS SRM 1572 (citrus leaves) submetido ao mesmo
procedimento de digestão.
PARTE EXPERIMENTAL
- 33 -
3.4.6. Otimização do programa de aquecimento para SS-GF AAS
O estudo do comportamento térmico do As, Cd, Hg e Pb em solução aquosa
e em meio do material sólido (padrão de papel de filtro) foi realizado por meio da
obtenção das curvas de temperatura de pirólise e atomização dos elementos, na
ausência e presença de modificadores químicos. Para isso, a temperatura de
atomização foi fixada, variando-se a temperatura de pirólise e em seguida, a
temperatura de pirólise foi fixada no melhor valor obtido anteriormente, variando-
se a de atomização. Nesse estudo, os tempos de pirólise e de atomização também
foram otimizados. Todo estudo térmico foi realizado utilizando os parâmetros
instrumentais descritos na Tabela 1 e o programa de aquecimento geral
apresentado na Tabela 4, para As, Cd e Pb e os programas de aquecimento
apresentados nas Tabelas 5 e 6, para Hg. Devido à contaminação durante a etapa
de moagem criogênica, o Cr não foi determinado pela análise direta de sólidos.
Volume de 10 µL de soluções contendo 25 µg L
-1
de As, 2 µg L
-1
de Cd, 20
µg L
-1
de Pb e 250 µg L
-1
de Hg foram utilizados para verificar o comportamento
térmico dos elementos em solução aquosa. Massas de aproximadamente 130 µg
dos padrões de papéis de filtro contendo 3,6 ± 0,3 µg g
-1
de As, 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd, 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb e 17 ± 1 µg g
-1
de Hg foram utilizadas para avaliar o
comportamento térmico dos elementos na presença da matriz (padrão de papel de
filtro).
Para verificar a ação do modificador químico na estabilidade térmica de As,
Cd e Pb, volume de 10 µL de solução contendo 5 µg de Pd e 3 µg de Mg foram
manualmente adicionados sobre alíquotas das soluções analíticas de referência ou
das amostras sólidas previamente pesadas na plataforma de grafite. Para o Hg, foi
avaliada a ação dos seguintes modificadores químicos: (1) 10 µL de solução
contendo 5 µg de Pd e 3 µg de Mg; (2) 10 µL de solução de KMnO
4
3% (m v
-1
);
(3) 10 µL de solução de KMnO
4
3% (m v
-1
) e 250 µg Pd depositado termicamente
na plataforma de grafite; (4) 10 µL de solução de KMnO
4
3% (m v
-1
), com 250 µg
Pd depositado termicamente na plataforma de grafite e 1000 µg de Pd
eletrodepositado na superfície interna do tubo de grafite; (5) 10 µL de mistura
oxidante contendo 1 mol L
-1
HNO
3
e 1 mol L
-1
H
2
SO
4
; e (6) 10 µL de mistura
oxidante contendo 1 mol L
-1
HNO
3
e 1 mol L
-1
H
2
SO
4
, com 250 µg Pd depositado
PARTE EXPERIMENTAL
- 34 -
termicamente na plataforma de grafite e 1000 µg de Pd eletrodepositado na
superfície interna do tubo de grafite.
Tabela 4Programa de aquecimento geral para estudo do comportamento térmico do
As, Cd e Pb por SS-GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 130 10 10 1,0
Pirólise T
P
100 t
P
1,0
Auto zero T
P
0 6 0
Atomização T
A
2300
a
; 2600
b,c
t
A
0
Limpeza 2500
a
; 2600
b,c
1200
b,c
; 2300
a
3 1,0
Nota:
a
As;
b
Cd;
c
Pb; T
P
= temperatura de pirólise; T
A
= temperatura de
atomização; t
P
= tempo de pirólise; t
A
= tempo de atomização.
Tabela 5 Programa de aquecimento I para estudo do comportamento térmico do Hg
por SS-GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 80 10 10 1,0
Pirólise T
P
100 t
P
1,0
Auto zero T
P
0 5 0
Atomização T
A
2600 t
A
0
Limpeza 2200
a,b,e
; 1480
c,d
1200
a,b,e
; 300
c,d
3
a,b,e
; 7
c,d
1,0
Nota:
a
ausência de modificador químico;
b
KMnO
4
;
c
KMnO
4
+ Pd depositado na
plataforma;
d
KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma + Pd depositado na superfície
interna do tubo de grafite;
e
Pd + Mg. T
P
= temperatura de pirólise; T
A
= temperatura
de atomização; t
P
= tempo de pirólise; t
A
= tempo de atomização.
PARTE EXPERIMENTAL
- 35 -
Tabela 6 Programa de aquecimento II para estudo do comportamento térmico do
Hg por SS-GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 80 10 10 1,0
Digestão 200 10 20 1,0
Pirólise T
P
15 t
P
1,0
Auto zero T
P
0 5 0
Atomização T
A
1500 t
A
0
Limpeza 2200
a
; 1480
b
1200
a
; 300
b
3
a
; 7
b
1,0
Nota:
a
Mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
);
b
Mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
) + Pd
depositado na plataforma + Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite; T
P
= temperatura de pirólise; T
A
= temperatura de atomização; t
P
= tempo de pirólise; t
A
= tempo de atomização.
A modificação química do tubo de grafite foi efetuada por meio da
eletrodeposição de Pd na superfície interna do tubo, seguindo procedimento
proposto na literatura [MORENO et al., 2002]. Foi adotada a modificação por
processo eletroquímico, pois experiências tem mostrado maior eficiência na
adsorção de espécies voláteis, como o Hg, do que para o modificador permanente
preparado por processo térmico. Uma hipótese para explicar esse melhor
desempenho é o aumento da área superficial [NAOZUKA et al., 2003]. A
eletrodeposição de Pd sobre a superfície interna do tubo de grafite foi realizada
utilizando a célula eletroquímica em fluxo, sob vazão de 0,5 mL min
-1
e com
recirculação da solução de Pd (100 mol L
-1
; pH 4,8) durante 1 h. O potencial
empregado foi de –0,600 V vs Ag/AgCl. Após a eletrodeposição, o tubo de grafite
foi posicionado no forno de grafite e então, submetido ao seguinte programa de
aquecimento para condicionamento térmico (temperatura/°C, rampa/°C s
-1
,
patamar/s): (90, 30, 15); (110, 30, 15); (800, 4, 10); e (2000, 50, 5) [MORENO
et al., 2002; NAOZUKA et al., 2003].
PARTE EXPERIMENTAL
- 36 -
A modificação química da superfície da plataforma de grafite foi realizada
por meio da deposição térmica de Pd na plataforma, conforme procedimento
proposto por Silva et al. [2002]. Nesse procedimento, 20 µL da solução de Pd foi
adicionada sobre a plataforma de grafite, com auxílio de uma micropipeta. A
plataforma foi inserida no tubo de grafite e submetida ao seguinte programa de
aquecimento para modificação térmica (temperatura/°C, rampa/°C s
-1
,
patamar/s): (90, 30, 15); (250, 20, 35); (1000, 1000, 10); e (2000, 200, 5). As
etapas descritas foram repetidas por 25 vezes, resultando em 250 µg de Pd
depositado sobre a plataforma [SILVA et al., 2002].
3.4.7. Avaliação da homogeneidade dos padrões de papéis de filtro
A avaliação da homogeneidade foi realizada seguindo o mesmo
procedimento efetuado no processo de certificação do material particulado urbano
(NIST SRM 1648a), o qual é certificado para a microanálise. Para cada padrão
sólido de papel de filtro moído foi feita a determinação, em 12 replicatas, de As,
Cd, Hg e Pb por SS-GF AAS, empregando-se os programas de aquecimento
otimizados. Para As, Cd e Pb, 10 µL da solução contendo 5 µg de Pd e 3 µg de Mg
foi adicionada sobre o material sólido e para Hg, foi empregado como modificador
químico 10 µL de KMnO
4
3% (m v
-1
).
Considerando o desvio padrão relativo (RSD) das 12 medidas realizadas,
obteve-se o valor do desvio experimental (s
experimental
). O desvio instrumental
(s
instrumental
) foi determinado por meio do RSD de 12 medidas de uma solução
analítica de referência (10 µL). As concentrações das soluções utilizadas para a
determinação do desvio instrumental foram 100 µg L
-1
de As, 2 µg L
-1
de Cd e
20 µg L
-1
de Pb em HNO
3
0,1% (v v
-1
) e 250 µg L
-1
de Hg em HNO
3
2% (v v
-1
). Os
outros desvios (s
outros
) considerados são aqueles provenientes da incerteza na
pesagem e no volume da pipeta, sendo estimado em 0,7% [NOMURA, 2006].
Os desvios descritos acima foram considerados para o cálculo do erro de
amostragem relativo (S
H
), conforme Equação 3 descrita no item 1.3. A constante
de homogeneidade de Kurfürst (H
E
) foi calculada conforme Equão 2 do mesmo
item.
PARTE EXPERIMENTAL
- 37 -
3.4.8. Calibração
As curvas analíticas de calibração para determinação direta de As, Cd, Hg e
Pb foram construídas com os padrões sólidos de papéis de filtro, utilizando-se
massas crescentes de um único padrão ou massas similares dos diferentes
padrões com diferentes concentrações dos elementos. Foram empregados os
programas de aquecimento previamente otimizados.
No primeiro procedimento, massas crescentes do padrão sólido de papel de
filtro contendo 3,6 ± 0,3 µg g
-1
de As, 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd, 17 ± 1 µg g
-1
de
Hg e 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb foram pesadas dentro de um intervalo de massas de
80 a 500 µg para As, de 50 a 450 µg para Cd, de 60 a 500 µg para Hg e de 80 a
400 µg para Pb, obtendo-se curvas de absorbância integrada versus massa dos
analitos, em ng.
No segundo procedimento, massas de aproximadamente 140 µg (n = 5) dos
padrões de papéis de filtro com diferentes concentrações de As, Cd, Hg e Pb
foram empregados para a calibração, obtendo-se curvas das razões absorbância
integrada/massa dos padrões sólidos, em mg, versus concentração dos analitos,
em µg g
-1
.
Para avaliar a exatidão dos procedimentos de calibração com os padrões
sólidos produzidos foram analisados os seguintes CRMs: NIST SRM 1515 (apple
leaves), NIST SRM 1547 (peach leaves), NIES 10a (rice flour), NBS SRM 1572
(citrus leaves) e GBW 07603 (bush branches and leaves).
A possibilidade de analisar as amostras sólidas com calibração aquosa foi
avaliada por meio da construção de curvas analíticas de calibração com soluções
analíticas de referência, utilizando os programas de aquecimento previamente
otimizados. Para As, Cd e Pb o modificador químico utilizado foi 10 µL de solução
contendo 5 µg de Pd e 3 µg de Mg e para Hg foram construídas curvas com
soluções analíticas na presença de 10 µL de solução de KMnO
4
3% (m v
-1
) como
modificador químico e também na presença de mistura oxidante (1 mol L
-1
de
H
2
SO
4
e 1 mol L
-1
de HNO
3
), com 250 µg de Pd depositado na plataforma e 1000
µg de Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite. As soluções analíticas
de referência utilizadas para calibração continham 0,10 a 1,5 ng de As, 25 a 75 pg
de Cd e 100 a 750 pg de Pb em meio de HNO
3
0,1% (v v
-1
) e 0,62 a 10 ng de Hg
em meio de HNO
3
2% (v v
-1
).
PARTE EXPERIMENTAL
- 38 -
3.4.9. Determinação de As, Cd, Hg e Pb por SS-GF AAS nas amostras de
embalagens celulósicas
Para determinação direta das concentrações de As, Cd, Hg e Pb nas
embalagens celulósicas para alimentos, as amostras selecionadas foram rasgadas
em pequenos pedaços, estes foram misturados e uma porção de aproximadamente
4 g foi submetida ao mesmo programa de moagem utilizado para os papéis de
filtro impregnados. No entanto, para as amostras de bandeja de polpa moldada e
caixa de pizza foram necessários mais dois ciclos de 5 min de moagem, sendo esta
intercalada com 1 min de congelamento.
As determinações de As, Cd, Hg e Pb por SS-GF AAS nas amostras de
embalagens moídas foram efetuadas utilizando os programas de aquecimento
previamente otimizados e calibrações com os padrões sólidos de papéis de filtro
(massas crescentes e concentrações crescentes). Para As, Cd e Pb, 10 µL de
solução contendo 5 µg de Pd e 3 µg de Mg foram adicionados sobre o material
sólido e para Hg, foram empregados como modificadores químicos 10 µL de
solução de KMnO
4
3% (m v
-1
) e a mistura oxidante (1 mol L
-1
de H
2
SO
4
e 1 mol L
-1
de HNO
3
), com 250 µg de Pd depositado na plataforma e 1000 µg de Pd
depositado na superfície interna do tubo de grafite.
Visando a possibilidade de análise direta das amostras sólidas sem etapa
prévia de moagem, também foram realizados testes para a determinação direta de
Cd em pequenos pedaços das amostras de embalagens.
3.4.10. Avaliação da estabilidade dos padrões sólidos de papéis de filtro
A estabilidade dos padrões sólidos de papéis de filtro foi avaliada em 4 e 12
meses após o preparo destes padrões para Cd e Pb. A avaliação da estabilidade foi
realizada por meio da determinação de Cd por SS-GF AAS em 5 replicatas de cada
padrão de papel de filtro, considerando a calibração com soluções analíticas de
referência. Também para Cd e Pb, foram construídas as curvas analíticas de
calibração com massas crescentes de um único padrão sólido ou massas similares
dos diferentes padrões contendo diferentes concentrações de Cd e Pb, conforme
descrito no item 3.4.8, para cada período avaliado.
Para avaliar a exatidão dos procedimentos de calibração foram analisados
os materiais certificados NIES 10a (rice flour) e NIST SRM 1547 (peach leaves).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 39 -
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Concentrações de As, Cd, Cr, Hg e Pb nos padrões sólidos de papéis
de filtro
As concentrações de As, Cd, Hg e Pb nos padrões de papéis de filtro estão
apresentadas na Tabela 7. Após digestão, as determinações de As, Cd e Pb foram
realizadas por GF AAS, com amostragem de solução e as determinações de Hg
realizadas por CV AAS. Os limites de detecção foram calculados como sendo três
vezes o desvio padrão de 10 medidas do branco anatico. Os valores calculados
foram expressos em ng g
-1
e µg g
-1
, considerando a massa de amostra de 200 mg
e o volume final da solução de 10 mL. Os limites de detecção obtidos foram: 0,28
µg g
-1
para As, 1,6 ng g
-1
para Cd, 6,9 ng g
-1
para Hg e 0,08 µg g
-1
para Pb.
Na Tabela 8 estão apresentadas as concentrações de Cd, Hg e Pb nos
materiais de referência certificados (CRMs), obtidas experimentalmente após o
mesmo procedimento de digestão, bem como os respectivos valores certificados. A
análise dos CRMs de matriz vegetal mostrou que os valores obtidos para Cd, Hg e
Pb concordam em 95% no limite de confiança com os valores certificados,
considerando o teste t de Student. Como a concentração de As no material
certificado NIST SRM 1570a (spinach leaves) ficou abaixo do limite de detecção,
foi realizado teste de adição e recuperação. Os resultados de recuperação variaram
de 93 a 98 %.
As concentrações de As, Cd, Hg e Pb obtidas para cada padrão de papel de
filtro foram inferiores aos valores teóricos esperados, os quais correspondem às
quantidades de cada elemento impregnadas no preparo dos padrões sólidos.
Foram observadas reduções de em média 15% para As, 20% para Cd, 10% para
Hg e 35% para Pb. Estas reduções nas massas dos elementos ocorreram,
provavelmente, durante a moagem, devido às perdas dos analitos não adsorvidos
à matriz de celulose, uma vez que esse procedimento foi a única etapa de pré-
tratamento dos materiais sólidos. Esse analito que não interagiu com a celulose
pode ter sofrido segregação, ficando retido no frasco de moagem, nas tampas de
aço inoxidável e na barra magnética. Porém, a redução ocorreu na mesma
magnitude para as diferentes concentrações, permitindo o uso desses papéis de
filtro impregnados e moídos como padrões sólidos de calibração. Desta forma, as
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 40 -
concentrações de As, Cd, Hg e Pb nos padrões sólidos de papéis de filtro, obtidas
experimentalmente (Tabela 7), foram os valores de referência empregados na
construção das curvas analíticas de calibração.
Tabela 7 – Concentrações de As, Cd, Hg e Pb nos padrões sólidos de papéis de filtro
Padrão sólido As (µg g
-1
) Cd (µg g
-1
) Hg (µg g
-1
) Pb (µg g
-1
)
P0 < LD < LD < LD < LD
P1 0,6 ± 0,3 0,21 ± 0,01 8,1 ± 0,5 1,6 ± 0,2
P2 0,9 ± 0,3 0,34 ± 0,01 17 ± 1 2,7 ± 0,1
P3 1,7 ± 0,2 0,48 ± 0,02 38 ± 3 3,8 ± 0,2
P4 3,6 ± 0,3 0,64 ± 0,01 43 ± 2 5,3 ± 0,2
P5 6,9 ± 0,3 - 86 ± 1 -
Nota: LD 0,28 µg g
-1
para As; 1,6 ng g
-1
para Cd; 6,9 ng g
-1
para Hg e 0,08 µg g
-1
para
Pb. P0 – Branco analítico (papel de filtro moído sem Cd e Pb, com impregnação de 1000 µL
de HNO
3
0,1% (v v
-1
) e papel de filtro moído sem As e Hg, com impregnão de 1000 µL de
água deionizada). P1, P2, P3, P4 e P5 Padrão lido de papel de filtro 1, 2, 3, 4 e 5,
respectivamente, impregnados com concentrões crescentes de soluções de referência.
Tabela 8 – Concentrações de Cd, Hg e Pb nos CRMs
Elemento CRM Certificado (µg g
-1
) Experimental (µg g
-1
)
Cd NIST SRM 1515 0,013 ± 0,002 0,012 ± 0,004
Cd NIST SRM 1547 0,026 ± 0,003 0,023 ± 0,008
Cd NBS SRM 1567a 0,026 ± 0,002 0,025 ± 0,002
Hg NBS SRM 1572 0,08 ± 0,02 0,07 ± 0,02
Pb NIST SRM 1515 0,470 ± 0,024 0,42 ± 0,08
Pb NIST SRM 1547 0,87 ± 0,03 0,8 ± 0,2
A etapa de moagem foi crítica no preparo dos padrões de papéis de filtro
visando a determinação de Cr, uma vez que, devido à contaminação, as
concentrações encontradas foram muito superiores às quantidades teóricas
esperadas. A concentração obtida no padrão de papel de filtro, preparado como
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 41 -
branco (impregnação de 1000 µL de água deionizada), foi de 6,6 ± 0,3 µg g
-1
,
comprovando a contaminação por Cr. Segundo Krug [2008], o procedimento de
moagem pode ser uma fonte de contaminação severa dependendo da composição
química do material do moinho. riscos de contaminão por Cr, Fe, Mo e Ni
devido ao contato da amostra com as peças metálicas do conjunto de moagem.
Como consequência da contaminação por Cr devido ao procedimento de moagem,
não foi desenvolvido método para a determinação direta desse elemento em
embalagens celulósicas por SS-GF AAS.
4.2. Otimização do programa de aquecimento para SS-GF AAS
A otimização do programa de aquecimento é uma das etapas mais
importantes para o emprego da GF AAS como uma técnica quantitativa para a
determinação elementar. Temperaturas de pirólise e de atomização e os tempos
de duração de cada uma dessas etapas são os principais parâmetros que devem
ser controlados. A temperatura e o tempo de pirólise são parâmetros fundamentais
a serem estudados visando a minimização e/ou eliminação de concomitantes,
antes da aquisição do sinal analítico, bem como da formação dos precursores
atômicos. Uma refinada otimização do programa de aquecimento se faz necessária
quando se deseja a análise direta de amostras sólidas, pois diferentemente do que
ocorrem com as soluções aquosas, as amostras sólidas são inseridas no
atomizador sem tratamento prévio, o que implica no aumento do sinal de fundo e
do risco de interferências químicas e espectrais, decorrentes da presença de
concomitantes no atomizador [WELZ; SPERLING, 1999].
As curvas de temperatura de pirólise e de atomização foram construídas a
partir de sinais de absorbância integrada versus temperatura, oriundos de
amostragens de alíquotas da solução analítica de referência e com variações
crescentes das temperaturas de pirólise ou atomização. Processo semelhante foi
conduzido na obtenção das curvas de pirólise e atomização na presença do padrão
sólido de papel de filtro. Nesse caso, devido a dificuldade da pesagem de massas
idênticas do material sólido, para a obtenção dessas curvas foi utilizada a razão
entre o valor da absorbância integrada e a massa de amostra (mg) correspondente
versus a temperatura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 42 -
No estudo do comportamento dos elementos de interesse foram utilizados
modificadores químicos em solução e permanentes visando estabilizar
termicamente os analitos, o que possibilita empregar temperaturas de pirólise
mais elevadas e alcançar a separação analito e matriz durante a etapa de pirólise,
bem como, auxiliar na formação dos precursores atômicos que aumentam a
eficiência de atomização [WELZ; SPERLING, 1999]. Os modificadores químicos são
substâncias que podem ser utilizadas de diferentes formas, com o intuito de
estabilizar termicamente o analito de interesse ou desestabilizar termicamente a
matriz da amostra. A forma mais usual de utilização dos modificadores químicos é
na co-injeção de um volume fixo com as soluções analíticas ou amostras. Outra
forma consiste em depositar um metal termicamente ou eletroquimicamente na
superfície da plataforma ou do tubo de grafite [VOLYNSKII, 2003].
A adição de uma alíquota do modificador químico sobre a amostra sólida é a
forma mais usual de utilizar esse tipo de substância na análise direta por SS-
GF AAS. Como os modificadores químicos em solução são geralmente preparados
em meio ácido, a adição sobre a amostra sólida promove a extração de alguns
elementos, tais como Cd e Pb, facilitando a interação entre o analito e o
modificador [NOMURA et al., 2008b].
O emprego de modificadores químicos permanentes, tais como, Ir, Pd, Rh,
Ru e W depositados na supercie interna do tubo de grafite e/ou depositados sobre
a plataforma de grafite, na análise direta por SS-GF AAS também tem sido realizado
com sucesso. Os mecanismos de interação entre esses modificadores e os analitos
são bastante complexos, no entanto, essa interação provavelmente deve ocorrer na
fase condensada. Nesse caso, os analitos migram da amostra sólida para a
superfície do modificador durante a etapa de pirólise [NOMURA et al., 2008b].
4.2.1. Otimização do programa de aquecimento para As, Cd e Pb
O comportamento térmico do As, Cd e Pb na solução aquosa e na presença
da matriz foi avaliado empregando-se Pd + Mg como modificador químico. A
mistura contendo nitrato de paládio e nitrato de magnésio, inicialmente proposta
por Schlemmer e Welz [1986] como modificador químico universal para GF AAS,
se mostrou eficiente na estabilização térmica de 21 elementos, dos quais As, Cd e
Pb fazem parte [WELZ et al., 1992]. Nas Figuras 1 e 2, estão apresentadas,
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 43 -
respectivamente, as curvas de temperaturas de pirólise e de atomização para Cd e
Pb, em solução aquosa e em padrão sólido de papel de filtro, na ausência e
presença de Pd + Mg. Da mesma forma, as curvas obtidas no estudo do
comportamento térmico do As, em solução aquosa e com o padrão sólido de papel
de filtro, estão apresentadas na Figura 3.
300 600 900 1200 1500 1800 2100
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
Absorbância Integrada (s)
Temperatura (°C)
300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Temperatura (°C)
Figura 1 Curvas de temperatura de pirólise e atomização para Cd em (a) solução
analítica de referência (2 µg L
-1
) e (b) padrão sólido de papel de filtro (0,21 ± 0,01
µg g
-1
) na ausência ( ) e na presença de ( ) Pd + Mg.
(a)
(b)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 44 -
300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
Absorbância Integrada (s)
Temperatura (°C)
300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Temperatura (°C)
Figura 2 Curvas de temperatura de pirólise e atomização para Pb em (a) solução
analítica de refencia (20 µg L
-1
) e (b) padrão sólido de papel de filtro (1,6 ± 0,2 µg g
-1
)
na ausência ( ) e na presença de ( ) Pd + Mg.
(a)
(b)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 45 -
300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400 2700
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
0,045
0,050
Absorbância Integrada (s)
Temperatura (°C)
300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400 2700
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Temperatura (°C)
Figura 3 Curvas de temperatura de pirólise e atomização para As em (a) solução
analítica de referência (25 µg L
-1
) e (b) padrão sólido de papel de filtro (3,6 ± 0,3 µg g
-1
)
na presença de ( ) Pd + Mg.
(a)
(b)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 46 -
A estabilidade térmica do Cd aumentou em 200°C e em 300°C na presença
de Pd + Mg, em solução aquosa e na presença da matriz (padrão sólido de papel
de filtro), respectivamente. As melhores temperaturas de pirólise e de atomização
foram, respectivamente, 600°C e 1600°C, para solução aquosa e 800°C e 2000°C,
para o material sólido. A maior temperatura de pirólise observada para o padrão
de papel de filtro é um indicativo da interação do Cd com a matriz, o que pode ter
ocorrido durante impregnação e moagem destes padrões. Na presença da matriz,
embora temperaturas de atomização inferiores a 2000°C tenham apresentado
maior razão absorbância/massa de amostra, o perfil do sinal analítico foi transiente
e com menor desvio padrão entre medidas consecutivas na temperatura de
2000°C. Os perfis dos sinais analíticos do Cd na presença da matriz
correspondentes às temperaturas de atomização de 1700°C e 2000°C estão
apresentados na Figura 4. Para menor temperatura de atomização o sinal analítico
possui maior tempo de aparecimento e duração, típico quando se utiliza menor
taxa de aquecimento.
Figura 4 – Perfis dos sinais analíticos (AA) do Cd e dos sinais de fundo (BG) no padrão
sólido de papel de filtro nas temperaturas de atomização de (a) 1700°C e (b) 2000°C.
Temperatura de pirólise de 800°C.
Empregando Pd + Mg como modificador químico e considerando o
comportamento térmico do Cd na solução aquosa e na matriz, o programa de
aquecimento proposto para a determinação direta de Cd por SS-GF AAS está
apresentado na Tabela 9. Os perfis dos sinais analíticos do Cd na solução aquosa e
(a)
(b)
AA
AA
BG
BG
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 47 -
no padrão sólido de papel de filtro para as condições otimizadas estão
apresentados na Figura 5.
Tabela 9 Programa de aquecimento otimizado para determinação de Cd por SS-
GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 130 10 10 1,0
Pirólise 600
100 40 1,0
Auto zero 600 0 6 0
Atomização 2000
2600 5 0
Limpeza 2600 1200 3 1,0
Nota: Modificador químico: Pd + Mg.
Figura 5 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Cd e dos sinais de fundo (BG) na (a)
solução aquosa e no (b) padrão sólido de papel de filtro (T
P
= 600°C e T
A
= 2000°C).
Para Pb, na presença do modificador químico, foi observado um aumento da
temperatura de pirólise em 200°C em solução aquosa e em 400°C na presença da
matriz. As melhores temperaturas de pirólise e de atomização foram,
respectivamente, 900°C e 2100°C, para solução aquosa e 1300°C e 2400°C, na
presença da matriz. Como observado para Cd, a maior temperatura de pirólise
observada para o material sólido é um indicativo da interação do Pb com o matriz.
Da mesma forma, considerando o comportamento térmico do Pb na solução
aquosa e no material sólido, o programa de aquecimento proposto para a
AA
BG
(a)
(b
)
AA
BG
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 48 -
determinação direta de Pb por SS-GF AAS está apresentado na Tabela 10. Na
Figura 6 estão apresentados os perfis dos sinais analíticos do Pb na solução aquosa
e no padrão sólido de papel de filtro para as condições otimizadas.
Tabela 10 Programa de aquecimento otimizado para determinação de Pb por SS-
GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 130 10 10 1,0
Pirólise 900
100 40 1,0
Auto zero 900 0 6 0
Atomização 2400
2600 3 0
Limpeza 2600 1200 3 1,0
Nota: Modificador químico: Pd + Mg.
Figura 6 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Pb e dos sinais de fundo (BG) na (a)
solução aquosa e no (b) padrão sólido de papel de filtro (T
P
= 900°C e T
A
= 2400°C).
O estudo do comportamento térmico do As mostrou que na presença de Pd
+ Mg é observada a estabilização térmica do elemento em até 1300°C para
solução aquosa e para o padrão de papel de filtro. Na Tabela 11 está apresentado
o programa de aquecimento proposto para a determinação direta de As por SS-
GF AAS, considerando o comportamento térmico do analito na solução aquosa e na
matriz. Os perfis dos sinais analíticos do As na solução aquosa e no material sólido
para as condições otimizadas estão apresentados na Figura 7.
(a)
(b
)
AA
AA
BG
BG
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 49 -
Tabela 11 Programa de aquecimento otimizado para determinação de As por SS-
GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 130 10 10 1,0
Pirólise 1300 100 20 1,0
Auto zero 1300 0 6 0
Atomização 2300 2300 5 0
Limpeza 2500 2300 3 1,0
Nota: Modificador químico: Pd + Mg.
Figura 7 Perfis dos sinais analíticos (AA) do As e dos sinais de fundo (BG) na (a)
solução aquosa e no (b) padrão de papel de filtro (T
P
= 1300°C e T
A
= 2300°C).
4.2.2. Otimização do programa de aquecimento para Hg
A técnica mais amplamente empregada na determinação de Hg em
amostras ambientais, biológicas, clínicas e industriais é a CV AAS, com ou sem
procedimentos de pré-concentração. Por outro lado, a GF AAS tem sido pouco
empregada na determinação de Hg, devido à volatilidade do Hg e de seus
compostos, gerando dificuldades na estabilização térmica do analito durante a
vaporização do solvente e a etapa de pirólise, resultando na perda da sensibilidade
[BLUSKA et al., 1996; MORENO et al., 2002].
(a)
(b
)
AA
AA
BG
BG
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 50 -
Na literatura, algumas estratégias tem sido propostas para permitir o
emprego da GF AAS na determinação de Hg, tais como, a utilização de agentes
oxidantes (H
2
O
2
, H
2
O
2
+ HCl, KMnO
4
e K
2
Cr
2
O
7
) para prevenir a redução do Hg(II),
antes da atomização e o emprego de modificadores químicos permanentes
depositados na superfície interna do tubo de grafite. Estes são utilizados com o
objetivo de adsorver o Hg volatilizado durante as etapas de secagem e pirólise,
formando amálgamas estáveis. Os modificadores permanentes Au, Ir, Pd, Rh e W
têm sido investigados para determinação de Hg por GF AAS [BLUSKA et al., 1996;
MAIA et al., 2002; MORENO et al., 2002]. Entre os procedimentos de modificação
química da superfície interna do tubo de grafite, o processo térmico predomina
sobre o eletroquímico. No entanto, o modificador obtido por processo
eletroquímico vem apresentando melhor eficiência no trapeamento de espécies
voláteis [NAOZUKA et al., 2003]. Os modificadores Ir, Pd, Rh e Ru foram
depositados termicamente na plataforma de grafite e investigados para
determinação direta de Hg por SS-GF AAS. Nenhum dos modificadores
permanentes estudados se mostrou eficiente em evitar perdas do analito antes da
etapa de atomização [SILVA et al., 2002].
Nesse trabalho o comportamento térmico do Hg na solução aquosa e na
presença da matriz (padrão de papel de filtro) foi avaliado na ausência e presença
de diferentes modificadores químicos: (1) Pd + Mg; (2) KMnO
4
; (3) KMnO
4
+ Pd
depositado na plataforma de grafite; (4) KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma +
Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite; (5) mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
); e (6) mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
) + Pd depositado na plataforma
+ Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite.
Nas Figuras 8 e 9 estão apresentadas as curvas de temperaturas de pirólise
e de atomização em solução aquosa e para o padrão sólido de papel de filtro, na
ausência e presença dos modificadores químicos de (1) a (4). Essas curvas foram
obtidas empregando-se o programa de aquecimento I, conforme apresentado na
Tabela 5.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 51 -
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
Absorbânca Integrada (s)
Temperatura (°C)
Figura 8 Curvas de temperatura de pirólise e atomização para o Hg em solução
aquosa (250 µg L
-1
), na ausência de modificador químico ( ) e na presença de ( )
KMnO
4
; ( ) KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma; e ( ) KMnO
4
+ Pd depositado na
plataforma + Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite.
250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Temperatura (°C)
Figura 9 - Curvas de temperatura de pirólise e atomização para Hg em padrão sólido
de papel de filtro (17 ± 1 µg g
-1
), na ausência de modificador químico ( ) e na
presença de ( ) KMnO
4
; ( ) KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma; ( ) KMnO
4
+ Pd
depositado na plataforma + Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite; e
( ) Pd + Mg.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 52 -
Para avaliar o comportamento térmico do Hg, a primeira estratégia consistiu
em empregar um agente oxidante, no caso, o KMnO
4
foi escolhido. Experiências na
literatura tem mostrado sua eficiência em prevenir a redução do Hg(II) nas etapas
de secagem e pirólise. Foi observado o aumento da detectabilidade dos métodos
propostos para a determinação direta de Hg por SS-GF AAS, em amostras de solo,
cinzas, lodo e sedimentos [RESANO et al., 2005; SILVA et al., 2002].
Em seguida, a utilização desse modificador químico foi combinada com a
ação de modificadores permanentes: Pd depositado na plataforma de grafite,
proposto na literatura para evitar a redução do Hg(II) pelo grafite [SILVA et al.,
2002], formando amálgamas estáveis e Pd depositado na superfície interna do
tubo de grafite, com o objetivo de adsorver o Hg volatilizado [BLUSKA et al.,
1996; MAIA et al., 2002; MORENO et al., 2002]. No entanto, o emprego desses
modificadores permanentes apresenta uma limitação quanto à temperatura de
limpeza máxima que pode ser utilizada, pois o emprego de temperaturas
superiores a 1500°C diminui o tempo de vida útil do filme de Pd depositado, uma
vez que, a temperatura de fusão do Pd é de 1552°C [MORENO et al., 2002].
Na presença da matriz, foi observada a estabilização térmica do Hg em a
300°C quando KMnO
4
foi utilizado como modificador, sendo que sua combinação
com os modificadores permanentes não apresentou um ganho na estabilização
térmica do analito. Em solução aquosa, o comportamento térmico do Hg não foi
similar ao observado na presença da matriz (Figuras 8 e 9), sendo que uma maior
estabilização foi observada quando se utilizou a combinação de KMnO
4
com os
modificadores permanentes.
Na Figura 9, observa-se supressão no sinal analítico do Hg para o papel de
filtro impregnado e moído quando Pd + Mg foi utilizado. Este comportamento pode
ser atribuído ao fato de que a mistura contendo Pd + Mg não apresenta
características oxidantes, como a solução de KMnO
4
e, portanto, parte do Hg(II)
sofre redução pelo contato com a superfície grafítica, vaporizando antes que esse
modificador químico atue estabilizando termicamente o analito. Diante dos
resultados obtidos na presença da matriz, não foi avaliado o comportamento rmico
do Hg em solão aquosa empregando-se Pd + Mg como modificador qmico.
Considerando as curvas de pirólise e atomização apresentadas nas Figuras 8
e 9, as condições de aquecimento otimizadas para Hg na ausência e presença dos
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 53 -
modificadores químicos de (1) a (4), estão apresentadas nas Tabelas 12 e 13,
respectivamente, para solução aquosa e para o padrão de papel de filtro.
Tabela 12 – Condições de aquecimento otimizadas para o Hg na solução aquosa
Modificador Químico T
P
(°C) T
A
(°C) t
P
(s) t
A
(s)
Ausência 250 900 20 5
KMnO
4
250 1100 20 5
KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma 300 1100 20 5
KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma +
Pd depositado na superfície interna do
tubo de grafite
400 1200 20 7
Nota: T
P
= temperatura de pirólise; T
A
= temperatura de atomização; t
P
= tempo de
pirólise; t
A
= tempo de atomização.
Tabela 13 – Condições de aquecimento otimizadas para o Hg no material sólido
Modificador Químico T
P
(°C) T
A
(°C) t
P
(s) t
A
(s)
Ausência 250 1300 20 5
KMnO
4
300 1300 20 5
KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma 300 1200 20 5
KMnO
4
+ Pd depositado na plataforma +
Pd depositado na superfície interna do
tubo de grafite
300 1300 20 5
Pd + Mg 350 1800 20 5
Nota: T
P
= temperatura de pirólise; T
A
= temperatura de atomização; t
P
= tempo de
pirólise; t
A
= tempo de atomização.
Dentre as estratégias avaliadas, na presença da matriz a otimização do
programa de aquecimento empregando-se KMnO
4
como modificador químico
mostrou ser a condição mais adequada à determinação de Hg por SS-GF AAS.
Seguindo proposta da literatura [RESANO et al., 2005], a qual empregou um
programa de aquecimento com apenas uma única etapa de pré-tratamento in situ
das amostras sólidas antes da atomização, o comportamento térmico do Hg foi
novamente avaliado na presença de KMnO
4
. Um aspecto importante dessa
proposta foi a interrupção do fluxo de argônio durante a etapa de
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 54 -
secagem/pirólise. As curvas de temperaturas de pirólise e de atomização em
solução aquosa e para o padrão de papel de filtro estão apresentadas na Figura 10.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
Absorbância integrada (s)
TemperaturaC)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Temperatura (°C)
Figura 10 Curvas de temperatura de pirólise e atomização para Hg em (a) solução
analítica de referência (250 µg L
-1
) e (b) padrão de papel de filtro (17 ± 1 µg g
-1
) na
presença de ( ) KMnO
4
.
(a)
(b)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 55 -
Na presença da matriz, foram observados dois patamares, o primeiro entre
100°C e 200°C, com maiores valores da razão absorbância/massa de amostra e o
segundo, entre 250°C e 300°C, com valores inferiores dessa razão. Este
comportamento não foi observado no primeiro estudo realizado (Figuras 8 e 9),
uma vez que, a curva de temperatura de pirólise no estudo anterior foi obtida a
partir de 250°C. As melhores temperaturas de pirólise e de atomização foram,
respectivamente, 250°C e 1000°C, para solução aquosa e 200°C e 1100°C, para o
material sólido. Empregando o modificador químico KMnO
4
e considerando o
comportamento térmico do analito na solução aquosa e no padrão sólido de papel
de filtro, um programa de aquecimento proposto para a determinação direta de Hg
por SS-GF AAS está apresentado na Tabela 14. Os perfis dos sinais analíticos do
Hg na solução aquosa e no material sólido para as condições otimizadas estão
apresentados na Figura 11.
Tabela 14 Programa de aquecimento otimizado para determinação de Hg por SS-
GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem/Pirólise
200 7 30 0
Auto zero 200 0 6 0
Atomização 1100 2600 5
0
Limpeza 2200 1200 3 1,0
Nota: Modificador químico: KMnO
4
.
Figura 11 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Hg e dos sinais de fundo (BG) na (a)
solução aquosa e no (b) padrão sólido de papel de filtro (T
P
= 200°C e T
A
= 1100°C).
(a)
(b)
AA
AA
BG
BG
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 56 -
Outra estratégia consistiu em adicionar uma alíquota da mistura oxidante
(HNO
3
+ H
2
SO
4
) sobre o material sólido, previamente pesado na plataforma de
grafite, com o objetivo de promover a digestão in situ da matéria orgânica. A
literatura tem mostrado a eficiência de misturas oxidantes como modificadores
químicos, facilitando a separação analito e matriz durante a etapa de pirólise,
reduzindo os sinais de fundo e minimizando a formação de resíduos carbonáceos
sobre a plataforma de grafite. No programa de aquecimento foi incluída uma etapa
de pirólise a baixa temperatura (200°C), sendo esta uma estratégia complementar
à adição da mistura oxidante visando a digestão in situ da matéria orgânica
[CORREIA et al., 2002; NAOZUKA; OLIVEIRA, 2006].
A ação da mistura oxidante também foi avaliada em combinação com os
modificadores permanentes: Pd depositado na plataforma de grafite e Pd
eletrodepositado na superfície interna do tubo de grafite. As curvas de
temperaturas de pirólise e de atomização obtidas em solução aquosa e para o
padrão de papel de filtro estão apresentadas na Figura 12.
Na presença da matriz, foi observada a estabilização térmica do Hg em a
400°C quando empregada a mistura oxidante em combinação com os
modificadores permanentes. Observa-se que ocorreu supressão do sinal analítico
do Hg quando somente a mistura oxidante foi empregada, o que pode estar
relacionado à perda do analito por volatilização em temperaturas abaixo de 210°C.
Em solução aquosa, o comportamento térmico do Hg foi similar ao observado para
o padrão de papel de filtro. As melhores temperaturas de pirólise e de atomização
foram, respectivamente, 400°C e 1350°C, para solução aquosa e 400°C e 1450°C,
para o material sólido.
Empregando a mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
) como modificador químico
combinado com Pd eletrodepositado no interior do tubo de grafite e Pd depositado
na plataforma de grafite e considerando o comportamento térmico do Hg na
solução aquosa e na matriz, um programa de aquecimento também proposto para
a determinação direta de Hg por SS-GF AAS está apresentado na Tabela 15. Os
perfis dos sinais analíticos do Hg na solução aquosa e no material sólido para as
condições otimizadas estão apresentados na Figura 13.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 57 -
150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350 1500
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
Absorbância Integrada (s)
Temperatura (°C)
150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350 1500
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Temperatura (°C)
Figura 12 Curvas de temperatura de pirólise e atomização para Hg em (a) solução
analítica de referência (250 µg L
-1
) e (b) padrão de papel de filtro (17 ± 1 µg g
-1
) na
presença de ( ) mistura oxidante (H
2
SO
4
+ HNO
3
) e ( ) mistura oxidante (H
2
SO
4
+
HNO
3
) + Pd depositado na plataforma + Pd depositado na superfície interna do tubo de
grafite.
(a)
(b)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 58 -
Tabela 15 Programa de aquecimento otimizado para determinação de Hg por SS-
GF AAS
Etapa
Temperatura
(°C)
Rampa
(°C s
-1
)
Patamar (s)
Vazão de
argônio
(L min
-1
)
Secagem 80 10 10 1,0
Digestão 200 10 20 1,0
Pirólise 400 15 60 1,0
Auto zero 400 0 5 0
Atomização 1450 1500 3 0
Limpeza 1480 300 7 1,0
Nota: Modificador químico: Mistura oxidante (H
2
SO
4
+ HNO
3
) + Pd depositado na
plataforma + Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite.
Figura 13 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Hg e dos sinais de fundo (BG) na (a)
solução aquosa e no (b) padrão sólido de papel de filtro (T
P
= 400°C e T
A
= 1450°C).
Para determinação direta de Hg por SS-GF AAS, dos modificadores químicos
investigados para otimização do programa de aquecimento, a solão de KMnO
4
e a
mistura oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
) com a plataforma e parede interna do tubo
modificadas com Pd mostraram os melhores resultados na presença do material
lido. Conforme observado nas Figuras 11 e 13, a mistura oxidante promoveu o
pré-tratamento térmico in situ do papel, reduzindo o sinal de fundo durante a
atomização, os quais foram 0,1508, empregando-se KMnO
4
como modificador
BG
BG
AA
AA
(b)
(a)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 59 -
químico e 0,06206, para a mistura oxidante, considerando uma massa aproximada
de 170 µg do padrão sólido de papel de filtro.
4.3. Avaliação da homogeneidade dos padrões sólidos de papéis de filtro
O fator de homogeneidade (H
E
) foi calculado utilizando a equação proposta
por Kurfürst (H
E
= S
H
m
1/2
), onde o erro de amostragem relativo (S
H
) de uma
determinada massa de amostra m (em mg) pode ser estimado diretamente a
partir dos valores de RSD das medidas e dos erros aleatórios do procedimento
analítico [KURFÜRST, 1998]. Nesse trabalho, o S
H
foi calculado, considerando o
desvio experimental (s
experimental
), o desvio instrumental (s
instrumental
) e os desvios
provenientes da incerteza na pesagem e no volume da pipeta (s
outros
), conforme
Equação 4.
S
H
2
= (s
experimental
)
2
– [(s
instrumental
)
2
+ (s
outros
)
2
] (4)
Na Tabela 16, para cada intervalo de massa avaliado na distribuição de As,
Cd, Hg e Pb, estão apresentados os desvios obtidos, os valores de S
H
calculados
(Equação 4) e os valores de H
E
para cada padrão sólido de papel de filtro.
Considerando que quando o fator de homogeneidade é menor do que 10 (H
E
< 10) o material pode ser considerado homogêneo [KURFÜRST, 1998; NOMURA
et al., 2008b], os resultados da distribuição de As, Cd, Hg e Pb mostraram-se
homogêneos para todos os padrões sólidos de papéis de filtro, apresentando
homogeneidade adequada para ser empregado em microanálises (m < 10 mg) e
submicroanálises (m < 1 mg).
Considerando que os padrões sólidos produzidos apresentaram boa
homogeneidade, as amostras de embalagens também estarão homogêneas, uma
vez que, foram moídas nas mesmas condições.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 60 -
Tabela 16 – Constante de homogeneidade (H
E
) para os padrões lidos de pais de filtro
Padrão
sólido
Intervalo de
Massa (mg)
s
experimental
(%)
s
instrumental
(%)
s
outros
(%)
S
H
(%)
H
E
As
P1 0,110-0,735 14,2 4,63 0,7 13,4 8,49
P2 0,193-0,364 11,6 4,63 0,7 10,6 5,46
P3 0,152-0,263 7,70 4,63 0,7 6,11 2,70
P4 0,083-0,172 9,74 4,63 0,7 8,54 3,13
P5 0,085-0,142 8,57 4,63 0,7 7,18 2,44
Cd
P1 0,120-0,217 6,86 2,52 0,7 6,34 2,54
P2 0,098-0,207 6,87 2,52 0,7 6,35 2,55
P3 0,131-0,215 5,88 2,52 0,7 5,27 2,15
P4 0,111-0,182 6,82 2,52 0,7 6,30 2,31
Hg
P1 0,201-0,377 8,22 3,86 0,7 7,22 3,82
P2 0,109-0,191 5,74 3,86 0,7 4,19 1,64
P3 0,101-0,177 4,38 3,86 0,7 1,95 0,72
P4 0,107-0,146 5,26 3,86 0,7 3,50 1,24
P5 0,097-0,144 12,7 3,86 0,7 12,1 4,13
Pb
P1 0,124-0,198 9,43 2,43 0,7 9,08 3,62
P2 0,106-0,195 7,61 2,43 0,7 7,18 2,70
P3 0,108-0,203 9,73 2,43 0,7 9,40 3,64
P4 0,114-0,161 9,53 2,43 0,7 9,19 3,41
Nota: P1, P2, P3, P4 e P5 Padrão sólido de papel de filtro 1, 2, 3, 4 e 5,
respectivamente, impregnados com concentrações crescentes de soluções analíticas de
referência.
4.4. Calibração
As curvas analíticas de calibração para determinação Cd, Pb e As,
construídas com os padrões sólidos de papéis de filtro, estão apresentadas na
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 61 -
Figuras 14, 15, 16, 17, 18 e 19. As Figuras 14, 16 e 18 apresentam as curvas
analíticas de calibração obtidas com massas crescentes de um único padrão sólido
contendo 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd, 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb e 3,6 ± 0,3 µg g
-1
de As,
respectivamente. Os coeficientes angulares foram 1,8993 ± 0,0463 para Cd,
0,2616 ± 0,0097 para Pb e 0,1747 ± 0,0048 para As. Os coeficientes de
correlação foram 0,9947 ± 0,0047 para Cd, 0,9911 ± 0,0053 para Pb e 0,9918 ±
0,0107 para As. Enquanto que nas Figuras 15, 17 e 19, estão apresentadas as
curvas construídas com massas similares dos padrões sólidos de papéis de filtro
contendo diferentes concentrações de Cd, Pb e As, respectivamente. Os
coeficientes angulares foram 1,8558 ± 0,0493 para Cd, 0,2526 ± 0,0041 para Pb
e 0,1761 ± 0,0028 para As. Os coeficientes de correlação foram 0,9989 ± 0,0243
para Cd, 0,9996 ± 0,0164 para Pb e 0,9995 ± 0,0161 para As.
A comparão entre os coeficientes angulares das curvas analíticas de
calibração obtidas pelos diferentes procedimentos pode ser utilizada para estimar o
efeito causado pela massa do padrão sólido sobre o sinal analítico. Pesando-se
massas crescentes de um único pado lido, a homogeneidade pode gerar
resultados com elevado desvio padrão para massas pequenas de amostra e o
emprego de maiores massas pode causar oclusão ou interferências espectrais. Para as
curvas obtidas pelos diferentes procedimentos, as raes entre os coeficientes
angulares foram aproximadamente 1 para Cd (1,8558/1,8993 = 0,98), para Pb
(0,2526/0,2616 = 0,97) e para As (0,1747/0,1761 = 0,99), indicando que ambos
procedimentos de calibrão podem ser empregados para a determinação direta
desses elementos por SS-GF AAS.
Para avaliar se as curvas de calibração construídas com os padrões sólidos
podem ser empregadas na determinação direta de Cd, Pb e As em amostras de
matriz vegetal, diferentes materiais de referência certificados foram analisados. Os
resultados obtidos empregando-se as curvas de calibração com massas crescentes
de um único padrão sólido (curva de calibração 1) e com os padrões sólidos
contendo concentrações crescentes de Cd, Pb e As (curva de calibração 2) estão
apresentados na Tabela 17. As concentrações de Cd, Pb e As encontradas nos
CRMs concordam em 95 % no limite de confiança (teste t de Student) com os
valores certificados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 62 -
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
Absorbância Integrada (s)
Cd (ng)
Figura 14 - Curva analítica de calibração para Cd, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd (y = 1,8993 x 0,0016;
R
2
= 0,9947 ± 0,0047).
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Cd (µg g
-1
)
Figura 15 - Curva analítica de calibração para Cd, empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de Cd: 0,21 ± 0,01; 0,34 ± 0,01; 0,48 ± 0,02;
e 0,64 ± 0,01 µg g
-1
(y = 1,8558 x – 0,0163; R
2
= 0,9989 ± 0,0243).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 63 -
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
0,00
0,03
0,06
0,09
0,12
0,15
0,18
Absorbância integrada (s)
Pb (ng)
Figura 16 - Curva analítica de calibração para Pb, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb (y = 0,2616 x 0,0058;
R
2
= 0,9911 ± 0,0053).
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
Abs. Int. / massa de amostra (s mg
-1
)
Pb (µg g
-1
)
Figura 17 - Curva analítica de calibração para Pb empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de Pb: 1,6 ± 0,2; 2,7 ± 0,1; 3,8 ± 0,2; e
5,3 ± 0,2 µg g
-1
(y = 0,2526 x – 0,0071; R
2
= 0,9996 ± 0,0164).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 64 -
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
Absorbância Integrada (s)
As (ng)
Figura 18 - Curva analítica de calibração para As, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 3,6 ± 0,3 µg g
-1
de As (y = 0,1747 x + 0,0039;
R
2
= 0,9918 ± 0,0107).
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
As (µg g
-1
)
Figura 19 - Curva analítica de calibração para As empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de As: 0,6 ± 0,3; 0,9 ± 0,3; 1,7 ± 0,2;
3,6 ± 0,3; e 6,9 ± 0,3 µg g
-1
(y = 0,1761 x + 0,0156; R
2
= 0,9995 ± 0,0161).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 65 -
Tabela 17 – Concentrações de As, Cd e Pb nos CRMs
CRM Certificado
Experimental
Curva de calibração 1
Experimental
Curva de calibração 2
As (µg g
-1
)
NBS SRM 1572 3,1 ± 0,3 2,8 ± 0,3 2,8 ± 0,3
Cd (µg g
-1
)
NIES 10a 0,023 ± 0,003 0,022 ± 0,003 0,024 ± 0,002
NIST SRM 1547
0,026 ± 0,003 0,027 ± 0,004 0,024 ± 0,003
GBW 07603 0,38 (não certificado) 0,42 ± 0,03 0,42 ± 0,04
Pb (µg g
-1
)
NIST SRM 1515
0,470 ± 0,024 0,47 ± 0,04 0,46 ± 0,05
NIST SRM 1547
0,87 ± 0,03 0,81 ± 0,08 0,83 ± 0,09
Nota: Curva de calibração 1 = calibração com massas crescentes e Curva de
calibração 2 = calibração com concentrações crescentes.
Para avaliar a viabilidade de calibração aquosa na determinação direta de
Cd, Pb e As por SS-GF AAS, foram construídas as curvas de calibração com
soluções analíticas de referência, as quais estão apresentadas nas Figuras 20, 21 e
22, para Cd, Pb e As, respectivamente. Foi realizada a comparação entre os
coeficientes angulares das calibrações em meio aquoso e com o padrão sólido de
papel de filtro, utilizando, nesse caso, a curva construída com massas crescentes.
Na ausência de efeito de matriz, a razão entre os coeficientes angulares deve ser
de, aproximadamente, 1 [CORREIA et al., 2004; KUMMROW et al., 2008].
As razões entre os coeficientes angulares das curvas obtidas foram de
aproximadamente 1 para Cd (1,9220/2,0261 = 0,95) e para As (0,1687/ 0,1747 =
0,97), indicando que não um efeito de matriz, o que possibilita a análise da
amostra sólida utilizando calibração aquosa. Entretanto, para o Pb, não foi
observada uma boa concordância entre as curvas de calibração aquosa e de
massas crescentes (Figura 21). A razão entre os coeficientes angulares foi de 0,86
(0,1691/0,1960), indicando um provável efeito de matriz, uma vez que, a
diferença observada entre as duas curvas é mais acentuada para maiores massas
do padrão de papel de filtro. Os coeficientes de correlação das curvas de calibração
com soluções analíticas de referência foram 0,9998 ± 0,0012 para Cd, 0,9999 ±
0,0005 para Pb e 0,9998 ± 0,0022 para As.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 66 -
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
Absorbância integrada (s)
Cd (ng)
Figura 20 - Curvas analíticas de calibração para Cd ( ) empregando massas
crescentes do padrão de papel de filtro contendo 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd (y = 1,9220
x – 0,0066; R
2
= 0,9938 ± 0,0048) e ( ) com solução analítica de referência
(y = 2,0261 x – 0,0004; R
2
= 0,9998 ± 0,0012). Modificador químico: Pd + Mg.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
Absorbância integrada (s)
Pb (ng)
Figura 21 - Curvas analíticas de calibração para Pb ( ) empregando massas
crescentes do padrão de papel de filtro contendo 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb (y = 0,1960 x
0,0034; R
2
= 0,9937 ± 0,0053) e ( ) com solução analítica de referência
(y = 0,1691 x + 0,0006; R
2
= 0,9999 ± 0,0005). Modificador químico: Pd + Mg.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 67 -
0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
Absorbância Integrada (s)
As (ng)
Figura 22 - Curvas analíticas de calibração para As ( ) empregando massas
crescentes do padrão de papel de filtro contendo 3,6 ± 0,3 µg g
-1
de As (y = 0,1747 x
+ 0,0039; R
2
= 0,9918 ± 0,011) e ( ) com solução analítica de referência
(y = 0,1687 x – 0,0029; R
2
= 0,9998 ± 0,0022). Modificador químico: Pd + Mg.
Para a determinação de Hg, foram construídas curvas analíticas de
calibração com o material sólido, empregando-se os programas de aquecimento
otimizados na presença de KMnO
4
(estratégia 1) e da mistura oxidante HNO
3
+
H
2
SO
4
combinado com Pd eletrodepositado no interior do tubo de grafite e Pd
depositado na superfície da plataforma de grafite (estratégia 2).
As Figuras 23 e 25 apresentam as curvas analíticas de calibração obtidas
com massas crescentes de um único padrão de papel de filtro contendo 17 ± 1
µg g
-1
de Hg, utilizando as estratégias 1 e 2, respectivamente. Os coeficientes
angulares foram 0,0113 ± 0,0004, para a estratégia 1 e 0,0106 ± 0,0003, para a
estratégia 2. Os coeficientes de correlação foram 0,9897 ± 0,0034, para a
estratégia 1 e 0,9917 ± 0,0029, para a estratégia 2.
Para as duas estratégias avaliadas, as curvas construídas com massas
similares dos padrões de papéis de filtro contendo diferentes concentrações de Hg
estão apresentadas nas Figuras 24 e 26. Os coeficientes angulares foram 0,0113 ±
0,0002, para a estratégia 1 e 0,0107 ± 0,0002, para a estratégia 2. Os
coeficientes de correlação foram 0,9992 ± 0,0158, para a estratégia 1 e 0,9994 ±
0,0127, para a estratégia 2.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 68 -
As razões entre os coeficientes angulares das curvas obtidas foram 1 para
estratégia 1 (0,0113/0,0113 = 1,0) e aproximadamente 1 para estratégia 2
(0,0106/0,0107 = 0,99), indicando que, para cada modificador químico utilizado,
ambos procedimentos de calibração podem ser empregados para SS-GF AAS.
Para avaliar se as curvas de calibração construídas com material sólido
podem ser empregadas na determinação direta de Hg em amostras de matriz
vegetal foi analisado o material de referência certificado NIST SRM 1572 (citrus
leaves), o qual contém 0,08 ± 0,02 µg g
-1
de Hg. No entanto, a concentração de
Hg neste CRM esteve abaixo dos limites de detecção dos métodos.
As duas estratégias avaliadas para a determinação direta de Hg por SS-
GF AAS, empregando-se os padrões sólidos de calibração, se mostraram
adequadas, apresentando sensibilidades similares e boa reprodutibilidade. A
utilização da mistura oxidante HNO
3
+ H
2
SO
4
em combinação com Pd
eletrodepositado no interior do tubo de grafite e Pd depositado na superfície da
plataforma de grafite (estratégia 2) se mostrou vantajosa pela possibilidade de
pré-tratamento in situ das amostras sólidas, empregando maior temperatura de
pirólise e reduzindo os sinais de fundo durante a atomização.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
Absorbância Integrada (s)
Hg (ng)
Figura 23 - Curva analítica de calibração para Hg, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 17 ± 1 µg g
-1
de Hg (y = 0,0113 x + 0,0023; R
2
=
0,9897 ± 0,0034). Modificador químico: KMnO
4
.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 69 -
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Hg (µg g
-1
)
Figura 24 - Curva analítica de calibração para Hg, empregando os padrões de papéis
de filtro com as respectivas concentrações de Hg: 8,1 ± 0,5; 17 ± 1; 38 ± 3; 43 ± 2;
e 86 ± 1 µg g
-1
(y = 0,0113 x 0,0016; R
2
= 0,9992 ± 0,0158). Modificador químico:
KMnO
4
.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
Absorbância Integrada (s)
Hg (ng)
Figura 25 - Curva analítica de calibração para Hg, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 17 ± 1 µg g
-1
de Hg (y = 0,0106 x - 0,0001;
R
2
= 0,9917 ± 0,0029). Modificador químico: Mistura oxidante (H
2
SO
4
+ HNO
3
) + Pd
depositado na plataforma + Pd depositado na superfície interna do tubo de grafite.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 70 -
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Hg (µg g
-1
)
Figura 26 - Curva analítica de calibração para Hg, empregando os padrões de papéis
de filtro com as respectivas concentrações de Hg: 8,1 ± 0,5; 17 ± 1; 38 ± 3; 43 ± 2;
e 86 ± 1 µg g
-1
(y = 0,0107 x + 0,0015; R
2
= 0,9994 ± 0,0127). Modificador químico:
Mistura oxidante (H
2
SO
4
+ HNO
3
) + Pd depositado na plataforma + Pd depositado na
superfície interna do tubo de grafite.
Para avaliar a viabilidade de calibração aquosa na determinação de Hg por
SS-GF AAS, foram construídas as curvas de calibração com soluções analíticas de
referência apresentadas nas Figuras 27 e 28, para as estratégias 1 e 2,
respectivamente. Foi realizada comparação entre os coeficientes angulares das
calibrações em meio aquoso e em meio do padrão sólido de papel de filtro,
utilizando, nesse caso, a curva construída com massas crescentes.
As razões entre os coeficientes angulares das curvas obtidas foram de
aproximadamente 1 para as estratégias 1 (0,0113/0,0115 = 0,98) e 2
(0,0106/0,0112 = 0,95). Os resultados obtidos indicam que não um efeito de
matriz, o que possibilita a análise da amostra sólida utilizando calibração aquosa,
para os programas de aquecimento otimizados na presença de KMnO
4
(estratégia
1) e da mistura oxidante HNO
3
+ H
2
SO
4
combinado com Pd eletrodepositado na
superfície interna do tubo de grafite e Pd depositado na superfície da plataforma
de grafite (estratégia 2).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 71 -
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
Absorbância Integrada (s)
Hg (ng)
Figura 27 - Curvas analíticas de calibração para Hg ( ) empregando massas
crescentes do padrão de papel de filtro contendo 17 ± 1 µg g
-1
de Hg (y = 0,0113 x +
0,0023; R
2
= 0,9897 ± 0,0034) e ( ) com solução analítica de referência (y = 0,0115
+ 0,0002; R
2
= 0,9995 ± 0,0016). Modificador químico: KMnO
4
.
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
Absorbância Integrada (s)
Hg (ng)
Figura 28 - Curvas analíticas de calibração para Hg ( ) empregando massas
crescentes do padrão de papel de filtro contendo 17 ± 1 µg g
-1
de Hg (y = 0,0106 x -
0,0001; R
2
= 0,9917 ± 0,0029) e ( ) com solução analítica de referência
(y = 0,0112 x 0,0012; R
2
= 0,9996 ± 0,0012). Modificador químico: Mistura
oxidante (H
2
SO
4
+ HNO
3
) + Pd depositado na plataforma + Pd depositado na superfície
interna do tubo de grafite.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 72 -
4.5. Figuras de mérito
A análise dos CRMs de matriz vegetal, cujos resultados foram apresentados
na Tabela 17, mostrou que os valores obtidos para As, Cd e Pb concordam em
95% no limite de confiança com os valores certificados (teste t de Student),
indicando que os métodos desenvolvidos são exatos e podem ser empregados na
determinação direta dos analitos por SS-GF AAS em amostras de matriz vegetal.
O limite de detecção associado às técnicas de análise direta de sólidos pode
ser calculado a partir: (1) do "branco da amostra", por meio da obtenção do sinal
do branco utilizando uma amostra com mesma composição matricial, porém com
concentração muito baixa do elemento de interesse; (2) de materiais sintéticos,
tais como, grafite, celulose de grau analítico e SiC aquecido a 2200°C para
eliminar as impurezas; e (3) de medidas da plataforma de grafite vazia, sendo que
o sinal de absorbância obtido nesse caso, refere-se à “massa zero” e o desvio
padrão do branco analítico é, portanto, aquele proveniente do
ruído
instrumental
[NOMURA et al., 2008b].
Nesse trabalho, os limites de detecção para as curvas de calibração
empregando concentrações crescentes (curva de calibração 2), foram calculados
como sendo três vezes o desvio padrão de 10 medidas do branco analítico (papel
de filtro moído sem Cd e Pb, com impregnação de 1000 µL de HNO
3
0,1% (v v
-1
) e
papel de filtro moído sem As e Hg, com impregnação de 1000 µL de água
deionizada). Os valores obtidos estão apresentados na Tabela 18.
Para as curvas de massas crescentes (curva de calibração 1), os limites de
detecção (em concentração) foram calculados utilizando-se a Equação 5.
C
L
= a
L
/m
max
(5)
Onde m
max
refere-se à massa xima de amostra analisada e a
L
ao valor
obtido por 3σ/S, onde σ é o desvio padrão de 10 medidas do branco analítico
(plataforma sem amostra) e S é a inclinação da curva de calibração com massas
crescentes [KURFÜST, 1998; NOMURA et al., 2008b]. Os valores obtidos estão
apresentados na Tabela 18.
Na Tabela 18 também estão apresentadas as massas características (m
o
)
para As, Cd, Hg e Pb, as quais foram estimadas pelas equações das curvas
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 73 -
analíticas de calibração com massas crescentes, como sendo o sinal analítico de
1% de absorbância (0,0044).
Tabela 18 – Limites de detecção (LD) e massas características (m
O
) para As, Cd, Hg e Pb
Elemento
LD m
O
Curva de calibração 1 Curva de calibração 2 Curva de calibração 1
As 0,18 µg g
-1
0,36 µg g
-1
2,9 pg
Cd 1,4 ng g
-1
4,0 ng g
-1
1,7 pg
Hg
(a)
0,64 µg g
-1
0,46 µg g
-1
0,18 ng
Hg
(b)
1,02 µg g
-1
1,08 µg g
-1
0,42 ng
Pb 0,028 µg g
-1
0,036 µg g
-1
0,043 ng
Notas:
(a)
Estratégia 1: KMnO
4
como modificador químico;
(b)
Estratégia 2: como modificador a
mistura oxidante HNO
3
+ H
2
SO
4
em combinação com Pd depositado no interior do tubo de
grafite e Pd depositado na superfície da plataforma.
Curva de calibração 1 = calibração com massas crescentes e Curva de calibração 2 = calibração
com concentrações crescentes.
Apesar de apresentar os maiores valores, o limite de detecção do
procedimento de calibração com concentrações crescentes dos padrões sólidos
(curva de calibração 2) se aproxima mais do lculo recomendado pela IUPAC,
uma vez que, emprega-se como branco analítico um material sólido (papel de filtro
moído) de mesma composição matricial que o padrão sólido de calibração, porém
isento do elemento de interesse.
4.6. Análise das amostras de embalagens celulósicas para alimentos
Aplicando-se os métodos desenvolvidos, foram realizadas as determinações
diretas de As, Cd, Hg e Pb por SS-GF AAS nas amostras de embalagens celulósicas
para alimentos. Para as determinações de Hg foram empregados os programas de
aquecimento otimizados na presença de KMnO
4
(estratégia 1) e da mistura
oxidante (HNO
3
+ H
2
SO
4
) combinado com os modificadores permanentes
(estratégia 2). Os resultados obtidos para Cd e Pb estão apresentados na Tabela
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 74 -
19, considerando as equações das curvas analíticas de calibração de massas
crescentes (curva de calibração 1) e de concentrações crescentes (curva de
calibração 2). As concentrações de As e Hg em todas as embalagens analisadas
estavam abaixo dos limites de detecção dos métodos.
Tabela 19 - Concentrações de Cd e Pb nas amostras de embalagens celulósicas
obtidas por SS-GF AAS (n = 5)
Amostras
Cd (µg g
-1
) Pb (µg g
-1
)
Curva de
calibração 1
Curva de
calibração 2
Curva de
calibração 1
Curva de
calibração 2
Bandeja de polpa moldada 0,029 ± 0,002 0,030 ± 0,002 3,5 ± 0,1 3,6 ± 0,1
Caixa de pizza 0,11 ± 0,01 0,099 ± 0,006 6,54 ± 0,04 6,70 ± 0,03
Papelcartão 0,016 ± 0,001 0,017 ± 0,001 2,1 ± 0,1 2,2 ± 0,1
Toalha de papel < LD < LD 0,13 ± 0,01 0,14 ± 0,01
Papel para embalagens de
produtos em pó
0,014 ± 0,001
0,015 ± 0,001 6,5 ± 0,2 6,5 ± 0,2
Papel para embalagens de
confeitos
< LD < LD 0,13 ± 0,01 0,14 ± 0,01
Papel para embalagens de
fast food
< LD < LD 0,05 ± 0,01 0,05 ± 0,01
Embalagem de farinha de
trigo
< LD < LD 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,01
Nota: Cd – LD (curva de calibração 1) =1,4 ng g
-1
; LD (curva de calibração 2) = 4,0 ng g
-1
.
Pb – LD (curva de calibração 1) = 0,028 µg g
-1
; LD (curva de calibração 2) = 0,036 µg g
-1
.
Conforme verificado na Tabela 19, as embalagens celulósicas analisadas
apresentaram concentração total para Cd de até 0,099 µg g
-1
e para Pb de até
6,70 µg g
-1
, considerando a equação da curva de calibração 2. Embora a legislação
específica para essas embalagens (Portaria n°177, de 04 de março de 1999,
SVS/MS) não estabeleça os limites para esses elementos no material da
embalagem, é importante salientar que o Cd e o Pb encontrados nas amostras
analisadas podem migrar para o alimento, o que poderia representar um risco à
saúde. Desta forma, é necessário o desenvolvimento de métodos para
determinação de elementos potencialmente tóxicos em embalagens celulósicas
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 75 -
para contato direto com alimentos, visando o controle da qualidade e a proteção à
saúde do consumidor.
As concentrações de As, Cd, Hg e Pb também foram determinadas nos
digeridos das amostras de embalagens moídas. As determinações de As, Cd e Pb
foram realizadas por GF AAS e de Hg, por CV AAS, empregando-se os
procedimentos realizados para determinação dos analitos nos digeridos dos
padrões de papéis de filtro. Os resultados obtidos para Cd e Pb estão apresentados
na Tabela 20. As concentrações de As e Hg em todas as amostras analisadas
estiveram abaixo dos limites de detecção, o que concorda com os resultados
obtidos por SS-GF AAS.
Não foi realizada a determinação de Cr por GF AAS nos digeridos das
amostras de embalagens moídas devido à contaminação por Cr observada para os
padrões sólidos produzidos durante a moagem. No entanto, foi feita a digestão em
forno de micro-ondas, seguindo o mesmo programa apresentado na Tabela 2, de
pequenos pedaços (massas de aproximadamente 200 mg) de 3 amostras de
embalagens, obtendo-se os seguintes resultados para Cr: bandeja de polpa
moldada = 1,8 ± 0,4 µg g
-1
; papelcartão = 3,7 ± 0,3 µg g
-1
; papel para
embalagem de fast food = 4,1 ± 0,9 µg g
-1
. Para todas as amostras foi feita adição
com recuperação média de 92 ± 1%.
Tabela 20 - Concentrações de Cd e Pb nas amostras de embalagens celulósicas
obtidas por GF AAS (n = 3)
Amostras Cd (µg g
-1
) Pb (µg g
-1
)
Bandeja de polpa moldada 0,030 ± 0,001 3,64 ± 0,04
Caixa de pizza 0,102 ± 0,009 6,60 ± 0,02
Papelcartão 0,015 ± 0,003 2,15 ± 0,05
Toalha de papel < LD 0,14 ± 0,01
Papel para embalagens de produtos em pó 0,012 ±0,003 6,6 ± 0,1
Papel para embalagens de confeitos < LD 0,16 ± 0,01
Papel para embalagens de fast food < LD < LD
Embalagem de farinha de trigo < LD < LD
Nota: Cd – LD =1,6 ng g
-1
; Pb – LD =0,08 µg g
-1
.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 76 -
Nas amostras de embalagem analisadas, os resultados obtidos para Cd e Pb
pelos métodos propostos por SS-GF AAS concordam em 95% no limite de
confiança (teste t de Student) com os valores obtidos por GF AAS, indicando que
não interferência da matriz das amostras na determinação direta dos analitos
por SS-GF AAS.
Para avaliar a viabilidade de determinação direta dos analitos nas amostras
de embalagens sem pré-tratamento (moagem), foram realizados testes visando à
determinação de Cd por SS-GF AAS em pequenos pedaços destas amostras. Foram
utilizados pedaços com massas similares às analisadas para as amostras moídas.
Para essa determinação foi empregado o programa de aquecimento otimizado para
a análise do material sólido moído. Nessas condições de aquecimento, não foram
obtidos sinais analíticos transientes do Cd para as três amostras avaliadas
(bandeja de polpa moldada, caixa de pizza e papelcartão), como pode ser
observado nas Figuras 29(b), 30(b) e 31(b). Os sinais analíticos com picos duplos
observados para as três amostras podem ser um indicativo de diferentes
mecanismos de atomização do Cd devido a não homogeneização prévia das
amostras. Como era esperado, os resultados o foram reprodutíveis, obtendo-se
concentrações de Cd de 0,02 ± 0,01 µg g
-1
, para a bandeja de polpa moldada, 0,08
± 0,04 µg g
-1
, para a caixa de pizza e 0,008 ± 0,005 µg g
-1
, para o papelcartão.
Foi verificado experimentalmente que a maior parte da amostra introduzida
em pedaços no atomizador permanecia na plataforma de grafite ao final do
programa de aquecimento. Este é um indicativo de que para uma possível
determinação direta de Cd em pedaços das amostras de embalagens, seria
necessário avaliar alternativas, tal como, a utilização de misturas oxidantes para
melhorar a separação analito e matriz durante a etapa de pirólise.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 77 -
Figura 29 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Cd e dos sinais de fundo (BG) na
amostra de bandeja de polpa moldada (a) moída em moinho criogênico e (b) em
pedaço.
Figura 30 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Cd e dos sinais de fundo (BG) na
amostra de caixa de pizza (a) moída em moinho criogênico e (b) em pedaço.
Figura 31 Perfis dos sinais analíticos (AA) do Cd e dos sinais de fundo (BG) na
amostra de papelcartão (a) moída em moinho criogênico e (b) em pedaço.
AA
BG
(b)
(a)
(b)
(a)
(a)
(b
)
AA
BG
AA
BG
AA
BG
AA
BG
AA
BG
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 78 -
4.7. Avaliação da estabilidade dos padrões sólidos de papéis de filtro
Considerando o potencial de utilização dos padrões sólidos de papéis de
filtro para calibração, estudar a estabilidade ao longo do tempo, no sentido de
verificar efeitos de umidade ou temperatura na homogeneidade dos analitos é
importante para estabelecer o tempo de estocagem desses padrões.
Para avaliar a estabilidade dos padrões sólidos produzidos, as concentrações
de Cd foram determinadas por SS-GF AAS nos padrões de papéis de filtro após 4 e
12 meses de moídos e mantidos em dessecador. Foram empregados o programa
de aquecimento otimizado e calibração com soluções analíticas de referência. Os
resultados obtidos estão apresentados na Tabela 21.
Tabela 21 – Concentrações de Cd nos padrões sólidos de papéis de filtro (n = 5)
Padrão
sólido
Cd (µg g
-1
)
SS-GF AAS (inicial)
SS-GF AAS (4 meses)
SS-GF AAS (12 meses)
P1 0,21 ± 0,01 0,22 ± 0,01 0,21 ± 0,02
P2 0,34 ± 0,01 0,35 ± 0,02 0,35 ± 0,02
P3 0,48 ± 0,02 0,50 ± 0,02 0,47 ± 0,03
P4 0,64 ± 0,01 0,68 ± 0,04 0,67 ± 0,05
Nota: P1, P2, P3, P4 e P5 Padrão sólido de papel de filtro 1, 2, 3 e 4,
respectivamente, impregnados com concentrações crescentes de soluções analíticas de
referência.
Para as análises realizadas após 4 e 12 meses do preparo dos padrões
sólidos, os resultados obtidos para Cd pelos métodos propostos por SS-GF AAS
concordam em 95% no limite de confiança (teste t de Student) com os valores
obtidos inicialmente por SS-GF AAS, indicando que as concentrões de Cd nos
padrões lidos de pais de filtro, guardados em dessecador, não sofreram
alterações ao longo de um ano.
Também foram construídas as curvas analíticas de calibração com massas
crescentes do padrão P1 e com os padrões de papéis de filtro contendo diferentes
concentrações de Cd para os dois períodos avaliados. As curvas obtidas pelos dois
procedimentos estão apresentadas nas Figuras 32, 33, 34 e 35. Para as curvas
obtidas, as razões entre os coeficientes angulares foram aproximadamente 1 nos
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 79 -
períodos de 4 meses (2,1142/2,1490 = 0,98) e de 12 meses (2,0960/2,2078 =
0,95) após preparo destes padrões, indicando que ambos procedimentos de
calibração continuaram adequados para a determinação direta de Cd por SS-
GF AAS ao longo de um ano.
Para Pb, como não foi observada boa concordância entre as curvas
analíticas de calibração com solução aquosa e com padrão sólido, não foram
determinadas as concentrações de Pb por SS-GF AAS nos padrões de papéis de
filtro após 4 e 12 meses do preparo desses materiais. No entanto, para esses
períodos foram construídas as curvas analíticas de calibração com massas
crescentes do padrão P1 e com os padrões sólidos contendo diferentes
concentrações de Pb. As curvas obtidas pelos dois procedimentos estão
apresentadas nas Figuras 36, 37, 38 e 39. Considerando a mesma forma de
avaliação, as razões entre os coeficientes angulares foram aproximadamente 1 nos
períodos de 4 meses (0,1865/0,1978 = 0,94) e de 12 meses (0,1937/0,2041 =
0,95), indicando que ambos procedimentos de calibração se mantiveram
adequados para a determinação direta de Pb por SS-GF AAS ao longo de um ano.
A análise de pelo menos um CRM para cada período estudado mostrou a
concordância entre os resultados obtidos e os valores certificados, considerando o
teste t de Student, no limite de confiança de 95%. Os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela 22 e confirmam a exatidão dos métodos propostos.
Tabela 22 – Concentrações de Cd e Pb nos CRMs
Cd (µg g
-1
) Pb (µg g
-1
)
NIES 10a NIST SRM 1547
Certificado 0,023 ± 0,003 0,87 ± 0,03
Experimental
(4 meses)
Curva de calibração 1 0,020 ± 0,003 0,80 ± 0,09
Curva de calibração 2 0,019 ± 0,003 0,82 ± 0,09
Experimental
(12 meses)
Curva de calibração 1 0,020 ± 0,004 0,87 ± 0,05
Curva de calibração 2 0,025 ± 0,004 0,82 ± 0,05
Nota: Curva de calibração 1 = calibração com massas crescentes e Curva de calibração 2 =
calibração com concentrações crescentes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 80 -
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
Absorbância Integrada (s)
Cd (ng)
Figura 32 - Curva analítica de calibração para Cd, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd (y = 2,1490 x + 0,0007;
R
2
= 0,9957 ± 0,0042), obtida após 4 meses do preparo dos padrões sólidos de
calibração.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Cd (µg g
-1
)
Figura 33 - Curva analítica de calibração para Cd, empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de Cd: 0,21 ± 0,01; 0,34 ± 0,01; 0,48 ± 0,02;
e 0,64 ± 0,01 µg g
-1
(y = 2,1142 x + 0,0020; R
2
= 0,9996 ± 0,0166), obtida após 4
meses do preparo dos padrões sólidos de calibração.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 81 -
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
0,00
0,03
0,06
0,09
0,12
0,15
0,18
0,21
0,24
Absorbância Integrada (s)
Cd (ng)
Figura 34 - Curva analítica de calibração para Cd, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 0,21 ± 0,01 µg g
-1
de Cd (y = 2,0960 x + 0,0035;
R
2
= 0,9905 ± 0,0083), obtida após 12 meses do preparo dos padrões sólidos de
calibração.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Cd (µg g
-1
)
Figura 35 - Curva analítica de calibração para Cd, empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de Cd: 0,21 ± 0,01; 0,34 ± 0,01; 0,48 ± 0,02;
e 0,64 ± 0,01 µg g
-1
(y = 2,2078 x 0,0095; R
2
= 0,9989 ± 0,0289), obtida após 12
meses do preparo dos padrões sólidos de calibração.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 82 -
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
Absorbância Integrada (s)
Pb (ng)
Figura 36 - Curva analítica de calibração para Pb, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb (y = 0,1978 x 0,0042;
R
2
= 0,9933 ± 0,0055), obtida após 4 meses do preparo dos padrões sólidos de
calibração.
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Pb (µg g
-1
)
Figura 37 - Curva analítica de calibração para Pb empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de Pb: 1,6 ± 0,2; 2,7 ± 0,1; 3,8 ± 0,2; e
5,3 ± 0,2 µg g
-1
(y = 0,1865 x – 0,0018; R
2
= 0,9992 ± 0,0177), obtida após 4 meses
do preparo dos padrões sólidos de calibração.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
- 83 -
0,00 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
Absorbância Integrada (s)
Pb (ng)
Figura 38 - Curva analítica de calibração para Pb, empregando massas crescentes do
padrão de papel de filtro contendo 1,6 ± 0,2 µg g
-1
de Pb (y = 0,1937 x 0,0001;
R
2
= 0,9933 ± 0,0050), obtida após 12 meses do preparo dos padrões sólidos de
calibração.
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Abs. Int. / Massa de amostra (s mg
-1
)
Pb (µg g
-1
)
Figura 39 - Curva analítica de calibração para Pb empregando os padrões de papéis
filtro com as respectivas concentrações de Pb: 1,6 ± 0,2; 2,7 ± 0,1; 3,8 ± 0,2; e
5,3 ± 0,2 µg g
-1
(y = 0,2041 x 0,00001; R
2
= 0,9998 ± 0,0098), obtida após 12
meses do preparo dos padrões sólidos de calibração.
CONCLUSÕES
- 84 -
5. CONCLUSÕES
Os métodos desenvolvidos permitiram a determinação direta de As, Cd e Hg
em embalagens celulósicas para alimentos por SS-GF AAS tanto com calibração
aquosa como com calibração usando padrões sólidos de papéis de filtro
impregnados com esses elementos. No caso da determinação de As e Cd, é
necessário o emprego do modificador químico 5 µg Pd + 3 µg Mg e para a
determinação direta de Hg, a solução 3% m v
-1
de KMnO
4
ou a mistura oxidante
(HNO
3
1 mol L
-1
+ H
2
SO
4
1 mol L
-1
) com a plataforma e parede interna do tubo de
grafite modificadas com Pd são as melhores opções de modificadores químicos.
Devido a interferências de matriz, para a determinação direta de Pb é
imperativo o uso de calibração com os padrões sólidos usando o modificador
químico 5 µg Pd + 3 µg Mg.
Como conseqncia da contaminação durante o procedimento de moagem,
não foi desenvolvido método para a determinação direta de Cr por SS-GF AAS. No
entanto, foi possível a determinação desse elemento a partir de soluções de
digeridos de pedaços das embalagens, após pré-tratamento em forno de micro-
ondas.
A SS-GF AAS foi fundamental para a avaliação da micro-homogeneidade dos
padrões sólidos de papéis de filtro. Os papéis de filtro impregnados com As, Cd, Pb
e Hg e moídos por moagem criogênica mostraram-se homogêneos, garantindo H
E
menor do que 10. Os resultados da micro-homogeneidade indicam que esses
padrões podem ser empregados como padrões sólidos de calibração em outras
técnicas de análise direta de sólidos, tais como, LA-ICP-MS e LIBS. Adicionalmente,
as concentrações de Cd e Pb nos padrões lidos de papel de filtro, guardados em
dessecador, não sofreram alterações ao longo de um ano, indicando boa
estabilidade desses padrões.
As curvas analíticas de calibração de As, Cd, Hg e Pb construídas com
massas crescentes de um único padrão sólido de papel de filtro ou com massas
similares dos diferentes padrões sólidos com diferentes concentrações dos analitos
foram concordantes em termos dos coeficientes angulares, indicando que ambos
procedimentos de calibração podem ser empregados para SS-GF AAS. No entanto,
a calibração com diferentes concentrações dos padrões sólidos é aquela que mais
se assemelha aos métodos tradicionais de calibração externa, inclusive por
CONCLUSÕES
- 85 -
possibilitar medidas de um branco analítico de calibração para estimativa do limite
de detecção “verdadeiro”.
Os métodos desenvolvidos apresentaram boa sensibilidade, precisão e
exatidão para a determinação de As, Cd, Cr, Hg e Pb em amostras de embalagens
celulósicas para alimentos. Como não existem limites estabelecidos na legislação
específica para a concentração desses elementos em embalagens celulósicas que
entram em contato direto com alimentos (Portaria nº177, de 04 de março de
1999, SVS/MS), os métodos desenvolvidos poderiam ser aceitos como
procedimentos normatizados para análise dessas embalagens.
REFERÊNCIAS
- 86 -
6. REFERÊNCIAS
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- 87 -
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gov.br/alimentos/legis/especifica/embalagens.htm>. Acesso em: 10 abr. 2009.
BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolão RDC 130,
de 10 de maio de 2002. Altera a Portaria 177/99, de 04 de março de 1999,
publicada no Diário Oficial da União de 08 de março de 1999, o subitem 2.10 pelo
texto contido na presente Resolução. D.O.U. - Diário Oficial da União, Poder
Executivo, de 13 de maio de 2002. 2002. Disponível em: <http://www.anvisa.
gov.br/alimentos/legis/especifica/embalagens.htm>. Acesso em: 10 abr. 2009.
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Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 09 de abril de 1965. 1965. Disponível
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BRASIL. SVS/MS - Ministério da Saúde. Secretaria de Vigincia Sanitária. Portaria
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anexos. D.O.U. - Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 08 de mao de
1999. 1999. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/
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alimentos” e seu anexo “limites máximos de tolerância para contaminantes
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SÚMULA CURRICULAR
SÚMULA CURRICULAR
1. Dados Pessoais
Nome: Patricia de Souza Medeiros Barbosa
Filiação: Diniz de Medeiros Barbosa e Elza Maria de Souza Barbosa
Data de nascimento: 06/10/1982
Nacionalidade: Brasileira/ São Paulo, SP
2. Formação acadêmica
Fundamental: Colégio Angélica, São Paulo, SP, 1996
Médio: Colégio Angélica, São Paulo, SP, 1999
Superior: Universidade de São Paulo, Instituto de Química, São Paulo, SP
Bacharelado em Química, 2006
Bacharel em Química com Atribuições Tecnológicas, 2006
Mestrado: Universidade de São Paulo, Instituto de Química, São Paulo, SP
Área de concentração: Química Analítica
3. Ocupação
Química, Laboratório de Papel e Celulose, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo – IPT, 2006 a outubro de 2007
Bolsista FAPESP (07/56482-2), março de 2008 a agosto de 2008
Química, Setor de Resíduos Sólidos Industriais, CETESB, agosto de 2008 até o
presente
SÚMULA CURRICULAR
4. Publicações
Artigo Publicado
1. NASCIMENTO, G. M. do; BARBOSA, P. S. M.; COSNTANTINO, V. R. L.;
TEMPERINI, M. L. A. Benzidine oxidation on cationic clay surfaces in aqueous
suspension monitored by in situ resonance Raman spectroscopy. Colloids and
Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 289, p. 39-46,
2006.
Resumos em Congressos
1. 31ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2008.
Emprego de papel de filtro impregnado com Cd e Pb como material calibrante
para SS-GF AAS.
Autores: Barbosa, P. S. M.; Íntima, D. P.; Nomura, C. S.; Oliveira, P. V.
2. Tenth Rio Symposium on Atomic Spectrometry, 2008
Solid sampling graphite furnace atomic absorption spectrometry as a toll for
preparation of standard calibration materials for direct solid analysis.
Autores: Nomura, C. S.; Porcionat, R.; Barbosa, P. S. M.; Intima, P. D; Souza,
A. L.; Oliveira, P. V.
3. 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2009.
Avaliação do comportamento térmico do Hg em diferentes modificadores
químicos visando a determinação direta em papel por SS-GF AAS
Autores: Barbosa, P. S. M.; Nomura, C. S.; Oliveira, P. V.
Livros Grátis
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