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2.2 Dinâmica da Indústria do Petróleo
O trabalho passa a percorrer nesse momento uma literatura mais atualizada, que vai nos
auxiliar na compreensão da indústria petrolífera. Saber que tipo de indústria é essa nos
possibilita traçar um panorama real de como essa indústria se relaciona com o local.
O primeiro aspecto próprio da indústria de extração mineral, dentre elas a de petróleo: não
escolhe onde se localiza. A localização está determinada pela presença do recurso mineral a
ser explorado. Ou seja, não adianta oferecer benefícios, muito menos reduzir a carga tributária
para atrair esses investimentos, e tão pouco transformá-los em propaganda política. Essa
indústria é atraída pela capacidade da jazida mineral ser economicamente viável.
Apresenta-se exatamente o contrário: ao invés de ser “convidada”, a indústria mineral se
instala rapidamente, muito pouco se articulando com os agentes locais, que de repente se vêm
impossibilitados de, sequer participar do processo. Uma vez entendido o quão estratégico é
um recurso mineral energético, o assunto se torna de importância nacional, de interesse da
soberania da nação. Com isso, o local se torna meramente um “poço” ou uma “mina”, e nada
mais.
Além disso, é importante esclarecer uma diferença entre a indústria tradicional e a petrolífera:
trata-se de recurso não-renovável, altamente estratégico, e sua exploração envolve o
domínio de tecnologia de ponta. As corporações que operam no setor atuam de
modo globalizado, organizando o espaço de modo seletivo e extrovertido. As áreas
produtoras funcionam como campo de fluxos, onde se articulam sofisticadas redes
de unidades industriais, portos, dutos, aeroportos, bens, homens e informações. Não
são, portanto, empreendimentos voltados a promover o desenvolvimento regional.
(PIQUET, 2007,p.5)
A manipulação de um recurso mineral altamente estratégico como o petróleo e gás, aumenta
ainda mais o poder político e econômico das corporações, além de expor os agentes locais a
interesses que extrapolam para escala internacional, cenário de disputas pela posse de jazidas
petrolíferas. Além de cobiçado, esses recursos são “destinados a cumprir metas globais/ e ou
nacionais de desenvolvimento.”
(PIQUET, 2007, p.5).
Além de entender o comportamento das grandes corporações, dentre elas a Petrobrás, é
importante analisar a chamada indústria para-petrolífera: todo o conjunto que orbita em torno