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por um número muito pequeno de profissionais (e com frequência, um único
profissional, titular do escritório). Por outro lado, nesses escritórios, a gestão da
qualidade com frequência é feita de maneira intuitiva, dependente da experiência
gerencial de seus titulares. Mais ainda, o reduzido porte faz com que os profissionais
tenham uma sobrecarga de trabalho, de forma a tornar-se necessária a minimização da
burocracia gerada pelo sistema da qualidade. E, por fim, uma grande preocupação das
empresas de projeto deve ser a garantia da confiabilidade e rastreabilidade das
informações de projeto, já que, fundamentalmente, o projeto consiste em agregar as
informações. Por causa disso, os requisitos do modelo proposto que focam a gestão da
informação e a gestão de documentos foram inspiradas nesse modelo.
Em relação ao PSQ Projetos elaborado por Melhado (2006), foram feitas adaptações aos
requisitos utilizados, entendendo se tratar de uma empresa construtora e não um
escritório de projetos. Os requisitos são a gestão de documentos e gestão da
comunicação.
Um segundo referencial do modelo proposto é o próprio SiAC Construtoras, no âmbito
do PBQP-H, já consagrado e amplamente estudado na literatura recente. Como o SiAC
é referenciado na ISO9001, incorpora alguns de seus conceitos essenciais: o controle de
processos, o foco no cliente, e a introdução de mecanismos que permitam uma melhoria
contínua nas empresas. No entanto, como já comentado, a hipótese de trabalho é a de
que seria inviável – pelo menos em um primeiro momento – implementar todos os
requisitos do SiAC Construtoras em pequenas empresas construtoras. Dessa forma, o
modelo proposto implicou na seleção de alguns desses requisitos, considerados
essenciais para a fase inicial de implementação de um sistema de gestão da qualidade,
sem prejuízo para um posterior acréscimo de requisitos, de acordo com a própria
evolução gerencial das empresas.
Com relação à segunda referência (SiAC-PBQP-H), tem-se o controle de execução da
obra tomado como referência. Ou seja, foi feita uma adaptação dos requisitos indicados
na norma. A gestão da documentação e da comunicação será utilizada de uma forma
mais ampla, compreendendo não somente o controle do próprio modelo, mas da
estrutura administrativa básica da própria empresa construtora.
Por fim, o modelo procurou incorporar alguns conceitos e ferramentas do pensamento
enxuto, adaptados à realidade da construção civil (lean construction). Em especial,
pensou-se em adotar uma estrutura de planejamento físico da obra baseada no método
denominado Last Planner. Essa escolha específica obedece a pelo menos dois motivos.
Em primeiro lugar, a literatura recente tem apontado para o fato de que a escolha desse
método de planejamento “puxa” a empresa no sentido de apontar para uma mentalidade
enxuta. O Last Planner busca garantir a confiabilidade do planejamento – garantir que
tarefas possíveis sejam alocadas a uma determinada fase da obra – de forma a criar-se
um fluxo contínuo de trabalho. E isso tem impacto na alocação de mão de obra, no
controle da aquisição de materiais, na determinação de tarefas que são pré requisitos,
etc. Ou seja, o planejamento “impacta em toda a obra”.