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JULIETA DE JESUS DA SILVEIRA NETA
REMOÇÃO DE CORANTES EM EFLUENTES TÊXTEIS UTILIZANDO ESPUMAS
DE POLIURETANO E RESÍDUOS DE SEMENTES DE Mabea fistulifera Mart.
VIÇOSA
MINAS GERAIS BRASIL
2009
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agroquímica,
para obtenção do título de Magister Scientiae.
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JULIETA DE JESUS DA SILVEIRA NETA
REMOÇÃO DE CORANTES EM EFLUENTES TÊXTEIS UTILIZANDO ESPUMAS
DE POLIURETANO E RESÍDUOS DE SEMENTES DE Mabea fistulifera Mart.
APROVADA: 24 de Julho de 2009
_____________________________ ____________________________
Prof. PhD. Cláudio Mudado Silva Prof. Dr. Paulo Henrique Fidêncio
____________________________ ____________________________
Prof. Dr. Efraim Lázaro Reis Prof. Dr. Antônio Augusto Neves
(Co-orientador) (Co-orientador)
______________________
Prof. Dr. César Reis
(Orientador)
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
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iii
Aos meus pais Regina e Jairo pelo apoio, amor
incondicional e por serem meu porto seguro.
Aos meus irmãos, Zaira e Tércio pelo carinho e
por se fazerem sempre presentes em minha vida.
A minha aJulieta pelo exemplo de vida, pelos
conselhos e por me ajudar sempre que precisei.
Ao meu namorado Éder, pelo amor, paciência e
porque sempre me apoiou em todos os momentos.
Dedico
iv
Agradecimentos
Agradeço a Deus, por ser guiar meus passos, sem ele nada disso seria possível.
A toda minha família, em especial meus tios Jander e Jaime que me socorrem nos
momentos em que precisei, e a meu primo Félix por ser um amigo de todas as horas.
Ao Professor Dr. César Reis, pela orientação, apoio e confiança na realização do
projeto.
Aos meus coorientadores, professores Dr. Efraim Lazaro Reis e Dr. Antônio Augusto
Neves, pelo aconselhamento e atenção.
Aos estagiários: Guilherme, Carlos Juliano, Cíntia, Angélica que auxiliaram na condução
deste trabalho.
Aos meus amigos do LINQ: Odilaine, Márcio Marques, Rita Dutra e Alex pela amizade e
aconselhamento.
À Fernandinha pela amizade, pela força nos momentos difíceis, e por contagiar todas as
pessoas com sua alegria.
À todas as minhas amigas do coração: Ana Paula da Conceição, Anna Paula, Ana Paula
Lelis, Danielle, Elizabeth, Érica, Isabel, Lívian, Míriam, Patrícia e Aline, que mesmo longe nunca
deixam de ser amigas.
Aos funcionários do Departamento de Química, em especial a Marisa pela atenção,
profissionalismo e amizade e Márcio realização dos espectros de infravermelho.
À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Química, por contribuírem para
minha formação acadêmica.
À CAPES pela bolsa de estudos concedida.
À Companhia Industrial Itabira do Campo pelos corantes utilizados neste trabalho.
v
SUMÁRIO
viii
ix
1
2
3
4
9
9
9
10
12
12
13
14
14
15
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17
17
17
19
19
20
21
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27
27
27
27
27
28
vi
2.1.2. PREPARO DOS ADSORVENTES……………………………………………………………………………..
28
2.1.2.1. ESPUMAS DE POLIURETANO (EPUs)…………………………………………………………………….
28
2.1.2.2. SEMENTES DE Mabea fistulifera Mart (CANUDO-DE-PITO)............................................................
29
2.1.3. CARACTERIZAÇÃO DOS ADSORVENTES…………………………………………………………………
30
2.1.3.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO………………………………………………………………
30
2.1.3.2. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (PCZ)...................................................................
30
2.1.3.3. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)...................................................................
31
2.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO…………………………………………………………………………………..
31
2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS CORANTES………………………………………………………………………
31
2.2.1.2. ESPECTROFOTOMETRIA NA REGIÃO DO VISÍVEL........................................................................
31
2.2.1.3. TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA…………………………………………………………………………
32
2.2.1.4. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO………………………………………………………………
33
2.2.2. CARACTERIZAÇÃO DOS ADSORVENTES ………………………………………………………………...
35
2.2.2.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO......................................................................................
35
2.2.2.2. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (PCZ)...................................................................
37
2.2.2.3. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)...................................................................
38
CAPÍTULO 3……………………………………………………………………………………………………………..
39
3. REMOÇÃO DE CORANTES XTEIS POR ADSORÇÃO EMPREGANDO ESPUMAS DE
POLIURETANO.................................................................................................................................................
40
3.1. RESUMO...................................................................................................................................................
40
3.2. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................
40
3.3. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................................................
41
3.3.1. PREPARO DA SOLUÇÃO ESTOQUE DE CORANTES........................................................................
41
3.3.2. PREPARO DO ADSORVENTE………………………………………………………………………………
42
3.4. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA……………………………………………………………………..
42
3.4.1. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO...................................................................................................
42
3.4.2. ENSAIO CINÉTICO DE ADSORÇÃO………………………………………………………………………….
42
3.4.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO…………………………………………………………………………………
43
3.4.4. ENSAIOS DE DESSORÇÃO…………………………………………………………………………………..
44
3.5. ENSAIOS EM LEITO FIXO……………………………………………………………………………………….
44
3.5.1. PROCEDIMENTO GERAL……………………………………………………………………………………..
44
3.5.2. INFLUÊNCIA DE VAZÃO……………………………………………………………………………………….
45
3.5.3. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO INICIAL DO CORANTE..............................................................
45
3.5.4. OTIMIZAÇÃO DOS ENSAIOS EM COLUNA.........................................................................................
46
3.5.5. ADSORÇÃO COMBINADA COM COAGULAÇÃO………………………………………………………….
47
3.6. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL ...........................................
49
3.7. RESULTADOS E DISCUSSÃO…………………………………………………………………………………..
49
3.7.1. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA……………………………………………………………………
49
3.7.1.2. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO................................................................................................
49
3.7.1.3. ENSAIOS CINÉTICOS DE ASDORÇÃO……………………………………………………………………
50
vii
3.7.1.4. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO……………………………………………………………………………...
51
3.7.1.5. ENSAIOS DE DESSORÇÃO………………………………………………………………………………..
53
3.7.2. ENSAIOS EM LEITO FIXO……………………………………………………………………………………
54
3.7.2.1. INFLUÊNCIA DE VAZÃO……………………………………………………………………………………
54
3.7.2.2. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO INICIAL DO CORANTE.........................................................
55
3.7.2.3. OTIMIZAÇÃO DOS ENSAIOS EM COLUNA......................................................................................
56
3.7.2.4. ADSORÇÃO COMBINADA COM COAGULAÇÃO……………………………………………………….
60
3.7.2.5. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL.................................................
64
CAPÍTULO 4……………………………………………………………………………………………………………..
65
4. REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS POR ADSORÇÃO UTILIZANDO RESÍDUOS DE SEMENTES
DE Mabea fistulifera Mart COMO ADSORVENTE..........................................................................................
66
4.1. RESUMO…………………………………………………………………………………………………………….
66
4.2. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………………………
66
4.3. MATERIAL E MÉTODOS………………………………………………………………………………………….
67
4.3.1. PREPARO DA SOLUÇÃO ESTOQUE DE CORANTES.........................................................................
67
4.3.2. PREPARO DO ADSORVENTE………………………………………………………………………………
67
4.3.3. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA……………………………………………………………………
68
4.3.3.1. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO................................................................................................
68
4.3.3.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO……………………………………………………………………………….
68
4.3.4. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL....................................................
69
4.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………………………………………….
69
4.4.1. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA…………………………………………………………………..
69
4.4.1.1. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO................................................................................................
69
4.4.1.2. ENSAIOS CINÉTICOS DE ADSORÇÃO……………………………………………………………………
70
4.4.1.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO……………………………………………………………………………….
70
4.4.1.4. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS REAIS DE EFLUENTE TÊXTIL......................................
72
CAPÍTULO 5……………………………………………………………………………………………………………..
73
5. CONCLUSÕES GERAIS E PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTUROS.................................................
74
CAPÍTULO 6……………………………………………………………………………………………………………..
76
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………………………………………
77
viii
RESUMO
SILVEIRA NETA, Julieta de Jesus, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, Julho de 2009.
Remoção de corantes em efluentes têxteis utilizando espumas de poliuretano e resíduos
de sementes de Mabea fistulifera Mart. Orientador: César Reis, Co-Orientadores: Efraim
Lazaro Reis e Antônio Augusto Neves.
A adsorção é empregada com êxito para a remoção de contaminantes orgânicos,
presentes em efluentes têxteis. Este trabalho tem como objetivo propor a utilização de
adsorventes alternativos para a remoção dos corantes direto (Direct Red 80) e reativo (Reactive
Blue 21), em solução aquosa e em amostras de efluentes. Foram testados dois adsorventes: as
espumas de poliuretano (EPUs) sintéticas e os resíduos de semente de Mabea fistulifera Mart.
Utilizando as EPUs foram realizados ensaios em batelada, incluindo a realização de ensaios
cinéticos, influência do pH, adsortivos e de dessorção. Ainda em batelada, foi testado o
tratamento combinado adsorção-coagulação, utilizando o cloreto férrico como agente
coagulante, obtendo-se percentagens de remoção para ambos os corantes acima de 99%.
Foram realizados experimentos em coluna de leito fixo preenchida com espumas de poliuretano,
obtendo-se valores de remoção acima de 80% para concentrações de 30 mg L
-1
para ambos os
corantes. Empregando os resíduos de semente de Mabea, foram executados somente ensaios
em batelada, englobando, ensaios cinéticos e adsortivos, além da investigação da influência do
pH. Todavia, os dois adsorventes foram testados para a remoção de amostras de efluentes
fortificadas com os corantes. Ao se empregar as EPUs, a recuperação para o corante RB21
atingiu percentagens de 70% e para o corante DR80 de 94%, e ao se utilizar os resíduos de
semente a recuperação do corante RB21 foi em torno de 74% e do corante DR80 foi de 95%.
ix
ABSTRACT
SILVEIRA NETA, Julieta de Jesus, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, July, 2009. Dye
removal in textile effluents using polyurethane foams and residues of Mabea fistulifera
Mart. Advisor: César Reis, Co-Advisors: Efraim Lazaro Reis e Antônio Augusto Neves.
The absorption is successfully used in removing the organic contaminants found in textile
effluent. This work proposes the use of alternative absorbents to remove the direct dyes (Direct
Red 80) and reactive (Reactive Blue 21) in aqueous solutions and in effluent samples. Two
absorbents were tested: the synthetic polyurethane foams (EPUs) and the seed residue of Mabea
fistulifera Mart. Tests in boatload were carried out, including the conduction of kinetic tests, pH
influence, adsorptive and desortive test. In addition, the adsorption-coagulation combined
treatment was tested by using ferric chloride as a coagulant agent resulting in removal
percentages over 99%. Also, experiments filled with polyurethane foams were tested in column of
fixed bed obtaining values of removal over 80% for 30 mg L
-1
concentration for both dyes. By
using residues of Malbea seed, boatload experiments were carried out embodying kinetic and
adsorptive tests and examination of the pH influence. However, both absorbents were tested for
the removal of effluent samples fortified with dye solutions. When the EPUs were applied, the
recovery of RB21 dye was 70% and 94% for DR80. Furthermore, when the seed residues were
used, the RB21 reached a percentage of 74 and 95% for DR80.
1
CAPÍTULO 1
2
1.1. INTRODUÇÃO GERAL
A água é indispensável à vida dos homens, sendo considerada um dos recursos naturais
mais importantes e preciosos, no entanto durante décadas devido a ações antrópicas este
recurso foi desperdiçado, mal administrado e utilizado em excesso.
Atualmente, os setores agrícola e industrial, se destacam entre os maiores
consumidores de água doce disponível, sendo que, o setor têxtil é responsável por 15% da água
consumida pelas indústrias (QUADROS, 2005). A água é usada na indústria têxtil como veículo
para os produtos químicos utilizados no processo de beneficiamento das fibras, bem como para
a remoção do excesso daqueles produtos considerados indesejáveis para o fio ou tecido. A
maior parte da carga contaminante contém impurezas inerentes à matéria-prima têxtil, tais como
produtos adicionados para facilitar os processos de fiação e tecelagem, produtos auxiliares e
corantes eliminados durante as diferentes etapas do acabamento gerando os efluentes
(TOLEDO, 2004).
Devido a sua própria natureza, os corantes empregados na indústria têxtil são facilmente
detectáveis a olho nu, sendo visíveis em alguns casos mesmo em concentrações baixas de 1 mg
L
-1
(GUARATINI & ZANONI, 2000). Estes compostos provocam a poluição visual de corpos
hídricos, além de promover alterações em ciclos biológicos, afetando principalmente processos
de fotossíntese. Além disso, algumas classes de corantes, principalmente os azocorantes, e
seus subprodutos, podem ser carcinogênicos e/ou mutagênicos (KUNZ et al., 1998).
Preocupações com a estética, mas principalmente com a qualidade do ambiente atingido por
efluentes coloridos tem levado a busca por alternativas de descoloração, especialmente dos
corantes têxteis (YUONG, 1997).
O tratamento mais comum utilizado na remoção de corantes dos efluentes industriais, de
uma maneira geral, é a adsorção, tendo maior aplicação industrial, pois este associa baixo custo
e elevadas taxas de remoção. Além disto, em alguns casos, por não se tratar de um método
destrutivo, possibilita a recuperação do adsorvente e do corante sem perda de sua identidade
química.
Adsorventes alternativos de baixo custo para a remoção de corantes de efluentes
aquosos contaminados, tem despertado grande interesse nos dias atuais. O Brasil apresenta
elevado potencial industrial, gerando enorme quantidade de resíduos, que geralmente são
simplesmente descartados, podendo acarretar problemas ambientais. Neste contexto, é possível
economizar custos com adsorvente, empregando-se resíduos de materiais sintéticos ou de
origem vegetal (bioadsorventes) para a remoção de corantes de efluentes têxteis, isto
representaria uma vantagem para o país, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.
3
Diante do exposto, tendo em vista a importância do assunto em questão, neste trabalho
estudou-se a utilização de resíduos de semente de Mabea Fistulifera Mart. (bioadsorvente) e
espumas de poliuretano comerciais (material sintético), como alternativas eficientes e de baixo
custo para a remoção de corantes de efluentes têxteis.
1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.2.1. A INDÚSTRIA TÊXTIL E O PROCESSO DE PRODUÇÃO TÊXTIL
O setor têxtil foi um dos precursores ao período da Revolução Industrial no final do
século XVIII (COSTA, 2008), e atingiu um maior desenvolvimento durante a evolução científica e
tecnológica verificada no século XX (MORAIS, 1999), sendo considerado atualmente como um
dos setores mais importantes para sociedade moderna.
O Brasil iniciou o processo de industrialização têxtil no final do século XIX (COSTA,
2008). Nos dias atuais, o país exerce um papel importante no cenário mundial com relação à
produção de artigos têxteis, no que se refere aos tecidos de malha é o maior produtor, em
confeccionados e na produção de fios, segundo informações fornecidas pelos países
membros da Internacional Textile Manufacturers Federation (HASSEMER, 2006).
O processo produtivo da cadeia têxtil inicia-se com a fiação de fibras, seguindo para a
tecelagem e por último, para o beneficiamento.
As fibras (Figura 1) podem ser naturais, de origem vegetal como o algodão e o linho, ou
de origem animal como a lã e a seda. As fibras naturais são compostas basicamente de celulose
(cadeias poliméricas lineares de glucose) e proteína (polímero complexo composto de diferentes
aminoácidos). as fibras manufaturadas podem ser artificiais como viscose (xantato de
celulose obtida da madeira) e o acetato de celulose (triacetato de celulose obtido da madeira), ou
ainda sintéticas, como a poliamida (condensação do ácido adípico e hexametileno diamina) e o
poliéster (polimerização da acrilonitrila) (GUARATINI & ZANONI, 2000).
Fibras
Naturais Manufaturadas
Origem Vegetal Origem Animal Artificial Sintética
Algodão e Linho Seda e Lã
Viscose e
Acetato de
Celulose
Poliamida e
Poliéster
Fibras
Naturais Manufaturadas
Origem Vegetal Origem Animal Artificial Sintética
Algodão e Linho Seda e Lã
Viscose e
Acetato de
Celulose
Poliamida e
Poliéster
FIGURA 1: Tipos de fibras (Adaptado de UEDA, 2006).
FIGURA 1: Tipos de fibras (Adaptado de UEDA, 2006).
4
1.2.2. DESCRIÇÃO DO PROCESSO TÊXTIL
A Figura 2 apresenta um fluxograma do processamento de tecidos de algodão e
sintéticos com a caracterização do efluente gerado em cada processo e posteriormente segue a
descrição detalhada de cada etapa do processo.
FIGURA 2. Fluxograma do processo da indústria têxtil de algodão e as etapas de geração de efluente
(Adaptado de BELTRAME, 2000).
FIOS
O processamento xtil se inicia com a fiação das fibras que são recebidas na forma de
fardos (BELTRAME, 2000). As fibras de algodão são processadas em máquinas especiais
denominadas filatórios. O fio é enrolado em rolos (urdume) ou cones (trama), para depois seguir
para o tingimento ou tecelagem. Nesta etapa não há geração de efluentes líquidos, pois todas as
operações ocorrem a seco (MELO, 2005 & OLIVEIRA, 2006).
FIOS
FIAÇÃO
TINGIMENTO DOS FIOS
ENGOMAGEM
TECELAGEM E CHAMUSCAGEM
DESENGOMAGEM E LAVAGEM
PURGA E LAVAGEM
ALVEJAMENTO E LAVAGEM
MERCERIZAÇÃO
SECAGEM
ESTAMPARIA E LAVAGEM
TINGIMENTO E LAVAGEM
água
água
água
água
água
água
água
ACABAMENTO
água
TECIDOS ACABADOS
Efluentes
Efluentes
Efluentes
Efluentes
Efluentes
Efluentes
Efluentes
5
ENGOMAGEM
Depois da etapa de fiação os fios crus ou tintos são primeiramente engomados. O
processo de engomagem consiste na impregnação e revestimento dos fios por substâncias
adesivas que formarão um filme sobre toda a superfície do fio. Estas substâncias são chamadas
de gomas, sendo as mais utilizadas, as gomas de fécula de mandioca; e as sintéticas, a base de
poliacrilato, carboximetilcelulose e álcool polivinílico (PVA). Este processo tem como objetivo
aumentar a resistência mecânica do fio, para que ele possa resistir aos esforços nos teares e
resultar em um tecido mais encorpado na etapa da confecção (OLIVEIRA, 2006).
TECELAGEM
Os fios são transformados em tecidos nos teares, o processo é realizado a seco não
havendo produção de efluentes líquidos (MELO, 2005).
BENEFICIAMENTO TÊXTIL
O beneficiamento têxtil consiste em processos químicos e mecânicos, que modificam as
características do tecido; este passará a ser branco, tinto, estampado ou amesmo pronto para
tingir. É nesta etapa que se tem a maior quantidade de efluentes (PEREIRA, 2007).
As etapas de beneficiamento podem ser dividas em pré-tratamento, tinturaria,
estamparia e acabamento final (BELTRAME, 2000).
PRÉ-TRATAMENTO
Os tecidos passam por tratamentos para eliminar óleos, ceras, pigmentos, marcações e
sujeiras adquiridas durante os processos de fiação e tecelagem. Após essa etapa, o produto
têxtil está limpo, brilhante, alvo e hidrofílico (IMMICH, 2006).
CHAMUSCAGEM
É a queima da penugem do pano (fibrilas da superfície do tecido), obtida pela passagem
do mesmo sobre chama direta (OLIVEIRA, 2006).
6
DESENGOMAGEM E LAVAGEM
A desengomagem é a remoção da goma aplicada ao tecido antes da tecelagem e
depende totalmente da escolha da formulação de engomagem.
Se durante a engomagem foram usadas gomas a base de carboximetilcelulose,
carboximetilamido ou álcool polivinílico (solúveis em água), neste caso os tecidos serão
simplesmente lavados com tensoativos. Porém, se a goma aplicada tiver base de amido, esta
será eliminada através da degradação por enzimas (amilase) ou por oxidação com peróxidos
(ALCANTÂRA; DALTIN, 1996).
Durante a etapa de desengomagem, cerca de 50% de carga orgânica é eliminada
gerando efluente têxtil (OLIVEIRA, 2006).
MERCERIZAÇÃO
A mercerização refere-se essencialmente aos tecidos 100% algodão, e consiste na
aplicação de solução de hidróxido de sódio (soda cáustica) a frio (no máximo 18°C), aos tecidos
sob tensão. Após este tratamento, a solução de soda é removida das peças de algodão ainda
sob tensão por meio de enxágües, porém devido à afinidade da soda com a celulose ela não é
totalmente removida. Desta forma, se houver necessidade de que o tecido esteja neutro para a
operação seguinte, deverá ocorrer à neutralização, normalmente com ácido acético ou clorídrico,
seguida de um enxágüe para retirar o excesso deste ácido (IMMICHI, 2006; BELTRAME, 2000).
A fibra de algodão combina-se com o álcali formando o composto denominado álcali-
celulose (equação 1), porém quando álcali-celulose entra em contato com a água de lavagem, o
composto formado é decomposto originando celulose hidratada, diferindo da original nas
características físicas e químicas (SALEM, 2000).
C
6
H
7
O
2
(OH)
3
+ NaOH C
6
H
7
O
2
(OH)
3
-NaOH (Equação 1)
Fibra álcali-celulose
As peças de algodão adquirem com a mercerização um aspecto brilhante e tem um
aumento de resistência e de afinidade para com os corantes, que a fibra mercerizada requer
menos corante para uma mesma intensidade de coloração do que a fibra não mercerizada
(IMMICHI, 2006; ALCÂNTARA E DALTIN, 1996).
7
PURGA (OU COZINHAMENTO ALCALINO OU LIMPEZA)
A fibra de algodão é em média constituída por 90% de celulose e 10% de impurezas.
Entre estas impurezas estão gorduras, ceras, pectinas e sais minerais, que concedem à fibra um
caráter hidrófobo e impedem as operações de beneficiamento (ARAÚJO & CASTRO, 1987).
A purga é um processo de limpeza do tecido, da malha ou fio capaz de remover as
impurezas dos substratos têxteis com o óleo, ceras e gorduras oriundas da natureza da fibra ou
do seu processo de fabricação. Normalmente, este processo consiste na fervura do tecido com
tensoativos e hidróxido de sódio. O surfactante possui a função de promover emulsão e
suspensão das impurezas não saponificáveis, e o álcali tem a função de saponificar os óleos
naturais. Após o banho de purga, o tecido é submetido a lavagens a quente e a frio, a fim de que
o álcali residual seja removido (IMMICH, 2006).
A purga torna a fibra mais absorvente, o que melhora a eficácia dos tratamentos
subseqüentes, como alvejamento e tingimento (IMMICH, 2006). Considerando que nos
processos de tingimento e estamparia as fibras interagem com a solução de corante, e
necessário, portanto que o material fibroso esteja limpo para assegurar a livre penetração dos
corantes (ALCANTÂRA & DALTIN, 1996).
ALVEJAMENTO
É o tratamento do material têxtil com produtos químicos, objetivando conferir-lhes
brancura, preparando o substrato têxtil para tratamentos subseqüentes com o tingimento ou
estampagem. Com o processo de alvejamento elimina-se a coloração amarelada do material
têxtil, possibilitando chegar ao branco total ou a tingimentos claros e limpos. Os alvejantes
químicos mais comuns são: o hipoclorito de sódio, o peróxido de hidrogênio e o clorito de sódio.
A seleção do alvejante depende do tipo e do equipamento disponível (ANDRADE FILHO e
SANTOS, 1987).
O branqueamento ótico é também uma técnica aditiva, em que pela presença de
substâncias fluorescentes se consegue dar ao tecido um aspecto mais branco. Os
branqueadores óticos são substâncias que podem ser consideradas como corantes que em lugar
de absorver radiações visíveis, absorvem radiações na zona do ultravioleta (de comprimentos de
onda menores do que 400 nm) e emitem radiações na zona do visível. Quando presentes nas
fibras camuflam o tom amarelado através de uma aparência mais branca por aditividade de
8
reflectâncias. Como inconveniente, possibilidade de amarelamento por degradação térmica,
solar ou química (BELTRAME, 2000).
TINGIMENTO
O tingimento consiste em um processo de tinturas de tecidos, variando sobre uma
infinidade de cores, muitas vezes semelhantes, com pouca diversidade no tom, mas que exigem
uma especificação toda própria para sua a confecção. Esta etapa é a principal responsável pela
intensa coloração dos resíduos gerados, que os corantes não se fixam totalmente nas fibras
durante o tingimento. A concentração de corante presente nos efluentes têxteis proveniente do
tingimento e estamparia podem variar de 10 a 25 mg L
-1
, dependendo do tipo de corante e
processo utilizado (RAMOS, 2002).
Na Tabela 1 encontram-se alguns valores estimados para a percentagem de corante não
fixado a fibra, para os principais grupos de corantes que apresentam maiores perdas para o
efluente.
Tabela 1. Percentagem do corante não fixado a fibra descarregados no efluente
Classe de corante
Tipo de fibra
Perdas para o efluente (%)
Ácidos
Poliamida
5 - 20
Diretos
Celulose
5 - 30
Reativos
Celulose
10 - 50
Dispersos
Poliéster
0 - 10
FONTE: Adaptado de RAMOS, 2002
ESTAMPARIA
Nesta etapa os tecidos já estão quase que acabados no seu beneficiamento. O processo
de estamparia pode ser o toque final para os produtos já confeccionados. A estamparia difere do
tingimento por produzir no material têxtil, cores ou desenhos localizados. É uma das mais
exigentes técnicas têxteis e a que mais se aproxima da arte (BELTRAME, 2006, OLIVEIRA,
2006).
ACABAMENTO FINAL
O acabamento visa conferir aos tecidos aspecto que atenda aos desejos do consumidor,
além de garantir diversos tipos de resistência ao uso.
9
Este processo pode ser realizado por meio mecânico ou químico no material têxtil, seja
ele fibra, fio ou tecido, de forma a melhorar a aparência, brilho, toque, caimento, resistência e
estabilidade dimensional. O acabamento mecânico pode envolver cardação, calandragem ou
outros tratamentos físicos usados para aumentar o brilho e toque aos produtos têxteis. O
acabamento químico pode conferir aos produtos xteis uma variedade de propriedades, desde
diminuição da eletricidade estática ao aumento de resistência (EPA, 1997).
1.3. CORANTES TÊXTEIS
1.3.1. HISTÓRICO
A origem exata do surgimento dos corantes têxteis não é totalmente conhecida, mas
indícios de sua utilização pelo homem desde os primórdios das civilizações. Os primitivos
utilizavam pigmentos para tingir seus corpos em épocas de guerras e para demarcar territórios
(DELAMARE & GUINEAU, 2000). No Brasil, desde seu descobrimento, sua história tem estado
relacionada à produção de corantes. A começar pelo seu nome, uma vez que este é proveniente
da madeira “Pau Brasil”, do qual era extraído um pigmento capaz de tingir tecidos com cores
fortes, como vermelho, rosa ou marrom (DALLAGO et al., 2005).
Os primeiros corantes utilizados pelo homem eram de origem natural, ou seja, eram
obtidos da extração de vegetais, minerais ou animais (moluscos e insetos) (ROYER, 2008). O
primeiro corante sintético, o Mauve foi produzido em 1856 por William Henry Perkin e desde
então, deu-se início a produção de corantes sintéticos em grande escala (UEDA, 2006).
Atualmente estes compostos são extensivamente utilizados, principalmente na indústria têxtil,
gráfica, fotográfica, e como aditivos em derivados de petróleo. Cerca de 10.000 tipos diferentes
corantes e pigmentos são utilizados pelo setor industrial, o que representa um consumo anual de
cerca de 7 x 10
5
tons no mundo e 26.500 tons somente no Brasil (KUNZ et al., 2002).
1.3.2. FIXAÇÃO DO CORANTE AO SUBSTRATO TÊXTIL
Corantes têxteis são compostos orgânicos cuja finalidade é conferir coloração a um
determinado substrato, ou seja, a uma determinada fibra, seja ela sintética ou natural. A fixação
do corante ao substrato têxtil ocorre geralmente em solução aquosa e envolve basicamente
interações do tipo: ligações iônicas, ligações de hidrogênio, de van der Waals e ligações
covalentes (Tabela 2).
10
Tabela 2. Tipos de interação entre a molécula do corante e o substrato têxtil
Tipos de
Interação
Definição
Exemplos
Ligações
iônicas
O centro positivo de grupos
presentes na fibra e a carga
iônica da molécula do
corante interagem
mutuamente ou vice-versa.
Ligações
de
Hidrogênio
Os pares de elétrons livres
de átomos doadores
presentes no substrato têxtil
se ligam a átomos de
hidrogênio que estão
covalentemente ligados no
corante.
Van der
Waals
Ocorre uma aproximação
máxima entre orbitais π (pi)
do corante e a molécula da
fibra. Deste modo, as
moléculas do corante são
“ancoradas” firmemente
sobre a fibra por um
processo de afinidade, sem
formar uma ligação
propriamente dita.
Exemplos característicos deste tipo de interação são encontrados
na tintura de e poliéster com corantes com alta afinidade por
celulose.
Ligações
Covalentes
Ligação covalente entre a
molécula do corante do
substrato têxtil.
FONTE: (Adaptado de GUARATINI & ZANONI, 2000).
1.3.3. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E CLASSIFICAÇÃO
Os corantes são compostos químicos orgânicos, que possuem a propriedade de
absorver luz visível seletivamente, razão pela qual aparecem coloridos, devido à presença de
grupos cromóforos tais como nitro, nitroso, carbonila e azo. A cor destes compostos é
Exemplo da interação iônica entre o corante (D) e os grupos amino da fibra da lã.
Exemplo da interação covalente entre um corante contendo grupos reativos
(triazina) e grupos hidroxila presentes na celulose da fibra de algodão.
Interação entre corante sulfonado e os grupos carboxilas da fibra de lã.
11
intensificada e/ou modificada por grupos auxocromos tais como etila, nitro, amino, sulfônico,
hidroxila, metóxi, etóxi, cloro e bromo (KIMURA et al., 1999). Além desses grupos, os corantes
apresentam em sua estrutura química grupos auxiliares que propiciam sua afinidade pela fibra
têxtil (Figura 3).
Figura 3. Estrutura molecular de um corante reativo, Remazol Brilliant Orange 3R (R3R), onde A é o grupo
cromóforo da família azo, e B, o grupo reativo sulfatoetilsulfona ( ZANONI & CARNEIRO,2001).
Os corantes podem ser classificados de acordo com o método pelo qual ele é fixado à
fibra têxtil. Os principais grupos de corantes classificados pelo modo de fixação são mostrados
na Tabela 3.
Tabela 3. Classificação dos corantes segundo os processos de tingimento.
Classe de corante
Característica
Aplicação
Ácidos
Corantes aniônicos, solúveis em
água.
Nylon, seda, couro, lã.
Básicos
Corantes catiônicos.
Papel e fibras acrílicas
Dispersos
Insolúveis em água, aplicados na
forma de fina dispersão aquosa ou
suspensões coloidais que formam
soluções sólidas com as fibras em
suspensão.
Acetato e poliéster
Reativos
Contêm grupos reativos capazes de
formar ligações com as fibras
celulósicas.
Algodão, lã e celulose.
A cuba ou
Vat
Praticamente insolúveis em água. São
aplicados na forma solúvel reduzida e
então oxidados para sua forma
Algodão e linho
12
FONTE: (Adaptado de GUARATINI & ZANONI, 2000 )
1.3.4. O CORANTE DIRECT RED 80 (DR 80)
O corante Direct Red 80 (Figura 4) é um corante direto, que consta no Colour Index
(catálogo da Society of Dyers and Colourists), possui fórmula molecular C
45
H
26
N
10
Na
6
O
21
S
6
e
apresenta quatro grupos cromóforos do tipo azo (- N = N -).
Figura 4. Estrutura molecular do corante Direct Red 80 (MAHMOODI et al., 2005)
Os corantes diretos ou substantivos são aniônicos e solúveis em água e diferem dos
corantes ácidos e básicos por apresentarem alta afinidade por fibras celulósicas. Sua aplicação
baseia-se na simples imersão da fibra na solução de corante, sendo que esta deve ser realizada
na presença de um eletrólito (cloreto de sódio ou sulfato de sódio) para aumentar a força iônica
do meio, e facilitar a aproximação das moléculas de corante com o substrato têxtil, que se
interagem através de forças de van der Waals (BELTRAME, 2000; GUARATINI & ZANONI,
2000).
Os corantes diretos são baratos e apresentam razoável solidez à luz e pouca solidez à
lavagem, este problema se resolve através de pós-tratamentos e fixação (BELTRAME, 2000).
1.3.5. O CORANTE REACTIVE BLUE 21 (RB 21)
O corante Reactive Blue 21 (Figura 5) é um corante reativo, que consta no Colour Index
e possui fórmula molecular C
40
H
26
CuN
10
O
16
S
6
.
original, do corante sobre a fibra.
Diretos
Compostos solúveis em água,
capazes de tingir fibras de celulose
através de interações de Van der
Waals.
Algodão e Viscose
13
Figura 5. Estrutura molecular do corante Reactive Blue 21 (MATTEWS, 2003)
Os corantes que apresentam como cromóforo o grupo ftalocianina (Figura 6) podem
assumir tonalidades verdes ou azuis, dependendo de seus substituintes. O RB 21 é composto
por ftalocianina de cobre (complexo metálico de cobre) que garante ao corante boas
propriedades de cor e resistência (BELTRAME, 2006).
Figura 6. Ftalocianina (BELTRAME, 2006)
Desde o seu aparecimento no mercado, os corantes reativos apresentam uma aplicação
crescente, atualmente dominam 20-30% do consumo total de corantes. Estes corantes são
solúveis em água e interagem com substrato têxtil, que contêm um grupo eletrofílico (reativo)
capaz de formar ligação covalente com grupos hidroxila das fibras celulósicas e com grupos
amino, hidroxila ou tióis de poliamidas (GUARATINI & ZANONI, 2000).
O maior problema com relação aos corantes reativos está na competição entre a reação
de tingimento com o substrato têxtil, e a reação do corante com a água. A taxa de fixação do
corante varia entre 60 a 90%, portanto, grandes concentrações de corantes não fixados se
encontram nos despejos (MARTINS,1997).
1.3.6. PROBLEMAS OCASIONADOS PELO USO DE CORANTES: ASPECTOS AMBIENTAIS
E TOXOCOLÓGICOS
14
Estima-se que em torno de 1.000.000 kg / ano de corantes são descartados junto aos
despejos dos efluentes da indústria têxtil (WONG, 2003).
Estes compostos provocam a poluição de corpos hídricos, além de inúmeros outros
danos ao meio ambiente, como a poluição visual e alterações em ciclos biológicos afetando
principalmente processos de fotossíntese promovendo distúrbios na solubilidade dos gases,
causando danos nas guelras e brânquias dos organismos aquáticos e perturbando seus locais
de desova e refúgio (ZANONI & CARNEIRO, 2001).
O risco para saúde do seres humanos ocorre pela exposição destes produtos à pele
e/ou ao sistema respiratório, acarretando problemas de ordem toxicológica promovendo a
sensibilização da pele (dermatites) e/ou das vias respiratórias. Isto é explicado porque alguns
corantes reativos solúveis em água apresentam grande absorção pelo organismo reagindo
facilmente com substâncias contendo grupos amina e hidroxila, presente nas fibras naturais que
também estão presentes em todos os organismos vivos constituídos de proteínas, enzimas e etc.
Entretanto, o maior risco se pela ingestão oral destes compostos, isto porque, corantes se
catalisados por enzimas específicas do organismo, podem gerar substâncias com propriedades
carcerígenas e/ou mutagênicas (ROYER, 2008).
Tais resíduos orgânicos podem manifestar um efeito cumulativo e atingir as estações de
tratamento de água municipais, por este motivo a remoção desses compostos dos rejeitos
industriais é um dos grandes problemas enfrentados pelo setor têxtil.
1.4. PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES
A coloração em efluentes têxteis é facilmente detectada pelos olhos e têm sido o
principal alvo de reclamações e denúncias por parte da população (GUARATINI & ZANONI,
2000). Essa crescente preocupação com a contaminação de águas naturais, levou a
necessidade de se estabelecer padrões para o lançamento de efluentes.
A resolução do CONAMA n
0
357, de Março de 2005, vigente atualmente no Brasil dispõe
sobre a classificação dos corpos hídricos e também diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, estabelecendo, desta forma, condições e padrões de lançamento de efluentes.
Porém, essa resolução não fixa valores máximos para o parâmetro de cor, entretanto estabelece
que o lançamento não deva modificar a característica original do corpo receptor, ou seja,
visualmente não pode haver alteração.
De acordo com o artigo 28, §1, 2 e 3, entende-se que na ausência de padrões, podem
ser utilizados os padrões de qualidade da classe em que o corpo receptor estiver enquadrado.
15
Neste caso, para corpos receptores de classe 2 e 3 (águas doces), o padrão de cor é de 75 mg
de Pt/L (cor verdadeira).
1.5. DETERMINAÇÃO DA COR
A “cor verdadeira” é utilizada como referência para a maioria dos métodos de análise de
águas (APHA, 1992). Esta cor de referência difere da “cor aparente”, visto que a aparente
refere-se a apenas a amostras “in natura” (sem passar por processos de filtração). A análise da
cor é feita em amostras filtradas com objetivo de eliminar partículas coloidais coloridas, que a
“cor verdadeira” decorre apenas de compostos solúveis (BELTRAME, 2006).
Tradicionalmente, a determinação de cor em águas é realizada através da comparação
com padrões de platina-cobalto (solução padrão de platina-cobalto, variando de 0 mg Pt/L, para
o mais transparente até 500 mg Pt/L para o mais escuro). Essa metodologia padrão é válida,
para águas de coloração próxima à natural, o que não é observado em efluentes têxteis, já que
os mesmos apresentam uma enorme variedade de colorações e intensidades que dependem do
tipo de corante utilizado, tornando essa metodologia inadequada para determinação da cor no
caso destes efluentes (APHA, 1992).
A efetividade da remoção da cor por inúmeros tipos de tratamentos pode ser avaliada
espectrofometricamente (GUARATINI & ZANONI, 2000). Desta forma, quando a amostra do
efluente interage com a radiação eletromagnética, uma série de processos pode ocorrer como
dispersão, absorção, fluorescência/fosforescência e reações fotoquímicas. Porém, quando se
utiliza radiação na faixa do UV-Vísivel (190-750 nm) monitora-se a absorção da radiação pelas
moléculas do composto químico. A redução da cor em efluentes após processos de tratamento
pode ser determinada pela comparação da absorção da amostra não tratada com a amostra
tratada (SOUZA, 2006).
1.6. MÉTODOS PARA REMOÇÃO DE COR
Os métodos para remoção de cor de efluentes industriais têm recebido enorme atenção
nos últimos anos. O desenvolvimento de tecnologia adequada para tratamento destes rejeitos,
tem sido objeto de grande interesse devido ao aumento da conscientização e rigidez das
regulamentações ambientais. As principais técnicas disponíveis na literatura, para descoloração
das águas de efluentes envolvem principalmente processos de adsorção, precipitação, filtração,
16
coagulação, biodegradação e outros (IMMICH, 2006). Estes processos podem ser classificados
genericamente como físicos, biológicos e físico-químicos (Figura 7).
Figura 7: Classificação dos processos para tratamento de efluentes têxteis (Adaptado de BATTISTI, 2006).
1.6.1. TRATAMENTOS BIOLÓGICOS
O processo biológico fundamenta-se na oxidação por ação enzimática de
microrganismos através de processos bioquímicos que transformam compostos orgânicos
tóxicos em CO
2
, H
2
O e ou CH
4
, com custos relativamente baixos. Esse tipo de tratamento utiliza
os compostos presentes no efluente como substratos para crescimento e manutenção dos
microrganismos que atuam no processo (COSTA, 2008).
Dentre os processos biológicos destacam-se os sistemas de lodos ativados, que
consistem na degradação do corante, via metabolismo microbiológico em presença de oxigênio
em um tanque de aeração. Este tipo de sistema apresenta alta eficiência o que possibilita a
remoção de aproximadamente 80% da carga de corantes (BRAILE & CAVALCANTI, 1993).
Infelizmente, existe um inconveniente relacionado ao acúmulo do lodo e também quanto ao
reaproveitamento do mesmo, que o teor de corantes adsorvido é bastante elevado
inviabilizando sua reutilização (SOTTORIVA, 2002). Outros problemas limitam sua aplicabilidade,
dos quais se destacam: a sensibilidade do sistema à composição do efluente, pois em contato
com cargas choque o sistema pode perder eficiência ou mesmo sofrer inativação. Além disso, se
a degradação pelos microorganismos ocorrer porventura de forma lenta pode haver formação de
moléculas menores e mais tóxicas do que os corantes originais (BELTRAME, 2006).
PROCESSOS PARA O
TRATAMENTO DE
EFLUENTES TÊXTEIS
FÍSICOS
BIOLÓGICOS
FÍSICOS-QUÍMICOS
ADSORÇÃO
FILTRAÇÃO
TRATAMENTOS
AERÓBICOS E
ANAERÓBICOS
COAGULAÇÃO
FLOCULAÇÃO
PRECIPITAÇÃO
OXIDAÇÃO
17
1.6.2. TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO
Dentre os tratamentos físico-químicos destacam-se principalmente processos de
coagulação, floculação e precipitação. Os efluentes tratados através desses processos
apresentam elevada eficiência na remoção de material particulado.
Os principais coagulantes inorgânicos são os sais de alumínio e de ferro, utilizados no
tratamento de águas residuárias. Esses cátions hidrolisáveis estão disponíveis em sais de sulfato
ou de cloreto como produtos comercializáveis líquidos e sólidos. Estudos indicam diversos
inconvenientes no uso dos sais do alumínio por serem prejudiciais ao ser humano e aos
organismos vivos. O excesso de alumínio nos recursos hídricos pode trazer prejuízo ao
desenvolvimento de peixes e algas (ROYER, 2008).
1.6.3. TRATAMENTO FÍSICO
O tratamento por adsorção, é um dos mais empregados para uma remoção efetiva da
cor (IMMICH, 2006) isto se deve a sua eficiência para retirada de contaminantes presentes em
efluentes.
1.6.3.1. ADSORÇÃO
No processo de adsorção, os corantes (moléculas de uma fase fluida que também são
denominadas adsorvato) se concentram espontaneamente sobre uma superfície geralmente
sólida (adsorvente), sem passar por uma reação química (CAVALCANTE JR., 1998).
A descoloração do efluente é o resultado de dois mecanismos, a adsorção e a troca
iônica (sítios com cargas no adsorvente), além disso, é influenciada por fatores físico-químicos,
tais como: a interação entre adsorvato e o adsorvente, área superficial do adsorvente, tamanho
de poros do adsorvente, acidez da solução do adsorvato (pH) e tempo de contato entre
adsorvente e adsorvato (ROYER, 2008).
Devido às diferentes forças de interações envolvidas no fenômeno de adsorção, este é
comumente distinguido em adsorção física (fisissorção) ou química (quimissorção).
Adsorção física, ou adsorção de van der Waals, é um fenômeno reversível. Este tipo de
adsorção é o resultado de forças intermoleculares de atração relativamente fracas entre as
moléculas do sólido e a substância adsorvida. Esta substância adsorvida não penetra dentro da
estrutura do cristal do sólido e não se dissolve nele, mas permanece inteiramente sobre a
superfície. Na fisissorção, a entalpia de adsorção é pequena e da mesma ordem de grandeza
18
dos calores de condensação, cerca de 10-20 kcal mol
-1
. Na adsorção física as moléculas o
atraídas para todos os pontos da superfície do sólido e estão apenas limitadas pelo número que
se pode encaixar em cada camada de moléculas adsorvidas, podendo haver várias camadas. Se
for possível detectar o ponto em que se completa a primeira camada, o número e tamanho das
moléculas fisicamente adsorvidas podem dar uma indicação da área de superfície disponível
(IMMICH, 2006; COULSON & RICHARDSON,1982).
Adsorção química é o resultado da interação química entre o sólido e a substância
adsorvida. O processo é freqüentemente irreversível. As forças de interação adsorvato-
adsorvente são relativamente superiores quando comparadas às forças observadas na adsorção
física. Na quimissorção, ocorre formação de uma ligação química entre a molécula do adsorvato
e a superfície do adsorvente, sendo que a entalpia de adsorção é da mesma ordem de grandeza
dos calores de reação, e calor liberado é comparável ao de uma reação química, cerca de 40
kcal mol
-1
. Neste tipo de adsorção, as moléculas não são atraídas por todos os pontos da
superfície do sólido, mas especificamente para os centros ativos, de maneira que ocorra
formação de uma única camada, mas após a formação desta, pode haver a formação de outras
camadas por fisissorção (IMMICH, 2006; COULSON & RICHARDSON,1982).
A adsorção tem sido considerada superior a outras técnicas tanto pela possibilidade de
reutilização de águas tratadas como pela regeneração de muitos adsorventes após seu uso.
Contudo, a escolha de um adsorvente adequado influencia na eficiência de adsorção; por este
motivo, deve-se observar principalmente sua capacidade de adsorção e eficiência em remover o
adsorvato. Além disso, outras características como: disponibilidade em quantidades satisfatórias
e baixo custo devem ser considerados para a escolha do adsorvente.
O carvão ativado tem sido até agora o adsorvente mais usado. Os processos de
adsorção em carvão ativado apresentam uma eficiência significativamente maior, contudo em
função da superfície química do carvão ser positiva, a adsorção de corantes de caráter catiônico
apresenta-se como uma limitação bastante importante (KUNZ, 2002). Além disso, seu uso
extensivo para descontaminação de efluentes industriais, restringe sua grande aplicabilidade
nestes tratamentos uma vez que o custo de sua utilização é elevado (ROBINSON et.al, 2001).
Devido a estes inconvenientes encontrados no uso do carvão ativado, há uma procura por outros
materiais alternativos capazes de remover poluentes de água contaminada a um baixo custo
para substituí-lo. Dentre os adsorventes alternativos, capazes de atuar na remoção de corantes
de efluentes aquosos pode-se citar: resíduos sólidos de curtumes (DALLAGO et al., 2005),
amido de milho (VALENCIA, 2001), folhas de Azadirachta indica (IMMICH, 2006), casca da
19
semente da Araucaria angustifolia (ROYER, 2008), mesocarpo do coco babaçu (VIEIRA et al.
2006), quitosana (BATTISTI, 2006; QUADROS, 2005; LIMA et al., 2006).
Outros adsorventes serão apresentados neste trabalho, como uma alternativa para a
remoção de cor de efluentes têxteis, são os resíduos de sementes de Mabea fistulifera Mart. e
espumas de poliuretano.
1.7. ESPUMAS DE POLIURETANO COMO ADSORVENTE ALTERNATIVO
A potencialidade de aplicação de espumas de poliuretano, como material para adsorção e
separação de espécies orgânicas e inorgânicas presentes em soluções aquosas, foi
pioneiramente observada por Bowen, em 1970, mostrando a versatilidade das aplicações das
espumas de poliuretano na química de separação, e assim impulsionando, a partir de então, a
investigação e publicação de inúmeros trabalhos (FERREIRA, 2003; CAVALCANTI, 2007).
CANGEMI, (2006) investigou a adsorção de corante utilizado em curtume (C.I. Acid
Orange 61) tanto pela espuma de poliuretano derivada do óleo de mamona, como pela espuma
derivada de petróleo (comerciais). Os resultados obtidos demonstram a viabilidade em se fazer
um pré-tratamento dos efluentes contaminados utilizando como material adsorvente as espumas
de poliuretano. A adsorção do corante por espumas comerciais foi superior a da espuma
sintetizada. Porém, vale ressaltar que, no caso da espuma derivada do óleo de mamona, sua
estrutura química a torna suscetível ao ataque de microrganismos, podendo ser considerada um
polímero com características biodegradáveis, mesmo após a adsorção do corante estudado, o
mesmo não é observado para a espuma derivada de petróleo.
Um estudo realizado por Santos et al. (2000), utilizando espumas de poliuretano flexíveis
derivadas de óleo de mamona na remoção de corante utilizado na indústria têxtil, no C. I. Acid
Red 57, demonstraram que as espumas adsorveram em média 90% do corante em solução.
1.7.1. POLIURETANOS: DEFINIÇÃO, HISTÓRICO E APLICAÇÕES
Os poliuretanos (Figura 8) são compostos que possuem em comum, ligações do tipo
uretano, mesmo que existam outras ligações presentes. Diferentes de outros polímeros, os
poliuretanos (PUs) não contêm unidades uretanos que se repetem de modo regular, e por este
motivo não possuem uma fórmula empírica que represente o todo. Uma poliuretana típica pode
conter, além dos grupos uretanos, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, grupos éster, éter,
uréia, amida, entre outros (SILVA et al., 2003).
20
Figura 8. Estrutura do polímero poliuretano ( FERREIRA, 2003).
Os primeiros polímeros de poliuretano foram desenvolvidos através de um trabalho
pioneiro de Otto Bayer e colaboradores na Alemanha em 1937. Esses pesquisadores buscavam
um material que pudesse competir com as fibras de poliamida que eram comercialmente bem
sucedidas. Posteriormente, na década de 40, as propriedades elastoméricas dos PU’s foram
reconhecidas e subsequentemente estes polímeros passaram a ser produzidos em escala
industrial (MAGALHÃES, 2006).
Patenteado pela atual companhia Bayer AG de Leverkusen (Alemanha), a mais de
setenta anos o poliuretano, pode ser considerado um êxito entre os plásticos, pois é um material
bem versátil e possui inúmeras aplicações (Figura 9) para atender diversos segmentos de
mercado, seja na forma de PUs flexíveis (colchões, estofamentos, assentos automotivos), PUs
semi-rígidos (na indústria automobilística na forma de descansa-braços, painéis, pára-choques),
PUs microcelulares (na indústria de calçados) ou PUs rígidos (isolamento térmico de geladeiras,
caminhões frigoríficos e painéis divisórios) (CHAMEGI ,2006).
Figura 9. Exemplos de aplicações dos poliuretanos ( VILAR, 2005)
1.7.2. MATÉRIAS PRIMAS UTILIZADAS PARA A SÍNTESE DE ESPUMAS DE POLIURETANO
A síntese de espumas de poliuretano (EPUs), consiste na reação entre um composto
com dois ou mais isocianatos e um poliol (Figura 10), ou seja, um álcool polifuncional
(CANGEMI, 2006).
Figura 10. SÍNTESE DE POLIURETANOS (LIMA, 2007).
21
Além da reação básica do isocianato com hidroxila, durante a polimerização dos
poliuretanos também podem ocorrer reações paralelas envolvendo os grupos isocianatos. Uma
das mais comuns é a reação do isocianato com a água formando ácido carbâmico, que por sua
vez, decompõe-se formando amina primária e dióxido de carbono, podendo provocar a expansão
do polímero.
No mercado o encontrados diversos tipos de isocianatos alifáticos e aromáticos. No
entanto, aproximadamente 95% de todos os isocianatos consumidos, são derivados do tolueno
di-isocianato (TDI) e do difenilmetano diisocianato (MDI). O isocianato de maior consumo no
mundo é o MDI (CANGEMI, 2006).
Os compostos hidroxilados utilizados na fabricação das EPUs são os polióis. Geralmente
são poliéteres ou poliésteres e têm peso molecular médio entre 400 a 6000. Na indústria, as
espumas flexíveis convencionais em geral, são produzidas em bloco por processos a quente,
utilizando poliol poliéter (FERREIRA, 2003).
Além dos polióis e isocianatos, são usados ainda catalisadores para aumentar a
velocidade de reação e estabelecer o balanço apropriado entre a extensão da cadeia e a reação
de formação de espuma. Os catalisadores mais usados são do tipo aminas terciárias e
compostos organometálicos.
Outros reagentes tais como surfactantes e agentes de expansão são também
importantes para controlar o processo de formação e densidade da espuma. Os poliéteres
polisiloxanos são os surfactantes de silicone mais utilizados. Sua principal função é baixar a
tensão superficial e permitir a introdução do ar na mistura, que irá formar os núcleos das células
da espuma (FERREIRA, 2003).
1.8. RESÍDUOS DE SEMENTE DE Mabea fistulifera Mart COMO MATERIAL ADSORVENTE
ALTERNATIVO: DEFINIÇÃO E ASPECTOS GERAIS
Vulgarmente conhecida como canudo-de-pito, Mabea fistulifera Mart. (Figura 11) é uma
árvore pequena de até 7 metros de altura pertencente à família Euphorbiaceae (LORENZI,
1992). É uma planta nativa, amplamente encontrada no Cerrado e em áreas de transição para
Mata Estacional Semidecidual, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
As características vegetativas da M. fistulifera a permitem ocupar locais extremamente
inóspitos, além disso, a sua grande produção de néctar e pólen funcionam como atrativos de
uma enorme variedade de animais envolvidos em sua polinização. Aparentemente, esta espécie
é potencialmente apta para ser utilizada na recuperação de áreas degradadas. Possuindo o
papel de não somente melhorar as condições físicas e químicas do solo e as condições micro-
22
climáticas da área, mas também de permitir a recolonização da área por várias espécies
animais, que seriam dispersores potenciais de outras espécies vegetais para a área em
recuperação (LEAL FILHO & BORGES, 1992).
As sementes de Mabea fistulifera (Figura 12) requerem temperatura de 25 a 30
0
C para
que ocorram maiores porcentagens de germinação (LEAL FILHO & BORGES, 1992). De acordo
com REIS et al. (2005), a extração de óleo vegetal a partir das sementes de canudo-de-pito
utilizando extrator tipo soxhlet e éter de petróleo como solvente possui bom rendimento em torno
de 40%.
1.9. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
A partir de técnicas analíticas, é possível determinar a quantidade de soluto adsorvido
num sólido através da concentração do adsorvato que permanece em equilíbrio na solução após
a adsorção. Estes estudos são feitos à temperatura constante, e os resultados, mostram a
quantidade de material adsorvido em mol ou mg de adsorvato por grama de adsorvente, em
função da sua concentração de equilíbrio, é conhecida como isoterma de adsorção (BATTISTI,
2006).
As isotermas podem apresentar-se de várias formas (Figura 13), fornecendo
informações importantes sobre o mecanismo de adsorção. Elas mostram a relação de equilíbrio
entre a concentração na fase fluida e a concentração das partículas adsorventes em uma
determinada temperatura. A isoterma linear passa pela origem e a quantidade adsorvida é
proporcional à concentração do fluido. Isotermas convexas são favoráveis, pois grandes
quantidades adsorvidas podem ser obtidas com baixas concentrações de soluto.
Figura 12. Sementes secas de Mabea
Figura 11. Árvore de Mabea Fistulifera Mart.
(PEREIRA, 2007)
(PEREIRA, 2007)
23
Figura 13. Tipos de isotermas (GONÇALVES JR., 2003).
As isotermas derivadas teórica ou empiricamente freqüentemente podem ser
representadas por equações simples, sendo que as modelagens de adsorção mais utilizadas são
as isotermas de Langmuir e Freundlich (RUTHVEN, 1985).
1.9.1. MODELO DE ISOTERMA DE LANGMUIR
A isoterma de Langmuir é válida para adsorção em monocamada numa superfície que
contém um número finito de sítios idênticos de adsorção. A isoterma de Langmuir está baseada
nas seguintes suposições (ROYER, 2008):
Adsorvatos são quimicamente adsorvidos em um número fixo de sítios bem definidos;
Cada sítio somente pode reter uma única espécie adsorvente;
Todos os sítios são energeticamente equivalentes;
Não há interação entre as espécies adsorventes.
A isoterma de Langmuir é uma isoterma de equilíbrio teórica a qual relaciona a
quantidade de soluto adsorvido em uma superfície com a concentração do soluto na solução. A
equação 2 da isoterma de Langmuir é (HO et al., 2002; ROYER, 2008):
q
e
= Q
max
. K
L
. C
e
(Equação 2)
1 + K
L
.C
e
Onde Ce é a concentração do adsorvato na solução após o sistema atingir o equilíbrio
(mg L
-1
), K
L
é a constante de afinidade de Langmuir (L mg
-1
), Q
máx
é a capacidade máxima de
24
adsorção do material (mg g
-1
) assumindo uma monocamada do adsorvato sobre o adsorvente. A
equação 2 pode ser rearranjada obtendo-se a equação 3 na forma linearizada:
C
e
= 1 + C
e
(Equação 3)
q
e
Q
max
. K
L
Q
max
Quando o gráfico de C
e
/q
e
contra C
e
tem comportamento linear, então à adsorção segue
a equação de Langmuir e facilmente os parâmetros de Langmuir Q
max
e K
L
pelos coeficientes
angular e linear, respectivamente.
Uma das características da isoterma de Langmuir é a definição de um parâmetro de
equilíbrio adimensional, RL, calculado através da Equação 4. Este fator indica o perfil da
isoterma e se o processo é favorável ou desfavorável de acordo com a Tabela 4 (RUTHVEN,
1985).
R
L
= 1 (Equação 4)
1+ K
L
.C
o
Onde :C
o
= Concentração inicial do corante na solução (mg L
-1
),
Tabela 4. Classificação do tipo de isoterma de acordo com o parâmetro de equilíbrio, R
L
R
L
TIPO DE ISOTERMA
R
L
> 1
DESFAVORÁVEL
R
L
= 1
LINEAR
0< R
L
<1
FAVORÁVEL
R
L
=0
IRREVERSÍVEL
FONTE: Adaptado de SOARES,1998
1.9.2. MODELO DE ISOTERMA DE FREUNDLICH
O modelo de isoterma de Freundlich é uma equação exponencial, e portanto, assume
que a concentração do adsorvato na superfície do adsorvente diminui com a concentração do
adsorvato. Teoricamente, usando esta expressão, uma quantidade infinita de adsorção pode
ocorrer. A equação 5 é muito aplicada em sistemas heterogêneos. O modelo de isoterma de
Freundlich é (ROYER, 2008; HO et al. 2002):
q
e
= K
f
. C
e
1/n
(Equação 5)
25
Onde K
f
é a constante de Freundlich característica do sistema e indicadora da
capacidade de adsorção e n é a constante de Freundlich indicadora da intensidade de adsorção.
O expoente n uma indicação se a isoterma é favorável ou desfavorável. Valores de n no
intervalo de 1 a 10 representam condições de adsorção favorável (SOARES, 1998).
A Equação (5) pode ser linearizada (Equação 6), de maneira que os parâmetros de
Freundlich possam ser determinados pelos coeficientes angular (K
f
) e linear (1/n):
log q
e
= logK
f
. C
e
1/n
(Equação 6)
26
CAPÍTULO 2
27
2. CARACTERIZAÇÕES DOS CORANTES E ADSORVENTES
2.1. MATERIAL E MÉTODOS
2.1.1. CARACTERIZAÇÃO DOS CORANTES
2.1.1.1. ESPECTROFOTOMETRIA NA REGIÃO DO VISÍVEL
Os espectros na região do visível foram obtidos de soluções aquosas dos corantes
Direct Red 80 (DR80) e Reactive Blue 21 (RB21) com auxílio de um espectrofotômetro (U2000,
marca HITACHI), sendo realizada uma varredura na faixa de comprimentos de onda de 400 a
800 nm em intervalos de 1 nm. As leituras foram realizadas a 25
0
C, possibilitando a obtenção
dos comprimentos de onda máximo na região do visível (responsável pela cor) para estes
corantes.
Fez-se necessária a construção de uma curva analítica para cada corante utilizado neste
trabalho, seguindo a lei de Lambert-Beer, relacionando a absorvância versus a concentração da
solução corante em mg L
-1
na faixa de 10
a 100 para o corante DR80, e na faixa de 10 a 60 para
o corante RB21. Dessa forma, através da curva analítica, pode-se conhecer a quantidade
restante de corante não adsorvido.
2.1.1.2. TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA
Um titulador potenciométrico automático interfaceado a um microcomputador, foi
utilizado para a realização das titulações potenciométricas. Este sistema foi desenvolvido no
Laboratório de Instrumentação e Quimiometria (LINQ) pertencente do Departamento de Química
da UFV; e é baseado no potenciômetro ORION, modelo 901, possuindo eletrodo indicador de
vidro combinado com o de referência de Ag/AgCl, e tendo o controle das injeções da solução do
titulante feito através de válvulas solenóides. Os dados potenciométricos são adquiridos através
de um programa desenvolvido em ambiente Windows, na linguagem Visual Basic 5.0 da
Microsoft (GUIMARÃES, 2000).
Inicialmente, 0,0800 g de corante foi solubilizado em uma solução de 40,00 mL de NaCl
0,5 mol L
-1
, foi mantido sob agitação magnética ao ajuste de pH próximo a 2,0. Em seguida,
sob força iônica constante iniciou-se a titulação, utilizando uma solução padronizada de NaOH
0,01 mol L
-1
em NaCl 0,01 mol L
-1
, adicionando-se o titulante com incremento de volume de 0,1
mL até que o pH não mais variasse.
28
Dispondo dos valores médios de pH obtidos durante o transcorrer da titulação no eixo da
ordenada, e os volumes gastos de titulante na abscissa, foi possível obter a curva
potenciométrica. Sendo que o volume correspondente ao ponto estequiométrico foi determinado
através das curvas diferenciais, e para determinação das constantes de acidez (K
a
) foi utilizado
um programa de ajuste multiparamétrico baseado em regressão não-linear, modificado do
original, utilizado por MASINI e colaboradores (1999), foi desenvolvido na linguagem DELPHI 4.0
(GUIMARÃES, 2000).
2.1.1.3. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO
A espectrometria de absorção no infravermelho é considerada uma ferramenta poderosa
na identificação e determinação de grupos funcionais, nos estudos de conformação e na
estrutura de macromoléculas. A radiação no infravermelho (IV) corresponde aproximadamente à
parte do espectro eletromagnético situada entre as regiões do visível e das microondas. A
porção de maior utilidade para a química orgânica está situada na região do infravermelho
médio, situada entre 400 e 4000 cm
-1
(SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000).
Foram obtidos espectros de IV dos corantes situados na faixa de 400 a 4000 cm
-1
em
pastilhas de KBr preparadas com 2,00 mg de amostra utilizando equipamento Perkin Elmer FT
IR 1000. Em almofariz de ágata, a amostra previamente pesada é então homogenizada a
100,00 mg de KBr anteriormente seco em estufa. Posteriormente, para modelar a pastilha, a
mistura foi levada a uma prensa hidráulica originando uma pastilha de 0,200 mm de espessura.
2.1.2. PREPARO DOS ADSORVENTES
2.1.2.1. ESPUMAS DE POLIURETANO (EPUs)
As espumas de poliuretano utilizadas neste trabalho são à base de poliol poliéter com
densidade 0,018 g cm
−3
(Paropas, Brasil). As amostras de espumas foram cortadas no formato
retangular com 2,0 cm de comprimento, 1,0 cm de largura e 1,0 cm de altura (Figura 1) para os
ensaios realizados em coluna de leito fixo, e para os ensaios em batelada foram trituradas
(Triturador Fritsch, modelo Pulverisette 14) ficando com aspecto de flocos (Figura 2). Antes de
serem utilizadas as espumas foram lavadas com água destilada, em seguida foram secas à
temperatura ambiente durante 24 h e, armazenadas em recipientes fechados até o momento de
serem utilizadas.
29
2.1.2.2. SEMENTES DE Mabea fistulifera Mart (CANUDO-DE-PITO)
A colheita das sementes da Mabea fistulifera Mart (canudo-de-pito) foi realizada antes de
seu período de maturação, no início do mês de outubro de 2008 no município de Viçosa MG.
Posteriormente a essa etapa, as sementes foram colocadas sob o sol e cobertas com uma tela,
com objetivo de se esperar a deiscência.
A extração do óleo presente nas sementes foi realizada utilizando hexano (Vetec) como
solvente, sendo montado o sistema (balão, condensador e extrator de soxhlet), que foi colocado
sob uma manta aquecedora da marca Nalgon, modelo 3320 e aquecido a uma temperatura em
torno de 70
0
C. Em seguida, foi transferido para soxhlet, um cartucho cilíndrico confeccionado de
papel de filtro contendo as sementes previamente maceradas em pilão de ferro. Após a extração,
o resíduo das sementes de canudo-de-pito foi lavado abundantemente com água destilada. Em
seguida, foi conduzido à estufa para secar a 60
0
C durante seis horas, e peneirado de forma que
sua granulometria se mantivesse em 65 mesh (212μm de diâmetro). Depois de secos e
peneirados, os resíduos das sementes (Figura 3) foram utilizados para remoção de corantes por
processos de adsorção.
Figura 3. Resíduo de semente de Canudo-de-Pito peneirado e seco em estufa
Figura 1. Espuma em bloco
Figura 2. Espuma triturada
2cm
30
2.1.3. CARACTERIZAÇÃO DOS ADSORVENTES
2.1.3.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO
As espumas de poliuretano trituradas com Triturador Fritsch (modelo Pulverisette14), e
as sementes de Mabea peneiradas foram levadas à estufa a 60
0
C aproximadamente 2 horas e
armazenadas em dessecador até o momento de serem levadas para análise no infravermelho
(IV).
Os espectros dos adsorventes foram registrados em espectrofotômetro infravermelho
Perkin Elmer FT IR 1000, situados na faixa de 400 a 4000 cm
-1
, a partir de pastilhas de KBr
preparadas com 2,00 mg de amostra. Em almofariz de ágata, a amostra previamente pesada é
então homogenizada a 100,00 mg de KBr anteriormente seco em estufa. Posteriormente para
modelar a pastilha, a mistura foi levada a uma prensa hidráulica originando uma pastilha de
0,200 mm de espessura.
2.1.3.2. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (PCZ)
O ponto de carga zero é definido como o ponto em que a carga total da superfície é zero
(neutra). Ele é um importante parâmetro usado para determinar a carga superficial dos
adsorventes, uma vez que esta é obtida, principalmente, pelo pH da solução do adsorvato. A
carga líquida na superfície do adsorvente é positiva para um pH da solução mais baixo que
aquele correspondente ao PCZ (pHPZC) e negativa para um pH da solução maior que o do PCZ
(MORENO-CASTILLA, 2004).
A carga da superfície dos adsorventes pode ser determinada por métodos titulométricos,
segundo EGREJA FILHO e colaboradores (2004), sendo que o ponto de carga zero pode ser
obtido pela interceptação de curvas de titulação em diferentes concentrações salinas sendo
denominado PCZES. A determinação do PCZ foi realizada por meio de titulações
potenciométricas utilizando-se o titulador automático. Para cada adsorvente, foram utilizadas
diferentes concentrações. Inicialmente para a determinação do pcz da espuma, foram
adicionados 0,500 g de adsorvente a três tubos de centrífuga, em seguida, estes tubos foram
agitados durante 30 min com soluções de eletrólito (NaCl), em três diferentes concentrações,
0,1, 0,01 e 0,001 mol L
-1
e mantidas em contato por 72 horas mantendo a agitação
ocasionalmente, afim de que o equilíbrio fosse atingido. Antes de iniciar a titulação, o pH foi
ajustado para aproximadamente 2,0 e em seguida realizaram as titulações das amostras com
31
solução padronizada de NaOH 0,01 mol L
-1
(adaptada de EGREJA FILHO et. al, 2004). O
mesmo procedimento foi realizado para a determinação do PCZ da semente, contudo, as
concentrações foram 0,1 e 0,15 mol L
-1
.
2.1.3.3. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)
Para análise de MEV, as sementes de Canudo-de-Pito foram previamente peneiradas, já
as espumas de poliuretano tanto foram analisadas em blocos como pulverizadas em forma de
flocos. Os corpos de prova das espumas de poliuretano em blocos foram cortados em pedaços
de tamanhos inferiores a 0,5 cm. Em seguida, as amostras dos adsorventes foram submetidas a
um processo de metalização (Figura 4) por meio de recobrimento com ouro utilizando-se um
metalizador (Sputtering-Balzeis, modelo FDV-010). A visualização destas superfícies foi
conduzida em um microscópio eletrônico de varredura LEO modelo VP1430 (Figura 5).
Figura 4. Metalizador Figura 5. Microscópio eletrônico de varredura
2.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS CORANTES
2.2.1.2. ESPECTROFOTOMETRIA NA REGIÃO DO VISÍVEL
Através da varredura na região do visível, foi possível determinar o comprimento de
onda de máxima absorção para cada um dos corantes, sendo de 537 nm para o corante Direct
Red 80 e 631 nm para o corante Reactive Blue 21, como podemos observar na Figura 6.
400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
B
máx = 631 nm
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
A
máx = 537 nm
Absorbância
comprimento de onda (nm)
32
Figura 6. Espectro de absorção na região do visível (400-4000 cm
-1
) de solução aquosa dos corantes na
concentração de 100 mg L
-1
, (A) Direct Red 80 (B) Reactive Blue 21.
2.2.1.3. TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA
Os dados obtidos com auxílio do titulador pontenciómetrico foram processados pelo
programa gráfico Origin
®
6.1, onde foi possível a construção das curvas de titulação para os
corantes utilizados neste trabalho (Figura 7). Dispondo-se valores médios do pH no eixo das
ordenadas versus volumes do titulante gasto na abscissa.
Figura 7. Curvas da titulação potenciométrica para o corante (A) Direct Rede 80; (B) Reactive Blue 21.
A análise das curvas derivada 1ª e derivada (Figura 8) referentes a cada corante,
possibilitou a determinação dos volumes correspondentes ao ponto de equivalência, sendo que o
ponto onde o valor da segunda derivada é zero denomina-se ponto de inflexão da curva de
titulação. A determinação das constantes de acidez (K
a
) foram obtidas pelo programa de
regressão não linear multiparamétrica.
FIGURA 8: Curvas diferenciais para o corante (A) DR80; (B) RB21.
0 5 10 15 20 25 30
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
d
2
pH/dv
2
dpH/dv
Volume de NaOH (mL)
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
B
0 5 10 15 20 25
-4
-2
0
2
4
A
d
2
pH/dv
2
dpH/dv
Volume de NaOH (mL)
-4
-2
0
2
4
0 5 10 15 20 25 30
2
4
6
8
10
12
A
pH
volume de NaOH (mL)
0 5 10 15 20 25 30 35
2
4
6
8
10
12
B
pH
volume de NaOH (mL)
33
Os dados obtidos nas titulações potenciométricas através da derivada segunda e os
valores sugeridos de pK
a
(através da leitura de pH a meia tilulação) foram submetidos a este
programa de ajuste por regressão multiparamétrica, para a determinação dos valores de pK
a
de
cada grupo titulável. Os valores de pK
a
encontrados para cada corante (Tabela 1) sugerem a
existência de quatro grupos ionizáveis na estrutura de cada um deles (Figura 4 e 5, capítulo 1).
Tabela 1. Valores de pK
a
para os corantes DR80 e RB21
VALORES DE pk
a
DR80
RB21
pk1
2,30
1,80
pk2
4,83
3,45
pk3
5,36
5,63
pk4
6,63
7,69
2.2.1.4. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO
Embora o espectro de infravermelho seja característico da molécula como um todo,
existem certos grupos de átomos que dão origem a bandas que ocorrem mais ou menos na
mesma freqüência, independente da estrutura da molécula, o que nos permite a identificação
dos mesmos (SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000).
As atribuições feitas às principais bandas observadas nos espectros para corante DR80
(Figura 9) e RB21 (Figura 10) se encontram dispostas nas Tabelas 2 e 3 respectivamente.
Analisando o espectro para o corante Direct Red 80 (Figura 9), conclui-se que a posição
e a forma da banda em aproximadamente 3447 cm
-1,
, é compatível com o estiramento de O-H,
presentes em grupos hidroxila em ligações de hidrogênio, que podem ser atribuídos à presença
tanto de grupos fenólicos como de grupos carboxílicos. A presença de grupos fenólicos é
confirmada pelo estiramento C-O na faixa de 1119 cm
-1
. Destacam-se, ainda, as bandas em
1489 cm
-1
e em 619 cm
-1
, referentes à presença de C=C (derivados de naftalenos) e a grupos
sulfonatos .
34
Figura 9. Espectro de infravermelho na faixa de 400-4000 cm
-1
em KBr referente ao corante Direct Red 80
Tabela 2. Principais bandas de absorção presentes no corante DR80 na região do infravermelho.
TIPO DE LIGAÇÃO
BANDA cm
-1
PRESENTES EM
O-H
3447
FÉNOIS
N-H
1617
AMIDA
C=C
1489
NAFTALENOS
C-O
1119
FÉNOIS
R-SO
2
-O
-
619
ÍONS SULFONATOS
FONTE: (BARBOSA, 2008; SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000)
De acordo com espectro do corante Reactive Blue 21 (Figura 10), a banda em
aproximadamente 3394 cm
-1
refere-se a N-H de aminas (deformação axial), tanto pela posição
quanto pela intensidade da mesma, sendo que a presença de aminas é confirmada pelo
aparecimento da banda em 1390 cm
-1
. Uma banda intensa é nitidamente observada em 1594
cm
-1
, indicando estiramento C=C de anel aromático. Além disso, as bandas de 1499 e1450 cm
-1
confirmam a presença de C=C do anel aromático. Podemos destacar, também, a presença de
sulfonato através do aparecimento da banda em 616 cm
-1
.
20
40
60
80
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
Número de onda (cm
-1
)
T%
3447
1119
1617
1489
619
35
Figura 10. Espectro de IV na faixa de 400-4000 cm
-1
em KBr referente ao corante Reactive Blue 21
Tabela 3. Principais bandas de absorção presentes no corante RB21 na região do infravermelho.
TIPO DE LIGAÇÃO
BANDA cm
-1
PRESENTES EM
N-H
3394
AMINA
C-N
1390
AMINA
C=C
1594
ALQUENO AROMÁTICO
R-SO
2
-O
-
616
ÍONS SULFONATOS
FONTE: (BARBOSA, 2008; SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000)
2.2.2. CARACTERIZAÇÃO DOS ADSORVENTES
2.2.2.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO
Os espectros de infravermelho da espuma de poliuretano (Figura 11) e da semente de
Mabea fistulifera Mart. (Figura 12) foram realizados para se obter informações sobre a presença
de certos grupos funcionais.
As atribuições feitas às principais bandas observadas nos espectros da espuma e dos
resíduos de semente de Mabea fistulifera Mart, se encontram dispostas nas Tabelas 4 e 5
respectivamente.
20
40
60
80
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
Número de onda (cm
-1
)
T%
3394
1390
1499
617
1450
1594
36
Figura 11. Espectro de IV na faixa de 400-4000 cm
-1
em KBr referente ao espuma de poliuretano (EPU)
Tabela 4. Principais bandas de absorção presentes na EPU na região do infravermelho.
TIPO DE LIGAÇÃO
BANDA cm
-1
PRESENTES EM
N-H
3367
AMIDA
N = C = O (livre)
2272
ISOCIANATO
C = O
1726
ESTER
C O C
1092
ÉTER
FONTE: (BARBOSA, 2008; SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000)
De acordo com o espectro da espuma de poliuretano (Figura 11) pode-se destacar os
principais grupos funcionais como, por exemplo, NH de uretanos e CO de uretanos, que podem
vir as ser potenciais sítios de adsorção para interações com os corantes aniônicos.
Figura 12. Espectro de IV na faixa de 400-4000 cm
-1
em KBr referente ao resíduo de semente de Mabea
20
40
60
80
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
T%
Número de onda (cm
-1
)
3377
3311
607
1220
35
40
45
50
55
60
65
70
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
Número de onda (cm
-1
)
T%
3367
2272
1726
1092
37
Tabela 5. Principais bandas de absorção presentes na semente de Mabea na região do infravermelho.
TIPO DE LIGAÇÃO
BANDA cm
-1
PRESENTES EM
O-H
3377
FÉNOIS
C-H
3011
AROMÁTICOS
C O
1220
FÉNOIS
O-H
607
FÉNOIS
FONTE: ( BARBOSA, 2008 ; SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000)
O espectro indica a presença de grupos funcionais existentes no resíduo de semente de
canudo-de-pito, como por exemplo, OH e anéis aromáticos que podem vir a ser potenciais sítios
de adsorção para interações com os corantes aniônicos.
2.2.2.2. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (PCZ)
Determinou-se o PCZ, que corresponde ao ponto de interseção das curvas de titulação
potenciométricas em cada concentração de eletrólito (NaCl) . Pode-se destacar, na Figura 13 A,
o ponto de carga zero da espuma que corresponde ao valor de 7,26; isto significa que para
valores de pH abaixo do valor de PCZ a superfície da espuma encontra-se carregada
positivamente, enquanto que para valores de pH superiores ao valor de PCZ a superfície da
espuma encontra-se carregada negativamente. Observa-se na Figura 13 B, o ponto de carga
zero do resíduo de semente de Mabea. Devido à complexidade da estrutura do resíduo o valor
de PCZ para este adsorvente abrange a faixa entre 4,73 e 6,00; isto significa que nesta faixa de
valores a carga total da superfície é zero, e para valores de pH abaixo de 4,73 a superfície do
resíduo encontra-se carregada positivamente, para valores de pH acima de 6,00 a superfície
se encontra carregada negativamente.
Figura 13A. Curvas de titulação da espuma de
poliuretano em diferentes concentrações de
NaCl
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
4
6
8
10
12
A
PCZ (espuma in natura)
pcz=7,26
pH
Volume de NaOH (mL)
NaCl 0,001 mol/L
NaCl 0,01 mol/L
NaCl 0,1 mol/L
Figura 13B. Curvas de titulação do resíduo de
semente de Mabea em diferentes concentrações de
NaCl
0 5 10 15 20 25 30
2
3
4
5
6
7
B
6,00
4,73
pcz entre 4,73 e 6,00
pH
Volume de NaOH (mL)
0,1 mol/L de NaCl
0,15 mol/L de NaCl
38
2.4.2.3. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)
Pode-se destacar para espumas de poliuretano (EPUs) trituradas, as ampliações
presentes na Figura 14, onde se observa uma superfície lisa em seu interior, porém rugosa e
irregular nas bordas, que contribuem com uma parcela na adsorção dos corantes. Na Figura 15
relativa as EPUs em bloco, observa-se uma superfície predominantemente macroporosa ( poros
> 50 nm), com poros menores em seu interior. Para sementes, destaca-se na Figura 16, uma
superfície predominantemente porosa, compostas por fibras presentes em sua composição. Os
poros apresentam-se com tamanhos variados, e estes contribuem, também, para reter os
corantes.
Figura 14. Micrografia da espuma de poliuretano triturada in natura, com aumentos de 114, 461 e 2840 X
Figura 15. Micrografia da espuma de poliuretano em bloco in natura, com aumentos de 34, 200 e 500 X
FIGURA 17. Micrografia da semente de Mabea in natura, com aumentos
Figura 16. Micrografia da semente de Mabea in natura, com aumentos de 592, 1750 e 1820 X
39
CAPÍTULO 3
40
3. REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS POR ADSORÇÃO EMPREGANDO ESPUMAS DE
POLIURETANO
3.1. RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi investigar a aplicação das espumas de poliuretano
(EPUs) como um adsorvente alternativo para remoção de corantes presentes, em efluentes
têxteis. Os corantes utilizados, neste trabalho, foram o corante direto Direct Red 80 (DR80) e o
corante reativo Reactive Blue 21 (RB21). Os estudos foram conduzidos em batelada, sendo
realizados ensaios cinéticos, influência do pH no processo de adsorção, ensaios de dessorção e
ensaios adsortivos. Os modelos de Langmuir e Freundlich foram utilizados para ajustar os dados
experimentais da variação da concentração do soluto adsorvido na fase lida (adsorvente), em
função da concentração de equilíbrio na fase fluida e apresentaram boa correlação. Por meio da
Isoterma de Langmuir, foi possível obter a capacidade máxima de adsorção dos corantes DR80
e RB21 por espumas de poliuretano, sendo encontrados os valores de 4,50 mg g
-1
e 8,31 mg g
-1
,
respectivamente. A adsorção utilizando as EPUs como adsorvente se mostrou efetiva nas
soluções aquosas dos corantes DR80 e RB21, sendo aplicado o mesmo tratamento em
amostras de efluentes fortificados com cada corante utilizado neste trabalho, alcançando uma
porcentagem de adsorção em torno de 70% do corante RB21 e 94% do corante DR80. Também,
foi testado para os experimentos em batelada, um tratamento combinado que engloba adsorção
por espumas de poliuretano e coagulação com cloreto férrico, sendo realizado um planejamento
estatístico, obtendo respostas em função da porcentagem de remoção dos corantes, sendo
obtida uma remoção acima de 99% com esse tratamento para ambos os corantes. Ainda foram
efetuados estudos em coluna preenchida com EPUs, sendo analisados fatores como as
influências da vazão e da concentração inicial do corante, com posterior realização da
otimização do experimento em leito fixo, através de um planejamento fatorial 2
2
composto
central. E através da geração das superfícies de resposta, foi possível indicar as melhores
condições experimentais para a adsorção de cada corante estudado.
3.2. INTRODUÇÃO
A utilização das espumas de poliuretano (EPUs) como material de separação e pré-
concentração tem recebido enorme destaque no meio científico nos últimos anos, sendo
materiais constituídos de células com membranas abertas, apresentando enorme flexibilidade e
alta porosidade, podendo ser empregadas na forma de discos, cubos, colunas com peças
41
inteiras ou trituradas, em estudos em batelada ou coluna. As EPUs apresentam como vantagem,
a rapidez de sorção e transferência de massa de espécies químicas, quando comparadas a
outros materiais sólidos porosos granulares. Isto se deve, a sua estrutura celular, constituída por
membranas abertas de geometria quase esférica, possibilita grande velocidade de difusão de
espécies químicas (FERREIRA, 2003).
Cavalcanti, em 2007, testou dois métodos para a extração dos naftóis (1-naftol e 2-
naftol), um método estático em batelada e outro contínuo com o uso de mini-colunas
preenchidas com a espuma. Foram investigados os efeitos de diversos parâmetros na sorção
dos naftóis tais como: a influência do tempo de extração, da concentração inicial da solução, do
pH da solução, da adição de sal, da massa de espuma em contato com a solução e velocidade
de rotação do agitador mecânico. Para o método contínuo, testou-se ainda a vazão com a qual a
solução percolava a coluna, obtendo percentuais próximos de 100% de extração de ambos
naftóis.
BALDEZ, em 2008, testou a adsorção de corantes catiônicos: Azul de metileno e
Rodamina B, em espumas de poliuretanos (EPUs), cortadas em forma de cilindro, utilizando
sistemas por batelada. Cada espuma cortada foi presa a um braço mecânico e em seguida
mergulhada em uma solução contendo 200 mL de uma solução de Azul de Metileno (MB) a 5 x
10
-5
mol L
-1
e 2,50 x 10
-4
mol L
-1
de Dodecil Sulfato de Sódio. Da mesma forma, este
procedimento foi repetido, porém, agora o braço mecânico foi submergido a uma solução de 1 x
10
-5
mol L
-1
de Rodamina B e 7 x 10
-5
mol L
-1
de SDS. Foi possível remover 98% destes corantes
utilizando as EPUs, este excelente resultado obtido indica que as EPUs apresentam boa
afinidade pelo par - iônico formado entre os corantes catiônicos e o surfactante.
A aplicação das espumas de poliuretano na adsorção de espécies químicas; tem como
principais vantagens, a alta taxa de remoção, baixo custo, além de não ocasionar nenhum tipo
de impacto ao meio ambiente, já que a extração não é feita com solvente tóxico.
3.3. MATERIAL E MÉTODOS
3.3.1. PREPARO DA SOLUÇÃO ESTOQUE DE CORANTES
Os Corantes Reactive Blue 21 (RB21) e Direct Red 80 (DR80) foram cedidos pela
Companhia Industrial Itabira do Campo (Itabirito, MG). As soluções estoque de cada um dos
corantes (2000 mg L
-1
), foram preparadas dissolvendo-os em solução de KCl 0,100 g L
-1
, afim de
42
se manter a força iônica do meio constante. Durante este experimento, essas soluções foram
mantidas em geladeira a uma temperatura de aproximadamente 12
0
C.
3.3.2. PREPARO DO ADSORVENTE
As espuma de poliuretano (EPUs) utilizadas neste trabalho, são a base de poliol poliéter
com densidade 0,018 g cm
−3
(Paropas, Brasil), e foram cortadas no formato retangular para os
ensaios realizados em coluna de leito fixo, e para os ensaios em batelada foram trituradas
ficando com aspecto de flocos (de acordo com item 2.1.2.1., capítulo 2).
3.4. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA
3.4.1. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO
O ensaio para avaliação da influência do pH foi realizado em triplicata para cada valor,
sendo que a faixa de pH estudada variou de 2,0 a 9,0.
Primeiramente, a tubos de centrífuga, foram adicionados 0,080 g do adsorvente e 15,00
mL de solução aquosa de HCl e/ou NaOH com pHs devidamente ajustados de acordo com a
faixa de estudo. Os tubos foram ocasionalmente agitados em mesa agitadora orbital (MARCONI,
modelo MA 140), e o pH foi monitorado e ajustado quando necessário, até atingir sua
estabilização, sendo posteriormente centrifugados a 3000 rpm em centrífuga durante 20 minutos
(Excelsa II da FANEM, modelo 206 BL). Em seguida, a solução sobrenadante foi descartada, e
então foram adicionados 15,00 mL de solução do corante Reactive blue 21 na concentração de
30 mg L
-1
em pHs variando de 2,0 a 9,0; sendo o mesmo procedimento realizado para o corante
Direct Red 80. Estes tubos foram então levados à agitação por 540 min, a 25
0
C e deixados em
repouso overnight. Finalmente, as determinações quantitativas do corante remanescente, no
sobrenadante, em todos os ensaios foram realizadas através de medidas de espectrometria de
absorção UV/Vis, registrados em um espectrofotômetro UV/Vis (HITACHI, modelo U2000),
utilizando-se cubetas de quartzo de 1 cm de caminho ótico e água deionizada como referência.
3.4.2. ENSAIO CINÉTICO DE ADSORÇÃO
O estudo cinético de adsorção dos corantes foi realizado em pH ótimo de adsorção.
Foram adicionados, 0,800 g de espumas de poliuretano trituradas e 150,00 mL da solução dos
43
corantes com concentração 30 mg L
-1
a um erlenmeyer de 250,00 mL, fechado com uma rolha
de borracha protegida com papel filme, este recipiente foi mantido sobre agitação constante a 25
0
C.
Em intervalos regulares de tempo, foram retiradas com auxílio de uma seringa de vidro,
alíquotas de 1,00 mL, sendo subsequentemente filtradas em filtro de polietileno composto por
membrana Durapore 0,45 μ de poro, 13 mm de diâmetro. As concentrações dos corantes foram
determinadas através das leituras das absorvâncias em espectrofotômetro UV/Vis.
3.4.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
As isotermas de adsorção foram obtidas para diferentes condições com relação às
concentrações dos corantes.
Os ensaios foram realizados a 25
0
C e em pH ótimo de adsorção, sendo adicionados
0,080g de adsorvente em tubos de centrífuga, e 15,00 mL de solução dos corantes em diferentes
concentrações. Posteriormente estes recipientes foram submetidos à agitação durante o tempo
necessário para que o sistema atingisse o equilíbrio de adsorção, sendo posteriormente
centrifugados a 3000 rpm e deixados em repouso overnight.
Através da absorvância medida e da curva analítica construída previamente, pode-se
conhecer a concentração final de corante presente na fase fluida. Dessa forma, a concentração
de soluto adsorvido na fase adsorvente pode ser determinada realizando-se um balanço de
massa do adsorbato, através da Equação 1.
qe= (C
o
- C
eq
) V (1)
W
onde:
qe = a quantidade de soluto adsorvido na fase sólida (mg g
-1
)
C
0
= concentração de adsorbato inicial (mg L
-1
)
C
eq
= concentração de equilíbrio do adsorbato (mg L
-1
)
V = volume da solução (L)
W = massa de adsorvente (g)
A partir dos dados obtidos pode-se plotar gráficos de concentração de equilíbrio versus a
quantidade adsorvida em mg g
-1
de adsorvente. Os dados experimentais da variação da
44
concentração do soluto adsorvido na fase sólida adsorvente em função da concentração de
equilíbrio na fase fluida foram ajustados pelos modelos de Langmuir e Freundlich.
3.4.4. ENSAIOS DE DESSORÇÃO
As amostras de espuma com corante adsorvido, provenientes dos estudos de adsorção
realizados em batelada, onde a concentração inicial da solução de corantes foi de 30 mg L
-1
,
foram utilizadas nos estudos de dessorção. Para isso, 0,080 g de espuma triturada com corante
adsorvido foi colocada em um tubo de centrífuga contendo 15 mL de água destilada e o sistema
foi mantido sob agitação durante 1 hora. A dessorção também foi testada utilizando etanol 50%,
NaOH 0,1 mol L
-1
, HCl 1 mol L
-1
. As amostras permaneceram em repouso overnight e em
seguida foram analisadas no UV-vis.
3.5. ENSAIOS EM LEITO FIXO
3.5.1. PROCEDIMENTO GERAL
Utilizou-se nesse estudo uma coluna cilíndrica de vidro com uma capacidade interna de
11,40 cm
3
(1,1 cm de diâmetro interno e 12,0 cm de altura); recheada com 1 g de espumas
cortadas, no formato retangular com 2,0 cm de comprimento e 1,0 cm de largura e 1,0 cm de
altura.
O dispositivo experimental (Figura 1) contou ainda com uma bomba (Gear Pump Driver)
para alimentar as soluções à coluna.
Figura 1. Montagem utilizada para os ensaios de adsorção em leito fixo
fluxo
bomba
coluna
45
Foram realizados testes preliminares de vazão e influência de concentração, mas em
contrapartida o valor ótimo de pH utilizado nos ensaios foi estabelecido em batelada.
Para cada ensaio foram bombeadas soluções de HCl e/ou NaOH para garantir que o pH
do leito estivesse em valor ótimo, o pH era monitorado por tempo necessário até a estabilização
do valor desejado, em seguida, essas soluções eram bombeadas para fora do sistema e 100mL
solução de corante em pH ótimo previamente ajustado percolava continuamente através da
coluna e a solução com corante remanescente era posteriormente recolhida para as leituras no
UV-vísivel. A porcentagem de adsorção ou teor extraído de corante foi calculada quantificando-
se a concentração do analito antes e após a adsorção, onde se considera a concentração em
função da leitura da absorvância, respeitando-se a lei de Lambert-Beer, conforme mostrado na
Equação 2.
% = [analito]
i
[analito]
f
x 100 (2)
[analito]i
Onde: [analito]
i
= concentração inicial
[analito]
f
= concentração final
Após cada ensaio, as espumas utilizadas foram retiradas da coluna e o sistema era
lavado com uma solução de NaOH 0,1 mol L
-1
e posteriormente H
2
O destilada, sendo que para
cada ensaio a coluna era sempre preenchida com novas espumas.
3.5.2. INFLUÊNCIA DE VAZÃO
A dependência da eficiência de extração com a vazão das soluções de corantes na
coluna também foi avaliada. Quatro vazões foram estudadas: 2,5; 7,5; 12,5 e 17,5 mL min
-1
.
Esses valores foram definidos em função das possibilidades de controle da vazão da bomba e
do tempo de realização do experimento. As variáveis, concentração do corante e pH foram
fixadas em 30 mg L
-1
e valor ótimo respectivamente.
3.5.3. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO INICIAL DO CORANTE
46
A influência da concentração inicial da solução dos corantes Reactive Blue 21 e Direct
Red 80, na adsorção destas substâncias pelas espumas, foi estudada, em uma faixa de 10 a 60
mg L
-1
. As variáveis, pH e vazão da bomba peristáltica foram fixadas em seus valores ótimos.
3.5.4. OTIMIZAÇÃO DOS ENSAIOS EM COLUNA
Para a otimização das condições operacionais da coluna, duas variáveis foram
consideradas: vazão da bomba e pH. Os experimentos foram conduzidos em força iônica
constante (KCl 0,1 g L
-1
),
sendo a concentração do corante fixada em 30 mg L
-1
. Primeiramente,
foi realizado um planejamento estatístico fatorial composto central 2
2
(CCD), com 4 ensaios
referentes ao planejamento fatorial, 4 ensaios referentes aos pontos axiais e 4 repetições para o
ponto central (estimar os erros), totalizando 12 ensaios.
No planejamento composto central é comum codificar (xi) os níveis das variáveis.
Geralmente, os níveis assumem os valores de xi iguais a 1, 0, -1 e ± α; correspondendo
respectivamente ao valor superior, intermediário, inferior e axial. Os valores das codificadas
axiais podem ser obtidos utilizando a Equação 3, sendo que para K variáveis = 2, os valores de
α são +1,41 e -1,41.
A Figura 2 ilustra os pontos experimentais no sistema de coordenadas definidas pelos eixos xi.
Neste tipo de planejamento, os valores codificados xi são decodificados para os valores
experimentais dos níveis das variáveis a serem estudadas e para isso utiliza-se a Equação 4
(NETO et al.,1995).
X
i
= (C Cm)/(C/2) (4)
Figura 2. Planejamentos compostos centrais: k = 2 (variáveis) e α =1,41. () planejamento fatorial,
( ) pontos axiais e ( ) ponto central (TÉOFILO & FERREIRA, 2006).
(3)
47
Onde: X
i
é a variável codificada do planejamento CCD (onde i = 1, 2, 3...)
C = valor experimental do nível (incógnita)
Cm = é a media entre os níveis (+) e (-), que é exatamente o valor do nível zero
C = é a diferença entre os níveis (+) e (-)
A matriz de planejamento para corante Direct Red 80 utilizada no tratamento, com as
variáveis codificadas e as decodificadas está apresentada na Tabela 1. Enquanto na Tabela 2,
encontram-se dispostos apenas valores utilizados para realização do planejamento 2
2
Composto
Central para o Corante Reactive Blue 21 (RB21), sendo que a matriz de codificadas para este
corante é a mesma mostrada na Tabela 1, apenas diferindo os valores das decodificadas.
Tabela 1. Matriz de planejamento experimental para coluna para o corante Direct Red 80
ENSAIO
VARIÁVEIS DECODIFICADAS
VARIÁVEIS CODIFICADAS
VAZÃO mL min
-1
pH
X1
X2
1
2,5
3,0
-1
-1
2
7,5
3,0
1
-1
3
2,5
4,0
-1
1
4
7,5
4,0
1
1
5
1,5
3,5
-1,41
0
6
8,5
3,5
1,41
0
7
5,0
2,8
0
-1,41
8
5,0
4,2
0
1,41
9
5,0
3,5
0
0
10
5,0
3,5
0
0
11
5,0
3,5
0
0
12
5,0
3,5
0
0
Tabela 2. Valores utilizados para realização do planejamento 2
2
Composto Central para o corante RB21
VARIÁVEL
NÍVEL
(+)
0
(-)
α = 1,41
α = -1,41
Vazão mL min
-1
7,5
5,0
2,5
8,5
1,5
pH
3,0
2,5
2,0
3,2
1,8
48
Posterior a execução dos ensaios e de posse da resposta que estará em porcentagem
de corante removido da solução inicial, pôde-se gerar a superfície de resposta que nos permitiu
encontrar os valores ótimos para cada variável.
3.5.5. ADSORÇÃO COMBINADA COM COAGULAÇÃO
Optou-se por tentar a combinação de tratamentos adsorção em espumas de poliuretano
trituradas e coagulação com o coagulante inorgânico, cloreto férrico.
Os ensaios foram realizados em batelada a 25
0
C, sendo adicionados 0,080 g de
adsorvente a tubos de centrífuga, e 15,00 mL de solução de corantes em concentração fixada
em 50 mg L
-1
. De acordo com os valores definidos pelo planejamento estatístico, cada ensaio
recebeu uma alíquota de 200μL de cloreto rrico em diferentes concentrações e ajustes de pH.
Posteriormente, estes recipientes foram submetidos à agitação durante o tempo necessário para
que o sistema atingisse o equilíbrio de adsorção, sendo posteriormente centrifugados a 3000
rpm e deixados em repouso overnight. Finalmente, as determinações quantitativas do corante
remanescente no sobrenadante em todos os ensaios foram realizadas através de medidas de
espectrometria de absorção UV/Vis.
Duas variáveis foram consideradas na otimização das condições operacionais do
tratamento combinado, concentração do Cloreto Férrico e o pH. Os experimentos foram
realizados mantendo a força iônica do meio constante. Primeiramente, foi realizado um
planejamento estatístico fatorial composto central 2
2
(CCD), com 4 ensaios referentes ao
planejamento fatorial, 4 ensaios referentes aos pontos axiais e 4 repetições para o ponto central
(estimar os erros), totalizando 12 ensaios.
A matriz de planejamento para os corantes Direct Red 80 e Reactive Blue 21 utilizada
neste experimento, com as variáveis codificadas e as decodificadas está apresentada na Tabela
3.
Tabela 3. Matriz de planejamento experimental para o tratamento combinado para os corantes
ENSAIO
VARIÁVEIS DECODIFICADAS
VARIÁVEIS CODIFICADAS
[FeCl
3
]
mol L
-1
pH
X1
X2
1
5,00x10
-4
3,0
-1
-1
2
1,00x10
-3
3,0
1
-1
3
5,00x10
-4
4,0
-1
1
4
1,00x10
-3
4,0
1
1
5
3,98x10
-4
3,5
-1,41
0
6
1,10x10
-3
3,5
1,41
0
49
7
7,50x10
-4
2,8
0
-1,41
8
7,50x10
-4
4,2
0
1,41
9
7,50x10
-4
3,5
0
0
10
7,50x10
-4
3,5
0
0
11
7,50x10
-4
3,5
0
0
12
7,50x10
-4
3,5
0
0
Ao final do experimento e de posse da resposta de cada ensaio que estará em mg g
-1
de
corante adsorvido, foi possível plotar a superfície de resposta que nos permitiu encontrar os
valores ótimos para cada variável.
3.6. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL
O efluente utilizado neste trabalho foi coletado na cidade de Juiz de Fora (MG), em uma
tinturaria. Aos tubos de centrífuga foi adicionado 0,080 g de espumas trituradas e 15 mL de
efluente bruto coletado. O efluente de cada tubo foi fortificado com solução de 5 mL de corante
Reactive Blue 21, 100 mg L
-1
, estando a uma concentração na solução final de 25 mg L
-1
Posteriormente este efluente teve o pH ajustado para o valor ótimo (pH=2). O sistema
permaneceu sob agitação durante o tempo equilíbrio, a 25
0
C, e posteriormente foi centrifugado
a 3000 rpm, durante 20 minutos e deixados em repouso overnight. Nas soluções
sobrenadantes, foram realizadas leituras da absorvância em espectrofotômetro, para a avaliação
da recuperação do corante pelo adsorvente. O mesmo procedimento foi realizado para o corante
Direct Red 80, sendo que o pH do efluente foi ajustado para 4.
3.7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.7.1. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA
3.7.1.2. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO
A influência do pH na adsorção dos corantes, por espumas de poliuretano, fica
evidenciada nas Figuras 3A e 3B. Onde podemos destacar, na Figura 3A, a máxima adsorção do
corante Direct Red 80 em pH próximo de 4, em contrapartida acima deste valor a adsorção
decresce, para o corante Reactive Blue 21 à adsorção é significativamente mais elevada em
pH em torno de 2, como se pode observar na Figura 3B, diminuindo acima deste valor.
A adsorção de ambos os corantes pelas espumas é facilitada em meio ácido. Este fato é
explicado, pois o pH ótimo de adsorção de cada corante em meio aquoso é mais baixo se
50
comparado ao valor de pcz da espuma igual a 7,26; contribuindo, portanto, para o surgimento de
cargas positivas na superfície deste adsorvente.
A superfície da espuma carregada positivamente irá interagir com as moléculas dos
corantes que se apresentam com cargas negativas devido à existência de grupos na estrutura de
cada corante que possuem valores de pKa’s menores do que o valor do pH ótimo. Isto significa,
que alguns grupos nos corantes se ionizam a valores inferiores ao pH ótimo, surgindo cargas
negativas em sua estrutura, e essas cargas iram interagir com a superfície da espuma que se
encontra predominantemente positiva. Podemos destacar, no gráfico 3A, que abaixo do valor de
pH=4 a adsorção é menos favorecida, isto pode ser explicado porque em meio ácido ocorre
protonação tanto dos grupamentos de ácidos carboxílicos quanto dos átomos de nitrogênio
presentes na molécula do corante DR80, gerando cargas positivas nesta molécula e assim,
provomovendo uma repulsão ao adsorvente que se encontra também com a superfície positiva.
Figura 3. Variação da adsorção do corante por espumas de poliuretano em função da variação de pH (A)
Direct Red 80; (B) Reactive Blue 21 (C
i
= 30 mg L
-1
; tempo de agitação = 540 min; 0,080 g de adsorvente, 25
0
C).
3.7.1.3. ENSAIOS CINÉTICOS DE ADSORÇÃO
O equilíbrio de adsorção é atingido quando o valor da concentração da solução
permanece constante com o passar do tempo, ou seja, quando a solução se encontra em
equilíbrio com o adsorvente. Com base nas informações obtidas dos experimentos cinéticos
pôde-se conhecer o tempo necessário para o processo de adsorção atingir o equilíbrio.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
2
3
4
5
A
qe ( mg g
-1
)
pH
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
2
3
4
5
B
qe (mg g
-1
)
pH
51
Figura 4. Variação da adsorção do corante por espumas de poliuretano em função da variação de tempo (A)
Direct Red 80; (B) Reactive Blue 21 (C
i
= 30 mg L
-1
; tempo de agitação = 540 min; 0,080 g de adsorvente, 25
0
C).
Nas curvas cinéticas (Figura 4) de adsorção para ambos os corantes em função do
tempo, fica evidente que o início do processo adsortivo é efetivamente mais rápido, porém com o
passar do tempo os sítios de adsorção aproximam-se da saturação e a taxa de adsorção diminui.
O equilíbrio é atingido quando a quantidade adsorvida de cada corante não mais varia em função
do tempo. Para DR80, o equilíbrio é observado aos 420 minutos de agitação, e aos 180 minutos
para o RB21, sendo que o tempo de equilíbrio para cada corante foi fixado para os ensaios de
adsorção.
3.7.1.4. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
Os dados experimentais da variação de qe (mg g
-1
) em função de Ce (mg L
-1
) foram
ajustados pelos modelos Langmuir e Freundlich, sendo que os parâmetros encontrados para as
isotermas estão apresentados na Tabela 4.
Através do ajuste das isotermas utilizando modelo de Langmuir, foi possível estimar a
capacidade máxima de adsorção (Q
máx
) do material adsorvente em mg g
-1
; obter a constante de
Langmuir (KL), que indica o grau de afinidade entre o adsorvente e o adsorvato, e ainda saber
através do cálculo de RL, o perfil da isoterma, que irá indicar se o processo é favorável ou
desfavorável. Em contrapartida, utilizando o modelo de Freundlich, podê-se obter a constante
indicadora da capacidade de adsorção entre espuma e corantes (Kf), e também a constante (n),
que além de indicar a intensidade de adsorção, pode dar indícios sobre o processo adsortivo,
mostrando se o mesmo é favorável ou não.
As isotermas obtidas mostraram elevada afinidade a baixas concentrações, seguido pela
formação de um patamar bem definido à medida que a concentração aumenta. Sendo que, as
0 50 100 150 200 250 300 350 400
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
B
qe (mg g
-1
)
Tempo (min)
0 100 200 300 400 500 600
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
A
qe (mg g
-1
)
Tempo (min)
52
isotermas para ambos os corantes ajustadas pelo modelo de Langmuir (Figura 5) apresentaram
maior coeficiente de correlação (>0,98) quando comparadas às isotermas ajustadas pelo modelo
de Freundlich.
Analisando os parâmetros de Langmuir apresentados na Tabela 4, verifica-se que a
capacidade máxima de adsorção para o corante DR80 é de 4,50 mg g
-1
, e para o corante RB21
é de 8,31 mg g
-1
. De acordo com RUTHVEN (1985), a adsorção é favorável se o valor de RL
estiver entre 0<RL<1, sendo assim, para ambos os corantes, o processo de adsorção se
mostrou favorável, já que para o corante DR80, o valor de RL variou entre 0,030 e 0,471 e para o
corante RB21 este valor variou entre 0,156 e 0,826.
As isotermas ajustadas pelo modelo Freundlich (Figura 6), mostraram-se favoráveis,
sendo que, de acordo com a Tabela 4, os valores da constante de Freundlich (n) para o corante
DR80 é 3,42 e para o corante RB21 é 2,34; podendo variar entre 1 e 10, representando
condições de adsorção favorável segundo SOARES (1998).
Figura 5. Ajuste da isoterma de Langmuir aos dados da adsorção do Direct Red 80, pH =4 (a) e do Reactive
Blue 21 pH=2 (b) para ambos os corantes, onde Qe é a quantidade adsorvida em cada concentração inicial e
Ce é a concentração da solução sobrenadante após o sistema entrar em equilíbrio.
Figura 6. Ajuste da isoterma de Freundlich aos dados da adsorção Direct Red 80 pH=4 (a) e do Reactive Blue
21 pH=2 (b) para ambos os corantes, onde Qe é a quantidade adsorvida em cada concentração inicial e Ce é
a concentração da solução sobrenadante após o sistema entrar em equilíbrio.
0 20 40 60 80 100 120 140 160
0
1
2
3
4
5
6
7
B
Qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
0
1
2
3
4
5
6
7
B
Qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
0 20 40 60 80 100
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
A
Qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
0 20 40 60 80 100
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
A
Qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
53
Tabela 4. Parâmetros ajustados a partir dos modelos de Langmuir e Freundlich, para ambos os corantes,
usando espuma de poliuretano como adsorvente.
Corante
Langmuir
Freundlich
Q
máx
(mg g
-1
)
K
L
R
2
K
f
N
R
2
DR80
4,50± 0,18
0,16 ± 0,02
0,9814
1,26 ± 0,17
3,42 ± 0,04
0,9195
RB21
8,31 ± 0,39
0,03 ± 0,00
0,9895
0,85 ± 0,24
2,34 ± 0,06
0,9375
As espumas empregadas na remoção dos corantes DR80 e RB21 (Figura 7), nos ensaios
em batelada, mostraram-se bem efetivas. Para o corante DR80 a remoção foi em média de 87%
e para o RB21 em torno de 95%.
Figura 7. Ensaio em batelada (A) solução de 30 mg L
-1
de DR80 em pH=4 e tempo de agitação de 420 min, (B)
solução de 30 mg L
-1
de RB 21 em pH=2 e tempo de de 180 min.
3.7.1.5. ENSAIOS DE DESSORÇÃO
Experimentos de dessorção foram realizados, testando várias soluções com objetivo de
regenerar a espuma carregada com o corante, e confirmar a atração eletrostática do adsorvente
carregado positivamente em soluções ácidas com o corante carregado negativamente. Para o
corante Direct Red 80, foram testadas soluções de HCl 1 mol L
-1
, etanol 50%, água destilada e
NaOH 0,1mol L
-1
. Pode-se destacar na Figura 8, a imediata e total remoção do corante pela
adição de solução de NaOH 0,1 mol L
-1
, o meio básico contribui para deixar a superfície da
espuma carregada negativamente já que o valor de pH do meio é maior do que o valor de pcz da
espuma (7,26), sendo assim o corante aniônico sofre dessorção devido a repulsão entre as
cargas negativas presentes na superfície da espuma e na molécula do corante. Em
contrapartida, não foi possível remover todo corante utilizando água ou etanol, mesmo deixando
o sistema sobre agitação por mais de uma hora, sendo obtida remoção menor que 10% para
A
B
54
ambos os solventes. Não houve êxito para o teste realizado com solução de HCl 1 mol L
-1
, não
observando-se remoção do corante.
O mesmo procedimento foi realizado com corante Reactive Blue 21, não se obtendo
resultado satisfatório para qualquer uma das soluções, sendo testado por este motivo outros
solventes como: dicloro metano, éter e acetona, não sendo obtida qualquer remoção. A
dessorção não ocorreu para corante RB21 quando foi utilizada solução de NaOH 0,1 mol L
-1
mostrando que a interação entre espuma e corante não é só de natureza eletrostática, sugerindo
a existência de outras interações que impedem o desprendimento da molécula de corante.
3.7.2. ENSAIOS EM LEITO FIXO
3.7.2.1. INFLUÊNCIA DE VAZÃO
Foi avaliada, a influência da vazão das soluções aquosas dos corantes DR80 e RB21 na
concentração de 15 mg L
-1
através de uma mini coluna preenchida com 1g de espumas cortadas
em forma retangular com 2,0 de comprimento e 1,0 cm de largura e altura. Quatro vazões foram
estudadas: 2,5; 7,5; 12,5 e 17,5 mL min
-1
. Esses valores foram estipulados levando em
consideração o controle da vazão da bomba e o tempo de realização do experimento. Sendo
assim, não foram utilizadas vazões menores que 2,5 mL min
-1
, porque levam a experimentos
muito lentos, inviabilizando o estudo devido ao extenso tempo necessário para que toda a
solução percolasse por meio da coluna. Em contrapartida, vazões maiores que 17,5 mL min
-1
,
ocasionaram pouco contato entre o adsorvente e o adsorvato, que a solução de corante
passou rapidamente pela coluna.
Figura 8: (A) Dessorção do Corante DR80 da espuma de poliuretano; (B1) Espuma com Corante DR80
adsorvido; (B2) Espuma depois da dessorção do corante DR80 com solução aquosa de NaOH 0,1 mol L
-1
0
20
40
60
80
100
HCl 1 mol/L ETANOL 50% ÁGUA NaOH 0,1mol/L
% REMOÇÃO
B1
11
11
1
B2
A
55
De acordo com a Figura 9, podem-se observar maiores porcentagens de remoção para
vazões mais baixas, sendo detectada uma diminuição da retenção do corante mediante ao
aumento da vazão. Este fato se explica, pois a vazões menores, o tempo de contato entre a
espuma e o corante é maior, possibilitando uma interação mais significativa do corante com a
fase sólida, sendo observado, portanto uma maior porcentagem de remoção do corante pela
espuma.
Figura 9. Percentagem de remoção de soluções aquosas de corantes na concentração de 15 mg L
-1
em leito
fixo em função da vazão (A) Corante Direct Red 80 (B) Reactive Blue 21
3.7.2.2. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO INICIAL DO CORANTE
A influência da concentração inicial do corante nos processos de adsorção em leito fixo
pode ser demonstrada através da Figura 10, onde podemos observar uma diminuição do
percentual de extração com o aumento da concentração inicial na solução. Este fato se explica,
pois a baixas concentrações, tem-se uma maior disponibilidade de sítios ativos de EPU em
relação ao número de partículas relativas do soluto se comparado a concentrações mais
elevadas.
Figura 10. Percentagem de remoção de soluções aquosas de corantes em leito fixo em função das
diferentes concentrações iniciais dos mesmos em mg L
-1
(A) Corante Direct Red 80 (B) Reactive Blue 21
A
B
A
B
56
3.7.2.3. OTIMIZAÇÃO DOS ENSAIOS EM COLUNA
Para os experimentos em leito fixo apresentados nas Tabelas 5, referentes ao Planejamento
Fatorial 2
2
, Composto Central foram obtidos resultados expressos em porcentagem de remoção
dos corantes DR80 e RB21 por espumas de poliuretano (parâmetro resposta).
Tabela 5. Resultados obtidos para os experimentos do Planejamento 2
2
Composto Central para os corantes DR80 e RB21
ENSAIO
VARIÁVEIS
CODIFICADAS
% REMOÇÃO DR80
% REMOÇÃO RB21
X1
X2
1
-1
-1
69,441
81,038
2
1
-1
67,589
51,506
3
-1
1
61,847
62,879
4
1
1
67,830
69,544
5
-1,41
0
71,369
65,672
6
1,41
0
56,956
48,165
7
0
-1,41
49,961
57,611
8
0
1,41
50,532
81,542
9
0
0
79,182
82,764
10
0
0
79,940
91,601
11
0
0
77,874
82,282
12
0
0
79,436
84,286
Os valores relativos à porcentagem de remoção do corante DR80 foram processados
para obter os dados estatísticos relativos à ANOVA a 90% de significância, utilizando o software
Statistica 7.0, (Tabela 6). O método dos mínimos quadrados de análise de regressão múltipla
pode ser usado quando existe uma relação funcional entre uma variável (chamada de
dependente) e duas ou mais variáveis independentes.
Tabela 6. Análise de Variância (ANOVA) para a Porcentagem de Remoção do corante DR80
FATORES
SOMA DOS
QUADRADOS
G L
QUADRADO MÉDIO
F
p-VALOR
VAZÃO (L)
32,869
1
32,869
1,251
0,344
VAZÃO (Q)
255,251
1
255,251
9,716
0,052
pH (L)
5,371
1
5,371
0,204
0,681
pH (Q)
1129,683
1
1129,683
43,000
0,007
VAZÃO x pH
15,348
1
15,348
0,584
0,500
FALTA DE AJUSTE
267,492
3
89,164
3,393
0,171
ERRO PURO
78,814
3
26,271
57
TOTAL
1620,560
11
De acordo com os dados da análise, os fatores quadráticos foram significativos tanto
para a vazão (V) quanto para o pH, contudo os termos lineares não apresentaram efeito
significativo, bem como os efeitos de interação. A falta de ajuste foi não significativa, indicando
que o modelo quadrático descreve bem o comportamento do sistema. A Figura da superfície foi
obtida a partir da equação de regressão (Equação 5).
% REMOÇÃO = 81,579 - 6,341 V
2
-13,341 pH
2
(Equação 5)
O coeficiente de determinação (R
2
) obtido foi de
88,76% representa a variação total das
respostas (variável dependente), que é explicada pela regressão. Então, quanto mais este valor
se aproxima de 100%, melhor o modelo explica o processo.
Figura 11.1. Superfície de resposta: Mostrando o comportamento de remoção de corante DR80, em da função da
vazão (mL min
-1
) e do pH.
Figura 11.2. Curva de contorno para a porcentagem de remoção de corante DR80.
80% de remoção
60 % de remoção
40 % de remoção
20% de remoção
0 % de remoção
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
VAZÃO (mL min
-1
)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
pH
SUPERFÍCIE DE RESPOSTA
80% de remoção
60% de remoção
40% de remoção
20% de remoção
0 % de remoção
58
As condições do processo que maximizam a porcentagem de remoção foram obtidas
através da análise de variância (ANOVA), juntamente com a análise da superfície de resposta
(Figura 11.1), e da curva de contorno (Figura 11.2).
De acordo com a superfície plotada e a curva de nível, foi possível descobrir os valores
ótimos para o processo de remoção do corante DR80, utilizando uma coluna de vidro preenchida
com espumas de poliuretano como adsorvente. O nível zero (Tabela 7) foi considerando como
valor ótimo, tanto para a variável força iônica, quanto para o pH, sendo que a máxima
porcentagem de remoção observada para o corante DR80 ficou em torno de 81%.
Tabela 7. Valores ótimos encontrados de acordo com a superfície de resposta
VARIÁVEL
NÍVEL
0
Vazão mL min
-1
5,0
pH
3,5
A Análise de Regressão foi realizada também para o estudo de remoção do corante
RB21 como é evidenciado na Tabela 8.
Tabela 8. Análise de Variância (ANOVA) para a Porcentagem de Remoção do corante RB21
FATORES
SOMA DOS QUADRADOS
GL
QUADRADO MÉDIO
F
p-VALOR
VAZÃO (L)
283,486
1
283,486
15,119
0,030
VAZÃO (Q)
1148,414
1
1148,414
61,251
0,004
pH (L)
141,720
1
141,720
7,558
0,070
pH (Q)
318,545
1
318,545
16,989
0,025
VAZÃO x pH
327,546
1
327,546
17,469
0,024
FALTA DE AJUSTE
164,528
3
54,843
2,925
0,200
ERRO PURO
56,247
3
18,749
TOTAL
2251,704
11
Conforme a análise dos dados a 95% de significância (p < 0,05), constatou-se que todos
os fatores foram significativos, com exceção do termo linear referente ao pH. Observou-se
também, que a falta de ajuste foi não significativa indicando que o modelo quadrático se ajusta
aos dados experimentais.
Posteriormente a análise de variância, a superfície foi gerada a partir da equação de
regressão (Equação 6). A resposta, no caso a porcentagem de remoção do corante RB21, foi
59
obtida em função dos coeficientes de regressão significativos, e suas respectivas variáveis
codificadas.
%REMOÇÃO = 85,224 - 5,961 V- 13,451 V
2
- 7,084 pH
2
+ 9,049 pH x V (Equação 6)
O coeficiente de determinação (R
2
) obtido foi de
98,57%, significa que 98,57% da
variação das respostas de porcentagem de remoção do corante RB21 são explicadas pela
regressão.
Figura 12.1. Superfície de resposta: Mostrando o comportamento de remoção de corante RB21, em da
função da vazão (mL min
-1
) e do pH.
Figura 12.2. Curvas de contorno para a porcentagem de remoção de corante RB21.
As maiores porcentagens de remoção obtidas ficaram em torno de 85%. Além disso, foi
possível verificar nas Figuras 12.1 e 12.2, que o nível zero (Tabela 9), tanto para força iônica
80% de remoção
60% de remoção
40% de remoção
20% de remoção
0% de remoção
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
VAZÃO (mL min
-1
)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
pH
SUPERFÍCIE DE RESPOSTA
80 % de remão
60% de remoção
40% de remoção
20% de remoção
0% de remoção
60
quanto para o pH, se mostrou como o valor ótimo, sendo, portanto neste ponto verificado as
maiores porcentagens de remoção deste corante.
TABELA 9: Valores ótimos encontrados de acordo com a superfície de resposta
VARIÁVEL
NÍVEL
0
Vazão mL min
-1
5,0
pH
2,5
3.7.2.4. ADSORÇÃO COMBINADA COM COAGULAÇÃO
O tratamento combinado engloba a adsorção por espumas de poliuretano e a
coagulação utilizando o coagulante inorgânico cloreto férrico. Os corantes se mantêm em
solução aquosa devido à repulsão entre moléculas do corante com mesma carga, este fato
impede que ocorra aglomeração destas moléculas. Contudo, ao adicionarmos o coagulante
cloreto férrico, os íons Fe
3+
neutralizam as cargas negativas dos corantes, permitindo que elas
se unam formando pequenos flocos, e em contato com as espumas de poliuretano ocorre à
formação de flóculos maiores por adsorção a superfície do adsorvente. Os ensaios são
realizados em meio ácido, sendo assim as espumas apresentam uma superfície positiva, pois o
valor de pH do meio é menor que o valor do pcz da espuma (7,26), atraindo os pequenos flocos
de molécula do corante-Fe.
Para os experimentos de tratamento combinado apresentado na Tabela 10, referente ao
Planejamento Fatorial 2
2
, Composto Central, foram obtidos resultados, expressos em
porcentagem de remoção dos corantes DR80 e RB21 (parâmetro resposta).
Tabela 10. Resultados obtidos para os experimentos de tratamento combinado
do Planejamento 2
2
Composto Central para os corantes DR80 e RB21
ENSAIO
VARIÁVEIS CODIFICADAS
%REMOÇÃO
DR 80
% REMOÇÃO
RB 21
X1
X2
1
-1
-1
99,994
99,955
2
1
-1
99,946
99,932
3
-1
1
99,994
99,977
4
1
1
99,961
99,933
5
-1,41
0
99,921
99,978
6
1,41
0
99,994
99,924
61
7
0
-1,41
99,991
99,870
8
0
1,41
99,967
99,960
9
0
0
99,990
99,983
10
0
0
99,989
99,9820
11
0
0
99,986
99,973
12
0
0
99,990
99,978
Com auxílio do software Statistica 7.0, os dados experimentais referentes à porcentagem
de remoção do corante DR80 foram processados para estimar os efeitos de cada variável e suas
combinações através da análise de variância.
Tabela 11. Análise de Variância (ANOVA) para a Porcentagem de Remoção do corante DR80
FATORES
SOMA DOS
QUADRADOS
G L
QUADRADO MÉDIO
F
p-VALOR
[FeCl
3
] (L)
0,000060
1
0,000060
22,092
0,018
[FeCl
3
] (Q)
0,001303
1
0,001303
477,374
0,000
pH (L)
0,000037
1
0,000037
13,487
0,034
pH (Q)
0,000073
1
0,000073
26,682
0,014
[FeCl
3
] X pH
0,000056
1
0,000056
20,610
0,020
FALTA DE AJUSTE
0,004613
3
0,001538
563,474
0,000
ERRO PURO
0,000008
3
0,000003
TOTAL
0,006080
11
Os dados foram analisados a 95% de significância (p < 0,05), sendo verificado que os
fatores em termos quadráticos e lineares apresentaram valores significativos. A falta de ajuste
apresentou valor significativo mostrando que o modelo não descreve com muita precisão o
comportamento do sistema. Este fato pode ser explicado, devido à subestimação do erro puro ou
porque próximo do valor ótimo não há variação na resposta, sendo assim, o melhor modelo seria
o linear. A falta de ajuste para este tipo de otimização não é muito importante, visto que, objetiva-
se encontrar uma região de maiores respostas e não um único ponto.
A superfície de resposta e as curva de nível foram confeccionadas depois da realização
da análise de variância, a partir da Equação 7, na qual a resposta refere-se à porcentagem de
remoção do corante DR80 a 95% de significância pode ser representada por:
% REMOÇÃO = 99,988 + 0,002 [FeCl
3
] -0,014 [FeCl
3
]
2
- 0,002 pH -0,003 pH
2
+ 0,003 [FeCl
3
] x pH (Equação 7)
62
Figura 13.1. Superfície de resposta ilustrando o comportamento da remoção de corante DR80, em função da [FeCl
3
]
e do pH.
Figura 13.2. Curvas de contorno para a porcentagem de remoção de corante DR80.
A combinação de tratamentos mostrou-se eficiente, tendo alcançado 99,99% na região
ótimae em média a remoção dos ensaios ficou acima de 99%. Além disso, foi possível verificar
nas Figuras 13.1e 13.2, que o nível zero (Tabela 12), tanto para a concentração de cloreto
férrico, quanto para o pH, se mostrou como o valor ótimo, sendo, portanto neste ponto verificado
as maiores porcentagens de remoção deste corante.
Tabela 12. Valores ótimos encontrados de acordo com a superfície de resposta
VARIÁVEL
NÍVEL
0
[FeCl
3
] (mol L
-1
)
7X10
-4
pH
3,5
99,98 % de remoção
99,96% de remoção
99,94% de remoção
99,92% de remoção
99,9 % de remoção
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
[FeCl
3
]
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
pH
SUPERFÍCIE DE RESPOSTA
99,98% de remão
99,96 % de remoção
99,94 % de remoção
99,92% de remão
99,9 % de remoção
63
Foi realizada a análise estatística dos dados experimentais referentes à porcentagem de
remoção do corante RB21 como mostrado na Tabela 13.
Tabela 13. Análise Variância (ANOVA) para a Porcentagem de Remoção do o corante RB21
FATORES
SOMA DOS
QUADRADOS
G L
QUADRADO MÉDIO
F
p-VALOR
[FeCl
3
] (L)
0,002561
1
0,002561
123,939
0,001
[FeCl
3
] (Q)
0,000607
1
0,000607
29,359
0,012
pH (L)
0,002798
1
0,002798
135,405
0,001
pH (Q)
0,004980
1
0,004980
240,961
0,0005
[FeCl
3
] X pH
0,000105
1
0,000105
5,083
0,109
FALTA DE AJUSTE
0,001930
3
0,000643
31,126
0,009
ERRO PURO
0,000062
3
0,000021
TOTAL
0,012556
11
A análise estatística foi realizada a 95% de significância (p < 0,05), e verificou-se que
todos os fatores apresentaram valores significativos, contudo à interação entre força iônica e a
concentração de cloreto férrico não apresentou significância. Além disso, observou-se que a falta
de ajuste foi significativa indicando que o modelo quadrático não descreve o comportamento do
sistema com muita precisão, apesar do fator de determinação R
2
ter sido elevado em torno de
88,01%.
A superfície de resposta foi colocada em gráfico a partir da Equação 8, que fornece a
estimativa da resposta em % de remoção em função [FeCl
3
] e do pH (Figura 14.1).
%REMOÇÃO = 99,978 - 0,017[FeCl
3
] - 0,009 [FeCl
3
]
2
+ 0,018pH - 0,028 pH
2
(Equação 8)
SUPERFÍCIE DE RESPOSTA
99,98% de remoção
99,94 % de remoção
99,9% de remoção
99,86% de remoção
99,82% de remoção
99,78% de remoção
64
Figura 14.1. Superfície de para a porcentagem de remoção de corante RB21 em função da [FeCl
3
] e do pH.
Figura 14.2. Curva de contorno para a porcentagem de remoção de corante RB21.
A remoção do corante RB21 foi superior a 99%, e foi possível verificar a partir da análise
das Figuras 14.1 e 14.2, que o nível zero (Tabela 14), se mostrou como o valor ótimo para duas
variáveis independentes. Sendo na região próxima a este ponto, verificadas as maiores
porcentagens de remoção deste corante.
Tabela 14. Valores ótimos encontrados de acordo com a superfície de resposta
VARIÁVEL
NÍVEL
0
[FeCl
3
] (mol L
-1
)
7X10
-4
pH
3,5
3.7.2.5. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL
Foi possível, nas condições utilizadas conforme descrito anteriormente no item 2.6,
alcançar uma recuperação de 70% do corante RB21 e 94% para o corante DR80. Para o corante
azul a recuperação foi menor do que se espera, este fato se deve a complexidade da matriz do
efluente, que pode conter algum interferente que afetou no processo de adsorção deste corante.
99,98% de remoção
99,94% de remoção
99,9 % de remoção
99,86% de remoção
99,82% de remoção
99,78 % de remoção
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
[FeCl
3
]
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
pH
99,98% de remoção
99,94% de remoção
99,9 % de remão
99,86% de remoção
99,82% de remoção
99,78 % de remoção
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
[FeCl
3
]
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
pH
65
CAPÍTULO 4
66
4. REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS POR ADSORÇÃO UTILIZANDO RESÍDUOS DE
SEMENTES DE Mabea fistulifera Mart. COMO ADSORVENTE
4.1. RESUMO
A remoção de corantes presentes em efluentes industriais tem recebido enorme atenção
nos últimos anos. A adsorção é um dos tratamentos mais empregados na extração destes
contaminantes. Várias, pesquisas vêm sendo direcionadas para o uso de adsorventes
alternativos, em virtude do alto custo de alguns adsorventes convencionais. Este trabalho tem
como meta investigar a aplicação do resíduo de casca de Mabea fistulifera Mart como um
adsorvente alternativo para remoção do corante Reactive Blue 21 e Direct Red 80, presentes em
efluentes têxteis. Os estudos foram conduzidos em batelada, buscando as melhores condições
para a remoção destes corantes, neste sentido, foram realizados ensaios cinéticos, influência do
pH no processo de adsorção, e ensaios adsortivos. Os modelos de Langmuir e Freundlich foram
ajustados aos dados experimentais, sendo que o modelo de Langmuir descreve com maior
fidelidade o comportamento do sistema sortivo, apresentando maior ajuste. Por meio da Isoterma
de Langmuir, foi possível obter a capacidade máxima de adsorção dos corantes DR80 e RB21
por resíduos de semente de Mabea sendo encontrados os valores de 4,91 mg g
-1
e 11,13 mg g
-1
,
respectivamente.
4.2. INTRODUÇÃO
A indústria vem gerando, durante décadas, milhões de toneladas de corantes. Mais de
700 mil toneladas de 10 mil tipos de corantes e pigmentos são produzidos anualmente no
mundo. No entanto, estima-se que 15% da produção mundial de corantes é perdida para o
ambiente durante a síntese, processamento ou aplicação destes. Isto é alarmante,
considerando-se que essa perda representa um lançamento de 1,2 toneladas por dia desta
classe de compostos para o meio ambiente. A principal fonte desta perda corresponde à
incompleta fixação dos corantes (10-20% do corante o se fixa à fibra) durante a etapa de
tingimento das fibras têxteis (GUARATINI & ZANONI, 2000).
Se não forem tratados adequadamente antes de lançados em águas naturais, os
efluentes provenientes da indústria de corantes ou de processos envolvendo tintura têxtil podem
modificar o ecossistema ou atingir a saúde da população. Alguns corantes utilizados durante a
etapa de tintura da fibra, como os p-metalizados, chegam a liberar substâncias tóxicas (altas
67
concentrações de metais pesados). Outros podem ser acumulados por plantas expostas a
efluentes da indústria têxtil e conseqüentemente passar para a cadeia alimentar, contaminando
outros organismos (ZANONI & CARNEIRO, 2001).
De maneira geral, o processo mais comum utilizado na remoção de corantes dos efluentes
industriais é a adsorção. Sua maior aplicação industrial está associada ao baixo custo e
elevadas taxas de remoção. Além disto, em alguns casos, por não se tratar de um método
destrutivo, possibilita a recuperação do corante sem perda de sua identidade química.
Atualmente o material que apresenta maior capacidade de adsorção, sendo amplamente
utilizado para o tratamento de efluentes, é o carvão ativado.
Entretanto, devido às perdas durante o processo de recuperação do adsorvente, sua
utilização torna-se onerosa. Além disso, em função de sua superfície ser quimicamente positiva,
a adsorção de corantes de caráter catiônico é limitada (KUNZ et. al, 2002). Neste sentido, existe
um crescente interesse pela busca de materiais alternativos de baixo custo que possam ser
utilizados em substituição ao carvão ativado como adsorventes para a eliminação de corantes
têxteis.
Um exemplo desta classe de adsorventes alternativos é o resíduo de semente de Mabea
fistulifera Mart. A Mabea pertence à família Euphorbiaceae, é uma planta nativa amplamente
encontrada no Cerrado e em áreas de transição para Mata Estacional Semidecidual, nos estados
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. É popularmente conhecida como canudo-de-pito,
sendo considerada uma planta de pequeno porte, com em média 7 metros de altura (LORENZI,
1992).
Este trabalho visa estudar a eficiência de resíduos de semente de Mabea fistulifera Mart
na remoção de corantes presentes em efluentes têxteis, bem como verificar a influência de
diferentes parâmetros no processo de remoção da cor.
4.3. MATERIAL E MÉTODOS
4.3.1. PREPARO DA SOLUÇÃO ESTOQUE DE CORANTES
Os Corantes Reactive Blue 21 (RB21) e Direct Red 80 (DR80) foram cedidos pela
Companhia Industrial Itabira do Campo (Itabirito, MG). As soluções estoque de cada um dos
corantes conforme o item 3.3.1 citado no capítulo 3.
4.3.2. PREPARO DO ADSORVENTE
68
Os resíduos das sementes de canudo-de-Pito foram lavados com água destilada.
Posteriormente, foram secos em estufa, e peneirados com peneira de 65 mesh (de acordo com
item 2.1.2., capítulo 2).
4.3.3. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA
4.3.3.1. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO
O ensaio para verificação da influência do pH foi realizado em triplicata para cada valor,
sendo que a faixa de pH monitorada variou de 2,0 a 9,0. O procedimento é o mesmo citado no
capítulo 3, item 3.4.1. Os ensaios foram realizados utilizando tubos de centrífuga, sendo que as
determinações quantitativas do corante remanescente no sobrenadante em todos os ensaios
foram realizadas através de medidas de espectrometria de absorção UV/Vis.
4.3.3.2. ENSAIO CINÉTICO DE ADSORÇÃO
O ensaio cinético de adsorção foi realizado em pH ótimo de adsorção, a temperatura
ambiente. O estudo foi conduzido em recipiente de 250 mL devidamente fechado, sendo
adicionados, 0,800 g de resíduos da semente de Mabea e 150 mL da solução dos corantes com
concentração 30 mg L
-1
.
Em intervalos pré-determinados de tempo, foram coletadas alíquotas de 1,00 mL com
utilização de uma seringa de vidro, sendo subsequentemente filtradas com auxílio de um filtro
de polietileno contendo uma membrana Durapore 0,45 μ de poro, 13 mm de diâmetro acoplado a
seringa. As leituras das absorvâncias referentes às concentrações dos corantes foram
determinadas em espectrofotômetro UV/Vis.
4.3.3.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
Os ensaios de adsorção foram conduzidos a temperatura ambiente e em pH ótimo de
adsorção, sendo adicionados 0,080g de adsorvente em tubos de centrífuga, e 15,00 mL de
solução dos corantes em diferentes concentrações, conforme o procedimento citado no capítulo
3, item 3.4.3.
69
As isotermas foram obtidas a partir dos dados experimentais, sendo a variação da
concentração do soluto adsorvido na fase sólida em função da concentração de equilíbrio na
fase fluida, estes dados foram ajustados pelos modelos de Langmuir e Freundlich.
4.3.4. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL
O procedimento é o mesmo descrito no capítulo 3, item 3.6, sendo que os ensaios foram
realizados em tubos de centrífuga. Subsequentemente, o efluente de cada tubo foi fortificado
com solução de corante, e o pH foi devidamente corrigido para 2 (valor ótimo) para ambos os
corantes (DR80 e RB21). As concentrações das soluções de corante remanescente são
determinadas pelas leituras da absorbância em espectrofotômetro.
4.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.4.1. ENSAIOS ADSORTIVOS EM BATELADA
4.4.1.1. INFLUÊNCIA DO pH NA ADSORÇÃO
Foi investigada a influência do pH na adsorção dos corantes, por resíduos de sementes
de Mabea fistulifera Mart, os resultados deste estudo são ilustrados nos gráficos 1A e 1B. A
máxima adsorção referente aos corantes Direct Red80 e Reactive Blue 21, é observada em pH
próximo de 2, para ambos. Contudo, em valores de pH superiores a 2, verifica-se uma
diminuição acentuada na adsorção dos corantes.
O meio ácido favorece a adsorção de ambos os corantes por resíduos de sementes de
Mabea. Este fato é explicado, pois o pH ótimo de adsorção de cada corante em meio aquoso é
mais baixo se comparado ao valor de pcz da semente igual a 4,73; contribuindo por tanto, para o
surgimento de cargas positivas na superfície deste adsorvente. A superfície do resíduo de
semente carregada positivamente irá interagir com as moléculas dos corantes que se
apresentam com cargas negativas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
2
4
6
8
10
B
qe (mg/g)
pH
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
2
3
4
A
pH
qe (mg/g)
70
Figura 1. Variação da adsorção do corante por resíduos de sementes de Mabea em função da variação de
pH; (A) Direct Red 80; (B) Reactive Blue 21(C
i
= 30 mg L
-1
; tempo de agitação = 540 min; 0,080 g de
adsorvente, 25
0
C).
4.4.1.2. ENSAIOS CINÉTICOS DE ADSORÇÃO
A análise de cada alíquota retirada e seu respectivo intervalo de tempo possibilita a
construção da curva cinética (concentração X tempo) e, conseqüentemente, a determinação do
tempo de equilíbrio de adsorção.
Figura 2. Variação da adsorção do corante por resíduos de sementes de Mabea em função da variação de
tempo; (A) Direct Red 80; (B) Reactive Blue 21(C
i
= 30 mg L
-1
; tempo de agitação = 420 min; 0,080 g de
adsorvente, 25
0
C).
Pode-se destacar, nas Figuras 2A e 2B as curvas cinéticas de adsorção para ambos os
corantes em função do tempo. Verifica-se que a adsorção é inicialmente mais rápida e com o
passar do tempo fica evidente um aumento da quantidade absorvida de adsorvato, até o
momento em que o equilíbrio é antigido. A partir de então, não é observado mais variação da
quantidade adsorvida de cada corante em função do tempo. Para DR80, o equilíbrio é observado
aos 300 minutos de agitação, e aos 120 minutos para o RB21, sendo que o tempo de equilíbrio
para cada corante foi fixado para os ensaios de adsorção.
4.4.1.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
2
4
6
8
10
B
qe (mg/g)
tempo (min)
0 100 200 300 400 500
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
A
qe (mg/g)
Tempo (min)
71
Estudos de adsorção dos corantes são realizados utilizando-se a técnica em batelada. A
partir dos dados experimentais, foi possível obter as isotermas que mostram a variação de qe
(mg g
-1
) em função de Ce (mg L
-1
) foram ajustadas modelos de Langmuir e Freundlich e os
parâmetros encontrados para as isotermas estão apresentados na Tabela 1.
As isotermas obtidas mostraram a formação de um patamar bem definido à medida que
a concentração aumenta. Sendo que, as isotermas para ambos os corantes ajustadas pelo
modelo de Langmuir (Figura 3), apresentaram maior coeficiente de determinação (>0,98)
quando comparadas às isotermas ajustadas pelo modelo de Freundlich.
A capacidade máxima de adsorção foi estimada pelo modelo de langmuir, sendo de 4,91
mg g
-1
para o corante DR80, e de 11,13 mg g
-1
para o corante RB21. Para ambos os corantes, o
processo de adsorção se mostrou favorável, que para o corante DR80, o valor de RL variou
entre 0,14 e 0,82 e para o RB21 o valor de RL variou entre 0,21 e 0,87. De acordo com
RUTHVEN (1985), o valor de RL pode variar entre 0<RL<1, isto significa dizer que a adsorção é
favorável.
A partir das isotermas ajustadas pelo modelo Freundlich (Figura 4), foi possível obter os
valores da constante de Freundlich (n) para o corante DR80 é 2,42 e para o corante RB21 é
1,96, podendo variar entre 1 e 10, representando condições de adsorção favorável segundo
SOARES (1998).
Figura 3. Ajuste da isoterma de Langmuir aos dados da adsorção (A) Direct Red 80, pH = 2, (B) Reactive Blue
21, pH = 2
0 20 40 60 80 100 120 140
0
1
2
3
4
5
6
7
8
B
Qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140
0
1
2
3
4
5
6
7
8
B
qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
A
qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
A
qe (mg g
-1
)
Ce (mg L
-1
)
72
Figura 4. Ajuste da isoterma de Freundlich aos dados da adsorção (A) Direct Red 80, pH=2; (B) Reactive Blue
21; pH=2
Tabela 1. Parâmetros ajustados a partir dos modelos de Langmuir e Freundlich, para ambos os corantes,
usando resíduos de casca de resíduo adsorvente.
Corante
Langmuir
Freundlich
Q
máx
(mg g
-1
)
K
L
R
2
K
f
n
R
2
DR80
4,92± 0,27
0,03 ± 0,00
0,9812
0,53 ± 0,08
2,42 ± 0,03
0,9794
RB21
11,13 ± 0,73
0,02 ± 0,00
0,9895
0,68 ± 0,18
1,96 ± 0,05
0,9621
Os resíduos de semente de Mabea empregados na remoção dos corantes DR80 e RB21
(Figura 5), nos ensaios em batelada, mostraram-se bem efetivos. Sendo que a porcentagem de
remoção para ambos os corantes foi em média de 90%.
Figura 5. Ensaio em batelada (A) solução de 30 mg L
-1
de DR80 em pH=2 e tempo de agitação de 300 min, (B)
solução de 30 mg L
-1
de RB 21 em pH=2 e tempo de de 120 min.
4.4.1.4. ENSAIOS ADSORTIVOS EM AMOSTRAS DE EFLUENTE TÊXTIL
Com o intuito de testar a possibilidade de aplicação da cnica desenvolvida neste
trabalho em amostras reais de efluentes industriais, um experimento foi realizado pela utilização
do procedimento estabelecido para a remoção de DR80 e RB21 de um efluente fortificado com
os corantes. Tal teste foi realizado individualmente para cada corante estudado.
As condições experimentais empregadas foram àquelas estabelecidas ao longo do
desenvolvimento do trabalho, sendo possível, alcançar uma recuperação de 74% do corante
RB21 e 95% para o corante DR80. Para o corante azul a recuperação foi menor do que se
espera, este fato se deve a complexidade da matriz do efluente.
A
B
73
CAPÍTULO 5
74
5. CONCLUSÕES GERAIS E PERSPECTIVAS TRABALHOS FUTUROS
O tratamento utilizando espumas de poliuretano se mostrou eficiente na remoção de
corantes, atingindo percentagens de remoção acima de 80% para os tratamentos em leito fixo.
O meio ácido favoreceu a adsorção dos corantes por espumas de poliuretano, sendo
que os valores de pH = 2 para o corante Reactive Blue 21 e pH= 4 para o corante Direct Red 80
foram os que apresentaram maior eficiência do processo de adsorção. Através da isoterma de
Langmuir foi possível estimar a capacidade máxima de adsorção para os corantes Direct Red 80
e Reactive Blue 21 em EPUs , sendo encontrados os valores de 4,50 e 8,31 mg g
-1
( em pH
ajustado), respectivamente.
O tratamento combinado adsorção-coagulação também mostrou alta eficiência
apresentando percentagens de remoção próximas de 100%.
O processo de adsorção apresenta a vantagem de não ser destrutivo, portanto pode-se
tanto recuperar o adsorvente quanto o corante através da dessorção. Neste trabalho foi possível
recuperar 100% do corante Direct Red 80 utilizando solução de NaOH 0,1 mol L
-1
.
Para os resíduos de semente de casca de Mabea, a adsorção também foi facilitada em
meio ácido, sendo que em pH=2 a remoção foi mais efetiva para ambos os corantes. Com
relação, a capacidade máxima de adsorção para os corantes Direct Red 80 e Reactive Blue 21
em resíduos de sementes, os valores encontrados foram de 4,91 e 11,13 mg g
-1
(em pH
ajustado), respectivamente.
Ambos os adsorventes foram empregados em amostras de efluentes fortificados com
solução dos corantes. Quando empregou-se EPUs, a recuperação para o corante RB21 atingiu
percentagens de 70% e para o corante DR80 de 94%, quando utilizou-se os resíduos de
semente, a recuperação do corante RB21 foi em torno de 74% e do corante DR80 foi de 95% .
Os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram o elevado potencial adsortivo, tanto
dos resíduos de semente de Mabea fistulifera Mart quanto das espumas de poliuretano, para a
remoção de corantes têxteis em solução aquosa, sendo assim estes adsorventes, podem vir a
ser utilizados na remoção destes contaminantes orgânicos em efluentes têxteis.
Os resíduos das sementes apresentaram maior percentual de recuperação dos corantes
no efluente testado, além disso, a capacidade máxima deste adsorvente foi superior à
capacidade apresentada pelas espumas de poliuretano para ambos os corantes.
75
A aplicação destes adsorventes alternativos na adsorção de espécies químicas tem como
principais vantagens; a alta taxa de remoção, baixo custo, além de não ocasionar nenhum tipo
de impacto ao meio ambiente, já que a extração não é feita com solvente tóxico.
Sugere-se para o desenvolvimento de trabalhos futuros, um estudo do processo de
dessorção, visando obter as melhores condições de operação e também da utilização dos
resíduos de semente de Mabea em coluna de leito fixo, pois neste trabalho, todos os
experimentos envolvendo este adsorvente foram realizados em batelada. Também, como
proposta futura, sugere-se sintetizar e caracterizar espumas de poliuretanas flexíveis, utilizando-
se um poliol obtido a partir da modificação química de óleo de Mabea fistulifera Mart. e
posteriormente utilizá-las como adsorvente na remoção de contaminantes presentes em
efluentes têxteis, e comparar a remoção das espumas biodegradáveis com a remoção das
espumas sintéticas que foram realizadas neste trabalho.
76
CAPÍTULO 6
77
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Dissertação (Mestrado em Engenharia Química), Universidade Federal do Rio Grande
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