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natural; liquida, denominada óleo cru e uma fase sólida; ou semi-sólida conhecida como
asfalto. A fase liquida é formada por uma complexa mistura de compostos orgânicos,
75% dos quais são hidrocarbonetos (Brauner et al., 1999). Quimicamente é possível
distinguir estes compostos em dois grupos: alcanos, de cadeia longa, e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos (PAHs) e alifáticos, como benzeno, tolueno e quantidades
significantes de enxofre, vanádio, nitrogênio e níquel. Os PAHs são voláteis e embora
estejam presentes em pequenas concentrações são tidos como os mais perigosos para
o ambiente (Val & Almeida-Val, 1999b; Brauner et al., 1999). Por outro lado, os
hidrocarbonetos de cadeia longa podem persistir no ambiente aquático por longos
períodos de tempo.
Quando ocorre um derramamento de petróleo, em um ambiente aquático, um
elevado número de reações acontece, tais como: fotólise, espalhamento, evaporação,
dispersão, emulsificação, biodegradação, dissolução, oxidação e sedimentação. Os
compostos primários e secundários, que se formam através destas reações, reagem
diretamente com o ambiente aquático causando efeitos fisiológicos e toxicológicos nos
organismos e indiretamente afetando os seus habitats (Val & Almeida-Val, 1999b).
Devido à sua pouca solubilidade, o petróleo cria uma barreira física de caráter
viscoso entre a superfície da água e o ar, limitando a penetração da luz na coluna de
água e, conseqüentemente, diminuindo a quantidade de oxigênio disponível.
Em caso de derramamento, a degradação do petróleo ocorre naturalmente por
meio de processos físico-químicos envolvendo oxidação e processos biológicos levados
a cabo por microorganismos aquáticos. No entanto, para que a degradação ocorra
completamente, este processo pode demorar, em casos extremos, até 20 anos. Mas
mesmo que a recuperação do ambiente marinho ocorra em poucos anos, a estrutura
das comunidades é profundamente modificada exigindo um tempo longo de
recuperação, ou podendo nunca recuperar a sua estrutura inicial (Depledge, 1999;
Kingston, 2002). Estudos realizados no Peru mostram que o impacto fisiológico deste
tipo de contaminante resultou em alterações ecológicas profundas levando à extinção
de muitas espécies de peixes (Maco, 1996).