87
Stránský sempre assinalou o papel da axiologia para a Museologia.
256
No
entanto, na obra analisada de 2005, a alteração de perspectiva do objeto, seja qual for
a acepção escolhida, se dá pela presença do valor em sua definição.
Tratando de valores com relação à realidade, não importa o conhecimento da
realidade em si, mas se estudar a identidade da representação (os representantes) de
valores culturais,
257
a musealidade. Já a musealizaçao enquanto processo é motivado
pelo valor de musealidade, constantes naqueles representantes cujo valor “é
conectado com seu acordo ôntico
258
com o fenômeno, que está representando”.
259
“[...] o nascimento do fenômeno [do museu] sempre é motivado pela relação de
valores entre Homem e realidade”.
260
Em outras palavras do autor, a “[...]
musealização da realidade. Quer dizer, pelo que determina que alguma coisa tem e
outra não tem valor para com o Homem e a sociedade, aquele dito valor museológico,
quer dizer valor de cultura e de memória. Somente com este ponto de vista podemos
avaliar os instrumentos com os quais pode ser realizado o conhecimento de maneira
mais efetiva”.
261
Na metodologia da Museologia, conforme compreendida por Stránský, o valor
também domina o texto, ali destacado e, neste âmbito, fundamental.
256
Ibidem, p. 108.
257
STRÁNSKÝ, Zbynek Z. Archeologie a muzeologie. Op. Cit., p. 114.
258
“O filósofo alemão Heidegger propõe distinguir duas palavras: ôntico e ontológico. Ôntico se refere à
estrutura e à essência própria de um ente, aquilo que ele é em si mesmo, sua identidade, sua diferença
em face de outros entes, suas relações com outros entes. Ontológico se refere ao estudo filosófico dos
entes, à investigação dos conceitos que nos permitam conhecer e determinar pelo pensamento em que
consistem as modalidades ônticas, quais os métodos adequados para o estudo de cada uma delas, quais
as categorias que se aplicam a cada uma delas. Em resumo: ôntico diz respeito aos entes em sua
existência própria; ontológico diz respeito aos entes tomados como objetos de conhecimento. Como
existem diferentes esferas ou regiões ônticas, existirão ontologias regionais que se ocupam com cada
uma delas. Em nossa experiência cotidiana, distinguimos espontaneamente cinco grandes estruturas
ônticas: 1. os entes materiais naturais que chamamos de coisas reais (frutas, árvores, pedras, rios,
estrelas, areia, o Sol, a Lua, metais, etc.); 2. os entes materiais artificiais a que também chamamos de
coisas reais (nossa casa, mesas, cadeiras, automóveis, telefone, computador, lâmpadas, chuveiro,
roupas, calçados, pratos, talheres, etc.); 3. os entes ideais, isto é, aqueles que não são coisas materiais,
mas idéias gerais, concebidas pelo pensamento lógico, matemático, científico, filosófico e aos quais
damos o nome de idealidades (igualdade, diferença, número, raiz quadrada, círculo, conjunto, classe,
função, variável, freqüência, animal, vegetal, mineral, físico, psíquico, matéria, energia, etc.); 4. os entes
que podem ser valorizados positiva ou negativamente e aos quais damos o nome de valores (beleza,
feiúra, vício, virtude, raro, comum, bom, mau, justo, injusto, difícil, fácil, possível, impossível, verdadeiro,
falso, desejável, indesejável, etc.); 5. os entes que pertencem a uma realidade diferente daquela a que
pertencem as coisas, as idealidades e os valores e aos quais damos o nome de metafísicos (a divindade
ou o absoluto; a identidade e a alteridade; o mundo como unidade, a relação e diferenciação de todos os
entes ou de todas as estruturas ônticas, etc.)”. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática,
2000. Disponível em: <HTTP://br.geocities.com/ncrost02/convite_a_filosofia_30.htm>. Acesso em: 20 fev.
2008. (Grifo do autor).
259
STRÁNSKÝ, op. cit., p.113.
260
Ibidem, p. 111 [Grifo do autor].
261
Ibidem, loc. cit. [Grifo do autor].