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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
EDSON ANDRADE DOS REIS
ANÁLISE DA VIABILIDADE DA FORMAÇÃO DE UMA REDE ASSOCIATIVA DE
COMPRAS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA PARA MICRO E PEQUENAS
INDÚSTRIAS METAL-MECÂNICAS DA REGIÃO DE JARAGUÁ DO SUL (SC)
BLUMENAU
2009
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EDSON ANDRADE DOS REIS
ANÁLISE DA VIABILIDADE DA FORMAÇÃO DE UMA REDE ASSOCIATIVA DE
COMPRAS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA PARA MICRO E PEQUENAS
INDÚSTRIAS METAL-MECÂNICAS DA REGIÃO DE JARAGUÁ DO SUL (SC)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração do Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Regional de
Blumenau, como requisito parcial para a obtenção do
grau de mestre em Administração.
Prof. Carlos Alberto Cioce Sampaio, Dr. – Orientador
Prof. rson Tontini , Dr. – Co-Orientador
BLUMENAU
2009
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ANÁLISE DA VIABILIDADE DA FORMAÇÃO DE UMA REDE ASSOCIATIVA DE
COMPRAS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA PARA MICRO E PEQUENAS
INDÚSTRIAS METAL-MECÂNICAS DA REGIÃO DE JARAGUÁ DO SUL (SC)
Por
EDSON ANDRADE DOS REIS
Dissertação aprovada para obtenção do tulo
de Mestre no Programa de s-Graduação em
Administração PPGAd, pela Banca
examinadora formada por:
___________________________________________________________________________
Presidente: Carlos Cioce Sampaio, Dr., - Orientador, FURB
___________________________________________________________________________
Membro: Hans Mihael van Bellen, Dr., UFSC
___________________________________________________________________________
Membro: Prof. Gérson Tontini, Dr., FURB
___________________________________________________________________________
Coordenadora do PPGAd: Profa. Maria José Carvalho de Souza Domingues, Dra., FURB
Blumenau, abril de 2009.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela proteção, luz e orientação nesta caminhada.
A minha família, que mesmo distante sempre está comigo. Em especial, a meu pai
Flory José dos Reis e minha mãe Maria Aparecida Andrade dos Reis, por formar minha
primeira e mais bia escola. A meus irmãos Marilene, Mauro, Marga, Rose e Everson, pelo
forte elo que sempre teremos.
Aos mestres da minha graduação, os professores do curso de Engenharia Mecânica
do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria, pelo profissionalismo de
cada um, que neste momento oportuno quero ratificar.
Aos amigos desbravadores da terra que me acolheu - Jaraguá do Sul - Jeferson R. F.
dos Santos e sua esposa Adriana Santos, pela força e amizade sempre presente.
Aos amigos que trabalharam e trabalham comigo na Menegotti, Indumak, Fatej,
Anhanguera Educacional e Frutos da Serra pela amizade, aprendizado e conquistas
profissionais e pessoais, em especial, in memória, a Eduardo Horn, pelo aconselhamento da
viabilidade desta pesquisa e pelo ensinamento de vida.
A minha família de Jaraguá do Sul - que tem como pilares Ismário e Teresa - pelo
amparo e carinho com os quais me acolheram,
Aos professores do PPGA da FURB, pela construção e compartilhamento dos
conhecimentos, em especial, aos professores Carlos Alberto Cioce Sampaio pela orientação e
amizade, ao professor Gerson Tontini pela orientação, à professora Maria José Carvalho de
Souza Domingues pelo exemplo de profissional, e a todos os excelentes professores do
Programa, do qual a honra de ser aluno.
Aos colegas que compartilharam comigo momentos inesquecíveis da vida
acadêmica, em especial, aos colegas Inocenti, Rafael e Jean, pelo companheirismo
demonstrado no decorrer do curso.
Em especial a minha amada esposa Juliane Bauer dos Reis pelo incentivo e
compreensão nos dias e madrugadas em que estive ausente e pelo amor compartilhado entre
nós.
Ao meu filho Felipe Lucas, que me presenteou com sua chegada. no dia dos pais,
após uma dura noite de trabalho, na qual eu, Rodrigo e Ronaldo terminamos um artigo para o
mestrado.
Aos amigos, professores e funcionários da Anhanguera/Fatej, e à professora
Alexandra pelo estimulo manifestado.
Aos respondentes da pesquisa, supermercadistas da ASSUVALI, diretoria da Central
de compras da SINDIMETAL e empresários da região de Jaraguá do Sul, em especial, ao
núcleo de Metal Mecânica da ACIJS.
A todos aqueles que contribuíram para que eu concluísse esta etapa de minha vida.
Dedico este trabalho à minha esposa Juliane
Bauer dos Reis e ao meu filho Felipe Lucas Bauer
dos Reis, pelo apoio, inspiração e compreensão
nesta árdua caminhada.
O dia de amanhã ninguém usou, pode ser seu.
Pagano Sobrinho
RESUMO
Atualmente, a atividade de compras é considerada como uma função estratégica de nível
superior, voltada à gestão da cadeia de suprimentos, com ênfase nos relacionamentos entre
compradores e vendedores (BOWERSOX et al., 2006). Ainda assim, muitas empresas tratam
a área de compras como mera abastecedora de insumos, principalmente, as micro e pequenas
empresas, que têm pouco poder de barganha junto aos fornecedores devido ao inexpressivo
volume de artigos a serem adquiridos. Nesse contexto, a formação de uma rede de compras
pode ser um caminho eficiente e eficaz para que essas empresas adquiram força competitiva,
pois além de reduzir os custos de aquisição da matéria-prima, o associativismo pode baratear
outros custos indiretos. Neste estudo, objetivou-se analisar a viabilidade de se propor uma
rede associativa de compras como estratégia competitiva para micro e pequenas empresas do
ramo metal-mecânico da região de Jaraguá do Sul - SC, procurando identificar requisitos
obrigatórios e impulsionadores para formação da rede. Para tanto, aplicou-se um questionário
do tipo Likert, às micro e pequenas empresas do setor metal-mecânico da região de Jaraguá
do Sul, em Santa Catarina; e a duas redes consolidadas: à Associação de Compras
Supermercadistas da Região de Blumenau, em Santa Catarina, e à Central de Negócios do
Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletnico de o
Leopoldo, no Rio Grande do Sul. O instrumento de coleta de dados integra a matriz
importância x desempenho, que analisa os pontos fortes e fracos dos fatores críticos de
sucesso, e o modelo Kano de qualidade atrativa e obrigatória de atributos para análise da
formação e desenvolvimento de redes interorganizacionais. Os resultados demonstraram que
viabilidade para formação de uma rede associativa de compras entre as empresas da região
de Jaraguá do Sul desde que se leve em conta os seguintes atributos: conhecimento de
conceitos e vantagens da nova forma de atuação, escolha adequada dos agentes responsáveis
pela negociação e consolidação do agrupamento, flexibilidade e perfil das empresas,
cooperação e colaboração, deres nos diversos níveis do agrupamento e definição do
comportamento e regras da rede.
Palavras-Chave: Competitividade. Alianças Estratégicas. Rede de Compras.
ABSTRACT
Currently, the acquisition of stuff is considered to be a powerful act of getting products, good
and service based on great strategies of supply chain. The focus of it is on the relation or the
connection between Sellers and suppliers. (BOWERSOX, et. AL., 2006). Even though, there
are many companies that have the purchase departament as a simple supply provider,
especially micro and small companies that don’t have a great power of bargaining for better
prices with companies that provide some particular products. However, the formation of a
purchase chain could be the best way for some companies to have more competitive products
or prices than others. In addition, they could reduce the cost of some materials and the
association with other companies could make some costs become low indirectly. This project
objectified the viability of having a connection with industries of the mechanical metal setor
to form a chain to help to developstrategies of negociation to get stuff and goods in Jaraguá do
Sul, Santa Catarina State Brazil. One good way to get information enought to provide this
industry association was the development of a questionary like Likert that was answered by
some micro and small companies of the mechanical metal sector of Jaraguá do Sul and two
are consolidated mechanical metal chains, one was the Super Purchase Market Association in
Blumenau in Santa Catarina and the Negociation Center of the Metallurgical, Mechanical
officers and electrical and eletronic Trade Union. The main part f the data collection is the
association between the importance and the performance. Both items analyse the positive and
the negative aspects of the operacional part of the Project and the Kano model, this one
requires some analyses of the formation and development of the inter organizational chain.
The result of the search is positive. It means that the viability of the formationof a purchase
chain association with some companies in Jaraguá do Sul exists. Of couse it depends on some
important criteria. It’s necessary to know the proceduresand advantages of a new project,
some of the criteria are to choose people who are experts in negociations, flexibility and the
interests of these companies, cooperation and contribution, leadership and high defenition of
performance and the chain rules.
Key-words: Competitiveness. Strategies. Purchase chain.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Curva “U” e estratégias competitivas genéricas ampliadas. ................................36
Figura 02 - Cadeia de valor genérica em negócios industriais...............................................42
Figura 03 - Matriz importância x desempenho......................................................................44
Figura 04 - Modelo Kano de qualidade atrativa e obrigatória................................................ 46
Figura 05 - Classificação dos atributos segundo o modelo Kano........................................... 50
Figura 06 - Adaptação do modelo Kano ao estudo da viabilidade de formação e
desenvolvimento de redes de empresas. ............................................................. 52
Figura 07 - Síntese do delineamento da pesquisa..................................................................54
Figura 08 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas da rede ASSUVALI............................................................................ 63
Figura 09 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas da rede SINDIMETAL.......................................................................64
Figura 10 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas que possuem redes em funcionamento................................................66
Figura 11 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas da região de Jaraguá do Sul................................................................. 68
Figura 12 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas com redes
associativas de compras em funcionamento, segundo o Modelo Kano................71
Figura 13 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas da Rede
Associativa de Compras da ASSUVALI, segundo o Modelo Kano. ...................72
Figura 14 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas da Rede
Associativa de Compras da SINDIMETAL, segundo o Modelo Kano................ 73
Figura 15 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas da região
de Jaraguá do sul, segundo o modelo Kano........................................................ 75
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Número de funcionários das empresas que atuam nas rede ASSUVALI.............58
Gráfico 2 - Tempo de atuação das empresas que atuam nas rede ASSUVALI. ..................... 58
Gráfico 3 - Faturamento mensal das empresas que atuam nas rede ASSUVALI. .................. 59
Gráfico 4 - Número de funcionários das empresas que atuam na rede SINDIMETAL. .........59
Gráfico 5 - Tempo de atuação das empresas que atuam na rede SINDIMETAL. .................. 60
Gráfico 6 - Faturamento mensal das empresas que atuam na rede SINDIMETAL. ............... 60
Gráfico 7 - Número de funcionários das empresas da região de Jaraguá do Sul. ...................61
Gráfico 8 - Tempo de atuação das empresas da região de Jaraguá do Sul.............................. 61
Gráfico 9 - Faturamento mensal das empresas da região de Jaraguá do Sul...........................62
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Evoluções das manifestações dos autores sobre o tema estratégia. .................... 20
Quadro 02 - Definições de estratégia segundo alguns autores............................................... 22
Quadro 03 - Estratégias genéricas, seus recursos e habilidades requeridos e requisitos
organizacionais................................................................................................ 24
Quadro 04 - Tipologias de redes associativas. ...................................................................... 37
Quadro 05 - Requisitos essenciais para o nascimento e desenvolvimento de redes de
empresas..........................................................................................................39
Quadro 06 - Conjunto de variáveis envolvendo os fatores críticas de sucesso (FCS) a serem
consideradas no processo de formação, desenvolvimento e manutenção de redes
interorganizacionais de PME’s, organizados por ordem de importância. ..........40
Quadro 07 - Condicionantes da cooperação, segundo a visão do Instituto Alemão para o
Desenvolvimento (IAD)................................................................................... 41
Quadro 08 - Comparação dos Fatores Formadores e Desenvolvedores de uma rede, entre as
empresas já atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul.........................53
Quadro 09 - Comparação dos Fatores Formadores e Desenvolvedores de uma rede, entre as
empresas já atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul.........................76
Quadro 10 - Comparação das dimensões dos fatores formadores e desenvolvedores de uma
rede, entre as empresas atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul....77
Quadro 11- Comparação da classificação, segundo modelo Kano, entre as empresas já
atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul............................................ 79
Quadro 12 - Cruzamento dos modelos matriz importância x desempenho e o modelo Kano
pela média geral dos atributos..........................................................................84
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................13
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 15
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA .................................................................................15
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
1.3.1 Objetivo Geral......................................................................................................16
1.3.2 Objetivos Específicos...........................................................................................16
1.4 PRESSUPOSTOS ................................................................................................ 16
1.5 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA................................................... 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................19
2.1 ESTRATÉGIA.....................................................................................................19
2.1.1 Estratégia Competitiva ......................................................................................... 22
2.2 A FUNÇÃO COMPRAS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA......................27
2.2.1 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos............................................................30
2.3 ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: UMA ABORDAGEM SOBRE REDES E
CLUSTERS.......................................................................................................... 32
2.3.1 Redes Interorganizacionais................................................................................... 33
2.3.2 Principais Tipologias e Classificação de Redes..................................................... 35
2.3.2.1 Cluster..................................................................................................................38
2.3.3 Requisitos Essenciais para o Nascimento e Desenvolvimento
de Redes de Empresas ..........................................................................................39
2.3.4 Redes Associativas de Compras............................................................................41
2.4 MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO E MODELO KANO.................. 44
2.4.1 Matriz Importância X Desempenho ......................................................................44
2.4.2 Modelo Kano........................................................................................................45
3 MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................48
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA..................................................................... 48
3.1.1 Adaptação do modelo kano pela média geral dos atributos de formação e
desenvolvimento de redes interorganizacionais.....................................................49
3.1.1.1 Método de Aplicação do Modelo Kano pela Média Geral de Atributos.................50
3.1.1.2 Adaptação do Modelo Kano ao Estudo da Viabilidade de Formação e
Desenvolvimento de Redes de Empresas .............................................................. 51
3.1.2 ADAPTAÇÃO DAS DIMENSÕES DOS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA O
NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE REDES DE EMPRESAS E SEUS
RESPECTIVOS ATRIBUTOS............................................................................. 52
3.1.3 Síntese o delineamento da pesquisa ...................................................................... 54
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA............................................................................... 55
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS..................................................56
3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS.................................................56
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA............................................................................56
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................57
4.1 PERFIL DAS REDES E EMPRESAS PESQUISADAS.......................................57
4.1.1 Empresas que Atuam em Rede .............................................................................57
4.1.2 Empresas da Região de Jaraguá do Sul.................................................................61
4.2 MATRIZ DE IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO DAS DIMENSÕES PARA
FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE REDES ASSOCIATIVAS............. 62
4.2.1 Matriz Importância x Desempenho das Empresas da Rede Associativa
de Compras da ASSUVALI.................................................................................. 63
4.2.2 Matriz Importância x Desempenho das Empresas da Rede Associativa
de Compras da SINDIMETAL .............................................................................64
4.2.3 Matriz Importância x Desempenho unificada das Empresas
que já atuam em Rede Associativa de Compras .................................................... 65
4.2.4 Matriz Importância x Desempenho das Empresas da Região de Jaraguá do Sul .... 67
4.3 ANÁLISE PELA MÉDIA GERAL DOS ATRIBUTOS – MODELO KANO....... 68
4.3.1 Análise pela média geral dos atributos com dados unificados das redes
ASSUVALI e SINDIMETAL, segundo o Modelo Kano.......................................69
4.3.2 Análise pela média geral dos atributos das empresas da Rede Associativa de
Compras da ASSUVALI , segundo o Modelo Kano..............................................72
4.3.3 Análise pela média geral dos atributos das empresas da Rede Associativa de
Compras da SINDIMETAL, segundo o Modelo Kano.......................................... 72
4.3.4 Análise pela média geral dos atributos das empresas da região de jaraguá
do sul, segundo o modelo Kano............................................................................73
4.4 COMPARATIVO ENTRE A MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO E O
MODELO KANO PELA MÉDIA GERAL DOS ATRIBUTOS DE FORMAÇÃO
E DESENVOLVIMENTO DE REDES INTERORGANIZACIONAIS ................ 76
4.4.1 Comparação das Dimensões dos Fatores de Sucesso de uma Rede
através da Matriz Importância x Desempenho....................................................... 76
4.4.2 Comparação Através do Modelo Kano pela Média Geral dos Atributos................78
4.5 INTEGRAÇÃO ENTRE A MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO E O
MODELO KANO PELA MÉDIA GERAL DE ATRIBUTOS..............................83
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................87
REFERÊNCIAS................................................................................................................93
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA..........................................................98
13
1 INTRODUÇÃO
A orientação para a competição é essencial para sobrevivência das organizações.
Mas, para se tornarem competitivas, estas precisam de um planejamento flexível, que
contemple estratégias organizacionais capazes de viabilizar o alcance de suas metas e
objetivos, pois para atuar no mercado global, a empresa precisa de vantagens competitivas
que melhorem seu desempenho frente à concorrência.
Organizações estruturadas possuem melhores condições de trabalhar com o
planejamento estratégico e disem de mais recursos financeiros para arriscar em estratégias
ousadas, as quais produzam diferencias competitivos. as micro e pequenas empresas
tendem a concentrar suas forças em ações imediatistas, talvez, por o terem conhecimento ou
o avaliarem a preparação para a competição como um atributo forte na gestão
organizacional. O fato é que empresas menores o têm condições de planejar porque não
estão familiarizadas com visões de longo prazo, haja vista que a maioria delas tem origem em
necios familiares, que não contam com o devido suporte administrativo.
Segundo Shimizu (2006), freqüentemente, as organizações enfrentam problemas de
decisão amplos e complexos, que envolvem riscos e incertezas. Em organizações menores,
essas incertezas são mais impactantes devido à vulnerabilidade financeira e ao menor
potencial de concorrência. Além disso, as mudanças de cenário envolvem incertezas que
precisam ser atentamente analisadas para que a empresa possa descobrir alguma vantagem
que lhe permita enfrentá-las.
Uma vantagem competitiva que pode ser explorada pelas organizações é a área de
aquisição de insumos, devido a ter um grande impacto na precificação do produto bem como
na composição do custo total da empresa, fazendo com que esta função seja determinante em
uma possível vantagem sobre o mercado e desta forma uma atividade estratégica.
Historicamente, o processo de aquisição de insumos era estigmatizado como uma
atividade gerencial burocrática de baixo nível, a qual se limitava a obter os recursos desejados
ao preço mais baixo possível. Atualmente, a atividade de compras é considerada como uma
função estratégica de nível superior, voltada à gestão da cadeia de suprimentos, com ênfase
nos relacionamentos entre compradores e vendedores (BOWERSOX et al., 2006).
Ainda assim, muitas empresas não consideram a área de compras estratégica,
principalmente, as micro e pequenas empresas, que têm pouco poder de barganha devido ao
14
inexpressivo volume de compras. Em geral, essas empresas de pequeno porte não atraem o
interesse de grandes fornecedores e tratam a área de compras como mera abastecedora de
insumos.
Ocorre que, para sobreviver em uma economia de mercado, a empresa precisa de
estratégias que façam frente à concorrência em mercados locais, regionais ou globais. Quanto
maior o raio de sua atuação, maior deverá ser sua capacidade competitiva. Nesse contexto, a
rede de compras pode ser um caminho para que pequenas empresas adquiram força
competitiva, pois além de reduzir os custos de aquisição da matéria-prima, o associativismo
pode baratear outros custos indiretos.
Ademais, as micro e pequenas empresas podem encontrar, na rede de compras, os
estímulos e diferencias competitivos de que precisam para ampliar suas alternativas de
sobrevivência, pois à medida que crescem as vantagens competitivas de uma empresa, maior
se torna sua parcela do mercado.
Casarotto Filho e Pires (1999) enfatizam que, para a redução dos custos, é
interessante que a própria entidade representativa da associação compre em grandes
quantidades, a fim de obter preços menores e contribuir para diminuição do nível de estoque
das empresas da rede, desobrigando-as de comprar individualmente em larga escala e
livrando-as do custo de armazenamento.
Partindo da premissa que deve-se trabalhar em uma rede associativa de compras para
que estas empresas possam estar melhorar preparadas para competir com cenários diversos,
destaca-se o questionamento se todas as micro e pequenas empresas estão preparadas para
trabalhar em rede. Busca-se identificar fatores ou atributos que possam identificar pontos
chaves para a formação de uma rede de compras. Desta forma procurou-se identificar
possíveis atributos formadores e desenvolvedores de uma rede associativa de compras para
que micro e pequenas empresas possam obter vantagem competitiva na área de compras.
Um método de verificação de atributos de acordo com a satisfação de seus clientes é
o método Kano que compara a relação entre satisfação e desempenho em quatro tipos de
atributos de produtos ou serviços que influenciam a satisfação do cliente: atributos
obrigatórios, atributos unidimensionais; atributos atrativos e atributos neutros. Outro método
ultizado foi a matriz importância e desempenho onde através do posicionamento dos atributos
nos quadrantes do gráfico, de quais atributos devem ser melhorados, ignorados, mantidos ou
estão com desempenho acima do esperado.
15
Através destes métodos é possível interpretar como uma micro e pequena pode estar
preparada para trabalhar com o associativismo de compras, determinando diretrizes de
atuação nas áreas administrativa, financeira, de compras e de manufatura, visando traçar
estratégias que levem a empresa a alcançar seus objetivos e por conseguinte obter-se
vantagem competitiva a partir desta uma estratégia adequada.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Porter (1989) afirma que a vantagem competitiva de uma instria é moldada por
cinco forças competitivas: clientes, fornecedores, entrantes em potencial, concorrentes atuais
e produtos substitutos. Salienta-se que fornecedores e clientes m poder de negociação para
forçar a baixa de preços e exigir aumento no padrão de qualidade de determinado produto ou
serviço. Por conseguinte, clientes com maior capacidade de compra e maior volume de
pedidos detêm um poder ainda maior de negocião, ou seja, possuem uma vantagem
competitiva. Por isso, a área de compras - tradicionalmente, vista como mera abastecedora de
insumos - precisa ser tratada como uma atividade estratégica, capaz de gerar vantagem
competitiva, a fim de evitar que micro e pequenas empresas percam a competitividade na
definição da precificação de seus produtos e, por conseguinte, operem em uma situação de
fragilidade financeira.
Desta forma a pressuposição de uma rede pode facilitar a fuão compras de
pequenas e assim proporcionar uma vantagem competitiva a micro e pequenas empresas,
porém estas empresas estão preparadas para cooperar? Quais os fatores críticos para a
formação de uma rede de compras?
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA
As questões de pesquisa que norteiam este estudo são:
a) existe um modelo para verificar esta viabilidade?
b) existe viabilidade de criação de uma rede associativa de compras para estas
empresas?
c) as micro e pequenas empresas estão preparadas para cooperar nas atividades de
compras e viabilizar a área como uma atividade de estratégia competitiva?
16
1.3 OBJETIVOS
A seguir enunciam-se os objetivos geral e específicos da pesquisa.
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a viabilidade de se construir uma rede associativa de compras como
estratégia competitiva para micro e pequenas empresas do ramo metal-mecânico da região de
Jaraguá do Sul - SC, procurando identificar requisitos obrigatórios e impulsionadores para
formação da rede.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) analisar a viabilidade de as empresas se associarem em atividades de compras
para obter diferenciais competitivos;
b) identificar e analisar se existem condições para a criação de uma rede de
empresas que atue com o associativismo na função compras;
c) Utilizar o modelo Kano de classificação de atributos de satisfação e a matriz
importância e desempenho para classificação de atributos de formação e
desenvolvimento de uma rede associativa de compras.
1.4 PRESSUPOSTOS
As micro e pequenas empresas não adotam estratégias de compras como fator
competitivo e não possuem poder de negociação elevado devido a seu baixo volume de
compras.
1.5 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA
Jaraguá do Sul é um município pertencente à microrregião nordeste do Estado de
Santa Catarina. Possui cerca de 130.000 habitantes e é um dos principais parques fabris de
Santa Catarina, com lida economia baseada na instria. Produz malhas, confecções,
chapéus, gêneros alimentícios, motores elétricos, geradores, máquinas, componentes
eletroeletrônicos e de infortica (IBGE, 2007).
17
A predominância de indústrias de pequeno e dio porte na região gera a
necessidade de se criar estratégias para que estas organizações possam sobreviver e competir
num mercado acirrado como o atual. Por operarem com volume de produção reduzido, essas
empresas compram pequenos volumes de insumos, o que reduz consideravelmente seu poder
de negociação junto aos fornecedores, que proporcionam melhores condições a empresas de
grande porte devido ao expressivo volume de compra.
Assim, pretende-se verificar como essas micro e pequenas empresas podem criar
uma rede associativa de compras, a qual contribua para que obtenham vantagem competitiva e
se fortaleçam junto ao mercado, pois, tais empresas precisam desenvolver estratégias que lhes
permitam sobreviver e superar as adversidades do mercado.
A verificação da eficácia de determinado serviço pode ser visualizada através da
satisfação de quem o usa. Juran (1979) corrobora essa idéia ao afirmar que qualidade pode ser
entendida como adequação ao uso. Dessa forma, propõe-se, também, identificar um modelo
para a formação e desenvolvimento de uma rede interorganizacional, validando experiências
de êxito manifestadas pela satisfação de quem usa a rede, no caso, os microempresários.
A partir desta premissa, procura-se dividir o serviço em atributos ou requisitos
específicos com base nas experiências de redes estabelecidas. Os métodos tradicionais de
pesquisa sobre a relevância dos requisitos (ou atributos) consistem em se perguntar, aos
participantes das redes, qual a importância de cada requisito. Segundo Tontini (2003), nesses
casos, o respondente da pesquisa tende a dar maior importância aos requisitos básicos, ou
obrigatórios, deixando encoberto outros tipos de atributos que poderiam impulsionar a rede ou
que são proporcionais aos níveis de desempenhos.
Além disso, os métodos usuais para identificar a relevância dos requisitos de um
serviço, costumam decompô-lo em atributos específicos, tendo como base a experiência das
pessoas envolvidas, pesquisas em profundidade ou grupos de foco. Busca-se, então, descobrir
quais atributos podem satisfazer às necessidades dos clientes, o que consiste numa construção
unidimensional, pois, quanto maior a qualidade ou desempenho do serviço, maior a satisfação
dos consumidores e vice-versa.
Essa afirmação, no entanto, pode não se validar. Por exemplo, a limpeza em um
restaurante é considerada como muito importante, porém não traz um diferencial. Os clientes
podem deixar de freqüentá-lo se ele não tiver um grau adequado de limpeza, mas o irão
freqüentá-lo por ser limpo. a cortesia da casa pode atrair clientes, trazendo um diferencial.
18
Diante da pergunta sobre o que é mais importante, limpeza ou cortesia, provavelmente os
clientes dirão que a limpeza é mais importante, ou que ambos têm igual importância. Assim,
deve-se tentar descobrir quais atributos trazem uma satisfação mais que proporcional quando
presentes, e quais são absolutamente necessários, sem os quais os consumidores irão repelir o
produto ou serviço (TONTINI, 2003).
Partindo-se do pressuposto de que os empresários participantes de uma rede
associativa de compras podem ser encarados como usuários, ou clientes desse serviço, o
modelo Kano de qualidade poderá contribuir para identificação de atributos obrigatórios e
impulsionadores do trabalho em rede, pois oferece uma visão assimétrica e não-linear, através
da distinção dos atributos, porém, não considera o nível presente de desempenho destes.
Assim, neste trabalho, procurou-se adaptar o Modelo Kano de Qualidade Obrigatória
e Atrativa (Kano et al., 1984) para a validação de atributos comuns em redes de êxito, para
que, a partir deles, se possa propor um modelo de formação de uma rede de compras para as
supracitadas empresas.
O estudo se justifica pela mensuração de atributos em profundidade, assegurada pelo
modelo Kano, que permite identificar e analisar as particularidades de cada atributo, a fim
construir um modelo de viabilidade de rede de compras com base na resposta de satisfação de
quem o usa.
19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ESTRATÉGIA
O conceito de estratégia ocupa lugar de destaque no mundo moderno, manifestando-
se na guerra, no xadrez, nos esportes, nos negócios e nos demais campos da atuação humana.
Trata-se de um vocábulo antigo, que se fazia presente nos manuscritos do general chinês
Sun Tzu, datados do século IV antes de Cristo (GHYCZY, 2002).
A palavra estratégia deriva de strategus, forma como eram denominados os
comandantes militares e membros do conselho de guerra na antiga Atenas. Tal denominação
origina-se da combinação dos vocábulos gregos stratos (exército) e agein (conduzir).
Posteriormente, os historiadores romanos introduziram o termo strategia para se
referirem aos territórios controlados por um strategus (GHYCZY, 2002). Em outras palavras,
estratégia significa “a arte do general” e deriva da palavra grega strategos, que significa
general. Na Grécia Antiga, significava aquilo que o general faz (OLIVEIRA, 1991).
Em 1779, o Conde Guibert utilizou o termo la stratégique para destacar a qualidade
das campanhas conduzidas por Frederico, o Grande e, assim, o vocábulo tornou-se uma
referência a Défense du système de guerre moderne. Assim, da antiguidade até a era de
Napoleão, estratégia significava a arte e ciência em conduzir forças militares para derrotar o
inimigo (OLIVEIRA, 1991).
A partir de tais pressupostos, estratégia caracteriza-se como um conceito fugaz,
abstrato e sua formulação não produz ações positivas, concretas e imediatas nas organizações
(ANSOFF, 1991). Por isso, buscar-se-á abordar conceitos que permitam contextualizar a idéia
de estratégia no ambiente empresarial.
Em 1965, Igor Ansoff escreveu o livro Corporate Strategy, uma retrospectiva que
vai da formulação à implantação da estratégia, destacando a adoção do planejamento
estratégico como formulação da estratégia empresarial.
O Quadro 1 apresenta um resumo da evolão do conceito de estratégia da
Antiguidade até o século XXI.
20
PERÍODO EVENTO
Antiguidade
O primeiro texto conhecido, de aplicação militar, tem mais de 2000 anos e é do
general chinês Sun Tzu: um tratado sobre a arte da guerra. No ocidente, o
conceito é também utilizado militarmente pelo exército romano.
Século XVIII
O general francês Napoleão Bonaparte, que conhece a obra de Sun Tzu, é
considerado um dos maiores estrategistas de todos os tempos.
Década de 50
Após a Segunda Guerra, o planejamento estratégico chega ás empresas e
universidades, principalmente nos EUA. Surge o modelo de análise de forças e
fraquezas, ameaças e oportunidades (SWOT analysis).
1965 Edição do primeiro livro sobre estratégia. De Igor Ansoff.
Anos 60 e 70
O planejamento estratégico torna-se uma ferramenta muito popular e se espalha
pelas empresas EUA.
1973
Primeiro Seminário Internacional de Administração Estratégica na universidade
de Vanderbilt. Neste evento, iniciam-se as primeiras criticas ao planejamento
estratégico.
1980
Publicação do primeiro livro de Michael Porter, com nova organização dos
conceitos de estratégia.
Década de 80
Com a estabilização do crescimento econômico, há certo desencanto das
empresas norte-americanas em relação à estratégia. nas companhias japonesas,
que experimentam grande crescimento econômico, os executivos lêem e seguem
os ensinamentos do general chinês Sun Tzu. Surgem, cada vez mais, novos
autores e teorias sobre o tema.
1994
Edição do livro The Rise and Fall of Strategic Planning, de Mintzberg, que
mostra a precariedade dos conceitos de planejamento estratégico, que não estava
sendo eficaz no papel da gestão estratégica, marcando o inicio de uma nova fase
dos conceitos de estratégia.
Década de 90
As duas metades desta década são bem distintas. Na primeira, significativa
retomada do pensamento estratégico, levando-se em consideração todas as suas
limitações. Na segunda metade da década, com a euforia da Internet, algumas
empresas abandonam completamente a estratégia, na opinião de Michael Porter, e
outras a tornam sinônimo de transformação do negócio. Kaplan & Norton criam o
balanced scorecard. Surgem os conceitos de C. K. Prahalad e Gary Hamel sobre
competências essenciais e arquitetura estratégica orientando as organizações a
buscarem vantagem competitiva com base no uso de suas capacidades dinâmicas.
Século XXI
São propostos novos modelos com foco na capacidade de adaptar-se à mudança,
na flexibilidade e no aprendizado organizacional. Para alguns, ter agilidade
estratégica, para “dançar conforme a música” passa a ser mais importante que a
estratégia em si. Recentes crises nas bolsas americanas e em outros países
colocam em xeque as ferramentas de medição e critérios de transparência das
organizações. Segundo pesquisa da Bain & Co, o planejamento estratégico ainda
é a ferramenta de gestão mais utilizada por empresas no mundo.
Quadro 1 - Evoluções das manifestações dos autores sobre o tema estratégia.
Fonte: Hackbarth Neto (2007).
Segundo Ansoff (1977), as decisões estratégicas se voltam para os problemas
externos da empresa, em especial, para o composto de produtos a ser fabricado e para os
mercados em que serão vendidos.
21
De acordo com Andrews (1971):
Estratégia empresarial é o padrão de decisões em uma empresa que determina e
revela seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos
para obtenção dessas metas e define a escala de negócios em que a empresa deve se
envolver, o tipo de organização econômica e humana que pretende ser e a natureza
da contribuição econômica e o econômica que pretende proporcionar a seus
acionistas, funcionários e comunidades.
Ansoff (1990) denomina estratégia o conjunto de regras de decisão para orientar o
comportamento de uma organização. Segundo o autor, essas regras são constituídas por:
a) padrões de desempenho medidos em relação ao presente e futuro da empresa;
b) regras para o desenvolvimento da relão da empresa com seu ambiente externo;
c) regras para o estabelecimento das relações internas;
d) regras de atividades no dia a dia, chamadas de políticas operacionais.
Segundo Oliveira (1991, p. 27), “estratégia está relacionada à arte de utilizar
adequadamente os recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a minimização dos
problemas e a maximização das oportunidades do ambiente da empresa.”
Hamel e Prahalad (1995) afirmam que estratégia é a forma como as empresas abrem
caminhos para as oportunidades do amanhã, por meio da criação e domínio de oportunidades
futuras.
De acordo com Alves (1998, p. 102), estratégia significa “a arte ou atividade que visa
a pormenorização da doutrina estratégica escolhida para cada objetivo a atingir - corresponde
à concepção estratégica - e o emprego dos meios adequados à realização dessa doutrina
corresponde à execução estratégica.
Conforme Porter (1989), as estratégias competitivas das empresas podem ser
desenvolvidas de forma explicita, por meio de um processo de planejamento; ou implícita, a
partir das atividades de departamentos funcionais.
Mintzberg e Quinn (2006) acrescentam que a estratégia competitiva é aquela que
envolve atividades diferenciadas para entregar um mix único de valores. Pode ser vista como
um “impulso mediador entre a organização e seu ambiente. Assim sendo, a formulação da
estratégia envolve a interpretação do meio ambiente e, no fluxo das decisões organizacionais,
o desenvolvimento de padrões congruentes para com elas” (MINTZBERG; QUINN, 2006, p.
36).
22
Para Mintzberg (2004) a estratégia pode ser definida como:
plano - envolve um curso de ação ou caminho planejado em função do futuro;
padrão - trata de um comportamento que se almeja atingir ao longo do tempo;
posição - procura localizar a empresa num contexto interno e/ou externo e medir
forças nesse(s) ambiente(s);
perspectiva - diz respeito à forma das empresas procederem, volta-se para dentro
da organização, não como uma posição escolhida, mas como uma maneira de
perceber o mundo.
truque - manobra para obter vantagem sobre um concorrente, uma simulação que
engana e os influencia a tomar decisões equivocadas.
Analisando as definições elaboradas por esses autores, pode-se observar a existência
de diferentes correntes de pensamento no que concerne ao conceito de estratégia. O Quadro 2
apresenta um resumo de tais definições.
AUTORES DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA
Ansoff Conjunto de regras e tomada de decisão em condições de desconhecimento parcial.
Andrews
Padrão de decisões em uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos ou
metas, produz as principais políticas e planos para obtenção dessas metas.
Quinn
O padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e seqüência de ações de uma
organização em um todo coerente.
Hamel e
Prahalad
É a forma como as empresas desenvolvem as competências necessárias para criar e dominar os
mercados futuros.
Porter
Desenvolvimento de estratégias competitivas explícitas ou implícitas. O êxito depende da
integração entre as atividades da empresa. Sem compatibilidade, não have uma estratégia
diferenciada e a sustentabilidade será mínima.
Mintzberg e
Quinn
A estratégia é um impulso mediador entre a organização e o meio ambiente. Assim sendo, a
formulação da estratégia envolve a interpretação do meio ambiente e, no fluxo das decisões
organizacionais o desenvolvimento de padrões congruentes a ela.
Mintzberg
A estratégia pode se formular como plano e como padrão, pois todas as organizações planejam
o seu futuro e também se baseiam no passado para estabelecer padrões. Tais definições vão
além quando introduzidos os conceitos de posição, perspectiva e como truque (ploy).
Quadro 2 - Definições de estratégia segundo alguns autores.
Fonte: adaptado de HACKBARTH NETO (2007)
2.1.1 Estratégia Competitiva
Segundo Porter (1989), estratégia competitiva é a busca por uma posição favorável, a
qual gere lucros, sustentabilidade e combata as forças da concorrência na indústria. Porter
(2004) acrescenta que o desenvolvimento desse tipo de estratégia define a forma como a
23
empresa competirá e quais serão suas metas, ou seja, como uma combinação entre os fins e os
meios (poticas) pelos quais se pretende obter competitividade.
Afinal, o que significa ser uma empresa competitiva? A resposta a esta pergunta tem
sido objeto de vários estudos, trabalhos acadêmicos, seminários, workshops etc., mas, com
certeza, ainda muito a ser dito e escrito sobre o tema. Por isso, não se pretende aqui esgotá-
lo, ao contrário, busca-se abrir novas perspectivas para discuti-lo e enriquecê-lo.
Ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ou
fornecedores de um produto/serviço. Essa condição de concorrência é caracterizada pelo fato
de não existir um fornecedor que domine o mercado de forma absoluta ou, ainda, um grupo de
poucos fornecedores que, em conjunto, o domine integralmente. O fato é que, em geral, a
capacidade de competir varia ao longo do tempo. Não são raros os exemplos de empresas que
perdem o domínio e são expulsas do mercado.
Na concepção de Alves (1998, p. 120), a articulação necessária abrange dois
aspectos distintos e as estratégias que os qualificam: um, relativo ao desenvolvimento e à
preparação dos meios (Estratégia estrutural e logística), outro, relativo ao emprego dos meios
(Estratégia operacional).” Considerando que toda empresa existe para produzir valor para o
consumidor, o diferencial na fabricação do produto e/ou na prestação de um serviço constitui
o principal objetivo das operações da empresa.
Duas questões centrais baseiam a escolha da estratégia competitiva. A primeira é a
atratividade das indústrias em termos de rentabilidade em longo prazo e os fatores que
determinam essa atratividade. Ressalta-se que nem todas as indústrias oferecem oportunidades
iguais para manutenção da rentabilidade, e esta é elemento determinante para a rentabilidade
de qualquer empresa. A segunda questão diz respeito aos determinantes da posição
competitiva relativa dentro de uma indústria. Fundamentalmente, a vantagem competitiva
emerge do valor que a empresa consegue agregar aos produtos ou serviços, para além dos
custos de produção.
Esse valor está associado à quantia que os compradores estão dispostos a pagar por
determinado produto ou serviço, dependendo da oferta de preços mais baixos por benefícios
equivalentes aos oferecidos pela concorrência, ou do fornecimento de benefícios singulares
que justifiquem um preço mais elevado. Essa forma de valoração está relacionada às duas
formas de vantagem competitiva mencionadas por Porter (2004): liderança de custo e
diferenciação.
24
O modelo competitivo de Porter (2004) reúne cinco forças competitivas: entrada,
ameaça de substituição, poder de negociação dos compradores, poder de negociação dos
fornecedores e rivalidade entre os atuais concorrentes. Na visão do autor - em maior ou menor
grau, dependendo de circunstâncias particulares - clientes, fornecedores, substitutos, entrantes
potenciais, todos são possíveis “concorrentes”. Assim sendo, a empresa precisa criar uma
posição defensável - ofensiva ou defensiva - contra as cinco forças mencionadas, o que, de
modo amplo, compreende uma série de abordagens possíveis:
posicionar a empresa de modo que suas capacidades proporcionem a melhor
defesa contra o conjunto existente de forças competitivas;
influenciar o equilíbrio de forças a partir de movimentos estratégicos e, assim,
melhorar a posição relativa da empresa; ou
antecipar as mudanças nos fatores básicos das forças e responder a elas,
explorando a mudança por meio da escolha de uma estratégia apropriada ao novo
equilíbrio competitivo, antes que os rivais a identifiquem.
O Quadro 3 apresenta as três estratégicas potencialmente bem-sucedidas, defendidas
por Porter (2004), para enfrentar as cinco forças competitivas e superar outras indústrias. São
elas: liderança no custo total; diferenciação; enfoque.
ESTRATÉGIA
GENÉRICA
RECURSOS E HABILIDADES EM
GERAL REQUERIDOS
REQUISITOS ORGANIZACIONAIS
COMUNS
Liderança no
custo total
- Investimento de capital sustentado e
acesso ao capital.
- Boa capacidade de engenharia do
processo.
- Supervisão intensa da mão-de-obra.
- Produtos projetados para facilitar a
fabricação.
- Sistema de distribuição com baixo custo.
- Controle de custo rígido.
- Relatórios de controle freqüentes e
detalhados.
- Organização e responsabilidades
estruturadas.
- Incentivos baseados em metas
estritamente quantitativas.
Diferenciação
- Grande habilidade de marketing.
- Engenharia do produto.
- Tino criativo.
- Grande capacidade em pesquisa básica.
- Reputação da empresa como líder em
qualidade ou tecnologia.
- Longa tradição na indústria ou
combinação ímpar de habilidades
trazidas de outros negócios.
- Forte cooperação dos canais.
- Forte coordenação entre funções em
P&D, desenvolvimento do produto e
marketing.
- Avaliações e incentivos subjetivos em
vez de medidas quantitativas.
- Ambiente ameno para atrair mão-de-obra
altamente qualificada, cientistas ou
pessoas criativas.
Enfoque
- Combinação das políticas acima
dirigidas para a meta estratégica em
particular.
- Combinação das políticas acima
dirigidas para a meta estratégica em
particular.
Quadro 3 - Estratégias genéricas, seus recursos e habilidades requeridos e requisitos
organizacionais.
Fonte: PORTER (2004).
25
Um dos problemas que tem acompanhado os administradores, ao longo dos tempos,
é decidir sobre a quantidade a ser produzida. O conflito é evidente: produzir a mais gera
custos desnecessários; produzir a menos gera custos de não-atendimento, desgaste na imagem
da empresa e perda de clientes. Alcançar o ponto de equilíbrio é um dos objetivos básicos da
administração operacional e está intimamente relacionado à estratégia global da empresa.
Segundo Kotler (2000, p. 85):
As empresas devem ter estratégias competitivas baseadas em análise tanto dos
clientes, como da concorrência. Necessário se faz colher informações competitivas
junto ao ambiente externo, principalmente em meio à globalização, interpretar essas
informações e utilizá-las de forma correta para uma melhor tomada de decisão com
relação à estratégia a ser usada pela empresa.
No mundo globalizado, as organizações precisam utilizar-se de intelincia
competitiva para coletar e analisar informações, as quais permitam antecipar os sinais do
ambiente socioeconômico, a fim de descobrir oportunidades e reduzir os riscos ligados à
incerteza. Nesse contexto, a inteligência competitiva caracteriza-se como um processo de
monitoramento e disseminação de informações, oriundas do ambiente externo, das quais
façam uso todos os níveis da organização, interagindo estrategicamente no processo de
tomada de decisão, de acordo com suas necessidades. Em suma, pode-se dizer que
inteligência competitiva é um processo sistemático que converte informações em
conhecimento estratégico para tomada de decisão.
A essência da inteligência competitiva é o manuseio equilibrado das informações
relacionadas aos mercados, clientes e concorrentes, o que inclui informações relativas a
tendências externas, poticas e socioeconômicas, oriundas de comunicações verbais e
escritas, como documentos oficiais e pessoais, entrevistas, relatos de reunião, programas de
mídia. Como diz Ghyczy et al. (2002, p. 49), “na batalha, pode estar muito claro quem é
adversário e quem é amigo e será conveniente distingui-los bem. Contudo, no amplo correr de
uma campanha, a mesma discriminação tem mais probabilidade de ocultar oportunidades e
levar ao fracasso”.
Assim, constata-se que as empresas têm necessidade de dados sobre a concorrência e
o ambiente, pois estes são transformados em informações, que constituem a matéria-prima
para formulação de estratégias competitivas. Nesse ínterim, é que a organização pode contar
com o processo de inteligência competitiva, que ordena as informações e conhecimentos, de
forma que façam sentido, e os disponibilizam para toda a empresa, oportunizando novos
arranjos e conclues (KOTLER, 2000).
26
O potencial de concorrência de uma organização não é uma questão de coincidência
ou de sorte, ao contrário, ele advém de sua estrutura econômica e vai muito além do
comportamento dos concorrentes. A meta da estratégia competitiva é encontrar um
posicionamento que permita que a organização se defenda contra forças competitivas ou as
influencie a seu favor.
Em qualquer segmento de mercado, as empresas apresentarão pontos fortes e fracos
peculiares ao lidarem com a estrutura de sua organização, que pode mudar e, em geral, se
transforma ao longo do tempo. Contudo, o entendimento da estrutura organizacional é o ponto
de partida para que a análise estratégica possa identificar as mudanças necessárias.
No âmbito da organização, qualquer decisão é essencialmente uma escolha do ponto
em que será fixada a linha entre os concorrentes e os produtos substitutos; entre as empresas
existentes e as que podem surgir, fornecedores e compradores. Fixar tais linhas é uma questão
de grau, que pouco tem haver com a escolha estratégica, ou seja, o posicionamento destas é
mais ou menos irrelevante no que concerne à formulação da estratégia. Conforme afirma
Kotler (2000), fontes latentes de concorrência não são menosprezadas, nem o são as
dimensões sicas da concorrência.
Assim, posicionar a organização a partir de uma análise apurada de suas
potencialidades e fragilidades com relação à concorrência, e de uma identificação das
ameaças e oportunidades do mercado, juntamente com a capacidade empresarial, fornecerão o
diagnóstico para sobrevivência e sucesso duradouro (KOTLER, 2000).
Para empresas de qualquer tamanho ou segmento, esse processo orientado visa uma
profunda análise do negócio, com uma apresentação panorâmica dos resultados obtidos e a
elaboração de um projeto de marketing com estratégias mercadológicas para potencialização
de resultados. Essas estratégias podem ser delineadas para empresas líderes de mercado,
empresas desafiantes de mercado, empresas seguidoras de mercado e empresas que se
concentram em pequenos nichos de mercado.
Nesse ínterim, é preciso que as empresas se integrem e estabeleçam parcerias
capazes de produzir melhorias para toda a cadeia de valor da organização. Manter somente a
eficiência interna - em detrimento de estratégias voltadas ao mercado global que viabilizariam
a evolução competitiva - é uma insensatez que pode comprometer a gestão da empresa.
27
2.2 A FUNÇÃO COMPRAS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA
Para Cervi (2002), uma estratégia competitiva a ser adotada por empresas é a central
de compras, na qual um grupo de comerciantes ou industriais se une para adquirir mercadorias
e/ou matéria-prima em grande escala e, assim, obter melhores preços de seus fornecedores, o
que não seria possível individualmente. O fato é que a união de 100, 200 ou 300 empresas
desperta interesse do fornecedor, haja visa que é mais vantajoso negociar melhores condições
para vender um grande volume de mercadorias do que perder todos esses compradores.
A vantagem da centralização da atividade de compras depende da habilidade com
que a empresa conduz o processo, pois o poder de compra envolve a consolidação das
exigências, o desenvolvimento de fontes, a racionalização dos estoques, a simplificação dos
procedimentos, o trabalho com fornecedores para transformar custos desnecessários em
vantagem mútuas e a manutenção de um fluxo de informações eficaz, que possibilite a
empresa o alcance de seus objetivos (BAILY et al, 2000).
Atualmente, em uma organização bem-sucedida, a função de compras é vista como
uma atividade de importância estratégica considerável. “O fato de o papel estratégico e de
contribuição de compras e suprimentos serem bem reconhecidos em muitos negócios
relevantes significa que as decisões estratégicas de compras podem ser tomadas no nível de
diretoria.” (BAILY et al, 2000, p. 16).
Para Porter (2004), do ponto de vista estrutural, os pontos principais da estratégia de
compras são a estabilidade e a competitividade do grupo de fornecedores; a alocação de
compras entre fornecedores qualificados e a criação de alavancagem máxima com
fornecedores escolhidos.
Pode-se obter estabilidade e competitividade por meio da escolha de fornecedores
que mantenham ou melhorem sua posição competitiva em termos de bens e serviços. Para
tanto, é necessário examinar as considerações estratégicas das decisões de integração vertical
e decidir quais e como serão adquiridos os itens de origem externa, a ponto de criar a melhor
posição estrutural para negociação. Porter (2004) relaciona algumas estratégias que podem ser
adotadas no processo de compras:
compras dispersas - consiste alternância de fornecedores na aquisição de
determinado item, melhorando a posição de negociação da empresa;
28
custos de mudança - do ponto de vista estrutural, uma boa estratégia poderá
evitar tais custos;
fontes alternativas qualificadas - estimular fontes alternativas a entrarem no
necio, financiando contratos de desenvolvimento e contratos para uma
pequena parte das compras;
padronização - todas as empresas de um conjunto podem ser bem atendidas por
meio da padronização das especificações nas indústrias em adquirem seus
insumos;
ameaça de integração para trás - quer o comprador deseje, ou não, ao integrar-
se para trás em um item, sua posição de negociação é ajudada pela presença de
uma ameaça real;
integração parcial - quando o volume de compras permite, é possível obter um
grande poder de negociação por meio da integração parcial ou da integração
parcial para aquisição de item em particular, mesmo quando a compra é
realizada parcial ou integralmente em fornecedores externos.
Dessa forma, conforme Porter (2004), o conhecimento sobre o potencial de
competitividade da função compras é essencial para qualquer empresa que pretenda - no
presente e no futuro - conquistar espaço e eficácia no seu mercado de atuação
De acordo com Martins e Campos (2002, p. 63), “O valor total gasto nas compras de
insumos para a produção, seja do bem ou do serviço final, varia de 50% a 80% do total das
receitas brutas”. Considerando a totalidade do valor econômico do produto, a compra deve ser
parte da estratégia de competitividade, ou seja, a cadeia de fornecimento pode ser uma forte
aliada para que a empresa alcance seus objetivos.
No ciclo de um processo de fabricação, antes de iniciar a primeira operação, os
materiais e os insumos gerais devem estar disponíveis, mantendo-se com certo grau
de certeza a continuidade de seu abastecimento a fim de atender às necessidades ao
longo do período. Logo, a quantidade dos materiais e a sua qualidade devem ser
compatíveis com o processo produtivo (DIAS, 2005, p. 235).
Para Dias e Costa (2000, p.15), “um departamento de compras tem como objetivos
adquirir bens e/ou serviços, na qualidade desejada, no momento preciso, pelo menor custo
possível e na quantidade pedida”.
Por isso, é fundamental que o comprador tenha condições de verificar se o material
comprado está de acordo com o solicitado e de reconhecer oportunidades de minimizar o
custo ou melhorar o produto, comprando de forma correta e eficaz.
29
Nesse sentido, ressalta-se que um comprador não deve dar início a um processo de
negociação sem saber o que realmente deseja adquirir. Para evitar problemas para a empresa e
garantir a agilidade, ele deve conhecer a forma de utilização do produto e as implicações que
a falta deste acarretará ao processo de produção. Outro fator relevante, nesse processo, é o
preço, que deve ser cotado em mais de um fornecedor, para se analisar as melhores propostas
e optar pelo fornecimento que trará mais benecios à empresa.
Dias e Costa (2000, p.17) afirmam que “na condição de compradores profissionais
temos de investir todos os nossos esforços visando, sempre, à procura do menor custo
possível”. Entretanto, é preciso ter cuidado com preços muito abaixo da cotação estimada,
pois estes podem ter origem num erro financeiro da empresa fornecedora, ou pior, na
qualidade inferior do produto oferecido, o que certamente gerará transtornos futuros. Se for
falha financeira, num futuro próximo, o fornecedor poderá perceber e corrigir o erro, talvez,
cobrando preços superiores ao praticado pela concorrência. Ainda que tal engano não seja
percebido, esse fornecedor poderá não ter condições de fornecer o produto por um valor
abaixo do mercado, gerando problemas de abastecimento. Sendo assim, é fundamental que o
comprador avalie os fornecedores e sempre esteja em busca de novas fontes de fornecimento.
Além disso, é preciso estar atento ao tempo de entrega do produto adquirido.
Conforme Dias e Costa (2000, p. 16), “muitos produtos se não colocados à disposição dos
solicitantes nas datas estabelecidas, talvez nem mais sejam necessários, o prejuízo poderá ser
incalculável”. O atual desenvolvimento da instria e o aumento constante da produção em
série torna os prazos de entrega um dos fatores mais importantes na avaliação de uma
concorrência, pois, as variações de preço e o perigo de estoques excessivos levam o
comprador a coordenar esses dois fatores da melhor maneira possível, a fim de adquirir, na
hora certa, o material do qual a empresa necessita.
Martins e Campos (2002, p. 64) afirmam que “hoje a função compras é vista como
parte do processo de logística das empresas, ou seja, como parte integrante da cadeia de
suprimentos”. Dias (2005, p. 235) acrescentam que, “a função compras é um segmento
essencial do Departamento de Materiais ou Suprimentos, que tem por finalidade suprir as
necessidades de materiais ou serviços”. Toda atividade industrial requer matéria-prima,
equipamentos e serviços, por isso, os insumos devem estar disponíveis antes que se inicie
qualquer operação.
Para Dias (2005):
30
A função compras é de primordial importância para um correto gerenciamento da
área de materiais. Em todo sistema empresarial, para se manter um volume de
vendas satisfatório e um perfil competitivo no mercado e, conseqüentemente, gerar
um volume de lucro substancial, a minimização de custos deve ser perseguida e
alcançada, principalmente quando se refere aos materiais utilizados, já que eles
representam parcela considerável na estrutura do custo global da empresa.
O autor afirma, ainda, que a previsão das necessidades de suprimentos é um dos
pontos chave para o bom funcionamento do setor de compras dentro de uma empresa. A
sintonia entre a qualidade, as quantidades e o tempo de reposição de insumos é essencial para
que o departamento de compras alcance seus objetivos, ou seja, buscar o melhor para a
empresa, conhecendo a potencialidade e a estrutura do fornecedor.
Para Dias (2005), independentemente do tamanho ou do porte da empresa, os
princípios básicos de organizações constituem-se de normas fundamentais, são elas:
autoridade para compra, registro de compras, registro de preços, registro de estoques e
insumos, registro de fornecedores, arquivos e especificações e arquivos de catálogos.
Algumas empresas crescem a ponto de abrir unidades em diferentes localidades, às
vezes, sem ligação física. Nesse caso, o administrador deverá optar entre manter um único
departamento de compras para todas as empresas ou abrir um departamento de compra em
cada unidade. Dias e Costa (2000) afirmam que ambas as situações oferecem vantagens e
desvantagens, pois não há regras específicas para definir o método mais eficiente, haja vista
que as empresas são diferentes, inclusive, na maneira de serem administradas.
As vantagens da centralização estão associadas ao poder de barganha, que poderá
gerar descontos e economia em escala; ao preço único de cada item por este ser adquirido na
mesma localidade e à melhor possibilidade de gestão do estoque, tendo-se em conta que
haverá um único controle sobre o volume global dos materiais (DIAS; COSTA 2000).
as vantagens da descentralização estão relacionadas à presea do comprador na
unidade, que propicia maior afinidade com os problemas abastecimento; e à possibilidade de
uma resposta mais ágil em caso de emergência, pois os profissionais têm mais
responsabilidade e autoridade para adquirir o artigo na região de atuação da empresa.
2.2.1 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos
Harrison (2003, p. 27) conceitua o gerenciamento da cadeia de suprimentos como “o
alinhamento das habilidades a montante e a jusante dos parceiros da cadeia de suprimento
para entregar valor superior ao cliente final com o mínimo custo para a cadeia de suprimento
como um todo.”
31
Para Ballou, (1993, p. 34) “Logística é o sistema de planejamento, implementação e
controle, eficiente e eficaz, do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações
relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as
exigências do cliente.¨
Já Christopher (1997, p. 43) define logística como:
o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem
de materiais, peças e produtos acabados e os fluxos de informações correlatas
através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as
lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo.
Conforme Ching (2001, p. 67), Suplly chain é:
todo esforço envolvido nos diferentes processos e atividades empresariais que criam
valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final. A gestão do supply
chain é uma forma integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias,
informações e recursos, desde os fornecedores até o cliente final, procurando
administrar as relações na cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício
de todos os envolvidos.
O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (supply chain management) visa
remover e eliminar as barreiras entre parceiros comerciais: fornecedores e clientes e, ao
mesmo tempo, facilitar o sincronismo de informações entre eles, com o propósito de entregar
o produto no prazo certo e com menor custo final. O enfoque na administração de materiais de
forma estratégica e integrada baseia-se no aprimoramento dos níveis de eficiência e de
competitividade de toda a cadeia, segundo o impacto que cada elo tem sobre a diminuição de
custos e a ampliação do valor agregado ao consumidor final.
Todo o empenho das empresas em se adaptar a esta necessidade remete a uma nova
discussão: quais são as vantagens e desvantagens na implementação de um projeto de Supply
Chain Management. De acordo com Amaral (2002), algumas vantagens buscadas pelas
organizações são: melhoria no nível de serviço e na performance das entregas, redução de
estoques, redução do tempo do ciclo de pedido, redução do custo administrativo e acuracidade
de planejamento.
O objetivo do gerenciamento da cadeia de suprimentos é proporcionar o melhor
atendimento ao cliente, com o menor custo total possível. Para tanto, é fundamental que se
melhore o desempenho interno de cada um dos processos das empresas componentes da
cadeia. Mas, esta eficiência interna não basta. É necessário que se administre as interações
entre os processos de negócio de cada um dos elementos da cadeia de valor de maneira a se
obter um ótimo total e não somente a eficiência localizada.
32
2.3 ALIAAS ESTRAGICAS: UMA ABORDAGEM SOBRE REDES E CLUSTERS
A cooperação oferece a possibilidade das empresas operarem com uma vantagem
estratégica, pois estas dispõem de tecnologias, ferramentas de gestão e facilidades que
permitem a redução de custos em processos comuns, aumentando a eficiência econômica e,
por conseqüência, a competitividade das mesmas.
Essa cooperação entre empresas pode estabelecida sob a forma de redes. De acordo
com Neto (2000), uma das tendências que mais vêm se intensificando na economia moderna é
a que molda às relações intra e interempresariais, particularmente, aquelas que envolvem
pequenas e médias organizações. Para o autor, a formação e o desenvolvimento de redes de
empresas m se tornado relevantes para a economia de vários países industrializados,
emergentes e em desenvolvimento como o México, o Chile, a Argentina e o próprio Brasil.
Inicialmente, as redes podem ser estruturadas sob a forma de alianças estratégicas
que, para Lorange e Roos (1996), estão se tornando cada vez mais importantes para
intensificação da competitividade nos negócios internacionais, pois permitem que empresas
agressivas, com limitão de recursos em algumas áreas, mantenham suas estratégias
individuais.
Cervi (2002) corrobora essa idéia ao afirmar que a atuação em rede é uma alternativa
viável para as pequenas e médias empresas, uma vez que a formação dessas alianças
estratégicas aumentam as condições de sobrevivência e preparam as empresas para prosperar
no mundo corporativo. Segundo Robert (1998), tal conceito é extremamente simples: se o
se pode lutar contra a maré, é necessário se deixar levar por ela, pois é mais fácil aliar-se a um
concorrente do que competir com ele.
Em uma aliança estratégica, de acordo Lewis (1992), as empresas cooperam em
nome de necessidades mútuas e compartilham os riscos para alcançar um objetivo comum.
Para Hamel e Doz (1999), são justamente as necessidades, habilidades e riscos comuns que
tornam viável a cooperação entre empresas.
Kanter (1994) acrescenta que as alianças estratégicas empresariais são sistemas vivos
de colaboração e crião conjunta de um novo valor que: desenvolvem-se contínua e
progressivamente, não são controladas por sistemas formais, requerem uma densa rede de
conexões interpessoais e demandam uma eficiente infra-estrutura interna por parte das
empresas envolvidas. O autor destaca os seguintes tipos de alianças estratégicas:
33
a) alianças multiorganizacionais de serviços ou consórcios - empresas juntam-se
para criar uma entidade que atenda a necessidades comuns;
b) alianças oportunistas ou joint ventures: empresas se unem para obter algum tipo
de vantagem competitiva imediata, formando uma aliança que as levem para a
constituição de um novo necio ou para a ampliação de um já existente;
c) alianças de parcerias que envolvem fornecedores, consumidores e funcionários:
neste tipo de aliança são desenvolvidas várias parcerias, em diferentes estágios de
criação de valor do negócio.
Lorange e Roos (1996) relacionam quatro modelos de aliança estratégica:
a) acordo provisório: quando as empresas-mãe colocam um conjunto nimo de
recursos, freqüentemente em base temporária, para complementação uma da
outra, os quais são totalmente recuperados por elas;
b) consórcio: quando as partes se dispõem a colocar mais recursos do que o
combinado e os valores gerados pela aliança são distribuídos entre as sócias;
c) joint venture baseada em projeto: quando as empresas-mãe colocam um nimo
de recursos estratégicos, entrando em acordo para criá-los em conjunto através de
uma organização comum;
d) joint venture plena: quando ambas as partes colocam recursos em abundância,
permitindo que os valores gerados sejam mantidos na aliança.
Conforme Lorange e Roos (1996), em uma aliança estratégica bem-sucedida, ambas
as partes devem possuir intenções estratégicas harmonizáveis, declaradas explicitamente e
estabelecidas desde o início.
2.3.1 Redes Interorganizacionais
Essa contextualização de alianças estratégicas serve para demonstrar que o trabalho
em rede requer que pontos específicos de interesses comuns sejam alinhados
estrategicamente, pois, implicitamente, elas são orientadas para o compartilhamento de
atividades específicas, com um objetivo comum: melhorar a performance competitiva das
empresas. Em suma, a rede consiste em um estágio mais avançado da aliança estratégica.
34
Para Olave (1998), as redes de empresas são formadas com o objetivo de reduzirem
incertezas e riscos, organizando atividades econômicas a partir da coordenação e cooperação.
na concepção de Ribault, Martinet e Lebidois (1995), a denominada rede é uma forma de
agrupamento de empresas destinada a favorecer a atividade de cada uma, sem que estas
tenham vínculo financeiro, uma vez que tais organizações se complementam. De acordo com
Omta (2002), a rede envolve os atores de um segmento industrial, ou de setores industriais
correlatos, que podem cooperar e adicionar valor para o consumidor.
A análise da rede deve começar pela empresa foco, na qual se encontram as
ferramentas necessárias tanto para mapear a estrutura dos relacionamentos
interorganizacionais e ligações baseadas nos limites da estrutura da rede, quanto para modelar
as ações das empresas envolvidas (NEVES, 2003). Essa análise também permite que se
verifique os relacionamentos, o impacto da rede sobre o ambiente externo e a posição dos
competidores. Salienta-se que a presença de concorrentes na rede permite que a empresa
desenvolva ações coletivas em termos de marketing (NEVES, 2003; NAUDÉ, TURNBULL,
1998).
Segundo Jones, Hesterly e Borgatti (1997), existem mecanismos que favorecem a
formação de uma rede. O primeiro mecanismo diz respeito ao número de integrantes, que
quanto menor, mais fácil será conter o oportunismo. O segundo mecanismo mencionado se
refere à criação de um sistema de valores e premissas amplamente compartilhadas dentro da
rede (macroculture). O terceiro mecanismo está voltado às sanções coletivas, nas quais os
membros do grupo punem aqueles que violam normas, valores e objetivos do grupo, passando
de rumores a expulsão. O último mecanismo faz referência à reputação dos associados, a qual
permite aumentar a confiabilidade das trocas no âmbito da rede, ou seja, a reputação dos
integrantes da rede se define ao longo do trabalho conjunto. A interação entre os quatro
mecanismos sociais os reforça mutuamente e, conjuntamente, eles são considerados propícios
para reduzir os custos de coordenação e limitar o comportamento oportunista.
Lazzarini (2008) define rede como um conjunto de indivíduos ou organizações
interligados por meio de relações diversificadas, composta por nós e pelos laços que o
interligam. Os nós, em geral, são representados pelo atores, indivíduos ou firmas, enquanto os
laços representados pelo relacionamento entre eles. As redes interorganizacionais permitem as
empresas preservarem sua especialização em determinadas áreas, ao mesmo tempo em que
reduzem riscos contratuais aos quais estão sujeitas as transações de mercado.
35
2.3.2 Principais Tipologias e Classificação de Redes
Segundo Laumann, Galaskiewicz e Mardsen (1978), no que tange ao processo de
formação, há dois tipos de redes: as redes competitivas, nas quais, mesmo praticando a
cooperação, as empresas procuram manter autonomia nas operações e estratégias; as redes
cooperativas, na qual os objetivos particulares são menos relevantes frente aos benefícios
advindos da parceria, imperando o coletivo.
Ernst (1994) descreve cinco tipos de redes:
a) redes de fornecedores: envolvem a subcontratação e acordo entre um cliente e
seus fornecedores de insumos intermediários para a produção;
b) redes de produtores: abrangem acordos de co-produção, que oferecem aos
produtores concorrentes a possibilidade de unirem sua capacidade produtiva e
recursos financeiros, a fim de ampliar o portfólio de produtos e a participação no
mercado;
c) redes de clientes: consistem em contratos e acordos entre indústrias e
distribuidores, canais de comercialização, revendedores e consumidores;
d) redes de coalisões-padrão: são formadas por potenciais definidores de padrões
globais, cujo objetivo explícito é agregar um maior número possível de empresas
a seu produto proprietário, ou padrões de interface;
e) redes de cooperação tecnológica: objetivam facilitar a aquisição de tecnologia,
para projetos e produção de produtos, capacitando o desenvolvimento conjunto
dos processos e, por conseqüência, a pesquisa e o desenvolvimento.
Grandori e Soda (1995) propõem uma nova tipologia, conhecida como rede
interempresarial, cujas características e elos são descritos e classificados segundo seus graus
de formalização, centralização e mecanismos de cooperação, assim, as redes de empresas
podem apresentar-se como: sociais, nas quais o relacionamento entre os integrantes não é
regido por contrato formal; burocráticas, que se caracterizam pela existência de um contrato
formal, destinado a regular as transações inerentes às atividades desenvolvidas; e
proprietárias, as quais se caracterizam pela formalização de acordos relativos ao direito de
propriedade entre os acionistas das empresas.
Wood Junior e Zuffo (1998) apontam novas tipologias: a estrutura modular, na qual a
organização mantém as atividades essenciais da cadeia de valores e terceiriza as atividades de
suporte, mantendo o controle sobre as mesmas; a estrutura virtual, que interliga,
temporariamente, as redes de fornecedores, clientes, e/ou concorrentes; e a estrutura livre de
barreiras, que define funções, papéis e tarefas menos gidas dentro da organização.
36
Casarotto Filho e Pires (1999) apresentam dois tipos de redes para pequenas
empresas. O primeiro é denominado top-down e se caracteriza pelo fornecimento de matéria-
prima por parte de empresas de menor porte à empresa-mãe. O segundo é a rede flexível de
pequenas empresas, que surge quando PME’s se reúnem a partir da formão de um consórcio
com objetivos comuns, sendo, cada uma das empresas responsável por uma parte do processo.
Nesse caso, as empresas conseguem competitividade por obterem boa relação entre
flexibilidade e custo, atuando como uma grande empresa.
Assim, a empresa pode optar por ser pequena, competindo pela diferenciação de
produto, ou grande, competindo pela liderança de custos, podendo, ou não, adotar um foco de
mercado. A diferenciação implica produzir produtos sob encomenda, com grande
flexibilidade ou, ainda, produtos de alta nobreza, com ênfase na tecnologia. A Figura 1
esquematiza as distinções entre trabalhar por diferenciação ou por liderança de custos.
Figura 1 - Curva “U” e estratégias competitivas genéricas ampliadas.
Fonte: Casarotto Filho e Pires (1999).
Nesse contexto, uma empresa pode competir através da diferenciação de produto
associado, ou não, a um nicho de mercado, com liderança de custo, participando como
fornecedor de uma grande rede top down e competir com flexibilidade e custo, participando
de uma rede de empresas flexíveis (CASAROTTO FILHO e PIRES, 1999). Casarotto Filho &
Pires (1999) acrescentam que as empresas podem, ainda, formar consórcios para garantir a
competitividade do conjunto, formando micro-redes.
Conforme Corrêa (1999, apud VERRI, 2000), três tipos de redes de empresas. A
primeira é denominada rede estratégica, que se desenvolve a partir de uma empresa que
controla todas as atividades. A segunda é a rede linear, que se forma em torno da cadeia de
valor, na qual os participantes são elos da cadeia, ou seja, parte dos inputs, como os
fornecedores de matéria-prima até os outputs, como os clientes. A última tipologia é a rede
dinâmica, na qual o relacionamento entre as empresas é intenso e variável.
37
Para Lazzarini (2008), a rede pode ser classificada como vertical ou horizontal. Uma
cadeia vertical (ou cadeia de suprimentos) nada mais é do que uma rede de laços
seqüencialmente encadeados, a qual permite gerenciar interdependências seqüenciais entre os
diversos atores envolvidos. Cada ator fornece um montante de produto ou serviço, que é
insumo do outro ator. redes horizontais se formam entre empresas do mesmo setor, setores
adjacentes ou complementares.
No contexto de redes, ainda o cluster, que é definido por Porter (1999) como um
agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituões
correlatas, vinculadas por elementos comuns e complementares, preservando, porém, um
clima de intensa rivalidade. O Quadro 4 contém um resumo das classificações de redes ou
associações de empresas propostas pelos autores mencionados.
AUTOR TIPOLOGIA
LAUMANN,
GALASKIEWICZ E
MARDSEN (1978)
Redes Competitivas: mesmo operando de modo compartilhado, as empresas são
consideradas entidades particulares, com objetivos particulares.
Redes Cooperativas: Apesar dos objetivos particulares, as empresas são conscientes
dos benefícios advindos da cooperação, imperando o coletivo.
ERNST (1994)
Redes de Fornecedores: envolvem a subcontratação e acordo entre um cliente e seus
fornecedores.
Redes de Produtores: abrangem acordos de co-produção, que oferecem, aos
produtores concorrentes, a possibilidade de unir sua capacidade produtiva e recursos
financeiros, a fim de ampliar o portfólio de produtos e a participação no mercado.
Redes de Clientes: consistem em contratos e acordos entre indústrias e
distribuidores, canais de comercialização e revendedores.
Redes de Coalisões-padrão: formadas por potenciais definidores de padrões globais.
Redes de Cooperação Tecnológica: tem por objetivo facilitar a aquisição de
tecnologia para projetos produtivos.
GRANDORI & SODA
(1995)
Redes Sociais: simétricas e assimétricas: nas quais o relacionamento entre os
integrantes não é regido por contrato formal.
Redes Burocráticas: simétricas e assimétricas: que se caracterizam pela existência de
um contrato formal, destinado a regular as transações inerentes às atividades
desenvolvidas.
Redes Proprietárias: simétricas e assimétricas: as quais se caracterizam pela
formalização de acordos relativos ao direito de propriedade entre os acionistas das
empresas.
WOOD JR & ZUFFO
(1998)
Estrutura Modular: cadeia de valor e terceirização atividade de suporte.
Estrutura Virtual: liga temporariamente rede de fornecedores.
Estrutura Livre: de barreiras, define funções, papéis, tarefas.
CASAROTTO &
PIRES (1998)
Redes Top-Down: subcontratação, terceirização, parcerias.
Redes Flexíveis: consórcios.
CORRÊA (1999),
VERRI (2000)
Rede Estratégica: desenvolve-se a partir de uma empresa que controla todas as
atividades.
Rede Linear: cadeia de Valor (participantes são elos).
Rede Dinâmica: relacionamento intenso e variável das empresas entre si.
PORTER (1998)
Cluster: concentração setorial e geográfica de empresas. Caracterizado pelo ganho de
Eficiência Coletiva.
LAZZARINI (2008)
Rede Vertical: empresas seqüencialmente dispostas (cadeia de suprimentos).
Rede Horizontal: empresas do mesmo setor ou entre empresas de setores adjacentes.
Quadro 4 - Tipologias de redes associativas.
Fonte: Adaptado de Olave e Amato Neto (2001).
38
2.3.2.1 Cluster
De modo abrangente, o conceito de cluster pode ser compreendido como
concentração setorial e geográfica de empresas. Dentre as características mais importantes
dessa forma de associação está o ganho de eficiência coletiva, entendida como a vantagem
competitiva das economias externas locais e da ão conjunta (PORTER, 1998). Cabe
ressaltar que os clusters são formados apenas quando os aspectos setoriais e geográficos estão
concentrados.
O cluster envolve um amplo escopo para divisão das tarefas entre empresas,
especialização, inovação e, ainda, elementos essenciais para que a competição se expanda
para além dos mercados locais. O conceito de cluster proposto por Porter (1989) tornou-se
uma referência a partir dos estudos realizados em diversos países pela Monitor Group,
fundada em 1983 por Michael Porter e Mark Fuller, da Harvard Business School.
De acordo com Casarotto Filho e Pires (1999), a partir de meados da década de 90, o
conceito de clusters passou a ser desenvolvido e fortalecido em diferentes perspectivas como,
por exemplo, a inovação e redes, inclusive no Brasil. Um importante marco desse processo foi
a conclusão, em 1994, de um amplo estudo da competitividade da indústria brasileira,
realizado pela Financiadora de Estudos de Projetos (FINEP) e concebido pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia. Porter (2000) cita três fatores capazes de condicionar fortemente o
processo de desenvolvimento de um cluster:
a) a forma como as empresas do setor competem;
b) a capacidade de a região proporcionar um ambiente favorável para atrair e
integrar novas empresas e negócios;
c) a eficácia dos mecanismos formais e informais para viabilizar inter-
relacionamentos construtivos entre fornecedores e indústrias.
Meyer-Stamer (1999), pesquisador e especialista em estudos sobre competitividade
sistêmica em diversos países, inclusive no Brasil, alega que a iniciativa de clusterização
envolve:
a) não problemas, mas também os conhecimentos sobre os sistemas de produção
e suas deficiências, têm uma natureza fortemente local.
b) um exercício de planejamento em âmbito local tem melhores condições de
envolver o grupo de atores-alvo, maior assertividade na definição do problema e
em sua quantificação e elaboração de implementação;
c) diversos países registram experiências bem-sucedidas sobre a promoção de
iniciativas de organização industrial em âmbito local.
39
Portanto, a questão-chave da criação de vantagens competitivas reside no termo
vantagens locacionais. Criar uma vantagem local equivale ao que Michael Porter (2000)
chama de fatores avançados e especializados. São esses fatores que permitem a estas
empresas vantagens competitivas significativas.
2.3.3 Requisitos Essenciais para o Nascimento e Desenvolvimento de Redes de Empresas
Para Olave e Amato Neto (2001), os requisitos essenciais para o nascimento e
desenvolvimento de redes de empresas são a cultura de confiança, a cultura de competência e
a cultura da tecnologia de Informação. Corrêa (1999) e Casarotto Filho e Pires (1999)
afirmam que o surgimento e a sobrevivência das redes dependem da discussão e do
equacionamento dos três aspectos descritos no Quadro 5.
TIPO DE CULTURA
DESCRIÇÃO
1. Cultura de confiança
2. Aspectos ligados à cooperação entre empresas, envolvendo fatores culturais
e de interesse de pessoas e organizações.
3. Cultura de competência
4. Diz respeito a questões ligadas às competências essenciais de cada parceiro.
Engloba aspectos materiais e imateriais como os processos.
5. Cultura de tecnologia
6. A agilização do fluxo de informações é vital para a implantação e o
desenvolvimento de redes flexíveis.
Quadro 5 - Requisitos essenciais para o nascimento e desenvolvimento de redes de
empresas.
Fonte: Olave e Amato Neto (2001)
A cultura da confiança diz respeito aos aspectos ligados à cooperação entre
empresas, envolvendo tanto fatores culturais, quanto interesses das pessoas e das empresas. O
conhecimento sobre ambas é essencial para a construção da cultura de confiança em um
contexto em que a ética assume um papel fundamental para o bom encaminhamento das
relações.
A cultura da competência trata das questões ligadas às aptidões essenciais de cada
parceiro. Engloba aspectos materiais, equipamentos, processos e know how, ou seja, o saber
como fazer. Para estabelecer a cultura da competência será preciso analisar as evidencias de
cada parceiro, dentre elas:
a) se o parceiro proporciona efetivamente um maior valor agregado ao cliente final;
b) se a diferenciação conseguida pelo parceiro é robusta, considerando-se os vários
mercados em que será utilizada e se é resistente à ação dos concorrentes nestes
mercados;
40
c) se é flexível, isto é, se permite diferentes possibilidades de aplicação nos
mercados, se suporta variações de volume, de mix de produção ou de prazo de
entrega.
Por fim, a cultura da tecnologia da Informação, a qual agiliza o fluxo de informação
que é de vital para implementação e desenvolvimento de redes flexíveis. Esse processo
envolve recursos de informática para o processamento e transmissão dos dados entre parceiros
através de meios de comunicação; local para armazenamento das informações; geração e
distribuição da base de dados relacionados à operação, condições de acesso e utilização das
informações, ou seja, é preciso empregar a tecnologia de informação e comunicação em prol
da performance da rede (OLAVE e AMATO NETO, 2001).
Para Cândido e Abreu (2005), a formação, desenvolvimento e viabilização de redes
organizacionais de pequenas e médias empresas requer que se leve em consideração algumas
questões e condições básicas, tendo em vista o alcance dos objetivos pretendidos pelas
empresas envolvidas. Os autores denominam tais questões como Fatores Críticos de Sucesso
(FCS), um conjunto de condições vitais para o favorecimento e desenvolvimento de redes.
Conforme demonstra o Quadro 6, dezesseis desses fatores foram divididos em quatro
grupos, cada qual com um conjunto de quatro variáveis específicas, classificadas por
importância. Essa padronização se justifica para um melhor entendimento do escopo dos FCS.
AMBIENTE DE NEGÓCIOS PROCESSO DE FORMAÇÃO
Participação das outras empresas e instituições de
apoio.
Política de inovação.
Perfil das empresas locais.
Condições para a prática da cooperação e
colaboração.
Familiarização com os conceitos e vantagens da
nova forma de atuação.
Escolha adequada dos agentes responsáveis pela
negociação e consolidação do agrupamento.
Existência de diversos líderes nosveis do
agrupamento.
Definição de uma arquitetura organizacional.
POLÍTICAS MACROECONÔMICAS
ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SÓCIO-
CULTURAIS
Interação entre os agentes envolvidos.
Planejamento e coordenação das ações das
instituições de apoio.
Mecanismos para fortalecer os relacionamentos e
interações.
Políticas direcionadas ao fortalecimento da
capacitação tecnológica.
Políticas de conscientização e socialização.
Historia comum entre os integrantes.
Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
Clima de confiança e identidade cultural.
Quadro 6 - Conjunto de variáveis envolvendo os fatores críticas de sucesso (FCS) a serem
consideradas no processo de formação, desenvolvimento e manutenção de
redes interorganizacionais de PME’s, organizados por ordem de importância.
Fonte: Cândido e Abreu (2005) In: Previdelli e Meurer (2005).
41
Para ndido e Abreu (2005), esta classificação, por ordem de importância,
determina os FCS para formação, desenvolvimento e viabilização de redes organizacionais de
pequenas e dias empresas. Os autores acrescentam que tais fatores constituem condição
fundamental para que os interesses e necessidades de todos os agentes envolvidos sejam
alcançados.
Casarotto Filho e Pires (1999) advertem que a questão cultural é altamente relevante
para a formação de uma rede e que a concretização desta está fortemente ligada aos modelos
de desenvolvimento regional. O Quadro 7 apresenta os condicionantes da cooperação,
segundo a visão do Instituto Alemão para o Desenvolvimento (IAD).
COOPERÃO SEGUNDO O IAD
COOPERÃO NÃO DEMANDA: COOPERÃO NECESSITA DE:
- união de todos atrás de uma liderança;
- uma ação totalmente sincronizada em conjunto;
- ausência de conflitos entre parceiros;
- negação de interesses divergentes
- troca de informações entre várias empresas;
- estabelecimento de um intercâmbio de idéias;
- desenvolvimento de visão estratégica;
- definição de áreas de atuação;
- análise conjunta dos problemas e solução
comuns;
- definição das contribuições dos parceiros.
Quadro 7 - Condicionantes da cooperação, segundo a visão do Instituto Alemão para o
Desenvolvimento (IAD).
Fonte: Casarotto Filho e Pires (1999).
Esses condicionantes também são fatores para que uma rede tenha sucesso por
intermédio da relação cultural entre as empresas. Segundo Casarotto Filho e Pires (1999), é
importante que os fatores de cooperação estejam ligados à sinergia cultural das empresas
postulantes a formação da rede.
2.3.4 Redes Associativas de Compras
Associativismo ou ação associativa é qualquer iniciativa formal ou informal, que
agrupe empresas com o objetivo de superar dificuldades e gerar benefícios comuns nos níveis
econômico, social e potico (SEBRAE, 1994). Desta forma, através das redes associativas de
compras, as empresas podem obter ganhos logísticos e aprimorar a estratégia competitiva. É
senso comum que os benefícios estratégicos decorrentes de alianças logísticas se fazem sentir
de forma bastante expressiva, principalmente, em termos de redução de custos, os quais,
segundo Montgomery (1998), têm origem em:
42
a) custos operacionais de distribuição: através da utilização de canais de
distribuição comuns a diversas empresas, modais de transporte comuns etc.;
b) custos operacionais de estocagem, utilizando-se centros de distribuição e/ou
armazéns comuns;
c) custos operacionais de compras, através de compras conjuntas;
d) custos operacionais de propaganda, através de propagandas cooperadas.
Para Casarotto Filho & Pires (2001), nas funções produtivas, as pequenas empresas
normalmente são mais flexíveis e ágeis do que as grandes. Assim, se puderem agregar
vantagens semelhantes às de grandes empresas em funções como logística, marca ou
tecnologia, essas pequenas empresas terão maiores chances de competão.
Conforme Porter (1999), o valor gerado pela empresa é mensurado pelo preço que os
compradores estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço, pois o negócio torna-se rentável
a partir do momento que o valor agregado supera o custo do desempenho das atividades, ou
seja, os bens ou serviços ganham valor, superando os insumos. A função chave para este
ganho é a logística de aquisições, que compreende as funções de compra, estocagem e
transporte de materiais.
Essas funções-chave da cadeia de valor e suas atividades são representadas
graficamente por Casarotto Filho e Pires (1999) na Figura 2, na qual o sentido da esquerda
para a direita acompanha as etapas do processo produtivo. As funções iniciais e finais da
cadeia de valor são as que agregam maior valor ao produto, entretanto, observa-se que ao
mesmo tempo, tornam-se as mais onerosas para pequenas e dias empresas, quando estas
atuam de forma isolada.
INFRA-
ESTRUTURA
TECNOLOGIA DE GESTÃO:
RH, QUALIDADE, PLANEJAMENTO, GESTÃO FINANCEIRA
OPERAÇÃO
P&D
Atualização
setorial
Desenvolvimento
de produtos
Tecnologia de
processos
Lostica de
Aquisições
Compras
Estocagem
de materiais
Transporte
de materiais
Produção
Produção
interna
Custos
Flexibilidade
Lostica de
produção
Produção
externa
Lostica de
distribuição
Estocagem de
produtos
Transporte de
produtos
Redes de
distribuição
Marketing
Atualização
setorial
Marca
Vendas
Atendimento
(responsabilidade)
Assistência
Figura 2 - Cadeia de valor genérica em negócios industriais.
Fonte: Casarotto Filho e Pires (1999).
43
De fato atividades com P&D em marketing podem gerar demandas estruturais e
recursos para a maioria das micro e pequenas empresas. Para Casarotto Filho e Pires (1999), a
tendência da união em redes é concentrar-se nas extremidades da cadeia de valor, enquanto as
funções intermediárias, na maioria das vezes, permanecem sob responsabilidade direta das
empresas parceiras. Nesse sentido, é importante destacar que a função de aquisições pode ser
interpretada como uma atividade da extremidade, a qual contribui para a alavancagem
competitiva da empresa.
Casarotto Filho & Pires (1999) ainda enfatizam que, para a redução dos custos, é
interessante que a própria entidade representativa da rede consiga comprar em grandes
quantidades, pois, assim, será possível obter preços menores e diminuir o nível de estoque das
empresas da rede, desobrigando-as de comprar individualmente em larga escala e de arcar
com os custo de armazenamento. Em um mundo globalizado e altamente competitivo como o
atual, o associativismo e a união são o caminho para que pequenas empresas adquiram força
competitiva, pois além de reduzir os custos de aquisição da matéria-prima, o associativismo
pode baratear outros custos indiretos, tais como, o transporte e os meios de comunicação.
Referindo-se aos networkpreneurs (empreendedores em rede de negócio), Filion
(2001) afirma que, diante da globalização e dos grandes mercados de livre corcio, é
crescente o mero de pequenos negócios que estão aderindo às redes para melhorar seu
poder de negociação com os fornecedores. Em geral, essas redes são criadas em volta de um
ou de um punhado de pequenos negócios e estão se tornando mais comuns, entretanto, alguém
precisa gerenciá-las e mantê-las. O autor acrescenta que a cooperação de compras é vital
porque diminui o preço final do produto, contribuindo para aumentar a competitividade.
Segundo Ansoff (1990), as micro, pequenas e médias empresas que atuam em rede,
para fazer frente a grandes corporações, contam com três vantagens. A primeira é a maior
eficiência produtiva, ou seja, menor custo por unidade produzida e economia em escala. A
segunda é a possibilidade de buscar, além da rentabilidade em curto prazo, objetivos de longo
prazo como, por exemplo, flexibilidade, diversificação de riscos, estabilidade e reputação.
Uma empresa pequena não possuiria tais oportunidades individualmente, pois teria que
concentrar seus recursos apenas em objetivos de curto prazo. A terceira refere-se à economia
de escopo, que consiste no menor custo de se produzir e distribuir produtos assemelhados
pelas mesmas linhas de produção e pelos mesmos canais de distribuição.
44
2.4 MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO E MODELO KANO
Nesta seção, apresenta-se a matriz importância x desempenho para analisar os pontos
fortes e fracos dos fatores críticos de sucesso (FCS), bem como o modelo Kano de qualidade
atrativa e obrigatória de atributos dos FCS para a análise de formação e desenvolvimento de
redes interorganizacionais.
2.4.1 Matriz Importância X Desempenho
Um gráfico bi-dimensional relaciona o desempenho atual de um atributo com seu
grau de importância. Com o uso de questionário tipo Likert, a matriz dá uma clara
visualização, através do posicionamento dos atributos nos quadrantes do gráfico, de quais
atributos devem ser melhorados, ignorados, mantidos ou estão com desempenho acima do
esperado. Esta clara visualização é demonstrada pela Figura 3, na qual se verifica os
quadrantes de pontos fracos, pontos fracos menores, pontos fortes e pontos fortes maiores. O
grau de desempenho do atributo vem da média das respostas obtidas no questionário. A
importância pode ser medida da mesma forma direta, sendo denominada importância auto-
atribuída, ou através de ferramentas estatísticas, conhecida como importância derivada
(TONTINI, 2005).
Figura 3 - Matriz importância x desempenho.
Fonte: Tontini (2005).
45
Para interpretar o cruzamento entre a escala de importância e a escala de
desempenho, realiza-se a analise por quadrante. Dessa forma, o atributo que se situar no
quadrante I terá alta importância, com alto desempenho, representando assim uma possível
vantagem competitiva. Neste caso, a empresa deve manter a performance. Um atributo que
tiver alta importância e baixo desempenho será indicado no quadrante II, significando que
deverá receber atenção imediata, ou seja, a empresa deverá concentrar esforços para melhorá-
lo a fim de aumentar a satisfação geral. O quadrante III contém os atributos com baixa
importância e baixo desempenho, mas não requerem esforços adicionais. Os atributos situados
no quadrante IV são de alto desempenho e baixa importância. Neste caso, a empresa pode
estar desperdiçando recursos que poderiam ser mais bem aproveitados em outras aplicações
(TONTINI, SANT’ANA, 2007).
2.4.2 Modelo Kano
O Modelo Kano de Qualidade Atrativa e Obrigatória faz distinção entre quatro tipos
de atributos de produtos ou serviços que influenciam a satisfação do cliente (KANO, 1984;
MATZLER 1994, 1996, 1998; TONTINI, 1996, 2000; TONTINI E SILVERIA 2005; JANÉ,
2003; BHATTACHARYYA, 2004).
Tontini (1996) faz a seguinte descrição dos atributos:
a) Atributos obrigatórios: os atributos obrigatórios preenchem as funções básicas de
um produto. Se esses atributos não estiverem presentes ou seu desempenho for
insuficiente, os clientes ficarão extremamente insatisfeitos. Por outro lado, se
estiverem presentes de forma suficiente, tais atributos gerarão satisfação, pois o
cliente os como pré-requisitos. Por exemplo, uma garantia de três anos para
automóveis nos EUA é algo comum, e os clientes vêem isso como um padrão
para a indústria. Se um fabricante de carro decidir dar apenas um ano de garantia,
nenhum cliente irá comprar este carro. Essa obrigatoriedade para com os
atributos padronizados se de forma implícita, tanto que os clientes sequer os
mencionam quando questionados sobre as características que consideram
importantes em um produto ou serviço.
b) Atributos unidimensionais: a satisfação do cliente é proporcional ao nível de
desempenho, quanto maiores os benefícios, maior será a satisfação do cliente e
vice-versa. Por exemplo, para determinada classe de automóvel, quanto menor
for o consumo, maior será a satisfação do cliente. Se o gasto de combustível por
46
quilômetro rodado estiver acima desse nível, o cliente ficará insatisfeito. Pode-se
dizer que quanto menor for a quilometragem rodada por litro de combustível,
tanto maior será a insatisfação do cliente com relação a este atributo. Neste
exemplo, o nível zero, ou neutro, é a dia da indústria para aquela classe de
automóvel. Geralmente atributos unidimensionais são exigidos explicitamente
pelos clientes.
c) Atributos atrativos: são pontos chave para a satisfação do cliente. O atendimento
destes atributos traz uma satisfação mais que proporcional. Porém, eles não
trazem insatisfação se não forem atendidos. Por exemplo, se oferecer uma
lembrança adicional aos clientes no final de um jantar, o restaurante gerará
satisfação. Se o presente não for oferecido, no entanto, não haverá insatisfação.
Atributos atrativos não são expressos explicitamente, nem esperados pelo cliente.
d) Atributos neutros: são aqueles cuja presença não traz satisfação, nem a sua
ausência traz insatisfação. Exemplos de atributos neutros são aqueles que nunca
ou apenas raramente são usados pelo cliente.
Além destes, há o atributo reverso que é aquele cuja presença traz insatisfação como,
por exemplo, o “teto solar” dos automóveis, que não é bem vindo para alguns clientes
(TONTINI, 1996). A Figura 4 ilustra o comportamento dos atributos e sua inflncia sobre a
satisfação ou insatisfação do cliente.
Figura 4 - Modelo Kano de qualidade atrativa e obrigatória.
Fonte: Adaptado de Matzler et al. (1996).
47
Apesar de ainda não ser muito difundido, o Modelo Kano tem sido utilizado com
sucesso em diversas aplicações. Zultowski (1994) apresenta a sua utilização na análise dos
atributos que trazem sucesso em serviços de seguros. Martensen e Grqnholdt (2001)
apresentam uma adaptação do Modelo Kano para aplicação na melhoria dos métodos de
gestão de pessoas, mediante a identificação, por parte dos funcionários, de atributos atrativos
e obrigatórios nos estilos de gerência. Huisknoen e Pirttilä (1998) apresentam a utilização do
Modelo Kano na melhoria dos serviços logísticos ao cliente, discutindo os benefícios
potenciais de sua utilização no processo de planejamento desses serviços (TONTINI, 2003).
48
3 MÉTODO DE PESQUISA
Neste capítulo, apresenta-se a metodologia que se utilizou para realização deste
estudo, o delineamento da pesquisa, a população e amostra, o instrumento de coleta, os
procedimentos de coleta e análise dos dados e, por fim, as limitações da pesquisa.
Segundo Ferrari (1974, p. 171), pesquisa é definida como uma atividade humana
cujo objetivo de descobrir respostas para as indagações ou questões significativas propostas,
sendo que, para tal, utiliza-se de conhecimento anterior.
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Esta pesquisa quali-quantitativa foi realizada em duas etapas: a primeira
exploratório-descritiva, e a segunda analítico-propositiva, na qual se propõe a análise da rede
associativa através de método do modelo Kano pela média geral de atributos e pela matriz
importância e desempenho. A pesquisa é considerada qualitativa por interpretar as condições
vantajosas de redes existentes, e quantitativa porque investiga 20 micro e pequenas empresas
do ramo metal-mecânico do município de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.
A pesquisa teve caráter indutivo, pois, segundo Ribeiro (2003), a indução científica
consiste em um processo pelo qual, partindo-se de dados particulares, suficientemente
constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
No primeiro momento, foi realizada uma pesquisa exploratória, antes da descritiva, a
fim de obter-se maior familiaridade com o problema, visando torná-lo mais explícito ou
construir hiteses, haja vista que o objetivo principal é aprimorar iias ou descobrir
intuições.
Gil (2007) afirma que as pesquisas exploratórias têm como principal propósito
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de
problemas mais precisos ou hiteses pesquisáveis para estudos posteriores. Para o autor, a
pesquisa descritiva tem como objetivo a descrição das características de determinada
população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A pesquisa
descritiva assemelha-se muito a pesquisa exploratória, pois:
49
Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de
relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza dessa relação. Nesse
caso, tem-se a pesquisa descritiva que se aproxima da pesquisa explicativa. Há,
porém, pesquisas que, embora definidas como descritivas com base em seus
objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o
que as aproxima das pesquisas exploratórias. (GIL, 2007, p. 42)
De acordo com Roesch (1999), se o propósito da pesquisa implica medir relações
entre variáveis, associar causa efeito, avaliar resultado de algum projeto ou sistema,
recomenda-se utilizar métodos quantitativos. Já se o propósito da pesquisa é obter
informações sobre determinada população ou amostra, como, por exemplo, em que proporção
seus membros tem certa opinião ou característica, ou, com que freqüência certos eventos estão
associados entre si, recomenda-se utilizar um estudo de caráter descritivo, que é o fomento da
presente pesquisa.
No segundo momento, realizou-se a descrição e análise de redes de compras que
obtiveram êxito: uma supermercadista e uma metal-mecânica. Pretende-se, assim, com base
nas redes citadas, captar a visão dos atributos ou requisitos mais importantes para a formação
e desenvolvimento de redes de empresas, levando-se em conta o grau de desenvolvimento das
mesmas, conforme os fatores já desenvolvidos e maturados em áreas distintas de atuação.
Aplicou-se também o instrumento de coleta de dados utilizado nas redes já existentes
a pequenas e médias empresas do ramo metal-mecânico da região de Jaraguá do Sul, para
analisar a viabilidade de se propor uma rede associativa de compras para as empresas do
município. Na análise, partiu-se da construção de atributos verificados como requisitos chaves
e básicos para a formão, desenvolvimento e manutenção de redes de empresas, segundo as
correntes: Casarotto Filho e Pires (1999), Olave e Amato Neto (2001) e Candido e Abreu
(2005), pela integração entre a matriz importância x desempenho e o modelo Kano pela média
geral de atributos.
3.1.1 Adaptação do modelo kano pela média geral dos atributos de formação e
desenvolvimento de redes interorganizacionais
Para que os resultados pudessem ser melhor interpretados e analisados neste estudo,
adaptou-se os atributos de satisfação e insatisfação do modelo Kano, e as dimensões dos
requisitos essenciais para criação e desenvolvimento de uma rede associativa de compras ao
contexo pesquisado.
50
3.1.1.1 Método de Aplicação do Modelo Kano pela Média Geral de Atributos
A identificação dos atributos dentro do Modelo Kano baseia-se num questionário, no
qual o cliente indica sentir-se satisfeito ou insatisfeito com determinada situação. Para cada
atributo, é apresentado um par de questões que o cliente pode responder de cinco maneiras
diferentes. A primeira questão preocupa-se com a reação dos clientes quando o atributo está
presente ou seu desempenho é superior (questão funcional). A segunda questão preocupa-se
com a reação dos clientes quando o atributo está ausente ou seu desempenho é insuficiente
(questão disfuncional) (KANO, 1984).
Através da combinação das respostas para as formas funcional e disfuncional é
possível determinar se o cliente considera o atributo como atrativo (A), unidimensional (U),
obrigatório (O), neutro (N) ou reverso (R).
A média de cada atributo das questões funcionais, Kano (+), e disfuncionais, Kano (-
), localiza o posicionamento de cada atributo, de acordo com os dois eixos, como um plano
cartesiano. Desta forma o eixo dos “x” é formado pela média do Kano (-) para cada atributo,
bem como o eixo dos “y” é formado pelos resultados de média de cada atributo do Kano (+).
A formação dos quadrantes é composta pelas escalas das possíveis respostas que vai de -4
(muito insatisfeito) até +4 (muito satisfeito). Para cada posicionamento, segundo quatro
quadrantes é classificado o atributo em unidimensional, atrativo, neutro e obrigatório como no
exemplo demonstrado na Figura 5.
Figura 5 - Classificação dos atributos segundo o modelo Kano.
Fonte: Adaptado de Tontini (2003).
51
Os passos para classificar os atributos através do modelo Kano são:
a) levantamento dos atributos do produto ou serviço;
b) construção e aplicação do questionário;
c) tabulação dos resultados do questionário;
d) classificação dos atributos.
As a classificação através do lculo de índice de satisfação do consumidor para
cada um dos atributos, faz-se a picotagem do gráfico com os valores obtidos. A análise do
atributo pode é realizada com base na picotagem das coordenadas Kano (+) e Kano (-).
3.1.1.2 Adaptação do Modelo Kano ao Estudo da Viabilidade de Formação e
Desenvolvimento de Redes de Empresas
A primeira adaptação proposta é na nomenclatura dos atributos propostos pelo
modelo Kano. Para tanto, apresenta-se a seguinte descrição:
a) Atributos obrigatórios: preenchem as funções básicas da rede. Se estes atributos
o estiverem presentes ou seu desempenho for insuficiente, os usuários ficarão
extremamente insatisfeitos, levando a iniciativa ao insucesso. Por outro lado, se
estiverem presentes ou forem suficientes, tais atributos não garantirão o sucesso.
São, portanto, pré-condições para a existência e funcionamento adequado da
rede.
b) Atributos críticos: são pontos chave para o desenvolvimento da rede. A satisfação
dos usuários é proporcional ao nível de desempenho. Quanto maior o nível de
desempenho, maior será a satisfação e as chances de sucesso da rede, e vice-
versa.
c) Atributos impulsionadores: O atendimento desses atributos traz uma satisfação
mais que proporcional. São os atributos que geram satisfação aos usuários e
alavancam a rede.
d) Atributos neutros: são aqueles cuja presença não traz satisfação e a ausência traz
insatisfação como, por exemplo, aqueles que nunca ou raramente são utilizados
pela rede.
52
Figura 6 - Adaptação do modelo Kano ao estudo da viabilidade de formação e
desenvolvimento de redes de empresas.
Fonte: Adaptado de Tontini (2003).
3.1.2 ADAPTAÇÃO DAS DIMENSÕES DOS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA O
NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE REDES DE EMPRESAS E SEUS
RESPECTIVOS ATRIBUTOS
Conforme o capítulo 2.3.3 que trata de requisitos essenciais para o nascimento e
desenvolvimento de redes, no qual se aborda autores como Casarotto Filho e Pires (1999),
Olave e Amato Neto (2001) e Cândido e Abreu (2005), nesta seção pretende-se fazer uma
adaptação destes requisitos ou estes Fatores Críticos de Sucesso, definindo assim as
Dimensões e seus respectivos atributos. Para tanto, seleciona-se as considerações de Olave e
Amato Neto (2001) e Cândido e Abreu (2005) e desta forma desenvolve-se seis Dimensões
formadora dos Fatores Críticos de Sucesso e neste contexto foram classificados em:
Dimensão A - Ambiente de Negócios e competências: classificação de Olave e
Amato Neto (2001) que é a Cultura de Competência unida com a classificação de
Cândido e Abreu (2005) que é Ambiente de Necios. Esta união justifica-se
devido às questões de competências ficarem muitos próximas às descritas em
Ambientes de Negócios;
Dimensão B – Relacionamentos: classificação original chamada de Poticas
Macroeconômicas por Cândido e Abreu (2005). Esta mudança de nomenclatura
se justifica para que a interpretação seja mais bem visualizada;
53
Dimensão C - Processo de Formação: classificação de Cândido e Abreu (2005);
Dimensão D - Aspectos Antropológicos e Sócio-culturais: classificação de
Cândido e Abreu (2005);
Dimensão E - Aspectos de cooperação: classificação de Olave e Amato Neto
(2001) adaptado de Cultura de Confiança;
Dimensão F - Cultura da TI: classificação de Olave e Amato Neto (2001).
Partindo desta premissa, adapta-se os atributos destas Dimensões, onde são
destacados no Quadro 8.
A. AMBIENTE DE NEGÓCIOS E COMPETÊNCIAS
Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade para diferentes possibilidades de aplicação
nestes mercados, suporte a variações de volume, de mix de produção ou de prazo de entrega.
Participação de outras empresas e instituições de apoio na rede.
Política de inovação para aplicação dentro da rede.
Perfil das empresas que contemplam a formação da rede.
Cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a prática da cooperação e colaboração.
B. RELACIONAMENTOS
Interação entre os agentes envolvidos, ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede.
Planejamento e coordenação, isto é, planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores.
Mecanismos de fortalecimento dos relacionamentos, isto é, mecanismos que visam fortalecer as interações de
componentes da rede.
Políticas de fortalecimento da capacitação tecnológica da rede.
C. PROCESSO DE FORMAÇÃO
Conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação.
Escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento.
Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede.
Definição do comportamento e regras na rede.
D. ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
Políticas de conscientização sobre associativismo e socialização de boas práticas de compras.
Historia das instituições formadoras da rede.
Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
Clima de confiança e identidade cultural.
E. ASPECTOS DE COOPERAÇÃO
Troca de informações entre as empresas.
Estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
Análise conjunta dos problemas e solução em comum.
Definição das contribuições dos parceiros.
F. CULTURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Recursos computacionais para o processamento dos dados
Tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar a performance da rede.
Geração e distribuição da base de dados relativa à operação da rede.
Acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso dos recursos para a melhora da performance da rede.
Quadro 8 - Comparação dos Fatores Formadores e Desenvolvedores de uma rede, entre
as empresas já atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul.
Fonte: o autor.
54
3.1.3 Síntese o delineamento da pesquisa
Na Figura 7 pode-se verificar em síntese do delineamento da pesquisa.
Figura 7 -ntese do delineamento da pesquisa.
Fonte: o autor.
PESQUISA QUALI-QUANTITATIVA
EXPLORATÓRIO
-
DESCRITIVA
pesquisa exploratória;
obter-se maior familiaridade com o
problema;
construir hipóteses;
1ª ETAPA 2ª ETAPA
Ap
licação dos modelos: matriz
Importância X Desempenho (para as
Dimensões dos Fatores Críticos de
formação de uma rede) e modelo Kano
(para os atributos das Dimensões dos
Fatores Críticos de formação de uma rede)
ANALÍTICO
-
PROPOSITIVA
Descrição e análise
de redes de
compras:
que obtiveram êxito: uma
supermercadista e uma metal-
mecânica;
pequenas e médias empresas do
ramo metal-mecânico da região de
Jaraguá do Sul;
Comparativos e correlações:
Classificação perante a Imporncia
X Desempenho e o modelo Kano
eutro
Crítico
55
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A pesquisa abrangeu duas amostras para que se possa realizar uma análise
comparativa entre grupos adeptos de redes associativas de compras existentes. O primeiro
grupo abrange duas redes já desenvolvidas: a Associação de Compras Supermercadistas do
Vale do Itajaí (ASSUVALI), em Santa Catarina, e a Central de Negócios do Sindicato das
Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletnico (SINDIMETAL), em
São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Associação dos Supermercados do Vale do Itajaí (ASSUVALI) é composta de oito
supermercadistas, de pequeno e médio porte, resolveram apostar no associativismo para
reduzir custos, aumentar a margem de lucro, incrementar o faturamento e enfrentar a
concorrência dos grandes grupos de hipermercados. A associação tornou-se responsável pelas
compras a serem distribuídas para esses supermercados e por reuniões semanais para decidir
as ações de marketing. Com a criação da associação, os supermercadistas conseguiram evitar
atravessadores, distribuidores, atacadistas e estão comprando diretamente das empresas, com
preços melhores devido ao poder de negociação obtido em função do volume de mercadoria a
ser adquirida. Para consolidar o papel da ASSUVALI, os supermercados que fazem parte da
associação exibem o nome Rede Top na fachada dos seus estabelecimentos (SEBRAE, 2007).
A Central de Negócios SINDIMETAL oferece, para as 150 empresas associadas, um
ambiente virtual com potencial para reduzir custos na aquisição de matéria-prima e aumentar
o poder de negociação. Neste ambiente, os empresários podem realizar negociações coletivas
com fornecedores de todos os segmentos, de materiais de escritório a ferros e chapas, o que
aumenta o poder de compra e, conseqüentemente, a rentabilidade de seus empreendimentos
(SINDIMETAL, 2008).
O segundo grupo é formado pelo grupo de pequenas e médias empresas do ramo
metal-mecânico da região de Jaraguá do Sul, a fim de avaliar a viabilidade de implantação de
uma associação de compras. As empresas que come as pequenas e médias empresas do
ramo metal-mecânico da região de Jaraguá do Sul são 20, segundo a Associação das Micro e
Pequenas Empresas do Vale do Itapocu (APEVI).
Para a classificação em micros, pequenas, médias e grandes empresas utilizou-se o
critério número de empregados. O Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa SEBRAE
quantifica o tamanho da empresa de acordo com o número de empregados da seguinte forma
(SEBRAE, 2007): microempresa: até 19; pequena empresa: de 20 a 99; média empresa: de
100 a 499; e grande empresa: acima de 500.
56
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Como o estudo é baseado no modelo Kano, o procedimento de coleta de dados será
um questionário de classificação de atributos, proposto pelo autor e descrito no item 3.1.1.
Para Roesch (1999), a coleta acontece antes da análise. Dessa forma, o questionário é
o instrumento mais utilizado em pesquisa quantitativa quando se pretende levantar a opinião
de determinada população, pois permite mensurar alguma coisa. Para Gil (2007), “a
elaboração de um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos específicos da
pesquisa em itens bem redigidos.
3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS
Na análise de dados, buscou-se classificar os requisitos de acordo com o modelo
Kano de classificação de atributos de satisfação. Para tanto, traçou-se um perfil do
comportamento padrão das empresas do grupo 1, composto por duas redes associativas de
compras. Esse comportamento foi delineado a partir da classificação dos atributos descritos
no capítulo 2.4.2 e comparados com as respostas do grupo 2, formado por empresas que
analisam a possibilidade de compor uma rede associativa de compra. Por fim, verifica-se as
correlações entre os grupos.
Dessa forma, analisa-se a viabilidade da implantação de uma rede de compras entre
empresas de pequeno e médio porte no ramo metal-mecânico de Jaraguá do Sul, com base na
comparação com redes já atuantes.
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Uma das limitações deste estudo está relacionada ao fato de os grupos pesquisados
atuarem em diferentes segmentos de mercado, o que pode trazer um viés para a pesquisa.
Outro fator limitador é fato de ser a primeira vez que os modelos matriz importância x
desempenho e modelo Kano foram aplicados na análise de formação de redes de empresas, o
que pode, ou não, ampliar as possibilidades de aplicação do método.
57
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo, apresenta-se a analise dos dados coletados junto à Associação de
Compras Supermercadistas do Vale do Itajaí (ASSUVALE); em Santa Catarina, à Central de
Negócios do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e
Eletrônico (SINDIMETAL), de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul; e às micro e pequenas
empresas do setor metal-mecânico de Jaraguá do Sul.
Dos 8 supermercados da ASSUVALE para os quais foram enviados questionários, 5
responderam, representando 63% do total. Na SINDIMETAL, a Diretoria optou em realizar a
pesquisa no Comitê Executivo da Central de Negócios que representa as empresas associadas.
Esse Comitê é formado por 5 membros. Todos responderam, totalizando 100%. das 20
micro e pequenas empresas do setor metal-mecânico de Jaraguá do Sul para as quais foram
enviados questionários, 14 responderam, o que corresponde a 70% do total.
4.1 PERFIL DAS REDES E EMPRESAS PESQUISADAS
Nesta seção, descreve-se o perfil das duas redes já estabelecidas - a ASSUVALE e o
SINDIMENTAL, estratificando-os de forma separada. Depois, compara-se cada um desses
perfis aos das empresas da região de Jaraguá do Sul, a fim de analisar a viabilidade destas se
associarem em uma rede compras.
4.1.1 Empresas que Atuam em Rede
O perfil das empresas que atuam nas redes ASSUVALI e SINDIMETAL foi
estratificado de forma unificada, por meio de quesitos como: número de funcionários, tempo
de atuação da empresa e faturamento mensal. O Gráfico 1 demonstra o perfil nas empresas da
rede ASSUVALI , ondeque 58% das empresas que atuam nas redes pesquisadas possuem um
quadro com até 49 funcionários, 23% empregam entre 50 e 100 funcionários e 17% entre 101
e 200.
58
Gráfico 1 - Número de funcionários das empresas que atuam nas rede ASSUVALI.
Fonte: O autor.
No Gráfico 2, observa-se que 70% das empresas pertencentes às redes associativas
pesquisadas atuam no mercado mais de 10 anos. Os 30% restantes possuem entre 5 a 10
anos de existência.
Gráfico 2 - Tempo de atuação das empresas que atuam nas rede ASSUVALI.
Fonte: O autor.
TEMPO DE ATUAÇÃO DA EMPRESA
30%
70%
menos de um ano
1 a 3 anos
3 a 5 anos
5 a 10 anos
mais de 10 anos
NÚMEROS DE FUNCIONÁRIOS
25
%
58
%
17
%
até
49
entre 50 e 100
entre 101 e 200
mais de
200
59
Como se verifica no Gráfico 3, o faturamento mensal de 82% das empresas que
atuam nas redes de compra pesquisadas está acima de R$ 100.000,00. As 18% restantes
faturam entre R$ 50.000,00 e R$ 100.000,00 por mês.
Gráfico 3 - Faturamento mensal das empresas que atuam nas rede ASSUVALI.
Fonte: O autor.
Nas empresas do SINDIMETAL o quesito número de funcionários se apresenta-se
que 14% das empresas possuem entre 101 e 200 funcionários, 58% entre 50 e 100 e 14% até
49 funcionários, como é demonstrado no Gráfico 4.
Gráfico 4 - Número de funcionários das empresas que atuam na rede SINDIMETAL.
Fonte: O autor.
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS
entre 50 e 100
58%
até 49
14%
entre 101 e 200
14%
até 49
entre 50 e
100
entre 101 e
200
mais de 200
FATURAMENTO MÊS
82%
18%
até
R$ 10.000,00
de R$
10.000,00 a 50,000,00
de R$ 50.000,00 a 100,000,00
acima
de R$
100,000,00
60
No Gráfico 5 apresenta-se para a rede SINDIMETAL o tempo de atuação da
empresa, onde 75% das empresas atuam a mais de 10anos e 25% atuam entre 5 e 10 anos.
Gráfico 5 - Tempo de atuação das empresas que atuam na rede SINDIMETAL.
Fonte: O autor.
No quesito faturamento as empresas do SINDIMETAL, o Gráfico 6 apresenta que
86% das empresas possuem faturamento mensal acima de R$ 1000.000,00 e 14% de R$
50.000,00 a 100.000,00.
Gráfico 6 - Faturamento mensal das empresas que atuam na rede SINDIMETAL.
Fonte: O autor.
FATURAMENTO MÊS
acima de R$
100.000,00
de R$
50.000,00 a
R$ 100.000,00 14%
R
$
até R$ 10.000,00
de R$ 10.000,00 à R$ 50.000,00
de R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00
acima de R$100.000,00
TEMPO DE ATUAÇÃO DA EMPRESA
5 a 10 anos
25%
mais de 10 anos
75%
menos de um ano
1 a 3 anos
3 a 5 anos
5 a 10 anos
mais de 10 anos
61
4.1.2 Empresas da Região de Jaraguá do Sul
Para analisar a viabilidade da formão de uma rede com as empresas da região de
Jaraguá do Sul, estratificou-se o perfil destas da mesma forma que se fez com as que atuam
nas redes ASSUVALI e SINDIMETAL. Conforme o Gráfico 7, 49% das empresas
pesquisadas na região de Jaraguá do Sul possuem um quadro de funcionários com até 49
pessoas, 38% emprega entre 50 e 100 funcionários e 13% mais de 200. Isso demonstra que a
maioria das empresas pesquisadas apresenta um número reduzido de funcionários.
Gráfico 7 - Número de funcionários das empresas da região de Jaraguá do Sul.
Fonte: O autor.
O Gráfico 8 demonstra que 90% das empresas pesquisadas na região de Jaraguá do
Sul desenvolvem suas atividades mais de 10 anos e somente 10% atuam no mercado entre
5 e 10 anos.
Gráfico 8 - Tempo de atuação das empresas da região de Jaraguá do Sul.
Fonte: O autor.
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS
38%
13%
49%
até 49
entre 50 e 100
entre 101 e 200
mais de 200
TEMPO DE ATUAÇÃO DA EMPRESA
10%
90%
menos
de um
ano
1 a 3
anos
3 a 5 anos
5 a 10 anos
mais de 10 anos
62
A representatividade em termos de faturamento mensal pode ser visualizada no
Gráfico 9. A maioria, 70% das empresas pesquisadas na Região de Jaraguá do Sul, perfaz
faturamentos mensais acima de R$ 100.000,00. 10% faturam entre R$ 50.000,00 e R$
100.000,00 por mês, 10% entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00, e outros 10% até R$ 10.000,00.
Gráfico 9 - Faturamento mensal das empresas da região de Jaraguá do Sul.
Fonte: O autor.
4.2 MATRIZ DE IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO DAS DIMENSÕES PARA
FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE REDES ASSOCIATIVAS
A matriz importância x desempenho permite cruzar as informações do desempenho
atual de um atributo da rede com seu grau de importância, conforme descrito no capítulo
2.4.1, intitulado “Matriz Importância x Desempenho”.
A análise das dimensões para formação e desenvolvimento de redes associativas -
utilizando-se a matriz de importância x desempenho - foi dividida em duas partes. A primeira
trata da importância e desempenho das redes existentes e a segunda das potencialidades para a
criação de uma rede entre as empresas da região de Jaraguá do Sul.
Na primeira parte, analisou-se as redes estabelecidas da ASSUVALI e da
SINDIMETAL para verificar as dimensões para a formação e desenvolvimento de uma rede
associativa.
FATURAMENTO MÊS
10%
70%
10%
10%
até R$ 10.000,00
de R$ 10.000,00 a R$ 50,000,00
de R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00
acima de R$ 100.000,00
63
4.2.1 Matriz Importância x Desempenho das Empresas da Rede Associativa de Compras da
ASSUVALI
De acordo com o posicionamento das dimensões para a formação e desenvolvimento
de redes associativas apresentada na Figura 8, verifica-se que as dimensões A (ambiente de
necios e competências dentro da rede) e B (relacionamento entre os participantes da rede)
possuem alta importância, alto desempenho e foram classificadas como pontos fortes.
As dimensões C (processo de formação de uma rede associativa) e D (aspectos sócio-
culturais das empresas da rede) foram classificadas como pontos fortes menores..Já as
dimensões E (aspectos de cooperação entre os associados) e F (cultura do uso da tecnologia
da informação) foram classificadas como um ponto fraco. Conforme a matriz da Figura 8, esta
dimensão tem alta importância, mas baixo desempenho. Em outras palavras, as empresas das
redes pesquisadas avaliam esta dimensão como importante, mas não a utilizam de maneira
eficiente.
Figura 8 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas da rede ASSUVALI.
Fonte: adaptado de Tontini (2005).
MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO
3,300
4,300
5,300
-1,600
-1,100
-0,600
-0,100
0,400
0,900
1,400
DESEMPENHO
IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA
PONTOS
FRACOS MENORES
Ambiente de competências e negócios dentro da rede
Relacionamento entre os participantes da rede
Processo de formação de uma rede associativa
Aspectos sócio-culturais das empresas da rede
* Aspectos de cooperação entre associados
Cultura do uso da tecnologia da infor
mação
PONTOS FORTES MENORES
PONTOS FRACOS
PONTOS FORTES
64
4.2.2 Matriz Importância x Desempenho das Empresas da Rede Associativa de Compras da
SINDIMETAL
As dimensões para a formação e desenvolvimento de redes associativas nas
empresas em rede da SINDIMETAL se apresentam de forma muito similar às da rede
ASSUVALI. As únicas dimensões que diferem são as dimensões B (relacionamento entre os
participantes da rede) e C (processo de formação de uma rede associativa). Nas dimensões A
(ambiente de negócios e competências dentro da rede), D (aspectos cio-culturais das
empresas da rede), E (aspectos de cooperação entre os associados) e F (cultura do uso da
tecnologia da informão), a SINDIMETAL obteve classificações idênticas à ASSUVALI. A
dimensão A (ambiente de negócios e competências dentro da rede) possui alta importância,
alto desempenho e foi classificada como ponto forte. As dimensões C (processo de formação
de uma rede associativa) e D (aspectos sócio-culturais das empresas da rede) foram
classificadas como pontos fortes menores. Já as dimensões E (aspectos de cooperação entre os
associados) e F (cultura do uso da tecnologia da informação) foram classificadas como ponto
fraco, como se pode observar na Figura 9.
Figura 9 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas da rede SINDIMETAL.
Fonte: adaptado de Tontini (2005).
MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO
3,525
4,025
4,525
-
1,000
-
0,800
-
0,600
-
0,400
-
0,200
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
Desempenho
Importância Atribuída
Ambiente de competências e negócios dentro da rede
Relacionamento entre os participantes da rede
Processo de formação de uma rede associativa
Aspectos sócio-culturais das empresas da rede
* Aspectos de cooperação entre associados
Cultura do uso da tecnologia da informação
PONTOS FRACOS
PONTOS FORTES
PONTOS
FRACOS MENORES
PONTOS FORTES MENORES
65
Pode-se interpretar a diferença na classificação das dimensões B (relacionamento
entre os participantes da rede) e C (processo de formação de uma rede associativa) como uma
situação de maturidade da rede, haja vista que a ASSUVALI opera há nove anos e a
SINDIMENTAL apenas dois. Dessa forma, a dimensão B (relacionamento entre os
participantes da rede) na rede ASSUVALI foi classificada como sendo um ponto forte
enquanto que na rede da SINDIMETAL foi classificada como um ponto forte menor.
Na pesquisa qualitativa, observou-se que o relacionamento entre os participantes da
ASSUVALI caracteriza-se como um ponto forte porque o tempo de cooperação é maior.
Kanter (1994) corrobora com essa idéia ao afirmar que as alianças estratégicas empresariais
são sistemas vivos de colaboração e criação conjunta de um novo valor, os quais se
desenvolvem contínua e progressivamente, não podem ser controlados por sistemas formais,
requerem uma densa rede de conexões interpessoais e demandam uma eficiente infra-estrutura
interna por parte das empresas envolvidas.
A rede da SINDIMETAL, por sua vez, classifica a dimensão B (relacionamento
entre os participantes da rede) como tendo um alto desempenho, mas ainda não lhe atibui uma
importância alta, ou seja, cultiva um bom relacionamento, mas ainda sem a atenção devida.
a dimensão C (processo de formação de uma rede associativa) foi classificada pela
SINDIMETAL como um ponto forte, de alto desempenho e alta importância. Essa
classificação pode estar relacionada ao fato da rede SINDIMETAL ter sido instituída
recentemente, ao contrário da ASSUVALI que, com quase uma década de operações,
considera essa dimensão como um ponto forte menor, embora apresente um alto desempenho.
Partindo da interpretação destes resultados e verificando a similaridade entre as
dimensões, unificou-se o perfil das redes existentes para compará-lo com as respostas das
empresas da região de Jaraguá do Sul. Assim, elaborou-se uma matriz unificada que está
exposta na Figura 10, a seguir.
4.2.3 Matriz Importância x Desempenho unificada das Empresas que já atuam em Rede
Associativa de Compras
Analisando a Figura 10, verifica-se que as dimensões A (ambiente de negócios e
competências dentro da rede) e C (processo de formação de uma rede associativa) foram
classificadas como pontos fortes, o que demonstra sua alta importância e desempenho. Esses
atributos constituem uma vantagem competitiva que a rede deve manter para garantir sua
performance.
66
A dimensão F (cultura do uso da tecnologia da informação) foi classificada como um
ponto fraco. Conforme a matriz da Figura 10, esta dimensão tem alta importância, mas baixo
desempenho. Em outras palavras, as empresas das redes pesquisadas avaliam esta dimensão
como importante, mas não a utilizam de maneira eficiente.
No quadrante III da Figura 10, percebe-se que a dimensão E (aspectos de cooperação
entre os associados) foi classificada como um ponto fraco menor. Ou seja, as empresas das
redes pesquisadas avaliam esta dimensão como de baixa importância e baixo desempenho,
o a considerando como um fator crítico de sucesso para a rede.
As dimensões B (relacionamento entre os participantes da rede) e D (aspectos sócio-
culturais das empresas da rede) ficaram no quadrante dos pontos fortes menores. Dessa forma,
infere-se que as empresas percebem estas dimensões como de alto desempenho e baixa
importância. Talvez as empresas estejam desperdiçando recursos que poderiam ser mais bem
aproveitados em outras aplicações, melhorando a performance em situações de pequena
importância.
Figura 10 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas que possuem redes em funcionamento.
Fonte: adaptado de Tontini (2005).
3,300
4,300
5,300
-1,600 -1,100 -0,600 -0,100 0,400 0,900 1,400
PONTOS FORTES
PONTOS FRACOS
PONTOS FORTES MENORES
PONTOS FRACOS MENORES
Ambiente de competências e negócios dentro da rede
Relacionamento entre os participantes da rede
Processo de formação de uma rede associativa
Aspectos sócio-culturais das empresas da rede
* Aspectos de cooperação entre associados
Cultura do uso da tecnologia da informação
MATRIZ
IMPORTÂ
NCIA X DESEMPENHO
Importância Atribuída
Desempenho
67
Na Figura 10, observa-se ainda que, de maneira geral, as dimensões A (ambiente de
necios e competências dentro da rede) e C (processo de formação de uma rede associativa)
devem ser mantidas. A dimensão F (cultura do uso da tecnologia da informação) deve ser
melhorada. A dimensão E (aspectos de cooperação entre os associados) pode ser ignorada. As
dimensões B (relacionamento entre os participantes da rede) e D (aspectos cio-culturais das
empresas da rede) apresentam um desempenho acima do esperado.
4.2.4 Matriz Importância x Desempenho das Empresas da Região de Jaraguá do Sul
A matriz importância x desempenho das empresas - na qual se analisa as
potencialidades para a criação de uma rede entre empresas da região de Jaraguá do Sul - está
representada na Figura 11.
Verifica-se que a dimensão C (processo de formação de uma rede associativa) foi
classificada como ponto forte, o que demonstra que possui alta importância e alto
desempenho nas empresas da região de Jaraguá do Sul.
As dimensões A (ambiente de negócios e competências dentro da rede) e F (cultura
do uso da tecnologia da informação) foram classificadas pelas empresas pesquisadas como
um ponto fraco, apresentando alta importância e baixo desempenho. A dimensão A aproxima-
se da interface de desempenho negativo e positivo. Isso quer dizer que as empresas que o
trabalham com rede avaliam esta dimensão como importante, mas não vislumbram meios de
utilizá-la de forma eficiente.
as dimensões B (relacionamento entre os participantes da rede) e E (aspectos de
cooperação entre os associados) foram analisadas como de baixa importância e baixo
desempenho, o que caracteriza um ponto fraco menor. Embora esteja quase na linha de
interface de desempenho baixo e alto, essa dimensão ainda não é considerada como
importante pelas empresas, nem como um possível desempenho satisfatório.
A dimensão D (aspectos sócio-culturais das empresas da rede) classificou-se como
um ponto forte menor, denotando alto desempenho e baixa importância. Observa-se, portanto,
que as empresas visualizam um alto desempenho em uma dimensão que consideram sem
importância, talvez, desperdiçando recursos que poderiam ser mais bem aproveitados.
De uma maneira geral, com a suposição de visualizar-se a criação de uma rede, a
dimensão C (processo de formação de uma rede associativa) deve ser mantida. As dimensões
68
A (ambiente de negócios e competências dentro da rede) e F (cultura do uso da tecnologia da
informão) precisa ser melhorada. As dimensões B (relacionamento entre os participantes da
rede) e E (aspectos de cooperação entre os associados) podem ser ignoradas e a dimensão D
(aspectos sócio-culturais das empresas da rede) está com desempenho acima do esperado
(Figura 11).
Figura 11 - Classificação dos atributos segundo a matriz importância x desempenho das
empresas da região de Jaraguá do Sul.
Fonte: adaptado de Tontini (2005).
4.3 ANÁLISE PELA MÉDIA GERAL DOS ATRIBUTOS – MODELO KANO
Nesta seção, analisa-se os atributos de formação e desenvolvimento de uma rede
associativa pela média geral de atributos do modelo Kano. Nessa a análise, verifica-se os
atributos na área de plotagem Kano (+) e Kano (-), conforme detalhado no pico 3.1.1 desta
dissertação, intitulado “Adaptação do modelo Kano de qualidade atrativa e obrigatória para a
análise de formão e desenvolvimento de redes interorganizacionais”. O lculo dos valores
do Kano (+), Kano (-) e a divisão dos quadrantes estão descritos na metodologia.
3,525
4,025
4,525
N
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Desempenho
'
PONTOS FRACOS MENORES
PONTOS FRACOS
PONTOS FORTES
PONTOS FORTES MENORES
Importância Atribuída
Ambiente de n
egócios e competências dentro da rede
Processo de formação de rede associativa
* Aspectos de cooperação entre associados
Relacionamentos entre os participantes da rede
Aspectos socioculturais das empresas da rede
Cultura do uso da tecnologia de informação
MATRIZ
IMPORTÂNCIA X
DESEMPENHO
69
Como na análise das dimensões para os fatores formadores e desenvolvedores de
redes foi interpretada de forma unificada devido a sua similaridade, nesta seção foi iniciado a
análise pelo modelo Kano de forma também unificada, ou seja, as respostas analisam redes
existentes e posteriormente verifica-se os desvios com a análise da rede ASSUVALI e rede
SINDIMETAL.
4.3.1 Análise pela média geral dos atributos com dados unificados das redes ASSUVALI e
SINDIMETAL, segundo o Modelo Kano
A Figura 12 ilustra os atributos definidos no tópico 2.5, intitulado “Atributos das
dimensões dos requisitos essenciais para o nascimento e desenvolvimento de redes de
empresas”, utilizando-se a média geral das classificações Kano (+) e Kano (-).
Visualiza-se grande concentração dos atributos no quadrante crítico, ou seja, o
aumento do desempenho atual traz satisfação na mesma proporção da insatisfação gerada pela
redução. Esses atributos caracterizam-se como pontos chave para a formação e
desenvolvimento de uma rede, pois a satisfação dos usuários em relação a eles é proporcional
ao nível de desempenho. Quanto maior o nível de desempenho, maior a satisfação e as
chances de sucesso da rede, porém, quanto maior for a insatisfação maiores serão as chances
de insucesso.
Os atributos 5 (cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a
prática da cooperação e colaboração), 6 (interação entre os agentes envolvidos, ou seja, o
relacionamento das partes que formam a rede) e 7 (planejamento e coordenação, isto é,
planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores) possuem importante
destaque no grupo de atributos críticos para formação e desenvolvimento de redes, pois, seu
incremento gera grande satisfação e sua redução grande insatisfação.
No quadrante crítico, destacam-se, ainda, os atributos 16 (cultura de obtenção de
eficiência coletiva), 1 (flexibilidade das empresas que formam a rede), 9 (políticas de
fortalecimento da capacitação tecnológica da rede), 14 (políticas de conscientização sobre
associativismo e socialização de boas práticas de compras) e 19 (estabelecimento de um
intercâmbio de idéias na rede), nesta ordem, por sua colocação no quadrante (ver Figura 9).
Isso demonstra que a satisfação dos usuários é proporcional ao nível de desempenho, fazendo
com que estes também se tornem fatores críticos para o desenvolvimento de uma rede.
70
Os atributos 2 (participação de outras empresas e instituições de apoio na rede), 3
(potica de inovação para aplicação dentro da rede), 18 (troca de informações entre as
empresas), 20 (análise conjunta dos problemas e solução em comum), 24 (geração e
distribuição da base de dados relativa à operação da rede) e 25 (acesso a dados e utilização
das informações, ou seja, o uso deste recurso para a melhora da performance da rede) são
classificados como atributos impulsionadores, pois, embora o descumprimento não cause
insatisfação, o atendimento destes traz uma satisfação mais do que proporcional. Isso
demonstra que tais atributos geram satisfação para os usuários e alavancam a rede. O atributo
3 (política de inovação para aplicação dentro da rede) e 20 (análise conjunta dos problemas e
solução em comum) destacam-se como atributos impulsionadores devido a sua localização no
quadrante da Figura 12, o que denota que o incremento deste atributo gera grande satisfação e
conseqüente alavancagem para o desenvolvimento da rede.
Dois atributos foram classificados como obrigatórios, o 10 (conhecimento de
conceitos e vantagens da nova forma de atuação) e o 11 (escolha adequada dos agentes
responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento). São chamados obrigatórios
porque preenchem as funções básicas da rede. Se estes atributos não estiverem presentes ou
seu desempenho for insuficiente, os usuários ficarão extremamente insatisfeitos, levando a
iniciativa ao insucesso. Estes atributos pouco acrescentam à satisfação quando melhorados, no
entanto, geram grande insatisfação quando reduzidos. O atributo 15 (história das instituições
formadoras da rede), que aparece isolado na figura 9, caracteriza-se como fator neutro, pois
seu aumento ou redução não influencia no desempenho e desenvolvimento da rede.
Modelo Kano pela Média dos Atributos
1
2
3
4
56
79
10
11
12
13
15
16
1718
19
20
21
25 8
23
24
14
22
0,00
2,00
4,00
-4,00-3,00-2,00-1,000,00
KANO ( - )
KANO ( + )
1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 25 8 23 24
Continua
IMPULSIONADOR
NEUTRO
CRÍTICO
OBRIGATÓRIO
71
Continuação
AMBIENTE DE NEGÓCIOS E COMPETÊNCIAS DENTRO DA REDE
(A1) - Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade para diferentes possibilidades de aplicação
nestes mercados, suporte a variações de volume, de mix de produção ou de prazo de entrega.
(A2) - Participação de outras empresas e instituições de apoio na rede.
(A3) - Política de inovação para aplicação dentro da rede.
(A4) - Perfil das empresas que contemplam a formação da rede.
(A5) - Cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a prática da cooperação e colaboração.
RELACIONAMENTOS
(B1) - Interação entre os agentes envolvidos, ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede
(B2) - Planejamento e coordenação, isto é, planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores.
(B3) - Mecanismos de fortalecimento dos relacionamentos, isto é, mecanismos que visam fortalecer as interações de
componentes da rede.
(B4) - Políticas de fortalecimento da capacitação tecnológica da rede.
PROCESSO DE FORMAÇÃO
(C1) - Conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação.
(C2) - Escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento.
(C3) - Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede.
(C4) - Definição do comportamento e regras na rede.
ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
(D1) - Políticas de conscientização sobre associativismo e socialização de boas práticas de compras.
(D2) - História das instituições formadoras da rede.
(D3) - Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
(D4) - Clima de confiança e identidade cultural.
ASPECTOS DE COOPERAÇÃO
(E1) - Troca de informações entre as empresas.
(E2) - Estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
(E3) - Análise conjunta dos problemas e solução em comum.
(E4) - Definição das contribuições dos parceiros.
CULTURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
(F1) - Recursos computacionais para o processamento dos dados.
(F2) - Tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar a performance da rede.
(F3) - Geração e distribuição da base de dados relativa à operação da rede.
(F4) - Acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso de recursos para a melhora da performance da rede.
1 (A1) 2 (A2) 3 (A3) 4 (A4)
3,20 -3,20 2,00 -1,40 3,20 -1,20 3,40 -2,20
5 (A5) 6 (B1) 7 (B2) 8 (B3)
3,20 -3,60 3,20 -3,40 3,00 -3,60 3,40 -2,80
9 (B4) 10 (C1) 11 (C2) 12 (C3)
3,00 -3,20 1,80 -3,20 1,60 -3,20 2,60 -2,60
13 (C4) 14 (D1) 15 (D2) 16 (D3)
3,00 -2,20 3,00 -3,20 1,40 0,00 3,40 -3,20
17 (D4) 18 (E1) 19 (E2) 20 (E3)
2,20 -3,40 2,20 -1,40 2,80 -3,20 3,20 -1,40
21 (E4) 22 (F1) 23 (F2) 24 (F3)
2,60 -2,40 3,00 -2,20 3,00 -2,80 3,20 -1,80
25 (F4)
3,40 -1,80
Figura 12 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas com
redes associativas de compras em funcionamento, segundo o Modelo Kano.
Fonte: o autor.
72
4.3.2 Análise pela média geral dos atributos das empresas da Rede Associativa de Compras
da ASSUVALI, segundo o Modelo Kano
Os atributos que diferem da matriz unificada são: o atributo 2 (participação de outras
empresas e instituições de apoio na rede) classificado como impulsionador na matriz
unificada e crítico na matriz ASSUVALI; os atributos 13 (definição do comportamento e
regras na rede) e 22 (recursos computacionais para o processamento dos dados) classificados
como atributos críticos na matriz unificada e impulsionadores na matriz ASSUVALI; o
atributo 17 (clima de confiança e identidade cultural) considerado crítico na matriz unificada e
obrigatório da matriz ASSUVALI; o atributo 18 (troca de informações entre as empresas)
considerado neutro na matriz unificada e impulsionador da matriz ASSUVALI.
Modelo Kano pela Média dos Atributos
1
2
4
6
7
9
10
11
12
13
15
19
20
21
22
25
8
3
5
14
16
17
18
0,00
2,00
4,00
-4,00-3,00-2,00-1,000,00
KANO ( - )
K A N O ( + )
1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 25 8
Figura 13 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas da
Rede Associativa de Compras da ASSUVALI, segundo o Modelo Kano.
Fonte: o autor.
4.3.3 Análise pela média geral dos atributos das empresas da Rede Associativa de Compras
da SINDIMETAL, segundo o Modelo Kano
Na rede SINDIMETAL, os atributos que obtiveram diferenças em relação a matriz
unificada foram: o atributo 2 (participação de outras empresas e instituições de apoio na rede)
classificado como impulsionador na matriz unificada e como neutro na matriz SINDIMETAL;
IMPULSIONADOR
NEUTRO
CRÍTICO
OBRIGATÓRI
O
73
o atributo 4 (perfil das empresas que contemplam a formação da rede) considerado crítico na
na matriz unificada e impulsionador na matriz SINDIMETAL; os atributos 11 (escolha
adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento) e 12
(Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede) classificados como neutros na
matriz SINDIMETAL e obrigatório e crítico, respectivamente, matriz unificada.
Modelo Kano pela Média dos Atributos
1
2
3 4 56
7
9
11
13
14 16
17
18
19
20
21 22
25
12
0,00
2,00
4,00
-4,00-3,00-2,00-1,000,00
KANO ( - )
K A N O ( + )
1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 25
Figura 14 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas da
Rede Associativa de Compras da SINDIMETAL, segundo o Modelo Kano.
Fonte: o autor.
4.3.4 Análise pela dia geral dos atributos das empresas da região de jaraguá do sul,
segundo o modelo Kano
Nesta seção, analisa-se os atributos que configuram propensão das empresas da
região Jaraguá do Sul para formação de uma rede, ou seja, a intenção dos respondentes de se
associarem. A partir desta premissa, realizou-se a análise da mesma forma que na seção
anterior, utilizando-se a dia geral das classificações Kano (+) e Kano (-). Constatou-se que
a maioria dos atributos concentra-se na região do quadrante crítico, isto é, quanto maior o
nível de desempenho, maior a satisfação e as chances de sucesso da rede. Em contrapartida,
quanto maior a insatisfação, maiores as chances de insucesso.
IMPULSIONADOR
NEUTRO
CRÍTICO
OBRIGATÓRIO
74
Percebe-se que se destacam neste quadrante os atributos 18 (troca de informações
entre as empresas), 7 (Planejamento e coordenação, isto é, planejamento e coordenação das
ações da rede e seus fornecedores) e 19 (estabelecimento de um intercâmbio de idéias na
rede). Esses atributos são significativos para a formação e desenvolvimento de redes, haja
vista que o incremento destes gera grande satisfação, e a redução grande insatisfação
Os atributos 2 (participação de outras empresas e instituições de apoio na rede), 16
(cultura de obtenção de eficiência coletiva) e 21 (definição das contribuições dos parceiros)
são considerados obrigatórios. São, portanto, pré-condições para a existência e funcionamento
adequado da rede, ou seja, se estes atributos não estiverem presentes ou seu desempenho for
insuficiente, os usuários ficarão extremamente insatisfeitos.
os atributos 5 (cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a
prática da cooperação e colaboração), 24 (geração e distribuição da base de dados relativa à
operação da rede) e 25 (acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso destes
recursos para a melhora da performance da rede) são considerados impulsionadores, pois
alavancam o desenvolvimento da rede. Em suma, quando presentes, estes atributos trazem
uma satisfação mais do que proporcional, quando ausentes, não geram insatisfação.
Os atributos 15 (história das instituições formadoras da rede) e 20 (análise conjunta
dos problemas e solução em comum) classificam-se como neutros, pois não alavancam, nem
prejudicam o desenvolvimento da rede.
Modelo Kano pela Média dos Atributos
2
3
4
5
6
7
9
11
12
14
15
16
18
19
20 21
22
23
2425
1
10
13
17
0,00
2,00
4,00
-4,00-3,00-2,00-1,000,00
KANO ( - )
KANO ( + )
1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 25
Continua
CRÍTICO
IMPULSIONADOR
NEUTRO
OBRIGATÓRIO
75
Continuação
A. AMBIENTE DE NEGÓCIOS E COMPETÊNCIAS DENTRO DA REDE
(A1) - Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade para diferentes possibilidades de aplicação nestes
mercados, suporte a variações de volume, de mix de produção ou de prazo de entrega.
(A2) - Participação de outras empresas e instituições de apoio na rede.
(A3) - Política de inovação para aplicação dentro da rede.
(A4) - Perfil das empresas que contemplam a formação da rede.
(A5) - Cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a prática da cooperação e colaboração.
B. RELACIONAMENTOS
(B1) - Interação entre os agentes envolvidos, ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede.
(B2) - Planejamento e coordenação, isto é, planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores.
(B3) - Mecanismos de fortalecimento dos relacionamentos, isto é, mecanismos que visam fortalecer as interações de
componentes da rede.
(B4) - Políticas de fortalecimento da capacitação tecnológica da rede.
C. PROCESSO DE FORMAÇÃO
(C1) - Conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação.
(C2) - Escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento.
(C3) - Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede.
(C4) - Definição do comportamento e regras na rede.
D. ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
(D1) - Políticas de conscientização sobre associativismo e socialização de boas práticas de compras.
(D2) - História das instituições formadoras da rede.
(D3) - Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
(D4) - Clima de confiança e identidade cultural.
E. ASPECTOS DE COOPERAÇÃO
(E1) - Troca de informações entre as empresas.
(E2) - Estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
(E3) - Análise conjunta dos problemas e solução em comum.
(E4) - Definição das contribuições dos parceiros.
F. CULTURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
(F1) - Recursos computacionais para o processamento dos dados
(F2) - Tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar a performance da rede.
(F3) - Geração e distribuição da base de dados relativa à operação da rede.
(F4) - Acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso destes recursos para a melhora da performance da rede.
1 (A1) 2 (A2) 3 (A3) 4 (A4)
2,00 -2,60 1,60 -2,50 3,20 -2,60 2,30 -2,10
5 (A5) 6 (B1) 7 (B2) 8 (B3)
2,50 -1,80 2,60 -2,70 2,70 -3,30 2,70 -2,20
9 (B4) 10 (C1) 11 (C2) 12 (C3)
2,20 -2,50 2,60 -2,70 2,60 -3,00 2,10 -2,30
13 (C4) 14 (D1) 15 (D2) 16 (D3)
3,10 -2,60 2,90 -2,80 1,70 -1,00 1,80 -2,10
17 (D4) 18 (E1) 19 (E2) 20 (E3)
2,30 -2,50 2,90 -3,40 2,50 -3,40 1,90 1,90
21 (E4) 22 (F1) 23 (F2) 24 (F3)
1,90 -3,00 2,10 -2,70 2,40 -2,10 2,20 -1,70
25 (F4)
2,20 -1,50
Figura 15 - Classificação dos atributos pela média geral dos atributos das empresas da
região de Jaraguá do sul, segundo o modelo Kano.
Fonte: o autor.
76
4.4 COMPARATIVO ENTRE A MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO E O
MODELO KANO PELA MÉDIA GERAL DOS ATRIBUTOS DE FORMAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DE REDES INTERORGANIZACIONAIS
Nesta seção, compara-se a visão das redes estabelecidas à das empresas da região
de Jaraguá do Sul, em relação às dimensões dos fatores de sucesso e atributos formadores e
desenvolvedores de uma rede.
4.4.1 Comparação das Dimensões dos Fatores de Sucesso de uma Rede através da Matriz
Importância x Desempenho
No Quadro 9, apresenta-se uma comparação entre os dados obtidos nas seções entre
as empresas que atuam em rede e as empresas de Jaraguá do Sul, que retratam as Dimensões
dos Fatores de Sucesso de uma rede. Verifica-se que as classificações da matriz importância x
desempenho para as dimensões B (relacionamentos entre os participantes da rede), C
(processo de formação de uma rede associativa), D (aspectos sócio-culturais das empresas da
rede), E (aspectos de cooperação entre os associados) e F (cultura do uso da tecnologia da
informão) são comuns aos dois grupos. A ressalva fica por conta da dimensão A (ambiente
de negócios e competências dentro da rede), que é descrita pelas redes pesquisadas como
ponto forte, e pelas empresas de Jaraguá do sul como ponto fraco. O posicionamento dos dois
grupos também difere em relação aos relacionamentos entre os participantes da rede. As redes
pesquisadas consideram essa relação como um ponto forte menor e as empresas de Jaraguá do
sul como um ponto fraco menor. O Quadro 9 ilustra essas comparações.
Quadro 9 - Comparação dos Fatores Formadores e Desenvolvedores de uma rede, entre
as empresas já atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul.
Fonte: O autor.
EMPRESAS QUE JÁ
ATUAM EM REDE
EMPRESAS DE JARAGUÁ
DO SUL
FATORES FORMADORES E
DESENVOLVEDORES DE UMA REDE
Ponto fraco
Ponto fraco
menor
Ponto forte
menor
Ponto forte
Ponto fraco
Ponto fraco
menor
Ponto forte
menor
Ponto forte
Amb.de negócios e competências dentro da rede
X X
Relacionamentos entre os participantes da rede
X X
Processo de formação de uma rede associativa
X X
Aspectos sócio-culturais das empresas da rede
X X
Aspectos de cooperação entre os associados
X X
Cultura do uso da tecnologia da informação
X X
77
Analisando o Quadro 09, verifica-se que a dimensão A (ambiente de necios e
competências dentro da rede) é considerada importante por ambos os grupos pesquisados. No
entanto, seu desempenho é mais significativo para as empresas que já atuam nas redes.
Acredita-se que as empresas da região de Jaraguá do Sul deveriam melhorar a visualização do
desempenho desta dimensão para transformá-la em ponto forte.
A dimensão B (relacionamento entre os participantes da rede) possui baixa
importância em ambos os grupos, mas detêm melhor desempenho nas empresas que já atuam
em rede. Os dois grupos consideram a dimensão C (processo de formação de uma rede
associativa) como um ponto forte. Nas empresas das redes pesquisadas seu desempenho é
melhor, porém, sua importância é um pouco menor do que nas empresas de Jaraguá do Sul. A
dimensão D (aspectos cio-culturais das empresas da rede) foi classificada como ponto forte
menor, contudo, apresenta um desempenho um pouco melhor nas empresas de Jaraguá do Sul
do que nas redes pesquisadas. A dimensão E (aspectos de cooperação entre os associados) foi
considerada de baixa importância e desempenho, principalmente, pelas empresas que já atuam
em rede. A dimensão F (cultura do uso da tecnologia da informação) também foi classificada
como um ponto fraco pelos dois grupos. Destaca-se que as empresas das redes pesquisadas
apresentam um desempenho muito fraco nesta dimensão.
Matriz Importância x Desempenho
3 ,300
4 ,3 00
5 ,300
-1,600 -1,100 -0,600 -0,100 0,400 0,900 1,400
Desempenho
I m p o r t â n c i a A t r i b u í d a
AMBIENTE DE NECIOS E COMPETÊNCIAS
DENTRO DA REDE
RELACIONAMENTOS ENTRE OS
PARTICIPANTES DA REDE
RPROCESSO DE FORMÃO DE UMA REDE
ASSOCIATIVA
ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS DAS
EMPRESAS DA REDE
ASPECTOS DE COOPERÃO ENTRE OS
ASSOCIADOS
CULTURA DO USO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
PONTOS FRACOS
MENORES
Matriz Importância x Desempenho
3,525
4,025
4,525
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Desempenho
I m p o r t â n c i a A t r i b u í d a
AMBIENTE DE NEGÓCIOS E COMPETÊNCIAS
DENTRO DA REDE
RELACIONAMENTOS ENTRE OS PARTICIPANTES DA
REDE
RPROCESSO DE FORMAÇÃO DE UMA REDE
ASSOCIATIVA
ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS DAS EMPRESAS DA
REDE
ASPECTOS DE COOPERAÇÃO ENTRE OS
ASSOCIADOS
CULTURA DO USO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
PONTOS
FRACOS
MENORES
PONTOS FRACOS PONTOS
FORTES
PONTOS
FORTES
MENORES
Quadro 10 - Comparação das dimensões dos fatores formadores e desenvolvedores de
uma rede, entre as empresas atuantes em rede e as empresas de Jaraguá
do Sul.
Fonte: O autor.
Empresas que já atuam em rede
Empresas de Jaraguá do Sul
78
Dentre as dimensões analisadas, a dimensão A (ambiente de negócios e
competências dentro da rede) e a dimensão C (processo de formação de uma rede associativa)
obtiveram maior relevância, haja vista que foram consideradas importantes pelos dois grupos
de pesquisa, porém, o desempenho da dimensão A nas empresas de Jaraguá do Sul não é bom,
ficando quase na linha neutra. a dimensão C (processo de formação de uma rede
associativa) figura com alto desempenho e alta importância. Existem mecanismos que
favorecem a formação de uma rede. Um ambiente de negócios e competências dentro da rede
favorece a aliança estratégica, descrita por Kanter (1994) como um sistema vivo de
colaboração e criação conjunta de um novo valor, os quais se desenvolvem contínua e
progressivamente, não podem ser controlados por sistemas formais, requerem uma densa rede
de conexões interpessoais e demandam uma eficiente infra-estrutura interna por parte das
empresas envolvidas.
No que tange a dimensão C (processo de formação de uma rede associativa), vale
destacar a afirmação de Laumann, Galaskiewicz e Mardsen (1978) de que as empresas
pertencentes a redes competitivas procuram manter autonomia nas suas operações e
estratégias, enquanto as empresas de redes cooperativas dão menos importância aos objetivos
particulares porque estes são menos relevantes do que os benefícios advindos da parceria,
imperando o coletivo. Olave e Amato Neto (2001) corroboram essa idéia ao afirmar que a
cultura da confiança advém da cooperação entre empresas, que pode levar a formação de uma
nova rede, pois o conhecimento recíproco é essencial para o bom encaminhamento das
relações. A cultura da competência trata das questões ligadas às aptidões essenciais de cada
parceiro. Engloba aspectos materiais, equipamentos, processos e know how, ou seja, o saber
como fazer. Para estabelecer a cultura da competência é preciso analisar as evidencias de cada
parceiro. Analisando-se os dados coletados com base no referencial trico, infere-se que a
dimensão ambiente de negócios e competências é essencial para formação e desenvolvimento
de uma rede de compras. Seus atributos serão relacionados na próxima seção.
4.4.2 Comparação Através do Modelo Kano pela Média Geral dos Atributos
Nesta seção, comparou-se os dados obtidos nas seções 4.3.1 e 4.3.2, que retratam os
atributos formadores e desenvolvedores de uma rede. Elaborou-se uma legenda para melhor
visualização do Quadro 11. Nesta análise comparativa dos atributos formadores e
desenvolvedores de redes associativas de compras, observa-se que grande parte da
classificação coincidiu nos atributos críticos. O Quadro 11 demonstra as comparações das
respostas descritas nas seções 4.3.1 e 4.3.2.
79
ATRIBUTOS
Legenda: ● empresas que já atuam em rede
empresas da região de Jaraguá do Sul
Neutro
Obrigatório
Crítico
Impulsionador
A. AMBIENTE DE NEGÓCIOS
1. Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade para diferentes possibilidades de
aplicação nestes mercados, suporte a variações de volume, de mix de produção ou de prazo de
entrega.
2. Participação de outras empresas e instituições de apoio na rede.
3. Política de inovação para aplicação dentro da rede.
4. Perfil das empresas que contemplam a formação da rede.
5. Cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a prática da cooperação e colaboração.
B. RELACIONAMENTOS
6. Interação entre os agentes, ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede.
7. Planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores.
8. Mecanismos de fortalecimento dos relacionamentos, isto é, mecanismos que visam
fortalecer as interações de componentes da rede.
9. POLÍTICAS DE FORTALECIMENTO DA CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA DA REDE.
C. PROCESSO DE FORMAÇÃO
10. Conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação.
11. Escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento.
12. Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede.
13. Definição do comportamento e regras na rede.
D. ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
14. Políticas de conscientização sobre associativismo e socialização de boas práticas de compras.
15. História das instituições formadoras da rede.
16. Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
17. Clima de confiança e identidade cultural.
E. ASPECTOS DE COOPERAÇÃO
18. Troca de informações entre as empresas.
19. Estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
20. Análise conjunta dos problemas e solução em comum.
21. Definição das contribuições dos parceiros.
F. CULTURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
22. Recursos computacionais para o processamento dos dados.
23. Tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar a performance da rede.
24. Geração e distribuição da base de dados relativa à operação da rede.
25. Acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso deste recurso para a melhora da
performance da rede.
Quadro 11 - Comparação da classificação, segundo modelo Kano, entre as empresas
atuantes em rede e as empresas de Jaraguá do Sul.
Fonte: O autor.
80
Na dimensão ambiente de negócios, percebe-se que a classificação dos atributos 1
(flexibilidade das empresas que formam a rede) e 4 (perfil das empresas que contemplam a
formação da rede) coincidiram nos dois grupos pesquisados, sendo considerados
proporcionais ao nível de desempenho. O atributo 2 (participação de outras empresas e
instituões de apoio na rede) foi avaliado pelas redes existentes como um atributo
impulsionador, que gera uma satisfação mais do que proporcional. Já as empresas de Jaraguá
do Sul o avaliaram como obrigatório, ou seja, como uma pré-condição para a existência e
funcionamento adequado da rede. Esta diferença pode ser explicada pelo posicionamento dos
grupos pesquisados em relação à rede. As empresas de Jaraguá do Sul o consideram
obrigatório porque vêem dificuldades em formar uma rede associativa sem apoio. As
empresas que operam em rede não mais vêem este atributo como um obstáculo, pois a
participação só alavancaria uma rede já consolidada.
Ainda na dimensão Ambiente de Negócios, verifica-se que os atributos 3 (política de
inovação para aplicação dentro da rede) e 5 (cooperação e colaboração, isto é, existência de
condições para a prática da cooperação e colaboração) são vistos de forma divergente pelos
dois grupos. As empresas pertencentes às redes pesquisadas consideram os atributos 3 e 5
como impulsionadores e as empresas de Jaraguá do Sul como críticos. Com o atributo 5
ocorre o contrário: as empresas das redes consideram-no como crítico e as empresas de
Jaraguá do Sul como impulsionador.
As empresas pertencentes às redes estabelecidas consideram o atributo 3 como
desenvolvedor porque entendem que sua presença alavanca a rede e sua auncia não gera
insatisfação. as empresas da região de Jaraguá do Sul consideram-no como um atributo
formador porque sua ausência poderia inviabilizar a formação da rede e sua presença
impulsioná-la. Com o atributo 5, dá-se o contrário, a existência de condições para a prática da
cooperação e colaboração caracteriza-se como um atributo formador para empresas
pertencentes a redes consolidadas, e como desenvolvedor para as empresas de Jaraguá do Sul,
que ainda analisam a possibilidade de formação de uma rede.
No Quadro 11, verifica-se que todos os atributos da dimensão relacionamentos
coincidem nos dois grupos pesquisados. Os atributos 6 (interação entre os agentes envolvidos,
ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede), 7 (planejamento e coordenação, isto
é, planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores), 8 (mecanismos de
fortalecimento dos relacionamentos, isto é, mecanismos que visam fortalecer as interações de
componentes da rede) e 9 (políticas de fortalecimento da capacitação tecnológica da rede) são
81
apontados como fatores críticos por ambos os grupos. Esses atributos são pontos chave para o
desenvolvimento de uma rede, pois a satisfação dos usuários é proporcional aovel de
desempenho. Esse posicionamento sugere que a relação entre as empresas de Jaraguá do Sul
pode favorecer a criação de uma rede interorganizacional.
Na dimensão processo de formação a classificação dos atributos, a opinião dos dois
grupos pesquisados coincidiram novamente. Os atributos 10 (conhecimento de conceitos e
vantagens da nova forma de atuação) e 11 (escolha adequada dos agentes responsáveis pela
negociação e consolidação do agrupamento) são considerados como obrigatórios e críticos,
respectivamente, pelo grupo de empresas pertencentes a redes e pelas empresas de Jaraguá do
Sul. Os grupos pertencentes às redes consideram que estas o podem se formar sem esses
atributos, pois a ausência destes gera extrema insatisfação.
Os atributos 12 (deres nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede) e 13
(definição do comportamento e regras na rede) o classificados como críticos por ambos os
grupos. Atributos são considerados críticos quando se entende que sua presença desenvolve a
rede e sua ausência impede esse desenvolvimento.
Na análise da dimensão aspectos cio-culturais, os atributos 14 (políticas de
conscientização sobre associativismo e socialização de boas práticas de compras) e 17 (clima
de confiança e identidade cultural) são definidos pelos dois grupos pesquisados como críticos,
ou seja, como proporcionais ao nível de desempenho. Segundo Casarotto Filho e Pires (1999),
é importante que os fatores de cooperação estejam ligados à sinergia cultural das empresas
postulantes a formação da rede.
o atributo 15 (história das instituões formadoras da rede) foi considerado neutro
por ambos os grupos, o que significa que sua presença não gera satisfação e sua ausência traz
insatisfação. O atributo 16 (cultura de obtenção de eficiência coletiva) é considerado como
fator crítico pelas empresas da rede e como obrigatório pelas empresas de Jaraguá do Sul. Isso
pode ser entendido como um fator prático no desenvolvimento da rede, uma vez que o
desempenho deste atributo é proporcional à satisfação ou insatisfação das empresas de rede.
Na dimensão aspectos de cooperação, somente um atributo foi coincidente nos dois
grupos pesquisados: o 19 (estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede), considerado
crítico por ser ponto chave para o desenvolvimento da rede. O atributo 18 (troca de
informações entre as empresas) é considerado impulsionador pelas empresas da rede e crítico
pelas empresas de Jaraguá do Sul, isto é, para as empresas das redes este fator alavanca a
82
empresa, e para o grupo que pretende formar uma rede, a satisfação é proporcional ao
desempenho nas trocas de informação.
O atributo 20 (análise conjunta dos problemas e solução em comum) é avaliado
como impulsionador pelas empresas da rede e como neutro pelas empresas de Jaraguá do Sul.
É possível que as empresas de Jaraguá do Sul ainda não percebam os problemas como agentes
de mudança porque sua presença causa insatisfação e sua ausência não gera insatisfação. Já as
empresas com experiência em rede vêem os desafios como um possível fator de alavancagem
para a rede.
O atributo 21 (definição das contribuições dos parceiros) foi classificado como
crítico pelas empresas da rede e obrigatório pelas empresas de Jaraguá do Sul, denotando que
este atributo é proporcional ao desempenho nas empresas que atuam em rede, e que a
ausência dele gera insatisfação para as empresas de Jaraguá do Sul.
Na dimensão Cultura da Tecnologia da Informação, todas as classificações são
coincidentes para os dois grupos pesquisados. Os atributos 22 (recursos computacionais para
o processamento dos dados) e 23 (tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso
destas para melhorar a performance da rede) foram classificados como atributos críticos, ou
seja, quanto maior o nível de desempenho, maior a satisfação e as chances de sucesso da rede
e vice-versa.
Os atributos 24 (geração e distribuição da base de dados relativa à operação da rede)
e 25 (acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso deste recurso para a melhora
da performance da rede) foram classificados como impulsionadores, isto é, o atendimento
gera uma satisfação mais do que proporcional.
De acordo com essa análise, portanto, os atributos 10 (conhecimento de conceitos e
vantagens da nova forma de atuação) e 11 (escolha adequada dos agentes responsáveis pela
negociação e consolidação do agrupamento), bem como a dimensão C (processo de formação
de uma rede associativa) e a dimensão A (ambiente de necios e competências) são pontos
chave para formação de redes associativas.
Para Cândido e Abreu (2005), o conhecimento de conceitos e vantagens da nova
forma de atuação, bem como a escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e
consolidação do agrupamento são os atributos que mais se destacam na ordem de importância
que determina os fatores críticos de sucesso para formação, desenvolvimento e viabilização de
redes organizacionais de pequenas e médias empresas.
83
A escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do
agrupamento também vai ao encontro do pensamento de Jones, Hesterly e Borgatti (1997), de
que a reputação dos associados permite aumentar a confiabilidade das trocas no âmbito da
rede, ou seja, a reputação dos integrantes da rede se define ao longo do trabalho conjunto.
4.5 INTEGRAÇÃO ENTRE A MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO E O
MODELO KANO PELA MÉDIA GERAL DE ATRIBUTOS
Neste pico, integra-se a matriz importância x desempenho ao modelo Kano pela
média geral de atributos, a fim de comparar pontos fortes e fracos aos atributos obrigatórios,
críticos, impulsionadores e neutros apresentados pelas empresas pesquisadas. Para facilitar
essa comparação, o Quadro 12 apresenta uma legenda de cores para a classificação da matriz
importância x desempenho, e outra de símbolos para a classificação pela média geral de
atributos do modelo Kano.
Embora o Modelo Kano traga uma visão diferente sobre o efeito do desempenho dos
atributos na satisfação do consumidor, ele o leva em conta o nível de desempenho atual.
Como a posição competitiva não é levada em consideração, o modelo Kano é usado de
maneira isolada, como um direcionador dos esforços de melhoria. (TONTINI e SILVEIRA,
2005).
Analisando o Quadro 12, observa-se que alguns atributos classificados como sem
importância e com desempenho baixo/médio não se caracterizam como fatores críticos de
sucesso para a rede. Dessa forma, o conceito proposto por Olave e Amato Neto (2001) e
Cândido e Abreu (2005) não se aplicam aos resultados desta pesquisa, haja vista que a
dimensão B (relacionamento entre os participantes da rede) tem, nas empresas pertencentes às
redes pesquisadas, um desempenho médio para alto, porém sem importância.
Na dimensão A (ambiente de negócios e competências dentro da rede), percebe-se
que os atributos 1 (flexibilidade das empresas que formam a rede), 4 (perfil das empresas que
contemplam a formação da rede) e 5 (cooperação e colaboração) são pontos chave para a
formação e desenvolvimento da rede, pois são classificados pelas empresas pertencentes às
redes pesquisadas como críticos. Isso demonstra que um incremento deste atributo gera
grande satisfação, a redução grande insatisfação, e, a dimensão a que pertencem possui alta
importância alto desempenho, justificando esses atributos como críticos. Pode-se visualizar
pelo Quadro 12.
84
ATRIBUTOS
Legenda:
Empresas que já atuam em rede
Empresas da região de Jaraguá do Sul
Atributos com alta importância e alto desempenho
Atributos com alta importância e baixo desempenho
Atributos com dimensões com importância baixa e desempenho baixo/médio.
Neutro
Obrigatório
Crítico
Impulsionador
A. AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade para diferentes possibilidades
de aplicação nestes mercados, suporte a variações de volume, de mix de produção ou de prazo de
entrega.
Participação de outras empresas e instituições de apoio na rede.
Potica de inovão para aplicação dentro da rede.
Perfil das empresas que contemplam a formação da rede.
Cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a prática da cooperação e
colaboração.
B. RELACIONAMENTOS
Interação entre os agentes envolvidos, ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede.
Planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores.
Mecanismos de fortalecimento dos relacionamentos, isto é, mecanismos que visam fortalecer as
interações de componentes da rede.
Poticas de fortalecimento da capacitação tecnológica da rede.
C. PROCESSO DE FORMAÇÃO
Conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação.
Escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento.
Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede.
Definição do comportamento e regras na rede.
D. ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
Poticas de conscientização sobre associativismo e socialização de boas práticas de compras.
História das instituições formadoras da rede.
Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
Clima de confiança e identidade cultural.
E. ASPECTOS DE COOPERAÇÃO
Troca de informações entre as empresas.
Estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
Análise conjunta dos problemas e solução em comum.
Definição das contribuições dos parceiros.
F. CULTURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Recursos computacionais para o processamento dos dados.
Tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar a performance
Geração e distribuição da base de dados relativa à operação da rede.
Acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso deste recurso para a melhora da
performance da rede.
Quadro 12 - Cruzamento dos modelos matriz importância x desempenho e o modelo
Kano pela média geral dos atributos
Fonte: O autor.
85
Na dimensão C (processo de formação de uma rede associativa) que favorece a
formação de uma rede, os atributos 10 (conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma
de atuação) e 11 (escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação
do agrupamento) podem ser considerados sicos, pois, além de serem de alta importância e
desempenho, são pré-condições para existência e funcionamento adequado da rede. Os
atributos 12 (líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede) e 13 (definição do
comportamento e regras na rede) também são considerados chave, pois foram classificados
pelas empresas que atum em rede como sendo críticos e de alta importância e médio/alto
desempenho.
Os atributos 22 (recursos computacionais para o processamento dos dados) e 23
(tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar a performance
da rede) também são classificados como chave, haja vista que, embora apresentem baixo
desempenho nas empresas das redes pesquisadas, são considerados por elas como críticos e de
alta importância.
Dessa forma, confirma-se o exposto por no item 4.4.1 de que as dimensões A e C
têm destaque de importância nas redes estabelecidas. Por isso, o cruzamento entre a matriz
importância e o modelo Kano pela média geral dos atributos focou estas dimensões. Como se
frisou na seção anterior, os atributos 10 e 11 são os únicos obrigatórios para as empresas que
já atuam em rede e esta posição localiza-se na dimensão com maior importância.
Para Olave e Amato Neto (2001), a cultura da competência trata das questões ligadas
às aptidões essenciais de cada parceiro: se é flexível, permite diferentes possibilidades de
aplicação nos mercados ou suporta variações de volume. Este item está explícito no atributo 1
(Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade para diferentes
possibilidades de aplicação nestes mercados, suporte a variações de volume, de mix de
produção ou de prazo de entrega). Tanto as empresas da rede quanto as empresas de Jaraguá
do Sul classificaram este atributo como crítico.
Ainda em relação a dimensão A, o atributo 4 (perfil das empresas que contemplam a
formação da rede) recebe destaque, pois encontra-se na posição de atributo crítico em ambos
os grupos analisados. ndido e Abreu (2005), no entanto, o classificam como terceiro fator
de importância no quesito ambiente de negócios, não aferindo toda a conotação de veracidade
dos dados obtidos. Para compreender o destaque do atributo 4, novamente recorre-se à citação
de Jones, Hesterly e Borgatti (1997) de que a reputação dos associados permite aumentar a
confiabilidade das trocas no âmbito da rede e, por conseqûencia, o sucesso da mesma.
86
Por fim, destaca-se os atributos 12 (deres nos diversos níveis do agrupamento, ou
seja, da rede) e 13 (definição do comportamento e regras na rede ), também classificados
como críticos pelos dois grupos de pesquisa. Vele ressalvar que, na opinião de Cândido e
Abreu (2005), estes atributos são os últimos na escala de importância do processo de
formação, o que o valida teoricamente este resultado.
87
5 CONCLUSÃO
O associativismo é uma ferramenta que permite formular estratégias para tornar as
empresas mais capazes de enfrentar as cinco forças competitivas descritas por Porter (2004):
entrada, ameaça de substituição, poder de negociação dos compradores, poder de negociação
dos fornecedores e rivalidade entre os atuais concorrentes.
Essas estratégias podem ser desenvolvidas a partir de atividades que construam
diferenciais competitivos para a empresa, como, por exemplo, a formação de uma rede
associativa de compras, que se fundamenta em alianças de parceria com fornecedores,
consumidores e funcionários.
A formação de alianças estratégicas para centralização das compras aumenta o poder
de barganha com os fornecedores em função da grande quantidade de produtos a serem
adquiridos, gera descontos, economia em escala, aumenta as condições de sobrevivência e
prepara as pequenas e médias empresas da rede para prosperar, embora seu volume individual
de compras seja reduzido.
Nesse contexto, a função de comprador vem conquistando cada vez mais
importância, pois somente um profissional preparado poderá conduzir esse processo de forma
cautelosa, evitando deficiências, demoras onerosas, produção ineficiente, produtos inferiores,
o não cumprimento de promessas de entrega e clientes insatisfeitos. Afinal, a compra eficiente
e eficaz pode gerar potenciais benefícios para a organização.
No ramo supermercadista e metal-mecânico, as redes de compra são uma
realidade. É o caso da ASSUVALI e da SINDIMETAL, as quais, conforme se verificou nesta
pesquisa, aproximam-se da tipologia proposta por Ernst (1994), para quem a rede de clientes é
aquela que firma contratos e acordos entre instrias e distribuidores, canais de
comercialização, revendedores e consumidores.
As redes pesquisadas apresentam empresas com perfis parecidos: 58% possuem até
49 funcionários, 25% entre 50 e 100 e 17% entre 101 e 200. Já entre as empresas da região de
Jaraguá do Sul, 49% possuem até 49 funcionários, 38% entre 50 e 100 funcionários e 13%
entre 101 e 200. A maioria das empresas de ambos os grupos atua mais de 10 anos no
mercado e fatura acima de R$ 100.000,00 por mês.
Através da integração entre a matriz importância x desempenho, que aborda as
dimensões dos Fatores Formadores e Desenvolvedores de redes associativas; e o modelo
88
Kano pela média geral dos atributos, que aborda os atributos das dimensões citadas;
estabeleceu-se uma comparação entre forma como essas dimensões e atributos se apresentam
nas empresas pertencentes às redes pesquisadas e nas empresas da região de Jaraguá do Sul,
que ainda não exercem tal prática.
Esse instrumento de análise mostrou-se eficaz, possibilitando a obtenção de
informações funcionais e disfuncionais, criando um elo entre a satisfação dos usuários do
sistema e os atributos que o impulsionam. Esses atributos são classificados como críticos e
obrigatórios para a satisfação, retratada, nesta pesquisa, como fator para o sucesso e
desenvolvimento de uma rede associativa de compras.
Verificou-se que algumas das dimensões propostas no capítulo 2.4, intitulado
adaptação dos modelos matriz importância x desempenho e modelo Kano pela média geral
dos atributos de formação e desenvolvimento de redes interorganizacionais”, não foram
validadas nas análises orientadas pela matriz importância x desempenho porque foram
classificadas pelas empresas como de baixa importância.
As dimensões A (ambiente de negócios e competências dentro da rede) e C (processo
de formação de uma rede associativa) foram as que mais tiveram importância na opinião das
empresas que atuam em rede. Ambos os grupos convergem para o acerto desses requisitos
para a formação de uma rede.
A dimensão C (processo de formação de uma rede associativa) foi apontada como a
de maior relação importância x desempenho. Segundo as respostas obtidas, nesta dimensão,
os atributos 10 (conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação), 11
(escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento,
12 (deres nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede) e 13 (definição do
comportamento e regras na rede) são os principais para a formação e desenvolvimento de uma
rede.
A dimensão F (cultura do uso da tecnologia da informação) deve ser melhor
trabalhada pelas empresas que já atuam em rede, pois seu desempenho é muito baixo, embora,
seja considerada de alta importância.
Constatou-se que as empresas que já atuam em rede classificam a maioria dos
atributos como críticos. O atributo 17 (clima de confiança e identidade cultural) foi
considerado crítico na matriz unificada e obrigatório da matriz ASSUVALI, caracterizando-se
como uma condição obrigatória para redes que estão funcionamento há mais tempo. Os
89
atributos 11 (escolha adequada dos agentes responveis pela negociação e consolidação do
agrupamento) e 12 (Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede) foram
classificados como neutros na matriz SINDIMETAL e, respectivamente, obrigatório e crítico
na matriz unificada. O atributo 10 (conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de
atuação) foi considerado obrigatório na matriz ASSUVALI. Entende-se que a ausência ou
desempenho insuficiente destes atributos deixam os usuários extremamente insatisfeitos
levando a iniciativa ao insucesso. Os atributos 4 (perfil das empresas que contemplam a
formação da rede) e 22 (recursos computacionais para o processamento dos dados) obtiveram
classificações diferenciadas nas duas redes pesquisadas. Para a SINDIMETAL, o atributo 4 é
impulsionador e o 22 é crítico, para a ASSUVALI, o atributo 4 é crítico e o 22 impulsionador.
Por entender-se que a maioria dos atributos são comuns, elaborou-se a matriz
unificada, pois os ramos de atuação não ficaram distanciados em relação a visão das duas
redes. Na matriz unificada, os atributos 5 (cooperação e colaboração, isto é, existência de
condições para a prática da cooperação e colaboração); 6 (interação entre os agentes
envolvidos, ou seja, o relacionamento das partes que formam a rede); e 7 (planejamento e
coordenação, isto é, planejamento e coordenação das ações da rede e seus fornecedores)
destacam-se como críticos para formação e desenvolvimento de redes, pois seu incremento
gera grande satisfação e sua redução grande insatisfação.
O atributo 3 (política de inovação para aplicação dentro da rede) foi considerado
como o mais impulsionador, obteve a melhor pontuação pela média geral dos atributos do
modelo Kano e foi classificado pelas empresas pertencentes às redes pesquisadas como o mais
importante de sua dimensão. Os atributos 24 (geração e distribuição da base de dados relativa
à operação da rede) e 25 (acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso deste
recurso para a melhora da performance da rede) também se destacaram, no entanto, com
menor expressividade. Dessa forma, o atendimento desses atributos traz uma satisfação mais
do que proporcional para a rede, embora, não tragam insatisfação se não atendidos.
A pesquisa revelou coincidências entre a opinião dos dois grupos no que concerne à
classificação de atributos críticos, demonstrando proximidade entre as características
apresentadas pelas empresas das redes pesquisadas e pelas empresas da região de Jaraguá do
Sul. Isso quer dizer que a satisfação dos usuários é proporcional ao nível de desempenho da
rede, porém, a falta deste desempenho afeta imediatamente esta satisfação. Por isso, as redes
devem trabalhar numa proposta de ganho competitivo que envolva esses fatores críticos.
90
Cruzando as dimensões dos fatores críticos de sucesso com os atributos formadores e
desenvolvedores de redes, constata-se que os atributos 1 (flexibilidade das empresas que
formam a rede), 4 (perfil das empresas que contemplam a formação da rede) e 5 (cooperação
e colaboração), 12 (deres nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede) e 13
(definição do comportamento e regras na rede) são pontos-chave para a formação e
desenvolvimento da rede, pois são classificados pelas empresas pertencentes às redes
pesquisadas como críticos, ou seja, seu incremento gera grande satisfação e sua redução
grande insatisfação.
Os atributos 10 (conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação) e
11 (escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do
agrupamento) podem ser considerados básicos, pois foram considerados como pré-condições
para a existência e funcionamento adequado da rede, além de serem atributos com alta
importância e alto desempenho.
Da mesma forma, os atributos 22 (recursos computacionais para o processamento
dos dados) e 23 (tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas para melhorar
a performance da rede) são pontos-chave, pois foram classificados pelas empresas
pertencentes às redes pesquisadas como críticos e de alta importância. para as empresas de
Jaraguá do Sul, esta dimensão não apresenta um bom desempenho porque estas ainda não
trabalham em rede. Esses itens devem ser observados com atenção se e quando essas
empresas formarem uma rede.
Verificou-se que alguns atributos como o 10 (conhecimento de conceitos e vantagens
da nova forma de atuação) e o 11 (escolha adequada dos agentes responsáveis pela
negociação e consolidação do agrupamento) podem ser considerados básicos, pois, além de
serem de alta importância e desempenho, são pré-condições para existência e funcionamento
adequado da rede. Isso confirma o exposto por Cândido e Abreu (2005), que classificam estes
atributos como essenciais ao processo de formação de redes associativas.
Os resultados desta pesquisa coadunam com os dizeres de alguns autores sobre redes
associatovas. Laumann, Galaskiewicz e Mardsen (1978) afirmam que a rede associativa
colaborativa assemelha-se a cooperativa, pois em ambas impera o coletivo, haja vista que os
objetivos particulares perdem a imporânicia frente aos benefícios advindos da parceria.
Segundo Ernst (1994), a rede de clientes é aquela que firma contratos e acordos entre
indústrias e distribuidores, canais de comercialização, revendedores e consumidores. Na visão
de Grandori e Soda (1995), o relacionamento entre os integrantes da rede o é regido por
contrato formal.
91
Dentre o tipos de rede descritas por Wood Junior e Zuffo (1998), infere-se que as
redes pesquisadas encaixar-se-iam na estrutura livre de barreiras, que define funções, papéis e
tarefas menos rígidas. As redes pesquisadas também poderiam ser enquadradas no conceito de
rede flexível proposto por Casarotto Filho e Pires (1999), no qual pequenas e médias
empresas se rnem em um consórcio com objetivos comuns. Na classificação de Corrêa
(1999, apud VERRI, 2000), as redes pesquisadas pertenceriam rede dinâmica, na qual o
relacionamento entre as empresas é intenso e variável. Já nos tipos descritos por Lazzarini
(2008), as redes abordadas neste estudo poderiam ser consideradas como horizontais, haja
vista que são formadas por empresas do mesmo setor, adjacentes ou complementares.
Com base na teoria de Porter (2004), pode-se inferir que as operações das redes
pesquisadas devem trabalhar suas estratégia de enfoque, pois poderão competir com mesmo
poder compra de insumos das grandes corporações. Dependendo do porte e da natureza, a
empresa metal-mecânica pode utilizar como estratégias: um sistema de distribuição com baixo
custo, diferenciação com recursos e habilidades tradicionais no ramo, combinação ímpar de
habilidades trazidas de outros negócios, cooperação entre canais etc. Segundo Porter (1989),
estratégia competitiva é a busca por uma posição favorável, que gere lucros, sustentabilidade
e combata as forças da concorrência na instria.
Baily (2000) corrobora com o exposto ao aifrmar que a vantagem da centralização da
atividade de compras depende da habilidade com que a empresa conduz o processo, pois o
poder de compra envolve a consolidação das exigências, o desenvolvimento de fontes, a
racionalização dos estoques, a simplificação dos procedimentos e o trabalho com
fornecedores para transformar custos desnecessários em vantagem mútuas.
Constatou-se que há viabilidade para formação de uma rede associativa de compras
entre as empresas da região de Jaraguá do Sul. Essa rede poderá gerar vantagens competitvas
para estas empresas desde que elas prestem a devida atenção aos atributos básicos como, por
exemplo, o conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação, e a escolha
adequada dos agentes responsáveis pela negociação e consolidação do agrupamento. Esta
constatação deve-se a fato de que a maior parte dos atributos considerados como fatores
formadores e desenvolvedores de rede se faz presente nos dois grupos pesquisados. Os
desvios tambem foram identificados e referendados nesta pesquisa.
Também deverão ser levados em conta os atributos: flexibilidade das empresas que
formam a rede, perfil das empresas que contemplam a formação da rede, cooperação e
colaboração, deres nos diversos níveis do agrupamento e definição do comportamento e
92
regras na rede, pois estes são pontos chave para formação e desenvolvimento de uma rede
associativa.
Uma vez observados estes pré-requisitos, as pequenas e médias empresas da região
de Jaraguá do Sul terão condições de compor uma rede associativa com diferenciais
competitivos. Vale destacar que ambos os grupos classificaram poucos atributos como
obrigatórios. Talvez, as empresas de Jaraguá do Sul devam analisar a potencialidade desses
quesitos num possível processo de formação de rede.
Assim, considera-se atendido o objetivo geral deste estudo, no caso, “analisar a
viabilidade de se propor uma rede associativa de compras como estratégia competitiva para
micro e pequenas empresas do ramo metal-mecânico da região de Jaraguá do Sul - SC,
procurando identificar requisitos obrigatórios e impulsionadores para formação da rede”.
Ansoff (1990) corrobora com o exposto afirmando que, para fazer frente a grandes
corporações, as micro, pequenas e dias empresas que atuam em rede podem utilizar-se da
economia de escopo, que consiste no menor custo de se produzir e distribuir produtos
assemelhados pelas mesmas linhas de produção e pelos mesmos canais de distribuição.
Os objetivos secundários também foram atingidos, uma vez que se analisou a
viabilidade de as empresas se associarem em atividades de compras para obter diferenciais
competitivos, identificou-se os principais atributos formadores e desenvolvedores de redes
interorganizacionais e adaptou-se os modelos matriz importância x desempenho ao método
Kano pela média geral dos atributos formadores e desenvolvedores de rede.
Este estudo foi importante para o conhecimento das estratégias que as organizações
podem construir através da criação de aliaas para consolidar seus diferencias competitivos.
Acredita-se que estratégias associativas podem ser uma espiral para fortalecer questões
econômicas do País, uma vez que podem contribuir para a sobrevivência de pequenas e
médias empresas. Porém, considerando-se que esta pesquisa limita-se à realidade dos ramos
metal-mecânico e supermercadista, recomenda-se que seja aplicada em empresas e redes de
outros setores. Recomenda-se, ainda, empregar o modelo Kano de satisfação e a matriz
importância x desempenho em outros tipos de pesquisa.
93
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98
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Senhores (as),
Este questionário tem por objetivo coletar dados para uma pesquisa acadêmica que
irá contribuir para a elaboração de uma dissertação do Mestrado da FURB.
Não há respostas certas ou erradas, somente a sua percepção sobre os assuntos
abaixo relacionados. Você não precisa se identificar e os dados serão somados com respostas
de outras pessoas.
Agradeço muito sua colaboração.
SEÇÃO I:
PERFIL DAS EMPRESAS
A) Identificação
A1. Identificação da empresa
Razão social: ___________________________________________________________
Função do entrevistado: ___________________________________________________
A2. Perfil da empresa: atividade principal:
( ) Metal-mecânica
( ) Supermercadista
( ) Farmacêutico
A3. mero de funcionários
( ) até 49
( ) entre 50 e 100
( ) entre 101 e 200
( ) mais de 200
99
A4. Tempo de atuação da empresa
( ) menos de um ano
( ) 1 a 3 anos
( ) 3 a 5 anos
( ) 5 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
A5. Grau de faturamento (mês)
( ) até R$ 10.000,00
( ) de R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00
( ) de R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00
( ) acima de R$ 100.000,00
SEÇÃO II
IMPORTÂNCIA DOS ATRIBUTOS DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE
REDES ASSOCITIVAS.
Indique o grau de importância com relão aos atributos de formação/desenvolvimento de
uma rede associativa, destacados abaixo:
ATRIBUTOS
SEM IMPORTÂNCIA
POUCO
IMPORTANTE
IMPORTANTE
EXTREMAMENTE
IMPORTANTE
Ambiente de negócios e competências dentro da rede
Relacionamentos entre os participantes da rede
Processo de formação de uma rede associativa
Aspectos sócio-culturais das empresas da rede
Aspectos de cooperação entre os associados
Cultura do uso da tecnologia da informação
100
SEÇÃO III
SATISFAÇÃO ATUAL DOS ATRIBUTOS DE FORMAÇÃO DA REDE
Indique a satisfação atual com relação aos atributos de formação de uma rede associativa,
destacados abaixo:
SEÇÃO IV:
ATRIBUTOS DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE REDES
ASSOCIATIVAS SEGUNDO MODELO KANO.
Indique como você se sentiria com relação à rede associativa quando:
Muito
Insatisfeito
Neutro
Muito
satisfeito
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
AP1 As empresas que formam a rede são flexíveis, isto é, se permite
diferentes possibilidades de aplicação nestes mercados, se suporta
variações de volume, de mix de produção ou de prazo de entrega.
EN3. Não há uma análise conjunta dos problemas e solução em
comum acontece.
AP2 As empresas da rede permitem participação de outras empresas
e instituições de apoio na rede.
BN1. A interação entre os agentes envolvidos é ruim.
AP3 A rede propicia política de inovação.
AP4 Perfil das empresas locais favorece a formação da rede.
CN2. o uma escolha adequada dos agentes responsáveis pela
negociação e consolidação do agrupamento.
BN4. As políticas direcionadas para o fortalecimento da capacitação
tecnológica são inconsistentes.
AP5 As empresas da rede propiciam condições para a prática da
cooperação e colaboração.
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
ATRIBUTOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ambiente de negócios e competências dentro da rede
Relacionamento entre os participantes da rede
Processo de formação da rede
Aspectos sócio-culturais das empresas da rede
Cooperação entre os associados
Cultura do uso da tecnologia da informação
101
BP1. A interação entre os agentes envolvidos é boa.
FN4. As condições de acesso a estes dados bem como a utilização
das informações prejudica a performance da rede.
BP2. O planejamento e coordenão das ações das instituições de
apoio acontecem de modo positivo.
EN4. Não há definição das contribuições dos parceiros
CN4. A rede não tem um desenho organizacional.
BP3. Os mecanismos para fortalecer os relacionamentos e interações
são fortes.
EN1. Não existe troca de informações entre várias empresas.
DN2. A historia entre os integrantes é distinta.
BP4. As políticas direcionadas para o fortalecimento da capacitação
tecnológica são efetivas.
DN1. As políticas de conscientização e socialização na rede são
inconsistentes.
BN2. O planejamento e coordenação das ações das instituições de
apoio acontecem de modo negativo.
AN3. A rede não propicia a política de inovação.
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
CP1. Há familiarização com os conceitos e vantagens da nova forma
de atuação.
CP2. Há uma escolha adequada dos agentes responsáveis pela
negociação e consolidação do agrupamento.
EN2. O intercâmbio de idéias na rede não acontece.
FN3. Inexiste geração e distribuição da base de dados relativa à
operação da rede.
DN3. Não existe Cultura de obtenção de eficiência coletiva
AN1. O parceiro é inflexível, isto é, não permite diferentes
possibilidades de aplicação nestes mercados, não suporta variações
de volume, nem de mix de produção ou de prazo de entrega.
CP3. Existem líderes nos diversos níveis do agrupamento.
DN4. Confiança e identidade cultural inexistem na rede.
CN1. A familiarização com os conceitos e vantagens da nova forma
de atuação não acontece.
CP4. Há definição de como as empresas devem se
comportar/regularizar na rede.
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
DP1. Existem na rede políticas de conscientização sobre
associativismo e socialização de boas práticas de compras.
DP2. Há historia comum entre os integrantes.
AN4. Perfil das empresas locais desfavorece a formação da rede.
FN1. Não há recursos computacionais para o processamento dos
dados.
DP3. Existe Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
BN3. Os mecanismos para fortalecer os relacionamentos e interações
são fracos.
FN2. As tecnologias de informação e comunicação não são usadas
para melhorar a performance da rede.
DP4. O Clima de confiança e identidade cultural é saudável.
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
EP1. Há troca de informações entre várias empresas.
EP2. Existe o estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
AN2. Os parceiros não permitem participação das outras empresas e
instituições de apoio na rede.
EP3. A análise conjunta dos problemas e solução em comum
acontece.
EP4. Existe definição das contribuições dos parceiros.
102
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
FP1. Existem recursos computacionais para o processamento dos
dados
FP2. As empresas tratam das tecnologias de informação e
comunicação para melhorar a performance da rede.
AN5. As empresas da rede impossibilitam condições para a prática
da cooperação e colaboração.
FP3. Existem geração e distribuição da base de dados relativa à
operação da rede.
CN3. Não há existência líderes nos diversos níveis do agrupamento.
FP4. As condições de acesso a estes dados bem como a utilização
das informações contribui para a performance da rede.
SEÇÃO V:
SATISFAÇÃO ATUAL DOS ATRIBUTOS ESPECÍFICOS
Indique a satisfação atual com relação aos atributos com relação à rede associativa quando:
Muito
Insatisfeito
Neutro
Muito
satisfeito
A. AMBIENTE DE NEGÓCIOS E COMPETÊNCIAS
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Flexibilidade das empresas que formam a rede, isto é, flexibilidade
para diferentes possibilidades de aplicação nestes mercados,
suporte a variações de volume, de mix de produção ou de prazo de
entrega.
Participação de outras empresas e instituições de apoio na rede.
Política de inovação para aplicação dentro da rede.
Perfil das empresas que contemplam a formação da rede.
Cooperação e colaboração, isto é, existência de condições para a
prática da cooperação e colaboração.
B. RELACIONAMENTOS
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Interação entre os agentes envolvidos, ou seja, o relacionamento
das partes que formam a rede .
Planejamento e coordenação, isto é, planejamento e coordenação
das ações da rede e seus fornecedores.
Mecanismos de fortalecimento dos relacionamentos, isto é,
mecanismos que visam fortalecer as interações de componentes da
rede.
Políticas de fortalecimento da capacitação tecnológica da rede.
C. PROCESSO DE FORMAÇÃO
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Conhecimento de conceitos e vantagens da nova forma de atuação.
Escolha adequada dos agentes responsáveis pela negociação e
consolidação do agrupamento.
Líderes nos diversos níveis do agrupamento, ou seja, da rede.
Definição do comportamento e regras na rede.
D. ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Políticas de conscientização sobre associativismo e socialização
de boas práticas de compras.
Historia das instituições formadoras da rede.
Cultura de obtenção de eficiência coletiva.
Clima de confiança e identidade cultural.
103
E. ASPECTOS DE COOPERAÇÃO
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Troca de informações entre as empresas.
Estabelecimento de um intercâmbio de idéias na rede.
Análise conjunta dos problemas e solução em comum.
Definição das contribuições dos parceiros.
F. CULTURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Recursos computacionais para o processamento dos dados
Tecnologias de informação e comunicação, isto é, o uso destas
para melhorar a performance da rede.
Geração e distribuição da base de dados relativa à operação da
rede.
Acesso a dados e utilização das informações, ou seja, o uso destes
recursos para a melhora da performance da rede.
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