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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
PPGEM
Halston Mozetic
DESIGN DE PRODUTO: SELEÇÃO DE MATERIAIS E PROCESSOS
COM APLICAÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO EM NÚCLEOS DE
ALTO-FALANTES
Porto Alegre
2008
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HALSTON MOZETIC
Engenheiro Mecânico
DESIGN DE PRODUTO: SELEÇÃO DE MATERIAIS E PROCESSOS
COM APLICAÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO EM NÚCLEOS DE
ALTO-FALANTES
Trabalho realizado no Departamento de
Metalurgia da Escola de Engenharia da
UFRGS, dentro do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Minas,
Metalúrgica e de Materiais – PPGEM, como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Engenharia.
Área de Concentração: Ciência e Tecnologia
dos Materiais
Orientador: Prof. Dr. Wilson Kindlein Júnior
Porto Alegre
2008
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HALSTON MOZETIC
Engenheiro Mecânico
DESIGN DE PRODUTO: SELEÇÃO DE MATERIAIS E PROCESSOS
COM APLICAÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO EM NÚCLEOS DE
ALTO-FALANTES
Trabalho realizado no Departamento de
Metalurgia da Escola de Engenharia da
UFRGS, dentro do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Minas,
Metalúrgica e de Materiais – PPGEM, como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Engenharia.
Área de Concentração: Ciência e Tecnologia
dos Materiais
Orientador: Prof. Dr. Wilson Kindlein Júnior
APROVADA PELA BANCA EXAMINADORA
Porto Alegre, 01 de Dezembro de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Fábio Gonçalves Teixeira - DEG - UFRGS
Prof. Dr. Julian Penkov Geshev - IF/LAM - UFRGS
Prof. Dr. Vilson João Batista - DEMEC - UFRGS
Prof. Dr. Carlos Pérez Bergmann
Coordenador do PPGEM
Dedico este trabalho à Solange e aos nossos filhos Júlia e Guilherme.
AGRADECIMENTOS
Aos Professores Dr. Wilson Kindlein Júnior, Dr. Bergmann, Dr. Telmo e Dra. Liane
Roldo devo meus agradecimentos pela confiança e orientação prestada.
Aos membros da banca examinadora pelas importantes contribuições elevando a
qualidade do trabalho.
Meus agradecimentos especiais ao M.Sc. Eduardo Foncesa e ao Técnico Gerson
Toaldo Bello pelo grande apoio, orientação e estímulo neste trabalho.
Aos colegas que colaboraram de alguma forma na realização deste trabalho e me
acompanharam durante esses dois anos.
À Eletrônica Selenium, em nome de Edson Luiz Sanches Franco e Tadeslau A. S.
Souza, pelo auxílio técnico sem o qual este trabalho não seria possível.
À empresa ”Fazer Ciência e Inovação”, em especial ao Ângelo Ribeiro Morrone, pela
realização dos equipamentos para indução magnética nos tratamentos térmicos aqui
apresentados.
A todos os professores que contribuíram na minha formação como engenheiro meus
sinceros agradecimentos.
A CAPES, ao LdSM e à UFRGS pelo apoio técnico e financeiro dando condições
materiais para a realização do trabalho.
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados obtidos com o uso da técnica
de campo magnético induzido durante o tratamento térmico do Ferro Fundido Nodular em
desenvolvimento de núcleos de alto-falantes. Para este estudo foi escolhido como material o
Ferro Fundido Nodular devido ao baixo custo de obtenção das peças e também por ser um
material de fácil aquisição no mercado. Foram confeccionadas 90 amostras deste Ferro
Fundido Nodular com percentuais diferenciados de Ferro, Silício e Carbono, sendo que as
amostras quando foram submetidas ao tratamento térmico de recozimento também sofreram a
indução magnética. Os parâmetros utilizados no tratamento térmico situaram-se na faixa de
temperatura de aquecimento de 900ºC até 920ºC e uma indução magnética “B” entre 16000 e
20000 Gauss. O grande desafio deste trabalho estava no fato de que variações de composição
das ligas de ferro fundido nodular, aliadas as inclusões de outros materiais não magnetizáveis,
modificavam, para pior, o desempenho dos núcleos dos alto-falantes. Para obter-se, então,
uma estrutura em que o fluxo magnético pudesse permear, buscou-se primeiramente
selecionar a liga de ferro fundido eliminando ao máximo os materiais não magnetizáveis, e só
então, estudar um processo de tratamento térmico com indução magnética que tornasse o
material adequado ao uso nos núcleos de alto-falantes. Para melhorar as propriedades
magnéticas de forma contundente, buscou-se através do recozimento com campo induzido um
alinhamento dos domínios, ou seja, uma ordenação dos “spins” dentro dos grãos do material
que juntamente com a elevação de temperatura tenderam a ter um mesmo sentido, facilitando
de maneira significativa a passagem do fluxo magnético, propriedade importante para o
desempenho dos núcleos de alto-falantes. Foram realizados recozimentos com campo
induzido observando-se o desempenho da permeabilidade magnética inicial das peças e
posteriormente medidas com equipamento de saturação de campo. Esses resultados foram
correlacionados com os dados obtidos pelo uso do aço SAE 1020, nas mesmas condições de
uso e teste de laboratório. Foram realizados estudos metalográficos, além de análises de
composição química das amostras e a relação destes fatores com as propriedades magnéticas.
Também foram estudados os dados de usinabilidade das amostras do ferro fundido nodular
tratadas termicamente com indução magnética e subseqüentemente comparados com o Aço
SAE 1020. Do ponto de vista científico, uma das contribuições deste trabalho, está na
influência da indução de campo magnético durante o tratamento térmico das amostras, pois é
possível verificar um ganho significativo nas propriedades magnéticas apresentadas pelos
núcleos dos alto-falantes durante os testes de desempenho. A outra está no fato de que ganhos
correlacionados ao design do produto possibilitam utilizar o ferro fundido como uma
alternativa economicamente viável e perfeitamente ajustável à alta performance dos alto-
falantes. Como resultado deste estudo foi demonstrado à possibilidade do uso do recozimento
com indução magnética, como forma de aumentar a permeabilidade de um material com alto
teor de carbono, no caso específico, o ferro fundido nodular. Este trabalho permite afirmar
que é possível desenvolver núcleos magnéticos de alto-falantes em ferro fundido nodular com
alto desempenho e também sugerir que outras aplicações onde seja necessário aumento do
desempenho magnético esta técnica possa ser aplicada.
Palavras-chave: Design de Produto. Seleção de Materiais. Propriedades Magnéticas.
Tratamento Térmico. Ferro Fundido.
ABSTRACT
This work aims to present the results obtained with the use of induced magnetic field
during the heat treatment of Nodular Cast Iron for speaker cores. For this study development,
the chosen material is the nodular cast iron due to the low trading costs and ease of purchase
on the market. Ninety samples of nodular cast iron were constructed, with different iron,
silicon and carbon contents. Samples, when subjected to annealing, were also subjected to
magnetic induction. The final temperature on the heat treatment was in the range of 900ºC to
920ºC, and the magnetic induction was in the range of 16000 to 20000 Gauss. The challenge
of this work was in the fact that compositional changes in the nodular cast iron, allied to
inclusions of non-magnetizable materials, modify for worse the performance of speaker cores.
To obtain a structure that the magnetic field could permeate, the cast iron alloys were selected
to eliminate, at most, the presence of non-magnetizable materials, and only then consider a
heat treatment process with magnetic induction to make the material suitable for use in
speaker cores. To improve the magnetic properties, an alignment of dipoles of the material,
through induced magnetic field during annealing was intended. Annealing with induced
magnetic field was carried out, observing the performance of the initial magnetic permeability
of the samples, and subsequently measured with field saturation equipment. The results were
correlated with the obtained data from the use of the SAE 1020 steel, with the same
conditions of use and laboratory tests. Metallographic and chemical composition analyses
were carried out on the samples, and the correlation of these data with the magnetic properties
was estmated. Also machinability of the thermal treated with magnetic induction nodular cast
iron samples were analyzed and compared with the SAE 1020 steel. From the scientific point
of view, one of the contributions of this work is the influence of induced magnetic field
during the heat treatment of the samples, since it was possible to verify a significant gain in
the magnetic properties of the speaker cores during the performance tests. Another
contribution is the fact that gains correlated with the design of the product enable the use of
cast iron as an economically viable and fully adjustable material to the high performance of
subwoofers. As a result of this work, the possibility of using annealing with magnetic
induction was presented as a way to increase the permeability of a material with high carbon
content, in this particular case, the nodular cast iron. This research allows asserting that it is
possible to develop speaker magnetic cores of nodular cast iron with high
performance and also suggest that this technique can be applied to other applications where it
is necessary to increase their magnetic performance.
Keywords: Product Design. Material Selection. Magnetics Properties. Thermal Treatments.
Cast Iron.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Inversão da Lógica de Pensamento entre Engenheiros e Designers (A Importância do
Binômio Design e Engenharia como Catalizador de Inovação)
...........................................................23
Figura 2 – Diagrama de Fases para o Sistema Ferro-Carbono .............................................................26
Figura 3 – Estrutura do Alto-Falante ......................................................................................................27
Figura 4 – Magnetismo Atômico: (A) Diamagnético (B) Magnético..................................................28
Figura 5 – Alinhamento de Domínios ....................................................................................................29
Figura 6 – Processo de Alinhamento Magnético do Material...............................................................30
Figura 7 – Curva de Magnetização de um Material Ferromagnético...................................................30
Figura 8 – Fenômeno da Histerese Magnética, onde o Ciclo de Histerese com Representação de B,
H e Db/Dh, Onde Db/Dh tem Dimensão de Permeabilidade, e é Igual à Inclinação da Curva de
Histerese
...................................................................................................................................................31
Figura 9 – Materiais Magneticamente Duros e Moles ..........................................................................32
Figura 10 – Elemento Incremental de Volume......................................................................................33
Figura 11 – Caminho “abcd”...................................................................................................................34
Figura 12 – Diagrama de Fases Ferro-Carbono na Vizinhança do Eutetóide......................................36
Figura 13 – Efeito do Tempo na Decomposição da Fe
3
C (Cementita)...............................................37
Figura 14 – Micrografia Ferro Fundido Nodular, Ataque Nital 3%, Aumento 400x .........................38
Figura 15 – Fluxo Magnético Através da Superfície de Área “A”.......................................................41
Figura 16 – Circuito com o Anel Bobinado...........................................................................................44
Figura 17 – Curvas de Magnetização do Ferro Medidas com Diferentes Temperaturas, após o
Recozimento A 800ºC
.............................................................................................................................46
Figura 18 – Campos Magnéticos Altos, a Indução Decresce com Aumento da Temperatura ..........47
Figura 19 – Permeabilidade do Ferro, em Várias Temperaturas..........................................................48
Figura 20 – “Histerese” do Ferro Próximo ao Ponto Curie...................................................................48
Figura 21 – Anel em Fofo Nodular Bobinado Preparado para o Teste de Saturação Magnética.......49
Figura 22 – Ensaio de Saturação Magnética no Lam (Laboratório de Magnetismo da UFRGS)......51
Figura 23 – Anel Bobinado Extraído da Peça Fundida na Bancada Submetido a Saturação
Magnética
.................................................................................................................................................51
Figura 24 – Forno de Recozimento com Indução Magnética (Forno 15kw/1200ºC).........................53
Figura 25 – (03 Peças) Montadas Dentro da Bobina (Solenóide) Especialmente Construída para este
Trabalho....................................................................................................................................................53
Figura 26 – Vista Frontal do Forno com Outras Peças Dentro da Bobina (Solenóide) de Indução...54
Figura 27 – Campo Magnético X Corrente Elétrica..............................................................................55
Figura 28 – Variação Percentual do Campo em Relação ao Centro da Peça ......................................55
Figura 29 – Forno 15kw/1200 ºC............................................................................................................57
Figura 30 – Fonte de Alimentação e a Solenóide de Indução...............................................................57
Figura 31 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Aço SAE
1020...........................................................................................................................................................
61
Figura 32 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Aço SAE 1020.... ...61
Figura 33 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L1.... ..62
Figura 34 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L1 ....................62
Figura 35 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L2..... .63
Figura 36 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L2 ....................63
Figura 37 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L3..... .64
Figura 38 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L3 ....................64
Figura 39 – Gráficos de Histerese Comparativos entre as Ligas Aço, L1, L2 E L3 ...........................65
Figura 40 – Curvas Comparativas de Saturação Magnética entre as Ligas Aço, L1, L2 E L3........ ..66
Figura 41 – Peça Polar Antiga/ Aço SAE 1020.....................................................................................67
Figura 43 – Peça Polar L1/Fofo “Nova Forma” ....................................................................................68
Figura 44 – Micrografia de uma Amostra “Fofo Nodular L1” com Ataque de Nital 2% Aumento
100x.....
......................................................................................................................................................70
Figura 45 – Micrografia de uma Amostra “Fofo Nodular L1 Recozido” com Ataque de Nital 2%
Aumento 100x
..........................................................................................................................................70
Figura 46 – Micrografia do Aço SAE 1020 com Ataque de Nital 2% Aumento 100x .....................71
Figura 47 – Simulação do Conjunto Magnético Atual em Aço SAE 1020 do Woofer Wpu1507....73
Figura 48 – Simulação do Conjunto Magnético Utilizando a Liga L1, sem Alteração no Formato da
Peça......
.....................................................................................................................................................74
Figura 49 – Simulação do Melhor Formato de Peça Polar Utilizando a Liga L1 ...............................75
Figura 50 – Simulação do Conjunto Magnético Utilizando liga l2 e Novo Formato de Peça..... ......76
Figura 51 – Simulação do Conjunto Magnético Utilizando liga l3 e Novo Formato de Peça..... ......76
Figura 52 – Curva de resposta comparativa com protótipos Wpu1507-l1/l2/l3 e Wpu1507 atual....79
Figura 53 – Sala de Som..........................................................................................................................86
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Linha Típica de Vácuo para Fornos para Alta Temperatura, Fornecidos pela
Eurotherm Heat Treatment - Certificada Nacap (National Aerospace and Defense Contractors
Accreditation Program)
.............................................................................................................39
Quadro 2 – Ligas com sua Densidade de Fluxo........................................................................77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Aço 1020 ....................59
Tabela 2 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Peça L1 .......................59
Tabela 3 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Peça L2 .......................60
Tabela 4 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Peça L3. ......................60
Tabela 5 – Composição Química Percentual das Amostras, com Teores de Carbono, Silício,
Manganês e Fósforo
.................................................................................................................69
Tabela 6 – Parâmetros de Usinagem Utilizados para as Ligas L1, L2 e L3.............................72
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ASTM – American Society for Testing Materials;
B – Densidade de Fluxo Magnético;
B
- Densidade de Fluxo na Fronteira;
n
CGS – Sistema (Centímetro-Grama-Segundo);
D – diâmetro externo do anel;
d – diâmetro interno do anel;
FEMM – Método de Elementos Finitos Aplicado ao Magnetismo;
FoFo – Ferro Fundido;
f – freqüência;
G – módulo de cisalhamento;
GAP – Espaço entre imã e a peça polar;
GO – Grão Orientado;
GNO – Grão Não Orientado;
H – Força Magnetizante;
I - Corrente Elétrica
L1 – Liga 1 da Amostra de Ferro Fundido;
L2 – Liga 2 da Amostra de Ferro Fundido;
L3 – Liga 3 da Amostra de Ferro Fundido;
LAM – Laboratório de Magnetismo;
LAMEF – Laboratório de Metalurgia Física;
LACAR – Laboratório de Caracterização de Materiais;
LdSM – Laboratório de Design e Seleção de Materiais;
l
- comprimento do fio;
m
m – massa;
N – Número de voltas do enrolamento;
PPGEM – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalurgia e de Materiais;
RIM - Recozimento com Indução Magnética;
SI – Sistema Internacional de Medidas;
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
v – tensão elétrica;
γ
– austenita;
α
– ferrita;
xyz
- Volume Incremental;
µ
– permeabilidade;
ρ
- densidade.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................22
2.1 DESIGN E ENGENHARIA...............................................................................................22
2.2 O TRATAMENTO TÉRMICO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA COMO
FERRAMENTA PARA AUMENTAR A PERMEABILIDADE DOS MATERIAIS
FERROMAGNÉTICOS
...........................................................................................................24
2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS ....................................................................................................26
2.3.1 A Teoria dos Domínios Magnéticos .............................................................................29
2.3.2 As Relações de Fronteiras no Campo Magnético.......................................................32
2.4 RECOZIMENTO ...............................................................................................................35
2.4.1 Recozimento de Ligas Ferrosas....................................................................................36
2.4.2 Normalização .................................................................................................................37
2.4.3 Recozimento pleno.........................................................................................................38
2.3.4 Recozimento subcrítico.................................................................................................38
2.5 EQUIPAMENTO BÁSICO................................................................................................39
2.6 PRINCIPAIS EFEITOS DO VÁCUO NO TRATAMENTO DE MATERIAIS...............40
2.6.2 Óxidos.............................................................................................................................40
2.7 FORNO PARA RECOZIMENTO .....................................................................................40
2.8 FLUXO MAGNÉTICO......................................................................................................41
2.8.1 Instrumentos de Medição..............................................................................................42
2.8.2 Medição de Histerese DC..............................................................................................43
2.8.3 Dimensionamento da Bobina de Teste.........................................................................44
2.9 TEMPERATURA E O PONTO CURIE............................................................................46
3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................49
3.1 MATERIAIS ......................................................................................................................49
3.2 PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS DE INDUÇÃO MAGNÉTICA COM
RECOZIMENTO (RIM) PARA O FOFO NODULAR L1, L2 E L3.
.....................................52
3.3 CARACTERÍSTICAS DA FONTE DE ALIMENTAÇÃO STT01/ BOBINA DE
INDUÇÃO
................................................................................................................................54
3.3.1 Composição Química.....................................................................................................56
3.3.2 Metalografia...................................................................................................................56
3.4 RECOZIMENTO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA PARA AS PEÇAS L1, L2 E L3.....56
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................58
4.1 ANÁLISES E ENSAIOS COMPARATIVOS COM ANÉIS FABRICADOS EM AÇO
SAE 1020 E FOFO NODULAR
..............................................................................................58
4.1.1 Peças em Aço SAE 1020 e FoFo Nodular submetidas à Indução Magnética...........58
4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS PEÇAS QUE SOFRERAM O PROCESSO DE
RECOZIMENTO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA
...............................................................65
4.2.1 Composição Química.....................................................................................................69
4.2.2 Metalografia...................................................................................................................70
4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PEÇAS QUE SOFRERAM O PROCESSO DE
RECOZIMENTO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA QUANTO A SUA USINABILIDADE
71
4.4 SIMULAÇÃO DAS PEÇAS QUE SOFRERAM O PROCESSO DE RECOZIMENTO
COM INDUÇÃO MAGNÉTICA
.............................................................................................72
4.5 DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPOS .....................................................................77
4.5.1 Testes e Validação das Simulações...............................................................................78
4.6 CARACTERIZAÇÃO MAGNÉTICA DAS AMOSTRAS TRATADAS.........................81
4.7 CORRELAÇÃO ENTRE PERMEABILIDADE E CARACTERÍSTICAS MAGNÉTICO-
METALÚRGICAS
...................................................................................................................81
4.8 CORRELAÇÃO ENTRE CURVA DE RESPOSTA E CARACTERÍSTICAS
MAGNÉTICAS-METALÚRGICAS
.......................................................................................82
5 CONCLUSÕES....................................................................................................................84
6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................................87
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................88
APÊNDICE A – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADOS AO
ELETROMAGNETISMO.....................................................................................................95
18
1 INTRODUÇÃO
Para adaptar-se às exigências de um mercado industrial cada vez mais concorrente, a
indústria moderna se obriga a desenvolver novas técnicas e conceitos de produção, bem como
investir em tecnologia para produção de novos materiais, ou substituir os já existentes por
outros mais convenientes. Como conceito global, a indústria mundial busca a segurança de
qualidade de seus produtos e serviços com menor investimento em material, energia, pessoal,
e com a redução de custos de seus produtos e com o processo de produção.
Em indústrias de produtos de fundição o ferro fundido nodular faz concorrência ao
alumínio devido as suas propriedades mecânicas, proporcionando peças mais leves. Para a
caracterização desse tipo de material podem ser usados métodos não destrutivos de teste, os
quais permitem um processo estável e rápido, e com menos perdas (CONFERÊNCIA SOBRE
TECNOLOGIA DE EQUIPAMENTOS, 2002).
Com esta compreensão, o estudo foi realizado, o qual consiste na execução do
alinhamento dos domínios magnéticos de algumas ligas, desenvolvidas e selecionadas, de
FoFo Nodular. Ferro Fundido entende-se como sendo ligas ferrosas com carbono acima de
2%, e também contendo outros elementos de liga como silício, manganês, níquel e outros. As
propriedades mecânicas, bem como as magnéticas, são sensíveis aos teores de carbono, tipo
de liga de fundição, bem como o tratamento térmico empregado. O material apresenta uma
estrutura cristalina típica caracterizada por nódulos de grafita e uma matriz metálica, que
envolve estes nódulos, podendo ser ferrítica ou perlítica, ou uma combinação destas duas em
função do tratamento térmico.
A importância histórica e comercial do ferro como material magnético deu origem ao
termo ferromagnetismo. O ferromagnetismo é resultado da estrutura eletrônica dos átomos
(VAN VLACK, 1970). Numa visão microscópica, o ferro é um material magneticamente
orientado, no entanto macroscopicamente, ele não é magnético. Isso se explica devido a
existência de domínios magnéticos com orientações alternadas compensado-se mutuamente.
Na fronteira entre dois domínios magnéticos existe uma barreira de energia chamada barreira
magnética, fronteira, ou ainda “Muro de Bloch”. Quando aplicado um campo magnético
externo a um material ferromagnético, os domínios magnéticos dentro deste material são
orientados na mesma direção do campo aplicado (STEGEMANN, 1990). Para um efeito
19
macroscópico, o efeito físico que surge durante a magnetização de um material pode ser
descrito pela curva de magnetização e com a utilização de um campo magnético alternado
teremos a curva ou laço de histerese.
Os parâmetros que influenciam na forma da curva de histerese dos materiais podem
ser classificados em dois grupos. No primeiro grupo estão os parâmetros do magnetismo: a
intensidade do campo magnético aplicado e a freqüência do campo alternado. No segundo
grupo estão os parâmetros microestruturais dos materiais: diferenças microestruturais e
discordâncias na estrutura cristalina (CALLISTER JUNIOR, 2000).
Tanto as propriedades mecânicas quanto as magnéticas de materiais ferromagnéticos
sofrem influência direta de qualquer que seja o tipo de distorção do cristal como, por
exemplo, microestrutura ou composição da liga. As distorções cristalográficas dificultam os
movimentos das barreiras magnéticas, bem como, das discordâncias mecânicas, o que mostra
a existência da forte dependência entre esses efeitos. Isso favorece a determinação não
destrutiva dos valores de resistência mecânica e dureza através do uso de testes
magnetoindutivos como o da análise harmônica de correntes parasitas.
Existem requisitos básicos que um equipamento deve possuir para ser possível a
determinação, através de uma solenóide, das perdas magnéticas que um determinado material,
magnetizável, quando este é submetido a uma indução magnética, ou em outras palavras,
quando é possível ser percebida uma variação da densidade de fluxo magnético. Estas
características irão determinar o melhor desempenho que um determinado alto-falante irá ter
ao longo de sua vida útil.
É conhecida a possibilidade de se relacionar as propriedades magnéticas do aço com o
comportamento acústico que este material irá ter quando utilizado para fabricação do núcleo
magnético, responsável pelo desempenho do equipamento de som. Este trabalho, realizado em
conjunto com a Eletrônica Selenium, avaliou o processo de recozimento com indução
magnética do Ferro Fundido Nodular, como uma alternativa economicamente viável e
extremamente vantajosa para com os objetivos de redução de custo e também para assegurar
que o produto produzido esteja dentro das normas de qualidade.
Uma vez que este trabalho foi desenvolvido para mais de um tipo de Ferro Fundido
Nodular, mas de baixa variação composicional e que passa por um mesmo processo de
fundição, diminuíram os fatores que influenciaram nas propriedades magnéticas do material.
20
Os fatores que tiveram influência neste estudo foram, principalmente, a presença de carbono,
o teor de elementos não desejáveis na sua microestrutura e também a quantidade de nódulos
de grafita apresentada pelas amostras após a fundição.
A fim de verificar a aplicabilidade do processo, buscou-se relacionar os dados de
propriedades magnéticas, obtidos em ensaios de saturação no LAM da UFRGS, com os
encontrados nos ensaios realizados pela Eletrônica Selenium em seu laboratório de testes.
Além disso, foram analisadas as variações das permeabilidades, freqüências e das
forças magnéticas, bem como suas relações com o desempenho dos alto-falantes. As
características do FoFo Nodular obtidas a partir de análises metalográficas e do conteúdo de
inclusões nas amostras, indicaram quais das composições, com seus respectivos tratamentos
térmicos de recozimento, foram as melhores opções de utilização na construção dos núcleos
magnéticos.
Paralelamente, foram realizados estudos observando-se a forma, do núcleo magnético,
a fim de verificar a influência deste fator para o aumento do fluxo magnético, fazendo um
comparativo com o material utilizado, o Aço SAE 1020.
A Eletrônica Selenium S.A. produz Alto-Falantes (Woofers, Mid-Rangers, Drivers,
Tweeters), Caixas-Acústicas, Amplificadores, Mesas de Som e componentes para sonorização
utilizando os processos e tecnologias mais avançadas do mercado. Para atestar a qualidade
dos produtos e garantir que suas características estejam dentro das normas estabelecidas, são
feitos ensaios acústicos em amostras retiradas de cada lote de peças produzidas, obtendo-se
dados de limite de potência, permeabilidade, impedância, entre outras variáveis significativas
para o bom desempenho do produto.
A Norma ASTM A596/A596M - 95 (AMERICAN SOCIET FOR TESTING AND
MATERIALS, 1995b) determina as condições básicas que um equipamento, que se utiliza das
propriedades magnéticas, deve possuir para ser possível a sua utilização em aplicações que
necessitem alto desempenho magnético. Através de uma solenóide que envolve um
determinado material, magnetizável, submete-se o mesmo a uma indução magnética,
tornando-se possível perceber uma variação da densidade de fluxo magnético através de sua
estrutura cristalina. Este processo ao longo do tempo “t” provoca sua saturação magnética, ou
seja, uma acumulação de linhas de fluxo ao longo da rede cristalina, dificultando a passagem
de outras que estejam incidindo sobre o material.
21
Neste trabalho, no capítulo 2 é feita uma abordagem por meio de uma revisão da
literatura, onde são destacados os tópicos mais relevantes sobre tratamento térmico, princípios
básicos de magnetismo, teorias dos domínios magnéticos, relações de fronteiras no campo
magnético, processos e medições utilizadas.
No capítulo 3, é feita a apresentação do material estudado, os ensaios e procedimentos
utilizados para obtenção de parâmetros que possibilitem a análise dos resultados
No capítulo 4, são apresentados os resultados das análises e ensaios comparativos de
saturação magnética e permeabilidade dos materiais em estudo. Também é apresentada a
tecnologia de recozimento com indução magnética e seus desdobramentos. Ainda no capítulo
4, é apresentado o desenvolvimento do protótipo em FoFo com o nova forma e os testes de
validação das simulações com as respectivas curvas de respostas realizadas das ligas
produzidas. Também é realizada a discussão sobre os resultados obtidos e a escolha pela
melhor solução.
O capítulo 5, apresenta as conclusões obtidas a partir dos resultados desta pesquisa.
No capítulo 6, são apresentadas sugestões para futuros trabalhos.
Na parte final deste estudo são apresentadas as referências bibliográficas e mais uma
breve colocação sobre o Método de Elementos Finitos Aplicado ao Eletromagnetismo
(Apêndice A).
22
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DESIGN E ENGENHARIA
A velocidade com que a tecnologia e os recursos científicos chegam até nós é
realmente impressionante. Estes recursos pressupõem uma incessante adaptabilidade no
desenvolvimento da inovação e na lógica da interação entre Design e Engenharia. A escolha
dos materiais e dos processos produtivos é hoje quase que ilimitada, o que é uma boa e má
notícia para os designers. Boa, porque podem, investindo o esforço necessário, utilizar os
materiais e métodos de fabricação como fatores de inovação; má, porque a tranqüilidade dos
tempos em que a escolha era limitada está encerrada. Passou o tempo em que a “espada era de
aço”, o “muro era de pedra”, que a “mesa era de madeira” e a “coroa era de ouro”. Existe,
hoje, uma perda de reconhecibilidade “Material X Produto” (KINDLEIN JÚNIOR, 2006).
Desta maneira, devido a esta abundância de novos materiais, a inovação passa a ser
uma constância na sociedade moderna. Também é importante ressaltar que a seleção dos
materiais e os processos de fabricação passaram a ser um assunto não exclusivamente de
engenharia, mas uma abordagem única entre design e engenharia.
Em se tratando de materiais e processos de fabricação, podemos dizer que o processo
inovador na área de design está diretamente relacionado com o fator mercadológico e
econômico, pois uma inovação é potencializada, quando existe o interesse e a apropriação
comercial de invenções ou a introdução de aperfeiçoamentos nos bens e serviços utilizados
pela sociedade (ESCOREL, 1999).
Uma das questões importantes desta relação “Design e Engenharia” está no estudo que
o designer faz em relação ao funcionamento do consumidor, ou seja, a percepção que ele,
consumidor, tem em relação ao produto. Normalmente, em uma equipe de concepção de
produto, o designer fornece ao engenheiro um processo de desenvolvimento no qual
características estruturais e funcionais são deficitárias. O engenheiro elabora produtos muito
funcionais e com características técnicas claramente dominadas, mas que não leva em conta o
“afeto” do consumidor (percepção, cor, forma, textura). Cada um aprenderá a linguagem
através do conhecimento trazido pelo outro, proporcionando, desta maneira, os instrumentos
23
para interpretar e transformar a compreensão que permite reconstruir o processo de concepção
(KINDLEIN JÚNIOR, 2006).
A figura 1 apresenta uma interpretação da lógica inversa de pensamento que os
engenheiros e designers têm quando elaboram um novo produto. Cabe buscar uma
mobilização nas diversas etapas do projeto em que designers e engenheiros possam se
comunicar trazendo sua colaboração da forma mais eficiente possível.
Figura 1 – Inversão da Lógica de Pensamento entre Engenheiros e Designers (A Importância do Binômio Design
e Engenharia como Catalizador de Inovação)
Fonte: Kindlein Júnior, 2006, p. 7.
Especificamente, neste trabalho, a relação “Design e Engenharia” foi estudada sob a
ótica de seleção de materiais e processos com aplicação de campo magnético em núcleos de
alto-falantes.
24
2.2 O TRATAMENTO TÉRMICO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA COMO
FERRAMENTA PARA AUMENTAR A PERMEABILIDADE DOS MATERIAIS
FERROMAGNÉTICOS
A Siderurgia e a Indústria da eletricidade, nas últimas décadas, vêm se dedicando cada
vez mais em obter materiais que atendam as exigências do mercado consumidor. Um por
cento do total de aços produzidos anualmente é utilizado por suas propriedades magnéticas.
De um total aproximado de 7 milhões de toneladas anuais, 1 milhão é utilizada em
transformadores (os aços chamados de grão-orientado – GO), 4 milhões são usados em
motores elétricos de bom rendimento e 2 milhões, aço tipo SAE 1006, são usados nas
aplicações de menor exigência (LANDGRAF, 2001).
O Recozimento Induzido é utilizado na metalurgia principalmente para a orientação
dos grãos, buscando induzir ao material uma textura cristalográfica do tipo {110} <001>, ou
seja, quase a totalidade dos cristais que compõe o material têm seus planos {110} paralelos à
superfície, com a direção <001> paralelo à direção longitudinal do material. Nestas
condições, suas propriedades magnéticas são excelentes. O principal objetivo das pesquisas
realizadas vêm sendo pela busca de materiais com melhores características magnéticas, pois
com a redução das dimensões e a conseqüente diminuição das perdas por Histerese e
Foucault, que impactam diretamente no desempenho destes equipamentos, o rendimento
destas maquinas aumentariam em até 36% (LANDGRAF, 2001).
O fator econômico é outro principal motivo da utilização destes materiais na indústria,
uma vez que o processo influencia diretamente a qualidade dos produtos finais, sendo o maior
ganho observado na redução de consumo de energia e o próprio rendimento mecânico gerado
pelas máquinas fabricadas. O Recozimento com indução magnética permite ainda, numa fase
mais avançada, melhorar as propriedades mecânicas, físicas e químicas destes materiais, uma
vez que sua estrutura cristalográfica apresenta um arranjo quase que totalmente orientado
facilitando a previsão de seu desempenho ao longo da vida-útil dos equipamentos com eles
produzidos. Durante o processo de recozimento com indução magnética, é possível observar
as mudanças na rede cristalina, associadas às curvas de histerese do material, bem como os
ganhos vinculados à permeabilidade.
25
Aços silicosos de grão não orientado – GNO – são utilizados numa grande gama de
aplicações onde alta permeabilidade ou baixa perda magnética ou ambas são requeridas. Estas
propriedades são determinadas em grande parte pela textura de recozimento final, que por sua
vez tem dependência com sua estrutura de grãos e textura desenvolvidas no estágio
intermediários de sua produção. É interessante que se obtenha o maior número de grãos com
a direção [100] e o menor número daqueles com a direção [111] paralelas à superfície, no
caso uma chapa plana, devido às características de anisotropia magnética do cristal Fe-Si.
Atuando na temperatura de acabamento do processo de laminação a quente é possível
modificar a estrutura “
γ
” ou “
α
”, ou seja, austenita e ferrita respectivamente. Durante este
processo a estrutura de grãos e a textura da chapa laminada atingem uma evolução estrutural
adequada, ou seja, é obtida uma estrutura final com grãos orientados e domínios magnéticos
alinhados. Na laminação à quente de umo, com teor de carbono inferior a 2,11% e baixo
teor de silício, tem-se um desempenho muito bom no que diz respeito a permeabilidade
magnética utilizando o campo austenítico. Conforme pode-se localizar e observar na figura 2,
nesta área torna-se fácil tratar-se termicamente o material haja vista que nessa região o teor de
carbono é muito baixo e sua decomposição é total. Esta estrutura produz um material com
permeabilidade magnética bem maior do que os aços com a laminação sendo executada no
campo ferrítico da liga (PAOLINELLI, 2002).
26
Figura 2 – Diagrama de Fases para o Sistema Ferro-Carbono
Fonte: ASM, v. 4, 1991.
O propósito desta pesquisa foi apresentar a evolução das propriedades magnéticas
resultantes de um ferro fundido nodular com teores de carbono acima de 2,11% e com uma
matriz ferrítica, ao contrário do aço com baixo teor de carbono, conforme mencionado
anteriormente.
2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS
O Recozimento com Indução Magnética (RIM) se baseia na aplicação de um campo
magnético externo (o campo H dado em A/m ou Oerteds), vindo de um imã, ou no caso deste
experimento, de uma corrente elétrica, para que os “momentos magnéticos atômicos” se
orientem e induzam , no espaço ao seu redor, um campo magnético muito maior que o campo
externamente aplicado. Desta forma, entende-se a permeabilidade magnética “
µ
” como
sendo o quanto um material pode amplificar o campo nele aplicado.
27
Aplica-se esta propriedade, por exemplo, no caso do alto-falante. O movimento
produzido no cone (parte integrante do alto-falante na figura 3), associado à corrente elétrica
aplicada ao imã, gera no “GAP” (entreferro), que é espaço entre o imã e peça polar, um
campo magnético que produz, como resultado, um alinhamento dos “domínios magnéticos”
dos átomos de ferro. O resultado deste fenômeno gera como resposta final uma intensidade de
campo magnético no interior do material, induzido por um campo que foi externamente
aplicado. A propriedade, em questão, é medida em Gauss (no sistema CGS) ou em tesla (no
sistema SI). O desempenho do material, ou seja, sua permeabilidade é dada pela relação entre
a indução magnética e a intensidade do campo magnético que foi aplicado.
Figura 3 – Estrutura do Alto-Falante
Fonte: Eletrônica Selenium S.A., 2008.
Os materiais metálicos magnéticos, entre eles o Ferro (Fe), o Níquel (Ni), o Cobalto
(Co) e também algumas ligas por eles formadas, são os que apresentam as maiores e melhores
características intrínsecas no que diz respeito à capacidade de amplificar milhares de vezes o
campo externo nele aplicado (PAOLINELLI, 2002). Por esta razão, em virtude de possuírem
tais propriedades, são utilizados na construção da maioria das máquinas elétricas, destacando-
se os geradores, transformadores, motores e também equipamentos acústicos. Com essa
variedade tão grande de diferentes tipos de materiais magnéticos se faz necessário entender
porque somente estes são capazes de carregar um momento magnético permanente e outros
não.
28
Os materiais comentados, como o ferro, são fortemente magnéticos, enquanto outros
pares que figuram na tabela periódica não o são, ou apresentam esta propriedade de forma
muito atenuada, dando origem assim ao termo “Ferromagnetismo” que caracteriza os
elementos deste grupo. O magnetismo está associado à estrutura eletrônica dos átomos de um
elemento ou composto e podem ser subdivididos em cinco grupos: Diamagnéticos,
Paramagnéticos, Ferromagnéticos, Ferrimagnéticos e Antiferromagnéticos.
No máximo dois elétrons podem ocupar cada um dos níveis de energia de um átomo
isolado e que isso também é valido para os átomos de uma estrutura cristalina. Esses dois
elétrons têm spins contrários e, como cada elétron gira em torno de si, cria um pequeno
magneto, com os correspondentes pólos norte e sul, conforme figura 4.
Figura 4 – Magnetismo Atômico: (a) Diamagnético (b) Magnético
Fonte: Filardo, [200-], p. 1.
Geralmente, o elemento tem o seu número de elétrons com os spins balanceados, ou
seja, o material é magneticamente insensível. Por outro lado, quando os subníveis não estão
corretamente preenchidos, ocorre um desbalanceamento dos spins, fazendo com que o
material tenha um momento magnético global não nulo, ou seja, como os átomos
ferromagnéticos adjacentes se alinham mutuamente de forma a terem uma orientação nesta
direção, ocorre o aparecimento, nos grãos das estruturas cristalinas, dos domínios magnéticos.
Nos materiais magnéticos balanceados, os domínios estão orientados ao acaso, ou seja,
o efeito magnético está nulo, sem presença alguma de qualquer tipo de campo magnético.
Porém, se os domínios forem alinhados pela presença de algum campo magnético externo, em
uma direção aparecerá um efeito adicional, diz-se então que o material se torna magnético e
que poderá permanecer ou não após a retirada do campo externo conforme figura 5.
29
Figura 5 – Alinhamento de Domínios
Fonte: Filardo, [200-], p. 1.
Para se estabelecer quando o efeito da magnetização é permanente ou não, diz-se que o
mesmo é “material magnético duro” ou “material magnético mole”. Esta definição é
apropriada, para este caso, pois os materiais mecanicamente duros são magneticamente duros.
Os materiais perdem a ordenação dos domínios magnéticos quando são submetidos ao
recozimento, ou seja, quando uma atividade térmica é imposta provocando a desorientação
dos domínios (FILARDO, [200-]).
2.3.1 A Teoria dos Domínios Magnéticos
O domínio magnético é definido como sendo o espaço onde os átomos de um
determinado elemento possuem o mesmo alinhamento magnético. Portanto, o domínio
comporta-se como sendo um pequeno imã permanente e para existir este comportamento,
deverá ocorrer um número considerável destes dentro de uma amostra de material, ou seja, o
número de domínios magnéticos de um determinado volume de material é definido a partir de
complexo balanço de energia.
Na figura 6, apresenta-se esquematicamente uma amostra de material ferromagnético
com seus domínios aleatoriamente orientados onde o magnetismo resultante é nulo e
posteriormente passando pela aplicação de um campo externo onde seus domínios começam a
sofrer uma orientação e conseqüentemente um aparecimento de um campo magnético não
nulo. À medida que o campo magnético vai sendo aumentado, a dificuldade de se obter um
novo alinhamento cresce proporcionalmente a esta tentativa, ou seja, começa a obter-se uma
30
saturação do material magnético. Projetando-se a curva resultante da densidade de fluxo B,
em função da intensidade de campo magnético H aplicado tem-se a curva de magnetização
conhecida, onde um aumento de H resultará um aumento menor de B. Uma força
magnetizante maior resultará em uma intensidade também maior de suas linhas de fluxo
magnético.
Figura 6 – Processo de Alinhamento Magnético do Material
Fonte: UNISANTA, c2006-2008.
Na curva de magnetização, da figura 7, destacam-se pontos importantes:
Região A – Permeabilidade “
µ
” é constante.
Região B - “Joelho” da curva, maior valor de
B
antes da saturação.
Região C - “Região de saturação”, onde um aumento de
H
pouco aumenta
B
.
Figura 7 – Curva de Magnetização de um Material Ferromagnético
Fonte: UNISANTA, 2006-2008.
31
Também é importante ressaltar que ao ser reduzido o campo magnético em um
material ferromagnético, este campo não se reduz a zero e pode haver um magnetismo
residual na amostra deste material. Isto ocorre porque durante o processo de retirada do
campo os domínios magnéticos voltam a ter um desalinhamento natural e parte deles
permanecem com a nova reestruturação de quando sofreram ação do campo externo. Para o
material voltar a ter campo resultante nulo é necessário mais energia, parte dela proveniente
do próprio material e outra vinda de uma fonte externa, ou seja, um campo reverso externo
deve ser aplicado a fim de restaurar o equilíbrio magnético.
Quando a intensidade de campo magnético
H
for variada de zero até um valor
positivo, desse valor positivo até um valor negativo, passando por zero, e o valor negativo até
zero, obteremos uma curva característica denominada ciclo de histerese, mostrada na figura 8.
O fenômeno da histerese magnética é definido como o atraso causado na variação de
B
, devido a uma variação de
H
.
Figura 8 – Fenômeno da Histerese Magnética, onde o Ciclo de Histerese com Representação de B, H e dB/dH,
onde dB/dH tem Dimensão de Permeabilidade, e é Igual à Inclinação da Curva de Histerese
Fonte: UNISANTA, c2006-2008.
Os materiais ferromagnéticos como salientado anteriormente podem ser definidos
como macios que tem um ciclo de histerese estreito (fácil magnetização) e duros que possuem
um ciclo de histerese largos (difícil magnetização), conforme figura 9. Assim, para definir
curva de magnetização e permeabilidade
µ
, é possível dizer que a curva de magnetização é
obtida tomando-se os valores máximos positivos de
B
e
H
em vários ciclos de histerese (o
primeiro variando de zero a um valor de
H
, o segundo de zero a um valor de
H
um pouco
32
maior, e assim por diante). A permeabilidade
µ
é definida como sendo a relação entre
B
e
H
nessa curva de magnetização.
Figura 9 – Materiais Magneticamente Duros e Moles
Fonte: UNISANTA, c2006-2008.
2.3.2 As Relações de Fronteiras no Campo Magnético
As condições de fronteira entre dois meios diferentes, observando do ponto de vista da
condução de fluxo magnético, apresenta variações que podem ser muito relevantes em se
tratando de permeabilidade magnética “
µ
”.
Considerando o volume incremental
zyx
, imerso em um campo magnético que
cruza meios diferentes, conforme figura 10, e aplicando a lei de Gauss para o magnetismo
tem-se:
33
Figura 10 – Elemento Incremental de Volume
Fonte: UNISANTA, c2006-2008.
Lei de Gauss:
B
d =0; (1)
s
B
= B ; (2)
2n
zx
1n
zx
B
= B . (3)
1n 2n
Concluindo, as componentes normais do vetor indução magnética na fronteira entre
dois meios são iguais.
Lembrando que:
B =
µ
H; (4)
tem-se:
µ
1
H =
1n
µ
2
H ; (5)
2n
ou ainda:
2
1
µ
µ
=
1
2
n
n
H
H
.
(6)
Ou seja, as componentes normais do vetor intensidade de campo magnético se
relacionam pelo inverso entre as permeabilidades dos meios.
34
Considerando também o caminho “abcd” imerso em um campo magnético, conforme
figura 11 e aplicando a “Lei de Ampére” tem-se:
Figura 11 – Caminho “abcd”
Fonte: UNISANTA, c2006-2008.
H
d = I. (7)
L
Fazendo
tender a zero, a integração é feita apenas em
y
x
, portanto:
H
. + H . = I; (8)
2t
0cosx
1t
° 180cosx
x
(H -H ) = I; (9)
2t 1t
H
-H =
2t 1t
x
I
. (10)
O termo
xI
representa uma densidade de corrente na superfície da fronteira
(densidade laminar de corrente), que será representada pela letra
κ
. Normalmente pode-se
considerar que as correntes estão confinadas nos enrolamentos, de forma, na grande maioria
dos casos,
κ
= 0. Assim:
H
= H ; (11)
2t 1t
e:
1
2
t
t
B
B
=
1
2
µ
µ
. (12)
35
Ou seja, as componentes tangenciais do vetor intensidade de campo magnético são
iguais, e as componentes tangenciais do vetor indução se relacionam pela razão direta entre as
permeabilidades magnéticas dos meios (UNISANTA, c2006-2008).
2.4 RECOZIMENTO
O termo “recozimento” se refere a um tratamento térmico no qual um material é
exposto a uma temperatura por um período de tempo prolongado, sendo ele então resfriado
lentamente. Normalmente, o recozimento é realizado com os objetivos de (1) aliviar tensões;
(2) tornar o material com menor dureza, dúctil e tenaz; e/ou (3) produzir uma micro estrutura
específica. É possível realizar diferentes tratamentos térmicos de recozimento; eles são
caracterizados pelas mudanças que são induzidas, as quais muitas vezes são microestruturais,
e que são responsáveis pela alteração das propriedades mecânicas e também elétricas, quando
se trata de materiais ferromagnéticos.
Qualquer processo de recozimento consiste em três estágios, quais sejam: (1)
aquecimento até a temperatura desejada, (2) manutenção ou “encharcamento” naquela
temperatura, e (3) resfriamento, geralmente até a temperatura ambiente. O tempo é um
parâmetro importante nesses procedimentos. Durante o aquecimento e o resfriamento, existem
gradientes de temperatura entre as partes de fora e de dentro da peça; as suas magnitudes
dependem do tamanho e da geometria da peça. O tempo ideal de recozimento deve ser longo
o suficiente para permitir quaisquer reações de transformação necessárias. A temperatura de
recozimento também é um importante fator a ser considerado; o recozimento pode ser
acelerado pelo aumento da temperatura, uma vez que normalmente estão envolvidos
processos de difusão (CALLISTER, 2000).
36
2.4.1 Recozimento de Ligas Ferrosas
Diversos procedimentos de recozimento diferentes são empregados para melhorar as
propriedades das ligas de aço. Entretanto, antes de esses métodos serem discutidos, torna-se
necessário fazer alguns comentários em relação à identificação das fronteiras entre as fases. A
figura 12 mostra a parte do diagrama de fases ferro-carbono na vizinhança do eutetóide. A
linha horizontal na temperatura eutetóide, identificada por convenção como A
1
, é conhecida
“temperatura crítica inferior”, abaixo da qual, sob condições de equilíbrio, toda a austenita
terá se transformado nas fases ferrita e cementita. As fronteiras entre as fases que estão
identificadas por A
3
e A representam as linhas que compõem a “temperatura crítica
superior”, para os aços hipoeutetóides e hipereutetóides, respectivamente. Para temperaturas e
composições acima dessas fronteiras, somente a fase austenita irá prevalecer (CALLISTER
2000).
m
Figura 12 – Diagrama de Fases Ferro-Carbono na Vizinhança do Eutetóide
Fonte: ASM, 1991, v. 4, p. 661.
37
Também é possível observar que os efeitos na estrutura do carbeto de ferro do Ferro
Fundido Nodular são relevantes, pois com a elevação da temperatura, conforme mostrado na
figura 13 (ASM, 1991), ocorre a decomposição do carbeto de ferro Fe
3
C (Cementita).
Figura 13 – Efeito do Tempo na Decomposição da Fe C (Cementita)
3
Fonte: ASM, 1991, v. 4, p. 1496.
2.4.2 Normalização
Aços que foram deformados plasticamente mediante, por exemplo, uma operação de
laminação, são compostos por grãos de perlita (e, muito provavelmente, uma fase
proeutetóide), que possuem um formato irregular e que são relativamente grandes, mas que
variam substancialmente em tamanho. Um tratamento térmico conhecido por “normalização”
é usado para refinar os grãos, (isto é, para diminuir o tamanho médio do grão) e produzir uma
distribuição de tamanhos mais uniformes. A normalização é obtida mediante o aquecimento a
uma temperatura de aproximadamente 55 a 85ºC acima da temperatura crítica superior, que é,
obviamente, dependente da composição, como indicado na figura 12. Após ser dado tempo
suficiente para que a liga seja completamente transformada em austenita, no que se constitui
um procedimento que é conhecido por “austenitização”, o tratameto é encerrado pelo
resfriamento ao ar (CALLISTER, 2000).
38
2.4.3 Recozimento pleno
Um tratamento térmico conhecido por “recozimento pleno” é usado com freqüência
em aços com teores baixos e médios de carbono que serão submetidos a usinagem ou que irão
experimentar uma extensa deformação plástica durante uma operação de deformação. A liga é
austenitizada pelo seu aquecimento a até 15 a 40
(30 a 70 ) acima das linhas A
3
ou A
1
,
conforme indicado na figura 13, até que seja atingida uma condição de equilíbrio. A liga é
então resfriada no próprio forno; isto é , o forno de tratamento térmico é desligado e tanto o
forno como o aço resfriam até a temperatura ambiente à mesma taxa, um processo que
demanda horas de resfriamento. O procedimento de resfriamento em recozimento pleno
demanda tempo; entretanto, tem-se como resultado uma microestrutura que possui grãos
pequenos e uma estrutura granular uniforme conforme figura 14 (ASM, 1991, v. 4;
CALLISTER, 2000).
C°
F°
Figura 14 – Micrografia Ferro Fundido Nodular, Ataque Nital 3%, Aumento 400x
Fonte: ASM, 1991, v. 4, p. 1488.
2.3.4 Recozimento subcrítico
Aços que contêm teores médios e altos de carbono e que possuem uma microestrutura
composta por perlita grosseira uniforme podem ainda ser muito duros para serem
convenientemente usinados ou deformados plasticamente. Esses aços, e na realidade qualquer
39
aço, podem ser termicamente tratados ou recozidos para desenvolver a estrutura da cementita
globulizada. O tratamento térmico de “recozimento subcrítico” consiste em aquecer a liga a
uma temperatura imediatamente abaixo da temperatura eutetóide, ou seja, a linha A
1
conforme figura 13, ou até aproximadamente 700
, na região
C°
α
+ C do diagrama de
fases. Se a microestrutura original contiver perlita, os tempos de recozimento subcrítico irão
ficar, em geral, na faixa entre 15 e 25 h. Durante esse processo de recozimento existe uma
coalescência do
C para formar as partículas globulizadas (CALLISTER, 2000).
3
Fe
3
Fe
2.5 EQUIPAMENTO BÁSICO
Muitos processos realizados utilizando o tratamento térmico de recozimento são feitos
em fornos à vácuo. Os fornos à vácuo são usados para processos em altas temperaturas, e
variam em capacidade e tamanho. Os equipamentos vêm sendo melhorados e otimizados
constantemente nos últimos anos e utilizados largamente na indústria aeroespacial e
automotiva. O vácuo é considerado quando a pressão estiver abaixo da pressão atmosférica
tanto em aplicações industriais como também em pesquisas e é fator crucial no sucesso dos
trabalhos. As linhas típicas para fornos à vácuo são estabelecidas conforme o quadro 1, com
extensa utilização em processos de alta confiabilidade.
Linha Vácuo mBar
Atmosfera (ambiente) 10E+3
Baixo a médio vácuo 10E+3 a 10E-3
Alto vácuo 10E-3 a 10E-7
Quadro 1 – Linha Típica de Vácuo para Fornos para Alta Temperatura, Fornecidos pela Eurotherm Heat
Treatment - Certificada Nacap (National Aerospace and Defense Contractors Accreditation Program)
Fonte: EUROTHERM, 2008.
40
2.6 PRINCIPAIS EFEITOS DO VÁCUO NO TRATAMENTO DE MATERIAIS
2.6.1 Pressão
A Pressão parcial na região mais elevada do vácuo, o ar residual do forno,
particularmente o hidrogênio (H) e o oxigênio (O) são reduzidos significativamente e
proporcionarão aos componentes nelas imersos uma eliminação quase por completa da
oxidação superficial. A redução do nitrogênio (N) residual também trás muitos benefícios aos
materiais que de uma forma ou outra formariam alguns nitritos, mesmo que o nitrogênio ajude
a diminuir a descarbonetação que modifica de maneira importante as suas propriedades.
2.6.2 Óxidos
A decomposição de óxidos na superfície dos componentes podem ocorrer devido as
taxas de variação de temperatura, bem como os tipos de materiais que venham a ser tratados
termicamente, ou seja, suas composições de liga, conforme as curvas utilizadas durante o
recozimento, produzirão diversos óxidos que variarão também na sua quantidade e disposição
na superfície do componente. Também é importante salientar que uma quantidade exagerada
de óxidos na superfície, em se tratando de peças semi-acabadas, trás prejuízos importantes
que devem ser avaliados, pois os processos de usinagem tornarão o custo final alto.
2.7 FORNO PARA RECOZIMENTO
Os fornos à vácuo utilizados para tratamentos térmicos, como o de recozimento, tem
várias configurações, bem como diversos fabricantes. Todos eles desenvolvem o seu projeto
obedecendo normas de engenharia que possibilitam operar dentro dos parâmetros exigidos
pelos processos em questão e também utilizam componentes e materiais comuns que
41
favorecem um monitoramento dos parâmetros mais importantes, como por exemplo: câmaras
cerâmicas múltiplas, sistema de vácuo, ventilação, aquecimento elétrico (resistência) e/ou gás
e sistema de resfriamento.
2.8 FLUXO MAGNÉTICO
O Fluxo Magnético
φ
pode ser representado pelo número de linhas de fluxo que
penetram perpendicularmente em uma secção definida de um campo magnético conforme
figura 15, equações 13 e 14.
Figura 15 – Fluxo Magnético Através da Superfície de Área “A”
Fonte: CATARINO, [200-], p. 14.
φ
= . (13)
A
BdA
0
Onde o fluxo B é a densidade de fluxo magnético através da área “A”e se tivermos um
campo homogeneamente distribuído teremos:
φ
= B . A. (14)
42
O fluxo magnético “
φ
” não pode ser medido diretamente, mas é obtido relacionando a
tensão elétrica “v” com a Lei de Indução, ou seja, se o fluxo muda com o tempo “t”, uma
tensão é induzida para dentro da bobina e um fluxo pode ser medido através da equação 15.
v(t) = -N.d
φ
/ dt. (15)
Onde N é o número de voltas da bobina.
Integrando-se a expressão acima obtêm-se a equação 16.
φ
=
+
2
1
)(
1
t
t
o
dttv
N
φ
. (16)
Portanto, somente as mudanças de fluxo magnético entre os pontos no tempo t e t
podem ser medidos. Para realizar essas medições de modo continuo são necessários sistemas
integradores analógicos e/ou digitais.
1 2
No Sistema Internacional de Medidas (SI), a unidade de fluxo magnético é o Weber
[Wb], ou seja, um fluxo de 1 Weber ao redor, com 1 volt, por 1 segundo, para aparecer e
desaparecer o mesmo campo magnético. Por esta razão se pratica o termo Volt-segundo [Vs]
em vez de Weber, não é a unidade própria, mas representa o produto de voltagem no tempo
(BOZORTH, 1951; KNELLER, 1962).
2.8.1 Instrumentos de Medição
As tecnologias utilizadas para medições magnéticas fornecem ferramentas que
proporcionam levantamentos precisos das medidas físicas do magnetismo, assim como
identificam as próprias propriedades magnéticas dos materiais envolvidos. As medidas do
fluxo magnético são realizadas com a utilização do “Fluxmeter (Gaussmeter/Teslameter)” que
atualmente é a tecnologia de equipamento mais versátil para esta aplicação conforme norma
IEC 60404-4 (2000).
A literatura para a física básica e das propriedades magnéticas dos materiais é muito
extensa. É fundamental um trabalho padronizado quando tratamos com novos materiais.
43
Também é importante salientar que os equipamentos utilizados para estas medições devem ter
uma calibração periódica a fim de proporcionar uma maior precisão das medições. Embora
coexistam os sistemas SI (System International) e o CGS (Centimetro-Grama-Segundo) no
magnetismo e freqüente o uso do CGS (BOZORTH, 1951; KNELLER, 1962).
2.8.2 Medição de Histerese DC
Atualmente utiliza-se a medição em bobinas conectando-se o “Fluxmeter” com
medidores computacionais conforme IEC 60404-4 (2000).
Todas essas medições são calculadas e carregadas em softwares específicos de
controle que usam como padrão medidas feitas em barras e fitas. A velocidade de registro das
mudanças de densidade de fluxo é feita em função do tempo, ou seja, dB/dt que permite
calcular os valores incrementais de fluxo magnético. Também é importante colocar que em
função da velocidade dos “loops” de histerese, o equipamento através de seu software, torna-
se possível corrigir os desvios das curvas. Normalmente as forças magnéticas imprimidas aos
anéis, fitas, barras sólidas de aço ou material sinterizado, variam de 0,1 A/m, 100 A/m, até um
máximo de 10 KA/m (IEC 60404-4, 2000).
A figura16 ilustra o método de como o ensaio com a amostra padrão (anel bobinado) é
realizado e também segue de que forma são feitos os cálculos para sua construção.
44
Figura 16 – Circuito com o Anel Bobinado
Fonte: AMERICAN SOCIET FOR TESTING AND MATERIALS, 1995b, p. 75.
2.8.3 Dimensionamento da Bobina de Teste
As características da bobina são calculadas como segue nas equações abaixo:
Quando uma corrente I é aplicada na bobina primária o campo H é calculado
conforme equação 17.
H =
m
l
IN
.
1
. (17)
Onde N
1
é o número de voltas do enrolamento primário e l o comprimento do fio
onde será gerado o meio magnético, obtido conforme equação 18.
m
l
=
m
2
.
dD +
π
. (18)
Onde D é o diâmetro externo e d o diâmetro interno do anel.
A variação de H deve se manter muito pequena por este motivo a razão entre os anéis
não deve exceder a 1.4 (STEINGROEVER, 2008). Se por alguma razão esta condição não
45
poder ser obedecida, l poderá ser melhor calculado respeitando a média da força do campo
magnético aplicado, conforme equação 19.
m
l
=
m
)ln(
.
d
D
dD
π
. (19)
A tensão que é induzida na bobina secundária deve ser integrada para obter o fluxo
φ
,
por esta razão um fluxmeter é usado e com o fluxo
φ
, a densidade B é calculada pela equação
20.
B =
AN .
2
φ
. (20)
Aqui é o número de voltas do enrolamento secundário e A como sendo a área da
secção transversal do anel que pode ser calculada considerando todo o perímetro da secção
com altura h, demonstrado na equação 21.
2
N
A=
h
dD
.
2
. (21)
Se o anel for constituído por chapas planas ou enrolamentos em fita, a área deverá ser
calculada conforme equação 22.
A=
()
Dd
m
+..
.2
πρ
. (22)
Onde m é a massa e
ρ
a densidade do material.
Uma vez que esses parâmetros de construção são definidos os testes de fluxo
magnético podem ser realizados (STEINGROEVER, 2008).
46
2.9 TEMPERATURA E O PONTO CURIE
Junto com o campo magnético e o “stress”, a temperatura é o principal fator de
modificação na magnetização. A grande influência da temperatura é raramente abaixo do
ponto Curie ou próximo da temperatura de transformação de fase (BOZORTH, 1951).
O caminho onde ocorrem as modificações das condições de magnetização do ferro são
mostradas na figura 17.
Figura 17 – Curvas de Magnetização do Ferro Medidas com Diferentes Temperaturas, após o Recozimento a 800ºC
Fonte: Bozorth, 1986, p. 713.
Nas altas temperaturas, as curvas de magnetização sobem rapidamente para valores
baixos de H e se mantém niveladas e saturadas nas induções mais baixas. A saturação
continua a decrescer até aproximar-se do ponto Curie onde a magnetização do material deixa
de existir. Quando um material é submetido a um campo magnético alto e constante, um
47
aumento da temperatura normalmente trás um decréscimo abrupto na indução, quase a zero
no ponto Curie, conforme mostrado na figura 18.
Figura 18 – Campos Magnéticos Altos, a Indução Decresce com Aumento da Temperatura
Fonte: Bozorth, 1986, p. 714.
Dependendo da permeabilidade apresentada pelo ferro e da temperatura, a força do
campo magnético é praticamente constante, conforme mostra a figura 19.
48
Figura 19 – Permeabilidade do Ferro, em Várias Temperaturas
Fonte: Bozorth, 1986, p. 714.
Outra característica importante a ser ressaltada nas curvas de histerese do ferro é que à
medida que a temperatura se aproxima do ponto Curie atinge seu ponto máximo de
permeabilidade, conforme mostrado na figura 20.
Figura 20 – “Histerese” do Ferro Próximo ao Ponto Curie
Fonte: Bozorth, 1986, p. 715.
Weiss e Forrer (1920-1925 apud BOZORTH, 1986) em seus ensaios selecionaram
vários “Pontos Curie” onde ocorreram alterações das propriedades magnéticas das ligas e
também provaram que mesmo repetindo-se vários experimentos não é possível sobrepor
perfeitamente ás curvas de histerese.
49
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
Foi desenvolvido um processo onde foram estudadas diversas amostras de FoFo
Nodular, com varias composições percentuais de Fe-Si-C, onde buscou-se otimizar a
Densidade de Fluxo Magnético “B” através de uma Força Magnetizante “H”, tendo como
resultado uma maior Permeabilidade Magnética “
µ
” do meio analisado, dado pela equação
23.
=
µ
B/H. (23)
A partir deste desenvolvimento, construiu-se o “Processo de Indução Magnética
durante o Tratamento Térmico”, ou seja, com um anel usinado, mostrado na figura 21, a partir
da amostra FoFo, contendo duas espiras, sendo a bobina primária com N1= 1330 espiras
(AWG 32) e N2= 496 espiras (AWG 25) e uma freqüência de 60 Hz, submeteu-se as “Ligas”
a uma Força Magnetizante “H” com aumento de temperatura até 910ºC e posteriormente um
resfriamento controlado.
Figura 21 – Anel em FoFo Nodular Bobinado Preparado para o Teste de Saturação Magnética
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
50
O trabalho foi realizado utilizando como material de análise peças fundidas, com
diferentes composições percentuais de Ferro (%Fe), Silício (%Si) e Carbono (%C),
provenientes da Siderúrgica Dueville Indústria e Comércio Ltda., para os ensaios de
recozimento com indução magnética. Foram produzidas 30 amostras para cada tipo de liga,
L1(2,67%C – 3,00%Si), L2(2,82%C – 3,20%Si) e L3(3,68%C - 6,00%Si), totalizando 90
peças fundidas. Destas, 10 peças de cada lote, L1, L2 e L3, foram submetidos ao processo de
recozimento com indução magnética (RIM) e comparativos entre o comportamento magnético
das peças tratadas com o Aço SAE 1020 foram realizados. Após os resultados levantados foi
realizado um trabalho de otimização da forma da peça polar, ou seja, através do software de
“Análise de Elementos Finitos FEMM 4.2” de propriedade da Eletrônica Selenium S.A., as
peças foram redesenhadas e novamente fundidas. Os núcleos fabricados foram montados e
comparados com os produzidos em aço SAE 1020.
As peças foram fundidas procurando-se obter os valores percentuais do teor de
carbono (máx. 3,00%), silício (3,00%) e fósforo (0,08%), para o FoFo Nodular, conforme a
norma ASTM A395 – 88 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS,
1993). As propriedades mecânicas, como resistência ao impacto, no caso de alto-falantes não
são fatores importantes na seleção do material, logo um pequeno aumento no percentual de
silício e fósforo, neste caso, não é um problema durante o processo.
As figuras 22 e 23 mostram o LAM/UFRGS, onde realizou-se o trabalho e os
respectivos ensaios.
51
Figura 22 – Ensaio de Saturação Magnética no LAM (Laboratório de Magnetismo da UFRGS)
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Figura 23 – Anel bobinado Extraído da Peça Fundida na Bancada Submetido a Saturação Magnética
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
52
3.2 PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS DE INDUÇÃO MAGNÉTICA COM
RECOZIMENTO (RIM) PARA O FOFO NODULAR L1, L2 E L3.
As Ligas fundidas para o tratamento térmico de recozimento e indução magnética
foram submetidas ao seguinte processo:
a)
aquecimento até a temperatura de austenitização, 910ºC mantendo nesta faixa por
4 horas e depois resfriadas ao forno em 2 etapas: etapa 1 (taxa de 40 ºC/h até 700
ºC) e etapa 2 (taxa de160 ºC/h até 300 ºC) , caracterizando o processo de
recozimento pleno, ou seja buscando uma matriz totalmente ferrítica com glóbulos
de grafita conforme ASTM A 395 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
MATERIALS, 1993). Durante o processo de aquecimento, a partir de 500 ºC
induziu-se uma corrente elétrica “I” de 20 A (Ampéres) com tensão continua de
160 V(Volts), utilizando-se uma bobina conforme mostrado nas figuras 24 e 25. A
partir do resfriamento ao forno o sistema indutivo de corrente continua ligado até
500 ºC, quando então é desligado e o sistema segue seu resfriamento até a
temperatura ambiente (durante 18 horas), quando então se encerra o processo. No
processo de indução e recozimento simultâneo, utilizou-se uma fonte de
alimentação com tensão de entrada 110 V AC e saída 160 V DC, para obter uma
variação de corrente suficiente a fim de atender as exigências do alinhamento de
domínios magnéticos. A corrente máxima de saída foi de 20 A DC e com uma
potência máxima de operação de 3200 Watts. Também utilizou-se um termopar
tipo K (Cromel-Alumel), cuja faixa de operação é de -200 ºC até 1250 ºC. A
solenóide desenvolvida, para induzir o campo magnético, propiciou sua utilização
durante todos os ensaios, apresentando algumas rachaduras na sua superfície
devido as altas tensões envolvidas e também pelo tempo de processo. Ficou claro
que, para processos contínuos de produção em série será necessário uma solenóide
mais robusta e também com um revestimento cerâmico com maior espessura de
parede. O RIM é um processo extremamente eficiente, podendo ser observado
durante as análises das ligas um ganho significativo no que diz respeito a
permeabilidade dos materiais pesquisados;
b)
foram colocadas no forno 30 peças de cada amostra, em lotes de (03) três peças
por fornada, conforme figuras 24, 25 e 26.
53
Figura 24 – Forno de Recozimento com Indução Magnética (Forno 15KW/1200ºC)
Fonte: LAMEF – LAB. METALURGIA FÍSICA/UFRGS.
Figura 25 – (03 peças) Montadas Dentro da Bobina (solenóide) Especialmente Construída para este Trabalho
Fonte: LAMEF – LAB. METALURGIA FÍSICA/UFRGS.
54
Figura 26 – Vista Frontal do Forno com Outras Peças Dentro da Bobina (solenóide) de Indução
Fonte: LAMEF – LAB. METALURGIA FÍSICA/UFRGS.
3.3 CARACTERÍSTICAS DA FONTE DE ALIMENTAÇÃO STT01/ BOBINA DE
INDUÇÃO
Os gráficos a seguir apresentam o comportamento padrão do solenóide para uma
condição específica de trabalho e temperatura do enrolamento. Estas informações servem
como indicação para os melhores parâmetros para o regime de trabalho utilizado durante o
processo de indução magnética. A solenóide atinge uma condição de trabalho, onde a
corrente “I” máxima aplicada é de 20 A (Ampéres) e o campo “H” gerado é de 80 Oe
(Oersteds) podendo ser escolhida a melhor faixa de operação.
As curvas do campo magnético em função da corrente aplicada e da variação
percentual do campo magnético são em relação a posição central (0,0,0) do eixo da peça em
operação. A figura 27 mostra com clareza como se comporta o Campo magnético versus
Corrente Aplicada e a figura 28 a Variação Percentual do Campo versus Posição Relativa ao
Centro da Peça.
55
Figura 27 – Campo Magnético x Corrente Elétrica
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Figura 28 – Variação Percentual do Campo em Relação ao Centro da Peça
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
56
3.3.1 Composição Química
A caracterização química das amostras foi feita por espectroscopia de emissão ótica
para verificar possíveis variações que poderiam influir na medida da permeabilidade
magnética. O equipamento utilizado foi o espectrômetro “Spectro Stationary Metal
Analyzers/SPECTRO A. I. GmbH & Co. 2003 do LAMEF (Laboratório de Metalurgia Física
da UFRGS).
3.3.2 Metalografia
A fim de se obter correspondência entre o comportamento magnético e a
microestrutura foram realizados preparos metalográficos com objetivo de se caracterizar a
nodularização da grafita e também a presença de inclusões que influenciariam diretamente na
passagem do fluxo magnético pela peça. O equipamento utilizado foi o Microscópio Nikon
Eclipse ME600 do LACAR/UFRGS (Laboratório de Caracterização de Materiais da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
As amostras observadas em microscópio ótico foram lixadas, polidas e quimicamente
atacadas com reagente Nital 2% (2% de ácido nítrico e 97% de álcool etílico). A análise no
microscópio foi feita no centro da secção transversal das amostras.
3.4 RECOZIMENTO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA PARA AS PEÇAS L1, L2 E L3
Os equipamentos utilizados nos ensaios deste trabalho foram o SST01 – Fonte de
Aplicação de Campo Magnético com Solenóide Indutora construída especificamente para este
trabalho e um forno SANCHIS/15KW, com temperatura máxima de 1200 ºC, conforme
figuras 29 e 30.
57
Figura 29 – Forno 15KW/1200 ºC
Fonte: LAB METALURGIA FÍSICA / UFRGS.
Figura
Figura 30 – Fonte de Alimentação e a Solenóide de Indução
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
58
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 ANÁLISES E ENSAIOS COMPARATIVOS COM ANÉIS FABRICADOS EM AÇO
SAE 1020 E FOFO NODULAR
4.1.1 Peças em Aço SAE 1020 e FoFo Nodular submetidas à Indução Magnética
Os anéis foram usinados de acordo com a norma ASTM A596/A596M - 95
(AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, 1995b) e foram mantidas as
características dimensionais das peças de modo a se ter uma análise comparativa dentro dos
padrões especificados. Os dados retirados dos ensaios de saturação magnética sobre cada uma
das peças foram obtidos no LAM da UFRGS e são mostrados nas tabelas 1, 2, 3 e 4 e figuras
31, 32, 33, 34, 35, 36, 37 e 38. É importante salientar que os valores medidos para saturação e
permeabilidade magnética são representativos do lote de (30) trinta peças, ou seja, foram
medidas (03) três peças, (01) uma peça de cada liga, L1, L2 e L3 respectivamente, pois cada
anel testado teve sua composição verificada na amostra “coquilhada”, não sendo necessária a
realização da medição em todas as peças. Outra consideração, a ser colocada é a medida
estática de permeabilidade, que foi realizada utilizando uma freqüência de 0,6 Hz e as
medidas com as peças na forma final, foram realizadas com a freqüência de 60 Hz. A
diferença básica, entre estas duas situações, está no fato de que nas baixas freqüências as
correntes parasitas são muito pequenas e não interferem na permeação do fluxo magnético
através do material, o que é totalmente contrário para freqüências na faixa de 60 Hz onde a
influência das correntes parasitas é percebida nitidamente nas curvas de permeabilidade.
As tabelas 1, 2, 3 e 4 expressam o comportamento que os matérias tiveram quando
estes foram submetidos a solicitações de Força Magnética, ou seja, a intensidade de campo ao
qual foram submetidos, fizeram com que sua capacidade de Permeabilidade ou Fluxo
Magnético máximo, fosse obtido.
Os resultados indicam, quais materiais apresentam condições de atender as
solicitações de fluxo magnético quando estes forem solicitados, no caso específico, em
núcleos magnéticos de alto-falantes.
59
Tabela 1 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Aço 1020
AÇO 1020
H (A/m) B (T) H (Oe) B (G) dB/dH B/H
0 0 0 0 65,5 0
56 0,00461 0,7 46,1 76 65,5
89 0,0082 1,1 82 98,1 73,3
174 0,0199 2,2 199 655,5 91
337 0,266 4,2 2660 1248,8 628,1
578 0,6585 7,3 6585 953,2 906,6
1108 1,065 13,9 10650 407,5 764,9
2224 1,352 27,9 13520 140,9 483,8
3361 1,4621 42,2 14621 59,5 346,2
4365 1,5149 54,9 15149 38 276,2
6120 1,5904 76,9 15904 34,2 206,8
Fonte: elaborado pelo autor com base na pesquisa.
Tabela 2 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Peça L1
L1
H (A/m) B (T) H (Oe) B (G) dB/dH B/H
0 0 0 0 443 0
30 0,0167 0,4 167 485,8 443
58 0,0353 0,7 353 1895,7 484,3
86 0,1501 1,1 1501 3741,2 1388,9
169 0,5902 2,1 5902 2948,3 2779,2
337 0,9442 4,2 9442 1123,8 2229,7
569 1,1106 7,2 11106 384,3 1553,3
1107 1,2443 13,9 12443 144,3 894,5
1685 1,3103 21,2 13103 71,3 618,8
2218 1,3449 27,9 13449 52,8 482,5
3307 1,4188 41,6 14188 43,4 341,4
4365 1,4623 54,9 14623 26,2 266,6
6140 1,5064 77,2 15064 19,8 195,2
Fonte: elaborado pelo autor com base na pesquisa.
60
Tabela 3 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Peça L2
L2
H (A/m) B (T) H (Oe) B (G) dB/dH B/H
0 0 0 0 197,2 0
56 0,01388 0,7 138,8 222,4 197,2
84 0,02259 1,1 225,9 844,8 214
168 0,1748 2,1 1748 1476,5 828
336 0,4938 4,2 4938 1101,7 1169,5
559 0,6878 7 6878 499,5 979,2
1111 0,9006 14 9006 220,4 645,1
1667 0,9943 20,9 9943 105,1 474,7
2217 1,0469 27,9 10469 57,2 375,8
3378 1,1028 42,4 11028 37,4 259,8
4313 1,1457 54,2 11457 33 211,4
5998 1,2082 75,4 12082 29,5 160,3
Fonte: elaborado pelo autor com base na pesquisa.
Tabela 4 – Dados Obtidos dos Ensaios de Saturação Magnética para Peça L3
L3
H (A/m) B (T) H (Oe) B (G) dB/dH B/H
0 0 0 0 138,2 0
57 0,0099 0,7 99 141,6 138,2
85 0,015 1,1 150 125,9 140,4
164 0,0256 2,1 256 605,7 124,2
339 0,2685 4,3 2685 1029,9 630,3
563 0,5374 7,1 5374 696,6 759,6
1103 0,8345 13,9 8345 309,4 602,1
1660 0,9612 20,9 9612 140,8 460,8
2204 1,03 27,7 10300 77,5 371,9
3303 1,105 41,5 11050 40,2 266,2
4417 1,1415 55,5 11415 31,1 205,7
5727 1,201 72 12010 36,1 166,9
Fonte: elaborado pelo autor com base na pesquisa.
As Curvas de Permeabilidade indicam a permeabilidade inicial, ou seja, os valores
máximos que aqueles materiais podem obter em se tratando de fluxo magnético, pois são
valores de “pico”, com freqüências muito baixas e medidos em pequenos intervalos de tempo,
61
onde as correntes parasitas são desprezíveis e não interferem no desempenho do material
magnetizado.
Permeabilidade
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
02040608
Campo Aplicado H (Oe)
Permeabilidade , u. a
0
dB/dH
B/H
Figura 31 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Aço SAE 1020
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Curva Inicial
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
0 10203040506070809
Campo Aplicado H (Oe)
Indução Magnética B (G)
0
Figura 32 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Aço SAE 1020
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
62
Permeabilidade
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
02040608
Campo Aplicado H (Oe)
Permeabilidade , u. a
0
dB/dH
B/H
Figura 33 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L1
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Curva Inicial
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
0 10203040506070809
Campo Aplicado H (Oe)
Indução Magnética B (G)
0
Figura 34 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L1
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
63
Permeabilidade
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
02040608
Campo Aplicado H (Oe)
Permeabilidade , u. a
0
dB/dH
B/H
Figura 35 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L2
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Curva Inicial
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
0 1020304050607080
Campo Aplicado H (Oe)
Indução Magnética B (G)
90
Figura 36 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L2
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
64
Permeabilidade
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
02040608
Campo Aplicado H (Oe)
Permeabilidade , u. a
0
dB/dH
B/H
Figura 37 – Permeabilidade Magnética “
µ
” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L3
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Curva Inicial
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
0 1020304050607080
Campo Aplicado H (Oe)
Indução Magnética B (G)
90
Figura 38 – Indução Magnética “B” Durante Aplicação de Campo “H”, para Peça L3
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
65
4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS PEÇAS QUE SOFRERAM O PROCESSO DE
RECOZIMENTO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA
Os dados obtidos a partir dos ensaios de recozimento com indução, levam a concluir
que resultados de permeabilidade magnética foram muito próximos aos do Aço SAE 1020,
podendo assim ser utilizado como substituto das ligas de aço até então utilizadas. A figura 39
mostra os gráficos de histerese das ligas em FoFo Nodular L1, L2 e L3 , comparadas ao Aço
SAE 1020 e a figura 40 mostra as curvas de saturação magnética.
-14000
-12000
-10000
-8000
-6000
-4000
-2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50
Campo Aplicado, H (Oe)
Indução Magnética, B (Gauss)
L2
1020
L3
L1
Figura 39 – Gráficos de Histerese Comparativos Entre as Ligas Aço, L1, L2 e L3
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
66
Curva Inicial
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
0 102030405060708090
Campo Aplicado H (Oe)
Indução Magnética B (G)
L3
L2
L1
Aço SAE 1020
Figura 40 – Curvas Comparativas de Saturação Magnética Entre as Ligas Aço, L1, L2 e L3
Fonte: LAM – LAB. MAGNETISMO/UFRGS.
Os processos aos quais foram submetidas às amostras tratadas, produziram mudanças
ainda maiores quando submetidas a um redimensionamento da forma. O processo de
recozimento com indução resultou, como era esperado, numa diminuição sensível das
resistências ao fluxo magnético e agora aliadas a uma nova forma, produziram resultados
ainda mais satisfatórios. A figura 41 mostra a peça inicial fabricada com Aço SAE 1020
(usinada), a figura 42 a modificada produzida em FoFo e a figura 43, também em FoFo, mas
com o novo formato.
67
Figura 41 – Peça Polar Antiga / Aço SAE 1020
Fonte: Desenho AutoCAD / Eletrônica Selenium S.A.
68
Figura 42 – Peça Polar Nova L1 Ferro Fundido Nodular
Fonte: Foto realizada pelo autor no LdSM/UFRGS.
Figura 43 – Peça Polar L1/FoFo “Novo Formato”
Fonte: Desenho AutoCAD / Eletrônica Selenium S.A., 2007.
69
O redimensionamento das peças, conforme mostrado acima, foi realizado utilizando-se
os software FLUX 2D desenvolvido pelo Cedrat Group e o FEMM 4.2 desenvolvido pela
Foster-Miller Inc., que consiste em simular conjuntos magnéticos existentes em produtos de
linha, e após compará-los com os resultados obtidos nas medições físicas destes Conjuntos
Magnéticos. A propriedade medida nestes testes é a Densidade de Fluxo Magnético (medido
em Gauss) existente no GAP, que é o espaço entre a “Peça Polar” em FoFo e a “Ferrite”
(Imã), ou seja, identifica quantas linhas de campo magnético estão passando na região do
GAP, pois elas são proporcionais à força que impulsionará o cone do Alto-Falante e quanto
maior a Densidade de Campo Magnético no GAP maior a Força Mecânica e maior a Pressão
Sonora. Para realizar estas medições utiliza-se um Gaussmeter, dispositivo eletrônico que
mede a Densidade de Fluxo Magnético que passa por uma determinada região.
4.2.1 Composição Química
A análise de composição química por espectroscopia de emissão ótica realizada nas
amostras selecionadas para este trabalho é apresentada na tabela 5. Nesta tabela são indicados
os teores de carbono, silício, manganês e fósforo, elementos presentes em maior percentual
neste tipo de Ferro Fundido, com base na ASTM E 30 – 95 (AMERICAN SOCIETY FOR
TESTING AND MATERIALS, 1995f). Os valores apresentados para cada composição
química das ligas L1, L2 e L3, são os resultados obtidos na Espectroscopia de Emissão Ótica
de cada amostra “coquilhada”, de um mesmo lote de fundição de (30) trinta peças, referente
às ligas L1, L2 e L3. A precisão relativa das medições realizadas foram de 3%, dados
fornecidos pelo espectrômetro utilizado no LAMEF da UFRGS.
Tabela 5 – Composição Química Percentual das Amostras, com Teores de Carbono,
Silício, Manganês e Fósforo
LIGA %C %Si %P %Mn
L1
2,67 3,00 0,08 0,34
L2
2,82 3,20 0,05 0,32
L3
3,68 6,00 0,09 0,30
Fonte: Espectrômetro de Emissão Ótica / Lamef (Lab. Metalurgia Física/UFRGS).
70
4.2.2 Metalografia
As figuras 44, 45 e 46 mostram a micrografia representativa da microestrutura
encontrada nas ligas de FoFo Nodular L1 e na liga de Aço SAE 1020 utilizados neste estudo.
Estas micrografias foram obtidas a partir do preparo metalográfico de uma amostra com
ataque de Nital 2% com aumento 100X. A grafita esferoidal apresentou tamanhos V e VII
com quantidade de nódulos de 100/mm² e uma matriz ferrítica.
Figura 44 – Micrografia de uma Amostra “FoFo Nodular L1” com Ataque de Nital 2% Aumento 100x
Fonte: LACAR – Laboratório de Caracterização / UFRGS.
Figura 45 – Micrografia de uma Amostra “FoFo Nodular L1 Recozido” com Ataque de Nital 2% Aumento 100x
Fonte: LACAR – Laboratório de Caracterização / UFRGS.
71
Figura 46 – Micrografia do Aço SAE 1020 com Ataque de Nital 2% Aumento 100x
Fonte: LACAR – Laboratório de Caracterização / UFRGS.
4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PEÇAS QUE SOFRERAM O PROCESSO DE
RECOZIMENTO COM INDUÇÃO MAGNÉTICA QUANTO A SUA USINABILIDADE
Na liga L1 foram usados os parâmetros de corte normais, ou seja, os mesmos
utilizados para o aço SAE 1020, não ocorrendo qualquer tipo de problema, tanto no que se
refere a velocidade de corte como na qualidade do seu acabamento superficial.
Já para a liga L2 foram alterados os parâmetros de corte, pois as peças apresentaram
uma periferia muito dura dificultando a usinagem e reduzindo a produtividade o processo.
Para a liga L3 também utilizou-se os mesmos parâmetros que a liga L2, já que também
apresentava uma superfície muito dura.
A tabela 6 apresenta os parâmetros de usinagem utilizados e mostra que a Liga L1 foi
a que apresentou a melhor opção de uso em substituição ao aço SAE 1020.
72
Tabela 6 – Parâmetros de Usinagem Utilizados para as Ligas L1, L2 e L3
LIGA FoFo
Velocidade de
Corte
m/min
Profundidade de
Corte mm
Avanço
m/min
L1
310 0,8 – 2,00 0,2- 0,25
L2
220 0,8 – 2,00 0,15
L3
250 0,8 – 2,00 0,10
Fonte: Eletrônica Selenium S.A.(Depto. Engenharia de Processos/Usinagem).
4.4 SIMULAÇÃO DAS PEÇAS QUE SOFRERAM O PROCESSO DE RECOZIMENTO
COM INDUÇÃO MAGNÉTICA
A partir destes ensaios realizados os dados característicos de cada material foram
inseridos no software FLUX 2D FEEMM 4.2 (Método de Análise dos Elementos Finitos
aplicados ao Magnetismo) Foster-Miller Inc de propriedade da Eletrônica Selenium S.A..
Após, iniciou-se o processo de simulações utilizando o Método de Análise de Elementos
Finitos (APÊNDICE A).
Uma das questões mais importante neste trabalho foi à matéria-prima utilizada, ou
seja, a substituição do Aço SAE 1020 que necessitava várias etapas durante o processo até
chegar ao produto final. O Ferro Fundido veio como uma alternativa a fim de reduzir este
custo de fabricação, levando-se em conta que etapas seriam eliminadas e as propriedades
magnéticas mantidas, seria sem dúvidas uma boa alternativa. O Produto escolhido para a
realização destes testes foi o woofer modelo WPU1507, produto profissional com grande
aceitação no mercado e custo de fabricação relativamente alto. Este woofer possui uma
densidade de fluxo magnético no “GAP” de 10600 gauss. Esta é a característica mais
importante deste trabalho, a alteração de material deve manter a densidade de fluxo, pois
impacta fortemente no desempenho do produto.
73
O primeiro passo foi simular o conjunto magnético do WPU1507 em seu formato atual
e com seu material original conforme figura 47, e determinar qual a densidade de fluxo
magnético no “GAP”. Na simulação chegou-se ao valor de 10500 gauss, muito próximo do
valor da peça real.
Aço 1020(Arruela)
Ferrite
PeçaPolar (Entre-ferro e ArruelaFechada)
Aço 1020(Entre
-
Ferro)
Aço 1020(Arruela Fechada)
Figura 47 – Simulação do Conjunto Magnético Atual em Aço SAE 1020 do Woofer WPU1507
Fonte: Lab. Teste Magnético da Eletrônica Selenium S.A.
Após criou-se o primeiro protótipo virtual, onde o formato do conjunto magnético é o
mesmo e apenas o material foi alterado conforme figura 48. Para o primeiro protótipo
utilizou-se a liga L1.
74
Aço 1020(Arruela)
Ferrite
FoFo L1(Peça Polar)
FoFo L1
Figura 48 – Simulação do Conjunto Magnético Utilizando a Liga L1, sem Alteração no Formato da Peça
Fonte: Lab. Teste Magnético da Eletrônica Selenium S.A.
Utilizando a liga L1 sem alteração no formato da peça chegou-se a 10100 gauss.
As simulações procederam-se alterando o formato da peça a fim de se obter uma
otimização do fluxo do campo magnético. A Arruela de Ferro Fechada e o Entre-Ferro do
conjunto magnético, ambos em Aço SAE 1020, foram substituídos por uma única peça
chamada “Peça Polar”, sendo esta fabricada totalmente em Ferro Fundido. Após diversas
simulações encontrou-se o formato ideal e com o menor peso para a Peça Polar e que também
favorecesse a passagem de fluxo magnético, conforme figura 49.
75
Aço 1020
Ferrite
FoFo L1(Peça Polar)
FoFo L1
Figura 49 – Simulação do Melhor Formato de Peça Polar utilizando a Liga L1
Fonte: Lab. Teste Magnético da Eletrônica Selenium S.A.
Com este formato e utilizando a liga L1 obteve-se 10800 gauss de densidade de fluxo
de campo magnético.
Sabendo qual o melhor formato para a Peça Polar precisou-se determinar qual o
melhor material a se utilizar. Com este mesmo formato de peça foram testados os materiais
L2 e L3 conforme figuras 50 e 51.
76
Aço 1020
Ferrite
FoFo L2(Peça Polar)
FoFo L2
Figura 50 – Simulação do Conjunto Magnético utilizando Liga L2 e Novo Formato de Peça
Fonte: Lab. Teste Magnético da Eletrônica Selenium S.A.
Aço 1020
Ferrite
FoFo L3(Peça Polar)
FoFo L3
Figura 51 – Simulação do Conjunto Magnético utilizando Liga L3 e Novo Formato de Peça
Fonte: Lab. Teste Magnético da Eletrônica Selenium S.A.
77
Com estes dados foi gerada uma tabela com os materiais e as densidades de fluxo
obtido. Estes dados são apresentados no quadro 2.
Peças Densidade de Fluxo (em Gauss)
Peça com formato original com Liga L1 10100
Peça com formato original com Liga L2 9980
Peça com formato original com Liga L3 9900
Peça com novo formato com Liga L1 10800
Peça com novo formato com Liga L2 10670
Peça com novo formato com Liga L3 10580
AÇO 1020 10500
Quadro 2 – Ligas com sua Densidade de Fluxo
Fonte: Elaborado pelo autor.
Assim conclui-se que o melhor formato e material a ser empregado é a liga FoFo L1.
Para poder validar as simulações realizadas foram confeccionados protótipos físicos
das peças simuladas.
4.5 DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPOS
Foram feitos 10 protótipos de cada material, totalizando 30 peças. Para validação das
simulações também foram confeccionados protipos físicos, ou seja, alto-falantes foram
montados para testes acústicos, num total de (03) três conjuntos de (10) dez alto-falantes.
As peças foram fundidas na Fundição Dueville, empresa de Caxias do Sul com
parceria de longa data, utilizando as ligas L1, L2 e L3. Posteriormente os dados foram
processados usando o Método de Análise por Elementos Finitos FEMM 4.2, podendo assim
ser validado e utilizado em futuros projetos.
As peças fundidas foram enviadas para a Selenium e usinadas em tornos CNC, onde
receberam o devido acabamento e o tratamento superficial.
Com as peças fornecidas os (30) trinta conjuntos magnéticos do woofer WPU1507
foram produzidos.
78
4.5.1 Testes e Validação das Simulações
Após foram realizados os testes de Densidade de Fluxo de Campo Magnético nestes
30 conjuntos magnéticos, utilizando para isso o Gaussmeter Magnetic Field Strength Meter
Gaussmeter/Teslameter FH 54.
Com estes conjuntos magnéticos foram montados (30) trinta protótipos do produto
final, ou seja, foram construídos (30) trinta woofers WPU1507, só alterando o conjunto
magnético em relação á peça original.
Com estes protótipos finais foram traçadas as Curvas de Resposta de cada peça e
comparadas com a Curva de Resposta da peça original.
Como resultado comprovou-se as análises de Seleção de Materiais na escolha da liga
L1 para substituir o Aço 1020 atualmente empregado. A figura 52, mostra à Curva de
Resposta de três protótipos WPU1507 utilizando a liga L1, L2 e L3 comparando com o
WPU1507 original.
79
Figura 52 – Curva de Resposta Comparativa com Protótipos WPU1507-L1/L2/L3 e WPU1507 Atual
Fonte: Laboratório de Teste Magnético da Eletrônica Selenium S.A.
Um teste acústico foi realizado comparando um woofer utilizando a liga L1 (liga
selecionada) contra um woofer original. Este teste consistiu em aplicar o mesmo sinal musical
para cada woofer, e assim, comparar a diferença sonora entre eles. Participaram deste teste os
audiófilos da Selenium, com larga experiência neste tipo de comparação.
O resultado foi considerado excelente, onde não foi detectada auditivamente nenhuma
diferença entre a mesma música tocada no woofer original e no woofer utilizando Ferro
Fundido composto pela liga L1 com o seu novo formato. As peças L2 e L3, também com sua
nova forma, apresentaram um desempenho muito similar ao original, perdendo apenas em
eficiência, para a liga L1. O desempenho positivo foi esperado, uma vez que a análise da
80
Curva de Resposta já havia sido realizada com resultado dentro do especificado pelo projeto
do woofer WPU1507.
A cerca das observações feitas no decorrer desta pesquisa, é possível ressaltar fatores
importantes na aplicação deste processo para melhorar significativamente as propriedades
magnéticas do Ferro Fundido Nodular:
O recozimento com aplicação de campo induzido nas ligas de ferro fundido produziu
alterações na estrutura do material que viabilizaram uma melhora significativa na
permeabilidade magnética do conjunto magnético. Também é apropriado colocar que a
seleção dos materiais envolvidos no processo de fundição foi fator determinante, uma vez que
elementos de liga, não magnetizáveis, foram excluídos ao máximo do processo.
O recozimento sem aplicação de campo magnético a 900-920ºC, com resfriamento
lento ao forno, gera uma estrutura ferrítica extremamente homogênea e com grãos de grafita
bem localizados, como mostrado na figura 44 (PAOLINELLI, 2004).
Também a mudança na forma da peça polar, facilitou o fluxo magnético, fator
determinante na validação dos resultados. É possível verificar as linhas de fluxo representadas
nos gráficos fornecidos pelo software FLUX 2D FEMM 4.2. e os resultados de Densidade de
Fluxo medido em Gauss, mostrado no quadro 2.
Um dos “Métodos de Elementos Finitos” utiliza o software FLUX 2D FEMM 4.2 que
é uma ferramenta fundamental para as análises de Densidade de Fluxo Magnético,
propiciando modificações de projeto significativas, como no caso específico, mudanças no
design da peça polar (formato do núcleo magnético). O método consiste numa adaptação para
soluções de equações diferenciais tal como “Equações de Poisson e Laplace”.
Devido as suas características de flexibilidade e estabilidade numérica, o método pode
ser utilizado em sistemas computacionais como é o caso da distribuição de temperaturas e o
eletromagnetismo. Em muitos casos o FEMM é a única ferramenta que pode fornecer uma
solução adequada, mesmo que seja uma aproximação. Os fenômenos do eletromagnetismo
são resolvidos através das “Equações de Maxwell” e apresentadas na sua forma diferencial,
mas dificilmente são solucionadas na forma em que são colocadas, pois implica em encontrar
uma solução (analítica ou numérica) para várias equações simultaneamente. Desta forma,
costuma-se solucionar uma equação equivalente, a qual decorra das demais, para tanto
introduz-se uma grandeza vetorial auxiliar chamada de “Potencial Vetor”, o qual em princípio
81
não tem um significado físico, apenas colabora para termos uma solução através de um meio
computacional (numérico).
4.6 CARACTERIZAÇÃO MAGNÉTICA DAS AMOSTRAS TRATADAS
O fato das amostras nas quais foi aplicado o processo de recozimento com indução
magnética terem sofrido mudanças na microestrutura, pode ser explicado pela semelhança
entre o processo de recozimento e o tratamento térmico na qual o material é submetido
durante o processo de laminação, onde o material é resfriado ao ar no decorrer dos passes da
transformação mecânica, como é o caso, das chapas laminadas para transformadores
(PAOLINELLI, 2004).
Apesar da impossibilidade em se obter uma estrutura totalmente ferrítica nos Ferros
Fundidos Nodulares, sem o tratamento de recozimento, nos aços de baixo carbono consegue-
se alcançar este objetivo facilmente, ou seja, em chapas finas para uso em transformadores
isto quase sempre ocorre com sucesso. Estes resultados se devem à obtenção da estrutura
formada por grãos aciculares de ferrita bem distribuídos ao logo da chapa. O recozimento com
indução favorece ainda mais este objetivo, já que os domínios magnéticos passam a serem
orientados.
O tratamento de recozimento obteve grandes modificações nas propriedades
magnéticas do material, o que facilitou a análise dos resultados dos ensaios de permeabilidade
magnética.
4.7 CORRELAÇÃO ENTRE PERMEABILIDADE E CARACTERÍSTICAS MAGNÉTICO-
METALÚRGICAS
No quadro 2, pode-se observar que as mudanças no formato da peça polar
proporcionaram ganhos importantes de Densidade de Fluxo, tanto quanto no tratamento
82
térmico, e por estarem atuando simultaneamente atingiram a meta para a substituição da liga
de aço SAE 1020, como mostrado nas tabelas 3, 4, 5 e 6.
Quanto ao efeito das variações de composição química entre as amostras analisadas,
para os teores dos elementos e para o teor de carbono permite atribuir à variação da
composição química uma grande influência nos resultados de permeabilidade magnética. De
fato, a composição química das amostras obtidas de FoFo baseado na norma ASTM A 536
(AMERICAN SOCIET FOR TESTING AND MATERIALS, 1988a), A 247 (AMERICAN
SOCIET FOR TESTING AND MATERIALS, 1995a), E 30 (AMERICAN SOCIET FOR
TESTING AND MATERIALS, 1995f) e E 59 (AMERICAN SOCIET FOR TESTING AND
MATERIALS, 1988c), possuem um controle mais rígido.
O experimento mostra que durante o processo de recozimento a anisotropia da
estrutura diminui, Shokrollahi e Janghorban (2007), e á medida que a temperatura de
recozimento avança, se aproximando de 550ºC por 1 hora, a estrutura apresenta um tamanho
de grão médio menor que 50
µ
m diminuindo as perdas magnéticas. As perdas já são
conhecidas, podem ser por histerese, correntes parasitas e anômalas. As perdas por histerese
são as que dificultam em muito o movimento dos domínios magnéticos, desta forma uma boa
seleção do material utilizado no ferro fundido auxilia a compactação e conseqüentemente uma
melhora na permeabilidade magnética.
O recozimento feito em etapas, mostra que a purificação da estrutura do FoFo nodular
é determinante, visto que o controle do resfriamento é um fator determinante e permite, de
uma forma mais segura, fazer com que os seus domínios magnéticos permaneçam orientados.
4.8 CORRELAÇÃO ENTRE CURVA DE RESPOSTA E CARACTERÍSTICAS
MAGNÉTICAS-METALÚRGICAS
Com relação às Curvas de Resposta, podemos observar que todas as ligas
desenvolvidas apresentaram desempenho dentro das especificações de projeto para o woofer
WPU1507. Cabe colocar que nas faixas de freqüência entre 10
- 10
4
(Hz) o desempenho das
ligas L1, L2, e L3, como do Aço 1020, também é similar fazendo seu uso preferencialmente
nas baixas freqüências.
3
83
Nas baixas freqüências, até 10
3
(Hz), todas as ligas apresentam uma mesma Curva de
Resposta, ou seja, todos os conjuntos magnéticos podem ser construídos com qualquer uma
das ligas, L1, L2 e L3, pois a densidade magnética apresentada anteriormente mostra um
perfil das linhas de fluxo magnético muito similar.
84
5 CONCLUSÕES
Este trabalho estuda a possibilidade do uso da indução magnética durante o
recozimento do Ferro Fundido Nodular, a fim de obter um aumento na sua permeabilidade
magnética viabilizando seu uso em substituição ao Aço SAE 1020 dentro dos núcleos
magnéticos dos alto-falantes. A confirmação das propriedades deste material, como bom
condutor e de alta permeabilidade, propiciou o interesse no uso do ferro fundido nodular
como um bom substituto ao Aço 1020 usinado.
Os resultados obtidos no decorrer deste trabalho permitem concluir que varias etapas
foram seguidas obedecendo-se rigorosas medidas de controle. Um dos resultados mais
significativos foi relativo á composição da liga, ou seja, o quanto cada elemento impactou na
resposta magnética do equipamento em questão, no caso o alto-falante. Testes foram
realizados observando-se as propriedades magnéticas, mas também as respostas em relação á
percepção acústica e a qualidade sonora que o equipamento apresentava.
Foram importantes os resultados que as diversas composições de liga obtiveram, em
especial a liga L1, pois quando submetida ao processo de recozimento com indução
magnética (RIM) e com sua forma modificada, o woofer WPU1507 mostrou um grande
desempenho. As ligas L2 e L3 sem alterações no formato não demonstraram condições de
substituição do núcleo original, mas quando tiveram a alteração implementada, também
mostraram-se eficientes. A liga L1, tendo obtido resultados de campo magnético superiores,
tornou-se a melhor opção para utilização no conjunto magnético.
Outro trabalho importante na seleção dos materiais, para os núcleos magnéticos,
voltou-se para a eliminação dos materiais não magnetizáveis, ou seja, aqueles que se
tornavam uma barreira magnética e um impedimento ao alinhamento dos domínios. Isto
torna-se claro quando estudamos a teoria dos domínios magnéticos, onde elementos não
magnetizáveis tornam-se verdadeiras barreiras de fronteira. Também importante no sucesso
do projeto foram os assuntos pertinentes da fundição, onde as questões como velocidade de
resfriamento e demais variáveis fundamentais a este processo sofreram um controle rigoroso.
Foi possível concluir quando as análises metalográficas mostraram os nódulos de grafita e a
matriz ferrítica bem delineados.
85
O Recozimento ofereceu um ganho considerável na Permeabilidade Magnética,
quando olhamos a mudança de uma estrutura perlítica para uma totalmente ferrítica, do FoFo
Nodular, isto devido ao aquecimento entre as faixas de temperatura até aproximadamente
770ºC, ou seja, próximo ao “Ponto Curie”. Nesta faixa de temperatura observou-se um
aumento da indução magnética “B” e uma diminuição da força magnética “H”, informações
estas específicas do desenvolvimento do projeto. Após a temperatura de 770ºC até 910ºC,
observou-se uma queda na indução magnética “B”, completando-se, então, a etapa final do
processo com um resfriamento lento.
Considerando que a Norma ASTM A 596/596M – 95 determina um método padrão
para análise de permeabilidade e saturação magnética, conseqüentemente de suas perdas,
concluí-se que é possível analisar com precisão e validar os resultados obtidos neste trabalho
(AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, 1995b). O melhor indicador
da performance de um material elétrico são os valores de suas perdas, em especial as perdas
por histerese, pois corresponde a mais de 50% em muitos casos. Para o usuário final o que
interessa são as perdas totais, mas para pesquisadores o que interessa, e muito, é o
processamento com suas implicações e as mudanças geradas na estrutura do material.
Também é importante inferir que não existe um modelo fixo para determinação destas perdas,
mas diversas modelagens utilizam o “Método de Elementos Finitos” como o melhor caminho.
A influência da estrutura cristalina nas propriedades magnéticas é melhor avaliada
quando realizamos os testes de medição da Densidade de Fluxo Magnético, pois os planos
cristalinos que favorecem a passagem do fluxo magnético, no caso do ferro, é o plano {110}
paralelo à superfície e a direção <001> paralela a direção longitudinal do material. O processo
de Indução Magnética é uma ferramenta importante para propiciar o alinhamento dos
domínios magnéticos, como é também uma ferramenta poderosa nos processos de laminação
de chapas recozidas para transformadores.
O processo de fundição reduziu os custos de fabricação dos conjuntos magnéticos,
pois eliminou os processos de usinagem profunda que eram realizados anteriormente, ficando
apenas os processos finais de acabamento.
A modificação na forma da peça polar trouxe ganhos técnicos e também econômicos,
estes na faixa de 40% (quarenta por cento), como a redução de peso e o aumento do
desempenho do alto-falante. No que diz respeito aos ganhos técnicos, é possível analisar as
linhas de fluxo em todas as ligas e concluir que a permeabilidade apresenta ganhos
86
significativos, visto que a concentração do campo magnético proporcionou um aumento no
desempenho dos alto-falantes. Outro ponto também avaliado foram as observações realizadas
por audiófilos especializados, que participaram dos testes de percepção sonora numa sala de
som, conforme exemplo mostrado na figura 53. Cabe salientar que o teste, além dos próprios
resultados obtidos pelo alto-falante com núcleo de FoFo, teve o comparativo acústico
simultâneo com o mesmo alto-falante com núcleo em Aço SAE 1020. As observações feitas
pelos audiófilos mostram uma preferência pelo modelo em FoFo, ou seja, sem terem a
informação de qual modelo era feito em FoFo, indicaram o mesmo como o sendo o de melhor
desempenho. Estas conclusões, feitas por estes especialistas em som, validaram
definitivamente o sucesso do trabalho. Foi sugerido que se estendessem os estudos, para
aplicação em outros modelos, a fim de avaliar o desempenho em outras faixas de freqüência.
Este trabalho mostrou ser possível a utilização do processo de Recozimento com
Indução Magnética (RIM), para melhorar significativamente as propriedades magnéticas de
FoFos, uma vez que outras possibilidades para o seu uso são cogitadas e também são
apresentadas como “Sugestões para Futuros Trabalhos”.
Figura 53 – Sala de Som
Fonte: Áudio Amateur Inc., 2007
87
6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
a)
utilização do equipamento de RIM para desenvolvimento e seleção de materiais
ferromagnéticos de alta performance;
b)
pesquisa sobre as relações da forma do núcleo magnético com o alinhamento dos
domínios através do RIM;
c)
continuar pesquisa sobre a influência da forma na percepção acústica em alto-
falantes;
d)
estudo sobre o comportamento dos domínios magnéticos do ferro, quando estes
são submetidos a um aumento de temperatura acima do “Ponto Curie” e a altas
induções magnéticas;
e)
desenvolvimento de processos com o RIM, utilizando pó de ferro encapsulado
visando diminuição de perdas magnéticas e possibilitando, assim, o seu uso na
construção de máquinas elétricas mais eficientes;
f)
pesquisa sobre o rendimento elétrico de motores quando seus núcleos magnéticos
são submetidos ao processo de RIM.
g)
pesquisa sobre a relação de fatores intangíveis da Seleção de Materiais comparado
a fatores objetivos de Seleção ( Sound Design, Percepção e Materiais)
88
REFERÊNCIAS
AMERICAN SOCIET FOR TESTING AND MATERIALS.
ASTM A247: Standart Test
Method for Evaluating the Microestrutute of Graphite in Iron Casting. Philadelphia, 1995a.
______.
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95
APÊNDICE A – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADOS AO
ELETROMAGNETISMO
1
Método dos Elementos Finitos Aplicados ao Eletromagnetismo
O FEMM tem o início da sua utilização na década de 40, mas a sua utilização vem
sendo observada, com mais força, nos últimos anos.
Ele é um método matemático que soluciona equações diferenciais parciais como
equações de Paisson e Laplace que possuem uma característica peculiar pela flexibilidade e
fácil adaptação a sistemas computacionais. É um método e uma ferramenta capaz de
solucionar com uma excelente aproximação problemas nas diversas áreas da engenharia como
é o caso do eletromagnetismo.
As equações de Maxwell regem os fenômenos no eletromagnetismo e são apresentadas
abaixo:
t
B
Ex
=
; (1)
+
= S
t
D
Hx
; (2)
0=
B
; (3)
ρ
=
D . (4)
E
- Intensidade do campo elétrico (grandeza vetorial)
H
- Intensidade do campo magnético (grandeza vetorial)
______________
1
Elaborado pelo autor com base em: PEREIRA, 2000.
96
D- Densidade de campo elétrico (indução elétrica, grandeza vetorial)
B
- Densidade de campo magnético (indução magnética, grandeza vetorial)
S
- Densidade superficial de corrente elétrica (grandeza vetorial)
ρ
= Densidade volumétrica de cargas (escalar).
Nas expressões anteriores,
representa o operador “Nabla”, dada pela relação de
coordenadas cartesianas:
+
+
= k
z
j
y
i
x
.
(5)
Onde
são os vetores unitários nas direções x, z e y respectivamente e
ji, e
k
x e
•(rotacional e divergente).
Logo
é um operador vetorial, podendo ser obtido através do produto vetorial e
escalar onde ele for utilizado.
No caso entre intensidades e densidades de campo elétrico/magnético, para materiais
isotrópicos lineares.
= HB .
µ
; (6)
= ED .
ε
; (7)
= ES .
σ
. (8)
µ
- permeabilidade magnética,
ε
- permissividade elétrica e
σ
- condutividade
elétrica, são grandezas escalares (constantes) para materiais isotrópicos lineares.
Para o caso de fenômenos estáticos, as equações (1) – (4) se reduzem a seguinte
forma:
x ; (9)
0=
E
97
x ; (10)
= SH
0=
B ; (11)
ρ
=
E . (12)
As equações (6)-(8) seguem válidas. Neste caso existe uma independência entre o
campo elétrico e o campo magnético. Para o estudo de campos magnéticos estáticos, os quais
serão abordados mais adiante pelo método dos elementos finitos, necessita-se considerar
apenas as seguintes equações:
x ; (13)
= SH
; (14) 0=
B
= HB .
µ
.
(15)
As equações acima são as equações fundamentais da magnetostática. Para a derivação
do Método dos Elementos Finitos ainda é utilizado o Teorema de Green no Plano, o qual
estabelece que para duas funções u(x,y) e v(x,y) vale a relação:
∫∫ ∫∫
+=
)(
2
).,().,().,().,().,().,(
ALAA
dlyxvyxudAyxvyxudAyxvyxu
. (16)
As equações de Maxwell são raramente solucionadas na forma em que estão colocadas
nas expressões (13) a (16), pois implicaria encontrar uma solução (analítica ou numérica) que
satisfaça três equações simultaneamente, o que torna o processo de solução em geral mais
difícil, sobretudo quando se procura uma solução numérica aproximada. Neste caso, torna-se
mais difícil encontrar parâmetros para a solução que satisfaçam simultaneamente três
equações segundo um determinado critério de otimização.
Desta forma, costuma-se solucionar uma equação equivalente, a qual decorre das três
equações citadas. Para tanto, introduz-se uma grandeza vetorial auxiliar chamada de
"Potencial Vetor", o qual em princípio não possui um significado físico, servindo apenas para
98
facilitar a solução numérica. O potencial vetor A é definido de tal forma que a indução B seja
obtida por meio do seu rotacional:
x
=
B
A . (17)
De acordo com a equação 17, a indução magnética
B
é obtida através da derivação do
potencial, logo o potencial vetor será:
. (18)
0=
A
Assim tem-se a equação de Poissson:
x
x .
(19)
= SA .
µ
Quando
, temos a equação de Laplace:
0=
S
x
x . (20)
0=
A
A equação acima pode ser escrita como
, conhecida como operador
Laplaciano e pode resolver problemas de contorno e potencial conforme equação abaixo,
utilizando o “Método dos Elementos Finitos Aplicados ao Magnetismo”:
0
2
= A
S
y
A
x
A
.
2
2
2
2
µ
σ
σσ
=+
. (21)
99
Figura 1: Fenômeno de Magnetostática.
A figura 1 mostra um exemplo de fenômenos eletromagnéticos com domínio onde a
solução é procurada na fronteira “n” e limitada por um contorno retangular Γ em torno da
estrutura magnética. Também mostra as regiões em que circula corrente (S diferente de zero)
e por outro lado, onde não existe corrente (S igual a zero), valendo assim a equação de
Laplace.
Após estas considerações segue-se definindo as condições de contorno e a
discretização dos domínios, ou também conhecido como subdivisão de domínios. Esta
subdivisão de domínios também é chamada de “elementos” que posteriormente formam seus
respectivos triângulos. Cada “vértice” com seus elementos fornecem os pontos, “nós” que
alimentam o Método dos Elementos Finitos.
As figuras 2 e 3, mostram um exemplo de distribuição de campo magnético através de
suas linhas de fluxo e sua representação discretizada.
100
Figura 2: Distribuição de Campo Magnético.
Figura 3: Representação Discretizada do Campo Magnético (malha).
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