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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
SÉRGIO SILVA BRAGA DE SOUZA
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Recife, PE
2008
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1
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
SÉRGIO SILVA BRAGA DE SOUZA
ADEQUAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS NORMATIVAS DE PROTEÇÃO
CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS ÀS CARACTERÍSTICAS
FUNCIONAIS DOS CANTEIROS DE OBRAS
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação
em Engenharia Civil, da Escola Politécnica de
Pernambuco da Universidade de Pernambuco para
obtenção do título de mestre em Engenharia.
Área de Concentração: Construção Civil
Orientador: Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior
Recife, PE
2008
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 Souza, Sérgio Silva Braga de
S729a Adequação das exigências normativas de proteção contra choques elétricos
às características funcionais dos canteiros de obras/ Sérgio Silva Braga de Souza.
– Recife: Universidade de Pernambuco. Escola Politécnica, 2008.
132 p.: il.
Dissertação (mestrado – Construção civil) – Escola Politécnica da Universi-
dade de Pernambuco. Departamento de Engenharia Civil. Programa de pós-
graduação em Engenharia Civil.
1. Segurança do trabalho. 2. Canteiros de obras. 3. Instalações elétricas. 4.
Gestão de Segurança e saúde do trabalho. 5. Construção civil. 6. Dissertação –
Universidade de Pernambuco – Escola Politécnica. I. Título.
CDU 614.825:69
3
SÉRGIO SILVA BRAGA DE SOUZA
ADEQUAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS NORMATIVAS DE PROTEÇÃO
CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS ÀS CARACTERÍSTICAS
FUNCIONAIS DOS CANTEIROS DE OBRAS
BANCA EXAMINADORA:
Orientador:
_________________________________________
Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior
Universidade de Pernambuco
Examinadores:
__________________________________________
Prof. Dr. Adiel Teixeira de Almeida Filho
Universidade Federal de Pernambuco
__________________________________________
Prof. Dr
a
. Emília Rahnemay Kohlman Rabbani
Universidade de Pernambuco
Recife, PE
2008
DEDICATÓRIA
A Deus, a Jesus e aos meus irmãos da espirutualidade pela luz permanente que tem iluminado
meu caminho na minha longa jornada evolutiva.
À minha mãe, Creuza Baptista e Silva Braga de Souza com amor, admiração e gratidão pela
dura tarefa de me ajudar a desenvolver o gosto pela leitura e na aquisição do conhecimento,
bem como pelo incansável esforço laborativo dispendido durante toda a minha infância e
adolescência para garantir a minha educação.
Ao meu pai, José Maria Souto Maior pelo seu carinho, incentivo, confiança e eterna amizade
que foram fundamentais para o meu crescimento e desenvolvimento profissional.
À minha esposa, Edna Maria Braga de Souza com amor, admiração e gratidão por sua
compreensão, carinho, presença e incansável apoio e motivação ao longo do período de
elaboração deste trabalho e de toda a nossa vida em conjunto.
Aos meus filhos, Sérgio Henrique Braga de Souza e Ana Carolina Braga de Souza com amor,
carinho e gratidão por sua paciência, compreensão e amor que foram fundamentais para
vencer este desafio e a principal razão para que eu permaneça lutando para lhes entregar um
Brasil melhor.
5
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Escola Politécnica de Pernambuco
pela oportunidade que me foi dada.
Ao meu orientador o Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior pela paciência e dedicação nas
inúmeras horas de orientação, bem como pela minha iniciação científica e pelo incentivo a
ingressar no mestrado, que será eterno.
À minha co-orientadora Prof. Dr
a
. Emília R. Kohlman Rabbani pela paciência e dedicação
nas inúmeras horas de orientação, bem como pela minha iniciação científica e pelo incentivo
a ingressar no mestrado, que será eterno.
A todos os amigos do LSHT/POLI/UPE, especialmente Juliana Claudino Véras, Eliane Maria
Gorga Lago, Raimundo Patriota de Almeida. Filho e Tatiana Regina Fortes da Silva pela
compreensão, pela ajuda e pelo incentivo permanente.
Aos meus amigos do mestrado pela compreensão, pela ajuda e pelo incentivo permanente.
Aos meus amigos, em especial, Rogério Motta pela confiança, incentivo e torcida
permanente.
A minha sócia e amiga de fé Lúcia Roberta de Oliveira Bouwman pela paciência,
compreensão e apoio ao longo do período de desenvolvimento deste trabalho.
As sociedades humanas desde os tempos imemoriais que a partir das artes rupestres e do
desenvolvimento da escrita permitiu que todas as gerações e socidedades humanas
posteriores e em conjunto alcançasse o atual estágio evolutivo.
6
RESUMO
O Ministério da Previdência Social aponta que no período de 2002 a 2006 ocorreram 4.534
acidentes na indústria da construção civil em Pernambuco. De acordo com estudos realizados
neste período, destes apenas 6,78% ocorreram devido a choque elétrico nos canteiros de o-
bras, no entanto, estes acidentes correspondem a 50% da totalidade de acidentes fatais do se-
tor. Dentre os fatores que contribuem para ocorrência destes acidentes estão às irregularidades
identificadas na construção, montagem e operação das instalações elétricas em canteiros de
obras. A pesquisa objetivou analisar as exigências normativas tanto nacionais como interna-
cionais, de proteção contra choques elétricos e sua aplicação em canteiros de obras de edifica-
ções habitacionais e comerciais da região Metropolitana do Recife. Fez-se inicialmente um
estudo comparativo das normas aplicáveis, notadamente, a NR 10, NR 18, RTP 05, NBR
5410, MCyT e IEC. Desta análise identificou-se seis critérios de caracterização das instala-
ções elétricas e estabeleceu-se os itens de verificação de segurança relativos à qualidade das
instalações elétricas em canteiros de obras. A partir destes itens foi desenvolvido protocolo de
verificação de campo que foi aplicado a 66 canteiros de obras da Região Metropolitana do
Recife. Os resultados da coleta de campo demonstram que as instalações de canteiros de obras
na sua grande maioria apresentam desvios significativos em relação ao cumprimento das exi-
gências legais, dentre os quais pode-se destacar a exposição de partes vivas perigosas em qua-
dros de distribuição e problemas relacionados ao aterramento elétrico em 90,5% e 87,9% dos
canteiros vistoriados respectivamente. O estudo propõe diversas adequações às normas e con-
seqüentemente a sua aplicação em canteiros de obras e conclui que há uma necessidade imi-
nente de reavaliação e readequação do planejamento, construção, montagem e operação das
instalações elétricas temporárias em canteiros de obras. Recomenda-se para tanto, que os
princípios de segurança sejam considerados a partir da fase de desenvolvimento de produto,
que seja dada ênfase na melhoria da capacitação do eletricista do canteiro de obra, que sejam
realizadas supervisão técnica e de segurança das instalações, e que seja enfatizado a elabora-
ção de projeto elétrico do canteiro de acordo com exigências normativas.
Palavras-chave: Construção civil. Segurança do trabalho. Gestão de segurança do trabalho.
Instalação elétrica de canteiro de obra. Riscos elétricos.
7
ABSTRACT
The Department of Social Security indicates that, during the period from 2002 to 2006, 4,534
accidents occurred in the civil construction sector in Pernambuco. According to studies per-
formed during this period, only 6.78% of these accidents were caused by electric shock at
construction sites. However, these accidents were responsible for 50% of the total number of
fatalities in this sector. The factors which contribute most to the occurrence of these accidents
include irregularities identified during construction, mounting, and operation of electrical in-
stallations at worksites. The objective of this study was to analyze the regulatory require-
ments for protection against electric shock, both national as well as international, and their
application at residential and commercial construction sites in the Recife Metropolitan Area.
Initially, a comparative study was performed of the applicable norms, especially NR 10, NR
18, RTP 05, NBR 5410, MCyT and IEC. From this analysis, six characterization criteria of
electrical installations were identified and items for verifying the safety related to the quality
of electrical installations at worksites were established. From these items, a protocol for field
verification was developed and applied to 66 construction sites in the Recife Metropolitan
Area. The results of the field research showed that the large majority of worksite installations
deviated significantly from the legal requirements, especially with regard to exposure of dan-
gerous live wires in distribution cabinets and problems related to electrical grounding, found
in 90.5% and 87.9% of the studied sites, respectively. The study proposes various adaptations
to the standards and consequently to their application at construction sites and concludes that
there is an imminent necessity to reevaluate and readjust the planning, construction, mounting
and operation of temporary electrical installations at worksites. It is recommended that the
principles of safety be considered beginning in the development phase of the product, that
emphasis be given to improve the skills of electricians at worksites, that technical and installa-
tion safety supervision be conducted, and that the development of electrical design at the
worksite be emphasized in accordance with regulatory requirements.
Keywords: Civil construction. Work safety. Work safety management. Worksite electrical
installations. Electrical hazards.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Causas dos acidentes fatais na construção civil no Rio de Janeiro (1997 a
2001) .......................................................................................................................... 17
Figura 1.2 - CEMIG alerta sobre riscos de acidentes em construção civil ........................... 18
Figura 1.3- Funcionário da CEMIG retira o isolamento improvisado na rede elétrica feito
por um pedreiro. .......................................................................................................... 18
Figura 2.1 – Exemplos de instalações elétricas nas quais o mecanismo da adaptação a
situação existente é´uma realidade presente na maioria dos canteiros de obras. ................... 25
Figura 3.1 - Percurso da corrente elétrica ........................................................................ 39
Figura 3.2 - Trajeto da corrente elétrica em um choque de mão a mão ............................... 43
Figura 3.3 – Trajeto da corrente elétrica em um choque de mão a pé ................................. 43
Figura 3.4 – Trajeto da corrente elétrica em um choque de mão a pé ................................. 44
Figura 4.1 – Tensão de toque ......................................................................................... 52
Figura 4.2 – Tensão de passo ......................................................................................... 52
Figura 4.3 – Tensão transferida ..................................................................................... 53
Figura 4.4 – Esquema TN – S ........................................................................................ 56
Figura 4.5 – Esquema TT .............................................................................................. 57
Figura 4.6 – Disjuntor de sobrecorrente .......................................................................... 59
Figura 4.7 – Interruptor diferencial ................................................................................ 60
Figura 4.8 – Lei de Kirchoff: representação geométrica das correntes em um nó e a
identidade matemática correspondente ........................................................................... 60
Figura 4.9 – Esquema elétrico representativo do princípio de funcionamento do dispositivo
DR ............................................................................................................................. 61
Figura 4.10 – Simulação simplificada de uma falta em esquema TN-S............................... 67
Figura 4.11 – Simulação simplificada de uma falta em esquema TT .................................. 68
Quadro 5.1– Número de obras por bairro ........................................................................ 74
Figura 7.1 – Quadro de distribuição principal com parte vivas expostas, má organização
dos condutores e sem indicação dos circuitos. ............................................................... 100
Figura 7.2 – Quadro de distribuição principal com dificuldade de acesso e em mau estado
de conservação. ......................................................................................................... 101
Figura 7.3 – Quadros principais com acessibilidade bloqueada, sem e com sinalização de
advertência não-conforme e desprotegido contra intempéries. ......................................... 101
9
Figura 7.4 – Quadros principais sem o DR e com não-conformidades relacionadas a
sinalização, instalação, invólucro e acessibilidade.......................................................... 102
Figura 7.5 – Quadro de distribuição secundário com não-conformidades relacionadas a
confecção (madeira), a isolação de partes vivas e organização condutores e dispositivos ... 104
Figura 7.6 – Quadros de distribuição metálicos sem anteparos de proteção, com exposição
a partes vivas, má organização de componentes, saturação de espaço e má sinalização. ..... 105
Figura 7.7 – Quadros de distribuição sem condições de acessibilidade dentre outras não-
conformidades ........................................................................................................... 105
Figura 7.8 – Quadros de distribuição instalados em ambientes alçados a categoria de
ambientes confinados. ................................................................................................ 106
Figura 7.9 – Quadros elétricos com emendas e conexões malfeitas, sem anteparo de
proteção e com deficiência de sinalização indicativa. ..................................................... 107
Figura 7.10 – Linhas elétricas sem proteção contra intempéries e irregularidades nas
distâncias e espaços de segurança ................................................................................ 109
Figura 7.11 – Trecho de linhas elétricas de distribuição montadas sem suporte isolante ..... 110
Figura 7.12 – Linha elétrica montada diretamente sobre pilha de matéria-prima ............... 110
Figura 7.13 – Linha elétrica montada diretamente sem estrutura de sustentação e suporte
isolanteo. .................................................................................................................. 111
Figura 7.14 – Quadros elétricos em madeira com chaves elétricas blindadas, sem
sinalização e acesso comprometido. ............................................................................. 111
Figura 7.15 – Disjuntores de sobrecorrentes instalados sem estrutura de rede elétrica para
suporte ...................................................................................................................... 112
Figura 7.16 – Linhas elétricas apresentando deficiência na execução da emenda dos
condutores. ................................................................................................................ 112
Figura 7.17 – Eletrodos (hastes) de aterramentos cravados em local de trânsito e em área de
trabalho sujeita a umidade. .......................................................................................... 114
Figura 7.18 – Eletrodos (hastes) de aterramentos parcialmente cravados no solo, sem caixa
de inspeção e com deficiência de conexão. ................................................................... 114
Figura 7.19 – Sistemas de aterramento com caixas de inspeção fora de especificação ........ 115
Figura 7.18 – Eletrodos (hastes) de aterramentos cravados no solo sem a proteção da caixa
de inspeção. ............................................................................................................... 115
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 – Custos estimados de acidentes em outros países........................................... 29
Quadro 6.1 – Classificação dos itens de segurança relacionados à proteção contra choques
elétricos segundo a sua natureza e/ou fase de aplicação. ................................................... 77
Quadro 6.2 – Descrição das referências normativas do grupo 1 ......................................... 81
Quadro 6.3 – Descrição das referências normativas do grupo 2 ........................................ 82
Quadro 6.4 – Descrição das referências normativas do grupo 3 ......................................... 83
Quadro 6.5 – Descrição das referências normativas do grupo 4 ......................................... 84
Quadro 6.6 – Descrição das referências normativas do grupo 5 ......................................... 86
Quadro 6.7 – Descrição das referências normativas do grupo 6 ......................................... 88
Quadro 6.8 – Descrição dos critérios de verificação das condições de segurança para
análise das instalações elétricas de canteiros de obras ...................................................... 89
Quadro 7.1 - Quadros de distribuição principal: resumo dos principais problemas
encontrados ................................................................................................................. 99
Quadro 7.3 - Quadros de distribuição secundário ou local: resumo dos principais
problemas encontrados ............................................................................................... 103
Quadro 7.4 – Linhas elétricas: resumo dos principais problemas encontrados ................... 108
Quadro 7.5 – Máquinas e equipamentos: resumo dos principais problemas encontrados .... 113
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 – Nº de acidentes do trabalho no período 2002 a 2006 ...................................... 15
Tabela 1.2 – Contribuição percentual acidentária da Indústria da Construção Civil (2002 a
2006) .......................................................................................................................... 16
Tabela 1.3 – Evolução do percentual acidentário no período 2002 a 2006 .......................... 16
Tabela 3.1 -Valores nominais de resistência para várias partes do corpo humano ................ 39
Tabela 3.2 - Valores de resistências nominais de vários materiais ...................................... 40
Tabela 3.3 - Resposta humana nominal às intensidades de correntes* ................................ 41
Tabela 3.4 - Resistência elétrica do corpo humano ........................................................... 44
Tabela 3.5 - Medidas de resistência elétrica do corpo humano sob condições BB da pele ..... 45
Tabela 4.1 - Valores da tensão de contato limite U
L
(V) ................................................... 64
Tabela 4.2 - Situações 1,2 e 3 ........................................................................................ 64
Tabela 4.3 - Resistência elétrica do corpo humano ........................................................... 65
Tabela 4.4 - Contato com as pessoas com o potencial local ............................................... 65
Tabela 4.5 - Tempos máximos de seccionamento no esquema TN ..................................... 67
12
LISTA DE SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
BEP – Barramento de Equipotencialização Principal
CELPE – Companhia Energética de Pernambuco
COBEI – Comitê Brasileiro de Eletricidade
CII – Construction Industry Institute (Instituto da Indústria da Construção)
C. Civil – Construção Civil
FINEP – Financiadora de Estudo e Projetos
FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEC – International Eletrotecnic Comission (Comissão Eletrotécnica Internacional)
MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social
MCyT – Ministerio de Ciencia y Tecnologia (Ministério d e Ciência e Tecnologia - Go-
verno da Espanha)
MITyC - Ministerio de Industria Turismo y Comercio (Ministério da Indústria, Turismo
e Comércio - Governo da Espanha)
MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego
NBR – Norma Brasileira Registrada
NR – Norma Regulamentadora
RMR – Região Metropolitana do Recife
RTP – Recomendação Técnica de Procedimento
SEP – Sistema Elétrico de Potência
SINDUSCON/PE - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Pernambu-
co
SINTRACONST - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15
1.1 Contexto e relevância da pesquisa..................................................................................15
1.2 Objetivos.........................................................................................................................20
1.2.1 Objetivos gerais.............................................................................................................20
1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................................20
1.3 Justificativa....................................................................................................................20
1.4 Delimitação do tema e estruturação da pesquisa...........................................................21
2 A SEGURANÇA DO TRABALHO NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO ........................................................................................................................... 24
2.1 Gestão da segurança do trabalho na construção civil....................................................25
2.2 Custos dos acidentes de trabalho...................................................................................27
2.3 Norma e legislação de segurança aplicada a riscos elétricos..........................................29
3 SEGURANÇA EM ELETRICIDADE .................................................................................. 34
3.1 Introdução......................................................................................................................34
3.2 O choque elétrico............................................................................................................34
3.2.1 Descrição......................................................................................................................36
3.2.2 Fatores que influenciam na gravidade do choque elétrico.............................................37
3.2.3 Classificação do choque elétrico....................................................................................46
3.2.4 O arco elétrico...............................................................................................................46
3.2.4.1 Descrição..................................................................................................................46
3.2.4.2 Os mecanismos de formação.....................................................................................47
4 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUE ELÉTRICO................................................................. 49
4.1 Princípios fundamentais da proteção contra choque elétrico........................................49
4.1.1 Proteção básica e proteção supletiva.............................................................................49
4.1.2 Regra geral...................................................................................................................50
4.2 Aterramento elétrico......................................................................................................50
4.2.1 Conceitos e definições...................................................................................................50
4.2.2 Resistência de terra.......................................................................................................54
4.2.3 Sistemas de aterramento................................................................................................54
4.3 Seccionamento automático.............................................................................................57
4.3.1 Dispositivo de proteção a sobrecorrente.........................................................................58
4.3.2 Dispositivos a corrente diferencial-residual...................................................................59
14
4.4 Aplicação da proteção supletiva.....................................................................................62
4.4.1 Equipotencialização......................................................................................................63
4.4.2 Seccionamento automático da alimentação...................................................................64
4.5 Proteção adicional..........................................................................................................69
4.5.1 Requisitos da eqüipotencialização suplementar.............................................................70
4.5.2 Dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade.....................................................71
5 METODOLOGIA DA PESQUISA ....................................................................................... 72
5.1 Revisão bibliográfica......................................................................................................72
5.2 Definição dos critérios de análise das instalações elétricas............................................72
5.3 Pesquisa de campo..........................................................................................................74
5.4 Análise dos dados e recomendações...............................................................................75
6 CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DOS CANTEIROS DE
OBRAS ......................................................................................................................................... 76
6.1 Definição dos grupos de caracterização.........................................................................76
6.2 Análise comparativa das normas e definição dos critérios de análise............................81
6.3 Especificação dos critérios de verificação......................................................................89
7 ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM CANTEIROS DE
OBRAS VISITADOS .................................................................................................................. 98
7.1 Quadro de distribuição principal...................................................................................99
7.2 Quadro de distribuição secundário ou local.................................................................103
7.3 Linhas elétricas.............................................................................................................108
7.4 Máquinas e equipamentos............................................................................................113
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 117
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 121
GLOSSÁRIO..............................................................................................................................126
APÊNDICE A - Lista de verificação de sistemas de proteção contra choques elétricos em
instalações elétricas nos canteiros de obras .............................................................................134
APÊNDICE B - Lista de verificação de sistemas de proteção contra choques elétricos em
instalações elétricas nos canteiros: tabulação dos dados levantados em campo...................138
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contexto e relevância da pesquisa
O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS, 2008) aponta em seu anuário de
acidentes do trabalho que no período de 2002 a 2006 ocorreram cerca de 2.252.521 acidentes
no Brasil. Deste total, 908.226 ocorreram no setor da indústria, dos quais 140.088 represen-
tam a parcela de contribuição da indústria de construção civil, e deste último, 4.534 acidentes
representam a parcela correspondente ao Estado de Pernambuco. Os dados do período apre-
sentam uma tendência de crescimento apesar do decréscimo acidentário significativo ocorrido
no período 2002/2003, tabela 1.1.
Tabela 1.1 – Nº de acidentes do trabalho no período 2002 a 2006
2002 2003 2004 2005 2006 Total no período
Total na indústria
1
165.180 132.102 193.960 208.642 208.342 908.226
Total na indústria da C. Civil 28.484 21.972 28.875 29.228 31.529 140.088
Total geral 393.071 390.180 465.700 499.680 503.890 2.252.521
Fonte: MPAS (2008)
A partir dos dados do MPAS (2008) descritos na tabela 1.1 pode-se deduzir que do total geral
de acidentes computados no período, a indústria da construção civil contribuiu com 6,2% en-
quanto que o setor da indústria como um todo contribuiu com 40,3 %. No entanto, do total de
acidentes gerados na indústria, 15,4% corresponde a parcela de contribuição da indústria da
construção civil, tabela 1.2. Pode-se deduzir ainda dos dados da tabela 1.1 que houve um
crescimento acumulado de 17,7% em relação a 2002 no índice acidentário da indústria da
construção civil, contra 34,2% da indústria e 26,8% do total geral de todos os setores da eco-
nomia. A distribuição destes dados conforme a tabela 1.3, apesar de muito irregulares, man-
tém no geral uma tendência de crescimento cuja média anual atual é de cerca de 7%.

1
Indústria = indústria de transformação + indústria da construção civil. Não está incluído produção de água,
eletricidadeegás.
16
Tabela 1.2 – Contribuição percentual acidentária da Indústria da Construção Civil (2002 a 2006)
2002 2003 2004 2005 2006
Média no
período
Indústria/Total geral de acidentes 42,0% 33,9% 41,6% 41,8% 41,3% 40,3%
Ind. C. Civil/Total geral de acidentes 7,2% 5,6% 6,2% 5,8% 6,3% 6,2%
Indústria C. Civil/Indústria 17,2% 16,6% 14,9% 14,0% 15,1% 15,4%
Fonte: adaptação do autor dos dados acidentários do MPAS (2008)
Tabela 1.3 – Evolução do percentual acidentário no período 2002 a 2006
2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Médio anual Acumulado
Indústria -20,0% 46,8% 7,6% -0,1% 13,7% 34,2%
Indústria C. Civil -22,9% 31,4% 1,2% 7,9% 7,1% 17,7%
Total geral -0,7% 19,4% 7,3% 0,8% 10,7% 26,8%
Fonte: adaptação do autor dos dados acidentários do MPAS (2008)
Do total de acidentes envolvendo o setor de construção civil em Pernambuco, as instalações
elétricas dos canteiros de obras tem uma participação expressiva no que se refere a taxa de
mortalidade. O sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Pernambuco - SIN-
DUSCON/PE explicita que “o choque elétrico é responsável por apenas 6,78% dos acidentes,
porém quando são analisadas as suas causas, os fatais por choque elétrico responde sozinho
por cerca de 50%” do total das mortes ocorridas na indústria da construção (SINDUSCON/PE
apud BARKOKÉBAS et al., 2007).
No Rio de Janeiro, de acordo com Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Cons-
trução Civil do Rio de Janeiro – SINTRACONST – Rio (2001 apud MANGAS, 2003), no
período de 1997 a 2001 ocorreram 74 acidentes fatais na construção civil, dos quais 14% por
choque elétrico, ocupando o 3º lugar no elenco das causas acidentárias, perdendo apenas para
queda em altura, 33%, e impacto contra, 15%, figura 1.1.
17
Figura 1.1 – Causas dos acidentes fatais na construção civil no Rio de Janeiro (1997 a
2001)
Fonte: SINTRACONST-Rio (2001 apud MANGAS, 2003)
Nos Estados Unidos, segundo Ore & Casini (1996 apud KOHLMAN RABBANI et al., 2007),
no período de 1980 a 1991, ocorreram mais de 2000 (duas mil) mortes por choque elétrico
entre os trabalhadores da construção civil, totalizando uma média anual de 2,5 mortes por
cada cem trabalhadores. Ainda de acordo com este autor, embora essa taxa anual de mortali-
dade tenha diminuído, o índice de fatalidades dos trabalhadores na construção civil norte-
americana ainda apresentava uma razão quatro vezes maior do que a de todas as indústrias
combinadas, justificando assim a implementação de ações destinadas à correção do problema.
Devido as suas características construtivas e operacionais, as instalações elétricas dos cantei-
ros de obras apresentam uma multiplicidade de fatores que sob determinadas condições pre-
dispõem o operário e a própria instalação à exposição a riscos, tais como: deficiência na sele-
ção e montagem de componentes, sub-dimensionamento e má conservação ou envelhecimento
dos circuitos, dentre outros. Pesquisa realizada pelo Laboratório de Segurança e Higiene do
Trabalho - LSHT da Escola Politécnica – POLI da Universidade de Pernambuco – UPE em
canteiros de obras da Região Metropolitana do Recife - RMR entre maio de 2006 e abril de
2007, confirma esta hipótese. Este cenário apresenta indícios de ser também um problema
nacional, conforme demonstram as figuras 1.2 e 1.3 nas quais a Companhia Energética de
Minas Gerais – CEMIG já alerta para os perigos de acidentes com as redes elétricas na cons-
trução civil.
33%
15%
14%
14%
5%
14%
5%
Quedade altura
Impacto contra
Descargaelétrica
Soterrame nto
Asfixia
Outros
Ignorado
18
Figura 1.2 - CEMIG alerta sobre riscos de acidentes em construção civil
Para isolar a rede pedreiro, pedreiro enrolou um pedaço de plástico no fio elétrico
Fonte: Jornal dos Lagos (2008)
Figura 1.3- Funcionário da CEMIG retira o isolamento improvisado na rede elétrica fei-
to por um pedreiro.
Fonte: Jornal dos Lagos (2008)
No contexto normativo, após 12 anos da redação dada pela Portaria N
o
4 de 04/07/1995 e de
sua significativa contribuição para o gerenciamento e controle de riscos na indústria da cons-
trução civil, a Norma Regulamentadora N
o
18, NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Tra-
balho na Indústria da Construção, do Ministério do Ministério do Trabalho e do Emprego –
19
MTE, a despeito de atualizações de outras normas relacionadas e das crescentes inovações
tecnológicas do processo construtivo ao longo deste período, não sofreu nenhuma atualização
significativa, principalmente no que se refere ao modesto conteúdo dedicado a proteção contra
choques elétricos se for considerado as recentes inovações normativas de referência nesse
tema, a saber:
NR 10 (MTE, 2004) – Segurança em instalações e serviços em eletricidade;
Norma Brasileira N
o
5410, NBR 5410 (ABNT, 2004) – Instalações elétricas de baixa ten-
são, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
NBR 14039 (ABNT, 2005) – Instalações elétricas de alta tensão;
Recomendação Técnica de Procedimento N
o
05, RTP 05 (FUNDACENTRO, 2007) – Ins-
talações elétricas temporárias em canteiros de obras, da Fundação Jorge Duprat Figueire-
do de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO.
Embora a NR 10 e as NBR supracitadas em seu âmbito de aplicação sejam extensivas às ins-
talações elétricas temporárias, sua implementação em canteiros de obras não é uma tarefa
simples ao se considerar as características ambientais, bem como as de mobilidade e mutabi-
lidade dos canteiros. Tais dificuldades originam-se em grande parte devido as medidas de
proteção contra choques elétricos ser em sua grande maioria de caráter geral e mais afetas às
instalações permanentes do que as temporárias, principalmente as de canteiros de obras.
Dadas estas considerações, justifica-se a análise da situação com o objetivo de propor medi-
das que facilitem a aplicação nas instalações elétricas dos requisitos exigidos pelas normas
técnicas oficiais, destinados a garantir a segurança do pessoal contra choques elétricos nos
canteiros de obras, bem como contribuir para a redução dos índices de acidentes por choques
elétricos em decorrência da melhoria da seleção, montagem e operação dos componentes das
suas respectivas redes elétricos.
20
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivos gerais
Analisar as exigências normativas da proteção contra choques elétricos versus realidade das
instalações elétricas dos canteiros de obras e suas características funcionais e propor medidas
para adequação destas instalações.
1.2.2 Objetivos específicos
Analisar a NBR 5410, NR 10, NR 18 e RTP 05 para identificar as exigências relativas a
proteção contra choques elétricos.
Comparar as exigências normativas de proteção contra choques elétricos e determinar os
critérios de análise das instalações.
Analisar as não conformidades normativas decorrentes da construção, montagem e opera-
ção das instalações elétricas dos canteiros de obras na Região Metropolitana do Recife.
Propor medidas que viabilizem a adequação, implantação e/ou operacionalização da pro-
teção contra choque elétrico:
- durante a fase de construção da rede elétrica e montagem dos seus componentes;
- durante a operação e o uso e em condições de falhas das instalações e equipamentos
elétricos; e
- para referenciar atualizações e complementações das medidas de controle de riscos e-
létricos da NR 18 (MTE, 2008) e RTP 5 (FUNDACENTRO, 2007).
1.3 Justificativa
Segundo Hammer (1972 apud DE CICCO e FANTAZZINI, 2003), os acidentes vêm ocorren-
do desde os tempos imemoriais, ao passo que o indivíduo humano vem se envolvendo por
períodos comparavelmente extensos na busca de sua prevenção. Findlay e Kuhlman (1980
apud BIRD JR. e GERMAIN, 1990) afirmam que a gestão da segurança não é uma novidade,
referências antigas sobre responsabilidade gerencial podem ser encontradas, por exemplo, no
“Código de Hammurabi”, o qual prescrevia punições aos encarregados por lesões causadas
aos trabalhadores.
21
Em 1802, a Inglaterra introduziu a primeira lei das fábricas que estabelecia os padrões gerais
de calor, luz, iluminação e horas de trabalho. Em algumas ocasiões as leis tiveram motivado-
res políticos, como por exemplo, em 1880 com o objetivo de conter o avanço comunista no
Império Germânico e responder a crescente insatisfação dos trabalhadores com os perigos dos
locais de trabalho, o Chanceler alemão introduziu a lei de compensação de trabalhadores. Nos
Estados Unidos as primeiras leis surgiram em 1887 em Massachusetts criando os inspetores
de fábrica, jornada de trabalho e obrigatoriedade da proteção de máquinas. No Brasil, as pri-
meiras leis datam do século passado como, por exemplo, o Decreto-lei nº 5452, de 1º de maio
de 1943, no qual o Presidente aprova as Consolidações das Leis do Trabalho e, no seu Capítu-
lo V trata da Higiene e Segurança do Trabalho.
Apesar dos esforços e avanços obtidos ao longo desses períodos os infortúnios do trabalho
ainda estão longe de serem erradicados ou reduzidos a níveis considerados satisfatórios, fa-
zendo com que a sociedade moderna em sua marcha evolutiva continue de igual modo e sis-
tematicamente a promulgar códigos e leis de caráter preventivo, que aliados ao desenvolvi-
mento científico e tecnológico proporcionem o aprimoramento dos meios de trabalho e a me-
lhoria contínua dos processos produtivos, visando a integridade física e preservação da saúde
dos trabalhadores.
Portanto, a elaboração de proposições que possibilitem adequação das instalações elétricas
dos canteiros de obras às prescrições e princípios norteadores das normas de proteção contra
choques elétricos, contribuirá não só para redução dos índices de acidentes, bem como para a
melhoria dos serviços elétricos e, em contrapartida para o andamento do processo construtivo,
ao mesmo tempo em que se dá o cumprimento da legislação em vigor, preservando a empresa
construtora e o segmento da construção civil como um todo das implicações legais e sociais
decorrentes do acidente do trabalho em função da melhoria do ambiente, das condições de
trabalho e do controle dos riscos elétricos.
1.4 Delimitação do tema e estruturação da pesquisa
O tema proteção contra choques elétricos é muito amplo para que se faça uma abordagem
completa do assunto em um único trabalho. Adicionalmente tem-se a considerar que as insta-
lações com tensões superiores a 1.000 V (CA) ou a 1.500 V (CC) classificam-se como insta-
lações de alta tensão requerendo tratamento adequado a esta categoria de tensão. Deste modo,
22
objetivando delimitar esta pesquisa, foi elaborada com base nas normas já referenciadas ante-
riormente, uma classificação das medidas de proteção contra choques elétricos segundo o
momento de sua aplicação, a saber:
segurança nos projetos;
segurança na construção e montagem das instalações elétricas:
- arranjo físico das instalações;
- segurança do usuário e da instalação em operação normal;
- segurança do usuário e da instalação em caso de falhas;
- requisitos de segurança para intervenções;
segurança nos procedimentos:
- manobras de circuitos;
- uso de máquinas e equipamentos;
segurança nas intervenções:
- construção;
- manutenção e reparo;
- reforma e ampliação.
Considerando a classificação supracitada e os objetivos propostos, esta pesquisa terá no seu
nível de abrangência limitado:
aos fatores de segurança do trabalho relacionados a construção e montagem das rede elé-
tricas; e
às instalações elétricas em baixa tensão dos canteiros de obras dos processos construtivos
das edificações de cunho habitacional e/ou comercial, no âmbito da cidade do Recife e re-
gião metropolitana.
Está estruturado em 7 (sete) capítulos, dos quais o primeiro apresenta uma visão geral do con-
texto acidentário, os objetivos gerais e específicos, assim como a justificativa e a delimitação
e estruturação do trabalho.
O segundo capítulo apresenta uma contextualização sobre custos acidentários, algumas consi-
derações sobre os aspectos de gestão e da legislação de segurança envolvidos, em especial a
NR 18, RTP 05, NR 10 e NBR 5410.
23
O terceiro capítulo traz como elemento principal uma abordagem sobre os conceitos relacio-
nados segurança em eletricidade.
O quarto capítulo apresenta uma abordagem sobre os princípios e medidas gerais da proteção
contra choques elétricos exigidos pela NR 10 e NBR 5410.
O quinto capítulo apresenta a proposta metodológica para o desenvolvimento da pesquisa.
O sexto capítulo apresenta a análise das normas e definição de critérios de análise das instala-
ções elétricas dos canteiros de obras.
O sétimo capítulo refere-se a análise e diagnóstico das instalações elétricas dos canteiros de
obras da RMR.
O oitavo capítulo apresenta as considerações, as conclusões e recomendações da pesquisa.
.
24
2 A SEGURANÇA DO TRABALHO NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO
Embora a ocorrência de acidentes do trabalho seja tão antiga quanto a história do próprio ho-
mem, comparativamente, os de origem elétrica são bem mais recentes e oriundos dos meios
de trabalho e de conforto proporcionados pela sociedade moderna. Nesse sentido, alguns es-
tudos têm demonstrado a necessidade de ações mais efetivas destinadas a garantir a segurança
dos usuários e da exposição às instalações elétricas, como por exemplo, o que foi realizado
sobre a base de dados da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco no qual revelou-se
que, no período de 1996 a 2001 ocorreram 818 mortes em decorrência de choque elétricos nos
lares pernambucanos, resultando numa taxa de 1 morte a cada 2,7 ou 3 dias. Estes dados fo-
ram levantados por Barkokébas Júnior et al. (2008), quando da execução do projeto de pes-
quisa e desenvolvimento ciclo 2001/2002 patrocinado pela Companhia Enérgica de Pernam-
buco – CELPE, intitulado: “Estudo das Externalidades na Atividade de Distribuição de ener-
gia Elétrica Relacionadas aos Acidentes com Terceiros (Público em Geral), na Região Metro-
politana do Recife”.
Com relação aos canteiros de obras, os dados acidentários por exposição a energia elétrica
apresentados no capítulo anterior e resultante de pesquisas realizadas por diversas instituições,
revelam a preocupação existente, bem como a necessidade de medidas urgentes e eficazes
para reverter a atual tendência de crescimento. Neste sentido, objetivando fazer com que a
parcela de contribuição deste trabalho seja efetiva para o controle dos riscos elétricos e me-
lhoria da segurança do trabalhador nos canteiros de obras, é necessário que o seu conteúdo
seja disponibilizado de forma compreensível aos interessados em segurança do trabalho na
construção civil, razão pela qual neste capítulo far-se-á uma abordagem do contexto da segu-
rança do trabalho na construção civil, enquanto que o próximo foi dedicado à segurança em
eletricidade, no qual serão introduzidos diversos conceitos relacionados às grandezas, aos
fenômenos e aos efeitos da exposição a energia elétrica, além de se disponibilizar ao final
deste documento um glossário de termos técnicos da área de engenharia elétrica relacionados
ao tema da pesquisa.
25
2.1 Gestão da segurança do trabalho na construção civil
Os dados relativos a indústria da construção civil indicam que a evolução pela qual vem se
submetendo esta indústria ainda não se reflete a contento na segurança dos trabalhadores, em
especial, os de canteiros de obras tendo em vista as condições adversas do seu ambiente de
trabalho.
Quando se procura identificar a gestão da segurança do trabalho na dinâmica do processo
construtivo, desde a etapa de concepção do produto até a entrega ao usuário, as evidências
apontam para um modelo de gestão que se inicia e termina durante a fase operacional dos
canteiros de obras, ou seja, geralmente ela se resume a fase de produção sem nenhuma ou
muito pouca relação ou vínculo com as fases anteriores do processo de projeto e desenvolvi-
mento de produto. Para o grupo Construction Industry Institute (1987 apud MELHADO et al.,
2005), salvo pela fase de uso e manutenção, a de execução é aquela cujas ações e decisões
apresentam o menor potencial de influência no custo final de falhas de um empreendimento.
Deste modo, pode-se concluir que provavelmente na fase de execução da obra são muito limi-
tadas as possibilidades para alterar a concepção do produto, do projeto, das contratações, etc.
Isto sugere que a execução da obra se caracterize como uma das fases mais sujeitas as adapta-
ções à situações pré-concebidas nas etapas antecedentes. Na esteira desta reflexão está a segu-
rança do trabalho com a responsabilidade de preservar a integridade dos trabalhadores através
da implementação de medidas de controle de riscos que na maioria das vezes são adaptações á
realidade existente, é o caso, por exemplo, da maior parte das instalações elétricas dos cantei-
ros de obras, figura 2.1.
Figura 2.1 – Exemplos de instalações elétricas nas quais o mecanismo da adaptação a situação exis-
tente é´uma realidade presente na maioria dos canteiros de obras.
26
As considerações anteriores levam a inferir que o subsistema de gestão da segurança do traba-
lho deveria se incorporar ao processo de construção já na fase de concepção e desenvolvimen-
to de produto. Esta percepção parece estar em alinhamento com Saurin (2005) ao afirmar que:
No âmbito das medidas que vêm sendo estudadas para a redução de aciden-
tes na indústria da construção, a integração dos requisitos de segurança à e-
tapa de desenvolvimento de produto (DP) parece ser uma das alternativas
com maior potencial de benefícios, uma vez que pode eliminar ou reduzir os
perigos nas suas origens. A integração da segurança ao DP também é neces-
sária pois as falhas de projeto são uma das mais importantes categorias de
causa-raiz dos acidentes no setor (CHURCHER e STARR, 1997). Além dis-
so, a discussão de assuntos de segurança desde as etapas iniciais do empre-
endimento implica em grande antecipação dos perigos e, conseqüentemente,
mais tempo para o estudo de todos de trabalho seguros.
No âmbito internacional, segundo Saurin (2005), a integração da segurança e saúde ocupacio-
nal à fase de desenvolvimento de produto vem sendo implementada mais intensamente na
União Européia por força das “Prescrições Mínimas de Segurança e Saúde a Aplicar nos Can-
teiros Móveis e Temporários” estabelecidas pela Diretiva Européia 92/57/CEE. Esta última,
inclusive, segundo Lakka e Sauni (1999 apud SAURIN, 2005), exige a indicação de um coor-
denador de segurança e saúde durante a fase de elaboração do projeto e construção indicado
pelo proprietário do empreendimento, que no caso da França e Finlândia geralmente os arqui-
tetos são os escolhidos para essa função.
De acordo com Coble e Blatter (1999 apud SAURIN, 2005) e Prugh (1996 apud SAURIN,
2005), não há lei similar à Diretiva Européia nos Estados Unidos, no entanto a crescente inci-
dência de ações judiciais naquele país, principalmente contra arquitetos, responsabilizando-os
por negligência nas medidas de segurança durante a fase de desenvolvimento do produto, in-
dicam uma tendência à adoção sistemática dessa abordagem.
No Brasil não há nenhuma legislação específica similar a Diretiva Européia de segurança e
saúdo ocupacional, apenas a NR 10 de forma modesta se aproxima um pouco da fase de de-
senvolvimento de produto tendo em vista que seu âmbito de aplicação contempla a fase de
projeto das instalações elétricas. Esta fato, por si só é insuficiente para se obter os efeitos de-
sejados uma vez a própria NR 10 é parte do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no
âmbito da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente de trabalho, sem o qual sua
implementação não teria sucesso.
27
Embora não haja legislação específica que estabeleça diretrizes de gestão de segurança apli-
cáveis desde o processo de projeto a execução da construção, a abordagem adotada neste capí-
tulo será considerada como um dos elementos norteadores, no momento da elaboração de
proposições para garantir a segurança das pessoas contra os riscos de choques elétricos decor-
rentes de falhas de seleção, montagem e operação de componentes das instalações elétricas
dos canteiros de obras.
2.2 Custos dos acidentes de trabalho
O setor da construção civil tem na diversidade de suas atividades econômicas uma de suas
principais características. Desse conjunto de atividades a indústria da construção civil assume
papel de destaque por ser o principal ou um dos principais elementos catalisadores da cadeia
produtiva do setor. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2208),
em 2006, as 109 mil empresas de construção que integram o setor ocuparam mais de 1,5 mi-
lhão de pessoas e pagaram em salários, retiradas e outras remunerações o equivalente a R$
17,4 bilhões de reais, ao mesmo tempo em que realizaram obras e serviços no valor de R$
110,7 bilhões. Na comparação com 2005, as construções executadas cresceram 13,0%, assina-
lando um aumento real de 7,1%.
Esta conjuntura econômica apresenta sintonia com a análise apresentada por Melhado et al.
(2005) sobre a recente evolução do setor da construção civil, que dentre o seu conteúdo expli-
cita, por exemplo, que a influência da globalização e as crescentes e rápidas transformações
de mercado tem proporcionado uma ambiência de competição tecnológica, estabelecendo a
gestão da qualidade e a ênfase na produtividade como elementos básicos para a sobrevivência
das empresas com reflexos diretos na construção civil, razão pela qual, segundo o autor, nos
últimos dez ou quinze anos, as empresas desse segmento de mercado vêm implementando
progressiva e sistematicamente mudanças contínuas no processo produtivo, de modo a alcan-
çar o mais elevado grau de eficiência e eficácia como indústria, objetivando a melhoria da
qualidade de seus produtos a custos competitivos.
Contrastando com a crescente evolução tecnológica do processo de produção e do desempe-
nho econômico tem o índice acidentário do setor, 60.757 acidentes registrados no período
2005 a 2006 conforme MPAS (2008) em seu Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho,
número, inclusive, superior aos 50.847 correspondentes ao biênio 2003/2004.
28
Além das implicações legais e sociais decorrentes dos acidentes do trabalho, os aspectos eco-
nômicos envolvidos têm de ser considerados uma vez que o crescimento progressivo e des-
controlado dos custos acidentários podem contribuir para inviabilizar à iniciativa de produção
de bens. As cifras brasileiras dispendidas pelo governo com acidentes do trabalho indicam a
gravidade do problema. Assunção (2006) afirma que em 2003 a União gastou cerca de R$ 8,2
bilhões em reabilitação e indenizações por acidentes e doenças do trabalho segundo dados do
MTE (2005), dos quais 574 milhões foram destinados a construção civil que corresponde a
7% do total. Nestes números não estão incluídos os custos diretos e indiretos desembolsados
pela própria indústria da construção civil. No entanto, embora não haja estatísticas confiáveis,
de acordo com Bird Jr. & Germain (1990), para cada dólar gasto com despesas médicas e in-
denizações (custos segurados), gasta-se de 5 a 50 dólares com custos não segurados relativos
a danos a propriedade e de 1 a 3 dólares com custos variados sem seguro, tais como: danos a
equipamentos e ferramentas, a produtos e materiais, interrupção e atrasos de produção, despe-
sas legais, tempo de investigação, salários pagos por perda de tempo, custos de contratação
e/ou preparação de pessoal de substituição, tempo da administração, menor produção do tra-
balhador acidentado após o retorno, perda de prestígio e de negócio, dentre outros. Na Ingla-
terra, por exemplo, Lago (2006, p.22) afirma que “[...] o Health and Safety Executive verifi-
cou que a proporção dos custos indiretos para os custos diretos guarda um múltiplo da ordem
de 8 a 36 vezes”. Isso demonstra que tanto a apropriação quanto a mensuração de custos aci-
dentários é de natureza complexa em função das inúmeras variáveis envolvidas no processo
de monitoramento e controle.
Para facilitar a compreensão dos índices propostos por Bird Jr. & Germain (1990) far-se-á a
seguinte suposição: estimando-se, por exemplo, que o custo acidentário segurado da constru-
ção civil ocupa a casa dos $ 370 e o não-segurado por dólar pago como a média dos índices
propostos (5 a 50 e 1 a 3), isto é, $ 27,5 e $ 2, obtém-se uma cifra em torno de $ 247 milhões
ou cerca R$ 547
2
milhões de custos indiretos não segurados.. Este último equivalente aos gas-
tos do governo no ano de 2003 com os 21.972 acidentes registrados.
Para Benite (2004) os custos acidentários são bastantes significativos não só para as empresas,
como também para o governo e toda a sociedade em geral. A título de comparação com a rea-

2
OdólarfoitomadoaR$2,284Fonte:Estadão.Disponívelem:www.estadao.com.br/economia/.Acessado
em:10fev.2008.
29
lidade brasileira são apresentados no quadro 2.1 alguns dados de pesquisas realizadas no exte-
rior sobre o assunto em discussão.
Quadro 2.1 – Custos estimados de acidentes em outros países
País Descrição Fonte da pesquisa
Reino Unido Custo global estimado com acidentes do
trabalho é de 5 a 10% sobre o lucro bruto
de vendas de todas as empresas britâni-
cas.
Obs: este custo desconsidera os acidentes
apenas com danos materiais.
Healt Safety Executive
(HSE) – órgão do gover-
no britânico responsável
pela Segurança e Saúde
no Trabalho.
Estados
Unidos
Existem nos Estados Unidos cerca de 13
mil mortes por acidentes do trabalho e
mais de 2 milhões de feridos com afasta-
mento envolvendo um ou mais dias. Os
prejuízos somam cerca de 30 bilhões de
dólares.
National Safety Council
(NSC 2003) – Organiza-
ção norte-americana não
governamental.
Alemanha Em 1993 as empresas alemãs gastaram
cerca de 30,5 bilhões de euros para cobrir
os seguros pagos pela seguridade social
do país por faltas ao trabalho.
(Grundmann; Van
Vuuren, 1998)
Portugal Em 1994 as 2.000 maiores empresas de
Portugal perderam mais de 7,7 milhões de
dias de trabalho em função de doenças
acometidas pelos trabalhadores.
(Grundmann; Van
Vuuren, 1998)
Fonte: adaptado de Benite (2004)
2.3 Norma e legislação de segurança aplicada a riscos elétricos
Pode-se afirmar que a segurança do trabalho no que se refere ao controle dos riscos elétricos
laborais tem dois momentos, antes e após 8 de dezembro de 2004, data da publicação e de
entrada em vigor da portaria Nº 598 do Ministério do Trabalho e Emprego, que altera a Nor-
ma Regulamentadora N
0
10 – NR 10, com a seguinte titulação: “Segurança em Instalações e
Serviços com Eletricidade”. Esta Norma Regulamentadora representa um marco importante,
em termos de NR, por estabelecer princípios, diretrizes, medidas e procedimentos relaciona-
dos a gestão e controle dos riscos elétricos, ao mesmo tempo em que remete oficialmente a
responsabilidade pelas medidas complementares, bem como pela definição, seleção e monta-
gem dos meios de controle e proteção, a outros órgãos normativos de competência reconheci-
da em suas respectivas áreas, tais como: ABNT através da NBR 5410, FUNDACENTRO
com a RTP 05, e o próprio MTE em sua NR 18 por exemplo, além da legislação internacional
30
quando couber. O reconhecimento pela NR 10 da competência dos órgãos de normalização
técnica conferiu as normas por eles elaboradas o status legal, incluem-se neste grupo as nor-
mas internacionais quando da ausência de normalização nacional equivalente.
O capítulo 18.21 de instalações elétricas da NR 18 possui um conteúdo muito modesto diante
da atual tecnologia, complexidades e diversidade de riscos das instalações elétricas dos cantei-
ros de obras. Este fato evidencia-se quando se compara o conteúdo informacional da NR 18
sobre instalações elétricas com o conteúdo das demais normas. O conteúdo deste capítulo da
norma se traduz basicamente por um conjunto resumido de medidas de segurança isoladas e,
em muitos casos de caráter geral, sem um encadeamento que traduza um conceito, uma filoso-
fia ou princípio adotado. A estrutura de conteúdo apresenta alguma similaridade com a versão
anterior da NR 10 (2004).
A RTP 05 (FUNDACENTRO, 2007) – Instalações elétricas temporárias em canteiros de o-
bras são recomendações técnicas que descrevem as especificações e procedimentos de monta-
gens de equipamentos, dispositivos e componentes das instalações elétricas. O conteúdo deste
documento está alinhado com a NBR 5410, NR 10 e NR 18 e preenche uma lacuna importan-
te existente na normalização brasileira por ser a única norma específica para instalações elé-
tricas de canteiro de obras, e que demonstra de forma escrita e ilustrativa os procedimentos
operacionais para execução das exigências das normas supracitadas. No entanto, a despeito da
sua última atualização ocorrida em 2007, este documento ainda é modesto diante do universo
de exigências destinadas às instalações elétricas de baixa tensão.
A NBR 5410 (ABNT, 2004) – Instalações elétricas de baixa tensão é a norma que determina a
filosofia de segurança e de desempenho das instalações elétricas, assim como as medidas a
adotar e os requisitos de segurança a serem atendidos por estas instalações de modo a assegu-
rar a proteção das pessoas e dos animais contra choques elétricos e à proteção contra incên-
dios. Dentre as normas nacionais até então referenciadas nesta pesquisa, a NBR 5410 é aquela
cujos princípios norteadores da segurança do trabalho e dos usuários de energia elétrica basei-
am-se na qualidade das instalações elétricas
3
, seu principal foco, que em relação as demais
normas, a abordagem apresentada é a maior e mais completa sobre o assunto.

3
Otermoqualidadedasinstalaçõesestásendoempregadonestedocumentocomoaconformidadenaseleção
emontagemdoscomponentesenaconstruçãoeoperaçãodaredeelétricaemrelaçãoàsexigênciasnormati
vas.
31
No cenário internacional a proteção contra os perigos de choque elétrico também são objeto
de preocupação e de regulamentação das instituições de normalização, como é o caso das
normas da União Européia UNE 20481 e 20460-4-41 relativas a tensão de campo e instala-
ções em extra baixa tensão de segurança na proteção contra choques elétricos por contatos
diretos e indiretos. Estas normas, dentre outras, representam o conjuntos das diretrizes euro-
péias sobre instalações elétricas de baixa tensão e servem de base para elaboração e/ou ali-
nhamento das normas dos países membros da Comunidade Européia. Como exemplo, pode-se
citar as normas espanholas ITC-BT-33 (MCyT, 2008) - Instalaciones com fines especiales:
instalaciones provisionales y temporales de obras e ITC-BT-24 (MCyT, 2008) – Instalaciones
interiores o receptoras: protección contra los contactos directos e indirectos ou Guía Técnica
de Aplicación al Reglamento Electrotécnico de Baja Tensión: protección contra los contactos
directos e indirectos (MITyC, 2005).
O conteúdo destas normas espanholas é muito similar ao das normas brasileiras, em especial,
a NBR 5410 (ABNT, 2004). Por sua vez a norma brasileira NBR 5410, segundo o Guia EM
da NBR 5410:1997 (2001), é baseada na norma internacional da International Eletrotecnic
Comission - IEC 60364: Electrical Installatinos of Buildings, cujo alinhamento teve seu início
na edição de 1980 representando uma grande mudança em relação à edição anterior datada de
1960. Esta última vigorou durante duas décadas e correspondia basicamente a uma adaptação
resumida da norma norte-americana National Electrical Code – NEC.
A similaridade entre as normas pode ser notada se for observado, por exemplo, se comparar-
mos a transcrição representativa a seguir de pequena parte dos princípios e medidas de prote-
ção contra choques elétricos adotados pela norma espanhola:
Além das medidas gerais estabelecidas na ITC-BT-24, serão aplicáveis as
seguintes:
Quando a proteção das pessoas contra os contatos indiretos estão assegura-
das por corte automático da alimentação, segundo o esquema de alimentação
TT, a tensão limite convencional não ser superior a 24 V em valor eficaz em
corrente alternada, ou 60 V em corrente continua.
Cada base ou grupo de bases de tomadas de corrente devem estar protegidas
por dispositivos diferenciais de corrente diferencial residual de disparo de no
máximo 30 mA; ou então alimentadas em extra baixa tensão de segurança
EBTS; o então protegidas por separação elétrica dos circuitos mediante um
transformador individual. (MCyT, 2008, p.3).
32
com a norma brasileira em relação aos trabalhos realizados em locais em que o trabalhador se
submete a condições de umidade severa ou em ambientes condutivos, na qual a NBR 5410
prevê a utilização dos circuitos em extra baixa tensão de segurança ou SELV:
Assim, as partes vivas de um sistema SELV ou PELV não precisam necessa-
riamente ser inacessíveis, podendo dispensar isolação básica, barreira ou in-
vólucro, se:
a) a tensão nominal do sistema SELV ou PELV não for superior a 25 V,
valor eficaz, em corrente alternada, ou a 60 V em corrente contínua sem
ondulação, e o sistema for usado sob condições de influências externas
cuja severidade, do ponto de vista da segurança contra choques elétricos,
não ultrapasse aquela correspondente à situação 1 definida no anexo C;
b) a tensão nominal do sistema SELV ou PELV não for superior a 12 V,
valor eficaz, em corrente alternada, ou a 30 V em corrente contínua sem
ondulação, e o sistema for usado sob condições de influências externas
cuja severidade, do ponto de vista da segurança contra choques elétricos,
não ultrapasse aquela correspondente à situação 2 definida no anexo C;
Dentre os exemplos de situação 2 citado pelo anexo C encontram-
se os canteiros de obras e os compartimentos condutivos.
Casos em que o uso de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade
como proteção adicional é obrigatório.
Além dos casos especificados na seção 9, e qualquer que seja o esquema de
aterramento, devem ser objeto de proteção adicional por dispositivos a cor-
rente diferencial-residual com corrente diferencial-residual nominal de má-
ximo de 30 mA:
a) os circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais conten-
do banheira ou chuveiro;
b) os circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas exter-
nas à edificação;
c) os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que pos-
sam vir a alimentar
equipamentos no exterior;
d)
.....
Esta abordagem leva a concluir que pode haver situações específicas em canteiros de obras
em que a proteção adicional ainda não é suficiente para garantir a segurança do trabalhador
contra choques elétricos. A identificação precisa destas situações requerem um conhecimento
prévio da evolução do lay-out e necessidades do canteiro em função das fases da obra, consti-
tuindo-se numa demonstração da necessidade de implementação da filosofia de elaboração de
projeto da instalação elétrica e da cultura de segurança na fase de desenvolvimento do produ-
to.
33
O alinhamento da NBR 5410 com as normas da IEC vem sendo mantido em todas revisões
que sucederam à de 1980. Esta política adotada parece ser um indicador de tendência mundial
principalmente no âmbito brasileiro, tendo em vista que a Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT é membro participante na normalização internacional através da IEC, e é a
única representante no Brasil desta instituição de normalização. Convém ressaltar, que em
termos de segurança elétrica em atmosferas explosivas, conforme Jordão (2007), as normas da
série IEC 60079 sobre este tema já estão definitivamente consolidadas como referências mun-
diais principalmente para efeitos importação e exportação de equipamentos elétricos. No Bra-
sil, a versão brasileira destas normas recebe atualmente a denominação de NBR IEC 60079 –
Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas.
Finalmente, conforme explicitado anteriormente no próximo capítulo será feito uma aborda-
gem sobre conceitos de segurança em eletricidade e instalações elétricas objetivando facilitar
a compreensão do desenvolvimento da pesquisa.
34
3 SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
3.1 Introdução
Para Negrisoli & Rossi [entre 1976 e 1986] a possibilidade de choque elétrico com perigo de
lesão ou morte sempre existirá em todas as instalações nas quais se faça o uso da energia elé-
trica, tais como: escolares, residenciais, industriais, hospitalares, agrícolas, de comunicação,
de transporte, dentre outras. Suas causas podem decorrer da falta de conhecimento e/ou de
cuidado no manuseio de aparelhos e instalações elétricas, bem como de defeitos em equipa-
mentos ou fenômenos atmosféricos como, por exemplo, o raio.
Ao abordar a segurança de instalações elétricas, a NR 18 e a RTP 05, embora alinhadas a NR
10 (2004) e NBR 5410 (ABNT, 2004), especifica meios de proteção
4
contra choques elétricos
sem, no entanto, descrever os princípios e/ou as medidas norteadoras desta proteção nos ter-
mos das respectivas normas com as quais estão alinhadas.
Como a linha básica deste estudo trata das medidas de segurança nas redes elétricas relacio-
nadas a seleção de componentes e a sua construção, montagem e operação nos canteiros de
obras, justifica-se realizar neste ponto uma revisão bibliográfica sobre choque elétrico e em
seguida sobre os fundamentos e medidas de proteção contra choques elétricos que nortearão o
desenvolvimento da pesquisa e a consecução dos objetivos propostos.
3.2 O choque elétrico
A energia elétrica em escala comercial foi utilizada pela primeira vez 1882 quando Thomas
Edison inaugurou a primeira usina geradora para alimentar 59 moradores em New York nos
Estados Unidos da América. Entretanto o sistema criado por Thomas Edison gerava a energia
elétrica em corrente contínua (CC) cuja característica limitava o transporte de energia a alguns
quilometros e restringia sua utilização a pequenos grupos de consumidores. Posteriormente
em 1886, Jorge Westinghouse auxiliado pelo cientista Nicolas Tesla desenvolveu e difundiu o

4
ParaaNBR5410(ABNT,2004),naexpressão"medidadeproteçãocontrachoques",otermo"medida"éusa
doparadesignarexpressamenteprovidênciasqueatendemàregrageraldaproteçãocontrachoques,istoé,
capazesdeproverocorrespondenteaproteçãobásicamaisproteçãosupletiva,pelomenos.Ovocábulo"mei
o",naexpressão"meiodeproteção",éusadoparaqualificarumrecursoenquantoproteçãosupletiva,ouen
quantoproteçãobásica.
35
sistema de corrente alternada – CA, conforme explicitado no filme Alta Voltagem (HISTORY
CHANNEL, 2007), que permitia o transporte da energia elétrica a longas distâncias com o
uso de subestações transformadoras, assim como o acesso a esta nova tecnologia por toda
sociedade e a criação de mais um mecanismo de consolidação da integração nacional.
Com o advento e comercialização da energia elétrica em corrente alternada, inclusive em es-
cala industrial, a eletricidade consolida-se na sociedade moderna como importante bem de
consumo. A partir de então, a sociedade moderna manteve e mantém seu crescimento sistemá-
tico há várias gerações em convivência com a energia elétrica. Cadick; Schellpfeffer e Niet-
zel (2000) asseguram que esta convivência foi facilitada pelo fato de que a eletricidade é si-
lenciosa, invisível, inodora e tem um componente automático, além de que a percepção geral
nos primórdios de sua utilização era a de um inofensivo agente do conforto e co-ajudante do
trabalho. Segundo estes autores, nos idos de 1800, os hotéis norte-americanos tinham avisos
assegurando aos hóspedes que a eletricidade era inofensiva, ao passo que no século seguinte,
isto é, nos idos de 1900, os mesmos avisos já alertavam para os perigos da eletricidade.
Na ocasião a percepção da energia elétrica como “inofensivo agente do conforto e desenvol-
vimento” parece ter lugar comum tanto entre aqueles que desenvolveram a tecnologia para a
sua aplicação, quanto entre os responsáveis pela preparação e manutenção da infra-estrutura
destinada ao transporte, recepção e distribuição da energia elétrica. Durante os primeiros anos
que se seguiram após o início das operações da primeira usina de geração, a cada dois eletri-
cistas encarregados da construção e manutenção das redes elétricas um morria em decorrência
de choque elétrico. Explicita o filme Alta Voltagem (HISTORY CHANNEL, 2007) que em
1891, indignados com a falta de segurança, alguns deles fundaram a irmandade dos eletricis-
tas que posteriormente transformou-se na irmandade internacional com o objetivo de melhorar
as condições de trabalho, e garantir uma pensão para as viúvas dos eletricistas mortos. Em
1896 Henry Miller, o primeiro presidente e fundador do sindicato, ao executar um serviço em
Washington numa rede elétrica de 2200 volts, entrou em contato com alguma parte energiza-
da fechando o caminho para a terra precipitando-se para a morte. Embora a semente da segu-
rança tenha sido plantada os índices acidentários por choque elétricos permaneceram elevados
por mais de meio século até meados de 1950, quando começou a surgir equipamentos, méto-
dos e técnicas mais apropriadas de intervenção em redes elétricas.
36
Passados mais de um século e apesar dos avanços tecnológicos nesse setor a transição da ele-
tricidade de um puro agente do conforto e silencioso co-ajudante no trabalho para um perigo
mortal, infelizmente, ainda representa uma mudança que muitos ainda hoje não entendem, até
que o evento indesejável choque elétrico ocorra com eles. Deste modo, para Cadick; Schellp-
feffer e Nietzel (2000), é indispensável entender os passos e procedimentos empregados em
um programa de segurança em eletricidade, que por sua vez requer uma compreensão da natu-
reza dos riscos elétricos. Por outro lado, segundo os autores entender a natureza do risco é
inútil a menos que sejam desenvolvidos programas de proteção para o trabalhador, os quais
envolvem o porque dos fatos, a elaboração de procedimentos de segurança e a total aceitação
destes últimos como um requisito básico para a sua saúde e bem-estar. É através deles que
pode se ter uma definição concisa e escrita dos problemas, de modo que mais pessoas se fami-
liarizem com o choque elétrico e com os meios de proteção, evitando-se assim à exposição,
tendo em vista ser esta uma experiência tão desagradável que dificilmente o indivíduo poderá
esquecer.
3.2.1 Descrição
Para Folliot (1998), a compreensão de vários conceitos técnicos e médicos são essenciais para
a análise dos perigos, da eletrofisiologia e para prevenção dos acidentes com eletricidade.
Segundo o autor, as definições e os termos eletrobiológicos apresentados a seguir foram extra-
ídos do capítulo 891 do Vocabulário Eletrotécnico Internacional (Eletrobiologia) da Comissão
Eletrotécnica Internacional (IEC, 1979).
O choque elétrico é o efeito fisiopatológico resultante da passagem direta ou
indireta de uma corrente elétrica externa através do corpo. Compreende con-
tatos diretos e indiretos e correntes unipolares e bipolares. Dos indivíduos
(vivos ou mortos) que tenham experimentado descargas elétricas se diz que
tenham sofrido eletrização; o termo eletrocussão é reservado para casos se-
guidos de morte. (FOLLIOT, 1998, v. 2, cap. 40, p. 40.2).
Dentre seus possíveis efeitos, segundo Cadick; Schellpfeffer e Nietzel (2000), inserem-se le-
ves sensações de formigamento, violentas contrações musculares, arritmia cardíaca e danos
aos tecidos. Danos aos tecidos geralmente são provocados por duas grandes causas: as quei-
maduras e os danos as paredes celulares.
37
Segundo estes autores:
geralmente as queimaduras provocadas pelos efeitos térmicos da corrente ocorrem no inte-
rior do corpo humano e, por esta razão a maioria das queimaduras por choque elétrico
tendem a ser do terceiro grau. Isto implica na destruição dos centros de desenvolvimento,
ao mesmo tempo em que órgãos vitais internos do corpo humano podem ser severamente
afetados se estiverem envolvidos.
pesquisas realizadas pelo Eletric Power Research Institute - EPRI tem demonstrado que a
ação dos campos elétricos originados pela tensões elétricas provocam o alargamento dos
poros celulares. Este efeito é denominado de eletroporação e favorece a destruição da cé-
lula devido ao fluxo livre de íons que se estabelece através da membrana celular, quando
submetidas a campos elétricos de elevada intensidade.
3.2.2 Fatores que influenciam na gravidade do choque elétrico
Para Cadick; Schellpfeffer e Nietzel (2000), a gravidade do choque elétrico depende de vários
fatores, as condições e respostas físicas da vítima, o percurso da corrente elétrica no corpo
humano, a duração, a intensidade e a freqüência da corrente elétrica e a grandeza da tensão
elétrica de conformidade com os sub-itens “a” a “f”.
a) Duração da corrente elétrica no corpo humano
Kindermann (2000) explicita que o dano provocado pelo choque elétrico no corpo huma-
no depende da sua duração. Assim, para uma mesma intensidade de corrente circulando
através do corpo, os danos provocados pelo choque elétrico e suas conseqüências serão
tanto maiores quanto mais tempo a corrente persistir através do corpo humano.
b) Intensidade da corrente
A intensidade da corrente que flui através do corpo humano obedece a lei de Ohm, ou se-
ja, a intensidade da corrente é diretamente proporcional a tensão aplicada e inversamente
proporcional a resistência elétrica. É descrita matematicamente pela seguinte expressão:
R
U
I =
(4.1)
38
onde:
I = intensidade da corrente em ampères (A)
U = tensão elétrica em volts (V)
R = resistência elétrica em Ohms ()
A figura 3.1 a seguir apresenta um trabalhador de pé em solo molhado, calçando sapatos
de couro e segurando um equipamento de utilização portátil (furadeira). A figura simula
um contado indireto do trabalhador com um circuito de 220 V devido a um curto-circuito
interno no equipamento. Um curto-circuito interno nestas condições estabelece os 220 V
através do corpo do trabalhador da mão aos pés fechando o circuito para a terra. Assim,
uma corrente é injetada através do corpo do trabalhador completando seu percurso de re-
torno a fonte através da terra. Neste caso, a intensidade de corrente total é dada pela se-
guinte expressão:
ba
RR
U
I
+
=
(4.2)
onde:
Ra = resistência do corpo do trabalhador considerando: a resistência de contato (mão
com a furadeira), resistência interna do corpo e a resistência dos sapatos em contado
com a terra.
Rb = resistência da terra. Geralmente esta resistência é relativamente muito pequena
quando comparada a Rb. Para os propósitos desta análise esta resistência pode ser des-
prezada tendo em vista que sua influência no valor da intensidade de corrente é insig-
nificante.
39
Figura 3.1 - Percurso da corrente elétrica
Fonte: Cadick, Capelli-Schellpfeffer & Neitzel (2000).
As tabelas 3.1 e 3.2 apresentam alguns valores típicos para os vários componentes da re-
sistência Ra.
Tabela 3.1 -Valores nominais de resistência para várias partes do corpo humano
Condição
Resistência*
Seco Molhado
Contato com os dedos
40 k - 1 M 4 - 15 k
Segurando fio com a mão
10 – 50 k 3 – 6 k
Agarrar com o polegar
10 – 30 k 2 – 5 k
Segurando com alicate
5 – 10 k 1 – 3 k
Toque com a palma da mão
3 – 8 k 1 – 2 k
Mão segurando punho de 1,5” (aparelho elétrico)
1 – 3 k 0,5 – 1,5 k
Duas mãos segurando punho de 1,5” (aparelho elétrico)
0,5 – 1,5 k 250 – 750
Mãos imersas -
200 – 500 k
Pés imersos -
100 – 300 k
Corpo humano, parte interna, excluindo a pele -
200 - 1000 k
* Dados interpolados
Fonte: Kouwemnoven e Milner. Permissão obtida de Ralph Lee (195-? apud CADICK; SCHEL-
LPFEFFER; NIETZEL, 2000).
40
Tabela 3.2 - Valores de resistências nominais de vários materiais
Material Resistência*
Solas ou luvas de borracha
> 20 M
Concreto seco de qualidade superior
1 – 5 M
Concreto seco de qualidade
0,2 – 1 M
Solado de couro, seco, incluindo o pé
0,1 – 0,5 M
Solado de couro, úmido, incluindo o pé
5 - 20 k
Concreto molhado de qualidade
1 – 5 k
* As resistências apresentadas são para 130 cm2 de áreas
Fonte: Ralph Lee (195-? apud CADICK; SCHELLPFEFFER; NIETZEL, 2000).
A partir dos valores típicos de resistência apresentados pelas tabelas 3.1 e 3.2 calcula-se a
resistência total do exemplo citado anteriormente:
R
t
= 500 (furadeira) + 200 (parte interna do corpo)
+ 5000 (sapatos úmidos) = 5700
logo, a intensidade de corrente que flui através do corpo do trabalhador é:
(mA) smiliampère6,38
5700
220
==I
A tabela 3.3 apresenta uma lista dos efeitos aproximados sobre o indivíduo humano para
diversas intensidades de corrente.
41
Tabela 3.3 - Resposta humana nominal às intensidades de correntes*
Corrente (60 Hz) Fenômeno fisiológico Sensação ou incidência de morte
< 1 mA Nenhum Imperceptível
1 mA Limiar de percepção Sensação de formigamento
1 – 3 mA Sensação dolorosa
3 – 10 mA
10 mA
Limiar de paralisação dos
braços
Não pode soltar as mãos. Se não solta a vítima
pode ser arremessada ou pode progredir para
elevação da corrente e ser fatal.
30 mA Paralisia respiratória Parada de respiração (freqüentemente fatal)
75 mA Limiar de fibrilação 0,5% Arritmia cardíaca (provavelmente fatal)
250 mA
Limite de fibrilação 99,5 %
(exposição 5 s)
4 A
Limiar de parada cardíaca
(sem fibrilação)
Parada cardíaca com duração da passagem da
corrente. Para pequenos choques , pode reiniciar
o batimento com a interrupção da corrente (ge-
ralmente a disfunção do coração não é fatal).
5 A Queimadura dos tecidos
Não fatal, a menos que órgãos vitais sejam
queimados.
*Estes dados são aproximados e baseados em uma pessoa de 68 kg. Informações relativas a níveis
elevados de correntes são obtidas de dados derivados de vítimas de acidentes.
Fonte: Ralph Lee (195-? apud CADICK; SCHELLPFEFFER; NIETZEL, 2000).
Uma corrente de 38,6 mA é suficiente para acarretar contração muscular impedindo o tra-
balhador de soltar o punho do equipamento podendo provocar os seguintes desdobramen-
tos:
neste caso o trabalhador permanecerá sendo submetido a choque elétrico até que haja a
interrupção da corrente ou que alguém livre o indivíduo do contato;
se não ocorrer rapidamente a interrupção do choque elétrico, o aquecimento do mate-
rial e dos tecidos produzirão uma queda na resistência elétrica e conseqüentemente um
acréscimo da intensidade de corrente. Segundo Cadick; Schellpfeffer e Nietzel (2000),
estes casos geralmente são fatais.
c) Natureza e freqüência da corrente elétrica
Cadick; Schellpfeffer e Nietzel (2000) ressaltam que nas altas freqüências os efeitos tér-
micos da corrente elétrica são menos significativos do que nas baixas freqüências. Para os
42
autores este fenômeno está relacionado ao crescimento do efeito capacitivo do fluxo de
corrente nas altas freqüências. Entretanto, segundo os autores, aparentemente há diferen-
ças entre as exposições em corrente contínua (0 Hz) e correntes alternadas de freqüência
industrial (50 a 60 Hz), isto é, quando correntes de iguais intensidades em CC e AC (valor
eficaz) são comparadas, parecem ocorrer duas situações distintas:
vítimas de choque elétrico em corrente connua têm indicado que elas sentiram maior
aquecimento do que àquelas que sofreram choques em corrente alternada. As razões
deste fenômeno não são totalmente conhecidas, contudo, ele tem sido relatado em
muitas ocasiões segundo os autores supracitados.
o limite de largar da corrente contínua é maior do que o limite de largar da corrente al-
ternada.
Apesar das diferenças entre os dois tipos de correntes os limites ou limiares de intensida-
des considerados para produção de idênticos efeitos no corpo humano são muito próxi-
mos. Logo, os indivíduos que trabalham em circuitos de corrente contínua (CC) ou em su-
as proximidades devem dispensar o mesmo respeito que dispensam quanto intervém ou
trabalham nas proximidades de circuitos de corrente alternada (CA). Isto inclui a utiliza-
ção apropriada de equipamentos de proteção e de procedimentos.
d) Percurso da corrente elétrica no corpo humano
O trajeto da corrente elétrica pelo corpo humano depende da posição de contato do indiví-
duo com o circuito, por conseguinte, podem ser os mais variados e são freqüentemente
imprevisíveis.
Apresentar-se-á a seguir alguns exemplos típicos de posições de contato e os trajetos mais
prováveis da corrente elétrica para cada caso.
i. De mão a mão: nesta posição de contato, a corrente entra por uma das mãos, percorre
o tórax atingindo a região dos centros nervosos que controlam a respiração, os múscu-
los do tórax e o coração e sai pela outra mão. Este é um percurso perigoso, figura 3.2.
43
Figura 3.2 - Trajeto da corrente elétrica em um choque de mão a mão
Fonte: Barkokébas et al. (2008)
ii. De uma das mãos aos pés: neste exemplo, o contato se dá através dos pés sobre a terra
e por uma das mãos com um condutor no qual existe uma diferença de potencial em
relação a terra, figura 3.3.
Figura 3.3 – Trajeto da corrente elétrica em um choque de mão a pé
Fonte: Barkokébas et al. (2008)
iii. De pé a pé: este é um caso em que o trajeto da corrente se dá de pé a pé, através das
pernas, coxas e abdômen. Para esta condição os efeitos da corrente são diferentes dos
anteriores, uma vez que o coração e centros nervosos não são atingidos, mas, é tam-
bém um percurso perigoso.
44
Figura 3.4 – Trajeto da corrente elétrica em um choque de mão a pé
Fonte: Barkokébas et al. (2008)
e) Tensão elétrica
Kindermann (2000) explicita que a tensão elétrica a que um indivíduo é submetido em um
choque elétrico é definida pela diferença de potencial da rede de energia ou do equipa-
mento elétrico em contato com ele. A tensão de um choque pode, teoricamente, variar de
zero até um valor máximo que corresponde a tensão nominal ou de trabalho da rede elétri-
ca. Por este princípio, o valor da tensão de contato em um choque elétrico será sempre
menor ou no máximo igual a tensão elétrica do circuito.
Por outro lado, a resistência elétrica do corpo humano diminui até um certo limite na me-
dida em que aumenta o valor da tensão de choque elétrico conforme as tabelas 3.4. e 3.5.
Tabela 3.4 - Resistência elétrica do corpo humano
BB1 Alta Condições
secas
Circunstância nas quais a pele esta seca (nenhuma umidade, inclusive
suor)
BB2 Normal Condições
úmidas
Passagem da corrente elétrica de uma mão à outra ou de uma mão a
um pé, com a pele úmida (suor), sendo a superfície de contato signi-
ficativa.
BB3 Baixa Condições
molhadas
Passagem da corrente elétrica entre as duas mãos e os dois pés, estan-
do as pessoas com os pés molhados a ponto de se poder desprezar a
resistência da pele e dos pés.
BB4 Muito
baixa
Condições
imersas
Pessoas imersas na água, por exemplo em banheiras e piscinas
Fonte: NBR 5410 (ABNT, 2004)
45
Tabela 3.5 - Medidas de resistência elétrica do corpo humano sob condições BB da pele
Tensões de choque
(V)
BB1 BB2 BB3 BB4
R ()
I (mA)
R ()
I (mA)
R ()
I (mA)
R ()
I (mA)
10 6.500 1,6 3.200 3,0 1.200 8,0 500 20,0
25 5.000 5,0 2.500 10,0 1.000 25,0 400 50,0
50 4.000 12,0 2.000 25,0 875 57,0 300 165,0
100 2.200 45,0 1.500 70,0 730 140,0 260 307,0
250 1.000 230,0 1.000 230,0 650 500,0 200 1.000,0
Fonte: IEC 479:1984 (195-? apud KINDERMANN, 2000)
Cadick; Schellpfeffer e Nietzel (2000) destacam que os traumas decorrentes das exposi-
ções a choques elétricos tendem a ser mais severos nas tensões mais elevadas em função
dos seguintes aspectos:
i. a pele, especificamente a parte da epiderme, dependendo das condições de exposição,
pode se constituir na principal barreira do corpo contra o ingresso da corrente elétrica,
tendo em vista que a epiderme é o único elemento do corpo humano capaz de oferecer
uma resistência elétrica significativa ao fluxo de corrente. No entanto, para tensões e-
létricas superiores a 400 volts, a pressão elétrica gerada pode ser suficiente para perfu-
rá-la criando condições favoráveis para que a intensidade de corrente cresça significa-
tivamente;
ii. quanto mais elevada for a tensão elétrica maior será a intensidade do campo elétrico,
mais grave será o efeito de eletroporação sobre as membradas celulares e, consequen-
temente, maior será a propensão de morte das células;
iii. para um determinado meio isolante na medida em que aumenta o valor da tensão elé-
trica aumenta também a pressão elétrica e a probabilidade de ocorrer a disrupção elé-
trica do meio. Assim, as altas tensões são mais propensas a produzirem arcos elétricos
principalmente no ar, neste caso, os traumas por choque elétrico geralmente são mais
perigosos em função das elevadas temperaturas inerentes aos arcos elétricos origina-
dos no ponto de contato com o condutor elétrico.
46
f) Condições orgânica do indivíduo
As condições físicas de um indivíduo exercem uma forte influência sobre a gravidade do
choque elétrico, isto é, para uma dada intensidade de corrente o trauma produzido é menor
para uma pessoa em boas condições físicas. No entanto, para um indivíduo que tenha al-
gum problema específico de saúde, como por exemplo, coração ou pulmão, estes órgãos
serão severamente afetados se submetidos a uma corrente de choque relativamente baixa.
Uma fibrilação ventiricular tem maior probabilidade de ocorrer em um coração doente do
que em um coração saudável.
3.2.3 Classificação do choque elétrico
De acordo com a RTP 05 (FUNDACENTRO, 2007), o choque elétrico pode ser classificado
em duas categorias, a saber:
a) Contato direto é aquele que ocorre quando há um contato físico com as partes energizadas
de um circuito ou instalação elétrica;
b) Contato indireto é aquele que ocorre por toque em partes metálicas e/ou elementos condu-
tores postos acidentalmente sob tensão.
Há ainda uma terceira modalidade de choque muito comum nas altas tensões que se caracteri-
za pelo seu poder destrutivo. Trata-se do choque elétrico por disrupção elétrica do ar que o-
corre quando um indivíduo se aproxima das partes energizadas (partes vivas) de um circuito
de alta tensão à distâncias inferiores as distâncias de segurança. Geralmente um choque nestas
condições também costuma ser referenciado como choque por arco elétrico.
3.2.4 O arco elétrico
3.2.4.1 Descrição
Quando a corrente elétrica flui através do que previamente era ar tem-se um arco elétrico, que
segundo Gili (2001), controlado ou não, se constitui numa importante fonte de calor. Cadick;
Schellpfeffer e Nietzel (2000) destaca que as temperaturas nas extremidades dos pontos gera-
dores do arco podem chegar aos 50.000 ºK (~ 50.000 ºC), ao passo que nos pontos mais afas-
tados das extremidades às temperaturas podem alcançar os 20.000 ºK (~20.000 ºC). Tempera-
47
turas dessa ordem, segundo o autor podem causar queimaduras fatais em distâncias de até 2,5
m ou mais.
Segundo Gili (2001), as dimensões de um arco elétrico variam, podendo ser por exemplo, na
baixa tensão, de vários centímetros ou decímetros e alcançar rapidamente temperaturas da
ordem de 7.000 ºK a 15.000 ºK.
3.2.4.2 Os mecanismos de formação
A formação do arco elétrico segundo Gili (2001) e Cadick; Schellpfeffer e Nietzel (2000)
pode ocorrer de diversas formas, a saber:
a) Sobretensões
O gradiente de potencial em um meio isolante é um fator determinante para formação do
arco, isto é, quando a tensão elétrica entre dois pontos supera a rigidez dielétrica do ar,
por exemplo, há a formação do arco elétrico. A deflagração deste fenômeno nos circuitos
elétricos geralmente ocorre por sobretensões de origem externa, as descargas atmosféri-
cas, ou de origem interna denominadas de sobretensões de manobra como as geradas pe-
las ondas de religamento ou desligamento dos circuitos.
Em um desligamento durante a abertura dos contatos através dos quais há um elevado
fluxo de corrente, o segundo ponto de contato está superaquecido e um arco é criado de-
vido a sobretensão gerada pelo efeito da auto-indução.
b) Falhas de isolamento
Uma das situações de maior gravidade nas instalações elétricas é a ocorrência de curto-
circuitos principalmente quando acompanhado de arco elétrico. Geralmente suas causas
estão relacionadas a falhas de isolamento produzidas por:
perfurações produzidas por superfícies pontiagudas ou cortantes;
agressões externas;
ruptura por esforços dinâmicos;
fricção continuada;
agressão térmica ou química;
agressão biológica;
48
desgaste devido as intempéries;
envelhecimento precoce ou fim da vida útil do material.
c) Ruptura dos condutores
O arco elétrico pode também se produzir no ponto de rompimento ou desconexão de con-
dutores energizados e/ou, em seguida, quando houver movimentação aleatória se entrar
em contato com outras partes vivas, com a terra ou com partes condutivas do entorno.
d) Ionização do ar
O superaquecimento do ar no entorno de um condutor devido a passagem de uma corren-
te excessiva pelo mesmo ou queima de materiais combustíveis sob as redes elétricas, io-
niza o ar tornando-o condutor, isto é, provoca a ruptura do meio isolante com a conse-
qüente formação do arco elétrico entre condutores ou entre o condutor e a terra.
e) Outros mecanismos de formação
Os arcos elétricos também podem ser formados nas seguintes situações:
quando ocorrem falhas em dispositivos de manobra ou proteção de circuitos elétricos;
quando ocorrem falhas no emprego de instrumentos de medição;
por contato acidental, no manuseio, de elementos condutivos com partes vivas de ins-
talações elétricas; e
por aproximação às partes vivas a distâncias inferiores as distâncias de segurança.
49
4 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUE ELÉTRICO
4.1 Princípios fundamentais da proteção contra choque elétrico
Considerando que a Norma Regulamentadora N0 10, NR 10 (MTE, 2008), determina que:
Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo,
incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção
das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximi-
dades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos
competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais ca-
bíveis. (MTE, 2008, NR 10, item 10.1.2, p.1).
As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, refor-
madas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança
e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por pro-
fissional autorizado, conforme dispõe esta NR. (MTE 2008, NR 10, item
10.4.1, p.4).
A NBR 5410 (ABNT, 2004), como norma técnica oficial e alinhada a NR 10 (MTE, 2008),
enuncia dois princípios que fundamentam as medidas de proteção contra choques elétricos e
que são pontos-chaves para o entendimento das regras, procedimentos e normas para efetiva-
ção do controle dos perigos inerentes ao manuseio, operação e intervenção em redes elétricas.
Os princípios enunciados são:
princípio 1: “partes vivas perigosas não devem ser acessíveis” e,
princípio 2: “massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em
condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as tornem aciden-
talmente vivas”.
A análise dos princípios supracitados sugere duas linhas de defesa destinadas a assegurar a
proteção contra choques elétricos. Por sua vez a NBR 5410 (ABNT, 2004), estabelece que as
duas linhas de defesa compreendem em caráter geral dois tipos de proteção: a proteção básica
e a proteção supletiva.
4.1.1 Proteção básica e proteção supletiva
a) Proteção básica – meio destinado a impedir o contato com partes vivas perigosas em con-
dições normais, tais como:
isolação básica ou separação básica;
50
barreira ou invólucro;
limitação de tensão.
b) Proteção supletiva – meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos quando
massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente vivas, tais como:
isolação suplementar;
equipotencialização e seccionamento automático da alimentação;
separação elétrica.
4.1.2 Regra geral
A regra geral da proteção contra choques elétricos, segundo a NBR 5410 (ABNT, 2004), é
que os princípios fundamentais anteriormente citados sejam assegurados, no mínimo, pela
implementação conjunta de proteção básica e de proteção supletiva. A consecução desta me-
dida pode ser obtida mediante combinação de meios independentes ou mediante aplicação de
uma medida capaz de prover ambas as proteções, simultaneamente.
4.2 Aterramento elétrico
4.2.1 Conceitos e definições
A grande maioria dos sistemas elétricos, seja de alta ou baixa tensão, está sempre associada a
sistemas de aterramento, no entanto por que a preferência pelos sistemas aterrados em lugar
dos não aterrados?
Segundo Moreno e Costa (entre 2002 e 2006) os sistemas elétricos não aterrados foram muito
populares na primeira metade do século 20, basicamente porque a maioria dos aparelhos elé-
tricos da época era acionado por motores e não paralisariam simplesmente por causa de um
curto-circuito fase-terra. Por outro lado, este tipo de sistema tem como característica a possi-
bilidade de energização acidental da carcaça metálica dos equipamentos a ele ligados em um
potencial mais elevado do que o da terra. Neste caso, uma pessoa ao tocar a carcaça do equi-
pamento ao mesmo tempo em que entra em contato com um componente aterrado da estrutura
da edificação, por exemplo, ficará em condições de choque.
51
Os sistemas aterrados passaram a ser os mais preferidos em lugar dos não aterrados pelos se-
guintes motivos:
oferece um caminho seguro, controlado e de baixa impedância em direção à terra para as
correntes impostas por descargas atmosféricas e surtos de manobra;
contribui significativamente para a melhoria da operação das redes elétricas;
incrementa substancialmente o nível de segurança para o pessoal e para instalação.
Os sistemas não aterrados ou aterrados por alta impedância, são utilizados na atualidade em
situações onde as características de proteção dos sistemas aterrados ainda não são suficientes
para garantir a segurança das pessoas ou instalação, como por exemplo, instalações elétricas
em salas cirúrgicas, sistemas de iluminação e ventilação em túneis rodoviários ou ferroviários,
equipamentos elétricos para uso no interior de certas áreas confinadas condutivas, dentre ou-
tras.
Para Visacro Filho (2002) “um aterramento elétrico consiste em uma ligação elétrica proposi-
tal de um sistema físico (elétrico, eletrônico ou corpos metálicos) ao solo.” É constituído basi-
camente dos seguintes componentes:
as conexões elétricas cuja função é proporcionar a ligação de um ou mais pontos do sis-
tema físico aos eletrodos de aterramento;
os eletrodos de aterramento que consiste em qualquer corpo metálico enterrado no solo e
sua função é proporcionar a conexão do sistema físico com o solo;
a terra que envolve os eletrodos.
Na utilização do aterramento elétrico como fator de segurança do pessoal algumas situações
típicas de contato indireto podem ser caracterizadas e, esta caracterização, segundo Visacro
Filho (2002), é geralmente empregada como parâmetro de referência nos projetos de aterra-
mento, a saber:
a) Tensão de toque
Máxima diferença de potencial que pode se manifestar durante um fluxo de corrente pelo
aterramento entre a mão e os pés de um indivíduo, eventualmente presente na região do
aterramento, e em contato com uma parte condutiva (metálica) acessível ligada aos seus
eletrodos. Medeiros Filho (1986) explicita que considera-se para fins de referência um
metro a distância entre os pés e a estrutura tocada.
52
A figura 4.1 mostra uma situação de “tensão de toque” a que seria submetida uma pessoa
ao tocar a estrutura no momento em que flui por ela uma corrente de falha para a terra.
Icc
Vt
Figura 4.1 – Tensão de toque
Fonte: Medeiros Filho (1986)
b) Tensão de passo
Máxima diferença de potencial que pode se manifestar durante um fluxo de corrente pelo
aterramento entre os pés de um indivíduo eventualmente presente na região do aterramen-
to. Segundo Medeiros Filho (1986) considera-se para fins de referência a distância entre
os pés como igual a um metro.
A figura 4.2 mostra uma situação de “tensão de passo” a que seria submetida uma pessoa
ao se aproximar da estrutura metálica na qual uma corrente de falta flui para a terra.
Icc
Vp
Figura 4.2 – Tensão de passo
Fonte: Medeiros Filho (1986)
53
c) Tensão transferida
Para Medeiros Filho (1986) a tensão transferida ou de transferência corresponde a uma si-
tuação particular da “tensão de toque”, isto é, trata-se da diferença de potencial que pode
se manifestar entre uma parte condutiva acessível aterrada e um ponto remoto (grande
distância da malha) da superfície da terra, no qual um indivíduo eventualmente presente
dele se liga eletricamente à parte condutiva por meio de um condutor.
Constitui-se no potencial a que ficaria submetida uma pessoa posicionada no terra remoto
(grande distância da malha) que tivesse contato com uma parte metálica eventualmente
conectada com os eletrodos do aterramento, durante o fluxo de corrente pelo mesmo.
A figura 4.3 mostra uma situação de “tensão transferida” a que seria submetida uma pes-
soa posicionada a uma certa distância da estrutura metálica na qual uma corrente de falta
flui para a terra.
Icc
Vtr
Figura 4.3 – Tensão transferida
Fonte: Medeiros Filho (1986)
d) Tensão de contato
É a tensão que pode aparecer acidentalmente, quando de uma falha de isola-
mento entre duas partes simultaneamente acessíveis.
Nota: Por convenção, este termo só é utilizado em relação à proteção contra
contatos indiretos. (ABNT/COBEI, 1986, p.380).
54
4.2.2 Resistência de terra
Em muitas aplicações a impedância de aterramento é referida como resistência de aterramen-
to. Isto ocorre porque nestes casos os efeitos das reatâncias indutivas e capacitivas são muito
reduzidos, o que ocorre normalmente para os fenômenos lentos ou de baixa freqüência, como
é o caso das instalações industriais nas quais se inserem as instalações de canteiros de obras.
Assim, nesta pesquisa, a impedância de aterramento é sempre referida como resistência de
aterramento ou de terra.
Para as instalações em que o aterramento com a equipotencialização das partes condutivas
acessíveis não pode ser assegurada de conformidade com as exigências normativas, como por
exemplo, nos canteiros de obras, o valor absoluto da resistência de terra passa a ser o fator
mais importante do aterramento, conforme explicita Moreno e Costa (entre 2002 e 2006).
A resistência de aterramento pode ser conceituada como:
A oposição oferecida pelo solo à injeção de uma corrente elétrica no mesmo,
através dos eletrodos, e se expressa quantitativamente por meio da relação
entre a tensão aplicada ao ateramento e a corrente resultante. (VISACRO
FILHO, 2002, p.13).
A NBR 5410 (ABNT, 2004) não traz nenhum valor máximo em particular para a resistência
de aterramento já que a filosofia adotada é a do aterramento com equipotencialização. No
entanto, a NBR 5419 (ABNT, 2001) recomenda um máximo de 10 para assegurar a redu-
ção dos gradientes de potenciais no solo, e da probabilidade de centelhamento perigoso duran-
te a dispersão da corrente de descarga atmosférica quando da utilização de eletrodos de ater-
ramento não naturais, ou seja, quando o aterramento não é o natural pelas fundações, que em
geral são as respectivas armaduras de aços das mesmas quando devidamente projetados para
esta função.
4.2.3 Sistemas de aterramento
De acordo com Visacro Filho (2002) o termo aterrar um sistema ou “aterramento de sistema”
está relacionado com a forma como um sistema elétrico é conectado ao solo, ao passo que
“sistema de aterramento” se relaciona ao sistema físico a ser aterrado, mais apropriadamente a
configuração elétrica do circuito de aterramento adotado.
55
Para caracterizar um sistema de aterramento a NBR 5410 (ABNT, 2004) utiliza uma codifica-
ção expressa pela seguinte simbologia:
a) primeira letra - Situação da alimentação em relação à terra:
T = um ponto diretamente aterrado;
I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um ponto a-
través de impedância;
b) segunda letra - Situação das massas da instalação elétrica em relação à terra:
T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de um
ponto da alimentação;
N = massas ligadas ao ponto da alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto
aterrado é normalmente o ponto neutro);
c) outras letras (eventuais) - Disposição do condutor neutro e do condutor de proteção:
S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos;
C = funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor (condutor
PEN).
Deste modo, de acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2004) os esquemas de aterramento podem
ser classificados como: TN, TT e IT. Por sua vez o esquema TN possui três variantes, TN-S,
TN-C e TN-C-S.
Em função das características temporárias e dinâmicas e da ação das influências externas, tais
como: umidade, poeiras, substâncias corrosivas ou poluentes, etc., sobre a instalação elétrica
dos canteiros de obras, as configurações de aterramento de maior interesse neste trabalho são
os esquemas TN-S e TT tendo em vista ser os que proporcionam as melhores condições de
assegurar a proteção contra choques elétricos considerando as características operacionais dos
canteiros de obras.
a) Sistema de aterramento TN-S
O esquema TN se caracteriza por possuir um ponto da alimentação diretamente aterrado,
no qual as massas são a ele ligadas através de condutores de proteção. A variante TN-S se
caracteriza por ser uma configuração na qual as funções de condutor neutro e de proteção
são asseguradas por condutores distintos (figura 4.4).
56
Neste tipo de sistema, o condutor de proteção tem a função de escoar as correntes de de-
feito entre fase e massa e, estas, por serem solidárias a aquele, podem eventualmente vir a
apresentar sobretensões devido à elevação do potencial do ponto neutro do sistema quan-
do este é percorrido por uma corrente de falha.
Figura 4.4 – Esquema TN – S
Fonte: adaptação da NBR 5410 (ABNT, 2004)
b) Sistema de aterramento TT
O esquema TT se caracteriza por possuir um ponto da alimentação diretamente aterrado,
enquanto que as massas da instalação são ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletrica-
mente distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação - figura 4.5.
Neste sistema, as massas não estão sujeitas ao aparecimento de sobretensões em decorrên-
cia das quedas de tensão no neutro, tanto para a corrente normal de desequilíbrio, quanto
para a corrente de falha entre fase e neutro.
O esquema TT é basicamente o sistema de aterramento padrão utilizado nos canteiros de
obras em Pernambuco. Por se tratar de um sistema já consagrado na construção civil no
qual a não propagação para as massas de eventuais sobretensões de neutro é um fator adi-
cional de segurança, este estudo será desenvolvido tendo o esquema TT como principal
sistema de referência seguido do TN-S.
F
1
F
2
F
3
N
PE
Aterramento da
alimentação
Massas Massas
57
Figura 4.5 – Esquema TT
Fonte: adaptação da NBR 5410 (ABNT, 2004) pelo autor
4.3 Seccionamento automático
A ABNT NBR 5456 (1987) define seccionar como sendo a ação de:
Desligar completamente um dispositivo elétrico ou circuito de outros dispo-
sitivos ou circuitos, provendo afastamentos adequados que assegurem condi-
ções de segurança especificadas em relação a quaisquer circuitos vivos”.
(ABNT, 1987, p. 101).
O seccionamento de um circuito ou dispositivo pode ser realizado manualmente por comando
local ou remoto ou por processos automáticos. Estes últimos geralmente incorporam disposi-
tivos de proteção instalados nos circuitos com o objetivo de garantir a segurança das pessoas,
dos bens e da própria instalação elétrica.
Dentre os vários temas que compõem o item 5 sobre proteção para garantir segurança da NBR
5410 (ABNT, 2004), destaca-se o subitem 5.1 referente a proteção contra choque elétrico,
foco deste estudo, no qual o seccionamento automático da alimentação tem importante aplica-
ção e pode ser realizados por dois tipos de dispositivos conforme for o caso, o dispositivo de
proteção a sobrecorrente e o dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual ou disposi-
tivo DR.
58
4.3.1 Dispositivo de proteção a sobrecorrente
Dentre os vários tipos de dispositivos de proteção a sobrecorrentes os disjuntores são de espe-
cial interesse dado o seu importante papel na proteção contra choques elétricos – figura 4.6.
Segundo o Guia EM da NBR 5410:1997 (2001) para o cumprimento do seu papel de proteção
contra sobrecorrentes os disjuntores podem operar por meio de disparadores térmicos, magné-
ticos e eletrônicos. No entanto, os disjuntores mais comumente utilizados em instalações vêm
equipados com disparadores cujo princípio de funcionamento baseia-se no efeito térmico e no
efeito magnético da corrente elétrica. O disparador térmico de um disjuntor de sobrecorrente,
atua nos casos de sobrecorrentes moderadas denominadas de correntes de sobrecarga, enquan-
to que o disparador magnético atua nos casos de sobrecorrentes elevadas ou correntes de cur-
to-circuito. Devido a estas características estes disjuntores são denominados de termomagné-
ticos.
a) Sistema de disparo térmico: é constituído de uma lâmina bimetálica cujos metais possuem
coeficientes de dilatação diferentes. Esta característica permite que a lâmina se curve sob
a ação do calor gerado pela passagem de uma corrente que ao superar o valor nominal do
circuito (sobrecorrente) aciona um sistema mecânico seccionando o circuito. Este sistema
apresenta característica de atuação de tempo inverso, ou seja, quanto maior for o valor da
sobrecorrente menor será o tempo de disparo.
b) Sistema de disparo magnético: caracteriza-se pela ação do campo magnético de uma bobi-
na que atrai um sistema mecânico articulado, seccionando o circuito quando a corrente
que passa pela mesma atinge um determinado valor. Este sistema apresenta característica
de atuação instantânea e alguns tipos de disjuntores oferecem sistema de disparo magnéti-
co ajustável.
c) Sistema de disparo eletrônico: caracteriza-se pela presença de dispositivos sensoriais e de
processamento de sinais que associados a um sistema de comando eletrônico e de atuação
aciona o sistema de disparo do disjuntor seccionando o circuito. Este tipo de disjuntor a-
presenta três tipos de zonas de tempo de atuação: zona de longo retardo, zona de curto re-
tardo e zona de atuação instantânea.
59
Para proteção contra choque elétrico o ponto de interesse nos disjuntores de sobrecorrentes é a
sua característica de atuação instantânea, que a IEC 60898 (195-? apud GUIA EM da NBR
5410:1997, 2001) define para o disparo instantâneo dos mesmos as seguintes faixas de atua-
ção:
B – de 3 I
n
a 5 I
n
;
C – de 5 I
n
a 10 I
n
;
D – de 10 I
n
a 20 I
n
;
onde:
I
n
= corrente nominal do disjuntor.
Figura 4.6 – Disjuntor de sobrecorrente
Fonte: SIEMENS (2003a)
4.3.2 Dispositivos a corrente diferencial-residual
A NBR 5410 (ABNT, 2004) define “dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual”
ou “dispositivo DR” a qualquer sistema de seccionamento mecânico automático destinado a
provocar a abertura de contatos quando a corrente diferencial residual atinge um valor dado
em condições especificadas, figura 4.7.
60
Figura 4.7 – Interruptor diferencial
Fonte: SIEMENS (2003b)
O princípio de funcionamento do dispositivo DR é baseado na aplicação da lei de Kirchoff
(184? apud FITZGERALD, HIGGINBOTHAM, GRABEL, 1981), cujo enunciado estabelece
que: a soma geométrica das correntes que entram em um nó é igual a soma geométrica das
correntes que saem do mesmo nó, ou seja, o somatório das correntes em um nó é igual a zero,
figura 4.8.
Decorre do princípio de Kirchoff que o somatório das correntes que ingressam em um circuito
é igual ao somatório das correntes que saem dele. Consequentemente, conforme afirma Sie-
mens (2003b), em um circuito ideal, isto é, sem defeito de isolamento seja na carga seja nos
condutores a corrente diferencial residual é zero. Porém, na prática, devido às imperfeições
dos materiais que são usados na fabricação da isolação dos condutores e das isolações básicas
dos aparelhos elétricos existe uma pequena corrente diferencial residual natural ou corrente de
fuga.
Figura 4.8 – Lei de Kirchoff: representação geométrica das correntes em um
nó e a identidade matemática correspondente
Fonte: o autor
I2
I1
I3
I4
I5
I6
I
t=I1+I2+I3+I4+I5+I6=0
61
Para o cumprimento de sua função o DR constitui-se de um transformador toroidal através do
qual passa todos os condutores vivos do circuito, figura 4.9. Cada condutor vivo que atravessa
o toróide, segundo Siemens (2003b), induz um fluxo magnético no mesmo cuja grandeza é
proporcional à intensidade da corrente e cujo sentido de deslocamento depende do sentido da
corrente. Deste modo, conclui-se que o fluxo resultante no toróide é proporcional à corrente
diferencial residual do circuito, e é utilizado pelo dispositivo DR para comandar um dispositi-
vo de interrupção que secciona a alimentação do sistema elétrico.
Quando o circuito se encontra em condições normais de operação a corrente diferencial resi-
dual é muito baixa ou praticamente nula, o dispositivo não atua. Porém, no caso de uma falta
a terra ou massa a corrente diferencial residual ou corrente de fuga para terra ou massa assu-
me um valor alto, de modo que o fluxo magnético resultante assume uma intensidade capaz
de sensibilizar o sistema de detecção e enviar um comando para o dispositivo de interrupção
que isola a parte com defeito, figura 4.9 e equação 4.1.
Figura 4.9 – Esquema elétrico representativo do princípio de funcionamen-
to do dispositivo DR
Fonte: Guia EM da NBR 5410:1997 (2001)
I
1
+ I
2
+ I
d
= 0 Eq. 4.1
Onde:
I
1
= corrente de entrada
62
I
2
= corrente de saída
I
d
= corrente diferencial residual ou corrente de fuga
Os dispositivos DR são classificados em função de uma corrente denominada I
n
que repre-
senta à “corrente diferencial residual nominal de atuação”, ou seja, acima deste valor o meca-
nismo de disparo do dispositivo DR é acionado. A corrente I
n
deverá levar em conta as cor-
rentes de fugas normais do circuito protegido.
Quanto a sensibilidade, a NBR 5410 (ABNT, 2004) classifica os dispositivos DR em disposi-
tivos de alta sensibilidade e de baixa sensibilidade. Os primeiros correspondem aos dispositi-
vos cuja corrente residual de disparo é igual ou inferior 30 mA, enquanto que os de baixa sen-
sibilidade correspondem aos dispositivos com correntes de disparo superiores a 30 mA.
4.4 Aplicação da proteção supletiva
A NBR 5410 (ABNT, 2004), conforme já descrito anteriormente, exige o provimento conjun-
to na instalação elétrica de proteção básica e proteção supletiva como meio de assegurar a
proteção contra choque elétrico.
Com relação à proteção supletiva, a respectiva NBR 5410 no item 5.1.2.2.2, define que esta
deve ser assegurada, conjuntamente, por equipotencialização e seccionamento automático da
alimentação, e complementa:
A equipotencialização e o seccionamento automático da alimentação se
completam, de forma indissociável, porque quando a equipotencialidade não
é suficiente para impedir o aparecimento de tensões perigosas, entra em ação
o recurso do seccionamento automático, promovendo o desligamento do cir-
cuito em que se manifesta a tensão de contato perigosa. (ABNT, 2004, nota
1, p. 36).
Dentre os possíveis modos de provimento desta medida, apenas dois são de especial interesse
uma vez que estão diretamente relacionados aos esquemas de aterramento considerados como
referência neste estudo, a saber: equipotencialização e seccionamento automático da alimen-
tação no esquema TN-S e no esquema TT.
63
4.4.1 Equipotencialização
A partir da explicitação anterior e de acordo com Siemens (2003b), a equipotencialização é
uma medida que objetiva, em caso de energização acidental de massas ou partes condutivas
acessíveis, impedir o aparecimento de uma tensão de contato perigosa ou, se inevitável o seu
aparecimento, contribuir para que não se mantenha por um tempo que possa resultar em risco
de efeito fisiológico perigoso para as pessoas ou animais e, está baseada na atuação de um
dispositivo de corte automático que desconecte a instalação defeituosa quando puder circular
intensidades perigosas através de pessoas ou animais.
A NBR 5410 (ABNT, 2004) estabelece as prescrições que traduzem os princípios básicos da
equipotencialização aplicada à proteção contra choques elétricos, a saber:
Todas as massas de uma instalação devem estar ligadas a condutores de
proteção.
Em cada edificação deve ser realizada uma equipotencialização princi-
pal, e tantas equipotencializações suplementares quantas forem necessá-
rias.
Todas as massas da instalação situadas em uma mesma edificação de-
vem estar vinculadas à equipotencialização principal da edificação e,
dessa forma, a um mesmo e único eletrodo de aterramento, para fins de
proteção contra choques e/ou de compatibilidade eletromagnética.
Massas protegidas contra choques elétricos por um mesmo dispositivo,
dentro das regras de proteção por seccionamento automático da alimen-
tação, devem estar vinculadas a um mesmo eletrodo de aterramento.
Todo circuito deve dispor de condutor de proteção, em toda sua exten-
são.
Admite-se que os seguintes elementos sejam excluídos das eqüipotencia-
lizações:
a) suportes metálicos de isoladores de linhas aéreas fixados à edifica-
ção que estiverem fora da zona de alcance normal;
b) postes de concreto armado em que a armadura não é acessível;
c) massas que, por suas reduzidas dimensões (até aproximadamente 50
mm x 50 mm) ou por sua disposição, não possam ser agarradas ou
estabelecer contato significativo com parte do corpo humano, desde
que a ligação a um condutor de proteção seja difícil ou pouco confi-
ável.
Isto se aplica, por exemplo, a parafusos, pinos, placas de identifica-
ção e grampos de fixação de condutores. (ABNT, 2004, item
5.1.2.2.3, p. 36-37).
64
Cumprida a etapa de equipotencialização, o próximo passo, conforme exigência normativa,
para conclusão da implantação da proteção supletiva é a instalação do seccionamento automá-
tico da alimentação.
4.4.2 Seccionamento automático da alimentação
a) Requisitos gerais
Para que o princípio do seccionamento automático da alimentação esteja assegurado em
uma instalação “um dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimenta-
ção do circuito ou equipamento por ele protegido sempre que uma falta (entre parte viva e
massa ou entre parte viva e condutor de proteção) no circuito ou equipamento der origem
a uma tensão de contato superior ao valor pertinente da tensão de contato limite U
L
” – ta-
belas 4.1 a 4.4. (ABNT NBR 5410, 2004).
Tabela 4.1 - Valores da tensão de contato limite U
L
(V)
Natureza da corrente Situação 1 Situação 2 Situação 3
Alternada, 15 Hz – 1.000 Hz 50 25 12
Contínua sem ondulação
1)
120 60 30
1)
Uma tensão continua “sem ondulação” é convencionalmente definida como apre-
sentando uma taxa de ondulação não superior a 10% em valor eficaz; o valor de crista
máximo não deve ultrapassar 140 V, para um sistema em corrente continua sem on-
dulação com 120 V nominais, ou 70 V para um sistema em corrente continua sem
ondulação com 60 V nominais.
Fonte: NBR 5410 (ABNT, 2004) – Anexo C
Tabela 4.2 - Situações 1,2 e 3
Condição de influência externa Situação
BB1, BB2 Situação 1
BC1, BC2, BC3 Situação 1
BB3 Situação 2
BC4 Situação 2
BB4 Situação 3
Fonte: NBR 5410 (ABNT, 2004) - Anexo C
65
Tabela 4.3 - Resistência elétrica do corpo humano
Código Classificação Características Aplicações e exemplos
BB1 Alta Condições secas Circunstância nas quais a pele esta seca
(nenhuma umidade, inclusive suor)
BB2 Normal Condições úmi-
das
Passagem da corrente elétrica de uma
mão à outra ou de uma mão a um pé,
com a pele úmida de suor, sendo a su-
perfície de contato sendo significativa
BB3 Baixa Condições mo-
lhadas
Passagem da corrente elétrica entre as
duas mãos e os dois pés, estando as
pessoas com os pés molhados ao ponto
de se poder desprezar a resistência da
pele e dos pés
BB4 Muito baixa Condições imer-
sas
Pessoas imersas na água, por exemplo
em banheiras e piscinas
Fonte: NBR 5410 (ABNT, 2004) – Tabela 19
Tabela 4.4 - Contato com as pessoas com o potencial local
Código Classificação Características Aplicações e exemplos
BC1 Nulo Locais não-condutivos Locais cujo piso e paredes sejam isolan-
tes e que não possuam nenhum elemen-
to condutivo
BC2 Raro Em condições habituais,
as pessoas não estão em
contato com elementos
condutivos ou postadas
sobre superfícies condu-
tivas
Locais cujo piso e paredes sejam isolan-
tes, com elementos condutivos em pe-
quena quantidade ou de pequenas di-
mensões e de tal forma que a probabili-
dade de contato possa ser desprezada
BC3 Freqüente Pessoas em contato com
elementos condutivos
ou postadas sobre su-
perfícies condutivas
Locais cujo piso e paredes sejam condu-
tivos ou que possuem elementos condu-
tivos em quantidade ou de dimensões
consideráveis
BC4 Contínuo Pessoas em contatos
permanente com pare-
des metálicas e com
pequena possibilidade
de poder interromper o
contato
Locais como caldeiras ou vasos metáli-
cos, cujas dimensões sejam tais que as
pessoas que neles penetrem estejam
continuamente em contato com as pare-
des. A redução de liberdade de movi-
mentos das pessoas pode, por um lado,
impedi-las de romper voluntariamente o
contato e, por outro, aumentar os riscos
de contato involuntário
Fonte: NBR 5410 (ABNT, 2004) – Tabela 20
66
b) Esquema TN-S
Este esquema, conforme anteriormente explicitado, se caracteriza por possuir um ponto da
alimentação diretamente aterrado, geralmente o ponto neutro, cujas massas e partes con-
dutivas equipotencializadas são ligadas a esse ponto através de condutores de proteção
distintos do neutro da instalação.
De acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2004) as seguintes exigências devem ser cumpridas
para assegurar a proteção contra choques elétricos:
todas as massas e partes condutivas da instalação deverão estar equipotencializadas
e interligadas com o ponto da alimentação aterrado. A eqüipotencialização deve ú-
nica e geral e realizada por meio de condutores de proteção;
recomenda-se que os condutores de proteção sejam aterrados em tantos pontos
quanto possível;
no projeto e na montagem da instalação elétrica o dispositivo de proteção e a impe-
dância do circuito dimensionados devem ser tais que, na ocorrência em qualquer
ponto de uma falta (falha de isolamento) de impedância desprezível entre um con-
dutor de fase e o condutor de proteção ou uma massa, o seccionamento automático
se efetue em um tempo no máximo igual ao especificado na tabela 4.5. Esta pres-
crição será considerada atendida se a seguinte condição for satisfeita:
Z
s
. I
a
U
o
onde:
Z
s
- impedância, em ohms, do percurso da corrente de falta, composto da fonte,
do condutor vivo, até o ponto de ocorrência da falta, e do condutor de proteção,
do ponto de ocorrência da falta até a fonte, figura 4.10;
I
a
- corrente, em ampères, que assegura a atuação do dispositivo de proteção
num tempo no máximo igual ao especificado na tabela 4.5 ou a 5 s nos casos
específicados na respectiva NBR 5410.
U
o
- tensão nominal, em volts, entre fase e neutro ou fase e terra.
67
Tabela 4.5 - Tempos máximos de seccionamento no esquema TN
Fonte: NBR 5410 (ABNT, 2004) – Tabela 25
Figura 4.10 – Simulação simplificada de uma falta em esquema TN-S
Fonte: Siemens (2003b)
pode-se admitir um tempo de seccionamento superior aos preconizados na tabela
4.5, mas não superior a 5 s, para circuitos de distribuição, bem como para circuitos
terminais que alimentem unicamente equipamentos fixos, desde que uma falta no
circuito de distribuição, circuito terminal ou equipamento fixo (para os quais esteja
sendo considerado o tempo de seccionamento de até 5 s) não propague, para equi-
pamentos portáteis ou equipamentos móveis deslocados manualmente em funcio-
U
0
(V)
Tempo de seccionamento (s)
Situação 1
Situação 2
115, 120, 127 0,8 0,35
220 0,4 0,20
254 0,4 0,20
277 0,4 0,20
400 0,2 0,05
68
namento, ligados a outros circuitos terminais da instalação, uma tensão de contato
superior ao valor pertinente de U
L
;
admite-se que os tempos preconizados na situação 2 sejam àqueles válidos para a
situação 1 desde que sejam adotadas medidas compensatórias.
a tarefa de seccionar automaticamente o circuito objetivando visando a proteção
contra choques elétricos, pode ser confiada indistintamente por dispositivo de pro-
teção a sobrecorrente ou por dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual
(Dispositivo DR).
c) Esquema TT
Este esquema se caracteriza por possuir um ponto da alimentação diretamente aterrado,
estando as massas da instalação equipotencializadas e ligadas a eletrodos de aterramento
eletricamente distintos do eletrodo de aterramento da alimentação. Uma corrente de defei-
to fase-massa nesse caso, inclui a terra como condutor de retorno à fonte de alimentação,
figura 4.11. A intensidade da corrente de defeito nesta configuração elétrica reduz-se a um
valor menor do que a de um curto-circuito fase-neutro.
Figura 4.11 – Simulação simplificada de uma falta em esquema TT
Fonte: Siemens (2003b)
Devido a esta limitação da corrente de defeito, segundo Siemens (2003b), sua magnitude
não será grande o suficiente para sensibilizar na maioria das vezes os dispositivos tradi-
cionais de sobrecorrente. No caso, por exemplo, de detecção de baixas correntes de fuga,
que provoca uma degradação lenta dos isolantes, não é possível com esses dispositivos cu-
jo valor de funcionamento é muito elevado (muitas vezes sua corrente nominal).
69
Deste modo, de acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2004), no esquema TT não é permitido
que a proteção contra choques elétricos por seccionamento automático da alimentação seja
assegurada por dispositivos de proteção contra sobrecorrentes. É necessária a utilização de
dispositivos sensíveis à corrente diferencial devendo ser obedecida as seguintes prescri-
ções:
a tarefa de seccionar automaticamente o circuito visando a proteção contra choques e-
létricos, deverá obrigaotiramente ser confiada dispositivos de proteção a corrente di-
ferencial-residual (Dispositivo DR);
a seguinte condição deve ser atendida:
R
A
. I
n
= U
L
onde:
R
A
- soma das resistências, em ohms, do eletrodo de aterramento e dos condutores de
proteção das massas;
I
n
- corrente diferencial-residual nominal de disparo do dispositivo DR, em ampères;
UL - tensão de contato limite, em volts.
Obs.: as tensões de contato limite para diferentes situações, em função das influências
externas dominantes, são dadas na tabela 4.1. Quando, numa mesma instalação, hou-
ver massas em situações distintas (por exemplo, algumas massas sob influências ex-
ternas caracterizáveis como situação 1 e outras massas na situação 2) e vinculadas ao
mesmo eletrodo de aterramento, deve ser adotado o menor valor de U
L
.
4.5 Proteção adicional
Sempre que as condições associadas a medidas de proteção por equipotencialização e seccio-
namento automático da alimentação não puderem ser integralmente satisfeitas conforme ante-
riormente explicitado é obrigatório a incorporação de medidas de proteção adicionais à prote-
ção supletiva.
De acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2004), é importante ressaltar que as condições referen-
ciadas no parágrafo anterior correspondem àquelas em que haja maior risco de perda ou anu-
70
lação das medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no atendimento pleno das condi-
ções de segurança associadas a determinada medida de proteção e/ou, ainda, em situações ou
locais em que os perigos de choque elétrico são particularmente graves. Como exemplo de
medidas destinadas a conferir proteção adicional pode-se citar:
a equipotencialização suplementar; e
uso de proteção diferencial-residual de alta sensibilidade.
4.5.1 Requisitos da eqüipotencialização suplementar
Quando da utilização de equipotencialização suplementar os seguintes critérios devem ser
observados, segundo NBR 5410 (ABNT, 2004, p.48-49):
“[...] sua utilização não dispensa a necessidade de seccionamento da alimentação por ou-
tras razões [...];”
“[...] pode envolver toda a instalação, uma parte desta, um equipamento ou um local;”
“requisitos adicionais podem ser necessários para locais específicos [...] ou para outras
finalidades;”
“[...] deve abranger todos os elementos condutivos simultaneamente acessíveis, [...]. A
essa eqüipotencialização devem ser conectados os condutores de proteção de todos os e-
quipamentos, incluindo os condutores de proteção das tomadas de corrente;”
“nenhuma ligação visando eqüipotencialização ou aterramento, [...], pode ser usada como
alternativa aos condutores de proteção dos circuitos. [..] todo circucito deve dispor de
condutor de proteção, em toda sua extensão [...];”
se houver dúvida quanto a eficácia da eqüipotencialização suplementar a resistência R
deve ser verificada assegurando-se que atenda à seguinte condição:
R U
L
/ I
a
onde:
R – resistência elétrica entre qualquer massa e qualquer elemento condutivo
simultaneamente acessível pertencente ou não a instalação elétrica.
U
L
- tensão de contato limite, em volts:
- as tensões de contato limite, para diferentes situações, estão indica-
das na tabela 4.1.
71
I
a
- corrente de atuação do dispositivo de proteção, em ampères, corresponden-
do a:
- I
n
para dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual;
- I de atuação em 5 s para dispositivos a sobrecorrente.
4.5.2 Dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade
a) Requisitos gerais segundo a NBR 5410 (ABNT, 2004, p.49-50):
“o uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual com corrente dife-
rencial-residual nominal I
n
igual ou inferior a 30 mA é reconhecido como proteção
adicional contra choques elétricos.”
“a proteção adicional provida pelo uso de dispositivo diferencial-residual de alta sen-
sibilidade visa casos como os de falha de outros meios de proteção e de descuido ou
imprudência do usuário.”
a utilização de DR de alta sensibilidade é uma proteção adicional que não dispensa sob
quaisquer hipóteses o emprego das medidas de proteção básica e proteção supletiva e
ou outras exigência normativas integrantes da respectiva NBR.
b) Casos em que o uso de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade como prote-
ção adicional é obrigatório.
Para a NBR 5410 (ABNT, 2004), independentemente do sistema de aterramento adotado,
a proteção adicional por dispositivos a corrente diferencial-residual com I
n
igual ou infe-
rior a 30 mA é obrigatória nos seguintes circuitos:
que alimentem a pontos de utilização situados em banheiros que contenham banheiras
ou chuveiros;
das tomadas de corrente instaladas em áreas externas à edificação;
das tomadas de corrente instaladas em áreas internas que possam vir a servir a equi-
pamentos no exterior;
de locais de habitação, cujos pontos de utilização estejam localizados em copas, cozi-
nhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências internas molhadas
em uso normal ou sujeitas a lavagens;
de edificações não-residenciais, cujos pontos de tomada estejam localizados em copas,
cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e, no geral, em áreas internas molha-
das em uso normal ou sujeitas a lavagens.
72
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
De acordo com as considerações de Gil (1991 apud SILVA, 2004) esta pesquisa apresenta os
requisitos de pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa, na medida em que envolve levan-
tamento e revisão bibliográfica; entrevistas com profissionais especializados e que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; bem como levantamento e análise estrutu-
rada de dados em situações reais, para constatação, descrição e aprofundamento qualitativo do
problema estudado objetivando torná-lo explícito e construir soluções.
São apresentados neste capítulo, a metodologia do trabalho investigativo que foi desenvolvido
em quatro fases, a saber: revisão das normas nacionais e internacionais, definição dos critérios
de análise das instalações elétricas; pesquisa de campo e análise de dados e recomendações.
5.1 Revisão bibliográfica
A pesquisa bibliográfica contemplou uma revisão das seguintes normas nacionais e interna-
cionais sobre proteção contra choque elétrico:
legislação brasileira sobre Segurança e Saúde Ocupacional relacionada a canteiros de
obras e instalações elétricas notadamente a NR 10 (MTE, 2008), NR 18 (MTE, 2008); 05
(FUNDACENTRO, 2007) e NBR 5410 (ABNT, 2004);
legislação internacional sobre instalações elétricas: norma da IEC sobre instalações elé-
tricas, Guía Técnica de Aplicación al Reglamento Electrotécnico de Baja Tensión do
MITyC e Instrucciones Técnicas Complementarias del Reglamento Electrotécnico de Ba-
ja Tensión: Protección contra los contactos directos e indirectos - ITC-BT-24 do MCyT.
5.2 Definição dos critérios de análise das instalações elétricas
Inicialmente, foi realizada uma análise do conteúdo das normas em três etapas. Na primeira
foram identificados e avaliados os itens direta ou indiretamente relacionados à proteção contra
choques elétricos existentes nas NR 10, NR 18, RTP 05 e NBR 5410. Em seguida, foram
classificados por norma de acordo com sua natureza e/ou momento de aplicação
5
. Cumpre

5
Momentodeaplicação:oequipamentodeproteçãoindividual,porexemplo,éumamedidadecontroleaplicávelemfases
oumomentosespecíficos, enquantoqueaacessibilidadeé umamedida decontrolee prevençãoquedeveestarpresente
emquaisquerdasfasesdainstalação.
73
salientar que não há uma obrigatoriedade de identidade entre as denominações classificatórias
dos itens com as denominações ou capítulos relativos a proteção contra choques elétricos a-
presentados nas respectivas normas de origem. As denominações foram escolhidas tendo em
vista à delimitação do tema e a determinação dos critérios ou itens de verificação das instala-
ções elétricas.
A segunda etapa compreendeu a definição de seis grupos de caracterização de segurança nos
quais foram agrupados de acordo a sua natureza, os itens normativos integrantes das classifi-
cações adotadas, que estejam relacionados com a qualidade da instalação elétrica em termos
de: seleção e montagem de componentes, construção e desempenho operacional das instala-
ções, que, se submetidos a não-conformidades afetariam a segurança do trabalhador.
À terceira etapa coube a análise comparativa dos itens normativos que integram os grupos de
caracterizarão, dos quais foram selecionados os mais apropriados a referenciar a elaboração
dos critérios de verificação das instalações elétricas dos canteiros de obras. Como resultado,
foi estruturado um quadro geral, no qual, para cada grupo de caracterização com os respecti-
vos itens normativos de referências, foram elaborados os critérios de verificação de instala-
ções elétricas. Este último, por sua vez, representa a matéria-prima para elaboração do proto-
colo de verificação de campo apresentado no apêndice A. Este protocolo apresenta os critérios
de verificação de instalações elétricas de canteiros de obras.
A fim de adequar fielmente o protocolo aos objetivos da pesquisa e facilitar a coleta dos da-
dos, foi feita uma aplicação prática preliminar do mesmo que também serviu como parte do
treinamento dos bolsistas envolvidos na coleta de dados.
Para viabilizar a eficiência da avaliação em campo, a versão final do protocolo utilizada nas
visitas aos canteiros de obras foi subdividida em cinco partes, a saber: quadro de distribuição
principal, quadro de distribuição secundário e/ou local, linhas elétricas, máquinas e equipa-
mentos e documentação e outros (ver Apêndice A). Além do preenchimento da lista de verifi-
cação, também foram realizados entrevistas com profissionais especializados e registros foto-
gráficos das condições das instalações, com as devidas autorizações das “empresas” visitadas
conforme Barkokébas et al. (2007).
74
5.3 Pesquisa de campo
A pesquisa de campo se realizou entre maio de 2006 a abril de 2007 como parte integrante de
projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) financiado pela CELPE e no contexto do proje-
to de pesquisa financiado pelo FINEP, cujos resultados estão em fase de publicação.
O universo amostral determinado para a pesquisa em questão foram as instalações elétricas
temporárias de baixa tensão de 66 canteiros de obras dos processos construtivos das edifica-
ções de cunho habitacional e/ou comercial no âmbito da Região Metropolitana do Recife -
RMR. Os 66 canteiros de obras foram escolhidos aleatoriamente entre 47 diferentes construto-
ras, representativamente de pequeno, médio e de grande porte, que estavam cadastradas na
base do banco de dados do Sinduscon/PE, de 2006/2007. Teve-se a preocupação de distribuir
as obras dentre os diversos bairros da região. O quadro 6.1 explicita o número de obras visita-
das de acordo com o bairro do empreendimento em construção.
Quadro 5.1– Número de obras por bairro
Bairro Qtde de obras Bairro Qtde de obras
Rosarinho 4 Casa Amarela 6
Candeias 1 Tamarineira 1
Boa Viagem 23 Setúbal 2
Casa Forte 5 Encruzilhada 1
Piedade 2 Macaxeira 1
Madalena 1 Santo Antônio 1
Graças 2 Espinheiro 3
Torre 3 Ilha do Retiro 1
Pina 3 Aflitos 4
Parnamirim 1 Jaqueira 1
TOTAL 66
Fonte: Barkokébas et al. (2007)
A coleta de dados nos canteiros de obras foi realizada entre maio de 2006 a abril de 2007,
com a ajuda de 4 bolsistas que foram precisamente treinados para a aplicação dos protocolos.
Especial cuidado foi tomado para que as visitas fossem feitas com a presença do eletricista,
engenheiro ou técnico de segurança da obra, a fim de se preservar a segurança do bolsista,
bem como também de se conseguir informações apuradas.
75
As empresas escolhidas foram previamente contatadas no intuito de se garantir a coleta de
dados. Após essa etapa de coleta, os dados foram inseridos e armazenados a partir do gerenci-
ador de banco de dados Access.
5.4 Análise dos dados e recomendações
Os dados coletados em campo nos 66 canteiros foram inseridos e organizados em um sistema
de registro de dados elaborado no Access, que é um banco de dados relacional em linguagem
SQL, que permite ao usuário de maneira simples a entrada e modelagem dos dados, suas fer-
ramentas facilitam a digitação dos dados, bem como a realização de pesquisas parametrizadas.
Posteriormente, utilizando-se o Excell e o gerenciador de banco de dados Access, os dados
foram analisados e os resultados obtidos foram apresentados no capítulo 7, isto é: a identifica-
ção e caracterização das não conformidades das instalações. Uma planilha final com o resumo
de todos os dados colhidos foi elaborada e se encontra apresentada no apêndice B.
No capítulo 8 são apresentadas as considerações e conclusões sobre a pesquisa, bem como as
recomendações para adequação das instalações elétricas às exigências normativas.
76
6 CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DOS CAN-
TEIROS DE OBRAS
6.1 Definição dos grupos de caracterização
Considerando que, dentre o universo de medidas de controle e sistemas preventivos, esta pes-
quisa trata daquelas relacionadas à construção e montagem das redes elétricas e destinadas a
assegurar a proteção das pessoas contra choques elétricos nas fases de manutenção e operação
destas instalações, neste capítulo foram elaborados os grupos de caracterização de sistemas de
segurança e realizada a análise comparativa entre as normas NR 10, NR 18, NBR 5410 e RTP
05, de onde desta última se elaborou os critérios de verificação e análise das instalações elé-
tricas dos canteiros e, em seguida, as proposições para adequação das instalações.
À criação dos grupos de caracterização foi precedida de uma análise preliminar das normas
com o objetivo de selecionar e classificar em cada uma delas os itens relativos a proteção con-
tra choques elétricos, quadro 6.1.
As diversidades, similaridades e lacunas existentes, assim como o significativo número de
itens de segurança e grupos de classificação gerados neste primeiro momento, mostrou ser
inviável à elaboração imediata dos critérios de verificação a partir de uma única norma ou do
grupo de normas. Deste modo, surgiu a necessidade de realizar uma análise comparativa entre
elas.
Para que a análise comparativa fosse realizada com eficiência e eficácia verificou-se a neces-
sidade de reduzir e melhor homogeinizar as informações, assim decidiu-se que os itens de
proteção contra choques elétricos relacionados especificamente com a qualidade das instala-
ções elétricas seriam selecionados e sediados em grupos mais representativos do tema pesqui-
sado e, se possível, em um número menor de grupos que os obtidos na primeira classificação.
A análise comparativa teve como objetivo determinar dentre os itens de proteção contra cho-
ques elétricos relacionados a qualidade das instalações àqueles passivos de verificação por
inspeção visual em campo e, nos casos de similaridade, foi utilizado como critério de escolha
77
as descrições que melhor evidenciavam os critérios de verificação das instalações elétricas
dos canteiros de obras.
Quadro 6.1 – Classificação dos itens de segurança relacionados à proteção contra
choques elétricos segundo a sua natureza e/ou fase de aplicação.
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
1. Objetivo e cam-
po de aplicação
1. Objetivo e campo
de aplicação
1. Objetivo e campo
de aplicação
1. Objetivo e campo de
aplicação
2. Medidas de
controle
2. Princípios funda-
mentais da proteção
contra choques elé-
tricos
2. Princípios funda-
mentais da prote-
ção contra choques
elétricos
2. Princípios funda-
mentais da proteção
contra choques elé-
tricos
3. Medidas de
proteção coleti-
va
3. Proteção adicional 3. Segurança nas
instalações elétri-
cas desenergizadas
4. Seleção e instalação
dos componentes
4. Medidas de
proteção indivi-
dual
4. Medidas gerais de
proteção
4. Segurança nas
instalações elétri-
cas energizadas
5. Identificação de
componentes
5. Segurança nos
projetos
5. Seleção e instalação
dos componentes
5. Segurança na
construção, mon-
tagem, operação e
manutenção
6. Documentação da
instalação
6. Segurança na
construção,
montagem, ope-
ração e manu-
tenção
a. Acessibilidade
6. Seleção e instala-
ção dos compo-
nentes
7. Seleção e instalação
de linhas elétricas
7. Segurança nas
instalações elé-
tricas desenergi-
zadas
b. Identificação de
componentes
7. Segurança nos
projetos
8. Dispositivos de
proteção, secciona-
mento e comando
8. Segurança nas
instalações elé-
tricas energiza-
das
c. Documentação da
instalação
8. Seleção e instala-
ção dos compo-
nentes
9. Dispositivos de
seccionamento e
comando
9. Trabalhos en-
volvendo alta
tensão
d. Seleção e instalação
de linhas elétricas
9. Habilitação, quali-
ficação, capacita-
ção e autorização
dos trabalhadores
10. Aterramento e equi-
potencialização
78
Os grupos de caracterização que foram criados para viabilização da análise comparativa são
seis cujas denominações e justificativas para sua existência desceve-se a seguir.
a) Grupo 1 (G1) - Princípios fundamentais da proteção contra choques elétricos
São princípios obrigatórios que fundamentam a segurança das pessoas contra choques elé-
tricos em instalações elétricas, sua escolha tem por objetivo verificar sua aplicação ou i-
nobservância nas instalações elétricas dos canteiros de obras por observação direta na ins-
talação:
de partes vivas acessíveis, inclusive, no interior de quadros de distribuição se houver;
da equipotencialização e aterramento das massas e partes condutivas acessíveis;
do seccionamento automático da alimentação.
As informações complementares sobre os princípios fundamentais são obtidas grupo 2 -
“Medidas Gerais de Proteção contra Choques Elétricos” e, foi separado deste, para poder
se destacar a implementação da filosofia de proteção contra choque elétrico da qualidade
de sua aplicação.
b) Grupo 2 (G2) - Medidas gerais de proteção contra choques elétricos
Conforme explicitado anteriormente este critério de classificação complementa as infor-
mações relativas à aplicação dos princípios fundamentais da proteção contra choques elé-
tricos. No entanto, o principal objetivo com a escolha deste critério de caracterização é ter
uma medida da qualidade da implementação da filosofia de proteção, verificando-se os
critérios de seleção de componentes e montagem da equipotencialização das partes condu-
tivas e massas, dos aterramentos elétricos e dos dispositivos de seccionamento automático
da alimentação.
c) Grupo 3 (G3) - Proteção adicional
Dentre as situações onde a proteção adicional é obrigatoriamente aplicável, ressalta-se à-
quelas em que existe risco de perda ou de insuficiência das medidas de proteção normal-
mente aplicáveis. Pelos princípios da NBR 5410 (ABNT, 2004), no caso de instalações e-
létricas de canteiros de obras, trata-se da proteção básica e da proteção supletiva.
79
Devido às características ambientais e dinâmicas dos canteiros de obras, geralmente as su-
as redes elétricas acompanham esta dinâmica alterando suas configurações de acordo com
o andamento da obra. Como resultado, as instalações podem assumir configurações a céu
aberto, parcialmente a céu aberto e tendem a se tornar praticamente abrigadas já no final
da obra. No entanto, dadas as características ambientais e das atividades desenvolvidas
nos canteiros de obras e, de acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2004), qualquer que seja a
dinâmica das configurações elétricas, elas se equivalem às condições referidas no item
4.5.2 desta pesquisa que trata das situações onde o uso do DR de alta sensibilidade é obri-
gatório.
A utilização da água em diversas etapas do processo produtivo, as precipitações pluviomé-
tricas e o encharcamento do solo na estação chuvosa comprometem a proteção básica e
supletiva normalmente aplicáveis, na medida em que o manuseio e acessibilidade dos in-
divíduos às partes das instalações possa ocorrer sob condições adversas, isto é, úmidas ou
molhadas. Deste modo, a proteção adicional tende a ser um item obrigatório nas instala-
ções elétricas dos canteiros de obras, justificando a escolha deste como critério de verifi-
cação de conformidade das instalações elétricas.
d) Grupo 4 (G4) - Segurança na operação e manutenção
Na fase de operação, bem como nas intervenções de manutenção ou ampliação da rede e-
létrica, a segurança das pessoas envolvidas, tais como, o usuário da instalação, o especia-
lista da manutenção elétrica ou mecânica, dentre outros, só pode ser assegurada se deter-
minadas exigências normativas de construção e montagem da instalação elétrica forem a-
tendidas, como as condições para adoção do aterramento temporário e montagem dos
condutores das linhas elétricas, por exemplo. Com base nestas considerações este item foi
escolhido com o objetivo de verificar a presença dos elementos de segurança operacional,
assim como daqueles que viabilizam a implementação das condições de segurança para as
ações de intervenção que interajam direta ou indiretamente com a rede elétrica.
e) Grupo 5 (G5) - Sinalização indicativa e de advertência
A sinalização indicativa e de advertência de uma rede elétrica é uma exigência normativa
que deve ser atendida durante a construção, montagem ou alteração na configuração das
instalações elétricas. Sua função é desempenhar um papel preventivo e de orientação na
fase operacional, assim como nos momentos de intervenção nos canteiros em que haja in-
80
teração direta ou indireta com a rede elétrica. Por este princípio, a sinalização é um dos e-
lementos de segurança para todos os envolvidos nos processos produtivos dos canteiros de
obras, que poderia ser contemplada na abordagem do item anterior sobre segurança da
montagem e operação da instalação elétrica. No entanto, em função da sua diversidade de
aplicação e de ser um elemento básico de segurança pessoal e da própria instalação, este
critério foi criado com o objetivo de se ter um diagnóstico da segurança informacional das
instalações.
f) Grupo 6 (G6) - Acessibilidade e iluminação
Boas condições de acessibilidade e de iluminação são pré-requisitos de segurança e de
qualidade das instalações elétricas e compreendem o elenco das exigências normativas.
No aspecto da segurança do trabalho, isto se justifica, não só pelo aspecto ergonômico en-
volvido, como também pelo fato de que a viabilidade de grande parte das medidas de se-
gurança tem como premissas básicas boas condições de acessibilidade e de iluminação,
sem as quais àquelas perderiam seu valor. A título de ilustração pode-se ressaltar situações
comumente encontradas, como por exemplo, motor-bomba cujo acionamento obriga o in-
divíduo a se postar de joelhos tornando sem efeito a isolação dos EPI, ou ainda, dificulda-
des na execução de ações em quadros elétricos por deficiência de iluminação ou de aces-
sibilidade.
Portanto, a escolha deste critério visa avaliar as condições de iluminação e acessibilidade
das instalações dos canteiros de obras com o objetivo de propor, se necessário, medidas
que assegurem a viabilidade das medidas de segurança sob sua dependência.
Cumpre salientar que na denominação destes critérios de classificação não houve o compro-
metimento de manter denominações de capítulos, seções ou sub-seções normativas. As deno-
minações foram estabelecidas com o propósito de facilitar a identificação e delimitação dos
conjuntos de critérios mais apropriados para análise das instalações elétricas dos canteiros de
obras após a análise comparativa entre as normas.
81
6.2 Análise comparativa das normas e definição dos critérios de análise.
Esta etapa compreende uma análise comparativa entre os itens normativos de referência que
integram os grupos de caraterização adotados, selecionando-se dentre eles os mais apropria-
dos à análise e caracterização das instalações elétricas dos canteiros de obras, sendo elaborado
em seguida um quadro geral, onde, para cada grupo de caracterização juntamente com os res-
pectivos itens de referências normativas selecionados, descreve-se os critérios de verificação
de instalações elétricas.
a) Grupo 1 - Princípios fundamentais da proteção contra choques elétricos
Quadro 6.2 – Descrição das referências normativas do grupo 1
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
10.4.1 - As instalações
elétricas devem ser
construídas, montadas,
operadas, reformadas,
ampliadas, reparadas e
inspecionadas de forma
a garantir a segurança e
a saúde dos trabalhado-
res e dos usuários, e
serem supervisionadas
por profissional autori-
zado, conforme dispõe
esta NR.
5.1.1.1 - Princípio funda-
mental da proteção contra
choques elétricos
a. Partes vivas perigosas
não devem ser acessí-
veis.
18.21.3 - É
proibida a exis-
tência de partes
vivas expostas
de circuitos e
equipamentos
elétricos.
3.1 - Proteção contra con-
tatos diretos
Os trabalhadores devem
ser protegidos contra os
perigos que possam resul-
tar de um contato com
partes vivas da instalação
...
b. Massas ou partes con-
dutivas acessíveis não
devem oferecer perigo,
seja em condições nor-
mais, seja, em particu-
lar, em caso de alguma
falha que as tornem a-
cidentalmente vivas.
3.2 - Proteção contra con-
tatos indiretos
Os trabalhadores devem
ser protegidos contra os
perigos que possam resul-
tar de um contato com
massas colocadas aciden-
talmente sob tensão...
No tocante aos princípios fundamentais de proteção, observa-se que a NR 10 mantém seu
caráter geral, ao passo que as demais especificam o princípio a ser adotado na instalação vi-
sando proteção contra choques elétricos. No caso da NR 18 a especificação abrange apenas o
princípio da proteção contra contato direto. No entanto, para efeito de critérios de referência,
serão adotados os princípios da NBR 5410 porque correspondem aos principais princípios
adotados na pesquisa como fundamentação teórica da proteção contra choques elétricos.
82
b) Grupo 2 - Medidas gerais de proteção contra choques elétricos
Quadro 6.3 – Descrição das referências normativas do grupo 2
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
10.4.1 - As instalações
elétricas devem ser
construídas, montadas,
operadas, reformadas,
ampliadas, reparadas e
inspecionadas de for-
ma a garantir a segu-
rança e a saúde dos
trabalhadores e dos
usuários, e serem su-
pervisionadas por pro-
fissional autorizado,
conforme dispõe esta
NR.
5.1.1.2 - Regra geral
A regra geral da prote-
ção contra choques elé-
tricos é que o princípio
fundamental enunciado
seja assegurado, no mí-
nimo, pelo provimento
conjunto de proteção
básica e de proteção
supletiva.
-
a) Proteção básica:
isolação básica, se-
paração elétrica,
barreira, invólucro e
limitação de tensão.
- 3.1 - Proteção contra
contato direto: isolação
das partes vivas, suple-
mentar, barreiras ou
invólucros, obstáculos e
colocação fora de alcan-
ce
a) Proteção supletiva:
equipotencialização
e seccionamento au-
tomático da alimen-
tação, isolação su-
plementar e separa-
ção elétrica
- 3.2 - Proteção contra
contatos indiretos: dis-
juntor ou fusível rápido,
dispositivo à corrente
diferencial - DR.
Neste item, exceto pela NR 18, as demais normas traduzem na forma de medidas gerais de
proteção os princípios fundamentais norteadores da proteção contra choques elétricos. Pode-
se notar ainda que a natureza da especificidade das medidas lhes confere aplicação exclusiva
ás instalações elétricas. Neste caso, tanto as medidas da RTP 05 quanto as da NBR 5410 apre-
sentam condições efetivas de verificação em campo. No entanto, como as medidas da NBR
5410 são normativas e no seu conjunto alcançam maior abrangência serão adotadas como
critérios de referência.
83
c) Grupo 3 - Proteção adicional
Quadro 6.4 – Descrição das referências normativas do grupo 3
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
5.1.3.1 - Eqüipotencialização suplementar
A eqüipotencialização suplementar
deve ser realizada sempre que as condi-
ções associadas à medida de proteção
por eqüipotencialização e seccionamen-
to automático da alimentação não pude-
rem ser integralmente satisfeitas.
- -
A eqüipotencialização suplementar
deve abranger todos os elementos con-
dutivos simultaneamente acessíveis, se-
jam massas de equipamentos fixos, se-
jam elementos condutivos da edificação
ou de suas utilidades, incluindo as ar-
maduras do concreto armado. A essa
eqüipotencialização devem ser conecta-
dos os condutores de proteção de todos
os equipamentos, incluindo os conduto-
res de proteção das tomadas de corren-
te.
-
5.1.3.2 - Uso de dispositivo diferencial-
residual de alta sensibilidade
circuitos que sirvam a pontos de utiliza-
ção situados em locais contendo banhei-
ra ou chuveiro;
3.2.2 – Esquema de aterramento TT
O esquema de aterramento utilizado
em canteiros de obras é o TT. Nesse
esquema de aterramento .. , provido
de uma proteção complementar a
ser instalado nas derivações da
instalação (circuitos terminais),
utilizando dispositivo à corrente
diferencial-residual (DR) para a
proteção contra contatos indiretos
por seccionamento automático.
circuitos que alimentem tomadas de
corrente situadas em áreas externas à
edificação;
circuitos de tomadas de corrente situa-
das em áreas internas que possam vir a
alimentar equipamentos no exterior;
circuitos que, em locais de habitação,
sirvam a pontos de utilização situados
em cozinhas, copas-cozinhas, lavande-
rias, áreas de serviço, garagens e demais
dependências internas molhadas em uso
normal ou sujeitas a lavagens;
circuitos que, em edificações não-
residenciais, sirvam a pontos de tomada
situados em cozinhas, copas-cozinhas,
lavanderias, áreas de serviço, garagens
e, no geral, em áreas internas molhadas
em uso normal ou sujeitas a lavagens.
Neste caso apesar da NBR 5410 apresentar medidas relativas à proteção adicional contra cho-
ques elétricos de modo mais completo, a RTP 05 em termos das instalações elétricas dos can-
84
teiros de obras é específica em determinar a localização da instalação do dispositivo DR, sem
no entanto especificar a sensibilidade do dispositivo. Assim, serão adotadas como critério de
referência para análise das instalações elétricas dos canteiros de obras o conteúdo das duas
normas.
d) Grupo 4 - Segurança na operação e manutenção
Quadro 6.5 – Descrição das referências normativas do grupo 4
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
10.5.1 - Somente serão
consideradas desenergi-
zadas as instalações
elétricas liberadas para
trabalho, mediante os
procedimentos apropri-
ados, obedecida a se-
qüência abaixo:
a) seccionamento;
b) impedimento de
reenergização;
c) constatação da
ausência de tensão
d) instalação de ater-
ramento temporá-
rio com equipoten-
cialização dos con-
dutores dos circui-
tos.
e) proteção dos ele-
mentos energiza-
dos existentes na
zona controlada;
f) instalação da sina-
lização de impedi-
mento de reenergi-
zação.
5.6.3 - Seccionamento
Devem ser previstas
medidas adequadas
para impedir a energi-
zação inadvertida de
qualquer equipamento,
inclusive durante a
manutenção mecânica:
18.21.2 - Somente
podem ser realizados
serviços nas instalações
quando o circuito elé-
trico não estiver ener-
gizado.
4.1 - Os materiais em-
pregados na construção
dos quadros devem ser
incombustíveis e resis-
tentes à corrosão.
4.1.3a - Quando da
manutenção das insta-
lações elétricas, deve
ser impedida a energi-
zação acidental do
circuito através de
dispositivos de segu-
rança adequados.
a) travamento do
dispositivo de sec-
cionamento com
cadeado;
18.21.2.1 - Quando não
for possível desligar o
circuito elétrico, o
serviço somente poderá
ser executado após
terem sido adotadas as
medidas de proteção
complementares, sendo
obrigatório o uso de
ferramentas apropria-
das e equipamentos de
proteção individual.
18.21.18 - Os quadros
gerais de distribuição
devem ser mantidos
trancados, sendo seus
circuitos identificados.
4.1.3b - É recomendá-
vel dotar os quadros de
distribuição de cadea-
dos, estando a chave
sob responsabilidade
do eletricista que reali-
za o reparo na instala-
ção, bem como a utili-
zação de sinalização
indicativa da execução
do trabalho.
4.2 - As chaves elétri-
cas blindadas e os
disjuntores devem ser
dotados de cadeados ou
dispositivos que permi-
tam o acesso somente
de trabalhadores auto-
rizados.
b) afixação de placas
de advertência;
c) instalação em
local ou em invó-
lucro fechado a
chave.
d) as partes vivas
podem ser curto-
circuitadas e ater-
radas.
-
6.5.4 - Conjuntos de
proteção, manobra e
comando ou quadros
de distribuição.
NOTA Os quadros de
distribuição são consi-
derados como conjun-
tos de proteção, mano-
- -
85
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
bra e comando
6.5.4.3 - Os conjuntos
devem ser especifica-
dos, montados e insta-
lados atendendo-se às
prescrições de segu-
rança da proteção con-
tra choques elétricos ...
6.5.4.4 - O grau de
proteção do conjunto
deve ser compatível
com as influências
externas previstas.
-
6.2 – Seleção e instala-
ção de linhas elétricas
6.2.9.1 – Proteção
contra influências
externas
A proteção contra
influências externas
conferida pela maneira
de instalar deve ser
assegurada de maneira
contínua
-
4.3 – Instalações elétri-
cas aéreas
a) Quando a distribui-
ção de energia for
aérea, os condutores
deverão estar correta-
mente fixados nos
postes, exclusivamente
através de elementos
isolantes elétricos, tais
como isoladores, em
altura que não acarrete
riscos de contato com
pessoas, máquinas e
equipamentos.
b) Não é recomendável
dispor os condutores
elétricos sobre superfí-
cies ou locais que pos-
sam provocar desgaste
ou ruptura do seu iso-
lamento, assim como
em locais encharcados
ou úmidos.
c) Quando houver
riscos de contato, a
fiação deverá estar
devidamente isolada
por eletrodutos, fixados
de forma adequada na
edificação e correta-
mente dimensionados
em função do número
de fios e cabos no seu
interior.
6.2.10.3 – Os conduto-
res de um mesmo cir-
cuito, incluindo o con-
dutor de proteção,
devem estar nas pro-
ximidades imediatas
uns dos outros.
6.2.10.4 – Quando
forem usados conduto-
res em paralelo, eles
devem ser reunidos em
tantos grupos quantos
forem os condutores
em paralelo, cada gru-
po contendo um con-
dutor de cada fase ou
polaridade. Os condu-
tores de cada grupo
devem estar instalados
nas proximidades ime-
diatas uns dos outros.
-
6.2.11.7 – Linhas sobre
isoladores e 6.2.11.8 –
Linhas aéreas externas
As linhas aéreas sobre
isoladores devem:
a. estar instaladas fora
- -
86
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
de alcance;
b. ser em condutores
isolados ou cabos
multiplexados resis-
tentes às intempé-
ries;
c. ser montadas sobre
postes ou estruturas
Neste caso, todas as normas apresentam itens relativos a segurança contidas no âmbito de
delimitação da pesquisa e de interesse para o processo de verificação da instalação. Deste mo-
do, salvo os casos em que não ocorrem redundância dos itens entre as normas, serão adotados
os itens de referência que apresentem os melhores indicadores para elaboração dos critérios de
verificação das instalações. Assim, os itens a considerar são os seguintes: NR 10 - 10.5.1 d,
NBR 5410 - 5.6.3, 6.2.9.1, 6.2.10.3, 6.2.10.4, 6.2.11.7 e 6.2.11.8, 6.5.4.3 e 6.5.4.4, NR 18 –
18.21.18 e RTP 05 – 4.1.3b, 4.2., 4.3b e 4.3c.
e) Grupo 5 - Sinalização indicativa e de advertência
Quadro 6.6 – Descrição das referências normativas do grupo 5
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
10.10.1 - Nas instala-
ções e serviços em
eletricidade deve ser
adotada sinalização
adequada de segurança,
destinada à advertência
e à identificação, obe-
decendo ao disposto na
NR-26 - Sinalização de
Segurança, de forma a
atender, dentre outras,
as situações a seguir:
a) identificação de
circuitos elétricos;
b) travamentos e
bloqueios de dispo-
sitivos e sistemas
de manobra e co-
mandos;
c) restrições e impe-
dimentos de aces-
5.6.3.2 Devem ser previstas
medidas adequadas para impe-
dir a energização inadvertida
de qualquer equipamento:
...
afixação de placas de ad-
vertência;
...
18.21.18 -.Os
quadros gerais de
distribuição de-
vem ser mantidos
trancados, sendo
seus circuitos
identificados.
4.1 - Os quadros de
distribuição devem
ter sinalização de
advertência, alertan-
do sobre os riscos
presentes naquele
local.
6.1.5 - Identificação dos com-
ponentes
6.1.5.1 - Generalidades
Placas, etiquetas e outros meios
adequados de identificação
devem permitir identificar a
finalidade dos dispositivos de
comando, manobra e/ou prote-
ção, a menos que não exista
nenhuma possibilidade de
confusão.
4.1.3 - Quando da
manutenção das
instalações elétricas
[...] é recomendável
[...] a utilização de
sinalização indicati-
va da execução do
trabalho.
87
so;
d) delimitações de
áreas;
e) sinalização de
áreas de circulação,
de vias públicas, de
veículos e de mo-
vimentação de car-
gas;
f) sinalização de
impedimento de
energização; e
g) identificação de
equipamento ou
circuito impedido.
6.1.5.2 - Linhas elétricas
As linhas elétricas devem ser
dispostas ou marcadas de modo
a permitir sua identificação
quando da realização de verifi-
cações, ensaios, reparos ou
modificações na instalação.
6.1.5.3 - Condutores
Qualquer condutor isolado,
cabo unipolar ou veia de cabo
multipolar utilizado como
condutor deve ser identificado
conforme essa função.
Em caso de identificação por
cor, deve ser usada a cor azul-
clara para o condutor neutro,
verde ou verde-amarelo para o
de proteção e na fase qualquer
outra cor que não seja as ante-
riores.
- 4.3a - Quando não
for possível guardar
distância segura
entre trabalhador ou
máquina e a rede
energizada, deverão
[...], bem como
haver sinalização
informando a exis-
tência de riscos
naquele local.
4.3b - Se a instala-
ção elétrica for sub-
terrânea, [...]. Nos
locais da passagem
da fiação subterrâ-
nea, deve haver
sinalização indicati-
va.
6.1.5.4 - Dispositivos de prote-
ção
Os dispositivos de proteção
devem ser dispostos e identifi-
cados de forma que seja fácil
reconhecer os respectivos cir-
cuitos protegidos.
- 6.5.4 – Conjuntos de proteção,
manobra e comando (quadros
de distribuição)
6.5.4.9 Todos os componentes
de um conjunto devem ser
identificados, e de tal forma
que a correspondência entre
componente e respectivo cir-
cuito possa ser prontamente
reconhecida. Essa identificação
deve ser legível, indelével,
posicionada de forma a evitar
qualquer risco de confusão e,
além disso, corresponder à
notação adotada no projeto
(esquemas e demais documen-
tos).
- -
Observa-se que no contexto da NR 10 a sinalização de segurança está classificada em duas
modalidades: a de advertência e a de identificação, ao mesmo tempo em que estabelece as
situações a serem atendidas, enquanto que a NBR 5410 e RTP 05 descreve os critérios de si-
nalização para àquelas situações indicadas pela NR 10. Com relação a NR 18, esta apresenta
uma abordagem muito modesta sobre o tema. Deste modo como a sinalização de segurança é
uma das medidas mais importantes na proteção contra choques elétricos e parte delas são ine-
rentes às instalações elétricas, serão considerados como critérios de referência para verifica-
88
ção das instalações em canteiros de obras os seguintes itens: NBR 5410 – 6.1.5 completo e
6.5.4.9 e RTP 05 – 4.1 e 4.3a.
f) Grupo 6 - Acessibilidade e iluminação
Quadro 6.7 – Descrição das referências normativas do grupo 6
ITEM DA
NR 10 NBR 5410 NR 18 RTP 05
10.3.10 - Os projetos
devem assegurar que as
instalações proporcio-
nem aos trabalhadores
iluminação adequada e
uma posição de trabalho
segura, de acordo com a
NR 17 - Ergonomia.
6.1.4 Acessibilidade
Os componentes, inclusive as
linhas elétricas, devem ser
dispostos de modo a facilitar
sua operação, inspeção, manu-
tenção e o acesso a suas cone-
xões. O acesso não deve ser
significativamente reduzido
pela montagem dos compo-
nentes em invólucros ou com-
partimentos.
6.5.4.8 Os conjuntos, em espe-
cial os quadros de distribuição,
devem ser instalados em local
de fácil acesso e ser providos
de identificação do lado exter-
no, legível e não facilmente
removível.
- 4.5 – Iluminação provisória.
Os circuitos de iluminação
provisória serão ligados
aos quadros terminais de
distribuição.
A altura da fiação deve ser
de no mínimo 2,50m a fim
de evitar contatos com
máquinas, equipamentos
ou pessoas. Se a fiação não
puder ser aérea, em altura
condizente com o trabalho,
a área de distribuição de-
verá ser isolada e correta-
mente sinalizada.
É proibida a ligação direta
de lâmpadas nos circuitos
de distribuição.
Nos locais onde houver
movimentação de materi-
ais, tais como escadas, á-
rea de corte e dobra de fer-
ragem, carpintaria etc., as
lâmpadas devem estar pro-
tegidas contra impacto por
luminárias adequadas.
Neste caso, a NR 18 não faz nenhuma referência ao tema. Já a RTP 05 trata dos critérios de
seleção e montagem da iluminação que estão contidos no âmbito de abrangência do grupo 4 -
Segurança na operação e manutenção, no que se refere a instalação de linhas elétricas. Deste
modo, serão considerados para efeito de verificação das instalações elétricas dos canteiros de
obras os itens da NR 10 e NBR 5410 por se apresentarem como os mais adequados aos propó-
sitos deste critério de classificação ou caracterização.
89
6.3 Especificação dos critérios de verificação
A análise comparativa demonstrou ser a NBR 5410 (ABNT, 2004) a norma mais rigorosa e
que mais apresenta itens dedicados à segurança intrínseca das instalações elétricas de interes-
se aos propósitos desta pesquisa, que complementados com os itens das demais normas, per-
mitiu a elaboração dos critérios de verificação das instalações elétricas.
No entanto, a especificação dos critérios de verificação exigiu inicialmente que fossem identi-
ficados os componentes e/ou locais da instalação associados a cada item normativo de refe-
rência. Em seguida, considerando-se as características ambientais e operacionais dos canteiros
de obras, foram verificados as exigências, possíveis ocorrências ou falhas relacionadas a tais
componentes para definição dos itens de verificação.
Como resultado deste trabalho elaborou-se o quadro 6.8 a seguir, contendo todos os itens
normativos e critérios de verificação de interesse para diagnosticar as condições de segurança
do pessoal contra choques elétricos em instalações elétricas dos canteiros de obras.
Quadro 6.8 – Descrição dos critérios de verificação das condições de segurança para análise das
instalações elétricas de canteiros de obras
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
G1
Princípios fundamentais
da proteção contra cho-
ques elétricos
NBR 5410 5.1.1.1 - Princípio fun-
damental da proteção
contra choques elétricos
a. Partes vivas perigo-
sas não devem ser
acessíveis.
Verificar a existência de:
1 Partes vivas acessí-
veis em quadros elé-
tricos de distribuição.
2 Partes vivas acessí-
veis em linhas elétri-
cas.
3 Partes vivas acessí-
veis em máquinas e
equipamentos.
b. Massas ou partes
condutivas acessíveis
não devem oferecer
perigo, seja em con-
dições normais, seja,
em particular, em ca-
so de alguma falha
que as tornem aci-
dentalmente vivas.
Verificar a existência de:
4 Equipotencialização e
aterramento de partes
condutivas ou massas:
5 Seccionamento auto-
mático da alimenta-
ção.
90
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
G2
Medidas gerais de pro-
teção contra choques
elétricos
NBR 5410 5.1.1.2 - Regra geral
A regra geral da prote-
ção contra choques
elétricos é que o princí-
pio fundamental enun-
ciado seja assegurado,
no mínimo, pelo provi-
mento conjunto de pro-
teção básica e de prote-
ção supletiva:
a. Proteção básica:
isolação básica, se-
paração elétrica,
barreira, invólucro
e limitação de ten-
são.
1 Verificar a integridade
das partes isolantes.
2 Invólucro e anteparo
de proteção será aten-
dido no item referente
a quadro de distribui-
ção (conjunto de pro-
teção, manobra e co-
mando) no grupo se-
gurança na operação e
manutenção.
b. Proteção supletiva:
equipotencialização
e seccionamento
automático da ali-
mentação, isolação
suplementar e sepa-
ração elétrica
3 Verificar a conformi-
dade do seccionamen-
to automático da ali-
mentação: disjuntor
de sobrecorrente, fu-
síveis e dispositivos
DR.
4 Verificar a conformi-
dade da equipotencia-
lização e aterramento
do quadro de distribu-
ição.
5 Verificar a utilização
de condutores de du-
pla isolação/camada
nas linhas elétricas.
6 Verificar a conformi-
dade da equipotencia-
lização e aterramento
de partes condutivas
ou massas:
6.1 Conexão mas-
sa/terra via BEP
6.2 Conexão mas-
sa/eletrodo de terra
6.3 Comprimentos dos
eletrodos
6.4 Distância entre
eletrodos
6.5 Local de instalação
do eletrodo de terra
6.6 Especificação da
caixa de inspeção
6.7 Acessibilidade a
caixa de inspeção
6.8 Estado de conserva-
ção dos componen-
tes integrantes dos
itens 6.1 a 6.6.
91
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
G3
Proteção adicional
NBR 5410 5.1.3.1 - Eqüipotenciali-
zação suplementar
A eqüipotencialização
suplementar deve ser
realizada sempre que
as condições associa-
das à medida de pro-
teção por eqüipoten-
cialização e seccio-
namento automático
da alimentação não
puderem ser inte-
gralmente satisfeitas.
1 Verificar a existência
de elementos conduti-
vos simultaneamente
acessíveis sem equipo-
tencialização e/ou ater-
ramento.
A eqüipotencialização
suplementar deve a-
branger todos os ele-
mentos condutivos
simultaneamente a-
cessíveis, sejam mas-
sas de equipamentos
fixos, sejam elemen-
tos condutivos da edi-
ficação ou de suas uti-
lidades, incluindo as
armaduras do concre-
to armado. A essa e-
qüipotencialização
devem ser conectados
os condutores de pro-
teção de todos os e-
quipamentos, incluin-
do os condutores de
proteção das tomadas
de corrente.
2 Verificar se a equipo-
tencialização suple-
mentar interliga e a-
brange todos os ele-
mentos condutivos si-
multaneamente acessí-
veis.
5.1.3.2 - Uso de disposi-
tivo diferencial-residual
de alta sensibilidade em
circuitos:
que sirvam a pontos
de utilização situados
em locais contendo
banheira ou chuveiro;
que alimentem toma-
das de corrente situa-
das em áreas externas
à edificação;
de tomadas de corren-
te situadas em áreas
internas que possam
vir a alimentar equi-
pamentos no exterior;
que, em locais de
habitação, sirvam a
pontos de utilização
situados em cozinhas,
copas-cozinhas, la-
vanderias, áreas de
3 Verificar as condições
de exposição ambien-
tal (influências exter-
nas) das instalações:
3.1 Instalações a céu
aberto
3.2 Instalações ou partes
das instalações em
ambientes permanen-
temente, parcialmen-
te ou sistematica-
mente úmidos
3.3 Circuitos de tomadas
em áreas internas ou
cobertas que possam
alimentar equipa-
mentos em áreas ex-
ternas
4 Verificar a existência
do uso de DR e de sua
sensibilidade de atua-
ção (corrente de dispa-
ro).
92
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
serviço, garagens e
demais dependências
internas molhadas em
uso normal ou sujeitas
a lavagens;
que, em edificações
não-residenciais, sir-
vam a pontos de to-
mada situados em co-
zinhas, copas-
cozinhas, lavanderias,
áreas de serviço, ga-
ragens e, no geral, em
áreas internas molha-
das em uso normal ou
sujeitas a lavagens.
G4
Segurança na operação
e manutenção
NR 10 10.5.1d – Instalação de
aterramento temporário
com equipotencializa-
ção dos condutores dos
circuitos.
1 Verificar a existência
na instalação de condi-
ções para equipotenci-
alização dos conduto-
res de fase e adoção de
aterramento temporá-
rio.
NBR 5410 5.6.3 - Seccionamento
Devem ser previstas
medidas adequadas para
impedir a energização
inadvertida de qualquer
equipamento, inclusive
durante a manutenção
mecânica:
travamento do dispo-
sitivo de secciona-
mento com cadeado;
afixação de placas de
advertência;
instalação em local
ou em invólucro fe-
chado a chave.
as partes vivas podem
ser curto-circuitadas e
aterradas.
2 Verificar a existência
de sistema de impedi-
mento de reenergiza-
ção em:
2.1 Dispositivos de sec-
cionamento manual.
2.2 Dispositivos de sec-
cionamento automá-
tico.
2.3 Quadros elétricos de
distribuição.
RTP 05 4.1.3 - É recomendável
dotar os quadros de
distribuição de cadea-
dos, estando a chave sob
responsabilidade do
eletricista que realiza o
reparo na instalação,
bem como a utilização
de sinalização indicativa
da execução do traba-
lho.
93
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
RTP 05 4.1 - Os materiais em-
pregados na construção
dos quadros devem ser
incombustíveis e resis-
tentes à corrosão.
Verificar:
3 A natureza do material
empregado na confec-
ção dos quadros de
distribuição.
4 Se está protegido con-
tra intempéries ou ou-
tras influências exter-
nas.
5 Altura e qualidade da
montagem.
6 A existência de antepa-
ro de proteção contra o
acesso às partes vivas.
7 Se o quadro de distri-
buição possui grau de
proteção IP compatível
com as influências ex-
ternas do local.
8 A proteção básica e
supletiva (ver grupo
4).
NBR 5410 6.5.4 - Conjuntos de
proteção, manobra e
comando
NOTA Os quadros de
distribuição são consi-
derados como conjuntos
de proteção, manobra e
comando
6.5.4.3 - Os conjuntos
devem ser especifica-
dos, montados e instala-
dos atendendo-se às
prescrições de seguran-
ça da proteção contra
choques elétricos...
6.5.4.4 - O grau de
proteção do conjunto
deve ser compatível
com as influências ex-
ternas previstas.
NR 18 18.21.18 Os quadros
gerais de distribuição
devem ser mantidos
trancados, sendo seus
circuitos identificados.
9 Verificar se os quadros
de distribuição estão
trancados.
NBR 5410 6.2 – Seleção e instala-
ção de linhas elétricas
6.2.9.1 – Proteção con-
tra influências externas:
a proteção contra influ-
ências externas conferi-
da pela maneira de
instalar deve ser assegu-
rada de maneira contí-
nua.
10 Verificar se os condu-
tores das linhas elétri-
cas estão protegidos
contra intempéries ou
outras influências ex-
ternas, tais como: ve-
getação, rede elétrica
ou de telefonia de con-
cessionária, sacadas de
outras edificações, etc.
6.2.10.3 – Os conduto-
res de um mesmo cir-
cuito, incluindo o con-
dutor de proteção, de-
vem estar nas proximi-
dades imediatas uns dos
outros.
11 Verificar a organiza-
ção, montagem e dis-
posição dos condutores
de cada linha elétrica.
94
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
6.2.11.7 – Linhas sobre
isoladores e/ou 6.2.11.8
– Linhas aéreas exter-
nas.
As linhas aéreas sobre
isoladores devem:
a. estar instaladas fora
de alcance das pes-
soas, animais, veícu-
los, máquinas e e-
quipamentos;
b. ser em condutores
isolados ou cabos
multiplexados resis-
tentes às intempéries;
c. ser montadas sobre
postes ou estruturas.
Verificar na montagem
das linhas, se:
12 Estão fora de alcance.
13 Os condutores são
resistentes às intempé-
ries.
14 Estão montadas sobre
isoladores.
15 Estão montadas sobre
postes ou estruturas.
16 Os condutores não
estão lançados sobre
superfícies encharca-
das ou locais úmidos.
17 Os condutores não
estão lançados sobre
superfícies ou locais
que possam provocar
desgaste ou ruptura do
isolamento.
18 Os condutores isolados
estão lançados em ele-
trodutos no caso de
haver risco de contato.
RTP 05 4.3 – Instalações elétri-
cas aéreas
a) Não é recomendá-
vel dispor os con-
dutores elétricos
sobre superfícies ou
locais que possam
provocar desgaste
ou ruptura do seu
isolamento, assim
como em locais en-
charcados ou úmi-
dos.
b) Quando houver
riscos de contato, a
fiação deverá estar
devidamente isola-
da por eletrodutos,
fixados de forma
adequada na edifi-
cação e corretamen-
te dimensionados
em função do nú-
mero de fios e ca-
bos no seu interior.
RTP 05 4.2 - As chaves elétricas
blindadas e os disjunto-
res devem ser dotados
de cadeados ou disposi-
tivos que permitam o
acesso somente de tra-
balhadores autorizados.
Verificar a existência de:
19 Cadeados ou dispositi-
vos de impedimento de
acesso nas chaves
blindades.
20 Cadeados, dispositivos
de impedimento de re-
energização ou de a-
cesso aos disjuntores.
95
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
G5
Sinalização de advertên-
cia e indicativa
NBR 5410 6.1.5 - Identificação dos
componentes
6.1.5.1 - Generalidades
Placas, etiquetas e outros
meios adequados de
identificação devem
permitir identificar a
finalidade dos dispositi-
vos de comando, mano-
bra e/ou proteção, a
menos que não exista
nenhuma possibilidade
de confusão.
1 Verificar a existência
de placas, etiquetas e
outros meios adequa-
dos de identificação
de finalidade nos dis-
positivos de comando,
manobra e/ou prote-
ção.
6.1.5.4 - Dispositivos de
proteção
Os dispositivos de prote-
ção devem ser dispostos
e identificados de forma
que seja fácil reconhecer
os respectivos circuitos
protegidos.
6.1.5.2 - Linhas elétricas
As linhas elétricas de-
vem ser dispostas ou
marcadas de modo a
permitir sua identifica-
ção quando da realização
de verificações, ensaios,
reparos ou modificações
na instalação.
2 Verificar se as linhas
elétricas estão dispos-
tas e/ou marcadas de
modo a permitir sua
identificação.
6.1.5.3 - Condutores
Qualquer condutor iso-
lado, cabo unipolar ou
veia de cabo multipolar
utilizado como condutor
deve ser identificado
conforme essa função.
Em caso de identificação
por cor, deve ser usada a
cor azul-clara para o
condutor neutro, verde
ou verde-amarelo para o
de proteção e na fase
qualquer outra cor que
não seja as anteriores.
3 Verificar se os condu-
tores da instalação es-
tão identificados con-
forme sua função: fa-
se, neutro e proteção.
96
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
6.5.4 – Conjuntos de prote-
ção, manobra e comando
(quadros de distribuição)
6.5.4.9 Todos os componen-
tes de um conjunto devem
ser identificados, e de tal
forma que a correspondên-
cia entre componente e
respectivo circuito possa ser
prontamente reconhecida.
Essa identificação deve ser
legível, indelével, posicio-
nada de forma a evitar qual-
quer risco de confusão e,
além disso, corresponder à
notação adotada no projeto
(esquemas e demais docu-
mentos).
4 Verificar aa
existência e ade-
quação de sinali-
zação indicativa
e de correspon-
dência.
RTP 05 4.1 - Os quadros de distri-
buição devem ter sinaliza-
ção de advertência, alertan-
do sobre os riscos presentes
naquele local.
5 Verificar a exis-
tência de sinali-
zação de adver-
tência nos qua-
dros elétricos.
6 Verificar a exis-
tência de sinali-
zação de adver-
tência nas cha-
ves blindadas.
4.3a - Quando não for pos-
sível guardar distância segu-
ra entre trabalhador ou
máquina e a rede energiza-
da, deverão [...], bem como
haver sinalização informan-
do a existência de riscos
naquele local.
7 Verificar a exis-
tência de condi-
ções de exposi-
ção a partes vi-
vas ou a condu-
tores isolados de
linhas elétricas a
distâncias inferi-
ores às de segu-
rança.
4.3b - Se a instalação elétri-
ca for subterrânea, [...]. Nos
locais da passagem da fia-
ção subterrânea, deve haver
sinalização indicativa.
8 Verificar a exis-
tência de sinali-
zação nos locais
de passagem de
linhas elétricas
subterrâneas.
97
GRUPO DE
CARACTERIZAÇÃO
REFERÊNCIA NORMATIVA
CRITÉRIO DE
VERIFICAÇÃO
DENOMINAÇÃO ITEM
G6
Acessibilidade e ilumina-
ção
NR 10 10.3.10 - Os projetos devem
assegurar que as instalações
proporcionem aos trabalha-
dores iluminação adequada
e uma posição de trabalho
segura, de acordo com a NR
17 - Ergonomia.
1 Verificar a exis-
tência de condi-
ções precárias de
iluminação em
locais onde haja
a presença de
máquinas, linhas
elétricas, chaves,
disjuntores e
quadros elétri-
cos.
NBR 5410 6.1.4 Acessibilidade
Os componentes, inclusive
as linhas elétricas, devem
ser dispostos de modo a
facilitar sua operação, ins-
peção, manutenção e o
acesso a suas conexões. O
acesso não deve ser signifi-
cativamente reduzido pela
montagem dos componentes
em invólucros ou compar-
timentos.
Verificar a existên-
cia de condições
precárias de acesso:
2 As partes da
instalação.
3 Ao acionamento
de máquinas e
equipamentos.
6.5.4.8 Os conjuntos, em
especial os quadros de dis-
tribuição, devem ser insta-
lados em local de fácil aces-
so e ser providos de identi-
ficação do lado externo,
legível e não facilmente
removível.
Verificar a existên-
cia de condições
precárias de acesso:
4 Ao local dos
quadros elétricos
de distribuição.
G6.1 Aos compo-
nentes dos
quadros elé-
tricos de dis-
tribuição.
98
7 ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM CAN-
TEIROS DE OBRAS VISITADOS
Após a elaboração do protocolo e aplicação preliminar do mesmo para ajustes e verificação de
consistência aos objetivos da pesquisa, a operacionalização das visitas e inspeção das instala-
ções elétricas dos canteiros de obras foi iniciada. A coleta de dados nos 66 canteiros de obras
foi realizada no período de maio de 2006 a abril de 2007 como parte integrante de projeto de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) financiado pela CELPE e também pelo FINEP, coordena-
do pelo Prof. Béda Barkokébas Júnior intitulado Estudo dos Riscos Elétricos: Análise dos
Sistemas de Proteção de Acidentes com Terceiros na Região Metropolitana do Recife. Este
projeto contemplou duas linhas de pesquisa: residências e canteiros de obras e teve como ob-
jetivo caracterizar os sistemas de proteção e analisar as condições das instalações elétricas e
sua conformidade com as normas vigentes, visando controlar os riscos elétricos e proporcio-
nar a redução do número de acidentes nos lares e canteiros de obras da RMR. Seus resultados
encontram-se em fase de publicação.
Os dados levantados foram tabulados e classificados segundo os grupos de caracterização
conforme apresentado no apêndice B. No entanto para se obter uma visão mais apropriada do
conjunto e facilitar o processo de análise e avaliação dos problemas encontrados, a tabulação
dos dados está sendo apresentada em quadros resumos obedecendo a mesma estruturação ado-
tada para verificação em campo, exceto pelo item documentação e outros por não estar no
âmbito de abrangência da pesquisa:
Quadro de distribuição principal
Quadro de distribuição secundário ou local
Linhas elétricas
Máquinas e equipamentos
Assim, a partir dos dados apresentados no apêndice B elaborou-se os quadros 7.1 a 7.4 nos
quais os problemas encontrados aparecem juntamente com o percentual de canteiros onde
pelo menos ocorreu uma não conformidade ou não-existência do item de verificação.
99
7.1 Quadro de distribuição principal
Neste caso o universo considerado é de 63 canteiros, tendo em vista que os três restantes pos-
suíam apenas o quadro de distribuição principal, não sendo caracterizado, portanto, como não
conformidade.
Quadro 7.1 - Quadros de distribuição principal: resumo dos principais problemas encontrados
Grupo Item de verificação
Percentual de canteiros onde pelo menos houve
uma ocorrência de:
Conformidade
Não
conformidade
Não existência
N
o
(%) N
o
(%) N
o
(%)
G4
Arranjo físico dos con-
dutores internos
14 21,2 52 78,8 - -
G1 Partes vivas perigosas 15 22,7 51 77,3 - -
G4
Arranjo físico dos con-
dutores externos
16 24,2 50 75,8 - -
G5
Sinalização indicativa
de circuitos e equipa-
mentos
10 15,2 35 53,0 21 31,8
G6
Acessibilidade ao local
do quadro
33 50,0 33 50,0 - -
G4 Acessibilidade interna 31 49,2 32 50,8 - -
G4
Arranjo físico de dispo-
sitivos de proteção,
comando e controle
35 53,0 31 47,0 - -
G4
Anteparo de proteção
total
14 21,2 29 43,9 23 34,8
G2
Emendas e conexões
elétricas
40 61 26 39 - -
G4
Natureza do material
empregado na confec-
ção do quadro
36 54,5 25 37,9 - -
G2
Equipotencialização e
aterramento.
24 36,4 24 36,4 18 27,3
G4
Estado de conservação
de invólucro e compo-
nentes
43 65,2 23 34,8 - -
G4
Proteção contra intem-
péries
45 68,2 21 31,8 - -
G5
Sinalização de adver-
tência na porta do qua-
dro
25 37,9 18 27,3 23 34,8
G6 Altura de instalação 57 86,4 9 13,6 - -
G2
DR de baixa sensibili-
dade - até 300 mA (o-
brigatório na proteção
geral).
0 0 0 0 66 100,0
100
Os dados apresentados no quadro 7.1 que os itens de maior incidência de conformidades dos
quadros de distribuição principais são o estado de conservação, proteção contra intempéries e
altura da instalação com 65,2%, 68,2% e 86,4% respectivamente. No entanto, os dados tam-
bém revelam que no quadro de distribuição principal os itens que mais se destacam na amos-
tra de canteiros de obras com incidência de não-conformidades são: arranjo físico de conduto-
res internos e externos e exposição a partes vivas perigosas com 78,8%, 75,8% e 77,3% res-
pectivamente, seguido de sinalização indicativa de circuitos e equipamentos com 53%. Na
figura 7.1. mostra exemplo destas não-conformidades, na qual também se destaca a ausência
do anteparo de proteção que responde por 43,9% de não-conformidades e 34,8% de casos de
inexistência.
Figura 7.1 – Quadro de distribuição principal com parte vivas expostas, má organização dos con-
dutores e sem indicação dos circuitos.
Dos canteiros visitados 50% deles apresentaram dificuldades de acesso ao local de instalação
dos quadros de distribuição principais, devido em grande parte a utilização do local de entor-
no à instalação como depósito de resíduos de demolição e construção e/ou local de armaze-
namento de matéria-prima da obra, e 27,3% apresentam não-conformidades relacionadas à
sinalização de advertência contra 34,8% de casos de inexistência, conforme figuras 7.2 e 7.3.
101
Figura 7.2 – Quadro de distribuição principal com dificuldade de acesso e em mau estado de
conservação.
Figura 7.3 – Quadros principais com acessibilidade bloqueada, sem e com sinalização de ad-
vertência não-conforme e desprotegido contra intempéries.
102
Destaca-se ainda que 100% dos canteiros não apresentam dispositivos DR instalados imedia-
tamente a jusante do disjuntor de sobrecorrente principal para proteção contra choque elétrico
no trecho da linha elétrica compreendida entre o quadro de distribuição principal e quadro de
distribuição secundário. Ressalta-se aqui que a proteção contra choque elétrico, de acordo
com a NBR 5410 (ABNT, 2004) não pode ser assegurada por disjuntor de sobrecorrente nos
esquemas de aterramento do tipo TT, figura 7.4.
Figura 7.4 – Quadros principais sem o DR e com não-conformidades relacionadas a sinaliza-
ção, instalação, invólucro e acessibilidade.
103
7.2 Quadro de distribuição secundário ou local
Quadro 7.2 - Quadros de distribuição secundário ou local: resumo dos principais problemas en-
contrados
Grupo Item de verificação
Percentual de canteiros onde pelo menos houve
uma ocorrência de:
Conformidade
Não
conformidade
Não existência
N
o
(%) N
o
(%) N
o
(%)
G1 Partes vivas perigosas 6 9,5 57 90,5
G4
Arranjo físico dos con-
dutores externos
6 9,5 57 90,5
G4
Natureza do material
empregado na confec-
ção do quadro
5 7,9 57 90,5
G4
Arranjo físico dos con-
dutores internos
7 11,1 56 88,9
G4
Arranjo físico de dispo-
sitivos de proteção,
comando e controle
9 14,3 54 85,7
G6
Acessibilidade ao local
do quadro
18 28,6 45 71,4
G2
Emendas e conexões
elétricas
25 40 38 60
G3
DR de alta sensibilidade
- 30mA (obrigatório em
áreas úmidas).
26 41 37 59
G4
Estado de conservação
de invólucro e compo-
nentes
28 44,4 35 55,6
G5
Sinalização indicativa
de circuitos e equipa-
mentos
2 3,2 34 54,0 27 42,9
G4
Anteparo de proteção
total
0 0,0 32 50,8 31 49,2
G2
Equipotencialização e
aterramento.
4 6,3 30 47,6 29 46,0
G4
Proteção contra intem-
péries
36 57,1 27 42,9
G4
Saturação e acessibili-
dade interna aos com-
ponentes
41 62,1 25 37,9
G5
Sinalização de adver-
tência na porta do qua-
dro
8 12,7 22 34,9 33 52,4
G6 Altura de instalação 51 81,0 12 19,0
104
Nos quadros de distribuição secundários dos 66 canteiros vistoriados destacam-se os números
de situações de conformidade dos fatores de segurança relacionados a altura da instalação, a
distribuição interna dos componentes e a proteção contra intempéries com 81%, 62,1% e
57,1% respectivamente. Destacam-se ainda o uso do dispositivo DR de alta sensibilidade em
100% dos casos contra 59% de não-conformidades detectadas, que na maior parte dos casos
está relacionada a arranjo físico de montagem.
Com relação as não-conformidades, os dados também revelam que no quadro de distribuição
secundário os itens que mais se destacam na amostra de canteiros de obras visitadas são os
seguintes: exposição a partes vivas perigosas, má organização e saturação dos espaços físicos
por dispositivos, por condutores internos e externos e uso de material combustível (madeira)
para confecção dos quadros, todos com índices superiores a 80%. As figuras 7.5 e 7.6 ilustram
a situação.
Cabe ressaltar o uso de fita isolante aplicada aos terminais dos disjuntores (figura 7.5) como
meio de impedir o acesso às partes vivas. Este é um exemplo de ação de compensação devido
a uma falha do sistema de gestão de segurança. Esta é uma condição não permitida tendo em
vista não atender às exigências normativas de segurança.
Figura 7.5 – Quadro de distribuição secundário com não-conformidades relacionadas a confecção
(madeira), a isolação de partes vivas e organização condutores e dispositivos
105
Figura 7.6 – Quadros de distribuição metálicos sem anteparos de proteção, com exposição a partes
vivas, má organização de componentes, saturação de espaço e má sinalização.
Logo em seguida destacam-se as não-conformidades relacionadas a acessibilidade ao quadro,
71,4%, geralmente por deposição de resíduos e/ou armazenamento de materiais nas imedia-
ções do local da instalação, figura 7.7.
Figura 7.7 – Quadros de distribuição sem condições de acessibilidade dentre outras não-
conformidades
106
Ainda com relação a acessibilidade, merece especial atenção os casos de quadros de distribui-
ção, que em função dos locais em que estão instalados, são alçados a categoria de ambientes
confinados reduzindo os mecanismos de defesa do trabalhador e de ação de restrição de danos
nas situações de emergência. Isto lhes confere uma gradação de risco bem superior àqueles
instalados em condições de conformidade e, não atende as dimensões mínimas exigidas pela
NBR 5410 para ambientes fechados destinados a instalação de conjunto de proteção, comando
e manobra. A figura 7.8 ilustra esta situação.
Figura 7.8 – Quadros de distribuição instalados em ambientes alçados a categoria de ambientes confi-
nados.
Merecem também destaque as emendas e conexões com 60% de não-conformidades, bem
como a sinalização indicativa e de advertência que, se somados os índices de não-
conformidades aos de não existência, em ambos os casos o total de irregularidades supera os
85%, figura 7.9. Neste contexto destacam-se ainda os anteparos de proteção e a equipotencia-
lização e aterramento cujo somatório individual de cada um superam os 90%.
107
Finalmente cumpre salientar que um dos aspectos relativos às não-conformidades da sinaliza-
ção indicativa dos circuitos refere-se a má qualidade dos meios utilizados ou arranjos realiza-
dos com esta função. Conforme determina a NBR 5410 (ABNT, 2004), a sinalização indicati-
va de componentes e/ou circuitos devem ser realizadas utilizando-se meios adequados e dura-
douros, tais como: placas, etiquetas ou outros meios indeléveis para identificar a finalidade
dos dispositivos e linhas elétricas, conforme exigência da NBR 5410. As figuras 7.5, 7.6 e 7.9
ilustram estas situações.
Figura 7.9 – Quadros elétricos com emendas e conexões malfeitas, sem anteparo de proteção e com
deficiência de sinalização indicativa.
108
7.3 Linhas elétricas
Quadro 7.3 – Linhas elétricas: resumo dos principais problemas encontrados
Grupo Item de verificação
Percentual de canteiros onde pelo menos houve
uma ocorrência de:
Conformidade
Não
conformidade
Não existência
N
o
(%) N
o
(%) N
o
(%)
G4 Sistema de impedimento
de reenergização
6 9,1 54 81,8 6 9,1
G4 Espaço de segurança 16 24 50 76
G4 Distância de segurança 18 27,3 48 72,7
G4 Proteção contra intem-
péries
17 25,8 48 72,7 1 1,5
G6 Acessibilidade das li-
nhas elétricas (presença
de materiais ou objetos
no entorno ou sob a
rede).
22 33 44 67
G4 Instalação de chave
blindada
16 25,4 42 66,7 5 7,9
G5 Sinalização indicativa
do condutor de proteção
25 37,9 41 62,1
G4 Seleção e montagem dos
suportes isolantes para
fixar os condutores.
8 12,1 37 56,1 21 31,8
G4 Instalação e montagem
da estrutura da rede
elétrica
35 53 31 47
G4 Estado de conservação
dos condutores e/ou
estruturas
35 53 31 47
G2 Emendas e conexões
elétricas
36 55 30 46
G5 Sinalização indicativa
das linhas elétricas
3 4,5 28 42,4 35 53,0
G5 Sinalização indicativa
do condutor neutro
49 74,2 17 25,8
G5 Sinalização indicativa
do condutor de fase
53 80,3 13 19,7
G4 Quanto ao emprego para
outros fins que não os
especificados
62 94 4 6
No caso das linhas elétricas destacam-se: o não uso dos condutores das redes para outros fins
que não os de transporte da energia elétrica, a conformidade na sinalização funcional dos con-
dutores de fase e de neutro, com índice de 94%, 80,3% e 74,2% de aprovação.
109
Com relação aos desvios normativos os dados levantados mostram que os aspectos de segu-
rança relacionados ao sistema de impedimento de reenergização de circuitos nos canteiros de
obras é o que detém a maior incidência de não conformidades, ou seja, 81,8%. As deficiências
apresentadas para efetivação do impedimento de reenergização quando do desligamento dos
circuitos, foram as seguintes: falta de cadeados para quadros de distribuição, inexistência de
travas ou cadeados para os dispositivos de interrupção, falta de condição na rede elétrica para
instalação de aterramento temporário e sinalização de impedimento de reenergização. Em
9,1% dos canteiros constatou-se a completa inexistência de um sistema de impedimento de
reenergização como medida obrigatória de efetivação da desenergização.do circuito conforme
NR 10.
Destacam-se em seguida a insuficiência das distâncias e espaços de segurança dedicadas as
redes elétricas em relação ao alcance de pessoas e equipamentos com 72,7 e 76% de não a-
provação respectivamente, e a proteção contra intempéries com 72,7% de não-conformidades.
Esta última, geralmente sem conduítes e expostas a agressividade das intempéries e da depo-
sição de resíduos do processo construtivo sobre os condutores, figura 7.10 e 7.11.
Figura 7.10 – Linhas elétricas sem proteção contra intempéries e irregularidades nas distâncias e espa-
ços de segurança
110
Os casos de redes elétricas instaladas diretamente sem o apoio de suportes isolantes (isolado-
res) impondo o contato direto e permanente com superfícies pontiagudas ou agressivas a inte-
gridade da isolação dos condutores responde por 56,1% dos casos conforme mostra a figura
7.11, 7.12 e 7.13.
Figura 7.11 – Trecho de linhas elétricas de distribuição montadas sem suporte isolante
Figura 7.12 – Linha elétrica montada diretamente sobre pilha de matéria-prima
111
Figura 7.13 – Linha elétrica montada diretamente sem estrutura de sustentação e suporte iso-
lanteo.
Finalmente a instalação de chave blindada contribuiu com 66,7% de não-conformidades den-
tre as quais pode-se citar: sem cadeado, sem sinalização, locais com dificuldade de acesso,
deposição de materiais e resíduos no entorno, montadas em espaço reduzido ou com a articu-
lação de abertura para cima, figura 7.14.
Figura 7.14 – Quadros elétricos em madeira com chaves elétricas blindadas, sem sinalização e acesso
comprometido.
112
Cumpre salientar que foi detectado em muitos casos a guarda de objetos nos quadros de dis-
tribuição, prática não permitida conforme explicita a NR 10, item 10.4.4.1. (figura 7.14), as-
sim como uma incidência de 47% de casos de não-conformidades relacionadas a montagem
inadequada de estruturas e componentes da rede elétrica, além de 46% de situações relaciona-
das a más emendas e conexões como mostram as figura 7.15 e 7.16.
Figura 7.15 – Disjuntores de sobrecorrentes instalados sem estrutura de rede elétrica para suporte
Figura 7.16 – Linhas elétricas apresentando deficiência na execução da emenda dos
condutores.
113
7.4 Máquinas e equipamentos
Quadro 7.4 – Máquinas e equipamentos: resumo dos principais problemas encontrados
Grupo Item de verificação
Percentual de canteiros onde pelo menos houve
uma ocorrência de:
Conformidade
Não conformi-
dade
Não existência
N
o
(%) N
o
(%) N
o
(%)
G2 Equipotencialização e
aterramento de carcaças
em todas as máquinas e
equipamentos.
2 3,0 64 97,0
G2 Local de instalação dos
eletrodos no meio físico
8 12,1 58 87,9
G2 Acessibilidade a caixa
de inspeção
10 15,2 56 84,8
G2 Especificação da caixa
de inspeção
7 10,6 43 65,2 16 24,2
G2 Conjunto conexão con-
dutor de proteção/haste
29 43,9 37 56,1
G2 Distâncias entre eletro-
dos de aterramento
interligados
31 47,0 23 34,8
G2 Conjunto conexão mas-
sa/condutor de proteção
49 74,2 17 25,8
G4 Resistência de aterra-
mento
9 14 17 26 40 61
G2 Comprimento e natureza
dos eletrodos (hastes) de
aterramento
64 97,0 2 3,0
No tocante e equipotencialização e aterramento das massas e partes condutivas de máquinas e
equipamentos em 97% dos casos as hastes de aterramento possuíam o comprimento de con-
formidade com as exigências normativas, e 74,2% apresentavam o conjunto conexão ma-
sas/condutor de proteção executado de forma adequada. No entanto no cômputo geral 97%
dos canteiros visitados apresentam suas equipotencializações ligadas diretamente aos eletro-
dos de terra, isto é, sem o auxílio de Barramento de Equipotencialização Principal conforme
recomendação da NBR 5410.
Dos 66 canteiros visitados 87,9% deles apresentam eletrodos ou hastes de aterramento crava-
das em locais de ou nas proximidades do trânsito de pessoas – figura 7.17, enquanto que
84,8% apresentaram problemas de acessibilidade as caixas de inspeção – figura 7.18.
114
Figura 7.17 – Eletrodos (hastes) de aterramentos cravados em local de trânsito e em área de trabalho
sujeita a umidade.
Figura 7.18 – Eletrodos (hastes) de aterramentos parcialmente cravados no solo, sem caixa de inspeção
e com deficiência de conexão.
Com relação a conexão haste/condutor de proteção 56,1% dos canteiros visitados apresentam
não-conformidades nesse sentido conforme apresentado na figura 7.18. No entanto mais de
80% deles apresentaram problemas relativos a caixa de inspeção, desde não-conformidades
relacionadas às especificações, como inexistência, figura 7.19 e 7.20.
115
Figura 7.19 – Sistemas de aterramento com caixas de inspeção fora de especificação
Figura 7.20 – Eletrodos (hastes) de aterramentos cravados no solo sem a proteção da caixa de inspe-
ção.
116
Com base nos resultados apresentados conclui-se que:
as instalações elétricas dos canteiros de obras na sua grande maioria apresentam desvios
significativos em relação ao cumprimento das exigências legais, a saber: NBR 5410, NR
10, NR 18 e RTP 05;
em função dos desvios, as configurações elétricas encontradas nos canteiros de obras, a-
presentam índices elevados de riscos potenciais de choque elétrico para os trabalhadores
da construção civil;
os desvios das instalações elétricas no cumprimento das exigências legais impedem o a-
tendimento dos princípios fundamentais da proteção contra choques elétricos estabeleci-
dos pela NBR 5410 (ABNT, 2004);
apesar das normas individualmente cumprirem seus objetivos de estabelecer as prescri-
ções para instalações elétricas em geral, elas se mostram insuficientes para atendimento
das necessidades das instalações elétricas temporárias dos canteiros de obras.
Na medida em que a RTP 05 objetiva em suas orientações traduzir de modo aplicável aos
canteiros de obras as diretrizes, os princípios e as exigências das demais normas, torna-se
claro o importante papel que a mesma representa para a segurança do trabalho nos cantei-
ros de obras, no entanto, a despeito de sua importante missão, cabe ressaltar que o seu
conteúdo ainda é modesto diante das carências técnicas e do elenco de exigências norma-
tivas de proteção contra choques elétricos envolvidos com a seleção, montagem e opera-
ção dos componentes das instalações elétricas dos canteiros de obras.
Deste modo, evidencia-se a necessidade de formulação de proposições que objetivem a atenu-
ação, controle e eliminação de riscos de modo a garantir a segurança das pessoas contra cho-
ques elétricos em instalações elétricas de canteiros de obras.
As proposições, conforme será observado mais adiante, não se resumem a ações localizadas,
são ações que devido ao nível de abrangência e de interferência no processo produtivo possu-
em os pré-requisitos necessários para integrar-se ao sistema de gestão da construção e de pro-
cesso de projeto.
117
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O diagnóstico apresentado induz naturalmente a perguntar quais as causas do não atendimento
das exigências normativas de proteção contra choques elétricos por parte das instalações elé-
tricas dos canteiros de obras, ou seja, por que as instalações elétricas apresentam um número e
diversidade tão significativa de não conformidades. No entanto, geralmente, esta linha de in-
quirição oferece em sua aplicação extrema dificuldade para obtenção de respostas consisten-
tes, tendo em vista que os elementos contribuintes ou responsáveis por tais ocorrências não
são facilmente identificáveis ou perceptíveis, deste modo optou-se por questionar “como” e
não “por que” os fatos ocorrem, formulando-se então o seguinte questionamento: Como e
quais fatores podem contribuir para criar nos canteiros de obras um ambiente favorável para
que a proteção contra choques elétricos, a ser assegurada pelas instalações elétricas, não aten-
dam as prescrições legais?
A análise da questão aponta como fatores contribuintes para ocorrência dos desvios normati-
vos das instalações elétricas, a deficiência de conhecimento técnico- normativo sobre proteção
contra choques elétricos dos profissionais envolvidos com a construção e manutenção de ins-
talações e com a segurança do trabalho, a pressão de tempo para construção e manutenção da
instalação, falta de supervisão técnica durante a construção e operação, inexistência de projeto
da instalação elétrica e requisitos de segurança não inclusos já na fase de desenvolvimento de
produto.
No tocante ao conhecimento técnico-normativo sobre proteção contra choques elétricos nos
canteiros de obras, os desvios observados nas configurações e montagens destas instalações
elétricas é uma constatação de carência nessa área do conhecimento. Isto naturalmente leva a
questionar os cursos de qualificação proporcionados pelas instituições reconhecidas pelo sis-
tema oficial de ensino, no que se refere adequação da grade curricular e/ou modelo de abor-
dagem praticada a esta categoria de instalação elétrica.
Outro aspecto está relacionado a disponibilização de tempo e recurso para realização da cons-
trução e manutenção do sistema elétrico. Durante a vistoria das instalações dos canteiros de
obras foi verificado que cerca de 29% deles mantinham eletricista em meia jornada, outros
9% não havia eletricistas responsáveis pela instalação e, parte dos 62% restantes que manti-
nham eletricista de tempo integral na prática prestavam assistência a mais de uma obra. Con-
118
siderando a dinâmica e as alterações sistemáticas dos lay-outs dos canteiros de obras, a dese-
nergização de circuitos com paradas de produção para atendimento de novas solicitações e-
nergéticas não é uma medida popular, de modo que pressões de tempo (econômicas) tendem a
se manifestar sobre os serviços de manutenção interferindo negativamente na qualidade da
instalação elétrica. Este fato, inclusive, foi confirmado por alguns eletricistas ao afirmarem
que em muitas ocasiões, segundo eles, a pressão exercida pela produção para regularização do
sistema elétrico inviabiliza a aquisição, reparo e montagem adequada de componentes e da
própria instalação.
No que se refere a supervisão técnica e de segurança das instalações elétricas não foi identifi-
cado prática sistematizada desta atividade, seja na fase de construção e montagem, seja na
fase operacional das mesmas. A deficiência de conhecimento técnico-normativo já explicitado
anteriormente é um importante fator contribuinte para inibição desta atividade, assim como a
ausência de profissional engenharia elétrica ou de segurança do trabalho em muitos casos a-
gravam ainda mais o problema. Foi observado, por exemplo, que apenas 1,5% dos canteiros
de obras mantinham engenheiro eletricista em tempo integral na supervisão técnica e 6,1% o
mantinham em meia jornada. Cerca de 18% das obras mantinham engenheiro de segurança
em meia jornada e as demais não mantinham, enquanto que 27,3% das obras mantinham téc-
nico de segurança em jornada integral, 50% em meia jornada e as demais não mantinham.
Com relação a documentação da instalação elétrica, apenas 4,5% dos canteiros mantinham
esquemas unifilares das instalações atualizados, enquanto que 34,8% dos canteiros os apre-
sentaram com não conformidades, desde desatualização do circuito a deficiência de informa-
ção e os 60,7% restantes não dispunham deste documento. Não foram identificados os proje-
tos das instalações elétricas vistoriadas, o que demonstra claramente que do ponto de vista
técnico e de segurança, a instalação não é considerada de forma adequada em nenhuma das
fases que antecedem a instalação do canteiro de obra. Isto por sua vez, proporciona inúmeras
dificuldades a equipe responsável pela construção e manutenção da instalação, de modo que
os esquemas ou diagramas unifilares existentes são originados no próprio local da obra. As-
sim, os esquemas unifilares das instalações elétricas não resultam dos projetos elétricos, e
perdem o caráter de documentos operacionais de informação, orientação e controle da instala-
ção, bem como de atualização dos respectivos projetos de origem. Estes dados indicam que as
instalações elétricas dos canteiros de obras não evoluem de forma planejada junto com o can-
teiro, ela se adapta a cada evolução configurativa do canteiro resultando em pouquíssima
119
margem de manobra, gerando não raramente problemas de acessibilidade, de aterramento em
local inadequado, dentre outros.
Neste ponto, cabe questionar quais os desdobramentos em um canteiro de obras ao não se
considerar requisitos de segurança já na fase de desenvolvimento de produto. Com o desen-
volvimento dos processos da qualidade e recentemente o das normas OHSAS, em grande par-
te dos segmentos industriais de produção de bens, qualquer que seja sua natureza, os aspectos
de segurança são considerados a partir da fase de desenvolvimento do produto, seja para ga-
rantir a segurança do usuário, seja para garantir a segurança do trabalhador, ou ambas.
A indústria da construção civil ainda não absorveu esta cultura embora haja inúmeros benefí-
cios em tratar os riscos na origem de acordo com Saurin (2005). Agregar segurança ao produ-
to ou a instalação de produção após a fase de desenvolvimento destes, tende a ser muito mais
difícil e mais dispendioso do que nas fases iniciais de desenvolvimento do empreendimento.
Esta conclusão decorre do conceito apresentado e desenvolvido por Melhado et al. (2005) já
discutido no capítulo 2, que aqui neste ponto para os propósitos desta pesquisa, pode ser assim
resumido: na fase de desenvolvimento do produto e da instalação de produção, a segurança do
produto, das pessoas e da instalação desenvolve-se em conjunto. Já na fase de execução da
obra geralmente não há desenvolvimento da segurança como parte do produto, do ambiente
ou da instalação, mas, apenas adequação ou arranjo. O projeto elétrico, por exemplo, deve ser
considerado como requisito de segurança já na fase de
desenvolvimento de produto, tendo em vis-
ta que este é o momento em que se processa o levantamento de dados e o estudo preliminar
para o desenvolvimento do empreendimento.
A partir das considerações supracitas no contexto da indústria da construção civil o estudo
propõe diversas ações com vistas a adequação dos canteiros de obras e conclui que há uma
necessidade iminente de reavaliação e readequação do planejamento, construção, montagem e
operação das instalações elétricas temporárias em canteiros de obras. Deste modo, propõe-se:
a) ampliar a abrangência da RTP 05 a fim de contemplar: barramento de equipotencializa-
ção principal; condição para adoção de aterramento temporário na instalação; a enfatiza-
ção da utilização da malha de terra da futura edificação, dentre outros;
b) considerar a utilização nos equipamentos submetidos a alta umidade e intempéries da ex-
tra baixa tensão de segurança (< 50 V);
120
c) sistematizar a supervisão técnica e de segurança da instalação elétrica através de auditori-
as periódicas;
d) melhoria na elaboração e controle dos projetos elétricos das instalações elétricas temporá-
rias nos canteiros de obras;
e) melhoria dos currículos escolares dedicados a formação de engenheiros, técnicos e eletri-
cistas;
f) melhoria da capacitação e desenvolvimento do conhecimento técnico relativo a instalação
elétrica no canteiro de obra;
g) implementar programas e campanhas educativas para empreendedores e projetistas obje-
tivando criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da cultura de segurança em to-
das as fases do empreendimento com ênfase na fase de desenvolvimento de produto e do
projeto;
Recomenda-se ainda, que as instituições representativas do setor da construção contribuam
com a implantação das medidas propostas, principalmente no que se refere ao desenvolvimen-
to de programas e campanhas de sensibilização, informação e educativas, de modo a acelerar
a implementação de ações eficazes de segurança considerando a gravidade do problema.
121
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Glossário
Para que haja clareza e precisão, bem como facilidade na compreensão dos assuntos a abor-
dar, é necessário apresentar alguns conceitos e definições de terminologias utilizadas neste
trabalho. Convém ressaltar que as terminologias aqui empregadas foram extraídas da NR 10
MTE, Guia EM da ABNT NBR 5410 e ABNT NBR 5410 (2004).
1. Alta tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em
corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. (NR 10, 2004).
2. Aterramento: ligação elétrica intencional e de baixa impedância com a terra. (ABNT
NBR 5456, 1987)
É realizado por um condutor ou conjunto de condutores enterrados no solo, que constitu-
em o eletrodo de aterramento. (SOUZA; MORENO, 2001).
3. Aterramento elétrico temporário: ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencio-
nal à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a
intervenção na instalação elétrica. (NR 10, 2004)
4. Auto-indução: fenômeno de indução eletromagnética num circuito, devido à variação da
corrente no próprio circuito. (ABNT NBR 5456, 1987).
5. Baixa tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em
corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em
corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. (NR 10, 2004).
6. Barramento de equipotencialização principal (BEP): barramento destinado a servir de
via de interligação de todos os elementos incluíveis na equipotencialização principal.
(ABNT NBR 5410, 2004).
7. Barramento de equipotencialização suplementar ou local (BEL): barramento destinado a
servir de via de interligação de todos os elementos incluíveis numa equipotencialização
suplementar ou equipotencialização local. (ABNT NBR 5410, 2004).
8. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instala-
ções elétricas. (NR 10, 2004).
9. Circuito de distribuição: circuito que alimentar um ou mais quadros de distribuição.
(ABNT/COBEI, 1986).
127
10. Circuito terminal: circuito ligado diretamento a equipamentos de utilização e/ou tomadas
de corrente. (ABNT/COBEI, 1986).
11. Comando: é uma ação humana ou de dispositivo automático que modifica o estado ou a
condição de determinado equipamento ou circuito. (SOUZA; MORENO, 2001).
12. Condutor: produto metálico, geralmente de forma cilíndrica e de comprimento muito
maior do que a maior dimensão transversal, utilizado para transportar energia elétrica ou
transmitir sinais elétricos. (ABNT NBR 5471, 1986).
13. Condutor de aterramento: condutor de baixa impedância ligado a um eletrodo de aterra-
mento. (ABNT NBR 5456, 1987).
14. Condutor de proteção: condutor destinado a interligar eletricamente massas, elementos
condutores estranhos à instalação, terminal ou barra de aterramento principal, eletrodo
de aterramento e/ou pontos de alimentação ligados à terra ou a um neutro artificial.
(ABNT/COBEI, 1986).
15. Condutor fase: condutor de um circuito polifásico, exceto o condutor neutro.
(ABNT/COBEI, 1986).
16. Condutor neutro: condutor ligado ao neutro do sistema de alimentação externo e capaz
de contribuir para o transporte de energia elétrica. (ABNT/COBEI, 1986).
17. Corrente de sobrecarga: sobrecorrente em um circuito sem que haja falta elétrica.
(SOUZA; MORENO, 2001).
18. Corrente diferencial-residual: soma algébrica dos valores instantâneos das correntes que
percorrem todos os condutores vivos de um circuito, em um dado ponto de uma instala-
ção elétrica. (ABNT/COBEI, 1986).
19. Curto-circuito: ligação intencional ou acidental entre dois ou mais pontos de um circuito,
através de impedância desprezível. (ABNT NBR 5456, 1987).
20. Dielétrico: material cuja propriedade elétrica fundamental é a de ser polarizável por um
campo elétrico. (ABNT NBR 5456, 1987).
128
21. Elemento condutivo ou parte condutiva: elemento ou parte constituída de material con-
dutor, pertencente ou não à instalação, mas que não é destinada normalmente a conduzir
corrente elétrica. (ABNT NBR 5410, 2004).
22. Equipamento de utilização: equipamento elétrico destinado a converter energia elétrica
em outra forma de energia. (ABNT/COBEI, 1986).
23. Equipamento de proteção coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel
de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos traba-
lhadores, usuários e terceiros. (NR 10, 2004).
24. Equipamento estacionário: equipamento fixo, ou equipamento sem alça para transporte e
com massa tal que não possa ser movimentado facilmente. (ABNT/COBEI, 1986).
25. Equipamento fixo: equipamento elétrico projetado para ser instalado permanentemente
num lugar determinado. (ABNT/COBEI, 1986).
26. Equipamento manual: equipamento portátil projetado para ser suportado pelas mãos du-
rante a utilização normal. (ABNT/COBEI, 1986).
27. Equipamento móvel: equipamento elétrico projetado para ser instalado permanenteme-
nete num lugar determinado. (ABNT/COBEI, 1986).
28. Equipamento portátil: equipamento elétrico que é movimentado quando em funciona-
mento, ou que pode ser facilmente deslocado de um lugar para outro, mesmo quando li-
gado à fonte de alimentação. (ABNT/COBEI, 1986).
29. Equipotencialização: procedimento que consiste na interligação de elementos especifi-
cados, visando obter a equipotencialidade necessária para os fins desejados. Por exten-
são, a própria rede de elementos interligados resultante. (ABNT NBR 5410, 2004).
30. Extra-baixa tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120
volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. (NR 10, 2004).
31. Falta elétrica: é o contato ou arco elétrico acidental entre partes vivas sob potenciais di-
ferentes, entre parte viva e a terra ou entre parte viva e massa (falta para a terra ou falta
para massa), num circuito ou equipamento elétrico energizado. As faltas são causadas,
via de regra, por falhas de isolamento entre as partes, podendo a impedância entre elas
ser considerável ou desprezível (falta direta/curto-circuito). (SOUZA; MORENO, 2001).
129
32. Gradiente (de um campo escalar): grandeza vetorial de direção perpendicular a uma su-
perfície de valor constante do campo, de módulo igual à derivada do campo nessa dire-
ção, e sentido dos valores crescentes do campo. (ABNT NBR 5456, 1987).
33. Impedância: pode ser conceituada como a oposição total oferecida a passagem da cor-
rente elétrica devido a resistência elétrica e reatância do circuito. (O AUTOR)
34. Impedimento de reenergização: condição que garante a não energização do circuito atra-
vés de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos
nos serviços. (NR 10, 2004).
35. Indução eletromagnética: fenômeno que se manifesta por uma tensão induzida. (ABNT
NBR 5456, 1987).
36. Influências externas: variáveis que devem ser consideradas na definição e seleção de
medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da ins-
talação. (NR 10, 2004).
37. Instalação elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com caracte-
rísticas coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte deter-
minada de um sistema elétrico. (NR 10, 2004).
38. Instalação liberada para serviços (BT/AT): aquela que garanta as condições de segurança
ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até
o final dos trabalhos e liberação para uso. (NR 10, 2004).
39. Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com
partes internas. (NR 10, 2004).
40. Isolação: conjunto de materiais isolantes utilizados para isolar eletricamente. (ABNT
NBR 5456, 1987).
41. Isolação básica: isolação aplicada as partes vivas para assegurar o mínimo de proteção
contra choques elétricos. (ABNT/COBEI, 1986).
42. Isolação suplementar: isolação adicional e independente da isolação básica, destinada a
assegurar proteção contra choques elétricos no caso de falha da proteção básica.
(ABNT/COBEI, 1986).
130
43. Isolante: material, em geral um dielétrico, utilizado para impedir a passagem de corrente
de condução. (ABNT NBR 5456, 1987).
44. Isolamento elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por
interposição de materiais isolantes. (NR 10, 2004).
45. Linha elétrica: é o conjunto de um ou mais condutores com seus elementos de fixação e
suporte e, se for o caso, de proteção mecânica, destinado a transportar energia ou trans-
mitir sinais elétricos. (SOUZA; MORENO, 2001).
46. Manobra: é a mudança na configuração elétrica de um circuito, realizada manual ou au-
tomaticamente por dispositivo adequado e destinado a essa finalidade. (SOUZA; MO-
RENO, 2001).
47. Massa (elemento ou parte condutiva acessível ou parte condutiva exposta): parte condu-
tiva ou condutora que pode ser tocada e que normalmente não é viva, mas pode tornar-se
viva em condições de falta ou defeitos. (ABNT/COBEI, 1986).
48. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto
por ação deliberada. (NR 10, 2004).
49. Parte viva: condutor ou parte condutora a ser energizada em condições de uso normal,
incluindo o condutor neutro, mas, por convenção, excluindo o condutor PEN – que exer-
ce dupla função de neutro (N) e de condutor de proteção (PE), sendo PEN = PE + N.
(SOUZA; MORENO, 2001).
50. Parte condutiva ou elemento condutivo: elemento ou parte constituída de material con-
dutor, pertencente ou não à instalação, mas que não é destinada normalmente a conduzir
corrente elétrica. (ABNT NBR 5410, 2004).
51. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à
saúde das pessoas por ausência de medidas de controle. (NR 10, 2004).
52. Pessoa advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para evitar os peri-
gos da eletricidade. (NR 10, 2004).
53. Procedimento: seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um
determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segu-
rança e circunstâncias que impossibilitem sua realização. (NR 10, 2004).
131
54. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informa-
ções pertinentes às instalações e aos trabalhadores. (NR 10, 2004).
55. Proteção: é a ação automática provocada por dispositivos sensíveis a determinadas con-
dições anormais que ocorrem num circuito, no sentido de evitar danos a pessoas e ani-
mais e/ou a um sistema ou equipamento elétrico. (SOUZA; MORENO, 2001).
56. Proteção básica: meio destinado a impedir contato com partes vivas perigosas em condi-
ções normais. (ABNT NBR 5410, 2004).
57. Proteção supletiva: meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos quando
massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente vivas. (ABNT NBR
5410, 2004).
58. Quadros de distribuição: destinam-se a receber energia de uma ou mais alimentações
distribuí-las a um ou mais circuitos, podendo também desempenhar funções de proteção,
seccionamento, comando e/ou medição. (SOUZA; MORENO, 2001).
59. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde
das pessoas. (NR 10, 2004).
60. Riscos adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, especí-
ficos de cada ambiente ou processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam
afetar a segurança e a saúde no trabalho. (NR 10, 2004).
61. Seccionamento: é a ação de desligar completamente um equipamento ou circuito de ou-
tros equipamentos ou circuitos, provendo afastamentos adequados que garantam condi-
ções de segurança especificadas. (SOUZA; MORENO, 2001).
62. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir.
(NR 10, 2004).
63. Sistema elétrico: circuito ou circuitos elétricos interrelacionados destinados a atingir um
determinado objetivo. (NR 10, 2004).
64. Sistema elétrico de potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados
à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive. (NR
10, 2004).
132
65. Separação básica: é a separação entre circuitos provida pela isolação básica. (SOUZA;
MORENO, 2001).
66. Separação elétrica: é a proteção que se caracteriza pelo uso de um transformador de
separação, cujo circuito secundário é isolado (nenhum condutor vivo aterrado, inclusive
neutro). (SOUZA; MORENO, 2001).
67. Sobrecarga: a parte da carga existente que excede a plena carga.
Nota: este termo não deve ser utilizado como sinônimo de sobrecorrente. (ABNT/ CO-
BEI, 1986).
68. Sobrecorrente: corrente cujo valor excede o valor nominal.
Nota: para condutores, o valor nominal é a capacidade condução de corrrente. (ABNT/
COBEI, 1986).
69. Sobretensão (de sistema elétrico): tensão cujo valor de crista é maior do que o valor de
crista correspondente à tensão máxima de um sistema ou equipamento elétrico. (ABNT
NBR 5456, 1987).
70. Surto: onda transitória de tensão, corrente ou potência, caracterizada por elevada taxa de
variação e que se propaga ao longo de um sistema elétrico. (ABNT/ COBEI, 1986).
71. Surto de manobra: surto de tensão provocado pela operação de um dispositivo de mano-
bra, por uma falta ou por outras causas que produzam efeitos equivalentes.
(ABNT/COBEI, 1986).
72. Tensão de segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança. (NR 10,
2004).
73. Terra: massa condutora da Terra, cujo potencial elétrico, em qualquer ponto, é conven-
cionalmente considerado igual a zero. (ABNT NBR 5456,1987).
74. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra
fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada. (NR
10, 2004).
75. Zona controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de
dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permi-
tida a profissionais autorizados. (NR 10, 2004).
133
76. Zona de risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive
acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja apro-
ximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instru-
mentos apropriados de trabalho. (NR 10, 2004).
134
ANEXO A – Lista de verificação de sistemas de proteção contra choques
elétricos em instalações elétricas nos canteiros de obras
135
LISTA DE VERIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO E INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS NOS CANTEIROS DE OBRAS.
Horário - Início: __:__ Término: __:__ Nome edifício: _____________________________
Empresa: ________________________________________
Engenheiro e/ou Responsável que acompanhou: _________________________________
Endereço: ________________________________________________________________
Cidade: ______________ Bairro: ______________Número de funcionários: ___________
Fase da Obra: 1 Fundação 2 Estrutura 3 Alvenaria 4 Acabamento
Porte: 1 Pequeno 2 Médio 3 Grande
Legenda: CO: conforme, NC: não conforme, NE: não existente.
Quadros de Distribuição
( 1 ) Principal ( 2 ) Secundário
Grupo Item de verificação
CO NC NE
G1 Partes vivas perigosas (condição da exposição).
G2 Equipotencialização e aterramento.
G2 DR de baixa sensibilidade - até 300 mA (obrigatório na proteção geral).
G3 DR de alta sensibilidade - 30mA (obrigatório em áreas úmidas).
G2 Emendas e conexões elétricas
G4 Natureza do material empregado na confecção do quadro
( 1 ) Madeira ( 2 ) Metálico ( 3 )
Plástico
G4 Proteção contra intempéries.
G4 Arranjo físico dos condutores externos.
G4 Arranjo físico dos dispositivos de proteção, comando e controle.
G4 Arranjo físico dos condutores internos
G4 Saturação e acessibilidade interna aos componentes
G4 Estado de conservação do invólucro e componentes.
G4 Anteparo de proteção total.
G5 Sinalização de advertência na porta do quadro.
( 1 ) 220V/380V ( 2 ) Perigo de Morte ( 3 )
Outros
G5 Sinalização indicativa de circuitos e/ou equipamentos.
G6
Altura do quadro (1,60 m ± 5% ou 0,08 m).
G6 Acessibilidade ao local do quadro.
136
Linha Elétrica
Grupo Item de verificação
CO NC NE
G2
Emendas e conexões elétricas.
G4
Instalação e montagem da estrutura da rede elétrica
( 1 ) lançados em postes – aéreo ( 2 ) fixado em paredes e/ou tetos ( 3 ) enterrado
G4
Seleção e montagem dos isolantes para fixar os condutores.
G4
Estado de conservação dos condutores e/ou estruturas
G4
Distâncias de segurança (em relação ao alcance das pessoas e animais nas direções habituais)
G4
Espaço de segurança (ligado à passagem veículos e equipamentos)
G4
Desenergização de circuitos
´G4
Proteção das linhas elétricas contra as intempéries (conduites em ambientes externos)
G4
Instalação de chave blindada
G4
Quanto ao emprego para outros fins que não os especificados (ex: roupas ou objetos pendurados).
G4
Sistema de impedimento de reenergização: nas instalações elétricas desenergizadas liberadas para o
trabalho são utilizadas dispositivos que impedem a reenergização com respectiva sinalização de
impedimento e instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos circuitos.
G5
Sinalização indicativa das linhas elétricas (disposição, marcação ou nominação)
G5
Sinalização indicativa do condutor de neutro (se identificação por cor: “azul-clara”).
G5
Sinalização indicativa do condutor de proteção (se identificação por cor: “verde-amarela ou verde”).
G5
Sinalização indicativa do condutor de fase (se identificação por cor: “qualquer cor exceto às duas
anteriores).
G4
Proteção das linhas elétricas contra as intempéries com conduites em ambientes externos
G6
Acessibilidade das linhas elétricas (presença de materiais ou objetos no entorno ou sob a rede)
137
Máquinas e Equipamentos
(Equipotencialização e Aterramento)
Grupo Item de verificação
CO NC NE
G4
Comprimento e natureza dos eletrodos (hastes) de aterramento (2,40 m ou 3,00 m).
(perguntar ao engenheiro, técnico, eletricista, responsável).
( 1 ) 2,40m ( 2 ) 3,00m ( 3 ) Vergalhão de Aço com comprimento determinado por norma.
G4
Resistência de aterramento (recomendável: não ultrapassar a 10 Ohms).
(
verificar existência de laudo relativo à medição das resistências de terra – observar valor medido e registrá-lo).
Valor medido no laudo (Ohms): _________
G4
Distâncias entre eletrodos de aterramento interligados (recomendável: não inferior a 2,0 m).
G4
Especificação da caixa de inspeção (recomendável: alvenaria com tampa de proteção de 0,25 x 0,25 x
0,25 m ou cano de PVC com tampa de 0,25 m de diâmetro).
G4
Conjunto conexão condutor de proteção/haste (montagem, corrosão, desgaste, etc).
G4
Local de instalação dos eletrodos no meio físico (não recomendável: áreas úmidas e nas proximidades
do trânsito ou permanência de pessoas ou animais).
( 1 ) áreas úmidas ( 2 ) proximidades de trânsito de pessoas ( 3 ) permanência de animais
G4
Equipotencialização e aterramento de carcaças em todas as máquinas e equipamentos.
( 1 )ligação direta à terra ( 2 )equipotencialização via BEP (barramento de equipotencialiação
principal).
G4
Conjunto conexão massa/condutor de proteção (montagem, corrosão, desgaste, etc).
G6
Acessibilidade a caixa de inspeção
138
Documentação e Outros
Grupo Item de verificação
CO NC NE
G4
Mantém esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas com especificação do sistema de
aterramento e dispositivos de segurança.
G4
Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75kW (verificar no transformador) devem
construir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas.
G4
Existe na obra documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização
dos trabalhadores e dos treinamentos realizados. A capacitação só terá validade para a empresa que
o capacitou.
G4
Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas são submetidos á exame de saúde
compatível com as atividades.
G4
As áreas onde existem instalações elétricas são dotadas de proteção contra incêndio e explosão.
G4
As vestimentas de trabalho são adequadas às atividades nas instalações elétricas.
G4
É proibido o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas
proximidades.
G4
Os serviços em instalações elétricas são precedidos de ordens de serviço especificas, aprovadas por
trabalhador autorizado, contendo: o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos adotados.
G4
Existe técnico de segurança do trabalho na obra?
( 1 ) Tempo Integral ( 2 ) Meio Expediente ( 3 ) Não
Quantidade de funcionários :_____
G4
Existe engenheiro de segurança responsável pela obra?
( 1 ) Tempo Integral ( 2 ) Meio Expediente ( 3 ) Não
Quantidade de funcionários :_____
G4
Existe engenheiro eletricista responsável pela obra?
( 1 ) Tempo Integral ( 2 ) Meio Expediente ( 3 ) Não
Quantidade de funcionários :_____
G4
Existe eletricista na obra?
( 1 ) Tempo Integral ( 2 ) Meio Expediente ( 3 ) Não
Quantidade de funcionários :______
G6
È garantido ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura nas atividades em
instalações elétricas.
139
ANEXO B – Lista de verificação de sistemas de proteção contra choques elétricos
em instalações elétricas nos canteiros de obras
140
Grupo Denominação
Item de controle Item de verificação
Conforme
N
0
Conforme
%
Não-
conforme
N
0
Não-
conforme
%
Não-
existente N
0
Não-
existente %
G1
Princpípios fundamentais da proteção
contra choques elétricos
Quadro de distribuição
secundário (parte interna)
Partes vivas perigosas 6 9,5 57 90,5
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Arranjo físico dos condutores externos 6 9,5 57 90,5
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Natureza do material empregado na confecção do
quadro
5 7,9 57 90,5
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Arranjo físico dos condutores internos 7 11,1 56 88,9
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Arranjo físico de dispositivos de proteção,
comando e controle
9 14,3 54 85,7
G6
Acessibilidade e iluminação Quadro de distribuição
secundário
Acessibilidade ao local do quadro 18 28,6 45 71,4
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Quadro de distribuição
secundário
Emendas e conexões elétricas 25 40 38 60
G3
Proteção adicional Quadro de distribuição
secundário
DR de alta sensibilidade - 30mA (obrigatório em
áreas úmidas).
26 41 37 59
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Estado de conservação de invólucro e
componentes
28 44,4 35 55,6
G5
Sinalização de advertência e indicativa Quadro de distribuição
secundário
Sinalização indicativa de circuitos e equipamentos 2 3,2 34 54,0 27 42,9
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Anteparo de proteção total 0 0,0 32 50,8 31 49,2
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Quadro de distribuição
secundário
Equipotencialização e aterramento. 4 6,3 30 47,6 29 46,0
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Proteção contra intempéries 36 57,1 27 42,9
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Saturação e acessibilidade interna aos
componentes
41 62,1 25 37,9
G5
Sinalização de advertência e indicativa Quadro de distribuição
secundário
Sinalização de advertência na porta do quadro 8 12,7 22 34,9 33 52,4
G6
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
secundário
Altura de instalação 51 81,0 12 19,0
G1
Princpípios fundamentais da proteção
contra choques elétricos
Quadro de distribuição
principal (parte interna)
Partes vivas perigosas 15 22,7 51 77,3
Lista de Verificação de Sistemas de Proteção Contra Choques Elétricos
em Instalações Elétricas nos Canteiros de Obras.
TABULAÇÃODOSDADOSLEVANTADOS
141
Grupo Denominação
Item de controle Item de verificação
Conforme
N
0
Conforme
%
Não-
conforme
N
0
Não-
conforme
%
Não-
existente N
0
Não-
existente %
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Arranjo físico dos condutores internos 14 21,2 52 78,8
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Arranjo físico dos condutores externos 16 24,2 50 75,8
G5
Sinalização de advertência e indicativa Quadro de distribuição
principal
Sinalização indicativa de circuitos e equipamentos 10 15,2 35 53,0 21 31,8
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Acessibilidade interna 31 49,2 32 50,8
G6
Acessibilidade e iluminação Quadro de distribuição
principal
Acessibilidade ao local do quadro 33 50,0 33 50,0
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Arranjo físico de dispositivos de proteção,
comando e controle
35 53,0 31 47,0
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Anteparo de proteção total 14 21,2 29 43,9 23 34,8
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Quadro de distribuição
principal
Emendas e conexões elétricas 40 61 26 39
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Natureza do material empregado na confecção do
quadro
36 54,5 25 37,9
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Quadro de distribuição
principal
Equipotencialização e aterramento. 24 36,4 24 36,4 18 27,3
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Estado de conservação de invólucro e
componentes
43 65,2 23 34,8
G4
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Proteção contra intempéries 45 68,2 21 31,8
G5
Sinalização de advertência e indicativa Quadro de distribuição
principal
Sinalização de advertência na porta do quadro 25 37,9 18 27,3 23 34,8
G6
Segurança na operação e manutenção Quadro de distribuição
principal
Altura de instalação 57 86,4 9 13,6
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Quadro de distribuição
principal
DR de baixa sensibilidade - até 300 mA
(obrigatório na proteção geral).
0 0 0 0 66 100,0
142
Grupo Denominação
Item de controle Item de verificação
Conforme
N
0
Conforme
%
Não-
conforme
N
0
Não-
conforme
%
Não-
existente N
0
Não-
existente %
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos
E
qu
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po
t
enc
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a
li
zaç
ã
oea
t
erramen
t
o
d
e
carcaças em todas as máquinas e
2 3,0 64 97,0
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos
L
oca
l
d
e
i
ns
t
a
l
ã
o
d
os e
l
e
t
ro
d
os no me
i
o
físico
8 12,1 58 87,9
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos Acessibilidade a caixa de inspeção 10 15,2 56 84,8
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos Especificação da caixa de inspeção 7 10,6 43 65,2 16 24,2
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos Conjunto conexão condutor de proteção/haste 29 43,9 37 56,1
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos Distâncias entre eletrodos de aterramento
interligados
31 47,0 23 34,8
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos Conjunto conexão massa/condutor de proteção 49 74,2 17 25,8
G4
Segurança na operação e manutenção Máquinas e equipamentos Resistência de aterramento 9 14 17 26 40 61
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Máquinas e equipamentos Comprimento e natureza dos eletrodos (hastes) de
aterramento
64 97,0 2 3,0
143
Grupo Denominação
Item de controle Item de verificação
Conforme
N
0
Conforme
%
Não-
conforme
N
0
Não-
conforme
%
Não-
existente N
0
Não-
existente %
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Sistema de impedimento de reenergização 6 9,1 54 81,8 6 9,1
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Espaço de segurança 16 24 50 76
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Distância de segurança 18 27,3 48 72,7
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Proteção contra intempéries 17 25,8 48 72,7 1 1,5
G6
Acessibilidade e iluminação Linhas elétricas Acessibilidade das linhas elétricas (presença de
materiais ou objetos no entorno ou sob a rede).
22 33 44 67
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Instalação de chave blindada 16 25,4 42 66,7 5 7,9
G5
Sinalização de advertência e indicativa Linhas elétricas Sinalização indicativa do condutor de proteção 25 37,9 41 62,1
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Seleção e montagem dos suportes isolantes para
fixar os condutores.
8 12,1 37 56,1 21 31,8
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Instalação e montagem da estrutura da rede
elétrica
35 53 31 47
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Estado de conservação dos condutores e/ou
estruturas
35 53 31 47
G2
Medidas gerais de proteção contra
choques elétricos
Linhas elétricas Emendas e conexões elétricas 36 55 30 46
G5
Sinalização de advertência e indicativa Linhas elétricas Sinalização indicativa das linhas elétricas 3 4,5 28 42,4 35 53,0
G5
Sinalização de advertência e indicativa Linhas elétricas Sinalização indicativa do condutor neutro 49 74,2 17 25,8
G5
Sinalização de advertência e indicativa Linhas elétricas Sinalização indicativa do condutor de fase 53 80,3 13 19,7
G4
Segurança na operação e manutenção Linhas elétricas Quanto ao emprego para outros fins que não os
especificados
62 94 4 6
144
Grupo Denominação
Item de controle Item de verificação
Conforme
N
0
Conforme
%
Não-
conforme
N
0
Não-
conforme
%
Não-
existente N
0
Não-
existente %
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Existe engenheiro de segurança responsável pela
obra?
12 18 54 82
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros É proibido o uso de adornos pessoais nos
trabalhos com instalações elétricas ou em suas
proximidades
23 35 43 65
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros As vestimentas de trabalho são adequadas às
atividades nas instalações elétricas
28 42 38 58
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Existe na obra documentação comprobatória da
qualificação, habilitação, capacitação, autorização
dos trabalhadores e dos treinamentos realizados.
A capacitação terá validade para a empresa
que o capacitou.
14 21 37 56 15 23
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Existe técnico de segurança do trabalho na obra? 18 27 33 50 15 23
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Os serviços em instalações elétricas são
precedidos de ordens de serviço especificas,
aprovadas por trabalhador autorizado, contendo: o
tipo, a data, o local e as referências aos
procedimentos adotados
6 9 25 38 35 53
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Os estabelecimentos com carga instalada superior
a 75kW (verificar no transformador) devem
construir e manter o Prontuário de Instalações
Elétricas.
1 2 24 36 41 62
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Mantém esquemas unifilares atualizados das
instalações elétricas com especificação do sistema
de aterramento e dispositivos de segurança.
3 5 23 35 40 61
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Existe eletricista na obra? 41 62 19 29 6 9
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros As áreas onde existem instalações elétricas são
dotadas de proteção contra incêndio e explosão
47 71 16 24 3 5
G6
Acessibilidade e iluminação Documentação e outros Garantia de iluminação dos locais e posição de
trabalho segura
51 77,3 15 22,7
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Os trabalhadores autorizados a intervir em
instalações elétricas são submetidos á exame de
saúde compatível com as atividades.
53 80 11 17 2 3
G4
Segurança na operação e manutenção Documentação e outros Existe engenheiro eletricista responsável pela
obra?
1 2 4 6 61 92
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