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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
(PPGEM)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
ARLAN PACHECO FIGUEIREDO
Dissertação para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia
Porto Alegre (RS)
2008
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
(PPGEM)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
ARLAN PACHECO FIGUEIREDO
Engenheiro Metalúrgico
Trabalho realizado no Laboratório de Fundição, Departamento de Engenharia
Metalúrgica da Escola de Engenharia da UFRGS, dentro do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais (PPGEM), como parte dos requisitos para a
obtenção de título de Mestre em Engenharia.
Área de Concentração: Processos de Fabricação
Porto Alegre (RS)
2008
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III
Esse trabalho foi julgado adequado como dissertação de Mestrado em
Engenharia, área de concentração de Metalurgia da Transformação e aprovada em sua forma
final, pelo Orientador e pela Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação.
Orientador: Prof. Dr. Jaime Alvares Spim Junior
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Alexandre da Silva Rocha (PPGEM)
Profª. Dra. Berenice Anina Dedavid (PUCRS)
Dr. Mario Wolfart Junior (Empresa Andreas Stihl Moto Serras)
Prof. Dr. Carlos Perez Bergmann
Coordenador do PPGEM
IX
Dedico este trabalho aos meus pais Mário
José Barbosa Figueiredo, à minha mãe
Lizete Pacheco e ao grande amor da minha
vida Ângela Flach.
X
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a todos que colaboraram na
elaboração deste trabalho.
Ao professor Dr. Jaime Alvares Spim Junior pela orientação,
dedicação, esforço e confiança depositada.
Ao professor Dr. Carlos Alexandre dos Santos e ao Engenheiro
Msc. Carlos Frick Ferreira pelas preciosas contribuições e conselhos.
Ao colega e amigo Engenheiro Thiago Vieira Ferri por suas
valiosas observações, apoio e companhia durante a realização dos experimentos.
A todos os colegas, funcionários e bolsistas do Laboratório de
Fundição da UFRGS, pelas proveitosas discussões. Em especial aos bolsistas Vinicius Paz e
Juliano Todeschini pela ajuda na preparação das amostras.
Ao CNPq e à FAPERGS pela bolsa e pela verba destinada ao
projeto que permitiram o desenvolvimento desse trabalho.
À Empresa Andreas Stihl Moto Serras pelo interesse e apoio à
pesquisa.
Aos meus queridos irmãos e familiares pela paciência e
incentivo aos estudos.
A toda família Flach, o meu agradecimento especial pelo
carinho, afeto e estímulos.
À minha “vidinha” Ângela Flach, que tanto amo, pelo carinho,
paciência, dedicação, companheirismo e confiança. Com todo o meu amor...
Ao povo brasileiro, pagador dos seus impostos, que viabiliza o
financiamento em pesquisas e manutenção das universidades públicas, gratuitas e de
qualidade.
XI
“Quando existe avanço tecnológico sem avanço social,
surge quase automaticamente, um aumento da miséria humana.”
Michael Harrington
XII
SUMÁRIO
SUMÁRIO...............................................................................................................................XII
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................XIV
LISTA DE TABELAS............................................................................................................XX
LISTA DE SÍMBOLOS.......................................................................................................XXII
RESUMO............................................................................................................................XXIII
ABSTRACT........................................................................................................................XXIV
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
2. OBJETIVOS...................................................................................................................5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................6
3.1 O Magnésio ................................................................................................................6
3.2 Extração e obtenção de magnésio...............................................................................7
3.2.1 Ocorrência natural ..............................................................................................7
3.2.2 Processos de obtenção ........................................................................................7
3.3 Principais características.............................................................................................8
3.4 Propriedades físicas e químicas do magnésio.............................................................9
3.5 Propriedades Mecânicas .............................................................................................9
3.6 Comportamento à corrosão.......................................................................................11
3.7 Vantagens e Desvantagens do uso do magnésio ......................................................11
3.8 Utilização do magnésio ............................................................................................15
3.9 Ligas de magnésio ....................................................................................................15
3.9.1 Principais elementos de liga .............................................................................15
3.9.2 Classificação e nomenclatura das ligas ............................................................17
3.10 Desenvolvimento de ligas de magnésio resistentes a altas temperaturas .................19
3.11 O sistema Mg-Si.......................................................................................................20
3.12 O sistema Mg-Zn-Al.................................................................................................22
3.13 O sistema Mg-Al-Ca-Sr............................................................................................22
3.14 O sistema Mg-RE (magnésio – terras raras).............................................................23
3.15 Solidificação.............................................................................................................28
XIII
3.16 Macroestruturas de solidificação..............................................................................29
3.17 Zona Coquilhada ......................................................................................................30
3.18 Zona Colunar............................................................................................................30
3.19 Zona equiaxial ..........................................................................................................31
3.20 A transição colunar-equiaxial (TCE)........................................................................33
3.21 Critérios para Transição Colunar-Equiaxial.............................................................34
3.22 Informações sobre o projeto de pesquisa..................................................................41
4. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................44
4.1 Solidificação unidirecional vertical ascendente .......................................................44
4.2 Projeto do forno de solidificação Unidirecional.......................................................45
4.2.1 Confecção da base do cadinho e sistema de refrigeração;................................45
4.2.2 Confecção do forno ..........................................................................................47
4.2.3 Atmosfera de Proteção......................................................................................49
4.2.4 Termopares e placa de aquisição de dados.......................................................50
4.3 Alterações de projeto................................................................................................50
4.3.1 Alterações no cadinho ......................................................................................50
4.3.2 Alterações no sistema de refrigeração..............................................................51
4.4 Alterações no sistema na atmosfera de proteção......................................................53
4.4.1 Agitador mecânico............................................................................................53
4.5 Fluxograma experimental.........................................................................................56
4.6 Métodos utilizados para obtenção de
L
T
,
S
T
, G
L
e V
L
............................................59
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................63
5.1 Experimento 1 – Resfriamento lento........................................................................63
5.2 Análise da Macrografia ............................................................................................75
5.2.1 Formação da escória .........................................................................................75
5.3 Correlação entre variáveis de solidificação (V
L
, G
L
e
L
T ) e tamanho de grão.........77
5.4 Experimentos 2 e 3 - Solidificação unidirecional.....................................................83
5.4.1 Experimento 4. Solidificação unidirecional com baixo superaquecimento. ....93
5.5 Experimento 5 – Solidificação Unidirecional liga AZ91 .......................................101
5.6 Correlação entre variáveis de solidificação (V
L
, G
L
e
L
T ) e estrutura ...................109
6. CONCLUSÕES..........................................................................................................116
7. TRABALHOS FUTUROS.........................................................................................118
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................119
XIV
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1. Utilização de ligas de magnésio no passado pela Volkswagen no Beetle (Fusca).
Adaptado (ASA 2007)......................................................................................................13
Figura 3.2. Peças de automóveis em ligas de magnésio. Alojamento, caixa de comando e aro
de direção. (Volkswagen AG).(K. U. Kainer, 2003)........................................................13
Figura 3.3. Peças automotivas projetadas em ligas de magnésio. Portas de carros lateral e
traseira e armação de assentos. (R. Fink, 2003). ..............................................................14
Figura 3.4. Outras aplicações das ligas de magnésio. (R. Fink, 2003).....................................14
Figura 3.5. Produção de materiais de baixa densidade ao longo do século XX. (Adaptado -
Mordike and Ebert, 2001).................................................................................................15
Figura 3.6. Proporção das aplicações metalúrgicas do magnésio em 1997. (Adaptado -
Mordike and Ebert, 2001).................................................................................................15
Figura 3.7. Microestrutura típica de uma liga AZ91D utilizada em Fundição sob Pressão.
Adapatado ((Song, Atrens et al. 1998) .............................................................................20
Figura 3.8. Comparação da liga AS21 com AZ91 em relação a resistência a fluência na
temperatura de 125°C, com carga constante de 30 e 40 MPa. (Adapatado Dargush et al.
1997).................................................................................................................................21
Figura 3.9. Curvas de fluência comparando as ligas ZAXE05613 e ZAXLa05613. As linhas
tracejadas correspondem a curvas teóricas de ligas outras ligas de magnésio e da liga de
alumínio ADC12. (Adaptado Anyanwu et al, 2004)........................................................26
Figura 3.10. Curvas de fluência para efeito de comparação entre as ligas ZAXE0613 e a liga
ZAXLa0613. (adaptado: Anyanwu et al, 2004) ...............................................................27
Figura 3.11. Modelo da microestrutura da liga ZAXLa05613: A
1
representa compostos
Al
11
La
3
que cristalizam cruzando os grãos, A
2
representa compostos Al
11
La
3
que
cristalizam ao longo dos grãos, A3 representa compostos Al
11
La
3
que cristalizam dentro
dos grãos e B representa compostos de Al
2
Ca. (Adaptado Anyanwu et al, 2004)...........27
Figura 3.12. Variação dos tipos de estruturas formadas durante processo de solidificação de
um composto orgânico CBr
4
: a) Celular, b) transição celular/dendrítica e c) dendrítica
(Garcia, 2001)...................................................................................................................29
Figura 3.13. a) Representação esquemática das diferentes zonas macroestruturais. b)
Macroestrutura de um lingote de alumínio de seção quadrada. (Garcia, 2001)...............30
Figura 3.14. Microscopia ótica do primeiro lingote fornecido. a) estrutura ramificada, b)
detalhe das estruturas acicular e lamelar ..........................................................................42
XV
Figura 3.15. Imagem BSE (elétrons retroespalhados) efetuada no primeiro lingote fornecido
mostrando: a) estrutura ramificada com compostos aciculares, b) uma estrutura acicular e
c) uma estrutura lamelar. ..................................................................................................42
Figura 4.1.Dispositivo de solidificação vertical ascendente: 1) entrada de água; 2) chapa
molde; 3) termopares; 4) computador; 5) registrador de temperaturas; 6) lingote; 7)
lingoteira; 8) controle de temperatura; 9) resistências elétricas; 10) paredes de isolamento
(adaptado Garcia, 2005). ..................................................................................................44
Figura 4.2. Conjunto cadinho e base do sistema de resfriamento. ...........................................46
Figura 4.3 . Base com sistema de refrigeração. a) vista superior, b) vista inferior com tampa,
c) esquema mostrando serpentina de cobre para circulação da água na parte inferior.....46
Figura 4.4. a) vista superior do forno mostrando detalhe da tampa. b) parte interna do forno
mostrando resistências e isolamento com fibra cerâmica.................................................49
Figura 4.5. a) Formação de “carepas” no cadinho SAE1020, b) Chapa de aço inox 304
utilizada em volta do cadinho para proteger as resistências, c) Cadinho alternativo
construído em aço inoxidável 420....................................................................................51
Figura 4.6. Sistema de resfriamento danificado devido à intensa oxidação durante a realização
do experimento. ................................................................................................................51
Figura 4.7. Sistema de resfriamento alternativo proposto após danificação do sistema por
serpentina..........................................................................................................................52
Figura 4.8.Sistema de resfriamento alternativo: água entrando em contato direto com a parte
inferior da base. ................................................................................................................52
Figura 4.9. Parte inferior do lingote após a realização do experimento. Os pontos marcados
com “x” correspondem à parte da carga que não fundiu..................................................53
Figura 4.10. Dispositivo utilizado para agitação do banho. .....................................................54
Figura 4.11. Dispositivo em forma de escada para posicionamento dos termopares e agitador
do banho ...........................................................................................................................55
Figura 4.12. Esquema representativo da distribuição dos termopares no lingote (medidas em
...................................................................................................................................... mm) 55
Figura 4.13. Fluxograma de planejamento adotado durante o trabalho. ..................................57
Figura 4.14. Esquematização para obtenção de T
L
e seu respectivo intervalo de tempo. ........60
Figura 4.15. Esquematização do procedimento para obtenção da V
L
......................................61
Figura 4.16. Esquematização para obtenção das taxas de resfriamento (
L
T
e
S
T
) ................61
Figura 4.17. Esquema representativo para medição do espaçamento dendrítico secundário...62
Figura 4.18. Ilustração do procedimento para medição do tamanho de grãos equiaxiais obtidos
a partir da macrografia. (Distância da base – 15mm).......................................................62
XVI
Figura 5.1. Detalhe do diagrama de fases Mg-Al. A linha cheia em vermelho indica a
composição Mg- 4% Al e as linhas tracejadas indicam
T
L
e
T
S
. ......................................63
Figura 5.2. Curvas de resfriamento registrada pelos termopares posicionados dentro do
cadinho durante solidificação da liga sob baixas taxas de resfriamento. .........................64
Figura 5.3. Curva de resfriamento da liga ZAXLa05413 obtida em condições de resfriamento
lento (posição – 75 mm da base). .....................................................................................65
Figura 5.4. Curva de resfriamento da liga ZAXLa05413 obtida em condições de resfriamento
lento (posição – 75 mm da base) ......................................................................................65
Figura 5.5. Detalhe da transformação de fase na região pastosa indicada pela mudança na
inclinação da curva de resfriamento entre
T
L
e
T
S
............................................................66
Figura 5.6. Diagrama de fase Mg-La. A linha vermelha tracejada indica a composição Mg-
3%La. (ASM 1990)
2
.........................................................................................................67
Figura 5.7. Diagrama de fase Mg-Ca. A linha vermelha tracejada indica a composição Mg-
1%Ca. (ASM 1990)
2
.........................................................................................................67
Figura 5.8. Diagrama de fase Al-La
.
(ASM 1990)
2
..................................................................68
Figura 5.9. Imagens BSE dos compostos ricos em alumínio e lantânio formados durante
solidificação da liga. a) precipitado de forma facetado e b) precipitado de forma acicular.
..........................................................................................................................................69
Figura 5.10. Espectros obtidos das análises via EDS nos compostos ricos em Al-La. a)
Espectro do precipitado facetado, b) Espectro do precipitado acicular............................69
Figura 5.11.Imagens BSE das estruturas lamelares encontradas na amostra. a) Lamelar
grosseira (mais clara) e b) Lamelar fina (mais escura).....................................................70
Figura 5.12. Espectros obtidos nas análises via EDS a) Espectro referente ao composto
lamelar grosseiro e b) Espectro referente ao composto lamelar fino. ..............................71
Figura 5.13. Imagem BSE da estrutura da liga obtida através de MEV. Os círculos indicam as
regiões onde foram realizadas análises via EDS (no núcleo da matriz e próximo das
regiões de segregação)......................................................................................................71
Figura 5.14. Espectros obtidos nas análises via EDS a) núcleo da Matriz e b) próximo dos
contornos. .........................................................................................................................72
Figura 5.15. Metalografia da liga solidificada com baixas taxas de resfriamento na posição de
30 mm: a) fase acicular (Al
11
La
3
), b) precipitado facetado, c)fases lamelar grosseira, d)
fase lamelar fina (Al
2
Ca), e) matriz com magnésio e alumínio em solução sólida..........72
Figura 5.16. Diagrama de fase Al-Ca. (ASM 1990)
2
. ..............................................................74
Figura 5.17. Diagrama de fase Mg-Al.(ASM 1990)
2
. ..............................................................74
Figura 5.18. Macrografia da liga ZAXLa05413 obtida após resfriamento lento dentro do
cadinho com o forno desligado.........................................................................................75
XVII
Figura 5.19. Gráfico da posição da interface em função do tempo..........................................78
Figura 5.20. Posição da isoterma
liquidus
com o tempo..........................................................79
Figura 5.21. Velocidade da interface em função do tempo. Os pontos em vermelho registram
o instante de passagem da frente nos termopares.............................................................80
Figura 5.22. Detalhe da macrografia perto da superfície mostrando a influência da escória
formada como substrato para nucleação e crescimento de grãos. ....................................82
Figura 5.23. Gráfico correlacionando tamanho de grão com velocidade de avanço da interface
liquidus
. (Escala dos eixos em Log
10
). .............................................................................82
Figura 5.24. Curvas de resfriamento obtidas no experimento 2...............................................83
Figura 5.25. Curva de resfriamento obtida no experimento 2 pelo termopar localizado a 30
mm da base mostrando
T
L
. ...............................................................................................84
Figura 5.26. Curva de resfriamento obtida no experimento 3 pelo termopar localizado a 60
mm da base mostrando
T
L
. ...............................................................................................84
Figura 5.27. Macrografia obtida no experimento 2..................................................................86
Figura 5.28. Macrografia obtida no experimento 3..................................................................86
Figura 5.29. Variação da posição da isoterma
liquidus
com o tempo. (Experimento 2)..........87
Figura 5.30. Variação da posição da frente de solidificação com o tempo. (Experimento 3)..87
Figura 5.31. Gráfico da velocidade da interface
liquidus
com o tempo para o experimento 2.
Os pontos em vermelho representam os instantes em que a isoterma
liquidus
alcança os
termopares. .......................................................................................................................88
Figura 5.32. Gráfico da velocidade da interface
liquidus
com o tempo para o experimento 3.
Os pontos em vermelho representam os instantes em que a isoterma
liquidus
alcança os
termopares. .......................................................................................................................89
Figura 5.33. Comparação entre os dois experimentos. O avanço da isoterma
liquidus
obteve
maiores velocidades no experimento 3.............................................................................89
Figura 5.34. Comparação entre os gradientes no momento do início da TCE. (Experimentos 2
e 3)....................................................................................................................................91
Figura 5.35. Variação da taxa de resfriamento do líquido com a posição. Taxas semelhantes
durante a transição............................................................................................................92
Figura 5.36. Curvas de resfriamento obtidas no experimento 4...............................................93
Figura 5.37 . Curva de resfriamento obtida pelo termopar localizado a 15 mm da base. ........94
Figura 5.38. Curva de resfriamento obtida pelo termopar localizado a 45 mm da base. .........94
Figura 5.39. Macrografia obtida no experimento 4..................................................................95
XVIII
Figura 5.40. Gráfico da posição da interface em função do tempo. (Experimento 4)..............96
Figura 5.41. Variação da velocidade da interface de solidificação em função do tempo. Os
pontos em vermelho correspondem ao instante em que a frente alcança os termopares.
(experimento 4). ...............................................................................................................97
Figura 5.42. Variação do gradiente em função da posição. (Experimento 4). .........................98
Figura 5.43. Variação da taxa de resfriamento do líquido em função da posição. (Experimento
4).......................................................................................................................................98
Figura 5.44. Comparação das velocidades da isoterma
liquidus
entre os três experimentos...99
Figura 5.45. Variação do gradiente a frente da isoterma
liquidus
com a posição para os três
experimentos.....................................................................................................................99
Figura 5.46. Variação da taxa de resfriamento do líquido nos três experimentos. Valores
semelhantes no momento da transição. ..........................................................................100
Figura 5.47. Curvas de resfriamento obtidas no experimento 5.............................................101
Figura 5.48. Curva de resfriamento registrada pelo termopar situado a 45 mm da base. ......102
Figura 5.49. Curva de resfriamento registrada pelo termopar situado a 90 mm da base. ......102
Figura 5.50. Macrografia da liga AZ91 após experimento de solidificação unidirecional. ...103
Figura 5.51. Posição da isoterma
liquidus
com o tempo no experimento 5 (Liga AZ91)......104
Figura 5.52. Velocidade da isoterma
liquidus
em função do tempo. .....................................104
Figura 5.53. Gradiente térmico em função da posição. (Experimento 5)...............................105
Figura 5.54. Taxa de resfriamento do líquido em função da posição. (Experimento 5) ........106
Figura 5.55. Comparação entre
V
L
obtidas em todos os experimentos. .................................107
Figura 5.56. Comparação entre
G
L
obtidas em todos os experimentos..................................107
Figura 5.57. Comparação entre
L
T
obtidas em todos os experimentos.................................108
Figura 5.58. Metalografias retiradas de diferentes posições na amostra solidificada no
experimento 2. ................................................................................................................109
Figura 5.59. Metalografia da amostra solidificada no experimento 2 na posição de 75 mm. a)
desenvolvimento da dendrita na região central da imagem e b) mesma imagem realçando
dendrita e espaçamentos secundários. ............................................................................110
Figura 5.60. Desenvolvimento de braços dendríticos da liga AZ91. Experimento 5, posição de
15mm..............................................................................................................................110
XIX
Figura 5.61. Correlação entre λ
2
e
L
T
obtida no experimento 2. (Escala dos eixos em Log
10
).
........................................................................................................................................112
Figura 5.62. Correlação entre λ
2
e
L
T
obtida no experimento 3. (Escala dos eixos em Log
10
).
........................................................................................................................................112
Figura 5.63. Correlação entre λ
2
e
L
T
obtida no experimento 4. (Escala dos eixos em Log
10
).
........................................................................................................................................113
Figura 5.64. Correlação entre λ
2
e
L
T
obtida no experimento 5. (Escala dos eixos em Log
10
).
........................................................................................................................................113
Figura 5.65. Diferenças observadas em λ
2
em função de
L
T
nos experimentos com a liga
ZAXLa05413..................................................................................................................114
Figura 5.66. Influência de
V
L
em λ
2
nos experimentos realizados com a liga ZAXLa05413.
........................................................................................................................................115
XX
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1. Propriedades físicas e químicas do magnésio puro. ................................................9
Tabela 3.2. Resumo das vantagens e desvantagens do uso de magnésio como material para
aplicações estruturais. (Adaptado – K. U. Kainer 2003)..................................................12
Tabela 3.3. Principais elementos de liga para o magnésio e seus efeitos.Adaptado (Brooks
1982) (Diego Cunha Malagueta 2003).............................................................................16
Tabela 3.4. Primeira parte (elementos de liga):........................................................................17
Tabela 3.5. Terceira parte: Distinção de ligas com o mesmo teor de elementos de liga..........18
Tabela 3.6. Quarta Parte: Condição do tratamento térmico ou mecânico ................................18
Tabela 3.7. Composição química da liga sugerida. ..................................................................41
Tabela 3.8. Resultados de análises via EDS nas fases sinalizadas na Figura 3.15 encontradas
no primeiro lingote fornecido pela RIMA (resultados qualitativos). ...............................42
Tabela 4.1. Composição química para aço utilizado na confecção de cadinho para fusão de
magnésio e ligas. Fonte (Street, 1986). ............................................................................45
Tabela 4.2. Posição dos termopares a partir da base (profundidade), e a partir do centro do
lingote (radial). .................................................................................................................56
Tabela 4.3. Classificação dos experimentos realizados no trabalho.........................................56
Tabela 4.4. Gradientes térmicos e superaquecimentos submetidos aos lingotes no processo de
fusão. ................................................................................................................................58
Tabela 4.5. Resultados de leitura de T
L
para verificação do erro.............................................60
Tabela 5.1. Temperaturas de transformações registradas durante a solidificação....................65
Tabela 5.2. Resultados de composição obtido via EDS para os compostos ricos em alumínio e
lantânio. (Apenas para análise qualitativa).......................................................................69
Tabela 5.3. Resultados de composição obtido via EDS para os compostos lamelares
observados na Figura 5.11................................................................................................70
Tabela 5.4. Resultado de composição obtido via EDS no núcleo da matriz e próximo dos
contornos. .........................................................................................................................72
Tabela 5.5. Taxas de resfriamento registradas pelos termopares. ............................................77
Tabela 5.6. Temperatura
líquidus
registrada pelos termopares e seus respectivos tempos em
segundos. ..........................................................................................................................78
Tabela 5.7. Valores para posição da interface e tempo após procedimento de extrapolação...79
XXI
Tabela 5.8. Valores dos parâmetros de solidificação obtidos no processo de solidificação com
resfriamento lento.............................................................................................................80
Tabela 5.9. Tamanho de grão médio obtido para cada posição................................................81
Tabela 5.10. Dados de
T
L
obtidos das curvas de resfriamento nos experimentos 2 e 3. ..........85
Tabela 5.11. Valores das variáveis de solidificação obtidos nos experimentos 2 e 3. .............90
Tabela 5.12. Valores obtidos das variáveis de solidificação no momento da TCE..................91
Tabela 5.13. Dados de
T
L
obtidos a partir das curvas de resfriamento para o experimento 4..95
Tabela 5.14. Valores das variáveis de solidificação obtidos no experimento 4. ......................97
Tabela 5.15. Valores das variáveis de solidificação no momento da TCE obtida nos três
experimentos...................................................................................................................100
Tabela 5.16. Dados de
T
L
obtidos a partir das curvas de resfriamento para o experimento 5.
........................................................................................................................................102
Tabela 5.17. Valores das variáveis de solidificação obtidos no experimento 5. ....................104
Tabela 5.18. Valores das variáveis térmicas de solidificação na TCE (experimento 5). .......105
Tabela 5.19. Resultados de λ
2
medidos para cada posição nos três experimentos.................111
XXII
LISTA DE SÍMBOLOS
C
O
: composição da liga (% em peso)
D - coeficiente de difusão no líquido (m
2
/s)
G
L
– Gradiente de temperatura à frente da interface líquidus (K/mm)
kcoeficiente de partição
m - inclinação da linha
liquidus
(K / % em peso)
N
O
- densidade dos sítios de nucleação (1/m
3
)
P – posição da interface
liquidus
/
solidus
t – tempo (s)
TCE – Transição colunar-equiaxial
T
S
– temperatura
solidus
T
L
temperatura
liquidus
T
- taxa de resfriamento
L
T
- taxa de resfriamento do líquido
C
T
- taxa de resfriamento crítica
V
L
– Velocidade de avanço da isoterma
liquidus
λ − espessura do grão colunar
λ
2
espaçamento dendrítico secundário
T
C
- super-resfriamento na frente colunar (K)
T
N
- super-resfriamento efetivo nos sítios de nucleação (K)
Γ - coeficiente de Gibbs-Thomson (K m)
XXIII
RESUMO
Magnésio e suas ligas têm adquirido importância cada vez mais significativa como
material estrutural de peso leve despertando um singular interesse pela indústria uma vez que
oferece a melhor relação peso/resistência entre os metais. Os campos mais conhecidos de sua
aplicação consistem na construção de veículos, na aeronáutica, manipulação industrial (robôs,
automatização) e tecnologia de comunicação. Em particular, a indústria automobilística tem
crescentemente ampliado a utilização de ligas de magnésio na produção de peças que vão
desde caixas de câmbio até aros de rodas. As principais razões para este desenvolvimento são:
mudanças na legislação ambiental, as exigências de cliente, e objetivos corporativos que
requerem veículos mais leves diminuindo o consumo de combustível. O uso do magnésio para
aplicações estruturais em altas temperaturas é limitado devido a sua baixa resistência à
fluência. Isso se deve ao enfraquecimento do contorno de grão a partir da precipitação
descontínua da fase β-Mg
17
Al
12
de baixo ponto de fusão. Dentre as ligas de magnésio
desenvolvidas para resistência à fluência, as ligas do sistema Mg-Al-RE-Ca oferecem ótimo
desempenho com resultados similares à liga de alumínio ADC12. Muitos trabalhos sobre o
sistema de ligas Mg-Al-RE-Ca foram realizados visando compreender a relação entre
microestruturas e propriedades mecânicas. Entretanto, poucos estudos relacionaram a
influência das variáveis de solidificação na formação das microestruturas. O presente trabalho
tem como objetivo realizar um estudo em uma liga Mg-4%Al-3%La-1%Ca analisando a
influência das variáveis térmicas tais como taxas de resfriamento, velocidade da isoterma
liquidus
e gradientes de temperatura, na formação de estruturas, na transição colunar-
equiaxial e espaçamento dendrítico durante o processo de solidificação. A previsão das
distintas estruturas, tais como zona colunar e equiaxial é de grande interesse para avaliação e
projeção das propriedades mecânicas dos fundidos. Dessa forma, a liga estudada foi
submetida à solidificação unidirecional vertical ascendente e análise térmica. Foram
realizadas análises metalográficas nos lingotes solidificados. Os resultados colaboram para
uma melhor compreensão do fenômeno de solidificação da liga e serve como ferramenta no
desenvolvimento de modelos de previsões de formação de micro e macroestruturas que
influenciam diretamente nas propriedades mecânicas.
Palavras Chaves: Ligas de magnésio, transição colunar-equiaxial, solidificação,
espaçamento de braços dendríticos, microestrutura, variáveis térmicas.
XXIV
ABSTRACT
Due to their superior weight/resistance relation, magnesium and its alloys have been
acquiring a great deal of importance in the modern industry, specially as lightweight structural
materials in the fields of vehicle construction, aeronautics, industrial robotics, automation, and
communication technologies. In particular, the automotive industry has been increasingly
expanding the use of magnesium alloys in the production of auto-parts, ranging from gearbox
housings to steering wheels. The main reasons for this developments are changes in
environmental legislations, new customer requirements, and corporate policies regarding fuel
consumption and weight/power relations. The use of magnesium alloys for structural
applications at high temperatures is limited due to the precipitation of the discontinuous phase
β-Mg17Al12, which in fact, weakens the grain boundary during service resulting in a low
creep resistance. Among the magnesium alloys developed for creep resistance, the alloys of
the system Al-Mg-RE-Ca offer optimum performance with results similar to the ADC12
aluminum alloy. Many studies on the Al-Mg-RE-Ca system alloys were aimed to understand
the relationship between microstructure and mechanical properties. However, few studies
undertake the influence of the solidification variables in the microstructure formation. This
work aims to study the influence of some thermal variables such as temperature gradients,
solidification and growth tip rate on the formation of microstructures, the columnar/equiaxial
transition and dendrite arm spacing, during the solidification process of a Mg-4%Al-3%La-
1%Ca alloy. The prediction of the different structures, such as the columnar and the equiaxial
regions is of great interest for the assessment and projection of the mechanical properties of
the casts. Therefore, the alloy studied in this work were submitted to thermal analysis during
an unidirectional vertical ascending solidification, as well as optical and scanning electron
microscopy characterization. The results contribute to a better understanding of the
solidification phenomena of the magnesium alloys, as well as a tool in the development of
numerical models for the prediction of structures which directly influence the mechanical
properties of the parts.
Key words: Magnesium alloys, columnar-to-equiaxed transition, solidification,
dendrite arm spacing, microstructure, thermal variables.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
1
1. INTRODUÇÃO
As grandes indústrias de alta tecnologia confiam cada vez mais no potencial técnico e
econômico de materiais inovadores, como estratégia para competição bem sucedida no
mercado. Além disso, as perspectivas de novas políticas de leis ambientais e aumento da
consciência ecológica pelos consumidores, exigem o uso mais econômico de fontes de energia
primárias.
No início dos anos 70, durante a primeira crise do petróleo, o barril saltou de US$ 2,80
para US$ 12,00, e trouxe consigo a necessidade de construção de veículos mais econômicos.
Isso foi possível diminuindo o peso dos automóveis com o objetivo final de melhorar a
eficiência no consumo de combustível através da substituição de componentes produzidos
com materiais ferrosos por ligas metálicas mais leves como o alumínio e magnésio e também
pelo plástico, sem acarretar perdas de qualidade e segurança.
Além da constante crise energética, que está longe de ser resolvida em decorrência dos
crescentes conflitos bélicos no Oriente Médio nas últimas décadas, e diante do aumento
incessante da demanda mundial de energia (a Agência Internacional de Energia (AIE), projeta
para 2030 um aumento de 50% enquanto as previsões dos especialistas mostram um declínio
das reservas de petróleo a partir desse mesmo ano), grandes alterações climáticas foram
observadas no mundo inteiro nos últimos anos aumentando a preocupação da comunidade
científica quanto ao futuro do planeta. É consenso entre os especialistas que as mudanças
climáticas se devem ao aquecimento global provocado pela emissão de altos índices de gases
que provocam o efeito estufa na atmosfera tais como dióxido de carbono, metano,
clorofluorcarbonetos- CFCs e outros gases. Em abril de 2007, especialistas em mudanças
climáticas da ONU lançaram o relatório "Efeitos, adaptação e vulnerabilidade", onde
advertem que o aumento da temperatura mundial levará à extinção de 30% das espécies, à
queda da produção agrícola e à elevação de quatro a seis metros do nível do mar durante o
próximo século (Notícias 2007).
Diante desse quadro hostil, isto é, de crise energética e de crise ambiental, ocorre
concomitantemente o crescimento da consciência ecológica dos consumidores, que corrobora
a necessidade de inovação tecnológica para desenvolvimento de novos materiais e novas
fontes de energia de forma renovável, sustentável e sem agressões ao meio ambiente.
No que se refere ao desenvolvimento de novos materiais, entre 1978 e 1990 a
crescente substituição de aço por plásticos reduziu o peso médio do automóvel de 1.588 Kg
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
2
para 1.316 Kg. Os plásticos atingiram quase 8% do peso total do veículo em 1992 (Diego
Cunha Malagueta 2003), mas essa participação estabilizou-se até 1996, embora as previsões
em 1990 admitissem dobrar esse valor nos próximos dez anos. Apesar do avanço, o uso do
plástico é restrito em determinadas situações, pois diferentemente dos metais que possuem
excelente reciclabilidade, os plásticos, além de não apresentarem essa característica, possuem
baixa resistência mecânica, limitando sua utilização em algumas aplicações onde o esforço
mecânico é exigido.
Quanto ao uso de alumínio, um estudo conduzido pela Knibb, Gormezano & Partners
(KGP), em cooperação com a European Aluminium Association (EAA), mostra que a
quantidade de alumínio utilizado nos carros europeus aumentou de 50 kg em 1990 para 132
kg em 2005 e a previsão é que cresça mais 25 kg até 2010. Na Europa, dois milhões de
toneladas de componentes de alumínio foram usados nos carros que entraram em circulação
em 2005 (EAA 2007).
O magnésio atualmente ocupa papel de destaque por suas características físicas,
químicas e mecânicas. Com aproximadamente dois terços da densidade do alumínio e a
melhor relação peso/resistência entre os metais, as ligas de magnésio vêm sendo cada vez
mais utilizadas na indústria automobilística, substituindo não componentes produzidos em
aço mas também em alumínio para diminuir o peso dos veículos e facilitar a dirigibilidade.
Em relação aos plásticos, o magnésio oferece melhores propriedades mecânicas e
reciclabilidade.
No passado a força motriz que impulsionou o desenvolvimento do magnésio e suas
ligas foi a necessidade do uso de materiais estruturais leves em aplicações militares. Em 1944,
o consumo atingiu 228.000 toneladas, mas despencou após o fim da Segunda Guerra para
10.000 toneladas por ano. Em 1998, já com interesse renovado, a produção subiu para
360.000 toneladas por ano a um preço de US$ 3,6 por quilo. A taxa de crescimento tem uma
previsão de 7% ao ano (Mordike and Ebert 2001).
Atualmente a principal fonte de desenvolvimento do magnésio e suas ligas é a
indústria automotiva. Embora alguns desenvolvimentos interessantes tenham sido percebidos
na indústria aeroespacial e em outras aplicações, observam-se aplicações prósperas e bem
sucedidas em componentes da indústria automotiva como aros de direção, peças da coluna de
direção, instrumento de painéis, assentos, caixas de comando e sistemas de entrada de ar.
Desenvolvimentos futuros incluirão peças maiores do chassi, blocos de motores, armação de
portas e coberturas de tanques de combustíveis.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
3
Apesar disso, grande parte das utilizações dos componentes automotivos envolvem
esforços mecânicos em altas temperaturas e nesse particular o uso de ligas de magnésio é
restrito. O principal elemento de liga das ligas de magnésio é o alumínio, que melhora as
propriedades de fundição principalmente para o processo de fundição sob pressão (
die-
casting
), amplamente utilizado pelas indústrias que objetivam alcançar alta produtividade e
diminuição de custos.
O alumínio aumenta a resistência mecânica da liga através de endurecimento por
solução-sólida e pela formação do composto intermetálico β-Mg
17
Al
12
no contorno de grão
durante o processo de solidificação. Contudo, em aplicações que envolvem temperaturas
acima de 150°C, o composto β-Mg
17
Al
12
de baixo ponto de fusão pode sofrer amolecimento e
engrossamento devido ao aceleramento do processo de difusão provocado pelo aumento da
temperatura, resultando no enfraquecimento dos contornos de grão.
Para melhorar a resistência à fluência, uma série de ligas têm sido estudadas nos
últimos anos utilizando elementos ligantes para formar compostos mais estáveis no contorno
de grão e/ou evitar a formação da fase β-Mg
17
Al
12
.
O uso de cálcio e lantânio melhora a resistência à fluência em altas temperaturas. O
cálcio atua como refinador de grão e forma o composto estável Al
2
Ca nos contornos,
enquanto o lantânio forma partículas estáveis aciculares Al
11
La
3
seja no contorno, ou seja
cruzando os grãos (causando o efeito de clip - prendendo uns aos outros), ou ainda dentro dos
grãos sendo obstáculos muito efetivos para o movimento de discordâncias e deslizamento de
grãos (Anyanwu, Gokan et al. 2004).
Muitas pesquisas objetivaram o estudo e caracterização da microestrutura dessas ligas
correlacionando com propriedades mecânicas, mas poucos trabalhos visaram analisar a
influência das variáveis térmicas na formação de micro e macroestruturas buscando uma
melhor compreensão do processo de solidificação da liga.
Para o estudo proposto, foi elaborado um sistema experimental de solidificação
unidirecional vertical ascendente. A liga de magnésio estudada foi ZAXLa05413 devido á sua
aplicação em altas temperaturas.
No capítulo 3, a revisão bibliográfica mostra um breve histórico do magnésio desde
sua descoberta, passando pelos métodos de obtenção, as propriedades químicas, físicas e
mecânicas, aplicações na indústria, perspectivas futuras e um histórico do desenvolvimento de
ligas para aplicações em altas temperaturas.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
4
O capítulo 4 apresenta uma revisão sobre o fenômeno de solidificação, mostrando os
tipos de estruturas formadas e seus efeitos nas propriedades dos fundidos. Traz ainda, um
resumo de trabalhos obtidos da literatura especializada envolvendo critérios para previsão da
transição colunar-equiaxial (TCE).
O capítulo 5 explica a concepção do sistema experimental desenvolvido no laboratório
para realização de solidificação unidirecional vertical ascendente em ligas de magnésio e os
procedimentos adotados para obtenção dos resultados.
O capítulo 6 apresenta os resultados obtidos para os experimentos realizados com a
liga ZAXLa05413. O primeiro experimento foi realizado sem resfriamento unidirecional
partir da base do sistema. Isso permitiu que a solidificação da liga ocorresse dentro do forno
após processo de fusão, provocando a solidificação lenta com baixas taxas de resfriamento. O
objetivo desse experimento foi a obtenção de temperaturas de transformação (temperatura
liquidus
e
solidus
e temperaturas de transformações de fases), além da observação da macro e
microestrutura formada. Os microconstituintes formados no processo de solidificação foram
observados e caracterizados em microscopia ótica e microscopia eletrônica de varredura.
Outros três experimentos foram realizados em condições de solidificação unidirecional
vertical ascendente para estudo das estruturas formadas. Desses três experimentos, os dois
primeiros foram realizados sob condições iniciais iguais de solidificação, mantendo gradientes
de temperatura do banho e superaquecimento semelhantes. Os resultados de correlação das
variáveis térmicas com tempo e posição foram semelhantes assim como a macro e micro
estrutura formada. No quarto experimento, foi alterado o grau de superaquecimento do banho.
Essa alteração promoveu diferenças na estrutura formada e nas variáveis térmicas, sobretudo
na velocidade da isoterma
líquidus
.
Concluindo as análises pode-se formular uma expressão numérica que relaciona a taxa
de resfriamento, a velocidade da interface sólido-líquido com o espaçamento dendrítico
secundário. A expressão facilitará o desenvolvimento de modelos numéricos para simulação
de produtos da liga por fundição.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
5
2. OBJETIVOS
Os objetivos desse trabalho foram:
Construção de um sistema experimental para solidificação unidirecional
vertical ascendente de ligas de magnésio.
Realizar análise térmica na liga ZAXLa05413 para obtenção de
T
L
e
T
S
e
possíveis transformações de fases;
Observação e análise em Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das
microestruturas formadas;
Verificar a influência das variáveis térmicas de solidificação
V
L
,
G
L
e
L
T
na
formação de estruturas e na Transição Colunar-Equiaxial em ligas de magnésio
ZAXLa05413 e AZ91;
Verificar o critério de Transição Colunar-Equiaxial baseado em taxa de
resfriamento crítico;
Verificar a influência do grau de superaquecimento do líquido nas condições
de solidificação da liga ZAXLa05413;
Levantamento de expressões que correlacionam as variáveis térmicas de
solidificação com parâmetros de estrutura.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 O Magnésio
Em 1618, durante uma “seca em Epsom”, Surrey, na Grã-Bretanha, Henry Wicker
descobriu um local de sua fazenda onde havia um buraco cheio d’água que seu gado não
bebia; descobriu-se então que aquela “água amarga” tinha várias propriedades medicinais
como a cura de ferimentos externos, além de ser útil em uso interno.
Em 1695, Nehemia Grew publicou um panfleto descrevendo sais encontrados em água
de fontes minerais em Epsom. As propriedades medicinais deste sal atraíram alguma atenção
e na Inglaterra foi denominado sal de Epsom MgSO
4
.10H
2
O e no continente chamado sal
anglicum. A magnésia alba MgCO
3
(carbonato de magnésio) começou a ser comercializada
em Roma por volta de 1700; o termo “magnésia Alba” era utilizado em contraste com
“magnésia nigra”, o negro óxido de manganésio. O nome magnésia, no entanto, parece ter
tido origem na Grécia antiga; Magnésia era um distrito de Tessália, Grécia. O inglês Joseph
Black reconheceu o magnésio como um elemento químico em 1755, ao mostrar que da
primeira se formava um sulfato solúvel, ao passo que da outra se formava um sulfato pouco
solúvel.
Em 1808, Sir Humphry Davy, obteve o metal puro mediante a eletrólise de uma
mistura de magnésia e HgO, fazendo circular vapores de potássio sobre magnésia quente,
utilizando mercúrio como cátodo, extraiu o magnésio. Obteve o magnésio como amálgama e
chamou-lhe “magnium”. Na época, os termos “magnésio” e “manganésio” eram usados
indistintamente para denominar o manganésio, obtido a partir do mineral pirolusite (dióxido
de manganésio) e o magnésio existente na magnésia alba. Para evitar confusões, o termo
“magnésio” passou a ser utilizado para referenciar o elemento existente na magnésia alba; e
“manganésio” para o elemento existente na pirolusite. O metal pôde ser isolado a partir de
1852, quando o alemão Robert Bunsen fabricou uma célula eletrolítica que permitia obtê-lo a
partir do cloreto de magnésio (Herenguel 1976) (Peixoto 2000).
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
7
3.2 Extração e obtenção de magnésio
3.2.1 Ocorrência natural
O magnésio é encontrado na natureza geralmente na forma de sais, carbonatos,
sulfetos, óxidos e cloretos (na água do mar). Os silicatos olivina, serpentina e talco não
representam nenhum papel importante no refinamento do magnésio, embora eles representem
a maioria das ocorrências naturais dos compostos de magnésio. Os mais importantes minerais
são listados abaixo:
Magnesita: MgCO
3
(27% Mg)
Dolomita: MgCO
3
. CaCO
3
(13% Mg)
Carnalita: MgCl
2
. KCl . 6 H
2
O (8% Mg)
Brucita: Mg(OH)
2
Sólido nas condições ambientais, é o sexto elemento em abundância, constituindo
cerca de 2,76% da crosta terrestre e o terceiro mais abundante dissolvido nas águas dos mares
e oceanos, sendo o magnésio constituinte de 0,13% das mesmas. Calculado em metal, isso
representa aproximadamente 1,1 kg por metro cúbico. Portanto, não há limitações quanto ao
fornecimento de material bruto. Em estado puro, é o mais leve dos metais conhecidos (Rocha
1999).
3.2.2 Processos de obtenção
A obtenção do magnésio metálico se faz, mundialmente, através de duas grandes rotas:
térmica e eletrolítica. Nos processos térmicos, o magnésio apresenta pureza de produto mais
elevada por ser obtido na forma inicial de vapor. Estes processos utilizam como fontes
alternativas a dolomita e a magnesita. Os processos eletrolíticos têm a vantagem de ser
contínuos e apresentarem menores custos de produção e menor consumo de energia total.
Utilizam como fonte cloreto de magnésio, que pode ser proveniente da cloração da magnesita,
água do mar e salmouras concentradas como as águas-mães das salinas (FIERN 1998).
Para extração eletrolítica de magnésio são necessários aproximadamente 15.000 kWh
por tonelada de metal, uma quantidade comparável com a energia necessária para a produção
da mesma quantidade de alumínio (Street 1986). Nesse processo, o metal é obtido pela
eletrólise do cloreto de magnésio (MgCl
2
), método que foi empregado por Robert Bunsen,
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
8
obtendo-o de salmouras e água de mar, sendo também possível usar como matérias-primas
magnesita, dolomita e águas de salinas naturais. A extração do magnésio da água do mar
responde pela maior parte de sua produção industrial com um rendimento em torno de 80%. O
magnésio é precipitado como hidróxido - Mg(OH)
2
- pela adição de óxido de cálcio (CaO).
Em seguida, o hidróxido é filtrado e tratado com ácido clorídrico, produzindo o cloreto de
magnésio (MgCl
2
). Este, depois de seco e misturado com outros sais (para diminuir seu ponto
de fusão), é fundido e submetido a uma redução eletrolítica.
O processo silicotérmico ou ferrosilícico emprega como matéria-prima a dolomita. O
mineral ferrosilícico, liga de ferro e silício, é misturado à dolomita calcinada e prensado em
pequenos tijolos, que são postos numa retorta de aço, submetidos ao vácuo e aquecidos a
1.200ºC. Por esse processo, extrai-se o magnésio em forma de cristais, que se fundem.
O outro processo consiste na redução térmica do óxido de magnésio (MgO) por ferro-
silício derivado das minas de carbonetos. Recentemente vem sendo estudada a possibilidade
da produção de magnésio através da eletrólise do cloreto anidrido de magnésio (MgCl
2
)
derivado do minério (Schaefer 2007).
A produção global é de aproximadamente 436.000 ton (1997), sendo que 75%
proveniente da eletrólise e 25% por redução térmica (K. U. Kainer 2003). Entre os maiores
produtores mundiais encontra-se os EUA (30%), a Rússia (16%) e o Canadá (10%) (E-escola
2007). Devido à diversidade de aplicações deste metal a expectativa é que em 2010 a sua
produção mundial seja de 1 milhão de toneladas por ano.
No Brasil, jazidas de magnesita (MgCO
3
) no Ceará (Orós e Cariús) e na Bahia
(Brumados). Junto com o potássio, é encontrado em abundância na bacia salífera de Sergipe.
Grandes reservas de dolomita existem no Paraná e em São Paulo (Schaefer 2007).
3.3 Principais características
O magnésio é um metal bastante resistente e leve, aproximadamente 30% mais leve do
que o alumínio. Possui coloração prateada, perdendo seu brilho quando exposto ao ar. Quando
pulverizado e exposto ao ar, se inflama produzindo uma chama branca intensa, rica em raios
ultravioleta. O magnésio é um grande agente redutor e reage com vários ácidos, produzindo
hidrogênio. Não é atacado por bases e a quente desloca o hidrogênio da água. Reage
rapidamente, com liberação de calor, em contato com o ar ou água, motivo pelo qual deve ser
manipulado com precaução. O fogo produzido pelo magnésio, portanto, não deve ser contido
através do uso de água.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
9
3.4 Propriedades físicas e químicas do magnésio
O magnésio possui propriedades singulares que ainda precisam ser melhor estudadas e
podem abrir caminhos para importantes mercados relacionados a aplicações estruturais. As
ligas de magnésio apresentam uma excelente relação resistência/peso entre os metais e
combinam boas propriedades físicas e químicas.
Algumas das propriedades físicas e químicas do magnésio são mostradas na Tabela
3.1 (Association 2007), (Elements 2007), (Elektron 2007).
Tabela 3.1. Propriedades físicas e químicas do magnésio puro.
Propriedade Valor
Massa atômica 24,31
Cor Cinza prateado
Densidade (temperatura ambiente) 1,74 g / cm
3
Densidade (temperatura de fusão) 1,58 g /cm
3
Temperatura de fusão 650 ºC ± 5°C
Temperatura de ebulição 1107 ºC ± 10°C
Estrutura cristalina HCP
Calor de fusão 370 KJ / kg ±15
Coeficiente de expansão linear 26 . 10
-6
K
-1
Contração (sólido/líquido) 4,2%
Capacidade calorífica (20°C) 1,05 kJ . (kg K)
-1
Condutividade térmica (20°C) 155 W . (K m)
-1
Módulo de elasticidade 45 GPa
Elongação na fratura 1-12%
Condutividade elétrica (IACS) 38%
Pressão de vapor 360 Pa a 650ºC
3.5 Propriedades Mecânicas
O magnésio é fornecido em várias composições incluindo metal com pureza comercial
(99,8% mín.), ligas para fundição e para confecção de produtos trabalhados. Normalmente,
composições diferentes são usadas para fundição em relação às ligas trabalhadas.
Substancialmente, o magnésio puro não encontra uso prático em projetos de
engenharia e aplicações estruturais. O limite de escoamento do metal puro fundido é de
aproximadamente 20 MPa, com tensão limite de resistência de 20 MPa, elongação de 6 % e
dureza Brinell de 30 HB.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
10
O magnésio ligado adequadamente fornece materiais com uma ampla faixa de
propriedades mecânicas. As propriedades mecânicas das ligas de magnésio são determinadas
de acordo com os procedimentos da ASTM.
O valor do módulo de elasticidade (E) do magnésio e suas ligas é de 45 GPa na
temperatura ambiente, enquanto o módulo de cisalhamento (G) é de 16,5 GPa, com um
coeficiente de Poisson de 0,35.
As ligas de magnésio possuem dureza suficiente para aplicações estruturais, exceto
aquelas que envolvem abrasão severa. Embora haja uma grande variação de dureza entre as
ligas de magnésio, a sua resistência à abrasão varia apenas de 15% a 20%.
Outra característica interessante nas ligas de magnésio é sua excelente capacidade de
amortecimento, se comparada a outros metais. A capacidade de amortecimento pode ser uma
propriedade interessante na seleção de materiais tanto para indústria aeronáutica, como para
equipamentos eletrônicos, uma vez que a capacidade de alto amortecimento não somente
reduz as vibrações causadas pela deformação plástica, como também reduz vibrações
causadas pela deformação elástica, o que pode causar ruído.
A resistência à fadiga é outro importante fator que deve ser considerado para as ligas
de magnésio. As curvas para as ligas de magnésio tendem a um nível de menor número de
ciclos quando comparadas às ligas de alumínio. O mecanismo de iniciação das trincas de
fadiga em ligas de magnésio é relacionado ao escorregamento na orientação preferencial dos
grãos e à freqüente existência de micro poros. No caso de magnésio puro, a orientação da
trinca é fortemente influenciada pelo deslizamento no contorno de grão (fenômeno de
fluência). Pequenos poros superficiais, rugosidade elevada e corrosão são fatores mais
importantes para a redução da vida em fadiga do que composição química ou tratamento
térmico. Essa grande diferença pode muito bem ser entendida em uma comparação entre
produtos fundidos e usinados, uma vez que os produtos usinados possuem um acabamento
superficial mais refinado e conseqüentemente, uma maior vida em fadiga. O trabalho a frio
cria uma deformação plástica superficial que gera uma tensão compressiva residual que
aumenta a vida em fadiga
Exceto em aplicações em temperaturas elevadas é que tem sido registrado caso de
falha por fadiga em ligas de magnésio fundido. Em geral, essas falhas têm origem em projetos
inadequados que geram concentradores de tensões.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
11
Ligas fundidas de magnésio são fornecidas com limite de resistência à tração até 280
MPa e tensão limite de escoamento até 160 MPa aproximadamente, enquanto que ligas
trabalhadas com limite de resistência à tração até 360 MPa e tensão limite de escoamento até
300 MPa . (Nonferrous 2007)
3.6 Comportamento à corrosão
O magnésio é um elemento altamente ativo (possui um forte caráter eletronegativo),
sendo facilmente oxidado. também a formação de uma camada passivadora (MgO), para o
caso de chapas quando em contato com o ar. Entretanto, o contato com meios aquosos
desestabiliza esse filme gerando a formação de uma película de Mg(OH)
2
que não oferece
proteção ao material.
A taxa de corrosão das ligas de magnésio tende a aumentar com o aumento da
umidade no ambiente. Cloretos e sulfetos que se formam na superfície impedem a formação
da camada protetora e permitem a corrosão por
pit
. O magnésio é rapidamente atacado por
minerais ácidos exceto ácidos hidrofluorídricos.
Um grave problema que ocorre com o magnésio é sua alta susceptibilidade à corrosão
galvânica, que ele é o mais anódico de todos os materiais estruturais. Especialmente em
ligas de magnésio, impurezas do tipo ferro, níquel e cobre são altamente indesejáveis
diminuindo em muito a resistência à corrosão do produto. A susceptibilidade à corrosão da
superfície das ligas convencionais tem sido diminuída significativamente com a introdução
das ligas de alta-pureza (HP), onde há redução a níveis críticos de Fe, Ni e Cu, mas falta ainda
a propriedade de passivação, ou seja, a habilidade de criar uma película protetora aderente na
superfície (Brooks 1982).
3.7 Vantagens e Desvantagens do uso do magnésio
Conforme já mencionado, o magnésio é o mais leve dos metais utilizados como
materiais estruturais. É esta propriedade que atrai os fabricantes para substituir materiais mais
densos, não aços, ferro fundido e ligas a base de cobre, mas também ligas de alumínio por
ligas a base de magnésio.
Um resumo das vantagens e limitações de suas aplicações está descrito na Tabela 3.2.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
12
Ligas de magnésio foram utilizadas extensivamente na Primeira e na Segunda Guerra
Mundial, mas a partir daí foram usadas somente em alguns setores da indústria nuclear,
metalúrgica e aeronáutica militar, com interesse diminuído (Mordike and Ebert 2001).
O crescimento do uso de magnésio na indústria automotiva se deve a soma de diversos
fatores:
Interesse por parte das montadoras pela diminuição do peso dos veículos para:
Melhorar a eficiência no consumo de combustível;
Diminuir índices de emissão de gases poluentes para satisfazer nova
legislação, mais restrita, que limita a emissão dos mesmos, motivada pela
crescente preocupação mundial com o aquecimento global;
Melhorar propriedades de condução dos veículos (dirigibilidade).
Substituição de numerosos componentes de aço e alumínio por ligas de magnésio;
Tendência em evitar o uso de plásticos, os quais são de difícil reciclagem.
Tabela 3.2. Resumo das vantagens e desvantagens do uso de magnésio como material para
aplicações estruturais. (Adaptado – K. U. Kainer 2003).
Perfil característico das ligas de magnésio
Vantagens (+) Desvantagens (-)
- Menor densidade de todos materiais estruturais
metálicos
- Poucas ligas otimizadas
- Alta resistência específica - Apenas algumas ligas trabalhadas
- Boa fluidez e adequação para o processo die-casting - Baixa ductilidade e dureza em temperaturas ambiente
- Fácil usinagem com alta velocidade de corte
- alta resistência mecânica e fluência limitada sob altas
temperaturas
- Boa soldabilidade sob proteção de gases inertes - Alta reatividade química
- Resistência à corrosão altamente melhorada
utilizando magnésio de alta pureza
- Alta contração
- Prontamente disponível
- Conceitos de reciclagem disponíveis não
compreensíveis
- Notáveis barreiras em relação à combustibilidade,
comportamento à corrosão e manuseio
- Número limitado de fornecedores, sem estabilidade e
preços baixos
- Em algumas aplicações resistência à corrosão
limitada
- Quando comparado com plásticos:
- Melhores propriedades mecânicas
-Melhor condutividade térmica e elétrica
- reciclável
- resistente ao envelhecimento
- Baixo módulo de elasticidade
O uso de magnésio em carros não é uma inovação recente. Já nos anos trinta, era
comum o uso de magnésio fundido em peças de automóveis, sendo o exemplo mais famoso o
VW-Beetle (o Fusca, Figura 3.1). Com o começo da produção do VW-Beetle em 1939, cada
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
13
vez mais foram somadas peças, como o cárter, roda dentada do eixo de comando, alojamento
para a caixa de engrenagem, várias coberturas entre outras, até que o peso total de magnésio
no automóvel atingiu 17 kg em 1962, o que significava uma redução de 50 kg em massa total,
quando comparado ao aço. A produção do VW-Beetle utilizou quase 21.000 ton de ligas de
magnésio em 1960 e o Grupo Volkswagen alcançou um consumo total de 42.000 ton de ligas
de magnésio em 1972, quando começou a mudança dos motores resfriados a ar para motores
refrigerados à água, reduzindo drasticamente a utilização das ligas de magnésio (K. U. Kainer
2003). As Figuras 3.2, 3.3 e 3,4 mostram exemplos de aplicações das ligas de magnésio na
indústria.
Figura 3.1. Utilização de ligas de magnésio no passado pela Volkswagen no Beetle (Fusca).
Adaptado (ASA 2007)
Figura 3.2. Peças de automóveis em ligas de magnésio. Alojamento, caixa de comando e aro
de direção. (Volkswagen AG).(K. U. Kainer, 2003)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
14
Figura 3.3. Peças automotivas projetadas em ligas de magnésio. Portas de carros lateral e
traseira e armação de assentos. (R. Fink, 2003).
Figura 3.4. Outras aplicações das ligas de magnésio. (R. Fink, 2003)
A Figura 3.5 mostra desenvolvimento semelhante de outros materiais leves que
competem com magnésio em algumas aplicações. Espera-se que o uso de magnésio cresça a
uma taxa semelhante a de outros metais nesse século. Esse fato presume um investimento
continuado em pesquisa e desenvolvimento.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
15
Figura 3.5. Produção de materiais de baixa densidade ao longo do século XX. (Adaptado -
Mordike and Ebert, 2001)
3.8 Utilização do magnésio
Apesar dos avanços tecnológicos e da crescente utilização de ligas de magnésio como
materiais estruturais, o maior uso do magnésio na indústria metalúrgica está na produção de
ligas de alumínio, tendo esse um papel importante no aumento da resistência à corrosão
dessas ligas. As principais utilizações do magnésio na indústria estão representadas no gráfico
da Figura 3.6 abaixo:
Figura 3.6. Proporção das aplicações metalúrgicas do magnésio em 1997. (Adaptado -
Mordike and Ebert, 2001)
3.9 Ligas de magnésio
3.9.1 Principais elementos de liga
Com o advento das ligas de magnésio, um enorme esforço tem sido realizado para
melhorar as propriedades do magnésio puro com adição de elementos de liga. O principal
Outras
13,15%
Dessulfuração
14,73%
Die-casting (alta-
pressão)
27,65%
Elemento de liga em
ligas de alumínio
44,48%
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
16
mecanismo para melhorar as propriedades mecânicas é por endurecimento por precipitação ou
endurecimento por solução-sólida. O magnésio forma fases intermetálicas com muitos
elementos de liga e a estabilidade da fase aumenta com a eletronegatividade do outro
elemento. A Tabela 3.3 apresenta os principais elementos de liga em magnésio e seus efeitos.
Tabela 3.3. Principais elementos de liga para o magnésio e seus efeitos.Adaptado (Brooks
1982) (Diego Cunha Malagueta 2003).
Elemento de
Liga
Efeitos
Alumínio
Desde os anos 20 o alumínio se tornou o principal elemento de liga por
aumentar significativamente o limite de resistência através da formação da
fase Mg
17
Al
12
. O alumínio aumenta a fundibilidade principalmente em ligas
para fundição sob pressão. Aumenta também a faixa de solidificação
facilitando a fundição. Quando presente em teores maiores que 6% em
peso, torna a liga tratável termicamente, porém ligas comerciais
dificilmente ultrapassam 10% de alumínio.
Zinco
É o segundo elemento de liga mais importante para o magnésio.
Usualmente utilizado em conjunto com o alumínio para aumentar a
resistência à temperatura ambiente, entretanto, quando adicionado em
teores acima de 1% em peso reduz a ductilidade a quente em ligas de
magnésio contendo de 7 a 10% de alumínio. Em conjunto com zircônio e
terras raras ou tório produz endurecimento por precipitação. O zinco auxilia
na diminuição do efeito deletério do ferro e níquel sobre a resistência à
corrosão.
Terras Raras
Terras raras aumentam a resistência à alta temperatura. Geram precipitados
na região de contornos de grãos aumentando a resistência à fluência.
Também diminuem a formação de trincas e porosidades em fundidos por
diminuírem a faixa de temperaturas de solidificação. As ligas de magnésio
com terras raras têm sido amplamente estudadas nos últimos anos visando o
melhoramento das propriedades mecânicas em solicitações a altas
temperaturas como materiais estruturais na indústria automobilística e
aeroespacial.
Silício
Aumenta a fluidez do banho aumentando a fundibilidade, porém, diminui a
resistência à corrosão com ferro presente.
Prata Facilita o tratamento de envelhecimento.
Tório
Aumenta a resistência à fluência em temperaturas até 370ºC e melhora a
soldabilidade de ligas contendo zinco.
Cálcio
É adicionado imediatamente antes do vazamento em fundidos para redução
de oxidação da liga. Atua também como redutor da oxidação no tratamento
térmico. Age ainda como refinador de grão.
Berílio
Apresenta pequena solubilidade porém, adições na ordem de 0,001% em
peso, diminuem a tendência à oxidação superficial durante processos de
fusão. Pode promover o crescimento de grão em ligas fundidas em areia
Manganês
Adições de manganês não afetam a resistência máxima porém, resultam um
pequeno aumento na tensão de escoamento. A função princ
ipal é aumentar
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
17
a resistência à corrosão em água do mar em ligas Mg-Al e Mg-Al-Zn por
combinar-se com ferro e outros metais pesados.
Zircônio
O zircônio tem efeito de refinador de grão em ligas de magnésio. Acredita-
se que a proximidade do parâmetro de rede do zircônio com magnésio
permite que precipitados ricos em zircônio formados durante a
solidificação, atuem como local de nucleação heterogênea para o magnésio.
Ítrio
Apresenta solubilidade de até 12,4% em peso com magnésio. É adicionado
em conjunto com outras terras raras para aumentar a resistência à fluência
em temperatura até 300ºC.
Estanho
Quando utilizado em conjunto com alumínio, aumenta a ductilidade da liga
e facilita o forjamento, pois diminui a tendência a trincas a quente
Ferro, cobre e níquel diminuem drasticamente a resistência à corrosão. São tidos
como impurezas na liga.
3.9.2 Classificação e nomenclatura das ligas
As ligas de magnésio são classificadas pela ASTM (American Society of Testing and
Materials) seguindo uma designação própria, dividida em quatro partes. A primeira parte,
composta de duas letras, indica os dois principais elementos de liga. A segunda parte, com
dois números, indica o percentual desses dois elementos. Se existirem duas ligas com
características iguais, a terceira parte designa um número seqüencial por ordem de patente. A
quarta e última parte, indica o tratamento térmico ou mecânico empregado.
o sistema de numeração unificado (UNS) reserva as designações de M10001 até
M19999 para as ligas de magnésio.
O sistema de classificação da ASTM possui as designações definidas conforme
definido pelas Tabelas abaixo (ASM 1990)
1
. A Tabela 3.4 mostra a primeira parte da
classificação referente aos elementos de liga.
Tabela 3.4. Primeira parte (elementos de liga):
A: Alumínio B: Bismuto C: Cobre D: Cádmio
E: Terras raras F: Ferro G: Magnésio H: Tório
K: Zircônio L: Lítio M: Manganês N: Níquel
P: Chumbo Q: Prata R: Cromo S: Silício
T: Estanho W: Ítrio Y: Antimônio Z: Zinco
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
18
A segunda parte indica a quantidade em percentual dos dois principais elementos de
liga. A Tabela 3.5 se refere à terceira parte que distingue ligas com o mesmo teor de
elementos de liga.
Tabela 3.5. Terceira parte: Distinção de ligas com o mesmo teor de elementos de liga.
A: Primeira liga registrada na ASTM.
B: Segunda liga registrada na ASTM.
C: Terceira liga registrada na ASTM.
D: Liga de alta pureza.
E: Liga de alta resistência à corrosão.
X1: Liga não registrada na ASTM.
A Tabela 3.6 mostra a quarta parte da classificação que indica o tipo de tratamento
térmico ou mecânico.
Tabela 3.6. Quarta Parte: Condição do tratamento térmico ou mecânico
F
Não tratado.
O
Recozido.
H10 e H11
Levemente encruado.
H23, H24 e H26
Encruado e parcialmente recozido.
T4
Tratamento térmico de solubilização.
T5
Envelhecido artificialmente.
T6
Tratamento térmico de solubilização e envelhecido artificialmente.
T8
Tratamento térmico de solubilização, trabalhado a frio e envelhecido
artificialmente.
Exemplo:
Liga AZ91A-T6
AZ : significa que o alumínio e o zinco são os dois principais elementos de liga.
91 : indica os percentuais de alumínio (9%) e zinco (1%) presentes na liga.
A : indica que esta liga foi a primeira a ser registrada na ASTM com estas quantidades
de alumínio e zinco.
T6 : indica que a liga sofreu tratamento térmico de solubilização e foi envelhecida
artificialmente.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
19
3.10 Desenvolvimento de ligas de magnésio resistentes a altas temperaturas
Historicamente, as ligas binárias de Mg-Al foram as primeiras a serem desenvolvidas.
O alumínio adicionado no magnésio melhora a fundibilidade, aumentando a fluidez e
o intervalo de solidificação, melhora as propriedades de tração em temperatura ambiente
através de endurecimento por solução sólida e precipitação do intermetálico Mg
17
Al
12
. Dentre
as ligas desse sistema, destacam-se a AM60 e AM100 amplamente utilizadas na indústria
automotiva.
A adição de zinco no sistema Mg-Al promove melhoria na resistência mecânica da
liga em temperatura ambiente e também ajuda a superar o prejudicial efeito corrosivo das
impurezas de ferro e níquel que podem estar presentes na liga (Wang, Wang et al. 2003).
Atualmente, a liga AZ91 é a mais utilizada e responde por aproximadamente 90% de todo o
fundido de magnésio produzido no mundo (Guangyin, Yangshan et al. 2000).
Embora ofereçam boas condições de propriedades mecânicas, exibindo tensões de
escoamento na temperatura ambiente na ordem de 100 - 150 MPa, resistência à corrosão e
excelentes propriedades de fundibilidade, essas ligas são todas propensas a excessivas
deformações por fluência mesmo quando expostas a baixos níveis de carregamento em
temperaturas acima de 100ºC. Sua resistência à fluência é menor do que 20 MPa em
temperaturas acima de 150ºC (Gao, Zhu et al. 2005).
Nos últimos 30 anos diversos trabalhos foram publicados visando o desenvolvimento
de ligas de magnésio para aplicações em altas temperaturas.
A interpretação predominante na literatura quanto ao motivo da baixa resistência à
fluência para essas ligas sugere a precipitação descontínua nos contornos da fase β-Mg
17
Al
12
de baixo ponto de fusão (437ºC), podendo prontamente sofrer amolecimento e engrossamento
devido ao aceleramento do processo de difusão pelo aumento da temperatura, resultando no
enfraquecimento dos contornos de grão (Jing, Yangshan et al.; Pettersen, Westengen et al.
1996; Dargush, Dunlop et al. 1997; Lu, Wang et al. 1999; Guangyin, Yangshan et al. 2001;
Mordike 2002; Moreno, Nandy et al. 2003; Anyanwu, Gokan et al. 2004).
A Figura 3.7 mostra uma microestrutura típica de uma liga AZ91D utilizada em
fundição sob pressão que consiste na fase β-Mg
17
Al
12
(escura) distribuída ao longo dos
contornos de grãos.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
20
Figura 3.7. Microestrutura típica de uma liga AZ91D utilizada em Fundição sob Pressão.
Adapatado ((Song, Atrens et al. 1998)
3.11 O sistema Mg-Si
Uma solução para melhorar as propriedades em altas temperaturas, é desenvolver ligas
onde fases secundárias termicamente estáveis se formam entre os grãos e impedem o
deslizamento de grão.
Estudos anteriores mostraram que a adição de silício em ligas do sistema Mg-Al-Zn
pode produzir melhorias substanciais nas propriedades mecânicas. A adição de silício causa
um aumento na fluidez do metal fundido. A formação do composto intermetálico Mg
2
Si pela
adição de silício exibe alto ponto de fusão (1085°C), alta dureza (460 HV
0,3
), baixa densidade
(1,9 g/cm
3
), alto módulo de elasticidade (120 GPa), e baixo coeficiente de expansão térmica
(7,5 x 10
-6
K
-1
). Essa fase intermetálica, muito estável e presente nos contornos, impede o
deslizamento de grãos em altas temperaturas (Yuan, Liu et al. 2002; Guangyin, Manping et al.
2003; Evangelista, Gariboldi et al. 2004).
A liga AS41A foi desenvolvida pela Volkswagen, especialmente pela sua propriedade
de resistência à fluência, para produção de seus cárters. Mais tarde, desenvolveu também a
liga AS21, também amplamente utilizada (Street 1986).
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
21
Estudos comparativos foram realizados entre a liga com alto teor de alumínio (AZ91)
e a liga AS21, com melhores resultados para a liga AS21 em ensaios de fluência com
carregamentos constantes de 30 e 40 MPa em temperaturas entre 125ºC e 175ºC, conforme
mostrado na Figura 3.8 (Dargush, Dunlop et al. 1997; Zhang 2005).
Figura 3.8. Comparação da liga AS21 com AZ91 em relação a resistência a fluência na
temperatura de 125°C, com carga constante de 30 e 40 MPa. (Adapatado Dargush et al.
1997).
Apesar desses avanços e dos bons resultados de resistência à fluência, as ligas AS21 e
AS42 mostram baixas propriedades de fundibilidade e insuficiente resistência à corrosão, de
acordo com as novas exigências do mercado.
As ligas de magnésio contendo silício têm seu uso limitado ao processo de fundição
sob pressão, o qual possui uma alta taxa de solidificação, uma vez que os compostos Mg
2
Si
são propensos a engrossamentos indesejáveis e à formação de partículas tipo “caracteres
chineses”, sob condições de baixas taxas de resfriamento, que prejudicam as propriedades
mecânicas (Yuan, Liu et al. 2002).
Evangelista (Evangelista, Gariboldi et al. 2004), realizou modificações na liga AS21
adicionando pequenas quantidades de terras raras e com tratamentos térmicos de
envelhecimento, visando melhorar sua resistência à corrosão e à fluência em temperaturas de
150°C, mas as tensões aplicadas nesses casos ficaram em torno de 100 MPa.
Cálcio e antimônio têm-se mostrado eficientes refinadores de partículas do tipo
“caracteres chineses” para essas ligas, promovendo melhorias efetivas nas propriedades de
tração principalmente em aplicações de processos de fundição em molde permanente ou
fundição em areia (Yuan, Liu et al. 2002).
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
22
3.12 O sistema Mg-Zn-Al
Outra solução para melhorar o desempenho em altas temperaturas é desenvolver novas
ligas que não contenham quaisquer partículas βMg
17
Al
12
na microestrutura. A adição de
zinco na liga binária Mg-Al tem mostrado uma completa eliminação da fase βMg
17
Al
12
, e as
ligas resultantes Mg-Zn-Al (ZA) possuem uma resistência à fluência melhorada (Zhang, Guo
et al.).
No início dos anos 70 ocorreram os primeiros registros de ligas de magnésio
desenvolvidas com alto teor de zinco e baixas quantidades de alumínio. Três ligas
experimentais foram desenvolvidas pela NL Industries (ZA124; ZA102+0.3Ca e AZ88)
(Zhang, Tremblay et al. 2004).
Resultados experimentais mostraram que a adição de pequena quantidade de cálcio
nessas ligas melhora sua resistência à fluência, sendo que a liga ZA102+0.3Ca apresentou
resultados melhores do que a liga ZA124 e similares à liga AS21. Pesquisas com ligas da série
ZA, objetivando uma melhor compreensão do sistema ternário Mg-Zn-Al e também maior
resistência da liga em altas temperaturas, registraram a formação de partículas
τ(Mg
32
(Al,Zn)
49
), ε(MgZn) e ϕ(Mg
5
Zn
2
Al
2
). Dessa forma, a resistência à fluência se deve à
formação dessas partículas de segunda fase distribuídas no espaçamento interdendrítico e ao
longo dos contornos de grão. Observações por microscopia ótica e por microscopia eletrônica
de varredura revelaram que essas estruturas intermetálicas manifestam diferentes
características cristalográficas, que variam de acordo com a relação entre as concentrações de
zinco e alumínio (Zhang, Guo et al.; Bourgeois, Muddle et al. 2001; Zhang, Tremblay et al.
2004).
3.13 O sistema Mg-Al-Ca-Sr
A adição de metais alcalinos terrosos (Ca – Sr), tem sido registrada em diversos
trabalhos e é considerada como alternativa para ligas de magnésio resistentes a altas
temperaturas, devido à formação de compostos intermetálicos altamente estáveis.
Embora o sistema Mg-Ca-Zn tenha atingido bons resultados em testes de fluência, e a
adição de zircônio e neodímio nessas ligas tenha desenvolvido endurecimento por
precipitação, melhorando as propriedades mecânicas (Gao, Zhu et al. 2005), a ausência do
alumínio limita seu uso aos processos de fundição com sistemas de baixa pressão, uma vez
que a ausência desse deteriora sensivelmente as propriedades de fundibilidade da liga.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
23
O cálcio é um material barato, com uma densidade menor até do que o magnésio (1,55
g/cm
3
), e oferece um efeito benéfico sobre a resistência à oxidação, fornecendo melhorias no
manuseio da liga fundida (You, Park et al. 2000). Pesquisas anteriores mostraram que o efeito
da adição de cálcio na microestrutura na liga AZ91 resulta em um refinamento da estrutura e
na redução da fase βMg
17
Al
12
e forma o composto Al
2
Ca. O limite de resistência à tração e
enlongação é reduzido em temperatura ambiente e o limite de resistência à tração na
temperatura de 150ºC aumenta com o acréscimo da quantidade de cálcio na liga (Qudong,
Wenzhou et al. 2001).
Trabalhos recentes mostraram que as ligas do sistema Mg-Al-Ca e Mg-Al-Sr também
ofereceram bons resultados em ensaios de fluência. Os trabalhos de Jing (Jing, Yangshan et
al.; Jing, Yangshan et al. 2006), ajudaram a compreender esses sistemas avaliando a formação
de microestruturas e propriedades mecânicas. Em seus experimentos os autores realizaram
testes de fluência variando a concentração de alumínio entre 4 a 7%, e mantendo constante a
concentração de cálcio e estrôncio em 1%, encontrando uma composição otimizada entre 5 a
6% de alumínio com propriedades mecânicas superiores em altas temperaturas, enquanto que
altas concentrações de alumínio resultam em notável degradação das propriedades de
fluência.
A influência do estrôncio e cálcio nesses sistemas também foi investigada, mantendo
constante a concentração de alumínio em 4%, observando concentrações otimizadas entre 1 e
2% de estrôncio onde os efeitos benéficos são significativos em testes de fluência. Nesses
sistemas não foi encontrada a fase βMg
17
Al
12
responsável pela diminuição da resistência das
ligas de Mg-Al em altas temperaturas. A presença de dois tipos de intermetálicos (Al
4
Sr e
Al
3
Mg
13
Sr), entre os contornos de grãos fornece o efeito de “clipagem(pinning) entre eles,
dificultando o deslizamento. Não foi observada variação morfológica dessas fases após
ensaios de fluência, o que indica que as mesmas são estáveis em altas temperaturas.
3.14 O sistema Mg-RE (magnésio – terras raras)
As primeiras aplicações de ligas de magnésio com metais terras raras surgiram no fim
da Segunda Guerra Mundial devido à necessidade do desenvolvimento de ligas ultraleves para
aplicações principalmente na indústria da aeronáutica e aeroespacial.
Inicialmente, metais terras raras eram usados como elementos de liga no magnésio na
forma de
mishmetal
, onde o principal constituinte era o cério. Naquela época, acreditava-se
que as propriedades das diferentes terras-raras eram todas iguais. Esse entendimento supunha
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
24
que o efeito de cério e
mishmetal
no magnésio eram praticamente os mesmos. Investigações
posteriores mostrando efeitos de
mishmetal
e cério no magnésio revelaram que esse ponto de
vista estava incorreto. Muitas ligas de magnésio com terras raras separadas foram então
desenvolvidas e muitas outras são ainda objeto de estudos. Ligas de magnésio comerciais
contêm principalmente
mishmetal
consistindo substancialmente de cério e lantânio (maioria
das ligas desenvolvidas), neodímio e ítrio. As ligas contendo ítrio são as mais recentes
desenvolvidas. No mundo ocidental, as ligas desenvolvidas ao longo do tempo e utilizadas na
indústria estão descritas pelas normas ASTM. A maioria delas foram planejadas para
fundidos. As ligas para fundição são caracterizadas por diferentes propriedades mecânicas e
de fundibilidade. diferenças substanciais nos seus custos, de acordo com o tipo de metais
terras raras na sua composição (Rokhlin 2003).
Dentre as ligas desenvolvidas, uma das mais recentes é a liga WE54A, cuja principal
característica é a presença de ítrio como elemento de liga dominante. Sua principal vantagem
é a alta resistência mecânica em temperaturas elevadas. Sugere-se a utilização da liga após
tratamento de resfriamento brusco, a partir de 525ºC por 8 horas, em água quente ou polímero
seguido por envelhecimento a 250ºC por 16 horas. Essa liga mostra boa soldabilidade,
fundibilidade e resistência à corrosão, além de poder ser fundida sem dificuldades
substanciais em seções finas. Outra liga desenvolvida para fundidos é a liga AE42 que
apresenta retenção de propriedades de resistência em temperaturas moderadamente
elevadas.(Rokhlin 2003).
Pettersen (Pettersen, Westengen et al. 1996), estudou o sistema AE em ligas de
magnésio e concluiu que a razão para o aumento da resistência à fluência dessa liga em
relação às demais ligas de outros sistemas, se deve à formação de partículas Al
11
RE
3
ramificadas, que se formam nos contornos de grãos produzindo o efeito “pinning” dos
mesmos. Ele concluiu que essa fase é estável em temperaturas próximas de 150ºC, uma vez
que seu ponto de fusão é altamente elevado (acima de 1200ºC), e que por conseqüência, a
difusão seria menor em relação às demais fases nessa mesma faixa de temperatura. Em
comparação ao sistema AS, cuja resistência à fluência se deve à formação de partículas Mg
2
Si
nos contornos, o sistema AE oferece melhores resultados devido à diferença entre a
morfologia das fases, já que as partículas Mg
2
Si não possuem a forma ramificada, e devido ao
fato de que nenhum alumínio será ligado ao silício com a adição do mesmo, aumentando
assim a precipitação da fase βMg
17
Al
12
. Para esse autor, quando a relação de RE/Al ficar
acima de 1,4, todo alumínio se ligará com terras raras e novas fases poderão se formar, tanto
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
25
fases do sistema Al-RE, ricas em terras raras, quanto a fase Mg
12
RE poderão ser encontradas
na liga. A precipitação de Mg
12
RE deve fortalecer a liga e o seu alto ponto de fusão
(aproximadamente 600ºC), torna-a mais estável do que a fase βMg
17
Al
12
em temperaturas
elevadas. Um possível problema pode ser o engrossamento das ramificações que podem
diminuir a ductilidade da liga. Uma solução para isso seria reduzir a quantidade de alumínio
para evitar a precipitação de βMg
17
Al
12
. Infelizmente, isso diminui a fundibilidade da liga.
Outra opção para impedir a precipitação de βMg
17
Al
12
sem diminuir a concentração de
alumínio, seria remover toda a segregação de alumínio no fundido por tratamento de
homogeneização antes do seu uso. Sem segregação haverá uma concentração homogênea de
alumínio abaixo de 3% na liga, e a força motriz para a precipitação seria muito pequena.
Apesar das observações de Pettersen, trabalhos posteriores constataram ainda a
diminuição da resistência à fluência das ligas AE acima de 150ºC. Nessa temperatura, a
decomposição da fase Al
11
RE
3
para Al
2
RE e dessa para Mg
17
Al
12
tem sido registrada em
inúmeros trabalhos (Moreno, Nandy et al. 2001; Powell, Rezhets et al. 2002; Moreno, Nandy
et al. 2003; Anyanwu, Gokan et al. 2004; Xue, Sun et al. 2005; T. Rzychoń 2006).
O sistema Mg-Al-Zn-Ca-RE (onde terras raras são adicionadas na forma de
mishmetal
), foi estudado por Anyanwu (Anyanwu, Gokan et al. 2004), visando satisfazer duas
grandes necessidades: desenvolver ligas resistentes à fluência em altas temperaturas e com
excelentes propriedades de fundibilidade para fundição sob pressão. Observações detalhadas
na microestrutura dessas ligas revelaram que além do composto Al
2
Ca, dois outros tipos de
compostos Al-RE também se cristalizam, o composto acicular Al
11
RE
3
e partículas Al
2
RE.
Investigações posteriores sobre a concentração de terras raras em compostos Al-RE,
revelaram que os compostos Al
2
RE tem concentração de cério maior do que nos outros
compostos, por outro lado, nos compostos aciculares Al
11
RE
3
foi observada uma maior
concentração de lantânio. Em vista disso, e também pelo fato de perceberem que os
compostos aciculares se formavam cruzando os grãos, nos contornos e mesmo dentro de grãos
sendo conseqüentemente obstáculos muito efetivos para o deslizamento de grãos e movimento
de discordâncias, sugeriram a substituição em
mishmetal
rico em cério para lantânio. No seu
trabalho foi realizado um estudo comparativo entre as ligas ZAXE0613 (onde terra raras é
adicionado na forma de
mishmetal
), e ZAXLa0613 (somente lantânio como elemento terra
rara). Comparando as estruturas, eles verificaram um aumento da cristalização de compostos
aciculares na liga ZAXLa0613 em relação à liga ZAXE0613. Isso ocorre porque todos os
átomos de lantânio são utilizados na formação do composto Al
11
La
3
, enquanto que na liga
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
26
ZAXE0613, boa parte dos átomos de mishmetal é utilizado na formação de partículas Al
2
RE e
também de Al
11
RE
3
. Uma vez que a concentração de cálcio nas duas ligas é a mesma, os
melhores resultados em testes de fluência da liga com lantânio se devem à cristalização de
uma grande quantidade de compostos aciculares para essa liga em relação à liga com
mishmetal
rico em cério. A Figura 3.9 mostra curvas de fluência das ligas estudadas
comparando com outras ligas de magnésio e uma liga de alumínio ADC12, usualmente
utilizada em caixas de transmissões automáticas, indicando que a liga ZAXLa0613 pode ser
usada para essas aplicações.
Figura 3.9. Curvas de fluência comparando as ligas ZAXE05613 e ZAXLa05613. As linhas
tracejadas correspondem a curvas teóricas de ligas outras ligas de magnésio e da liga de
alumínio ADC12. (Adaptado Anyanwu et al, 2004)
A Figura 3.10 mostra que uma melhoria mais substancial entre essas ligas é obtida em
testes de fluência em condições ainda mais drásticas com temperatura em 200ºC. A presença
de cálcio forma o composto estável Al
2
Ca que ajudam a estabilizar a microestrutura da liga.
Numerosas discordâncias foram observadas por microscopia eletrônica de transmissão, em
torno dos compostos aciculares Al
11
La
3
, mas não foi observada nenhuma indicação de
decomposição mesmo depois de ensaios prolongados de fluência (1200h) sob severas
condições de temperatura e carregamento (175ºC e 50 MPa). Os compostos Al
11
RE
3
são
aparentemente mais estáveis termicamente do que Al
11
RE
3
, os quais contem diferentes
átomos de terras raras tais como cério e neodímio que podem prontamente formar compostos
Al
2
RE sob severas condições de fluência. A Figura 3.11 mostra esquematicamente as razões
pela qual a liga ZAXLa0613 é mais resistente à fluência do que a liga ZAXE0613.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
27
Figura 3.10. Curvas de fluência para efeito de comparação entre as ligas ZAXE0613 e a liga
ZAXLa0613. (adaptado: Anyanwu et al, 2004)
Figura 3.11. Modelo da microestrutura da liga ZAXLa05613: A
1
representa compostos
Al
11
La
3
que cristalizam cruzando os grãos, A
2
representa compostos Al
11
La
3
que cristalizam
ao longo dos grãos, A3 representa compostos Al
11
La
3
que cristalizam dentro dos grãos e B
representa compostos de Al
2
Ca. (Adaptado Anyanwu et al, 2004)
A adição de lantânio promoveu a formação de uma grande quantidade de compostos
aciculares Al
11
La
3
que cristalizam cruzando os grãos, nos contornos de grãos e dentro dos
grãos. As partículas que cruzam os grãos promovem o efeito de “pinning” unindo dois grãos
vizinhos e isso controla simultaneamente o deslizamento de grãos e impede o movimento de
discordâncias nas vizinhanças do contorno de grão.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
28
3.15 Solidificação
A compreensão dos fenômenos envolvidos durante o processo de solidificação das
ligas metálicas adquire uma importância significativa uma vez que, com exceção dos artigos
produzidos por técnicas de metalurgia do pó, todos os demais passam por esse processo.
Após fusão e solidificação, as ligas metálicas são geralmente utilizadas em uma das
quatro condições:
Bruto de fusão;
tratado termicamente depois de fundido;
trabalhado mecanicamente depois de fundido e
trabalhado e tratado termicamente.
Em todos os casos, o processo de solidificação tem uma influência significativa sobre
as propriedades mecânicas não somente no caso de peças de fundição que apresentam
necessariamente a estrutura de forma definitiva, mas também naqueles produtos que serão
trabalhados mecanicamente. Mesmo que determinados defeitos desapareçam
macroscopicamente com o processo de deformação ou tratamentos térmicos, geralmente a
maioria deles é conduzida até o produto acabado (Quaresma 2000). As propriedades
mecânicas de um componente fundido estão relacionadas com os tipos de microestruturas
presentes, formadas durante o processo de solidificação e de fatores tais como o tamanho de
grão, porosidades, tamanho, forma e distribuição das inclusões, heterogeneidades de
composição química, presença de partículas de segunda fase, etc.
O tipo de microestrutura formada está diretamente ligado às modificações da interface
sólido/líquido (S/L), que pode passar de interface plana para celulares e dendríticas. Após o
processo de nucleação e durante o processo de crescimento, pode ocorrer a instabilidade da
interface plana provocada pela segregação de soluto ou solvente, com aumento dos seus
teores à frente da interface durante o processo de solidificação. Esse fenômeno de segregação
de soluto ou solvente à frente da interface S/L, juntamente com condições térmicas
favoráveis, conduzem ao fenômeno responsável pela instabilidade da interface planar,
conhecido como super-resfriamento constitucional. Dessa forma, o super-resfriamento
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
29
constitucional, a velocidade da isoterma
liquidus
(
V
L
), o gradiente de temperaturas (
G
L
) no
líquido e o teor de soluto são de extrema importância para as transições microestruturais que
ocorrem a partir da interface de solidificação (Rocha 2003).
A Figura 3.12 mostra a variação dos tipos de estruturas durante a solidificação.
Figura 3.12. Variação dos tipos de estruturas formadas durante processo de solidificação de
um composto orgânico CBr
4
: a) Celular, b) transição celular/dendrítica e c) dendrítica
(Garcia, 2001)
3.16 Macroestruturas de solidificação
A macroestrutura de solidificação de peças fundidas ou lingotes pode apresentar-se na
forma de grãos completamente colunares ou totalmente equiaxiais, dependendo da
composição química da liga e das condições de solidificação. A forma estrutural mais
complexa é composta pelas duas zonas (equiaxial + colunar). Esta forma mista de
solidificação ocorre quando os grãos equiaxiais encontram condições de nuclear e crescer no
seio do líquido, à frente da fronteira colunar de crescimento, provocando a transição colunar-
equiaxial (TCE). A previsão dessa transição é de grande interesse na programação das
propriedades mecânicas de produtos fundidos (Garcia 2005).
Na macroestrutura de lingotes, geralmente encontram-se essas diferentes estruturas
distribuídas de forma bastante característica, sendo uma região periférica em contato direto
com o molde, formada de grãos equiaxiais de granulometria reduzida, seguida de uma região
intermediária de grãos alongados unidirecionalmente, conhecida por grãos colunares, e por
fim uma região central de grãos equiaxiais de tamanho maior aos encontrados na periferia
(Boeira 2002), conforme arranjo esquematizado da Figura 3.13.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
30
Figura 3.13. a) Representação esquemática das diferentes zonas macroestruturais. b)
Macroestrutura de um lingote de alumínio de seção quadrada. (Garcia, 2001)
3.17 Zona Coquilhada
De modo geral, quando o metal líquido é vertido em um molde qualquer, a porção do
metal líquido que primeiro entra em contato com as paredes frias da lingoteira é rapidamente
super-resfriada . Isso ocorrerá tão mais rapidamente quanto maior a difusividade de calor do
molde. Nessa fina camada de líquido super-resfriado ocorre uma alta freqüência de nucleação
dos grãos cristalinos com orientação aleatória. Essa camada de pequenos grãos finamente
dispersos e localizada na superfície do lingote é denominada de zona coquilhada. O tamanho
dessa zona depende de uma série de fatores, dentre os quais pode-se citar as propriedades
termofísicas do material do molde, o coeficiente de transferência de calor metal/molde, e a
temperatura de vazamento do metal líquido. Analisando-se ainda o mesmo vazamento e após
o surgimento de uma primeira casca sólida, os únicos grãos que se desenvolverão serão
aqueles que estarão crescendo a partir das paredes do molde e em direção ao líquido. Desses
grãos, aqueles que tiverem direções de crescimento mais coincidentes com a direção de
extração de calor, ou seja, perpendicularmente à parede do molde, crescerão de forma seletiva
porque a direção preferencial de crescimento dendrítico é próxima dessa direção. Os grãos
que não tiverem direções favoráveis de crescimento serão bloqueados e impedidos de
continuarem a crescer, originando uma região denominada de zona colunar (Garcia 2001).
3.18 Zona Colunar
O calor latente de solidificação liberado, associado ao calor que flui do líquido
aquecido em direção ao molde, remove o super-resfriamento do metal líquido inicialmente
existente nas proximidades das paredes, diminuindo drasticamente a taxa de resfriamento.
Como o líquido no centro do lingote está a temperaturas acima da temperatura de fusão não
poderá ocorrer a formação de grãos nessa região nesses instantes iniciais, conseqüentemente,
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
31
os únicos grãos que poderão se desenvolver são aqueles que estão crescendo a partir das
paredes dos moldes e em direção ao líquido no centro do lingote.
Conforme a dendrita se desenvolve, ocorre um engrossamento do tronco solidificado
da dendrita. A forte orientação dos grãos colunares, favorecida pelo gradiente térmico no
líquido, induz a um crescimento acelerado também nos braços terciários ao longo da
ramificação primária, de tal forma que eles podem se desenvolver na forma de primários
(Boeira 2002).
O aumento da taxa de resfriamento ocasiona um aumento do comprimento e uma
diminuição da espessura dos grãos colunares. Ares (Ares, Gueijman et al. 2002), correlaciona,
através de modelagem semi-empírica do crescimento colunar, comprimento dos grãos
colunares com posições das isotermas
solidus
e
liquidus
no momento da transição colunar
equiaxial e a espessura da coluna com a taxa de resfriamento através das seguintes equações:
b
Ta
=
λ
onde:
λ : espessura do grão colunar (m);
a e b : constantes determinadas experimentalmente;
T
: Taxa de resfriamento (°C/min)
(
)
S
TCE
L
TCE
L
TCEcol
XXCXL =
onde:
col
L
: comprimento da zona colunar (m)
L
TCE
X : posição da isoterma liquidus no momento da transição colunar/equiaxial (m);
S
TCE
X : posição da isoterma solidus no momento da transição colunar/equiaxial (m);
C
: Constante determinada experimentalmente
3.19 Zona equiaxial
O crescimento dos cristais colunares em direção ao centro do lingote continua
enquanto o calor é progressivamente retirado por condução através do sólido e conduzido ao
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
32
molde. Por outro lado, o líquido na região central do lingote também pode tornar-se super-
resfriado tanto por efeito térmico quanto constitucional, e se isso ocorrer, qualquer embrião de
sólido que surgir pode crescer aleatoriamente, na forma de cristais conhecidos como
equiaxiais. Dessa forma, o crescimento da zona colunar pode ser bloqueado pela formação de
uma zona equiaxial central. Os núcleos geradores dos grãos equiaxiais têm várias origens,
mas podem crescer após o líquido atingir nas regiões centrais temperaturas abaixo da
liquidus
.
Um primeiro mecanismo refere-se à sobrevivência de cristais coquilhados e
ramificações dendríticas que se rompem e que são trazidas pela ação convectiva até o centro
dos lingotes.
Um segundo mecanismo localiza a origem dos cristais equiaxiais nas dendritas da
zona colunar. O crescimento dendrítico é acompanhado de um gradiente de concentração de
soluto, ou seja, para k<1, a primeira porção de sólido formado tem menor concentração de
soluto do que as que se sucedem, o que provoca uma menor concentração de soluto no centro
da ramificação e que vai crescendo progressivamente. Essa heterogeneidade química pode
levar à refusão de ramificações dendríticas laterais. As porções do cristal que têm
concentrações de soluto mais elevadas, têm também temperatura
liquidus
mais baixas, o que
pode facilitar a refusão localizada. A ramificação dendrítica principal cresce rejeitando o
soluto ao seu redor, de tal forma que, quando as ramificações laterais surgem, elas crescem
em contato com um líquido de elevada concentração de soluto e cujo grau de super-
resfriamento é até superior àquele verificado no líquido situado na ponta da ramificação
principal. As ramificações laterais são inicialmente muito finas e crescem muito rapidamente,
e são também mais ricas em soluto do que a ramificação principal. Uma vez ultrapassada a
camada de líquido enriquecido de soluto, a velocidade de crescimento dessas ramificações
laterais diminui, e tem início o fenômeno de engrossamento desses braços dendríticos, que
podem ficar ligados à ramificação principal por uma seção menos espessa e que tem
concentração de soluto maior do que a ramificação principal. O calor latente liberado nessas
regiões de junção das ramificações pode ser suficiente para aquecer o líquido acima da
temperatura
liquidus
dessas seções mais finas, o que permite sua refusão e a separação da
ramificação lateral do corpo da dendrita. Os cristais destacados dessa forma podem ser
transportados por convecção e se constituírem em sementes geradoras da zona equiaxial.
Um terceiro possível mecanismo consiste na formação de cristais equiaxiais a partir de
núcleos formados na superfície superior do lingote. O líquido em contato com o meio
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
33
ambiente perde calor por radiação e fica super-resfriado termicamente, permitindo a
nucleação de pequenos cristais, que decantam caso tenham maior densidade do que o líquido.
Esses cristais continuam a crescer à medida que o líquido continua o seu processo de
resfriamento.
Alguns fatores podem favorecer a sobrevivência das ramificações dendríticas que
foram destacadas do crescimento colunar e os cristais coquilhados arrastados pelas correntes
de convecção e, conseqüente aumentar o tamanho da zona equiaxial, quais sejam:
Baixos superaquecimentos valores elevados favorecem a refusão dos cristais e
ramificações;
Ligas de grandes intervalos de solidificação maiores intervalos de solidificação, ou
qualquer outro fator que provoque um distanciamento entre as pontas e as raízes das
dendritas, induzem a um maior comprimento dendrítico e ficam mais sujeitas às
fragmentações.
Molde de difusividade de calor mais baixa como por exemplo a areia, que quando
comparada a moldes metálicos, induz a gradientes térmicos menores na zona pastosa,
favorecendo o crescimento de dendritas mais longas.
Movimento convectivo intenso a ação das correntes convectivas contribui na
fragmentação das ramificações dendríticas (Garcia 2001).
3.20 A transição colunar-equiaxial (TCE)
Peças fundidas ou lingotes de materiais metálicos podem apresentar estruturas
completamente colunares ou completamente equiaxiais, dependendo das condições químicas
da liga e das condições de solidificação. Entretanto, o mais comum é a ocorrência de uma
estrutura mista contendo grãos colunares e equiaxiais e a transição entre essas duas
morfologias dá-se em uma faixa estreita (Siqueira Filho 2002)
Essa forma estrutural mista acontece se for possível nuclear e crescer grãos
equiaxiais à frente da interface colunar de crescimento, provocando uma transição entre os
modos de crescimento.
A transição colunar-equiaxial (TCE), tem sido objeto de inúmeros estudos nas últimas
décadas, uma vez que é de fundamental importância a compreensão das relações entre
variáveis de solidificação e a estrutura resultante para o desenvolvimento de melhorias de
processo para obtenção de peças de alta qualidade. A previsão das distintas estruturas, tais
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
34
como zona colunar e equiaxial é de grande interesse para a avaliação e projeção das
propriedades mecânicas dos fundidos (Cante, Cruz et al. 2007).
No aspecto experimental, a técnica da solidificação unidirecional tem sido bastante
utilizada em estudos de caracterização de aspectos da macroestrutura, da microestrutura e de
análise da segregação de soluto.
3.21 Critérios para Transição Colunar-Equiaxial
A literatura mostra indicações de que a competição entre esses dois tipos de
crescimento é fundamentalmente governada pelas condições do sistema metal/molde, tais
como: composição da liga, densidade de núcleos no volume de metal líquido, difusividade de
calor do material do molde, aquecimento do molde, coeficiente de transferência de calor da
interface metal molde e convecção do metal líquido.
Os principais fatores que influenciam na transição colunar-equiaxial podem ser
resumidos da seguinte forma:
Superaquecimentos crescentes quando não impedem completamente a formação de
zona equiaxial, podem retardar a transição colunar-equiaxial, aumentando dessa forma
o comprimento relativo da zona colunar. O aquecimento do molde pode provocar
efeito semelhante.
A capacidade de resfriamento na interface metal molde, traduzida pelo coeficiente
de transferência de calor h
i
, influi retardando a transição para valores de h
i
mais
elevados.
Taxas de resfriamento mais elevadas favorecem o aumento da zona colunar.
Examinando-se dois processos bastante distintos, como por exemplo a fundição
contínua de fitas metálicas em rolos refrigerados e a fundição em molde de areia, vê-se
que o coeficiente de transferência de calor metal/molde, no primeiro processo, é
bastante elevado, assim como G
L
e V, o que indica a predominância de estrutura
colunar, a menos que se disponha de um refinador de grãos de extrema eficiência. Já
no caso de fundição de areia dá-se o reverso, com valores de gradiente e velocidade
bastante baixos, indicando que a estrutura equiaxial pode prevalecer mesmo sem a
ação de refinadores eficientes.
O teor de soluto na composição química da liga atua no sentido de favorecer a
transição à medida que é aumentado, até um limite em que impede completamente a
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
35
presença da zona colunar. Podem ocorrer exceções como o caso de teor de carbono no
aço (Garcia 2001).
A quantificação dessa transição exige uma investigação mais aprofundada dos
mecanismos físicos envolvidos.
Flood e Hunt (S.C. Flood 1988), apresentaram um modelo mais efetivo para a
transição colunar-equiaxial baseado em expressões analíticas em relação a gradientes
térmicos, velocidade de solidificação, composição química e parâmetros de nucleação.
Segundo esse modelo, se a distância média de crescimento da dendrita colunar fosse
maior do que o diâmetro do grão equiaxial, haveria suficiente direcionalidade para determinar
parcialmente o crescimento colunar. As expressões sínteses desse modelo são dadas por:
Estrutura completamente colunar:
( )
(
)
( )
C
C
N
OL
T
T
T
NG
>
3
3
3/1
1100617,0
Estrutura completamente equiaxial
( )
(
)
( )
C
C
N
OL
T
T
T
NG
<
3
3
3/1
1617,0
sendo:
G: gradiente de temperatura na interface (K/m)
N
O
: densidade dos sítios de nucleação (1/m
3
)
T
C
: super-resfriamento na frente colunar (K)
T
N
: super-resfriamento efetivo nos sítios de nucleação (K)
V: velocidade de crescimento da frente colunar (m/s)
C
O
: composição da liga (% em peso)
Sendo T
C
dado por:
2/1
0
)18
Γ=
D
vC
kmT
C
Γ = coeficiente de Gibbs-Thomson (K m)
k = coeficiente de distribuição de soluto
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
36
D = coeficiente de difusão no líquido (m
2
/s)
m = inclinação da linha liquidus (K / % em peso)
Siqueira Filho (Siqueira Filho 2002) na sua tese de doutorado faz um estudo sobre
diversos trabalhos de pesquisa que objetivaram outros modelos de previsão da transição.
Esses estudos são resumidos abaixo.
Fredriksson (H. Fredriksson 1986), propõem um critério para a transição colunar-
equiaxial baseado na temperatura mínima do volume de líquido à frente da interface colunar.
Consideram que os cristais livres são formados nesse líquido assim que esse atinge a
temperatura liquidus. Inicialmente, esses cristais não têm grande influência sobre a
temperatura do líquido por serem ainda muito pequenos, e não terem, como conseqüência,
liberado uma parcela significativa de calor latente. A velocidade inicial de crescimento desses
cristais também é baixa, mas à medida que o superesfriamento aumenta, devido à diminuição
da temperatura do líquido, a velocidade de crescimento aumenta assim como a área total
desses cristais. Como resultado, uma maior quantidade de calor latente é liberada, e a
temperatura do líquido passa a aumentar novamente, e com esse aumento de temperatura a
velocidade de crescimento dos cristais diminui. Nesse ponto, o volume de cristais livres que
solidificam por unidade de tempo é apreciável, mesmo com essa diminuição na velocidade
de crescimento. Os autores consideram que a transição ocorre nesses instantes em que o
líquido que vinha se resfriando passa a se aquecer novamente, quando o aumento da
convecção provocado por esse aumento de temperatura, forçaria o transporte desses cristais
para a frente de solidificação onde eles bloqueariam o crescimento colunar.
Suri (Suri 1991), estudaram as ligas Al-4,5%Cu variando superaquecimentos e taxas
de resfriamento. Eles utilizaram coquilhas de cobre e aço inoxidável para induzir a
solidificação unidirecional. A posição da transição colunar-equiaxial, quando existente, foi
medida a partir da base do lingote. Os resultados obtidos indicam que a região colunar
aumenta progressivamente com o aumento do superaquecimento de 50 para 100°C, sendo que
para o aquecimento de 100°C, a estrutura é completamente colunar. O comprimento da zona
colunar observado manteve-se constante ao longo da largura do lingote, sendo que para o caso
da coquilha de aço inoxidável, o comprimento da zona colunar foi menor. Para cada posição
da transição medida, os parâmetros térmicos são determinados por um modelo de simulação
computacional de solidificação. Os valores correspondentes de G
L
e V
L
são usados para obter
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
37
o ponto da transição colunar/equiaxial que, segundo os autores deve ocorrer para G
L
< 0,74
V
L
0,64
.
Experimentos com solidificação unidirecional em ligas de Al-Si foram realizados por
Gandin (Gandin 2000), em um molde cilíndrico constituído de paredes laterais e superior
feitas com materiais cerâmicos com alta capacidade de isolação térmica. A parte inferior do
molde foi fechada com um disco fino de nitreto de alumínio, que possui alta condutividade
térmica. O metal foi levado a manter contato com uma chapa de cobre refrigerada a água
através do disco de nitreto de alumínio, e assim iniciando a solidificação unidirecional.
A partir dos resultados obtidos, ele constata que a velocidade na ponta da dendrita
colunar primeiro aumenta, e depois diminui como resultado da interação do crescimento da
interface com o fluxo de calor. Ele propõe que a posição correspondente à máxima velocidade
da interface deve coincidir com a transição colunar equiaxial, o que se localizaria próximo de
dois terços do comprimento do lingote.
Mahapatra (Mahapatra 1987), realizou experimentos de solidificação com ligas de Sn-
Pb em moldes de cobre cilíndrico. Para evitar perdas de calor radial, o interior e exterior dos
moldes foram recobertos com uma camada de fiberfax de 2 mm de espessura. O calor foi
extraído pela superfície inferior do molde, através de uma chapa molde de aço inoxidável,
colocado em contato com um bloco de cobre refrigerado a água. A taxa de resfriamento foi
modificada variando a espessura da chapa de aço. Um modelo de transferência de calor
unidimensional foi desenvolvido para o cálculo dos parâmetros térmicos da solidificação.
Valores de coeficiente foram obtidos pela interação entre as temperaturas medidas dos
termopares nas posições de 20, 40, 60 e 80 mm, com 3°C de superaquecimento e os
resultados simulados pelo modelo. O modelo de diferenças finitas com o correspondente
coeficiente de transferência de calor na chapa é então usado para determinar V
L
, G
L
e
T
em
função do tempo e posição do lingote durante a solidificação. Verifica-se que G
L
mantém-se
elevado próximo à chapa molde, decrescendo progressivamente com a distância da fase
resfriada, observando-se assim valores menores no topo do lingote. A velocidade da interface
acopla-se aos resultados do gradiente, com altas velocidades na chapa molde e baixas
velocidades na parte superior do metal. A TCE ocorreu próxima de um gradiente de
temperatura crítico no metal de 0,101 K/mm para Sn-5%Pb, 0,108 K/mm para Sn-10%Pb e
0,126 para Sn-15%Pb.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
38
Os resultados não permitem atribuir a transição à refusão dendrítica ou outros
mecanismos nucleantes. Baseado nesses resultados, os autores propõem que a TCE deve
ocorrer quando um gradiente de temperatura crítico é alcançado na ponta da dendrita. É
importante notar que eles realizaram seus experimentos em condições de coeficientes de
transferência de calor (h
i
) na interface metal/molde muito baixos, da ordem de 100 W/m
2
.K, e
a assumindo constantes ao longo da solidificação.
Ziv (Ziv 1989), desenvolveu trabalhos experimentais com a liga Al-3%Cu,
solidificada verticalmente, a partir do contato com o bloco de cobre refrigerado a água. Para
reduzir a taxa de solidificação, discos de aço inoxidável de espessura de 0,95 mm foram
colocados entre a lingoteira e o bloco de metal, reduzindo assim a transferência de calor.
Medidas de temperatura foram realizadas durante a solidificação com quatro termopares
posicionados a 20, 40, 60 e 80 mm da base do lingote. O material foi introduzido em um forno
de resistência aquecido até a temperatura requerida e depois desligado. Em seguida água é
inserida dentro do bloco de cobre. Foi observado que a TCE ocorreu bruscamente em um
plano horizontal, quando o gradiente de temperatura G
L
no metal à frente dos grãos colunares,
caía para cerca de 0,6 K/mm.
Ares (Ares and Schvezov 2007),(Ares, Gueijman et al. 2005) realizou experimentos de
solidificação unidirecional com ligas de Pb-Sn, Al-Zn e Zn-Al, com o metal sendo
solidificado a partir da superfície inferior do forno. O calor foi extraído através de um sistema
de resfriamento, que consiste de um disco de cobre juntamente com uma espiral de cobre,
ambos refrigerados a água. A taxa de resfriamento foi ajustada variando o fluxo de água, e
também pela adição de chapas de materiais entre a chapa e a lingoteira. Durante a
solidificação a variação da temperatura em relação ao tempo foi registrada em diferentes
posições a partir da base do lingote. Para o processamento dos dados, as leituras das
temperaturas dos termopares foram feitas a cada 0,1 segundo. As posições relativas às frentes
de solidificação versus tempo foram determinadas pelo início e fim da solidificação para cada
termopar, através das correspondentes temperaturas liquidus e solidus.
As velocidades das isotermas são calculadas pela distância entre os termopares
dividida pelo intervalo de tempo obtido para a passagem das isotermas liquidus ou solidus em
posições consecutivas. Os gradientes de temperatura são calculados dividindo-se a diferença
de temperatura entre dois termopares consecutivos pela distância de separação entre eles.
Os autores concluem que a velocidade na ponta da dendrita colunar aumenta
gradualmente, e que a transição colunar-equiaxial ocorre ao longo de uma zona, e não de
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
39
forma abrupta, em uma região onde coexistem grãos colunares e equiaxiais, e quando o
gradiente de temperatura no líquido decresce para valores em torno de 08°C a 1°C/mm, o
comprimento da zona colunar aumenta com a taxa de resfriamento e a composição das ligas.
Após a transição, os autores relatam um aumento da velocidade da frente liquidus muito mais
rápido do que a velocidade da frente solidus. Verificam também que o tamanho dos cristais
equiaxiais é sempre menor na zona de transição do que na zona equiaxial consolidada. Em
alguns casos super-resfriamento ou arraste térmico são observados além de gradientes
negativos na região de transição. Eles sugerem que a transição é o resultado da competição
entre o crescimento colunar e equiaxial em dois campos: no campo térmico e na velocidade,
nas quais, fornecidas as condições na transição, os grãos equiaxiais são mais favorecidos ao
crescimento. Dessa forma, eles propõem um critério de transição baseada na posição de
velocidade máxima da isoterma liquidus. Entretanto, para Garcia et al (Garcia, 2005), a
conFiguração utilizada não permite fisicamente que isso ocorra. Segundo Garcia, a única
possibilidade que viabilizaria tal situação, teria que ser fundamentada obrigatoriamente em
perdas laterais de calor significativas, o que conFiguraria uma condição tridimensional de
fluxo de calor, no entanto, os autores calculam os parâmetros térmicos baseados em uma
análise unidimensional de fluxo de calor, apoiada em medidas experimentais (as quais
naturalmente refletiriam as perdas laterais de calor).
Siqueira Filho (Siqueira, Cheung et al. 2003), propõe um critério de transição
envolvendo tanto a velocidade de crescimento quanto o gradiente térmico, através da taxa de
resfriamento da isoterma liquidus (
L
T
), onde o crescimento colunar prevaleceria ao longo do
lingote para taxas de resfriamento maiores do que um valor crítico, que dependeria do
sistema binário. A análise dos resultados experimentais de solidificação unidirecional vertical
ascendente com ligas hipoeutéticas dos sistemas Sn-Pb, evidencia que nenhum critério
baseado isoladamente ou na velocidade da isoterma liquidus (V
L
) ou no gradiente de
temperaturas à frente desta isoterma (G
L
) poderia justificar a ocorrência da transição colunar-
equiaxial. Em seus experimentos, observaram que essa taxa crítica se manteve próxima de
0,014K/s.
No caso da solidificação descendente para o mesmo sistema, observaram que V
L
e G
L
diferem razoavelmente de acordo com a composição da liga, enquanto as taxas de
resfriamento na posição correspondente à transição colunar-equiaxial foram essencialmente as
mesmas (em torno de 0,030 K/s). Nesse caso, a rejeição de soluto durante a solidificação,
aumenta a densidade do líquido interdendrítico em relação ao volume global de líquido,
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
40
induzindo correntes convectivas provocadas por diferenças de densidade. Estas correntes se
associam àquelas provocadas por diferenças de temperatura no líquido, típicas do arranjo
físico da solidificação descendente. Essas correntes provocam a fragmentação de braços
dendríticos, cujos fragmentos tornam-se núcleos formadores de grãos equiaxiais. O acúmulo
destes grãos equiaxiais na frente de crescimento acaba por bloquear o crescimento colunar,
antecipando a transição estrutural. Isso explica a ocorrência da TCE a taxas de resfriamento
mais elevadas do que aquelas observadas na solidificação ascendente.
Portanto, o critério para TCE baseado numa taxa de resfriamento crítica, dependente
apenas do sistema binário de liga, pode também ser aplicado para esse arranjo experimental,
diferindo apenas pelo valor nominal da taxa crítica de resfriamento. Dessa forma, o final da
zona colunar é abreviado, ocorrendo a uma taxa crítica de resfriamento cerca de duas vezes
maior que a observada durante a solidificação unidirecional ascendente de ligas hipoeutéticas
do sistema Sn-Pb (
L
T
= 0,030 K/s).
Os autores realizaram também estudos com ligas do sistema Al-Cu (Siqueira 2002)e
verificaram também variações significativas nos valores de V
L
e G
L
nas posições onde ocorre
a TCE, em razão das diferentes condições de solidificação impostas nos experimentos.
Entretanto, as taxas de resfriamento são bastante próximas, a exemplo do observado para as
ligas Sn-Pb. Nesse caso, a taxa crítica de resfriamento, acima da qual ocorre crescimento
colunar, é de cerca de 0,2 K/s.
Para o sistema Al-Si os valores de V
L
, G
L
e
L
T variaram muito pouco com a
composição química da liga na TCE. O valor médio da taxa de resfriamento crítico ficou
próximo de 0,17K/s, muito próximo do valor determinado para o sistema Al-Cu.
A posição da transição é muito semelhante em todos os casos. A explicação para esse
comportamento se deve a uma compensação entre alguns fatores térmicos, pois ao mesmo
tempo em que o coeficiente de transferência de calor metal/fluido e a difusividade térmica
diminuem com o aumento do teor de soluto, a temperatura inicial de solidificação, isto é, a
temperatura liquidus também diminui. Dessa forma, as variáveis térmicas de solidificação são
muito próximas em todos os casos. Como a TCE depende destas variáveis, é de se esperar que
a transição ocorra praticamente na mesma posição.
É importante observar que em nenhum dos trabalhos de pesquisa sobre TCE, citados
até o momento, foram realizados com ligas de magnésio. Fato que ressalta a importância
desse trabalho.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
41
Informações sobre o projeto de pesquisa
Este trabalho faz parte de um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
em parceria com a empresa Andreas Stihl Moto Serras e a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), objetivando substituir a liga de alumínio (GD
AlSi
9
Cu
3
), utilizada atualmente na fabricação de motores de máquinas portáteis de jardinagem
e silvicultura, por ligas de magnésio, e assim, reduzir o peso dos equipamentos. Em se
tratando de máquinas portáteis, o ganho em peso é fator fundamental e dessa forma, a
substituição de materiais mais densos por materiais menos densos, sem influenciar
negativamente na funcionalidade, representa grande vantagem em manuseio, significando
principalmente menor esforço e desgaste após o trabalho executado. Os cilindros de motores
utilizados nessas máquinas operam em altas temperaturas e sob esforços cíclicos (fadiga).
A partir de estudos e resultados observados em pesquisas desenvolvidas com ligas de
magnésio projetadas para oferecer melhor resistência em altas temperaturas, foi sugerida uma
liga com composição química (ZAXLa05613), apresentada conforme a Tabela 3.7 abaixo,
onde se pode ver também a composição da liga fornecida pela Empresa RIMA INDUSTRIAL
S/A MG. O primeiro lingote fornecido pela Rima apresentou composição química dentro
dos percentuais sugeridos. Foram realizadas análises macro e microestruturais do primeiro
lingote fornecido empregando microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura, bem
como análises via Energy Dispersive Spectrometry (EDS) para determinação da composição
química elementar dos precipitados observados. Os resultados concordam com os dados da
literatura, conforme mostram as Figuras 3.14 e 3.15 e os resultados da Tabela 3.8.
Tabela 3.7. Composição química da liga sugerida.
Elemento
(%) especificado
(ZAXLa05613)
(%) 1º lingote
fornecido*
(%) 2º lote
fornecido
(bruto)**
(%)2º lote
fornecido. Sobra
do forno**
Alumínio 5 - 6 5,31 4,15 4,13
Cálcio 0,8 – 1,0 1,17 1,13 1,06
Lantânio 3,2 – 3,9 3,32 3,00 3,11
Zinco 0,5 máx. 0,1 --- ---
Magnésio Balanço --- --- ---
* Resultados de análise química fornecida pela RIMA.
** Análise química realizada na UFSM via (ICP OES).
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
42
A partir das análises metalográficas foi solicitada a compra de um segundo lote da liga
(de 1 tonelada), para testes e estudos. Nesse segundo lote, as análises químicas realizadas no
Instituto de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), revelaram uma
diminuição no percentual de alumínio em relação ao primeiro lingote fornecido (Tabela 3.7).
O objetivo dessa análise química foi confirmar a composição fornecida e verificar a
eficiência do processo observando uma eventual variação na composição da liga durante
procedimento de fusão. Os resultados mostraram que as perdas no processo de fusão realizado
na Empresa Andreas Stihl Moto Serras foram desprezíveis. Após decomposição das amostras,
os três elementos foram medidos por espectrometria de emissão óptica com plasma
indutivamente acoplado (ICP OES).
Figura 3.14. Microscopia ótica do primeiro lingote fornecido. a) estrutura ramificada, b)
detalhe das estruturas acicular e lamelar
Figura 3.15. Imagem BSE (elétrons retroespalhados) efetuada no primeiro lingote fornecido
mostrando: a) estrutura ramificada com compostos aciculares, b) uma estrutura acicular e c)
uma estrutura lamelar.
Tabela 3.8. Resultados de análises via EDS nas fases sinalizadas na Figura 3.15 encontradas
no primeiro lingote fornecido pela RIMA (resultados qualitativos).
Região Mg (%) Al (%) Ca (%) La (%) Total (%)
Núcleo do grão 100 0 0 0 100
Estrutura Lamelar 71,95 16,09 11,95 0 100
Estrutura Acicular 71,81 12,48 0 15,71 100
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
43
Apesar da diferença de composição química observada no segundo lote, a Empresa
Andreas Stihl Moto Serras decidiu continuar os estudo da liga fornecida (com 4% de alumínio
- ZAXLa05413) e efetuar a compra de mais um lote de uma tonelada da liga ZAXLa05613
para estudos futuros e comparações.
Os cilindros iniciais produzidos pela Andreas Stihl Moto Serras com a liga
ZAXLa05413, apresentaram uma série de defeitos de fundição tais como formação de
inclusões e porosidades, que comprometeram sua avaliação no teste de fadiga padronizado
pela empresa (Pulser test). Um alto grau de refinamento da estrutura também foi observado
em análises metalográficas. Ficou evidente que, além de um rigoroso controle do processo de
fusão e de parâmetros de processo de injeção, era fundamental uma melhor compreensão do
processo de solidificação da liga e da influência de parâmetros tais como taxa de resfriamento
do líquido (
L
T
),taxa de resfriamento na zona pastosa (
S
T
), gradiente térmico à frente da
interface
liquidus
(
G
L
)
, velocidade da isoterma
liquidus
(
V
L
), superaquecimento (
T
v
), na
formação de micro e macro estruturas para posteriormente correlaciona-las com sua
resistência mecânica.
Além do experimento com a liga ZAXLa05413, foi proposto também realização de
solidificação unidirecional, com a liga AZ91 para efeitos de comparação uma vez que essa
liga é mais utilizada em processos de fundição sob pressão das ligas de magnésio.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
44
4. MATERIAL E MÉTODOS
Para elaboração desse trabalho de pesquisa foi necessário projetar um sistema
experimental de solidificação unidirecional vertical ascendente para estudo das estruturas
formadas, descrito no próximo intem.
4.1 Solidificação unidirecional vertical ascendente
A Figura 4.1 mostra um esquema representativo do dispositivo de solidificação
vertical ascendente utilizado nesse trabalho. O metal é fundido dentro do dispositivo e,
quando a temperatura do metal líquido atinge um determinado valor, a solidificação se inicia
pelo acionamento da água de refrigeração na parte inferior do molde. Nestas condições, a
solidificação se processa na forma vertical e de baixo para cima. Uma série de termopares
inseridos dentro do metal em diferentes posições a partir da base, permite o registro da
evolução térmica durante todo o processo. Estes dados, armazenados na memória de um
computador, são utilizados posteriormente para o levantamento das variáveis térmicas da
solidificação como: coeficiente transitório de transferência de calor entre o metal e a água de
refrigeração, velocidades das isotermas características (temperatura de fusão se metal puro, ou
temperaturas
solidus
e
liquidus
se for o caso de uma liga), gradientes térmicos e taxas de
resfriamento. Neste dispositivo a solidificação evolui em sentido contrário ao da ação da
gravidade e, conseqüentemente, o peso próprio do lingote atua favorecendo o contato térmico
com a base refrigerada (Garcia, 2005).
Figura 4.1.Dispositivo de solidificação vertical ascendente: 1) entrada de água; 2) chapa
molde; 3) termopares; 4) computador; 5) registrador de temperaturas; 6) lingote; 7) lingoteira;
8) controle de temperatura; 9) resistências elétricas; 10) paredes de isolamento (adaptado
Garcia, 2005).
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
45
4.2 Projeto do forno de solidificação Unidirecional
Para a elaboração do sistema experimental, alguns pré-requisitos foram levados em
consideração, isto é:
Diâmetro da amostra (lingote solidificado), adequado para obtenção de corpos de
prova (tamanho
sub-size
) para realização de ensaios mecânicos com o intuito de
correlacionar taxas de resfriamento com propriedades mecânicas;
Dimensionamento do cadinho e do forno a partir do diâmetro do lingote.
A tampa do forno com entrada para gases utilizados para obtenção de atmosfera
protetora para evitar a combustão do metal líquido.
Sistema de aquecimento do forno com potência o suficiente para fundir uma carga
de 5 quilos de magnésio em aproximadamente uma hora para evitar custos maiores.
Além dessas considerações, foram realizadas também pesquisas e orçamentos para
compra de placa de aquisição de dados; compra de termopares e tipos de gases utilizados para
atmosferas protetoras em fusão de magnésio.
4.2.1 Confecção da base do cadinho e sistema de refrigeração;
Conforme consta na literatura, magnésio fundido reage violentamente com alguns
refratários, devendo ser fundido em equipamentos de ferro ou aço. Portanto precauções
especiais devem ser tomadas para evitar o enriquecimento do banho em ferro, já que a
susceptibilidade à corrosão da superfície das ligas aumenta significativamente com o aumento
de teores de ferro, cobre e níquel (K. U. Kainer, 2003). Uma composição química para
confecção de cadinhos é indicada na literatura (Street, 1986) conforme mostrado na Tabela
4.1.
Tabela 4.1. Composição química para aço utilizado na confecção de cadinho para fusão de
magnésio e ligas. Fonte (Street, 1986).
Elemento Percentual
Carbono 0,20 – 0,25%
Manganês 0,80 – 1,0%
Níquel 0,40% máximo
Cromo 0,25% máximo
Molibdênio 0,15% máximo
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
46
A partir dessas informações, o cadinho foi confeccionado em aço SAE 1020, sempre
vinculando as dimensões do cadinho ao tamanho dos corpos de prova utilizados
posteriormente em ensaios de tração.
O cadinho foi projetado para ser aberto nos dois lados, sendo que a abertura menor
deveria estar na parte inferior, respeitando um ângulo de abertura para facilitar a extração da
amostra. As dimensões finais do cadinho são:
Altura – 250 mm;
Diâmetro – 114 mm na base e 118 mm na parte superior;
Paredes – 9 mm na base
O sistema de resfriamento foi acoplado na parte inferior do cadinho. A Figura 4.2
mostra o conjunto cadinho e sistema de refrigeração.
Figura 4.2. Conjunto cadinho e base do sistema de resfriamento.
O sistema de resfriamento do experimento foi projetado de forma a permitir em sua
parte superior a fusão do metal e na parte inferior um sistema de resfriamento tipo serpentina
de cobre com diâmetro 7 mm, por onde circula água fria em forma de espiral. O material para
confecção da base refrigerada também foi aço SAE 1020. A Figura 4.3 mostra o sistema de
resfriamento.
Figura 4.3 . Base com sistema de refrigeração. a) vista superior, b) vista inferior com tampa,
c) esquema mostrando serpentina de cobre para circulação da água na parte inferior.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
47
4.2.2 Confecção do forno
Para o cálculo da potência do forno foram utilizadas as propriedades físicas do
magnésio puro. A quantidade de calor necessária para aquecer a carga é igual a:
TcpmQ
=
Onde:
Massa de magnésio a ser aquecida
m = 5 kg (valor estimado)
Calor específico do magnésio puro
cp = 0,243 kcal/kg.ºC
Temperatura
T = 650ºC
kcalQ
C
Ckg
kcal
kgQ
75,789
º650
º
243,05
=
=
São necessários 789,75 kcal para elevar 5 kg de magnésio em 650ºC.
O tempo de fusão desejado é de 30 minutos = 0,5 hora.
A potência é definida como a quantidade de energia a ser fornecida por tempo, então:
t
Q
P =
Como Q = 789,75 kcal e t = 0,5 h:
h
kcal
h
kcal
P 50,1579
5,0
75,789
==
Convertendo-se as unidades para kW
kW
h
kcal
83,150,1579
Para aquecer 5 kg de magnésio em 650ºC em 30 minutos são necessários 1,83 kW.
A potência total do forno deve levar em consideração outros fenômenos:
O calor necessário para a mudança de fase;
As perdas para o ambiente;
O aquecimento da massa morta do forno (cadinho, isolamento...)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
48
Dessa forma, foi aplicado sobre a potência calculada um coeficiente de 25% para
suprir as demais demandas de calor, resultando em:
Potência calculada + 25% = Potência total
1,83 kW + 0,46 kW = 2,29 kW
Como o forno possui mais pontos de contato com o ambiente do que um forno câmara
(fechado) uma porcentagem maior sobre o valor calculado foi aplicada, ou seja:
Potência calculada + 120%
4 kW (potência total)
O forno foi construído na forma cilíndrica em chapas e perfis de aço laminados,
garantindo uma estrutura rígida. Com abertura na extremidade inferior para acoplamento da
base refrigerada. A entrada da lingoteira é feita pela parte superior, sendo apoiada pelas abas
em um anel de ferro fundido, encaixando-se na entrada do forno.
Na tampa do forno foram projetados dois tubos para entrada de gás de atmosfera. Um
rasgo na tampa também foi necessário para entrada de dispositivo tipo “pente” para fixação e
posicionamento dos termopares para o registro da evolução da temperatura com o tempo.
O painel elétrico acondiciona todos os controles, acionamentos, sinalizações e
programador de tempo e temperatura.
Os elementos de resistência para o aquecimento são fabricados em metal de liga tipo
Kanthal, espiralados, com uma carga de superfície adequada para uma longa vida útil. As
resistências são suportadas em canaletas nas próprias paredes laterais. Seus terminais
atravessam a parede e são conectados na parte externa.
O acionamento da força é realizado através de relé de estado sólido, que recebe o sinal
do programador para ligar ou desligar os elementos de aquecimento, mantendo assim a
temperatura desejada. Um termopar tipo K, colocado entre as resistências, faz a leitura de
temperatura do forno. A Figura 4.4 mostra os detalhes do forno depois de pronto.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
49
Figura 4.4. a) vista superior do forno mostrando detalhe da tampa. b) parte interna do forno
mostrando resistências e isolamento com fibra cerâmica.
4.2.3 Atmosfera de Proteção
O processo de fusão de magnésio exige cuidado especial devido à sua alta reatividade
com oxigênio. Diferentemente do alumínio, que forma uma camada de óxido na superfície
impedindo a oxidação, o magnésio não possui essa propriedade de camada passivadora. Para
evitar a oxidação catastrófica da liga é necessário que a fusão seja realizada em atmosfera
inerte. Após pesquisa na literatura, observou-se que o gás mais utilizado na fusão de magnésio
é uma mistura de hexafluoreto de enxofre com ar, gás carbônico ou nitrogênio, podendo
utilizar também somente argônio.
Um exemplo de mistura de gases utilizada se encontra em Magnesium Alloys and
Technologies (R. Fink 2003), conforme mostrado abaixo:
SF
6
+ N
2
SF
6
+ Ar SF
6
Fração máx. 0,2 – 0,3%
SF
6
+ CO
2
SO
2
SO
2
+ Ar SO
2
Fração máx. 0,2 – 0,3%
SO
2
+ N
2
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
50
Após realizar uma pesquisa de mercado, optou-se pela utilização de um gás que
corresponde a uma mistura de argônio com 5% de hexafluoreto de enxofre.
4.2.4 Termopares e placa de aquisição de dados
Foi realizada uma pesquisa de mercado para encontrar um fornecedor de termopares
com bainha de aço inox ferrítico. O termopar mais comum no mercado é fornecido com
bainha em aço inox 304 (austenítico), portanto rico em quel, que poderia ser prejudicial ao
experimento contaminando o banho uma vez que o magnésio líquido reage com quel, além
de poder diminuir a vida útil do termopar. O termopar utilizado no experimento é do tipo K de
isolação mineral. Possui bainha em aço inox 446 (ferrítico) com 500 mm de comprimento e
diâmetro de 1,5 mm, pote e rabicho de 3 metros com cabo de compensação.
A placa de aquisição de dados utilizada no experimento é da marca
LYNX,
o sistema
de aquisição de dados ADS2000 IP, condicionador de sinais AI2164-VB com saída para 8
canais (um canal de junta fria e sete canais para registro) e software
AqDados 7
.
A carga utilizada no ensaio é proveniente de lingotes de aproximadamente um metro
de comprimento. Devido às dimensões do cadinho, e para facilitar o processo de fusão, houve
a necessidade de preparar a carga com pequenos pedaços de magnésio em forma de cubos.
Para esse fim, foi utilizada uma serra manual para cortes iniciais e os cortes menores
realizados com disco de corte (
cut-off
).
4.3 Alterações de projeto
Após a realização de alguns ensaios, houve a necessidade de fazer alterações em
alguns pontos do projeto inicial. Essas alterações são apresentadas abaixo.
4.3.1 Alterações no cadinho
A temperatura de trabalho durante o experimento conduziu o cadinho emo SAE 1020
a um intenso processo de oxidação, levando à formação de “carepas” (Figura 4.5a). Foi
verificado que o mesmo se deteriorava intensamente entre um experimento e outro. Esse
produto de corrosão se desprendia do cadinho, diminuindo sensivelmente a vida útil das
resistências do forno, além de contaminar o metal líquido. Em um primeiro momento foi
colocado em volta do diâmetro externo do cadinho uma fina chapa de aço inoxidável SAE
304 para tentar diminuir a oxidação conforme mostra a Figura 4.5b.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
51
Apesar dessa alteração, o problema continuou e o estado de deterioração do cadinho
atingiu grau extremo. Para solucionar o problema, foi confeccionado um novo cadinho em aço
inoxidável isento de níquel. O planejamento inicial era confeccioná-lo em aço inoxidável SAE
446, mas devido às enormes dificuldades para encontrar no mercado esse material que
atendesse o formato do cadinho, foi necessário confecciona-lo em aço inoxidável SAE 420.
A Figura 4.5c mostra o cadinho confeccionado em aço SAE 420.
Figura 4.5. a) Formação de “carepas” no cadinho SAE1020, b) Chapa de aço inox 304
utilizada em volta do cadinho para proteger as resistências, c) Cadinho alternativo construído
em aço inoxidável 420.
4.3.2 Alterações no sistema de refrigeração
O sistema de refrigeração também apresentou intensa oxidação (Figura 4.6). Houve
danificação na serpentina ocasionando intenso vazamento de água na parte inferior da base.
Uma proposta de melhoria foi realizada, conforme mostra o esquema da Figura 4.7,
onde um sistema em espiral, confeccionado com chapas finas de aço, para promover o fluxo
de água circulando na base. Uma chapa soldada na borda da base evitaria vazamentos e
garantiria o fluxo permanente, embora isso dificultasse bastante a limpeza da mesma frente à
possibilidade de oxidação intensa.
Figura 4.6. Sistema de resfriamento danificado devido à intensa oxidação durante a realização
do experimento.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
52
Figura 4.7. Sistema de resfriamento alternativo proposto após danificação do sistema por
serpentina.
Foram realizados alguns testes iniciais e esse sistema mostrou um intenso vazamento
de água a partir de trincas geradas pelo processo de soldagem nas bordas da base. Por motivos
de segurança, esse sistema não foi adotado no experimento e outra alternativa foi proposta.
Trabalhos de pesquisa anteriores com solidificação unidirecional, mostram sistemas
experimentais onde a água entra em contato direto na parte inferior da base. Dessa forma, foi
realizado um ajuste no sistema de resfriamento onde um tubo cilindro de aço foi soldado
abaixo da base, conforme mostra a Figura 4.8, para direcionar a água injetada diretamente na
base para um sistema coletor. Foram realizados alguns testes e não foi verificado vazamento
de água para dentro do forno, fato que poderia causar perigo durante o experimento. Quando
em funcionamento esse sistema conseguiu ser mais efetivo quanto à extração de calor.
Figura 4.8.Sistema de resfriamento alternativo: água entrando em contato direto com a parte
inferior da base.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
53
4.4 Alterações no sistema na atmosfera de proteção
O gás utilizado inicialmente (uma mistura de gás argônio com 5% de hexafluoreto de
enxofre - SF
6
), ocasionou contaminação do banho e deterioração muito intensa do cadinho.
Dados da literatura informam que, sob altas temperaturas e altas concentrações, o SF
6
reage
com magnésio, ferro e vidro. Sob baixas concentrações de SF
6
em ar, (da ordem de 0,5%), as
reações tomam um efeito desprezível e um fino filme de proteção impermeável de óxido de
magnésio é formado, que é benéfico (Street, 1986).
Como a mistura utilizada exibe uma concentração de SF
6
muito acima da
recomendada, foi proposta uma alteração que consiste em utilizar os dois gases em conjunto.
Inicialmente a carga é pré-aquecida até 150°C e mantida nessa temperatura por 15 minutos
com forno aberto para total eliminação da umidade do sistema. Após esse prazo o forno é
fechado, completamente isolado e o gás argônio é injetado para dentro do forno. Quando a
temperatura no cadinho alcança 300°C aproximadamente, o SF
6
é injetado por cerca de 5
minutos junto com argônio. O SF
6
é mais denso que argônio que por sua vez é mais denso que
o ar. Esse procedimento forma uma “cortina” de gases de proteção por cima do cadinho
impedindo a entrada de ar. Durante todo o processo é injetado gás argônio de forma a diluir a
concentração inicial de 5% de SF
6
.
4.4.1 Agitador mecânico
Nos testes preliminares verificou-se que mesmo a base tendo atingido uma
temperatura muito acima da temperatura de fusão (790°C) e mantida por aproximadamente 1
hora, a carga não se fundia completamente conforme mostra a Figura 4.9.
A razão para esse fenômeno era a formação de uma fina película de óxido entre a base
e os pedaços de lingote que constituem a carga e que impediam a completa fusão. A solução
proposta foi criar um dispositivo para promover a agitação mecânica do banho.
Figura 4.9. Parte inferior do lingote após a realização do experimento. Os pontos marcados
com “x” correspondem à parte da carga que não fundiu.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
54
Nos primeiros testes a agitação foi realizada com uma barra de aço inoxidável inserida
através do rasgo da tampa onde é colocado o dispositivo de fixação dos termopares. Quando o
forno atingia a temperatura de 700°C o agitador, mostrado na Figura 4.10, era mergulhado no
banho através do rasgo da tampa. Após o procedimento de agitação do banho. o mesmo era
retirado, sendo então os termopares colocados no rasgo. Esse procedimento foi abandonado,
por ocasionar intensa oxidação e queima da liga durante a colocação e retirada dos
dispositivos, além de aumentar o erro de posicionamento dos termopares.
Figura 4.10. Dispositivo utilizado para agitação do banho.
Havendo a necessidade de melhorar o posicionamento dos termopares, para diminuir
conseqüentemente o erro de posição, e de melhorar também o sistema de agitação mecânica,
um novo dispositivo foi confeccionado para posicionar tanto os termopares quanto o agitador
através do rasgo na tampa. O dispositivo em forma de “escada” posiciona os termopares na
altura correta dentro do banho sem necessidade de prendê-los, uma vez que os furos-guia são
apenas 0,5 mm maiores do que o diâmetro dos termopares. O dispositivo possui ainda um furo
passante que posiciona o agitador no centro do cadinho. No início do processo tanto os
termopares quanto o agitador se encontram acima do banho. Quando a o metal líquido atinge
a temperatura adequada o agitador é mergulhado no banho e promove agitação do mesmo.
Após esse procedimento, eleva-se o agitador até sua posição inicial acima do banho e
mergulham-se os termopares que ficam em suas posições corretas para o início do registro.
Espera-se ainda aproximadamente 30 minutos para o início do registro dos dados para ocorrer
a completa estabilização e homogeneização do banho a fim de diminuir a influência dos
movimentos convectivos. A Figura 4.11 mostra o dispositivo de posicionamento dos
termopares e do agitador.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
55
Figura 4.11. Dispositivo em forma de escada para posicionamento dos termopares e agitador
do banho
Os termopares são posicionados conforme o esquema da Figura 4.12. A distância entre
termopares em profundidade é de 15 mm. O termopar mais próximo da base refrigerada es
distante 15 mm da mesma e a 30 mm do centro do lingote, e o mais distante se encontra a 105
mm do centro do lingote. A distância radial entre termopares é de 5 mm. A posição de cada
termopar é indicada na Tabela 4.2.
Figura 4.12. Esquema representativo da distribuição dos termopares no lingote (medidas em
mm)
Agitador
termopares
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
56
Tabela 4.2. Posição dos termopares a partir da base (profundidade), e a partir do centro do
lingote (radial).
Termopar Distância a partir da base Distância a partir do centro do lingote
T
1
15 mm 30 mm
T
2
30 mm 25 mm
T
3
45 mm 20 mm
T
4
60 mm 15 mm
T
5
75 mm 10 mm
T
6
90 mm 5 mm
T
7
105 mm 0
Após o procedimento completo de fusão da liga, inicia-se o registro das temperaturas
pela placa de aquisição de dados, e é iniciado o resfriamento com água na base.
4.5 Fluxograma experimental
Um fluxograma de planejamento experimental foi adotado durante o trabalho de
pesquisa conforme mostra o esquema da Figura 4.13.
Os experimentos foram numerados e planejados conforme mostra a Tabela 4.3.
Tabela 4.3. Classificação dos experimentos realizados no trabalho.
Experimento Liga utilizada Condições Superaquecimento
1 ZAXLa05413 Resfriamento lento
20% <
T < 25%
2 ZAXLa05413 Solidificação Unidirecional
25% <
T < 30%
3 ZAXLa05413 Solidificação Unidirecional
25% <
T < 30%
4 ZAXLa05413 Solidificação Unidirecional
10% <
T < 15%
5 AZ91 Solidificação Unidirecional
20% <
T < 25%
O primeiro experimento de solidificação e análise térmica foi realizado com o forno
desligado e com cadinho mantido dentro do forno, com o objetivo de promover um
resfriamento extremamente lento da liga para uma determinação precisa da temperatura
liquidus
e
solidus,
além de determinação de temperaturas de transformação de fases. Dessa
forma, foi possível correlacionar os tipos de microestruturas formadas com baixas taxas de
resfriamento.
Outros três experimentos foram realizados com resfriamento unidirecional a partir da
base, promovendo a solidificação unidirecional, sendo os dois primeiros com alto valor de
superaquecimento do banho e o outro realizado com baixo superaquecimento buscando
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
57
Figura 4.13. Fluxograma de planejamento adotado durante o trabalho.
Análise térmica
Determinação de
T
,
T
L
e
temperaturas de formação de
fases
Obtenção da macrografia
Obtenção das micrografias
próximas da região dos
termopares
Medição do tamanho de grão
(TG)
Levantamento de equações
correlacionando parâmetros de
solidificação com parâmetros
de estrutura (TG).
Fluxograma Experimental
Liga ZAXLa05413 Liga AZ91
Resfriamento Lento
Solidificação Unidirecional
So
lidificação Unidirecional
Superaquecimento
20% <
T < 30%
Superaquecimento
25% <
T < 30%
superaquecimento
10% <
T < 15%
Superaquecimento
15% <
T < 25%
Análise das curvas de
resfriamento
Determinação de
T
L,
T
,
G
L
e V
L
Obtenção das macrografias
Obtenção das micrografias próximas da
região dos termopares no sentido
longitudinal
Medição do EDS (
λ
2
)
Levantamento de equações
correlacionando parâmetros de
solidificação com parâmetros de
estrutura
(
λ
2
e TCE)
Análise e discussão dos resultados
obtidos
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
58
verificar a influência desse parâmetro nas condições de resfriamento e nos parâmetros de
solidificação, totalizando dessa forma cinco experimentos.
A temperatura
liquidus
da liga ZAXLa05413 foi determinada após o primeiro
experimento com resfriamento lento por análise da curva de solidificação.
A Tabela 4.4 mostra os parâmetros de processo antes do início do resfriamento e a
aquisição de dados para cada experimento. O valor do gradiente térmico mostrado na Tabela
5.6 é dado pela diferença entre o termopar localizado mais próximo da base e o termopar mais
distante, dividido pela distância entre eles. Como existe um gradiente de temperatura no
banho, o superaquecimento é calculado para o termopar mais próximo e para o mais distante,
dividindo o superaquecimento pela
T
L
para obtenção do valor em termos de percentual de
T
L
.
No experimento 3 não foi utilizado o termopar na posição 7, sendo esse canal da placa
de aquisição utilizado para verificar a variação da temperatura dentro da base. Um termopar
foi posicionado a 3 mm da interface metal/molde com a intenção de usar esses dados para
obtenção do coeficiente de transferência de calor newtoniano em trabalhos futuros.
Tabela 4.4. Gradientes térmicos e superaquecimentos submetidos aos lingotes no processo de
fusão.
Experimento /
Liga
Resfriamento
(T
1
) (T
7
)
Gradiente
Térmico
(°C/mm)
Superaquecimento
(T
1
)
Superaquecimento
(T
7
)
1) ZAXLa05413 Lento 760,°C 807°C 0,53 23,2% 30,9%
2) ZAXLa05413 Rápido 786°C 832°C 0,51 27,4% 34,8%
3) ZAXLa05413 Rápido 789°C 823°C
*
0,45 27,9% 33,5%
4) ZAXLa05413 Rápido 690°C 732,°C
0,41 11,8% 18,6%
5) AZ91 Rápido 691°C 743°C 0,47 15,5% 24,2%
* temperatura no termopar distante a 90 mm da base (T
6
)
Após o experimento de solidificação unidirecional, os lingotes extraídos foram
submetidos a análises metalográficas.
Para verificação da macroestrutura os mesmos foram cortados longitudinalmente na
região central. Foi realizado um procedimento padrão para preparação de amostras, utilizando
seqüência com lixas de granulometria #80, #120, #240, #400 e #600 e ataque com uma
solução aquosa com 20% de ácido acético. O objetivo dessa análise é a verificação das
estruturas nas zonas coquilhada, colunar e equiaxial e a faixa de transição colunar-equiaxial
quando existente.
A outra metade da amostra solidificada foi submetida a cortes nas regiões próximas de
cada termopar. As mesmas foram embutidas e preparadas para análises metalográficas em
microscopia ótica e microscopia eletrônica de varredura nas seções transversal e longitudinal
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
59
com lixas de granulometria #100, #240, #400, #600, #1200 e #2400. Após essa seqüência as
mesmas são polidas com alumina de 5
µ
m e 1
µ
m. Para as amostras da liga ZAXLa05413 não
é necessário ataque, pois após o polimento é possível definição das microestruturas em
microscopia ótica, enquanto que para a liga AZ91 é necessário ataque em solução aquosa com
10% de ácido acético por 20 segundos.
As micrografias foram obtidas utilizando microscópio ótico acoplado em um software
de captura de imagens.
Nas análises das microestruturas por microscopia eletrônica de varredura (MEV),
foram obtidas imagens por elétrons retroespalhados (BSE) e de análise de espectrometria de
energia dispersiva por raios-X (EDS), para determinação das composições químicas
elementares para cada constituinte observado .
Os dados de temperatura e tempo registrados pela placa foram analisados através do
software
OriginPro 7.5
traçando as curvas de solidificação para cada termopar. A partir da
análise dessas curvas, parâmetros de solidificação do experimento podem ser determinados de
forma direta, tais como
L
T
,
S
T
,
G
L
e
V
L
.
4.6 Métodos utilizados para obtenção de
L
T
,
S
T
,
G
L
e
V
L
O primeiro passo para a obtenção dos parâmetros de solidificação é determinar, em
cada curva de resfriamento obtida dos experimentos, a temperatura de início de solidificação
(
T
L
). Nesse trabalho é levado em conta a influência de
L
T
na
T
L
, ou seja, a
T
L
obtida dos
diagramas de fase consideram que o processo de solidificação é realizado em condições de
equilíbrio, o que não acontece em um experimento de solidificação unidirecional devido às
taxas de resfriamento envolvidas. Além disso, a liga ZAXLa05413 ainda está em processo de
estudo. Trata-se de uma liga nova, com poucos trabalhos informando sobre temperatura de
fusão e de formação de fases.
A verificação de
T
L
é observada pela mudança na inclinação das curvas de
solidificação durante o resfriamento do líquido. São traçadas então duas retas, uma na região
líquida e outra na região pastosa, e o ponto onde se cruzam é o ponto de mudança da
inclinação determinando assim
T
L
. Esse procedimento está representado na Figura 4.14.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
60
Figura 4.14. Esquematização para obtenção de T
L
e seu respectivo intervalo de tempo.
A partir da obtenção de
T
L
, temos o intervalo de tempo para a passagem da interface
liquidus
para cada posição, e com esses dados é possível a obtenção da função da curva da
posição da interface (P) em função do tempo (
b
taP =
).
O erro de leitura da T
L
obtida por esse método é calculado a partir do desvio padrão de
uma média de cinco leituras realizadas em duas posições diferentes pra cada experimento
conforme mostrado na Tabela 4.5. Os resultados mostram que o erro máximo de leitura foi de
±
2,5°C.
Tabela 4.5. Resultados de leitura de T
L
para verificação do erro.
Leitura (temperatura °C) N° Experimento /
Posição / Termopar (mm)
1 2 3 4 5
Média
Desvio
Padrão
1 / 30 615,83
614,5 613,98
615,69
614,78
614,96
0,79
1 / 60 621,72
618,99
618,16
617,76
620,1
619,35
1,60
2 / 15 621,74
620,16
623,87
619,33
619,45
620,91
1,91
2 / 45 604,2 603,74
607,72
606,35
604,2
605,24
1,72
3 / 30 614,25
611,94
615,95
613,12
611,85
613,42
1,72
3 / 75 611,39
610,57
607,5 610,31
609,76
609,91
1,47
4 / 60 608,3 606,21
605,64
604,15
609,13
606,69
2,02
4 / 90 611,58
612,15
612,06
615,46
610,65
612,38
1,82
5 / 30 605,26
603,76
602,89
605,86
601,94
603,94
1,63
5 / 105 606,58
607,38
602,33
601,95
602,82
604,21
2,56
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
61
A função derivada da curva posição da isoterma liquidus
versus
tempo, fornece a
equação da velocidade da interface líquidus em função do tempo conforme mostrado na
Figura 4.15.
Figura 4.15. Esquematização do procedimento para obtenção da V
L
As obtenções das taxas de resfriamento no líquido e na região pastosa são
determinadas pela inclinação das retas de resfriamento nessas regiões, conforme esquema
representativo da Figura 4.16.
Figura 4.16. Esquematização para obtenção das taxas de resfriamento (
L
T
e
S
T
)
O gradiente teórico à frente da interface
liquidus
é calculado a partir desses dados
fazendo:
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
62
L
L
L
V
T
G
=
O espaçamento dendrítico secundário
)(
2
λ
é obtido medindo a extensão entre o centro
de um braço determinado, até o centro de outro braço alinhado ao primeiro, para cada
estrutura dendrítica. O espaçamento expressa a razão entre essa dimensão e o mero total de
distâncias centro a centro percorridas. Isso é representado pela seguinte relação:
1
2
=
n
L
λ
Onde L é a distância centro a centro e n é o numero de braços. O esquema
representativo da Figura 4.17 ilustra essa relação
Figura 4.17. Esquema representativo para medição do espaçamento dendrítico
secundário.
O tamanho de grão é verificado diretamente na macrografia revelada, medindo o grão
em dois sentidos perpendiculares e fazendo a média aritmética. Para medição do espaçamento
dendrítico secundário .O tamanho de grão foi medido a partir da macrografia com auxílio de
software de análise de imagens IMAGE TOOL. O diâmetro do grão foi medido em diversas
direções na altura de cada termopar. Os valores foram colocados em planilha eletrônica para
cálculo da média e desvio padrão. A Figura 4.18 ilustra o procedimento.
Figura 4.18. Ilustração do procedimento para medição do tamanho de grãos equiaxiais obtidos
a partir da macrografia. (Distância da base – 15mm)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
63
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Experimento 1 – Resfriamento lento
A literatura consultada não registra à temperatura de fusão da liga ZAXLa05413.
Dessa forma, para uma aproximação inicial, utilizou-se o diagrama Mg-Al (Figura 5.1), onde
se verifica que na composição de magnésio com 4% de alumínio (em peso), a T
L
é
aproximadamente 630°C e a T
S
é próxima de 590°C, considerando um resfriamento lento e
em condições de equilíbrio termodinâmico.
Figura 5.1. Detalhe do diagrama de fases Mg-Al. A linha cheia em vermelho indica a
composição Mg- 4% Al e as linhas tracejadas indicam T
L
e T
S
.
A partir da análise do diagrama Mg-Al, a curva de solidificação sob resfriamento lento
esperada para a liga ZAXLa05413 deve apresentar T
L
e T
S
próximo de 630°C e 590°C
respectivamente.
A Figura 5.2 mostra as curvas de resfriamento registradas pelos termopares durante o
processo de solidificação.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
64
Figura 5.2. Curvas de resfriamento registrada pelos termopares posicionados dentro do
cadinho durante solidificação da liga sob baixas taxas de resfriamento.
Nas Figuras 5.3 e 5.4 observam-se as curvas de resfriamento registradas pelos
termopares localizados distantes a 75 e a 90 mm da base respectivamente. Onde se verifica o
início e o fim da solidificação que se processa praticamente em uma faixa de temperatura,
muito estreita próximo de 616°C a 586°C respectivamente correspondendo a T
L
e T
S
. Na
Tabela 5.1, estão indicadas as temperaturas de transformações registradas pelos termopares
em suas respectivas posições no molde.
Além da temperatura de início e fim da solidificação (T
L
e T
S
), pode-se verificar
nitidamente duas outras transformações de fase. A primeira ocorre ainda na zona pastosa após
o início da solidificação por volta de 608°C (detalhe na Figura 5.5), onde se percebe uma
liberação de calor latente que resulta em um re-aquecimento modificando a inclinação na
curva de resfriamento. Essa reação é registrada nos termopares mais distantes da base sendo
imperceptível para termopares mais próximos.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
65
Figura 5.3. Curva de resfriamento da liga ZAXLa05413 obtida em condições de resfriamento
lento (posição – 75 mm da base).
Figura 5.4. Curva de resfriamento da liga ZAXLa05413 obtida em condições de resfriamento
lento (posição – 75 mm da base)
Tabela 5.1. Temperaturas de transformações registradas durante a solidificação.
Posição T
L
(°C) T
S
(°C) Transf. Região Pastosa (ºC) Transf. Estado sólido (ºC)
15
613 568 --- 523
30
615 575 --- 524
45
617 578 606 524
60
619 588 608 527
75
616 592 609 528
90
615 599 608 528
105
616 602 608 -------
Média 615,8 586 607,8 525,6
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
400
450
500
550
600
650
700
750
800
850
tempo (s)
Temperatura (°C)
Termopar T
5
- 75 mm
Curva de resfriamento (ZAXLa05413)
T
L
= 616°C
Transformação em
estado sólido
528°C
T
ransformação região pastosa
609°C
T
S
= 592°C
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
400
450
500
550
600
650
700
750
800
850
Termopar T
5
- 90 mm
Temperatura (°C)
tempo (s)
Curva de resfriamento (ZAXLa05413)
Transformação em
estado sólido
528°C
T
S
= 599°C
T
L
= 615°C
T
ransformação região pastosa
=608°C
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
66
Figura 5.5. Detalhe da transformação de fase na região pastosa indicada pela mudança na
inclinação da curva de resfriamento entre T
L
e T
S
.
A segunda reação ocorre após o final da solidificação, ou seja, em estado sólido, na
faixa entre 520°C a 528°C.
A transformação registrada em 608°C, pode estar relacionada à formação de fase nos
contornos de grão, ou nas regiões interdendríticas, uma vez que nessas regiões haverá uma
maior concentração de alumínio, lantânio e cálcio devido ao fenômeno de segregação de
soluto, que por observação dos diagramas de fase Mg-La e Mg-Ca (Figuras 5.6 e 5.7), e
pelo diagrama Mg-Al da Figura 5.1, se verifica que o coeficiente de partição (k), é menor do
que a unidade, para todos os casos.
Por análises dos diagramas de fase e observações em MEV, a reação observada nas
curvas de resfriamento na região pastosa pode estar provavelmente relacionada à formação
dos compostos ricos em alumínio e lantânio, que são elementos de liga com maior porcentual.
Embora o diagrama de equilíbrio Mg-La (Figura 5.6) revele a formação de um eutético
na temperatura de 613°C (αMg+Mg
12
La), que poderia também ser a causa da recalescência
ou reaquecimento durante o processo de solidificação na zona pastosa, a afinidade eletrônica
entre lantânio e alumínio é maior do que em relação a lantânio e magnésio, de modo que todo
lantânio irá se combinar primeiramente com o alumínio no contorno de grão e mesmo dentro
dos grãos, formando compostos aciculares, conforme indicado no trabalho de Anwanyu, a não
ser que a quantidade de alumínio não seja suficiente. O diagrama de fase Al-La (Figura 5.8)
mostra que a fase intermetálica βAl
11
La
3
pode se formar a partir de 1240°C e mudar a
estrutura cristalina para a fase αAl
11
La
3
em 640°C, tendo uma composição de Al-58,4%La.
2250 2500 2750 3000 3250
580
590
600
610
620
630
640
Curva de resfriamento (ZAXLa05413)
T
ransformação região pastosa
=608°C
Termopar T
5
- 90 mm
tempo (s)
Temperatura (°C)
T
L
= 615°C
T
S
= 599°C
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
67
Figura 5.6. Diagrama de fase Mg-La. A linha vermelha tracejada indica a composição Mg-
3%La. (ASM 1990)
2
Figura 5.7. Diagrama de fase Mg-Ca. A linha vermelha tracejada indica a composição Mg-
1%Ca. (ASM 1990)
2
Observações em microscopia ótica e em MEV com análises em EDS, revelaram a
presença de compostos ricos em alumínio e lantânio.
Nem sempre os compostos ricos em alumínio e lantânio aparecem sob a forma de
precipitado acicular. Em determinadas regiões aparecem pequenos precipitados facetados. A
Figura 5.9 mostra a diferença na forma entre esses compostos em imagens obtidas MEV
(BSE) (os círculos em vermelho indicam as regiões onde foram realizadas análises de
composição via EDS).
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
68
A Figura 5.10 mostra os espectros obtidos nas análises de EDS realizadas nos dois
compostos, e a Tabela 5.2 mostra o resultado do percentual da composição química obtida.
Importante observar que esses resultados de EDS são apenas qualitativos e não quantitativos,
servindo apenas como um indicativo para um estudo mais aprofundado para confirmar e
quantificar essas indicações.
Se desconsiderarmos o porcentual de magnésio das análises em EDS dos precipitados
ricos em Al-La acima citados, verifica-se que existe uma relação de 65% La com 35% Al para
o precipitado facetado e de 50% La com 50% Al para os compostos aciculares. Embora esses
resultados sejam apenas de natureza qualitativa, podem-se fazer duas suposições:
1. O precipitado facetado é o mesmo composto Al
11
La
3
que não se dissolveu
para formar o precipitado acicular,
2. Pode estar havendo a formação do composto Al
3
La indicado no diagrama Al-La
e que apresenta uma composição de Al-63%La.
Uma análise mais aprofundada para verificação do reticulado das estruturas se faz
necessária para comprovar tais suposições.
Figura 5.8. Diagrama de fase Al-La
.
(ASM 1990)
2
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
69
Figura 5.9. Imagens BSE dos compostos ricos em alumínio e lantânio formados durante
solidificação da liga. a) precipitado de forma facetado e b) precipitado de forma acicular.
Tabela 5.2. Resultados de composição obtido via EDS para os compostos ricos em alumínio e
lantânio. (Apenas para análise qualitativa).
EDS Precipitado facetado EDS Precipitado acicular
Elemento
Percentual
Elemento
Percentual
Mg
18,49%
Mg
4,03%
Al
30,06%
Al
48,53%
La
51,46%
La
47,45%
Ca
---
Ca
---
Figura 5.10. Espectros obtidos das análises via EDS nos compostos ricos em Al-La. a)
Espectro do precipitado facetado, b) Espectro do precipitado acicular.
Foram observadas diferenças entre os compostos de forma lamelar, conforme está
indicado na Figura 5.11 onde se verifica a presença de uma estrutura lamelar de espaçamento
entre lamelas menores e mais escuras (lamelar fino) e outra com espaçamentos maiores e mais
claras (lamelar grosseiro). O composto lamelar grosseiro indica a presença de lantânio, que
por ser mais denso, acaba rebatendo maior quantidade de elétrons durante observação em
a)
b)
a)
b)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
70
MEV, motivo pelo qual aparece mais claro. Os resultados de EDS (Tabela 5.3) realizado nas
lamelas mais claras dos dois compostos (indicado pelos círculos na Figura 5.11), revelam a
presença de lantânio no composto lamelar grosseiro e ausência do mesmo no composto
lamelar mais fino. Esses resultados indicam que provavelmente a estrutura lamelar mais fina
seja o composto Al
2
Ca + βCa, conforme indicado no diagrama Al-Ca da Figura 5.16.
A formação de um tipo de composto lamelar ou de outro, parece depender das
condições de solidificação. Provavelmente nas regiões onde houve maior segregação de
alumínio e cálcio, ocorreu a formação do composto lamelar Al
2
Ca, enquanto que o outro
composto lamelar grosseiro parece estar relacionado à presença de alumínio, cálcio e lantânio,
que conduz o sistema à formação de uma estrutura que lembra os compostos aciculares de
forma mais espaçada.
Figura 5.11.Imagens BSE das estruturas lamelares encontradas na amostra. a) Lamelar
grosseira (mais clara) e b) Lamelar fina (mais escura).
Tabela 5.3. Resultados de composição obtido via EDS para os compostos lamelares
observados na Figura 5.11.
EDS composto lamelar grosseiro EDS composto lamelar fino
Elemento
Percentual
Elemento
Percentual
Mg
16,56%
Mg
67,71%
Al
42,5%
Al
13,22%
La
9,15%
La
0,89%
Ca
32,04%
Ca
18,18%
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
71
A Figura 5.12 mostra os espectros obtidos das análises de EDS realizado nos
compostos lamelares.
Figura 5.12. Espectros obtidos nas análises via EDS a) Espectro referente ao composto
lamelar grosseiro e b) Espectro referente ao composto lamelar fino.
As análises de composição via EDS foram realizadas no núcleo da matriz e próximo
das regiões de segregação e formação de compostos. Os resultados mostram magnésio puro
no núcleo e quantidades maiores de alumínio, cálcio e lantânio próximo dos contornos,
conforme mostrado na Figura 5.13. A Tabela 5.4 exibe os resultados dos percentuais obtidos e
a Figura 5.14 mostra os espectros dessas análises.
Figura 5.13. Imagem BSE da estrutura da liga obtida através de MEV. Os círculos indicam as
regiões onde foram realizadas análises via EDS (no núcleo da matriz e próximo das regiões de
segregação).
a)
b)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
72
Tabela 5.4. Resultado de composição obtido via EDS no núcleo da matriz e próximo dos
contornos.
EDS Núcleo EDS próximo do contorno
Elemento
Percentual
Elemento
Percentual
Mg
100%
Mg
89,51%
Al
---
Al
3,41%
La
---
La
4,95%
Ca
---
Ca
2,13%
Figura 5.14. Espectros obtidos nas análises via EDS a) núcleo da Matriz e b) próximo dos
contornos.
A Figura 5.15 mostra uma micrografia obtida a 30 mm da base onde podem ser
observadas todas as fases presentes.
Figura 5.15. Metalografia da liga solidificada com baixas taxas de resfriamento na posição de
30 mm: a) fase acicular (Al
11
La
3
), b) precipitado facetado, c)fases lamelar grosseira, d) fase
lamelar fina (Al
2
Ca), e) matriz com magnésio e alumínio em solução sólida.
a)
b)
a
c
b
d
e
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
73
A transformação de fase que ocorre por volta de 525°C não poderia estar relacionada à
formação dos compostos eutético Al
2
Ca + βCa, indicado no diagrama de fase da Figura 5.16,
uma vez que essa reação ocorre quando a liga se encontra em estado sólido, não havendo
portanto líquido para a reação eutética. Dessa forma, o composto Al
2
Ca + βCa deve formar-se
ainda na região pastosa.
Através da análise dos diagramas de fases, verifica-se poucas possibilidades de
ocorrência de transformações de fases em estado sólido envolvendo os elementos da liga.
Assim sendo, é possível que essa transformação, indicada pelos termopares por volta de
525°C, esteja relacionada à mudança de βCa para αCa, conforme indicado no diagrama Mg-
Ca da Figura 5.7, e Al-Ca da Figura 5.16.
Não foi verificada a presença da fase βMg
17
Al
12
, indicada no diagrama Mg-Al
(Figura 5.17), prejudicial às propriedades mecânicas em altas temperaturas, uma vez que todo
o alumínio disponível foi usado para formação de compostos Al
11
La
3
e Al
2
Ca nos contornos
de grãos.
Analisando as curvas de resfriamento e diagramas de fase, esse seria o caminho de
solidificação mais provável.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
74
Figura 5.16. Diagrama de fase Al-Ca. (ASM 1990)
2
.
Figura 5.17. Diagrama de fase Mg-Al.(ASM 1990)
2
.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
75
5.2 Análise da Macrografia
A Figura 5.18 mostra a macrografia do lingote após a realização da solidificação com
resfriamento lento, onde podem ser observados grãos equiaxiais ao longo de todo o
comprimento da amostra. Próximo das paredes e da base do cadinho observa-se a presença de
grãos mais refinados. Pode-se notar também que os grãos equiaxiais aumentam de tamanho à
medida que se afastam da base. Grãos grosseiros (da ordem de 3 a 4 mm) são observados na
altura entre 90 mm e 105 mm. O crescimento desses grãos se deve à formação de escória na
superfície do metal líquido, inerente ao processo de fusão, e que devido ao “lay-out” do forno
e condições de processamento, por medidas de segurança não pode ser removida.
Figura 5.18. Macrografia da liga ZAXLa05413 obtida após resfriamento lento dentro do
cadinho com o forno desligado
5.2.1 Formação da escória
Devido à alta reatividade do magnésio com o oxigênio, todo o processo de fusão é
realizado dentro de um sistema completamente isolado e sob condições de atmosfera
protetora, que o magnésio não forma uma camada de óxido estável na superfície do banho
como ocorre com fusão em ligas de alumínio. Não obstante, a utilização de SF
6
como gás de
Escória formada na superfície
Grãos Equiaxiais grosseiros
Grãos refinados próximos
das paredes do cadinho
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
76
proteção, forma uma fina camada de óxido na superfície do banho que é benéfico evitando a
combustão da liga (Street, 1986). Durante o processo de fusão, foi mantida uma pressão
positiva dentro do forno para evitar a entrada de ar pelos orifícios da tampa, por onde é
colocado o dispositivo de fixação dos termopares e o agitador mecânico. Essa escória, além
de um excelente substrato para nucleação de novos grãos, também funciona como uma
“manta de isolamento térmico” impedindo o resfriamento do líquido pela atmosfera de
proteção injetada na superfície do banho. Dessa forma, os grãos nucleados a partir da escória
crescem sob baixíssimas taxas de resfriamento na região pastosa, conforme indicado nas
curvas de solidificação registradas pelos termopares.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
77
5.3 Correlação entre variáveis de solidificação (V
L
, G
L
e
L
T ) e tamanho de grão
As curvas de resfriamento indicam que o líquido resfria a uma taxa média igual a
0,076°C/s desde o início do resfriamento (t = 0), até oinício de solidificação, onde sofre
alteração. A média da taxa de resfriamento na região pastosa foi de 0,022 K/s.
A Tabela 5.5 mostra os valores obtidos para as taxas de resfriamento do líquido (
L
T
), e
para taxas de resfriamento na zona pastosa (
S
T
).
Tabela 5.5. Taxas de resfriamento registradas pelos termopares.
Taxas de resfriamento (ZAXLa05413 – resfriamento lento)
Posição (mm)
L
T
(K/s)
S
T
(K/s)
TG médio (mm)
15
0,074 0,028 1,310
30
0,075 0,027 1,490
45
0,077 0,026 1,754
60
0,078 0,024 2,143
75
0,076 0,021 2,559
90
0,076 0,016 --
105
0,074 0,015 --
Média 0,076 0,022 --
Conforme podemos observar nos dados da Tabela 5.5, a taxa de resfriamento no
líquido é praticamente a mesma e varia muito pouco na região pastosa. A diferença entre a
máxima taxa de resfriamento e a mínima é de 0,004 K/s para
L
T
, e de 0,013 para
S
T
. Portanto,
a diferença no tamanho de grão entre 15 mm até 75 mm (já que o tamanho de grão entre 90
mm e 105 mm é atípico e sua formação se deve à escória na superfície do metal), não poderia
ser explicada pela taxa de resfriamento do líquido, uma vez que a diferença entre as taxas
nessas posições é desprezível.
Uma explicação possível para a diferença no tamanho de grão entre 15 mm até 75 mm,
seria através da velocidade de avanço da isoterma liquidus (V
L
), uma vez que a taxa e a
velocidade estão correlacionadas pela expressão:
L
L
L
V
T
G
=
Se verificarmos o intervalo de tempo para início da solidificação para cada termopar,
verificamos que a frente de solidificação avança da base para superfície, conforme mostrado
na Tabela 5.6.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
78
Tabela 5.6. Temperatura líquidus registrada pelos termopares e seus respectivos tempos em
segundos.
Distância (mm)
T
L
.(°C) tempo (s)
15
613 2103
30
615 2135
45
617 2169
60
619 2240
75
616 2327
90
615 2461
105
616 2479
O gráfico da Figura 5.19 mostra a posição da interface em função do tempo onde se
pode verificar que a escória situada na superfície antecipa o início da solidificação na posição
de 105 mm.
Sabe-se que a inclinação da reta tangente à curva P(t) é a velocidade da interface, ou
seja, a derivada da função, dessa forma se verifica que a velocidade da isoterma liquidus é
maior no início e diminui gradativamente à medida que se aproxima da superfície.
Figura 5.19. Gráfico da posição da interface em função do tempo.
Por extrapolação da curva obtida, o eixo das abscissas é deslocado, zerando o tempo
no valor extrapolado e mantendo os respectivos intervalos de tempo. Dessa forma, é possível
a obtenção de uma curva do tipo potencial da posição da isoterma liquidus em função do
tempo. Os valores corrigidos após esse procedimento são mostrados na Tabela 5.7.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
79
Tabela 5.7. Valores para posição da interface e tempo após procedimento de extrapolação.
Posição da interface (mm) tempo (s)
0
0
15
23
30
55
45
89
60
160
75
247
90
381
105
399
A curva da posição da isoterma liquidus em função do tempo é mostrada no gráfico da
Figura 5.20. O dado registrado pelo termopar localizado a 105 mm foi desconsiderado devido
à influência da escoria. A equação que correlaciona essas grandezas é:
98,0
51,3
2
55.0
=
=
R
tP
Figura 5.20. Posição da isoterma liquidus com o tempo.
que o início da solidificação é antecipado na posição de 105 mm, esse ponto é
desconsiderado.
A derivada da função acima fornece a equação da velocidade da isoterma com o
tempo:
45,0
93,1
= tV
L
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
-15
0
15
30
45
60
75
90
105
120
98,0
51,3
2
55.0
=
=
R
tP
Posição da Isoterma Liquidus
Curva otimizada
Posição (mm)
tempo (s)
Resfriamento Lento (ZAXLa05413)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
80
O gráfico da velocidade da isoterma é mostrado na Figura 5.21
Figura 5.21. Velocidade da interface em função do tempo. Os pontos em vermelho registram
o instante de passagem da frente nos termopares.
Dessa forma é obtido o valor empírico da velocidade da isoterma liquidus em cada
posição e com esses resultados é calculado o gradiente na frente da interface de acordo com a
expressão:
L
L
L
V
T
G
=
Os dados obtidos para as variáveis de solidificação são mostrados na Tabela 5.8.
Tabela 5.8. Valores dos parâmetros de solidificação obtidos no processo de solidificação com
resfriamento lento.
Resfriamento Lento (ZAXLa05413
)
Posição (mm) tempo (s)
L
T
(K/s)
V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
15
23 0,074 0,47 0,16
30
55 0,075 0,32 0,24
45
89 0,077 0,26 0,30
60
160 0,078 0,20 0,40
75
247 0,076 0,16 0,47
90
381 0,076 0,13 0,57
105
399 0,074 0,13 0,57
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
45,0
93,1
= tV
L
Velocidade da Isoterma Liquidus (mm/s)
tempo (s)
Velocidade da Isoterma
Velocidade no posição dos termopares
Resfriamento Lento (liga ZAXLa05413)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
81
Os dados da Tabela 5.8 indicam que a velocidade de avanço da isoterma é maior nas
proximidades da base e diminui à medida que se afasta da mesma, enquanto que o gradiente à
frente da interface é baixo próximo da interface e aumenta com a distância. Esses resultados
estão de acordo com outros resultados da literatura, que afirmam que o crescimento equiaxial
ocorre sob condições de baixos gradientes, embora as velocidades encontradas sejam altas.
(Da mesma ordem dos experimentos com solidificação unidirecional, conforme explicado nos
próximos capítulos). Essa variação da velocidade explicaria a diferença de tamanho de grão
observada na macroestrutura.
Como o crescimento de grãos colunares não é favorecido devido às baixas taxas de
resfriamento e baixos valores de gradiente térmico, a interface liquidus precisa avançar sob a
forma de grãos equiaxiais. Para que a velocidade da interface seja maior nas regiões mais
próximas da base, é necessária uma maior nucleação de grãos nessas regiões e essa alta taxa
de nucleação é responsável pela estrutura mais refinada mostrada na macrografia da Figura
5.18. A Tabela 5.9 mostra os resultados obtidos dos diâmetros dos grãos. Os diâmetros nas
posições de 90 a 105 mm foram desconsiderados devido à influência da escória.
A Figura 5.22 mostra um detalhe da macrografia retirada próximo da escória
mostrando a influência da mesma na nucleação e crescimento de grãos.
Tabela 5.9. Tamanho de grão médio obtido para cada posição.
Posição
(mm)
Tamanho de grão
médio (mm)
Mínimo
(mm)
Máximo
(mm)
N° de
medições
Desvio Padrão
15
1,310 0,61 2,18 108
0,40
30
1,490 0,65 2,90 94 0,46
45
1,754 0,824 3,06 83 0,49
60
2,143 1,03 4,29 68 0,57
75
2,559 1,45 4,57 40 0,68
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
82
Figura 5.22. Detalhe da macrografia perto da superfície mostrando a influência da escória
formada como substrato para nucleação e crescimento de grãos.
A Figura 5.23 mostra a influência da velocidade da isoterma liquidus em função do
tamanho de grão obtido e seus valores de máximo e mínimo.
Figura 5.23. Gráfico correlacionando tamanho de grão com velocidade de avanço da interface
liquidus. (Escala dos eixos em Log
10
).
0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5
1
2
3
4
5
Experimento 1 (ZAXLa05413)
Resfriamento Lento
97,0
72,0
2
68,0
=
=
R
VTG
L
V
L
(mm/s)
TG (mm)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
83
5.4 Experimentos 2 e 3 - Solidificação unidirecional
Nessa etapa os lingotes foram submetidos à solidificação unidirecional com
resfriamento pela base a partir de injeção de água. Nesses dois experimentos os parâmetros
iniciais de solidificação foram muito semelhantes, conforme dados da Tabela 4.4.
A Figura 5.24 mostra as curvas de resfriamento obtidas pelos termopares no
experimento 2.
Figura 5.24. Curvas de resfriamento obtidas no experimento 2.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
84
Para exemplificar a obtenção da T
L
, as Figuras 5.25 e 5.26 mostram as curvas de
resfriamento obtidas pelos termopares localizados a 15 mm e a 60 mm da base, nos
experimentos 2 e 3, respectivamente.
Figura 5.25. Curva de resfriamento obtida no experimento 2 pelo termopar localizado a 30
mm da base mostrando T
L
.
Figura 5.26. Curva de resfriamento obtida no experimento 3 pelo termopar localizado a 60
mm da base mostrando T
L
.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
300
400
500
600
700
800
Temperatura (°C)
tempo (s)
termopar 15 mm (Experimento 2)
T
L
=621°C
0 100 200 300 400 500 600 700 800
300
400
500
600
700
800
termopar 60 mm (Experimento 3)
Temperatura (°C)
tempo (s)
T
L
=616°C
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
85
A Tabela 5.10 mostra os dados de T
L
obtidos para todos os termopares no experimento
2 e 3 e seus respectivos tempos corrigidos (descontando o tempo inicial de 30 segundos de
aquisição sem resfriamento).
Tabela 5.10. Dados de T
L
obtidos das curvas de resfriamento nos experimentos 2 e 3.
Experimento 2
Posição (mm) T
L
(°C) tempo (s)
15
621 51
30
607 103
45
605 173
60
595 247
75
592 304
90
611 378
105
611 399
Experimento 3
Posição (mm) T
L
(°C) tempo (s)
15
616 44
30
613 83
45
610 136
60
616 189
75
610 265
90
611 314
As Figuras 5.27 e 5.28 mostram as macrografias obtidas dos experimentos 2 e 3, onde
podem ser observados grãos colunares crescendo a partir da base em direção à superfície. A
largura das colunas é menor na base e aumenta à medida que se afasta da mesma. No
experimento 2, a TCE ocorre entre 65 mm e 80 mm e no experimento 3 a TCE ocorre entre 75
mm e 80 mm.
Como foi abordado no capítulo anterior, a formação de escória na superfície do
banho durante processo de fusão, acaba influenciando na dinâmica de solidificação, sobretudo
na antecipação da transição colunar-equiaxial, uma vez que serve como substrato para intensa
nucleação de novos grãos que impedem o avanço dos grãos colunares na frente de
solidificação.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
86
Figura 5.27. Macrografia obtida no experimento 2.
Figura 5.28. Macrografia obtida no experimento 3.
TCE
Colunar
Refinado
Colunar
Grosseiro
Grãos
Equiaxiais
TCE
Colunar
Refinado
Colunar
Grosseiro
Grãos
Equiaxiais
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
87
A partir desses dados, foi possível a determinação dos gráficos correlacionando
posição da interface com o tempo, conforme mostrado nas Figuras 5.29 e 5.30 para os
experimentos 2 e 3, respectivamente. Para a obtenção das equações foi necessário
desconsiderar os resultados nas posições de 90 mm e 105 mm uma vez que eles poderiam
estar sofrendo influência da escória formada.
Figura 5.29. Variação da posição da isoterma liquidus com o tempo. (Experimento 2)
Figura 5.30. Variação da posição da frente de solidificação com o tempo. (Experimento 3).
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Posição da Isoterma Liquidus (Experimento 2)
99,0
50,0
2
87,0
=
=
R
tP
Posição (mm)
tempo (s)
Colunar
Equiaxial
TCE
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Colunar
99,0
78,0
2
82,0
=
=
R
tP
Posição da Isoterma Liquidus (Experimento 3)
Posição (mm)
tempo (s)
TCE
Equiaxial
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
88
Sendo as equações que correlacionam posição da isoterma com o tempo:
99,0
50,0
2
87,0
=
=
R
tP
Experimento 2
99,0
78,0
2
82,0
=
=
R
tP
Experimento 3
A partir da derivada dessas funções, são obtidas as equações que expressam a
velocidade da interface liquidus com o tempo, obtendo-se a velocidade empírica da isoterma
no instante em que a mesma alcança os termopares.
As expressões obtidas foram as seguintes:
13,0
43,0
= tV
L
experimento 2
18,0
64,0
= tV
L
experimento 3
As Figuras 5.31 e 5.32 mostram as curvas das equações obtidas. Para melhor efeito de
comparação, a Figura 5.33 mostra as duas curvas no mesmo gráfico, onde se percebe que as
velocidades da interface foram maiores para o experimento 3.
Os resultados mostram que os experimentos obtiveram velocidades semelhantes no
momento da transição, sendo aproximadamente 0,20 mm/s para o experimento 2 e em torno
de 0,23 mm/s para o experimento 3.
Figura 5.31. Gráfico da velocidade da interface liquidus com o tempo para o experimento 2.
Os pontos em vermelho representam os instantes em que a isoterma liquidus alcança os
termopares.
0 200 400 600 800 1000 1200
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
tempo (s)
Velocidade da Interface (mm/s)
Colunar
TCE
Equiaxial
Velocidade da isoterma liquidus mm/s (experiemento 2)
Instante em que a interface liquidus alcança os termopares
13,0
43,0
= tV
L
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
89
Figura 5.32. Gráfico da velocidade da interface liquidus com o tempo para o experimento 3.
Os pontos em vermelho representam os instantes em que a isoterma liquidus alcança os
termopares.
Figura 5.33. Comparação entre os dois experimentos. O avanço da isoterma liquidus obteve
maiores velocidades no experimento 3.
Os valores das taxas de resfriamento do líquido em função da posição são mostrados
na Tabela 5.11. Os gradientes foram calculados a partir da taxa de resfriamento do quido e
das velocidades obtidas empiricamente pelas equações acima.
0 200 400 600 800 1000 1200
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
18,0
64,0
= tV
L
Velocidade da Interface mm/s (experiemento 3)
Instante em que a interface liquidus alcança os termopares
Velocidade da Interface (mm/s)
tempo (s)
Colunar
TCE
Equiaxial
0 200 400 600 800 1000 1200
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
Experimento 2
Experimento 3
13,0
43,0
= tV
L
18,0
64,0
= tV
L
tempo (s)
Velocidade da Isoterma Liquidus (mm/s)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
90
Tabela 5.11. Valores das variáveis de solidificação obtidos nos experimentos 2 e 3.
Experimento 2
Posição (mm)
L
T
(K/s)
V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
15
3,54 0,26 13,72
30
1,85 0,24 7,85
45
1,21 0,22 5,52
60 0,90 0,21 4,30
75 0,75 0,20 3,67
90
0,65 0,20 3,29
105
0,63 0,20 3,21
Experimento 3
Posição (mm)
L
T
(K/s)
V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
15
4,07 0,32 12,613
30
2,26 0,29 7,839
45
1,48 0,26 5,627
60
1,09 0,25 4,389
75 0,84 0,23 3,617
90
0,74 0,23 3,254
Tal como no experimento com resfriamento lento com grãos equiaxiais, os resultados
obtidos na Tabela 5.11 estão de acordo com a teoria que afirma que crescimento colunar se
desenvolve sob altos valores de gradientes térmicos com altas velocidades da isoterma
liquidus.
A Figura 5.34 mostra uma comparação entre os dois experimentos correlacionando
gradientes com posição. No momento da transição, os gradientes térmicos também são
semelhantes, aproximadamente 4,3 k/mm para o experimento 2 e de 3,8 K/mm no
experimento 3.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
91
Figura 5.34. Comparação entre os gradientes no momento do início da TCE. (Experimentos 2
e 3).
Como os dois experimentos são realizados em condições muito semelhantes, os
valores das variáveis térmicas no momento da transição são parecidos.
Segundo afirmam Garcia e Siqueira (Siqueira Filho 2002; Garcia 2005), o critério para
melhor previsão da TCE seria em termos de taxas de resfriamento do líquido no momento da
transição definida como taxa de resfriamento crítico (
c
T
). Os dados do experimento estão de
acordo com esse critério uma vez que a TCE ocorre em taxas muito semelhantes, sendo em
torno de 0,87 K/s para o experimento 2 e 0,84 K/s para o experimento 3.
A Tabela 5.12 mostra os valores das variáveis de solidificação obtidos durante TCE
nos dois experimentos.
Tabela 5.12. Valores obtidos das variáveis de solidificação no momento da TCE.
Experimento V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
L
T
(K/s)
2
0,20 4,3 0,87
3
0,23 3,6 0,84
A Figura 5.35 mostra a variação da taxa de resfriamento do líquido com a posição. As
taxas são semelhantes no momento da transição.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
2
4
6
8
10
12
14
99,0
08,121
2
80,0
=
=
R
PG
L
TCE (3)
início
TCE (2)
início
Experimento 2
Experimento 3
Equiaxial
Colunar
99,0
56,97
2
75,0
=
=
R
PG
L
Gradiente (K/mm)
Posição (mm)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
92
Figura 5.35. Variação da taxa de resfriamento do líquido com a posição. Taxas semelhantes
durante a transição.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
TCE
99,0
76,51
2
93,0
=
=
R
PT
L
99,0
70,46
2
95,0
=
=
R
PT
L
Experimento 2
Experimento 3
Taxa de resfriamento liquido (K/s)
Posição (mm)
Colunar
Equiaxial
TCE
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
93
5.4.1 Experimento 4. Solidificação unidirecional com baixo superaquecimento.
Para validar o critério da transição baseada na taxa de resfriamento crítica, outro
experimento foi realizado visando diferentes condições de resfriamento, objetivando a
alteração na transição e comprovação da taxa de resfriamento crítica no momento da TCE.
O experimento 4 foi realizado sob as condições iniciais apresentadas na Tabela 4.4, ou
seja, com baixo superaquecimento.
A Figura 5.36 mostra as curvas de resfriamento obtidas pelos registros dos termopares.
Figura 5.36. Curvas de resfriamento obtidas no experimento 4.
Para exemplo da obtenção de T
L
, as Figuras 5.37 e 5.38 mostram as curvas de
resfriamento para as posições de 15 e 45 mm.
Para a construção das curvas é necessário descontar dos tempos obtidos, os 50
segundos iniciais de registro, que é o intervalo de tempo entre o início de aquisição de dados e
o início do resfriamento realmente efetivo a partir de injeção de água na base.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
94
Figura 5.37 . Curva de resfriamento obtida pelo termopar localizado a 15 mm da base.
Figura 5.38. Curva de resfriamento obtida pelo termopar localizado a 45 mm da base.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
300
400
500
600
700
T
L
= 613°C
Temperatura (°C)
termopar 15 mm (experimento 4)
tempo (s)
0 100 200 300 400 500 600 700 800
250
300
350
400
450
500
550
600
650
700
750
T
L
= 604°C
termopar 45 mm (Experimento 4)
Temperatura (°C)
tempo (s)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
95
A macroestrutura obtida nessas condições de processamento (mostrada na Figura
5.39), é diferente da macroestrutura observada nos experimentos 2 e 3. Os grãos colunares são
menos grosseiros e se desenvolvem até uma altura próxima de 60 mm. A partir dessa altura
até próximo de 75 mm se percebe a presença de grãos equiaxiais e em algumas regiões grãos
mais compridos orientados na direção do fluxo de extração de calor, o que define a zona de
transição, e acima de 75 mm observa-se uma massiva presença de grãos equiaxiais mais
refinados do que os grãos apresentados nas macrografias dos experimentos 2 e 3.
Figura 5.39. Macrografia obtida no experimento 4.
Os dados de T
L
com seus respectivos tempos corrigidos são apresentados na Tabela
5.13.
Tabela 5.13. Dados de T
L
obtidos a partir das curvas de resfriamento para o experimento 4.
Posição (mm) T
L
(°C) tempo (s)
15
613 22
30
608 51
45
604 100
60
606 150
75
602 216
90
612 255
105
611 309
TCE
Grãos Colunares
Grãos Equiaxiais
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
96
A Figura 5.40 mostra o gráfico da posição da interface em função do tempo.
Figura 5.40. Gráfico da posição da interface em função do tempo. (Experimento 4).
Sendo a expressão que correlaciona a posição com tempo para o experimento 4:
99,0
54,1
2
73,0
=
=
R
tP
A derivada dessa função fornece a equação para a velocidade da interface:
27,0
12,1
= tV
L
A Figura 5.41 mostra o gráfico obtido a partir dessa expressão. Os pontos em
vermelho correspondem ao instante em que a frente alcança os termopares.
Uma informação importante obtida desse gráfico é a alta velocidade da isoterma
liquidus nos primeiros instantes. A frente alcança o termopar distante a 15 mm com uma
velocidade de 0,48 mm/s, muito maior do que 0,26 mm/s e 0,32 mm/s obtidas nos
experimentos 2 e 3.
No momento da transição, a isoterma liquidus atinge a velocidade de 0,28 mm/s,
pouco acima das velocidades obtidas de 0,20mm/s e 0,23 mm/s para os experimentos 2 e 3,
respectivamente. Essa alta velocidade de avanço da interface pode ser a causa principal da
mudança na macroestrutura apresentada, uma vez que provoca uma maior instabilidade da
mesma.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
TCE
99,0
54,1
2
73,0
=
=
R
tP
Posição (mm)
tempo (s)
Equiaxial
Colunar
Posição da Isoterma Liquidus (experimento 4)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
97
Figura 5.41. Variação da velocidade da interface de solidificação em função do tempo. Os
pontos em vermelho correspondem ao instante em que a frente alcança os termopares.
(experimento 4).
A Tabela 5.14 mostra as taxas de resfriamento do líquido e o gradiente térmico
calculado a partir das taxas e da velocidade da isoterma.
O gradiente no momento da transição ficou próxima de 2,88 K/mm, abaixo dos
valores registrados no experimento 2 e 3. Comparando os resultados obtidos da velocidade da
isoterma liquidus e do gradiente térmico do experimento anterior (2 e 3), com os obtidos para
o experimento 4, pode-se observar diferenças significativas no momento da transição.
No entanto, no momento da transição, a taxa de resfriamento do líquido é muito
semelhante às taxas obtidas anteriormente (0,83 K/s), sustentando a teoria da taxa de
resfriamento crítica sugerida por Garcia et al.
Tabela 5.14. Valores das variáveis de solidificação obtidos no experimento 4.
Experimento 4
Posição (mm)
L
T
(K/s)
V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
15
3,95 0,48 8,14
30
1,88 0,39 4,85
45
1,12 0,32 3,46
60 0,83 0,28 2,88
75 0,67 0,26 2,55
90
0,56 0,25 2,25
105
0,49 0,24 2,09
0 200 400 600 800 1000 1200
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
27,0
12,1
= tV
L
TCE
Colunar
Equiaxial
Velocidade da Isoterma Liquidus (mm/s)
Velocidade da Isoterma Liquidus (Experimento 4)
V
L
no instante que a frente alcança os termopares
tempo (s)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
98
As Figuras 5.42 e 5.43 mostram a evolução do gradiente e da taxa de resfriamento em
função da posição.
Figura 5.42. Variação do gradiente em função da posição. (Experimento 4).
Figura 5.43. Variação da taxa de resfriamento do líquido em função da posição. (Experimento
4).
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
2
3
4
5
6
7
8
9
99,0
59,58
2
73,0
=
=
R
PG
L
TCE
Gradiente (K/mm)
Posição (mm)
Colunar
Equiaxial
G
L
versus Posição (experimento 4)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
99,0
94,78
2
10,1
=
=
R
PT
L
TCE
Taxa de resfriamento do líquido (Experimento 4)
Taxa de resfriamento do líquido (K/s)
Posição (mm)
Colunar
Equiaxial
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
99
Para efeito de comparação entre os experimentos, o gráfico da Figura 5.44 mostra a
variação da velocidade da isoterma com a posição para os três experimentos. Pode-se
observar as diferenças no momento da TCE.
Do mesmo modo, o gráfico da Figura 5.45. mostra a variação dos gradientes à frente
da isoterma liquidus com a posição para os três experimentos, onde se verifica uma diferença
significativa entre os experimentos 2 e 3 em relação ao experimento 4.
Porém, a taxa de resfriamento do quido no momento da transição foi a única variável
que não sofreu alterações significativas conforme mostrado no gráfico da Figura 5.46.
Figura 5.44. Comparação das velocidades da isoterma liquidus entre os três experimentos.
Figura 5.45. Variação do gradiente a frente da isoterma liquidus com a posição para os três
experimentos.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
2
4
6
8
10
12
14
73,0
4
59,58
= PG
L
75,0
3
56,97
= PG
L
80,0
2
08,121
= PG
L
Experimento 2
Experimento 3
Experimento 4
Gradiente (K/mm)
Posição (mm)
TCE
2
TCE
4
TCE
3
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
TCE
2
TCE
3
Experimento 2
Experimento 3
Experimento 4
Velocidade da Isoterma Liquidus
Posição (mm)
TCE
4
15,0
2
39,0
= PV
L
19,0
3
54,0
= PV
L
37,0
4
33,1
= PV
L
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
100
Figura 5.46. Variação da taxa de resfriamento do líquido nos três experimentos. Valores
semelhantes no momento da transição.
A taxa de resfriamento crítica (
C
T
), para a TCE da liga em estudo (ZAXLa05413)
estaria numa faixa aproximada de:
0,83 K/s <
C
T
< 0,87 K/s
A Tabela 5.15 resume para efeito de comparação os valores das variáveis térmicas de
solidificação no momento da TCE para todos os experimentos.
Tabela 5.15. Valores das variáveis de solidificação no momento da TCE obtida nos três
experimentos.
Experimento V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
L
T
(K/s)
2 0,20 4,3 0,87
3 0,23 3,6 0,84
4 0,28 2,88 0,83
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
10,1
4
94,78
= PT
L
93,0
3
76,51
= PT
L
95,0
2
70,46
= PT
L
Experimento 2
Experimento 3
Experimento 4
Taxa de resfriamento (K/s)
Posição (mm)
TCE
4
TCE
3
TCE
2
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
101
5.5 Experimento 5 – Solidificação Unidirecional liga AZ91
Para efeito de comparação foi realizado um experimento de solidificação unidirecional
vertical ascendente com a liga AZ91.
Os parâmetros iniciais de processo para esse processo foram descritos na Tabela
4.4.
A Figura 5.47 mostra as curvas de resfriamento registradas pelos termopares no
experimento.
Figura 5.47. Curvas de resfriamento obtidas no experimento 5.
As Figuras 5.48 e 5.49 mostram as curvas de resfriamento registradas pelos
termopares na posição de 45 mm e 90 mm com suas respectivas T
L
.
A Tabela 5.16 mostra os valores de T
L
obtidos das curvas de resfriamento para cada
posição com seus respectivos tempos corrigidos (descontando os 18 segundos iniciais de
registro sem resfriamento).
A Figura 5.50 mostra a macrografia obtida da amostra solidificada. Verifica-se que
houve crescimento de grãos colunares até a altura de 60 mm, onde ocorre a transição.Acima
de 70 mm somente se verifica a presença de grãos equiaxiais.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
102
Figura 5.48. Curva de resfriamento registrada pelo termopar situado a 45 mm da base.
Figura 5.49. Curva de resfriamento registrada pelo termopar situado a 90 mm da base.
Tabela 5.16. Dados de T
L
obtidos a partir das curvas de resfriamento para o experimento 5.
Posição (mm) T
L
(°C) tempo (s)
15
605 22
30
604 51
45
598 112
60
588 187
75
601 227
90
599 302
105
604 333
0 200 400 600 800 1000
300
400
500
600
700
800
900
Temperatura (°C)
tempo (s)
T
L
= 598°C
45 mm
AZ91
0 200 400 600 800 1000
300
400
500
600
700
800
900
90 mm
AZ91
Temperatura (°C)
tempo (s)
T
L
=599°C
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
103
Figura 5.50. Macrografia da liga AZ91 após experimento de solidificação unidirecional.
A partir dos dados da Tabela 5.16 foi possível a construção do gráfico que
correlaciona posição da isoterma liquidus com o tempo (Figura 5.51), e a partir dessa equação
foi obtida a função que expressa a velocidade da isoterma em função do tempo (Figura 5.52).
De posse dessa expressão, foi possível calcular a velocidade da isoterma no instante em que a
isoterma liquidus alcançou os termopares. O gradiente térmico à frente da isoterma foi
calculado a partir da velocidade da isoterma e das taxas de resfriamento do líquido obtido das
curvas. Os dados das variáveis de solidificação são mostrados na Tabela 5.17.
TCE
Grãos Colunares
Grãos Equiaxiais
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
104
Figura 5.51. Posição da isoterma liquidus com o tempo no experimento 5 (Liga AZ91).
Figura 5.52. Velocidade da isoterma liquidus em função do tempo.
Tabela 5.17. Valores das variáveis de solidificação obtidos no experimento 5.
Experimento 5
Posição (mm)
L
T
(K/s)
V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
15
4,14 0,44 9,38
30
2,07 0,34 5,92
45
1,10 0,28 3,95
60 0,80 0,24 3,32
75
0,64 0,23 2,79
90
0,56 0,21 2,66
105
0,50 0,20 2,43
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
98,0
47,1
2
72,0
=
=
R
tP
Temperatura (°C)
tempo (s)
Equiaxial
TCE
Colunar
Posição da Isoterma Liquidus (Experimento 5)
0 200 400 600 800 1000 1200
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
28,0
05,1
= tV
L
Equiaxial
TCE
Colunar
Velocidade da Isoterma Liquidus (mm/s)
tempo (s)
Velocidade da Isoterma Liquidus mm/s (experiemento 5)
Instante em que a interface liquidus alcança os termopares
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
105
Da mesma forma como nos experimentos realizados anteriormente com a liga
ZAXLa05413, o crescimento colunar ocorre com altas velocidades da isoterma liquidus e
altos valores de gradiente térmico, enquanto que o crescimento equiaxial ocorre com baixos
valores de velocidade e gradiente térmico.
No momento da transição as variáveis térmicas atingem os valores mostrados na
Tabela 5.18.
Tabela 5.18. Valores das variáveis térmicas de solidificação na TCE (experimento 5).
Experimento
V
L
(mm/s) G
L
(K/mm)
L
T
(K/s)
5
0,24 3,32 0,80
A taxa de resfriamento durante a TCE é da mesma ordem da taxa de resfriamento
obtida na liga ZAXLa05413.
As Figuras 5.53 e 5.54 mostram o gráfico que correlaciona gradientes e taxas de
resfriamento com a posição.
Figura 5.53. Gradiente térmico em função da posição. (Experimento 5)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
2
3
4
5
6
7
8
9
10
99,0
08,68
2
73,0
=
=
R
PG
L
G
L
(K/mm)
Posição (mm)
Colunar
Equiaxial
TCE
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
106
Figura 5.54. Taxa de resfriamento do líquido em função da posição. (Experimento 5)
Para efeito de comparação com a liga ZAXLa05413, a Figura 5.55 mostra os valores
de V
L
obtidos em todos os experimentos. Observa-se que nos experimentos 4 e 5, com baixo
superaquecimento, os valores de V
L
são maiores quando comparados com experimentos com
superaquecimentos elevados (experimentos 2 e 3). Mesmo no experimento 1, sem
resfriamento pela base mas com superaquecimento elevado, V
L
no início é extremamente alta
e diminui significativamente à medida que a isoterma se afasta da base.
Entretanto, o gráfico da Figura 5.56 mostra que nos experimentos com maiores
superaquecimentos, os valores de G
L
são maiores e nos experimentos com baixos
superaquecimentos os valores de G
L
são menores.
Os valores de G
L
para o experimento 1 são extremamente baixos e aumentam de
forma gradativa, porém não significativa, à medida que a isoterma se afasta da base.
Diante dessas observações, parece haver uma relação entre superaquecimento do
líquido com V
L
e G
L
, nos experimentos com solidificação unidirecional, sendo que, quanto
maior o grau de superaquecimento do líquido, maiores valores de gradiente e menores valores
de velocidade são obtidos. E quanto menor o superaquecimento, menores valores de
gradientes e maiores valores de velocidade.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
99,0
07,89
2
13,1
=
=
R
PT
L
Taxa de resfriemanto do Líquido (K/s)
Posição (mm)
Colunar
Equiaxial
TCE
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
107
Figura 5.55. Comparação entre V
L
obtidas em todos os experimentos.
Figura 5.56. Comparação entre G
L
obtidas em todos os experimentos
Com exceção do experimento 1, as taxas de resfriamento do líquido variam com a
posição de maneira muito semelhante nos experimentos com resfriamento unidirecional,
conforme mostra o gráfico da Figura 5.57.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Exper. 1 (ZAXLA05413 resf. Lento)
Exper. 2 (ZAXLA05413)
Exper. 3 (ZAXLA05413)
Exper. 4 (ZAXLA05413)
Exper. 5 (AZ91)
V
L
(mm/s)
Posição (mm)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0
2
4
6
8
10
12
14
Exper. 1 (ZAXLA05413 resf. Lento)
Exper. 2 (ZAXLA05413)
Exper. 3 (ZAXLA05413)
Exper. 4 (ZAXLA05413)
Exper. 5 (AZ91)
G
L
(K/mm)
Posição (mm)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
108
Figura 5.57. Comparação entre
L
T
obtidas em todos os experimentos.
Esses resultados indicam que o superaquecimento influencia nos valores de V
L
e G
L
,
mas não influencia nos valores de
L
T
, nos experimentos com solidificação unidirecional,
mesmo para o experimento 5 realizado com outra liga, no caso, AZ91.
Para essas duas ligas de magnésio em estudo, a taxa de resfriamento crítica para a TCE
parece estar em torno de 0,80 K/s.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Exper. 1 (ZAXLA05413 resf. Lento)
Exper. 2 (ZAXLA05413)
Exper. 3 (ZAXLA05413)
Exper. 4 (ZAXLA05413)
Exper. 5 (AZ91)
Taxa de resfriamento do liquido (K/s)
Posição (mm)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
109
5.6 Correlação entre variáveis de solidificação (V
L
, G
L
e
L
T ) e estrutura
A influência das variáveis térmicas V
L
, G
L
e
L
T , nos parâmetros de estrutura também
foi objetivo desse trabalho.
Após a realização de solidificação unidirecional com resfriamento pela base, os
lingotes foram submetidos a análises metalográficas nas regiões próximas dos termopares.
A Figura 5.58 mostra uma série de micrografias retiradas das diferentes posições da
amostra do experimento 2, onde se percebe a orientação de crescimento das dendritas e a
mudança no grau de refinamento.
Figura 5.58. Metalografias retiradas de diferentes posições na amostra solidificada no
experimento 2.
15 mm
30 mm
60 mm
45 mm
75 mm
90 mm
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
110
A Figura 5.59a, mostra uma metalografia onde se percebe na região central o
desenvolvimento da dendrita e na Figura 5.59b, a mesma imagem realçando a dendrita e a
medição entre centros de braços secundários.
Figura 5.59. Metalografia da amostra solidificada no experimento 2 na posição de 75 mm. a)
desenvolvimento da dendrita na região central da imagem e b) mesma imagem realçando
dendrita e espaçamentos secundários.
A Figura 5.60 mostra o desenvolvimento de uma dendrita obtida no experimento 5
com a liga AZ91, na posição de 15 mm. A região escura interdendrítica é a fase βMg
17
Al
12.
Figura 5.60. Desenvolvimento de braços dendríticos da liga AZ91. Experimento 5, posição de
15mm.
Não foram realizadas medições de espaçamento dendrítico secundário (λ
2
), nas
posições de 90 mm e 105 mm, uma vez que essas regiões ficam fora do crescimento colunar.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
111
A Tabela 5.19 mostra os resultados para os espaçamentos dendríticos médios obtidos
dos experimentos 2, 3, 4 e 5.
Esses resultados foram correlacionados com as taxas de resfriamento do líquido
obtidas nos experimentos em cada posição. As Figuras 5.61, 5.62, 5.63 e 5.64 mostram as
curvas obtidas com suas respectivas equações de correlação com valores de máximo e
mínimo.
Tabela 5.19. Resultados de λ
2
medidos para cada posição nos três experimentos.
Experimento 2
Posição (mm)
λ
λλ
λ
2
2 2
2
médio
m)
Min. Max. N° de medições
Desvio Padrão
15
38,64 31,77 45,88 15 4,30
30
54,83 50,03 67,75 15 4,84
45
62,22 56,24 79,63 15 5,74
60
68,93 61,15 77,11 15 4,19
75
73,64 65,42 84,84 14 5,91
Experimento 3
Posição (mm)
λ
λλ
λ
2
2 2
2
médio
m)
Min. Max. N° de medições
Desvio Padrão
15
41,83 34,12 48,11 15 3,96
30
50,57 42,02 59,73 15 5,34
45
61,07 50,48 69,16 15 5,75
60
69,32 55,81 73,53 15 4,68
75
70,75 60,20 86,87 15 7,69
Experimento 4
Posição (mm)
λ
λλ
λ
2
2 2
2
médio
m)
Min. Max. N° de medições
Desvio Padrão
15
41,98 32,18 49,24 17 5,29
30
46,30 40,11 57,95 17 6,16
45
49,78 43,06 55,38 17 3,81
60
54,13 41,78 67,19 17 7,51
75
57,77 47,42 71,65 17 7,19
Experimento 5
Posição (mm)
λ
λλ
λ
2
2 2
2
médio
m)
Min. Max. N° de medições
Desvio Padrão
15
61,44 53,4 74,08 16 5,18
30
71,92 59,28 82,98 16 7,27
45
79,36 66,34 89,9 16 5,62
60
83,76 72,38 104,94 16 9,19
75
86,42 69,91 99,77 16 9,87
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
112
Figura 5.61. Correlação entre λ
2
e
L
T obtida no experimento 2. (Escala dos eixos em Log
10
).
Figura 5.62. Correlação entre λ
2
e
L
T obtida no experimento 3. (Escala dos eixos em Log
10
).
1 2 3 4 5
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Taxa de resfriamento do Líquido (K/s)
98,0
49,66
2
38,0
2
=
=
R
T
L
λ
EDS (
λ
2
) µ
m
Experimento 2 (ZAXLa05413)
1 2 3 4 5
30
40
50
60
70
80
90
100
110
97,0
73,68
2
34,0
2
=
=
R
T
L
λ
Taxa de resfriamento do Líquido (K/s)
EDS (
λ
2
) µ
m
Experimento 3 (ZAXLa05413)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
113
Figura 5.63. Correlação entre λ
2
e
L
T obtida no experimento 4. (Escala dos eixos em Log
10
).
Figura 5.64. Correlação entre λ
2
e
L
T obtida no experimento 5. (Escala dos eixos em Log
10
).
1 2 3 4 5
30
40
50
60
70
80
90
100
110
96,0
48,52
2
18,0
2
=
=
R
T
L
λ
Taxa de resfriamento do Líquido (K/s)
EDS (
λ
2
) µ
m
Experimento 4 (ZAXLa05413)
1 2 3 4 5
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Experimento 5 (AZ91)
99,0
02,80
2
18,0
2
=
=
R
T
L
λ
EDS (
λ
2
) µ
m
Taxa de resfriamento do Líquido (K/s)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
114
Analisando somente a variação do λ
2
nos três experimentos com a liga ZAXLa05413,
são verificadas diferenças entre os dois primeiros experimentos (2 e 3), que foram realizados
sob as mesmas condições, ou seja, com alto superaquecimento, quando comparados com o
experimento 4 como menor grau de superaquecimento do líquido. Observa-se que para uma
mesma
L
T são observados diferentes λ
2
principalmente nas posições mais distantes da base
conforme mostra o gráfico da Figura 5.65. Importante lembrar novamente que a taxa de
resfriamento nos três experimentos com a liga ZAXLa05413, se comportaram da mesma
maneira com a posição (Figura 5.57), de forma que a causa da diferença nos espaçamentos
dendríticos não poderia ser explicada por variação de taxas de resfriamento.
Figura 5.65. Diferenças observadas em λ
2
em função de
L
T nos experimentos com a liga
ZAXLa05413.
O parâmetro que influencia de forma significativa na inclinação das curvas do gráfico
acima é a velocidade da isoterma que é influenciada pelo o grau de superaquecimento do
banho e modifica as estruturas formadas. Os altos valores de V
L
no experimento 4 acarretaram
uma variação pequena nos espaçamentos dendríticos, enquanto que os baixos valores de V
L
obtidas nos experimentos 2 e 3 ocasionaram maiores variações nos espaçamentos dendríticos
conforme mostra o gráfico da Figura 5.66.
Dessa forma, parece haver uma maior influência da velocidade de avanço da isoterma
liquidus nos espaçamentos dendríticos.
1 2 3 4 5
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
Experimento 2
Experimento 3
Experimento 4
EDS (
λ
2
) µ
m
Taxa de resfriamento do Líquido (K/s)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
115
Figura 5.66. Influência de V
L
em λ
2
nos experimentos realizados com a liga ZAXLa05413.
As maiores velocidades de avanço da isoterma no experimento 4 promoveram menor
variação no espaçamento entre braços dendríticos secundários. Esse fato pode ser explicado
pelo menor tempo obtido durante o processo de difusão e formação dos braços secundários. O
avanço rápido da frente de solidificação promoveu um certo grau de uniformização dos braços
durante o processo de solidificação gerando essa menor diferença.
Por outro lado os experimentos 2 e 3 com velocidades menores, permitiram maior
tempo no processo de difusão e formação de braços dendríticos durante a solidificação. O
avanço mais lento da frente de solidificação permitiu maiores diferenças entre o espaçamento
dendrítico secundário.
Isso é verificado na variação da inclinação das retas nos gráficos da Figura 5.66. O
gráfico sugere que quanto maior o grau de superaquecimento, menores velocidades de avanço
da isoterma são obtidas e mais inclinada fica a curva do gráfico enquanto que menor grau de
superaquecimento promove maior velocidade de avanço da isoterma e menos inclinada fica a
curva do gráfico.
0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5
40
45
50
55
60
65
70
75
80
EDS (
λ
2
) µ
m
95,0
26,2
2
17,2
2
=
=
R
V
L
λ
94,0
96,6
2
60,1
2
=
=
R
V
L
λ
97,0
59,28
2
50,0
2
=
=
R
V
L
λ
Experimento 2
Experimento 3
Experimento4
V
L
(mm/s)
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
116
6. CONCLUSÕES
Os objetivos iniciais desse trabalho foram atingidos uma vez que os resultados obtidos
permitiram que fossem extraídas as seguintes conclusões:
O sistema experimental elaborado mostrou-se eficiente quanto à fusão de ligas
de magnésio e formação de amostras solidificadas para estudo de macro e
microestruturas.
A análise térmica da liga mostrou que o início e o fim da solidificação, ou seja,
T
L
e T
S
, ocorre próximo de 616°C e 586°C respectivamente.
As curvas de resfriamento indicam transformação de fase ocorrendo na zona
pastosa em torno de 608°C e outra ocorrendo no estado sólido próximo de
526°C.
Foram observados compostos ricos em alumínio e lantânio na forma de
precipitados facetados e aciculares, sugerindo que, ou o composto Al
11
La
3
não
se dissolveu sob a forma acicular ou ocorre a formação de outro composto
mais rico em lantânio (Al
3
La).
diferenças significativas na morfologia dos dois compostos lamelares
observados na liga. No composto lamelar mais grosseiro presença de
quantidades de alumínio, lantânio e cálcio, enquanto que no composto lamelar
mais fino somente ocorre a presença de alumínio e cálcio. A formação de um
ou de outro composto lamelar vai depender das condições de segregação dos
elementos de liga.
A macrografia obtida do lingote solidificado sob condições de resfriamento
lento, revela uma variação do tamanho de grão equiaxial ao longo da amostra.
Uma explicação para as diferenças no tamanho de grão foi realizada em função
da velocidade da isoterma liquidus que mostrou variação ao longo da posição e
influenciou na formação da estrutura. A variação da taxa de resfriamento é
desprezível.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
117
Foi verificado que um alto grau de superaquecimento do líquido promove
maiores valores de G
L
e menores valores de V
L
, enquanto que
superaquecimento menor promove menores valores de G
L
e maiores valores de
V
L
.
V
L
e G
L
obtiveram valores diferentes na transição colunar-equiaxial entre os
experimentos com baixo e alto superaquecimento enquanto que os valores da
taxa de resfriamento do líquido foram muito semelhantes para os três
experimentos.
O critério de transição colunar-equiaxial baseado na taxa de resfriamento
crítico foi adotado sendo a faixa encontrada para a liga em estudo entre: 0,83
K/s <
C
T
< 0,87K/s.
O experimento 5 com a liga AZ91 mostrou resultado de taxa de resfriamento
semelhante na TCE, em torno de 0,8K/s.
Foram levantadas expressões matemáticas correlacionando λ
2
em função de
L
T
para os experimentos com solidificação unidirecional.
Ocorrem diferenças nos valores de espaçamentos dendríticos entre os
experimentos com maior e menor superaquecimento.
L
T iguais apontam
diferentes λ
2
, sobretudo nas posições mais distantes da base e com menores
valores de
L
T .
Foi verificada uma influência de V
L
em relação ao λ
2
. A correlação entre V
L
e
λ
2
é influenciada pelo grau de superaquecimento do banho. Quanto menor o
superaquecimento do liquido maior V
L
e menor λ
2
.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
118
7. TRABALHOS FUTUROS
Trabalhos futuros visando maior compreensão do fenômeno de solidificação nas ligas
de magnésio:
Realização de experimentos de solidificação unidirecional da liga ZAXLa
variando a composição dos elementos de liga e verificando a influência dos
mesmos na formação de estruturas e propriedades mecânicas;
Desenvolvimento de algoritmos para previsão de estruturas nas ligas
ZAXLa05413 e AZ91 com base nas equações levantadas nesse trabalho;
Alteração das condições de extração de calor no experimento de solidificação
unidirecional variando material da base e meios de resfriamento para
verificação da influência na formação de estruturas e TCE;
Realização de solidificação unidirecional vertical descendente nas ligas
estudadas para comparação com resultados obtidos;
Desenvolvimento de algoritmo para obtenção dos coeficientes de transferência
de calor entre metal/molde utilizado no experimento e influência dos mesmos
na formação de estruturas;
Desenvolver aparato experimental para realizar solidificação da liga sob altas
pressões para simular condições de processo de fundição sob pressão, visando
a verificação da influência dessa variável na formação de estruturas.
Realizar estudo sobre segregação ao longo do lingote e verificar a influência
desse fenômeno no processo de solidificação e na formação de estruturas.
ANÁLISE DA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS DE MAGNÉSIO PARA
APLICAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE MOTORES
119
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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