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se inclui ilha do Sol e a ilha do Mosqueiro), Ponta do Mel, cidade de Belém, (R: Guamá,
etc.)” (idem p. 25).
Ainda segundo Meira Filho, as referências mais antigas que se tem em relação à
denominação “Mosqueiro” datam de 1680 e estão associadas ao ponto extremo ocidental da
ilha, a “Ponta do Mosqueiro” (1978, p. 26-27).
Não é fato novo a importância das populações nativas no processo de colonização
do território brasileiro, e vem daí, segundo Meira Filho (1978), a origem do nome
“Mosqueiro”, das práticas indígenas da conservação de alimentos, o “moqueio”, que a
partir de um processo de linguagem, a corruptela que modificaria, através dos tempos, a
expressão de “moqueio” para “Mosqueiro”:
É muito claro entender-se que, para a remessa do peixe ou da caça para
consumo da sede da Colônia, na época, somente um processo "de
conservação se conhecía e de origem indígena: o moqueio. Costumavam
os nativos conservar os animais putrecíveis por um processo primitivo,
colocando a carne da caça ou o peixe sem as entranhas, em fumeiro
próprio, de calor brando, sobre o moquém, espécie de grade ou trempe
própria para essa curiosa operação. Sob o calor do fogo que sobe e atinge
o produto a moquear, aos poucos, ele finda por tostar o material,
conservando-o perfeito por longo tempo, sem qualquer perigo de
putrefação. (...) Foi dessa operação curiosa e por todos os títulos
admissível, que o lugar, a ilha paralela e irmã da “do Sol” passaria a ser
“ilha do Moqueio”, destinada ao moqueio do peixe, transportado para
negócio na colônia. (...) O habito singular de os pescadores e lavradores
residentes em sua circunvizinhança, sobretudo, na "Ilha do Sol", de
denominá-la "Ilha-do-Moqueio", o correr dos anos, talvez, dos séculos,
faria com que esse nome sofresse um processo de linguagem, a
corruptela que modificaria, através dos tempos, a expressão de moqueio
de moquear, em Mosqueiro. E a velha ilha dos tupinambás que
permaneceria "do Sol", depois "Colares", testemunha de grandes fastos
de nossa história, teria em sua vizinha ao poente, a base fundamental de
seu negócio no mosqueio do peixe colhido nas águas revoltas da baía do
Marajó que, ao lado da baía do Guajará, compõe o abrigo desse renque
de ilhas que fazem do nosso estuário, um dos mais belos do mundo, não
fosse ele já o maior em suas coordenadas(1978 p. 31-32; grifos do autor).
As mais antigas referências acerca de seus primeiros habitantes apontam os índios
Tupinambás da Ilha do Sol, e os índios Morobira da aldeia de Mortiguara, que assim como
as demais tribos do resto do país foram explorados pela penetração dos portugueses,