Download PDF
ads:
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina –Dermatologia
EFEITOS CLÍNICOS E HISTOLÓGICOS DA ISOTRETINOÍNA ORAL
NO FOTOENVELHECIMENTO
ROSA MARIA RABELLO FONSECA
Rio de Janeiro
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
EFEITOS CLÍNICOS E HISTOLÓGICOS DA ISOTRETINOÍNA
ORAL NO FOTOENVELHECIMENTO
Rosa Maria Rabello Fonseca
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Medicina
(Dermatologia), Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Orientadores: Profª. Drª. Mônica Manela Azulay
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Rio de Janeiro
Fevereiro/2009
ads:
Rabello-Fonseca, Rosa Maria
Efeitos clínicos e histológicos da isotretinoína oral no
fotoenvelhecimento / Rosa Maria Rabello Fonseca. – Rio de Janeiro:
UFRJ / Faculdade de Medicina, 2009.
xii, 93 f. : il. ; 31 cm.
Orientador: Mônica Manela Azulay e Tullia Cuzzi
Dissertação (Mestrado) – UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa
de Pós-Graduação em Medicina – Dermatologia, 2009.
Referências Bibliográficas: f. 64-72
1. Isotretinoína oral. 2. Envelhecimento cutâneo.
3.Fotoenvelhecimento. 4. Retinóides. 5. Morfometria. 6.
Dermatologia – Tese. I. Manela-Azulay, Mônica. II. Cuzzi, Tullia. III.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina,
Programa de Pós-Graduação em Medicina – Dermatologia. IV. Título.
ii
EFEITOS CLÍNICOS E HISTOLÓGICOS DA ISOTRETINOÍNA ORAL
NO FOTOENVELHECIMENTO
Rosa Maria Rabello Fonseca
Orientadores: Profª. Drª. Mônica Manela Azulay
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Medicina (Dermatologia).
Aprovada por:
__________________________________________
Presidente, Prof. Dr. Absalom Lima Filgueira
__________________________________________
Prof
a
. Dr
a
.Lúcia Maria Soares de Azevedo
__________________________________________
Prof
a
. Dr
a
.Mayra Cariijo Rochael
Rio de Janeiro
Fevereiro /2009
iii
Ao meu marido, Aloysio, pelo apoio e
estímulo constantes, paciência,
sabedoria e exemplo. E, principalmente,
pelo nosso amor e pelas nossas filhas.
Às minhas filhas, Nina e Letícia, pelos
beijos, abraços e carinhos, por me
fazerem experimentar um amor diferente
e nunca me deixarem esquecer o que é
mais importante na vida.
Aos meus pais, pelo exemplo de
trabalho, senso de justiça e amor que
sempre guiaram minha vida.
À minha avó materna, Joselita Fontes
Rabello (in memorian) pelo amor e por
ter me feito acreditar que os sonhos
podem ser realizados.
iv
AGRADECIMENTOS
À Profª. Drª. Mônica Manela Azulay, Professora Adjunta de Dermatologia da
UFRJ ,pela orientação, incentivo, paciência e por ter acreditado no tema da minha
dissertação desde o início;
À Profª. Drª. Tullia Cuzzi, Professora Adjunta de Patologia da UFRJ, pela
orientação na avaliação histopatológica e pela sua energia e competência
admiráveis.
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Mandarim–de-Lacerda, Professor Titular e chefe
do Departamento de Anatomia Patológica da UERJ, pela sua colaboração,
disponibilidade e estímulo que muito engradeceram o meu trabalho;
Ao Prof. Dr. Ronir Raggio Luiz, Professor Adjunto de Bioestatística do
IESC/UFRJ, pela sua dedicação e colaboração na análise estatística deste trabalho;
Ao Professor David Rubem Azulay, Professor Assistente de Dermatologia da
UFRJ e Chefe do serviço de Dermatologia do Instituto de Dermatologia Professor
Rubem David Azulay, pelo incentivo e amizade;
À. Juliana Chiepe, Dermatologista, pela ajuda inestimável no decorrer da
minha pesquisa e pela amizade;
À querida Marli Procópio, auxiliar de enfermagem do ambulatório de
dermatologia corretiva do HUCFF da UFRJ, pela imensa ajuda na captação das
pacientes e em toda a pesquisa, pela simpatia e amizade;
Aos alunos da pós-graduação em Dermatologia do Instituto de Dermatologia
Professor Rubem David Azulay fonte de inspiração e juventude inesgotáveis;
Aos professores e amigos do Instituto de Dermatologia Professor Rubem
David Azulay, em especial aos do setor de cosmiatria, pela compreensão e ajuda
para que eu pudesse ir atrás dos meus objetivos;
Às técnicas do Laboratório de Imunohistoquímica do Serviço de Patologia do
HUCFF, Antônia Ferreira de Mesquita e Elizabeth Jovet D’Avila, pelo imenso auxílio
na confecção das lâminas da tese;
v
À Wilma Magalhães Alves, secretária do Curso de Pós-Graduação em
Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ, pela ajuda na formatação da
dissertação;
Ao Laboratório Roche, pela doação da medicação utilizada no estudo;
Ao Laboratório Stiefel, pela doação dos “punchs” para as biópsias;
A Rudney Pinheiro, pelo auxílio na documentação fotográfica do estudo;
Às pacientes do estudo, o meu mais sincero agradecimento , pela seriedade,
consideração e por terem tornado possível a minha contribuição para a ciência;
Aos mestrandos e doutorandos em Dermatologia da UFRJ, em especial Drª
Ana Paula Piero Raduan e Drª Maria Cláudia de Almeida Issa, pela colaboração na
troca de artigos e experiências vividas durante o período do meu mestrado;
Às minhas queridas amigas, que sempre estiveram ao meu lado, me
apoiando no que necessário, em especial: Drª Mônica Pureza de Almeida, Drª
Márcia Choin e Drª. Ângela Gasparinni;
Ao meu amigo e compadre, Dr André Regazzi Gerk, pelo imenso auxílio
prestado em todas as etapas da tese.
vi
RESUMO
EFEITOS CLÍNICOS E HISTOLÓGICOS DA ISOTRETINOÍNA ORAL NO
FOTOENVELHECIMENTO
Rosa Maria Rabello Fonseca
Orientadores: Profª. Drª. Mônica Manela Azulay
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Existem poucas evidências científicas, principalmente subsidiadas por
estudos histopatológicos e morfométricos, sobre os efeitos clínicos da isotretinoína
oral no fotoenvelhecimento cutâneo. O presente estudo teve como objetivos analisar
as possíveis alterações clínicas e histopatológicas resultantes do tratamento com
isotretinoína oral em pacientes com fotoenvelhecimento. Foi realizado um ensaio
clínico randomizado e duplo cego. Trinta voluntárias sadias com fototipos II a IV,
fotoenvelhecimento de moderado a avançado e idades variando entre 40 e 55 anos,
foram agrupadas, aleatoriamente, em dois grupos de quinze. O grupo I (G I) foi
tratado com 10 mg e o grupo II (G II) com 20 mg de isotretinoína oral três vezes por
semana durante três meses. Biópsias de pele, antes e após a finalização do
tratamento, foram realizadas, e os diversos cortes histológicos submetidos às
colorações específicas para avaliação das fibras colágenas e elásticas. Para
mensurar essas alterações, foram realizados estudos de morfometria, e os dados
obtidos analisados pelos testes t de student (pareado e não pareado). O resultado
clínico do tratamento, levando-se em consideração textura, coloração e aspecto das
rugas, foi avaliado pelo médico e pelo paciente. Houve um aumento da quantidade
de fibras colágenas estatisticamente significativo para ambas as dosagens (média
de 37,8% aumentando para 44,4%; p= 0,029 com a dose de 10mg; e média de
36,6% aumentando para 41,9%; p= 0,010 com a dose de 20 mg). Na análise das
fibras elásticas, pôde-se observar uma tendência à sua diminuição, (média de 15,3%
para 12%; p=0,014 para 10mg; e média de 15,5% para 14%; p= 0,125 para 20 mg).
Melhora do aspecto global da pele, levando-se em consideração a textura,
profundidade das rugas e coloração da pele também foi observado. Os resultados
do estudo permitiram concluir que a isotretinoína oral, em baixas doses, parece ser
uma opção terapêutica eficaz para o fotoenvelhecimento cutâneo.
Palavras-chave: Isotretinoína oral; Envelhecimento cutâneo; Fotoenvelhecimento;
Retinóides; Morfometria; Dermatologia-Tese.
Rio de Janeiro
Fevereiro/2009
vii
ABSTRACT
CLINICAL AND HISTOPATHOLOGICAL EFFECTS OF ORAL ISOTRETINOIN IN
PHOTOAGING
Rosa Maria Rabello Fonseca
Orientadores: Profª. Drª. Mônica Manela Azulay
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Despite evidences of the beneficial clinical effects of oral isotretinoin in the
treatment of cutaneous photoaging, scientific evidences are still scarce, mainly
supported by histopathological and morphometric studies. The purpose of the
present study was to evaluate possible clinical and morphological changes resulting
from the treatment of photoaging with oral isotretinoin. A double-blind, randomized
study was performed. Thirty healthy volunteers, aged 40 to 55 years, phototypes II to
IV, with moderate to severe photoaging were randomly assigned to two groups of
fifteen each.Group I (G I)patients were treated with 10mg of isotretinoin and Group
II(G II) with 20 mg of oral isotretinoin three times a week for three months. Skin
biopsies were performed before and after the end of therapy and the various sections
were submitted to specific staining for collagen and elastic fibers. To analyze the
changes, morphometric studies were performed and the results obtained were
analyzed by student t- test (paired and non-paired). Clinical results of therapy
regarding texture, coloring and aspect of the wrinkles were assessed by both
physician and patient. The increase in the amount of collagen fibers was statistically
significant with both dosage regimens (mean 37.8%, increasing to 44.4%; p= 0.029
with the 10 mg dosage; and mean 36.6%, increasing to 41.9%; p= 0.01 with the 20
mg dosage). A pattern pointing toward a decrease in the number of elastic fibers was
found (mean 15.3% to 12%; p=0.014 with the 10 mg dosage; and mean 15.5% to
14%; p= 0.125 with the 20 mg dosage). Improvement in the general aspect of the
skin,regarding texture, wrinkles depth and skin coloration were also seen. The results
of this study allowed us to conclude that low dosages of oral isotretinoin seem to be
an effective therapeutic option for cutaneous photoaging.
Key-words:Oral Isotretinoin; Photoaging; Aging skin; Retinoids; Morphometry;
Dermatology- Thesis
Rio de Janeiro
Fevereiro/2009
viii
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................ X
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E DE TABELAS ........................................ XI
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................1
2 OBJETIVOS......................................................................................3
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................4
3.1 Fotoenvelhecimento ....................................................................................4
3.1.1 Mecanismos de envelhecimento ..............................................................5
3.1.2 Alterações clínicas....................................................................................7
3.1.3 Alterações histológicas.............................................................................8
3.2 Isotretinoína Oral .........................................................................................9
3.2.1 Metabolismo da vitamina A.....................................................................10
3.2.2 Receptores dos retinóides......................................................................11
3.2.3 Farmacocinética .....................................................................................13
3.2.4 Interações medicamentosas...................................................................14
3.2.5 Indicações ..............................................................................................14
3.2.5.1 Acne....................................................................................................14
3.2.5.2 Rosácea..............................................................................................16
3.2.5.3 Hidradenite Supurativa........................................................................16
3.2.5.4 Desordens da ceratinização................................................................17
3.2.5.5 Psoríase..............................................................................................18
3.2.5.6 Câncer cutâneo...................................................................................18
3.2.5.7 Miscelânea ..........................................................................................21
3.2.6 Monitorização laboratorial.......................................................................32
3.2.7 Contra-indicações...................................................................................34
3.3
Isotretinoína Oral no Fotoenvelhecimento ..............................................34
4 MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................38
4.1 Desenho do estudo....................................................................................38
4.2 Participantes...............................................................................................38
4.3 Procedimentos ...........................................................................................39
4.4 Avaliação Histopatológica.........................................................................40
4.4.1 Histopatologia.........................................................................................40
4.4.2 Morfometria ............................................................................................41
4.5 Análise estatística......................................................................................41
5 RESULTADOS................................................................................43
6 DISCUSSÃO ...................................................................................58
7 CONCLUSÕES ...............................................................................62
8 SUGESTÕES ..................................................................................63
ix
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................64
ANEXOS................................................................................................73
x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AP-1 Proteína ativadora 1
AR Ácido retinóico
CPK Creatinofosfoquinase
CRABP Proteína citosólica carreadora de ácido retinóico
CRBP Proteína citosólica carreadora de retinóides
DISH Hiperostose difusa idiopática do esqueleto
DNA Ácido desoxirribonucléico
EGF Fator de crescimento epidérmico
FDA Food and Drugs Admnistration
HDL Lipoproteína de alta densidade
HPV Papiloma vírus humano
IL Interleucina
LCCT Linfoma cutâneo de células T
LDL Lipoproteína de baixa densidade
MMP Metaloproteinase de matriz
NF Fator nuclear
P. acnes Propionibacterium acnes
PTN Proteína
PUVA Psoraleno + UVA
RAR Receptor de ácido retinóico
RARE Elementos equivalentes ao ácido retinóico
RBP Proteína carreadora de retinol
REPUVA Retinóides + PUVA
ROS Radicais livres de oxigênio
RXR Receptor X do ácido retinóico
TGF- β Fator de crescimento tecidual – β
TNF- α fator de necrose tumoral α
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UV Ultravioleta
UVA Ultravioleta A
UVB Ultravioleta B
Vit A Vitamina A
β - HCG Hormônio gonadotrofina coriônica –β
xi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E DE TABELAS
Figura 1 Fotografias da face em vista anterior de paciente tratada com
20 mg de isotretinoína oral três vezes por semana durante três
meses. a) Antes do tratamento. b) Depois do tratamento..................45
Figura 2 Fotografias da face em vista anterolateral direita. a) Antes do
tratamento. b) Depois do tratamento...................................................46
Figura 3 Fotografias da face em perfil esquerdo. Observando-se a
melhora da flacidez submentoneana e rítides perioculares. a)
Antes do tratamento. b) Depois do tratamento....................................46
Figura 4 Fotografias da face de paciente tratada com 10 mg de
isotretinoína oral, três vezes por semana por três meses.
Detalhe da foto evidenciando melhora da textura da pele,
diminuição dos poros e atenuação das rítides perioculares. a)
Antes do tratamento. b) Depois do tratamento....................................47
Figura 5 Fotografias da face em vista anterolateral direita de paciente
tratada com 10 mg de isotretinoína oral três vezes por semana
durante três meses. a) Antes do tratamento. b) Depois do
tratamento. Observa-se melhor definição do contorno facial e
atenuação do sulco nasogeneano. .....................................................47
Figura 6 Fotografias da face em perfil direito. Observando-se melhora
da flacidez submentoneana e periocular. a) Antes do
tratamento. b) Depois do tratamento...................................................48
Figura 7 Fotografias da face em vista anterolateral esquerda. a) Antes
do tratamento. b) Depois do tratamento, evidenciando
atenuação do sulco nasogeneano e diminuição da flacidez
submentoneana e mandibular.............................................................48
Figura 8 Fotografias com filtro ultravioleta. a) Paciente antes do
tratamento. b) Paciente depois de três meses de tratamento
com 20 mg de isotretinoína oral três vezes por semana durante
três meses. Pode-se observar uma diminuição da pigmentação
cutânea após o tratamento..................................................................49
Figura 9 Aumento da da densidade das fibras colágenas na derme
superficial a) antes b) após o tratamento com 20 mg de
isotretinoína oral(vermelho Picro Sirius Objetiva 10X). .......................50
Figura 10 Marcada diminuição das fibras elásticas na derme superior
considerando-se antes(a) e após o tratamento com 10 mg de
xii
isotretinoína oral (Resorcina Fucsina não-oxidada objetiva
10X) .a). ..............................................................................................51
Figura 11 Gráfico em barras ilustrando a porcentagem de fibras
colágenas antes (linhas azuis) e após o tratamento (linhas
verdes) para as duas doses de isotretinoína utilizadas no
estudo. ................................................................................................52
Figura 12 Fibras colágenas marcadas, em verde, através da técnica de
morfometria. a) antes b) depois do tratamento, com 20 mg de
isotretinoína oral (Picro Sirius objetiva 10X)........................................53
Figura 13 Gráfico, em barras, ilustrando a porcentagem de fibras
elásticas antes (linhas azuis) e, após o tratamento, (linhas
verdes) para as duas doses de isotretinoína utilizadas no
estudo. ................................................................................................57
Figura 14 Fibras elásticas marcadas, em verde, através da técnica de
morfometria. a) antes b) depois do tratamento, com 10 mg de
isotretinoína oral.(Resorcina fucsina não oxidada objetiva
10X).....................................................................................................57
Tabela 1 Classificação quanto ao fototipo e ao grau de
fotoenvelhecimento antes do tratamento com as doses de 10 e
20 mg de isotretinoína oral..................................................................43
Tabela 2 Resultados da avaliação clínica referente ao grau de melhora
de acordo com a opinião da pesquisadora e das participantes
do estudo ............................................................................................44
Tabela 3 Resultados da avaliação morfométrica de lâminas coradas
pelo vermelho Picro Sirius das pacientes antes e após o
tratamento com a isotretinoína............................................................54
Tabela 4 Resultados da avaliação morfométrica de lâminas coradas
pela Resorcina Fucsina das pacientes antes e após o
tratamento com a isotretinoína............................................................56
1 INTRODUÇÃO
Com o aumento da expectativa de vida, cresce, cada vez mais, a busca por
tratamentos visando à manutenção da aparência estética. A procura de tratamentos
mais eficientes incentivou as pesquisas científicas nessa área da dermatologia.
Os retinóides tópicos são, amplamente, utilizados no tratamento do
fotoenvelhecimento cutâneo, sendo sua eficácia bem estabelecida. Kligman e
colaboradores, em 1986, compararam a tretinoína tópica, em uma concentração de
0,05%, com placebo em pacientes com fotoenvelhecimento moderado e concluíram
que houve melhora da aparência clínica, além de reversão de danos estruturais na
epiderme e derme da pele dos pacientes que usaram a tretinoína tópica. O uso
sistêmico dos retinóides com o objetivo de reverter os danos cutâneos provocados
pelo sol, tem recebido destaque especial nos últimos anos. A isotretinoína oral tem
sido prescrita em baixas doses (10 a 20 mg) três vezes por semana, no tratamento
do fotoenvelhecimento cutâneo, por alguns profissionais com resultados clínicos
satisfatórios (Hernandez-Perez et al., 2000). Em 2000, Hernandes-Perez e
colaboradores publicaram um artigo no qual relataram que, tratando acne vulgar
com isotretinoína oral, seus pacientes obtinham melhora da pele como um todo e
não apenas da acne. A partir de 1992, passaram a empregar a isotretinoína oral
para fins de rejuvenescimento e obtiveram bons resultados clínicos (Hernandez-
Perez et al., 2000). Recentemente, Kalil e colaboradores relataram melhora clínica e
histológica em pacientes tratados com baixas doses de isotretinoína sistêmica por
curto período e com poucos efeitos colaterais (Kalil et al., 2008).
Os poucos estudos existentes dão ênfase apenas aos efeitos clínicos
2
(Hernandez-Perez et al., 2000) e um relatou melhora histológica (Kalil et al., 2008),
sem demonstrar, no entanto, através de técnicas complementares objetivas, a
atuação da isotretinoína sistêmica na remodelação da derme.
A isotretinoína (ácido 13-cis-retinóico) é um retinóide de primeira geração e,
assim como os demais, tem atividade semelhante à da vitamina A (Vit A) (Peck e
DiGiovanna, 1999; Ellis e Krach, 2001; Azulay e Nakamura, 2004). Por ter um índice
terapêutico superior ao do ácido retinóico (AR) da qual é isômero, sua utilização
causou uma grande revolução no tratamento da acne. O seu emprego tem
despertado muito interesse por parte dos dermatologistas, e novas indicações,
incluindo o fotoenvelhecimento, têm despertado grande expectativa na prática
médica (Ellis e Krach, 2001; McLane, 2001; Zouboulis, 2001; Kockaert e Neumann,
2003; Azulay e Nakamura, 2004).
Este trabalho se insere dentro da linha de pesquisa Dermatologia Corretiva
desenvolvida pelo curso de pós-graduação em Dermatologia que está sob a
responsabilidade de um dos orientadores deste estudo.
2 OBJETIVOS
1) Avaliar os benefícios clínicos do tratamento com a isotretinoína oral
para o fotoenvelhecimento.
2) Avaliar e quantificar, através de estudos histopatológicos e de
morfometria, as alterações, nos sistemas colágeno e elástico, após o
tratamento com a isotretinoína oral.
3) Comparar os resultados obtidos com as duas doses (10 e 20mg)
utilizadas neste estudo.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Fotoenvelhecimento
O envelhecimento cutâneo compreende dois fenômenos distintos: o
cronológico ou intrínseco e o extrínseco. O primeiro é um processo universal e
inevitável, atribuído à passagem do tempo. O segundo é a superposição de fatores
externos, ambientais, como: radiação ultravioleta (UV), fumo (Raduan et al., 2008),
vento e agentes químicos, ao envelhecimento cronológico (Yaar e Gilchrest, 1999).
Dentre esses fatores, sem dúvida, a exposição crônica à radiação UV merece um
destaque especial, levando às alterações clínicas e histológicas próprias
denominadas de fotoenvelhecimento (Chung et al., 2001). Além disso, a radiação
UV provoca alterações no sistema imunológico, tanto local quando sistêmico,
levando a eventos bioquímicos simultâneos e seqüenciados que desencadeiam a
fotocarcinogênese (Nola e Kotrulja, 2003).
Tanto o envelhecimento cronológico quanto o fotoenvelhecimento são
processos cumulativos. No entanto, diferente do envelhecimento cronológico, que
depende da passagem do tempo em si (Fisher et al., 2002), além de fatores
genéticos (Manela-Azulay, 2006), o fotoenvelhecimento depende, principalmente, do
grau de exposição solar e da cor da pele. Indivíduos que têm o hábito de se expor,
com freqüência, ao sol, seja por motivos profissionais seja por lazer, que moram em
países tropicais e têm a pele clara, com certeza, irão apresentar um grau mais
acentuado de fotoenvelhecimento.
5
3.1.1 Mecanismos de envelhecimento
Recentemente, muitos progressos têm sido feitos a respeito dos
mecanismos celular e molecular que levam ao envelhecimento cutâneo. Estudos
recentes mostram que existe um mecanismo molecular fundamental comum ao
envelhecimento cronológico e ao fotoenvelhecimento (Fisher et al., 2002).
A luz UV penetra na pele e, dependendo do comprimento de onda, irá atingir
diferentes profundidades. A radiação ultravioleta B (UVB) tem um comprimento de
onda de 280 a 320 nm e é absorvida, predominantemente, na epiderme, afetando os
queratinócitos. A radiação ultravioleta A (UVA) tem um comprimento de onda que
varia de 320 a 400 nm penetrando mais profundamente na pele e interagindo tanto
com os queratinócitos quanto com fibroblastos dérmicos. O espectro UVA é dividido,
arbitrariamente, em UVA-1 e UVA-2. UVA-1 representando comprimento de onda de
340 a 400nm e UVA-2 de 320 a 340 nm. UVA-1 induz com menor intensidade
eritema e melanogenêse quando comparado ao UVA-2. Uma vez que a luz UV
alcance as células da pele, os diferentes comprimentos de onda começam a exercer
seus efeitos específicos (Pathak, 1996).
Sabe-se que a radiação UV desencadeia uma seqüência complexa de
resposta molecular específica, que leva ao dano do tecido conectivo da pele. A
radiação UV recruta um elaborado maquinário celular, incluindo receptores de
superfície, fatores de transcrição e enzimas que sintetizam e degradam proteínas
estruturais da derme que conferem elasticidade e resistência à pele. Essa destruição
do tecido conectivo, desencadeado pela radiação UV, se inicia pela produção de
radicais livres de oxigênio (ROS). Logo, a luz UV induz a produção de ROS que
tanto causam danos, diretamente, aos componentes celulares (ácido
6
desoxirribonucléico (DNA), proteínas (PTN) e lipídeos), quanto ativam o maquinário
celular levando à destruição da derme (Fisher et al., 2002).
A radiação UV ativa receptores de citocinas e fator de crescimento na
superfície de queratinócitos e fibroblastos. Dessa forma, receptores de fator de
crescimento epidérmico (EGF), interleucina (IL) 1 e de fator de necrose tumoral α
(TNF-α) são ativados após 15 minutos de exposição ao UV (van der Geer et al.,
1994).
O mecanismo principal pelo qual a radiação UV inicia a resposta molecular
na pele humana é a geração de radicais livres de oxigênio, entre eles, oxigênio
singlet, peróxido e superóxido. A liberação de peróxido de hidrogênio estimulada
pela radiação UV, assim como os ROS, está implicada na etiologia do
fotoenvelhecimento, embora não se saiba ao certo o seu mecanismo de ação. No
entanto, é importante salientar que de forma distinta da geração dos ROS, que só
ocorre durante a exposição ao UV, cessando assim que esta é interrompida, os
níveis de peróxido de hidrogênio aumentam após 15 minutos de exposição solar e
este continua a ser liberado por, aproximadamente, 60 minutos após a exposição ter
cessado (Babior et al., 2002). A irradiação UV ativa quinases intracelulares que
regulam positivamente a ativação de um fator de transcrição nuclear a proteína
ativadora 1 (AP-1), que, por sua vez, estimula a transcrição de genes de enzimas
que degradam a matriz extracelular, como as metaloproteinases de matriz (MMP) 1
(colagenase), 3 (estromelisina 1), e 9 (gelatinase). Além disso, a irradiação UV ativa
a transcrição do fator nuclear kB (NFkB) que leva a um aumento de citocinas pró-
inflamatórias incluindo IL 1β, IL-6,IL-8 e TNF-α e moléculas de adesão (Yamamoto e
Gaynor, 2001; Fisher et al., 2002). A MMP-1 cliva um sítio crítico nos colágenos do
tipo I e III, criando fragmentos de colágeno que são, subseqüentemente, degradados
7
pela MMP-3 e MMP-9. Os fragmentos de colágeno mais a regulação negativa dos
promotores de pró-colágeno, através de AP-1, levam a uma acentuada diminuição
na formação de colágeno novo na pele exposta ao UV (James et al., 2006). Nas
pessoas com pigmentação escura, a exposição ao UV não ativa a MMP-1,
explicando, em parte, o efeito protetor da pigmentação da pele contra o
fotoenvelhecimento. Na pele cronologicamente envelhecida, talvez por causa da
geração de ROS, os níveis de MMP-1 também estão aumentados por meio de AP-1,
e os fragmentos de colágeno estão aumentados em quatro vezes. Assim, o
envelhecimento cronológico e o fotoenvelhecimento podem ser mediados por
mecanismos bioquímicos semelhantes.
A redução mecânica da tensão entre os fibroblastos que ocorre na pele
fotoenvelhecida leva a uma diminuição da produção de pró-colágeno e,
conseqüentemente, de colágeno novo. Logo, na pele fotoenvelhecida e em menor
proporção na cronologicamente envelhecida, o aumento da produção de MMP, via
aumento de AP-1, leva a um acúmulo de colágeno fragmentado. O dano ao
colágeno leva à perda da tensão mecânica entre os fibroblastos,redução da síntese
de pró-colágeno e, conseqüentemente, de colágeno novo por impedir as interações
efetivas entre ligantes e receptores e interferir nos eventos de sinalização
intracelular (Varani et al., 2004).
3.1.2 Alterações clínicas
As alterações clínicas características do fotoenvelhecimento são observadas
nas áreas, naturalmente, expostas ao sol, como: a face, a nuca, a região V do
pescoço e do tórax, o dorso das mãos e as áreas extensoras dos braços e das
8
pernas. Essas alterações são mais freqüentes e intensas em indivíduos de pele
clara e que têm o hábito de exposição solar. A pele se torna ressecada,
descamativa, enrugada, flácida, com a pigmentação irregular, apresentando áreas
hiperpigmentadas entremeada por outras hipopigmentadas, coloração amarelada,
telangectasias e uma variedade de lesões benignas, pré-neoplásicas e neoplásicas.
Algumas síndromes relacionadas ao fotoenvelhecimento merecem destaque, entre
elas a elastoidose nodular com cistos e comedões (Síndrome de Favre-Racouchot),
nódulos elastóticos da orelha, poiquilodermia de Civatte, cútis romboidalis da
nuchae, púrpura actínica ou senil e pseudocicatrizes estrelares (James et al., 2006)
.
3.1.3 Alterações histológicas
No exame histopatológico da pele fotoenvelhecida, podemos observar uma
perda da polaridade e atipia de ceratinócitos, principalmente nas camadas
epidérmicas mais superficiais (Gilchrest, 1996). A epiderme, ao contrário do que
ocorre com a pele fotoprotegida, que torna-se mais fina ao longo dos anos, fica
espessada nas áreas fotoexpostas, e a junção dermo-epidérmica fica achatada e
ainda, em alguns casos, até atrófica como observada na poiquilodermia. Na pele
cronologicamente envelhecida, as células dérmicas estão diminuídas. Fibroblastos
são exíguos, hipodesenvolvidos e mastócitos, raramente, são vistos. Ao contrário,
na pele cronicamente exposta ao sol, ocorre um processo inflamatório crônico
denominado de heliodermatite caracterizado por uma hipercelularidade dérmica. Os
fibroblastos são abundantes e hiperplasiados. Os mastócitos, histiócitos e outras
células mononucleares também se encontram em maior número (Lavker e Kligman,
1988). Entretanto, as células de Langerhans, que desempenham um importante
9
papel de defesa da pele, estão diminuídas e com a sua função comprometida. A
microvasculatura encontra-se alterada na pele fotoenvelhecida. Pode-se observar
um espessamento dos vasos. Com o passar dos anos, os colágenos tipo I e III
diminuem, porém, nas áreas foto expostas, isso ocorre com mais intensidade (Rabe
et al., 2006).
A quantidade de elastina diminui com a idade. Em contraste, na pele foto
exposta, a quantidade de elastina aumenta de forma proporcional ao grau de
fotoenvelhecimento (Lewis et al., 2004). Experiências in vitro demonstraram que a
elastina é induzida pela radiação UV (Rabe et al., 2006). Ocorre, inicialmente, um
aumento da quantidade de fibras elásticas com características normais, no entanto,
devido aos efeitos da inflamação crônica, a elastina produzida torna-se anormal.
Essa elastina de aparência anormal se acumula em áreas, previamente, ocupadas
por colágeno (Lewis et al., 2004).
A alteração histológica mais característica do fotoenvelhecimento é a
degeneração basofílica do colágeno (elastose actínica) que não ocorre na pele,
cronologicamente, envelhecida. Inicialmente, ocorre uma desorganização das fibras
colágenas e, posterior, substituição de fibras colágenas maduras que são
eosinofílicas por um material de aparência basofílica que consiste de elastina
anormal, degradada (Lewis et al., 2004).
3.2 Isotretinoína Oral
A isotretinoína (ácido 13-cis-retinóico) é um retinóide de primeira geração e,
assim como os demais, tem atividade semelhante à da Vit A (Azulay e Nakamura,
2004). Por ter um índice terapêutico muito superior, ainda que não elevado, a esta e
10
ao ácido AR da qual é isômero, sua utilização causou uma grande revolução no
tratamento da acne e nas desordens de ceratinização. O seu emprego tem
despertado muito interesse por parte dos dermatologistas e novas indicações têm
despertado grande expectativa na prática médica.
Os retinóides estão envolvidos na regulação de diversas funções biológicas.
Eles afetam o crescimento, a diferenciação e a morfogênese celular, inibem a
promoção de tumor e o crescimento de células neoplásicas, além de exercerem
funções imunomodulatórias e alterarem a coesividade celular (Peck e DiGiovanna,
1999; Kuenzli e Saurat, 2003).
3.2.1 Metabolismo da vitamina A
A vitamina A pode ser obtida através do caroteno (vegetais) e de produtos
animais como carne, leite e ovos que, ainda no intestino, são convertidos,
respectivamente, em retinal e retinol, sendo, então, absorvidos e armazenados, no
fígado, na forma de éster (retinol palmitato) (Azulay e Nakamura, 2004).
O retinol é transportado para os tecidos alvos através da proteína carreadora
de retinol (RBP) e transtirretina. A conversão do retinol para ácido retinóico all-trans
(tretinoína), forma biologicamente ativa, ocorre em duas fases. Primeiramente, num
processo reversível, o retinol é oxidado a retinaldeído. Este, por sua vez, é,
irreversivelmente, convertido em ácido retinóico. Dentro da célula, o ácido retinóico é
encontrado, predominantemente, como tretinoína, e uma pequena fração, como 9-
cis tretinoína. O ácido retinóico é transportado até o núcleo por proteínas citosólicas
denominadas de proteína citosólica carreadora de retinóides (CRBP) e proteína
citosólica carreadora de ácido retinóico (CRABP). A CRBP-I seria responsável pela
11
facilitação das reações enzimáticas envolvidas na conversão do retinol em
tretinoína, e as CRABP-I e CRABP-II seriam responsáveis pelo transporte
propriamente dito, bem como pela regulação do nível da tretinoína livre dentro da
célula. A CRABP-II predomina na pele e é encontrada nos queratinócitos e
fibroblastos. A atividade dos retinóides endógenos é, portanto, regulada por essas
proteínas carreadoras (Kuenzli e Saurat, 2003).
3.2.2 Receptores dos retinóides
A descoberta dos receptores nucleares do ácido retinóico foi responsável por
um grande avanço na compreensão do mecanismo de ação dos retinóides e
permitirá a criação de novas moléculas com atividade mais seletiva (Kuenzli e
Saurat, 2003; Azulay e Nakamura, 2004).
Os retinóides exercem seus efeitos fisiológicos na transcrição do DNA
através da ligação com os dois tipos existentes de receptores nucleares: receptor do
ácido retinóico (RAR) e receptor X do ácido retinóico (RXR). Eles fazem parte de
uma superfamília de receptores que atuam como fatores de transcrição de DNA na
qual estão também presentes os receptores para cortisol, vitamina-D3 e hormônio
da tireóide. Os RAR e RXR possuem três subtipos de receptores: α, β e γ, que são
codificados por diferentes genes. Os RARs e RXRs se ligam como heterodímeros,
funcionando, então, como fatores de transcrição gênica e de regulação da
transcrição do DNA. Processo esse que ocorre através da ligação direta do
complexo tretinoína-RAR com os elementos equivalentes ao ácido retinóico
(RAREs). Os RAREs são elementos promotores de transcrição gênica, ou seja,
regiões dos genes que são responsivas à atividade dos retinóides (Nguyen e
12
Wolverton, 2001).
Os retinóides podem induzir tanto aos efeitos diretos quanto aos indiretos na
transcrição gênica. Os efeitos diretos são mediados pelos RAREs destacando-se o
efeito na diferenciação celular, e os efeitos indiretos seriam derivados da down
regulation dos genes que não contém RAREs. Entre estes, estariam as ações
antiproliferativa e antiinflamatória dos retinóides (Kuenzli e Saurat, 2003).
Após a ligação com os RAREs, ocorre a transcrição da mensagem para os
ribossomos onde serão sintetizadas proteínas que poderão ser estruturais ou voltar
ao núcleo, lugar esse onde serão agonistas, neutras ou antagonistas em vários
processos, tais como: produção de ceratina, fatores de crescimento, oncogênese,
apoptose, matriz do colágeno, produção de sebo, imunologia, nas proteínas cinases,
dentre outros. A atividade dessas proteínas, em outros genes, determina a
denominada amplificação da resposta ou expressão gênica (Azulay e Nakamura,
2004).
A existência dos diversos tipos e a variedade de distribuição dos receptores
dímeros, elementos de resposta hormonal e a existência de proteínas de regulação
comprovam que a ação dos retinóides é mediada por uma via múltipla com
complexos resultados na ativação e/ou inibição de um largo espectro de genes.
Entretanto, o mecanismo de ação dos retinóides, em diversas condições
dermatológicas, ainda é desconhecido, e o conceito dos receptores nucleares não
responde, por completo, aos diversos efeitos biológicos dos retinóides (Kuenzli e
Saurat, 2003).
13
3.2.3 Farmacocinética
A biodisponibilidade, o transporte plasmático e a distribuição tecidual dos
vários retinóides são determinados por suas propriedades físico-químicas. A
biodisponibilidade da isotretinoína oral é de, aproximadamente, 25%, aumentando
de 1,5 a 2 vezes, quando ingerida com os alimentos, devido a sua propriedade
lipofílica. Após trinta minutos, a droga é detectada no sangue e sua concentração
máxima é obtida entre 1-4 horas após a ingestão oral (Akyol e Ozcelik, 2005).
Através da oxidação, ocorre a metabolização da isotretinoína e de seus isômeros
em, respectivamente, 4-oxo-isotretinoína, 4-oxo-9-ácido cis retinóico e 4-oxo-ácido
retinóico, que também se interconvertem (Azulay e Nakamura, 2004).
O principal metabólito da isotretinoína é a 4-oxo-isotretinoína, que está
presente no plasma em concentração 2-4 vezes maior que a isotretinoína,
aproximadamente, 6 horas após uma única dose. A isotretinoína é submetida ao
metabolismo de primeira passagem no fígado e, subseqüente, circulação
enteropática.
Preferencialmente, a isotretinoína liga-se à albumina sérica em 99% para,
posteriormente, ser metabolizada no fígado, especificamente, no citocromo P450.
Não é armazenada no fígado ou no tecido adiposo diferindo-se da vitamina A. Sua
excreção ocorre, nas fezes, após a conjugação ou, na urina, após o metabolismo,
com meia-vida de 20 horas (Kuenzli e Saurat, 2003). Entretanto, Nulman e
colaboradores reportaram a meia-vida da isotretinoína e de seu metabólito 4-oxo-
isotretinoína em 29±40 horas e 22±10 horas, respectivamente (Nulman et al., 1998).
A isotretinoína atravessa a placenta e sua alta teratogenicidade relaciona-se
a esse fato. Após a descontinuidade da terapia, a isotretinoína desaparece do soro e
da pele em, aproximadamente, 2-4 semanas (Akyol e Ozcelik, 2005).
14
3.2.4 Interações medicamentosas
Algumas drogas têm a capacidade de aumentar o nível plasmático e,
conseqüentemente, a toxicidade dos retinóides como a vitamina A, tetraciclinas,
macrolídeos e azóis. Outras, por sua vez, o diminuem, via CYP3A4, como a
rifampicina, rifambutina, fenitoína, fenobarbital e carbamazepina. Além disso, os
retinóides podem aumentar os níveis plasmáticos de ciclosporina via CYP3A4 e
diminuir os níveis de contraceptivos à base de progesterona (Azulay e Nakamura,
2004).
3.2.5 Indicações
3.2.5.1 Acne
A isotretinoína oral é um medicamento altamente eficaz e já bem
estabelecido para o tratamento da acne vulgar, sendo o seu uso aprovado pelo Food
and Drugs Administration americano que controla drogas e alimentos (FDA), em
1982, para as formas nódulo-cística e recalcitrante (Cooper, 2003). Atualmente, tem
sido empregada em todas as formas de acne, principalmente nos pacientes com
tendência a cicatrizes ou transtornos psicológicos causados ou agravados por essa
afecção.
É a única medicação que atua em todos os fatores etiopatogênicos da acne.
Age, nos queratinócitos, normalizando sua maturação e diminuindo a coesão entre
eles, o que resulta na redução da formação de comedões. Promove uma atrofia da
glândula sebácea o que leva a uma diminuição da produção e excreção do sebo.
Além disto, reduz a população de Propionibacterium acnes (P. acnes) e bacilos
15
Gram-negativos na pele e inibe, diretamente, a quimiotaxia de neutrófilos (Charakida
et al., 2004).
A participação do P. acnes, na ativação dos receptores “toll-like” 2 com
liberação de citocinas inflamatórias, é aspecto preponderante na patogênese da
acne. Recentemente, a ação antiinflamatória e imunomoduladora do ácido retinóico
foi demonstrada, com a diminuição da expressão desses receptores nas membranas
de monócitos humanos (Abulafia et al., 2004; Liu et al., 2005).
Mais de 25 anos de prática clínica confirmaram sua eficácia e capacidade de
induzir remissão prolongada (Cooper, 2003). Os conceitos de dose diária e dose
cumulativa são de extrema importância no tratamento da acne. A dose diária
recomendada é de 0,5 a 1,0 mg/kg/dia, e a dose cumulativa a ser alcançada é a de
120 a 150 mg/kg. Nos pacientes com envolvimento do tronco, doses mais elevadas
são, muitas vezes, necessárias; a dose de 150 mg/kg é recomendável (Peck e
DiGiovanna, 1999). Doses diárias menores que 0,5 mg/kg/dia são utilizadas por
alguns dermatologistas com o intuito de diminuir os efeitos colaterais que são,
essencialmente, dose-dependentes, porém, as chances de recidiva se tornam
maiores.
Nos pacientes com maior probabilidade de evoluir com agravamento das
lesões no início do tratamento (flare-up), ou seja, pacientes do sexo masculino com
idade inferior a 17 anos com acne grave, particularmente aqueles com lesões
granuloma piogênico-símile e macrocomedões, a dose inicial deve ser menor que
0,5mg/kg/dia (Exner et al., 1983; Peck e DiGiovanna, 1999; Thompson e Cunliffe,
2000). Esses pacientes, freqüentemente, precisam de pré-tratamento com
corticóide sistêmicos (prednisona 0,5 a 1,0 mg/kg) 10 a 14 dias antes do início da
isotretinoína oral e reduzido gradativamente (Peck e DiGiovanna, 1999).
16
3.2.5.2 Rosácea
Doença inflamatória crônica relativamente comum, que acomete,
principalmente, mulheres entre 30-40 anos de idade (Akyol e Ozcelik, 2005). Casos
recalcitrantes de rosácea têm sido tratados satisfatoriamente com isotretinoína oral
em baixas doses. Erdogan e colaboradores trataram 22 pacientes com a dose diária
de 10 mg por 16 semanas e obtiveram excelentes resultados. As lesões pustulosas
melhoraram rapidamente, enquanto o eritema e as lesões pápulo-pustulosas
regrediram, significativamente, por volta da nona semana do tratamento (Erdogan et
al., 1998). Em estudo anterior ao de Erdogan e colaboradores, Nikolowski e Plewig
mostraram a eficácia da isotretinoína oral na dose de 0,5 a 1,0 mg/kg/dia por um
período de 28 semanas em pacientes com rosácea resistente aos tratamentos
propostos (Nikolowski e Plewig, 1981).
A associação de isotretinoína oral com corticosteróide sistêmico tem sido
utilizada com sucesso em casos de rosácea fulminans (Firooz et al., 2001; Jansen et
al., 2001).
3.2.5.3 Hidradenite Supurativa
Doença crônica caracterizada pela presença de abscessos recorrentes,
sinus tracts e cicatrizes, causadas, primariamente, pela oclusão folicular e com um
envolvimento secundário da glândula apócrina. Devido à eficácia da isotretinoína
oral no tratamento da acne, esperava-se que a mesma promovesse uma boa
resposta na hidradenite supurativa, porém, exceto em raros casos, o resultado é
insatisfatório (Ellis e Krach, 2001; Azulay e Nakamura, 2004).
17
3.2.5.4 Desordens da ceratinização
Por diminuir a coesividade entre os ceratinócitos e modular sua
diferenciação, os retinóides atuam com sucesso nas doenças de ceratinização
(Kuenzli e Saurat, 2003; Akyol e Ozcelik, 2005).
A isotretinoína sistêmica tem apresentado bons resultados no tratamento de
casos previamente recalcitrantes dessas desordens, em especial na Doença de
Darier, bem como em outras como na pitiríase rubra pilar (Clayton et al., 1997) e nas
ictioses. Pacientes com ictiose lamelar respondem bem aos retinóides com redução
das escamas, aumento da tolerância ao calor e melhora do ectrópio (Baden et al.,
1982; Rubeiz e Kibbi, 2003).
Devido ao fato de as doenças de ceratinização requererem tratamento longo
e em altas doses com retinóides, e se manifestarem, muitas vezes, em crianças, o
desenvolvimento de toxicidade crônica, principalmente óssea, é de grande
preocupação. Em crianças, o fechamento prematuro das epífises e fraturas pode
ocorrer, ainda que raramente. Alterações, no esqueleto axial, como a hiperostose
difusa idiopática do esqueleto (DISH) podem ocorrer tanto em crianças quanto em
adultos (Pittsley e Yoder, 1983; Peck e DiGiovanna, 1999; Ellis e Krach, 2001).
Assim sendo, apesar da excelente resposta em algumas dessas doenças, na
maioria das vezes, opta-se pela acitretina pelo fato desta ser menos deletéria para
os ossos, ficando a isotretinoína oral como boa opção para mulheres em idade fértil
devido à inconveniência da anticoncepção prolongada necessária após o uso da
acitretina.
18
3.2.5.5 Psoríase
Embora a isotretinoína tenha um efeito antipsoriático menos marcante do
que outros retinóides e por isto não ser de primeira escolha, foi demonstrado, em
alguns estudos, (Honigsmann e Wolff, 1983; Anstey e Hawk, 1997) ter efeito
benéfico em pacientes com psoríase, podendo ser utilizada em combinação com
psoraleno+UVA (PUVA), constituindo assim o REPUVA.
Essa combinação é, especialmente, interessante para mulheres em idade
fértil com psoríase que necessitem do uso de retinóides, pois, assim, o longo
período de anticoncepção, pós-acitretina, pode ser evitado (Honigsmann e Wolff,
1983; Anstey e Hawk, 1997).
3.2.5.6 Câncer cutâneo
A importância dos retinóides, na regulação da proliferação e na
diferenciação celular, é conhecida há mais de 70 anos. Uma das propriedades dos
retinóides é a sua capacidade de inibir o crescimento celular. Além disso, induzem a
diferenciação tanto em células normais quanto em neoplásicas (Akyol e Ozcelik,
2005); inibem, diretamente, a angiogênese (Lingen et al., 1996; Karukonda et al.,
2000) e causam apoptose em algumas células (Niles, 2000).
Devido a essas características antineoplásicas, a isotretinoína oral começou
a ser utilizada no tratamento e prevenção de cânceres cutâneos. Foi, inicialmente,
utilizada no tratamento de pacientes com múltiplos epiteliomas basocelulares em um
ensaio clínico composto de duas fases. Na primeira, foram administradas altas
doses de isotretinoína (4,5 mg/kg/dia) como quimioterapia. Apenas 10% dos tumores
apresentaram remissão clínica e histológica. A segunda fase foi bastante
19
satisfatória, quando foram utilizadas baixas doses (0,5 a 1,5 mg/kg/dia) para
quimioprofilaxia (Peck et al., 1982).
Desta forma, a isotretinoína sistêmica, bem como outros retinóides, tem se
demonstrado eficaz na prevenção de câncer cutâneo, no entanto os benefícios da
quimioprofilaxia se fazem, somente, enquanto a terapia for mantida. Há diversos
trabalhos que mostram ser, particularmente, interessantes em pacientes com
dermatoses pré-cancerosas genéticas como o xeroderma pigmentoso (Kraemer et
al., 1988; Kraemer et al., 1992) e a síndrome do nevo basocelular (Goldberg et al.,
1989; DiGiovanna, 1998), além de outras doenças que cursam com o aparecimento
de neoplasias como Muir Torres e epidermodisplasia verruciforme. Pacientes
imunodeprimidos por quimioterapia que apresentam maior propensão a
desencadear carcinoma basocelular ou espinocelular, assim como pacientes com
grande número desses tumores, doença de Bowen, leucoplasias e queilites graves
têm se beneficiado de um tratamento continuado (Azulay e Nakamura, 2004).
Kraemer e colaboradores, em um estudo inédito, demonstraram a eficácia
da isotretinoína oral na prevenção de carcinomas basocelulares em pacientes com
xeroderma pigmentoso com doses que variaram de 0,5 a 2,0 mg/kg/dia (Kraemer et
al., 1988; Peck e DiGiovanna, 1999).
Outros estudos foram realizados (Peck et al., 1982; Tangrea et al., 1990;
Tangrea et al., 1992) utilizando baixas doses de isotretinoína oral (10 mg/dia), por
um período de três anos, com o intuito de avaliar a sua eficácia na prevenção de
novos basocelulares em pacientes com história de, pelo menos, dois carcinomas
basocelulares nos últimos cinco anos. Nenhum benefício significativo foi observado
nesses estudos. Esses achados sugerem que o risco/benefício seja avaliado para
cada caso e que, provavelmente, somente em algumas situações, como nas
20
genodermatoses pré-cancerosas ou em pacientes com alto risco para o
desenvolvimento de carcinomas basocelular ou espinocelular, os benefícios
superem os riscos dos efeitos colaterais dos retinóides.
O melanoma metastático é uma neoplasia que, raramente, responde à
quimioterapia citotóxica tradicional. Tem sido tratado com interferon alfa-2 associado
à isotretinoína oral com resultados variados (Triozzi et al., 1996; Rosenthal e Oratz,
1998).
O linfoma cutâneo de células T (LCCT) é uma neoplasia de linfócitos T-
helper que, geralmente, se inicia na pele e, posteriormente, pode acometer a medula
óssea, linfócitos periféricos, linfonodos e outros órgãos. Diferentes modalidades
terapêuticas têm sido utilizadas para o tratamento do LCCT, entre eles associação
de interferon com retinóides. Um índice de resposta de, aproximadamente, 58% com
remissão completa em 19% dos casos, foi relatada com retinóides sistêmicos,
incluindo a isotretinoína (Bunn et al., 1994). Duvic e colaboradores trataram
pacientes com LCCT com 0,5 mg/kg duas vezes ao dia de isotretinoína oral
associado ao interferon-alfa na dose de 5 x 10
6
UI/m
2
/dia e obtiveram remissão
completa ou parcial em 82% dos pacientes (Duvic et al., 1996). Esses
pesquisadores concluíram que essa combinação pode ser uma boa terapia
alternativa para pacientes com doença inicial que apresentem recidiva após terapia
com mostarda nitrogenada, ou radioterapia com eletron-beam. É importante
ressaltar que dos retinóides, o bexaroteno é o único que está aprovado pelo FDA
para o tratamento do LCCT que já não tenha respondido a alguma terapêutica
sistêmica prévia.
21
3.2.5.7 Miscelânea
A isotretinoína oral tem sido utilizada em várias outras condições
dermatológicas com resultados variáveis e poucos relatos na literatura médica.
Estas indicações menos ortodoxas são: dermatite seborréica, fotoenvelhecimento,
granuloma anular, lupus eritematoso, líquen plano, esteatocistoma múltiplo,
papilomatose confluente e reticulada de Gougerot e Carteaud, escleromixedema,
doença de Behçet, líquen escleroso e atrófico, doença enxerto versus hospedeiro e
mesmo infecções causadas pelo papiloma vírus humano (HPV) (Akyol e Ozcelik,
2005).
Um esclarecimento a respeito da toxicidade associada ao uso dos retinóides
sistêmicos é de extrema relevância para o seu uso apropriado. Apesar da eficácia
dessa classe de medicamentos, em algumas doenças, é necessário que haja uma
avaliação criteriosa do risco–benefício, uma vez que os efeitos adversos que lhe são
atribuídos podem ser, como detalharemos a seguir, mínimos e reversíveis ou
bastante graves, podendo deixar seqüelas irreversíveis (Ellis e Krach, 2001; Azulay
e Nakamura, 2004).
Por ser a isotretinoína um análogo da vitamina A, muitos dos efeitos
adversos observados com o uso sistêmico dessa droga são similares aos achados
clínicos da Síndrome da Hipervitaminose A que se caracteiza por ressecamento da
pele e mucosas, dermatite facial, queilite, alopecia, dor óssea e articular, cefaléia,
hepatotoxicidade e pseudotumor cerebral. Essa síndrome foi, inicialmente, descrita
em meados do século XIX em expedições polares, durante as quais os exploradores
a apresentavam ao ingerir fígado de urso polar. Em 1943, a substância tóxica
presente no fígado dos ursos foi identificada como sendo a vitamina A. (Ellis e
Krach, 2001)
22
1 Teratogenicidade - O efeito adverso mais grave associado ao uso da
isotretinoína oral é a teratogênese. Os dados atuais indicam que a
exposição a doses de 0,4 a 1.5 mg/kg/dia de isotretinoína, durante as
primeiras semanas de gestação, causa aborto espontâneo em 22% dos
casos e malformações congênitas em 18%. No entanto, a relação entre
o tempo de exposição, a dose utilizada, o período gestacional e os
defeitos observados permanecem não esclarecidos (Charakida et al.,
2004). Desta forma, conclui-se que não existe um nível seguro de
exposição durante a embriogênese, e que qualquer dose terapêutica é
potente o bastante para poder desencadeá-la.
As malformações observadas com a isotretinoína são tão
características que são conhecidas como embriopatia retinóide (Ellis e
Krach, 2001; Charakida et al., 2004). O padrão desses defeitos inclui
anomalias do sistema nervoso central, sistema cardiovascular, ouvido
externo, olhos, timo, além de deformidades craniofaciais.
Além das malformações anatômicas, problemas de desenvolvimento
incluindo defeitos sensoriais, motores e cognitivos são relatados em
50% das crianças aparentemente normais cujas mães se expuseram à
isotretinoína durante a gestação. Esses problemas incluem, surdez,
amaurose e dificuldade de aprendizado (Hanson e Leachman, 2001;
Charakida et al., 2004).
O principal mecanismo implicado nas malformações embrionárias
observadas durante a terapia com a isotretinoína está relacionado com
a inibição da migração de células da crista neural, principalmente
quando a exposição ocorre durante a quarta semana de gestação.
23
Até o presente momento, nenhuma má formação fetal típica foi relatada
em gestações nas quais o genitor estivesse em uso de isotretinoína
oral no período da concepção. Apesar disso, é recomendável que
homens que estejam ativamente tentando ser pais evitem a terapia
com retinóides (Kuenzli e Saurat, 2003).
2 Efeitos Mucocutâneos - As alterações mucocutâneas compreendem o
efeito adverso mais comum observado durante a terapia com a
isotretinoína oral e refletem, principalmente, a diminuição da produção
de sebo e a diminuição da espessura do extrato córneo. Embora
desagradáveis, essas alterações são dose dependentes e totalmente
reversíveis com a suspensão da droga. Dentre elas, a mais comum,
ocorrendo em aproximadamente 100% dos pacientes, é a queilite, que
funciona como um marcador de adesão ao tratamento.
Formas graves de queilite exfoliativa e erosiva, causando grande
desconforto e problemas estéticos, têm sido relatadas. Para atenuar
essa intercorrência, podem ser utilizados bastões labiais contendo
emolientes. Além da queilite, pode ocorrer ressecamento da mucosa
nasal e epistaxe, esta, geralmente, moderada e autolimitada. Soluções
lubrificantes aplicadas nas narinas são úteis no alívio desses sintomas
(Lowenstein, 2002).
Xerose, clinicamente, significativa ocorre em menos de 50% dos
pacientes e, geralmente, está associada com prurido importante. Isso
ocorre, mais freqüentemente, em pacientes atópicos e em meses de
inverno. Fotossensibilidade também pode ocorrer no curso do
tratamento (Leyden, 1998). Ocasionalmente, ocorre descamação
24
palmar e plantar. No entanto, esta intercorrência é mais comum com o
uso da acitretina do que com a isotretinoína (Ellis e Krach, 2001).
Exacerbação da asma brônquica, por provável ressecamento da
mucosa pulmonar, também foi relatada em alguns pacientes (Kapur et
al., 2000).
Fragilidade cutânea e alterações, no processo da cicatrização, ocorrem
durante o tratamento com a isotretinoína, sendo, por isso,
recomendável evitar procedimentos ablativos, como a dermoabrasão,
por, pelo menos, seis meses após o término do tratamento (Ellis e
Krach, 2001). A isotretinoína, por estimular o surgimento de tecido de
granulação, pode desencadear lesões granuloma piogênico like nas
lesões pré-existentes de acne. Em locais de mínimos traumas como a
região periungueal, sítio comum em pacientes com psoríase em uso de
acitretina, raramente essas lesões podem ser observadas (Campbell et
al., 1983).
Exacerbação das lesões pré-existentes de acne ou flare-up é um efeito
colateral bem conhecido, que ocorre em, aproximadamente, 7,5% dos
pacientes, geralmente, nas primeiras semanas de tratamento com a
isotretinoína oral. Provavelmente, é causado pela repentina mudança
do microambiente no ducto da glândula sebácea, o que tornaria o local
inóspito para o P. acnes. A bactéria, conseqüentemente, morreria e
substâncias inflamatórias, que mediariam esse processo, seriam
liberadas (Choi e Bang, 1992; Seukeran e Cunliffe, 1999). Quadros
mais graves, conhecidos como acne fulminans like com lesões
destrutivas ulceradas, leucocitose, poliartralgia e febre, raramente,
25
podem ser precipitados pela isotretinoína oral. Nestes casos, deve-se
reduzir a dose diária de isotretinoína bem como associar ao tratamento
corticóides e/ou antibióticos orais.
Como podemos observar, essa exacerbação da acne é um fenômeno
espectral, que vai desde casos com discreta piora das lesões, que
geralmente é contornada com a associação de terapêutica local, até
quadros bastante graves com comprometimento sistêmico e evolução
com cicatrizes inestéticas, necessitanto, muitas vezes, da interrupção
do tratamento com a isotretinoína (Tan et al., 1997; Seukeran e
Cunliffe, 1999; Thompson e Cunliffe, 2000). Os fatores de risco para o
flare up são: sexo masculino, idade inferior a 17 anos e presença de
macrocomedões. É importante salientar que, com o conhecimento atual
acerca desse fenômeno, pode-se, muitas vezes, evitá-lo, instituindo-se
terapêutica profilática com corticóides sistêmicos, bem como iniciar o
tratamento com doses reduzidas de isotretinoína (Seukeran e Cunliffe,
1999; Thompson e Cunliffe, 2000).
Durante o tratamento com a isotretinoína oral, as unhas podem ficar
frágeis e sem brilho. Onicorrexe, onicosquizia e onicólise podem
ocorrer. Outras alterações relatadas são: paroníquia e excesso de
tecido de granulação periungueal (De Raeve et al., 1986; Onder et al.,
2001; Akyol e Ozcelik, 2005). Além disso, pode ocorrer eflúvio telógeno
agudo, embora seja mais comum nos pacientes em tratamento com
acitretin. Esse processo começa entre a terceira e oitava semanas de
tratamento e cessa entre sexta e oitava semanas após a suspensão da
droga (Akyol e Ozcelik, 2005). Raros casos de alopecia persistente
26
foram relatados (Ellis e Krach, 2001).
A vitamina E (α - tocoferol) 800 UI/dia tem sido utilizada para minimizar
alguns dos efeitos adversos da isotretinoína em pacientes com câncer,
porém os mesmos resultados não foram observados nos pacientes
com acne em tratamento com isotretinoína. É possível que isso ocorra
por causa das doses muito mais altas de isotretinoína empregadas, na
quimioterapia, para o câncer (Strauss et al., 2000).
3 Efeitos neuromusculares - Cefaléia, astenia e letargia podem,
ocasionalmente, ocorrer durante a terapia sistêmica com a
isotretinoína. Se a cefaléia se tornar intensa, persistente e,
principalmente, se for acompanhada de náuseas, vômitos e turvação
visual, deve-se levantar a possibilidade de pseudotumor cerebral e a
isotretinoína suspensa imediatamente. O uso concomitante da
isotretinoína oral com outras drogas também relacionadas à
hipertensão intracraniana benigna ou pseudotumor cerebral (como as
tetraciclinas) deve ser evitado pela possibilidade de potencialização
desse efeito adverso (Ellis e Voorhees, 1987; Ellis e Krach, 2001).
Mialgia ocorre em, aproximadamente, 15% dos pacientes tratados com
isotretinoína. Pode estar associada a uma elevação dos níveis de
creatinofosfoquinase (CPK) e é descrita, principalmente, após
exercícios físicos vigorosos. Na anamnese, deve-se perguntar sobre a
prática de exercício físicos intensos e ponderar sobre a necessidade de
reduzir a atividade física durante o tratamento (Fiallo e Tagliapietra,
1996; Akyol e Ozcelik, 2005).
4 Alterações psiquiátricas - Existe uma grande preocupação a respeito
27
de uma possível associação entre o uso da isotretinoína e alterações
psiquiátricas. Os dados encontrados, na literatura científica, são
conflitantes. Depressão e suicídio, durante e após o tratamento com a
isotretinoína oral, têm sido relatados desde 1983. Em 1996, dois casos
de suicídio foram relatados em pacientes tratando com isotretinoína.
Em 1998, essa complicação foi adicionada à bula da medicação.
Alguns casos relatados, realmente, parecem estabelecer uma relação
de causa e efeito, pois a depressão surge com o início da medicação,
melhora com a suspensão da droga e retorna com a reintrodução do
medicamento (Hull e D'Arcy, 2003). No entanto, Jick e colaboradores
não conseguiram mostrar uma associação entre suicídio e outras
alterações psiquiátricas e a isotretinoína oral em uma grande coorte de
pacientes com acne (Jick et al., 2000). Por outro lado, existem
evidências de que pacientes com acne tratados com isotretinoína
apresentam melhora da ansiedade e depressão conforme ocorre a
melhora clínica do quadro. Assim sendo, conclui-se que os poucos
estudos disponíveis sobre o assunto contêm falhas metodológicas o
que dificulta o estabelecimento de causalidade (Goldsmith et al., 2004).
Apesar disso, deve-se estar atento para qualquer alteração de
comportamento e humor desses pacientes durante o tratamento, e, em
alguns casos, uma avaliação psiquiátrica é necessária.
5 Alterações oftalmológicas - Assim como as outras mucosas, a
conjuntiva ocular também pode evoluir com ressecamento significativo
em, aproximadamente, um terço dos pacientes tratados com
isotretinoína. As glândulas de Meibônio, como ocorre com as demais
28
glândulas sebáceas, também diminuem sua secreção, levando à
xeroftalmia, o que predispõe o aparecimento de blefaroconjuntivite,
conjuntivite estafilocócica, ceratite, e, em casos extremos, ulceração da
córnea. Os pacientes que usam lentes de contato devem ser
monitorados com mais critério. O uso de soluções lubrificantes
oftalmológicas pode minimizar esses sintomas (Ellis e Krach, 2001).
Perda da visão noturna (niclópia) pode ocorrer, embora seja mais
comum com o uso sistêmico da fenretidina (Azulay e Nakamura, 2004).
6 Alterações gastrintestinais - Sintomas gastrintestinais inespecíficos,
como náusea, diarréia e dor abdominal são relatados com a terapia
sistêmica com a isotretinoína. Existem dados discordantes, na
literatura, à respeito da possibilidade da isotretinoína desencadear ou
exacerbar os sintomas de doença inflamatória intestinal. Outros efeitos
adversos gastrointestinais relatados são: pancreatite, devido à
hipertrigliceridemia, hepatite, apendicite, esofagite, ileíte e colite.
Geralmente estes efeitos são reversíveis com a suspensão da droga
(Akyol e Ozcelik, 2005).
7 Alterações ósteo-articulares - Artralgia pode ocorrer durante o
tratamento com a isotretinoína oral, principalmente, em pacientes que
praticam exercícios físicos intensos. Esse efeito costuma melhorar com
o uso de antiinflamatórios não hormonais (Rosenthal e Oratz, 1998).
Poucos casos de artrite aguda foram relatados no curso da terapia com
a isotretinoína, e a maioria deles reversíveis com a interrupção da
droga (Camisa, 1986; Akyol e Ozcelik, 2005). Por isso é que se
recomenda evitar atividade física intensa.
29
As alterações ósseas causadas pela isotretinoína oral, embora mais
freqüentes em cursos longos, podem ocorrer também em tratamentos
breves, e esses efeitos podem persistir após sua descontinuação, o
que é um motivo de grande preocupação por parte dos médicos que a
prescrevem. Alterações hiperostóticas, com a formação de osteófitos e
calcificações de tendões e ligamentos, correspondem às alterações
ósseas mais freqüentemente associadas à terapia com retinóides
sistêmicos. Essas alterações se assemelham àquelas observadas na
DISH. DISH é uma doença que corre, predominantemente, na coluna
espinhal, e, na radiografia, observa-se calcificações ao longo do
ligamento espinhal anterior. No entanto, tendões e ligamentos situados
fora da coluna também podem ser acometidos. No diagnóstico
diferencial dessas alterações ósseas, deve-se considerar a osteoartrite.
Entretetanto, na osteoartrite, essas alterações são vistas em
associação com a diminuição dos espaços intervertebrais, o que não
ocorre na DISH (DiGiovanna, 2001a).
A hiperostose decorrente do uso de retinóides está relacionada com a
dose e a duração do tratamento. Aproximadamente, 10% dos pacientes
que são tratados para acne com isotretinoína oral, no esquema
convencional, irão apresentar tais alterações. Com altas doses, as
alterações são mais proeminentes e mais precoces. Mesmo quando
utilizada em baixas doses, se for por um período longo, a hiperostose
pode ocorrer. Depois de 5 anos de tratamento, quase todos os
pacientes apresentaram algum grau de toxicidade óssea.
A monitoração desses efeitos sobre os ossos deve ser feita com
30
radiografias do esqueleto periódicas em indivíduos com maior
probabilidade de desenvolvê-las.
Uma outra alteração óssea relacionada à isotretinoína é o fechamento
prematuro das epífises ósseas. Sua ocorrência está relacionada com a
dose e a duração do tratamento, geralmente, ocorrendo com altas
doses ou em cursos longos de terapia com a isotretinoína. É uma
afecção rara, que acomete somente crianças e pode ser reversível ou
não. Receptores retinóides específicos podem estar envolvidos com o
fechamento prematuro das epífises (DiGiovanna, 2001a; DiGiovanna,
2001b).
Embora incomuns, osteoporose e remodelação dos ossos longos têm
sido relatadas em tratamentos longos ou com altas doses de
isotretinoína oral (DiGiovanna, 2001a).
Os efeitos ósseos merecem atenção, pois podem persistir e até
progredir com a idade, independente de interrupção do tratamento. Um
acompanhamento com radiografias do esqueleto prévia e periódica,
durante a terapia, é de grande relevância, principalmente, em
tratamentos longos ou com altas doses diárias.
8 Alterações laboratoriais - O impacto da isotretinoína, na função
hepática e no metabolismo dos lipídios, merece uma atenção especial
por parte dos médicos que a prescrevem.
Aproximadamente, 15% dos pacientes tratados com isotretinoína
sistêmica apresentam elevação transitória das aminotransferases,
fosfatase alcalina, desidrogenase lática e bilirrubinas. No entanto,
hepatotoxicidade grave e persistente ocorre em menos de 1% dos
31
pacientes. A elevação das transaminases a um valor até três vezes
maior que o normal, requer diminuição da dose, enquanto que, num
aumento maior que três vezes o normal, a suspensão da droga é
recomendada, até que haja normalização dos testes de função
hepática (Kuenzli e Saurat, 2003).
As principais alterações laboratoriais observadas com a isotretinoína
oral se referem ao metabolismo dos lipídios. Hipertrigliceridemia
reversível, de discreta a moderada é relatada em 25% dos pacientes
durante o primeiro mês de tratamento. O aumento concomitante do
colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e a diminuição do
colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade) também são,
freqüentemente, observados nesses pacientes. Enquanto a elevação
dos níveis de triglicerídeos é imprevisível, o aumento do colesterol é
observado, principalmente, em pacientes com hiperlipidemia e
obesidade pré-existentes. O mecanismo dessas alterações não está
bem estabelecido, no entanto, a hipertrigliceridemia parece estar
relacionada, pelo menos em parte, a um aumento da expressão da
molécula apo C-III que age como antagonista do catabolismo dos
trglicerídeos séricos, e que é mediada pelo receptor X de retinóides
(Akyol e Ozcelik, 2005).
Embora tenha sido aventada a possibilidade de aumento do risco de
doença cardiovascular, isso não foi observado em pacientes jovens e
saudáveis durante a terapia com a isotretinoína. Além disso,
pancreatite aguda pode ocorrer, embora seja pouco freqüente, em
pacientes com hipertrigliceridemia grave (Flynn et al., 1987).
32
Após a suspensão da droga, geralmente os níveis de lipídeos retornam
ao normal em poucos meses. Valores de triglicerídeos, acima de 500
mg/dl, requerem redução da dose ou introdução de agentes
hipolipemiantes. Não havendo resposta a essas medidas, deve-se
suspender a medicação (Mantel-Teeuwisse et al., 2001).
Outras alterações laboratoriais reversíveis e dose-dependentes são: a
leucopenia com neutrofilia, trombocitopenia,agranulocitose, elevação
da velocidade de hemossedimentação, aumento da homocisteína e do
ácido úrico (Akyol e Ozcelik, 2005).
3.2.6 Monitorização laboratorial
Uma preocupação dos médicos que prescrevem a isotretinoína oral é de
como acompanhar seus pacientes, durante o tratamento, de modo a proporcionar
uma terapêutica segura. Alguns estudos, conferências e até protocolos foram
desenvolvidos com o objetivo de padronizar quais e quando os exames laboratoriais
devem ser solicitados com intuito de monitorar os pacientes e, assim, determinar a
diminuição ou interrupção da droga (Altman et al., 2002; Goldsmith et al., 2004).
O efeito adverso mais grave e temido é, sem dúvida, a teratogênese. Por
isso, é de extrema importância que, antes de se prescrever a isotretinoína para
mulheres em idade fértil, essas sejam esclarecidas sobre os possíveis danos
provocados ao feto em caso de gravidez durante o tratamento, bem como instituir
método anticoncepcional eficaz para todas elas, inclusive aquelas que não tinham
atividade sexual no início do tratamento, pois podem vir a ter durante a terapia. É
importante salientar que as pacientes devem utilizar dois métodos contraceptivos e
33
que eles devem ser iniciados um mês antes do início do tratamento (Goldsmith et al.,
2004).
Antes de iniciar a terapia com isotretinoína sistêmica, é recomendável a
realização de dois testes de gravidez, de preferência o hormônio gonadotrofina
coriônica β (β-HCG), sendo que o segundo deve ser feito nos primeiros dias do ciclo
menstrual. Após o segundo resultado negativo, o tratamento pode ser instituído, e
novas dosagens do β-HCG devem ser solicitadas a cada mês (Goldsmith et al.,
2004).
As anormalidades laboratoriais mais comuns em pacientes utilizando
isotretinoína oral são elevações dos níveis de triglicerídeos e, em menor grau, nos
níveis de colesterol. Portanto, recomenda-se a avaliação periódica do perfil lipídico
desses pacientes (Goldsmith et al., 2004).
Embora, comumente, as elevações das enzimas hepáticas sejam leves,
reversíveis e apenas em raros casos, clinicamente, significativas, recomenda-se a
monitoração das aminotransferases (AST e ALT). Não há consenso acerca da
monitoração de outros parâmetros laboratoriais, incluindo hemograma, enzimas
musculares e pancreáticas, ou níveis séricos de cálcio. Apesar disso, é
recomendável solicitar, inicialmente, hemograma, hepatograma, perfil lipídico,
glicemia, uréia, creatinina e creatinofosfoquinase. A repetição desses exames
deverá ser feita com 3 a 4 semanas, após o início do tratamento, e com,
aproximadamente, 2 a 3 meses.
Em geral, não há indicação para monitoração dos efeitos tóxicos
esqueléticos durante um curso isolado de isotretinoína, porém, em cursos repetidos
ou uso prolongado, há de se considerar esse cuidado. Atualmente, o estudo
radiológico do esqueleto, realizado periodicamente, é a melhor forma de monitorar
34
esses pacientes, uma vez que a cintilografia óssea mostrou-se pouco sensível para
as alterações de hiperostose, que é a principal anormalidade óssea associada à
terapia com retinóides (DiGiovanna, 2001a).
3.2.7 Contra-indicações
As contra-indicações absolutas são: gravidez ou mulher com potencial de
gravidez, má aderência aos métodos contraceptivos, mães em aleitamento e
hipersensibilidade ao parabeno (contido nas cápsulas de isotretinoína). As relativas
são, leucopenia, elevação moderada a grave do colesterol e dos triglicerídeos,
disfunção hepática e disfunção renal (Nguyen e Wolverton, 2001).
3.3 Isotretinoína Oral no Fotoenvelhecimento
A eficácia dos retinóides tópicos, no tratamento da pele fotoenvelhecida, já é
bem conhecida. Kligman e colaboradores, em 1986 em um estudo pioneiro,
compararam a tretinoína (ácido all-trans-retinóico) a 0,05% com placebo em
pacientes com fotoenvelhecimento moderado e concluíram que houve melhora da
aparência clínica, além de reversão de danos estruturais na epiderme e derme da
pele dos pacientes que usaram a tretinoína tópica (Kligman et al., 1986). Depois
disso, um grande número de estudos controlados foram publicados demonstrando
que a tretinoína tópica de 0,025% a 0,1% melhora a aparência da pele
fotoenvelhecida, corroborando com a descoberta de Kligman (Weiss et al., 1988;
Griffiths et al., 1993). Outro retinóide tópico também utilizado para o
fotoenvelhecimento com comprovação científica é o tazaroteno a 0,1%. Foi
observado melhora da textura da pele, rugas finas e pigmentação irregular da pele
35
que ocorre no fotoenvelhecimento (Hecker et al., 1999; Kang et al., 2001).
Os retinóides sistêmicos, cada vez mais, têm sido utilizados para condições
dermatológicas diversas. O seu uso, no fotoenvelhecimento cutâneo, tem recebido
um destaque especial nos últimos anos. A isotretinoína oral tem sido prescrita em
baixas doses pra esse fim. Em 2000, Hernandes-Perez e colaboradores publicaram
um artigo no qual relataram que, ao tratar acne vulgar com isotretinoína oral,
observaram que seus pacientes obtiveram melhora da pele como um todo, e não
apenas da acne. A partir de 1992, passaram a empregar a isotretinoína oral em
doses de 10 ou 20 mg três vezes por semana por dois meses para fins de
rejuvenescimento e obtiveram bons resultados clínicos (Hernandez-Perez et al.,
2000). Em recente publicação de fevereiro de 2008, Kalil e colaboradores relataram
melhora clínica e histológica em pacientes tratados com 20 mg de isotretinoína
sistêmica três vezes por semana por três meses e com poucos efeitos colaterais
(Kalil et al., 2008).
Os poucos estudos sobre a isotretinoína oral, no fotoenvelhecimento, se
referem às mudanças clínicas e histológicas da pele fotodanificada sem explorar, no
entanto, seu mecanismo de ação.
Existem evidências de que o ácido 13-cis–retinóico, ou isotretinoína seja
convertido em AR após sua absorção (Hernandez-Perez et al., 2000; Ellis e Krach,
2001; Kalil et al., 2008). Isso nos leva a especular que seus efeitos benéficos, no
fotoenvelhecimento, ocorram pelos mesmos mecanismos do AR tópico, sobre os
quais encontramos estudos.
Por muitos anos, os retinóides têm sido a terapia principal na prevenção e
tratamento do fotoenvelhecimento. O AR é um agente não seletivo que ativa tanto
RARs, diretamente, quanto RXRs, indiretamente, melhorando as alterações
36
cutâneas relacionadas ao fotoenvelhecimento. Muitas semanas de tratamento são
necessárias para que se possa observar melhora clínica. O grande inconveniente do
uso do AR tópico é a irritação cutânea que ele provoca, manifestada por eritema,
descamação e prurido, que diminuem com o uso continuado (Rabe et al., 2006).
Apesar do grande conhecimento a respeito do mecanismo molecular pelo
qual o AR age na regulação de determinados genes, detalhes sobre a base
molecular do mecanismo de ação do AR, no fotoenvelhecimento, permanecem
desconhecidos (Fisher et al., 2002). O colágeno tipo I é a proteína mais abundante
da pele, e as fibrilas de colágeno tipo I e III promovem elasticidade e resistência à
pele. A pele fotoenvelhecida possui uma grande quantidade de fibrilas de colágeno
degradadas e desorganizadas e tem uma diminuição na produção de pró-colágeno
do tipo I e III. Foi demonstrado que o AR induz a expressão dos genes de pró-
colágeno tipo I e III (Griffitihs et al., 1993). Sabe-se que o pró-colágeno é o precursor
do colágeno, logo, o aumento da produção de pró-colágeno, induzido pelo AR, leva
a um aumento da produção de colágeno. No entanto, de que forma o AR estimula a
produção de colágeno? Essa questão não está, totalmente, clara. Uma pista, em
relação a isso, é o fato de o AR tópico estimular a produção de fator de crescimento
tecidual β (TGF-β) na pele de cobaias (Kim et al., 1992). O TGF- β induz a produção
de procolágeno I e III e outros componentes da matriz extracelular. Logo, é razoável
considerar que a indução de TGF- β desempenhe um papel fundamental no
mecanismo de ação do AR no fotoenvelhecimento, no entanto essa hipótese ainda
está por ser confirmada (Fisher et al., 2002).
O fotoenvelhecimento inclui também alterações importantes em outros
componentes da matriz extracelular além do colágeno. A função das fibras elásticas,
assim como suas características, fica comprometida. Modificações na estrutura e
37
composição das fibrilas de ancoragem, proteoglicanas e glicosaminoglicanas foram
relatadas. É provável que o mecanismo pelo qual o AR atue, no fotoenvelhecimento,
envolva também sua atuação nos outros componentes da matriz extracelular e não
só no colágeno (Lavker, 1995).
Além da capacidade do AR em melhorar as alterações inerentes ao
fotoenvelhecimento, ele tem mostrado interferir na resposta cutânea à radiação UV,
que leva à degradação do colágeno. Estudos realizados em pele de cobaia e em
humanos demonstraram que o AR aplicado, topicamente antes da exposição ao UV,
inibe a indução do fator de transcrição c-jun. O fator c-jun é necessário para a
ativação do complexo AP-1, que, por sua vez, estimula a transcrição das MMP 1, 3 e
9 e inibe a expressão de pró-colágeno I e III (Fisher et al., 2002).
Independente do mecanismo, sabe-se que o AR suprime a indução do fator
c-jun pelo UV, reduzindo, assim, a atividade das MMP na degradação da matriz
extracelular e prevenindo a perda da expressão de pró-colágeno (Fisher et al.,
2002). Além disso, reduz a perda e acelera a recuperação dos receptores de
retinóides, RAR- γ e RXR- α após a exposição solar. A reparação do colágeno,
reduzido no fotoenvelhecimento, é, pelo menos em parte, o responsável pela
melhora clínica observada com o uso de retinóides (Griffiths et al., 1993; Rabe et al.,
2006). Uma redução da atipia e restauração da polaridade de queratinócitos também
pode ser observada após o uso de retinóides tópicos (Sefton et al., 2000). Uma
importante área de pesquisa tem como objetivo o desenvolvimento de um receptor
de retinóide seletivo que otimize seus efeitos benéficos com menos efeitos
indesejáveis (Rabe et al., 2006).
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Com o objetivo de avaliar e comparar os efeitos da isotretinoína oral nas
doses de 10 e 20 mg, três vezes por semana durante três meses, em pacientes com
fotoenvelhecimento cutâneo foi desenvolvido este protocolo de pesquisa que foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino
Fraga Filho da UFRJ em Setembro de 2004.(n
0
: 131/04)
4.1 Desenho do estudo
Ensaio clínico, randomizado, duplo cego
4.2 Participantes
As participantes deste estudo foram trinta voluntárias sadias recrutadas
através da divulgação do projeto entre funcionários do HUCFF. Essas mulheres
tinham diagnóstico clínico de fotoenvelhecimento cutâneo moderado (II) ou
avançado (III), de acordo com a classificação de Glogau conforme anexo 1 (Glogau,
1996), fototipo de II a IV, idades variando entre 40 e 55 anos, e estavam na pós-
menopausa ou faziam uso de método anticoncepcional seguro.
Os critérios de exclusão foram: peso inferior a 50 Kg, gestantes ou em fase
de amamentação, história de hipercolesterolemia, doenças isquêmicas ou ósseas
além de outras dermatoses. Também não puderam participar indivíduos que nos
últimos seis meses tivessem sido submetidos a qualquer procedimento estético
39
como peeling, laser, luz intensa pulsada, dermoabrasão ou que estivessem fazendo
uso de algum creme anti-envelhecimento.
.
4.3 Procedimentos
As trinta voluntárias incluídas no estudo assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido concordando com as normas do estudo e
autorizando a publicação dos resultados e a exposição das fotos realizadas. Após o
aceite, cada voluntária foi submetida a uma avalialiação clínica inicial que incluiu
anamnese completa e dirigida para história de exposição solar atual e pregressa,
medicamentos tópicos e sistêmicos em uso, tratamentos estéticos prévios,
patologias existentes e classificação quanto ao grau de fotoenvelhecimento de
acordo com a classificação de Glogau e ao fototipo de acordo com a classificação de
Fitzpatrick. Fotografias digitais e com filtro ultravioleta foram realizadas antes do
tratamento.
Essas participantes realizaram hemograma completo, hepatograma, perfil
lipídico, CPK, creatinina e β-HCG, e foram submetidas a biópsia de pele com
“punch” 5 mm na região pré-auricular esquerda precedendo o início do tratamento.
A população estudada foi dividida, aleatoriamente, em dois grupos:
Grupo I (GI): Pacientes que receberam 10 mg de isotretinoína oral três
vezes por semana por três meses.
Grupo II (GII): Pacientes que receberam 20mg de isotretinoína oral três
vezes por semana por três meses.
Cabe ressaltar que durante o tratamento foi administrada, exclusivamente, a
40
isotretinoína oral, sendo contra-indicado o uso de qualquer medicação tópica,
inclusive fotoprotetor solar.
Mensalmente as participantes foram reavaliadas clinicamente quanto a
textura, coloração da pele e aspecto das rugas e a mesma rotina laboratorial colhida
antes de iniciarem o tratamento foi repetida..
Após os três meses de tratamento, nova avaliação clínica foi feita e uma
nota de 0 a 10, referente à melhora obtida com o tratamento, foi dada pelo médico e
pelo paciente, sendo que a do médico foi obtida primeiro sem que o paciente tivesse
conhecimento da mesma. Notas de zero a três foram consideradas como ausência
de melhora; de quatro a seis, resultado regular; de sete a oito, bom; e as notas de
nove a dez, indicaram excelente resultado Nova biópsia de pele com “punch” da
mesma medida, foi realizada na região pré-auricular contra-lateral e fotografias
digitais e com filtro ultravioleta foram repetidas ao término do tratamento.
4.4 Avaliação Histopatológica
4.4.1 Histopatologia
Uma amostra de pele obtida por meio de punch 5 mm da região pré auricular
esquerda de cada paciente antes do tratamento e contralateral ao término do estudo
foi fixado em formol a 10% tamponado e corado pela hematoxilina-eosina, vermelho
de picro-sirius para avaliação de fibras colágenas e resorcina-fucsina não oxidada
para avaliação de fibras elásticas. Esta etapa do estudo foi realizada no serviço de
Patologia do HUCCF da UFRJ
41
4.4.2 Morfometria
O estudo morfométrico foi realizado, nas lâminas coradas, pelo vermelho de
Picro Sirius (para a determinação quantitativa de fibras colágenas), e resorcina
fucsina (para a determinação quantitativa de fibras do sistema elástico). Essa etapa
do estudo foi realizada no Laboratório de Morfometria e Morfologia Cardiovascular(
Departamento de Anatomia, Instituto de Biologia da UERJ). Foram capturadas 5
imagens digitais obtidas das lâminas de cada caso, utilizando-se objetiva de 10X nas
colorações acima citadas, antes e após o tratamento (formato JPEG, 36-bit color,
1280 x 1024 pixels) com a câmara LC Evolution e o microscópio Olympus BX51. As
imagens foram analisadas com o programa Image Pro Plus versão 5.0 (Media
Cybernetics, Silver Spring, USA), e, em seguida, foram segmentadas usando o
mesmo nível de semitons de modo a obter um padrão uniforme de cor e intensidade.
Posteriormente, essas imagens foram transformadas em pixels com o objetivo de
mensurar a quantidade de fibras colágenas e elásticas antes e após o tratamento.
Foram selecionados os pixels correspondentes às fibras colágenas (lâminas
coradas com vermelho de picro-sirius), e às fibras elásticas (lâminas coradas com
resorcina-fucsina não oxidada). O histograma da segmentação das imagens foi
avaliado, onde os resultados dos pixels selecionados foram expressos em
porcentagem da área total da imagem.
4.5 Análise estatística
Os resultados foram avaliados por meio de testes estatísticos adequados
para cada variável analisada. Para comparação das características entre os dois
grupos, como idade, fototipo e grau de fotoenvelhecimento pela classificação de
42
Glogau antes do tratamento foi utilizado o teste Qui-quadrado. Para a avaliação do
efeito do tratamento dentro de cada grupo, considerando-se a análise morfométrica
das colorações especiais para fibras colágenas (picro-sirius) e fibras elásticas
(resorcina-fucsina), foram utilizados o teste t pareado e o cálculo do intervalo de
confiança de 95% para a variação pré e pós-tratamento. A comparação das
variações entre os dois grupos foi obtida através do teste t e calculado o intervalo de
confiança de 95% para a diferença entre eles.
5 RESULTADOS
Das 30 pacientes selecionadas, apenas uma que fazia parte do G I foi
excluída do estudo, no segundo mês de tratamento, devido à dislipidemia. As
demais pacientes concluíram o estudo e não apresentaram nenhum efeito colateral
clínico ou laboratorial.
Comparando-se as populações de G I e G II (Tabela 1) pode-se verificar que
a randomização foi eficaz, sendo as diferenças das características, levando-se em
consideração o fototipo e o grau de fotoenvelhecimento, encontradas entre os dois
grupos, insignificante do ponto de vista estatístico. Quanto à variável idade, a média
foi de 46,0 para o G I e 45,2 para o G II, o que revela uma equivalência entre os
grupos com relação à média de idade.
Tabela 1 Classificação quanto ao fototipo e ao grau de fotoenvelhecimento antes
do tratamento com as doses de 10 e 20 mg de isotretinoína oral
Grupo
Total
10 mg (n=14) 20 mg (n=15)
Características
n % n % n %
p valor
de
χ
2
test
Fototipo
II 10 100.0 4 40.0 6 60.0
III 12 100.0 8 66.7 4 33.3
IV 7 100.0 2 28.6 5 71.4
0.224
Classificação
de Glogau
II 10 100.0 3 30.0 7 70.0
III 17 100.0 9 52.9 8 47.1
IV 2 100.0 2 100.0 0 0.0
0.153
44
Com relação ao grau de melhora segundo a avaliação clínica, considerando-
se o julgamento do pesquisador e do paciente, nenhuma paciente do G I e apenas
uma do G II considerou que não houve melhora com o tratamento. Cinco pacientes
de cada grupo, ou seja, em média 34,5% das pacientes consideraram o resultado do
tratamento excelente. As demais pacientes de ambos os grupos consideraram o
grau de melhora regular ou bom. Segundo a avaliação do pesquisador, nenhuma
paciente deixou de ter melhora ou teve uma resposta excelente ao tratamento,
sendo todos os resultados classificados como regular ou bom. (Tabela 2)
Tabela 2 Resultados da avaliação clínica referente ao grau de melhora de acordo
com a opinião da pesquisadora e das participantes do estudo
Resultado de acordo com o investigador
Total
Regular Bom
Resultado de acordo com
a participante
n % n % n %
Grupo 10 mg
Sem melhora 0 0.0 0 0.0 0 0.0
Regular 3 21.4 3 21.4 0 0.0
Bom 6 42.9 1 7.1 5 35.7
Excelente 5 35.7 0 0.0 5 35.7
Total 14 100.0 4 28.6 10 71.4
Grupo 20 mg
Sem melhora 1 6.7 1 6.7 0 0.0
Regular 2 13.3 2 13.3 0 0.0
Bom 7 46.7 5 33.3 2 13.3
Excelente 5 33.3 0 0.0 5 33.3
Total 15 100.0 8 53.3 7 46.7
45
A melhora da aparência, após o tratamento, foi alcançada pela maioria das
pacientes, o que pôde ser detectado através do exame clínico e das fotografias. As
principais alterações clínicas observadas com o tratamento foram: a diminuição da
flacidez, suavização dos sulcos e rítides da face, redução dos poros e melhora da
textura da pele. (Figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8).
Figura 1 Fotografias da face em vista anterior de paciente tratada com 20 mg de isotretinoína oral
três vezes por semana durante três meses. a) Antes do tratamento. b) Depois do tratamento.
(a) (b)
46
Figura 2 Fotografias da face em vista anterolateral direita. a) Antes do tratamento. b) Depois do
tratamento.
Figura 3 Fotografias da face em perfil esquerdo. Observando-se a melhora da flacidez
submentoneana e rítides perioculares. a) Antes do tratamento. b) Depois do tratamento.
(a) (b)
(a)
(b)
47
Figura 4 Fotografias da face de paciente tratada com 10 mg de isotretinoína oral, três vezes por
semana por três meses. Detalhe da foto evidenciando melhora da textura da pele, diminuição dos
poros e atenuação das rítides perioculares. a) Antes do tratamento. b) Depois do tratamento.
Figura 5 Fotografias da face em vista anterolateral direita de paciente tratada com 10 mg de
isotretinoína oral três vezes por semana durante três meses. a) Antes do tratamento. b) Depois do
tratamento. Observa-se melhor definição do contorno facial e atenuação do sulco nasogeneano.
(a)
(b)
48
Figura 6 Fotografias da face em perfil direito. Observando-se melhora da flacidez submentoneana
e periocular. a) Antes do tratamento. b) Depois do tratamento.
Figura 7 Fotografias da face em vista anterolateral esquerda. a) Antes do tratamento. b) Depois
do tratamento, evidenciando atenuação do sulco nasogeneano e diminuição da flacidez
submentoneana e mandibular.
(a)
(b)
(a)
(b)
49
Figura 8 Fotografias com filtro ultravioleta. a) Paciente antes do tratamento. b) Paciente depois de
três meses de tratamento com 20 mg de isotretinoína oral três vezes por semana durante três meses.
Pode-se observar uma diminuição da pigmentação cutânea após o tratamento.
Os cortes histológicos corados pela hematoxilina-eosina mostraram, na
maior parte dos casos antes do tratamento, alterações inflamatórias inespecíficas
manifestas por infiltrado inflamatório mononuclear leve ou moderado constituído,
especialmente, por linfócitos localizados ao redor dos vasos e nas proximidades de
estruturas pilossebáceas além de degeneração basofílica das fibras colágenas o
que, em alguns casos, era discreta e, em outros, bastante acentuada, formando
aglomerados de material basofílico amorfo. Após o tratamento, foi julgado haver uma
diminuição discreta do infiltrado inflamatório bem como da degeneração basofílica
do colágeno, ainda que essa avaliação seja muito subjetiva.
Os cortes histológicos de pele, antes e após o tratamento e corados pelo
picro sirius, foram comparados, e pôde ser observado, na maioria dos casos, um
aumento da densidade do tecido dérmico à custas de um aumento da densidade e
espessura das fibras colágenas. (Figura 9)
(a) (b)
50
(a)
(b)
Figura 9 Aumento da da densidade das fibras colágenas na derme superficial a) antes b) após o
tratamento com 20 mg de isotretinoína oral(vermelho Picro Sirius Objetiva 10X).
Quanto às fibras elásticas, avaliadas pela resorcina fucsina oxidada e não
oxidada, observamos que, de uma maneira geral, houve uma diminuição da
densidade de fibras elásticas e material elastótico além de alterações na morfologia
das fibras elásticas que se encontravam mais densas, inoveladas, irregularmente
dispostas e fragmentadas antes do tratamento e mais fibrilares e íntegras após a
medicação. Essas alterações citadas foram mais evidentes em cinco casos nos
quais havia um grau de elastose solar mais acentuado. (Figura 10)
51
(a)
(b)
Figura 10 Marcada diminuição das fibras elásticas na derme superior considerando-se antes(a) e
após o tratamento com 10 mg de isotretinoína oral (Resorcina Fucsina não-oxidada objetiva 10X) .a).
Embora tivéssemos encontrado, à microscopia óptica, alterações sugestivas
de melhora do fotoenvelhecimento com a terapêutica instituída, consideramos que
essas modificações histopatológicas foram discretas, em alguns casos, e de difícil
quantificação o que nos levou a fazer uma análise mais objetiva. Assim sendo, os
cortes histológicos corados pelo picro sirius e pela resorcina fucsina não oxidada
foram, posteriormente, avaliados por estudos de morfometria.
Através da avaliação morfométrica, observou-se um aumento significativo da
concentração de colágeno após o tratamento com ambas as doses. Com a dose de
10mg, a média da concentração de colágeno era 37,8% antes do tratamento,
aumentando para 44,4% após o tratamento. A diferença entre as médias de antes e
depois do tratamento foi de 6,6% o que foi significativo estatisticamente (p=0,029).
Com a dose de 20mg, a média da concentração de colágeno era de 36,6%,
aumentando para 41,9%. A diferença entre as médias de antes e depois do
tratamento para esse grupo foi de 5,3%, o que também foi significativo
estatisticamente (p= 0,010). A diferença dos resultados obtidos entre os dois grupos
52
não foi grande o suficiente para que se pudesse detectar uma diferença,
estatisticamente, significativa entre eles (Figuras 11, 12 e Tabela 3).
Figura 11 Gráfico em barras ilustrando a porcentagem de fibras colágenas antes (linhas azuis) e
após o tratamento (linhas verdes) para as duas doses de isotretinoína utilizadas no estudo.
53
(a) (b)
Figura 12 Fibras colágenas marcadas, em verde, através da técnica de morfometria. a) antes b)
depois do tratamento, com 20 mg de isotretinoína oral (Picro Sirius objetiva 10X).
54
Tabela 3 Resultados da avaliação morfométrica de lâminas coradas pelo vermelho Picro Sirius das pacientes antes e após o
tratamento com a isotretinoína
Grupos
G I (n = 14) G II (n = 15)
Diferença entre G I e G II
Média
Desvio
Padrão
Média
Desvio
Padrão
Média
Desvio
Padrão
95% IC% p valor do teste t
Antes 37.8 2.6 36.6 2.5 1.2 3.6 (-6.2; 8.5) 0.746
Depois 44.4 2.5 41.9 3.1
Diferença 6.6 2.7 5.3 1.8 1.3 3.2 (-5.3; 7.8) 0.691
95% Intervalo de Confiança (0.8; 12.4) (1.5; 9.1)
p valor do teste t pareado 0.029 0.010
IC = Intervalo de Confiança
55
A avaliação morfométrica da coloração resorcina-fucsina não oxidada
evidenciou uma redução na concentração de fibras do sistema elástico para as duas
doses administradas 10 e 20 mg. Essa redução foi significativa, estatisticamente,
para a dose de 10 mg (p= 0,014) enquanto que para a dose de 20 mg não (p=
0,125). No entanto, quando aplicado o teste T para avaliar a diferença entre os
resultados obtidos com as doses de 10 e 20 mg, com relação à diminuição das fibras
do sistema elástico, conclui-se que essa diferença não é significativa
estatisticamente. (Tabela 4, figuras 13 e 14).
56
Tabela 4 Resultados da avaliação morfométrica de lâminas coradas pela Resorcina Fucsina das pacientes antes e após o
tratamento com a isotretinoína.
Grupos
G I (n = 14) G II (n = 15)
Diferença entre G I e G II
Média
Desvio
Padrão
Média
Desvio
Padrão
Média
Desvio
Padrão
95% IC% p valor do teste t
Antes 15.3 1.5 15.5 1.9 -0.2 2.4 (-5.2; 4.7) 0.923
Depois 12.0 1.3 14.0 1.6
Diferença -3.3 1.2 -1.5 1.0 -1.8 1.5 (-4.8; 1.3) 0.249
95% Intervalo de Confiança (-5.8; -0.8) (-0.5; 3.6)
p valor do teste T pareado 0.014 0.125
IC = Intervalo de Confiança
57
Figura 13 Gráfico, em barras, ilustrando a porcentagem de fibras elásticas antes (linhas azuis) e,
após o tratamento, (linhas verdes) para as duas doses de isotretinoína utilizadas no estudo.
(a)
(b)
Figura 14 Fibras elásticas marcadas, em verde, através da técnica de morfometria. a) antes b)
depois do tratamento, com 10 mg de isotretinoína oral.(Resorcina fucsina não oxidada objetiva 10X).
6 DISCUSSÃO
Os resultados desse estudo apontam para uma tendência de que a
isotretinoína oral (nas doses de 10 e 20 mg, três vezes por semana, durante um
período de três meses) seja um tratamento eficaz e seguro para o
fotoenvelhecimento.
Estudos não randomizados e sem avaliação histopatológica foram realizados
anteriormente, evidenciando apenas uma melhora clínica dos pacientes com
fotoenvelhecimento (Hernandez-Perez et al., 2000; Kalil et al., 2008).
Esse foi o primeiro ensaio clínico randomizado com avaliação clínica,
histopatológica e morfométrica com a isotretinoína oral para o fotoenvelhecimento
publicado até o momento e que evidenciou melhora do aspecto global da pele, e
aumento significativo da densidade/quantidade de fibras colágenas após o
tratamento com as duas doses administradas. Houve ainda uma atuação da
isotretinoína oral nas fibras do sistema elástico, levando a uma tendência à
diminuição da elastose actínica.
Sabe-se que, na pele exposta ao sol, especialmente em pessoas claras,
ocorre, com o passar dos anos, uma diminuição das fibras colágenas e um aumento
do número de fibras elásticas, o que se torna evidente ao exame histopatológico. O
número de fibras do sistema elástico aumenta e elas se tornam espessas,
enoveladas e irregularmente dispostas. Nos pacientes com elastose actínica
clinicamente evidente, a coloração com hematoxilina-eosina revela, na derme
superior, degeneração basofílica do colágeno. Em colorações específicas para fibras
elásticas, coram-se não só as fibras elásticas normais como também essas áreas de
59
fibras colágenas e elásticas degeneradas denominadas de material elastótico
(Kligman, 1969; Lewis et al., 2004; Naik et al., 2005).
Vários tratamentos tópicos como os retinóides (Kligman et al., 1986;
Kockaert e Neumann, 2003), beta hidroxi ácidos (Kockaert e Neumann, 2003; Stern,
2004), vitamina C (Manela-Azulay, 2003; Rokhsar et al., 2005), vitamina E (Thiele et
al., 2005) e procedimentos como peelings químicos (Fulton e Porumb, 2004),
dermoabrasão (Roy, 2005; Spencer e Kurtz, 2006) e laser ablativo (Roy, 2005) e não
ablativo (Dierickx e Anderson, 2005) podem ser utilizados para tratar a pele
fotoenvelhecida. O mecanismo de ação desses métodos está relacionado ao
aumento da produção de colágeno. Nenhum desses altera o acúmulo de material
elastótico depositado (Frances et al., 1991) como observado no presente estudo
com a isotretinoína oral. De fato, outros trabalhos do nosso grupo apresentaram
resultados conflitantes com relação à mudança da quantidade de fibras elásticas.
Quando o fotoenvelhecimento foi tratado com vitamina C tópica (Manela-Azulay,
2003) a quantidade de fibras elásticas aumentou. Por outro lado, quando tratadas
com terapia fotodinâmica, observou-se uma diminuição marcante das fibras elásticas
(dado não mostrado). Nesse estudo observamos uma tendência à diminuição das
fibras elásticas. No entanto, em todos os estudos citados houve uma melhora clínica
significativa acompanhada de aumento das fibras colágenas. Isso nos leva a
especular que a melhora clínica está mais vinculada às alterações das fibras
colágenas do que àquelas encontradas nas fibras elásticas. Realmente, as figuras
10 e 14, ilustram a nítida diminuição de fibras elásticas, em uma participante de 55
anos com fotoenvelhecimento avançado e que não obteve uma boa resposta ao
tratamento, sendo sua melhora considerada regular. A análise das fibras colágenas
deste caso não evidenciou um aumento significativo com a terapia administrada. Por
60
outro lado, as figuras 1, 2, 3, 9 e 12 mostra o caso de uma participante de 42 anos,
com fotoenvelhecimento moderado que apresentou uma melhora clínica significativa
somado a um aumento expressivo das fibras colágenas, sem no entanto, alterações
significativas nas fibras elásticas. É possível que afinal, os melhores resultados
sejam obtidos em pacientes mais jovens e com fotoenvelhecimento moderado.
O método utilizado para a quantificação das alterações encontradas com o
uso da istretinoína oral foi a morfometria (Frances et al., 1990; Frances et al., 1991).
Essa técnica visa quantificar, de forma objetiva, o que se deseja mensurar, que,
nesse estudo, foi a quantidade de fibras colágenas e elásticas antes e depois do
tratamento.
A idéia de utilizarmos doses de 10 e 20 mg foi a de compará-las quanto aos
seus efeitos clínicos e histológicos, na tentativa de alcançarmos a dose mínima que
proporcionasse eficácia aliada a um perfil de segurança maior. De acordo com os
resultados obtidos, pode-se observar que não há diferença significativa entre elas, e
até uma tendência, o que precisaria ser comprovado com mais estudos de que a
dose de 10 mg poderia oferecer um melhor resultado.É tentador especular que,
talvez a dose de 5 mg também pudesse proporcionar um resultado satisfatório, o
que precisaria ser avaliado em futuros estudos.
Nós optamos por realizar as biópsias iniciais na região pré-auricular
esquerda e do lado direito ao término do tratamento. Isso poderia levar a algum tipo
de questionamento, uma vez que o lado esquerdo está mais propenso à exposição
solar em pessoas que dirigem automóveis. No entanto, as participantes desse
estudo utilizavam apenas transporte coletivo, sentando-se do lado esquerdo ou
direito do veículo aleatoriamente, não sendo relevante neste caso o lado da biópsia.
O mecanismo de ação da isotretinoína oral, no fotoenvelhecimento, ainda
61
não está, totalmente, esclarecido. Especula-se que assim como os retinóides
tópicos, ela atue inibindo as metaloproteinases da matriz extracelular o que levaria a
um aumento da produção de colágeno, principalmente, dos tipos 1 e 3 (Kang, 2005).
No entanto, há uma atuação sobre o sistema elástico até então não relatada. Novos
estudos com técnicas de imunohistoquímica e microscopia eletrônica poderiam
complementar de forma a definir de que forma a isotretinoína atua nas fibras do
sistema elástico, bem como que subtipo de fibra diminui ou aumenta.
Esse foi um estudo pioneiro que demonstra que a isotretinoína oral atua de
forma benéfica na remodelação da matriz extracelular. No entanto, mais estudos são
necessários, principalmente visando esclarecer o mecanismo de ação da
isotretinoína oral nos componentes da matriz extracelular bem como a durabilidade
dos efeitos alcançados. Seria também de grande valia para a comunidade científica
estudos que comparem retinóides tópicos com oral para que se possa avaliar o
custo e benefício de cada indicação.
7 CONCLUSÕES
1) Levando-se em consideração a grande satisfação das pacientes e dos
pesquisadores, quando avaliada a melhora da aparência da pele,
podemos concluir que os efeitos clínicos da isotretinoína sistêmica, na
pele fotoenvelhecida, foram relevantes;
2) Houve um aumento significativo, estatisticamente, da concentração de
colágeno após o tratamento com ambas as doses e uma tendência à
diminuição da concentração das fibras elásticas.
3) Não houve diferença significativa, estatisticamente, entre as duas
doses utilizadas (10 e 20 mg) de isotretinoína oral, de acordo com os
parâmetros clínicos, histopatológicos e morfométricos.
8 SUGESTÕES
1) Prolongar o período de uso da isotretinoína oral (6 meses) para avaliar
se, realmente, não há diferença entre as doses de 10 e 20 mg.
2) Avaliar a persistência dos resultados, realizando biópsias 6 meses
após o término do tratamento.
3) Explorar melhor os efeitos sobre o sistema elástico e material
elastótico.
4) Aumentar a casuística para avaliar a correlação entre melhora clínica,
grau de fotoenvelhecimento inicial, aumento de fibras colágenas e
diminuição de fibras elásticas.
5) Novos estudos para avaliação dos efeitos benéficos da isotretinoína
oral no fotoenvelhecimento com doses menores ainda (5 mg).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abulafia LA, Azulay RD, Azulay DR. Acne e doenças afins. In: Azulay RD, Azulay
DR, editors. Dermatologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A;
2004. p. 325-331.
Akyol M, Ozcelik S. Non-acne dermatologic indications for systemic isotretinoin. Am J
Clin Dermatol. 2005; 6(3):175-184.
Altman RS, Altman LJ, Altman JS. A proposed set of new guidelines for routine blood
tests during isotretinoin therapy for acne vulgaris. Dermatology. 2002;
204(3):232-235.
Anstey A, Hawk JL. Isotretinoin-PUVA in women with psoriasis. Br J Dermatol. 1997
May; 136(5):798-799.
Azulay DR, Nakamura RC. Retinóides. In: Azulay Dr, Azulay RD, editors. Compêndio
de Dermatologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 596-606.
Babior BM, Lambeth JD, Nauseef W. The neutrophil NADPH oxidase. Arch Biochem
Biophys. 2002 Jan 15; 397(2):342-344.
Baden HP, Buxman MM, Weinstein GD, Yoder FW. Treatment of ichthyosis with
isotretinoin. J Am Acad Dermatol. 1982 Apr; 6(4 Pt 2 Suppl):716-720.
Bunn PA, Jr., Hoffman SJ, Norris D, Golitz LE, Aeling JL. Systemic therapy of
cutaneous T-cell lymphomas (mycosis fungoides and the Sezary syndrome).
Ann Intern Med. 1994 Oct 15; 121(8):592-602.
Camisa C. Acute arthritis during isotretinoin therapy for acne. J Am Acad Dermatol.
1986 Nov; 15(5 Pt 1):1061-1062.
Campbell JP, Grekin RC, Ellis CN, Matsuda-John SS, Swanson NA, Voorhees JJ.
Retinoid therapy is associated with excess granulation tissue responses. J Am
Acad Dermatol. 1983 Nov; 9(5):708-713.
Charakida A, Mouser PE, Chu AC. Safety and side effects of the acne drug, oral
65
isotretinoin. Expert Opin Drug Saf. 2004 Mar; 3(2):119-129.
Choi EH, Bang D. Acne fulminans and 13-cis-retinoic acid. J Dermatol. 1992 Jun;
19(6):378-383.
Chung JH, Seo JY, Choi HR, Lee MK, Youn CS, Rhie G, et al. Modulation of skin
collagen metabolism in aged and photoaged human skin in vivo. J Invest
Dermatol. 2001 Nov; 117(5):1218-1224.
Clayton BD, Jorizzo JL, Hitchcock MG, Fleischer AB, Jr., Williford PM, Feldman SR,
et al. Adult pityriasis rubra pilaris: a 10-year case series. J Am Acad Dermatol.
1997 Jun; 36(6 Pt 1):959-964.
Cooper AJ. Treatment of acne with isotretinoin: recommendations based on
Australian experience. Australas J Dermatol. 2003 May; 44(2):97-105.
De Raeve L, Willemsen M, De Coninck A, Roseeuw D. [Paronychia and the
formation of granulation tissue during isotretinoin therapy]. Dermatologica.
1986; 172(5):278-280.
Dierickx CC, Anderson RR. Visible light treatment of photoaging. Dermatol Ther.
2005 May-Jun; 18(3):191-208.
DiGiovanna JJ. Retinoid chemoprevention in the high-risk patient. J Am Acad
Dermatol. 1998 Aug; 39(2 Pt 3):S82-85.
DiGiovanna JJ. Isotretinoin effects on bone. J Am Acad Dermatol. 2001a Nov;
45(5):S176-182.
DiGiovanna JJ. Systemic retinoid therapy. Dermatol Clin. 2001b Jan; 19(1):161-167.
Duvic M, Lemak NA, Redman JR, Eifel PJ, Tucker SL, Cabanillas FF, et al.
Combined modality therapy for cutaneous T-cell lymphoma. J Am Acad
Dermatol. 1996 Jun; 34(6):1022-1029.
Ellis CN, Krach KJ. Uses and complications of isotretinoin therapy. J Am Acad
Dermatol. 2001 Nov; 45(5):S150-157.
Ellis CN, Voorhees JJ. Etretinate therapy. J Am Acad Dermatol. 1987 Feb; 16(2 Pt
1):267-291.
66
Erdogan FG, Yurtsever P, Aksoy D, Eskioglu F. Efficacy of low-dose isotretinoin in
patients with treatment-resistant rosacea. Arch Dermatol. 1998 Jul;
134(7):884-885.
Exner JH, Dahod S, Pochi PE. Pyogenic granuloma-like acne lesions during
isotretinoin therapy. Arch Dermatol. 1983 Oct; 119(10):808-811.
Fiallo P, Tagliapietra AG. Severe acute myopathy induced by isotretinoin. Arch
Dermatol. 1996 Dec; 132(12):1521-1522.
Firooz A, Firoozabadi MR, Dowlati Y. Rosacea fulminans (pyoderma faciale):
successful treatment of a 3-year-old girl with oral isotretinoin. Int J Dermatol.
2001 Mar; 40(3):203-205.
Fisher GJ, Kang S, Varani J, Bata-Csorgo Z, Wan Y, Datta S, et al. Mechanisms of
photoaging and chronological skin aging. Arch Dermatol. 2002 Nov;
138(11):1462-1470.
Flynn WJ, Freeman PG, Wickboldt LG. Pancreatitis associated with isotretinoin-
induced hypertriglyceridemia. Ann Intern Med. 1987 Jul; 107(1):63.
Frances C, Boisnic S, Hartmann DJ, Dautzenberg B, Branchet MC, Charpentier YL,
et al. Changes in the elastic tissue of the non-sun-exposed skin of cigarette
smokers. Br J Dermatol. 1991 Jul; 125(1):43-47.
Frances C, Branchet MC, Boisnic S, Lesty CL, Robert L. Elastic fibers in normal
human skin. Variations with age: a morphometric analysis. Arch Gerontol
Geriatr. 1990 Jan-Feb; 10(1):57-67.
Fulton JE, Porumb S. Chemical peels: their place within the range of resurfacing
techniques. Am J Clin Dermatol. 2004; 5(3):179-187.
Gilchrest BA. A review of skin ageing and its medical therapy. Br J Dermatol. 1996
Dec; 135(6):867-875.
Glogau RG. Aesthetic and anatomic analysis of the aging skin. Semin Cutan Med
Surg. 1996 Sep; 15(3):134-138.
Goldberg LH, Hsu SH, Alcalay J. Effectiveness of isotretinoin in preventing the
appearance of basal cell carcinomas in basal cell nevus syndrome. J Am Acad
Dermatol. 1989 Jul; 21(1):144-145.
67
Goldsmith LA, Bolognia JL, Callen JP, Chen SC, Feldman SR, Lim HW, et al.
American Academy of Dermatology Consensus Conference on the safe and
optimal use of isotretinoin: summary and recommendations. J Am Acad
Dermatol. 2004 Jun; 50(6):900-906.
Griffiths CE, Russman AN, Majmudar G, Singer RS, Hamilton TA, Voorhees JJ.
Restoration of collagen formation in photodamaged human skin by tretinoin
(retinoic acid). N Engl J Med. 1993 Aug 19; 329(8):530-535.
Hanson N, Leachman S. Safety issues in isotretinoin therapy. Semin Cutan Med
Surg. 2001 Sep; 20(3):166-183.
Hecker D, Worsley J, Yueh G, Kuroda K, Lebwohl M. Interactions between
tazarotene and ultraviolet light. J Am Acad Dermatol. 1999 Dec; 41(6):927-
930.
Hernandez-Perez E, Khawaja HA, Alvarez TY. Oral isotretinoin as part of the
treatment of cutaneous aging. Dermatol Surg. 2000 Jul; 26(7):649-652.
Honigsmann H, Wolff K. Isotretinoin-PUVA for psoriasis. Lancet. 1983 Jan 29;
1(8318):236.
Hull PR, D'Arcy C. Isotretinoin use and subsequent depression and suicide:
presenting the evidence. Am J Clin Dermatol. 2003; 4(7):493-505.
James WD, Berger TG, Elston DM. Dermatoses due to physical factors. In: James
WD, Berger TG, Elston DM, editors. Andrews diseases of skin- Clinical
Dermatology. 10 th ed. Philadelphia: Elsevier Editora; 2006. p. 29-31.
Jansen T, Romiti R, Kreuter A, Altmeyer P. Rosacea fulminans triggered by high-
dose vitamins B6 and B12. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2001 Sep;
15(5):484-485.
Jick SS, Kremers HM, Vasilakis-Scaramozza C. Isotretinoin use and risk of
depression, psychotic symptoms, suicide, and attempted suicide. Arch
Dermatol. 2000 Oct; 136(10):1231-1236.
Kalil CL, Fachinello FZ, Lamb FM, Comunello LN. Use of oral isotretinoin in
photoaging therapy. Skinmed. 2008 Jan-Feb; 7(1):10-14.
Kang S. The mechanism of action of topical retinoids. Cutis. 2005 Feb; 75(2
Suppl):10-13; discussion 13.
68
Kang S, Leyden JJ, Lowe NJ, Ortonne JP, Phillips TJ, Weinstein GD, et al.
Tazarotene cream for the treatment of facial photodamage: a multicenter,
investigator-masked, randomized, vehicle-controlled, parallel comparison of
0.01%, 0.025%, 0.05%, and 0.1% tazarotene creams with 0.05% tretinoin
emollient cream applied once daily for 24 weeks. Arch Dermatol. 2001 Dec;
137(12):1597-1604.
Kapur N, Hughes JR, Rustin MH. Exacerbation of asthma by isotretinoin. Br J
Dermatol. 2000 Feb; 142(2):388-389.
Karukonda SR, Flynn TC, Boh EE, McBurney EI, Russo GG, Millikan LE. The effects
of drugs on wound healing--part II. Specific classes of drugs and their effect
on healing wounds. Int J Dermatol. 2000 May; 39(5):321-333.
Kim HJ, Bogdan NJ, D'Agostaro LJ, Gold LI, Bryce GF. Effect of topical retinoic acids
on the levels of collagen mRNA during the repair of UVB-induced dermal
damage in the hairless mouse and the possible role of TGF-beta as a
mediator. J Invest Dermatol. 1992 Mar; 98(3):359-363.
Kligman AM. Early destructive effect of sunlight on human skin. Jama. 1969 Dec 29;
210(13):2377-2380.
Kligman AM, Grove GL, Hirose R, Leyden JJ. Topical tretinoin for photoaged skin. J
Am Acad Dermatol. 1986 Oct; 15(4 Pt 2):836-859.
Kockaert M, Neumann M. Systemic and topical drugs for aging skin. J Drugs
Dermatol. 2003 Aug; 2(4):435-441.
Kraemer KH, DiGiovanna JJ, Moshell AN, Tarone RE, Peck GL. Prevention of skin
cancer in xeroderma pigmentosum with the use of oral isotretinoin. N Engl J
Med. 1988 Jun 23; 318(25):1633-1637.
Kraemer KH, DiGiovanna JJ, Peck GL. Chemoprevention of skin cancer in
xeroderma pigmentosum. J Dermatol. 1992 Nov; 19(11):715-718.
Kuenzli S, Saurat JH. Medical Therapy: Retinoids. In: Bolognia J, Jorizzo J, Rapini R,
editors. Dermatology. New York: Mosby; 2003. p. 1991-2006.
Lavker RM. Cutaneous aging: chronologic versus photoaging. In: Gilchrest B, editor.
Photodamage. Cambridge, England: Blackwell Science Inc; 1995. p. 123-135.
Lavker RM, Kligman AM. Chronic heliodermatitis: a morphologic evaluation of chronic
69
actinic dermal damage with emphasis on the role of mast cells. J Invest
Dermatol. 1988 Mar; 90(3):325-330.
Lewis KG, Bercovitch L, Dill SW, Robinson-Bostom L. Acquired disorders of elastic
tissue: part I. Increased elastic tissue and solar elastotic syndromes. J Am
Acad Dermatol. 2004 Jul; 51(1):1-21; quiz 22-24.
Leyden JJ. The role of isotretinoin in the treatment of acne: personal observations. J
Am Acad Dermatol. 1998 Aug; 39(2 Pt 3):S45-49.
Lingen MW, Polverini PJ, Bouck NP. Inhibition of squamous cell carcinoma
angiogenesis by direct interaction of retinoic acid with endothelial cells. Lab
Invest. 1996 Feb; 74(2):476-483.
Liu PT, Krutzik SR, Kim J, Modlin RL. Cutting edge: all-trans retinoic acid down-
regulates TLR2 expression and function. J Immunol. 2005 Mar 1; 174(5):2467-
2470.
Lowenstein EJ. Isotretinoin made S.M.A.R.T. and simple. Cutis. 2002 Aug;
70(2):115-120.
Manela-Azulay M. Vitamina C. Arq Bras Dermatol. 2003; 78(3):265-272.
Manela-Azulay M. Fotoenvelhecimento. In: Azulay, Azulay, editors. Dermatologia. 4ª
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 677-678.
Mantel-Teeuwisse AK, Kloosterman JM, Maitland-van der Zee AH, Klungel OH,
Porsius AJ, de Boer A. Drug-Induced lipid changes: a review of the
unintended effects of some commonly used drugs on serum lipid levels. Drug
Saf. 2001; 24(6):443-456.
McLane J. Analysis of common side effects of isotretinoin. J Am Acad Dermatol.
2001 Nov; 45(5):S188-194.
Naik NS, Nousari CH, Heilman ER, Friedman RJ. Degenerative diseases and
perforating disorders. In: Elder DE, Elenitsas R, Johnson BL, Murphy GF,
editors. Lever’s Histopathology of the skin. 9th ed. Philadelphia: Lippincott
Williams & Wilkins; 2005. p. 401-417.
Nguyen EQH, Wolverton SE. Systemic retinoids. In: Kulp-Shorten CL, Wolverton SE,
editors. Comprehensive dermatologic drug therapy. Philadelphia (PA): WB
Saunders Company; 2001. p. 269-310.
70
Nikolowski J, Plewig G. [Oral treatment of rosacea with 13-cis-retinoic acid]. Hautarzt.
1981 Nov; 32(11):575-584.
Niles RM. Recent advances in the use of vitamin A (retinoids) in the prevention and
treatment of cancer. Nutrition. 2000 Nov-Dec; 16(11-12):1084-1089.
Nola I, Kotrulja L. Skin photodamage and lifetime photoprotection. Acta
Dermatovenerol Croat. 2003; 11(1):32-40.
Nulman I, Berkovitch M, Klein J, Pastuszak A, Lester RS, Shear N, et al. Steady-
state pharmacokinetics of isotretinoin and its 4-oxo metabolite: implications for
fetal safety. J Clin Pharmacol. 1998 Oct; 38(10):926-930.
Onder M, Oztas MO, Oztas P. Isotretinoin-induced nail fragility and onycholysis. J
Dermatolog Treat. 2001 Jun; 12(2):115-116.
Pathak MA. Sunscreens: progress and perspectives on photoprotection of human
skin against UVB and UVA radiation. J Dermatol. 1996 Nov; 23(11):783-800.
Peck GL, DiGiovanna JJ. The Retinoids. In: Freedberg IM, Eisen AZ, Wolff K, Austen
KF, Goldsmith LA, Katz SI, et al., editors. Fitzpatrick's Dermatology in General
Medicine. 5th ed. New York: McGraw-Hill; 1999. p. 2810-2820.
Peck GL, Gross EG, Butkus D, DiGiovanna JJ. Chemoprevention of basal cell
carcinoma with isotretinoin. J Am Acad Dermatol. 1982 Apr; 6(4 Pt 2
Suppl):815-823.
Pittsley RA, Yoder FW. Retinoid hyperostosis. Skeletal toxicity associated with long-
term administration of 13-cis-retinoic acid for refractory ichthyosis. N Engl J
Med. 1983 Apr 28; 308(17):1012-1014.
Rabe JH, Mamelak AJ, McElgunn PJ, Morison WL, Sauder DN. Photoaging:
mechanisms and repair. J Am Acad Dermatol. 2006 Jul; 55(1):1-19.
Raduan AP, Luiz RR, Manela-Azulay M. Association between smoking and
cutaneous ageing in a Brazilian population. J Eur Acad Dermatol Venereol.
2008 Nov; 22(11):1312-1318.
Rokhsar CK, Lee S, Fitzpatrick RE. Review of photorejuvenation: devices,
cosmeceuticals, or both? Dermatol Surg. 2005 Sep; 31(9 Pt 2):1166-1178;
discussion 1178.
71
Rosenthal MA, Oratz R. Phase II clinical trial of recombinant alpha 2b interferon and
13 cis retinoic acid in patients with metastatic melanoma. Am J Clin Oncol.
1998 Aug; 21(4):352-354.
Roy D. Ablative facial resurfacing. Dermatol Clin. 2005 Jul; 23(3):549-559,viii.
Rubeiz N, Kibbi AG. Management of ichthyosis in infants and children. Clin Dermatol.
2003 Jul-Aug; 21(4):325-328.
Sefton J, Kligman AM, Kopper SC, Lue JC, Gibson JR. Photodamage pilot study: a
double-blind, vehicle-controlled study to assess the efficacy and safety of
tazarotene 0.1% gel. J Am Acad Dermatol. 2000 Oct; 43(4):656-663.
Seukeran DC, Cunliffe WJ. The treatment of acne fulminans: a review of 25 cases. Br
J Dermatol. 1999 Aug; 141(2):307-309.
Spencer JM, Kurtz ES. Approaches to document the efficacy and safety of
microdermabrasion procedure. Dermatol Surg. 2006 Nov; 32(11):1353-1357.
Stern RS. Clinical practice. Treatment of photoaging. N Engl J Med. 2004 Apr 8;
350(15):1526-1534.
Strauss JS, Gottlieb AB, Jones T, Koo JY, Leyden JJ, Lucky A, et al. Concomitant
administration of vitamin E does not change the side effects of isotretinoin as
used in acne vulgaris: a randomized trial. J Am Acad Dermatol. 2000 Nov;
43(5 Pt 1):777-784.
Tan BB, Lear JT, Smith AG. Acne fulminans and erythema nodosum during
isotretinoin therapy responding to dapsone. Clin Exp Dermatol. 1997 Jan;
22(1):26-27.
Tangrea J, Edwards B, Hartman A, Taylor P, Peck G, Salasche S, et al. Isotretinoin-
basal cell carcinoma prevention trial. Design, recruitment results, and baseline
characteristics of the trial participants. The ISO-BCC Study Group. Control
Clin Trials. 1990 Dec; 11(6):433-450.
Tangrea JA, Edwards BK, Taylor PR, Hartman AM, Peck GL, Salasche SJ, et al.
Long-term therapy with low-dose isotretinoin for prevention of basal cell
carcinoma: a multicenter clinical trial. Isotretinoin-Basal Cell Carcinoma Study
Group. J Natl Cancer Inst. 1992 Mar 4; 84(5):328-332.
Thiele JJ, Hsieh SN, Ekanayake-Mudiyanselage S. Vitamin E: critical review of its
72
current use in cosmetic and clinical dermatology. Dermatol Surg. 2005 Jul;
31(7 Pt 2):805-813; discussion 813.
Thompson KF, Cunliffe WJ. Acne fulminans 'sine fulminans'. Clin Exp Dermatol. 2000
Jun; 25(4):299-301.
Triozzi PL, Walker MJ, Pellegrini AE, Dayton MA. Isotretinoin and recombinant
interferon alfa-2a therapy of metastatic malignant melanoma. Cancer Invest.
1996; 14(4):293-298.
van der Geer P, Hunter T, Lindberg RA. Receptor protein-tyrosine kinases and their
signal transduction pathways. Annu Rev Cell Biol. 1994; 10:251-337.
Varani J, Schuger L, Dame MK, Leonard C, Fligiel SE, Kang S, et al. Reduced
fibroblast interaction with intact collagen as a mechanism for depressed
collagen synthesis in photodamaged skin. J Invest Dermatol. 2004 Jun;
122(6):1471-1479.
Weiss JS, Ellis CN, Headington JT, Tincoff T, Hamilton TA, Voorhees JJ. Topical
tretinoin improves photoaged skin. A double-blind vehicle-controlled study.
Jama. 1988 Jan 22-29; 259(4):527-532.
Yaar M, Gilchrest BA. Aging Skin. In: Freedberg IM, Eisen AZ, Wolff K, Austen KF,
Goldsmith LA, Katz SI, et al., editors. Fitzpatrick's Dermatology in General
Medicine. 5th ed. New York: McGraw-Hill; 1999. p. 1697-1706.
Yamamoto Y, Gaynor RB. Therapeutic potential of inhibition of the NF-kappaB
pathway in the treatment of inflammation and cancer. J Clin Invest. 2001 Jan;
107(2):135-142.
Zouboulis CC. Retinoids--which dermatological indications will benefit in the near
future? Skin Pharmacol Appl Skin Physiol. 2001 Sep-Oct; 14(5):303-315.
ANEXOS
ANEXO 1
Classificação de Glogau
¾ GRUPO I: Sem rugas
9 Fotoenvelhecimento leve (28-35 anos)
9 Discretas alterações pigmentares
9 Rïtides mínimas
9 Necessidade de pouca ou nenhuma maquiagem
¾ GRUPO II: Rugas com movimento
9 Fotoenvelhecimento moderado (35 a 50 anos)
9 Lentigo solar
9 Ceratoses palpáveis, mas não visíveis
9 Pouca maquiagem
¾ GRUPO III: Rugas em repouso
9 Fotoenvelhecimento avançado (50-60 anos)
9 Discromias, telangiectasias
9 Ceratoses visíveis
9 Rugas mesmo quando em repouso
9 Muita maquiagem
¾ GRUPO IV: Somente rugas
9 Fotoenvelhecimento grave (acima de 65 anos)
9 Cor amarela-acinzentado da pele
9 Ceratoses e câncer de pele
9 Rugas por toda a parte, sem pele normal
9 A maquiagem não consegue cobrir as lesòes
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DO ESTUDO
EFEITOS CLÍNICOS E HISTOLÓGICOS DA ISOTRETINOÍNA ORAL
NO FOTOENVELHECIMENTO
Justificativa
Você apresenta, ao exame dermatológico, manifestações de envelhecimento da pele
causadas pelo sol e está sendo convidada pelo seu médico a tomar parte de um estudo clínico-
laboratorial que pretende avaliar os efeitos do tratamento com um medicamento chamado
isotretinoína utilizado, há vários anos, com boa resposta clínica em outras doenças e que tem
perspectiva de bons resultados para o seu problema.
Procedimentos
O estudo constará de dois grupos de pacientes, sendo que um dos grupos tomará 1
comprimido de 10mg e o outro 1 comprimido de 20mg às segundas, quartas, e sextas-feiras
sempre após o almoço por um período de três meses.
Para avaliação da resposta terapêutica, serão realizadas consultas mensais durante os três
meses de duração do tratamento, assim como documentação fotográfica e coleta de sangue no
laboratório de análises clínicas do HUCFF para dosagem de colesterol, triglicerídeos, CPK,
glicose e Beta-HCG, para as mulheres na pré-menopausa, além de hemograma completo,
hepatograma antes de começar o tratamento e a cada consulta. Para avaliação dos efeitos do
tratamento na pele, serão colhidos, através de biópsia, dois pequenos fragmentos de pele da
região pré-auricular antes do início do tratamento e ao término do estudo.
Informo que o sangue coletado será utilizado, exclusivamente, para os fins previstos no
protocolo e que os fragmentos de pele obtidos por biópsia serão encaminhados ao setor de
Anatomia Patológica do HUCFF onde serão fixados e examinados e, no final do estudo, serão
levados para o laboratório de morfometria do HUPE-UERJ para mensurar, quantitativamente,
a produção de colágeno, e, com isso, a resposta ao tratamento. Afirmo que esse material não
será utilizado para a geração ou mesmo manutenção de banco de material biológico.
Desconforto, riscos e benefícios.
Como em qualquer tratamento, existe a chance de você vir a apresentar alguns efeitos
secundários. Os mais comumente relacionados a esse medicamento são: ressecamento dos
lábios, da pele, da mucosa nasal, oral e ocular, dor muscular, dor articular, dor de cabeça,
aumento do colesterol, triglicerídeos e elevações reversíveis e transitórias das transaminases
hepáticas. Os demais efeitos colaterais são menos freqüentes e, geralmente, estão relacionados
ao uso de doses maiores da medicação. Quanto à biópsia de pele, embora não seja comum,
pode ocorrer uma discreta dor local no dia do procedimento, e como complicações,
sangramento e infecção secundária. Para evitar que isso ocorra, será prescrito um creme com
antibiótico até a cicatrização da lesão.
Orientações gerais
- Não realizar nenhum tipo de procedimento estético ou cirúrgico sem consentimento prévio.
- Não deverá mudar os seus hábitos de exposição ao sol durante o período do estudo.
- A utilização de outras drogas por via oral, local ou injetável, deve ser comunicada ao médico
assistente.
- Comunicar ao médico assistente qualquer alteração ou desconforto relacionado ao uso do
medicamento (Drª. Rosa- telefones: 2612-2189 e 9605-3894)
- O medicamento será fornecido gratuitamente durante os três meses do estudo, entretanto
outras despesas como transporte ou alimentação não serão cobertas.
A participação, nesse estudo, é totalmente voluntária. Você não é obrigado a aceitar. O
seu tratamento, a atitude do seu médico para com você não serão afetados caso você opte por
não participar do estudo. Caso decida participar, é necessário um consentimento por escrito.
Mesmo aceitando participar, você poderá se retirar do estudo a qualquer momento, no
entanto, para a sua própria segurança, é recomendável que avise ao seu médico sua intenção
de fazê-lo.
As informações pessoais obtidas a seu respeito, durante o estudo, assim como os
resultados dos seus exames permanecerão confidenciais.
1- Li o termo de consentimento informado para este estudo. Recebi as informações
necessárias sobre a natureza, proposta, duração, efeitos e riscos do estudo, bem como o que
será esperado de mim. Minhas dúvidas foram devidamente aclaradas.
2- Concordo em participar deste estudo. Concordo em cooperar, totalmente, com o médico e
irei contactá-lo, imediatamente, se apresentar qualquer sintoma inesperado. Antes e durante o
período do estudo, notificarei ao médico sobre qualquer outro tratamento que esteja recebendo
ou a que tenha sido submetida.
3- Informei ao médico sobre todas as doenças e medicamentos anteriores ou atuais e sobre
qualquer consulta que tive com outro médico nos últimos 3 meses.
4- Estou ciente de que, para minha própria segurança, deverei cooperar, totalmente, com os
pedidos e orientações do meu médico.
5- A minha participação neste estudo é voluntária, podendo me recusar a participar ou retirar-
me do estudo a qualquer momento, sem penalidade ou perda dos benefícios aos quais tenha
direito.
6- Concordo que os resultados do estudo possam ser comunicados à comunidade científica e
publicados em revistas médicas, mantendo o sigilo do meu nome e endereço.
7- Autorizo comitês de ética, autoridades regulatórias locais ou estrangeiras, a examinarem, se
assim o desejar, estes registros médicos para confirmação das informações coletadas.
Nome do paciente ------------------------------------------------------------
Assinatura ----------------------------------------------- Data ----/----/-----
Investigador -------------------------------------------------------------------
Assinatura ------------------------------------------------ Data----/----/-----
ANEXO 3
FICHA DE AVALIAÇÃO CLÍNICA
PRIMEIRA CONSULTA
Ficha nº:
Data do início da observação:
Nome:
Idade: Raça: Prof.:
End.: Tel.:
HPP:
HFis:
HFar:
H Social:
Hábito de exposição solar:
-Atual: Freqüência:Horas/sem___________
Uso de fotoprotetor: Sim( ) Não( )
-Pregressa: Freqüência:Horas/sem ___________
Uso de fotoprotetor: Sim( ) Não ( )
Tratamentos anteriores:
Exame Físico:
Peso:
Pele tipo: _______ Classificação de Glogau: ______
Descrição:
Exames solicitados:
ANEXO 4
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Consultas subseqüentes (Data: __________ )
Observação do médico:
1- Textura da pele
(a) ausência de melhora
(b) melhora discreta
(c) melhora moderada
(d) melhora acentuada
2- Rugas
(a) ausência de melhora
(b) melhora discreta
(c) melhora moderada
(d) melhora acentuada
3- Coloração da pele
(a) ausência de melhora
(b) melhora discreta
(c) melhora moderada
(d) melhora acentuada
Comentário do médico:_______________________________
Nota:
Observação do paciente quanto ao tratamento de modo geral:
(a) ausência de melhora
(b) melhora discreta
(c) melhora moderada
(d) melhora acentuada
Comentário do paciente: _____________________________
Nota:
Resultado dos exames:__
JEADV ISSN 1468-3083
© 2008 The Authors
1
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
Blackwell Publishing Ltd
Oral isotretinoin in photoaging: clinical and histopathological
evidence of efficacy of an off-label indication
RM Rabello-Fonseca,*† DR Azulay,† RR Luiz,‡ CA Mandarim-de-Lacerda,¶ T Cuzzi,§ M Manela-Azulay†
Department of Dermatology, Federal University of Rio de Janeiro, Brazil
Institute of Public Health Studies, Federal University of Rio de Janeiro, Brazil
Laboratory of Morphometry, University of the State of Rio De Janeiro, Brazil
§ Department of Pathology, Federal University of Rio de Janeiro, Brazil
Keywords
aging skin, morphometry, oral isotretinoin,
photoaging
*Corresponding author, Department of
Dermatology, Federal University of Rio de
Janeiro, R. Professor Rodolpho Paulo Rocco, 255,
5° andar, Cidade Universitária, Ilha do Fundão,
Rio de Janeiro 21941 913, Brazil,
tel./fax + 55 21 2562 2580;
E-mail: rosar[email protected]
Received: 8 May 2008,
accepted 29 May 2008
DOI: 10.1111/j.1468-3083.2008.02947.x
Abstract
Background
Despite evidences of the beneficial clinical effects of oral
isotretinoin in the treatment of cutaneous photoaging, scientific evidences are
still scarce, mainly supported by histopathological and morphometric studies.
Objectives
To analyse possible clinical and morphological changes resulting
from the treatment of photoaging with oral isotretinoin.
Methods
Thirty female patients, aged 40 to 55 years, phototypes II to IV, with
moderate to severe photoaging were randomly assigned to two groups of 15
each. Group I (G I) patients were treated with 10 mg of isotretinoin and group
II (G II) with 20 mg of oral isotretinoin thrice a week for 3 months. Skin biopsies
were performed before and after the end of therapy, and the various sections
were submitted to specific staining for collagen and elastic fibres. To analyse the
changes, morphometric studies were performed, and the results obtained were
analysed by Student’s
t
-test (paired and non-paired). Clinical results of therapy
regarding texture, colouring and aspect of the wrinkles were assessed by both
physician and patient.
Results
The increase in the amount of collagen fibres was statistically
significant with both dosage regimens (mean, 37.8%, increasing to 44.4%;
P
= 0.029 with the 10-mg dosage; and mean, 36.6%, increasing to 41.9%;
P
= 0.01 with the 20-mg dosage). A pattern pointing toward a decrease in the
number of elastic fibres was found (mean, 15.3–12%;
P
= 0.014 with the 10-mg
dosage; mean, 15.5–14%;
P
= 0.125 with the 20-mg dosage). Additionally,
there was improvement in the general aspect of the skin, regarding texture,
wrinkles depth and skin coloration.
Limitations
Despite ethical considerations, a lack of a control group using
placebo may render the results less accurate.
Conclusion
Low dosages of oral isotretinoin seem to be an effective
therapeutic option for cutaneous photoaging.
Topical retinoids are largely used in the treatment of
cutaneous photoaging, and their efficacy is well established.
Kligman
et al.
, in 1986, compared topical tretinoin at
a 0.05% concentration to placebo in patients with
moderate photoaging and observed an improvement
in clinical appearance, besides recovery of structural
damages in the epidermal and dermal layers of the skin in
patients receiving topical tretinoin.
1
The use of systemic
retinoids aiming to reverse skin damage provoked by sun
exposure has been receiving special attention in the past
years. Oral isotretinoin has been prescribed in low doses
for the treatment of cutaneous photoaging by some
healthcare professionals with satisfactory clinical results.
2
In 2000, Hernandes-Perez
et
al
. published a paper
reporting that when acne vulgaris was treated with oral
isotretinoin, their patients showed a global improvement
Effect of oral isotretinoin in photoaging
Rabello-Fonseca
et al.
2
© 2008 The Authors
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
in the skin and not only an improvement of acne. From
1992 onwards, they started to use oral isotretinoin for
rejuvenation obtaining satisfactory clinical results.
3
Few existing studies emphasize only the clinical aspects
2,3
and do not demonstrate, through objective complemen-
tary techniques, the effects of systemic isotretinoin in
skin remodeling.
Isotretinoin (13-
cis
-retinoic acid) is a first generation
retinoid and, as all others, acts similarly to vitamin A.
4–6
Because its therapeutic index is superior to its isomer,
retinoic acid (RA), its utilization revolutionized acne
treatment. Its use has raised the interest of dermatologists
new indications, including photoaging, have raised great
expectation in clinical practice.
5–9
This study aims to analyse the clinical and histological
effects of the 10- and 20-mg dosages of oral isotretinoin
on the photodamaged skin.
Materials and methods
Study design
Randomized, double-blind study to assess and compare
the effects of 10 and 20 mg of oral isotretinoin given thrice
a week for a 3-month period in patients with cutaneous
photoaging. The protocol has been submitted for approval
of the Ethics Committee of Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho, from UFRJ, and was approved in
September 2004.
Patients
Thirty female healthy volunteer patients, phototypes II to
IV, aged between 40 and 55 years clinically diagnosed
with moderate (II) or severe (III) cutaneous photoaging
according the Glogau
10
score for photoaging and in
postmenopausal status or using a safe contraceptive
method participated in the study.
Exclusion criteria included patients for whom the use of
oral isotretinoin was contraindicated, body weight
inferior to 50 kg, pregnant or nursing women, history of
hypercholesterolemia, ischaemic heart disease, skeletal
disease and other dermatological diseases. Patients
submitted to any other aesthetic procedure like peeling,
laser, intense pulsed light, dermabrasive therapies or having
used any anti-aging cream within the past 6 months could
not participate in the study. During the treatment period,
only oral isotretinoin was administered, and the use of any
topical product, including sun blocker, was contraindi-
cated. Patients included in the study had a complete red
and white blood count, liver function tests, lipid profile,
creatine kinase, creatinine and
β
HCG performed prior to
treatment and then monthly at each visit.
After receiving an explanation of the study project,
each participating patient had to sign the consent form
authorizing the publication of the results and the photo-
graphs taken.
Treatment
The population evaluated was randomly assigned into two
groups:
Group I (G I): Patients receiving 10 mg of oral isotretin-
oin thrice a week for 3 months.
Group II (G II): Patients receiving 20 mg of oral
isotretinoin thrice a week for 3 months.
Clinical assessment
Prior to the initiation of drug intake, a complete medical
history directed to the current and past history of sun
exposure, current use of topical and systemic drugs,
previous aesthetic treatments and pre-existing diseases
was taken.
Patients’ photoaging status was classified according to
the Glogau score.
After 3 months of treatment, a new clinical assessment
was performed, and a score from 0 to 10 rating the
improvement obtained with treatment was given both by
the treating physician and the patient. The physician
evaluation was obtained first, without the knowledge of
the patient. Scores from 0 to 3 were considered as ‘no
improvement’, from 4 to 6 as ‘average result’, from 7 to 8
as ‘good’, and scores 9 and 10 as an ‘excellent result’.
Photographic assessment
Digital photographs and those taken with an ultraviolet
(UV) filter were performed before and after treatment.
Histopathology
A sample of skin was obtained by a 5-mm
punch
taken
from the left preauricular region of each patient before
treatment and from the contralateral region at the end of
the study. The material was preserved in buffered 10%
formaldehyde and stained by haematoxylin-eosin and
picro-sirius red for the analysis of collagen fibres and
oxidized and non-oxidized resorcin–fuchsin for the
analysis of elastic fibres.
Morphometry
Digital images were obtained from each subject (JPEG
format, 36-bit colour, 1280
×
1024 pixels) with a LC
Evolution camera and Olympus BX51 microscope. The
Rabello-Fonseca
et al.
Effect of oral isotretinoin in photoaging
© 2008 The Authors
3
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
images were analysed with the program
Image Pro Plus
version 5.0 (Media Cybernetics, Silver Spring, USA) and
then segmented by using the same level of semitones to
obtain a uniform pattern of colour to measure the amount
of collagen and elastic fibres pre- and post-treatment.
The
pixels
corresponding to the collagen fibres (plates
attained with picro-sirius red) and to the elastic fibres
(plates stained with oxidized and non-oxidized resorcin–
fuchsin) were selected. The histogram of the segmenta-
tion of the images was evaluated, and the results of the
selected
pixels
were expressed as a percentage of the total
area of the image.
Statistical analyses
The results were evaluated by means of adequate
statistical tests for each variable analysed. The chi-squared
test was used to analyse the characteristics of both groups
before treatment, such as phototype, level of photoaging
according to the Glogau score and age. To assess the effects
of treatment within each group, the paired
t
-test was used
as well as the calculation of the 95% confidence interval
(95% CI) for pre- and post-treatment variation. The
comparison of the variation between the two groups was
obtained by means of Student’s
t
-test, and the 95% CI was
calculated for the difference between them.
Results
Of the 30 initially selected patients, only one from G I
was excluded from the study in the second month of
treatment due to dyslipidaemia. All other patients
concluded the study and did not present any significant
clinical or laboratorial side effects.
By comparing the populations of G I and G II (Table 1),
we observed that the randomization was effective, and
the differences of the characteristics, regarding the photo-
type and photoaging found between the groups were
non-significant from a statistical point of view. Regarding
the variable age, mean age was 46.0 for G I and 45.2 for
G II, revealing a balance between the two groups.
According to the clinical assessment with regard to the
level of improvement, considering the opinion of the
investigator and the patient, no patient from G I and only
one patient from G II considered that there was no
improvement with the treatment. Five patients in each
group (i.e. 34.5% of the patients) on average considered
the result of the treatment as excellent. The remaining
patients from both groups considered the level of
improvement as average or good.
According to the investigators’ assessment, none of the
patients had no improvement nor excellent response to
treatment, all the results being considered average or
good. Through mutual consent between the physician
and the patient, a satisfactory agreement rate regarding
improvement was observed between the two. In those
patients in which the physician considered clinical
improvement as being average, the patients were also
found to consider improvement average or good. In those
patients in which the physician found the results as being
good, patients also found the results as being good or
excellent. This was the case in both groups (Table 2).
An improvement of the aspect after the treatment was
obtained in the majority of patients and could be detected
Table 1 Pre-treatment phototype and photoaging grade according to the
10- and 20-mg dosages
Characteristics
Total
Group
P-value of
χχ
χχ
2
test
10 mg
(n = 14)
20 mg
(n = 15)
n % n % n %
Phototype
II 10 100.0 4 40.0 6 60.0 0.224
III 12 100.0 8 66.7 4 33.3
IV 7 100.0 2 28.6 5 71.4
Glogau score
II 10 100.0 3 30.0 7 70.0 0.153
III 17 100.0 9 52.9 8 47.1
IV 2 100.0 2 100.0 0 0.0
Table 2 Clinical assessment regarding the level of improvement
according to investigator and patient
Result according
to the patient
Total
Result according to
the investigator
Average Good
n % n % n %
Group 10 mg
No improvement 0 0.0 0 0.0 0 0.0
Average 3 21.4 3 21.4 0 0.0
Good 6 42.9 1 7.1 5 35.7
Excellent 5 35.7 0 0.0 5 35.7
Total 14 100.0 4 28.6 10 71.4
Group 20 mg
No improvement 1 6.7 1 6.7 0 0.0
Average 2 13.3 2 13.3 0 0.0
Good 7 46.7 5 33.3 2 13.3
Excellent 5 33.3 0 0.0 5 33.3
Total 15 100.0 8 53.3 7 46.7
Effect of oral isotretinoin in photoaging
Rabello-Fonseca
et al.
4
© 2008 The Authors
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
by clinical examination and through the photographs.
The major clinical changes observed after treatment were
decrease of flaccidness, smoothening of rhytids and wrin-
kles, pore minimization and improvement of skin texture
(figs 1, 2, 3, 4).
Digital photographs with an UV filter have shown in
many cases, decrease of pigmentation after treatment
(fig. 5).
Before treatment, the histological sections stained by
haematoxylin–eosin showed, in the majority of cases,
non-specific inflammatory changes such as mild to
moderate mononuclear inflammatory infiltrate mainly
consisting of lymphocytes localized around the vessels and
in neighbouring pilosebaceous structures, besides basophilic
degeneration of collagen fibres, discrete in some cases
but very important in others, forming agglomerates of
fig. 1 Patient reciving 20 mg of oral isotretinoin
three times a week for three months. (a) Before
treatment; (b) After treatment.
fig. 2 (a) Before treatment. (b) After treatment.
Rabello-Fonseca
et al.
Effect of oral isotretinoin in photoaging
© 2008 The Authors
5
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
amorphous basophilic material. After treatment, a discrete
reduction of the inflammatory infiltrate and a reduction
of the basophilic degeneration of the collagen were
observed in the majority of cases.
The histologic sections of the skin stained by picro-sirius
pre- and post-treatment were compared, and in most
cases, an increase of the thickness of the derm layer was
observed due to an increase in the amount and thickness
of collagen fibres (fig. 6).
In general, we observed a decrease of the elastic fibres
and elastotic material, when analysed by oxidized and
non-oxidized resorcin–fuchsin stain, besides changes in
the morphology of elastic fibres, more tangled and
fragmented before treatment and more fibrilar and whole
after treatment. The cited changes were more evident in
five cases in which the severity of solar elastosis was more
pronounced (fig. 7).
Though we found on optical microscopy changes
suggesting an improvement of photoaging with therapy,
we consider that the histopathological changes were
discrete in some cases and difficult to assess leading us
to make a more objective analysis. In light of this, the
fig. 3 Side view. Notice the improvement in
the submentonian and periorbital flaccidness.
(a) Before treatment. (b) After treatment.
fig. 4 (a) Before treatment. (b) After treatment
with 10 mg of oral isotretinoin three times a week
for a 3-month period. Improvement of the texture,
minimization of pores, lessening of periorbital
rhytids.
Effect of oral isotretinoin in photoaging
Rabello-Fonseca
et al.
6
© 2008 The Authors
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
histological sections stained by picro-sirius and non-
oxidized resorcin–fuchsin were subsequently evaluated
by morphometry.
Through morphometric assessment, we observed a sig-
nificant increase of the concentration of collagen after the
treatment with both dosages. With the 10-mg dosage, the
mean collagen concentration was 37.8% before treatment
reaching 44.4% post-treatment. The difference between
the means before and after treatment was 6.6%, being
statistically significant (
P
= 0.029). With the 20-mg
dosage, the mean collagen concentration was 36.6% reach-
ing 41.9%. The difference between means before and after
treatment for this group was 5.3%, also statistically signifi-
cant (
P
= 0.010). The difference in the results obtained
between the groups was not large enough to detect a
statistically significant difference (Table 3; figs 8 and 9).
The morphometric assessment of the non-oxidized
resorcin–fuchsin staining did show a decrease in the con-
centration of elastic fibres for both administered dosages
(10 and 20 mg). The decrease was statistically significant
for the 10-mg dosage (
P
= 0.014) but not for the 20-mg
dosage (
P
= 0.125). Nonetheless, when the Student’s
t
-test was applied to assess the difference between the
results obtained with the 10- and 20-mg dosages regarding
the decrease of fibres of the elastic system, we conclude
that the difference was not statistically significant
(Table 4; figs 10 and 11).
Discussion
The results of the present study point towards a trend that
oral isotretinoin at dosages of 10 and 20 mg thrice a week
fig. 5 Photos with UV filter (a) Patient before
treatment. (b) Three months after 20 mg of oral
isotretinoin three times a week.
Table 3 Morphometric assessment pre- and post-treatment for the picro-sirius staining
Groups
Difference between G I and G IIG I (n = 14) G II (n = 15)
Mean
Standard
error Mean
Standard
error Mean
Standard
error 95% CI%
P-value of
the t-test
Before 37.8 2.6 36.6 2.5 1.2 3.6 (–6.2; 8.5) 0.746
After 44.4 2.5 41.9 3.1
Difference 6.6 2.7 5.3 1.8 1.3 3.2 (–5.3; 7.8) 0.691
95% Confidence Interval (CI) (0.8; 12.4) (1.5; 9.1)
P value of the paired T test 0.029 0.010
Rabello-Fonseca
et al.
Effect of oral isotretinoin in photoaging
© 2008 The Authors
7
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
for a 3-month period is an effective and safe treatment for
photoaging.
Non-randomized studies with no histopathologic assess-
ment have been performed previously, demonstrating
only clinical improvement in patients with photoaging.
2,3
The present study was the first randomized clinical trial
with clinical, histopathological and morphometric assess-
ments following oral isotretinoin for photoaging showing
an improvement of the general aspect of the skin and a
significant increase in the amount of collagen fibres after
the treatment with both dosages. Oral isotretinoin has
also acted in the fibres of the elastic system, showing a
trend in diminishing the actinic elastosis.
It’s known that in the skin exposed to sunlight,
especially in light-skinned persons, there is a decrease in
collagen fibres and hyperplasia of elastic fibres with
Table 4 Morphometric assessment pre- and post-treatment for the non-oxidized resorcin-fuchsin staining
Groups
Difference between G I and G IIG I (n = 14) G II (n = 15)
Mean
Standard
error Mean
Standard
error Mean
Standard
error 95% CI
P-value of
the t-test
Before 15.3 1.5 15.5 1.9 –0.2 2.4 (–5.2; 4.7) 0.923
After 12.0 1.3 14.0 1.6
Difference –3.3 1.2 –1.5 1.0 –1.8 1.5 (–4.8; 1.3) 0.249
95% confidence interval (CI) (–5.8; –0.8) (–0.5; 3.6)
P-value of the paired t-test 0.014 0.125
fig. 6 Histological sections of the skin stained by
picro-sirius red where the collagen fibers are
stained in red. (a) Before treatment. (b) After
treatment with 20 mg of oral isotretinoin, show-
ing an increase of collagen fibers within the
superficial derm layer.
fig. 7 Non-oxidized resorcin-fuchsin staining. (a)
Before treatment; elastotic material stained in
purple; (b) After treatment with 10 mg of oral
isotretinoin, showing decrease of elastotic material.
Effect of oral isotretinoin in photoaging
Rabello-Fonseca
et al.
8
© 2008 The Authors
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
ageing, being evident upon histopathological examination.
The number of elastic fibres increases and they become
thick, rolled up and tangled.
11–13
In patients with clinically
evident actinic elastosis, the staining with haematoxylin–
eosin reveals, in the upper derm, basophilic degeneration
of collagen. With specific stainings for elastic fibres, not
only the normal elastic fibres stain but also areas of collagen
fibres and degenerated elastic fibres called elastotic
material.
11,12,13
Several topical treatments with retinoids,
1,9,14,16
beta
hidroxiacids,
9,17
vitamin C,
18,19
vitamin E
20
and procedures
such as chemical
peelings
,
21
dermabrasion
22,23
and ablative
22
and non-ablative
24
laser may be used to treat the photo-
aged skin. The mechanism of action of these methods is
related to an increase in the production of collagen, none
of them changing the accumulation of deposited elastotic
material
13
as observed in the present study with oral
isotretinoin.
The method used to quantify the changes found after
oral isotretinoin administration was morphometry.
25,26
This technique aims to quantify the amount of collagen
and elastic fibres before and after treatment. It’s worth-
while to note that it’s an ethical procedure of assessment
because the investigator interferes very little in the final
result, obtained by means of software.
The idea of using the 10- and 20-mg dosages was to
compare the clinical and histological effects, aiming to
achieve the minimum effective dosage allied to a superior
safety profile. According to the results, we observed that
there are no significant differences between dosages, even
fig. 8 Bars graph illustrating the percentage of collagen fibers before (blue
lines) and after the treatment (green lines) for the two dosages.
fig. 9 Histological sections stained by picro-sirius, where the collagen
fibers are stained in green (morphometry technique). (a) Before treatment.
(b) After treatment with 20 mg of oral isotretinoin.
fig. 10 Bars graph illustrating the percentage of elastic fibers before (blue
lines) and after the treatment (green lines) for the two dosages.
Rabello-Fonseca
et al.
Effect of oral isotretinoin in photoaging
© 2008 The Authors
9
JEADV
2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
suggesting that the 10-mg dosage could offer a better
result. This, however, remains to be confirmed through
further studies. It is tempting to speculate that the 5-mg
dose could probably present with adequate results, some-
thing that should be subject to further evaluation in the
future.
We decide to make the biopsy in the left side before and
in the right side after the treatment which may lead to
some kind of concern, once the right side of the face
would be probably more prone to skin damage as a result
of stronger sunlight exposure ‘from driving with the
window down’. But all patients in our study were from
working class families and it was carried out in a public
university hospital where the patients have no access to
their own private transport. They usually use public trans-
port such as bus or train. Therefore receive UV exposure
from both sides, as they can seat in the left or in the right
side randomly.
The mechanism of action of oral isotretinoin in photo-
aging remains to be clarified. As all topical retinoids, it
probably acts by inhibiting metalloproteinases of the
extracellular matrix, leading to an increase of collagen
production, especially types 1 and 3.
27
Furthermore, we
also noticed an activity on the elastic system not reported
up until now. New studies using immunohistochemical
techniques, electronic microscopy and fibroblast culture
are necessary to better define how isotretinoin acts on the
fibres of the elastic system as well as which subtype of fibre
decreases or increases. Despite the fact that photoaging
also affects patients of an older age range, for this specific
study, we chose only patients aged between 40 and 55
years. We adopted such strict standards of inclusion due
to the fact that older patients generally take multiple
medications on a regular basis and therefore possess
various comorbidities. Thus, although we cannot state
that this specific kind of treatment does not function for
older patients, we are able to suggest that treatment would
indeed be more appropriate for patients of a younger age
range for the above-mentioned reasons. Although we
recognize the importance of the placebo, particularly in
this study, besides the ethical involvement, the placebo
could be dispensed without any negative consequences
for our conclusion. It is reasonable to think that, as ageing
skin is an inexorable dermatologic problem that worsens
day by day, the observation of improvement after the
treatment, corroborated by the morphological changes
observed in this study, point without doubt that the
improvement was caused as a result of medication.
This pioneer study demonstrated that oral isotretinoin
is beneficial to the extracellular matrix remodeling
process. Nonetheless, additional studies are necessary,
especially aiming to clarify the mechanism of action of
oral isotretinoin on the components of the extracellular
matrix and the duration of the effects obtained. Studies
comparing topical and oral retinoids would be of great
value for the scientific community, in order to evaluate
the costs and benefits for each indication.
References
1 Kligman AG, Grove GL, Grove MJ, Thorne EG, Lufrano L.
Topical tretinoin for photodamaged skin. J Am Acad Dermatol
1986; 15: 836840.
2 Kalil C, Fachinello FZ, Lamb F, Comunello L. Isotretinoína
oral no fotoenvelhecimento. Pôster congresso internacional
de Paris 2005.
3 Hernandes-Perez E, Khawaja HA, Alvarez TY. Oral
isotretinoin as part of treatment of cutaneous aging.
Dermatol Surg 2000; 26: 649–652.
4 Peck GL, DiGiovanna JJ. The retinoids. In: Freedberg IM,
Fitzpatrick TB et al., eds. FItzpatrick’s Dermatology in General
Medicine, 5th edn. McGraw-Hill, USA, 1999: 2810–2820.
5 Azulay DR, Nakamura RC. Retinóides. Azulay e Azulay.
Compêndio de Dermatologia, 3rd edn. Ed Guanabara Koogan
S.A., BR, 2004: 596–606.
6 Ellis CN, Krach KJ. Uses and complications of isotretinoin
therapy. J Am Acad Dermatol 2001; 45: S150–S157.
7 McLane J. Analysis of common side effects of isotretinoin.
J Am Acad Dermatol 2001; 45: S188–S194.
fig. 11 Histological sections stained by non-
oxidized resorcin-fuchsin, where the elastic fibers
are stained in green (morphometry technique).
(a) Before treatment. (b) After treatment with 10 mg
of oral isotretinoin.
Effect of oral isotretinoin in photoaging Rabello-Fonseca et al.
10 © 2008 The Authors
JEADV 2008, Journal compilation © 2008 European Academy of Dermatology and Venereology
8 Zouboulis CC. Retinoids - Which dermatological indications
will benefit the near future? Skin Pharmacol Appl Skin Physiol
2001; 14: 303–315.
9 Kockaert M, Neumann M. Systemic and topical drugs for
aging skin. J Drugs Dermatol 2003; 2: 435–441.
10 Glogau RG. Chemical peeling and aging skin. J Geriatr
Dermatol; 2: 30–35.
11 Naik NS, Nousari CH, Heilman ER, Friedman RJ.
Degenerative diseases and perforating disorders.
In: Elder DE, Elenitsas R et al., eds. Lever’s Histopathology
of the Skin, 9th edn. Lippincott Williams & Wilkins, USA,
2005: 401–417.
12 Kligman AM. Early destructive effect of sunlight on human
skin. JAMA 1969; 210: 2377–2380.
13 Lewis KG, Bercovitch L, Dill SW, Robinson-Bostom L.
Acquired disorders of elastic tissue: Part 1. Increased elastic
tissue and solar elastotic syndromes. J Am Acad Dermatol
2004; 51: 1–21.
14 Stratigos AJ, Katsambas AD. The role of topical retinoids in
the treatment of photoaging. Drugs 2005; 65: 1061–1072.
15 Bahawan J. Assessment of the long-term safety of topical
retinoids. Cutis 2005; 75(Suppl.): 25–31.
16 Phillips TJ. An update on the safety and efficacy of topical
retinoids. Cutis 2005; 75(Suppl. 2): 14–22, 24; discussion
22–23.
17 Stern RS. Treatment of photoaging. N Engl J Med 2004; 350:
1526–1534.
18 Manela-Azulay M. Vitamina C. Arq Bras Dermatol Rio de
Janeiro 2003; 78: 265–274.
19 Rokhsar CK, Lee S, Fitzpatrick RE. Review of
photorejuvenation: devices, comeceuticals, or both?
Dermatol Surg 2005; 31: 1166–1178; discussion 1178.
20 Thiele JJ, Hsieh SN, Ekanayake-Mudiyanselage S. Vitamin E
– critical review of its current use in cosmetic and clinical
dermatology. Dermatol Surg 2005; 31: 805–813; discussion
813.
21 Fulton JE, Porumbs S. Chemical peels: their place within the
range of resurfacing techniques. Am J Clin Dermatol 2004; 5:
179–187.
22 Roy D. Ablative facial resurfacing. Dermatol Clin 2005; 23:
549–559 viii.
23 Spencer JM, Kurtz ES. Approaches to document the efficacy
and safety of microdermabrasion procedure. Dermatol Surg
2006; 32: 1353–1357.
24 Dierickx CC, Anderson RR. Visible light treatment of
photoaging. Dermatol Ther 2004; 18: 191–208.
25 Francès C et al. Changes in elastic tissue of the non-sun-exposed
skin of cigarette smokers. Br J Dermatol 1991; 125: 43–47.
26 Francès C, Branchet MC, Boisnic S, Lesty CL, Robert L.
Elastic fibers in normal human skin. Variations with age:
a morphometric analysis. Arch Gerontol Geriatr 1990; 10:
57–67.
27 Kang S. The mechanism of action of topical retinoids. Cutis
2005; 75 (Suppl. 2): 10–13; discussion 13.
309
Educação Médica Contínua
Dr.ª Rosa Maria Rabello Fonseca
Rua Miguel de Frias, 77 sala:1515 Icaraí-Niterói
Rio de Janeiro, Brasil
CEP: 24220-000
Correspondência:
ISOTRETINOÍNA ORAL: USO EM DERMATOLOGIA
ORAL ISOTRETINOIN: USE IN DERMATOLOGY
1,2 3 2 1 1,2
Rosa Maria Rabello-Fonseca ,Juliana Chieppe ,Marcelo Avè ,Tullia Cuzzi , David Rubem Azulay ,
1
Mônica Manela-Azulay
1
Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho;
2
Instituto de Dermatologia Professor R. D. Azulay da Santa Casa da Misericórdia;
3
Serviço de Dermatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, Brasil
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
_
Em 1982, quando introduzida nos EUA, a isotretinoína oral revolucionou o tratamento da acne.
Inicialmente foi utilizada apenas para o tratamento das formas graves da acne nodulocística. Com o passar dos anos
começou a ser empregada em outras formas de acne não responsivas à terapêutica convencional, em especial aquelas
1
com tendência a cicatrizes ou capaz de causar sequelas psicológicas significativas . Neste artigo serão abordados os
mecanismos de acção, efeitos adversos, monitorização clínica e laboratorial durante o seu uso, além das indicações
clínicas inclusive as off-label.
_
Isotretinoína; Acne; Retinóides; Tratamento.
SUMMARY
KEY-WORDS
_
Oral isotretinoin revolutionized acne treatment when it was introduced in 1982 in the USA. In the beginning
its use was restricted to patients with severe nodulocystic acne. With the passing years its use has expanded to treat also
patients with less severe forms of acne who are responding unsatisfactorily to conventional therapy, especially those which
1
tendency to scar formation, physical disfigurement or psychological distress .The mechanisms of action, adverse effects,
clinical and laboratory follow-up, as well as other clinical applications deemed “off-label” will be described in the present
article.
_
Isotretinoin; Acne; Retinoids; Treatment.
311
dos retinóides em diversas condições dermatológicas
ainda é desconhecido e o conceito dos receptores
nucleares não responde por completo aos diversos
4
efeitos biológicos dos retinóides .
2.3. Farmacocinética
A biodisponibilidade, o transporte plasmático e a
distribuição tecidual dos vários retinóides são determi-
nados por suas propriedades físico-químicas. A biodis-
ponibilidade da isotretinoína oral é de aproxima-
damente 25%, aumentando de 1,5 a 2 vezes quando
6
ingerida com os alimentos , devido a sua propriedade
lipofílica. Após trinta minutos, a droga é detectada no
sangue, e sua concentração máxima é obtida entre 1-4
6
horas após a ingestão oral . Através da oxidação ocorre
a metabolização da isotretinoína e de seus isômeros em,
respectivamente, 4-oxo-isotretinoína, 4-oxo-9-ácido cis
retinóico e 4-oxo-ácido retinóico, que também se
2
interconvertem .
O principal metabólito da isotretinoína é a 4-oxo-
isotretinoína, que está presente no plasma em
concentração 2-4 vezes maior que a isotretinoína
aproximadamente 6 horas após uma única dose. A
isotretinoína é submetida ao metabolismo de primeira
passagem no gado e subsequente circulação
enteropática.
Preferencialmente, a isotretinoína liga-se a albumina
sérica em 99% para posteriormente ser metabolizada no
fígado, especificamente no citocromo P450. Não é
armazenada no fígado ou no tecido adiposo diferindo-
-se da vitamina A. Sua excreção ocorre nas fezes após a
conjugação ou na urina após o metabolismo, com meia-
4
-vida de 20 horas . Entretanto, Nulman et al. reportaram
a meia-vida da isotretinoína e de seu metabólito 4-oxo-
isotretinoína em 29±40 horas e 22±10 horas,
7
respectivamente .
A isotretinoína atravessa a placenta, e sua alta
teratogenicidade relaciona-se a esse fato. Após a
descontinuidade da terapia, a isotretinoína desaparece
6
do soro e da pele em aproximadamente 2-4 semanas .
2.4. Interações medicamentosas
Algumas drogas têm a capacidade de aumentar o
nível plasmático e consequentemente a toxicidade dos
retinóides, como a vitamina A, tetraciclinas, macrolídeos
e azóis. Outras por sua vez, o diminuem via CYP3A4,
como a rifampicina, rifambutina, fenitoína, fenobarbital
e carbamazepina. Além disto os retinóides podem
aumentar os níveis plasmáticos de ciclosporina, via
CYP3A4 e diminuir os níveis de contraceptivos à base de
2
progesterona .
3.1. Acne
A isotretinoína oral é um medicamento altamente
eficaz e bem estabelecido para o tratamento da acne
vulgar, sendo o seu uso aprovado pelo FDA em 1982
1
para as formas dulo-stica e recalcitrante .
Actualmente tem sido empregada em todas as formas
de acne, principalmente nos pacientes com tendência a
cicatrizes ou transtornos psicológicos causados ou
agravados por esta afecção (Figs. 1 e 2).
É a única medicação que actua em todos os factores
etiopatogênicos da acne. Age nos queratinócitos,
normalizando sua maturação e diminuindo a coesão
entre eles, o que resulta na redução da formação de
III. INDICAÇÕES
Fig. 1 - Paciente com acne antes do tratamento com
isotretinoína oral.
Educação Médica Contínua
310
I. INTRODUÇÃO
II. MECANISMO DE AÇÃO
A isotretinoína (ácido 13-cis-retinóico) é um retinóide
de primeira geração e, assim como os demais, tem
2
actividade semelhante à da vitamina A (Vit. A) . Por ter
um índice terapêutico muito superior, ainda que não
elevado, a esta e ao ácido retinóico (AR) da qual é
isômero, sua utilização causou uma grande revolução
no tratamento da acne e nas desordens de ceratini-
zação. O seu emprego tem despertado muito interesse
por parte dos dermatologistas e novas indicações têm
despertado grande expectativa na prática médica, como
veremos neste artigo.
Os retinóides estão envolvidos na regulação de
diversas funções biológicas. Eles afectam o crescimento,
a diferenciação e a morfogênese celular, inibem a pro-
moção de tumor e o crescimento de células neoplásicas,
além de exercerem funções imunomodulatórias e
3,4
alterarem a coesividade celular .
2.1. Metabolismo da vitamina A
A vitamina A pode ser obtida através do caroteno
(vegetais) e de produtos animais como carne, leite e ovos
que ainda no intestino são convertidos respectivamente
em retinal e retinol, sendo, então, absorvidos e armaze-
2
nados no fígado na forma de éster (retinol palmitato) .
O retinol é transportado para os tecidos alvos através
da proteína carreadora de retinol (RBP) e transtirretina. A
conversão do retinol para ácido retinóico all-trans (treti-
noína), forma biologicamente activa, ocorre em duas
fases. Primeiramente, num processo reversível, o retinol
é oxidado a retinaldeído. Este por sua vez é
irreversivelmente convertido em ácido retinóico. Dentro
da célula o ácido retinóico é encontrado predomi-
nantemente como treti-noína, e uma pequena fracção
como 9-cis tretinoína. O ácido retinóico é transportado
até o núcleo por proteínas citosólicas denominadas de
proteína citosólica carreadora de retinóides (cytosolic
retinoid bounded protein, CRBP) e proteína citosólica
carreadora de ácido retinóico (cytosolic retinoid acid
bounded protein, CRABP). A CRBP-I seria responsável
pela facilitação das reacções enzimáticas envolvidas na
conversão do retinol em tretinoína e as CRABP-I e
CRABP-II seriam responsáveis pelo transporte
propriamente dito, bem como pela regulação do nível
da tretinoína livre dentro da célula. A CRABP-II
predomina na pele e é encontrada nos queratinócitos e
fibroblastos. A actividade dos retinóides endógenos é,
4
portanto, regulada por essas proteínas carreadoras .
2.2. Receptores dos retinóides
A descoberta dos receptores nucleares do ácido
retinóico foi responsável por um grande avanço na com-
preensão do mecanismo de acção dos retinóides e
permitirá a criação de novas moléculas com actividade
2,4
mais seletiva .
Os retinóides exercem seus efeitos fisiogicos na
transcrição do DNA através da ligação com os dois tipos
existentes de receptores nucleares: receptor do ácido
retiico (RAR) e receptor X do ácido retiico (RXR). Eles
fazem parte de uma super família de receptores que
actuam como factores de transcrão de DNA na qual
eso também incldos os receptores para cortisol,
vitamina-D3 e hormônio da tiride. Os RAR e RXR
possuem três subtipos de receptores: a, b e g; que são
codificados por diferentes genes. Os RARs e RXRs se ligam
como heterodímeros, funcionando então, como factores
de transcrão gênica e de regulão da transcrição do
DNA, processo que ocorre atras da ligação directa do
complexo tretinna-RAR com os retinoic acid response
elements (RAREs). RAREs são elementos promotores de
transcrição gênica, ou seja, reges dos genes que são
5
responsivas à actividade dos retinóides .
Os retinóides podem induzir tanto efeitos directos
quanto indirectos na transcrição gênica. Os efeitos
directos são mediados pelos RAREs destacando-se o
efeito na diferenciação celular, e os efeitos indirectos
seriam derivados da down regulation dos genes que não
contém RAREs; entre eles estariam as acções
4
antiproliferativa e antiinflamatória dos retinóides .
Após a ligação com os RAREs, ocorre a transcrição da
mensagem para os ribossomos onde serão sintetizadas
proteínas que poderão ser estruturais ou voltar ao
núcleo, onde serão agonistas, neutras ou antagonistas
em vários processos, tais como: produção de ceratina,
factores de crescimento, oncogênese, apoptose, matriz
do colágeno, produção de sebo, imunologia, nas
proteínas cinases, dentre outros. A actividade dessas
proteínas em outros genes determina a denominada
2
amplificação da resposta ou expressão gênica .
A existência dos diversos tipos e a variedade de
distribuição dos receptores dímeros, elementos de
resposta hormonal e a existência de proteínas de
regulação comprovam que a acção dos retinóides é
mediada por uma via ltipla com complexos
resultados na activação e/ou inibição de um largo
espectro de genes. Entretanto, o mecanismo de acção
Educação Médica Contínua
311
dos retinóides em diversas condições dermatológicas
ainda é desconhecido e o conceito dos receptores
nucleares não responde por completo aos diversos
4
efeitos biológicos dos retinóides .
2.3. Farmacocinética
A biodisponibilidade, o transporte plasmático e a
distribuição tecidual dos vários retinóides são determi-
nados por suas propriedades físico-químicas. A biodis-
ponibilidade da isotretinoína oral é de aproxima-
damente 25%, aumentando de 1,5 a 2 vezes quando
6
ingerida com os alimentos , devido a sua propriedade
lipofílica. Após trinta minutos, a droga é detectada no
sangue, e sua concentração máxima é obtida entre 1-4
6
horas após a ingestão oral . Através da oxidação ocorre
a metabolização da isotretinoína e de seus isômeros em,
respectivamente, 4-oxo-isotretinoína, 4-oxo-9-ácido cis
retinóico e 4-oxo-ácido retinóico, que também se
2
interconvertem .
O principal metabólito da isotretinoína é a 4-oxo-
isotretinoína, que es presente no plasma em
concentração 2-4 vezes maior que a isotretinoína
aproximadamente 6 horas após uma única dose. A
isotretinoína é submetida ao metabolismo de primeira
passagem no fígado e subsequente circulação
enteropática.
Preferencialmente, a isotretinoína liga-se a albumina
sérica em 99% para posteriormente ser metabolizada no
fígado, especificamente no citocromo P450. Não é
armazenada no fígado ou no tecido adiposo diferindo-
-se da vitamina A. Sua excreção ocorre nas fezes após a
conjugação ou na urina após o metabolismo, com meia-
4
-vida de 20 horas . Entretanto, Nulman et al. reportaram
a meia-vida da isotretinoína e de seu metabólito 4-oxo-
isotretinoína em 29±40 horas e 22±10 horas,
7
respectivamente .
A isotretinoína atravessa a placenta, e sua alta
teratogenicidade relaciona-se a esse fato. Após a
descontinuidade da terapia, a isotretinoína desaparece
6
do soro e da pele em aproximadamente 2-4 semanas .
2.4. Interações medicamentosas
Algumas drogas têm a capacidade de aumentar o
nível plasmático e consequentemente a toxicidade dos
retinóides, como a vitamina A, tetraciclinas, macrolídeos
e azóis. Outras por sua vez, o diminuem via CYP3A4,
como a rifampicina, rifambutina, fenitoína, fenobarbital
e carbamazepina. Além disto os retinóides podem
aumentar os níveis plasmáticos de ciclosporina, via
CYP3A4 e diminuir os níveis de contraceptivos à base de
2
progesterona .
3.1. Acne
A isotretinoína oral é um medicamento altamente
eficaz e bem estabelecido para o tratamento da acne
vulgar, sendo o seu uso aprovado pelo FDA em 1982
1
para as formas nódulo-stica e recalcitrante .
Actualmente tem sido empregada em todas as formas
de acne, principalmente nos pacientes com tendência a
cicatrizes ou transtornos psicológicos causados ou
agravados por esta afecção (Figs. 1 e 2).
É a única medicação que actua em todos os factores
etiopatogênicos da acne. Age nos queratinócitos,
normalizando sua maturação e diminuindo a coesão
entre eles, o que resulta na redução da formação de
III. INDICAÇÕES
Fig. 1 - Paciente com acne antes do tratamento com
isotretinoína oral.
Educação Médica Contínua
310
I. INTRODUÇÃO
II. MECANISMO DE AÇÃO
A isotretinoína (ácido 13-cis-retinóico) é um retinóide
de primeira geração e, assim como os demais, tem
2
actividade semelhante à da vitamina A (Vit. A) . Por ter
um índice terapêutico muito superior, ainda que não
elevado, a esta e ao ácido retinóico (AR) da qual é
isômero, sua utilização causou uma grande revolução
no tratamento da acne e nas desordens de ceratini-
zação. O seu emprego tem despertado muito interesse
por parte dos dermatologistas e novas indicações têm
despertado grande expectativa na prática médica, como
veremos neste artigo.
Os retinóides estão envolvidos na regulação de
diversas funções biológicas. Eles afectam o crescimento,
a diferenciação e a morfogênese celular, inibem a pro-
moção de tumor e o crescimento de células neoplásicas,
além de exercerem funções imunomodulatórias e
3,4
alterarem a coesividade celular .
2.1. Metabolismo da vitamina A
A vitamina A pode ser obtida através do caroteno
(vegetais) e de produtos animais como carne, leite e ovos
que ainda no intestino são convertidos respectivamente
em retinal e retinol, sendo, então, absorvidos e armaze-
2
nados no fígado na forma de éster (retinol palmitato) .
O retinol é transportado para os tecidos alvos através
da proteína carreadora de retinol (RBP) e transtirretina. A
conversão do retinol para ácido retinóico all-trans (treti-
noína), forma biologicamente activa, ocorre em duas
fases. Primeiramente, num processo reversível, o retinol
é oxidado a retinaldeído. Este por sua vez é
irreversivelmente convertido em ácido retinóico. Dentro
da célula o ácido retinóico é encontrado predomi-
nantemente como treti-noína, e uma pequena fracção
como 9-cis tretinoína. O ácido retinóico é transportado
até o núcleo por proteínas citosólicas denominadas de
proteína citosólica carreadora de retinóides (cytosolic
retinoid bounded protein, CRBP) e proteína citosólica
carreadora de ácido retinóico (cytosolic retinoid acid
bounded protein, CRABP). A CRBP-I seria responsável
pela facilitação das reacções enzimáticas envolvidas na
conversão do retinol em tretinoína e as CRABP-I e
CRABP-II seriam responsáveis pelo transporte
propriamente dito, bem como pela regulação do nível
da tretinoína livre dentro da célula. A CRABP-II
predomina na pele e é encontrada nos queratinócitos e
fibroblastos. A actividade dos retinóides endógenos é,
4
portanto, regulada por essas proteínas carreadoras .
2.2. Receptores dos retinóides
A descoberta dos receptores nucleares do ácido
retinóico foi responsável por um grande avanço na com-
preensão do mecanismo de acção dos retinóides e
permitirá a criação de novas moléculas com actividade
2,4
mais seletiva .
Os retinóides exercem seus efeitos fisiogicos na
transcrição do DNA através da ligação com os dois tipos
existentes de receptores nucleares: receptor do ácido
retiico (RAR) e receptor X do ácido retinóico (RXR). Eles
fazem parte de uma super falia de receptores que
actuam como factores de transcrão de DNA na qual
eso também incldos os receptores para cortisol,
vitamina-D3 e hormônio da tiride. Os RAR e RXR
possuem três subtipos de receptores: a, b e g; que são
codificados por diferentes genes. Os RARs e RXRs se ligam
como heterodímeros, funcionando então, como factores
de transcrão gênica e de regulão da transcrição do
DNA, processo que ocorre atras da ligação directa do
complexo tretinna-RAR com os retinoic acid response
elements (RAREs). RAREs são elementos promotores de
transcrição gênica, ou seja, reges dos genes que são
5
responsivas à actividade dos retinóides .
Os retinóides podem induzir tanto efeitos directos
quanto indirectos na transcrição gênica. Os efeitos
directos são mediados pelos RAREs destacando-se o
efeito na diferenciação celular, e os efeitos indirectos
seriam derivados da down regulation dos genes que não
contém RAREs; entre eles estariam as acções
4
antiproliferativa e antiinflamatória dos retinóides .
Após a ligação com os RAREs, ocorre a transcrição da
mensagem para os ribossomos onde serão sintetizadas
proteínas que poderão ser estruturais ou voltar ao
núcleo, onde serão agonistas, neutras ou antagonistas
em vários processos, tais como: produção de ceratina,
factores de crescimento, oncogênese, apoptose, matriz
do colágeno, produção de sebo, imunologia, nas
proteínas cinases, dentre outros. A actividade dessas
proteínas em outros genes determina a denominada
2
amplificação da resposta ou expressão gênica .
A existência dos diversos tipos e a variedade de
distribuição dos receptores dímeros, elementos de
resposta hormonal e a existência de proteínas de
regulação comprovam que a acção dos retinóides é
mediada por uma via ltipla com complexos
resultados na activação e/ou inibição de um largo
espectro de genes. Entretanto, o mecanismo de acção
Educação Médica Contínua
313
teróide sistêmico tem sido utilizada com sucesso em
15,16
casos de rosácea fulminans .
A hidradenite supurativa é uma doença crônica
caracterizada pela presença de abscessos recorrentes,
sinus tracts e cicatrizes, causadas primariamente pela
oclusão folicular e com um envolvimento secundário da
glândula apócrina. Devido à eficácia da isotretinoína
oral no tratamento da acne, esperava-se que a mesma
promovesse uma boa resposta na hidradenite supu-
rativa, porém excepto em raros casos, o resultado é
2,6,17
insatisfatório .
Por diminuir a coesividade entre os ceratinócitos e
modular sua diferenciação, os retinóides actuam com
4,6
sucesso nas doenças de ceratinização .
A isotretinoína sistêmica tem apresentado bons
resultados no tratamento de casos previamente recalci-
trantes destas desordens, em especial na Doença de
Darier, bem como em outras como na pitiríase rubra
18 19,20
pilar e nas ictioses . Pacientes com ictiose lamelar
respondem bem aos retinóides com redução das
escamas, aumento da tolerância ao calor, e melhora do
ectrópio.
Devido ao fato de as doenças de ceratinização
requererem tratamento longo e em altas doses com
retinóides, e se manifestarem muitas vezes em crianças,
o desenvolvimento de toxicidade crônica, princi-
palmente óssea, é de grande preocupação. Em crianças,
o fechamento prematuro das epífises e fracturas pode
ocorrer, ainda que raramente. Alterações no esqueleto
axial, como a hiperostose cortical (DISH; diffuse
idiopathic skeletal hyperostosis), podem ocorrer tanto
3,17,21
em crianças quanto em adultos . Assim sendo,
apesar da excelente resposta em algumas destas
doenças, na maioria das vezes opta-se pela acitretina
pelo fato desta ser menos deletéria para os ossos,
ficando a isotretinoína oral como boa opção para
mulheres em idade fértil devido à inconveniência da
anticoncepção prolongada necessária após o uso da
acitretina.
Embora a isotretinoína tenha um efeito anti-psoriá-
tico menos marcante do que outros retinóides e por isto
não ser de primeira escolha, foi demonstrado em alguns
22,23
estudos ter efeito benéfico em pacientes com
psoríase, podendo ser utilizada em combinação com
psoraleno+UVA (PUVA), constituindo assim o REPUVA.
3.2.3. Hidradenite Supurativa
3.2.4. Desordens da ceratinização
3.2.5. Psoríase
Esta combinação é especialmente interessante para
mulheres em idade fértil com psoríase que necessitem
do uso de retinóides, pois assim o longo período de
22,23
anticoncepção pós acitretina pode ser evitado .
A importância dos retinóides na regulação da
proliferação e na diferenciação celular é conhecida
mais de 70 anos. Uma das propriedades dos retinóides
é a sua capacidade de inibir o crescimento celular. Além
disso, induzem a diferenciação tanto em células normais
6
quanto em neoplásicas , inibem directamente a
25,26
angiogênese e causam apoptose em algumas
24
células .
Devido a estas características anti-neoplásicas, a
isotretinoína oral começou a ser utilizada no tratamento
e prevenção de cânceres cutâneos. Foi inicialmente
utilizada no tratamento de pacientes com múltiplos
epiteliomas basocelulares em um ensaio clínico
composto de duas fases. Na primeira, foram
administradas altas doses de isotretinoína
(4,5mg/kg/dia) como quimioterapia. Apenas 10% dos
tumores apresentaram remissão clínica e histológica. A
segunda fase foi bastante satisfatória, quando foram
utilizadas baixas doses (0,5 a 1,5mg/kg/dia) para
3,27
quimioprofilaxia .
Desta forma, a isotretinoína sistêmica, bem como
outros retinóides têm se demonstrado eficaz na
prevenção de câncer cutâneo, no entanto os benefícios
da quimioprofilaxia se fazem somente enquanto a
terapia for mantida. diversos trabalhos que mostram
ser particularmente interessante em pacientes com
dermatoses pré-cancerosas genéticas como o
28,29
xeroderma pigmentoso e a síndrome do nevo
30,31
basocelular , além de outras doenças que cursam
com o aparecimento de neoplasias como Muir Torres e
epidermodisplasia verruciforme. Pacientes
imunodeprimidos por quimioterapia que apresentam
maior propensão a desencadear carcinoma basocelular
ou espinocelular, assim como pacientes com grande
número desses tumores, doença de Bowen, leucoplasias
e queilites graves têm se beneficiado de um tratamento
2
continuado .
Em 1982, Kraemer et al, em um estudo inédito,
demonstraram a eficácia da isotretinoína oral na
prevenção de carcinomas basocelulares em pacientes
com xeroderma pigmentoso com doses que variaram de
3,28
0,5 a 2,0 mg/kg/dia .
27,32,33
Outros estudos foram realizados utilizando
baixas doses de isotretinoína oral (10mg/dia) por um
período de três anos, com o intuito de avaliar a sua
3.2.6. Câncer cutâneo
Educação Médica Contínua
Fig. 2 - Paciente com acne após o tratamento com
isotretinoína oral.
comedões. Promove uma atrofia da glândula sebácea o
que leva a uma diminuição da produção e excreção do
sebo. Além disto, reduz a população de Propioni-
bacterium acnes e bacilos Gram negativo na pele, e
8
inibe directamente a quimiotaxia de neutrófilos .
A participação do P. acnes na activação dos recepto-
res “toll-like” 2 com liberação de citocinas inflamatórias
é aspecto preponderante na patogênese da acne.
Recentemente, a acção antiinflamatória e imunomodu-
ladora do ácido retinóico foi demonstrada, com a dimi-
nuição da expressão desses receptores nas membranas
9,10
de monócitos humanos .
Mais de 25 anos de prática clínica confirmaram sua
1
eficácia e capacidade de induzir remissão prolongada .
Os conceitos de dose diária e dose cumulativa são de
extrema importância no tratamento da acne. A dose
diária recomendada é de 0,5 a 1,0 mg/kg/dia e a dose
cumulativa a ser alcançada é a de 120 a 150 mg/kg.
Nos pacientes com envolvimento do tronco, doses mais
elevadas são, muitas vezes, necessárias; a dose de 150
3
mg/kg é recomendável . Doses diárias menores que 0,5
mg/kg/dia são utilizadas por alguns dermatologistas
com o intuito de diminuir os efeitos colaterais que são
essencialmente dose-dependentes, porém, as chances
de recidiva se tornam maiores.
Nos pacientes com maior probabilidade de evoluir
com agravamento das lesões no início do tratamento
(“flare- up”) ou seja pacientes do sexo masculino com
idade inferior a 17 anos com acne grave, parti-
cularmente aqueles com lesões granuloma piogênico-
símile e macrocomedões, a dose inicial deve ser menor
3,11,12
que 0,5mg/kg/dia. Estes pacientes frequentemente
precisam de pré-tratamento com corticóide sistêmicos
(prednisona 0,5 a 1,0 mg/kg) 10 a 14 dias antes do
3
início da isotretinoína oral e reduzido gradativamente .
3.2. Outras condições dermatológicas
A isotretinoína sistêmica tem sido considerada como
terapêutica alternativa para algumas doenças
dermatológicas irresponsivas ao tratamento convencio-
nal, porém em algumas faltam estudos clínicos
6
randomizados que comprovem a sua eficácia . A seguir
abordaremos algumas destas doenças.
Várias formas de foliculite, como a foliculite por
Gram-negativo e a foliculite recorrente infundibular,
também são responsivas a isotretinoína oral.
A acne induzida por corticóide e a cloracne
2
respondem menos a esta terapêutica .
A rosácea é uma doença inflamatória crônica
relativamente comum, que acomete principalmente
2,6
mulheres entre 30-40 anos de idade . Casos
recalcitrantes de rosácea têm sido tratados satisfa-
13
toriamente com isotretinoína oral em baixas doses .
Erdogan et al. trataram 22 pacientes com a dose diária
de 10 mg por 16 semanas e obtiveram excelentes
resultados. As lesões pustulosas melhoraram
rapidamente, enquanto o eritema e as lesões pápulo-
-pustulosas regrediram significativamente por volta da
6,13
nona semana do tratamento . Em estudo anterior ao
de Erdogan et al, Nikolowski e Plewig mostraram a
eficácia da isotretinoína oral na dose de 0,5 a 1,0
mg/kg/dia por um período de 28 semanas em pacientes
14
com rosácea resistente aos tratamentos propostos .
A associação de isotretinoína oral com corticos-
3.2.1. Outras condições acneiformes
3.2.2. Rosácea
Educação Médica Contínua
312
313
teróide sistêmico tem sido utilizada com sucesso em
15,16
casos de rosácea fulminans .
A hidradenite supurativa é uma doença crônica
caracterizada pela presença de abscessos recorrentes,
sinus tracts e cicatrizes, causadas primariamente pela
oclusão folicular e com um envolvimento secundário da
glândula apócrina. Devido à eficácia da isotretinoína
oral no tratamento da acne, esperava-se que a mesma
promovesse uma boa resposta na hidradenite supu-
rativa, porém excepto em raros casos, o resultado é
2,6,17
insatisfatório .
Por diminuir a coesividade entre os ceratinócitos e
modular sua diferenciação, os retinóides actuam com
4,6
sucesso nas doenças de ceratinização .
A isotretinoína sistêmica tem apresentado bons
resultados no tratamento de casos previamente recalci-
trantes destas desordens, em especial na Doença de
Darier, bem como em outras como na pitiríase rubra
18 19,20
pilar e nas ictioses . Pacientes com ictiose lamelar
respondem bem aos retinóides com redução das
escamas, aumento da tolerância ao calor, e melhora do
ectrópio.
Devido ao fato de as doenças de ceratinização
requererem tratamento longo e em altas doses com
retinóides, e se manifestarem muitas vezes em crianças,
o desenvolvimento de toxicidade crônica, princi-
palmente óssea, é de grande preocupação. Em crianças,
o fechamento prematuro das epífises e fracturas pode
ocorrer, ainda que raramente. Alterações no esqueleto
axial, como a hiperostose cortical (DISH; diffuse
idiopathic skeletal hyperostosis), podem ocorrer tanto
3,17,21
em crianças quanto em adultos . Assim sendo,
apesar da excelente resposta em algumas destas
doenças, na maioria das vezes opta-se pela acitretina
pelo fato desta ser menos deletéria para os ossos,
ficando a isotretinoína oral como boa opção para
mulheres em idade fértil devido à inconveniência da
anticoncepção prolongada necessária após o uso da
acitretina.
Embora a isotretinoína tenha um efeito anti-psoriá-
tico menos marcante do que outros retinóides e por isto
não ser de primeira escolha, foi demonstrado em alguns
22,23
estudos ter efeito benéfico em pacientes com
psoríase, podendo ser utilizada em combinação com
psoraleno+UVA (PUVA), constituindo assim o REPUVA.
3.2.3. Hidradenite Supurativa
3.2.4. Desordens da ceratinização
3.2.5. Psoríase
Esta combinação é especialmente interessante para
mulheres em idade fértil com psoríase que necessitem
do uso de retinóides, pois assim o longo período de
22,23
anticoncepção pós acitretina pode ser evitado .
A importância dos retinóides na regulação da
proliferação e na diferenciação celular é conhecida
mais de 70 anos. Uma das propriedades dos retinóides
é a sua capacidade de inibir o crescimento celular. Além
disso, induzem a diferenciação tanto em células normais
6
quanto em neoplásicas , inibem directamente a
25,26
angiogênese e causam apoptose em algumas
24
células .
Devido a estas características anti-neoplásicas, a
isotretinoína oral começou a ser utilizada no tratamento
e prevenção de cânceres cutâneos. Foi inicialmente
utilizada no tratamento de pacientes com múltiplos
epiteliomas basocelulares em um ensaio clínico
composto de duas fases. Na primeira, foram
administradas altas doses de isotretinoína
(4,5mg/kg/dia) como quimioterapia. Apenas 10% dos
tumores apresentaram remissão clínica e histológica. A
segunda fase foi bastante satisfatória, quando foram
utilizadas baixas doses (0,5 a 1,5mg/kg/dia) para
3,27
quimioprofilaxia .
Desta forma, a isotretinoína sistêmica, bem como
outros retinóides têm se demonstrado eficaz na
prevenção de câncer cutâneo, no entanto os benefícios
da quimioprofilaxia se fazem somente enquanto a
terapia for mantida. diversos trabalhos que mostram
ser particularmente interessante em pacientes com
dermatoses pré-cancerosas genéticas como o
28,29
xeroderma pigmentoso e a síndrome do nevo
30,31
basocelular , além de outras doenças que cursam
com o aparecimento de neoplasias como Muir Torres e
epidermodisplasia verruciforme. Pacientes
imunodeprimidos por quimioterapia que apresentam
maior propensão a desencadear carcinoma basocelular
ou espinocelular, assim como pacientes com grande
número desses tumores, doença de Bowen, leucoplasias
e queilites graves têm se beneficiado de um tratamento
2
continuado .
Em 1982, Kraemer et al, em um estudo inédito,
demonstraram a eficácia da isotretinoína oral na
prevenção de carcinomas basocelulares em pacientes
com xeroderma pigmentoso com doses que variaram de
3,28
0,5 a 2,0 mg/kg/dia .
27,32,33
Outros estudos foram realizados utilizando
baixas doses de isotretinoína oral (10mg/dia) por um
período de três anos, com o intuito de avaliar a sua
3.2.6. Câncer cutâneo
Educação Médica Contínua
Fig. 2 - Paciente com acne após o tratamento com
isotretinoína oral.
comedões. Promove uma atrofia da glândula sebácea o
que leva a uma diminuição da produção e excreção do
sebo. Além disto, reduz a população de Propioni-
bacterium acnes e bacilos Gram negativo na pele, e
8
inibe directamente a quimiotaxia de neutrófilos .
A participação do P. acnes na activação dos recepto-
res “toll-like” 2 com liberação de citocinas inflamatórias
é aspecto preponderante na patogênese da acne.
Recentemente, a acção antiinflamatória e imunomodu-
ladora do ácido retinóico foi demonstrada, com a dimi-
nuição da expressão desses receptores nas membranas
9,10
de monócitos humanos .
Mais de 25 anos de prática clínica confirmaram sua
1
eficácia e capacidade de induzir remissão prolongada .
Os conceitos de dose diária e dose cumulativa são de
extrema importância no tratamento da acne. A dose
diária recomendada é de 0,5 a 1,0 mg/kg/dia e a dose
cumulativa a ser alcançada é a de 120 a 150 mg/kg.
Nos pacientes com envolvimento do tronco, doses mais
elevadas são, muitas vezes, necessárias; a dose de 150
3
mg/kg é recomendável . Doses diárias menores que 0,5
mg/kg/dia são utilizadas por alguns dermatologistas
com o intuito de diminuir os efeitos colaterais que são
essencialmente dose-dependentes, porém, as chances
de recidiva se tornam maiores.
Nos pacientes com maior probabilidade de evoluir
com agravamento das lesões no início do tratamento
(“flare- up”) ou seja pacientes do sexo masculino com
idade inferior a 17 anos com acne grave, parti-
cularmente aqueles com lesões granuloma piogênico-
símile e macrocomedões, a dose inicial deve ser menor
3,11,12
que 0,5mg/kg/dia. Estes pacientes frequentemente
precisam de pré-tratamento com corticóide sistêmicos
(prednisona 0,5 a 1,0 mg/kg) 10 a 14 dias antes do
3
início da isotretinoína oral e reduzido gradativamente .
3.2. Outras condições dermatológicas
A isotretinoína sistêmica tem sido considerada como
terapêutica alternativa para algumas doenças
dermatológicas irresponsivas ao tratamento convencio-
nal, porém em algumas faltam estudos clínicos
6
randomizados que comprovem a sua eficácia . A seguir
abordaremos algumas destas doenças.
Várias formas de foliculite, como a foliculite por
Gram-negativo e a foliculite recorrente infundibular,
também são responsivas a isotretinoína oral.
A acne induzida por corticóide e a cloracne
2
respondem menos a esta terapêutica .
A rosácea é uma doença inflamatória crônica
relativamente comum, que acomete principalmente
2,6
mulheres entre 30-40 anos de idade . Casos
recalcitrantes de rosácea têm sido tratados satisfa-
13
toriamente com isotretinoína oral em baixas doses .
Erdogan et al. trataram 22 pacientes com a dose diária
de 10 mg por 16 semanas e obtiveram excelentes
resultados. As lesões pustulosas melhoraram
rapidamente, enquanto o eritema e as lesões pápulo-
-pustulosas regrediram significativamente por volta da
6,13
nona semana do tratamento . Em estudo anterior ao
de Erdogan et al, Nikolowski e Plewig mostraram a
eficácia da isotretinoína oral na dose de 0,5 a 1,0
mg/kg/dia por um período de 28 semanas em pacientes
14
com rosácea resistente aos tratamentos propostos .
A associação de isotretinoína oral com corticos-
3.2.1. Outras condições acneiformes
3.2.2. Rosácea
Educação Médica Contínua
312
Educação Médica Contínua
314
eficácia na prevenção de novos basocelulares em
pacientes com história de pelo menos dois carcinomas
basocelulares nos últimos cinco anos. Nenhum benefício
significativo foi observado nestes estudos. Estes achados
sugerem que o risco/benefício seja avaliado para cada
caso e que provavelmente somente em algumas
situações, como nas genodermatoses pré-cancerosas
ou em pacientes com alto risco para o desenvolvimento
de carcinomas basocelular ou espinocelular, os
benefícios superem os riscos dos efeitos colaterais dos
retinóides.
O melanoma metastático é uma neoplasia que
raramente responde à quimioterapia citotóxica
tradicional. Tem sido tratado com interferon alfa-2
associado à isotretinoína oral com resultados
34,35
variados .
O linfoma cutâneo de células T (LCCT) é uma
neoplasia de linfócitos T-helper que geralmente se inicia
na pele, e posteriormente pode acometer a medula
óssea, linfócitos periféricos, linfonodos e outros órgãos.
Diferentes modalidades terapêuticas têm sido utilizadas
para o tratamento do LCCT, entre eles associação de
interferon com retinóides. Um índice de resposta de
aproximadamente 58% com remissão completa em 19%
dos casos, foi relatada com retinóides sistêmicos,
36
incluindo a isotretinoína . Duvic et al, trataram
pacientes com LCCT com 0,5mg/kg duas vezes ao dia
de isotretinoína oral associado ao interferon-alfa na
6 2
dose de 5x10 UI/m /dia e obtiveram remissão completa
6,37
ou parcial em 82% dos pacientes . Estes pesquisadores
concluíram que esta combinação pode ser uma boa
terapia alternativa para pacientes com doença inicial
que apresentem recidiva após terapia com mostarda
nitrogenada, ou radioterapia com eletron-beam. É
importante ressaltar que dos retinóides, o bexaroteno é o
único que está aprovado pelo Food and Drugs
Administration (FDA) para o tratamento do LCCT que
não tenha respondido a alguma terapêutica sistêmica
prévia.
A eficácia dos retinóides tópicos no tratamento da
38
pele fotoenvelhecida é bem conhecida . Kligman et al
em 1986 compararam a tretinoína a 0,05% com
placebo em pacientes com fotoenvelhecimento mode-
rado e concluíram que houve melhora da aparência
clínica, além de reversão de danos estruturais, na
epiderme e derme da pele dos pacientes que usaram a
38
tretinoína tópica . Em 2000, Hernandes-Perez et al
publicaram artigo no qual relatavam que, ao tratar acne
vulgar com isotretinoína oral, observaram que seus
3.2.7. Fotoenvelhecimento
pacientes obtiveram melhora da pele como um todo, e
não apenas da acne. A partir de 1992, passaram a
empregar a isotretinoína oral para fins de rejuvenes-
39
cimento e obtiveram bons resultados clínicos . Faltam,
porém, estudos randomizados com avaliação histopato-
lógica que comprovem a remodelação dérmica com o
uso da isotretinoína oral, bem como possíveis mecanis-
mos de acção e dose recomendada, para que se possa
avaliar os riscos e benefícios de usá-la para este fim.
A isotretinoína oral tem sido utilizada em várias
outras doenças dermatológicas com resultados variáveis
e muitas vezes discordantes na literatura. Estas indica-
ções menos ortodoxas o: dermatite seborréi-
ca,granuloma anular, lúpus eritematoso, líquen plano,
esteatocistoma múltiplo, papilomatose confluente e
reticulada de Gougerot e Carteaud, escleromixedema,
doença de Behçet, líquen escleroso e atrófico, doença
enxerto versus hospedeiro e mesmo infecções causadas
6
por HPV , conforme observado no Quadro I.
3.2.8. Miscelânea
OUTRAS INDICAÇÕES
DE ISOTRETINOÍNA ORAL
Quadro I
Dermatite Seborreica
Doença de Behçet
Doença Enxerto versus Hospedeiro
Escleromixedema
Esteatocistoma Múltiplo
Granuloma Anular
Líquen Escleroso e Atrófico
Líquen Plano
pus Eritematoso
Papilomatose Confluente e Reticulada de Gougerot e Carteaud
Infecções pelo Papilomavirus Humano
IV. EFEITOS COLATERAIS
Um esclarecimento a respeito da toxicidade associa-
da ao uso dos retinóides sistêmicos é de extrema
relevância para o seu uso apropriado. Apesar da
eficácia desta classe de medicamentos em algumas
doenças é necessário que haja uma avaliação criteriosa
do risco-benefício, uma vez que os efeitos adversos que
lhe são atribuídos podem ser, como detalharemos a
seguir, mínimos e reversíveis ou bastante graves,
2,17
podendo deixar seqüelas irreversíveis .
Educação Médica Contínua
317
Por ser a isotretinoína um análogo da vitamina A,
muitos dos efeitos adversos observados com o uso
sistêmico desta droga são similares aos achados clínicos
da Síndrome da Hipervitaminose A que se caracteriza
por ressecamento da pele e mucosas, dermatite facial,
queilite, alopecia, dor óssea e articular, cefaléia,
hepatotoxicidade e pseudotumor cerebral. Esta
síndrome foi inicialmente descrita em meados do século
XIX em expedições polares, durante as quais os
exploradores a apresentavam ao ingerir fígado de urso
polar. Em 1943 a substância tóxica presente no fígado
17
dos ursos foi identificada como sendo a vitamina A .
O efeito adverso mais grave associado ao uso da
isotretinoína oral é a teratogênese. Os dados actuais
indicam que a exposição a doses de 0,4 a 1.5
mg/kg/dia de isotretinoína durante as primeiras sema-
nas de gestação causa aborto espontâneo em 22% dos
casos e malformações congênitas em 18%. No entanto,
a relação entre o tempo de exposição, a dose utilizada, o
período gestacional e os defeitos observados, permane-
8
cem não esclarecidos .Desta forma, conclui-se que não
existe um nível seguro de exposição durante a embriogê-
nese, e que, qualquer dose terapêutica é potente o
bastante para poder desencadeá-la.
As malformações observadas com a isotretinoína são
tão características que são conhecidas como embrio-
4.1. Teratogenicidade
8,17
patia retinóide . O padrão destes defeitos inclui
anomalias do sistema nervoso central, sistema
cardiovascular, ouvido externo, olhos, timo, além de
deformidades craniofaciais, como apresentadas no
Quadro II.
Além das malformações anatômicas, problemas de
desenvolvimento incluindo defeitos sensoriais, motores e
cognitivos o relatados em 50% das crianças
aparentemente normais cujas mães se expuseram a
isotretinoína durante a gestação. Estes problemas
incluem, surdez, amaurose e dificuldade de
8,40
aprendizado .
O principal mecanismo implicado nas malformações
embrionárias observadas durante a terapia com a
isotretinoína está relacionado com a inibição da
migração de células da crista neural, principalmente
quando a exposição ocorre durante a quarta semana de
gestação. Até o presente momento, nenhuma
formação fetal típica foi relatada em gestações nas quais
o genitor estivesse em uso de isotretinoína oral no
período da concepção. Apesar disto, é recomendável
que homens que estejam activamente tentando ser pais,
4
evitem a terapia com retinóides .
As alterações mucocutâneas compreendem o efeito
adverso mais comum observado durante a terapia com
a isotretinoína oral, e refletem principalmente a
4.2. Efeitos Mucocutâneos
- Embriopatia Retinóide:
Malformações de:
SNC
Cardiovascular
Ouvido externo
Olhos
Timo
Craniofaciais
- Surdez
- Amaurose
- Dificuldade de aprendizado
- Depressão (?)
- Suicídio (?)
- Náusea
- Diarréia
- Dor abdominal
- Colite, Ileíte
- Pancreatite
- Hepatite
- Apendicite
- Esofagite
- Exacerbação de doença inflamatória
intestinal (?)
- Artralgia
- Alterações hiperostóticas
- Fechamento prematuro das epífises
ósseas
- Xeroftalmia
- Blefaroconjuntivite
- Conjuntivite estafilocócica
- Ceratite
- Ulceração da córnea
- Perda da visão noturna
- Cefaléia
- Astenia
- Mialgia
- Pseudotumor cerebral
EFEITOS COLATERAIS DA ISOTRETINOÍNA
Quadro II
Oftalmológicos
Neuromusculares
Gastrointestinais
Ósteo-Articulares
Teratogenia
Psiquiátricos
Educação Médica Contínua
314
eficácia na prevenção de novos basocelulares em
pacientes com história de pelo menos dois carcinomas
basocelulares nos últimos cinco anos. Nenhum benefício
significativo foi observado nestes estudos. Estes achados
sugerem que o risco/benefício seja avaliado para cada
caso e que provavelmente somente em algumas
situações, como nas genodermatoses pré-cancerosas
ou em pacientes com alto risco para o desenvolvimento
de carcinomas basocelular ou espinocelular, os
benefícios superem os riscos dos efeitos colaterais dos
retinóides.
O melanoma metastático é uma neoplasia que
raramente responde à quimioterapia citotóxica
tradicional. Tem sido tratado com interferon alfa-2
associado à isotretinoína oral com resultados
34,35
variados .
O linfoma cutâneo de células T (LCCT) é uma
neoplasia de linfócitos T-helper que geralmente se inicia
na pele, e posteriormente pode acometer a medula
óssea, linfócitos periféricos, linfonodos e outros órgãos.
Diferentes modalidades terapêuticas têm sido utilizadas
para o tratamento do LCCT, entre eles associação de
interferon com retinóides. Um índice de resposta de
aproximadamente 58% com remissão completa em 19%
dos casos, foi relatada com retinóides sistêmicos,
36
incluindo a isotretinoína . Duvic et al, trataram
pacientes com LCCT com 0,5mg/kg duas vezes ao dia
de isotretinoína oral associado ao interferon-alfa na
6 2
dose de 5x10 UI/m /dia e obtiveram remissão completa
6,37
ou parcial em 82% dos pacientes . Estes pesquisadores
concluíram que esta combinação pode ser uma boa
terapia alternativa para pacientes com doença inicial
que apresentem recidiva após terapia com mostarda
nitrogenada, ou radioterapia com eletron-beam. É
importante ressaltar que dos retinóides, o bexaroteno é o
único que está aprovado pelo Food and Drugs
Administration (FDA) para o tratamento do LCCT que
não tenha respondido a alguma terapêutica sistêmica
prévia.
A eficácia dos retinóides tópicos no tratamento da
38
pele fotoenvelhecida é bem conhecida . Kligman et al
em 1986 compararam a tretinoína a 0,05% com
placebo em pacientes com fotoenvelhecimento mode-
rado e concluíram que houve melhora da aparência
clínica, além de reversão de danos estruturais, na
epiderme e derme da pele dos pacientes que usaram a
38
tretinoína tópica . Em 2000, Hernandes-Perez et al
publicaram artigo no qual relatavam que, ao tratar acne
vulgar com isotretinoína oral, observaram que seus
3.2.7. Fotoenvelhecimento
pacientes obtiveram melhora da pele como um todo, e
não apenas da acne. A partir de 1992, passaram a
empregar a isotretinoína oral para fins de rejuvenes-
39
cimento e obtiveram bons resultados clínicos . Faltam,
porém, estudos randomizados com avaliação histopato-
lógica que comprovem a remodelação dérmica com o
uso da isotretinoína oral, bem como possíveis mecanis-
mos de acção e dose recomendada, para que se possa
avaliar os riscos e benefícios de usá-la para este fim.
A isotretinoína oral tem sido utilizada em várias
outras doenças dermatológicas com resultados variáveis
e muitas vezes discordantes na literatura. Estas indica-
ções menos ortodoxas o: dermatite seborréi-
ca,granuloma anular, lúpus eritematoso, líquen plano,
esteatocistoma múltiplo, papilomatose confluente e
reticulada de Gougerot e Carteaud, escleromixedema,
doença de Behçet, líquen escleroso e atrófico, doença
enxerto versus hospedeiro e mesmo infecções causadas
6
por HPV , conforme observado no Quadro I.
3.2.8. Miscelânea
OUTRAS INDICAÇÕES
DE ISOTRETINOÍNA ORAL
Quadro I
Dermatite Seborreica
Doença de Behçet
Doença Enxerto versus Hospedeiro
Escleromixedema
Esteatocistoma Múltiplo
Granuloma Anular
Líquen Escleroso e Atrófico
Líquen Plano
pus Eritematoso
Papilomatose Confluente e Reticulada de Gougerot e Carteaud
Infecções pelo Papilomavirus Humano
IV. EFEITOS COLATERAIS
Um esclarecimento a respeito da toxicidade associa-
da ao uso dos retinóides sistêmicos é de extrema
relevância para o seu uso apropriado. Apesar da
eficácia desta classe de medicamentos em algumas
doenças é necessário que haja uma avaliação criteriosa
do risco-benefício, uma vez que os efeitos adversos que
lhe são atribuídos podem ser, como detalharemos a
seguir, mínimos e reversíveis ou bastante graves,
2,17
podendo deixar seqüelas irreversíveis .
Educação Médica Contínua
317
Por ser a isotretinoína um análogo da vitamina A,
muitos dos efeitos adversos observados com o uso
sistêmico desta droga são similares aos achados clínicos
da Síndrome da Hipervitaminose A que se caracteriza
por ressecamento da pele e mucosas, dermatite facial,
queilite, alopecia, dor óssea e articular, cefaléia,
hepatotoxicidade e pseudotumor cerebral. Esta
síndrome foi inicialmente descrita em meados do século
XIX em expedições polares, durante as quais os
exploradores a apresentavam ao ingerir fígado de urso
polar. Em 1943 a substância tóxica presente no fígado
17
dos ursos foi identificada como sendo a vitamina A .
O efeito adverso mais grave associado ao uso da
isotretinoína oral é a teratogênese. Os dados actuais
indicam que a exposição a doses de 0,4 a 1.5
mg/kg/dia de isotretinoína durante as primeiras sema-
nas de gestação causa aborto espontâneo em 22% dos
casos e malformações congênitas em 18%. No entanto,
a relação entre o tempo de exposição, a dose utilizada, o
período gestacional e os defeitos observados, permane-
8
cem não esclarecidos .Desta forma, conclui-se que não
existe um nível seguro de exposição durante a embriogê-
nese, e que, qualquer dose terapêutica é potente o
bastante para poder desencadeá-la.
As malformações observadas com a isotretinoína são
tão características que são conhecidas como embrio-
4.1. Teratogenicidade
8,17
patia retinóide . O padrão destes defeitos inclui
anomalias do sistema nervoso central, sistema
cardiovascular, ouvido externo, olhos, timo, além de
deformidades craniofaciais, como apresentadas no
Quadro II.
Além das malformações anatômicas, problemas de
desenvolvimento incluindo defeitos sensoriais, motores e
cognitivos o relatados em 50% das crianças
aparentemente normais cujas mães se expuseram a
isotretinoína durante a gestação. Estes problemas
incluem, surdez, amaurose e dificuldade de
8,40
aprendizado .
O principal mecanismo implicado nas malformações
embrionárias observadas durante a terapia com a
isotretinoína está relacionado com a inibição da
migração de células da crista neural, principalmente
quando a exposição ocorre durante a quarta semana de
gestação. Até o presente momento, nenhuma
formação fetal típica foi relatada em gestações nas quais
o genitor estivesse em uso de isotretinoína oral no
período da concepção. Apesar disto, é recomendável
que homens que estejam activamente tentando ser pais,
4
evitem a terapia com retinóides .
As alterações mucocutâneas compreendem o efeito
adverso mais comum observado durante a terapia com
a isotretinoína oral, e refletem principalmente a
4.2. Efeitos Mucocutâneos
- Embriopatia Retinóide:
Malformações de:
SNC
Cardiovascular
Ouvido externo
Olhos
Timo
Craniofaciais
- Surdez
- Amaurose
- Dificuldade de aprendizado
- Depressão (?)
- Suicídio (?)
- Náusea
- Diarréia
- Dor abdominal
- Colite, Ileíte
- Pancreatite
- Hepatite
- Apendicite
- Esofagite
- Exacerbação de doença inflamatória
intestinal (?)
- Artralgia
- Alterações hiperostóticas
- Fechamento prematuro das epífises
ósseas
- Xeroftalmia
- Blefaroconjuntivite
- Conjuntivite estafilocócica
- Ceratite
- Ulceração da córnea
- Perda da visão noturna
- Cefaléia
- Astenia
- Mialgia
- Pseudotumor cerebral
EFEITOS COLATERAIS DA ISOTRETINOÍNA
Quadro II
Oftalmológicos
Neuromusculares
Gastrointestinais
Ósteo-Articulares
Teratogenia
Psiquiátricos
Fig. 3 - Granuloma piogénico periungueal devido ao
uso de isotretinoína oral.
Educação Médica Contínua
318
diminuição da produção de sebo e a diminuição da
espessura do estrato córneo. Embora desagradáveis
estas alterações são dose dependentes e totalmente
reversíveis com a suspensão da droga. Dentre elas, a
mais comum, ocorrendo em aproximadamente 100%
dos pacientes é a queilite, que funciona como um
marcador de adesão ao tratamento.
Formas graves de queilite exfoliativa e erosiva,
causando grande desconforto e problemas estéticos,
têm sido relatadas. Para atenuar esta intercorrência,
podem ser utilizados bastões labiais contendo
emolientes. Além da queilite, pode ocorrer resseca-
mento da mucosa nasal e epistaxe, esta geralmente
moderada e autolimitada. Solões lubrificantes
aplicadas nas narinas são úteis no alívio destes
41
sintomas .
Xerose clinicamente significativa ocorre em menos de
50% dos pacientes e geralmente está associada com
prurido importante. Isto ocorre mais frequentemente em
pacientes atópicos, e em meses de Inverno.
Fotossensibilidade também pode ocorrer no curso do
8,17,42
tratamento . Ocasionalmente ocorre descamação
palmar e plantar. No entanto esta intercorrência é mais
comum com o uso da acitretina do que com a
17
isotretinoína . Exacerbação da asma brônquica por
provável ressecamento da mucosa pulmonar também
43
foi relatada em alguns pacientes .
Fragilidade cutânea e alterações no processo da
cicatrização ocorrem durante o tratamento com a
isotretinoína sendo por isto recomendável evitar
procedimentos ablativos, como a dermoabrasão, por
17
pelo menos seis meses após o término do tratamento . A
isotretinoína, por estimular o surgimento de tecido de
granulação, pode desencadear lesões granuloma
piogênico like nas lesões pré-existentes de acne. Em
locais de mínimos traumas como a região periungueal,
sítio comum em pacientes com psoríase em uso de
acitretina, raramente estas lesões podem ser observa-
44
das (Figs. 3 e 4).
Exacerbação das lesões pré-existentes de acne ou
flare up é um efeito colateral bem conhecido, que ocorre
em aproximadamente 7,5% dos pacientes geralmente
nas primeiras semanas de tratamento com a isotreti-
noína oral. Provavelmente é causado pela repentina
mudança do microambiente no ducto da glândula
sebácea, o que tornaria o local inóspito para o P. acnes.
A bactéria consequentemente morreria e substâncias
inflamatórias que mediariam este processo seriam
45,46
liberadas . Quadros mais graves, conhecidos como
acne fulminans like com lesões destrutivas ulceradas,
leucocitose, poliartralgia e febre, raramente podem ser
precipitados pela istretinoína oral. Nestes casos deve-se
reduzir a dose diária de isotretinoína bem como associar
ao tratamento corticóides e /ou antibióticos orais (Fig. 5).
Como podemos observar esta exacerbação da acne
é um fenômeno espectral, que vai desde casos com
discreta piora das lesões , que geralmente é contornada
com a associação de terapêutica local, até quadros
bastante graves com comprometimento sistêmico e
evolução com cicatrizes inestéticas, necessitando muitas
vezes da interrupção do tratamento com a
12,45,47
isotretinoína . Os factores de risco para o flare up
são, sexo masculino, idade inferior a 17 anos e presença
de macrocomedões. É importante salientar que, com o
conhecimento actual acerca deste fenômeno pode-se
muitas vezes evitá-lo, instituindo-se terautica
Fig. 4 - Granuloma piogénico periungueal por isotreti-
noína oral, após o tratamento com aplicação tópica de
solução de ácido tricloroacético a 90%.
Fig. 5 - “Flare-up” no início do tratamento com
isotretinoína oral em paciente com acne vulgar.
Educação Médica Contínua
319
profilática com corticóides sistêmicos, bem como iniciar
12,45
o tratamento com doses reduzidas de isotretinoína .
Durante o tratamento com a isotretinoína oral as
unhas podem ficar frágeis, e sem brilho. Onicorrexe,
onicosquizia e onicólise podem ocorrer. Outras
alterações relatadas são, paroníquia e excesso de tecido
8,49,50
de granulação periungueal . Além disto pode ocorrer
eflúvio telógeno agudo, embora seja mais comum nos
pacientes em tratamento com acitretina. Este processo
começa entre a terceira e oitava semanas de tratamento
e cessa entre sexta e oitava semanas após a suspensão
8
da droga . Raros casos de alopecia persistente foram
17
relatados .
A vitamina E (a- tocoferol) 800 UI/dia tem sido
utilizada para minimizar alguns dos efeitos adversos da
isotretinoína em pacientes com câncer, porém os
mesmos resultados não foram observados nos pacientes
com acne tratando com isotretinoína. É possível que isto
ocorra por causa das doses muito mais altas de
isotretinoína empregadas na quimioterapia para o
51
câncer .
Cefaleia, astenia e letargia podem ocasionalmente
ocorrer durante a terapia sistêmica com a isotretinoína.
Se a cefaleia se tornar intensa, persistente e
principalmente se for acompanhada de náuseas, vômi-
tos e turvação visual, deve-se levantar a possibilidade de
pseudotumor cerebral e a isotretinoína suspensa
imediatamente. O uso concomitante da isotretinoína
oral com outras drogas também relacionadas à
hipertensão intracraniana benigna ou pseudotumor
cerebral (como as tetraciclinas) deve ser evitado pela
4. 3. Efeitos neuromusculares
possibilidade de potencialização deste efeito
3,17,52
adverso .
Mialgia ocorre em aproximadamente 15% dos
pacientes tratados com isotretinoína. Pode estar associa-
da a uma elevação dos níveis de creatinofosfoquinase
CPK), e é descrita principalmente após exercícios físicos
vigorosos. Na anamnese deve-se perguntar sobre a
prática de exercício físicos intensos, e ponderar sobre a
necessidade de reduzir a actividade física durante o
8,53
tratamento .
Existe uma grande preocupação a respeito de uma
possível associão entre o uso da isotretinna e
alterações psiquiátricas. Os dados encontrados na
literatura científica são conflitantes. Depressão e
suicídio durante e após o tratamento com a
isotretinoína oral têm sido relatados desde 1983. Em
1996 dois casos de suidio foram relatados em
pacientes tratando com isotretinoína. Em 1998, esta
complicação foi adicionada à bula da medicão.
Alguns casos relatados, realmente parecem
estabelecer uma relação de causa e efeito, pois a
depreso surge com o icio da medicação, melhora
com a suspensão da droga, e retorna com a reintro-
56
dução do medicamento . No entanto, Jick et al não
conseguiram mostrar uma associação entre suidio e
outras alterões psiqutricas e a isotretinna oral em
54
uma grande coorte de pacientes com acne . Por outro
lado, existem evidências de que pacientes com acne
tratados com isotretinoína apresentam melhora da
ansiedade e depressão conforme ocorre a melhora
clínica do quadro. Assim sendo, conclui-se que os
poucos estudos disponíveis sobre o assunto contêm
falhas metodológicas o que dificulta o estabelecimento
55
de causalidade . Apesar disto deve-se estar atento
para qualquer alterão de comportamento e humor
destes pacientes durante o tratamento, e em alguns
casos uma avaliação psiquiátrica é necessária.
Assim como as outras mucosas, a conjuntiva ocular
também pode evoluir com ressecamento significativo em
aproximadamente um terço dos pacientes tratados com
isotretinoína. As glândulas de “Meibomiancomo ocorre
com as demais glândulas sebáceas também diminuem
sua secreção, levando à xeroftalmia, o que predispõe o
aparecimento de blefaroconjuntivite, conjuntivite
estafilocócica, ceratite, e em casos extremos ulceração
da córnea. Os pacientes que usam lentes de contato
4.4. Alterações psiquiátricas
4.5. Alterações oftalmológicas
Fig. 3 - Granuloma piogénico periungueal devido ao
uso de isotretinoína oral.
Educação Médica Contínua
318
diminuição da produção de sebo e a diminuição da
espessura do estrato córneo. Embora desagradáveis
estas alterações são dose dependentes e totalmente
reversíveis com a suspensão da droga. Dentre elas, a
mais comum, ocorrendo em aproximadamente 100%
dos pacientes é a queilite, que funciona como um
marcador de adesão ao tratamento.
Formas graves de queilite exfoliativa e erosiva,
causando grande desconforto e problemas estéticos,
têm sido relatadas. Para atenuar esta intercorrência,
podem ser utilizados bastões labiais contendo
emolientes. Além da queilite, pode ocorrer resseca-
mento da mucosa nasal e epistaxe, esta geralmente
moderada e autolimitada. Solões lubrificantes
aplicadas nas narinas são úteis no alívio destes
41
sintomas .
Xerose clinicamente significativa ocorre em menos de
50% dos pacientes e geralmente está associada com
prurido importante. Isto ocorre mais frequentemente em
pacientes atópicos, e em meses de Inverno.
Fotossensibilidade também pode ocorrer no curso do
8,17,42
tratamento . Ocasionalmente ocorre descamação
palmar e plantar. No entanto esta intercorrência é mais
comum com o uso da acitretina do que com a
17
isotretinoína . Exacerbação da asma brônquica por
provável ressecamento da mucosa pulmonar também
43
foi relatada em alguns pacientes .
Fragilidade cutânea e alterações no processo da
cicatrização ocorrem durante o tratamento com a
isotretinoína sendo por isto recomendável evitar
procedimentos ablativos, como a dermoabrasão, por
17
pelo menos seis meses após o término do tratamento . A
isotretinoína, por estimular o surgimento de tecido de
granulação, pode desencadear lesões granuloma
piogênico like nas lesões pré-existentes de acne. Em
locais de mínimos traumas como a região periungueal,
sítio comum em pacientes com psoríase em uso de
acitretina, raramente estas lesões podem ser observa-
44
das (Figs. 3 e 4).
Exacerbação das lesões pré-existentes de acne ou
flare up é um efeito colateral bem conhecido, que ocorre
em aproximadamente 7,5% dos pacientes geralmente
nas primeiras semanas de tratamento com a isotreti-
noína oral. Provavelmente é causado pela repentina
mudança do microambiente no ducto da glândula
sebácea, o que tornaria o local inóspito para o P. acnes.
A bactéria consequentemente morreria e substâncias
inflamatórias que mediariam este processo seriam
45,46
liberadas . Quadros mais graves, conhecidos como
acne fulminans like com lesões destrutivas ulceradas,
leucocitose, poliartralgia e febre, raramente podem ser
precipitados pela istretinoína oral. Nestes casos deve-se
reduzir a dose diária de isotretinoína bem como associar
ao tratamento corticóides e /ou antibióticos orais (Fig. 5).
Como podemos observar esta exacerbação da acne
é um fenômeno espectral, que vai desde casos com
discreta piora das lesões , que geralmente é contornada
com a associação de terapêutica local, até quadros
bastante graves com comprometimento sistêmico e
evolução com cicatrizes inestéticas, necessitando muitas
vezes da interrupção do tratamento com a
12,45,47
isotretinoína . Os factores de risco para o flare up
são, sexo masculino, idade inferior a 17 anos e presença
de macrocomedões. É importante salientar que, com o
conhecimento actual acerca deste fenômeno pode-se
muitas vezes evitá-lo, instituindo-se terapêutica
Fig. 4 - Granuloma piogénico periungueal por isotreti-
noína oral, após o tratamento com aplicação tópica de
solução de ácido tricloroacético a 90%.
Fig. 5 - “Flare-up” no início do tratamento com
isotretinoína oral em paciente com acne vulgar.
Educação Médica Contínua
319
profilática com corticóides sistêmicos, bem como iniciar
12,45
o tratamento com doses reduzidas de isotretinoína .
Durante o tratamento com a isotretinoína oral as
unhas podem ficar frágeis, e sem brilho. Onicorrexe,
onicosquizia e onicólise podem ocorrer. Outras
alterações relatadas são, paroníquia e excesso de tecido
8,49,50
de granulação periungueal . Além disto pode ocorrer
eflúvio telógeno agudo, embora seja mais comum nos
pacientes em tratamento com acitretina. Este processo
começa entre a terceira e oitava semanas de tratamento
e cessa entre sexta e oitava semanas após a suspensão
8
da droga . Raros casos de alopecia persistente foram
17
relatados .
A vitamina E (a- tocoferol) 800 UI/dia tem sido
utilizada para minimizar alguns dos efeitos adversos da
isotretinoína em pacientes com câncer, porém os
mesmos resultados não foram observados nos pacientes
com acne tratando com isotretinoína. É possível que isto
ocorra por causa das doses muito mais altas de
isotretinoína empregadas na quimioterapia para o
51
câncer .
Cefaleia, astenia e letargia podem ocasionalmente
ocorrer durante a terapia sistêmica com a isotretinoína.
Se a cefaleia se tornar intensa, persistente e
principalmente se for acompanhada de náuseas, vômi-
tos e turvação visual, deve-se levantar a possibilidade de
pseudotumor cerebral e a isotretinoína suspensa
imediatamente. O uso concomitante da isotretinoína
oral com outras drogas também relacionadas à
hipertensão intracraniana benigna ou pseudotumor
cerebral (como as tetraciclinas) deve ser evitado pela
4. 3. Efeitos neuromusculares
possibilidade de potencialização deste efeito
3,17,52
adverso .
Mialgia ocorre em aproximadamente 15% dos
pacientes tratados com isotretinoína. Pode estar associa-
da a uma elevação dos níveis de creatinofosfoquinase
CPK), e é descrita principalmente após exercícios físicos
vigorosos. Na anamnese deve-se perguntar sobre a
prática de exercício físicos intensos, e ponderar sobre a
necessidade de reduzir a actividade física durante o
8,53
tratamento .
Existe uma grande preocupação a respeito de uma
possível associão entre o uso da isotretinna e
alterações psiquiátricas. Os dados encontrados na
literatura científica são conflitantes. Depressão e
suicídio durante e após o tratamento com a
isotretinoína oral têm sido relatados desde 1983. Em
1996 dois casos de suidio foram relatados em
pacientes tratando com isotretinoína. Em 1998, esta
complicação foi adicionada à bula da medicão.
Alguns casos relatados, realmente parecem
estabelecer uma relação de causa e efeito, pois a
depreso surge com o icio da medicação, melhora
com a suspensão da droga, e retorna com a reintro-
56
dução do medicamento . No entanto, Jick et al não
conseguiram mostrar uma associação entre suidio e
outras alterões psiqutricas e a isotretinna oral em
54
uma grande coorte de pacientes com acne . Por outro
lado, existem evidências de que pacientes com acne
tratados com isotretinoína apresentam melhora da
ansiedade e depressão conforme ocorre a melhora
clínica do quadro. Assim sendo, conclui-se que os
poucos estudos disponíveis sobre o assunto contêm
falhas metodológicas o que dificulta o estabelecimento
55
de causalidade . Apesar disto deve-se estar atento
para qualquer alterão de comportamento e humor
destes pacientes durante o tratamento, e em alguns
casos uma avaliação psiquiátrica é necessária.
Assim como as outras mucosas, a conjuntiva ocular
também pode evoluir com ressecamento significativo em
aproximadamente um terço dos pacientes tratados com
isotretinoína. As glândulas de “Meibomiancomo ocorre
com as demais glândulas sebáceas também diminuem
sua secreção, levando à xeroftalmia, o que predispõe o
aparecimento de blefaroconjuntivite, conjuntivite
estafilocócica, ceratite, e em casos extremos ulceração
da córnea. Os pacientes que usam lentes de contato
4.4. Alterações psiquiátricas
4.5. Alterações oftalmológicas
Educação Médica Contínua
320
devem ser monitorados com mais critério. O uso de
soluções lubrificantes oftalmológicas pode minimizar
17
estes sintomas . Perda da visão noturna (niclópia) pode
ocorrer, embora seja mais comum com ao uso sistêmico
2
da fenretidina .
Sintomas gastrintestinais inespeficos, como
náusea, diarreia e dor abdominal são relatados com a
terapia sistêmica com a isotretinoína. Existem dados
discordantes na literatura a respeito da possibilidade da
isotretinoína desencadear ou exacerbar os sintomas de
doença inflamatória intestinal. Outros efeitos adversos
gastrointestinais relatados são, pancreatite, devido a
hipertrigliceridemia, hepatite, apendicite, esofagite,
ileíte e colite. Geralmente estes efeitos são reversíveis
8
com a suspensão da droga .
Artralgia pode ocorrer durante o tratamento com a
isotretinoína oral, principalmente em pacientes que
praticam exercícios físicos intensos. Este efeito costuma
melhorar com o uso de antiinflamarios o
57
hormonais . Poucos casos de artrite aguda foram
relatados no curso da terapia com a isotretinoína e a
8,58
maioria deles reversíveis com a interrupção da droga .
Por isto é que se recomenda evitar actividade física
intensa.
As alterações ósseas causadas pela isotretinoína
oral, podem ocorrer tanto em cursos pequenos quanto
em longos e estes efeitos geralmente persistem após a
descontinuação da terapiao que é um motivo de grande
preocupação por parte dos médicos que a prescrevem.
Alterações hiperostóticas, com a formação de osteófitos
e calcificações de tendões e ligamentos, correspondem
às alterações ósseas mais frequentemente associadas à
terapia com retinóides sistêmicos. Estas alterações se
assemelham àquelas observadas na hiperostose difusa
idiopática do esqueleto (DISH). DISH é uma doença que
corre predominantemente na coluna espinhal, e na
radiografia observa-se calcificações ao longo do
ligamento espinhal anterior. No entanto, tendões e
ligamentos situados fora da coluna também podem ser
acometidos. No diagnóstico diferencial destas altera-
ções ósseas deve-se considerar a osteoartrite. Entre-
tanto, na osteoartrite estas alterações são vistas em
associação com diminuição dos espaços intervertebrais,
57
o que não ocorre na DISH .
A hiperostose decorrente do uso de retinóides está
relacionada com a dose e a duração do tratamento.
Aproximadamente 10 % dos pacientes que são tratados
4.6. Alterações gastrintestinais
4.7. Alterações ósteo-articulares
para acne com isotretinoína oral no esquema conven-
cional irão apresentar tais alterações. Com altas doses
as alterações são mais proeminentes e mais precoces.
Mesmo quando utilizada em baixas doses, se for por um
período longo a hiperostose pode ocorrer. Depois de 5
anos de tratamento quase todos os pacientes
apresentaram algum grau de toxicidade óssea.
A monitoração destes efeitos sobre os ossos deve ser
feita com radiografias do esqueleto periódicas em
indivíduos com maior probabilidade de desenvolvê-las.
Uma outra alteração óssea relacionada a isotretinoí-
na é o fechamento prematuro das epífises ósseas. Sua
ocorrência está relacionada com a dose e a duração do
tratamento, geralmente ocorrendo com altas doses ou
em cursos longos de terapia com a isotretinoína. É uma
afecção rara, que acomete somente crianças e pode ser
reversível ou não. Receptores retinóides específicos
podem estar envolvidos com o fechamento prematuro
57,59
das epífises .
Embora incomuns, osteoporose e remodelação dos
ossos longos têm sido relatadas em tratamentos longos
57
ou com altas doses de isotretinoína oral .
Os efeitos ósseos merecem atenção, pois podem
persistir e até progredir com a idade, independente de
interrupção do tratamento. Um acompanhamento com
radiografias do esqueleto prévia e periódica durante a
terapia são de grande relevância principalmente em
tratamentos longos ou com altas doses diárias.
O impacto da isotretinoína na função hepática e no
metabolismo dos lipídios merece uma atenção especial
por parte dos médicos que a prescrevem.
Aproximadamente 15% dos pacientes tratados com
isotretinoína sistêmica apresentam elevação transitória
das aminotransferases, fosfatase alcalina, desidroge-
nase lática e bilirrubinas. No entanto, hepatotoxicidade
grave e persistente ocorre em menos de 1% dos
pacientes. A elevação das transaminases a um valor até
três vezes maior que o normal, requer diminuição da
dose, enquanto que num aumento maior que três vezes
o normal a suspensão da droga é recomendada, até que
4
haja normalização dos testes de função hepática .
As principais alterações laboratoriais observadas
com a isotretinoína oral se referem ao metabolismo dos
lipídios. Hipertrigliceridemia reversível, de discreta a
moderada é relatada em 25% dos pacientes durante o
primeiro mês de tratamento. O aumento concomitante
do colesterol LDL e diminuição do colesterol HDL
também são frequentemente observados nestes pacien-
4.8. Alterações laboratoriais
Educação Médica Contínua
321
tes. Enquanto a elevação dos níveis de triglicerídeos é
imprevisível, o aumento do colesterol é observado
principalmente em pacientes com hiperlipidemia e
obesidade pré-existentes. O mecanismo destas
alterações não está bem estabelecido, no entanto a
hipertrigliceridemia parece estar relacionada, pelo
menos em parte, a um aumento da expressão da
molécula apo C-III que age como antagonista do
catabolismo dos trglicerídeos séricos, e que é mediada
8
pelo receptor X de retinóides .
Embora tenha sido aventada a possibilidade de
aumento do risco de doença cardiovascular, isto não foi
observado em pacientes jovens e saudáveis durante a
terapia com a isotretinoína. Além disto, pancreatite
aguda pode ocorrer, embora seja pouco frequente, em
60
pacientes com hipertrigliceridemia grave .
Após a suspensão da droga, geralmente os níveis de
lipídeos retornam ao normal em poucos meses. Valores
de triglicerídeos acima de 500mg/dl requerem redução
da dose ou introdução de agentes hipolipemiantes. Não
havendo resposta a estas medidas deve-se suspender a
61
medicação .
Outras alterações laboratoriais reversíveis e dose-
-dependentes são, a leucopenia com neutrofilia,
trombocitopenia, agranulocitose, elevação da velocida-
de de hemossedimentação, aumento da homocisteína, e
8
do ácido úrico .
Uma preocupação dos médicos que prescrevem a
isotretinoína oral é de como acompanhar seus pacientes
durante o tratamento, de modo a proporcionar uma
terapêutica segura. Alguns estudos, conferências e até
guidelines foram desenvolvidos com o objectivo de
V. MONITORIZAÇÃO LABORATORIAL
padronizar quais e quando os exames laboratoriais
devem ser solicitados, com intuito de monitorar os
pacientes e, assim, determinar a diminuição ou
48,55,62
interrupção da droga , o que pode-se observar no
Quadro III.
O efeito adverso mais grave e temido é, sem dúvida,
a teratogênese. Por isto é de extrema importância que
antes de se prescrever a isotretinoína para mulheres em
idade fértil, estas sejam esclarecidas sobre os possíveis
danos provocados ao feto em caso de gravidez durante
o tratamento, bem como instituir método anticoncepcio-
nal eficaz para todas elas, inclusive aquelas que não
tinham actividade sexual no início do tratamento, pois
podem vir a ter durante a terapia. É importante salientar
que as pacientes devem utilizar dois todos
contraceptivos e que eles devem ser iniciados um mês
55
antes do início do tratamento .
Antes de iniciar a terapia com isotretinoína sistêmica
é recomendável a realização de dois testes de gravidez,
de preferência o b-HCG, sendo que o segundo deve ser
feito nos primeiros dias do ciclo menstrual. Após o
segundo resultado negativo o tratamento pode ser
instituído, e novas dosagens de b-HCG devem ser
55
solicitadas a cada mês .
As anormalidades laboratoriais mais comuns em
pacientes utilizando isotretinoína oral são elevações dos
níveis de triglicerídeos e, em menor grau, nos níveis de
colesterol. Portanto, recomenda-se a avaliação
55
periódica do perfil lipídico destes pacientes .
Embora comumente as elevões das enzimas
heticas sejam leves, reverveis e apenas em raros
casos clinicamente significativas, recomenda-se a
monitoração das aminotransferases (AST e ALT). Não
consenso acerca da monitorão de outros parâmetros
laboratoriais, incluindo hemograma, enzimas musculares
e pancreáticas, ou veis séricos de lcio. Apesar disto é
Repetir no 2º dia do próximo ciclo menstrual, e a cada 4 semanas
Repetir em 4-6 semanas, depois a cada 3 meses ou a critério médico
Repetir em 4-6 semanas, depois a cada 3 meses ou a critério médico
Repetir em 2-3 semanas, e depois a cada 4 semanas ou a critério
médico
Repetir mensalmente em pacientes jovens que pratiquem esportes
Repetir a critério médico
ß-HCG
Hemograma Completo, VHS
TGO (AST), TGP (ALT), Fosfatase Alcalina, Gama-GT,
Bilirrubinas
Colesterol total, VLDL, HDL, Triglicerídeos
Creatinofosfoquinase
Ureia, Creatinina
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL
Quadro III
Exames Iniciais (primeira consulta) Acompanhamento
Educação Médica Contínua
320
devem ser monitorados com mais critério. O uso de
soluções lubrificantes oftalmológicas pode minimizar
17
estes sintomas . Perda da visão noturna (niclópia) pode
ocorrer, embora seja mais comum com ao uso sistêmico
2
da fenretidina .
Sintomas gastrintestinais inespeficos, como
náusea, diarreia e dor abdominal são relatados com a
terapia sistêmica com a isotretinoína. Existem dados
discordantes na literatura a respeito da possibilidade da
isotretinoína desencadear ou exacerbar os sintomas de
doença inflamatória intestinal. Outros efeitos adversos
gastrointestinais relatados são, pancreatite, devido a
hipertrigliceridemia, hepatite, apendicite, esofagite,
ileíte e colite. Geralmente estes efeitos são reversíveis
8
com a suspensão da droga .
Artralgia pode ocorrer durante o tratamento com a
isotretinoína oral, principalmente em pacientes que
praticam exercícios físicos intensos. Este efeito costuma
melhorar com o uso de antiinflamarios o
57
hormonais . Poucos casos de artrite aguda foram
relatados no curso da terapia com a isotretinoína e a
8,58
maioria deles reversíveis com a interrupção da droga .
Por isto é que se recomenda evitar actividade física
intensa.
As alterações ósseas causadas pela isotretinoína
oral, podem ocorrer tanto em cursos pequenos quanto
em longos e estes efeitos geralmente persistem após a
descontinuação da terapiao que é um motivo de grande
preocupação por parte dos médicos que a prescrevem.
Alterações hiperostóticas, com a formação de osteófitos
e calcificações de tendões e ligamentos, correspondem
às alterações ósseas mais frequentemente associadas à
terapia com retinóides sistêmicos. Estas alterações se
assemelham àquelas observadas na hiperostose difusa
idiopática do esqueleto (DISH). DISH é uma doença que
corre predominantemente na coluna espinhal, e na
radiografia observa-se calcificações ao longo do
ligamento espinhal anterior. No entanto, tendões e
ligamentos situados fora da coluna também podem ser
acometidos. No diagnóstico diferencial destas altera-
ções ósseas deve-se considerar a osteoartrite. Entre-
tanto, na osteoartrite estas alterações são vistas em
associação com diminuição dos espaços intervertebrais,
57
o que não ocorre na DISH .
A hiperostose decorrente do uso de retinóides está
relacionada com a dose e a duração do tratamento.
Aproximadamente 10 % dos pacientes que são tratados
4.6. Alterações gastrintestinais
4.7. Alterações ósteo-articulares
para acne com isotretinoína oral no esquema conven-
cional irão apresentar tais alterações. Com altas doses
as alterações são mais proeminentes e mais precoces.
Mesmo quando utilizada em baixas doses, se for por um
período longo a hiperostose pode ocorrer. Depois de 5
anos de tratamento quase todos os pacientes
apresentaram algum grau de toxicidade óssea.
A monitoração destes efeitos sobre os ossos deve ser
feita com radiografias do esqueleto periódicas em
indivíduos com maior probabilidade de desenvolvê-las.
Uma outra alteração óssea relacionada a isotretinoí-
na é o fechamento prematuro das epífises ósseas. Sua
ocorrência está relacionada com a dose e a duração do
tratamento, geralmente ocorrendo com altas doses ou
em cursos longos de terapia com a isotretinoína. É uma
afecção rara, que acomete somente crianças e pode ser
reversível ou não. Receptores retinóides específicos
podem estar envolvidos com o fechamento prematuro
57,59
das epífises .
Embora incomuns, osteoporose e remodelação dos
ossos longos têm sido relatadas em tratamentos longos
57
ou com altas doses de isotretinoína oral .
Os efeitos ósseos merecem atenção, pois podem
persistir e até progredir com a idade, independente de
interrupção do tratamento. Um acompanhamento com
radiografias do esqueleto prévia e periódica durante a
terapia são de grande relevância principalmente em
tratamentos longos ou com altas doses diárias.
O impacto da isotretinoína na função hepática e no
metabolismo dos lipídios merece uma atenção especial
por parte dos médicos que a prescrevem.
Aproximadamente 15% dos pacientes tratados com
isotretinoína sistêmica apresentam elevação transitória
das aminotransferases, fosfatase alcalina, desidroge-
nase lática e bilirrubinas. No entanto, hepatotoxicidade
grave e persistente ocorre em menos de 1% dos
pacientes. A elevação das transaminases a um valor até
três vezes maior que o normal, requer diminuição da
dose, enquanto que num aumento maior que três vezes
o normal a suspensão da droga é recomendada, até que
4
haja normalização dos testes de função hepática .
As principais alterações laboratoriais observadas
com a isotretinoína oral se referem ao metabolismo dos
lipídios. Hipertrigliceridemia reversível, de discreta a
moderada é relatada em 25% dos pacientes durante o
primeiro mês de tratamento. O aumento concomitante
do colesterol LDL e diminuição do colesterol HDL
também são frequentemente observados nestes pacien-
4.8. Alterações laboratoriais
Educação Médica Contínua
321
tes. Enquanto a elevação dos níveis de triglicerídeos é
imprevisível, o aumento do colesterol é observado
principalmente em pacientes com hiperlipidemia e
obesidade pré-existentes. O mecanismo destas
alterações não está bem estabelecido, no entanto a
hipertrigliceridemia parece estar relacionada, pelo
menos em parte, a um aumento da expressão da
molécula apo C-III que age como antagonista do
catabolismo dos trglicerídeos séricos, e que é mediada
8
pelo receptor X de retinóides .
Embora tenha sido aventada a possibilidade de
aumento do risco de doença cardiovascular, isto não foi
observado em pacientes jovens e saudáveis durante a
terapia com a isotretinoína. Além disto, pancreatite
aguda pode ocorrer, embora seja pouco frequente, em
60
pacientes com hipertrigliceridemia grave .
Após a suspensão da droga, geralmente os níveis de
lipídeos retornam ao normal em poucos meses. Valores
de triglicerídeos acima de 500mg/dl requerem redução
da dose ou introdução de agentes hipolipemiantes. Não
havendo resposta a estas medidas deve-se suspender a
61
medicação .
Outras alterações laboratoriais reversíveis e dose-
-dependentes são, a leucopenia com neutrofilia,
trombocitopenia, agranulocitose, elevação da velocida-
de de hemossedimentação, aumento da homocisteína, e
8
do ácido úrico .
Uma preocupação dos médicos que prescrevem a
isotretinoína oral é de como acompanhar seus pacientes
durante o tratamento, de modo a proporcionar uma
terapêutica segura. Alguns estudos, conferências e até
guidelines foram desenvolvidos com o objectivo de
V. MONITORIZAÇÃO LABORATORIAL
padronizar quais e quando os exames laboratoriais
devem ser solicitados, com intuito de monitorar os
pacientes e, assim, determinar a diminuição ou
48,55,62
interrupção da droga , o que pode-se observar no
Quadro III.
O efeito adverso mais grave e temido é, sem dúvida,
a teratogênese. Por isto é de extrema importância que
antes de se prescrever a isotretinoína para mulheres em
idade fértil, estas sejam esclarecidas sobre os possíveis
danos provocados ao feto em caso de gravidez durante
o tratamento, bem como instituir método anticoncepcio-
nal eficaz para todas elas, inclusive aquelas que não
tinham actividade sexual no início do tratamento, pois
podem vir a ter durante a terapia. É importante salientar
que as pacientes devem utilizar dois todos
contraceptivos e que eles devem ser iniciados um mês
55
antes do início do tratamento .
Antes de iniciar a terapia com isotretinoína sistêmica
é recomendável a realização de dois testes de gravidez,
de preferência o b-HCG, sendo que o segundo deve ser
feito nos primeiros dias do ciclo menstrual. Após o
segundo resultado negativo o tratamento pode ser
instituído, e novas dosagens de b-HCG devem ser
55
solicitadas a cada mês .
As anormalidades laboratoriais mais comuns em
pacientes utilizando isotretinoína oral são elevações dos
níveis de triglicerídeos e, em menor grau, nos níveis de
colesterol. Portanto, recomenda-se a avaliação
55
periódica do perfil lipídico destes pacientes .
Embora comumente as elevões das enzimas
heticas sejam leves, reverveis e apenas em raros
casos clinicamente significativas, recomenda-se a
monitoração das aminotransferases (AST e ALT). Não
consenso acerca da monitorão de outros parâmetros
laboratoriais, incluindo hemograma, enzimas musculares
e pancreáticas, ou veis séricos de lcio. Apesar disto é
Repetir no 2º dia do próximo ciclo menstrual, e a cada 4 semanas
Repetir em 4-6 semanas, depois a cada 3 meses ou a critério médico
Repetir em 4-6 semanas, depois a cada 3 meses ou a critério médico
Repetir em 2-3 semanas, e depois a cada 4 semanas ou a critério
médico
Repetir mensalmente em pacientes jovens que pratiquem esportes
Repetir a critério médico
ß-HCG
Hemograma Completo, VHS
TGO (AST), TGP (ALT), Fosfatase Alcalina, Gama-GT,
Bilirrubinas
Colesterol total, VLDL, HDL, Triglicerídeos
Creatinofosfoquinase
Ureia, Creatinina
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL
Quadro III
Exames Iniciais (primeira consulta) Acompanhamento
Educação Médica Contínua
322
recomendável solicitar inicialmente hemograma,
hepatograma, perfil lipídico, glicemia, ureia, creatinina e
creatinofosfoquinase. A repetição destes exames deve
ser feita com 3 a 4 semanas após o início do tratamento, e
com aproximadamente 2 a 3 meses.
Em geral, não indicação para monitoração dos
efeitos tóxicos esqueléticos durante um curso isolado de
isotretinoína, porém em cursos repetidos ou uso
prolongado de se considerar este cuidado.
Actualmente, o estudo radiológico do esqueleto realiza-
do periodicamente, é a melhor forma de monitorar estes
pacientes, uma vez que a cintilografia óssea mostrou-se
pouco sensível para as alterações de hiperostose, que é
a principal anormalidade óssea associada à terapia
57
com retinóides .
As contra-indicações relativas e absolutas,
encontram-se detalhadas no Quadro IV.
VI. CONTRA-INDICAÇÕES
VII. CONCLUSÃO
A isotretinoína oral é uma droga excepcional, que
revolucionou o tratamento da acne e que a cada dia é
mais utilizada na prática dermatológica. Suas indica-
ções vêm aumentando com o passar dos anos, no
entanto devem-se considerar os seus efeitos colaterais,
muitos dos quais potencialmente graves e irreversíveis,
dando-se destaque à teratogenicidade e às alterações
ósseas.
É possível que no futuro novos compostos derivados
da vitamina A, com actuação mais específica sobre os
Leucopenia
Elevação moderada a grave do colesterol e dos triglicerídeos
Disfunção hepática
Disfunção renal
Gravidez ou mulher com potencial de gravidez
Má aderência aos métodos contraceptivos
Mães em aleitamento
Hiperssensibilidade ao parabeno (contido nas cápsulas
de Accutane)
CONTRA-INDICAÇÕES AO USO DA ISOTRETINOÍNA ORAL
Quadro IV
Absolutas Relativas
Adaptado de Nguyen, EQH; Wolverton SE: Systemic Retinoids. In: Wolverton SE, Comprehensive Dermatologic Drug Therapy;
WB Saunders Company 2001, pág. 281.
receptores retinóides possam surgir, diminuindo assim o
risco de tais efeitos colaterais.
Uma avaliação conscienciosa dos riscos e benefícios,
bem como uma monitoração clínica e laboratorial
cuidadosa podem assegurar um tratamento efectivo e
bastante seguro.
O que podemos observar na nossa prática clínica é
que a isotretinoína oral está sendo prescrita, em muitos
casos de maneira empírica, o que é preocupante, pois
faltam estudos científicos randomizados que
comprovem o seu efeito nestas doenças para que se
possa avaliar, de forma consciente, a relão
risco/benefício destas novas indicações.
O que podemos observar na nossa prática clínica é
que a isotretinoína oral está sendo prescrita em muitos
casos de maneira empírica o que é preocupante.
Faltam estudos científicos randomizados que com-
provem o seu efeito nestas doenças para que se possa
avaliar o risco e benefício destas novas indicações.
BIBLIOGRAFIA
1. Cooper AJ: Treatment of acne with isotretinoin: recom-
mendation based on Australian experience. Australa-
sian Journal of Dermatology 44: 97-105 (2005).
2. Azulay DR, Nakamura RC: Retinóides. In Azulay RD,
Azulay DR (eds.), Dermatologia ed, Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan S.A, 2004, pp 596-606.
3. Peck GL, DiGiovanna JJ: The retinoids. In Fitzpatrick
TB, Elsen AZ, Wolff K, Feedberg IM, Austen KF,
Goldsmith LA, Katz SI (eds.), Dermatology in General
Medicine, ed, New York, McGraw-Hill, 1999, pp
2810-2820.
Educação Médica Contínua
323
4. Kuenzli S, Saurat JH: Retinoids. In Bolognia J, Jorizzo
J, Rapini R, Dermatology, ed., Mosby, 2003 pp
1991-2006.
5. Nguyen EQH, Wolverton SE: Systemic Retinoids. In
Wolverton SE (ed.), Comprehensive Dermatologic
Drug Therapy, ed., Philadelphia, WB Saunders
Company, 2001, pp 269-310.
6. Akyol M, Özçelik S: Non-acne dermatologic indica-
tions for systemic isotretinoin. An J Clin Dermatol 6:
175-84 (2005).
7. Nulman I, Berkovitch M, Klein J et al: Steady-state
pharmacokinetics of isotretinoin and its 4-
oxometabolite: implication for fetal safety. J Clin
Pharmacol 38: 926-30 (1998).
8. Charakida A, Mouser PE, Chu AC: Safety and side
effects of the acne drug, oral isotretinoin. Expert Opin
Drug Saf 3 (2): 119-28 (2004).
9. Liu PT, Krutzik SR, Kim J, Modlin RL: Cutting edge: all-
trans retinoic acid down-regulates TLR2 expression
and function. J Immunol 174 (5): 2467-70 (2005).
10.Abulafia LA, Azulay RD, Azulay DR: Acne e doenças
afins. In Azulay RD, Azulay DR (eds.), ed., Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan SA, 2004, pp 325-331.
11.Exner JH et al: Pyogenic granuloma-like acne lesions
during isotretinoin therapy. Arch Dermatol 119: 808-
11 (1983).
12.Thompson KF, Cunliffe WJ: Acne fulminans “sine
fulminans”. Clin Exp Dermatol 25: 299-301 (2000).
13.Erdogan FG et al: Efficacy of low-dose isotretinoin in
patients with treatment-resistant rosacea. Arch
Dermatol 134: 884-5 (1998).
14.Nikolowski J, Plewig G: Oral treatment of rosacea
with 13-cis retinoic acid. Hautarzt 32: 575-84
(1981).
15.Firooz A, Firoozabadi MR, Doelati Y: Rosacea
fulminans (pyoderma faciale): successful treatment of
a 3-year old girl with oral isotretinoin. Int J Dermatol
40(3): 203-5 (2001).
16.Jansen T, Romiti R, Kreuter A, et al: Rosacea
fulminans triggered by high-dose vitamins B6 and
B12. J Eur Acad Dermatol Venereol 15: 484-5
(2001).
17.Ellis CN, Krach KJ: Uses and complications of
isotretinoin therapy. J Am Acad Dermatol 45: S150-7
(2001).
18.Clayton BD et al.: Adult pityriasis rubra pilar: a 10-
years case series. J Am Acad Dermatol 36: 959-64
(1997).
19.Rubeiz N, Kibbi AG: Management of ichthyosis in
infants and children. Clin Dermatol 21: 325-8
(2003).
20.Baden HP, Buxman NM, Weinstein GD: Treatment of
ichthyosis with isotretinoin. J Am Acad Dermatol 6(4
Pt 2 Suppl.): 716-20 (1982).
21.Pittsley RA, Yoder FW: Retinoid hyperostoses: skeletal
toxicity associated with long-term administration of
13-cis-retinoic acid for refractory ichthyosis. N Engl J
Med 308: 1012 (1983).
22.Honigsmann H, Wolff K: Isotretinoin-PUVA for
psoriasis. Lancet I: 236 (1983).
23.Anstey A, Hawk JLM: Isotretinoin-PUVA in women
with psoriasis. Br J Dermatol 136: 798-9 (1997).
24.Niles RM: Recent advances in the use of vitamin A
(retinoids) in the prevention and treatment of cancer.
Nutrition 16: 1084-90 (2000).
25.Lingen MW, Polverini PJ, Bouk NP: Inhibition of
squamous cell carcinoma angiogenesis by direct
interaction of retinoic acid with endotelial cells. Lab
Invest 74: 476-83 (1996).
26.Karukonda SRK: The effects of drug on wound
healing. Part II. Specific classes of drugs and their
effects on healing wounds. Int J Dermatol 39: 321-33
(2000).
27.Peck GL et al.: Chemoprevention of basal cell
carcinoma with isotretinoin. J Am Acad Dermatol 6:
815 (1982).
28.Kraemer KH, DiGiovanna JJ, et al.: Prevention of skin
cancer in xeroderma pigmentosum with the use of
oral isotretinoin. N Engl J Med 318: 1633-7 (1989).
29.Kraemer KH, DiGiovanna JJ, Peck GL:
Chemoprevention of skin cancer in xeroderma
pigmentosum. J Dermatol 19: 715-8 (1992).
30.DiGiovanna JJ: Retinoid chemoprevention in the
high-risk patient. J Am Acad Dermatol 39: S82-5
(1998).
31.Goldberg LH, Hsu SH, Alcalay J: Effectiveness of
isotretinoin in preventing the appearance of basal cell
carcinomas in basal cell nevus syndrome. J Am Acad
Dermatol 21: 144-5 (1989).
32.Tangrea JA et al.: Isotretinoin-basal cell carcinoma
prevention trial design, recruitment results and
baseline characteristics of the trial participants. Contr
Clin Trials 11: 433 (1990).
33.Tangrea JA et al.: Long-term therapy with low-dose
isotretinoin for prevention of basal cell carcinoma: A
multicenter clinical trial. J Natl Cancer Inst 84: 328
(1992).
34.Triozzi PL et al.: Isotretinoin and recombinant
interferon alfa-2a therapy of metastatic malignant
melanoma. Cancer Invest 14: 293-8 (1996).
35.Rosenthal MA, Oratz R: Phase II clinical trial of
recombinant alfa 2b interferon and 13 cis retinoic
Educação Médica Contínua
322
recomendável solicitar inicialmente hemograma,
hepatograma, perfil lipídico, glicemia, ureia, creatinina e
creatinofosfoquinase. A repetição destes exames deverá
ser feita com 3 a 4 semanas após o início do tratamento, e
com aproximadamente 2 a 3 meses.
Em geral, não indicação para monitoração dos
efeitos tóxicos esqueléticos durante um curso isolado de
isotretinoína, porém em cursos repetidos ou uso
prolongado de se considerar este cuidado.
Actualmente, o estudo radiológico do esqueleto realiza-
do periodicamente, é a melhor forma de monitorar estes
pacientes, uma vez que a cintilografia óssea mostrou-se
pouco sensível para as alterações de hiperostose, que é
a principal anormalidade óssea associada à terapia
57
com retinóides .
As contra-indicações relativas e absolutas,
encontram-se detalhadas no Quadro IV.
VI. CONTRA-INDICAÇÕES
VII. CONCLUSÃO
A isotretinoína oral é uma droga excepcional, que
revolucionou o tratamento da acne e que a cada dia é
mais utilizada na prática dermatológica. Suas indica-
ções vêm aumentando com o passar dos anos, no
entanto devem-se considerar os seus efeitos colaterais,
muitos dos quais potencialmente graves e irreversíveis,
dando-se destaque à teratogenicidade e às alterações
ósseas.
É possível que no futuro novos compostos derivados
da vitamina A, com actuação mais específica sobre os
Leucopenia
Elevação moderada a grave do colesterol e dos triglicerídeos
Disfunção hepática
Disfunção renal
Gravidez ou mulher com potencial de gravidez
Má aderência aos métodos contraceptivos
Mães em aleitamento
Hiperssensibilidade ao parabeno (contido nas cápsulas
de Accutane)
CONTRA-INDICAÇÕES AO USO DA ISOTRETINOÍNA ORAL
Quadro IV
Absolutas Relativas
Adaptado de Nguyen, EQH; Wolverton SE: Systemic Retinoids. In: Wolverton SE, Comprehensive Dermatologic Drug Therapy;
WB Saunders Company 2001, pág. 281.
receptores retinóides possam surgir, diminuindo assim o
risco de tais efeitos colaterais.
Uma avaliação conscienciosa dos riscos e benefícios,
bem como uma monitoração clínica e laboratorial
cuidadosa podem assegurar um tratamento efectivo e
bastante seguro.
O que podemos observar na nossa prática clínica é
que a isotretinoína oral está sendo prescrita, em muitos
casos de maneira empírica, o que é preocupante, pois
faltam estudos científicos randomizados que
comprovem o seu efeito nestas doenças para que se
possa avaliar, de forma consciente, a relão
risco/benefício destas novas indicações.
O que podemos observar na nossa prática clínica é
que a isotretinoína oral está sendo prescrita em muitos
casos de maneira empírica o que é preocupante.
Faltam estudos científicos randomizados que com-
provem o seu efeito nestas doenças para que se possa
avaliar o risco e benefício destas novas indicações.
BIBLIOGRAFIA
1. Cooper AJ: Treatment of acne with isotretinoin: recom-
mendation based on Australian experience. Australa-
sian Journal of Dermatology 44: 97-105 (2005).
2. Azulay DR, Nakamura RC: Retinóides. In Azulay RD,
Azulay DR (eds.), Dermatologia ed, Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan S.A, 2004, pp 596-606.
3. Peck GL, DiGiovanna JJ: The retinoids. In Fitzpatrick
TB, Elsen AZ, Wolff K, Feedberg IM, Austen KF,
Goldsmith LA, Katz SI (eds.), Dermatology in General
Medicine, ed, New York, McGraw-Hill, 1999, pp
2810-2820.
Educação Médica Contínua
323
4. Kuenzli S, Saurat JH: Retinoids. In Bolognia J, Jorizzo
J, Rapini R, Dermatology, ed., Mosby, 2003 pp
1991-2006.
5. Nguyen EQH, Wolverton SE: Systemic Retinoids. In
Wolverton SE (ed.), Comprehensive Dermatologic
Drug Therapy, ed., Philadelphia, WB Saunders
Company, 2001, pp 269-310.
6. Akyol M, Özçelik S: Non-acne dermatologic indica-
tions for systemic isotretinoin. An J Clin Dermatol 6:
175-84 (2005).
7. Nulman I, Berkovitch M, Klein J et al: Steady-state
pharmacokinetics of isotretinoin and its 4-
oxometabolite: implication for fetal safety. J Clin
Pharmacol 38: 926-30 (1998).
8. Charakida A, Mouser PE, Chu AC: Safety and side
effects of the acne drug, oral isotretinoin. Expert Opin
Drug Saf 3 (2): 119-28 (2004).
9. Liu PT, Krutzik SR, Kim J, Modlin RL: Cutting edge: all-
trans retinoic acid down-regulates TLR2 expression
and function. J Immunol 174 (5): 2467-70 (2005).
10.Abulafia LA, Azulay RD, Azulay DR: Acne e doenças
afins. In Azulay RD, Azulay DR (eds.), ed., Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan SA, 2004, pp 325-331.
11.Exner JH et al: Pyogenic granuloma-like acne lesions
during isotretinoin therapy. Arch Dermatol 119: 808-
11 (1983).
12.Thompson KF, Cunliffe WJ: Acne fulminans “sine
fulminans”. Clin Exp Dermatol 25: 299-301 (2000).
13.Erdogan FG et al: Efficacy of low-dose isotretinoin in
patients with treatment-resistant rosacea. Arch
Dermatol 134: 884-5 (1998).
14.Nikolowski J, Plewig G: Oral treatment of rosacea
with 13-cis retinoic acid. Hautarzt 32: 575-84
(1981).
15.Firooz A, Firoozabadi MR, Doelati Y: Rosacea
fulminans (pyoderma faciale): successful treatment of
a 3-year old girl with oral isotretinoin. Int J Dermatol
40(3): 203-5 (2001).
16.Jansen T, Romiti R, Kreuter A, et al: Rosacea
fulminans triggered by high-dose vitamins B6 and
B12. J Eur Acad Dermatol Venereol 15: 484-5
(2001).
17.Ellis CN, Krach KJ: Uses and complications of
isotretinoin therapy. J Am Acad Dermatol 45: S150-7
(2001).
18.Clayton BD et al.: Adult pityriasis rubra pilar: a 10-
years case series. J Am Acad Dermatol 36: 959-64
(1997).
19.Rubeiz N, Kibbi AG: Management of ichthyosis in
infants and children. Clin Dermatol 21: 325-8
(2003).
20.Baden HP, Buxman NM, Weinstein GD: Treatment of
ichthyosis with isotretinoin. J Am Acad Dermatol 6(4
Pt 2 Suppl.): 716-20 (1982).
21.Pittsley RA, Yoder FW: Retinoid hyperostoses: skeletal
toxicity associated with long-term administration of
13-cis-retinoic acid for refractory ichthyosis. N Engl J
Med 308: 1012 (1983).
22.Honigsmann H, Wolff K: Isotretinoin-PUVA for
psoriasis. Lancet I: 236 (1983).
23.Anstey A, Hawk JLM: Isotretinoin-PUVA in women
with psoriasis. Br J Dermatol 136: 798-9 (1997).
24.Niles RM: Recent advances in the use of vitamin A
(retinoids) in the prevention and treatment of cancer.
Nutrition 16: 1084-90 (2000).
25.Lingen MW, Polverini PJ, Bouk NP: Inhibition of
squamous cell carcinoma angiogenesis by direct
interaction of retinoic acid with endotelial cells. Lab
Invest 74: 476-83 (1996).
26.Karukonda SRK: The effects of drug on wound
healing. Part II. Specific classes of drugs and their
effects on healing wounds. Int J Dermatol 39: 321-33
(2000).
27.Peck GL et al.: Chemoprevention of basal cell
carcinoma with isotretinoin. J Am Acad Dermatol 6:
815 (1982).
28.Kraemer KH, DiGiovanna JJ, et al.: Prevention of skin
cancer in xeroderma pigmentosum with the use of
oral isotretinoin. N Engl J Med 318: 1633-7 (1989).
29.Kraemer KH, DiGiovanna JJ, Peck GL:
Chemoprevention of skin cancer in xeroderma
pigmentosum. J Dermatol 19: 715-8 (1992).
30.DiGiovanna JJ: Retinoid chemoprevention in the
high-risk patient. J Am Acad Dermatol 39: S82-5
(1998).
31.Goldberg LH, Hsu SH, Alcalay J: Effectiveness of
isotretinoin in preventing the appearance of basal cell
carcinomas in basal cell nevus syndrome. J Am Acad
Dermatol 21: 144-5 (1989).
32.Tangrea JA et al.: Isotretinoin-basal cell carcinoma
prevention trial design, recruitment results and
baseline characteristics of the trial participants. Contr
Clin Trials 11: 433 (1990).
33.Tangrea JA et al.: Long-term therapy with low-dose
isotretinoin for prevention of basal cell carcinoma: A
multicenter clinical trial. J Natl Cancer Inst 84: 328
(1992).
34.Triozzi PL et al.: Isotretinoin and recombinant
interferon alfa-2a therapy of metastatic malignant
melanoma. Cancer Invest 14: 293-8 (1996).
35.Rosenthal MA, Oratz R: Phase II clinical trial of
recombinant alfa 2b interferon and 13 cis retinoic
324
acid in patients with metastatic melanoma. Am J Clin
Oncol 21: 352-4 (1998).
36.Bunn PA, Hofman SJ, Norris D et al.: Systemic therapy
of cutaneous T-cell lymphomas (mycosis fungoides
and the Sezary Sindrome). Ann Intern Med 121: 592-
602 (1994).
37.Duvic M, Lemark NA,Redman JR,et al.: Combined
modality therapy for cutaneous T-cell lymphoma. J
Am Acad Dermatol 34: 1022-9 (1996).
38.Kligman AG, Grove GL, et al. Topical tretinoin for
photodamaged skin. J Am Acad Dermatol 15: 836-
40 (1986).
39.Hernandes-Perez E, Khawaja HA, et al.: Oral
Isotretinoin as part of treatment of cutaneous aging.
Dermatol Surg 26: 649-52 (2000).
40.Hanson N, Leachman S: Safety issues in isotretinoin
therapy. Semin Cutan Med Surg 20(3): 166-83
(2001).
41.Lowenstein EJ: Isotretinoin made S.M.A.R.T. and
simple. Cutis 70 (2): 115-20 (2002).
42.Leyden JJ: The hole of isotretinoin in the treatment of
acne: personal observation. J Am Acad Dermatol 39
(2 Pt 3): S45-9 (1998).
43.Kapur N, Hughes JR, Rustin MH: Exacerbation of
asthma by isotretinoin. Br J Dermatol 142(2): 388-9
(2000).
44.Campbell JP, Grekin RC, Ellis CN, Matsuda John SS,
Swanson NA, Voorhees JJ: Retinoid therapy is
associated with excess granulation tissue responses. J
Am Acad Dermatol 9: 708-13 (1983).
45.Seukeran DC, Cunliffe WJ: The treatment of acne
fulminans : A review of 25 cases. Br J Dermatol
141(2): 307-9 (1999).
46.Choi EH, Bang D: Acne fulminans and 13-cis-retinoic
acid. J Dermatol 19(6): 378-83 (1992).
47.Tan BB, Lear JT, Smith AG: Acne fulminans and
erythema nodosum during isotretinoin therapy
responding to dapsone. Clinical and Experimental
Dermatology 22: 26-7(1997).
48.Altman RS, Altman LJ, Altman JS: A proposed set of
new guidelines for routine blood tests during
isotretinoin therapy for acne vulgaris. Dermatology
204: 232-5 (2002).
49.Onder M, Oztas MO, Oztas P: Isotretinoin-induced
nail fragility and onicholysis. J Dermatolog Treat
12(2): 115-6 (2001).
50.De Raeve L, Willemsen M, De Coninck A, Rosseuw D:
Paronychia and the formation of granulation tissue
during isotretinoin therapy. Dermatologica 172(5):
278-80 (1986).
51.Strauss JS, Gottlieb AB, Jones T et al.: Concomitant
administration of vitamin E does not change the side
effects of isotretinoin as used in acne vulgaris:
randomized trial. J Am Acad Dermatol 43 (5Pt 1):
777-84 (2000).
52.Ellis CN, Voorhees JJ: Etretinate therapy. J Am Acad
Dermatol 16: 267-91 (1987).
53.Fiallo P, Tagliapietra AG: Severe acute miopathy
induced by isotretinoin. Arch. Dermatol 132 (12):
1521-2 (1996).
54.Jick SS, Kremers HM, Vasilakis-Scaramozza C:
Isotretinoin use and risk of depression, psychotic
symptoms, suicide and attempted suicide. Arch.
Dermatol 136(10): 1231-6 (2000).
55.Goldsmith LA et al.: American Academy of
Dermatology Cosensus Conference on the safe and
optimal use of isotretinoin: summary and
recomendations. J Am Acad Dermatol 50: 900-6
(2004).
56.Hull PR, D'Arcy C: Isotretinoin use and subsequent
depression and suicide: presenting evidence. Am J
Clin Dermatol 4 (7): 493-505 (2003).
57.Di Giovanna JJ: Isotretinoin effects on bone. J Am
Acad Dermatol 45: S176-82 (2001).
58.Camisa C: Acute arthritis during isotretinoin therapy
for acne. J Am Acad Dermatol 15 (5Pt 1): 1061-2
(1986).
59.Di Giovanna JJ: Systemic Retinoid Therapy.
Dermatologic Clinics 19: 161-7 (2001).
60.Flynn WJ, Freeman PG, Wickboldt LG: Pancreatites
associated with isotretinoin-induced hypertriglyceri-
demia. Ann Intern Med 107 (1): 63 (1987).
61.Mantel-Teeuwisse AK et al.: Drug-induced lipid
changes: A review of the unintended effects of some
commonly used drugs on serum lipid levels. Drug Saf
24 (6): 443-56 (2001).
Educação Médica Contínua
325
Educação Médica Contínua
A descoberta dos receptores nucleares do ácido retinóico foi responvel por um grande avanço na
compreensão do mecanismo de ação dos retinóides. Cite os tipos e subtipos de receptores retiides conhecidos.
Qual o mecanismo de acção da isotretinoína oral na acne vulgar?
Cite cinco condões dermatológicas, am da acne, nas quais a isotretinoína oral pode ser uma boa
opção terapêutica.
Qual o efeito colateral mais temido com o uso da isotretinoína oral em mulheres? Que medidas você como
dico deve tomar para evitá-lo?
Existe uma grande preocupão com relão à toxicidade óssea da isotretinna oral. Quais são as alterões
ósseas mais frequentes, e de que modo elas podem ser monitoradas?
O que é flare-up? Você seria capaz de identificar que grupo de pacientes estaria mais propenso a desenvolver
este fenômeno? Diante de um caso de flare up, como você o conduziria?
Embora não haja consenso sobre este assunto, com base na leitura deste artigo, que exames você solicitaria
para seus pacientes antes de iniciar o tratamento com a isotretinoína oral? De que modo estes pacientes devem
ser monitorados em termos de efeitos tóxicos durante o tratamento?
Quais são as contra-indicões absolutas e relativas ao uso da isotretinoína oral?
VERIFIQUE O QUE APRENDEU
LEITURAS RECOMENDADAS
1. Akyol M, Özçelik S: Non-acne dermatologic
indications for systemic isotretinoin. An J Clin
Dermatol 6: 175-184 (2005).
2. Charakida A, Mouser PE, Chu AC: Safety and side
effects of the acne drug, oral isotretinoin. Expert Opin
Drug Saf 3(2): 119-28 (2004).
3. Ellis CN, Krach KJ: Uses and complications of
isotretinoin therapy. J Am Acad Dermatol 45: S150-7
(2001).
4. Altman RS, Altman LJ, Altman JS: A proposed set of
new guidelines for routine blood tests during
isotretinoin therapy for acne vulgaris. Dermatology
204: 232-5 (2002).
5. Di Giovanna JJ: Isotretinoin effects on bone. J Am
Acad Dermatol 45: S176-82 (2001).
6. Kuenzli S, Saurat JH: Retinoids. In Bolognia J, Jorizzo
J, Rapini R, Dermatology, ed., Mosby, 2003 pp
1991-2006.
7. Nguyen EQH, Wolverton SE: Systemic Retinoids. In
Wolverton SE (ed.), Comprehensive Dermatologic
Drug Therapy, ed., Philadelphia, WB Saunders
Company, 2001, pp 269-310.
8. Azulay DR, Nakamura RC: Retinóides. In Azulay RD,
Azulay DR (eds.), Dermatologia ed., Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan S.A, 2004, pp 596-
606.
9. Peck GL, DiGiovanna JJ: The retinoids. In Fitzpatrick
TB, Elsen AZ, Wolff K, Feedberg IM, Austen KF,
Goldsmith LA, Katz SI (eds.), Dermatology in General
Medicine, ed, New York, McGraw-Hill, 1999, pp
2810-20.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo