como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso diário como fonte de metáfora e
representação, de maneira característica, sem pensar no seu significado original". (
GOFFMAN, 1986, p. 15 )
O autor ainda denuncia que
enquanto o estranho está à nossa frente, podem surgir evidências de que ele tem um
atributo que o torna diferente dos outros que se encontram numa categoria em que
pudesse ser incluído, sendo até de uma espécie menos desejável num caso extremo,
uma pessoa completamente má, perigosa ou fraca. Assim, deixamos de considerá-lo
criatura comum e total, reduzindo-o a uma pessoa estragada e diminuída. Tal
característica é um estigma, especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito
grande - algumas vezes ele também é considerado um defeito, uma fraqueza, uma
desvantagem - e constitui uma discrepância específica entre a identidade social virtual e
a identidade social real ( GOFFMAN, 1982, p. 12 ).
Quase sempre a deficiência causa uma sensação de desconforto, que gera
preconceito, que por sua vez produz atitudes de julgamento prévio baseado no
esteriótipo. Representa ameaça, aquilo que foge ao esperado, ao simétrico, ao belo e
ao perfeito. Estas relações promovem sentimentos de medo, cólera, desgosto e
repugnância. Trago duas afirmações que ratificam esse pensamento.
Amaral( 1994, p.91) destaca que a segregação apóia-se no tripé: preconceito,
esteriótipo e estigma... um preconceito gera um esteriótipo, que cristaliza o preconceito,
que fortalece o esteriótipo, que atualiza o preconceito. Paralelamente o estigma (
marca, sinal ) colabora com essa perpetuação .
Glat ( 1995, p. 19-20 ) comenta que “ aqueles que , por características físicas
ou comportamentais, não podem se conformar, ou que violam as leis e normas sociais
e não são reconhecidos como membros efetivos do corpo social, se tornando indivíduos
estigmatizados e marginalizados”.
De acordo com Niess (2003, p.70 ), " é preciso a muitos convencer, inclusive a
alguns que dela são portadores, que a deficiência não é um mal repugnante ou
contagioso, nem uma situação que expõe, quem a exibe, ao ridículo ".