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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
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QUAIS SÃO OS EFEITOS DA
VOLATILIDADE DE PREÇOS DO
PETRÓLEO NA ECONOMIA BRASILEIRA?
UMA ANÁLISE DE 2002 A 2006
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Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2006
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QUAIS SÃO OS EFEITOS DA VOLATILIDADE DE PREÇOS DO PETRÓLEO NA
ECONOMIA BRASILEIRA?
UMA ANÁLISE DE 2002 A 2006
TICIANA JEREISSATI DE ARAÚJO
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em Economia
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Economia.
Área de Concentração: Economia
Empresarial
ORIENTADOR: PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2006.
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QUAIS SÃO OS EFEITOS DA VOLATILIDADE DE PREÇOS DO PETRÓLEO NA
ECONOMIA BRASILEIRA?
UMA ANÁLISE DE 2002 A 2006
TICIANA JEREISSATI DE ARAÚJO
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em Economia
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Economia.
Área de Concentração: Economia
Empresarial
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN (Orientador)
Instituição: IBMEC
_____________________________________________________
PROF. DR. FERNANDO AUGUSTO ADEODATO VELOSO
Instituição: IBMEC
_____________________________________________________
PROF. DR. CARLOS HAMILTON VASCONCELOS ARAÚJO
Instituição: BANCO CENTRAL DO BRASIL
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2006.
339
A663
Araújo, Ticiana Jereissati de.
Quais são os efeitos da volatilidade de preços do petróleo na
economia brasileira? Uma análise de 2002 a 2006 / Ticiana
Jereissati Araújo. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec. 2006.
Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Economia das Faculdades
Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do
título de Mestre em Economia.
Área de concentração: Economia Empresarial.
1. Macroeconomia. 2. Preços. 3. Derivados de petróleo.
v
DEDICO ESTE TRABALHO AOS MEUS PAIS, SALETE E JOSÉ LUIZ.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Petrobras pelo patrocínio deste curso de mestrado, especialmente ao
Carlos Ney Martin de Andrade, que viabilizou o patrocínio, e ao Edgard Bobba Manta, que
incentivou a finalização desse trabalho.
Agradeço também ao Marcelo Pinelli, José Maurício Almeida e Nickolas Marcon
pelos esclarecimentos de dúvidas e material bibliográfico, e aos amigos e familiares por
aturarem minhas reclamações e falta de tempo.
RESUMO
Este trabalho avalia os efeitos macroeconômicos resultantes da simulação da adoção de uma
política de preços de derivados de petróleo (GLP, gasolina e óleo diesel) doméstica mais
agressiva, ou seja, com freqüentes repasses da volatilidade dos preços internacionais dos
derivados de petróleo e da taxa de mbio, no período compreendido entre janeiro de 2002 e
junho de 2006. A abertura do mercado de petróleo em janeiro de 2002 inseriu o Brasil no
mercado internacional de petróleo. Coincidentemente, aproximadamente nessa época, os
preços do petróleo iniciaram uma trajetória sustentada de alta. Como conseqüência, os
choques de preços de petróleo passaram a inferir reflexos diretos na economia doméstica. No
entanto, a política de preços adotada no País para os três derivados citados acima reflete certa
inércia no repasse da volatilidade dos preços internacionais do petróleo e da taxa de câmbio
para os preços domésticos. O trabalho simula uma política de preços de derivados
considerando este repasse de forma imediata. As estimações indicam os seguintes resultados:
i) inflação mais alta com maior volatilidade; ii) maior taxa de juros; iii) moeda mais
valorizada; e iv) menor produção industrial. De forma geral, esses resultados apresentaram
entre pequena e moderada magnitude.
Palavras Chave: Preço, Petróleo, Variáveis Macroeconômicas.
viii
ABSTRACT
This paper assesses the macroeconomic effects caused by a more frequent pass-through of
international petroleum products prices into domestic pricing policy of oil products (LPG,
gasoline and diesel). The petroleum market overture in January, 2002 inserted Brazil in the
international oil market. Approximately at that time, oil prices began to increase persistently.
As a consequence, petroleum prices shocks began to affect directly the inflation rate and the
overall domestic economy. The pricing policy adopted in Brazil for the products referred
above, reflects a certain level of inertia on the pass-through of international prices and
exchange rate volatility to domestic prices. This work simulates a petroleum products pricing
policy that considers this pass-through immediately. The estimations indicate the following
results: i) higher and more volatile inflation rate; ii) higher interest rates; iii) exchange rate
appreciation; and iv) lower industrial production. The results presented between low and
medium magnitude.
Key Words: Price, Petroleum, Macroeconomic Variables.
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Comparativo da Evolução dos Preços de GLP dos Produtores no Brasil e dos
Preços no Mercado Internacional..................................................................................29
Figura 2- Comparativo da Evolução dos Preços de Gasolina A dos Produtores no Brasil e dos
Preços no Mercado Internacional..................................................................................29
Figura 3 - Comparativo da Evolução dos Preços de Diesel dos Produtores no Brasil e dos
Preços no Mercado Internacional..................................................................................30
Figura 4 - Comparativo da Evolução dos Preços dos Produtores de GLP no Brasil............... 31
Figura 5 - Comparativo da Evolução dos Preços dos Produtores de Gasolina A no Brasil..... 31
Figura 6 - Comparativo da Evolução dos Preços dos Produtores de Diesel no Brasil............ 32
Figura 7- Comparativo da Evolução dos Preços de GLP aos Consumidores no Brasil ..........32
Figura 8 - Comparativo da Evolução dos Preços de Gasolina C aos Consumidores no Brasil33
Figura 9 - Comparativo da Evolução dos Preços de Diesel aos Consumidores no Brasil....... 33
Figura 10 - Comparativo da Evolução do Hiato....................................................................47
Figura 11 - Comparativo da Evolução da Produção Industrial ..............................................48
Figura 12 - Comparativo da Evolução da Inflação Mensal Anualizada.................................49
Figura 13 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços de Derivados de Petróleo....... 50
Figura 14 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços Livres....................................51
Figura 15 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços Monitorados.......................... 52
Figura 16 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços dos Transportes Públicos....... 53
Figura 17 - Comparativo da Evolução da Taxa de Juros....................................................... 54
Figura 18 - Comparativo da Evolução da Taxa de Câmbio................................................... 55
Figura 19 - Comparativo da Evolução da Desvalorização Cambial....................................... 62
Figura 20 - Comparativo da Evolução do Câmbio Real........................................................ 63
Figura 21 - Comparativo da Evolução da Inflação nos Últimos 12 meses............................. 63
x
Figura 22 - Comparativo da Evolução do Nível de Preços ao Consumidor, medido pelo IPCA
.....................................................................................................................................64
Figura 23 - Comparativo da Variação da Produção Industrial - Acumulada nos Últimos 12
Meses...........................................................................................................................64
Figura 24 - Comparativo da Evolução da Taxa de Juros Real...............................................65
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –Teste de Estacionariedade das Variáveis..............................................................38
Tabela 2 – Estimação da Curva IS........................................................................................ 39
Tabela 3 – Estimação da Curva de Phillips........................................................................... 41
Tabela 4 – Estimação da Regra de Juros............................................................................... 42
Tabela 5 – Estimação da Paridade Descoberta da Taxa de Juros........................................... 43
Tabela 6 – Estimação da Inflação dos Preços Livres............................................................. 44
Tabela 7 – Estimação da Inflação dos Preços Monitorados................................................... 45
Tabela 8 – Estimação da Inflação dos Transportes Públicos.................................................46
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
BEN Balanço Energético Nacional
EMBI Emerging Market Bond Index (JP Morgan)
FED United States Federal Reserve
FMI Fundo Monetário Internacional
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo
IPE International Petroleum Exchange of London
IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
MF Ministério da Fazenda
MME Ministério de Minas e Energia
NYMEX New York Mercantile Exchange
PETROBRAS Petróleo Brasileiro SA.
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
2 REVISÃO DA LITERATURA...............................................................................7
3 A POLÍTICA DE PREÇOS DOS DERIVADOS NO BRASIL .............................12
4 O MODELO........................................................................................................17
4.1
O MODELO ESTRUTURAL ..............................................................................................................18
4.2
EQUAÇÕES DAS TAXAS DE INFLAÇÃO DOS PREÇOS LIVRES, PREÇOS
MONITORADOS E PREÇOS DOS TRANSPORTES PÚBLICOS ..............................................................20
4.3
IDENTIDADES.....................................................................................................................................21
5 DADOS..............................................................................................................26
6 RESULTADOS ..................................................................................................39
7 CONCLUSÃO....................................................................................................56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................60
APÊNDICE................................................................................................................62
1
1 INTRODUÇÃO
Desde os choques do petróleo da década de 70, um amplo consenso de que o preço
dessa commodity continua sendo um determinante-chave no desempenho do crescimento dos
países, vide Krugman (1980), Rotemberg e Woodford (1996), Furlong e Ingenito (1996),
Hamilton (2000), Mussa (2000), Hunt, Isard e Laxton (2001), Hamilton (2005), entre outros.
Quanto maior seu preço, maior a transferência de renda dos países importadores para os
produtores, o impacto na balança comercial, inflação, desemprego, redução da renda nacional
pela transferência de renda de outros bens para o petróleo, resposta da política
macroeconômica, dentre outros.
Até poucos anos atrás, o mercado brasileiro encontrava-se isolado do mercado
mundial de petróleo por ter seu mercado fechado e seus preços controlados. Os choques de
preços da commodity se refletiam na economia doméstica, em geral, com grande inércia em
função principalmente do controle de preços, dos subsídios cruzados e das Contas Petróleo,
Derivados e Álcool
1
.
Em janeiro de 2002 foi concluído o processo de liberalização dos preços e importações
de petróleo e seus derivados no mercado brasileiro, inserindo o mercado de petróleo
1
Essas Contas constituíam, na maior parte do tempo, dívidas da União com a Petrobras para financiamento do
complexo sistema de ressarcimentos relativos aos preços do petróleo, derivados e álcool, em função da política
de preços praticada na época.
2
doméstico no contexto internacional. Esse processo de abertura, que teve início no começo da
década de 90, seguindo o movimento de abertura da economia brasileira, foi finalizado com a
liberalização dos preços e importações da gasolina e do óleo diesel e dos preços do gás
liquefeito de petróleo (GLP), pois suas importações já estavam livres. Naquela data, os preços
e importações do petróleo e seus demais derivados já haviam sido liberados.
Assim, os preços dos derivados, depois de décadas de controle governamental, foram
liberados em janeiro de 2002. Desde então se tornou constante o debate sobre a adequação da
política de preços de derivados adotada para o setor petróleo no País, especificamente sobre a
política de preços adotada pela Petrobras.
A política de preços do setor petróleo de mercados abertos, como de qualquer outro
bem transacionável internacionalmente, vincula os preços do petróleo e de seus derivados no
mercado doméstico aberto aos preços do mercado internacional. A depender do produto, essa
vinculação tem maior ou menor aderência. No caso da gasolina, diesel e GLP comercializados
no Brasil, a inércia do repasse das flutuações dos preços do mercado internacional e da taxa
de câmbio aos preços domésticos é superior quando comparada com os demais produtos.
Como exemplo podem-se citar os preços da nafta petroquímica que são ajustados
mensalmente, do querosene de aviação (QAV) ajustados duas vezes a cada mês, para os
preços dos óleos combustíveis, não periodicidade definida, no entanto, seus preços são
ajustados entre uma e três vezes ao mês. Para o GLP, gasolina e diesel o periodicidade
definida e seus preços são ajustados com intervalos de meses, em alguns períodos.
Essa inércia pode ser explicada por estratégias comerciais da Petrobras, bem como por
características domésticas regionais próprias do mercado e de cada um desses derivados,
como por exemplo: concorrência de produtos substitutos da gasolina, como o álcool e o gás
3
natural veicular (GNV), e elasticidade preço e renda da demanda do GLP. No entanto, essas
questões não serão objeto de estudo desse trabalho.
O escopo desse estudo se restringe aos derivados básicos: GLP, gasolina e diesel. A
restrição do escopo se deve ao fato dos preços do QAV, nafta e óleos combustíveis terem
maior aderência aos seus respectivos preços no mercado internacional. Portanto os efeitos dos
choques de petróleo são repassados de forma imediata aos mercados consumidores desses
produtos. Além disso, considerando-se a comercialização de derivados básicos
2
de petróleo no
País, excetuando-se a nafta petroquímica, estes três derivados respondem por quase de 90%
do mercado
3
.
Muitas análises econômicas examinam os efeitos dos choques dos preços do petróleo.
Com um enfoque macroeconômico, pode-se citar Bernanke, Gertler e Watson (1997) que
afirmam que os efeitos recessivos dos choques dos preços do petróleo podem ser anulados
com a política monetária. Hamilton (2000) caracteriza a relação da variação de preço do
petróleo com o crescimento do produto como não-linear. Mussa (2000) faz um painel sobre o
comportamento do mercado de petróleo e seus impactos por classes de economias dos países;
Hamilton e Herrera (2001) criticam o trabalho de Bernanke, Gertler e Watson (1997) em
relação, principalmente, ao número de defasagens utilizadas no modelo para medir os efeitos
no produto resultante dos choques de preços de petróleo; Hunt, Isard e Laxton (2001) fazem
uma análise dos efeitos macroeconômicos dos choques de preços do petróleo e do papel da
política monetária. Bernanke, Gertler e Watson (2002) respondem à crítica de Hamilton e
Herrera (2001), concordando com a importância das defasagens no estudo, no entanto
2
São derivados básicos: GLP, gasolina, diesel, querosene de aviação (QAV), nafta petroquímica e óleos
combustíveis.
3
Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) relativos ao ano de 2005.
4
justificam que a escolha pelo menor número de defasagens utilizado, foi ponderada em função
do erro decorrente de um número maior de defasagens. Rogoff (2005) defende que os
impactos negativos da volatilidade dos preços do petróleo atualmente são reduzidos quando
comparados a duas décadas atrás, mas afirma que continuará sendo uma importante questão a
ser equacionada. Hamilton (2005) utiliza as conclusões de seu estudo realizado em 2000 e
relaciona os aumentos de preços do petróleo com suas possíveis conseqüências
macroeconômicas.
No Brasil pode-se citar Silva (2003) que faz uma análise sobre a política de preços do
GLP, gasolina e diesel praticada pela Petrobras depois que o mercado de petróleo brasileiro
foi aberto em 2002 e seus efeitos sobre o bem-estar do consumidor. Loyo e Vereda (2004)
investigam se é justificável a intervenção governamental para estabilizar os preços dos
derivados no sentido de ajudar a política monetária.
O objetivo desse trabalho é avaliar os impactos nas variáveis macroeconômicas
brasileiras, caso tivesse ocorrido o repasse imediato da volatilidade dos preços do mercado
internacional e da taxa de câmbio aos preços dos derivados de petróleo no mercado
doméstico, no período de janeiro de 2002 até junho de 2006, especificamente para os preços
do GLP, gasolina e óleo diesel. O escopo do trabalho se restringe a esses três produtos por
terem apresentado maior inércia no repasse dos choques dos preços do petróleo e da taxa de
câmbio aos preços no mercado brasileiro.
Os aspectos microeconômicos afetados pelos níveis ou volatilidade dos preços dos
derivados, como os deslocamentos das curvas de oferta e demanda, causados por alterações na
estrutura de custos da firmas, bem estar do consumidor, empregos, dentre outros, não serão
tratados nesse estudo.
5
A análise será feita com base num exercício contrafactual abrangendo três cenários: a)
o primeiro cenário retrata as variáveis reais da economia, é com base nessas variáveis que
serão geradas as regressões pelo método dos mínimos quadrados ordinários, sendo utilizado
um pequeno modelo macroeconométrico composto de uma equação IS ou equação de
demanda agregada, uma equação de preços (Curva de Phillips), uma equação de paridade
descoberta da taxa de juros, uma regra de política monetária ou regra de juros, uma equação
de inflação dos preços livres, uma equação de inflação dos preços monitorados de ônibus e
táxis, uma equação da inflação dos preços monitorados excluídas as passagens de ônibus,
tarifas de táxis e derivados de petróleo (GLP, gasolina e diesel), e identidades econômicas; as
taxas de inflação utilizadas serão medidas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA); b) o segundo cenário busca simular as mesmas variáveis citadas no item a), no
entanto suas trajetórias serão geradas de forma dinâmica pelo modelo, a partir das regressões
estimadas no item a); c) o terceiro simula os efeitos sobre as variáveis macroeconômicas, caso
os preços fossem flexíveis e a volatilidade da taxa de câmbio e dos preços do mercado
internacional fossem repassados imediatamente para os preços do mercado doméstico. O
terceiro cenário também é estimado com base no modelo estabelecido no primeiro cenário.
Entre os resultados encontrados ao se comparar a trajetória das variáveis
macroeconômicas entre o cenário de preços sem o repasse da volatilidade dos preços
internacionais e da taxa de câmbio e o cenário com o repasse, destacam-se em relação ao
segundo caso: o nível mais elevado na taxa de juros em 5,8% ou 1 p.p. , em média no período,
uma taxa de inflação (anualizada) mais alta em 3,7 p.p., em média, passando de uma média de
7% para 10,7% e com maior volatilidade (43,7% mais volátil), uma taxa de câmbio mais
valorizada em 5,1% e uma produção industrial menor em 0,15%.
6
Esse trabalho foi desenvolvido em sete capítulos, como será apresentado a seguir. No
próximo capítulo serão revisados alguns trabalhos de referência sobre o tema. No terceiro
capítulo será descrita a política de preços de derivados de petróleo praticada no Brasil. No
quarto capítulo são apresentados a metodologia e o modelo utilizados no desenvolvimento da
análise objeto desse estudo. No quinto capítulo será feita uma descrição dos dados utilizados
na pesquisa. No capítulo seguinte serão discutidos os resultados e em seguida será
apresentado o capítulo final com a conclusão desse trabalho.
7
2 REVISÃO DA LITERATURA
Na visão dos autores citados na introdução do presente trabalho, pode-se observar que
um consenso em relação aos efeitos dos choques de petróleo sobre a economia, com o
posicionamento de que os aumentos nos preços de petróleo têm conseqüências recessivas
sobre as economias doméstica e global. Segundo Hamilton (1983), quase todas as recessões
americanas do pós-guerra se seguiram a aumentos de preços de petróleo, que, por sua vez,
tiveram associados a apertos monetários. No entanto, permanecem as discussões sobre a
forma como esses efeitos se propagam nas economias, bem como sobre a intensidade desses
efeitos e suas relações com as políticas macroeconômicas, especialmente a monetária.
Bernanke, Gertler e Watson (1997) investigaram os efeitos de políticas monetárias
sistemáticas na economia americana no período de 1965 a 1995. O estudo compara o
comportamento histórico da economia com seu comportamento sob uma alternativa hipotética
de reação da política monetária. Nessa comparação é analisada a resposta da política
monetária a distúrbios econômicos, para os quais foram selecionados os choques de preços do
petróleo. Como ferramenta de análise, o estudo utilizou um sistema VAR, estimado por uma
constante e 7 meses de defasagens.
8
Os autores tentaram separar os efeitos dos choques de petróleo dos efeitos de políticas
monetárias restritivas e chegaram à conclusão de que a maior parte dos impactos advindos dos
aumentos de preços do petróleo se devem às respostas das políticas monetárias, ajudando a
explicar porque os choques de petróleo tiveram efeitos tão recessivos sobre o produto. Os
autores citados, no entanto, ressaltam que as simulações não levam à conclusão de que as
políticas adotadas foram sub-ótimas, acrescentando que é fato que ao não haver resposta por
parte da política monetária o produto será maior, bem como a inflação.
Sims (1997) criticou o trabalho citado acima comentando que as simulações não
provam que o Fed poderia ter evitado os efeitos dos choques sobre o produto, mas somente
que o Fed poderia ter trocado os efeitos sobre o produto pelos efeitos sobre a inflação, um
tradeoff que na sua visão é insustentável.
Hamilton e Herrera (2000) também questionaram a capacidade da política monetária
anular os efeitos recessivos dos choques de preços de petróleo, conforme sugerido por
Bernanke, Gertler e Watson (1997). Parte em função da impossibilidade do Fed adotar ões
de natureza e magnitude sugeridas pelo trabalho, e parte devido aos efeitos dos choques de
petróleo, encontrados pelos autores, sem intervenção da política monetária, serem
substancialmente inferiores aos de outros pesquisadores, por conseqüência dos lags mais
curtos dos preços de petróleo utilizados, que resultam em menor impacto sobre o produto.
Bernanke, Gertler e Watson (1997) usam 7 meses de lags, enquanto os autores acima citados,
observam que o maior impacto das mudanças de preços de petróleo ocorrem entre 12 a 18
meses de lags. Hamilton e Herrera concluem que as políticas consideradas por Bernanke,
Gertler e Watson (1997) não seriam capazes de reverter as recessões.
9
Bernanke, Gertler e Watson (2002) respondem ao trabalho de Hamilton e Herrera
(2000). Quanto à primeira questão levantada por Hamilton e Herrera em relão à natureza e
magnitude da resposta da política monetária, no sentido de alterar as taxas dos fundos em
faixas o experimentadas historicamente, os autores reafirmam seu posicionamento anterior,
confirmando que, dado o nível de rigidez nominal de preços e o monopólio do suprimento de
reservas para os bancos por parte do Federal Reserve, esse órgão poderia alterar a trajetória
das taxas nominais dos fundos na magnitude estimada pelo estudo.
Quanto ao questionamento em relação ao tamanho das defasagens utilizadas no
estudo, os autores optaram por um número menor de lags em função do menor número de
defasagens reduzir a incerteza da amostra e do aumento do tamanho do erro ao incluir um
número excessivo de lags, mas admitiram que a escolha do modelo mais parcimonioso
introduz a possibilidade de viés das variáveis omitidas. Assim, provavelmente os efeitos da
política monetária encontrados por Hamilton e Herrera (2000) são mais fracos que os efeitos
encontrados por Bernanke, Gertler e Watson (1997) em função do modelo com maior número
de lags e portanto com maior incerteza. Na conclusão, os autores reconhecem que os
problemas de incerteza da amostra e da especificação do VAR, tornam imprecisa a avaliação
sobre a contribuição da política monetária ao produto, no entanto afirmam que a identificação
dos efeitos dos componentes sistemáticos (regras monetárias) da política monetária é crucial
no entendimento da resposta da economia aos choques.
Hamilton (2000) postula a não linearidade da relação entre variações de preços de
petróleo e crescimento do produto, desenvolvendo uma metodologia para escolha do modelo
não-linear mais adequado. Os modelos lineares vêem as recessões direcionadas pela oferta e
não pela demanda. Nesses modelos, os aumentos de preços de petróleo causam recessão e as
reduções, crescimento do produto. Na prática, os resultados apontam para as teses de que os
10
aumentos de preços de petróleo afetam a economia, enquanto que as reduções, não. O
trabalho conclui que as especificações não-lineares para medida da relação entre preço de
petróleo e produto, são superiores às lineares; e que é evidente que as interrupções no
suprimento de petróleo levam à previsão de produtos menores, mas os resultados apresentados
não apontam para movimentos ao longo da função de produção agregada, ao invés, as
evidências sugerem que os choques de preços do petróleo são importantes porque causam
interrupções em certas categorias de gastos de firmas e consumidores.
Hunt, Isard e Laxton (2001) analisam os efeitos macroeconômicos dos choques de
preços do petróleo distinguindo-os em temporários, mais persistentes e permanentes, e do
papel da política monetária. O estudo defende o monitoramento e a análise cuidadosa de
diversas variáveis econômicas antes da adoção de uma política monetária agressiva diante de
um choque persistente.
Silva (2003) busca avaliar se a política de preços do GLP, gasolina e diesel, praticada
no país, foi utilizada como mecanismo de amortecimento das flutuações de preços
internacionais pelo governo, através de seu controle sobre a Petrobras, quais foram os efeitos
dessa política na oferta de combustíveis e as possíveis alternativas para proteger o mercado
doméstico das flutuações de preços internacionais. O estudo teve um enfoque
microeconômico, visando, principalmente, os efeitos no bem-estar do consumidor e na
alocação de recursos no setor.
A autora conclui que de fato houve interferência de fatores extra-econômicos na
política de preços dos combustíveis citados, com aumento da volatilidade de preços no
mercado doméstico nos períodos específicos de ajuste de preços domésticos. Essa política
11
viria ratificar a estrutura industrial presente, com caráter não-neutro, através da restrição de
novos entrantes e aumento do prêmio de risco para efetivar as transações.
Loyo e Vereda (2004) consideram a possibilidade do amortecimento da volatilidade
dos preços internacionais, através da política de preços de empresas de petróleo estatais, ter
outros objetivos diferentes da maximização de lucro, quais sejam de atender aos interesses do
acionista majoritário (governo) e a interesses anti-competitivos da própria empresa. Os
autores avaliam o tradeoff entre essa política de preços e a política macroeconômica, em
particular, a política monetária, bem como, os efeitos sobre o bem-estar da população.
O estudo conclui que existe a tendência de se argumentar a favor da intervenção de
preços, inclusive por razões o relacionadas à linha de argumentação usual, que tornam a
intervenção atrativa, mas a intervenção ótima está bem distante da praticada, podendo levar a
perdas maiores no bem-estar pelo aumento da flutuação dos preços relativos dos bens.
12
3 A POLÍTICA DE PREÇOS DOS DERIVADOS NO BRASIL
O processo de liberalização do mercado de petróleo no Brasil teve início na década de
90, acompanhando o processo de abertura da economia brasileira. Até então, o governo
controlava todos os preços de petróleo e de seus derivados, cotas de comercialização,
importações, exportações, margens dos agentes do mercado desde a produção até a revenda,
entre outros. Em 1990 teve início a abertura do setor petróleo a partir dos preços de revenda
4
de gasolina e diesel e preços de derivados com menor volume de vendas como lubrificantes,
solventes, parafinas e outros.
Até julho de 1998, a política de preços praticada no País estabelecia o preço dos
combustíveis com base no custo de produção do petróleo e dos derivados, além dos custos de
transporte. O estabelecimento dos níveis relativos de preços entre os derivados resultava dos
objetivos econômicos e sociais do governo. Nessa política estavam implícitos subsídios
cruzados nos preços dos derivados. Como exemplo, podem-se citar os preços da gasolina, que
em geral eram fixados em níveis elevados, compensando os preços do GLP, produto
consumido pela população de baixa renda, estabelecidos em níveis baixos, quando
comparados com seus custos de oportunidade.
4
Preços de revenda são os preços praticados no postos de combustíveis.
13
Em 1995 foi aprovada pelo Congresso Nacional, a Emenda Constitucional No. 9, que
flexibilizava o monopólio do petróleo, até então exercido pela Petrobras, no entanto
mantendo-o nas os da União, e previa a conclusão da abertura do setor. Em 1997 foi
promulgada a Lei 9.478/97, Lei do Petróleo, que previa um período de transição de trinta e
seis meses. Findo esse período, o mercado de petróleo estaria aberto. Essa Lei foi alterada
pela Lei 9.990/00, de 21 de julho de 2000, prorrogando o período de transição adezembro
de 2001.
Durante o período de transição, fez-se necessário o ajuste da política de preços de
petróleo e derivados no País, a exemplo de vários países como Argentina,Chile, Tailândia,
dentre outros, no sentido de adequá-la à nova realidade prevista pela Lei do Petróleo. Em 29
de julho de 1998, os preços de petróleo foram liberados, mas os preços dos derivados básicos
de petróleo continuaram sob controle do governo
5
. No entanto, a base conceitual da política
de preços desses derivados foi modificada. Os preços que até então eram parametrizados pelo
custo de produção e movimentação, passaram a ser parametrizados por preços de mercado.
Assim, os preços recebidos pela comercialização dos derivados básicos nas refinarias
brasileiras passaram a acompanhar os parâmetros de preços internacionais, sendo ajustados
mensalmente e inserindo os produtores nacionais no contexto internacional da indústria do
petróleo. No entanto, os preços de venda começaram a se ajustar gradativamente a essa nova
realidade, ainda persistindo, nesse período, os subsídios diretos aos preços de derivados, de
forma transparente. Ou seja, os preços de venda dos derivados poderiam se situar em níveis
superiores ou inferiores aos preços líquidos de tributos e de outras parcelas, recebidos pelos
produtores. Essa sistemática se tornava possível em função da existência da Parcela de Preços
Específica (PPE) na composição dos preços de faturamento dos produtores de derivados
6
.
5
De acordo com Portaria Interministerial MME/MF Nos. 3, de 27 de julho de 1998.
6
Eram produtores de derivados autorizados pela ANP: refinarias e centrais petroquímicas.
14
A PPE era uma parcela ajustável que compunha os preços de faturamento dos
derivados básicos. Era calculada por uma fórmula, de acordo com a Portaria No.3, de 27 de
julho de 1998, conforme a seguir:
(
)
CofinsPASEPPISPçRPçFPPE
+
+
=
/
, Onde:
PçF é o preço de faturamento à vista sem ICMS, determinado pelo MME e MF;
PIS
7
/PASEP e Cofins
8
são contribuições sociais e
PçR é o preço de realização
9
dos produtores.
Em janeiro de 2002, o processo de abertura foi concluído com a liberalização dos
preços e importações dos últimos derivados ainda controlados: GLP, gasolina e óleo diesel.
No caso do GLP, as importações haviam sido liberadas em dezembro de 1998. Desde
então, a política de preços de derivados praticada no País tem sido objeto de discussões e
questionamentos por diversos agentes sejam consumidores, mídia, governos, sindicatos,
parlamentares, investidores, especialistas, dentre outros.
A política de preços de derivados de petróleo praticada no País segue as regras de uma
política de preços de qualquer outro bem transacionável internacionalmente numa economia
aberta, ou seja, vincula os preços do bem ao seu custo de oportunidade. No caso dos derivados
de petróleo, seus preços são parametrizados aos preços do mercado internacional desses
produtos.
7
PIS – Program de Integração Social.
8
Cofins – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.
9
Preço de realização é o preço líquido de tributos recebido pelos produtores e importadores na comercialização
dos derivados básicos..
15
O mercado internacional de derivados é formado por um conjunto de mercados de
referência, que podem transacionar cargas físicas ou futuras. Dentre os principais, pode-se
citar o mercado do Golfo do México (conhecido como US Gulf Coast), da costa leste
americana, New York Mercantile Exchange (Nymex), International Petroleum Exchange (IPE
- Londres), do noroeste europeu, do Mediterrâneo, de Cingapura e do Golfo Arábico. Nesses
mercados, em geral, os preços variam diariamente e várias vezes durante o dia, apresentando
alta volatilidade.
Os preços praticados nesses mercados são usados como referência na maior parte das
transações comerciais de importação e exportação no mundo, bem como nas transações
comerciais nos mercados domésticos de países com economias abertas. Em países, cujos
mercados de petróleo encontram-se abertos com preços livres há vários anos, como os
Estados Unidos da América, Reino Unido, Alemanha, França, entre outros, especificamente
no caso de gasolina e diesel, os preços domésticos nas portas de suas refinarias ou terminais,
em geral, variam diariamente, se ajustando conforme as variações de preços do mercado
internacional.
No Brasil, a aderência dos preços domésticos de derivados ao mercado internacional
varia a depender do produto. No caso da gasolina, diesel e GLP comercializados no Brasil, a
inércia do repasse das flutuações dos preços do mercado internacional e da taxa de câmbio aos
preços domésticos é superior quando comparada com os demais produtos. Os preços
domésticos da nafta petroquímica são ajustados mensalmente, do querosene de aviação
(QAV) são ajustados duas vezes a cada mês, para os preços dos óleos combustíveis, o
periodicidade definida, no entanto, seus preços são ajustados entre uma a três vezes ao mês.
Para o GLP, gasolina e diesel não periodicidade definida e seus preços o ajustados, em
alguns períodos, com intervalos de meses.
16
Essa diferenciação entre a periodicidade de ajustes dos diferentes tipos de
combustíveis é definida pela Petrobras, em função de sua posição de líder de mercado e das
estratégias comerciais da Empresa. É possível que esteja relacionada com os diferentes tipos
de mercados envolvidos para cada produto.
A nafta petroquímica, p. ex., é utilizada como insumo das centrais petroquímicas na
primeira geração da cadeia de produtos petroquímicos, para produção, principalmente, de
eteno e propeno. O QAV é utilizado como combustível em aviões e os óleos combustíveis, em
geral, são utilizados como combustíveis industriais. O GLP é utilizado principalmente como
combustível para cocção e a gasolina, como combustível para veículos automotores
(utilitários e passeio). O diesel tem usos diversos, podendo ser destinado a veículos
automotores (utilitários), bem como, a frotas de ônibus e caminhões, tratores, embarcações,
usinas termelétricas, indústrias, entre outros.
Outras possibilidades podem estar relacionadas com características regionais do
mercado de cada produto, como a concorrência de produtos substitutos, p.ex., no caso da
gasolina, o álcool e o gás natural veicular (GNV), a elasticidade preço e renda da demanda,
entre outros.
17
4 O MODELO
O modelo utilizado busca auxiliar no estudo dos efeitos da adoção de uma política de
preços alternativa para o GLP, gasolina e diesel no Brasil sobre as variáveis
macroeconômicas, no período de janeiro de 2002 a junho de 2006. Essa política alternativa é
representada pela simulação do repasse da volatilidade dos preços internacionais e da taxa de
câmbio aos preços domésticos destes derivados de petróleo.
O objetivo da utilização do modelo é comparar as trajetórias das variáveis
macroeconômicas entre dois cenários: o cenário dos preços dos derivados praticados no
período (cenário base) e o cenário dos preços com o repasse dos preços internacionais
(cenário repasse).
Para ajudar no entendimento do problema em questão, ou seja, na interpretação da
diferença do comportamento das variáveis macroeconômicas nos dois cenários, utilizou-se um
modelo que pode se dividir em três partes: um pequeno modelo estrutural; as equações das
taxas de inflação, julgadas essenciais para relacionar a inflação dos preços dos derivados
estudados com as inflações das demais categorias de preços, que compõem o indicador da
inflação observada pelo Bacen, o IPCA, e identidades consideradas importantes para auxiliar
no entendimento do problema proposto, conforme a seguir.
18
4.1
O MODELO ESTRUTURAL
Nesse caso, foi utilizado o modelo estrutural de pequena escala do Banco Central do
Brasil (Bacen). Esse Órgão desenvolveu o modelo para estudar os mecanismos de transmissão
de política monetária, que é composto das seguintes equações básicas (Bogdanski, Tombini,
Werlang, 2000): i) uma equação IS ou equação de demanda agregada, que expressa o hiato do
produto como função de seus próprios lags, da taxa de juros real e da taxa de câmbio real; ii)
uma curva de Phillips que relaciona a taxa de inflação com seus lags, com o hiato do produto
e com a taxa de câmbio nominal; iii) uma regra de política monetária ou regra de juros,
relacionando a taxa de juros com sua própria defasagem, com a diferença entre a taxa de
inflação e sua meta estabelecida pelo Bacen e com o hiato do produto; e iv) uma equação de
paridade descoberta da taxa de juros, que expressa a taxa de desvalorização cambial do Real
em função do diferencial entre as taxas de juros doméstica e internacional e do prêmio de
risco.
Equação IS
ε
α
α
α
α
α
+
++++=
tt
t
ttt
x
r
h
h
h
14
1
312110
(1)
Onde:
h é o log do hiato do produto;
r é a taxa de juros doméstica real;
x é a taxa de câmbio real;
ε
é um choque de demanda.
Curva de Phillips
19
εααπααπ
b
t
F
ttt
e
p
h
+++++=
)(
412110
(
2)
Onde:
π
é a taxa de inflação;
h é o log do hiato do produto;
p
F
é o índice de preços internacional;
e é a taxa de desvalorização cambial;
ε
b
é um choque de oferta.
Regra de juros
h
i
i
t
meta
tttt 13112110
)(
+++=
α
π
π
α
α
α
(3)
Onde:
i
é a taxa de juros;
π
é a taxa de inflação;
π
meta
é a meta de inflação;
h
é o log do hiato do produto.
Equação da paridade descoberta da taxa de juros
z
i
i
e
t
ttt
1
312
*
10
+++=
α
α
α
α
(4)
Onde:
e
é a taxa de desvalorização cambial;
i*
é o log da taxa de juros internacional;
i
é o log da taxa de juros doméstica;
20
z
é o log do prêmio de risco.
4.2
EQUAÇÕES DAS TAXAS DE INFLAÇÃO DOS PREÇOS LIVRES, PREÇOS
MONITORADOS E PREÇOS DOS TRANSPORTES PÚBLICOS
O enfoque desse trabalho é avaliar os impactos do repasse dos choques dos preços do
petróleo nas variáveis macroeconômicas. Esses choques foram formatados e introduzidos no
processo de simulação por meio de três equações, com o objetivo de relacionar as variáveis
macroeconômicas com os níveis de repasse desses choques.
A formatação dos choques foi introduzida através de três equações de desagregação da
taxa de inflação: dos preços livres, dos monitorados e dos transportes públicos. As taxas de
inflação foram medidas pelo IPCA mensal anualizado. A taxa de inflação dos derivados é
relativa aos preços dos derivados de petróleo que m maior peso na composição do IPCA
(GLP, gasolina e óleo diesel). Retirou-se da inflação dos preços monitorados, a inflação
relativa aos três derivados citados, bem como a inflação relativa às passagens de ônibus
urbanos, intermunicipais, interestaduais e tarifas de xi, denominada nesse trabalho de
inflação dos transportes públicos.
Equação da taxa de inflação dos preços livres
π
α
π
α
π
ttt
petlivliv
t
21
1
+
=
(5)
Onde:
π
liv
é a taxa de inflação anualizada dos preços livres, medida pelo IPCA;
π
pet
é a taxa de inflação anualizada medida pela parcela do IPCA relativa aos derivados de
petróleo: GLP, gasolina e diesel;
21
Equação da taxa de inflação dos preços monitorados
1
31
3210
+
+
+=
t
ttt
tpubpetlivmon
π
α
π
α
π
α
α
π
(6)
Onde:
π
mon
é a taxa de inflação anualizada medida pela parcela do IPCA relativa aos preços
monitorados, exceto os derivados de petróleo GLP, gasolina e diesel e transportes públicos;
π
tpub
é a taxa de inflação anualizada medida pela parcela do IPCA relativa aos preços das
passagens de ônibus urbanos, intermunicipais, interestaduais e tarifas de táxi.
Equação da taxa de inflação dos preços dos transportes públicos
10
21
1
32130
+
+
+
+=
t
tt
t
t
petpetlivtpubtpub
π
α
π
α
π
α
π
α
α
π
(7)
4.3
IDENTIDADES
Como forma de auxiliar a análise do problema, foram acrescidas as identidades da
taxa de juros real, da produção industrial, da taxa de inflação dos últimos 12 meses, da taxa de
câmbio real, da taxa de mbio nominal, da variação do produto nos últimos 12 meses e do
nível de preços.
Taxa de juros real
π
tt
t
i
r
=
(8)
Onde:
22
r é a taxa de juros real;
i é a taxa de juros nominal;
π
é a taxa de inflação.
Produto
e
y
y
t
t
=
l
(9)
Onde:
y é a produto.
(
)
htend
y
t
t
++=
α
α
10
l
(10)
Onde:
y é o produto;
α
0
+
α
1
tend é o log do produto potencial;
h é o hiato do produto.
Inflação acumulada dos últimos 12 meses
1001
12
12
=
p
p
t
t
π
(11)
Onde:
23
π
12
é a inflação acumulada nos últimos 12 meses;
p é nível de preços medido pelo IPCA.
Taxa de câmbio real
=
pp
ex
EUA
t
tt
(12)
Onde:
x é a taxa de câmbio real;
e é a taxa de cambio nominal;
p
EUA
é o nível de preços dos Estados Unidos;
p é nível de preços, medido pelo IPCA.
Taxa de câmbio nominal
( )
(
)
e
tt
ee
=
1001
1
12
(13)
Onde:
e é a taxa de cambio nominal;
e é a taxa de desvalorização cambial.
Variação da produção industrial acumulada dos últimos 12 meses
(
)
(
)
1001
12
24
13
12
1
=
yyy
tt
t
(14)
24
Onde:
y
12
é a produção industrial acumulada nos últimos 12 meses;
y é a produção industrial mensal.
Nível de preços
(
)
(
)
π
t
tt
p
p
=
100112^
1
(15)
Onde:
p é nível de preços, medido pelo IPCA;
π
é a taxa de inflação.
As variáveis endógenas foram geradas de forma determinística e dinâmica. Assim, os
valores das variáveis exógenas são conhecidos e foi encontrada somente uma trajetória para
cada variável endógena em cada cenário. Nas equações que possuem variáveis endógenas
defasadas, utilizaram-se na solução do modelo, as variáveis geradas nos períodos anteriores
pelo próprio modelo. As regressões foram estimadas a partir das séries históricas observadas
no período de janeiro de 2000 até junho de 2006.
O primeiro cenário foi constituído pelas séries históricas das variáveis estudadas.
Utilizaram-se essas variáveis para a estimação das equações que compõem o modelo. Obteve-
se o segundo cenário (cenário base) solucionando-se o modelo de forma dinâmica, resultando
em novas trajetórias para as variáveis endógenas, próximas às trajetórias conhecidas que
foram observadas historicamente. O terceiro cenário (cenário repasse) foi construído
utilizando-se o mesmo modelo dos cenários anteriores, com o objetivo de se medir os
25
impactos nas variáveis endógenas, ocasionados por choques exógenos, introduzidos no
modelo por meio da taxa de inflação dos derivados.
Como procedimento inicial, calcularam-se os preços dos derivados com o repasse das
variações de preços do mercado internacional e da taxa dembio e, com base nesses preços,
foram calculados os novos níveis de preços destes derivados.
Estes novos níveis de preços fizeram com que a trajetória da série da taxa de inflação
dos derivados seguisse um novo trajeto, refletindo o repasse da variação dos preços do
mercado internacional e da taxa de câmbio aos preços dos derivados no País. Com base nessa
nova série de inflação de preços de derivados, o modelo recalculou as demais variáveis
endógenas.
26
5
DADOS
Neste capítulo, descrevem-se os dados do modelo e algumas de suas características.
Todos os dados utilizados na simulação dos cenários são mensais e abrangem o período de
janeiro de 2002 até junho de 2006, exceto os preços ao consumidor com início em dezembro
de 2001. A estimação das regressões foi gerada utilizando-se as séries desde janeiro de 2000 a
junho de 2006.
Os dados foram obtidos no Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA),
Banco Central do Brasil (Bacen), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Platt’s (publicação especializada), Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os preços pesquisados se referem aos derivados considerados nesse estudo, quais
sejam: GLP, gasolina e óleo diesel. O GLP é o gás liquefeito de petróleo que pode ser
consumido em residências, em geral embalado em botijões de 13kg, bem como no comércio e
indústria, em embalagens maiores. Nesse trabalho levou-se em consideração somente os
preços do GLP para uso residencial, que tem maior peso na composição do IPCA. O GLP
para os demais usos não tem peso discriminado na composição do índice. A gasolina A é a
gasolina vendida pelos produtores ou importadores sem a adição de álcool anidro para os
distribuidores. Essa gasolina não é comercializada ao consumidor final. A gasolina C é
27
vendida com a adição de álcool anidro pelos distribuidores e revendedores ao consumidor. A
mistura da gasolina A com o álcool anidro é feita pelos distribuidores e o teor de álcool pode
variar entre 20% a 25% no volume total da gasolina C. O óleo diesel em sua maior parte é
vendido para uso em frotas de ônibus e caminhões, indústria e agropecuária.
Os preços dos derivados no mercado doméstico foram obtidos do sítio da ANP na
Internet. Foram levantados os preços dos produtores e aos consumidores para o GLP, óleo
diesel e gasolina A, no caso dos produtores, e gasolina C, no caso dos consumidores. Os
preços dos produtores são preços semanais médios do País ponderados por volume. Para
simplificação dos cálculos, a média mensal foi obtida através da média aritmética das
semanas que compõem o respectivo mês. No caso dos meses que começam na metade da
semana, o mês que possui maior número de dias daquela semana, levou em consideração o
preço da semana para o lculo de sua média mensal. Essa simplificação o trará distorções
significativas ao valor do preço médio mensal, pois as variações de preços semanais, em
geral, situam-se abaixo de 1%. Os preços ao consumidor o informados em bases mensais e
incluem todos os tributos incidentes sobre seus preços.
Os preços internacionais do GLP, gasolina e diesel foram obtidos da publicação
Platt’s. Utilizou-se como referência as cotações médias do Golfo do México para a gasolina e
para o diesel, sendo respectivamente as cotações regular unleaded USGC Waterborne mid e
No.2 USGC Waterborne mid. Para o GLP utilizou-se a média aritmética das cotações normal
butane e propane Mont Belvieu mid, pois, em geral, o GLP é uma mistura dos dois produtos.
Os preços internacionais são uma das referências para a formação dos preços
domésticos de derivados em economias cujos mercados encontram-se abertos, no entanto
existem outros fatores a serem levados em consideração como diferenciais de ajuste de
28
qualidade, características regionais dos mercados, custos de internação dos produtos, p.ex.
frete de longo curso, seguro, perdas e tarifas portuárias; dentre outros.
Assim, como proxy dos preços dos produtores praticados no País, caso tivesse
ocorrido o repasse da volatilidade dos preços do mercado internacional aos preços
domésticos, utilizou-se a metodologia adotada por Silva, 2003, onde a autora considera que os
custos relativos às operações internacionais correspondem, em dia, a 7,5% da cotação de
referência, no caso da gasolina e do diesel, e a 15%, no caso do GLP. Adotou-se também,
para efeito de cálculo, somente a paridade de importação dos produtos, ou seja, a cotação
internacional acrescida dos percentuais citados acima a depender do produto estudado. Não
foi considerada a paridade de exportação, em função desse estudo considerar somente as
variações de preços, que são iguais nas paridades de exportação e importação, exceto a
variação do mês de janeiro de 2002, que leva em consideração no nível de preços.
O cálculo dos preços ao consumidor com o repasse da volatilidade dos preços do
mercado internacional e da taxa de câmbio, foi simplificado calculando-se os diferenciais
observados historicamente entre o preço ao consumidor e o preço do produtor de cada
derivado e adicionando-se esses diferenciais aos preços dos produtores com o repasse citado
acima. Dessa forma, mantiveram-se constantes os valores absolutos das margens de
distribuição e revenda, dos tributos e do preço do álcool anidro.
No caso da gasolina, diesel e GLP transacionados no Brasil, o repasse das flutuações
dos preços do mercado internacional aos preços domésticos é amortecido, conforme Figuras
1, 2 e 3 abaixo, que mostram os preços dos produtores domésticos comparados aos preços do
mercado internacional de cada produto. Os preços dos produtores foram coletados no sítio da
29
ANP. O cálculo mensal foi realizado da mesma forma descrita anteriormente, no entanto, nas
figuras 1, 2 e 3 abaixo, foram retirados todos os tributos.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
j
an
/0
2
m
ar
/
02
m
a
i/02
jul/02
set/02
nov/02
j
an
/0
3
m
ar
/0
3
m
ai
/03
jul/03
set/03
nov/03
j
an/
0
4
ma
r
/04
m
ai
/04
jul/04
set/04
n
ov
/
04
jan/05
ma
r
/05
mai/
05
ju
l/
05
s
e
t/0
5
n
ov
/
05
jan/06
mar/06
mai/0
6
ju
l/0
6
s
e
t/0
6
R$/kg
Preço GLP Mercado Doméstico
Preço GLP Mercado Internacional (Normal
Butane + Propane/2 Mont Belvieu Platts Mid)
R$/kg
Figura 1 - Comparativo da Evolução dos Preços de GLP dos Produtores no Brasil e dos Preços no
Mercado Internacional
10
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
jan
/
02
m
ar
/
02
m
a
i/0
2
j
u
l/0
2
s
et/
0
2
nov/02
jan
/
03
m
ar
/0
3
m
ai
/0
3
j
u
l/0
3
s
et/
0
3
nov/03
jan/04
ma
r
/04
m
ai
/0
4
j
u
l/0
4
s
et/
0
4
n
ov
/
04
j
an/
0
5
ma
r
/05
mai/
0
5
j
ul
/0
5
se
t/
05
n
ov
/
05
j
an/
0
6
mar/06
mai/06
j
ul/06
se
t/
06
R$/l
Preço Gasolina A Mercado Doméstico
Preço Gasolina Mercado Internacional
(Unleaded USG Waterborne Platts Mid) R$/l
Figura 2- Comparativo da Evolução dos Preços de Gasolina A dos Produtores no Brasil e dos Preços no
Mercado Internacional
11
10
Preços sem tributos.
30
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
jan
/
02
m
a
r/0
2
m
ai
/0
2
ju
l/0
2
s
et
/0
2
n
o
v/
02
jan
/
03
mar/03
mai/
0
3
jul
/0
3
s
et
/0
3
n
o
v/
03
j
an
/0
4
ma
r
/04
mai/
0
4
jul
/0
4
se
t
/04
n
o
v/0
4
ja
n
/0
5
ma
r
/05
mai/05
jul/05
set/05
n
o
v/0
5
ja
n
/0
6
m
a
r
/06
m
a
i/0
6
j
ul/06
set/06
R$/l
Preço Diesel Mercado Doméstico
Preço Diesel Mercado Internacional (No.2 USG
Waterborne Platts Mid) R$/l
Figura 3 - Comparativo da Evolução dos Preços de Diesel dos Produtores no Brasil e dos Preços no
Mercado Internacional
12
As Figuras 4, 5 e 6 mostram as trajetórias dos preços domésticos dos produtores em
níveis históricos e calculados com o repasse da flutuação dos preços internacionais. As séries
representam os preços com tributos, exceto ICMS.
11
Preços sem tributos.
12
Preços sem tributos.
31
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
j
an/02
m
ar
/0
2
m
a
i/
02
jul/02
set/02
n
ov/02
j
an
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03
m
ar
/0
3
m
a
i
/03
jul/03
s
et
/
03
n
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j
a
n/
0
4
m
a
r/04
mai/04
j
u
l/04
s
et
/
04
n
o
v
/0
4
j
a
n/
0
5
mar/05
mai/05
ju
l/
0
5
s
e
t/
05
n
o
v
/0
5
j
a
n/
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Pros Históricos GLP
Pros GLP com Repasse
Figura 4 - Comparativo da Evolução dos Preços dos Produtores de GLP no Brasil
13
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0
6
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Pros Históricos Gasolina A
Pros Gasolina A com Repasse
Figura 5 - Comparativo da Evolução dos Preços dos Produtores de Gasolina A no Brasil
13
São produtores no Brasil as refinarias da Petrobras, Manguinhos, Ipiranga, as centrais petroquímicas e os
formuladores.
32
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
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1,60
1,80
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0
6
R$/l
Pros Históricos Diesel
Pros Diesel com Repasse
Figura 6 - Comparativo da Evolução dos Preços dos Produtores de Diesel no Brasil
As Figuras 7, 8 e 9 mostram as trajetórias dos preços domésticos aos consumidores em
níveis históricos e calculados com o repasse da flutuação dos preços internacionais e da taxa
de câmbio. Nestes preços estão incluídos todos os tributos.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
jan/02
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ar/02
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l/0
6
s
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t/
0
6
R$/kg
Preços Históricos GLP
Preços GLP com Repasse
Figura 7- Comparativo da Evolução dos Preços de GLP aos Consumidores no Brasil
33
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
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R$/l
Preços Históricos Gasolina C
Preços Gasolina C com Repasse
Figura 8 - Comparativo da Evolução dos Preços de Gasolina C aos Consumidores no Brasil
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
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R$/l
Preços Históricos Diesel
Preços Diesel com Repasse
Figura 9 - Comparativo da Evolução dos Preços de Diesel aos Consumidores no Brasil
O objetivo desse trabalho é medir os impactos nas variáveis macroeconômicas
advindos das novas trajetórias de preços ao consumidor, preços com repasse, conforme
mostram as figuras acima.
34
Como medida da inflação, utilizou-se a variação mensal anualizada do IPCA
calculado pelo IBGE, indicador utilizado pelo Bacen. O IPCA pode ser dividido em duas
categorias: preços livres e administrados ou monitorados. Nesse estudo, foi necessário se
estimar a inflação de outras categorias de preços agregados dentro da categoria de
monitorados. Assim, essa parcela foi dividida em três: preços dos derivados, relativos ao
GLP, gasolina e diesel, preços dos transportes públicos, relativos às passagens de ônibus
urbanos, intermunicipais e interestaduais e tarifas de táxis e demais preços monitorados,
recebendo essa última a denominação simplificada de preços monitorados.
Foi medido o impacto nesse indicador, caso a trajetória dos preços dos derivados aos
consumidores tivesse sido a observada nas Figuras 7, 8 e 9 (Preços GLP com Repasse, Preços
Gasolina C com Repasse e Preços Diesel com Repasse).
O cálculo da nova rie do IPCA, relativo aos preços dos derivados de petróleo (GLP,
gasolina e diesel), se baseou nos impactos diretos das variações de preços com repasse dos
preços internacionais e da taxa de câmbio dos três derivados no índice citado. Os impactos
nas demais categorias de preços advindos dessa nova trajetória, foram calculados através das
três regressões citadas no capítulo anterior quais sejam: inflação dos preços livres, inflação
dos preços monitorados e inflação dos transportes públicos.
Calculou-se a parcela do IPCA relativa aos derivados de petróleo da seguinte forma:
levantou-se os pesos no IPCA de cada um desses produtos ao longo do período estudado e
suas variações de preços mensais dessazonalizadas, o que equivale aos respectivos índices de
IPCA dessazonalizados de cada produto; fez-se o somatório do produto destes pesos pelas
suas respectivas variações mensais divididas por 100, resultando na parcela do IPCA
ponderado relativa aos derivados de petróleo. A parcela do IPCA ponderado relativa aos
35
preços dos transportes públicos, componentes do índice, foi obtida pelo somatório do produto
dos pesos no IPCA pela variação de preço mensal de cada um dos componentes dos preços
dos transportes blicos considerados, quais sejam: ônibus urbanos, interurbanos,
interestaduais e táxis.
A parcela do IPCA ponderado relativa aos preços monitorados agrega as duas parcelas
citadas anteriormente, mas para efeito desse estudo, serão tratadas isoladamente. A parcela do
IPCA ponderado relativa aos preços monitorados, componentes do índice foi obtida pelo
somatório do produto dos pesos no IPCA pela variação de preço mensal de cada um dos
componentes dos preços monitorados, exceto derivados e transportes blicos. A parcela do
IPCA ponderado relativa aos preços livres foi obtida pela diferença entre o IPCA total e o
IPCA dos preços monitorados observado, incluindo os derivados de petróleo e transportes
públicos.
Com essas séries gerou-se quatro novas variáveis: a variação mensal de preços dos
derivados de petróleo agregada ou inflação mensal dos derivados de petróleo, a variação de
preços dos transportes públicos agregada ou inflação mensal dos transportes públicos, a
variação dos preços monitorados agregada e a variação de preços livres agregada. As quatro
parcelas compõem o IPCA. As ries foram calculadas dividindo-se as variações ponderadas
de cada uma das parcelas citadas pelos seus respectivos pesos. Os pesos agregados dos
derivados de petróleo, dos transportes públicos e dos demais componentes dos preços
monitorados foram obtidos através da soma algébrica dos pesos dos três derivados de
petróleo, dos quatro transportes públicos e dos demais componentes dos preços monitorados,
respectivamente. O peso dos componentes dos preços livres foi obtido pela diferença do peso
100 pelo peso dos derivados e demais monitorados.
36
A série do IPCA dos derivados com o repasse dos preços internacionais e da
taxa de câmbio foi obtida multiplicando-se as novas variações de preços pelos respectivos
pesos de cada derivado no índice. As novas variações de preços dos derivados de petróleo
ponderada e agregada foram calculadas da mesma forma que as séries sem o repasse de
preços internacionais, conforme descrito anteriormente.
A partir das ries citadas acima foram calculados seus níveis de preços. Estabeleceu-
se como base 100 os dados de janeiro de 2000 e adicionou-se as variações mensais dos
mesmos preços.
A série da taxa de inflação (
π
) é a variação mensal anualizada do nível de preços,
medido pelo IPCA dessazonalizado, expressa em porcentagem.
Utilizou-se como medida do produto, a produção industrial mensal dessazonalizada,
em índice (média 2002 igual a 100), do IBGE. Foi calculado o logaritmo do produto potencial
por meio da extração da tendência linear do logaritmo da produção industrial. Nas regressões
foi utilizado o hiato da produção industrial, calculado pelos resíduos da regressão da produção
industrial potencial.
Para a taxa de juros doméstica utilizou-se a Selic mensal, obtida no Bacen por meio
das metas das taxas de juros estabelecidas pelo Copom. Foi calculada a média ponderada pró-
rata dos dias do mês da meta Selic estabelecida. As metas da inflação também foram as
estabelecidas pelo Bacen. Para a taxa de juros internacionais adotou-se a taxa anualizada dos
fundos federais dos EUA – os Fedfunds.
37
A taxa de câmbio real foi construída a partir da taxa de câmbio nominal de venda, do
Banco Central, multiplicada pelo quociente do IPC dos EUA, obtida no Fundo Monetário
Internacional (FMI), pelo IPCA.
Utilizou-se como medida da dívida total do setor público, o valor em percentagem do
PIB, segundo o Banco Central. Para o prêmio de risco adotou-se o embi, Emerging Market
Bond Index do JP Morgan Bank, cuja fonte é a Bloomberg.
Utilizaram-se também três dummies, com valor um para os meses de outubro de 2002,
maio de 2004 e março de 2005, respectivamente, para os demais períodos adotou-se o valor
zero. Durante esses períodos, o comportamento da taxa de câmbio teve comportamento
atípico, sendo influenciado pelo fator de risco político (dezembro de 2002), pelo aumento do
risco país em função do início da trajetória de alta das taxas de juros dos EUA (maio de
2004).
Todas as séries se mostraram estacionárias no nível, exceto a variável do prêmio de
risco (embi) e nível de preços internacional (IPC dos EUA) que são estacionárias na primeira
diferença, conforme tabela 1 abaixo. A não-estacionariedade do prêmio de risco se deve
provavelmente ao período eleitoral de 2002. As demais séries são, em geral estacionárias, a
não-estacionariedade se deve ao período específico selecionado. Para se verificar a
estacionariedade das variáveis utilizaram-se os testes Augmented Dickey-Fuller (ADF) e
Kwiatkowski-Phillps-Schmidt-Shin (KPSS).
38
Variável Estacionariedade
ADF KPSS
Hiato -2,4679
0,1729
Desvalorização cambial -5,1129
0,3607
Inflação -2,7764
0,3245
Câmbio real* -2,3911
0,0997
Taxa de juros* -3,9288
0,0791
Meta inflação* -1,5948
0,1857
Embi ** -4,4486
0,0743
Dívida pública* -3,4458
0,1071
Inflação dos preços dos derivados de petróleo -6,0774
0,2088
Taxa de juros internacional (Fed funds) 1,4781
0,6153
Nível de preços internacional (IPC EUA) ** -7,3389
0,2713
Tabela 1 –Teste de Estacionariedade das Variáveis
Notas: *
Estacionária com intercepto e tendência, **Estacionária na 1a. diferença. Valores críticos – No
nível com intercepto ADF 1% -3,5191, 5%-2,9001 e 10%-2,5874 KPSS 1% 0,7390, 5% 0,4630, 10%
0,3470; No nível com intercepto e tendência ADF 1% -4,1373, 5% -3,4953, 10% -3,1766 KPSS 1% 0,2160,
5% 0,1460, 10% 0,1190; Na 1ª. Diferença com intercepto ADF 1% -3,5575, 5% -2,9166, 10% -2,5961
KPSS 1% 0,7390, 5% 0,4630, 10% 0,3470.
39
6 RESULTADOS
Nesse capítulo são descritos todos os resultados obtidos no trabalho. Todas as
regressões foram estimadas uma a uma para o período de janeiro de 2000 até junho de 2006,
no entanto os resultados se referem ao período de janeiro de 2002, data da liberalização de
preços dos derivados estudados, a junho de 2006.
A Tabela 2 mostra a estimação da curva IS, onde todos os sinais dos coeficientes o
coerentes, exceto o sinal da taxa de câmbio real, mas a variável não tem grau de significância
alto. Essa incoerência pode ser decorrente da fraca medida do hiato, estimado de forma linear,
bem como pelo comportamento do mbio durante o período estudado. O hiato utilizado foi
relativo à produção industrial.
Regressores Coeficientes
Constante 0,0663*
(0,0161)
Hiato (t-1) 0,5698*
(0,0874)
Taxa de juros (t-1) -0,0025*
(0,0008)
Taxa de câmbio real (t-3) -0,0089***
(0,0048)
R
2
0,7439
R
2
ajustado 0.7332
Tabela 2 – Estimação da Curva IS
Variável dependente: Hiato – 2000:01 – 2006:06
40
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente.
A Tabela 3 mostra a estimação da curva de Phillips numa especificação backward-
looking, relacionando-se a inflação com a inflação passada, o somatório de três defasagens
dos hiatos, como uma medida de desequilíbrio, e a taxa de desvalorização cambial com um
índice de preços internacional. A inflação defasada está sendo medida como o somatório das
inflações que compõem o IPCA, desagregada da seguinte forma: inflação dos preços livres,
inflação dos preços monitorados, inflação dos transportes públicos e inflação dos derivados de
petróleo. A regressão dessa série foi estimada fora do modelo. Os coeficientes encontrados
constam da regressão da curva de Phillips abaixo..
Foram adicionados à especificação, dois componentes auto-regressivos para ajustar os
resíduos. Todos os coeficientes são coerentes com o esperado e significativamente diferentes
de zero.
41
Regressores Coeficientes
Constante
-4,2602*
(1,4355)
0,736902*Taxa de inflação preços livres (t-1)+0,139018*Taxa de inflação
preços monitorados
a
(t-1)+0,039853*Taxa de inflação preços dos derivados de
petróleo
b
(t-1)+ 0,061680*Taxa de inflação preços dos ônibus e táxi
c
(t-1)
0,7155*
(0,0519)
Hiato (t-7)+hiato (t-8)+hiato (t-9) 11,8836**
(5,0180)
Desvalorização cambial (t-1)+Índice de preços internacional 0,0600*
(0,0055)
AR(12) 0,3826*
0,1109
AR(10) 0,2576**
0,1106
R
2
0,8243
R
2
ajustado 0,8071
Tabela 3 – Estimação da Curva de Phillips
Variável dependente: Taxa de Inflação Mensal Anualizada– 2000:01 – 2006:06
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente. a) Preços monitorados exceto preços das passagens de ônibus e tarifas de
táxi e dos derivados de petróleo: GLP, gasolina e diesel. b) Preços dos derivados de petróleo: GLP,
gasolina e diesel. c) Preços das passagens de ônibus urbanos, intermunicipais e interestaduais e tarifas de
táxi.
A Tabela 4 mostra a estimação da regra de juros, sendo a taxa de juros de curto prazo
a variável dependente da equação, principal instrumento de política monetária. Foi acrescido
o prêmio de risco na especificação da equação e um componente auto-regressivo e um de
média móvel para ajustar os resíduos. Todos os coeficientes são significativamente diferentes
de zero.
42
Regressores Coeficientes
Taxa de juros (t-1) 0,9633*
(0,0075)
Taxa de inflação (t-2)-meta (t-1)
0,0273*
(0,0031)
Hiato (t-2) 2,0311**
(1,0326)
Prêmio de risco (t-1) 0,0007*
(0,00009)
AR(1) 0,4475*
(0,1084)
MA(1) 0,9975*
(0,0513)
R
2
0,9891
R
2
ajustado 0,9883
Tabela 4 – Estimação da Regra de Juros
Variável dependente: Taxa de juros – 2000:01 – 2006:06
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente.
A Tabela 5 mostra a estimação da paridade descoberta da taxa de juros. Adicionou-se
à especificação três dummies com valor um para os meses de outubro de 2002 (dummy 1002),
maio de 2004 (dummy 0504) e março de 2005 (dummy 0305), para os demais períodos
adotou-se o valor zero. Durante estes períodos, o comportamento da taxa de mbio teve
comportamento atípico, sendo influenciado pelo fator de risco político (dezembro de 2002),
pelo aumento do risco país em função do início da trajetória de alta das taxas de juros dos
EUA (maio de 2004). Adicionou-se também a dívida pública, medida em percentagem do
PIB, como fator determinante da desvalorização cambial durante o período. Todos os
coeficientes são coerentes com o esperado e significativamente diferentes de zero.
43
Regressores Coeficientes
Constante -862,6746*
(125,6357)
Taxa de juros internacional
22,7533*
(3,8703)
Taxa de juros (t-1) -3,7515**
(1,6721)
d(Prêmio de risco(t-1)) 0,078278*
(0,0247)
Dívida pública 16,4073*
(2,1398)
Dummy 1002 248,4026*
(42,1239)
Dummy 0504 79,9556**
(37,8461)
Dummy 0305 97,4523*
(37,3746)
R
2
0,733372
R
2
ajustado 0,705926
Tabela 5 – Estimação da Paridade Descoberta da Taxa de Juros
Variável dependente: Desvalorização cambial – 2000:01 – 2006:06
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente.
A Tabela 6 mostra a estimação da inflação dos preços livres, com duas variáveis,
sendo uma relativa à defasagem da própria variável endógena e a outra relativa aos derivados
de petróleo: GLP, gasolina e óleo diesel. Essa equação foi inserida no modelo como o
objetivo de medir os efeitos da inflação dos derivados de petróleo nos preços livres,
conferindo um comportamento dinâmico a essa variável. Utilizaram-se variáveis
instrumentais para tratamento da endogeneidade das variáveis.
44
Regressores Coeficientes
Taxa de inflação dos preços livres (t-1) 0,5243**
(0,2333)
Taxa de inflação dos preços dos derivados (t) 0,1542***
-0,0862
R
2
-0,3268
R
2
ajustado -0,3450
Tabela 6 – Estimação da Inflação dos Preços Livres
Variável dependente: Inflação dos preços livres – 2000:01 – 2006:06
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente. 1- Os derivados são GLP, gasolina C e diesel.
Variáveis instrumentais:
Taxa de inflação preços livres (t-2) Taxa de inflação preços dos derivados (t-
1)Taxa de inflação preços dos derivados (t-2)
A Tabela 7 mostra a estimação da inflação dos preços monitorados, exceto os preços
dos derivados de petróleo e dos transportes públicos. Essa equação foi inserida no modelo
para medir os efeitos da inflação dos derivados de petróleo nos preços monitorados,
fornecendo uma dinâmica a essa série. Adicionaram-se também dois componentes auto-
regressivos para ajuste de erros.
45
Regressores Coeficientes
Constante
7,4906*
(1,6952)
Taxa de inflação dos preços livres (t-1) 0,3276**
(0,1640)
Taxa de inflação preços dos derivados (t-3) 0,0478**
(0,0197)
Taxa de inflação preços dos transportes públicos (t-1) 0,1107***
(0,0607)
AR(7) -0,2225**
(0,1096)
AR(12) 0,4116*
(0,0893)
R
2
0,4434
R
2
ajustado 0,3938
Tabela 7 – Estimação da Inflação dos Preços Monitorados
Variável dependente: Inflação dos preços monitorados – 2000:01 – 2006:06
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente.
A Tabela 8 mostra a estimação da inflação dos preços dos transportes públicos. Estão
incluídas as passagens de ônibus urbanos, intermunicipais e interestaduais e tarifas de táxis.
Destacaram-se esses componentes de preços monitorados do IPCA, em função dos preços de
diesel e gasolina representarem uma parcela importante no custo desses transportes. Essa
equação foi inserida no modelo com o objetivo de medir os efeitos da inflação dos demais
componentes do IPCA no preço dos transportes públicos, principalmente o efeito das
variações de preços dos derivados de petróleo.
Na estimação da equação, a defasagem de dez meses para a inflação dos derivados de
petróleo tem alta significância. A explicação pode estar no controle de preços dos transportes
públicos, fato que confere um certo grau de inércia no repasse de custos destes setores.
46
Regressores Coeficientes
Taxa de inflação preços dos transportes públicos (t-1) 0,2703*
(0,0943)
Taxa de inflação dos preços livres (t-1) 0,9939*
(0,2205)
Taxa de inflação preços dos derivados (t-2) 0,0653***
(0,0341)
Taxa de inflação preços dos derivados (t-10) 0,0847*
(0,0271)
R
2
0,5069
R
2
ajustado 0,4834
Tabela 8 – Estimação da Inflação dos Transportes Públicos
Variável dependente: Inflação dos transportes públicos – 2000:01 – 2006:06
Notas: Erro padrão entre parênteses. *, ** e *** indicam que os coeficientes são significativos aos níveis de
1%, 5% e 10%, respectivamente.
Nas figuras seguintes, estão representadas as variáveis endógenas dos três cenários. As
séries que não são identificadas com o tipo de cenário, se referem às séries históricas. A
nomenclatura “cenário base” representa o cenário no qual o mantidos todos os valores
observados historicamente das variáveis exógenas. Nesse caso, as variáveis endógenas são
resultantes das estimativas do modelo. A nomenclatura cenário repasse” representa a
simulação das variáveis macroeconômicas com o repasse dos preços internacionais de
derivados de petróleo e da taxa de câmbio aos preços domésticos dos derivados de petróleo.
Conforme mostra a Figura 10, o hiato do produto industrial é, em média, negativo nos
três cenários. No cenário repasse, o hiato é menor 28,3%, em média, que no cenário base,
indicando uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia no cenário com o repasse
de preços. Essa desaceleração se deve à maior taxa de juros praticada em relação ao cenário
base.
47
-.08
-.06
-.04
-.02
.00
.02
.04
.06
2002 2003 2004 2005
Hiato
Hiato (Cenário Base)
Hiato (Cenário Repasse)
Figura 10 - Comparativo da Evolução do Hiato
Conforme mostra a Figura 11, em função do menor hiato apresentado no cenário
repasse, a produção industrial também é 0,15% inferior ao cenário base no período. A
variação da produção industrial acumulada nos últimos doze meses é, em média, 1,7% menor
no cenário repasse, conforme Figura 23 do Apêndice .
48
96
100
104
108
112
116
120
2002 2003 2004 2005
Produção Industrial
Produção Industrial (Cerio Base)
Produção Industrial (Cerio Repasse)
Figura 11 - Comparativo da Evolução da Produção Industrial
Conforme mostra a Figura 12, a taxa de inflação no cenário repasse foi impactada, em
média, em 3,7 p.p., passando de 7% no cenário base para 10,7% no cenário repasse.
Esta série apresentou também maior volatilidade no cenário repasse em relação
cenário base. As inflações do cenário base e cenário repasse apresentaram volatilidades de 7,4
e de 10,7. Foi usada como medida da volatilidade o desvio padrão das séries.
A maior inflação se deve ao nível de preços mais alto do cenário com o repasse da
variação dos preços internacionais e da taxa de câmbio quando comparados com os preços
praticados. No cenário repasse, os preços do GLP, gasolina e diesel se situaram, em média,
12,9%, 7,3% e 2,1%, respectivamente, acima dos demais cenários. A maior volatilidade da
inflação no cenário repasse é explicada também pela maior volatilidade dos preços dos
derivados, que apresentaram aumento de 81,5%, 23% e 13,4%, para o GLP, gasolina e diesel
49
respectivamente. Os dois efeitos se refletem nas demais categorias de preços que compõem a
taxa de inflação, conforme equações (5), (6) e (7).
Comparando-se o período de junho de 2006 a janeiro de 2002, observa-se que o nível
de preços no cenário repasse, ao final do período, é 15,4% superior ao nível encontrado no
cenário base.
-10
0
10
20
30
40
50
2003 2004 2005
Inflação
Inflação (Cerio Base)
Inflação (Cerio Repasse)
Figura 12 - Comparativo da Evolução da Inflação Mensal Anualizada
A Figura 13 a seguir, reflete a inflação dos derivados de petróleo (GLP, gasolina e
diesel) nos dois cenários. A série da inflação dos preços de derivados no cenário base é igual à
série do cenário com valores históricos, pois é uma variável exógena. No cenário repasse, essa
variável segue uma nova trajetória, sendo o objeto desse estudo avaliar os efeitos advindos
desse fato, nas demais variáveis endógenas que compõem o modelo. No cenário repasse essa
variável apresenta uma inflação 17,7 p.p. acima da inflação de derivados do cenário base, bem
50
como uma volatilidade 53,6% superior à observada no cenário base, refletindo o
comportamento dos preços de derivados no cenário com o repasse de preços internacionais.
-80
-40
0
40
80
120
160
200
240
280
2002 2003 2004 2005
Inflação Preços Derivados de Petróleo
Inflação Preços Derivados de Petróleo (Cenário Repasse)
Figura 13 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços de Derivados de Petróleo
A Figura 14 traz a inflação dos preços livres. No cenário repasse, essa variável se
apresenta 5,5 p.p. acima da inflação do cenário base, bem como uma volatilidade 29%
superior, refletindo os efeitos dos preços de derivados nessa variável.
51
-10
0
10
20
30
40
50
2003 2004 2005
Inflação Preços Livres
Inflação Preços Livres (Cenário Base)
Inflação Preços Livres (Cenário Repasse)
Figura 14 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços Livres
A Figura 15 mostra a inflação dos preços monitorados. No cenário repasse, essa
variável apresenta uma inflação 31,5% ou 3,5p.p. acima da inflação do cenário base, bem
como uma volatilidade 13,5% superior, refletindo os efeitos dos preços de derivados, preços
livres e dos transportes públicos nessa variável.
52
-10
0
10
20
30
40
50
2003 2004 2005
Inflação Preços Monitorados
Inflação Preços Monitorados (Cenário Base)
Inflação Preços Monitorados (Cenário Repasse)
Figura 15 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços Monitorados
A Figura 16 mostra a inflação dos preços dos transportes blicos como reflexo da
nova trajetória dos preços dos derivados de petróleo e seus impactos sobre as demais
categorias de preços que compõem a inflação medida pelo IPCA. No cenário repasse, essa
variável apresenta uma inflação 10,4 p.p. acima da inflação do cenário base, e uma
volatilidade 8,3% superior.
53
-20
0
20
40
60
80
100
2002 2003 2004 2005
Inflação Preços Transportes Públicos
Inflação Preços Transportes Públicos (Cenário Base)
Inflação Preços Transportes Públicos (Cenário Repasse)
Figura 16 - Comparativo da Evolução da Inflação dos Preços dos Transportes Públicos
A taxa de juros nominal no cenário repasse é, em média, 5,8% maior que no cenário
base, conforme mostra a Figura 17, representando uma média de 1 p.p. de diferença acima do
cenário base. No final de 2004, as taxas de juros dos dois cenários descolam da série histórica
com tendências de comportamento opostas, enquanto as taxas de juros dos cenários base e
repasse seguem uma trajetória de queda, a série histórica segue uma trajetória de ascensão e
posterior descendência. Pode-se explicar esse comportamento não capturado pelo modelo, por
uma reação do Bacen a uma expectativa de aquecimento da economia, com conseqüências
sobre a inflação.
No final do período, observa-se um aumento significativo da taxa de juros do cenário
repasse em relação ao cenário base, chegando a uma diferença máxima de 2,8 p.p. em
dezembro de 2005. Esse comportamento reflete a reação da política monetária ao crescimento
da inflação nesse período.
54
Observa-se que a taxa de juros real no cenário repasse foi inferior à apresentada no
cenário base em 2,7p.p., em função, principalmente, da alta acentuada da inflação no cenário
repasse, conforme Figura 24 do Apêndice.
12
14
16
18
20
22
24
26
28
2003 2004 2005
Taxa de Juros - SELIC
Taxa de Juros - SELIC (Cenário Base)
Taxa de Juros - SELIC (Cenário Repasse
)
Figura 17 - Comparativo da Evolução da Taxa de Juros
A taxa de câmbio no cenário repasse teve uma apreciação média de 5,1% em relação
ao cenário base, conforme mostra a Figura 18, atingindo uma apreciação máxima no final do
período de aproximadamente 16,3%. Entre o final de 2003 e meados de 2004, as taxas de
câmbio dos dois cenários descolam da série observada apresentando um nível de
desvalorização maior que o observado historicamente, apesar de, nos dois casos, a taxa de
juros ser superior que a observada historicamente. O descolamento tem início quando a taxa
de juros começa uma trajetória de queda, que perdura até o final do período, e o risco país
também apresenta um breve período de elevação.
55
No final do período as trajetórias das taxas de câmbio dos dois cenários gerados
voltam a descolar da série histórica, conforme comportamento da desvalorização cambial
apresentado na Figura 19, do Apêndice. Esse movimento é conseqüência da queda da taxa de
juros doméstica, com concomitante e sistemático aumento da taxa de juros internacional,
conforme modelado. De fato, o Banco Central tem utilizado o capital externo, internado no
País, para aumentar as reservas cambiais. Esse movimento não está modelado.
O mesmo tipo de comportamento é observado na taxa de câmbio real apresenta na
Figura 20 do Apêndice.
2.0
2.4
2.8
3.2
3.6
4.0
2002 2003 2004 2005
CÂMBIO
CÂMBIO (Cenário Base)
CÂMBIO (Cenário Repasse)
Figura 18 - Comparativo da Evolução da Taxa de Câmbio
56
7 CONCLUSÃO
No Brasil, a política de preços dos derivados GLP, gasolina e óleo diesel tem sido
conservadora no sentido de proteger o consumidor da alta volatilidade dos preços
internacionais e da taxa de câmbio. Os choques de preços do petróleo têm sido repassados
com certa inércia, conforme Figuras 1, 2 e 3. Observou-se que, caso o repasse da volatilidade
citada tivesse ocorrido, o comportamento das variáveis macroeconômicas teriam seguido uma
trajetória diferenciada.
Nesse trabalho buscou-se simular o que teria acontecido à economia brasileira, caso a
política de preços destes derivados tivesse seguido uma estratégia mais aderente em relação
aos choques dos preços do petróleo e da taxa de câmbio.
Observou-se que no cenário simulado, o repasse da volatilidade ocorreu tanto no
sentido de aumentos como de reduções de preços em relação aos preços praticados
historicamente e com maior freqüência, trazendo uma maior flutuação para os preços
domésticos. No entanto, como conseqüência do cenário de preços internacionais, que
apresentou uma trajetória sustentada de alta durante o período analisado, os preços simulados
se encontram, em média, superiores aos praticados. Nesse trabalho não foram levados em
consideração os possíveis reflexos de uma retração na demanda.
57
Observou-se nos resultados um maior impacto direto no nível geral de preços medido
pelo IPCA, gerando um nível maior de inflação, bem como uma maior volatilidade nessa
variável. Em função da maior inflação, o Banco Central reagiu, ajustando a política monetária
com a elevação da taxa de juros doméstica, tornando o País atrativo para a entrada de moeda
estrangeira, conseqüentemente reduzindo a desvalorização cambial e tornando o Real mais
valorizado. No entanto, tornando as exportações menos atrativas.
Observou-se os seguintes efeitos nas variáveis macroeconômicas resultantes do
repasse da volatilidade dos preços internacionais e da taxa de câmbio aos preços dos
derivados no mercado doméstico: vel mais elevado da taxa de juros em 5,8% ou 1 p.p. , em
média no período, uma taxa de inflação (anualizada) mais alta em 3,7 p.p., em média,
passando de uma dia de 7% para 10,7% e com maior volatilidade (43,7% mais volátil),
uma taxa de câmbio mais valorizada em 5,1% e uma produção industrial menor em 0,15%. O
reduzido efeito sobre a produção industrial, pode ser explicado pela baixa sensibilidade dessa
variável em relação à variação da taxa de juros dessa magnitude, por essa última apresentar
em sua composição, uma grande parcela relativa aos spreads bancários.
Sobre os efeitos negativos da volatilidade de preços, Silva (2003) afirma que a
volatilidade de preços aumenta a incerteza em relação aos preços esperados, tornando as
firmas mais relutantes em investir, demandando um maior prêmio de risco para efetivar os
investimentos na indústria. Em relação ao bem-estar do consumidor, a volatilidade também
tem efeitos negativos, em sua maioria, pois dificulta a capacidade de planejamento e
financiamento. No entanto, a avaliação de tais efeitos relativos ao período analisado nesse
trabalho, merece uma análise mais detalhada com essa abordagem específica.
58
De acordo com Rogoff, 2005, o consumo de petróleo tem se concentrado na indústria
de transporte, o que tem reduzido o escopo para os choques de petróleo terem impactos
negativos na produção de plantas e equipamentos. Quanto mais concentrado na demanda
final, menor o escopo para o tipo de efeitos majorados que são necessários para o petróleo ter
um efeito amplificado na economia. Além disso, países como o Brasil, que é independente em
energia, e o México exportador, fazem com que um aumento de U$5/bbl resulte num efeito
de redução sobre o PIB de menos de 0,1% (Rogoff , 2005).
A vulnerabilidade dos países em relação aos preços do petróleo varia. A magnitude
dos impactos diretos, resultante de aumentos de preços de petróleo, depende da parcela do
custo do óleo na renda nacional, do grau de dependência do país em relação ao produto
importado, do quão sua produção energético–intensiva representa no PIB, da eficiência
energética dos seus processos, da facilidade com que seus consumidores migram para
produtos substitutos, dentre outros.
Nesse sentido, algumas características do mercado brasileiro merecem destaque: a
baixa participação dos derivados GLP, gasolina e diesel no índice de inflação IPCA, a
redução, da participação do petróleo na matriz energética brasileira (2005 – 38,4%, de acordo
com BEN 2006, versão preliminar), a crescente participação do gás natural e grande
participação de biocombustíveis na mesma matriz, a recém alcançada condição de auto-
suficiência em petróleo, o crescimento da participação dos veículos flex-fuel, dentre outros.
Conclui-se que se adotada uma política de preços de derivados doméstica mais
agressiva, no sentido de repassar as flutuações dos preços do mercado internacional de
petróleo e da taxa de câmbio, os efeitos nas variáveis macroeconômicas brasileiras, no
59
período de janeiro de 2002 a junho de 2006, teriam tido magnitudes entre pequena e
moderada, a depender da variável considerada.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bernanke, Ben S., Gertler, Mark e Watson, Mark W., Systematic Monetary Policy and the
Effects of Oil Price Shocks,” Brookings Papers on Economic Activity, v. 1, p. 91-157. 1997.
Bernanke, Ben S., Gertler, Mark e Watson, Mark W., "Oil Shocks and Aggregate
Macroeconomic Behavior: The Role of Monetary Policy: Reply," Journal of Money, Credit
and Banking, Ohio State University Press, v. 36, n. 2, p. 287-291, abr. 2004.
Bogdanski, Joel, Tombini, Alexandre A., Werlang, Sérgio R.C., “Implementing Inflation
Targeting in Brazil”, Working Paper Series 1, Banco Central do Brasil, jul. 2000.
Friedman, Benjamin M., “Comments and Discussion” sobre Bernanke, Gertler e Watson
(1997). 1997.
Hamilton, James D., “Oil and the Macroeconomy since World War II”, The Journal of
Political Economy, v. 91, n. 2, p. 228-248, abr. 1983.
Hamilton, James D., “What is an Oil Shock?”, NBER Working Paper No.7755, jun. 2000.
Hamilton, James D. e Herrera, Ana Maria, “Oil Shocks and Aggregate Macroeconomic
Behavior: The Role of Monetary Policy”, Journal of Money, Credit and Banking, Ohio State
University Press, v. 36, n. 2, p. 265-286, abr. 2004.
Hamilton, James D., Oil and the Macroeconomy”, Preparado para Palgrave Dictionary of
Economics, University of California, San Diego, ago. 2005
Horsnell, Paul e Mabro, Robert, Oil Markets and Prices: The Brent Market and the
Formation of World Oil Prices”. Oxford, Oxford University Press, 1993.
Hunt, Benjamin, Isad, Peter, e Laxton, Douglas, The Macroeconomic Effects of Higher Oil
Prices,” IMF Working Papers, WP/01/14. 2001.
Loyo, Eduardo e Vereda, Luciano, 2004, Can Monetary Policy Be Helped by Domestic Oil
Price Stabilization?”, Texto para discussão No. 502, Departamento de Economia, PUC-Rio
Mussa, Michael, “The impact of higher oil prices on the global economy”, International
Monetary Fund. 2000.
61
Rogoff, Kenneth, “Oil and Global Economy,” Preparado para International Energy Forum
Secretariat meeting of Ministers and Oil Company Presidents, Riyadh. 2005.
Silva, Carla M. de Souza e, “Estratégia de Preços da Petrobras no mercado de combustíveis
brasileiro pós-liberação e instrumentos de amortecimento de variações internacionais”,
Dissertação de mestrado em economia, Instituto de Economia, UFRJ. 2003.
Sims, Christopher A., “Comments and Discussion” sobre Bernanke, Gertler e Watson (1997).
1997.
62
APÊNDICE
Abaixo seguem os demais gráficos das variáveis endógenas observadas e geradas pelo
modelo.
-100
0
100
200
300
400
2002 2003 2004 2005
Desvalorização cambial
Desvalorização cambial (Cenário Base)
Desvalorização cambial (Cenário Repasse)
Figura 19 - Comparativo da Evolução da Desvalorização Cambial
63
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
2002 2003 2004 2005
CÂMBIO REAL
CÂMBIO REAL (Cenário Base)
CÂMBIO REAL (Cenário Repasse)
Figura 20 - Comparativo da Evolução do Câmbio Real
0
4
8
12
16
20
2003 2004 2005
Inflação acumulada - 12 meses
Inflação acumulada - 12 meses (Cenário Base)
Inflação acumulada - 12 meses (Cenário Repasse)
Figura 21 - Comparativo da Evolução da Inflação nos Últimos 12 meses
64
110
120
130
140
150
160
170
180
2002 2003 2004 2005
Nível de Pros - IPCA
Nível de Pros - IPCA (Cenário Base)
Nível de Pros - IPCA (Cenário Repasse)
Figura 22 - Comparativo da Evolução do Nível de Preços ao Consumidor, medido pelo IPCA
-2
0
2
4
6
8
10
2002 2003 2004 2005
Variação da Produção Industrial - acumulada 12 meses
Variação da Produção Industrial - acumulada 12 meses (Cenário Base)
Variação da Produção Industrial - acumulada 12 meses (Cenário repasse)
Figura 23 - Comparativo da Variação da Produção Industrial - Acumulada nos Últimos 12 Meses
65
-30
-20
-10
0
10
20
30
2003 2004 2005
Taxa de Juros Real
Taxa de Juros Real (Cenário Base)
Taxa de Juros Real (Cenário Repasse)
Figura 24 - Comparativo da Evolução da Taxa de Juros Real
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