sentenças naturais, sempre que os sujeitos não interpretaram as primeiras antes de ocorrer a
aprendizagem.
Tais resultados ressaltam Pollio et al. (1990), sugerem que anomalia e metáfora não
são categorias distintas e que existem condições específicas sob as quais elas são
discriminadas. Uma dessas condições é aquela que envolve um conjunto de metáforas que
informa aos ouvintes que a interpretação figurada é tanto possível quanto razoável.
Através desses experimentos, os autores chegaram à conclusão de que devem ser
consideradas as interpretações individuais quando se fizer a distinção entre anomalia e
metáfora. Alguns sujeitos classificaram as sentenças anômalas como metafóricas, enquanto
outros desconsideraram a metáfora e julgaram as sentenças “literalmente”
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, nos levando a
entender que o que não faz sentido para uns, poderá fazer para outros.
4) A paráfrase de uma figura de linguagem tem o mesmo significado da própria figura
original.
Os autores questionam a afirmativa de que a metáfora apenas substitui um conjunto de
sentenças literais. A idéia de que a metáfora simplesmente substitui, ou seja, é uma paráfrase
de um conjunto de sentenças literais, fundamenta a teoria de substituição da metáfora, e se
essa visão for aceita, as metáforas, então, seriam dispensáveis, na medida em que não
apresentam nova informação. Entretanto, segundo Pollio et al. (ibid:152), Black (1981;
1993:19-39) tem argumentado muitas vezes (primeiramente em Metaphor e, mais tarde, em
More about Metaphor, onde o autor complementa o estudo anterior) contra esse ponto de
vista com base na sua teoria da interação da metáfora, segundo a qual o tenor e o veículo de
uma metáfora interagem para produzir um novo significado. Para o autor, uma metáfora
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Essas descobertas trouxeram à tona a discussão entre o que é literal e figurado, na medida em que as primeiras
pesquisas sobre o assunto não trataram essa distinção como problemática (MILLER e ISARD, 1963;
STEINBERG, 1970 a, 1970 b:ibid:150). Lakoff (1986a:ibid), entretanto, contribui para esse debate propondo
quatro significados diferentes para o que ele entende como literal.
Literal 1: “literalidade convencional” (conventional literality), em que o uso literal é contrastado com o poético.
Literal 2: “assunto de base literal” (subject matter literality), em que certas expressões são as mais usadas para se
falar de um determinado tópico.
Literal 3: “literalidade não-metafórica” (nonmetaphorical literality), ou linguagem significativa direta, em que
uma palavra (conceito) nunca é entendida em termos de uma segunda palavra (ou conceito).
Literal 4: “literalidade condicional verdadeira” (truth-conditional literality), em que a linguagem é usada para se
referir a objetos existentes que podem ser julgados como falsos ou verdadeiros.
Já o uso comum assume as seguintes regras, segundo Lakoff:
Literal 1 = Literal 3, ou linguagem comum convencional, é diretamente significativa e, conseqüentemente, não
metafórica.
Literal 1 = Literal 4, ou linguagem convencional, é capaz de ser referir à realidade objetiva e de ser
objetivamente falsa ou verdadeira.
Literal 2 = literal 4, ou existe somente uma maneira objetivamente correta de se entender um assunto e uma
linguagem convencional usada para falar se um assunto é capaz de ser verdadeiro ou falso.
Pollio et al. (ibid:151) alertam que, para Lakoff, essas deduções têm conseqüências significativas para as teorias
da metáfora: 1. termo literal serve para contrastar com o termo metafórico. Literal 1, Literal 2 e Literal 4 serão
consistentes com o metafórico se as regras a, b, e c não forem usadas e, no caso de serem, somente a dedução