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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
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“RISCO DE LIQUIDEZ – UMA APLICAÇÃO
AO MERCADO FINANCEIRO BRASILEIRO”
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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2007.
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“RISCO DE LIQUIDEZ – UMA APLICAÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
BRASILEIRO”
LUIZ EDUARDO MENDES DE ALMEIDA PORTELLA
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em Economia
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Economia.
Área de Concentração: Finanças
ORIENTADOR: ANTONIO DUARTE
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2007.
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“RISCO DE LIQUIDEZ – UMA APLICAÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
BRASILEIRO”
LUIZ EDUARDO MENDES DE ALMEIDA PORTELLA
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em Economia
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Economia.
Área de Concentração: Finanças
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor ANTONIO DUARTE
Instituição: Faculdades IBMEC S.A
_____________________________________________________
Professor JOSE SANTIAGO FAJARDO BARBACHAN
Instituição: Faculdades IBMEC S.A
_____________________________________________________
Professor MARCO OLIVEIRA
Instituição: UFRJ
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2007.
FICHA CATALOGRÁFICA
332.66
P843
Portella, Luiz Eduardo Mendes de Almeida.
Risco de liquidez – Uma aplicação ao mercado financeiro
brasileiro / Luiz Eduardo Mendes de Almeida Portella. - Rio de
Janeiro: Faculdades Ibmec. 2007.
Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Economia das Faculdades Ibmec,
como requisito parcial necessário para a obtenção do título de
Mestre em Economia.
Área de concentração: Finanças e controladoria.
1. Bancos de investimento. 2. Investimentos – Risco de
liquidez. 3. Finanças – Variáveis econômicas. 4. Mercado
financeiro – Brasil.
1
Ao meu pai, Carlos Eduardo, à minha mãe, Monica, à
minhas irmãs, Joanna e Luiza, ao meu irmão, João Pedro,
a toda minha família, e aos meus amigos que com carinho
e compreensão muito me ajudaram a superar mais este
desafio na minha vida.
A Patricia, que compartilhou comigo as dificuldades,
desafios e alegria da realização deste trabalho.
2
Agradecimentos
Ao Professor Antonio Marcos Duarte Júnior, que aceitou prontamente ser meu orientador, e
pela ajuda e conselhos durante a realização deste trabalho.
Aos companheiros de trabalho do Banco Modal S.A, em especial ao Cristiano e Olavo que
estavam sempre dispostos a ajudar.
3
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo tratar do risco de liquidez que as instituições
financeiras possam se defrontar caso ocorram choques na SELIC, na taxa de câmbio, no
IGP-M e na margem da BM&F e CBLC.
Criamos um fluxo de caixa baseado em um banco de investimento do mercado brasileiro
e, a partir de seu fluxo de caixa e do caixa disponível futuro, fizemos simulações nas
variáveis econômicas acima.
Os efeitos tanto de curto prazo quanto de longo prazo foram cuidadosamente
analisados, levando-se em consideração não só as operações de tesouraria, mas todas as
operações que afetam o fluxo de caixa de uma instituição financeira, tais como operações
de crédito, comerciais, emissões e carteira imobiliária.
4
Abstract
This working paper is about liquidity risk that can affect investiment banks when significant
changes occur in Interest Rate(Selic), FX, PPI and margin.
We stressed a cash flow based on a Brazilien Investment Bank with changes in the interest
rate (Selic), FX, PPI and margin and discussed the short and long time effect for its financial
wealth.
5
Sumário
1. Introdução...............................................................................................................................7
1.1 Barings Bank ....................................................................................................................7
1.2 Metallgesellschaft.............................................................................................................8
1.3 Long Term Capital Management....................................................................................10
2. Sistema Financeiro Nacional................................................................................................12
2.1 Banco Central (BC)........................................................................................................12
2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)......................................................................13
2.3 Bolsas de Mercadorias e Futuros (BM&F) ....................................................................13
2.4 Bolsa de Valores.............................................................................................................15
2.5 Risco de Liquidez...........................................................................................................15
2.6 Operações que afetam o Fluxo de Caixa........................................................................19
3. Metodologia..........................................................................................................................22
3.1 Análise do Saldo do Caixa Futuro..................................................................................23
4. Saldo do Caixa Futuro da Instituição Financeira..................................................................25
4.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses............................25
4.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ........................26
4.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias...............................26
4.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias............................27
5. Stress do Saldo do Caixa Futuro com variações nas variáveis câmbio, Selic, margem e no
IGP-M.......................................................................................................................................28
5.1.1 Primeiro choque: Câmbio sai de 2,17 para 3,00..........................................................28
5.1.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................28
5.1.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................29
5.1.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................29
5.1.1.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................30
5.1.2 Segundo choque: Real sai de 2,17 para 1,50...............................................................31
5.1.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................31
5.1.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................32
5.1.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................32
5.1.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................33
5.2 Stress do Saldo do Caixa Futuro com variações na Selic...................................................34
5.2.1 Primeiro choque: Selic sobe 1000 bps.........................................................................34
5.2.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................34
5.2.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................35
5.2.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................35
5.2.1.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................36
5.2.2 Segundo choque: Selic cai 1000 bps ...........................................................................37
5.2.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................37
5.2.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................37
5.2.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................38
5.2.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................38
5.3 Stress do Saldo do Caixa Futuro com variações na margem..............................................39
5.3.1 Primeiro choque: Margem aumenta em 100%............................................................39
6
5.3.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................39
5.3.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................40
5.3.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................40
5.3.1.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................41
5.3.2 Segundo choque: Margem diminui em 50%...............................................................41
5.3.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................41
5.3.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................42
5.3.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................42
5.3.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................43
5.4 Stress do Saldo do Caixa Futuro com IGP-M....................................................................44
5.4.1 Expectativa do IGP-M sai de 5% ao ano para 10%.....................................................47
5.4.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................47
5.4.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................48
5.4.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................48
5.4.2 Expectativa do IGP-M sai de 5% ao ano para 0%.......................................................49
5.4.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses......................49
5.4.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ..................50
5.4.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.........................51
5.4.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias......................51
6. Cenário da crise das eleições de 2002..................................................................................52
6.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses ...........................53
6.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses ........................53
6.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias...............................54
6.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias............................55
7. Conclusão .............................................................................................................................56
7.1 Cultura Corporativa para Riscos ....................................................................................57
7.2 Pessoal Qualificado ........................................................................................................58
7.3 Procedimentos Internos ..................................................................................................58
7.4 Tecnologia......................................................................................................................59
8. Referências Bibliográficas....................................................................................................60
7
1. Introdução
As grandes mudanças ocorridas na economia, além do grande desenvolvimento em termos de
tamanho do mercado financeiro não só no Brasil, quanto no resto do mundo nas últimas
décadas, têm despertado por parte das autoridades monetárias uma preocupação cada vez mais
crescente em relação às políticas e métodos de controle e mitigação dos mais variados níveis
de risco, que uma instituição ou o mercado como um todo está sujeito.
Risco é um conceito que cobre quatro grandes grupos: risco de mercado, risco operacional,
risco de crédito e risco legal. Todos eles geram como conseqüência o risco de liquidez da
Instituição Financeira. Não importa qual o fator que inicie o colapso em uma instituição
financeira, a falta de liquidez será sempre o motivo de sua falência.
Neste sentido, várias legislações ou orientações têm sido feitas por parte do Banco Central
para um maior controle destes riscos.
1.1 Barings Bank
Um dos casos mais famosos quando falamos sobre risco de liquidez é o do Barings Bank, que
em 26 de fevereiro de 1995 as notícias de seu colapso chegaram à imprensa britânica. O
operador baseado em Cingapura, Nicholas Leeson, havia causado perdas da ordem de
grandeza de $1.3 bilhões.
A história do colapso do Barings inicia-se alguns anos antes, quando Leeson era visto como o
mais promissor operador da instituição. Em 1994, Leeson obteve pessoalmente quase 20%
8
dos ganhos do Barings. Isto o tornou muito poderoso e pedidos seus de margens no valor de
$1 bilhão foram feitos e aceitos pela matriz londrina.
Leeson posicionou o Barings em vários derivativos no mercado asiático. A posição principal
era de $7 bilhões em contratos futuros sobre o índice do mercado acionário japonês Nikkei
225. Estas posições foram tomadas nas bolsas de derivativos de Osaka e Cingapura. Durante
os dois primeiros meses de 1995 o mercado acionário japonês caiu 15%. As posições do
Barings sob responsabilidade de Lesson sofreram perdas enormes. Por achar que o mercado
estava errado, Lesson tomou posições ainda maiores nos mesmos contratos futuros esperando
que o mercado revertesse sua tendência de queda.
Diante do volume de perdas, Lesson abandonou seu posto no Barings de Cingapura,
mandando um fax para seus superiores em Londres com um pedido de desculpas. A próxima
queda observada foi a do próprio Barings, comprado pelo grupo holandês Internationale
Nederlanden Group (ING) por uma única libra esterlina. Lesson foi condenado a seis anos e
meio de prisão pela justiça britânica.
1.2 Metallgesellschaft
No início de 1993, a Metallgesellschaft era o décimo-quarto maior conglomerado industrial
alemão. Contava então com 58.000 empregados. Suas dificuldades começaram quando sua
subsidiária norte-americana, a Metallgesellschaft Refining & Marketing, decidiu vender
contratos de longo prazo (até dez anos de duração) para distribuição de combustíveis no
montante de 180 milhões de barris. Esta decisão da subsidiária norte-americana foi tomada
sem consulta à matriz alemã.
9
A estratégia de hedge da subsidiária norte-americana era utilizar o mercado de contratos
futuros para reduzir sua exposição a variações dos preços de petróleo. A grande dificuldade
para a Metallgesellschaft Refining & Marketing é que os contratos futuros sobre petróleo
disponíveis em bolsas de derivativos mundiais são todos de curto prazo. Surgia o chamado
basis risk, oriundo do fato de contratos futuros de curto prazo sobre petróleo estarem sendo
utilizados para gerenciar a exposição de contratos de longo prazo. Identifica-se aqui a
necessidade de cuidado máximo com o gerenciamento do risco de mercado da exposição aos
preços do petróleo.
O problema ficou aparente para a matriz alemã quando o preço do petróleo caiu de $20/barril
para $15/barril em 1993. Quase $1 bilhão em ativos líquidos foram solicitados pelas bolsas de
derivativos como margens para as posições em futuros da subsidiária norte-americana. Uma
dimensão do risco de mercado, o risco de liquidez, estava presente no problema da
Metallgesellschaft.
A decisão da matriz alemã foi demitir a cúpula de sua subsidiária norte-americana, e liquidar
todas as posições em futuros e contratos de longo prazo para entrega de combustíveis. As
perdas foram da ordem de grandeza de $1.3 bilhões. O Deutsche Bank financiou a
Metallgesellschaft em $2.4 bilhões, salvando o então gigante alemão. O preço da ação da
Metallgesellschaft caiu de 64 marcos para 24 marcos, levando a perdas de mais de 50% do
seu valor de mercado.
10
1.3 Long Term Capital Management
A lista de instituições financeiras operando com o Long Term Capital Management incluía
nomes como J.P.Morgan, Deutsche Bank, Citigroup, Union Bank of Switzerland, Merrill
Lynch, Sumitomo Bank, Chase Manhattan, Goldman Sachs, Crédit Suisse e Morgan Stanley.
O Long Term Capital Management propiciou ganhos altíssimos (medidos em US$) durante os
anos de 1995 (45%) e 1996 (41%) para seus investidores.
Entre os administradores do fundo incluíam-se profissionais do mercado financeiro e
acadêmico (dois ganhadores de Prêmio Nobel da economia) “brilhantes” como John
Meriwether, Robert Merton e Myron Scholes.
A operação do Long Term Capital Management e suas relações com investidores oferecem
um raro exemplo da combinação de risco de crédito, operacional e mercado. Do ponto de
vista de crédito, reguladores norte-americanos consistentemente alertaram para um maior
cuidado na concessão de crédito para fundos de hedge. Estas recomendações foram
regularmente ignoradas por instituições operando com o Long Term Capital Management. Por
exemplo, algumas instituições forneceram linhas de crédito de até US$ 900 milhões ao Long
Term Capital Management sem garantias extras (ou seja, como que operando com instituições
de sólida imagem creditícia).
O Long Term Capital Management não fornecia informações detalhadas para seus
investidores e contrapartes, mesmo quando solicitadas. De fato, quando comparado à grande
maioria de fundos de hedge, o Long Term Capital Mangement era o que menos fornecia
informações, limitando-se a demonstrações financeiras em uma base mensal, sem maiores
11
detalhes. O motivo alegado para tal pelos principais responsáveis pelo Long Term Capital
Mangement era simples: não permitir à concorrência conhecer sua estratégia de investimento.
O Long Term Capital Management chegou a apresentar níveis de alavancagem de até 250:1.
Também foi o responsável por 30% da volatilidade do principal índice francês de ações (o
CAC40) durante o primeiro semestre de 1998. Mais ainda, o Long Term Capital Management
não fazia grandes investimentos em sistemas computacionais para o gerenciamento do risco
de mercado, muito embora tivesse dentre seus administradores dois ganhadores do Prêmio
Nobel da economia (e responsáveis pelo desenvolvimento inicial da teoria de opções e, de
forma mais geral, do desenvolvimento teórico de derivativos).
Além do socorro de US$ 3.6 bilhões, o Long Term Capital Management custou o emprego de
importantes executivos no mercado financeiro norte-americano e europeu, além de perdas
volumosas para várias instituições (como o Union Bank of Switzerland, que apresentou um
prejuízo de US$ 700 milhões relacionado ao Long Term Capital Mangement).
12
2. Sistema Financeiro Nacional
2.1 Banco Central (BC)
O Banco Central do Brasil é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda criada pela
Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal executor das orientações do Conselho
Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo
por objetivos: zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais em
nível adequado; estimular a formação de poupança; zelar pela estabilidade e promover o
permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. Dentre suas atribuições, estão: exercer a
fiscalização das instituições financeiras e autorizar o funcionamento das instituições
financeiras.
Em relação aos controles/limites de riscos de uma instituição financeira, as principais normas
editadas pelo BC/CMN são:
Risco de Mercado:
Risco de Crédito:
Limites Operacionais:
13
Com relação ao objeto de análise do nosso trabalho – Risco de Liquidez – a principal norma
expedida até a presente data é a Resolução CMN 2.804 de 21 de Dezembro de 2000. Esta
norma define Risco de Liquidez como sendo: “ocorrência de desequilíbrios entre ativos
negociáveis e passivos exigíveis - "descasamentos" entre pagamentos e recebimentos - que
possam afetar a capacidade de pagamento da instituição, levando-se em consideração as
diferentes moedas e prazos de liquidação de seus direitos e obrigações”.
2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela Lei 6.385, de 7
de dezembro de 1976. É responsável entre outras atribuições por: Regulamentar, desenvolver,
controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país. Para este fim, exerce as
funções de: assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão;
proteger os titulares de valores mobiliários, entre outras.
2.3 Bolsas de Mercadorias e Futuros (BM&F)
As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa,
com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das
operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Possuem autonomia financeira,
patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
14
A Câmara estabelece as margens que devem ser depositadas pelos participantes para a
garantia da liquidação das obrigações decorrentes das operações, definindo os valores e os
prazos para depósito, que poderão ser alterados sempre que necessário ou conveniente.
A Câmara define também os ativos, documentos, títulos e valores que são aceitos como
garantias, os procedimentos para seu encaminhamento e custódia e os critérios de sua
aceitação.
Hoje, os principais ativos aceitos como garantia na BM&F são títulos públicos federais,
ações, CDB’S, fianças bancárias, ouro, dinheiro, entre outros. Alguns ativos são aceitos como
margem considerando o que chamamos de “deságio”. Este seria o custo pelo que a BM&F
teria para se desfazer de uma grande quantidade deste ativo num curto espaço de tempo.
Além das margens iniciais requeridas pela Câmara, esta poderá exigir o depósito de margens
adicionais, conforme o volume e o risco das posições de responsabilidade dos participantes.
Além de seu próprio patrimônio, a BM&F possui fundos garantidores que podem ser
acionados se as margens de garantia não forem suficientes para liquidar a posição de um ou
mais clientes inadimplentes.
A BM&F dispõe também, em caso de uma situação de extrema iliquidez, de linhas de crédito
pré-aprovadas junto a instituições financeiras de médio e grande porte.
15
2.4 Bolsa de Valores
As bolsas de valores são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa, com objetivo de
manter local adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações
de compra e venda de títulos e valores mobiliários pertencentes a pessoas jurídicas públicas e
privadas, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus
membros e pela Comissão de Valores Mobiliários. Possuem autonomia financeira,
patrimonial e administrativa.
2.5 Risco de Liquidez
No dia 21 de dezembro de 2000, o Banco Central do Brasil resolveu estabelecer, através da
resolução nº 2804, que as instituições financeiras devam manter sistemas de controle de todas
as operações praticadas nos mercados financeiros e de capitais, de forma a evidenciar o risco
de liquidez da instituição financeira.
O risco de liquidez é definido como o descasamento entre o ativo e o passivo da instituição
financeira que podem afetar sua capacidade de pagamento.
Ao longo dessa dissertação vamos apresentar os mecanismos que as instituições financeiras
estão adotando para controlar seu fluxo de caixa e vamos apontar os riscos do descasamento
do ativo e passivo.
16
As áreas envolvidas na administração e análise de liquidez de uma instituição financeira são:
Risco, Tesoureiro e Diretores da instituição financeira, cada um com sua devida
responsabilidade.
A área de Risco é responsável pela preparação dos fluxos de caixa e pela análise diária de
todas as posições mantidas em conjunto com o Tesoureiro, bem como a avaliação da sua
adequação em relação aos limites operacionais estabelecidos e pela avaliação da liquidez dos
ativos negociados e pelo impacto de cenários negativos no caixa.
O Tesoureiro é responsável pela área de Trading e os Diretores Executivos além de terem o
poder de definir qual alternativa será adotada caso a instituição financeira se defronte com
algum problema de liquidez são os garantidores de última instância da mesma com recursos
próprios.
Diariamente é preparado o fluxo de caixa da instituição financeira para os próximos dois anos
com base em todas as operações ativas e passivas em carteira. A partir dos dados originais,
são criados cenários de stresses nas captações de recursos de terceiros para avaliar os
impactos na liquidez que alterações nas previsões iniciais de resgates de CDB podem gerar.
Além do stress do passivo, são previstas também, movimentações nas carteiras ativas e efeitos
do desbloqueio de caixa no vencimento de operações de swap e possíveis novas chamadas de
margem em função de novas posições do Trading.
O fluxo de caixa é importante para identificar a evolução esperada da liquidez da instituição
financeira, possibilitando a análise prévia da necessidade de iniciar alguma das alternativas do
plano de contingência.
17
A diferença entre os recursos captados e as alocações convencionais das áreas de Crédito e
Trading é considerada como o caixa da instituição financeira. Para fins de controle gerencial
de liquidez esse caixa é segregado em três formas:
Caixa Bloqueado: Total de títulos públicos em bloqueio na BM&F, CBLC e
Compulsório;
Caixa Comprometido: Reserva do caixa para suprir possíveis resgates de CDBs
que são considerados sacados a qualquer momento.
Caixa Disponível: Diferença do total de caixa (calculado com base no total de
títulos público mais a passagem de caixa do dia) para as outras duas classificações
supramencionadas.
Em paralelo ao controle de VaR, porém com uma importância tão grande quanta, são
efetuados testes de Stress com cenários preparados pelo Departamento Econômico e pela
Área de Risco.
O resultado do teste é a mensuração da perda obtida diante da materialização dos cenários
pré-estabelecidos. Esse resultado é segregado no montante de reais que afeta o caixa
(basicamente as operações no mercado Futuro e Títulos que servem como lastro de
compromissadas) e que não afeta o caixa (ações, opções, swaps).
O objetivo é prever problemas de liquidez que venham a acontecer caso um cenário muito
negativo se materialize. Desta forma procura-se antecipar as soluções ou mesmo evitar
posições que prejudiquem excessivamente a liquidez da instituição em cenários conturbados.
18
Com base nas estimativas de carteira de cada área o Diretor Responsável pelo Trading, em
conjunto com a Área de Risco efetua as simulações para avaliação da liquidez da instituição
financeira. Avaliando desta forma a possibilidade de aumentar os limites de caixa por
períodos determinados, sejam de curtíssimo prazo para operações pontuais ou por períodos
mais longos como estratégia de médio prazo.
Caso venha a enfrentar algum tipo de problema de liquidez decorrente de resgates inesperados
de CDB, default de algum cliente com operação ativa, ou simplesmente grandes ajustes em
posições no mercado de Futuro, a instituição poderá recorrer às alternativas de contingências:
Linhas de crédito pré-aprovadas com outras instituições financeiras de primeira
linha através de CDI, CDB, Cartas de Fiança e Cessões de Crédito. A decisão
de qual dos instrumentos serão utilizados cabe ao Tesoureiro, porém deverá
contar com o consentimento dos demais Diretores.
O Tesoureiro, sempre que achar necessário, pode elevar as taxas de captação
de CDBs para atrair mais recursos e/ou alongar as captações.
Os Diretores Executivos da instituição têm recursos disponíveis para cobrir
eventuais problemas de liquidez oriundos de descasamento de ativo e passivo
através da aplicação em CDBs ou mesmo através do aporte de mais capital se o
problema aparentar ser mais duradouro.
19
2.6 Operações que afetam o Fluxo de Caixa
Swap: São Operações de troca de taxa de operações do cliente, com o objetivo de proteger seu
resultado financeiro. Essas operações são negociadas entre o cliente e a Instituição Financeira.
Termo de Moeda Sem Entrega Física – NDF: São operações de compra e venda de moeda
realizada em mercado de balcão, sem previsão de entrega física, para liquidação em data de
vencimento pré-estabelecido contratualmente. A liquidação é feita, no vencimento, pela
diferença entre o valor do contrato pela taxa válida para liquidação e pela taxa contratada.
Capital de Giro: O Capital de Giro é uma modalidade de concessão de crédito, sem
vinculação a fins específicos e, portanto, sem necessidade de comprovação da aplicação dos
recursos pelo tomador do crédito. Essas modalidades variam de acordo com a taxa, forma de
capitalização e amortização. As operações podem ser contratadas com cláusula de reajuste
pré-fixado ou pós-fixado e a capitalização pode ser base 252 ou 360 dias.
Vendor:
A operação de Vendor consiste no financiamento de vendas, onde o fornecedor,
cliente da Instituição Financeira, é o garantidor de seus compradores na contratação de
crédito, recebendo à vista pelo fornecimento das mercadorias a prazo.
Compror:
A operação de Compror consiste na dilatação do prazo de pagamento de uma
compra, sem envolver o vendedor/fornecedor. Desta forma, a compra é liquidada à vista e a
Instituição Financeira financia o cliente (comprador), que irá lhe pagar em data futura pré-
combinada, acrescido de juros e impostos incidentes.
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Prestação de Garantias: Através da concessão de uma fiança a cliente pessoa física ou
jurídica, a Instituição Financeira se compromete a garantir suas obrigações para com terceiros,
caso o cliente não as cumpra. A fiança pode ser proporcional ou cobrir o valor total do
compromisso assumido pelo cliente.
Repasses do BNDES: A Instituição Financeira atua como agente financeiro repassador de
recursos do BNDES e para isso possui um limite de recursos junto ao BNDES para repassar a
clientes. Esse limite é estabelecido semestralmente pelo BNDES.
Embora não utilize recursos próprios nessa operação, a Instituição Financeira assume o risco
de crédito do cliente, visto que o cliente não quite a operação, a Instituição Financeira é
obrigada a quita-la junto ao BNDES. Em função desse risco, é acrescido à taxa cobrada pelo
BNDES um spread de risco.
Cessão de Recebíveis: Esta operação consiste na cessão, em favor da Instituição Financeira,
de créditos decorrentes de contratos de fornecimento de mercadorias e/ou prestação de
serviços celebrados entre empresas de Middle Market e empresas de primeira linha. Os
recursos decorrentes das aquisições dos créditos são pagos à vista para as empresas de Middle
Market, denominadas Cedentes nesta operação, e recebidos diretamente das empresas de
primeira linha, denominadas Sacados, nos seus respectivos vencimentos.
Operações de Trading: As operações de Trading são posições que a Instituição Financeira
assume no mercado financeiro. Dentre elas podemos destacar:
21
Mercado de Ações: Este mercado compreende a negociação de ações no mercado
secundário, no qual a ação é comercializada através do pregão da bolsa de valores
(BOVESPA) e o mercado de opções, no qual é negociado o direito de compra ou
venda de uma ação objeto.
Mercado de Derivativos: O mercado de derivativos compreende os mercados futuros,
mercado a termo, mercado de opções e o mercado de swaps. Essas operações são
normalmente negociadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e têm liquidação
financeira garantida por esta bolsa. Os swaps podem ser negociados também através
do CETIP, não havendo, neste caso, garantia de liquidação.
Mercado de Renda Fixa: São classificados como mercado de renda fixa, a
negociação no mercado secundário dos títulos públicos federais e dos títulos de renda
fixa de emissão privada, além dos CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
22
3. Metodologia
Criamos um fluxo de caixa baseado em uma Instituição Financeira de médio porte com todas
as características de um banco de investimento. A data do fluxo analisado é 07/08/2006.
Vamos fazer simulações envolvendo mudanças bruscas no câmbio, Selic, IGP-M e uma
alteração no percentual da margem exigida pela BM&F e BOVESPA. O Saldo do Caixa
Futuro do banco será analisado como base em nosso stress para estudarmos os efeitos que
podem levar uma Instituição Financeira a ter problemas de liquidez, que é o último estágio
para se atingir um defaut da instituição.
Dividimos a análise dos cenários em duas etapas: análise de longo prazo e de curto prazo.
Utilizamos o período de dois anos representando o longo prazo e o período de 42 dias úteis
como análise de curto prazo.
No dia 07/08/2006 as posições da Instituição Financeira que são afetadas pelas variáveis
econômicas descritas acima são:
Posição vendida em opções de juros.
Posição vendida no futuro de juros (DI1).
Posição vendida no futuro de dólar.
Posição ativa em IGP-M via swap travada com compra de futuro de juros(DI1).
Emissão em dólar.
23
Posição ativa em swap de dólar travada com posição vendida em dólar futuro.
Posição de capital de giro indexada ao dólar e a taxa pré-fixada.
Posição de swap pré-fixada contra o CDI.
Crédito imobiliário indexado ao IGP-M.
3.1 Análise do Saldo do Caixa Futuro
O Fluxo de Caixa de uma Instituição Financeira é constituído por todas as operações que
afetam as saídas e entradas futuras de caixa. Vamos dividir o fluxo entre o Caixa Bruto e o
Caixa Líquido.
Caixa Bruto:
É composto pelo total de títulos públicos da Instituição Financeira
menos o Caixa Bloqueado (total de títulos públicos em bloqueio na BM&F, CBLC e
Compulsório) e os títulos utilizados na passagem de caixa.
Caixa Líquido:
É composto pelo Caixa Bruto menos o Caixa Comprometido (reserva
do caixa para suprir possíveis resgates de CDB´s que são considerados sacados a
qualquer momento). Os CDB´s dos principais sócios não são considerados.
Adicionando os fluxos futuros de operações de crédito, comerciais, carteira imobiliária,
Trading e considerando o caixa disponível futuro da Instituição Financeira, teremos o Saldo
24
do Caixa Futuro Bruto e o Saldo do Caixa Futuro Líquido. O Saldo do Caixa Futuro
demonstra a saúde financeira do banco, pois além do Fluxo de Caixa, ele incorpora os efeitos
de nível do caixa disponível da instituição. Quando o Saldo do Caixa Futuro está negativo, a
Instituição Financeira está deficitária e terá que tomar medidas para se financiar. Ela
realmente não tem caixa para honrar suas operações. Não podemos olhar apenas para o Fluxo
de Caixa Futuro da instituição, pois mais importante do que o fluxo, temos que ter a real
noção do caixa disponível da Instituição Financeira.
É importante ressaltar que pelo fato do banco de investimento analisado seja de médio porte, a
análise do Saldo do Caixa Futuro Líquido torna-se muito importante, pois devido a choques
nas variáveis econômicas os agentes de mercado podem retirar os CDB´s investidos no banco
com o medo de ocorrer um risco sistêmico no sistema financeiro.
Tomando como base o caso do Banco Santos, onde um problema de má gestão de sua carteira
de crédito resultou na intervenção do Banco Central, investidores, percebendo o alto risco
financeiro da instituição, sacaram seus recursos aprofundando ainda mais sua crise de
liquidez. O evento do Banco Santos contaminou toda a amostra que compõem o Grupo de
bancos de pequeno e médio porte. O total de saques neste grupo foi de R$ 3,7 bilhões no
período de seis meses. Esta corrida dos investidores contribuiu para aumentar ainda mais a
concentração dos negócios dos bancos classificados como de grande porte.
25
Fluxo do Caixa Bruto
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
Meses
R
$
4. Saldo do Caixa Futuro da Instituição Financeira.
4.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
Esse gráfico mostra o Saldo do Caixa Futuro Bruto do banco para os próximos 36 meses.
Podemos observar claramente a evolução do caixa da Instituição Financeira. O Saldo do
Caixa Futuro está exposto em valores presentes. Os Fluxos futuros foram trazidos a valor
presente pela taxa de juros futura negociada pela BM&F (DI1).
26
Fluxo do Caixa Líquido
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R
$
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R
$
4.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Conforme já explicado acima, a diferença do Saldo do Caixa Futuro Bruto para o Saldo do
Caixa Futuro Líquido são os possíveis resgates de CDB´s que são considerados sacados a
qualquer momento. Observem que temos apenas uma mudança de nível em relação ao Saldo
do Caixa Futuro Bruto.
4.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
Saldo do Caixa Futuro Líquido
27
Fluxo do Caixaquido
(5.000.000)
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R
$
Olhando para um horizonte de 42 dias temos uma visão de curto prazo, onde a Instituição
Financeira tem que tomar bastante cuidado, pois quanto menor o prazo mais difícil fica de
ajustar seus descasamentos de ativos e passivos. Pelo fluxo acima podemos ver que o banco
não apresenta risco de liquidez no curto prazo.
4.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
Analisando o Saldo do Caixa Futuro Líquido podemos ver que mesmo que ocorra uma onda
de saques de CDB´s, o banco somente apresentará algum desconforto durante os dias 36 e 37,
onde seu caixa ficaria deficitário.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
28
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R
$
Antes
Depois
5. Stress do Saldo do Caixa Futuro com variações nas variáveis
câmbio, Selic, margem e no IGP-M
5.1.1 Primeiro choque: Câmbio sai de 2,17 para 3,00.
5.1.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
As operações que afetam o Saldo do Caixa Futuro do banco quando ocorre uma variação no
câmbio são basicamente swaps envolvendo hedge de clientes, uma emissão externa do banco,
as travas dos swaps e da emissão feitas na BM&F e as posições especulativas assumidas pelo
Trading. Podemos observar pelo gráfico do fluxo que houve uma antecipação do fluxo futuro
para o presente. Como os swaps e a emissão estão travados no mercado futuro de dólar, o
forte ajuste do dólar para 3,00 reais gerou um resultado positivo que será compensado nas
perdas futuras dos swaps e da emissão.
29
Fluxo do Caixa Líquido
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
50.000.000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
Meses
R
$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R
$
Antes
Depois
5.1.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Analisando o Saldo do Caixa Futuro Líquido podemos ver que o banco não apresenta riscos
de liquidez, apesar do forte ajuste do dólar, o fluxo permanece positivo.
5.1.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
Saldo do Caixa Futuro Líquido
30
Fluxo do Caixa Líquido
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
No horizonte de 42 dias podemos ver o ganho obtido de aproximadamente R$20 Milhões com
as travas dos swaps, emissão e posições especulativas na BM&F. Observem que no 39º dia,
quando vence a emissão, o fluxo fica sem grandes alterações, pois houve um ganho de ajuste
com a trava da emissão feita na BM&F que será compensando com uma perda maior da
emissão.
5.1.1.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
O ganho obtido com os ajustes das travas na BM&F deixam o Saldo do Caixa Futuro Líquido
menos vulnerável a saques.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
31
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.1.2 Segundo choque: Real sai de 2,17 para 1,50.
5.1.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
Nesse segundo choque, ocorre uma antecipação do fluxo dos swaps e da emissão. No
primeiro momento, as travas no mercado futuro de dólar sofrem perdas que serão
compensadas nos meses à frente quando vencerem os swaps com clientes e emissão.
32
Fluxo do Caixaquido
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
50.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Bruto
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
5.1.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
As mudanças ocorridas no fluxo líquido se tornam preocupantes no segundo mês, onde o
banco passará por um mês apertado, mas nada que comprometerá seu Saldo do Caixa Futuro,
pelo contrário o banco ficará mais líquido após um ano.
5.1.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
Saldo do Caixa Futuro Líquido
33
Fluxo do Caixa Líquido
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
Analisando o fluxo no curto prazo verificamos um gap de nove dias que o banco ficará sem
caixa. Para contornar essa situação, novas captações de CDB serão necessárias para cobrir
esse período. Caso isso não ocorra, a situação se agravará se ocorrerem saques, resultando
assim, na falência do banco.
5.1.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
Se a instituição financeira enfrentar saques, terá pela frente um período de bastante tensão,
pois seu caixa poderá ficar até R$20 Milhões negativos.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
34
Fluxo do Caixa Bruto
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.2 Stress do Saldo do Caixa Futuro com variações na Selic
5.2.1 Primeiro choque: Selic sobe 1000 bps
5.2.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
As operações que afetam o fluxo de caixa do banco quando ocorre uma variação no juro são
basicamente swaps envolvendo hedge de clientes, swaps que tem como contrapartida o CDI, e
as posições especulativas assumidas pelo Trading. Podemos observar pelo gráfico do fluxo
que devido às posições especulativas do Trading, houve uma perda muito grande de posições
vendidas em taxa na aposta da continuação da queda da taxa Selic que comprometeram
completamente o fluxo do banco. O Saldo do Caixa Futuro Bruto volta a ficar positivo a partir
do 18° mês devido à liberação de margem pela BM&F resultante de vencimentos de swaps.
35
Fluxo do Caixa Bruto
(60.000.000)
(40.000.000)
(20.000.000)
0
20.000.000
40.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixaquido
(40.000.000)
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.2.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Observando o Saldo do Caixa Futuro Líquido, o caixa seria agravado caso se iniciasse uma
onda de saques de CDB`s.
5.2.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
36
Fluxo do Caixa Líquido
(60.000.000)
(40.000.000)
(20.000.000)
0
20.000.000
40.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
Analisando o fluxo em um horizonte de 42 dias vemos a mudança brusca que sofre o fluxo de
caixa. Caso esse movimento acontecesse, o banco enfrentaria sérios problemas de liquidez.
5.2.1.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
O problema de liquidez seria agravado caso a instituição financeira sofresse saques de CDB`s.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
37
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
Meses
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Líquido
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.2.2 Segundo choque: Selic cai 1000 bps
5.2.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
Com a queda da Selic, devido à posição da área de Trading, ocorre um grande ganho para o
banco, melhorando assim seu fluxo de caixa.
5.2.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Saldo do Caixa Futuro Líquido
38
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
90.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Líquido
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
Mesmo que ocorram saques de CDB`s, o fluxo de caixa permanece muito saudável.
5.2.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.
Analisando o gráfico diário temos a noção exata do ganho das operações do Trading. As
operações envolvendo os juros melhoraram o fluxo de caixa em R$ 25.000.000,00.
5.2.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
Saldo do Caixa Futuro Líquido
Saldo do Caixa F
uturo Bruto
39
Fluxo do Caixa Bruto
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
O Saldo do Caixa Futuro Líquido tem uma melhora expressiva no período entre 23 e 37 dias.
Mesmo que aconteçam saques o banco não enfrentará dificuldades.
5.3 Stress do Saldo do Caixa Futuro com variações na margem
5.3.1 Primeiro choque: Margem aumenta em 100%
5.3.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
As variações na margem das operações financeiras que devem ser depositadas como garantias
tanto na BM&F como na CBLC afetam o caixa de curto prazo da instituição financeira, pois
em caso de problemas de fluxo de caixa negativo, basta a instituição financeira liquidar suas
operações de Trading para sanar seu problema de caixa.
Um aumento de 100% dos recursos depositados gera uma perda de quase R$ 40.000.000,00
no caixa do banco.
40
Fluxo do Caixa Líquido
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Bruto
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
5.3.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
O Caixa Líquido de longo prazo também fica bastante prejudicado.
5.3.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
O Caixa Bruto do banco também sofre variações significativas no curto prazo, ficando
devedor em quase R$ 20.000.000,00.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
41
Fluxo do Caixa Líquido
(40.000.000)
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.3.1.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
O aumento de 100% na margem requerida torna-se uma preocupação ainda maior para o caixa
líquido de curto prazo, onde se sofrer saques sua situação de caixa será seriamente afetada.
5.3.2 Segundo choque: Margem diminui em 50%.
5.3.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
Saldo do Caixa Futuro Líquido
42
Fluxo do Caixa Líquido
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
50.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
Uma diminuição de Margem beneficia tanto o caixa de curto prazo quanto o de longo prazo,
pois um caixa novo poderá ser alocado em outras operações. O gráfico acima demonstra o
aumento da liquidez do banco nos próximos 36 meses.
5.3.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
O caixa líquido de longo prazo também apresenta uma melhora no horizonte de 36 meses.
5.3.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
Saldo do Caixa Futuro Líquido
43
Fluxo do Caixa Líquido
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
O Caixa Bruto de curto prazo também apresenta uma melhora.
5.3.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
Analisando o caixa líquido do banco verificamos uma melhora de liquidez principalmente no
período entre 23 e 38 dias.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
44
5.4 Stress do Saldo do Caixa Futuro com IGP-M
Antes de começarmos a fazer as simulações utilizando o IGP-M, temos que conhecer a
metodologia de stress test que a BM&F utiliza para fazer o cálculo de margem dos swaps.
Os conceitos básicos para o cálculo da margem dos swaps são:
Apura-se a margem de toda a carteira de swaps de um cliente (dentro da mesma
Corretora e do mesmo Membro de Compensação), em vez da margem individual de
cada posição ou de cada família de swaps;
Estabelecem cenários para a trajetória de preços e taxas até o vencimento da posição;
Aplica minibandas ou jumps a cada trajetória, para capturar a possibilidade de cenários
intervenientes entre aqueles estabelecidos;
Consolida as posições por data de vencimento e elimina a possibilidade de chamadas
de margem para posições travadas sem risco;
Substitui o conceito de volatilidade pelo conceito mais robusto de stress testing;
Busca apurar margem suficiente para a cobertura da posição até o vencimento;
Permite que estimativas de ganhos anteriores compensem as estimativas de perdas
posteriores, independentemente dos ativos ou taxas do swap.
45
Ou seja, todo o fluxo de swaps da carteira é analisado e “estressado” por cenários definidos
pela BM&F. O impacto de uma variação brusca nas expectativas são incorporados em
1+
d
afetando todo o fluxo de caixa da Instituição Financeira.
Gostaríamos de enfatizar que no caso de uma carteira de swaps sem risco de mercado, ou seja,
não importando a variação do IGP-M, se os swaps negativos vencerem antes dos positivos o
fluxo de caixa será afetado até o vencimento dos swaps negativos.
Segue um exemplo abaixo:
Swap 1: Ativo em IGP-M e passivo no CDI com vencimento em
300
t
. O resultado do swap
hoje marcado a mercado está negativo em R$ 1.000.000,00.
Swap 2: Passivo em IGP-M e ativo no CDI com vencimento em
301
t
. O resultado do swap
hoje marcado a mercado está positivo em R$ 2.000.000,00.
O risco de mercado é zero, pois temos um swap ativo e outro passivo. Não importa a variação
do IGP-M que o resultado gerencial será R$ 1.000.000,00 positivo. Porém, o que as
Instituições Financeiras esquecem de se preocupar, é que essa situação pode levá-las a um
risco de liquidez muito preocupante. Isso pode ocorrer, pois pelo fato dos swaps envolvendo
índices de inflação incorporarem a inflação uma vez em um período de um mês, as
Instituições Financeiras não se preocupam em zerar suas posições no mesmo vencimento de
um swap já existente.
46
Como o swap negativo vence antes do positivo, a Instituição Financeira vai depositar durante
300 dias (R$ 1.000.000,00) mais um fator de stress como garantia na BM&F. Isso ocorre pois
existe um risco de crédito de um dia. A BM&F mesmo sabendo que um dia depois a
Instituição Financeira receberá R$ 2.000.000,00 nada pode fazer pois existe o risco do swap
negativo não ser pago.
Vamos levar esse exemplo para um caso de no limite o primeiro swap chegue a um valor
negativo de (R$ 50.000.000,00). Imaginem que o mundo entre em uma profunda recessão e o
cenário de IGP-M seja de taxas muito negativas. Gerencialmente a Instituição Financeira não
está preocupada pois sua carteira está travada e seu resultado de R$ 1.000.000,00 está
garantido, mas agora vai ter que deixar bloqueados na BM&F (R$ 50.000.000,00) por 300
dias o que irá inviabilizar novas operações e em um caso extremo poderá levar a Intituição
Financeria à falência.
0
t
300
t
301
t
2.000.000,00
(1.000.000,00)
0
t
300
t
301
t
51.000.000,00
(50.000.000,00)
47
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.4.1 Expectativa do IGP-M sai de 5% ao ano para 10%
5.4.1.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
As variações na expectativa do IGP-M afetam diretamente os swaps que têm como índice de
correção o próprio IGP-M. Esses swaps são registrados normalmente na BM&F e consistem
em um swap de IGP-M contra o CDI.
O banco possui uma posição grande ativa no índice IGP-M e passiva no CDI. Com um
aumento na expectativa de 5% para 10% no IGP-M, a instituição terá um ganho a partir do
vencimento do swap. Pelo gráfico acima, podemos ver que a partir do 18° mês ocorre um
ganho de caixa no fluxo de longo prazo do banco. Esse ganho não é imediato pois a
liquidação financeira do swap só ocorre no vencimento do mesmo.
48
Fluxo do Caixa Líquido
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
5.4.1.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Observando o Saldo do Caixa Futuro Líquido de longo prazo observamos que houve uma
melhora na liquidez da instituição a partir do 18° mês.
5.4.1.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
Fluxo do Caixa Bruto
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
Saldo do Caixa Futuro Líquido
49
Fluxo do Caixa Bruto
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
Por ser uma operação longa, no curto prazo tanto no Saldo do Caixa Futuro Bruto quanto no
Líquido, não apresentam nenhuma mudança. Veremos à frente que não será verdade quando
os swaps estão perdedores.
5.4.2 Expectativa do IGP-M sai de 5% ao ano para 0%
5.4.2.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
Quando simulamos um choque negativo na expectativa do IGP-M vemos um quadro diferente
do anterior. Acima vimos que um choque positivo só afetava o fluxo a partir do vencimento
do swap, porém, quando o choque é negativo observamos uma mudança desde o início do
fluxo.
Como explicado acima, a BM&F através do instrumento de exigir um depósito de garantias, a
perda do swap é antecipada. Com isso, o banco tem que depositar um valor maior como
garantias.
50
Fluxo do Caixa Líquido
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
O caixa do banco é afetado logo de início e após o vencimento do swap, o fluxo de caixa se
normaliza, pois a BM&F exige como garantia um valor muito maior do que realmente está se
perdendo com a marcação a mercado. Com o vencimento do swap o valor a mais depositado é
devolvido, normalizando o fluxo.
5.4.2.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Como o Saldo do Caixa Futuro Bruto foi prejudicado, se houver saques de CDB`s o banco
ficará em uma situação apertada nos primeiros meses.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
51
Fluxo do Caixa Bruto
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Líquido
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
5.4.2.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias
O Saldo do Caixa Futuro Bruto de curto prazo fica comprometido principalmente a partir do
23° dia.
5.4.2.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
Se houver saques, o banco se complicará, podendo ser obrigado a liquidar suas posições para
garantir sua liquidez diária.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
52
6. Cenário da crise das eleições de 2002
Neste capítulo, vamos consolidar vários choques nas variáveis câmbio, Selic, margem e IGP-
M.
Utilizamos a crise das eleições de 2002 como base de nosso stress, pois foi um período
bastante turbulento em nossa economia e principalmente no mercado financeiro. As variáveis
econômicas sofreram bastante devido à crise de confiança com o fortalecimento do candidato
Lula nas pesquisas para a presidência da república.
Entre o período de abril a novembro de 2002 ocorreram os seguintes choques:
Câmbio saiu de 2,30 para 4,00, ou seja, tivemos um aumento de 1,70.
Selic (representada pelo DI Futuro com vencimento em janeiro de 2004) saiu de
19,20% para 31,80%, tivemos um aumento de 1160 bps.
A expectativa do IGP-M saiu de 8,59%aa para 21,37%aa, tivemos um aumento de
duas vezes e meia na expectativa.
Durante essa crise não tivemos aumento na margem exigida pela BM&F e pela BOVESPA,
porém vamos considerar nesse cenário que a margem dobrou.
Após consolidarmos todos esse choques no fluxo de caixa da instituição financeira chegamos
no seguinte resultado:
53
Fluxo do Caixa Bruto
(80.000.000)
(60.000.000)
(40.000.000)
(20.000.000)
0
20.000.000
40.000.000
60.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
Fluxo do Caixa Líquido
(80.000.000)
(60.000.000)
(40.000.000)
(20.000.000)
0
20.000.000
40.000.000
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335
Meses
R$
Antes
Depois
6.1 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 36 meses
Se esse cenário se concretizasse teríamos fatalmente a falência dessa instituição financeira. Os
dois principais efeitos no fluxo de caixa foram a grande perda na Selic e no câmbio. As
posições especulativas do banco foram responsáveis pela grande perda que só não foi maior,
pois a posição ativa no IGP-M teve um resultado positivo em R$ 20.000.000,00.
6.2 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 36 meses
Saldo do Caixa Futuro Líquido
SaldodoCa
ixa Futuro Bruto
54
Fluxo do Caixa Bruto
(40.000.000)
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Dias
R$
Antes
Depois
Após um cenário desse, fatalmente resgates de CDB´s iriam ocorrer, o que pioraria ainda mais
a situação da instituição financeira. Observem que seu fluxo de longo prazo foi totalmente
prejudicado.
6.3 Figura do Saldo do Caixa Futuro Bruto no horizonte de 42 dias.
Analisando o fluxo no curto prazo, vemos que o banco perdeu mais do que R$ 40.000.000,00
em um dia, prejudicando assim todo o fluxo do banco.
55
Fluxo do Caixa Líquido
(50.000.000)
(40.000.000)
(30.000.000)
(20.000.000)
(10.000.000)
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
0 2 4 6 8 1012141618202224262830323436384042
Dias
R$
Antes
Depois
6.4 Figura do Saldo do Caixa Futuro Líquido no horizonte de 42 dias
A situação no curto prazo se agrava se acontecerem saques de CDB´s. Ao final do 42° dia a
instituição financeira ficaria devedora em R$30.000.000,00.
Saldo do Caixa Futuro Líquido
56
7. Conclusão
Neste trabalho, criamos uma instituição financeira com todas as características de um banco
de investimento de médio porte. Utilizamos apenas como base para nossa análise o fluxo de
caixa de um banco de investimento e adicionamos e retiramos novas operações com o
objetivo de descaracterizarmos o fluxo de caixa original.
Após simulações realizadas no Saldo do Caixa Futuro utilizando stress nas variáveis
econômicas: Selic, câmbio, margem e IGP-M, concluímos que existe risco de default para
essa instituição financeira analisada.
Tanto o Banco Central através da resolução 2.804 quanto a BM&F com seu sistema avançado
de margem e análise de stress test têm contribuído bastante para que o sistema financeiro
nacional fique mais seguro e que casos como Barings Bank, Metallgesellschaft, LTCM e até
os casos de falência dos bancos brasileiros façam parte apenas de uma lembrança do passado.
O trabalho apresentado pode representar os impactos dos cenários nas variáveis econômicas
no fluxo de qualquer banco de investimento, porém, por se tratar de uma Instituição
Financeira de médio porte, qualquer choque significativo nas variáveis econômicas que
resultem em uma desconfiança por parte do investidor, podem gerar saques de CDB´s
aprofundando ainda mais o risco de falência do banco.
Gostaríamos de concluir esse trabalho mostrando como implementar um programa de
gerenciamentos de risco para que novos casos de risco de liquidez sejam cada vez menos
freqüentes.
57
Existem quatro elementos fundamentais para o sucesso na implementação do gerenciamento
de riscos corporativos:
Cultura Corporativa para Riscos.
Pessoal Qualificado.
Procedimentos Internos.
Tecnologia.
7.1 Cultura Corporativa para Riscos
Um passo importante para a implementação de um gerenciamento de riscos corporativos é a
alta direção estar efetivamente comprometida com o processo. A existência de uma cultura
corporativa capaz de confrontar e alterar procedimentos existentes são apenas um exemplo.
Ou seja, a postura de profissionais que questionam o modus faciendi da organização de forma
objetiva e fundamentada é uma indicação da existência de uma cultura corporativa para
riscos.
É importante não esquecer que a existência de uma cultura corporativa para riscos pode até
mesmos levar ao aumento da exposição a riscos por parte da instituição, refletindo-se em
maiores exposições entendidas e aceitas de forma planejada. Ou seja, uma cultura corporativa
para riscos não necessariamente leva a evitar riscos, mas sim a assumi-los e gerenciá-los de
forma planejada.
58
7.2 Pessoal Qualificado
A qualificação dos profissionais em uma instituição é parâmetro básico na análise da mesma.
A existência de uma cultura corporativa, observância de procedimentos internos, e efetivo
domínio da tecnologia de gerenciamento de riscos corporativos, somente são atingidos com
pessoal qualificado.
A qualificação dos profissionais de uma instituição financeira deve ser entendida no sentido
mais amplo, envolvendo, por exemplo, questões relacionadas a caráter, profissionalismo,
dedicação, inteligência e conhecimento (prático e teórico).
7.3 Procedimentos Internos
O principal objetivo para a adoção de procedimentos internos é o de conferir poder decisório a
pessoas. Procedimentos internos são importantes por sistematizar o processo de
gerenciamento de riscos corporativos. O grande perigo destes surge somente quando são
utilizados incorretamente, como quando usados de forma abusiva. A falta de procedimentos
internos é perigosa por levar a potenciais conflitos de interesse, e até mesmo
desentendimentos (como por exemplo, por mais poder interno).
Um exemplo interessante dos possíveis danos que procedimentos internos implementados de
forma incorreta podem causar é dado pelo colapso do Banco Barings descrito anteriormente.
Leeson tinha quatro linhas de reporting desde Cingapura para Londres, em vez de uma única.
É recomendável que cada profissional possua uma única linha de reporting, explicitamente
colocada a todos na organização, de forma a evitar conflitos de interesse.
59
Obviamente, procedimentos internos somente terão sucesso se houver uma cultura corporativa
para riscos na organização.
7.4 Tecnologia
O acesso à tecnologia (tanto hardware quanto software) faz parte do esforço na direção de
implementar o gerenciamento de riscos corporativos. É preciso, no entanto, que este acesso
seja feito de forma planejada, dando a ênfase apropriada à tecnologia, sem esquecer dos
outros três elementos acima mencionados.
60
8. Referências Bibliográficas
BM&F (2002), “Cálculo de Margem para Swaps”, Conceituação e Metodologia, São Paulo,
Sistema de Risco BM&F.
Bank of England (1995), “Board of Banking Supervision investigation into the failure of
Barings”, London: Bank of England.
Banco Modal S.A. (2006), “Manual de Procedimentos Operacionais e Administrativos,
exclusivo para uso interno”, julho de 2006, Rio de Janeiro, Risco Operacional.
Duarte, Antonio. (1998) “A Importância do Gerenciamento de Riscos Corporativos”, Rio de
Janeiro, Unibanco.
Duarte, Antonio; Varga, Gyorgy. (2003) “Gestão de Riscos no Brasil”, capítulos 1, 2 e 3.
Financial Scandals (1995), “The bank of England report into the collapse of Barings Bank”,
18 de julho de 1995, London, Web site: www.ex.ac.uk
Banco Central do Brasil (1964), “Dispõe sobre a política e as instituições monetárias,
bancárias e creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências”, Lei n°
4595.
Banco Central do Brasil (1976), “Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a
Comissão de Valores Mobiliários”, Lei n° 6385.
Banco Central do Brasil (2000), “Dispõe sobre controle do risco de liquidez”, Resolução n°
2804.
Bolsa de Valores de São Paulo (1934), “Quem somos”, Web site: www.bovespa.com.br
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (1997), “Sobre a CBLC”, Web site:
www.cblc.com.br.
Bolsa de Mercadorias e Futuros (1934), “Perguntas freqüentes”, Web site: www.bmf.com.br.
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