O ano de 1994, quando os suábios lembram os 50 anos da expulsão de sua pátria (lar), está
lentamente chegando ao fim. Em Entre Rios, como em outras partes do mundo, onde os
suábios do Danúbio novamente encontraram um lar, rememoramos este tempo. Nós, no
transcorrer deste ano, também publicamos relatos de experiência de vida que testemunham
este tempo (...). Esta não é uma parte da história somente destas pessoas, mas também, e
especialmente, das comunidades das quais eles descendem e que agora está literalmente
assegurada e à disposição dos nossos descendentes. Queremos em especial, neste relato, com o
qual nós terminamos esta série, recordar de Mathias Leh Jr., o qual, enquanto pode estar entre
nós, impulsionou e apoiou este trabalho.
567
Há aqui, em semelhança aos demais relatos, o deslocamento, ou a transformação de
memória individual em uma memória coletiva. De acordo com Portelli, a memória individual,
materializada na fala individual (...) só se torna memória coletiva quando é abstraída e
separada da individual (...).
568
É também uma forma de pressão exercida pela memória
coletiva sobre a individual dos demais habitantes suábios da colônia. Em outros termos, trata-
se de um exemplo claro de enquadramento de memória feito pelo jornal. A memória de um
indivíduo, embora, como nos ensina Halbwachs,
569
é constituída socialmente, deve ser vista
como representante de toda a coletividade, como uma referência de identificação.
Vejamos, então, o último relato da série: Leh nasceu em 1903, em Tomaschanzi,
Iugoslávia. Em 1941, foi convocado para servir na cavalaria do exército iugoslavo. Na cidade
de Sarawasch, aceitou a tarefa de chefiar uma milícia (Ortsschutz) encarregada de proteger as
aldeias dos ataques dos partisans.
Em 1943, pouco tempo antes do Natal, os partisans atacaram Tomaschanzi, Leh,
assim como a maioria dos habitantes do local, foi para uma cidade vizinha e depois, em
567
Das Jahr 1994, in welchen die Donauschwaben der 50 Jahre der Vertreibung aus ihrer Heimat gedenken,
geht langsam zu Ende. In Entre Rios, wie an vielen anderen Orten der Welt, wo Donauschwaben wieder eine
Heimat gefunden haben, wurde in Gedenkfeiern dieser Zeit gedacht. Auch wir haben im Verlauf dieses Jahres
Erlebnisberichte von Zeitzeugen veröffentlicht, (...). Es ist ein Teil der Geschichte nicht nur dieser Personen,
sondern auch der Gemeinde welcher sie entstammen, die nun festgehalten ist und unseren Nachkommen zur
Verfügung steht. Besonderes wollen wir in diesem Bericht, mit dem wir diese Folge beenden, Mathias Leh Jr.
gedenken, der den Antoss dazu gegeben hat und solange er unter uns weilen durfte, diese Arbeit ganz besonders
unterstützt hat.Ibidem.
568
PORTELLI, Alessandro, O massacre de Civitella Val di Chiana (Toscana, 29 de junho de 1944): mito e
política, luto e senso comum. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de (orgs.). Usos e Abusos da História
Oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000. p. 127.
569
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.