78 PARADIGMAS DO URBANISMO: A CONTRIBUIÇÃO DE FRANÇOIS ASCHER — VICENTE NASPOLINI — PGAU-CIDADE/UFSC
efeitos da da Revolução Industrial
28
. Após a Segunda Guerra, o
Estado francês se torna eminentemente providencial, voltado à
Proteção Social para assegurar a coesão social, constituído de
políticas transversais de combate à pobreza e à exclusão além de
previdência, seguro-saúde, assistência social às famílias, à velhice,
aos imigrantes, e seguro-desemprego. Mesmo assim, existem
críticas
29
A política habitacional francesa
, hoje em dia, sobre como o Estado Providencial francês
tornou-se, com o passar dos anos, corporativista, criador de
desigualdades e concentrador de renda.
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acompanhou lado a lado as
medidas de proteção social. Os debates também iniciaram no século
XIX e polarizavam-se entre Jules Siegfried, a favor da facilitação do
trabalhador ao acesso à propriedade, e Jean-Baptiste Godin, que
idealizou a habitação locativa social
31
. A experiência de Godin foi uma
exceção no panorama da habitação social francesa. Na primeira
metade do século XX, devido às guerras, a qualidade das construções
era muito baixa, chegando mesmo a “suprimir instalações sanitárias
por considerar um luxo para os operários”
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A revitalização da construção civil se deu por dois motivos. O
primeiro foi, como já dito acima, a ajuda financeira do EUA aos países
aliados através do Plano Marshall. O segundo foi o programa federal,
aliado ao setor industrial, de recrutamento de mão-de-obra barata
nas colônias ultramarinas, principalmente do norte da África, para
suprir as necessidades da indústria e construção. «Além disso, o setor
industrial preferia os operários imigrantes por considerá-los mais
. A Segunda Guerra só
fez piorar o quadro, criando uma massa de inválidos ou doentes além
do déficit habitacional.
28
BUSTILLOS, Catarina Setúbal R. Políticas Sociais Públicas: O Estado-Providência Francês.
Revista do BNDES. Rio de Janeiro, v. 8, nº 15, p. 195-212, 2001.
29
Cf. EICHENBERG, Fernando. A França entre o velho e o novo. Mas que novo? TERRA
MAGAZINE. Seção Colunistas. Disponível em: <http:// terramagazine.terra.com.br /interna/
0,,OI2101144-EI6782,00-A+Franca+entre+o+velho+e+o+novo+Mas+que+novo.html>.
Acesso em: 17 mar. 2009.
30
ABIKO, A. K.; GÓES, L. F.; BARREIROS, M. A. F. Política Habitacional na França: Locação
Social e Villes Nouvelles. São Paulo: USP, Dep. de Eng.ª de Const. Civil, BT/PCC/122, 1994.
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Seu “familistério” em Guise, depois denominado Palais Social de l’Avenir, edificado entre
1858 e 1877, tinha capacidade para 1.170 operários de sua indústria e contava com escolas,
teatro, comércio e lazer. Durou até 1968. Engels, em seu tempo, já o considerava a única
experiência socialista que deu certo.
32
ABIKO, op. cit., p. 4.