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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – BRASIL
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO – EA/PPGA-UFRGS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
Douglas Alexandre Simon
DESEMPENHO AMBIENTAL, INOVATIVIDADE E
DESEMPENHO FINANCEIRO EM EMPRESAS DA
TERCEIRA GERAÇÃO PETROQUÍMICA
Porto Alegre
2008
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Livros Grátis
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Douglas Alexandre Simon
DESEMPENHO AMBIENTAL, INOVATIVIDADE E
DESEMPENHO FINANCEIRO EM EMPRESAS DA
TERCEIRA GERAÇÃO PETROQUÍMICA
Porto Alegre
2008
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em
Administração da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como
requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Administração.
Orientadora: Profa. Dra. Edi
Madalena Fracasso
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Dedico este trabalho aos meus Pais,
Rui e Norma,
berço do meu caráter.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho exigiu uma parcela considerável de dedicação e trabalho árduo. Muitas
horas foram dispendidas, madrugadas foram passadas despertas, muitas folhas impressas,
muitas revisões feitas. Mas nada disso teria valido a pena sem um prêmio final. E não se trata
desse trabalho concluído.
Trata-se, muito antes, das amizades que se fez ao longo de dois anos de vida. Dos
conselhos ouvidos e dados. Dos laços de amor e carinho sendo testados nas provas da
saudade, daqueles que carregamos a genética ou o coração.
Nenhum momento foi desperdiçado, mesmo os mais improdutivos para o progresso da
sociedade, tiveram utilidade no aprendizado de coisas novas, diferentes, ocultas e belas.
Quando as refeições se tornavam banquetes, quando os encontros se tornavam
compromissos e quando a água turvava em vinho novo, brindávamos, banqueteávamos,
celebrávamos as conquistas, os caminhos cruzados por obra do Destino.
Em nossa vida pessoal, escolhas tiveram que ser feitas, viver longe de quem gostaria,
afastado de uma fonte de felicidades de nunca seca. Escolhas tiveram que ser feitas e que nos
fizeram viver próximo daqueles que compartilhamos muito mais do que um teto.
Compartilhamos parte de nossa vida. Recebemos em troca outras vidas, com outras histórias,
que parecem iguais as nossas.
Fotos guardam momentos, trazem lembranças, revelam histórias. Mas, dentro de nós,
momentos, lembranças e histórias nos fizeram diferentes, melhores.
Tivemos grandes mestres, nos ensinaram principalmente a ter paciência, bom humor,
mente aberta, criatividade, postura, determinação, cortesia e fé. Mesmo quando passamos a
ser mestres, eles continuavam ao nosso lado, nos ensinando.
Se nomes não foram aqui escritos é porque não devem servir como consulta, mesmo
quando a memória pecar. Os nomes de todos que conhecemos neste projeto estão escritos no
Livro da Vida, próximos do deste autor. Talvez o Destino os tenha grifado, para lembrar uma
obra bem feita.
Mesmo que Ele adicione uma nota de rodapé, lembrando que o objetivo era um
trabalho acadêmico.
“Viva o presente no presente”
Filosofia Budista
RESUMO
O objetivo deste trabalho é verificar a existência de uma ligação empírica entre a
dimensão ambiental e a dimensão econômica da firma. A revisão da literatura apontou para
lacunas nos modelos de relação existentes, com seus resultados não sendo considerados
consistentes. Assim, este trabalho busca identificar a relação entre o Desempenho Ambiental
– medido pelo Desempenho Ambiental Operacional, pelo Sistema de Gestão Ambiental e pela
Regulamentação Ambiental com a Inovatividade e do Desempenho Financeiro da firma.
Uma pesquisa com o setor de terceira geração petroquímica, a industria de transformação de
plásticos, foi realizada em Agosto de 2008. Testes estatísticos foram realizados para
identificar padrões de resposta, testar as hipóteses do modelo proposto. Ao final, este modelo
comprova empiricamente que por meio da dimensão ambientais e da inovatividade se pode
explicar aproximadamente 34% da variância do desempenho financeiro das empresas em uma
análise de regressão linear. Pontos relevantes foram encontrados na descrição ambiental do
setor pesquisado, fornecendo informações aos gerentes para a tomada de decisões ambientais.
Palavras-chave: Desempenho Ambiental, Inovatividade, Desempenho Financeiro,
Setor Plástico.
ABSTRACT
The main purpose of this study is to verify a connection between environment
dimension and economic dimension in firms. The review of literature show gaps in existing
models and their results did not be consistent. Therefore, this study look for a relationship
among the Environment Performance measured by Operational Environment Performance,
by Environment Management Systems and by Environmental Regulations and the
Innovativeness and Financial Performance. A research in third generation petrochemical chain
sector, the industry of plastics transformation, was done in August 2008. Statistical analysis
was performed to identify patters and to verify hypothesis in proposed model. In the final, this
model prove empirically 34% of financial performance variation by environment performance
and innovativeness in a linear regression. Relevant knowledge was found in sector
environment description, being important to managers taking decisions.
Key-Words: Environment Performance, Innovativeness, Financial Performance and
Plastic Industry.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................11
1. DESEMPENHO AMBIENTAL, INOVATIVIDADE E DESEMPENHO
FINANCEIRO..........................................................................................................................15
1.1. Desempenho Ambiental ...............................................................................................15
1.2. Inovatividade ................................................................................................................19
1.3. Desempenho Financeiro ...............................................................................................23
2. PERSPECTIVAS DO DESEMPENHO AMBIENTAL ..............................................25
2.1. Questão Geográfica dos Estudos Consultados .............................................................25
2.2. Perspectivas do Desempenho Ambiental .....................................................................27
2.2.1. Perspectiva da Regulamentação Ambiental .................................................................28
2.2.2. Perspectiva do Sistema de Gestão Ambiental ..............................................................31
2.2.3. Perspectiva do Desempenho Ambiental Operacional ..................................................33
2.3. Desempenho Financeiro e Inovatividade .....................................................................34
2.4. Crítica aos Modelos da Literatura ................................................................................35
2.5. Proposição do Modelo Conceitual Proposto ................................................................40
3. TERCEIRA GERAÇÃO PETROQUÍMICA NO RIO GRANDE DO SUL ...............43
4. MÉTODO.....................................................................................................................46
4.1. Pesquisa Survey ............................................................................................................46
4.2. População e Amostra....................................................................................................46
4.3. Instrumento...................................................................................................................47
4.3.1. Adaptação Transcultural do Instrumento de Medição..................................................48
4.3.2. O Instrumento...............................................................................................................49
4.3.3. Procedimento de Validação e Confiabilidade ..............................................................55
4.4. Procedimento de Coleta................................................................................................55
4.5. Análise de Dados..........................................................................................................56
5. RESULTADOS ............................................................................................................58
5.1. Descrição dos Respondentes ........................................................................................58
5.2. Distribuição dos Respondentes em cada Construto......................................................60
5.3. Teste de Confiabilidade do Instrumento.......................................................................66
5.4. Análise Fatorial ............................................................................................................67
5.5. Classificação dos Respondentes ...................................................................................69
5.6. Determinação do Perfil Ambiental do Setor Plástico Gaúcho .....................................71
5.7. Teste do Modelo Proposto e Modelos Alternativos .....................................................76
CONCLUSÃO..........................................................................................................................80
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .......................................................................................84
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO .........................................................................................94
APÊNDICE B - MODIFICAÇÕES NO QUESTIONÁRIO APÓS PRÉ-TESTE...................97
ANEXO 1 - Tabela Completas.................................................................................................99
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Achados importantes relativos ao desempenho ambiental e outras variáveis.......18
Quadro 2 –Perspectivas do Desempenho Ambiental ...............................................................27
Quadro 3 – Modelo de Quatro Categorias compreendendo as perspectivas de Gestão
Ambiental e de Regulamentação Ambiental ....................................................................37
Quadro 4 –Resumo de cinco modelos bi-perspectiva das ações ambientais............................40
Quadro 5 – Variáveis de mensuração do construto Desempenho Ambiental Operacional......49
Quadro 6 – Variáveis de mensuração do construto Sistema de Gestão Ambiental..................50
Quadro 7 – Variáveis de mensuração do construto Regulamentação Ambiental ....................51
Quadro 8 – Variáveis de mensuração do construto Inovatividade...........................................52
Quadro 9 – Variáveis de mensuração do construto Desempenho Financeiro..........................52
Quadro 10 – Resumo das informações dos construtos, validade e confiabilidade...................54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Descrição dos respondentes das 84 empresas da amostra ......................................59
Tabela 2 – Descrição do Construto 1 – Desempenho Ambiental Operacional ........................61
Tabela 3 – Descrição do Construto 2 – Gestão Ambiental.......................................................62
Tabela 4 – Descrição do Construto 3 – Regulamentação Ambiental.......................................62
Tabela 5 – Descrição do Construto 4 – Inovatividade .............................................................64
Tabela 6 – Descrição do Construto 5 – Desempenho Financeiro ............................................65
Tabela 7 – Resumo dos Construtos Ambientais.......................................................................65
Tabela 8 – Alfa de Cronbach inicial dos Construtos................................................................66
Tabela 9 – Variáveis Removidas e valores finais de Alfa de Cronbach dos Construtos..........66
Tabela 10 – Comunalidades, valores acumulados e Medida de Adequação de Amostra ........67
Tabela 11 – Variância Explicada das Variáveis Remanescentes .............................................69
Tabela 12 – Grupos gerados pela Análise de Cluster...............................................................70
Tabela 13 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para o Desempenho Operacional
Ambiental .........................................................................................................................71
Tabela 14 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para o Sistema de Gestão Ambiental...72
Tabela 15 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para a Regulamentação Ambiental......73
Tabela 16 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para a Inovatividade ............................73
Tabela 17 – Média de Total do Construto “Inovatividade” para os diferentes grupos dos
Clusters relacionados às variáveis significantes...............................................................74
Tabela 18 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para o Desempenho Financeiro ...........74
Tabela 19 – Média de Total do Construto “Desempenho Financeiro” para os diferentes grupos
dos Clusters relacionados às variáveis significantes ........................................................75
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Modelo de Ações Ambientais Estratégicas e m conjunto com Ações
Operacionais.....................................................................................................................38
Figura 2 – Modelo de Gerenciamento Ambiental dividida entre Avaliação Organizacional
(Nível Estratégico) e Avaliação de Produtos e Processos (Nível Operacional)..............39
Figura 3 – Modelo Conceitual Multi-perspectiva da influencia do Desempenho Ambiental na
Inovatividade, e desta no Desempenho Financeiro ..........................................................41
Figura 4– Valores do Coeficiente de Determinação das hipóteses ..........................................76
Figura 5– Valores de R² para correlações de variáveis separadas com Inovatividade usando
método Stepwise ...............................................................................................................78
Figura 6– Valores de R² para correlações de variáveis separadas com Desempenho Financeiro
usando método Stepwise...................................................................................................78
INTRODUÇÃO
O meio ambiente se constitui numa dimensão que os gestores devem considerar em
suas tomadas de decisão em todos os níveis da firma. Esta nova dimensão redesenha o plano
sobre o qual a competição global entre as organizações acontece, pois passa a estar presente
nas atividades de rotina e nas estratégias das firmas. Elas passam a considerar as
oportunidades geradas e os riscos produzidos também em relação aos critérios ambientais.
Além disso, os precursores neste processo podem vir a obter melhores posicionamentos no
mercado, melhores resultados financeiros e a estabelecer os padrões da industria.
Ainda não existem informações confiáveis para estimar a magnitude da degradação
ambiental do planeta atual e futura (modificação climática, extinção de espécies, perdas na
agricultura, etc.) porém, duas coisas são previsíveis: primeiro, a degradação ambiental irá
afetar os negócios, a sociedade e os ecossistemas, e segundo, os governos irão buscar meios
de contornar os efeitos negativos com alterações profundas na legislação (HBR, 2007), com
maior incentivo à pesquisa na área ambiental e com a promoção de ações de educação da
população. Segundo Rosewicz (1990), além do controle dos governos, a sociedade também
demonstra potencial para exercer pressão sobre as organizações para a adoção de práticas
mais adequadas ao meio ambiente, alterando seus padrões de consumo.
Apesar dessa importância do tema ambiental (vide sua presença constante nos meios
de comunicação) os gestores ainda dispõem de poucas informações para subsidiar suas
tomadas de decisão estratégicas. Mesmo assim, algumas firmas iniciaram ações relacionadas
com a proteção ambiental, eficiência energética e redução do consumo de matéria-prima
como forma de se tornarem ambientalmente corretas, pois acreditam que os investimentos
feitos as tornarão mais competitivas no longo prazo. Num cenário no qual muitos gestores não
dispõem de informações mínimas e firmas concorrentes estão realizando investimentos em
ações ambientais, compreender as variáveis envolvidas e gerar opções que condigam com as
estratégias da firma é crucial para a sobrevivência.
Entre as atividades que foram desenvolvidas a partir dos investimentos na área
ambiental se encontram o tratamento dos resíduos resultantes dos processos industriais e
ações de despoluição do ar, águas e solo e de proteção da fauna e flora. Segundo Klassen e
Mclaughlin (1996) estes investimentos são altos, sendo preferível buscar a prevenção das
causas ao invés do tratamento dos danos. De qualquer forma, tanto o custo de tratamento
quanto o de prevenção devem recair sobre as empresas.
Para auxiliar os gestores em suas decisões estratégicas, muitos trabalhos foram
realizados para compreender os efeitos de ações ambientais no desempenho econômico da
organização. Segundo Boyd et al (2006), a relação positiva entre o desempenho ambiental e a
competitividade ainda não possui evidencias empíricas consistentes, havendo resultados que
sustentam (MAJUMDAR e MARCUS, 2001) e outros que rejeitam esta relação (WALLEY e
WHITEHEAD, 1994). Algumas revisões da literatura costumam apontar com mais freqüência
para a existência de uma correlação positiva, porém moderada entre o desempenho ambiental
e a competitividade (BOYD et al, 2006).
A explicação para essa condição estaria na multiplicidade de métodos utilizados para
mensurar o desempenho ambiental e o desempenho financeiro. Além disso, as próprias
variáveis para mensurar o desempenho ambiental são muito dispares entre os trabalhos,
como, por exemplo, redução de consumo de energia, quantidade de CO
2
emitido e premiações
ambientais recebidas, entre outras.
Além das diferenças entre métodos e variáveis utilizadas interferirem nos resultados
das pesquisas, o desempenho ambiental e o desempenho financeiro são descritos por muitos
autores como relacionados de maneira diferente em diferentes setores utilizados como objeto
de análise (LEFEBVRE, LEFEBVRE e TALBOT, 2000; PORTER, 1991; PORTER e VAN
der LINDE, 1995). Essa peculiaridade cria uma demanda por estudos em setores específicos.
Um problema comumente enfrentado pelos gestores é originado pela dificuldade de
conciliar a dimensão ambiental e a dimensão financeira, sendo consideradas ainda
antagônicas no ambiente de negócios. Uma comprovação empírica do relacionamento forte
entre estas dimensões poderia contribuir para o aumento dos resultados financeiros
simultaneamente com a manutenção dos recursos naturais do planeta.
Alguns setores apresentam características mais propícias à realização de pesquisas
neste campo. A industria do plástico, de terceira geração petroquímica, é considerada
adequada segundo Corbett e Cutter (2000). Para os autores, o setor apresenta como
características favoráveis:
a) ter um impacto reconhecido no meio ambiente em termos de produtos visíveis ou
processos industriais utilizados, indicando que algum grau de consciência ambiental deveria
existir;
b) ser uma indústria coesa, com questões por gerenciar com respeito ao desempenho
ambiental, no qual o corpo industrial possui obrigação, ou seja, questões no qual o setor como
um todo é responsável, como o acúmulo de garrafas PET no ambiente, por exemplo;
c) ser exposto à competição internacional sem tarifas de importação específicas ou
outras proteções restritivas que alterem significativamente o ambiente competitivo.
A potencial contribuição desta pesquisa decorre da possibilidade de verificar
empiricamente a possível relação entre objetivos da dimensão ambiental (desempenho
ambiental) e da dimensão econômica (inovatividade e desempenho financeiro). Os benefícios
dessa comprovação afetariam positivamente as firmas e a sociedade por uma geração de lucro
sustentável a longo prazo nos critérios econômicos e nos critérios do ambiente natural.
Nos negócios uma necessidade por trabalhos que ofereçam informações para
estruturar as tomadas de decisão estratégicas. É neste ponto que este trabalho espera
contribuir.
Portanto, o objetivo geral desta pesquisa é identificar as relações existentes entre o
desempenho ambiental, a inovatividade e o desempenho financeiro em empresas de terceira
geração petroquímica.
Os objetivos específicos são:
Descrever o desempenho ambiental das firmas de terceira geração
petroquímica;
Verificar a necessidade de um nível mínimo de desempenho ambiental para
afetar a inovatividade;
Verificar como os componentes externos, estratégicos e operacionais do
desempenho ambiental otimizam a inovatividade e o desempenho financeiro.
Além de implicações práticas para os gestores das firmas, este trabalho pode ajudar os
órgãos de regulamentação e aos programas de governo a desenvolver legislações de proteção
ambiental que também propiciem o aumento da competitividade das empresas. Este trabalho
também espera cooperar com a Educação Ambiental, ajudando a visualizar o Meio Ambiente
como uma opção eficaz na disputa competitiva do mercado.
O primeiro capítulo deste trabalho apresenta o desempenho ambiental e discute acerca
da relação deste com a inovatividade e com o desempenho financeiro. A seguir, no segundo
capítulo, é feita uma análise das perspectivas do desempenho encontrados na literatura, sendo,
a citar, regulamentação ambiental, sistema de gestão ambiental e desempenho ambiental
operacional. Neste mesmo capítulo é realizada uma crítica aos modelos encontrados na
literatura, com a proposição de um modelo mais amplo para explicar as relações objetivadas
neste trabalho. O terceiro descreve brevemente o setor pesquisado. O seguinte trata de
descrever os procedimentos metodológicos que serão empregados nesta pesquisa, como o
instrumento, a população e amostra, os procedimentos de coleta e análise de dados. No quinto
capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa, juntamente com uma breve discussão
dos achados. Ao final são apresentadas as conclusões do trabalho.
1. DESEMPENHO AMBIENTAL, INOVATIVIDADE E DESEMPENHO
FINANCEIRO
Neste capítulo é realizada uma condensação das discussões teóricas encontradas na
literatura a respeito do Desempenho Ambiental, apresentando as definições e as tipologias de
diversos autores com o objetivo de enquadrar o trabalho dentro das correntes teóricas
vigentes. Uma apresentação das tipologias de Inovatividade e do Desempenho Financeiro
igualmente é realizada.
1.1. Desempenho Ambiental
A relação entre a firma e o ambiente natural tem recebido crescente atenção na
literatura acadêmica e de negócios nos últimos anos. Atualmente o debate sobre as mudanças
climáticas e a manutenção da biodiversidade está se tornando mais comum no mundo
corporativo, juntamente com a preocupação com a poluição das águas, do solo e do ar
(BANSAL e HOWARD, 1997).
As firmas contribuem individualmente para a redução de impactos ambientais
negativos pela substituição de seus produtos e processos por outros, mais adequados e
eficientes. Estas melhorias podem gerar avanços simultâneos na economia, no meio ambiente
e no bem-estar social. Para que ocorram estes avanços, entretanto, é preciso incluir a questão
ambiental não apenas em ações operacionais isoladas, mas também nas estratégias formais da
firma (HART, 1995, SCHIVASTAVA, 1995 e HOFFMAN, 2000).
O conceito de desempenho ambiental é vago (KLASSEN e McLAUGHLIN, 1996) e
sua medição é de difícil obtenção (JAMES, 1994 e GERSTENFELD e ROBERTS, 2000).
Alguns autores escolhem investigar apenas um aspecto do desempenho ambiental, apesar de
ser considerado multifacetado e com elementos interdependentes (LEFEBVRE, LEFEBVRE
e TALBOT, 2003).
Estudos sobre o desempenho ambiental foram conduzidos em vários campos da
ciência (SIMON, s/d; BAKER e SINKULA, 2005) e uma gama ampla de definições, termos e
concepções foram criadas. Estudos sobre a relação da dimensão ambiental com outros
desempenhos (financeiros, competitivos, operacionais, etc.) foram realizados na
Administração, na Economia, no Direito e na Engenharia, e em outras áreas.
Na Administração e na Economia é corriqueiro considerar que a modificação que a
dimensão ambiental está gerando no mercado competitivo global é decorrente da degradação
ambiental e de suas conseqüências. Esta degradação é vista pela economia neoclássica como
uma externalidade negativa
1
dos padrões técnicos assumidos. A mudança para paradigmas
tecnológicos mais adequados ao meio ambiente depende diretamente do comportamento
inovador das firmas e da demanda por recursos ambientalmente adequados (LUSTOSA,
2001).
As correntes teóricas que advogam sobre a relação do meio ambiente e do lucro
(SHRIVASTAVA, 1995) defendem diferentes soluções para os problemas ambientais. Egri e
Pinfield (1998) buscaram enquadrar essas correntes em três paradigmas (Paradigma Social
Dominante, Ambientalismo Renovado e Ambientalismo Radical). O Paradigma Social
Dominante não é uma perspectiva per se, mas, ao invés, representa a visão tradicional de
mundo da sociedade industrializada - o status quo contra o qual são comparadas outras
perspectivas ambientalistas (CATTON e DUNLAP, 1978 e DALY 1977). O paradigma social
dominante representa uma aderência aos princípios e objetivos econômicos neoclássicos de
crescimento econômico e lucro (desempenho financeiro), com os problemas ambientais sendo
resolvidos através do progresso científico e tecnológico (inovações incrementais) (EGRI e
PINFIELD 1998).
1
Externalidade negativa é gerada pela inexistência de direitos de propriedade sobre os bens públicos (recursos
naturais), fazendo com que seu consumo excessivo por um agente econômico, em detrimento de outro, não gere
direitos de compensação por parte desse último. Admite-se a necessidade de intervenção do Estado (dentro da
economia neoclássica) para corrigir esta falha de mercado, através do cálculo de preços-sombra (custos de
degradação) e do fazer valer estes preços (ROMEIRO e SALLES FILHO, 1996). Alguns trabalhos valendo-se da
visão evolucionária argumentam da impossibilidade de aumento no desempenho financeiro na firma pela
incorporação da questão ambiental pela ão da regulamentação, como Lustosa (2001) e Podcameni (2007)
devido a um efeito de trade-off entre o desempenho ambiental e a competitividade e por considerar a visão da
racionalidade limitada do agente econômico. Esta condição, entretanto, não inviabiliza a pesquisa presente,
sendo apenas ponto de sugestão para trabalho futuro dentro da visão da Teoria Evolucionária de Nelson e Winter
(1982).
O Ambientalismo Renovado defende a equivalência da importância entre o meio
ambiente e o progresso (o que inclui as práticas de desenvolvimento sustentável). Egri e
Pinfield (1998) também afirmam que a tecnologia é o veículo para o progresso científico e
econômico nesta perspectiva, porém as soluções para os problemas ambientais se dão por
meio de inovações radicais que rompem com a base tecnológica utilizada. A terceira via, o
Ambientalismo Radical, valora princípios biocêntricos e estabelece como prioridade a
ecologia, defendendo o ‘igualitarismo das bioespécies’ no qual o progresso econômico é
negligenciado em favor da harmonia com a natureza (DEVALL e SESSIONS, 1985; NAESS,
1973).
Apesar do Ambientalismo Renovado melhor equacionar a dimensão ambiental e a
dimensão econômica dentro do sistema social, o que seria uma escolha adequada para a
interpretação dos resultados deste trabalho, a utilização do Paradigma Social Dominante deve
gerar resultados semelhantes (pela visão neoclássica da Economia).
A visão predominante dos gestores de empresas sobre o meio ambiente se enquadra no
Paradigma Dominante, não gerando assim menos conflitos de concepções do que os outros
dois paradigmas. Além disso, o Ambientalismo Renovado optar por inovações radicais para
resolver os problemas de externalidade negativa. Porém, sabe-se que estes são mais raros de
ocorrer e exigem grande dispêndio de recursos por parte da organização. No setor pesquisado,
que será descrito mais adiante, a grande proporção de pequenas empresas reduz a esperança
de encontrar inovações radicais como prática corrente.
O construto desempenho ambiental representa o impacto positivo ou negativo da firma
no ambiente natural e pode ser mensurado por variáveis classificadas como:
Positivas variáveis positivas consideram as reduções de consumo de recursos
e ações benéficas da firma para o meio ambiente, como por exemplo: redução
da geração de resíduos, efluentes e emissões; menor consumo de recursos; e
práticas de monitoramento e gestão ambiental;
Negativas variáveis negativas consideram os danos ambientais provocados
pelas organizações e os montantes de resíduos, efluentes e emissões gerados,
como por exemplo: volume de lixo gerado, vazão de efluentes líquidos não-
tratados, área contaminada por vazamentos no ano, etc.;
Mistas - as variáveis valoram aspectos positivos e negativos simultaneamente
como, por exemplo, redução de consumo de água no último semestre e volume
de água consumida atualmente (BOYD et al, 2006).
Este trabalho utiliza uma mensuração positiva, pois aparenta ser mais adequada ao
paradigma no qual a pesquisa está inserida. Outros trabalhos semelhantes também optaram
por esse tipo de mensuração, como por exemplo, Manjudar e Marcos (2001) e Lefebvre,
Lefebvre e Talbot (2003).
Como o Quadro 1 ilustra, consideráveis esforços têm sido devotados para identificar e
explicar as relações existentes entre o desempenho ambiental e uma série de variáveis que
representam vantagens competitivas das firmas.
Autor Principais Achados
Azzone e Bertele (1994)
A importância do meio ambiente na firma é determinada por
influências internas e externas.
Bansal e Bogner (2002)
Bansal e Roth (2000)
Atitudes ambientais antecipatórias e pró-ativas geram melhores
oportunidades de negócio.
Bonifant, Arnold e Long (1995)
Uma posição ambiental pró-ativa pode diminuir os custos de
conformidade (com as regulamentações) atuais e futuras.
Hart (1995)
Vantagens competitivas podem advir da integração da dimensão
ambiental com a estratégia organizacional.
Henriques e Sadorsky (1996; 1999)
Regulamentações apropriadamente desenvolvidas podem gerar
vantagens para os first movers.
Hutchinson (1996)
Regulamentações ambientais propiciam melhores práticas de
gestão ambiental.
Porter e Van der Linde (1995) Regulamentações ambientais estimulam as inovações.
Russo e Fouts (1997)
Responsividade ambiental pode melhorar a eficiência das firmas
e reduzir seus custos.
Shrivastava (1995)
Vantagens competitivas podem ser obtidas pela existência de
gestão da qualidade.
Walley e Whitehead (1994)
Heterogeneidade nos recursos e capacidades das firmas
moderam o relacionamento entre as melhores práticas
ambientais e a vantagem de custo
Quadro 1 – Achados importantes relativos ao desempenho ambiental e outras variáveis
Segundo Jiménez e Lorente (2001), as firmas podem contribuir simultaneamente com
seus objetivos econômicos e reduzir seus impactos no ambiente natural por meio de
estratégias de ganho mútuo, os quais são favorecidos o meio ambiente, a satisfação dos
clientes e o desempenho da companhia (ELKINGTON, 1994; FLORIDA, 1996,
MASLENNIKOVA e FOLEY, 2000). Esta contribuição ocorre por meio de inovações em
seus produtos e processos produtivos, pelo uso de matérias-primas mais eficientes, melhoria
na imagem da corporação e dos produtos, redução dos riscos provenientes das
responsabilidades ambientais da organização e melhoria das condições de trabalho. O
aumento da competitividade das firmas pode ser gerada por ações de todas as perspectivas.
Entretanto, para que isso ocorra e as firmas obtenham melhores desempenhos
ambientais é preciso reconhecer que o meio ambiente é uma dimensão importante não
somente nas ações operacionais, mas como parte de sua própria estratégia (HART, 1995,
SHRIVASTAVA, 1995, HOFFMAN, 2000).
Nos últimos anos, a literatura (Boyd et al (2006) cita muitos trabalhos) têm refutado a
posição de que altos desempenhos ambientais significavam custos demasiados, desperdícios e
desvantagens, como eram defendidos por Walley e Whitehead (1994), Jaffe et al (1995) e
Clift (1998). Os dois motivos principais para isto são, segundo Wagner (2001): primeiro,
companhias frente aos altos custos das atividades poluidoras começaram a incentivar a
pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas de produção que pudessem
reduzir os custos ambientais e adicionalmente reduzissem os custos de produção e o segundo
motivo é que companhias obtiveram vantagens especiais por serem precursores, vendendo,
inclusive, suas tecnologias e novas soluções e inovações para outras firmas (ESTY e
PORTER, 1998).
Torna-se importante realizar neste ponto uma discussão sobre Inovatividade e
Desempenho Financeiro. Após os dois tópicos, se inicia o segundo capítulo com a discussão
acerca das perspectivas do Desempenho Ambiental que buscam esquematizar a relação entre
as dimensões ambientais e econômicas.
1.2. Inovatividade
Apesar de não serem novos os entendimentos sobre inovações como pode ser
percebido pelo trabalho fundamental de Schumpeter publicado em 1911, o tema vem
ganhando notoriedade nos últimos anos, na forma de uma alternativa de geração de vantagem
competitiva, em virtude do acirramento do embate entre as firmas. Empresas e governos
juntam forças e combinam competências a fim de enfrentar esta situação na escala global.
Rogers e Shoemaker (1971) entendem que uma inovação pode significar uma idéia nova, uma
prática nova ou um material novo para um determinado processo ou produto. Segundo
Schumpeter (1982), as inovações são de cinco tipos, não sendo mutuamente exclusivos: um
novo produto, um novo processo, um novo mercado, uma nova matéria-prima e uma nova
organização.
A capacidade das firmas de gerar inovações que contribuam para o aumento da sua
competitividade é denominada inovatividade. Segundo Papaconstantinou e Polt (1997), a
inovatividade das empresas depende de muitos fatores, entre eles: os esforços para criar novos
produtos; a busca pela melhoria dos processos de produção; a expansão da capacidade da
mão-de-obra; a habilidade para aprender e a relação com o ambiente dentro do qual as
empresas operam. Considera-se que a inovatividade é oriunda das tomadas de decisão
realizadas pelas firmas, o que inclui a tomada de decisão sobre questões ambientais.
As inovações se diferenciam em virtude das modificações geradas. Segundo Freeman
e Perez (1988), as inovações podem ser classificadas em quatro categorias: incrementais,
radicais, mudanças no sistema tecnológico e mudança no paradigma tecno-econômico. Apesar
das duas últimas não serem de interesse deste trabalho, as definições de inovação incremental
e inovação radical apresentadas pelos autores são muito valiosas.
Inovações incrementais são consideradas mais comuns e decorrem do aprimoramento
contínuo gerado por idéias de engenheiros e outros diretamente relacionados com o processo
produtivo, ou como resultado de iniciativas e propostas dos usuários. Apesar de não
representarem grandes modificações, as inovações incrementais são consideradas importantes
para a conquista e a manutenção das posições no mercado. Um exemplo de inovação
incremental é a incorporação de celulose reciclada na produção do papel de escritório.
Inovações radicais são eventos descontínuos e resultado de uma atividade de pesquisa
e desenvolvimento deliberada realizada em empresas, universidades e laboratórios. As
inovações deste tipo normalmente se mantêm restritas a uma ou poucas indústrias
semelhantes, entretanto, são capazes de alterar os posicionamentos das firmas e o equilíbrio
do mercado rapidamente. Exemplos de inovações radicais podem ser: a lâmpada, que não
poderia ser obtida por inovação incremental da vela de cera, e a usina nuclear, que não
poderia ser obtida por inovação incremental da usina hidroelétrica ou termo-elétrica.
Mudanças de sistemas tecnológicos são alterações mais profundas que alteram largas
fatias da economia, e são baseadas na combinação de inovações radicais e incrementais de
produtos, juntamente com inovações organizacionais e de gestão (como a criação de um novo
processo produtivo, como o processo de Injeção de Plásticos. As mudanças nos paradigmas
tecno-econômicos também podem ser denominadas como revoluções tecnológicas e afetam
diretamente ou indiretamente todos os setores da economia, por mudar a forma de competir
nos mercados. A revolução tecnológica ocorrida em virtude da industrialização e a revolução
que ocorreu pelo uso massivo de computadores são exemplos desse tipo de inovação.
Para Freeman (1994), a inovação pode ocorrer em diversas esferas da organização e
não apenas ser o resultado de pesquisa e desenvolvimento. A inovação pode ser resultado de
uma solução criativa de um colaborador, uma nova forma de atender o cliente, uma
alternativa de determinada etapa do processo produtivo ou a modificação de um insumo para
o novo produto. Esta visão é importante para entender quais fontes de inovações podem ser
consideradas. A ótica ampla, adotada por Freeman, valida o entendimento de que o
desempenho ambiental alto pode estar combinado com um padrão de inovatividade
igualmente elevado.
Frankel (1990) afirma que a inovação é, algumas vezes, induzida por fatores exógenos
tais como: nova demanda, necessidade por tecnologias substitutas, normas governamentais
que reduzem a competição ou restringem o uso de uma tecnologia, restrições na
disponibilidade de informações requeridas por tecnologias competitivas. A inovação não está
usualmente restrita a um produto ou processo particular. As inovações em produto podem
requerer inovações em processos e vice-versa. Assim, utiliza-se medição combinada das
inovações em produtos e em processos.
Outra visão das inovações é apresentada pela OECD/EUROSTAT (1997), ou Manual
de Oslo, que apresenta uma distinção entre as inovações de caráter técnico (subdivididas em
inovações de produtos e de processos) e as inovações de caráter organizacional. Segundo o
Manual de Oslo:
“Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou
significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos
previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas,
componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras
características funcionais. (...) Melhoramentos significativos para produtos
existentes podem ocorrer por meio de mudanças em materiais, componentes e outras
características que aprimoram seu desempenho”.
“Uma inovação de processo é a implementação de um método de produção ou
distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças
significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares. As inovações de processo
podem visar reduzir custos de produção ou de distribuição, melhorar a qualidade, ou
ainda produzir ou distribuir produtos novos ou significativamente melhorados”.
“Uma inovação organizacional é a implementação de um novo método nas práticas
de negócios da empresa, na administração do seu local de trabalho ou em suas
relações externas. (...) Os aspectos distintivos da inovação organizacional,
comparada com outras mudanças de caráter organizacionais em uma empresa, é a
implementação de um método administrativo que não tenha sido usado
anteriormente na empresa e que seja o resultado de decisões estratégicas tomadas
pela gerência”.
A definição geral de uma inovação tecnológica considera três aspectos: ela deve ser
baseada em um novo conhecimento tecnológico, ela já deve estar implementada e ela pode ser
nova para a firma, apenas, ou para todo o mercado (OECD/EUROSTAT, 1997 apud
RENNINGS et al, 2006). Isto significa que novidades geradas pela empresa e aceitas pelo
mercado não necessitam ser de caráter exclusivo. Pode-se considerar inovações nas medições
àquelas definidas pela firma como tal.
Uma peculiaridade das inovações tecnológicas com propósitos ambientais é a
dificuldade de diferenciar uma inovação ambiental de uma inovação comum. Isto porque
inovações comuns não apenas produzem os efeitos de alteração do ambiente competitivo, mas
elas também criam menores custos de externalidades ambientais. Da mesma forma, as
inovações ambientais também produzem, além do ganho ambiental, ganhos de
competitividade. Devido a isto, é difícil determinar qual a diferença entre uma inovação
comum e uma inovação ambiental. Muitas vezes ambas estão contidas na mesma solução.
Este trabalho trata de inovações como um conceito amplo, referenciando o Manual de
Oslo, independente do interesse da firma pelo meio ambiente. Segundo Rennings (2000), o
Manual de Oslo é útil para pesquisas sobre o meio ambiente, desde que não se requeira
diferenciar inovações normais de inovações ambientais (eco-inovações). Esta independência
do interesse da firma sobre o meio ambiente é importante, pois permite verificar se uma
empresa que possui alto desempenho ambiental, não importando seus interesses fins,
apresenta maior inovatividade, ou seja, inovações em várias áreas, não necessariamente
apenas inovações de produtos verdes ou processos menos agressivos.
Além da Inovatividade, constitui parte da dimensão econômica o Desempenho
Financeiro da organização. Como foi comentado no tópico anterior, a Inovação foi
introduzida recentemente nos modelos de relação entre Desempenho Ambiental e
Desempenho Financeiro. Faz-se assim necessária uma discussão sobre o Desempenho
Financeiro.
1.3. Desempenho Financeiro
Desempenho financeiro vem sendo tratado na literatura como uma métrica adequada
para verificar o desempenho geral da firma ou a sua competitividade em relação aos
concorrentes. Competitividade não possui uma definição universalmente aceita, pois abrange
muitos aspectos do desempenho econômico da firma. Como resultado, ela não pode ser
facilmente medida. Conseqüentemente, pesquisas têm tentado verificar a relação entre o
Desempenho Ambiental e um construto denominado Desempenho Financeiro, que tentam
descrever não somente a competitividade, mas também mensura o sucesso das decisões da
firma.
A escolha por variáveis financeiras tende a ser a mais prática, com pesquisas usando
informações disponíveis em fontes de fácil acesso, como bases de dados abertas. A
informação mais acessível tende a relatar o valor da firma no mercado de capitais (bolsas de
valores), havendo uma grande proporção de estudos que se utilizam o preço da ação como
uma métrica de Desempenho Financeiro. É conveniente lembrar que estudos sobre o tema são
quase que totalmente realizados nos países da América do Norte e Europa, havendo grande
número de empresas nas respectivas bolsas de valores. O mesmo não é aplicável ao Brasil.
Alguns estudos testam o preço individual das ações das firmas em comparação com o
mercado, como por exemplo, White (1996), Klassen e McLaughlin (1996) e Blacconiere e
Northcut (1997) ou contrastam o desempenho do preço da ação de empresas identificadas
como “verdes” e “não-verdes” em seus portfolios de investimentos, como por exemplo,
Cohen, Fenn e Konar (1997); Cohen, Fenn e Naimon (1995) e Gottsman e Kessler (1998).
Estes trabalhos possuem numerosos problemas e têm sido criticados por muitos
pesquisadores, incluindo Koehler (2003), Earle (2000) e Telle, Aslaksen e Synnestvedt
(2004). Em geral, estas métricas estão muito propensas a sofrerem com variações oriundas de
outros fatores, como sensibilidade ao mercado, resultando numa falta de consistência e
objetividade nas medições (Boyd et al, 2006).
Lucratividade e crescimento anual do lucro têm sido igualmente usadas em trabalhos
como Stanwick e Stanwick (1998) e Nehrt (1995). Porém, elas permitem interpretações
diferentes por não medir a mesma variável (por exemplo, lucro bruto, lucro líquido, lucro
antes do imposto de renda, etc.).
Por outro lado, alguns autores utilizam medições indiretas ou de caráter subjetivo para
determinar o Desempenho Financeiro da firma. Esta abordagem parece ser mais adequada
para trabalhos no Brasil, pois grande dificuldade de acesso a dados financeiros, agravado
no caso das pequenas empresas, as quais estão presentes no setor estudado.
Jaworski e Kohli (1993) utilizam uma visão relativa para observar o desempenho
financeiro, na qual os gestores comparam subjetivamente (opiniões) seus desempenhos
financeiros com o de outras firmas concorrentes. De maneira diferente, Olson, Slater e Hult
(2005) consideram o desempenho financeiro de maneira relativa com as expectativas dos
próprios gerentes e da alta administração, enfocando dessa maneira o cumprimento das metas
e objetivos estabelecidos. Esta ótica é semelhante ao de Vorhies e Morgan (2003), os quais
buscam verificar o cumprimento de metas de crescimento nas vendas, crescimento de market
share e melhoria na situação de marketing.
Estas abordagens comparativas e de expectativa de Jaworski e Kohli (1993); Olson,
Slater e Hult (2005) e Vorhies e Morgan (2003) permitem compreender o Desempenho
Financeiro da firma de maneira ampla e no contexto em que as empresas estão inseridas,
sendo adequadas a esta pesquisa de uma única indústria, como a industria de terceira geração
petroquímica objeto de estudo neste trabalho, além de permitirem acesso mais facilitado aos
dados.
No próximo capítulo o Desempenho Ambiental é descrito por meio de três
perspectivas que buscam integrar os diferentes trabalhos sobre o tema. Além disso, é discutido
a respeito da relação de cada um com a Inovatividade e sobre a relação do Desempenho
Ambiental também com o Desempenho Financeiro. Para isso, é realizada uma crítica aos
modelos da literatura e a proposição de um modelo mais abrangente.
2. PERSPECTIVAS DO DESEMPENHO AMBIENTAL
Estudos sobre a relação entre a dimensão ambiental, medida por meio do desempenho
ambiental da firma, e uma série de métricas de desempenho organizacional vêm sendo
encontrados na literatura. Destacam-se principalmente a relação ente o desempenho ambiental
e: o desempenho financeiro (rentabilidade, lucratividade, retorno sobre investimento, entre
outros), o desempenho no mercado (faturamento, variação nas vendas, market share,
reputação da firma na industria, etc.), produtividade, competitividade e inovatividade (BOYD
et al, 2006; WAGNER, 2001; KEMP, ANDERSEN e BUTTER, 2004).
Apesar destas novas pesquisas contribuírem para o entendimento do desempenho
ambiental, principalmente formulando modelos mais completos, não se conseguiu ainda
comprovação de correlação entre os construtos de desempenho ambiental, de inovatividade e
de desempenho financeiro. Assim, não se conseguiu confirmar empiricamente a hipótese de
que o alto desempenho ambiental está relacionado a um alto desempenho financeiro ou a uma
alta inovatividade, havendo evidências positivas e negativas em todas elas.
Isto significa que os trabalhos que tentam explicar a relação entre o desempenho
ambiental e a inovatividade ou o desempenho financeiro ainda não encontraram resultados
satisfatórios ou um modelo explicativo eficaz. Alguns autores afirmam que os resultados
inconclusivos dessas pesquisas se devem, entre outros fatores, à falta de definição clara
entre as diferentes abordagens utilizadas nos trabalhos (WAGNER, 2001). Assim,
considera-se essencial uma definição de paises de origem dos estudos, sendo tratado no tópico
2.1, e uma clara definição do desempenho ambiental, sendo tratado no tópico 2.2.
2.1. Questão Geográfica dos Estudos Consultados
As pesquisas neste tema são concentradas em três regiões geográficas: Estados
Unidos, Canadá e Europa. Os Estados Unidos possuem uma legislação ambiental que exige
que as firmas gerem relatórios regulares ao governo americano dos resíduos gerados, da
destinação dada e de outras informações que formam uma série de indicadores considerados
particularmente pelo pesquisador para definir e medir desempenho ambiental. Estes dados são
disponíveis em bancos de dados e são facilmente correlacionáveis com dados de bases de
desempenho financeiro, por exemplo. No Canadá e na Europa, sistemas semelhantes
possibilitam um rápido acesso aos dados de desempenho ambiental das empresas.
No Brasil, por outro lado, não existem legislações equivalentes, não havendo bases de
dados disponíveis com informações sobre o desempenho ambiental de cada empresa.
Algumas pesquisas setoriais ou regionais eventualmente incluem questões ambientais, porém
elas não permitem uma análise aprofundada nem podem ser consideradas confiáveis. As
pesquisas no Brasil sobre o desempenho ambiental são escassas, sendo que alguns trabalhos
enfocam o desempenho ambiental como um indicador de gestão usado unicamente para
acompanhamento estratégico no Sistema de Gestão Ambiental de cada firma. Como exemplo,
Luz, Sellitto e Gomes (2006); Castro, Morel, Leão e Sellitto (2005); Campos e Selig (2002),
Lustosa (2001) e Young e Lustosa (2001) abordam a medição do desempenho ambiental
como um indicador gerencial. Poucas referências são feitas nesses trabalhos sobre o
desempenho ambiental como uma mensuração de conformidade da empresa com o meio
ambiente.
Alguns trabalhos recentes no Brasil apontam para a escassez de literatura nacional,
como o de Podcameni (2007), para relacionar meio ambiente e inovatividade. Na
impossibilidade de acesso a dados sobre o desempenho ambiental das empresas brasileiras,
mensurações alternativas devem ser consideradas para avaliar a dimensão ambiental sem a
verificação direta do desempenho ambiental. Muitos trabalhos não buscaram contornar esta
deficiência, utilizando-se de pesquisas de órgãos como o Instituto Brasileiro de Pesquisas e
Estatística (IBGE) e pesquisas realizadas por federações estaduais de industria.
Os dados são escassos e nos questionários não se espera encontrar respondentes
informando seus problemas ou transgressões ambientais, podendo haver divergência
significante entre as respostas e a realidade. Alguns trabalhos buscam fontes não-ortodoxas,
como o trabalho de Ferraz e Seroa (2001), que utilizou dados sobre a proporção de votos nos
partidos “verdes” por município na construção de seu construto ambiental. Esta alternativa
não foi significativa para a relação buscada pelos autores.
Este trabalho utiliza a medição do Desempenho Ambiental por meio de três
perspectivas combinadas, considerando o vel operacional, estratégico e institucional
(externo a empresa). As perspectivas são categorizadas em Regulamentação Ambiental,
Sistemas de Gestão Ambiental e Desempenho Operacional Ambiental, as quais serão
descritas nos próximos tópicos.
2.2. Perspectivas do Desempenho Ambiental
Muitas abordagens teóricas foram construídas para tentar explicar a influência da
dimensão ambiental sobre a inovatividade, as quais encontraram tanto evidências positivas
quanto negativas (sustentando e rejeitando as hipóteses) sendo que mais freqüentemente a
relação era moderada e positiva (BOYD et al, 2006). Dentre as perspectivas usadas para
definir o Desempenho Ambiental, três delas parecem receber maior atenção nos trabalhos
recentes e podem também ser consideradas categorias que permitem compreender os
trabalhos anteriores.
Além disso, elas parecem ser complementares ao enfatizar os níveis externo,
estratégico e operacional da empresa. Entretanto, ainda não foram encontradas sendo
utilizadas simultaneamente numa mesma pesquisa. O quadro 2 representa o Desempenho
ambiental sendo formado (ou explicado) pelas três perspectivas e indica o nível no qual
atuam.
DESEMPENHO AMBIENTAL
Quadro 2 –Perspectivas do Desempenho Ambiental
A primeira perspectiva é voltada à Regulamentação Ambiental (PORTER, 1991 e
PORTER e VAN der LINDE, 1995) e afirma que a regulamentação ambiental influencia na
inovatividade das firmas. Apesar de ser considerada como um fator de exigência externa que
atua semelhantemente em todas as firmas de um setor, a resposta dos gestores para o
REGULAMENTAÇÃO AMBIENTAL
Nível Superior ao controle da Firma
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
Nível Estratégico da Firma
DESEMPENHO AMBIENTAL OPERACIONAL
Nível Operacional da Firma
cumprimento dessa regulamentação difere para cada empresa. Quando as firmas agem para
cumprir suas obrigações legais (leis ambientais) essas ações são voltadas à modificação dos
processos produtivos, alteração nos produtos e sistemas de gestão, o que gera inovações.
Além disso, estudos vêm sendo realizados para descrever a eficácia das legislações (ou
identificar padrões que levem as empresas a tomar decisões mais voltadas às suas vantagens
competitivas). Esta abordagem permanece em um nível mais elevado (nível macro) e pouco
ou nenhum controle a firma possui sobre ele, exceto a condição de decidir a respeito do
cumprimento (quanto será cumprido e como).
A segunda perspectiva é voltada ao sistema decisório da organização no nível
estratégico, denominada Sistema de Gestão Ambiental, e refere-se a políticas, estratégias,
metas e incentivos ambientais (KLASSEN e MCLAUGHLIN, 1996). Segundo essa
abordagem, empresas que estabelecem estratégias voltadas ao meio ambiente criam metas e
objetivos que as levam a alterar seus produtos, processos e os sistemas de gerenciamento de
forma benéfica para seu desempenho econômico. Esta abordagem situa-se em um nível
intermediário, fundamentada principalmente na tomada de decisão de posicionamento, e o
controle da firma é parcial, pois depende do atendimento de exigências externas do mercado e
dos governos.
Por fim, a perspectiva denominada de Desempenho Ambiental Operacional, usada
por Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2003), compreende as ações voltadas a produtos, processos
e a gestão do nível operacional. Ela compreende questões ligadas ao ciclo de vida dos
produtos (concepção, manufatura, distribuição, marketing e descarte) em termos de alterações
de produtos, processos e práticas de gestão originados de interesses ambientais (menor
agressão ao meio ambiente) ou econômicos (redução de consumo de matéria-prima e energia).
Esta abordagem figura no nível operacional (nível micro) e o controle da firma é praticamente
integral. A seguir, cada perspectiva será apresentada apropriadamente.
2.2.1. Perspectiva da Regulamentação Ambiental
A influencia da regulamentação sobre as firmas é o nível mais amplo de análise neste
trabalho. A perspectiva da Regulamentação Ambiental tem como contribuição fundamental o
trabalho de Porter e Van der Linde (1996), no qual assevera que legislações adequadamente
elaboradas contribuem para promover inovação. Corroboram com isto uma série de trabalhos
de Adam B. Jaffe, como Jaffe e Palmer (1996), Jaffe et al (1995) e Jaffe, Newell e Stavins
(2002), que também seguem por essa ótica.
Porter e Van der Linde (1996) afirmam que regulamentações bem elaboradas,
rigorosas e flexíveis são importantes para a promoção da inovação. Regulamentações
rigorosas possuem elevadas exigências de desempenho. Não sendo uma oposição,
regulamentações flexíveis permitem as firmas escolher a melhor forma de cumpri-las, não
exigindo ações baseadas nas tecnologias disponíveis, mesmo que sejam nas melhores.
A promoção da inovação é gerada pela adição da legislação, o que impele a firma a
agir para atender os requisitos impostos. A eliminação de uso de componentes nocivos,
elevação da eficiência dos processos e aumento do controle dos resíduos são exemplos de
inovações que podem ser geradas pela adição de uma nova legislação ao quadro institucional.
Alguns trabalhos buscaram encontrar empiricamente a relação proposta por Porter e
Van der Linde. Majumdar e Marcus (2001), avaliaram a flexibilidade da regulamentação na
industria de geração energética americana e encontraram que as firmas que investem
proporcionalmente mais no cumprimento das regulamentações mais flexíveis são
significantemente mais produtivas e mais inovadoras do que as firmas que investem
proporcionalmente mais no cumprimento das regulamentações mais rígidas. A explicação
dada pelos autores do estudo vem da condição da firma poder escolher o melhor caminho para
atingir as exigências legais em conformidade com sua estratégia.
Alguns autores afirmam que o gasto com o cumprimento das regulamentações é
nocivo aos negócios, ao menos no curto prazo. Segundo Jaffe et al (1995), isso ocorre porque
as firmas, mudando seus processos em resposta às regulamentações ambientais, introduzem
processos que inicialmente são menos eficientes, do ponto de vista econômico. para Wells
(1973), as regulamentações ambientais induzem a investimentos desnecessários e limitam as
opções de decisão.
No outro extremo, autores afirmam que os investimentos no cumprimento dessas
regulamentações afetam positivamente a eficiência das firmas (Jaffe e Palmer, 1996). Esses
autores argumentam que assim como os defeitos de qualidade, a poluição é uma ineficiência
do processo e revela falhas no projeto e na produção. Quando as regulamentações permitem
um tempo de adaptação adequado e impõem metas desafiadoras às firmas, ações para reduzir
esses problemas levam a firma a desenvolver maiore eficiência e inovatividade
(MANJUMDAR, 1997 e PORTER e VAN der LINDE, 1996).
Firmas que se antecipam às alterações das regulamentações, que minimizam o impacto
de seus produtos ou operações antes de efetivamente serem obrigadas a isso, são melhores
posicionados no mercado (KLASSEN E MCLAUGHLIN, 1996). Segundo Barrett (1992),
devido às legislações ambientais serem baseadas, em sua maioria, nas melhores tecnologias
disponíveis, uma firma líder pode ganhar vantagens competitivas pelo estabelecimento dos
padrões da industria (determinando qual é a melhor tecnologia disponível), o que cria
barreiras de entrada (BARRETT, 1992 e CHYNOWETH e KIRSCHINER, 1993). Esta
posição de tecnologia disponível, apesar de conflitante com a visão de flexibilidade, também
compartilha o argumento de que firmas que investem no cumprimento das legislações
ambientais e buscam se antecipar às mudanças nas regras legais obtém resultados mais
satisfatórios que seus pares que não investem.
Segundo Renning et al (2006), regulamentações e demandas sociais por reduções nos
impactos ambientais criam exigências que não são sanadas pelas tecnologias existentes, mas
apenas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, ou seja, respostas positivas à elevação do
rigor das regulamentações ambientais estão atreladas à inovação tecnológica. Contudo,
segundo Handfield et al (2001) as firmas têm dificuldades de se tornar ambientalmente
corretas devido a quatro motivos relacionados com as regulamentações ambientais: primeiro,
as leis e requisitos legais se alteram constantemente, segundo, não são bem definidas, terceiro,
algumas vezes são conflitantes e quarto, os gestores acreditam que o cumprimento mínimo
das regulamentações é suficiente.
Esta visão trazida por Handfield et al. reforça a visão de que o impacto da
regulamentação sobre a firma é afetado pela decisão dos gestores. Isto significa que as firmas
podem seguir em maior ou menor intensidade estes requisitos legais relacionados com o meio
ambiente. Assim, resultados diferentes são esperados na inovatividade das firmas em
relação com as decisões tomadas e pela visão compartilhada pelos gestores sobre as
regulamentações ambientais vigentes e vindouras.
Assim, pode-se elaborar a primeira hipótese relativa à regulamentação ambiental e a
inovatividade da firma.
Hipótese 1: Quanto mais os gestores agirem para cumprir as regulamentações
ambientais, maior o grau de inovatividade em produtos, processos e gestão.
2.2.2. Perspectiva do Sistema de Gestão Ambiental
O Sistema de Gestão Ambiental envolve as decisões estratégicas da firma na dimensão
ambiental e o monitoramento e incentivo à elevação do desempenho ambiental na
organização. São as decisões desta perspectiva que orientam e comandam uma parcela das
decisões da perspectiva de Desempenho Ambiental Operacional. A literatura de
gerenciamento ambiental sugere que as firmas podem melhorar seus posicionamentos no
mercado ao mesmo tempo em que reduzam seus danos ao ambiente natural, pela
implementação de práticas de gestão ambiental (HART, 1995; SCHRIVASTAVA, 1995 e
CHRISTMANN, 2000).
A situação dos sistemas de gestão ambiental na firma pode ser categorizada em
informal, formal não-certificada ou formal certificada (MELNYK, SROUFE e
CALANTONE, 2003), sendo que em todos existe a geração de inovações. Os sistemas
informais são práticas presentes na organização com o objetivo de monitorar processos e
estabelecer metas sem um acompanhamento da alta direção, não compreendendo toda a
organização de forma igualitária. Normalmente são sistemas mais jovens e dispõem de
mínimos recursos para sua manutenção e promoção interna.
Os sistemas formais não-certificados são acompanhados pela direção e fazem parte
das atribuições dos gerentes de departamento. São planejados para atender demandas
específicas e têm como objetivo alterar o desempenho ambiental das organizações para
posições previstas como mais vantajosas.
Por fim, sistemas formais certificados são semelhantes aos sistemas formais, porém
são aferidos por agentes externos à organização e que seguem critérios estabelecidos
externamente, o que facilita o reconhecimento no mercado como, por exemplo, o grupo de
normas ISO 14000.
O Sistema de Gestão Ambiental envolve procedimentos administrativos,
procedimentos técnicos, processos para o treinamento de pessoal, monitoramento,
estabelecimento de metas, elaboração de políticas ambientais e desdobramentos estratégicos
para a melhoria do desempenho ambiental (MELNYK, SROUFE e CALANTONE, 2003 e
ANTON, DELTAS e KHANNA, 2004).
Alguns trabalhos empíricos demonstraram que a presença de elementos acima citados,
mesmo que de maneira informal, contribuem positivamente para a competitividade e
inovatividade das firmas (RUSSO e FOUTS, 1997 e LEFEBVRE, LEFEBVRE e TALBOT,
2000) além de reduzirem os riscos financeiros dos investimentos (FELDMAN, SOYKA e
AMEER, 1996). Além disso, essa perspectiva considera que as estratégias de prevenção da
poluição são altamente dependentes das decisões tomadas pela gerencia da empresa e não na
base tecnológica utilizada ou disponível, requerendo um envolvimento voluntário das
pessoas na organização (HART 1995), por isso a importância dos sistemas de gestão
ambiental (TALBOT et al, 2001).
A questão da tomada de decisão também foi considerada por James (2000), que
estudou os sistemas de gestão ambiental em firmas da Europa. Ele encontrou uma relação
positiva entre a visão da firma a respeito da gestão ambiental e a inovatividade. Ela ocorre à
medida que essa gestão ambiental não é mais percebida como um custo associado com o
cumprimento das legislações ambientais e passa a constituir um recurso estratégico da firma.
Segundo Rennings et al (2006), essa associação ocorre porque existe um beneficio positivo no
processo de aprendizagem devido à criação e manutenção dos sistemas de gestão ambiental.
Ainda segundo Rennings et al, a implantação de sistemas de gestão ambiental têm
como função, como, por exemplo o sistema EMAS (European Union Environment
Management and Auditing Scheme), que promove a inovação no processo por meio do
aumento do desempenho ambiental e reduz custos, além de indiretamente estimular a
inovação em produtos e em gestão.
Assim, resultados diferentes são esperados na inovatividade das firmas em
relação com as decisões tomadas sobre a incorporação da dimensão ambiental nas
estratégias da organização.
Assim, pode-se elaborar a segunda hipótese relativa à gestão ambiental e a
inovatividade da firma.
Hipótese 2: Quanto maior a presença do Sistema de Gestão Ambiental, maior será o
grau de inovatividade em produtos, processos e gestão.
2.2.3. Perspectiva do Desempenho Ambiental Operacional
Esta perspectiva vem sendo desenvolvida por uma série de trabalhos, dentre os quais
se destacam os artigos de Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2000, 2003 e 2007) e Talbot (2005).
Estes aqui citados utilizam uma denominação de Análise do Ciclo de Vida para identificar a
perspectiva do Desempenho Ambiental Operacional. O termo Análise do Ciclo de Vida não
foi mantido do trabalho original, pois trabalhos relativos ao ciclo de vida observam a cadeia
de produção da extração da matéria-prima ao descarte final (
Handfield et al, 2001)
, não sendo
adequada neste trabalho.
No nível operacional a firma detém maior número de opções de ação e maior controle
sobre os resultados de suas ações, sendo que elas podem ou não ser originadas de metas e
políticas definidas no Sistema de Gestão Ambiental.
A abordagem voltada para as etapas que compõem o ciclo de vida, do berço ao
túmulo, dos produtos, composta pelo projeto, manufatura, distribuição, marketing e
disposição final, discutida por Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2000, 2003 e 2007) foi
estruturada por Talbot (2005), em nove iniciativas encadeadas:
I. Escolher matérias-primas que possam ser recicladas e que causem menores impactos
ao meio ambiente;
II. Reduzir a quantidade de material utilizado na produção;
III. Projetar os produtos para serem facilmente manufaturados;
IV. Reduzir a energia requerida para a manufatura dos produtos;
V. Reduzir a energia necessária para ao uso dos produtos;
VI. Aumentar a vida útil dos produtos;
VII. Desenvolver produtos que possuam múltiplos usos futuros (pós-consumo);
VIII. Desenvolver produtos que possam ser facilmente desmontáveis;
IX. Desenvolver produtos que possam ser facilmente recicláveis.
Esta listagem de iniciativas elaborada por Talbot (2005) permite perceber a amplitude
desta perspectiva, envolvendo decisões não exclusivamente de produto, mas também de
processos e de gestão.
Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2000; 2003; 2007) e Talbot (2005) ainda afirmam que o
Desempenho Ambiental Operacional das firmas pode ser verificado por meio da medição da
extensão com que são tomadas ações explícitas para integrar a dimensão ambiental nos
produtos e processos Além disso, eles propõem que quanto mais alto o Desempenho
Ambiental Operacional, mais vantagens competitivas e capacidade de inovar a empresa
possui (LEFEBVRE, LEFEBVRE e TALBOT, 2000). Essa medição direta da extensão das
ações só se torna mensurável quando utiliza análises de caso. Nos demais métodos de
pesquisa, o uso de escalas psicométricas parece ser mais adequado, medindo de forma
indireta. Neste último caso, as firmas são avaliadas pela consideração dos principais agentes
internos relacionados com o tema sobre a presença de ações como: redução de consumo de
matéria-prima e energia, segregação de resíduos, redução da emissão de poluentes, entre
outras.
Assim, resultados diferentes são esperados na inovatividade das firmas em
relação à presença de ações voltadas, mesmo que não intencionalmente, para a
integração da dimensão ambiental no nível operacional.
Elabora-se a terceira hipótese relativa ao desempenho ambiental operacional e a
inovatividade da firma.
Hipótese 3: Quanto maior o Desempenho Ambiental Operacional, maior será o grau
de inovatividade em produtos, processos e gestão.
2.3. Desempenho Financeiro e Inovatividade
A literatura apontou para relações entre o Desempenho Ambiental e a Inovatividade
nas firmas, das quais três hipóteses foram formuladas. O aumento da capacidade de inovar em
produtos, processos e gestão pode refletir, por conseguinte, no desempenho financeiro,
criando vantagens competitivas nos mercados onde a firma atua, ou ainda desenvolve novos
mercados de atuação. Assim, firmas que possuem maior Desempenho Ambiental
influenciando positivamente a sua Inovatividade tenderão a ter melhor Desempenho
Financeiro.
Um requisito na hipótese abaixo é que se comprove uma relação positiva entre a
inovatividade e o desempenho ambiental. Isto porque se considera que existem sólidas
comprovações para a relação somente da inovatividade com o desempenho financeiro, sendo
Schumpeter (1934) e Freeman e Perez (1988) exemplos disto.
Assim, pode-se elaborar a quarta hipótese relativa à inovatividade e ao desempenho
financeiro, mediados pelo desempenho ambiental.
Hipótese 4: Quando maior a Inovatividade, maior será o Desempenho Financeiro,
desde que haja relação positiva entre Desempenho Ambiental e Inovatividade.
2.4. Crítica aos Modelos da Literatura
A maioria dos trabalhos da literatura se limita a descrever as relações da dimensão
ambiental, medido por Desempenho Ambiental, por apenas uma das perspectivas
apresentadas anteriormente (Regulamentação Ambiental, Sistema de Gestão Ambiental ou
Desempenho Ambiental Operacional) e seus resultados são dessemelhantes, dependendo do
setor ou porte das firmas pesquisadas (BOYD et al, 2006).
Assim, o uso de apenas uma das perspectivas não produziu modelos teóricos robustos,
havendo influencia significativa de outros fatores não controlados nos estudos. Um pequeno
número de trabalhos foram identificados abordando o tema sob duas perspectivas
combinadas, como forma de aumentar a capacidade explicativa de seus modelos.
A forma de combinar as perspectivas nesses trabalhos ocorre de duas formas, entre as
perspectivas macro e micro com a perspectiva intermediária. A primeira forma ocorre no uso
da perspectiva da Regulamentação Ambiental e da perspectiva do Sistema de Gestão
Ambiental (avaliando a condição do ambiente legal e reflexo nas decisões estratégicas da
firma). A segunda forma ocorre no uso da perspectiva do Sistema de Gestão Ambiental e do
Desempenho Ambiental Operacional (compreendendo as definições estratégicas e o
desempenho ambiental obtido no nível operacional).
A primeira forma é encontrada nos trabalhos de Hoffman (2000) e Ilinitch, Soderstrom
e Thomas (1998). A segunda forma é encontrada nos trabalhos de Handfield et al (2002),
Tibor e Feldman (1996) e Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2003).
Hoffmann (2000) argumenta sobre uma dualidade na interpretação dos problemas
ambientais. Segundo o autor, duas perspectivas que são antagônicas, a “abordagem
tradicional” e a “abordagem sustentável”. A primeira abordagem concentra o debate sobre a
legislação ambiental e, na visão do autor, gera restrições que interferem nos objetivos
primários da firma (a competitividade ou desempenho financeiro). Esta abordagem, em
adição, traria agregada à visão de ganha-perde, na qual existe um trade-off entre a dimensão
ambiental e o desempenho financeiro. Porém, o autor não discute sobre a inovatividade da
firma poder contornar essas limitações e criar vantagens competitivas.
A segunda, a abordagem sustentável, discute sobre o papel da gestão e das definições
estratégicas para enquadrar a dimensão ambiental nos objetivos da firma e contornar as
pressões sociais e de legislações ambientais. Aqui o autor suscita a posição de ganha-ganha,
na qual firmas que visualizam as regulamentações ambientais podem se posicionar de maneira
favorável e elaborar estratégias que aproveitem as oportunidades geradas. Essa ligação feita
pelo autor entre as perspectivas de Regulamentação Ambientais e de Sistema de Gestão
Ambiental (na qual contempla a adição da dimensão ambiental na estratégia da firma) é uma
tentativa de explicar porque firmas que apresentam Desempenhos Ambientais semelhantes,
mas com abordagens distintas, podem obter resultados diferentes em seus Desempenhos
Financeiros.
De forma semelhante, Ilinitch, Soderstrom e Thomas (1998) usam um modelo baseado
em quatro categorias: Sistemas Organizacionais, Relação com stakeholders, Impactos
Ambientais e Cumprimento das Regulamentações. Apesar de utilizar quatro categorias, suas
concepções permanecem em torno principalmente dos Sistemas de Gestão Ambiental e, com
menor importância, trata das Regulamentações Ambientais. O modelo desenvolvido pelos
autores é apresentado na Quadro 3.
Interno Externo
Processo
Sistemas Organizacionais
(Sistemas de Gestão
Ambiental)
Relação com Stakeholders
Resultado
Cumprimento das
regulamentações
Impactos Ambientais
Quadro 3 Modelo de Quatro Categorias compreendendo as perspectivas de Gestão
Ambiental e de Regulamentação Ambiental
Fonte: Adaptado de Ilinitch, Soderstrom e Thomas
(1
998).
Sistemas Organizacionais são tomadas de decisão estratégicas para assuntos
ambientais. Impacto ambiental e relação com stakeholders são medidas que verificam a
repercussão externa das ações e estratégias definidas pela organização. Por fim, Cumprimento
das Regulamentações representa as legislações sob as quais a firma recebe influência e como
são cumpridas. Esta visão dos autores tenta extrapolar as medidas internas da firma para o
cenário externo como forma de contemplar outras conseqüências das ações ambientais
(mudança da imagem corporativa, alteração no perfil dos candidatos e fornecedores, etc.).
Outros trabalhos tentam conciliar num mesmo modelo as perspectivas do Sistema de
Gestão Ambiental e Desempenho Ambiental Operacional (na forma de Análise do Ciclo de
Vida, Design for Environment, seleção de suprimento baseado em critérios ambientais, entre
outros). Handfield et al (2002) desenvolveu um modelo conceitual o qual descreve
detalhadamente os elementos das duas perspectivas. Na visão dos autores, o Sistema de
Gestão Ambiental é dividido em objetivos estratégicos da companhia e metas de lançamento
de produtos. Este ponto de vista é claramente voltado para a inovação em produtos como
alternativa para a melhoria do Desempenho Financeiro. As ações operacionais ambientais são
constituídas por etapas de concepção, design do produto, design do processo, design da
embalagem e lançamento do produto, levando em considerações ferramentas da dimensão
ambiental como design for environment e environment impact assesment. O modelo
conceitual desenvolvido pelos autores é apresentado de forma adaptada na Figura 1.
Figura 1 – Modelo de Ações Ambientais Estratégicas e m conjunto com Ações Operacionais
Fonte: Adaptado de Handfield et al (2002).
Segundo Tibor e Feldman (1996), a certificação ISO 14000 engloba as perspectivas do
Sistema de Gestão Ambiental e do Desempenho Ambiental Operacional, denominados pelos
autores de Avaliação Organizacional e Avaliação de Produtos e Processos, respectivamente.
O modelo conceitual é apresentado na Figura 2. Neste modelo, os autores visualizam que o
grupo de normas ISO 14000 incentiva as firmas a considerar as duas perspectivas nas tomadas
de decisão .
Objetivos estra
tégicos da companhia
:
Crescimento, Market Share, Competências
principais, meio ambiente...
Metas de lançamento de produtos
: Custo alvo,
especificações técnicas, especificações de processo,
meio ambiente...
Processo de desenvolvimento de novos produtos
:
concepção, design do produto, processo, embalagem
e lançamento.
Sistema de Gestão
Ambiental
Desempenho
Ambiental
Operacional
Figura 2 Modelo de Gerenciamento Ambiental dividida entre Avaliação Organizacional (Nível
Estratégico) e Avaliação de Produtos e Processos (Nível Operacional).
Fonte: Adaptado de Tibor e Feldman
(1
996).
Por fim, Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2003) definem que para eles o Desempenho
Ambiental é composto por três elementos: Ações Operacionais Ambientais, Sistema de
Gestão Ambiental e Investimentos em P&D Ambiental. O primeiro elemento corresponde ao
Desempenho Ambiental Operacional, enquanto o segundo elemento soma ao modelo a
coordenação estratégica ambiental e determina o papel dos colaboradores para a elevação do
desempenho ambiental. Por fim, o terceiro elemento adiciona o objetivo ambiental na divisão
de P&D da firma. Este terceiro elemento é neste trabalho visto como decorrente da decisão
estratégica da firma, por isso está contido na abordagem de Sistema de Gestão Ambiental.
Comparando os modelos encontrados na literatura é possível perceber que se
assemelham e se complementam, como pode ser visto no Quadro 4. Entretanto, os modelos
são restritos a duas perspectivas.
Pela crítica à literatura emerge um novo modelo congregador das três perspectivas.
Sendo os modelos atuais bi-perspectivas, ou seja, fundamentados nas relações entre duas
perspectivas, denomina-se o novo modelo como Multi-Perspectiva, por agregar
simultaneamente as três perspectivas do Desempenho Ambiental.
A perspectiva de Regulamentação Ambiental parece ser influenciadora das estratégias
do Sistema de Gestão Ambiental, que por sua vez define as ações que são medidas pelo
GERENCIAMENTO AMBIENTAL
Avaliação de Produtos e Processos
- Avaliação do Ciclo de Vida dos
Produtos
- Rotulagem Ambiental
- Aspectos Ambientais nas
Especificações de Produto
Avaliação Organizacional
- Sistema de Gestão Ambiental
- Avaliação do Desempenho Ambiental
- Auditoria Ambiental
Desempenho Ambiental Operacional. São necessárias análises empíricas para verificar se as
três perspectivas estão inter-relacionadas. De qualquer forma, elas formam um conjunto que
deve ser considerado para o estudo do Desempenho Ambiental na firma. O modelo conceitual
proposto é detalhado no próximo tópico.
Modelo
Regulamentação
Ambiental
Sistema de Gestão
Ambiental
Ações Operacionais
Ambientais
Hoffman (2000)
Abordagem
Tradicional
Abordagem Sustentável -
Ilinitch,
Soderstrom e
Thomas (1998)
Cumprimento das
Regulamentações
Sistemas
Organizacionais, Relação
com Stakeholders,
Impactos Ambientais
-
Handfield et al
(2002)
-
Objetivos estratégicos da
companhia, Metas de
lançamento de produtos
Processos de
desenvolvimento de
novos produtos
Tibor e Feldman
(1996)
Avaliação organizacional
Avaliação de
Produtos e processos
Lefebvre, Lefebvre
e Talbot (2003)
Sistema de gestão
ambiental
Avaliação do ciclo de
vida dos produtos
Quadro 4 –Resumo de cinco modelos bi-perspectiva das ações ambientais
2.5. Proposição do Modelo Conceitual Proposto
Os modelos conceituais desenvolvidos na literatura, mesmo aqueles que utilizam duas
perspectivas (ou Regulamentação Ambiental e Sistema de Gestão Ambiental ou Sistema de
Gestão Ambiental e Desempenho Ambiental Operacional) foram insuficientes para explicar
de que maneira a dimensão ambiental influencia na inovatividade da firma, percebida pelas
inovações de produto, de processo e de gestão, e como impacta no desempenho financeiro.
A partir desta constatação, elaborou-se uma ampliação dos modelos existentes,
buscando combinar simultaneamente as três perspectivas em um único modelo. Esta
construção busca agregar visões dispersas da literatura a respeito do tema e apresentar maior
capacidade explicativa do que os modelos antecessores.
O modelo conceitual multi-perspectiva é apresentado na Figura 3 e resume as
concepções deste trabalho. Este modelo conceitual assume que a Regulamentação Ambiental,
o Sistema de Gestão Ambiental e o Desempenho Ambiental Operacional influenciam sobre a
Inovatividade das firmas, e que esta influencia no Desempenho Financeiro.
Desempenho Ambiental
Figura 3 Modelo Conceitual Multi-perspectiva da influencia do Desempenho Ambiental na
Inovatividade, e desta no Desempenho Financeiro
Além das relações descritas nas hipóteses 1 a 4, a correlação entre a Regulamentação
Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental e entre o Sistema de Gestão Ambiental e o
Desempenho Ambiental Operacional foram identificados nos modelos acima. Assim, se
espera que:
+
Desempenho Ambiental
Operacional
Regulamentação
Ambiental
Sistema de Gestão
Ambiental
Desempenho
Financeiro
+
Inovatividade
(capacidade de
inovação em
produto, processo
e gestão)
H5a
H5b
H1
H2
H3
H4
+
+
Hipótese 5a: Quanto maior a intensidade da Regulamentação Ambiental, maior
presença do Sistema de Gestão Ambiental.
Hipótese 5b: Quanto maior a intensidade do Sistema de Gestão Ambiental, mais alto é
o Desempenho Ambiental Operacional.
Logo, espera-se que uma relação entre a Regulamentação Ambiental e o Desempenho
Ambiental Operacional seja intermediado pelo Sistema de Gestão Ambiental.
No próximo capítulo se apresenta o setor de terceira geração petroquímica, no qual
será realizada a pesquisa.
3. TERCEIRA GERAÇÃO PETROQUÍMICA NO RIO GRANDE DO SUL
A cadeia de transformação petroquímica é responsável pela produção das resinas
plásticas a partir da nafta, subproduto do petróleo refinado, e dos produtos finais de
termofixos, termoplásticos e elastômeros. A cadeia é composta por três estágios básicos: o
craqueamento realizado pela primeira geração petroquímica transformando a nafta em
monômeros, a polimerização realizada pela segunda geração petroquímica transformando os
monômeros em polímeros e a transformação realizada pela terceira geração petroquímica e
foco deste trabalho, molda as resinas poliméricas em produtos diversos.
A moldagem realizada pela terceira geração petroquímica ocorre principalmente por
três processos produtivos: injeção, extrusão e sopro. Os processos se diferenciam em tipo de
maquinário utilizado na fabricação dos produtos, controle necessário do processo e
características do produto manufaturado, porém se assemelham nas competências exigidas.
Segundo o Sindicato das Industrias de Plástico do Rio grande do Sul (SINPLAST,
2008), o setor transformador do plástico no Rio Grande do Sul é composto por
aproximadamente 900 empresas, responsáveis por cerca de 25 mil empregos diretos. Os
principais pólos do segmento no Estado estão localizados na Região Metropolitana de Porto
Alegre, muito atuante no segmento de embalagens, Região do Vale dos Sinos, focada no
segmento de componentes para calçados, e Serra gaúcha, reconhecida como pólo de produção
de componentes técnicos.
Atualmente, a indústria gaúcha participa com 8% do total produzido no Brasil, sendo o
quarto estado maior produtor, atrás de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Aproximadamente
65% das vendas são ao Rio Grande do Sul, 29% são à outros estados e 6% da produção é
exportada (SINPLAST, 2008).
A produção do setor é bastante diversificada, abrangendo segmentos como o de
calçados, embalagens rígidas e flexíveis, utilidades domésticas, brinquedos, componentes
técnicos (peças e partes para a indústria automotiva, informática, telecomunicações, máquinas
e implementos agrícolas, eletroeletrônica, eletrodomésticos, moveleira, etc), construção civil,
agricultura e móveis. Outros produtos acabados e semi-acabados como cordas, descartáveis
em geral, bobinas e lâminas também compõem o amplo espectro desse segmento industrial,
que, em 2006, alcançou o faturamento de R$ 3,5 bilhões no Rio Grande do Sul (SINPLAST,
2008).
O fato de haver um pólo petroquímico local Pólo Petroquímico de Triunfo é, sem
dúvida, um diferencial competitivo. Outro fator importante é o fato de os dois sindicatos
patronais trabalharem unidos para a viabilização de políticas públicas que orientem o
desenvolvimento do setor. Além disso, o Estado conta com escolas para formação de mão-de-
obra técnica, além de cursos de vel superior como a Engenharia de Plásticos, voltado ao
processamento, na Universidade Luterana do Brasil, o Tecnólogo em Plástico no Centro
Federal de Educação Tecnológica, voltado à área de gestão, e o Tecnólogo em Polímeros na
Universidade de Caxias do Sul, focado nos materiais.
A industria de terceira geração petroquímica é considerada bem adequada para
identificar a relação entre as ações ambientais e a inovatividade das firmas, segundo Corbett e
Cutter (2000). Para estes autores, o setor apresenta três características favoráveis:
a) ter um impacto reconhecido no meio ambiente em termos de produtos visíveis e
processos industriais utilizados, indicando que algum grau de consciência ambiental deve
existir;
b) ser uma industria coesa com problemas ambientais notadamente setoriais, ou seja,
questões no qual o setor como um todo é responsável (por exemplo, o acúmulo de garrafas
PET no ambiente);
c) ser exposto à competição internacional sem tarifas de importação específicas ou
outras proteções restritivas que alterem significativamente o ambiente competitivo.
Segundo Theyel (2000), este setor está experimentando rápidas mudanças nas
aplicações de seus produtos no mercado devido ao avanço dos materiais, gerando produtos
para a industria de semicondutores, automóveis e instrumentos médicos. A característica
principal do setor, constituindo grande vantagem competitiva, é apontada como a capacidade
de gerar diferenciação nos produtos, utilizando-se de geometria diferente e materiais
diferentes. Além disso, o autor argumenta que as firmas desse setor são mais propícias a
implantar programas de incentivo ao empregado para prevenção da poluição. Apesar destas
características positivas, poucos trabalhos acadêmicos sobre desempenho ambiental são
realizados no setor plásticos
2
(CORBETT e CUTTER, 2000).
2 Foram pesquisadas combinações dos termos - environment performance, plastics, pollution
prevention, innovation, innovativeness, polymers, thermoplastics, injection molding, extrusion molding, blow
molding e natural - na base de dados do Google Acadêmico sendo o único trabalho indexado que trata do
desempenho ambiental no setor de interesse é o de Corbett e Cutter (2000), citado anteriormente.
A seguir se apresenta o método planejado para testar as hipóteses no setor de terceira
geração petroquímica.
4. MÉTODO
Este capítulo descreve as atividades a serem realizadas para testar empiricamente as
cinco hipóteses geradas previamente. São apresentadas as características da pesquisa, a
descrição da população e da amostra, o procedimento de coleta de dados e de análise de
resultados adotada, além do questionário desenvolvido.
4.1. Pesquisa Survey
A pesquisa se caracteriza como survey, com questionário auto-administrado enviado
eletronicamente por e-mail a respondentes ocupantes de cargos de gestor em empresas de
terceira geração petroquímica ou feito por contato telefônico. Ela tem propósito explanatório e
de corte transversal, tendo como unidade de análise as empresas desse setor.
Uma das principais vantagens do método survey, segundo Aaker e Day (1990), é que o
mesmo permite coletar uma grande quantidade de dados sobre uma unidade de análise de uma
vez, sendo que estes dados podem ser: 1) profundidade ou extensão dos conhecimentos
pessoais; 2) atitudes, interesses e opiniões; 3) comportamento; e 4) variáveis de classificação,
tais como: faturamento, rentabilidade, número de funcionários, entre outros.
4.2. População e Amostra
A população da pesquisa é formada por 420 empresas associadas ou filiadas ao
Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Rio Grande do Sul (SINPLAST) e Sindicato
das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (SIMPLAS). Deste total de empresas,
nem todas possuem e-mail válido para contato.
A população da pesquisa contém empresas de diversos tamanhos, faturamentos,
segmentos de negócios como, por exemplo, embalagens, filmes, componentes automotivos,
etc., que diferem em processo produtivo utilizado.
Procurou-se a população de empresas filiadas e associadas aos dois sindicatos de
empresas do setor do estado do Rio Grande do Sul como forma de definir a população e evitar
contaminação dos dados por empresas de outros setores, além de aumentar o controle sobre as
variáveis não contempladas no modelo multi-perspectiva.
Um respondente por empresa foi utilizado para a coleta. Os respondentes são gestores
com atribuições que envolvem a dimensão ambiental e com responsabilidades sobre a
inovação da empresa, como: o diretor ou CEO (chief of executive officer), por causa dos seus
conhecimentos sobre a orientação estratégica da firma, o gerente de produção (ou operações
ou manufatura), pelo seu contato diário com as questões abordadas no trabalho.
Foi encontrada certa dificuldade em localizar os respondentes, pois não se dispunha do
e-mail específico do gestor, apenas o e-mail cadastrado nas bases de dados dos sindicatos
SIMPLAS e SINPLAST. Os questionários que deixaram de responder as questões referentes a
inovatividade e desempenho financeiro foram eliminados.
A amostra compreendeu 108 empresas, havendo, entretanto, 24 com ausências
importantes de respostas, reduzindo a amostra a 84 empresas. As empresas são, em sua
maioria, de porte pequeno, processadoras por extrusão e produtoras de embalagem. Maior
detalhamento a respeito dos respondentes é apresentado nos tópicos 4.4 (procedimento de
coleta) e 5.1 (descrição de respondentes).
4.3. Instrumento
O instrumento empregado nesta pesquisa foi desenvolvido utilizando-se, em sua
maioria, de construtos já validados na literatura, sendo estes encontrados originalmente em
língua inglesa, sendo necessária uma adaptação transcultural do instrumento.
O instrumento é composto por cinco blocos:
Bloco 1 – Avalia o construto Desempenho Ambiental Operacional;
Bloco 2 – Avalia o construto Sistema de Gestão Ambiental;
Bloco 3 – Avalia o construto Regulamentação Ambiental;
Bloco 4 – Avalia o construto Inovatividade;
Bloco 5 – Avalia o construto Desempenho Financeiro.
A descrição da adaptação transcultural do instrumento de medida é apresentado no
próximo tópico.
4.3.1. Adaptação Transcultural do Instrumento de Medição
Devido aos questionários originais dos quais foram retirados os construtos e variáveis
(questões) para a confecção do instrumento deste trabalho estarem na língua inglesa, optou-se
por realizar a adaptação transcultural dos instrumentos de medição como forma de validar a
tradução.
O método escolhido para a realização desta adaptação transcultural foi elaborado por
Beaton et al (2000). Segundo este autor, o processo adequado para uma adaptação
transcultural deve ser realizado em quatro etapas: Tradução, Síntese, Backtranslation e
Revisão.
Sugere-se que a tradução seja realizada por pelo menos dois tradutores que dominem o
idioma original do instrumento e tenham como língua-mãe o idioma objetivado (o idioma
português falado no Brasil, neste caso). Dois indivíduos que atendiam aos critérios acima
traduziram os questionários do inglês para o português. De posse das duas traduções e do
questionário original foi realizada uma comparação, buscando a geração de uma versão
síntese.
A versão síntese foi então encaminhada para outros dois tradutores que não conheciam
a versão original do instrumento para realizar uma tradução do português para o inglês, sendo
esta etapa o backtranslation. Os dois tradutores deveriam possuir domínio do idioma
português e ter como língua-mãe o idioma inglês, além de não possuir maiores conhecimentos
dos assuntos relacionados com o tema de pesquisa. Devido ao fato de uma parcela dos
questionários originais ter sido desenvolvida por pesquisadores americanos e a outra parcela
ter sido desenvolvida por pesquisadores canadenses, um dos tradutores escolhido para esta
etapa era de naturalidade americana e o outro era de naturalidade canadense. Esta etapa
permitiu verificar os erros conceituais e as inconsistências feitas durante a tradução anterior.
Por fim, as duas versões geradas pela etapa de backtranslation e a versão original
foram comparadas para avaliar as equivalências semânticas, idiomáticas, funcionais e
conceituais. Nesta etapa se garantiu a plena adaptação cultural do instrumento na versão
síntese (o questionário traduzido constitui parte do questionário utilizado neste trabalho), que
foi enviada aos respondentes durante a coleta de dados.
4.3.2. O Instrumento
Os cinco blocos que avaliam os cinco construtos estudados são constituídos de 40
variáveis. Estas são medidas através de uma escala tipo Likert de sete pontos, com uma escala
de Discordo Totalmente até Concordo Totalmente”, com pontuações 1 a 7,
respectivamente. O primeiro bloco, denominado Desempenho Ambiental Operacional, foi
adaptado de Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2007) e é apresentado no Quadro 5, abaixo.
BL1 Desempenho Ambiental Operacional
1
A empresa escolhe matérias-primas que possam ser recicladas.
2 A empresa está reduzindo as quantidades de matéria-prima nos produtos.
3 A empresa está aumentando a vida útil de seus produtos.
4 A empresa está projetando produtos fáceis de fabricar.
5 A empresa está projetando produtos fáceis de desmontar.
6 A empresa está reduzindo a energia necessária para fabricar e montar os produtos.
7
A empresa está reduzindo as emissões de poluentes.
8 A empresa informa aos clientes sobre as características ambientais dos produtos.
9 A empresa administra os materiais perigosos ou contaminados.
10 A empresa utiliza embalagem de material reciclado.
Quadro 5 Variáveis de mensuração do construto Desempenho Ambiental
Operacional
Fonte: Adaptação de Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2007).
A pesquisa realizada pelos autores avaliou os determinantes e impactos do
Desempenho Ambiental em pequenas e médias industrias de quatro setores da economia
canadense. A confiabilidade do instrumento original foi verificada com o teste inter-rater
reliability para avaliar a diferença entre as respostas dos respondentes e por meio do cálculo
do coeficiente alfa de Cronbach. Os autores não deixam claro os valores encontrados para
cada construto, mas apresentam que foram obtidos valores entre 0,78 e 0,97, sendo
considerados adequados. A validade utilizada, apesar de não ser explicitada no trabalho, foi
identificada como sendo dada pelo método Convergente, balizado na teoria.
O segundo bloco, denominado Gestão Ambiental, representa as variáveis para
mensurar o construto Sistema de Gestão Ambiental e também foi adaptado de Lefebvre,
Lefebvre e Talbot (2003) e é apresentado no Quadro 6.
BL2 Gestão Ambiental
11 A empresa possui uma política ambiental escrita.
12 A empresa gerencia questões ambientais não previstas na legislação.
13 A empresa possui objetivos e metas ambientais.
14 A empresa possui procedimentos ambientais documentados.
15 A empresa monitora os custos e benefícios ambientais.
16 A empresa atribui responsabilidades ambientais a todos os seus funcionários.
17 A empresa treina os funcionários em questões ambientais.
Quadro 6 – Variáveis de mensuração do construto Sistema de Gestão Ambiental
Fonte: Adaptação de Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2003)
O terceiro bloco, denominado Regulamentação Ambiental, representa as variáveis
para mensurar o construto de mesmo nome, e foi construído a partir dos trabalhos de Barret
(1992); Chynoweth e Kirshiner (1993); Jaworski e Kohli (1993); Craig e Dibrell (2006);
Handfield et al (2001); Jaffe e Palmer (1996); Jaffe et al (1995); Jaffe, Newell e Stavins
(2000); Klassen e McLaughlin (1996); Majumdar e Marcus (2001); Manjumdar (1997); Park
(2000); Porter e Van der Linde (1996); Porter (1991); Renning et al (2006) e Wells (1973).
Este foi o único construto que não utiliza um conjunto de variáveis existente na
literatura. Isso se deve ao fato de que nenhum trabalho que utilizasse o método survey e que
medisse o construto em um questionário foi localizado. Os trabalhos que avaliam a
Regulamentação Ambiental encontrados utilizavam ou o método de coleta de dados não-
experimental painel ou o método de estudo de casos. O bloco três é apresentado no Quadro 7.
BL3 Regulamentação Ambiental
18
As regulamentações ambientais são rigorosas em suas exigências.
19
A empresa dispõe de várias alternativas para cumprir as regulamentações
ambientais.
20
Não há incerteza quanto às regulamentações ambientais que virão nos próximos
anos.
21
As regulamentações ambientais incentivam as empresas a ultrapassar suas
exigências, oferecendo benefícios.
22
As regulamentações ambientais apresentam exigências desafiadoras.
23
A empresa sempre busca se antecipar e atender as regulamentações que estão por
vir.
24
A empresa necessita investir mais recursos no cumprimento das regulamentações
ambientais.
25
As regulamentações ambientais têm papel importante para o bem-estar da
comunidade.
26
Recursos não devem ser destinados ao cumprimento das regulamentações
ambientais porque a lucratividade da empresa pode ser prejudicada.
27
As regulamentações ambientais têm papel importante para o progresso e para o
desenvolvimento econômico.
Quadro 7 – Variáveis de mensuração do construto Regulamentação Ambiental
A confiabilidade deste construto será verificada pelo cálculo do coeficiente alfa de
Cronbach, quando de posse dos dados da coleta com os respondentes. No bloco 3 as questões
vinte e vinte e dois expressam a mesma concepção. Isto também ocorre com as questões vinte
e cinco e vinte e sete. as questões vinte e quatro e vinte e seis devem apresentar
divergências de respostas, pois seus conceitos implícitos são opostos.
O quarto bloco, denominado Inovatividade, foi adaptado de Lefebvre, Lefebvre e
Talbot (2003) e Craig e Dibrell (2006). O bloco é apresentado no Quadro 8. Ambos trabalhos
originais utilizam o cálculo do coeficiente alfa de Cronbach para verificar a confiabilidade do
estudo, encontrando valores considerados adequados. No segundo trabalho, a validade não é
apresentada pelos autores, pois segundo eles o construto de inovação utilizado foi validado
no trabalho de Davis, Dibrell e Janz (2002). As questões trinta e quatro, trinta e cinco e trinta
e seis não estão contidas em nenhuma dos construtos utilizados para mensurar a
inovatividade, mas foram adicionadas para quantificar as inovações geradas pela empresa. A
questão trinta e seis ainda diferencia-se das demais do questionário por não usar a escala de 7
pontos. Em vez disso, os respondentes devem responder o número de inovações ocorridas no
período informado.
BL5 Inovatividade
28
Iniciativas ambientais geraram o desenvolvimento de novos produtos.
29
Iniciativas ambientais geraram reduções de custos em relação às matérias-primas.
30
Iniciativas ambientais geraram menor consumo de energia.
31
Iniciativas ambientais geraram melhorias nas condições de trabalho.
32
Iniciativas ambientais geraram melhorias na aparência e desempenho dos produtos
existentes.
33
Iniciativas ambientais introduziram novas práticas de gestão.
34
A empresa desenvolveu muitos produtos novos nos últimos 3 anos.
35
Nos últimos 3 anos, a empresa fez muitas melhorias na aparência e no desempenho
dos seus produtos.
36
Quantos produtos novos a empresa desenvolveu nos últimos 3 anos?
Quadro 8 – Variáveis de mensuração do construto Inovatividade
Fonte: Adaptado de Lefebvre, Lefebvre e Talbot (2003) e Craig e Dibrell (2006)
O último bloco, denominado Desempenho Financeiro, foi adaptado de Jaworski e
Kohli (1993); Olson, Slater e Hull (2005) e Vorhies e Morgan (2003). O bloco cinco é
apresentado no Quadro 9.
BL6 Desempenho Financeiro
37
A empresa possui maior desempenho financeiro do que sua maior concorrente no
último ano.
38
A empresa possui maior desempenho financeiro do que as demais concorrentes no
último ano.
39
A empresa ultrapassou as metas de crescimento de vendas no último ano.
40
O desempenho geral da empresa atingiu suas expectativas no último ano.
41
Os diretores estão muito satisfeitos com o desempenho geral da empresa no último
ano.
Quadro 9 – Variáveis de mensuração do construto Desempenho Financeiro
Fonte: Adaptado de Jaworski e Kohli (1993), Olson, Slater e Hull (2005) e Vorhies e
Morgan (2003)
A validade do construto utilizado por Olson, Slater e Hull (2005) foi dada por um pré-
teste com 10 gestores de empresas e pela validade discriminante. Por outro lado, Vorhies e
Morgan (2003) utilizaram-se apenas da validade discriminante em seu trabalho. Por fim,
Jaworski e Kohli utilizaram-se de análise de especialistas entre dois pré-testes para confirmar
a validade do construto.
A confiabilidade do construto utilizado por Olson, Slater e Hull (2005) e por Vorhies e
Morgan (2003) foi dado por análise de fator confirmatório e por cálculo do coeficiente Alfa
de Cronbach no trabalho de Jaworski e Kohli .
As informações sobre os construtos, validade, confiabilidade e autores dos quais se
originaram os blocos foram compiladas no Quadro 10. Além dos cinco blocos apresentados
anteriormente, um bloco final será adicionado ao questionário e se destinará a colher dados
gerais a respeito do respondente e da empresa. As questões serão:
Cargo;
Idade;
Escolaridade (com opções de resposta);
Número de Funcionários (com opções de resposta);
Setor de Atuação da Empresa (com opções de resposta);
Processo Principal de Produção (com opções de resposta).
A seguir se descreve o procedimento de validação e o teste de confiabilidade que foi
empregado neste questionário, bem como as modificações realizadas nas questões
apresentadas anteriormente.
Quadro 10 – Resumo das informações dos construtos, validade e confiabilidade
4.3.3. Procedimento de Validação e Confiabilidade
De posse do questionário traduzido, foi realizado um pré-teste junto aos respondentes
de quatro empresas para verificar quais melhorias no questionário seriam necessárias,
principalmente quanto à clareza das questões. Para tanto, se contou com a participação de
gestores que compõem a amostra de empresas, aos quais foi aplicado o questionário de
maneira presencial, na forma de entrevista, com posterior discussão a respeito da clareza de
cada questão e opção da resposta escolhida. Sugestões foram incentivadas. As modificações
ocorridas são apresentadas no Apêndice B Modificações no Questionário após Pré-Teste,
porém não são apresentados os números das questões finais, pois algumas questões tiveram
sua ordem alterada. O questionário completo é apresentado no Apêndice A – Questionário.
A confiabilidade do instrumento foi avaliada pelo teste de coerência interna para
múltiplas variáveis denominado coeficiente alfa de Cronbach (HAIR et al, 2006). Neste teste
foram esperados valores entre 0,6 e 0,95 de confiabilidade para aprovar o instrumento.
4.4. Procedimento de Coleta
A coleta de dados foi realizada em agosto de 2008 junto à população de 420 empresas
de terceira geração petroquímicas do Rio Grande do Sul. A coleta foi realizada por duas vias.
Inicialmente foram enviados e-mails às empresas para solicitar a participação, os quais
continham anexo o questionário. Na primeira leva foram identificados aproximadamente 90
ocorrências de e-mails incorretos. Nesta leva foi obtido um retorno de 14 questionários
respondidos.
Um segundo e-mail foi enviado às empresas sete dias após o primeiro, na forma de
lembrete solicitando a participação, novamente contendo o questionário anexo. Obteve-se um
retorno de mais 18 questionários respondidos. Um terceiro e-mail foi enviado
aproximadamente dez dias após o segundo, obtendo, desta vez, apenas 8 questionários
respondidos. Dessa forma, foram obtidos por e-mail 40 questionários respondidos,
considerou-se este valor baixo para as análises pretendidas.
A segunda via de coleta foi via contato telefônico, iniciada após a terceira leva de e-
mails. Três telefonistas foram treinadas e atuaram durante dois dias contatando as empresas e
ministrando o questionários aos gestores. Sessenta e oito questionários respondidos foram
obtidos dessa forma, o que totalizou cento e oito questionários respondidos, angariando assim
25,7% de taxa de retorno.
Todos os questionários foram inseridos em uma planilha eletrônica para verificação de
ausência de respostas. Identificou-se que 24 questionários não possuíam resposta nas questões
36 e 37 (“A empresa teve melhor desempenho financeiro do que sua maior concorrente no
último ano.” e “A empresa teve melhor desempenho financeiro do que as demais concorrentes
do setor no último ano.”, respectivamente) tornando a determinação do desempenho
financeiro da empresa incompleta.
Esses vinte e quatro questionários incompletos foram descartados, constituindo 22,2%
do total recebido, o que reduziu o número de questionários válidos para 20% da população.
Segundo Israel (2008), para um tamanho de população 425 e com 95% de confiabilidade e
com 82 casos, se obtém um nível de precisão de 10%. Assim, a precisão dos resultados dessa
pesquisa igualmente deve apresentar uma variação de 10% , para mais ou para menos.
4.5. Análise de Dados
A análise dos dados se inicia com a identificação básica do perfil dos respondentes,
calculado os percentuais de respondentes nas categorias de Cargo, Idade, Escolaridade, Setor
de Atuação, Processo Produtivo Principal, Número de Funcionários e Via de Coleta.
A seguir foi realizada a descrição dos construtos do questionário, por meio de análise
descritiva, identificando, por questão, o número de casos que respondeu a questão, o valor
mínimo e máximo, a média e o desvio-padrão. De cada construto foi calculado a média das
respostas de todas as questões, gerando variáveis totalizadoras de cada construto,
denominadas Total do Construto.
Testes de confiabilidade foram realizados por meio do cálculo do Alfa de Cronbach
para todos os blocos. Questões que reduziam a coesão dos construtos, verificadas por valores
individuais inferiores aos valores gerais dos construtos foram eliminadas. Com o mesmo
objetivo, foram aplicadas análises fatoriais nos construtos. Uma geração inicial de
comunalidades foi realizada, sendo identificadas novamente variáveis que não contribuíam
para a coesão no construto, sendo eliminadas.
Uma classificação dos respondentes foi realizada para cada construto por meio de
análise de agrupamento, além de uma classificação para os três construtos que medem as
perspectivas ambientais. Para construto ambiental (desempenho ambiental operacional, gestão
ambiental e regulamentação ambiental) foram identificados grupos de respondentes
semelhantes, na ordem de três para cada construto. Estes grupos possuem por característica
que seus membros são semelhantes entre si, ou seja, os grupos apresentam homogeneidade.
Os grupos de respondentes gerados (três para cada construto ambiental) foram
confrontados a fim de identificar padrões que permitissem a previsibilidade de uma categoria,
baseando-se na classificação em outras. Estes testes de correlação entre as variáveis
categóricas foram realizados em três etapas. Na primeira as categorias de um construto foram
confrontadas com as categorias dos demais construtos, mas um de cada vez.
Na segunda etapa, as categorias de um bloco foram confrontadas com as categorias
dos demais blocos, todas ao mesmo tempo, usando-se métodos de estimação computacional
Simultâneo e Stepwise. Por último, as categorias de cada bloco foram confrontadas com
categorias dos demais blocos, com variáveis categóricas de descrição do respondente e da
empresa e com variáveis totais de cada bloco.
Por fim, correlações entre as variáveis de total dos blocos que representavam os
construtos (blocos 1 a 3, referentes a Desempenho Ambiental, bloco 4 referente a
Inovatividade e bloco 5 referente a Desempenho Financeiro) foram realizadas para comprovar
as hipóteses do trabalho e obter o melhor modelo preditivo possível. Análises de Regressão
foram utilizadas para verificar os valores de variância explicada para cada hipótese presente
no modelo conceitual de multi-perspectiva apresentado no tópico 2.8. Diversas tentativas
foram empregadas para melhor descrever a relação e obter maiores valores de variância
explicada. A seguir se apresentam os resultados encontrados nestas análises.
5. RESULTADOS
Os resultados aqui descritos foram empregados para comprovar as hipóteses e atingir
os objetivos do trabalho. Inicialmente são realizadas descrições dos respondentes e das
variáveis. Algumas variáveis foram então modificadas para permitir o uso de ferramentas
estatísticas complementares. Após isto, foram testados padrões de respostas dos respondentes.
Fatores foram identificados nos construtos a fim de se eliminar variáveis que, pela
percepção dos respondentes, não corroboravam para a previsão do construto. Os casos foram
então classificados em grupos, permitindo realizar análises discriminantes. Por fim, testes de
regressão foram utilizados para encontrar as melhores capacidades de explicação dos
construtos, verificar as hipóteses e testar modelos explicativos semelhantes.
5.1. Descrição dos Respondentes
Os respondentes da pesquisa foram identificados quanto ao nível hierárquico, idade, e
escolaridade do respondente e quanto ao número de funcionários, setor de atuação e processo
principal de produção da empresa, além da via de coleta de dados. Os dados são apresentados
na Tabela 1, sendo uma tabela condensada. As tabelas completas são encontradas no Anexo 1
– Tabelas Completas.
A pesquisa foi respondida por ocupantes de cargos estratégicos, em sua maioria, sendo
o diretor da empresa em aproximadamente 37% dos casos. Esta observação embasa as
afirmações que se fizerem a respeito do caráter estratégico da dimensão ambiental na
empresa.
Além disso, os respondentes mostraram um perfil jovem, com 30% não tendo 30 anos
completos. A escolaridade dos respondentes pode ser considerada alta, pois mais de 57%
deles possuem formação superior completa. Muitos outros informaram durante a coleta que
estavam cursando cursos superiores nas áreas de Engenharia e Administração, com previsão
de conclusão nos anos seguintes.
Tabela 1 – Descrição dos respondentes das 84 empresas da amostra
Nível Hierárquico
Direção 36,9%
Gerencia 46,4%
Supervisão 16,7%
Idade
Até 30 anos 30%
De 30 a 45 anos 36%
De 45 a 60 anos 26%
Mais de 60 anos 8%
Escolaridade
Ensino Médio 19,0%
Superior Incompleto 23,8%
Superior Completo 40,5%
Pós-Graduação 16,7%
Número de Funcionários da Empresa
20 ou menos 40%
20 a 100 33%
100 a 300 17%
Mais de 300 10%
Setor de Atuação
Agrícola 8%
Calçados 10%
Componentes Técnicos 12%
Construção Civil 4%
Descartáveis 4%
Utilidade Doméstica 10%
Embalagem 29%
Laminados 5%
Diversos 4%
Outros 17%
Processo Principal
Injeção 27%
Injeção Sopro 11%
Extrusão 40%
Extrusão Sopro 4%
Diversos 5%
Outros 13%
Via de Coleta
E-Mail 40%
Telefone 60%
A variável “Número de Funcionários da Empresa” da amostra parece variar de forma
semelhante à população, podendo indicar boa representação estatística. O perfil encontrado
foi de uma grande parcela de micro e pequenas empresas (20 ou menos e 20 a 100
funcionários), uma parcela menor de médias empresas (consideradas entre 100 e 300
funcionários) e uma parcela ainda menor, de 10%, de empresas grandes, com mais de 300
funcionários. A maior empresa avaliada possui mais de 11.000 funcionários em seu quadro
funcional. Um perfil semelhante foi identificado em uma pesquisa senso realizada pelo
Sindicato das Indústrias de Plástico do Rio Grande do Sul (SINPLAST, 2008).
O setor de atuação da empresa, ou seja, o tipo de segmento de mercado a qual seus
produtos estão voltados é consideravelmente diversificado. A maior parte dos produtos
plásticos produzidos pelos respondentes são voltados para Embalagens (potes, caixas, filmes
para embalagens, etc.), Componentes Técnicos (peças para automóveis, maquinas,
eletrodomésticos, etc.), Calçados (palmilhas, solados, cabedais, etc.) e Utilidades Domésticas
(potes para congelador, utensílios de cozinha, etc.). Essa fragmentação de produtos
produzidos, entretanto, não segmenta os processos de produção da mesma forma. O processo
de Extrusão usado na produção de filmes, tubos, perfis, laminas, entre outros se mostra o
mais presente, com 40% de casos. O processo de Injeção, juntamente com o processo de
Injeção Sopro responsáveis pela fabricação de peças de geometria complexas corresponde
a aproximadamente 40% dos casos. Outros processos correspondem a apenas 13% das
observações.
Após essa descrição dos respondentes foi realizada análise da distribuição das
respostas dos respondentes por construto.
5.2. Distribuição dos Respondentes em cada Construto
Cada construto individualmente foi avaliado pela descrição de número de respostas
válidas (N), a média aritmética dos casos (Média) e o desvio-padrão dos dados (Desv-pad.).
Ao final de cada quadro é apresentada a média das questões do bloco, sendo considerada uma
nova variável denominada “Total do Construto”, usada continuamente nos testes subseqüentes
para resumir o desempenho da empresa no construto.
Na Tabela 2 são apresentados os resultados para o Construto 1 Desempenho
Ambiental Operacional, que mede o desempenho ambiental no nível operacional da empresa.
Foi identificado que a questão 5 não foi respondida por 30% dos respondentes. Uma
possibilidade para esta ausência de respostas deve-se ao fato que muitos produtos não são
passíveis de desmontagem mecânica (filmes, por exemplo). Essa questão foi então eliminada
das análises subseqüentes por não ser preenchida em muitos questionários e modificar o
resultados de testes estatísticos onde fosse empregada. Ao final do quadro se apresenta a
variável de Total do Construto Desempenho Operacional Ambiental.
Tabela 2 – Descrição do Construto 1 – Desempenho Ambiental Operacional
Questão N Média
Desv-
pad.
1 A empresa escolhe matérias-primas que possam ser
recicladas.
84 6,0 1,8
2 A empresa está reduzindo as quantidades de matéria-prima
nos produtos.
84 4,6 2,1
3 A empresa está aumentando a vida útil de seus produtos.
84 5,3 1,8
4 A empresa está projetando produtos fáceis de fabricar.
84 5,5 1,9
5 A empresa está projetando produtos fáceis de desmontar.
59 5,2 2,0
6 A empresa está reduzindo a energia necessária para fabricar e
montar os produtos.
84 5,5 1,7
7 A empresa está reduzindo as emissões de poluentes.
84 6,4 1,2
8 A empresa informa os clientes sobre as características
ambientais dos produtos.
84 5,4 1,8
9 A empresa administra os materiais perigosos ou contaminados.
84 6,5 1,1
10 A empresa utiliza embalagem de material reciclado.
83 5,5 2,1
Total do Construto "Desempenho Ambiental Operacional"
83 5,6 1,0
As maiores médias encontradas foram nas variáveis 7 e 9, demonstrando que
problemas ambientais fazem parte do cotidiano das empresas pesquisadas. De forma oposta, a
menor média foi da variável 2, demonstrando que a redução de quantidade de material
plástico gerado (em peso por produto) não é uma alternativa que é recorrentemente usada
pelas empresas.
O construto Gestão Ambiental é descrito na Tabela 3, e o construto Regulamentação
Ambiental é descrito na Tabela 4. Ao final das tabelas são apresentados os totais de cada
construto. Nenhuma variável apresentou problemas de ausência de respostas nesses dois
blocos do questionário.
Tabela 3 – Descrição do Construto 2 – Gestão Ambiental
Questão N Média
Desv-
pad.
11 A empresa possui uma política ambiental escrita.
84 3,5 2,2
12 A empresa gerencia questões ambientais que ainda não
estão previstas na legislação.
84 4,1 2,2
13 A empresa possui objetivos e metas ambientais.
84 5,0 2,0
14 A empresa possui procedimentos ambientais documentados.
84 4,6 2,2
15 A empresa monitora os custos e benefícios ambientais.
84 4,5 2,0
16 A empresa atribui responsabilidades ambientais a todos os
seus funcionários.
84 5,5 1,8
17 A empresa treina os funcionários em questões ambientais.
84 4,9 2,1
Total do Construto de "Gestão Ambiental"
84 4,6 1,5
Na tabela 3 é possível verificar que a questão ambiental deve estar presente em todos
os níveis hierárquicos, inclusive com responsabilidades delegadas. Trabalhos subseqüentes
podem verificar se as respostas se referem apenas à responsabilidade de separação dos
resíduos ou se existe atitudes mais amplas de preservação ambiental. Por outro lado, a gestão
não possui alta formalidade, carecendo, em vários casos (observado pela menor média
encontrada) de políticas ambientais escritas.
Outra questão importante se refere à verificação da visão empresarial voltada ao
atendimento da legislação, parecendo ser este o objetivo oculto da legislação ambiental.
Percebe-se, pelo valor baixo na média da variável 12, que as empresas não consideram, no
setor pesquisado, a dimensão ambiental como uma oportunidade de mercado. Verifica-se no
construto Regulamentação Ambiental alguns dos possíveis causadores desse pensamento.
Tabela 4 – Descrição do Construto 3 – Regulamentação Ambiental
Questão N Média
Desv-
pad.
18 As regulamentações ambientais são rigorosas em suas
exigências.
84 5,7 1,6
19 As regulamentações ambientais permitem que a empresa
disponha de várias alternativas para seu cumprimento.
84 4,9 1,6
20 Pode-se prever as regulamentações ambientais que virão nos
próximos anos.
84 4,6 1,9
21 Pode-se prever a forma como as regulamentações ambientais
vão impactar na empresa nos próximos anos.
84 4,7 1,8
22 As regulamentações ambientais incentivam as empresas a
ultrapassar suas exigências, oferecendo benefícios.
84 4,1 2,2
23 As regulamentações ambientais têm papel importante para o
bem-estar da comunidade.
84 6,4 1,1
24 A empresa sempre busca se antecipar às regulamentações
que estão por vir.
84 5,0 1,9
25 A empresa necessita investir mais recursos no cumprimento
das regulamentações ambientais.
84 5,2 1,9
26 As regulamentações ambientais têm papel importante para o
progresso e para o desenvolvimento econômico.
84 6,1 1,3
Total do Construto "Regulamentação Ambiental"
84 5,2 0,9
O construto Regulamentação Ambiental demonstra como as empresas percebem as
regulamentações e quais tipos de estratégias são gerados em resposta (que segundo a hipótese
impacta na forma como a empresa estrutura sua gestão ambiental). As duas variáveis com
maior pontuação média tratam da importância social das Regulamentações Ambientais
(variáveis 23 e 26), sendo superiores à percepção de rigorosidade (variável 18).
Entretanto, a demonstração de inefetividade das Regulamentações Ambientais é
percebida pelas pontuações baixas nas variáveis 20, 21 e 22. A variável 22, a menor dentre
todas do construto, trata do benefício à firma, como sua contraparte, pela preservação
ambiental.
Este resultado nega os trabalhos de Porter e Van der Linde (1996), Jaffe e Palmer
(1996), Majumdar e Marcos (2001), Klassen e McLaughlin (1996) entre outros, que defendem
que as regulamentações ambientais trazem vantagens às firmas (sem considerar aqui as
diferenças institucionais entre os países dos trabalhos).
Levanta-se assim uma questão: Os gestores públicos e os órgãos de regulamentação
ambiental entendem que as regulamentações podem ser benéficas às firmas, devendo-se
estruturar as legislações de forma a produzir benefícios econômicos e ambientais?
Em paralelo com a variável 22, as variáveis 20 e 21 demonstram uma falta de clareza,
ao menos por parte dos gestores das firmas, para os rumos da legislação. Como os trabalhos
de Manjumdar (1997) e Jaffe et al (1995) apontavam, as mudanças nos processos geram
um custo financeiro inicial elevado, dificultando um planejamento em longo prazo que
contemple as mudanças da legislação e permita traçar estratégias de resposta eficientes e
competitivas. Ressalta-se a visão de Handfield et al (2001) sobre os motivos do não
cumprimento das regulamentações ambientais por parte da empresa: primeiro, as leis e
requisitos legais se alteram constantemente, segundo, não são bem definidas, terceiro,
algumas vezes são conflitantes e quarto, os gestores acreditam que o cumprimento mínimo
das regulamentações é suficiente.
O quarto construto Inovatividade é descrito na Tabela 5. Neste construto a questão
35 é diferente das demais questões do questionário, pois avalia a quantidade absoluta de
inovações geradas pela empresa, apresentou uma variância muito elevada, sendo eliminada
das demais análises. Esta questão não é considerada para o Total do Construto.
Tabela 5 – Descrição do Construto 4 – Inovatividade
Questão N Média
Desv-
pad.
27 Iniciativas ambientais geraram o desenvolvimento de novos
produtos.
84 5,8 1,7
28 Iniciativas ambientais geraram reduções de custos em relação
às matérias-primas.
84 4,6 2,1
29 Iniciativas ambientais geraram menor consumo de energia.
84 4,7 2,2
30 Iniciativas ambientais geraram melhorias nas condições de
trabalho.
84 5,6 1,9
31 Iniciativas ambientais geraram melhorias na aparência e
desempenho dos produtos existentes.
84 4,9 2,1
32 Iniciativas ambientais introduziram novas práticas de gestão.
84 5,8 1,5
33 A empresa desenvolveu muitos produtos novos nos últimos
12 meses, comparada com seus concorrentes.
84 4,8 2,0
34 Nos últimos 12 meses, a empresa fez muitas melhorias na
aparência e no desempenho dos seus produtos, comparada com
seus concorrentes.
84 5,4 1,8
35 Quantos produtos novos (ou famílias de produtos) a empresa
desenvolveu nos últimos 12 meses?
84 33,2 86,7
Total do Construto "Inovatividade"
84 5,2 1,3
Em relação ao construto Inovatividade, suas variáveis mais elevadas (27 e 32) tratam
das inovações observadas em produtos e gestão, e as variáveis com pontuações mais baixas
são as que tratam das inovações observadas em processos de produção (28 e 29). Segundo
Russo e Fouts (1997) e Hart (1995), as inovações de processo são divididas em inovações de
fim-de-tubo (end-of-pipe solutions) e inovações de prevenção da poluição (cleaner production
technology ou pollution prevention innovations). Inovações de fim-de-tubo não fazem parte
do processo essencial de produção, mas são atividades adicionadas para conter os agentes
poluidores e permitir o cumprimento dos requisitos legais. Em contraste, inovações de
prevenção da poluição são reduções e modificações realizadas diretamente no sistema
produtivo, fazendo parte do mesmo. Pelo caráter dos resultados dos construtos Inovatividade
e Regulamentação Ambiental, considera-se que as empresas optam pelas inovações de fim-
de-tubo, a qual, segundo os autores acima, eleva o custo total de produção.
Por fim, se descreve o quinto construto – Desempenho Financeiro, na Tabela 6.
Devido aos casos com inexistência de resposta nas questões 36 e 37 terem sido eliminados
previamente, o quadro não mostra ausência de respostas. O Total do Construto “Desempenho
Financeiro” obteve média de 5,0. Ele apresenta também o desvio-padrão mais alto, em
comparação com os outros construtos, tendo valor de 1,6. O segundo construto com maior
desvio-padrão é o de Gestão Ambiental, 1,5. O construto de Inovatividade obteve 1,3. Os dois
construtos que apresentam menor variância são o de Regulamentação e de Desempenho
Ambiental Operacional.
Tabela 6 – Descrição do Construto 5 – Desempenho Financeiro
Questão N Média
Desv-
pad.
36 A empresa teve melhor desempenho financeiro do que sua
maior concorrente no último ano.
84 4,5 1,8
37 A empresa teve melhor desempenho financeiro do que as
demais concorrentes do setor no último ano.
84 4,7 1,8
38 A empresa ultrapassou as metas de crescimento de vendas
no último ano.
84 5,2 2,0
39 Suas expectativas quanto ao desempenho geral da empresa
foram atingidas no último ano.
84 5,5 1,9
40 Os diretores estão muito satisfeitos com o desempenho geral
da empresa no último ano.
84 5,3 1,8
Total do Construto "Desempenho Financeiro"
84 5,0 1,6
Na tabela 6 uma clara divisão ocorre entre as variáveis 36 e 37 em relação às variáveis
38, 39 e 40. Estas demonstram que o ano anterior foi financeiramente positivo à empresa
(vide resultados de positivos em relação às expectativas), e foram igualmente positivos nos
concorrentes (vide similaridade de resultados nas comparações com as concorrentes). Este
resultado revela que fatores externos impactaram no setor de forma positiva, fazendo com que
as correlações do construto Desempenho Financeiro tenderem a ser afetadas.
Segundo Corbett e Cutter (2000), o setor de transformação petroquímica apresenta
características semelhantes a uma economia perfeita, gerando sistema de produção semelhante
baseada em informações disponíveis igualmente a todos os agentes, o que pode explicar a
baixa variância nos resultados financeiros dentre as empresas pesquisadas.
Os três primeiros construtos (Desempenho Ambiental Operacional, Gestão Ambiental
e Regulamentação Ambiental) que compõe as medições do Desempenho Ambiental da
empresa foram agrupadas em uma variável denominada Total das Variáveis Ambientais,
apresentada na Tabela 7 – Resumo dos construtos ambientais.
Tabela 7 – Resumo dos Construtos Ambientais
Questão N Média
Desv-
pad.
Total das Variáveis Ambientais
83 5,1 0,9
Após as descrições dos construtos, foram realizadas as análises para verificar se
algumas variáveis categóricas influenciavam significativamente nas questões descritas acima.
5.3. Teste de Confiabilidade do Instrumento
Antes de se realizar o estudo de fatores nos construtos, foram testadas as
confiabilidades do instrumento por meio do teste de Alfa de Cronbach (Hair et al, 2006). A
Tabela 8 apresenta os valores Alfa para cada um dos construtos (que representam os
construtos). Em seguida, algumas variáveis foram removidas, pois reduziam a confiabilidade
dos construtos, não sendo percebidas pelos respondentes como integrantes daquele construto.
A Tabela 9 apresenta as variáveis removidas e os novos valores de Alfa. Os valores obtidos
são considerados adequados para as pesquisas em ciências sociais (Hair et al, 2006).
Tabela 8 – Alfa de Cronbach inicial dos Construtos
Construto Alfa
Desempenho Ambiental Operacional 0,708
Gestão Ambiental 0,851
Regulamentação Ambiental 0,708
Inovatividade 0,814
Desempenho Financeiro 0,911
Tabela 9 – Variáveis Removidas e valores finais de Alfa de Cronbach dos Construtos
Construto Variável Removida Alfa
Desempenho Ambiental Operacional
2 - A empresa está reduzindo as quantidades
de matéria-prima nos produtos.
0,716
Gestão Ambiental Nenhuma 0,851
Regulamentação Ambiental
25 - A empresa necessita investir mais
recursos no cumprimento das
regulamentações ambientais.
0,735
Inovatividade Nenhuma 0,814
Desempenho Financeiro Nenhuma 0,911
5.4. Análise Fatorial
A Análise Fatorial analisa a estrutura de inter-relações (correlações) entre um grande
número de variáveis, definindo os fatores presentes e permitindo realizar uma redução dos
dados para elevar a confiabilidades dos testes seguintes (Hair et al, 2006).
Partiu-se do grupo de 36 variáveis resultantes das eliminações anteriores (foram
eliminadas as variáveis 2 e 25 pelo Alfa de Cronbach, a variável 5 por baixo número de
respostas e a variável 35 por apresentar elevada variância). Essas variáveis foram testadas nos
construtos buscando eliminar àquelas que geram mais de um fator em cada construto, ou seja,
que apresentam mais de um construto latente.
A Tabela 10 oferece os valores de comunalidade, identificadas como Extraído, sendo a
inter-relação entre as variáveis do construto, bem como os valores de Variância Explicada e a
Medida de Adequação da Amostra.
Tabela 10 – Comunalidades, valores acumulados e Medida de Adequação de Amostra
Variável Extraído
1 A empresa escolhe matérias-primas que possam ser recicladas. 0,34
3 A empresa está aumentando a vida útil de seus produtos. 0,39
4 A empresa está projetando produtos fáceis de fabricar. 0,54
6 A empresa está reduzindo a energia necessária para fabricar e montar os
produtos.
0,24
7 A empresa está reduzindo as emissões de poluentes. 0,33
8 A empresa informa os clientes sobre as características ambientais dos produtos. 0,27
9 A empresa administra os materiais perigosos ou contaminados. 0,25
10 A empresa utiliza embalagem de material reciclado. 0,36
Variância Explicada 0,34
Construto 1
Medida de Adequação da Amostra 0,62
11 A empresa possui uma política ambiental escrita. 0,43
12 A empresa gerencia questões ambientais que ainda não estão previstas na
legislação.
0,66
13 A empresa possui objetivos e metas ambientais. 0,51
14 A empresa possui procedimentos ambientais documentados. 0,48
15 A empresa monitora os custos e benefícios ambientais. 0,58
16 A empresa atribui responsabilidades ambientais a todos os seus funcionários. 0,52
17 A empresa treina os funcionários em questões ambientais. 0,53
Variância Explicada 0,53
Construto 2
Medida de Adequação da Amostra 0,81
Continua
Continuação
Variável Extraído
18 As regulamentações ambientais são rigorosas em suas exigências. 0,15
19 As regulamentações ambientais permitem que a empresa disponha de várias
alternativas para seu cumprimento.
0,35
20 Pode-se prever as regulamentações ambientais que virão nos próximos anos. 0,51
21 Pode-se prever a forma como as regulamentações ambientais vão impactar na
empresa nos próximos anos. 0,61
22 As regulamentações ambientais incentivam as empresas a ultrapassar suas
exigências, oferecendo benefícios.
0,43
23 As regulamentações ambientais têm papel importante para o bem-estar da
comunidade. 0,33
24 A empresa sempre busca se antecipar às regulamentações que estão por vir. 0,22
26 As regulamentações ambientais têm papel importante para o progresso e para o
desenvolvimento econômico. 0,29
Variância Explicada
0,36
Construto 3
Medida de Adequação da Amostra 0,63
27 Iniciativas ambientais geraram o desenvolvimento de novos produtos. 0,41
28 Iniciativas ambientais geraram reduções de custos em relação às matérias-
primas. 0,48
29 Iniciativas ambientais geraram menor consumo de energia. 0,44
30 Iniciativas ambientais geraram melhorias nas condições de trabalho. 0,62
31 Iniciativas ambientais geraram melhorias na aparência e desempenho dos
produtos existentes. 0,46
32 Iniciativas ambientais introduziram novas práticas de gestão. 0,44
33 A empresa desenvolveu muitos produtos novos nos últimos 12 meses,
comparada com seus concorrentes. 0,37
34 Nos últimos 12 meses, a empresa fez muitas melhorias na aparência e no
desempenho dos seus produtos, comparada com seus concorrentes. 0,30
Variância Explicada
0,43
Construto 4
Medida de Adequação da Amostra 0,73
36 A empresa teve melhor desempenho financeiro do que sua maior concorrente no
último ano.
0,60
37 A empresa teve melhor desempenho financeiro do que as demais concorrentes
do setor no último ano. 0,74
38 A empresa ultrapassou as metas de crescimento de vendas no último ano. 0,73
39 Suas expectativas quanto ao desempenho geral da empresa foram atingidas no
último ano.
0,79
40 Os diretores estão muito satisfeitos com o desempenho geral da empresa no
último ano. 0,84
Variância Explicada
0,74
Construto 5
Medida de Adequação da Amostra 0,81
Como ponto de corte se buscou eliminar variáveis até que permanecesse apenas um
fator em cada construto, eliminando variáveis de construtos diferentes do esperado em cada
construto. Essa purificação dos dados foi realizada, pois, apesar da preocupação com a
elaboração do questionário da pesquisa, os respondentes podem eventualmente compreender
uma afirmação de maneira diferente do esperado, atribuindo valores a ela diferentes dos
demais critérios do construto.
Foram eliminadas 11 questões que apresentavam valores menores do que a Variância
Explicada de cada construto (questões 6, 8, 9, 11, 14, 18, 24, 26, 33, 34 e 36). Foram então
geradas novas análises de fatores para se obter os valores finais de Variância Explicada de
cada construto e as Medidas de Adequação da Amostra. Os resultados são encontrados na
Tabela 11. Permaneceram 25 questões do grupo original de 40, além de cinco variáveis de
totais dos construtos e total das variáveis ambientais.
Tabela 11 – Variância Explicada das Variáveis Remanescentes
Construto
Medida Valor Inicial Valor Final
Variação
Variância Explicada 0,34 0,44 22%
Construto
1
Medida de Adequação da
Amostra
0,62 0,64 3%
Variância Explicada 0,53 0,60 12%
Construto
2
Medida de Adequação da
Amostra
0,81 0,81 0
Variância Explicada 0,36 0,49 27%
Construto
3
Medida de Adequação da
Amostra
0,63 0,70 10%
Variância Explicada 0,43 0,52 17%
Construto
4
Medida de Adequação da
Amostra
0,73 0,78 6%
Variância Explicada 0,74 0,80 8%
Construto
5
Medida de Adequação da
Amostra
0,81 0,81 0
Os casos coletados foram então identificados pela Análise de Agrupamento a fim de
discriminar os respondentes, concluindo com isso a identificação do perfil do setor quanto ao
seu desempenho ambiental.
5.5. Classificação dos Respondentes
Os respondentes foram avaliados em sua similaridade por meio da Análise de Cluster.
Essa ferramenta estatística multivariada busca identificar a semelhança entre os objetos a fim
de elevar a homogeneidade entre os componentes do grupo e obter, ao mesmo tempo, a maior
heterogeneidade entre os grupos (Hair et al, 2006).
As variáveis utilizadas na Análise de Cluster foram: Total do construto Desempenho
Ambiental Operacional; Total do construto Sistema de Gestão Ambiental; Total do construto
Regulamentação Ambiental; Total do construto Inovatividade; Total do construto
Desempenho Financeiro e Total das Variáveis Ambientais.
A Tabela 12 apresenta os grupos gerados para cada construto, suas características, a
soma das pontuações das variáveis do construto e as denominações dadas aos grupos.
Tabela 12 – Grupos gerados pela Análise de Cluster
5.6. Determinação do Perfil Ambiental do Setor Plástico Gaúcho
Tendo definido como podem ser agrupadas as empresas em relação aos construtos do
questionário (Desempenho Ambiental Operacional, Gestão Ambiental, Regulamentação
Ambiental, Inovatividade e Desempenho Financeiro) e em relação ao desempenho ambiental
geral (Variáveis Ambientais), é possível avaliar quais fatores são relevantes para determinar
porque uma empresa se encontra em um grupo específico, verificando os demais grupos aos
quais pertence.
Testes discriminantes foram aplicados buscando compreender as características
presentes de cada grupo. O método de estimação simultânea foi adotado, pois se busca o
máximo de casos corretamente classificados, independente do número de variáveis usadas.
Inicialmente o teste discriminante identificou quais variáveis demonstravam
significância estatística para a predição dos membros dos grupos. Teste de Wilk’s Lambda
também foram realizados para verificar critérios estatísticos de conformidade da amostra. Os
resultados estão apresentados nas Tabelas 13 a 19. As variáveis consideradas significantes
para a previsão de classificação dos grupos devem possuir Significância inferior a 0,05 e valor
de Wilk’s Lambda superior a 0,70 (Hair et al, 2006).
Na tabela 13 é possível perceber que o Desempenho Ambiental Operacional da
empresa não está diretamente relacionado com a Regulamentação Ambiental, devendo existir
uma necessidade de intermediação por parte da gestão ambiental. Assim, exigências
ambientais que envolvam gestão devem produzir melhores resultados do que as exigências
voltadas à operação diretamente.
Tabela 13 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para o Desempenho Operacional Ambiental
Variáveis independentes do Desempenho Ambiental Operacional
Wilk's
Lambda
Sig.
Total do Construto "Gestão Ambiental"
0,89
0,01
Total do Construto "Regulamentação Ambiental”
0,95 0,14
Total do Construto "Inovatividade”
0,91
0,02
Total do Construto "Desempenho Financeiro”
0,85
0,00
Nível Hierárquico
1,00 0,86
Escolaridade
0,97 0,33
Setor de Atuação da Empresa
0,95 0,11
Processo Principal de Produção
0,97 0,24
Categoria de Idade
1,00 0,87
Categoria de Número de Funcionários
0,99 0,77
A Inovatividade e o Desempenho Financeiro estão relacionados com o Desempenho
Ambiental Operacional, porém, como identificado nas análises anteriores, o processo
produtivo não parece estar sendo alvo da inovatividade das empresas de forma preventiva.
O Sistema de Gestão Ambiental não atingiu o nível de significância de 5% na variável
independente Desempenho Financeiro, como pode ser visto na tabela 14, ficando próximo
disso. Isso aponta para que firmas com maior disponibilidade de recursos não possuem
necessariamente sistemas de gestão ambiental adequados. A Inovatividade e a
Regulamentação Ambiental são mais importantes neste aspecto.
Tabela 14 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para o Sistema de Gestão Ambiental
Variáveis independentes do Sistema de Gestão Ambiental
Wilk's
Lambda
Sig.
Total do Construto "Regulamentação Ambiental”
0,90
0,01
Total do Construto “Inovatividade”
0,91
0,02
Total do Construto "Desempenho Financeiro”
0,94 0,07
Nível Hierárquico
0,92
0,04
Escolaridade
1,00 0,81
Setor de Atuação da Empresa
0,96 0,20
Processo Principal de Produção
0,98 0,38
Categoria de Idade
0,96 0,16
Categoria de Número de Funcionários
1,00 0,93
Total do Construto "Desempenho Ambiental Operacional”
0,98 0,51
Além disso, a eficácia da gestão ambiental é dependente do nível hierárquico nas
empresas. Maior integração vertical do sistema, com melhor distribuição de responsabilidades
e atribuições pode melhorar os resultados dos sistemas de gestão ambientais atuais. Esta
condição emerge das diferenças entre os supervisores (que possuem média de 5,3 no
construto) dos gerentes e diretores, mais insatisfeitos (com média 4,7 e 4,8 respectivamente).
As responsabilidades legais recaem, em caso de problema ambiental, sobre estes que preferem
sistemas mais rígidos, diferente daqueles, que possuem atribuições de gerir cotidianamente o
sistema.
Mais importante é verificar que mesmo se a empresa não possuir um sistema de gestão
ambiental formal, a disseminação de valores ambientais pela organização apresenta
resultados muito positivos na inovatividade da firma, visto que os grupos B e C neste
construto possuem médias 5,2 e 5,5 respectivamente, enquanto o grupo A, que não dissemina
valores ambientais apresenta média 4,4.
A tabela 15 mostra que a disponibilidade de recursos financeiros não assegura que a
firma obtenha benefícios no cumprimento das regulamentações, da mesma forma que a
Inovatividade também não assegura. Os indícios parecem apontar para a rigidez das
regulamentações ambientais vigentes e foco excessivo nos processos fim-de-tubo em
detrimento do foco na gestão e nos processos de prevenção da poluição, como abordados por
Russo e Fouts (1997) e Hart (1995).
Além disso, parece haver benefícios às firmas pela segmentação das regulamentações
setoriais, visto que o Processo Principal de Produção importa para predizer o construto
Regulamentação Ambiental.
Tabela 15 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para a Regulamentação Ambiental
Variáveis independentes da Regulamentação Ambiental
Wilk's
Lambda
Sig.
Total do Construto "Inovatividade”
0,95 0,15
Total do Construto "Desempenho Financeiro”
0,98 0,49
Nível Hierárquico
0,98 0,43
Escolaridade
0,95 0,15
Setor de Atuação da Empresa
0,97 0,34
Processo Principal de Produção
0,92
0,04
Categoria de Idade
1,00 0,86
Categoria de Número de Funcionários
0,95 0,12
Total do Construto “Desempenho Ambiental Operacional”
0,94 0,09
Total do Construto "Gestão Ambiental”
0,90
0,02
Para predizer a classificação das empresas em sua Inovatividade (alta, média ou
baixa), mostraram-se fatores importantes o Desempenho Financeiro, o Desempenho
Ambiental Operacional e o Sistema de Gestão Ambiental, verificado na tabela 16. A tabela 17
apresenta os valores individuais para os grupos.
Tabela 16 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para a Inovatividade
Variáveis independentes da Inovatividade
Wilk's
Lambda
Sig.
Total do Construto "Desempenho Financeiro”
0,76
0,00
Nível Hierárquico
0,98 0,53
Escolaridade
0,98 0,50
Setor de Atuação da Empresa
0,96 0,19
Processo Principal de Produção
0,99 0,65
Categoria de Idade
0,94 0,09
Categoria de Número de Funcionários
0,94 0,08
Total do Construto “Desempenho Ambiental Operacional”
0,89
0,01
Total do Construto "Gestão Ambiental”
0,87
0,00
Total do Construto "Regulamentação Ambiental”
0,94 0,08
Tabela 17 – Média de Total do Construto “Inovatividade” para os diferentes grupos dos Clusters
relacionados às variáveis significantes
Construto
Grupo Média
Quantidade
Matéria-prima Reciclada 4,8
17
Embalagem Reciclada 4,5
10
Desempenho
Ambiental
Operacional
Alto Desempenho 5,5
56
Não Dissemina Valores 4,4
15
Dissemina Valores 5,2
21
Sistema de
Gestão
Ambiental
Alto Desempenho 5,5
47
Baixo Desempenho 3,8
8
Médio Desempenho 4,4
16
Desempenho
Financeiro
Alto Desempenho 5,7
59
Pela análise da tabela 18, não foi possível identificar relação significante entre as
regulamentações ambientais e o desempenho financeiro, suscitando que as regulamentações
não impactam nos resultados financeiros de maneira perceptível. Este achado contrapõem as
afirmações de Wells (1973) e Walley e Whitehead (1994) sobre a influência negativa da
regulamentação ambiental sobre a lucratividade da empresa.
Tabela 18 - Wilk’s Lambda e Índice de Significância para o Desempenho Financeiro
Variáveis independentes do Desempenho Financeiro
Wilk's
Lambda
Sig.
Nível Hierárquico
0,96 0,21
Escolaridade
0,99 0,78
Setor de Atuação da Empresa
0,99 0,59
Processo Principal de Produção
0,89
0,01
Categoria de Idade
0,93 0,06
Categoria de Número de Funcionários
0,96 0,20
Total do Construto “Desempenho Ambiental Operacional”
0,91
0,02
Total do Construto "Gestão Ambiental”
0,85
0,00
Total do Construto "Regulamentação Ambiental”
0,99 0,77
Total do Construto "Inovatividade”
0,76
0,00
Além disso, a tabela 19 demonstra que os processos produtivos de maior
representatividade no setor plástico apresentaram melhores resultados financeiros, porém a
diferença é pequena entre eles. Por outro lado, as firmas do grupo Embalagem reciclada
possuem grande diferença para as firmas do grupo Matéria-prima Reciclada. Os primeiros
possuem média 3,5, contra 5,0 do segundo. Este segundo está próximo dos resultados do
grupo Alto Desempenho (no construto Desempenho Ambiental Operacional) com média 5,5.
A causa principal volta a ser o foco excessivo em tecnologias de fim-de-tubo (Embalagens
recicladas) e não no processo produtivo com preservação de recursos (redução de matéria
prima). Outro fator que maximiza esse achado é o custo das matérias-primas. Eles são o
principal custo variável das empresas do setor, podendo representar altos percentuais do custo
total dos produtos produzidos, diferente das embalagens, que pouco influenciam no custo da
maioria dos produtos.
Disseminar valores ambientais pela organização não apresentou reflexos positivos no
construto Desempenho Financeiro em comparação com o apresentado em Inovatividade. A
diferença entre as dias dos grupos “não disseminar valores ambientais” e “alto
desempenho” (no construto Sistema de Gestão Ambiental) não se alterou.
Tabela 19 – Média de Total do Construto “Desempenho Financeiro” para os diferentes grupos dos
Clusters relacionados às variáveis significantes
Cluster
Grupo Média
Quantidade
Matéria-prima Reciclada 5,0
17
Embalagem Reciclada 3,5
10
Desempenho
Ambiental
Operacional
Alto 5,5
56
Não Dissemina Valores Ambientais 4,4
15
Dissemina Valores Ambientais 4,9
21
Sistema de
Gestão
Ambiental
Alto 5,5
47
Baixo 4,2
6
Médio 4,3
35
Inovatividade
Alto 5,9
42
Injeção e Injeção Sopro 5,1
31
Extrusão e Extrusão Sopro 5,3
37
Processo
Principal
Outros, Diversos 4,8
15
Por fim, não foram identificadas relação com número de funcionários, a escolaridade
dos gestores ou o tipo de produto fabricado com os construtos analisados, demonstrando que
as empresas de menor ou maior porte, com variados graus de conhecimento técnico e geral
por parte dos gestores e com variados setores destinatários dos bens produzidos possuem as
mesmas condições competitivas e devem possuir as mesmas preocupações em obterem
vantagens do Desempenho Ambiental.
Apesar de encontrar os construtos desejados como fatores para explicar os
agrupamentos dos clusters, não se pode considerar comprovada as relações levantadas nas
hipóteses deste trabalho. Para tanto, o próximo tópico utiliza a Análise de Regressão para
confirmar as hipóteses com maior segurança estatística.
5.7. Teste do Modelo Proposto e Modelos Alternativos
Além das relações entre variáveis categóricas, estudadas no tópico 1.7 por meio de
análise discriminante, é necessário verificar relações entre construtos medidas por variáveis
métricas utilizando-se análise de regressão. A Análise de Regressão objetiva usar variáveis
independentes cujos valores são conhecidos para prever os valores da variável dependente.
Inicialmente, foram realizadas análises de regressão entre a variável de cada construto
como estimativa mais adequada. Os valores dos coeficientes de determinação (R² - variância
explicada pelas variáveis independentes) para o modelo são apresentados na Figura 4, abaixo.
Figura 4 – Valores do Coeficiente de Determinação das hipóteses
Primeiramente, é possível afirmar que os valores encontrados de não permitem a
explicação da variabilidade da variável dependente com confiabilidade alta. Os testes foram
realizados entre correlações bivariadas. As setas com duas pontas indicam que os fatores
são bidirecionais, não importando qual deles seja considerado dependente. Earle (2000)
afirma que o interesse da comunidade científica e empresarial é voltado para a co-ocorrência
do Desempenho Ambiental e do Desempenho Financeiro.
A seguir se percebe que o valor mais elevado (porém ainda baixo) está na relação entre
a Inovatividade e o Desempenho Financeiro da empresa. Esta relação é largamente abordada
Desempenho Ambiental
Operacional
Regulamentação
Ambiental
Sistema de Gestão
Ambiental
Desempenho
Financeiro
Inovatividade
0,146
0,220
0,254
0,339
Desempenho Ambiental
0,196
0,125
na literatura de inovação, não sendo necessário neste trabalho maiores comentários sobre isto.
Assim, a Hipótese 4 é confirmada, desde que haja correlação positiva entre a Inovatividade e
o Desempenho Financeiro.
A relação mais importante entre os três construtos que foram o Desempenho
Ambiental e a Inovatividade ocorre por meio da Gestão Ambiental, sendo de 25,4% de
variância explicada. Resultados semelhantes foram identificados por Darnell, Jolly e Ytterhus
(2005), sendo um valor de correlação intermediário em ciências sociais (HAIR et al, 2006).
Apesar de valores mais baixos terem sido encontrados nas correlações entre a
Regulamentação Ambiental e a Inovatividade e entre o Desempenho Ambiental Operacional e
a Inovatividade, verifica-se que as hipóteses H1, H2 e H3 foram confirmadas. As relações
entre as perspectivas do Desempenho ambiental também apresentaram valores positivos de
correlação, sendo 0,22 para Regulamentação Ambiental e Sistema de Gestão Ambiental e
0,146 para este último e Desempenho Ambiental Operacional.
As relações entre as três perspectivas do Desempenho Ambiental igualmente
apresentaram valores de coeficiente de determinação (R²) positivos, porém baixos. Confirma-
se assim a influência da Regulamentação Ambiental sobre o Sistema de Gestão Ambiental
(hipótese H5a) e deste último sobre o Desempenho Ambiental Operacional (hipótese H5b).
Resultados semelhantes haviam sido observados nas tabelas 13 e 14, com significância de
0,01 para ambas relações.
Um teste usando o método de estimação computacional stepwise foi empregado como
comparativo entre as 15 variáveis que constituem o Desempenho Ambiental e a
Inovatividade. Obteve-se um novo valor de 0,342 com apenas 3 variáveis (3, 17 e 22). A
figura 5 demonstra a relação encontrada.
Inovatividade
Desempenho
Financeiro
Figura 5 – Valores de R² para correlações de variáveis separadas com Inovatividade usando método Stepwise
Da mesma forma, foram empregadas as variáveis remanescentes do Desempenho
Ambiental para testar a correlação com o Desempenho Financeiro, por meio do método
stepwise. Foi obtido um valor de 0,189 com apenas duas variáveis (1 e 17), como pode ser
visto na figura 6.
Figura 6 Valores de para correlações de variáveis separadas com Desempenho Financeiro usando método
Stepwise
Como treinar os funcionários em questões ambientais não está diretamente ligada às
atividades de desenvolvimento e de geração de valor, sua presença pode ser relacionada com
outros fatores importantes para estes dois construtos, não mensurados diretamente neste
trabalho, como a criação de conhecimento. Trabalhos subseqüentes podem auxiliar a explicar
este achado. Este achado resume parcialmente os demais resultados encontrados no trabalho,
3 - A empresa está
aumentando a vida útil de
seus produtos.
17 – A empresa treina os
funcionários em questões
ambientais.
22 – As regulamentações
ambientais incentivam as
empresas a ultrapassar suas
exigências, oferecendo
benefícios.
0,342
1 – A empresa escolhe
matérias-primas que possam
ser recicladas.
17 – A empresa treina os
funcionários em questões
ambientais.
0,189
de que em sua maior eles permeiam questões as quais a qualidade do conhecimento técnico é
fator fundamental. Conhecer profundamente as questões ambientais discutidas neste trabalho
é crucial para o sucesso em longo prazo e se manter competitivo.
Reitera-se que não foram recursos financeiros ou de pessoal que impactaram para
identificar os padrões de empresas com melhores resultados, mas uma mescla de
competências, habilidade e conhecimento técnico que esteve presente em todos os resultados
positivos identificados.
CONCLUSÃO
A questão ambiental está ingressando rápida e decisivamente no campo acadêmico,
com pesquisas em diversas áreas da Ciência, e no campo dos Negócios, com pressões de
agentes externos e internos às corporações. O Desempenho Ambiental deve ser compreendido
por ambos os campos, a fim de se obterem resultados positivos à sociedade, às empresas e ao
Meio Ambiente.
Este trabalho objetivou identificar as relações existentes entre as ações ambientais, a
inovatividade e o desempenho financeiro em empresas de terceira geração petroquímica.
Diferentes ferramentas estatísticas foram usadas, principalmente para descrever o nível de
presença de ações ambientais nas firmas de terceira geração petroquímica, um dos objetivos
específicos da pesquisa.
A identificação empírica da relação entre objetivos do paradigma ambiental e do
paradigma financeiro geram benefícios que afetam positivamente as firmas e a sociedade. Nos
negócios há uma necessidade por trabalhos que verifiquem a relação dos paradigmas e
ofereçam informações para estruturar as tomadas de decisão estratégicas.
O objetivo geral desta pesquisa foi identificar as relações existentes entre o
desempenho ambiental, a inovatividade e o desempenho financeiro em empresas de terceira
geração petroquímica. As evidências mostram que o Desempenho Ambiental, medido por
meio de variáveis em três níveis (Operacional, Estratégico e de Regulamentação) apresenta
correlação positiva (apensar da variabilidade explicada não ser alta) com capacidade de inovar
das empresas do setor pesquisado. Verificou-se também, como era esperado, que a capacidade
de inovar estivesse correlacionada com o Desempenho Financeiro da empresa. As melhores
correlações foram obtidas utilizando-se as variáveis separadamente, pelo método
computacional de estimação simultâneo.
Diversos achados foram encontrados para descrever o Desempenho Ambiental das
firmas de terceira geração petroquímica e como esse influencia e é influenciado pela
capacidade de inovar e pelo desempenho financeiro. Inicialmente pode-se afirmar que
problemas ambientais fazem parte do cotidiano das empresas. Além disso, a questão
ambiental está presente em todos os níveis da organização, inclusive com responsabilidades
delegadas. Porém as empresas ainda não consideram a dimensão ambiental como uma
oportunidade de mercado.
Em sua maioria, as empresas não percebem benefícios econômicos às firmas pelo
cumprimento das regulamentações ambientais. Porém os empresários concordam com a
importância das regulamentações para o progresso social e preservação ambiental.
Alguns resultados, ainda que não conclusivos, apontaram para que os gestores
públicos e os órgãos de regulamentação ambiental parecem não entendem que as
regulamentações podem ser benéficas às firmas, produzir benefícios econômicos e
ambientais. Além disso, uma falta de clareza para os rumos da legislação foi identificada. Ela
dificulta um planejamento em longo prazo, impedindo que se trace estratégias de resposta
eficientes e competitivas.
Não somente a visão míope dos gestores públicos é causador de perda de
competitividade do setor, mas igualmente dos gestores das empresas. Alguns resultados
apontam que as empresas optam pelas inovações de fim-de-tubo, menos competitivas, em
detrimento das de prevenção da poluição. Por exemplo, a redução de quantidade de matérias-
primas dos produtos é uma alternativa que não é recorrentemente usada pelas empresas. Da
mesma forma, a Gestão Ambiental não possui formalidade na maioria dos casos estudados.
Na maioria dos resultados o conhecimento técnico foi fator fundamental para
diferenciar as empresas com melhores resultados das demais. Conhecer profundamente as
questões ambientais discutidas neste trabalho é crucial para o sucesso em longo prazo e se
manter competitivo. As firmas com maior disponibilidade de recursos não possuem
necessariamente sistemas de gestão ambiental adequados. A capacidade de inovar e a
Regulamentação Ambiental foram mais importantes neste aspecto, porém os indícios apontam
que a rigidez das regulamentações ambientais e o foco nas inovações fim-de-tubo por parte
das empresas ainda impede que se obtenha maiores benefícios econômicos.
Além disso, uma maior integração vertical, com melhor distribuição de
responsabilidades, é necessária para melhorar os resultados dos sistemas de gestão ambientais.
Outro achado importante foi verificar que mesmo se a empresa não possuir um sistema de
gestão ambiental formal, a disseminação de valores ambientais pela organização apresenta
resultados positivos na inovatividade da firma.
Não foram encontradas evidências de que as regulamentações ambientais impactam
nos resultados financeiros de maneira perceptível. Da mesma forma, o porte das empresas, a
escolaridade dos gestores ou o tipo de produto fabricado não influenciaram nos achados da
pesquisa.
Reitera-se que não foram recursos financeiros ou de pessoal que impactaram para
identificar os padrões de empresas com melhores resultados, mas uma mescla de
competências, habilidade e conhecimento técnico que esteve presente em todos os resultados
positivos identificados.
Os resultados da verificação de um nível mínimo de desempenho ambiental para afetar
a Inovatividade e o Desempenho Financeiro foram apresentadas nas tabelas 17 e 19,
anteriormente. Tratando primeiramente de Inovatividade, o Desempenho Ambiental
Operacional com valores baixos reflete em médias baixas de inovatividade, porém
minimizado pelo interesse da empresa no uso de material reciclado como matéria-prima. Para
o Sistema de Gestão Ambiental a disseminação de valores ambientais pala organização
apresentou bons reflexos na capacidade de inovar.
Para o Desempenho Financeiro, o Desempenho Ambiental Operacional apresentou
resultados próximos para as empresas com médias altas e com o uso de matéria-prima
reciclada. No Sistema de Gestão Ambiental valores baixos refletiram em médias baixas no
Desempenho Ambiental, porém minimizados pela disseminação de valores ambientais.
Os resultados acima também apresentam os componentes externos, estratégicos e
operacionais do desempenho ambiental relevantes que otimizam a inovatividade e o
desempenho financeiro, um dos objetivos específicos deste trabalho.
Vale ressaltar que estes resultados foram encontrados para empresas do setor de
transformação de plásticos do Rio Grande do Sul, com um perfil de porte específico.
Resultados diferentes serão esperados em virtude do setor pesquisado e do perfil do porte das
empresas. Assim, outros trabalhos devem permitir comparações entre setores no que tange a
importância e participação do Desempenho Ambiental na Inovatividade e no Desempenho
Financeiro das empresas, além de permitir identificar característica setoriais que
potencializam ou dificultam a relação.
Aponta-se, de posse dos resultados, para a necessidade de uma maior ênfase
empresarial para os aspectos ambientais por contribuírem com os objetivos financeiros.
Mudanças, por meio de inovações, são exigidas continuamente como forma de se manter
competitivo no mercado e atender as crescentes demandas por maior eficiência energética,
melhor aproveitamento de recursos hídricos, redução da geração de resíduos, efluentes,
emissões, entre outros objetivos ambientais.
O presente trabalho sugere que a adoção desses objetivos ambientais, entre outros,
tanto no nível operacional quanto no nível estratégico da empresa, contribuiu para a
potencialização da inovatividade e aumento dos resultados fins da empresa. Empiricamente se
percebeu que estes construtos variam de forma semelhante.
Existe a possibilidade de que outros construtos que intermediam, potencializam ou
inibem essa relação. Provém a necessidade de pessoal qualificado e com conhecimentos
específicos para atuar nessa situação, oferecer conhecimentos e coordenar ações. Estar em
parceria com universidades ou centros de pesquisa, bem como associações de empresas, a fim
de se manter informado sobre opções tecnológicas ou soluções desenvolvidas disponíveis,
entre outros, pode alterar significativamente os valores obtidos.
Os trabalhos que buscam entender a relação ambiental-econômica, cujos principais
países pesquisadores são Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Japão,
sempre se deparam com condições específicas das instituições de cada país. Isso faz com que
haja uma demanda por adaptar as pesquisas desses países ao Brasil, compreendendo como
ocorre o processo a partir de nosso quadro institucional. Divergências serão salutares para se
encontrar modelos institucionais mais adequados à propagação de competitividade às
industrias nacionais, sem com isso reduzir nossas possibilidades futuras em termos de
recursos naturais.
Espera-se que os resultados aqui obtidos sejam estimulantes de outros trabalhos que
foquem a relação entre a questão ambiental e os objetivos empresariais, buscando pontes de
conciliação que fortaleçam a ambos os lados. Deve-se, todavia, ter cautela quanto aos
resultados encontrados. Ressalta-se que este modelo testado não apresenta paralelo na
literatura, recomendando-se realizar estudos similares em outros setores a fim de se obter
dados comparativos para análise e detectar possíveis erros que não foram identificados, bem
como outros fatores importantes aqui omissos.
Feitas as ressalvas acima e analisando os resultados, pode-se reconhecer que as
análises empíricas realizadas se constituem elementos que podem contribuir para uma
discussão aprofundada da situação ambiental brasileira e da importância desta para o
progresso e para o bem-estar social nacional.
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APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
A INFLUÊNCIA DO MEIO AMBIENTE NA COMPETITIVIDADE DO
SETOR PLÁSTICO GAÚCHO
Esta pesquisa apresenta 40 afirmações que devem ser comparadas com as práticas
presentes na sua empresa. As afirmações devem ser pontuadas entre Concordo
Totalmente(1) e Discordo Totalmente (7) na coluna Pontuação”, conforme a escala a
seguir:
Discordo Totalmente 1 ----- 2 ---- 3 ---- 4 ---- 5 ---- 6 ----- 7 Concordo Totalmente
Caso a afirmação não se aplique à empresa, use a opção 8 Não se Aplica”. Não
deixe afirmações sem pontuação. Dúvidas: 51-9977-0045 Douglas Simon.
Bloco 1 Processos e Produtos
Pontuação
1
A empresa escolhe matérias-primas que possam ser recicladas.
1
2
3
4
5
6
7
8
2
A empresa está reduzindo as quantidades de matéria-prima nos
produtos.
1
2
3
4
5
6
7
8
3
A empresa está aumentando a vida útil de seus produtos.
1
2
3
4
5
6
7
8
4
A empresa está projetando produtos fáceis de fabricar.
1
2
3
4
5
6
7
8
5
A empresa está projetando produtos fáceis de desmontar.
1
2
3
4
5
6
7
8
6
A empresa está reduzindo a energia necessária para fabricar e montar
os produtos.
1
2
3
4
5
6
7
8
7
A empresa está reduzindo as emissões de poluentes.
1
2
3
4
5
6
7
8
8
A empresa informa os clientes sobre as características ambientais dos
produtos.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
A empresa administra os materiais perigosos ou contaminados.
1
2
3
4
5
6
7
8
10
A empresa utiliza embalagem de material reciclado.
1
2
3
4
5
6
7
8
Bloco 2 Gestão Ambiental
11
A empresa possui uma política ambiental escrita.
1
2
3
4
5
6
7
8
12
A empresa gerencia questões ambientais que ainda não estão
previstas na legislação.
1
2
3
4
5
6
7
8
13
A empresa possui objetivos e metas ambientais.
1
2
3
4
5
6
7
8
14
A empresa possui procedimentos ambientais documentados.
1
2
3
4
5
6
7
8
15
A empresa monitora os custos e benefícios ambientais.
1
2
3
4
5
6
7
8
16
A empresa atribui responsabilidades ambientais a todos os seus
funcionários.
1
2
3
4
5
6
7
8
17
A empresa treina os funcionários em questões ambientais.
1
2
3
4
5
6
7
8
Bloco 3 Situação da Regulamentação Ambiental
18
As regulamentações ambientais são rigorosas em suas exigências.
1
2
3
4
5
6
7
8
19
As regulamentações ambientais permitem que a empresa disponha de
várias alternativas para seu cumprimento.
1
2
3
4
5
6
7
8
20
Pode-se prever as regulamentações ambientais que virão nos
próximos anos.
1
2
3
4
5
6
7
8
21
Pode-se prever a forma como as regulamentações ambientais vão
impactar na empresa nos próximos anos.
1
2
3
4
5
6
7
8
22
As regulamentações ambientais incentivam as empresas a ultrapassar
suas exigências, oferecendo benefícios.
1
2
3
4
5
6
7
8
Bloco 3 Situação da Regulamentação Ambiental (continuação)
23
As regulamentações ambientais têm papel importante para o bem-
estar da comunidade.
1
2
3
4
5
6
7
8
24
A empresa sempre busca se antecipar às regulamentações que estão
por vir.
1
2
3
4
5
6
7
8
25
A empresa necessita investir mais recursos no cumprimento das
regulamentações ambientais.
1
2
3
4
5
6
7
8
26
As regulamentações ambientais têm papel importante para o
progresso e para o desenvolvimento econômico.
1
2
3
4
5
6
7
8
Bloco 4 Inovação
27
Iniciativas ambientais geraram o desenvolvimento de novos produtos.
1
2
3
4
5
6
7
8
28
Iniciativas ambientais geraram reduções de custos em relação às
matérias-primas.
1
2
3
4
5
6
7
8
29
Iniciativas ambientais geraram menor consumo de energia.
1
2
3
4
5
6
7
8
30
Iniciativas ambientais geraram melhorias nas condições de trabalho.
1
2
3
4
5
6
7
8
31
Iniciativas ambientais geraram melhorias na aparência e desempenho
dos produtos existentes.
1
2
3
4
5
6
7
8
32
Iniciativas ambientais introduziram novas práticas de gestão.
1
2
3
4
5
6
7
8
33
A empresa desenvolveu muitos produtos novos nos últimos 12 meses,
comparada com seus concorrentes.
1
2
3
4
5
6
7
8
34
Nos últimos 12 meses, a empresa fez muitas melhorias na aparência
e no desempenho dos seus produtos, comparada com seus
concorrentes.
1
2
3
4
5
6
7
8
35
Quantos produtos novos (ou famílias de produtos) a empresa
desenvolveu nos últimos 12 meses?
(escrever a quantidade)
Bloco 5 Desempenho financeiro
36
A empresa teve melhor desempenho financeiro do que sua maior
concorrente no último ano.
1
2
3
4
5
6
7
8
37
A empresa teve melhor desempenho financeiro do que as demais
concorrentes do setor no último ano.
1
2
3
4
5
6
7
8
38
A empresa ultrapassou as metas de crescimento de vendas no último
ano.
1
2
3
4
5
6
7
8
39
Suas expectativas quanto ao desempenho geral da empresa foram
atingidas no último ano.
1
2
3
4
5
6
7
8
40
Os diretores estão muito satisfeitos com o desempenho geral da
empresa no último ano.
1
2
3
4
5
6
7
8
Bloco 6
Informações sobre o Respondente e a Empresa
Cargo:
(escrever)
Idade:
(escrever)
Escolaridade:
Fundamental Médio
Superior
Incomp.
Superior
Completo
Pós-Graduação
Número de Funcionários
da Empresa:
Menos
de 20
20 a
30
30 a
50
50 a
75
75 a
100
100 a
150
150 a
200
200 a
300
300 a
500
500 a
750
Mais
750
Embalagem
Descartáveis
Diversos Calçados
Utilidade
Doméstica
Agrícolas
Setor de Atuação da
Empresa:
Brinquedos
Componentes
Técnicos
Laminados
Outros
Construção
Civil
---------------
Injeção Extrusão Perfis Extrusão Filmes Extrusão Outros Processo Principal de
Produção:
Sopro Injeção Sopro Extrusão Diversos Outros
APÊNDICE B
MODIFICAÇÕES NO QUESTIONÁRIO APÓS PRÉ-TESTE
Número
Inicial
Questão Inicial Questão Reformulada
12
A empresa gerencia questões ambientais
não previstas na legislação.
A empresa gerencia questões ambientais
que ainda não estão previstas na legislação.
19
A empresa dispõe de várias alternativas
para cumprir as regulamentações
ambientais.
As regulamentações ambientais permitem
que a empresa disponha de várias
alternativas para seu cumprimento.
20
Não há incerteza quanto às
regulamentações ambientais que virão nos
próximos anos.
Pode-se prever as regulamentações
ambientais que virão nos próximos anos.
22
As regulamentações ambientais apresentam
exigências desafiadoras.
Eliminada
26
Recursos não devem ser destinados ao
cumprimento das regulamentações
ambientais porque a lucratividade da
empresa pode ser prejudicada.
Eliminada
27
As regulamentações ambientais têm papel
importante para o progresso e para o
desenvolvimento econômico.
As regulamentações ambientais têm papel
importante para o progresso e para o
desenvolvimento econômico.
Não Existia
Pode-se prever a forma como as
regulamentações ambientais vão impactar
na empresa nos próximos anos.
34
A empresa desenvolveu muitos produtos
novos nos últimos 3 anos.
A empresa desenvolveu muitos produtos
novos nos últimos 12 meses, comparada
com seus concorrentes.
35
Nos últimos 3 anos, a empresa fez muitas
melhorias na aparência e no desempenho
dos seus produtos.
Nos últimos 12 meses, a empresa fez
muitas melhorias na aparência e no
desempenho dos seus produtos, comparada
com seus concorrentes.
36
Quantos produtos novos a empresa
desenvolveu muitos nos últimos 3 anos?
Quantos produtos novos (ou famílias de
produtos) a empresa desenvolveu nos
últimos 12 meses?
37
A empresa possui maior desempenho
financeiro do que sua maior concorrente no
último ano.
A empresa teve melhor desempenho
financeiro do que sua maior concorrente no
último ano.
38
A empresa possui maior desempenho
financeiro do as demais concorrentes no
último ano.
A empresa teve melhor desempenho
financeiro do que as demais concorrentes
do setor no último ano.
40
O desempenho geral da empresa atingiu
suas expectativas no último ano.
Suas expectativas quanto ao desempenho
geral da empresa foram atingidas no último
ano.
41
Os diretores estão muito satisfeitos com o
desempenho geral da empresa no último
ano.
Os diretores estão muito satisfeitos com o
desempenho geral da empresa no último
ano.
ANEXO 1
Tabela Completas
Cargo Freqüência
Analista da Qualidade 2
Assistente Administrativo 1
Coordenador de Produção 4
Coordenadora de RH 1
Diretor 31
Gerente Administrativo 8
Gerente da Qualidade 2
Gerente de Marketing 3
Gerente de P&D 4
Gerente de Produção 16
Gerente Geral 6
Representante Comercial 1
Supervisor de Produção 3
Técnico de Segurança Trabalho 2
Total 84
Número de Funcionários da Empresa
Freqüência
100 a 150 8
150 a 200 5
20 a 30 11
20 ou menos 34
200 a 300 1
30 a 50 8
300 a 500 4
50 a 75 2
500 a 750 2
75 a 100 7
750 ou mais 2
Total 84
Idade Freqüência
20 a 30 26
31 a 40 19
41 a 50 24
51 a 60 11
Mais de 60 4
Total 84
Livros Grátis
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Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
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