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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
MODELAGEM DE CORREDORES ECOLÓGICOS EM ECOSSISTEMAS
FRAGMENTADOS: UMA EXPERIÊNCIA NA CAATINGA DE MORRO DO
CHAPÉU/CHAPADA DIAMANTINA-BA
Cléa Cardoso da Rocha
Orientador: Prof. Dr. Ardemírio de Barros Silva
Co-orientadora: Prof. Dra. Priscila Paixão Lopes
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do
Ambiente
FEIRA DE SANTANA
2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
MODELAGEM DE CORREDORES ECOLÓGICOS EM ECOSSISTEMAS
FRAGMENTADOS: UMA EXPERIÊNCIA NA CAATINGA DE MORRO DO
CHAPÉU/CHAPADA DIAMANTINA-BA
Cléa Cardoso da Rocha
Orientador: Prof. Dr. Ardemírio de Barros Silva
Co-orientadora: Prof. Dra. Priscila Paixão Lopes
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do
Ambiente
FEIRA DE SANTANA
2008
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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial desse trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.
Ficha Catalográfica Biblioteca Central Julieta Carteado
Rocha, Cléa Cardoso da
R572m Modelagem de corredores ecológicos em ecossistemas
fragmentados: uma experiência na caatinga de Morro do
Chapéu/Chapada Diamantina - BA / Cléa Cardoso da Rocha.
Feira de Santana, 2008.
133 f. : il.
Orientador: Ardemírio de Barros Silva
Co-orientadora: Priscila Paixão Lopes
Dissertação (Mestrado Modelagem em Ciência da Terra e do
Ambiente) Departamento de Ciências Exatas, Universidade
Estadual de Feira de Santana, 2008.
1. Geotecnologia. 2. Biodiversidade. 3. Meio ambiente
Morro do Chapéu. I. Silva, Ardemírio de Barros. II. Lopes,
Priscila Paixão. III. Universidade Estadual de Feira de Santana.
IV. Departamento de Ciências Exatas. V. Título.
CDU: 55:62
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
MODELAGEM DE CORREDORES ECOLÓGICOS EM ECOSSISTEMAS
FRAGMENTADOS: UMA EXPERIÊNCIA NA CAATINGA DE MORRO DO
CHAPÉU/CHAPADA DIAMANTINA-BA
Cléa Cardoso da Rocha
Orientador: Prof. Dr. Ardemírio de Barros Silva
Co-orientadora: Prof. Dra. Priscila Paixão Lopes
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BANCA EXAMINADORA
Nome Assinatura
Presidente: Prof. Dr. Ardemírio de Barros Silva ____________________
Examinadores:
Prof. Dr. Laury Cullen Junior ____________________
Prof. Dr. Valdir Francisco Veronese ____________________
FEIRA DE SANTANA
2008
DEDICATÓRIA
A Luiza, minha maior inspiração e a Mari como celebração à vida!
AGRADECIMENTOS
A Deus, que permite a realização de todos os sonhos.
A minha família pelo apoio incondicional em todos os momentos.
Aos orientadores, em especial a Barros pelo apoio, confiança, amizade e acima de
tudo pelo exemplo do que é ser um “mestre” em toda a acepção da palavra.
Aos amigos David, Lena, Elane, Danilo, João Henrique, Francisco, Cleo e Célia
sempre presentes e constantes incentivadores.
A Marjorie e Washington meus “pais” intelectuais.
Aos meus alunos pelo aprendizado mútuo.
Ao Irmão Delmar, incansável defensor da natureza, aquele que é “amigo até da
onça”, pelo auxílio no reconhecimento da área de estudo.
Ao Programa de Pós Graduação em Modelagem e a FAPESB pelo apoio
institucional.
A Pró-Carrnívoros, nas pessoas do Dr. Ronaldo Morato e da Dra. Fernanda
Michalski por toda a sua disposição em ajudar.
A todos os funcionários do PPGM, em especial a Edson.
Por fim, a todos aqueles que não foram citados, mas nem por isso esquecidos, e
que contribuíram para a realização de mais uma etapa da minha caminhada.
A natureza reservou para si tanta liberdade que não a podemos nunca penetrar
completamente com o nosso saber e a nossa ciência.
Johann Goethe
RESUMO
A fragmentação de ecossistemas causada pela ação antrópica é o principal
processo para a redução da biodiversidade, estando diretamente ligada à dinâmica
do uso da terra, orientada por fatores econômicos, sociais, culturais, institucionais e
tecnológicos. A análise integrada da paisagem permite uma melhor compreensão
das suas transformações subsidiando o planejamento ambiental e contribuindo para
a busca de paisagens sustentáveis. Os corredores ecológicos podem amenizar os
efeitos da fragmentação a partir da re-conexão dos ambientes florestais. A maior
parte dos corredores planejados se referem a florestas úmidas no entanto, outros
ambientes sofrem igualmente fragmentação. Desta forma, objetivou-se nesta
pesquisa a modelagem de áreas propícias à implantação de corredores ecológicos
em uma região de Caatinga, usando como espécies focais a onça parda (Puma
concolor) e o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), em uma região de Caatinga no
município de Morro do Chapéu/BA, na tentativa de contribuir para os estudos de um
bioma ainda pouco estudado, além de testar esta metodologia em um ecossistema
diferente de floresta. Entende-se que as geotecnologias m sido, no seu conjunto,
uma ferramenta cada vez mais importante na modelagem de sistemas ambientais
permitindo a análise integrada da paisagem através de técnicas de Sensoriamento
Remoto e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), entre outras. Através da
integração dos elementos da paisagem sob uma abordagem sistêmica gerou-se um
mapa geoambiental, este deu origem aos distintos mapas de custo, de acordo com
as características específicas das duas espécies focais. Assim, foram modelados
quatro principais corredores para onça e quatro para tatu-bola que poderão vir a
auxiliar a discussão da conservação da biodiversidade da região em estudo.
ABSTRACT
The ecosystem fragmentation caused by the anthrophic action is the main
process for the reduction of biodiversity, being directly linked to the dynamics of the
land use, guided by the following variables: economic, social, cultural, institutional
and technological factors. The integrated analysis of the landscape allows a better
understanding of their transformations allowing the environmental planning and
contributing to the search of sustainable landscapes.The ecological corridors can
brighten up the effects of the fragmentation from the reverse speed-connection of
forest environments. Most of the planned corridors refers to humid forests, however
other environments can suffer fragmentation. This research aims to establish
favorable areas to the implantation of ecological corridors in an area of Caatinga (a
kind of Brazilian bioma), using focal species such as the medium brown puma (Puma
concolor) and the armadillo-ball (Tolypeutes tricinctus) in a region of Caatinga in the
city of Morro do Chapéu/BA, as an attempt to contribute for the studies of the bioma
still little studied. It is understood that the geotechnology is very important in the
modeling of environmental systems allowing the integrated analysis of the landscape
through techniques such as Remote Sensing and Geographical Information Systems
(GIS), among others.Through the integration of the landscape elements under a
systemic approach, a geoenvironmental map was generated, this gave origin to the
distinct maps of cost, in agreement with the specific characteristics of the two focal
species. Thus, four main corridors were modeled for puma and for armadillo-ball that
they can come to support the discussion of the conservation of the study area
biodiversity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Imagem do morro em formato de chapéu que deu nome ao
município de Morro do Chapéu
41
Figura 02 Localização da área de estudo
42
Figura 03 Municípios abrangidos na área de estudo
43
Figura 04 Mapa de cobertura vegetal da área de estudo
44
Figura 05 Mapa geomorfológico da área de estudo
46
Figura 06 Bacias hidrográficas da área de estudo
47
Figura 07 Mapa geológico simplificado da área de estudo
48
Figura 08 Localização das Unidades de Conservação. 1- Parque Estadual
de Morro do Chapéu; 2- Monumento Natural do Ferro Doido
50
Figura 09 Fluxograma metodológico geral
51
Figura 10 Fluxograma metodológico PDI
53
Figura 11 Histograma representando a distribuição das altitudes (m) da área
de estudo
63
Figura 12 Histograma representando a distribuição das declividades da área
de estudo
63
Figura 13 Fluxograma da modelagem
66
Figura 14 Fluxograma de geração do mapa geoambiental
67
Figura 15 Fluxograma da modelagem de corredores
68
Figura 16 Toca de tatu campo rupestre região das Lages, a oeste da
cidade de Morro do Chapéu
70
Figura 17 Local de ataque de onça. Região a sudoeste da cidade de Morro
do Chapéu
71
Figura 18 Espacialização dos pontos levantados em campo
78
Figura 19 Semivariograma da região de estudo
79
Figura 20 Modelo Digital do Terreno reamostrado para resolução de 30
metros através de interpolação por krigagem
80
Figura 21 Mapa de declividade da área de estudo
82
Figura 22 Mapa de zonas de altitudes da área de estudo
83
Figura 23 Mapa litológico simplificado
85
Figura 24 Mapa pedológico (solos) simplificado
86
Figura 25 Mapa de hidrografia
87
Figura 26 Mapa de cobertura vegetal e uso do solo atual
90
Figura 27 Mapa de remanescentes de vegetação natural da área de estudo
91
Figura 28 Fragmentos de vegetação naturais efetivamente ligados formando
corredores
94
Figura 29 Mapa de unidades geomorfológicas da área de estudo
100
Figura 30 Mapa Geoambiental da área de estudo com 104 subsistemas
102
Figura 31 Mapa de dificuldade 1 (fricção) para onça parda. Mapa
geoambiental com pesos relativos de cada subsistema.
105
Figura 32 Mapa de dificuldade 1(fricção) para tatu-bola. Mapa geoambiental
com pesos relativos para cada subsistema
106
Figura 33 Mapa de dificuldade 2 (custo) para onça parda
108
Figura 34 Mapa de dificuldade 2 (custo) para tatu-bola
109
Figura 35 Mapa de corredores prováveis para onça parda
112
Figura 36 Mapa de corredores prováveis para tatu-bola
113
Fig. 37 Sobreposição “roteiro da onça” e corredores modelados.
115
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Cenas processadas da área de estudo
53
Quadro 02 Composições coloridas utilizadas na área de estudo
55
Quadro 03 Listagem de espécies de mamíferos citadas pelos entrevistados
72
Quadro 04 Listagem de espécies de aves citadas pelos entrevistados
73
Quadro 05 Listagem de espécies de répteis citadas pelos entrevistados
73
Quadro 06 Identificação animais ambientes preferenciais
74
Quadro 07 - Fragmentos efetivamente ligados para gerar os corredores para a
onça parda
93
Quadro 08 - Fragmentos efetivamente ligados para gerar os corredores para o
tatu-bola.
93
Quadro 09 - Número de subsistemas encontrados para cada geoambiente
modelado
101
Quadro 10 Critérios para escolha dos pesos de dificuldade para as espécies
focais
103
Quadro 11 Exemplo de pesos de dificuldade atribuídos para a unidade
Superfície Serrana para cada espécie focal
104
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 Equação do Índice de vegetação NDVI
56
Equação 2 Equação da componente Greenness verdor
56
Equação 3 Equação da componente Brightness brilho
56
Equação 4 - Equação da componente Wetness - umidade
56
Equação 5 - Estimativa do vetor médio (m) para o algoritmo MaxVer
58
Equação 6 - Matriz de covariância
58
Equação 7 Equação do Variograma
60
Equação 8 - Equação do Semivariograma
61
Equação 9 - Valor desconhecido de Z
62
Equação 10 Equação do Índice Kappa
64
Equação 11 Equação do PABAK
65
Equação 12 - Índice de Circularidade
65
SUMÁRIO
06
08
09
10
12
13
14
16
20
22
25
31
34
41
51
70
79
110
116
118
131
16
INTRODUÇÃO
A análise integrada da paisagem permite uma melhor compreensão das suas
transformações subsidiando o planejamento ambiental e contribuindo para a busca
de paisagens sustentáveis. A fragmentação de ecossistemas causada pela ação
antrópica é o principal processo para a redução da biodiversidade, estando
diretamente ligada à dinâmica do uso da terra, orientada por fatores econômicos,
sociais, culturais, institucionais e tecnológicos.
O desmatamento é o principal elemento responsável pela degradação
florestal e formador do processo de fragmentação de habitats. Lopes (2001) aponta
que os efeitos primários da fragmentação de habitats são a redução em área do
espaço ocupado por determinada formação vegetal e a alteração da matriz
ambiental na qual se insere. Essa matriz é a distribuição do hábitat e dos ambientes
que a circundam. A fragmentação ocasiona sérios efeitos para a fauna, sendo o
principal deles a perda local de espécies. Estes efeitos podem ser amenizados a
partir de uma re-conexão dos ambientes florestais através de corredores ecológicos.
Os Corredores Ecológicos constituem uma estratégia para a conservação e
preservação da biodiversidade. Sendo definidos no Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza - SNUC (BRASIL, 2000) como: porções de
ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que
possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a
dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com
extensão maior do que aquela das unidades individuais.
17
Além disso, os corredores ecológicos podem ser entendidos como elementos da
estrutura da paisagem configurando conexões lineares existentes entre dois ou
mais fragmentos de vida silvestre, podendo estes fragmentos ser florestas, ilhas, ou
até mesmo um canal de drenagem conectando dois ou mais sistemas lênticos
(BREWER, 1994).
O resultado final do planejamento de corredores é a ampliação da área contínua
de um determinado tipo ambiental (floresta, campo, corpo d’água, etc.) para que
populações isoladas possam se encontrar ou buscar maior quantidade/qualidade de
recursos, mantendo maior chance de sobrevivência e/ou crescimento populacional.
A maior parte dos corredores planejados se referem a florestas úmidas (por
exemplo, os Corredores da Mata Atlântica e da Amazônia AYRES et al., 2005), no
entanto, outros ambientes sofrem igualmente fragmentação. Desta forma, objetivou-
se nesta pesquisa a modelagem de áreas propícias à implantação de corredores
ecológicos numa região de Caatinga, na região do município de Morro do Chapéu,
no estado da Bahia, contribuindo para os estudos de um bioma ainda pouco
estudado, além de testar esta metodologia num ecossistema diferente de floresta. A
despeito da discussão acerca da implantação e eficácia desta estratégia, acredita-se
que este exercício metodológico seja uma contribuição à preservação e conservação
das espécies e biomas associados na área de estudo.
O bioma Caatinga é exclusivamente brasileiro e o menos conhecido, o que gera
alguns mitos, como por exemplo, que este é um ecossistema pobre em
biodiversidade e ainda conservado. De acordo com Velloso et al. (2002), o bioma
Caatinga é o mais negligenciado dos biomas brasileiros, nos mais diversos
aspectos, embora tenha sido um dos mais ameaçados devido às centenas de anos
de uso inadequado e insustentável dos solos e recursos naturais.
18
Recentemente (no ano de 2006), o Ministério do Meio Ambiente definiu o
Corredor Ecológico da Caatinga que está em fase de implantação e aponta a
necessidade de estudos que auxiliem a atingir este objetivo, acredita-se que as
geotecnologias podem dar grande contribuição para acelerar os estudos. A
compreensão e controle espacial dos fatores de fragmentação exigem atualização
sistemática de dados e freqüente espacialização. Dessa maneira, as geotecnologias
são, no seu conjunto, uma ferramenta cada vez mais importante na modelagem de
sistemas ambientais permitindo a análise integrada da paisagem através de técnicas
de Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Georreferenciadas (SIG),
entre outras.
Para atingir o objetivo geral desta pesquisa foram estabelecidas as seguintes
metas: definir a matriz de uso para a área de estudo; identificar geoambientes da
área de estudo; determinar conexões entre fragmentos e manchas de vegetação;
definir melhores trajetos para as espécies focais escolhidas para modelagem;
contribuir para a preservação e recuperação de ecossistemas.
A estrutura da dissertação segue a seguinte organização: introdução, referencial
teórico, caracterização da área de estudo, materiais e métodos, resultados e
discussão, e conclusões. Na introdução são apresentados o tema, a problemática e
os objetivos de estudo. No referencial teórico são apresentadas as bases teóricas
considerando-se as seguintes temáticas: fragmentação de ecossistemas, causas e
conseqüências; a biodiversidade tendo os corredores ecológicos como alternativa à
conservação; mamíferos da Bahia e ameaça de extinção, caracterizando as
espécies focais escolhidas para o estudo, o tatu-bola (tolypeutes tricictus) e a onça
parda (Puma concolor); análise da Paisagem sob uma abordagem sistêmica; e as
Geotecnologias e sua contribuição à modelagem ambiental. Logo após faz-se a
19
caracterização da área de estudo. No tópico materiais e métodos, apresentam-se os
materiais utilizados e os métodos seguidos como contribuição para a definição de
áreas propícias à implantação dos corredores ecológicos na área de estudo. Nos
resultados e discussão apresentam-se os dados de campo e laboratório e discutem-
se os principais resultados obtidos. Por fim, são apresentadas as conclusões e as
principais recomendações.
20
REFERENCIAL TEÓRICO
Fragmentação de ecossistemas: causas e conseqüências
Considerar a paisagem como um todo e entender suas transformações são os
grandes desafios para o planejamento ambiental. Enfrentar este desafio é uma
grande contribuição na busca de paisagens sustentáveis, que tenham viabilidade a
longo prazo.
O estudo da Paisagem envolve os meios físico (abiótico) e biótico e, se
pudermos destacar o homem para efeito organizacional, envolve também o meio
humano ou social. Dessa maneira, para estudar um bioma como a Caatinga,
obrigatoriamente, relaciona-se os meios bióticos e abióticos e, dentre os vários
sistemas, têm-se: ecossistema floresta, caatinga, agroecossistemas, (eco)sistemas
urbanos, sistema continental e hídrico. Nestes, vários ciclos estão envolvidos, sejam
naturais ou antrópicos.
Inicialmente, faz-se necessária a discussão de bioma fragmentado e sua relação
com corredor ecológico. Uma das conseqüências da remoção extensiva da
vegetação natural é que esta encontra-se geralmente fragmentada, ocupando
algumas manchas ou ilhas dentro da paisagem agro-pastoril dominante. As
manchas situam-se em distintas posições na paisagem e sobre diferentes tipos de
solo, possuindo composição vegetal diferenciada, variando em tamanho, formato e
grau de isolamento.
Um dos principais temas da Ecologia da Paisagem relacionados à fragmentação
dos ecossistemas são os corredores ecológicos - os quais funcionam como elos de
ligação entre diferentes fragmentos, fundamentais para a sobrevivência de espécies.
21
Segundo Forman e Gordon (1986), fragmentos são características estruturais
proeminentes dentro da paisagem. Os distúrbios naturais, a heterogeneidade de
recursos ambientais e as introduções e extinções de espécies feitas pelo homem
causam uma fragmentação da distribuição dos organismos animais e vegetais. O
resultado é um padrão altamente diversificado de dinâmica de espécies, de
estabilidade e de trocas entre os fragmentos.
TURNER (1996) demonstrou que em quase todos os casos, a
fragmentação de florestas tropicais pluviais levou a uma perda local
de espécies. Fragmentos isolados sofreram redução na riqueza de
espécies ao longo do tempo após sua “excisão” da floresta contínua,
e fragmentos pequenos geralmente tiveram menos espécies
registradas com o mesmo esforço de observação (amostral) do que
fragmentos grandes, ou áreas de floresta contínua.
Os mecanismos da fragmentação relacionados à extinção
observados por TURNER (1996), incluem i) os efeitos deletérios da
perturbação antrópica durante e após o desflorestamento (que
podem ser equivalentes às extinções estocásticas de espécies
agrupadas nas áreas desflorestadas e outros efeitos), ii) a redução
de tamanhos populacionais, iii) a redução de taxas de imigração, iv)
efeito de borda das florestas, v) mudanças na estrutura das
comunidades (efeitos de primeira e segunda ordem) e vi) a imigração
de espécies exóticas.” (LOPES, op cit)
A análise dos ciclos de ocupação humana, da região em estudo, auxilia na
compreensão do processo de fragmentação: no período anterior à ocupação
européia se praticava a coleta e caça e pequenas plantações por parte das
comunidades indígenas; ainda na colonização iniciam-se os assentamentos
humanos; mais tarde o incremento das atividades garimpeira e agropecuária.
Estas ações causaram assim a contínua substituição da mata nativa e a
fragmentação do sistema.
A partir da análise das interferências antropogênicas no ambiente cabe a
seguinte reflexão:
“a conservação da natureza e exploração racional dos recursos...,
são problemas que remontam, em sua própria essência, à aparição
do homem sobre a Terra. Pois, desde o início, a humanidade
exerceu uma profunda influência no seu habitat, muito maior do que
qualquer outra espécie animal, e por vezes, num sentido
22
desfavorável aos equilíbrios naturais e aos seus próprios interesses,
a longo prazo.” (DORST, 1973).
A diminuição dos ambientes naturais vegetados ocasiona a perda de espécies,
em especial as de distribuição restrita, o que representa um problema a mais no
bioma Caatinga que possui várias espécies endêmicas. Ao mesmo tempo, a
redução promove a fragmentação dos sistemas vegetais (florestas, caatinga,
cerrado...), conseqüentemente isolando os habitats naturais que passam a ser
envolvidos por ambientes antropizados.
Corredores ecológicos: uma alternativa à conservação da Biodiversidade?
A biodiversidade pode ser conceituada como a soma de espécies vivas de um
determinado ecossistema. Segundo Odum (1983),
ecossistema é a unidade funcional básica na ecologia, pois inclui
tanto os organismos quanto o ambiente abiótico; cada um destes
fatores influencia as propriedades do outro e cada um é necessário
para a manutenção da vida, como a conhecemos, na Terra”. (ODUM,
1983)
Assim, a conservação da diversidade biológica (biodiversidade) deve ser o
objetivo primeiro do homem se quisermos preservar a vida no nosso planeta.
Nos últimos anos, a diversidade biológica vem sendo reduzida numa velocidade
alarmante. A fragmentação dos habitats é a principal causa da redução da
biodiversidade, entre outras causas pode-se elencar a introdução de espécies,
exploração excessiva de espécies animais e vegetais, poluição do solo, da água e
atmosfera, modificações climáticas globais, silvicultura e agroindústrias.
Um efeito secundário é a transformação de interior de mata em
borda. São os chamados “efeitos de borda” (MURCIA, 1995). O
ambiente de borda, por se tratar de uma fronteira entre formações
vegetais com estruturas diferentes, é classificado como um local de
contato e interdigitação de comunidades, além de apresentar
23
freqüentemente composição própria e exclusiva (RANNEY et al., 1981;
MACDOUGALL & KELLMAN, 1992).” (LOPES, 2001).
Existem várias abordagens e concepções e até mesmo diferentes denominações
de corredor ecológico. No âmbito deste trabalho abordam-se corredor como
estratégia de conservação e estrutura da paisagem.
Brewer (1994) define corredores ecológicos como conexões lineares existentes
entre dois ou mais fragmentos de vida silvestre, podendo estes fragmentos ser
florestas, ilhas, ou até mesmo um canal de drenagem conectando dois ou mais
sistemas lênticos.
No âmbito da Paisagem, corredor constitui-se em um dos elementos estruturais
da mesma.
De acordo com Forman e Metzger (1995, 2001), numa determinada escala,
corredor é uma área homogênea e linear da paisagem que se distingue das
unidades vizinhas; mancha: área homogênea, restrita e não linear da paisagem que
se distingue das unidades vizinhas, têm extensões espaciais reduzidas e não-
lineares; matriz: conjunto de unidades de não habitat - é a unidade que controla a
dinâmica da paisagem.
Dantas e Rocha (2005) afirmam que o enfoque mais utilizado para minimizar os
efeitos da fragmentação e isolamento de florestas consiste no estabelecimento de
Unidades de Conservação em áreas representativas dos habitats naturais,
assegurando a preservação de amostras protegidas da ação do homem. No entanto,
estudos nas áreas da Biologia da Conservação e da Ecologia de Paisagem indicam
que essa estratégia, dissociada de abordagens que visem assegurar a conservação
de extensões mais abrangentes da paisagem natural e modificada, não irá
assegurar a manutenção de comunidades ecologicamente viáveis a longo prazo.
24
Ainda, segundo Dantas e Rocha (op cit), dentre as várias abordagens possíveis,
aquela dos “Corredores de Biodiversidade” representa uma das mais promissoras
para um planejamento regional eficaz.
Um “Corredor de Biodiversidade” ou “Corredor Ecológico” corresponde a uma
rede de parques, reservas e outras áreas de uso pouco intensivo, que são
gerenciadas de maneira integrada para garantir a sobrevivência do maior número
possível de espécies de uma região.
No Brasil, estão sendo desenvolvidos vários projetos de corredores ecológicos de
abrangência regional a exemplo do Corredor Central da Amazônia, Corredor Central
da Mata Atlântica e Corredor da Caatinga, dentro da concepção do Programa Piloto
para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (AYRES et al., 2005) e do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (BRASIL, 2000), como unidades
de planejamento e gestão territorial.
Segundo Simberloff et al. (1992) quatro razões para se manter corredores: 1)
aumentar as taxas de migração; 2) providenciar rotas de movimento de espécies
que apresentam ampla distribuição; 3) diminuir os problemas derivados da
endogamia; e 4) reduzir a estocasticidade demográfica.
Alguns estudiosos afirmam que os corredores ecológicos têm fraquezas, tais
como não apresentarem uma validação prática no campo e insuficiência quanto ao
desenvolvimento de programas de monitoramento que garantam a continuidade e
efetividade dos mesmos. No entanto, Guerrero (2004) aponta alguns pontos fortes
tais como: o fato de representarem estratégias integrais de conservação e uso
sustentável dos recursos naturais; promoverem a cooperação interinstitucional,
governamental e não-governamental, intra e internacional, além do surgimento de
novos negócios com bases ambientais.
25
Mamíferos da Bahia e ameaça de extinção
Reis et al (2006), colocam que os mamíferos sempre despertaram interesses nas
pessoas, devido à sua diversidade, beleza, utilidade, ou pelos problemas que podem
causar.
Segundo Freitas e Silva (2005), os mamíferos são considerados os animais mais
evoluídos do grupo animal: possuem sangue quente, corpo geralmente recoberto
com pelos e são providos de glândulas mamárias desenvolvidas, o que dá origem ao
nome. Seus representantes, na imensa maioria, são quadrúpedes, embora existam
variações anatômicas e fisiológicas entre as espécies, as quais possibilitam a vida,
tanto em meio terrestre, quanto aquático ou aéreo. Um grande número de
mamíferos encontra-se em ameaça de extinção devido à caça predadora e,
principalmente, à perda de habitat.
Na região neotropical, a diversidade de espécies é muito grande. O Brasil ocupa
o quarto lugar do mundo em número de espécies da mastofauna, porém a grande
maioria é de pequeno porte como ratos e morcegos, que representam a maior
diversidade e também a maior biomassa entre os mamíferos da região neotropical.
Os mamíferos de porte médio como cutias, pacas e macacos e as espécies de
grande porte como antas, veados, porcos e a capivara, possuem populações e
diversidades bem menores.
Os hábitos predominantemente noturnos e arborícolas da maioria das espécies,
as áreas de vida relativamente grandes e as baixas densidades populacionais
dificultam o estudo de alguns grupos.
“A maior parte dos organismos associados a ambientes
florestais apresentam fidelidade ambiental, ou seja, evitam
transitar por ambientes florestados que o apresentem
características abióticas espeficas, de cobertura vegetal
26
adequada ou mesmo composição que lhes permita a
alimentação, proteção e condições gerais de sobrevivência.
Aqueles organismos que não apresentam essa fidelidade
ambiental são considerados generalistas de habitat, transitando
de forma aproximadamente indistinta por toda a matriz
ambiental de sua área de vida, mas sempre com alguma
especificidade quanto ao local de dormida, reprodução ou
forrageio. Os especialistas de habitat são os que mais sofrem
com a fragmentação florestal e com a mudança na qualidade
da matriz ambiental.” (LOPES, 2007, comunicação oral)
Para este estudo, trabalharemos com duas espécies focais: a onça parda Puma
concolor (Linnaeus, 1771) e o tatu-bola Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758). A
onça parda é um exemplo de animal generalista; o tatu-bola, um especialista.
Estas espécies foram escolhidas levando-se em consideração alguns critérios como:
ameaça de extinção, endemismo (tatu-bola) e espécie guarda-chuva (onça parda).
Onça parda (Puma concolor)
As onças pertencem à ordem carnívora, Família felidae, as várias espécies são
conhecidas popularmente como gato do mato, gato mourisco, momoninha, gatu-açu,
jaguatirica, onça, jaguar, onça-parda, suçuarana, onça pintada, canguçu, jaguaretê,
lombo-preto, onça-preta, pantera, onça-bodeira, etc.
LEITE-PITMAN et al. (2002) descrevem que os felídeos neotropicais geralmente
caçam secretamente e capturam sua presa com um longo salto ou uma corrida curta
de grande velocidade, sendo que as espécies maiores onça-pintada (Panthera
onca) e onça-parda (Puma concolor) matam suas presas por asfixia ou com uma
mordida na nuca provocando o esmagamento das vértebras.
A maioria dos felídeos selvagens é classificada sob algum grau de ameaça e
algumas espécies são vistas como criticamente em perigo de extinção. As principais
27
causas dessas ameaças são a redução e a fragmentação de habitat, além de
contínua pressão de caça (NOWELL e JACKSON, 1996; BERGALO et al., 2000;
MOREIRA, 2001; MARGARIDO e BRAGA, 2004; MACHADO et al., 2005; OLIVEIRA
e CASSARO, 2005; IUCN, 2006).
O Puma concolor é o felídeo de maior área de distribuição no continente
americano, ocorrendo do oeste do Canadá ao extremo sul do continente sul-
americano e por todo o Brasil (EMMONS e FEER, 1997; MIRANDA, 2003;
OLIVEIRA e CASSARO, 2005; LIM et al., 2006). Está presente em todos os biomas
brasileiros (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Campos
Sulinos) e possui adaptação a diversos tipos de ambientes e climas, de desertos
quentes aos altiplanos andinos e florestas tropicais e temperadas, tanto em áreas de
vegetação primária quanto secundária (CÂMARA e MURTA, 2003; MIRANDA, 2003;
SILVA et al., 2004; OLIVEIRA e CASSARO, 2005), sendo, portanto, considerado
generalista de hábitat.
A onça parda é a segunda maior espécie de felídeo no Brasil, com
comprimento total variando de 155,4 a 169,9 cm e peso de 22,0 a 70,0 kg. A
pelagem é uniforme de coloração parda, com exceção do peito mais claro. É um
animal de conformação delicada e alongada, o que lhe dá muita agilidade, sendo
capaz de saltar do chão a alturas superiores a 5,0 m (VIEIRA, 1946; MIRANDA,
2003; MARGARIDO e BRAGA, 2004; ROCHA et al., 2004a; OLIVEIRA e CASSARO,
2005).
Possui hábitos solitários e terrestres, com atividade predominantemente noturna.
Em geral, sua dieta é composta basicamente por mamíferos de médio porte com
peso médio de 18,0 kg, como porcos-do-mato (Taassupecari e Pecary tajacu),
veados (Mazama spp. e outros), paca (Cuniculus paca), quati (Nasua nasua) e
28
capivara (Hydrochoerus hydrochaeris). Entretanto, presas menores podem também
ser consumidas, como pequenos mamíferos, aves, répteis, peixes e invertebrados
(EMMONS, 1997; OLMOS, 1993; ROMO, 1995; ARANDA e SÁNCHEZ-COEDERO,
1996; FACURE e GIARETTA, 1996; GUIX, 1997, TABER, et al. 1997; NUÑEZ et al.,
2000; CRAWSHAW e QUIGLEY 2002; LEITE e GALVÃO, 2002; ROCHA-MENDES,
2005). Quando abate um animal grande que não consegue comer totalmente no
mesmo dia, cobre o restante com folhas e galhos para voltar a alimentar-se da
mesma carcaça nos dias subseqüentes (EMMONS e FEER, 1997; CÂMARA e
MURTA, 2003; MIRANDA, 2003; MARGARIDO e BRAGA, 2004; OLIVEIRA e
CASSARO, 2005). O período de gestação dura de 84 a 98 dias, nascendo de um a
seis filhotes de coloração clara e com manchas escuras e conspícuas que
desaparecem com seu crescimento, entre seis a dez meses de idade (FONSECA et
al., 1996; OLIVEIRA e CASSARO, 2005).
A caça e a alteração de seus habitats, com conseqüente redução da
disponibilidade de presas, são as principais ameaças à sobrevivência da onça-parda
(INDRUSIAK e EIZIRIK, 2003; MARGARIDO e BRAGA, 2004; OLIVEIRA e
CASSARO, 2005). A espécie é classificada como criticamente em perigo nos
estados de Minas Gerais e Espírito Santo, (MACHADO et al., 1998) em perigo no
Rio Grande do Sul (INDRUSIAK e EIZIRIK, 2003), vulnerável no Paraná
(MARGARIDO e BRAGA, 2004), São Paulo (SÃO PAULO, 1998), Rio de Janeiro
(BERGALO et al., 2000) e na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (para
as duas subespécies brasileiras: P. concolor capricornensis Nelson e Goldman e P.
c. greeni Nelson e Goldman, 1931).
Na Bahia esta espécie ocorre de forma disjunta, ou seja, somente onde existam
ainda condições mínimas de habitat e alimentação. O que se percebe é que esta
29
espécie costuma vagar de fragmento em fragmento de ambientes mais
conservados, o que mantém sua existência, até hoje, por quase toda a Bahia. São
bastante perseguidos por causa do couro que ainda possui valor alto no mercado
negro. o acusados de serem responsáveis pela predação de animais domésticos
e de criação (gado).
Apesar de sua grande importância ecológica, a grande maioria dos carnívoros
está altamente ameaçada por várias formas de pressão antrópica, como a caça
esportiva para comércio ilegal de peles, o tráfico de animais vivos e a caça praticada
por produtores rurais devido a danos econômicos causados às criações domésticas.
Entretanto, a maior ameaça que sofrem ainda é a redução, fragmentação ou total
destruição de seus habitats, que pode levar, dentre outros danos, à diminuição de
suas áreas de vida e das populações de suas presas (INDRUSIAK e EIZIRIK, 2003;
MIRANDA, 2003; MARGARIDO e BRAGA, 2004).
Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus)
Mamífero da ordem Xenarthra, família Dasypodidae, esta família é exclusiva
das Américas.
De acordo com Medri et al. ( 2006), a família dos tatus tem atualmente oito
gêneros e 21 espécies, e destas 11 ocorrem no Brasil. A característica mais
marcante desta família é a carapaça, que provê alguma proteção contra os
predadores e minimiza os danos causados pelo atrito com a vegetação. Esta
estrutura consiste em numerosos escudos dérmicos dispostos em arranjos
regulares, que cobrem a cabeça, o dorso e as laterais, e algumas vezes as pernas e
a cauda. Em torno do centro do corpo, a carapaça é arranjada em um número
30
variável de cintas, separadas por pele macia, o que confere certa flexibilidade ao
corpo do animal. O número destas cintas é utilizado para distinguir algumas
espécies (EMMONS, 1990). Também conhecido como tatu-bola, esta espécie
[Tolypeutes tricinctus] (...), assim como Tolypeutes matacus, possui a capacidade de
curvar sua carapaça ficando no formato de uma bola e, deste modo, esconde as
partes moles do corpo contra possíveis predadores.
Ocorre somente no Brasil, nos estados de Alagoas, Sergipe, Piauí, Ceará,
Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Tocantins, Distrito Federal,
possivelmente Minas Gerais (AGUIAR, 2004) e também na Bahia (SILVA e OREN,
1993). Esta espécie é considerada endêmica da Caatinga, no entanto, foi
encontrada no Cerrado (FONSECA et al., 1996; GUIMARÃES, 1997). A descrição
do comprimento do corpo para este gênero é cerca de 30 cm e da cauda, cerca de
6,5 cm (EISENBERG e REDFORD, 1999). O peso é em torno de um a 1,8 kg
(MARINHO-FILHO et al., 2002).
No Cerrado, a alimentação desta espécie é constituída principalmente por
cupins, sendo que outros invertebrados e material vegetal também podem ser
consumidos (GUIMARÃES, 1997). Frutos podem ser freqüentemente ingeridos
durante a época chuvosa (MACHADO et al.1992, apud GUIMARÃES, 1997).
Habita as florestas tropicais decíduas do Brasil (MCDONOUGH e LOUGHRY,
2003). Assim como Tolypeutes matacus, esta espécie não cava tocas e utiliza as
que são feitas por outros animais. Além das tocas, pode utilizar depressões no
terreno como abrigo e se cobrir de folhas (GUIMARÃES, 1997). As maiores
ameaças a esta espécie são a caça e a destruição do habitat (AGUIAR, 2004). Está
na categoria “vulnerável”, tanto pela Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de
31
Extinção (MMA, 2003), quanto pela lista da International Union for Conservation of
Nature and Natural Resources - IUCN (2004).
Análise da Paisagem sob uma abordagem sistêmica
A análise ambiental exige uma abordagem sistêmica para melhor compreensão
da organização e inter-relação dos sistemas naturais, sociais e econômicos. Neste
contexto inserem-se os estudos da Paisagem, destacando-se a Ecologia de
Paisagem e Geoecologia.
A noção de paisagem (landschaft) vem sofrendo uma evolução lingüística e
conceitual ao longo do tempo, sendo desenvolvida enquanto conceito científico,
inicialmente por Humboldt no início do século XIX. Guerra e Marçal (2006) ressaltam
que os conceitos de paisagem variam de acordo com as perspectivas de análise, da
abordagem e das orientações teórico-metodológicas das várias disciplinas e escolas
preocupadas com sua compreensão.
No século XIX, o estudo da paisagem caracterizou-se por uma abordagem
descritiva e morfológica, perdurando até os anos 20 do século XX, quando começa a
incorporar uma reflexão mais integradora entre as partes componentes da
paisagem, destacando sua função na natureza (GUERRA e MARÇAL, op cit.). Esta
visão tinha um sentido fortemente natural, expressando a idéia de interação entre
todos os componentes naturais - rocha, solo, relevo, clima, água e vegetação -
(RODRIGUEZ e SILVA, 2002).
Posteriormente, surge a Teoria Geral dos Sistemas que indicava o paralelismo,
não só de se estudarem as partes e processos isoladamente, mas também de
32
resolver problemas resultantes da interação das partes. Esses princípios gerais
influenciaram diferentes campos de atividade (GONDOLO, 1999 apud GUERRA e
MARÇAL, 2006) que serão abrangidos pela Ecologia de Paisagens ou Geoecologia.
De acordo com Metzger (2001), a Ecologia de Paisagens caracteriza-se por um
duplo nascimento e, conseqüentemente, por duas visões distintas da Paisagem. A
primeira visão foi impulsionada por Carl Troll e por pesquisadores, essencialmente
geógrafos, da Europa Oriental e da Alemanha. Três pontos fundamentais
caracterizam essa abordagem geográfica: a preocupação com o planejamento da
ocupação territorial; o estudo de paisagens fundamentalmente modificadas pelo
homem, as “paisagens culturais (TRICART 1979); e a análise de amplas áreas
espaciais, sendo a Ecologia de Paisagens diferenciada, nessa abordagem, por
enfocar questões em macro-escalas, tanto espaciais quanto temporais (sendo assim
uma macroecologia).
A Ecologia de Paisagens pode ser definida como uma disciplina holística,
integradora de ciências sociais, geofísicas e biológicas visando, em particular, a
compreensão global da paisagem (essencialmente “cultural”) e o ordenamento
territorial.
O segundo surgimento da Ecologia de Paisagens se deu mais recentemente, na
década de 1980, influenciado, particularmente, por biogeógrafos e ecólogos
americanos que procuravam adaptar a teoria de biogeografia de ilhas para o
planejamento de reservas naturais em ambientes continentais.
Essa “nova” ecologia de paisagens foi inicialmente influenciada pela ecologia de
ecossistemas, pela modelagem e análise espacial. Essa “abordagem ecológica”,
contrariamente à primeira, maior ênfase às paisagens naturais ou a unidades
naturais da paisagem, à aplicação de conceitos da ecologia de paisagens para a
33
conservação da diversidade biológica e ao manejo de recursos naturais, e não
enfatiza obrigatoriamente macro-escalas.
A escala espaço temporal de análise dependerá da espécie em estudo. A
paisagem é definida como: i) uma área heterogênea composta por conjuntos
interativos de ecossistemas; ii) um mosaico de relevos, tipos de vegetação e formas
de ocupação; iii) uma área espacialmente heterogênea. As definições de ecologia de
paisagens variam em função da abordagem, geográfica ou ecológica, e dos autores.
Buscando uma visão integradora Metzger (op cit.) diz que a paisagem continua
sendo uma entidade visual, totalmente dependente do observador, em função da
escala de observação. No plano teórico, a principal contribuição da ecologia de
paisagens é o enfoque nas relações entre padrões espaciais e processos ecológicos
e a incorporação da escala nas análises. No plano aplicado, pelo fato da ecologia de
paisagens se posicionar de forma adequada para responder aos problemas
ambientais, é possível antever, num futuro próximo, um crescimento explosivo da
ecologia de paisagens em países tropicais, pois a resposta aos problemas
ambientais, relacionados à fragmentação de habitats tropicais, expansão de
fronteiras agrícolas e uso da água é, mais do que nunca, urgente.
A tentativa de Metzger de chegar a uma definição integradora é um esforço
intelectual na consolidação da ecologia de paisagens enquanto ciência e diminuição
das divergências teóricas. Ao considerar a paisagem como um todo, considerando
as interações espaciais entre unidades culturais e naturais, incluindo assim o
homem no seu sistema de análise, a ecologia de paisagens adota uma perspectiva
adequada para propor soluções aos problemas ambientais.
34
Geotecnologias e sua contribuição à modelagem ambiental
A compreensão e controle espacial dos fatores de fragmentação exigem
atualização sistemática de dados e freqüente espacialização dentro de uma visão
sistêmica. As geotecnologias, a exemplo de Sensoriamento Remoto e Sistemas de
Informações Georreferenciadas (SIGs), têm sido tecnologias cada vez mais
importantes na análise integrada da paisagem fornecendo ferramental necessário
para realizar análises com dados espaciais, oferecendo alternativas para o
entendimento da ocupação e utilização do meio físico.
Os Sistemas de Informações Georreferenciadas, o Sensoriamento Remoto, o
Processamento Digital de Imagens (PDI) e a Geoestatística compõem o universo
das Geotecnologias.
De acordo com Silva (1999), a geotecnologia é a arte e a técnica de estudar a
superfície da Terra e adaptar as informações às necessidades dos meios físicos,
químicos e biológicos.
Ramires e Souza (2007) apontam que os SIGs podem ser utilizados para as mais
diversas finalidades, como: planejamento do uso do solo; monitoramento ambiental
e de safras agrícolas, tomadas de decisão em prospecção mineral; gerenciamento
de equipamentos urbanos como rede elétrica ou telefônica.
Um modelo pode ser compreendido, de modo geral, como sendo “qualquer
representação simplificada da realidade”.
De acordo com Christofoletti (2002), a construção de modelos pode ser
considerada como estruturação seqüencial de idéias relacionadas com o
funcionamento de um sistema, a fim de torná-lo compreensível e expressar as
relações entre seus diversos componentes.
35
Hagget e Chorley (1975) estabelecem que um “modelo é uma estruturação
simplificada da realidade que supostamente apresenta, de forma generalizada,
características ou relações importantes. Os modelos são aproximações altamente
subjetivas, por não incluírem todas as observações ou medidas associadas, mas
valiosos por obscurecerem detalhes acidentais e por permitirem o aparecimento dos
aspectos fundamentais da realidade”.
A eficácia de uma abordagem geoecológica baseada em geotecnologias é
função da criação de modelos conceituais que representem ao máximo a
complexidade da paisagem a ser estudada, a despeito da abstração necessária da
realidade. Desta forma, a execução de uma análise geoecológica deve ser apoiada
em dois grandes eixos: o SIG, como ferramenta de execução; e os métodos de
análise e integração, pautados em modelos fomentados por conhecimentos básicos
acumulados e que levam em consideração uma série de questionamentos (SILVA;
ARGENTO e FERNANDES, 2007).
São exemplos os diagramas, os fluxogramas funcionais, os procedimentos de
álgebra de mapas, as equações matemáticas, as bases de dados georreferenciadas,
bem como as abordagens computacionais mais complexas para a simulação de
sistemas e processos ambientais. (SILVA, 2007).
Para melhor compreensão das geotecnologias utilizadas no âmbito desta
pesquisa são necessárias algumas definições de SR, PDI e SIG.
Sensoriamento Remoto (SR)
O sensoriamento remoto é uma tecnologia que obtém medidas de objetos sem
tocá-los fisicamente oferecendo um vasto arsenal de produtos caracterizados por
imagens de diferentes resoluções espaciais e espectrais. (CROSTA, 1999).
36
Outra definição de sensoriamento remoto pode ser: a utilização de sensores para
aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto
entre eles.
Sensores são equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto,
convertê-la em sinal passível de ser registrado e apresentá-lo em forma adequada à
extração de informações. Os sensores podem utilizar sistemas fotográficos ou
óptico-eletrônicos capazes de detectar e registrar, sob a forma de imagens ou não, o
fluxo de energia radiante refletido ou emitido por objetos distantes.
Como aplicações do SR pode-se citar: fornecer informações biofísicas
fundamentais, incluindo geo-posicionamentos, biomassa, temperatura e conteúdo de
mistura sendo fundamental para o sucesso na modelagem de vários processos
naturais (estimativas para suprimento de água, estudos de eutrofização e fontes não
pontuais de poluição) e culturais (urbanização, estimativas para demanda de água,
estimativa de população).
Processamento Digital de Imagens (PDI)
O Processamento digital de imagens (PDI) é uma etapa fundamental para o
tratamento de dados de sensoriamento remoto que subsidiarão a modelagem
ambiental utilizando as geotecnologias. Este é composto pelo conjunto de técnicas
que tem como objetivos principais remover os vários tipos de degradações e
distorções inerentes aos processos de aquisição, transmissão e visualização das
imagens coletadas, facilitando a extração de informações (CROSTA, op cit.).
A função básica do PDI é a de fornecer ferramentas para facilitar a identificação e
a extração da informação contida nas imagens, para posterior interpretação. Assim,
37
utilizam-se sistemas de computação para análise e manipulação de imagens brutas,
como as correções geométricas e realces de contraste para obtenção de
informações específicas de interesse do pesquisador.
“A informação de interesse é caracterizada em função das
propriedades dos objetos ou padrões que compõem a imagem.
Portanto, extrair informação de imagens envolve o reconhecimento
de objetos ou padrões. A maior parte dessa atividade requer grande
capacidade de cognição por parte do intérprete, devido à
complexidade dos processos envolvidos e à falta de algoritmos
computacionais precisos o bastante para realizá-los de forma
automática.” (CROSTA, op cit.)
Pode-se dividir o PDI em duas etapas:
Análise visual: composta de fotoleitura (reconhecimento e identificação dos
elementos da imagem); fotoanálise (definição de zonas homólogas) e
fotointerpretação (análise dos objetos e suas associações).
Análise digital: constando de pré-processamento (correções radiométricas e
geométricas técnicas de realce de imagens composições coloridas) e
processamento (segmentação, classificações, por exemplo).
Assim, o PDI deve preparar uma imagem para facilitar a interpretação, explorar
com melhores recursos toda a informação contida na imagem e extrair informações
de interesse e/ou relacioná-las com parâmetros estatísticos, num processo que
objetiva otimizar ao máximo a análise dos dados, em termos de eficiência, tempo e
custo (MENESES, 2004).
Definição do SIG
Bonham-Carter (1994): um sistema de informações geográficas, ou
simplesmente SIG, é um sistema de computador para o gerenciamento de dados
espaciais.
38
Burrough e McDonnell (1998)
O Sistema de Informações Geográficas - SIG é um conjunto
poderoso de ferramentas para coletar, armazenar, recuperar,
transformar e visualizar dados sobre o mundo real para um objetivo
específico.
Silva (1999) observa que
(...) os SIGs necessitam usar o meio digital, portanto o uso intensivo
da informática é imprescindível; deve existir uma base de dados
integrada, estes dados precisam estar geo-referenciados e com
controle de erro; devem conter funções de análises destes dados que
variem de álgebra cumulativa (operações tipo soma, subtração,
multiplicação, divisão, etc.) até álgebra não cumulativa (operações
lógicas).
De acordo com Silva (1999) e Carvalho et al. (2000), utilizando as funções de
consulta de um SIG pode-se responder às seguintes questões:
Onde está? (localização); O que está neste ponto? (condição); o que
mudou desde...? (tendência); O que ocorrerá se...? (predição); qual o
melhor caminho...? (rota); Qual a melhor variável...? (padrão); ocorrendo
um evento...? (simulação) e se ocorrer...? (modelamento).
Estas são questões primordiais ao desenvolvimento da modelagem ambiental.
Neste estudo as principais funções utilizadas foram: localização, padrão e rota.
Diversos trabalhos têm utilizado SIG como ferramenta para análise da paisagem
e/ou modelagem de corredores ecológicos, dentre estes podemos citar:
Szmuchrowski e Martins (2001) propõem desenvolver uma metodologia através
de um Sistema de Informações Geográficas para a proposição de corredores
ecológicos interligando os diferentes sistemas florestais fragmentados e as Unidades
de Conservação contemplando os critérios pertinentes à Legislação Ambiental e uso
atual do solo no Município de Palmas, Tocantins.
39
Ribeiro et al (2005), em seu estudo apresentam uma metodologia alternativa para
delimitação de Áreas de Proteção Permanente, utilizando o modelagem numérica do
terreno e sistemas de informações georreferenciadas, apontando como vantagens a
confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados e a economia de tempo e mão-de-
obra.
Altoé, Oliveira e Ribeiro (2005), utilizam no seu trabalho o SIG para definição
de corredores ecológicos para o município de Conceição da Barra/ES. Este trabalho
aplica as ferramentas de definição de rotas para ligar quatro fragmentos de mata
atlântica - unidades de conservação, apoiado no mapa de uso e cobertura do solo e,
a partir deste, foi gerado um mapa de classes ponderadas definido por pesos de
adequabilidade para cada classe temática do mapa de uso.
Em seu trabalho Donha, Souza e Sugamosto (2006), determinaram a fragilidade
ambiental de uma área do município de Pinhais, utilizando técnica de avaliação por
múltiplos critérios, utilizando o SIG IDRISI. Foram gerados mapas de declividade,
distância a partir dos rios, distância a partir das nascentes, distâncias a partir da
represa, solos e uso atual, após foram atribuídos pesos de importância a cada um
dos fatores e através de combinação linear ponderada geradas imagens de
fragilidade potencial e emergente.
Nesta mesma linha, Rocha (2006), propõe uma metodologia visando à
delimitação de corredores ecológicos que possa ser aplicada a ecossistemas
fragmentados, empregando Geotecnologias (SR e SIG) utilizando como área de
estudo o município de Valença, região inserida no Corredor Central da Mata
Atlântica do sul da Bahia. O modelo proposto consistiu em operações com mapas
de: uso do solo, dificuldade a passagem da fauna, custo e o traçado das “rotas” ou
40
corredores, ligando-se um fragmento inicial aos demais fragmentos escolhidos, um a
um, o que gerou quatro corredores principais.
41
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Aspectos físicos
A delimitação da área deu-se levando em consideração que: o município de
Morro do Chapéu (Fig. 01) foi apontado como área prioritária para conservação pelo
Ministério do Meio Ambiente por sua importância biológica sendo recomendada para
proteção integral (SILVA et al., 2004); a ocorrência de espécies em extinção na
região, além de apresentar um mosaico de formações vegetais.
A área de estudo está compreendida entre as coordenadas 8792890N 324229E
e 8672344N e 223855E, zona UTM 24 sul (Fig. 02), abrangendo parte dos seguintes
municípios: Morro do Chapéu, Ourolândia, América Dourada, Mirangaba, Jacobina,
Várzea Nova, Miguel Calmon, Tapiramutá, Cafarnaum, Mulungu do Morro, Bonito e
Utinga (Fig. 03). Aproximadamente 70% da área fazem parte do município de Morro
do Chapéu.
Figura 01. Imagem do morro em formato de chapéu que deu nome ao município de
Morro do Chapéu.
42
Localização da área de estudo
Figura 02. Localização da área de estudo. Fonte: EMBRAPA, 2007 e LANDSAT, 2001.
Quanto às características físicas, a região forma um mosaico vegetacional com
as seguintes tipologias: Caatinga arbórea, arbustiva e florestada, floresta estacional
decídua, campo rupestre, campo limpo, cerrado e agropecuária. (Fig. 04).
43
Figura 03. Municípios abrangidos na área de estudo. Fonte: BAHIA, 2003
44
Figura 04. Mapa de cobertura vegetal da área de estudo. Adaptado de MMA, 2006.
45
O relevo da área é bastante variado apresentando formas tabulares, dispostas
em patamares, e variação de cotas altimétricas entre 600 e 1270 metros. Apresenta
as seguintes unidades geomorfológicas (Fig. 05): morros aplainados e esvaziados,
vales suspensos, blocos deslocados por falhas da Chapada Diamantina; pedimentos
funcionais ou retocados por drenagem incipiente; Pediplano Cimeiro da Chapada
Diamantina; Pediplano Sertanejo, Planaltos kársticos e região de acumulação.
A área de estudo abrange parte das seguintes bacias (Fig. 06): Itapicuru,
Paraguaçu e São Francisco, e as sub-bacias do Itapicurú, Paraguaçu, Salitre e
Verde-Jacaré.
Litologicamente, a região apresenta: Formação Morro do Chapéu composta de
rochas sedimentares clásticas (arenito arcoseano e pelito); Formação Caboclo
composta de rochas sedimentares (lamito, siltito, calcarenito, arenito conglomerático,
argilito e ritmito) e sedimentos; Unidade Nova América composta de rochas
sedimentares clásticas e clastoquímica (calcarenito e calcilutito); coberturas
residuais (areia e argila); Formação Bebedouro composta por rochas sedimentares
(diamictito, grauvaca, e pelito); coberturas detrito-lateríticas (areia, argila e laterita) e
Formação Caatinga sedimentar clasto-química (brecha carbonática e calcareo) (Fig.
07).
46
Figura 05. Mapa geomorfológico da área de estudo. Adaptado de: BAHIA, 2003.
47
Figura 06. Bacias hidrográficas da área de estudo. Adaptado de: BAHIA, 2003
48
Figura 07. Mapa geológico simplificado da área de estudo. Adaptado de: CPRM, 2003
49
Na região chove de 500 a 1000 mm anuais, predominando o clima tropical de
altitude (Cwb na classificação de Köppen), com verão brando; o clima tropical de
altitude (Cwa) é encontrado nas áreas com altitude de 800 a 1000m, com verão
quente. As áreas com altitude inferior a 800 m apresentam o clima tropical subúmido
(Aw); nas áreas com pluviosidade inferior a 800mm encontram-se o clima semi-
árido (BSh) quente.
A área ainda possui duas unidades de conservação: o Parque Estadual de Morro
do Chapéu e o Monumento Natural do Ferro Doido. (Fig. 08)
50
Figura 08. Localização das Unidades de Conservação. 1- Parque Estadual de Morro do
Chapéu; 2- Monumento Natural do Ferro Doido.
51
MATERIAIS E MÉTODOS
Corredores ecológicos: (uma contribuição à metodologia)
Como dito anteriormente, a apreciação da paisagem deve ser realizada a partir
de uma abordagem integrada e sistêmica, assim, os modelos de análise devem
representar ao máximo possível a complexidade da realidade. Baseando-se neste
entendimento, vários mapas foram utilizados para a obtenção do mapa
geoambiental e, com base nestes a determinação das áreas propícias à implantação
de corredores ecológicos para as espécies focais escolhidas.
Os métodos utilizados nesta pesquisa envolveram técnicas de processamento
digital de imagens como registro, composições coloridas, realces de contraste,
classificações supervisionadas e razões entre bandas. Compatibilização da base
cartográfica, dados gerados a partir das imagens de satélite e radar; Criação de
Sistema de Informações Georreferenciadas - suporte à modelagem no que concerne
à manipulação dos dados e utilização de operações com mapas. De uma maneira
geral, os procedimentos metodológicos estão expressos no fluxograma da figura 09.
Figura 09. Fluxograma metodológico geral
52
Procedimentos metodológicos
Neste item proceder-se-á ao detalhamento dos procedimentos metodológicos
adotados.
1. Levantamento e composição das bases cartográfica e bibliográfica imagens
LANDSAT 7 ETM+ cena 217_068 de 21/05/01; LANDSAT2MSS cena 233_068 de
17/01/1977, 05/10/1981; imagens LANDSAT3MSS cena 233_068, de 24/12/1979;
imagens CBERS2 IRM cena 151_113 de 17/11/04 e 01/03/05; cena 151_112_2 de
01/03/05; CBERS2_CCD1XS cenas 151_112 de 19/11/03, 31/08/04, e 17/11/04.
Mapas de geologia (CPRM 2003), Mapa Geomorfológico do Projeto de redefinição
da poligonal do Parque Estadual de Morro do Chapéu PEMC (FRANCA-ROCHA,
et al., 2006); base de dados do Projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu
(ROCHA et al.,1995), solos, geomorfologia, hidrografia (BAHIA, 2003), vegetação e
dados sobre biodiversidade do PROBIO Chapada (JUNCÁ, FUNCH e FRANCA-
ROCHA, 2005) e Caatinga (MMA, 2006) além de dados sócio-econômicos.
2. Processamento digital de Imagens. O processamento digital das imagens
constou de três etapas: pré-processamento, processamento e s-processamento
(Fig. 10).
53
Figura 10. Fluxograma metodológico PDI
2.1. Pré-Processamento das imagens de satélite. A resolução espacial é definida
por Crosta (1999) como a capacidade do sistema sensor em “enxergar” objetos na
superfície terrestre. A maneira mais comum de se determinar a resolução espacial é
pelo campo instantâneo de visada, simplificadamente o tamanho do pixel. A
resolução de 30 metros das imagens LANDSAT 7 é apropriada para identificar
fragmentos florestais, implicando na escala de trabalho e final dos mapas a serem
produzidos e definindo o nível de detalhamento dos mesmos. Para processamento
das imagens utilizou-se o software ENVI 4.3.
As cenas, apresentadas no quadro 1, foram pré-processadas e estudadas para
definição das mais adequadas ao estudo.
Quadro 1. Cenas processadas da área de estudo
Imagem
Orbita/ponto
Data
Resolução
espacial (m)
Bandas
disponíveis
LANDSAT ETM+,
217_068
21/05/01
30
1,2,3,4,5,7,pan
CBERS2 IRM
151_113
17/11/04
80
1,2,3,4
CBERS2 IRM
151_113
01/03/05
80
1,2,3,4
Continua
54
Continuação do Quadro 1. Cenas processadas da área de estudo
Imagem
Orbita/ponto
Data
Resolução
espacial (m)
Bandas
disponíveis
CBERS2_CCD1XS
151_112
19/11/03
20
2,3,4
CBERS2_CCD1XS
151_112
31/08/04
20
2,3,4
CBERS2_CCD1XS
151_112
17/11/04
20
2,3,4
2.1.1 Definição de projeção cartográfica. Foi utilizado o sistema de projeção
plana Universal Transversa de Mercator (UTM) e o Datum SAD69 para
compatibilizar com a base.
2.1.2. Correção geométrica. Crosta (op cit) observa que para que a precisão
cartográfica seja introduzida em imagens de sensoriamento remoto, faz-se
necessário que essas imagens digitais sejam corrigidas, segundo algum sistema de
coordenadas. A transformação de uma imagem, de modo que ela assuma as
propriedades de escala e de projeção de um mapa, é chamada de correção
geométrica. Todas as cenas foram referenciadas a partir de pontos levantados em
campo.
2.1.3. Composições coloridas. As técnicas de realce visam melhorar a qualidade
visual das imagens e enfatizar alguma característica de interesse para uma
aplicação específica. A manipulação do contraste de uma imagem tem como
objetivo melhorar a sua qualidade visual sob critérios subjetivos ao olho humano
(FONSECA, 2000). Esse processo não aumenta a quantidade de informação contida
na imagem, mas torna mais fácil a sua percepção. De acordo com Fonseca (op cit),
realce por falsa cor é usado para visualizar informação multi-espectral a partir da
55
cena original, onde as bandas multi-espectrais não são restritas ao espectro visível.
O objetivo é apresentar certas informações espectrais em detrimento da fidelidade
de cores. Três bandas multi-espectrais são selecionadas e combinadas no sistema
RGB. Variações na resposta espectral de padrões aparecem, então, com cores
diferentes na composição colorida. Estas cores podem não apresentar semelhanças
com as cores reais do padrão. A combinação de dados derivados de imagem
(componentes principais, diferença, razão, etc.) e imagem registradas podem ser
visualizadas como uma composição falsa-cor. As composições coloridas utilizadas
estão relacionadas no quadro abaixo (Quadro 02), observando que a vegetação está
sempre representada em verde apenas por comodidade visual da interpretadora.
Quadro 02. Composições coloridas utilizadas na área de estudo
Imagem
Orbita/ponto
Data
Composição RGB
LANDSAT ETM+,
217_068
21/05/01
543
CBERS2_CCD1XS
151_112
17/11/04
243
2.2. Processamento digital das imagens
2.2.1 Razão entre bandas para obtenção de índices de vegetação. Os índices de
vegetação são modelos numéricos, lineares ou não, que guardam uma relação
direta e satisfatória com a fitomassa foliar verde. As imagens índices de vegetação
são derivadas de imagens resultantes de respostas espectrais nas faixas do
vermelho e do infravermelho próximo.
O NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) é o mais usado, reduz
parcialmente o efeito topográfico, e apresenta uma escala linear entre -1 e 1
(RICHARDS, 1993). O cálculo do NDVI está descrito na equação 1:
56
(1)
VERMELHOLHOINFRAVERME
VERMELHOL HOINFRAVERME
NDVI
Tasseled Cap - A técnica de compressão de dados “Tasseled Cap” surgiu como
um índice de vegetação desenvolvido por Kauth e Thomas construído através das
técnicas de ortogonalização seqüencial de Gram-Schmidt. A Tasseled Cap
transforma o espaço 4-dimensional original do MSS em um novo espaço ortogonal
de quatro dimensões. Posteriormente, Crist e Cicone (1984), verificaram que as seis
bandas refletidas do TM também são dispersas em um espaço 3-dimensional,
definindo dois planos perpendiculares e uma zona de transição entre os dois. Na
Tasseled Cap, áreas completamente vegetadas definem o “plano de vegetação”,
enquanto solos expostos definem o “plano de solos”. Entre estes dois existem áreas
parcialmente vegetadas, nas quais a vegetação e os solos são visíveis. A partir
destes planos, são obtidos três componentes relevantes: (1) verdor (greenness-
GR); (2) brilho (brightness- BR); e (3) umidade (wetness- WT), e outros três
descartados para fins de interpretação. (COSTA, et al., 2006)
As equações das três primeiras componentes são descritas abaixo:
(2)
BR = 0,3037*tm1+0,2793*tm2+0,4743*tm3+0,5585*tm4+0,5082*tm5+0,1863*tm7
(3)
GR= -0,2848*tm1-0,2435*tm2-0,5436*tm3+0,7243*tm4+0,0840*tm5-0,1800*tm7
(4)
WT = 0,1509*tm1+0,1973*tm2+0,3279*tm3+0,3406*tm4-0,7112*tm5-0,4572*tm7
57
Foi calculado o NDVI para as imagens LANDSAT 7 e CBERS CCD e a Tasseled
Cap (TC) da imagem LANDSAT 7, o NDVI foi utilizado para auxiliar a coleta de
amostras espectrais e a componente GR foi usada para classificação
supervisionada.
2.2.2. Classificação supervisionada. O princípio de classificação supervisionada é
baseado no uso de algoritmos para se determinar os pixels que representam valores
de reflectância característicos para uma determinada classe. A classificação
supervisionada é a mais utilizada na análise quantitativa dos dados de
sensoriamento remoto.
“A classificação de objetos ou fenômenos é feita pela escolha das
características que os descrevem para diferenciá-los entre si. Na definição
matemática, usa-se o espaço de atributos ("feature space"), que é
essencial para se entender como funciona a classificação de imagens
multiespectrais. No processamento digital, a cada eixo desse espaço são
atribuídos os níveis de cinza de uma determinada banda espectral.”
(RESEARCH SYSTEMS, 2003).
A Máxima Verossimilhança (MaxVer) é a classificação supervisionada mais
aplicada no tratamento de dados adquiridos por satélites. Este método é baseado no
princípio de que a classificação errada de um pixel particular não tem mais
significado do que a classificação errada de qualquer outro pixel na imagem
(RICHARDS, 1993).
A eficácia do Maxver depende, principalmente, de uma precisão razoável da
estimativa do vetor médio (m) e da matriz de covariância (S) de toda classe
espectral. Isso depende da quantidade de pixels incluídos nas amostras de
treinamento.
Sendo x o vetor correspondente ao um pixel nas N classes envolvidas, o vetor
médio dos pixels pertencentes a uma classe é dado por:
58
(5)
Onde, K é o número de pixels na classe e E(x) a esperança de x, uma notação
estatística para estimar a média de x.
Já a matriz de covariância será dada por
(6)
Cada amostra de treinamento é representada por pixels com reflectância
característica e vale como área de referência dos níveis de cinza da classe.
Realizou-se a classificação supervisionada das imagens LANDSAT 7, MSS e
CBERS, através do algoritmo MaxVer, usando a componente verdor (greenness -
GR) da transformação Tasseled Cap, o que permitiu uma melhor separação em
comparação ao uso das demais bandas, de acordo com os testes realizados. As
amostras espectrais foram tomadas levando em consideração o mapa de cobertura
vegetal do PROBIO Caatinga (MMA, 2006) e informações de campo.
2.3. Pós-processamento
2.3.1. Filtragem. Todas as imagens possuem limites entre áreas com diferentes
respostas em relação à energia eletromagnética. Esses limites podem ocorrer entre
diferentes coberturas do terreno (solo, vegetação, rocha, áreas urbanas etc.) ou
podem representar o contato entre áreas com diferentes condições de iluminação,
devido ao sombreamento topográfico. Em uma imagem monocromática, esses
59
limites representam, portanto, mudanças bruscas de um intervalo de níveis de cinza
para outro. Segundo Crosta (1999), ao se plotar esses limites em um gráfico, eles
serão representados por um gradiente bastante acentuado, podendo chegar a
vertical. Limites deste tipo são conhecidos como bordas. As bordas ocupam
geralmente áreas pequenas na imagem, são estreitas e são chamadas feições de
alta freqüência (limites entre áreas sombreadas e iluminadas, redes de transporte,
redes de drenagem, estruturas geológicas e outras). A detecção de características
tais como bordas, linhas, curvas e manchas pode ser feita também com filtros não-
lineares” (RESEARCH SYSTEMS, 2003).
Procederam-se as seguintes filtragens nas imagens classificadas: inicialmente,
utilizou-se a análise de maioria (majority analysis) do módulo de pós-classificação do
software utilizado, com uma janela de 5x5 pixels; logo após, aplicou-se um filtro de
mediana de também de 5x5 para homogeneização das classes.
2.3.2 Vetorização de classes. Após a edição das classificações procederam-se
a vetorização automática e posterior conversão em formato shapefile, usando o
software ENVI 4.3, para o processamento. Posteriormente efetuou-se a vetorização
manual em ambiente SIG tomando por base a classificação supervisionada, as
imagens LANDSAT 7 (fusão com a banda pancromática) e CBERS CCD, além do
mapa de cobertura vegetal do PROBIO Caatinga (MMA, 2006).
3. Elaboração de mapas temáticos. Diversos mapas temáticos foram elaborados
para compor o SIG e dar suporte à modelagem: MDT reamostrado, declividade,
zonas de altitudes, litológico e solos simplificados, unidades geomorfológicas;
cobertura vegetal e uso do solo e ainda mapa de fragmentos de vegetação natural.
60
Estes mapas foram elaborados para dar suporte à modelagem do mapa
geoambiental e dos corredores.
3.1. Reamostragem do modelo digital do terreno (MDT) da SRTM de 90 para 30
metros. O MDT foi reamostrado através de interpolação por krigagem usando o
software SURFER 8, derivando do mesmo os mapas de altitudes e declividade visto
que estes parâmetros são indispensáveis à diferenciação dos geoambientes.
O MDT foi exportado no formato grid e posteriormente convertido nos formatos
*.hdr (ENVI) e *.rst (IDRISI) através do software GLOBAL MAPPER 8, procedendo-
se à modelagem topográfica nos software ENVI 4.3, IDRISI KILIMANJARO e
ARCGIS 9.2.
A krigeagem é um método de interpolação por média móvel
ponderada (...) onde os pesos são determinados a partir de uma
análise espacial, baseada em semivariograma experimental. A
krigeagem fornece, em média, estimativas não tendenciosas e com
variância mínima (estimativas não tendenciosas significam que, em
média, a diferença entre valores estimados e verdadeiros para o
mesmo ponto deve ser nula; e variância mínima significa que estes
estimadores possuem a menor variância dentre todos os estimadores
não tendenciosos) (CAMARGO, 2000).
O variograma é uma ferramenta básica de suporte às técnicas de krigagem, que
permite representar quantitativamente a variação de um fenômeno regionalizado no
espaço. (HUIJBREGTS, 1975). O nível de dependência entre duas variáveis
regionalizadas, x e y, é representado pelo variograma, 2γ(h), o qual é definido como
a esperança matemática do quadrado da diferença entre os valores de pontos no
espaço, separados pelo vetor distância h.
(7)
61
Camargo (2000) aponta que alguns autores definem o variograma de forma
distinta da equação 5, considerando o que comumente se refere ao semivariograma,
dado por:
(8)
De acordo com Camargo (2000) e Burrough e MacDonnell (1998), os parâmetros
do semivariograma são:
Alcance (a): distância dentro da qual as amostras apresentam-se
correlacionadas espacialmente.
Patamar (C): é o valor do semivariograma correspondente ao seu alcance
(a). Deste ponto em diante, considera-se que não existe mais dependência
espacial entre as amostras, porque a variância da diferença entre pares de
amostras ( ) torna-se invariante com a distância.
Efeito pepita (C
0
): idealmente, γ(h) = 0. Entretanto, na prática, à medida
que h tende para zero, γ(h) se aproxima de um valor positivo chamado
Efeito pepita (C
0
), que revela a descontinuidade do semivariograma para
distâncias menores do que a menor distância entre as amostras.
Contribuição (C
1
): é a diferença entre o patamar (C) e o Efeito pepita (C
0
).
Exemplifica-se o funcionamento da krigagem da seguinte forma, de acordo com
Camargo (2000): considerando uma superfície sobre a qual se observe alguma
propriedade do solo, Z, em n pontos distintos com coordenadas representadas pelo
vetor x. Assim, tem-se um conjunto de valores {z (x
i
), i = 1..., n}, onde, x
i
identifica
62
uma posição em duas dimensões representada pelos pares de coordenadas (x
i
, y
i
).
Supondo que se objetive estimar o valor de Z no ponto x
0
. O valor desconhecido de
Z(x
0
) pode ser estimado a partir de uma combinação linear dos n valores
observados, adicionado a um parâmetro, λ
0
(JOURNEL, 1988).
(9)
Z
*
x
0
= λ
0 +
Z (x
i
)
A krigagem é um interpolador exato no sentido de que os valores interpolados
irão coincidir com os valores dos pontos amostrais.
3.2. Mapas derivados do MDT os mapas de zonas de altitudes e de declividade
são oriundos do MDT para subsidiar a elaboração do mapa de unidades
geomorfológicas. Os intervalos de classes dos respectivos mapas foram definidos
através do estudo dos histogramas que representam as distribuição das freqüências
das altitudes e declividades (Fig. 11 e 12), além dos histogramas foram utilizados
também os parâmetros dos mapas geomorfológicos do Projeto Mapas Municipais de
Morro do Chapéu (ROCHA et al., 1995) e do Projeto de Redefinição da poligonal do
Parque Estadual de Morro do Chapéu (FRANCA-ROCHA, et al., 2006).
63
Figura 11 Histograma representando a distribuição das altitudes (m) da área de estudo.
Figura 12 Histograma representando a distribuição das declividades da área de estudo.
3.2. Elaboração do mapa de unidades geomorfológicas. Para determinar os
geoambientes ou unidades de paisagens com ênfase nas espécies focais houve a
necessidade da elaboração de um mapa geomorfológico mais detalhado. Desta
forma, fez-se uma extrapolação das unidades geomorfológicas da região em estudo
com base no mapa geomorfológico de Rocha et al. (1995) e Franca-Rocha (2006) e
das informações de altimetria e declividade derivados do MDT reamostrado.
64
3.3. Simplificação dos mapas de solos e litologia. Os mapas geológico (CPRM
2003), pedológico e hidrográfico (BAHIA, 2003) foram editados para correção de
topologias e reclassificados originando mapas simplificados para facilitar a operação
dos mesmos através de lógica cumulativa para compor a modelagem do mapa
geoambiental.
3.4. Mapa de cobertura vegetal e uso do solo posteriormente denominado de
cobertura do solo - este mapa foi originado da classificação supervisionada e
vetorização manual em ambiente SIG com base nos mapas do PROBIO Caatinga
(MMA, 2006) e observações de campo.
3.5. Mapa de fragmentos de vegetação natural. O mapa de fragmentos de
vegetação remanescentes, denominados por vegetação natural, foi derivado do
mapa de cobertura do solo. A individualização e escolha dos fragmentos
representativos para serem ligados através de corredores levaram em consideração
os seguintes critérios: tamanho, forma, relação área/perímetro (Índice de
Circularidade - Ic), matriz de entorno e aspectos físicos da paisagem.
O Índice de Circularidade é definido como o efeito de borda medido pela razão
entre perímetro e área dos remanescentes florestais (CHRISTOFOLETTI, 1999).
Quanto mais perfeitamente circular for um fragmento, menor será o efeito de borda.
O índice de circularidade (Ic) é expresso pela relação entre a área e o perímetro de
determinado polígono:
(10)
65
Onde A é a área do fragmento considerado e Ac é a área do círculo com
perímetro idêntico ao mesmo fragmento. O índice de circularidade varia de 0 a 1, e
quanto mais próximo de 1, melhor a condição dos fragmentos.
Foram calculadas as áreas, perímetros e Ic dos fragmentos de vegetação
escolhidos.
4. Validação de mapas através de métodos estatísticos: A validação do mapa de
cobertura solo deu-se por meio dos métodos estatísticos Índice Kappa (IK) e o
PABAK. O IK é obtido através da equação 8, que relaciona o mapa interpretado e o
mapa de controle de campo, variando de 0 a 1.
(11)
Onde,
Po = a proporção das simultaneidades observadas
PE = a proporção de simultaneidades esperadas
O IK apresenta paradoxos relacionados à prevalência das concordâncias nas
proporções da tabulação cruzadas dos dados. Assim, foi criado um ajuste para o IK
o PABAK -Prevalence and Bias Adjusted Kappa- (HOEHLER, 1999) definido por:
( 12)
PABAK = 2Po 1 = IK(1 PI2 + BI2) + PI2 BI2
Onde: BI = b c
PI = a d
Sendo que a,b, c e d referem-se às células da tabulação cruzada entre o mapa
classificado e um mapa de verdade.
66
a: indica a proporção dos casos em que o real (1) e o classificado (2) são
corretos;
b: quando (1) for correto e a (2) errado;
c: quando (1) for errado e a (2) correto
d: quando ambos forem errados.
5. Criação de SIG. Os dados concernentes à base cartográfica, coletados em
campo e gerados em laboratório, compõem o banco de dados SIG para subsidiar a
análise, interpretação e permitir a modelagem geoambiental das áreas propícias à
implementação dos corredores ecológicos na área de estudo. O banco de dados foi
montado usando a plataforma do ARCGIS 9.2, composto de dados vetoriais e raster.
6. Modelagem de dados para obtenção dos mapas de corredores
A modelagem de dados consistiu na manipulação dos dados em SIG, conforme
fluxograma apresentado na figura 13. Os passos serão detalhados a seguir.
Figura 13. Fluxograma modelagem
6.1. Elaboração do mapa geoambiental A modelagem ambiental para a
determinação das áreas potenciais à implantação de corredores na área de estudo,
67
tem como base o mapa geoambiental; os passos metodológicos para obtenção do
mesmo consistiram na implementação de operações algébricas cumulativas com
mapas de componentes do SIG e serão apresentados a seguir (Fig. 14).
Figura 14. Fluxograma de geração do mapa geoambiental
O mapa geoambiental é resultado das operações algébricas de mapas temáticos
com uma finalidade específica, neste caso, para delinear as unidades de paisagens
ou geoambientes da região em estudo.
O primeiro procedimento para a modelagem do mapa geoambiental foi a
transformação das classes dos mapas simplificados. Este artifício foi utilizado
objetivando evitar ambigüidades quando da realização das operações algébricas
cumulativas. O método usual é a reclassificação em potência de base 2, no entanto
ao empregar esta técnica os valores das classes ultrapassaram o limite de
operações do software utlizado, o IDRISI KILIMANJARO.
Logo após, os mapas em formato vetorial foram convertidos em formato raster
(formato grid), usando o ARCGIS através do módulo ArcToolbox/Conversion tools/to
raster. Após a obtenção do mapa geoambiental foram modelados os corredores
conforme fluxograma apresentado na figura 15.
68
Figura 15. Fluxograma da modelagem de corredores
6.2. Criação dos mapas de dificuldade. A criação do mapa de dificuldade
prescinde da avaliação e escolha de fatores e de restrições à passagem da
biodiversidade, exemplificando tem-se: área de culturas ou uma estrada são
considerados restrições e fragmento de mata primária considerado como facilidade.
Para tanto, é necessário: identificação dos fatores mais importantes para o
fenômeno a ser considerado derivados dos indicadores de paisagem;
padronização dos fatores escolhidos em uma escala contínua; atribuição de pesos
relativos aos fatores, reclassificação do mapa geoambiental com base nos pesos
relativos, tendo como resultado o mapa de dificuldade ou restrições.
6.2.1. Criação dos mapas de dificuldade 1 ou fricção (pesos qualitativos). O mapa
geoambiental deu origem aos mapas de dificuldade 1 através de uma reclassificação
dos valores determinados a cada classe (geoambiente) para as duas espécies
focais. Definiram-se pesos de adequabilidade, sendo os de maiores pesos aqueles
por onde não deveriam passar os corredores, como no caso das áreas urbanas e
agricultura, dando-se origem ao mapa de fricção. Este constitui-se da soma de todos
69
pesos atribuídos para cada fator ou classe. Foram obtidos mapas de fricção
diferenciados para cada espécie tendo em vista as características específicas de
cada um.
6.2.2. Criação dos mapas de dificuldade 2 ou custo. A partir do mapa de fricção
gerou-se uma superfície de custos para cada espécie, onde regiões com maiores
pesos têm maiores custos, ou seja, dificuldade à passagem da fauna. A operação
matemática para a obtenção deste mapa é Distância Euclidiana, onde calculou-se a
distância do fragmento inicial para todos os pixels da imagem de fricção. Para
elaborar o mapa de custo utilizou-se o menu GIS Analysis do IDRISI KILIMANJARO,
o módulo Distances operations, a ferramenta Cost, escolhendo-se o algoritmo Cost
grow, para tanto, se selecionam o fragmento inicial, aquele que será ligado a todos
os outros, e a imagem de fricção.
6.2.3. Criação do mapa de corredores (rotas). O mapa de rotas é a imagem de
todas as possíveis rotas ligando o fragmento inicial e o fragmento final, obedecendo
à superfície de fricção ou dificuldade. Os mapas foram obtidos através do menu GIS
Analysis do IDRISI KILIMANJARO, o módulo Distances operations, a ferramenta
Pathway, selecionou-se um fragmento final, e a imagem de custo obtida
anteriormente. Após a obtenção das rotas, ligando os fragmentos um a um,
converteu-se as rotas raster em vetores para posterior sobreposição aos mapas de
cobertura e fragmentos resultando no mapa de possíveis corredores.
70
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados de campo
Os trabalhos de campo consistiram em levantamento de pontos para
georreferenciamento, descrição da área de estudo e entrevistas usando como roteiro
questionário estruturado (anexo 1).
Foram marcados 57 pontos com GPS, durante a campanha de campo, que se
destinaram, além do georreferenciamento, à descrição da área de estudo,
identificação dos ambientes das espécies focais, marcação de tocas de tatus (Fig.
16) e locais de registro de ataques de onça (Fig. 17).
Figura 16. Toca de tatu campo rupestre região das Lages, a oeste da cidade de Morro
do Chapéu
71
Procederam-se entrevistas com os seguintes grupos: ex-caçadores (08),
ambientalistas (01), guia turístico (01) e proprietários de fazendas (05) onde foram
registrados ataques das onças.
Figura 17. Local de ataque de onça. Região a sudoeste da cidade de Morro do Chapéu
Através das entrevistas levantou-se os dados de composição, distribuição e
biologia de animais identificados pelos entrevistados como existentes na área de
estudo. Muitos destes foram citados através de denominações regionais, assim para
identificação de nome científico recorreu-se ao cheklist de fauna de projetos como
PROBIO Chapada (JUNCÁ, FUNCH e FRANCA-ROCHA, 2005), lista do IUNC
(2006), Mamíferos do Brasil de Reis et al. (2006), Fundação Museu do Homem
Americano, Lista de nomes populares de aves do Brasil (quadros 3, 4 e 5). No
entanto, como no escopo deste trabalho o se procedeu à identificação de
espécies em campo, por captura ou avistamento, por exemplo, persistem algumas
dúvidas sobre os nomes científicos de algumas espécies que são identificadas
72
regionalmente e podem denominar espécies diferentes. Foram listadas 31 espécies
de mamíferos, 20 espécies de aves e 09 espécies de répteis.
Quadro 3 - Listagem de espécies de mamíferos citadas pelos entrevistados
Nome popular
Nome científico provável
Caititu
Tayassu tajacu
Cutia
Dasyprocta sp
Gambá
Didelphis albiventris
Gato do mato
Leopardus tigrinus
Gato mamoninha
Leopardus spp
Gato mourisco
Herpailurus yaguarondi
Guaxinim
Procyon cancrivorus
Lobo guará
Chrysocyon brachyurus
Lombo preto
Panthera onca (forma melânica)
Macaco guariba
Allouatta fusca
Macaco guigó
Callicebus personatus barbarabrownae
Mico
Callithrix penicillata ou Callithrix jacchus
Mocó
Kerodon rupestris
Onça Jaguatirica
Leopardus pardalis ou Felis pardalis
Onça Pintada
Panthera onca
Onça Suçuarana
Puma concolor
Ouriço cacheiro
Coendou prehensilis
Paca
Aguti paca
Papa mel
Eira barbara
Preá
Galea spixii
Raposa
Cerdocyon thous
Saruê rato de espinho
Didelphis albiventris
Tamanduá mirim
Tamandua tetradactyla
Tatu canastra
Priodontes maximus
Tatu peba
Euphractus sexcinctus
Tatu preto
Dasypus novemcinctus
Tatu rabo de couro
Cabassous unicinctus
Tatu verdadeiro
Dasypus novemcinctus
Tatu-bola
Tolypeutes tricinctus
Tatu-china
Dasypus septencinctus
Veado
Mazama sp ou Mazama gouazoubira
A despeito de, no âmbito desta pesquisa, trabalhar-se apenas com mamíferos, é
importante destacar as demais espécies citadas pelos entrevistados, visto que dão
conta de parte da biodiversidade local e reforçam a escolha das espécies focais
como espécies guarda-chuva, aquelas que ao serem conservadas levam consigo
uma gama de espécies.
73
Quadro 4 Listagem de espécies de aves citadas pelos entrevistados
Nome popular
Nome científico provável
Águia chilena
Buteo melanoleucus
Aracuã
Ortalis sp
Chorró
Thamnophilus sp
Codorna
Nothura boraquira
Ema
Rhea americana
Gavião carcará
Polyborus plancus
Jacu
Penelope sp
Caboré
Glaucidium brasilianum
Nambu
Crypturellus sp ou Tinamus guttatus
Pandiqui dourado
Pássaro preto
Gnorimopsar chopi
Perdiz
Rhynchotus rufescens
Pica-pau
Pintassilgo
Carduelis yarrellii
Pomba azul
Claravis godefrida
Siriema
Cariama cristata
Sofré
Icterus jamacaii
Suia
Pionus menstruus ou Pionus maximiliani
Urubu rei
Sarcoramphus papa
Zabelê
Crypturellus noctivagus
Quadro 5 - Listagem de espécies de répteis citadas pelos entrevistados
Nome popular
Nome científico provável
Cabeça de capanga
Bothrops leucurus
Cainana
Spillotes pullatus
Cascavel
Crotalus durissus cascavella
Cobra cipó
Philodryas nattereri
Coral verdadeiro
Micrurus sp
Jacaré
Caiman crocodylus
Jararaca
Bothrops sp
Jibóia
Boa constrictor
Salamandra
Epicrates cenchria
Teiú
Tupinambis teguixim ou T. merianae
74
Através das entrevistas pôde-se relacionar animais e vegetação/habitat predileto
(quadro 6).
Quadro 6- Identificação animais ambientes preferenciais
Vegetação
Animal
Mata (floresta
estacional)
suçuarana, paca, macaco guigó, tatu-bola, tatu rabo de
couro, tatu preto,
Carrasco
(mata/cerrado)
suçuarana, tatu verdadeiro,
Cerrado
paca, tatu rabo de couro, tatu peba, tatu preto, tatu
verdadeiro, tatu china,
Caatinga
tatu- bola, tatu rabo de couro, tatu peba, tatu preto, tatu
verdadeiro, ema, codorna, nambu, perdiz, seriema.
Capoeira
tatu peba, tatu verdadeiro
Quanto aos ambientes e comportamento das espécies focais escolhidas (onça
parda e tatu bola) para área de estudo, levantou-se os seguintes dados:
Onça parda - Suçuarana (Puma concolor)
Vegetação preferencial: Mata e carrasco (transição de mata com cerrado), tem as
crias nas áreas de mata ou nas tocas próximo à Gruta dos Brejões, dorme nas
grutas nas proximidades do Parque Estadual (PEMC). As áreas de tabuleiro, campo
rupestre e caatinga são usadas como passagem e território de caça.
A onça parda é identificada através dos rastros, carcaças de animais abatidos por
ela.
Alimentação: o caititu é o alimento preferido, alimenta-se ainda de outros mamíferos,
além de cabras (foram feitos muitos relatos de ataques a criações e até de casos em
que os criadores desistiram da atividade por conta dos constantes ataques das
onças e decorrendo em prejuízos).
Localidades onde mais aparece: Flores, Anésio. De acordo com um dos
entrevistados, a onça percorre o seguinte roteiro: Lagoinhas, Santa Úrsula, Flores,
75
Cachoeira do Ferro Doido, Ventura, Maiaiá, emenda com área do Parque Estadual,
Serra do Martim Afonso, vai sair lá em Ourolândia. (Relato de entrevistado)
Comportamento: quando caça uma presa grande come preferencialmente a parte
posterior do corpo, cobre o restante com vegetação e volta por duas noites, após
este tempo abandona a caça. A onça tem um ciclo de visitas que coincide com a lua
cheia.
Os estudos de Vidolin (2004), apresentam este caráter de uso cíclico do território
por parte da onça parda, a mesma observou que praticamente todos os indícios de
presença foram registrados sempre na segunda e quarta semana do mês, ao longo
do ano, apontando ainda que o período de ausência provavelmente refere-se ao
tempo que leva para patrulhar outras áreas que fazem parte de seu território.
Outra característica identificada foi a utilização com maior freqüência das áreas
de serra, floresta primária alterada, com declividades iguais ou superiores a 45%.
Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus)
Vegetação preferencial: Caatinga, mata, tabuleiro, carrasco.
Alimentação: formigas, fungos, minhocas, raízes e tucum (um tipo de coquinho,
geralmente junto ao pé do tucum vê-se buraco de tatu).
Localidades onde mais aparece: próximo a Gruta dos Brejões, localidade de Deus
me Livre próximo ao assentamento.
Comportamento: nas caatingas ou na mata, anda mais no início da manhã, não faz
tocas, desloca-se com passos pequenos deixando seu rastro, não corre quando
atacado, só se fecha numa “bola”.
76
Outras informações relevantes provenientes das entrevistas de campo
Apesar da caça estar proibida na região de Morro do Chapéu, este ainda sofre
muita pressão de caça. Os caçadores, que gostam de serem chamados de
“desportistas”, m todo final de semana para caçar. Geralmente são provenientes
das seguintes regiões: Cafarnaum, Várzea Nova, Piritiba, Mundo Novo, Fedegoso,
Tapiramutá, Irecê (a menor parte), Lagoa Nova (a maior parte) e também do Morro
do Chapéu.
A onça pintada é mais difícil de ser avistada. Entrevistados dizem que devem
existir no máximo dez onças pintadas na região, que são de difícil visualização, nem
mesmos os caçadores as vêem; registram apenas os rastros. A onça pintada
aparece mais encontrada nas serras e na região do Buraco do Possidônio.
Relato de entrevistado a despeito da caça de tatu e características de várias
espécies: ... o tatu rabo de couro é o mais difícil de se arrancar, pois desce e sai
socando a terra, passa até três dias embaixo do chão. O tatu preto gosta de mata
perto de água, de morro. Encontra tatu verdadeiro de madrugada, quando chove
trovoada, o preto de tardinha, de morro e lugares que tem aguada que eles
gostam muito. O peba é mais capoeira, não anda muito em lugares abertos.
Verdadeiro em lugares fechados, capoeira e carrasco bem fechado. O verdadeiro de
lugares fechados e mais quentes, pé de morro onde bata o sol da tarde. O tatu china
é o pequenininho, é mais de capão matas estacionais e de cerrado, lugar de
cerrado e tabuleiro. Onde forma matas estacionais ele fica dentro, e mais de noite. O
rabo de couro em qualquer lugar, tanto faz caatinga ou cerrado, mata, vegetação
rupestre, o escolhe clima nem solo. O tatu verdadeiro e o rabo de couro não têm
preferência de lugar, desde que fiquem protegidos, bem fechados. Já o tatu-peba ele
77
gosta de lugar limpo, gosta de ficar junto de água, tomar sol, sair com a lua clara.
Peba gosta de tabuleiro e lugar aberto, gosta de sol, lugar que receba ar.“
As características das espécies relativas aos ambientes preferenciais e
comportamento, levantadas nas entrevistas, foram confrontadas com a bibliografia,
resultando nos atributos que subsidiaram os mapas de dificuldade para a
determinação dos corredores.
78
Figura 18 Espacialização dos pontos levantados em campo
79
Resultados de Laboratório
Foram gerados os seguintes mapas temáticos para subsidiar a modelagem dos
dados: MDT com resolução de 30m e conseqüentes mapas derivados altitude,
declividade, mapas simplificados de geologia, geomorfologia, pedológico e hídrico
derivados da base cartográfica montada; cobertura vegetal e uso do solo atual e
fragmentos de remanescentes de vegetação.
Para gerar o MDT de 30m, inicialmente, determinou-se o semivariograma da
área (Fig. 19). Este apresenta a anisotropia dos dados, refletindo a realidade, visto
que é uma área com grande variação de altitude.
Figura 19. Semivariograma da região de estudo
Após a determinação do semivariograma procedeu-se a interpolação dos dados
por krigagem obtendo-se o MDT com resolução de 30m (Fig. 20).
80
Figura 20. Modelo Digital do Terreno reamostrado para resolução de 30 metros através
de interpolação por krigagem.
81
Através da modelagem topográfica em ambiente SIG pôde-se extrair as
informações relativas a altimetria e declividade obtendo-se os mapas de declividade
(Fig. 21) e zonas de altitudes (Fig. 22).
Dentro da área de estudo as declividades variam de 0 a 47 graus. As faixas de
declividade foram utilizadas na modelagem do mapa geoambiental. A declividade é
um dos parâmetros utilizados na investigação e determinação das áreas de
conservação, definindo áreas de menor ou maior vulnerabilidade à erosão, logo, à
perda de solo, por exemplo.
A altimetria foi reclassificada em quatro intervalos, de acordo com a distribuição
indicada no histograma, dando lugar a um mapa de faixas de altitudes que compõe a
modelagem geoambiental, além de auxiliar na discriminação das áreas potenciais de
ocorrência das espécies focais estudadas.
82
Figura 21. Mapa de declividade da área de estudo.
83
Figura 22. Mapa de zonas de altitudes da área de estudo
84
Para permitir as operações algébricas cumulativas foi necessária a edição e
simplificação dos mapas sicos de litologia (Fig. 23), solos (Fig. 24) e hidrografia
(Fig. 25). Os mapas originais possuem uma gama de informações, além de
possuírem erros de topologia, polígonos recortados ou linhas descontínuas - os
quais foram editados.
O mapa litológico foi simplificado para apresentar apenas as unidades
geológicas. O mapa de solos foi reclassificado com cinco classes, agrupando-se as
diferentes classes de argissolos e cambissolos, foi preservada a divisão dos
neossolos litólicos e quartzarênicos, visto que as áreas de Caatinga estão
relacionadas a estas classes de solos, importante atributo para a modelagem dos
corredores para tatu-bola e onça parda.
O mapa de hidrografia apresenta rios principais e riachos. Destacam-se os rios
Jacuípe (que nasce em Morro do Chapéu) e o Rio Ferro Doido este último, na altura
da Cachoeira do Ferro Doido (Monumento Natural) apresenta grande importância
para biodiversidade da região, visto que neste local visualizam-se a onça parda e
águia chilena.
85
Figura 23. Mapa litológico simplificado. Fonte: CPRM, 2003
86
Figura 24. Mapa pedológico (solos) simplificado. Fonte: BAHIA, 2003
87
Figura 25. Mapa de hidrografia. Fonte BAHIA, 2003
88
Mapa de cobertura vegetal e uso do solo. Outro mapa temático gerado foi o de
cobertura do solo atual. A confecção do mesmo deu-se através da classificação
supervisionada, gerada a partir das bandas espectrais da imagem LANDSAT 7,
substituindo-se a banda 4 pela componente greenner - verdor da transformação
Tasseled Cap.
A transformação Tasseled Cap foi calculada utilizando-se o software ENVI 4.3,
através do módulo Transformações/Tasseled Cap. A componente greenner separa a
vegetação da linha de solo auxiliando na separação das classes, oferecendo o
melhor resultado dos testes de classificação procedidos.
Procedeu-se a classificação supervisionada no ENVI 4.3, através do algoritmo
MaxVer, tomando-se amostras de treinamento para quinze classes: sombra, nuvem,
água, afloramento, urbano, solo exposto, solo em preparo, agropecuária, cerrado
gramíneo lenhoso, caatinga, caatinga arbórea, caatinga florestada, floresta 1,
floresta 2, cerrado. A classificação foi vetorizada automaticamente, usando o módulo
Classificação/pós-classificação/vetorização de classes do software de
processamento. Esta vetorização deu base à digitalização manual das classes no
ARCGIS, originando o mapa de cobertura e uso do solo atual.
O mapa de cobertura e uso do solo inicial tem 48 classes (Fig. 26), este foi
reclassificado para treze classes para compor a modelagem. Agrupando-se uso; uso
e vegetação natural; uso e vegetação de transição; vegetação natural e uso;
vegetação de transição; vegetação de transição e uso; caatinga parque com
arbustiva e arbórea; cerrado e campo limpo.
A partir do mapa de cobertura atual, gerou-se o mapa de fragmentos
remanescentes de vegetação natural (Fig. 27) constando de 172 fragmentos,
destacam-se as tipologias mais importantes para as espécies focais, quais sejam
89
floresta, cerrado, caatinga e caatinga florestada. Neste mapa não estão inclusas as
classes de tensão ecológica (transição).
90
Figura 26. Mapa de cobertura vegetal e uso do solo atual.
91
Figura 27. Mapa de remanescentes de vegetação natural da área de estudo.
92
Fragmentos selecionados para serem ligados. Dos 172 fragmentos de vegetação
natural encontrados na área de estudo apenas 16 foram usados para definir as
possíveis áreas de implantação de corredores. Inicialmente foram escolhidos 40
fragmentos seguindo os critérios de: importância da tipologia vegetal para a espécie,
área, índice de circularidade e matriz circundante. No entanto após a tentativa de
conexão sobre a superfície de fricção apenas 16 destes fragmentos foram
efetivamente ligados (Fig. 28). Observa-se que a não ligação dos demais fragmentos
escolhidos deu-se porque estes encontram-se fora da superfície de custo ou têm
custo muito elevado.
Nenhum fragmento tem índice de circularidade próximo de 1 (valor que indicaria
baixo efeito de borda), o maior valor (0,31) foi encontrado para o fragmento 17 de
cerrado. O fragmento de floresta número 9 foi escolhido para dar origem à superfície
de custo da onça parda, considerando ser este o maior fragmento de floresta e a
prioridade do ambiente usado como abrigo. Para a obtenção da superfície de custo
para o tatu-bola foi escolhido o fragmento de caatinga número 24 por estar
localizado dentro da área do PEMC e próxima da região com maior número de
levantamento de tocas em campo (pelo menos dez tocas muito próximas)
Os fragmentos que deram origem aos corredores para as espécies focais estão
listados nos quadros 7 e 8.
93
Quadro 7. Fragmentos efetivamente ligados para gerar os corredores para a onça parda.
Tipologia
Fragmento
Área (ha)
IC
Caatinga
14
24185,56
0,104
20
1640,082
0,155
29
3864,308
0,099
31
3907,934
0,141
Caatinga florestada
2
1767,993
0,259
6
2628,017
0,282
Floresta
9
23552,7
0,025
14
2739,027
0,206
30
9156,71
0,055
48
10179,26
0,073
Quadro 8. Fragmentos efetivamente ligados para gerar os corredores para o tatu-bola.
Tipologia
Fragmento
Área (ha)
IC
Caatinga
14
24185,56
0,104
20
1640,082
0,155
29
3864,308
0,099
31
3907,934
0,141
Cerrado
1
1917,402
0,208
4
1982,437
0,182
5
1835,546
0,100
7
3829,586
0,188
14
3296,085
0,148
17
267,785
0,316
22
9017,617
0,160
26
3486,512
0,102
94
Figura 28. Fragmentos de vegetação naturais efetivamente ligados formando corredores. C:
catinga; Cf: caatinga florestada; Ce: cerrado e F: floresta
95
Mapa de Unidades Geomorfológicas o relevo é um dos componentes
fundamentais para a diferenciação das unidades de paisagens. De acordo com Ross
(2007) existe uma relação estreita entre tipos de formas do relevo com os solos e
estes com a litologia e o tipo climático atuante. No entanto, isto é apenas parte do
complexo quebra-cabeças que constitui os ambientes naturais existentes na
superfície do globo. A partir desta compreensão foi gerado o mapa de unidades
geomorfológicas (Fig. 29) apresentando 14 unidades descritas a seguir.
1. Encosta ocidental - Esta unidade consiste de uma faixa longitudinal a oeste da
área de estudo. Com altitudes variando entre 600 e 1000m e caimento para oeste,
essa unidade está submetida a um clima tropical de altitude, com verão brando e
quente, onde se desenvolvem espécies de Caatinga Arbustiva e Arbórea Densa.
Formada por arenitos, essa unidade apresenta uma longa encosta com relevo
influenciado pela estrutura geológica representando facetas triangulares de camadas
ou chevrons (dobras), cristas, planos rochosos e relevos ruiniformes, dominam os
afloramentos de rocha e solos rasos litólicos. Nesta unidade foram localizadas tocas
de tatus.
2. Tabuleiro Rampeado - Localizado na porção noroeste da área de estudo, em
cotas entre 600 e 1000m, essa unidade é influenciada pelo clima semi-árido e
tropical de altitude, tem como cobertura vegetal a Caatinga Arbustiva e Arbórea.
Drenada pelos afluentes do rio Salitre, o modelado dominante é uma superfície com
declives entre 0 e 5%, constituída por rampas com formações superficiais arenosas.
Essa superfície apresenta-se dissecada por vales de fundo plano com encostas de
declives entre 8 e 20%.
96
3. Pedimentos do Rio Salitre - Situada na porção setentrional do município, essa
unidade ocorre em altitudes que variam entre 640 e 1000m, com caimento
topográfico para norte. O domínio da vegetação é de Caatinga Arbórea e Arbustiva,
sob um clima que varia de tropical de altitude ao sul para semi-árido ao norte da
unidade. O relevo é dominantemente plano a suave ondulado, constituído de rampas
com declives entre 0 e 6% e formações superficiais geralmente arenosas,
desenvolvidas a partir de arenitos.
4. Baixada do Rio Salitre - Localizada na porção norte-nordeste da área de
estudo e na margem direita do rio Salitre. Essa unidade, que ocorre em uma altitude
em torno de 800m, posiciona-se sobre rochas calcárias, em área de clima semi-árido
quente, com vegetação de Caatinga Arbustiva. O relevo dominante, resultante da
dissolução dos carbonatos que compõem as rochas, é constituído de uma superfície
plana a levemente dissecada em rampas, com presença de dolinas, alguns morros
kársticos desenvolvidos nos Cambissolos e Latossolos. Esta é a unidade mais
antropizada da área de estudo.
5. Tabuleiro das Flores - Situado da área, em posição altimétrica em torno de
880m, essa unidade está sob a ação do clima tropical de altitude refletindo na
cobertura vegetal de contato entre Cerrado e Floresta Estacional. Trata-se de uma
superfície de aplainamento desenvolvida nas coberturas residuais areno-argilosas
com algumas depressões fechadas pseudocársticas e presença de murundus.
6. Planalto do Angelim - Localizado na porção nordeste da área, ocorre em
altitude que variam de 600 a 1000m, sob ação do clima tropical de altitude,
apresentando domínio vegetal de Caatinga e Cerrado. Constituído por pedimentos
funcionais retocados por drenagem, apresentando vales abertos de fundo plano com
97
vertentes de declives entre 3 e 6%, sujeitos a inundações periódicas. Desenvolvido
sobre latossolos e neossolos litólicos.
7. Superfície Serrana - Ocupando a porção centro-oeste a região de estudo, com
altitudes entre 900 e 1100m, essa unidade é influenciada pelo clima tropical de
altitude e tem Cerrado e Vegetação Rupestre como domínio vegetal. Trata-se de
uma área constituída de várias serras, localmente denominadas de Isabel Dias,
Carnaúbas, Estreito, Vila Nova, Gurgulho etc., cujo conjunto representa um grande
dispersor de drenagem, de onde nascem os afluentes de ordem dos rios Jacaré,
Salitre e Jacuípe, principais rios do município de Morro do Chapéu. Os tipos de
modelados dominantes são influenciados pela estrutura dos arenitos, com
ocorrência predominante de afloramentos de rocha e solos litólicos. Esta é uma das
unidades mais importantes para a onça parda por conta da presença das serras,
áreas apontadas como de maior ocorrência da espécie. Aqui encontrou-se também
tocas de tatus.
8. Vales encaixados - Situado a noroeste da região de estudo, com altitudes de
800 a 1000m. Apresentando vales encaixados com encostas muito íngremes,
dissecação em fraturas e clima tropical de altitude, com matas de grotão e Caatinga.
Assentado sobre arenitos da Formação Morro do Chapéu e neossolos litólicos. Esta
é outra unidade importante para a onça parda
9. Planalto de Morro do Chapéu - Localizado na região central da área de estudo,
com altitudes que variam entre 800 e 1000m, essa unidade é recoberta por
vegetação de Cerrado e Campo Rupestre e subordinada a um clima tropical de
altitude. Dois grandes grupos de relevo dominam esse ambiente: um representado
pelo relevo estrutural com afloramentos de rocha e solos arenosos originados a
98
partir de arenitos e outro pela superfície de aplainamento com cobertura latossólica
profunda. Nessa unidade, situada a cidade de Morro do Chapéu, tendo como
drenagem principal a bacia do rio Jacuípe. Nesta unidade constantes relatos de
ocorrência de ataques de onça parda sendo encontradas também tocas de tatus.
10. Vales dos Rios Jacuípe e Ferro Doido - Posicionada na porção leste da área,
essa unidade, que se apresenta seccionada na sua parte central pelo rio Jacuípe,
situa-se numa área de altitude entre 600 e 800m, de clima tropical de altitude e
tropical subúmido, com vegetação de Floresta Estacional ao sul e contato entre
Cerrado, Caatinga campo rupestre ao norte. O modelado é constituído por um relevo
de dissecação homogênea, com colinas de topos aplainados e vertentes
convexizadas, de declives que variam de 5 a 40%. Assentado sobre as Formações
Caboclo e Tombador e com ocorrência predominante de neossolos litólicos,
ocorrendo também argissolos e latossolos vermelho amarelo. Próximo à Cachoeira
do Ferro Doido foi levantada ocorrência de ataques de onças.
11. Planalto da Lagoinha - Localizada a sudoeste da área de estudo, em altitude
entre 880 e 1000m, sob o domínio do clima tropical de altitude e em área de
Caatinga arbustiva e arbórea e Floresta estacional, essa unidade é constituída de
uma superfície de aplainamento desenvolvida a partir das coberturas residuais
areno-argilosas e dos siltitos. Principalmente na porção oeste da unidade, a
presença de termiteiros é muito grande, os quais são desenvolvidos a partir dos
solos latossólicos, constituindo forte impedimento à mecanização da área.
12. Vão dos Córregos - Situada entre as unidades do Planalto de Morro do
Chapéu e Planalto da Lagoinha e drenada por córregos afluentes da margem
esquerda do rio Duas Barras, essa unidade está a uma altitude entre 800 e 960m,
99
sob a ação do clima tropical de altitude no domínio do Cerrado e da Floresta
Estacional. O relevo é constituído por uma superfície aplainada, dissecada pelos
vários córregos, e recoberto com formações superficiais espessas, geralmente
resultantes da alteração dos argilitos e arenitos.
13. Chapada Duas Barras Possui altitude variando entre 600 e 800m, com
caimento topográfico em direção ao rio Duas Barras, essa unidade, localizada na
porção sudeste da área, está situada numa área de clima sub-úmido, sob o domínio
da Floresta Estacional. O relevo é plano e suave ondulado com rampas que variam
de 2 a 6% de declives, recoberto dominantemente por solos latossólicos e
podzólicos.
14. Patamar Dissecado de Dias Coelho - Localizada na porção oriental do
município, essa unidade, com altitudes que variam de 500 a 800m, está no domínio
da Floresta Estacional, sob a ação do clima tropical sub-úmido. O relevo é composto
por lombadas e colinas de topos aplainados e vertentes suavizadas. Em direção aos
vales de fundo chato, as vertentes são mais íngremes. Tais relevos são modelados
a partir das rochas graníticas e gnáissicas do embasamento cristalino.
100
Figura 29. Mapa de unidades geomorfológicas da área de estudo.
101
Mapa Geoambiental a elaboração do mapa geoambiental é uma tentativa de
abordar a paisagem de forma sistêmica, inserindo o componente da complexidade.
A paisagem é o resultado da interrelação dos elementos naturais abióticos, bióticos
e antrópicos. Assim, foi elaborado o mapa geoambiental relacionando os
componentes da paisagem (relevo, litologia, solos, vegetação e uso) levando em
consideração a importância dos geoambientes (unidades de paisagens) para as
espécies focais.
As operações algébricas cumulativas entre os mapas: de unidades
geomorfológicas, solos, cobertura vegetal e uso resultaram em um mapa com 258
subssitemas, este foi reclassificado derivando um mapa com 102 subsistemas. A
este mapa foram somadas hidrografia e estradas, totalizando 104 subsistemas (Fig.
30). Utilizou-se a mesma divisão das unidades geomorfológicas para os
geoambientes, para cada geoambiente foram encontrados vários subsistemas
conforme demonstrado no quadro 09.
Quadro 09. Número de subsistemas encontrados para cada geoambiente modelado.
Geoambiente (unidade de paisagem)
Número de subsistemas
Encosta Ocidental
09
Tabuleiro Rampeado
07
Pedimentos do Rio Salitre
09
Baixada do Rio Salitre
05
Tabuleiro das Flores
08
Planalto do Angelim
07
Superfície Serrana
09
Vales Encaixados
04
Planalto do Morro do Chapéu
10
Vales dos Rios Jacuípe e Ferro Doido
08
Planalto da Lagoinha
07
Vão dos Córregos
09
Chapada Duas Barras
07
Patamar Dissecado de Dias Coelho
05
102
Figura 30. Mapa Geoambiental da área de estudo com 104 subsitemas.
103
Mapas de dificuldade 1 ou fricção. Foram elaborados mapas de dificuldade
distintos para cada espécie focal (Fig. 31 e 32), atribuindo-se pesos entre 1 a 100
para cada subsistema levando-se em consideração os seguintes graus de
impedimentos: facilidades, restrições e híbrido. As facilidades referem-se às
tipologias vegetais que oferecem condições de sobrevivência às espécies; restrições
dizem respeito aos locais onde as espécies não devem passar e híbrido relacionam
àqueles obstáculos passíveis de serem ultrapassados pelas espécies (quadro 10).
Quadro 10. Critérios para escolha dos pesos de dificuldade para as espécies focais.
Espécies
Restrições
Facilidades
Híbrido
Onça
parda
Uso: urbano, estradas
e agropecuária
Grandes altitudes (regiões
serranas e planaltos);
vegetação de floresta e
caatinga
Média antropização:
áreas de vegetação e
uso (com predomínio da
vegetação), rios
Tatu-bola
Uso: urbano,
estradas,
agropecuária, rios,
floresta
Cobertura de caatinga,
cerrado e campo rupestre
Média antropização:
agricultura com
predomínio da
vegetação natural
Como exemplo pode-se analisar a unidade Superfície Serrana (quadro 11).
Verifica-se que os subsistemas foram agrupados (cada cor no quadro refere-se a
um subsistema) levando em consideração a vegetação visto que esta é “(...) fator
condicionante à distribuição e ocupação dos ambientes pela fauna, fornecendo a
diferentes grupos animais condições fundamentais de sobrevivência como alimento
e abrigo.” (VIDOLIN, 2004).
Parte da área da Superfície Serrana está compreendida no Parque Estadual de
Morro do Chapéu, sendo de grande importância para as espécies focais e em
especial para a onça parda.
104
Quadro 11. Exemplo de pesos de dificuldade atribuídos para a Unidade Superfície Serrana
para cada espécie focal.
Superfície Serrana - 9 subsistemas
ID
Classe
USO1
Classe de
GEOMORFO
Classe
de
SOLOS
Nova
classe
Descrição da cobertura do
solo
Peso_onça
Peso_tatu
117
2
126
5
44
Caatinga
1
1
137
2
126
3
44
1
1
109
4
126
5
45
Campo rupestre
10
1
113
4
126
3
45
10
1
110
5
126
3
46
Cerrado
40
1
118
5
126
5
46
40
1
130
6
126
5
47
Floresta
1
100
135
6
126
3
47
1
100
106
8
126
5
48
Uso
100
100
111
8
126
3
48
100
100
173
9
126
5
49
Uso /vegetação natural
50
60
176
9
126
3
49
50
60
91
11
126
3
50
Vegetação natural/uso
70
70
93
11
126
5
50
70
70
120
12
126
3
51
Vegetação de transição
40
90
121
12
126
5
51
40
90
94
13
126
3
52
Vegetação de transição
/uso
60
80
100
13
126
5
52
60
80
105
Figura 31. Mapa de dificuldade 1 (fricção) para onça parda. Mapa geoambiental com pesos
relativos de cada subsistema.
106
Figura 32. Mapa de dificuldade 1(fricção) para tatu-bola. Derivado do Mapa geoambiental
com pesos relativos para cada subsistema.
107
Mapas de dificuldade 2 (custo). A partir dos mapas de fricção foram gerados os
mapas de dificuldade 2 que representam o custo da ligação entre o fragmento inicial
e toda a área. Regiões classificadas com maiores pesos de fricção apresentam
maiores custos à passagem da fauna.
Ao observarem-se as superfícies de custo geradas para onça parda (Fig.33) e
para o tatu-bola (Fig. 34) verificam-se a distinção entre as mesmas. Este fato
decorre da escolha dos pesos para cada espécie. A área de restrições para o tatu-
bola é muito maior do que a área da onça parda, revelando a coerência entre as
operações utilizadas relacionadas às características dos animais. As áreas de uso
intensivo estão quase que excluídas para as espécies, o que vai ser revelado nas
ligações. Outra observação é a de que Parque Estadual de Morro do Chapéu está
na área de baixo custo para as duas espécies.
Examinando-se ainda as superfícies pode-se notar que porção nordeste da área
de estudo representam a restrição máxima para a passagem das espécies,
aparecendo em branco, indicando as áreas por onde não passarão os corredores.
Na superfície de custo gerada para a onça foram excluídas as áreas das seguintes
unidades: Planalto do Angelin, parte norte do Tabuleiro das Flores, e Baixada do Rio
Salitre.
na superfície de custo produzida para o tatu-bola foi excluída uma faixa
longitudinal na porção leste da área de estudo. Compreendendo o Planalto do
Angelin, porções norte e central do Tabuleiro das Flores, parte da Baixada do
Salitre, porção nordeste da unidade Veles dos Rios Jacuípe e Ferro Doido, o
Patamar Dias Coelho, parte da Chapada duas Barras e porção sudeste da região a
que se refere ao domínio da floresta estacional.
108
Figura 33. Mapa de dificuldade 2 (custo) para onça parda.
109
Figura 34. Mapa de dificuldade 2 (custo) para tatu-bola.
110
Definição de corredores ecológicos em Morro do Chapéu: conservando o tatu-bola e
a onça parda.
As ligações entre os fragmentos originaram dez possíveis corredores para a onça
parda, destes foram definidos quatro principais dada à sobreposição ou
complementaridade das rotas (Fig. 35). O corredor 1 constitui-se na maior rota e
atravessa longitudinalmente o PEMC na sua porção oeste, ligando desde o
fragmento de caatinga 3, situado no Planalto da Lagoinha, a ao fragmento de
caatinga florestada na unidade do Tabuleiro Rampeado. A ligação 2 tem traçado
semelhante ao primeiro, no entanto termina na porção nordeste do PEMC. Os
corredores 3 e 4 situam-se na porção sudeste da área ligando essencialmente
fragmentos de floresta estacional.
A união das áreas compreendidas entre as quatro rotas demonstra a
necessidade de um olhar sobre a região sul da área de estudo, visto que esta é área
de domínio de floresta estacional e não existem áreas protegidas ali definidas.
As ligações dos fragmentos definidos para determinação de corredores para
atender a espécie tatu-bola geraram oito possíveis rotas. Coincidentemente, após
análise de sobreposição e complementaridade das rotas, definiram-se quatro rotas
principais. O corredor 1 liga o fragmento de caatinga 24 ao fragmento de cerrado 1
ligando fazendo conexão ente a porção central da Encosta Ocidental e o Tabuleiro
Rampeado, esta a maior rota e, corta longitudinalmente o PEMC. O corredor 2 liga
fragmentos na parte central e interior do PEMC. O corredor 3 faz ligação entre
caatinga, cerrado, floresta e campo rupestre, cortando a unidade Superfície Serrana.
O corredor 4 é originado pelo fragmento de cerrado numero 22, passando pelas
111
seguintes unidades: Encosta Ocidental, Superfície Serrana e Planalto de Morro do
Chapéu.
Verificou-se que o Parque Estadual de Morro do Chapéu, principal unidade de
conservação da área, oferece um custo baixo para as espécies, seis dos corredores
propostos passam por ele. Com exceção dos corredores que ligam fragmentos de
floresta na poção sul-sudeste da área, os demais extrapolam o Parque no sentido
norte, sugerindo a necessidade de ampliação do mesmo nesta direção.
A junção das áreas interligadas pelas rotas traçadas, pode formar um mosaico de
unidades de conservação, áreas protegidas públicas ou privadas, que demandam
uma compreensão e conseqüente gestão integrada da paisagem com o intuito de
garantir a conservação das diferentes espécies existentes na região de estudo.
A assertiva de Fonseca et al. (2004) corrobora com este pensamento quando
colocam que os mosaicos com múltiplos usos da terra em uma paisagem manejada
podem permitir o movimento de populações por meio de “ligações” entre florestas
próximas. Afirmando ainda que sob uma perspectiva institucional, a estratégia do
corredor procura melhorar o manejo de áreas protegidas, criar a capacidade de
manejo na região e promover pesquisas biológicas e socioeconômicas que ajudem a
reduzir a ameaça de extinção das espécies.
112
Figura 35. Mapa de corredores prováveis para onça parda.
113
Figura 36. Mapa de corredores prováveis para tatu-bola.
114
À guisa de uma validação da metodologia aplicada para a determinação das
áreas propícias à implementação de corredores ecológicos, foi produzido uma mapa
a partir da espacialização das localidades, apontadas em campo por entrevistados,
como sendo o “roteiro da onça” (Fig. 37). A partir das localidades foram criados de
buffers (área definida pelos pontos a uma mesma distância de um determinado
elemento espacial) de dez quilômetros de raio. Ao se juntar os quatro corredores
principais aos buffers percebe-se que o roteiro se sobrepõe aos dois corredores
mais longos (1e 2). Levando-se em consideração que a área de abrangência da
onça parda é de aproximadamente 100Km, é possível supor os corredores 3 e 4
também podem ser inseridos como área de passagem da onça.
115
Fig. 37 Sobreposição “roteiro da onça” e corredores modelados. A - Ourolândia ; B
Parque Estadual de Morro do Chapéu; C Serra do Martim Afonso; D- Lagoinha; E- Santa Úrsula ; F-
Ventura; G- Cachoeira do Ferro Doido e H- Flores.
116
CONCLUSÕES
A metodologia aplicada fazendo uso de geotecnologias permitiu a determinação
de áreas possíveis de serem implantados corredores ecológicos para as duas
espécies focais, onça parda e tatu-bola, com base na análise integrada da
paisagem.
Assevera-se, no entanto, que a determinação de corredores ecológicos deve ser
precedida por uma equipe multidisciplinar para que os vários aspectos da paisagem
sejam abordados, bem como as características das espécies muito bem definidas.
Além disso, a implantação efetiva de corredores ou criação de novas unidades de
conservação depende da discussão com os diferentes atores sociais envolvidos,
sejam comunidades locais, gestores e pesquisadores. Esta pesquisa consolida-se
como um esforço de apresentar as geotecnologias como ferramenta essencial para
a modelagem ambiental, colaborando assim para a análise sistêmica da paisagem.
O MDT reamostrado constitue-se em um produto que pode ser utilizado em
mapeamentos mais detalhados da área de estudo. Os resultados da validação do
mapa de cobertura e uso do solo asseguram a continuidade do modelamento (IK=
0,79 correspondência substancial) para outras aplicações.
O mapa de unidades geomorfológicas é um componente fundamental na
diferenciação das unidades de paisagem, no entanto, sem o uso das geotecnologias
a modelagem seria impraticável no tempo disponível e a quantidade de variáveis
utilizadas.
O mapa geoambiental revela parte da complexidade da paisagem da região de
estudo podendo ser apresentado de forma distinta a depender da espécie em
estudo.
117
Espera-se que a definição de quatro áreas propícias para implantação de
corredores ecológicos para onça parda e quatro para tatu-bola constitua-se em uma
contribuição à conservação das espécies.
O Parque Estadual de Morro do Chapéu parece vir contribuindo para a
conservação da paisagem e conseqüente manutenção das espécies apesar do
uso antrópico, o que pode ser observado nos mapas de corredores das duas
espécies visto que o Parque polariza as principais áreas propícias ratificando assim
a necessidade de sua ampliação..
A partir da observação do mapa de fragmentos de vegetação natural verifica-se
que na porção sul da área, de domínio da floresta estacional decídua, esta tipologia
apresenta-se muito fragmentada, sugere-se então a adoção de medidas para a
conservação da floresta, como por exemplo, a criação de uma unidade de
conservação.
Recomendam-se estudos específicos para o levantamento da fauna na região,
em especial de mamíferos, como os tatus e onças, não apenas a parda (Puma
concolor), mas também a pintada (Panthera onca), espécies que vem sofrendo
grande pressão de caça ilegal, a despeito dos esforços para coibir esta prática.
Sugere-se também a identificação das trilhas dos grandes carnívoros através de
métodos experimentais usando telemetria, por exemplo, o que permitirá a
identificação mais confiável das áreas para implantação dos corredores e do número
de indivíduos (população) existentes na área, contribuindo assim para a manutenção
da biodiversidade na região.
118
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VIDOLIN, G.P. Aspectos bio-ecológicos de Puma concolor (Linnaeus, 1771),
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) e Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) na
Reserva Natural Salto Morato, Guaraqueçaba, Paraná, Brasil. Dissertação de
Mestrado. 87f. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. PR. 2004
VIEIRA, C. C. Carnívoros do Estado de São Paulo. Arquivos de Zoologia. v. 5, n.
3. São Paulo: 1946.
131
ANEXO
Questionário de Campo
132
Universidade Estadual de Feria de Santana
Departamento de Ciências Exatas
Mestrado em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente
Projeto: Modelagem de Corredores Ecológicos em Ecossistemas Fragmentados
Uma experiência na Caatinga de Morro do Chapéu/ Chapada Diamantina-BA
Cléa Cardoso da Rocha
Questionário de campo 1 Morro do Chapéu
1. Quais os animais que você costuma encontrar na região?
2. Já encontrou onça nesta região? Onde?
3. Já encontrou tatu-bola? Onde?
4. Que tipo de mata a onça prefere?
5. Você pode descrever qual é o tipo de lugar (ambiente) preferido pela onça?
6. Você pode descrever qual é o tipo de lugar (ambiente) preferido pelo tatu-
bola?
7. Como você identifica que existe onça num local? (quais os sinais deixados
pela onça?)
8. Como você identifica que existe tatu-bola num local? (quais os sinais
deixados pelo tatu?)
9. Você identifica algum tipo de terreno que seja preferido pelo tatu-bola?
10. Você sabe se o tatu-bola faz suas tocas em terrenos inclinados?
11. Você sabe se o tatu-bola em preferência por terras altas ou baixas?
12. Você conhece qual a alimentação preferida da onça?
13. Você conhece qual a alimentação preferida do tatu-bola?
14. Os animais têm preferência em beber água nos rios ou nos lagos?
133
15. Você sabe se existe alguma ligação entre outros animais e a onça? (Onde
existe um existe o outro, por exemplo? )
16. Você sabe se existe alguma ligação entre outros animais e tatu-bola? (Onde
existe um existe o outro, por exemplo?)
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